Evoluo dos Circuitos Integrados

1) Alcides Rocha [email protected]

2) Pedro Mendes [email protected]

Resumo
Este trabalho ir abordar a histria da evoluo dos circuitos integrados, assim como o seu impacto na sociedade, com o objectivo principal de contextualizar o Circuito Integrado no mundo de informao que hoje nos rodeia. A apresentao de ideias fundamentada em documentao extrada de publicaes e artigos de especialistas na matria, dando especial relevncia do enorme salto tecnolgico que esta tecnologia nos proporcionou.

1. Introduo
A evoluo dos circuitos integrados e as suas aplicaes tm dado um grande contributo para o desenv olvimento de vrios equipamentos modernos do uso quotidiano, tais como computadores, automveis, televises, telefones mveis, etc . Estes equipamentos foram tomando um lugar cada vez mais importante na nossa sociedade ao longo das ltimas dcadas, pois as aplicaes que deriv am da utilizao dos Circuitos Integrados, so capazes de processar grandes quantidades de informao num reduzido espao de tempo, como no caso dos

microprocessadores, algo que para o c rebro huma no seria impossvel concretizar mesmo que para tal despendesse vrios anos. Em seguida iremos dar a conhecer a evoluo daquele que um dos elementos electrnico que mais impacto causou aps a sua

inveno, criando assim uma infinidade de horizontes tecnolgicos que at ento eram impensveis pelo Homem.

2.

Conceito de Circuito Integrado

O Circuito Integrado, um circuito electrnico (ou vrios

circuitos) dentro de uma nica pastilha de silcio. Este componente o principal responsvel pela miniaturizao dos circuitos electrnicos. Dentro de um Circuito Integrado existem essencialmente transstores, mas tambm outros componentes tais como dodos e resistncias .

Figura 1 Exemplo de um Circuito Integrado

3. Do transstor ao Circuito Integrado

Uma das grandes invenes do sculo XX, o transstor, foi um resultado inesperado de pesquisas realizadas em radares para os Estados Unidos e Gr-Bretanha durante a 2 Guerra Mundial. O que a Companhia Telefnica Bell Labs queria em 1945 era uma alternativa de estado slido para as frgeis, caras e consumido ras de potncias chamadas vlvulas. A alternativa foi encontrada pelo fsico William Shockley, e os seus colegas Walter Brattain e John Bardeen, que atingiram o seu objectivo dois anos e meio mais tarde, a 23 de Dezembro de 1947 criando assim o Transstor de Contacto Pontual. Em 1950, William Shockley melhora o transstor de contacto pontual, para um com caractersticas elctricas mais estveis, que o patenteou como Transstor de Juno.

Figura 2 O primeiro Transstor

A inveno foi um grande sucesso. O transstor de juno no era apenas mais estvel e confivel que seu antecessor, mas tambm muito mais simples e barato. As primeiras aplicaes comerciais surgiram em 1953. Em 1958, um jovem engenheiro chamado Jack Kilby foi trabalhar para a empresa Texas Instruments, que j possua uma grande reputao inovadora. Ele trabalhava com uma tcnica de micro mdulos

(dispositivos empilhados como pratos) e imaginou a possibilidade de , ao invs de empilhar os componentes, fabric-los no mesmo pedao de material. O primeiro prottipo (Figura 3 patenteado em 1959) era um oscilador de deslocamento de fase, um circuito simples que convertia corrente continua em corrente alternada . Ao invs de utilizar vrios componentes discretos, fabricou ento uma tira fina d e germnio com quatro terminais de contacto mais o terminal de terra , sendo composto por um transstor, um capacitor e trs resistores. Todo o material era unido atravs de cera.

Figura 3 Primeiro Circuito Integrado Oscilador de Deslocamento de fase (Texas Instruments 1959)

4.

O aparecimento dos primeiros Circuitos Integrados

No final dos anos 50, o fabrico do transstor j era um processo industrial de grandes volumes, utilizando uma tcnica de litografia conhecida como processo de mesa. O processo no entanto, tinha como

inconvenientes. A mesa estava sujeita tanto a contaminao acidentes e este processo no permiti a a fabricao de resistores.

Foi ento que Jean Hoerni, um fsico su o e um dos fundadores da Fairchild, inventou um processo que ao invs de montar -se a mesa no topo do substrato de silcio, simplesmente difundia -se na base, e a seguir o emissor nesta, cobrindo o dispositivo com uma camada

protectora. O resultado foi o pr ocesso planar, de maior durabilidade e muito mais fivel, tnhamos ento o marco que tornou possvel a produo comercial de circuitos integrados. Enquanto isso, Robert Noice, tambm da empresa Fairchild, dava um passo importante na forma de interconectar os microcomponentes do circuito integrado. Ele inspirou -se nas tcnicas que empregavam

dixido de silcio como barreira para a difuso de impurezas. Des ta forma, enquanto o processo de Jack Kilby utilizava pequenos fios nas conexes entre os componentes do circuito, o processo desenvolvido po r

Robert Noyce empregava tiras de alumnio ou ouro, que podiam ser aplicadas com a ajuda de mscaras e fotolitografia. O primeiro circuito integrado lgico foi anunciado em Maro de 1961 pela Fairchild, e consistia de um flip-flop de dimetro de 1,5 mm (Figura 4 1961). Apareceu ento o primeiro amplificador operacional em pastilha, o A 702, projectado por Robert Widlar, foi uma pedra de grande relevncia na histria dos circuitos integrados e um sucesso comercial para a Fairchild. Ele constitudo de 12 transstores e 5 resistores (Figura 51964).

Figura 4 - Primeiro Circuito Integrado Planar Flip-Flop (Fairchild 1961)

Figura 5 - Primeiro Amplificador Operacional (Fairchild 1964)

O A 702 deu origem a um dos maiores suce ssos da indstria de microelectrnica, o 709 tambm projectado por Robert Widlar, talvez o amplificador operacional mais utilizado na electrnica. Wildlar foi pioneiro do sector at 1968, at que Fairchild introduziu o A 741, uma pastilha que continha seus prprios capacitores.

5.

A evoluo dos Circuitos Integrados

O ingrediente desta revoluo tecnolgica o rpido avano na qualidade e processamento de materiais, dispositivos e circuitos, em escala de integrao cada vez maior. Como exemplo, tem -se a evoluo

dos

microprocessadores que em 1972 eram

constitudos por 3.300

transstores (Intel 8008) e em 2002 por 42.000.000 de transstores (Pentium integrado constatou 4, da Intel). a A quantidade dois o anos, de de componentes no circuito conforme quase

dobrava Gordon

cada

aproximadamente, um chip

Moore,

custo

permaneceu

inalterado, a maior densidade dos componentes, deu origem a maior desempenho, menor dimenso das mquinas computorizadas, e aumento da flexibilidade de interligaes em circuitos integrados, aumentando assim a fiabilidade, (Lei de Moore: capacidade dobra a cada 18 meses). A figura 5 apresenta um grfico ilustrativo da evoluo dos circuitos integrados, desde o final da dcada de 50 at aos dias de hoje .

Fig. 5 - Nmero de transstores por circuito integrado com o avano da tecnologia (Lei de Moore)

principal

tecnologia

de

fabrico

dos

circuitos

integrados

responsvel por esta revoluo a tecnologia CMOS (Complementary Metal -Oxide -Semiconductor), constituda por transstores de efeito de campo tipo Metal-xido-Semicondutor (MOSFET Metal-Oxide-

Semiconductor Field Effect Transistor) canal N (NMOSFET) e canal P (PMOSFET). 6

Com a evoluo para componentes de larga escala de integrao (LSI) nos anos oitenta, e a muito larga escala de integrao ( VLSI) nos anos noventa, vieram os microprocessadores de alta velocidade. Estamos ainda a assistir a um progresso contnuo na evoluo destes circuitos, enfrentando actualmente uma nova realidade para a qual o fabrico de novos Circuitos Integrados est a convergir, chamada Nano tecnologia. Nesta nova era tecnolgica, os componentes

electrnicos comportam-se de forma diferente do que na electrnica convencional e na mic roeletrnica, pois nestes a passagem de corrente elctrica praticamente no altera o seu estado de funcionamento. O princpio bsico da nano tecnologia a construo de estruturas e novos materiais a partir dos tomo , o que resulta na construo de circuitos com dimenses cada
-9

vez

mais

reduzidas

(escala

de

manmetro, que equivale a 10

metros), elevando assim a escala de

integrao dos componentes para um patamar superior. A escala de integrao de um circuito integrado est dividida em 4 grupos principais, os quais so referid os de seguida. Esta exposio tem como objectivo realar o processo evolutivo deste tipo de circuitos, assim como as aplicaes mais comuns dos mesmos :

SSI (Small Scale Integration) Integrao em pequena escala: So os Circuitos Integrados com menos componentes , e os primeiros da histria. Podem dispor de at 30 dispositivos por pastilha (chip). MSI (Medium Scale Integration) Integrao em mdia escala: Corresponde aos Circuitos Integrados com vrias centenas de

componentes, podendo possuir de 30 a 1000 dispositivos por pastilha Estes circuitos incluem desc odificadores, contadores, etc. LSI (Large Scale Integration) Integrao em larga escala: Contm milhares de componentes podendo possuir de 1000 at 100 000 dispositivos por pastilha. E stes circuitos normalmente efectuam funes lgicas complexas, tais como toda a parte aritmtica duma calcula dora, um relgio digital, etc.

VLSI (Very Large Scale Integration) Integrao em muito larga escala: o grupo de Circuitos Integrados com um nmero de componentes compreendido entre 100 000 e 10 milhes de dispositivos por pastilha. Estes circuitos so utilizados na implementao de microprocessadores, que so o cre bro nos computadores utilizados hoje em dia.

6. Concluso
Ao longo das ltimas cinco dcadas, a evoluo dos circuitos integrados contribuiu para a reduo dos tamanhos e aumento das capacidades quase todas as m quinas que nos rodeiam, evidente exemplo disso a evoluo dos computadores que inicialmente chegavam a pesar centenas de quilogramas , tendo os circuitos de larga escala reduzido estes a pequenos PC portteis e perfeitamente mveis, com vastas capacidades de processamento quando comparadas com os dos grandes computadores do incio da dcada de cinquenta . tambm notrio a integrao de vrias solues num s

equipamento tal como telemveis , que incorporam desde rdios , cmara fotogrfica, GPS, ou como nos automveis actuais, onde existe uma unidade central de processamento (centralina) capaz de controlar todo um sistema com o objectivo de o tornar mais eficaz a gesto de recursos elctricos, mecnicos, ou electromecnicos. A importncia da integrao est no baixo custo e alto

desempenho, alm do tamanho reduzido dos circuitos aliado alta confiabilidade e estabilidade de funcionamento. Uma vez que os

componentes so formados ao invs de serem montados, a resistncia mecnica destes permitiu montagens cada vez mais robustas a choques e impactos mecnicos, permitindo a concepo de porta bilidade dos

dispositivos electrnicos. Podemos concluir que esta revoluo tecnolgica que temos vindo a assistir nas ltimas dcadas, provocada pela inveno dos circuitos integrados, de facto extraordinria e criou um impacto inegvel n o quotidiano da sociedade e na forma que as pessoas interagem entre si. 8

7. Referncias Bibliogrficas

Kilby, J. (Patente U.S. 3.138.743). Martino, Joo Antnio, Por Dentro do Circuito Integrado, Universidade de So Paulo, 2006 Moore, G. E., Technical Digest International Electron Devices Meeting, 1995 Martino, J. A., Proposta de uma sequncia simples de fabricao de circuitos integrados digitais NMOS com carga em depleo e porta de silcio policristalino, Dissertao de Mestrado, Escola Politcnica da USP, 1984. Martino, J. A., Um processo CMOS de cavidade dupla para comprimentos de porta de 2 m. Tese de Doutorado, Escola Politcnica da USP, 1988. Pavanello, M. A., Martino, J. A., Simoen, E., Rooyackers, R., Collaert, N. e Claeys, C.; Low Temperature Analog Operation of Triple Gate FinFETs with HfO2 Dielectrics and TiN Gate Material", IEEE International SOI Conference, 2006 Wikipdia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Circuitos_integrados