Apostila de Enfermagem Clinica e Cirugica II

Fazer download em doc, pdf ou txt
Fazer download em doc, pdf ou txt
Você está na página 1de 31

CENTRO ESTADUAL DE EDUCAO TECNOLGICA PAULA SOUZA

ETEC RUBENS DE FARIA E SOUZA

RECUPERAO E REABILITAO EM ENF. CLINICA E CIRURGICA II

Curso Tcnico de Enfermagem II Mdulo

PROFESSORA: Enf Zeni de L. Franco

ALUNO: _______________________________________________________ SUMRIO RECUPERAO E REABILITAO EM ENF.CLINICA E CIRRGICA II


INTRODUO ---------------------------------------------------------------------------------------------------ESTRUTURA DO CENTRO CIRRGICO Localizao e Planta Fsica -----------------------------------------------------------------------------------Materiais e equipamentos da SO ----------------------------------------------------------------------------HISTORIA DA CIRURGIA--------------------------------------------------------------------------------------EQUIPE CIRURGICA ------------------------------------------------------------------------------------------ETICA CENTRO CIRURGICO -------------------------------------------------------------------------------PLANEJAMENTO DO ATO CIRURGICO -----------------------------------------------------------------TEMPOS CIRURGICOS --------------------------------------------------------------------------------------INSTRUMENTAL CIRURGICO ------------------------------------------------------------------------------Fios de Sutura / Agulhas Cirurgicas ------------------------------------------------------------------------CLASSIFICAO DAS CIRURGIAS POR POTENCIAL DE CONTAMINAO----------------PERIODO TRANSOPERATORIO Posicionamento do Paciente para Cirurgia ---------------------------------------------------------------Funes da Circulante de Sala ------------------------------------------------------------------------------PARAMENTAO CIRURGICA-----------------------------------------------------------------------------Tcnica de Paramentao ------------------------------------------------------------------------------------Escovao e Degermao-------------------------------------------------------------------------------------ADMINISTRAO DA ANESTESIA ------------------------------------------------------------------------Tipos de Anestsicos / Anestesia----------------------------------------------------------------------------ELETROCIRURGIA---------------------------------------------------------------------------------------------ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM EM DRENOS E CATETERES Tipos de Drenos mais Comuns-------------------------------------------------------------------------------Gastrostomia / Cuidados de Enfermagem-----------------------------------------------------------------Jejunostomia / Cuidados de Enfermagem ----------------------------------------------------------------UNIDADE DE RECUPERAO PS-ANESTSICA (URPA) Equipamentos / Equipe ----------------------------------------------------------------------------------------Assistncia de Enfermagem / Complicaes -------------------------------------------------------------BIBLIOGRAFIA CONSULTADA -----------------------------------------------------------------------------2 2 4 5 6 7 8 9 10 10 12 12 13 15 17 17 18 19 20 22 23 24 24 25 28

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

RECUPERAO E REABILITAO EM ENF. CLNICA E CIRURGICA II INTRODUO


A unidade de centro cirrgico destina-se s atividades cirrgicas e de recuperao anestsica, sendo considerada rea critica no hospital por ser um ambiente onde se realizam procedimentos de risco e que possui clientes com sistema de defesa deficiente e maior risco de infeco. O profissional que trabalha nessa unidade necessita de habilidade tcnica e conhecimento sobre princpios de limpeza, desinfeco, esterilizao, tcnicas de assepsia, manuseio e conservao de equipamentos e materiais diferenciados.

ESTRUTURA DO CENTRO CIRRGICO (CC)


A equipe do CC composta por diversos profissionais: anestesistas, cirurgies, instrumentador cirrgico, enfermeiro, tcnico e auxiliar de enfermagem, podendo ou no integrar a equipe o instrumentador cirrgico e o auxiliar administrativo. Para prevenir a infeco e propiciar conforto e segurana ao paciente e equipe cirrgica, a planta fsica e a dinmica de funcionamento possuem caractersticas especiais. Devido ao seu risco, esta unidade dividida em reas:

NO-RESTRITA: As reas de circulao livre so consideradas reas no-restritas


e compreendem os vestirios, corredor de entrada para os clientes e funcionrios e sala de espera de acompanhantes. O vestirio, localizado na entrada do CC, a rea onde todos devem colocar o uniforme privativo: cala comprida, tnica, gorro, mscara e props. SEMI-RESTRITAS: Nestas reas pode haver circulao tanto do pessoal como de equipamentos, sem contudo provocarem interferncia nas rotinas de controle e manuteno da assepsia. Como exemplos temos as salas de guarda de material e administrativa; RESTRITA: O corredor interno, as reas de escovao das mos e a sala de operao (SO) so consideradas reas restritas dentro do CC; para evitar infeco operatria, limita-se a circulao de pessoal, equipamentos e materiais.

LOCALIZAO E PLANTA FISICA De preferncia, deve estar localizado no andar mais alto, ao abrigo da contaminao, da poeira e de rudos. O CC deve estar localizado em uma rea do hospital que oferea a segurana necessria s tcnicas asspticas, portanto distante de locais de grande circulao de pessoas, de rudo e de poeira. Recomenda-se que seja prximo s unidades de internao, pronto-socorro e unidade de terapia intensiva, de modo a contribuir com a interveno imediata e melhor fluxo dos pacientes. De acordo com a organizao hospitalar, podem fazer parte do bloco cirrgico a Recuperao Ps-Anestsica e a Central de Materiais e Esterilizao. As reas so assim caracterizadas: Vestirios masculino e feminino: Localizados na entrada do CC, onde realizado o controle de entrada das pessoas autorizadas aps vestirem a roupa privativa da unidade. Deve possuir chuveiros, sanitrios e armrios para guarda de roupas e objetos pessoais. Posto de enfermagem e secretaria: Servem para a administrao e burocracia do Centro Cirrgico.
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

Salas de cirurgia: Segundo a legislao brasileira, a capacidade do CC estabelecida segundo a proporo de leitos cirrgicos e Salas de Operao. A Resoluo da Diretoria Colegiada (RDC) n307/2002, da Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria (ANVISA) do Ministrio da Sade, determina uma sala de operao para cada 50 leitos no especializados ou 15 leitos cirrgicos. Para um dimensionamento ideal, deve-se levar em considerao alguns aspectos como: Horrio de funcionamento do Centro-cirrgico; Especialidades cirrgicas atendidas (cardiologia, neurocirurgia, ortopedia, oftalmologia, etc.); Durao mdia das cirurgias; Nmero de cirurgias por dia; Nmero de leitos cirrgicos do hospital; Hospital escola; Quantidade de artigos mdicos e instrumentais cirrgico disponveis. Tamanho da sala: Depende dos equipamentos necessrios aos tipos de cirurgias a serem realizadas; seu formato deve ser retangular ou oval. Segundo a RDC 307/2002, quanto ao tamanho, as salas so assim classificadas: Sala pequena: 20m, com dimenso mnima de 3,45 metros, destinadas s especialidades de otorrinolaringologia e oftalmologia. Sala mdia: 25m, com dimenso mnima de 4,65 metros, destinadas s especialidades gstrica e geral. Sala grande: 36m, com dimenso mnima de 5,0 metros, especficas para as cirurgias neurolgicas, cardiovasculares e ortopdicas. A sala de cirurgia ou operao deve ter cantos arredondados para facilitar a limpeza; as paredes, o piso e as portas devem ser lavveis e de cor neutra e fosca. O piso, particularmente, deve ser de material condutivo, ou seja, de proteo contra descarga de eletricidade esttica; as tomadas devem possuir sistema de aterramento para prevenir choque eltrico e estar situada a 1,5m do piso. As portas devem ter visor e tamanho que permita a passagem de macas, camas e equipamentos cirrgicos. As janelas devem ser de vidro fosco, teladas e fechadas quando houver sistema de ar condicionado. A iluminao do campo operatrio ocorre atravs do foco central ou fixo e, quando necessrio, tambm pelo foco mvel auxiliar. Lavabos: Devem ser dois para cada sala. O lavabo localiza-se em uma rea ao lado da SO e o local onde a equipe cirrgica faz a degermao das mos e antebraos com o uso de substncias degermantes anti-spticas, com a ao mecnica da escovao. As torneiras do lavabo devem abrir e fechar automaticamente ou atravs do uso de pedais, para evitar o contato das mos j degermadas. Acima do lavabo localizam-se os recipientes contendo a soluo degermante e um outro, contendo escova esterilizada Sala de anestesia: A sala de anestesia necessria em Centros Cirrgicos com pelo menos 6, 8 ou 10 salas cirrgicas. A encontram-se livros de registro e materiais de uso em anestesia. RX e cmara escura: Os aparelhos de RX devem ser mveis. Atualmente temos aparelhos muito modernos que podem ser instalados na sala cirrgica sem ocupar muito espao, proporcionando visibilidade da rea desejada durante a cirurgia. Sala de recepo de pacientes: um local utilizado para puno de veias e instalao de soros, administrao de medicaes pr-anestsicas, checagem de exames, avaliao das condies clinicas e preparo fsico e psicolgico do paciente. Sala de recuperao ps-anestsica: Aps a passagem pelo SO, o cliente encaminhado sala de RPA, a qual deve estar localizada de modo a facilitar o transporte do paciente sob efeito anestsico da SO para a RPA, e desta para a SO, na necessidade de uma reinterveno cirrgica; deve possibilitar, ainda, o fcil acesso dos componentes da equipe que operou o
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

paciente. um local onde se presta assistncia no ps-operatrio imediato visando estabilidade dos sinais vitais, retorno da conscincia e desbloqueio de reas anestesiadas. Expurgo: O ideal que cada sala cirrgica tenha sada prpria para lixo, roupas e materiais sujos. Os mesmos devem ser entregues ao expurgo atravs de janeles. O expurgo deve estar localizado de forma a evitar cruzamento com material limpo e esterilizado. Sala de higiene e limpeza: destina-se a guarda de materiais e mquinas utilizadas na limpeza do Centro Cirrgico. Copa: A existncia de uma copa no Centro Cirrgico evita a sada de funcionrios e o uso inadequado de outras salas para lanches. Laboratrio e Banco de Sangue: So importantes principalmente em caso de cirurgias de grande porte. O Banco de Sangue deve contar com geladeira e quantidade suficiente de bolsas de sangue para atender s cirurgias do dia e urgncias. Sala de macas: Quando no houver espao suficiente para instalao desta sala, as macas devero permanecer nos corredores. Depsito de materiais: Serve para a guarda de equipamentos e materiais que no podem ficar espalhados pelo Centro Cirrgico. Farmcia: Fornece medicamentos, fios e solues para a realizao das cirurgias. O sistema de "kits" utilizados por algumas farmcias facilita e economiza tempo. Sala de estar mdico: Utilizada pelos mdicos para descansarem ou preencherem impressos e livros de registro entre uma cirurgia e outra. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS DA SALA DE OPERAO (SO) Para que o processo cirrgico transcorra sem intercorrncias e de forma planejada, as salas cirrgicas so equipadas com: Foco central, negatoscpio, sistema de canalizao de ar e gases, prateleiras (podem estar ou no presentes), mesa cirrgica manual ou automtica com colchonete de espuma, perneiras metlicas, suporte de ombros e braos, arco para narcose, coxins e talas para auxiliar no posicionamento do paciente; Para controlar os dados fisiolgicos do paciente e evitar complicaes anestsicas, a sala de cirurgia deve ser equipada com esfigmomanmetro, monitor de eletrocardiograma, material para entubao traqueal, equipamentos para ventilao e oxigenao, aspirador de secrees, oxmetro de pulso e outros aparelhos especializados; Os equipamentos auxiliares so aqueles que podem ser movimentados pela sala, de acordo com a necessidade: suporte de hamper e bacia, mesas auxiliares, bisturi eltrico, foco auxiliar, banco giratrio, escada, estrado, balde inoxidvel com rodinhas ou rodzios, carros ou prateleiras para materiais estreis, de consumo e solues antisspticas; Tambm so necessrios diversos pacotes esterilizados contendo aventais, opa (avental com abertura para a frente), luvas de diferentes tamanhos, campos duplos, campos simples, compressas grandes e pequenas, gazes, impermevel (para forrar a mesa do instrumentador), cpulas grandes e pequenas, cuba-rim, bacia, sondas e drenos diversos, cabo com borracha para aspirador e cabo de bisturi eltrico (pode vir acondicionado em caixas); Outros materiais esterilizados so as caixas de instrumentais, o estojo de material cortante (pode estar acondicionado dentro da caixa de instrumentais), bandeja de material para anestesia e fios de sutura de diferentes nmeros e tipos; Como materiais complementares: a balana para pesar compressas e gazes, as solues antisspticas, esparadrapo, ataduras, pomada anestsica, medicamentos anestsicos e de emergncia, solues endovenosas do tipo glicosada, fisiolgica,
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

bicarbonato de sdio, soluo de lcool hexa-hdrico (Manitol), de Ringer e de Ringer Lactato. Como no CC existem materiais inflamveis e explosivos, a equipe deve tomar todas as precaues contra acidentes que possam gerar exploses e incndio. Para prevenilos, recomenda-se evitar que alguns agentes anestsicos (xido nitroso) e solues como ter e/ou benzina entrem em contato com descargas eltricas; dar preferncia ao uso de tecidos de algodo ao invs de sintticos, que acumulam carga eltrica e testar diariamente todos os equipamentos eltricos, bem como conferir a aterragem dos aparelhos eltricos atravs de fioterra. VESTURIO NO CENTRO CIRRGICO

Roupas: Todas as pessoas que estiverem trabalhando no Centro Cirrgico devem


usar roupas limpas e privativas. Normalmente usam-se calas e jalecos;

Mscaras: Devero ser usadas sempre, quando nas salas de cirurgias, para
minimizar a contaminao por vias areas; Gorros: Devem cobrir inteiramente os cabelos, de maneira que os fios, grampos ou partculas de caspa ou poeira no caiam sobre o campo estril. Devem ser preferencialmente descartveis, sem fiapos, e semelhantes a tecido; Sapatos: Recomenda-se que seja de uso exclusivo em Centro Cirrgico, confeccionado em borracha (lavvel e antiderrapante) e fechado ou props.

PROTOCOLO DE CIRCULAO

Fluxo de materiais, paciente e pessoal deve-se dar em nico sentido; Pessoas oriundas de reas contaminadas s devem entrar em reas limpas aps
vestir trajes cirrgicos adequados; Ao sair da rea limpa para a contaminada deve-se cobrir as roupas antes de sair e descartar esses itens ao retornar; Portas entre reas limpas e contaminadas devem ser mantidas fechadas; Roupas sujas e o lixo devem ser mantidos numa rea especfica do centro cirrgico enquanto esperam sua sada.

HISTRIA DA CIRURGIA
O homem primitivo lutava com os animais e entre si na disputa para sua sobrevivncia. Assim, as primeiras atitudes cirrgicas foram possivelmente dirigidas para os ferimentos traumticos e para o controle do sangramento pela compresso.
A histria da cirurgia mostra fatos interessantes, alguns bastante dramticos e outros agora considerados hilrios. Em um perodo remoto do Cristianismo, admitiu-se que as doenas eram enviadas por Deus e que, por isso, deveriam ser aceitas com humildade. Os mosteiros tornaram-se, ento, abrigo de doentes, cabendo aos monges a tarefa de cur-los. Como os religiosos no podiam se envolver com sangue, as suas tonsuras obrigatrias (corte circular do cabelo na parte superior da cabea) eram feitas por barbeiros, que tambm tinham como obrigao realizar sangrias "depuradoras" cinco vezes ao ano. A habilidade em faz-las levou-os a realizar, progressivamente, diversos procedimentos cirrgicos. No fim do sculo XVI, na Inglaterra, criou-se a Companhia de Barbeiros que atuou por cerca de dois sculos e regulamentou a profisso de barbeiro-cirurgio. Apenas no final desse sculo XVI e incio do sculo XVII, a cirurgia foi includa no currculo das Escolas de Medicina. O pouco conhecimento anatmico foi o primeiro fator limitante ao trabalho dos cirurgies. O fim do sculo XVIII presenciou o desenvolvimento da patologia e da cirurgia experimental, sendo realizadas vrias tentativas operatrias at o descobrimento da anestesia (1846), o maior fato para evoluo da cirurgia. "Antes dela, a cirurgia era realizada com alguns
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

conhecimentos elementares e com a limitao imposta pela dor. Tudo que existia antes eram trevas de ignorncia, sofrimento, tentativas infrutferas na escurido"( Gosset ). A anestesia geral fez desaparecer, em parte, a necessidade de rapidez dos cirurgies do sculo XIX. histrica a rapidez do cirurgio escocs Robert Liston (1794- 1847), o primeiro a usar a anestesia geral na Europa, que amputava uma perna em dois minutos e meio registrados por cronmetro. Antissepsia A Antissepsia foi outro grande fato no desenvolvimento da cirurgia. Menciona-se o emprego de gema de ovo, leo de rosas e essncia de terebintina em substituio ao leo fervente usualmente empregado na cauterizao das feridas. Vinho tambm era utilizado para limpeza de feridas, aproveitando suas propriedades anti-spticas e seu efeito sobre a dor, quando ingerido. As cirurgias eram realizadas por mdicos trajando casacas e sobrecasacas, comumente sujos de sangue e contaminados. Em 1882, Neuber props a sua substituio por aventais, precursores da atual indumentria usada nas salas de operao. O controle da infeco nas feridas operatrias teve uma aceitao confusa e no to rpida. Antes de Joseph Lister (1827-1912) ter criado a anti-sepsia, as feridas operatrias com freqncia supuravam e eram comuns as infeces spticas mortais. Os instrumentos mal limpos eram apanhados do solo quando caam e logo usados. As feridas eram manejadas com mos desnudas e j contaminadas em curativos de outros pacientes. Alm da falta de higiene hospitalar, mdicos, enfermeiras e outros funcionrios eram condutores da infeco. Lister constatou que a infeco vinha de fora do corpo e era introduzida por contaminao nas feridas atravs do contato direto, do ar ou de objetos. Ele mostrou que as infeces poderiam ser controladas utilizando cido carbnico vaporizado na sala de operaes, nos pacientes, nas feridas e para lavar as mos. Essa rigorosa anti-sepsia e os cuidados no manejo das feridas deram incio era listeriana da assepsia. Deve-se, entretanto, a Robert Koch (1843-1917) a atribuio das bactrias como agente causal das infeces, embora alguns cirurgies j acreditassem nos efeitos nefastos dos microrganismos, desde os conceitos bacteriolgicos de Pasteur (1622-1895). Ernst von Bergmann (1836-1907), na Alemanha, introduziu a cirurgia assptica e o processo de esterilizao pelo calor. Conquistas na Medicina O final do sculo XIX e incio do XX, considerado o Sculo dos Cirurgies, foi de grandes conquistas na Medicina. Restabeleceu-se definitivamente a integrao Medicina Interna com a Cirurgia, separadas por centenas de anos como entidades diferentes. Nessa poca, contornaram-se os maiores obstculos: a dor, a hemorragia, o choque e a infeco. Foi dada ateno especial anatomia, patologia e fisiologia, bases para novos conhecimentos e a realizao de novos procedimentos. Sculo do entendimento das alteraes corporais no traumatismo e na cirurgia, do uso de sangue e de hemoderivados, da compreenso do choque, do controle hidroeletroltico, das alteraes bioqumicas, metablicas, dos estudos imunolgicos, do incio da decodificao do genoma etc. Foi o sculo da introduo de muitos mtodos propeduticos e de drogas com finalidades diversas. Destacou-se nesse perodo a necessidade de uma correo properatria atravs dos encontros ao exame clnico, laboratorial e da propedutica armada, no prprio intra-operatrio para as alteraes induzidas pela cirurgia na fisiologia do organismo e os cuidados ps-operatrios para o tratamento das complicaes. A cirurgia passou a vencer patologias em rgos considerados intocveis. Foi o sculo da neurocirurgia, da cirurgia torcica, cardiovascular, endcrina, da circulao extracorprea, das dilises, dos transplantes, da videocirurgia, da cirurgia fetal, dos ventiladores mecnicos, das unidades de tratamento intensivo e do entendimento da bioqumica e da fisiologia humana. O sculo atual caminha para manter as conquistas propeduticas e teraputicas obtidas nos sculos anteriores aperfeioando-as, com nfase para a iniciante cirurgia gentica, molecular, ao lado da ciberntica ou robtica. Dr. Augusto Mrcio Coimbra Teixeira, Docente Livre de Cirurgia pela UFBA
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

EQUIPE CIRRGICA
Compreende-se como equipe cirrgica o conjunto de profissionais e ocupacionais que, num processo dinmico e interativo, prestam assistncia sistematizada e global ao paciente durante sua permanncia na unidade de centro cirrgico. A cada membro da equipe cirrgica so atribudas funes especficas, cabendo a todos a responsabilidade para que o ato operatrio seja desenvolvido com segurana e com o menor risco para o paciente e para a equipe. EQUIPE DE ANESTESIA A equipe de anestesia formada por mdicos anestesiologistas, responsveis por todo ato anestsico, com as atribuies iniciais de fazer a avaliao pr-anestsica do paciente, ainda em sua unidade de internao, e a prescrio da medicao anestsica. tambm responsabilidade dessa equipe planejar e executar a anestesia, prevendo com antecedncia todos os materiais, equipamentos e medicamentos necessrios, bem como preparar e administrar drogas e controlar as condies clnicas e anestsicas do paciente durante a cirurgia. Ao trmino da cirurgia responsabilidade dessa equipe o envio do paciente Unidade de Recuperao Anestsica e seu controle, at o restabelecimento das condies do paciente, para que este possa retornar unidade de origem em segurana. EQUIPE CIRRGICA

Mdico cirurgio: o profissional que realiza o procedimento cirrgico. Portanto,


responsvel pelo planejamento, execuo e comando, mantendo a ordem no campo operatrio; Mdico assistente: o que auxilia no procedimento cirrgico, exercendo atividades delegadas pelo cirurgio. Dependendo do porte desta, pode ser necessrio mais um. Ao primeiro assistente compete auxiliar diretamente o mdico cirurgio e substitu-lo, caso haja necessidade.

EQUIPE DE ENFERMAGEM

Enfermeiro: responsvel pelo planejamento das aes de enfermagem que sero

desenvolvidas no decorrer do procedimento cirrgico bem como pelo gerenciamento relativo aos artigos e equipamentos necessrios; Tcnico de enfermagem: auxiliar direto da enfermeira, so-lhes delegadas tambm tarefas especiais, como: verificar o funcionamento, a conservao e a manuteno dos equipamentos necessrios ao funcionamento do centro cirrgico; responsabilizar-se pelo encaminhamento das peas cirrgicas aos laboratrios especializados e controlar os artigos esterilizados, verificando seus prazos de validade. Pode tambm exercer as atividades de instrumentador ou circulante de sala; Auxiliar de enfermagem: excuta as atividades de circulante de sala, que so: atendimento direto das solicitaes da equipe mdica no decorrer do ato cirrgico, posicionamento adequado do paciente, verificao e controle de todos os equipamentos exigidos pela cirurgia; Instrumentador cirrgico: o integrante da equipe de enfermagem que se responsabiliza pelo preparo da mesa e pela proviso de todos os artigos indispensveis ao procedimento cirrgico, fornece instrumentais ao cirurgio e ao assistente, mantm a mesa em ordem.

TICA NO CENTRO CIRRGICO

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

Levando em conta a tica profissional da enfermagem, a esses profissionais no compete apenas as aes tcnicas e especializadas, mas a ateno s pessoas doentes da melhor maneira possvel respeitando sua individualidade (GUIDO, 1995, p.103). Ainda, de acordo com a DECLARAO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (2003), Art. 1 todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razo e de conscincia, devem agir uns para com os outros em esprito de fraternidade, no sendo necessrio aes individualizadas, mas sim, aes coletivas que tenham como objetivo promover o bem estar do outro. Resoluo n.240/2000, p.35, captulo I (COFEN, 2000), estabelece que: O profissional da enfermagem respeita a vida a dignidade e os direitos da pessoa humana, em todo seu ciclo vital, a discriminao de qualquer natureza, assegura ao cliente uma assistncia de enfermagem livre de danos decorrentes de impercia, negligncia ou imprudncia, cumpre e faz cumprir os preceitos ticos e legais da profisso, exercendo a enfermagem com justia, competncia, responsabilidade e honestidade. Baseados no Cdigo de tica dos profissionais de enfermagem (COFEN, 2000, p.34), verificamos no capitulo III, artigo 16 que de responsabilidade da nossa profisso assegurar ao cliente uma assistncia de enfermagem livre de danos decorrentes de impercia, negligncia ou imprudncia. Artigos 27 e 28 do captulo IV que tratam dos deveres do profissional enfermeiro, sendo, o Art. 27-Respeitar e reconhecer o direito do cliente de decidir sobre sua pessoa, seu tratamento e seu bem estar e o Art.28. Respeitar o natural pudor, a privacidade e a intimidade do cliente (COFEN, 2000). Ao se respeitar e atender as necessidades e direitos do paciente, a equipe que com ele se relaciona ter sucesso em seu trabalho, j que de responsabilidade principalmente do enfermeiro fazer com que esses direitos sejam cumpridos. CONDUTA NO CENTRO CIRURGICO Respeitar a hierarquia da equipe Silncio Falar baixo, somente o necessrio Respeito aos pacientes Nunca deix-lo s na sala de operaes Respeitar as recomendaes do conjunto de tcnicas asspticas para evitar contaminao cruzada Os membros da equipe cirrgica que esto vestindo trajes estreis devem ficar dentro da rea limpa Os membros da equipe que esto paramentados devem permanecer sempre de frente para o campo estril e de frente entre si Quando se cruzarem devem virar de costas um para o outro, pois as costas dos membros paramentados no so consideradas estreis Os aventais s so estreis na parte frontal, desde a linha das axilas at a cintura A parte de trs do avental cirrgico deve ser considerada no estril e as mos devem sempre ficar dentro dos limites estreis do avental As mangas so estreis at cinco centmetros acima do cotovelo Nunca se deve cruzar as mos na regio axilar, pois as axilas no so consideradas esterilizadas Quando material estril aberto em superfcie estril, a mo e o brao da pessoa no paramentada devem ficar protegidos pela superfcie interna do envoltrio estril Os membros da equipe que no esto paramentados no devem encostar-se a superfcies estreis Todo equipamento usado na cirurgia deve ser estril, livre de dvidas Itens que ficarem pendurados sobre a borda da mesa devem ser considerados no esterilizados

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

Os materiais utilizados devero ser encaminhados (previamente limpos) para a

esterilizao A contagem de materiais deve ser feita no incio e aps cada cirurgia As salas cirrgicas devero ser arrumadas, pelo menos, 15 minutos antes do horrio agendado, aps a autorizao da cirurgia No aconselhvel o uso de adereos (brincos, anis, pulseiras, cordes, etc.), no interior do centro cirrgico No aconselhvel o uso do conjunto cirrgico por cima da roupa comum A umidade transporta bactrias da superfcie no estril para outra estril

PLANEJAMENTO DO ATO CIRRGICO


O planejamento do ato cirrgico envolve dois aspectos importantes:

O paciente como indivduo, com direitos e responsabilidades, com reaes e


limitaes caractersticas, associadas aos riscos a que est exposto no perioperatrio; Problemas relacionados com inciso cirrgica e acesso ao rgo ou estrutura; Funo do rgo ou da regio do corpo envolvidos na cirurgia; Efeitos da cirurgia sobre o funcionamento do todo orgnico. O conhecimento que o paciente tem da natureza de sua doena, da terapia e do prognstico.

Em funo dessa complexidade de fatores, a cirurgia acompanhada de um sentimento de ansiedade que necessita ser previsto e detectado pela equipe que assiste o paciente, no sentido de atenu-lo. A ansiedade cirrgica est relacionada aos receios j conhecidos do paciente e alguns aspectos que envolvem a cirurgia, tais como:

O ato operatrio em si; O desconhecimento dos fatos envolvendo a cirurgia;


A anestesia; A morte; A gravidade do achado cirrgico; A modificao da imagem e da auto-imagem.

O primeiro passo para se reduzir essa ansiedade criar um clima que favorea a expresso pelo paciente de suas dvidas e apreenses. Caso a equipe de enfermagem no esteja em condies de responder s perguntas do paciente, pode encoraj-lo a faz-las ao cirurgio ou ento, lev-las ao conhecimento deste. importante tambm que todo paciente cirrgico seja preparado para as sensaes que geralmente acompanham o procedimento. Essa preparao pode incluir informaes sobre as reaes anestesia, a durao da cirurgia, o tipo de inciso cirrgica, o emprego de sondas e drenos, o tempo de hospitalizao, o uso de analgsicos, etc. Antes de tudo, o paciente precisa ter certeza de que os que o assistem so profissionais competentes e esto dispostos a faz-lo de forma eficiente.

TEMPOS CIRRGICOS
De modo geral, todas as intervenes cirrgicas so realizadas em 4 fases ou tempos bsicos e fundamentais: direse, hemostasia, cirurgia propriamente dita e sntese. DIRESE o rompimento da continuidade ou contigidade dos tecidos, Pode ser classificada em mecnica e fsica. Do ponto de vista mecnico, a direse feita com instrumental cortante, como o bisturi e tesoura, e outros instrumentos especficos.
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

10

So tipos de direse mecnica:

Puno: a introduo de uma agulha ou trocter nos tecidos, sem, contudo,

seccion-los; Seco: segmentao dos tecidos com o uso de material cortante; Divulso: afastamento dos tecidos nos planos anatmicos, com tesouras de bordas rombas ou afastadores; Curetagem: raspagem de superfcie de um rgo com auxlio de cureta; Dilatao: processo atravs do qual se procura aumentar a luz de um rgo tubular. Do ponto de vista fsico, a direse pode ser feita dos seguintes modos:

Trmica: aquela realizada com o uso do calor, cuja fonte a energia eltrica.
Bisturi eltrico; Crioterapia: consiste no resfriamento intenso e repentino da rea onde vai ser realizada a interveno cirrgica. Normalmente utilizado o nitrognio liquefeito por ser uma substncia criognica potente; Raio laser: ao aparelho de raio laser consiste de um bisturi que emprega um feixe de radiao infravermelha de alta intensidade. Os sistemas laser podem ser obtidos com materiais em estado slido, lquido e gasoso. Existem vrios sistemas laser, mas o mais utilizado na cirurgia o laser de CO2.

HEMOSTASIA o processo atravs do qual se impede, detm ou previne o sangramento. Na realidade a hemostasia comea antes da cirurgia, quando se realizam, no pr-operatrio imediato, os exames de tempo de coagulao, e dosagem de protombina. Pode ser classificada em: Preventiva: pode ser medicamentosa e cirrgica, sendo que a primeira baseada nos exames laboratoriais e a segunda realizada com a finalidade de interromper a circulao durante o ato operatrio, temporria ou definitivamente; Urgncia: essa hemostasia realizada quase sempre, em condies no favorveis e com material improvisado, como, por exemplo, garrotes, torniquetes, compresso digital e manual; Curativa: a hemostasia que se realiza no decorrer da interveno cirrgica e pode ser medicamentosa, mecnica, fsica ou biolgica.

SNTESE a unio de tecidos, que ser mais perfeita quanto mais anatmica for a separao. Pode ser: Cruenta: sntese na qual so utilizados instrumentos apropriados: agulhas de sutura, fios cirrgicos; Incruenta: a que faz a aproximao dos tecidos com o auxilio de gesso, esparadrapo, ataduras; Completa: aquela em que feita a aproximao dos tecidos em toda a dimenso da inciso cirrgica; Incompleta: aquela em que no h aproximao em toda a extenso da ferida, em conseqncia da colocao de dreno em determinado local da inciso cirrgica; Imediata: quando h realizao de sntese imediatamente aps o traumatismo.

INSTRUMENTAL CIRRGICO

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

11

INSTRUMENTAL DE DIRESE: Este grupo constitudo pelos bisturis e tesouras,


serra, agulhas, trpano, rugina e outros, utilizados nas cirurgias gerais, como nas especiais. INSTRUMENTAL DE HEMOSTASIA: Este grupo constitudo pela agulhas de sutura e porta agulhas. INSTRUMENTAL ESPECIAL: Grupo de instrumentais utilizados para cada tipo de cirurgia. Assim, por exemplo, a pina de Abadie empregada na cirurgia gastrintestinal; o descolador de amdalas, nas amidalalectomias; a pina Satinsky, na cirurgia vascular, pina Duval nas e pina Allis nas histerectomias. INSTRUMENTAL DE APOIO OU AUXILIAR: constitudo por pinas de campo, afastadores, pinas anatmicas e anatmicas com dente, Adson que se destinam a auxiliar o uso de outros grupos de instrumentais. INSTRUMENTAL DE CAMPO: constitudo por pinas que se destinam fixao dos campos estreis para delimitao do campo operatrio. Pinas Backaus e Bernard. INSTRUMENTAL AFASTADORES: constitudo por instrumentos de exposio que permitem a melhor visualizao da cavidade operatria. Principais afastadores: Farabeuf, Balfour, Gosset, Finocheto, Langenbeck, Volkmann, alm das vlvulas e esptulas (Doyen, Reverdin).

FIOS DE SUTURA
uma poro de materiais, sinttico ou derivado de fibras vegetais ou estruturas orgnicas, flexvel, de seco circular com dimetro muito reduzido em relao ao comprimento. Destina-se a conteno ou fixao de estruturas orgnicas ou elementos usados em cirurgia atravs de suturas e ns. Para cada finalidade existe um fio indicado e podem ser encontrados em comprimentos padronizados, que variam de 8 a 90 cm. As agulhas podem ser retas, curvas e semi-retas. Os fios podem ser fornecidos sem agulhas, em embalagens com um nico fio em vrias unidades de acordo com a quantidade usada no ato operatrio. Os fios com agulha podem conter somente uma agulha, como usado na maioria das suturas ou conter 2 agulhas como para cirurgia vascular ou sntese ssea. Calibre dos Fios O calibre dos fios designado por codificao, o maior calibre designado n 03 cujo dimetro oscila entre 0,6 e 0,8 mm. A numerao progressiva decrescente at o n 1, a partir do qual o fio designado por 0, 2.0, 3.0 e assim sucessivamente at 12.0, que o mais fino e corresponde a um dimetro que oscila entre 0.001 a 0.01 mm. Classificao dos Fios Basicamente os materiais dos quais so elaborados os fios cirrgicos so os classificados em absorvveis e inabsorvveis. Os fios absorvveis podem ser de origem animal e sintticos. Os de origem animal so representados pelo Categut, sendo os sintticos fabricados de cido poligliclico e poliglactina 910. Algumas caractersticas devem ser consideradas para a escolha do fio cirrgico:

Manter a fora de tenso por tempo suficiente at que a cicatriz adquira sua prpria
resistncia frente aos estmulos mecnicos habituais. Portar-se como material inerte, provocando o mnimo de reao tecidual. Tipo de tecido a ser suturado.

AGULHAS CIRRGICAS

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

12

A agulha no tem papel no processo de cicatrizao. Deve ser suficientemente larga, penetrante para ultrapassar a resistncia tecidual, resistente para no dobrar, mas ao mesmo tempo flexvel, para dobrar antes de quebrar, resistente a corroso de tamanho, forma, e calibre apropriados aplicao a que se destina. So utilizadas na reconstruo, com a finalidade de transfixar os tecidos, servindo de guia aos fios de sutura. Quanto ao corpo, as agulhas so retas, curvas (crculos de 3/8, , e 5/8) e semi-curvas especficas para cirurgia laparoscpica, quanto ponta so cilndricas (no cortantes), espatuladas, rombas ou triangulares, e quanto ao fundo podem ser traumticas ou atraumticas.

reconstruo de vsceras ocas, tendes, nervos e suturas intradrmicas. Freqentemente so usadas com as mos, e mais raramente com porta-agulhas. As agulhas curvas podem ser cilndricas ou triangulares. Seu raio de curvatura varivel, adaptando-se a cada tipo de sntese, em tamanho adequado, sempre utilizadas com porta-agulhas. As cortantes so usadas para sutura de pele e peristeo. As cilndricas suturam estruturas e rgos mais profundos. As agulhas atraumticas, isto , aquelas que j trazem o fio montado, asseguram fcil penetrao nos tecidos, sem deixar laceraes, sendo o tipo universalmente mais usado. Nas traumticas os fios so montados no momento de uso e elas provocam dilaceraes nos tecidos. As agulhas espatuladas so achatadas com bordas laterais cortantes. So utilizadas principalmente em cirurgias oftalmolgicas. GRAMPOS DE PELE Mtodo freqentemente usado para fechamento da pele. Quando usados corretamente, oferecem excelentes resultados estticos. Alm de diminuir o tempo de cirurgia, eles permitem a distoro decorrente do estresse exercido individualmente pelas pontas de sutura. FITAS ADESIVAS DE PELE As feridas sujeitas tenso esttica e dinmica mnimas podem ser aproximadas por uma fita adesiva de pele. A escolha da fita para fechamento da pele se baseia na capacidade adesiva e fora tensiva para manterem as bordas da ferida intimamente aderidas e especialmente a sua porosidade para facilitar a transmisso de umidade, evitando assim o acmulo de fludos debaixo da ferida.

As agulhas retas geralmente so cilndricas ou triangulares, utilizadas na

CLASSIFICAO DA CIRURGIA POR POTENCIAL DE CONTAMINAO


O nmero de microrganismos presentes no tecido a ser operado determinar o potencial de contaminao da ferida cirrgica. De acordo com a Portaria n 2.616/98, de 12/5/98, do Ministrio da Sade, as cirurgias so classificadas em:

LIMPAS: realizadas em tecidos estreis ou de fcil descontaminao, na ausncia


de processo infeccioso local, sem penetrao nos tratos digestrio, respiratrio ou urinrio, em condies ideais de sala de cirurgia. Exemplo: cirurgia de ovrio. POTENCIALMENTE CONTAMINADAS: realizadas em tecidos de difcil descontaminao, na ausncia de supurao local, com penetrao nos tratos digestrio, respiratrio ou urinrio sem contaminao significativa. Exemplo: reduo de fratura exposta. CONTAMINADAS: realizadas em tecidos recentemente traumatizados e abertos, de difcil descontaminao, com processo inflamatrio, mas sem supurao. Exemplo: apendicite supurada; INFECTADAS: realizadas em tecido com supurao local, tecido necrtico, feridas traumticas sujas. Exemplo: cirurgia do reto e nus com pus.

PERODO TRANS-OPERATRIO
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

13

O perodo trans-operatrio compreende o momento de recepo do paciente no CC e o intraoperatrio realizado na SO. Nesse perodo, as aes de enfermagem devem assegurar a integridade fsica do paciente, tanto pelas agresses do ato cirrgico como pelos riscos que o ambiente do CC oferece ao mesmo, j submetido a um estresse fsico e exposio dos rgos e tecidos ao meio externo; da a importncia do uso de tcnicas asspticas rigorosas. POSICIONAMENTO DO PACIENTE PARA CIRURGIA

Posio cirrgica aquela em que colocado o paciente, depois de anestesiado, para ser submetido a um procedimento cirrgico. A rea operatria deve estar adequadamente exposta para facilitar o procedimento cirrgico. Posicionar o paciente uma atividade que exige destreza, fora e habilidade para mobilizar o corpo, com movimentos precisos, sincronizados e delicados, visando evitar hipotenso, desconforto, traumas e outras intercorrncias como dores lombares, entorses e paresias no ps-operatrio. Portanto, o paciente dever estar em posio to confortvel quanto possvel, esteja anestesiado ou acordado. A indicao da posio cirrgica depende do tipo de cirurgia a ser realizado e da tcnica cirrgica a ser empregada. As principais posies utilizadas no centro cirrgico so:

Posio supina ou decbito dorsal: deitada de costas, com as pernas estendidas e,


os braos estendidos e apoiados em talas. a posio de melhor tolerncia para o paciente anestesiado. Esta posio utilizada em cirurgias abdominais supra e infra-umbilicais, torcicas e vasculares, entre outras. Dentre todas as posies a mais utilizada e a que traz menor nmero de complicaes respiratrias intra e psoperatria; Posio prona ou decbito ventral: deitada de abdome para baixo, com os braos estendidos para frente e apoiados em talas. Essa posio usada nas cirurgias das regies dorsal, lombar, sacrococcgea e occipital. Nas cirurgias occipitais necessrio a colocao de um suporte (acolchoado, gelatinoso) para fixao da fronte; Posio Fowler ou sentada: semi-sentada na mesa cirrgica; usada como posio de conforto, quando h dispnia aps cirurgia de tireide, mamoplastias e abdominoplastias; Posio litotomia ou ginecolgica: decbito dorsal, com as pernas flexionadas, afastadas e apoiadas em perneiras acolchoadas e, os braos estendidos e apoiados em talas. Essa posio utilizada nas cirurgias proctologicas orificiais, ginecolgicas e urolgicas por via baixa, bem como em obstetrcia, para partos por via vaginal; Posio lateral ou SIMS: decbito lateral, esquerdo ou direito, com a perna que est do lado de cima flexionada, afastada e apoiada na superfcie de repouso. Essa posio utilizada em cirurgias de toracotomia ou lobotomia e para cirurgias na loja renal; Posio genupeitoral: Conforme o prprio nome indica, o paciente se mantm sobre o peito e os joelhos. A cabea voltada para um dos lados, repousa sobre um travesseiro. Os braos flexionados nos cotovelos repousados sobre a cama, auxiliando a amparar o corpo para que o peso do corpo recaia sobre o peito e joelhos, estes devem ficar ligeiramente afastados um do outro. As pernas estendidas sobre a cama ou mesa, formando um ngulo reto com as coxas. Posio trendelenburg: decbito dorsal, com o corpo inclinado para trs, com as pernas estendidas e, os braos estendidos e apoiados em talas. Esta posio indicada para manter as alas intestinais na parte superior da cavidade abdominal; em caso de vmitos durante a cirurgia para evitar aspirao para os brnquios e, quando de queda da presso arterial, visando aumentar a oxigenao cerebral; Posio de trendelemburg reversa: em geral, essa posio usada para cirurgias da cavidade abdominal superior e para cirurgias da cabea e pescoo.

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

14

FUNES DO CIRCULANTE DE SALA

MONTAGEM DA SALA CIRRGICA


O auxiliar/tcnico de enfermagem desempenha a funo de circulante da sala cirrgica. Ao receber o planto, o circulante da sala deve: Lavar as mos; desinfetante recomendado, deixando-os prontos para a recepo do paciente e equipe cirrgica; Ler o aviso de cirurgia; Verificar os materiais, aparelhos ou solicitaes especiais mesma; Verificar o pedido de sangue e sua disponibilidade; Observar se o lavabo est equipado para uso e lavar as mos; Testar o funcionamento dos aparelhos sob sua responsabilidade, verificando suas perfeitas condies de uso; Revisar o material esterilizado e providenciar os materiais especficos em quantidade suficiente para a cirurgia, dispondo-os de forma a facilitar o uso; Com o anestesista, checar a necessidade de material para o carrinho de anestesia; Preparar a infuso endovenosa e a bandeja de antissepsia; Retirar as fitas adesivas dos pacotes de aventais, campos, luvas e a caixa de instrumentais e distribu-los nos respectivos lugares; Quando do processo de abertura do pacote, tomar o cuidado de manusear somente a parte externa do campo, para evitar contaminar sua parte interna.

Antes de equipar a sala, limpar os equipamentos com lcool etlico a 70% ou outro

EM RELAO AO PACIENTE
As funes da equipe de enfermagem, nesta fase, comeam com a recepo do paciente no Centro Cirrgico, abrangendo as seguintes medidas: Atender ao paciente com cordialidade, transmitindo-lhe tranqilidade e confiana, proporcionar-lhe privacidade fsica e conforto; Confirmao dos dados de identificao do paciente, chamando-o pelo nome, checando a pulseira de identificao e da cirurgia; Checagem do preparo pr-operatrio: verificar se o pronturio est completo, se os cuidados pr-operatrios foram realizados, se h anotaes sobre problemas alrgicos e condies fsicas e emocionais; Verificar administrao de medicao pr-anestsica. A medicao pr-anestsica parte integrante da anestesia tanto geral como regional. Tem como finalidades: Diminuir a apreenso, o medo, a sensibilidade dolorosa e a irritabilidade reflexa; Inibir o excesso de produo de secrees; Fazer baixar o metabolismo basal, para reduzir as doses de anestsicos. Esses medicamentos so prescritos de maneira individualizada para satisfazer as necessidades de cada paciente, sendo sempre administrados por via IM, 45 a 60 minutos antes do inicio da anestesia. NA SALA DE OPERAO Transportar o paciente em maca, sempre com as grades levantadas para evitar quedas acidentais at a sala de cirurgia; Transferir o paciente da maca para a mesa cirrgica, tendo-se o cuidado de posicionar corretamente os frascos de soluo, drenos e sondas, caso existam; 15

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

Ao posicionar o suporte de brao (para a infuso endovenosa) sob o colchonete da mesa cirrgica, deve-se ter o cuidado de colocar o brao do paciente num ngulo inferior a 90 em relao ao corpo, para evitar dores musculares e articulares no ps-operatrio.

EM RELAO AOS DEMAIS MEMBROS DA EQUIPE CIRURGICA

Ajudar os integrantes da equipe cirrgica a se paramentarem; Abrir o pacote com o impermevel sobre a mesa do instrumentador e a caixa de instrumentais sobre a mesa auxiliar, fornecer ao instrumentador os materiais esterilizados (gaze, compressas, fios, cpulas, etc.); Oferecer ao cirurgio a bandeja de material para antissepsia; Auxiliar o anestesista a ajustar o arco de narcose e o suporte de soro de cada lado da mesa cirrgica, fixar as pontas dos campos esterilizados, recebidos do assistente, no arco e suportes, formando uma tenda de separao entre o campo operatrio e o anestesista; Aproximar da equipe cirrgica o hamper coberto com campo esterilizado e o balde de lixo; Conectar a extremidade de borracha recebida do assistente ou instrumentador ao aspirador, e lig-lo; Se for utilizado o bisturi eltrico, faz-se necessrio aplicar gel condutor na placa neutra, para neutralizar a carga eltrica quando do contato da mesma com o corpo do paciente, conforme orientao do fabricante. Colocar a placa neutra sob a panturrilha ou outra regio de grande massa muscular, evitando reas que dificultem o seu contato com o corpo do paciente, como salincias sseas, pele escarificada, reas de grande pilosidade, pele mida; Jamais se deve deixar nenhuma parte do corpo do paciente em contato com a superfcie metlica da mesa cirrgica, pois isto, alm de desconfortvel, pode ocasionar queimaduras devido ao uso do bisturi eltrico; Quando no for mais utilizado material estril dos pacotes, os mesmos devem estar sempre cobertos para possibilitar o seu eventual uso durante a cirurgia, com segurana; Prover necessidades: fios, gases, compressas, soro e outros; Executar anotaes na papeleta: horrio de incio e fim da cirurgia, operao realizada, nomes do cirurgio, do assistente, do instrumentador, do circulante de sala, tipo de anestesia, estado geral do paciente, soro, sangue e outros medicamentos no anestsicos utilizados, intercorrncias, peas cirrgicas, curativo, existncia de drenos, sondas e outros; Receber pea cirrgica para exame anatomopatolgico: identific-lo com o nome do paciente e o nmero do registro hospitalar, juntar ao pedido de exame e coloc-lo em frasco limpo, com soluo de formol a 10%. No transcorrer da cirurgia, alguns cuidados se fazem necessrios, dentre eles: Ajustar o foco de luz sempre que solicitado, de forma a proporcionar iluminao adequada no campo cirrgico, sem projeo de sombras e reflexos; Observar o gotejamento dos soros e sangue, lquidos drenados e sinais de intercorrncias; Controlar a quantidade e peso das compressas cirrgicas e gazes, para evitar esquecimento acidental desses materiais no campo operatrio; Avaliar a perda sangnea e de lquidos pelas sondas e do sangue aspirado no frasco do aspirador; A equipe de cirurgia deve: Cuidar para no contaminar nenhum dos materiais estreis, e as pessoas fora de campo no devem aproximar-se do mesmo; Seguir tcnicas asspticas rgidas durante todo o procedimento cirrgico;

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

16

Se houver dvida quanto esterilidade de um artigo, este deve ser considerado

contaminado; As pessoas j paramentadas ao sarem de sala perdem sua condio de estreis e para retornar devem escovar-se e paramentar-se novamente; Depois de paramentada, apenas parte do corpo da pessoa considerada estril: da parte anterior da cintura at a rea dos ombros; antebrao e luvas. Portanto, as mos enluvadas devem permanecer em frente e acima da cintura; Para fornecer material estril ao campo operatrio, os braos do circulante no devem se estender sobre a rea estril; Aquilo que for considerado estril para uma paciente no pode ser usado para outra paciente; Quanto colocao de campos, os mesmos no devem ter furos ou rasgos, devem ser colocados a uma margem bem maior do que a rea usada para a cirurgia e somente considerada estril a parte superior do paciente ou da mesa envolvida, as partes laterais so consideradas contaminadas.

AO FINAL DA CIRURGIA Ficar do lado do paciente at que ele seja transportado para a recuperao psanestsica ou unidade cirrgica, o mesmo no pode ser deixado sozinho devido ao risco de quedas acidentais ou intercorrncias ps-cirrgicas; Desligar o foco e aparelhos; Remover os campos, pinas e outros materiais; Antes de providenciar a limpeza da sala cirrgica, o circulante deve separar a roupa usada na cirurgia e encaminh-la ao expurgo aps verificar se no h instrumentais misturados; Os materiais de vidro, borracha, cortantes, instrumentais e outros devem ser separados e encaminhados para limpeza e esterilizao, ou jogados no saco de lixo, encaminhando-os, lacrados, para o devido setor, sempre se respeitando as medidas de preveno de acidentes com perfuro-cortantes; Com relao a impressos, ampolas ou frascos vazios de medicamentos controlados, os mesmos devem ser encaminhados para os setores determinados; Lavar as mos; Montar a sala para a prxima cirurgia.

PARAMENTAO CIRRGICA
Tem como finalidade a formao de uma barreira microbiolgica contra penetrao de microorganismos no stio cirrgico do paciente, oriundos dele mesmo, dos profissionais, materiais, equipamentos e ar ambiente. Os componentes da paramentao cirrgica so:

AVENTAIS Sua utilizao tem como finalidade reduzir a disperso das bactrias
no ar e evitar o contato da pele da equipe com sangue e fluidos corporais que possam contaminar a roupa primitiva. recomendada a troca de avental quando este estiver visivelmente sujo com sangue ou outro fluido corporal potencialmente infectante.

LUVAS So utilizadas pelos membros de equipe cirrgica com a funo de


proteger o paciente das mos desses e proteger a equipe de fluidos potencialmente contaminados. Tem como finalidade reduzir e prevenir o risco de exposio ao sangue. recomendado o uso do duplo enluvamento do cirurgio e primeiro assistente para qualquer procedimento que durar mais que uma hora. MSCARAS Seu uso justificado por dois aspectos: proteger o paciente da contaminao de microorganismos (principalmente quando a inciso cirrgica est aberta), oriundos do nariz e da boca dos profissionais, liberados no ambiente, quando estes falam tossem e respiram; e proteger a mucosa dos profissionais de

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

17

respingos de secrees provenientes dos pacientes durante o procedimento cirrgico. exigida a utilizao das mscaras que protejam totalmente a boca e o nariz, que algumas vezes so combinadas com protetores oculares. recomendado que todas as pessoas devessem utilizar mscaras cirrgicas ao entrarem na sala de operao quando materiais e equipamentos estreis estiverem abertos. As mscaras devem ser descartadas aps cada uso, manipulando-se somente as tiras, serem trocadas quando estiverem molhadas, no devendo ficar penduradas no pescoo e nem dobradas dentro do bolso para serem utilizadas posteriormente.

GORROS Sua utilizao tem o intuito de evitar a contaminao do stio cirrgico


por cabelo ou microbiota presente nele. O gorro deve ser bem adaptado, permitindo cobrir totalmente o cabelo na cabea e face.

CULOS OU MSCARAS PROTETORAS DOS OLHOS Sua utilizao devido


s doenas transmissveis por substncias orgnicas dos pacientes (a hepatite B, por exemplo).

PROPS Seu uso atualmente uma questo muito polmica. Esse procedimento
consiste em proteger a equipe exposio de sangue, fluidos corporais e materiais prfurocortantes.

ESCOVAO DAS MOS - um processo que visa a retirada de sujeira e detritos,


reduo substancial ou eliminao da flora transitria e reduo parcial da flora residente, uma vez que a eliminao dessa ltima virtualmente impossvel. necessrio a retirada de jias e acessrios da regio das mos, punhos e antebraos. A torneira deve ser acionada por p ou cotovelo e no manualmente, e a escovao deve ser feita com gua corrente. A paramentao corresponde troca das vestes rotineiras por vestimentas adequadas (pijama cirrgico, gorro, mscaras e props), antes do ato cirrgico, pela equipe cirrgica, seguida da utilizao de luvas de borracha para proteo de mos e punhos, sendo estes acessrios previamente esterilizados. OBJETIVO Os elementos da equipe cirrgica so as principais fontes exgenas de bactrias. Sendo assim, o ato de paramentar-se diminui ao mximo a presena de bactrias no ambiente estril do centro cirrgico, por criar uma barreira entre superfcies contaminadas e o campo cirrgico. LOCAL A troca de roupa (pelo pijama cirrgico, gorro e props) dever ser feita no vestirio, que corresponde zona de proteo do centro cirrgico, sendo seguida da colocao do avental e das luvas estreis aps a escovao das mos e entrada na sala de cirurgia, propriamente dita. PREPARO DA EQUIPE CIRRGICA

Banho: Os integrantes da equipe cirrgica devem evitar o banho nos momentos que

antecedem a cirurgia. Isso porque o banho aumenta a descamao da pele, removendo a pelcula de gordura protetora, favorecendo assim, a disseminao e a proliferao bacteriana. A propagao dos germes maior nos primeiros noventa minutos aps o banho e comea a diminuir gradativamente at normalizar-se aps duas horas, quando ocorre a epitelizao e a formao da pelcula de gordura da pele. Roupas: Antes de entrar na zona limpa do centro cirrgico, toda a equipe cirrgica deve trocar de roupa, substituindo as vestes rotineiras pelo pijama cirrgico e ainda

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

18

revestir os calados com sapatilhas de tecido grosso (prop), a fim de impedir a veiculao de bactrias. Gorros e mscaras: Ao entrar no lavabo o gorro e a mscara j devem ter sido previamente colocados. O gorro dever cobrir completamente o cabelo. J a mscara, deve ser usada, impreterivelmente, por todos na sala de operao. Cobrir boca e nariz devendo ser ajustada para prevenir escape de gotculas salivares. Deve estar junto face de modo a melhor filtrar o ar eliminado, retendo boa parte de microorganismos eliminados das vias areas, podendo ser constituda de diversos materiais, sendo que as impermeveis so desaconselhadas pois no filtram o ar, sendo preferidas as mscaras com dupla gaze de algodo, ou de um dos seguintes materiais: polipropileno ou polister. Avental: A colocao do avental deve ser feita de maneira cuidadosa a fim de evitar a contaminao do mesmo. Este deve ser segurado com ambas as mos, as quais sero introduzidas simultaneamente atravs das respectivas mangas. A poro posterior do avental , ento, tracionada.

TCNICA DE PARAMENTAO

O circulante deve posicionar-se de frente

para as costas do membro da equipe que est se paramentando, introduzir as mos nas mangas, pela parte interna do avental e puxar at que os punhos cheguem aos pulsos; Amarrar as tiras ou amarrilhos do decote do avental, receber os cintos pela ponta e amarrar; posteriormente, apresentar as luvas.

ESCOVAO / DEGERMAO
LAVAGEM DAS MOS E ANTEBRAOS A lavagem das mos e antebraos visa remover a flora transitria e parte da flora permanente da pele, alm de resduos a existentes, diminuindo, assim, o risco de infeces. A flora transitria composta por todos os tipos de germes, variando de um indivduo para outro e sendo facilmente transmissveis. Nela existem germes tanto saprfitos quanto patognicos, inclusive os que mais causam infeces hospitalares. A flora permanente instala-se mais profundamente, nos folculos pilosos, glndulas sebceas, e por isso so de difcil remoo. Esta flora composta por populaes bacterianas relativamente estveis em tamanho e composio. Sua remoo por qualquer tipo de tcnica assptica geralmente transitria. Durante a lavagem das mos dois processos so fundamentais: a desinquinao e, por vezes, a lavagem complementar.

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

19

Desiquinao: corresponde lavagem inicial e escovao das mos, removendo,

assim, a flora transitria e parte da flora permanente. importante enfatizar que a escovao das mos diminui consideravelmente o nmero de germes presentes na superfcie da pele, mas no impede que a flora remanescente se multiplique logo a seguir Antissepsia complementar: consiste em deixar as mos imersas em um recipiente contendo soluo antissptica de lcool 70% por 2 a 3 minutos, deixando secar por evaporao. Este tipo de antissepsia s utilizada quando o sabo utilizado durante a escovao tiver um espectro de ao inferior ou no tiver efeito residual.

TCNICA DE ESCOVAO

Antes de se iniciar a escovao deve se verificar se as unhas esto cortadas e


limpas.

A escova utilizada deve ser estril, com cerdas firmes e macias. A escova j vem

com o antissptico (o mais comum o PVPI degermante). O tempo de escovao varia entre 07 (sete) e 10 (dez) minutos, segundo H. P. Magalhes; sendo que os autores da literatura clssica divergem segundo o tempo, mas nenhum sugere uma escovao inferior a 05 (cinco) minutos. Sequncia da escovao: Molhada a rea a escovar, ensaboa-se cada brao com a mo oposta como se fora uma simples lavagem higinica e novamente se retira o sabo ou degermante antissptico, escorrendo a gua do membro no sentido mos-covelos. Este tempo aproveitado para se limpar completa e meticulosamente as unhas sob gua corrente com palito apropriado que vem junto com a escova. Inicia-se a escovao pelas extremidades dos dedos e sequencialmente pela face medial, lateral, palmar e dorsal dos dedos (sendo a ltima com os dedos em garra), espaos interdigitais, palma da mo, dorso da mo, face anterior e posterior do antebrao, seguindo movimentos circulares, at o cotovelo. Terminada a escovao, faz-se o enxgue com gua corrente abundante, no sentido da extremidade para os cotovelos, sempre mantendo as mos mais altas. Permanece no lavabo com as mos suspensas at que a gua escorra por completo. A secagem feita com compressa estril. Cada face da compressa destinada a uma das mos. Com a compressa aberta, inicia-se pelas extremidades at o cotovelo; dobra-se a compressa isolando a face j utilizada e com a outra face enxuga-se o outro membro da mesma forma.

ADMINISTRAO DA ANESTESIA
Anestesia a perda parcial ou completa da sensao de dor, com ou sem perda da conscincia. Analgesia a perda da conscincia, sem perda a da sensao de dor. O tipo de anestsico usado e o mtodo de administrao dependem da deciso conjunta do cirurgio e do anestesista. equipe de enfermagem cabe a observao e o atendimento do paciente durante a cirurgia e no ps-operatrio imediato. Por essa razo, ela deve conhecer o tipo, a ao e os riscos das diferentes anestesias. TIPOS DE ANESTSICOS

Anestsico Geral: que promove o bloqueio da sensibilidade motora e dolorosa em

todo o corpo, acompanhado de perda da conscincia, podendo ser administrado por via respiratria (inalao contnua) ou via endovenosa;

Anestsico Local: que promove o bloqueio da sensibilidade motora e dolorosa em


uma determinada regio do corpo. No acompanhado de perda da conscincia nem de perda sensorial e, assim, o paciente pode ouvir, ver, cheirar e sentir gostos.

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

20

Esse tipo de anestsico pode ser empregado nas anestesias local, regional, epidural e raquidiana. Conforme o anestsico e a medicao pr-anestsica, o paciente poder estar desperto ou inconsciente durante a operao ficando, assim, na total dependncia da equipe que o assiste. TIPOS DE ANESTESIA Geral Peridural ou epidural Raquidiana (subaracnide) Infiltrao local ou bloqueio ANESTESIA GERAL

Compreende num estado inconsciente reversvel caracterizado por amnsia (sono, hipnose), analgesia e bloqueio dos reflexos autnomos, obtidos pela inalao, ou via endovenosa. Os anestsicos lquidos produzem anestesia quando seus vapores so inalados, juntamente com oxignio e, usualmente, com o xido nitroso. J os anestsicos gasosos so administrados atravs da inalao e sempre associados ao oxignio. A anestesia geral pode ser dividida em quatro estgios e trs fases:

1 Estgio: no incio da anestesia onde o paciente respira a mistura anestsica no

qual pode experimentar sensao, calor, tontura, formigamento e o paciente consegue movimentar-se; 2 Estgio: so caracterizados por agitao psicomotora, gritos, falas, risos, ou mesmo choro, o pulso torna-se rpido e respirao irregular, pode ser freqentemente evitado atravs da administrao suave e rpida do anestsico; 3 Estgio: anestesia cirrgica, obtida atravs da administrao contnua de vapor ou gs, onde o cliente encontra-se inconsciente; 4 Estgio: atingido quando for administrada uma quantidade excessiva de anestsico. Esse tipo de anestesia administrado em cirurgias de grande porte, entre elas: Gastroplastia, Gastrectomia, enterectomia, abdominoplastia, mamoplastia, etc...

1 fase: Induo: fase do momento da administrao do anestsico at o


instante em que o grau adequado de depresso do SNC atingido, quando ocorre perda da conscincia, da capacidade de sentir dor e de reagir a uma srie de estmulos externos, preservando, porm, as funes vitais; 2 fase: Manuteno: fase em que so administradas drogas suplementares, com a finalidade de manter a depresso no nvel requerido; 3 fase: Recuperao ou despertar: fase em que os medicamentos j foram metabolizados e eliminados do organismo, iniciando-se a recuperao dos movimentos em geral. indicada para operaes no abdmen superior, trax ,cabea, pescoo, cirurgias cardacas e neurolgicas. Operaes em crianas normalmente so realizadas com anestesia geral, para evitar que elas se traumatizem ou fiquem inquietas durante a cirurgia. ANESTESIA PERIDURAL Na anestesia peridural o anestsico depositado no espao peridural, ou seja, o anestesista no perfura a duramater. O anestsico se difunde nesse espao, fixa-se no tecido nervoso e bloqueia as razes nervosas.
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

21

RAQUIANESTESIA A raquianestesia indicada para as cirurgias na regio abdominal e de membros inferiores, porque o anestsico depositado no espao subaracnide da regio lombar, produzindo insensibilidade aos estmulos dolorosos por bloqueio da conduo nervosa. ANESTESIA LOCAL Na anestesia local infiltra-se o anestsico nos tecidos prximos ao local da inciso cirrgica. Utilizam-se anestsicos associados com a adrenalina, com o objetivo de aumentar a ao do bloqueio por vasoconstrio e prevenir sua rpida absoro para a corrente circulatria. ANESTESIA TPICA A anestesia tpica est indicada para alvio da dor da pele lesada por feridas, lceras e traumatismos, ou de mucosas das vias areas e sistema geniturinrio. So deveres do circulante, durante a induo anestsica: Estar ao lado do paciente; Ligar o aspirador; Posicionar o paciente de acordo com as instrues do anestesista ou cirurgio: Na anestesia peridural ou raquianestesia o circulante coloca o paciente em posio especial, com o objetivo de facilitar a puno com a abertura mxima dos espaos intervertebrais. Uma dessas posies o decbito lateral fetal, com os joelhos prximos do abdome e o queixo encostado no trax. O circulante da sala mantm o paciente nessa posio, colocando uma das mos na regio cervical e a outra na dobra posterior do joelho;

Durante a puno, com as pernas da mesa cirrgica e mant-lo assim deve colocar-se nuca; Complicaes da Vmito;

outra posio o cliente sentado pendendo lateralmente para fora o queixo apoiado no trax. Para imobilizado, o circulante de sala frente, com as mos em sua Anestesia Aspirao; cardaca;

Parada Broncoespasmo ou laringoespasmo;


Obstruo respiratria; Choque.

ELETROCIRURGIA
A eletrocirurgia uma corrente de alta frequencia de uma unidade eletrocirurgica usada para cortar tecidos e coagular vasos sanguneos. feita por meio de um equipamento

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

22

utilizado em sala cirurgica, que tem como objetivo transformar corrente eltrica alternada simples em corrente eltrica de alta frequencia. A hemostasia o tempo cirrgico que tem por finalidade coibir ou impedir a hemorragia sem causar traumatismo aos tecidos e sem causar infeces. Os mtodos de hemostasia so: * Pinamento: pinas kelly, halsted, pean, mixted e crile. Ligadura com fios cirrgicos Presso e compresso manual Cauterizao com bisturi eltrico Produtos coagulantes. TIPOS DE HEMOSTASIA

Temporria efetuado o pinamento ou utilizao de anticoagulante, nos casos de


parada circulatria com hipotermia ou ocluso endovenosa; Permanente ligadura, cauterizao ou interrupo do vaso por meios de fios de sutura; Preventiva antecipao do pinamento, uso de faixas crepes, smach e outros; Corretiva feito aps leso vascular.

ELETRODISSECO E ELETROCOAGULAO

Eletrodisseco - Consiste na seco dos tecidos, atravs da dissoluo da estrutura


molecular das clulas. Eletrocoagulao - a ocluso dos vasos sanguneos, por meio da solidificao das substncias proticas ou retrao de tecidos.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

Preparar o equipamento ligando em tomada eltrica para test-lo Selecionar o local da placa, colocar pasta condutora (gel) Forrar partes metlicas da mesa Evitar superfcies sseas e proeminncias para evitar queimaduras no paciente Verificar se o aparelho est desligado Ligar o equipamento no painel Aproximar o pedal do cirurgio Conectar o eletrodo estril no bisturi eltrico Ligar o fio terra Ajustar a intensidade do corte e coagulao conforme necessidade do cirurgio Observar interferncias com outros aparelhos na sala de operao.

ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM EM DRENOS E CATETERES DRENOS: so tubos ou materiais colocados no interior de uma ferida ou cavidade,
visando permitir a sada de fludo ou ar;

CATETERES: so tubos de diversos materiais e calibres inseridos no organismo, tendo


como funo a infuso de lquidos ou a sua retirada; CLASSIFICAO QUANTO AO MATERIAL E A ESTRUTURA

Borracha (tubular rgido ou laminar); Polietileno/ plstico (tubular, rgido);


Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

23

Silicone.
CLASSIFICAO QUANTO AO USO

Intravenosos (cateteres centrais e perifricos); Sistema Digestrio (esfago, estmago, intestino delgado, vias biliares, reto e sigmide); Cavidades; Urinrios.

INDICAES Evitar acmulo de lquidos em espaos potenciais e remover colees diversas de cavidades naturais, vsceras e locais de cirurgia. TIPOS DE DRENOS MAIS COMUNS DRENO LAMINAR

Material: ltex - Permite o escoamento de lquidos por capilaridade nas suas superfcies. CUIDADOS DE ENFERMAGEM Anotar volume e aspecto da drenagem; Manter gaze estril sob o dreno; Ocluir o orifcio de sada do dreno com gaze estril ou colocar bolsa plstica estril coletora; Manter curativo sempre limpo e seco. Obs: fixao com ponto ou alfinete pode ser utilizada pelo mdico.

DRENO PENROSE

Utilizado em cavidades para drenagem de fludos por capilaridade. constitudo por um tubo macio de borracha, de largura variada, utilizado principalmente para cirurgias em que haja presena de abcesso na cavidade, particularmente nas cirurgias abdominais, nas quais se posiciona dentro da cavidade, sendo exteriorizado por um orifcio prximo inciso cirrgica. CUIDADOS DE ENFERMAGEM

A manipulao deve ser feita de maneira assptica, pois existe a comunicao do


meio ambiente com a cavidade, o que possibilita a ocorrncia de infeco; incomum.

O profissional deve estar atento para a possibilidade de exteriorizao, o que no


HEMOVAC

Dreno que atua por suco e so utilizados quando se prev o acmulo de lquidos em grande quantidade. O material polietileno com mltiplas fenestraes na extremidade. Retira o ar criando um vcuo com aspirao ativa do contedo. Este sistema utilizado principalmente para a drenagem de secreo sanginolenta, sendo amplamente utilizado nas cirurgias de osteosntese e drenagem de hematoma craniano. CUIDADOS DE ENFERMAGEM Anotar volume e aspecto da drenagem; Manter com presso negativa conforme orientao;

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

24

Para esvaziar o reservatrio:

Feche o clamp do sistema, comprima o recipiente e recoloque a tampa; Abrir o clamp do sistema, aps esvaziar e fechar o reservatrio. Se houver interrupo da drenagem verifique na extenso do dreno se no h
presena de cogulos ou fibrina DRENO DE TRAX

O dreno torcico consiste num tubo que inserido no trax para drenagem de gases (pneumotrax, pneumomediastino) ou secrees (derrame pleural, empiema pleural, etc). Pode ser colocado no ps-operatrio de uma cirurgia torcica ou cardaca, ou para resolver complicaes de um traumatismo ou enfisema. CUIDADOS DE ENFERMAGEM Certificar-se de que as tampas e os intermedirios do dreno estejam corretamente ajustados e sem presena de escape de ar, o que prejudicaria a drenagem; Manter o frasco coletor sempre abaixo do nvel do trax do paciente o qual, durante a deambulao, poder utilizar uma sacola como suporte para o frasco coletor. O paciente deve ser orientado para manter o frasco coletor sempre abaixo do nvel de seu trax, e atentar para que no quebre; caso isto ocorra, deve imediatamente pinar com os dedos a extenso entre o dreno e o frasco, o que evitar a penetrao de ar na cavidade pleural; O dreno originrio do trax deve ser mantido mergulhado em soluo estril contida no frasco coletor (selo de gua) no qual deve ser colocada uma fita adesiva em seu exterior, para marcar o volume de soluo depositada, possibilitando, assim, o efetivo controle da drenagem; A intervalos regulares, o profissional de enfermagem deve checar o nvel do lquido drenado, comunicando enfermeira e/ou mdico as alteraes (volume drenado, viscosidade e colorao); Observar a oscilao da coluna de lquido no interior do frasco coletor, que deve estar de acordo com os movimentos respiratrios do paciente. Caso haja a necessidade de seu transporte, o profissional dever pinar a extenso apenas no momento da transferncia da cama para a maca. Nessa circunstncia, o paciente deve ser orientado para no deitar ou sentar sobre a extenso e a equipe deve observar se no existem dobras, formao de alas e/ou obstruo da extenso, visando evitar o aumento da presso intrapleural, que pode provocar parada cardiorrespiratria. A cada 24 horas, realizar a troca do frasco de drenagem, de maneira assptica, cujo pinamento de sua extenso deve durar apenas alguns segundos (o momento da troca), observando-se e anotando-se, nesse processo, a quantidade e aspecto da secreo desprezada. TIPOS DE CATETERES GASTROSTOMIAS E JEJUNOSTOMIAS

GASTROSTOMIA: Procedimento cirrgico realizar sobre o estmago com o objetivo de administrar lquidos e alimentos; INDICAO: Quando o doente necessita de nutrio por + de 6 semanas ou quando o CNE no pode ser utilizado devido: obstruo do esfago;trauma da face ou da cavidade oral;grande risco de aspirao. COMPLICAES Infeco no local de sada do cateter; Refluxo gastroesofgico; Aspirao brnquica;

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

25

Extravasamento de suco gstrico; Obstruo. CUIDADOS DE ENFERMAGEM Administrao da dieta o mais precocemente possvel (RHA+); Cabeceira elevada; Administrar gradativamente o volume indicado; Administrar lentamente a dieta; Lavar circuito aps dieta. Teste de refluxo: (vol. residual < 50% do vol. a ser administrado, infundir o suficiente para completar o vol. total indicado); Lavar o tubo antes da infuso de cada dieta; Aps 24 a 48 h o curativo dever ser retirado e a rea dever ser limpa, diariamente, com gua e sabo. JEJUNOSTOMIAS INDICAO: drenagem de secreo gstrica para descompresso e para administrao de alimentos, quando impedida por problemas gstricos (fstulas, trauma, tumores, refluxo gastroesofgico).

CUIDADOS DE ENFERMAGEM So os mesmos da gastrostomia; No h necessidade de verificao de volume gstrico; Administrar lentamente para evitar diarria.

UNIDADE DE RECUPERAO PS-ANESTSICA (URPA)


o setor em que se encontram os clientes/pacientes vindos das salas de operao para receberem os cuidados ps-anestsicos e/ou ps-operatrios imediatos, com a finalidade de que haja estabilidade de sinais vitais e reflexos, retorno da conscincia, preveno e deteco de complicaes. A URPA localiza-se dentro do conjunto de salas cirrgicas ou adjacente a ele, para permitir o pronto acesso dos cirurgies e anestesiologistas. A permanncia do paciente nesta unidade permite rpida convalescena, evita infeces hospitalares, poupa tempo, reduz gastos, ameniza a dor e aumenta a sobrevida do mesmo. Este o perodo mais crtico da recuperao do paciente, por isso, vrios cuidados de enfermagem so dispensados a ele com as seguintes finalidades: Prestar assistncia intensivista at a total recuperao dos reflexos. Assistir o paciente integralmente, proporcionando segurana e retorno rpido s suas atividades normais. Prevenir complicaes. EQUIPAMENTOS

Cama-bero: destina-se ao transporte adequado do paciente (possui grades laterais


e suporte para soro) e possibilita mudanas de decbito;

Aspirador: mvel ou de parede, tanto contnuo como intermitente; Oxignio: de preferncia de parede, deve estar prontamente acessvel com duas
unidades para cada paciente;

Esfigmomanmetro: verificar o funcionamento; Iluminao: prefervel que fique sobre a cabea, pois fornece luminosidade igual
em todas as reas; Suporte para soluo endovenosa: deve ser preso na parede, de maneira que possa ser facilmente movido ao redor da maca do paciente;

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

26

Tomadas eltricas;
Prateleiras; oxmetro, desfibrilador, carrinho de parada cardaca, bandejas de disseco venosa, etc.; Outros equipamentos especiais: respiradores, equipamentos de inalao, espirmetro, aparelho de ECG, monitor cardaco, bomba de infuso, cobertor trmico e outros.

Equipamentos de emergncia: tbua ou prancha para massagem cardaca, monitor;

EQUIPE DA URPA composta por: Anestesiologista; Enfermeiro; Tcnico e/ou auxiliar de enfermagem. A URPA deve estar sob a superviso imediata do departamento de anestesia. So os anestesiologistas que efetuam a alta da URPA. O enfermeiro-chefe o responsvel pela organizao e conduo global de todo o cuidado de enfermagem dispensado na unidade. O tempo de permanncia do paciente na SRPA gira em torno de 1 a 6 horas.

ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM NA URPA Receber o paciente operado, certificando-se do tipo de operao e de anestesia
realizados. Checar, logo na chegada, as condies ventilatrias, assim como a presena e a permeabilidade de cnula orofarngea ou tubo endotraqueal. Colocao do nebulizador ou mscara facial, cpm ou protocolo. Monitorizao cardaca e oximetria de pulso. Observar aspecto da inciso cirrgica, drenos e sondas. Avaliao dos acessos venosos perifricos e centrais. Administrar medicaes prescritas criteriosamente. Realizar a mudana de decbito. Aspirar vias areas superiores VAS - conforme a necessidade, principalmente nos pacientes submetidos anestesia geral e com dficits respiratrios. A avaliao dos sinais vitais consiste na verificao da presso arterial, pulso, freqncia respiratria e freqncia cardaca, temperatura e saturao de O 2, de 15 em 15 minutos na primeira hora, de 30 em 30 minutos na segunda hora e, aps esse perodo, de hora em hora. A temperatura deve ser verificada uma vez e, posteriormente, de 4 em 4 horas ou, se necessrio, com maior freqncia. Anotao de enfermagem no pronturio.

COMPLICAES COMUNS NO POI

Cardiovascular: A instabilidade do sistema cardiovascular um achado freqente

depois da cirurgia. Problemas comuns incluem hipotenso, hipertenso e disritmias. A hipotenso experimentada por cerca de 3% dos pacientes no ps-operatrio. Os sinais clnicos podem incluir pulso rpido e filiforme, desorientao, sonolncia, oligria, pele fria e plida.

Respiratria: A prioridade nos cuidados ao paciente ps-anestesia estabelecer a


perviedade das vias areas. Uma causa muito comum de obstruo das vias areas a lngua, que se relaxa devido ao agente anestsico e aos relaxantes musculares usados durante a cirurgia. O paciente pode apresentar roncos, retrao dos msculos intercostais, movimentos assincrnicos do trax e abdmen e uma reduo do nvel de saturao de oxignio. A ao que a enfermagem toma pode

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

27

ser to simples quanto a estimulao para que o paciente respire profundamente. Se o paciente no estiver responsivo pode precisar abrir a via area pela inclinao do queixo ou pela abertura da boca. A inclinao do queixo realizada pela suspenso deste com uma das mos, enquanto inclina-se a fronte para trs com a outra. A abertura da boca pela mandbula obtida pelo deslocamento da articulao temporomandibular na direo bilateral. Se estas aes no abrem a via area, uma via area artificial pode precisar ser inserida.

Hipotermia ou hipertermia: A hipotermia ps-operatria definida como uma

temperatura menor que 36C, Acredita-se que mais de 60% dos pacientes na URPA apresentem hipotermia. s vezes a hipotermia no se constitui numa ameaa vida; contudo, ela causa estresse psicolgico. A hipotermia pode prolongar o tempo de recuperao e contribuir para a morbidade ps-operatria. A hipertermia pode ser uma indicao de um processo infeccioso ou sepse, ou pode indicar um processo hipermetablico -

Cuidado de enfermagem: na hipotermia aquecer o paciente, atravs de aplicao de bolsas de gua quente, cobertores aquecidos, controlar a temperatura verificando os valores constantemente. Na hipertermia, retirar cobertores, aplicar compressas (regies frontal, axilar e inguinal), usar antipirticos cpm, controlar a T e sinais de instalao de quadro convulsivo.

Processo Mental Alterado: O paciente da URPA pode estar desorientado,

sonolento, confuso ou delirante. A causa pode variar de efeito residual da anestesia, a dor e ansiedade. As causas mais comuns so hipoxemia, distenso vesical, dependncia ou abuso de substancias qumicas.

o profissional de sade requer sinais objetivos de desconforto alm do relato subjetivo da dor do paciente. Como resultado, acredita-se que mais de 75% dos pacientes ps-cirrgicos so subtratados para dor. Cuidados de Enfermagem: avaliar o grau de dor de cada paciente, afastando causas extracirrgicas, tranqilizar o paciente, orientando-o. Administrar analgsico conforme prescrio mdica, anotar tipo, local e intensidade da dor. Intervenes no-farmacolgicas que podem ser usadas incluem posicionamento, confiana verbal, toque, aplicaes de calor ou gelo, massagem, e estimulao eltrica transcutnea do nervo (EETN). Se o paciente foi ensinado no pr-operatrio, outras tcnicas que podem ser usadas so o relaxamento, imagem autosugestiva e distrao com msica.

Dor: A dor uma experincia subjetiva e pode ou no ser verbalizada. Muitas vezes

grande nmero de pacientes na URPA. O controle da nusea e do vmito atualmente comea no properatrio e continua em todo o perodo intraoperatrio. No h um nico mtodo de preveno ou tratamento de nusea e vmito. Cuidados de Enfermagem: posicionar em decbito lateral, aspirar se necessrio, aspirar por SNG se intenso, higienizao oral aps episdios, pesquisar a natureza do episdio, anotar caractersticas, quantidades, cor e odor.

Nusea e vmito: Nusea e vmito so problemas ps-operatrios que afetam um

nervo frnico causados por estmulo do nervo por distenso gstrica ou abdominal, peritonite, abscesso diafragmtico, pleurisia e tumores torcicos. Cuidados de Enfermagem: eliminar as causas aquecendo o paciente, mudando decbito, aspirando contedo gstrico, estimulando deambulao, fazer o paciente respirar num saco de papel (aumentando o CO2) reduzindo a irritao nervosa, administrar medicamentos prescritos.

Soluos: So espasmos diafragmticos intermitentes, provocados pela irritao do

secrees da Atropina, perdas sangneas, de lquidos (sudorese excessiva, evaporao da cavidade, etc), hipertermia. Cuidados de enfermagem: observar os sinais de desidratao pelo turgor da pele, diurese, alteraes de PA, sonolncia. Verificar o jejum para hidratar EV, umidificar a boca e realizar higiene oral.
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

Sede: a sensao de ressecamento da boca e faringe por ao inibidora de

28

pela incapacidade de excretar os produtos do metabolismo, o prognstico depender da rapidez do atendimento. Cuidados de enfermagem: variam de acordo com o tipo, mas basicamente visa avisar o mdico imediatamente, controle SSVV, controle de PVC, controle de hemorragias, instalar soroterapia, avaliao neurolgica, colher amostra de sangue para tipagem, manter o paciente calmo em DD e MMII elevados, aquecendo moderadamente. Administrar medicamentos cpm, sangue e hemoderivados prescritos, controlar volume, uso de SVD (anria), preparar material de emergncia.

Choque: um quadro grave caracterizado pela oxigenao celular inadequada e

sendo as principais complicaes as atelectasias, broncopneumonias (Bcp), e embolia pulmonar (principalmente em POM). Cuidados de enfermagem: estimular a movimentao e deambulao, incentivo dos exerccios respiratrios, estmulo de tosse, tapotagem, aspirao de VA, manter material de oxigenoterapia pronto (mscaras, cnulas, cateteres, material de intubao endotraqueal, traqueostomia, etc), manter nebulizao contnua, manter hidratao adequada, verificar SSVV e evitar infuso EV em MMII. Complicaes Urinrias: A mais comum em POI a reteno urinria, que caracterizada pela incapacidade de urinar, apesar da vontade, causada por espasmos do esfncter urinrio, cistite aguda, hipertrofia prosttica, estenose uretral, perfurao uretral, clculo uretral, paralisia dos nervos da bexiga ou compresso. Cuidados de Enfermagem: observar a quantidade e freqncia urinria, observar queixas lgicas do paciente, a visualizao do bexigoma, estimular a diurese com aberturas de torneiras e chuveiro, usar compressas mornas na regio suprapbica (se no houver contraindicao), utilizar SVA se necessrio, banhos de assento com gua morna.

Complicaes Pulmonares: So os mais comuns e freqentes problemas de PO,

depender da quantidade de sangue perdido e do estado geral no momento. Pode ser venosa ou arterial, primria ou secundria, interna ou externa. Suas causas principais so: defeitos de hemostasia, distrbios de coagulao e tenso no local da inciso. Cuidados de enfermagem: identificar precocemente os sinais de hemorragia, principalmente a interna, manter o paciente em repouso, fazer curativo compressivo, comprimir artrias prximas ao local de sangramento, controlar SSVV, posicionar o paciente em DD e MMII elevados (exceto em hemorragias cranianas ou torcicas).

Hemorragia: a perda de sangue anormal, cuja conseqncia para o paciente vai

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

29

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ENFERMAGEM EM CLNICA CIRRGICA Kawamoto, Emlia E. EPU SP 1999 PROFAE CADERNOS DO ALUNO Sade do Adulto / Assistncia Cirrgica / Atendimento de Emergncia 2 Ed. 2003 Braslia DF PRTICA DE ENFERMAGEM - Vol. 1 / Vol. 2 Nettina, Sandra M. Editora GK RJ - 6 Ed. 1999 MANUAL DO TCNICO E AUXILIAR DE ENFERMAGEM Lima, Idelmira L. de Editora AB Goinia - 6 Ed. - 2002 CURSO DIDTICO DE ENFERMAGEM MOD. I Enfermagem em Clnicas Mdica e Cirrgica Zanquetta, Denise Enfermagem em Centro Cirrgico Ed. Yendis SCS SP - 2006 SITES www.abcdasaude.com.br www.arquivomedico.hpg.ig.com.br www.aguaviova.mus.br/enfermateca www.nursecare.hpg.com.br www.homeandhealthbrazil.com www.hospvirt.org.br/enfermagem/cme.htm www.joaopossari.hpg.ig.com.br
Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

30

www.biobras.com.br/artigos www.hsc.org.br/manualpre.pos.hpg www.hu.ufsc.br/ccirurgico www.cirurgiaonline.com.br

Organizao e Compilao: PROF/ ENF ZENI DE LOURDES FRANCO

Recuperao e Reabilitao em Enfermagem Clnica e Cirrgica II Prof / Enf Zeni de Lourdes Franco

31

Você também pode gostar