Filhos do Cárcere
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Filhos do Cárcere - Francisco Péricles Pazda
Copyright © 2020 by Paco Editorial
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Revisão: Taíne Barriviera
Capa: Matheus de Alexandro
Ilustração da Capa: Pedro Faleiros
Diagramação: Bruno Balota
Edição em Versão Impressa: 2020
Edição em Versão Digital: 2020
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Camila Donis Hartmann – Bibliotecária – CRB-7/6472
Conselho Editorial
Profa. Dra. Andrea Domingues (UNIVAS/MG) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Cesar Galhardi (FATEC-SP) (Lattes)
Profa. Dra. Benedita Cássia Sant’anna (UNESP/ASSIS/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Carlos Bauer (UNINOVE/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Cristianne Famer Rocha (UFRGS/RS) (Lattes)
Prof. Dr. José Ricardo Caetano Costa (FURG/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes (UNISO/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Milena Fernandes Oliveira (UNICAMP/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Ricardo André Ferreira Martins (UNICENTRO-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Romualdo Dias (UNESP/RIO CLARO/SP) (Lattes)
Profa. Dra. Thelma Lessa (UFSCAR/SP) (Lattes)
Prof. Dr. Victor Hugo Veppo Burgardt (UNIPAMPA/RS) (Lattes)
Prof. Dr. Eraldo Leme Batista (UNIOESTE-PR) (Lattes)
Prof. Dr. Antonio Carlos Giuliani (UNIMEP-Piracicaba-SP) (Lattes)
Paco Editorial
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Anhangabaú - Jundiaí-SP - 13208-100
Telefones: 55 11 4521.6315
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Aos meus netos Pedro Henrique e Renan Pazda, primeiros descendentes deste jovem avô e predecessores de muitos outros que virão com a benção de Deus.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar,
À minha família,
À Academia de Letras do Brasil – Santa Catarina, Seccional Canoinhas,
Ao delegado de polícia Marcio Marcelino (in memoriam), pelo apoio ao projeto, e a todos os policiais que diariamente saem de suas casas para proteger vidas alheias no combate à criminalidade e, por muitas vezes, não retornam ao seio familiar, perdendo a vida em defesa da honra, segurança e da liberdade.
Sumário
FOLHA DE ROSTO
DEDICATÓRIA
AGRADECIMENTOS
PRÓLOGO
A ficção em confronto com a realidade
PREFÁCIO
CAPÍTULO PRIMEIRO
Sem infância, a vida começa na pré-adolescência
Uma cidade como outra qualquer
CAPÍTULO SEGUNDO
Os filhos de Lurdes Aparecida
CAPÍTULO TERCEIRO
Dion Lenon era o mais novo
CAPÍTULO QUARTO
Nega do Polaco, a única Menina do Grupo
Mateus o homem em forma de menino
CAPÍTULO QUINTO
O alemão que tinha nome esquisito
Alemão – o pai
CAPÍTULO SEXTO
O quinto elemento – Maluco
A família das vítimas
CAPÍTULO SÉTIMO
As estruturas física e cultural em cada época
CAPÍTULO OITAVO
Meridinalva dos Santos Anjos, vulgarmente conhecida por Anja
CAPÍTULO NONO
Antônia Conceição, Vulgo Tonha
Antônia Conceição em sua adolescência
CAPÍTULO DÉCIMO
A morte precoce na pré-adolescência
CAPÍTULO DÉCIMO PRIMEIRO
Local impróprio na hora errada
EPÍLOGO
Celebrar a morte, para festejar a vida!
PORTFÓLIO DO AUTOR
sobre o autor
OUTRAS OBRAS DO AUTOR
A bolinha quebrada
Réstias na parede
O mistério da ferradura
A maçã do trem
Mataram a serpente de ferro
O segredo do pracinha
Os invisíveis
A bodega
PÁGINA FINAL
PRÓLOGO
A ficção em confronto com a realidade
Uma garota que nasceu de um relacionamento sexual dentro da cadeia, com a mãe ainda presa, sofreu consequências criminosas em sua liberdade
. O sofrimento lhe abriu a visão, fazendo com que olhasse a vida de forma diferente. Ainda na adolescência, passou a escrever uma estória, que só terminou quando finalmente decidiu publicar o que vivenciou com seus cinco amigos, os quais ela denomina: Filhos do cárcere.
A sociedade, de modo geral, é alvo de notícias que podem informar com coerência assuntos de interesse coletivo, bem como ludibriar seus expectadores com fatos corriqueiros transformados em sensacionalismo. Isto porque, há o interesse financeiro para manter patrocinadores, garantir a audiência e muitas vezes ludibriar ou brincar com a inteligência das pessoas menos preparadas.
Esta é uma obra de ficção, com os olhos voltados para a realidade de pessoas que nasceram no âmbito da criminalidade, ou que por qualquer motivo foram levadas a conviver à margem da lei, aos olhos da sociedade.
Trata-se do cotidiano de seis adolescentes de diferentes famílias, portanto sem qualquer grau de parentesco, e seu convívio familiar.
Uma única notícia propagada pelos meios de comunicação pode gerar diversas formas de interpretação. É como se a imprensa trabalhasse cada qual com o seu ponto de vista (isto até é positivo), mas levando a risca e impetrando o seu pensamento como o mais coerente, para os seus lucros ou objetivos.
Vejamos a manchete: Roberto Carlos foi preso novamente! Pois bem, ainda não sabemos se estão falando do cantor, do jogador de futebol, do traficante ou do padre que rezou a última missa na comunidade. Ou foi na televisão? Ou no rádio? Ou era o pastor? Ah! Vai que é aquele que eu conheço… E assim, seguram a atenção do espectador até colocarem em sua mente todos os comerciais ou ideias que pretendiam.
Isso acontece principalmente com as notícias policiais, pois infelizmente é um atrativo para as pessoas que acompanham as ocorrências, tranquilamente no conforto de seus lares.
Convido o(a) leitor(a) a acompanhar um pouco da rotina de mulheres, que vivem do tão falado auxílio-reclusão, porque seus pares estão presos, ou por terem engravidado dentro dos presídios. Vamos viajar neste mundo oculto, onde alguns jovens convivem por serem frutos das visitas íntimas, ou terem nascido dentro da cadeia. Por se tratar de obra literária, o autor aposta na formação de opiniões, sem tentar impor ideias a respeito do assunto, mas abrir uma nova visão e até se divertir com as peripécias dos personagens por ele criados. Nenhum dos nomes é verdadeiro, nem os personagens são reais.
PREFÁCIO
Ao percorrermos as páginas desta obra, vamos descortinando um mundo árido, perverso, também chamado de submundo, onde as pessoas são marcadas desde a maternidade. Ao conhecermos os personagens que o autor nos apresenta, vamos entrando em contato com as histórias de pessoas cujos próprios nomes já lhes carimbam na pele uma espécie de selo, neste caso de pouca qualidade. São nomes escolhidos pelos pais que, no afã de diferenciarem seus filhos dos nomes comuns, homenageiam seus ídolos, adotam nomes estrangeiros escritos conforme a fonética que entendem e registrados sob a grafia que (mal) conhecem ou ainda, por vezes, acrescentando-lhes prefixos e sufixos derivados de outros nomes para enfeitar a graça dos pequeninos. Figuras como Maiquinho, Dion Lenon, Armane Rich, Keiti Leidi e até mesmo Riter Adolfo são alguns dos personagens desta narrativa.
O autor nos apresenta uma crônica policial rica em detalhes, porém sob o olhar sensível do escritor ao narrar o conteúdo trágico e dramático de seus protagonistas. Ao descrever os personagens e seus dramas, bem como o cenário onde os fatos se desenrolam, demonstra o profundo conhecimento da realidade que cerca crianças que já nascem presas de fato e atadas a um destino que parece certeiro, bem como do mundo à margem da sociedade no qual lhes cabe viver ou sobreviver.
A temática do sexo é recorrente em suas diversas facetas, seja nas relações hétero ou homoafetivas, no comércio do sexo existente nos presídios, ou ainda nos abusos cometidos com crianças e adultos. Assuntos como pedofilia e prostituição também são abordados, e ainda o sexo como forma de poder sobre o outro segundo a lei do cárcere. Destas relações e desta realidade cruel nascem indivíduos que conviveram desde tenra idade com o submundo que margeia boa parte da sociedade. Ainda assim, em meio a toda a miséria em que vivem, o autor busca a essência revelando o humano no que parece desumano.
A obra faz aflorar o sentimento no leitor ao percorrer suas linhas fazendo com que a leitura flua naturalmente. Ao mesmo tempo em que conhecemos seus personagens e vamos nos embrenhando em seus dramas e no mundo que os cerca, o texto nos leva a torcer, a cada linha, a cada página, pelo almejado final feliz, nem sempre possível.
O autor dialoga com o leitor ao longo da obra ao abordar temas controversos como a questão do auxílio-reclusão, dentre outros, deixando claro não se tratar de defesa ou emissão de juízo, mas apenas constatação de fatos que acontecem na vida real.
Ao desenrolar suas histórias, viajamos no tempo e no espaço e vamos conhecendo, talvez reconhecendo, lugares, edificações, casas de comércio, figuras que fizeram e talvez ainda façam parte de algumas localidades no Planalto Norte Catarinense, bem como do litoral do estado de Santa Catarina.
Filhos do cárcere é um mergulho que nos faz conhecer este outro lado da vida reservado pelo destino a seres tão puros e inocentes ao nascer quanto eu e você, porém marcados pelo ferro e pelo fogo de suas realidades.
Filhos do cárcere nos faz refletir sobre o mundo em que vivemos, sobre as nossas escolhas que direta ou indiretamente nos afetam, e na sociedade em que queremos viver. Também mostra que é possível romper o círculo vicioso a que a maioria parece fadada como aconteceu com Maiquinho, Armane Rich, Keiti Leidi e Riter Adolfo.
Rosane Godoi
Presidente da ALB Canoinhas/SC.
CAPÍTULO PRIMEIRO
Sem infância, a vida começa na
pré-adolescência
A estória revela um pouco do que acontece dentro dos presídios brasileiros, especialmente no que se refere ao relacionamento íntimo entre os próprios detentos e com as visitas autorizadas. São homens e mulheres heterossexuais, bissexuais e homossexuais que vendem seus corpos, em troca de dinheiro, para proporcionar prazer àqueles que se encontram internados por determinação da justiça.
Destes, nascem os filhos do cárcere. Crianças que têm na infância uma visão diferente do que costumamos ver através dos meios de comunicação, e que, por vezes, ou na maioria delas, fechamos os olhos para não enxergar.
Nessa proposta, seis personagens mostrarão um pouco da realidade, com o seu modo de viver, marginalizados pela sociedade, mas também poderão provar que têm potencial como as demais, e por isso buscam, de sua maneira, o seu lugar ao sol.
Uma cidade como outra qualquer
No Brasil, existem muitas cidades com 50 mil habitantes, chamadas satélites, e até referências urbanas para outros municípios com menos habitantes.
Normalmente todas possuem uma instituição penal, como as Unidades Prisionais Avançadas, o Fórum por serem Comarcas, Delegacias de Polícia Civil e Polícia Militar, entre outras.
Nossos personagens vivem numa destas cidades polo, no interior de Santa Catarina, e por isso algumas gírias ou expressões populares serão desta região brasileira.
Inicialmente deixaremos alguns de nossos personagens se identificarem, cada qual a sua maneira, por isso, a gramática não será corrigida, para dar mais ênfase às falas pelo nível cultural, regional e local. Isto porque, na comunidade, a maioria vive em casebres humildes, por eles denominados de barracos pobres nas periferias.
Por uma questão de orientação geográfica, usaremos nomes verídicos para as cidades onde passarão os envolvidos na trama, salientando sempre que se trata apenas de orientação quanto ao aspecto distância, cultura e, principalmente, para sugestionar os leitores um ambiente onde se passarão os episódios.
Se porventura algumas situações e personagens se assemelharem com a realidade, será pura coincidência, pois estamos tratando tão somente de ficção, somente com os olhos voltados para a realidade.
Nesta cidade, os jovens da sociedade se divertiam no restaurante Pinguim, Pink House para depois assistirem vídeos no Varandão, enquanto outros preferiam o Bailão Gente Nossa, Bodegão ou mesmo o bar do Baitaka, onde serviam a boa cachaça engarrafada em Marcílio Dias.
Todos conheciam a carrocinha do Coveiro Astafete e o cachorro vira-lata cristão
, que perambulava pela Praça da Cuia, na frente da Friambreria Luiz XV, Vulcanizadora Mauá, enfim. Lugar agradável, onde jovens e adultos adentravam as madrugadas nas rinhas de galo perto da Raia, no Campo da Água Verde, ou no bailão do Ducho em Três Barras. Naquele mesmo bairro onde ficava a fábrica de sabão e as duas escolas de datilografia, aconteciam também as domingueiras e matinês. Aos domingos o duelo esportivo acontecia no estádio velho, especialmente quando era realizado o clássico Bota Fogo E.C. versus Santa Cruz ou o time do São Bernardo. Bons tempos quando a torcida podia ir à carroceria dos caminhões FNM, de onde ninguém nunca caiu. O São Bernardo tinha até estádio perto da estação ferroviária, a alguns quilômetros do Campo de Trigo. Boas lembranças dos alunos que passavam por cima ou por baixo do viaduto antes de subir ao colégio dos Irmãos Maristas para depois reforçar seus conhecimentos no colégio comercial, na Funploc, e ver as normalistas com seus uniformes branco e bordô no colégio das Irmãs. Quem vinha do interior de ônibus, no Expresso São José, embarcava no Turco ou no Restaurante Guarani. Os alunos iam em cima do compartimento do motor na Kombi do Japonês, e quem não tinha dinheiro ia na caixa de ferramentas
das tombeiras
da prefeitura. No restaurante Guarani, os funcionários serviam o delicioso meio sortido
, que era a metade de um prato cheio, mas alimentava bem seus clientes ao som agradável de samba raiz. Um dos poucos lugares onde tocava em som ambiente este estilo musical. Ao fundo os banheiros eram semelhantes aos que encontraremos mais tarde, dentro dos cubículos nos presídios. Basicamente é um vaso sanitário rente ao chão com dois apoios para os pés, sem tampa nem local para se sentar. As necessidades devem ser feitas de cócoras e a descarga, no caso do restaurante, era feita através de uma corda de nylon, que acionava um dispositivo dentro do pequeno reservatório com água. Nas celas das cadeias públicas, onde o mesmo equipamento é usado nos dias atuais, a descarga fica na parte externa e só os agentes ou carcereiros têm acesso. Sendo assim, o cheiro fedorento dos presos, que evitam o banho para sua higiene pessoal, se mistura com os das fezes e a urina dos enclausurados. Mesmo com a constante vigilância feita dia e noite através dos corredores, as latrinas exalam fedor. A questão da higiene pessoal, infelizmente, é uma realidade, porque os cubículos não dispõem de chuveiros, são apenas canos com água fria para que se possa tomar banho. Como o inverno por essas bandas é muito rigoroso, eles verdadeiramente passam batida
essa parte. Deixemos claro que isso não acontece com todos os presos, até porque há uma cobrança e uma espécie de regra entre os moradores
da mesma cela. Antes de tudo, tais medidas acontecem para preservar a segurança dos próprios internos, uma vez que de posse de uma fiação elétrica, por exemplo, alguns deles poderiam cometer suicídio ou até matar um colega de cela com descarga elétrica. O mesmo se dá com um vaso sanitário com assento, facilmente quebrável, cujo material poderia ser usado como arma para defesa ou ataque em caso de briga ou rebelião. A própria água, se estancada formando uma bacia, poderia ser usada para o afogamento entre eles, e outras possibilidades que são evitadas, desde longa data, com esta simples e eficaz prevenção. A maioria das celas não possui nenhum tipo de acessório que pudesse servir para o uso criminoso, preservando a integridade física dos presos. Assim sendo, a iluminação vem através dos corredores e por isso, também, se vê muitos cobertores cobrindo as grades até mesmo durante o dia, para escurecer o seu interior proporcionando mais conforto ao dormir. Os mesmos cobertores fixados nas grades em dias de visita íntima significam que naquele cubículo, alguém está fazendo sexo.
CAPÍTULO SEGUNDO
Os filhos de Lurdes Aparecida
O meu nome é Maicon, mas sou mais conhecido por M.C. Maiquinho. Não que eu seja ligado ao mundo artístico musical, é que as iniciais do meu nome estão constantemente nas páginas policiais em minha cidade. Meus amigos me apelidaram de M.C., mas desde pequeno, e ainda sou pequeno, minha mãe me chama pelo apelido de Maiquinho
. O C
é de Castro, meu sobrenome. A única coisa que herdei do meu pai. Minha mãe sempre diz que um dia ainda vou ser um Cara
muito rico e, por isso, bem de vida. Coitada, vivendo num barraco ao lado de um esgoto a céu aberto, com mais quatro irmãos, o que ela ganha mal dá pra comprar leite pros mais novos. Mateus, o mais velho, se vira por aí. Ainda bem que tem o sacolão que a prefeitura manda pra minha mãe, só tem tranqueira e, mesmo assim, meu irmão mais velho sempre dá um jeito de desviar algum mantimento para trocar por pedra. Antes ele só cheirava cola como eu, depois que cresceu, e está com 15 anos, já pensa que tá podendo. Eu disse pra ele parar, mas o negócio dele é ser traficante quando crescer. As roupas que nós usamos, a mãe compra com o dinheiro do auxílio-reclusão, é assim que se chama o pagamento que ela recebe do meu pai. Aliás, eu quase nem vejo ele na cadeia, porque os pulicia
não gostam muito de crianças por lá. Mas tanto faz, ele nem olha pra mim mesmo. A mãe fica toda boba nos dias de visita lá no presídio. Ela tem até uma roupa especial só pra ir visitar o macho dela, aquele que diz ser meu pai. Eu gosto dela, mas tenho vergonha de contar que é minha mãe, porque quando chega de noite ela sai pra rua com umas roupas ridículas mostrando