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CONSERVAÇÃO

E
REÚSO DE ÁGUA

Manual de Orientações
para o Setor Industrial
Volume 1
CONSERVAÇÃO
E
REÚSO DE ÁGUA

Manual de Orientações
para o Setor Industrial
Volume 1
5

A viabilidade de uma inserção competente do Brasil no disputado cenário da irre-


versível economia globalizada implica na conscientização da indústria quanto a uma
substancial mudança nos processos de transformação, pela incorporação de práticas de
produção mais limpa.

No que se refere ao uso racional da água nas plantas industriais, será preciso inves-
tir em pesquisa e desenvolvimento tecnológico, na implantação de sistemas de trata-
mento avançado de efluentes, em sistemas de conservação, em redução de perdas e no
reúso da água. Isto levará a significativos ganhos ambientais, sociais e econômicos.

As empresas de grande porte já estão implantando tais práticas, pois dispõem de


condições técnicas e financeiras para tanto. As micro e pequenas empresas, entretan-
to, necessitam de apoio e orientação para adotarem tais sistemas em suas unidades
produtivas.

O Sistema Fiesp/Ciesp elaborou esta nova publicação com o objetivo de disponi-


bilizar a melhor e mais adequada orientação aos usuários industriais na implantação de
programas de conservação e reúso de água. Este trabalho foi desenvolvido em parceria
com a ANA – Agência Nacional de Águas, e buscando a excelência do conhecimento do
CIRRA – Centro Internacional de Referência em Reúso de Água, e da DTC Engenharia.

Acreditamos ser este o nosso grande desafio: garantir que a sociedade possa con-
tinuar desfrutando de toda a qualidade de vida que a indústria pode oferecer, pela uti-
lização da melhor tecnologia e pela incorporação dos cuidados necessários para a
preservação do meio ambiente. Esta é mais uma contribuição da Fiesp/Ciesp para o
crescimento sustentado da indústria, em harmonia com o meio ambiente e oferecendo
crescente geração de empregos qualificados.

Horacio Lafer Piva


Presidente da Fiesp/Ciesp

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Em decorrência de uma relativa abundância de água, nunca houve uma grande


preocupação do setor industrial com este insumo, com exceção dos setores que se uti-
lizam de água como matéria-prima ou com influência direta sobre o produto final.

Atualmente, com o surgimento de problemas relacionados à escassez e poluição de


água nos grandes centros urbanos, começa haver um maior interesse por parte de vários
setores econômicos pelas atividades nas quais a água é utilizada, o que também é moti-
vado pelas recentes políticas federais e estaduais sobre o gerenciamento dos recursos
hídricos.

O novo arcabouço legal, tendo por objetivo garantir água na quantidade e qualida-
de necessárias para a atual e futura gerações, introduziu como um de seus principais ins-
trumentos a cobrança pelo uso da água.

O resultado da implantação dessa cobrança vai representar um aumento nos custos


de produção para o setor industrial, o qual enfrentará dificuldades em termos competi-
tivos, especialmente no atual cenário econômico, uma vez que não poderá repassar estes
custos para seus produtos finais.

Esta situação tem conduzido muitas indústrias à busca por um novo modelo para o
gerenciamento da água em seus processos, considerando novas opções e soluções que
impliquem em autonomia no abastecimento de água e racionalização no seu consumo,
onde o reúso se torna não apenas uma forma de garantir seu crescimento, mas até
mesmo uma questão de sobrevivência.

Esta publicação, ao concretizar uma ação aprovada pela Câmara Ambiental da


Indústria Paulista que estabeleceu a necessidade de elaboração de um manual sobre a
conservação e o reúso de água, objetiva oferecer subsídios para que o setor produtivo
possa contribuir de forma efetiva para o desenvolvimento sustentável do nosso país.

Pretende, outrossim, ser apenas a primeira de uma série, cujos volumes futuros de-
verão ser específicos para os principais segmentos industriais que utilizam este precio-
so insumo de forma mais intensiva, tais como o de papel e celulose, siderúrgico, quími-
co, petroquímico, construção civil, alimentos e bebidas, dentre outros.

Angelo Albiero Filho


Diretor Titular do Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável da Fiesp/Ciesp

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A água é um insumo essencial à maioria das atividades econômicas e a gestão deste


recurso natural é de suma importância na manutenção de sua oferta em termos de quan-
tidade e qualidade. Atitudes proativas são fundamentais, nesse sentido, pois apesar da
aparente abundância de recursos hídricos no Brasil (14% das águas doces do planeta e
53% do continente sul americano), sua distribuição natural é irregular nas diferentes
regiões do País. Foi pela carência de instrumentos de gestão que conflitos entre usuários
se instalaram em algumas bacias hidrográficas brasileiras até o final do século XX, situa-
ção que está sendo revertida com a implementação do Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos - SINGREH. Trata-se de fato importante, uma vez
que o cenário que se apresenta é o de crescimento urbano-industrial e agrícola que cer-
tamente será acompanhado pelo aumento da demanda de água.

Sendo o setor industrial um importante usuário de água, é fundamental que seu


desenvolvimento se dê de forma sustentável, adotando práticas como o uso racional e
eficiente da água.As garantias de quantidade e qualidade de água em nossos mananciais,
as quais permitirão novos investimentos, expansão da produção industrial e geração de
emprego e renda, só poderão ser conseguidas por meio de um amplo esforço do poder
público, dos usuários e da comunidade em torno da gestão participativa, descentraliza-
da, harmônica e racional das águas no âmbito dos Comitês de Bacias. As federações e
associações de indústrias têm um importante papel no processo de mobilização e repre-
sentação dos seus filiados nos Comitês. É imperativo destacar os avanços alcançados pela
FIESP no Estado de São Paulo e o seu pioneirismo na elaboração deste Manual, que muito
contribuirá na conscientização dos usuários industriais sobre o uso racional da água.

A ANA se sente gratificada em ter colaborado na elaboração do Manual, que repre-


sentará o marco referencial de uma série de ações institucionais que pretendemos reali-
zar em parceria com as federações e associações de industriais no Brasil. Vale salientar
que é missão da ANA incentivar o desenvolvimento de ações que preconizem a conser-
vação e racionalização de uso da água e é esta política que vem sendo implementada.

Jerson Kelman
Diretor-Presidente
Agência Nacional de Águas

Manual de Conservação e Reúso de Água Para a Indústria


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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................15
2. OBJETIVOS........................................................................................................19
3. DEFINIÇÕES E ABREVIATURAS ......................................................................21
4. IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO E REÚSO DA ÁGUA.............................23
4.1. Os Principais Usos da Água na Indústria........................................23
4.2. Requisitos de Qualidade da Água ...................................................26
4.3. Indicadores de Consumo de Água das Indústrias .........................29
5. PROGRAMAS DE CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA ...............................30
5.1. Conceituação .....................................................................................30
5.2. Benefícios Esperados........................................................................31
5.3 Condicionantes ..................................................................................31
5.4. Sistema de Gestão da Água.............................................................32
5.5. Responsabilidades do Gestor da Água ...........................................33
6. ASPECTOS LEGAIS DA CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA .....................35
6.1. Introdução ..........................................................................................35
6.2. Outorga pelo Uso da Água...............................................................35
6.3. Cobrança pelo Uso da Água ............................................................36
7. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA
DE CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA .......................................................38
7.1. Introdução ..........................................................................................38
7.2. ETAPA 1: Avaliação Técnica Preliminar ............................................39
7.2.1. Análise Documental ..........................................................................39
7.2.2. Levantamento de Campo .................................................................40
7.2.3. Produtos .............................................................................................41
7.3. ETAPA 2: Avaliação da Demanda de Água......................................43
7.3.1. Perdas Físicas ....................................................................................44
7.3.2. Adequação de Processos..................................................................44
7.3.3. Adequação de Equipamentos e Componentes ..............................46
7.3.4. Controle da Pressão do Sistema Hidráulico ...................................46
7.3.5. Avaliação dos Graus de Qualidade da Água ..................................46
7.3.6. Produtos .............................................................................................47
7.4. ETAPA 3: Avaliação da Oferta de Água ...........................................47
7.4.1. Concessionária ..................................................................................48

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7.4.2. Captação Direta .................................................................................49


7.4.3. Águas Subterrâneas..........................................................................50
7.4.4. Águas Pluviais ...................................................................................50
7.4.5. Reúso de Efluentes............................................................................52
7.4.5.1. Reúso em Cascata .............................................................................53
7.4.5.2. Reúso de Efluentes Tratados ............................................................56
7.4.6. Produtos .............................................................................................59
7.5. ETAPA 4: Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica ...................59
7.5.1. Estabelecimento de Configurações .................................................62
7.6. ETAPA 5: Detalhamento e Implantação de PCRA...........................63
7.7. ETAPA 6: Implantação do Sistema de Gestão de Água.................64
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................66
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................67

ANEXOS
Anexo I:Necessidade de Água por Algumas Indústrias no Mundo ..................69
Anexo II:Aspectos Tecnológicos da Conservação e Reúso de Água .................69
15

1. INTRODUÇÃO

A reciclagem ou reúso de água não é um conceito novo na história do nosso plane-


ta. A natureza, por meio do ciclo hidrológico, vem reciclando e reutilizando a água há
milhões de anos, e com muita eficiência.
Cidades, lavouras e indústrias já se utilizam, há muitos anos, de uma forma indireta,
ou pelo menos não planejada de reúso, que resulta da utilização de águas, por usuários
de jusante que captam águas que já foram utilizadas e devolvidas aos rios pelos usuários
de montante. Milhões de pessoas no mundo todo são abastecidas por esta forma indire-
ta de água de reúso.
Durante muitos anos este sistema funcionou de forma amplamente satisfatória, o
que contudo não acontece mais em muitas regiões, face ao agravamento das condições
de poluição, basicamente pela falta de tratamento adequado de efluentes urbanos, quan-
do não pela sua total inexistência.
Evoluiu-se, então, para uma forma denominada direta de reúso, que é aquela em que
se trata um efluente para sua reutilização em uma determinada finalidade, que pode ser
interna ao próprio empreendimento, ou outra externa, para uma finalidade distinta da
primeira, como por exemplo, a prática de reúso de efluentes urbanos tratados para fins
agrícolas.
A forma direta ou planejada, utiliza tecnologias e práticas de renovação e reúso de
água, que atravessaram uma série de fases nos últimos duzentos anos.
A primeira fase foi motivada por uma vertente baseada no conceito conservacionis-
ta em que os dejetos da sociedade deveriam ser conservados e utilizados para preservar
a fertilidade dos solos, enquanto a outra, numa abordagem mais pragmática, era direcio-
nada para a eliminação da poluição dos rios. No final do século XIX, o conceito de trata-
mento de efluentes domésticos por disposição nos solos foi utilizado na Grã-Bretanha,
Alemanha e nos Estados Unidos com um enfoque central na redução da poluição dos
rios e não como um método conservacionista de recarga de aqüíferos ou de aumento de
nutrientes para o solo.
Na segunda fase, que se pode considerar até o final dos anos noventa, o principal
enfoque foi basicamente a necessidade de se conservar e reusar água em zonas áridas.
Verificou-se grandes esforços de reúso de água para o desenvolvimento agrícola em
zonas áridas dos Estados Unidos, como Califórnia e Texas, e em países como a África do
Sul, Israel e Índia. Em Israel, por exemplo, o reúso de águas residuárias tornou-se uma
política nacional em 1955. O plano nacional de águas, incluía reúso dos principais siste-
mas de tratamento de efluentes das cidades no programa de desenvolvimento dos limi-
tados recursos hídricos do país.
A terceira fase, na qual nos encontramos atualmente, acabou se sobrepondo à segun-
da, e é baseada na urgente necessidade de se reduzir a poluição dos rios e lagos. Como as
exigências ambientais foram se tornando cada vez mais restritivas, os planejadores con-
cluíram que dados os altos investimentos requeridos para o tratamento dos efluentes, se
torna mais vantajoso reutilizar estes efluentes ao invés de lançá-los de volta aos rios.
No Brasil, as externalidades ambientais associadas ao setor industrial e ao rápido
crescimento urbano, no contexto do desenvolvimento das regiões metropolitanas, apon-
tam para cenários futuros de escassez hídrica.

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Em São Paulo, já existem regiões com graves problemas de escassez e de poluição,


que acabam gerando conflitos entre usuários agrícolas e urbanos, navegação e geração
de energia e industrial com abastecimento público.
Para melhor gerenciar os recursos hídricos, bem como promover seu uso de forma
racional, a legislação de recursos hídricos estabeleceu a outorga e a cobrança pelo uso
da água, dentre outros instrumentos de gestão.
Em conjunto com os novos instrumentos de gestão dos recursos hídricos que estão
sendo implantados no país, o uso de alternativas tecnológicas para reciclagem e reúso
de efluentes industriais e urbanos poderá reduzir os custos de produção nos setores
hidrointensivos, além de promover a recuperação, preservação e conservação dos recur-
sos hídricos e dos ecossistemas urbanos.
Por outro lado, verifica-se que a concentração de indústrias ocorre justamente em
regiões que apresentam elevado grau de urbanização, o que implica na necessidade das
empresas buscarem reduzir o consumo de água, novas fontes de abastecimento e
implantas sistemas fechados de utilização da água, com vistas a reciclagem do que até
então era considerado como resíduos descartáveis, ampliando assim, o seu reaproveita-
mento para fins produtivos. Desta forma, poderá haver uma minimização dos conflitos
pelo uso da água, especialmente, com o setor de abastecimento público.
Assim, para promover a adoção de sistemas de racionalização do uso da água, há que
se considerar, no entanto, alguns aspectos restritivos quanto à água proveniente de reúso
seja do tipo macro externo, seja do tipo macro interno.
No caso do reúso macro externo, a utilização de água de reúso proveniente de esta-
ções de tratamento de efluentes de origem doméstica pode ser reaproveitada após sis-
temas de tratamento convencional por apresentarem baixa toxidade.
A água de reúso proveniente de estações de tratamento de efluentes urbanos para
processos industriais tem sido utilizada, predominantemente, em sistemas de refrigera-
ção, em especial, nos empreendimentos localizados próximos às ETE´s.
A implantação de sistemas eficientes de reúso de água proveniente do setor público
pode se tornar inviável, à curto prazo, caso não sejam considerados os seguintes fatores:
✔ Políticas e planos diretores consistentes de reúso das empresas concessionárias;
✔ Localização das estações de tratamento e sua proximidade de pólos industriais;
✔ Implantação de infra-estrutura (redes de distribuição);
✔ Garantia e controle da qualidade;
✔ Garantia de cumprimento dos contratos firmados; e
✔ Regulamentação normativa e legal.

No caso do reúso macro interno é preciso ter consciência que ele não substitui inte-
gralmente a necessidade de água de uma planta industrial, pois existem limitações de
ordem técnica, operacional e ambiental que restringem a utilização de sistemas de cir-
cuito fechado.
Além disso, o reúso macro interno deve ser realizado após uma avaliação integrada do
uso da água na fábrica, a qual deve estar contemplada no Programa de Conservação e
Reúso de Água (PCRA). É importante ter em mente que antes de se pensar no reúso de
efluentes da própria empresa, é preciso implantar medidas para a otimização do consumo
e redução de perdas e desperdícios, além de programas de conscientização e treinamento.

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Neste contexto, foi elaborado o presente Manual de Conservação e Reúso de Água


para a Indústria, que constitui passo importante e estratégico para alavancar o desenvol-
vimento sustentável, tendo em vista que a adoção destas práticas apresentam os seguin-
tes benefícios:

BENEFÍCIOS AMBIENTAIS:
• Redução do lançamento de efluentes industriais em cursos d´água, possibilitando
melhorar a qualidade das águas interiores das regiões mais industrializadas do Estado
de São Paulo.
• Redução da captação de águas superficiais e subterrâneas, possibilitando uma situação
ecológica mais equilibrada.
• Aumento da disponibilidade de água para usos mais exigentes, como abastecimento
público, hospitalar, etc.

BENEFÍCIOS ECONÔMICOS:
• Conformidade ambiental em relação a padrões e normas ambientais estabelecidos, pos-
sibilitando melhor inserção dos produtos brasileiros nos mercados internacionais;
• Mudanças nos padrões de produção e consumo;
• Redução dos custos de produção;
• Aumento da competitividade do setor;
• Habilitação para receber incentivos e coeficientes redutores dos fatores da cobrança
pelo uso da água.

BENEFÍCIOS SOCIAIS:
• Ampliação da oportunidade de negócios para as empresas fornecedoras de serviços e
equipamentos, e em toda a cadeia produtiva;
• Ampliação na geração de empregos diretos e indiretos;
• Melhoria da imagem do setor produtivo junto à sociedade, com reconhecimento de
empresas socialmente responsáveis.

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2. OBJETIVOS

A Conservação de Água (uso racional) pode ser definida como as práticas, técnicas
e tecnologias que propiciam a melhoria da eficiência do seu uso. Conservar água signifi-
ca atuar de maneira sistêmica na demanda e na oferta de água.Ampliar a eficiência do uso
da água representa, de forma direta, aumento da disponibilidade para os demais usuários,
flexibilizando os suprimentos existentes para outros fins, bem como atendendo ao cres-
cimento populacional, à implantação de novas indústrias e à preservação e conservação
do meio ambiente.Assim sendo, as iniciativas de racionalização do uso e de reúso de água
se constituem em elementos fundamentais em qualquer iniciativa de conservação.
A série Conservação e Reúso de Água objetiva constituir-se em base referencial
sobre a conservação e o reúso de água, sendo que este primeiro volume da série, abor-
da informações básicas e de caráter geral para o setor industrial, devendo serem desen-
volvidos manuais específicos para os diferentes segmentos do setor.
É neste contexto que se insere o presente Manual, desenvolvido para orientar a
implantação de Programas de Conservação e Reúso de Água na indústria por meio da sis-
tematização de um plano de ações e estabelecimento de um Sistema de Gestão da Água.
O desenvolvimento efetivo de um Programa de Conservação e Reúso de Água exige
que sejam considerados os aspectos legais, institucionais, técnicos e econômicos, relati-
vos ao consumo de água e lançamento de efluentes, às técnicas de tratamento disponí-
veis e ao potencial de reúso dos efluentes, além do aproveitamento de fontes alternati-
vas de abastecimento de água.
O principal objetivo deste Manual é apresentar as etapas envolvidas na implantação
de um Programa de Conservação e Reúso de Água. Cada solução, entretanto, é específi-
ca e exclusiva em função das diversas atividades consumidoras, processos e procedimen-
tos envolvidos, sistema hidráulico instalado, arranjo arquitetônico, localização do
empreendimento e outros fatores intervenientes. Em cada caso deverão ser avaliados os
equipamentos e tecnologias mais apropriados, dentre as diversas opções existentes, res-
saltando- se que uma determinada configuração tecnológica pode ser excelente para
uma implantação específica e totalmente inadequada para outra.
Este Manual foi elaborado principalmente para as unidades industriais já implanta-
das e em operação. No caso de novas indústrias ou até mesmo a expansão das existen-
tes, recomenda-se fortemente que os vários projetos já sejam concebidos sob a ótica da
Conservação e do Reúso.

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3. DEFINIÇÕES E ABREVIATURAS

Definições:
Para as finalidades deste Manual, consideram-se as seguintes definições:
- Água de reúso: é a água residuária que se encontra dentro dos padrões exigidos para
sua utilização;
- Água residuária: é o esgoto, água descartada, efluentes líquidos de edificações, indús-
trias, agroindústrias e agropecuária, tratados ou não;
- Água de qualidade inferior: águas não caracterizadas como água residuária, inade-
quadas para usos mais exigentes;
- Desperdício: utilização da água em quantidade superior à necessária para o desempe-
nho adequado da atividade consumidora;
- Esgoto ou efluente doméstico: despejo líquido resultante do uso da água para pre-
paração de alimentos, operações de lavagem e para satisfação de necessidades higiêni-
cas e fisiológicas;
- Esgoto ou efluente industrial: despejo líquido resultante da atividade industrial;
- Macro fluxo da água: diagrama orientativo que apresenta o caminhamento da água
e efluentes na planta industrial desde a captação até o lançamento final dos efluentes,
sem detalhamento dos usos que ocorrem ao longo do percurso;
- Micro fluxo da água: diagrama orientativo que detalha o caminhamento da água e
efluentes gerados em cada setor, equipamento ou processo de uma indústria,
- Otimização do consumo de água: realização das atividades consumidoras com o
menor consumo possível de água, garantida a qualidade dos resultados obtidos;
- Perdas físicas: água que escapa do sistema antes de ser utilizada para uma atividade fim;
- Perdas físicas dificilmente detectáveis: constatadas através de indícios como man-
chas de umidade em paredes/pisos, sons de escoamento de água, sistemas de recalque
continuamente ligados, constante saída de água em reservatórios, entre outros;
- Perdas físicas facilmente detectáveis: perceptíveis a olho nu, caracterizadas por
escoamento ou gotejamento de água;
- Reúso: uso de água residuária ou água de qualidade inferior tratados ou não;
- Reúso indireto de água: uso de água residuária ou água de qualidade inferior, em sua
forma diluída, após lançamento em corpos hídricos superficiais ou subterrâneos;
- Reúso direto de água: é o uso planejado de água de reúso, conduzido ao local de utili-
zação, sem lançamento ou diluição prévia em corpos hídricos superficiais ou subterrâ-
neos;
- Reúso em cascata: uso de efluente industrial originado em um determinado proces-
so que é diretamente utilizado em um processo subseqüente;
- Reúso de efluentes tratados: é a utilização de efluentes que foram submetidos a tra-
tamento;
- Reúso de efluentes após tratamento adicional: alternativa de reúso direto de
efluentes tratados que necessitam de sistemas complementares de tratamento para
reduzir a concentração de algum contaminante específico;
- Reúso de efluentes não tratados: utilização de efluentes não submetidos a tratamen-
to, mas enquadrados qualitativamente para a finalidade ou processo a que se destina;
- Reúso macro externo: reúso de efluentes provenientes de estações de tratamento

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administradas por concessionárias ou de outra indústria;


- Reúso macro interno: uso interno de efluentes, tratados ou não, provenientes de ati-
vidades realizadas na própria indústria;
- Reúso parcial de efluentes: uso de parte da vazão da água residuária ou água de qua-
lidade inferior diluída com água de padrão superior, visando atender o balanço de
massa do processo;
- Segregação de efluentes: separação de efluentes segundo suas características físi-
cas, químicas e biológicas, visando uma melhor eficácia de seus tratamentos, uma vez
que condições propícias à remoção de uma substância podem ser desfavoráveis à
remoção de outra.
- Setorização do consumo de água: divisão do sistema hidráulico em setores de uti-
lização, por atividades de consumo ou conforme a disposição e áreas dos ambientes, o
que se mostra mais aplicável. No segundo caso é dado um enfoque hidráulico com
agrupamento de áreas ou pontos de consumo. Por exemplo, torres de resfriamento
geralmente apresentam-se como grandes consumidoras de água, requerendo a indivi-
dualização de seu consumo para monitoramento;

Abreviaturas:
- CIP – "Cleaning in Place";
- DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio;
- DQO – Demanda Química de Oxigênio;
- ETA – Estação de Tratamento de Água;
- ETE – Estação de Tratamento de Efluentes;
- PCRA – Programa de Conservação e Reúso de Água;
- ST - Sólidos Totais;
- SST - Sólidos Suspensos Totais;
- SSV - Sólidos Suspensos Voláteis;
- SDT - Sólidos Dissolvidos Totais;
- SDV - Sólidos Dissolvidos Voláteis.

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4. IMPORTÂNCIA DA CONSERVAÇÃO E REÚSO DA ÁGUA

A limitação de reservas de água doce no planeta, o aumento da demanda de água


para atender, principalmente, o consumo humano, agrícola e industrial, a prioridade de
utilização dos recursos hídricos disponíveis para abastecimento público e as restrições
que vêm sendo impostas em relação ao lançamento de efluentes no meio ambiente, torna
necessária a adoção de estratégias que visem racionalizar a utilização dos recursos hídri-
cos e mitigar os impactos negativos relativos à geração de efluentes pelas indústrias.
Além disso, a heterogeneidade da distribuição dos recursos hídricos e das popula-
ções nas diversas regiões do planeta e mesmo no Brasil, faz com que seja cada vez mais
difícil o abastecimento de algumas regiões, principalmente as metropolitanas, tendo por
conseqüência aumentos gradativos dos custos de fornecimento de água.
Neste contexto, as práticas conservacionistas como o uso eficiente e o reúso da
água, constituem uma maneira inteligente de se poder ampliar o número de usuários de
um sistema de abastecimento, sem a necessidade de grandes investimentos na amplia-
ção ou a instalação de novos sistemas de abastecimento de água.

4.1. Os Principais Usos da Água na Indústria


De uma maneira genérica, pode-se dizer que a água encontra as seguintes aplicações na
indústria:
- Consumo humano: água utilizada em ambientes sanitários, vestiários, cozinhas e
refeitórios, bebedouros, equipamentos de segurança (lava-olhos, por exemplo) ou em
qualquer atividade doméstica com contato humano direto;
- Matéria Prima: como matéria-prima, a água será incorporada ao produto final, a exem-
plo do que ocorre nas indústrias de cervejas e refrigerantes, de produtos de higiene
pessoal e limpeza doméstica, de cosméticos, de alimentos e conservas e de fármacos,
ou então, a água é utilizada para a obtenção de outros produtos, por exemplo, o hidro-
gênio por meio da eletrólise da água.
- Uso como fluido auxiliar: a água, como fluido auxiliar, pode ser utilizada em diver-
sas atividades, destacando-se a preparação de suspensões e soluções químicas, compos-
tos intermediários, reagentes químicos, veículo, ou ainda, para as operações de lava-
gem.
- Uso para geração de energia: Para este tipo de aplicação, a água pode ser utilizada
por meio da transformação da energia cinética, potencial ou térmica, acumulada na
água, em energia mecânica e posteriormente em energia elétrica.
- Uso como fluído de aquecimento e/ou resfriamento: Nestes casos, a água é utili-
zada como fluido de transporte de calor para remoção do calor de misturas reativas ou
outros dispositivos que necessitem de resfriamento devido à geração de calor, ou
então, devido às condições de operação estabelecidas, pois a elevação de temperatura
pode comprometer o desempenho do sistema, bem como danificar algum equipamento
- Outros Usos: Utilização de água para combate à incêndio, rega de áreas verdes ou
incorporação em diversos subprodutos gerados nos processos industriais, seja na fase
sólida, líquida ou gasosa.

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De um modo geral, a quantidade e a qualidade da água necessária ao desenvolvi-


mento das diversas atividades consumidoras em uma indústria dependem de seu ramo
de atividade e capacidade de produção.
O ramo de atividade da indústria, que define as atividades desenvolvidas, determina
as características de qualidade da água a ser utilizada, ressaltando-se que em uma mesma
indústria podem ser utilizadas águas com diferentes níveis de qualidade. Por outro lado,
o porte da indústria, que está relacionado com a sua capacidade de produção, irá definir
qual a quantidade de água necessária para cada uso.
Na Tabela 1 são apresentados dados internacionais de distribuição do consumo de
água na indústria por tipo de atividade. É importante destacar que os valores desta tabela
podem estar desatualizados tendo em vista que novas tecnologias industrias são cons-
tantemente lançadas no mercado, servindo tão somente como valores de referência.

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Tabela 1: Distribuição do consumo de água na indústria por atividades

Distribuição do Consumo de Água (%)


Segmento Industrial Resfriamento Processos e Uso Sanitário
sem Contato Atividades Afins e Outros
Carne enlatada 42 46 12
Abatimento e limpeza de aves 12 77 12
Laticínios 53 27 19
Frutas e vegetais enlatados 19 67 13
Frutas e vegetais congelados 19 72 8
Moagem de milho a úmido 36 63 1
Açúcar de cana-de-açúcar 30 69 1
Açúcar de beterraba 31 67 2
Bebidas maltadas 72 13 15
Indústria têxtil 57 37 6
Serrarias 58 36 6
Fábricas de celulose e papel 18 80 1
Cloro e Álcalis 85 14 1
Gases Industriais 86 13 1
Pigmentos inorgânicos 41 58 1
Produtos químicos inorgânicos 83 16 1
Materiais plásticos e resinas 93 7 +
Borracha sintética 83 17 +
Fibras de celulose sintéticas 69 30 1
Fibras orgânicas não celulósicas 94 6 +
Tintas e pigmentos 79 17 4
Produtos químicos orgânicos 91 9 1
Fertilizantes nitrogenados 92 8 +
Fertilizantes fosfatados 71 28 1
Negro de fumo 57 38 6
Refinaria de petróleo 95 5 +
Pneus 81 16 3
Cimento 82 17 1
Aço 56 43 1
Fundição de ferro e aço 34 58 8
Cobre primário 52 46 2
Alumínio primário 72 26 2
Automóveis 28 69 3

+ Valor inferior a 0,5% do volume total de água consumido


Fonte: VAN Der LEEDEN; TROISE and TODD, 1990

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26

4.2. Requisitos de Qualidade da Água


A qualidade da água é definida em função de características físicas, químicas, microbio-
lógicas e radioativas. Para cada tipo de aplicação, o grau de qualidade exigido pode variar
significativamente:
- Consumo humano: água potável, atendendo às características estabelecidas pela
Portaria no 518 – Norma de qualidade da água para consumo humano, de 25/03/2004,
do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br);
- Matéria prima: Para esse tipo de uso, o grau de qualidade da água pode variar signifi-
cativamente, podendo-se admitir a utilização de uma água com característica equiva-
lente ou superior à da água utilizada para consumo humano, tendo-se como principal
objetivo a proteção da saúde dos consumidores finais e/ou a garantia da qualidade final
do produto.
- Fluido auxiliar: Da mesma forma que a água é utilizada como matéria-prima, o grau
de qualidade da água para uso como um fluido auxiliar irá depender do processo à que
esta se destina. Caso essa água entre em contato com o produto final, o grau de quali-
dade será mais ou menos restritivo, em função do tipo de produto que se deseja obter.
Não havendo contato da água com o produto final, esta poderá apresentar um grau de
qualidade menos restritivo que o da água para consumo humano, principalmente com
relação à concentração residual de agentes desinfetantes.
- Geração de energia: dependendo do processo de transformação utilizado a água
deverá apresentar graus muito diferentes de qualidade. No aproveitamento da energia
potencial ou cinética, a água é utilizada no seu estado natural, podendo-se utilizá-la na
forma bruta, captada de um rio, lago, ou outro sistema de reservação, devendo-se impe-
dir que materiais de grandes dimensões, detritos, danifiquem os dispositivos de gera-
ção de energia. Já para o aproveitamento da energia térmica, após aquecimento e vapo-
rização da água por meio do fornecimento de energia térmica, a mesma deve apresen-
tar um elevado grau de qualidade, para que não ocorram problemas nos equipamentos
de geração de vapor ou no dispositivo de conversão de energia;
- Fluido de aquecimento e/ou resfriamento: Para a utilização da água na forma de
vapor, o grau de qualidade deve ser bastante elevado, enquanto a utilização da água
como fluido de resfriamento requer um grau de qualidade bem menos restritivo,
devendo-se levar em consideração a proteção e a vida útil dos equipamentos com os
quais esta água irá entrar em contato.

Muitas aplicações exigem que um maior número de parâmetros sejam atendidos, de


modo que sejam minimizados os riscos ao processo, produto ou sistema no qual esta
água será utilizada. Nas tabelas que se seguem são apresentados alguns dados sobre
requisitos da água para aplicações industriais.

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Tabela 2: Padrão de Qualidade recomendado para Água de Resfriamento e Geração de Vapor


Geração de Vapor
Parâmetro* Água de Caldeira de Caldeira de Caldeira de
Resfriamento Baixa Pressão Média Pressão Alta Pressão
(< 10 bar) (10 a 50 bar) (> 50 bar)
Cloretos 500 + + +
Sólidos Dissolvidos Totais 500 700 500 200
Dureza 650 350 1,0 0,07
Alcalinidade 350 350 100 40
PH 6,9 a 9,0 7,0 a 10,0 8,2 a 10,0 8,2 a 9,0
DQO 75 5,0 5,0 1,0
Sólidos Suspensos Totais 100 10 5 0,5
Turbidez 50 --x-- --x-- --x--
DBO 25 --x-- --x-- --x--
Compostos Orgânicos++ 1,0 1,0 1,0 0,5
Nitrogênio Amoniacal 1,0 0,1 0,1 0,1
Fosfato 4,0 --x-- --x-- --x--
Sílica 50 30 10 0,7
Alumínio 0,1 5,0 0,1 0,01
Cálcio 50 + 0,4 0,01
Magnésio 0,5 + 0,25 0,01
Bicarbonato 24 170 120 48
Sulfato 200 + + +
Cobre --x-- 0,5 0,05 0,05
Zinco --x-- + 0,01 0,01
Substâncias Extraídas em
--x-- 1 1 0,5
Tetracloreto de Carbono
Sulfeto de Hidrogênio --x-- + + +
Oxigênio Dissolvido --x-- 2,5 0,007 0,0007
* Limites recomendados em mg/L, exceto para pH e Turbidez-que são expressos em unidades e UT, respectivamente.
+ Aceito como recebido, caso sejam atendidos outros valores limites
++ Substâncias ativas ao azul de metileno
Fonte: CROOK, 1996

Tabela 3: Dados de Qualidade da Água para uso na Indústria Farmacêutica


Parâmetro Água Purificada Água para Injetáveis
pH 5a7 5a7
Estágio 1: 1,3 _S/cm
Condutividade Elétrica Estágio 2: 2,1 _S/cm
Estágio 3: valor associado à medida do pH
Carbono Orgânico Total* 500 partes por bilhão (ppb)
Bactérias** 100 UFC/mL 10 UFC/mL
Endotoxinas -- < 0,25 UE
* Pode-se utilizar o teste para substâncias oxidáveis em substituição a este parâmetro.
** Somente como recomendação
Fonte: US Pharmacopeia – USP 24.

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Tabela 4: Requisitos de qualidade para água de uso industrial


Parâmetros (mg/L, exceto quando especificado o valor)
Alcali- pH Sólidos
Indústria e Processo Dureza Manga- Magné- Bicar-
Cor nidade Cloreto Ferro Nitrato (unida- Sulfato SDT Suspen- Sílica Cálcio
(CaCO3) nês sio bonato
(UH) (CaCO3) des) sos
Têxtil
Engomagem 5 25 0,3 0,05 6,5 - 10,0 100 5,0
Lavagem 5 25 0,1 0,01 3,0 - 10,5 100 5,0
Branqueamento 5 25 0,1 0,01 2,0 - 10,5 100 5,0
Tingimento 5 25 0,1 0,01 3,5 - 10,0 100 5,0
Papel e Celulose
Processo Mecânico 30 1000 0,3 0,1 6 - 10
Processo Químico
Não Branqueado 30 200 100 1,0 0,5 6 - 10 10 50 20 12
Branqueado 10 200 100 0,1 0,05 6 - 10 10 50 20 12
Produtos Químicos
Cloro e Álcali 10 80 140 0,1 0,1 6,0 - 8,5 10 40 8 100
Carvão de alcatrão 5 50 30 180 0,1 0,1 6,5 - 8,3 200 400 5 50 14 60
Compostos orgânicos 5 125 25 170 0,1 0,1 6,5 - 8,7 75 250 5 50 12 128
Compostos inorgânicos 5 70 30 250 0,1 0,1 6,5 - 7,5 90 425 5 60 25 210
Plásticos e resinas 2 1,0 0 0 0,005 0,005 0 7,5 - 8,5 0 1,0 2,0 0,02 0 0 0,1
Borracha sintética 2 2 0 0 0,005 0,005 0 7,5 - 8,5 0 2,0 2,0 0,05 0 0 0,5
Produtos Farmacêuticos 2 2 0 0 0,005 0,005 0 7,5 - 8,5 0 2,0 2,0 0,02 0 0 0,5
Sabão e detergentes 5 50 40 130 0,1 0,1 150 300 10,0 30 12 60
Tintas 5 100 30 150 0,1 0,1 6,5 125 270 10 37 15 125
Madeira e resinas 200 200 500 900 0,3 0,2 5 6,5 - 8,0 100 1000 30 50 100 50 250
Fertilizantes 10 175 50 250 0,2 0,2 5 6,5 - 8,5 150 300 10 25 40 20 210
Explosivos 8 100 30 150 0,1 0,1 2 6,8 150 200 5 20 20 10 120
Petróleo 300 350 1,0 6,0 - 9,0 1000 10 75 30
Ferro e Aço
Laminação a quente 5-9
Laminação a frio 5-9 10
Diversas
Frutas e vegetais enlatados 5 250 250 250 0,2 0,2 10 6,5 - 8,5 250 500 10 50 100
Refrigerantes 10 85 0,3 0,05
Curtimento de couro 5 250 150 50 6,0 - 8,0 60
Cimento 400 250 25 0,5 0 6,5 - 8,5 250 600 500 35
UH - Unidade Hazen (mg Pt - Co/l)
Fonte: NEMEROW and DASGUPTA, 1991

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Cabe ressaltar que os dados apresentados nas tabelas anteriores são valores indica-
tivos, pois muitos se referem a indústrias de outros países, mas que podem ser úteis para
uma avaliação inicial.
Outra observação a ser feita é que o grau de qualidade da água requerido para um
determinado uso hoje, pode ser muito diferente do grau de qualidade da água que tenha
sido utilizada por muitos anos no passado ou que venha a ser utilizado no futuro, pois
com o desenvolvimento tecnológico, problemas associados à escassez de recursos natu-
rais e poluição, podem surgir restrições com relação ao uso da água com o grau de qua-
lidade até então considerado adequado.

4.3. Indicadores de Consumo de Água das Indústrias


Um dos grandes benefícios dos indicadores de consumo de água para a indústria é a pos-
sibilidade de se avaliar sua eficiência quanto ao uso da água, possibilitando a melhoria
dos processos que utilizam água, minimizando os impactos gerados, seja pelo aspecto
qualitativo, bem como, pelo quantitativo.Alem disto, através dos indicadores há possibi-
lidade de benchmarking entre indústrias de mesmo segmento, bem como das indústrias
nacionais com as internacionais.
A quantidade de água necessária para o atendimento das diversas atividades indus-
triais, é influenciada por vários fatores como o ramo de atividade, capacidade de produ-
ção, condições climáticas da região, disponibilidade de água, método de produção, idade
das instalações, prática operacional, cultura local, inovação tecnológica, investimentos
em pesquisa, etc.
Por essas razões, se considerarmos indústrias que são do mesmo ramo de atividade
e tenham a mesma capacidade de produção, porém instaladas em diferentes regiões, ou
que tenham "idades" diferentes, a probabilidade do volume de água consumido em cada
instalação não ser equivalente é muito grande.
Como fonte de referência, apresenta-se na Tabela 5 no ANEXO I, indicadores inter-
nacionais gerais por segmento industrial do ano de 1990. É importante destacar que
estes indicadores estão desatualizados (cerca de 15 anos) e que atualmente, devido aos
avanços tecnológicos e a crescente preocupação com o meio ambiente, a maioria das
empresas nacionais já devem operar com consumo de água bem menor que o especifi-
cado na referida tabela. Isto não quer dizer, no entanto, que o potencial de racionaliza-
ção do uso da água no Brasil já esteja esgotado. O que de fato ocorre é que à medida que
as legislações ambientais se tornam cada vez mais restritivas e novas tecnologias de con-
servação da água vão surgindo, as indústrias tenderão a reduzir continuamente o uso da
água em suas instalações.

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30

5. Programas de Conservação e Reúso de Água - PCRA

Um Programa de Conservação e Reúso de Água - PCRA é composto por um conjun-


to de ações específicas de racionalização do uso da água na unidade industrial, que
devem ser detalhadas a partir da realização de uma análise de demanda e oferta de água,
em função dos usuários e atividades consumidoras, com base na viabilidade técnica e
econômica de implantação das mesmas.
A implantação de Programas de Conservação e Reúso de Água pelo setor industrial,
reverte-se em benefícios econômicos que permitem aumentar a eficiência produtiva,
tendo como conseqüência direta a redução do consumo de água, a redução do volume
de efluentes gerados e, como conseqüências indiretas, a redução do consumo de ener-
gia, de produtos químicos, a otimização de processos e a redução de despesas com
manutenção. Na maior parte dos casos, os períodos de retorno envolvidos são bastante
atrativos.
Ações desta natureza têm reflexos diretos e potenciais na imagem das empresas,
demonstrando a crescente conscientização do setor com relação à preservação ambien-
tal e responsabilidade social, bem como sobre o aumento da competitividade empresa-
rial, em função dos seguintes fatores:
- Aumento do valor agregado dos produtos.
- Redução dos custos relativos aos sistemas de captação, abastecimento, tratamento, ope-
ração e distribuição de água, o mesmo valendo para os efluentes gerados; refletindo de
forma direta nos custos de produção e reduzindo custos relativos à cobrança pelo uso
da água;
- Redução de custos de manutenção corretiva, uma vez que a implantação de um sistema
de gestão da água implica no estabelecimento de rotinas de manutenção preventiva;
Por outro lado, para a obtenção dos máximos benefícios, um PCRA deve ser imple-
mentado a partir de uma análise sistêmica das atividades onde a água é utilizada e, naque-
las onde ocorre a geração de efluentes, com intuito de otimizar o consumo e minimizar
a geração de efluentes.As ações devem seguir uma seqüência lógica, com atuação inicial
na demanda de água e, em seguida, na oferta, destacando-se a avaliação do potencial de
reúso de efluentes em substituição às fontes tradicionais de abastecimento.
Embora qualquer iniciativa, que busque o melhor aproveitamento dos recursos
naturais, entre os quais a água, deva ser priorizada, é importante enfatizar que cada caso
requer uma análise específica, realizada por profissionais devidamente capacitados, para
garantia dos resultados técnicos, econômicos e ambientais da implantação de programas
dessa natureza e para preservar a saúde dos usuários, o desempenho dos processos, a
vida útil dos equipamentos e o meio ambiente.

5.1. Conceituação
A Conservação de Água pode ser compreendida como as práticas, técnicas e tecnologias
que aperfeiçoam a eficiência do uso da água, podendo ainda ser definida como qualquer
ação que:
- Reduz a quantidade de água extraída das fontes de suprimento;
- Reduz o consumo de água;
- Reduz o desperdício de água;

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31

- Reduz as perdas de água;


- Aumenta a eficiência do uso da água;
- Aumenta a reciclagem e o reúso da água;
- Evita a poluição da água.
Neste Manual, implantar um PCRA significa avaliar de forma sistêmica o uso da
água, ou seja, otimizar o consumo de água, com a conseqüente redução do volume de
efluentes gerados, e utilizar as fontes alternativas de água disponíveis, considerando os
diferentes níveis de qualidade necessários, de acordo com um sistema de gestão apro-
priado.
Sob a ótica do meio ambiente, implantar um Programa de Conservação e Reúso de
Água contribui para a preservação dos recursos hídricos, favorecendo o "Desenvolvimento
Sustentável". Na questão social, provoca um aumento da disponibilidade hídrica à popula-
ção por meio da redução das captações de água dos mananciais. E, ainda, no aspecto eco-
nômico, reduz os custos com insumos em geral, como água, energia e produtos químicos,
além de racionalizar custos operacionais e de manutenção.
O uso da água varia entre os vários tipos de indústrias e atividades consumidoras, o
que significa que o detalhamento do PCRA será diferenciado caso a caso. Em cada indús-
tria deve-se identificar os maiores consumidores de água, de forma que as intervenções
realizadas gerem significativas reduções de consumo.As ações são específicas para cada
setor da indústria sendo, na sua maioria:
- Modificações quanto ao uso da água em equipamentos e processos, com a incorpora-
ção de novas tecnologias e/ou procedimentos;
- Otimização dos processos de resfriamento;
- Reúso aplicado em diversos setores da planta industrial;
- Implantação de sistema de Gestão da Água.

5.2. Benefícios Esperados


Os principais benefícios resultantes da adoção de um PCRA são:
- Economia gerada pela redução do consumo de água;
- Economia gerada pela redução dos efluentes gerados;
- Conseqüente economia de outros insumos como: energia e produtos químicos;
- Redução de custos operacionais e de manutenção dos sistemas hidráulicos e de equi-
pamentos;
- Aumento da disponibilidade de água (proporcionando aumento da produção sem incre-
mento de custos de captação e tratamento);
- Agregação de valor aos produtos;
- Minimização dos impactos da cobrança pelo uso da água;
- Complementação às ações de responsabilidade social da empresa.

5.3. Condicionantes
Para a viabilidade de um PCRA é importante o entendimento desta ação como a adoção
de uma Política de Economia de Água. No caso da indústria, é fundamental a participa-
ção da alta direção, a qual deverá estar comprometida com o Programa, direcionando e
apoiando a implementação das ações necessárias.
De maneira resumida, o sucesso de um PCRA depende de:

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32

- Estabelecimento de metas e prioridades;


- Escolha de um Gestor ou Gestores da Água, os quais devem permanentemente ser capa-
citados e atualizados para operarem e difundirem o programa;
- Alocação planejada dos investimentos iniciais com expectativa de redução à medida
que as economias geradas vão se concretizando, gerando os recursos necessários para
novos investimentos;
- Apoio da alta gerência executiva durante a elaboração dos Planos de Gestão do Uso da
Água;
- Otimização do uso da água, garantindo um melhor desempenho das atividades consu-
midoras envolvidas;
- Pesquisa, desenvolvimento e inovação nos processos industriais ou em outras ativida-
des com adequação dos níveis de qualidade exigíveis e busca da redução de custos;
- Desenvolvimento e implantação de um Sistema de Gestão que deverá garantir a manu-
tenção de bons índices de consumo e o perfeito desempenho e monitoramento dos sis-
temas hidráulicos, equipamentos e processos ao longo do tempo, contribuindo para a
redução e manutenção dos custos ao longo da vida útil;
- Multiplicação do PCRA para todos os usuários do sistema;
- Divulgação dos resultados obtidos de forma a incentivar e engajar ainda mais os usuá-
rios envolvidos.
A exclusão ou avaliação prematura de cada uma das etapas acima citadas pode com-
prometer a eficácia das iniciativas adotadas por uma determinada indústria, enfraquecen-
do a equipe responsável e gerando reversão de expectativa em relação aos benefícios
gerados.

5.4. Sistema de Gestão da Água


A manutenção dos resultados obtidos com o PCRA depende de um Sistema de Gestão
permanente e eficaz, cujo sucesso envolve duas áreas distintas:
- técnica: engloba as ações de avaliação, medições, aplicações de tecnologias e procedi-
mentos para enquadramento do uso da água;
- humana: envolve comportamento e expectativas sobre o uso da água e procedimentos
para realização de atividades consumidoras.
Um Sistema de Gestão eficaz atua sobre as duas áreas, com atualização constante dos
dados para que seja possível mensurar os progressos obtidos e o cumprimento de metas,
bem como o planejamento das ações futuras dentro de um plano de melhoria contínua.
Para a manutenção dos índices de economia obtidos é necessário que o Sistema de
Gestão compreenda ações de base operacional, institucional, educacional e legal, confor-
me detalhamento abaixo :

a) Ações de Base Operacional


As ações de base operacional envolvem:
- criação de política permanente de manutenção preventiva e corretiva;
- elaboração e constante atualização de procedimentos específicos de uso racional da
água;
- monitoramento contínuo do consumo através de planilhas eletrônicas e gráficos;
- realização de vistorias aleatórias nos setores de maior consumo;

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33

- atualização constante dos dados;


- plano de melhoria contínua.

b) Ações de Base Educacional


Por meio da implementação das ações de base educacional, garante-se o acompanha-
mento e a mudança comportamental dos usuários. Entre estas ações, pode-se destacar:
- capacitação do Gestor da Água para acompanhamento dos indicadores de consumo e
da implementação de eventuais intervenções; e
- multiplicação das diretrizes e ações do programa pelos demais funcionários através do
estabelecimento de um programa educacional que deverá informar sobre:
- a importância e necessidade do programa adotado;
- as metas a serem atingidas;
- a importância da contribuição de cada usuário no cumprimento das metas da indústria;
- novos procedimentos e equipamentos.
- resultados obtidos e revisão das metas almejadas.
Outras medidas que auxiliam num maior envolvimento dos usuários com a
Conservação de Água são, por exemplo:
- estabelecimento de programa de incentivos (participação dos usuários nas economias
obtidas; bônus para usuários que detectarem perdas físicas ou desperdícios dentro da
indústria, entre outras);
- criação de uma caixa de sugestões;
- criação de um "slogan" para que a Conservação de Água se torne uma meta dentro da
indústria.

c) Ações de Base Institucional


Com foco na responsabilidade social, deverão ser implementadas as seguintes atividades:
- multiplicação do programa implantado para a comunidade externa, como fator positi-
vo quanto à integração indústria - meio ambiente, tornando-a referência por meio da
realização de seminários e oficinas de trabalho e da divulgação de relatórios de respon-
sabilidade social da empresa, entre outros;
- Articulação constante do Gestor da Água e da diretoria para fortalecimento das partes.

d) Ações de Base Legal


É fundamental que a elaboração do PCRA esteja de acordo com as legislações vigentes
a nível municipal, estadual e federal.

5.5. Responsabilidades do Gestor da Água


Os Gestores da Água são os responsáveis por transformar o comprometimento assumi-
do em Conservar a Água em um plano de trabalho exeqüível, com o objetivo de:
- alcançar as metas preestabelecidas pela organização.
- avaliar as ações de Conservação já realizadas e os impactos positivos e negativos;
- buscar subsídios que justifiquem o benefício do programa nesta indústria;
- estabelecer as verbas necessárias e garantí-las junto à Diretoria ou responsáveis;
- estabelecer o plano de ações de base tecnológica, com metas e detalhamento específico;
- estabelecer critérios de documentação e avaliação das ações a serem realizadas;

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34

- estabelecer as ações de base educacional a serem desenvolvidas junto aos demais usuários;
- estabelecer ações de base institucional para a divulgação do programa;
- estabelecer ações de base operacional, desenvolvendo critérios de medição como
forma de subsídio constante para a melhoria contínua dos resultados obtidos;
- reportar constantemente o andamento e resultados obtidos aos responsáveis;
- abertura e divulgação na mídia;
- transparência de ações e resultados.

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35

6. ASPECTOS LEGAIS DA CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA

6.1. Introdução
A criação de normas relacionadas à utilização dos recursos hídricos para qualquer fina-
lidade tem como principal objetivo garantir uma relação harmônica entre as atividades
humanas e o meio ambiente, além de permitir um melhor equilíbrio de forças entre os
vários segmentos da sociedade ou setores econômicos.
Nesse sentido, a Constituição de 1988 estabelece a dominialidade dos recursos
hídricos, que podem ser federais, no caso de corpos d’água transfronteiriços, interesta-
duais ou que façam divisa entre dois ou mais estados, ou estaduais, se contidos inteira-
mente em um único estado da federação. A Lei nº 9.433/97 cria o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos e estabelece os seguintes instrumentos de geren-
ciamento:
- Outorga pelo direito de uso de recursos hídricos;
- Cobrança pelo uso da água;
- Enquadramento dos corpos d’água em classes de uso;
- Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos;
- Planos de Recursos Hídricos.
No presente capítulo, serão apresentados os principais aspectos legais que interfe-
rem na gestão do uso da água, procurando ressaltar os itens que possam se relacionar
com a prática de reúso.

6.2. Outorga pelo Uso da Água


A outorga é um instrumento de gerenciamento de recursos hídricos que dá, ao órgão
gestor, condições de gerenciar a quantidade e qualidade desses recursos, e ao usuário a
garantia do direito de uso da água. O poder outorgante (União e Estados) deve avaliar
cada pedido de outorga, verificando se as quantidades existentes são suficientes, consi-
derando os aspectos qualitativos e quantitativos. Desta forma, a outorga ordena e regula-
riza os diversos usos da água em uma bacia hidrográfica.
O usuário outorgado tem o reconhecimento legal do uso dos recursos hídricos. A
outorga tem prazo de validade limitado, estabelecido em função das características do
empreendimento (Art. 16 da Lei nº 9.433/97).
Uma vez concedida a outorga, o ato é publicado no Diário Oficial da União (caso da
Agência Nacional de Águas - ANA), ou nos Diários Oficiais dos Estados ou do Distrito
Federal, onde se identifica o outorgado e são estabelecidas as características técnicas e
as condicionantes legais do uso das águas que o mesmo está sendo autorizado a fazer.
A outorga referente a corpos hídricos de domínio da União deve ser solicitada à
ANA. Em corpos hídricos de domínio dos Estados e nos casos específicos de outorga
para o uso de água subterrânea, a solicitação de outorga deve ser feita às respectivas
autoridades outorgantes estaduais.
De maneira resumida, os usos que dependem de outorga são:
- a derivação ou captação de parcela da água existente em um corpo d'água para consu-
mo final, inclusive abastecimento público, ou insumo de processo produtivo;
- a extração de água de aqüífero subterrâneo para consumo final ou insumo de processo
produtivo;

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36

- lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, trata-


dos ou não, com o fim de sua diluição, transporte ou disposição final;
- uso de recursos hídricos com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;
- outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água existente em
um corpo de água;
A escassez de recursos hídricos impõe a necessidade de ações visando à conserva-
ção e ao gerenciamento adequado deste recurso. Para tal, é fundamental que a outorga,
como instrumento de gerenciamento, leve em conta a eficiência dos processos na análi-
se dos requerimentos, procurando incentivar e promover o uso eficiente da água, prin-
cipalmente nas regiões em que ocorrerem conflitos de uso. Nesse aspecto a prática de
reúso pode ser um fator importante para viabilizar a solução de conflitos em regiões
onde haja escassez de recursos hídricos, ou problemas referentes à qualidade dos mes-
mos. Dessa forma, é importante, também, que os órgãos outorgantes e gestores dos recur-
sos hídricos procurem se informar sobre a prática de reúso e o consumo de água nas
várias alternativas de processo, de forma a poder fundamentar decisões sobre o incenti-
vo a essa prática.
Deve-se ressaltar que o reúso, em si, não é objeto de outorga, uma vez que não é
uma interferência direta em corpo hídrico, mas que a sua adoção pode interferir no
balanço hídrico do empreendimento, tanto do ponto de vista quantitativo como no qua-
litativo. Desta forma, assim como as alterações no processo produtivo devem ser objeto
de licenciamento ambiental, as alterações no balanço hídrico que resultem em mudan-
ças nas condições objeto da Resolução de outorga devem ser objeto de solicitação de
alteração da outorga existente, de modo a possibilitar o uso eficiente da outorga como
instrumento de gestão.

6.3. Cobrança pelo Uso da Água


Em função de condições de escassez em quantidade e/ou qualidade, a água deixou de ser
um bem livre e passou a ter valor econômico. Esse fato contribuiu com a adoção de um
novo paradigma de gestão desse recurso ambiental, que compreende a utilização de ins-
trumentos regulatórios e econômicos, como a cobrança pelo uso dos recursos hídricos.
A experiência em outros paises mostra que a cobrança pelo uso de recursos hídri-
cos, mais do que instrumento para gerar receita, é indutora de mudanças pela economia
da água, pela redução de perdas e da poluição e pela gestão com justiça ambiental. Isso
porque cobra-se de quem usa ou polui.
O fundamento legal para a cobrança pelo uso da água no Brasil remonta ao Código
Civil de 1916 quando estabeleceu que a utilização dos bens públicos de uso comum pode
ser gratuita ou retribuída, conforme as leis da União, dos Estados e dos Municípios, a cuja
administração pertencerem. No mesmo sentido, o Código de Águas, Decreto – Lei nº
24.642/34, estabeleceu que o uso comum das águas pode ser gratuito ou retribuído, de
acordo com as leis e os regulamentos da circunscrição administrativa a que pertencerem.
Posteriormente, a Lei nº 6.938/81, que trata da Política Nacional de Meio Ambiente,
incluiu a possibilidade de imposição ao poluidor e ao predador, da obrigação de recupe-
rar e/ou indenizar os danos causados ao meio ambiente e, ao usuário, da contribuição
pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.
Finalmente, a Lei nº 9.433/97 definiu a cobrança como um dos instrumentos de ges-

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37

tão dos recursos hídricos e a Lei nº 9.984/2000, que instituiu a Agência Nacional de
Águas – ANA, atribuiu a esta Agência, a competência para implementar, em articulação
com os Comitês de Bacia Hidrográfica, a cobrança pelo uso dos recursos hídricos de
domínio da União.
O instrumento da cobrança pelo uso de recursos hídricos constitui-se num incenti-
vador ao reúso da água. O usuário que reutiliza suas águas reduz as vazões de captação
e lançamento e conseqüentemente tem sua cobrança reduzida.Assim, quanto maior for
o reúso, menor será a utilização de água e menor a cobrança.
Dependendo das vazões utilizadas, o montante de recursos economizados com a
redução da cobrança em função do reúso pode cobrir os custos de instalação de um sis-
tema de reúso da água na unidade industrial.

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38

7. ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DE UM PROGRAMA DE


CONSERVAÇÃO E REÚSO DE ÁGUA

7.1. Introdução
A implantação de um PCRA requer o conhecimento pleno do uso da água (quantitativo
e qualitativo) em todas as edificações, áreas externas e processos, de maneira a identifi-
car os maiores consumidores e as melhores ações de caráter tecnológico a serem reali-
zadas, bem como os mecanismos de controle que serão incorporados ao Sistema de
Gestão da Água estabelecido.
Um PCRA se inicia com a implantação de ações para a otimização do consumo de
água, em busca do menor consumo possível para a realização das mesmas atividades,
garantindo-se a qualidade da água fornecida e o bom desempenho destas atividades. Uma
vez minimizado o consumo devem ser avaliadas as possibilidades de utilização de fontes
alternativas de abastecimento de água.
Após a avaliação e implantação das ações que compõem o PCRA, deverá ser imple-
mentado um Sistema de Gestão permanente, para garantia de manutenção dos índices
de consumo obtidos e da qualidade da água fornecida. Esta tarefa deverá ser absorvida
por um Gestor da Água, responsável pelo monitoramento contínuo do consumo e pelo
gerenciamento das ações de manutenção preventiva e corretiva ao longo do tempo.

De uma maneira simplificada um PCRA abrange as etapas relacionadas na Figura 1:

Figura 1: Etapas de Implantação de um Programa de Conservação e Reúso de Água

Etapas Principais Atividades Produtos


• Análise documental • Plano de Setorização do Consumo de
1 Avaliação Técnica Preliminar
• Levantamento de Campo Água *

• Macro e micro fluxos de água


• Análise de Perdas Físicas • Plano de adequação de equipamentos
Avaliação da Demanda • Análise de Desperdício hidráulicos *
2
de água • Identificação dos diferentes • Plano de adequação de processos *
níveis de qualidade de água • Plano de otimização dos sistemas
hidráulicos *
• Concessionárias
• Captação Direta
Avaliação da Oferta • Plano de aplicação de fontes
3 • Águas pluviais
de Água alternativas de água *
• Reúso de efluentes
• Águas subterrâneas

Estudo de Viabilidade • Montagem da matriz de soluções


4 • Cenário ótimo
Técnica e Econômica • Análise técnica e econômica

• Especificações técnicas;
5 Detalhamento Técnico • Projeto executivo
• Detalhes técnicos

• Plano de monitoramento de
consumo de água
6 • Plano de capacitação dos
Sistema de Gestão • Sistema de gestão da água
gestores e usuários
• Rotinas de manutenção
• Procedimentos específicos

*Especificação e detalhamento de sistemas e componentes, custos e espectativas de economia.

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39

7.2. ETAPA 1: Avaliação Técnica Preliminar


Esta etapa consiste no levantamento de todos os dados e informações que envolvam o
uso da água na indústria, objetivando o pleno conhecimento sobre a condição atual de
sua utilização.

7.2.1. Análise Documental


Realização de levantamento dos documentos existentes e relevantes, como subsídio para
o início de entendimento do uso da água na indústria, tais como:
- Projeto de Arquitetura com detalhamento de setores e "lay-outs" técnicos;
- Projeto de Sistemas Prediais Hidráulicos e Elétricos;
- Projetos e especificações técnicas de equipamentos, sistemas e processos específicos;
- Fluxogramas de processos;
- Manuais de operação e rotinas operacionais;
- Leituras de hidrômetros;
- Contas de água e energia (24 meses);
- Planilhas de custos operacionais de ETAs/ETEs;
- Planilhas de custos operacionais de poços artesianos;
- Planilhas de custos e controles de realização de rotinas de manutenção preventiva/cor-
retiva;
- Planilhas de custos e quantidades utilizadas de produtos químicos;
- Normas e procedimentos seguidos pela unidade industrial, onde estão inclusos o
Relatório de Controle Ambiental e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais;
- Certificados de outorga das fontes hídricas que abastecem o empreendimento;
- Legislação a ser atendida.
O levantamento dos documentos disponíveis pode ser uma das formas para obten-
ção dos dados referentes ao consumo de água (qualidade e quantidade) e geração de
efluentes.
Destaca-se a importância nesta fase de fatores como:
- Abrangência dos documentos;
- Sua qualidade;
- Seu nível de detalhamento;
- Clareza na apresentação das informações disponíveis;
- Conhecimento técnico e experiência das pessoas envolvidas na análise.
Em muitos casos, as informações disponíveis referem-se, especificamente, aos pro-
cessos principais, não sendo detalhadas as operações consideradas secundárias como
por exemplo:
- Fornecimento de vapor para aquecimento ou água de resfriamento,
- Operações de partida e parada das unidades industriais,
- Paradas para manutenção; e
- Outras atividades que podem estar diretamente associadas ao consumo de água ou à
geração de efluentes, eventualmente não identificadas quando da análise destes docu-
mentos.
Com a análise documental tem-se uma primeira compreensão das atividades consu-
midoras de água, pois dependendo do nível de detalhamento apresentado, pode-se esta-

Manual de Conservação e Reúso de Água Para a Indústria


40

belecer uma relação lógica entre todas as etapas associadas às mesmas, possibilitando
vincular o consumo de água em cada etapa, grau de qualidade exigido, além da geração
e composição dos efluentes.
Muitas vezes, pela análise dos documentos relacionados aos processos produtivos,
por exemplo, é possível identificar algumas oportunidades associadas à racionalização
do uso dos recursos naturais e outros insumos, devendo-se, desta forma, manter um regis-
tro destas oportunidades, com o objetivo de analisá-las detalhadamente quando do
desenvolvimento das estratégias de gerenciamento de águas e efluentes, ou então, para
a implantação de um programa de prevenção à poluição.

7.2.2. Levantamento de Campo


Uma vez concluída a fase de coleta de informações por meio de documentos, deve-se
planejar e realizar o levantamento de campo, por técnicos da própria indústria devida-
mente capacitados, ou especialistas externos. O objetivo é avaliar "in loco" os diversos
usos da água para detalhamento e aferição dos dados obtidos na análise documental e
pesquisa de novas informações eventualmente necessárias.
É no levantamento de campo que se pode aferir na prática a realidade e rotina das
diversas atividades que ocorrem ao longo do tempo em uma indústria, muitas delas
envolvendo apenas sistemas e equipamentos e outras relacionadas diretamente ao com-
portamento dos operadores e funcionários.
Deve ser preparado um questionário específico a ser respondido pelo responsável
de cada setor ou da atividade consumidora, avaliando-se os procedimentos de utilização
da água, condições dos sistemas hidráulicos, perdas físicas, usos inadequados e usuários
envolvidos.
Para obtenção das informações pretendidas, é necessário:
- que o levantamento de campo seja acompanhado por um ou mais responsáveis da própria
planta, com conhecimento mínimo do sistema hidráulico e elétrico e processos envolvi-
dos, eventualmente com membros da equipe de manutenção e gerente de utilidades;
- comparar as informações constantes dos documentos obtidos na análise documental
com o levantamento de campo;
- identificar e cadastrar todos os equipamentos, processos e atividades que usem água,
com exemplo, torres de resfriamento, caldeiras, sistemas de osmose reversa e troca
iônica, reatores, tanques de produtos e reagentes, equipamentos de cozinha, equipa-
mentos hidráulicos de ambientes sanitários, entre outros;
- identificar o período de operação de cada equipamento e processo que utilize água;
- caracterizar a água utilizada (quantidade e qualidade) em todas as atividades consu-
midoras;
- Identificar fluxos de água (macro e micro), compreendendo o mapeamento das redes
de água e efluentes, identificação e quantificação das fontes de abastecimento (rios,
rede pública, poços profundos) e pontos de lançamento de efluentes líquidos ( rede
pública, rios, etc.);
- Caracterizar as ETA´s e ETE´s existentes, compreendendo aspectos qualitativos e quan-
titativos, bem como os sistemas de tratamento existentes;
- avaliar (medir) a pressão utilizada no sistema hidráulico em pontos estratégicos;
- checar equipamentos ou processos que utilizam água para mais de uma operação;

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41

- calibrar periodicamente os hidrômetros existentes;


- medir a quantidade de água utilizada em cada setor ou processo consumidor. Se não hou-
ver medidor instalado deverá ser feito um plano de setorização contendo os pontos a
serem monitorados, com especificação e detalhamento dos medidores a serem instalados;
- fazer um comparativo de consumo da indústria, processos e equipamentos com dados
já existentes de tipologias similares, caso haja disponibilidade de dados confiáveis.
Ressaltar as principais diferenças e buscar justificativas;
- realizar ensaios de análise da qualidade da água (pH, dureza, sólidos totais dissolvidos,
coliformes fecais, turbidez, temperatura, entre outros) em pontos de coleta específicos,
bem como dos diferentes efluentes que possam ser gerados;
- identificar e cadastrar perdas físicas de água.

7.2.3. Produtos
Com os dados obtidos é realizada uma primeira avaliação do uso da água na indústria em
questão, tendo como principais produtos o macro e o micro fluxos da água e o Plano de
Setorização do Consumo da Água.
- Macro fluxo da água
A macro-avaliação do fluxo de água busca compreender o caminhamento da água
desde das fontes abastecedoras para atendimento da demanda existente até o destino
final dos efluentes gerados, sem detalhamento dos usos internos. Com esta avaliação é
gerado o macro fluxo de água.
É importante identificar a quantidade de água utilizada no processo produtivo, o
qual muitas vezes é subdividido conforme a variedade de produtos envolvidos. É impor-
tante também identificar os quantitativos envolvidos para resfriamento/aquecimento
(torres de resfriamento, condensadores e caldeiras), bem como por atividades consumi-
doras de água, como lavagem de áreas externas e internas, por exemplo.
A figura abaixo exemplifica parte do macro-fluxo da água em uma indústria de
laticínios:

Córrego

R1*
ETA
1000 m3 Planta Antiga
R2*
210 m3
Poços 1 Planta Nova
Poços 2
Efluente
Poços 3 doméstico
Poços 4 Efluente
Poços 5 industrial
ETE
Poços 6
Poços 7
Córrego
*Reservatórios de Água

Figura 2: Macro-fluxo da Água em uma Indústria de Laticínios

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42

- Micro fluxo da água


Na micro-avaliação do fluxo de água são detalhados:
- fluxo da água por setor da indústria;
- os processos, equipamentos e atividades consumidores de água;
- balanços de entradas e saídas de água por setores identificados para comparativo com
o macro fluxo de água;
- localização e quantificação de perdas visíveis para correção futura;
- pontos de consumo (localização e especificação);
- cadastramento de redes externas e internas;
- fluxo de afluentes e efluentes por setor da indústria;
- condições de operação de equipamentos e sistemas consumidores de água;
- procedimentos comportamentais dos usuários envolvidos em cada setor específico;
- plano de setorização do consumo de água.

Figura 3: Diagrama de blocos para indicação dos fluxos de água


e efluentes em uma unidade industrial.

Processo A Processo B Processo C

Atividade A1
Evaporação
Água Bruta (m3/h)
Água (m3/h)
Atividade A2
Água (m3/h)
Efluente (m3/h)

Atividade B1 Atividade C
Atividade A3
Atividade B2
Efluente (m3/h)
Atividade A4
Água de Lavagem
(m3/h)
Água Uso Estação de Efluente Tratado (m3/h) Meio
(m3/h) Doméstico Tratamento Ambiente

A partir desta avaliação, são gerados diversos micro-fluxos de água que detalham o
uso interno em cada um dos setores.
Devem ainda ser identificados os indicadores de consumo mais apropriados a cada
setor e tipo de utilização da água, por exemplo:
- quantidade de água por unidade produzida;
- quantidade de água por refeição preparada (cozinha industrial);
- quantidade de água por funcionário; etc.
Além do diagrama que apresenta os fluxos de água e efluentes em uma unidade
industrial, para que seja possível desenvolver alternativas para a otimização do uso da
água é importante obter as demandas por categorias de uso, o que será então desenvol-
vido na etapa de avaliação de demanda da água.

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43

- Plano de Setorização do Consumo de Água


O principal produto da Etapa 1 é o Plano de Setorização do Consumo de Água, que
consiste em um sistema de medição e monitoração setorizada do consumo de água,obje-
tivando o controle de consumo.A medição setorizada também possibilita a localização
de vazamentos internos e desperdícios significativos que, em outras condições, podem
levar meses ou até anos para serem identificados.
A setorização do consumo prevê a divisão de uma planta industrial por meio da
identificação de áreas ou setores que apresentam consumo de água em quantidade e
com requisitos de qualidade específicos, possibilitando a individualização da medição do
consumo por meio de dispositivos de leitura. Estes dispositivos, conhecidos como hidrô-
metros, podem possuir somente a leitura pontual do consumo, através do display, como
também apresentar um sistema de medição remota do consumo de água. Em ambos os
casos, o Gestor de Água poderá acompanhar o consumo de água nos setores instrumen-
tados da unidade industrial.
O sistema de medição remota pode ser realizado por meio de ondas de rádio ou de
cabeamento, o qual permitirá ao Gestor uma maior praticidade no acompanhamento
dos consumos de água e agilidade na implementação de intervenções.
Em função do levantamento de campo realizado deve ser proposto um sistema de
medição individualizada do consumo com base no uso da água em cada setor e prefe-
rencialmente utilizando as tubulações existentes.
No Plano de Setorização são definidos os setores da planta industrial que serão
monitorados através da instalação de medidores de consumo de água.Devem ser estabe-
lecidos esquemas verticais para facilidade de instalação dos hidrômetros, bem como,
uma numeração lógica para facilidade de identificação dos mesmos.
A figura abaixo exemplifica o esquema de setorização de parte de uma indústria de
laticínios:

Figura 4: Esquema de Setorização de parte de uma Indústria de Laticínios

Setor F
Aéreo

Setor E

Setor G

Balões de bebida láctea

Setor E: Preparo de bebida láctea; Setor F: Laboratório e sanitários; Setor G: Recebimento de leite

7.3. ETAPA 2: Avaliação da Demanda de Água


Com base nos dados coletados na etapa anterior, inicia-se a avaliação da demanda de
água. Nesta etapa é feita a identificação das diversas demandas para avaliação do consu-
mo de água atual e das intervenções necessárias para eliminação e/ou redução de per-
das, racionalização do consumo e minimização de efluentes.

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44

Para tal, devem ser avaliados os seguintes tópicos :


- Perdas físicas nas tubulações, conexões e reservatórios;
- Processos que utilizam água;
- Equipamentos hidráulicos;
- Pressão do sistema hidráulico.

7.3.1. Perdas Físicas


Em geral, as perdas físicas ocorrem devido a:
- vazamentos: quando há fuga de água no sistema, por exemplo, em tubulações, cone-
xões, reservatórios, equipamentos, entre outros;
- mau desempenho do sistema: por exemplo, um sistema de recirculação de água quen-
te operando inadequadamente, ou seja, com tempo de espera longo;
- negligência do usuário: como por exemplo uma torneira deixada mal fechada após o
uso.
Devem ser realizados testes no sistema hidráulico para a detecção das perdas físicas
dificilmente detectáveis, inclusive com a utilização de equipamentos específicos para
evitar intervenções destrutivas. Os principais testes compreendem pesquisa em alimen-
tador predial, reservatórios, bacias sanitárias, entre outros.
Um sistema hidráulico sem manutenção adequada pode perder de 15 a 20% da água
que adentra na unidade.
Em geral, com pequenos investimentos para a correção das perdas existentes são
obtidas significativas reduções de consumo.
Podem ser citados os seguintes exemplos de redução do consumo obtido pela cor-
reção de perdas físicas em indústrias nacionais:
- Indústria automobilística: a correção das perdas existentes na cozinha da fábrica, por
meio da troca de reparos e válvulas, reduziu o consumo de água deste setor em 11,49%,
com período de retorno imediato e gerando uma economia mensal aproximada 20
vezes superior ao valor do investimento realizado.
- Indústria de laticínios: a correção das perdas existentes na planta, por meio de ações
corretivas como troca de reparos, registros e trechos de tubulações e conexões, redu-
ziu o consumo de água da fábrica de 2.200 m3/dia para 1.900 m3/dia (cerca de 14%).
Esta ação gerou uma economia de 13,5% nos custos de tratamento de água da ETA da
fábrica, além das economias geradas (e aqui não computadas) nos custos de tratamen-
to de efluentes e de energia elétrica.
Com base nas informações coletadas na primeira etapa e agora detalhadas e anali-
sadas, é traçado o plano de minimização de perdas para as correções necessárias.

7.3.2. Adequação de Processos


Nesta fase são detalhados os usos da água, considerando-se qualidade e quantidade
necessárias para um fim específico e identificando-se os desperdícios nas atividades con-
sumidoras por meio dos questionamentos das rotinas e procedimentos existentes:
- identificação de todos os processos que utilizam água;
- como se dá a operação do processo;
- quais os equipamentos, sistemas e usuários envolvidos;
- identificação das quantidades e qualidades necessárias da água;

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45

As categorias de uso podem variar em função do tipo de indústria que está sendo
avaliada e podem ser classificadas como melhor convier ao responsável pela avaliação.
Pode-se utilizar uma classificação que considere o uso que está sendo dado para a água,
ou então, o processo no qual esta sendo utilizada, relacionando-se o volume ou vazão de
água utilizado em cada categoria identificada. Na tabela a seguir é apresentado um exem-
plo de distribuição de consumo de água por categoria de uso:

Tabela 6: Exemplo da distribuição do consumo de água por categoria de uso

Categoria de Uso Demanda (volume/tempo)


Matéria-prima Demanda 1
Uso doméstico Demanda 2
Lavagem de equipamentos Demanda 3
Irrigação de áreas verdes Demanda 4
Geração de vapor Demanda 5
Sistemas de resfriamento Demanda 6
Produção de água desmineralizada Demanda 7
Total Demanda

Algumas categorias podem, ainda, ser subdivididas em subcategorias, o que dará


subsídios para uma avaliação mais precisa de toda a unidade, além de poder auxiliar na
identificação de oportunidades para a aplicação de iniciativas de Conservação e Reúso
de Água. É importante destacar que podem ser elaboradas tabelas adicionais que relacio-
nam a demanda de água para cada categoria de uso em cada um dos processos desen-
volvidos.
Os dados de demanda obtidos podem ser utilizados para a construção de gráficos
que mostrem de uma maneira mais simples as atividades responsáveis pelas maiores
demandas, identificando as áreas com maior potencial para a implantação de estratégias
para a redução do consumo de água.
A figura abaixo exemplifica a distribuição do consumo de água (m3/dia) em uma
unidade de uma indústria de laticínios :

Figura 5: Distribuição do consumo de água (m3/dia) em uma indústria de laticínios

50 Consumo Humano
420 400
CIP
30 Insumo

300 200 Limpeza


Arrefecimento

200
Torres/Condensadores
Caldeiras
Perdas Físicas
900

As áreas e atividades com maior potencial para a redução do consumo de água são
as que apresentam as maiores demandas por categoria de uso, de maneira que os esfor-

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46

ços iniciais deverão ser direcionados para as mesmas.


Com base na análise dos processos que utilizam a água, são então relacionadas as
adequações necessárias, com seus respectivos custos operacionais e investimentos
necessários.
Para a adequação de processos é importante que sejam detalhados procedimentos
específicos, cujos conteúdos devem ser discutidos com os funcionários envolvidos nas
atividades.

7.3.3. Adequação de Equipamentos e Componentes


Esta fase do Programa tem por objetivo a avaliação dos componentes hidráulicos exis-
tentes de acordo com os usos específicos de cada ponto de consumo.
Adequar componentes e equipamentos equivale a trocar aqueles que não sejam
adequados ao uso racional da água. Os novos componentes especificados devem ser
compatíveis com a pressão de utilização e com o tipo de uso e de usuário do ponto de
consumo, devendo proporcionar conforto ao usuário e otimização do consumo de água
necessário para o bom desempenho da atividade (vide anexo).
Podem ser citados os seguintes exemplos de adequação de equipamentos e com-
ponentes:
- indústria de laticínios: a automatização da operação, adequação do sistema de dosagem
de produtos químicos e isolamento apropriado das tubulações das torres de resfria-
mento, reduziram o consumo de água deste setor em 15%.
- indústria automobilística: a adequação de metais e a instalação de arejadores na área
de preparo de refeições da cozinha da fábrica reduziram o consumo de água deste
setor em 5,5%, com período de retorno de 3 meses.
Preferencialmente devem ser utilizados componentes que apresentem maior dura-
bilidade de forma a minimizar custos provenientes de manutenções.

7.3.4. Controle da Pressão do Sistema Hidráulico


A pressão elevada pode contribuir para as perdas e os desperdício de água no siste-
ma hidráulico de várias maneiras, tais como freqüência de rupturas, de golpe de aríete
ou de fornecimento de água em quantidade superior à necessária numa torneira.
Segundo estudos existentes, uma redução de pressão de 30 mca para 17 mca pode resul-
tar em economia de aproximadamente 30% do consumo de água.
Constatada a existência de pressão superior à necessária, devem ser especificados
os dispositivos adequados para cada atividade, como por exemplo, restritores de vazão,
placas de orifício ou válvulas redutoras de pressão.
Como exemplo pode-se citar a redução de 12% do consumo de água de uma indús-
tria de laticínios pela ação de controle da pressão no sistema hidráulico da fábrica por
meio da instalação de válvulas redutoras de pressão em pontos estratégicos das tubula-
ções de água, significando uma economia em torno de 14% nos custos de tratamento de
água da ETA da fábrica, além das economias geradas (e aqui não computadas) nos cus-
tos de tratamento de efluentes e de energia elétrica.

7.3.5. Avaliação dos Graus de Qualidade da Água


Dentre os dados obtidos na Etapa 1 (Avaliação Preliminar) foram relacionadas as carac-
terísticas da água utilizada em cada atividade consumidora da unidade, as quais devem

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47

ser comparadas à qualidade efetivamente necessária para o bom desempenho da ativida-


de, como base para subsidiar a Etapa 3 do Programa – Avaliação da Oferta.

7.3.6. Produtos
O produto desta etapa é a análise quantitativa e qualitativa do consumo atual de água,
com diagnóstico das perdas e usos excessivos e das ações tecnológicas possíveis para a
otimização do consumo.
Ao final desta avaliação são obtidas as seguintes informações:
- Distribuição atual do consumo de água;
- Distribuição histórica do consumo de água;
- Distribuição do consumo de água pelos maiores consumidores;
- Geração de efluentes atual do empreendimento.
Com a avaliação da demanda e com a possibilidade de se adequar componentes
hidráulicos, processos que utilizam água, controle de vazão e pressão e minimização das
perdas físicas, obtém-se um diagnóstico do uso da água na planta industrial, sendo então
possível determinar:
- Consumo otimizado após intervenções;
- Impacto gerado com a minimização de perdas;
- Impacto gerado com o controle de pressão e vazão do sistema hidráulico;
- Impacto gerado com a adequação dos componentes hidráulicos;
- Impacto da economia de água gerado por cada uma das intervenções;
- Investimentos necessários;
- Período de retorno para cada uma das ações.

7.4. ETAPA 3: Avaliação da Oferta de Água


As indústrias podem ter seu abastecimento proveniente das seguintes fontes:
- da rede pública;
- água bruta fornecida por terceiros (caminhões pipa);
- captação direta de mananciais ( rios, reservatórios, lagos, etc.)
- águas subterrâneas;
- águas pluviais;
- efluente tratado.
Para o abastecimento de água de qualquer planta industrial, um dos requisitos
importantes na escolha de alternativas, devem ser considerados os seguintes custos: de
captação, adução e distribuição, de operação e manutenção, da garantia da qualidade e
da eventuais descontinuidades do abastecimento.
A garantia da qualidade da água, em especial, implica no comprometimento do pro-
duto final, dos processos produtivos e equipamentos, na segurança e saúde dos usuários
internos e externos, dentre outros.
O uso negligente de quaisquer fontes de água ou a falta de gestão dos sistemas alter-
nativos podem colocar em risco o consumidor e as atividades nas quais a água é neces-
sária, recomendando-se observar padrões de qualidade adequados.
A utilização de água pela indústria requer necessariamente, independente da fonte
de abastecimento utilizada,uma adequada gestão qualitativa e quantitativa deste insumo.
Cuidados específicos devem ser considerados para que não haja risco de contami-

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48

nação às pessoas ou produtos ou de danos aos equipamentos. O sistema hidráulico deve


ser independente e identificado, torneiras de água não potável devem ser de acesso res-
trito, equipes devem ser capacitadas, devem ser previstos reservatórios específicos, entre
outras ações para garantia de bons resultados.

7.4.1. Concessionária
Uma das grandes responsabilidades das concessionárias de água, refere-se à qualidade da
água fornecida. Para tornar a água de distribuição potável, a concessionária deve utilizar
a tecnologia de tratamento mais indicada para eliminar todos os poluentes e agentes
ameaçadores à saúde, atendendo aos parâmetros de potabilidade fixados pela Portaria nº
518, de 25 de março de 2004, do Ministério da Saúde.
Além da eficácia do tratamento, a concessionária é responsável por um programa
de pesquisa e monitoramento na rede de água distribuída, coletando amostras e realizan-
do análises sistemáticas.Como exemplo, somente na Região Metropolitana de São Paulo,
a concessionária realiza mais de 20.000 ensaios mensais.
Os parâmetros atualmente avaliados são coliformes, bactérias heterotróficas, cloro,
cor, turbidez, pH, ferro total, alumínio, flúor, cromo total, cádmio, chumbo e trihalometa-
nos (THM), entre outros.
Na prática a maioria dos usuários não têm a preocupação necessária de avaliar, pre-
liminarmente, se os graus de qualidade da água recebida apresentam compatibilidade
com suas necessidades de consumo, seja para consumo sanitário ou industrial.
A concessionária deve garantir, ainda, o fornecimento contínuo de água, salvo casos
de força maior. No entanto, como precaução, é fundamental que todo empreendimento
tenha seu sistema independente de reserva de água para garantir o seu pleno funciona-
mento mesmo no caso de eventual interrupção.
Além do fornecimento de água potável, existem atualmente concessionárias que
fornecem água de reúso, o qual deve ser considerado também como fonte alternativa de
água para usos específicos. A análise de aplicação da água de reúso deve considerar
aspectos técnicos da qualidade da água, logística de distribuição da mesma, gestão da
qualidade da água fornecida e avaliação econômica, considerando além da tarifa de for-
necimento, custos de transporte.
Atualmente, na maioria dos casos, a existência de rede de distribuição de água de
reúso é praticamente nula, sendo, normalmente, a mesma transportada por caminhões
pipa.Além disto, muitas vezes as necessidades de qualidade específicas da indústria dife-
rem da qualidade desta água, sendo necessário um tratamento adicional.
Cabe ressaltar que, mesmo quando a fonte de abastecimento for a rede pública, o
usuário deve ter um Sistema de Gestão da Água, pois embora a concessionária forneça
água potável, a mesma pode ser contaminada em reservatórios ou tubulações da própria
indústria que não recebam a manutenção adequada.
Os gráficos que se seguem apresentam a variação das tarifas de água e esgoto apli-
cadas pelas principais concessionárias de saneamento do Estado de São Paulo,em fun-
ção das faixas de consumo (maio/2004):

Manual de Conservação e Reúso de Água Para a Indústria


49

Figura 6: Variação das tarifas de água aplicadas pelas principais concessionárias de


saneamento do Estado de São Paulo

Figura 7: Variação das tarifas de esgoto aplicadas pelas principais concessionárias de


saneamento do Estado de São Paulo

7.4.2. Captação Direta


Captar água diretamente de um corpo d’água implica, na maioria das vezes, em implemen-
tar técnicas de tratamento de acordo com o uso ao qual a água será destinada, devendo ser
respeitados e resguardados a legislação vigente, a saúde humana e o meio ambiente.

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Há necessidade de um sistema de gestão e monitoramento contínuo da qualidade e


quantidade de água utilizada. Os custos totais, em muitos casos, podem ser elevados quan-
do considerados os custos operacionais de bombeamento, tratamento, produtos quími-
cos, energia, manutenção preventiva, técnicos envolvidos e monitoramento contínuo.
Além disto,devem ser considerados os custos relativos à obtenção da outorga de
direitos de uso, bem como a cobrança pelo uso da água que vier a ser instituída pelos
Comitês de Bacias Hidrográficas.

7.4.3. Águas Subterrâneas


Uma das fontes alternativas utilizadas pela indústria são as águas subterrâneas.A explo-
ração inadequada destas águas pode resultar na alteração indesejável de sua quantidade
e qualidade.A exploração e utilização de águas subterrâneas também requerem autoriza-
ção e licença dos órgãos competentes.
Apesar dos custos iniciais de perfuração dos poços, em muitos casos, não serem sig-
nificativos, outros custos devem ser considerados, como, os custos relativos à gestão da
qualidade e quantidade desta água e os custos de energia.Além disto, com a possibilida-
de da cobrança pelo uso das águas subterrâneas pelos Estados, a aparente economia em
muitas situações será eliminada, uma vez que os volumes captados farão parte da formu-
lação dos preços.
Em função de características geológicas locais, o aprofundamento do poço poderá
ser a solução para obtenção de maiores vazões e melhor qualidade da água extraída. No
entanto, em outros locais, esta mesma solução poderá resultar na redução substancial das
vazões obtidas e na perda da qualidade da água.Também, em função da falta de cimen-
tação adequada do espaço anelar, do selo sanitário e de outras deficiências técnicas-cons-
trutivas, operacionais, manutenção e abandono dos poços, pode-se ter processos de con-
taminação ocasionados pelas águas poluídas de camadas vizinhas ou mais rasas.
Dentre os agentes de contaminação das águas subterrâneas, no Brasil, destacam-se:
- Série nitrogenada;
- Inorgânicos não-metálicos, (fósforo, selênio, nitrogênio, enxofre e flúor);
- Metais tóxicos (mercúrio, cromo, cádmio, chumbo e zinco);
- Compostos orgânicos sintéticos do grupo BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xile-
no, compostos aromáticos, fenóis, organoclorados voláteis diversos),
- Compostos mais densos do que a água, DNAPL’s – Dense Non Aqueous Phase Liquids,
ou menos densos do que a água, LNAPL’s – Light Non Aqueous Phase Liquids.
Novamente, no caso do uso deste tipo de abastecimento, a indústria deve ter os
seguintes cuidados:
- Atendimento à legislação estadual relativa à outorga pelo uso da água;
- Tratamento adequado da água captada para garantia das características necessárias ao
uso a que será destinada;
- Existência de um sistema de gestão e monitoramento contínuo da qualidade e quanti-
dade da água.

7.4.4. Águas Pluviais


Uma das possíveis alternativas para compor o abastecimento de água de uma indústria
são as águas pluviais.Um sistema de aproveitamento de águas pluviais é, em geral, com-
posto por:

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- Reservatórios (o reservatório de água potável não pode receber águas de característi-


cas diferentes – NBR 5626 – Instalação predial de água fria);
- Sistema de pressurização (para abastecimento direto dos pontos de consumo) ou siste-
ma de recalque;
- Filtros separadores de sólidos e líquido;
- Tubos e conexões (rede exclusiva);
- By pass para entrada de água de outra fonte para eventual suprimento do sistema.
Para o aproveitamento de águas pluviais é necessário um projeto específico para
dimensionamento dos reservatórios, bem como dos demais componentes do sistema,
considerando a demanda a ser atendida por esta fonte de água e as características plu-
viométricas locais.
A utilização de águas pluviais, como fonte alternativa ao abastecimento de água de
uma indústria requer, da mesma forma que nos casos anteriores, a gestão da qualidade e
quantidade.
Quando utilizada para fins menos nobres, como rega de jardins ou lavagem de áreas
externas, a água não necessita de tratamento avançado. Desta forma, ao reservar e utili-
zar águas pluviais, há uma redução do consumo de água de qualidade mais nobre.
Analisando os dados existentes na literatura técnica, percebe-se que a qualidade da
água de chuva é influenciada por:
- Localização, regime de chuvas, condições climáticas da região, zona urbana ou rural;
- Características da bacia, densidade demográfica, área impermeabilizada, declividade,
tipo de solo, área recoberta por vegetação e seu tipo;
- Tipo e intensidade de trafego;
- Superfície drenada e tipo de material constituinte: concreto, asfalto, grama, etc;
- Lavagem da superfície drenada, freqüência e qualidade da água de lavagem;
Em termos da qualidade da água de chuva, os dados disponíveis foram obtidos em
pesquisa de mestrado realizada na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,onde
foram coletadas e analisadas amostras de água de chuva provenientes da cobertura de
um edifício local.A tabela abaixo consolida os dados obtidos:

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Tabela 7: Características da água de chuva na Cidade Universitária da USP


água coletada na tubulação Reservatório
Variável
Mínimo Médio Máximo Médio
Cor (uH) 20 52,5 218 23,0
Turbidez (UNT) 0,6 1,6 7,1 0,8
Alcalinidade (mg/L) 4 30,6 60 18,8
pH 5,8 7,0 7,6 6,7
Condutividade (mS/cm) 7,0 63,4 126,2 25,7
Dureza (mg/L) 4,0 39,4 68,0 19,6
Cálcio (mg/L) ND 15,0 24,3 4,7
Magnésio (mg/L) ND 1,1 2,2 0,5
Ferro (mg/L) 0,01 0,14 1,65 0,06
Cloretos (mg/L) 2,0 8,8 14,0 12,2
Sulfatos (mg/L) 2,0 8,3 21,0 5,1
ST (mg/L) 10 88 320 25
SST (mg/L) 2 30 183 2
SSV (mg/L) 0 15 72 2
SDT (mg/L) 2 58 177 24
SDV (mg/L) 0 39 128 24
OD (mg/L) 1,6 20 42 17,6
DBO (mg/L) 0,4 2,5 5,2 1,5
Nitrato (mg/L) 0,5 4,7 20 3,1
Nitrito (mg/L) 0,1 0,8 3,8 0,1
Coliformes totaisa em 100ml <1 >70 >80 >65
Fonte: Adaptado de MAY, 2004
NE = Não Especificado.
ST = Sólidos Totais
SST = Sólidos Suspensos Totais
SSV = Sólidos Suspensos Voláteis
SDT = Sólidos Dissolvidos Totais
SDV = Sólidos Dissolvidos Voláteis
a = Presente em 89% das amostras.
Coliformes fecais em 100 ml, aparecem em média em 50% das amostras coletadas e em 30% no reservatório.

7.4.5. Reúso de Efluentes


Para análise da implantação do reúso de efluentes na indústria, há duas alternativas a
serem consideradas.A primeira delas, refere-se ao reúso macro externo, definido como o
reúso de efluentes provenientes de estações de tratamento administradas por conces-
sionárias ou outras indústrias. A segunda, que será detalhada neste Manual, é o reúso
macro interno, definido como o uso interno de efluentes, tratados ou não, provenientes
de atividades realizadas na própria indústria.
A prática de reúso macro interno pode ser implantada de duas maneiras distintas:
Reúso em Cascata – o efluente originado em um determinado processo industrial é
diretamente utilizado em um processo subseqüente, devido ao fato das características do
efluente disponível serem compatíveis com os padrões de qualidade da água a ser uti-
lizada.
Reúso de efluentes tratados – é o tipo de reúso mais amplamente discutido nos dias
atuais e consiste na utilização de efluentes que foram submetidos a um processo de
tratamento. Em função da complexidade da atividade na qual se pretende aplicar a práti-
ca de reúso é necessário conduzir um estudo detalhado para implantar cada uma das
opções disponíveis. Em muitos casos, pode ser necessário promover alterações nos pro-

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cedimentos de coleta e armazenagem de efluentes, principalmente quando o enfoque é


o reúso em cascata.
Dentro da filosofia de minimização da demanda de água e da geração de efluentes,
é importante que seja priorizado o reúso em cascata pois ao mesmo tempo em que o
consumo de água é minimizado o volume de efluente a ser tratado é reduzido.
Cabe observar que, à medida que a demanda de água e a geração de efluentes são
reduzidas, ocorre uma elevação na concentração de contaminantes no efluente remanes-
cente, uma vez que a carga de contaminantes não se altera. Isto implica no fato da opção
pelo reúso de efluentes tratados só poder ser analisada após avaliação e implantação de
todas as alternativas para a otimização do uso da água e minimização de efluentes por
meio do reúso em cascata.
A elevação da concentração de contaminantes específicos é uma condição que limi-
ta o potencial de reúso e caso ela não seja devidamente considerada, poderá comprome-
ter o desenvolvimento das atividades nas quais a água de reúso será aplicada.

7.4.5.1 Reúso em Cascata


Para que seja avaliado o potencial de reúso de água em cascata é necessário que se
disponha dos dados referentes às características do efluente disponível e dos requisitos
de qualidade de água no processo no qual se pretende fazer o reúso.
Em uma estimativa inicial, a caracterização completa do efluente seria muito
onerosa, de modo que a estratégia a ser utilizada deve considerar, inicialmente, algum
parâmetro crítico, ou então, parâmetros gerais que possam representar com segurança
um determinado grupo de substâncias.
Como parâmetros indicadores, pode-se lançar mão da condutividade elétrica ou da
concentração de sais dissolvidos totais, que representam, com segurança, os compostos
inorgânicos e a medida da demanda química de oxigênio, que pode ser utilizada para
representar as substâncias orgânicas. Além destes, a medida do pH, turbidez e cor tam-
bém podem ser úteis no estágio inicial para a avaliação do potencial de reúso.
Outro aspecto a ser considerado, refere-se à forma utilizada para o gerenciamento
dos efluentes, principalmente no que diz respeito à coleta das amostras. Na maioria dos
casos, os efluentes gerados nos processos industriais são coletados em tubulações ou sis-
temas centralizados de drenagem, podendo resultar na mistura entre os efluentes de
diversas áreas e processos, dificultando a implantação do conceito de reúso em cascata.
Por esta razão, o primeiro passo a ser dado para avaliar o potencial de reúso em cascata
é fazer a avaliação individual de cada corrente de efluente por meio de amostragens nos
diversos processos e atividades nas quais a água é utilizada.
Durante o estágio de avaliação, deve ser dada ênfase aos processos e atividades que
apresentam elevada geração de efluentes, o que pode, em determinadas situações, indi-
car efluentes com baixas concentrações de contaminantes, além do fato de resultar em
um sistema mais simples e econômico devido à economia de escala que se pode obter.
Tão importante quanto a identificação do efluente com potencial para reúso é a
identificação da atividade na qual o reúso em cascata será aplicado, devendo haver uma
relação direta entre a quantidade e qualidade do efluente disponível, com a demanda e
padrões de qualidade exigidos para a aplicação identificada. Em algumas situações, a
substituição total da fonte de abastecimento de água por efluentes pode não ser viável,

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podendo-se, nestas situações, utilizar os métodos de reúso parcial de efluentes e mistu-


ra do efluente com água do sistema de abastecimento, os quais serão abordados mais
adiante nesta seção do Manual.
Para aumentar a confiabilidade do sistema de reúso em cascata, principalmente
quando as características do efluente podem sofrer variações significativas, recomenda-
se a utilização de sistemas automatizados para o controle da qualidade da água de reúso,
assim como deve ser prevista a utilização de água do sistema de abastecimento, de
maneira a não colocar em risco a atividade desenvolvida.
Qualquer que seja o método de reúso em cascata utilizado é necessário que seja
feito o acompanhamento do desempenho da atividade na qual a água de reúso está
sendo utilizada, de maneira a consolidar ou efetuar ajustes no processo e assim garantir
o sucesso do programa de reúso.
Em todos os casos se recomenda a realização de ensaios de bancada e piloto, antes
da implantação de toda a infra-estrutura que viabilize a prática do reúso em cascata.
Verificada a viabilidade técnica de aplicação do reúso em cascata deverão ser efetuadas
as alterações nos procedimentos de coleta, armazenagem e transporte dos efluentes,
visando a sua implantação.

Reúso Parcial de Efluentes


Consiste na utilização de apenas uma parcela do efluente gerado para reúso. Este pro-
cedimento é indicado quando, no processo de geração de efluentes, a concentração do
contaminante varia com o tempo, ou seja, a sua concentração diminui à medida que o
processo se desenvolve. Esta situação é comum nas operações periódicas de lavagem,
nas quais há alimentação de água e descarte do efluente de forma contínua.
Em muitas indústrias é comum o uso de reatores e tanques de mistura com grande
capacidade, para a obtenção e armazenagem dos mais diversos tipos de produtos. Em
todos os casos, após a utilização destes componentes, é necessário promover a lavagem
destes dispositivos de maneira a possibilitar o seu uso em uma próxima campanha de
produção, sem que haja risco de contaminação dos produtos a serem obtidos ou com-
prometer a qualidade das substâncias a serem manipuladas.
Este fato pode ser evidenciado ao se analisar o caso de equipamentos de grande
volume, onde a operação de um processo de lavagem que utiliza a água para promover
a remoção e transporte dos contaminantes, promove a variação da concentração do
contaminante no efluente com o tempo, sendo que a concentração no início da opera-
ção é elevada, podendo sofrer uma redução exponencial à medida que a operação se
desenvolve.
Este fato pode ser comprovado com a elaboração de um balanço de massa, para um
contaminante específico no equipamento de grande capacidade onde ocorra acúmulo
de água durante o processo de lavagem. A realização do balanço de massa irá conduzir
ao desenvolvimento de uma expressão que relaciona a concentração de um contaminan-
te no efluente e o tempo de lavagem.
Após a analise gráfica, verifica-se que a variação da concentração de um contami-
nante qualquer no efluente produzido em uma operação do processo de lavagem varia
de forma exponencial, com uma redução acentuada nos primeiros instantes da lavagem.
Este fenômeno é um indicativo do potencial de aproveitamento de uma parcela do

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55

efluente gerado, seja na própria operação de lavagem, ou em uma outra operação.


A obtenção do volume de efluente que poderia ser reutilizado pode ser feita na prá-
tica ou por meio de uma modelagem do sistema, ressaltando-se que, no caso da opção
pela modelagem do sistema, os resultados obtidos deverão ser confirmados ou ajustados
para as condições reais.
A modelagem do sistema é obtida com base em um balanço de massa e de vazões
nos equipamentos e no tanque de armazenagem ou de água de reúso. Para que se possa
obter a variação da concentração do contaminante na água de reúso, devem ser consi-
derados: o tempo de detenção hidráulico nos equipamentos, a concentração inicial do
contaminante nos equipamentos e a vazão e concentração do contaminante do proces-
so de lavagem.
Por meio da utilização de dados do processo, é possível avaliar qual será a variação
da concentração de um contaminante específico no efluente que deixa o equipamento e
daquele acumulado no tanque de reúso. Por meio desta modelagem também é possível
avaliar a variação da concentração do contaminante no tanque de reúso, considerando-se
o descarte do efluente do equipamento no início da operação do processo de lavagem.

Mistura do Efluente com Água do Sistema de Abastecimento


Em algumas situações, o efluente gerado em um processo qualquer pode apresentar ca-
racterísticas bastante próximas dos requisitos de qualidade da água exigidos para uma
determinada aplicação, mas que ainda não são suficientes para possibilitar o reúso, ou
então, a quantidade de efluente não é suficiente para atender à demanda exigida. Para
estas condições pode-se promover a mistura do efluente gerado com a água proveniente
do sistema de abastecimento, de maneira a adequar as características do efluente aos
requisitos do processo.
Os benefícios desta prática estão relacionados com a redução da demanda de água
proveniente do sistema de abastecimento e com a redução da geração de efluentes.
É importante observar que a adoção desta alternativa também requer um programa
de monitoração adequado, de maneira que seja possível garantir uma água de reúso com
qualidade constante ao longo do tempo, por meio da variação da relação entre os volu-
mes de efluente e de água do sistema de abastecimento.
Qualquer que seja o método de reúso em cascata utilizado é necessário que seja
feito o acompanhamento do desempenho da atividade na qual a água de reúso está
sendo utilizada, de maneira a consolidar ou efetuar ajustes no processo e assim garantir
o sucesso do programa de reúso.
Em todos os casos se recomenda a realização de ensaios de bancada e piloto, antes
da implantação de toda a infra-estrutura que viabilize a prática do reúso em cascata.
Verificada a viabilidade técnica de aplicação do reúso em cascata deverão ser efetuadas
as alterações nos procedimentos de coleta, armazenagem e transporte dos efluentes,
visando a sua implantação.
Para aumentar a confiabilidade do sistema de reúso em cascata, principalmente
quando as características do efluente podem sofrer variações significativas, recomenda-
se a utilização de sistemas automatizados para o controle da qualidade da água de reúso,
assim como deve ser prevista a utilização de água do sistema de abastecimento, de
maneira a não colocar em risco a atividade desenvolvida.

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7.4.5.2 Reúso de Efluentes Tratados


Considerando-se que, inicialmente, deve-se priorizar o reúso de efluentes sem qualquer
tipo de tratamento adicional, ou então, após a utilização de procedimentos simplificados
para o ajuste de alguns parâmetros de qualidade como, por exemplo, o valor do pH e a
concentração de microrganismos, é necessário avaliar qualitativa e quantitativamente o
efluente disponível na instalação após o seu tratamento.
De uma maneira geral, a prática do reúso só poderá ser aplicada caso as caracterís-
ticas do efluente disponível sejam compatíveis com os requisitos de qualidade exigidos
pela aplicação na qual se pretende usar o efluente como fonte de abastecimento. Isto
implica na necessidade de identificar as demandas potenciais para o efluente disponível.
Para a prática de reúso de efluentes é necessária uma avaliação das características do
efluente disponível e dos requisitos de qualidade exigidos para a aplicação que se pre-
tende, podendo, então, o efluente ser encaminhado, nas condições em que se encontra,
da estação de tratamento até o ponto em que será utilizado.
A identificação das possíveis aplicações para o efluente pode ser feita por meio da
comparação entre parâmetros genéricos de qualidade,exigidos pela aplicação na qual se
pretende fazer o reúso, assim como os parâmetros do próprio efluente.
Dentre os diversos parâmetros de qualidade que podem ser utilizados para a iden-
tificação de aplicações potenciais para o reúso de efluentes, a concentração de Sais
Dissolvidos Totais (SDT) pode ser o mais adequado. Isto se justifica em razão da concen-
tração de SDT ser utilizada como um parâmetro restritivo para o uso da água nas diver-
sas aplicações industriais, além da limitação que os processos de tratamento de efluen-
tes, mais comumente utilizados, apresentam para remover este tipo de contaminante.
Outro fator que justifica o uso da concentração de SDT na avaliação do potencial
de reúso de efluentes, está associado ao aumento de sua concentração pois à medida que
o reúso do efluente é efetuado, uma carga adicional de sais vai sendo incorporada seja
devido ao processo de evaporação da água ou pela adição de compostos químicos.
Desta forma, para que a prática do reúso seja sustentável, é de fundamental impor-
tância que a evolução da concentração de SDT no sistema seja devidamente avaliada. Isto
irá permitir a determinação do máximo potencial de reúso de efluentes,sem que os
padrões de qualidade requeridos para uso e os limites máximos para lançamento de
efluentes sejam ultrapassados.
A evolução da concentração de SDT em um sistema onde a prática de reúso é utili-
zada pode ser obtida por meio de um balanço de massa.A partir deste balanço de massa,
com base nos dados disponíveis sobre demanda de água, perda por evaporação e efluen-
tes lançados para o meio ambiente, podem-se obter a carga de SDT que é incorporada à
água nos diversos processos produtivos desenvolvidos.
Uma vez obtida a carga de SDT incorporada ao sistema, deve-se avaliar a variação da
concentração de SDT no efluente e na água de reúso em função da fração de efluente
que é recirculada, o que também é realizado por meio de um balanço de massa. Por meio
deste balanço de massa é feita a distinção entre os processos que utilizam água indus-
trial ou potável daqueles processos que irão utilizar a água de reúso, conforme diagra-
mas apresentados em seguida.
As equações para a obtenção das vazões de efluente para reúso, assim como para a
variação da concentração de contaminantes nas diversas correntes envolvidas podem
ser solucionadas em planilhas eletrônicas usuais (ex. Excel).

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57

Cabe ressaltar, apenas, que para cada caso devem ser desenvolvidos diagramas espe-
cíficos para a obtenção das equações que serão utilizadas no balanço de massa, no entan-
to, tais diagramas serão uma variante dos exemplos mostrados na figura a seguir.

Figura 8: Diagrama esquemático para a obtenção da carga de SDT


incorporada em um sistema produtivo.

Q ;C Q ;C
EVAP EVAP (Perda por (Perda de Água PERDA PERDA
Evaporação) Industrial)

Carga de
Processo Irriga o de
Sais
Produtivo reas Verdes
Sistema de
Q ;C
a A Resfriamento
Alimentação de Água
Gera o de
Usos Vapor Esta o de
Diversos Tratamento
de Efluentes

Sistema a Ser
Avaliado Q ;C Q ;C
INC INC EFLUENTE EFLUENTE
(Água Incorporada ao Produto)

* Q – Vazão; C=Carga.

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Figura 9: Diagrama esquemático para a obtenção da variação da concentração


de SDT no efluente e na água de reúso, com o reúso de efluentes.

Q ;C Q ;C
EVAP EVAP (Perda por (Perda de Água PERDA PERDA
Evaporação) Industrial)

Carga de
Processo
Sais
Q ;C Produtivo
A A
Alimentação de Água Estação de
Usos
Tratamento
Diversos
de Efluentes

C EFLUENTE
Q
Q ;

EFLUENTE
Q ;C C REÚSO
A1 A REÚSO Usos não
Alimentação de Água Potáveis Q ;C

;
RECICLO EFLUENTE

Sistema a Ser
Avaliado QPERDA1 ; C PERDA1 Q
INC
;C
INC
Q
EFLUENTE
;C
EFLUENTE
(Perda de Água de Reúso) (Água incorporada ao Produto)

Reúso de efluentes após tratamento adicional


Em alguns casos poderá ser necessário desenvolver um programa de reúso de efluentes
que considere a utilização de sistemas complementares de tratamento, cujo principal
objetivo é possibilitar a redução da concentração de um contaminante específico. Nesta
situação, em função da eficiência de remoção do contaminante de interesse, o potencial
de reúso pode ser ampliado uma vez que é possível obter um efluente final que atenda
aos requisitos de qualidade de outras atividades.
Para esta condição, a avaliação do potencial de reúso segue o mesmo roteiro que o
apresentado para a determinação do potencial de reúso de efluentes tratados, sendo ape-
nas incluído no diagrama do balanço de massa o processo de tratamento selecionado, o
que irá depender da eficiência do sistema de tratamento utilizado.
Se o processo de tratamento utilizado promover a eliminação dos contaminantes de
interesse, pode-se obter um efluente tratado com características equivalentes à água que
alimenta toda a unidade industrial. Isto possibilitaria o reúso de todo o efluente tratado,
sendo necessário repor no sistema as perdas de água que ocorrem no processo e a quan-
tidade que é descartada juntamente com o efluente da unidade de tratamento.
Qualquer que seja a estratégia adotada é de fundamental importância que a prática
de reúso seja devidamente planejada, a fim de que sejam obtidos os máximos benefícios
associados e para que ela possa ser sustentável ao longo do tempo.
Assim sendo, antes que a avaliação do potencial de reúso do efluente disponível na
indústria seja iniciada, é necessário que todos os fatores que possam influenciar em sua
quantidade e composição sejam devidamente contemplados.
Isto implica dizer que, necessariamente, a avaliação do potencial de reúso de efluen-
tes deve ser posterior a qualquer alternativa de racionalização do uso da água e de reúso
de efluentes em cascata, já que estas irão afetar, de forma significativa, tanto a quantida-
de como a qualidade do efluente.

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59

7.4.6 Produtos
O resultado da Etapa 3,Avaliação da Oferta, é a análise quantitativa e qualitativa das
possibilidades de oferta de água, da qual resultam os seguintes parâmetros:
• possibilidade de abastecimento através de concessionária (água potável e água de
reúso);
• possibilidade de captação direta e tratamento necessário;
• possibilidade do uso de águas subterrâneas;
• volume de reservação de águas pluviais e possíveis aplicações;
• formas de segregação dos efluentes gerados;
• possibilidades de reúso, aplicações e tecnologias necessárias;
• redução do volume de efluentes após a incorporação de cada uma das ações;
• investimentos necessários;
• períodos de retorno estimados.
Com a avaliação das ofertas de água são consolidados os dados e análises técnicas
para a montagem de configurações possíveis de serem implementadas.

7.5. ETAPA 4: Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica


O Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica deverá fornecer os subsídios necessários
para a consolidação do Programa de Conservação e Reúso de Água e o planejamento das
ações de implantação do mesmo, com ênfase nos maiores consumidores, bem como para
a imediata geração de economias, com baixos investimentos e períodos de atrativos de
retorno.
Entre as diversas combinações possíveis para suprimento das necessidades de con-
sumo de água de uma indústria, deverão ser selecionadas as opções que apresentarem
melhor viabilidade técnica e econômica, das quais serão geradas diretrizes e especifica-
ções a serem atendidas pelos projetos específicos de implementação do Programa.
Do ponto de vista técnico e operacional, a adoção de qualquer estratégia que vise
a implantação de práticas de conservação deve considerar todas as alterações que pode-
rão decorrer das mesmas, ressaltando-se que a limitação para a sua aplicação estará dire-
tamente associada aos custos envolvidos.
De maneira geral, a primeira pergunta que se faz quando do desenvolvimento de
Programas de Conservação e Reúso de Água é qual será o custo para a sua implantação.
Muito embora os objetivos da racionalização do uso da água e redução de efluentes
estejam diretamente associados ao melhor aproveitamento dos recursos naturais e con-
seqüentemente à redução de custos, para que estes benefícios possam ser atingidos é
necessário que seja feito um investimento inicial.
A demanda por recursos financeiros está associada, entre outras, às etapas de diag-
nóstico da situação presente em relação ao consumo de água e geração de efluentes, ava-
liação de opções potenciais, implantação da alternativa mais viável e monitoração dos
resultados obtidos.
Uma confusão que geralmente se faz quando da avaliação econômica para a implan-
tação da prática de reúso é considerar os custos associados ao sistema de tratamento de
efluentes nesta avaliação, quando, na verdade, estes custos devem ser assumidos pela
empresa independente da adoção ou não da prática de reúso. O que pode ocorrer é um
investimento adicional para a implantação de sistemas avançados de tratamento de
efluentes, em função da qualidade da água requerida para determinadas atividades.

Manual de Conservação e Reúso de Água Para a Indústria


60

Numa avaliação econômica convencional a tomada de decisão sobre a implantação,


ou não, de qualquer atividade ou projeto depende, basicamente, do montante de recur-
sos, em geral financeiros, a ser investido e do retorno que se espera obter após a implan-
tação desta mesma atividade ou projeto. Nesta situação, a decisão depende de uma aná-
lise comparativa entre os custos e benefícios diretamente relacionados à implantação da
atividade ou projeto. Por outro lado, quando as questões ambientais estão envolvidas no
processo de tomada de decisão, os conceitos de custo e benefício adquirem uma outra
dimensão.
Isto se justifica, pois em uma avaliação econômica clássica são considerados apenas
os custos e benefícios diretamente associados às atividades em estudo podendo-se, em
alguns casos, ser considerados os custos e benefícios indiretos. Já em uma avaliação onde
as questões ambientais estão envolvidas, além dos custos mencionados, também devem
ser considerados os custos e benefícios intangíveis, os quais são difíceis de avaliar em
termos financeiros, muito embora sejam facilmente verificados que existem.
Com a crescente disseminação de conceitos sobre a prevenção da poluição, a ges-
tão ambiental e a eco-eficiência, foram desenvolvidas novas ferramentas que visam incor-
porar os custos e benefícios menos prontamente quantificáveis à avaliação econômica
tradicional.
A figura 10 mostra a relação entre essas novas ferramentas de avaliação e aquelas
tradicionalmente utilizadas em avaliações econômicas.

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Figura 10: Relação entre as ferramentas de avaliação econômica

Análise Financeira Análise de Análise Financeira Custos


Completa Custos Totais Convencional Financeiros
Diretos e Indiretos

Custos Prováveis

Ampla Variedade de Custos


Diretos, Indiretos, Duvidosos e Menos
Quantificáveis

Custos Sociais Externos,


Originados pela Sociedade

Na análise econômica, os fatores menos prontamente identificáveis ou de difícil


mensuração, produzem custos e/ou benefícios que poderiam ser omitidos da análise
convencional.Alguns custos são, durante a realização de uma avaliação econômica, per-
didos ou incluídos nas contas de despesas gerais, enquanto outros são completamente
ignorados, devido às incertezas envolvidas.
Assim sendo, para a obtenção de resultados mais precisos na avaliação econômica
de alternativas relacionadas à otimização do uso da água e minimização da geração de
efluentes, deve-se considerar os seguintes custos :
- Custos diretos: custos identificados em uma análise financeira convencional como, por
exemplo, capital investido, matéria-prima, mão de obra e custos de operação, entre
outros;
- Custos indiretos: custos que não podem ser diretamente associados aos produtos, pro-
cessos, ou instalações como um todo, alocados como despesas gerais, tais como os cus-
tos de projeto, custos de monitoração e de descomissionamento;
- Custos duvidosos: custos que podem, ou não, tornarem-se reais no futuro. Esses podem
ser descritos qualitativamente ou quantificados em termos da expectativa de sua mag-
nitude, freqüência e duração.Como exemplo, podem-se incluir os custos originados em
função do pagamento de indenizações e/ou multas resultantes de atividades que pos-
sam comprometer o meio ambiente e a saúde da população;
- Custos intangíveis: são os custos que requerem alguma interpretação subjetiva para a
sua avaliação e quantificação. Esses incluem uma ampla gama de considerações estra-
tégicas e são imaginados como alterações na rentabilidade. Os exemplos mais comuns
referem-se aos custos originados em função da mudança da imagem corporativa da
empresa, relação com os consumidores,moral dos empregados e relação com os órgãos
de controle ambiental.
Outros aspectos que devem ser analisados a fim de se obter um crescimento sus-
tentável e lucrativo, tais como:

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62

- Redução de prêmios de seguros pagos (trata-se de uma tendência, seguradoras tende-


rão a levar em conta que os riscos são menores para as empresas que possuem siste-
mas de gestão ambiental);
- Diminuição de interrupções do funcionamento devido a problemas ambientais;
- Redução das reservas para pagamento de multas ambientais;
- Redução de custos que vão desde os ocultos, aqueles que não estão diretamente visí-
veis e associados ao produto, processo ou serviço; de custos menos tangíveis, são aque-
les cuja quantificação é bastante difícil de ser realizada, porém sendo fácil perceber a
sua existência, tais como o desgaste de uma marca em decorrência de problemas
ambientais, má vontade da comunidade e órgãos do governo, até custos financeiros;
- Diminuição dos conflitos pelo uso da água entre os usuários da bacia hidrográfica.
Mais recentemente, com a implantação dos Sistemas Nacional e Estadual de
Gerenciamento de Recursos Hídricos, um outro fator a ser considerado na avaliação
financeira dos programas de conservação e reúso de água refere-se à cobrança pelo uso
dos recursos hídricos.
Pelo exposto, do ponto de vista financeiro, a opção pela implantação de iniciativas
de conservação e reúso de água deve levar em consideração os vários custos e benefí-
cios envolvidos, os quais deverão ser comparados com aqueles resultantes da opção pela
não implantação de qualquer medida de conservação e reúso.

7.5.1. Estabelecimento de Configurações


Um adequado Programa de Conservação e Reúso de Água será consolidado a partir do
estabelecimento de uma matriz de configurações possíveis de atuação na demanda e na
oferta. O processo se inicia com a caracterização da condição atual de utilização da água.
As demais configurações devem ser estabelecidas de acordo com:
- possibilidades de atuação gradativa,com início nas ações de racionalização do consumo de
água; e
- implementação do uso de fontes alternativas buscando a otimização do volume consumi-
do e captado e a minimização dos efluentes gerados.As configurações devem ser estabe-
lecidas de acordo com metas avaliadas a cada intervenção implementada. Em cada confi-
guração devem ser também consideradas:
- as tecnologias disponíveis e sua operacionalidade;
- os investimentos necessários;
- gestão da operação e manutenção;
- economia gerada e períodos de retorno do investimento.
Uma vez consolidada as diversas configurações de ações para otimização do consumo
e uso de fontes alternativas, é feita uma avaliação comparativa para a escolha da mais ade-
quada, considerando os aspectos técnicos, operacionais e econômicos e a funcionalidade e
gestão das ações.

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63

7.6. ETAPA 5: Detalhamento e Implantação de PCRA


Em função da configuração selecionada, das metas de redução estabelecidas e da dispo-
nibilidade de investimento, são detalhadas as ações tecnológicas a serem implementa-
das. Cabe ressaltar que muitas vezes a implementação das ações é realizada gradativa-
mente de forma que as economias geradas por cada ação previamente planejada e con-
solidada, gere economias que viabilizem a ação seguinte prevista no programa.
O detalhamento das ações contempla:
- cronograma de implantação das atividades para elaboração de fluxo de caixa;
- especificação do sistema de setorização para monitoramento do consumo;
- detalhamento de cada intervenção (elementos gráficos e/ou descritivos);
- especificação de sistemas, materiais e equipamentos a serem instalados;
- elaboração de procedimentos para as atividades consumidoras de água contempladas
pelo PCRA;
- manuais de manutenção e operação dos sistemas e equipamentos.
Após o detalhamento das ações, é dado início à implantação do PCRA onde devem
ser considerados os seguintes aspectos:
- Implantar as ações imediatas: correção de perdas físicas detectadas e implantação do
Plano de Setorização do Consumo (produto da etapa 1). Estas ações já trarão impactos
ao consumo de água da indústria;
- Realizar permanentemente ações de conscientização do uso da água que poderão ser
realizadas imediatamente ao estabelecimento de uma Política de Gestão da Água;
- Realizar de forma gradativa as ações detalhadas e constantes do PCRA, de acordo com
a disponibilidade de investimentos e as prioridades de metas;
- Acompanhar implementação das ações de maneira a garantir total concordância com o
projeto executivo.

Dificuldades para Implantação de um PCRA


Da necessidade do desenvolvimento de novos procedimentos relacionados ao uso da
água para a execução das atividades industriais e da oportunidade para a criação de
novos negócios, aliadas à falta de conhecimento sobre os principais elementos que têm
influência sobre os programas de Gestão da Água é que surgem as maiores dificuldades
para a adoção das práticas de Conservação e Reúso
De maneira geral, as principais dificuldades relacionadas ao desenvolvimento de
programas de conservação e reúso de água nas atividades industriais podem ser dividi-
das em três categorias: dificuldades técnicas, operacionais e econômicas, resumidas na
tabela abaixo:

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64

Tabela 8: Principais dificuldades associadas aos Programas


de Conservação e Reúso de Água

- Falta de subsídios necessários para avaliação


dos potenciais de atuação, como falta de domí-
nio do uso presente da água e efluentes gerados
De Conhecimento (demanda e oferta): quantidade e qualidade;
Técnicas - falta de equipe capacitada para manutenção
do Programa, entre outros.
- Falta de autonomia das filiais perante suas
De Autonomia matrizes, impossibilitando alterações no pro-
cesso produtivo, entre outros.
- Sistema produtivo inadequado ao Programa
de Conservação;
Dificuldades
No Processo de - Resistência em mudanças de procedimentos
Operacionais
Produção operacionais.
- Falta de conscientização de funcionários em
relação ao desperdício
Na Aquisição de - Necessidade de recursos para substituição de
Equipamentos equipamentos obsoletos.
- Necessidade de recursos para viabilizar a
Econômicas Na Implantação e avaliação e implantação do Programa de Con-
Gestão do servação e Reúso.
Programa - Necessidade de capacitação de pessoal para
Gestão do Programa.

7.7. ETAPA 6: Implantação do Sistema de Gestão de Água


Após a implementação das ações de base tecnológica, deve ser implantado o Sistema de
Gestão da Água para monitoramento e manutenabilidade dos indicadores de economia
obtidos.
Para que um Programa de Conservação e Reúso de Água seja implementado com
sucesso, é necessário que seja adotada uma Política de Gestão da Água que possua como
premissas básicas:
- Implementação da Política de Conservação de Água pela direção ou responsáveis pela
edificação;
- Integração do Plano de Gestão da Água com os demais insumos, de forma que seja pos-
sível avaliar os impactos gerados, inclusive, após a aplicação do programa;
- Sinergismo e alinhamento das áreas humanas e técnicas. Atualização constante dos
dados. É necessário obter os dados da condição anterior à implantação do Programa
para que seja possível mensurar os progressos obtidos e o cumprimento de metas,bem
como o planejamento das ações futuras dentro de um plano de melhoria contínua.
Divulgação de resultados e campanhas de conscientização;
- Lógicas gradativas de aplicação das intervenções, iniciando-se pelas mais "óbvias", ou as
que geram maiores impactos de economia, dentro de períodos de retorno atrativos e
menores investimentos;
- Avaliação contínua não só da quantidade de água envolvida nas atividades,mas também,
da forma e com que qualidade a mesma é utilizada. Para tal, é necessário que seja feito,
continuamente, o seguinte questionamento: "este processo ou equipamento ou ativida-

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65

de específica – há como otimizá-lo para aumento de desempenho e redução do consu-


mo de água?";
- Estabelecimentos de políticas permanentes de monitoramento do consumo e manuten-
ção preventiva de sistemas, equipamentos e componentes;
- Avaliação contínua dos custos envolvidos considerando o real custo da água, o qual
pode ser uma composição de custos, como exemplo: custo da água, custo de resfria-
mento e aquecimento, custo de tratamento, custo de bombeamento, custos de trata-
mento de efluentes e disposição final;
- Avaliação do custo do ciclo de vida das opções de Conservação de Água – não se deve
apenas considerar os investimentos iniciais. Muitas ações que parecem inicialmente
proibitivas no aspecto econômico tornam-se viáveis quando amortizadas pela vida útil
dos equipamentos;
- Capacitação contínua dos profissionais de manutenção e daqueles envolvidos em pro-
cessos / atividades consumidoras;
- Divulgação das diretrizes básicas, metas e economias geradas aos usuários internos e
externos à entidade;
- Acompanhamento dos indicadores de consumo de indústrias similares para efeito de
comparação ("benchmarking").

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66

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A busca constante pela eficiência produtiva é uma meta do setor industrial.


A água é um insumo vital às atividades e operações de qualquer setor industrial. No
entanto, o panorama de escassez hídrica, principalmente nos grandes centros urbanos,
somado à rigidez das legislações, que deve ser cada vez maior tendo em vista o cenário
ambiental insustentável, bem como os custos relativos à outorga pelo uso e cobrança da
água, vêm incentivando a busca por soluções que viabilizem as atividades industriais,
seja no aspecto econômico, como no ambiental e social.
Dentro deste objetivo, a implantação de Programas de Conservação e Reúso de
Água deve ser entendida como uma ferramenta de gestão a ser utilizada pela indústria
como diferencial de competitividade e produtividade.
O conceito do Programa é o de se avaliar de maneira sistêmica os usos e disponibi-
lidades da água, de forma a atingir o menor consumo e os menores volumes de efluen-
tes gerados, implicando, de maneira direta, em menores impactos ambientais.Além disto,
os benefícios econômicos obtidos são facilmente mensuráveis no que diz respeito à
redução dos custos com a gestão da água e à valorização agregada aos produtos pela efi-
ciência produtiva, entre outros.
A viabilidade das soluções tecnológicas deve considerar os aspectos relativos à ges-
tão da água e a operacionalidade e funcionalidade do sistema, garantindo a eficiência do
Programa. Além das questões tecnológicas, existem as questões comportamentais que
devem ser acompanhadas. Constantes treinamentos e reciclagem profissional proporcio-
nam que a equipe engajada na gestão da água esteja constantemente atualizada. Por
outro lado, há necessidade de conscientizar os demais funcionários que de alguma forma
têm contato com a água,pois além de refletirem seu comportamento no uso adequado
da água, poderão externar os conceitos obtidos à comunidade circunvizinha a unidade
industrial, auxiliando e adicionando valores à indústria no que diz respeito à responsabi-
lidade social.
Cabe ainda ressaltar que a adoção de uma política ambiental apropriada, dentro da
qual se insere um Sistema de Gestão da Água, deve ser cada vez mais um fator decisivo na
competitividade entre as indústrias, principalmente as do mesmo segmento, podendo
inclusive interferir na escolha de um produto pelos consumidores finais. Recomenda-se,
portanto, que o setor industrial adote uma postura de conformidade ambiental, dedican-
do especial atenção para um insumo vital como a água, com a consciência adequada da
necessidade de sua utilização de forma racional em termos quantitativos e qualitativos.

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67

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DOCUMENTO TÉCNICO DE APOIO A4 - BIBLIOGRAFIA ANOTADA (revisão e
aperfeiçoamento) - através do site www.pncda.gov.br .
DOCUMENTO TÉCNICO DE APOIO F2 – PRODUTOS ECONOMIZADORES DE ÁGUA
NOS SISTEMAS PREDIAIS - através do site www.pncda.gov.br .
DOCUMENTO TÉCNICO DE APOIO F3 – CÓDIGO DE PRÁTICA DE PROJETO E
EXECUÇÃO DE SISTEMAS PREDIAIS DE ÁGUA – CONSERVAÇÃO DE ÁGUA EM
EDIFICAÇÕES - através do site www.pncda.gov.br .
COMPASS RESOURCE MANAGEMENT. Total Cost Assessment Guidelines (Draft).
Material das Sessões de Treinamento Pós-Conferência. Conferência das Américas
sobre Produção + Limpa. 21/08/1998. Realização CETESB/SMA - USEPA; PNUMA;
USAID;
CROOK, J. Water Reclamation and Reuse, Chapter 21 of Water Resources
Handbook, Larry W. Mays, McGraw-Hill, 1996. p. 21.1 - 21.36.
EPA. Handbook on Pollution Prevention Opportunities for Bleached Kraft
Pulp and Paper Mills, Unitede States Environmental Protection Agency, Office
of Research and Development; Office of Enforcement:Washington, DC, June 1993.
HELMER, R e HESPANHOL, I. Water Pollution Control - A guide to the use of
water quality management principles,WHO/UNEP, 1997. 510p.
HESPANHOL, I. Guidelines and Integrated Measures for Public Health
Protection in Agricultural Reuse Systems, J.Water SRT-Aqua,Vol. 39, No. 4.
1990. p. 237-249.
HESPANHOL, I. Desenvolvimento Sustentado e Saúde Ambiental, Revista
Politécnica - Tecnologia e Ambiente: Confronto ou Interação - no 204/205,
janeiro/junho de 1992. p. 66-72.
HESPANHOL, I. Esgotos como Recurso Hídrico: Parte I: Dimensões políticas,
institucionais, legais, econômico-financeiras e sócio-culturais, Engenharia
- Revista do Instituto de Engenharia,Ano 55, No 523., 1997. p. 45-58.
HESPANHOL, I. Água e Saneamento Básico no Brasil: Uma Visão Realista,
Capítulo 8 de Águas Doces do Brasil – Capital Ecológico, Uso e Conservação:
Academia Brasileira de Ciências – Instituto de Estudos Avançados da USP,
Escrituras Editora: São Paulo, 1999. 717 p.
METCALF & EDDY (2003). Wastewater Engineering: Treatment and Reuse. 4a.
ed.. McGraw-Hill p. 1382-1383.
MIERZWA, J.C. et. al. Tratamento de Rejeitos Gerados em Processos de
Descontaminação que utilizam o Ácido Cítrico como Descontaminante.
Symposium of Nuclear Energy and the Environment, Rio de Janeiro - Brasil, 27/06 -
01/07 de 1993.
MIERZWA, J.C. Estudo Sobre Tratamento Integrado de Efluentes Químicos e
Radioativos, Introduzindo-se o Conceito de Descarga Zero, São Paulo:
1996 Tese (Mestrado), IPEN/CNEN-SP - Universidade de São Paulo, 1996. 171p.
MIERZWA, J.C. e HESPANHOL, I. Programa para Gerenciamento de Águas e
Efluentes nas Indústrias, Visando ao Uso Racional e à Reutilização,
Revista Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES,Vol. 4, no 1 e 2 Jan/Mar. e Abr/Jun.,
2000, p. 11 - 15.

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68

MIERZWA, J.C.Tratamento da Água na Manipulação Magistral, Revista Racine, ano X, no


57, julho/agosto, 2000.
MIERZWA, J.C.; SANDRA BELLO, .G. Tratamento de Rejeitos e Efluentes do
Laboratório de Materiais Nucleares (LABMAT), Utilizando os Processos
de Precipitação Química, Osmose Reversa e Evaporação,Anais do XII
ENFIR,VIII CGEN e V ENAN, Rio de Janeiro, Brasil, 15 a 20 de outubro de 2000.
MILLARD,A. Compton’s Interactive Encyclopedia, CD-ROM, Compton’s NewMedia,
Inc., 1995.
NALCO The Nalco Water Handbook, Second Edition, NALCO Chemical Company -
Editor Frank N. Kemmer, McGraw-Hill Book Company, 1988.
NEMEROW, N.L and DASGUPTA,A. Industrial and Hazardous Waste Treatment,
Van Nostrand Reinhold: New York, 1991, 743p.
NORDELL, E. Water Treatment for Industrial and Other Uses, Second Edition -
Reinhold Publishing Corporation: New York, 1961, 598p.

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69

ANEXOS

ANEXO I
Tabela 5 - Necessidade de Água por Algumas Indústrias no Mundo

ANEXO II
Aspectos Tecnológicos da Conservação e Reúso de Água

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71

ANEXO I
TABELA 5: Necessidade de Água por algumas indústrias no mundo
Indústria, Produto e País Unidade de Produção Necessidade de Água por
(Tonelada, exceto quando Unidade de Produção (Litros)
especificado)
PRODUTOS ALIMENTÍCIOS
Pães ou Massas, Bélgica 1.100
Pães, Estados Unidos 2.100 – 4.200
Pães, Chipre 600
COMIDA ENLATADA
Bélgica:
Peixe, enlatado 400
Peixe, em conserva 1.500
Frutas 15.000
Vegetais 8.000 – 80.000
Chipre:
Suco de tomate e cítricos 2.800
Grapefruit, pedaços 16.000
Pêssegos e pêras 10.000
Uvas 30.000
Tomates inteiros 2.000
Extrato de tomate 21.000
Ervilhas 10.000
Cenouras 16.000
Espinafre 30.000
Israel:
Frutas cítricas tonelada de cítricos no estado 4.000
natural
Vegetais 10.000 – 15.000
Estados Unidos
Damasco 21.200
Aspargos 20.500
Beterrabas, milho e ervilhas 7.000
Suco de grapefruit 2.800
Grapefruit, pedaços 15.600
Pêssegos e pêras 18.100
Abóboras 7.000
Espinafre 49.400
Derivados do tomate 20.500
Tomates inteiros 2.200
CARNE
Carne congelada, Chipre tonelada de carcaça 500
Carne congelada, Nova Zelândia 3.000 – 8.600
Carne embalada, Estados Unidos tonelada de carne preparada 23.000
Carne embalada. Canadá tonelada de carcaça 8.800 – 34.000
Derivados de carne, Bélgica tonelada de carne preparada 200
Fábrica de salsicha, Finlândia 20.000 – 35.000
Fábrica de salsicha, Chipre 25.000
Matadouro, Finlândia tonelada do animal vivo 4.000 –9.000
Matadouro, Chipre tonelada de carcaça 10.000
Carne conservada, Israel tonelada de carne preparada 10.000

(Continua)

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72

Indústria, Produto e País Unidade de Produção Necessidade de Água por


(Tonelada, exceto quando Unidade de Produção (Litros)
especificado)
PEIXE
Peixe fresco e congelado,
Canadá 30.000 – 300.000
Peixe enlatado, Canadá 58.000
Conserva e preservação de
peixes, Israel 16.000 – 20.000
AVES
Aves, Canadá 6.000 – 43.000
Frangos, Israel tonelada de frango depenado 33.000
Frangos, Estados Unidos por ave 25
Perus, Estados Unidos por ave 75
LEITE E DERIVADOS
Manteiga:
Nova Zelândia 20.000
Queijo:
Chipre 10.000
Nova Zelândia 2.000
Estados Unidos 27.500
Leite:
Bélgica 1.000 litros 7.000
Finlândia 2.000 – 5.000
Israel 2.700
Suécia 2.000 – 4.000
Estados Unidos 3.000
Leite em Pó:
Nova Zelândia 45.000
África do Sul 200.000
Coalhada, Estados Unidos 10.000
Laticínios em geral, Canadá 12.200
Sorvetes, Estados Unidos 10.000
Iogurte, Chipre 20.000
AÇÚCAR
Dinamarca tonelada de beterrabas 4.800 – 15.800
Finlândia tonelada de beterrabas 10.000 – 20.000
França tonelada de beterrabas 10.900
Alemanha tonelada de beterrabas 10.400 – 14.000
Grã Bretanha tonelada de beterrabas 14.900
Israel tonelada de beterrabas 1.800
Itália tonelada de beterrabas 10.500 – 12.500
China tonelada de cana-de-açúcar 15.000
Estados Unidos tonelada de beterrabas 3.200 – 8.300
(Continua)

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73

Indústria, Produto e País Unidade de Produção Necessidade de Água por


(Tonelada, exceto quando Unidade de Produção (Litros)
especificado)
BEBIDAS
Cerveja:
Israel 1.000 litros 13.500
Reino Unido 1.000 litros 6.000 – 10.000
Estados Unidos 1.000 litros 15.200
Whisky, Estados Unidos 1.000 litros 2.600 – 76.000
Destilados Alcoólicos, Israel 1.000 litros 30.000
Vinho, França 1.000 litros 2.900
Vinho, Israel 1.000 litros 500
PRODUTOS ALIMENTÍCIOS
DIVERSOS
Chocolates e confeitos, Bélgica 15.000 – 17.000
Gelatina Comestível,
Estados Unidos 55.100 – 83.500
Farinha de trigo, Chipre 2.000
Farinha de trigo, Israel 700 – 1.300
Farinha de Batata, Finlândia tonelada de batatas 10.000 – 20.000
Amido de Batata, Canadá tonelada de amido 80.000 – 150.000
Macarrão, Chipre 1.200
Melado, Bélgica hectolitro de material bruto 1.000 – 12.200
Melado, Estados Unidos hectalitro de produto 840
PAPEL E CELULOSE
Poupa Mecânica:
Finlândia tonelada de polpa de madeira 30.000 – 40.000
Polpa ao Sulfato:
China tonelada de polpa branqueada 340.000
China tonelada de polpa parda 230.000
Finlândia por tonelada de polpa 250.000 – 350.000
Suécia tonelada de polpa parda 75.000 – 300.000
Suécia tonelada de polpa branqueada 170.000 – 500.000
Polpa ao Sulfito:
Finlândia tonelada de polpa branqueada 450.000 – 500.000
Finlândia tonelada de polpa parda 250.000 – 300.000
Suécia tonelada de polpa branqueada 300.000 – 700.000
Suécia tonelada de polpa parda 140.000 – 500.000
Mata borrão, Suécia 350.000 – 400.000
Papel Craft para impressão
e fino, Finlândia 375.000
Papel para impressão, China 340.000
Papel jornal, China 190.000
Papel jornal, Canadá 165.000 – 200.000
Papel fino, China 800.000
Papel fino, Suécia 900.000 – 1.000.000
Papel Jornal, Suécia 200.000
Embalagens e cartuchos de
papel cartão, Suécia 125.000
Papel para impressão, Suécia 500.000
Papel cartão, Finlândia 125.000
Papel e papel cartão, Bélgica 180.000
(Continua)

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74

Indústria, Produto e País Unidade de Produção Necessidade de Água por


(Tonelada, exceto quando Unidade de Produção (Litros)
especificado)
PETRÓLEO E COMBUSTÍVEIS
SINTÉTICOS
Gasolina para aviação,
Estados Unidos 1.000 litros 25.000
Gasolina para aviação, China 1.000 litros 25.000
Gasolina, Estados Unidos 1.000 litros 7.000 – 10.000
Gasolina, China 1.000 litros 8.000
Gasolina e polimerização,
Estados Unidos 1.000 litros 34.000
Querosene, Bélgica 40.000
Gasolina sintética,
Estados Unidos 1.000 litros 377.000
Extração de petróleo,
Estados Unidos 1.000 litros de petróleo cru 4.000
Refinarias de Petróleo:
China tonelada de petróleo cru 30.500
Suécia tonelada de petróleo cru 10.000
Combustível Sintético:
A partir do Carvão
África do Sul 50.100
Estados Unidos 1.000 litros 265.500
A partir de Gás Natural,
Estados Unidos 1.000 litros 88.900
A partir do Xisto, Estados Unidos 1.000 litros 20.800
INDÚSTRIA QUÍMICA
Ácido Acético, Estados Unidos 417.000 - 1.000.000
Álcool, Estados Unidos litro 138
Alumina (Processo Bayer),
Estados Unidos 26.300
Amônia Sintética, Estados Unidos tonelada de amônia líquida 129.000
Amônia a partir de Nafta, Japão 255.000
Nitrato de Amônio, Bélgica 52.000
Sulfato de Amônio, Estados Unidos 835.000
Carbeto de Cálcio, Estados Unidos 125.000
Metafosfato de Cálcio,
Estados Unidos 16.700
Dióxido de Carbono 83.500
Soda Cáustica e Cloro, Canadá 125.000
Soda Cáustica (Solvey),
Estados Unidos 60.500
Soda Cáustica, processo Dual,
Alemanha 160.000
Soda Cáustica, processo Dual,
China 200.000
Soda Cáustica (Solvey), China 150.000
Nitrato de Celulose,
Estados Unidos 41.700
(Continua)

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75

Indústria, Produto e País Unidade de Produção Necessidade de Água por


(Tonelada, exceto quando Unidade de Produção (Litros)
especificado)
Carvão e derivados da Madeira, tonelada de Acetato
Estados Unidos de Cálcio Bruto 271.000
Cloro, Alemanha 12.600
Etileno, Israel 16.000
Gases, comprimidos
e liquefeitos, Canadá metro cúbico 60 a 70
Glicerina, Estados Unidos 4.600
Pólvora, Estados Unidos 401.000 - 835.000
Ácido Clorídrico (processo
do sal), Estados Unidos tonelada de ácido a 20 Be 12.100
Ácido Clorídrico (processo
sintético), Estados Unidos tonelada de ácido a 20 Be 2.000 - 4.200
Hidrogênio, Estados Unidos 2.750.000
Lactose, Estados Unidos 835.000 - 918.000
Carbonato de magnésio, básico,
Estados Unidos tonelada de MgCO3 163.000
Oxigênio, Estados Unidos metro cúbico de oxigênio 243
Polietileno, Alemanha 231.000
(225.000 para água de resfriamento)
Polietileno, Israel 8.400
Cloreto de Potássio,
Estados Unidos 167.000 - 209.000
Pólvora sem fumaça,
Estados Unidos 209.000
Sabão, Bélgica 37.000
Sabão, Chipre 4.500
Sabão (Lavanderia),
Estados Unidos 960 - 2.100
Barrilha (processo amônia/soda),
58 %, Estados Unidos 62.600 - 75.100
Clorato de Sódio 250.000
Silicato de Sódio tonelada de solução a 40 Be 670
Estearina, sabão e agentes de
lavagem, Suécia tonelada de gordura 70.000 - 200.000
Ácido Sulfúrico, Bélgica 20.000 - 25.000
Ácido Sulfúrico (Câmaras de
Chumbo), Estados Unidos tonelada de ácido a 100% 10.400
Ácido Sulfúrico (Processo de
Contato), Estados Unidos tonelada de ácido a 100% 2.700 - 20.300
Ácido Sulfúrico, Alemanha tonelada de SO3 83.500
INDÚSTRIA TÊXTIL
Maceração, tratamento,
lavagem e branqueamento:
Maceração de linho, Bélgica 30.000 - 40.000
Tratamento de linho, Suécia 30.000 - 40.000
Tratamento de lã, Bélgica 240.000 - 250.000
Lavagem de lã, Suécia 10.000
Branqueamento de tecidos,
Bélgica 180.000
Tingimento:
Tecidos, Bélgica 200.000
Tecidos, França 52.000 - 560.000
(Continua)

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76

Indústria, Produto e País Unidade de Produção Necessidade de Água por


(Tonelada, exceto quando Unidade de Produção (Litros)
especificado)
Acabamento:
Acabamento a úmido de tecidos,
Bélgica 100.000 - 150.000
Tingimento e Acabamento:
Fios de algodão, Israel 60.000 - 180.000
Fios sintéticos, Israel 90.000 - 180.000
Fios de lã, Israel 70.000 - 140.000
Tecido, Israel 60.000 - 100.000
Tecelagens:
Algodão
Finlândia 50.000 - 150.000
Suécia 10.000 - 250.000
Canadá 0,835 m2 1,0

Finlândia tonelada de roupa ou fio 150.000 - 350.000
Suécia tonelada de lã 400.000
Fibras Sintéticas
Seda artificial, Suécia 2.000.000
Rayon
Bélgica 2.000.000
Finlândia 1.000.000 - 2.000.000
Carpetes, Canadá 0,835 m2 20
MINERAÇÃO E EXTRAÇÃO
A CÉU ABERTO
Ouro, África do Sul tonelada de minério 1.000
Minério de ferro, Estados Unidos 4.200
Bauxita, Estados Unidos tonelada de minério 300
Enxofre, Estados Unidos 12.500
Cobre, Finlândia 3.750
Cobre, Israel 3.100
Brita, Israel 400
Cal e subprodutos, Bélgica 200 - 6.500
FERRO E PRODUTOS DE AÇO
Bélgica:
Alto forno, sem reciclagem 58.000 - 73.000
Alto forno, com reciclagem 50.000
Aço acabado e semi-acabado,
sem reciclagem 61.000
Aço acabado e semi-acabado,
com reciclagem 27.000
Canadá:
Ferro gusa 130.000
Aço Básico 22.000
França:
Fundição 46.000
Processo Martin (Aço Básico) 15.000
Processo Thomas (Conversor
Bessemer) 10.000
Aço por forno elétrico 40.000
Laminação 30.000
(Continua)

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77

Indústria, Produto e País Unidade de Produção Necessidade de Água por


(Tonelada, exceto quando Unidade de Produção (Litros)
especificado)
Alemanha:
Aciaria 8.000 - 12.000
África do Sul:
Aço 12.500
Suécia:
Fundição de ferro e aço 10.000 -30.000
Estados Unidos:
Fábricas integradas 86.000
Laminação e trefilação 14.700
Fundição em alto forno 103.000
Ferro ligas por processos
eletrometalúrgicos 72.000
Uso consuntivo da indústria 3.800
PRODUTOS DIVERSOS
Indústria automobilística,
Estados Unidos veículo produzido 38.000
Caldeiras e vapor, Estados Unidos 746 w.h 15
Caseína, Nova Zelândia 55.000
Cimento Portland:
Bélgica 1.900
Chipre (processo a seco) 550
Finlândia 2.500
Estados Unidos (processo a úmido) 900
Cerâmicas e ladrilhos, Bélgica 1.800 - 2.000
Carvão (incluindo geração
de energia):
Vale do Ruhr, Alemanha 1000 (min) - 1750 (média)
Grã Bretanha menos que 3.000
Holanda 2.650
Carvão, Bélgica 5.000 - 6.000
Carvão, coque e co-produtos,
Estados Unidos 6.300 - 15.000
Lavagem do carvão,
Estados Unidos 840
Destilação de Grãos:
Bélgica 100 litros de grãos tratados 6.000 - 7.000
Estados Unidos 10 litros de grãos tratados 6.450
Destilarias, Suécia 1.000 litros de álcool a 100% 15.000 - 100.000
Geração de energia
(Termoelétrica):
Suécia tonelada de carvão 200.000 - 400.000
África do Sul quilowatt hora (uso consuntivo) 5
Estados Unidos quilowatt hora 200
China quilowatt hora 230
Explosivos:
Suécia 800.000
Estados Unidos 835.000
Produção de fertilizante,
Finlândia tonelada de nitrato de potássio 270.000
Vidros, Bélgica 68.000
(Continua)

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78

Indústria, Produto e País Unidade de Produção Necessidade de Água por


(Tonelada, exceto quando Unidade de Produção (Litros)
especificado)
Lavanderias:
Chipre tonelada de peças lavadas 45.000
Finlândia tonelada de peças lavadas 20.000
Suécia tonelada de peças lavada 30.000 - 50.000
Couro, África do Sul 50.100
Beneficiamento de couro,
Finlândia tonelada de peles 50.000 - 125.000
Curtimento do couro,
Estados Unidos m2 de pele 20 - 2.550
Curtimento do couro, Chipre m de pele de pequenos animais
2
110
Metais não ferrosos, bruto
e semi-acabados, Bélgica 80.000
Lã mineral, Estados Unidos 16.700 - 20.900
Borracha sintética,
Estados Unidos:
Butadieno 83.500 - 2.750.000
Buna S 125.000 - 2.630.000
Grau GR-S 117.000 - 2.800.000
Amido:
Bélgica tonelada de milho 13.000 - 18.000
Suécia tonelada de batatas 10.000
Fonte: VAN Der LEEDEN; TROISE and TODD, 1990

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79

ANEXO II
ASPECTOS TECNOLÓGICOS DA CONSERVAÇÃO
E REÚSO DE ÁGUA

1. Equipamentos Hidráulicos Economizadores de Água


Equipamentos hidráulicos economizadores de água devem ser especificados de acordo com o uso a que se des-
tinam e com o tipo de usuário que irá utilizá-los. As tabelas abaixo resumem as características dos principais
equipamentos hoje encontrados no mercado:

Tabela 9: Equipamentos economizadores de água

Equipamento Tipo Características Principais


Convencional Dispositivo de controle do fluxo de água que, quando acionado, libera uma
determinada vazão, que pode ser controlada, para uma atividade fim.
O controle da vazão é obtido pela incorporação, no equipamento, de um redu-
tor de vazão, ou seja, os usuários não interferirem na vazão.
Hidromecânica
O tempo de acionamento do fluxo de água também determina o uso racional
neste tipo de equipamento. Este tempo não deve ser muito curto, para evitar
que o usuário tenha que acioná-lo várias vezes em uma única operação de
lavagem, além de causar um desconforto.
Este sistema pode ser instalado em sanitários/vestiários de escolas, indústrias,
shopping centers, edificações comerciais, escritórios, estádios de futebol e
hospitais, entre outros.
O comando destes equipamentos se dá pela ação de um sensor de presença.
Sensor O sensor capta a presença das mãos do usuário, quando este as aproxima da
torneira, liberando assim o fluxo de água. A alimentação elétrica do sistema
pode-se dar pelo uso de baterias alcalinas ou pela rede de distribuição elétrica
do local (127/220V). A presença do sensor no corpo da torneira é uma solução
adequada quanto à questão do vandalismo. Este sistema pode ser instalado em
Torneiras

sanitários de escolas, indústrias, shopping centers, edificações comerciais,


escritórios e hospitais, entre outros.
Funcionamento por Este sistema é caracterizado pela presença de um dispositivo de acionamento
válvula de pé instalado no piso, de fronte à torneira propriamente dita. Este sistema é ade-
quado a ambientes onde não se deseja o contato direto das mãos nos compo-
nentes da torneira, como em determinadas áreas de hospitais, cozinhas e labo-
ratórios, devendo ser instalado apenas onde se espera que os usuários o usem
de forma consciente e correta.
Este sistema é caracterizado pela existência de um pedal em forma de alavanca.
O pedal libera o fluxo de água até a torneira (bica).Este sistema é geralmente uti-
lizado quando as tubulações são aparentes. O corpo da válvula onde a alavanca
é instalada pode ser fixado na parede ou no piso, de forma aparente. O fluxo de
Funcionamento por pedal
água ocorre durante o tempo em que é feito o acionamento da mesma, mas exis-
tem modelos no mercado que apresentam uma trava para evitar que o usuário
permaneça acionando o sistema, no decorrer de uma atividade demorada.
Este sistema é adequado para locais onde haja produção, como em indústrias
ou cozinhas industriais.O sistema é de simples instalação e manutenção, não
demandando obras civis. No entanto, para que o sistema seja corretamente uti-
lizado, deve haver a capacitação e orientação contínua dos usuários. A vazão
pode ser reduzida colocando-se um restritor de vazão no sistema.

Manual de Conservação e Reúso de Água Para a Indústria


80

Equipamento Tipo Características Principais


O arejador é um componente instalado na extremidade da bica de uma tornei-
ra que reduz a seção de passagem da água através de peças perfuradas ou
telas finas e possui orifícios na superfície lateral para a entrada de ar durante
o escoamento de água. De forma geral, podem ser caracterizados por apresen-
tar sucção ou não de ar quando da passagem do fluxo de água. O arejador atua
Arejadores

de duas formas, pelo controle da dispersão do jato e pela redução da vazão de


escoamento pela bica da torneira, reduzindo assim o consumo de água.
Os arejadores são indicados para todas as torneiras, exceto as de limpeza e de
tanque, nas quais o usuário necessita de uma maior vazão para reduzir o tempo
de realização da atividade. Em cozinhas, recomenda-se a instalação de areja-
dores tipo "chuveirinho", que facilitam ainda mais a realização das atividades
nessa área. Existem no mercado componentes com dupla função: arejador e
"chuveirinho". Geralmente, nestes componentes, a modificação da função é
feita através do giro da peça, permitindo assim um jato concêntrico ou difundi-
do, como em um chuveiro.
Os mictórios coletivos são aqueles que atendem a mais de um usuário simulta-
neamente.
O mictório coletivo apresenta como vantagem, em relação ao mictório indivi-
dual, a capacidade de atendimento de mais usuários por metro linear do sani-
Mictórios convencionais

tário, podendo atender a um grande número de usuários em curtos períodos de


pico, como nos sanitários de estádios de futebol. Em geral, os mictórios coleti-
vos são instalados em locais públicos com incidência média/alta de vandalis-
Coletivos mo, como escolas e estádios. Como principais desvantagens dos mictórios
coletivos, frente aos individuais, são: a manutenção do aparelho, a pouca pri-
vacidade e a dificuldade de uso de um sistema de acionamento da descarga de
água para a limpeza de forma eficiente e econômica.
Deve-se ressaltar que por ser um sistema adaptado, não se deve esquecer a
introdução de um dispositivo na saída de esgoto que garanta o fecho hídrico do
sistema, como um sifão copo ou uma caixa sifonada, garantindo o desempenho
do sistema quanto à questão do odor do ambiente.
Os mictórios individuais são aqueles utilizados por um único usuário por vez.
Estes mictórios são, caracteristicamente, fabricados industrialmente em série,
Individual
em geral em louça cerâmica. A maioria dos mictórios comercializados hoje no
Brasil são deste tipo.

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81

Equipamento Tipo Características Principais


Esta válvula é caracterizada por um corpo metálico fechado, por onde a água
Válvula de acionamento passa para chegar ao mictório.
hidromecânico Para o acionamento da descarga o usuário, após utilizar o mictório, deve pres-
sionar o êmbolo da válvula liberando o fluxo de água para a bacia do mictório.
Imediatamente após a liberação da pressão pelo usuário, ocorre o retorno do
êmbolo pela ação da própria água e de uma mola interior ao corpo da válvula.
Este tipo de equipamento pode ser utilizado, entre outros, nas seguintes tipolo-
Dispositivos de descarga para Mictórios convencionais

gias de edificações: indústrias, escolas, shopping centers, hospitais, clubes,


escritórios, estádios, terminais de passageiros.
Neste tipo de equipamento, quando o usuário se aproxima e se posiciona de
fronte ao mictório, o sensor que emite continuamente um sinal imperceptível ao
usuário, infravermelho ou ultra-som, detecta a sua presença.
Em geral, na maioria dos equipamentos, o fluxo de água só é liberado após o
Válvula de acionamento por afastamento do usuário, o que garante um menor consumo de água. O sensor,
sensor de presença associado a um microprocessador, emite um sinal até uma válvula do tipo sole-
nóide, de funcionamento elétrico, que libera o volume de água da descarga.
Neste tipo de equipamento, o tempo médio de acionamento dos produtos
encontrados no mercado encontra-se em torno de 5 a 6 segundos.
O sistema elétrico do equipamento pode ser alimentado por baterias alcalinas
de 6 e 9 VDC, ou pelo próprio sistema predial elétrico de 127/220V. Estas carac-
terísticas devem ser observadas quando da aquisição do equipamento e em
função das características físicas do local a ser instalado.
Uma das principais vantagens deste sistema frente aos demais é quanto à
questão da higiene do usuário, uma vez que este não entra em contato direto
com nenhum componente do sistema.
Este é um sistema em que os produtos são vendidos separadamente, sendo
necessária a montagem dos componentes pelo instalador. A descarga deste
tipo de equipamento pode ser obtida por um sistema de temporizador eletrôni-
co. O temporizador pode ser facilmente encontrado no mercado e adaptado às
instalações existentes.
Válvula temporizada No temporizador eletrônico pode ser feita a regulagem do intervalo entre des-
cargas e do tempo de duração da descarga. O temporizador envia um sinal a
uma válvula solenóide elétrica que faz a liberação do fluxo de água conforme
os parâmetros definidos no temporizador.
Este sistema pode ser empregado em mictórios coletivos e em baterias de
vários mictórios individuais.
Estas válvulas consomem um maior volume de água por descarga, em relação
às demais válvulas apresentadas. O volume de descarga liberado encontra-se
Válvula Manual e Fluxível
na faixa de 3,786 litros (1gal), segundo os modelos presentes no mercado ame-
ricano de baixo volume de água por descarga.

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82

Equipamento Tipo Características Principais


É um sistema que não utiliza água na operação. O mictório sem água é consti-
tuído dos seguintes componentes: bacia cerâmica, suporte do cartucho, cartu-
cho, líquido selante, chave para troca do cartucho e protetor para a superfície
do cartucho – opcional.
O líquido selante é uma substância, composta por mais de 90% de álcoois gra-
Mictório sem água

xos e o restante de biocida e corantes. Sua cor predominante é o azul e apre-


senta densidade menor que a da água e da urina, permanecendo em suspen-
são nas mesmas. O líquido selante se localiza em suspensão na primeira câma-
Individual ra do cartucho.
A urina entra pelos orifícios da parte superior do cartucho, penetrando na pri-
meira câmara através do líquido selante que está em suspensão e preenchen-
do toda a superfície superior do líquido desta câmara. Pelo sistema de vasos
comunicantes, a urina é expelida pelo orifício de saída do cartucho, sendo cole-
tada pelo copo do suporte e de lá para a rede de esgoto. A manutenção reque-
rida pelo sistema é a substituição periódica do cartucho, que se trata de uma
peça descartável. A durabilidade do cartucho está associada à obstrução de
suas cavidades por material bioquímico que se acumula em seu interior e pelo
carreamento do líquido selante.
Duchas para água misturada Há uma grande variedade de tipos e modelos de duchas no mercado, com as mais
diversas vazões. Uma intervenção passível tanto em duchas de ambientes sanitá-
rios públicos como de residências é a introdução de um dispositivo restritor de
vazão. Uma das vantagens do uso do restritor de vazão é que a mesma permane-
ce constante dentro de uma faixa de pressão, geralmente de 10 mca a 40 mca.
Existem restritores de vazão com os mais diferentes valores de vazão, por
Elétricos exemplo, para 6, 8, 10, 12 e 14 litros/minuto. Ressalta-se que são recomendados
para valores de pressão hidráulica superiores a 10 mca.
Chuveiros

Segundo a NBR 5626/98, "Instalação predial de água fria", a vazão recomenda-


da em cálculos de tubulações hidráulicas para este tipo de equipamento é de
Elétricos 0,10 litros/segundo. Não é recomendável o uso de dispositivos redutores de
vazão para os chuveiros elétricos, uma vez que podem interferir no funciona-
mento dos mesmos.
Outra forma para redução do consumo de água no sistema de banho é o uso de
dispositivos temporizados para comando da liberação do fluxo de água para
Dispositivos para comando duchas. O dispositivo mais encontrado nas instalações hidráulicas é o registro
de duchas para mistura de pressão. A desvantagem deste sistema é que o mesmo pode ser mau fecha-
de água do, resultando em gotejamento fora de uso ou mesmo o não fechamento, em
locais com incidência de vandalismo. Os dispositivos temporizados são os que
apresentam funcionamento hidromecânico, os quais são fechados automatica-
mente após um certo tempo, característico da peça.
Atualmente, as bacias sanitárias deste tipo são encontradas no mercado com
Com válvulas de descarga a característica de necessitar de apenas em torno de 6 litros para poder efe-
Bacias Sanitárias

tuar a descarga de forma eficiente.


Apresentam funcionamento com 6 litros. Estas bacias geralmente são de fixa-
ção no piso e apresentam funcionamento sifônico.
Existem dispositivos conhecidos como "dual-flush" que possibilitam dois tipos
de acionamento da descarga de água neste tipo de bacia sanitária. O disposi-
Com caixa acoplada tivo de descarga, geralmente incorporado na caixa acoplada, contém dois
botões: um deles, quando acionado, resulta em uma descarga completa de 6
litros, para o arraste de efluente com sólidos. O acionamento do outro botão
resulta em uma meia descarga, geralmente de 3 litros, para limpeza apenas de
urina na bacia sanitária.

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83

Equipamento Tipo Características Principais


Existem atualmente alguns modelos no mercado com volume fixo de 6 litros por
descarga. O usuário, ao acionar o dispositivo de descarga destas válvulas, libe-
ra um fluxo de água com o volume determinado, independente do tempo de
Dispositivos para acionamento de descarga

acionamento do botão. Para que seja liberado um novo fluxo, o botão deve ser
novamente acionado.
Válvulas de descarga Outros tipos de dispositivo de descarga embutidos na parede são as válvulas
embutida com acionamento por sensor de presença. A alimentação elétrica deste siste-
ma pode ser feita com o uso de baterias alcalinas ou por rede elétrica, 127/220V.
para bacias sanitárias

O usuário deve permanecer por um período de tempo mínimo no raio de alcan-


ce do sensor, normalmente 5 segundos, para que o sistema se arme e após a
saída do usuário do alcance é efetuada a descarga pela válvula solenóide. O
volume por descarga pode ser regulado para 6 litros de água.
O acionamento se dá por um dispositivo, presente no corpo da válvula, em
forma de alavanca. O usuário aciona esta alavanca, resultando na descarga.
Por mais que o usuário permaneça acionando a alavanca, somente o volume
Válvulas de descarga previamente regulado para a descarga será liberado. Para a liberação de novo
aparentes volume de água, a alavanca deverá ser acionada novamente.
Este sistema é indicado para locais com a existência de vandalismo, uma vez
que suas partes aparentes são metálicas resistentes e praticamente invioláveis
sem o uso de ferramentas adequadas. O sistema resiste inclusive a impactos.
Uma opção de dispositivo de descarga de 6 litros para bacias sanitárias é o uso
de caixas de descarga embutidas. Estas caixas podem ficar no interior de uma
Caixas de descarga parede de alvenaria, sendo mais são comumente utilizadas no interior de pare-
embutidas des "dry-wall". Antes da especificação deste tipo de dispositivo as dimensões
da parede devem ser avaliadas uma vez que a espessura da parede pode invia-
bilizar a instalação.
É um redutor de pressão. Como há uma relação direta entre vazão e pressão, a
redução de um resulta na redução do outro. Dessa forma, o redutor de pressão
Redutores
de Vazão

introduz uma perda de carga localizada no sistema que resulta na conseqüen-


te redução de vazão.
Redutores de Vazão
Caso uma determinada área da edificação apresente uma pressão elevada,
pode ser mais conveniente a instalação de uma válvula redutora de pressão na
tubulação de entrada de água da área. Estes dispositivos mantêm a vazão
constante em uma faixa de pressão, em geral, de 100 a 400 kPa (10 a 40 mca).

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84

As tabelas a seguir apresentam os consumos comparativos entre alguns equipamentos:

Tabela 10: Bacia Sanitária (considerando 4 acionamentos diários por usuário)

Economia
Economia (6L)
(dual flush)
12L 9L 6L "dual flush" 12L 9L 12L 9L
volume por descarga (L/descarga) 12 9 6 6 ou 3 6 3 6 3
uso percapita diário (L) 48 36 24 15 24 12 33 21
50.0% 33.3% 68,8% 58,3%

Tabela 11: Torneira (considerando 4 usos diários por pessoa)

tempo de acionamento = 18s 15s Economia


Convencional Com Hidrome- Sensor Com Hidrome- Sensor
arejador cânica arejador cânica
Vazão por acionamento
(L/min) 12 6 6 6 6 6 6
Tempo de acionamento
(min/pessoa dia) 2 2 1.2 1 0 0.8 1
Uso diário per capita (L) 24 12 7.2 6 12 16.8 18
50.0% 70.0% 75.0%

Tabela 12: Chuveiro


Com redutor de vazão Economia
Ducha 14L/min 14L/min
Vazão (L/min) 20 14 6
Tempo de acionamento (min/pessoa dia) 10 10 0
Consumo diário per capita (L) 200 140 60
30.0%

Tabela 13: Mictório

Economia
Descarga Acionamento Sensor Sem Acionamento Sensor Sem
manual e hidromecânico água hidromecânico água
fluxível
Volume (L/descarga) 3.8 1.8 1 0 2 2.8 3.8
52.6% 73.7% 100.0%

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85

2. Tratamento de Água

Como a água pode ser utilizada para as mais variadas finalidades na indústria,a
mesma deverá apresentar padrões de qualidade que sejam compatíveis com os usos pre-
tendidos. Normalmente, a água disponível nos rios, lagos, lençóis subterrâneos, ou qual-
quer outra fonte, pode apresentar em sua composição uma ampla variedade de compos-
tos ou substâncias químicas, organismos vivos e outros materiais, os quais, para muitas
aplicações industriais podem ser considerados contaminantes.
Assim sendo, para que a água disponível possa ser utilizada, é necessário adequar as
suas características aos padrões de qualidade exigidos para o uso, o que é feito por meio
da utilização de operações e processos unitários de tratamento que sejam capazes de
remover os contaminantes presentes. A tabela abaixo relaciona os potenciais contami-
nantes presentes na água em função de sua origem.

Tabela 14: Potenciais contaminantes presentes na Água em função de sua origem

Tipo de Manancial Principais Contaminantes


Rios Areia, material coloidal, sólidos em suspensão, compostos orgâni-
cos, sais dissolvidos, bactérias e vírus.
Superficial
Lagos ou represas Sais dissolvidos, material coloidal, compostos orgânicos, algas,
endotoxinas, bactérias, vírus e gases dissolvidos
Amônia, gás sulfídrico, metais dissolvidos, compostos orgânicos,
Águas Subterrâneas
sais dissolvidos.
Sólidos em suspensão, compostos orgânicos, sólidos dissolvidos,
Águas Pluviais (*)
microorganismos, cor turbidez.
* Depende das características do reservatório.
De acordo com o tipo de manancial utilizado como fonte de abastecimento, devem
ser adotados procedimentos específicos para adequar as características da água disponí-
vel aos requisitos de qualidade exigidos para uso, o que está diretamente relacionado
com os contaminantes presentes.
De modo geral, os diversos contaminantes presentes na água podem ser agrupados
em categorias distintas, as quais podem ser relacionadas com as técnicas de tratamento
mais indicadas, conforme apresentado na tabela abaixo.

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86

Tabela 15: Principais categorias de contaminantes presentes


na água e tecnologias para sua remoção:

Classes de Compostos
Técnica de Sólidos Gases Compostos Bactérias Endo-
Tratamento Dissolvidos Dissolvidos Orgânicos Particulados e Vírus toxinas
Ionizáveis Ionizáveis Dissolvidos
Evaporação E / Ba NE B E E E
Deionização, Eletrodiálise
e Eletrodeionização E E NE NE NE NE
Osmose Reversa B b
NE B E E E
Carvão Ativado NE NEc E / Bd NE NE NE
Desinfecção com radiação
ultravioleta NE NE NEe NE Bf NE
Filtração em meio granular
ou poroso NE NE NE E NE NE
Microfiltração NE NE NE E NE NE
Ultrafiltração NE NE NE E E NE
Oxidação ou Redução
Química g e h B B B NE B Ei
Abrandamento Bj NE NE B NE NE
Coagulação, floculação
e sedimentação NE NE NE E NE NE
E = Eficaz (Remoção completa ou quase total)
B = Bom (Remoção de grandes porcentagens)
NE = Não eficaz (Baixa remoção ou ineficaz)
a) A resistividade da água produzida por destilação é menor que aquela obtida pelo processo de deionização, prin-
cipalmente devido à presença de CO2.
b) A concentração residual de sólidos dissolvidos ionizáveis depende da concentração na água de alimentação.
c) O carvão ativado irá remover cloro residual.
d) Alguns tipos de carvão apresentam capacidade para remover traços de compostos orgânicos.
e) Alguns sistemas por radiação ultravioleta são especificamente projetados para a remoção de compostos orgâni-
cos.
f) Os sistemas de radiação por ultravioleta, embora não removam fisicamente as bactérias e vírus, apresentam
capacidade para a inativação de vários microrganismos.
g) Uso de variados agentes químicos.
h) Pode transformar o contaminante em uma espécie menos tóxica.
i) Através do uso de agentes oxidantes específicos.
j) Possibilita a remoção de íons responsáveis pela dureza da água.

Geralmente, para que seja possível obter água no grau de qualidade exigido para um
determinado uso é necessário combinar duas ou mais técnicas de tratamento, o que só
poderá ser definido com base nas características da água disponível e dos requisitos de
qualidade exigidos para uso.
No caso do uso da água para fins industriais, já existe uma base de dados bastante
extensa relacionada às principais tecnologias de tratamento disponíveis, assim como já
existe no mercado uma ampla variedade de equipamentos e sistemas de tratamento de
água, os quais são capazes de produzir água com os diversos níveis de qualidade exigidos.
Desta forma, verifica-se que a questão relacionada ao tratamento de água para uso
industrial não é uma condição limitante para o desenvolvimento de iniciativas que visem
promover o uso racional deste recurso.
A principal preocupação com relação ao tratamento de água para uso industrial
recai sobre a estratégia a ser desenvolvida para a obtenção dos melhores resultados para
o atendimento das demandas de água nos vários níveis de qualidade exigidos.
Em um Programa de Conservação e Reúso de Água, a estratégia mais adequada para

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a definição do sistema de tratamento de água consiste na execução das seguintes ativi-


dades:
1. Identificar todas as demandas de água existentes e os respectivos requisitos de quali-
dade exigidos para uso;
2. Identificar as técnicas de tratamento para adequar a qualidade da água disponível aos
requisitos exigidos para a maior demanda;
3.A partir da água produzida no sistema de tratamento principal, identificar as técnicas
de tratamento para adequar a qualidade da água aos requisitos de qualidade dos
demais usos identificados;
4. Sempre que possível, nos sistemas que produzem água com elevado grau de qualida-
de, verificar o potencial de aproveitamento ou recirculação dos efluentes gerados nos
sistemas precedentes.

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3. Tratamento de Efluentes

Em qualquer atividade industrial desenvolvida, utilizam-se matérias-primas e insu-


mos para a obtenção de produtos manufaturados. Em geral, nenhum processo de trans-
formação apresenta 100% de eficiência na conversão das matérias-primas em produtos
e nem todos os insumos utilizados irão compor o produto final. Isto implica na geração
de resíduos nas mais variadas formas, inclusive como efluentes líquidos, uma vez que a
água é amplamente utilizada para assimilar e transportar contaminantes.
As características e quantidade dos efluentes irão depender, principalmente, do
ramo de atividade da empresa, da capacidade de produção e do método de produção uti-
lizado.
Como exigência da legislação e com o objetivo de reduzir os impactos sobre o meio
ambiente, principalmente sobre os recursos hídricos, as indústrias devem coletar e tra-
tar os seus efluentes, antes do lançamento final.
De maneira similar ao que ocorre quando da seleção de tecnologias para tratamen-
to da água para uso industrial, o tratamento de efluentes deve ser realizado por meio da
utilização de operações e processos unitários, que sejam capazes de reduzir a concentra-
ção dos contaminantes presentes para níveis compatíveis com os padrões de emissão
estabelecidos em normas ou a níveis adequados para formas de reúso subseqüentes.
Em muitos casos, o tratamento de efluentes pode ser realizado utilizando-se as mes-
mas tecnologias normalmente utilizadas para tratamento de água, mas muitas vezes
torna-se necessário lançar mão do uso de outras tecnologias, as quais são específicas
para a remoção dos contaminantes presentes nos efluentes. Na tabela abaixo são apre-
sentadas algumas das tecnologias disponíveis para tratamento de efluentes e a sua efi-
ciência para redução de alguns contaminantes.
De maneira similar ao que ocorre com o tratamento de água, para o tratamento de
efluentes pode ser necessário promover a combinação entre duas ou mais tecnologias,
para que sejam obtidos resultados satisfatórios. Outro aspecto a ser considerado diz res-
peito à estruturação do sistema de coleta, transporte e tratamento dos efluentes, quan-
do se pretende implantar um programa de reúso, não sendo recomendada opção direta
por um sistema centralizado para tratamento de efluentes, antes de efetuar uma avalia-
ção do potencial de prática de reúso em cascata e outras opções que possam conduzir
a melhores resultados.

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TABELA 16: Tecnologias para tratamento de efluentes e campo de aplicação


Técnicas de Tratamento
Tratamento Lodos Nitrifi- Desnitri- Filtro Biodisco Coagulação Stripping
Variáveis
Primário Ativados cação ficação Biológico Floculação da
Sedimentação amônia
DBO B E E NE E E E NE
DQO B E E NE E E NE
SST E E E NE E E E NE
NH3-N NE E E B E NE E
NO3-N E NE NE
Fósforo NE B E E E NE
Alcalinidade B B NE
Óleos e Graxas E E E B NE
CT E E NE E NE
Arsênio B B B B NE
Bário B NE B NE
Cádmio B E E NE B E NE
Cromo B E E NE E E NE
Cobre B E E E E E NE
Flúor B NE
Ferro B E E B E E NE
Chumbo E E E B E E NE
Manganês NE B B NE B NE
Mercúrio NE NE NE NE E NE NE
Selênio NE NE NE NE NE
Prata E E E B E NE
Zinco B B E E E E NE
Cor NE B B NE E
Substâncias Tensoativas B E E E B
Turbidez B E E NE B E
COT B E E NE B E NE

Adaptado de METCALF & EDDY (2003)


E = Eficaz (Remoção completa ou quase total)
B = Bom (Remoção de grandes porcentagens)
NE = Não eficaz (Baixa remoção ou ineficaz)
As células em branco denotam insuficiência de dados, resultados não conclusivos ou aumento da concentração.

Também é importante observar que, em muitos casos, dependendo do ramo de


atividade da indústria, é necessária a realização de ensaios de tratamento, tanto em escala
de laboratório, como em escala piloto, para definição da melhor tecnologia de trata-
mento a ser empregada.
A identificação de tecnologias e definição do sistema de tratamento de efluentes,
deve seguir o roteiro abaixo:
1. Identificação, quantificação e caracterização de todas as correntes de efluentes gera-
das;
2.Avaliação do aproveitamento de correntes específicas de efluentes para aplicação da
prática de reúso em cascata;
3. Verificação da necessidade de segregação de correntes específicas de efluentes, as
quais podem requerer um tratamento exclusivo;
4.Identificação de tecnologias com potencial para o tratamento dos efluentes identificados;
5. Desenvolvimento de ensaios de tratamento ou consulta a fornecedores especializados,
para verificar o potencial de utilização das tecnologias identificadas;
6. Estruturação do sistema coleta, transporte e tratamento dos efluentes.

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Autoria
1.CIRRA – Centro Internacional de Referência em Reúso de Água / FCTH –
Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica

2. DTC Engenharia

Coordenadores
Ivanildo Hespanhol
Orestes Marracini Gonçalves

Autores
Carla Araújo Sautchúk
Fernando Del Nero Landi
José Carlos Mierzwa
Maria Carolina Rivoir Vivacqua
Maurício Costa Cabral da Silva
Paula Del Nero Landi
William Schmidt

Colaboradores
Lia de Sousa
Luana Di Bea Rodrigues
Márcio Mineo Kato
Priscila Mercaldi Oliveira
Ricardo Nagamine Costanzi
Silvia Zonkowski

Apoio
Agência Nacional de Águas – ANA

Diretor Presidente – ANA


Jerson Kelman

Superintendência de Conservação de Água e Solo – SAS / ANA


Antônio Félix Domingues - Superintendente
Devanir Garcia dos Santos - Gerente

Equipe de Reúso
Felipe Jucá Maciel
Claudio Ritti Itaborahy
Ulysses Gusman Junior
Paulo Breno de Morais Silveira
Patrick Thadeu Thomas
Matheus Marinho de Faria
Eduardo Felipe Cavalcante de Correa

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Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp/Ciesp

Presidente Fiesp/Ciesp

Horacio Lafer Piva

Departamento de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – DMA

Angelo Albiero Filho – Diretor Titular


Romildo de Oliveira Campelo – Diretor Titular Adjunto

Diretor Executivo

José Eduardo Bandeira de Mello

Gerência de Meio Ambiente e Design

Nilton Fornasari Filho (Gerente)


Anicia Aparecida Baptistello Pio
Ricardo Lopes Garcia
Gustavo C. D. Barreira (Estagiário)

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Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo
Av. Paulista, 1313 - Cep: 01311-923 - São Paulo - SP
www.fiesp.com.br - [email protected]
Tel.: 11 3549-4499 - Fax: 3549-4570

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