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Literatura Portuguesa I 2.

chamada - Prova 3 bi (6p)

1. Disserta, de forma comparativa, sobre a idealizao feminina expressa em Quando eu, senhora, de S de Miranda, e Aquela triste e leda madrugada, de Cames. O fogo que na branda cera ardia, vendo o rosto gentil que eu n'alma vejo, se acendeu de outro fogo do desejo, por alcanar a luz que vence o dia. Como de dous ardores se encendia, da grande impacincia fez despejo, e remetendo com furor sobejo vos foi beijar na parte onde se via. Ditosa aquela flama, que se atreve a apagar seus ardores e tormentos na vista de que o mundo tremer deve. Namoram se, Senhora, os Elementos de vs, e queima o fogo aquela neve que queima coraes e pensamentos.
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3. Disserta sobre o contexto histrico exposto em Aquela f, de S de Miranda, e em Julga-me a gente, de Cames. Aquela f to clara e verdadeira, A vontade to limpa e to sem mgoa, Tantas vezes provada em viva frgua De fogo, i apurada, e sempre inteira; Aquela confiana, de maneira Que encheu de fogo o peito, os olhos dgua, Por queu ledo passei por tanta mgoa, Culpa primeira minha e derradeira, De que me aproveitou? No de al por certo Que dum s nome to leve e to vo, Custoso ao rosto, to custoso vida. Dei de mim que falar ao longe e ao perto; E j a si consola a alma perdida, Se no achar piedade ache perdo.
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Aquela triste e leda madrugada, cheia toda de mgoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade quero que seja sempre lembrada.

Julga-me a gente toda por perdido, vendo-me, to entregue a meu cuidado, andar sempre dos homens apartado, e dos tratos humanos esquecido.

Ela s, quando amena e marchetada saa, dando ao mundo claridade, viu apartar-se de uma outra vontade, que nunca poder ver-se apartada. Ela s viu as lgrimas em fio, que de uns e de outros olhos derivadas, se acrescentaram em grande e largo rio. Ela ouviu as palavras magoadas que puderam tornar o fogo frio e dar descanso s almas condenadas. 2. Disserta, de forma comparativa, sobre a adequao (ou no) de Cantiga, de S de Miranda, e Num jardim adornado de verdura, de Cames, s caractersticas formais e temticas do Classicismo. Comigo me desavim, Sou posto em todo perigo; No posso viver comigo Nem posso fugir de mim. Com dor da gente fugia, Antes que esta assi crecesse; Agora j fugiria De mim, se de mim pudesse. Que meo espero ou que fim Do vo trabalho que sigo, Pois que trago a mim comigo Tamanho imigo de mim?
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Mas eu, que tenho o mundo conhecido, e quase que sobre ele ando dobrado, tenho por baixo, rstico, enganado, quem no com meu mal engrandecido. Vo revolvendo a terra, o mar e o vento, busquem riquezas, honras a outra gente, vencendo ferro, fogo, frio e calma; que eu s em humilde estado me contento, de trazer esculpido eternamente vosso fermoso gesto dentro n'alma. 4. Disserta, de forma comparativa, sobre a viso da esperana contida nos sonetos camonianos abaixo. Que me quereis, perptuas saudades? Com que esperana ainda me enganais? Que o tempo que se vai no torna mais, e se torna, no tornam as idades. Razo j, anos!, que vos vades, porque estes to ligeiros que passais, nem todos para um gosto so iguais, nem sempre so conformes as vontades. Aquilo a que j quis to mudado que quase outra causa: porque os dias tm o primeiro gosto j danado. Esperanas de novas alegrias no mas deixa a Fortuna e o Tempo errado, que do contentamento so espias. ............................................................................................... . Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser, muda-se a confiana; todo o mundo composto de mudana, tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, diferentes em tudo da esperana; do mal ficam as mgoas na lembrana, e do bem (se algum houve), as saudades. O tempo cobre o cho de verde manto, que j coberto foi de neve fria, e, enfim, converte em choro o doce canto. E, afora este mudar se cada dia, outra mudana faz de mor espanto, que no se muda j como soa.

Num jardim adornado de verdura, a que esmaltam por cima vrias flores, entrou um dia a deusa dos amores, com a deusa da caa e da espessura. Diana tomou logo a rosa pura, Vnus um roxo lrio, dos milhores; mas excediam muito s outras flores as violas, na graa e fermosura. Perguntam a Cupido, que ali estava, qual daquelas trs flores tomaria, por mais suave, pura e mais fermosa?

Sorrindo se, o Minino lhe tornava: todas fermosas so, mas eu queria V i o l 'a n t e s que lrio, nem que rosa.

Portuguesa I - Turma B - Prova 3 bi (6p) Responder quatro questes (1,5 cada). vedada a escolha da questo com o poema apresentado pelo prprio aluno. 1. Disserta, de forma comparativa, sobre a idealizao feminina expressa em Quando eu, senhora, de S de Miranda, e Aquela triste e leda madrugada, de Cames. Quando eu, senhora, em vs os olhos ponho, E vejo o que no vi nunca, nem cri Que houvesse c, recolhe-se a alma a si, E vou tresvaliando como em sonho. Isto passado, quando me desponho, E me quero afirmar se foi assi, Pasmado, e duvidoso do que vi, Mespanto s vezes, outras mavergonho. Que, tornando ante vs, senhora, tal, Quando mera mister tantoutrajuda, De que me valerei, se alma no val? Esperando por ela que me acuda, E no acode, e est cuidando em al, Afronta o corao, a lngua muda.
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Mas, por que meu destino me mostrasse que nem ter esperanas me convinha, nunca nesta to longa vida minha cousa me deixou ver que desejasse. Mudando andei costume, terra e estado, por ver se se mudava a sorte dura; a vida pus nas mos de um leve lenho. Mas, segundo o que o Cu me tem mostrado, j sei que deste meu buscar ventura, achado tenho j, que no a tenho. 4. Disserta, de forma comparativa, sobre a viso do amor presente nos sonetos Ditoso seja aquele e Tanto de meu estado me acho incerto, ambos de Cames. Ditoso seja aquele que somente se queixa de amorosas esquivanas; pois por elas no perde as esperanas de poder n'algum tempo ser contente. Ditoso seja quem, estando ausente, no sente mais que a pena das lembranas; porqu', inda que se tema de mudanas, menos se teme a dor quando se sente. Ditoso seja, enfim, qualquer estado onde enganos, desprezos e iseno trazem o corao atormentado. Mas triste quem se sente magoado d'erros em que no pode haver perdo, sem ficar n'alma a mgoa do pecado.
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Aquela triste e leda madrugada, cheia toda de mgoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade quero que seja sempre lembrada.

Ela s, quando amena e marchetada saa, dando ao mundo claridade, viu apartar-se de uma outra vontade, que nunca poder ver-se apartada. Ela s viu as lgrimas em fio, que de uns e de outros olhos derivadas, se acrescentaram em grande e largo rio. Ela ouviu as palavras magoadas que puderam tornar o fogo frio e dar descanso s almas condenadas. 2. A partir do contexto histrico, disserta sobre o poema camoniano Julga-me a gente toda. Julga-me a gente toda por perdido, vendo-me, to entregue a meu cuidado, andar sempre dos homens apartado, e dos tratos humanos esquecido. Mas eu, que tenho o mundo conhecido, e quase que sobre ele ando dobrado, tenho por baixo, rstico, enganado, quem no com meu mal engrandecido. Vo revolvendo a terra, o mar e o vento, busquem riquezas, honras a outra gente, vencendo ferro, fogo, frio e calma; que eu s em humilde estado me contento, de trazer esculpido eternamente vosso fermoso gesto dentro n'alma. 3. Disserta, atravs de aspectos temticos e formais, sobre a adequao do poema camoniano ao Classicismo. No mundo quis um tempo que se achasse o bem que por acerto ou sorte vinha; e, por experimentar que dita tinha, quis que a Fortuna em mim se experimentasse.

Tanto de meu estado me acho incerto, que em vivo ardor tremendo estou de frio; sem causa, juntamente choro e rio, o mundo todo abarco e nada aperto. tudo quanto sinto, um desconcerto; da alma um fogo me sai, da vista um rio; agora espero, agora desconfio, agora desvario, agora acerto. Estando em terra, chego ao Cu voando, num'hora acho mil anos, e de jeito que em mil anos no posso achar 'hora.

Se me pergunta algum porque assi ando, respondo que no sei; porm suspeito que s porque vos vi, minha Senhora. 5. Disserta sobre aspectos religiosos a partir do poema Onde me esconderei, de Antnio Ferreira. Onde me esconderei, Senhor, de ti? Teme-testalma recebida em vo. Estes meus olhos como te vero, pois meu triste pecado te ps i? Senhor piadoso que no vi nem vejo indat gora, estenda mo, d-ma estes olhos luz e um corao de carne, que de pedra foi tqui. Ovelha sou, Senhor, quando perdida; ingrato filho fui, que mal gastei os talentos da graa, que me deste, mas, se me tu buscares, tornarei. Busca-me com tua graa, pois quiseste morrer assi na cruz por dar-me vida.

Literatura Portuguesa I - Turma C - Prova 3 bi (6p) Responder QUATRO QUESTES. vedada a escolha da questo com o poema apresentado pelo prprio aluno. 1. Disserta, de forma comparativa, sobre a viso de amor exposta nos dois sonetos abaixo de Cames. Vs que, d'olhos suaves e serenos, com justa causa a vida cativais, e que os outros cuidados condenais por indevidos, baixos e pequenos; se ainda do Amor domsticos venenos nunca provastes, quero que saibais que tanto mais o amor despois que amais, quanto so mais as causas de ser menos. E no cuide ningum que algum defeito, quando na cousa amada s'apresenta, possa deminuir o amor perfeito; antes o dobra mais; e se atormenta, pouco e pouco o desculpa o brando peito; que Amor com seus contrairos s'acrescenta. Quem diz que o Amor falso ou enganoso, Ligeiro, ingrato, vo, desconhecido, Sem falta lhe ter bem merecido Quem lhe seja cruel ou rigoroso. Amor brando, doce e piedoso; Quem o contrrio diz no seja crido: Seja por cego e apaixonado tido, E aos homens e inda aos deuses odioso Se males faz Amor, em mim se vem; Em mim mostrando todo o seu rigor, Ao mundo quis mostrar quanto podia. Mas todas suas iras so de amor; Todos estes seus males so um bem, Quem eu por todo outro bem no trocaria. 2. A partir do contexto histrico, disserta sobre o poema Aquela f, de S de Miranda. Aquela f to clara e verdadeira, A vontade to limpa e to sem mgoa, Tantas vezes provada em viva frgua De fogo, i apurada, e sempre inteira; Aquela confiana, de maneira Que encheu de fogo o peito, os olhos dgua, Por queu ledo passei por tanta mgoa, Culpa primeira minha e derradeira, De que me aproveitou? No de al por certo Que dum s nome to leve e to vo, Custoso ao rosto, to custoso vida. Dei de mim que falar ao longe e ao perto; E j a si consola a alma perdida, Se no achar piedade ache perdo. 3. Disserta, de forma comparativa, sobre a viso da morte expressa nos dois poemas camonianos abaixo. Alma minha gentil, que te partiste to cedo desta vida descontente, repousa l no Cu eternamente, e viva eu c na terra sempre triste.
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Se l no assento etreo, onde subiste, memria desta vida se consente, no te esqueas daquele amor ardente que j nos olhos meus to puro viste. E se vires que pode merecer te alga causa a dor que me ficou da mgoa, sem remdio, de perder te, roga a Deus, que teus anos encurtou, que to cedo de c me leve a ver te, quo cedo de meus olhos te levou.
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Ah! minha Dinamene! Assi deixaste quem no deixara nunca de querer-te? Ah! Ninfa minha! J no posso ver-te, to asinha esta vida desprezaste!

Como j para sempre te apartaste de quem to longe estava de perder-te? Puderam estas ondas defender-te, que no visses quem tanto magoaste? Nem falar-te somente a dura morte me deixou, que to cedo o negro manto em teus olhos deitado consentiste! mar, Cu, minha escura sorte! Que pena sentirei, que valha tanto, que inda tenho por pouco o viver triste? 4. Disserta sobre a viso da esperana expressa em Oh! Como se me alonga, de ano em ano, de Cames. Oh! como se me alonga, de ano em ano, a peregrinao cansada minha! Como se encurta, e como ao fim caminha este meu breve e vo discurso humano! Vai se gastando a idade e cresce o dano; perde se me um remdio, que inda tinha; se por experincia se adivinha, qualquer grande esperana grande engano. Corro aps este bem que no se alcana; no meio do caminho me falece, mil vezes caio, e perco a confiana. Quando ele foge, eu tardo; e, na tardana, se os olhos ergo a ver se inda parece, da vista se me perde, e da esperana 5. A partir do poema camoniano abaixo, disserta sobre a importncia do Destino no Classicismo. Que poderei do mundo j querer, que naquilo em que pus tamanho amor, no vi seno `desgosto e desamor, e morte, enfim, que mais no pode ser! Pois vida me no farta de viver, pois j sei que no mata grande dor, se cousa h que mgoa d maior, eu a verei; que tudo posso ver. A morte, a meu pesar, me assegurou de quanto mal me vinha; j perdi o que perder o medo me ensinou. Na vida desamor somente vi, na morte a grande dor que me ficou: parece que para isto s nasci!

Literatura Portuguesa I - Turma A - Prova 3 bi (6p)

1. Disserta, de forma comparativa, sobre as esperanas contidas nos sonetos camonianos abaixo. Alma minha gentil, que te partiste to cedo desta vida descontente, repousa l no Cu eternamente, e viva eu c na terra sempre triste. Se l no assento etreo, onde subiste, memria desta vida se consente, no te esqueas daquele amor ardente que j nos olhos meus to puro viste. E se vires que pode merecer te alga causa a dor que me ficou da mgoa, sem remdio, de perder te, roga a Deus, que teus anos encurtou, que to cedo de c me leve a ver te, quo cedo de meus olhos te levou.
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3. Disserta, de forma comparativa, sobre a viso de amor exposta nos dois sonetos abaixo de Cames.
O fogo que na branda cera ardia, vendo o rosto gentil que eu n'alma vejo, se acendeu de outro fogo do desejo, por alcanar a luz que vence o dia. Como de dous ardores se encendia, da grande impacincia fez despejo, e remetendo com furor sobejo vos foi beijar na parte onde se via. Ditosa aquela flama, que se atreve a apagar seus ardores e tormentos na vista de que o mundo tremer deve. Namoram se, Senhora, os Elementos de vs, e queima o fogo aquela neve que queima coraes e pensamentos.
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O tempo acaba o ano, o ms e a hora, a fora, a arte, a manha, a fortaleza; o tempo acaba a fama e a riqueza, o tempo o mesmo tempo de si chora. tempo busca e acaba o onde mora qualquer ingratido, qualquer dureza; mas neo pode acabar minha tristeza, enquanto no quiserdes vs, Senhora. O tempo o claro dia torna escuro, e o mais ledo prazer em choro triste; o tempo a tempestade em gr bonana. Mas de abrandar o tempo estou seguro o peito de diamante, onde consiste a pena e o prazer desta esperana. 2. Disserta, de forma comparativa, sobre os conflitos ntimos expressos nos poemas camonianos abaixo. Tanto de meu estado me acho incerto, que em vivo ardor tremendo estou de frio; sem causa, juntamente choro e rio, o mundo todo abarco e nada aperto. tudo quanto sinto, um desconcerto; da alma um fogo me sai, da vista um rio; agora espero, agora desconfio, agora desvario, agora acerto. Estando em terra, chego ao Cu voando, num'hora acho mil anos, e de jeito que em mil anos no posso achar 'hora. Se me pergunta algum porque assi ando, respondo que no sei; porm suspeito que s porque vos vi, minha Senhora.
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Aquela triste e leda madrugada, cheia toda de mgoa e de piedade, enquanto houver no mundo saudade quero que seja sempre lembrada.

Ela s, quando amena e marchetada saa, dando ao mundo claridade, viu apartar-se de uma outra vontade, que nunca poder ver-se apartada. Ela s viu as lgrimas em fio, que de uns e de outros olhos derivadas, se acrescentaram em grande e largo rio. Ela ouviu as palavras magoadas que puderam tornar o fogo frio e dar descanso s almas condenadas.

4. Disserta sobre a adequao de UM poema de Cames abaixo s caractersticas formais e temticas do Classicismo.
Num jardim adornado de verdura, a que esmaltam por cima vrias flores, entrou um dia a deusa dos amores, com a deusa da caa e da espessura. Diana tomou logo a rosa pura, Vnus um roxo lrio, dos milhores; mas excediam muito s outras flores as violas, na graa e fermosura. Perguntam a Cupido, que ali estava, qual daquelas trs flores tomaria, por mais suave, pura e mais fermosa? Sorrindo se, o Minino lhe tornava: todas fermosas so, mas eu queria V i o l 'a n t e s que lrio, nem que rosa.
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Eu cantei j, e agora vou chorando o tempo que cantei to confiado; parece que no canto j passado se estavam minhas lgrimas criando. Cantei; mas se me algum pergunta quando No sei; que tambm fui nisso enganado. to triste este meu presente estado que o passado, por ledo, estou julgando. Fizeram-me cantar, manhosamente, contentamentos no, mas confianas; cantava, mas j era ao som dos ferros. De quem me queixarei, que tudo mente? Mas eu que culpa ponho s esperanas onde a Fortuna injusta mais que os erros?

Os bons vi sempre passar no mundo graves tormentos; e, para mais m'espantar, os maus vi sempre nadar em mar de contentamentos. Cuidando alcanar assim o bem to mal ordenado, fui mau, mas fui castigado. Assim que, s para mim anda o mundo concertado.

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