domingo, 13 de abril de 2025

Como um medieval via a liturgia da Missa

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Os capítulos que Guilherme Durand (séc. XIII) consagrou à explicação da Missa então entre os mais surpreendentes de sua obra: “Rational”.

Eis aqui, por exemplo, como ele interpreta a primeira parte do Divino Sacrifício.

“O canto grave e triste do Introito abre a cerimônia: ele exprime a espera dos Patriarcas e dos Profetas. O coro dos clérigos representa o côro dos Santos da Antiga Lei, que suspiram antes da vinda do Messias, que eles, entretanto não verão”.

“O bispo entra, então, e ele aparece como a figura viva de Jesus Cristo. Sua chegada simboliza o aparecimento do Salvador, esperado das nações”.

“Nas grandes festas leva-se diante dele sete tochas, para lembrar que, segundo a palavra do Profeta, os sete dons do Espírito Santo repousam sobre a cabeça do Filho de Deus. Ele se adianta sob um pálio triunfal, do qual os quatro carregadores são comparados aos quatro Evangelistas.

“Dois acólitos caminham à sua direita e à sua esquerda, e representam. Moisés e Elias, que se mostraram no Thabor dos dois lados de Nosso Senhor. Eles nos ensinam que Jesus tinha por Si a autoridade da Lei e a autoridade dos Profetas”.

“O bispo senta-se em seu trono e permanece silencio. Ele parece não desempenhar nenhum papel na primeira parte da cerimônia. Sua atitude contém um ensinamento: ela nos recorda pelo seu silêncio, que os primeiros anos da vida de Nosso Senhor se desenrolaram na obscuridade e no recolhimento”.

“O Sub-Diácono, entretanto, dirige-se para a cátera, e, voltado para a direita, lê a Epístola em alta voz. Entrevemos aqui o primeiro ato do drama da Redenção.

“A leitura da Epístola, é a pregação de São João Batista no deserto. Ele fala antes que o Salvador tenha começado a fazer ouvir Sua voz, mas ele não fala senão aos judeus.

“Também o Sub-Diácono, imagem do Precursor, se volta para o norte, que é o lado da Antiga Lei. Quando a leitura termina, ele se inclina diante do bispo, como o Precursor se humilhou diante de Nosso Senhor”.

“O canto do Gradual, que segue a leitura da Epístola, se reporta ainda à missão de São João Batista: ele simboliza as exortações à penitência que ele fez aos judeus, à espera dos tempos novos”.

“Enfim, o Celebrante lê o Evangelho. Momento solene, porque é aqui que começa a vida pública do Messias, Sua palavra se faz ouvir pela primeira vez no mundo. A leitura do Evangelho é a figura de Sua pregação".

“O Credo segue o Evangelho, como a fé segue o anúncio da verdade. Os doze artigos do Credo se reportam à vocação dos doze Apóstolos”.

“Quando o Credo termina, o bispo se levanta e fala ao povo. Escolhendo esse momento para instruir os fiéis, a Igreja quis lhes recordar o milagre de Sua expansão.

“Ela lhes mostra como a verdade, recebida antes somente pelos doze Apóstolos, se espalhou em um instante, no mundo inteiro”.

Tal é o senso místico que Guilherme Durand atribuiu à primeira parte da Missa.

Depois dessa espécie de preâmbulo, ele chega à Paixão e ao Sacrifício da Cruz. Mas aqui, seus comentários tornam-se tão abundantes e seu simbolismo tão rico, que é impossível, por uma simples análise, dar uma idéia. É necessário que se vá ao original.

Nós dissemos bastante, entretanto, para deixar entrever alguma coisa do gênio da Idade Média.

Pode-se imaginar tudo que uma cerimônia religiosa continha de ensinamentos, de emoção e de vida para os cristãos século XIII.

Um uso tão constante do simbolismo pode deixar estupefato alguém que não esteja familiarizado com a Idade Média.

É preciso porém não fazer como fizeram os beneditinos do século XVIII, não ver ali senão um simples jogo de fantasia individual.

Sem dúvida, tais interpretações não foram nunca aceitas como dogmas. Não obstante, é notável que elas quase nunca variam. Por exemplo, Guilherme Durand, no século XIII, atribui a estola o mesmo significado que Amalarius no século IX.

Mas o que é mais interessante aqui, mais do que a explicação tomada em si, é o estado de espírito que ela supunha. E o desdém pelo concreto; é a convicção profunda de que, através de todas as coisas desse mundo se pode chegar ao espiritual, pode-se entrever Deus. Eis aqui o verdadeiro gênio da Idade Média.

(Autor: Emile Mâle, “L'Art Religieux du XIII Siècle en France”, Librairie Armand Colin, 1958, pag. 51)

domingo, 6 de abril de 2025

A “Bíblia dos pobres” para o “santo povo de Deus”

Catedral de Chartres: o anjo (acima à esquerda)
segura Abraão no momento que ia sacrificar Isaac (embaixo, direita)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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A arte na Idade Média tinha uma dimensão essencialmente didática.

Tudo o que era necessário o homem conhecer – a história do mundo desde a Criação, os dogmas da religião, os exemplos dos santos, a hierarquia das virtudes, o alcance das ciências, artes e ofícios ‒ todas essas coisas eram ensinadas nas janelas da igreja ou nas estátuas dos pórticos.

O nome de Biblia PauperumBíblia dos pobres – que os impressores do século XV deram a um de seus primeiros livros pode ser bem atribuído às catedrais e igrejas.

Nelas, o simples, o ignorante, todos aqueles que pertenciam à chamada “sancta plebs Dei” ‒ a santa plebe de Deus ‒ aprendiam com seus olhos quase tudo o que sabiam sobre sua fé.

Catedral de Chartres: cenas da Paixão de Cristo
Catedral de Chartres: cenas da Paixão de Cristo
As grandes imagens de espiritualizada concepção apareciam como testemunhas eloquentes da verdade do ensinamento da Igreja.

As inúmeras estátuas distribuídas segundo um plano escolástico eram o símbolo da maravilhosa ordem que, por meio do gênio de Santo Tomás de Aquino, reinava no mundo do pensamento.

Por meio da arte as mais altas concepções da teologia e da universidade penetravam, em alguma medida, nas mentes do povo mais humilde.

Nós devemos considerar a arte do século XIII como um todo vivo, como um sistema acabado, e nós devemos estudar o modo como ele refletia o pensamento da Idade Média.

Catedral de Chartres: Cristo reinante com os quatro evangelhos
Catedral de Chartres: Cristo reinante com os quatro evangelhos
Deste modo nós poderemos nos fazer uma certa idéia do alcance verdadeiramente enciclopédico da arte medieval.

O século XIII é o foco de nosso estudo porque nele a arte com admirável esforço tentou abarcar todas as coisas.

A iconografia dos mais ricos trabalhos românicos é pobre demais se comparada com a plenitude do imaginário gótico.

O século XIII é precisamente aquele em que as fachadas das grandes igrejas francesas foram concebidas e realizadas.

Catedral de Chartres: capela lateral
Catedral de Chartres: capela lateral
Nós não limitamos nosso estudo à arte francesa porque achamos que a arte dos países vizinhos obedeça a regras diferentes das nossas.

Pelo contrário, o caráter da arte do século XIII era verdadeiramente universal como o ensinamento da Igreja.

Nós nos contentamos com os grandes temas desenvolvidos com admiração em Burgos, Toledo, Siena, Orvieto, Bamberg, Friburg, da mesma maneira que em Paris ou Reims.

Nós estamos certos que o pensamento cristão não se exprime em outras partes como na França.

Em toda Europa não há um conjunto de obras de arte dogmática pelo menos comparável ao que encontramos na catedral de Chartres.

Foi na França que a doutrina da Idade Média atingiu sua forma artística perfeita.

A França do século XIII foi a mais plena manifestação do pensamento cristão.


(Autor: Émile Mâle, “A arte religiosa na França no século XIII”, apud “The Dawson Newsletter", Summer 1993.












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domingo, 30 de março de 2025

Castelos e jardins: encontro da cultura e da natureza modelada segundo o Paraíso — 2

Jardins do castelo de Sceaux
Jardins do castelo de Sceaux
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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continuação do post anterior: Castelos e jardins: encontro da cultura e da natureza modelada segundo o Paraíso — 1




Conta-se que, filho e neto de bons jardineiros, André Le Nôtre viu pela primeira vez Luís XIV no jardim do Louvre quando o rei tinha cinco anos e correu para abraçá-lo e osculá-lo.

No fim da vida, o mesmo rei convidou-o para deambularem juntos, cada um numa chaise carregada por guardas suíços pelos jardins de Marly-le-Roi, rodeados por muitos cortesãos ... a pé.

“Ele tinha uma probidade, uma precisão e uma retidão que faziam com que todo o mundo o estimasse e amasse”, escreveu dele o duque de Saint-Simon, brilhante mais exigentíssimo memorialista.

Le Nôtre, porém, se definia como um “pobre jardineiro”, tendo recusado o título de nobreza que Luís XIV quis lhe conceder. 

Também teve que penar para evitar a inveja de certos cortesãos, mostrando sempre uma modéstia e uma prudência extrema aliadas a uma piedade católica ostensiva.

Detalhe menor, mas importante: Le Nôtre acumulou uma imensa fortuna e foi um colecionador de obras de arte de raro seletivo e altíssimo valor.

Versailles vista aérea dos jardins
Versailles vista aérea dos jardins
Conta-se que a chave da casa onde reunia essas custosas peças estava à disposição de quem quer quisesse visitá-la.

Na hora da morte, ele legou a seu amado rei as suas melhores obras.

Alta formação

Le Nôtre se formou em matemática e geometria, frequentou o mundo científico e trabalhou com artistas como Vouet, Poussin e até Bernini.

Ele utilizou os mesmos elementos que os outros jardineiros usam (canais, alamedas, cercas vivas, gramados, lagos artificiais, fontes), mas o fez como um artista formado nos melhores ateliers da época.

O apelativo de “ourives da terra” calhou perfeitamente, pois ele pegou a inexpressiva terra e a fez produzir joias.

Também soube associar, de modo inteiramente pessoal, o vegetal, o mineral e a água.

E combinou equilíbrio e elegância por trás de um traçado de simetria e harmonia perfeitas.

Fonte de Apolo em Versailles: armonia de todos os elementos naturais
Fonte de Apolo em Versailles: armonia de todos os elementos naturais
Ele transformou um pântano mal-cheiroso no Grand Canal, fez de dezenas de hectares desnivelados imensos tapetes persas de vegetação no meio dos quais as árvores se ordenavam num minueto sublime.

Outras vezes, as árvores ficavam em colunas de soldados cobertos de rendas prestes a render armas ao maior rei da Terra, e onde as fontes pareciam escachoar diamantes líquidos.

Sua arte tirava da contemplação da perfeição divina impressa na natureza todas as potencialidades de beleza, ressaltando o contraste, o movimento, a simetria, o rigor e a ordem.

O tufão revolucionário contra ele

Le Nôtre fez triunfar a linha sobre o desalinho, o raciocínio sobre a improvisação, o espírito sobre a matéria.

Porém, atraiu a inveja e a oposição das novas tendências que louvavam a natureza espontânea entregue à sua própria desordem.

Tratava-se dos precursores do ecologismo que viriam a adotar as utopias de revolucionárias de Jean-Jacques Rousseau.

A Revolução Francesa pensou em arrasar os jardins de Versalhes e secar o Grand Canal para devolver ao povo as terras cultiváveis que lhe teriam sido tiradas.

Esplendor das flores, formas e arte
Esplendor das flores, formas e arte
Em setembro de 1793, Charles Delacroix, comissário da Convenção, contemplando dos terraços os jardins, exclamou: “É preciso que o arado passe por aqui!” Uma reforma agrária à la MST!

Hoje, Alain Baraton, jardineiro chefe de Versalhes, considerando a admiração do povo pela obra de Le Nôtre, escreveu: “No fundo, os franceses são monarquistas!”

E não só os franceses, acrescentamos nós.

De fato, Le Nôtre montou ordenações aristocráticas feitas com o ‘povinho’ da vegetação e instituiu estruturas monárquicas em seus projetos paradisíacos.

Baraton acrescentou ao “Le Figaro” que esse “monarquista” de hoje deseja introduzir um pouco de geometria em seu jardim, pois isso lhe dá a sensação de se conectar com a História da França.

Para o jardineiro chefe de Versalhes isso é especialmente verdadeiro num período caótico como o nosso, registrou “Le Figaro”.

André Le Nôtre faleceu em 15 de setembro 1700.

Hoje um exército de jardineiros enlevados utilizando modernos recursos da tecnologia está restaurando os mais fabulosos projetos do “artesão do eterno”.


Vídeo: Le Nôtre: o genial jardineiro




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domingo, 23 de março de 2025

Castelos e jardins: encontro da cultura e da natureza modelada segundo o Paraíso — 1

Vaux-le-Vicomte: uma das obras primas de jardinagem de Le Nôtre
Vaux-le-Vicomte: uma das obras primas de jardinagem de Le Nôtre
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
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política internacional,
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Há já mais de 400 anos que nasceu André Le Nôtre, jardineiro e filho do povo que atingiu a glória realizando os mais famosos jardins do mundo para o rei Luís XIV e outros grandes castelos da nobreza francesa do Grande Século.

Sua mais famosa realização são os jardins do castelo de Versalhes, que ainda hoje maravilham milhões de turistas todo ano.

Mas há, entre outros, o famosíssimo jardim do castelo de Vaux-le-Vicomte, do ex-ministro das Finanças Fouquet, caído em desgraça pela opulência ostentada.

Encontro harmônico dos extremos da pirâmide social

André Le Nôtre foi filho do povo e até recusou título de nobreza.  Mas de um povo católico elevado pelo convívio armónico com a nobreza
André Le Nôtre foi filho do povo e até recusou título de nobreza.
Mas de um povo católico elevado pelo convívio armónico com a nobreza
Le Nôtre foi um talento nascido do povo que o senso hierárquico de Luís XIV e outros grandes nobres soube reconhecer, promover e enaltecer em um altíssimo e merecido grau.

Vice-versa, em não pequena medida, o serviço enlevado e inteligentíssimo do jardineiro contribuiu para a glória imorredoura do Rei Sol e dos grandes nobres da França.

Admirável consórcio de almas posicionadas nas extremidades opostas da ordem social, trabalhando unidas à procura de um ideal de perfeição da ordem natural que ainda deslumbra os homens. 

Algo só verificado na Civilização Cristã.

Sob aristocráticas influências, Le Nôtre desenvolveu seu potencial invulgar de arquiteto e paisagista, maestro supremo na arte de fazer a natureza render o que ela tem de melhor.

Duas grandezas se encontraram num momento histórico, afinando para além da diferença social hierárquica e harmônica da França católica. O jardineiro foi até o fim um amigo e confidente do maior rei de seu século.

A elevação produzida pelo convívio com o rei fez de Le Nôtre também um colecionador de arte inteligente, um homem cujo senso estético segue inspirando os criadores do mundo inteiro.

Os jardins de Chantilly foram outra de suas realizações
Os jardins de Chantilly foram outra de suas realizações
No 400º de seu nascimento, André Le Nôtre recebe elogios como “ourives da terra” e “artesão do eterno”; biografias e álbuns lhe são dedicados, jornais e televisões publicam edições especiais, exposições e espetáculos lhe são consagrados e empreendem-se restaurações de suas mais ousadas criações paisagísticas.

O criador dos Champs-Elysées, dos jardins de Vaux-le-Vicomte, Chantilly, Fontainebleau, Sceaux, Louvre e das Tulherias, do Luxemburgo e de Saint-Germain-en-Laye, de Saint-Cloud e dos jardins de Versalhes – a sua obra prima – , sem esquecer sua contribuição aos projetos dos jardins de Marly-le-Roi, do castelo de Cassel na Alemanha ou o de Windsor na Inglaterra ou ainda da Venaria Reale na Itália, levou a arte da jardinagem a seu mais alto ponto de perfeição, escreveu o diário “Le Figaro”.


Relacionamento com o Rei Sol

Le Nôtre nasceu em 12 de março de 1613 num grande clã familiar que havia 40 anos cuidava dos jardins reais das Tulherias.

Charles Perrault observou: “Certamente é uma vantagem muito grande para se triunfar numa profissão nascer de pais que já a exerceram ou que a exercem bem-sucedidos”.

Detalhe dos jardins de Versailles (Orangerie = Laranjal)
Detalhe dos jardins de Versailles (Orangerie = Laranjal)
Porém existe um mal-entendido sobre o significado de “jardineiro”. Hoje se pensa num homem que trabalha a terra com sua pá e usa um chapéu de palha.

Os títulos de Le Nôtre incluíam o de desenhista de Sua Majestade, conselheiro do rei, controlador geral dos prédios e jardins, das Artes e das Manufaturas, etc.

Ele comandava um exército de operários que realizavam gigantescas obras sob suas ordens.

E gozava da intimidade do rei a ponto de abraçá-lo cada vez que o encontrava, e com o qual se exprimia com rara e respeitosa franqueza.

Durante toda a sua vida o jardineiro conservou o privilegio de oscular o rei.



 

Continua no próximo post: Castelos e jardins: encontro da cultura e da natureza modelada segundo o Paraíso — 2



Vídeo: Le Nôtre: o genial jardineiro



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