Derrida: Essa Estranha Instituição Chamada Literatura.
Derrida: Essa Estranha Instituição Chamada Literatura.
Derrida: Essa Estranha Instituição Chamada Literatura.
ESSA ESTRANHA
NSTITUIO CHAMADA
LITERATURA
Uma entrevista com Jacques Derrida
e d it o r ia l
A s s is t n c ia
e d it o r ia l
D ir e it o s
a u t o r a is
C oordena o
de texto s
Preparao
de texto s
R e v is o
d e pro v a s
F orm atao
e capa
P r o je t o
g r f ic o
Produo
g r f ic a
Michel Gannam
Eliane Sousa
Maria Margareth de Lima e Renato Fernandes
Maria do Carmo Leite Ribeiro
Roberto Said
Lira Crdova e Phillip Flix
Govanni Barbosa
Cssio Ribeiro, a partir do projeto de Marcelo Belico
Warren Marilac
EDITORA UFMG
Av. Antnio Carlos, 6.627 [ CAD II | Bloco III
Campus Pampulha | 31270-901 | Belo Horizonte/MG
Tel: + 55 31 3409-4650 | Fax: + 55 31 3409-4768
www.editoraufing.com.br | [email protected]
SUMRIO
Introduo
A LITERATURA DEMANDA DO OUTRO
Evando Nascimento
ESSA ESTRANHA INSTITUIO CHAMADA
LITERATURA
Uma entrevista com Jacques Derrida
Introduo
A LITERATURA DEMANDA DO OUTRO
Questes de princpio
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9 Idem, Some States and Truisms About Neologisms, Newisms, Postisms, Pari
sitisms, and Other Seisms, em Derrida dici, Derrida de l, p. 223-252,
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mas o no discpulo, que traa seu prprio caminho, reinterpretando a herana. Sabemos da importncia da trilha
e do trilhamento no pensamento derridiano, desde pelo
menos Freud e a cena da escritura, um de seus ensaios
inaugurais, publicado em A escritura e a diferena.31 No
corao da Gramatologia, comparece, citada em portugus,
a linda palavra picada (que o Houaiss d como brasileirismo), referida aos estudos de Lvi-Strauss sobre os ndios
brasileiros Nambiqwaras.32 Sempre entendi essa citao de
picada como uma incitao ou injuno para que traasse
meu prprio caminho, com, mas sobretudo a partir de,
Derrida. Ou seja, reinventado seu legado, indo mais alm
de sua prpria inscrio.
nesse sentido que uma Associao Brasileira de Es
tudos de Desconstruo, se tal um dia vier luz, deveria
repensar de ponta a ponta seus fundamentos, a fim de evitar
o comunitarismo. Derrida em diversos momentos marcou
distncia em relao ideia de comunidade.33 Segundo seu
bigrafo, isso comeou no momento em que se viu segre
gado em sua Arglia natal e obrigado a frequentar uma
escola exclusiva da chamada comunidade judia. Inmeras
31 J. Derrida, Freud et la scne de rcriture, em Lcriture et la diffrence, Paris,
Seuil, 1967, p. 293-340.
32 Idem, De la GrammatologU, Paris, Minuit, 1967, p. 158.
33 C, em particular, Idem, Politiques de lamiti; suivi de Ibrele de Heidegger,
Paris, Galile, 1994.
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- literrio, filosfico e cientfico, jornalstico, coloquial no se presta, o tempo todo, a essa leitura? Dependendo
do tipo de discurso que acabei de nomear - mas haveria
outros - a forma desse prestar-se a [lending oneself]
diferente. Seria preciso analis-lo de maneira especfica
a cada caso. Inversamente, em nenhum desses casos -se
simplesmente obrigado a realizar essa leitura. A literatura
no tem nenhuma originalidade pura nesse sentido. Um
discurso filosfico, jornalstico ou cientfico pode ser lido
de forma no transcendente. Transcender, nesse caso,
significaria ultrapassar o interesse pelo significante, pela for
ma, pela linguagem (observe que eu no digo pelo texto),
na direo do sentido ou do referente (essa a definio da
prosa, um tanto simplista mas bastante cmoda, de Sartre).
possvel fazer uma leitura no transcendente de qualquer
tipo de texto. Alm disso, no h nenhum texto que seja
literrio em si. A literariedade no uma essncia natural,
uma propriedade intrnseca do texto. o correlato de uma
relao intencional com o texto, relao esta que integra
em si, como um componente ou uma camada intencional,
a conscincia mais ou menos implcita de regras convencio
nais ou institucionais - sociais, em todo caso. Decerto, isso
no significa que a literariedade seja meramente projetiva
ou subjetiva - no sentido da subjetividade emprica ou do
capricho de cada um. Acredito que essa linguagem de tipo
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A. - Tentando aprofundar essa questo, o senhor
diria que a tradio da crtica literria tem se mostrado
to governada pelos pressupostos metafsicos [governed by
metaphysical assumptions] quanto a filosofia, e mais ainda
do que os textos literrios de que trata?
J. D. - Para dar uma resposta rpida, diria que sim.
Porm, simplesmente, do mesmo modo que um discurso
filosfico, uma crtica literria no apenas governada
pelos pressupostos metafsicos [governed by metaphysical
assumptions]. Nada jamais homogneo. Mesmo entre
os filsofos associados tradio mais cannica, as pos
sibilidades de ruptura esto sempre esperando para ser
efetuadas. Sempre pode ser mostrado (tentei fazer isso,
por exemplo, em relao Khra do Timeu10) que os mo
tivos mais radicalmente desconstrutores esto operando
no texto dito platnico, cartesiano e kantiano. Um texto
nunca totalmente governado pelos pressupostos meta
fsicos [metaphysical assumptions]. Portanto, o mesmo
ser verdade para a crtica literria [So the same will be true
for literary criticism]. Em cada caso (e a identificao do
caso, da singularidade, da assinatura ou do corpus j
um problema), h uma dominao, uma dominante, do
modelo metafsico, e ento h contraforas que ameaam
10 J. Derrida, Khra, trad. Ncia Adan Bonatti, Campinas, Papirus, 1995. (N. da T.)
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imediatamente logocntricos do que falocntricos, e vice-versa. Alguns textos assinados por mulheres podem ser
tematicamente antifalocntricos e fortemente logocntricos.
Nesse caso, as distines deveriam ser depuradas. Mas, em
ltima instncia, a dissociao radical entre os dois temas
a rigor impossvel. O falogocentrismo uma coisa nica,
embora seja uma coisa articulada que exige estratgias
diferenciadas. Isso o que est em jogo em alguns debates,
reais ou virtuais, com feministas militantes, as quais no
entendem que, sem uma leitura exigente do que articula
logocentrismo e falocentrismo, em outras palavras, sem
uma desconstruo consequente, o discurso feminista se
arrisca a reproduzir, de forma bastante grosseira, aquilo
mesmo que supostamente critica.
D. A. - Passemos agora para autores e textos especficos.
Numa entrevista, o senhor se referiu a Samuel Beckett,
juntamente com outros escritores, cujos textos abalam
os limites de nossa lngua. Ao que saiba, o senhor nunca
escreveu sobre Beckett. Trata-se de um projeto futuro ou
h razes para esse silncio?
J. D. - Uma resposta breve. Esse um autor do qual me
sinto muito prximo ou do qual gostaria de me sentir muito
prximo, mas tambm do qual me sinto prximo demais.
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