Mostrando postagens com marcador São Fernando de Castela. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador São Fernando de Castela. Mostrar todas as postagens

domingo, 27 de outubro de 2024

Um diálogo sincero entre um rei santo e um ímpio maometano

Caravaca de la Cruz: santuário erigido para custodiar a relíquia da Verdadeira Cruz.
Caravaca de la Cruz: santuário erigido para custodiar a relíquia da Verdadeira Cruz.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








continuação do post anterior: Festa de adoração da Cruz e batalha de São Fernando contra os mouros na Espanha


Sultão: Tranquilo, sim... o deve estar, e com sobrada razão, quem não tem coração, ou como o teu, que é de neve!

De grande ruindade se necessita – disse ruindade?, de covardia! – para vir neste dia falar de uma Cruz bendita, de um Deus que será um qualquer, e que na verdade e não gracejando, será um criado de Maomé dos de mais baixa extração.

São Fernando: Ímpio, cala esses lábios!

Sultão: Cristão, não alces o grito, pois para um lenho e um mito não há ofensa nem agravos. Seu valor é tão minguado e tão mesquinho seu preço, que só com meu desprezo considero-o muito bem pago.

Já verás, grande General, dentro de breves momentos, essas cruzes e esses contos aonde vão parar.

Já verás o fim que têm teus orgulhos altaneiros e esses míseros guerreiros que lutar contra mim vêm. Sangue, lodo e confusão ficarão apenas deles antes que o Sol seus resplendores retire desta mansão.

Caravaca de la Cruz: confraria de mouros.
Caravaca de la Cruz: confraria de mouros.
E ao golpe dos cutelos de minhas hostes agarenas [descendentes de Agar] cobrirão estas arenas os corpos dessas falanges, e uma por uma cortadas suas cabeças desgrenhadas, em minhas altas fortalezas ordenarei sejam penduradas, onde a águia e o milano, com suas garras como o ferro, não deixem rastro de um cão desse exército cristão.

E essa Cruz tão altaneira, falsa, enganosa e mentirosa, a olharás convertida em mastro de minha bandeira.

O que eu disse? Loucura foi elevá-la a tal destino: a queimo... e teu Deus divino que a tire da fogueira.

São Fernando: Maldito sejas, agareno, maldita a tua raça moura e maldito quanto adora esse povo sarraceno. Infame, blasfemo, vil, escória suja do inferno, aborto do mesmo inferno e venenoso réptil!

Já para ti não há perdão, africano mal nascido, que de meu peito ouviste a piedosa compaixão.

Guerra de morte, miserável! Guerra sem quartel, para ti e essa canalha asquerosa e desprezável; e extermínio, sangue e fogo, que façam de seus ídolos farrapos e reduzam a cinzas esse Alá que renego!

Caravaca de la Cruz: confraria de cristãos.
Caravaca de la Cruz: confraria de cristãos.
Só isto espero, traidor! Só isto espero, covarde! Tremes? Pois onde está tua gabolice de arrogância e valor? O que fizeste daqueles brios que mostravas belicoso quando humilde e silencioso escutei teus desvarios?

Que grande mentira revela esse rosto contorcido, de uma simples mulherzinha mais próprio que de um soldado.

Sultão: Cristão!

São Fernando: Não há um só minuto a perder. Escuta: quiseste luta? À luta, até morrer ou vencer.

Manda mouros aos milhões, traz teus estados inteiros, que um punhado de guerreiros basta para as tuas legiões.

Diz a Alá que te empreste luz, diz a ele que de sua altura desça e em minha presença ultraje a minha Santíssima Cruz!

Cruz bendita, Cruz gloriosa, Mãe do mundo cristão, vem e que o cão africano se cegue ao ver-te tão formosa.

Vem em minha ajuda, vem radiante de glória e preside a vitória dos filhos de teu Deus.

Andor da relíquia da Cruz em Caravaca
Andor da relíquia da Cruz em Caravaca
Vem a essa luta e goza, pois a pele desse agareno cobrirá o pó e a lama por onde tua carruagem passar.

Vem que teu filho está aqui, e terminando esta guerra não haverá um só lugar na Terra onde não se adore a Ti. À batalha agora mesmo!

Sultão: Mas se o prazo se dilatasse.

São Fernando: Encontrar-te-ei, ainda que te ocultasses no seio do abismo! Tua cabeça é minha ambição, dar-te morte, meu desejo, e cuspir em teu rosto feio, minha maior satisfação. Afasta-te mouro ímpio!

Sultão: Voltarei, cão cristão...

São Fernando: Não voltarás, africano, juro-o pelo meu Deus.

Sultão: Guerra de morte, cristão!

São Fernando: Guerra de morte, sarraceno!

Sultão: Viva nosso Alá agareno!

São Fernando: Viva nossa Cruz bendita!

Povo: VIVA!







GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

domingo, 13 de outubro de 2024

Festa da Adoração da Cruz e
da batalha de São Fernando contra os mouros na Espanha

Caravaca de la Cruz: andor da relíquia da Santa Cruz em procissão escoltada por cavaleiros cristãos
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Na cidade espanhola de Caravaca de la Cruz, região de Murcia se realiza todos os anos um rico e original cerimonial para adorar uma relíquia da Santa Cruz.

O Ritual do Banho da Santíssima e Verdadeira Cruz nasceu na Idade Média, quando Caravaca era terra de fronteira com o Reino muçulmano de Granada e constitui um dos mais antigos desse gênero.

A cerimônia vem sendo celebrada pelo menos desde o ano 1384.

Pelo fato das guerras contínuas promovidas pelos islâmicos contra os cristãos a procissão e adoração da Cruz foi sempre acompanhada por uma escolta militar.

Após a expulsão dos mouros do território espanhol invadido a Sagrada Relíquia da Cruz continuou saindo em procissão do Santuário até o ‘banho’, fora dos muros da cidade.

Este singular ‘banho’ consiste em que uma parte do relicário da Cruz é submergido nas águas limpas e claras da fonte e que banharão, ou regarão, as férteis terras.

O Templete onde está a fonte das águas que vão ser abençoadas
O Templete onde está a fonte das águas que vão ser abençoadas

A Solene Procissão do Banho

A procissão sai da Paróquia do Salvador em direção ao chamado Templete [Templinho], levando o augusto relicário com a cruz de Cristo em esplêndido andor de prata.

Simbolicamente desfilam confrarias de “Mouros” e Cristãos, precedendo o carro procissional da Cruz.

Quando este carro chega ao alto da encosta, onde se divisa o Templete, realiza-se a vistosa ré-encenação do Parlamento entre o sultão mouro Ceyt Abuceyt, e o rei São Fernando III o Santo, acontecido em 1231.

Diálogo entre o rei santo e o sultão

O Parlamento ou conversa prévia ao combate era frequente na Idade Média e visava um entendimento que evitasse a luta e o derramamento de sangue.

O diálogo entre os dois monarcas, na sua versão atual foi escrito por José Ortega Martínez, membro da Confraria da Vera Cruz de Caravaca, em 1883. (ver embaixo o vídeo)

Como conta a história, a reconciliação foi impossível e os dois líderes, o santo e o maometano, empurraram suas tropas para a batalha.

Desde o alto da encosta, uma grande Cruz preside o magnifico campo de batalha, e espera que se dirima a luta, a fim de descer majestosa para seu ‘banho’ nas águas do Templete.

Trata-se de uma das cenas históricas das mais sugestivas: os reis preparados, rodeados por suas respectivas hostes com espadas, cutelos, estandartes e bandeiras, enquanto a Cruz preside a discussão.

A encenação é vivida com intensidade e os espectadores, atentos ao discorrer das estrofes, participam com aplausos de repulsa e aprovação.


O sacerdote imerge a Cruz na fonte e abençoa as águas
O sacerdote imerge a Cruz na fonte
e abençoa as águas
O posterior simulacro de combate, lembrança da batalha verdadeira acontecida outrora, dá lugar a uma luta desgarrada, insultos recíprocos, o triunfo da Cruz, sons de clarins, gritos, confrontos, ruídos de espadas, disparos e cheiro de pólvora dos trabucos, símbolos dos dois exércitos com cujas vozes as pessoas se animam.

A Bênção das Águas

Após o Parlamento e a batalha, realiza-se o Banho da Cruz e a Bênção das Águas.

A região é semiárida é a rega é fundamental. A devoção pedia que em sinal de impetração à Providência Divina que tudo rege com sabedoria, as próprias águas que iam fertilizar as terras fossem abençoadas especialmente.

Depois do ‘banho’, a procissão continua até a noite pelas ruas centrais da cidade até a Paróquia do Salvador, onde a relíquia fica exposta para adoração.



Tradução do Parlamento




Eis o texto do ‘Parlamento’ com as palavras do rei santo e do insolente chefe islâmico:

São Fernando: Convoquei-te, e vieste pressuroso à convocação; peço à minha Cruz bendita que o céu te faça ditoso.

Sultão: No Parlamento me anunciaram os sons de teus clarins, e venho saber as razões que te impulsionaram a tal. Sê breve.

São Fernando: Já o verás, pois assalta-me a impaciência em fazer cumprir minha consciência um sagrado dever.

Sultão: Diz, pois, cristão.

São Fernando: Sultão! Nossos bravos soldados, frente a frente situados, prontos para a luta estão.

O relinchar dos brutos e o ranger das couraças se ouvem quais ameaças de desolação e de luto. Logo os resplendores desse sol que nos ilumina se converterão em penumbra cheia de sangue e horrores.

E esse tapete matizado de violetas e tomilhos, e esses ternos passarinhos que cantam nos galhos, e essas fontes cristalinas nas quais se olham os céus, e esses mansos riachos, essas colinas bordadas, ruínas ficarão amanhã da destrutora guerra e não haverá um palmo de terra que não tenha uma tumba humana.

Sultão: Tétrica é a descrição que fazes da guerra. Crês que meu ânimo se aterra? Termina já o teu sermão.

São Fernando: Sê indulgente, grande Sultão, e um momento mais escuta.

Sultão: Vamos, cristão, à luta.

Caravaca de la Cruz, confraria de cristãos.
Caravaca de la Cruz: confraria de cristãos.
São Fernando: É que eu a quero evitar. Quero que sejamos irmãos, que como tais nos amemos, e só adoremos ao Deus que nós cristãos adoramos.

Que não busques outra luz do mundo em nosso caminho que a do farol divino de minha Santíssima Cruz.

Que jamais ostentar deixes, essas relíquias mentirosas de seitas envilecidas, que obras são dos hereges.

Que te inspires em meu Deus, de Céus e Terra Rei, e de sua divina Lei caminheis sempre em pós.

Que apagues teu fero rancor e a fazer paz te decidas, para salvar estas vidas que vai ceifar o aço, e com nobreza e honra os exércitos unidos, a partir de hoje fiquem convertidos à graça do Criador.

O falar-te neste estilo já vês que não me envergonha, cumpri assim com minha consciência e espero o julgamento tranquilo.


continua no próximo post: Um diálogo próprio de um rei santo com um ímpio maometano



GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS

domingo, 4 de setembro de 2022

Nossa Senhora deteve o sol
para que o rei São Fernando vencesse os muçulmanos

Pôr do sol em Tentudía. Cruz evocativa

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




Ao iniciar a campanha de Sevilha, em 1247, o Rei São Fernando III enviou mensagem ao Grão-mestre da Ordem de Santiago, D. Pelayo Correa, para que acertasse alguns assuntos próximo a Badajoz, e depois fosse a Sevilha.

Assim ele o fez, conquistando com seus monges-cavaleiros várias cidades pelo caminho.

Ao passar por Figueira da Serra, foi atacado por uma numerosa hoste de muçulmanos, muito superior à que tinha consigo.

Vendo que a batalha se prolongava, e que começava a anoitecer, D. Pelayo rezou à Virgem, suplicando-lhe que mantivesse a luz do dia: "Señora, ten tu día" ("Senhora, segurai o vosso dia").

domingo, 13 de março de 2022

Nossa Senhora a Antiga vergou o invasor maometano

Nossa Senhora "a Antiga", de Sevilha. Milagres medievais
Nossa Senhora "a Antiga", de Sevilha
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







A imagem remonta aos primeiros tempos do Cristianismo, anterior aos reinos góticos, motivo pelo qual recebeu o nome de "a Antiga".

Pintada em um muro da catedral, foi muito venerada em toda a península até a Espanha ser invadida pelos muçulmanos.

Muza se apoderou de Sevilha, e Abdelasis, seu filho, fez passar a fio de espada grande parte da população.

A catedral foi convertida em mesquita maior, foram destruídos os objetos de culto e se empenharam em fazer desaparecer a imagem de Nossa Senhora a Antiga.

Rasparam-na duas, três e muitas vezes mais, porém logo que concluíam sua obra sacrílega a imagem voltava a aparecer, mais bela e resplandecente ainda.

Avisado, Abdelasis foi ver o que acontecia. Logo que se apresentou diante da milagrosa imagem, uma força extraordinária o obrigou a ajoelhar-se, bem como a todo o seu séquito.

domingo, 7 de março de 2021

São Fernando de Castela só usou a espada por Cristo

São Fernando III el Santo,(Real Mosteiro de São Clemente, Sevilha
São Fernando III el Santo, Real Mosteiro de São Clemente, Sevilha
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs




ORAÇÃO PARA TODOS OS DIAS

Rei Imortal dos séculos, misericordioso Jesus, meu Salvador, Redentor e Advogado:

Chefe das Potestades e dos Principados do Céu; Rei dos reis, Senhor dos senhores e dono absoluto de tudo o que tem ser sobre a terra;

Dominador do universo: Justiça, Santificação e Redenção dos homens;

Santo dos Santos, e Santíssimo Santificador dos escolhidos, entre os quais condecoraste vosso Servo São Fernando com as sublimes virtudes, prerrogativas e excelências que outorgaste aos Santos Reis Davi, Josias e Ezequias,

Reunindo nele os dons e as graças dos outros santos líderes de vosso antigo povo escolhido.

Vós que o encontraste tão à medida de Vosso Coração, porque cumpriu Vossa santíssima vontade em tudo, e atendeu completamente Vossos desígnios soberanos:

Rogo-vos humildemente que, pela sua intercessão e pelos seus méritos, Vós conserveis sempre a Religião e a Piedade neste Reino Católico, preservando-o da impiedade e do erro;

Que Vós façais prosperar nossos Reis Católicos, com sua Família Real e seu corajoso exército;

E que, imitando o próprio Santo, vivamos em santidade e justiça todos os dias de nossas vidas, para que depois possamos ver-Vos e desfrutar de Vós por todo e sempre no Reino da Glória.

Amém.

(Fonte: Orações da Novena ao Rei San Fernando, composta pelo Padre Frei Diego José de Cádiz, impresso em Sevilha em 1796 (Reino de Granada)

Hoje temos a festa de São Fernando de Castela. A biografia está tirada de “La Vie des Saints”, pelo Pe. Edouard Daras e outros (L. Vivès, 1899; Nabu Press, 2012):

“Ele foi filho de Afonso, rei de Leão e de Berengária de Castela. Nascido em fins do século XII. Subiu ao trono aos 18 anos, tornando-se um dos grandes soberanos cristãos.

“Aos 27 anos pegou em armas contra os mouros, que mantinham parte da Espanha sob seu jugo e só as depôs quando de sua morte. Foi notável batalhador.

“No dia de São Pedro do ano de 1236 entrou em Córdoba, que os infiéis dominavam há cinco séculos.

“Consagrou a grande mesquita da cidade à Santíssima Virgem e fez transportar nos ombros dos maometanos os sinos de Compostela”.
É, inegavelmente, uma beleza!...

“Marchou sobre Sevilha e tomou-a com forças tão inferiores às do inimigo, que o general que entregou a cidade, olhando-a com lágrimas nos olhos (comentou):

‘Somente um santo poderia, com tais tropas, apoderar-se de uma praça tão forte e populosa’.

“Sua espada só a usou a serviço de Cristo.

‘Senhor, dizia, vós que sondais os corações, sabeis que busco vossa glória e não a minha. Não me proponho conquistar reinos perecíveis, mas difundir o conhecimento de Vosso Nome’.

São Fernando el Santo, Sevilha
São Fernando el Santo, Sevilha
Que linda oração contra o defeito da pretensão!

Poder dizer que em todas as ações de apostolado, se procura exclusivamente a glória de Deus e não a própria!

Não propomos conquistar para nós um prestígio perecível, mas queremos difundir o conhecimento da verdade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou seja a doutrina da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.

domingo, 28 de fevereiro de 2021

Oração a um herói: São Fernando rei de Castela

São Fernando III el Santo, catedral de Sevilha, Espanha
São Fernando III el Santo, catedral de Sevilha, Espanha
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






ORAÇÃO DA NOVENA A SÃO FERNANDO III

Muito fiel, muito piedoso e muito católico Rei San Fernando, ilustre Macabeu da Lei da Graça, vencedor muito forte do Império Maometano:

Conquistador invicto dos Reinos Católicos, Coluna da Fé, perseguidor de seus inimigos e exterminador dos hereges:

Glória, honra e felicidade de nossa Espanha, protetor de seus Monarcas, defensor de seus domínios e conservador de sua religião e de sua fé.

Por causa da mais alta perfeição com a qual vós exercestes esta virtude, e por causa do espírito e fervor com que vós a defendeste de acordo com a vontade de Deus, e para seu grande serviço, imploro que lhe peçais que nos conceda a preservação da Santa Fé neste Reino;

Que eu imite em mim Seus divinos exemplos, que Sua Majestade me conceda o que lhe peço por sua intercessão nesta Novena, se for de acordo com seu divino prazer;

E que depois de uma morte santa eu desfrute de Deus para sempre em eterno êxtase. Amém.

Três Pais nossos e Ave-Marias em honra da Santíssima Trindade, pedindo pela intercessão de São Fernando remédio às necessidades da Santa Igreja no nosso Reino Católico, deste Povo, e pelas necessidades de cada um.

HINO
Fernando, posto que vossa espada
Tornou a Espanha feliz:
Fazei que nela e de raiz
O erro não tenha entrada.
Pai Nosso, etc.

Vós que derrotastes os inimigos
De Deus e de seu Reinado:
Fazei que mortos ao pecado
De Deus vivamos sempre amigos.
Pai Nosso, etc.

O Rei do Céu vos confiou
A defesa de sua honra:
Obtende para todos nós seu Amor
E imitar vosso zelo.
Pai Nosso, etc.

Toda a Espanha com fé piedosa
Vos implora na sua aflição:
Não negues vossa proteção
Àquela que em vós confia,
Pai Nosso, etc.

V. Rogai por nós, abençoado e santo Fernando,
R. Para que possamos receber as promessas de Jesus Cristo.
Amém

(Fonte: Orações da Novena ao Rei San Fernando, composta pelo Padre Frei Diego José de Cádiz, impresso em Sevilha em 1796 (Reino de Granada)

São Fernando rei de Castela (1199-1252) deixou alguns conselhos a seu filho, Afonso X no “El libro de los doce sábios o Tratado de la nobleza y lealtad”. Neles recomenda:

“Foge dos néscios e de todos aqueles que não são discretos, porque pior do que o traidor é o néscio, e mais demorado emendar-se”.

O arcebispo de São Paulo Dom Duarte Leopoldo e Silva, que o Dr. Plinio Corrêa de Oliveira – que fez os comentários a seguir – conheceu muito, dizia que preferia ter um inimigo inteligente, do que um aliado néscio.

Com um inimigo inteligente, a gente prevê o que ele vai fazer e se defende. Mas com um aliado cretino, que defesa há?...

domingo, 18 de outubro de 2020

Elogio da Igreja a São Fernando III, rei de Castela

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






“Nele, ao lado das preocupações com as coisas do governo, brilharam virtudes régias: a magnanimidade, a clemência, a justiça, e, acima de todas, o zelo pela Fé Católica, um ardoroso empenho no sentido de defender e propagar o culto religioso desta Fé Católica.

“Isto ele realizava principalmente perseguindo os hereges, não suportando que eles se estabelecessem em parte alguma de seus domínios, carregando com suas próprias mãos a lenha para a fogueira que devia queimar os condenados”.



(Fonte: Breviário Romano, Suppl. XXX, mês de Maio)

domingo, 11 de agosto de 2019

Santiago Apóstolo: milagres do santo cruzado,
condutor da guerra santa contra os muçulmanos

Busto do Apóstolo Santiago, catedral de Compostela
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






As proporções que a devoção a Santiago de Compostela tomou em toda a Espanha medieval somente pode ser entendidas no contexto da invasão muçulmana.

Tudo começou pelo ano de 813, quanto um eremita de nome Pelayo, seguido de alguns pastores, deparou-se com uma estranha luminosidade.

Ela se espalhava sobre um pequeno bosque nas proximidades de um monte do interior da Galícia chamado Libredón.

A paisagem, em certos momentos, ficava tão clara que se parecia a um campo estrelado (Campus Stellae = Compostela).

Teodomiro, o bispo local, informado do estranho fenômeno, soube que a luz focara no chão uma antiga arca de mármore.

Nela se teria encontrado os restos humanos do que se atribuiu ser o Apostolo Santiago (isto é, São Iago, São Jacó, o filho de Zebedeu, irmão de João Evangelista).

Uma história antiga que corria de boca em boca entre os cristãos ibéricos dizia que o Apóstolo andara, séculos antes, em missão pela Espanha determinado a evangelizá-la.

Porém não conseguiu porque ao voltar à Palestina teria sido decapitado pelo rei Herodes Agripa, no ano de 44.

Altar mor, catedral de Compostela
O corpo dele então, acomodado num sepulcro de mármore, fora colocado a bordo de um barco no porto de Jaffa e lançado ao mar.

Sem tripulação, sem leme nem nada, soprada apenas pelo vento, a nau teria vindo aportar nas costas da Galícia, região da Espanha que os romanos chamavam então de Finis Mundi.

Recolhida da praia, a arca fora enterrada num “compostum”, quer dizer um cemitério romano-galego daquele tempo.

Durante os séculos seguintes, ninguém mais tomou conhecimento dela, até que começaram a ocorrer aquelas iluminações esplendidas que o bispo Teodomiro consagrou.

O sensacional e miraculoso achado, que logo atraiu o rei astur-leonês Afonso, o casto (789-842), e sua corte para lá, fez com que lá fixassem a pedra da primeira igreja dedicada ao Apóstolo.

Não demorou em que a boa nova, comunicada por Afonso ao próprio Carlos Magno, circulasse como um raio pelo Império do Ocidente, abrindo caminho para que se dessem os milagres.

E as peregrinações então não mais cessaram, fazendo com que num curto espaço de tempo, o santuário de Compostela tivesse a mesma importância para os cristãos das romarias dirigidas à Roma.

Na batalha de Clavijo, em 834, o rei Ramiro I, de Aragão, no aceso do combate, viu-se ajudado por um desconhecido ginete montado num cavalo branco que dava espadadas na mourama.

Sentiu que estava ao lado do Apóstolo, desde então transformado em Santiago Matamouros, aparição fundamental na vitória dele contra o emir Abderraban II:

“Santiago da Espanha/ matou os meus mouros/ desbaratou minha companhia/ quebrou minha senha/ Santiago glorioso fez os mouros morrerem: Maomé o Preguiçoso, tardou, não quis vir”.

Outras dessas repentinas ações milagrosas do santo ocorreram na longa batalha movida pelos reis espanhóis contra o Califado de Córdoba ou contra os ditos reinos dos Taifas, que mais tarde o sucederam.

Percebendo a importância simbólica do sepulcro de Compostela para o ânimo dos cristãos, Almanzor (El-Mansur), o Seyd, ministro do califa de Córdoba, realizou no ano de 997 uma inesperada sortida relâmpago na região da Galícia.

Não só saqueou e destruiu o santuário com a primeira basílica, como levou consigo o sino e as portas dela, transportadas até o sul, até Córdoba, nos ombros de cristãos escravizados.

Santiago Matamouros, Burgos, Espanha
São Fernando III, rei de Castela, quando recuperou Sevilha, obrigou os mouros a fazerem o caminho inverso carregando os mesmos sinos e portas.

O santo tornou-se o maior ícone dos cristãos na sua oposição desesperada à presença dos interesses de Maomé na Espanha, fazendo com que o seu sepulcro se tornasse fonte de atração permanente para os peregrinos vindos de todos os lugares da Europa, percorrendo os Caminhos de Santiago.

Para dar proteção a eles duas ordens militares então surgiram: a de Calatrava (1158) e a de Santiago (1173).

O êxito da campanha da Reconquista, que culminou bem mais tarde com a ocupação do Reino Nasarí de Granada em 1492, foi largamente depositado pelos cristãos nos feitos impressionantes, assombrosos, de Santiago Matamouros.

Este, por sua vez, fora promovido por Ramiro I, desde sua aparição em Cravijos, a protetor oficial da luta contra os mouros a quem toda Espanha devia obrigações:

Santiago Matamouros, catedral de Compostela
“... ordenamos e fizemos voto que por toda a Espanha, que se há de guardar por todas as partes da Espanha, que Deus nos conceda livrar-nos dos sarracenos pela intercessão do Apóstolo Santiago, de pagar perpetuamente a cada ano, a maneira de primícias sobre cada jeira de terra uma medida da melhor colheita, o mesmo de vinho, para a manutenção dos padres que residem na igreja do bem aventurado Santiago e para os ministros da mesma igreja...”

Referências bibliográficas

Braunschvig, Marcel - Notre Littérature étudiée dans les textes, Paris, Librairie Armand Colin, 1948
Brissaud, Alain - Islão e Cristandade, Lisboa, Pluma Editora, 1993
Dozy, R.-P. - Historia de los musulmanes de España, - 2 v., Barcelona, Editorial Iberia, 1954.
Köhler, Erich - L´aventure chevaleresque: ideál et réalité dans les romans courtois, Paris, Éditions Gallimard, 1956
Nájera, Rúben E. - La invención de Rolán - in CABALLERIAS Y MORERIAS
Oliveira Martins- História da Civilização Ibérica, Lisboa, Guimarães & c. Editores, 1972



GLÓRIA CRUZADAS CASTELOS CATEDRAIS HEROIS CONTOS CIDADE SIMBOLOS
Voltar a 'Glória da Idade MédiaAS CRUZADASCASTELOS MEDIEVAISCATEDRAIS MEDIEVAISHERÓIS MEDIEVAISCONTOS E LENDAS DA ERA MEDIEVALA CIDADE MEDIEVALJOIAS E SIMBOLOS MEDIEVAIS