Acupuntura
Acupuntura
ZHENG Jin-sheng The China Institute for the History of Medicine and Medical Literature, China Academy of Traditional Chinese Medicine, Beijing Traduo para Portugus : Ephraim Ferreira Medeiros Projeto medicinachinesaclassica.org
Pouco representadas na histria, so menos de cem os registros sobre trabalhadoras do sexo feminino no campo da medicina da China Imperial. O status social inferior das mulheres pode ter contribudo para a sua pouca representao na histria, mas a necessidade de trabalhadoras do sexo feminino principalmente nos cuidados mdicos das mulheres sempre se mostrou grande. A relativa falta de treinamento formal (exceto no palcio real da Dinastia Ming, que ser discutido mais tarde) limitava a qualidade dos seus servios, mas os poucos registros recolhidos revelam uma participao ativa das mulheres na medicina chinesa antiga.
Aspectos Sociais
Julgando pelos documentos existentes, no parece que tenha havido uma aparente discriminao contra mdicas nos tempos antigos. Nos estgios iniciais de desenvolvimento mdico na China, vrios tpicos eram frequentemente apresentados sob nomes de deusas e divindades femininas. Um exemplo famoso foi Su Nu ( Menina Simples numa traduo mais literal), os dois clssicos Diagnstico Pulsolgico de Su Nu o Clssico de Su Nu eram conhecidos sob o nome dela, sendo este ltimo um livro sobre as tcnicas do aposento (sexologia) 1 Muitas histrias passaram de dinastia para dinastia com a aprovao para o tratamento bem sucedido de rainhas por mdicas que foram conferidas com os ttulos de honra. Para uma certa senhora Feng na dinastia Song, por exemplo, foi conferido o ttulo de Senhora An Guo ( An Guo Furen ou Senhora que trouxe Alvio para a Nao) depois dela ter curado o sofrimento da Imperatriz. Seus descendentes costumavam se gabar de suas habilidades citando esta histria.2 Tambm foram registrados na histria clnicas e farmcias cujas donas eram mulheres. Uma das razes para mdicas competentes ganharem respeito foi simplesmente porque eles eram do sexo feminino. "Como pode uma mulher a trabalhar ? Somente se realmente tivesse alguma habilidade nica para salvar vidas !" Aproveitando-se da tal psicologia , duas famlias famosas na dinastia Ming, os Jins e os Tang, fabricaram mitos mdicos sobre proeminentes mulheres em suas famlias. Entre os seus antepassados "nasceram duas meninas que escreveram o livro Prescries Ginecolgicas (Nuke Yifang )", disseram eles, que assim ganharam facilmente o respeito da populao.3 Como indicado por muitos documentos histricos, mdicas habilidosas gozavam de igualdade com os seus homlogos do sexo masculino. Por exemplo, um relato detalhado foi gravado em uma tabuleta de pedra sobre uma tal Senhora Han na dinastia Ming que curou vrios casos de disfagia.4 Teorias baseadas no tratamento de trs casos de afeces ginecolgicas pela famosa mdica Li Guiyuan , foram registradas em detalhes em esboos literrios da dinastia Qing. 5 Apesar de tudo, no entanto, as mdicas eram bem menos representadas em comparao com os seus homlogos masculinos. A causa desta excluso deve ser ter sido a instituio social prevalecente naquele tempo
atribuindo s mulheres um papel social bem definido. As "trs obedincias e quatro virtudes" ( ) eram os padres esperados de mulheres na China antiga. No passado, o trabalho foi dividido de tal forma que "os homens so responsveis por assuntos externos, enquanto as mulheres esto no comando dos assuntos internos ". Como resultado, os papis sociais das mulheres foram sempre de apoiadoras com os papis sociais subordinados aos masculinos. E por isso que as mulheres nunca foram capazes de desempenhar plenamente os seus talentos nos domnios da cincia e tecnologia, com a medicina no sendo exceo. No entanto, ao contrrio de astronomia e geografia, a medicina tem uma dimenso social muito maior e, devido demanda social, as mdicas sempre foram indispensveis. Desde a dinastia Han para proteger a integridade do harm imperial eram nomeadas mdicas especializadas.6 Como decretado pelo governo Ming "os mdicos homens no esto autorizados a entrar no palcio de concubinas imperiais e, em caso da doena, as concubinas ser tratadas com ervas consideradas adequadas com base apenas em suas queixas. " 7 Em vista aos inmeros casos de adultrio entre concubinas imperiais e oficiais externos durante a dinastia Yuan, o primeiro imperador da dinastia Ming emitiu esse decreto, proibindo os mdicos do sexo masculino de entrarem no palcio das concubinas imperiais. A partir de ento, empregadas domsticas e eunucos escolhidos eram treinados para cuidar das concubinas e, s vezes, parteiras eram chamadas de fora conforme a necessidade. A tica feudal chegou ao seu auge durante a dinastia Song, quando os apologistas foram to longe que chegaram a declarar: "A mulher deve morrer de fome, em vez de perder sua castidade". Sendo assim os mdicos achavam cada vez mais difcil lidar com pacientes do sexo feminino. De acordo com o Bencao Yanyi , um livro escrito durante a dinastia Song, as pacientes do sexo feminino eram obrigadas a envolver seus pulsos com um pano para que os mdicos do sexo masculino no pudessem fazer contato com sua pele ao sentir o pulso. 8 Posteriormente criado um mito em novelas de um mdico capaz de sentir o pulso, colocando os dedos em uma das extremidades de um fio de seda, enquanto a outra extremidade do fio era conectada ao pulso da paciente. Os grilhes feudais, porm, cairam mais pesadamente sobre as vivas, que deveriam ser fiis aos seus maridos mortos. Na dinastia Yuan, por exemplo, uma viva tinha uma "dor mamria" (rutong mastite, ou mais provavelmente carcinoma) e foi aconselhada a ir mdicos. "Eu sou uma viva. Como posso permitir que homens me examinem, respondeu ela. Finalmente, ela acabou morrendo com a doena. 9 Outro exemplo foi uma certa senhora Hu, que foi elogiada como uma viva casta". Sofrendo com a sua doena e quando sua famlia estava prestes a enviar um mdico, ela disse a seu pai "A mo de uma viva no deve ser inspecionada por homens." E ela morreu sem qualquer treatmento.10 Elas sequer deixavam ser examinadas, e muito menos ter seus bebs nascidos com a ajuda de homens. Sendo assim nesses casos, a presena de mdicas foi uma bno para a mulher da poca. Trinta e um casos foram registrados no livro Casos Clinicos Anotados Por Uma Mdica (Zayan Nuyi ), um livro escrito por Tan Yunxian na dinastia Ming. Todos os pacientes eram do sexo feminino e, de acordo com Tan, a maioria delas "no estavam dispostas a receber tratamento por mdicos do sexo masculino." 11 Fica assim claro que a demanda social foi a principal causa para a existncia contnua das mdicas.
Em contraste com as mdicas de famlia, muitas curadoras itinerantes foram extremamente ativas, prestando o seu servio para as camadas da base da sociedade, s vezes na cidade, mas em grande parte nas zonas rurais, onde a tica confucionista tinha pouca ou nenhuma influncia. Poucas delas receberam alguma formao formal. H uma variedade to grande delas que elas no podem ser representadas por uma nica imagem. Alguns delas eram monjas e outras simplesmente bruxas. Vendiam ervas, que muitas vezes professavam como "receitas secretas", "drogas mgicas" ou "panacia". Elas normalmente agiam como parteiras mas tambm ocasionalmente podiam ajudar em abortos. Entre elas as que exerciam a ocupao de parteira foram mais estveis durante as dinastias. No entanto, a ocupao de parteira estava entre as mais desprezadas na sociedade, geralmente classificadas juntamente com cartomantes, feiticeiras, casamenteiras, atravessadores ou mesmo cafetinas. Nos romances escritos nas dinastias Ming e Qing, foram descritas frequentemente como as mulheres que ganhavam a vida por meios desonestos. Embora algumas delas fossem experientes, as parteiras em geral tinham pouca competncia tcnica. Eles simplesmente no podiam fazer nada em casos de parto difcil. Havia um ditado na dinastia Han que dizia que durante o parto "havia apenas uma chance em dez de sobreviver." De acordo com Yang Kanghou , um mdico da dinastia Song, "h muito poucas parteiras boas e muitas vezes a morte o resultado." Como tambm foi apontado por Chen Zhidao , o autor da obra Parto Seguro (Baochan Wanquan fang ) da dinastia Ming "que precrio arriscar duas vidas com uma parteira." A parteira experiente podia salvar a vida da me e do beb, mas isso era visto muito mais como pura sorte do que conseqncia de um bom conhecimento e habilidade. Em contraste, uma rude e ignorante charlat poderia manipular um parto que era fcil parecendo ser dificil somente para ter a oportunidade de chantagear a famlia ameando matar a criana iria nascer . No suplemento do Registros Mdicos Classificados por Distintos Mdicos (Xu Mingyi leian ), podemos ver o relato de uma parteira na dinastia Yuan, que quebrou o brao de uma criana o que levou sua morte ainda no tero da me. Muita crtica foi direcionada a parteiras por sua falta de competncia tcnica e moral. Muitas curandeiras usavam bruxaria para idolatrar suas habilidades. Durante a dinastia Song, uma certa Senhora Zhang praticava bruxaria enquanto realizava acupuntura em seus pacientes. Na dinastia Qing, a Senhora Li , uma curandeira do condado de Shunyi , ficou to famosa por suas artes mgicas, bem como a sua arte de curar que passou a ser chamada de "A Velha Buda das Montanhas do Oeste" (Xishan laofo ), atraindo um bom nmero de adoradores ! Por medo que isso pudesse levar a instabilidade social, as autoridades a executaram usando para isso algum falso pretexto. Essas mulheres bruxas e curandeiras de baixo nvel causaram um grande dano imagem e ao trabalho das mdicas em geral. Isso levou Xiao Jing , um mdico da dinastia Qing, a concluir: " muito arriscado confiar numa parteira a vida de uma esposa e filho. Elas j mataram um bom nmero de pessoas".
Resumo
Com base nas biografias e obras de cerca de oitenta mdicas e curadoras na antiga China, uma breve reviso e anlise foram feitas sobre sua origem sociocultural. Apesar de seus prprios defeitos e as crticas dirigidas contra elas, e de suas limitaes no campo da prtica, elas parecem ter cumprido as suas funes sociais, bem como os seus homlogos masculinos. Resta, no entanto, encontrar mais materiais (incluindo a materiais como esboos e novelas tambm) para estud-las ainda mais, especialmente o papel das curadoras itinerantes a partir de uma perspectiva multidimensional.
Referncias
Observao do Tradutor: Por alguma falha no original as referencias de 13 19 no esto listadas no texto principal. Mesmo assim no foram omitidas nessa traduo que mantm a lista original. Mesmo assim resta saber para onde elas apontam no texto original. 1 Ge Hong Baopuzi xialan juan 19 (Shanghai:Guji chubanshe 1990)p.148. 2 Chen Menglei et al.,Yibu quanlu, mingliu liezhuan "Beijing Renmin weisheng chubanshe 1962)p.168. 3 Ibid ,p. 174. 4 Ibid ,p.168. 5 Zhou Sheng Yangzhoumeng juan 4 (Shanghai: Wenming shuju 1915). 6 Shiji juan 122 (Zhonghua shuju 1975).p.3144. 7 Yu Jideng Dian'gu Jiwen juan 2,p.30. 8 8 Kou Zongshi , Bencao yanyi juan 1 (Beijing: Renmin weisheng chubanshe, 1957). P. 48b. 9 Ke shao , Xin Yuanshi Liezhuan" ", juan 244, p. 4a. 10 Mingshi juan 302 (Beijing: Zhoughua shuju, 1978), p. 7720 11 Tan Yuxian, Nuyi zayan, preface. 12 Ibid. 13 chen menglei et al.,yibu quanlu,yishu mingliu liezhuan,p.343 14 Ibid.p.393
15Hanshu juan 97(beijing:Zounghua shuju 1975)p.3993 16Yang Kanghou Shichanlun Zhonggou yijikao (Beijing: Renmin weisheng chubanshe 1983)p.967 17 Chen Zhidao ,Baochan wanquan fang,Zhongguo yijikao,p.982 18 Zhao Lian Xiangting zalu juan 8(Tianjin:Kexuejisu chubanshe ,1988)p.163 19 Xiao Jing Xianqi mizhenglun juan 6(Zhongyi guji chubanshe 1983)p.533