Apostila MCM - Cimatec - Editado
Apostila MCM - Cimatec - Editado
Apostila MCM - Cimatec - Editado
SENAI CIMATEC
SENAI CIMATEC
Salvador 2010
____________________________________________
SENAI CIMATEC
Copyright 2010 por SENAI DR BA. Todos os direitos reservados rea Tecnolgica de Materiais Elaboradores: Pollyana Melo e Raphael Rezende. Reviso Tcnica: Reviso Pedaggica: Normalizao:
Catalogao na fonte (NDI Ncleo de Documentao e Informao) ______________________________________________________________ SENAI- DR BA. Materiais de Construo Mecnica. Salvador, 2010. p. il. (Rev.).
SENAI CIMATEC Av. Orlando Gomes, 1845 - Piat Salvador Bahia Brasil CEP 41650-010 http://www.senai.fieb.org.br
____________________________________________
SENAI CIMATEC
APRESENTAO
Com o objetivo de apoiar e proporcionar a melhoria contnua do padro de qualidade e produtividade da indstria, o SENAI BA desenvolve programas de educao profissional e superior, alm de prestar servios tcnicos e tecnolgicos. Essas atividades, com contedos tecnolgicos, so direcionadas para indstrias nos diversos segmentos, atravs de programas de educao profissional, consultorias e informao tecnolgica, para profissionais da rea industrial ou para pessoas que desejam profissionalizar-se visando inserir-se no mercado de trabalho. Este material didtico foi preparado para funcionar como instrumento de consulta. Possui informaes que so aplicveis de forma prtica no dia-a-dia do profissional, e apresenta uma linguagem simples e de fcil assimilao. um meio que possibilita, de forma eficiente, o aperfeioamento do aluno atravs do estudo do contedo apresentado no mdulo. Por ser um material dinmico, que merece constante atualizao e melhorias, caso o leitor encontre erros, inconsistncias, falhas e omisso de algum contedo, favor entrar em contato com a rea de Materiais do SENAI CIMATEC. Estamos sempre abertos para melhorar o nosso material didtico.
____________________________________________
SENAI CIMATEC
SUMRIO
5.1.5 Limite de Resistncia ............... 25 1.INTRODUO ................................ 6 1.1 Estrutura e Caractersticas............ 6 1.2 Classificaes dos materiais......... 7 2.ORIGEM DOS METAIS ................... 9 2.2 Ligas Ferrosas ............................ 10 2.3 Classificaes dos aos.............. 10 2.3.1 Aos carbono........................... 10 2.3.2 Aos liga .................................. 10 2.3.3 Aos Inoxidveis ...................... 11 8.TRATAMENTOS TRMICOS........ 35 3.FABRICAO............................... 13 3.1 Forjamento.................................. 14 3.2 Laminao .................................. 14 3.3 Extruso ..................................... 14 3.4 Estampagem............................... 15 3.5 Fundio..................................... 15 3.6 Solidificaes dos aos............... 15 4. ESTRUTURA CRISTALINA ......... 17 4.1 Gros e contornos de gros.........17 4.2 Estruturas cristalinas................... 18 4.3 Influncias dos elementos de liga19 5.PROPRIEDADES DOS MATERIAIS 22 5.1 Ensaio de Trao........................ 22 5.1.2 Corpos de prova ...................... 23 5.1.3 Determinao do limite elstico ou de proporcionalidade ................... 24 5.1.4 Mdulo de Elasticidade ............ 25 9.FERRO FUNDIDO ......................... 37 9.1 Ferro Fundido Cinzento............... 37 9.2 Ferro Fundido Dctil (ou Nodular)37 9.3 Ferro Fundido Branco e Ferro Fundido Malevel.............................. 37 9.4 Ligas No Ferrosas..................... 38 9.5 Cobre e suas Ligas ..................... 39 9.6 Alumnio e suas Ligas ................. 39 9.7 Titnio e suas Ligas .................... 39 9.8 Os Metais Nobres ....................... 40 10.CORROSO E DEGRADAO .. 41 10.1 Formas ou tipos de corroso..... 41 10.2 Mtodos de Controle da Corroso ......................................................... 45 11.REFERNCIA.............................. 47 7.DIAGRAMA FERRO CARBONO... 31 7.1Analise de resfriamento lento....... 32 5.3 Ensaio de Dureza........................ 26 5.3.1 Dureza Brinell .......................... 26 5.3.2 Dureza Rockwell ...................... 27 5.3.3 Dureza Vickers......................... 27 6.DIAGRAMAS DE EQUILBRIO ..... 29
____________________________________________
Introduo
1 Introduo
sabido que os materiais metlicos representam uma das mais importantes ligas da engenharia em termos de seus componentes, propriedades, aplicaes e tcnicas de fabricao. Ligas metlicas, em virtude de sua composio, so s vezes agrupadas em 2 classes; ferrosas e no-ferrosas. Ligas Ferrosas, so aquelas nas quais o ferro o principal constituinte, incluem aos e ferros fundidos. Estas ligas e as Ligas No Ferrosas, que so tratadas todas as ligas que no sejam baseadas em ferro sero tratadas nesta poro de captulo. Com isso, esta seo devotada a uma breve explorao das tcnicas pelas quais os metais so fabricados, os diferentes modos de variaes em mecanismos de fortalecimento (ganho de propriedades), os tipos e classificaes, morfologia (estrutura cristalina e contornos de gros), diagrama de fase, etc. Ser tambm discutido como tpico final desta seo os principais modos de corroso para ambas as classes de materiais (Ligas Ferrosas e No Ferrosas). Muitas vezes o problema de um material ou liga realmente o de selecionar aquele material que tem a correta combinao de caractersticas para uma aplicao especfica. Portanto, as pessoas que esto envolvidas na tomada de deciso deveram ter algum conhecimento das opes disponveis. Na seleo de materiais durante a execuo de um projeto existem vrios critrios nos
1
quais a deciso final normalmente baseada nas propriedades do material, nas condies de servio do produto, nas formas de processamento e no custo. Estes parmetros devem ser caracterizados uma vez que ditaro as propriedades requeridas do produto final. Somente em ocasies raras um material possuir uma combinao mxima ou ideal de propriedades. Esta apresentao extremamente abreviada fornece uma viso geral de informaes de algumas ligas comerciais, suas propriedades e suas limitaes. Estas informaes sero teis na tomada de deciso e escolha do melhor material para uma determinada aplicao.
SENAI CIMATEC
servio, todos os materiais so expostos a estmulos externos que evocam algum tipo de resposta. Por exemplo, uma amostra submetida a foras ir experimentar deformao, ou uma superfcie de metal polido refletir luz. Propriedade um trao (caracterstica) de um material em termos do tipo e magnitude de resposta a um especfico estmulo imposto. Geralmente, definies de propriedades so feitas independente da forma e tamanho do material. Virtualmente todas as importantes propriedades de materiais slidos podem ser agrupadas em 6 diferentes categorias: (a) mecnica; (b) eltrica; (c) trmica; (d) magntica; (e) tica. Para cada propriedade existe um tipo caracterstico de estmulo capaz de provocar diferentes respostas. Propriedades mecnicas relacionam deformao a uma carga ou fora aplicada; como exemplos podem citar mdulo elstico e resistncia mecnica. Propriedades eltricas, tais como condutividade eltrica e constante dieltrica, o estmulo um campo eltrico. O comportamento trmico de slidos pode ser representado em termos de capacidade calorfica e condutividade trmica. Propriedades magnticas demonstram a resposta de um material aplicao de um campo magntico.
(c) polmeros. Este esquema baseado principalmente na constituio qumica e estrutura atmica, e muitos materiais caem num distinto grupamento ou num outro, embora existam alguns intermedirios. Em adio, existem trs outros grupos de importantes materiais de engenharia: compsitos, biomateriais e semicondutores. METAIS Materiais metlicos so normalmente combinaes de elementos metlicos. Eles tm grande nmero de eltrons no localizados, isto , estes eltrons no esto amarrados a particulares tomos. Muitas propriedades de metais so diretamente atribuveis a estes eltrons. Metais so extremamente bons condutores de eletricidade e de calor e no so transparentes luz visvel: a superfcie de um metal polido tem aparncia lustrosa. Alm disso, metais so bastante fortes, ainda deformveis, que respondem pelo seu extensivo uso em aplicaes estruturais. CERMICAS Cermicas so compostos entre elementos metlicos e nometlicos: estes elementos so freqentemente xidos, nitretos e carbetos. A larga faixa de materiais que caem dentro desta classificao inclui cermicas que so compostas de minerais que compem as argilas, cimento e vidro. Estes materiais so tipicamente isolantes passagem de eletricidade e de calor, e so mais resistentes a altas temperaturas e ambientes rudes do que metais e polmeros. Com relao ao comportamento mecnico, cermicas so duras, mas muito frgeis.
____________________________________________
SENAI CIMATEC
POLMEROS Polmeros incluem os materiais conhecidos como plsticos e borrachas. Muitos deles so compostos orgnicos que so quimicamente baseados em carbono, hidrognio, e outros elementos no metlicos; alm disto, eles tm estrutura molecular muito grande. Estes materiais tm tipicamente baixas densidades e podem ser extremamente flexveis. COMPSITOS Os materiais compsitos consistem em mais do que um tipo de material. Estes materiais so desenhados para apresentarem a combinao das melhores caractersticas de cada material constituinte. Muitos dos recentes desenvolvimentos em materiais envolvem materiais compsitos. Fiberglass um exemplo familiar, no qual fibras de vidro so embutidas dentro de um material polimrico. "Fiberglass" adquire resistncia mecnica das fibras de vidro e flexibilidade do polmero. Muitos dos recentes desenvolvimentos de material tm envolvido materiais compsitos.
SEMICONDUTORES Semicondutores tm propriedades eltricas que so intermedirias entre os condutores eltricos e os isolantes. Alm disso, as caractersticas eltricas destes materiais so extremamente sensveis presena de diminutas concentraes de tomos impurezas, cujas concentraes podem ser controladas ao longo de muito pequenas regies espaciais. Com os semicondutores tornou-se possvel o advento do circuito integrado que revolucionou totalmente a eletrnica e as indstrias de caractersticas de cada um dos materiais componentes. BIOMATERIAIS Metais, cermicos, compsitos e polmeros podem ser usados como biomateriais, no entanto, estes materiais no devem produzir substncias txicas e serem compatveis com os tecidos humanos j que podem ser utilizados em componentes para implantes em humanos.
____________________________________________
SENAI CIMATEC
Materiais Metlicos
2
denominado ferro-gusa e empregado como um material intermedirio para posteriores processos de refino. O ferro-gusa contm quantidades excessivas de elementos que devem ser reduzidos antes que o ao seja produzido. Reduzir um elemento significa receber eltrons: no caso do ferro, ele passa de Fe++ ou Fe+++ para Fe onde cada tomo de , ferro recebe dois ou trs eltrons. Para o refino do ao so empregados diversos tipos de fornos eltricos, conversores e outros cada um desses realizando sua tarefa de remoo e reduo de elementos como carbono, silcio, fsforo, enxofre e nitrognio atravs da saturao do metal lquido com oxignio e ingredientes formadores de escria. O oxignio reduz os elementos formando gases que escapam para a atmosfera enquanto a escria reage com as impurezas e as separa do metal fundido. Depois de passar pelo forno de refino, o metal purificado em lingoteiras feitas de ferro fundido. Os lingotes obtidos possuem seo quadrada e so constitudos de ao saturado de oxignio. Para evitar a formao de grandes bolsas de gases no metal fundido, uma quantidade considervel de oxignio deve ser removida. Esse processo conhecido como desoxidao e realizado atravs de aditivos que expulsam o oxignio na forma de gases ou enviam-no em direo escria.
____________________________________________
SENAI CIMATEC
nveis de resistncia e de dureza principalmente atravs da adio de carbono. Os aos carbono so classificados quanto composio qumica em quatro grupos, dependendo de seus nveis de carbono. Os aos carbono apresentam em sua composio, alm do carbono, somente elementos resultantes de seu processo de fabricao. Seus teores de mangans e silcio so, em geral, inferiores a 1,0 e 0,4%, respectivamente, elementos adicionados ao ao lquido, durante a fabricao, para a sua desoxidao. Estes aos so extremamente utilizados tanto na fabricao em geral como em estruturas soldadas. Neste caso, so utilizados principalmente aos com teor de carbono inferior a 0,35%. Quanto ao teor deste elemento, podem ser divididos em: Baixo carbono - at 0,14% carbono; Ao doce - de 0,15% at 0,29% carbono; Ao de mdio carbono - de 0,30% at 0,59% carbono; Ao de alto carbono - de 0,60% at 2,00% carbono.
Os aos de baixo carbono e doce so os grupos mais produzidos por causa de sua relativa resistncia e boa soldabilidade.
____________________________________________ 10
SENAI CIMATEC
Aos de baixa liga - com adies de elementos de liga de at 5%; Aos de mdia liga - com adies entre 5 e 10%; Aos de alta liga - com adies superiores a 10%.
Em geral, a maioria dos aos desta ltima classe apresenta caractersticas que no permitem seu enquadramento na discusso apresentada neste texto.
constituinte da microestrutura martenstico, ferrtico e austentico. A Tabela 1 lista vrios aos inoxidveis, por classe, juntamente com composio tpicas e aplicaes. Uma larga faixa de propriedades mecnicas combinadas com excelente resistncia corroso torna os aos inoxidveis muito versteis em sua aplicabilidade.
____________________________________________ 11
SENAI CIMATEC
Tabela 1 - Composio qumica, caractersticas e aplicaes dos aos inoxidveis metais em estudo. Fonte: Fabricante VILARES.
CLASSE Austenisticos Ao-Inox 304 Mx 0,08 Min 2,00 18,3 8,5 %C %Mn %Cr %Ni %Mo OBSERVAES Tem grande aplicao nas indstrias qumicas, farmacuticas, petroqumicas, do lcool, aeronutica, naval, de arquitetura, alimentcia, de transporte, e tambm utilizado em talheres, baixelas, pias, revestimentos de elevadores e em muitas outras aplicaes. As aplicaes do 430 se restringem aquelas que no precisam de soldagem, ou quando as soldas no so consideradas operaes de alta responsabilidade. Por exemplo, uma pia de cozinha pode ser soldada com a mesa, mas no se pode construir um tanque para estocar cido ntrico (mesmo que o 430 resista muito bem a este cido). A alta dureza do material temperado (estrutura martenstica) faz com que estes materiais sejam muito utilizados na fabricao de facas. A resistncia ao desgaste muito forte.
Mx 0,15
12 a 14
____________________________________________ 12
SENAI CIMATEC
3 Fabricao
Ocasionalmente, quem dita se um material adequado para uma aplicao a facilidade de produo de uma desejada forma e o custo envolvido. Tcnicas de fabricao de metais so os mtodos pelos quais metais e ligas so conformados ou manufaturados para darem produtos teis. Elas so precedidas por refino, por adio de elementos de liga e s vezes por processos de tratamento trmico que produzem ligas com as caractersticas desejadas. As classificaes das tcnicas de fabricao incluem vrios mtodos, podendo, citar como exemplo; conformao de metais, lingotamento de metais, fundio, soldagem e usinagem; invariavelmente, 2 ou mais deles devem ser usados antes que uma pea seja terminada. Os mtodos escolhidos dependem de vrios fatores; os mais importantes so as propriedades do metal, o tamanho e a forma da pea terminada e, naturalmente o custo envolvido. 3.2 Operaes de conformao Operaes de conformao so aquelas nas quais a forma de uma pea de metal mudada por deformao plstica; por exemplo, forjamento, laminao, extruso e estiramento so tcnicas comuns de conformao. Naturalmente, a deformao deve ser induzida por fora ou tenso externa, a magnitude da qual devendo exceder o limite de escoamento do material. Muitos materiais metlicos
so especialmente susceptveis a estes procedimentos, sendo pelo menos moderadamente dcteis e capazes de deformarem sem trincamento ou fratura. Com a maioria das tcnicas de conformao, os procedimentos tanto a quente quanto a frio so possveis. Para operaes de trabalho a quente, grandes deformaes so possveis e as mesmas podem ser sucessivamente repetidas porque o metal remanesce macio e dctil. Tambm, requisitos de energia de deformao so menores do que aqueles para trabalho a frio. Entretanto, muitos e muitos metais experimentam alguma oxidao da superfcie, que resulta em perda de material. No caso do trabalho a frio, o mesmo produz um aumento na resistncia mecnica com um acompanhante decrscimo em ductilidade, de vez que o metal se endurece por deformao; vantagens sobre trabalho a frio incluem uma maior qualidade de acabamento da superfcie, melhores propriedades mecnicas e uma maior variedade delas e um mais estreito controle dimensional da pea acabada. Ocasionalmente, a deformao total executada numa srie de etapas nas quais a pea sucessivamente trabalhada a frio numa pequena quantidade e a seguir recozida, entretanto, este um procedimento caro e inconveniente. Uma muito breve descrio das tcnicas de conformao ilustrada esquematicamente na Figura 1.
____________________________________________ 13
SENAI CIMATEC
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 1 - Deformao de metal durante (a) forjamento; (b) laminao, (c) extruso e (d) estampagem. Fonte: Callister, 2002.
3.1 Forjamento
Forjamento realizado por martelamento sobre uma nica pea de metal. Sob a ao de foras compressivas, em materiais dcteis, aplicadas por ferramentas denominadas matrizes ou estampos, a deformao plstica promove o escoamento do material metlico, garantindo a forma da pea a ser produzida. Este processo capaz de produzir peas das mais variadas formas e tamanhos desde alfinetes e pregos at rotores de turbinas e asas de avio.
consiste em passar uma pea de metal entre 2 rolos; uma reduo na espessura resulta a partir de tenses compressivas exercidas pelos rolos. Laminao a frio pode ser usada na produo de chapa, tira e lmina com alta qualidade de acabamento superficial. Formas circulares bem como vigas em trilhos de ferrovia so fabricadas usando rolos ranhurados.
3.3 Extruso
Para extruso, uma barra de metal forada atravs de um orifcio numa matriz por uma fora compressiva que aplicada a um mbolo; a pea extrusada que emerge tem a desejada forma e uma reduzida rea de seo reta. Produtos de extruso incluem hastes e tubulaes
3.2 Laminao
Laminao, o mais largamente usado processo de deformao,
____________________________________________ 14
SENAI CIMATEC
que tm geometrias de seo reta bastante complicada; tubulao sem costura pode tambm ser extrusada.
3.4 Estampagem
Entende-se por Estampagem, o processo de fabricao de peas, atravs do corte ou deformao de chapas em operao de prensagem a frio. As operaes de estampagem podem ser resumidas em trs bsicas etapas: corte, dobramento e embutimento ou repuxo. Com a ajuda da estampagem de chapas, fabricamse peas de ao baixo carbono, aos inoxidveis, alumnio, cobre e de diferentes ligas no ferrosas. Devido s suas caractersticas este processo de fabricao apropriado, preferencialmente, para as grandes sries de peas, obtendo-se grandes vantagens, tais como: Alta produo; Reduzido custo por pea; Acabamento bom, no necessitando processamento posterior; Maior resistncia das peas devido conformao, que causa o encruamento no material; Baixo custo de controle de qualidade devido uniformidade da produo e a facilidade para a deteco de desvios.
(b) qualidade e resistncia no so consideraes importantes (isto , aceito que a inevitvel existncia de defeitos internos e uma estrutura de gro menos desejvel conduzem a caractersticas mecnicas pobres); (c) uma particular liga de ductilidade to baixa que conformao por trabalho quer a quente quer a frio seria difcil; (d) em comparao outros processos de fabricao, fundio a mais econmica. Alm disso, a etapa final no refino mesmo de metais dcteis pode envolver um processo de fundio. Um nmero de diferentes tcnicas de fundio comumente empregado, incluindo fundio em areia, fundio em matriz e fundio de investimento, porem no ser foco deste estudo.
3.5 Fundio
Fundio um processo de fabricao pelo qual um metal inteiramente liquefeito vazado na cavidade de um molde de desejada forma; na solidificao, o metal assume a forma do molde, mas experimenta alguma contrao. Tcnicas de fundio so empregadas quando: (a) a forma acabada to grande ou complicada que qualquer outro mtodo seria impraticvel;
____________________________________________ 15
SENAI CIMATEC
(a)
(b)
(c)
(d)
Figura 2 - Estrutura dos lingotes. (a) acalmado, (b) semi-acalmado, (c) capeado e (d) efervescente. A linha pontilhada indica a altura original do ao lquido. Fonte: Modenesi, 2002.
ao lquido impediu a formao de bolhas na parte inferior do lingote; Ao capeado (Figura 2c): a evoluo de gs no incio da solidificao foi muito intensa, mas a sua intensidade foi reduzida tapando-se a lingoteira e aumentando-se assim a presso ferrosttica; Ao efervescente (Figura 2d): a reao de efervescncia ocorreu intensa e livremente e a sua contrao de volume devida solidificao foi compensada pela formao de bolhas.
Ao acalmado (Figura 2a): nele no se forma nenhuma quantidade de gs. Sua superfcie superior levemente cncava e, diretamente abaixo do topo, existe uma cavidade de rechupe interrompida intermitentemente. Em geral, estes aos so vazados em lingoteiras com cabea quente de tipo refratrio, para confinar a cavidade de rechupe ao massalote, que posteriormente cortado; Ao semi-acalmado (Figura 2b): nele evolui uma quantidade reduzida de gases, mas suficiente para compensar totalmente a contrao de volume devida solidificao. A presso ferrosttica exercida pelo
____________________________________________ 16
SENAI CIMATEC
Estrutura Cristalina
4
grande influncia na estrutura de gros recentemente solidificada e no tamanho de gro. Existem muitos vazios ou tomos ausentes nos contornos de gro. Os espaos entre os tomos podem ser maiores que o normal, permitindo que tomos individuais se desloquem com relativa facilidade. Por causa disso, a difuso dos elementos (o movimento dos tomos individuais) atravs da rede cristalina, geralmente acontece mais rapidamente nos contornos de gro que em seu interior.
Figura 3 - Contorno de gro (esquemtico). Fonte: Callister, 2002. Para sumarizar essa seo deve ser compreendido que todos os metais se compem de cristais (gros). A forma e as caractersticas dos cristais so determinadas pelo arranjo de seus tomos. O arranjo atmico de um elemento pode mudar a diferentes temperaturas, sendo que esse arranjo
____________________________________________ 17
SENAI CIMATEC
contudo, existe em uma, ou mais, de trs estruturas bsicas: Cbica de Corpo Centrado (CCC), Cbica de Face Centrada (CFC) e Hexagonal Compacta (HC), figura 6. A tabela 2 apresenta a estrutura cristalina de alguns metais puros comuns. O tipo de estrutura cristalina confere diversas caractersticas particulares a um dado metal. Por exemplo, aqueles que se cristalizam no sistema CFC tendem a apresentar, mais fortemente do que os demais, caractersticas tpicas de metais, isto , apresentam elevadas ductilidade, tenacidade e condutividades trmicas e eltricas. Alguns metais mudam de forma cristalina em funo da temperatura e presso.
Figura 4 - Representao da regio soldada de uma pea de metal, indicando os contornos de gros. Fonte: Wainer, 2005.
____________________________________________ 18
SENAI CIMATEC
Figura 5 - Estruturas cristalinas mais comuns dos slidos metlicos. As dimenses a e c so os parmetros de rede. Fonte: Silva, 2005.
Tabela 2 - Estrutura Cristalina de alguns metais puros. Estrutura Cristalina CCC CFC Exemplos Fe (abaixo de 910), Cr, V, Mo, W, Nb Fe (entre 910 e 1390), Al, Ag, Au, Cu, Ni, Pt Zn, Mg, Be, Zr
HC
Embora os metais puros sejam eventualmente utilizados industrialmente, muito mais comum se trabalhar com ligas, que so formadas pela mistura de um metal com um ou mais elementos diferentes, metlicos ou no (elementos de liga). Por outro lado, a quase totalidade das ligas e mesmos os metais considerados como "puros" contm quantidades variveis de elementos residuais, ou impurezas. A presena de elementos de liga e de impurezas pode causar alteraes importantes nas propriedades do metal. Por exemplo, a presena de carbono no ferro (ao) ou de zinco no cobre (lato) tende a aumentar a resistncia mecnica e a dureza e a reduzir a condutividade trmica.
____________________________________________ 19
SENAI CIMATEC
Esses fatores so controlados na siderrgica, mas como a atividade de soldagem envolve aquecimento e resfriamento heterogneos do metal, necessrio um cuidado especial durante a soldagem de aos de baixa, mdia e alta liga. As propriedades mais importantes que podem ser melhoradas pela adio de pequenas quantidades de elementos de liga so a dureza, a resistncia mecnica, a ductilidade, soldabilidade e a resistncia corroso. Os elementos de liga mais comuns e seus efeitos nas propriedades dos aos so os seguintes: Carbono (C) O carbono o elemento mais eficaz, mais empregado e de menor custo disponvel para aumentar a dureza e a resistncia dos aos. Uma liga contendo at 2,0% de carbono em combinao com o ferro denominada ao, enquanto que a combinao com teor de carbono acima de 2,0% conhecida como ferro fundido. Embora o carbono seja um elemento de liga desejvel, teores altos desse elemento podem causar problemas; por isso, necessrio um cuidado especial quando se soldam aos de alto teor de carbono e ferro fundido. Enxofre (S)
Mangans (Mn) O mangans em teores at 1,0% est normalmente presente em todos os aos de baixa liga como agente desoxidante ou dessulfurante. Isso significa que ele prontamente se combina com o oxignio e o enxofre para neutralizar o efeito indesejvel que esses elementos possuem quando esto em seu estado natural. O mangans tambm aumenta a resistncia trao e a temperabilidade dos aos. Cromo (Cr) O cromo, combinado com o carbono, um poderoso elemento de liga que aumenta a dureza dos aos. Adicionalmente as suas propriedades de endurecimento, o cromo aumenta a resistncia corroso e a resistncia do ao a altas temperaturas. o principal elemento de liga dos aos inoxidveis. Nquel (Ni) A principal propriedade do ao que melhorada pela presena do nquel sua ductilidade ou sua tenacidade ao entalhe. A esse respeito o mais eficaz dos elementos de liga para melhorar a resistncia ao impacto do ao a baixas temperaturas. Molibdnio (Mo)
O enxofre normalmente um elemento indesejvel no ao porque causa fragilidade. Pode ser deliberadamente adicionado para melhorar a usinabilidade do ao. O enxofre causa a quebra dos cavacos antes que eles se enrolem em longas fitas e obstruam a mquina. Normalmente todo esforo feito para reduzir o teor de enxofre para o menor nvel possvel porque ele pode criar dificuldades durante a soldagem.
O molibdnio aumenta fortemente a profundidade de tmpera caracterstica do ao. muito usado em combinao com o cromo para aumentar a resistncia do ao a altas temperaturas. Esse grupo de aos referido como aos ao cromomolibdnio.
____________________________________________ 20
SENAI CIMATEC
Silcio (Si) A funo mais comum do silcio nos aos como agente desoxidante. Normalmente aumenta a resistncia dos aos, mas quantidades excessivas podem reduzir a ductilidade. Fsforo (P) O fsforo considerado um elemento residual nocivo nos aos porque reduz fortemente sua ductilidade e tenacidade. Normalmente todo esforo feito para reduzir o teor de fsforo para os menores nveis possveis. Entretanto, em alguns aos o fsforo adicionado em quantidades muito pequenas para aumentar sua resistncia. Alumnio (Al) O alumnio basicamente empregado como um agente desoxidante dos aos. Ele pode tambm ser adicionado em quantidades muito pequenas para controlar o tamanho dos gros.
Nibio (Nb) O nibio empregado em aos inoxidveis austenticos como estabilizador de carbonetos. J que o carbono nos aos inoxidveis diminui a resistncia corroso, um dos modos de torn-lo ineficaz a adio de nibio, que possui maior afinidade pelo carbono que o cromo, deixando este livre para a proteo contra a corroso. Tungstnio (W) O tungstnio usado nos aos para dar resistncia a altas temperaturas. Ele tambm forma carbonetos que so extremamente duros e, portanto possuem excepcional resistncia abraso. Vandio (V) O vandio mantm o tamanho de gro pequeno aps tratamento trmico. Ele tambm ajuda a aumentar a profundidade de tmpera e resiste ao amolecimento dos aos durante os tratamentos trmicos de revenimento. Nitrognio (N)
Cobre (Cu) O cobre contribui fortemente para aumentar a resistncia corroso dos aos carbono pelo retardamento da formao de carepa temperatura ambiente. Usualmente feito todo esforo para eliminar o hidrognio, o oxignio e o nitrognio dos aos porque sua presena causa fragilidade. O nitrognio tem a capacidade de formar estruturas austenticas; por isso, ocasionalmente adicionado aos aos inoxidveis austenticos.
____________________________________________ 21
SENAI CIMATEC
Comportamento Mecnico
Se colocarmos gua fervente num copo descartvel de plstico, o plstico amolece e muda sua forma. Mesmo mole, o plstico continua com sua composio qumica inalterada. A propriedade de sofrer deformao sem sofrer mudana na composio qumica uma propriedade fsica. Por outro lado, se deixarmos uma barra de ao-carbono (ferro + carbono) exposta ao tempo, observar a formao de ferrugem (xido de ferro: ferro + oxignio). O ao-carbono, em contato com o ar, sofre corroso, com mudana na sua composio qumica. A resistncia corroso uma propriedade qumica. Entre as propriedades fsicas, destacam-se as propriedades mecnicas, que se referem forma como os materiais reagem aos esforos externos, apresentando deformao ou ruptura. Todas essas caractersticas dos materiais so conhecidas a partir dos ensaios de materiais.
____________________________________________ 22
SENAI CIMATEC
resposta de imediato desse teste (Figura 6). A Figura 7 apresenta a forma do corpo de prova utilizado para a realizao do ensaio de trao.
Deformao definida como a variao de uma dimenso (L) qualquer do corpo de prova em que estar sendo analisado, por unidade da mesma dimenso (L0), quando o mesmo submetido a um esforo qualquer. A equao 2 a seguir representa esse fenmeno. A deformao deve ser apresentada em forma de porcentagem, pois se trata de uma medida adimensional, conforme pode ser observado na equao.
Lf L0 L = L0 L0
(2)
O esforo aplicado nesse ensaio axial e normal a uma seo transversal do corpo de prova, podendo essa tenso ser considerada uma tenso normal. A tenso normal considerada positiva quando o esforo de trao e negativa no sentido de compresso.
F A0
(1)
____________________________________________ 23
SENAI CIMATEC
a ABNT, o comprimento da parte til dos corpos de prova utilizados nos ensaios de trao deve corresponder a 5 (cinco) vezes o dimetro da seo da parte til. Por acordo internacional, sempre que possvel um corpo de prova deve ter 10 mm de dimetro e 50 mm de comprimento inicial. No sendo possvel a retirada de um corpo de prova deste tipo, deve-se adotar um corpo com dimenses proporcionais a essas. Corpos de prova com seo retangular so geralmente retirados de placas, chapas ou lminas. Corpos de prova podem ser obtidos a partir da matria-prima ou de partes especficas do produto acabado.
5.1.3
Determinao
do
limite
elstico ou de proporcionalidade
O limite elstico a mxima tenso a que uma pea pode ser submetida sem que ocorra deformao permanente. A determinao desse limite deveria ser feita por carregamentos e descarregamentos sucessivos, at que se alcanasse uma tenso que mostrasse, com preciso, uma deformao permanente. Este processo muito trabalhoso e no faz parte dos ensaios de rotina. Porm, devido importncia de se conhecer o limite elstico, em 1939 um cientista chamado Johnson props um mtodo para determinar um limite elstico aparente, que ficou conhecido como limite Johnson. Essa propriedade representada pelo ponto (P) onde a deformao deixa de ser proporcional a tenso aplicada, ou seja, perde a linearidade, conforme pode ser observado na Figura 8.
Figura 8 Curva carregamento versus deformao. Fonte: Callister, 2002. O limite de escoamento , em algumas situaes, alternativa ao limite elstico, pois tambm delimita o incio da deformao permanente (um pouco acima). Ele obtido verificando o patamar formado na curva tenso versus deformao. Com esse dado possvel calcular o limite de escoamento do material. Entretanto, vrios metais no apresentam esse patamar definido, e mesmo nas ligas em que ocorre ele no pode ser observado, na maioria dos casos, porque acontece muito rpido e no possvel detect-lo (Figura 8). Por essas razes, foram convencionados alguns valores para determinar este limite. O valor convencionado (n) corresponde a um alongamento percentual. Os valores de uso mais freqente so: n = 0,2%, para metais e ligas metlicas em geral;
____________________________________________ 24
SENAI CIMATEC
n = 0,1%, para aos ou ligas no ferrosas mais duras; n = 0,01%, para aos-mola.
Graficamente, o limite de escoamento dos materiais citados pode ser determinado pelo traado de uma linha paralela ao trecho reto do diagrama tenso-deformao, a partir do ponto n. Quando essa linha interceptar a curva, o limite de escoamento estar determinado. Se o grfico obtido no ensaio for expresso como Fora versus l, faz-se necessrio encontrar o valor de l em mm que corresponda ao alongamento recomendado ou convencional n. Por exemplo, se n=0,2% significa que =0,002.
maior preciso possvel. Poder ser calculado a partir da tenso, dividido pela deformao obtida a partir do l correspondente fora aplicada, conforme equao 3 abaixo.
E =
(3)
____________________________________________ 25
SENAI CIMATEC
Para um tcnico em usinagem, a resistncia ao corte do metal, pois este profissional atua com corte de metais, e a maior ou menor dificuldade de usinar um metal caracterizada como maior ou menor dureza. Para um mineralogista a resistncia ao risco que um material pode produzir em outro. importante destacar que, apesar das diversas definies, um material com grande resistncia deformao plstica permanente tambm ter alta resistncia ao desgaste, alta resistncia ao corte e ser difcil de ser riscado, ou seja, ser duro em qualquer uma dessas situaes. Sob esse ponto de vista, pode-se dividir o ensaio de dureza em trs tipos principais: (a) por penetrao, (b) por choque e (c) por risco. O terceiro tipo raramente usado para metais, sendo mais utilizada para materiais polimricos, j o segundo tipo relaciona vrios minerais e outros materiais quanto possibilidade de um riscar o outro (Escala de Mohs). Esse tipo consiste em uma tabela de 10 minerais padres arranjados na ordem crescente da possibilidade de ser riscado pelo mineral seguinte. A dureza por penetrao a mais largamente utilizada e citada nas especificaes tcnicas do ramo da metalurgia e da mecnica. Sero vistos as durezas por penetrao Brinell, Rockwell e Vickers. durante um tempo t, produzindo uma calota esfrica de dimetro d, conforme Figura 10.
____________________________________________ 26
SENAI CIMATEC
Figura 10 Mtodo para obteno da dureza Brinell. Fonte: Callister, 2002. A dureza Brinell representada pelas letras HB. Essa representao vem do ingls Hardness Brinell, que quer dizer dureza Brinell. A dureza Brinell (HB) a relao entre a carga aplicada (Q) e a rea da calota esfrica impressa no material ensaiado (Ac), a qual relaciona com os valores de D e d, conforme equao 4.
O ensaio baseado na profundidade de penetrao de uma ponta, subtrada da recuperao elstica devida a retirada de uma carga maior e da profundidade causada pela aplicao de uma carga menor. Aps a aplicao e retirada da carga maior, a profundidade da impresso dada diretamente no mostrador da maquina. A Figura 11 apresenta o esquema de aplicao de carga para o ensaio de dureza Rockwell.
HB =
____________________________________________ 27
SENAI CIMATEC
as mquinas mais difundidas para operar com este mtodo chamava-se Vickers-Armstrong. Essa dureza se baseia na resistncia que o material oferece penetrao de uma pirmide de diamante de base quadrada e ngulo entre faces de 136, sob uma determinada carga. A Figura 12 apresenta a impresso do penetrador na pea ensaiada utilizando o mtodo Vickers.
ser possvel fazer a medida das diagonais to quanto dos lados. A partir das medies realizadas, pode-se determinar d, conforme equao 6.
d =
d1 + d 2 2
(6)
As impresses so extremamente pequenas e, na maioria dos casos, no inutilizam as peas, mesmo as acabadas. O penetrador, por ser de diamante, praticamente indeformvel. Este ensaio aplica-se a materiais de qualquer espessura, e pode tambm ser usado para medir durezas superficiais. Por outro lado, devem-se tomar cuidados especiais para evitar erros de medida ou de aplicao de carga, que alteram muito os valores reais de dureza.
Figura 12 Impresso Vickers. A dureza Vickers (HV) independente da carga, isto , o numero de dureza obtido o mesmo qualquer que seja a carga utilizada para materiais homogneos. Essa carga pode varia de 1 ate 120 kgf. O valor de dureza Vickers (HV) o quociente da carga aplicada (Q) pela rea de impresso (A) deixada no corpo ensaiado, conforme equao 5.
2 Qsen 136 2 = 1,8544 Q (5) 2 d d2
Q HV = = A
A mquina no ir fornecer a rea marcada pela impresso, no entanto, com auxilio do microscpio
____________________________________________ 28
SENAI CIMATEC
Diagramas de Equilbrio
Diagramas de equilbrio
Como discutido nas sees anteriores, quando um metal lquido resfriado, seus tomos se arranjam em um modelo cristalino regular, e dizemos que o lquido se solidificou ou se cristalizou. Todos os metais se solidificam na forma cristalina. Num cristal os tomos ou as molculas so mantidos numa posio determinada e no esto livres para se movimentar como as molculas de um lquido ou de um gs. Esse posicionamento determinado conhecido como rede cristalina. medida que a temperatura de um cristal aumentada, mais energia trmica (calor) absorvida pelos tomos ou molculas, e seu movimento de vibrao aumenta. medida que a distncia entre os tomos aumenta, o arranjo cristalino se desfaz e o cristal se funde. Se a rede contiver apenas um tipo de tomo, como no ferro puro, as condies sero as mesmas em todos os pontos da rede, e o cristal fundir-se- a uma determinada temperatura. Entretanto, se a rede contiver dois ou mais tipos de tomos como em qualquer ao liga, a fuso pode se iniciar a uma temperatura, mas no ocorrer de forma completa at que seja atingida uma temperatura mais alta. Isso cria uma situao em que existe uma combinao de lquido e slido dentro de uma faixa de temperaturas.
Cada metal possui uma estrutura cristalina caracterstica que se forma durante a solidificao e assim permanece enquanto o material permanecer na temperatura ambiente. Entretanto, alguns metais podem sofrer alteraes na estrutura cristalina medida que a temperatura muda, fenmeno conhecido como transformao de fase. Fase uma poro qumica e estruturalmente homognea da microestrutura. O diagrama de fases ou de equilbrio qualquer representao grfica das variveis de estado associadas s microestruturas por meio da regra de fases de Gibbs, que apresenta a relao geral entre a microestrutura e as variveis de estado, conforme equao 7.
F = C P + 2
(7)
onde F o numero de graus de liberdade, C o numero de componentes e P o numero de fases. O tipo mais simples de diagrama de fases aquele associado aos sistemas binrios em que dois componentes exibem soluo slida completa, conforme pode ser observado na Figura 13.
____________________________________________ 29
SENAI CIMATEC
Observa que o diagrama mostra a temperatura como varivel na escala vertical e a composio como varivel horizontal. Para temperaturas relativamente altas, qualquer composio ter se fundido completamente, dando origem a fase liquida. Em temperaturas relativamente baixas, existe um nico campo de fase de soluo slida. Entre os dois campos monofsicos existe uma regio bifsica, onde coexiste a fase liquida e a fase solida. A linha superior que delimita a regio monofsica (liquida) da bifsica chamada de linha liquidus e a linha inferior chamada de linha solidus. Para qualquer ponto de equilbrio
dentro da regio bifsica (duas fases) pode ser determinada a composio de cada fase que compe a soluo slida por meio da regra da alavanca. Uma linha de amarrao que passa pelo ponto de equilbrio e interliga as linhas liquidus e solidus (Figura 13). A composio da fase liquida dada pelo ponto de interseo com a linha liquidus, j a composio da fase solidus dada pelo ponto de interseo com a linha solidus. Matematicamente a regra da alavanca pode ser representada da seguinte forma:
S (%) =
AB AC
L (%) =
BC AC
____________________________________________ 30
SENAI CIMATEC
informaes sobre a microestrutura das ligas de Fe-C em funo da temperatura e composio. Seria impossvel falar de operaes como, tratamento trmico, soldagem e processos de conformao, sem entender o diagrama de fases, em especial o diagrama Fe-C (Figura 14). Para um perfeito entendimento do diagrama vamos ficar a par de alguns termos utilizados bem como os microconstituintes, suas respectivas localizaes no mapa bem como as linhas e temperaturas.
____________________________________________ 31
SENAI CIMATEC
Para o diagrama de fases Fe-C pode ser identificado dois pontos em que a transformao de fases acontece de forma direta, sem o intermdio de solues slidas intermedirias (Figura14). Em temperaturas relativamente altas a transformao da total da regio liquida numa mistura de fases slidas, acontece a uma composio de 4,3% de carbono, onde pode ser chamado de ponto euttico. Para temperaturas baixas a transformao acontece a uma composio de 0,76% de carbono, que pode ser chamado de ponto eutetide, onde toda a fase slida se transforma em duas fases slidas distintas. Essas transformaes podem ser representadas pelas as seguintes reaes.
composio fixa, sendo por isso constituinte mais duro dos aos, riscando o quartzo, mas extremamente frgil. No se sabendo com preciso seu ponto de fuso e nem a sua baixa resistncia, a trao. Seu sistema cristalino ortorrmbico. Austenita Microconstituinte que se apresenta neste diagrama somente acima de 723, at a fuso dos aos em geral. uma soluo solida intersticial do carbono no ferro (estrutura cbica de faces centradas), com o carbono variando de 0% de C at 2,05% C na temperatura de 1130C. Admite, portanto uma quantidade de carbono, em soluo quase 200 vezes a da ferrita. A austenita relativamente no muito dura, apresentando ductilidade. A maioria das operaes de conformao a quente dos aos e o caldeamento so realizados no campo austentico, assim como muitos tratamentos trmicos. Perlita Mistura mecnica lamelar de ferrita e cementita o microconstituinte nico para os aos com 0,8%C de carbono, originando-se pela decomposio eutetide de austenita de composio definida de 0,8%C.
L ( euttico ) + Fe 3C
( eutetide ) + Fe 3C
Ao observar o diagrama de equilbrio Fe-C nota-se que o carbono varia de 0% at 6,7%, bem como muitos microconstituintes que iremos conceituar e relatar suas caractersticas a seguir. Ferrita Soluo slida intersticial do carbono no ferro, na estrutura cbica de corpo centrado, com o carbono variando de 0,008% C at um mximo de 0,025% C 723C, resistindo at 910C. Caracteriza-se pela baixa resistncia mecnica, bom alongamento e boa ductilidade. Cementita Carboneto de ferro ou Fe3C, composto intermetlico, com 6,7% de C
7.1 lento
Analise de resfriamento
O diagrama de fases Fe-C fica divido segundo a quantidade de carbono. Para os aos 0,008 - %C 2,05, ou seja, a para que uma liga Fe-C seja um ao ela tem de esta compreendida nesta faixa; Os aos ainda tem uma classificao segundo a solubilidade do carbono que :
____________________________________________ 32
SENAI CIMATEC
no
Ao hipereutetide (cementita no contorno + perlita) 0,8 < %C < 2,05. E para os ferros fundidos que iro variar de 2,05%C at 6,7%C podemos dividir da seguinte forma: Ferro Fundido Hipoeuttico (dendritos pr eutticos de perlita) 2,05 < %C < 4,3; Ferro fundido Euttico %C = 4,3;
Ferro fundido hipereuttico (cristais pro eutticos de cementita) 4,3 < %C 6,7. No ponto euttico a liga sai do estado liquido e solidifica-se isotermicamente formando duas fases, ou seja, austenita mais cementita. No ponto eutetide a liga j se encontra no estado slido mudando apenas a microestrutura isotermicamente austenita, transformando-se em ferrita mais cementita. Como auxilio no diagrama simplificado vamos agora analisar o resfriamento lendo do ao eutetide, do estado liquido at a temperatura ambiente.
Figura 15 Diagrama Fe-C: Regio eutetide. Na Figura 15 existem pontos marcados os quais indicam temperaturas especficas onde iremos identificar quais as microestruturas presentes. T1 - 100% Liquido; T2 - Inicia-se a solidificao formando austenita; T3 - Dendritos de austenita em um meio lquido. Aqui podemos calcular por meio da regra da alavanca o percentual de liquido e slido, que neste caso o slido ser 100% de austenita.
____________________________________________ 33
SENAI CIMATEC
E agora temos o resultado do percentual lquido que de 62,5%. Continuando o resfriamento da liga eutetide temos: T4 - 100% de gros de austenita. A liga no estado slido tem 0,8% de carbono e 99,2% de ferro; T5 - acontece a mudana de para isotermicamente; T6 - Imediatamente abaixo de 727C, os gros de perlita envolvidos por ferrita pro eutetide ou primria.
Para calcular o percentual de ferrita e cementita abaixo de 727C, usamos para A = 0,022 B = 0,8 e C= 6,7 (figura 11). Assim, podemos calcular usando a regra da alavanca.
AC = 88,34%
Figura 16 Brao de amarrao. Neste caso temos para A = 0,5 B = 0,76 (aproximadamente 0,8) e C = 1,3. Aplicando a regra da alavanca temos:
BC
Fe 3C =
AB
Entendemos ento que a liga eutetide possui imediatamente abaixo de 727C 88,34% de ferrita e 11,66% de cementita.
L=
____________________________________________ 34
SENAI CIMATEC
Tratamentos Trmicos
8 Tratamentos trmicos
Tratamentos trmicos podem ser definidos como processos em que um metal, no estado slido, submetido a um ou mais ciclos de aquecimento e resfriamento para alterar, de forma desejada, uma ou mais de suas propriedades. Os aos podem ser submetidos a diferentes tratamentos trmicos visando um dos seguintes objetivos: Remover as tenses induzidas pelo trabalho a frio ou remover as tenses originadas por resfriamento no uniforme de peas aquecidas; Diminuir a dureza e aumentar a ductilidade; Aumentar a dureza, a resistncia mecnica e a resistncia ao desgaste; Aumentar a tenacidade de forma a combinar uma alta resistncia trao e uma boa ductilidade, permitindo suportar choques de maior intensidade; Melhorar a usinabilidade; Melhorar as propriedades de corte de ferramentas; Alterar as propriedades eltricas e magnticas. tratamentos
resfriamento a uma velocidade suficientemente rpida para causar a formao de martensita. Isto usualmente conseguido por imerso em banho de salmoura, gua ou leo. A tmpera pode causar um aumento significativo na dureza e resistncia dos aos, particularmente daqueles com maior teor de carbono, este aumento de resistncia , contudo, acompanhado por uma perda proporcional de ductilidade (Figura 17).
Figura 17 - Dureza de aos carbono em funo do teor de carbono e da microestrutura. Fonte: Bracarense, 2008. Revenimento Pode ser realizado aps a tmpera com o objetivo de reduzir a fragilizao do ao, custa de certa perda de dureza. O tratamento realizado a uma temperatura inferior temperatura crtica e a perda de dureza aumenta usualmente com a
Tmpera Consiste no aquecimento de uma pea at a sua completa austenitizao, seguido de seu
____________________________________________ 35
SENAI CIMATEC
temperatura e o tempo de revenimento (Figura 18). Aos com adies de elementos como Cr, V, Mo e Nb podem sofrer endurecimento secundrio (precipitao de carbonetos finos e duros) durante o revenimento e ter um comportamento diferente (ver Figura 19).
Recozimento Uma forma de recozimento consiste em austenitizar o ao e em seguida resfri-lo lentamente, usualmente dentro do prprio forno. Outra o recozimento de recristalizao, que aplicado a um material encruado (deformado plasticamente a frio). Aps o recozimento, o ao tende a se tornar macio, dctil e fcil de ser cortado e dobrado.
Figura 18 - Variao da dureza em funo da temperatura de revenimento para o ao SAE 1080. Fonte: Bracarense, 2008.
Normalizao Este tratamento consiste em austenitizar o material e em seguida resfri-lo ao ar, e, portanto, de uma forma mais rpida que no tratamento anterior. A normalizao usualmente utilizada para a obteno de uma estrutura mais fina e mais dura do que a obtida no recozimento e, tambm, para tornar a estrutura mais uniforme ou para melhorar a usinabilidade.
Alvio de tenses Consiste no aquecimento do ao a uma temperatura inferior sua temperatura eutetide e tem como objetivo causar a relaxao de tenses internas no material, resultantes de processos de conformao mecnica, soldagem, etc.
Figura 19 - Variao da dureza em funo da temperatura de revenimento para o ao ferramenta AISI M2. Fonte: Bracarense, 2008.
____________________________________________ 36
SENAI CIMATEC
Ferros Fundidos
9
formas intringantes. Finalmente, e talvez o mais importante, ferros fundidos cinzentos so os mais baratos dos materials metlicos.
Ferro Fundido
Genericamente, ferros fundidos uma classe de ligas ferrosas com teores de carbono acima de 2,1% em peso; na prtica, entretanto, muitos e muitos ferros fundidos contm entre 3,0 e 4,5% C em peso e, em adio, outros elementos de liga.
9.2
(ou
Nodular)
A adio uma pequena quantidade de magnsio e/ou crio para o ferro fundido cinzento antes da fundio produz uma distintamente diferente microestrutura e conjunto de propriedades mecnicas. A grafita ainda se forma, mas como ndulos ou partculas do tipo esfera em vez de flocos. A liga resultante chamada ferro fundido nodular ou ferro fundido dctil. As peas fundidas so mais fortes e muito mais dcteis do que no caso de ferros fundidos cinzentos. De fato, ferro fundido dctil tem caractersticas mecnicas que se aproximam daquelas do ao. Por exemplo, ferro fundido dctil ferrtico tem resistncia trao variando entre 55000 e 70000 psi (380 e 480 Mpa) e ductilidades (como porcentagem de elongao) de 10 a 20%. Aplicaes tpicas deste material incluem vlvulas, corpos da bomba, virabrequins, engrenagens e outros componentes automotivos e de mquinas.
____________________________________________ 37
SENAI CIMATEC
resfriamento, a maioria do carbono existe como cementita em vez de grafita. Como uma conseqncia de grandes quantidades da fase cementita, o ferro fundido branco extremamente duro, mas tambm muito frgil, ao ponto de ser virtualmente no usinvel. Seu uso est limitado a aplicaes que necessitam uma superfcie muito dura e resistente ao desgaste e sem um alto grau de dutilidade - por exemplo, como rolos em moinho de rolos. Geralmente, ferro fundido branco usado como um intermedirio na produo de outro ferro fundido, o ferro fundido malevel. O aquecimento de ferro fundido branco at temperaturas entre 800 e 900C (1470 e 1650F) durante um prolongado perodo de tempo temperatura do tratamento e numa atmosfera neutra (para prevenir a oxidao) causa a decomposio da cementita, formando grafita, que existe na forma de cachos ou rosetas circundadas por uma matriz de ferrita ou de perlita, dependendo da taxa de resfriamento. Aplicaes representativas incluem hastes de conexo, engrenagens de transmisso e caixa diferencial para indstria automotiva e tambm flanges, conexes de tubos e partes de vlvulas para linha frrea, marinha e outros servios pesados.
Uma densidade relativamente alta; Uma comparativamente baixa condutividade eltrica; Uma inerente susceptibilidade corroso em alguns ambientes comuns. Assim, para muitas aplicaes, vantajoso ou mesmo necessrio o uso de outras ligas tendo uma mais apropriada combinao de propriedades. Sistemas de ligas so classificados quer de acordo com o metal de base quer de acordo com alguma caracterstica especfica que um grupo de ligas compartilha. Este captulo discute os seguintes sistemas de metais e ligas: cobre e suas ligas, alumnio e suas ligas, magnsio e suas ligas, titnio e suas ligas, metais refratrios, as superligas, os metais nobres e as ligas miscelneas, incluindo aquelas que contm nquel, chumbo, estanho e zinco como metais de base. Ocasionalmente, uma distino feita entre ligas fundidas e ligas trabalhadas mecanicamente. Ligas que so to frgeis que trabalho mecnico e conformao por deformao aprecivel no possvel ordinariamente so fundidas; estas so classificadas como ligas fundidas. Por outro lado, aquelas que so susceptveis deformao mecnica so denominadas ligas trabalhadas mecanicamente. Em adio, a tratabilidade trmica de um sistema de liga freqentemente mencionada. "Tratvel termicamente" designa uma liga cuja resistncia mecnica melhorada por endurecimento por precipitao ou por uma transformao martenstica (normalmente a primeira), ambas as quais envolvem procedimentos especficos de tratamento trmico.
____________________________________________ 38
SENAI CIMATEC
resistncia mecnica do alumnio pode ser melhorada por trabalho a frio e por adio de elemento de liga; entretanto, ambos os processos tendem a diminuir sua resistncia corroso. Os principais elementos de liga incluem cobre, magnsio, silcio, mangans e zinco. Ligas no tratveis termicamente consistem de uma nica fase, para a qual um aumento em resistncia mecnica alcanado por fortalecimento por soluo slida. Outras so tornadas termicamente tratveis (capazes de serem endurecidas por precipitao) como um resultado da adio de elemento de liga. Geralmente, ligas de alumnio so classificadas ou como liga fundida ou como liga trabalhada mecanicamente. Composio para ambos os tipos designada por um nmero de 4 dgitos que indica a impureza principal e em alguns casos, o nvel de pureza. Para ligas fundidas, um ponto decimal localizado entre os 2 ltimos dgitos. Aps estes dgitos est um hfen e a designao bsica de revenimento uma letra e possvelmente um nmero de 1 a 3 dgitos, o que indica o tratamento mecnico e/ou trmico ao qual a liga ter que ser submetida. Por exemplo, F, H e O representam, respectivamente, estados como-fabricado, endurecido por deformao e recozido; T3 significa que a liga foi tratada termicamente para solubilizao, trabalhada a frio e a seguir naturalmente envelhecida (endurecida por envelhecimento).
____________________________________________ 39
SENAI CIMATEC
(3035oF)] e um mdulo elstico. Ligas de titnio so extremamente fortes; resistncia trao temperatura ambiente so to altas quanto 200000 psi (1400 MPa) so atingveis, fornecendo destacveis resistncias mecnicas especficas. Alm disso, as ligas so altamente dcteis e facilmente forjadas e usinadas. A limitao principal do titnio a sua reatividade qumica com outros materiais a elevadas temperaturas. Esta propriedade necessitou o desenvolvimento de tcnicas no convencionais de refino, fuso e fundio; conseqentemente, ligas de titnio so bastante caras. A despeito desta reatividade alta temperatura, a resistncia corroso de ligas de titnio s temperaturas normais desusualmente alta; elas so virtualmente imunes aos ambientes atmosfrico, marinho e uma variedade de ambientes industriais. Elas so comumente utilizadas em estruturas de
____________________________________________ 40
SENAI CIMATEC
Corroso e oxidao
10
esfoliao, graftica, desincificao, em torno do cordo de solda e empolamento pelo hidrognio; As causas ou mecanismos: por aerao diferencial, eletroltica ou por correntes de fuga, galvnica, associada a solicitaes mecnicas (corroso sob tenso fraturante), em torno de cordo de solda, seletiva (graftica e desincificao), empolamento ou fragilizao pelo hidrognio; Os fatores mecnicos: sob tenso, sob fadiga, por atrito, associada eroso; O meio corrosivo: atmosfrica, pelo solo, induzida por microrganismos, pela gua do mar, por sais fundidos, etc.; A localizao do ataque: por pite, uniforme, intergranular, trangranular, etc. A caracterstica da forma de corroso auxilia bastante no esclarecimento do mecanismo e na aplicao de medidas adequadas de proteo, da serem apresentadas a seguir as caractersticas fundamentais das diferentes formas de corroso: Uniforme; Por placas; Alveolar; Puntiforme ou por pite; Intergranular (ou intercristalina); Intragranular (ou transgranular ou transcristalina); Filiforme; Por esfoliao; Graftica; Desincificao;
10 Corroso e degradao
Todos os metais e ligas esto sujeitos corroso. No h nenhum material que possa ser empregado em todas as aplicaes. O ouro, por exemplo, conhecido por sua excelente resistncia ao da atmosfera, ser corrodo se exposto ao mercrio, em temperatura ambiente. Por outro lado, o ferro no corrodo por mercrio, mas enferruja rapidamente em presena do ar atmosfrico. A maioria dos componentes metlicos deteriora-se com o uso, se em exposio a ambientes oxidantes ou corrosivos. Como impraticvel eliminar a corroso, o segredo de um bom projeto de engenharia, geralmente, est nos processos de controle da corroso. Corroso pode ser definida como a deteriorao, que ocorre quando um metal reage com o meio ambiente.
____________________________________________ 41
SENAI CIMATEC
Corroso Uniforme A corroso uniforme processase em toda a extenso da superfcie (figura 21), de modo a ocorrer perda uniforme de espessura. chamada, por alguns, de corroso generalizada, mas esta terminologia no deve ser usada s para corroso uniforme, pois possvel ter, tambm, corroso por pite ou alveolar generalizado, isto , em toda a extenso da superfcie corroda. a forma de corroso mais simples de medir, alm de ser possvel evitar falhas repentinas atravs de uma inspeo regular.
Figura 21 - Corroso em placas. Fonte: Gentil, 2005. Corroso Alveolar A corroso ocorre na superfcie metlica, produzindo sulcos ou escavaes semelhantes a alvolos que apresentam fundo arredondado e profundidade, em geral, menor que o seu dimetro. Corroso Puntiforme ou por Pite A corroso processa-se em pontos ou em pequenas reas localizadas na superfcie metlica produzindo pites (Figuras 22), que so cavidades que apresentam o fundo em forma angulosa e profundidade, geralmente, maior do que o seu dimetro. A forma da cavidade , com freqncia, responsvel por seu crescimento contnuo. O pitting uma das formas mais destrutivas e insidiosas de corroso. Causa a perfurao de equipamentos, com apenas uma pequena perda percentual de peso de toda a estrutura. , geralmente, difcil de detectar pelas suas pequenas dimenses e porque os pites so, freqentemente, escondidos pelos produtos de corroso. Os aos, quando em ambientes agressivos contendo cloretos, sofrem corroso
Uniforme.
A corroso localiza-se em regies da superfcie metlica e no em toda sua extenso, ento se formam placas com escavaes (Figura 21).
____________________________________________ 42
SENAI CIMATEC
por pitting. As trs ltimas formas de corroso podem no ser consideradas da maneira como foram apresentadas, preferindo alguns no usar os termos placas e alveolar.
Figura 23 - Corroso Sob Tenso em uma junta soldada. Fonte: Bracarense, 2002. A corroso intergranular pode ser provocada por impurezas nos contornos de gro, aumento da concentrao de um dos elementos de liga ou reduo da concentrao de um destes elementos na regio dos contornos de gro. Exemplo clssico a reduo substancial do teor de cromo na regio dos contornos de gro dos aos inoxidveis austenticos pela precipitao de carboneto de cromo. Corroso Filiforme A corroso processa-se sob a forma de finos filamentos, mas no profundos, que se propagam em diferentes direes e que no se ultrapassam (Figura 24), pois se admite que o produto de corroso, em estado coloidal, apresenta carga positiva, da a repulso. Ocorre, geralmente, em superfcies metlicas revestidas com tintas ou com metais e ocasiona o deslocamento do revestimento. Tem sido observados, mais freqentemente, quando a umidade relativa do ar maior que 85% e em revestimentos mais permeveis penetrao de oxignio e gua ou que apresentem falhas, como riscos, ou, ainda, em regies de arestas.
Figura 22 - Corroso por pite em tubo de ao inoxidvel AISI 304. Fonte: Gentil, 2005. Corroso intergranular Quando um metal policristalino corrodo, normalmente, a corroso uniforme, pois, geralmente, os contornos de gro so apenas ligeiramente mais reativos que o interior dos gros. Contudo, sob certas condies, os contornos de gro tornam-se muito reativos e ocorre uma corroso entre os gros da rede cristalina do material metlico. Este perde suas propriedades mecnicas, em funo da corroso sob tenso fraturante (CTF) (Stress Corrosion Cracking SCC) (Figura 23).
____________________________________________ 43
SENAI CIMATEC
Figura 24 - Corroso Filiforme em revestimento. Fonte: Gentil, 2005. Esfoliao Esfoliao um tipo de corroso sub superficial, que se inicia em uma superfcie limpa, mas se espalha abaixo dela. A corroso detectada de forma paralela superfcie metlica. Ocorre em chapas ou componentes extrudados, que tiveram seus gros alongados e achatados, de forma a criar condies para que incluses ou segregaes, presentes no material, sejam transformadas, devido ao trabalho mecnico, em plaquetas alongadas. O produto de corroso, volumoso, ocasiona a separao das camadas contidas entre as regies que sofrem a ao corrosiva e, como conseqncia, ocorre desintegrao do material em forma de placas paralelas superfcie. Essa forma de corroso tem sido detecta da, mais comumente, em ligas de alumnio das sries 2.000 (Al, Cu, Mg), 5.000 (Al, Mg) e 7.000 (Al, Zn, Cu, Mg) (figura 21).
Figura 25 - Corroso por esfoliamento em liga de alumnio. Fonte: Gentil, 2005. Corroso graftica A corroso evidencia-se no ferro fundido cinzento em temperatura ambiente. O ferro metlico convertido em produtos de corroso, enquanto a grafite permanece intacta. Observa-se que a rea corroda fica com aspecto escuro, caracterstico da grafite, e esta pode ser facilmente retirada com esptula. Quando a grafite colocada sobre papel branco e atritando-a, observa-se a formao de risco preto caracterstico. Dezineificao a corroso que ocorre em ligas de cobrezinco (lates), em que se observa o aparecimento de regies com colorao avermelhada em contraste com a caracterstica colorao amarela dos lates. Admitese que ocorre uma corroso preferencial do zinco, e o cobre restante destaca-se com sua caracterstica cor avermelhada. A desincificao e a corroso graftica so exemplos de corroso seletiva, pois h a corroso preferencial de zinco e ferro, respectivamente.
____________________________________________ 44
SENAI CIMATEC
Corroso em torno do cordo de solda Forma de corroso que se observa em torno de cordo de solda
(Figura 26). Ocorre em aos inoxidveis no-estabilizados ou com teores de carbono maiores que 0,03%. A corroso evidenciada intergranularmente.
Figura 26 - Corroso no Cordo de Solda. Fonte: Gentil, 2005. Apesar de no ter sido classificada anterior, existe outro tipo de corroso que deve ser citada. A corroso galvnica pode ocorrer quando dois metais diferentes em contato so expostos a uma soluo condutora. Como existe uma diferena de potencial entre metais diferentes, esta servir como fora impulsora para a passagem de uma corrente eltrica atravs da soluo. Da resultar a corroso do metal menos resistente, isto , o metal menos resistente torna-se andico e o mais resistente torna-se catdico. Quanto maior a diferena de potencial, maior a probabilidade de corroso galvnica. As reas relativas dos dois metais so tambm importantes. Se a rea do metal andico bem menor, comparada com a do metal catdico, a corroso do metal andico ser bastante acelerada. Para combater ou minimizar a corroso galvnica, recomenda-se uma ou mais das seguintes medidas: Escolher combinaes de metais to prximos quanto possvel na srie galvnica; Evitar o efeito de rea (nodo pequeno e ctodo grande); Sempre que possvel isolar metais diferentes, de forma completa; Aplicar revestimento com precauo; Adicionar inibidores, para atenuar a agressividade do meio corrosivo; Evitar juntas rosqueadas para materiais muito afastados na srie galvnica; Projetar componentes andicos facilmente substituveis ou com espessura bem maior.
____________________________________________ 45
SENAI CIMATEC
No caso de se utilizarem metais dissimilares, deve-ser tentar isol-los eletricamente; Minimizar a superfcie das regies catdicas; Evitar frestas, recessos, cantos vivos e cavidades; Dar bom acabamento superficial s peas; Submeter as peas a um recozimento de alvio de tenses internas; Usar juntas soldadas no lugar de juntas parafusadas. Alm destas medidas mais ligadas a projeto, h mtodos especficos para reduzir ou inibir a corroso em suas vrias formas:
a) isolar o metal do meio agressivo, atravs do uso de revestimentos orgnicos inertes (tintas) ou de revestimentos com metais mais nobres. b) inibio da reao catdica ou da reao andica atravs de agentes chamados inibidores, que reagem com os produtos da corroso e formam camadas impermeveis nas superfcies dos eletrodos; c) mtodos eltricos (proteo catdica e proteo andica).
____________________________________________ 46
SENAI CIMATEC
Referncias
11
REFERNCIA
Chiaverini, Vicente. Tecnologia Mecnica. Vol. I, II e III. Ed. McGrawHill. 1986. Callister, W. D, Introduo a cincia e engenharia de materiais, uma abordagem sistemtica. Volume nico, 2 Edio, Editora LTC, Rio de Janeiro 2002. Souza, S. Augusto. Ensaios Mecnicos de Materiais Metlicos. Editora Edgard Blucher, 1989. Van Vlack, L. H. Princpios de Cincia e Tecnologia dos Materiais. Ed. Campus 1970. Garcia, Amauri; Spim, J. A. e Santos, C. A. dos. Ensaios dos Materiais, Editora LTC. 2000. GENTIL, Vicente. Corroso. 5 Edio. Cidade: Rio de Janeiro, Editora LTC, 2008. WAINER, E. et al. Soldagem Processos e Metalurgia. AEd. Edgard Blcher Ltda, So Paulo, 1992. MARQUES, P.V., MODENESI, P.J., BRACARENSE A.C. Soldagem Introduo a Metalurgia da Soldagem. Ed. UFMG, Belo Horizonte, 2006. FORTES, C., SILVA Metalurgia da Soldagem. Desenvolvimento e Pesquisa ESAB BR, 2004.
____________________________________________ 47