Tipos de Textos

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Tipos de Textos

Os tipos de textos so classificados de acordo com sua estrutura, objetivo e finalidade. De maneira
geral, a tipologia textual dividida em: texto dialogal, descritivo, narrativo, injuntivo,
explicativo e argumentativo.

Texto Dialogal

As reflexes recentes sobre tipos ou tipologias de texto tm por base fundamentalmente as


propostas de Jean-Michel Adam (1992)1, segundo as quais, a partir da heterogeneidade
composicional dos discursos reais, so definidos padres de textualizao. Trata-se de passar da
complexidade das formas discursivas reais para o apuramento de formas mais elementares ou
tipos relativamente estveis de sequncias, disponveis para entrarem num nmero infinito de
combinaes.
Aquilo que Adam descreve so prottipos textuais (narrativo, descritivo, argumentativo,
expositivo, injuntivo, dialogal), ou seja, agregados de regularidades do processo de
textualizao.
2. Se dermos como equivalentes os termos prottipos textuais tipos de texto, ento temos
de reconhecer que raramente um discurso real efetivamente produzido num contexto
situacional efetivo corresponde integralmente a uma tipologia. Talvez alguns textos tcnicos
(a circular, o aviso, a convocatria, etc.) sejam composicionalmente homogneos. A regra a
heterogeneidade: o sermo tem sequncias argumentativas e sequncias narrativas; o discurso
publicitrio tem descrio e argumentao; o romance tem narrao e descrio, etc.
3. O texto dialogal caracteriza-se por integrar turnos (ou tomadas de vez) de ndole ftica
so os turnos de abertura e de fechamento; ex.:
Abertura
Ol!
Ento, tudo bem?
Boa tarde.
Por favor.
Fechamento
Adeus, porta-te bem.
At prxima.
Obrigado. Passe bem.
Entre a abertura e o fechamento h o corpo da interao, composto pelos movimentos de
pergunta-resposta.
O texto dialogal tem a especificidade de ser um texto cogerido, na medida em que produzido
por, pelo menos, dois locutores: aquilo que um locutor diz tem de vir a propsito do que o outro
disse; os interlocutores, vez, concordam, discordam, generalizam, exemplificam, justificam,
concluem, particularizam, etc.

Alguns exemplos de discursos em que o prottipo dialogal dominante: a entrevista, o debate,


a reunio de trabalho, etc.
4. luz do que ficou dito sobre a heterogeneidade composicional dos discursos, fica claro que
uma narrativa se pode compor de sequncias prototpicas narrativas e de sequncias prototpicas
dialogais. Por exemplo, Baa dos Tigres, de Pedro Rosa Mendes2, integra um captulo dedicado
reproduo de uma entrevista.
5. A relao prottipo narrativo prottipo dialogal distingue-se, porm, da integrao, na
sequncia narrativa, do discurso relatado: discurso direto e indireto. O discurso relatado diz
respeito aos diferentes modos de representar as falas atribudas a outros locutores que no o
locutor principal (se o texto englobante for narrativo, esse locutor principal o narrador). O
discurso direto no considerado um tipo textual, mas um fenmeno enunciativo.
1

ADAM, Jean-Michel 1992 Les Textes: Types et Prototypes, Paris, Nathan.

MENDES, Pedro Rosa 1998 Baa dos Tiges, Lisboa, Dom Quixote: 355-368.

Texto Descritivo
O texto descritivo expe apreciaes e observaes, de modo que indica aspectos,
caractersticas, detalhes singulares e pormenores, seja de um objeto, lugar, pessoa ou fato. Dessa
maneira, alguns recursos lingusticos relevantes na estruturao dos textos descritivos so: a
utilizao de adjetivos, verbos de ligaes, metforas e comparaes.
O texto descritivo um tipo de texto que envolve a descrio de algo, seja de um objeto,
pessoa, animal, lugar, acontecimento, e sua inteno , sobretudo, transmitir para o leitor as
impresses e as qualidades de algo.
Em outras palavras, o texto descritivo capta as impresses, de forma a representar a
elaborao de um retrato, como uma fotografia revelada por meio das palavras.
Para tanto, alguns aspectos so de suma importncia para a elaborao desse tipo textual,
desde as caractersticas fsicas e/ou psicolgicas do que se pretende analisar, a saber: cor, textura,
altura, comprimento, peso, dimenses, funo, clima, tempo, vegetao, localizao, sensao,
localizao, dentre outros.
Caractersticas

Retrato verbal
Ausncia de ao e relao de anterioridade ou posterioridade entre as frases
Predomnio de substantivos, adjetivos e locues adjetivas
Utilizao da enumerao e comparao
Presena de verbos de ligao
Verbos flexionados no presente ou no pretrito (passado)
Emprego de oraes coordenadas justapostas
Estrutura Descritiva

A descrio apresenta trs passos para a construo:


1. Introduo: apresentao do que se pretende descrever.
2. Desenvolvimento: caracterizao subjetiva ou objetiva da descrio.

3. Concluso: finalizao da apresentao e caracterizao de algo.


Tipos de Descrio

Conforme a inteno do texto, as descries so classificadas em:


Descrio Subjetiva: apresenta as descries de algo, todavia, evidencia as impresses pessoais do
emissor (locutor) do texto. Exemplos so nos textos literrios repletos de impresses dos autores.
Descrio Objetiva: nesse caso, o texto procura descrever de forma exata e realista as
caractersticas concretas e fsicas de algo, sem atribuir juzo de valor, ou impresses subjetivas do
emissor. Exemplos de descries objetivas so os retratos falados, manuais de instrues, verbetes
de dicionrios e enciclopdias.
Exemplos
Segue exemplos de textos descritivos:

Descrio Subjetiva
Ficara sentada mesa a ler o Dirio de Notcias, no seu roupo de manh de fazenda preta,
bordado a sutache, com largos botes de madreprola; o cabelo louro um pouco desmanchado,
com um tom seco do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabea pequenina, de
perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e lctea das louras; com o cotovelo encostado
mesa acariciava a orelha, e, no movimento lento e suave dos seus dedos, dois anis de rubis
miudinhos davam cintilaes escarlates. (O Primo Baslio, Ea de Queiroz)

Descrio Objetiva
"A vtima, Solange dos Santos (22 anos), moradora da cidade de Marlia, era magra, alta (1,75),
cabelos pretos e curtos; nariz fino e rosto ligeiramente alongado."

Texto Narrativo
A marca fundamental do texto narrativo a existncia de um enredo, do qual se desenvolvem as
aes das personagens, marcadas pelo tempo e pelo espao. Assim, a narrao possui um narrador
(quem apresenta a trama), as personagens (principais e secundrias), o tempo (cronolgico ou
psicolgico) e o espao (local que se desenvolve a histria). Sua estrutura bsica : apresentao,
desenvolvimento, clmax e desfecho.

A Narrao um tipo de texto que esboa as aes


determinado tempo e espao. A estrutura do texto narrativo composta de:

Apresentao
Desenvolvimento
Clmax
Desfecho.

Os Elementos da Narrativa

de personagens num

Narrador - Quem narra a histria. Dividem-se em: narrador-observador; narrador personagem


e narrador- onisciente.
Enredo - a estrutura da narrativa, ou seja, a trama em que se desenrolam as aes. Pode
ser: Enredo Linear, Enredo No linear, Enredo Psicolgico e Enredo Cronolgico.
Personagens - So aqueles que compem a narrativa. So classificadas em Personagens
Principais (Protagonista e Antagonista) e Personagens Secundrios (Adjuvante ou Coadjuvante).
Tempo - Marcao do tempo, data, momento, dentro da narrativa. O tempo pode
ser Cronolgico ou Psicolgico.
Espao - Local (s) onde a narrativa se desenvolve. Podem ocorrer num Ambiente Fsico,
Ambiente Psicolgico ou Ambiente Social.
Tipos de Narrador

Narrador-Personagem - A histria narrada em 1 pessoa no qual o narrador um personagem e


participa da histria.
Narrador-Observador - Narrado em 3 pessoa, esse tipo de narrador conhece os fatos porm, no
participa da ao.
Narrador-Onisciente - Esse narrador conhece todos os personagens e a trama. Nesse caso, a
histria narrada em 3 pessoa e quando apresenta fluxo de pensamentos dos personagens, a ao
narrada em1 pessoa.

Tipos de Discurso Narrativo

Discurso Direto - No discurso direto, a prpria personagem fala.


Discurso Indireto - No discurso indireto o narrador interfere na fala da personagem. Em outras
palavras, narrado em 3 pessoa uma vez que no aparece a fala da personagem.
Discurso Indireto Livre - No discurso indireto-livre h intervenes do narrador e das falas dos
personagens. Nesse caso, funde-se o discurso direto com o indireto

Exemplos de Textos Narrativos

Importante frisar que dependendo da inteno do narrador, a narrativa pode ser elaborada nos
discursos: direto, indireto e indireto-livre. Vejamos alguns exemplos:

Discurso Direto

Discurso Indireto

Discurso Indireto Livre

Curiosidade

Alguns exemplos de narrativas so: Romance, Novela, Conto, Crnica e Fbula.

Texto Injuntivo
O texto injuntivo ou instrucional est pautado na explicao e no mtodo para a realizao de algo,
por exemplo, uma receita de bolo, bula de remdio, manual de instrues e propagandas. Dessa
forma, um dos recursos lingusticos marcantes desse tipo de texto, a utilizao dos verbos no
imperativo, de modo a indicar uma "ordem", por exemplo, na receita de bolo: misture todos os
ingredientes; bula de remdio tome duas cpsulas por dia; manual de instrues aperte a tecla
amarela; propagandas vista essa camisa.
O texto injuntivo ou instrucional est pautado na explicao e no mtodo para a concretizao de
uma ao, ou seja, indicam o procedimento para realizar algo, por exemplo, uma receita de bolo,
bula de remdio, manual de instrues, editais e propagandas.
Com isso, sua funo transmitir para o leitor mais do que simples informaes, visa sobretudo,
instruir, explicar, todavia, sem a finalidade de convenc-lo por meio de argumentos.
A partir disso, note que so textos o quais incitam a ao dos destinatrios, controlando, assim, seu
comportamento, ao fornecer instrues e indicaes para a realizao de um trabalho ou a utilizao
correta de instrumentos e/ou ferramentas.
Texto Injuntivo e Prescritivo
H quem estabelea uma relao entre os textos injuntivos e prescritivos e, por outro lado, h os que
defendem que so textos sinnimos e pertencem mesma categoria, das quais compartilham
funes e finalidades.
No entanto, os linguistas que preferem dividi-los em dois tipos de textos informam que o texto
injuntivo, instrui sem uma atitude coercitiva, recurso marcante nos textos ditos prescritivos. Para
esse grupo de estudiosos, um texto injuntivo pode ser um manual de instrues ou uma receita,
enquanto os textos prescritivos asseguram um tipo de atitude coercitiva, por exemplo, os editais dos
concursos, contratos e leis.
Recursos Lingusticos
A linguagem dos textos injuntivos simples e objetiva. Um dos recursos lingusticos marcantes e
recorrentes desse tipo de texto, a utilizao dos verbos no imperativo, de modo a indicar uma
ordem, por exemplo, na receita de bolo: misture todos os ingredientes; bula de remdio tome
duas cpsulas por dia; manual de instrues aperte a tecla amarela; propagandas vista essa
camisa.
Exemplos
Segue alguns exemplos de textos injuntivos:

Manual de Instrues
Instalao: Prefira sempre os servios da Rede de Assistncia Tcnica Brastemp para realizar
desde a instalao at a manuteno de seus produtos com tranquilidade e segurana.
1 passo: Veja se a tomada onde o produto ser instalado tem o novo padro plugue, segundo o
INMETRO.
2 passo: Verifique se a tenso da rede eltrica no local de instalao a mesma indicada na
etiqueta do plugue da sua lavadora.
3 passo: Nunca altere ou use o cabo de fora de maneira diferente da recomendada. Se o cabo de
fora estiver danificado, chame a Rede de Servios Brastemp para substitu-lo.
4 passo: Verifique se o local de instalao possui as condies adequadas indicadas no Manual
do Consumidor:-A presso da gua para abastecimento deve corresponder a um nvel de 2 a 80 m
acima do nvel da torneira;
- Recomenda-se que haja uma torneira exclusiva para a correta instalao da mangueira de
entrada;

- obrigatria a utilizao de uma torneira com rosca de polegada para a instalao da


mangueira de entrada de gua, a no utilizao dela pode gerar vazamentos.
- A mangueira de sada deve ser instalada no tanque (utilizando a curva plstica) ou em um cano
exclusivo para o escoamento, com dimetro mnimo de 5 cm. O final da mangueira deve estar a
uma altura de 0,85 a 1,20 m para o correto funcionamento da Lavadora.
Caso o local de instalao no tenha as condies adequadas, providencie as modificaes,
consultando um profissional de sua confiana.
(Manual de Instrues da Lavadora Brastemp Ative Automtica 9kg)

Bula de Remdio
Apresentao de Norfloxacino (Laboratrio: Medley, Referncia: Floxacin)
Comprimidos revestidos de 400 mg. Embalagens com 6 e 14 comprimidos revestidos. USO
ADULTO - USO ORAL
COMPOSIO
Cada comprimido revestido contm:
Norfloxacino ................................................................................ 400 mg
excipientes q.s.p. ................................................................. 1 comprimido
(celulose microcristalina, croscarmelose sdica, dixido de silcio, estearilfumarato de sdio,
lactose monoidratada, laurilsulfato de sdio, talco, lcool polivinlico, dixido de titnio,
macrogol, corante laca amarelo crepsculo).
Norfloxacino - Indicaes
O Norfloxacino indicado para tratamento das seguintes infeces:
- infeces do trato urinrio;
- inflamao do estmago e intestino (gastrenterite) causada por alguns tipos de bactrias;
- gonorreia;
- febre tifoide;
O Norfloxacino pode tambm ser usado para a preveno das infeces nos seguintes casos:
- contagem baixa de leuccitos: nestes casos, seu corpo fica mais sensvel a infeces causadas por
bactrias que fazem parte da flora intestinal;
- quando voc visitar locais em que possa ficar exposto a bactrias que possam causar inflamao
do estmago e intestinos (gastrenterite).
Contra-indicaes de Norfloxacino
Voc no deve tomar Norfloxacino se: apresentar hipersensibilidade a qualquer componente do
produto ou a antibiticos quinolnicos.

Receita
Massa de Panqueca Simples
Ingredientes:
1 ovo
1 xcara de farinha de trigo
1 xcara de leite
1 pitada de sal
1 colher de sopa de leo
Modo de Preparo: Bata todos os ingredientes no liquidificador. A seguir, aquea uma frigideira
untada com um fio de leo em fogo baixo. Coloque um pouco da massa na frigideira no muito
quente e esparrame de modo a cobrir todo o fundo e ficar s uma camada fina de massa. Deixe
igualar os dois lados, at que fiquem levemente douradas. Retire com a esptula, e sirva com o
recheio de sua preferncia. Sugesto de recheio: carne moda, queijo e geleia.

Texto Explicativo

O texto explicativo transmite dados hierarquizados com o fim de fazer compreender


fenmenos determinados. Ao texto explicativo preside sempre uma questo como ponto
de partida.
Condies pragmticas (J.B.GRIZE):
1. O fenmeno a explicar incontestvel: uma constatao ou um facto.
2. Os dados afectos compreenso dos fenmenos esto incompletos.
3. Aquele que explica est em condies de o fazer.
Estrutura:
Questionamento Resoluo Concluso

O texto argumentativo

COMUNICAR no significa apenas enviar uma mensagem e fazer com que nosso
ouvinte/leitor a receba e a compreenda. Dito de uma forma melhor, podemos dizer que ns nos
valemos da linguagem no apenas para transmitir ideias, informaes. So muito frequentes as
vezes em que tomamos a palavra para fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite o que estamos
expressando (e no apenas compreenda); que creia ou faa o que est sendo dito ou proposto.
Comunicar no , pois, apenas um fazer saber, mas tambm um fazer crer, um fazer fazer.
Nesse sentido, a lngua no apenas um instrumento de comunicao; ela tambm um
instrumento de ao sobre os espritos, isto , uma estratgia que visa a convencer, a persuadir, a
aceitar, a fazer crer, a mudar de opinio, a levar a uma determinada ao.
Assim sendo, talvez no se caracterizaria em exagero afirmarmos que falar e escrever
argumentar.
TEXTO ARGUMENTATIVO o texto em que defendemos uma ideia, opinio ou ponto de vista,
uma tese, procurando (por todos os meios) fazer com que nosso ouvinte/leitor aceite-a, creia nela.
Num texto argumentativo, distinguem-se trs componentes: a tese, os argumentos e as estratgias
argumentativas.
TESE, ou proposio, a ideia que defendemos, necessariamente polmica, pois a argumentao
implica divergncia de opinio.
A palavra ARGUMENTO tem uma origem curiosa: vem do latim ARGUMENTUM, que tem o
tema ARGU, cujo sentido primeiro "fazer brilhar", "iluminar", a mesma raiz de "argnteo",
"argcia", "arguto".
Os argumentos de um texto so facilmente localizados: identificada a tese, faz-se a pergunta por
qu? (Ex.: o autor contra a pena de morte (tese). Porque ... (argumentos).
As ESTRATGIAS no se confundem com os ARGUMENTOS. Esses, como se disse,
respondem pergunta por qu (o autor defende uma tese tal PORQUE ... - e a vm os
argumentos).
ESTRATGIAS argumentativas so todos os recursos (verbais e no-verbais) utilizados para
envolver o leitor/ouvinte, para impression-lo, para convenc-lo melhor, para persuadi-lo mais
facilmente, para gerar credibilidade, etc.
Os exemplos a seguir podero dar melhor ideia acerca do que estamos falando.
A CLAREZA do texto - para citar um primeiro exemplo - uma estratgia argumentativa na
medida em que, em sendo claro, o leitor/ouvinte poder entender, e entendo, poder concordar com
o que est sendo exposto. Portanto, para conquistar o leitor/ouvinte, quem fala ou escreve vai
procurar por todos os meios ser claro, isto , utilizar-se da ESTRATGIA da clareza.
A CLAREZA no , pois, um argumento, mas um meio (estratgia) imprescindvel, para obter
adeso das mentes, dos espritos.
O emprego da LINGUAGEM CULTA FORMAL deve ser visto como algo muito es-tra-t-gi-co
em muitos tipos de texto. Com tal emprego, afirmamos nossa autoridade (= "Eu sei escrever. Eu
domino a lngua! Eu sou culto!") e com isso reforamos, damos maior credibilidade ao nosso texto.
Imagine, esto, um advogado escrevendo mal ... ("Ele no sabe nem escrever! Seus conhecimentos
jurdicos tambm devem ser precrios!").
Em outros contextos, o emprego da LINGUAGEM FORMAL e at mesmo POPULAR poder ser

estratgico, pois, com isso, consegue-se mais facilmente atingir o ouvinte/leitor de classes menos
favorecidas.
O TTULO ou o INCIO do texto (escrito/falado) devem ser utilizados como estratgias ... como
estratgia para captar a ateno do ouvinte/leitor imediatamente. De nada valem nossos argumentos
se no so ouvidos/lidos.
A utilizao de vrios argumentos, sua disposio ao longo do texto, o ataque s fontes adversrias,
as antecipaes ou prolepses (quando o escritor/orador prev a argumentao do adversrio e
responde-a), a qualificao das fontes, a utilizao da ironia, da linguagem agressiva, da repetio,
das perguntas retricas, das exclamaes, etc. so alguns outros exemplos de estratgias.
2. A estrutura de um texto argumentativo
2.1 A argumentao formal
A nomenclatura de Othon Garcia, em sua obra "Comunicao em Prosa Moderna".

1.
2.
3.
4.

O autor, na mencionada obra, apresenta o seguinte plano-padro para o que chama de


argumentao formal:
Proposio (tese): afirmativa suficientemente definida e limitada; no deve conter em si mesma
nenhum argumento.
Anlise da proposio ou tese: definio do sentido da proposio ou de alguns de seus termos, a
fim de evitar mal-entendidos.
Formulao de argumentos: fatos, exemplos, dados estatsticos, testemunhos, etc.
Concluso.
Observe o texto a seguir, que contm os elementos referidos do plano-padro da
argumentao formal.

Gramtica e desempenho Lingustico


1. Pretende-se demonstrar no presente artigo que o estudo intencional da
gramtica no traz benefcios significativos para o desempenho lingustico dos
utentes de uma lngua.
2. Por "estudo intencional da gramtica" entende-se o estudo de definies,
classificaes e nomenclatura; a realizao de anlises (fonolgica,
morfolgica, sinttica); a memorizao de regras (de concordncia, regncia e
colocao) - para citar algumas reas. O "desempenho lingustico", por outro
lado, expresso tcnica definida como sendo o processo de atualizao da
competncia na produo e interpretao de enunciados; dito de maneira mais
simples, o que se fala, o que se escreve em condies reais de
comunicao.
3. A polmica pr-gramtica x contra gramtica bem antiga; na verdade, surgiu
com os gregos, quando surgiram as primeiras gramticas. Definida como
"arte", "arte de escrever", percebe-se que subjaz definio a ideia da sua
importncia para a prtica da lngua. So da mesma poca tambm as
primeiras crticas, como se pode ler em Apolnio de Rodes, poeta Alexandrino

do sc.II C.:
"Raa de gramticos, roedores que ratais na musa de outrem, estpidas
lagartas que sujais as grandes obras, flagelo dos poetas que mergulhais o
esprito das crianas na escurido, ide para o diabo, percevejos que devorais
os versos belos".
4. Na atualidade, grande o nmero de educadores, fillogos e linguistas de
reconhecido saber que negam a relao entre o estudo intencional da
gramtica e a melhora do desempenho lingustico do usurio. Entre esses
especialistas, deve-se mencionar o nome do Prof. Celso Pedro Luft com sus
obra "Lngua e liberdade: por uma nova concepo de lngua materna e seu
ensino" (L&PM, 1995). Com efeito, o velho pesquisar apaixonado pelos
problemas da lngua, terico de esprito lcido e de larga formao lingustica,
rene numa mesma obra convincente fundamentao para seu combate
veemente contra o ensino da gramtica em sala de aula. Por oportuno, uma
citao apenas:
"Quem sabe, lendo este livro muitos professores talvez abandonem a
superstio da teoria gramatical, desistindo de querer ensinar a lngua por
definies, classificaes, anlises inconsistentes e precrias hauridas em
gramticas. J seria um grande benefcio". (p. 99)
5. Deixando-se de lado a perspectiva terica do Mestre, acima referida suponhase que se deva recuperar linguisticamente um jovem estudante universitrio
cujo texto apresente preocupantes problemas de concordncia, regncia,
colocao, ortografia, pontuao, adequao vocabular, coeso, coerncia,
informatividade, entre outros. E, estimando-lhe melhoras, lhe fosse dada uma
gramtica que ele passaria a estudar: que fontica? Que fonologia? Que
fonemas? Morfema? Qual coletivo de borboleta? O feminino de cupim?
Como se chama quem nasce na Provncia de Entre-Douro-e-Minho? Que
orao subordinada adverbial concessiva reduzida de gerndio? E decorasse
regras de ortografia, fizesse lista de homnimos, parnimos, de verbos
irregulares... e estudasse o plural de compostos, todas regras de concordncia,
regncias... os casos de prclise, mesclise e nclise. E que, ao cabo de todo
esse processo, se voltasse a examinar o desempenho do jovem estudante na
produo de um texto. A melhora seria, indubitavelmente, pouco significativa;
uma pequena melhora, talvez, na gramtica da frase, mas o problema de
coeso, de coerncia, de informatividade - quem sabe os mais graves haveriam de continuar. Quanto mais no seja porque a gramtica tradicional
no d conta dos mecanismos que presidem construo do texto.
6. Poder-se- objetar que o ilustrao de h pouco apenas hipottica e que, por
isso, um argumento de pouco valor. Contra argumentar-se-ia dizendo que
situao como essa ocorre de fato na prtica. Na verdade, todo o ensino de 1
e 2 graus gramaticalista, descritivista, definitrio, classificatrio,
nomenclaturista, prescritivista, terico. O resultado? A esto as estatsticas
dos vestibulares. Valendo 40 pontos a prova de redao, os escores foram
estes no vestibular 1996/1, na PUCRS: nota zero: 10% dos candidatos, nota
01: 30%; nota 02: 40%; nota 03: 15%; nota 04: 5%. Ou seja, apenas 20% dos
candidatos escreveram um texto que pode ser considerado bom.
7. Finalmente pode-se invocar mais um argumento, lembrando que so os
gramticos, os linguistas - como especialistas das lnguas - as pessoas que
conhecem mais a fundo a estrutura e o funcionamento dos cdigos
lingusticos. Que se esperaria, de fato, se houvesse significativa influncia do

conhecimento terico da lngua sobre o desempenho? A resposta bvia: os


gramticos e os linguistas seriam sempre os melhores escritores. Como na
prtica isso realmente no acontece, fica provada uma vez mais a tese que se
vem defendendo.
8. Vale tambm o raciocnio inverso: se a relao fosse significativa, deveriam os
melhores escritores conhecer - teoricamente - a lngua em profundidade. Isso,
no entanto, no se confirma na realidade: Monteiro Lobato, quando estudante,
foi reprovado em lngua portuguesa (muito provavelmente por desconhecer
teoria gramatical); Machado de Assis, ao folhar uma gramtica declarou que
nada havia entendido; dificilmente um Luis Fernando Verssimo saberia o que
um morfema; nem de se crer que todos os nossos bons escritores seriam
aprovados num teste de Portugus maneira tradicional (e, no entanto eles so
os senhores da lngua!).
9. Portanto, no h como salvar o ensino da lngua, como recuperar
lingisticamente os alunos, como promover um melhor desempenho
lingstico mediante o ensino-estudo da teoria gramatical. O caminho
seguramente outro.
Gilberto Scarton

Eis o esquema do texto em seus quatro estgios:

Primeiro estgio: primeiro pargrafo, em que se enuncia claramente a tese a ser defendida.
Segundo estgio: segundo pargrafo, em que se definem as expresses "estudo intencional da
gramtica" e "desempenho lingstico", citadas na tese.
Terceiro estgio: terceiro, quarto, quinto, sexto, stimo e oitavo pargrafos, em que se apresentam
os argumentos.
Terceiro pargrafo: pargrafo introdutrio argumentao.
Quarto pargrafo: argumento de autoridade.
Quinto pargrafo: argumento com base em ilustrao hipottica.
Sexto pargrafo: argumento com base em dados estatsticos.
Stimo e oitavo pargrafo: argumento com base em fatos.
Quarto estgio: ltimo pargrafo, em que se apresenta a concluso.
2.2 A argumentao informal
A nomenclatura tambm de Othon Garcia, na obra j referida.
A argumentao informal apresenta os seguintes estgios:

1.
2.
3.
4.

Citao da tese adversria


Argumentos da tese adversria
Introduo da tese a ser defendida
Argumentos da tese a ser defendida
Concluso
Observe o texto exemplar de Lus Alberto Thompson Flores Lenz, Promotor de Justia.

Consideraes sobre justia e equidade


1. Hoje, floresce cada vez mais, no mundo jurdico a acadmico nacional, a ideia
de que o julgador, ao apreciar os caos concretos que so apresentados perante
os tribunais, deve nortear o seu proceder mais por critrios de justia e
equidade e menos por razes de estrita legalidade, no intuito de alcanar,
sempre, o escopo da real pacificao dos conflitos submetidos sua
apreciao.
2. Semelhante entendimento tem sido sistematicamente reiterado, na atualidade,
ao ponto de inmeros magistrados simplesmente desprezarem ou
desconsiderarem determinados preceitos de lei, fulminando ditos dilemas
legais sob a pecha de injustia ou inadequao realidade nacional.
3. Abstrada qualquer pretenso de crtica ou censura pessoal aos insignes juzes
que se filiam a esta corrente, alguns dos quais reconhecidos como dos mais
brilhantes do pas, no nos furtamos, todavia, de tecer breves consideraes
sobre os perigos da generalizao desse entendimento.
4. Primeiro, porque o mesmo, alm de violar os preceitos dos arts. 126 e 127 do
CPC, atenta de forma direta e frontal contra os princpios da legalidade e da
separao de poderes, esteio no qual se assenta toda e qualquer ideia de
democracia ou limitao de atribuies dos rgos do Estado.
5. Isso o que salientou, e com a costumeira maestria, o insupervel Jos
Alberto dos Reis, o maior processualista portugus, ao afirmar que: "O
magistrado no pode sobrepor os seus prprios juzos de valor aos que esto
encarnados na lei. No o pode fazer quando o caso se acha previsto
legalmente, no o pode fazer mesmo quando o caso omisso".
6. Aceitar tal aberrao seria o mesmo que ferir de morte qualquer espcie de
legalidade ou garantia de soberania popular proveniente dos parlamentos, at
porque, na lcida viso desse mesmo processualista, o juiz estaria, nessa
situao, se arvorando, de forma absolutamente espria, na condio de
legislador.
7. A esta altura, adotando tal entendimento, estaria institucionalizada a
insegurana social, sendo que no haveria mais qualquer garantia, na medida
em que tudo estaria ao sabor dos humores e amores do juiz de planto.
8. De nada adiantariam as eleies, eis que os representantes indicados pelo
povo no poderiam se valer de sua maior atribuio, ou seja, a prerrogativa de
editar as leis.
9. Desapareceriam tambm os juzes de convenincia e oportunidade poltica
tpicos dessas casas legislativas, na medida em que sempre poderiam ser
afastados por uma esfera revisora excepcional.
10. A prpria independncia do parlamento sucumbiaria integralmente frente
possibilidade de inobservncia e desconsiderao de suas deliberaes.
11. Ou seja, nada restaria, de cunho democrtico, em nossa civilizao.
12. J o Poder Judicirio, a quem legitimamente compete fiscalizar a
constitucionalidade e legalidade dos atos dos demais poderes do Estado,
praticamente aniquilaria as atribuies destes, ditando a eles, a todo momento,
como proceder.
13. Nada mais preciso dizer para demonstrar o desacerto dessa concepo.
14. Entretanto, a defesa desse entendimento demonstra, sem sombra de dvidas, o
desconhecimento do prprio conceito de justia, incorrendo inclusive numa
contradictio in adjecto.

15. Isto porque, e como magistralmente o salientou o insupervel Calamandrei, "a


justia que o juiz administra , no sistema da legalidade, a justia em sentido
jurdico, isto , no sentido mais apertado, mas menos incerto, da conformidade
com o direito constitudo, independentemente da correspondente com a justia
social".
16. Para encerrar, basta salientar que a eleio dos meios concretos de efetivao
da Justia social compete, fundamentalmente, ao Legislativo e ao Executivo,
eis que seus membros so indicados diretamente pelo povo.
17. Ao Judicirio cabe administrar a justia da legalidade, adequando o proceder
daqueles aos ditames da Constituio e da Legislao.
Lus Alberto Thompson Flores Lenz

Eis o esquema do texto em seus cinco estgios;

Primeiro estgio: primeiro pargrafo, em que se cita a tese adversria.


Segundo estgio: segundo pargrafo, em que se cita um argumento da tese adversria "...
fulminando ditos dilemas legais sob a pecha de injustia ou inadequao realidade nacional".
Terceiro estgio: terceiro pargrafo, em que se introduz a tese a ser defendida.
Quarto estgio: do quarto ao dcimo quinto, em que se apresentam os argumentos.
Quinto estgio: os ltimos dois pargrafos, em que se conclui o texto mediante afirmao que
salienta o que ficou dito ao longo da argumentao.

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