Madalena Caramuru, presente!
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Madalena Caramuru, presente! - Larissa Mundim
2021
logo-editoraDADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
(Bibliotecária Geisa Müller – CRB 1/3190)
FICHA TÉCNICA
Organizadora: Larissa Pereira Mundim
Colaboração: Geisa Müller, Keyla de Faria e Thiago Pitaluga
Revisão: Rosângela Chaves
Design gráfico e programação: Bia Menezes
Arte da capa: Sophia Pinheiro (obra Retrato imaginário de Madalena Caramuru, inspirada em Glicéria Tupinambá
, 2019)
DIREITOS RESERVADOS – É proibida a reprodução total ou parcial da obra, de qualquer forma ou por qualquer meio, sem a autorização prévia e por escrito da editora. A violação dos Direitos Autorais (Lei n° 9610/98) é crime estabelecido pelo artigo 48 do Código Penal.
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www.negalilu.com.br
Sumário
Sobre Madalena Caramuru
Apresentação
Projeto Madalena Caramuru: uma interlocução com o PNLE
Considerações para uma análise da política pública de LLLB
Histórico do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas
Sistema Estadual de Bibliotecas públicas
Rede Madalena Caramuru
O desafio da reinvenção da biblioteca na Sociedade da Informação
Diagnóstico
Eixo Gestão
Eixo Espaço físico, infraestrutura e tecnologias
Eixo Ações de Cultura
Análise final dos dados
Recorrências
Traços de inovação
Melhores práticas
Anexos
Formulário de entrada
Percepções dos especialistas convidados
Programação
Ficha técnica
Landmarks
Cover
Sobre Madalena Caramuru
As ações deste projeto foram inspiradas na trajetória de uma mulher do povo originário do território brasileiro. Madalena Caramuru era a filha da índia tupinambá Paraguaçu com o náufrago português Diogo Álvares Correia (mais conhecido por Caramuru), que se alfabetizou no ano de 1534, em Salvador/BA. Naquele tempo, a leitura e a escrita eram privilégio dos homens e das mulheres da realeza apenas. É atribuída a ela a autoria de uma carta dirigida ao chefe da primeira missão jesuística, o padre Manoel da Nóbrega, em 1561, na qual denuncia e pede o fim de maus-tratos às crianças indígenas e requer o início da educação feminina. Madalena Caramuru não somente se tornou a primeira mulher a interpretar e usar o código linguístico na história do Brasil, como também a primeira a usá-lo para lutar pela ampliação do direito à educação. Sua importância para a construção da nação brasileira ainda não se encontra amplamente difundida. Um projeto desta dimensão sociocultural batizado com seu nome cumpre, minimamente, uma função de reparação histórica.
Mais de 450 anos depois, é sancionada no Brasil a Política Nacional da Leitura e da Escrita (Lei n. 13.696), que reconhece a leitura e a escrita como um direito para assegurar a plena cidadania e uma vida digna.
Retrato imaginário de Madalena Caramuru, inspirada em Glicéria Tupinambá
, de Sophia Pinheiro, 2020
Apresentação
A biblioteca pública é o equipamento cultural mais presente nos municípios em todo o Brasil. Mais disponível do que museus, teatros, cinemas, galerias de arte. A biblioteca pública é, portanto, o equipamento cultural/social/educacional mais democrático do País. Sua importância não pode ser negada.
A par dos desafios de manutenção, atualização e, mais recentemente, de enfrentamento das circunstâncias diversas impostas às bibliotecas pela pandemia da Covid-19, a NegaLilu Editora e a Casa da Cultura Digital idealizaram o Projeto Madalena Caramuru com o intuito de colaborar para a qualificação da gestão de bibliotecas públicas em Goiás.
Com apoio do Fundo de Arte e Cultura de Goiás, o trabalho teve base em um programa de capacitação on-line de 70 horas, distribuídas entre seminários, oficinas e encontros sistemáticos dos Grupos de Trabalho (GTs), dedicados a gestores de bibliotecas de Goiânia e do interior do estado. A capacitação teve como objetivo principal despertar nos gestores o sentimento e a percepção de que a biblioteca pública é um equipamento cultural fundamental para a sociedade.
Os encontros dos GTs também se constituíram como território de estudo e pesquisa acerca da realidade de 19 bibliotecas públicas participantes. Dessa convivência, um diagnóstico de demandas urgentes foi gestado, dados que integram o Relatório Final do Projeto Madalena Caramuru e as Demandas Urgentes de Bibliotecas Públicas em Goiás
. Esse conteúdo ganha contornos ampliados nesta publicação, democratizando também o acesso à produção audiovisual, a entrevistas e transcrição de palestras que compõem os trabalhos realizados entre setembro de 2020 e março de 2021.
O diagnóstico foi coordenado pela equipe técnica do Projeto Madalena Caramuru e investigou temas recorrentes, melhores práticas e traços de inovação nas ações culturais, na estrutura física e em tecnologias, no acervo, na gestão, no comportamento dos equipamentos culturais durante a pandemia, entre outros aspectos. O documento traz ainda conteúdo informativo, podendo ser adaptado como manual de boas práticas nos processos de implantação e implementação de bibliotecas públicas municipais.
O programa de capacitação foi elaborado com base no Plano Nacional do Livro e da Leitura – PNLL. Para tanto, a coordenação do Projeto Madalena Caramuru promoveu seminários com especialistas como José Castilho Marques Neto, Volnei Canônica e Elisa Machado, contemplando discussões sobre o histórico da construção da Política Nacional da Leitura e da Escrita, democratização de acesso à leitura e sistemas e redes como estratégia de fortalecimento da biblioteca pública no Brasil, respectivamente.
A partir do eixo Economia do Livro
, outro pilar do PNLL, o programa de capacitação também abriu perspectivas de reflexão sobre o mercado editorial, a cadeia produtiva do livro e as publicações independentes, nas palestras conduzidas pelas escritoras e editoras Larissa Mundim, Tatiana Nascimento e Aline Rochedo Pachamama.
O tema Mediação de Leitura, que também integra as linhas de trabalho do PNLL, foi abordado com o grupo a partir da experiência de dois projetos de relevância reconhecida: Calangos Leitores (Claudine Duarte) e UniduniLer todas as Letras (Alessandra Roscoe).
Como projeto de extensão, a discussão foi fomentada pela Universidade Federal de Goiás, por meio da participação da professora Maria das Graças Castro (LIBRIS), demais professores e alunos do curso de Biblioteconomia. Essa parceria também possibilitou a certificação dos 22 técnicos concluintes do curso.
O Projeto Madalena Caramuru foi concebido em duas etapas. A primeira manteve o foco na circulação da produção gráfico-literária e na qualificação da cadeia produtiva do livro em Goiás, por meio da realização da feira e-cêntrica 2020. O evento ocorreu nos dias 7 e 8 de março, na Vila Cultura Cora Coralina, em Goiânia, uma semana antes da vigência dos decretos de isolamento social. Clique AQUI para assistir ao documentário da feira e-cêntrica 2020.
Larissa Mundim
Projeto Madalena Caramuru: uma interlocução com o PNLE
¹
Maria das Graças Monteiro Castro²
O Projeto Madalena Caramuru é uma ação de estímulo à leitura e à qualificação de leitores, promovida por meio do apoio à gestão de bibliotecas públicas e com apoio do Fundo de Arte e Cultura de Goiás. Nesse contexto, a NegaLilu Editora e a Casa da Cultura Digital planejaram um programa de capacitação on-line, para o período de setembro de 2020 a março de 2021.
Com base nas diretrizes da Política Nacional da Leitura e da Escrita (PNLE) e do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), o programa prevê seminários, oficinas e trabalho sistemático de grupo.
É a partir dos princípios do histórico da formulação do PNLL/PNLE que proponho uma discussão sobre a política pública necessária para as áreas do livro, da leitura e da biblioteca no Brasil, recuperando minha participação como membro do extinto Colegiado Setorial do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca, no período de 2005 a 2016, quando o país foi assaltado por um golpe político e midiático, o qual foi responsável pelo descalabro que vivemos atualmente em todos os setores da sociedade.
Ainda em construção, o Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) é produto de uma ação liderada pelo governo federal, por intermédio do Ministério da Cultura e do Ministério da Educação, e resultado de sugestões de representantes de todas as cadeias relacionadas à leitura e também de educadores, bibliotecários, universidades, especialistas em livro e leitura, organizações da sociedade, empresas públicas e privadas, governos estaduais, prefeituras e interessados em geral.
Trata-se da construção de diretrizes básicas para assegurar a democratização do acesso ao livro, o fomento e a valorização da leitura e o fortalecimento da cadeia produtiva do livro como fator relevante para o incremento da produção intelectual e o desenvolvimento da economia nacional.
Dessa forma, o PNLL foi constituído por projetos, programas e ações de ministérios, instituições vinculadas e empresas estatais da administração pública em nível federal, estadual, municipal e do Distrito Federal; e, ainda, de empresas e entidades privadas e de organizações não governamentais mediante a assinatura de termo de adesão. Quatro eixos orientaram a organização do plano: a democratização do acesso; o fomento à leitura e à formação de mediadores; a valorização institucional da leitura o incremento de seu valor simbólico, e o desenvolvimento da economia do livro.
A constituição do PNLL teve sua origem com a criação do Ano Ibero-americano da Leitura, em 2005, e foi um marco significativo para a elaboração de uma política de Estado, de natureza abrangente, que tentou nortear, de forma orgânica, políticas, programas, projetos e ações continuados e permanentes. Nesse ano, foi criada a Câmara (posteriormente denominada Colegiado) Setorial do Livro, Leitura, Literatura e Biblioteca, com a participação de toda a cadeia produtiva do livro constituída por escritores/ilustradores, editores, distribuidores e mediadores de leitura (professores, bibliotecários, universidades) da sociedade civil.
Fazendo um breve histórico dos marcos legais, temos:
Em 10 de agosto de 2006, os ministros da Cultura e da Educação, Gilberto Gil e Fernando Haddad, respectivamente, instituíram o Plano Nacional do Livro e Leitura – PNLL, consolidando o resultado dos debates realizados ao longo de 2005 e 2006, por meio da Portaria Interministerial nº 1.442.
Em 1º de setembro de 2015, na XX Bienal Internacional do Livro, no Rio de