Curso De Psicanálise
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Curso De Psicanálise - Djanira Soares, Roberto Clementino
MÓDULO 1
ESTRUTURA FAMILIAR
Este material foi elaborado a partir de pesquisas em livros, periódicos eletrônicos de psicanálise e psicologia, sites, blogs especializados e bibliotecas eletrônicas como Scielo, Google Acadêmico, Pepsic e Science-Research. O objetivo deste material é informar, despertar o interesse dos alunos e divulgar os textos, autores e a bibliografia necessária para que estes aprofundem seus estudos e pesquisas em cada tema apresentado ao longo do curso.
O estudo da teoria e técnica psicanalítica é extenso, portanto, longe de pretender substituir a leitura dos originais, convidamos cada um a debruçar-se sobre eles, construindo, assim, o seu próprio saber.
É proibida a reprodução parcial ou total do
conteúdo desta pesquisa, por qualquer meio de
impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada, em língua portuguesa ou qualquer outro idioma sem a autorização do Instituto Cuidar.
Copyright © 2022: Módulo 1: Estrutura Familiar Todos os direitos reservados pelos autores:
Djanira Soaes e Roberto Clementino
Título do original: Curso de Formação em Psicanálise
– Módulo 1 — Estrutura Familiar
3ª Edição: Março/ 2022
Editoração e Diagramação:
Fernando Casati
A reprodução total ou parcial desta publicação literária seja por qual meio for sem a permissão escrita ou autorização do autor ou por citação desta obra, expressa nos moldes da lei é ilegal e configura apropriação indébita de Direitos Intelectuais e Patrimoniais (Artigo 184
do Código Penal – Lei nº. 9.610 de 19 de fevereiro de 1.998). As ideias, a revisão ortográfica, os comentários e os conteúdos expressos neste livro são de total e exclusiva responsabilidade de seus autores.
CLEMENTINO. Roberto; SOARES. Djanira
Curso de Psicanálise – Módulo 1. Estrutura Familiar – 2ª Edição – São Paulo – SP: Edição dos Autores. 2021.
– Psicanálise – Psicanálise – Estrutura Familiar
IMAGENS
Figura 1 Pirâmide Maslow
60
Figura 2 Breuer, Ana O e Freud
95
SUMÁRIO
ESTRUTURA E DINÂMICA FAMILIAR
14
01
O PSICANALISTA
16
1.1
O que é psicanálise
17
1.2
Funções do psicanalista
19
1.3
Por que há tanta conversa?
20
1.4
Quais são as abordagens utilizadas nas sessões? 21
1.5
O que o psicanalista pode tratar?
23
1.6
Qual é a formação do psicanalista?
24
1.7
Quando procurar um psicanalista?
25
1.8
Psicanálise, psicoterapia, psiquiatria...
25
02
A PSICANÁLISE ENTRE O SENSO COMUM, A 27
IDEOLOGIA E A CIÊNCIA
2.1
A psicanálise enquanto senso comum
28
2.2
A psicanálise enquanto ideologia
34
2.3
A psicanálise enquanto ciência
39
03
INSTINTOS HUMANOS
47
3.1
Instintos Humanos
48
3.2
Qual o conceito geral sobre instintos
54
3.3
O que são instintos para Freud?
55
3.4
Instintos Descontrolados
56
3.5
Necessidades Humanas Básicas
56
3.6
Teoria de Maslow
58
3.6.1 Etapas da Hierarquia de Necessidades de Maslow 59
3.6.2 Importância e Usos da Pirâmide de Maslow 63
3.6.3 Uso da Pirâmide de Maslow no processo 65
terapêutico
04
PULSÕES
66
4.1
Pulsão de vida
68
4.2
Pulsão de morte
69
4.3
A pressão (drang)
72
4.4
A Finalidade ou Objetivo (ziel)
72
4.5
O Objeto (objekt)
73
4.6
A Fonte (quelle)
73
4.7
Economia das Pulsões
74
4.8
Equilíbrio e sobreposição
76
05
PSICANÁLISE – UM NOVO PARADIGMA 78
PROPOSTO POR SIGMUND FREUD
5.1
O inconsciente freudiano
80
5.2
Um novo enigma exigia entendimento
83
5.3
Comando parcial dos pensamentos
86
5.4
Significado dos sonhos
88
5.5
Prazer e desprazer
91
5.6
Auto-análise
93
5.7
O CASO ANNA O
95
5.7.1 Comunicação preliminar
– Um capítulo escrito a 103
quatro mãos
5.7.2 O tratamento de Anna O.
110
5.7.3 Resumindo
125
06
RELACIONAMENTOS AMOROSOS
127
6.1
Desenvolvendo o Processo de Escolha do 130
Parceiro Amoroso
6.2
A Identificação
137
6.3
Complexo de Édipo
144
6.4
A Identificação no Complexo de Édipo
147
07
A FAMÍLIA NA TEORIA PSICANALÍTICA
153
08
A
FUNÇÃO
MATERNA
E
O 172
DESENVOLVIMENTO INFANTIL
O
COMPLEXO
FRATERNO:
REFLEXÕES
09
ACERCA DO CIÚME E DA INVEJA ENTRE 190
IRMÃOS
9.1
Introdução e contextualização
191
9.2
O complexo fraterno: o rival e o intruso
194
9.3
CONCLUSÕES
210
10
ADOLESCÊNCIA E PSICANÁLISE
213
10.1
Adolescência como tempo do sujeito
216
10.2
Declínio social da função paterna
217
10.3
O termo adolescência e o reconhecimento dessa 226
passagem pela cultura
10.4
Infância e adolescência na visão da psicanálise
229
11
DEUS E PSICANÁLISE
236
11.1
Freud e Religião
238
11.2
Psicanálise e Religião
241
11.3
Considerações finais
247
12
GANHO SECUNDÁRIO
249
13
COMPULSÃO À REPETIÇÃO
256
13.1
A análise no compo transferencial
258
13.2
A compulsão à repetição é a busca de uma 259
satisfação que ficou em suspenso
14
NARCISISMO PRIMÁRIO E SECUNDÁRIO
262
14.1
Narcisimo Primário
263
14.2
Narcisimos Secundário
264
14.3
O Ideal de Ego
265
14.4
Escolha Objetal Narcísica
266
14.5
O Narcisismo e a Teoria do Eu (Ego)
267
14.6
Funcionamento
Narcisista:
Características 268
Clínicas
15
LUTO E MELANCOLIA
270
15.1
Luto
271
15.2
Melancolia
273
16
INTRODUÇÃO À TEORIA DE WINNICOTT
277
16.1
Holding
282
16.2
Self Verdadeiro e Falso Self
283
16.3
Objeto Transicional
285
16.4
Desenvolvimento Psíquico
288
16.5
Integração e Personalisação
288
16.6
Adaptação à Realidade
290
16.7
Crueldade Primitiva (fase de pré-inquietude)
293
REFERÊNCIAS
295
ESTRUTURA E DINÂMICA FAMILIAR
Neste semestre, através do estudo da história e da introdução de alguns dos conceitos fundamentais para construção do ser, abordaremos a família – estrutura e dinâmica familiar, pois está sempre foi objeto de estudo na psicanálise.
Freud afirmava que a família constitui uma
restauração da antiga ordem primeva e devolve aos pais uma grande parte de seus antigos direitos. Pretendemos contribuir com o aluno o conhecimento e a construção de um vocabulário mínimo e comum a partir da teorização de conceitos técnicos.
Abordaremos além de Freud, outros importantes
autores como Melaine Klein, que trabalhou a família através das vivências edípicas dos primeiros meses de vida, focalizando as relações do sujeito com a mãe, como objeto parcial, demonstrando que a função paterna está presente desde os primeiros meses na relação mãe-filho, e também Lacan, que por outro lado, vê que a família desempenha um papel primordial na transmissão da cultura, prevalecendo na primeira educação.
14
Lacan mostra a família organizada, segundo imagos paternas e maternas, reconhecendo que esta é responsável pela promoção do processo de humanização do indivíduo, pela criação da subjetividade. Traremos a construção do saber focada no indivíduo e sua subjetividade dentro do contexto familiar e a partir deste para construir o bem estar do sujeito e se possível, a sua cura.
Através da e utilização da teoria e técnica
psicanalítica e uma linguagem em interface com diversos discursos e outras abordagens como a psicologia clássica e a médica a fim de compreender o ser em suas dimensões biológica, psíquica, social e espiritual, uma vez que essa influência familiar não se finda com o passar do tempo.
Você pode ter qualquer idade, mas quem você chama de família, seja pelo sangue ou por afinidade, te influência!
Afinal de contas, somos crianças brincando de ser
adultos!
Talvez a força da influência seja diferente, mas o contexto em que nos inserimos induz nossa psique a se adaptar.
15
01 - O PSICANALISTA
Um fotógrafo com uma boa técnica,
uma boa câmera
e uma boa lente
pode registrar pérolas de beleza estética.
Porém mais lindo e emocionante
é quando consegue capturar a doçura de
uma alma...
Joezinho Gomes
16
Você sabe o que faz um psicanalista? Sabe aquela cena de uma pessoa deitada em um sofá conversando com um profissional sentado em uma cadeira próxima a sua cabeça em filmes e séries? É assim que funcionam as sessões de psicanálise, mas poucas pessoas sabem disso.
O primeiro instinto ao ver esta representação é pensar em um psicólogo.
Bem como o psicólogo e psiquiatra, este profissional
cuida da saúde mental dos pacientes. Existe grande confusão, no entanto, em relação ao papel desempenhado por ele especificamente.
Ao ouvir a palavra ‘psicanálise’ muitos logo pensam em Freud, mas não sabem quais são os passos para seguir esta área profissionalmente nem as suas características.
1.1 O que é psicanálise?
A psicanálise foi desenvolvida por Sigmund Freud
no século XIX. Foi criada justamente porque nem todos os pacientes respondiam aos métodos de tratamento da
saúde mental existente na época.
O conceito principal é o desvendar do inconsciente, o 17
qual Freud acreditava controlar o indivíduo. Logo, manifestações do conteúdo armazenado no inconsciente seriam as causas dos problemas que afligem as pessoas.
Muitos
dos
estudos
de
Freud
remetiam
a
acontecimentos da infância. Eles seriam os responsáveis por nossas atitudes incomuns. Outros fatores também influenciam nosso comportamento, como lembranças, desejos reprimidos e impulsos. Como permanecem no inconsciente, somos incapazes de ter uma compreensão completa deles.
A partir daí surge o sofrimento e a necessidade de buscar respostas para se autoconhecer. Pode-se dizer que este método de terapia busca desvendar os mistérios intrínsecos de nosso ser.
O psicanalista, então, tem como principal função nos
ajudar a superar traumas, preocupações, medos e dores
emocionais conforme a análise do inconsciente.
Já um psicólogo aplica métodos para ajudar o paciente a quebrar ciclos de condutas prejudiciais através da construção de hábitos saudáveis. O trabalho é feito com muita repetição e tentativa e erro até o paciente encontrar a melhor maneira de substituir hábitos desfavoráveis por hábitos mais úteis.
18
1.2 Funções do psicanalista
Embora a análise seja parecida com a feita na psicologia, na psicanálise o processo é mais longo. O
profissional investiga a mente do paciente à procura de possíveis memórias e sentimentos reprimidos. Um padrão
de comportamento negativo pode estar associado a um evento esquecido, por isso, é neces- sário descobrir o que realmente se passou.
As sessões são geralmente de 50 minutos, uma vez por semana. Durante este tempo, o paciente fala sobre as suas tormentas enquanto o psicanalista toma nota de padrões em seu discurso, linguagem não verbal,
esquecimentos e tópicos que despertam desconforto.
Para garantir que o profissional aprofunde-se no inconsciente do paciente, os encontros não devem possuir maior intervalo entre si. As conexões entre a mente consciente e inconsciente do paciente, neste curto período de separação, continuam frescas para as próximas sessões.
Além disso, o paciente pode falar sobre acontecimentos mais
recentes
do
cotidiano,
possibilitando
um
acompanhamento mais vigoroso.
Durante a consulta, o profissional faz uma série de 19
questionamentos
para
encorajar o paciente
a ter
consciência de seus sentimentos e compreender ações comandadas pelo inconsciente. Ao longo dos encontros, ele desenvolve a autopercepção, sendo capaz de perceber seus processos mentais com mais clareza.
Não apenas situações, mas relacionamentos também
possuem grande impacto em nossa percepção de vida e
personalidade.
Podemos carregar sequelas de uma relação
prejudicial
do
passado
e,
assim,
sabotar
nossos
relacionamentos atuais. Esta pode envolver pais, parentes, amigos, professores e diversas dinâmicas sociais, não apenas parceiros românticos.
No fim do tratamento, o paciente deve ser capaz de lidar com acontecimentos do cotidiano com mais leveza e tranquilidade, sabendo que os aspectos que lhe perturbavam não são mais empecilhos no presente.
1.3 Por que há tanta conversa?
A psicanálise é conhecida como a "terapia da
conversa ou a
cura pela fala". Enquanto o paciente permanece deitado falando, no caso do uso do tradicional 20
divã, mas não necessariamente, sobre diversos assuntos, inclusive temas aleatórios que nada tem a ver com seus problemas,
o
inconsciente
se
manifesta. Há
um
distanciamento mínimo do presente enquanto o paciente fala. É nesta pequena brecha que o conteúdo presente no inconsciente consegue chegar à superfície sem repressão.
Por isso, o psicanalista passa a maior parte do tempo ouvindo com atenção. Ele precisa captar todos os detalhes da fala do paciente, inclusive os quase imperceptíveis. Só então ele faz a interpretação do que lhe foi dito.
1.4 Quais são as abordagens utilizadas
nas sessões?
Há algumas técnicas específicas usadas durante os encontros, as quais foram criadas por Freud e perpetuadas por outros profissionais da área.
A associação livre é utilizada para que o paciente fale a primeira coisa que vier à mente. O profissional lê uma lista de palavras aleatórias e o paciente responde com uma palavra que acredita ser correspondente. Dessa forma, é possível acessar memórias reprimidas.
21
A interpretação dos sonhos é feita para identificar pensamentos
inconscientes.
Como
o
conteúdo dos
sonhos quase sempre é de difícil interpretação, o psicanalista procura encontrar símbolos e padrões que façam sentido em meio ao surreal.
Outra prática é a transferência. Neste caso, o paciente transfere os sentimentos que possuía por uma pessoa do passado para outra do presente. Pode até ser feita entre o paciente e o profissional da psicanálise. Cabe a este identificar as características deste processo e quebrar o vínculo entre a memória e o presente.
Por fim, o psicanalista utiliza a técnica da
interpretação. Através dela, consegue identificar pedaços importantes de informação que o paciente deixa escapar durante a sessão ao falar sobre assuntos aleatórios. A escolha das palavras e da frase é, então, analisada para desvendar quais sentimentos estão atrelados a elas.
Por exemplo, o paciente pode se referir ao trabalho como um inferno
em vez de ruim
, revelando um profundo sentimento negativo relacionado ao ambiente profissional.
22
1.5 O que o psicanalista pode tratar?
São diversos os transtornos mentais e as queixas do paciente em relação à saúde mental passíveis de tratamento por meio da psicanálise, como:
Depressão;
Ansiedade;
Síndrome do Estresse Pós-Traumático;
Fobias;
Crises de ansiedade;
Ataques de pânico;
Transtornos alimentares;
Insatisfação com a vida;
Baixa autoestima;
Problemas no relacionamento (ou relacionamentos em geral);
Problemas sexuais;
Comportamentos autodestrutivos;
Insônia;
Pensamentos suicidas;
Vícios.
Ou seja, os problemas são os mesmos dos tratados pelo psicólogo e o psiquiatra. A diferença reside na abordagem utilizada.
23
1.5 Qual é a formação do psicanalista?
É possível se tornar um profissional ao comple tar uma formação em uma instituição reconhecida. Como há diversas linhas da psicanálise, existem diversas instituições.
Os cursos geralmente livres, pos- suem uma grade e variam entre 2/3 para formação.
Durante o período do estudo, são estudados os
conceitos teóricos de Freud e de psicanalistas que deram continuidade ao seu trabalho, desenvolvendo outras vertentes.
Fazer análise também é parte do processo de
aprendizado para compreender como o relacionamento entre profissional e paciente é desenvolvido. Por fim, chega a hora do estágio supervisionado por psicanalistas mais experientes.
O requisito para iniciar o curso é uma formação minimamente de segundo grau, algumas instituições trabalhar com a exigência de curso superior. O curso livre de formação em Psicanálise, está amparado por: Constituição Federal artigo 5º incisos II e XIII, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº9394/96), decreto Federal nº 2.494/98 e Decreto nº2.208 de 17/04/97,
na
categoria
"CURSO
LIVRE"
24
1.6 Quando procurar um psicanalista?
A qualquer momento!
Pessoas que buscam compreender suas próprias
motivações e comportamentos em um nível mais profundo geralmente preferem este método de terapia. Por exemplo, quem procura entender a raiz dos seus dilemas e não apenas as suas manifestações no dia a dia é um bom candidato para a psicanálise.
A psicanálise pode ajudar, principalmente, pa-
cientes que passaram por experiências traumáticas e desejam se afastar do acontecimento através da res-significação das memórias e emoções.
1.7
Psicanálise,
psicoterapia,
psiquiatria…
Quando a abordagem da psicoterapia ou da psiquiatria
não é do agrado, é provável que a psicanálise possa satisfazer as necessidades do paciente.
Antes de tudo, é preciso estar ciente que memórias desagradáveis e dolorosas podem vir à tona, causando grande sofrimento. Talvez até os segredos
familiares não 25
notados pelo paciente enquanto criança, como casos de
violência ou de vício na família, possam ressurgir e prejudicar o relacionamento com os familiares.
Temos por hábito sugerir uma consulta para tirar suas dúvidas. Como qualquer aspecto da vida, existem prós e contas