A Saga Do Multiverso
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A Saga Do Multiverso - Willian Silva Diniz
A saga do
Multiverso
Desconstrução
Willian Diniz
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Dons e Afinidades.
Talvez seja importante dar uma pequena passada aqui antes de
começar a desconstrução de algumas ideias. Vai por mim, vai ajudar
bastante no decorrer do resto da minha vida.
Manipulação– Capacidade que algumas pessoas possuem de
manipular ou moldar a matéria conforme a sua necessidade. Fazem isso
através de suas linhas Atômicas, obedecendo a Lei de Alteração
Equivalente.
Linhas Atômicas ou Ponte Atômica– de forma básica,
para quem não é manipulador, são tentáculos que saem do nosso
corpo e podem se ligar a matéria de afinidade e moldá–la.
Respeitando as leis de Conservação de Massa, Entalpia e
Alteração Equivalente.
Alteração Equivalente– A matéria base para o uso da
Linha Atômica não pode ser transformada em outra. Ou seja, não
se pode transforma Ferro em Prata.
Afinidades de Manipuladores.
Climáticos– Manipuladores que podem alterar o clima. São
extremamente poderosos, mas limitados ao clima vigente. Se não houver
possibilidade do clima que eles querem alterar, não é possível manipulá–lo.
Condutores– Manipuladores com a capacidade de usar elétrons
livres para produzir energia elétrica suficiente para alimentar uma casa.
Também podem manipular alguns metais condutores para criar campos
elétricos, magnéticos, potenciais motrizes e outras coisas bem
interessantes.
Metálicos– Afinidade mais comum entre os manipuladores. Pelo
nome acho que nem preciso dizer o que eles podem fazer. Mas, tem o poder
limitado para controlar metais a curta distância.
Orgânicos– Esses podem manipular tudo que possua uma cadeia
de Carbono. Tanto os tecidos corporais, quanto influenciar vegetais e
plantas. Mas não podem manipular a vida. Esses aí são conhecidos como
Internos.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Internos– Prática abolida no meio da manipulação por
questões filosóficas e éticas. Antes se podia aprender,
hoje em dia só se poder nascer com o dom.
Radioativos– Conhecidos pelo poder massivo que possuem,
podem ser bem perigosos e instáveis. Porém, bem treinados podem fazer
alterações até no DNA. Possuem Linhas Mutáveis.
Nobreza– Esse é um poder raro, capaz de bloquear as outras
afinidades bloqueando suas Linhas de se conectar com a matéria ao redor
do manipulador. Não são tão poderosos, mas possuem grande respeito
pelos outros.
Dons Naturais.
Elementares– tem uma forte ligação com a natureza. Essas pessoas
podem influenciar um dos quatro altares da ciência para seu uso pessoal.
Todos os seres vivos possuem essa afinidade, porém alguns podem se ligar
ao Altar referente a sua afinidade e usá–lo.
Intervenção– Dom natural a um nível raro impossível. Essas
pessoas podem controlar a realidade e percepção de outros seres, além do
poder telecinético que podem possuir. Esse dom não costuma ser herdado,
somente dado por Alguém ( não direi quem para não estragar a surpresa).
Comunicação– Um dom quase extinto. Quem possui esse poder
pode firmar pactos com seres Elementares.
Seres Elementares– São as manifestações dos Altares em
forma física, muito raro de ser verem e mais ainda de existirem.
Espero ter ajudado um pouco com essas informações. O
restante pode ser encontrado dentro da narrativa.
Antes de virar a página, aconselho abandonar um pouco alguns
conceitos de crenças depois de certo ponto. Vai ajudar bastante.
Sejam bem–vindos à Saga do Multiverso.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Eu sou William Walker, moro em um bairro qualquer de uma
cidade qualquer. Na verdade essa cidade se chama Rio de Janeiro. Sou alto,
tenho um corpo aparentemente fraco
por não ser tão musculoso – aquele
padrão de beleza masculino, olhos castanhos, cabelo grisalho e uma barba
que preso muito.
Na minha casa moram minha irmã que está grávida e eu, porém
não tem nada de muito diferente. Ela tem a vida dela e eu tenho a minha.
Tirando essas trivialidades, não caí do céu aqui neste lugar. Na verdade, fui
forçado a estar nessa casa.
Nossas vidas deram uma grande reviravolta depois que perdemos
boa parte da família, ou melhor, nossos pais, em algo que nem eu, e muito
menos ela, foi capaz de compreender. Vou ser breve na explicação e sucinto
nas palavras: somos Manipuladores.
Toda família tem o dom da magia, diferente do que se vê por aí
não temos varinha, cajados, livros, poções e muito menos voamos em
vassouras. A magia é um estado lógico, racional e matemático. Para melhor
entender, basta ter a capacidade de moldar a matéria de acordo com seu
dom e aptidão conforme a sua Linhagem Atômica (Metal, Condutores,
Climáticos, Radioativos, Orgânicos e Nobreza). Somos uma família de uma
linhagem Nobre, de Hidrogênio e uma pequena parcela de Orgânica.
A magia viria de forma física–matemática, ou pelo menos eu
achava isso. Ao longo dessa estória, talvez um pouco trágica para alguns,
descobri que nem tudo é tão lógico quanto parece ou racional quanto eu
imaginei. Todos os grandes homens dessa ciência foram Manipuladores,
mas não quero entrar em detalhes, a menos que seja a minha vida em
questão.
Minha família foi condenada à morte pelo Conselho Arcano, o
qual selou minha Irmã e eu, limitando nossa magia e matando nossos pais
por conta de um erro gravíssimo: Um manipulador nascido de uma
Interventora Realística com um deles. Sim, meu pai faz parte do Conselho
Arcano e nós pertencemos à nobreza da magia. Isso me influenciou muito
na forma de pensar e agir, sempre dando exemplos perfeitos de uma vida
de mentiras e prisões. Mesmo sendo nobres.
Até aqui não expliquei muita coisa do motivo de estar querendo
expor essa estória. Só falei de mim, minha família e de como perdi boa
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
parte dos meus poderes, não quer dizer muita coisa agora. Mas em pouco
tempo o mundo todo entenderá por que alguém trocaria tudo para negar a si
mesmo e a todos os seus poderes para viver algo impensável. Na pior das
hipóteses, eu só teria que viver a morte.
Voltando à minha estória, preciso expor um pensamento que te
levará com mais facilidade pelo que estarei relatando a seguir.
Principalmente pelo que vai ser desenrolado no decorrer desses relatos.
O que é pecado? Onde está a regência do certo ou errado em nossas vidas?
Na verdade, não existe pecado ou erro. O que sempre existiu é o
medo. Pecado por minha concepção nada mais é que a forma mais sutil e
bela de exercer poder sobre alguém sem precisar chegar perto ou dizer que
seria punida por fazer isso. Já o erro tende a estar ligado a escolha pessoal e
muitas vezes às circunstancias recorrentes.
Tirando o foco do erro e acerto, vamos focar na questão de
Pecado, isso porque eu fui condenado por estar "pecando contra os
princípios da existência". Claro que a coisa mais absurda que notei foi que
existem pessoas que se dizem capazes de falar o que pode ser bom ou ruim
para a outra pessoa. Isso para mim se chama escravidão passiva. Alguém
induz outra pessoa a pensar que aquilo que ela faz é ruim e pode sofrer
punições eternas, perder seu lugar, perder sua família, perde seja o que for.
Melhor dizendo: leva você a usar o seu pensamento contra si mesmo, e faz
de um jeito frio e ao mesmo tempo sutil.
Só que comigo foi diferente. Eu aprendi a lutar pelo que eu acho
certo ou errado, pelo que eu considero santo ou impuro, mesmo que tenha
escolhido caminhos não tão bem vistos ao longo da minha trajetória. Digo
isso porque no fim dela, a morte me esperou de braços abertos. Não foi a
morte em si que me esperava lá. Foi o Julgamento de mim mesmo que eu
vi após o fim da minha vida e início da minha morte.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Capitulo 1– Encontro e fuga.
Tarde de outono, me preparando pra sair de casa. Sabia que seria
mais um dia normal de aula na faculdade. Pegaria meu ônibus, chegaria à
sala de aula, daria boa noite, viria algumas pessoas e depois voltaria pra
casa com fome e sede de algo que faz parte da minha necessidade como
individuo, pois eu nunca fui um humano, nem tão pouco sou considerado
um Manipulador, na verdade nem eu ou minha Irmã. Nós herdamos doses
Interventoras de nossa mãe, eu herdei mais. Com isso meus poderes já
eram limitados e agora com esse bendito selo na minha perna esquerda, ate
um bebê Manipulador pode fazer mais que eu.
Saindo de casa para mais um dia de aula. Peguei minhas chaves,
carteira, bolsa e disse mais uma vez a minha irmã:
– Cuide de tudo caso o conselho me encontre por ai.
Ao mesmo tempo pensando que o conselho poderia estar bem
mais próximo do que eu imaginava ou que ele poderia estar simplesmente
manipulando nós dois para ter provas concretas de que nossa família era
traidora de antigas tradições. Como se nós tivéssemos culpa do erro de
nossos pais. O que para mim são seria um erro, pois não acredito que eles
tenham errado. Quem errou foi a pessoa que tinha medo de ver algo novo
surgir.
Existiu um grande mago que dizia que "o medo de errar nos faz
perder a força de viver."
Na direção do meu ponto de ônibus, eu reflito muito sobre meus
poderes perdidos, minhas esperanças, meus motivos de continuar a minha
longa vida.
Chegando meu ônibus, entro e espero meu ponto de descida;
aproveito o trajeto pra descansar minha mente e meu corpo. O que mais
passa pela minha cabeça são trechos onde eu podia manipular matéria
livremente, mas são só memórias. Algumas me fazem ficar bem
cabisbaixo, principalmente quando me recordo a última vez que emanei luz
da minha mão quando houve falta temporária de energia elétrica.
Para quem não sabe a energia– seja ela luminosa ou elétrica– é
uma condição básica pra manipulação. Qualquer criança nasce sabendo
fazer uma faísca de luz nos seus dedos.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Parte engraçada disso é que no fim elas sempre colocam na boca a
mão errada e levam um choque; o que as fazem, durante um tempo, ter
medo do seu dom.
Isso não aconteceu comigo, já que eu não pude fazer luz com a
mão, então eu nunca tive medo do dom que recebi. Pelo contrario, eu
adorava ser reconhecido como um Manipulador da nobreza capaz de
manipular qualquer estrutura atômica e destruir qualquer barreira por ter
influência da parte dos elementos mais puros e perfeitos. Os outros
Manipuladores tinham medo e respeito quando eu passava pelos mais
fracos. Isso não era o que eu queria, todavia o meu ego humano gostava de
se sentir importante no meio de pessoas que não tinham o seu dom.
Desci do ônibus e fui recepcionado por algumas pessoas que eu
comecei amizade no inicio do semestre letivo: Lucia Montane, Hilda Braga
e minha amicíssima de coração Catrina Lambert. Tem outras pessoas que
eu vou apresentando ao longo dessa estória, mas já que devo começar a
introduzir novos personagens e nomes, porquê não pelas minhas grandes
amigas?
Ao entrar na aula, Lucia estende seus braços e vem com aquele
sorriso maravilhoso, caloroso e gentil, parecendo uma boneca de porcelana
daquelas bem antigas toda franzida e bonitinha.
– William, boa noite. Me diz o que descobriu?– colocando as mãos no meu
ombro, continuou. – Já sei! Descobriu que me ama, que vai se casar
comigo e teremos 2 filhos .Você rico, eu rica e seremos felizes.
A melhor parte dessa mulher– ela tem 28 anos– é que ela consegue
fazer meu dia parecer uma aventura.
Enquanto recebo essa intimação de casamento, Hilda esta
morrendo de rir ao ver Lucia tentando de qualquer maneira me carregar
para a cama. Claro que ela só tenta, pois já tinha dito logo na primeira
tentativa que eu tenho preferência por homens. Mas vendo que nada podia
fazer ela mudar de ilusão, me virei para Hilda e disse entre os dentes:
– Me salva, por favor. Me salva dessa mulher ela vai extrair meu sêmen
qualquer dia desses e vai ficar grávida de mim sem que eu penetre ela.
Hilda se comoveu com minha cara de extrema necessidade de
auxilio e tomou uma atitude até então inesperada pra mim e pra Lucia
também.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
– Lucia, não sei se você sabe, mas o Will aqui não curte mulheres e caso
ele queira curtir alguma qualquer dia desses, ele virá a mim– ela mostrou
um meio sorriso nos lábios olhando para mim.
Nunca na minha vida eu imaginei isso e também aprendi uma
coisa valiosa nesse dia: nunca peça pra uma mulher te livrar de outra
mulher. Sempre te livram, porém a outra fica com mais vontade de te ter e
vai fazer de tudo pra isso.
Voltando à aula e ao barraco que ficou ali, pois não terminou
assim tão rápido não, teve mais. A Lucia de cheia de ódio disse:
– Te manca mulher, a mãe dos filhos do Will vai ser eu. Você tá velha pra
essas coisas.
Pensei comigo mesmo, fudeu! Ou melhor, vão me fuder a
qualquer momento. Hilda com toda a masculinidade dela disse assim:
– Pelo menos sou uma velha que tá sendo muito bem comida– ela jogos
umas mechas de cabelo para trás– Aliás, nem seu marido estava querendo
te comer, e olha que era seu marido. Imagina o Will que nem hetero é.
Na mesma hora vi que eu deveria fazer algo imediatamente. A
situação fugiu do controle total e a única coisa que poderia parar aquela
discussão seria algo inesperado: um pequeno acidente na lâmpada acima de
suas cabeças. Só que limitado como eu estava, pensei em outra coisa. Algo
que as deixariam sem resposta e totalmente desestimuladas, nem tanto
assim.
– Eu não posso ficar com nenhuma das duas– entrei no meio delas– Eu já
possuo alguém para comer toda noite.
As duas pararam de boca aberta e começaram as enxurradas de
perguntas:
– Quem?
– Comendo quem? Onde?
– Mas você não é gay?
Tive que explicar as duas que existe o gay que dá
e o que
come
. E nenhum deixa de ser gay pela preferência. Claro que a sociedade
instaurou a ideia de que os que comem devem ser machões
. Aquele
padrão de homem alto, forte, peludo e coisas mais. Só que eu não era nada
disso.
Quando Catrina entrou na sala vendo aquele alvoroço todo ali instalado,
simplesmente estendeu os braços em sinal de parada e disse:
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
– Vão me dizer que as duas dondocas ainda estão disputando o
pau dele?
– Não necessariamente, mas adoraria poder saber como é– Lucia
deu um olhar sedutor para mim.
– Porra, Lucia, tá tão desesperada assim?– disse Catrina.
– Ninguém tá comendo ela, negócio é tentar fazer o Will comer–
Hilda sempre debochada.
– Mas o Will aqui gosta de comer cu de homens e chupar rola–
Catrina olhou de uma para a outra– Se vocês não tem uma, não faz o tipo
dele.
Nossa como eu agradeci a Catrina por isso. A poeira abaixou e
tudo resolvido sem mais discussões. Tivemos uma aula tranquila, trabalhos,
projetos e essas coisas que tiram nosso sono– que eu já não tenho mesmo.
Na volta de casa ainda levei uma bronca de Catrina, pois ela achou
irresponsável da minha parte dizer aquilo tão abertamente e que eu fui
inconsequente e que eu poderia ter aguentado a Lucia na paz e
tranquilidade.
– Will, até quando vou ter que livrar você dessas duas? Poxa não
dá corda pra elas não!
– Mas, Catrina, não pude evitar– falei olhando para baixo– Você
me conhece bem eu detesto brigas e tinha que ter feito algo. Eu sei que
poderia ter usado minha magia, mas fazer o quê com meus poderes tão
fracos desse jeito. O máximo que eu poderia ter feito naquele momento
sem chamar muita atenção era fazer uma lâmpada queimar ou não sei...–
ela me cortou:
– Você ta brincando com fogo– ela levantou minha cabeça– E esse
fogo não vai perdoar você. Caso continue agindo de maneira tão
irresponsável.
Catrina era uma mulher normal de grande sabedoria, loira e alta
sempre bem arrumada, porém tinha um grande defeito: eu não entendia
nada do que seus sermões diziam, nadinha.
Na volta pra casa, peguei um ônibus abarrotado de gente. Odeio
pegar condução assim, porém não tenho escolha ou é isso ou viver trancado
numa sala cheio de pessoas usando você pra pesquisa e demais coisas que
nem quero imaginar.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Quando consegui sentar em um dos bancos do ônibus, algo muito
estranho aconteceu. Uma presença muito forte de um Manipulador usando
seus poderes, algo superior. Tentei me acalmar e conversar com quem
estava do meu lado.
Devo ressaltar que essa foi uma das partes mais inusitadas da
minha vida e que aconteceu de tal forma que nem pude perceber. De todas
as pessoas que eu deveria conversar, puxei assunto logo com aquela que eu
arrastaria para um buraco sem fim e depois de cair nele, eu teria minha
primeira decepção amorosa.
– Olá boa noite, vejo que você gosta de cultura japonesa por estar
usando uma blusa de um anime.
Ele era um jovem que aparentava ter cerca de vinte e um anos,
cabelos raspados e tinha um corpo bem volumoso por trás daquela camisa.
Vale ressaltar que tinha lábios carnudos, olhos sedutores, sorriso fácil e
pele morena escura, mas um pouco queimada pelo sol.
– Claro que adoro, parceiro. Sou um cosplayer e ultimamente
estou em um projeto há alguns meses tentando fazer, mas falta alguns
acessórios e... – ele fez um movimento com o indicador e polegar, deveria
significar grana– Você sabe o que também falta.
– Com certeza entendo sua situação, falta o dinheiro pra comprar
todos os acessórios. Mas me diz uma coisa?
– Posso ate dizer duas coisas se você quiser, manolo.
La vem a gírias que esse povo fala que eu não entendo nada.O que
quer dizer manolo? Será que é tio
? Pois o único manolo que eu conheço
é o tio do boteco.
Bom, deixemos as tentativas de explicação pra depois e
continuemos com o restante da nossa conversa.
– Pode ser meu amigo? Por favor faça isso por alguém que você
não conhece, estou desesperado aqui neste ônibus– o discurso não estava
dos melhores e nem o papo, mas custava nada tentar.– Me adiciona em
alguma rede social ou vá na minha casa pra eu te explicar melhor.
Quando eu disse isso ele ficou com uma cara estranha. Acho que
deve ter sido o excesso de drama que eu fiz pra ele, realmente exagerei um
pouco.
–Sim, eu posso ser seu amigo sim– num tom desconfiado– Só me
passa um meio de nos comunicarmos melhor. Pode ser um celular, um e–
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
mail, uma rede social, qualquer coisa que eu possa manter contato com
você.
Eu fiquei impressionado com tamanha confiança em minha
pessoa, jamais imaginaria que eu ficaria amigo dentro de um meio de
transporte público e com alguém que nunca vi na vida.
– Maravilha! Vou passar nesse pedaço de papel tudo que você me
pediu. Pode esperar um pouco? Tô um pouco nervoso porquê nunca fiz
amigos assim.
– Olha tenho um pedaço de papel aqui, pega e anota aqui o que
você quiser só não se esquece de colocar seu nome e como me conheceu,
pois tenho memória muito fraca.
–Toma aí todos os meus contatos– entreguei a ele um papel com a
minha péssima letra. – Tudo que você precisa saber de mim tá neste papel.
Meu nome é William, mas pode me chamar de Will mesmo.
– Muito prazer, meu nome é...
– Tenho que descer do ônibus agora depois nós conversamos por
um desses lugares. Aí você se apresenta melhor.
Puxei a cigarra e desci no meu ponto de ônibus, feliz da vida por
ter feito um amigo otaku. Continuei meu caminho até chegar à rua da
minha casa, quando fui surpreendido por duas pessoas muito estranhas. Eu
sabia que eram do Conselho, mas continuei pelo meu caminho. Claro que
não entrei em casa, pois poderia dar problemas. Então mudei de caminho
diversas vezes e tentei me esconder, mas não consegui e resolvi enfrentar
eles.
– Podem se mostrando logo seus cães do Conselho, senão fizerem
isso serei obrigado a usar meu poder contra vocês– um blefe enorme, mas
poderia funcionar.
Eles se descobriram de suas sombras e se revelaram. Eu naquele
momento fiquei assustado por não saber o que fazer. Enfrentar sozinho
aqueles dois ali seria um problema muito grande pra mim. Fui idiota em
pensar que poderia fazer uma loucura dessas.
Capitulo 2– Luta e explicações.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
–Você não pode usar magia, –disse um deles– seus poderes estão
selados. E tentar usar qualquer manipulação vai facilitar muito nosso
trabalho.
Pegaram–me. Naquele momento me vi sendo preso e nas mãos do
conselho eu só tinha uma escolha: lutar pela minha fuga. Mas não tinha
outra escolha, porque ou era isso ou ser pego e torturado de maneira que
não conseguiria imaginar.
–Vocês querem magia?– me virei para encará–los de frente– então
vocês terão magia.
Quando terminei de falar, fiz o básico da manipulação de oxigênio
criando uma barreira de vácuo a nossa volta. Assim ninguém podia escutar
o que realmente estava acontecendo ali.
Um deles respondeu:
– Ora, vejo que temos alguém que consegue ainda criar barreiras.
Pena que não será o suficiente pra tentar nos parar– o mais alto ainda
estava coberto pelo capuz do manto negro.– Uma barreira só facilitará
ainda mais o nosso serviço.
–Vocês não viram nada ainda do que um Manipulador da minha
classe pode fazer.
Realmente estava blefando, pois meu selo estava latejando e se eu
demonstrasse que estava muito reduzido, a captura seria imediata.
Então eu apelei, pois sabia que eu lutando contra eles naquela
situação seria um homem morto
. Então usei a inteligência.
– Seu moleque insolente!– o capuz do mais alto foi tirado e pela
sua cara de raiva era certo que eu tinha piorado tudo.
– Vamos acabar com você, vamos destruir você aqui e agora!
Nessa hora eu tive medo, mas muito medo de morrer.
Eles começaram a me atacar com plasma. Ainda bem que plasma é
fácil de manipular pra quem tem meus dons, porém eu não poderia baixar a
guarda. Qualquer coisa diferente de plasma poderia me destruir.
Passamos boa parte do tempo lutando com plasma concentrado.
Até que começaram a ser mais específicos, usando suas aptidões
manipuladoras. Os dois eram de aptidão metálica, significando que não
passavam de Manipuladores normais com bom treinamento e estratégia.
Isso dava uma certa vantagem à mim, que seria– somente por pura sorte–
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
se usassem algum elemento que eu pudesse unir a minha base de
Hidrogênio, criando um ácido.
Assim eu não gastaria muito dos meus poderes, já que eu só teria
que ligar, atomicamente, meu hidrogênio no elemento deles, e usar magia
livremente.
– Vamos acabar logo com isso aqui e agora.
Quando o mais baixo e acima do peso disse isso, fiquei
preocupado. Sabia o que eles tinham em mente. Eles iriam evocar um
Golem de metal, o que me deixaria sem opções, a não ser usar meus
atributos. Isso me tiraria muita energia e teria que usar pra matá–los.
O mais alto tirou de dentro do seu manto uma espécie de pedra ou
pedaço de algum metal e o fez levitar no ar. Enquanto o outro estava com
as duas mãos tocando o chão e se concentrando para ligar todos os
elementos necessários para a criação de um corpo metálico. Logo percebi
que aquela pequena pedra era um pedaço de meteorito, um grande
amplificador para os Metálicos. E esses tipos de amplificadores são
extremamente poderosos e úteis para eles, por conta da carga e
concentração metálica que podem conter ali dentro, sem contar as
propriedades magnéticas. Alguns metálicos possuíam grande aptidão para
tais propriedades metálicas.
Ao falarem que acabariam com tudo eu tremi de medo. Sabia que
a brincadeira tinha acabado. Era um Golem de 4 metros de metal reluzente
diante de mim. Nem devo o trabalho de dizer que o desespero jorrou em
mim como um cano vazando água.
Parei pra analisar o que Catrina disse mais cedo e como fazia total
sentido agora. Tive que pensar em algo rapidamente, uma distração,
qualquer coisa pra fugir. Foi quando eu olhei à frente do Golem, lembrei do
acidente da aula de hoje com a Hilda e a Lucia: "...criação de energia é a
forma mais básica de magia criada por um Manipulador". E ali estava
minha chance de fugir: um transformador de baixa tensão. Eu só precisava
criar um campo elétrico nele e puxar a correte elétrica do secundário para
os dois manipuladores, me dando tempo de fugir e chegar em casa.
Pausa para breve explicação de um transformador.
Equipamento usado para alterar níveis de tensão e corrente
conservando a potência de entrada (primário) e a potência de saída
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
(secundário). Onde se eleva a tensão de um lado abaixando a corrente e do
outro o reverso.
Era seguro, pois tinha uma barreira impenetrável criada por mim e
minha irmã. Usamos a barreira de trítio. Foi difícil de fazer, mas
conseguimos acumular bastante trítio em nossa casa.
O Golem começou a atacar e eu comecei a correr e a tentar criar
um campo elétrico suficientemente capaz de influenciar os enrolamentos
do transformador e conseguir amplificar o campo magnético. Tudo isso
para que a ligação dos dois com o Golem pudesse ser rompida e eu pudesse
correr muito para minha casa.
Conseguindo chegar perto do transformador eu influenciei o seu
circuito magnético e consegui gerar um bom pulso, distraindo eles. Assim,
abri uma passagem na minha barreira e corri o mais rápido possível pra
minha casa.
Quando estava a poucos metros da minha casa o mais inusitado
aconteceu, o Golem estava na minha frente. Meu plano falhou, perdi
minhas esperanças. Tudo foi embora.
– Agarre–o! Agora!
Não pude nem sequer lutar contra aqueles dois. Eu perdi. Ainda
bem que consegui preservar minha irmã e meu sobrinho; pelo menos
alguém vai ter uma vida muito melhor que a minha.
–Parece que hoje vai ser uma ótima noite para testar minhas novas
teorias.
Aquela voz animada e sempre inspirada só podia ser de uma
pessoa: Helena Walker. A Manipuladora mais poderosa em duas gerações
completas, tanto em minha família quanto em qualquer outra.
Ela estava saindo por de trás da barreira usando um vestido bem
largo de manga curta para dar conforto à sua barriga de seis meses de
gravidez.
Na mesma hora que ela apareceu, o Golem voou para cima dela e
com uma espalmada no ar com sua mão direita ele se desfez
completamente.
– O conselho tem idiotas mais poderosos que vocês. Com certeza
só estão aqui para serem mortos– ela foi andando desfazendo com total
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
facilidade qualquer ataque mágico metálico lançado.– Me poupem do
trabalho de fazerem vocês sofrerem antes de morrer.
Uma lança metálica foi a total velocidade pelas suas costas. Eu
gritei:
– Helena! Cuidado!– a lança foi parada sem ela se virar a poucos
centímetros de sua nuca.
– Coisa feia hein, atacando uma mulher grávida pelas costas.
Os dois arregalaram os olhos e antes que pudessem sair correndo a
mesma lança que estava parada no ar atrás de Helena, foi a mesma que os
atingiu pela frente. Arrancando sangue e outras coisas quando passava por
seus corpos.
Como ela conseguiu esse poder? Quanto ao selo? o que ela fez pra
não sentir ele? Bom isso não importava agora, eu estava a salvo e eles
estavam mortos.
–Como você conseguiu usar seu poder, tendo–os selado como eu?
Ela olhou pra mim com uma cara de raiva e ao mesmo tempo
querendo saber se somente havia aqueles dois homens ali.
– Mais alguém te seguiu?– ela estava mais fria que o polo norte.
– Só eles dois– afirmei soltando o ar devagar e me dando conta
que estava sentado no chão.
– Ótimo– ela disse virando as costas para mim.– Devo presumir
também que não deixou rastros do seu poder, certo?
– Nenhum.
–Vamos entrar.
Ao entrar em casa ela me explicou como estava podendo usar seus
poderes sem a influência do selo. Tudo isso graças a uma biblioteca
escondida por trás de toneladas de poeira no porão da casa.
–Will, eu estava vasculhando essa casa pra encontrar alguma
coisa– ela foi seguindo da cozinha para a sala,– já que meu marido está
muito ocupado ultimamente trabalhando. Então resolvi ir mais fundo na
busca, me guiando pela curiosidade. Encontrei dezenas de livros e diários
da família– descemos por uma porta que ficava atrás da cortina na sala,
uma porta pequena que devíamos nos abaixar para entrar.
– Li alguns dos volumes aqui– ela apontou para um baú velho– eu
entendi uma coisa que pode nos ajudar por um tempo. Pelo menos até que
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
tudo se esclareça lá no conselho e possamos ter provas de que somos
pessoas normais e não aberrações.
Eu acenei e continuei calado ouvindo o que ela me diria a seguir.
– Posso usar meus poderes livremente, pois o meu bebê também
será manipulador– ela massageou a barriga.– Posso usá–lo como
canalizador de poder sem que seu desenvolvimento seja prejudicado dentro
de mim.
– Então deixa eu ver se entendi – estendi as palmas das mãos a sua
frente.– Você, por estar grávida de um filho Manipulador, pode usar seus
poderes sem a influencia do selo? Mas e o bebê? Tem certeza de que não
tem nenhuma consequência?
– Nenhuma– ela balançou a cabeça,– o selo está atrelado à minha
fonte Atômica de poder e não a do bebê .
– Nunca ia imaginar algo do tipo.
– Graças aos textos da nossa tia Demeter.
–Tem coisas dela aqui?– Falei um pouco espantado.
– Dela e muitos outros.
–Bom,– disse dando de ombros– eu continuo sem entendem
direito isso, pois o selo ainda está em você pelo que eu posso notar.
– Realmente o selo está, mas o poder que eu estou usando não é
meu. Esse poder pertence ao meu filho. Um dos livros falava sobre selos e
dizia que selos são bem específicos e que só podem prejudicar a pessoa que
o recebeu. Se for mulher e estiver grávida, o selo somente surte efeito na
mulher que recebeu não na criança. Entende o que eu quis dizer?
– Agora sim eu pude entender melhor. O seu filho também herdou
nosso dom pra manipulação, e você está consumindo o poder dele e não o
seu– algo ali me deixava tenso.– Não seria perigoso?
– Segundo o livro não seria, já que seria uma fonte externa de
poder, como quando nós usamos o trítio para manipular essa barreira de
proteção. Deu certo, então seria isso.
Eu acenei com a cabeça e ela levantou o indicador direito para um
porém na questão.
– Posso usar os poderes dele até nascer, depois eu perco tudo e
volto a ter meu selo de volta.
Depois dessa explicação muito bem dada, ela voltou para o quarto
dela, já que deve ter sido muito estressante para ambos naquele corpo e eu
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
fui para a cozinha. Aliás, eu estava morrendo de fome quando entrei no
ônibus e agora, depois dessa confusão toda, a fome veio em dobro.
Nasceu uma fonte de esperança para nós, mesmo que fosse
provisória. Pensei exatamente dessa forma após comer e tomar uma ducha
quente. Demorei bastante no banho, aliás eu precisava estar bem relaxado
para poder terminar meu dia ali no quarto refletindo até onde as garras do
conselho tinham chegado já.
Depois de tudo isso, eu notei que eu tinha feito uma amizade
diferente naquele dia e que poderia investir nela. Quem sabe não poderia
ter algo mais nessa amizade, ele até que era bonitinho. Assim eu me
levantei peguei meu celular e mandei uma mensagem que dizia:
"Boa noite aqui eh o Will do ônibus,então eu queria te convidar
pra comer algo amanha na minha casa de noite,traz roupa pois acho melhor
você dormir aqui em casa mesmo temos muita coisa pra conversar se vc
quiser me ver responde essas mensagem ate umas 3hrs pode ser??? To
esperando vc aqui.vlw."
Mal sabia eu que nesse dia eu conheceria uma pessoa tão especial,
tão especial que ela começou, depois de um certo tempo, a fazer parte da
minha família.
Capitulo 3– Noite memorável.
No dia seguinte, eu fiquei a maior parte do tempo sozinho em
casa. Minha irmã foi ao médico e depois iria sair com algumas amigas.
Pra ela estava bem, nada podia entrar no caminho dela, seus
poderes estavam de volta, mas os meus não. Eu ainda deveria ter muita
cautela e saber que poderia passar por uma situação como a da noite
anterior e não ter alguém pra me livrar daqueles cães do inferno.
Tirando essa parte, meu dia estava bem tranquilo: tomei meu café,
passei roupa, fiz comida, joguei e sai pra minha aula de todo dia. Nesse dia,
a aula seria de materiais elétricos e suas estruturas.
Peguei meu ônibus, cansado ainda do dia anterior, e de tantas
coisas novas que eu descobri sobre o selo que foi implantado em nós.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Cheguei na faculdade com um baita sono e com uma cara super
amassada de tanto que dormir de mal jeito no trajeto.
Eu não estava nem um pouco a fim de assistir. Na verdade eu
queria mesmo sentar num dos bancos que ficam pelos andares do campus e
conversar com uma amiga que eu conheci no primeiro período e ficamos
amigos desde então. Pena que ela era de engenharia civil e nos separamos
pelo quarto período e desde então nós só nos víamos por sorte e por
telefone às vezes.
Ela era loira natural, estatura mediana, olhos azuis cristalinos, sua
pele era bem clara. Ela não era do RJ, uma belíssima mineira com traços de
italiano uma mulher muito linda. Seu nome era Francisca Albanio.
Mas ela estava em aula. O jeito era procurar minha turma de
sempre: Hilda, Lucia e Catrina. No final das contas eram elas que eu via
quase todos os dias nas aulas.
Fui até minha aula e tive uma grande surpresa: o professor não
viria ministrá–la. Nesse meio tempo, recebi a mensagem que estava
esperando desde as 15 horas, e como não recebi achei que ele não queria
ser meu amigo. Também pudera; nem me conhecia direito. E eu já estava
chamando pra ir na minha casa comer algo e conversar. Que coisa estranha
de ser fazer. Bom, eu não tinha aula e resolvi ler a mensagem, que continha
a resposta:
"Desculpa pelo atraso da minha resposta eu vou sim so que eu vou
chegar depois das 22, tenho aula tb vou sair cedo e vou direto pra sua casa
me diz onde vc mora ou me pegue no ponto perto de algum lugar de
referencia.Eu quero te conhecer melhor,algo me diz que vc vai mudar
minha vida."
Na verdade ele estava certo, ao me conhecer realmente a vida dele
mudaria para sempre. Muita coisa aconteceria. Me lembrei do que Catrina
disse sobre eu não ficar me entregando tão fácil às emoções. Dessa forma
resolvi esperar até o momento certo para lhe contar toda a verdade sobre
minha vida. Mal sabia eu que ele tinha mais segredos e dificuldades do que
eu mesmo podia arrumar para mim. Não que ser um foragido do Conselho
fosse algo mais tranquilo do que ele me mostrou ser, mas ainda sim, por
parte dele, a coisa era bem mais complicada do que eu.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
A parte ruim de ser um foragido é não poder ter laços fixos com
ninguém, pois tinha medo que eles usassem meus sentimentos contra mim,
me fazendo de massa de manobra para o fim que eles quisessem. Na
verdade eu não seria a massa de manobra, o que eles mais queriam era usar
minhas habilidades para algum fim experimental. Até então não passava
pela minha cabeça o motivo desse fim. Até que algo extremamente
inesperado aconteceu, tanto pra mim, para o otaku
do ônibus e para
Helena. Não posso esquecer–me de adicionar Catrina que também tem um
grande envolvimento com essa historia, mas isso vai ficar para muito mais
tarde. Não vou adiantar os fatos, quando se tem muita coisa para acontecer
na estrada que vou percorrer dessa noite em diante.
A minha expectativa de fazer um novo amigo e talvez até mais do
que isso, aumentou de forma considerada, porém como não sou de nenhum
metal ou material impenetrável, tenho minhas fraquezas. Temi desde o
inicio, achando que poderia estar arriscando a vida dele ou até a minha
mesmo, já que eu nem sabia quem ele era e nem sabia também o motivo de
ter aceitado um convite de um estranho que conheceu dentro de um ônibus.
Deixando minhas dúvidas, meus medos e loucuras de lado, eu fui
até o mercado perto da minha casa quando voltei da aula, que na verdade
não teve aula nenhuma, só gastei dinheiro à toa, podendo ter ficado em
casa. Porém, em casa também era chato, preferiria ir mesmo pra lá bater
minha cabeça na porta e voltar.
Quando entrei no mercado não sabia o que poderia fazer pra ele.
Certo que não podia ser lanche. Teria que ser algo melhor que isso, até por
que eu também estava com uma fome dos infernos. Decidi fazer algo mais
simples que não precisasse de muita coisa. Decidi fazer umas panquecas de
carne. A carne eu já tinha dentro do freezer era só descongelar. O que eu
precisava mesmo era dos ingredientes para o molho, o queijo e algo para
beber. Depois de tudo comprado, voltei para minha casa feliz da vida,
imaginando que tudo estava conforme eu queria, quero dizer tudo
conforme ninguém tinha me achado ainda, se não fosse por Helena talvez
agora eu estivesse aprisionado em algum recinto mágico, nada muito
confortável.
Decidi que após aquele dia eu tomaria mais cuidado ao enfrentar
qualquer enviado do Conselho para me prender. Tomei, realmente, uma
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
atitude que poderia ter acabado com essa história sem antes mesmo de
começar.
Deixando isso de lado, voltei caminhando para minha rua e
pensando em como poderia me apresentar da maneira mais humana
possível. Eu sempre fui criado no meio da nobreza, cheio de regras e
etiquetas. Talvez ele não fosse gostar tanto assim de mim por não saber me
portar como um humano normal. Admito que sou muito cortês em relação
às outras pessoas.
Na verdade eu sempre devia ser cortês assim na frente de todos ou
senão a família inteira poderia ser envergonhada pelo meu ato
irresponsável. Eu detestava aquilo tudo, mesmo que parecesse tudo belo e
normal, na verdade tudo era falso e mentiroso como diziam antigamente "o
fausto falso da família era grande demais".
Essa vida de luxo e etiqueta estava incrustada na minha pele, e por
mais que eu não quisesse, eu acabava fazendo algumas coisas que não era
para serem feitas. Sempre era, ou ao menos parecia ser, sinal de uma ótima
educação, mas entre os humanos os valores dessa tal boa educação era
desvalorizada e perdida por muito tempo. Eles deixarem isso de lado
depois da tal e referente era tecnológica e igualdade entre os sexos.
Eu, porém, nunca entendi isso. Se estava havendo igualdade,
porque perder os direitos da boa educação e etiqueta à mesa? Talvez seja o
fato de não quererem igualdade entre os sexos e sim liberdade e
justificativa para qualquer coisa que prejudicasse o outro, ou que fizesse o
outro se sentir mais inferior. A cada dia que se passava vivendo entre eles e
vendo suas atitudes para com os outros, mas nojo eu sentia. Não posso
generalizar, todavia haviam pessoas muito educadas e respeitosas sem
serem conservadoras. Até porque essa característica– educação– vai além
de qualquer preceito ou ideia. Mas, se eu muito mal compreendo suas
organizações políticas, imagine as sociais.
Deixando isso de lado, pois a raça humana é muito complexa para
ser explicada, mais uma vez estava eu ali pensando e olhando pro céu
noturno de uma noite de outono. Estava um pouco frio, então eu estava de
casaco, blusa branca, tênis de costume e com meu cabelo bagunçado,
preferi não arrumar ele hoje, já que todos merecem uma folga. Voltei ao
meu trajeto, estava pensando em como tudo aquilo estava acontecendo logo
comigo. Não poderia ser com outra pessoa? Logo comigo? Pensando assim
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
eu ficava até desmotivado, pensando em largar tudo e me entregar ao
Conselho. Não ia dar em nada, mesmo que achássemos provas da nossa
inocência, eles não iam nos aceitar de novo na sociedade. Então para que
correr? Se no fim tudo iria acabar em morte ou desgraça mesmo.
Continuei meu caminho em paz e tranquilidade, até que o frio
começou a aumentar de forma sutil. Eu não ligava, porém o frio aumentou
muito e comecei a perceber que aquela diminuição de temperatura era algo
estranho demais pra ser de causa natural. Imaginei que aquilo que
aconteceu ontem não era para me pegar e sim para saber minha localização.
O Conselho era inteligente o suficiente para bolar esse tipo de
armadilha e eu não me liguei nisso, acho que a Catrina sempre terá razão.
Então comecei a pensar onde este Manipulador estaria e qual poderia ser
seu poder de influência. Se fosse de hidrogênio eu poderia me dar bem, eu
também, bastava usar o poder dele de forma externa, ou seja usaria o poder
dele e supriria o meu. Assim, o selo não poderia influenciar meu poder e
poderia lutar de igual para igual. Só que não foi como eu pensei, até ele
usar ozônio em sua forma concentrada, diminuindo drasticamente a
temperatura ao meu redor. Isso era um problema para mim. Significava que
o Manipulador era Gasoso e não de hidrogênio. Sua especialidade eram os
gases, sejam eles em suas formas liquidas ou gasosas. Daria um certo
trabalho, pois ele poderia usar um gás nocivo como o monóxido de
carbono, sem eu perceber, e assim em pouco tempo ficar inconsciente. No
mais tinham outras coisas pra me preocupar, como por exemplo: será que
só ele estava ali ou haviam outros?
Parti para a fuga imediatamente, sabendo que contra esse tipo de
manipulação eu não teria chance sozinho, mas continuei correndo e firme
no meu pensamento que tudo iria dar certo e que conseguiria ser salvo por
alguma coisa. Como se alguém fosse me salvar naquela hora daquele
Manipulador do Conselho. Para minha surpresa, eu notei que estava sendo
manipulado por ele através do frio e somente uma pessoa poderia fazer isso
com tanta maestria, e neste exato momento eu sabia que não era um Gasoso
qualquer, só podia ser uma pessoa. Ninguém mais que o Ferdinand Leneth.
O próprio e em pessoa, instrutor de magia climática. Sabia que
estava realmente com problemas. Não era um simples Gasoso, ele era o
meu professor climático e influencia com gases nocivos. Mas ainda restava
uma esperança, poderia ser um de seus alunos. Ele treinava todo ano um
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
aluno em especial para se tornar seu auxiliar e num futuro próximo
defensor de suas técnicas.
Nem tudo saiu como eu queria, então já deu para notar que eu não
estava falando de um aluno e sim do próprio Ferdinand. Ele se mostrou ao
meu lado com sua bela voz elegante e muito tranquila.
– Boa noite, meu caro aluno de quem me comprazo tanto. Me
diga, como anda a família a qual eu tive oportunidade de ser instrutor por
tanto tempo?
Aquele homem de meia idade, com corpo de estatura media e
poucos músculos e a barba estilo suíça. O cabelo grisalho dele era o marco
do seu poder. Um cabelo que não era grisalho, mas sim prateado depois de
um experimento mal sucedido com prata.
– Sim, a família vai ótima. Meu pai morreu, a minha mãe também
e eu estou aqui para lembrar que o Conselho a quem você serve, está me
culpando por um crime que eu não cometi.
Na mesma hora ele se aproximou de mim e tentou me acalmar e
explicar que não era bem isso que o Conselho tinha em mente com minha
família.
– Então vamos para o Conselho? Tem muita coisa que precisamos
organizar com sua volta meu querido aluno e senhor também– ele fez uma
pequena reverência–, não posso me esquecer de que eu servi sua família
por muito tempo.
Aquele sarcasmo dele me encabulou muito.
– Mesmo assim eu me recuso– falei de forma bem insistente e
firme– se quiser que eu vá com você terá que me forçar ou me levar morto
pois daqui eu não saio e lutarei pela minha liberdade.
Sabia que estava fazendo merda mais uma vez. Eu achava que era
páreo para enfrentar meu professor. Sabia que sairia dali bem machucado e
não adiantaria nada.
– Com todo prazer meu senhor, seu desejo sempre será uma
ordem.
Ao dizer isso ele se afastou de mim com uma reverência que faria
um rei até se sentir envergonhado e me cercou com ar gelado e lançou uma
cortina de gás em mim. Ainda bem que era água, porque se fosse algum gás
nocivo eu estaria morto há muito tempo.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Ao fazer isso imaginei: ele vai usar o ozônio contra mim e
cristalizar o gelo a minha volta. De hoje eu não escapo.
–Hoje eu vou fazer aquilo que já deveria ter sido feito há muito
tempo.
Assim que escutei isso, o vapor se dissipou e eu o vi convertendo
o dióxido de carbono em monóxido de carbono, o suficiente para me deixar
inconsciente por um longo tempo.
Neste exato momento a coisa mais linda aconteceu. Um homem de
casaco cinza surgiu e disse:
–Nada vai ser levado ou será morto enquanto eu estiver aqui.
Eu não sabia, na hora, quem era. Mas por dentro eu estava
agradecendo a qualquer divindade que podia me lembrar pelo possível
salvamento através daquele homem que apareceu.
Capitulo 4– Início de alguma coisa.
Eu poderia jurar que todos os meus esforços virariam cinzas ao
vento e nada faria dar certo. Uma luz de esperança apareceu de maneira
surpreendente, aquela luz em forma de escuridão que jamais poderia
imaginar. Alguém me salvando naquele instante era a pura percepção que
alguma coisa estava zelando por mim em algum lugar no multiverso.
Imóvel eu estava, imóvel eu permaneci. Se alguém apareceu para
me salvar, não seria eu que iria interferir. Eu estava aceitando qualquer
ajuda naquele momento de qualquer pessoa, independente do que ela
poderia fazer comigo. Eu estava disposto a sair dali e correr até a minha
casa. Duas investidas do Conselho em uma única semana era algo
impensável para mim e para qualquer um também.
Quando eu escutei aquelas palavras de esperança– ao menos eu
esperava que fossem– eu notei que algo estava tentando me ajudar. Bom,
eu decidi que não iria negar. O destino resolveu pregar uma peça em mim e
eu só queria ser salvo naquele momento, bastava isso. As coisas mudaram
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
de rumo inesperadamente a partir daquele dia, e eu como sendo o centro
daquilo tudo somente disse: sim. Sem nem ao menos titubear nas minhas
opções.
– Hoje a noite vejo que temos muitas visitas inesperadas,– disse
Ferdinand– visitas com cheiro de sangue e morte ao seu redor.
Aquela voz sarcástica que ele tinha e um sorriso no canto de sua
boca diziam muito sobre sua personalidade. Não sabia o motivo ao certo
de: cheiro de sangue e morte
. Já não estava entendendo mesmo o que se
tratava aquela aparição. E outra, se ele tinha cercado aquela área com
magia como alguém poderia estar ali, naquele lugar?
Naquela hora eu não sabia se ficava com medo de ir com
Ferdinand ou ficar ali nas mãos de alguém totalmente estranho e ainda com
cheiro de sangue e morte. É ai que colocamos a mão na cabeça e não
sabemos o que desejamos. Antes eu queria ser liberto e fugir, agora não
sabia mais o que eu queria. Estava tudo muito confuso e estranho, e eu
ainda devia levar em conta o frio que não ajudava muito a pensar em nada
viável no momento.
Eu decidi ver o que poderia acontecer. Deixei o destino decidir por
mim, não teria nada a perder mesmo. Tanto que de um lado eu morreria e
de outro poderia morrer também. Então vamos ver o que poderia acontecer
de novo.
– Vejo que temos algumas pessoas que mesmo velhas ainda
sentem cheiro de algo,– disse o estranho– não só vejo como também sinto
cheiro de múmias aqui também.
Se tinha algo de ruim era chamar Ferdinand de velho.
– Meu querido monstro das trevas – sua voz calma como um rio
fluindo era um marco.– Pelo menos eu não preciso me esconder das
pessoas e ninguém teme à minha presença. Já você, pobre e solitário. Um
inútil que me fará um enorme favor de viver sua morte em paz.
Ao dizer isso, Ferdinand atacou o tal homem sem piedade com
suas lanças de gelo. O homem foi mais rápido que as lanças e sumiu no
meio do gelo e da escuridão.
– Nossa, não é só o cheiro de múmia não, é a velocidade de
ataques– ele sumiu mas sua voz estava em bom som.– A inteligência
também, na verdade você inteiro é um velho, fraco que não tem pontaria.
Até minha avó atira melhor que você.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Sorrindo em meio à escuridão daquele ambiente, ele acabou de
fazer algo que eu nunca queria ter visto na minha vida: o Ferdinand com
desejo de matar alguém e com total disposição para isso.
– Seu demônio, tenha coragem e venha me enfrentar de igual para
igual– Ferdinand estava furioso agora.– Covarde! Venha, apareça e mostre
que você e sua raça tem no mínimo coragem para enfrentar a morte e sair
pouco deformado do seu funeral, que será hoje e agora.
Como sua fúria se ascendeu, eu procurei ver um lugar seguro para
me esconder de qualquer coisa que ele tentasse. Como se eu pudesse me
esconder, eu estava preso por duas âncoras de gelo pelos tornozelos.
Ferdinand com raiva não controla bem seus poderes.
– O único demônio que existe aqui está com um cabelo grisalho e
fala como se fosse alguém superpoderoso. Me mostra se você é capaz de ao
menos me acertar.
– Eu te mato agora! Seu, seu...– Ferdinand cerrou os punhos de
ódio.
Naquele momento, o frio começou a piorar. Eu sabia, ele ia tentar
o zero absoluto naquela região.
Outra pausa para explicação.
Zero absoluto:
Temperatura que corresponde ao zero Kelvin. Uma unidade de
medida térmica experimental, onde seu ponto mais frio, o zero,
corresponde a: duzentos e setenta e três graus negativos em Celsius. Uma
temperatura tão baixa que as moléculas ficam estagnadas.
–Morra seu demônio!!!– seu grito de fúria foi medonho.
No mesmo instante, eu pude sentir todo o ar sendo cristalizado à
minha volta, e a temperatura caindo de maneira exponencial.
Nesse momento eu sabia que eu iria morrer congelado. Não só eu,
mas todo o quarteirão congelaria para sempre. Ou até alguém reverter o
processo que demora no mínimo um mês.
Claro que eu não morri, ou não poderia estar narrando esses fatos
agora. Digamos que antes do zero absoluto de Ferdinand algo incrível
aconteceu, pelo menos eu achei incrível.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
– Termine de conjurar esse seu encanto, que eu termino a sua vida
agora.
Aquele homem estava atrás dele, pronto para matar o Sr. Leneth.
Eu não acreditei naquilo que eu estava vendo. Que velocidade e força, ele
interrompeu o poder manipulativo de um dos mais poderosos magos do
Conselho. Algo ali me dizia que aquele homem não era humano. Mas o que
ele seria? Demônios não existem.
– Termine de conjurar– seu tom desafiador era forte–, eu te desafio
a terminar isso que estava fazendo.
Ele disse com uma voz sombria no ouvido do Ferdinand que me
deixou arrepiado.
– Ainda tenho meus métodos e segredos que podem acabar com
você a qualquer momento, demônio.
Um pico de gelo o atingiu na perna o deixando debilitado e em
contra–ataque, ele atacou Ferdinand deixando um presente em seu braço.
Com certeza ia ficar uma cicatriz bem horrível depois daquele dia.
– Ainda diz que o covarde aqui sou eu– disse o encapuzado de
cinza. – Até agora quem está sendo covarde e desonroso aqui é você.
Ferdinand desistiu e fugiu. Ele sabia que sozinho não ia dar conta
daquele homem.
Eu sem entender nada e muito curioso me acheguei para querer
saber quem era aquela pessoa e por que me salvou?
Ao me aproximar, ele saiu pulando e deixou cair algo no chão que
eu não entendi direito. Era um amuleto e não sabia ao certo o que
significava. Somente peguei e segui meu caminho.
Eu estava atrasado para um jantar que deveria estar pronto e eu
estava ali pensando se mais algo aconteceria de inesperado.
Chegando em casa, eu coloquei tudo na mesa. Sentei e coloquei a
cabeça no lugar. Não pude ficar muito tempo ali colocando ela pra pensar
com um jantar a ser feito. Tirei a roupa, coloquei na máquina, tomei meu
banho quente, que a propósito eu estava com um super frio por ter sido
envolvido naquela batalha gelada, literalmente.
Contudo, naquela mesma noite eu decidi fazer algo diferente e não
podia demonstrar meu sofrimento e preocupação com aquilo tudo que
havia ocorrido.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Terminado o banho, me arrumei, coloquei uma bermuda azul
escura e uma blusa preta. Agora era só esperar ele chegar. Tudo já estava
preparado. Fiquei bem à vontade com as minhas roupas, e fui à cozinha
preparar o molho para as panquecas e colocá–las para gratinar no forno
com queijo parmesão em cima.
Passado o tempo delas no forno, uns vinte minutos na verdade, eu
desliguei e deixei que elas ficassem aquecidas ali dentro esperando a
mensagem dele para que eu fosse buscá–lo em algum lugar ou abrisse a
barreira invisível da casa para ele entrar. Vale lembrar que se não houvesse
permissão minha ou da minha Irmã para passar por ela, uma dor
insuportável infringiria o indivíduo.
O telefone vibrou e fez o alarme de mensagem apitar. Sim, era ele.
Estava bem perto da onde eu morava. Mas ele não sabia como chegar até
minha rua. Então eu precisei falar um lugar de referência próximo de onde
ele estava para eu ir buscá–lo.
Pensei e respondi à sua mensagem de maneira objetiva e de fácil
compreensão.
"Bom já que esta perto, peça para o motorista te deixar numa
praça bem conhecida aqui. se chama Guilherme, quando você soltar eu vou
estar te esperando no posto de policiamento que tem ali. Vai me ver logo to
todo de azul escuro e preto,e sou alto Tb."
Esperava que ele não se perdesse. Nisso eu fiquei preocupado com
as panquecas, pois ele poderia demorar mais que o forno a dissipar o calor
interno e deixá–las frias até a sua chegada.
Eu estava torcendo que o evento com Ferdinand há poucas horas
atrás tenha sido só mais um aviso. Pois se fosse o início de uma operação
do Conselho na área, com certeza a coisa e o jantar amigável se tornaria
uma mistura de desespero e correria.
Peguei meus documentos e coloquei um casaco, pois estava frio
ainda, bem mais do que de costume por causa do Ferdinand. Saí de casa
indo ao encontro do meu mais novo amigo que eu levaria para o túmulo se
alguém soubesse que ele estava andando comigo. O conselho adorava usar
a velha tática de amigos e familiares.
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
Como era de se esperar, eu saí desesperadamente achando que ele
já poderia estar bem perto do ponto ou então me esperando como um "dois
de paus". Mas parece que eu cheguei muito cedo e ele ainda não tinha nem
dado as caras naquele lugar. O jeito mesmo era esperar. Eu ali sem nada
para fazer, fiquei esperando sua grande chegada. Sabia que estava correndo
perigo e colocando a vida dele em jogo por estar ali tão exposto depois dos
últimos acontecimentos. Porém, a gente só tem uma vida, então devemos
aproveitar o máximo dela, antes de tudo venha nos cobrar na forma de
arrependimento.
Depois de quase 25 minutos, eu avisto um cara andando com uma
mega bolsa, um casaco escuro e andando de um jeito estranho. Só poderia
ser ele: o meu novo amigo. Eu não sabia seu nome e,por incrível que
pareça, não tinha perguntado ainda. Bom, na verdade eu tinha muita coisa
para perguntar, além do seu nome. Ao ver ele se aproximando, eu corri e
abracei ele e dei boa noite, sendo um bom anfitrião. Lutei para pegar a
bolsa dele, mas ele não deixou. Eu só queria aliviar um pouco suas costas,
ser um bom amigo pois ele estava todo curvado e isso me preocupou um
pouco.
Começamos a andar e nos conhecermos melhor e eu ainda não
sabia o nome dele.
– Então?– perguntei animado– como foi seu dia amigo?
Eu estava andando um pouco rápido. A fome não escolhia hora e
nem lugar para se manifestar em mim. A barriga deu um leve aceno par eu
não esquecer que ela precisava de assistência.
– Meu dia foi foda – ele falou de maneira pesada.– Olha cada dia
que se passa, eu mais me questiono o principal motivo de eu fazer turismo.
Ele abaixou a cabeça num tom meio incerto e triste.
– Assim,– ele deu de ombros– não sei o porquê eu escolhi turismo
e muito menos o real motivo dessa escolha.
– Não reclame daquilo que você alcançou– eu disse de maneira
confortante–, às vezes tem coisas que escolhemos e nem sempre acontece
de maneira ideal e perfeita.
Continuei andando e mostrando o caminho pra ele e também
vendo se não tinha nada suspeito nos seguindo.
– Eu costumo dizer que nada é por simples acaso. Tudo nessa vida
tem um propósito, mesmo que no inicio seja louco, no fim tudo se encaixa–
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A saga do Multiverso: Desconstrução, por Willian Diniz
coloquei uma de minhas mãos em seu ombro–, basta ter um pouco de
paciência.
Ele olhou para mim compreendendo o que eu dizia perfeitamente,
pena que eu não fazia disso um grande exemplo para minha vida. Sempre
quis as coisas de imediato e de forma prática.
– Will.Posso te chamar assim?– Eu olhei de volta e acenei com a
cabeça positivamente.
– Claro que sim, pode me chamar do que você quiser– falei de
forma descontraída.– não ia ligar não. Na verdade já fui chamado de tanta
coisa que você não faz ideia.
Ele olhou de volta e franziu a sobrancelha com uma cara de
curiosidade e ao mesmo tempo pensamento.
– Eu fiquei curioso agora– ele diminuiu o passo– as pessoas te
ofendiam quando você