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Rick Bonadio - 30 Anos de Música
Rick Bonadio - 30 Anos de Música
Rick Bonadio - 30 Anos de Música
E-book229 páginas3 horas

Rick Bonadio - 30 Anos de Música

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Sobre este e-book

Rick Bonadio iniciou sua carreira 1986, aos 17 anos, quando gravou um disco, porém foi na mesa de som, produção e composição que ele se consagrou. É atualmente o produtor musical mais conhecido do Brasil. Já revelou, produziu e empresariou grupos como Charlie Brown Jr., Mamonas Assassinas, Titãs, Rouge, Ira! e NX Zero. Produziu mais de 300 artistas e ganhou 31 discos de ouro, platina, platina dupla e diamante por vendagens que, somadas, ultrapassam os 15 milhões de álbuns. Foi diretor artístico e depois presidente da gravadora Virgin Records no Brasil e criou o selo Arsenal Music, adquirido pela multinacional Universal Music. Trabalhou em programas de TV como Popstars (SBT), Caldeirão do Huck (Globo), Countrystar (Band), Ídolos (Record), Fábrica de Estrelas (Multishow) e, atualmente, é jurado do X Factor Brasil (Band).
IdiomaPortuguês
Data de lançamento9 de nov. de 2016
ISBN9788555030420
Rick Bonadio - 30 Anos de Música

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    Pré-visualização do livro

    Rick Bonadio - 30 Anos de Música - Luiz Cesar Pimentel

    Copyright © 2016, Ricardo Bonadio e Luiz Cesar Pinto Ferraz Pimentel

    Copyright do projeto © 2016, Editora Pensamento-Cultrix Ltda.

    Texto de acordo com as novas regras ortográficas da língua portuguesa.

    1ª edição 2016.

    Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou usada de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópias, gravações ou sistema de armazenamento em banco de dados, sem permissão por escrito, exceto nos casos de trechos curtos citados em resenhas críticas ou artigos de revistas.

    A Editora Seoman não se responsabiliza por eventuais mudanças ocorridas nos endereços convencionais ou eletrônicos citados neste livro.

    Coordenação editorial: Manoel Lauand

    Capa e projeto gráfico: Gabriela Guenther

    Editoração eletrônica: Estúdio Sambaqui

    Produção de ebook: S2 Books

    Todas as fotos são do arquivo pessoal de Rick Bonadio e foram gentilmente cedidas por ele para este livro.

    Caso seja necessário a inclusão de algum crédito, por favor entre em contato conosco que na próxima edição a imagem será creditada corretamente.

    Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

    (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

          Bonadio, Rick

              Rick Bonadio : 30 anos de música / com Luiz Cesar Pimentel. -- São Paulo : Seoman, 2016.

    ISBN 978-85-5503-036-9

          1. Bonadio, Rick 2. Diretores e produtores musicais - Brasil - Biografia 3. Empresários musicais - Brasil - Biografia 4. Música I. Pimentel, Luiz Cesar. II. Título.

    16-07252

    CDD-780.78092

    Índices para catálogo sistemático:

    1. Produtores musicais : Biografia 780.78092

    Seoman é um selo editorial da Pensamento-Cultrix.

    EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA.

    R. Dr. Mário Vicente, 368 – 04270-000 – São Paulo, SP

    Fone: (11) 2066-9000 – Fax: (11) 2066-9008

    E-mail: [email protected]

    http://www.editoraseoman.com.br

    Foi feito o depósito legal.

    PREFÁCIO

    Se você busca estabilidade e conforto na carreira profissional, não vale a pena arriscar sua sanidade sonhando em trabalhar na indústria da música. A capacidade de conseguir alternar momentos de euforia plena e depressão total talvez seja o primeiro requisito para investir seu tempo e sua energia numa atividade que precisa se reinventar a cada minuto. Na verdade, se você tiver juízo, caia fora dessa encrenca. Trabalhar com música é um belo vício – é coisa de doido.

    Depois de 39 anos perambulando nos corredores desse manicômio, cheguei à conclusão de que a grande riqueza que se acumula nesse espaço da existência profissional é a convivência com os loucos que dedicaram suas vidas a garimpar os hits da música popular. Os riscos são enormes, os resultados absolutamente intangíveis e não existem certezas. Mas doido é doido. Doido não conhece limites e sonha com mundos impossíveis. Nessas idas e vindas, acabei virando fã e amigo de um dos casos mais graves que conheci nesse sanatório: Rick Bonadio, paulistano da Zona Norte, palmeirense doente e emérito farejador de grandes sucessos.

    Desde nossos primeiros contatos, dentro de um furacão chamado Mamonas Assassinas (Rick, como descobridor, produtor e empresário da banda, e eu como diretor de marketing da EMI/Odeon), consegui prever que aquele garoto era uma das figurinhas carimbadas da indústria. Ele estava na cabine de comando de um megassucesso de mais de dois milhões de cópias vendidas e pilotava a nave com uma desenvoltura de veterano. Mais tarde, logo que me nomearam presidente da gravadora, não tive dúvidas de que queria ter Rick Bonadio no meu time. Se lhe faltava quilometragem como executivo, sobrava coragem, audácia e o raro faro para identificar futuros sucessos. Coisa de doido.

    Não foram poucas as vezes que peguei um avião para São Paulo, inventando uma agenda qualquer para discutir com Rick, só para ver como ele reagiria diante das emboscadas fatais que se apresentam todos os dias no nosso negócio. Na verdade, queria me contagiar um pouco com seu entusiasmo na forma de gravar com carinho e precisão, promover com agressividade e gastar sem quebrar o caixa.

    Numa dessas ocasiões, me falou de uma certa banda chamada Charlie Brown Jr. (nome estranho, pensei). Reparei que os olhos dele faiscavam quando tentava rascunhar a personalidade de um vocalista chamado Chorão (nome estranho, pensei de novo). Gostei mais ainda quando ficou puto da vida quando eu disse que não queria arriscar um CD inteiro com a banda logo de saída: Ou gravamos o álbum inteiro ou é melhor não fazer nada. Fui embora com a certeza de que teríamos um grande sucesso.

    Durante alguns anos, trabalhamos muito, discutimos muito, nos divertimos muito. Os sucessos se sucederam, mas eu sabia que um dia o manicômio da EMI/Odeon e da Virgin ficaria muito pequeno para Rick. Ele já estava enfeitiçado com a autonomia e com a liberdade que sonhava para seus projetos. Queria jogar seus tentáculos de empreendedor em mundos ainda não explorados como a televisão e mídias alternativas. Queria dedicar mais tempo ao seu laboratório de químicas musicais, também conhecido como Estúdio Midas. Em vez de ficar inconformado com seu pedido de demissão, fiquei com inveja. Poucas vezes desejei boa sorte a um colega com tanta sinceridade.

    Podem estar certos de que vocês vão conhecer neste livro a trajetória de um grande profissional da indústria da música, um autêntico hitman. A única coisa que me deixa meio confuso é falar sobre uma história que não está nem na metade. Tenho certeza de que o melhor de Rick Bonadio ainda está por vir.

    Aloysio Reis

    (Aloysio Reis é o atual diretor geral da Sony/ATV Music. Foi presidente da EMI do Brasil e vice-presidente de Marketing Internacional da EMI em Londres. É jornalista e compositor, com músicas gravadas por Roberto Carlos, Flávio Venturini, Exaltasamba, Fafá de Belém, Ney Matogrosso, Xuxa, Belo, Byafra.)

    Agradecimentos:

    A meus pais, meus filhos e minha esposa. Minha segunda família: Midas Music/Estúdios.

    Luiz Cesar Pimentel, Elisa (Aspas e Vírgulas), Mess Santos e toda Movie 3.

    Todos os amigos que fizeram parte direta ou indiretamente desses 30 anos de mercado.

    Aos amigos que fiz na TV e produtoras.

    A Deus por me dar a vida.

    A todas as pessoas que me acompanham e mandam seus materiais.

    A todos que participaram diretamente deste livro.

    A você que leu este livro.

    Sumário

    Capa

    Folha de rosto

    Créditos

    Prefácio

    Agradecimentos:

    Capítulo 1

    Capítulo 2

    Capítulo 3

    Capítulo 4

    Capítulo 5

    Capítulo 6

    Capítulo 7

    Capítulo 8

    Capítulo 9

    Capítulo 10

    Capítulo 11

    Capítulo 12

    Minha Playlist

    Caderno de fotos

    Conheça outros títulos

    Essa foi uma das cenas mais marcantes da minha vida. Entrar em um estúdio profissional, em 1986, e dar de cara com um microfone Neumann U87. Incrível ter a foto do exato momento em que minha vida mudou.

    _________________

    Capítulo 1

    _________________

    A sala do Rick Bonadio no estúdio Midas é algo bem próximo à Disneylândia da música. As paredes dos quatro metros por três de dimensão do cômodo são ocupadas por 16 discos de ouro, 7 de platina e 2 de diamante. Pelas minhas contas ele possui 31 dessas premiações por vendagem, das mais de 300 bandas com que ele trabalhou em três décadas. Ao lado da mesa de trabalho, cinco estatuetas Grammy conquistadas estão enfileiradas, perto de uma daquelas máquinas vintage de balas e chicletes, que formam uma explosão de cores em uma espécie de aquário, em contraste com as paredes escuras do ambiente. Entre ouro, platina e diamante, capas de discos pelos 12 metros quadrados que somam bem uns 15 milhões de cópias em vendas.

    Se você terminou de ler o currículo dele que acabei de montar baseado em números e não lembra de muita coisa, não te culpo. Eu também não lembraria. Quem gosta de números é contador, bancário, matemático etc. Quem gosta de música gosta de histórias.

    Além de ser considerado o sexto mamona pelos próprios, ele lançou desde Charlie Brown a NX Zero, passando por Rouge e uma porrada de outros em todos os gêneros possíveis no meio do caminho. Foi presidente de multinacional da música, montou gravadora, estúdio e bandas em programas de TV dos quais foi jurado.

    O que você lerá a seguir são histórias por trás dos discos, dos artistas, de sua visão privilegiada, geralmente da mesa de som, e de quem viu os discos de vinil no auge, depois se tornarem objetos de museu e voltarem recentemente como fetiche. Ele viu o CD explodir e a indústria se perder completamente quando a música digital engoliu os formatos.

    Foi impossível não escrever cada capítulo deste livro como se fosse uma canção. Nós começamos com longas entrevistas sobre determinados temas onde ele me apresenta a música. Os papéis então se invertem e eu viro produtor da canção. Nós a ouvimos juntos e acertamos a mixagem, até decidirmos que estava pronta para a masterização, virando um capítulo fechado.

    A ideia veio (posso falar aqui pelos dois) com intenção distante da egolatria, e sim de mostrar como ele fez e aconteceu nessa trajetória, principalmente pela minha constatação de que: 1. Ninguém tem tantas histórias boas como ele no meio; 2. Se existe uma coisa que o brasileiro faz bem porcamente é documentar a própria história artística.

    Tanto que nossa primeira conversa sobre o livro foi, literalmente:

    Luiz, recebi um convite para escrever um livro sobre minha trajetória e biografia, e quero testar se dá liga escrevermos juntos, ele me disse ao telefone.

    Eu topo, Rick. Vamos fazer um teste já para valer, de um capítulo, pois mesmo que não dê certo comigo eu quero que esse livro saia de qualquer jeito.

    Ou seja, era praticamente uma obrigação (nossa) escrever sobre esse pedaço do cenário nacional por meio das histórias vividas por quem estava no olho do furacão. Para que sirva tanto como divertimento ou, em objetivo mais nobre, como conhecimento, pois ninguém merece passar perrengues se existem outros que passaram por aquela trilha e conhecem as lombadas e buracos.

    Tal qual um disco, este livro foi escrito no estúdio. Começamos na casa do Rick, uma, duas vezes, até que ele sugeriu de fazermos uma sessão no Midas, do qual é dono. Foi então que a coisa deslanchou ainda mais e que descobri, de certa forma, que a casa dele é o estúdio.

    Eu havia dado uns 10 passos dentro do estúdio da RCA, na Rua Dona Veridiana, em São Paulo, quando meu olhar foi magneticamente atraído para um Neumann U87. O nome pode soar grego para quem não é da música. Mas para quem é, como eu já era em 1986, toda uma cena poderia ser criada a partir daquele objeto, o microfone mais icônico que já existiu. Dava para projetar os maiores astros em volta daquele microfone, dono de uma estrutura metalizada suportada por uma espécie de estrela ao redor dele. Eram imagens na minha cabeça de fotos de Elvis, Frank Sinatra, Beatles, todo mundo gravando com aquele instrumento tão simples e ao mesmo tempo cult.

    Olho em volta e perto da mesa de som tem um monte de restos de noitada, seda de pontas de baseados e embalagens com sobras de comida. Percebendo minha curiosidade e certo fascínio, um técnico coloca um pouco de gasolina na fogueira. É que os Titãs estão usando o estúdio à noite. Não sei se era para ensaio, gravação, mixagem ou algo do gênero, pois era a fase entre Cabeça Dinossauro e Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas.

    Atualmente, é relativamente fácil de explicar. Mas na época eu tinha 17 para 18 anos e estava vivendo o momento da minha vida. E que manteve o mesmo valor de grandeza até hoje.

    Foi naquele instante que minha intuição virou convicção. O exato momento em que bateu 100% de certeza de que era aquilo que eu queria fazer o resto da vida.

    Música. Como quer que fosse.

    Àquela hora, eu entrava no estúdio como artista. Estranhamente, me senti à vontade no meio de outros artistas, e de produtores, engenheiros de som, técnicos etc.

    Éramos Nando e Rick, dois moleques fascinados por black music e tecnologia musical, que em breve gravariam o primeiro disco de rap do Brasil, pisando pela primeira vez em um estúdio top para gravar o Rap da Pan, que seria o tema de final de ano da rádio Jovem Pan.

    O convite veio do Arnaldo Sacomanni, diretor da rádio, e que já tinha produzido discos para Tim Maia, Rita Lee, Ronnie Von, Fabio Junior e o escambau.

    Ele havia gostado da nossa demo tape de quatro músicas, viu potencial criativo na gente e era prático como eu – não perdeu tempo e já encomendou umas vinhetas e o tal Rap da Pan para nos testar na prática.

    Apesar de tocar piano desde os seis anos, ter tido banda desde os 10 e me virar na guitarra, violão e bateria, pisar num estúdio daqueles era um mundo novo. Não sei ao certo se poderia chamar de mundo, mas certamente era um sentimento novo.

    Chegamos pela manhã com bases prontas, teclados e bateria arranjados. O Nando tocou guitarra, eu fiz uns scratches e gravei o vocal. Cem vírgula nove/Jovem Pan/FM estéreo/Panamericana...

    Em umas seis horas tínhamos feito tudo.

    O Arnaldo falou que colocaria no ar em breve, meio enigmático.

    No dia seguinte, deixei o rádio ligado o dia inteiro. E aí toca a música, no meio da programação. Comecei a chamar minha mãe, repetidamente, mais para ela ouvir, pela primeira vez, uma canção minha sendo tocada em uma rádio, do que para escutar a música propriamente,

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