Fabulas Fabulas de Sempre
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Fbulas de La Fontaine
Num dia soalheiro de Vero, a Cigarra cantava feliz. Enquanto isso, uma Formiga passou por perto. Vinha afadigada, carregando penosamente um gro de milho, que arrastava para o formigueiro. - Por que no ficas aqui a conversar um pouco comigo, em vez de te afadigares tanto? perguntou-lhe a Cigarra. - Preciso de arrecadar comida para o Inverno respondeu-lhe a Formiga. Aconselho-te a fazeres o mesmo. - Por que me hei-de preocupar com o Inverno? Comida no nos falta... respondeu a Cigarra, olhando em redor. A Formiga no respondeu, continuou o seu trabalho e foi-se embora. Quando o Inverno chegou, a Cigarra no tinha nada para comer. No entanto, viu que as Formigas tinham muita comida porque a tinham guardado no Vero. Distribuam-na diariamente entre si e no tinham fome como ela. A Cigarra compreendeu que tinha feito mal...
Estavam duas Rs beira de um charco quando a mais nova comentou: - Comadre, hoje vi um monstro terrvel: era maior do que uma montanha, tinha chifres e uma longa cauda. - O que viste foi apenas o Boi do lavrador - esclareceu a R mais velha. - E, alm disso, no assim to grande... Eu posso ficar do tamanho dele. Ora observa. Dito isto, comeou a inchar e a esticar-se muito, muito... - O Boi era to grande como eu? - perguntou ela quando j estava to grande como um Burro. - Oh, muito maior! - respondeu a jovem R. Ento a R mais velha respirou fundo e inchou, inchou... at que rebentou.
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Mestre Corvo, numa rvore poisado, No bico segurava um belo queijo. Mestra raposa, atrada pelo cheiro, Assim lhe diz em tom entusiasmado: - Ol! Bom dia tenha o Senhor Corvo, To lindo : uma beleza alada! Fora de brincadeiras, se o seu canto Tiver das suas penas o encanto de certeza o Rei da Bicharada! Ouvindo tais palavras, que feliz O Corvo fica; e a voz quer mostrar: Abre o bico e l vai o queijo pelo ar! A Raposa o agarra e diz: - Senhor, Aprenda que o vaidoso se rebaixa Face a quem o resolve bajular. Esta lio vale um queijo, no acha? O Corvo, envergonhado, vendo o queijo fugir, Jurou, tarde de mais, noutra igual no cair.
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Estava uma Formiga junto a um regato, quando foi apanhada pela corrente. Uma Pomba, que estava pousada numa rvore sobre a gua, viu que ela estava quase a afogar-se e teve pena dela. Para que se pudesse salvar, atirou-lhe uma folha. A Formiga subiu para cima da folha e flutuou em segurana para a margem do regato.
Pouco depois, apareceu um caador e apontou para a Pomba. A Formiga, percebendo o que estava para acontecer, picou-o no p. O caador sentiu a dor da picada e moveu-se ruidosamente. Alertada, a Pomba voou para longe e salvou-se. Moral da histria: O melhor agradecimento o que se d quando os outros mais precisam de ns.
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Certo dia, estava um Leo a dormir a sesta quando um ratinho comeou a correr por cima dele. O Leo acordou, ps-lhe a pata em cima, abriu a bocarra e preparou-se para o engolir. - Perdoa-me! - gritou o ratinho - Perdoa-me desta vez e eu nunca o esquecerei. Quem sabe se um dia no precisars de mim?! O Leo ficou to divertido com esta ideia que levantou a pata e o deixou partir. Dias depois, o Leo caiu numa armadilha. Como os caadores o queriam oferecer vivo ao Rei, amarraram-no a uma rvore e partiram procura de um meio para o transportarem. Nisto, apareceu o ratinho. Vendo a triste situao em que o Leo se encontrava, roeu as cordas que o prendiam. E foi assim que um ratinho pequenino salvou o Rei dos Animais.
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H muito, muito tempo, os Ratos reuniram-se em assembleia para decidirem em conjunto o que fazer em relao ao seu inimigo comum: o Gato. Depois de muito conversarem, um jovem rato levantou-se e apresentou a sua proposta: - Estamos todos de acordo: o perigo est na forma silenciosa como o inimigo se aproxima de ns. Se consegussemos ouvi-lo, podamos escapar facilmente. Por isso, proponho que lhe coloquemos um guizo no pescoo. A assembleia recebeu estas palavras com entusiasmo. Foi ento que um Rato Velho se levantou e perguntou: - E quem que vai colocar o guizo no pescoo do Gato? Os ratos comearam a olhar uns para os outros, e no houve nenhum que se oferecesse para levar a cabo semelhante tarefa.
Ento o Rato Velho terminou, dizendo: Propor uma soluo fcil, o difcil p-la em prtica.
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Um Galo velho e sbio estava empoleirado nos ramos de uma rvore. Nisto, aproximou-se uma raposa que lhe disse em tom meloso: - Irmo, agora h paz no reino dos animais e, por isso, j no sou tua inimiga. Desce do ramo para que possamos celebrar a nossa amizade com um beijo. Depressa, porque hoje tenho muito que fazer. - Irm Raposa - replicou o Galo - esperemos pelos dois Galgos que se aproximam. De certo que tambm eles ficaro contentes com essa notcia e, assim, poderemos beijar-nos uns aos outros. - Adeus! - respondeu a Raposa. - Estou cheia de pressa. Celebraremos a nossa amizade noutro dia. Dito isto, desatou a correr o mais depressa que pode, furiosa com o Galo e cheia de medo dos ces. Moral da histria: mais fcil combater os malvados com as suas prprias artimanhas.
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O Rato do Campo convidou o seu amigo da cidade para gozar durante alguns dias os bons ares do campo. O Rato da Cidade aceitou. Quando estavam a esgaravatar a terra procura de comida, o Rato da Cidade disse ao amigo: - Vives uma vida cheia de dificuldades e de trabalhos. Eu, na minha casa, vivo na abundncia e estou rodeado de conforto e de luxo. Se quiseres vir comigo, partilho contigo tudo isso. O Rato do Campo ficou maravilhado com a ideia e aceitou. Quando chegaram, o Rato da Cidade ps frente do amigo muitas iguarias: po, feijes, figos secos, mel, uvas e um grande bocado de queijo que retirou de um cesto. - Realmente tens razo! exclamou o Rato do Campo, encantado com tanta comida obtida sem trabalho. Julgava que a minha vida no campo era boa, mas agora vejo que, afinal, vivo na penria.
CONTINUA
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Dito isto, estendeu o focinho, pronto para abocanhar o naco de queijo. Foi ento que algum abriu a porta. Assustados, correram o mais depressa que puderam e esconderam-se num buraquinho to pequeno que mal tinham espao para respirar. Quando o perigo passou prepararam-se para recomear a refeio. Pouca sorte! Voltou a entrar algum na sala que no os pisou por um triz... Assustado e cheio de fome, o Rato do Campo disse ao amigo: - Apesar de me teres preparado um festim, tenho que me ir embora. H aqui demasiados perigos: prefiro esgaravatar no campo a minha comida e viver em segurana e sem medo.
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Era uma vez um co que encontrou um osso. Abocanhou-o e correu para casa para o saborear com calma. Pelo caminho, teve que passar por cima de uma tbua que unia as duas margens de um riacho. Nisto, olhou para baixo e viu o seu reflexo na gua. Pensando que era outro co com um osso, resolveu roubar-lho. Para o assustar, abriu a boca e arreganhou-lhe os dentes. Ao faz-lo, o osso caiu na gua e foi arrastado pela corrente.
Moral da histria: Contenta-te com o que tens e no cobices o que pertence aos outros.
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O sr. Pombo, o carteiro, trouxe um bilhete Cegonha, em folha de pessegueiro, que ela soletrou, risonha: Dona Raposa, a Vossncia, envia muito saudar, aguardando a comparncia de Vossncia no jantar. Que s tantas do dia tal do corrente, se efetua no Retiro do Pardal, na rua da Catatua.
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claro: hora marcada, no dia Tal, no bilhete, Dona Cegonha, apressada, l seguiu para o banquete. Mas foi uma deceo, pois a Raposa, matreira, fez servir a refeio numa pedra de ribeira... E, enquanto a pobre Cegonha achava o caso bicudo, a Raposa, sem vergonha, tratava de comer tudo! Mas a Cegonha, sada, despediu-se em tom amigo: - Gostei muito da comida! Almoce amanh comigo! De manhzinha, a Raposa, sempre cheia de apetite, no quis saber de outra coisa seno daquele convite.
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- Sim senhora! Bela mesa! gritou logo, satisfeita Cheira que uma beleza! H de me dar a receita... Bem digo eu, afinal, e a colegas dos melhores, que dona de casa igual no h nestes arredores! Ps ento o guardanapo, pensando de olhos em alvo, que havia de encher o papo graas a mais um papalvo...
J a Cegonha servia, prazenteira, o seu almoo numa bilha muito esguia e funda que nem um poo. S um bico, desta vez, podia chegar ao fundo... Foi o que a Cegonha fez: rapou tudo num segundo. E fula, de olhar em brasa, a Raposa, como louca, teve de voltar a casa, fazendo cruzes na boca. Vingana coisa mesquinha! Mas na vida quem faz mal paga s vezes a continha com juros e capital...
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