Análise Das Cotas de Inundação Das Praias Da Enseada Do Itapocorói-Sc em Diferentes Escalas Temporais, Utilizando o Software SMC Brasil 3.0
Análise Das Cotas de Inundação Das Praias Da Enseada Do Itapocorói-Sc em Diferentes Escalas Temporais, Utilizando o Software SMC Brasil 3.0
Análise Das Cotas de Inundação Das Praias Da Enseada Do Itapocorói-Sc em Diferentes Escalas Temporais, Utilizando o Software SMC Brasil 3.0
ITAJAÍ
2014
ii
ITAJAÍ
2014
iii
NOTA
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente aos meus pais por toda a confiança, por acreditarem
em mim, e por não medirem esforços em me ajudarem a concluir meus estudos,
agradeço do fundo do meu coração
Agradeço a Érica, por todo apoio, ajuda, companheirismo e carinho, agradeço
também a sua Família pelas energias positivas, e apoio durante essa etapa.
A Paula Gomes por ajudar a tirar minhas dúvidas, por toda paciência, incentivo
e tempo dedicado.
A meu professor e orientador Thadeu pela orientação e ajuda na conclusão
deste trabalho.
A todos do LOG, que sempre tiveram presente durante essa etapa de
aprendizagem, com certeza todos vocês foram muito importantes.
Agradeço a Congregação Santa Doroteia do Brasil, pela bolsa de estudo,
tornando possível a realização deste sonho.
Por fim agradeço a todos meus amigos por todo o apoio e incentivo, momentos
e aprendizagem durante mais esta fase da minha vida, obrigado a todos.
v
RESUMO
A proposta de estudo se baseia na premissa de que a região costeira, sendo um ambiente
de intensa dinâmica oceânica em um complexo sistema de interação, oceano -
continente – atmosfera, e com as maiores densidades demográficas do território
brasileiro; Por esse motivo, há uma necessidade de estudos combinados desses
fenômenos para que se desenvolvam medidas mitigatórias de proteção da linha de costa
no âmbito ambiental e sócio econômico. No presente trabalho utilizou-se software SMC
Brasil 3.0 para calcular as cotas de inundação para ambiente costeiro da Enseada do
Itapocorói - SC e tentar prever a cota de inundação em casos de eventos extremos, em
diferentes períodos de retorno que representa o intervalo no qual um evento de
determinada magnitude é igualado ou superado, ajudando nas tomadas de decisões
futuras, a fim de minimizar o impacto ambiental e socioeconômico.A área de estudo
apresenta um histórico de sucessivos problemas decorrentes da erosão costeira
ocasionados pela interação de múltiplos fatores tais como: regime clima de ondas, marés
e correntes litorâneas, oscilações climáticas como eventos de tempestades, variações do
nível do mar. O trabalho apresentou resultados de cota de inundação para os diferentes
setores da área de estudo, que foi dividida em: protegido e exposto, para período de
retorno de 50 e 100 anos. Os resultados de cota de inundação para período de retorno
de 50 anos foi de 3,38m setor protegido e 4,45m setores exposto e para período de
retorno de 100 anos 3,92m setor protegido e 5,01m setor exposto.
SUMÁRIO
Resumo............................................................................................................................ v
Sumário..........................................................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................ viii
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... x
LISTA DE EQUAÇÕES ............................................................................................... x
LISTA DE QUADROS .................................................................................................. x
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................... xi
INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 12
ÁREA DE ESTUDO ............................................................................................. 14
OBJETIVOS ......................................................................................................... 17
OBJETIVO GERAL .................................................................................... 17
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 17
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ........................................................................ 18
PRAIAS ......................................................................................................... 18
PRAIAS DE ENSEADA .................................................................................................... 20
ONDAS .......................................................................................................... 21
MARÉ ............................................................................................................ 24
MARÉS ASTRONÔMICAS .............................................................................................. 25
MARÉS METEOROLÓGICAS ......................................................................................... 26
NÍVEL MÉDIO DO MAR ........................................................................... 28
RUNUP .......................................................................................................... 29
CÁLCULO RUNUP SILVA (2012) .................................................................................. 32
CÁLCULO RUNUP NIELSEN e HANSLOW (1991) ..................................................... 33
INUNDAÇÃO COSTEIRA ......................................................................... 33
CÁLCULO DA COTA DE INUNDAÇÃO ....................................................................... 34
SMC BRASIL 3.0 ......................................................................................... 34
SMC-TOOLS ..................................................................................................................... 35
MÓDULO AMEVA ........................................................................................................... 35
SELEÇÃO DE CASOS (MaxDiss) ............................................................. 36
PROBLEMA DO NÍVEL DE REFERÊNCIA (DHN x IBGE) ................ 36
METODOLOGIA.................................................................................................. 38
DADOS UTILIZADOS ................................................................................ 38
NÍVEL MÉDIO DO MAR ................................................................................................. 39
BATIMETRIA ................................................................................................................... 39
MARÉ ASTRONÔMICA .................................................................................................. 40
vii
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
LISTA DE EQUAÇÕES
LISTA DE QUADROS
LISTA DE ABREVIATURAS
A - amplitude da onda;
AMEVA - Análisis Matemático Estadístico de Variable Ambientales;
CL - cota de inundação;
Dir -direção de ondas;
DOW - Downscaled Ocean Waves;
GOW - Global Ocean Waves;
GOS - Global Ocean Surges;
GOT - Global Ocean Tides ;
Hs - Altura de onda;
H0rms - média geométrica da altura de todas as ondas medidas;
IPCC - Intergovernamental Panel on Climate Change;
R – runup ;
R2% - Wave run-up excedido por 2% dos casos analisados;
R2% Nielsen e Hanslow (1991) - Wave run-up excedido por 2% dos casos calculado
através da equação de Nielsen e Hanslow (1991);
R2% semiexposto Equação calibrada de Silva 2012 para o setor semiexposto;
R2%exposto Equação calibrada de Silva 2012 para o setor exposto;
R2%protegido - Equação calibrada de Silva 2012 para o setor protegido;
R2%semiprotegido Equação calibrada de Silva 2012 para o setor semiprotegido;
ROMS - Regional Ocean Modeling System;
L0 - comprimento de onda em água profunda;
NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration;
NM - nível médio do mar;
MA - maré astronômica;
MaxDiss – Algoritmo utilizado para a seleção de casos de onda baseado na máxima
dissimilaridade entre os dados da série;
MM - Maré meteorológica;
SWAN - Simulating WAves Nearshore;
SMC - Sistema de Modelagem Costeira;
SRTM - Shuttle Radar Topography Mission
Tp - período de pico;
tanᵦF - Referente à declividade da face da praia;
12
INTRODUÇÃO
ÁREA DE ESTUDO
tempestade (ressacas) que até o ano de 1998 perdeu cerca de 140.000m³ de sedimentos
em uma extensão de 1,5 km de orla, e que causou prejuízos tanto econômicos quanto
ambientais para a região. (ABREU et al., 2000; REID et al., 2005 apud ARAUJO,
2008). Com intuito de recuperar a faixa de areia perdida nesse período até 1998, foi
realizado em 1999 a reposição de 880.000m³ de sedimento em 2.100m de faixa de areia
(419m³/m) através de um aterro hidráulico. Entretanto, nove anos após o aterro a praia
de Piçarras novamente apresenta uma diminuição do pacote sedimentar evidenciando
mais uma vez um processo erosivo decorrente da ausência de um plano de manutenção
da obra (ARAUJO, op cit).
Com a finalidade de conter o contínuo processo erosivo e recuperar a praia
novamente foi realizado em 2008 um novo projeto de recomposição e manutenção do
depósito sedimentar na faixa de areia para reestabelecer a largura prevista no ano de
1999. O projeto buscava a realização de um novo aterro hidráulico e a construção de
dois espigões com 115 metros dispostos de forma perpendicular ao longo da enseada
(OLPE, 2012).
Em dezembro de 2011 deu início a primeira etapa do projeto, obras de contenção
de areia, com a construção de dois espigões em forma de “T” que foram construídos
com o intuito de reduzir a retirada de areia pelas correntes marinhas que atuam na região.
O espigão norte apresenta cerca de 125m de comprimento na sua faixa vertical e 60m
no seu trecho transversal. Já o espigão sul apresenta cerca de 160m de comprimento na
sua faixa vertical e também 60m no seu trecho transversal, e a distância entre eles é de
cerca de 800m entre eles. (OLPE, 2012).
A segunda etapa do projeto, com obras de aterro hidráulico teve início em
dezembro de 2012 e tem uma extensão prevista de 2.000 m a partir do molhe do rio
Piçarras até o espigão norte. O aterro visa então apresentar um volume estimado de
785.989,51m³. (OLPE,2012).
17
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
PRAIAS
As praias oceânicas ocorrem no litoral por todo o mundo e são produtos de três
fatores básicos: ondas, sedimentos e substrato. São também influenciadas por marés e
impactadas por diversos fatores geológicos, bióticos, químicos e de temperatura
(SHORT, 1999).
Praias oceânicas são ambientes altamente dinâmicos formadas por sedimentos
inconsolidados que se situam sobre a zona costeira, constantemente são sujeitas a
alterações morfodinâmicas resultantes de variações no regime energético incidente.
(HORIKAWA, 1988; HOEFEL 1998).
Wrigtht e Short (1984) definem praias como sendo a consequência da interação
das ondas incidentes com o sedimento disponível no litoral, tendo início no local em
que a onda começa a influenciar o sedimento sobre o fundo oceânico, desde a zona de
arrebentação até a zona de espraiamento.
Hoefel (1998) zoneou o ambiente praial em distintas zonas do ponto de vista
hidrodinâmica e morfodinâmica (Figura 2) sendo elas:
Figura 2: Zonação hidrodinâmica e morfológica tipicamente observada em uma praia arenosa
(Adaptada: Hoefel,1998).
Fonte:
Olpe, 2012.
ZONAÇÃO HIDRODINÂMICA
Zona de arrebentação (Breaking Zone): É a zona em que a onda, ao
aproximar-se de águas mais rasas, torna-se instável e a velocidade da crista excede a
19
ZONAÇÃO MORFOLÓGICA:
dissipam sua energia através da zona de surfe e quebram antes de atingir a face da praia
(SHORT, 1999).
Eventos de alta energia, como tempestades, trazem com elas elevada ação de
energia de ondas sobre a praia e isto faz com que o sedimento tenda a ser transportado
em direção à antepraia no qual é removido da porção subaérea da praia e depositado na
forma de bancos. Quando o nível energético de ondas volta a seu estado normal ocorre
o processo reverso, o sedimento depositado na forma de bancos tende a voltar para
porção emersa da praia . (SHORT, 1999). Esses eventos de alta e baixa energia atuam
na maioria das zonas costeiras do mundo e possuem uma sazonalidade que, no inverno,
ocorrem as maiores ondas devido à maior intensidade de eventos de alta energia
(tempestades) e no verão as ondas são menores, causando mudanças sazonais no perfil
da praia (KOMAR, 1983).
PRAIAS DE ENSEADA
ONDAS
MARÉ
Fonte:
Silva, 2012.
No trabalho de Davies (1964) o autor classificou a região costeira de acordo com
a variação média da maré de sizígia. Quando a variação de maré for menor que 2m
encontram-se sob o regime de micromarés (< 2m); com variações entre 2 e 4m sob o
regime de mesomarés (2 a 4m); e costas com variações maiores que 4m sob o regime
de macromarés (> 4m).
De um modo geral, quanto menor a declividade da praia maior o alcance
horizontal e menor o vertical. (DAVIS, 1985).
MARÉS ASTRONÔMICAS
forças (gravitacional ou centrifuga) for superior à outra, e marés baixas quando essas
forças forem equivalentes. (PARK, 2008).
Figura 7: Forças gravitacional e centrífuga atuantes no sistema Terra-Lua.
MARÉS METEOROLÓGICAS
Figura 10: Variações do nível médio do mar. Em vermelho representação para cenário
pessimista e azul para cenário otimista para projeções até 2100.
O nível do mar está se elevando mais rápido agora do que nos últimos dois
milênios, e esta elevação vai continuar se acelerando – independente dos cenários de
emissões, e até mesmo no caso de intensa mitigação. Os novos cenários do IPCC
projetam um aumento do nível do mar mais rápido que as projeções anteriores (18 a 59
cm), quando comparados os mesmos períodos e cenários de emissões (IPCC 2007).
RUNUP
Fonte:
SILVA, 2013.
Dentre as formulações apresentadas a proposta por SILVA (2012) foi escolhida
para ser utilizada neste trabalho.
Setor Protegido:
R2%protegido = 0,269 * R2%Nielsen e Hanlow (1991)+0,360 (1)
Semiprotegido:
𝑅2%𝑠𝑒𝑚𝑖𝑝𝑟𝑜𝑡𝑒𝑔𝑖𝑑𝑜 = 0,195 ∗ 𝑅2%𝑁𝑖𝑒𝑙𝑠𝑒𝑛 𝑒 𝐻𝑎𝑛𝑙𝑜𝑤 (1991) +0,59 (2)
Setor Semiexposto:
𝑅2%𝑠𝑒𝑚𝑖𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 = 0,529 ∗ 𝑅2%𝑁𝑖𝑒𝑙𝑠𝑒𝑛 𝑒 𝐻𝑎𝑛𝑙𝑜𝑤 (1991) + 0,421 (3)
Setor Exposto:
𝑅2%𝑒𝑥𝑝𝑜𝑠𝑡𝑜 = 0,601 * 𝑅2%𝑁𝑖𝑒𝑙𝑠𝑒𝑛 𝑒 𝐻𝑎𝑛𝑙𝑜𝑤 (1991) + 0,603 (4)
33
Nielsen e Hanslow (1991) fizeram testes para cálculo de runup em seis praias
arenosas reais (de praias dissipativas a refletivas), com declividades variadas,
relacionando-os aos dados de altura de ondas de águas profundas (aproximadamente
80m). No presente trabalho utilizamos a equação de runup excedido por 2% dos casos
analisados.
R2% 𝑁𝑖𝑒𝑙𝑠𝑒𝑛 𝑒 𝐻𝑎𝑛𝑙𝑜𝑤 (1991) = 1,98 *(0,6(H0rms * L0)0,5 tanᵦ) (5)
para tanᵦ ≥ 0,10 ou
R2% 𝑁𝑖𝑒𝑙𝑠𝑒𝑛 𝑒 𝐻𝑎𝑛𝑙𝑜𝑤 (1991) = 1,98 *(0,05(H0rms * L0)0,5) (6)
para tanᵦ < 0,10.
H0rms é a média geométrica da altura de todas as ondas medidas.
L0 é o comprimento de onda em água profunda.
Para a conversão da altura média de ondas, será usada a equação (7) descrita por
Holthijsen (2007)
1
HORMS= √2𝐻𝑠 (7)
2
INUNDAÇÃO COSTEIRA
ventos também é importante, pois os ventos do quadrante sul empilham água na costa
brasileira através do transporte de Ekman (RUDORFF, 2005).
O SMC Brasil 3.0 é um pacote de software que permite uma grande variedade
de tarefas, é composto por modelos de propagação de ondas, geração de correntes e
transporte de sedimentos, sendo que um projeto pode ser criado a partir de arquivos de
batimetria e / ou imagens de uma área de estudo (fotos, desenhos, gráficos, etc.) (IH
CANTABRIA, 2000).
SMC-TOOLS
MÓDULO AMEVA
A seleção dos casos de ondas será realizada através da técnica chamada MaxDiss
(Máxima Dissimilaridade) proposta por Camus et al. (2011). Trata-se de um método
cíclico, que realiza a seleção dos casos mais dissimilares (diferentes) até que seja
alcançado o número de casos determinado nas configurações do algoritmo.
Primeiramente, os parâmetros de onda (Hs, Tp e Ѳm) são normalizados, afim de
que todos tenham o mesmo peso na seleção. A rotina inicia a seleção com o caso que
apresenta os maiores valores de parâmetros de ondas normalizados. Em seguida
encontra o caso mais distante daquele já selecionado e os transfere a uma subamostra.
Daí em diante, passa a selecionar os casos com valores mais distantes daqueles já
selecionados e já transferidos à subamostra. Esta distância é calculada em termos de
diferenças euclidianas e a seleção para no momento em que o número de casos solicitado
no algoritmo é alcançado (SILVA, 2012; SILVA, 2013).
Camus (2009) verificou que quanto maior o número de casos selecionados, mais
representativa é a subamostra e mais consistente é a reconstrução da série em águas
rasas. No entanto, ao realizar testes com diferentes tamanhos de subamostras, a autora
constatou que após um n amostral de 100, os erros referentes à seleção passam a ser
pouco representativos.
medido em Imbituba (Litoral sul do Estado). O marco do IBGE tem como referência o
nível médio do mar, também medido em Imbituba, mas em outro período. (SILVA,
2013).
38
METODOLOGIA
BATIMETRIA
A batimetria (Figura 15) base utilizada no estudo, faz parte do banco de dados
do software SMC Brasil 3.0, os dados foram extraídos através da digitalização de cartas
náuticas para todo litoral brasileiro.
40
Figura 14: Batimetria obtida no software SMC, através da digitalização de cartas náuticas.
MARÉ ASTRONÔMICA
O SMC Brasil 3.0 possui em sua base de dados uma série temporal horária de
60 anos (1948-2008) de maré astronômica (GOT) em diversos pontos da costa
brasileira. A série temporal foi gerada pela IH Cantábria utilizando constantes
harmônicas do modelo global de maré TPXO (versão 7-
http://volkov.oce.orst.edu/tides/global.html) que possui em sua base de dados 8
constantes harmônicas diurnas e semidiurnas (K1,O1,P1,Q1,M2,S2) (Figura, 6) e duas
componentes de longo prazo (Mf e Mn), com uma distribuição espacial de 0,25º.
Utilizando o modelo TPXO as constantes harmônicas foram extraídas para cada ponto
ao longo da costa brasileira, é utilizado para o cálculo da maré astronômica no período
de 1948-2008. (Figura 15)
41
Figura 15: Pontos de dados de maré extraídos do modelo TPXO ao longo da costa
brasileira
.
Fonte: Retirado de SILVA ,2013.
A série temporal obtida através do modelo global de maré TPXO foi comparada
com dados medidos por 21 marégrafos que estão distribuídos ao longo da costa
brasileira, para assim realizar a validação dos dados obtidos.
MARÉ METEOROLÓGICA
A base de dados do SMC Brasil 3.0 possui também para maré meteorológica
(GOS), uma série temporal horária de 60 anos (1948-2008) e uma resolução espacial de
0,25º. (IH CANTABRIA, 2000).
Para simular a série temporal a IH Cantábria, utilizou o modelo de circulação
ROMS (Regional Ocean Modeling System), que é um modelo numérico hidrostático de
superfície livre e equações primitivas, que utiliza dados de batimetria do modelo
42
ETOPO2 (NOAA) e ventos a 10m de altura e pressão ao nível do mar, obtidos a partir
de reanálise. (IH CANTABRIA, 2000).
ONDAS
AMEVA
ferramenta AMEVA faz uma análise estatística de toda série temporal que compõe o
banco de dados do SMC Brasil 3.0. Podendo assim obter informações para confeccionar
as malhas de calculos em função da orientação e contorno da costa e das ondas
incidentes na área de estudo.
MALHAS DE CÁLCULO
Figura 16: Esquema da construção de malhas com diferentes orientações, para permitir a entrada
de ondulações com diferentes direções.
Figura 17: Rosa de frequência direcional de ondas, relativa ao ponto DOW selecionado, obtido pelo
programa AMEVA
Tabela 1: Tabela de estatísticas do período de onda. Aquelas com maior ocorrência foram destacadas com
o retângulo azul
Tabela 2: Tabela de estatísticas do período de onda. Aquelas com maior ocorrência foram destacadas com
o retângulo azul
orientação das malhas de propagação, onde foi criado duas malhas para receber todas
as direções de ondas que atingem a região.
Foram criadas duas malhas de cálculo para realização deste estudo, utilizando
uma primeira malha criada para receber ondas incidentes de (E, ENE) e a segunda malha
para receber ondas incidentes de (ESE, SE) (Figura, 18), com espaçamento de centenas
de metros (30x30) .
Figura 18: Malhas de cálculo criadas para receber as ondas incidentes sobre área de estudo.
A seleção dos casos de ondas foi realizada através da técnica chamada MaxDiss
(Máxima Dissimilaridade).
E um método cíclico, que realiza a seleção dos casos mais dissimilares
(diferentes) até que seja alcançado o número de casos determinado nas configurações
do algoritmo (Figura 19)
47
Figura 19: Casos selecionados a partir da metodologia MaxDiss. Em preto estão apresentadas as séries
completas; em vermelho, a seleção feita a partir da metodologia Maxdiss.
Maxdiss cria uma lista com todos os casos criados (Figura 20), onde podem ser
selecionados para propagação.
Figura 20: Seleção dos casos a se propagar com suas respectivas malhas e parâmetros que caracterizam
as ondas
todo o domínio das malhas, podendo assim reconstruir as séries de estado de mar em
qualquer ponto do domínio.
As informações foram aplicadas no submódulo de Pré-processo que compõe parte
do módulo IH-DYNAMICS, que permite avaliar o ponto de quebra das ondas em um
perfil de praia, para cada esta do de mar, onde se pode obter o transporte litorâneo de
sedimento, o fluxo médio de energia das ondas e a cota de inundação e runup no ponto
da costa selecionado.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
SETOR PROTEGIDO
Os valores de cota de inundação gerado pelo SMC Brasil 3.0 não utiliza as
projeções de NM do IPCC (2013) no cálculo da cota de inundação. Onde foram
extraídos valores de cota de inundação para setor protegido da praia de 2,92 metros
para período de retorno de 50 anos e 3,07 metros para 100 anos.
Para realização do cálculo da cota de inundação utilizando o runup proposto por
Silva (2012) o qual foi desenvolvido para praias de enseadas, foram utilizados os valores
de runup gerado pelo SMC Brasil 3.0, retirados do gráfico (Figura, 23) para período de
retorno de 50 e 100 anos e aplicado na (Equação, 1).
Os dados de runup e composto pelo wave set-up e espraiamento da onda na face
da praia que utiliza dados propagados de ondas até a costa.
Os dados de ondas obtidas a partir de métodos de reanálise baseados em modelos
numéricos possuem certas limitações principalmente relacionadas com a escala dos
processos e a baixa precisão da batimetria principalmente próximo à costa onde as
características da onda sofrem alterações.
Figura 23: Runup (R2%) usando formulação proposta por 𝑁𝑖𝑒𝑙𝑠𝑒𝑛 𝑒 𝐻𝑎𝑛𝑙𝑜𝑤 (1991), gerado pelo SMC
Brasil 3.0, para setor protegido da praia.
Foi adquirido os valores de runup R%2(setor protegido) 0,81 metros para período de
retorno de 50 anos e 0,82 metros para 100 anos.
52
Os valores de MM (Figura, 24) e MA (Figura, 25) geradas pelo SMC Brasil 3.0,
foram extraídos para período de retorno de 50 e 100 anos, que somados com NM (IPCC,
2013) e R2%(setor protegido (silva, 2012)) (Equação,1) nos fornece a cota de inundação.
Os dados de maré astronômica foram gerados a partir de 10 constante
harmônicas que correspondem as principais forçantes lunares e solares de maré
astronômica obtidos a partir do modelo global de maré TPXO, que para áreas longe da
costa se aplica muito bem. Porem em áreas onde as configurações topo-batimétrica
afetam a propagação da onda de maré, é possível encontrar diferenças entre a base de
dados e dados in situ.
Os dados de maré meteorológica utilizam uma simulação numérica com
resolução global, que não incluem alguns eventos de dimensões regionais e locais que
possam surgir na costa brasileira ou na sua proximidade, o que pode ter efeitos sobre os
valores gerados.
Figura 24: Período de retorno de maré astronômica, projetados para 200 anos, com base numa série
temporal de 60 anos, obtido através do módulo AMEVA, para setor protegido
53
Figura 25: Período de retorno de maré astronômica, projetados para 200 anos, com base numa série
temporal de 60 anos, obtido através do módulo AMEVA, para setor protegido
metros para período de retorno de 50 anos e 2,4 metros para 100 anos. Essa diferença
se dá pela utilização de diferentes projeções sobre nível médio do mar e metodologia.
Figura 26: Carta de inundação gerada para setor protegido e período de retorno de 50 anos.
56
Figura 27: Carta de inundação gerada para setor protegido e período de retorno de 50 anos.
SETOR EXPOSTO
Da mesma forma como realizado para setor protegido da praia, foi traçado um
perfil para setor exposto da praia de Piçarras, o que permitiu extrair os resultados do
modelo numérico para porção exposta da praia (Figura, 26)
Figura 29: Período de retorno de cota de inundação, projetados para 200 anos, com base em dados de uma
série temporal de 60 anos, obtido para setor exposto da praia. Valores não utilização a variação do nível
do mar no cálculo.
Os valores gerados para o cálculo de inundação foi de 3,39 metros para período
de retorno de 50 anos e 3,48 metros para 100 anos.
Para realização da cota de inundação utilizando o runup proposto por Silva
(2012) para setor exposto, utilizamos os valores de runup gerado pelo SMC Brasil 3.0
retirado do gráfico (Figura, 30) para período de retorno de 50 e 100 anos e aplicado na
(Equação, 4)
59
Figura 30: Runup (R2%) usando formulação proposta por 𝑁𝑖𝑒𝑙𝑠𝑒𝑛 𝑒 𝐻𝑎𝑛𝑙𝑜𝑤 (1991), gerado pelo SMC
Brasil 3.0, para setor exposto da praia
Figura 31:Carta de inundação gerada para setor exposto e período de retorno de 50 anos.
61
Figura 32: Carta de inundação gerada para setor exposto e período de retorno de 100 anos.
CONCLUSÕES
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