BRASIL - Guia Prático Do Programa de Saúde Da Família

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Guia prtico do

Programa Sade da Famlia

PROGRAMA SADE DA FAMLIA

Que todos sejam saudveis


Na rea social, o Brasil trava uma luta antiga contra a ditadura dos nmeros relativos. Nosso pas to grande, os problemas sociais aqui so to vastos que avanamos de maneira extraordinria nos nmeros absolutos, mas no na mesma proporo em nmeros relativos. Na sade, por exemplo, o Brasil dos ltimos anos j realizou mais que Cuba e Holanda juntas e multiplicadas, em nmeros absolutos. Nosso Programa Sade da Famlia d cobertura, atualmente, a mais de 38 milhes de brasileiros ou quase quatro vezes a populao de Cuba e mais de duas vezes a populao da Holanda, dois pases respeitados internacionalmente por sua Medicina. Nos nmeros relativos, entretanto, os nossos 38 milhes significam 23% da populao brasileira. Estamos bem distantes dos 100% que recebem cobertura na Holanda e em Cuba. Longe de nos desanimar, porm, essa comparao deve nos estimular. De 1994 at 2001, conseguimos levar Ateno Bsica a quase um quarto dos brasileiros. Em 2002 deveremos nos aproximar da cobertura para 50 milhes de brasileiros. Quase um tero ou quase 30% da populao. Persistindo nesse esforo, nos prximos anos alcanaremos 100% de cobertura e teremos vencido a ditadura dos nmeros relativos. Uma das armas para essa luta o Guia Prtico do PSF, que o Ministrio da Sade coloca hoje em suas mos. Pedimos que o leia com ateno e adote a Sade da Famlia como estratgia para garantirmos vida saudvel para todos os brasileiros.

Jos Serra Ministro da Sade

ndice:
Onde entra a sade a doena vai embora..................................................................................................................................04 E a sade como vai? T melhorando, t ficando boa ................................................................................................................08 Alguns exemplos ......................................................................................................................................................................12 Compensa implantar o PSF numa cidade? ................................................................................................................................13 Lucas do Rio Verde ............................................................................................................................................................14 Belm ................................................................................................................................................................................16 Esperana ..........................................................................................................................................................................17 Florianpolis ......................................................................................................................................................................19 Campo Grande ..................................................................................................................................................................20 Caruaru ..............................................................................................................................................................................21 Pedras de Fogo ..................................................................................................................................................................22 Piraju ..................................................................................................................................................................................23 So Gonalo ......................................................................................................................................................................24 Vitria ................................................................................................................................................................................25 Vitria da Conquista ..........................................................................................................................................................26 Depoimentos: O agente a gente (ACS) ..................................................................................................................................................28 Ateno desde o incio da vida (Usurios) ..........................................................................................................................34 A fora de quem decide (Prefeitos) ....................................................................................................................................38 No comando (Secretrios Municipais de Sade) ....................................................................................................42 Da boca, do corpo, da vida (Odontlogos) ....................................................................................................46 Auxiliar (Auxiliares de Enfermagem) ..............................................................................................................48 Ocupao plena e qualificada (Enfermeiros) ..................................................................................................50 Eles cuidam de cada um, eles cuidam de todos (Mdicos) ..........................................................................................52

Equipe do Programa Sade da Famlia (uma viso da equipe profissional, e espacial da organizao do programa e sua insero no SUS) ............................................................................folder

Daqui pra frente tudo vai ser diferente (como aderir ao PSF) ........................................................................................................56 Por favor, responda sinceramente: Os servios pblicos de sade merecem confiana? Voc deixaria seu filho ser atendido em uma unidade bsica de sade de seu municpio? ..................................................58 Principais responsabilidades da Ateno Bsica a serem executadas pelas ESF e ESB nas reas prioritrias da ABS NOAS 2001 Aes de Sade da Criana ......................................................................................................................................................60 Aes de Sade da Mulher........................................................................................................................................................61 Controle da Hipertenso ..........................................................................................................................................................62 Controle da Diabetes Melittus. ..................................................................................................................................................63 Controle da Tuberculose............................................................................................................................................................63 Eliminao da Hansenase..........................................................................................................................................................64 Aes de Sade Bucal ..............................................................................................................................................................64 Unidade de Sade da Famlia ......................................................................................................................................................65 Quantas equipes atuam numa USF? ..........................................................................................................................................66 Quanta pessoas so atendidas pelas ESF?..................................................................................................................................67 Quem so os componentes de uma ESF? ..................................................................................................................................67 A Sade Bucal faz parte da Sade da Famlia? ..........................................................................................................................68 Como deve ser a atuao da ESB numa USF?............................................................................................................................69 A implantao do PSF deve comear pela periferia? ................................................................................................................70 A demanda aumenta no incio da implantao?........................................................................................................................71 Que instalaes e equipamentos deve ter a USF? ......................................................................................................................71 Bases das Aes da ESF e ESB ......................................................................................................................................................73 Planejamento de aes..............................................................................................................................................................73

2 Guia Prtico do PSF

Pertencentes comunidade onde atuam, os Agentes Comunitrios de Sade so capacitados para ajudar a melhorar a qualidade de vida de seus vizinhos

O agente

a gente
O Agente Comunitrio de Sade (ACS) capacitado para reunir informaes de sade sobre a comunidade onde mora. um dos moradores daquela rua, daquele bairro, daquela regio. Tem bom relacionamento com seus vizinhos. Tem condio de dedicar oito horas por dia ao trabalho de ACS. Orientado pelo mdico e pela enfermeira da unidade de sade, vai de casa em casa e anota tudo o que pode ajudar a sade da comunidade. Em sua grande maioria, os agentes so mulheres. Contamos aqui sobre o trabalho de cinco agentes: Izete, da Ilha do Combu, perto de Belm; Cleison, de Brumadinho, perto de Belo Horizonte; Ivaneide, de Caruaru, Pernambuco; Ana Lcia, de Pedras de Fogo, na Paraba, perto de Campina Grande; e Slvia de Piraju, So Paulo.

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Ferver a gua, usar plantas da regio


Izete dos Santos Costa, 37 anos, nasceu, cresceu e sempre viveu na Ilha do Combu, onde Agente Comunitria de Sade. Antes (e desde os 9 anos de idade) era empregada domstica: Aqui no tem muita opo de emprego. O trabalho de Agente Comunitria de Sade duro, mas compensador: So oito horas dirias, umas oito visitas por dia. Mas ganho R$ 204, o dobro do que ganhava em meu emprego anterior. Ainda mais compensador, para Izete, fazer parte de um trabalho que est ajudando a melhorar a vida da sua comunidade: A assistncia sade melhorou 100% com a implantao do PSF.

Como a ilha cortada por rios e igaraps, as visitas dos cinco agentes em ao na Ilha do Combu tm que ser feitas em pequenas canoas, ou cascos, como se diz na regio: Cada agente tem seu casco e seu remo. s vezes a mar est agitada, ou passa uma lancha e balana o casco. Os principais problemas dos moradores, segundo Izete, so a desnutrio, devido carncia alimentar, e a diarria, causada pela pouca gua potvel. Nas visitas, ela ensina a ferver a gua, a colocar gotas de gua sanitria (hipoclorito) antes de beber: As casas no tm gua encanada, nem esgoto. Os moradores bebem a gua do rio. Outro problema do Combu o alto ndice de anemia entre as crianas, segundo levantamento feito pelo PSF em parceria com o hospital da Universidade Federal do Par. Izete conhece bem esse problema: A alimentao pobre. Ns orientamos as mes a utilizarem as plantas da regio, como a vernica e o cip.

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Vigilncia contnua sade


Cleison Morais Pinto, 19 anos, agente comunitrio de sade em Inhotim, distrito de Brumadinho, na regio metropolitana de Belo Horizonte. So dois agentes na mesma equipe, ele e Ivone de Jesus. Somos os caaenfermos, brinca Cleison. Diariamente, os dois visitam em torno de 25 famlias cada um. So responsveis pelo cadastramento e tambm pela convocao da populao para as campanhas de vacinao, o que feito nas visitas domiciliares e na colagem de cartazes nos pontos acessveis, pela entrega de receitas e controle do peso das crianas de at 3 anos.

Est melhor que antes


Agente Comunitria de Sade do PSF em Caruaru, Ivaneide da Silva Santos, 31 anos, faz o curso de Tcnico em Enfermagem e comeou a trabalhar ainda como agente do PACS: Fazia todo o acompanhamento de crianas, de zero a dois anos, das gestantes, dos idosos... Quando identificava alguma doena, avisava a enfermeira, que ia l reavaliar e providenciar o atendimento. Ivaneide diz que, antes, o mais difcil eram as reclamaes de que havia muitas filas e a venda de fichas solicitadas para determinadas consultas e exames: Muita gente iniciava o tratamento, mas no dava continuidade. Ivaneide trabalhava oito horas por dia como agente do

Os dois trabalham oito horas por dia e recebem R$ 220,00 por ms, cada. Cleison acha compensador: Mesmo sendo cansativo, um trabalho gostoso. bom ajudar as pessoas. E noite dou uma esticada na quadra poliesportiva da Prefeitura para encontrar com a turma e jogar futebol.

PACS, ganhando um salrio mnimo. Mora h onze anos no bairro de Jardim Panorama, periferia de Caruaru, e tem grande proximidade com a maioria das famlias: Desde o PACS fazia reunies, palestras, campanhas de vacinao utilizando uma rea da casa do meu pai. Acho que isso influiu para atrair as pessoas.

Falta de segurana, de escola pblica e de pavimentao so os principais problemas da comunidade, segundo a agente. Como virtudes, ela aponta a unio entre os moradores, bastante atuantes com sua associao de bairro. Para se tornar uma Agente de Sade, Ivaneide se submeteu seleo e passou por um treinamento de dois meses, incluindo a parte prtica com acompanhamento dos instrutores nas comunidades. Em fevereiro de 2001, passou a integrar o PSF: Antes de conhecer o programa, eu tinha noo de que ia ser bem rpido, como est sendo, para marcar as consultas e resolver os problemas. Ivaneide continua trabalhando oito horas por dia, mas diz que aumentaram muito a responsabilidade e o compromisso com a comunidade: Mesmo assim, est melhor que antes, porque tenho mais o que oferecer para as famlias, principalmente para aquelas pessoas que cobram mais ateno, como idosos e gestantes.

Hoje tenho mais segurana


Ana Lcia da Silva, 31 anos, Agente Comunitria de Sade do PSF em Pedras de Fogo-PB. Comeou a atuar ainda no PACS, em 1995: Admirava o trabalho dos agentes e, quando surgiu oportunidade, fiz a seleo e passei. Ana Lcia conta que morava na comunidade havia apenas quatro anos, mas j conhecia bem os seus problemas. Desemprego, gravidez na adolescncia, baixo ndice de amamentao, mortalidade infantil so algumas das dificuldades enfrentadas at hoje, apesar da melhora nesses indicadores de sade. Como virtudes, ela aponta a participao das famlias nas aes de sade e a confiana no trabalho dos agentes. No treinamento como agente, aprendeu a acompanhar crianas, gestantes, incentivar o aleitamento materno, monitorar hipertensos, prestar primeiros socorros, entre outros

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procedimentos. Integrante do PSF desde 1999, Ana Lcia diz que sua atuao hoje mais fcil, porque h mais integrao entre mdico, enfermeira, auxiliar, enfim, toda a equipe: Nos tornamos mais prximos das famlias. como se hoje eles se sentissem mais protegidos. Ana Lcia confessa que tinha receios em relao ao programa, achava que representaria apenas mais trabalho para o agente: Hoje vejo que o PSF fundamental na vida da comunidade e na minha vida. Mesmo com todo empenho que precisamos ter, vale a pena. A principal mudana, para Ana Lcia, foi a sensao de tranqilidade: Existia em mim um certo medo, da morte de crianas por exemplo. Hoje, tenho mais segurana no resultado do nosso trabalho. Ana Lcia participa tambm de um grupo catlico que alia ajuda material a orientaes sobre sade, educao e outras reas, em comunidades carentes.

marido, integrante da associao dos amigos do bairro. Como preenchia os requisitos bsicos ser moradora do bairro, ter bom engajamento na sociedade, estar disposta a trabalhar oito horas por dia , Slvia se inscreveu, passou por uma entrevista e conseguiu ser contratada. Depois de admitida, Slvia recebeu um treinamento, orientada pelas enfermeiras e por toda a equipe do PSF. Ela acredita que o maior treinamento o do dia-a-dia, quando observa os pacientes e ouve os comentrios dos profissionais de sade. Caminhando pelas ruas de sua rea de trabalho, ela vai apontando as casas e comentando sobre a situao de cada morador: Um paciente, o seu Almino, quando eu no o visito, aparece na unidade e pergunta: Cad a Slvia?. Ele hipertenso, tem problema de corao e s vezes esquece de pegar o remdio, atrasa. Da eu vou atrs.

Treinamento no dia-a-dia
Slvia Schmidt Domingues, 42 anos, de Piraju-SP, comeou a trabalhar aos 14 anos, como auxiliar de escritrio. Mais tarde, foi auxiliar de monitora, numa creche, emprego de 8 horas por dia. Lembra que ganhava razoavelmente bem. Casou-se e parou de trabalhar fora de casa at os 35 anos, quando passou a integrar o PSF, por sugesto do

Cada paciente controlado por meio de uma carteirinha: Tudo registrado. Quem precisa pegar medicamento, quem hipertenso, gestante, desnutrido, deficiente mental, alcolatra Para Slvia, o pior numa comunidade so os problemas sociais, porque produzem reflexos em cascata. Com o desemprego, por exemplo, o chefe de famlia fica desiludido e comea a beber. Isso repercute em tudo: a mulher se torna hipertensa, a filha se descuida e engravida uma coisa vai levando a outra.

Agentes em ao
A implantao do Programa de Agentes Comunitrios de Sade (PACS) considerada uma estratgia transitria para o estabelecimento de vnculos entre os servios de sade e a populao. estimulada at que seja possvel a plena expanso do Programa Sade da Famlia (PSF), ao qual os Agentes Comunitrios so gradativamente incorporados. O Agente Comunitrio de Sade responsvel pelo acompanhamento de aproximadamente 150 famlias que vivem no seu territrio de atuao. Ele necessariamente um morador da localidade onde trabalha e, por isso, est totalmente identificado com a sua comunidade, com seus valores, seus costumes e sua linguagem. Sua capacidade de liderana se converte em aes que melhoram as condies de vida e de sade da comunidade. Nas reas onde o PSF ainda no foi implantado, os Agentes Comunitrios esto vinculados s unidades bsicas tradicionais e so capacitados e supervisionados por enfermeiros para o desenvolvimento de aes de preveno de doenas e de promoo da sade. O Brasil j tem mais de 140 mil Agentes Comunitrios, que esto em ao em mais de 4 mil municpios de todas as regies do pas. Isso significa dizer que quase metade da populao brasileira j recebe o acompanhamento dos Agentes.
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Os pacientes se sentem respeitados nas localidades onde implantado o PSF. Recebem assistncia constante da equipe, gostam de ser tratados como pessoas

Ateno
desde o incio da vida
Um dos pontos mais fortes do Programa de Sade da Famlia (PSF) a busca ativa: a equipe vai s casas das pessoas, v de perto a realidade de cada famlia, toma providncias para evitar as doenas, atua para curar os casos em que a doena j existe, d orientao para garantir uma vida melhor, com sade. Os pacientes notam grande diferena em relao ao tipo de medicina que antes recebiam (quando recebiam). Apresentamos aqui cinco pacientes: a paulista Snia Maria, de Piraju; a paraense Cleuza, da Ilha do Combu, perto de Belm; a catarinense Maria, de Florianpolis; a matogrossense Conceio, de Lucas do Rio Verde; e a mineira Hilda, de Brumadinho, na regio de Belo Horizonte.
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Na casa de madeira com apenas um cmodo de aproximadamente 3 por 4 metros, vivem Cleuza, o marido e um casal de filhos de 4 e 2 anos. A alimentao da famlia se resume, basicamente, farinha de mandioca e ao aa, que o marido colhe e vende em Belm. As visitas dos agentes comunitrios de sade j comearam a mudar a rotina da casa. A gente no deixa mais o lixo espalhado pelo quintal. E trata a gua que bebe, diz Cleuza.

A coisa mudou, graas a Deus


Maria Cardoso Vargas, 56 anos, me de Evaldo, 27 anos, o nico de seus seis filhos que continua morando com ela: dos outros cinco, um morreu e quatro so casados. Evaldo fazia bicos como carregador de caminhes, em Florianpolis. Fazia ponto num trevo da BR-101. Ali foi

Senti confiana na hora


Snia Maria Nascimento Santos, 34 anos, me de Rafael, recm-nascido. No trabalha fora de casa. O marido torneiro mecnico. Mora em Piraju-SP h 10 anos. Gosta do bairro onde vive. Acha que falta campo de trabalho e moradias mais dignas: s vezes, duas famlias moram numa casa s. Snia vem recebendo atenes do PSF desde que ficou grvida. Diz que a principal mudana na sua vida, depois do PSF, o relacionamento com o mdico: Antigamente, o mdico no dava ateno, fazia tudo rapidinho para ir embora. Agora eles at fazem consulta em casa, quando a gente no pode ir unidade. A pessoa se sente mais valorizada. Snia lembra do comeo do PSF em Piraju, quando vieram os cubanos: Senti confiana na hora.

atropelado, sofreu traumatismo crnio-enceflico, ficou internado durante um ano e trs meses. Quando recebeu alta, no conseguia andar, falar, nem se alimentar direito. Para cuidar de Evaldo, Maria teve que abandonar o emprego de servente em uma empresa que prestava servio de manuteno na Escola Tcnica Federal, onde ganhava R$ 180,00 por ms: Quando ele chegou do hospital, na primeira semana, foi um sufoco. Eu no tinha nenhum treinamento para dar banho ou fazer curativos. Ento, Maria entrou em contato com a Equipe de Sade da Famlia em seu bairro: Depois que falei com o pessoal do posto, a coisa mudou muito, graas a Deus. O mdico vem aqui uma vez por ms. A Amlia vinha todo dia, no comeo, agora vem trs vezes por semana. Temos tratamento, curativos e remdios. Amlia, que Maria cita nomilamente, a auxiliar de enfermagem Amlia Rosane Oliveira da Silveira, do PSF em Florianpolis. Maria tem conscincia de que o PSF tem sido decisivo na melhora verificada em seu filho. Ele precisou sofrer uma traqueostomia (abertura de orficio na traquia, na garganta), tinha dificuldade de se alimentar e, segundo o mdico, s voltaria a falar quando o orifcio fechasse. A dedicao da equipe do PSF abreviou a recuperao de Evaldo, segundo Maria: Ele comeou a aceitar a alimen-

A gente trata a gua que bebe


Na Ilha do Combu, perto de Belm-PA, os moradores eram doentes mas, como raramente iam ao mdico, nem sabiam do que sofriam. A gente quase no ia ao mdico porque era difcil. Tinha que pegar o barco. Agora ns temos a Casa Famlia aqui, na ilha, conta Cleuza Pereira Gonalves, de 22 anos.

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tao. Hoje ele chega a me chamar de chata, de vez em quando, mesmo com a garganta no totalmente cicatrizada. Maria tambm precisa de cuidados, pois hipertensa. Mas antes de tudo coloca Evaldo, torcedor do Flamengo, cujo pster de campeo orna a parede do humilde quarto onde se recupera.

Mato Grosso, a 330 Km de Cuiab, sobre as mudanas ocorridas desde a implantao do PSF no municpio, em outubro de 1998.

Preciso cuidar mais de mim


Hilda Marques Amorim, 48 anos, casada, dois filhos, mora em Inhotim, regio rural de BrumadinhoMG. Ela conta que sempre evitou os mdicos: Na hora do parto, eu achava difcil ter o nenn quando o mdico entrava no quarto do hospital. Hoje ela j participa das reunies mensais na igreja do distrito, oferece cafezinho para a equipe do PSF e perdeu o medo do contato com o mdico. Hilda diabtica e hipertensa. Recebe orientao e remdios da equipe do PSF. Sua presso est se normalizando. Sua filosofia de vida mudou: Preciso cuidar mais de mim, porque a vida no s cuidar de casa e marido. Com a equipe perto da minha casa, no preciso ir cidade para cuidar da sade.

Acabou a fila, acabou a espera


Antes era um grande sacrifcio conseguir atendimento mdico. Voc ia ao Posto de Sade, enfrentava uma fila enorme para agendar a consulta. Na consulta, se o mdico solicitasse um exame, era mais uma longa espera. Hoje diferente. Sei que posso contar com o pessoal, na unidade e quando no posso ir l, eles vm aqui em casa medir minha presso. Ento, fica mais fcil eu controlar, alm claro das palestras, que nos ajudam a viver melhor. Testemunho de Conceio Gonalves, 66 anos, moradora de Lucas do Rio Verde, no mdio norte de

Cabe aos prefeitos a deciso poltica de adotar o PSF. Depois, preciso vontade poltica e competncia, para implantar o programa

A fora de

quem decide
As cidades implantam o Programa Sade da Famlia por insistncia da comunidade (que v bons resultados em municpios vizinhos), por necessidade de achar uma soluo para os graves problemas de sade locais, por influncia de algum mdico da rede pblica, por estmulo do Ministrio da Sade, da Secretaria Estadual de Sade. Qualquer que seja a razo determinante, no final de tudo o sucesso da implantao do PSF vai depender do prefeito. ele quem toma a deciso. Na fase seguinte, o prefeito precisa ser determinado, perseverante, competente. Ele tem que estar consciente de que os bons resultados viro, com certeza, mas vo exigir pacincia, tempo. Mostramos aqui o pensamento e a ao de trs prefeitos que implantaram o PSF em suas cidades: Luiz Paulo Vellozo Lucas, de Vitria-ES; Andr Puccinelli, de Campo Grande-MS; e Guilherme Menezes, de Vitria da Conquista-BA.
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O novo conceito desospitalizar


Com a palavra o prefeito de Vitria-ES, o economista e engenheiro Luiz Paulo Vellozo Lucas: O xito do Programa Sade da Famlia, em Vitria, pode ser medido pela perspectiva real de virmos a ter cobertura de 100% da cidade at o final de meu mandato. Comeamos pelas reas habitadas pela populao de renda mais baixa. Essas reas j esto cobertas. Agora estamos levando cobertura para as reas habitadas pela populao de classe mdia. Para toda a populao coberta, as Equipes de Sade da Famlia levam a promoo da sade, a preveno das doenas e tambm a resolutividade, a capacidade de resolver a grande maioria dos problemas de sade. A partir do cadastramento criterioso e atualizado de toda a populao assistida pelo PSF, dedicamos ateno especial s crianas, s mulheres, aos idosos, s pessoas que sofrem doenas crnicas. Mas igualmente muito grande a preocupao com as pessoas que no esto doentes. Em Vitria, o PSF segue exatamente a orientao do Ministrio da Sade, de dar ateno integral. Por isso est sendo bem-sucedido. O novo conceito, que colocamos em prtica em Vitria, o da desospitalizao. Qual o significado prtico desse termo? a soma de promoo, preveno e resolutividade, que resulta no tratamento efetivo das pessoas na prpria Unidade de Sade da Famlia, sem necessidade de atendimento no hospital. O mais comum, nas grandes cidades brasileiras, so aquelas filas enormes nos hospitais da rede pblica, por falta desse trabalho feito na ponta, que de fato um trabalho de ponta, moderno. Dando assistncia integral na Unidade de Sade da Famlia, a grande maioria dos problemas de sade se resolve l mesmo. Nos casos especiais, o atendimento pode ser feito at na casa da pessoa. Apesar dessa dificuldade, a implantao do PSF em Sobral tem dado timos resultados porque, desde o incio, contamos com o entusiasmo, a disposio

e o compromisso dos Agentes Comunitrios de Sade. Temos deficincias, como j disse, mas podemos afirmar que graas a esse empenho foi possvel estender, a todo o municpio, o sistema de ateno bsica. preciso destacar, alis, a atuao de toda a equipe da Secretaria de Sade.

Eles recebem carinho, ateno


O mdico Andr Puccinelli, prefeito de Campo Grande, desde o incio apoiou a deciso de sua equipe de implantar o PSF no municpio: Estou consciente do potencial de retorno que esse trabalho pode dar sade do municpio a curto, mdio e, principalmente, a longo prazo. Antes do PSF, o atendimento da sade em Campo Grande era desenvolvido nos moldes tradicionais, com alguns postos funcionando 24h. Segundo o prefeito, o PSF estabeleceu uma nova relaco de atendimento: Os principais resultados falam por si, pelos nmeros de identificao de problemas e doenas que antes no eram detectadas em postos de sade. Mas o principal resultado a satisfao daqueles que recebem as equipes do PSF. Alm de cuidados mdicos e odontolgicos, eles recebem informao, carinho e ateno. Outro resultado visvel a diminuio da procura pelos convnios particulares de sade: Com os investimentos da administrao municipal na sade, mais a poltica de qualidade total nos servios oferecidos comunidade, os pacientes desses convnios migraram para a assistncia pblica municipal. Desde 1998, Campo Grande uma das cidades que apresentam melhores indicadores de desenvolvimento humano, em todo o Brasil. No ano 2000, o relatrio da Organizao Mundial de Sade (OMS) destacou Campo Grande entre as capitais brasileiras com menor taxa de mortalidade infantil. O que falta fazer para aprimorar o PSF em Campo Grande? Precisamos agir para ampliar. Assim o programa poder chegar a todos os cidados.

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necessrio descentralizar
Com a palavra o mdico Guilherme Menezes, prefeito de Vitria da Conquista-BA: No d para tratar sade pblica sem descentralizar, inclusive dentro do prprio municpio. Foi com esse pensamento que implantamos o Programa de Sade da Famlia em Vitria da Conquista, com resultados animadores. A mortalidade infantil est em 23 por mil e era de 44 por mil. Provavelmente a proporo era pior, pois no d para confiar na informao anterior, j que no havia notificao sistemtica, organizada.

Vitria da Conquista. So mais de 300 deles em seis grupos de convivncia. Viajam em grupo, divertem-se. Um dos resultados mais notveis foi a diminuio dos remdios que os idosos tomavam para dormir. Hoje eles tm grupos de diabticos, de hipertensos. Todo ms organizam festa para os aniversariantes. Qualquer municpio pode montar um programa como o Vivendo a Terceira Idade, de Vitria da Conquista. Temos conseguido bons resultados. Fazemos a nossa parte com entusiasmo e recebemos muito apoio, a comear pelo Ministrio da Sade. A Fundao Abrinq destacou o trabalho que fazemos pelas crianas no municpio. O cineasta Walter Salles, que rodou aqui grande

Fundamentais para esse resultado foram aes como suplementao alimentar e atendimento s gestantes. A introduo dos exames de HIV permitiu tratamento j de nove mes soropositivas, cujos bebs nasceram sem o vrus. Tambm os idosos merecem ateno especial, em

parte do seu filme Central do Brasil, est sempre colaborando; no comeo deste ano, contribuiu com R$ 30 mil para montarmos uma sala de dana, completa, para as crianas. O trabalho que fazemos pela Sade Bucal, dentro do Programa Sade da Famlia, apareceu com destaque at em capa de revista. bem assim o PSF: d trabalho, mas compensa.

No comando
Nas cidades onde funciona o Programa Sade da Famlia (PSF), o comando geral das aes fica por conta do Secretrio Municipal de Sade. Mesmo quando o prprio prefeito mdico. Na maioria dos casos, foi o secretrio quem teve a idia e deu os primeiros passos para a implantao do programa. no secretrio que o prefeito se apia para que o PSF passe a fazer parte do sistema municipal de sade, dentro de uma nova lgica de integrao ampla com a comunidade. Aqui, mostramos dois secretrios municipais de sade: o pernambucano Oscar Capistrano, de Caruaru, e o baiano Jorge Solla, de Vitria da Conquista. Mostramos ainda uma ex-secretria, Ana Tereza, de So Gonalo-RJ.

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Responsvel direto pela operao e manuteno do PSF, o Secretrio Municipal de Sade muitas vezes tambm um dos maiores inspiradores da implantao do programa no municpio.

da operao

A prpria unidade resolve os problemas


O secretrio de sade de Caruaru, Oscar Capistrano dos Santos, 42 anos, comeou a trabalhar como mdico no municpio pernambucano de Ribeiro, onde estagiou no hospital geral e depois especializou-se como cirurgio. Teve o primeiro contato com o PSF no municpio vizinho de Bezerros, onde implantou o programa como secretrio de sade: Sempre acreditei que o PSF poderia revolucionar por dar importncia ateno bsica, com promoo da sade, disseminando conceitos de forma educativa e preventiva junto comunidade. Os resultados do programa em Caruaru so visveis e

vo ao encontro das necessidades da populao, na avaliao do secretrio. Ele cita o controle de doenas como tuberculose, hipertenso e diabetes, alm da reduo da mortalidade infantil e do acompanhamento s gestantes no pr-natal, entre outros indicadores: O vnculo das equipes de sade com as famlias faz com que conheam melhor a realidade e trabalhem com mais dedicao. Uma das aes mais recentes e que est alcanando grande xito a utilizao de motocicletas para coleta descentralizada de material para os exames de laboratrio. So trs motos, chamadas de mdulos volantes de coleta, que atendem a todas as unidades do PSF com datas pr-agendadas. Transportam o material coletado e dias depois retornam Unidade de Sade da Famlia com os resultados dos exames.

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Com essa soluo, Caruaru ampliou a relao entre a USF e a rede local de sade. Observao do secretrio Oscar Capistrano: O paciente no precisa sair de seu trabalho para ir cidade fazer exame. A equipe de sade passa a ter informaes que permitem resolver os problemas na prpria unidade. S mesmo os casos excepcionais que so encaminhados ao hospital.

de Sade em Vitria da Conquista. Ela secretria municipal de Sade de Alagoinhas. Solla se formou em medicina em 1984, na UFBA. Fez residncia em medicina social, nos dois anos seguintes. Tem mestrado em sade comunitria, tambm na UFBA. Pertencente aos quadros do Instituto de Sade Coletiva, da UFBA, desde 1987, foi assessor da Secretaria Municipal de Sade de Salvador, em 1997-1998.

A mquina federal mais avanada


A mdica Ana Tereza da Silva Pereira Camargo, ex-secretria de Sade do municpio de So Gonalo, na Grande Rio, formou-se no Rio de Janeiro, com mestrado no Instituto de Medicina Social da UERJ. Fez carreira em importantes setores da Secretaria Estadual de Sade, no Rio de Janeiro, e no Ministrio da Sade, em Braslia. Em dezembro de 2000 iniciou, em So Gonalo, sua primeira experincia municipalista, encerrada com seu afastamento em setembro de 2001. Ana Tereza comenta: no Ministrio, h um computador para cada dois funcionrios, enquanto na esfera municipal preciso mandar consertar mquina de datilografia. A mquina federal muito mais avanada. Ainda assim, ficou fascinada com o que comeou a fazer em So Gonalo. Uma grande vantagem que, como secretria da Sade, tambm gerenciava o Fundo Municipal de Sade (que controla as verbas e antes tinha gestor separado). A realidade do municpio, constatou Ana Tereza, bem diferente da viso que se tem distncia: No d para dizer que toda a culpa do municpio. H falta de quadros nos municpios, por exemplo. No h corpo tcnico. As contrataes muitas vezes tm que ser improvisadas, margem do que a legislao prev.

Cuidou de vigilncia epidemiolgica no Hospital So Jorge. Atuou tambm no Departamento de Assistncia Sade, da Secretaria Estadual de Sade. Deu aula de sade pblica, epidemiologia, medicina e nutrio, coordenou residncia de medicina social. Exerceu a direo executiva do Plo Estadual de Capacitao em Sade a Famlia. Com toda essa experincia, Solla afirma: O sucesso da Sade da Famlia em Vitria da Conquista vem da vontade poltica do prefeito e sua equipe. So altos os nveis de competncia e comprometimento. Tambm alto o nvel de investimento em sade pblica. O Centro de Processamento de Dados (CPD) municipal d suporte total. O trabalho de sade bucal feito em sintonia com a com administrao. A Secretaria de Obras entrou firme na reforma do Hospital Esa Matos. A manuteno da frota do PSF garantida pela administrao. A Secretaria de finanas tambm trabalha muito prxima, afinada. O elogio de Jorge Solla ao engajamento da Prefeitura retribudo pelo prefeito, o tambm mdico Guilherme Menezes, que aponta a Secretaria da Sade e o PSF como fatores decisivos para a integrao de toda a administrao municipal. A integrao, alis, um dos pontos que Jorge Solla destaca na Sade da Famlia: A ateno s gestantes garantiu o acesso aos exames que permitiram a constatao de nove casos de mulheres que tinham o vrus da AIDS, eram soropositivas, mas com os devidos cuidados os bebs nasceram sem o vrus. Tudo assim,

O sucesso vem da vontade poltica


O mdico baiano Jorge Solla, de Salvador, 40 anos, casado com a enfermeira Marlia Fontoura, professora da Escola de Enfermagem da UFBA. Ele secretrio municipal

na Sade da Famlia. Nenhum caso cuidado de maneira isolada. Todos os integrantes das Equipes de Sade da Famlia so conscientes da importncia de dar assistncia a todas as pessoas de cada casa, a todas as casas de cada rua, num processo que beneficia a comunidade toda e que articula outros setores da administrao, para melhorar a sade da populao.

Guia Prtico do PSF 45

Da boca, do corpo,

da vida
As aes de sade bucal tornam as aes de Sade da Famlia mais completas, mais eficazes. esencial, no entanto, que as Equipes de Sade Bucal trabalhem em sintonia perfeita com o restante da unidade bsica. Alm da dedicao integral, com jornadas dirias de 8 horas, as ESB tm que entender o conceito de Sade da Famlia, que no se limita a ver o indivduo isoladamente. preciso cuidar da boca, do corpo todo, da vida da pessoa em todos os seus aspectos, quando a odontologia se incorpora ao PSF. Curitiba uma das cidades onde a integrao da sade bucal Sade da Famlia tem apresentado melhores resultados. So de l os trs profissionais que ouvimos para falarem de suas experincias no PSF: Eneida, Ademar e Zil.

Me tornei uma pessoa melhor


Com a palavra a cirurgi-dentista Eneida Cristina Prochmann, 41 anos, formada h 16 anos: Tenho cinco anos de PSF. No incio, dividia o tempo entre unidades bsicas de sade e consultrio particular. Como fiz ps-graduao em Sade Pblica, j tinha uma vocao para trabalhar com as comunidades. Mas, atender as famlias com uma carga horria de apenas 4 horas era muito difcil. Agora, com 8 horas, as chances de sucesso aumentam. Antes no conseguamos dar continuidade ao trabalho. No tnhamos ferramentas de avaliao, nem uma rea de abrangncia. Com o PSF, me tornei uma pessoa melhor, mais humana. Minha auto-estima aumentou muito. No tenho mais uma viso fragmentada do atendimento sade. Vejo com carinho a comunidade onde atuo. E em troca eles me reconhecem, nosso vnculo fica mais forte dia aps dia. muito gratificante ver que o nosso trabalho tem continuidade. Hoje posso pensar mais no adoecer e menos na doena. Uma gripe pode ser mais ou menos complicada se voc tiver um histrico do paciente. No s clinicamente, como uma hipertenso, mas tambm se h um desempregado na famlia. A viso integrada entre sade bucal e a parte mdica e de enfermagem, por meio de aes multidisciplinares, fundamental. Muitas vezes, pedimos mais ateno de uma criana escovao dos dentes, quando na verdade ela no possui uma escova e muito menos gua encanada em sua residncia. Conhecendo a famlia, voc conhece tambm as suas prioridades, e a sade como um todo. No apenas a sade bucal. No atendimento a uma criana, no olhamos s a boca. Olhamos tambm a sua dieta, sondamos se h dinheiro para comida, piolho na cabea, e qual a situao dos dentes do pai, da me, dos irmos.

Com o PSF o trabalho mais gratificante. Como profissional e como cidado. Hoje tenho uma leitura diferente da populao que atendo. Consigo perceber e mensurar a evoluo do meu trabalho e como ele influencia na sade da populao. Antes a referncia era o nmero de atendimentos. Agora tratamos da sade da famlia e da comunidade. Com isso temos maior respeito das pessoas e mais auto-estima. Agora conseguimos planejar melhor as aes, com foco nas famlias, e no s no indivduo. Integrar a sade bucal parte mdica e de enfermagem, com aes multidisciplinares, a receita para o sucesso nas aes de sade como um todo. Por exemplo, agora sabemos quando uma idosa hipertensa ou com que mdico tal gestante est fazendo o pr-natal. Isso aumenta as chances de conseguirmos resultados positivos. A viso do nosso exerccio profissional muda. No pensamos mais somente em termos da boca. Estando presentes nas casas das pessoas, podemos atuar na rea da educao em sade e tambm orientar quanto a questes sociais outras, como registro civil, desemprego. Somos grandes amigos da comunidade onde atuamos.

Minha viso de sade mudou


Com a palavra a cirurgi-dentista Zil Ferreira Dias Gonalves dos Santos, 39 anos, formada h 18 anos: Antes do PSF eu trabalhava na Prefeitura, como chefe de setor e como dentista em unidade bsica. Atuei tambm em consultrio particular. Eu sentia a necessidade de desenvolver aes mais abrangentes na comunidade. A unidade bsica fica limitada a dar apoio clnico. Com o Programa Sade da Famlia, os profissionais tm a opor-

Somos amigos da comunidade


Com a palavra o cirurgio-dentista Ademar Csar Volpi, 35 anos, formado h 14 anos: Antes do PSF trabalhei na Marinha, durante dois anos. Em Curitiba, atuei em consultrio particular e na rede municipal de sade, por dez anos, como chefe da unidade de sade e coordenador de distrito. Estou no PSF h trs anos. Antes, no havia uma atuao abrangente em termos de sade. No encarvamos o indivduo dentro do ambiente de sua famlia, de sua situao social.

tunidade de realizar aes diferenciadas. Minha viso de sade mudou, pois o PSF me deu a oportunidade de fazer algo mais. Melhorei como profissional, adquiri experincia. Passei a ver mais o lado humano das pessoas. Elas tm muitas dificuldades e eu posso ajud-las. Usando os princpios do PSF podemos com certeza melhorar a qualidade de vida das pessoas. Acho que o PSF est caminhando. J aprendemos muito, mas temos muito para aprender. Os profissionais que exercem cargo de chefia precisam de preparao e formao, talvez um curso introdutrio, para entenderem a filosofia do PSF.
Guia Prtico do PSF 47

Nas equipes do Programa de Sade da Famlia, o auxiliar de enfermagem prepara os usurios para consultas, exames, tratamentos, zela pela limpeza dos equipamentos, participa da busca ativa dos casos de tuberculose, hansenase e outras doenas.

para salvar
Fazer o curativo, trocar o curativo, aplicar a injeo, dar o banho, tirar os pontos a atividade do auxiliar de enfermagem mltipla e fundamental nas equipes do Programa de sade da Famlia. Em estreita ligao com o mdico, a enfermeira e o Agente Comunitrio de Sade, os auxiliares de enfermagem tambm conhecem pelo nome as pessoas da comunidade que ajudam a atender. Contamos aqui o trabalho de dois auxiliares de enfermagem: Amlia Rosane, de Florianpolis e Veliton Geraldo, de Brumadinho, perto de Belo Horizonte. o relato de sua paixo pelo trabalho: A enfermagem aplicando injees, fazendo curativos ou atendendo cientfica que pude ter. Mas essa viso comunitria sempre me acompanhou. colegas da rea de enfermagem, que atuam nas duas equipes de PSF do bairro, cabendo a ela fazer os atendimentos domiciliares: Prefiro estar na rua. Se tiver que

Auxiliar
est nas veias. Quando criana, em minha cidade natal (Jaguaro-RS), meus pais j praticavam a enfermagem, algum picado por cobra. S que sem a base terica e Amlia ingressou no PSF em 1996. Gosta tanto da atividade externa que estabeleceu um esquema com as trs

A enfermagem est nas veias


Enquanto caminha pelas estreitas vielas do bairro Monte Cristo, um dos mais carentes da cidade, localizado na parte continental de Florianpolis, a tcnica em enfermagem Amlia Rosane Oliveira da Silveira, 35 anos, vai alternando cumprimentos aos moradores com

ficar trancada no posto de sade, enlouqueo. Enquanto as colegas se encarregam da triagem, da aplicao de vacinas e dos curativos, na unidade de sade, Amlia circula entre as 3.500 famlias do bairro, num total de cerca de 16 mil pessoas. Ainda encontra vitalidade para a jornada dupla, uma vez que, noite, trabalha na Maternidade Carmela Dutra, como funcionria da Secretaria Estadual de Sade.

48 Guia Prtico do PSF

Ela se sensibiliza com as situaes que encontra, como a de dona Maria Cardoso Vargas, 56 anos, e o filho Evaldo, de 27. Fazendo bicos como carregador de caminhes, Evaldo ficava num trevo da BR-101, onde acabou sendo atropelado. Sofreu traumatismo crnio-enceflico e, aps um ano e trs meses de internao hospitalar, recebeu alta, mas no podia andar, falar nem se alimentar direito. Amlia quem ajuda dona Maria a cuidar do filho, que aos poucos se recupera.

Antes, Veliton era cabeleireiro e trabalhava menos: Hoje trabalho o dobro, mas em compensao ganho melhor e, principalmente, estou mais satisfeito. Descobri que esta a minha profisso. Formado em auxiliar de enfermagem pelo curso oferecido pela Secretaria de Sade em Brumadinho, Veliton responsvel pelos curativos nos pacientes, no posto de sade. Tambm costuma atend-los em casa. Num caso e noutro, atencioso, dedicado: Me sinto como se tivesse na minha casa. As pessoas me tratam como membro da famlia e isso muito bom. Segundo Veliton, o contato com as famlias torna o profissional mais humano: O mais importante do PSF que a equipe acompanha integralmente o paciente e no s sua dor de cabea. No modelo antigo de atendimento, as pessoas ficavam distantes.

Descobri que esta a minha profisso


Longas trancinhas soltas sobre a roupa branca, Veliton Geraldo Lopes, 30 anos, auxiliar de enfermagem da equipe do PSF no bairro Progresso, regio urbana de BrumadinhoMG. Contratado para uma jornada de 8 horas, ele conta que normalmente vai alm, chegando a 10 ou mesmo 12 horas.

Ocupao plena

e qualificada
Os enfermeiros acompanham e promovem a capacitao dos agentes e auxiliares, so co-responsveis pela administrao da unidade, e ainda acham tempo para atuar na assistncia.

Os enfermeiros desempenham um papel fundamental nas ESF, pois cabe a eles o acompanhamento e superviso do trabalho, a promoo das capacitaes e educao continuada dos ACS e auxiliares de enfermagem, alm de atuarem na assistncia com nfase na promoo da sade. O trabalho deles, no PSF, mais variado, como se v pelos casos que mostramos aqui: o da paraibana Vera Lcia e os das capixabas Arlete Frank Dutra e Mrcia Valria.

a me sentir mais realizada profissionalmente, satisfeita com a resposta das pessoas e a confiana no nosso trabalho. Vera Lcia diz que algumas famlias a procuram at para tratar de problemas particulares. A unidade do PSF a que est ligada fica no distrito de Massabielle, zona rural de Esperana, e tem 560 famlias cadastradas. Vera Lcia trabalha oito horas por dia. Ela diz que hoje tem mais esperana nos rumos da medicina no pas: Est deixando de preocupar-se apenas com a doenas e o aspecto quantitativo do atendimento.

Uma reviravolta no sistema de sade


Formada pela Universidade Federal da Paraba h nove anos, a enfermeira Vera Lcia Diniz da Silva, 34 anos, conta que j sentia necessidade de um trabalho em equipe e voltado preveno. Com seus professores de faculdade, ela aprendeu que o enfermeiro sozinho no promove sade, preciso o engajamento de toda a equipe.

O crescimento profissional vem logo


As enfermeiras Arlete Frank Dutra, 38 anos, e Mrcia Valria de Souza, 32 anos, ambas graduadas na Universidade Federal do Esprito Santo (Ufes), atuam no PSF de Vitria-ES. Mrcia ps-graduada em administrao de servios de sade. Arlete igualmente especialista em sade pblica. As duas se entusiasmam ao aconselhar os municpios a

Quando comeou a atuar no PACS (Programa de Agentes Comunitrios de Sade) em Esperana-PB, Vera Lcia enfrentou as dificuldades de implantar uma nova filosofia de trabalho e sentia falta de integrao da equipe. Trabalhava dez horas por dia, atuando tambm no centro cirrgico do Hospital de Esperana, para complementar a renda de trs salrios mnimos: Na poca, no tnhamos muitos dados para planejar as aes. Tivemos primeiro que diagnosticar a situao da sade no municpio, para executar o PACS de forma eficiente. As dificuldades de acesso aos servios de sade faziam com que muitos moradores da zona rural deixassem de procurar atendimento: Quando amos atender as mulheres no pr-natal, por exemplo, muitas vezes o mdico no estava junto e elas no queriam se deslocar at a cidade.

se integrarem ao PSF, que definem como um programa que, alm de realizar o tratamento curativo, valoriza a preveno de doenas. A enfermeira Arlete destaca que, normalmente, a maioria dos seus colegas tem atividades burocrticas. Ela prpria gerenciava uma unidade de sade, quando foi convidada a coordenar a implantao do PSF em Vitria. No programa, segundo Arlete, o enfermeiro tem papel decisivo: a mola-mestra da equipe. Faz o trabalho administrativo e assistencial e , ainda, o instrutor e supervisor do Agente Comunitrio de Sade. Tambm faz consultas de enfermagem, sistematizando a assistncia baseada nos protocolos. Todo este trabalho valoriza o papel do profissional, que atua na assistncia e cuidados ao paciente, e em educao para a sade. Igualmente entusiasmada, Mrcia ressalva que o PSF exi-

Vera Lcia lembra tambm que no havia muito contato com as famlias. Ela defende que conhecer bem os integrantes e a situao da famlia fundamental para identificar a origem dos problemas de sade. Ao tomar conhecimento do PSF, teve a impresso de que era o caminho certo para dar uma reviravolta no sistema de sade. Aps seleo realizada no municpio, Vera Lcia entrou no programa e logo notou mudanas em sua vida: Passei

ge do profissional uma constante busca de conhecimentos: No primeiro momento a gente fica chocada. Sente necessidade de estudar, e muito. O crescimento profissional vem logo e os resultados animam. As duas enfermeiras capixabas dizem, em sntese: participar do PSF um desafio para o profissional de enfermagem. Exige qualificao que deve ser buscada diariamente. Mas gratifica pelos resultados.
Guia Prtico do PSF 51

Eles cuidam de cada um,

de todos
Os mdicos do PSF conhecem pessoalmente as famlias de que tratam, sentem-se responsveis pela sade da comunidade onde atuam.
52 Guia Prtico do PSF

Eles cuidam

Na formao de uma Equipe de Sade da Famlia, o profissional mais difcil para se contratar o mdico. Muitos so especialistas que no querem mudar para a prtica da clnica geral. Outros preferem pular de emprego em emprego, de planto em planto, para no fim do ms somar um salrio que lhes parece mais vantajoso. H ainda os que no entendem a grande reviravolta para o bem que o PSF representa. Apesar de toda a dificuldade, milhares de mdicos j aderiram ao programa, no Brasil, e esto satisfeitos com a escolha. Conhecem as pessoas de quem tratam, sabem onde e como elas vivem, sentem-se responsveis pela preservao da sade da comunidade onde atuam. Contamos, aqui, o trabalho desenvolvido por quatro mdicos: o Dr. Alcides, da periferia de So Paulo; o Dr. Colemar, de Lucas do Rio Verde, interior do Mato Grosso; e o Dr. Moacir, de Brumadinho, perto de Belo Horizonte.

Aqui voc se sente mais til


Com a palavra do mdico de famlia Alcides de Oliveira Jr, 48 anos, formado h 25 anos, com especializao em Anatomia Patolgica: Todo mundo acha que eu trabalho demais, mas tenho prazer, gosto do que fao. As ltimas frias de 30 dias que tirei foi h mais de vinte anos. Agora, tenho frias programadas para o perodo de 18 de fevereiro a 18 de maro de 2002. Vou para Santa Catarina, procurar emprego l, mas dentro do PSF. Sou suspeito para falar do PSF, pois sou o f n 1. muito motivador. Aqui, enfrentamos as dificuldades normais de uma unidade instalada na periferia. s vezes, no comeo do dia, recebemos um aviso assim: no d para entrar na rea hoje, que a barra t pesada. s vezes a Polcia que est nas imediaes, capturando algum. So enfim as leis informais que regem a periferia, assim como as que regem o presdio do Carandiru, por exemplo. No queira invadir o ponto do outro, que voc morre. Sabendo respeitar essas leis, d para conviver. S quem no conhece a periferia que tem medo dela. Isso aqui est recheado de gente maravilhosa.

Tem rato passeando no seu barraco, leptospirose, hepatite, desnutrio, anemia. Aqui voc se sente mais til. Muito mais poderia ser feito. Nossa farmcia, por exemplo, um pouco fraca. Poderia haver uma quantidade maior de medicao. Hoje sou casado com uma auxiliar de enfermagem. Ela da rea 3, eu sou da 2. Os nossos bairros so vizinhos. Chego em casa e a gente continua conversando sobre o trabalho. Minha vida inteira se resume a isso aqui.

A qualidade de vida compensa


No foi apenas a populao que se beneficiou com a implantao do PSF em Lucas do Rio Verde. Tambm os profissionais da sade passaram a ter melhores condies de trabalho. Segundo o mdico-ortopedista Colemar Pereira Vasconcelos, 57 anos, a maior conquista do programa foi evitar a superlotao dos Postos de Sade, resultando em atendimento com qualidade superior. Mdico h 30 anos, formado na Universidade Federal

Estudei fitoterapia e medicina natural, comecei meu trabalho como mdico nessa rea mais alternativa. Antes do PSF, eu fazia um trabalho como clnico geral, j gostava de sade pblica. Eu tinha uma noo geral da medicina, porque na Anatomia Patolgica voc obrigado a estudar todos os rgos, todos os sistemas, todas as doenas. No tenho formao como sanitarista, mas acho que meu negcio ir para a prtica.

de Gois, com especializao em ortopedia e traumatologia e ttulo concedido pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumotologia, Vasconcelos h dois anos trabalha no PSF. Chegou, portanto, com a experincia de quem viveu 28 anos no modelo de assistncia mdica tradicional, mais voltada para curar a doena que para evitar que a pessoa adoea. Vasconcelos comeou a trabalhar em Goinia,

Sempre tive uma impresso boa do PSF. Li o livro A Ilha, do jornalista Fernando Morais, que fala da sade em Cuba. Quando eu soube que, no Brasil, havia alguma coisa semelhante medicina de Cuba, me interessei. Fiquei sabendo que abriria um Qualis na Zona Sul de So Paulo, apresentei meu currculo, passei por uma entrevista. Me chamaram, e estou aqui.

como especialista em ortopedia e traumologia: Atuei em minha especialidade, prestei os meus servios a hospitais particulares e tambm na sade pblica. Sempre trabalhei de dez a doze horas por dia, alm dos plantes que so uma constante na nossa profisso. Hoje, como mdico do PSF, Vasconcelos trabalha

Foi uma grande transformao em minha vida, a comear pela vinda para a periferia. s vir para c que voc no precisa mais fazer terapia. Voc v outro sentido na vida. Fora daqui, a maioria das pessoas tem problemas existenciais. Aqui, os problemas so reais.

menos: as 40 horas semanais do programa, sem planto em hospital. Ganha menos? Sim. Mas a qualidade de vida que tenho hoje recompensa.

54 Guia Prtico do PSF

Nos muitos anos em que viveu e trabalhou como especialista, Vasconcelos no tinha conhecimento do PSF: Meu primeiro contato aconteceu basicamente h dois anos, quando cheguei aqui em Lucas do Rio Verde, contratado para fazer parte de uma equipe de Unidade de Sade Famlia. Vasconcelos conta que a principal mudana que sentiu foi no estado emocional: Quem atende casos de emergncia vive um desgaste emocional e fsico muito grande. Voc nunca sabe o que vai atender na hora seguinte, no dia seguinte. No PSF, trabalha-se na assistncia com enfoque especial na preveno, por isso h menos casos de urgncia. E voc no tem que atender a uma multido de pessoas diariamente.

A igreja pequena, limpa, com flores nas jarras e cores nas paredes. As pessoas so idosas, na maioria, vestidas com roupa de domingo e acompanhadas das crianas. O motivo que as leva ali a doena de cada um falado em voz alta e no sussurrado. Como se o problema de um fosse de todos. E , ressalta o mdico Moacir Cerqueira Jnior, ao comentar a importncia do Programa Sade da Famlia para a comunidade. Antes, a doena era uma coisa ruim, escondida. Nem a famlia comentava. Agora, eles discutem entre si o que fazer, e at a famlia participa mais. Na regio, a hipertenso predomina entre os adultos. Entre as crianas a bronquite, provocada pela estrada de terra. Moacir Cerqueira tem 37 anos, formou-se na UFMG e

Frente a frente com as doenas


Doena, na roa, quer dizer silncio, reserva, ningum fala nela. Isso coisa do passado na igreja Santo Antnio, em Inhotim, distrito de Brumadinho-MG, onde todos os meses h uma reunio de todas as pessoas que tm algum tipo de doena e falam disso em voz alta, contam casos, riem, conscientes de que doena para ser enfrentada, evitada e no para ser escondida.

fez especializao em Sade da Famlia. Trabalhou na rea rural na primeira fase de implementao do PSF em Brumadinho, em 1994: Acho importantssimo este programa. A famlia fica mais mobilizada; o paciente, mais autnomo e participante. Segundo ele, aps a reunio mensal, se preciso, ele agenda as pessoas para as consultas mdicas e orienta os ACS para visitarem os pacientes que no puderam participar do encontro. Por que a reunio na igreja? Pelo espao disponvel e pela religiosidade das pessoas. Aqui elas se sentem melhor.

Promoo da sade e vigilncia sade....................................................................................................................................73 Trabalho interdisciplinar em equipe ..........................................................................................................................................74 Abordagem integral da famlia ..................................................................................................................................................74 Atribuies de cada membro das ESF e das ESB ........................................................................................................................75 Atribuies comuns a todos os profissionais que integram as equipes ......................................................................................75 Atribuies especficas do mdico ............................................................................................................................................75 Atribuies especficas do enfermeiro........................................................................................................................................76 Atribuies especficas do auxiliar de enfermagem ....................................................................................................................76 Atribuies especficas do cirurgio dentista..............................................................................................................................76 Atribuies especficas do tcnico em sade bucal ....................................................................................................................77 Atribuies especficas do atendente de consultrio dentrio ....................................................................................................78 Atribuies especficas do agente comunitrio de sade ..........................................................................................................78 Seleo e capacitao ..................................................................................................................................................................79 Como selecionar profissionais para cada ESF e ESB?..................................................................................................................79 Como age a comisso responsvel pela seleo? ......................................................................................................................79 Como selecionar o ACS? ..........................................................................................................................................................81 Como contratar os profissionais da ESF? ..................................................................................................................................81 Como se inicia a capacitao das ESF? ......................................................................................................................................81 Qual a metodologia recomendada? ..........................................................................................................................................84 Como realizar a educao permanente?....................................................................................................................................84 Implantao do PSF passo a passo ..........................................................................................................................87 Como elaborar a proposta de implantao ....................................................................................................87 Como iniciar o diagnstico..............................................................................................................................89 Como fazer a coleta de dados? ............................................................................................................89 Estratgias de cadastramento ..........................................................................................................90 Que dados completam o cadastramento das famlias? ....................................................................91 Como se faz a anlise de dados?................................................................................................92 Acompanhamento e avaliao das atividades ............................................................................93 O SIAB e o Carto Nacional de Sade ..........................................................................................93 Pacto dos indicadores da Ateno Bsica ............................................................................95 Monitoramento da implantao das equipes................................................................96 Responsabilidade de cada nvel de governo no PSF ..................................................97 Compete ao Ministrio da Sade ........................................................................97 Compete s Secretarias Estaduais de Sade ......................................................97 Compete s Secretarias Estaduais da Sade..........................................................99 Financiamento e qualificao ....................................................................................101 Incentivo financeiro ao PSF ..............................................................................................106 Incentivo financeiro s aes de sade bucal ................................................................110 Sugesto de estrutura fsica e equipamentos da USF ....................................................114 Mais apoio Ateno Bsica ao PSF e aos Municpios ......................................................116 Farmcia Popular ..............................................................................................................116 Uniformes para todas as ESF, ESB e ACS ............................................................................116 Bolsa Alimentao ............................................................................................................117 Sade da Mulher Humanizao do pr-natal e nascimento ................................................119 Sade da Criana........................................................................................................................120 Projeto Alvorada ........................................................................................................................120 Publicaes do Ministrio da Sade relacionadas com o PSF e PACS ........................................122 Disque Sade .............................................................................................................................129 Central de Atendimento ao PSF ................................................................................................129 Banco de Trabalho do PSF..........................................................................................................129
Guia Prtico do PSF 3

Onde entra a

sade,
aos servios de ateno bsica, como se d no Programa Sade da Famlia (PSF): pela promoo

O nico remdio infalvel, contra todas as doenas, no ficar doente. Um caminho seguro para buscar esse objetivo garantir que as pessoas tenham acesso

da sade, assistncia bsica e preveno, cada pessoa da comunidade assistida antes que os problemas se agravem, no surgimento, ou antes mesmo que apaream.

doena vai embora


A
sabedoria popular, que a estratgia da Sade da Famlia respeita e considera, afirma: o que no arde, no instalaes indispensveis para garantir bom atendimento comunidade. Sempre que possvel, as USF utilizam o mesmo endereo onde antes funcionavam os centros ou postos de sade. Mas ateno! A diferena vai muito alm da mudana de nome. Enquanto os postos e centros de sade tradicioO PSF existe em mais de 3.200 municpios brasileiros. Naqueles em que est adequadamente implantado, com profissionais capacitados e integrado ao sistema municipal de sade, o PSF tem condies de dar soluo efetiva a mais de 85% dos casos de sade da populao atendida. A assistncia na gravidez, a ateno ao crescimento das crianas, o tratamento e preveno das doenas mais freqentes todos esses cuidados so garantidos pelas Equipes de Sade da Famlia (ESF). Essas equipes, formadas por um mdico, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem e de 4 a 6 agentes comunitrios de sade, atuam nas Unidades de Sade da Famlia (USF), onde contam com os equipamentos e Mais ainda, as ESF dispem de meios e profissionais capazes de resolver a maioria dos problemas de sade ali mesmo, na USF. Quando necessrio, as ESF realizam atendimento no prprio domiclio. S os casos excepcionais, que representam menos de 15% do total atendido pelas USF bem instaladas, so encaminhados para unidades onde haja profissionais especializados e equipamentos mais sofisticados.
Guia Prtico do PSF 5

cura; o que no aperta, no segura. Nesse sentido, o PSF um programa ardido. D trabalho para implantar, mas de fato contribui para reorganizar os servios de sade de qualquer municpio, dos menores aos maiores.

nais adotam um modelo passivo de ateno, limitados a encaminhar doentes para centros especializados ou para o hospital mais prximo, as Equipes de Sade da Famlia (ESF), em atividade na USF, identificam os problemas e necessidades das famlias e da comunidade, planejando, priorizando e organizando o atendimento.

Essa nova maneira de organizar o sistema local de sade explica por que, nos municpios onde o PSF est bem implantado, com equipes capacitadas e dispondo de estrutura fsica e equipamentos adequados, diminui o nmero de mortes de crianas por causas evitveis; aumenta a quantidade de gestantes que chegam saudveis e bem-informadas ao parto; melhora a qualidade de vida dos idosos;

Implantar o PSF significa reorganizar o sistema de sade em vigor no municpio e isso significa substituir as antigas diretrizes, baseadas na valorizao do hospital, mais voltadas para a doena, e introduzir novos princpios, com foco na promoo da sade, na participao da comunidade. A prpria populao precisa ser convencida de que desta vez a mudana a srio e isso significa uma luta tremenda contra a desconfiana crnica existente entre pessoas que h dcadas e dcadas vm sendo mal atendidas e, com grande freqncia, iludidas. Este Guia Prtico est dizendo, com todas as letras, que

melhoram os ndices de vacinao; os hipertensos e diabticos so diagnosticados, tratados e acompanhados; os casos de tuberculose e hansenase so localizados e tratados; diminuem as filas para atendimento nos hospitais da rede pblica de sade. Na realidade, interminvel a relao dos defeitos dos servios de sade para os quais o PSF pode dar conserto seguro. Se assim e assim! , por que dizer que o PSF um programa ardido? Porque implantar o Programa Sade da Famlia exige pacincia, determinao, teimosia, coragem, dinheiro, tempo, carter, vontade poltica e esprito pblico nos graus mais elevados.

a resistncia ao PSF forte. Mais forte ainda, entetanto, o apoio que o Ministrio da Sade d aos municpios que entendem e adotam a Sade da Famlia. Em 1994, quando o Programa Sade da Famlia foi lanado no Brasil, os primeiros 55 municpios colocaram em ao 328 Equipes de Sade da Famlia. Hoje, segundo semestre de 2001, so mais de 12 mil ESF atuando em mais de 4.500 municpios. Esse crescimento extraordinrio a melhor prova de que, apesar de todos os sacrifcios e dores de cabea, compensa implantar o PSF. D prestgio para os prefeitos que querem ter prestgio. D emprego para municpios atormentados pelo desemprego. D orgulho para profissionais da rea de sade que trabalhavam sem motivao. D, sobretudo, sade para as crianas, as mulheres, os adultos, os idosos, para as famlias, para a comunidade.

6 Guia Prtico do PSF

Neste Guia Prtico, estamos explicando:


2 como o PSF bem implantado est dando

resultados em vrios municpios;


2 que diretrizes e princpios orientam o PSF; 2 as diretrizes e princpios para incluso da

sade bucal no PSF;


2 o que os municpios precisam fazer para

implantar, expandir e manter o PSF;


2 que providncias preciso tomar para

receber os incentivos que o Ministrio da Sade fornece para a implantao, expanso e manuteno do PSF;
2 como selecionar e capacitar os profissionais

para as Equipes de Sade da Famlia.

Para 2002, o Ministrio da Sade fixou como meta chegar a 20 mil Equipes de Sade da Famlia em ao no Brasil. Ser mais um avano para a consolidao, em definitivo, do PSF.

Guia Prtico do PSF 7

Ea

sade, como vai?


Nas cidades onde est implantado o PSF, as crianas adoecem menos, as gestantes tm seu pr-natal garantido, os casos de hipertenso e diabetes so controlados, os idosos recebem mais ateno. D trabalho, mas ali os servios pblicos de sade esto de fato melhorando.

T melhorando, t ficando boa...

Programa Sade da Famlia impressiona pelos resultados que registra em cidades de todos os portes, de todos os cantos do Brasil. So

Em Caruaru, interior de Pernambuco, 93,11%


das 3.412 crianas menores de um ano esto vacinadas contra as principais doenas da infncia. Na faixa at dois anos, contaram-se 3.702 crianas, 93,65% delas com as vacinas em dia. Os dados so de julho de 2001.

casos concretos, uma comprovao de que h um avano verdadeiro na ateno sade pblica no pas. Alguns exemplos:

Em Lucas do Rio Verde, interior de Mato Em Belm, capital do Par, o ndice de mortalidade infantil por doenas diarricas caiu para zero nas reas cobertas pelo PSF. Os dados so de agosto de 2001. Grosso, 96% dos problemas so resolvidos pela Unidade de Sade da Famlia, restando 3,7% para serem encaminhados a especialistas e 0,3% para o hospital. Esse resultado foi obtido em menos de trs anos: o PSF foi implantado em Lucas em outubro de 1998, e as filas desapareceram desde o comeo de 2001.

Em Pedras de Fogo, interior da Paraba,


de 100% o ndice de acompanhamento dos casos de hipertenso e diabetes. Na quase totalidade das cidades onde est implantado o PSF, a distribuio gratuita de remdios e a ateno aos hipertensos e diabticos beneficia mais de 90% das pessoas afetadas.

Em Florianpolis, capital de Santa Catarina,


o ndice de mortalidade infantil era de 21,6 para cada mil nascidos vivos, em 1996. Atualmente, de 9 para cada mil nascidos vivos. Florianpolis foi a primeira capital a atingir 100% de cobertura com os Agentes Comunitrios de Sade.

Guia Prtico do PSF 9

Em Esperana, interior da Paraba, nasceram


605 crianas no ano 2000 e apenas 8 morreram antes de completar um ano o que d um dos mais baixos ndices brasileiros de mortalidade infantil, com 13,2 mortes para 1.000 nascidos vivos. Outro dado impressionante de Esperana, em 2000: 93% das gestantes fizeram o pr-natal e no se registrou nenhum caso de morte no parto.

Em Vitria, capital do Esprito Santo, o PSF


j atende 45% da populao. Onde o programa est implantado, 100% das gestantes recebem orientao para o parto, tomam todas as vacinas, fazem exames de DST/Aids, aprendem a importncia do aleitamento materno. Nessas reas, todas as crianas esto vacinadas e todos os casos de crianas com diarrias so identificados e tratados.

Em Vitria da Conquista, interior da


Bahia, todas as gestantes das reas cobertas pelo PSF fazem o pr-natal, recebem todas as vacinas, fazem exames de DST/Aids. Desde que o programa foi implantado, em 1998, j se detectaram nove casos de mes que tinham o vrus da Aids. Eram soropositivas, como se diz. Mas seus bebs nasceram sem o vrus, porque a Sade da Famlia garantiu o atendimento necessrio.

Se o PSF produz resultados to bons, por que ainda existem prefeitos e municpios que no implantaram o programa? Por que o programa no cobre 100% da populao de todos os municpios onde est implantado?
Porque no fcil implantar o PSF. D trabalho. Exige liderana, perseverana, capacidade de articulao. No s estalar os dedos e colher os aplausos. Quem testemunha essa dificuldade so profissionais e autoridades das prprias cidades onde o PSF funciona bem, onde a populao atendida est satisfeita.

Alguns

exemplos:
A maior dificuldade do PSF est na contratao do profissional de sade. O perfil diferente. Ele precisa saber trabalhar em equipe. Outro desafio a criao de estratgia para a manuteno do profissional na equipe. Rita de Cssia Costa da Silva, coordenadora do PSF em Brumadinho, na regio metropolitana de Belo Horizonte O PSF torna-se barato no futuro, mas inicialmente custa caro. O pr-natal que no era feito, por exemplo, levava ao parto com risco, mas no representava desembolso. A adoo do pr-natal resulta em melhores ndices de sade e economia, a mdio prazo, mas no incio representa um desembolso que no existia.

A Sade da Famlia o caminho mais difcil. Requer deciso poltica. A Sade da Famlia d muito trabalho: contratar, gerenciar, enfrentar as empresas privadas de sade. E importante no ficar contra a iniciativa privada e deixar claro, para a iniciativa privada, que o PSF a favor da sade pblica. Aos poucos a populao percebe a diferena, nota que o PSF resolve mesmo os problemas de sade, e de maneira mais humana. Mdico Guilherme Menezes, prefeito de Vitria da Conquista

Com o PSF cresce a demanda e as necessidades de sade aumentam. preciso organizar a parte seguinte, para que o paciente captado pelo programa tenha boas condies de atendimento, garantindo aes de sade de maneira integral. Mdico Oscar Capistrano dos Santos, secretrio de Sade de Caruaru

Para que o PSF continue avanando, preciso investir mais em saneamento e na gerao de emprego, porque sade no caminha sozinha. Cidad Ana Lcia da Silva, 31 anos, agente comunitria de sade do PSF em Pedras de Fogo
12 Guia Prtico do PSF

Mdica Ana Tereza da Silva Pereira Camargo, que at setembro de 2001 foi secretria de Sade de So Gonalo-RJ

compensa implantar o PSF

Analisados os prs e contras,

numa cidade?

Compensa, sem dvida.


Os testemunhos que acabamos de apresentar so uma prova disso, pois vm de pessoas que acreditam no PSF, contornaram obstculos de todo tipo para implantar o PSF e, de um modo geral, esto vendo que o programa funciona, resolve de fato os problemas mais relevantes dos servios pblicos de sade. Vamos, agora, focalizar mais detalhadamente esses municpios em que o PSF foi ou est sendo implantado.
Guia Prtico do PSF 13

Lucas do Rio Verde


O programa resistiu ao inchao da populao

14 Guia Prtico do PSF

Fica no mdio norte de Mato Grosso, a 330 Km de Cuiab. Tem 20 mil habitantes. Implantou o PSF em outubro de 1998. Hoje, 96% dos problemas do municpio so resolvidos pela USF. Garante 100% de cobertura vacinal em todas vacinas, exceto BCG (93%). Entre as mes cadastradas, 100% fazem pr-natal.

populao cresceu demais, e muito rapidamente, em Lucas do Rio Verde. A toda semana chegava

Em 2000, duas outras unidades foram implantadas em Lucas do Rio Verde, elevando a cobertura para 58% da populao. Em 2001 foram criadas mais duas unidades, o que possibilitou o atendimento de todos os moradores da zona urbana de Lucas do Rio Verde. Atualmente (inclusive naqueles trs bairros de situao mais precria em 1999), esto vacinados todos os moradores que precisam de vacina. Ou seja: de 100%, em Lucas do Rio Verde, a cobertura vacinal referente s doenas que mais afetam a populao do municpio. S h uma exceo, entre essas vacinas primordiais: a BCG, que atinge 93% da populao necessitada dessa vacina. Hoje, 100% das gestantes cadastradas fazem pr-natal, em Lucas do Rio Verde, o que diminui as complicaes psparto. Tambm os pacientes com diabetes e hipertenso so atendidos e acompanhados em 100% dos casos, com garantia de medicamentos e exames laboratoriais.

mais e mais gente, vinda principalmente do Sul do Brasil. A migrao que inquietou Lucas do Rio Verde tem nmeros conhecidos: em l998, a populao do municpio era de 13.500 habitantes, e no censo de 2000 a contagem do IBGE chegou a 19.932 moradores. O crescimento populacional foi superior a 47%, o que representou ameaa concreta qualidade dos servios prestados pelo municpio, inclusive na rea de sade pblica. Por sorte, o PSF foi implantado em Lucas do Rio Verde no mesmo 1998 em que a migrao se intensificava. A primeira unidade de sade atendeu a 900 famlias de trs bairros, na periferia, onde eram mais preocupantes os indicadores sociais: populao de baixa renda e deficitria infra-estrutura de saneamento. No ano seguinte, a Prefeitura fez um levantamento sobre o nmero de pessoas do local, as condies de vida e os problemas de sade mais freqentes. Verificou que 48% das famlias tinham renda de um a trs salrios mnimos; condies insalubres de moradia; baixa cobertura vacinal; hipertensos e diabticos sem acompanhamento mdico; alto ndice de crianas menores de seis meses em aleitamento artificial (apenas 32% alimentando-se exclusivamente do peito da me); alm de uma grande incidncia de crianas, menores de dois anos, com doenas diarricas (163 casos, em 1999).

Guia Prtico do PSF 15

Belm
Capital do Par, 1,5 milho de habitantes, ruas centrais arborizadas com mangueiras. PSF est implantado h dois anos e atende a mais de 100 mil famlias em 40% da rea do municpio. Tem 77 Equipes de Sade da Famlia e 42 casas famlia, como so chamadas em Belm as unidades de sade pertencentes ao programa.

Agentes a bordo dos barcos popop


especial, como os portadores de diabetes, hipertenso arterial ou outro tipo de doena crnica. O trabalho das equipes no consiste apenas em examinar e medicar o paciente, mas tambm em orient-lo sobre como transformar sua moradia em um lugar mais saudvel. Em uma cidade como Belm, onde a maior parte das reas de periferia no possui rede de esgoto, nem gua encanada, essa uma tarefa fundamental. Entre outros cuidados, os agentes comunitrios de sade ensinam o morador a acondicionar melhor o lixo domstico e a tratar a gua que bebe. Desde que esse trabalho comeou a ser feito, diminuram em 30% as internaes por diarria e

Programa Sade da Famlia est implantado em Belm desde 1999 e atende a mais de 100 mil famlias, dis-

desidratao. Outra conseqncia do trabalho das equipes o aumento do ndice de aleitamento exclusivo, ou seja, do nmero de crianas que at os seis meses de idade alimentam-se apenas com o leite materno. Na mdia geral da cidade, Belm tem 48% de suas crianas nessa situao. Esse ndice ainda maior nas reas atendidas pelo PSF, chegando a 72% das crianas de at seis meses. Uma das reas atendidas a Ilha do Combu, onde pouco mais de 300 famlias vivem da pesca e da venda do aa. Usando-se os pequenos barcos da regio, os chamados popop, leva-se cerca de 20 minutos da orla de Belm at o Combu. Antes do PSF, os moradores da ilha tinham que ir atrs de assistncia no municpio de Acar. Hoje, alm de receber as visitas em suas casas, eles contam com o atendimento de uma Casa Famlia implantada na ilha.

tribudas pelos oito distritos administrativos que formam a cidade. O PSF cobre 40% da rea do municpio, incluindo boa parte da regio formada por ilhas. Iniciado com apenas cinco equipes, o PSF de Belm passou por um grande processo de expanso de setembro de 1999 at agosto de 2000. Hoje, conta com 77 equipes e 42 casas famlia, como so chamadas em Belm as unidades de sade pertencentes ao programa. Nessas unidades atuam as Equipes de Sade da Famlia. Cada equipe formada por um mdico, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem e quatro agentes comunitrios de sade. As visitas domiciliares do PSF ocorrem com uma freqncia mnima de uma vez ao ms. Essa freqncia pode ser maior se na famlia houver uma pessoa que requeira ateno

16 Guia Prtico do PSF

Um problema: as adolescentes grvidas

Esperana
Fica na regio conhecida como brejo, no Planalto da Borborema, a 147 Km da capital, Joo Pessoa, e a 23 Km de Campina Grande (a segunda maior cidade no estado). Tem 28 mil habitantes. Comeou o PSF pela zona rural. Mais de 95% das crianas esto com vacinao em dia. No aleitamento materno, o ndice ultrapassa os 60%. Em 2000, no houve mortalidade materna e quase 80% dos partos foram naturais.

s ndices de vacinao no municpio so surpreendentes, atingindo mais de 95% das crianas. No

No tinham a cultura de procurar os postos de sade, iam direto para os hospitais, que eram a porta de entrada do sistema. Outro problema: para tudo, todos achavam que a nica soluo era procurar os especialistas em Campina Grande, a metrpole regional mais prxima. Hoje a populao de Esperana, inclusive a da zona rural, j confia no PSF. A cidade est com quatro unidades em atuao e outras duas em implantao. Entre os bons resultados, h os ndices de gestantes no pr-natal (93%), com quase 80% de partos naturais. A sade local ainda demanda cuidados em relao preveno da gravidez na adolescncia: 30% das gestantes so jovens entre 10 e 19 anos, especialmente na zona rural. As mulheres costumam procurar os servios de sade, mas voltadas preveno ao cncer. preciso um trabalho anterior, para evitar a gravidez precoce. Devemos implantar um programa de sade da mulher, para tratar melhor essa questo, diz a secretria de Sade.
Guia Prtico do PSF 17

aleitamento materno exclusivo, o ndice ultrapassa os 60%. Entre as doenas mais graves registradas no municpio esto as DSTs, com notificao de sete casos de Aids. A incidncia de cncer, de vrios tipos, tambm elevada. Chega-se a cogitar que o problema tenha origem no nvel de radiotividade da formao rochosa predominante na regio. A populao se abastece, em grande parte, dos tanques escavados na rocha. Esperana foi o segundo municpio paraibano a implantar o PSF, em 1998, antecedido apenas pelo projetopiloto de Campina Grande, em 1994. O programa comeou pela zona rural, onde havia maior carncia de servios de sade. O perfil epidemiolgico indicava maior ndice de agravos (casos de doena) entre aquela populao, diz a secretria de Sade Lcia de Ftima Gonalves Derks. A maior dificuldade foi levar as pessoas a aceitarem a idia de fazer consultas e exames na prpria Unidade de Sade da Famlia:

Capital brasileira com melhor qualidade de vida segundo a ONU, em 1998 (nova avaliao ser feita em 2002). Tem mais de 340 mil habitantes. Comeou o PSF em 1995, com apenas seis equipes. Hoje tem 35 equipes, que atendem a 50% do municpio. At o final de 2001, sero 44 equipes e 70% de cobertura. Foi a primeira capital a garantir cobertura de 100% da populao, com seus 600 Agentes Comunitrios de Sade.

implantao dos programas de Sade da Famlia (PSF) e de Agentes Comunitrios de Sade (PACS)

foi fundamental para que, tal qual seu filho mais ilustre o tenista Guga Kuerten , a capital catarinense tambm seja nmero um. O ttulo, nesse caso, o de capital brasileira com melhor qualidade de vida, na avaliao elaborada pela Organizao das Naes Unidas (ONU) a cada quatro anos. Campe em 1998, a cidade demonstra vitalidade para repetir o ttulo na classificao que a ONU volta a apresentar no ano que vem. O PSF e o PACS tm decisiva participao nos indicadores ostentados pela cidade, como o menor ndice de mortalidade infantil entre as capitais nacionais, uma das maiores taxas de aleitamento materno e um dos mais elevados porcentuais de vacinao do pas. O secretrio de Sade de Florianpolis, Manoel Amrico de Barros Filho, conta que a Prefeitura teve a preocupao de no desmontar o modelo antigo, mas sim de proporcio-

18 Guia Prtico do PSF

Florianpolis
Sade 10, na terra do tenista n 1
nar a transio. O formato anterior, baseado no atendimento nos postos de sade tradicionais, contava com profissionais com cargas horrias de quatro ou seis horas dirias. Pelo novo modelo, os integrantes da equipe de sade trabalham oito horas por dia e tanto atuam no posto, como, se for preciso, vo s casas das pessoas. O ndice de aleitamento materno exclusivo at o sexto Bem sucedida, a transio representou a ampliao das seis equipes de PSF que existiam em 1995 para as 35 atuais, que abrangem 50% do municpio. J os 600 Agentes Comunitrios de Sade em atividade atualmente cobrem a totalidade da cidade. Antes, cada unidade do PSF era apoiada pelo trabalho de dois agentes. Agora, so 10 os agentes que apiam o trabalho de cada unidade. A diretora do Departamento de Sade ressalta que, S no atingimos a meta para 2000, de 70% do municpio coberto pelo PSF, o que representaria 44 equipes, por causa das restries impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas isso j est superado e em 2001 estamos chegando s 44 equipes, informa Barros Filho. antes, as estatsticas sobre a sade municipal apresentavam dois anos de defasagem. Ou seja: a sade pblica trabalhava com informaes velhas, colhidas dois anos antes. Hoje conseguimos o fantstico resultado de ter um acompanhamento mensal da situao, salienta Margarete. ms do beb de 40%. Quanto vacinao, seis diferentes tipos de vacinas oferecidos populao registraram ndices acima de 100% de cobertura, em 2000. Isso se explica pelo comparecimento de moradores de cidades vizinhas vacinao em Florianpolis. O modelo tambm propiciou o desafogamento do atendimento na rede hospitalar. O sucesso do programa ilustrado pelo secretrio com nmeros: Pela capacidade de resposta se percebe o acerto do modelo. Como na questo da mortalidade infantil, que caiu de 21,6 por mil nascidos vivos, em 1996, para os 9 em mil, atuais.

Campo Grande
A Sade da Famlia atende melhor

Capital do Mato Grosso do Sul, mais de 660 mil habitantes, maior plo de comercializao de bois no Brasil. Implantou o PSF em maio de 1999. Na aplicao de vrias vacinas, costuma apresentar ndices acima de 100% (por exemplo: BCG, 125%; Sabin, 110%; antiSarampo, 122%) porque pessoas de cidades vizinhas aparecem.

egundo a coordenao do PSF de Campo Grande, a maior dificuldade est na baixa adeso dos mdicos

e na falta de entendimento de alguns usurios, que desejam o atendimento de urgncia, como antigamente. No entendem que, com o PSF, a medicina quer dizer sade, e no doena. Mas h tambm, em Campo Grande, o problema oposto: pessoas de fora da rea das unidades de Sade da Famlia que insistem em ser atendidas, pois, dizem, o PSF atende melhor. Na realidade, em Campo Grande o PSF vem produzindo significativa melhoria em indicadores como: alto nmero de gestantes com pr-natal iniciado no primeiro trimestre; alto nmero de crianas de 0 a 6 meses com aleitamento materno exclusivo; baixo nmero de crianas desnutridas, entre outros.

20 Guia Prtico do PSF

Fica a 130 quilmetros do Recife. Tem 248 mil habitantes, economia voltada principalmente para o comrcio e servios. Famosa pelo artesanato, a feira livre e os festejos juninos. Comeou a implantar o PSF em 1996. Tem 34 ESF atuando, duas em implantao e outras quatro sero criadas at o final do ano. Os ndices de vacinao esto acima dos 90% em todas as faixas.

Caruaru
Mais aleitamento, menos desnutrio
E
m maro de 1996, o PSF comeou a ser efetivamente implantado em Caruaru. O programa teve boa dade. O programa tem credibilidade, h interesse pelo PSF nas reas onde no foi ainda implantado, assegura Joseneide. A cidade conta com 34 equipes atuando, duas em implantao e quatro para serem criadas at o final de 2001. Metas de vacinao atingidas, maior procura pelo pr-natal e reduo da desnutrio infantil so alguns dos resultados j registrados. A maior dificuldade foi sensibilizar os mdicos e enfermeiras para o trabalho preventivo. Essa dificuldade permanece at hoje, embora em menor grau, afirma a atual coordenadora do PSF de Caruaru, Joseneide Barreto Oliveira. Muitos profissionais de sade ainda procuram o programa pela vantagem financeira. A rotatividade maior entre os mdicos: Muitos deles, quando atingem certa capacitao no programa, saem em busca de especializao. A reao positiva das comunidades o que mais impulsiona as aes do PSF em Caruaru. Sete das unidades instaladas em 2001 foram solicitadas pela comuniNa pesagem de 3.209 crianas de at um ano, apenas 154 estavam desnutridas (menos de 5%). De um a dois anos, foram pesadas 3.239 crianas e 384 (quase 12%) apresentavam sinais de desnutrio. Esses dados representam melhora em relao aos anos anteriores, mostrando queda dos casos de desnutrio infantil em Caruaru.
Guia Prtico do PSF 21

aceitao nas comunidades e os resultados logo apareceram em indicadores como reduo dos casos de diarria, infeces respiratrias agudas e outros fatores de mortalidade infantil.

A coordenadora do PSF cita alguns dados como exemplo: em julho de 2001, das 1.179 crianas de zero a quatro meses cadastradas, 697 tinham aleitamento exclusivo (um bom ndice de 59,12%), e outras 365 tinham aleitamento misto.

Pedras de Fogo
A populao quer mais PSF
O
PSF foi implantado em Pedras de Fogo em 1998. De incio, houve dificuldade para conscientizar as comunidades sobre a filosofia do programa. Queriam procurar mdico sem encaminhamento e resolver tudo com remdio, desprezando o enfoque preventivo, recorda a coordenadora do PSF, Maria Mercs Salvador Alves. Hoje, a dificuldade atender demanda com as equipes disponveis. Nas reas onde no h o programa, a populao est reivindicando. So necessrias mais unidades, diz Mercs. Outras dificuldades, segundo a coordenadora, so encontrar mdicos com o perfil adequado, e a insuficincia de recursos. O empenho da administrao municipal e a aceitao dos moradores, aps a fase inicial, so apontados como facilidades na execuo do PSF. O municpio conta atualmente com seis unidades do

Municpio de atividade canavieira, 26 mil habitantes, a 56 quilmetros da capital, Joo Pessoa. No tem jornais nem emissoras de rdio e televiso. Implantou o PSF em 1998, hoje tem seis Unidades de Sade da Famlia e grande parte dos ndices referentes sade pblica melhoraram.

programa. Os resultados aparecem na cobertura de crianas imunizadas e de gestantes com pr-natal, na reduo dos ndices de mortalidade infantil, no acompanhamento de praticamente todos os casos de hipertensos e diabticos.

22 Guia Prtico do PSF

Banhada pelo Paranapanema, um dos nicos rios no poludos do estado de So Paulo. Atrai turistas com suas represas, cachoeiras e vales. Tem 28 mil habitante. Implantou o PSF em 1995. As oito USF em atividade do cobertura a 100% da rea urbana, onde vive mais de 90% da populao.

PSF em Piraju
Inspirao que veio de Cuba
O
municpio de Piraju, 28 mil habitantes, dispe de 100 leitos hospitalares distribudos por 1 Hospital Para garantir a implantao e estruturao do programa, o municpio firmou convnio com o Ministrio da Sade Pblica cubano. Na verdade, a inspirao maior para a implantao do PSF em Piraju foi o modelo de medicina existente em Cuba. Desde o incio do PSF na cidade, a notcia do bom atendimento foi passando de boca em boca, gerando um fenmeno cada vez mais freqente: muitas pessoas de municpios vizinhos falsificam seus endereos para A sade bucal faz parte do PSF de Piraju, com 13 dentistas: 8 de clnica geral, 2 especialistas e 3 de retaguarda, que atendem no perodo noturno. Como apoio, esses profissionais tm 1 prottico e 2 auxiliares. Foi criado tambm um laboratrio para trabalhos de prteses, tratamento de canal, radiologia, cirurgia e correo de arcadas dentrias. Na retaguarda do PSF de Piraju, funciona uma equipe formada por psiclogas, assistente social, fonoaudiloga, fisioterapeuta e educadora de sade. Os usurios contam ainda com o Ambulatrio de Especialidades, nas reas de pediatria, ginecologia, cirurgia, cardiologia, oftalmologia e ortopedia. O PSF foi implantado em Piraju em 1995, quando o SUDES j existia na cidade, com 4 unidades bsicas de sade. Tambm facilitou a instalao do PSF o fato de a medicina j estar se descentralizando em Piraju. Os mdicos j iam para periferia. Alm disso, todo bairro de Piraju tem uma Associao de Amigos, o que ajudou na contratao dos agentes. A ao do PSF melhorou a qualidade de vida da populao em todo o municpio. Evoluiram os indicadores de sade, os ndices de vacinao. Passou a existir controle das causas principais de doenas, intensificando-se a promoo e proteo da sade. O PSF possibilitou maior justia e eqidade em sade, obedecendo aos princpios do SUS. No h privilgios. Toda a populao tratada da mesma forma e participa espontaneamente de grupos como o dos idosos e o das mulheres, que fazem ginstica orientadas por voluntrias da rea de educao fsica.
Guia Prtico do PSF 23

Comunitrio de Beneficncia, 1 Pronto-Socorro Municipal, 1 Centro de Sade Municipal. A estrutura de atendimento mdico conta ainda com 3 clnicas de fisioterapia, 2 laboratrios de anlises clnicas, ambulncias com planto permanente no hospital e 8 Unidades do Programa Sade da Famlia (PSF). Trabalham na cidade 8 mdicos do PSF e 15 do servio pblico, alm dos particulares.

serem atendidas pelas Unidades de Sade da Famlia de Piraju. Desde maro de 2000, as 8 equipes do PSF de Piraju do ateno a 100% da rea urbana. Para a zona rural, um nibus funciona como unidade mvel do PSF, com instalaes para consultrio mdico e odontolgico e estrutura para exames de preveno de cncer de mama e papa nicolau.

So Gonalo
Levantamento de rua por rua, casa por casa
Comeou a implantar o PSF em julho de 2001, com 179 equipes e planos de cobertura de 100% do municpio. Somando mdicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e ACS, a implantao do PSF representou a criao de mais de 2.000 empregos e o desemprego um dos maiores problemas da cidade. Outro problema grave o trfico de drogas. Tem mais de 1 milho de habitantes (embora o Censo 2000 tenha indicado 900 mil).

m dos mais ambiciosos projetos de Sade da Famlia do Brasil foi o lanado em So Gonalo-RJ, no dia 29 de

tos edifcios, apartamentos, casas ou casebres h em cada canto de So Gonalo. A informao colhida pelas equipes do PSF vai ser til tambm para outras reas. O pessoal do meio ambiente, por exemplo, est ansioso por saber o que o PSF levantou em torno dos rios, nascentes, vales, etc. Como esses, a cidade tem muitos pontos especficos, sem igual no resto do pas. Um deles o Jardim Catarina, o maior loteamento plano da Amrica Latina, cercado de mangues, estrada de ferro, rodovias. Ali vo funcionar 20 equipes do PSF. A descentralizao ser fundamental para quando o diagnstico detalhado da sade em So Gonalo, com dados levantados pela primeira vez, tomar a forma da epidemia preconizada pela ex-secretria de Sade, Ana Tereza da Silva Pereira Camargo. Os doentes e as doenas existem, mas s agora comearo a ser notificados, gerando assim a impresso de um surto epidmico que surgiu de um momento para outro. Para as situaes previsivelmente mais complicadas, estaro sendo usados dois plos equipados para os casos de Hansen, mais dois para os casos de tuberculose. Outra providncia inicial, em So Gonalo, foi a adaptao de postos e de pessoal que j existiam no servio de sade local. Fizeram-se tambm cursos para capacitao de 50 mdicos e 50 enfermeiras. Foi preciso usar gente de todos os plos de capacitao do Rio de Janeiro. A adoo do Programa Sade da Famlia era indispensvel, em So Gonalo, porque a rede municipal de sade estava desestruturada. Era preciso reordenar a Ateno Bsica, era preciso organizar outros nveis de ateno. A implantao do PSF num municpio to populoso e to problemtico j representa uma grande conquista, em si. uma experincia a ser acompanhada e amparada com ateno especial.

julho de 2001. Para uma populao de cerca de 1 milho de habitantes, h 179 equipes, cada uma com 1 mdico, 1 enfermeiro e 2 auxiliares de enfermagem; s a so 716 profissionais. Alm deles, as equipes de Sade da Famlia contam com os Agentes Comunitrios de Sade (ACS) que, em So Gonalo, so 1.647 pessoas das prprias comunidades onde atuam. No total, portanto, foram 2.363 empregos gerados numa cidade em que o desemprego um problema grave, que se soma a outros at mais preocupantes, como o trfico de drogas e a ocupao catica de 100% do territrio municipal. Em So Gonalo, foi preciso esmiuar o mapa do municpio, quadra por quadra, para evitar a superposio das reas de atuao dos agentes comunitrios. Usou-se um mapa que j existia, feito por satlite, para produzir a setorizao. Cada equipe de PSF pegou seu pedao de mapa sabendo onde ficam os seus lotes. Em seguida, os agentes saram colhendo informao rua por rua, casa por casa. A digitao dos dados foi sendo feita pelos surdos-mudos de uma instituio local. Na setorizao, mesmo um local desabitado (campo de futebol, encosta de morro, beira de mangue, barranca de rio, etc.) tem que ser considerado. Porque h muita invaso em So Gonalo. Determina-se, no mapa, quem o ACS daquele ponto sem morador, de maneira que mais tarde, quando ocorrer uma invaso ali, j se saiba quem o agente responsvel pela rea. O resultado foi o levantamento mais detalhado que j se obteve no municpio. As equipes do PSF sabem quan24 Guia Prtico do PSF

Ateno completa, consultas sem filas

Vitria
A capital do Esprito Santo um arquiplago costeiro, com 24 ilhas e 81 quilmetros quadrados, onde vive uma populao de 266 mil habitantes. Implantou o PSF em 1998. Atualmente, 31 equipes, distribudas em 11 USF, atendem a 45% da populao. Na rea coberta, 100% das crianas esto com as vacinas em dia, 100% das gestantes recebem orientao para o parto, vacinas e fazem exames de DST/Aids. A previso de cobertura de 100% da cidade at 2004.

o municpio de Vitria, o PSF foi implantado em fevereiro de 1998, como uma estratgia para con-

O programa identifica todos os casos de crianas com diarrias, imuniza 100% das crianas nas reas atendidas, cadastra os diabticos, previne e trata a hipertenso e outras doenas que podem causar problemas no corao, derrames. Cada famlia cadastrada recebe pelo menos uma visita mensal do Agente Comunitrio de Sade. Os demais profissionais so acionados na medida das necessidades: enfermeiros e mdicos visitam os pacientes acamados e os demais em situao de risco. Alm da ateno na unidade de sade, assegurado o atendimento de especialistas, quando necessrio. E nada daquelas filas das noites e madrugadas, que no garantem vagas: as consultas so previamente agendadas.
Guia Prtico do PSF 25

solidar e aprimorar o Sistema nico de Sade (SUS). Atualmente so 31 equipes distribudas em 11 unidades de sade, atendendo a uma populao de 140.901 moradores (45% do total). A meta da Secretaria Municipal de Sade atender a toda a populao at 2004. Em Vitria, os eixos do PSF so a sade da criana, da mulher, do idoso, preveno de hipertenso, diabetes, tuberculose e hansenase, aes de sade mental e bucal. Os resultados apurados mostram uma cobertura de 100% das gestantes onde o PSF foi implantado: todas recebem orientao para o parto, vacinas, fazem exames de DST/ Aids, aprendem a importncia do aleitamento materno.

O mdico aparece todo dia e fica o dia todo

Vitria da Conquista
D
avi Capistrano, ex-prefeito de Santos-SP, foi um conselheiro importante para a implantao do PSF em Do centro da cidade rea rural mais remota, a informao sobre qualquer problema de sade de qualquer cidado chega rapidamente a um banco de dados informatizado. Chega por rdio, no caso das localidades mais afastadas. Chega por telefone (inclusive orelho), naVitria da Conquista um bom modelo de implantao, manuteno e expanso do Programa Sade da Famlia, no Brasil. Em Conquista, como dizem os da cidade, o PSF est de fato integrado na estrutura de sade local. Laboratrios, hospitais, profissionais especializados em toda a rede de sade de Vitria da Conquista, a Sade da Famlia hoje o ncleo principal. A populao (pobres e ricos) conta com equipamentos de sade modernos. O computador constitui presena natural, rotineira na Sade da Famlia em Vitria da Conquista. Nesse banco de dados informatizado, esto armazenadas e atualizadas, graas ao trabalho permanente dos Agentes Comunitrios de Sade informaes sobre a situao de sade de todos os moradores daquelas reas cobertas pelo PSF. Quando atende a um desses moradores, o mdico o conhece pelo nome, possivelmente j esteve na casa dele, e v na ficha todas as informaes a respeito do paciente. queles pontos onde j existe telefonia instalada. Chega pela internet, onde funcionam computadores. Vitria da Conquista. Outra pessoa decisiva foi o secretrio de Sade, Jorge Solla.

26 Guia Prtico do PSF

O atendimento do PSF tem como prioridade, em Conquista, a periferia, onde no existe nenhum servio de sade. Um exemplo o distrito de Jos Gonalves, onde antes o mdico aparecia a cada dois ou trs meses. Ficava s na parte da manh, no posto mal equipado e atendia a umas 60 pessoas, demorando 2 ou 3 minutos com cada uma. Com o PSF, inicialmente o mdico aparecia uma vez por semana, em Jos Gonalves, ficando o dia todo. Depois, passou a ir duas vezes por semana e acompanhado da enfermeira, da auxiliar de enfermagem e tendo seu trabalho precedido pelas visitas dos agentes comunitrios de sade (ACS) s casas dos moradores. Hoje, os 25 mil moradores do distrito de Jos Gonalves contam com a presena do mdico todo dia, o dia inteiro, de segunda a sexta. H duas equipes do PSF que se revezam em Jos Gonalves. So equipes completas, com mdico, enfermeira, auxiliar de enfermagem, quatro ACS cada.

Com mais de 300 mil habitantes, a 520 quilmetros de Salvador, tem mais de 900 metros de altitude e inverno rigoroso, com temperaturas abaixo dos 10 C. Implantou o PSF em 1998. hoje um dos municpios com melhor estrutura de Sade da Famlia, no Brasil, incluindo ateno sade bucal (em 2000, o municpio comprou 100 mil escovas de dentes). Antes do PSF, a mortalidade infantil registrava taxa de 44 mortos por 1.000 nascidos vivos. Atualmente, a proporo est em 23 mortos por 1.000 nascidos vivos. Hipertenso a doena que mais aparece. Remdios para hipertensos chegam a ser 50% dos medicamentos distribudos.

Como no restante do municpio, a hipertenso a doena que mais aparece em Jos Gonalves. Os remdios para hipertensos chegam a representar 50% do material distribudo comunidade. Antes, a maioria das pessoas nem sabiam que sofria de hipertenso. Dormiam mal, sentiam indisposio para todo tipo de trabalho, queixavamse de dor de cabea constante e achavam que isso era normal. A partir do momento em que passaram a receber o atendimento e os medicamentos constantes para a hipertenso, descobriram o que de fato uma vida normal. Na sala de espera, na unidade de Jos Gonalves, a TV passa filmes sobre hipertenso, vacinao, cuidados com higiene, o que fazer com o lixo. Ali, na Unidade de Sade da Famlia, fica sempre um profissional de nvel superior, de segunda a sexta, o dia inteiro: se a enfermeira sai para ver um paciente em casa, o mdico fica na unidade. Se ele sai, ela fica. A Equipe de Sade Bucal, em Jos Gonalves, se divide entre as duas equipes de sade. Fica dez dias com a equipe 1, depois dez dias com a equipe 2. Os agentes comunitrios tambm participam da ateno sade bucal. Por falta de sala-gabinete dentrio, dentistas fazem trabalho preventivo, de orientao. Em 2000, a prefeitura de Conquista comprou mais de 100 mil escovas de dentes.

Guia Prtico do PSF 27

Daqui
tudo vai ser

Veja como aderir ao Programa Sade da Famlia (PSF), uma realidade que j est transformando o sistema de ateno sade pblica no Brasil

pra frente
diferente

Guia Prtico do PSF 57

por favor, responda sinceramente:

os servios pblicos de sade de seu municpio merecem confiana?


voc deixaria seu filho ser atendido em uma unidade bsica de sade de seu municpio?

At aqui, neste Guia Prtico do PSF,


demos exemplos de cidades brasileiras onde os prefeitos comeam a ter condies de responder sim a essas perguntas. So municpios em que o Programa Sade da Famlia est adequadamente implantado. Em vrios deles, o PSF d cobertura a toda a populao. Em outros, a cobertura est aumentando e h planos de se chegar aos 100% do municpio o mais rpido possvel. Em todos eles, a implantao do programa nasceu de uma deciso poltica firme, voltada para o bem da comunidade. a deciso de reorganizar o sistema de sade do municpio.

Reorganizar para qu?


Para que passe a existir, entre a comunidade e os profissionais da sade, uma nova relao de confiana, de ateno, de respeito. Essa nova relao um dos principais pontos de apoio dos profissionais que compem as Equipes de Sade da Famlia (ESF). Para que eles possam desempenhar bem o seu papel necessrio garantir os medicamentos, os exames complementares, os locais apropriados para os atendimentos, para os partos, para as internaes hospitalares, para as urgncias e emergncias. preciso entender bem qual a idia de Sade da Famlia. Em primeiro lugar, esse conceito prev a partici-

Reorganizar por qu?


Porque o sistema anterior no deu resultados satisfatrios. Por razes histricas, que entram pelo territrio da economia e passam pelas prticas polticas e costumes culturais, o modelo de sade predominante no Brasil criou grande distncia entre as equipes de sade e a populao. Por esse modelo, a especializao teve destaque absoluto, praticamente apagando a viso integral das pessoas e a preocupao em trabalhar com a preveno das doenas, a promoo de hbitos saudveis. Por esse modelo, os servios bsicos de sade no tm profissionais nem equipamentos capazes de dar soluo para os problemas mais comuns da populao. No se criam, de fato, vnculos entre a populao e os servios de sade. No h, igualmente, articulao entre a rede bsica e os demais setores ligados sade, o que impede um diagnstico preciso para se traar o combate efetivo s causas dos problemas. Como resultado, ainda convivemos em nosso pas com crianas desnutridas; gestantes sem garantia de pr-natal adequado, chegando despreparadas hora do parto; idosos desasistidos; falta de atendimento e de acompanhamento permanente aos casos de hipertenso e diabete; baixa capacidade de diagnstico e tratamento dos casos de tuberculose e hansenase; insuficincia no cuidado com a sade bucal da populao, entre tantas outras falhas.

pao de toda a comunidade em parceria com a ESF na identificao das causas dos problemas de sade, na definio de prioridades, no acompanhamento da avaliao de todo trabalho feito. Sem privilgio para ningum, sem discriminao de ningum, fundamental a atuao dos conselhos locais, igrejas e templos dos mais diferentes credos, associaes, os vrios tipos de organizaes no-governamentais (ONGs), clubes, entidades de todos os gneros. Em harmonia com as leis e normas que regulamentam a sade, no Brasil, o Programa Sade da Famlia pressupe que os municpios estejam preparados para atuar de forma regionalizada e hierarquizadada. Cada municpio dever dar soluo aos problemas mais comuns e mais freqentes na sade da sua populao e definir para onde encaminhar os casos que exigem atendimento especializado. um erro, portanto, imaginar o PSF como um servio paralelo, isolado. Pelo contrrio, o PSF se integra ao servio de sade do municpio e da regio, enriquecendo-o, organizando-o e caracterizando-se como a porta de entrada do sistema municipal de sade. A organizao da ateno bsica, propiciada pelo PSF, trata as pessoas, controla as doenas crnicas (como hipertenso, diabetes), diminui a solicitao de exames desnecessrios, racionaliza os encaminhamentos para os servios de maior complexidade, reduz a procura direta aos atendimentos de urgncia e hospitalares.
Guia Prtico do PSF 59

Outro erro pensar que as ESF so responsveis apenas pelas visitas domiciliares e atividades coletivas ou individuais de preveno a doenas, enfermidades, patologias em geral, enquanto a assistncia curativa continua sob responsabilidade de outros profissionais do modelo anterior, tradicional. Essa uma grave distoro, que pe por terra pontos bsicos do PSF, que so a Integralidade e a Resolutividade: nos territrios onde estejam implantadas, as Unidades de Sade da Famlia so as responsveis por toda ateno bsica das comunidades, sem que haja paralelismo na assistncia prestada. Mais um erro de entendimento que leva a distoro grave: achar que os recursos financeiros encaminhados pelo Governo Federal, como incentivo, representam todo o dinheiro necessrio para implantar e manter o Programa Sade da Famlia.

Nunca demais lembrar, a propsito, que a legislao do Sistema nico de Sade (SUS) tem como princpio, para sua consolidao, os investimentos das trs esferas de governo: federal, estadual e municipal. Outro princpio bsico do SUS a descentralizao. Isso quer dizer que, em toda estratgia de ateno sade adotada, o municpio responsvel pela organizao e operacionaizao dos servios, pela forma de contratao e pagamento dos recursos humanos, pelo acompanhamento e avaliao das aes desenvolvidas. Nunca demais lembrar, igualmente, que o Programa Sade da Famlia faz parte de um contexto muito maior, que o SUS. Os profissionais do PSF no tm a pretenso de solucionar todos os problemas de sade. Mas devem estar conscientes de que uma ateno bsica de qualidade parte fundamental desse objetivo, de acordo com as responsabilidades definidas na NOAS 2001.

Principais responsabilidades da Ateno Bsica a serem executadas pelas ESF e ESB nas reas prioritrias da Ateno Bsica Sade - NOAS 2001:
I. Aes de Sade da Criana
Responsabilidades
Vigilncia Nutricional

Atividades
Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento Promoo do aleitamento materno Realizao ou referncia para exames laboratoriais Combate s carncias nutricionais Implantao e alimentao regular do SISVAN Realizao do Esquema Vacinal Bsico de Rotina Busca de faltosos Realizao de Campanhas e intensificaes Alimentao e acompanhamento dos sistemas de informao Assistncia s IRA em menores de 5 anos Assistncia s doenas diarricas em crianas menores de 5 anos Assistncia a outras doenas prevalentes Atividades Educativas de promoo da sade e preveno das doenas Garantia de acesso a referncia hospitalar e ambulatorial especializada, quando necessrio, de forma programada e negociada com mecanismos de regulao Realizao ou referncia para exames laboratoriais Realizao de aes de preveno e cura das patologias bucais, buscando o restabelecimento das funes da boca, com foco no desenvolvimento neurolingstico e no processo de socializao da criana Garantia de acesso a referncia hospitalar e ambulatorial especializada, quando necessrio (fonoaudiologia, ortodondia preventiva, etc.), de forma programada e negociada com mecanismos de regulao

Imunizao

Assistncia s doenas prevalentes na infncia

Assistncia e preveno s patologias bucais na infncia

60 Guia Prtico do PSF

O que a NOAS 2001?


a Norma Operacional Bsica da Assistncia Sade, editada por Portaria do Ministrio da Sade, em 26 de janeiro de 2001. um instrumento que amplia as responsabilidades dos municpios na Ateno Bsica; define o processo de regionalizao da assistncia; cria mecanismos para fortalecimento da gesto do SUS; atualiza os critrios de habilitao para os estados e municpios.

Como reorganizar a Ateno Bsica por meio do PSF?


Os primeiros passos, quando a Prefeitura decide implantar o PSF, so os seguintes: analisar com especial cuidado a estrutura dos servios municipais de sade. preciso ver com exatido quantos mdicos h no municpio, quantos enfermeiros, quantos auxiliares de enfermagem, quantos dentistas, atendentes de consultrio dentrio e tcnicos de sade bucal (ou tcnicos de higiene dental), anotando onde eles atuam e importantssimo procurando saber quantos e quais, entre eles, podem e desejam mudar seu estilo de trabalho para se enquadrar nos conceitos de Sade da Famlia;

II. Aes de Sade da Mulher


Responsabilidades
Pr-Natal

Atividades
Diagnstico de gravidez Cadastramento de gestantes no 1 trimestre Classificao de risco gestacional desde a 1 consulta Suplementao alimentar para gestantes com baixo peso Acompanhamento de pr-natal de baixo risco Vacinao anti-tetnica Avaliao do puerprio Realizao ou referncia para exames laboratoriais de rotina Alimentao e anlise de sistemas de Informao Atividades Educativas para promoo da sade Rastreamento de cncer de colo de tero Coleta de material para exame de citopatologia Realizao ou referncia para exame citopatolgico Alimentao dos sistemas de informao Consulta mdica e de enfermagem Fornecimento de medicamentos e de mtodos anticoncepcionais Realizao ou referncia para exames laboratoriais Levantamentos de atividade de doenas bucais, especialmente crie e doena gengival Evidenciao de placa bacteriana Escovao supervisionada Bochechos com flor Educao em sade bucal a acesso aos meios de preveno (escova, pasta e fio dental), evidenciando seu fundamental papel familiar com relao as questes gerais de sade, visando proporcionar condies para o auto-cuidado Estmulo ao aleitamento materno exclusivo at os seis meses de idade Educao em sade, aconselhamento e acesso a meios para preveno de patologias ortodnticas, com nfase sobre os hbitos bucais nocivos (uso de chupetas, suco de dedo, etc.). Educao em sade bucal e acesso aos meios de preveno (gaze ou simular) com nfase na preveno da crie de mamadeira

Preveno de cncer de colo de tero

Planejamento familiar Preveno dos problemas odontolgicos em gestantes

Guia Prtico do PSF 61

avaliar o que faz hoje a rede bsica de sade do municpio. A partir dessa avaliao, planejar em todos os detalhes o processo de trabalho das Equipes de Sade da Famlia, considerando as responsabilidades da Ateno Bsica; inserir o financiamento do PSF no mbito do financiamento da ateno bsica; estudar a maneira pela qual a Sade da Famlia ser introduzida no atual sistema municipal de sade. Pelo menos seis providncias so indispensveis para isso: 1) definir os territrios onde comear a ser implantado o PSF; 2) definir as estruturas fsicas das USF (centros ou postos tradicionais que sero convertidos para o modelo do PSF, ou novas reas fsicas que precisaro ser providenciadas); 3) definir o processo de gerenciamento das unidades de sade;

4) definir como os pacientes sero encaminhados para atendimentos de maior complexidade e como, em seu retorno, ser feito o acompanhamento deles pela Equipe de Sade da Famlia (os fluxos de referncia e contra-referncia); 5) definir como os pacientes sero encaminhados aos servios de apoio diagnstico, como os exames de laboratrio, por exemplo; 6) acordar com as ESF suas responsabilidades em relao s aes de sade da criana, sade da mulher e sade bucal, ao controle da tuberculose, da hiperteno e da diabetes, e eliminao da hansenase, de acordo com as prioridades definidas para a ateno bsica e as outras prioridades levantadas pelo diagnstico da realidade local (endemias, por exemplo). na rea de recursos humanos, preparar a contratao dos profissionais que vo compor as ESF, com ateno redobrada aos seguintes itens:

III. Controle da Hipertenso


Responsabilidades
Diagnstico de casos Cadastramento dos portadores Busca ativa de casos Tratamento dos casos

Atividades
Diagnstico clnico Alimentao e anlise dos sistemas de informao Medio de P. A. de usurios Visita domiciliar Acompanhamento ambulatorial e domiciliar Fornecimento de medicamentos Acompanhamento domiciliar de pacientes com seqelas de AVC e outras complicaes Realizao ou referncia para exames laboratoriais complementares Realizao ou referncia para ECG Realizao ou referncia para RX de trax Realizao de exame clnico odontolgico 1 Atendimento s crises hipertensivas e outras complicaes Acompanhamento domiciliar Fornecimento de medicamentos Aes para diagnstico, reabilitao e controle das patologias bucais, visando preveno dos quadros de agravamento e complicaes decorrentes da hipertenso Aes educativas para controle de condies de risco (obesidade, vida sedentria, tabagismo) e preveno de complicaes Aes educativas e de controle das patologias bucais, buscando proporcionar condies para o autocuidado

Diagnstico precoce de complicaes 1 Atendimento de urgncia

Atendimento Sade Bucal Medidas preventivas

62 Guia Prtico do PSF

A) capacitao, ou seja, os treinamentos necessrios para que sejam reorientadas as aes e prticas de acordo com as reas prioritrias da ateno bsica e o diagnstico da realidade local;

B) superviso e acompanhamento permanente nos aspectos tcnicos e gerenciais para garantir o suporte necessrio para superar os problemas que forem surgindo no desenvolvimento dos trabalhos.

IV. Controle da Diabetes Melittus


Responsabilidades
Diagnstico de casos Cadastramento dos portadores Busca ativa de casos Tratamento dos casos

Atividades
Investigao em usurios com fatores de risco Alimentao e anlise de sistemas de informao Visita domiciliar Acompanhamento ambulatorial e domiciliar Educao teraputica em diabetes Fornecimento de medicamentos Curativos Realizao de exame dos nveis de glicose (glicemia capilar) pelas unidades de sade Realizao ou referncia laboratorial para apoio ao diagnstico de complicaes Realizao ou referncia para ECG 1 Atendimento s complicaes agudas e outras intercorrncias Acompanhamento domiciliar Agendamento do atendimento

Monitorizao dos nveis de glicose do paciente Diagnstico precoce de complicaes 1 Atendimento de urgncia Encaminhamento de casos graves para outro nvel de complexidade Medidas preventivas e de promoo da sade

Aes educativas sobre condies de risco (obesidade, vida sedentria) Aes educativas para preveno de complicaes (cuidados com os ps, orientao nutricional, cessao do tabagismo e alcoolismo; controle da PA e das dislipidemias) Aes educativas para auto-aplicao de insulina Aes educativas e de controle das patologias bucais buscando proporcionar condies para o autocuidado

V. Controle da Tuberculose
Responsabilidades
Busca ativa de casos Notificao de casos Diagnstico clnico de casos Acesso a exames para diagnstico e controle: laboratorial e radiolgico Exame clnico de SR e comunicantes Realizao ou referncia para baciloscopia Realizao ou referncia para exame radiolgico em SR com baciloscopias negativas (BK -) Alimentao e anlise dos sistemas de informao Tratamento supervisionado dos casos BK+ Tratamento auto-administrado dos casos BK Fornecimento de medicamentos Atendimentos s intercorrncias Busca de faltosos Vacinao com BCG Pesquisa de comunicantes Quimioprofilaxia Aes educativas
Guia Prtico do PSF 63

Atividades
Identificao de Sintomticos Respiratrios (SR)

Cadastramento dos portadores Tratamento dos casos BK+ (supervisionado) e BK (auto-administrado)

Medidas preventivas

ATENO! muito importante, no incio dos trabalhos, que as equipes se sintam amparadas e estimuladas pela gesto municipal.

VI. Eliminao da Hansenase


Responsabilidades
Busca ativa de casos Notificao Diagnstico clnico de casos Exame de sintomticos dermatolgicos e comunicantes de casos Classificao clnica dos casos (multibacilares e paucibacilares) Alimentao e anlise dos sistemas de informao Acompanhamento ambulatorial e domiciliar Avaliao dermato-neurolgica Fornecimento de medicamentos Curativos Atendimento de intercorrncias Avaliao e classificao das incapacidades fsicas Aplicao de tcnicas simples de preveno e tratamento de incapacidades Atividades educativas Pesquisa de comunicantes Divulgao de sinais e sintomas da hansenase Preveno de incapacidades fsicas Atividades educativas

Atividades
Identificao de sintomticos dermatolgicos entre usurios

Cadastramento dos portadores Tratamento supervisionado dos casos

Controle das incapacidades fsicas

Medidas preventivas

VII. Aes de Sade Bucal


Responsabilidades
Cadastramento de usurios, Planejamento, Execuo e Acompanhamento de aes

Atividades
Adequao aos cadastros disponveis pela ESF e PAC Alimentao e anlise dos sistemas de informao especficos Anlise dos demais bancos de dados disponveis para planejamento e programao integrada s demais reas de ateno do PSF Participao do processo de planejamento, acompanhamento e avaliao das aes desenvolvidas no territrio de abrangncia das Unidades de Sade da Famlia Identificao das necessidades e expectativas da populao em relao sade bucal Construo de mapas inteligentes buscando viso espacial das famlias, crianas, gestantes, hipertensos, diabticos, demais situaes de agravo de interesse sade bucal, equipamentos sociais governamentais ou no como creches, escolas entre outros Organizao do processo de trabalho de acordo com as diretrizes do PSF e do plano de sade municipa Desenvolvimento de aes intersetoriais para a promoo da sade bucal

64 Guia Prtico do PSF

Unidade de Sade da Famlia


Onde antes existia o centro de sade ou posto de sade, pode agora estar uma Unidade de Sade da Famlia. Mas ateno: a mudana no s de nome!

o modelo tradicional, a funo dos centros de sade, ou postos de sade, se caracteriza pela passividade.

muito mais que uma simples mudana de nome, em relao aos centros e postos de sade, ainda que eventualmente o endereo continue o mesmo. S indispensvel construir uma nova estrutura fsica quando se implanta o PSF numa rea onde at agora no existia nenhum tipo de atendimento. ATENO! Se for usado o imvel antigo, onde at

Sem vnculo efetivo com as pessoas, sem responsabilidade maior com a sade da comunidade, essas unidades se limitam a abrir suas portas (s vezes s pela manh, ou s tarde) e a esperar que cheguem as crianas para serem vacinadas ou pacientes para serem encaminhados a hospitais. J a Unidade de Sade da Famlia (USF) trabalha dentro de uma nova lgica, com maior capacidade de ao para atender s necessidades de sade da populao de sua rea de abrangncia. A funo da USF prestar assistncia contnua comunidade, acompanhando integralmente a sade da criana, do adulto, da mulher, dos idosos, enfim, de todas as pessoas que vivem no territrio sob sua responsabilidade.

agora funcionou o centro ou posto, indispensvel fazer uma boa vistoria da estrutura fsica, antes da instalao da USF, com especial cuidado em relao s instalaes eltricas e hidrulicas, ventilao, iluminao natural, aos espaos para a circulao das pessoas, buscando adequar os fluxos de atendimento s normas de controle de infeco.

Guia Prtico do PSF 65

ATENO! Os componentes da Equipe de Sade da Famlia (ESF) e os prprios pacientes devem ter muito clara e bem fixada a noo de que a USF no um local de triagem, que se limita a encaminhar a maior parte dos casos para os servios especializados. Costuma-se afirmar, em publicaes internacionais, que os mdicos de famlia devem ser considerados mdicos 5 estrelas, porque alm de bons clnicos, renem atribuies e competncias nas reas de planejamento, programao e epidemiologia, que possibilitam uma atuao voltada para a vigilncia da sade.

Quantas equipes atuam numa USF?


Numa casa de caboclo, como dizem os caipiras, um pouco, dois bom, trs demais. No mesmo estilo desatento gramtica, pode-se dizer que, na USF, uma Equipe de Sade da Famlia pode ser pouco, duas bom, trs o mximo recomendvel. Uma equipe, apenas, tem vrios inconvenientes: faltam

Pacientes e ESF tm que estar bem informados de que a Unidade de Sade da Famlia o primeiro contato do usurio com o sistema de sade. Isso significa que os profissionais em ao numa USF so capazes de resolver a maioria dos problemas de sade daquela populao, porque antes cadastraram famlia por famlia, casa por casa, rua por rua, fizeram o diagnstico de sade da comunidade e prepararam um plano de ao, no qual estabeleceram aes e metas em relao aos principais indicadores de sade. Pela experincia vivida nas milhares de localidades onde o PSF est implantado de maneira adequada, a prpria USF pode solucionar em torno de 85% dos casos de sade em sua rea. Alis, uma das maiores mudanas proporcionadas pela Sade da Famlia o esvaziamento dos prontos-socorros e ambulatrios dos hospitais ligados rede pblica de sade. Por qu? Porque ocorre uma inverso de posies: at agora, 85% dos pacientes, aproximadamente, so encaminhados para esses hospitais, e apenas 15% deles so tratados no centro ou posto de sade de agora em diante, cerca de 85% dos pacientes recebem atendimento completo e satisfatrio na USF, restando em torno de 15% para aqueles locais onde existam os especialistas e os equipamentos e aparelhos necessrios para exames e tratamentos mais sofisticados. ATENO! Mesmo naqueles casos excepcionais em que preciso encaminhar o paciente para especialistas ou hospitais, a ESF continua responsvel pelo acompanhamento do caso. Ainda que a pessoa tenha sido levada para outro municpio, a ESF se mantm informada, alerta. Durante todo o tratamento especializado e aps o seu trmino, a ESF responsvel por todos os cuidados necessrios para a recuperao.

outros profissionais com quem trocar idias e a quem pedir ajuda, e pode haver baixa utilizao da estrutura montada. Com duas equipes, os profissionais se ajudam e se completam, possvel estabelecer um revezamento de maneira que sempre haja pessoal suficiente para os casos que requerem atendimento imediato e potencializa-se a utilizao da infra-estrutura da USF. Ou seja: a mesma sala de vacina utilizada pelas duas equipes, o mesmo acontecendo com a recepo, a sala de reunies e com alguns equipamentos. A Unidade de Sade da Famlia pode funcionar bem com trs equipes, desde que exista espao adequado. Cabe lembrar que nos casos em que estejam trabalhando, numa mesma USF, mais de uma ESF, preciso estar atento ao gerenciamento. Deve-se possibilitar um bom desempenho das equipes, garantindo a relao de responsabilidade com o territrio e a populao adscrita de cada equipe. Na verdade, o nmero ideal de equipes numa USF varia de acordo com a populao a ser atendida. Num bairro urbano ou vila de periferia onde resida muita gente, o caso de funcionarem duas ou trs equipes. Desde que o imvel utilizado tenha espao para todas. Se no houver espao suficiente, a melhor soluo providenciar outra USF que possa abrigar outras ESF. Nas regies rurais distantes da cidade, por outro lado, muitas vezes no possvel instalar a ESF numa Unidade de Sade tradicional, e necessrio criar espaos alternativos para o atendimento da pessoas que vivem nessas regies. Nesses casos, aproveita-se, por exemplo, uma escola que tenha salas disponveis. Em alguns casos (de disperso de ncleos familiares em reas rurais), justifica-se at a utilizao de unidades mveis equipadas adequadamente. No o ideal, mas funciona melhor que uma casa isolada, qual pouca gente pode chegar.

66 Guia Prtico do PSF

Os municpios que adotarem as Equipes de Sade Bucal (ESB) devem ter as mesmas preocupaes descritas anteriormente quanto definio dos espaos fsicos adequados. Ressalta-se a importncia de se ter ao menos uma clnica instalada na rea de abrangncia das equipes. Isso significa dizer que, mesmo para as equipes que tm atuao em reas rurais, onde os equipamentos mveis so de grande valia, faz-se necessria a instalao de uma clnica odontolgica que sirva de referncia para essa comunidade.

Quem so os componentes de uma ESF?


A Equipe de Sade da Famlia deve ser composta, no mnimo, por 1 mdico generalista (com conhecimento de clnica geral), 1 enfermeiro, 1 auxiliar de enfermagem e de 4 a 6 Agentes Comunitrios de Sade. (Veja, a partir da pgina 71, informaes detalhadas sobre cada integrante de uma ESF). ATENO! condio essencial, para o xito da Sade

Quantas pessoas so atendidas pelas ESF?


Existem recomendaes e critrios para definir a populao atendida por uma USF. Por esses critrios, cada Equipe de Sade da Famlia responsvel por um nmero determinado de famlias. o que se chama de populao adscrita. ATENO! Recomenda-se que cada ESF acompanhe entre 600 e 1.000 famlias, no ultrapassando o limite mximo de 4.500 pessoas. A proporo definida pelo risco que a regio representa para a sade da comunidade. Onde o risco maior, recomenda-se que a populao atendida seja menor, para que a ESF possa se dedicar adequadamente ao seu trabalho.

da Famlia, que todos eles trabalhem 8 horas por dia, o que d 40 horas por semana. A jornada diria de 8 horas significa, na prtica, dedicao integral Sade da Famlia. Esse um dos pontos principais do PSF: contar com profissionais que podem se dedicar efetivamente a esse trabalho, todos os dias da semana. Tendo a Sade da Famlia como atividade, em regime integral, esses profissionais estabelecem uma ligao efetiva com a comunidade. Conhecem pessoalmente cada paciente, sabem onde fica a casa de cada um, quem so os seus parentes, qual a sua histria de vida, de sade. Para conseguir essa integrao com a comunidade que talvez seja o fundamento maior da Sade da Famlia , s mesmo trabalhando 8 horas por dia, em regime de dedicao integral.
Guia Prtico do PSF 67

faz parte da Sade da Famlia?


Do ponto de vista da Sade da Famlia, tambm as aes de sade bucal devem ser organizadas, para que passe a existir, tambm nesse campo, uma relao nova com a comunidade, baseada na ateno, na confiana, no respeito. Os dentistas e seus assistentes so vistos como profissionais que podem de fato desempenhar um papel decisivo nos bons resultados do Programa Sade da Famlia. Naturalmente, com as devidas adaptaes. Devidas adaptaes? Sim, porque tambm na odontologia predomina a cultura da especializao e do trabalho individualizado do dentista. necessrio, portanto, que os profissionais da odontologia conheam, aceitem e pratiquem os conceitos e princpios da Sade da Famlia e desenvolvam habilidades para o trabalho multiprofissional. S assim eles podero realizar, numa USF, o trabalho fundamental que deles se espera. Os profissionais que compem a ESB completa so 1 ciATENO! A integrao dos profissionais da Sade Bucal, na USF, inclui a dedicao integral. Tambm eles tm que trabalhar 8 horas por dia, 40 horas por semana. rurgio-dentista (CD), 1 atendente de consultrio dentrio (ACD) e um tcnico em higiene dental (THD). Essa equipe corresponde a uma das duas modalidades de O municpio interessado em organizar as aes de sade bucal, por meio da estratgia Sade da Famlia, dever obedecer proporo de uma Equipe de Sade Bucal (ESB) para cada duas Equipes de Sade da Famlia. Portanto, se o municpio tem seis ESF implantadas, poder habilitar-se a criar trs ESB. Mas se tem sete ESF e quer implantar uma quarta ESB, esse municpio dever antes criar uma oitava Equipe de Sade da Famlia (pela regulamentao vigente at novembro de 2001). A exceo feita para municpios com at 6.900 habitantes, nos quais essa proporo poder ser de uma ESB para uma ESF. ATENO! Existe um incentivo financeiro para que os municpios possam incluir Equipes de Sade Bucal (ESB) no Programa Sade da Famlia. (Veja informao mais detalhada na pgina 106).

A Sade Bucal

68 Guia Prtico do PSF

adeso ao programa. Se no municpio no h nmero suficiente de tcnicos em higiene dental, possibilita-se a adoo da outra modalidade, com apenas 1 cirurgio-dentista e 1 atendente de consultrio. Qualquer que seja a modalidade escolhida, todos os profissionais da ESB devero cumprir uma jornada de trabalho semanal de 40 (quarenta) horas.

mento e avaliao das aes desenvolvidas no territrio adstrito Identificar as necessidades e expectativas da populao em relao sade bucal Estimular e executar medidas de promoo da sade, atividades educativas e preventivas em sade bucal

Como deve ser a atuao da ESB numa USF?


Quando uma ESB implantada, passa a fazer parte de toda a famlia de profissionais que compem a USF. Portanto, com eles deve compartilhar conhecimentos e participar ativamente das aes necessrias na ateno bsica.

Executar aes bsicas de vigilncia epidemiolgica em sua rea de abrangncia Organizar o processo de trabalho de acordo com as diretrizes do PSF e do plano municipal de sade Sensibilizar as famlias para a importncia da sade bucal na manuteno da sade Realizar visitas domiciliares de acordo planejamento da USF

Veja alguns exemplos: Desenvolver aes intersetoriais para a promoo da Participar do processo de planejamento, acompanhasade bucal

A implantao do PSF deve

comear pela

periferia?
Na maioria das cidades, de fato, a implantao do PSF comea nas reas de maior risco ou mais carentes de ateno bsica sade. Essas reas normalmente ficam na periferia, distantes do centro da cidade. Ali no costumam chegar os servios de sade. As pessoas dali costumam ser pouco informadas sobre cuidados bsicos com a sade. Por ali no costuma passar a rede de saneamento bsico. Por razes desse tipo que a maioria das prefeituras escolhe a periferia para comear a implantao do PSF. Desde as primeiras decises, importante analisar bem a situao da rea onde vai funcionar cada USF. Com isso, evita-se o problema da superlotao, por exemplo, que afeta diretamente a qualidade do atendimento. ATENO! A Unidade de Sade da Famlia faz parte da rede municipal de sade. No um servio paralelo, sepaAs primeiras semanas de implantao do PSF exigem, s vezes, estratgias de transio de um modelo para outro. Normalmente um perodo de conflitos, quando entra em jogo uma srie de interesses. Nesses casos, possvel manter a convivncia das duas lgicas de atuao por um determinado perodo dentro do municpio. Mas essa possibilidade deve existir dentro do municpio em carter provisrio. Municpios de mdio e grande porte devem tomar o cuidado de no espalhar as equipes de Sade da Famlia por vrias regies diferentes, distantes entre si. melhor que comecem atuando em reas prximas, num distrito ou numa regional do municpio, por exemplo. Essa estratgia facilita a reorganizao do sistema de sade do municpio, tornando vivel e efetiva a mudana da ateno bsica na regio. rado do restante. Pelo contrrio, a USF integra o sistema local de sade.

70 Guia Prtico do PSF

A demanda aumenta, no incio da implantao?


IMPORTANTE! No convm manter unidades tradicionais na mesma rea das ESF, para evitar a duplicidade de servios e a concorrncia entre profissionais no atendimento a uma mesma populao. As situaes de duplicidade desorganizam o sistema, no incorporam racionalidade aos servios e impossibilitam que realmente se estabelea o vnculo necessrio entre ESF e comunidade.

Na verdade, investir na organizao da Ateno Bsica significa otimizar gastos em sade, ou seja, utilizar melhor o recurso disponvel e produzir bons resultados para a sade da populao. IMPORTANTE! Pessoas que nunca tinham recebido atendimento adequado, digno, vo se tornar exigentes, vo querer direitos iguais aos dos outros cidados. D trabalho, mas assim que se firma na populao o conceito de cidadania. Passados os primeiros meses, porm, vem a compen-

Outro ponto a considerar, nas semanas iniciais de implantao do PSF, a exposio de problemas que at ento eram ignorados ou no eram levados em considerao. So situaes em que as pessoas estavam excludas do servio municipal de sade, por diferentes razes: porque o servio no existia naquela regio; porque o servio no estava organizado de forma a facilitar o acesso das pessoas; porque o servio no era resolutivo (capaz de resolver os problemas de sade mais freqentes na comunidade); ou porque o servio era desatento em relao s reais necessidades da populao. Casos de tuberculose e hansenase, por exemplo, que existiam, mas no eram sequer diagnosticados. Hipertensos e diabticos que precisavam de hospitalizao por falta de tratamento e acompanhamento regulares. A busca ativa, que o Programa Sade da Famlia pratica, vai atrs desses casos, descobre, diagnostica e, em seguida, d tratamento, acompanha. Por isso, costuma-se dizer que a implantao do PSF desencadeia vrias epidemias no municpio. So casos de hansenase, tuberculose e tantos outros que at ento no apareciam nas estatsticas locais e que despontam, de um ms para outro. Ao implantar o PSF, portanto, o Prefeito e seu Secretrio de Sade devem estar conscientes de que a demanda por atendimento vai crescer, no princpio. Essa atitude, que salva vidas, representa uma demanda que no existia, e cria gastos adicionais que no constavam da ateno bsica, mas que poderiam estar sobrecarregando os outros nveis do sistema com exames e encaminhamentos desnecessrios; com as pessoas que adoeceram por causas que poderiam ter sido evitadas; com as pessoas que tiveram seus problemas agravados porque no receberam assistncia no tempo oportuno, ou porque no tiveram tratamento e acompanhamento regulares.

sao da melhora constante nos indicadores de sade. Ao mesmo tempo, ocorre tambm significativa melhora nos cofres municipais, comparando-se o dinheiro que a Prefeitura gasta em trs etapas: 1) antes do PSF, determinadas doenas simplesmente no eram tratadas e, por isso, a Prefeitura acreditava no gastar nada com elas, embora gastasse com atendimentos de urgncia, internaes e bitos que tais doenas provocavam; 2) nos primeiros meses de implantao do PSF, com a busca ativa realizada pelas Equipes de Sade da Famlia, aparecem doenas que at ento estavam encobertas, existiam, mas eram ignoradas como hipertenso, diabetes, tuberculose, hansenase e isso significa gastos com exames, medicamentos e, em alguns casos, encaminhamento para especialistas; 3) consolidada a implantao do PSF, vem a estabilizao. As crianas, vacinadas e acompanhadas em seu crescimento, tornam-se mais saudveis. As gestantes, com o pr-natal bem feito, chegam preparadas hora do parto. Pessoas afetadas por hipertenso, diabetes, tuberculose, hansenase passam a receber tratamento adequado e adquirem condio de trabalhar, de produzir.

Que instalaes e equipamentos deve ter a USF?


Numa Unidade de Sade da Famlia devem existir a tecnologia e os equipamentos que permitam a soluo dos problemas de sade mais comuns numa comunidade. Ou seja, a USF deve estar equipada para garantir ateno bsica populao sob sua responsabilidade.
Guia Prtico do PSF 71

A sala de vacina, a mesa ginecolgica e o espculo para coleta de material para exame, a caixa de sutura para curativos e pequenos procedimentos, o consultrio do mdico e o da enfermeira, a clnica odontolgica a Unidade de Sade da Famlia tem que estar aparelhada para dar o atendimento que a populao necessita receber. (Veja, na pgina 114, quadro com uma sugesto de lista de equipamentos bsicos de uma Unidade de Sade da Famlia). Se a rea de cobertura da USF for muito extensa, necessrio garantir, tambm, os meios para o transporte da equipe. Igualmente importante, numa USF, a atualizao dos conhecimentos por parte da equipe. Todos os integrantes de ESF e ESB devem adotar uma reviso constante dos saberes e prticas relacionados com sua atividade. A capacitao dos profissionais um dos pontos

bsicos numa Unidade de Sade da Famlia. Trata-se de um processo de educao permanente, voltado para a atuao clnica, epidemiolgica e de vigilncia sade, tendo cada indivduo e cada famlia da comunidade como bases da abordagem nova que a Sade da Famlia pressupe. (Veja mais sobre capacitao das ESF na pgina 79). Alm dos equipamentos essenciais USF, deve-se lembrar que o Agente Comunitrio de Sade (ACS), de acordo com as circunstncias de cada localidade, costuma usar bicicletas e at barcos e animais como meios de transporte. Nas visitas que faz regularmente s famlias da comunidade, o ACS precisa levar alguns equipamentos bsicos, como balana, fita mtrica, termmetro. O material de trabalho do ACS contm prancheta, lpis, caneta, caderno, alm do uniforme (jaleco, camiseta e bon) para sua identificao na comunidade.

Em sua estrutura mnima, a USF deve ter:


2 uma sala de recepo, com espao adequado para receber e acolher as
pessoas e, sempre que possvel, um aparelho de TV com videocassete, para transmisso de filmes com informaes sobre cuidados com a sade;

2 um local para os arquivos e registros; 2 um local para cuidados bsicos de enfermagem, como curativos e outros
pequenos procedimentos;

2 uma sala de vacinao, de acordo com as normas recomendadas pelo


Programa Nacional de Imunizao;

2 um consultrio mdico; 2 um consultrio de enfermagem; 2 sanitrios; 2 sempre que possvel, um espao para atividades de grupo (por exemplo,
de gestantes, de hipertensos) e para educao permanente da ESF;

2 uma clnica odontolgica com equipamentos, instrumentais e materiais


necessrios para o atendimento a sade bucal, quando incorporado ao Sade da Famlia.

72 Guia Prtico do PSF

Bases das aes da ESF e ESB


Espera-se, dos integrantes da Sade da Famlia, que estejam preparados para dar soluo aos principais problema de sade da comunidade, organizando sua atividade em torno de Planejamento de aes, Sade, Promoo e Vigilncia, Trabalho interdisciplinar em equipe e Abordagem integral famlia

ntender a Sade da Famlia como estratgia de mudana significa repensar prticas, valores e conheci-

I. Planejamento das aes


Capacidade para diagnosticar a realidade local. Esse o primeiro ponto. Nesse diagnstico, importante estar atento tambm aos aspectos positivos da comunidade, ao potencial que as pessoas tm para resolver seus problemas, inclusive os de sade. Em seguida, preciso elaborar e avaliar planos de trabalho que produzam o impacto apropriado sobre as condies sanitrias da populao, famlias e indivduos da rea abrangida pela USF. A equipe deve:

mentos de todas as pessoas envolvidas no processo de produo social da sade. Amplia-se a complexidade das aes a serem desenvolvidas pelos profissionais de sade e aumentam os limites e suas possibilidades de atuao, requerendo desses profissionais novas habilidades. Alm das atividades de assistncia desenvolvidas pela ESF, igualmente importantes so as de planejamento como: identificar, conhecer e analisar a realidade local, e propor aes capazes de nela interferir. A conquista da sade como direito legtimo de cidadania um fundamento bsico da estratgia Sade da Famlia. Os profissionais das ESF e ESB, convivendo com a comunidade em que atuam, podem desencadear mudanas significativas na sua rea de abrangncia, se observarem o cotidiado dessas pessoas com base nas teorias e conceitos do SUS. Sob esse aspecto, as atribuies fundamentais dos profissionais da USF so as seguintes: I. Planejamento de aes

conhecer os fatores determinantes do processo sadedoena do indivduo, das famlias e da comunidade; estabelecer prioridades entre problemas detectados e traar estratgias para sua superao; conhecer o perfil epidemiolgico da populao de sua rea de abrangncia; garantir estoque regular de todos os insumos para as

II. Sade, Promoo e Vigilncia III. Trabalho interdisciplinar em equipe IV. Abordagem integral da famlia A seguir, falaremos detalhadamente sobre cada uma dessas atribuies.

estratgias e funcionamento da USF;

II. Sade, Promoo e Vigilncia sade


fundamental, nesta atribuio, entender a sade como produo social, como um processo construtivo que uma coletividade pode conquistar em seu dia-a-dia. Busca-se, nesta atribuio, compreender o processo de responsabilidade compartilhada das aes em sade, incluindo a sintonia entre os diferentes setores (intersetoriaGuia Prtico do PSF 73

lidade) e a participao social. Essa uma estratgia importante para que as pessoas adquiram conscincia de que podem tomar a iniciativa, so sujeitos (e no apenas pacientes) capazes de elaborar projetos prprios de desenvolvimento, tanto individual como coletivamente. Os profisionais devem: conhecer os fatores (sociais, polticos, econmicos, ambientais, culturais, individuais) que determinam a qualidade de vida da comunidade adstrita; entrar em articulao com outros setores da sociedade e movimentos sociais organizados, integrando aes para a qualidade de vida da comunidade; estimular a participao da comunidade no planejamento, execuo e avaliao das aes da USF; articular, com a rede institucional local, aes integradas para a melhoria constante da qualidade de sade da populao.

compartilhar conhecimentos e informaes para o desenvolvimento de trabalho em equipe; participar da formao e do treinamento de pessoal auxiliar, voluntrios e estagirios de outros servios, preparando-os para identificar os principais problemas biolgicos, mentais e sociais da comunidade.

IV. Abordagem integral da famlia


Entende-se, por essa atribuio, a abordagem integral da pessoa, vendo-a em seu contexto scioeconmico e cultural, com tica, compromisso e respeito. Assistir com integralidade inclui, entre outras questes, conceber o homem como sujeito social capaz de traar projetos prprios de desenvolvimento. As aes dos profissionais da USF devem entender a famlia em seu espao social, compreendendo-o como rico em aes interligadas (interaes) e em conflitos. A construo de ambientes mais saudveis no espao familiar envolve, alm da tecnologia mdica, o reconhecimento das potencialidades teraputicas presentes nas relaes familiares. Os conflitos, as interaes e as desagregaes fazem parte do universo simblico e particular da famlia, com intervenes diretas na sade de seus membros. Ao profissional de sade que entra na dinmica daquela vida familiar, cabe uma atitude de respeito e valorizao das caractersticas peculiares daquele ncleo de pessoas, intervindo de forma mais participativa e construtiva. A equipe deve: compreender a famlia de forma integral e sistmica, como espao de desenvolvimento individual e de grupo, dinmico e passvel de crises; identificar a relao da famlia com a comunidade; identificar processos de violncia no meio familiar e abord-los de forma integral, organizada, com participao das diferentes disciplinas e setores e de acordo com os preceitos legais e ticos existentes.

III. Trabalho interdisciplinar em equipe


Para obter melhor impacto sobre os diferentes fatores que interferem no processo sade-doena, importante que as aes tenham por base uma equipe formada por profissionais de diferentes reas, capazes de desenvolver diferentes disciplinas. A ao entre diferentes disciplinas pressupe, alm das ligaes tradicionais, a possibilidade de a prtica de um profissional se reconstruir na prtica do outro, transformando ambas na interveno do contexto em que esto inseridas. Assim, para lidar com a dinmica da vida social das famlias assistidas e da prpria comunidade, alm de procedimentos tecnolgicos especficos da rea da sade, a valorizao dos diversos saberes e prticas contribui para uma abordagem mais integral e resolutiva. A equipe deve: conhecer e analisar o trabalho de toda a equipe, verificando as atribuies especficas e do grupo, na USF, no domiclio e na comunidade;

74 Guia Prtico do PSF

Atribuies de cada membro das ESF e das ESB


As Equipes de Sade da Famlia e as Equipes de Sade Bucal trabalham unidas, em conjunto, mas existem atribuies especficas para ambas e para os membros de cada uma

Atribuies comuns a todos os profissionais que integram as equipes:


conhecer a realidade das famlias pelas quais so responsveis, com nfase nas suas caractersticas sociais, econmicas, culturais, demogrficas e epidemiolgicas;

promover aes intersetoriais e parcerias com organizaes formais e informais existentes na comunidade para o enfrentamento conjunto dos problemas identificados; fomentar a participao popular, discutindo com a comunidade conceitos de cidadania, de direito sade e as suas bases legais; incentivar a formao e/ou participao ativa da comu-

identificar os problemas de sade e situaes de risco mais comuns aos quais aquela populao est exposta; elaborar, com a participao da comunidade, um plano local para o enfrentamento dos problemas de sade e fatores que colocam em risco a sade; executar, de acordo com a qualificao de cada profissional, os procedimentos de vigilncia sade e de vigilncia epidemiolgica, nas diferentes fases do ciclo de vida; valorizar a relao com o usurio e com a famlia, para a criao de vnculo de confiana, de afeto, de respeito; realizar visitas domiciliares de acordo com o planejamento; resolver os problemas de sade no nvel de ateno bsica; garantir acesso continuidade do tratamento dentro de um sistema de referncia e contra-refncia para os casos de maior complexidade ou que necessitem de internao hospitalar; prestar assistncia integral populao adscrita, respondendo demanda de forma contnua e racionalizada; coordenar, participar de e/ou organizar grupos de educao para a sade;

nidade nos Conselhos Locais de Sade e no Conselho Municipal de Sade; auxiliar na implantao do Carto Nacional de Sade.

Atribuies especficas do mdico:


realizar consultas clnicas aos usurios da sua rea adstrita; executar as aes de assistncia integral em todas as fases do ciclo de vida: criana, adolescente, mulher, adulto e idoso; realizar consultas e procedimentos na USF e, quando necesrio, no domiclio; realizar as atividades clnicas correspondentes s reas prioritrias na interveno na Ateno Bsica, definidas na Norma Operacional da Assistncia Sade NOAS 2001 (ver p.60 deste Guia); aliar a atuao clnica prtica da sade coletiva; fomentar a criao de grupos de patologias especficas, como de hipertensos, de diabticos, de sade mental, etc;
Guia Prtico do PSF 75

realizar o pronto atendimento mdico nas urgncias e emergncias; encaminhar aos servios de maior complexidade, quando necessrio, garantindo a continuidade do tratamento na USF, por meio de um sistema de acompanhamento e de referncia e contra-referncia; realizar pequenas cirurgias ambulatoriais; indicar internao hospitalar; solicitar exames complementares; verificar e atestar bito.

especficas, como de hipertensos, de diabticos, de sade mental, etc; supervisionar e coordenar aes para capacitao dos Agentes Comunitrios de Sade e de auxiliares de enfermagem, com vistas ao desempenho de suas funes.

Atribuies especficas da auxiliar de enfermagem


realizar procedimentos de enfermagem dentro das suas competncias tcnicas e legais; realizar procedimentos de enfermagem nos diferentes ambientes, USF e nos domiclios, dentro do planejamento de aes traado pela equipe; preparar o usurio para consultas mdicas e de enfermagem, exames e tratamentos na USF; zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de dependncias da USF, garantindo o controle de infeco;

Atribuies especficas do enfermeiro


realizar cuidados diretos de enfermagem nas urgncias e emergncias clnicas, fazendo a indicao para a continuidade da assistncia prestada; realizar consulta de enfermagem, solicitar exames complementares, prescrever/transcrever medicaes, conforme protocolos estabelecidos nos Programas do Ministrio da Sade e as disposies legais da profisso;

realizar busca ativa de casos, como tuberculose, hansenase e demais doenas de cunho epidemiolgico; no nvel de suas competncias, executar assistncia bsi-

planejar, gerenciar, coordenar, executar e avaliar a USF; executar as aes de assistncia integral em todas as fases do ciclo de vida: criana, adolescente, mulher, adulto e idoso; no nvel de suas competncias, executar assistncia bsica e aes de vigilncia epidemiolgica e sanitria; realizar aes de sade em diferentes ambientes, na USF e, quando necessrio, no domiclio; realizar as atividades correspondentes s reas prioritrias de interveno na Ateno Bsica, definidas na Norma Operacional da Assistncia Sade NOAS 2001 (ver p.60 deste Guia); aliar a atuao clnica prtica da sade coletiva;

ca e aes de vigilncia epidemiolgica e sanitria; realizar aes de educao em sade aos grupos de patologias especficas e s famlias de risco, conforme planejamento da USF.

Atribuies especficas do cirurgio dentista


realizar levantamento epidemiolgico para traar o perfil de sade bucal da populao adstrita; realizar os procedimentos clnicos definidos na Norma Operacional Bsica do Sistema nico de Sade NOB/SUS 96 e na Norma Operacional Bsica da Assistncia Sade (NOAS); realizar o tratamento integral, no mbito da ateno

organizar e coordenar a criao de grupos de patologias

bsica para a populao adstrita;

76 Guia Prtico do PSF

encaminhar e orientar os usurios que apresentarem problemas mais complexos a outros nveis de assistncia, assegurando seu acompanhamento; realizar atendimentos de primeiros cuidados nas urgncias; realizar pequenas cirurgias ambulatoriais; prescrever medicamentos e outras orientaes na conformidade dos diagnsticos efetuados; emitir laudos, pareceres e atestados sobre assuntos de sua competncia; executar as aes de assistncia integral, aliando a atuao clnica de sade coletiva, assistindo as famlias, indivduos ou grupos especficos, de acordo com planejamento local; coordenar aes coletivas voltadas para a promoo e preveno em sade bucal;

para as aes coletivas; capacitar as equipes de sade da famlia no que se refere s aes educativas e preventivas em sade bucal; supervisionar o trabalho desenvolvido pelo THD e o ACD;

Atribuies especficas do TSB (Tcnico em Sade Bucal) ou THD (Tcnico de Higiene Dental)
sob a superviso do cirurgio dentista, realizar procedimentos preventivos, individuais ou coletivos, nos usurios para o atendimento clnico, como escovao supervisionada, evidenciao de placa bacteriana, aplicao tpica de flor, selantes, raspagem, alisamento e polimento, bochechos com flor, entre outros; realizar procedimentos reversveis em atividades restau-

programar e supervisionar o fornecimento de insumos

radoras, sob superviso do cirurgio dentista;

cuidar da manuteno e conservao dos equipamentos odontolgicos; acompanhar e apoiar o desenvolvimento dos trabalhos da equipe de sade da famlia no tocante sade bucal.

funciona como elo entre a equipe e a comunidade. Est em contato permanente com as famlias, o que facilita o trabalho de vigilncia e promoo da sade, realizado por toda a equipe. tambm um elo cultural, que d mais fora ao trabalho educativo, ao unir dois universos culturais distintos: o do saber cientfico e o do saber popular. O seu trabalho feito nos domiclios de sua rea de abrangncia. As atribuies especficas do ACS so as seguintes: realizar mapeamento de sua rea; cadastrar as famlias e atualizar permanentemente esse

Atribuies especficas do ACD (Atendente de Consultrio Dentrio)


proceder desinfeco e esterilizao de materiais e instrumentos utilizados; sob superviso do cirurgio dentista ou do THD, realizar procedimentos educativos e preventivos aos usurios, individuais ou coletivos, como evidenciao de placa bacteriana, escovao supervisionada, orientaes de escovao, uso de fio dental;

cadastro; identificar indivduos e famlias expostos a situaes de risco; identificar reas de risco;

preparar e organizar o instrumental e materiais (sugador, espelho, sonda, etc.) necessrios para o trabalho; instrumentalizar o cirurgio dentista ou THD durante a realizao de procedimentos clnicos (trabalho a quatro mos); cuidar da manuteno e conservao dos equipamentos odontolgicos; agendar o paciente e orient-lo quanto ao retorno e preservao do tratamento; acompanhar e desenvolver trabalhos com a equipe de Sade da Famlia no tocante sade bucal. desenvolver aes de educao e vigilncia sade, com nfase na promoo da sade e na preveno de estar sempre bem informado, e informar aos demais membros da equipe, sobre a situao das famlias acompanhadas, particularmente aquelas em situaes de risco; realizar, por meio da visita domiciliar, acompanhamento mensal de todas as famlias sob sua responsabilidade; realizar aes e atividades, no nvel de suas competncias, nas reas prioritrias da Ateno Bsica; orientar as famlias para utilizao adequada dos servios de sade, encaminhando-as e at agendando consultas, exames e atendimento odontolgico, quando necessrio;

Atribuies especficas do Agente Comunitrio de Sade


O Agente Comunitrio de Sade (ACS) mora na comunidade e est vinculado USF que atende a comunidade. Ele faz parte do time da Sade da Famlia! Quem o agente comunitrio? algum que se destaca na comunidade, pela capacidade de se comunicar com as pessoas, pela liderana natural que exerce. O ACS

doenas; promover a educao e a mobilizao comunitria, visando desenvolver aes coletivas de saneamento e melhoria do meio ambiente, entre outras; traduzir para a ESF a dinmica social da comunidade, suas necessidades, potencialidades e limites; identificar parceiros e recursos existentes na comunidade que possam ser potencializados pela equipes.

78 Guia Prtico do PSF

Seleo e Capacitao
Depois de definida a adeso do municpio ao PSF, vem outra etapa igualmente importante: o processo de recrutamento, seleo e qualificao dos profissionais das Equipes de Sade da Famlia (ESF)

rimeiro, o municpio conclui o processo da adeso ao PSF, definindo o nmero de equipes, suas reas de

abrangncia (os locais), o tempo em que sero implantadas, a modalidade de contratao dos profissionais e a respectiva remunerao.

Como selecionar profissionais para cada ESF e ESB?


O candidato avaliado por sua aptido, postura e vivncia, mediante situaes de problemas da comunidade. O processo seletivo se inicia com o recrutamento e termina com a aprovao dos candidatos. Recomenda-se, para evitar transtornos poltico-administrativos, que todos os passos do processo de seleo sejam claramente definidos, no deixando dvidas quanto sua lisura. Para facilitar e agilizar esse processo, importante que municpio nomeie uma comisso, aprovada no Conselho Municipal de Sade (CMS), para realizar e acompanhar o processo de seleo. Essa comisso deve ser constituda por profissionais com experincia em organizao de servios bsicos de sade e de seleo de recursos humanos.

Com base no diagnstico elaborado, a Prefeitura dispe de informaes sobre as reas em que a estratgia Sade da Famlia deve ser implementada. Vale ressaltar a importncia do diagnstico de recursos humanos j existentes e a possibilidade de incorporao desses profissionais no PSF. A poltica salarial definida para o PSF deve ser nica, abrangendo tanto os profissionais que j integravam os quadros da rede e que aderiram estratgia, quanto os novos, submetidos ao processo de seleo. Esse processo desencadeia uma nova organizao do SUS no municpio. O pessoal existente que no aderir ao PSF, como os mdicos especialistas (pediatra, clnico geral, ginecologista obstetra), dever ser instalado em uma ou mais unidades de referncia, para a qual a USF encaminhar os casos que exigem atendimento especializado. A comunidade, sobretudo, deve ser conscientizada de que os especialistas atendem apenas os casos encaminhados pela ESF. Vem a seguir a fase de recrutamento e seleo de pessoal.

Como age a comisso responsvel pela seleo?


A comisso inicia seu trabalho a partir da concluso do processo de adeso do municpio ao PSF, quando j esto definidos os requisitos para sua implantao. a comisso quem elabora e/ou aprova as normas e instrumentos (formulrios) para recrutamento, inscrio e seleo de candidatos.

Guia Prtico do PSF 79

Esta primeira etapa deve considerar o nmero de habitantes do municpio, a distncia da USF em relao aos outros centros e os demais determinantes que facilitam ou que iro dificultar a aplicao das provas, as anlises de currculos e/ou as entrevistas.

Nos municpios de pequeno porte, onde possivelmente o nmero de candidatos menor, as etapas do processo de seleo podero estar limitadas s anlises de currculos e entrevistas.

Atribuies da comisso no recrutamento e seleo


2 Elaborar e/ou aprovar as normas e instrumentos (formulrios) para
recrutamento, inscrio e seleo de candidatos.

2 Acompanhar a divulgao do processo de seleo, que deve utilizar,


em tempo hbil, os meios de comunicao disponveis rdio, TV, jornais, revistas.

2 Acompanhar o processo de inscrio, que ser de responsabilidade


da coordenao do PSF no municpio.

2 Selecionar os objetivos e contedos para a avaliao dos candidatos. 2 Elaborar o contedo programtico e a referncia bibliogrfica dos
temas do processo seletivo.

2 Montar a prova escrita. 2 Elaborar as instrues e as respostas-padro, fazer a reviso final da


prova escrita.

2 Garantir o sigilo; providenciar a impresso final da prova e o seu


empacotamento.

2 Preparar a lista de presena, que dever ser assinada pelos


participantes.

2 Aplicar a prova escrita (com participao dos fiscais nomeados


pelo Conselho Municipal de Sade) e realizar a correo.

2 Comunicar o resultado da prova escrita. 2 Preparar e realizar, se for o caso, as entrevistas, os exames prticos
e as anlises dos currculos.

2 Realizar a reviso e anlise dos resultados. 2 Elaborar o relatrio final do processo de seleo e encaminh-lo, com a
lista dos aprovados, para a homologao das autoridades competentes.

2Acompanhar a divulgao da relao dos aprovados no municpio,


logo aps o processo de seleo.

80 Guia Prtico do PSF

Como selecionar o ACS?


O Agente Comunitrio de Sade (ACS) elemento essencial na equipe Sade da Famlia, pois, alm de pertencer comunidade onde exerce as suas atividades, o principal elo integrador entre comunidade e USF. Os agentes comunitrios so pessoas que, independentemente do nvel de escolaridade, cumprem os seguintes requisitos formais, que devem ser observados em seu processo de recrutamento e seleo: residem na comunidade h pelo menos dois anos; tm 18 anos, ou mais; sabem ler e escrever; tm disponibilidade de tempo integral para exercer as atividades de ACS. O processo de seleo e contratao dos Agentes Comunitrios de Sade deve ser feito segundo uma lgica prpria. Ao contrrio dos outros, o candidato vaga de ACS no precisa ter conhecimentos prvios na rea de sade. Aprovado, ele receber treinamento sobre as aes que dever desenvolver e estar sob constante superviso do seu enfermeiro instrutor/supervisor. Qualquer pessoa que se enquadre no perfil estabelecido pode inscrever-se e submeter-se ao processo de seleo, que o municpio executa com acompanhamento do Conselho Municipal de Sade (ou de conselhos locais e/ou distritais, nas cidades maiores). O candidato avaliado por sua aptido, postura e vivncia mediante simulao de situaes de problemas da comunidade, seja por meio de provas escritas, seja em entrevistas individuais e/ou coletivas.

ATENO! A deciso de afastar um agente deve ser avaliada com muito cuidado, com a participao do profissional responsvel pelo acompanhamento do ACS (enfermeiro instrutor/supervisor), pelos demais profissionais da equipe de sade e pela comunidade com a qual ele trabalha. Em qualquer situao, o afastamento do ACS deve ser informado ao Conselho Municipal de Sade (ou aos conselhos locais e/ou distritais, nas cidades maiores).

Como contratar os profissionais da ESF?


Alm da opo de seleo interna (entre pessoas que j trabalham na Prefeitura), normalmente necessrio contratar profissionais de sade fora dos quadros municipais. Mdicos, enfermeiros, dentistas, auxiliares de enfermagem, atendentes de consultrio dentrio e tcnicos de higiene dental devem ser contratados pelo regime da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT). Essa deve ser a via preferida para expanso e reposio do quadro de pessoal da administrao pblica nos trs nveis de governo, observados os limites de despesas estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. A contratao do ACS diferente. O contrato do ACS deve ter por base a Lei 9.790/99, que prev todos os direitos trabalhistas, sob regime de Previdncia Geral. A recomendao que o ACS seja contratado por entidade no lucrativa de interesse pblico, que efetivar Termo de Parceria com o Municpio.

Como se inicia a capacitao das ESF?


Por exigir uma nova prtica em sade, recomenda-se que toda equipe da estratgia de Sade da Famlia, antes de iniciar as atividades em sua rea atuao, inicie um processo especfico de capacitao (cursos). A primeira capacitao o treinamento introdutrio, que deve anteceder ao incio do trabalho dos profissionais selecionados.

Nesse processo de seleo, tambm so classificados suplentes, caso seja preciso substituir o titular. H duas situaes em que a substituio pode acontecer: quando o titular toma a iniciativa de se afastar, por razes pessoais; quando o agente afastado por no estar cumprindo os compromissos e as atribuies assumidas, ou por estar gerando conflitos na comunidade.

O treinamento introdutrio capacita os profissionais para que possam analisar, com a comunidade, a situao
Guia Prtico do PSF 81

de sua rea de abrangncia: os aspectos demogrficos, sociais, econmicos, ambientais e sanitrios (morbidade/ mortalidade e fatores de risco), identificando os problemas e o potencial que a cidade tem para resolv-los. Esse treinamento ajuda os profissionais a compreenderem e aprenderem os indicadores de sade, em especial os pactuados para a Ateno Bsica e produzidos pelo Sistema de Informao da Ateno Bsica (SIAB) e outros sistemas. O treinamento introdutrio deve ser o mais descentralizado possvel. De preferncia, deve ser feito no prprio municpio ou na regional a que este pertence. A responsabilidade pela capacitao das equipes compartilhada entre os integrantes do Plo de Capacitao, Formao e Educao Permanente, que pode faz-la diretamente ou em articulao com o setor de Recursos Humanos do municpio e/ou da Secretaria Estadual de Sade. No treinamento introdutrio, os futuros integrantes das ESF devem ser informados sobre as caractersticas da integrao do municpio no SUS, seu tipo de gesto frente s normas vigentes no funcionamento do SUS. Devem saber, tambm, os princpios operacionais do PSF, tais como: a definio territorial/adstrio da clientela;

a organizao do processo de trabalho para resoluo dos problemas identificados no territrio; a noo da famlia como foco da assistncia; o trabalho em equipe interdisciplinar; os vnculos de coresponsabilidade entre profissionais e as famlias assistidas; a noo de que as aes devem se caracterizar pela integralidade (atendimento a todos, sem distino), resolutividade (capacidade de dar soluo aos problemas de sade da comunidade) e intersetorialidade (colaborao entre os diferentes setores); a importncia do estmulo participao social. Esse um trabalho complexo, que exige dos profissionais conhecimentos especficos da sua profisso (mtodo clinico e fundamento de enfermagem), alm de conhecimento do mtodo epidemiolgico. Exige, igualmente, bom senso para trabalhar as relaes interpessoais, ou seja, capacidade para lidar com as vrias dimenses do ser humano.

82 Guia Prtico do PSF

Plo de Capacitao o que e como funciona


2 O Plo de Capacitao o espao de articulao de uma ou mais entidades
voltadas para a formao e educao permanente de recursos humanos em sade. Essas entidades so vinculadas s universidades ou instituies de ensino superior e se integram com secretarias estaduais e municipais de sade para implementarem programas de capacitao destinados aos profissionais de Sade da Famlia.

2 Os Plos de Capacitao, portanto, formam uma rede de instituies


comprometidas com a integrao ensino-servio, voltadas para atender demanda de pessoal preparado para o desenvolvimento da estratgia de sade da famlia, no mbito o SUS.

2 Os Plos vm possibilitando, aos profissionais de Sade da Famlia, a


adequao e o desenvolvimento de habilidades de forma a capacit-los para a abordagem da ateno, exercida de forma contnua, integral e coordenada.

2 J esto implantados em todos os estados. Essa rede congrega, atualmente,


mais de 100 instituies de ensino superior Universidades, Faculdades e Escolas de Medicina e Enfermagem e vem exercendo um importante papel junto aos gestores do SUS na formulao e operacionalizao de uma agenda de trabalho voltada para orientar a formao, capacitao e educao permanente das Equipes de Sade da Famlia.

2 Os Plos oferecem um conjunto de aes, voltadas para curto,


mdio e longo prazo. Curto prazo Ofertar capacitao introdutria, cursos de atualizao destinados s abordagens coletiva e clnica individuais (com prioridade nas reas estratgicas da ateno bsica), objetivando a melhoria permanente da resolutividade por parte das equipes. Contribuir no processo de acompanhamento e avaliao do desempenho dessas equipes. Mdio e longo prazo Implantar programas de educao permanente, promover transformaes em nvel de graduao, cursos de ps-graduao que envolvem especializao em Sade da Famlia e residncia em carter multiprofissional. Os recursos financeiros alocados pelo Ministrio da Sade para essas atividades so provenientes do oramento federal e de emprstimo internacional, por intermdio do Projeto Reforsus. O Ministrio da Sade j assinou contratos com vrias instituies de ensino superior, de todo o Brasil, para a realizao, em 2002, de 70 cursos de especializao (2.100 profissionais beneficiados) e 24 residncias multiprofissionais (480 profissionais beneficiados).
Guia Prtico do PSF 83

poder ser orientado por mdulos, segundo as recomendaes do Caderno de Ateno Bsica N 3 Educao Permanente. Para cada mdulo e objetivo, sugerimos a utilizao de tcnicas complementares de ensino que podero ser utilizadas pelo instrutor (facilitador), tais como: exposio oral, dramatizao, estudo de caso, trabalho em grupo, colagens, discusses coletivas, atividades prticas, exibio e discusso de vdeos. Espera-se que o instrutor tenha: conhecimento sobre a evoluo das polticas pblicas de sade e a estratgia da Sade da Famlia como eixo de reorientao da Ateno Bsica; experincia em articulao e negociao de interesses e conflitos; algum domnio de metodologias pedaggicas problematizadoras (em que se d forma aos diferentes problemas); conhecimento da estrutura e funcionamento do sistema de sade local.

Qual a metodologia recomendada?


Os profissionais de sade, no dia-a-dia de seu trabalho, mantm contato direto com a populao, vem de perto a realidade social, econmica e cultural das comunidades inseridas no PSF. Portanto, a metodologia a ser usada para ajudar na compreenso desses problemas deve ter como princpio essa experincia, estimulando a reflexo de meios para a construo das prticas profissionais, buscando novas solues para as dificuldades encontradas.

ATENO! Caso necessrio, os instrutores devero receber uma capacitao tcnico-pedaggica, podendo contar com os Plos de Capacitao e Educao Permanente para Sade da Famlia, existentes em todas as Unidades da Federao.

Como realizar a Educao Permanente?


Aps o treinamento introdutrio, as equipes so inseridas em um processo de educao permanente, para possibilitar o desenvolvimento constante de suas competncias como equipe generalista. As Equipes de Sade da Famlia devem estar preparadas para: atuar nas reas j definidas como estratgicas: controle da tuberculose, da hipertenso e da diabete mellitus, eliminao da hansenase, aes de sade da criana, sade da mulher e sade bucal;

Cursos com momentos de concentrao e disperso so sugeridos s equipes de Ateno Bsica, uma vez que propiciam momentos de reflexes com foco na realidade vivida pelos profissionais. Recomenda-se que a educao permanente envolva todos os componentes das Equipes da Sade da Famlia, o que ajuda a fortalecer o trabalho em equipe e as relaes entre as pessoas (veja na pgina 82 informaes mais detalhadas sobre educao permanente). Os contedos especficos de cada categoria profissional devem ser abordados em separado. O contedo

84 Guia Prtico do PSF

prestar ateno integral e contnua a todos os membros das famlias da populao adstrita USF, em cada uma das fases de seu ciclo de vida; ter conscincia do compromisso de dar ateno integral tambm aos indivduos saudveis da comunidade; participar do processo de planejamento das aes de sade em sua rea de abrangncia, tendo por base o conhecimento da realidade social, econmica, cultural, e o perfil epidemiolgico da populao, com enfoque estratgico; ter capacidade de agir em sintonia com os demais integrantes da equipe, individualmente e em grupo,

compreendendo o significado do trabalho em equipe, o seu papel e o sentido da complementaridade das aes no trabalho em sade. ATENO! Entre as prioridades das ESF est o desenvolvimento de aes programticas, de acordo com a fase do ciclo de vida das pessoas, sem perder de vista o seu contexto familiar e social, e garantindo uma abordagem integral da assistncia sade. Para a elaborao do projeto de educao permanente na estratgia Sade da Famlia, propomos, como contedos programticos, a abordagem de aspectos clnicos, epidemiolgicos, sociais, polticos e as fases do ciclo de vida, capacitando as equipes para as aes da Ateno Bsica:

Mdulo Sade da Criana

Vigilncia nutricional, vacinao, assistncia s doenas prevalentes na infncia

Mdulo Sade do Adolescente

Aes de promoo de sade do adolescente Pr-natal, preveno de cncer de colo do tero e planejamento familiar

Mdulo Sade da Mulher

Mdulo Sade do Adulto

Aes para controle de diabetes Melittus, hipertenso, aes para promoo da sade do trabalhador

Mdulo Sade do Idoso

Aes de promoo da qualidade de vida e sade do idoso

Controle da Tuberculose

Busca ativa de casos, diagnstico clnico, tratamento supervisionado dos casos BK+, tratamento e acompanhamento dos casos BK-, e outras aes para preveno e controle da tuberculose

Eliminao da Hansenase

Busca ativa de casos, diagnstico clnico, cadastramento dos portadores, tratamento supervisionado dos casos, controle das incapacidades fsicas e outras medidas preventivas

Mdulo Sade Bucal

Ateno clnica, promoo sade e aes de controle e estabilizao das patologias bucais com vistas ao auto-cuidado

Guia Prtico do PSF 85

Algumas prioridades da Educao Permanente


Considerando a dinmica e complexidade do cotidiano de cada municpio, os programas de educao permanente devem priorizar o controle das endemias em especial na Regio Amaznica , conforme a situao epidemiolgica. Nos grandes centros urbanos, devem dar ateno especial a contedos que faam parte da realidade local. Por exemplo:

2 Violncia 2 Drogas 2 Prostituio 2 Crianas em situao de risco 2 Sade mental 2 Sade bucal 2 Sade do trabalhador 2 Doenas Sexualmente Transmissveis (DST) e AIDS 2 Excluso social: desemprego, misria, discriminao 2 Cidadania, direitos humanos, movimentos sociais e
urbanos

2 Equipamentos sociais coletivos

86 Guia Prtico do PSF

A implantao do PSF, passo a passo


Tomada a deciso poltica de implantar o PSF no municpio, preciso debater amplamente com a populao para que todos de fato entendam e participem

primeiro passo para a implantao da estratgia de Sade da Famlia , como j foi dito, a vontade

humanos que atuam no municpio ou na regio. Esses momentos podem ser oportunos para a divulgao de experincias bem sucedidas do PSF em outros municpios, que ajudem a dar credibilidade e a mostrar como a Sade da Famlia funciona na prtica.

poltica do prefeito. O prefeito e o secretrio municipal de Sade devem estar firmemente decididos a implantar o PSF. Mais que isso, precisam estar convencidos de que o PSF pode, de fato, contribuir para reorganizar a Ateno Bsica com a melhora efetiva do sistema de sade do municpio e da qualidade de vida das pessoas. Ainda como parte do passo inicial desse processo de implantao, fundamental que gestores, profissionais de sade, polticos e a populao em geral compreendam que o PSF uma estratgia de organizao da Ateno Bsica e, conseqentemente, de todo o SUS. indispensvel a participao de todos os atores envolvidos com o sistema, para se efetivar esse processo de mudana. uma mudana em profundidade, que exige a participao de todos.

Como elaborar a proposta de implantao?


A proposta de implantao do PSF deve prever: a adequao fsica; os recursos humanos; os equipamentos necessrios para garantir que a USF

O passo seguinte, para ser bem sucedido, depende do Conselho Municipal de Sade (CMS). Alm de aprovar formalmente a proposta de implantao do Programa Sade da Famlia, o Conselho deve, no exerccio da funo de controle social, acompanhar o processo de implantao e a operao do Programa. A participao ativa dos Conselhos Municipais, Locais ou Distritais pode contribuir muito para a garantia do cumprimento das diretrizes essenciais que caracterizam o PSF. Nos momentos de transio das administraes municipais, o Conselho Municipal de Sade deve estar atento, para evitar descontinuidade do programa.

possa responder aos problemas de sade das famlias na rea sob sua responsabilidade. A proposta de implantao do PSF deve apontar: referncia e contra-referncia dos usurios; apoio ao diagnstico laboratorial e de imagem (RX e ultra-som); assistncia farmacutica; proposta de gerenciamento do trabalho.

nessa perspectiva de mudana radical que o PSF deve ser debatido, com a participao de todo o sistema de sade, a comear pelas unidades bsicas ou de pronto atendimento (especialmente aquelas que passaro a ser USF), hospitais, unidades de referncia e instituies formadoras de recursos Elaborar a proposta de implantao tarefa do Municpio que, para isso, deve contar com o apoio da Secretaria Estadual de Sade. O processo possui vrias etapas, sendo que algumas podem ser simultneas:
Guia Prtico do PSF 87

Identificar as reas prioritrias O primeiro passo na elaborao da proposta de implantao a definio das reas prioritrias a serem cobertas pelo PSF. A prioridade n 1 que todos tenham acesso aos servios de sade, para garantir o princpio da igualdade dos cidados. Da a necessidade, em alguns municpios, de expandir a rede bsica, para assistir periferias urbanas e zonas rurais que estavam desprovidas de oferta de servios de sade. Outro critrio fundamental na escolha da rea prioritria so os fatores de risco social, como concentrao de probreza e excluso social. Em locais com essas caractersticas, maior a probabilidade de as pessoas adoecerem e morrerem.

entre 2.400 e 4.500 pessoas. Cada ACS (recomenda-se de 4 a 6, por equipe) responsvel pelo acompanhamento de uma microrea, onde residem de 400 a 750 pessoas. O ACS, como j foi ressaltado, reside na microrea onde atua. A definio do nmero de ESF e de ACS depende do nmero de famlias ou pessoas que cada um ir acompanhar. Essa definio depende das caractersticas do territrio: a distncia das casas, as barreiras de acesso (rios, montanhas, inexistncia de transporte adequado), a natureza e a dimenso dos problemas (rea de risco social ou ambiental). Assim, para se calcular o nmero de ESF e de ACS em uma rea, divide-se a populao da rea ou municpio pelo nmero de pessoas que cada ESF ou ACS ir assistir. ATENO! O nmero mximo de Equipes de Sade da

NO ESQUEA! A implantao de equipes isoladas, que no cobrem 100% das reas consideradas prioritrias, tende a ter pouca eficcia e baixo impacto. IMPORTANTE! As reas de atuao das ESF e ESB devem ser comuns, possibilitando o desenvolvimento de aes conjuntas. Levantar o nmero de habitantes Esse levantamento deve ser feito buscando-se as fontes de dados disponveis. s vezes, as reas escolhidas no correspondem aos setores dos censos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). Alm do IBGE, outras instituies costumam ter informaes sobre o nmero de habitantes do municpio. Por exemplo: a Secretaria de Planejamento da Prefeitura, a Secretaria de Ao Social, as associaes comunitrias, a Fundao Nacional de Sade (FUNASA), a EMATER, entre outros. Ateno especial deve ser dedicada a esse item nos municpios que trabalham com referenciamento geogrfico de informaes, para haver compatibilidade com as bases territoriais dos bancos de dados do PSF. Calcular o nmero de ACS, ESF e ESB

Famlia financiadas pelo Ministrio, nas normas vigentes at novembro de 2001, calculado dividindo-se o total de habitantes do municpio por 3.450. Para a implantao das Equipes de Sade Bucal (ESB), a populao a ser coberta por cada equipe dever ser de at 6.900 pessoas, na proporo de uma ESB para cada duas ESF implantadas. Aos municpios com populao inferior a 6.900, a relao que se estabelece de uma ESB para uma ESF. Para que as ESB passem a atuar no municpio, nos moldes propostos pelo PSF, todas as aes de sade bucal devem estar sendo debatidas, tambm, em todos os fruns propostos. ATENO! Recebero o incentivo sade bucal, que compe a frao do PAB varivel,os municpios que implantarem as ESB na estatgia de Sade da Famlia. Mapear as reas e microreas Definido o nmero de ESF, ESB e de ACS, hora de mapear as reas e microreas de atuao, tendo por base uma planta atualizada do municpio. Definem-se ali as reas consideradas prioritrias para implantao do Programa Sade da Famlia. O prximo passo dividir as reas de atuao de cada

Cada Equipe de Sade da Famlia deve acompanhar de 600 a 1.000 famlias, o que corresponde a uma populao

equipe. Essas reas, por sua vez, so divididas em microreas, nas quais os ACS devero atuar.

88 Guia Prtico do PSF

Como iniciar o diagnstico


Para se fazer o diagnstico adequado da comunidade, necessrio que os dados coletados sejam abrangentes, com informaes referentes aos aspectos demogrficos, sociais, econmicos, culturais e ambientais, em especial o saneamento bsico.

s Equipes de Sade da Famlia (ESF) devem realizar o cadastramento de todas as famlias, por

O cadastro Nacional de Usurios o primeiro passo para a implantao do Carto Nacional de Sade em todo o territrio brasileiro. O carto uma importante ferramenta para a consolidao do Sistema nico de Sade (SUS), facilitando a gesto do sistema e contribuindo para o aumento da eficincia no atendimento direto ao usurio.

meio de visitas aos domiclios. Destaca-se, nesse trabalho, a participao do Agente Comunitrio de sade (ACS). durante as visitas que so observadas as atividades dirias da famlia, sua alimentao, seus hbitos de higiene, as condies de moradia, saneamento, do meio ambiente, e os possveis fatores de risco sade presentes no local. O diagnstico adequado depende tambm de informaes sobre detalhes dos aspectos familiares, como a quantidade de membros da famlia, escolaridade, situao conjugal, a ocupao de cada um, alm de informaes sobre os riscos presentes ou riscos potenciais para os integrantes da famlia. Essa etapa o primeiro passo para se criar o vnculo dos membros da USF com a famlia. a que comea a ser desenvolvida uma relao, que ser melhor quanto mais aberta e amvel possvel.

A realizao do cadastramento domiciliar de base nacional, aliado possibilidade de manuteno dessa base cadastral atualizada, pode permitir aos gestores do SUS a construo de polticas sociais integradas e intersetoriais (educao, trabalho, assistncia social, tributos etc.) nos diversos nveis de governo. Nos campos de atendimento aos usurios do SUS e de organizao do sistema de sade, o cadastramento condio para a implantao do Carto Nacional de Sade. O carto contribui para o desenvolvimento de aes programticas estratgicas, aes de vigilncia epidemiolgica, assistncia ambulatorial e hospitalar, fortalecimento dos sistemas de referncia e contra-referncia, controle e avaliao, entre outras. O cadastramento tem outras vantagens. Representa um esforo de integrao entre as informaes

Como fazer a coleta de dados?


O cadastro das famlias era anteriormente registrado nos formulrios do Sistema de Informaes da Ateno Bsica (SIAB) e hoje deve ser registrado nos formulrios do Cadastro Nacional de Usurios do Carto Nacional de Sade, regulamentado pela Portaria MS/GM 017/2001.

para a organizao da ateno bsica e aquelas a ser utilizadas para a emisso de nmeros de identificao necessrios na implantao do Carto Nacional de Sade. Para a ateno bsica, esse formato de cadastramento tem, como vantagens: Fortalecimento do vnculo entre indivduos e unidade bsica de sade, por meio da oferta organizada de serviGuia Prtico do PSF 89

os e do acompanhamento, pelos profissionais da rede bsica, da trajetria dos indivduos na rede de servios. Possibilidade de trabalhar com enfoque na vigilncia sade, por meio do diagnstico das condies de sade e do perfil epidemiolgico da populao adscrita da unidade bsica, favorecendo a interveno sobre os fatores determinantes de sade e possibilitando o acompanhamento dos grupos de risco.

vincular o indivduo ao domiclio, favorecendo a realizao de atividades de mbito coletivo, como busca ativa de comunicantes de doena infecciosas, bloqueio vacinal etc. favorecer o diagnstico das condies de vida da populao residente, permitindo estabelecer correlaes entre estas e os determinantes dos problemas de sade identificados na populao. Mais informaes sobre o Carto Nacional de Sade

Melhoria da qualidade do atendimento, pelo acesso a informaes dos usurios. Potencializao das atividades de vigilncia epidemiolgica e sanitria, por meio da localizao espacial de casos e contatos domiciliares, dos faltosos aos programas, facilitando a realizao de aes de busca ativa, vacinao de bloqueio, acompanhamento domiciliar, tratamento supervisionado, entre outras, de modo gil e oportuno. Melhoria da qualidade dos sistemas de informao cujos dados so gerados nas unidades bsicas, pela individualizao dos registros e delimitao da populao. Possibilita, portanto, a produo de indicadores mais precisos, potencializando a capacidade de avaliao dos resultados da ateno bsica.

podem ser obtidas no endereo eletrnico (e-mail) www.saude.gov.br/cartao Os dados do cadastro nacional de usurios e domiclios sero utilizados pelo SIAB, sendo uma das fontes para o diagnstico da situao de vida da comunidade. imporante elaborar um roteiro para as entrevistas com as famlias e a coleta dos dados, o que torna mais preciso o diagnstico a ser feito. As equipes de sade certamente faro anotaes importantes, a partir da observao direta da realidade da famlia. Esses dados podero ajudar no diagnstico, mas as informaes indispensveis so as as que compem o formulrio do cadastro. So as seguintes: a. Dados demogrficos:

Estratgias de cadastramento
O cadastramento dos usurios deve ser realizado pelos agentes comunitrios, no prprio domiclio, por meio de entrevista durante a visita famlia. fundamental que os dados provenientes do cadastramento tenham a melhor qualidade possvel. Recomenda-se o cadastro a partir das visitas domiciliares, j que essa metodologia permite: diminuir a ocorrncia de erros e inconsistncias conseguir a identificao correta do endereamento, facilitando a distribuio dos cartes, quando de sua emisso definir as reas de abrangncia e a adscrio de clientela no mapeamento e territorializao do municpio, induzindo organizao das aes desenvolvidas pelas unidades de sade

Endereo Idade (de cada membro da famlia) Sexo (de cada membro da famlia) Origem dos membros da famlia (onde nasceu cada um, por que cidades e endereos passou at chegar ao atual)

b. Dados scioeconmicos: Condies de trabalho, de ocupao, de estudo de cada integrante da famlia (cuidado para no confundir desempregado com desocupado. Por exemplo: um adolescente que no estuda nem trabalha no deve ser considerado como desempregado, mas, sim, como desocupado, j que se trata de uma condio diferente de um adulto na mesma situao)

90 Guia Prtico do PSF

Condies de moradia (tipo da habitao, nmero de cmodos ou peas, energia eltrica e saneamento bsico, abastecimento, tratamento e armazenamento da gua, destino dos dejetos e do lixo) Escolaridade (de cada membro da famlia)

Devem tambm ser valorizadas fontes qualificadas da prpria comunidade, como instituies locais e grupos sociais organizados. Essas informaes tambm auxiliam a ESF a elaborar um planejamento factvel e adequado s reais necessidades da populao local. Ateno aos fatores identificados como provveis causadores de doenas nos indivduos, dentro do contexto familiar ou ambiental, e como esses indivduos reagem a esses fatores.

c. Dados socioculturais: Estrutura familiar (composio, situao conjugal, papis, hierarquia etc. importante ter cuidado ao formular tais questes. Em muitos momentos, prefervel observar a maioria desses aspectos durante a entrevista, evitando fazer perguntas embaraosas que serviro muito mais para afastar o entrevistado).

muito importante identificar as microreas de risco. So as reas que possuem fatores de riscos e/ou barreiras geogrficas ou culturais (tudo aquilo que dificulta ou impede a chegada das equipes e o contato da comunidade com o servio de sade), ou ainda reas com indicadores de sade muito ruins. A identificao dessas reas, pessoas ou famlias que precisam de ateno especial fundamental para que sejam programadas aes especficas e atividades de

Que dados completam o cadastramento das famlias?


As informaes que compem o cadastramento das famlias, devidamente consolidadas e organizadas, so indispensveis para o trabalho de Sade da Famlia. Para melhor identificao da rea trabalhada, as equipes de sade devem utilizar outras fontes de informao, a comear pelos dados oficiais do IBGE, de cartrios e secretarias de Sade.

acompanhamento permanente quela comunidade. A necessidade de ateno especial pode ser causada por uma situao de desequilbrio j existente na rea, ou porque tal comunidade est sujeita a situaes de maior risco de adoecer ou morrer. ATENO! Fator de Risco sade algo que favorece o surgimento ou o agravamento de uma doena, qualquer que seja ela: fsica, mental ou social. O grupo populacional que concentra mais risco sade chamado
Guia Prtico do PSF 91

de Grupo de Risco e, portanto, merece ateno especial da equipe de sade.

as condies de moradia, inclusive os aspectos ligados ao saneamento bsico o grau de escolaridade e o tipo de ocupao dos mem-

Como se faz a anlise de dados?


Aps a coleta dos dados e preenchimento do cadastro, fundamental que a ESF os consolide e converta em informaes a ser analisadas na elaborao do diagnstico da rea, orientando sua programao e o processo permanente de avaliao da realidade local. Recomendase que, aps a consolidao dos dados, as Equipes de Sade da Famlia, juntamente com a Secretaria Municipal de Sade, promovam um seminrio para apresentar s demais secretarias as informaes colhidas e a realidade encontrada em cada rea do municpio. Ao final do processo de coleta e consolidao de dados, devem estar disponveis ao municpio e ao sistema de sade: a distribuio da populao por faixa etria e por sexo, e sua distribuio geogrfica

bros da rea a identificao das lideranas locais, dos grupos religiosos e das formas de organizao social da localidade Uma vez consolidados os dados sobre as famlias e suas reas, as informaes devem ser apresentadas para os gestores municipais e a populao. As Equipes de Sade da Famlia podero, junto com a comunidade de sua rea de abrangncia, realizar o planejamento de trabalho de cada equipe, dando maior nfase s reas de risco e aos aspectos do ciclo de vida. Cabe ainda ESF organizar atividades permanentes de promoo da sade, tanto nos espaos da USF quanto no domiclio e nas demais reas potenciais disponveis. A ateno sade das famlias, nas reas adscritas, deve ser desenvolvida de forma integral, racional e tecnicamente apropriada, estimulando seus membros, sempre que possvel, prtica de autocuidados.

Acompanhamento e avaliao das atividades


Como saber se os projetos evoluem como planejado e se as aes esto de fato melhorando as condies de vida e os indicadores de sade

odo projeto, programa ou atividade deve ser devidamente acompanhado, para se verificar se est

to Nacional de Sade. Os dados do Carto Nacional de Sade sero aproveitados pelo SIAB. O SIAB um mtodo, desenvolvido pelo Ministrio da Sade, que permite o registro de diversas informaes de interesse das equipes e do gestor local, relativas sade da populao coberta e ao andamento das atividades das equipes. Permite ainda que sejam feitas avaliaes do trabalho realizado e de seu impacto na organizao do sistema e na sade da populao. O SIAB , portanto, um sistema de informao. Sistematiza os dados coletados, possibilita a sua informatizao (uso de computador) e gera relatrios de acompanhamento e avaliao. A partir da leitura do banco de dados do cadastro dos

andando como planejado. Deve tambm ser avaliado, para se observar se as aes esto realmente melhorando as condies de vida e os indicadores de sade da populao coberta. Com o Sade da Famlia no pode ser diferente. Apesar dos conhecidos resultados positivos obtidos com a implantao dessa estratgia pelo pas afora, importante que os gestores, gerentes e equipes acompanhem as atividades realizadas pelas ESF e ESB, verifiquem se esto sendo executadas em quantidade e qualidade desejadas, e se esto levando melhoria na situao de sade da populao coberta.

O SIAB e o Carto Nacional de Sade


Vimos anteriormente que, no incio das atividades da equipe, necessria a realizao do cadastro dos usurios e famlias da rea. A informaes desse cadastro, juntamente com outras fontes de informao, levam ao conhecimento da realidade daquela populao, seus principais problemas de sade e seu modo de vida.

usurios, possvel obter relatrios que vo mostrar como est a situao de vida e sade dessa populao. Aps o planejamento e o incio das atividades das equipes, possvel monitorar o trabalho realizado e saber se esto cumprindo as atividades previstas. Para isto, foram desenvolvidos no SIAB dois mdulos: 1) o de registro de atividades, procedimentos e notificaes; 2) o de acompanhamento de grupos de risco. O Mdulo de Registro de Atividades, Procedimentos e

Essas informaes serviro para que o gestor e a equipe, juntamente com a populao, possam planejar as atividades a serem desenvolvidas, para que cumpram seu objetivo de melhorar as condies encontradas. O cadastro destas famlias era anteriormente registrado no SIAB (Sistema de Informaes da Ateno Bsica) e hoje deve ser registrado no Cadastro Nacional de Usurios do Car-

Notificaes deve ser preenchido por todos os profissionais da equipe, todos os dias. Cada profissional tem uma ficha e, nela, os mdicos, enfermeiros, auxiliares e ACS vo registrar todas as atividades e procedimentos que realizaram. Nela deve ser feito tambm o registro dos marcadores. Esses so algumas doenas ou situaes indesejveis
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que, se detectados nos atendimentos e visitas, devem ser registrados. Esses marcadores, pr-determinados pelo SIAB, vo indicar para a equipe se a preveno e promoo de sade esto tendo bons resultados. So doenas ou situaes, como por exemplo bitos infantis, hospitalizaes, etc., que, se, encontrados em um grande nmero podem indicar que a equipe precisa reorganizar sua forma de trabalho, garantindo maior acesso da populao ao servio de sade, e tambm intensificar as aes preventivas.

pal. S assim possvel detectar distores e realizar a correo de rumos. Para exemplificar: de pouca utilidade a verificao de que se elevou o nmero de diarrias em crianas, que existem crianas sem estarem vacinadas, ou que aumentou a taxa de abandono dos tratamentos de tuberculose, um ano depois de o problema ter acontecido. A informao deve estar disponvel em tempo opor-

No final do ms, essas fichas so consolidadas pela equipe e enviadas para a digitao (quando esta no feita na prpria unidade de sade). Ento possvel obter relatrios que vo mostrar tudo o que a equipe realizou no ltimo ms. Essas informaes devem ser analisadas pela equipe, pelo gestor municipal e por todos os interessados. importante lembrar que o acompanhamento das atividades deve ser rotineiro, seja pela prpria equipe que as executa, seja pelo gerente de unidade ou gestor munici-

tuno, permitindo a tomada de decises para o enfrentamento imediato dos problemas identificados. A correo de trajetria deve se dar o mais breve possvel, para a obteno de resultados positivos com a estratgia. Outro mdulo de monitoramento o de Acompanhamento de Grupos de Risco. Por meio dele, os Agentes Comunitrios de Sade realizam o cadastro e acompanhamento de usurios de risco. Hoje o sistema possui fichas e prev o acompanhamento de diabticos, hipertensos, portadores

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de hansenase e tuberculose, gestantes e o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianas. No diagnstico da comunidade pode ter surgido outra situao, caracterizada como de importante risco para o adoecimento e morte na populao. claro que, em casos assim, o municpio poder desenvolver um mtodo de registro especfico e realizar o monitoramento. Tambm as fichas de Acompanhamento de Grupos de Risco so consolidadas ao final do ms, sempre com a superviso do enfermeiro instrutor/supervisor, e algumas informaes so digitadas no SIAB. A partir da, possvel monitorar, tambm, como anda o acompanhamento dos grupos de risco pelas equipes de sade da famlia. A consolidao desses dados permite ainda o clculo de indicadores de sade e seu acompanhamento ao longo do tempo. ATENO! Como pode ser observado, o SIAB uma ferramenta de planejamento e acompanhamento, principalmente no mbito local. CUIDADO! Ao iniciar as atividades de uma equipe, a Secretaria Municipal de Sade deve cadastrar todos os profissionais no SIAB e atualizar os dados sempre que houver troca desses profissionais. a partir dessa informao que o Ministrio da Sade faz o pagamento, aos municpios, dos incentivos do PACS e PSF. Os municpios devem preencher o sistema com o cdigo, nome completo, endereo completo, registro profissional e CPF do mdico, enfermeiro, cirurgio-dentista, atendente de consultrio dentrio e tcnico de higiene dental (estes dois ltimos se houver ESB na USF). No caso dos auxiliares de enfermagem e atendentes de consultrio dentrio, devem ser registrados o cdigo, nome completo, endereo completo e CPF desses profissionais. No cadastro dos Agentes Comunitrios de Sade, devem ser registrados o cdigo, nome completo, endereo completo, identidade, idade, sexo e grau de escolaridade. Todo ms o municpio deve enviar, para o Regional de Sade ou Secretaria Estadual, os dados registrados no SIAB no caso de estados que no tm regionais. Os estados enviam os dados para o DATASUS e, aps um primeiro processamento, as bases de dados so enviadas para o Ministrio da Sade.

IMPORTANTE! Se o municpio deixa de informar o SIAB durante dois meses seguidos ou trs alternados, o pagamento dos incentivos automaticamente bloqueado. ATENO! Muitos municpios acham que o SIAB no tem nenhuma utilidade. S digitam os dados dos relatrios para que sejam enviados para a secretaria estadual e o ministrio para gerar pagamento de incentivos. Por todo o exposto acima, podemos ver que o SIAB sim uma ferramenta para as gestes estaduais e federal, mas sua maior importncia e potencial de utilizao esto no mbito da gesto municipal e local.

Pacto dos Indicadores da Ateno Bsica


O Ministrio da Sade, aps discusso com os representantes das secretarias estaduais e municipais de sade (CONASS e CONASEMS), vem utilizando, desde 1999, uma outra forma de analisar o desempenho dos municpios na execuo das aes bsicas de sade. Essa nova forma de avaliao o Pacto dos Indicadores da Ateno Bsica. ATENO! Indicador um nmero que utiliza dados de sade e populacionais para o seu clculo. Permite medir a mudana na situao de sade de uma populao, para melhor ou para pior. Os trs nveis de gesto selecionaram, para o ano de 2001, 17 indicadores para os municpios e 19 para os estados. Nesse processo de avaliao, todos os municpios devem se comprometer e firmar um PACTO com os estados, dizendo o quanto iro modificar os indicadores de sade naquele ano. Os estados, por sua vez, devem firmar um PACTO com o Ministrio da Sade, dizendo tambm o quanto dever haver de melhoria nas condies de vida e sade da populao. Tudo isto traduzido e quantificado pelos indicadores. Recomenda-se que as metas do municpio sejam debatidas e pactuadas com os profissionais de sade e comunidade. Cada ESF deve combinar as suas metas, de forma que o conjunto de suas aes se reflita nos indicadores de sade do municpio. Os indicadores selecionados para 2001 trazem grande influncia da Agenda Nacional de Sade, estabelecida pelo Ministrio da Sade, e abordam as reas estratgicas da Ateno Bsica.
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Monitoramento da implantao das equipes


Preocupados com a qualidade da implantao das equipes de Sade da Famlia nos inmeros municpios e estados que fizeram a opo por esta estratgia, o Ministrio da Sade vem adotando, juntamente com as secretarias estaduais, uma sistemtica de visita e entrevista s equipes. So verificados diversos aspectos relacionados implantao do programa e adequao aos princpios propostos, como o de territorializao e adscrio de clientela. Outro ponto importante a situao de infra-estrutura das unidades de sade onde as equipes realizam seu trabalho. imprescindvel que as equipes tenham insumos e equipamentos suficientes para que possam realizar uma assistncia sade resolutiva. So verificados pontos relativos ao processo de traba-

lho das equipes, como os diversos profissionais se articulam e quais atividades a equipe realiza. O objetivo verificar se a equipe vem prestando assistncia integral populao sob a sua responsabilidade. A equipe deve informar, ainda, se a populao vem tendo acesso a servios de maior complexidade, como internaes e exames especializados, quando os mesmos so necessrios. O monitoramento tambm quer verificar a composio das equipes, qual a jornada de trabalho, o vnculo dos profissionais com o empregador e as capacitaes j realizadas. Com esta metodologia de verificao do estgio de implantao e funcionamento das equipes, os nveis federal e estadual passam a contar com informaes importantes e necessrias para realizar o acompanhamento da implantao da estratgia Sade da Famlia nos municpios, o que permite em tempo oportuno corrigir distores que podem interferir na qualidade da aes de sade e dos resultados esperados.

Responsabilidades de cada nvel de governo no Programa Sade da Famlia


Para que o PSF possa ser implantado e funcione adequadamente, preciso que todos participem: Ministrio da Sade, Secretarias Estaduais e Municipais de Sade

Compete ao Ministrio da Sade


Contribuir para a reorientao do modelo de ateno sade por meio do estmulo adoo da estratgia de Sade da Famlia como estruturante para a organizao dos sistemas municipais de sade. Definir e rever normas e diretrizes para implantao do PSF, na medida em que forem se acumulando experincias que apontem essa necessidade.

implantao do Sistema de Informao da Ateno Bsica (SIAB). Consolidar e analisar dados de interesse nacional gerados pelo sistema de informaes, divulgando os resultados obtidos. Articular e promover o intercmbio de experincias, buscando o aperfeioamento e a disseminao de tecnologias e conhecimentos voltados Ateno Bsica. Identificar e viabilizar parcerias com organismos inter-

Garantir fontes de recursos federais para compor o financiamento do programa. Definir mecanismos e prioridades de alocao de recursos federais para implantao e manuteno do programa, de acordo com os princpios de SUS. Regulamentar os mecanismos de cadastramento, incluso e excluso das equipes e profissionais para fins de pagamento de incentivos federais. Pactuar, na Comisso Intergestores Tripartite, os requisitos especficos para implantao/ampliao do programa, bem como os fluxos para qualificao das equipes e dos agentes comunitrios de sade. Prestar assessoria tcnica aos Estados e Municpios no processo de implantao e expanso do programa.

nacionais, com organizaes governamentais, no governamentais e do setor privado, para fortalecimento da estratgia de Sade da Famlia no pas.

Compete s Secretarias Estaduais de Sade


Definir, dentro de sua estrutura administrativa, o setor que responder pelo processo de coordenao dos programas e que exercer o papel de interlocutor com o nvel de gerenciamento nacional. Contribuir para a reorientao do modelo de ateno sade, por meio do estmulo adoo da estratgia do Programa Sade da Famlia pelos servios municipais de sade. Estabelecer, em conjunto com a instncia de gerencia-

Disponibilizar instrumentos tcnicos e pedaggicos que facilitem o processo de capacitao e educao permanente dos profissionais das equipes.

mento nacional do programa, as normas e as diretrizes complementares do programa. Definir estratgias de implantao e/ou implementao

Disponibilizar e assessorar Estados e Municpios na

do programa.
Guia Prtico do PSF 97

Definir fontes de recursos estaduais para compor o financiamento tripartite do programa. Pactuar, com a Comisso Intergestores Bipartite, os requisitos especficos para implantao/ampliao do programa, bem como os fluxos para qualificao do PSF no Estado. Prestar assessoria tcnica aos Municpios em todo o processo de implantao/ampliao, monitoramento e gerenciamento do programa. Disponibilizar aos Municpios instrumentos tcnicos e

pedaggicos que facilitem o processo de formao e educao permanente dos ACS. Capacitar e garantir processo de educao permanente aos profissionais de sade membros das ESF, por meio dos Plos de Capacitao em Sade da Famlia, articulando demandas e participando da coordenao de propostas. Assessorar os Municpios para implantao do Sistema de Informao da Ateno Bsica (SIAB), como instrumento para monitorar as aes desenvolvidas pelo PSF.

Tipos de Incentivos ao PSF promovidos pelos Estados


Muitos estados j definiram, em seus oramentos, incentivos para apoiar a implantao do Programa Sade da Famlia. Exemplos de linhas de incentivos criadas:

2 Incentivo financeiro mensal para manuteno de equipes de sade da famlia e


de sade bucal

2 Bnus financeiro para implantao de equipes de


sade bucal

2 Cesso de profissionais para atuar nas equipes 2 Doao de equipamentos para as Unidade de Sade
da Famlia

2 Doao de meios de transporte e meios de


comunicao

2 Apoio construo e reforma de Unidades de


Sade da Famlia

2 Apoio financeiro capacitao dos profissionais em


atuao nas equipes

98 Guia Prtico do PSF

Consolidar e analisar os dados de interesse estadual, gerados pelo sistema de informao, e divulgar os resultados obtidos. Controlar o cumprimento, pelos Municpios, da alimentao do banco de dados do sistema de informao, retornando as informaes para os mesmos.

Compete s Secretarias Municipais de Sade


Executar e gerenciar o PSF visando organizao da Ateno Bsica em sade. Inserir a estratgia de Sade da Famlia em sua rede de ser-

Acompanhar todas as etapas da implantao e desenvolvimento do PSF nos Municpios, por meio de indicadores de estrutura, processo e resultados previamente pactuados. Oferecer superviso tcnica e metodolgica de forma oportuna.

vios, visando organizao sistmica da ateno sade. Organizar fluxo de usurios, garantindo as referncias de primeiro nvel definidas na Norma Operacionail de Assistncia Sade (NOAS/2001). Garantir infra-estrutura necessria ao funcionamento das

Identificar recursos tcnicos e cientficos para o processo de controle e avaliao dos resultados das aes do PSF no mbito do Estado. Promover o intercmbio de experincia entre os diversos Municpios, para disseminar tecnologias e conhecimentos voltados melhoria dos servios da Ateno Bsica. Identificar e viabilizar parcerias com organismos internacionais, com organizaes governamentais, no governamentais e do setor privado, para fortalecimento do programa no mbito do Estado.

Unidades de Sade da Famlia, dotando-as de recursos materiais e equipamentos suficientes para o conjunto de aes propostas. Selecionar, contratar e remunerar os profissionais que compem as equipes multiprofissionais. Assegurar o cumprimento de horrio integral das equipes atuantes nas Unidades de Sade da Famlia. Alimentar os bancos de dados nacionais com os dados produzidos pelo sistema municipal de sade. Consolidar e analisar os dados de interesse do Municpio gerados pelo sistema de informao e divulgar os resultados obtidos. Acompanhar e avaliar o trabalho das ESF, divulgando as informaes e os indicadores alcanados pela programa. Estimular e viabilizar a capacitao dos profissionais das equipes. Identificar e viabilizar parcerias com organismos internacionais, com organizaes governamentais, no governamentais e do setor privado, para fortalecimento do programa no mbito do Municpio.

Guia Prtico do PSF 99

Financiamento e Qualificao
Veja aqui como o seu municpio se qualifica para receber os financiamentos que o Ministrio da Sade oferece para implantar o PSF e as ESB

financiamento ao Programa Sade da Famlia de responsabilidade das trs esferas de governo: fede-

varivel
formada de incentivos financeiros para aes consideradas estratgicas para a organizao da Ateno Bsica. Quais so essas aes estratgicas? So as seguintes: Vigilncia Sanitria Assistncia Farmacutica Bsica Vigilncia Epidemiolgica e Controle de Doenas Combate a Carncias Nutricionais Programa Sade da Famlia e Programa Agentes Comunitrios de Sade Existe ainda um incentivo direcionado implantao de equipes de sade capacitadas para atuar junto aos povos indgenas.

ral, estadual e municipal. Da parte do governo federal, esse financiamento feito pelo Ministrio da Sade, que criou em 1998 o Piso de Ateno Bsica (PAB). Esse piso marca uma profunda transformao no modelo de financiamento da Ateno Bsica. uma das principais medidas tomadas pelo Ministrio da Sade para viabilizar a organizao das aes de sade nos municpios brasileiros. O PAB se constitui num montante de recursos financeiros destinado exclusivamente para aes bsicas de sade, independentemente de sua natureza de preveno, promoo ou recuperao. Esses recursos podem ser utilizados tanto para o custeio de despesas correntes, como para aquisio de materiais permanentes ou para a realizao de obras de construo ou reforma de unidades de sade. Os recursos do PAB se dividem em duas partes:

Todos esses recursos so transferidos para os Fundos

fixa
corresponde a um valor per capita (R$ 10,00 por habitante)

Municipais de Sade, mensalmente, pelo Fundo Nacional de Sade.

Evoluo dos valores per capita da Ateno Bsica Sade


Brasil 1997 - 2001, em R$
20 15 10 5 0 1997
Brasil
Norte Nordeste Centro-Oeste Sul

Evoluo dos recursos oramentrios da Ateno Bsica Sade


Brasil 1997 - 2001, em R$ milhes
3.500 3.000 2.500 2.000 1.500

1998
13,26
13,50 15,66 13,02 11,89 12,61

1999
15,06

2000
16,67
18,59 20,88 16,95 13,75 16,01

2001*
18,10
21,03 23,04 20,29 14,65 16,14

1.000 500 0 1997


Valor em R$
Fonte: SE/MS

9,84
7,41 10,24 9,59 10,09 9,70

1998

1999

2000

2001*

1.571.519.318 2.145.675.362 2.468.839.654 2.769.840.370 3.069.081.658


*2001 dados sujeitos a revio

Fonte: SE/MS

*2001 dados sujeitos a reviso

Guia Prtico do PSF 101

Evoluo do oramento do incentivo federal do PACS/PSF


Brasil 1998 - 2002, em R$ milhes

1.100 1.000 900 800 700 600 500 400 300 200 100 0

1998

1999

2000

2001*

2002

Oramento 201.000.000 378.999.286 680.000.000 970.000.000 1.100.000.000


Fonte: SE/MS

A implantao do PAB teve um carter redistributivo dos recursos para a sade. Antes da sua implantao, 1.943 municpios faturavam at R$ 5,00 por habitante/ ano, com mdia de R$ 3,33; enquanto que 269 municpios faturavam uma mdia de R$ 22,00 por habitante/ ano. Em 10 estados brasileiros, mais da metade de seus municpios faturava menos de R$ 5,00 per capita 5 da regio Norte e outros 5 da regio Nordeste. A partir da implantao dessa nova sistemtica de dis-

tribuio de recursos, a relao entre o maior e o menor valor per capita caiu de 133% para 25%. Atualmente, nenhum municpio recebe menos de R$ 10,00/ano, por habitante, para prestar aes de servios bsicos de sade. Quanto ao Programa Sade da Famlia, o incentivo financeiro possui dois componentes, ambos calculados em funo do nmero de equipes de sade da famlia implantadas e cadastradas no Sistema de Informao de Ateno Bsica SIAB.

Evoluo da populao coberta por equipes de Sade da Famlia implantadas


Brasil 1994 - 2001
80.000.000 70.000.000 60.000.000 50.000.000 40.000.000 30.000.000 20.000.000 10.000.000 0 Meta Realizado 1994 1.131.600 1.131.600 1995 2.497.800 2.497.800 1996 2.922.150 2.922.150 1997 1998 1999 2000 2001* 2002 Meta Realizado

5.599.350 10.857.150 17.060.250 37.950.000 51.750.000 69.000.000 5.599.350 10.636.350 14.676.300 29.683.800 42.165.900

Fontes: at julho/01 - CAPSI - Sistema de Captao de Dados para Pagamento; a partir de agosto/01 - SIAB - Sistema de Informao da Ateno Bsica

102 Guia Prtico do PSF

Primeiro,
o incentivo adicional para implantao, cujo valor de R$ 10.000,00, repassados em duas parcelas de R$ 5.000,00, sempre que uma nova equipe implantada. Destina-se ao financiamento da adequao da unidade de sade onde estar atuando essa nova equipe. Se a equipe for desativada num perodo de 12 meses aps sua implantao, o Ministrio da Sade estornar o valor creditado.

A esses incentivos agregado, ainda, o valor de R$ 2.200,00 / ano por agente comunitrio de sade em atuao no municpio e cadastrado no SIAB. Vinculado ao PSF, foi institudo pelo Ministrio da Sade, em 2000, o incentivo s Aes de Sade Bucal. De acordo com a Portaria 1.444, de 28 de dezembro de 2000, tambm esse incentivo possui dois componentes:

Segundo,
destina-se manuteno das equipes de sade da famlia e seu valor varia de acordo com a cobertura do PSF no municpio, conforme quadro abaixo:
Classificao das faixas de cobertura populacional em % Faixas de cobertura populacional em % VALOR do incentivo equip/ano (R$ 1,00)

Um
para implantao, no valor de R$ 5.000,00, transferido em uma parcela, sempre que uma equipe nova comear atuar.

Outro
destinado ao custeio mensal da equipe. Este componente tem seu valor diferenciado por duas modalidades de composio da Equipe de Sade Bucal, da seguinte forma: Modalidade I R$ 13.000,00 ano para equipe composta por odontlogo e auxiliar de consultrio dental (ACD). Modalidade II R$ 16.000,00 ano para equipe composta por odontlogo, tcnico em higiene dental (THD) e auxiliar de consultrio dental (ACD).

1 2 3 4 5 6 7 8 9

0 5 10 20 30 40 50 60 70

a a a a a a a a e

4,9 9,9 19,9 29,9 39,9 49,9 59,9 69,9 mais

28.008 30.684 33.360 38.520 41.220 44.100 47.160 50.472 54.000

Evoluo da populao coberta por Agentes Comunitrios de Sade implantados


Brasil 1994 - 2001
100.000.000 90.000.000 80.000.000 70.000.000 60.000.000 50.000.000 40.000.000 30.000.000 20.000.000 10.000.000 0 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001* 2002 86.250.000 Meta Realizado

Meta 16.003.900 19.000.300 24.492.260 30.213.700 48.928.550 64.203.925 67.562.500 74.550.000 Realizado 16.003.900 19.000.300 24.492.260 30.213.700 45.814.275 60.637.200 77.766.450 85.228.800
Fontes: at julho/01 - CAPSI - Sistema de Captao de Dados para Pagamento; a partir de agosto/01 - SIAB - Sistema de Informao da Ateno Bsica

Guia Prtico do PSF 103

Os recursos transferidos pelo Ministrio da Sade representam entre 40% e 60 % dos gastos com implantao e manuteno do PSF no municpio, dependendo da organizao da gesto municipal do SUS.

A importncia dada pelo governo federal ao Programa de Sade da Famlia se materializa na alocao de recursos financeiros e na incluso do programa nas prioridades do plano plurianual / Avana, Brasil.

Distribuio Estimada do Percentual dos Gastos com o PSF no Municpio


Componentes do Custo da ESF
Salrios e encargos Despesas administrativas e gerais Despesas com medicamentos Despesas com transporte Despesas com material de enfermagem Outras despesas

Participao % Estimada
50% 15% 12% 10% 3% 10%

Evoluo do nmero de Agentes Comunitrios de Sade implantados


Brasil 1994 - 2001
160.000 140.000 120.000 100.000 80.000 60.000 40.000 20.000 0 Meta Realizado 1994 29.098 29.098 1995 34.546 34.546 1996 44.532 44.532 1997 54.934 54.934 1998 88.961 79.677 1999 107.250 105.456 2000 117.500 135.246 2001* 130.000 148.224 2002 150.000 Meta Realizado

Fontes: at julho/01 - CAPSI - Sistema de Captao de Dados para Pagamento; a partir de agosto/01 - SIAB - Sistema de Informao da Ateno Bsica

104 Guia Prtico do PSF

Municpios com Equipes de Sade da Famlia e Agentes Comunitrios de Sade


Implantao - outubro de 2001

Nmeros do Brasil

12.222 equipes em 4.534 municpios 148.224 agentes em 4.623 municpios 862 equipes de sade bucal
em

PACS/PSF PACS Sade Bucal/PSF Sem ESF, ACS ou Sade Bucal


Fonte: SIAB - Sistema de Informao da Ateno Bsica - DAB/SPS/MS

473 municpios

Evoluo do nmero de equipes de Sade da Famlia implantadas


Brasil 1994 - 2001
Meta 25.000 20.000 15.000 10.000 5.000 0 Meta Realizado Realizado

1994 328 328

1995 724 724

1996 847 847

1997 1.623 1.623

1998 4.000 3.083

1999 5.000 7.254

2000 10.500 8.604

2001* 17.000 12.222

2002 20.000

Fontes: at julho/01 - CAPSI - Sistema de Captao de Dados para Pagamento; a partir de agosto/01 - SIAB - Sistema de Informao da Ateno Bsica

Guia Prtico do PSF 105

Incentivo Financeiro

ao PSF

Veja como receber, passo a passo

Os municpios que vo iniciar a implantao do PSF, ou vo ampliar o nmero de equipes devem percorrer os seguintes passos:

106 Guia Prtico do PSF

Guia Prtico do PSF 107

PRIMEIRA ETAPA
Para qualificar as equipes e agentes comunitrios:

I. O MUNICPIO ELABORA A PROPOSTA DE IMPLANTAO OU EXPANSO DO PSF

II. O MUNICPIO SUBMETE A PROPOSTA (de implantao) PARA APROVAO DO CONSELHO MUNICIPAL DE SADE

PROPOSTA DEVE EXPLICITAR, NO MNIMO, AS

SEGUINTES INFORMAES:

rea geogrfica a ser coberta, com estimativa da populao residente e definio do nmero de Equipes de Sade da Famlia que devero atuar; descrio da estrutura mnima (rea fsica, equipamentos e materiais) das unidades de sade onde atuaro as ESF, estabelecendo a vinculao entre o nmero de unidades e o nmero de equipes; definio das aes mnimas a serem desenvolvidas pelas ESF, no mbito das reas estratgicas da Ateno Bsica dispostas na NOAS/2001; proposta de fluxo dos usurios para garantia da referncia aos servios assistencais do primeiro nvel de complexidade ambulatorial, definidos na NOAS/2001; descrio da forma de recrutamento, seleo e contratao dos profissionais das Equipes de Sade da Famlia; descrio do processo de implantao do Sistema de Informao de Ateno Bsica (SIAB) e dos recursos humanos e materiais para oper-lo; definio do processo de avaliao do trabalho das equipes e da forma de acompanhamento do Pacto da Ateno Bsica e utilizao dos dados dos sistemas nacionais de informao.

3
III. A SECRETARIA MUNICIPAL DE SADE ENVIA A PROPOSTA (de implantao ou de expanso) PARA ANLISE DA SECRETARIA ESTADUAL DE SADE
Toda secretaria estadual tem uma rea tcnica (departamento de ateno bsica; coordenao de ateno bsica ou coordenao do PACS/PSF) responsvel pela assessoria aos municpios na implantao ou expanso do PSF. Normalmente essa rea que recebe os projetos dos municpios.

3
IV. A SECRETARIA ESTADUAL, APS ANLISE E APROVAO TCNICA DA PROPOSTA, SUBMETE-O APRECIAO DA COMISSO INTERGESTORES BIPARTITE-CIB
A CIB delibera a pactuao do nmero de equipes de sade da famlia e de agentes comunitrios de sade que devero atuar no municpio. - Essa pactuao registrada no formulrio Declarao de Incentivo, assinado pelo gestor municipal e pelo Coordenador da CIB.

SADE ESTO PREPARADAS PARA ASSESSORAR OS MUNICPIOS NA ELABORAO DE SUAS PROPOSTAS.


DE

OBS: AS SECRETARIAS ESTADUAIS

108 Guia Prtico do PSF

SEGUNDA ETAPA
Depois de publicada a qualificao do municpio no Dirio Oficial, o municpio estar apto a receber recursos de incentivo federal. Para receber os incentivos, o municpio deve:
I. CADASTRAR AS EQUIPES EM ATUAO NO MUNICPIO NO SISTEMA DE INFORMAO DE ATENO BSICA SIAB
O cadastro dos profissionais no SIAB a fonte de dados utilizada para o crdito dos incentivos. Portanto, o municpio no receber seus incentivos se no mantiver a informao do cadastro dos profissionais. O municpio dever manter atualizado o cadastro dos estabelecimentos de sade, seguindo as orientaes da portaria n 511/00-MS

V. A CIB ENVIA A DECLARAO DE INCENTIVO PARA O MINISTRIO DA SADE


A declarao de incentivo enviada por meio magntico ao Departamento de Ateno Bsica da Secretaria de Polticas do Ministrio da Sade.

3
VI. O MINISTRIO DA SADE PUBLICA A QUALIFICAO DO MUNICPIO NO DIRIO OFICIAL DA UNIO
A publicao no DOU explicita o nmero de equipes do PSF e nmero de agentes comunitrios pactuados para cada municpio.

3
II. ALIMENTAR MENSALMENTE OS SISTEMAS DE INFORMAO DO MINISTRIO DA SADE, PARA EVITAR O BLOQUEIO DA TRANSFERNCIA DOS RECURSOS QUE COMPEM O PAB PARTE FIXA E INCENTIVOS
Os municpios que deixarem de alimentar o banco de dados dos sistemas de informao (SAI/SUS, SINAM, SINASC, SIAB) por um perodo de dois meses seguidos, ou trs meses alternados, durante o ano, tero seus incentivos e o recurso do PAB bloqueados.

Guia Prtico do PSF 109

Incentivo Financeiro

s aes da
Veja como receber, passo a passo

Os municpios que vo iniciar a implantao ou ampliao das aes de sade bucal vinculadas ao PSF devem percorrer os seguintes passos:

110 Guia Prtico do PSF

Sade Bucal

vinculadas ao PSF

PRIMEIRA ETAPA
Para qualificao das equipes de Sade Bucal:

I. O MUNICPIO DEVE TER EQUIPES DE SADE DA FAMLIA

III. O MUNICPIO SUBMETE A IMPLANTAO/EXPANSO DAS AES DE SADE BUCAL VINCULADAS AO PSF PARA APROVAO DO CONSELHO MUNICIPAL DE SADE

3
II. O MUNICPIO PRESTA AS SEGUINTES INFORMAES SOBRE A IMPLANTAO OU EXPANSO DE EQUIPES DE SADE BUCAL

3
IV. A SECRETARIA MUNICIPAL DE SADE ENVIA SUAS INFORMAES PARA ANLISE DA SECRETARIA ESTADUAL DE SADE
Toda secretaria estadual tem uma rea tcnica (departamento de ateno bsica; coordenao de ateno bsica ou coordenao do PACS/PSF) responsvel pela assessoria aos municpios na implantao ou expanso das aes de sade bucal vinculadas ao PSF. Normalmente essa rea que recebe as informaes dos municpios.

- rea geogrfica a ser coberta, com estimativa da populao residente e vinculao de cada equipe de sade bucal a cada duas Equipes de Sade da Famlia em atuao; - descrio da estrutura mnima (rea fsica, equipamentos e materiais) com que contaro as unidades de sade onde atuaro as equipes de sade bucal; - definio das aes mnimas a serem desenvolvidas pelas equipes de sade bucal; - proposta de fluxo dos usurios para garantia da referncia aos servios odontolgicos de maior complexidade; - descrio da forma de recrutamento, seleo e contratao dos profissionais das equipes de sade bucal; - definio do processo de avaliao do trabalho das equipes e da forma de acompanhamento do Pacto da Ateno Bsica e utilizao dos dados dos sistemas nacionais de informao. OBS: AS SECRETARIAS ESTADUAIS
MUNICPIOS NESSA FASE. DE

SADE

ESTO PREPARADAS PARA ASSESSORAR OS

112 Guia Prtico do PSF

SEGUNDA ETAPA
Depois de publicada a qualificao do municpio no Dirio Oficial, o municpio estar apto a receber recursos de incentivo federal. Para receber os incentivos, o municpio deve:
I . CADASTRAR AS EQUIPES EM ATUAO NO MUNICPIO NO SISTEMA DE INFORMAO DE ATENO BSICA SIAB
O cadastro dos profissionais no SIAB a fonte de dados utilizada para o crdito dos incentivos. Portanto, o municpio no receber seus incentivos se no mantiver a informao do cadastro dos profissionais. o municpio dever manter atualizado o cadastro dos estabelecimentos de sade seguindo as orientaes da portaria n 511/00-MS

V. A SECRETARIA ESTADUAL, APS ANLISE E APROVAO TCNICA DAS INFORMAES, SUBMETE O PLEITO DO MUNICPIO APRECIAO DA COMISSO INTERGESTORES BIPARTITE-CIB

- A CIB delibera a pactuao do nmero de equipes de sade bucal que devero atuar no municpio. - Essa pactuao registrada numa planilha, assinada pelo Coordenador da CIB.

3
VI. A CIB ENVIA A PLANILHA PARA O MINISTRIO DA SADE
Essa planilha enviada ao Departamento de Ateno Bsica da Secretaria de Polticas do Ministrio da Sade.

3
II. ALIMENTAR MENSALMENTE OS SISTEMAS DE INFORMAO DO MINISTRIO DA SADE, PARA EVITAR O BLOQUEIO DA TRANSFERNCIA DOS RECURSOS QUE COMPEM O PAB PARTE FIXA E INCENTIVOS

3
VII. O MINISTRIO DA SADE PUBLICA A QUALIFICAO DO MUNICPIO EM DIRIO OFICIAL
A publicao no DOU explicita o nmero de equipes de sade bucal vinculas ao PSF pactuado para cada municpio.

Os municpios que deixarem de alimentar o banco de dados dos sistemas de informao (SAI/SUS, SINAM, SINASC, SIAB) por um perodo de dois meses seguidos ou trs meses alternados, durante o ano, tero seus incentivos e o recurso do PAB bloqueados.

Guia Prtico do PSF 113

Sugesto para estrutura fsica e equipamentos das Unidades de Sade da Famlia


ELEMENTO E EQUIPAMENTOS
RECEPO
1 mesa tipo escritrio 4 arquivos de ao p/ pasta suspensa 4 cadeiras 2 bancos 0,40x2m 1 quadro p/ murais 1 bebedouro c/ filtro

REA E DESTINAO
30m2 Ambiente destinado a recepo, servio de Arquivos e reunies educativas

SALA DE CUIDADOS BSICOS


1 mesa p/ exame/ tratamento (maca) 1 escada de dois degraus 1 suporte para soro 1 braadeira 1 armrio vitrine 4 cadeiras 2 baldes cilndricos porta-detrito c/ pedal 1 carrinho de curativo 1 esfignomanmetro c/ estetoscpio adulto 1 balana antropomtrica adulto 1 balana antropomtrica infantil 1 central de nebulizao c/ 5 sadas 1 foco c/ haste flexvel 1 Glicosmetro INSTRUMENTAIS: 1 tesoura SIMS reta 1 tesoura MAYO reta 14cm 2 portas agulha HEGAR 6 pinas de disseco (anatmica)15cm 6 pinas de disseco dente de rato 14cm 8 pinas BACKHAUS 10CM 8 pinas BACKHAUS 13CM 6 pinas HALSTEAD (mosquito) 6 pinas KELLY reta 6 pinas pean 6 pinas KOCHER reta 6 pinas KOCHER curva 6 pinas FOERSCHE ( corao) 6 cubas rim 6 cubas redondas 6 cubas retangulares 2 tambores mdios

16m2 Ambiente destinado aes bsicas de enfermagem (injees, curativos, retirada de pontos etc.), atendimento de pequenas emergncias, infuses venosase manuteno de usurio em perodo de observaes.

CONSULTRIO c/ sanitrio anexo


1 mesa tipo escritrio 2 cadeiras 1 mesa ginecolgica 1 escada c/ dois degraus 1 biombo duplo 1 banqueta giratria cromada 1 balde c/ pedal 1 foco c/ haste flexvel 1 armrio vitrine 1 esfignomanmetro adulto 1 esfignomanmetro infantil 1 estetoscpio 1 estetoscpio de pinar 1 buzina de Kobo 1 detector ultrassnico (fetal) 1 lanterna clnica para exame 1 negatoscpio 1 oftalmoscpio c/ otoscpio INSTRUMENTAIS: 10 Espculos Collin pequeno 15 Especulos Collin mdio 5 Especulos Collin grande 6 Pinas de disseco 15cm 6 Pinas de disseco c/ dente 15 cm 20 Pinas cheron, 25cm 10 Pinas de Pozzi ou Museaux 25cm 1 Fita mtrica flexvel inelstica 1 Cuba retangular c/ tampa

9m2 Ambiente destinado consultas mdica ou de enfermagem.

SALA DE VACINAO
1 refrigerador 260 litros 4 cadeiras 1 mesa tipo escritrio com gavetas

6m2 Ambiente destinado ao servio de imunizaes (esquema bsico e vacinas especiais coma anti-rbica e outras)

114 Guia Prtico do PSF

ELEMENTO E EQUIPAMENTOS
CLNICA ODONTOLGICA
Amalgamador Aparelho Fotopolimerizador Cadeira odontolgica Compressor Equipo odontolgico com pontas Estufa ou autoclave Mocho Refletor Unidade auxiliar
INSTRUMENTAIS ODONTOLGICOS:
Alveoltomo Alavanca inox adulto Alavanca inox infantil Alavanca Seldim adulto Aplicador para cimento (duplo) Aplicador para hidrxido de clcio Bandeja de ao Brunidor Cabo para bisturi Cabo para espelho Caixa inoxidvel com tampa Condensador Hollemback 01 e 02 Condensador Eames Condensador Clev-dent Corrente para prender guardanapo Cureta alveolar Cureta de periodontia Gracey (vrios ns) Escavador de dentina n 05 e n 11,5 Escavador para pulpotomia Esculpidor Hollemback 3s Esptula de cera n 7 Esptula de cimento n 24 Espelho bucal Espelho de mo e de parede Extrator de trtaro 1/10 Frceps infantis e adultos (vrios ns) Frasco de Dappen Gengivtomo de Kirkland Gengivtomo de Orban Lamparina Limpador de brocas Maco escova Macro modelo Estojos de inox (tipo marmita) culos de proteo Lima ssea Pina Clnica Pina Halstead (mosquito) curva e reta Pina para algodo Placa de vidro Porta agulha Porta amlgama Porta matriz Removedor de brocas Seringa Carpule Sindesmtomo Sonda exploradora Sonda periodontal milimetrada Tesoura cirrgica reta e curva Tesoura ris Tesoura standart

REA E DESTINAO
16m2 Ambiente destinado ao servio de odontologia

GUARDA DE MATERIAL E INSUMOS


12 prateleiras (tipo pranchas)

1m2 Ambiente destinado a guarda dos insumos (medicamentos, gazes, seringas de uso dirio da equipe). 25m2 Ambiente destinado a vrias atividades, como consultas individuais e de grupo e aes educativas.

SALA DE MULTI-USO com local para escovao


1 mesa para exame clnico 4 bancos 0,40x2m 6 cadeiras 1 quadro p/ mural 1x2m 1 armrio tipo guarda roupa 1 biombo 1 espelho de parede

SALA PARA PREPARO DE MATERIAL E UTILIDADES


1 Auto - clave vertical cap. 12 l. 1 Mesa ou bancada para preparo de material 1 Armrio tipo guarda roupa 2 cadeiras

8m2 Ambiente destinado a preparo, esterilizao e guarda de material.

COPA
1 mesa de copa c/ 4 cadeiras 1 refrigerador cap. 260 litros 1 fogo 1 armrio tipo guarda roupa

6m2 Ambiente destinado preparao de soro reidratante, chs e outros alimentos para a equipe e ou usurio do servio. 5m2
Ambiente com tanque de expurgo e outro destinado a limpeza e guarda de instrumentos (pinas, tesoura e etc.).

SALA PARA MATERIAL DE LIMPEZA


1 armrio 1 hamper ( suporte )

SANITRIOS c/ chuveiros
(observar adequao a necessidades dos portadores de deficincia fsica)

10m2 Dois sanitrios (M e F) para uso da equipe e dos usurios.

Guia Prtico do PSF 115

Mais apoio Ateno Bsica, ao PSF e aos Municpios


O Ministrio da Sade conta com vrios programas e aes que apiam a Ateno Bsica, potencializam os resultados do PSF, elevam o repasse de incentivos financeiros federais para os Municpios interessados em melhorar qualidade de vida de seus habitantes. Procure saber mais sobre os seguintes:

Farmcia Popular
um programa do Ministrio da Sade, para distribuio de medicamentos populao de todos os municpios que tenham equipes do Programa Sade da Famlia implantadas e em funcionamento. Cada equipe do Programa Sade da Famlia recebe de trs em trs meses, do Ministrio, um conjunto com 31 medicamentos, que compreendem: sais para reidratao oral antibiticos antiinflamatrios

Para mais informaes, entre em contato com: Farmcia Popular - Ministrio da Sade Esplanada dos Ministrios, Bloco G/sala 352 CEP 70.058.900 Brasilia DF Telefones: (61) 315.2649 e 315.2047 Fax: (61) 226.9737 E-mail: [email protected]

Uniformes para todas as ESF, ESB e Agentes Comunitrios da Sade


A distribuio de uniformes completos mais um importante incentivo do Ministrio da Sade implantao, manuteno e expanso do Programa Sade da Famlia.

diurticos antitrmicos

So uniformes para todas as Equipes de Sade da Fa analgsicos antibacterianos 320 mil camisetas (duas para cada ACS) medicamentos de combate a asma, diabetes, hipertenso, dermatoses, lcera gstrica e anemia. Este programa existe graas luta do Ministrio da Sade para reduzir os preos dos medicamentos que adquire. A reduo dos preos permitiu a compra e a distribuio trimestral de mais medicamentos, que esto garantindo qualidade de vida e sade a milhes de brasileiros, nas localidades mais carentes do Pas. 176 mil jaquetas (duas para cada mdico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e profissionais de sade bucal). 30 mil conjuntos de casacos e jaquetas (um para cada ACS das regies Sul e estado de So Paulo) 160 mil conjuntos de coletes, mochilas e bons (um conjunto para cada ACS) mlia, Equipes de Sade Bucal e para os Agentes Comunitrios de Sade. Em 2001, o Ministrio da Sade distribuiu:

116 Guia Prtico do PSF

Todos os municpios com equipes implantadas at junho de 2001, receberam este kit. A entrega foi feita diretamente nos municpios. Mais informaes podem ser obtidas na Central de Atendimentos: Telefones: (61) 315 2542 ou 315 2562 Fax: (61) 325 20 94 E-mail: [email protected]

dinheiro vai diretamente para a me. Ela (ou outra pessoa responsvel) recebe um carto magntico para retirar o dinheiro todo ms, em agncia ou posto autorizado da Caixa Econmica Federal. Para receber o benefcio, as mes tm que: fazer as consultas do pr-natal, se for gestante participar das reunies e atividades educativas realizadas pela unidade de sade onde atendida

Bolsa-Alimentao
O Programa Bolsa-Alimentao, criado pelo Governo Federal em agosto de 2001, destina-se s famlias de baixa renda, em risco nutricional, para que suas crianas possam se alimentar. A adeso ao programa uma deciso do gestor municipal que agente central desta ao. Para aderir os municpios devero comprometer-se a prover os servios e aes bsicas de sade que fazem parte da agenda de compromissos das mes. O programa prev apoio financeiro mensal de R$ 15,00 a R$ 45,00, de acordo com o tamanho da famlia, alm de muita informao sobre sade e alimentao. Esse

Especificamente para a me com crianas de zero a 6 anos, o programa exige que: apresente registro de nascimento do filho ou filha garanta a amamentao da criana, pesando-a periodicamente mantenha a vacinao da criana em dia Especificamente para os Municpios, existe tambm o Incentivo ao Combate s Carncias Nutricionais (ICCN), que garante recursos para as Prefeituras distriburem leite e leo de soja para crianas desnutridas de 6 meses a 2 anos de idade.

Os municpios que recebem esses recursos podem optar, se quiserem, pelo Programa Bolsa-Alimentao. Garantem, assim, atendimento s crianas at os 6 anos, alm de gestantes e mes que estejam amamentando. Para que as famlias carentes de uma cidade recebam o dinheiro do Bolsa-Alimentao, o prefeito precisa tomar as seguintes providncias: solicitar Secretaria Estadual de Sade os formulrios e outras informaes para adeso ao Programa BolsaAlimentao e dar incio ao cadastramento das famlias. assinar carta de adeso ao Programa Bolsa-Alimentao. fazer relatrio de avaliao dos resultados do Incentivo ao Combate s Carncias Nutricionais (ICCN), se j participa deste programa. aprovar, no Conselho Municipal de Sade, a adeso ao Programa Bolsa-Alimentao. enviar, Secretaria Estadual da Sade, a carta de adeso aprovada pelo Conselho Municipal da Sade e o relatrio de avaliao dos resultados do ICCN.

aprovar, na Comisso Intergestores Bipartite, a adeso ao Programa Bolsa-Alimentao. aguardar a qualificao do municpio pelo Ministrio da Sade, em portaria publicada no Dirio Oficial. cadastrar corretamente as famlias e acompanh-las no cumprimento da agenda de compromissos com a sua sade. muito importante, neste programa, a participao da Equipes de Sade da Famlia (ESF) e dos Agentes Comunitrios de Sade (ACS), porque conhecem as famlias e mantm sempre atualizado o cadastro de cada pessoa da comunidade. Assim, as ESF e os ACS podem identificar rapidamente as crianas e mulheres que devero ser beneficiadas pelo Bolsa-Alimentao. A participao dos agentes e equipes fundamental, tambm, na orientao alimentar das criana e mulheres beneficiadas. O Ministrio da Sade est preparando uma srie de materiais instrutivos para instrumentalizar os agentes e equipes neste trabalho. A incorporao de renda na famlia, por meio da Bolsa-Alimentao, vai possibilitar a melhoria da qualida-

de da alimentao. Essa medida potencializa, portanto, todo o trabalho das Equipes de Sade e dos Agentes Comunitrios, que lutam o tempo todo para o acesso das pessoas s condies necessrias para terem mais sade.

garantir que a gestante seja bem assistida, que o parto ocorra em condies normais, seguras. proteger a sade das mulheres e das crianas que vo nascer. As equipes de Sade da Famlia representam uma con-

Para mais informaes, procure a Secretaria de Sade de seu Estado ou entre em contato com o Programa BolsaAlimentao, em Braslia, no Ministrio da Sade. Telefones: (61) 448-8237 e 448-8238 Fax: (61) 448-8228 e 448-8239 Endereo: SEPN 511 Bloco C Edifcio Biltar IV, 4 andar CEP 70750-543 Braslia-DF Quem tem internet pode usar o endereo eletrnico (e-mail): [email protected]

tribuio importante para garantir essas aes, pois faz parte de suas atribuies o atendimento sade da mulher, com nfase para a garantia de um pr-natal de qualidade. Os Agentes Comunitrios de Sade, em sua rotina de visitas domiciliares, devem identificar precocemente as gestantes e encaminh-las s Unidades de Sade da Famlia, para que imediatamente iniciem seu acompanhamento pr-natal. A Equipe de Sade da Famlia precisa ter a garantia de referncia ao parto seguro e humanizado das mulheres que esto sob sua responsabilidade. Este programa do Ministrio da Sade tem recursos

Sade da Mulher Humanizao do Pr-Natal e Nascimento


O objetivo N 1 do Programa Sade da Mulher Humanizao do Pr-Natal e Nascimento reduzir o nmero de mortes de mulheres por causa da gravidez.

para o municpio cadastrar as gestantes, garantir os exames do pr-natal completo e dar assistncia mdica no parto. O municpio precisa aderir ao Programa Sade da Mulher Humanizao do Pr-Natal e Nascimento. A adeso feita em parceria com a Secretaria Estadual de Sade. Prefeituras que desejarem aderir devem procurar as secretarias de Sade de seus Estados.
Guia Prtico do PSF 119

Podem tambm telefonar diretamente para o Ministrio da Sade. Os nmeros so: (61) 315 3092 ou 0800.61.1997. Fax: (61) 315 3091.

O Ministrio da Sade est preparando material instrutivo para que todos os Agentes Comunitrios de Sade sejam capacitados tambm na estratgia da AIDPI. Para mais informaes sobre estes e outros programas

O endereo : Ministrio da Sade, Esplanada dos Ministrios, Bloco G, Sala 648, CEP 70058-900, Braslia-DF.

e aes destinadas s crianas, entre em contato com: rea Tcnica da Sade da Criana e Aleitamento

Para quem tiver internet, o endereo eletrnico (email) : [email protected] Para mais informaes, existe na internet a pgina do Ministrio da Sade: www.saude.gov.br Programas e Projetos Sade da Mulher

Materno Ministrio da Sade Esplanada dos Ministrios, Bloco G/636 Telefones: (61) 315.2866, 315.2407, 224.4561 Fax: (61) 315.2038 E-mail: [email protected]

Projeto Alvorada
O Projeto Alvorada, criado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso com base em alguns programas novos e em outros que j existiam, dispe de recursos para municpios com problemas sociais a resolver. O objetivo do Projeto Alvorada diminuir, no Brasil, a desigualdade social, que se caracteriza pela existncia de cidades muito ricas e cidades muito pobres, Estados muito ricos e Estados muito pobres. Para diminuir a desigualdade, para melhorar a condio de vida dos brasileiros mais necessitados, o Projeto Alvorada reserva recursos para as regies mais necessitadas dentro dos Estados mais necessitados. Entre os Estados, foram selecionados 2.313 municpios com baixo ndice de desenvolvimento humano, que a medida da pobreza, da misria, da necessidade. O Projeto Alvorada tem verbas e programas para elevar esse ndice, nas regies menos desenvolvidas do Brasil, com aes de sade, educao, assistncia social, justia, trabalho, agricultura.

Sade da Criana
So vrias as aes do Ministrio da Sade voltadas para a sade das crianas. Algumas delas: Aleitamento materno Por iniciativa do Ministrio da Sade, so credenciados Hospitais Amigos da Criana, os que cumprem os 10 passos para promoo do Aleitamento Materno, tornando-se referncia na ateno humanizada ao recm-nascido. Carteiro amigo Em parceria com os Correios e Telgrafos, secretarias estaduais e municipais de Sade, o Ministrio da Sade distribui, por intermdio dos carteiros, informaes e material educativo sobre aleitamento materno. A distribuio desse material feita para todo o territrio nacional e destina-se a gestantes e crianas de at um ano de idade. Ateno s doenas mais comuns na infncia

Os recursos do Projeto Alvorada existem. Mas muiA Ateno Integrada s Doenas Prevalentes na Infncia (AIDPI) uma ao que visa melhorar a qualidade da assistncia prestada pelos municpios sade das crianas. Garante recursos para combater doenas como a diarria, a pneumonia, a desnutrio e outras, que afetam as crianas principalmente nas regies Norte e Nordeste, por meio das Equipes de Sade da Famlia. Esses recursos tambm ajudam na promoo da amamentao, no crescimento e desenvolvimento das crianas. Um exemplo: as centenas de cidades brasileiras que precisam implantar sistema de esgoto e gua tratada. Muitas delas j fizeram seu projeto e assinaram convnio tas vezes no basta dinheiro, na rea da sade, se no houver o engajamento dos profissionais da sade e dos parceiros nos estados e nos municpios. essencial que os governos estaduais participem e faam a sua parte. essencial que os prefeitos se empenhem.

120 Guia Prtico do PSF

para receber verba do Ministrio da Sade-Projeto Alvorada. Mas muito grande, ainda, o nmero dos municpios cujos prefeitos no se habilitaram. Qual o resultado disso? As Prefeituras que assinaram convnio esto tendo condies para resolver os seus problemas de saneamento bsico. Quem ainda no fez o levantamento de suas necessidades e no elaborou seu projeto, no est pronto para assinar o convnio e assim vai continuar marcando passo, sem as melhorias a que tem direito. Para informaes sobre verbas do Projeto Alvorada na rea da sade, ligue para:

Projeto Alvorada Sade: (61) 315 3373. Para mais informaes, procure a: Coordenao Nacional do Projeto Alvorada Secretaria de Assistncia Social. Esplanada dos Ministrios, Bloco A, 1 andar CEP 70054-900 Braslia-DF Telefones: (61) 315-1739 / 315-1392 / 315-1545 Fax: (61) 225-2496 E-mail: www.presidencia.gov.br/projetoalvorada

Publicaes
do Ministrio da Sade
relacionadas com o Programa Sade da Famlia e o Programa de Agentes Comunitrios de Sade
As publicaes apresentadas podero ser solicitadas para a Central de Atendimento do Departamento de Ateno Bsica (DAB) MS. Telefones: (61) 315 2542 ou 315 2562 Fax: (61) 325 20 94 E-mail: [email protected]

Informe da Ateno Bsica So treze folhetos, at agora, divulgando informaes de interesse para a Ateno Bsica, utilizando como fonte o SIAB e outros sistemas de informao. Lanados periodicamente, tm o objetivo de contribuir para o uso da informao como ferramenta do planejamento e gesto das aes e servios de sade. Estas publicaes podem ser encontradas no endereo : http://www.saude.gov.br/psf/index.htm(publicaes)

122 Guia Prtico do PSF

Cadernos de Ateno Bsica Esta srie complementa o trabalho dos Plos de Capacitao, intensificando o processo de qualificao em servio dos profissionais que compem as Equipes de Sade da Famlia. Cada caderno rene contedos e informaes tcnicas pertinentes aos protocolos e rotinas de trabalho das ESF, sob os enfoques operacionais, gerenciais e conceituais. Ttulos disponveis: caderno 1 Implantao do PSF caderno 2 Treinamento Introdutrio caderno 3 Educao Permanente caderno 4 Ateno Sade do Idoso (Instabilidade Postural e Queda) caderno 7 Hipertenso / Diabetes Os outros nmeros esto em fase de edio.

Informe Agentes em Ao Sempre com o ttulo iniciado pela frase Em tempos de, so boletins dirigidos aos Agentes Comunitrios de Sade, sobre temas de relevncia no aspecto da preveno de doenas e da promoo da sade. Fazem parte de uma srie de publicaes especiais, produzidas e distribudas de acordo com necessidades especficas. Ttulos disponveis: Em tempos de seca Em tempos de preveno de cncer de colo de tero Em tempos de preveno de anemia ferropriva Sade do Idoso A Sade contra a seca Em tempos de preveno das DST/AIDS

Guia Prtico do PSF 123

Revista Brasileira de Sade da Famlia J foram editados trs nmeros. O quarto est em fase final de elaborao. Voltada para os gestores, o meio acadmico, o pessoal de servio e a comunidade envolvida na estratgia Sade da Famlia, a revista tem o propsito de estabelecer pontes entre as experincias em curso em todo Brasil, ampliando conhecimentos e conceitos no campo da sade pblica.

Preveno e Controle das DST/AIDS na Comunidade Manual do Agente Comunitrio de Sade Tem por finalidade contribuir para instruo, consulta e apoio permanente ao trabalho do ACS. (ltima edio em 2001) Aprendendo sobre AIDS e doenas sexualmente transmissveis Livro da Famlia Material educativo elaborado a partir das principais dvidas da comunidade sobre as DST, servindo de apoio ao trabalho j desenvolvido pelo ACS (Publicado em 1999)

O Trabalho do Agente Comunitrio de Sade Manual dirigido aos ACS, teve sua ltima edio publicada em 2000. Elaborado como instrumento para capacitao introdutria, das aes a ser desenvolvidas no primeiro nvel de ateno sade, de acordo com o grau de responsabilidade da funo exercida pelo agente.

A Sade Contra a Seca Cartilha produzida especificamente para ressaltar a importncia do trabalho dos ACS nas regies atingida pela seca. Conscientiza os agentes sobre o perigo que a falta d'gua representa para a sade das comunidades onde eles vivem e ajudam a dar assistncia sade.

Direitos Humanos e Violncia Intrafamiliar Informaes para ACS Publicao resultante do Protocolo de Cooperao firmado ente os Ministrios da Sade e da Justia. Trata-se de uma cartilha que busca responder necessidade de abordar esse tema to conflitante e rotineiramente verificado pelos ACS, em suas visitas domiciliares.

SIAB Manual do Sistema de Informao de Ateno Bsica Este manual teve sua primeira edio em 1998, foi reeditado em 2000 e no momento est em fase de reviso, para nova reedio. Foi desenvolvido para orientar o processo de alimentao do Siab, cujos relatrios permitem conhecimento mais profundo da realidade scio-sanitria da populao acompanhada, constituindo-se em importante instrumento de apoio para as aes do Programa Sade da Famlia.

124 Guia Prtico do PSF

Manual de Condutas para ACS (AIDPI) Contm informaes sobre a estratgia de Ateno Integrada s Doenas Prevalentes na Infncia (AIDPI). Dirige-se aos ACS, com o objetivo de capacit-los a identificar sinais, fatores e situaes de risco, que necessitam de cuidados especficos e aes de promoo, preveno e acompanhamento. Esta publicao estar disponvel a partir de janeiro de 2002.

A Sade de Adolescentes e Jovens Metodologia de auto-aprendizagem para equipes de ateno bsica de sade (Mlulos Bsico e Avanado). Destina-se aos mdicos e enfermeiros do PSF, com estudo de casos que auxiliem nas aes de educao em sade, preveno de doenas e agravos que mais afligem adolescentes e jovens brasileiros, como gravidez no desejada, uso de drogas, DST/AIDS, acidentes e violncia.

Parto, Aborto e Puerprio - Assistncia Humanizao da Mulher Srie de trs publicaes tendo como objetivo principal capacitar os profissionais de sade em conhecimentos, prticas e atitudes que visem promoo do parto e do nascimento saudveis e preveno da morbi-mortalidade materna e perinatal, visando a uma assistncia mais humanizada mulher.

Controle de Infeces e a Prtica Odontolgica em Tempo de AIDS Esta publicao foi distribuda a todos os odontlogos registrados do Conselho Federal de Odontologia. Para as escolas, foi produzido o cartaz Boca e Sorriso saudveis so para sempre, material educativo produzido em parceria com a Coordenao de Promoo de Sade e Editora Abril.

Tuberculose: informaes para Agentes Comunitrios de Sade Contm orientaes sobre medidas de identificao, encaminhamento e acompanhamento, para o controle da tuberculose (ltima edio publicada em 2001).
Guia Prtico do PSF 125

Espao

do leitor

Preenchendo esta carta-resposta, voc estar contribuindo para que o Programa Sade da Famlia fique cada vez melhor. O envio de sugestes e relatos de experincias poder servir para elaborao de artigos, para as prximas edies. GUIA PRTICO DO PSF 1- O que achou deste guia? ( ) Bom ( ) Regular ( ) Insatisfatrio 2- Este Guia? Recebeu no prprio servio ( ) Recebeu em eventos ( ) Recebeu direto do MS ( ) Outros 3- Qual sua rea de atuao? Profissional do PSF: mdico ( ) enfermeiro(a) ( ) ACS ( ) ACD ( ) auxiliar de enfermagem ( ) Odontlogo ( ) THD ( ) Professor universitrio ( ) Secretrio da sade ( ) Prefeito ( ) Outros 4- O que voc achou do contedo deste guia? Bom ( ) Regular ( ) Insatisfatrio ( ) 5- O contedo deste guia satisfez as suas necessidades de conhecimento acerca do PSF? Sim ( ) No ( ) Parcial ( ) Por qu?

6- Que outros assuntos poderiam ser contemplados em prximas publicaes?

Remetente: ______________________________________________________________ Endereo: _______________________________________________________________ _________________________________________________________________________

Dobre aqui

70.730-980

Braslia - DF

CARTO RESPOSTA

NO NECESSRIO SELAR

O selo ser pago por Ministrio da Sade

UPACDF - Rdio Center

PRT 108/98

DR/Bsb

Dobre aqui

Informaes teis
Disque Sade
O Ministrio da Sade mantm, disposio dos usurios do Sistema nico de Sade (SUS), o servio Disque Sade. O telefone o seguinte: 0800 - 61 19 97 Seu municpio procura mdicos, enfermeiros, A pgina do Ministrio da Sade na internet (www.saude.gov.br) contm uma entrada para informaes relacionadas ao Programa Sade da Famlia. Mdicos, enfermeiros, dentistas procuram Municpio onde trabalhar numa Equipe de Sade da Famlia? Um caminho seguro, em ambos os casos, o Banco de Trabalho do Programa Sade da Famlia. para esse sistema que profissionais e municpios devem encaminhar seus nomes e endereos. Ser nesse sistema, em conseqncia, que municpios e profissionais vo encontrar os endereos que procuram. S tm acesso ao banco de dados os municpios, com suas devidas senhas (enviadas pela Secretaria de Polticas de Sade), e os profissionais interessados que (61) 315 2542 ou 315 2562 Fax: (61) 325 20 94 E-mail: [email protected] A Central de Atendimentos tambm um espao para sugestes, denncias, reclamaes. O acesso feito pela internet, no seguinte endereOPINIES E CRTICAS A RESPEITO DESTE GUIA PRTICO DO PSF PODERO SER ENCAMINHADAS POR MEIO DO CARTO RESPOSTA ANEXO. A PRXIMA EDIO PODER SER MELHOR, COM A SUA CONTRIBUIO! Banco de Trabalho Programa Sade da Famlia. Aberta a pgina, no computador, s clicar em: o eletrnico (e-mail) do Ministrio da Sade: www.saude.gov.br O sistema informa quais candidatos preenchem os requisitos exigidos para cada vaga e vice-versa, ou seja, que vagas atendem ao que o candidato procura. se cadastrarem. dentistas para formar Equipes de Sade da Famlia?

Banco de Trabalho do Programa Sade da Famlia


Este sistema foi criado para promover o encontro entre Municpios e profissionais, tendo como foco o Programa Sade da Famlia.

Central de Atendimentos do Programa Sade da Famlia


Outro ponto de contato do Ministrio da Sade com a populao, com gestores, com instituies de ensino e outros interessados, a Central de Atendimentos. Mantida pelo Departamento de Ateno Bsica, da Secretaria de Polticas de Sade, tem como objetivo principal fornecer informaes e orientaes na rea da Ateno Bsica / Programa Sade da famlia. Os telefones so os seguintes:

PROGRAMA SADE DA FAMLIA

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