Requisitos Técnicos para Balsas de Combustível

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CENTRO DE EDUCAO TECNOLGICA DO AMAZONAS CETAM ESCOLA DE EDUCAO PROFISSIONAL MOYSS BENARRS ISRAEL

CHARLINGTON DA COSTA COUTINHO

PLANEJAMENTO DE CONSTRUO DE BALSAS PARA TRANSPORTE DE LCOOL E DERIVADOS DE PETRLEO: REQUISITOS TCNICOS LEGAIS DE CONSTRUO

ITACOATIARA/AM 2012

CHARLINGTON DA COSTA COUTINHO

PLANEJAMENTO DE CONSTRUO DE BALSAS PARA TRANSPORTE DE LCOOL E DERIVADOS DE PETRLEO: REQUISITOS TCNICOS LEGAIS DE CONSTRUO

Trabalho apresentado ao Centro de Educao Tecnologica do Amazonas

CETAM como requisito para obteno do ttulo de TCNICO NAVAL.

Prof. Orientador: Getlio Machado d Silva. Eng Mec. Prof. Orientador: Nadja Vanessa M. Lins. Msc

ITACOATIARA/AM 2012

FOLHA DE APROVAO

Aps a exposio do aluno Charlington da Costa Coutinho sobre a Defesa do Projeto Tcnico intitulado Planejamento de construo de balsas para transporte de lcool e derivados de petrleo: Requisitos tcnicos legais de construo, a banca Examinadora/Coordenador abaixo, aprovaram o presente Projeto que, por atender aos requisitos estabelecidos, recebeu a nota (___) ___________________________

Prof. Professor Orientador CETAM/IBC

Prof. Membro da Banca Examinadora CETAM

Prof. Membro da Banca Examinadora CETAM

Sr.(a):. Supervisor/Empresa (ou Instituio),

Prof. Coordenador do CETAM/IBC

minha esposa Flvia Coutinho e a minha me Dona Shirlaine Tavares as duas mulheres da minha vida

AGRADECIMENTOS

Empresa Hermasa Navegao da Amaznia pela iniciativa pioneira de formar mo de obra tcnica na cidade de Itacoatiara. Ao CETAM pela criao do Curso Tcnico Naval, o primeiro da rea na Regio Norte. Ao Professor Getlio Machado por ter se esmerado, deixando de lado seus afazeres profissionais em Manaus para assumir o timo do curso tcnico naval em Itacoatiara quando as coisas estavam sem rumo. Professora Fabiana Pinto pela orientao na formatao deste trabalho. minha me Shirlaine Tavares que mesmo com todas as dificuldades sempre se esforou para me permitir cursar meus estudos. Ao meu av Clidenor Soares que na minha infncia providenciou o meu sustento. minha av Dona Creuza Tavares por ter me dado condies financeiras de me manter estudando na minha adolescncia. Minha esposa Flvia Coutinho que me fez retornar as aulas do Curso Tcnico Naval quando eu j havia resolvido desistir e tem me feito feliz a cada dia. s pessoas com quem convivi profissionalmente e que multiplicaram meus conhecimentos. Aos meus amigos do CETAM pelas experincias vividas e que jamais sero esquecidas, espero encontrar a todos exercendo sua nova profisso. E principalmente a Deus que colocou todas estas pessoas em meu caminho para permitir que eu chegasse at aqui.

O Temor do Senhor o princpio do saber. Provrbios 1.7

RGOS ENVOLVIDOS

Neste Trabalho de Concluso de Curso (TCC) tiveram participao as seguintes instituies abaixo descriminadas: Centro de Educao Tecnolgica do Amazonas (CETAM), instituio que proporcionou o curso Tcnico Naval comunidade de Itacoatiara o primeiro em parceria com uma empresa privada no Amazonas. Hermasa Navegao da Amaznia S/A, que desenvolveu o curso em parceria com o CETAM e disponibilizou o estaleiro para aulas prticas, assim como transporte para as aulas e visitas em Manaus. Estaleiro Rio Amazonas (ERAM), que patrocinou o uniforme. Estaleiro Rio Negro (ERIN), que disponibilizou suas instalaes para visita. Estaleiro F. Barbosa, que disponibilizou suas instalaes para visita. Marinha Do Brasil, que disponibilizou profissionais com formao na rea naval, para acrescentar conhecimento aos alunos do curso tcnico. Universidade do Estado do Amazonas, Escola Superior de Tecnologia (UEA/EST), que cedeu seu laboratrio de metrologia para aula prtica. Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que nos deu a oportunidade de apresentar um stand sobre o curso tcnico Naval durante a semana de cincia e tecnologia em 2011, na cidade de Itacoatiara/AM.

DADOS DE IDENTIFICAO

Ttulo de Projeto PLANEJAMENTO DE CONSTRUO DE BALSAS PARA TRANSPORTE DE LCOOL E DERIVADOS DE PETRLEO Alunos Alexandre da Silva Santos Anderson de Almeida da Silva Charlington da Costa Coutinho Gleyce Neves dos Santos Jorjan Aquino de Almeida Marcos Antonio Correa

Professor-Orientador Engenheiro Mecnico Getlio Machado da Silva Ms.C. Ndja Vanessa M. Lins

Instituio Centro de Educao Tecnolgica do Amazonas

rea Tcnica a que se refere o Projeto Construo Naval

Delimitao da rea do Projeto Planejamento de construo de Balsas Petroleiras

SUMRIO

1.0 2.0 2.1

INTRODUO REVISO BIBLIOGRFICA A IMPORTNCIA DAS BALSAS PETROLEIRAS PARA O TRANSPORTE COMBUSTVEL

NA AMAZNIA 2.2 2.3 2.4 3.0 3.1 3.2 OS RISCOS NO TRANSPORTE DE DERIVADOS DE PETRLEO A IMPORTNCIA DO PLANEJAMENTO NA CONSTRUO NAVAL O MERCADO NAVAL DO AMAZONAS E AS PERSPECTIVAS PARA O FUTURO DESENVOLVIMENTO AS NORMAS DA AGNCIA NACIONAL DO PETRLEO ANP REQUISITOS LEGAIS PARA CONTRUO DE EMBARCAES PETROLEIRAS

SEGUNDO A NORMAM 02 3.2.1 REQUISITOS DE ARQUITETURA NAVAL E ESTRUTURA 3.2.2 REQUISITOS DE MQUINAS 3.2.3 REQUISITOS DE ELETRICIDADE E ELETRNICA 4.0 5.0 CONCLUSO REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Trajeto dos navios petroleiros que abastecem Manaus................................ Figura 2. Comparao scio-ambiental dos modais de transporte............................... Figura 3. Navegabilidade na Regio Norte.................................................................... Figura 4. Distribuio de combustvel na Regio Norte pela BR................................. Figura 5. Acidente com balsa tanque no interior do Par.............................................. Figura 6. Ilustrao de um sistema de casco duplo....................................................... Figura 7. Ilustrao de revestimento duplo no fundo e costado..................................... Figura 8. Ilustrao de avaria em compartimento adjacentes....................................... Figura 9. Tanques de carga afastados da proa e popa................................................. Figura 10. Balsa petroleira com borda de conteno..................................................... Figura 11. Tomada de rede no utilizada vedada com flange cego.............................. Figura 12. Bandeja de conteno................................................................................... Figura 13. Rede submetida a teste de presso.............................................................. Figura 14. Manmetro na sada da bomba.................................................................... Figura 15. Casa de bombas com ventilao natural...................................................... Figura 16. Proteo no eixo contra acidentes................................................................ Figura 17. Vlvulas PV................................................................................................... Figura 18. Luminria a prova de exploso..................................................................... Figura 19. Mastro com refletores.................................................................................... Figura 20. Bandeira Bravo Cdigo Internacional de Sinais............................................ Figura 21. Modelo de aviso de emergncia................................................................... Figura 22. Mastro com luz encarnada na proa...............................................................

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RESUMO

Este estudo tem como finalidade demonstrar as etapas do processo de construo de balsas utilizadas no transporte de lcool e combustveis derivados de petrleo, que so comumente chamadas em nossa regio de balsas petroleiras. Todas as etapas deste processo foram abordadas: a solicitao do armador, os documentos necessrios ao incio do processo, a elaborao de planos de construo, a estrutura necessria ao estaleiro construtor, o planejamento e a execuo da obra, o processo de fabricao, o controle de produo, incluindo os testes finais para entrega ao cliente e os requisitos legais que devem ser obrigatoriamente atendidos para que a embarcao seja legalizada e possa entrar em operao dentro dos prazos previstos, mantendo em segurana a carga, os operadores e o meio ambiente. As normas que regulamentam a construo de balsas petroleiras encontradas na NORMAM 02, captulo 5, seo III, so de extrema importncia para que se construam embarcaes seguras evitando acidentes como derramamentos, incndios, exploses etc. De acordo com o Relatrio consolidado das empresas associadas ao SINDNAVAL do SEBRAE (2010) apenas 26 % dos estaleiros cadastrados no Amazonas tm conhecimento sobre essas normas, e estes nmeros tendem a ficar mais alarmantes se forem considerados os estaleiros que no participaram da pesquisa. O tipo de metodologia empregada neste trabalho foi pesquisa bibliogrfica, por intermdio de livros, resumos, artigos cientficos, artigos de revistas etc., isto , fontes relacionadas ao tema.

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ABSTRACT This study is intended demonstrate the steps the process of building of barges used to transport alcohol and petroleum-based fuels, which are commonly known in our region for oil barges. All steps in this process were discussed: the request of the ship-owner, the documents needed to initiate the process, preparation of construction plans, the necessary structure to the shipyard, the planning and execution of the work, manufacturing process, the control production, including testing for final delivery to the customer and legal requirements that must be met before the vessel can be legalized and put into operation within the agreed deadlines, keeping safely the load, operators and the environment. The regulations governing the construction of oil barges found in NORMAN 02, chapter 5, section III, are of extreme importance to build boats that are safe to avoid accidents such as spills, fires, explosions, etc.. According to the report of the consolidated companies of the SINDNAVAL SEBRAE (2010) only 26% of registered shipyard in the Amazon are knowledgeable about these laws, and these numbers tend to be more alarming if we consider the yards which have not participated in the survey. The type of methodology used in this study was to research literature through books, abstracts, scientific papers, magazine articles etc.., sources related to the theme.

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INTRODUO As longas distncias e os obstculos naturais aliados a ausncia de rodovias dificultam a logstica de entrega de combustvel aos pontos mais remotos da Amaznia e consolidam as balsas tanque como a maneira mais eficiente de se transportar lcool e derivados de petrleo nesta regio. O crescente consumo de combustvel aliado a obrigatoriedade de substituio gradativa de balsas obsoletas e de casco simples que no atendem mais a legislao, tornam bastante atrativo o mercado de construo e de renovao de balsas petroleiras. Na contramo desta necessidade do mercado est a carncia de estaleiros no Amazonas que possuam estrutura e mo de obra capacitadas a atender a esta demanda. De acordo com os estudos preliminares do Arranjo Produtivo Local de Construo Naval no Amazonas (SEPLAN-AM, 2008) a Amaznia tem a maior indstria naval autnoma do planeta. S no Amazonas so mais de 300 estaleiros, porm, a maioria de pequeno porte e passa de pai para filho suas tcnicas, trabalhando quase sempre de forma artesanal e no detendo conhecimentos, habilidades e competncias necessrias para a construo de embarcaes maiores. Segundo Relatrio Consolidado das Empresas Associadas ao SINDNAVAL elaborado pelo SEBRAE (2010), apenas 26 % dos estaleiros amazonenses cadastrados produz de acordo com as regras da NORMAN 02, que regulamenta a construo de embarcaes para a navegao interior. A falta de conhecimento das normas da autoridade martima leva a construes inadequadas e fora dos padres de segurana impedindo que as embarcaes recebam os certificados estatutrios e de classe necessrios entrada em operao. A construo de balsas para transporte de lcool e derivados de petrleo de alta complexidade, pois o mais simples modelo deste tipo de embarcao requer profundo conhecimento das normas de segurana, do material adequado a ser utilizado e das tcnicas de produo a serem aplicadas, pois a atividade de

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transporte fluvial de combustveis de alto risco e existem vrios setores que regulamentam o transporte deste tipo de produto. A maioria dos estaleiros locais desconhece a maneira como executado o planejamento para construir balsas para transporte de combustvel e as normas que este tipo de embarcao obrigado a atender. Por isso foram demonstradas todas as etapas necessrias para a entrega de uma balsa petroleira ao cliente, para que estaleiros de construo e reparo, sociedades classificadoras, peritos, empresas de projetos voltadas para a rea naval, empresas de distribuio de combustvel que operam com postos flutuantes e o meio acadmico voltado para o setor naval possam usar futuramente como objeto de consulta, j que no encontramos trabalhos anteriores publicados a respeito deste tema. As visitas tcnicas em estaleiros (ERIN, ERAM, F. Barbosa, Hermasa etc.) e visitas a embarcaes que estavam em manuteno, tambm contriburam como base decisria para a escolha deste tema e posteriormente foi efetuada a pesquisa bibliogrfica que possibilitou produzir o desenvolvimento, concluses, sugestes e observaes, a respeito do tema pesquisado.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral Democratizar conhecimento sobre as etapas de construo de balsas petroleiras detalhando todos os processos necessrios a construo deste tipo de embarcao e os requisitos tcnicos que devem ser atendidos para que estas embarcaes possam entrar em operao de maneira segura para os tripulantes, para o meio ambiente e para a carga.

2.2 Objetivos especficos Permitir que estaleiros construtores e de reparo, independente de seu porte, e empresas que possuam balsas para armazenamento e/ou transporte de lcool e derivados de petrleo, tenham conhecimento sobre a importncia da aplicao das regras da autoridade martima para a construo de balsas para transporte de combustveis. Esclarecendo que o no atendimento destas regras coloca em risco a segurana operacional destas balsas e impede a legalizao pelos rgos competentes.

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3 REVISO BIBLIOGRFICA

3.1 A IMPORTNCIA DAS BALSAS PETROLEIRAS PARA O TRANSPORTE DE COMBUSTVEL NA AMAZNIA Embora a Amaznia seja umas das regies mais ricas do mundo em recursos hdricos, sendo entrecortada por diversos rios ao longo de sua extenso, a maior parte de sua matriz energtica alimentada por grupos-geradores consumidores de leo diesel em vez de se produzir energia da forma mais limpa e barata atravs de usinas hidroeltricas. De acordo com a reportagem da Revista Veja (2009), em sua matria O pulmo intoxicado pelo diesel na edio especial Amaznia as termoeltricas correspondem a 85 % da energia consumida no Amazonas, 70 % no Acre e 60 % no Amap. Existem cerca de 20 projetos para construo de usinas hidroeltricas na regio, visando diminuir a dependncia de leo diesel, porm a maioria no consegue sair do papel ou est com as obras atrasadas por causa de aes que questionam os impactos ambientais. Outras formas de energia so estudadas como a criao de linhes de transmisso eltrica ou turbinas elicas, porm ambas se tornam inviveis, a primeira devido s caractersticas geogrficas da regio que dificultam a instalao destas linhas de transmisso e encarecem os custos para alcanar os municpios mais distantes; e a segunda opo devido ausncia de ventos fortes capazes de movimentar as turbinas. Surge ainda como opo a energia solar, porm esta alternativa no conta com previses de investimentos por parte do governo. Sem previso de grandes mudanas na matriz energtica da regio, o grande desafio logstico abastecer todos os municpios com combustvel para alimentar suas usinas termoeltricas e seus meios de transporte. Essa operao alm de complexa muito custosa. Todos os meses atracam em Manaus cinco petroleiros carregados com 180.000 litros de combustvel. Os petroleiros percorrem

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cerca de 6.000 km do sudeste at Manaus (Figura 1). Esta operao tem um custo mensal de 10 milhes de reais e tem durao mdia de 15 dias.

Figura 1. Trajeto dos navios petroleiros que abastecem Manaus. Fonte: Revista Veja, 2009

A inexistncia de estradas em boa parte da regio amaznica, aliada aos obstculos naturais e as longas distncias consolidam o transporte fluvial de combustvel atravs de balsas como o mais vivel para a regio. As vantagens da navegao fluvial em relao aos outros modais so enormes. As balsas conseguem transportar um volume maior de carga a um custo bem menor, sendo ainda menos poluentes que os transportes rodovirios e mais seguros (Figura 2).

Figura 2. Comparao scio-ambiental dos modais de transporte. Fonte: ANTAQ, 2007.

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As desvantagens do transporte fluvial ocorrem principalmente em perodos de seca, quando o nvel de alguns rios baixa consideravelmente, tornando impossvel a navegao. Nestes casos os municpios atingidos se preparam com antecedncia mantendo estoques para os perodos crticos (Figura 3).

Figura 3. Navegabilidade na Regio Norte. Fonte: Petrobrs, 2007

Na regio amaznica a empresa Petrobrs referncia na distribuio de combustvel possuindo cerca de 200 balsas para transporte de lcool e derivados de petrleo trabalhando a seu servio, transportando mais 2.200.000 m por ano segundo Seminrio Sobre Transportes Nos Rios Amazonas e Solimes (2006).

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O combustvel recebido do sudeste em Manaus distribudo conforme ilustra a figura 4.

Figura 4. Distribuio de combustvel na Regio Norte pela BR. Fonte: Petrobrs, 2007

3.2 AIMPORTNCIA DO PLANEJAMENTO NA CONSTRUO NAVAL Na construo naval o planejamento essencial para manter um estaleiro competitivo e permite reduzir prazos, aproveitando melhor materiais, ferramentas e pessoas, reduzindo o desperdcio de recursos e possibilitando a oferta de preos mais atraentes aos olhos dos armadores. A construo de uma embarcao parte do desejo do armador em realizar operaes especficas e estas informaes devem ser repassadas aos projetistas para que sejam definidas as caractersticas iniciais do projeto. Geralmente o armador determina alguns itens como: capacidade da embarcao, as limitaes de tamanho e outras exigncias baseadas em leis, regulamentos, ou at mesmo vontades pessoais.

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De posse dos requisitos solicitados pelo armador o projetista utilizar todo seu conhecimento adquirido no s em sua formao, mas atravs de sua vivncia profissional para determinar as caractersticas que a embarcao possuir. H dois tipos principais de consideraes que devem ser observados no projeto de uma embarcao: a) As consideraes tcnicas que so permanentes e so de natureza fundamental. Um bom exemplo de considerao tcnica o tipo de solda que deve ser aplicado em um casco. b) As consideraes legais que esto mais sujeitas a mudanas, pois buscam atendem normas e legislaes. Como exemplo, as linhas de carga de uma embarcao. O projeto determinar itens importantes como o mtodo de propulso, as caractersticas propulsivas, o deslocamento, os coeficientes de forma, a estabilidade e as caractersticas geomtricas do casco, o arranjo geral e estrutural, o plano de capacidades, as redes e sistemas, os equipamentos e toda parte eletro-eletrnica incluindo sistemas de iluminao, navegao e comunicao etc. Quando os planos de construo e detalhes construtivos so entregues pelo responsvel pelo projeto eles so submetidos s sociedades classificadoras, que so rgos autorizados pela Marinha do Brasil que avaliam se esto atendendo os requisitos legais e tcnicos de construo. Quando estes planos so aprovados, os mesmos so disponibilizados ao estaleiro construtor para que a construo seja iniciada. De posse do projeto o estaleiro construtor comea a tomar as providncias para iniciar a obra. Essa etapa denominada de planejamento, onde sero adquiridos os materiais necessrios para a construo da embarcao e contratadas as equipes que executaro o servio. O setor de planejamento cria um cronograma mestre que abrange todas as etapas da obra e os recursos necessrios (materiais, equipamentos, ferramentas e mo-de-obra). O planejamento de essencial importncia para o sucesso da obra. A construo de uma embarcao envolve um

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nmero considervel de pessoas e o simples atraso de materiais pode comprometer o prazo acordado com o cliente. Os princpios bsicos de um planejamento em um estaleiro construtor so: a) O que vai ser feito detalhando todas as tarefas necessrias a construo da embarcao; b) Quando vai ser feito, informando as datas previstas para o incio de cada atividade e o prazo para concluso; c) Onde vai ser feito. Determinar em que parte de suas instalaes os servios sero executados, como carreiras, oficinas, galpes etc.; d) Quem vai fazer. Determinando a mo de obra que deve ser alocada para cada tarefa. Como a maioria dos estaleiros trabalha com equipes terceirizadas neste momento se faz necessria a contratao dessas empresas que trabalham por empreitada; e) Como vai ser feito. preciso determinar os processos de fabricao que sero utilizados, os equipamentos que sero necessrios, o tipo de material que ser empregado e as normas e regulamentos que devem ser atendidos. Para se assegurar que tudo que foi programado ocorra dentro do previsto existem nos estaleiros as equipes de controle de produo. Essas pessoas so responsveis por fazer que os prazos acertados pelo planejamento sejam cumpridos e so de fundamental importncia para o sucesso da obra. Em uma construo de embarcao existem diversas frentes de servio e o controle de produo responsvel por fazer todas trabalharem em sincronismo Alguns servios tm dependncia direta de outros e o atraso de uma equipe pode causar o conhecido efeito domin atrasando toda obra e estaleiros que no cumprem prazos so mal vistos pelos clientes. O controle de produo muitas vezes tem que tomar decises rpidas visando corrigir alguma falha que no foi prevista pelo pessoal do planejamento, muitas vezes o prprio projeto apresenta falhas e o estaleiro construtor tem que ter pessoas

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capacitadas a contornar esses tipos de problemas, buscando alternativas tcnicas e que possam ser aplicadas sempre respeitando as normas. Esses imprevistos impactam diretamente nos prazos das obras, a equipe de controle de produo muitas vezes tem que lanar mo da contratao de novas equipes ou alterar os horrios previstos para execuo dos trabalhos, gerando em ambos os casos mais despesas sejam com hora extra ou com novas contrataes. Ao final dos servios previstos nas obras, iniciam-se os testes finais para entrega da embarcao ao cliente. Nesta etapa o armador costuma enviar as pessoas que iro operar estas embarcaes para acompanhar os testes. Esta fase costuma ser um perodo de pequenos ajustes, pois pequenos problemas so comuns de acontecerem e precisam ser corrigidos. Os estaleiros efetuam os testes juntamente com os representantes tcnicos dos equipamentos que foram instalados a bordo, pois no ato da aquisio destes equipamentos comprada tambm uma garantia de assistncia no primeiro funcionamento, o chamado comissionamento. Cabe ao armador colocar pessoas capacitadas a avaliar se todos os equipamentos esto funcionando perfeitamente para aceitar a entrega da embarcao, pois caso algum equipamento que no tenha sido testado apresente problemas aps a sada do estaleiro o custo para o reparo ser do prprio armador como punio por no ter detectado antes da entrega da embarcao. 3.3 AS DIFICULDADES DO MERCADO NAVAL DO AMAZONAS E AS PERSPECTIVAS PARA O FUTURO Acompanhando a perspectiva de crescimento da indstria naval brasileira o Amazonas pode ampliar a sua participao nesse mercado. Estudo elaborado recentemente pela Superintendncia da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA, 2011), indica propostas para a consolidao dessa cadeia produtiva e aponta o potencial em expanso do segmento no Estado. O Estado conta com cerca de 300 estaleiros instalados de pequeno, mdio e grande porte que atuam principalmente na construo de balsas, empurradores (conjunto), embarcaes de ferro, alumnio e fibra, alm de embarcaes regionais,

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sendo que em grande parte atende apenas ao mercado regional. A escala de faturamento dos principais estaleiros gira em torno de R$ 244 mil a R$ 2,4 milhes. Apesar da vocao natural e da longa tradio naval, o Amazonas no apresenta o mesmo desempenho se comparado aos outros plos instalados no Pas. O alto ndice de informalidade do segmento (a maioria dos trabalhadores autnoma), a falta de infraestrutura adequada para ampliao da produo, a pouca qualificao da mo de obra, a dificuldade de financiamento so apontados como os principais gargalos para o crescimento do setor naval no nosso estado. Dentre as medidas a serem tomadas est a adoo de uma poltica de regulamentao no sentido de organizar o segmento econmico, ambiental e juridicamente. Isso facilitaria a obteno de crdito e financiamento, de maneira a contribuir para a expanso da infraestrutura produtiva, desta forma os empresrios poderiam usufruir de polticas de incentivo governamentais, como o caso dos benefcios fiscais concedidos pelo modelo Zona Franca de Manaus (ZFM). Pois Atualmente, dos cerca de 60 estaleiros implantados na orla da capital amazonense, apenas sete usufruem dos incentivos fiscais da ZFM, ou seja, um nmero enorme de estaleiros deixa de receber benefcios que poderiam alavancar seu crescimento. Uma das prioridades do atual governo a criao do Distrito Naval de Manaus. As discusses em torno da implantao desse empreendimento j iniciaram e envolve a SUFRAMA, Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econmico (SEPLAN), Secretaria de Assuntos Estratgicos da Presidncia da Repblica (SAE/PR) e outros rgos governamentais das esferas municipal, estadual e federal, as entidades representativas do empresariado, instituies de ensino superior, alm de rgos de apoio como o SEBRAE. Estudos desenvolvidos pela SUFRAMA (2011) sugerem a adoo de investimentos em capital intelectual com o objetivo de suprir as necessidades do segmento no que se refere qualificao de mo de obra. Conforme levantamento feito, a criao de cursos de graduao em Engenharia Naval e outros, como Tcnico em Construo Naval, Soldador, Tcnico em Mquinas Navais e Montador, dever atender as demandas dos estaleiros sediados na capital e no interior, cujos principais polos esto localizados nos municpios de Iranduba, Itacoatiara, Manacapuru, Maus, Novo Airo, Parintins e So Sebastio do Uatum.

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A expanso do segmento dever gerar novos empregos e fortalecer a economia local. Segundo o Sindnaval (2010) so gerados em torno de quatro mil empregos diretos no Estado, mas com investimentos e polticas pblicas ajustadas s necessidades do setor, temos condies de chegar, em um prazo de quatro anos, a mais de 50 mil empregos diretos gerados.

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4 METODOLOGIA A princpio foi feito um levantamento bibliogrfico com o intuito de conhecer o contedo abordado, e fundamentar as idias contidas no referido trabalho, conforme relata a citao a seguir:
A documentao indireta consiste no levantamento de dados

imprescindveis a toda e qualquer pesquisa (...) a pesquisa bibliogrfica ou fontes secundrias consiste no esforo do pesquisador em realizar um levantamento bibliogrfico sobre o tema a ser investigado, toda e qualquer forma de pesquisa necessita dessa forma de pesquisa para fortalecer o conhecimento sobre o tema da investigao, (LAKATOS e MARCONI, 2002).

Frente fundamentao obtida durante a pesquisa foi realizado todo um trabalho de tabulao e fichamento de informaes obtidas atravs de livros, internet, dilogos e televiso. No entanto foi necessrio realizar ainda toda uma reviso do contedo bibliogrfico para ento estruturar o trabalho. Muito embora estejamos vivendo um momento mpar de evoluo nos processos tecnolgicos, ainda so poucas as linhas escritas que relatam essa forma de instrumento de navegao, para tanto, a internet foi um recurso fundamental, atravs da qual foi realizado um trabalho de pesquisas a sites que so divulgados comentrios e informaes recentes a respeito das novas tecnologias utilizadas pelas embarcaes ecolgicas. Enquanto tcnica de pesquisa alusiva, a metodologia utilizada neste trabalho foi realizada uma entrevista na forma de dilogo com profissionais especializados do setor naval, sem perceber o contedo real e o objetivo da conversa, os entrevistados deram suas opinies sobre os transportes fluviais. As consideraes desses elementos serviram de base para fundamentar alguns aspectos relevantes deste trabalho, como exemplo, a viso que a sociedade tem a respeito dos meios de transportes fluviais. Esta tcnica de pesquisa muito embora seja de natureza emprica contribui para a obteno de informaes pouco precisas, mas, que motivam a uma busca maior do contedo envolvido.

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De posse dos resultados, a inteno fazer uma relao do material investigado com a realidade que se apresenta, nesse sentido, vale ressaltar que mesmo tendo como vertente a inteno de contribuir com a conservao do meio ambiente, a pesquisa revelou que ainda falta muito a ser feito de maneira que as embarcaes ecolgicas embora seja um mecanismo importante na conservao do meio ambiente, ainda est pouco difundida no mercado. Diante do exposto h de se dizer quanto metodologia de pesquisa apresentada neste trabalho, que contribuiu de forma favorvel para a compreenso do tema e sua problemtica, haja vista que trata- se de um contedo de extrema complexidade e que muito embora j hajam embarcaes dessa espcie, a pesquisa revelou poucas evidencias que apontam para uma revoluo repentina, o que mostra a seriedade e rigor epistemolgico que caracterizam este trabalho.

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5 DESENVOLVIMENTO

5.1 OS RISCOS NO TRANSPORTE FLUVIAL DE LCOOL E DERIVADOS DE PETRLEO De acordo com SILVA (2004), a atividade de transporte martimo de derivados de petrleo tem um enorme potencial poluidor, principalmente por envolver grandes volumes transportados e pode causar acidentes de diversas propores, desde as maiores resultantes de acidentes de navegao at as relativamente pequenas, porm mais freqentes causadas durante o

descarregamento nos terminais. A poluio por leo destaca-se como sendo uma das mais agressivas sociedade e tambm mais evidentes. Vazamentos de leo em escalas maiores se tornam rapidamente notcia nos principais jornais (Figura 5).

Figura 5. Acidente com balsa tanque no interior do Par. Fonte: Jornal O Globo, 2010

Buscando melhorar a segurana desse modal as autoridades martimas internacionais resolveram criar leis e normas a fim de reduzir os acidentes e os impactos vida marinha. Foi preciso analisar os diversos tipos de acidentes e as manobras operacionais envolvendo principalmente os navios petroleiros que foram protagonistas dos maiores acidentes ambientais j existentes. Por fim foram criadas duas importantes convenes para garantir a segurana no transporte martimo, a MARPOL (Conveno Internacional para a Preveno da

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poluio por navios) pela Unio Europia em 1974, entrando em vigor internacionalmente em 1978 e a OPA (Oil Pollution Act) pelos Estados Unidos em
1990.

Na tentativa de minimizar os riscos da atividade e evitar que os impactos potenciais se transformem em impactos reais, uma srie de mudanas vem sendo implementadas ao longo dos anos, refletindo em modificaes na estrutura das embarcaes petroleiras, como a obrigatoriedade do casco duplo que reduz a probabilidade da carga transportada ser derramada no meio ambiente quando da ocorrncia de acidentes que geram avarias nos cascos. Ou seja, uma camada dupla de chapas minimiza o risco de contato do leo com a gua dos rios, oceanos e lagos (Figura 6).

Figura 6. Ilustrao de um sistema de casco duplo. Fonte: Ocenica UFRJ, 2010

5.2 NORMAS DA ANTAQ PARA TRANSPORTE DE LCOOL E DERIVADOS DE PETRLEO A Agncia Nacional de Transporte Aquavirio - ANTAQ, regulamenta o servio de transporte de cargas na navegao interior. Somente podem efetuar este tipo de transporte Empresas Brasileiras de Navegao (EBN) que atendam os requisitos tcnicos, econmicos, jurdicos e fiscais estabelecidos na Norma Para Outorga De Autorizao para Servio de Transporte de carga na navegao Interior Longitudinal, Interestadual e Internacional ou nas normas complementares, respeitados conforme for o caso os tratados, convenes e acordos internacionais, enquanto vincularem a Repblica Federativa do Brasil. (Resoluo n 2025 ANTAQ Art. 4, de 20 de abril de 2011).

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O requerimento de Autorizao para operar deve ser encaminhado a ANTAQ, acompanhado de uma srie de documentos como Registro da Embarcao, Certificado de Segurana, seguros e outros documentos junto aos rgos fiscais. A EBN se obriga a executar o servio observando as caractersticas prprias da operao, das normas, satisfazendo os requisitos de eficincia, segurana e proteo ao meio ambiente e s podero operar embarcaes em boas condies operacionais e regularizadas junto autoridade Martima e com Aplices de Seguro Obrigatrio por Danos pessoais Causados por Embarcaes ou por suas Cargas. Para o transporte a granel de lcool, petrleo e seus derivados aps a obteno do Termo de Autorizao da ANTAQ, deve-se obter a autorizao da Agncia Nacional do Petrleo ANP. 5.3 AS NORMAS DA AGNCIA NACIONAL DO PETRLEO ANP PARA TRANSPORTE DE LCOOL E DERIVADOS DE PETRLEO A portaria n 170, de 25 de setembro de 2002, da Agncia Nacional do Petrleo regulamenta a atividade de transporte a granel de lcool, petrleo e seus derivados por meio aquavirio e estabelece que esta atividade dever ser exercida exclusivamente, por empresas brasileiras autorizadas pela ANTAQ, as quais somente devero utilizar embarcaes detentoras de Declarao de Conformidade emitida pela Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil, e que atendam aos regulamentos que regem as atividades de transporte aquavirio. Uma das exigncias para as empresas brasileiras de navegao receberam autorizao da ANP para efetuar o transporte de derivados de petrleo que todas as embarcaes possuam declarao de conformidade emitida pela DPC, ou seja, tem que atender os itens da NORMAN referente a atividade que ela executa. No caso das balsas para transporte para lcool e derivados de petrleo utilizadas em nossa regio, estas devem atender a NORMAN 02 SEO III cujo ttulo TRANSPORTE DE LCOOL, PETRLEO E SEUS DERIVADOS.

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5.4 REGRAS DA NORMAM 02 PARA TRANSPORTE DE LCOOL E DERIVADOS DE PETRLEO A NORMAM o conjunto de regras que regulariza a navegao no Brasil. Em nossa regio as balsas que efetuam o transporte de lcool e derivados de petrleo devem atender aos requisitos da NORMAM 02 que especfica para a navegao interior. As regras do captulo 5 seo III da NORMAM 02 se aplicam a todas as embarcaes que transportem lcool, petrleo e derivados deve ser atendidas durante a construo de balsas petroleiras para que a autoridade martima emita a declarao de conformidade para transporte de petrleo, necessria para regularizao junto a ANP. A DPC mantm disponvel para consulta em seu site a listagem as embarcaes autorizadas e efetuar transporte de petrleo e seus derivados, no constando apenas os postos de abastecimento flutuantes nesta lista. As balsas para transporte de lcool e derivados de petrleo tm caractersticas peculiares que devem ser observadas durante sua construo. Embora a maior parte dos requisitos seja similar a construo de cascos de outros tipos de embarcaes os itens especficos para balsas petroleiras devem ser atendidos buscando a segurana relativa atividade que estas balsas vo desempenhar. 5.4.1 Proteo dupla em cascos e costados A balsa dever ser construda de modo que na regio dos tanques de carga existam fundos e costados duplos (figura 7), respeitando as distncias mnimas abaixo: Distncia entre superfcie dos tanques de carga e costado: 1,0 m; Distncia entre superfcie dos tanques de carga e o fundo: 0,76 m ou B/15, onde B= Boca (largura da embarcao), (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

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Figura 7. Ilustrao de revestimento duplo no fundo e costado Fonte: RBNA, 2006

5.4.2 Critrios de estabilidade Deve-se comprovada estabilidade suficiente nas condies intacta ou com a embarcao avariada. Na fase de projeto, deve ser determinada por meio de clculos de massa e momentos. Aps o trmino da construo estes clculos devem ser ratificados atravs de prova de inclinao. Deve ser comprovada estabilidade em todas as condies no carregamento e variaes de calado e trim (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III). 5.4.3 Avaria padro As seguintes hipteses devem ser assumidas para a extenso de avaria: Extenso longitudinal: 1/3(L) ou 14,5 m, o que for menor, onde L igual ao comprimento moldado da embarcao; Extenso transversal: B/5 ou 11,5 o eu for menor, onde B= boca (largura da embarcao); Extenso vertical: Pra cima sem limitao. A embarcao deve suportar avaria em dois compartimentos adjacentes conforme ilustra a figura 8 (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

Figura 8. Ilustrao de avaria em compartimentos adjacentes. Fonte: RBNA, 2006

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5.4.4 Disposio dos tanques de carga Os tanques de coliso, vante e r de forma alguma podero ser construdos para serem utilizados como tanques de carga. As extremidades de proa a popa so os pontos mais expostos a colises (figura 9) e a presena de combustvel nessas reas totalmente proibida, nem mesmo para o prprio consumo da embarcao (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

Figura 9. Tanques de carga afastados da proa e da popa Fonte: RBNA, 2006

5.4.5 Altura de soleiras de portas As portas externas que possibilitem acesso a um compartimento localizado abaixo do convs de borda livre ou ao interior de uma estrutura fechada devero ter uma soleira com altura mnima de 150 mm (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III). 5.4.6 Escotilhas e escotilhes As escotilhas devem possuir braolas com no mnimo 150 mm de altura e tampas que permitam seu perfeito fechamento assegurando a estanqueidade (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III). 5.4.7 Altura de elipses e aberturas para retirada de equipamentos Quando forem parafusadas dispensam qualquer requisito de altura mnima (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

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5.4.8 Altura dos suspiros

Os suspiros devem apresentam uma distncia mnima de 450 mm entre o convs e sua abertura e ser disposto de forma que no permita a entrada de gua de chuva (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

5.4.9 Altura dos dutos de ventilao ou exausto Devem manter uma altura mnima de 450 mm de sua abertura em relao ao convs (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III). 5.4.10 Borda de conteno com embornais Deve haver uma borda de proteo contnua no convs de pelo menos 150 mm de altura em volta da rea de carga para evitar vazamentos de leo para a gua (destacado em vermelho na figura 10). Esta borda de conteno dever conter embornais que possam ser obstrudos com bujes (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

Figura 10. Balsa petroleira com borda de conteno Fonte: CNA, 2009

5.4.11 Redes de carga e descarga obrigatria a existncia de tomadas de carga e descarga para evitar carregamentos realizados diretamente na abertura dos tanques.

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proibida a interligao de tanques de carga, tanques de resduos oleosos etc., com qualquer dispositivo que possa lanar acidentalmente leo na gua, como por exemplo, redes de esgoto. As tomadas de carga e descarga, redutores, redes de carga e descarga e as vlvulas devero ser de ao ou outro material adequado no sendo permitidos materiais como alumnio e ferro fundido que so frgeis e suscetveis a quebras. Todas as tomadas e tubulaes devem estar perfeitamente fixadas e rigidamente apoiadas (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III). As redes abertas ou tomadas no utilizadas devem possuir flanges cegos perfeitamente parafusados (Figura 11), da mesma forma que os demais flanges da rede (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

Figura 11. Tomada de rede no utilizada vedada com flange cego. Fonte: RBNA, 2006

As tomadas de carga e descarga devero ter bandejas de conteno com capacidade mnima de 200 l (Figura 12). Estas bandejas devem possuir uma rede de dreno com vlvula que retorne para um dos tanques de carga (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

Figura 12. Bandeja de conteno Fonte: RBNA, 2010

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Efetuar teste hidrosttico em todo sistema de mangueiras e mangotes e redes de carga a uma presso de teste 150 % da presso mxima de trabalho. Estes testes devero ficar registrados (Figura 13), e serem novamente executados a cada 12 meses. Uma forma prtica de registrar marcar na prpria rede a data do ltimo teste realizado e a presso do teste (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

Figura 13. Rede submetida a teste de presso. Fonte: RBNA, 2006

A rede de descarga dever possui manmetro na sada da bomba (Figura 14), e na tomada de carga e descarga para permitir o monitoramento das presses de operao e carregamento(NORMAM Captulo 5 Seo III).

Figura 14. Manmetro na sada da bomba Fonte: RBNA, 2006

5.4.12 Instalao do conjunto moto-bomba O Conjunto moto-bomba deve ser instalado fora da rea de carga e possuir casaria para abrig-lo (figura 15), com ventilao ampla e natural. Deve existir entre o motor e a bomba uma antepara com altura mnima de 1,5 m e largura mnima de 2,0 m, prxima a bomba para evitar borrifos de leo no motor em caso de vazamento (NORMAM Captulo 5 Seo III).

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Figura 15. Casa de bombas com ventilao natural Fonte: RBNA, 2006

O eixo de acionamento e todas as demais partes mveis do conjunto motobomba devem ter protees contra acidentes (Figura 16). (NORMAM Captulo 5 Seo III).

Figura 16. Eixo com proteo Fonte: RBNA, 2006

5.4.13 Casa de bombas em espaos confinados Quando em espaos confinados as casas de bombas devero possuir ventilao forada suficiente para 20 trocas de ar por hora. Os motores, chaves de partida de equipamentos e interruptores devero ser a prova de exploso. Deve haver fora da sala de bombas um dispositivo de paradas de emergncia das bombas.

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As bombas de carga devem ser instaladas em compartimento separado daquele em que for instalado o motor, segregados por antepara estanque a gs, incluindo passagem de eixos que devero tambm ser estanques. A casa de bombas dever ser dotada de alarme sonoro de nvel alto do poro (NORMAM Captulo 5 Seo III). 5.4.14 Motores a combusto permitidos S podem ser utilizados motores a combusto interna que utilizem combustveis com ponto de fulgor superior a 60 C. Sendo descartados, portanto motores a lcool e gasolina e estes motores devem ser a prova de exploso com inibidores de centelha aps o silencioso (NORMAM Captulo 5 Seo III). 5.4.15 Sistema de ventilao dos tanques de carga Os tanques devem possui dispositivos destinados a assegurar que nem a presso ou vcuo excedam os parmetros de projeto (vlvulas de Presso/Vcuo, Figura 17), certificadas em teste de bancada com validade que no ultrapasse 24 meses (NORMAM Captulo 5 Seo III).

Figura 17. Vlvulas PV Fonte: RBNA, 2006

5.4.16 Instalaes eltricas em geral Toda instalao eltrica, seus equipamentos e acessrios devem ser a prova de exploso (Figura 18). Todo equipamento (eltrico/bateria) porttil deve ser do tipo aprovado estanque a gs (NORMAN Captulo 5 Seo III).

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Figura 18. Luminria a prova de exploso Fonte: RBNA, 2006

5.4.17 Iluminao A iluminao no convs da embarcao (Figura 19), deve ser suficiente para operaes noturnas (NORMAN Captulo 5 Seo III).

Figura 19. Mastro com refletores Fonte: RBNA, 2006

5.4.18 Bandeira Bravo A embarcao deve possuir um mastro com a bandeira bravo (figura 20), de acordo com o Cdigo Internacional de Sinais (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

Figura 20. Bandeira Bravo Cdigo Internacional de Sinais Fonte: Socorro Carvalho, 2011

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5.4.19 Avisos de emergncia A embarcao deve possui avisos de emergncia como: Perigo, Mantenha-se Afastado, Risco de Exploso (Figura 21), No Fume, No Provoque Centelha (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

Figura 21. Modelo de aviso de emergncia Fonte: Google, 2011

5.4.20 Alarmes de nvel Cada tanque de carga deve possuir alarme de nvel alto que dever alarmar quando o nvel do tanque alcanar 95 % da sua capacidade. O alarme dever ser individual e deve ser ouvido em toda a rea de operao da embarcao (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III). 5.4.21 Luz de sinalizao Deve haver uma luz circular encarnada com alcance de no mnimo 3 milhas para embarcaes com AB maior que 50 e 2 milhas para AB menor que 50 (Figura 22). Essa sinalizao ser usada durante as operaes noturnas. (NORMAM 02 Captulo 5 Seo III).

Figura 22. Mastro com luz encarnada na proa Fonte: RBNA, 2006

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CONCLUSO

A criao do Plo Naval de Manaus pretende tornar competitivos os estaleiros que hoje constroem de forma artesanal. O grande desafio ser capacitar mo de obra nos mais diversos nveis para evitar que a falta de qualificao seja um entrave ao crescimento almejado. A construo de balsas petroleiras continuar sendo um dos pontos fortes da construo local. Estaleiros que recebero o apoio do governo com a criao do Distrito Naval e que pretendem entrar na disputa dessas obras, precisam adequar suas instalaes, investir em novas tecnologias e capacitar mo de obra para estar preparados a produzir com qualidade e segurana A aplicao das regras da NORMAM essencial a qualquer estaleiro que deseje produzir de acordo com a legislao. Essas regras podem ser acessadas no site da DPC e devem estar disponvel para consulta a todos os envolvidos nas obras.

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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS SEPLAN-AM. Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econmico Governo do Estado do Amazonas. Arranjo produtivo local de construo naval no Amazonas. Manaus. 2008. PORTO, T.M.C.L. Estudo de arranjo para estaleiro especializado na construo de balsas fluviais. Monografia (Graduao em Engenharia Naval) Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009. Servio de Apoio s Micro e Pequenas Empresas do Amazonas - SEBRAE. Setor Naval de Manaus Relatrio Consolidado das Empresas Cadastradas ao SINDNAVAL. Manaus, 2010. Agncia Nacional de transporte Aquavirio - ANTAQ. O Transporte Aquavirio no Brasil. Braslia-DF, 2006. PACHECO, I.S. Transporte de Combustveis nos rios Amazonas e Solimes. Palestra apresentada durante Seminrio Internacional sobre Hidrovias Brasil / Flanders-Blgica. Braslia DF, 2007. Disponvel em: http://www.antaq.gov.br/Portal/pdf/Palestras/IvanSergioPetrobras.pdf. Acesso em 03 jul. 2012. Diretoria de Portos e Costas. NORMAM 02- Normas da Autoridade Martima para Embarcaes Empregadas na Navegao Interior, 2005. RBNA, Regras para Classificao e Construo de Embarcaes de Ao para Navegao Interior, 2006. International Maritime Organization (IMO) - International Convention for the Prevention of Pollution from Ships, 1973, Protocol of 1978 (MARPOL), 2009. Agncia Nacional do Petrleo - ANP. Disponvel em http://www.anp.com.br. Acesso em 15 jun. 2012. Superintendncia da Zona Franca de Manaus SUFRAMA. SUFRAMA discute a expanso do Plo Naval. Disponvel em http://www.suframa.gov.br. Acesso em 01 jul. 2012. Agncia Nacional de Transporte Aquavirio ANTAQ, Disponvel em: http://www.antaq.gov.br/Portal/pdfSistema/Publicacao/0000005001.pdf. Acesso em 15 jun. 2012. Transporte Aquavirio de etanol Preveno de Riscos nas Embarcaes. RBNA. Disponvel em: http://www.industrianaval.com.uy/c/document_library/get_file?folderId=9462&name= Mattos+16.30.pdf. Acesso dia 15 jun. 2012.

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SOARES, R. O Pulmo Intoxicado pelo Diesel, REVISTA VEJA, Brasil, Setembro. Edio especial Amaznia. 2009 SILVA, P.R. Transporte Martimo de Petrleo e Derivados na Costa Brasileira: Estrutura e Implicaes Ambientais. Tese (Mestrado em Cincias em Planejamento Energtico) Universidade Federal do Rio de Janeiro, COPPE, 2004.

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