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CARACTERSTICAS E IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELOS RESDUOS SLIDOS: UMA VISO CONCEITUAL

Autores: Jos Carlos Mota1; Mrcia Melo de Almeida2; Vladimir Costa de Alencar3; Wilson Fadlo Curi4

RESUMO: Os resduos slidos so os restos oriundos das atividades humanas, sejam elas domsticas ou industriais. Os resduos provenientes das atividades do homem em sociedade podem ser: sobras de alimentos, embalagens, papis, plsticos e outros. Os resduos so os processos metablicos dos seres humanos, bem como produzidos como substratos da fabricao de produtos dos diversos meios de fabricao. Estes restos podem ser descartados ou muitas vezes reaproveitados como matria prima para a fabricao de novos produtos. Portanto, este trabalho teve como objetivo fazer uma pesquisa bibliogrfica a respeito deste assunto, bem como mostrar a importncia dos impactos causados ao meio ambiente pelo seu mau uso. So classificados tambm conforme a origem: provenientes do uso domstico, do setor comercial, do setor industrial, dos hospitais e especial. Os resduos podem tambm ser orgnicos ou inorgnicos e seu destino o foco principal dos problemas atuais e a reciclagem representa uma das alternativas mais importantes para tentar inibir os diversos depsitos de lixo nas grandes cidades. PALAVRAS-CHAVE: Resduos slidos, reuso, reciclagem.

ABSTRACT: Solid waste is from the remains of human activities, whether domestic or industrial. Waste from the activities of man in society can be: on the food, packaging, paper, plastics and others. The residues are the metabolic processes of humans, as well as substrates produced from the manufacture of products of various means of production. These remains can often be discarded or reused as raw material to manufacture new products. Therefore, this study aimed to do a literature search on this matter and show the importance of environmental impacts caused by its misuse. Are also classified according to origin: from household, commercial sector, industrial sector, hospitals and special. The waste can be organic or inorganic and their destination is the main focus of the current problems and recycling is one of the most important to try to inhibit the various deposits of waste in big cities. KEY-WORDS: Solid waste, reuse, recycling.

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Professor Mestre da UEPB, Av. das Baraunas, s/n Bodocong Campina Grande PB. (83) 3315-3342. [email protected] Pesquisadora Doutora da UFCG, Av. Aprgio Veloso, 882 Bodocong Campina Grande PB. (83) 3310-1521. [email protected] 3 Professor Mestre da UEPB, Av. das Baraunas, s/n Bodocong Campina Grande PB. (83) 3315-3342. [email protected] 4 Professor Doutor da UFCG, Av. Aprgio Veloso, 882 Bodocong Campina Grande PB. (83) 3310-1000. [email protected] I Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrneo. 1

1. INTRODUO Os resduos slidos mais precisamente denominados de lixo correspondem a todo material proveniente das atividades dirias do homem em sociedade. Estes podem ser encontrados nos estados slido, lquido e/ou gasoso. Os resduos podem ser descartados, aqueles que so completamente imprestveis para seu reaproveitamento ou podem ser reutilizados mediante uma srie de processamentos fsicos e/ou qumicos para a fabricao de novos produtos. Conforme o projeto de lei no 1991/2007, os resduos podem ser classificados quanto origem, ou seja, urbanos, industriais, de servios de sade, rurais e especiais ou diferenciados. Podem ser tambm classificados quanto finalidade, ou seja, resduos slidos reversos ou rejeitos. O descarte dos resduos tem se tornado um problema mundial quanto ao prejuzo e poluio do meio ambiente, caso estes sejam descartados sem nenhum tratamento, onde se pode afetar tanto o solo, a gua e/ou o ar. A poluio do solo pode alterar suas caractersticas fsico-qumicas, que representa uma sria ameaa sade pblica tornando-se o ambiente propcio ao desenvolvimento de transmissores de doenas. A poluio da gua pode alterar as caractersticas do ambiente aqutico, atravs da percolao do lquido gerado pela decomposio da matria orgnica presente no lixo, associado com as guas pluviais e nascentes existentes nos locais de descarga dos resduos. Enquanto que a poluio do ar pode provocar a formao de gases naturais na massa de lixo, pela decomposio dos resduos com e sem a presena de oxignio no meio, originando riscos de migrao de gs, exploses e at de doenas respiratrias, se em contato direto com os mesmos. Deste modo, o objetivo deste trabalho foi realizar uma pesquisa bibliogrfica sobre as caractersticas e os impactos causados pelo descarte, o reuso e a reciclagem dos resduos slidos provenientes das atividades humanas sejam elas residenciais e mesmo industriais, destacando os pontos positivos e negativos quanto gesto e gerenciamento desses resduos no que diz respeito sustentabilidade e a degradao do meio ambiente. Destacando tambm os projetos existentes e os que esto em andamento por parte do poder pblico com a finalidade de definir as leis e os procedimentos que devem ser aplicados por parte dos indivduos e das diversas empresas comerciais e industriais.

2. REVISO BIBLIOGRFICA 2.1. Definio de Resduos Slidos As definies para resduos slidos ou mais comumente chamados lixo designado como sendo qualquer material considerado intil, suprfluo, sem valor, gerado pela atividade humana o
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qual precisa ser descartado. Chama-se de lixo tudo aquilo que no serve mais e deve ser jogado fora, ou seja, para os dicionrios como o caso de [1] a palavra lixo definida como: aquilo que se varre da casa e se joga fora; entulho; sujidade; sujeira; imundcie; coisas inteis, imprestveis, velhas; qualquer material produzido pelo homem que perde a utilidade e descartado. O conceito de lixo ou resduo slido tem essa concepo entendida pelo homem, mas para a natureza no existe lixo e sim processos naturais inertes. Muitos desses resduos podem ser reaproveitados atravs de processos como reciclagem e reuso. 2.2. Caractersticas dos Resduos Slidos As caractersticas dos resduos slidos ou lixo variam em funo dos aspectos sociais, econmicos, culturais, geogrficos e climticos, uma vez que esses fatores tambm diferenciam as comunidades entre si e as prprias cidades. Conforme dados de [2] pde-se gerar o grfico da Figura 1, em que so exibidas as variaes das composies do lixo nos pases como Brasil, Alemanha, Holanda e Estados Unidos, verificando-se que a matria orgnica tende a se reduzir nos pases mais desenvolvidos ou industrializados, por razo da grande quantidade de alimentos semiprontos disponveis no mercado consumidor, como o caso dos Estados Unidos que apresenta praticamente a metade da quantidade de matria orgnica comparado ao Brasil. Enquanto que o papel como embalagem aparece em destaque nos Estados Unidos comparado aos outros pases por ser o pas mais desenvolvido.

Figura 1. Composio gravimtrica do lixo dos pases Brasil, Alemanha, Holanda e Estados Unidos (%)

Quanto s caractersticas fsicas os resduos slidos podem ser classificados segundo a NBR 10.004 da ABNT em: gerao per capita (que relaciona a quantidade de resduos urbanos gerada
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diariamente e o nmero de habitantes de determinada regio); composio gravimtrica (traduz o percentual de cada componente em relao ao peso total da amostra de lixo analisada que podem ser: papel, alumnio, borracha, cermica, etc.); peso especfico aparente ( o peso do lixo sem qualquer compactao que expresso em kg/m3); teor de umidade (representa a quantidade de gua presente no lixo); e compressividade (grau de compactao ou a reduo de seu volume que pode chegar a um tero ou um quarto de seu volume original). Entretanto, as caractersticas qumicas dos resduos slidos podem ser dadas por: poder calorfico (capacidade potencial de um material desprender determinada quantidade de calor quando submetido a queima); potencial hidrogeninico pH (indica o teor de acidez ou alcalinidade dos resduos); composio qumica (consiste na determinao dos teores de cinzas, matria orgnica, carbono, nitrognio, potssio, clcio, fsforo, resduo mineral total, resduo mineral solvel e gorduras); relao carbono/nitrognio C:N (indica o grau de decomposio da matria orgnica do lixo nos processos de tratamento/disposio final). J as caractersticas biolgicas dos resduos slidos so determinadas pela populao microbiana e dos agentes patognicos presentes no lixo. Esta caracterstica importante para em conjunto com as caractersticas qumicas, realizar processos para inibir os odores e possivelmente acelerar a decomposio da matria orgnica. 2.3. Classificao dos Resduos Slidos Existe uma srie de formas de classificar os resduos slidos, entre estas se podem destacar: resduos quanto aos potenciais de contaminao do meio ambiente e quanto origem ou natureza. Os resduos classificados quanto aos riscos potenciais so: classe I ou perigosos (so os resduos inflamveis, corrosivos, reativos, txicos, etc.); classe II ou no-inertes (so resduos que apresentam combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade); e classe III ou inertes (no apresentam riscos a sade e ao meio ambiente). Quanto natureza ou origem, os resduos podem ser: lixo domstico ou residencial (resduos gerados em casas, apartamentos, condomnios e demais edificaes residenciais); lixo comercial (resduos gerados em estabelecimentos comerciais); lixo pblico (resduos presentes em logradouros pblicos como: folhas, poeira, terra, galhos, etc.); lixo domiciliar especial (entulho de obras, pilhas e baterias, lmpadas fluorescentes e pneus); e lixo de fontes especiais (lixo industrial; lixo radioativo; lixo de portos, aeroportos e terminais rodoferrovirios; lixo agrcola (gerados a partir de restos de embalagens impregnados com pesticidas e fertilizantes qumicos, etc.); e resduos de servios de sade (todos os resduos gerados nas instituies que lidam com a sade da populao como: farmcias, hospitais, clnicas, laboratrios, etc. [3].

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2.4. Disposio final dos resduos slidos 2.4.1. Coleta Seletiva De acordo com o Compromisso Empresarial para a Reciclagem [4], a coleta seletiva de dejetos um sistema de recolhimento de materiais reciclveis tais como papis, plsticos, vidros, metais e orgnicos, previamente separados na fonte geradora. Estes materiais, aps um prbeneficiamento, so vendidos s indstrias de reciclagem ou aos sucateiros. O autor ainda comenta que a coleta seletiva parte integrante de um projeto de reciclagem. 2.4.2. Lixo ou Vazadouro O lixo ou vazadouro uma rea a cu aberto que ainda muito utilizado por boa parte das cidades com a finalidade de serem depositados ou descarregados, ou seja, os resduos slidos provenientes dos mais diversos locais como: residncias, comrcio, fbricas, hospitais, entre outros, sem nenhum tratamento prvio, alm de nenhum critrio e forma adequada de disposio final desses resduos. Nestes locais, geralmente existem pessoas que se utilizam dos restos alimentcios e outros resduos como forma de subsistncia que so os denominados catadores de lixo e os mesmos normalmente residem tambm aos arredores do lixo. 2.4.3. Aterros Sanitrios Conforme dados de [5], o aterro sanitrio um local determinado, onde so aplicados mtodos e tcnicas sanitrias (impermeabilizao do solo/compactao e cobertura diria das clulas de lixo/coleta, tratamento de gases/coleta e tratamento do chorume), entre outros procedimentos tcnico-operacionais responsveis em evitar os aspectos negativos da deposio final do lixo, alm de combater os danos e/ou riscos a segurana, a sade pblica e ao meio ambiente. Este contm um setor de preparao, um setor de execuo e por ltimo um setor concludo. Para o setor da preparao, aloca-se uma rea especfica e inicia-se o processo de impermeabilizao e o nivelamento do terreno, em seguida fazem-se as obras de drenagem para captao do chorume, as vias de circulao e por fim limita-se a rea do mesmo com uma cerca viva para evitar os odores e melhorar o visual do local, conforme Figura 2, que apresenta a imagem de um esquema de um aterro sanitrio. No setor de execuo, o material residual separado conforme suas caractersticas e em seguida pesado com o objetivo de acompanhar a quantidade de suporte do aterro. O setor concludo tem como finalidade monitorar continuamente todos os processos envolvidos tais como: piezometria, inclinmetro, marcos superficiais e controle da vazo. O aterro sanitrio possui muitas
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vantagens, comparado aos lixes, apesar de ter limitaes por causa do crescimento das cidades, associado ao aumento da quantidade de lixo produzido. Este sistema pode ser associado coleta seletiva de lixo e reciclagem, junto com uma educao ambiental onde se produz resultados promissores na comunidade, desenvolvendo coletivamente uma conscincia ecolgica, cujo resultado sempre uma maior participao da populao na defesa e preservao do meio ambiente.

Figura 2. Esquema de um aterro sanitrio [6]

2.4.4. Usinas de Compostagem Consiste de mquinas e equipamentos que permitem a decomposio biolgica dos materiais orgnicos contidos no lixo, resultando num produto estvel, til, como recondicionador do solo agrcola, chamado composto orgnico. Portanto, a compostagem o processo de tratamento biolgico da parcela orgnica do lixo, permitindo uma reduo de volume dos resduos e a transformao destes em composto a ser utilizado na agricultura, como recondicionante do solo, ou seja, este material incorporado aos solos cultivados como adubo para as plantas. Na figura 3 apresentada a imagem de uma usina de compostagem.

Figura 3. Imagem de uma usina de compostagem [7]

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Os benefcios da compostagem podem ser categorizados da seguinte forma: aproveitamento de resduos da regio; parceria com empresas privadas e o poder pblico; desenvolvimento de tecnologias limpas para o aproveitamento de resduos; soluo para o aporte de adubo orgnico; recuperao de solo; no dependncia de insumos sintticos; diminuio do custo de produo; destino correto para passivos ambientais; atendimento a legislao ambiental; gerenciamento participativo; entre outros. 2.4.5. Incinerao um processo de combusto (queima) do lixo que tem custos elevados e necessita-se de controle rigoroso da emisso de gases poluentes gerados por esta combusto. Este sistema de incinerao ou combusto no muito incentivado devido s despesas altas e a implantao e monitoramento constante da poluio gerada. Este procedimento no requer reas elevadas comparado aos aterros sanitrios, e a energia gerada pela combusto pode ser aproveitada para outros fins, podendo tambm eliminar os resduos perigosos. Por outro lado, o controle constante da poluio e os altos custos podem inviabilizar este tipo de procedimento para a diminuio do lixo, principalmente nos pases em desenvolvimento. A Figura 4 apresenta a imagem de um esquema de um incinerador.

Figura 4. Esquema de um incinerador [8] 2.4.6. Reciclagem Este termo tem como finalidade designar o reaproveitamento de materiais beneficiados como matria-prima para a produo de um novo produto. Portanto, a reciclagem a finalizao de vrios processos pelos quais passam os materiais que seriam descartados. Muitos materiais podem ser reciclados e os exemplos mais comuns so o papel, o vidro, o metal e o plstico. O acmulo de dejetos e a explorao da natureza uma constante preocupao, logo a reciclagem torna-se importante no que diz respeito diminuio dessas prticas de consumo exagerado por parte dos seres humanos [9]. Deste modo, as maiores vantagens da reciclagem so a minimizao da
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utilizao de fontes naturais, muitas vezes no renovveis; e a minimizao da quantidade de resduos que necessita de tratamento final, como aterramento, ou incinerao. Na Figura 5 apresentada a imagem simblica que representa o processo de reciclagem.

Figura 5. Imagem ilustrativa que simboliza o processo de reciclagem [10] 2.4.7. Biogasificao ou Metanizao um tratamento de resduos orgnicos por decomposio ou digesto anaerbica que gera biogs, que formado por cerca de 50%-60% de metano e que pode ser queimado ou utilizado como combustvel. Os resduos slidos da biogasificao podem ser tratados aerobicamente para formar composto. A digesto anaerbica o processo de decomposio orgnica onde as bactrias anaerbicas, que apenas sobrevivem na ausncia de oxignio, conseguem rapidamente decompor os resduos orgnicos. 2.4.8. Resduos txicos O termo Resduo Txico escrito tambm como "Lixo Txico" ou material de descarte que pode causar riscos a sade e ao meio ambiente em longo prazo com as toxinas que so liberadas no ar, gua ou terra. Os resduos txicos so os materiais descartados, geralmente na forma qumica, que pode causar a morte ou danos a seres vivos. Normalmente so resduos vindos da indstria ou comrcio, podendo conter ainda resduos residenciais, da agricultura, militar, hospitais, fontes radioativas, bem como lavanderias e tinturarias. Como muitos outros problemas de poluio, os resduos txicos comeam a ser um problema significativo que teve incio durante a revoluo industrial.

3. METODOLOGIA Para este trabalho optou-se pela pesquisa bibliogrfica pertinente ao tema proposto por tratarse de um procedimento reflexivo sistemtico que possibilita definir, esclarecer e tentar responder as questes indagadas pela comunidade cientfica, governos, sociedade civil, entre outros.
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4. RESULTADOS E DISCUSSO Neste tpico, so analisados e discutidos uma srie de pesquisas realizadas por diversos autores em diversos pases e estados brasileiros sobre os resduos slidos. Principalmente os destinos desses resduos, o tipo de local utilizado, bem como a manuteno e monitoramento desses locais com o intuito de evitar a contaminao do meio ambiente e do homem. Conforme [11], o consumo de extrema importncia para a vida humana, uma vez que todos sem exceo so consumidores em potencial e conseqentemente so gerados lixo com a atividade cotidiana. O modelo do capitalismo precisa ser revisto e h a necessidade da diminuio do consumo conforme os modelos atuais e que em breve a situao pode se tornar insuportvel, de acordo com a previso de diversos cientistas. A sociedade est sempre em busca de melhor qualidade de vida e com isso aumenta o consumo de bens durveis e no durveis, gerando desta forma mais lixo e com isso aumenta os problemas das prefeituras em se conseguir mais locais para depositar tal lixo proveniente do consumo exagerado das pessoas [12]. Deste modo, as atividades domsticas, comercial, hospitalar, construo e demolio, poda e capina, dentre outras, originam diversos rejeitos, classificados como resduos slidos urbanos, que de alguma forma precisam ser dispostos em reas diferenciadas conforme classificao quanto ao risco ao meio ambiente e a sade pblica. A coleta seletiva de resduos se apresenta como uma soluo indispensvel, pois permite a reduo da quantidade de lixo que se destinar para aterros sanitrios. O fundamento central da Coleta Seletiva a separao, pela populao, dos materiais reciclveis. A populao tambm deve ser orientada para a diviso dos reciclveis em diferentes recipientes, de acordo com o tipo de material, entretanto essa no a nica maneira de se estabelecer um programa de coleta seletiva. As coletas podem ser classificadas em trs tipos: coleta de resduo industrial; coleta de resduo agrcola; e coleta de entulho. A coleta industrial tem seus resduos originados nas atividades dos diversos ramos da indstria, tais como metalrgica, qumica, petroqumica, alimentcia, etc. Deste modo, esse tipo de coleta muito variado, podendo ser representado por cinzas, lodos, leos, resduos alcalinos ou cidos, plsticos, papis, madeiras, fibras, borrachas, metais, escrias, vidros, etc. Neste tipo, podem ser includos na grande maioria os resduos da classe I que so os elementos mais perigosos e a responsabilidade desses rejeitos do gerador. J a coleta dos resduos slidos das atividades agrcolas e da pecuria, onde se incluem as embalagens de fertilizantes e de defensivos agrcolas, raes, restos de colheitas, etc., tem se tornado muito preocupante para os geradores, devido s enormes quantidades de esterco animal geradas nas fazendas de pecuria intensiva. As embalagens de agroqumicos, que em geral so
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altamente txicos, tm sido alvo de legislao especfica quanto aos cuidados na sua coleta e destinao final, uma vez que a tendncia mundial, neste particular, para a co-responsabilidade da indstria fabricante. Enquanto que a coleta dos resduos da construo civil, podem ser os compostos por materiais de demolies, restos de obras, solos de escavaes diversas, etc., esse entulho geralmente um material inerte, passvel de reaproveitamento, porm, pode conter uma vasta gama de materiais que podem lhe conferir toxidade, em que se destacam os restos de tintas e de solventes, peas de amianto e metais diversos, cujos componentes podem ser remobilizados caso o material no seja disposto adequadamente. De acordo com diversas pesquisas realizadas, os resultados da reciclagem so expressivos tanto no campo ambiental, como nos campos social e econmico. Principalmente para o meio ambiente, a reciclagem sempre reduz a acumulao progressiva de lixo quanto produo de novos materiais. Deste modo, essa economia pode evitar o corte de vrias rvores se o papel for reciclado, bem como as emisses de gases como gs carbnico, metano, entre outros. Outros fatores negativos que podem ser destacados so as agresses ao solo, ar e gua que pode ser evitado de forma indireta atravs do processo de reciclagem. Quanto s questes sociais, a reciclagem permite um aumento de emprego e renda para as populaes mais pobres que podem trabalhar como catadores, gerando deste modo melhorias ambientais para todo o processo. Enquanto que no aspecto econmico a reciclagem permite o reaproveitamento de toneladas de resduos que podem ser aproveitados neste processo, gerando mais riquezas para as empresas e da mesma forma gerando mais renda para as camadas sociais mais humildes. Portanto, para muitas pessoas que trabalham com a reciclagem, esta pode ser a nica fonte de seu sustento, tomando apenas os devidos cuidados quanto ao aspecto do lixo para evitar danos sade desses trabalhadores. No que diz respeito disposio final dos resduos slidos, o Lixo representa o que h de mais primitivo em termos de disposio final de resduos. Todo o lixo coletado transportado para um local afastado e descarregado diretamente no solo, sem tratamento algum. J quanto aos aterros sanitrios, estes so um mal necessrio, mas que necessitam de critrios para serem construdos: no podem, por exemplo, estar prximos de lenis freticos e se exige um estudo geolgico do local onde se deve obedecer a regras de proteo ambiental. Deste modo, a instalao de Aterros Sanitrios deve ser planejada sempre associada implantao da coletiva seletiva e de uma indstria de reciclagem, que ganha cada vez mais fora. As reas destinadas para implantao de aterros tm uma vida til limitada e novas reas so cada
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vez mais difceis de serem encontradas prximas aos centros urbanos. Portanto, deve haver um aperfeioamento dos critrios e requisitos analisados nas aprovaes dos Estudos de Impacto Ambiental pelos rgos de controle do meio ambiente, alm do fato de que os gastos com a sua operao se elevam, com o seu distanciamento. Conforme dados divulgados pelo IBGE em 2002, os resultados da (PNSB) Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico, realizada em 2000, tiveram resultados significativos, apesar das mudanas de governos nos diversos nveis (federal, estadual e municipal), em que foi estimada que cerca de 157 mil toneladas de lixo provenientes dos domiclios e do comrcio por dia no Brasil, isso se deve levar em conta que a grande maioria desses municpios ainda no contam com a coleta seletiva, conforme Figura 6.

Figura 6. Destinao dos Resduos Slidos Urbanos do Brasil, incluindo os municpios que no tem coletas regulares [13] Enquanto for levado em conta apenas o lixo coletado, a situao passa a ser completamente diferente, conforme a Figura 7. Onde pode ser visto que existe ainda um percentual muito alto do destino do lixo que vai para os lixes (em torno de 30%) e aterros sanitrios (em torno de 47%) e um baixssimo percentual vai para a compostagem e triagem visando o seu reaproveitamento.

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Figura 7. Destinao dos Resduos Slidos Urbanos Coletados do Brasil [13]

Quanto incinerao, de acordo com a pesquisa feita por Philipp Daniel Hauser [14], do COPPEAD - Instituto de Ps-Graduao e Pesquisa em Administrao da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pesquisa esta feita na rea de gesto de resduos slidos municipais com o titulo: "Criao de valor e desenvolvimento sustentvel: uma avaliao da incinerao de resduos slidos municipais em projetos enquadrveis no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Quioto". Consta que a incinerao o fator principal do projeto: reduz a demanda por espao para a disposio do lixo; minimiza a necessidade de transporte dos resduos; recupera tanto materiais reciclveis como a energia do lixo; a energia eltrica fornecida pelo projeto considerada renovvel, economiza outras fontes de energia mais poluentes e ajuda a evitar futura falta de energia, bem como a tecnologia do lixo energia descarta a necessidade de aterros, tambm so eliminados os danos ambientais atrelados. Estes se devem principalmente ao chorume e s emisses de gases de aterro sanitrio que contm metano - um gs de efeito estufa que compromete o clima global.

5. CONCLUSES Conforme dados obtidos nesta pesquisa, pde-se concluir que existem algumas alternativas que podem ser adotadas pelos rgos governamentais, comrcio, indstria e pelos consumidores de uma maneira em geral que para se obter um melhor controle do lixo, devem-se usar as denominaes dos famosos trs erres que so: reduzir, reutilizar e reciclar. A reduo da produo do lixo consiste em diminuir uma srie de embalagens que de alguma maneira no podem ser reaproveitadas para outras atividades. A melhor forma de resolver um 12 I Congresso Internacional de Meio Ambiente Subterrneo.

problema constante, como o caso dos resduos, a de evitar o seu surgimento. Uma das atitudes para reduzir a quantidade de lixo gerado a utilizao de produtos fabricados de forma diferente, ou prolongando o tempo de vida til deste produto. Deste modo, a preferncia por produtos de maior durabilidade como o caso de produtos de vidro e porcelana em vez dos materiais descartveis como o caso dos copos descartveis, das sacolas de supermercados, das embalagens de isopor, etc. A reutilizao uma maneira de reduo dos resduos slidos, uma vez que os produtos permanecem mais tempo em uso antes de serem totalmente descartados. Este processo consiste no aproveitamento de produtos sem que estes sofram quaisquer tipos de alteraes ou processamentos complexos, podem, no entanto serem limpos e normalmente reutilizados. As formas de reutilizao so inmeras e deste modo so necessrias apenas a criatividade por parte dos geradores desses resduos e dos consumidores. Os principais resduos que podem ser reutilizados so os diversos tipos de embalagens, brinquedos e roupas, que ao serem ligeiramente modificados podem novamente retornar ao uso. Algumas medidas de reutilizao podem ser destacadas: separao de sacos de papel, sacolas, vidros, caixas de ovos, papis de embrulho, etc. e reutiliz-los em outras necessidades quando cabveis. A reciclagem uma maneira de lidar com o lixo de forma a reduzir e reusar. Este processo consiste em produzir novos produtos a partir de material utilizado como embalagem de produtos recm adquiridos. Agindo desta forma, reduz-se o volume do lixo, o que contribui para diminuir a poluio e a contaminao, bem como na recuperao natural do meio ambiente, assim como economizar os materiais e a energia usada para fabricao de outros produtos. O smbolo da reciclagem composto de trs setas, onde cada uma representa um grupo de pessoas que so indispensveis para garantir que a reciclagem ocorra. A primeira seta representa os produtores (que so as empresas que fazem o produto). Estes produtores vendem o produto para o consumidor, que representa a segunda seta. Aps o produto ser usado, este pode ser reciclado e representa a terceira seta que consiste nas companhias de reciclagem que coletam os produtos reciclveis e atravs do mercado, vendem de volta o material usado para o produtor transform-lo em novo produto. Para o bom funcionamento dos trs Rs, existe um fator preponderante que a implantao da coleta seletiva que uma poltica a ser realizada em qualquer cidade, onde esta pode ser feita em conjunto com empresas estaduais ou privadas de reciclagem de material em que possam ser aproveitados atravs de processos fsicos e qumicos com a finalidade de retornarem a cadeia produtiva como novos insumos [15].

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6. REFERNCIAS [1] FERREIRA, Aurlio B. H. Novo dicionrio da lngua portuguesa. Editora Nova Fronteira. 1 Edio 15 Impresso. 1975. Rio de Janeiro RJ. [2] Manual de Gerenciamento Integrado de resduos slidos / Jos Henrique Penido Monteiro ...[et al.]; coordenao tcnica Victor Zular Zveibil. Rio de Janeiro: IBAM, 2001. 200 p. [3] ARGELLO, Carol Castillo (Traduo) Centro Pan-Americano de Engenharia Sanitria e Cincias do Ambiente. Guia para o manejo interno de resduos slidos em estabelecimentos de sade Braslia, DF: Organizao Pan-Americana da Sade, 1997. 60 p. [4] CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem. So Paulo SP. Disponvel em: <http://www.cempre.org.br/>. Acesso em: 23 mar. 2009. [5] INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLGICAS DO ESTADO DE SO PAULO (IPT). Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. So Paulo: IPT/CEMPRE. 1995. 278 p. [6] ATERRO SANITRIO. Data de acesso: 26/02/2009. Acesso em:

http://www.pjf.mg.gov.br/governo/secretarias/demlurb/imagens/aterro/aterrosani.jpg [7] USINA DE COMPOSTAGEM. Disponvel em:

<http://hploco.com/oquefazerdolixo/images/compostagem.jpg>. Acesso em: 26 fev. 2009. [8] S BIOLOGIA. Disponvel em: <http://www.sobiologia.com.br/conteudos/Solo/Solo12.php>. Acesso em: 23 mar. 2009. [9] SILVA, D. B. A histria do caminho tomado pelos resduos slidos urbanos em Uberlndia (MG - BRASIL): coleta seletiva, aterro sanitrio e os catadores de materiais reciclveis. Cadernos de Histria, vol. IV, n. 2, ano 2, pp. 167-179.. Disponvel em: <www.ichs.ufop.br/cadernosdehistoria>. Acesso em: 11/02/2009 [10] FUNVERDE Fundao Verde. Disponvel em:

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[12] OLIVEIRA, N. M. S.; CAVALCANTI, M. S. L.; MENESES, R. L.; PORTO, V. S., SOUZA, J.; MORAIS, C. R. S. Avaliao do perfil scio-econmico dos catadores de resduos slidos do lixo do Municpio de Campina Grande PB. 1 Simpsio Nordestino sobre Resduos Slidos Gesto e Tecnologia de Reciclagem. Centro de Convenes Raimundo Asfora Campina Grande PB. Maro de 2007. [13] IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. Disponvel em: <www.ibge.gov.br>. Acesso em: 26 fev. 2009. [14] INTEGRAO a revista eletrnica do Terceiro Setor. Pesquisa Indita do COPPEAD Sobre Incinerao de Resduos Slidos Mostra Caminhos Para Desenvolvimento Sustentvel. Ano IX. No 63. Junho de 2006. Disponvel em: <http://integracao.fgvsp.br/ano9/06/>. Acesso em: 20 mar. 2009. [15] NAIME, Roberto, ABREU, E. F., ABREU, J. N. Avaliao das condies de trabalho dos catadores da central de triagem de lixo do aterro sanitrio de Cuiab, MT. Estudos Tecnolgicos - Vol. 4, n 3: 251-270 (set/dez. 2008) doi: 10.4013/ete.20083.09. Acesso em: 10 fev. 2009.

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