O Significado em Frege e Carnap
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O Significado em Frege e Carnap - Ana Paula Emmendorfer
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2019 dos autores
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COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO CIÊNCIAS SOCIAIS
Ao meu companheiro Felipe,
pelo amor e apoio incondicional.
Ao meu amigo Ives,
pelo incentivo inicial.
Ao meu avô Dejair (in memoriam),
pelo exemplo de vida.
Agradecimentos
Agradeço ao Prof. Dr. Adriano Naves de Brito, por sua paciência, dedicada orientação na condução deste texto e apresentação às ideias de Frege, especialmente por meio do seu livro Nomes próprios; à Prof.ª Sofia Stein, que sempre me incentivou desde a minha graduação, além de ter me apresentado às ideias do Círculo de Viena e, por conseguinte, as de Carnap, por ter fornecido a sua tese para que eu pudesse compreender e tratar sobre as três fases de Carnap, fruto da sua longa pesquisa doutoral dos textos, de muitas obras originais do alemão, e por ter me auxiliado a traduzir e interpretar o livro Meaning and necessity; à Capes, pelo financiamento da minha pesquisa; aos professores Antônio Henrique Nogueira e Manoel Vasconcellos, pelo incentivo e apoio na graduação; à Anna Carolina Regner e José Nedel, pelas preciosas lições no início do mestrado; Álvaro Valls, pelas orientações metodológicas. Ao meu companheiro, Felipe, por ele existir e fazer parte da minha vida; à minha avó Percília Reis (in memoriam), pelo apoio financeiro e por ter acreditado em mim, mesmo sem ter a menor ideia do que a minha escolha de ser professora de Filosofia significa; à minha mãe, Iara Monteiro Lucas, por não ter desistido de mim; aos(as) amigos(as), especialmente, Ana Paula Escobar, Deise de Oliveira Ribeiro, Ethienne Aguiar e Patrícia Carrasco, pela amizade e pelos conselhos nos momentos mais difíceis; ao amigo Ives Araujo, por ter sido um apoio fundamental no início desta minha caminhada; ao pai que adotei, Décio Araujo, por ser, desde a minha graduação, o meu mentor intelectual; e às famílias Ramos Emmendorfer e Solano Araujo, pela acolhida e pelo carinho.
PREFÁCIO
O presente livro, no essencial, trata de uma série de questões que se desenvolveram a partir de uma pergunta sobre o significado de certas expressões linguísticas. A pergunta original e suas derivações percorreram um tortuoso caminho que se inicia nas últimas décadas do século XIX até chegar às discussões travadas nos anos de 1950. Ana Paula Emmendorfer dispõe-se a realizar a árdua tarefa de dar a essas questões alguma forma de tratamento pessoal, atitude louvável que só merece encorajamento, tendo em vista o difícil e volumoso material bibliográfico diretamente envolvido nesses temas. Oxalá este texto alcance a altura das suas nobres intenções e venha a constituir-se numa colaboração válida para a filosofia analítica no Brasil. Mas que série de questões terá sido essa?
Em que pesem as colaborações de alguns antecessores, a lógica contemporânea surge com o trabalho de Gottlob Frege (1848-1925), cujo programa consistiu em desenvolver a aritmética a partir da lógica. A partir de que lógica, porém, dado que o sistema aristotélico era muito reduzido para tal propósito? Em resposta a essa dificuldade, Frege teve de desenvolver um novo sistema, amplo o bastante para que conseguisse abarcar uma disciplina tão extensa, que, à época, abrangia também a análise.
O desenvolvimento da matemática ao longo das décadas anteriores ao trabalho de Frege bloqueava qualquer tentativa de fundamentar essa ciência sobre o universo da natureza. Onde poderia, então, ser buscada a certeza aparentemente indispensável ao trabalho do matemático? Frege foi buscá-la na filosofia, na lógica filosófica e nos seus princípios supostamente mais seguros. Ele era um matemático, cuja passagem pela filosofia viria a acontecer por razão de ofício. Habituado ao rigor formal da sua ciência Frege esforçou-se por manter-se no âmbito dos seus limites. Ao antecipar o tópico que, mais tarde, seria conhecido como descrições
, por exemplo, ele formulou um problema e encontrou-lhe a solução em elegantes termos formais. Qual é a única entidade numérica que satisfaz a expressão "x² = 4"? Se o correspondente universo do discurso incluir os números inteiros positivos, então o único objeto a satisfazer tal expressão é 2. Se aquele universo incluir os números inteiros positivos e negativos, então tal objeto é o conjunto { ̶2, 2}. Se o universo incluir apenas números ímpares, então o objeto é o conjunto vazio. Graças a esse tipo de elaboração, cada expressão descritiva tem, univocamente, uma referência. Tal elaboração, porém, restringe-se à matemática, sem que Frege tenha a pretensão de estender à linguagem natural os artifícios que constrói para o discurso formal.
Frege, entretanto, não teve como evitar a passagem por especulações filosóficas, ao abordar a questão da natureza de sentenças com identidade. O que se diz quando se afirma que A Estrela da Manhã = A Estrela da Tarde? A resposta de Frege, que é conhecida, leva-o à clássica distinção entre sentido (Sinn) e referência (Bedeutung) de um termo: o sentido é o modo segundo o qual um objeto é apresentado; o sentido, por sua vez, remete a um objeto, que é a sua referência. Nesse conhecido exemplo, os termos envolvidos na relação de identidade têm sentidos diferentes, mas tais sentidos remetem a uma mesma referência, que é o planeta Vênus. Essa é a questão original citada mais acima, cujos desdobramentos originaram o complexo de problemas analisados no presente ensaio de Ana Paula Emmendorfer.
Platônico como era, Frege afirmava que sentido e referência seriam objetivos, e não meras representações mentais subjetivas. Ao estender tais conceitos às sentenças, ele manteve a mesma linha, dizendo que cada uma delas expressa um pensamento (Gedanke), que remete a um valor de verdade, o Verdadeiro ou o Falso. Tanto o pensamento quanto o seu valor de verdade não dependeriam das representações subjetivas de cada ser humano.
Depois do trânsito de Frege pelo polêmico universo da filosofia, logo chegaram críticas às suas teses. Num trabalho de 1903, Bertrand Russell (1872-1970), em linhas de difícil interpretação, recusa a concepção sugerida por Frege quanto à noção de sentido.Décadas mais tarde, Rudolf Carnap (1891-1970), antigo aluno de Frege, em busca de um conceito de significado, inspira-se nas citadas distinções do seu mestre, mas apenas para formular novas teorias.Tais formulações, entretanto, viriam a ser feitas ao final de um longo período de maturação, depois da passagem de Carnap pela capital da Áustria.
No mundo acadêmico de língua alemã, é comum que professores organizem seminários avançados para os seus doutorandos e eventuais convidados. Um seminário desse tipo recebe o nome latino de privatissimum. Na Universidade de Viena, no semestre de inverno de 1923/24, o Prof. Moritz Schlick (1882-1936) organizou um privatissimum para a discussão de certas questões de teoria do conhecimento. Um ano antes, Schlick tornara-se catedrático naquela universidade, famoso em virtude de um ensaio seu sobre teoria da relatividade que recebera enfático elogio de Albert Einstein (1879-1955). Para aquele seminário exclusivo foram convidados, dentre alguns outros, o matemático Hans Hahn (1879-1934), o doutorando Friedrich Waismann (1896-1959), o filósofo Viktor Kraft (1880-1975)e o sociólogo Otto Neurath (1882-1945). O físico Philipp Frank (1884-1966) colaborava com as discussões desse grupo. Outros participantes, como o matemático Kurt Gödel (1906-1979), juntaram-se posteriormente aos primeiros. As sessões do privatissimum tinham lugar às quintas feiras à noite, no Instituto de Matemática da Universidade. Um dos membros fazia a apresentação de algum tema, ao que se seguia a discussão.
Em 1924, o privatissimum de Schlick tomou conhecimento do livro de Ludwig Wittgenstein (1889-1951), o Tractatus logico-philosophicus, que foi integralmente lido e debatido. Schlick e Waismann entusiasmaram-se pelo texto, enquanto Neurath assumiu frente a ele uma posição mais crítica. Convidado repetidas vezes a participar das sessões, Wittgenstein jamais compareceu, embora tenha recebido alguns membros do grupo na sua residência vienense.
Em 1929, Schlick retornou a Viena depois de passar um período nos Estados Unidos. Para essa ocasião, em homenagem ao professor, Neurath escreveu um ensaio de 59 páginas, intitulado A Concepção Científica do Mundo – O Círculo de Viena
. A versão de Neurath foi revista por Carnap e por Waismann, que lhe deram a forma definitiva. Esse ensaio proclamava ideias empiristas e, de modo especial, antimetafísicas, supostamente comuns aos membros do privatissimum, delineando uma série de posições que seria posteriormente chamada de positivismo lógico, neopositivismo ou empirismo lógico. O ensaio foi divulgado em encontros científicos internacionais, o que transformou o privatissimum em Círculo de Viena.
Pode-se dizer que, de um modo geral, Neurath não foi fidedigno na sua descrição das ideias comuns aos membros do citado grupo, mesmo porque este era heterogêneo. O ensaio de 1929 desagradou a Schlick, o homenageado, além de ter sido objeto de escárnio por parte de Wittgenstein. Não obstante, esse texto é o único ponto de referência a apresentar alguma forma de informação quanto a posições assumidas nos debates do privatissimum.
Neurath e Carnap entendiam-se bem, tanto no plano pessoal quanto em questões acadêmicas. No início dos anos 1930, por sugestão de Neurath, ambos começaram a trabalhar no projeto de elaboração de uma linguagem fisicalista, que seria a base de uma ciência unificada. Fisicalista é uma linguagem cujas sentenças tenham referências espaciotemporais. Mas como conceber tal linguagem, de maneira mais específica?
A essa pergunta, num artigo de 1931, Carnap deu uma resposta tecnicamente pormenorizada, descrevendo a estrutura de uma linguagem empírica formalmente definida, em cuja base estariam sentenças protocolares testáveis por meio de experiências diretas, e não mais carentes de verificação. Em