Mecânica Celeste

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ASTRONOMIA

MECNICA CELESTE

1. MOVIMENTOS DA TERRA

Nosso planeta se desloca continuamente no espao. Entre os vrios movimentos que descreve, dois se destacam: rotao e revoluo (translao). O primeiro responsvel pela alternncia de dias e noites e pelo movimento aparente das estrelas noite. Aqui vale a pena destacar que a palavra dia tem dois significados diferentes e freqentemente isso causa de alguma confuso. Dia pode ser usado para expressar o perodo de 24 horas (uma rotao completa da Terra) e pode significar tambm o perodo claro do dia, quando o Sol fica acima do horizonte. Os gregos chamavam o perodo de 24 horas de nictmero para diferenciar do dia claro. A Terra orbita em torno do Sol em 365,2422 dias (graas a essa frao, a cada quatro anos ocorre um ano com 366 dias). Nesse perodo a Terra passa por quatro pontos especiais, os dois solstcios e os dois equincios, que marcam o incio das estaes do ano. Os planetas percorrem rbitas elpticas (muito pouco achatadas, quase circulares). Desse modo, h perodos em que o planeta fica mais prximo do Sol e em outras pocas fica mais afastado (essa diferena contudo mnima). Embora vrios livros ainda definam como a causa das estaes do ano esta diferena na rbita do planeta, a explicao correta no esta. 2. Estaes do ano A Terra leva um ano para descrever uma rbita em torno do Sol, ao longo de um plano denominado eclptica. A Terra gira em torno de si cerca de 24 horas. O eixo de rotao projetado na superfcie d lugar aos plos norte e sul. Perpendicularmente ao eixo e passando pelo centro da Terra, temos o plano do equador. A projeo desse plano na superfcie da Terra recebe o nome de linha do equador, e na esfera celeste de equador celeste. O equador celeste no coincide com a eclptica; um est inclinado em relao ao outro cerca de 23,5 graus. O eixo de rotao terrestre, projetado na esfera celeste, indica os plos norte e sul celeste; este eixo "sempre" aponta para o mesmo ponto na esfera celeste. Graas a isso, ao longo de um ano o nosso planeta passa por quatro posies particulares: dois solstcios que 1

marcam os incios do vero e do inverno, e dois equincios que marcam os incios da primavera e do outono. Solstcios (vero ou inverno) - Ocorrem quando o Sol atinge seu mximo afastamento angular do equador celeste. O hemisfrio da Terra em que estiver acontecendo o solstcio de vero, ter o dia (perodo de insolao) com durao mais longa, enquanto o hemisfrio oposto marca o solstcio de inverno, quando as noites tm durao mais longa. Quanto mais afastados estivermos do equador terrestre, maiores sero as diferenas entre os dias e as noites ao longo do ano. No equador, em qualquer poca, os dias e as noites tm sempre a mesma durao. 3. Equincios de vero e inverno Equincios (primavera ou outono) - Ocorrem quando o Sol cruza o equador celeste. Nestes dias, em qualquer ponto da Terra, dias e noites tm igual durao (12 horas). Quando em um hemisfrio estiver acontecendo o equincio de outono, no outro estar ocorrendo o de primavera. Os equincios podem ocorrer em 20 ou 21 de maro e 22 ou 23 de setembro, j os solstcios nos dias 21 ou 22 de dezembro e 20 ou 21 de junho. Essa variao conseqncia de o ano civil ter um nmero inteiro de dias, 365 ou 366, e o perodo decorrido entre uma mesma estao consecutiva ser de 365,2422 dias.

Dias e horrios do incio das estaes para o ano 2003 no hemisfrio Sul (tempo legal de Braslia) Outono: 20/3 s 22h00min inverno: 21/6 s 16h11min primavera: 23/9 s 7h47min vero: 22/12 s 4h04min No horrio de vero adicione 1h ao valor listado.

No desenho vemos, alm do equador, outras duas linhas denominadas Trpico de Cncer e Trpico de Capricrnio. Estas linhas delimitam a faixa na superfcie da Terra em que ocorre o "Sol a pino". No equador isso ocorre no dia dos equincios; j no Rio de Janeiro, que est pertinho do Trpico de Capricrnio, o Sol a pino acontece em dois dias muito prximos: 10 de dezembro e 2 de janeiro. Em alguns anos pode ocorrer nos dias 11 e 3. Fora da regio intertropical, no dia em que se d o solstcio de vero, o Sol estar culminando com a sua altura mxima, perto do meiodia. No dia do solstcio de inverno, a altura ser mnima na culminao. Nas regies polares e equatoriais, as estaes tm caractersticas bastante particulares. Prximo aos plos o ano dividido simplesmente em perodos claro e escuro, e cada um deles dura vrios meses. J nas proximidades do equador, o ano se divide em perodos de chuva e estiagem. A conhecida descrio das estaes primavera (perodo das flores), outono (perodo dos frutos), etc. - vlida apenas em locais de clima temperado. Em alguns livros explicam-se de maneira equivocada as estaes do ano. Segundo estas publicaes, as estaes ocorreriam devido variao da distncia entre a Terra e o Sol (no vero a Terra estaria mais perto do Sol e no inverno mais afastada). De fato a rbita da Terra uma elipse, mas a variao da distncia ao longo do ano em termos percentuais muito pequena, menos de 2%. Alm disso, por esta explicao, teria que ocorrer a mesma estao em toda a Terra ao mesmo tempo. 4. Durao das estaes do ano A variao anual da distncia entre o Sol e a Terra afeta, contudo, a durao das estaes do ano, em funo da segunda lei de Kepler (o planeta se desloca mais rpido quanto mais prximo ele estiver do Sol). Com isso, o vero no hemisfrio Sul e o inverno no hemisfrio Norte so as estaes mais curtas, atualmente

duram 88,99 dias, pois a Terra passa pelo perilio em 2 ou 3 de janeiro. J o inverno do hemisfrio Sul e o vero do hemisfrio Norte duram 93,65 dias, sendo as estaes mais longas.

5. Atividade: Altura do Sol com poste ao meio-dia Anote o comprimento da sombra de um poste ao meio-dia uma vez por semana, ao longo de um ano, e responda s seguintes questes: O momento em que o comprimento da sombra mnimo exatamente ao meio-dia? O Sol passa a pino no local onde voc observou? Em que pocas do ano a sombra foi mais comprida e mais curta?
(A) Atividade: Durao dos dias e das noites

Anote o horrio do nascer e do pr-do-sol uma vez por semana, ao longo de um ano. Ao final, compare as pocas em que as duraes do dia foram mxima, mnima e iguais da noite, com as datas dos solstcios e equincios.
(B) Atividade: Nascer ou pr-do-sol no horizonte

Procure um local elevado e observe o nascer ou o pr-do-sol uma vez por semana, assinalando num desenho, previamente feito do horizonte, o local onde ele nasceu ou se ps. Usando o mtodo descrito abaixo, identifique os pontos cardeais leste ou oeste. Em que pocas o Sol atinge seu mximo afastamento do leste ou do oeste? Em que ocasies ele nasce ou se pe exatamente nos pontos cardeais leste ou oeste? Compare com as duas atividades anteriores.
(C) Atividade: Determinao dos pontos cardeais

A regra normalmente conhecida para orientao pelo Sol diz que: estendendo-se o brao direito para onde o Sol nasce, tem-se o Leste; esquerda, encontra-se o Oeste; frente, o Norte e s costas, o Sul. Mas, como varia muito a direo em que o Sol nasce ao longo do ano, esta regra no precisa. Ento, necessitaremos, para uma determinao mais correta, de um local onde incida a luz solar diretamente na parte da manh e tarde. Fixe uma haste perpendicularmente no cho. Faa agora uma circunferncia tendo a haste como centro e o raio igual metade da altura desta. Assinale com um "X" os pontos em que a sombra da ponta da haste toca na circunferncia (isso ocorrer aproximadamente s 9h e s 15h). Uma linha que passe pelos "Xs" indicar a direo leste-oeste. Uma linha perpendicular a esta indicar a direo norte-sul. O ponto cardeal oeste indicado pelo primeiro "X", e o leste, pelo segundo.

(D) Atividade: Modelos de isopor

Utilizando-se uma bola de isopor de uns 20 centmetros de dimetro, transpassada por uma agulha de tric ou algo semelhante, fixada em uma base de madeira com uma inclinao de 23 graus em relao vertical, teremos um modelo da Terra com seu eixo de rotao. Marcam-se agora os plos e a linha do equador. Sobre uma mesa instale o modelo e uma lmpada para simular o Sol. Mantendo o eixo de rotao "apontado" para a mesma direo, pode-se demonstrar que ora um hemisfrio receber mais luminosidade, ora o outro. Percebe-se ainda que durante seis meses um plo receber continuamente a luz solar, enquanto o outro permanecer de noite no mesmo perodo. Ainda sobre este assunto, sugerimos um experimento que permita compreender porque a altura do Sol no cu influencia a temperatura, tanto anualmente como diariamente. ] O efeito causado pela variao do ngulo de incidncia dos raios solares, que se espalham sobre uma superfcie maior no planeta (ou volume maior da atmosfera) nas regies em que o Sol est baixo, e menor nas regies em que est mais alto no cu.

(E) Atividade: Construo de relgio solar

Existem vrios tipos de relgios solares. Vamos construir, por hora, o tipo horizontal. Este consiste de uma base disposta horizontalmente, onde so inscritas as horas e fraes. O tempo indicado pela sombra de uma haste denominada gnomo, que inclinada em relao base de um ngulo igual latitude do lugar; no caso do Rio de Janeiro, 23 graus. Normalmente os relgios solares so de metal ou pedra. Nossa proposta montar um simples de papel. A partir da possvel se construir um maior, que possa ser instalado definitivamente em um ptio ou jardim. 5

Tire uma cpia do desenho abaixo, cole-o sobre um papel carto, recorte, monte e cole nos locais indicados. Para orient-lo, use o mtodo apresentado acima. Este relgio foi concebido para a latitude do Rio de Janeiro.

6. Leitura complementar: Hora de vero Muitos so aqueles que reclamam a respeito da adoo do horrio de vero em nosso pas tropical, visando um maior aproveitamento da iluminao que nos proporciona o Sol. Especial revolta causa o fato de este artifcio ter seu comeo na primavera. Esta aparente precocidade no constitui um erro. Ela tem uma razo astronmica. O vero, como o definimos, comea em fins de dezembro, em um dia particular que abriga o solstcio. Este dia do solstcio registrado quando o Sol, em sua peregrinao anual pelo cu (um movimento aparente devido ao movimento da Terra), atinge seu 6

mximo afastamento do equador celeste, em direo ao Sul. Podemos perceber, tambm, que a durao da parte iluminada do dia (que tambm chamamos dia, em oposio noite) a maior possvel no hemisfrio Sul. Neste dia do solstcio, teremos a noite mais curta do ano. A partir dele, as noites vo ficando cada vez mais longas, com a mesma durao dos dias (no equincio), e continuam crescendo at o mximo (no solstcio de inverno). Assim, o dia do solstcio de vero, com seu perodo de mxima iluminao, deveria ser o meio do vero, e no o seu incio. Mas falvamos do horrio de vero. Pois bem, o solstcio de dezembro - no hemisfrio Sul - marca o incio desta estao. Isso um fato histrico, pois os antigos podiam medir muito bem solstcios e equincios. Na verdade, astronomicamente falando, o solstcio deveria ser entendido como o auge do vero. (Aqui vale a pena enfatizarmos o termo "astronomicamente". As temperaturas mais quentes do ano, o que alguns poderiam querer chamar de auge do vero, acontecem depois, devido ao tempo que a atmosfera da Terra leva para se aquecer. Este fato pertence aos domnios de estudo de outra cincia: a meteorologia.) No de se estranhar, ento, que o incio do vero como o conhecemos abrigue o meio do horrio de vero. por isso que o horrio de vero comea em plena primavera e termina antes que o vero acabe. bom lembrarmos que quanto mais afastado estivermos do equador, mais acentuada ser a diferena entre dias e noites ao longo do ano. Nas regies Norte e Nordeste, esta diferena to pequena que o horrio no justifica esta adoo. Os que no so favorveis ao horrio de vero podem ainda achar vrios pontos negativos em sua adoo. S no podem, agora, reclamar que o horrio de vero comea na primavera. 7. Fases da Lua A alternncia do aspecto da Lua foi um dos primeiros fenmenos astronmicos observado com ateno pelo homem. A periodicidade das fases foi, desde tempos mais remotos, usada como unidade de tempo; os doze meses derivam das doze lunaes que ocorrem em um ano. As fases da Lua se devem iluminao que a Lua recebe do Sol e como esta refletida para a Terra. Como a Lua se desloca em torno da Terra e esta ao redor do Sol, vemos a frao iluminada da Lua mudar constantemente. Costuma-se dividir em quatro as fases da Lua: nova, quarto crescente, cheia e quarto minguante.

Lua nova - o instante em que da Terra a distncia angular entre a Lua e o Sol mnima. Nesta situao, a face escura da Lua acha-se voltada para a Terra e, desse modo, nosso satlite no visvel. Lua quarto crescente - Ocorre quando, visto da Terra, o ngulo compreendido entre a Lua e o Sol de 90 graus. Nesta fase observamos metade da metade, ou seja, um quarto da face iluminada. visvel desde o comeo da tarde, quando nasce, at o meio da noite, quando se pe. Lua cheia - Ocorre quando a distncia angular entre nosso satlite e o Sol mxima, cerca de 180 graus (oposio). Neste caso, o lado voltado para a Terra o mesmo voltado para o Sol; nasce com o anoitecer e se pe ao amanhecer, sendo, portanto, visvel durante toda a noite. Lua quarto minguante - Como na Lua minguante o ngulo visto da Terra tambm 90 graus, mas em sentido contrrio ao da Lua crescente, o correto seria dizer 270 graus. Agora o lado que vemos iluminado o que estava escuro na fase crescente e vice-versa. Nasce no meio da noite e se pe no final da manh. Note que as fases so instantes, embora seja comum a referncia da fase nova como o perodo entre a nova e a quarto crescente, a fase crescente entre a quarto crescente e a cheia, e assim por diante. So necessrios cerca de 29,5 dias para ocorrerem duas Luas novas consecutivas. A Lua leva 27,3 dias para dar uma volta completa ao redor da Terra (tomando as estrelas como referncia). Essa diferena se explica porque em um ms nosso planeta tambm se desloca, de modo que a Lua necessita de 2,2 dias para ocupar a mesma posio em relao ao Sol que na fase anterior. Na maior parte do Brasil, a cada dia a Lua nasce cerca de 50 minutos mais tarde que na noite anterior. 8. O Movimento de rotao da Lua Uma curiosidade com respeito Lua que ela apresenta o movimento de rotao em torno de si com a mesma velocidade e no mesmo sentido com que translada ao redor da Terra. Assim ela apresenta sempre a mesma face voltada para a Terra. Um habitante hipottico na Lua, na face voltada para o nosso planeta, v a Terra sempre na mesma altura (no ocorre nascer nem ocaso da Terra) e, ainda mais, v o nosso planeta Terra apresentar fases: cheia, minguante, nova e crescente.
(A) Atividade: Acompanhamento do movimento da Lua

SOL

Acompanhe as fases da Lua dia a dia, estimando o ngulo em que a mesma faz com o Sol. Aproveite o momento em que 8

o Sol esteja se pondo ou nascendo, porque fica bem mais fcil. Estime o ngulo nas fases quarto crescente, cheia e quarto minguante.
(B) Atividade: Modelos de isopor

Uma lmpada simular o Sol e uma pequena bola de isopor com uns cinco centmetros presa por um lpis far o papel da Lua, com o brao esticado. Conforme a posio em que a "Lua" vista em relao ao Sol, vemos as diversas fases. Veja no desenho a seguir. Nota: provvel que ocorram "eclipses". Isto vai acontecer com mais freqncia que na natureza, porque o plano de rbita da Lua tem uma inclinao e, alm disso, nossa simulao no reproduz com fidelidade a escala de tamanhos e distncias. (Veja em Eclipses mais detalhes.) 9. Eclipses Ao olharmos o desenho, pode parecer que a Lua na fase nova fique exatamente na frente do Sol ou que SOL na fase cheia a Terra se interponha entre a Lua e o Sol. Isso no ocorre sempre porque o plano da rbita da Lua ao redor da Terra est inclinado em relao ao plano orbital da Terra ao redor do Sol (cerca de cinco graus). Periodicamente, contudo, se a Lua se encontrar na interseo dos dois planos e, alm disso, for Lua nova ou cheia, ocorrer o eclipse do Sol no primeiro caso, e da Lua, no segundo.

SOL

Eclipses da Lua - Ocorrem quando a Terra bloqueia a luz solar, impedindo que esta atinja nosso satlite. Mesmo na totalidade, ainda podemos ver a Lua que, nesse momento, adquire um tom avermelhado ou alaranjado. Isso se deve aos raios solares, que atingem a atmosfera da Terra e espalham-se, iluminando nosso satlite. Nessa situao, s a luz vermelha consegue atravessar a espessa atmosfera e atingir a Lua. Eclipses solares - Ocorrem quando a Lua passa entre a Terra e o Sol. A Lua e o Sol apresentam quase o mesmo dimetro angular. Mas como as distncias entre estes astros e a Terra variam, os seus tamanhos angulares tambm variam, de modo que ora o Sol angularmente maior, ora a Lua. Ento um eclipse que ocorra no segundo caso, a Lua encobrir totalmente o disco solar; o eclipse total. J no primeiro caso restar, na fase mxima, um pequeno anel; o eclipse anular. 9

Nos eclipses totais, o observador tem oportunidade de ver as estrelas mais brilhantes, alm de planetas. Contudo, o mais espetacular a observao da coroa solar, um halo luminoso, em geral no uniforme, que aparece em torno do Sol e alcana temperaturas superiores a um milho de graus. Tanto os eclipses solares como os lunares podem ser parciais quando, mesmo na fase de maior encobrimento, resta ainda uma parte no eclipsada. Os eclipses totais do Sol s so observados em uma pequena faixa. Fora dessa regio os eclipses aparecero, no seu auge, ainda parcialmente. Dependendo da posio do observador, ele pode mesmo no presenciar o eclipse, embora com o Sol acima do horizonte. J com o eclipse lunar isso no acontece. Como ele ocorre por causa da sombra da Terra, independe da posio do observador; basta que a Lua esteja acima do horizonte para ele ser visvel. A totalidade dos eclipses solares de no mximo sete minutos; j nos eclipses lunares a totalidade pode durar 1 hora e 40 minutos. Durante a parcialidade, a observao do Sol s pode ser feita com o uso de filtros apropriados. Sem essa proteo corre-se o risco de ocorrerem danos irreparveis aos olhos. O nmero de eclipses durante um ano pode variar de quatro a sete, incluindo os solares e lunares. Leitura complementar: Histrias de eclipses Os eclipses foram os fenmenos celestes que mais preocupao e angstia trouxeram para as civilizaes passadas e, at mesmo hoje, geram grande temor em alguns segmentos menos esclarecidos de nossa sociedade. O homem da Antiguidade considerava o cu imutvel. Quando ocorriam fenmenos como os eclipses ou mesmo a passagem de algum cometa, naturalmente ele julgava que os deuses estavam zangados ou que anunciavam tragdias, como guerra, fome ou a morte de algum rei. Muitas vezes o eclipse era atribudo ao de drages, lobos, porcos ou serpentes que devoravam o Sol ou a Lua. Magos ou bruxos eram, ento, convocados para expulsar os "monstros" ou os "maus espritos". Chineses e indianos, temerosos, batiam panelas e faziam muito barulho para afugentar o monstro que, acreditavam, engolia o astro. Os romanos erguiam tochas para o cu, na tentativa de substituir a sua fonte de luz. A previso dos eclipses era, portanto, muito importante para os antigos. Diz-se que os chineses, h centenas de anos antes de Cristo, conseguiam calcular os eclipses. Segundo uma lenda, os astrnomos Ho e Hi colocaram em risco o Imprio por no terem previsto um eclipse. Por esta razo, foram imediatamente executados. Muitas so as histrias acerca dos eclipses e suas conseqncias. Uma 10

delas conta que, em 584 antes de Cristo, os hdios e os medos, povos que habitavam a sia Menor, estavam em guerra quando se deu um eclipse solar. Aqueles povos, supondo que o fenmeno se tratava de um sinal divino, logo buscaram negociar a paz. Outra registra um episdio ocorrido durante as viagens de Colombo. Em 1504, ele e sua tripulao estavam quase morrendo de fome na Jamaica, porque os indgenas se recusavam a fornecer-lhes comida. Colombo tinha a informao de que ocorreria um eclipse da Lua naquela noite. Ameaou, ento, apag-la, caso no lhes dessem alimentos. Quando o eclipse se iniciou, os indgenas prontamente atenderam ao pedido. Os eclipses so, tambm, bastante teis aos historiadores, pois, sendo eles registrados com freqncia pelos cronistas, podem servir para fixar a data de importantes fatos. Um bom exemplo para ilustrar esta idia a histria da descoberta do ano da morte do rei da Frana, Lus - o Bom, o que, at h algum tempo, ningum tinha conhecimento. Mas, em relato da poca, foi mencionada a ocorrncia de um eclipse total do Sol, visto na regio algumas semanas antes da morte do monarca. Os astrnomos, ento, concluram que o falecimento ocorrera no ano 840 de nossa era.
(A) Atividade: Construo de um simulador de eclipses

O aparelho descrito a seguir possibilita demonstrar a ocorrncia de eclipses solares totais, anulares e parciais. Seu funcionamento muito simples. No desenho, v-se o esquema de uma caixa de madeira onde h um furo de uns cinco centmetros que simular o Sol. Pode-se encobrir o furo com um celofane amarelo; a fonte pode ser uma lmpada de 25 watts com bulbo fosco. Uma bola de isopor de uns dois ou trs centmetros representar a Lua, presa por um prego a um caibro. Aproximando-se ou afastando-se esta ripa do "disco solar", sero produzidos eclipses anulares ou totais, respectivamente. Observando-se atravs dos furos (0,5 cm), teremos as diversas fases.
(B) Atividade: Determinao da distncia entre a Terra e a Lua

Sabendo-se o dimetro da Lua em quilmetros, fcil obter-se a sua distncia. Para isso, s determinar o ngulo compreendido pelo limbo lunar. Procure uma janela que esteja voltada, aproximadamente, ou para o nascente ou para o poente. Numa noite prxima Lua cheia, cole duas tiras de esparadrapo ou fita isolante paralelas, separadas por 30mm aproximadamente, no vidro da janela. A observao dever ser feita pouco 11

depois do "nascimento" da Lua, se a janela estiver voltada para o nascente, ou pouco depois antes do seu ocaso, se a janela estiver voltada para o poente. Agora, com apenas um olho aberto, procure ficar a uma distncia tal que a Lua "toque" a parte interna das fitas. Feito isto, marque a posio em que seu olho se encontra com o auxlio da quina de livros empilhados at uma altura conveniente. Mea a distncia com a maior preciso possvel dos livros at as fitas, assim como a separao da parte interna das fitas. A distncia da Terra Lua, em quilmetros, obtida pela relao:
LF / distncia da Lua = SF / dimetro da Lua SF = separao entre as fitas LF = distncia entre os livros at as fitas dimetro da Lua = 3.740km

(C) Atividade: Determinao do dimetro do Sol

Qual ser o dimetro do Sol em quilmetros? A experincia semelhante anterior. O nosso astro muito brilhante e vamos tirar proveito disto para efetuarmos a experincia. Usaremos o princpio da "cmara escura". Use um pequeno espelho coberto por um papel preto em que foi previamente feito um furo de aproximadamente 4mm. Agora, projete a imagem refletida do Sol a uns 5 ou 7 metros de distncia em um papel branco fixo em uma parede. Mea agora a distncia precisa do espelho at a imagem, assim como o dimetro da mesma. Ser necessrio apoiar o espelho em algum lugar para se obter uma imagem "imvel", por pelo menos alguns segundos, para ser medida. O dimetro do Sol, em quilmetros, dado por: Dimetro da imagem / Dimetro do Sol = Distncia da imagem ao furo / Distncia do Sol Terra Alguns cticos duvidam de que esta seja a imagem do Sol. Argumentam tambm que a imagem circular porque o furo tem esta forma. Tente fazer furos em forma de tringulos ou quadrados, com as dimenses j especificadas, e ter imagens sempre circulares. O furo circular oferece resultados melhores.

10. Mars As mars consistem do aumento peridico do nvel dos oceanos. So causadas pelas foras gravitacionais do Sol e, principalmente, da Lua. O Sol tem muito mais massa que a Lua, mas em compensao est 12

muito mais distante; da sua influncia sobre a mar ser 1/3 da influncia da Lua.
SOL

De modo simplificado, a mar ocorre porque o nvel dos oceanos se eleva um pouco na "direo" voltada para a Lua. A parte "oposta" tambm sofre uma elevao por estar mais afastada da Lua. Com a soma dos movimentos de rotao da Terra e a revoluo da Lua em torno da Terra, em 24h e 50min podemos ter duas mars altas e duas baixas. A altura das mars depende de vrios fatores, sendo o principal a fase da Lua. As fases nova e cheia so mais intensas porque as foras gravitacionais do Sol e da Lua se somam por estarem estes dois corpos praticamente alinhados. As mars so ento chamadas de vivas. J nas fases crescente e minguante ocorrem as mars mortas, por serem as diferenas entre a alta e a baixa pequenas e s vezes inexistentes. A intensidade das mars influenciada tambm pelo perfil do litoral e pelas correntes ocenicas. As amplitudes das mars tm em geral 1,5 metro, mas, em alguns lugares (baa de Fundy, no Canad), podem chegar a 15 metros! As amplitudes mais altas do Brasil ocorrem no Maranho, com cerca de 5 metros. A atmosfera e os continentes tambm apresentam efeitos de mar. Para efeitos prticos, porm, a mar nos continentes pode ser considerada nula.
(A) Atividade: Acompanhamento da variao da mar com a fase da Lua

SOL

Em um dia de Lua nova, acompanhe a altura da mar. Anote os horrios em que ela foi baixa e alta. Voc talvez se surpreenda com os horrios das mars altas e baixas, porque em nossa explicao simplificada foi omitido um fenmeno chamado atraso da mar, provocado pelo atrito do mar com o fundo dos oceanos. Na verdade, a parte elevada dos oceanos no est exatamente na direo da Lua, mas defasada de uns 40 graus. Repita a experincia em um dia de Lua crescente, cheia e minguante. 11. A ESFERA CELESTE A esfera celeste uma esfera imaginria de raio infinito, onde se acham projetadas as estrelas, ditas fixas, em cujo centro est a Terra. Os movimentos da esfera celeste so aparentes. Sabemos que a Terra que gira em torno de si e se desloca ao redor do Sol, mas, estando o observador preso ao nosso planeta, mais fcil entender fenmenos como solstcio, equincio, posies planetrias e outros, imaginando a Terra imvel e transferindo os movimentos para o cu. 13

A Terra gira em torno de seu eixo em 24 horas. Esse eixo prolongado na esfera celeste d lugar aos plos norte e sul celeste. O plano que corta perpendicularmente o eixo da Terra e que passa pelo centro dela delimita, na superfcie, o equador terrestre. Esse plano projetado at a esfera celeste ir definir o equador celeste, que, por sua vez, divide a esfera celeste em dois hemisfrios: Norte e Sul. Znite o ponto da esfera celeste que fica exatamente sobre a nossa cabea. Em oposio, existe o nadir, de pouco interesse para ns. O plano tangente superfcie da Terra onde se encontra o observador delimita o horizonte. O plano da esfera celeste que une os pontos cardeais norte e sul e passa tambm pelo znite do observador chama-se meridiano. Quando uma estrela cruza o meridiano, ns dizemos que ela est culminando. O Sol culmina prximo ao meio-dia. A esfera celeste "gira" aparentemente no sentido leste-oeste. Na verdade nosso planeta que se desloca em torno de si no sentido contrrio. No hemisfrio Sul, quando estamos voltados para o plo celeste, vemos lentamente as estrelas girarem ao seu redor, no sentido horrio. No hemisfrio Norte, isso ocorre em sentido inverso. O aspecto do cu depende da latitude, da hora e do dia da observao. A latitude do observador definida como sendo o ngulo medido no meridiano do lugar, a partir do centro da Terra, entre a posio do observador e o equador. Esta pode ser tambm visualizada, na superfcie da Terra, pelo ngulo formado entre o plo celeste elevado e o ponto cardeal norte ou sul, conforme o hemisfrio.

Com o movimento da esfera celeste haver estrelas que jamais cruzaro o horizonte, sendo ou sempre visveis (as prximas do plo elevado) ou nunca visveis (as prximas do plo abaixado). 14

Vamos imaginar o aspecto do cu a partir de observadores colocados em pontos particulares na superfcie da Terra. No plo da Terra - Nesta posio o plo celeste est no znite e o equador celeste coincide com o horizonte. Como as estrelas sempre giram em torno dos plos celestes, um observador no plo no v as estrelas nascerem e se porem. As estrelas que ele v esto sempre acima do horizonte. Ele s v as estrelas do seu hemisfrio celeste, e estas percorrem trajetrias paralelas ao horizonte. No equador da Terra - Aqui o plo celeste est sobre o horizonte (coincidindo com os pontos cardeais norte e sul) e o equador celeste passa pelo znite do observador. Conseqentemente, as trajetrias das estrelas so perpendiculares linha do horizonte. Teoricamente, nessa latitude teramos sempre acesso metade de cada hemisfrio celeste.

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