O LATIM E OS DIALETOS O latim era a lngua falada no Lcio (Latium), regio central da Itlia, onde fica a cidade de Roma.

Mas no era a nica lngua falada na pennsula itlica, onde tambm se falava o osco, o umbro, o etrusco e tambm o grego. No entanto, o latim prevaleceu sobre as demais, ajudada pelas grandes conquistas militares dos romanos. O latim, enquanto idioma, existia desde os tempos pr-histricos, porm foi a partir do sculo III a.C. que passou a adquirir uma forma literria, construindo-se aos poucos uma gramtica com regras explcitas, cuja consolidao se deu por volta do sculo I a.C., que considerado o perodo clssico do latim. Quando nos referimos ao latim clssico, estamos nos referindo ao latim da poca de Ccero, Csar, Sneca, ou seja, ao da poca do apogeu do imprio romano. No entanto, ao lado desta lngua erudita, castia, falada e escrita pelas pessoas letradas, havia o latim popular, que assumia formas mais livres e sem a preciso das regras gramaticais, falada pelas pessoas do povo e, principalmente, pelos soldados romanos, que participavam das guerras de conquistas. Foi desta lngua popular, no confronto com outros idiomas falados nas diversas localidades por onde passou o rolo compressor das legies romanas, que se originaram as lnguas romnicas, dentre elas, o portugus, o espanhol, o francs, o italiano. Paralelamente a isto, a partir do sculo III d.C., com a expanso do cristianismo pelo imprio romano, temos o perodo cristo da lngua latina, representado pelos escritores eclesisticos a partir de ento, sobretudo Santo Agostinho, So Jernimo, Tertuliano, Santo Ambrsio, dentre outros. Este latim com influncias eclesisticas foi o que mais predominou no ensino do latim em nosso meio, de modo especial com a matiz italiana da pronncia, ensinada nas escolas brasileiras at o incio dos anos '60. Em resumo, portanto, podemos distinguir o latim erudito em latim clssico e latim eclesistico. Quanto aos dialetos, podemos dizer que no h dialetos latinos, uma vez que as variaes populares da lngua se transformaram em outros idiomas autnomos. Os latinos: a terra e o povo.

Os latinos foram assim chamados por habitarem uma regio da Itlia antiga chamada de Lcio (em latim, Latium), onde fica ainda hoje a cidade de Roma. Eram seus vizinhos territoriais os etruscos e os sabinos. Da unio destes trs povos (latinos, etruscos e sabinos) originaram-se os romanos, o povo que conquistou o mundo antigo pela arte da guerra e, com a expanso de sua lngua e de sua cultura, deu origem tambm s diversas lnguas hoje faladas na Europa central e numerosos pases da Amrica. So as lnguas neolatinas (italiano, francs, romeno, espanhol, portugus), que resultaram deste caldeiro cultural imposto ao mundo ocidental pelos romanos, ao longo de 500 anos. Da inteligncia e do talento poltico dos romanos, nasceu um fruto que foi colhido por toda a humanidade: o direito. O direito romano uma das grandes fontes do direito contemporneo em todos os pases, e no apenas naqueles onde se faz sentir o efeito direto de sua cultura. Aps conquistarem todo o mundo antigo, os romanos submeteram todos os inimigos. Especializados na arte da guerra e no tendo mais contra quem guerrear, deixaram-se trair pelas leviandades e pelos vcios que acompanham a opulncia, vindo a ser derrotados pelos hunos, no final do sculo V d.C., pondo fim a uma etapa da histria da humanidade. O Latim de ontem e de hoje. Aps a reforma do ensino brasileiro determinada pela Lei n. 4.024/61, o estudo do latim deixou de ser obrigatrio nas escolas. Da em diante, foram poucas as pessoas que tiveram oportunidade de estudar a lngua e a tradio dos romanos. So trinta e tantos anos de abandono do idioma que deu origem lngua portuguesa. Estamos assistindo agora passagem da segunda gerao de brasileiros que no mais tiveram contato com as razes do portugus. O resultado que todos vem o declnio assustador da qualidade do ensino da lngua ptria em todos os nveis escolares. Temos uma numerosa parcela de professores do ensino bsico e mesmo do universitrio que falam e escrevem incorretamente, por causa do desconhecimento de regras e princpios bsicos da lngua latina. Foi pensando em recuperar estes estudos e ainda compartilhar com possveis interessados um pouco do que tive o privilgio de aprender, que surgiu a idia de utilizar o espao aberto pela WEB, de onde foi retirado grande parte desta apostila, para divulgar algumas informaes fundamentais sobre o idioma

latino. Trata-se, na verdade, de um estudo inicial destinado queles que no tm conhecimento algum do latim. ------------------------------------------------------------------------------------------------------------O alfabeto latino: regras bsicas e pronncia 1. Grafia: O alfabeto latino o mesmo da lngua portuguesa, excetuando-se aquelas letras de origem anglo-germnica (k, y, w). As vogais e consoantes tm a mesma classificao e so grafadas da mesma maneira, tanto nas maisculas como nas minsculas. 2. Pronncia: Os sons correspondentes s letras do alfabeto em latim tm a mesma caracterstica da pronncia em portugus, com algumas pequenas diferenas, que apresentamos a seguir: 2.1. As vogais devem ser pronunciadas com o som original da letra, mesmo quando no so tnicas. Por exemplo: em portugus, a palavra "belo" pronuncia-se ''blu''; j em latim, a palavra ''bello'' pronuncia-se ''blo''. Em portugus, a palavra ''triste'' pronuncia-se ''trsti''; j em latim, a palavra ''Christe'' pronuncia-se ''krste''. A palavra ''objeto'' em portugus pronuncia-se ''objetu''; em latim, a palavra ''objecto'' pronuncia-se ''obikto''. Isto , as vogais so sempre pronunciadas com os seus sons originais. Note-se a existncia dos grupos voclicos 'oe' e 'ae', que so pronunciados como 'e' aberto. Por exemplo, 'coelum' pronuncia-se 'clum'; 'laetitia' pronuncia-se 'letcia'. Convm observar que no portugus que se fala em Portugal, diferentemente do que se fala no Brasil, as palavras ainda conservam a consoante que tinham na sua forma original do latim, por exemplo, 'objecto', 'facto', 'acto', 'subjectivo', acontecendo o mesmo tambm em espanhol. Isto significa que as mutaes ocorridas na lngua portuguesa no territrio brasileiro findaram por criar uma variao lingustica ainda mais distanciada da fonte latina comum a todos ns. 2.2. Algumas consoantes assumem sons diferentes, conforme o caso:

2.2.1. A letra ''t'' antes de ''i'' tem som de ''s'', quando a slaba no tnica. Ex.: ''gratia'' pronuncia-se ''grssia''; ''locutio'' pronuncia-se ''locssio''; ''fortiori'' pronuncia-se ''forsiri''. 2.2.2. A letra ''j'' tem sempre som de ''i''. Ex.: ''jus'' pronuncia-se ''is''; ''Jesus'' pronuncia-se ''isus''; ''jacta'' pronuncia-se ''icta''. 2.2.3. O grupo consonantal ''ch'' tem som de ''k''. Ex.: ''machina'' pronuncia-se ''mkina''; ''charitas'' pronuncia-se ''kritas''; ''chorda'' pronuncia-se ''krda''. 2.2.4. O grupo consonantal ''gn'' tem som de ''nh''. Ex.: ''ignis'' pronuncia-se ''nhis''; ''cognosco'' pronuncia-se ''conhsco''; ''regnum'' pronuncia-se ''rnhum''. 2.2.5. O grupo consonantal ''ph'' tem som de ''f'', igual ao portugus arcaico. 3. Algumas caractersticas da fraseologia latina: 3.1. No h artigos definidos e indefinidos. 3.2. Em geral, no h palavras oxtonas. 3.3. usual ficarem palavras ocultas (subentendidas). 3.4. O verbo geralmente fica no final da orao. 3.5. A regncia dos verbos nem sempre corresponde ao portugus. 4. O uso das consoantes 'j' e 'v' na lngua latina: Os romanos da poca de Ccero (sculo I a.C.) no conheciam os sons correspondentes s consoantes 'j' e 'v', utilizando as letras 'i' e 'u', respectivamente. S a partir do sculo XVI, nos dicionrios e livros escolares comearam a aparecer estas consoantes na grafia das palavras, todavia a pronncia continuou sendo correspondente das vogais 'i' e 'u'. Isto quer dizer que estas consoantes no pertencem ao latim clssico, mas foram j uma influncia reversiva das lnguas latinas sobre a lngua me.

Esta alterao, porm, justamente por ser considerada uma influncia das lnguas europias sobre o latim original, rejeitada por alguns estudiosos mais puristas. A disseminao da escrita do latim com as letras 'j ' e 'v' se deu, sobretudo, pela atuao da Igreja Catlica, tendo em vista que o latim ainda hoje a sua lngua oficial, e o estudo do latim nas escolas sempre foi orientada pelo latim eclesistico. -------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Elementos de gramtica bsica 1. Declinaes O latim uma lngua declinvel. Isto significa que a terminao ou desinncia da palavra se modifica de acordo com a sua funo sinttica na orao. Por exemplo, a palavra ''puella'' (garota) se escreve assim se for sujeito na frase. Se for objeto indireto, escreve-se ''puellae'' e se for objeto direto, escreve-se ''puellam''. Outro exemplo: a palavra ''puer'' (garoto) ser escrita assim, se for sujeito; ''puero'', se for objeto indireto e ''puerum'' se for objeto direto. A forma bsica da palavra sempre aquela que ela assume quando exerce a funo de sujeito. As demais so formas derivadas. O latim possui cinco declinaes, que se distinguem pela terminao da palavra na sua forma bsica e primeira derivao. Ao consultar uma palavra num dicionrio latino, ela est geralmente na sua forma bsica, indicando-se logo a seguir a primeira derivao. Nos casos j citados acima, a palavra ''garota'' aparece assim: ''puella, ae'' e a palavra ''garoto'' aparece assim: ''puer, i''. Veja a tabela das declinaes, para melhor compreenso.

2. Classes das palavras Em latim, as palavras podem ser de trs gneros: masculino, feminino ou neutro. No h uma regra geral para se reconhecer a classe de uma palavra. s vezes, corresponde ao gnero da palavra em portugus, quando se refere a pessoas, mas nem sempre. No caso do neutro, geralmente se refere a um

animal ou objeto. Tudo isto serve apenas como indicao. Para ter certeza, consultar o dicionrio. Estas observaes valem tanto para substantivos como para adjetivos e pronomes possessivos e demonstrativos. Estes seguem as mesmas regras relativas s declinaes vlidas para as palavras em geral. Quando um adjetivo qualifica um substantivo, deve ser declinado na forma correspondente. Exemplos: uma garota bonita. Pulchra puella est. Voz de garota bonita. Vox pulchrae puellae. Vejo a garota bonita. Pulchram puellam video. Dei uma rosa garota bonita. Pulchrae puellae rosam dedi.

3. Formas verbais. A conjugao dos verbos feita de modo similar ao portugus, trs pessoas no singular e trs pessoas no plural, tendo cada uma sua terminao prpria. So quatro as conjugaes: a primeira terminada em ''are'', a segunda e a terceira terminadas em ''ere'' e a quarta terminada em ''ire''. A segunda e a terceira se distinguem pelas desinncias das pessoas e isto bem visualizado em qualquer dicionrio. Veja a tabela dos tempos bsicos das quatro conjugaes. A seguir, as formas bsicas dos verbos ''ser'' (esse) e ''ter'' (habere) no presente do indicativo:

Verbo SER: Eu sou Tu s Ele/Ela Ns somos Vs sois Eles/Elas so

ESSE Sum Es Est Sumus Estis Sunt

Verbo TER: Eu tenho Tu tens Ele/Ela tem Ns temos Vs tendes Eles/Elas tm

HABERE Habeo Habes Habet Habemus Habetis Habent

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------Apontamento de Latim n.1 EXPLICAES GERAIS SOBRE DECLINAES, DESINNCIAS E CASOS O latim uma lngua declinvel. Isto significa que a terminao das palavras muda de acordo com a sua funo dentro da frase. Da mesma maneira como os verbos assumem uma forma diferente para cada pessoa (eu, tu, ele, ns, vs, eles), os substantivos e adjetivos em latim tambm alteram a terminao de acordo com o contexto. A isto se chama declinao. As declinaes se identificam pelas desinncias. Chama-se desinncia parte final da palavra, que se altera de acordo com a sua funo sinttica; chama-se radical parte fixa da palavra. Assim, todas as palavras tm um radical e uma desinncia. Isto vale para todas: verbos, substantivos e adjetivos. Note ainda que os verbos se conjugam, enquanto as outras palavras se declinam. No latim, h cinco declinaes, dentro das quais se enquadram todas as palavras. Cada declinao tem seis casos, assim identificados: CASO Nominativo Vocativo Acusativo Dativo Genitivo Ablativo FUNO DA PALAVRA sujeito e predicativo do sujeito; (ex: Maria bonita). exclamao, interpelao; (ex: Maria, s bonita). objeto direto; (ex: Amo Maria) objeto indireto; (ex: Dei uma rosa a Maria) possessivo, complemento do nome; (ex: A casa de Maria) indica modo, meio, origem, condio, lugar, tempo.

A regra bsica para se identificar a que declinao pertence uma palavra verificar a sua desinncia do genitivo singular. Nos dicionrios, a palavra sempre aparece na sua forma do nominativo, seguida pelo genitivo. Portanto,

assim se reconhecem as declinaes das palavras: 1a. declinao 2a. declinao 3a. declinao 4a. declinao 5a. declinao desinncia do genitivo singular em ; desinncia do genitivo singular em i; desinncia do genitivo singular em is; desinncia do genitivo singular em us; desinncia do genitivo singular em ei.

Pergunta: por que se usa o genitivo para identificar as declinaes e no o nominativo, que a forma original da palavra? Resposta: porque em algumas declinaes, o nominativo assume terminaes diversas, mas no genitivo a terminao sempre a mesma.Estas informaes ditas assim em forma descritiva podem parecer at confusas ou complexas, no entanto, o conhecimento delas ser fundamental para o entendimento das noes gramaticais que viro nos prximos apontamentos. Agora, uma curiosidade. Do ponto de vista morfolgico, em geral, os adjetivos da lngua portuguesa derivam do genitivo das palavras em latim. Por ex: lex deu origem a lei; mas do seu genitivo legis que derivam: legislativo, legista, legal, legislador. Tempus deu origem a tempo, mas do genitivo temporis que derivam: temporal, temporrio. Lumen deu origem a luz, mas do genitivo luminis que derivam: luminoso, luminria. Apontamento de Latim n. 2 PRIMEIRA DECLINAO A primeira declinao em latim abrange as palavras terminadas em a no nominativo e que no genitivo tm a desinncia . Isto se aplica aos substantivos, adjetivos e aos particpios passados dos verbos. Exemplos: insula (pronncia: nsula) = ilha; incola (pron: ncola) = habitante; rotunda (pron. paroxtona) = redonda; deducta (paroxtona) = deduzida.

Seguindo a regra do apontamento n. 1, temos em insula o radical insul e a desinncia a; em incola, o radical incol e a desinncia a. Portanto, na declinao, o que vai alterar apenas a desinncia. Casos da primeira declinao Nominativo Genitivo Dativo Acusativo Vocativo Ablativo Singular insula insul insul insulam insula insula Plural insul insularum insulis insulas insul insulis

Exemplos: 1. A ilha redonda. Insula rotunda est. Comentrios: insula = sujeito; rotunda = predicativo do sujeito; ambos, pois, vo no nominativo. 2. O habitante da ilha Insul incola. Comentrios: no h artigos em latim; insul = da ilha, possessivo, portanto, vai para o genitivo. 3. Dizei isto aos habitantes das ilhas. Hoc dicite incolis insularum. Comentrios: incolis = aos habitantes, objeto indireto, vai para o dativo plural; insularum = das ilhas, vai para o genitivo plural. 4. Vejo a ilha. - Insulam video. Comentrios: insulam = a ilha, objeto direto, vai para o acusativo. 5. Perigo nas ilhas. Periculum in insulis. Comentrios: A preposio in (em, no, na, nos, nas) sempre rege ablativo, ou seja, a palavra a ela vinculada vai para o ablativo. Da a forma in insulis (abl.plural). -------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Apontamento de Latim n. 3 PARTICULARIDADES DA PRIMEIRA DECLINAO Inicialmente, convm lembrar que os gneros das palavras em latim nem sempre corresponde ao que elas so em portugus. Na primeira declinao, com terminao a no nominativo e no genitivo, a maioria das palavras do gnero feminino. Porm, h tambm as terminadas em 'a' que so do gnero masculino, como por ex: incola (pron: ncola) = habitante; nauta = marinheiro; athleta = atleta; agricola (pron: agrcola); peta = poeta (note-se que esta palavra tem um trema no o, para evitar que seja pronunciado e, assim como em coelum, que se pronuncia clum). H ainda aquelas palavras que s existem na forma plural, no tm singular, como por ex: Nupti (pron: npcie) = npcias; diviti (pron: divcie) = riquezas; Athenae (pron: atne) = Atenas (a cidade grega). H tambm algumas palavras que tm um sentido no singular e outro diferente no plural. Por ex: copia (pron: cpia) = no singular, abundncia; j copi (pron: cpie) = no plural, tropas, exrcito; littera (pron: ltera) = no singular, letra; litter (pron: ltere) = no plural, carta, correspondncia; H tambm dois casos excepcionais em que no se faz o genitivo em , como a regra. So duas expresses do latim arcaico, que se conservaram pela tradio. So elas: paterfamilias e materfamilias, respectivamente, pai de famlia e me de famlia, que so consideradas corretas ao lado de pater famili e mater famili, as formas que seguem a regra gramatical.

 curioso notar que no h palavras do gnero neutro na primeira declinao. S h palavras masculinas ou femininas. oportuno observar ainda que a lngua latina muito prdiga em excees. Nestes apontamentos, evitarei descer a muitos detalhes, destacando apenas algumas formas excepcionais mais usadas. Pequeno glossrio da primeira declinao: Ancilla (f., pron: ancla) = escrava; Ara (f.) = altar; Cathedra (f., pron: ctedra) = cadeira; Cicada (f., pron: cicda) = cigarra; Magistra (f.) = mestra, professora; Puella (f.,pron: pula) = garota; Ostia (f., pron: stia) = porta; Iracundia (f., pron: iracndia) = clera, indignao. Ostiaria ancilla (pron: ostiria ancla) = porteira; Regina (f.) = rainha Pirata (f.) = pirata Fenestra (f.) = janela Ltitia (f., pron: letcia) = alegria Umbra (f.) = sombra Procella (f., pron: procla) = tempestade Silva (f.) =floresta Schola (f., pron: scla) = escola Angusti (f., pron: angstie, usa-se s no plural) = desfiladeiro ---------------------------------------------------------------------------------------Apontamento de Latim n. 4 SEGUNDA DECLINAO A segunda declinao em latim abrange as palavras terminadas no nominativo em er, us e um e que no genitivo tm a desinncia i. Isto se aplica aos substantivos, adjetivos e aos particpios passados dos verbos.

Exemplos:

puer (pronncia: per), pueri (gen., pron: peri) = menino; piger (pron: pger) pigri (gen.pron:pgri). = preguioso; bonus (pron. bnus), boni (gen.pron:bni) = bom; verbum (paroxtona), verbi (gen.pron:vrbi) = palavra.

Observa-se que h uma maior diversidade de formas do caso nominativo, porm, a desinncia no genitivo sempre em i. Note que as palavras com nominativo em er, fazem o genitivo apenas acrescentando o i, no entanto, outras trocam o er por ri. Casos da segunda declinao Nominativo Genitivo Dativo Acusativo Vocativo Ablativo

Singular puer pueri puero puerum puer puero ager agri agro agrum ager agro bonus boni bono bonum bone bono verbum verbi verbo verbum verbum verbo

Nominativo Genitivo Dativo Acusativo Vocativo Ablativo

Plural: pueri puerorum pueris pueros pueri pueris

agri agrorum agris agros agri agris

boni bonorum bonis bonos boni bonis

verba verborum verbis verba verba verbis

Em geral, as palavras terminadas no nominativo em er e us so masculinas, enquanto as terminadas em um so do gnero neutro. Observe que as palavras neutras, fazem o nominativo plural em a, enquanto as demais fazem em i. Exemplos:

1. Puer bonus est. O menino bom. Comentrios: puer = sujeito; bonus = predicativo do sujeito; ambos, pois, vo no nominativo. 2. Agricol filius piger est. = O filho do agricultor preguioso. Comentrios: no h artigos em latim; agricol = do agricultor, possessivo, portanto, vai para o genitivo da 1a. dec; filius e piger, respectivamente, sujeito e predicativo do sujeito, ficam o nominativo. 3. Templa Rom video. Vejo os templos de Roma. Comentrios: templa= templos, objeto direto, vai para o acusativo plural que, por coincidncia, igual ao nominativo plural de templum; Rom de Roma, possessivo, vai para o genitivo da 1a. declinaao. 4. Discipulus libros mens Magistri portat. = O aluno (discpulo) leva os livros mesa do Professor. Comentrios: libros = objeto direto, acusativo plural de liber. Esta palavra significa livro, como substantivo, e livre, como adjetivo. Mens, obj. ind., dativo singular de mensa (=mesa); magistri, possessivo, gen. sing. de magister (=professor). Observe-se que a ordem das palavras na frase no prejudica a compreenso, porque pela identificao das desinncias, possvel saber qual a funo da palavra no contexto. Por ex: discipulus nominativo, portanto, s pode ser sujeito; libros acusativo, portanto, objeto direto; mens pode estar no genitivo ou no dativo, porque ambos terminam em na 1a. dec. Mas temos o verbo portat (de portare = levar), que transitivo direto e indireto (levar algo ou algum a algum lugar). Visto que libros obj. direto, mens dever ser obj. indireto. Magistri gen. sing. de magister (=professor). Analisando cada palavra, chega-se sua traduo. A traduo sempre deve ser feita em vista do contexto todo da frase. A frase poderia tambm ser assim: Discipulus Magistri mens libros portat. Ou tambm: Magistri mens discipulus libros portat. O sentido no se altera. Apontamento de Latim n. 5

TERCEIRA DECLINAO

A terceira declinao em latim a que comporta maiores variaes e abrange o maior nmero de palavras. Nela se incluem as palavras terminadas no nominativo em 'or', 'er', 'us', 'os', 'es', 'as', 'is', 'ex' 'en' , consoante mais 's', ou seja, h uma variedade enorme de terminaes, com a nica caracterstica em comum que no genitivo ter a desinncia 'is'. As duas primeiras declinaes, assim como as duas ltimas, que ainda veremos, tm desinncias mais constantes no nominativo. Mas nesta terceira declinao, praticamente impossvel estabelecer uma regra. Destarte, no sendo conhecida a palavra, a nica alternativa consultar o dicionrio.

Exemplos: Em 'or' - 'pastor' (pronncia: pstor), 'pastoris' (pron: pastris - gen.) = pastor; Em 'er' 'pater' (pron: pter) 'patris' (pron: ptris - gen). = pai; Em 'us' - 'tempus' (pron. tmpus), 'temporis' (pron: tmporis - gen.) = tempo; Em 'os' 'flos', 'floris' (pron: flris - gen.) = flor; Em 'es' 'vulpes' (pron: vlpes), 'vulpis' (pron: vlpis - gen) = raposa; Em 'as' 'libertas' (pron: librtas), 'libertatis' (pron: liberttis) = liberdade; Em 'is' 'canis' (pron: cnis), 'canis' (gen = nom) = co, cachorro; Em 'ex' 'lex', 'legis' = lei; Em 'en' 'lumen' (pron: lmen), 'luminis' (pron: lminis) = luz; Em consoante + 's' 'mors', 'mortis' = morte; 'princeps', 'principis' (pron: ambos com tnica na 1a. slaba) = prncipe.

Observa-se que h uma imensa diversidade de formas do caso nominativo, porm, a desinncia no genitivo sempre em 'is'. E note-se tambm que o radical a ser usado para aplicao das desinncia nos demais casos segue o padro do genitivo, e no o do nominativo. Outra caracterstica: o vocativo sempre igual ao nominativo. Casos da terceira Singular

declinao Nominativo Genitivo Dativo Acusativo Vocativo Ablativo

pastor pastoris pastori pastorem pastor pastore

flos floris flori florem flos flore

lex legis legi legem lex lege

tempus temporis tempori tempus tempus tempore

Nominativo Genitivo Dativo Acusativo Vocativo Ablativo

Plural: pastores pastorum pastoribus pastores pastores pastoribus

flores florum floribus flores flores floribus

leges legum legibus leges leges legibus

tempora temporum temporibus tempora tempora temporibus

Observe-se que as declinaes das palavras guardam uma certa similitude, havendo no gnero neutro maiores diferenas. Nos exemplos citados, apenas a palavra 'tempus' do gnero neutro. Convm no esquecer que os gneros das palavras em latim nem sempre correspondem ao que as palavras so em portugus. Na dvida, necessrio consultar um dicionrio. A ttulo de indicao, apresento alguns exemplos de como as palavras aparecem nos dicionrios, para facilitar a compreenso e a localizao delas. No dicionrio, encontra-se: dolor, oris significa que o genitivo de 'dolor' (pron: dlor) 'doloris' (pron: dolris); pater, tris significa que o genitivo de 'pater' 'patris'; mulier, eris significa que o genitivo de 'mulier' (pron: mlier) 'mulieris' (pron: muleris). E assim sucessivamente.

Outros exemplos: Labor, oris = trabalho; Uxor, oris = esposa;

Mulier, eris = mulher; Dolor, oris = dor; Frater, tris = irmo; Iter, itineris = caminho; Custos, odis = guardio; Nepos, otis = neto, sobrinho ou descendente familiar; Mos, moris = costume; Miles, militis = soldado; Pes, pedis = p; Sermo, onis = sermo, discurso; Fortitudo, inis = fortaleza; Ratio, onis = razo; Civitas, atis = cidade; Laus, laudis = louvor; Judex, icis = juiz; Urbs, urbis = cidade; Grex, gregis = rebanho Nomen, inis = nome; Caput, itis = cabea; Flumen, inis = rio; Virtus, utis = virtude; Bos, bovis = boi; Pecus, oris = rebanho; Avis, is = ave; Canis, is = cachorro; Nobilis, is = nobre; Sapiens, entis = sbio; Felix, icis = feliz; Corpus, oris = corpo. Estes exemplos bem demonstram a variedade de que se compe a terceira declinao. Sugiro, como exerccio de fixao das desinncias, que se tomem estas palavras ou algumas delas e as declinem em todos os casos, no singular e no plural, seguindo os exemplos acima. Apontamento de Latim n. 6 PARTICULARIDADES DA TERCEIRA DECLINAO

A terceira declinao a que apresenta maior complexidade, maior quantidade e variedade de palavras e tambm a que comporta mais excees. Alis, a este propsito, convm ressaltar que o latim uma lngua muito prdiga em excees. Na abordagem que estou fazendo, procuro evitar ao mximo estas referncias a excees, porm, termina sendo inevitvel falar sobre elas. Primeiro, h uma distino entre as dois grupos de palavras da terceira declinao: Parassilbicas - aquelas que tm o mesmo nmero de slabas no nominativo e no genitivo. Ex: panis, is (po), civis, is (cidado), navis, is (navio), ignis, is (fogo), sedes, is (s ou sede, no sentido de local); Imparassilbicas - aquelas que tm nmero de slabas no genitivo maior que no nominativo. Ex: labor, laboris (trabalho), gutur, guturis (obs: slaba tnica em 'gu' nas duas, =garganta), opus, operis (obra), fraus, fraudis (dano). Por que esta distino? Pelo seguinte: as parassilbicas fazem o genitivo plural em 'ium', enquanto as imparassilbicas fazem o genitivo plural em 'um', conforme explicado no apontamento n. 5. Por ex: 'civis' fica 'civium', 'navis' fica 'navium'; porm 'gutur' fica 'guturum', 'opus' fica 'operum'. Mas at nesta particularidade h excees. Por ex: 'lis, litis' (processo), embora seja imparassilbico, faz o genitivo plural em 'ium' (litium). E h tambm o oposto, ou seja, parassilbicas que fazem o genitivo plural em 'um', por ex: 'canis' fica 'canum', 'pater' fica 'patrum'. H ainda algumas palavras que admitem as duas possibilidades. Por ex: 'apis' (abelha) pode ficar no genitivo plural 'apium' ou 'apum', 'mensis' (ms) pode ficar 'mensium' ou 'mensum', 'vates' (adivinhador) pode ficar 'vatium' ou 'vatum'. No h, pois, uma regra monoltica. Fao esta observao no para confundir os colegas iniciantes, mas apenas para que ningum se espante ao se deparar num texto com esta forma do genitivo plural de algumas palavras. H ainda aquelas palavras que fazem o acusativo singular em 'im' e o ablativo singular em 'i', ao invs de acusativo 'em' e ablativo 'e', que a regra. Por ex: 'sitis' (sede, necessidade de gua) fica 'sitim' no acusativo e 'siti' no

ablativo singular; 'tussis' (tosse), fica 'tussim' e 'tussi', respectivamente; 'febris' (febre) fica 'febrim' e 'febri'. So apenas alguns exemplos. Para tranquilizar alguns mais apressados, aviso que o uso de uma gramtica sempre necessrio para se estudar latim. No h como memorizar tantas excepcionalidades. Tambm h aquelas palavras empregadas apenas no plural, embora em portugus o seu uso seja admitido no singular. Ex: maiores, um = antepassados; cervices, um = nuca; parentes, um = pais; verbera, um = aoites; moenia, um = muralhas. Apontamento de Latim n. 7 QUARTA E QUINTA DECLINAES

Tomarei a um s tempo a quarta e a quinta declinaes por terem regras mais uniformes e por possuirem um menor nmero de vocbulos. Na quarta declinao esto as palavras terminadas em 'u' e us, que fazem o genitivo tambm em us. Apenas para comparar, h palavras terminadas em us, que fazem o genitivo em i; estas pertencem segunda declinao. Para saber se a palavra terminada em us far o genitivo em us (4a.) ou em i (2a.), temos que recorrer a um dicionrio. No h regra para isto. Tomemos duas palavras: manus (mo, substantivo feminino) e cornu (chifre, substantivo neutro). Casos da quarta declinao: Nom: Gen: Dat: Acus: Voc: Abl: Singular manus manus manui manum manus manu cornu (pronncia: crnu) cornus cornui cornu cornu cornu

Nom: Gen: Dat: Acus: Voc: Abl:

Plural: manus manuum manibus manus manus manibus

cornua (pronncia: crnua) cornuum cornibus cornua cornua cornibus

Temos, portanto, dois grupos. O primeiro se aplica s palavras masculinas e femininas; o segundo se aplica s do gnero neutro. Exemplos: fructus, (masculino, fruto), exercitus (m., exrcito), senatus (m, senado), arcus (m., arco), specus (m, caverna), portus (m., porto), magistratus (m., magistrado), acus (feminino, agulha), domus (f., casa), genu (neutro, joelho) A quinta declinao rene as palavras terminadas em es, que fazem o genitivo em ei. Quase todas so femininas, devendo ser feita uma ressalva palavra dies (dia), que feminina, quando se trata de um dia determinado, uma data, mas masculino, quando se trata de um dia indeterminado. Casos da quinta declinao: Nom: Gen: Dat: Acus: Voc: Abl: Nom: Gen: Dat: Acus: Voc: Abl: Singular dies (pron: des) diei (pron: dii) diei diem (pron: dem) dies die Plural: diei dierum (pron: dirum) diebus (pron: dibus) dies dies diebus

A quinta declinao contm poucas palavras. Exemplos: res (coisa), fides (f), spes (esperana), meridies (meio-dia). Deste modo, encerro a apresentao das cinco declinaes. Na seqncia, farei uma breve apresentao dos adjetivos e pronomes e, na sequncia, apresentarei as conjugaes verbais. Apontamento n. 8 1. Consideraes gerais. Os verbos constituem a classe gramatical mais difcil do latim, por sua imensa variedade e, principalmente, por sua enorme versatilidade. Alm de terem uma conjugao mais vasta do que em portugus, chegam a assumir diversos modos excepcionais, o que torna imprescindvel o uso do dicionrio, para sua traduo e conjugao. Uma caracterstica importante que no se usam os pronomes pessoais antes dos verbos, a no ser raramente, para enfatizar. Devido sua conjugao assumir uma desinncia diferente para cada pessoa verbal, torna-se desnecessria a indicao do pronome pessoal. Os verbos em latim podem ser (como tambm em portugus) transitivos ou intransitivos, conforme a sua necessidade ou no de objetos para a complementao do sentido. importante sempre lembrar que a regncia dos verbos em latim nem sempre corresponde ao seu correlato em portugus. Ou seja, um verbo pode ser transitivo direto em latim e pode no ser assim em portugus, e vice-versa.

2. Vozes do verbo O latim tem trs formas verbais de conjugao (vozes do verbo): ativa, passiva e depoente. Em portugus, s h as duas primeiras. A forma depoente uma caracterstica do latim e se configura pelo uso da forma verbal na voz passiva, no entanto, com o significado de voz ativa. Explicando melhor. Tomemos o verbo laudare (louvar). Na voz ativa, a primeira pessoa ludo (eu louvo); na voz passiva, a primeira pessoa

ludor (sou louvado). [OBS: O acento apenas representativo da pronncia.] Como se v, na voz passiva acrescenta-se um r primeira pessoa. Mas h, por exemplo, o verbo lquor, que pela forma est escrito na voz passiva, porm significa eu falo, na voz ativa. Este um verbo depoente. Conforme disse acima, para conhecer as formas dos verbos, indispensvel o uso do dicionrio. No h regra para isto nem h como memorizar todos os casos.

3. Conjugaes A lngua latina tem quatro conjugaes verbais, que se distinguem pela terminao do infinitivo: 1 conjugao verbos terminados em are; 2 conjugao verbos terminados em re (e tnico); 3 conjugao verbos terminados em ere (e tono); 4 conjugao verbos teminados em ire. Exemplos: 1 conjugao: amare (amar), ambulare (andar), laborare (trabalhar), obtemperare (obedecer), vulnerare (ferir), stimare (apreciar); 2 conjugao: monre (avisar); adhibre (usar); cohibre (reprimir); habre (ter); merre (merecer); placre (agradar); tacre (calar); prohibre (proibir); 3 conjugao: lgere (ler); defndere (defender); dcere (dizer); accndere (subir); statere (estabelecer); dcere (conduzir); tllere (tomar); 4 conjugao: audire (ouvir); custodire (guardar); dormire (dormir); erudire (ensinar); impedire (impedir); munire (fortificar); nutrire (alimentar).

4. Notaes gramaticais Tendo em vista que os verbos em latim assumem grande versatilidade nas formas, costuma-se citar um verbo mencionando as suas formas bsicas, que so: primeira e segunda pessoa do singular do presente, primeira pessoa singular do pretrito perfeito, supino e infinitivo. assim que comumente eles se encontram nos dicionrios. Ao verificar estas formas, percebe-se logo se o verbo regular ou irregular, bem como orienta-se a sua conjugao, conforme ser explicado posteriormente.

Exemplo 1: o verbo laudare (louvar) encontra-se no dicionrio assim: Laudo [1 pes. Sing. Pres.), laudas [2 pes. Sing. Pres.], laudavi [1 pes. Sing. Pret. Perf.], laudatum [supino, corresponde ao particpio passado], laudare [infinitivo]. Percebe-se que um verbo regular, porque conserva as formas padronizadas da 1 conjugao (avi no pret.perf. e atum no supino).

Exemplo 2: o verbo monre (avisar) encontra-se assim: Mneo, mnes, mnui, mnitum, monre tambm regular, pois conserva o padro da 2 conjugao (ui no pret.perf. e itum no supino).

Exemplo 3: o verbo dare (dar) encontra-se assim: Do, das, ddi, datum, dare um verbo irregular, pois no conserva o padro avi no pret.perf. como os verbos regulares da primeira conjugao (terminao are). Exemplo 4: o verbo manre (permanecer) encontra-se assim: Mneo, mnes, mnsi, mnsum, manre um verbo irregular, pois no conserva o padro ui-itum da 2 conj.

5. Dicas Ao consultar um verbo no dicionrio, deve-se procurar pela primeira pessoa do presente, pois assim que eles aparecem. No seguir o padro dos dicionrios de portugus, que colocam o verbo no infinitivo. Ex: o verbo investigare (investigar) deve ser procurado no dicionrio latino pela sua primeira pessoa, ou seja, investigo. A terceira conjugao tem a maioria dos verbos irregulares. impossvel estabelecer um parmetro comum. Alguns destes verbos passam para formas to diferentes nos tempos verbais que os bons dicionrios colocam at estas formas, a fim de orientar os estudantes.

Na sequncia destes apontamentos, apresentarei mais detalhes sobre os verbos em latim. Apontamento n. 9 1. Tempos primitivos A consulta dos verbos no dicionrio apresenta sempre os tempos primitivos do verbo, conforme referido no apontamento anterior. Com isto, possvel verificar se o verbo tem conjugao regular ou irregular e ainda possvel compor os seus diversos tempos conjugveis. Os tempos primitivos so: presente do indicativo, pretrito perfeito do indicativo, supino e infinitivo. Para distinguir os verbos da 2. e da 3. conjugaes, anotam-se a primeira e a segunda pessoas do presente do indicativo.

Por exemplo: o verbo laborare (trabalhar) aparece na seguinte sequncia: laboro, as, avi, atum, are. Isto significa que: 1. pessoa do presente do indicativo = laboro; 2. pessoa do presente do indicativo = laboras; 1. pessoa do pretrito perfeito do indicativo = laboravi; supino = laboratum infinitivo = laborare. Trata-se de um verbo regular da primeira conjugao. Alis, os verbos da primeira conjugao, na sua grande maioria, so de conjugao regular.

Outro exemplo: Confira o verbo respondere (responder), que fica assim: respondeo, es, respondi, responsum, respondere com o verbo eligere (eleger, escolher) est assim: eligo, is, elegi, electum, eligere. Observa-se que:

a) so verbos irregulares, porque alteram o radical nos tempos primitivos; b) o verbo respondere da segunda conjugao pois tem a segunda pessoa do presente do indicativo em es; c) o verbo eligere da terceira conjugao, pois faz a segunda pessoa em is; d) assim sendo, o verbo respondre paroxtono e o verbo elgere proparoxtono (terminao verbal tnica na 2. conjugao e tona na 3.); e) a maioria dos verbos de conjugao irregular encontra-se na 2. e na 3. conjugaes.

2. Derivao a partir dos tempos primitivos Os demais tempos verbais derivam dos tempos primitivos, do seguinte modo: a) do radical do presente do indicativo derivam: o imperfeito, os futuros (exceto o futuro perfeito) e o gerndio; b) do radical do pretrito perfeito derivam: os mais que perfeitos e o futuro perfeito; c) do radical do supino derivam: todos os tempos compostos passivos. d) O radical do infinitivo identifica a qual conjugao o verbo pertence.

Exemplos: Tomemos o verbo eligere: Presente do indicativo: eligo, eligis, eligit, eligimus, eligitis, eligunt; derivaes imperfeito indicativo (eligebam, eligebas, eligebat, eligebamus, eligebatis, eligebant); imperfeito subjuntivo (eligam, eligas, eligat, eligamus, eligatis, eligant); futuro do presente (eligam, eligas, eligat, eligamus, eligatis, eligant). Pretrito perfeito indicativo: elegi, elegisti, elegit, elegimus, elegitis, elegerunt; derivaes mais que perfeito indicativo (elegeram, elegeras, elegerat, elegeramus, elegeratis, elegerant);

mais que perfeito subjuntivo (elegissem, elegisses, elegisset, elegissemus, elegissetis, elegissent). Supino: electum; derivaes electus sum (eu fui eleito), electus eram (eu fora eleito); electus sim (eu tenha sido eleito).

OBS: Nos tempos compostos, conjuga-se com o auxlio do verbo esse (ser).