A vida mais invisível de Maria das Dores
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Sobre este e-book
Inspirado no livro de Martha Batalha, A vida invisível de Eurídice Gusmão, o escritor e professor Armando Milioni desloca a empregada Das Dores ao centro do palco, como personagem principal, para narrar quatro gerações de uma família pobre e trabalhadora, com suas dores e conquistas, tendo como pano de fundo o conturbado processo político brasileiro, desde a década de 1930 até os nossos dias.
Este romance conta a história de uma protagonista que tinha tudo para se tornar uma personagem esquecida, mas que na escrita aguda e envolvente do autor ganha centralidade e representação privilegiada.
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A vida mais invisível de Maria das Dores - Armando Milioni
A vida
mais
invisível
de
Maria
das
Dores
Armando
Milioni
a meus netos
"Quando se aproximam de mim, só enxergam o que me circunda,
a si próprios ou o que imaginam ver –
na verdade, tudo, menos eu."
Ralph Ellison, no livro
O homem invisível
"Quando dou comida aos pobres,
chamam-me de santo. Quando
pergunto por que eles são pobres,
chamam-me de comunista."
Dom Helder Câmara
"O racismo no Brasil se caracteriza pela
covardia. Ele não se assume e, por isso,
não tem culpa nem autocrítica."
Abdias Nascimento
Sumário
Apresentação
Comentários da escritora Martha Batalha
Prólogo
Parte 1
De Belo Horizonte ao Rio de Janeiro
Capítulo 1
Filomena, Rio de Janeiro, 1947
Capítulo 2
Maria das Dores e Joaquim, Rio de Janeiro, 1950
Capítulo 3
Barro Preto, Belo Horizonte, 1934-1947
Capítulo 4
Chegada ao Rio de Janeiro, 1947
Capítulo 5
Joaquim
Capítulo 6
Um incidente
Capítulo 7
Dom Helder
Capítulo 8
A mineirinha
Parte 2
A empregada de Eurídice Gusmão
Capítulo 9
Uma família na Tijuca
Capítulo 10
Maria das Dores e Eurídice
Capítulo 11
Tchekhov
Capítulo 12
Guida
Capítulo 13
Feliz
Capítulo 14
Triste
Capítulo 15
Aurora e André, São Bernardo do Campo, 1979
Capítulo 16
Dandara, Guarulhos, 2010
Capítulo 17
Luisinho
Capítulo 18
Adeus ao Rio
Parte 3
De volta a Belo Horizonte
Capítulo 19
Barro Preto, Belo Horizonte, 1964
Capítulo 20
Revelação
Capítulo 21
Aurora e André, São Bernardo do Campo, 1979
Capítulo 22
A mãe de santo
Capítulo 23
Uma conversa
Capítulo 24
Aurora e André, São Bernardo do Campo, 1979
Capítulo 25
Desculpa eu
Capítulo 26
José
Capítulo 27
A greve
Capítulo 28
Aurora e André, São Bernardo do Campo, 1979
Capítulo 29
Dezembro de 1968
Capítulo 30
Mudanças
Parte 4
Maria das Dores e Dandara
Capítulo 31
André e Dandara, Santos, 1996
Capítulo 32
A continuação de uma conversa
Capítulo 33
Dandara e Das Dores, São Paulo, 2003
Capítulo 34
Belo Horizonte, 2005
Capítulo 35
Réveillon
Epílogo
Sobre o autor
Apresentação
Em 2016, Martha Batalha publicou A vida invisível de Eurídice Gusmão, livro que narra a história de uma mulher de classe média, inquieta e educada para ser feliz com toalhas de renda e um bom casamento. Com a ascensão financeira do marido, o casal adquire uma das maravilhas daquela e de tantas outras épocas: uma empregada doméstica
.
Este trecho da obra original é a semente do livro que o leitor tem em mãos. Tomado por inquietudes, provocadas especialmente pelo uso do verbo adquirir
naquele contexto, Armando Milioni concluiu que no romance as citações a Maria das Dores (a empregada ‘adquirida’) vêm quase sempre com algum tipo de provocação
.
Pois este livro, que traz referências explícitas à obra publicada em 2016, é uma resposta à provocação
de Martha Batalha. Maria das Dores sai do papel de coadjuvante e é alçada à de protagonista, revelando a sua dinâmica com a família sob o viés de quem é (muito) mais invisível do que a patroa. E, a despeito das forças sociais aniquiladoras, a personagem trava uma guerra diária pela própria dignidade e, em vários aspectos, é símbolo de uma nação vergonhosamente racista e desigual.
Mas sua vida como empregada doméstica é apenas parte do enredo. A saga da personagem começa bem antes de servir a Eurídice Gusmão. Fugida de Belo Horizonte com uma trouxa de roupa, sem nenhum tostão e grávida de Luisinho, ela se virou como pôde. Trabalhou em um puteiro, fez faxina e sofreu toda sorte de humilhações cotidianas.
Ao contar a história de Maria das Dores, usando a política brasileira como pano de fundo, Armando Milioni narra quatro gerações de uma família pobre e negra, obstinada a ter um lugar na sociedade.
Vanessa Ferrari
Comentários da escritora Martha Batalha
Em 2020 a Cia das Letras me encaminhou a mensagem de um leitor. Armando Zeferino Milioni, professor de matemática aposentado, me pedia permissão para escrever a história de Das Dores, a empregada doméstica no livro A Vida Invisível de Eurídice Gusmão
. Segundo o narrador, Das Dores só entrava na história de vez em quando para arrumar os cômodos. Armando queria corrigir a injustiça. Ele me mostrou um cronograma detalhado do livro em mente. Coisa de artista profissional com passado de professor do ITA. Depois ele sumiu. Pensei que havia desistido. Para escrever um livro é preciso tempo, fé e fôlego. É uma combinação delicada e que às vezes não se dá até mesmo para um escritor de carreira. Projetos são abandonados pelo meio, carreiras são abandonadas pelo meio. Pois Armando reapareceu por estes dias como autor publicado de A vida mais invisível de Maria das Dores
(Editora Quelônio). Quem assina a orelha é Vanessa Ferrari. Parabéns, colega romancista, Armando Miloni. Escrever um romance dá um trabalho danado. Que seja o primeiro de muitos.
Martha Batalha
Prólogo / O escritor e sua filha
Pai e filha caminhavam lado a lado pelas ruas arborizadas de uma Campos do Jordão completamente esvaziada de turistas, afastados pela pandemia do coronavírus. O fim da tarde nublada de sábado, ameaçando chuva, tampouco estimulara a saída dos moradores da cidade. O centrinho turístico de Capivari, que eles só conheciam lotado de gente, parecia uma cidade abandonada. Daria até um pouco de medo, não fosse alguns seguranças que se protegiam do frio e que acenavam para eles.
A filha se preocupava com o pai, o velho professor universitário aposentado que se refugiara em um apartamento na cidade onde vivia em completa solidão. Ela era a sua filha única e tardia, nasceu quando ele tinha mais de 40 anos, de um segundo casamento dele que, como o primeiro, fora breve e tinha sido desfeito havia muitos anos. Ela conhecia os motivos que levaram o pai a se mudar para Campos de Jordão; muito antes da pandemia, o país já enveredara por um cenário apavorante que estimulava o desejo de isolamento.
Quando o pai lhe contou seus planos de usar o tempo disponível em sua reclusão voluntária para ver se conseguia escrever alguma coisa
, achou que seria bom para ele. Imaginou que o pai produziria alguma coisa relacionada aos temas singularidade
e transumanismo
, duas palavras pouco usuais, com as quais ela havia se habituado desde que se tornaram objetos de estudo do pai. Talvez por isso, estranhava o assunto que ele trazia agora, enquanto caminhavam.
Você leu o livro e viu o filme?
Ela tinha lido e tinha visto.
E o que você achou dos dois?
Ela havia gostado de ambos, mas as diferenças muito grandes de narrativas tinham chamado a sua atenção. Era curioso como o filme começava igual ao livro para, a partir de um determinado ponto, divergir completamente numa questão nevrálgica que conduzia a finais – e, portanto, a reflexões e conclusões – totalmente diferentes.
Os personagens principais eram os mesmos, com os mesmos nomes, assim como os fundamentos da história: a família simples, de descendentes de portugueses, vivia no Rio de Janeiro em meados do século XX e era composta pelo casal, Manuel e Ana, e duas filhas muito unidas, Guida, a mais velha, e Eurídice. Guida foge para casar-se com alguém que, ela supunha, seria desaprovado pelos pais, e as vidas das duas se separam. O livro acompanha a vida de Eurídice e, em dado momento, Guida reaparece. A partir de então, o livro é sobre o reencontro das duas irmãs que haviam se separado na adolescência, se reencontram na maturidade e envelhecem juntas. Já no filme, depois da fuga de Guida, Eurídice jamais volta a encontrar a irmã.
Eu estranhei a mesma coisa
, disse o pai. Achei diferente demais para uma adaptação. Não entendi.
Conversavam sobre o livro A vida invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha, publicado em 2016, e o filme A vida invisível, dirigido por Karim Aïnouz, lançado ao final de 2019 como uma adaptação do livro.
Também estranhei essas diferenças, mas outra coisa me incomodou, só que eu não sabia exatamente o quê. Então, reli o livro, mas não precisei terminar para entender.
O pai fez uma breve pausa.
Eu senti falta de Maria das Dores. Você se lembra dela?
A filha se lembrava.
A empregada?
Estavam chegando ao apartamento, e isso era ótimo, pois poderia consultar suas anotações.
Em tempos de e-book, é fácil ver o número de citações de cada personagem. Essa métrica dá uma ideia da importância de cada um na trama.
Ele fizera esse exercício e tinha anotado os números. A mais citada no livro era a própria Eurídice, 249 vezes. Nenhuma surpresa nisso, é claro. Depois, vinha Guida, 234. Seguiam-se sete outros personagens e, só então, com 39 citações, aparecia Maria das Dores. Em princípio, uma personagem bastante secundária, portanto. Mas o pai achava que havia uma peculiaridade.
O problema é que as citações a Maria das Dores vêm quase sempre com algum tipo de provocação.
Exemplificou.
Veja esse parágrafo em que Maria das Dores é citada pela primeira vez. É a entrada dela na história, ainda no começo do livro.
E leu para a filha em voz alta.
A vida inclusive ficou ainda mais tranquila depois que os Gusmão Campelo adquiriram uma das maravilhas daquela e de tantas outras épocas: uma empregada doméstica. Maria das Dores chegava a tempo de servir o café dos patrões...
Interrompeu a leitura do parágrafo, pois já tinha o que precisava.
Veja o verbo que ela empregou: ‘adquirir’. Adquirir um ser humano. É uma provocação.
A filha ouvia calada, ainda não sabia aonde o pai queria chegar.
Agora, escute as últimas linhas desse mesmo capítulo.
Voltou a ler em voz alta.
Maria das Dores era mãe de três filhos que se criavam sozinhos, que se alimentavam dos pratos que ela guardava no forno e se vestiam das roupas que ela deixava na cômoda, e que agora já tinham idade para andar soltos na casa, não sendo mais necessário acorrentá-los no quarto para se manterem longe das facas e fogos da cozinha. Mas esta não é a história de Maria das Dores. Maria das Dores inclusive só aparece por aqui de vez em quando, na hora de lavar uma louça ou fazer uma cama. Esta é a história de Eurídice Gusmão, a mulher que poderia ter sido.
Veja a frase, lá no meio. ‘Mas esta não é a história de Maria das Dores’. Outra provocação.
Calou-se. A filha demorou para perceber que era a sua vez de falar e só ocorreu-lhe perguntar,
E...?
O pai respondeu:
Bom, acho que mordi a isca, aceitei a provocação.
E concluiu.
Quero contar essa história. Se uma mulher de classe média em meados do século XX, no Brasil, vivia uma vida que merecia ser chamada de invisível, imagine a empregada dessa mulher. Quero contar a história da vida mais invisível de Maria das Dores e de seus três filhos.
1.
De Belo Horizonte
ao Rio de Janeiro
Capítulo 1
Filomena, Rio de Janeiro, 1947
Dizer que acordava talvez fosse apenas força de expressão, porque isso supunha admitir que houvesse dormido. Não era o caso. No máximo, cochilara num momento ou outro. Sempre que isso acontecia, contudo, um movimento involuntário qualquer, mesmo que nada brusco, provocava uma dor aguda, uma pontada em alguma parte do corpo, e pronto, lá estava Filomena desperta de novo. Portanto, não acordava exatamente, apenas abria os olhos, ou melhor, tentava abri-los. Estavam inchados, como na noite anterior. Se os abria, ou tentava fazê-lo, era apenas por reação instintiva aos estímulos, a luz do sol perfurando as frestas da janela fechada, os ruídos da rua e as vozes na calçada do movimentado bairro do Estácio, onde ficava o prostíbulo da Dona Chiquinha. Era ali que morava e trabalhava havia mais de vinte anos.
Filomena achava que não tinha motivos para se queixar da vida. Começara a se prostituir uma semana depois de completar 16 anos. Dona Chiquinha a preparara com cuidado para a profissão. Desde então, pensava, tudo correra relativamente bem. Não engravidara, nunca precisara passar pelas mãos de uma daquelas carniceiras que faziam partos e praticavam abortos que às vezes geravam hemorragias terríveis, havia as que não resistiam. Tivera sua dose de doenças venéreas, de todo inevitáveis, mas até nisso dera sorte. Suas doenças eram raras e pouco graves. Os tratamentos ministrados pelo médico a quem Dona Chiquinha a levava surtiam efeito e ela se recuperava rápido e bem.
Entretanto, sabia que havia uma razão para que as coisas tivessem corrido bem: ela era bonita. Muito bonita. Mais que bonita. Era atraente, gostosa, um tipão de mulher, como diziam os clientes. Negra alta e vistosa, bem fornida nas partes certas, era o tipo de mulher que enfeitiçava os homens. Por isso, cobrava caro, o topo da tabela, e podia escolher os clientes, que formavam filas; alguns até se apaixonavam. Estes eram o pior tipo. Faziam escândalo, causavam-lhe dificuldades, pelo menos dois se separaram das esposas.
Mas a surra da véspera, da qual agora padecia, plantara nela uma semente, era hora de reconhecer que vinha abusando da sorte. Já estava perto de completar 37 anos, achava-se quase uma anciã, no meio de todas aquelas meninas. A natureza continuava a lhe ser generosa, seus dotes eram tantos que, mesmo àquela idade, mantinha o porte. Isso garantia a sua cotação, mas não precisava pensar muito para entender que não ia durar, não podia durar. Prostitutas além dos 30 eram poucas, além dos 35, quase nenhuma, além dos 35 e ainda por cima muito bem cotadas, que ela soubesse, era só ela. Sabia ser uma raridade no mercado.
E nos últimos anos seu faturamento ainda aumentara muito. Via-se mais gente nas ruas, as pessoas pareciam ter mais dinheiro que antes e estavam mais dispostas a gastá-lo. Havia um clima de otimismo festivo no ar. Ouviu de um cliente que era porque o Brasil tinha ganhado a guerra, ela não sabia?
.
Não, não sabia. E nem queria saber. Queria apenas aproveitar a maré favorável para os negócios, que aumentava seu faturamento. Aliás, ele aumentara ainda mais quando Filomena descobriu uma alternativa inesperada, nunca antes cogitada.
Parecera promissora de início, mas, agora, explicitava seus riscos.
Ela demorou a perceber, mas finalmente encontrara nos olhares que trocava com algumas mulheres – não qualquer tipo de mulher, só as grã-finas – o mesmo desejo que aprendera a reconhecer quase instantaneamente nos homens que a cobiçavam. Quando entendeu isso, não hesitou e passou a usufruir com gosto da nova possibilidade.
Para as mulheres, o pecado era maior e, assim, custava mais caro. Além disso, elas eram mais limpas, mais doces e menos brutas do que os homens. Filomena descobriu que gostava delas.
O problema, de novo, era o amor, a paixão. Ah, como seria mais simples se tudo pudesse ficar só no sexo feito com prazer e sem pressa. Mas, assim como os homens, havia as mulheres que confundiam as coisas e se apaixonavam. E, bem, isso ela sempre soubera, a paixão feminina é uma força superior da natureza. Seus desdobramentos têm potencial muitas vezes maior que os dos homens. Inclusive nos escândalos.
Foi o que aconteceu com aquela grã-fina com quem vinha se encontrando havia algumas semanas. A mulher flagrara o marido na companhia de Filomena, mas, para surpresa dele, a repulsa da grã-fina ao gesto do marido fora infinitamente menor do que a atração imediata que sentira por Filomena. Sabendo que o marido dependia do dinheiro do sogro, a grã-fina escandalizou-o impondo como condição para o seu perdão a realização de um ménage à trois. O marido relutou, mas providenciou o encontro a três e dele participou com visível constrangimento, diante da volúpia e da entrega que nunca vira na esposa.
Depois desse primeiro encontro, enfeitiçada, a grã-fina passou a procurar obsessivamente por Filomena para transar só com ela – que marido, que nada. Ele, desnorteado, sem entender o que se passava, mas certo de que aquilo tudo era imoral e muito errado
, decidiu agir.
Foi o vulto dele que Filomena avistou com o canto dos olhos no exato instante em que sofreu o impacto do primeiro dos muitos golpes que levaria dos capangas. Ficou mais de meia hora inerte na calçada até ser socorrida, não por uma ambulância, ou uma viatura de polícia, mas por colegas, que a encontraram, acudiram-na e foram correndo avisar Dona Chiquinha.
Talvez este seja o sinal de que eu precisava
, pensou Filomena em meio à dor intensa que sentiria também nos dias seguintes.
Dona Chiquinha tantas vezes me contou que, no dia em que me encontrou, viu o sinal que era hora de começar a planejar a aposentadoria dela. Chegou a hora de eu começar a pensar na minha.
Eram duas horas de uma madrugada fria. Dona Chiquinha que, então, ainda era só a prostituta Chiquinha, caminhava desapontada pelas ruas do Rio de Janeiro. Não havia movimento. Eram tempos nervosos e complicados na capital do país. Mas quais não eram?
, pensava Chiquinha. Havia uma grande tensão política, uma rebelião tivera início poucos dias antes, um forte em Copacabana fora tomado por rebeldes. Chiquinha não entendera muito bem os propósitos da revolta, mas soube que, fossem quais fossem, não haviam sido atingidos. Para os rebeldes, tudo dera errado e acabaram vencidos. A Gazeta de Notícias informou que 18 deles, quando se perceberam derrotados, abandonaram o forte e saíram andando por Copacabana, desafiando os milhares de soldados das forças de resistência do Exército, parecendo dispostos a morrer. A maioria deles foi morta, mas uns poucos foram capturados vivos; havia quem os chamasse de heróis.
Chiquinha pouco entendia dessas coisas, só sabia que elas eram ruins para os negócios, menos gente saía à noite, a demanda caía