José Luiz Miotto - Madeira-Concreto Avaliação Das Vigas de Madeira Laminada Colada Reforçadas Com Fibras de Vidro

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 357

JOS LUIZ MIOTTO

E Es st tr ru ut tu ur ra as s m mi is st ta as s d de e m ma ad de ei ir ra a- -c co on nc cr re et to o: : a av va al li ia a o o d da as s v vi ig ga as s d de e
m ma ad de ei ir ra a l la am mi in na ad da a c co ol la ad da a r re ef fo or r a ad da as s c co om m f fi ib br ra as s d de e v vi id dr ro o



Tese apresentada Escola de Engenharia de So
Carlos da Universidade de So Paulo, como
parte dos requisitos para a obteno do ttulo de
Doutor em Engenharia de Estruturas.



rea de Concentrao: Engenharia de Estruturas
Orientador: Prof. Dr. Antonio Alves Dias








So Carlos
2009














iv















































Dedico este trabalho minha me, Helena,
e ao meu pai, Octvio (in memorian).
Vocs so, e sempre sero, a razo do meu viver.

v
AGRADECIMENTOS



A Deus, que generosamente me concedeu sade, disposio, persistncia, resignao e todos
os dons indispensveis para a realizao deste trabalho. Obrigado, Pai, pelos anjos que sempre
colocaste em meu caminho para cuidar de mim.

Ao Professor Dr. Antonio Alves Dias, em especial, pela preciosa orientao e amizade. Os
teus conhecimentos e a tua experincia foram, para mim, muito mais do que inspirao.
Obrigado pela sua extraordinria dedicao.

Ao Professor Dr. Carlito Calil Jr., pela amizade e incessante estmulo pesquisa. Tu s capaz
de ver as profundezas, enquanto ns ainda estamos fitando a superfcie.

Ao Professor Dr. Francisco Antonio Rocco Lahr, pela amizade, apoio e, principalmente, por
seus exemplos de dignidade e respeito.

Aos meu pais, por me concederem a vida. Aprendi os conceitos de brio, honestidade, coragem
e respeito a partir de seus exemplos. Minha histria s de justifica por vocs.

Aos meus familiares em especial minhas irms Edna e Eliane, s minhas sobrinhas Mirian,
Meire e Heloisa e minha prima Ednia, que sempre me incentivaram e me deram nimo para
prosseguir.

Aos amigos Jorge Lus Nunes de Ges, Maximiliano dos Anjos Azambuja, Fabiana Goia
Rosa de Oliveira, Marcelo Rodrigo Carreira, Alexandre Min, Juliano Fiorelli, Andrs Batista
Cheung, Jlio Csar Molina, Pedro Gutemberg e Edna Moura pelo apoio, companheirismo
e, sobretudo pelo carinho que vocs me dedicaram enquanto compartilhamos o dia-a-dia em
So Carlos.

A todos os colegas, professores e funcionrios do Departamento de Estruturas da EESC/USP
e do LaMEM, que direta ou indiretamente contriburam para que este trabalho fosse realizado.

Universidade Estadual de Maring UEM, por disponibilizar equipamentos e infra-
estrutura para as simulaes numricas. Obrigado, tambm, aos docentes e amigos da UEM,
pelo incentivo e cooperao, especialmente na fase final deste trabalho.

Ao CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico, pela concesso
da bolsa de estudos e suporte financeiro para o desenvolvimento desta pesquisa.

empresa Hexion Qumica, pelo fornecimento de adesivos utilizados na confeco das vigas
de madeira laminada colada.

empresa Matra Indstria Comrcio Ltda., por disponibilizar o equipamento para prensagem
das vigas de madeira laminada colada, bem como seu transporte.

Aos engenheiros Henrique Partel e Ricardo Montanha de Oliveira, pelo apoio e colaborao
na fase de produo das vigas de madeira laminada colada.


vi












































O barro ao barro, o p ao p, a terra
terra, nada comea que no tenha de
acabar, tudo o que comea nasce do que
acabou.

Jos Saramago

vii
RESUMO


MIOTTO, J. L. Estruturas mistas de madeira-concreto: avaliao das vigas de madeira
laminada colada reforadas com fibras de vidro. 2009. 325 f. Tese (Doutorado) Escola
de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 2009.


No cenrio da produo de edificaes sustentveis, a madeira laminada colada (MLC) ocupa
lugar de destaque, sobretudo pela possibilidade de emprego de madeiras provenientes de
florestas plantadas. Com o propsito de amenizar os problemas de durabilidade, quando
exposta s intempries, uma soluo pressupe a associao das vigas de MLC com um
tabuleiro de concreto armado, sendo as partes ligadas por meio de conexes flexveis. Essa
tcnica tem sido aplicada com sucesso, especialmente por conta do expressivo acrscimo de
rigidez proporcionado pela composio. No entanto, em situaes de elevados carregamentos
ou de grandes vos, a aplicao de reforos com fibras sintticas, na face tracionada das vigas
de MLC, aprimora ainda mais essa tcnica, refletindo-se em significativos acrscimos nas
foras de ruptura. Neste trabalho avaliou-se, de forma experimental e numrica, o
comportamento estrutural de vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro.
Numa primeira etapa foram estudados os elementos de ligao, optando-se pelos ganchos de
ao com dimetro de 8 mm pelo seu excepcional desempenho. Em seguida foram
confeccionadas as vigas mistas, com e sem reforos com fibras de vidro, registrando-se
acrscimo mdio de 37% no mdulo de ruptura (MOR) das vigas mistas em relao s vigas
de MLC, ambas reforadas com fibras. O emprego do reforo com fibras sintticas se justifica
pela diminuio na disperso dos resultados. Por fim, um algoritmo foi proposto para o
dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro, o qual,
associado s avaliaes numricas e experimentais, permite ampliar os horizontes de
aplicao das estruturas de madeira.


Palavras-chave: estruturas mistas de MLC-concreto; reforo com fibras de vidro;
investigaes experimentais e numricas; modelo de dimensionamento.



















viii
ABSTRACT


MIOTTO, J. L. Timber-concrete composite structures: evaluation of GFRP reinforced
glulam beams. 2009. 325 f. Thesis (Doctoral) Escola de Engenharia de So Carlos,
Universidade de So Paulo, So Carlos, 2009.


Production of sustainable constructions forms a scenario where glulam beams occupy a
prominence place, because of the possibility of utilization of wood that comes from planted
forests. With the intention of diminution in the durability problems, when exposed to the
weather effects, a solution presupposes the association of glulam beams with a reinforced
concrete slab, in which the components are linked by means of flexible connections. This
technique has been applied with results, especially due to the expressive increment in stiffness
provided by the composition. However, in situations where high loads or great spans are
found, the application of synthetic fibers reinforcements in the tension side of glulam beams
improve this technique, being reflected in significant increments in the rupture forces. In this
study it was evaluated, in experimental and numerical way, the structural behavior of glulam-
concrete composite beams reinforced with glass fiber reinforced polymer (GFRP). In a first
stage the connection elements were studied, being opted for steel hooks with 8 mm in
diameter because of their exceptional behavior. Soon after, the composite beams were made
with and without GFRP reinforcements and their tests showed average increment of 37% in
modulus of rupture (MOR), when the composite beams were compared to glulam beams, both
reinforced with GFRP. The decrease in the variability of results justifies the use of synthetic
fibers reinforcements. Finally, an algorithm was proposed for the design of glulam-concrete
composite beams reinforced with GFRP. So, when associated with the experimental and
numerical evaluations that were carried out, this method allows enlarging the horizons of
timber structures applications.


Keywords: glulam-concrete composite structures; GFRP reinforcement; experimental and
numerical investigations; design model.



















ix
LISTA DE FIGURAS



Figura 2.1 Pea de madeira laminada colada ........................................................... 11
Figura 2.2 Emenda dentada ...................................................................................... 14
Figura 2.3 Seo transversal de viga de MLC reforada com fibras de vidro ......... 22
Figura 2.4 Estrutura mista de madeira-concreto ...................................................... 29
Figura 2.5 Estrutura mista de madeira-concreto em residncia: (a) Vista externa;
(b) Vista interna ...................................................................................... 30
Figura 2.6 Detalhe de fixao de laje de concreto em piso de madeira ................... 30
Figura 2.7 Edificao em Haibach, Alemanha ........................................................ 32
Figura 2.8 Definio do coeficiente de fluncia ...................................................... 38
Figura 2.9 Ponte em estrutura mista de madeira-concreto: (a) Vista superior;
(b) Vista inferior do tabuleiro ................................................................. 40
Figura 2.10 Ponte Vihantasalmi, Finlndia ................................................................ 42
Figura 2.11 Elevao do corpo-de-prova utilizado em ensaios de cisalhamento ...... 50
Figura 2.12 Ligao madeira-concreto sem pinos metlicos ..................................... 52
Figura 2.13 Corpo-de-prova para ensaio dos conectores sob cisalhamento .............. 54
Figura 2.14 Parmetros dos ensaios de fadiga nos conectores .................................. 55
Figura 2.15 Degradao da rigidez dos conectores em dois corpos-de-prova ........... 56
Figura 2.16 Conector tipo perfobond ......................................................................... 57
Figura 2.17 Formas de aberturas de furos .................................................................. 58
Figura 2.18 Conector tipo chapa perfurada com armadura transversal ..................... 58
Figura 2.19 Conector metlico: (a) Diagrama de corpo-livre na interface madeira-
concreto; (b) Conector Hilti .................................................................... 59
Figura 2.20 Evoluo dos sistemas estruturais para pontes de vigas de madeira ...... 65
Figura 2.21 Seo transversal da viga mista .............................................................. 66
Figura 2.22 Distribuio das tenses de cisalhamento na seo mista ...................... 69
Figura 2.23 Seo transversal da viga mista .............................................................. 70
Figura 2.24 Viga mista de MLC-concreto reforada com fibras de vidro: arranjo de
ensaio ...................................................................................................... 70
Figura 2.25 Diagrama de deformaes para a viga 1 na fase de carregamento at a
ruptura ..................................................................................................... 71
Figura 2.26 Diagrama fora-deslizamento para clculo do mdulo de deslizamento 75
Figura 2.27 Representao dos mdulos de deslizamento ......................................... 77
Figura 2.28 Diagrama tenso-deformao simplificado para a madeira na direo
paralela s fibras ..................................................................................... 78

x
Figura 2.29 Diagrama tenso-deformao para a fibra de vidro ............................... 79
Figura 2.30 Diagrama tenso-deformao idealizado ............................................... 81
Figura 2.31 Diagrama tenso-deformao para os aos de armaduras passivas ........ 81
Figura 2.32 Comportamento do pino de ao embutido no concreto .......................... 82
Figura 2.33 Comportamento elasto-plstico dos conectores ..................................... 86
Figura 2.34 Parte da seo transversal da viga mista sujeita ao carregamento q(x) .. 86
Figura 2.35 Relao fora-deslizamento .................................................................... 90
Figura 2.36 Indicao das tenses normais calculadas segundo a DIN 1052 (1988)
em seo transversal de viga mista ......................................................... 94
Figura 2.37 Representao da seo mista e das tenses normais ............................. 98
Figura 2.38 Distribuio de deformaes e tenses na seo transversal da viga no
caso do modo de ruptura por compresso .............................................. 101
Figura 2.39 Configurao da viga mista de madeira-concreto .................................. 103
Figura 2.40 Curvas de EI
max
/EI
min
em funo da razo h
c
/h
w
.................................... 104
Figura 2.41 Relao entre o vo e o fator de composio, ....................................
105
Figura 2.42 Largura efetiva ........................................................................................ 108
Figura 2.43
Relao entre a rigidez flexo da viga mista (
ef
EI ) e o mdulo de
deslizamento por unidade de comprimento ............................................ 111
Figura 3.1 Configurao tpica dos ns ................................................................... 117
Figura 3.2 Incidncia de ns nas lminas ................................................................ 117
Figura 3.3 Ensaio por meio de vibrao transversal ................................................ 118
Figura 3.4 Ensaio por flexo esttica ....................................................................... 118
Figura 3.5 Emenda dentada ...................................................................................... 119
Figura 3.6 Colagem das emendas dentadas ............................................................. 119
Figura 3.7 Preparao do concreto para os corpos-de-prova de cisalhamento ........ 123
Figura 3.8 Concretagem dos corpos-de-prova de cisalhamento .............................. 123
Figura 3.9 Mquina de ensaios Instron .................................................................... 124
Figura 3.10 Corpo-de-prova com clip-gages instalados ............................................ 124
Figura 3.11 Relao tenso-deformao tpica do concreto utilizado na confeco
dos corpos-de-prova de cisalhamento, em ensaio de compresso .......... 125
Figura 3.12 Relao tenso-deformao tpica do concreto utilizado na confeco
das vigas mistas de MLC-concreto, em ensaio de compresso .............. 126
Figura 3.13 Relao tenso-deformao do ao no ensaio de trao axial ................ 127
Figura 3.14 Tecido de fibras de vidro ........................................................................ 128
Figura 3.15 Corpos-de-prova para caracterizao das fibras de vidro ....................... 128
Figura 3.16 Relao tenso-deformao das fibras de vidro em ensaio de trao .... 129

xi
Figura 3.17 Detalhe tpico de ruptura dos corpos-de-prova ...................................... 130
Figura 4.1 Corpos-de-prova com ganchos metlicos ............................................... 134
Figura 4.2 Corpos-de-prova com chapas metlicas perfuradas ............................... 135
Figura 4.3 Armao dos corpos-de-prova ................................................................ 135
Figura 4.4 Ensaio de cisalhamento: (a) Arranjo de ensaio; (b) Sistema de
aquisio de dados .................................................................................. 136
Figura 4.5 Ruptura dos corpos-de-prova: (a) Ruptura do CP1; (b) Detalhe da
ruptura do CP1 ........................................................................................ 137
Figura 4.6 Comportamento dos sistemas de conexo: ensaios preliminares ........... 138
Figura 4.7 Configurao aps a ruptura: (a) CP2; (b) CP4 ...................................... 139
Figura 4.8 Relao fora-deslizamento dos corpos-de-prova tipo CP-I .................. 142
Figura 4.9 Relao fora-deslizamento dos corpos-de-prova tipo CP-II ................. 143
Figura 4.10 Relao fora-deslizamento dos corpos-de-prova tipo CP-III ............... 144
Figura 4.11 Ruptura dos corpos-de-prova: (a) do tipo CP-I (CP6); (b) do tipo
CP-III (CP16) ......................................................................................... 147
Figura 4.12 Geometria, vinculao e carregamento dos MODELOS 1, 2, 4 e 5 ....... 149
Figura 4.13 Geometria, vinculao e carregamento do MODELO 3 ........................ 150
Figura 4.14 Malha do MODELO 1 gerada no TrueGrid ........................................... 151
Figura 4.15 Elemento finito solid65 .......................................................................... 154
Figura 4.16 Elemento finito solid45 .......................................................................... 155
Figura 4.17 Elementos finitos conta174 e targe170 .................................................. 155
Figura 4.18 Esquema de simetria dos MODELOS 1 a 5 ........................................... 157
Figura 4.18 Malha do MODELO 1 ............................................................................ 158
Figura 4.20 Detalhe da extremidade superior da malha do MODELO 1 .................. 159
Figura 4.21 Malha do MODELO 3 ............................................................................ 160
Figura 4.22 Detalhe da extremidade superior da malha do MODELO 3 .................. 160
Figura 4.23 Modelo constitutivo adotado para o ao ................................................. 163
Figura 4.24 Modelo constitutivo adotado para a madeira .......................................... 164
Figura 4.25 Vinculaes de apoio e condies de simetria dos MODELOS 1 a 5 .... 168
Figura 4.26 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 1 .......... 171
Figura 4.27 Translaes verticais (em mm) obtidas o MODELO 1 .......................... 171
Figura 4.28 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 2 .......... 172
Figura 4.29 Translaes verticais (em mm) obtidas o MODELO 2 .......................... 172
Figura 4.30 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 3 .......... 173
Figura 4.31 Translaes verticais (em mm) obtidas o MODELO 3 .......................... 173
Figura 4.32 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 4 .......... 174

xii
Figura 4.33 Translaes verticais (em mm) obtidas o MODELO 4 .......................... 174
Figura 4.34 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 5 .......... 175
Figura 4.35 Translaes verticais (em mm) obtidas o MODELO 5 .......................... 175
Figura 4.36 Distribuio de tenses e configurao deformada dos ganchos de ao
MODELO 1 ......................................................................................... 177
Figura 4.37 Distribuio de tenses no MODELO 3: (a) na parte de concreto; (b)
na chapa perfurada (valores em kN/cm
2
) ............................................... 178
Figura 4.38 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o
MODELO 1, com materiais no regime elstico-linear ........................... 181
Figura 4.39 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o
MODELO 1, com materiais no regime no-linear ................................. 181
Figura 4.40 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o
MODELO 2, com materiais no regime elstico-linear ........................... 182
Figura 4.41 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o
MODELO 3, com materiais no regime elstico-linear ........................... 182
Figura 4.42 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o
MODELO 3, com materiais no regime no-linear ................................. 183
Figura 5.1 Aplicao do adesivo .............................................................................. 187
Figura 5.2 Prensagem das vigas de MLC ................................................................ 187
Figura 5.3 Arranjo do ensaio de flexo nas vigas de MLC ..................................... 189
Figura 5.4 Arranjo do ensaio de flexo e detalhe do relgio comparador sobre o
apoio esquerdo ........................................................................................ 189
Figura 5.5 Detalhe do contraventamento na regio central da viga ......................... 189
Figura 5.6 Comportamento das vigas de MLC nos ensaios de flexo ltimo
carregamento .......................................................................................... 193
Figura 5.7 Posicionamento dos eixos na seo transversal das vigas de MLC ....... 194
Figura 5.8 Aplicao do adesivo epxi .................................................................... 196
Figura 5.9 Rolo desaerador ...................................................................................... 196
Figura 5.10 Comportamento das vigas de MLC com reforo de fibras de vidro, no
segundo ciclo de carregamento do ensaio de flexo .............................. 197
Figura 5.11 Posicionamento dos extensmetros eltricos na seo transversal das
vigas de MLC com reforo de fibras de vidro ........................................ 199
Figura 5.12 Deformaes registradas no ensaio da viga V3 ...................................... 199
Figura 5.13 Deformaes registradas no ensaio da viga V5 ...................................... 200
Figura 5.14 Desempenho flexo da viga V3, com e sem reforo, considerando o
nvel de fora de 40,7 kN ....................................................................... 200
Figura 5.15 Desempenho flexo da viga V5, com e sem reforo, considerando o
nvel de fora de 40,6 kN ....................................................................... 201

xiii
Figura 5.16 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V3,
para trs nveis de carregamento ............................................................ 202
Figura 5.17 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V5,
para trs nveis de carregamento ............................................................ 202
Figura 5.18 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V3,
considerando aplicada a fora de 112,5 kN (ruptura) ............................. 203
Figura 5.19 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V5,
considerando aplicada a fora de 121,3 kN (ruptura) ............................. 204
Figura 5.20 Posicionamento dos ganchos de 8 mm na parte simtrica das vigas
mistas ...................................................................................................... 206
Figura 5.21 Suportes auxiliares na fixao dos ganchos metlicos ........................... 206
Figura 5.22 Vigas com ganchos metlicos colados ................................................... 206
Figura 5.23 Seo transversal das vigas mistas de MLC-concreto ............................ 207
Figura 5.24 Frmas das vigas mistas ......................................................................... 208
Figura 5.25 Concretagem das vigas mistas ................................................................ 208
Figura 5.26 Armao da mesa de concreto ................................................................ 209
Figura 5.27 Posicionamento dos extensmetros eltricos na seo transversal das
vigas mistas sem reforo: (a) viga V1; (b) viga V2 ................................ 210
Figura 5.28 Posicionamento dos extensmetros eltricos na seo transversal das
vigas mistas com reforo: (a) viga V4; (b) viga V6 ............................... 211
Figura 5.29 Relgio comparador na interface MLC-concreto ................................... 211
Figura 5.30 Relgios comparadores posicionados no eixo do apoio ......................... 211
Figura 5.31 Comportamento das vigas mistas de MLC-concreto, com e sem
reforo de fibras de vidro, no segundo ciclo de carregamento dos
ensaios de flexo ..................................................................................... 212
Figura 5.32 Deformaes registradas no ensaio da viga V1 ...................................... 215
Figura 5.33 Deformaes registradas no ensaio da viga V2 ...................................... 215
Figura 5.34 Deformaes registradas no ensaio da viga V4 ...................................... 216
Figura 5.35 Deformaes registradas no ensaio da viga V6 ...................................... 216
Figura 5.36 Deslizamento na interface MLC-concreto: (a) Viga V1; (b) Viga V2 ... 217
Figura 5.37 Desempenho flexo das vigas mistas V1 e V2 e das vigas V3 e V5
sem reforo, considerando o nvel de fora de 40,6 kN ......................... 218
Figura 5.38 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V1,
para trs nveis de carregamento ............................................................ 219
Figura 5.39 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V2,
para trs nveis de carregamento ............................................................ 219
Figura 5.40 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V1,
considerando aplicada a fora de 173,6 kN (ruptura) ............................. 220

xiv
Figura 5.41 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V2,
considerando aplicada a fora de 89,5 kN (ruptura) ............................... 221
Figura 5.42 Deslizamento na interface MLC-concreto: (a) Viga V4; (b) Viga V6 ... 222
Figura 5.43 Desempenho flexo das vigas mistas V1, V2, V4 e V6 e das vigas
V3 e V5, com e sem reforo, considerando o nvel de fora de 40,6 kN 223
Figura 5.44 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V4,
para trs nveis de carregamento ............................................................ 224
Figura 5.45 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V6,
para trs nveis de carregamento ............................................................ 225
Figura 5.46 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V4,
considerando aplicada a fora de 157,4 kN (ruptura) ............................. 226
Figura 5.47 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V6,
considerando aplicada a fora de 127,6 kN (ruptura) ............................. 226
Figura 5.48 Relao entre os momentos fletores aplicados e as deformaes nas
faces inferiores das vigas mistas V1, V2, V4 e V6 e das vigas V3 e V5 227
Figura 5.49 Esquema de ensaio das vigas mistas ...................................................... 229
Figura 5.50 Sees transversais das vigas mistas: (a) sem reforo VM e (b) com
reforo VMR ....................................................................................... 230
Figura 5.51 Caracterizao do elemento finito tridimensional .................................. 231
Figura 5.52 Discretizao do modelo VMR .............................................................. 233
Figura 5.53 Influncia da rigidez das molas de superfcie na rigidez do modelo ...... 238
Figura 5.54 Configurao deformada da viga mista VMR ........................................ 239
Figura 5.55 Comparativo entre as flechas obtidas numericamente e
experimentalmente ................................................................................. 240
Figura 5.56 Tenses normais na VM (em kN/cm
2
) ................................................... 241
Figura 5.57 Tenses de cisalhamento na VM (em kN/cm
2
) ...................................... 241
Figura 5.58 Tenses normais na VMR (em kN/cm
2
) ................................................ 242
Figura 5.59 Tenses de cisalhamento na VMR (em kN/cm
2
) ................................... 242
Figura 5.60 Comparao entre os resultados numricos e experimentais das vigas
mistas de MLC-concreto, vlida para o nvel de carregamento de
60,8 kN ................................................................................................... 245
Figura 5.61 Comparao entre os resultados numricos e experimentais das vigas
mistas de MLC-concreto, vlida para o nvel de carregamento de
95,5 kN ................................................................................................... 245
Figura 5.62 Comparao entre os resultados numricos e experimentais das vigas
mistas de MLC-concreto, com reforo de fibras de vidro, vlida para o
nvel de carregamento de 62,9 kN .......................................................... 246
Figura 5.63 Comparao entre os resultados numricos e experimentais das vigas
mistas de MLC-concreto, com reforo de fibras de vidro, vlida para o
nvel de carregamento de 94,3 kN .......................................................... 246

xv
Figura 5.64 Flechas na viga V1 considerando-se os diversos efeitos de composio 248
Figura 5.65 Flechas na viga V2 considerando-se os diversos efeitos de composio 248
Figura 5.66 Flechas na viga V4 considerando-se os diversos efeitos de composio 248
Figura 5.67 Flechas na viga V6 considerando-se os diversos efeitos de composio 249
Figura 6.1 Aes aplicadas nas vigas mistas ........................................................... 255
Figura 6.2 Propriedades da seo transversal das vigas mistas de MLC-concreto
com reforo de fibras de vidro ................................................................ 257









































xvi
LISTA DE TABELAS



Tabela 2.1 Caractersticas dos tecidos de fibras a 20C ........................................... 19
Tabela 2.2 Fora de ruptura e mdulo de deslizamento de servio valores
mdios ..................................................................................................... 45
Tabela 2.3 Resistncia das ligaes e mdulo de deslizamento ............................... 46
Tabela 2.4 Influncia do espaamento entre conectores nas vigas mistas de
madeira-concreto .................................................................................... 47
Tabela 2.5 Resistncia ltima dos corpos-de-prova ................................................. 55
Tabela 2.6 Dimenses da viga 1 ............................................................................... 66
Tabela 2.7 Propriedades do tecido de fibras de vidro utilizado na trao ................ 67
Tabela 2.8 Valores mdios das propriedades mecnicas das fibras de vidro
unidirecionais ......................................................................................... 79
Tabela 3.1 Propriedades fsicas e mecnicas do Eucalyptus grandis ....................... 115
Tabela 3.2 Propriedades fsicas e mecnicas do Lyptus valores mdios ............... 116
Tabela 3.3 Resistncia trao paralela s fibras em lminas de tamanho
estrutural com emendas dentadas ........................................................... 121
Tabela 3.4 Resistncia trao paralela s fibras em lminas de tamanho
estrutural sem emendas ........................................................................... 121
Tabela 3.5 Resistncia trao paralela s fibras em lminas de tamanho
estrutural, com emendas dentadas e prensagem com controle manual .. 122
Tabela 3.6 Propriedades do concreto dos corpos-de-prova de cisalhamento nos
conectores ............................................................................................... 125
Tabela 3.7 Propriedades do concreto das vigas mistas de MLC-concreto ............... 126
Tabela 3.8 Propriedades mecnicas das fibras de vidro ........................................... 129
Tabela 4.1 Desempenho dos sistemas de conexo: ensaios preliminares ................ 138
Tabela 4.2 Caractersticas dos ganchos metlicos .................................................... 140
Tabela 4.3 Resultados dos corpos-de-prova tipo CP-I ............................................. 142
Tabela 4.4 Resultados dos corpos-de-prova tipo CP-II ............................................ 143
Tabela 4.5 Resultados dos corpos-de-prova tipo CP-III .......................................... 144
Tabela 4.6 Resumo dos mdulos de deslizamento de servio dos sistemas de
conexo ................................................................................................... 145
Tabela 4.7 Caractersticas dos modelos de corpos-de-prova de cisalhamento nos
conectores ............................................................................................... 148
Tabela 4.8 Parmetros geomtricos dos MODELOS 1, 2, 4 e 5 .............................. 149
Tabela 4.9 Elementos finitos utilizados na modelagem dos corpos-de-prova de
cisalhamento nos conectores .................................................................. 153

xvii
Tabela 4.10 Caractersticas das malhas dos MODELOS 1 a 5 .................................. 156
Tabela 4.11 Coeficientes e parmetros de resistncia do modelo concrete ............... 161
Tabela 4.12 Propriedades mecnicas do concreto ...................................................... 162
Tabela 4.13 Propriedades mecnicas do ao .............................................................. 163
Tabela 4.14 Propriedades elsticas da madeira .......................................................... 165
Tabela 4.15 Propriedades plsticas da madeira .......................................................... 166
Tabela 4.16 Coeficientes de atrito nas superfcies de contato .................................... 167
Tabela 4.17 Tempo de processamento dos modelos numricos ................................ 170
Tabela 4.18 Fora ltima aplicada no processamento dos modelos numricos ......... 170
Tabela 4.19 Mdulos de deslizamento inicial dos MODELOS 1, 2 e 3, obtidos
experimentalmente e numericamente ..................................................... 180
Tabela 4.20 Mdulos de deslizamento inicial dos MODELOS 4 e 5 obtidos
numericamente ....................................................................................... 180
Tabela 5.1 Planejamento experimental das vigas de MLC ...................................... 186
Tabela 5.2 Propriedades das vigas de MLC ............................................................. 188
Tabela 5.3 Mdulos de elasticidade flexo das vigas de MLC ............................. 191
Tabela 5.4 Caractersticas na ruptura das vigas de MLC ......................................... 192
Tabela 5.5 Propriedades geomtricas e elsticas das vigas de MLC ....................... 194
Tabela 5.6 Propriedades geomtricas e elsticas das vigas de MLC com reforo ... 198
Tabela 5.7 Rigidez experimental e comportamento na ruptura das vigas de MLC
com reforo ............................................................................................. 198
Tabela 5.8 Rigidezes das vigas V3 e V5, com e sem reforo com fibras de vidro .. 201
Tabela 5.9 Momento fletor aplicado e momento resistente vigas V3 e V5 .......... 204
Tabela 5.10 Propriedades geomtricas e elsticas das vigas mistas de
MLC-concreto ........................................................................................ 213
Tabela 5.11 Rigidez experimental e comportamento na ruptura das vigas mistas de
MLC-concreto ........................................................................................ 214
Tabela 5.12 Comparativo entre as flechas das vigas mistas V1 e V2 e das vigas V3
e V5 sem reforo, no nvel de fora de 40,6 kN ..................................... 217
Tabela 5.13 Rigidezes das vigas mistas V1 e V2 ....................................................... 218
Tabela 5.14 Momento fletor aplicado e momento resistente vigas mistas V1 e V2 221
Tabela 5.15 Comparativo entre as flechas mdias das vigas confeccionadas, no
nvel de carregamento de 40,6 kN .......................................................... 223
Tabela 5.16 Rigidezes das vigas mistas V4 e V6 ....................................................... 224
Tabela 5.17 Resumo das rigidezes experimentais das vigas ...................................... 224
Tabela 5.18 Momento fletor aplicado e momento resistente vigas mistas V4 e V6 227
Tabela 5.19 Caractersticas dos modelos VM e VMR ............................................... 233

xviii
Tabela 5.20 Propriedades elsticas do concreto ......................................................... 235
Tabela 5.21 Propriedades elsticas da madeira .......................................................... 236
Tabela 5.22 Propriedades elsticas das fibras de vidro .............................................. 237
Tabela 5.23 Comparao entre as flechas obtidas experimentalmente e calculadas
pelo SAP2000 ......................................................................................... 244
Tabela 5.24 Desempenho das vigas ensaiadas: foras de ruptura .............................. 249
Tabela 5.25 Desempenho das vigas ensaiadas na ruptura: MORs ............................. 250
Tabela 6.1 Propriedades geomtricas das vigas mistas ............................................ 258
Tabela 6.2 Propriedades fsicas e mecnicas dos materiais ..................................... 258
Tabela 6.3 Propriedades das sees homogeneizadas .............................................. 259
Tabela 6.4 Resistncias de projeto e flecha limite para as vigas mistas .................. 262
Tabela 6.5 Propriedades mecnicas e solicitaes de projeto das vigas mistas ....... 264
Tabela 6.6 Utilizao das resistncias de projeto dos materiais ............................... 265
Tabela 6.7 Relao entre as flechas medidas e calculadas ....................................... 266
Tabela 6.8 Relao entre as foras mximas calculadas e as foras de ruptura ....... 266






























xix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS



AASHTO - American Association of State Highway and Transportation Officials
ANSI/AITC - American National Standards Institute
ANSYS - Simulador computacional baseado no Mtodo dos Elementos Finitos,
de propriedade da Ansys, Inc.
ASTM - American Society for Testing and Materials
CCA - Arseniato de Cobre Cromado
CCB - Borato de Cobre Cromatado
DIN - Norma Alem
EP - Adesivo epxi
EUROCODE - Norma Europia
FRP - Fiber Reinforced Polymer
GFRP - Glass Fiber Reinforced Polymer
LaMEM - Laboratrio de Madeiras e Estruturas de Madeira
LVL - Laminated Veneer Lumber
MEF - Mtodo dos Elementos Finitos
MLC - Madeira Laminada Colada
MOE - Mdulo de elasticidade obtido em ensaio de flexo
MOR - Mdulo de ruptura
MSR - Machine Stress Rated
MUF - Adesivo melamina-uria-formaldedo
NBR - Norma Brasileira Registrada
PUR - Resina poliuretana
PRF - Adesivo fenol-resorcinol-formaldedo
RAM - Random Access Memory
SAP2000 - Simulador computacional baseado no Mtodo dos Elementos Finitos,
de propriedade da Computers and Structures, Inc.
USP - Universidade de So Paulo


xx
LISTA DE SMBOLOS



Letras romanas maisculas:
A ........... rea da seo transversal ou da seo transformada
A
c
.......... rea da seo transversal de concreto
A
d
.......... rea da seo transversal do conector
A
t
.......... rea da seo transversal de madeira
A
w
......... rea da seo transversal de madeira
C ........... Coeficiente de cisalhamento
E
c
.......... Mdulo de elasticidade do concreto
E
i
........... Mdulo de elasticidade longitudinal do material i
E
ci
.......... Mdulo de deformao tangente inicial do concreto
E
cs
......... Mdulo de elasticidade secante do concreto
E
c,t,d
....... Valor de projeto do mdulo de elasticidade do concreto no tempo t
E
c,0,d
...... Valor de projeto do mdulo de elasticidade do concreto logo aps o carregamento
E
c,0,ef
...... Valor efetivo do mdulo de elasticidade paralelo s fibras da madeira
E
c,0,m
...... Valor mdio do mdulo de elasticidade paralelo s fibras da madeira
E
FRP
....... Mdulo de elasticidade longitudinal das fibras de vidro
E
M
......... Mdulo de elasticidade flexo
E
t
........... Mdulo de elasticidade longitudinal da madeira
E
T
.......... Mdulo tangente
E
w
.......... Mdulo de elasticidade longitudinal da madeira
E
w,t,d
...... Valor de projeto do mdulo de elasticidade da madeira no tempo t
E
w,0
........ Mdulo de elasticidade da madeira na direo paralela s fibras
E
w,0,d
...... Valor de projeto do mdulo de elasticidade da madeira logo aps o carregamento
E
w
.......... Mdulo de elasticidade longitudinal mdio da MLC
E
1
.... Mdulo de elasticidade longitudinal do material adotado como referncia

xxi
EI .......... Rigidez flexo
(EI)
ef
..... Rigidez efetiva flexo
(EI)
exp
.... Rigidez flexo experimental
(EI)
exp,m
. Valor mdio da rigidez flexo experimental
(EI)
t
....... Rigidez flexo sob o efeito de composio total da seo transversal
EI
max
...... Valor mximo da rigidez flexo
EI
min
...... Valor mnimo da rigidez flexo
F ............ Fora
F
d
.......... Valor de projeto da fora aplicada
F
R
.......... Fora de ruptura
F
u
.......... Fora ltima
G ........... Mdulo de elasticidade transversal
G
T
......... Mdulo tangente de corte
G
w
......... Mdulo de cisalhamento mdio da MLC
I ............. Momento de inrcia da seo transversal ou da seo transformada
I
c
........... Momento de inrcia da seo transversal de concreto
I
ef
.......... Momento de inrcia efetivo da seo transversal
I
s
............ Momento de inrcia de uma viga slida equivalente
I
t
............ Momento de inrcia da seo transversal de madeira
I
tot
.......... Momento de inrcia total da seo transversal
I
w
........... Momento de inrcia da seo transversal de madeira
K ........... Mdulo de deslizamento
K
i,t,d
....... Valor de projeto do mdulo de deslizamento da conexo no tempo t
K
i,0,d
...... Valor de projeto do mdulo de deslizamento da conexo logo aps o
carregamento
K
ser
........ Mdulo de deslizamento para os Estados Limites de Utilizao
K
u
.......... Mdulo de deslizamento para os Estados Limites ltimos

xxii
L ........... Vo
L
b
.......... Comprimento entre os dois pontos de aplicao das foras, livre dos efeitos do
cisalhamento
M
c
......... Momento fletor na seo transversal de concreto
M
max
...... Valor mximo do momento fletor
M
t
.......... Momento fletor na seo transversal de madeira
M
tot
........ Momento fletor total na seo transversal
M
x
......... Momento fletor
N
c
.......... Fora normal na seo transversal de concreto
N
t
.......... Fora normal na seo transversal de madeira
P ............ Fora aplicada
P
u
.......... Resistncia dos pinos embutidos no concreto
Q
c
.......... Fora cortante na seo transversal de concreto
Q
t
.......... Fora cortante na seo transversal de madeira
R
max
....... Resistncia dos conectores ao cisalhamento
R
1
.......... Fora cortante admissvel por conector
R
1,d
........ Valor de projeto da fora cortante admissvel por conector
S
c
.......... Momento esttico da seo transversal de concreto
T ........... Fluxo de cisalhamento para ligaes com conectores flexveis
T
adj,i
....... Espaamento entre as vigas de apoio do sistema misto ( esquerda ou direita)
T
lat
......... Comprimento da mesa, em balano, at o eixo da viga de apoio
V ........... Fora cortante na seo transversal



Letras romanas minsculas:
a
c
............ Distncia entre o centride da rea de concreto e o centride da seo composta
a
w
............ Distncia entre o centride da rea de madeira e o centride da seo composta
b ............. Largura da seo transversal

xxiii
b
c
............ Largura da mesa de concreto
b
ef
........... Largura efetiva da mesa de concreto
b
ef,e
.......... Parte esquerda da largura efetiva da mesa de concreto
b
ef,d
......... Parte direita da largura efetiva da mesa de concreto
b
w
........... Largura da alma de madeira
c .............. Posio da linha neutra da seo composta, medida a partir da fibra inferior da
madeira
d ............ Dimetro dos conectores
e .............. Distncia de aplicao da fora P at a face do concreto ou espessura do reforo
de fibras de vidro
e
c
............ Excentricidade da laje de concreto
e
t
............. Excentricidade da viga de madeira
f
c
............. Resistncia compresso do concreto ou resistncia compresso
f
cb
............ Resistncia ltima biaxial compresso do concreto
f
cd
............ Valor de projeto da resistncia compresso do concreto
f
ck
............ Valor caracterstico da resistncia compresso do concreto
f
cm
........... Valor mdio da resistncia compresso do concreto
f
ct
............ Resistncia trao direta do concreto
f
ct,m
.......... Valor mdio da resistncia trao direta do concreto
f
ct,sp
......... Resistncia trao indireta do concreto
f
ct,f
........... Resistncia trao na flexo do concreto
f
c,0
........... Resistncia mdia da madeira compresso paralela s fibras
f
c,28
.......... Resistncia compresso do concreto aos 28 dias
f
e,0
........... Resistncia mdia da madeira ao embutimento paralelo s fibras
f
FRP,d
........ Valor de projeto da resistncia trao das fibras de vidro
f
FRP,k
........ Valor caracterstico da resistncia trao das fibras de vidro
f
gt,90
......... Resistncia mdia da madeira trao normal lmina de cola
f
gv,0
......... Resistncia mdia da madeira ao cisalhamento na lmina de cola

xxiv
f
gv,0,d
........ Valor de projeto da resistncia da madeira ao cisalhamento na lmina de cola
f
gv,0,k
........ Valor caracterstico da resistncia da madeira ao cisalhamento na lmina de cola
f
M
............ Resistncia mdia da madeira flexo
f
t
............. Resistncia trao
f
t,m
........... Resistncia flexo na fibra mais afastada da regio tracionada da madeira
f
t,0
........... Resistncia mdia da madeira trao paralela s fibras
f
t,0,d
......... Valor de projeto da resistncia trao paralela s fibras da madeira
f
t,0,k
......... Valor caracterstico da resistncia trao paralela s fibras da madeira
f
u
............. Resistncia trao do ao do conector ou resistncia ltima
f
v
............. Fluxo de cisalhamento
f
v,0
........... Resistncia mdia da madeira ao cisalhamento paralelo s fibras
f
y
............. Limite de escoamento do ao
f
yd
........... Valor de projeto da resistncia ao escoamento do ao
f
yk
........... Valor caracterstico da resistncia ao escoamento do ao
f
1
............. Resistncia ltima biaxial compresso sob o estado de tenso hidrosttico
f
2
............. Resistncia ltima uniaxial compresso sob o estado de tenso hidrosttico
h ............. Altura da seo transversal
h
b
........... Altura da lmina de madeira inferior (bumper)
h
c
........... Altura da mesa de concreto
h
FRP
....... Espessura do reforo com fibras de vidro
h
t
........... Altura da alma de madeira
h
w
.......... Altura da alma de madeira
k ............ Mdulo de deslizamento por unidade de comprimento ou rigidez de mola de
superfcie
k
def
........ Coeficiente de fluncia do EUROCODE5
k
mod,i
...... Coeficientes de modificao (i= 1, 2, 3)
............ Comprimento do conector embutido no concreto ou vo da viga

xxv
m ........... Coeficiente angular da reta
n ............ Nmero de conectores por fila
n
i
........... Razo modular do material i
q ............ Carregamento uniformemente distribudo
m , t
f
q .......
Carregamento distribudo que produz a tenso na fibra mais afastada da madeira
s ............ Espaamento entre os conectores ou desvio-padro
s
ef
.......... Espaamento efetivo entre os conectores
s
max
........ Espaamento mximo entre os conectores
s
min
........ Espaamento mnimo entre os conectores
t ............. Espessura da lmina de madeira ou espessura do reforo com fibras de vidro
u ............ Deslizamento na conexo
u
c
........... Deslocamento do centro de gravidade do concreto na direo de x
u
el,max
..... Limite do deslizamento na conexo no regime elstico linear
u
max
....... Limite do deslizamento na conexo no regime plstico
u
t
........... Deslocamento do centro de gravidade da madeira na direo de x
w ........... Deslocamento vertical
w
b
.......... Flecha associada flexo
w
ef
......... Largura efetiva da mesa de concreto
w
inst
....... Flecha gerada imediatamente aps o carregamento
w
laje
....... Espaamento mdio entre as vigas de suporte da mesa de concreto
w
lim
....... Flecha limite
w
max
...... Flecha
w
perm
...... Flecha associada com o carregamento de longa durao
w
s
.......... Flecha associada ao cisalhamento
y
c
........... Fator parcial da mesa de concreto
y
i
........... Distncia da fibra at a linha neutra

xxvi
y
w
.......... Fator parcial da alma de madeira
y ........... Posio da linha neutra




Letras gregas minsculas:
............ Fator de combinao

c
.......... Coeficiente de ponderao concreto

FRP
...... Coeficiente de ponderao fibras de vidro

w
......... Coeficiente de ponderao madeira
............ Deformao especfica

c
........... Deformao especfica de compresso

cy
.......... Deformao especfica correspondente ao limite elstico na compresso

cu
.......... Deformao especfica limite na compresso

s
........... Deformao especfica do ao na trao

tu
.......... Deformao especfica limite na trao
........... ngulo formado pela armadura no elemento solid65

k
.......... Densidade equivalente dos materiais

m
.......... Densidade mdia dos materiais

c
.......... Tenso de compresso ou tenso de compresso na altura do centride da rea de
concreto

cm
........ Tenso de compresso/trao na altura do centride da rea de concreto

c1
......... Tenso de compresso mxima no concreto

FRP
....... Tenso de trao nas fibras de vidro
a
h
........
Estado de tenso hidrosttica ambiente

m,c
........ Complemento para atingir a mxima tenso de compresso no concreto

m,w
....... Complemento para atingir a mxima tenso de trao na madeira

xxvii

p
.......... Tenso de plastificao

s
.......... Tenso de trao no ao

x,i
......... Tenso na direo do eixo x vlida para o material i

w
.......... Tenso de trao na altura do centride da alma de madeira

wm
........ Tenso de trao/compresso na altura do centride da rea de madeira

w2
........ Tenso de trao mxima na madeira
............ Tenso de cisalhamento

w,max
..... Tenso mxima de cisalhamento
............ Coeficiente de Poisson
.......... ngulo formado pela armadura no elemento solid65

c
.......... Coeficiente de fluncia do concreto

w
......... Coeficiente de fluncia da madeira

f
.......... Coeficiente de fluncia da ligao



Letras gregas maisculas:
........... Incremento de deslocamentos verticais do eixo neutro da viga, medidos no meio
do vo

Lb
........ Incremento de deslocamentos verticais do eixo neutro da viga, medidos no meio
do vo, descontando-se os deslocamentos verticais medidos na posio dos
pontos de aplicao das foras
........... Dimetro dos conectores e curvatura da seo transversal na flexo












xxviii
SUMRIO



RESUMO ........................................................................................................................ vii
ABSTRACT .................................................................................................................... viii
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... ix
LISTA DE TABELAS ................................................................................................... xvi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................... xix
LISTA DE SMBOLOS ................................................................................................. xx
1 INTRODUO ....................................................................................................... 1
1.1 Justificativa ......................................................................................................... 2
1.2 Objetivos ............................................................................................................. 4
1.3 Contribuies esperadas ...................................................................................... 5
1.4 Organizao da tese ............................................................................................ 6

2 REVISO BIBLIOGRFICA .............................................................................. 9
2.1 Madeira laminada colada .................................................................................... 9
2.1.1 Definio ....................................................................................................... 10
2.1.2 Fabricao da MLC ...................................................................................... 13
2.1.3 Adesivos ....................................................................................................... 16
2.2 Estruturas de madeira reforada com fibras ........................................................ 17
2.2.1 Fibras naturais ............................................................................................... 17
2.2.2 Fibras sintticas ............................................................................................ 17
2.2.3 Madeira reforada com fibras sintticas ....................................................... 20
2.2.3.1 Efeito da fadiga ......................................................................................... 25
2.3 Estruturas mistas de madeira-concreto ................................................................ 26
2.3.1 Estruturas mistas de madeira serrada e concreto .......................................... 28
2.3.1.1 Comportamento sob carregamento de longa durao .............................. 37
2.3.2 Estruturas mistas em tabuleiros de pontes .................................................... 39
2.3.3 Estudos desenvolvidos no Brasil .................................................................. 42
2.3.4 Sistemas de conexo ..................................................................................... 49
2.3.4.1 Resinas sintticas estruturais .................................................................... 60
2.4 Casos especiais de estruturas mistas de madeira-concreto ................................. 62
2.4.1 Estruturas mistas de MLC-concreto ............................................................. 62
2.4.2 Estruturas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras .......................... 65
2.5 Dimensionamento dos sistemas mistos de madeira-concreto ............................. 72

xxix
2.5.1 Mdulo de deslizamento ............................................................................... 74
2.5.2 Influncia dos materiais ................................................................................ 77
2.5.2.1 Comportamento dos materiais constituintes ............................................. 77
2.5.2.2 Efeitos localizados .................................................................................... 82
2.5.3 Mtodo da Seo Transformada ................................................................... 83
2.5.4 Modelo analtico para vigas mistas baseado em Mhler .............................. 85
2.5.5 Vigas compostas considerando-se o escorregamento entre camadas ........... 92
2.5.6 Anlise por momento-curvatura ................................................................... 93
2.5.7 Critrio de clculo segundo a DIN 1052 ...................................................... 94
2.5.8 Critrio de clculo segundo o EUROCODE 5 ............................................. 97
2.5.9 Clculo das vigas de MLC reforadas com fibras ........................................ 100
2.6 Simulaes numricas ......................................................................................... 102
2.7 Avaliao paramtrica dos sistemas mistos de madeira-concreto ...................... 103
2.7.1 Influncia da configurao geomtrica ......................................................... 103
2.7.2 Largura efetiva .............................................................................................. 106
2.7.3 Influncia do concreto .................................................................................. 108
2.7.4 Influncia dos conectores ............................................................................. 110
2.7.5 Influncia da madeira ................................................................................... 111
2.8 Concluses da reviso bibliogrfica ................................................................... 112

3 CARACTERIZAO DOS MATERIAIS ........................................................... 113
3.1 Madeira ................................................................................................................. 114
3.1.1 Escolha do material ....................................................................................... 114
3.1.2 Propriedades fsicas e mecnicas do Lyptus ................................................. 116
3.1.3 Classificao visual e mecnica .................................................................... 117
3.1.4 Realizao das emendas nas lminas ............................................................ 119
3.1.5 Avaliao das emendas dentadas .................................................................. 120
3.2 Concreto ............................................................................................................... 123
3.2.1 Concreto utilizado na confeco dos corpos-de-prova de cisalhamento ...... 123
3.2.2 Concreto utilizado na confeco das vigas mistas ........................................ 125
3.3 Ao ....................................................................................................................... 126
3.4 Fibras de vidro ...................................................................................................... 128

4 ESTUDO DOS SISTEMAS DE CONEXO ........................................................ 131
4.1 Avaliaes experimentais ..................................................................................... 132
4.1.1 Ensaios preliminares ..................................................................................... 132
4.1.1.1 Descrio dos corpos-de-prova e materiais utilizados ............................. 132
4.1.1.2 Mtodo de ensaio ...................................................................................... 136
4.1.1.3 Resultados e discusses ............................................................................ 137

xxx
4.1.2 Ensaios de cisalhamento nos conectores ...................................................... 139
4.1.2.1 Descrio dos corpos-de-prova ................................................................ 140
4.1.2.2 Mtodo de ensaio ...................................................................................... 141
4.1.2.3 Resultados ................................................................................................. 141
4.1.2.4 Discusses ................................................................................................ 145
4.2 Simulaes numricas .......................................................................................... 148
4.2.1 Consideraes preliminares .......................................................................... 148
4.2.2 Gerao das malhas dos MODELOS 1 a 5 ................................................... 150
4.2.3 Simulador numrico ANSYS ....................................................................... 152
4.2.3.1 Elemento finito solid65 ............................................................................ 153
4.2.3.2 Elemento finito solid45 ............................................................................ 154
4.2.3.3 Elementos finitos conta173 e targe170 ..................................................... 155
4.2.4 Simulao dos corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores ................ 156
4.2.4.1 Discretizao dos modelos ....................................................................... 158
4.2.4.2 Relaes constitutivas admitidas para os materiais .................................. 161
A Concreto ............................................................................................. 161
B Ao ..................................................................................................... 162
C Madeira .............................................................................................. 163
4.2.4.3 Elementos de contato ................................................................................ 166
4.2.4.4 Condies de contorno, vinculaes e aplicao dos carregamentos ....... 168
4.2.4.5 Resultados da anlise numrica ................................................................ 169
A MODELO 1 ....................................................................................... 171
B MODELO 2 ....................................................................................... 172
C MODELO 3 ....................................................................................... 173
D MODELO 4 ....................................................................................... 174
E MODELO 5 ........................................................................................ 175
4.2.5 Discusso dos resultados da anlise numrica .............................................. 176
4.3 Confrontaes entre os resultados experimentais e numricos ............................ 179

5 ESTUDO DAS VIGAS MISTAS DE MLC-CONCRETO .................................. 185
5.1 Avaliaes experimentais ..................................................................................... 186
5.1.1 Vigas de MLC ............................................................................................... 186
5.1.1.1 Confeco ................................................................................................. 186
5.1.1.2 Mtodo de ensaio e resultados .................................................................. 188
5.1.2 Vigas de MLC reforadas com fibras de vidro ............................................. 195
5.1.2.1 Aplicao do reforo ................................................................................ 195
5.1.2.2 Mtodo de ensaio e resultados .................................................................. 196
5.1.3 Vigas mistas de MLC-concreto, com e sem reforos com fibras de vidro ... 204
5.1.3.1 Confeco ................................................................................................. 204

xxxi
5.1.3.2 Mtodo de ensaio ...................................................................................... 209
5.1.3.3 Resultados e discusses ............................................................................ 212
5.1.3.4 Anlises referentes s vigas V1 e V2 ....................................................... 216
5.1.3.5 Anlises referentes s vigas V4 e V6 ....................................................... 222
5.2 Simulaes numricas .......................................................................................... 228
5.2.1 Consideraes preliminares .......................................................................... 228
5.2.2 Simulador numrico SAP2000 ..................................................................... 230
5.2.3 Simulao das vigas mistas de MLC-concreto ............................................. 232
5.2.3.1 Discretizao dos modelos ....................................................................... 232
5.2.3.2 Propriedades admitidas para os materiais ................................................. 234
A Concreto ............................................................................................. 234
B Madeira ............................................................................................... 235
C Fibras de vidro (GFRP) ...................................................................... 236
5.2.3.3 Elementos de contato ................................................................................ 237
5.2.3.4 Condies de aplicao dos carregamentos ............................................. 238
5.2.3.5 Resultados da anlise numrica ................................................................ 239
A Viga mista sem reforo de fibras de vidro VM .............................. 240
B Viga mista com reforo de fibras de vidro VMR ........................... 241
5.2.4 Discusso dos resultados da anlise numrica .............................................. 242
5.3 Confrontaes entre os resultados experimentais e numricos ............................ 244
5.4 Discusses complementares ................................................................................. 247

6 DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS MISTAS DE MLC-CONCRETO
REFORADAS COM FIBRAS DE VIDRO ........................................................ 253
6.1 Consideraes preliminares .................................................................................. 253
6.2 Hipteses de clculo ............................................................................................. 254
6.3 Modelo de dimensionamento ............................................................................... 255
6.3.1 Avaliao das dimenses da seo transversal ............................................. 256
6.3.2 Estabelecimento das propriedades mecnicas dos materiais ........................ 258
6.3.3 Homogeneizao da viga de MLC reforada com fibras de vidro ............... 259
6.3.4 Determinao dos valores de projeto das resistncias e flecha limite .......... 260
6.3.5 Determinao dos valores de projeto das solicitaes .................................. 262
6.3.6 Verificaes .................................................................................................. 264
6.4 Recomendaes construtivas ............................................................................... 268

7 CONCLUSES ....................................................................................................... 271
7.1 Recomendaes para futuros trabalhos ................................................................ 274

REFERNCIAS ............................................................................................................. 276

xxxii

APNDICE A Caracterizao do Lyptus .................................................................. 288
APNDICE B Caracterizao dos concretos ........................................................... 296
APNDICE C Classificao esttica e dinmica do Lyptus .................................... 306
APNDICE D Parmetros da MLC ......................................................................... 309
APNDICE E Composio das vigas de MLC ........................................................ 312
APNDICE F Mapeamento das emendas nas vigas de MLC ................................ 314
APNDICE G Modo de ruptura das vigas ............................................................... 317






















Cap. 1 Introduo 1
1 INTRODUO




Nas ltimas dcadas, os produtos estruturais derivados de madeira tal como a
madeira laminada colada (MLC) tm propiciado novos campos de aplicao para a madeira,
uma vez que apresentam padres compatveis com as modernas exigncias das construes. A
reduo progressiva dos estoques de madeira e a necessidade de racionalizao do seu uso
incentivam o desenvolvimento de novas solues estruturais que, preservando no produto
final a beleza do material original, permitam aumentar o seu desempenho e,
conseqentemente, reduzir o seu consumo.
Embora seja um dos mais antigos produtos resultantes da colagem de lminas, a MLC
ainda no um material plenamente justificvel para o emprego nas construes brasileiras,
resultado da pequena tradio no seu uso, elevado custo de adesivos e reduzido nmero de
empresas envolvidas em sua fabricao. Em contraposio, suas vantagens em relao
madeira serrada so relevantes, especialmente quanto possibilidade de se produzir peas
praticamente sem limitaes dimensionais, com aumentos de resistncia e rigidez.
Para se obter uma maior resistncia flexo, desejvel em situaes de grandes vos
ou de elevadas solicitaes, uma das solues pressupe a adoo de reforo com fibras na
face tracionada das peas, a qual se discute na parte preliminar deste trabalho.
No entanto, o baixo mdulo de elasticidade longitudinal da madeira, quando
comparado a outros materiais estruturais, faz com que as deformaes sejam fatores limitantes
no projeto das vigas de MLC. Alm do mais, o emprego de fibras sintticas, como reforo,
Cap. 1 Introduo 2
no resolve plenamente os problemas de deformabilidade das vigas de MLC, j que os
acrscimos conferidos sua rigidez so modestos.
Assim, para assegurar um melhor desempenho flexo, alm de outras vantagens,
prope-se nesta pesquisa a associao entre o concreto armado e a MLC reforada com fibras
sintticas, na forma de compsitos conhecidos como estruturas mistas. O estudo enfoca,
particularmente, as vigas mistas com seo transversal em T, cuja alma de MLC reforada
com fibras de vidro e a mesa de concreto armado, nas quais se utilizam conectores metlicos
como elementos de ligao entre os materiais.
Em Weaver (2002) descreve-se uma pesquisa, realizada nos Estados Unidos da
Amrica, em que foi avaliada a aplicao de vigas de MLC reforadas com fibras de vidro
associadas com um tabuleiro de concreto armado, a qual serviu de motivao para a
realizao desta pesquisa. Os resultados obtidos por esse autor apontam para uma promissora
aplicabilidade dessa associao de materiais ao projeto de pontes, especialmente por amenizar
as limitaes dimensionais impostas pela madeira serrada ou pelos rolios. Comprovada a
eficincia desta tcnica, ampliam-se as possibilidades de uso das estruturas de madeira.


1.1 Justificativa

Em tempos de aquecimento global e sob os prenncios de seus efeitos catastrficos,
constantemente propalados pelos meios de comunicao, h que se buscar proposies que
garantam o desenvolvimento sustentvel. Por ser um excelente fixador de carbono, alm de
ser verdadeiramente renovvel e reaproveitvel, a madeira rene os requisitos fundamentais
para atenuar os impactos ambientais causados pelas construes.
Cap. 1 Introduo 3
O potencial madeireiro do Brasil destaque em todo o mundo. As extensas reas de
florestas tropicais, somadas s reas de reflorestamento, sugerem que esse recurso seja
explorado adequadamente. Diante desse contexto, a madeira laminada colada se revela como
uma alternativa profcua, pois espcies de baixa densidade e at mesmo as peas de qualidade
estrutural inferior podem ser utilizadas na sua produo, reduzindo, assim, a demanda por
madeira de elevada qualidade.
Por conseguinte, o conhecimento das propriedades que regem o comportamento da
MLC condio essencial para a sua correta indicao em projetos, bem como para a
produo de peas com a qualidade requerida.
Como conseqncia da liberdade dimensional oferecida pela MLC, especialmente em
termos de comprimento, uma opo interessante para os tabuleiros de pontes ou de pisos de
edifcios a utilizao de estruturas mistas de madeira-concreto. Nesse caso, as vigas de MLC
servem de apoio para a laje de concreto armado que, por sua vez, atua como uma espcie de
cobertura para a madeira. Com essa tcnica pode-se alcanar, no caso de pontes, uma vida til
muito maior quando comparadas com as pontes de tabuleiro de madeira.
Estruturalmente essa associao tambm muito conveniente, oferecendo as
vantagens de aumento na rigidez do compsito, reduo dos problemas com vibraes,
diminuio do peso prprio da estrutura, dentre outras.
Todavia, as grandes solicitaes que ocorrem em vigas de pontes, ou mesmo em
outros tipos de edificaes, sugerem a necessidade de utilizao de recursos suplementares,
que melhorem a capacidade de resistncia das vigas de MLC no sistema misto. Diante disso, a
aplicao de reforos com fibras, na regio tracionada dessas vigas, uma possibilidade
concreta. Porm, o desenvolvimento pleno dessa tecnologia limitado pelo desconhecimento,
por parte dos projetistas, do comportamento estrutural desse sistema.
Cap. 1 Introduo 4
Com base nos estudos e informaes de desempenho demonstradas pelo compsito,
sobretudo em modelos com dimenses estruturais, na forma de vigas de seo transversal em
T com mesa de concreto armado e alma de MLC reforada com fibras de vidro, possvel
propor o uso desse sistema estrutural para as construes referidas.
O reforo de vigas de madeira com fibras uma das linhas de pesquisa em
desenvolvimento no Laboratrio de Madeiras e de Estruturas de Madeira, da Escola de
Engenharia de So Carlos da Universidade de So Paulo. Assim, esse estudo continuidade
dessa linha de pesquisa.


1.2 Objetivos

Constituem-se em objetivos gerais deste trabalho:
Estudar o sistema de ligao entre a mesa de concreto e a alma de MLC, por meio
de avaliaes experimentais e numricas de diferentes tipos de conexo.
Avaliar experimentalmente e numericamente as vigas mistas de MLC-concreto
reforadas com fibras de vidro, a partir de modelos com dimenses estruturais.
Propor um mtodo de dimensionamento para as vigas de seo transversal em T
com mesa de concreto armado e alma de MLC reforada com fibras de vidro.

Para tanto, considera-se que foram plenamente atendidos os seguintes objetivos
especficos:
Avaliao experimental de dois tipos de conectores que podem ser usados na
ligao entre a mesa e a alma da viga, com a conseqente determinao dos seus
mdulos de deslizamento e foras de ruptura.
Cap. 1 Introduo 5
Realizao de simulaes numricas dos sistemas de conexo, a partir da
utilizao de programa baseado no Mtodo dos Elementos Finitos (MEF), com a
considerao das no-linearidades intrnsecas do sistema misto.
Modelagem das vigas mistas de MLC-concreto, com e sem o reforo de fibras de
vidro, por meio de programa baseado no MEF, de modo a alcanar resultados
compatveis com os valores experimentais.
A partir de modelos com dimenses estruturais, proceder a avaliao do
comportamento das vigas mistas de MLC-concreto com reforo de fibras de vidro,
com a conseqente determinao de suas rigidezes efetivas e mdulos de ruptura.
Estabelecimento de um modelo capaz de estimar, com segurana e objetividade, o
comportamento estrutural do sistema misto.


1.3 Contribuies esperadas

Inicialmente, aps a fundamentao terica proporcionada pela reviso bibliogrfica,
buscou-se avaliar a aplicabilidade de madeiras provenientes de florestas plantadas a este
projeto. A caracterizao completa do Lyptus revelou caractersticas fsicas e mecnicas
desconhecidas, at ento, por falta de publicaes que permitiram a sua seleo como
material para a produo das vigas de MLC.
Pretendeu-se obter, numa segunda etapa desta pesquisa, os parmetros de resistncia e
de rigidez dos sistemas de ligao das estruturas mistas de MLC-concreto, particularmente
constitudos por ganchos de ao com configurao diferenciada e fixados formando-se um
ngulo de 45 em relao s fibras da madeira e chapas de ao perfuradas. Ao mesmo
tempo, almejou-se o estabelecimento de configuraes para os corpos-de-prova que pudessem
Cap. 1 Introduo 6
se tornar padro para esse tipo de ensaio, servindo de modelo para futuras avaliaes de
outros tipos de conectores.
Numa fase seguinte foram construdos modelos numricos, baseados no MEF, tanto
para os corpos-de-prova mistos de MLC-concreto como para as vigas mistas de MLC-
concreto com reforo de fibras de vidro, que proporcionaram alternativas para a avaliao
desses sistemas, bem como a compreenso de seus comportamentos em termos de distribuio
de tenses e deformaes, sob a ao de carregamentos estticos.
Finalmente, pretendeu-se atingir a sistematizao de um algoritmo para o
dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto com reforo de fibras de vidro,
oferecendo segurana e objetividade. Esse modelo decorre de intervenes em especificaes
normativas, mas, sobretudo, ampara-se nas investigaes experimentais de modelos com
dimenses estruturais e nos resultados alcanados pelas simulaes numricas.
Espera-se, com a sua concluso, o estabelecimento de uma referncia tcnica para a
produo e o dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto com reforo de fibras de
vidro.


1.4 Organizao da tese

Para cumprir os seus propsitos, esta tese est organizada da seguinte maneira:
No Cap. 2 apresentada a reviso bibliogrfica, buscando-se a fundamentao do
tema desde a produo da MLC at o estado-da-arte da associao das vigas de
MLC reforadas com fibras de vidro com mesa de concreto armado. Tambm se
apresentam os modelos de clculo das estruturas mistas de madeira-concreto, os
quais serviram de alicerce para a proposta desta tese.
Cap. 1 Introduo 7
No Cap. 3 se expe a parte inicial do programa experimental, particularmente no
que concerne caracterizao dos materiais envolvidos na pesquisa, alm das
justificativas para a sua escolha.
No Cap. 4 apresenta-se um estudo dos sistemas de conexo, descrevendo-se, na
sua parte preliminar, os sistemas propostos e mtodos de ensaios. Numa etapa
seguinte, os sistemas de conexo so avaliados por meio de simulaes numricas
e, posteriormente, se confrontam os resultados experimentais e numricos.
No Cap. 5 se descreve o estudo das vigas mistas de MLC-concreto, com e sem
reforo de fibras de vidro. Inicialmente so apresentados os procedimentos para a
confeco dos modelos com dimenses estruturais e seus respectivos mtodos de
ensaios. Em seguida, esses mesmos modelos so avaliados por meio de
simulaes numricas, para serem confrontados os resultados.
No Cap. 6 se expe o algoritmo para o dimensionamento das vigas mistas de
MLC-concreto com reforos de fibras de vidro e, para comprovar a eficincia do
mtodo, so verificadas as vigas produzidas e ensaiadas.
Por fim, no Cap. 7 so abordadas as concluses do trabalho e recomendaes para
a sua continuidade.








Cap. 1 Introduo 8

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 9
2 REVISO BIBLIOGRFICA




Os conceitos indispensveis apresentao e desenvolvimento do tema desta pesquisa
so abordados neste captulo. Trata-se, inicialmente, das caractersticas e propriedades da
MLC, alm da possibilidade de seu reforo com fibras. Em seguida, discute-se a soluo que
contempla a associao da madeira com o concreto, na forma de estruturas mistas, e a
abordagem culmina com a proposta de associao de uma mesa de concreto armado com
vigas de MLC reforadas com fibras de vidro.
O desempenho das estruturas mistas de madeira-concreto depende diretamente da
rigidez do sistema de conexo. Desse modo, ao longo deste captulo so tambm classificados
os sistemas de conexo, expondo-se a sua influncia no dimensionamento dessas estruturas.
Por fim, apresentam-se os critrios para o clculo dos sistemas mistos compostos
pela associao de vigas de madeira serrada ou de MLC com uma mesa de concreto armado
que aparecem em documentos normativos internacionais ou em publicaes cientficas que
tratam de pesquisas correlatas.


2.1 Madeira laminada colada

A construo de um auditrio em Basel, Sua, em 1893, freqentemente citada
como a primeira utilizao da MLC. Devido patente obtida por Otto Karl Frederich Hertzer,
em Wiemar, Alemanha, essa tcnica de colagem de lminas ficou conhecida inicialmente
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 10
como Hertzer System. Naquela poca, boa parte das aplicaes da MLC ficou limitada s
condies de uso protegidas da umidade. Foi somente aps a Segunda Guerra Mundial, com o
desenvolvimento dos adesivos sintticos prova de gua, que a MLC ganhou espao tambm
nas estruturas sujeitas s intempries, especialmente em pontes e passarelas.
Nos Estados Unidos da Amrica, sua introduo ocorreu em um edifcio erguido em
1934, no Forest Products Laboratory, em Wisconsin. Pouco tempo depois, com o avano das
pesquisas que provaram a confiabilidade do material, vrias indstrias deram incio sua
produo e, em 1963, se reuniram para produzir a primeira norma norte-americana que
disciplinava o seu processo de fabricao. Durante os anos 90 desenvolveu-se o mercado
exportador e grandes quantidades de MLC foram exportadas para outros pases,
principalmente para o Japo.
Hoje, a escassez das madeiras nativas uma forte justificativa para o uso da MLC, o
que tambm tem incentivado o desenvolvimento de pesquisas e aplicaes de madeiras
reflorestadas principalmente dos gneros eucalipto e pinus para esse fim.

2.1.1 Definio

A madeira laminada colada um produto manufaturado e verstil, utilizada
principalmente para a produo de vigas, arcos e prticos, sendo um dos mais antigos dentre
aqueles que empregam a colagem de lminas. Consiste na colagem de duas ou mais lminas,
de modo que as fibras de todas as lminas sejam paralelas ao comprimento da pea estrutural
obtida, como mostra a Fig. 2.1.
um material feito a partir da seleo e disposio adequada de lminas cuja
espessura mxima recomendada no deve exceder a 50 mm podendo formar peas com as
mais variadas formas e dimenses, ajustando-se s exigncias do projeto.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 11

Figura 2.1 Pea de madeira laminada colada


Devido ao fato das lminas poderem ser emendadas ao longo do comprimento, pode-
se dizer que as dimenses das peas de MLC so limitadas apenas pela capacidade dos
processos de manufatura e dos sistemas de transporte, representando, assim, uma vantagem
extraordinria. Em Moody et al. (1999) afirma-se que praticamente todas as espcies de
madeira podem ser utilizadas em sua fabricao, contanto que as propriedades fsicas e
mecnicas sejam apropriadas e que aceitem adequadamente o processo de colagem.
A MLC tem, ainda, as seguintes vantagens em relao madeira serrada:
Possibilidade de obteno de uma grande variedade de formas e efeitos
arquitetnicos, alm de permitir a aplicao de contra-flechas.
Reduo de rachaduras e outros defeitos tpicos de peas com grandes dimenses,
em conseqncia da secagem inicial das lminas.
Disposio adequada das lminas de melhor qualidade na regio de maior
solicitao, racionalizando o uso da madeira e conservando os recursos florestais.
Maior resistncia e rigidez, decorrentes da disperso dos defeitos no volume da
pea, tornando-a mais homognea.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 12
Por outro lado, as vantagens da MLC so amenizadas por certos fatores que no se
observam na produo da madeira serrada. A transformao da madeira em lminas, sua
secagem, colagem e acabamentos finais resultam em um produto cujo custo final supera o da
madeira serrada. Ademais, sua produo exige equipamentos especiais, adesivos e mo-de-
obra especializada, alm de requerer um controle cuidadoso de todas as fases do processo
produtivo para assegurar a alta qualidade do produto acabado.
Em Falk e Colling (1995) ressaltado que a colagem das lminas resulta em vigas de
MLC com maior resistncia do que as lminas avaliadas individualmente. Quando coladas em
uma viga de MLC, os ns e outras regies de baixa rigidez das lminas so reforados pelas
lminas adjacentes, em pelo menos um lado, fornecendo caminhos alternativos para as
tenses flurem em torno dos defeitos. Quando combinado com o efeito da disperso, esse
fenmeno denominado de efeito de laminao.
Segundo Rouger (1995), o efeito da laminao que aumenta a resistncia da MLC
provavelmente tambm o responsvel pela menor influncia das dimenses da pea no
efeito de volume. Esse efeito se traduz como um acrscimo de resistncia com a diminuio
da altura da pea, no caso da flexo e da trao paralela s fibras, considerando-se uma altura
de referncia de 600 mm para as peas de MLC, segundo o EUROCODE 5 (2004).
Em Mantilla Carrasco (1989) foram apresentados diversos trabalhos referentes
MLC. O autor estudou, por meio de investigao experimental, a resistncia, a elasticidade e a
distribuio de tenses em vigas retas de MLC.





Cap. 2 Reviso bibliogrfica 13
2.1.2 Fabricao da MLC

Resumidamente, o processo de fabricao da MLC pode ser apresentado em quatro
diferentes etapas, a saber: (a) secagem e classificao das lminas; (b) execuo das emendas;
(c) colagem das lminas; e (d) acabamentos finais.
Na primeira etapa, as lminas passam por um processo de secagem que normalmente
feita em estufa para aliviar as modificaes dimensionais do produto acabado, assim como
para se beneficiar do acrscimo nas propriedades estruturais da madeira com menor teor de
umidade. De acordo com a ANSI/AITC A190.1 (1992), o teor de umidade mximo permitido
de 16%, para a maior parte das aplicaes. Em seguida as lminas passam pela classificao
mecnica, geralmente feita pelo processo MSR (Machine Stress Rated), e posteriormente pela
classificao visual, conforme os requisitos das normas especficas.
Para atender s limitaes de comprimento das lminas e, assim, fabricar peas de
MLC com comprimentos alm daqueles disponveis na madeira serrada com dimenses
comerciais, as lminas devem ter suas extremidades unidas, consistindo na segunda etapa do
processo produtivo.
Freqentemente utilizada, a emenda dentada ou fingerjoint, mostrada na Fig. 2.2, tem
dentes com aproximadamente 28 mm de comprimento. Outras configuraes so tambm
aceitveis, contanto que alcancem as exigncias de resistncia e durabilidade requeridas. Se
apropriadamente produzidas, as emendas dentadas devem ter o potencial de alcanar pelo
menos 75% da resistncia da madeira sem defeitos. Todavia, necessrio um controle
rigoroso de cada estgio do processo de unio das lminas determinao da qualidade da
madeira, execuo da junta, aplicao do adesivo, unio, aplicao de presso e cura para
resultar em alto desempenho.

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 14

Figura 2.2 Emenda dentada


Para garantir a qualidade das peas, as emendas de lminas adjacentes devem ter
espaamento, segundo Szcs et al. (2006), obedecendo seguinte distribuio:
Nas lminas mais externas, ou seja, aquelas que se encontram na quarta parte
externa da altura da seo transversal da pea, as emendas de lminas vizinhas
devem ter espaamento mnimo igual a 20 vezes a espessura da lmina.
Na metade central da pea, o espaamento entre emendas de lminas vizinhas
deve ser de no mnimo 12 vezes a espessura da lmina.
Num comprimento de 305 mm, o nmero de emendas no deve ser superior ao
nmero total de lminas dividido por quatro.

Hernandez
1
(2002 apud FIORELLI, 2005) recomenda, para emendas efetuadas numa
mesma lmina, um espaamento superior a 1.800 mm e um espaamento mnimo de 150 mm
em lminas adjacentes. Por outro lado, a NBR 7190 (1997) estabelece o espaamento mnimo
entre emendas adjacentes igual a t 25 ou a altura da pea, sendo t a espessura da lmina.
A conveniente disposio das lminas ao longo da altura das peas, bem como a
posterior colagem, constitui a terceira etapa do processo. Porm, para disp-las

1
HERNANDEZ, R. Comunicao pessoal. So Carlos, Brasil, 2002. LaMEM, Escola de Engenharia de So
Carlos, Universidade de So Paulo.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 15
adequadamente, as lminas precisam ter suas propriedades mecnicas anteriormente
avaliadas. Alm disso, antes da colagem as lminas devero ser aplainadas, para se obter
superfcies limpas, paralelas e capazes de serem coladas com a presso aplicada
equilibradamente.
Aps a aplicao do adesivo, as lminas so montadas de acordo com o projeto de
fabricao, para a posterior prensagem. O mtodo mais usual de aplicao de presso por
meio de braadeiras que so acionadas por sistemas mecnicos ou hidrulicos. A pea de
MLC fica sob presso at a ao do adesivo, que vai de 6 a 24 horas. Existem processos de
colagem em que a cura se d por rdio-freqncia, capazes de encurtar o tempo de colagem
para apenas alguns minutos.
Na ltima etapa, as peas de MLC tm suas faces aplainadas para remover o excesso
de adesivo que escorre durante a prensagem e tambm para remover qualquer irregularidade
entre os lados das lminas adjacentes. Em seguida, so feitos os cortes finais, so executados
os furos necessrios para a ligao, so adicionados conectores e aplicados os acabamentos
finais, quando especificados em projeto.
Em sntese, os principais requisitos para a produo de MLC so:
A madeira deve ter densidade entre 0,40 g/cm e 0,75 g/cm.
No utilizar, na constituio do mesmo elemento estrutural, madeiras com
coeficientes de retrao muito diferentes nas direes radial e tangencial.
O teor de umidade das lminas deve situar-se entre 7% e 14%. Em Moody et al.
(1999) afirma-se que a mxima diferena no teor de umidade deve ser de 5%,
entre lminas adjacentes, para reduzir os efeitos das variaes dimensionais aps a
fabricao.
As lminas devem ser tratadas sob presso, antes da colagem, utilizando-se algum
dos produtos preservativos recomendados para a classe de risco que a pea ser
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 16
submetida e para que seja atingido, tambm, o padro de acabamento especificado
no projeto.

Ainda, conforme a ASTM D 3737 (1996):
A espessura mxima das lminas deve ser de 5 cm 0,03 cm.
As lminas devem ser classificadas visualmente e mecanicamente.


2.1.3 Adesivos

Para a confeco das peas de MLC, a escolha do adesivo adequado determinada,
principalmente, pelas condies do meio em que a estrutura estar inserida, ou seja,
temperatura e teor de umidade. No texto da NBR 7190 (1997) encontra-se apenas a
recomendao de que o adesivo deve ser prova de gua.
Freqentemente usado o adesivo fenol-resorcinol-formaldedo (PRF), o qual
encontrado com a designao comercial de Cascophen, produzido pela Hexion Specialty
Chemicals. Recentes pesquisas demonstram a possibilidade de emprego de adesivos
poliuretanos, dentre os quais possvel destacar o Purbond HB530, monocomponente,
fabricando pela Purbond. Outro tipo de adesivo que merece citao o melamina-uria-
formaldedo (MUF), bicomponente, que traz como vantagens um menor tempo de cura e
resulta em uma linha de cola transparente aps a catalisao, cujo lder mundial na sua
produo a Casco Adhesives.
No grupo dos adesivos poliuretanos encontra-se tambm o adesivo desenvolvido pelo
Instituto de Qumica de So Carlos da Universidade de So Paulo, produzido a partir de leo
de mamona e que demonstra um forte potencial para produo de MLC. Em Azambuja (2006)
foi constatado que o comportamento desse adesivo foi aceitvel quando comparado ao
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 17
Cascophen, principalmente para o eucalipto. Tambm se mostrou adequado na avaliao do
desempenho mecnico, em diferentes condies de umidade.


2.2 Estruturas de madeira reforada com fibras

2.2.1 Fibras naturais

Reforar materiais de construo, com fibras naturais, uma tcnica que vm sendo
aplicada desde a Antigidade. Em 800 a.C. os israelitas usaram a palha como reforo na
produo de tijolos. Sua importncia indiscutvel se consideradas as suas vantagens:
abundncia, biodegradabilidade e baixo custo, quando comparadas com as fibras sintticas.
Em Carvalho (2005) expe-se a investigao realizada, recentemente, sobre a
aplicabilidade das fibras de sisal como reforo das estruturas de madeira, encontrando-se
resultados promissores. Nesse trabalho foram utilizados os tecidos de sisal, impregnados com
resinas polimricas, como matria-prima para a reabilitao estrutural. Estudando esses
compsitos de sisal-epxi, o autor observou que os corpos-de-prova com reforo
apresentaram um aumento mdio de rigidez de 14,2%, quando solicitados flexo. H, ainda,
outras fibras naturais que podem ser utilizadas como reforos, tais como a juta, o coco e o
algodo.

2.2.2 Fibras sintticas

No incio da dcada de 30, as fibras curtas de vidro j foram utilizadas como reforo
em cimento, nos Estados Unidos da Amrica. De acordo com Tang (1997), aps a Segunda
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 18
Guerra Mundial, os produtores norte-americanos comearam a utilizar fibra de vidro e resina
polister na produo de cascos de embarcaes. Nos anos 50, foi a vez da indstria
automotiva introduzir os materiais reforados com fibras em seu processo produtivo,
preliminarmente no corpo dos veculos, devido ao seu baixo peso e elevada resistncia
mecnica e corroso. A primeira aplicao das fibras sintticas na engenharia civil foi na
construo de uma cpula, em 1968, em Benghazi, Lbia.
Atualmente, embora sejam marcantes as conquistas relativas ao alvio das
deterioraes provocadas pela corroso em pontes de ao ou de concreto armado, h ainda a
necessidade de se avaliar novas tecnologias para as estruturas do sculo XXI, segundo Tang e
Podolny Jr (1998). Uma soluo proposta, e que vem sendo investigada, consiste no uso de
materiais de alta performance e no-metlicos, os quais esto em desenvolvimento desde o
incio da dcada de 40 e so chamados de polmeros reforados com fibras, designados pela
sigla FRP (Fiber Reinforced Polymer).
Esses polmeros reforados com fibras so materiais versteis, consistindo de: (1)
fibras sintticas, incluindo vidro, carbono (ou grafite) e aramida (nome comercial Kevlar7),
em diferentes formas, que so responsveis pela resistncia do compsito; (2) uma matriz
polimrica, a qual serve para manter unidas as fibras, transferir foras para as fibras e proteg-
las contra os efeitos ambientais. As resinas polister, vinlicas e epoxdicas so as comumente
empregadas na composio dos FRPs. Na Tab. 2.1 encontram-se relacionadas as principais
caractersticas dos tecidos de fibras.
O vocbulo compsito, anteriormente citado, definido pela ASTM D 3878 (2004)
como uma substncia que consiste de dois ou mais materiais, insolveis uns nos outros, os
quais so combinados para formar um material elaborado e que possuem certas propriedades
no encontradas em seus constituintes isoladamente.

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 19
Tabela 2.1 Caractersticas dos tecidos de fibras a 20C. Fonte: Fiorelli (2002)
Caractersticas
Fibras
Resistncia trao
(MPa)
Mdulo de
elasticidade
(GPa)
Densidade
(g/cm)
Fibra de vidro 900 76 2,55
Orgnica (Kevlar) 1.500 125 1,44
Fibra de carbono 2.200 160-300 1,75


No mbito da aplicabilidade dos FRPs, ressalta-se que a primeira passarela a empregar
esses compsitos foi construda pelos israelenses, em 1975. Desde ento, outras tm sido
construdas na sia, Europa e Amrica do Norte. Embora esses compsitos apresentem
algumas vantagens expressivas, a preocupao principal com a sua utilizao est relacionada
com a sua durabilidade a longo prazo, uma vez que no se dispe de suficientes dados de
comportamento histrico desses materiais, aplicados em pontes e demais estruturas. A
facilidade de fabricao, manuseio e iamento so algumas vantagens do uso desses
compsitos como peas estruturais. Algumas das suas desvantagens, especialmente em
pontes, so: o alto custo inicial, a fluncia e a retrao. Por causa do uso de sees
transversais esbeltas, h tambm uma preocupao com a flambagem local e global.
As propriedades mecnicas dos materiais reforados com fibras dependem do tipo de
fibra agregada, bem como da sua orientao e arquitetura. Pode-se dizer que esses compsitos
so materiais anisotrpicos e suas relaes tenso-deformao so lineares at o ponto de
ruptura. Eles tm um comportamento viscoelstico, que imposto pela resposta da resina
polimrica s foras aplicadas. Embora o material viscoelstico apresente fluncia e
relaxamento, sob um carregamento de longa durao, ele pode ser projetado para ter um
desempenho satisfatrio. De forma geral, pode-se dizer que esses compsitos tm excelentes
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 20
qualidades, tais como a alta resistncia mecnica, dureza, resistncia fadiga e baixo peso,
alm de alta resistncia a: elevadas temperaturas, abraso, corroso e ataques qumicos.
Em Battles et al. (2000) so descritos os ensaios realizados com o intuito de investigar
a durabilidade dos polmeros reforados com fibras de vidro. Os corpos-de-prova foram
submetidos a condies ambientais que incluam 3.000 horas de exposio umidade, gua
salgada e carbonato de clcio; posteriormente foram submetidos a variaes de temperatura.
Foi observado que a exposio a essas condies afeta os FRPs compostos por fibras de vidro
e matriz fenlica. Todavia, o material ainda manteve mais de 80% das suas propriedades
mecnicas.
Amplamente se reconhece que, para os FRPs serem usados na construo de
estruturas, necessrio um procedimento uniforme para a sua especificao. Em Bank et al.
(2003) se expe um modelo de especificao para materiais compsitos com FRPs,
considerando o uso em sistemas estruturais de engenharia civil. O modelo de especificao
fornece um sistema de classificao para os FRPs, descreve os materiais constituintes
admissveis e os ensaios para a determinao das suas propriedades fsicas e mecnicas, alm
de especificar limites mnimos de valores para determinadas propriedades.


2.2.3 Madeira reforada com fibras sintticas

Muitas tentativas para reforar elementos de madeira so relatadas na literatura. Uma
idia preliminar de reforo da madeira consiste na adoo de placas de ao ou alumnio,
convenientemente posicionadas. Encontram-se citaes, desde a dcada de 60, de tentativas
de reforo de vigas de madeira laminada com tiras de alumnio e de reforo de sees de
madeira por meio de colagem de capa de alumnio nas faces externas das vigas. Placas de ao
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 21
foram colocadas entre as lminas de MLC, tanto verticalmente quanto horizontalmente, com o
mesmo propsito. Um outro mtodo de se obter reforo para a madeira por meio do uso do
ao protendido. Porm, a principal desvantagem dos vrios mtodos de reforo envolvendo
placas de metal o alto risco de corroso do reforo, particularmente quando usados em
construes expostas s intempries.
Fibras sintticas tambm podem ser utilizadas como reforo de madeiras. Combinar
dois materiais com propriedades fsicas e mecnicas compatveis e complementares pode
revolucionar as tcnicas construtivas, segundo Dagher (2000). No sculo XIX, a adio do
ao como reforo para o concreto mudou significativamente a construo de pontes e edifcios
em todo o mundo. No incio do sculo XXI, muitos dos fatores que contriburam para o
sucesso do concreto armado so encontrados na madeira reforada com fibras. Peas de
madeira de qualidade inferior tm alta resistncia compresso e baixo custo; os FRPs tm
alta resistncia trao, o que compensa a baixa resistncia trao de madeira de qualidade
inferior; alm disso, os FRPs so materiais muito flexveis, podendo ser elaborados para
assegurar compatibilidade com as propriedades da madeira.
Em Triantafillou e Deskovic (1992) assegura-se que os reforos nas estruturas de
madeira, aliado aos mtodos de projeto mais confiveis, permitem que formas
contemporneas e avanadas de grandes estruturas (pontes de grandes vos, por exemplo)
sejam pelo menos to confiveis e economicamente competitivas como aquelas construdas a
partir de outros materiais, tais como concreto armado, ao e plsticos.
Ressalta-se, ainda, a reduo no consumo de madeira. Estudos indicam uma
diminuio de 30% a 40% no volume de madeira quando se utiliza a MLC reforada com
fibras, de acordo com Dagher (1999).
Embora apresentem muitas vantagens em relao madeira serrada, as vigas de MLC
tambm podem ter suas propriedades melhoradas com a colagem de reforos nas suas regies
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 22
tracionadas, como ilustra a Fig. 2.3. Essa associao rene as vantagens da madeira alto
desempenho com um custo relativamente baixo e excelente relao entre resistncia e
densidade com as vantagens das fibras, tais como alta resistncia e rigidez, alm de
versatilidade, segundo Dagher (2000).


Figura 2.3 Seo transversal de viga de MLC reforada com fibras de vidro


O elevado custo e a diminuio da disponibilidade de lminas de madeira de elevada
qualidade, para a fabricao de MLC, suscitam o desenvolvimento de tecnologias que
contemplam o uso dos FRPs, como se afirma em Davids et al. (2005). Vigas de MLC
reforadas com FRP so economicamente equivalentes s vigas de MLC convencionais, pois
usam uma quantidade menor de madeira e as lminas tracionadas no precisam ser de
qualidade excepcional para se alcanar a mesma eficincia na flexo. Na fixao das fibras
madeira, geralmente se emprega o adesivo epxi.
De acordo com Lindyberg (2001), o impacto da diminuio da resistncia, devido aos
defeitos na face tracionada das vigas de MLC, diminui com a adio adequada dos FRPs. Por
Fibras de vidro
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 23
essa razo, o efeito de volume que reduz a tenso admissvel flexo das vigas de MLC
pode ser reduzido ou, possivelmente, at eliminado.
Os compsitos de madeira, segundo Dagher (2000), tero um significante impacto no
modo de como a madeira ser usada no sculo XXI e as razes para se combinar madeira e
fibras so:
1. Aumento da resistncia e rigidez.
2. Aumento da ductilidade, a qual fornece um mecanismo de ruptura seguro.
3. Melhoria das caractersticas de deformao lenta.
4. Reduo da disperso dos resultados das propriedades mecnicas, o que permite
utilizar valores superiores nos projetos.
5. Reduo do efeito de volume nas vigas de MLC.
6. Utilizao de madeira de qualidade inferior.
7. Melhoria na eficincia estrutural e reduo das dimenses e pesos dos elementos
estruturais.
8. Reduo de custos.
9. Reduo das presses no suprimento de madeira.

Esse mesmo autor afirma, ainda, que os compsitos de madeira com fibras podem ser
bem sucedidos porque:
As propriedades fsicas, mecnicas e qumicas dos FRPs so muito versteis. As
fibras podem ser elaboradas para tornarem-se similares e complementarem as
propriedades ortotrpicas da madeira. Conseqentemente, alivia-se o problema de
incompatibilidade entre a madeira e as fibras.
Os polmeros reforados com fibras podem ser prontamente incorporados nos
processos de fabricao da MLC.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 24
Quatro pontes e dois peres, executados nos Estados Unidos da Amrica com o
emprego da madeira reforada com fibras de vidro, so descritos em Dagher et al. (2002). Os
autores relatam que estudos prvios realizados na Universidade de Maine tm demonstrado
que as fibras de vidro, aplicadas como reforo na regio tracionada uma razo de 2% a 3%,
podem aumentar a resistncia flexo de vigas de MLC em mais de 100% e a rigidez em
10% a 15%. A razo do reforo definida pela rea da seo transversal das fibras dividida
pela rea da seo transversal de madeira acima das fibras.
Ainda, conforme esses mesmos autores, essa tecnologia tem apresentado custo
interessante na construo de superestruturas de pontes, quando comparada s construes
similares de concreto armado, para alguns vos. Experincias, at agora, tm demonstrado
que os compsitos de madeira reforada com fibras so possveis, durveis e demonstram
uma relao custo-benefcio interessante em determinadas aplicaes, desde que projetados
apropriadamente.
Em Triantafillou e Deskovic (1992) se prope um mtodo de reforo que consiste na
colagem, por meio de adesivo epxi, de folhas de fibras reforadas com polmeros e
protendidas. A tcnica combina as vantagens oferecidas pelos materiais compsitos, tal como
a resistncia corroso, baixo peso e neutralidade eletromagntica, com a alta eficincia da
protenso externa. Esse procedimento mostra-se adequado para uso tanto em reparos de
estruturas existentes como tambm em novas construes.
Uma caracterstica que merece ser ressaltada, relativamente ao reforo de vigas de
madeira com fibras, quanto ao tipo de ruptura. O reforo faz com que haja uma grande
plastificao da regio comprimida da viga, causando grandes deslocamentos verticais na fase
de ruptura. Sabe-se que a ruptura flexo de uma viga de madeira tipicamente frgil.
Todavia, quando apropriadamente reforada com fibras no lado tracionado, observou-se um
comportamento dctil, conforme Dagher (2000).
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 25
Em Dagher (1999) relatada a avaliao do uso de reforo com lminas de fibras de
carbono espessura 1,5 mm em vigas de MLC. Observou-se que a viga, sem nenhum
reforo, apresentou no incio uma deformao lenta e rompeu-se de modo frgil. Por outro
lado, a ruptura frgil no ocorreu nas vigas reforadas, que sofreram deformaes gradativas
ao longo do tempo e, assim, comprovando a eficincia do reforo com fibras.
A utilizao de fibras como reforo de peas estruturais vem sendo estudada no
Laboratrio de Madeiras e de Estruturas de Madeiras (LaMEM), da Escola de Engenharia de
So Carlos da Universidade de So Paulo. Em Fiorelli (2002) exposto o trabalho de
investigao do comportamento das vigas macias de madeira reforadas com fibras de vidro
e com fibras de carbono, fixadas com resina epxi. Em seguida, esse mesmo autor estudou as
vigas de MLC reforadas com fibras de vidro, encontrando em ambos os casos resultados
satisfatrios quanto ao aumento de resistncia das vigas ensaiadas.
Segundo Fiorelli (2005), a porcentagem mxima de fibras que deve ser utilizada em
reforo de vigas de MLC de 3,3%, pois a partir desse limite o aumento de resistncia e
rigidez no significativo.
Assim sendo, o emprego dos FRPs para reforo de elementos estruturais de madeira
uma alternativa promissora, pois trata-se de um material resistente corroso, que
proporciona um pequeno aumento do peso prprio e aumenta a confiabilidade em relao ao
modo de ruptura.

2.2.3.1 Efeito da fadiga

A adio de reforo nas vigas de MLC permite acrscimos em sua resistncia quando
solicitadas flexo e, conseqentemente, implica em dizer que essas vigas podem ser
submetidas a maiores carregamentos e tenses. Esses acrscimos nas tenses de servio se
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 26
constituem em preocupao no caso de pontes, que devem resistir aos efeitos da fadiga
provocada por milhes de ciclos de carregamento.
Poucos estudos foram conduzidos para se quantificar os efeitos da fadiga em vigas de
madeira serrada e de MLC. Estudos realizados por Hansen
1
(1991 apud DAVIDS et al., 2005)
demonstram que as propriedades da madeira submetida fadiga so influenciadas pelos
fatores: espcie de madeira, forma e dimenses do corpo-de-prova, teor de umidade, tipo de
solicitao (flexo, trao ou compresso) e a freqncia de aplicao do carregamento.
Em Davids at al. (2005) relata-se que, no programa experimental realizado, foram
ensaiadas nove vigas de MLC, com seo transversal de 130 x 305 mm e comprimento de
6.700 mm, as quais foram reforadas com tecido de fibras de vidro unidirecional com 6,4 mm
de espessura. Trs vigas tiveram o reforo colado ao longo de todo o seu comprimento e em
seis delas foram utilizados reforos parciais que terminaram a 900 mm de cada extremidade.
Essas vigas foram submetidas, ento, a dois milhes de ciclos de carregamento e pde-
se observar que aquelas com reforo em todo o seu comprimento no apresentaram
significativas mudanas em sua rigidez flexo. Por outro lado, duas das vigas em que foram
utilizados reforos parciais se romperam antes de se completar os dois milhes de ciclos de
carregamento (590.000 e 1.060.000 ciclos, respectivamente).


2.3 Estruturas mistas de madeira-concreto

Aplicar o material adequado no local mais apropriado, considerando suas
caractersticas fsicas e mecnicas, uma das premissas bsicas do projeto ideal das estruturas

1
Hansen, L. P. Experimental investigation of fatigue properties of laminated wood beams. In:
INTERNATIONAL TIMBER ENGINEERING CONFERENCE, 1991, High Wycombe, UK. Proceedings
High Wycombe: Timber Research and Development Association. v.4, p.4.203-4.210.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 27
contemporneas. Certamente essa considerao conduz utilizao das estruturas mistas de
ao-concreto e madeira-concreto. Historicamente observa-se que o dinamismo das pesquisas
terico-experimentais, envolvendo as estruturas mistas clssicas (vigas de ao associadas com
placas de concreto), nas dcadas de 30 e 40, se refletiu em aplicaes bem sucedidas desse
sistema.
Atualmente, a escassez das madeiras nativas contribui para o desenvolvimento de
alternativas que considerem a racionalizao de seu uso e, sobretudo, a aplicao de madeiras
provenientes de florestas plantadas, especialmente o pinus e o eucalipto. Nesse contexto, as
estruturas mistas de madeira-concreto tm sido utilizadas com sucesso em superestruturas de
pontes e em pisos de edificaes residenciais, industriais e esportivas, encontrando espaos
para aplicao tanto em reparos estruturais de obras histricas como na construo de novos
edifcios.
O conceito e a utilizao de estruturas mistas tm sido investigados por vrios
pesquisadores (Pincus, 1969; Ahmadi e Saka, 1993; Ceccotti, 1995; Gutkowski, 1996;
Natterer et al., 1996; Gelfi e Giuriani, 1999; Gutkowski et al., 1999), mas sua utilizao
remonta ao incio do sculo XX. Conforme Pigozzo (2004), h relatos do uso de estruturas
mistas antes da Primeira Guerra Mundial, na Inglaterra. Em 1914 a empresa Redpath Brow
and Company iniciou uma srie de ensaios de estruturas mistas para pisos; h registros de
ensaios realizados no Canad, em 1922, pela empresa Dominium Bridge Company. Em 1930
o sistema j estava desenvolvido e os mtodos de dimensionamento estabelecidos. Entre 1922
e 1939 foram construdos muitos edifcios e pontes empregando-se esse sistema,
especialmente pela carncia de ao naquela poca. Em 1944 as estruturas mistas foram
introduzidas nas normas da AASHTO (American Association of State Highway and
Transportation Officials) e, a partir de ento, a tcnica vem evoluindo continuamente.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 28
Quanto aos mtodos de construo, as estruturas mistas de madeira-concreto podem
ser executadas com o auxlio de escoramentos, em que o peso do concreto no-endurecido
transferido para o pavimento inferior por meio de escoras convenientemente espaadas. Por
outro lado, possvel a sua construo sem a utilizao de escoramentos soluo
tipicamente adotada em pontes em que a estrutura de madeira deve resistir ao peso do
concreto no-endurecido.
A NBR 8800 (1986) foi a primeira norma brasileira a introduzir a possibilidade de
utilizao das estruturas mistas de ao-concreto.


2.3.1 Estruturas mistas de madeira serrada e concreto

A exposio direta e contnua das estruturas de madeira s intempries um motivo de
constante preocupao, pois promove a sua deteriorao e compromete a segurana dessas
construes e, conseqentemente, de seus usurios. Uma das possibilidades para amenizar
esse inconveniente consiste em associar uma laje de concreto mesma, gerando as chamadas
estruturas mistas de madeira-concreto, que alm de garantir o aumento da vida til das
estruturas de madeira, tambm capaz de melhorar o seu comportamento mecnico.
Por permitirem que as melhores qualidades da madeira e do concreto sejam
aproveitadas, os compsitos desses materiais tm se tornado populares. De fato, a madeira
posicionada na regio tracionada da seo mista, enquanto que o concreto usado
praticamente na compresso, obtendo-se, ento, sua melhor performance em termos de
resistncia e rigidez. Dessa maneira possvel obter uma seo transversal estruturalmente
eficiente, sendo rgida e leve ao mesmo tempo.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 29
Na Fig. 2.4 encontra-se ilustrado o sistema misto, em que se pode observar a madeira e
o concreto interligados por um conector contnuo, feito a partir de uma chapa de ao
perfurada e galvanizada. Esse sistema de conexo patenteado pela empresa alem HBV
Systeme, porm h inmeras formas de realizar essa ligao, o que ser apropriadamente
discutido, mais adiante.


Figura 2.4 Estrutura mista de madeira-concreto. Fonte: Adaptado de HBV Systeme (2006)


No mbito de sua aplicabilidade, as estruturas mistas de madeira-concreto podem ser
empregadas em construes de grande ou pequeno porte. No campo das pequenas
construes, a Fig. 2.5 mostra uma obra executada na cidade de So Paulo, pela Ita
Construtora, onde foi utilizada essa soluo estrutural com muito xito. As vigas, espaadas a
cada 50 cm, so de madeira serrada da espcie Jatob (Hymenaea spp); a laje de concreto
com resistncia compresso de 30 MPa e 4 cm de espessura. A ligao entre a madeira e a
laje de concreto constituda por pregos e encontra-se detalhada em Alvim et al. (2000).

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 30

(a) (b)
Figura 2.5 Estrutura mista de madeira-concreto em residncia: (a) Vista externa; (b) Vista interna


Pelas suas caractersticas e particularidades, o sistema misto de madeira-concreto pode
ser empregado em obras de readequao ou revitalizao, assim como em novas edificaes.
Seu emprego tem sido freqente nas readequaes de edificaes antigas da Europa, visando
melhorar as deficincias apresentadas pelas construes de alvenaria com piso de madeira. A
Fig. 2.6 mostra um detalhe da adio de uma camada de concreto em uma edificao de
alvenaria, com estrutura de piso em madeira.


Legenda:
a vigas principais
b vigas secundrias
c cermica
d laje de concreto
e armadura em malha
f conectores metlicos
colados com epxi na
madeira
g conectores metlicos
entre alvenaria e
concreto
h viga de concreto
armado no contorno
Figura 2.6 Detalhe de fixao de laje de concreto em piso de madeira. Fonte: Ceccotti (1995)

b
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 31
Alm dos benefcios em termos de isolamento acstico, em Ceccotti (1995) ressalta-se
que a colocao da laje de concreto sobre o piso de estrutura de madeira torna a edificao
muito rgida, o que conveniente para manter sua forma em caso de abalos ssmicos.
O custo de um piso de madeira-concreto competitivo quando comparado com um
piso totalmente de concreto. Segundo Ceccotti (1995), no somente a relao custo/m
2
do
produto em si que deve ser levada em conta, pois h outros fatores que contribuem para a
economia no resto da estrutura e no canteiro de obras (ex. rapidez na execuo, menor
quantidade de frmas para concreto e diminuio de contraventamentos, reduo nas
fundaes devido diminuio do peso da estrutura, etc.).
Nas obras de readequao h uma mudana de uso do ambiente e, conseqentemente,
das sobrecargas que solicitam a estrutura. A Fig. 2.7(a) mostra uma edificao, em Haibach,
Alemanha, que passou por um processo de readequao e onde foi empregado o sistema misto
de madeira-concreto no seu ltimo pavimento. Na Fig. 2.7(b) observa-se a retirada das partes
no-estruturais do piso existente. As vigas que compem a estrutura do piso de madeira
passam, em seguida, por uma preparao que consiste na abertura de frisos, conforme Fig.
2.7(c), onde sero colados os conectores metlicos.
Na Fig. 2.7(d) possvel se observar as placas de poliestireno expandido, instaladas
nas regies no-estruturais do piso, que alm de servirem de preenchimento tambm
contribuem para o isolamento trmico. Ainda possvel se notar, nessa mesma figura, a
colocao de uma manta plstica que serve de isolamento entre a camada de concreto e a
estrutura de madeira. Na Fig. 2.7(e) nota-se o sistema pronto para a concretagem, com os
conectores metlicos colados nos frisos das vigas de madeira, a malha de ao devidamente
dispostas e o posicionamento dos componentes das instalaes eltricas. Finalmente, na Fig.
2.7(f), v-se a etapa de concretagem do piso.

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 32



(a) (b)



(c) (d)



(e) (f)
Figura 2.7 Edificao em Haibach, Alemanha. Fonte: HBV Systeme (2006)


Podem ser realadas, ainda, as seguintes vantagens para o sistema misto de madeira-
concreto:
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 33
Aumento do amortecimento vibracional o que significa que as verificaes
relativas aos estados limites de utilizao devido s vibraes so mais facilmente
satisfeitas.
A rigidez no plano pode ser considerada infinita em outras palavras, o piso
torna-se to rgido que capaz de manter a sua forma e, conseqentemente, a
forma global do edifcio.
Melhor isolamento acstico o acrscimo de massa do piso, quando comparado
com um piso de madeira tradicional, traz benefcios para os rudos transmitidos
pelo ar; para rudos de impacto, o isolamento acstico melhorado, em relao a
um piso totalmente de concreto, devido ao maior amortecimento.
Benefcios em situaes de incndio a camada superior de concreto constitui-se
em uma barreira eficiente contra a propagao do fogo, o que aumenta a
resistncia ao fogo em comparao com um piso totalmente em madeira.
Outrossim, as peas inferiores de madeira so mais resistentes ao fogo que as
correspondentes peas feitas de ao ou de concreto armado.
Agilidade construtiva.
A madeira pode atuar como forro ou receber acabamentos.

Para que o sistema misto funcione adequadamente indispensvel a presena do
elemento de ligao entre os materiais, o qual assegura a transferncia dos esforos de
cisalhamento horizontal e tambm evita o desprendimento vertical entre as partes. Esse
sistema pode ser do tipo rgido ou flexvel. A ligao rgida pode ser obtida, por exemplo,
pela aplicao de um adesivo epxi na superfcie de contato entre os dois materiais,
impedindo os deslocamentos entre as peas. J o sistema flexvel pode ser obtido por
conectores metlicos, como pregos, parafusos, chapas metlicas, anis metlicos e pinos
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 34
obtidos a partir de barras de ao lisas ou com nervuras. O uso dos conectores metlicos
representa grande facilidade de execuo da ligao e mais econmico que o adesivo epxi,
conforme Soriano (2001).
O desempenho estrutural das estruturas mistas de madeira-concreto incentivador. Em
Ceccotti (1995) afirma-se que a capacidade de carga de um piso de madeira tradicional pode
ser dobrada e sua rigidez transversal melhorada em torno de trs ou quatro vezes. Por sua vez,
em Davids (2001) se destaca que, quando comparadas s vigas de madeira e concreto com os
materiais considerados isoladamente, ou seja, sem qualquer efeito de interao, a
considerao da interao entre a madeira e o concreto resulta em um aumento de resistncia
flexo em pelo menos 40% e acrscimos na rigidez em 200% ou mais.
Em Murthy (1984) citada a experincia com esse mtodo, em que foram utilizados
parafusos para formar compsitos de madeira-concreto nos pisos e escadas de edifcio da
National University of Singapore.
Relata-se, em Ahmadi e Saka (1993), o uso de pregos de alta resistncia, como
conectores, para resistirem ao cisalhamento em pisos de madeira-concreto na regio do Golfo
Prsico. Seus resultados mostraram que, a partir de uma penetrao de d 11 , no h quase
nenhuma diferena na resistncia ao cisalhamento dos pregos e assim, fixaram essa
profundidade de penetrao para se obter uma resistncia suficiente. Os ensaios com as vigas
produzidas mostraram que a capacidade de carga da estrutura mista duplicou em relao a
uma no composta e as flechas no meio do vo foram reduzidas em 1/5.
Mostram-se, em Meierhofer (1993), os pormenores de um sistema de construo
europeu, baseado no conceito de estrutura mista de madeira e concreto, e citada a construo
de setenta projetos usando esse sistema, incluindo uma capa de concreto em um piso de
madeira existente para melhorar sua rigidez e resistncia. Esse autor identifica os benefcios
desses compsitos em edifcios, especialmente em pisos, como:
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 35
Construo rpida.
A madeira pode atuar como forro e receber outros acabamentos.
Considervel aumento da rigidez quando comparado aos pisos de madeira
convencionais.
Melhoria na performance acstica e relativa ao fogo.
Efetivo reforo e melhoria de antigos pisos de madeira quando combinados com
uma capa de concreto.
Melhoria das condies de conforto e isolamento.

Em Natterer et al. (1996) detalha-se a aplicao do sistema misto de madeira-concreto
em edifcios de mltiplos pisos, em que uma laje de concreto adicionada a um piso de
madeira, constitudo por lminas verticalmente pregadas com altura de 160 mm. As foras de
cisalhamento so absorvidas por entalhes na madeira, que so preenchidos pelo concreto, com
a adio de parafusos que so ps-tensionados aps a cura do concreto. A vantagem desse
ps-tensionamento que a folga causada pela retrao do concreto reduzida drasticamente.
Recomenda o seu emprego para vos entre sete e quinze metros.
Vigas mistas de concreto e madeira serrada reforada com fibras de vidro, em que
foram utilizados parafusos na ligao entre os materiais, foram ensaiadas e os resultados
apresentados em Brody et al. (1999). O objetivo do estudo foi avaliar o grau de composio
da seo transversal. Os resultados demonstraram que a rigidez real da viga mista
aproximadamente 67% da rigidez terica da viga, quando se considera a composio total dos
materiais.
Em Van der Linden (1999) expem-se os estudos sobre o sistema misto de madeira-
concreto, em que foram realizados ensaios com quatro diferentes tipos de conectores, em
corpos-de-prova assimtricos. O concreto utilizado enquadrou-se na classe C25, conforme o
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 36
EUROCODE 2 (1989), com armadura mnima disposta na parte central da laje. A madeira
utilizada na confeco dos corpos-de-prova de cisalhamento foi Spruce. Um dos sistemas de
conexo ensaiados foi constitudo por um entalhe circular na madeira, com 70 mm de
dimetro e profundidade de 30 mm, no qual foi inserido um pino obtido a partir de barras de
ao trefilado para concreto armado, com dimetro de 20 mm. O concreto que preencheu esse
entalhe diminuiu os efeitos de embutimento na madeira. O mdulo de deslizamento de servio
que ser apropriadamente definido na seo 2.5.1 encontrado para esse sistema foi
equivalente a 494 N/mm/mm.
Esse autor produziu, ainda, 40 vigas mistas com vos variando entre cinco e seis
metros que representa situaes freqentes em estruturas de pisos as quais foram
submetidas flexo em quatro pontos. A laje de concreto foi projetada para ter a menor
espessura possvel, de modo a alcanar o menor peso prprio, resultando em uma espessura
de 50 mm. As vigas de MLC tiveram uma altura de 200 mm para atender aos requisitos
normativos dos estados limites ltimos e de utilizao, aps a fixao da largura da viga de
madeira em 100 mm e da laje de concreto em 600 mm. Todas as vigas romperam-se devido s
falhas na regio tracionada da MLC, nas proximidades dos ns ou emendas dentadas, de
modo frgil.
Um modelo elasto-plstico para vigas mistas de madeira-concreto, considerando a
ductilidade do sistema de ligao, apresentado em Frangi e Fontana (2003). Os autores
ressaltam que o deslizamento entre a mesa de concreto e a viga de madeira conduz ao efeito
de composio parcial da seo transversal. Sob flexo, a hiptese de Bernoulli no vlida
para toda a seo transversal, porm, as sees podem ainda ser consideradas planas ao
analisar os materiais independentemente. Encontraram boa concordncia entre os resultados
obtidos experimentalmente e aqueles gerados a partir do modelo desenvolvido.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 37
Embora os resultados e vantagens, anteriormente apresentados, demonstrem uma
perspectiva animadora para a aplicao do sistema misto em diversos tipos de construes, at
o presente momento no existe no Brasil nenhuma especificao normativa para o seu
dimensionamento.

2.3.1.1 Comportamento sob carregamento de longa durao

A retrao e a fluncia so responsveis por acrscimos da deformao de
deslizamento, que por sua vez provocam aumentos no deslocamento vertical do sistema
misto. O comportamento das vigas mistas de madeira-concreto relativamente fluncia
complexo, pois depende do comportamento de dois materiais diferentes os quais apresentam
seus particulares desempenhos na fluncia alm do que, so ligados por conectores que
tambm apresentam outro comportamento fluncia.
Segundo Van der Linden (1999), o mtodo comumente utilizado para o clculo da
fluncia tambm se mostrou adequado para as vigas mistas de madeira-concreto, quando
comparado com os resultados obtidos pela simulao realizada utilizando-se o Mtodo dos
Elementos Finitos. O mtodo prope a diviso dos mdulos de elasticidade dos materiais e da
rigidez dos conectores por ) 1 (
j
+ , sendo
j
o coeficiente de fluncia do material j,
conforme segue:

c
d , 0 , c
d , t , c
1
E
E
+
= [2.1]

w
d , 0 , w
d , t , w
1
E
E
+
= [2.2]

f
d , 0 , i
d , t , i
1
K
K
+
= [2.3]
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 38
Os termos
d , 0 , c
E e
d , 0 , w
E representam os valores de clculo dos mdulos de
elasticidade do concreto e da madeira, respectivamente, logo aps o carregamento (t = 0),
enquanto que o termo
d , 0 , i
K representa a rigidez dos conectores. O coeficiente de fluncia, ,
definido como sendo a deformao no tempo t menos a deformao logo aps o
carregamento, dividido pela deformao logo aps o carregamento que definida como a de
tempo zero, os quais esto representados na Fig. 2.8.


Figura 2.8 Definio do coeficiente de fluncia. Fonte: Van der Linden (1999)


Oito vigas mistas de madeira-concreto foram construdas e carregadas por um perodo
de cinco anos, como parte da pesquisa de Van der Linden (1999). No final desse perodo, as
vigas foram carregadas at a ruptura para se determinar se a capacidade de carga diminuiu
com o tempo. Durante esse perodo os deslocamentos verticais no meio do vo, os
deslizamentos na interface, a temperatura e umidade relativa do ar foram monitorados.
O autor comenta que a deformao das vigas mistas de madeira-concreto, depois de
cinqenta anos de carregamento, depende em grande quantidade do coeficiente de fluncia da
madeira, especialmente nas vigas em T. Tambm pode ser importante o comportamento
fluncia dos conectores, dependendo de seu nmero e configurao. Por fim, tambm
acrescenta que as tenses na madeira tendem a aumentar com o tempo, porque a fluncia da
madeira menor que a dos conectores e do concreto.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 39
2.3.2 Estruturas mistas em tabuleiros de pontes

Quando aplicada nas construes sem um prvio tratamento e sujeita aos fatores
ambientais (umidade, oxignio, temperatura e raios solares), a madeira tem durabilidade
reduzida. A adio de uma laje de concreto sobre as peas de madeira da superestrutura pode
prolongar em at trs vezes a vida til das pontes de madeira, pois atua como uma membrana
resistente gua e diminui a exposio da madeira, segundo Yttrup e Nolan (2005). Todavia,
sempre recomendvel o tratamento preservativo da madeira contra os ataques de insetos e
microorganismos, principalmente das madeiras de reflorestamento como o eucalipto e o
pinus.
No Brasil, a primeira iniciativa registrada de utilizao de concreto em tabuleiros de
madeira foi na ponte de Borborema (SP) e se deve a Hellmeister (1978). Tiras de ao, com
parafusos auto-atarrachantes, foram utilizadas para fixar as peas rolias de madeira tratada
sobre as longarinas, tambm rolias. Adicionou-se, ento, uma camada de concreto com o
objetivo de regularizar a superfcie e ao mesmo tempo de impermeabiliz-la, protegendo as
peas de madeira. Embora o concreto e a madeira no fossem interligados por meio de
conectores, o atrito decorrente das imperfeies naturais da superfcie das peas rolias de
madeira serviu para desenvolver uma resistncia ao deslizamento entre as partes e, assim,
transmitindo foras de cisalhamento entre o concreto e a madeira. No entanto, em Dias (1987)
expe-se que, ao se avaliar experimentalmente um modelo reduzido desse tipo de tabuleiro,
foi constatado que essa solidarizao no garantida permanentemente, havendo uma perda
de rigidez com a repetio dos carregamentos, e, assim, sugerindo-se o estudo de um sistema
que garanta tal solidarizao.
Os tabuleiros mistos podem aparecer sob as seguintes formas: (a) seo T, com a laje
de concreto apoiada sobre vigas de madeira serrada ou MLC; (b) sistema de laje, em que a
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 40
placa de concreto se apia sobre uma base contnua de madeira formada por lminas serradas
ou peas rolias naturais, dispostas lado a lado.
Recentemente, algumas pontes foram construdas empregando-se essa ltima
configurao, como resultado de pesquisas desenvolvidas no Laboratrio de Madeiras e de
Estruturas de Madeiras (LaMEM) da Escola de Engenharia de So Carlos da Universidade de
So Paulo, coordenadas pelo Prof. Carlito Calil Jnior. O sistema utiliza postes de eucalipto
tratado dispostos longitudinalmente na direo da ponte e aps a fixao de conectores nas
peas rolias lanada uma camada de concreto que, alm de proteger a madeira, tambm
serve como elemento de acrscimo de resistncia e rigidez. A Fig. 2.9 mostra uma ponte
construda na Serra do Mar com a utilizao dessa tcnica.
Uma das vantagens resgatadas, e confirmadas nessa pesquisa, o baixo custo desses
tabuleiros, pois dispensam o uso de frmas e escoramentos para o concreto armado, so fceis
e rpidos de serem construdos demandando uma pequena quantidade de mo-de-obra
dentre outras facilidades construtivas. Alm do mais, a moldagem in loco da laje de concreto
resulta em uma perfeita acomodao do concreto nas irregularidades naturais das toras.
Porm, como desvantagem pode ser citada a limitao nos vos, em torno de 12 m.


(a) (b)
Figura 2.9 Ponte em estrutura mista de madeira-concreto: (a) Vista superior; (b) Vista inferior do
tabuleiro. Fonte: Arquivo Prof. Carlito Calil Jnior

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 41
Em Pigozzo (2004) revelam-se as investigaes realizadas sobre o comportamento dos
sistemas mistos de madeira-concreto, apresentando-se os estudos, projetos e aspectos
construtivos de dois tabuleiros de pontes compostos de concreto armado e toras de Eucalyptus
Citriodora, tratadas com CCA. O sistema de ligao consiste de barras de ao coladas com
resina epxi. O principal objetivo de seu trabalho foi a investigao experimental da
resistncia de ancoragem desses conectores, fixados em furos formando 0, 45 e 90 com as
fibras da madeira, com diferentes tipos de resina epxi e uma resina poliuretana.
Foram estimadas as resistncias mdias, a partir de uma anlise de regresso mltipla,
e as respostas caractersticas. Tambm foi desenvolvido um modelo especial de corpo-de-
prova para ensaiar os sistemas mistos de concreto e madeira rolia, sob cisalhamento, com os
conectores colados no formato de X e inclinados em 45 em relao s fibras da madeira. Os
resultados obtidos confirmam as suposies de que o tipo de resina, a umidade contida, a
espessura na linha de cola e a rea de ancoragem da barra de ao so fatores que determinam
a resistncia de ancoragem, enquanto a densidade e a resistncia da madeira so menos
significativos.
Os compsitos de madeira e concreto apresentam considerveis benefcios para as
pontes e construes de edifcios. A Fig. 2.10 ilustra um bom exemplo dessa oportuna
associao de materiais, onde longarinas de MLC servem de apoio para um tabuleiro de
concreto armado. A ponte tem tabuleiro com largura de 14 m e comprimento de 182 m, sendo
que os trs tramos intermedirios tm vos de 42 m.
Estudos experimentais em um modelo em escala 1:4 constitudo por vigas
treliadas de madeira, que suportaram painis de laje pr-moldados de concreto armado, so
apresentados em Moraes (2007). O sistema de ligao entre a madeira e o concreto foi
constitudo por pinos metlicos com dimetro nominal de 16 mm, extrados de barras de ao
CA-50, sendo 3 cm cravados na madeira. O modelo estrutural investigado teve rigidez e
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 42
capacidade de carga satisfatrias, alm de apresentar facilidade construtiva e custos
competitivos em relao s estruturas de concreto armado.


Figura 2.10 Ponte Vihantasalmi, Finlndia. Fonte: MESTRA Engineering Ltd. (2005)


2.3.3 Estudos desenvolvidos no Brasil

Diversos pesquisadores brasileiros vm estudando esse tema, especialmente nos
ltimos anos. Investigaes preliminares sobre o tema foram realizadas por Gomes (1974),
que estudou o comportamento estrutural de vigas mistas de madeira-concreto com seo
transversal em T, sendo a mesa e a alma conectadas por pregos. Foi desenvolvido um
programa computacional para anlise do problema e, em seguida, para comparao dos
resultados, foram ensaiadas seis vigas com idnticas caractersticas at a ruptura. As variveis,
nessa pesquisa, foram os dimetros dos pregos e seus respectivos espaamentos. Algumas
perturbaes foram constatadas no incio da aplicao do carregamento, causando uma no-
linearidade nos valores das deformaes, deslizamentos e flechas. Esse fenmeno, segundo o
autor, foi atribudo ao atrito surgido entre os dois materiais.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 43
Em Magalhes e Chahud (1998) so expostos os resultados dos ensaios em vigas T,
com vos de 3,2 m, constitudas por mesa de concreto (55 x 5 cm) e alma de madeira serrada
(15 x 15 cm) da espcie Massaranduba, interligadas por pregos. Os resultados apontaram para
um acrscimo na rigidez de 40%, na fase elstica, com a considerao da seo mista.
Em Souza, Chahud e Magalhes (1998) revela-se a tentativa de aplicao dos
resultados obtidos em ensaios de corpos-de-prova de cisalhamento nas duas vigas mistas de
madeira-concreto executadas, adotando-se os pregos como elementos de conexo. Constatou-
se uma grande disperso nos resultados experimentais das vigas mistas, o que os
impossibilitou de estabelecer correlaes entre esses resultados e aqueles obtidos com os
corpos-de-prova de cisalhamento.
Uma extensa reviso bibliogrfica acerca dos estudos envolvendo as vigas mistas de
madeira-concreto, realizados no perodo de 1974 a 1997, apresentada em Mantilla Carrasco
e Oliveira (1998), relatando-se, tambm, os tipos de conectores utilizados na solidarizao
desses materiais.
Em Matthiesen (2000) mostra-se a determinao do mdulo de deslizamento e da
resistncia da ligao madeira-concreto empregando-se parafusos auto-atarrachantes com
dimetros de 3/8 e 1/2. O estudo envolveu a utilizao de trs espcies de madeira: Pinus
oocarpa, Eucalyptus grandis e Goupia glabra. Os corpos-de-prova utilizados foram
compostos por uma parte central de madeira (10 x 10 x 42 cm) e duas laterais de concreto (10
x 30 x 42 cm). Nas faces opostas da pea central de madeira foi fixado um par de parafusos,
com inclinao de 50, formando um X. Por meio das curvas fora versus deslizamento,
calculou os mdulos de deslizamento a partir da reta secante, que passa pelos pontos
correspondentes a 10% e 50% da fora de ruptura da ligao.
Por sua vez, em Soriano (2001) expem-se os resultados da investigao da associao
de vigas de madeira serrada e laje de concreto. Numa primeira fase, esse autor ensaiou dez
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 44
vigas com seo T, com 1 m de comprimento, quando avaliou o seu desempenho sob os
sistemas de ligao: flexvel (pregos 22x48) e rgido (adesivo epxi). Paralelamente foram
confeccionados doze corpos-de-prova para a determinao do mdulo de deslizamento desses
sistemas de ligaes. Na segunda fase foram ensaiadas estruturas maiores, compreendendo
um total de seis vigas T, com 3 m de comprimento, alm de trs painis em madeira-concreto
com 3 m de comprimento e 0,8 m de largura e mais um painel com 1,5 m de comprimento e
0,8 m de largura. Nessa ltima fase de ensaios, o sistema de ligao flexvel foi composto de
pregos 24x60 e parafusos com dimetros de 3/8" e 1/2". O autor concluiu que na estrutura
mista de madeira-concreto a flecha pode deixar de ser a condio limitante principal para o
carregamento, devido grande rigidez apresentada pela seo mista. Comparando-se as
flechas mximas, a considerao da seo mista resultou numa fora quatro vezes superior
quela prevista para a seo de madeira estudada.
Esse mesmo autor recomenda, ainda, que a utilizao da MLC, em estruturas mistas de
madeira-concreto, deve ser pesquisada como alternativa para se vencer as limitaes
encontradas na madeira serrada, como por exemplo, as dimenses da seo transversal. Em
seu trabalho, o autor resume os modelos para clculo das estruturas mistas e relata que os
modelos matemticos para a representao de seu comportamento, apresentados nas
referncias bibliogrficas consultadas, so abordados com nfase nas equaes de equilbrio e
no princpio da energia. O Mtodo dos Elementos Finitos tambm tem sido empregado para
essas anlises.
Em Nicolas e Mascia (2002) so descritos os ensaios realizados em corpos-de-prova
de madeira-concreto, em que foram usados pregos (dimetros de 5,4 mm e 6,58 mm) e
parafusos (dimetros de 10 mm e 12,7 mm) como elementos de ligao. Na confeco dos
corpos-de-prova empregou-se a cupiba (Goupia glabra) e concreto com resistncia
compresso em torno de 20 MPa. Os valores mdios da fora de ruptura e do mdulo de
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 45
deslizamento de servio, K
ser
, esto representados na Tab. 2.2. Por meio da anlise dos
resultados, concluram que o aumento do dimetro do conector no produz aumento
significativo na fora de ruptura.

Tabela 2.2 Fora de ruptura e mdulo de deslizamento de servio valores mdios.
Fonte: Nicolas e Mascia (2002)
Conector
Fora de ruptura
mdia
(N)
Mdulo de
deslizamento mdio
K
ser
(N/mm)
Prego 5,4 mm 30.767 6.369
Prego 6,58 mm 30.757 5.403
Parafuso 9,525 mm 30.700 11.102
Parafuso 12,7 mm 36.455 14.515


Viga mista de madeira-concreto, com seo transversal em T solidarizada por pinos
metlicos, foi modelada pelo Mtodo dos Elementos Finitos e apresentada em Moreira e
Chahud (2002). A viga analisada numericamente foi executada usando-se pregos 3,6 x 52,7,
sem prvia furao e espaados a cada 15 cm, como elementos de conexo. O mdulo de
deslizamento da conexo foi avaliado previamente e estimado em K= 3.125 N/mm. A viga,
com comprimento de 3,2 m, foi ensaiada flexo at a ruptura. Os resultados da simulao
numrica e obtidos experimentalmente apresentaram boa concordncia.
Em Matthiesen e Segundinho (2002) expe-se o estudo do comportamento dos pregos
(dimetro de 7 mm), parafusos auto-atarrachantes (dimetros de 10 e 12,5 mm) e pinos de ao
(dimetros de 12,5, 16, 20 e 25 mm) na ligao madeira-concreto, objetivando quantificar a
resistncia da ligao e seu mdulo de deslizamento. Os autores utilizaram a cupiba (Goupia
glabra) e concreto com resistncia compresso mdia de 38 MPa na confeco de lotes
constitudos de seis corpos-de-prova para cada tipo de conector pesquisado, sendo trs com
inclinao de 50 em relao s fibras da madeira, formando um X de cada lado, e os outros
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 46
trs com inclinao de 90. Na Tab. 2.3 esto indicadas as resistncias, bem como os
respectivos mdulos de deslizamento das ligaes (mdulo secante). A resistncia das
ligaes foi determinada segundo os critrios da NBR 7190 (1997), que a convenciona como
sendo a fora aplicada a um corpo-de-prova padronizado, que provoca na ligao uma
deformao especfica residual de 2%o.

Tabela 2.3 Resistncia das ligaes e mdulo de deslizamento.
Fonte: Matthiesen e Segundinho (2002)
Conector
Resistncia
(N)
Mdulo de
deslizamento
(N/mm)
Pregos 26 x 72 modo 1 22.500 42.870
Pregos 26 x 72 modo 2 23.070 125.110
Parafusos 9,5 mm modo 1 26.300 38.410
Parafusos 9,5 mm modo 2 36.640 397.210
Parafusos 12,5 mm modo 1 35.700 73.420
Parafusos 12,5 mm modo 2 51.660 263.320
Pinos 12,5 mm modo 1 48.070 624.920
Pinos 12,5 mm modo 2 44.100 271.910
Pinos 12,5 mm modo 3 42.190 295.040
Pinos 16 mm modo 3 41.860 171.350
Pinos 20 mm modo 3 41.570 1.265.800
Pinos 25 mm modo 3 46.570 883.000
Obs.: modo 1 conectores instalados perpendicularmente s fibras da madeira
modo 2 conectores instalados formando X
modo 3 conectores instalados formando 50 com as fibras da madeira

Os autores observaram que os pinos de ao tm uma boa capacidade de carga e uma
excelente rigidez na ligao. Tambm concluram que a maneira como os parafusos so
instalados nos corpos-de-prova influi consideravelmente na deformao da ligao. Os
corpos-de-prova com parafusos instalados perpendicularmente s fibras da madeira
apresentaram grandes deformaes iniciais e tambm ao longo do carregamento, enquanto
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 47
que aqueles que tiveram os parafusos instalados em forma de X apresentaram pequenas
deformaes ao longo do ensaio.
Em Segundinho e Matthiesen (2002) apresentam-se os resultados de quatro vigas
mistas, as quais foram confeccionadas utilizando-se a cupiba (Goupia glabra) e pinos
metlicos obtidos a partir do fracionamento de barras de ao trefilado para concreto armado
(dimetro de 12,5 mm e 128 mm de comprimento), espaados a cada 10, 15 e 20 cm. Os
conectores foram instalados formando um ngulo de 50 com as fibras da madeira, com
penetrao de 64 mm. O objetivo desse trabalho foi estudar a influncia da variao do
espaamento dos conectores na rigidez do sistema, representado na Tab. 2.4. A eficincia do
espaamento entre os conectores pode ser observada na ltima coluna da tabela, em que se
compara a rigidez das vigas mistas com a rigidez das vigas sem o sistema de conexo.

Tabela 2.4 Influncia do espaamento entre conectores nas vigas mistas
de madeira-concreto. Fonte: Segundinho e Matthiesen (2002)
Vigas
Espaamento entre
os conectores
(cm)
Ruptura
(kN)
Rigidez EI
V1 10 52,00 4,77 vezes
V2 10 53,59 4,42 vezes
V3 15 70,00 4,57 vezes
V4 20 45,90 3,26 vezes


Estudos realizados com duas vigas mistas de seo T, com alma de MLC e mesa de
concreto armado, solidarizadas por placas de metal com dentes estampados, so apresentados
em Mantilla Carrasco et al. (2004). As vigas de MLC, com dimenses de 10 x 30 x 420 cm,
foram fabricadas utilizando-se lminas de Eucalyptus Grandis com 2,7 cm de espessura e o
concreto com resistncia mdia compresso de 24 MPa e mdulo de elasticidade de 24.500
MPa. Foram realizados ensaios de cisalhamento para a determinao do mdulo de
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 48
deslizamento da conexo, adotando-se o valor mdio de 18.369 kN/mm. Os autores
constataram que a grande quantidade de furos alinhados, presentes nas chapas com dentes
estampados, criaram trechos frgeis, os quais permitiram um aumento do deslizamento da
ligao e a conseqente reduo do desempenho do sistema misto.
Ainda referindo-se aos estudos expostos em Mantilla Carrasco et al. (2004), antes de
receberem a laje de concreto armado, as vigas de MLC foram submetidas flexo para
determinao de seus limites elsticos. Os autores observaram que a associao da laje de
concreto essas vigas, por meio das chapas com dentes estampados, proporcionou um
aumento de 26% na capacidade ltima de carregamento do sistema. Tambm realizaram
comparaes dos resultados experimentais com os obtidos por meio de simulao numrica,
realizada no ANSYS verso 5.7. Os resultados mostraram boa concordncia no trecho de
comportamento elstico-linear dos elementos de ligao.
Em Nicolas et al. (2004) apresentam-se os procedimentos para a determinao do
mdulo de deslizamento de pregos (dimetro de 5,4 mm) e parafusos (dimetros de 9,525 e
12,7 mm), por meio de ensaios de cisalhamento, em que foi utilizada a cupiba (Goupia
glabra) e concreto com resistncia mdia compresso aos 28 dias de 22 MPa. Foram
comparados os resultados experimentais com os valores determinados segundo as
recomendaes do EUROCODE 5 (1993), para a verificao dos Estados Limites de
Utilizao, ou seja:

0 , w u
E d 125 , 0 K =
[2.4]

em que d o dimetro do conector e
0 , w
E o mdulo de elasticidade da madeira medido na
direo paralela s fibras. Os autores observaram que os valores calculados segundo o
EUROCODE 5 (1993) so bem superiores aos valores obtidos nos ensaios.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 49
Por fim, em Segundinho e Matthiesen (2004) encontram-se as investigaes dos
comportamentos de pinos no sistema misto de madeira-concreto, os quais foram obtidos a
partir de barras de ao trefilado para concreto armado, colados perpendicularmente s fibras
da madeira (Goupia glabra) utilizando-se o adesivo poliuretano base de resina de mamona.
Os pinos ensaiados tiveram o dimetro de 12,5 mm e comprimento de 150 mm, sendo 100
mm penetrados na madeira. Foram produzidas e ensaiadas quatro vigas mistas de madeira-
concreto, com pinos espaados a cada 10 e a cada 15 cm. Verificaram que os deslocamentos
verticais, calculados segundo a NBR 7190 (1997) e EUROCODE 5 (1993), so menores que
os deslocamentos obtidos experimentalmente. Constataram tambm que as vigas, cujos pinos
foram espaados a cada 10 cm, conseguiram suportar foras aproximadamente 19% maiores
que aquelas cujos pinos foram colocados a cada 15 cm, para um mesmo deslocamento
vertical.


2.3.4 Sistemas de conexo

O compsito de madeira-concreto funciona adequadamente quando se inclui um
sistema apropriado de ligao entre os dois materiais, pois a interao entre os materiais
enrijece o sistema estrutural. usual o emprego de elementos metlicos, tais como: pregos,
parafusos, anis, chapas com dentes estampados e pinos, conforme apresentado em Ceccotti
(1995), que por apresentarem deformaes e permitirem o deslizamento so chamadas de
ligaes flexveis.
Para haver uma reduo de flechas de aproximadamente 75% no sistema misto
madeira-concreto, em Soriano (2001) ressalta-se que a ligao deve ter uma eficincia muito
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 50
elevada. Nos ensaios realizados em sua pesquisa em vigas de seo T, obteve uma reduo de
flechas da ordem de 72% quando empregou o adesivo epxi na interface madeira-concreto.
Embora a ligao por meio de adesivo epxi apresente um desempenho mecnico
satisfatrio, seu custo elevado e, dessa maneira, comum a utilizao das ligaes flexveis
constitudas principalmente por conectores metlicos. Os conectores no devem ser apenas
econmicos, mas precisam garantir uma boa composio entre as partes.
Muitos tipos de conectores tm sido estudados visando produo dos sistemas mistos
e os ensaios realizados fornecem informaes importantes a respeito das caractersticas de
flexo e grau de composio encontrados. Devido grande variedade de conectores e em
funo da complexidade na atuao, a resistncia e ductilidade dos conectores so sempre
determinadas experimentalmente. Para tanto, tem sido freqente a utilizao de corpos-de-
prova de cisalhamento, como mostra a Fig. 2.11. Como no h normalizao para o ensaio,
percebe-se que os pesquisadores foram realizando adaptaes nas dimenses e configuraes
do modelo, s vezes colocando o concreto na parte externa do corpo-de-prova e outras vezes
invertendo essa situao.


Figura 2.11 Elevao do corpo-de-prova utilizado em ensaios de cisalhamento


Cabe ressaltar que, nesse tipo de ensaio, os conectores so carregados diretamente.
Contudo, as foras induzidas na conexo de um sistema misto no so as mesmas observadas
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 51
nos corpos-de-prova de cisalhamento, podendo resultar em diferentes resistncias, assim
como em diferentes modos de ruptura. Conseqentemente, os resultados desses ensaios
devem ser interpretados com cautela.
Baseando-se em resultados experimentais, em Oehlers e Bradford (1995) comenta-se
que a geometria e o layout dos corpos-de-prova podem ter influncia significativa na
resistncia dos conectores, destacando-se os parmetros: a altura dos conectores acima da
base, indicada por h na Fig. 2.11, o nmero de nveis de conectores, o nmero de conectores
por nvel e a forma de vinculao base. Alm do mais, a largura da parte de concreto ,
normalmente, muito menor do que se observa nas lajes que compem o sistema misto e,
assim, est muito mais suscetvel falhas por fissurao ou foras de embutimento.
Os conectores podem ser adequadamente dispostos ao longo do comprimento da viga,
de modo que suportem s foras aplicadas e so fixados madeira, geralmente, com adesivo
epxi. Uma observao importante relacionada fixao dos conectores que o adesivo
epxi no adere bem madeira tratada com produtos qumicos oleosos, que so comumente
empregados na construo de pontes. Dessa forma, na hiptese de utilizao desse tipo de
tratamento, os conectores devem ser instalados antes da aplicao dos preservativos.
Em Yttrup e Nolan (2005) revelam-se os resultados dos testes realizados em vigas de
LVL (Laminated Veneer Lumber), sobre as quais foi associada uma laje de concreto armado.
O maior acrscimo alcanado na rigidez ocorreu quando, na parte superior das vigas, foram
efetuados entalhes, os quais foram preenchidos pelo concreto, pois esse sistema distribuiu as
foras de cisalhamento por uma maior rea de madeira. Observou-se, ainda, que o simples
engastamento da viga de madeira dentro da laje de concreto j foi suficiente para produzir
uma interao significativa entre os materiais. Isso se deve, parcialmente, ao inchamento do
LVL e retrao do concreto, forando a madeira e promovendo atrito entre as partes.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 52
Conectores metlicos resistentes ao cisalhamento esto sujeitos fadiga. Para se evitar
os conectores mecnicos, uma soluo envolve o conceito de viga embutida no concreto
armado. A viga de madeira posicionada no interior da laje de concreto armado para gerar
frico, adeso e travamento mecnico capazes de resistir ao cisalhamento. Para melhorar a
transferncia de cisalhamento diretamente na interface madeira-concreto, empregam-se
rugosidades na forma de furos rasos com dimetro de 20 mm e uma profundidade mxima de
10 mm, conforme Fig. 2.12.
Os furos asseguram uma transferncia muito rgida de foras e, estando totalmente
confinados, so muito fortes. O espaamento de 100 mm entre os furos foi adotado em trs
ensaios, conforme Yttrup (2005). H indicaes de que espaamentos menores possam ser
usados. A pequena escala e proximidade dos furos concordam com a boa prtica de
engenharia de madeiras, em que muitos e pequenos conectores so preferveis queles de
grandes dimenses.


Figura 2.12 Ligao madeira-concreto sem pinos metlicos


O sistema de ligao tambm pode ser obtido, de forma fcil e econmica, por meio
de barras de ao trefilado coladas em furos, as quais podem ser fixadas perpendicularmente s
fibras da madeira ou inclinadas, geralmente utilizando-se adesivo epxi. Quando dispostas de
forma inclinada e alternada, o sistema recebe o nome de conexo em X, que, segundo Pigozzo
(2004), apresentou rigidez de duas a trs vezes maiores quando comparadas aos conectores
perpendiculares, dependendo do dimetro considerado.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 53
Em Madsen (1996) relatam-se as investigaes relativas ao efeito das variaes de
posio das barras de ao coladas, encontrando-se excelentes resultados para as barras
inclinadas em relao s fibras da madeira e coladas com epxi. Essa pesquisa foi inspirada
no trabalho do russo Stanislav Turkovskij, que fixou barras de ao na MLC formando um
ngulo de 30 com a direo das fibras da madeira. Nessas condies, as barras de ao
conseguem transmitir foras em suas direes at o limite da capacidade do ao; transmitem
esforos para uma maior regio da pea de madeira, permitindo uma melhor distribuio de
tenses; so menos vulnerveis s rachaduras da madeira na regio de ligao; aumentam a
resistncia da madeira ao cisalhamento e apresentam excelente comportamento de grupo.
A investigao do comportamento dos conectores de barras de ao, colados com resina
poliuretana bi-componente base de leo de mamona e resina epxi, exposta em Pigozzo
(2004). Para tanto, foram produzidos corpos-de-prova a partir de pranchas de Pinus oocarpa
com densidade aparente variando entre 450 e 550 kg/m e de Eucalipto citriodora com
densidade aparente variando entre 950 e 1.100 kg/m. Os conectores resultaram do
fracionamento de barras de ao trefilado CA-50, com dimetros de 6,3, 8, 10 e 12,5 mm. Nos
experimentos foram avaliadas as variaes das resistncias de ancoragens desses conectores,
incluindo-se a modificao no posicionamento das barras em relao s fibras da madeira nas
direes: 0, 45 e 90. Tambm se avaliou a resistncia de ancoragem em vigas rolias de
Eucalipto citriodora, tratadas com o preservativo CCA. Observou-se grande rigidez e elevada
resistncia no sistema de conexo do tipo X, em que o valor da resistncia ltima se
aproximou muito da capacidade mxima de carga do corpo-de-prova.
Descrevendo o comportamento de pinos metlicos empregados como sistema de
conexo em estruturas mistas de ao-concreto, em Oehlers e Bradford (1995) afirma-se que a
resistncia ao cisalhamento (
max
R ) desses conectores funo dos seguintes parmetros:

) E E , f , f , A ( f R
s c c u d max
= [2.5]
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 54
em que:
=
d
A rea da seo transversal do conector
=
u
f resistncia trao do ao do conector
=
c
f resistncia compresso do concreto
=
s c
E E razo modular

Em Weaver (2002) tambm se expem as anlises, em ensaios de cisalhamento, do
comportamento dos conectores obtidos a partir de barras de ao trefilado, como ilustra a Fig.
2.13. Dos sete corpos-de-prova produzidos, quatro deles foram utilizados como controle e
foram carregados at a ruptura sem serem submetidos a carregamento cclico. Os outros trs
corpos-de-prova foram submetidos a carregamentos variando entre 2.000.000 e 2.500.000
ciclos, com amplitudes constantes e cujos parmetros so mostrados na Fig. 2.14. Aps esse
ciclo de carregamento, os mesmos tambm foram carregados at a ruptura.


Figura 2.13 Corpo-de-prova para ensaio dos conectores sob cisalhamento. Fonte: Weaver (2002)


Cap. 2 Reviso bibliogrfica 55

Figura 2.14 Parmetros dos ensaios de fadiga nos conectores. Fonte: Weaver et al. (2004)


A resistncia ltima mdia dos corpos-de-prova sujeitos ao carregamento cclico foi
3,1% superior resistncia mdia ltima dos corpos-de-prova de controle, isto , que no
foram submetidos ao carregamento cclico, conforme dados apresentados na Tab. 2.5. A fora
de ruptura mdia, por conector, foi de 96,7 kN para os corpos-de-prova que no foram
submetidos ao carregamento cclico e de 100 kN para aqueles que foram submetidos ao
carregamento cclico. Por essa razo, parece que o carregamento repetitivo no tem efeito na
resistncia ltima dos corpos-de-prova.

Tabela 2.5 Resistncia ltima dos corpos-de-prova. Fonte: Weaver (2002)
Corpo-de-prova Nmero de ciclos Resistncia ltima (kN)
1 2.000.000 387
2 2.500.000 405
3 2.000.000 405
4 0 378
5 0 369
6 0 387
7 0 414
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 56
Entretanto, como relata o autor, enquanto os corpos-de-prova foram submetidos ao
carregamento cclico, os conectores esmagaram a madeira em contato, causando um
deslizamento permanente na interface madeira-concreto. Embora o deslizamento no afete a
fora ltima nos ensaios de cisalhamento, ele causa uma perda de rigidez do conector e da
composio da seo mista. Por essa razo, esse deslizamento tende a aumentar as tenses de
flexo nas vigas de pontes.
Define-se como rigidez do conector a inclinao da curva fora-deslizamento. Um
deslizamento inicial na interface madeira-concreto contribui para reduo da rigidez. Por esse
motivo, nos estudos revelados em Weaver (2002), a rigidez efetiva da conexo
correspondente ao carregamento mximo de projeto foi determinada pela diviso da carga de
projeto de 169 kN pelo deslizamento correspondente quele ponto. A degradao da rigidez
encontra-se ilustrada na Fig. 2.15. Observa-se que a rigidez da conexo degrada-se e, ento,
praticamente cessa quando se aproxima de 2.000.000 a 2.500.000 de ciclos de carregamento.


Figura 2.15 Degradao da rigidez dos conectores em dois corpos-de-prova.
Fonte: Weaver (2002)




Cap. 2 Reviso bibliogrfica 57
Com o intuito de realizar a conexo entre vigas de ao e laje de concreto, no final dos
anos 80 foi desenvolvido um elemento de conexo constitudo por uma chapa de ao
perfurada, tambm conhecido por perfobond, ilustrado na Fig. 2.16. Nas estruturas mistas de
ao-concreto esse conector soldado na mesa da viga de ao por meio de solda contnua ou
intermitente.


Figura 2.16 Conector tipo perfobond. Fonte: Valente e Cruz (2004)


Os pinos de concreto que se formam atravs dos furos, junto com uma armadura
transversal de reforo, fornecem resistncia ao cisalhamento e mantm unidos os materiais. A
resistncia ao cisalhamento dos conectores formados por chapas perfuradas geralmente alta,
independente da forma de abertura dos furos. Algumas possveis formas de aberturas dos
furos so citadas em Machacek e Studnicka (2002) e representadas na Fig. 2.17. Simplicidade
e excelente performance na resistncia ao cisalhamento credenciam esses conectores para o
uso em vigas mistas de grandes vos, tanto em estruturas de edificaes como tambm em
pontes.

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 58

Figura 2.17 Formas de aberturas de furos. Fonte: Machacek e Studnicka (2002)


Ensaios com conectores formados por chapas perfuradas com 10 mm de espessura e
furos com dimetros de 32 mm e 60 mm, conforme Fig. 2.18, foram realizados e seus
resultados publicados em Machacek e Studnicka (2002). Os ensaios provaram que no houve
diferena na resistncia do conector quando a armadura transversal foi inserida tanto nos furos
abertos quanto nos furos fechados do conector. Tambm foi proposta uma modificao no
conector, para uso em lajes mais espessas, em que os furos foram realizados apenas na parte
superior do conector, sendo adequado para estruturas em que lajes de concreto pr-moldado,
de menor espessura, so utilizadas como frmas.


Figura 2.18 Conector tipo chapa perfurada com armadura transversal.
Fonte: Machacek e Studnicka (2002)
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 59
Os resultados e anlises estatsticas permitiram a determinao das resistncias ao
cisalhamento mdias, caractersticas e de projeto para esses conectores, que dependem da
quantidade de armadura transversal inserida nos furos. Os valores de resistncia propostos
para o conector com furos de 32 mm de dimetro foram verificados com sucesso em ensaios
de trs vigas, com 6 metros de comprimento. Todavia, as recomendaes contidas no texto
so vlidas apenas para carregamento esttico. Ensaios de fadiga estavam em andamento na
ocasio de publicao do artigo.
Por sua vez, em Gutkowski et al. (2004) relatam-se os estudos realizados a partir da
utilizao de um tipo especial de conector inicialmente desenvolvido no Swiss Federal
Institute of Technology, em Lausanne que instalado em entalhes efetuados na madeira e
encontra-se representado na Fig. 2.19. O escorregamento resistido pelas foras que atuam no
apoio do entalhe. A pequena parcela vertical da fora de apoio resistida pelo parafuso. Para
esses conectores, os autores encontram mdulo de deslizamento variando de 11.600 kN/mm a
38.300 kN/mm, com um valor mdio de aproximadamente 23.800 kN/mm.




(a) (b)
Figura 2.19 Conector metlico: (a) Diagrama de corpo-livre na interface madeira-concreto;
(b) Conector Hilti. Fonte: Gutkowski et al. (2004)

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 60
2.3.4.1 Resinas sintticas estruturais

As resinas sintticas estruturais mais utilizadas em estruturas de madeira so
classificadas em trs grupos: as fenol-resorcinol-formoldedos (PRF), as poliuretanas (PUR) e
as epxis (EP). So ntidos os avanos que essas resinas vm experimentando ao longo do
tempo, cuja confirmao provm dos contnuos progressos em suas propriedades. Dessa
forma, muitas informaes e resultados obtidos h alguns anos no mais se aplicam s novas
resinas.
Em Gardner (1994) se apresentam os testes realizados com trs adesivos, focando o
desenvolvimento de sistemas de reforos para estruturas de MLC, e concluiu-se que a resina
epxi , claramente, o adesivo mais adequado para os reforos ou colagens de elementos de
ao em peas de madeira. Esses ensaios contrariaram as hipteses preliminares de que a resina
epxi poderia apresentar ruptura frgil com o aumento da temperatura ou em situaes de
solicitao por cargas de longa durao.
Atualmente, a resina epxi a mais indicada para a ancoragem de barras de ao em
peas estruturais de madeira, pois permite o desenvolvimento de ligaes simples, fceis de
serem executadas, resistentes e durveis. Devido ao seu excelente desempenho, esse tipo de
conexo tem recebido ateno e reconhecimento, constituindo-se em objeto de constantes
pesquisas.
Em Buchanan e Moss (1999) destaca-se que as resinas epxis de alta viscosidade
devem ser evitadas, pois apresentam adeses deficientes e conseqentemente muitas falhas de
ancoragem. Estudando o comportamento das ancoragens, os autores observaram que as foras
de ruptura so aproximadamente proporcionais ao comprimento de ancoragem e aos
dimetros das barras. Sinteticamente, os autores relatam que:
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 61
A melhor performance estrutural conseguida utilizando-se um maior nmero de
barras com menores dimetros, ao invs de poucas barras com maiores dimetros.
Seus estudos contemplaram a utilizao de barras com dimetros de 10 a 24 mm.
No h acrscimos significativos de resistncia para as ancoragens com
comprimentos superiores a vinte vezes o dimetro da barra.
A distncia mnima do centro da barra face da pea de madeira no deve ser
inferior a 1,5 vezes o dimetro da barra.
O dimetro do furo deve ser, preferencialmente, maior que 1,25 vezes o dimetro
da barra. Contudo, apesar dos furos maiores permitirem tolerncias, eles no
devem ser superiores a 1,5 vezes o dimetro da barra.
Se forem usadas duas ou mais barras em uma mesma linha, elas devem ter
afastamentos de centro a centro de pelo menos dois dimetros.
A melhor precauo colar madeiras com umidade abaixo da umidade de
equilbrio esperada e em condies que assegure que o teor de umidade da
madeira permanea abaixo de 22%.

Ao pesquisar a resina poliuretana de leo de mamona para a colagem de pinos
metlicos na madeira, Pigozzo (2004) concluiu que ela no foi adequada para os fins
propostos, considerando o pouco tempo disponvel para a sua aplicao aps a mistura dos
componentes e o modo de ruptura frgil, resultante da incorporao de CO
2
decorrente da
reao qumica com a umidade da madeira. Tambm afirma que imprescindvel conhecer o
comportamento da resina estrutural na madeira utilizada, pois algumas espcies podem conter
essncias ou oleosidades prprias, que podero diminuir a adeso sobre as suas superfcies.


Cap. 2 Reviso bibliogrfica 62
2.4 Casos especiais de estruturas mistas de madeira-concreto

Embora as estruturas mistas de madeira-concreto apresentem-se como uma alternativa
vivel para diversas aplicaes, as limitaes dimensionais oferecidas pelas madeiras serradas
e rolias influenciaram no surgimento da associao entre vigas de MLC e concreto. Todavia,
essa ltima hiptese esbarra nas deficincias demonstradas pelas vigas de MLC, com destaque
para o seu modo de ruptura frgil, evidenciado pela presena das emendas coladas. Dessa
forma, surge a idia de reforar as vigas de MLC com fibras sintticas para associ-las,
posteriormente, com a laje de concreto e, assim, constituindo-se no principal objeto de estudo
desta pesquisa.


2.4.1 Estruturas mistas de MLC-concreto

Para usufruir plenamente dos benefcios proporcionados pelas estruturas mistas de
madeira-concreto, imperativo transpor as limitaes dimensionais impostas pela madeira
serrada ou pelos rolios. A utilizao das vigas de MLC, para esse fim, mostrou-se uma opo
vivel e capaz de estimular as pesquisas que se descrevem nesta seo.
Baseando-se em um monitoramento de cinco anos, em Capretti e Ceccotti (1996) se
relatam o comportamento experimental de duas vigas mistas de MLC-concreto submetidas a
carregamento de longa durao e expostas s intempries. O sistema investigado composto
de duas vigas paralelas de MLC (125 x 500 x 6000 mm), mecanicamente conectadas a uma
laje de concreto executada sobre uma chapa de ao corrugada (comprimento de 6 m; largura
de 1,5 m; espessura da laje de 50 mm; altura da chapa corrugada de 50 mm). Os conectores
so produzidos a partir de barras de ao trefilado para concreto armado com dimetro de 14
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 63
mm, fixados com resina epxi. O espaamento entre conectores varia entre 150 mm (prximo
aos apoios) e 450 mm na regio central.
Esses modelos foram submetidos a dois tipos de ensaios: um carregamento
uniformemente distribudo de curta durao, equivalente a 1,25 vezes a carga de projeto, e
outro de longa durao, em que o carregamento equivalente a da carga de projeto foi
mantido por cinco anos. Alm dos deslizamentos na interface madeira-concreto e das
deformaes no meio do vo, foram tambm monitorados o teor de umidade e as taxas de
retrao/inchamento das peas de madeira.
Os autores observaram uma forma alternada nos diagramas de deslocamento vertical e
deslizamento, com trechos ascendentes e descendentes, que pode ser explicada combinando-
se os dados de umidade e retrao/inchamento. A retrao da madeira diminui os
deslocamentos verticais e aumenta os deslizamentos, enquanto que o inchamento da madeira
transforma-se em acrscimo nas deflexes e diminuio dos deslizamentos.
Em Takac (1996) expe-se o comportamento reolgico de estruturas mistas de MLC-
concreto, com vos de 3,2 m, utilizando um modelo constitudo por uma laje de concreto
armado com dimenses 350 x 90 x 7 cm e duas vigas de MLC (lminas de 20 mm) com
dimenses 350 x 20 x 14 cm, espaadas de 60 cm (centro). Foram usados conectores
metlicos espaados a cada 20 cm. Submeteu-se o modelo a um carregamento aplicado em
duas fases: na primeira fase o modelo foi submetido a 66% da carga de projeto, seguido de
um descarregamento; na segunda fase de carregamento, submeteu-se o modelo a dois ciclos
de carregamento. O deslocamento vertical mximo medido, depois de completados os ciclos
de carregamento, foi de 6,026 mm.
A investigao da composio MLC-concreto, considerando a insero parcial da viga
de madeira na laje de concreto armado, encontra-se relatada em Yttrup (1996). Foram
comparadas as situaes: (a) utilizao de conectores para unir a MLC ao concreto; (b) a no-
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 64
utilizao de conectores, executando-se entalhes (cavas) na madeira que foram preenchidos
pelo concreto. O autor lembra que os conectores de ao, tais como parafusos e pregos, podem
ser propensos fadiga. Analisou-se, dentre outras possibilidades, o modelo composto por uma
laje de concreto (540 x 145 x 12 cm) e duas vigas paralelas de MLC (540 x 30 x 11 cm).
Foram feitos entalhes nas vigas de MLC com largura de 20 mm e profundidade de 10 mm,
que ficaram embutidos na mesa de concreto. As vigas de MLC foram carregadas previamente,
antes da colocao da laje de concreto, para medir suas rigidezes. Verificou-se, ento, que a
insero da laje de concreto aumentou a rigidez das vigas de MLC em aproximadamente
quatro vezes.
Em Van der Linden e Blass (1996) expem-se os resultados dos ensaios de flexo em
vigas mistas de MLC-concreto, solidarizadas por conectores com dentes estampados.
Adicionalmente, foi desenvolvido um modelo de simulao baseado no Mtodo dos
Elementos Finitos, o qual foi verificado com sucesso. Em seguida, realizaram vrias
simulaes considerando diferentes geometrias, o que resultou numa distribuio estatstica
da capacidade de carga de cada uma delas. Determinaram as resistncias caractersticas para
as diferentes geometrias e a fora de ruptura.
Em trabalho publicado por Mantilla Carrasco et al. (2004), a associao de vigas de
MLC com uma mesa de concreto foi analisada experimentalmente e numericamente. Foram
fabricadas trs vigas com 4 m de vo e a laje de concreto foi solidarizada viga de MLC por
meio de chapas metlicas com dentes estampados. O mdulo de deslizamento do sistema de
ligao foi determinado experimentalmente por meio de ensaios de cisalhamento em corpos-
de-prova. Os resultados finais de deslocamentos e tenses foram compatveis com os
resultados experimentais, demonstrando que o modelo numrico desenvolvido foi apropriado
para a simulao da viga mista analisada. A anlise experimental dessas vigas demonstrou a
viabilidade do tipo de ligao utilizada. Alm disso, as chapas metlicas comportaram-se com
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 65
bastante eficincia, mostrando-se capazes de suportar esforos transversais, alm de impedir a
separao vertical entre as partes. Observou-se um aumento em torno de 26% na capacidade
ltima de carregamento do sistema misto em relao viga simples.


2.4.2 Estruturas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras

A evoluo que se percebe na utilizao das vigas de MLC, especialmente na
construo de pontes de madeira, encontra-se ilustrada esquematicamente na Fig. 2.20. Em
Weaver (2002) ressalta-se que as vigas de MLC primeira situao no esquema da Fig. 2.20
possuem resistncia limitada pelos defeitos e as deformaes geralmente controlam os
limites do projeto. Na situao intermediria, em que as vigas de MLC recebem um reforo
com fibras, a resistncia flexo melhorada; no entanto, as deformaes ainda so fatores
limitantes para as aplicaes do material, especialmente nas vigas de grandes vos. Na
proposta final, em que se associa uma mesa de concreto s vigas de MLC reforadas com
fibras, a resistncia flexo melhorada e, ao mesmo tempo, as deformaes so reduzidas
significativamente, especialmente quando comparadas soluo inicial.


Figura 2.20 Evoluo dos sistemas estruturais para pontes de vigas de madeira.
Fonte: Adaptado de Weaver (2002)


Cap. 2 Reviso bibliogrfica 66
Em Brody et al. (2000) relatam-se as investigaes realizadas acerca do
comportamento das vigas de MLC reforadas com fibras de vidro associadas com uma mesa
de concreto, cuja seo transversal encontra-se representada na Fig. 2.21. Na etapa preliminar
do trabalho foi executada uma viga, cujas dimenses esto relacionadas na Tab. 2.6. A viga de
MLC foi produzida por meio da colagem de seis lminas de Eastern Hemlock (mdulo de
elasticidade de 8.550 MPa, resistncia mdia compresso paralela s fibras de 31 MPa e
resistncia mdia trao paralela s fibras de 19,35 MPa), utilizando-se adesivo fenol-
resorcinol-formaldedo. Esse adesivo tambm foi empregado para impregnar e colar o tecido
de fibras de vidro na regio tracionada da MLC.


Figura 2.21 Seo transversal da viga mista. Fonte: Brody et al. (2000)


Tabela 2.6 Dimenses da viga 1. Fonte: Brody et al. (2000)
Viga
b
c

(mm)
h
c

(mm)
b
w

(mm)
h
w

(mm)
h
b

(mm)
t
(mm)
Comprimento
total (mm)
1 300 72 84 225 38 9,6 2.438


Parafusos de 3/8" x 6" foram fixados ao longo do topo da pea de MLC a cada 7,6 cm
e serviram como elementos de conexo entre o concreto e a MLC. O concreto, preparado com
agregado leve, teve mdulo de elasticidade mdio de 19.650 MPa e resistncia mdia
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 67
compresso de 33,87 MPa, determinados por ensaios de compresso em corpos-de-prova
cilndricos de 150 x 300 mm.
O tecido de fibras de vidro, unidirecional, utilizado como reforo na regio tracionada
da MLC, foi ensaiado de acordo com a ASTM D 3039, apresentando as caractersticas
indicadas na Tab. 2.7.
Por meio de uma fora aplicada no meio do vo com valor mximo de 50 kN a
viga foi submetida flexo, porm permanecendo no regime de comportamento elstico-
linear dos materiais. A mesma viga foi ensaiada considerando-se os vos L= 2,134 m e L=
1,829 m, sendo os ensaios conduzidos em conformidade com a ASTM D 198 Standard test
methods of static tests of lumber in structural sizes.

Tabela 2.7 Propriedades do tecido de fibras de vidro utilizado na trao.
Fonte: Brody et al. (2000)
Mdulo de elasticidade
mdio
(MPa)
Resistncia mdia
trao
(MPa)
Espessura da
lmina
(mm)
40.376 405,19 0,6858


Foi empregado o Mtodo da Seo Transformada para estimar as flechas assumidas
pela viga mista de MLC-concreto. Os autores lembram que os limites dos deslocamentos
verticais correspondem s condies impostas pelos Estados Limites de Servio e, que nessas
condies, a estrutura tem um comportamento elstico-linear.
A avaliao dos deslocamentos verticais da viga mista foi feita considerando-se a
parcela de contribuio do esforo cortante, no domnio dos pequenos deslocamentos. Em
Brody et al. (2000) comenta-se que esse procedimento requer o clculo do coeficiente de
cisalhamento, C, para a viga composta por camadas. Esse coeficiente de cisalhamento igual
a C= 0,833 para vigas de MLC com seo retangular e C= 0,371 para vigas mistas de MLC-
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 68
concreto reforadas com fibras de vidro, o qual aplicado para a seo transversal
transformada. A flecha, considerando os efeitos da flexo e do cisalhamento, ento
calculada por:

A CG 4
FL
I E 48
FL
w w w
w w
3
s b max
+ = + = [2.6]

em que:
=
max
w flecha
=
b
w parcela da flecha associada flexo
=
s
w parcela da flecha associada ao cisalhamento
= F fora aplicada
= L vo
=
w
E mdulo de elasticidade mdio da MLC
= I momento de inrcia da seo transformada
=
w
G mdulo de cisalhamento mdio da MLC
= A rea da seo transversal transformada
= C coeficiente de cisalhamento

A distribuio das tenses de cisalhamento na seo transversal, correspondente
aplicao de uma fora de 50 kN no meio do vo, mostrada na Fig. 2.22. Observa-se que as
maiores tenses de cisalhamento se desenvolvem na alma de MLC, o que pode conduzir a um
prematuro modo de ruptura nessa regio.

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 69

Figura 2.22 Distribuio das tenses de cisalhamento na seo mista.
Fonte: Adaptado de Brody et al. (2000)


Empregando a anlise de momento-curvatura, esses autores esboaram as relaes
entre os momentos e as curvaturas para uma viga em flexo, considerando as hipteses: (a) a
laje de concreto armado est perfeitamente colada mesa de MLC; (b) sem laje de concreto.
Essa anlise indicou claramente o aumento de rigidez e de resistncia que possvel com a
composio da seo mista. Na fase de comportamento linear, segundo Brody et al. (2000), a
adio da laje de concreto aumentou a rigidez flexo em 500% e o momento resistente
dobrou.
Em Weaver (2002) se relata a avaliao do comportamento das vigas de MLC com
reforo de fibras de vidro, considerando a contribuio parcial da laje de concreto armado
associada. Para tanto, duas vigas mistas com 9,14 m de vo foram produzidas e cujas
dimenses da seo transversal constam na Fig. 2.23. Os conectores foram espaados a cada
30,5 cm na viga 1 e a cada 15,2 cm na viga 2. Ambas foram submetidas a carregamento
repetitivo, para simular os efeitos do trfego, variando de 38,7 kN a 98,3 kN, at atingir um
total de 2.000.000 ciclos. A Fig. 2.24 ilustra o arranjo de ensaio de uma dessas vigas.

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 70

Figura 2.23 Seo transversal da viga mista. Fonte: Adaptado de Weaver (2002)



Figura 2.24 Viga mista de MLC-concreto reforada com fibras de vidro: arranjo de ensaio.
Fonte: Weaver (2002)


As vigas de MLC foram produzidas com Southern pine. Preparado com cimento de
alta resistncia inicial, o concreto apresentou resistncia ltima compresso de 34,5 MPa.
Os conectores produzidos a partir do fracionamento de barras de ao trefilado com
resistncia ao escoamento de 413,7 MPa tiveram comprimento de 33 cm e foram fixados na
madeira com adesivo epxi. As fibras de vidro foram coladas madeira usando-se o adesivo
fenol-resorcinol-formaldedo.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 71
Enquanto as vigas foram submetidas ao carregamento repetitivo, as deformaes
permanentes no meio do vo foram observadas, sendo diretamente proporcionais quantidade
de ciclos de carregamento aplicados. Segundo o autor, essas deformaes permanentes podem
ser atribudas fluncia e a danos nos conectores causados pelo carregamento repetitivo.
Observou-se, tambm, que a rigidez efetiva das vigas, resultante da diviso da fora mxima
de 98,3 kN pela deformao correspondente, reduziu medida que foram submetidas a um
maior ciclo de carregamento.
Ressalta-se, tambm, a importncia do sistema de conexo na performance das vigas.
A viga 2, cujo espaamento entre pinos foi de 15,2 cm, mostrou-se uma soluo inadequada,
pois a fora nela aplicada teve que ser muito grande, mas foi capaz de suportar uma fora
41% maior. A viga 1 rompeu-se sob fora de 222,4 kN, enquanto que a viga 2 chegou
ruptura sob a fora de 313,1 kN.
As descontinuidades ocorridas na interface madeira-concreto, constatadas no grfico
que representa as deformaes na seo transversal, indicam a contribuio parcial da laje de
concreto na rigidez do sistema misto. A Fig. 2.25 ilustra as deformaes verificadas na viga 1
para quatro foras diferentes, medidas durante o ensaio de carregamento quase esttico at a
ruptura.

Figura 2.25 Diagrama de deformaes para a viga 1 na fase de carregamento at a ruptura.
Fonte: Weaver (2002)
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 72
A partir dos resultados obtidos na pesquisa de Weaver (2002), nota-se que a tecnologia
de associao de lajes de concreto com vigas de MLC reforadas com FRP muito
promissora, especialmente para a construo de pontes com vos superiores a 20 m, cujas
limitaes dimensionais da madeira serrada ou rolia so uma realidade.
Entretanto, um sistema de conexo apropriado entre a MLC e o concreto, que atenue o
deslizamento na sua interface e aumente a eficincia do sistema misto, condio essencial
para que bons resultados sejam alcanados.
Os estudos relacionados com o tema tm sido apenas experimentais e, assim, h a
necessidade de desenvolvimento de um mtodo apropriado para a anlise estrutural desses
compsitos, de modo que o seu emprego nas construes se d com segurana e economia.
Conhecendo-se melhor o sistema, possvel tambm propor recomendaes normativas.


2.5 Dimensionamento dos sistemas mistos de madeira-concreto

O dimensionamento das estruturas mistas de madeira-concreto encontra-se em fase de
definio, sendo poucos os documentos normativos que mostram caminhos para a sua
efetivao. A NBR 7190 (1997) no contempla esta hiptese de associao de materiais.
Nesta seo, indicam-se os parmetros que influem no dimensionamento e as teorias j
consolidadas at o momento.
Diante da necessidade de anlise de uma pea estrutural, a escolha do modelo de
clculo depende da natureza do fenmeno que se quer avaliar. Se a inteno analisar o
comportamento de uma pea estrutural nos Estados Limites de Servio, os modelos elsticos
devem ser suficientes, pois dificilmente haver qualquer tipo de no-linearidade nesse nvel
de fora. Observando os resultados dos ensaios de flexo realizados em vigas mistas, em Van
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 73
der Linden (1999) ressalta-se que os modelos elsticos no so capazes de determinar, com
preciso, a capacidade ltima de carga do sistema, porque as no-linearidades influenciam o
seu comportamento nos nveis mais elevados de carregamento.
Dois tipos de rigidezes limitam o comportamento dos sistemas mistos. Por um lado, no
extremo superior, encontra-se a seo transversal plenamente composta, em que h apenas
uma linha neutra e as deformaes na interface madeira-concreto so as mesmas para ambos
os materiais (sem deslizamento). Nesse caso, o Mtodo da Seo Transformada apropriado
para a sua anlise. No outro extremo, situa-se a seo transversal sem qualquer tipo de
composio, em que no se transmite nenhum tipo de fora horizontal entre os materiais, ou
seja, as camadas tm linhas neutras individuais e h descontinuidade nas deformaes na
interface dos materiais.
A teoria clssica de Mhler (1956), vlida para vigas T compostas por dois elementos,
ser descrita adiante. Mostra-se a deduo vlida para viga de madeira associada com laje de
concreto, embora possa ser contemplada para qualquer tipo de associao de dois materiais,
contanto que as tenses permaneam no regime elstico linear.
Em Stevanovic (1996) demonstra-se um procedimento para a determinao dos
deslocamentos verticais e esforos internos por meio de equaes diferenciais. O mtodo
baseia-se na aplicao das condies de equilbrio e de compatibilidade de deformaes do
elemento estrutural, sendo considerada a possibilidade de deslizamento na interface de
contato entre os materiais que compem a estrutura mista.
Quando conectores mecnicos interligam as camadas, a solicitao de flexo causa
deslizamento entre os materiais, chamando-se de composio parcial esse tipo de associao.
medida que o deslizamento na interface aumenta, os dois eixos neutros afastam-se cada vez
mais, reduzindo a eficincia da seo transversal.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 74
Tambm oportuno complementar que, nas vigas mistas, a resistncia dos conectores
depende da sua habilidade em redistribuir, no sentido dos conectores mais solicitados para os
menos solicitados, as foras cisalhantes incidentes.


2.5.1 Mdulo de deslizamento

A rigidez e a resistncia das conexes em sistemas mistos, determinadas a partir de
ensaios de cisalhamento, so de difcil obteno. As variaes das propriedades mecnicas
dos materiais envolvidos, das hipteses fundamentais e das aproximaes utilizadas nos
modelos de clculo, geram incertezas na avaliao das foras cisalhantes que ocorrem na
interface dos elementos conectados.
Para contornar essa dificuldade, na avaliao do comportamento das conexes
emprega-se o mdulo de deslizamento, K, que definido como o coeficiente angular da curva
fora-deslizamento, obtido por meio de corpos-de-prova que representam a conexo, com
dimenses reais. Esse coeficiente considera todos os parmetros elsticos e mecnicos dos
materiais envolvidos na conexo, tais como: dimenses e rigidez do conector, rigidez e
resistncia ao embutimento das madeiras utilizadas, fendilhamento ou esmagamento do
concreto, alm de todas as imperfeies do corpo-de-prova.
Nos experimentos realizados em corpos-de-prova de madeira-concreto, os
pesquisadores relatam que, para alguns conectores, ocorrem grandes deslocamentos no incio
da solicitao, devido s folgas iniciais existentes nos furos, mas que diminuem
progressivamente. O comportamento da maioria dos conectores caracterizado por um
diagrama fora-deslizamento no-linear e, assim, muito freqente a determinao do mdulo
de deslizamento secante, representado na Fig. 2.26.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 75

Figura 2.26 Diagrama fora-deslizamento para clculo do mdulo de deslizamento


Em Pigozzo (2004) enfatiza-se que na determinao do mdulo de deslizamento
secante, os limites dos intervalos variam muito entre os autores e entre os cdigos normativos,
alterando significativamente o valor calculado. As variveis que influenciam no mdulo de
deslizamento, segundo esse autor, so: a grande diversificao dos conectores, com formato,
resistncias, rigidez e possibilidade de diferentes posicionamentos; os espaamentos entre os
conectores e em relao s bordas da pea de madeira; as variaes na rigidez e resistncia
das espcies de madeira; a resistncia e mdulo de deformao do concreto utilizado; as
dimenses das peas de concreto, alm da taxa e do posicionamento da armadura.
Diversos autores relatam que, quando o mdulo de deslizamento atinge um
determinado valor, acrscimos significativos implementados ao seu valor tm pouca
influncia no comportamento da rigidez efetiva da estrutura mista. Em Alvim e Almeida
(2003) apresentam-se estudos paramtricos sobre vigas mistas de madeira-concreto com seo
em T e se percebe essa pouca participao do mdulo de deslizamento na rigidez efetiva, a
partir de determinados valores. Tambm se observa que, em vos menores que dois metros, h
certa complexidade em se alcanar uma boa interao entre as partes, independentemente do
tipo de conector ou do espaamento entre eles; para vos entre 6 e 12 metros mais fcil
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 76
atingir a interao plena entre os materiais envolvidos na seo mista, com o uso mnimo de
conectores.
A ausncia de critrios normativos, para a determinao do mdulo de deslizamento
da ligao, fez com que diversos pesquisadores criassem os seus prprios arranjos
experimentais ou se fundamentassem em critrios de normas internacionais.
Em Ceccotti (1995) proposto um modelo, fundamentado nas indicaes do
EUROCODE 4 (1992), em que se estabelece o mdulo de deslizamento de servio,
ser
K , que
corresponde aos nveis iniciais de carregamento, e o mdulo de deslizamento ltimo,
u
K . O
valor de
ser
K obtido pela inclinao da reta secante que passa pelo incio da curva fora-
deslizamento e pelo ponto correspondente a 40% da fora de ruptura, com seu respectivo
deslizamento. O mdulo de deslizamento ltimo calculado conforme a Equao [2.7]
equivale inclinao da reta representada na Fig. 2.27.

ser u
K
3
2
K = [2.7]

Para os pinos fixados perpendicularmente s fibras da madeira, o mdulo de
deslizamento de servio calculado pela Equao [2.8], conforme as indicaes do
EUROCODE 5 (2004), que leva em conta a densidade equivalente dos materiais,
k
, em
kg/m
3
, calculada em conformidade com a Equao [2.9], e o dimetro dos pinos, , em mm.
Ainda, segundo esse cdigo normativo, para ligaes entre madeira e concreto, K
ser
deve ser
multiplicado por dois.
23
K
5 , 1
k
ser

= [2.8]

2 k 1 k k
= [2.9]

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 77

Figura 2.27 Representao dos mdulos de deslizamento


2.5.2 Influncia dos materiais

2.5.2.1 Comportamento dos materiais constituintes

Antes de serem descritas as condies para o dimensionamento das estruturas mistas
de madeira-concreto reforadas com fibras de vidro, indispensvel a apresentao das
propriedades bsicas desses materiais. Nesta seo se apresentam, resumidamente,
particularidades relativas s suas propriedades.

A Madeira
Quando solicitada compresso e trao paralela s fibras, a madeira apresenta um
comportamento elstico-linear. No caso da compresso paralela s fibras, aps ser alcanada a
resistncia mxima (
c
f ), observa-se uma diminuio nos nveis de tenso com incrementos
de deformao. Para simplificao dos modelos de clculo, pode-se admitir que o diagrama
tenso-deformao bi-linear na compresso paralela s fibras, como indicada a Fig. 2.28.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 78


Figura 2.28 Diagrama tenso-deformao simplificado para a madeira
na direo paralela s fibras. Fonte: Fiorelli (2005)


Estudando o comportamento da madeira do gnero pinus, na compresso paralela s
fibras, em Fiorelli (2005) sugere-se que o valor do coeficiente angular do trecho inelstico,
indicado por m na Fig. 2.28, seja considerado igual a 0,31. Esse valor foi relacionado com o
mdulo de elasticidade da fase elstica.
Para a produo das vigas de MLC, as quais compem a alma das vigas mistas
propostas nesta pesquisa, o lote de madeiras dever ser totalmente caracterizado,
determinando-se, inclusive, os parmetros que afetam a resistncia da MLC, tal como a
eficincia das emendas dentadas para um determinado adesivo.

B Fibras de vidro
A Fig. 2.29 mostra o comportamento experimental das fibras de vidro solicitadas por
trao, apresentado em Fiorelli (2005), cujo comportamento linear at a ruptura. Por meio
de ensaios de fibras de vidro unidirecionais, conforme as recomendaes da norma ASTM D
3039 (1997), esse autor determinou os valores mdios da resistncia trao e do mdulo de
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 79
elasticidade, indicados na Tab. 2.8. Os tecidos de fibra de vidro, cujas referncias aparecem
nessa tabela, foram fabricados pela Fibertex.


Figura 2.29 Diagrama tenso-deformao para a fibra de vidro. Fonte: Fiorelli (2005)


Tabela 2.8 Valores mdios das propriedades mecnicas das fibras de vidro unidirecionais.
Fonte: Fiorelli (2005)
Resistncia Mdulo de elasticidade
Fibras de vidro
Mdia
(MPa)
Coeficiente
de variao
(%)
Mdio
(MPa)
Coeficiente
de variao
(%)
UF-0900 1.247 2,24 56.154 2,25
UF-0076 1.107 9,27 71.434 2,07


C Concreto
Devido sua boa resistncia compresso, o concreto um material conveniente para
compor as sees mistas, especialmente se colocado apenas para resistir a esse tipo de
esforo. O material a ser utilizado deve ter caractersticas compatveis com as exigncias da
NBR 6118 (2003), ou seja, deve pertencer no mnimo classe de resistncia C20, alm de
cumprir os requisitos intrnsecos quanto durabilidade.
A resistncia compresso, segundo as prescries dessa norma, refere-se
resistncia obtida em ensaios de corpos-de-prova cilndricos, que sempre est associada
idade do concreto. Quando no se indicar a idade, subentende-se que a resistncia relativa
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 80
idade de 28 dias. A evoluo da resistncia compresso com a idade deve ser obtida por
meio de ensaios especialmente executados para tal. Na ausncia desses resultados
experimentais, podem ser adotados os valores indicados pela norma.
A resistncia trao indireta,
sp , ct
f , e a resistncia trao na flexo,
f , ct
f , so obtidas
por meio de ensaios padronizados. A resistncia trao direta,
ct
f , pode ser considerada
igual a
sp , ct
f 9 , 0 ou
f , ct
f 7 , 0 , ou ainda, na falta de ensaios para obteno de
sp , ct
f e
f , ct
f , o seu
valor mdio,
m , ct
f , pode ser avaliado por meio da Equao [2.10], em que
m , ct
f e
ck
f so
expressos em MPa:

3 2
ck m , ct
) f ( 3 , 0 f = [2.10]


O mdulo de elasticidade do concreto obtido segundo o ensaio descrito na NBR
8522 (2003), considerando-se o mdulo de deformao tangente inicial,
ci
E . Quando no
forem feitos ensaios e no existirem dados mais precisos sobre o concreto usado na idade de
28 dias, pode-se estimar o seu valor a partir da Equao [2.11], com os valores de
ci
E e
ck
f
expressos em MPa:

2 1
ck ci
) f ( 5600 E = [2.11]

O mdulo de elasticidade secante,
cs
E , que se utiliza nas anlises elsticas de projeto,
especialmente para clculo de esforos solicitantes e verificao de estados limites de servio,
deve ser calculado pela expresso:

ci cs
E 85 , 0 E = [2.12]

Para anlises que envolvem a compresso, no estado limite ltimo, a NBR 6118
(2003) admite o diagrama tenso-deformao idealizado, conforme Fig. 2.30.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 81

Figura 2.30 Diagrama tenso-deformao idealizado. Fonte: NBR 6118 (2003)


D Ao
O ao a ser utilizado como armadura passiva no concreto armado, como tambm na
confeco dos conectores, ser do tipo CA-50, provido de salincias. A resistncia
caracterstica ao escoamento,
yk
f , obtida em ensaios de trao, conforme instrues
normativas. O diagrama tenso-deformao simplificado, representado na Fig. 2.31, pode ser
utilizado para clculos nos estados limites ltimos e de servio. Na falta de ensaios, o mdulo
de elasticidade pode ser admitido igual a 210 GPa, segundo a NBR 6118 (2003).


Figura 2.31 Diagrama tenso-deformao para os aos de armaduras passivas.
Fonte: NBR 6118 (2003)

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 82
2.5.2.2 Efeitos localizados

A verificao de segurana dos elementos que compem o sistema misto depende
tambm de efeitos localizados, causados pela concentrao de foras decorrentes da insero
de conectores discretos no concreto e na madeira. Quando embutidos no concreto, os pinos
tm comportamento semelhante ao de uma barra sobre apoio elstico, em cuja parte frontal
ocorre um pico de tenso de compresso, conforme mostra a Fig. 2.30, podendo levar
ruptura o concreto em contato com essa regio.


Figura 2.32 Comportamento do pino de ao embutido no concreto. Fonte: NBR 6118 (2003)


Referindo-se s estruturas mistas de ao-concreto, em Oehlers (1989) enfatiza-se que a
presena de armadura transversal na laje de concreto pode limitar a extenso das fissuras e,
conseqentemente, reduzir a perda de interao entre o concreto e os conectores.
Em Leonhardt e Mnnig (1979) mostra-se que a capacidade resistente,
u
P , de pinos
embutidos em concreto, conforme Fig. 2.32, calculada pela Equao [2.13], no caso em que
a distncia e, do ponto de aplicao da fora P at a face da pea de concreto, tende a zero.
Essa hiptese pode ser admitida no clculo das estruturas mistas, j que a fora que solicita o
pino a resultante do fluxo de cisalhamento que ocorre na interface madeira-concreto.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 83
y c
2
u
f f 3 , 1 P = [2.13]

Na expresso acima:
= dimetro do pino (cm)
=
c
f resistncia compresso do concreto obtida por meio de corpos-de-prova prismticos
(kN/cm)
=
y
f limite de escoamento do ao do pino (kN/cm).


2.5.3 Mtodo da Seo Transformada

Os compsitos de madeira-concreto so constitudos por dois ou mais materiais, com
diferentes propriedades mecnicas. Para tornar mais complexo, na hiptese de utilizao de
vigas de MLC no sistema misto, certo que cada lmina tenha um mdulo de elasticidade
diferente. Uma maneira de analisar as vigas mistas pelo Mtodo da Seo Transformada, em
que um dos mdulos de elasticidade fixado como referncia, e assim cada material que
compe a seo transversal apresenta rigidez supostamente equivalente.
As hipteses bsicas, segundo Timoshenko e Gere (1960), para a validade desse
mtodo so:
A linha neutra deve estar na mesma posio, seja na seo real ou na
transformada.
A capacidade de resistir ao momento fletor de servio deve ser a mesma na seo
transformada e na real.
A seo transversal da viga mista , ento, transformada em uma seo equivalente,
composta por somente um material. As larguras dos outros materiais, diferentes do material
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 84
de referncia, so multiplicadas pelas suas respectivas razes modulares para transformar toda
a seo transversal no material de referncia. Define-se como razo modular, n
i
, de um
determinado material o quociente entre o mdulo de elasticidade desse material,
i
E , e o
mdulo de elasticidade do material tomado como referncia,
1
E , representado pela expresso:

1
i
i
E
E
n =
[2.14]

Numa seo transversal composta por n elementos, a posio da linha neutra
definida pela Equao [2.15], em que
i
A e
i
y representam a rea da seo transversal e
posio do eixo baricentral do material i, respectivamente.

=
=
+
+
=
n
2 i
i i 1
n
2 i
i i i 1 1
A n A
y A n y A
y [2.15]

As tenses normais de flexo, para os materiais que no so o de referncia, devem ser
corrigidas pela razo modular, conforme a expresso:

i
x
i i , x
y
I
M
n = [2.16]

em que
x
M o momento fletor na seo, I o momento de inrcia da seo transversal e
i
y
a posio da fibra na seo.
O Mtodo da Seo Transformada assume perfeita transferncia de cisalhamento entre
os materiais. Todavia, os conectores utilizados no podem eliminar completamente o
escorregamento na interface madeira-concreto e, assim, resulta em uma composio parcial da
seo transversal. Por essa razo, o Mtodo da Seo Transformada no pode estimar com
preciso as tenses, modos de ruptura e flechas.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 85
2.5.4 Modelo analtico para vigas mistas baseado em Mhler

De acordo com Van der Linden (1999), negligenciar o comportamento plstico da
conexo significa superestimar a capacidade de carga das vigas mistas com seo em T. Uma
soluo analtica que leve em conta a plasticidade no pode ser obtida se a configurao
geomtrica, condies de carregamento, apoios ou comportamento dos materiais divergirem
demasiadamente das hipteses dos modelos analticos lineares. Vrios modelos foram
desenvolvidos desde a dcada de 70 (Thompson et al. 1975; Gopu et al. 1988;
Timmerman e Meierhofer 1992), porm todos eles consideram o comportamento elstico-
linear dos materiais.
O modelo analtico, adiante apresentado, s pode ser usado para peas em flexo
simples e baseado nas seguintes hipteses gerais e convenes:
O deslocamento vertical igual para ambos os elementos e dado por uma nica
funo w(x). Isso significa que no ocorre separao entre o concreto e a madeira.
A seo transversal permanece plana e as deformaes por cisalhamento dentro
dos dois materiais no so consideradas.
As resistncias e tenses compresso devem entrar com sinais negativos.
O concreto e a madeira tm comportamento elstico-linear.
Os conectores so igualmente espaados.
Todos os conectores tm a mesma relao fora-deslizamento, que simplificada
como elstico-linear at a capacidade de carga do conector e a partir desse ponto
como plstico ideal, conforme Fig. 2.33.
Os conectores, que so discretos, so admitidos como se fossem conexes
contnuas, com mdulo de deslizamento por unidade de comprimento, k.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 86
O atrito entre a madeira e o concreto no considerado, isto , a fora de
cisalhamento na interface totalmente transmitida pelos conectores.


Figura 2.33 Comportamento elasto-plstico dos conectores



Figura 2.34 Parte da seo transversal da viga mista sujeita ao carregamento q(x).
Fonte: Van der Linden (1999)


O equilbrio entre as foras internas e externas, na Fig. 2.34, conduz a:
) x ( q
dx
) x ( dQ
dx
) x ( dQ
0 ) x ( F
t c
z
= + = [2.17]

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 87
0
dx
) x ( dN
dx
) x ( dN
0 ) x ( F
t c
x
= + = [2.18]

) x ( Q ) x ( Q
dx
) x ( dN
h
2
1
dx
) x ( dM
dx
) x ( dM
0 ) x ( M
t c
c t c
A
+ = + = [2.19]

Derivando a Equao [2.19] e utilizando a Equao [2.17] tem-se:
= +
2
c
2
2
t
2
2
c
2
dx
) x ( N d
h
2
1
dx
) x ( M d
dx
) x ( M d
) x ( q
dx
) x ( dQ
dx
) x ( dQ
t c
= + [2.20]

Considerando que:
2
2
c c c
dx
) x ( w d
I E ) x ( M = [2.21]

2
2
t t t
dx
) x ( w d
I E ) x ( M = [2.22]

dx
) x ( du
A E ) x ( N
c
c c c
= [2.23]

Usando as Equaes [2.21], [2.22] e [2.23] na [2.20] tem-se:

) x ( q
dx
) x ( u d
h A E
2
1
dx
) x ( w d
) I E I E (
3
c
3
c c
4
4
t t c c
= + + [2.24]

A contribuio das foras normais em cada componente dada por:

dx
) x ( dw
kh
2
1
)) x ( u ) x ( u ( k ) x ( u k
dx
) x ( u d
A E
c t
2
c
2
c c
+ = = [2.25]

dx
) x ( dw
kh
2
1
)) x ( u ) x ( u ( k ) x ( u k
dx
) x ( u d
A E
c t
2
t
2
t t
+ = = [2.26]


Cap. 2 Reviso bibliogrfica 88
Que resulta em trs equaes Equaes [2.24] a [2.26] que envolvem os trs
parmetros a serem resolvidos:
= ) x ( w a deflexo na direo z
= ) x ( u
c
o deslocamento do centro de gravidade do concreto na direo x
= ) x ( u
t
o deslocamento do centro de gravidade da madeira na direo x

Uma soluo simples, fechada, obtida para o carregamento:

|

\
|
= x sin q ) x ( q
0
l
[2.27]

Considerando:
|

\
|
= x sin C ) x ( w
1
l
[2.28]

A constante
1
C calculada como:
ef
4
4
0
1
EI
q
C

=
l
[2.29]

Com:
)] e A e nA ( I [ E EI
2
t t
2
c c tot t ef
+ + = [2.30]

O momento de inrcia,
tot
I , escrito como:
c t tot
nI I I + = [2.31]

e , que um fator de combinao, representa a eficincia da conexo, calculado por:
p 1
1
+
=
[2.32]

Em que:
c t
c t
2
c
nA A
A A
k
1
E p
+
|

\
|
=
l
[2.33]
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 89
e
t
c
E
E
n =
[2.34]

As excentricidades da laje de concreto,
c
e , e da viga de madeira,
t
e , so representadas
por:
c t
t
c
nA A
A
h
2
1
e
+
=
[2.35]

e
c t
c
t
nA A
nA
h
2
1
e
+
=
[2.36]

As solues para
c
u e
t
u so dadas por:
|

\
|

|
|

\
|

= x cos q
A E h
2
1
EI
EI
1
) x ( u
3
3
0
c c
ef
min
c
l
l

[2.37]

e
|

\
|

|
|

\
|

= x cos q
A E h
2
1
EI
EI
1
) x ( u
3
3
0
c c
ef
min
t
l
l

[2.38]

Assim, o deslizamento na interface u(x) igual a:
= + =
dx
) x ( dw
h
2
1
) x ( u ) x ( u ) x ( u
c t


|

\
|

+

= x cos q
EI h
2
1
nA EA
nA A
) EI EI ( h
4
1
3
3
0
ef
c t
c t
min ef
2
l
l

[2.39]

Com:
t t c c min
I E I E EI + = [2.40]

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 90
Daqui em diante, por simplificao, a relao fora-deslizamento admitida como
linear, conforme representado na Fig. 2.35 e dada por:
) x ( u k ) x ( f =
[2.41]

O fator k, representado na Fig. 2.35 e indicado na Equao [2.41] o mdulo de
deslizamento dos conectores dividido pelo seu espaamento.

Figura 2.35 Relao fora-deslizamento


Os momentos de flexo dos elementos so dados por:
|

\
|

= = x sin q
EI
I E
dx
) x ( w d
I E ) x ( M
2
2
0
ef
c c
2
2
c c c
l
l
[2.42]

e
) x ( M
I E
I E
x sin q
EI
I E
dx
) x ( w d
I E ) x ( M
c
c c
t t
2
2
0
ef
t t
2
2
t t t
= |

\
|

= =
l
l
[2.43]

interessante observar que:
) x ( M ) x ( M ) x ( M
t c tot
+ [2.44]

Uma vez que as foras normais introduzidas pela ao composta, tambm contribuem
para o momento total. Essas foras so calculadas por:

|

\
|

|
|

\
|
= = x sin
h
2
q 1
EI
EI
dx
) x ( du
A E ) x ( N
2
2
0
ef
min c
c c c
l
l
[2.45]
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 91
e
) x ( N ) x ( N
c t
= [2.46]

As foras de cisalhamento so dadas por:
= + = + = ) x ( u kh
2
1
dx
) x ( dM
) x ( m
dx
) x ( dM
) x ( Q
c
c c
c

) x ( u kh
2
1
x cos q
EI
I E
c 0
ef
c c
+ |

\
|

=
l
l

[2.47]

e
= + = + = ) x ( u kh
2
1
dx
) x ( dM
) x ( m
dx
) x ( dM
) x ( Q
t
t t
t

) x ( u kh
2
1
x cos q
EI
I E
t 0
ef
t t
+ |

\
|

=
l
l

[2.48]

O momento mximo, quando aplicado o carregamento senoidal, equivale a:
2
0
2
max
q
1
M l

= [2.49]

A resistncia flexo,
m , t
f , na fibra mais afastada da regio tracionada da madeira
alcanada no nvel de carga:
m , t
ef
t t
t
ef
min
2
2
f
f
EI 2
h E
hA
2
1
EI
EI
1
q
m , t

+
|
|

\
|

=
l

[2.50]

Em Van der Linden (1999) ressalta-se que a Equao [2.50] pode conduzir a valores
de carregamento superestimados para descrever o comportamento da seo, porque os
conectores, na prtica, apresentam um comportamento plstico.

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 92
2.5.5 Vigas compostas considerando-se o escorregamento entre camadas

Sistemas compostos por camadas de vrios materiais so usados para fabricar vigas,
placas e cascas. Em Goodman e Popov (1968) se demonstram as equaes bsicas que
governam o comportamento de uma viga composta por trs camadas, considerando os seus
deslizamentos, baseando-se nas seguintes hipteses:
O efeito do atrito entre as camadas omitido.
A conexo entre as camadas contnua ao longo do comprimento da viga, isto ,
assume-se que os conectores discretizados e deformveis so substitudos por
uma conexo contnua.
O deslizamento permitido pelo conector diretamente proporcional ao
carregamento aplicado.
A distribuio de deformaes, em cada uma das camadas, linear ao longo da
altura.
Em cada seo da viga, cada camada se deforma na mesma quantidade e no
ocorre flambagem das camadas.

Segundo esses autores, o comportamento de tais vigas representado pela equao:

2
2
2
2
s
4
4
dx
M d
M
dx
y d
EI
AE
1
s
n K
dx
y d
EI 3 =
|
|

\
|
+

[2.51]

em que:
= K mdulo de deslizamento do conector
= n nmero de conectores por fila
= s espaamento entre os conectores
=
s
I momento de inrcia de uma viga slida equivalente.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 93
Foram realizados ensaios em vigas de madeira compostas por trs camadas fixadas por
pregos, encontrando-se excelente concordncia entre os resultados experimentais e tericos.
Esses autores comentam que o deslizamento nas interfaces tem grande importncia nas
deformaes das vigas compostas por camadas, sendo claramente mostrado pelos
experimentos e apropriadamente contido na teoria desenvolvida.


2.5.6 Anlise por momento-curvatura

Em Davids (2001) expe-se o desenvolvimento de um modelo baseado na anlise da
relao momento-curvatura por camadas, que permite a incluso da no-linearidade e
propriedades uniaxiais dos materiais, assim como tambm a relao no-linear entre a fora e
deslizamento na interface madeira-concreto.
Para o desenvolvimento do mtodo, uma das hipteses bsicas consiste em ser
conhecida a relao constitutiva entre o fluxo de cisalhamento, f
v
, e o deslizamento relativo
entre a mesa de concreto e a alma de MLC. J que os materiais no se separam, os
deslocamentos verticais e curvaturas, , so idnticos ao longo de todo o comprimento da
viga. No entanto, a incorporao do deslizamento na interface e a considerao da resposta
no-linear dos materiais conduzem a equaes que no podem ser resolvidas analiticamente.
Foi, ento, escolhida a estratgia de soluo computacional, discretizando-se a viga em
camadas.
O modelo proposto foi comparado com os resultados experimentais exibidos em
Mantilla Carrasco e Oliveira (1999), encontrando-se razovel concordncia. Com a
implementao desse modelo, as flechas e foras de ruptura podem ser estimadas com boa
preciso, podendo conduzir a uma otimizao dos materiais que compem a seo mista. O
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 94
autor destaca, ainda, que deveria ser estudada, posteriormente, a possibilidade de ruptura por
cisalhamento das vigas de MLC-concreto reforadas com fibra de vidro.


2.5.7 Critrio de clculo segundo a DIN 1052

Nos critrios apresentados pela DIN 1052 (1988) para as sees mistas de madeira-
concreto que se fundamentam nos estudos de Mhler (1956) a seo transversal
inicialmente homogeneizada, fixando-se a madeira como material de referncia. Baseando-se
nos critrios de dimensionamento de vigas com alma contnua e conexes deformveis, so
apresentadas as expresses para clculo das tenses em algumas posies de interesse, como
tambm para a verificao das conexes.


Figura 2.36 Indicao das tenses normais calculadas segundo a DIN 1052 (1988)
em seo transversal de viga mista. Fonte: adaptado da DIN 1052 (1988)


Para considerar o efeito dos deslizamentos na interface dos materiais, o momento de
inrcia da seo transversal mista reduzido conforme a Equao [2.52], em que
w
I e
c
I so
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 95
os momentos de inrcia da seo de madeira e de concreto, respectivamente;
c
n a razo
modular do concreto;
w
A e
c
A so as reas de madeira e de concreto, respectivamente;
w
a e
c
a so as distncias representadas na Fig. 2.36 e calculadas conforme Equaes [2.53a] e
[2.53b]; e o coeficiente k, para sees transversais com dois materiais diferentes, calculado
segundo a Equao [2.54].

) a A a A n (
k 1
1
I n I I
2
w w
2
c c c c c w ef
+
+
+ + = [2.52]

2
h
y a
c
c
= e y
2
h
h a
w
c w
+ = [2.53a,b]

) A E A E (
A E A E
K
s
k
w w c c
w w c c
2
2
+

=
l
[2.54]

Nessa equao, s representa o espaamento entre conectores;
c
E e
w
E correspondem
aos mdulos de elasticidade do concreto e da madeira, respectivamente; l o vo entre
apoios; e K o mdulo de deslizamento que, segundo a DIN 1052 (1988), pode variar entre
600 N/mm, no caso de pregos sujeitos a corte simples, at 30.000 N/mm para outros
conectores.
Finalmente, as tenses no concreto, indicadas na Fig. 2.36, so calculadas segundo as
expresses:

|

\
|
+
+
=
2
h
k 1
a
I
M
n
c c
ef
c 1 c
e |

\
|
+
=
k 1
a
I
M
n
c
ef
c cm
[2.55a,b]

e as tenses na madeira so determinadas pelas equaes:

|

\
|
+
+
=
2
h
k 1
a
I
M
w w
ef
2 w
e |

\
|
+
=
k 1
a
I
M
w
ef
wm
[2.56a,b]

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 96
O fluxo de cisalhamento, T, para ligaes com conectores flexveis calculado
conforme a Equao [2.57], em que V a fora cortante e
c
S o momento esttico da seo
de concreto.

) k 1 ( I
S V
T
ef
c
+

=
[2.57]

Conhecendo-se o fluxo de cisalhamento e a fora admissvel para um conector,
1
R ,
possvel, ento, determinar o espaamento entre os conectores:

T
s
R
1
[2.58]

A verificao da tenso mxima de cisalhamento feita por meio da expresso:

2
w w
ef ef w
w
k 1
a
2
h
I 2
V
I b
S V
|

\
|
+
+ =

= [2.59]

No estado limite de servio, a flecha deve ser limitada pelos valores impostos pelos
cdigos normativos (
lim
w ). Neste caso, as expresses clssicas podem ser utilizadas,
utilizando-se o momento de inrcia efetivo. Para uma viga simplesmente apoiada, por
exemplo, sujeita a carregamento uniformemente distribudo, tem-se:


lim
ef w
4
w
I E
q
384
5

l
[2.60]




Cap. 2 Reviso bibliogrfica 97
2.5.8 Critrio de clculo segundo o EUROCODE 5

Em Ceccotti (1995) so apresentados os procedimentos para o clculo das estruturas
mistas de madeira-concreto, mostrados nesta seo, os quais servem de fundamentao para
os critrios do EUROCODE 5 (2004). Essa norma considera a influncia do deslizamento na
interface do sistema pela adoo de um produto de rigidez efetivo,
ef
) EI ( , calculado
conforme a Equao [2.61] e cujo valor procede da forma da seo transversal, dos mdulos
de elasticidade dos materiais constituintes, do espaamento entre os conectores e do mdulo
de deslizamento da ligao.

2
w w w w w w
2
c c c c c c ef
a A E y I E a A E y I E ) EI ( + + + = [2.61]

Nessa equao
c
E ,
w
E ,
c
I ,
w
I ,
c
A e
w
A representam os valores mdios dos
mdulos de elasticidade, os momentos de inrcia e as reas da seo transversal do concreto e
da madeira, respectivamente;
c
y o fator parcial da mesa, calculado conforme Equao
[2.62]; 0 , 1 y
w
= o fator parcial da alma;
w
a e
c
a so as distncias, calculadas conforme as
Equaes [2.63] e [2.64], respectivamente.


1
2
c c
2
c
K
s A E
1 y

|
|

\
|

+ =
l
[2.62]

) A E y A E y ( 2
) h h ( A E y
a
w w w c c c
w c c c c
w
+
+
=
[2.63]

w
w c
c
a
2
) h h (
a
+
= [2.64]

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 98
Na Equao [2.62], K indica o mdulo de deslizamento da ligao, s representa o
espaamento dos conectores e l o vo terico da viga. Nas Equaes [2.63] e [2.64],
c
h e
w
h so as alturas representadas na Fig. 2.37. Para efeito de clculo do
c
y , o EUROCODE 5
(2004) recomenda que o vo terico seja igual a:

prprio vo, para vigas bi-apoiadas
0,8 do vo, para vigas contnuas
2 vezes o comprimento do balano


Figura 2.37 Representao da seo mista e das tenses normais.
Fonte: adaptado do EUROCODE 5 (2004)


Para o clculo do mdulo de deslizamento de servio, de pinos fixados
perpendicularmente s fibras da madeira, o EUROCODE 5 (2004) indica a Equao [2.65],
que funo da densidade mdia,
m
(kg/m), e do dimetro dos conectores, d (mm). Ainda,
segundo esse mesmo cdigo, para ligaes entre madeira e concreto, K
ser
deve ser
multiplicado por dois.

23
d
. 2 K
5 , 1
m
ser

=
[2.65]

= l
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 99
Se as densidades dos materiais interligados so diferentes, deve-se adotar a densidade
mdia calculada pela expresso abaixo, em que
1 , m
e
2 , m
so as densidades mdias dos
materiais 1 e 2, respectivamente.

2 , m 1 , m m
= [2.66]

Nas anlises dos estados limites ltimos, o valor do mdulo de deslizamento a ser
considerado calculado por:

ser u
K
3
2
K = [2.67]

Para o clculo das tenses normais na seo transversal, nas posies indicadas na Fig.
2.37, so indicadas as equaes:

ef
c c c c
) EI (
M
a E y = e
ef
c c c , m
) EI (
M
h E 5 , 0 =
[2.68a,b]

ef
w w w w
) EI (
M
a E y = e
ef
w w w , m
) EI (
M
h E 5 , 0 =
[2.69a,b]

A mxima tenso de cisalhamento obtida por:

V
) EI (
h E 5 , 0
ef
2
w w
max , w
= [2.70]

A fora por conector determinada por:

V
) EI (
s a A E y
R
ef
c c c c
1
=
[2.71]

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 100
Segundo Ceccotti (2002), os conectores so normalmente espaados de acordo com a
intensidade da fora cortante na interface dos materiais. No caso desse espaamento variar,
para o clculo de y
c
deve-se considerar o espaamento efetivo, s
ef
, calculado pela Equao
[2.72], em que s
min
representa o espaamento entre os conectores nas extremidades da viga e
s
max
o espaamento na parte central.

max min ef
s 25 , 0 s 75 , 0 s + = com
min max
s 4 s [2.72]

Em Ceccotti et al. (2002) se relatam as modificaes decorrentes da verso de 2002 do
EUROCODE 5 no projeto das estruturas mistas de madeira-concreto. Para esses autores, a
nova verso mais restritiva que a verso de 1993, especialmente por conta dos menores
valores adotados para a rigidez da conexo, sendo teoricamente mais correta.


2.5.9 Clculo das vigas de MLC reforadas com fibras

Admitindo-se que todas as lminas que constituem a viga de MLC tm o mesmo
mdulo de elasticidade longitudinal e a hiptese de distribuio linear de deformaes ao
longo da altura da viga, podem-se desenhar os diagramas de distribuies de deformaes e
tenses, indicados na Fig. 2.38. Considerando que a viga de MLC reforada com fibras est
sujeita ao do momento fletor, sua ruptura pode ocorrer tanto por compresso ou por trao
na madeira, como tambm por trao nas fibras.

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 101

Figura 2.38 Distribuio de deformaes e tenses na seo transversal
da viga no caso do modo de ruptura por compresso


Se o modo de ruptura for a trao paralela s fibras da madeira, a regio comprimida
da viga pode estar com ou sem a plastificao indicada na Fig. 2.38 e a posio da linha
neutra determinada com a considerao de resultante nula das tenses normais na seo
transversal. Descarta-se a hiptese de ruptura por trao nas fibras de vidro, j que as mesmas
possuem resistncia trao cerca de 20 vezes superior da madeira na trao paralela s
fibras, garantindo que esse modo de ruptura no ocorra.
Em Fiorelli (2005) apresenta-se um programa computacional, desenvolvido em
linguagem Borland C++ Builder, que determina o momento fletor resistente e a rigidez
flexo (EI) de vigas de MLC reforadas e no reforadas com fibras, conforme os
pressupostos tericos apresentados. Paralelamente foram realizados ensaios de flexo esttica
em 12 vigas de MLC sem reforo e com reforo de fibras de vidro, com seo transversal de
6 x 20 cm e 6 x 30 cm e comprimento de 400 cm, seguindo os procedimentos da norma
americana ASTM D 198 (2005). Os resultados experimentais apresentaram boa concordncia
em relao rigidez flexo terica, estimada pelo programa.
Esse autor analisou, ainda, o efeito da adio de reforos de fibras de vidro na razo de
1,2% e 3,3% da altura das vigas. No entanto, sugere que a porcentagem mxima de reforo de
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 102
fibras de vidro em vigas de MLC seja 3,3%, tendo em vista que, a partir desse patamar, o
ganho proporcionado pelo reforo no significativo.


2.6 Simulaes numricas

H um significativo potencial para futuras aplicaes dos sistemas mistos de madeira-
concreto em estruturas de pontes e edificaes. Contudo, para se projetar estruturas mistas de
forma eficaz e segura necessrio um mtodo para estimar a resposta dos conectores e
modelar o sistema como um todo.
Com o constante avano tecnolgico com computadores cada vez mais velozes e
capacidade de armazenamento surpreendente cria-se um suporte para o desenvolvimento de
programas muito eficientes, capazes de estimar com grande preciso, em alguns casos, o
comportamento estrutural. Desse modo, tm sido freqentes as pesquisas, dentro da rea de
engenharia de estruturas, que envolvem os mtodos numricos e simulaes de elementos
estruturais, as quais utilizam programas comercialmente difundidos tanto no meio profissional
como no acadmico.
Em Kotinda et al. (2006) exibe-se a construo de um modelo numrico
tridimensional de vigas mistas de ao e concreto, simplesmente apoiadas, buscando simular o
comportamento da interface definida entre a viga e a laje. A modelagem numrica foi
realizada utilizando-se o programa computacional ANSYS verso 8.0, em que os conectores
foram modelados como elementos de viga, ao invs de elementos reolgicos do tipo mola que
so tradicionalmente utilizados nesse tipo de conexo. A vantagem, segundo os autores, no
precisar conhecer previamente o mdulo de deslizamento da ligao.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 103
Essa estratgia permitiu a verificao de aspectos localizados, como a concentrao de
tenses nos conectores e na regio da laje de concreto que os envolve. Os resultados da
modelagem mostram boa concordncia com valores experimentais analisados, principalmente
em termos de distribuies de tenses na seo transversal.
Uma das componentes do escopo deste trabalho , justamente, realizar as simulaes
numricas das vigas mistas de MLC-concreto, com e sem reforo de fibras de vidro, de modo
que sejam criados subsdios para o dimensionamento desses elementos.


2.7 Avaliao paramtrica dos sistemas mistos de madeira-concreto

2.7.1 Influncia da configurao geomtrica

Considerem-se os parmetros que determinam a configurao da seo transversal
mista, conforme indicados na Fig. 2.39. As dimenses da viga de madeira e da laje de
concreto armado implicam na resistncia e rigidez do conjunto e a efetividade da composio
da seo transversal depende da proporo de ambos os materiais.


Figura 3.39 Configurao da viga mista de madeira-concreto. Fonte: Van der Linden (1999)
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 104
A rigidez flexo mxima da seo composta,
max
EI , obtida tornando unitrio o
fator de composio, , que aparece na Equao [2.30] e representa a situao de composio
total entre a laje de concreto armado e a viga de madeira. Por outro lado, a rigidez flexo
mnima,
min
EI , alcanada quando no h composio entre os materiais, e assim 0 = ,
conforme Equao [2.40].
Em Van der Linden (1999) mostra-se que a mxima razo
min max
EI EI igual a
quatro, conforme ilustra a Fig. 2.40. Esse grfico independe do material, uma vez que a razo
entre os mdulos de elasticidade de ambos os materiais considerada pela razo modular, n,
que multiplica o quociente
w c
b b .


Figura 2.40 Curvas de EI
max
/EI
min
em funo da razo h
c
/h
w
.
Fonte: adaptado de Van der Linden (1999)


Um outro fenmeno, destacado por esse autor, a influncia do vo no desempenho
da conexo entre os dois materiais constituintes da seo mista. Na Fig. 2.41 demonstra-se o
efeito do vo em , para uma viga mista de madeira-concreto com:
2
c
mm 000 . 42 A = (600 x
70 mm),
2
w
mm 000 . 20 A = (100 x 200 mm) e 2 n = .
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 105
Se o mdulo k admitido constante indicando que o mesmo tipo de conector
disposto a uma distncia s a efetividade da seo mista depende significativamente do vo.
Para vos menores que dois metros muito difcil alcanar um fator de combinao superior a
0,33, o que significa que se alcana um ganho de rigidez de apenas 33% por meio da
composio da seo, independente do tipo de conector e espaamento adotado.


Figura 2.41 Relao entre o vo e o fator de composio, .
Fonte: adaptado de Van der Linden (1999)


Uma dada configurao somente pode alcanar sua mxima rigidez relativa,
[ ]
max min ef
EI EI , para uma razo especfica entre
c
h e
w
h e n vezes a razo entre
c
b e
w
b .
Essa razo, conforme Van der Linden (1999), dada por:

1
b
b n
h
h
w
c
w
c
=

[2.73]

Nesse ponto timo de projeto, o aumento de rigidez governado pelo
max
k e ser, na
prtica, sempre menor que o valor mximo terico de quatro. O valor mximo pode ser obtido
pela expresso:

Cap. 2 Reviso bibliogrfica 106
+ =
(

3 1
EI
EI
max
min
ef

[2.74]

Considerando-se os parmetros utilizados para gerar as curvas da Fig. 2.41, a razo
entre a altura da laje de concreto e da viga de madeira 35 , 0 h h
w c
= e a razo entre suas
larguras multiplicada pela razo modular 12 b b n
w c
= . Para essa razo entre as larguras, a
razo tima entre as alturas seria 0,289 de acordo com a Equao [2.73], e a altura da laje de
concreto armado poderia ser de 58 mm ao invs de 70 mm, em combinao com a altura da
viga de madeira de 200 mm.
A observao anterior mostra que, em alguns casos, necessrio diminuir a altura ou a
largura de um dos componentes da seo transversal para obter a razo tima de rigidez
flexo. No entanto, segundo Van der Linden (1999), recomendado aumentar o mdulo de
deslizamento, k, ao invs de adicionar material, para aumentar a rigidez flexo de uma viga
mista. Isso vlido at o momento em que o mdulo de deslizamento no puder mais ser
aumentado, ocasio em que as dimenses da seo transversal devem ser modificadas.


2.7.2 Largura efetiva

Tratando do comportamento das estruturas mistas de ao-concreto, em Oehlers e
Bradford (1995) afirma-se que o projeto dessas estruturas torna-se bastante simplificado com
a discretizao dos elementos na forma de viga em T, considerando uma largura de mesa tal
que seu comportamento aproxima-se adequadamente do sistema misto. Na anlise da viga
mista assumido que o efeito de composio induz a uma distribuio linear de deformaes
ou a uma distribuio bi-linear, dependendo do grau de composio.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 107
tambm assumido que essa distribuio de deformaes no varia ao longo da
largura da seo transversal. Na verdade isso no ocorre na prtica, devido s no-linearidades
e ao efeito shear lag. Os autores enfatizam que o fenmeno de shear lag muito importante
para as vigas de ao com grandes mesas.
Em Chiewanichakorn et al. (2004) comenta-se que, por meio do efeito shear lag, as
tenses e deformaes na interface mesa-alma podem ser subestimadas em clculos baseados
em anlise linear e que empregam a hiptese de que as sees planas permanecem planas sob
flexo. As tenses de compresso variam ao longo da espessura da mesa. Por essa razo,
diferentes larguras efetivas podem ser obtidas, dependendo da posio onde essas tenses
forem consideradas.
Os mtodos para a determinao da largura efetiva da mesa de concreto decorrem da
resoluo das equaes apropriadas da Elasticidade, aplicando-se soluo por sries para o
comportamento flexo e de membrana da viga em T, ou o Mtodo das Diferenas Finitas,
ou ainda o Mtodo dos Elementos Finitos. A partir dessa ltima opo, esses autores
realizaram estudos para quantificar os efeitos de vrios parmetros na largura efetiva da mesa,
dos quais derivam as recomendaes apresentadas a seguir. Assim, a largura efetiva dada
por:


d , ef e , ef ef
b b w + =
[2.75]

em que as dimenses
e , ef
b e
d , ef
b esto representadas na Fig. 2.42. Para vigas simplesmente
apoiadas com vo L:

L
T
6 , 0 1
2 T
b
adj
adj
ef
= quando 1
L
T
adj

[2.76]

e
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 108
L 2 , 0 b
ef
= quando 1
L
T
adj
> [2.77]

A largura efetiva da mesa,
ef
w , tende dimenso
laje
w , indicada na Fig. 2.42,
enquanto a razo L T
adj
aproxima-se de zero. As Equaes [2.75] a [2.77] esto sujeitas s
seguintes limitaes geomtricas:

2
T
b
adj
ef
e
lat ef
T b [2.78a e b]



Figura 2.42 Largura efetiva. Fonte: adaptado de Oehlers e Bradford (1995)


O EUROCODE 4 (1994) simplifica as Equaes [2.76] e [2.77], indicando
simplesmente a recomendao:

L 125 , 0 b
ef
= [2.79]


2.7.3 Influncia do concreto

Para estudar a influncia do concreto na resistncia e rigidez de vigas mistas de
madeira-concreto fez-se variar, conforme Van der Linden (1999), os seguintes parmetros do
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 109
concreto: (a) a resistncia trao; (b) a resistncia compresso; (c) o mdulo de
elasticidade; e (d) a largura efetiva da mesa.
Nas vigas mistas com seo transversal em T, a laje de concreto inicialmente
colocada sob compresso em grande parte das possveis configuraes. Dependendo da
rigidez e da resistncia dos conectores e para um determinado nvel de carregamento, a laje
permanece sob compresso ou apresenta tenses de trao. A rigidez total das vigas mistas
principalmente baseada na composio entre o concreto e a madeira e na rigidez da viga de
madeira. Em Van der Linden (1999) afirma-se que a rigidez da laje de concreto dificilmente
afeta a rigidez total da viga mista.
Esse autor tambm observou que a resistncia compresso do concreto dificilmente
influencia a rigidez de uma viga mista de madeira-concreto. Da mesma forma, variando o
mdulo de elasticidade entre 25.000 MPa e 30.000 MPa, foi observado que essa propriedade
no tem influncia significativa na resistncia e rigidez das vigas mistas.
Nas estruturas de pisos de edificaes, a largura efetiva da mesa de concreto igual
distncia entre as vigas de madeira, desde que carregamentos uniformes sejam considerados
na avaliao. Assim, em Van der Linden (1999) comenta-se que, para as vigas em que foras
esto aplicadas no meio do vo, a largura efetiva da mesa pode ser considerada, de forma
conservadora, igual a 95% da distncia entre as vigas de madeira, desde que o vo seja pelo
menos cinco vezes maior que a distncia entre as vigas.
No projeto de uma estrutura mista necessrio assegurar que o cisalhamento
longitudinal, transmitido pelos conectores, seja resistido pela camada de concreto armado. O
mecanismo de transferncia do cisalhamento longitudinal para o concreto depende dele estar
ou no inicialmente fissurado.
A retrao do concreto depende das condies ambientais onde a pea estrutural est
inserida e dos componentes do concreto, e as deformaes de retrao podem exceder
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 110
6
10 500

= . Alm do mais, a retrao dependente do tempo e, por essa razo, as foras
induzidas causaro fluncia, como se ressalta em Oehlers e Bradford (1995). Os conectores
que fazem a ligao entre a madeira e o concreto so os responsveis pela resistncia
retrao, de tal modo que as foras de cisalhamento, devido retrao, so em direo oposta
quelas induzidas pelas foras gravitacionais. No entanto, a retrao causa deformao na
alma da seo em T, na mesma direo que as deformaes provocadas pelas foras
gravitacionais.


2.7.4 Influncia dos conectores

At certo ponto, a influncia dos conectores determinada pelo vo da viga mista,
como mostra a Fig. 2.41. Em vos que variam entre trs e nove metros, que na prtica so
muito comuns nas estruturas de pisos, o distanciamento entre os conectores desempenha um
papel importante. Os parmetros que foram adotados para se obter as curvas da Fig. 2.41 so
mais uma vez utilizados, em conjunto com os vos de trs, seis e nove metros, para mostrar a
importncia da rigidez do sistema de conexo em relao rigidez da viga mista. Os
resultados encontram-se ilustrados na Fig. 2.43.
Para essa configurao, a mxima rigidez que pode ser encontrada ,
aproximadamente, 4,0E+12 N.mm. Para um mdulo de deslizamento, k, prximo de zero a
rigidez da viga apenas 25% da rigidez mxima. Na prtica, as exigncias em termos de
deformao determinam o mnimo valor de k.


Cap. 2 Reviso bibliogrfica 111

Figura 2.43 Relao entre a rigidez flexo da viga mista (
ef
EI ) e o mdulo de deslizamento
por unidade de comprimento. Fonte: adaptado de Van der Linden (1999)


2.7.5 Influncia da madeira

Em boa parte das possveis configuraes para as vigas mistas de madeira-concreto, a
resistncia e a rigidez da viga de madeira so os principais fatores que influenciam na
resistncia ltima e na rigidez do compsito. Uma das razes que justifica essa afirmao a
grande disperso dos valores das propriedades mecnicas da madeira. Em Van der Linden
(1999) observa-se que a capacidade de carga das vigas mistas quase sempre determinada
pela resistncia trao paralela s fibras da viga de madeira.
Todavia, as tenses de trao que ocorrem na madeira so, em grande parte,
dependentes do mdulo de deslizamento, k. Para ilustrar, esse autor demonstra que, em uma
viga mista de madeira-concreto com seis metros de vo e sujeita a um carregamento
uniformemente distribudo de 6 kN/m, a tenso de trao na madeira cai de 14,8 MPa
quando os materiais que compem a viga mista no experimentam qualquer tipo de
composio para 8,6 MPa quando a seo transversal est sujeita a composio total.
Por outro lado, a resistncia compresso da madeira no tem uma significativa
importncia na capacidade resistente da viga mista, como tambm na sua rigidez inicial.
Cap. 2 Reviso bibliogrfica 112
2.8 Concluses da reviso bibliogrfica

Indubitavelmente, a MLC tem se mostrado como alternativa promissora para um
melhor aproveitamento dos recursos florestais brasileiros. Seu comportamento mecnico,
manuteno dos padres de esttica da madeira serrada e possibilidade de obteno de formas
diferenciadas, com dimenses praticamente ilimitadas, sugerem que esse material seja mais
bem explorado por arquitetos, engenheiros e pesquisadores nacionais. Pesquisas mostram que
a resistncia da MLC pode ser melhorada com a adio de fibras sintticas, resultando no
aumento da confiabilidade do material e em uma conveniente reduo no consumo de
madeira. Desse modo, sob a ptica da sustentabilidade, essa alternativa tem muito a contribuir
no campo de atuao da engenharia civil.
A adio das fibras de vidro, na face tracionada das peas de MLC, garante um
acrscimo na resistncia sob condies de flexo, mas o ganho em termos de rigidez
modesto. Uma das possibilidades de modificao desse comportamento por meio da sua
associao com uma laje de concreto armado, gerando as estruturas mistas de madeira-
concreto, as quais oferecem vrias vantagens, especialmente nos aspectos de durabilidade,
rigidez e conforto acstico.
Embora os resultados preliminares apontem para uma viso animadora dessa
associao, estudos adicionais devem ser realizados no sistema de ligao e em vigas com
seo transversal em T, com essas caractersticas, visando minorar o deslizamento na
interface madeira-concreto e, conseqentemente, melhorar a rigidez do conjunto.
Anlises numricas tambm devem ser procedidas para que se tenha um modelo capaz
de estimar o comportamento desse sistema e, assim, poder recomend-lo e empreg-lo
eficientemente em construes.

Cap. 3 Caracterizao dos materiais 113
3 CARACTERIZAO DOS MATERIAIS




A reviso bibliogrfica permitiu a constatao da eficincia da MLC reforada com
fibras de vidro e mostrou, dentre outras, os resultados conseguidos por meio da aplicao das
estruturas mistas de madeira-concreto. Assim, para que a associao de materiais proposta
nesta pesquisa seja uma tcnica capaz de ser empregada na prtica da engenharia civil,
necessrio um amplo conhecimento de suas particularidades, que culmine na formatao de
um modelo ou algoritmo apropriado ao projeto dessas estruturas.
Para alcanar esses objetivos, bem como fomentar a necessria aferio dos modelos
numricos, foi desenvolvido um programa experimental constitudo pelas seguintes etapas: (a)
caracterizao dos materiais envolvidos; (b) determinao do mdulo de deslizamento e fora
de ruptura dos sistemas de conexo propostos; (c) ensaios de vigas com dimenses estruturais,
compostas de mesa de concreto armado e alma de MLC, com e sem reforos com fibras de
vidro. Convm enfatizar que os contedos relativos ao programa experimental esto
distribudos nos Cap. 3, 4 e 5 desta tese, com o propsito de organizar a sua apresentao.
Deste modo, neste captulo so descritos os procedimentos experimentais adotados
para a caracterizao dos materiais envolvidos, a saber: (a) madeira; (b) concreto; (c) ao;
(d) fibras de vidro. Especificamente so expostos os resultados e os mtodos de ensaios
considerados na determinao de suas propriedades fsicas e mecnicas, e, ao mesmo tempo,
apresentadas as justificativas para a escolha dos materiais.
Alm disso, so reveladas as particularidades relativas execuo das emendas nas
lminas de madeira e a avaliao da eficincia do processo. Os parmetros obtidos nesta fase
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 114
so fundamentais para descrever o comportamento dos materiais, fornecendo os valores das
constantes indispensveis para as avaliaes numricas dos sistemas de conexo e das vigas
mistas.
Praticamente todo o programa experimental foi realizado nos laboratrios do
Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia de So Carlos da
Universidade de So Paulo. A colagem das emendas dentadas executadas nas lminas, assim
como a colagem e prensagem das vigas de MLC, foi realizada na empresa Matra, localizada
no Municpio de So Carlos.
Todo procedimento experimental amparado nas recomendaes das normas
pertinentes ou, na ausncia de normatizao aplicvel, baseiam-se em publicaes correlatas.


3.1 Madeira

3.1.1 Escolha do material

Apesar da imensa quantidade de espcies disponibilizadas pelas florestas brasileiras,
optou-se pela utilizao de madeiras provenientes de reas reflorestadas; com essa escolha,
pretende-se incentivar o uso das madeiras procedentes das florestas plantadas e, assim,
explorar de forma adequada o potencial de produo nacional.
Num primeiro momento, cogitou-se a hiptese de se utilizar o Eucalyptus grandis para
a produo das peas de MLC, justificada pela grande disponibilidade dessa essncia no
Estado de So Paulo. A madeira dessa espcie, segundo Alzate (2004), considerada
medianamente leve e fcil de trabalhar em operaes de usinagem, sendo considerada de
baixa estabilidade dimensional e de elevada permeabilidade. uma das espcies mais
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 115
versteis, indicada para mltiplos usos. No entanto, apresenta problemas de empenamento,
contraes e rachaduras nas operaes de desdobro e de secagem. O Anexo E da NBR 7190
(1997) fornece, para a umidade de 12%, os valores mdios das propriedades fsicas e
mecnicas dessa espcie, as quais se encontram registradas na Tab. 3.1.

Tabela 3.1 Propriedades fsicas e mecnicas do Eucalyptus grandis
Propriedades Valores mdios
Densidade aparente 0,64 g/cm
Resistncia compresso paralela s fibras, f
c,0
40,3 MPa
Resistncia trao paralela s fibras, f
t,0
70,2 MPa
Resistncia ao cisalhamento, f
v
7,0 MPa
Mdulo de elasticidade na direo das fibras, E
c,0
12.813 MPa


Antes, porm, da aquisio do Eucalyptus grandis para a confeco das peas de
MLC, foram feitos contatos com as empresas que comercializam essa espcie na regio,
constatando-se a necessidade de submet-las secagem. Desta forma, selecionou-se um
produto em condies de uso imediato, eliminando-se os custos e tempos impostos pela
operao de secagem. Assim, a espcie adquirida foi um hbrido de Eucalyptus grandis e
Eucalyptus urophylla comercializada com o nome de Lyptus e procedente de reas de
reflorestamento situadas no sul do Estado da Bahia. O lote de madeira foi adquirido em
fevereiro de 2007.
Essa substituio foi providencial, pois praticamente no houve perdas do material
adquirido, em face de seu processo de seleo na indstria. Alm do mais, observa-se que as
propriedades fsicas e mecnicas do Lyptus superam as do Eucalyptus grandis, pela
confrontao entre os valores constantes nas Tab. 3.1 e 3.2.

Cap. 3 Caracterizao dos materiais 116
3.1.2 Propriedades fsicas e mecnicas do Lyptus

Das pranchas adquiridas, ou das peas de MLC produzidas, dependendo do ensaio,
extraram-se corpos-de-prova para a averiguao das propriedades fsicas e mecnicas do
material, encontrando-se, para o lote ensaiado, os valores mdios apresentados na Tab. 3.2, os
quais foram corrigidos para o teor de umidade de 12%. No Apndice A se apresentam as
tabelas que registram os dados completos dos ensaios realizados, bem como seus respectivos
desvios-padro e coeficientes de variao. Todos os ensaios obedeceram s prescries do
Anexo B da NBR 7190 (1997).

Tabela 3.2 Propriedades fsicas e mecnicas do Lyptus valores mdios
Propriedades Valores mdios
Teor de umidade 9,1 %
Densidade aparente teor de umidade de 12% 0,79 g/cm
Resistncia compresso paralela s fibras, f
c,0
69,4 MPa
Resistncia trao paralela s fibras, f
t,0
82,9 MPa
Resistncia ao cisalhamento paralelo s fibras, f
v,0
7,5 MPa
Resistncia ao cisalhamento na lmina de cola, f
gv,0
7,7 MPa
Resistncia trao normal lmina de cola, f
gt,90
1,6 MPa
Resistncia flexo, f
M
94,8 MPa
Resistncia ao embutimento paralelo s fibras, f
e,0
60,9 MPa
Mdulo de elasticidade na direo das fibras, E
c,0
27.541 MPa
Mdulo de elasticidade flexo, E
M
18.004 MPa


Com a preocupao de manter a qualidade do material adquirido, todo o lote de
madeira adquirido foi convenientemente estocado nas dependncias do Laboratrio de
Madeiras e de Estruturas de Madeira LaMEM, da Escola de Engenharia de So Carlos.

Cap. 3 Caracterizao dos materiais 117
3.1.3 Classificao visual e mecnica

O lote adquirido foi constitudo por pranchas com espessura de 32 mm, porm com
larguras e comprimentos variados. As pranchas passaram por desdobramento para resultarem
em lminas com seo transversal mnima de 85 x 32 mm. Aps o aplainamento, as lminas
atingiram uma espessura mdia de 30 mm.
Para disp-las convenientemente, ao longo da altura da seo transversal das vigas, as
lminas passaram, inicialmente, por um processo de classificao visual, em conformidade
com as recomendaes da ASTM D 245 (2006). Observou-se a ocorrncia de ns, geralmente
soltos e isolados, ocupando menos de 25% das faces largas das lminas (dimetros mdios de
20 mm), conforme ilustra a Fig. 3.1; as fibras da madeira apresentaram sempre inclinaes
inferiores a 1:10. Poucas lminas tinham ns espaados a aproximadamente 50 cm, como se
observa em uma das lminas na parte superior do lote, na Fig. 3.2. Boa parte das lminas no
apresentou nenhum n e, algumas delas manifestaram um nico n, na face larga, ao longo de
todo o comprimento.


Figura 3.1 Configurao tpica dos ns Figura 3.2 Incidncia de ns nas lminas
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 118
Em seguida, as lminas foram classificadas mecanicamente por meio de vibrao
transversal empregando-se o equipamento Transverse Vibration E-Computer, modelo 340
da Metriguard e por meio de flexo esttica, seguindo-se os procedimentos da norma ASTM
D 4761 (1996), determinando-se os mdulos de elasticidade flexo (MOE) segundo o eixo
de menor inrcia. As Fig. 3.3 e 3.4 mostram os arranjos de ensaios das lminas por meio de
vibrao transversal e de flexo esttica, respectivamente.


Figura 3.3 Ensaio por meio de
vibrao transversal
Figura 3.4 Ensaio por flexo esttica


Obteve-se, a partir dos ensaios de vibrao transversal, um valor mdio do MOE
equivalente a 20.424 MPa, com coeficiente de variao de 20%, enquanto que os ensaios de
flexo esttica apontaram para um valor mdio do MOE equivalente a 18.876 MPa, com
coeficiente de variao de 20,3%. Deste modo, com uma diferena de apenas 8,2% entre os
resultados, o mtodo da vibrao transversal mostrou-se totalmente apropriado para a
classificao mecnica das lminas. No Apndice B se apresentam os resultados da
classificao mecnica das 214 lminas ensaiadas.



Cap. 3 Caracterizao dos materiais 119
3.1.4 Realizao das emendas nas lminas

Como o comprimento das vigas de MLC supera o das lminas adquiridas, houve a
necessidade de realizar uma emenda em cada lmina. Adotou-se o MOE obtido por meio da
flexo esttica como padro para a seleo das peas que iriam ser emendadas, buscando-se
associar aquelas cujos MOEs fossem o mais prximo possvel.
Optou-se pela realizao das emendas com dentes na horizontal, conforme a Fig. 3.5,
para minimizar a reduo na largura das lminas por ocasio das operaes de aparelhagem.
A colagem das emendas foi feita mecanicamente, utilizando-se a prensa ilustrada na Fig. 3.6,
a qual conferiu uma grande agilidade ao processo. Depois de emendadas, as lminas foram
retiradas da prensa, sempre por duas pessoas, e colocadas em local apropriado para a cura do
adesivo.
Na colagem das emendas dentadas, bem como na fabricao das vigas de MLC,
empregou-se o adesivo do tipo isocianato Wonderbond EPI EL 70, com o catalisador EPI
WS 742 produzidos pela Hexion Qumica. Esse adesivo tem colorao que no marca as
faces coladas, mas requer um tempo de aproximadamente 10 minutos entre a aplicao na
lmina e a prensagem, conforme relatrio tcnico assinado por Bao (2005), exigindo uma
intensa programao para que esse tempo possa ser alcanado.


Figura 3.5 Emenda dentada Figura 3.6 Colagem das emendas dentadas
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 120
Aps a realizao das emendas, as lminas foram novamente ensaiadas, pelo mtodo
da flexo esttica, para a determinao dos novos MOEs, obtendo-se um valor mdio
correspondente a 19.717 MPa, com coeficiente de variao de 17,6%, conforme dados
apresentados na Tab. B.2 do Apndice B. Esse valor, obtido em corpos-de-prova com
dimenses estruturais, 9,5% superior ao mdulo de elasticidade flexo, E
M
, obtido em
corpos-de-prova isentos de defeitos. Ressalta-se, ainda, que os mdulos de elasticidade
obtidos nesta fase serviram para a seleo e distribuio das lminas ao longo da altura da
seo transversal das vigas de MLC.


3.1.5 Avaliao das emendas dentadas

Para acelerar a produo, a colagem das emendas dentadas foi realizada utilizando-se a
prensa hidrulica ilustrada na Fig. 3.6, a qual destinada especificamente para esse fim em
ambiente industrial de produo de MLC. No entanto, para retirar as lminas da esteira da
prensa, foi necessrio o auxlio de duas pessoas. Mesmo assim, devido ao longo comprimento,
os inevitveis movimentos de flexo provocaram o descolamento de emendas dentadas,
exigindo que a colagem fosse refeita em diversas ocasies.
Diante disso, para examinar a influncia dessa dificuldade na qualidade das emendas,
foram realizados ensaios com o objetivo de quantificar as suas eficincias. Das lminas
emendadas excedentes foram extrados corpos-de-prova com dimenses estruturais
aproximadamente dois metros de comprimento e ensaiados na mquina de trao
Metriguard 422 (Tension Proof Tester), cujos resultados encontram-se arrolados na Tab. 3.3.



Cap. 3 Caracterizao dos materiais 121
Tabela 3.3 Resistncia trao paralela s fibras em lminas de tamanho estrutural
com emendas dentadas
Lminas com emendas dentadas
Seo transversal
N pea
b (mm) h (mm)
Fora de ruptura
(kN)
Tenso
(MPa)
036-042 87,55 32,24 53 18,8
137-113 90,15 32,53 46 15,7
130-129 90,52 32,16 33 11,3
024-055 88,83 32,15 67 23,5
149-165 88,72 32,30 51 17,8
127-094 88,94 31,90 55 19,4

Mdia: 17,7
Desvio-padro: 3,7
cov (%): 20,8


Com as mesmas dimenses, porm sem emendas, foram ensaiados os corpos-de-prova
relacionados na Tab. 3.4. A comparao desses resultados, com aqueles alcanados pelas
lminas com emendas, revelou uma eficincia de apenas 26% para essas emendas.

Tabela 3.4 Resistncia trao paralela s fibras em lminas de tamanho estrutural
sem emendas
Lminas sem emendas
Seo transversal
N pea
b (mm) h (mm)
Fora de ruptura
(kN)
Tenso
(MPa)
036 86,12 32,61 174 62,0
055 90,28 32,07 250 86,3
165 87,85 31,88 212 75,7
157 87,80 31,06 189 69,3
113 88,98 32,07 134 47,0
129 89,93 32,45 145 49,7
094 88,77 32,19 251 87,8

Mdia: 68,3
Desvio-padro: 15,1
cov (%): 22,2
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 122
Posteriormente, fazendo-se uso da mesma madeira e do mesmo adesivo, foram
confeccionados novos corpos-de-prova, porm, para esses, as lminas j foram preparadas
com aproximadamente dois metros de comprimento e as emendas dentadas, localizadas na
metade de seus comprimentos, foram coladas aplicando-se presso com o apoio de
equipamento de controle manual. Os resultados desses ensaios encontram-se transcritos na
Tab. 3.5, resultando em uma eficincia de 41% para essas ligaes. Com efeito, as operaes
de manuseio das lminas com elevados comprimentos comprometem a qualidade das
emendas.
Acrescenta-se que, dentre todas as vigas ensaiadas e adiante descritas, apenas duas
delas se romperam por falha nas emendas dentadas, indicando que, apesar da baixa eficincia
constatada para as emendas, o efeito da laminao fez com que as tenses procurassem
caminhos alternativos para flurem, conforme ressaltado em Falk e Colling (1995).

Tabela 3.5 Resistncia trao paralela s fibras em lminas de tamanho estrutural,
com emendas dentadas e prensagem com controle manual
Lminas com emendas dentadas prensagem com controle manual
Seo transversal
N pea
b (mm) h (mm)
Fora de ruptura
(kN)
Tenso
(MPa)
1 80,10 27,39 63 28,7
2 81,44 27,48 64 28,6
3 81,43 27,74 57 25,2
4 82,79 26,77 59 26,6
5 88,15 27,98 67 27,2
6 84,39 27,35 62 26,9
7 87,08 27,86 84 34,6

Mdia: 28,3
Desvio-padro: 2,8
cov (%): 10,0



Cap. 3 Caracterizao dos materiais 123
3.2 Concreto

Nesta seo so descritas as propriedades dos concretos utilizados em duas fases
distintas do trabalho, a saber: (a) confeco dos corpos-de-prova de cisalhamento; (b)
produo das vigas mistas de MLC-concreto. Para atender s exigncias da NBR 6118 (2003),
esses concretos deveriam pertencer, no mnimo, classe de resistncia C20.

3.2.1 Concreto utilizado na confeco dos corpos-de-prova de cisalhamento

Para os corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores optou-se pela preparao do
concreto no Laboratrio de Estruturas da Escola de Engenharia de So Carlos, o qual foi
produzido por agitao mecnica, como mostra a Fig. 3.7, e a partir da mistura adequada de
cimento portland do tipo CPII-E32, areia mdia, pedrisco e gua (trao 1:2,45:2,35:0,6).
Decidiu-se pela utilizao do pedrisco, como agregado grado, para facilitar o lanamento e o
adensamento do concreto, conforme mostra a Fig. 3.8. Na produo do concreto os materiais
foram submetidos a um rigoroso controle de quantidade, por pesagem.


Figura 3.7 Preparao do concreto para
os corpos-de-prova de cisalhamento
Figura 3.8 Concretagem dos corpos-de-prova
de cisalhamento
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 124
Os corpos-de-prova cilndricos de concreto foram ensaiados utilizando-se a mquina
universal de ensaios da marca Instron, com capacidade para 1.500 kN, mostrada na Fig. 3.9.
Para a determinao das deformaes de compresso foram instalados clip-gages com 200
mm de base de medida, conforme ilustra a Fig. 3.10. Os dados relativos s foras de
compresso aplicadas e s variaes na base de medida dos clip-gages foram obtidos por
meio de um sistema de aquisio de dados acoplado ao conjunto System 5000 da Vishy
Measurements Groups.


Figura 3.9 Mquina de ensaios Instron Figura 3.10 Corpo-de-prova com clip-gages
instalados


Do concreto produzido para a confeco desses corpos-de-prova, extraiu-se
quantidade suficiente para a moldagem de 12 corpos-de-prova cilndricos (15 x 30 cm), dos
quais foram obtidos os valores relacionados no Apndice C e cujos valores mdios
encontram-se transcritos na Tab. 3.6. Os corpos-de-prova foram moldados segundo a NBR
5738 (2003), e os ensaios realizados conforme as normas NBR 5739 (1994) e NBR 8522
(2003). O comportamento tpico desse concreto, nos ensaios de compresso, encontra-se
ilustrado na Fig. 3.11.
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 125
Tabela 3.6 Propriedades do concreto dos corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores
Propriedade Valor mdio cov (%)
Resistncia compresso aos 28 dias, f
c,28
33,9 MPa 2,5
Mdulo de elasticidade tangente inicial, E
ci
31.358 MPa 3,1



Figura 3.11 Relao tenso-deformao tpica do concreto utilizado na confeco dos
corpos-de-prova de cisalhamento, em ensaio de compresso



3.2.2 Concreto utilizado na confeco das vigas mistas

Por outro lado, para a confeco das vigas mistas de MLC-concreto optou-se pela
aquisio de concreto usinado, o qual foi adquirido junto empresa do ramo, com sede na
cidade de So Carlos. O trao do concreto estudado e testado durante os ensaios dos corpos-
de-prova de cisalhamento nos conectores foi informado empresa fornecedora do concreto
usinado, de modo que fossem mantidas as mesmas caractersticas do concreto produzido e
utilizado anteriormente.
Do concreto adquirido, ento, extraiu-se quantidade suficiente para a moldagem de
seis corpos-de-prova cilndricos (15 x 30 cm), dos quais foram obtidos os valores
relacionados no Apndice C e cujos valores mdios encontram-se transcritos na Tab. 3.7.
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 126
Esses corpos-de-prova tambm foram moldados e ensaiados em conformidade com as normas
NBR 5738 (2003), NBR 5739 (1994) e NBR 8522 (2003). O comportamento tpico desse
concreto, nos ensaios de compresso, encontra-se ilustrado na Fig. 3.12.

Tabela 3.7 Propriedades do concreto das vigas mistas de MLC-concreto
Propriedade Valor mdio cov (%)
Resistncia compresso aos 28 dias, f
c,28
45,2 MPa 4,1
Mdulo de elasticidade tangente inicial, E
ci
36.436 MPa 3,8



Figura 3.12 Relao tenso-deformao tpica do concreto utilizado na confeco das
vigas mistas de MLC-concreto, em ensaio de compresso



3.3 Ao

Os ganchos de ao utilizados como sistema de conexo foram obtidos a partir do
fracionamento de barras de ao trefilado do tipo CA-50, cuja resistncia caracterstica ao
escoamento, f
yk
, de 500 MPa, com dimetros nominais de 8 mm e 10 mm. Depois de
cortados e dobrados, conforme projeto, os ganchos receberam tratamento de limpeza, antes da
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 127
concretagem. Ressalta-se que, nas aplicaes estruturais sujeitas s intempries, esses
conectores devem receber tratamento anticorrosivo, tal como a galvanizao.
Por outro lado, as chapas de ao perfuradas foram obtidas a partir de chapas lisas de
ao, com espessura de 4,75 mm. Os furos foram realizados no Laboratrio de Estruturas da
Escola de Engenharia de So Carlos. A mesma observao, quanto ao tratamento
anticorrosivo, se faz para essas chapas metlicas.
Das barras de ao adquiridas extraram-se amostras, com dimetro nominal de 4,2
mm, as quais foram submetidas a ensaios de trao na mquina de ensaios Dartec, com
capacidade para 100 kN. Com o objetivo de determinar as deformaes decorrentes da
aplicao de fora de trao, instalou-se um clip-gage com 25 mm de base de medida.
Um dos corpos-de-prova ensaiados apresentou os seguintes resultados: resistncia
trao f
t
= 780,3 MPa e mdulo de elasticidade E= 203.684 MPa, o qual pde ser
considerado tpico pela semelhana com os demais resultados. A determinao da resistncia
trao e o diagrama tenso-deformao do ao se deu a partir das recomendaes da norma
NBR ISO 6892 (2002). O comportamento de um dos corpos-de-prova, em ensaio de trao
axial, encontra-se ilustrado na Fig. 3.13.


Figura 3.13 Relao tenso-deformao do ao no ensaio de trao axial
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 128
3.4 Fibras de vidro

O reforo com fibras de vidro foi constitudo a partir da impregnao, com resina
epxi, de tecido unidirecional de fibras de vidro UF-0900 (representado na Fig. 3.14) com
espessura efetiva de 0,50 mm, fabricado pela Fibertex Louveira Produtos Txteis Ltda., o qual
tambm foi avaliado por Fiorelli (2005). A resina epxi utilizada para a impregnao dos
tecidos de fibras de vidro foi a AR-300, com o endurecedor AH-30, ambos produzidos pela
Barracuda Advanced Composites.
Para a determinao das propriedades mecnicas das fibras de vidro foram produzidos
corpos-de-prova, ilustrados na Fig. 3.15, cujas dimenses e procedimentos de ensaio
obedeceram s recomendaes da norma ASTM D 3039/D 3039M (2006). Aps o perodo
requerido para a cura do adesivo, os corpos-de-prova foram submetidos a ensaios de trao
axial na mquina de ensaios Dartec. Para a determinao das deformaes foram instalados
clip-gages com 25 mm de base de medida.




Figura 3.14 Tecido de fibras de vidro Figura 3.15 Corpos-de-prova para caracterizao
das fibras de vidro


Foram ensaiados sete corpos-de-prova, os quais apresentaram as propriedades
relacionadas na Tab. 3.8. Os reforos feitos nas extremidades dos corpos-de-prova, que
Cap. 3 Caracterizao dos materiais 129
atendem s instrues normativas, resultaram em excelente comportamento durante os
ensaios, no havendo nenhuma ocorrncia de ruptura das fibras na regio das garras da
mquina de ensaios. A Fig. 3.16 ilustra o comportamento tpico dos corpos-de-prova de fibras
de vidro trao axial. Na Fig. 3.17 mostrada a forma caracterstica de ruptura observada.

Tabela 3.8 Propriedades mecnicas das fibras de vidro
Corpo-de-
prova
Resistncia trao
(MPa)
Mdulo de
elasticidade
longitudinal (MPa)
1 902,6 70.170
2 1.022,8 61.531
3 926,5 54.885
4 886,8 56.845
5 932,8 55.897
6 1.105,4 60.462
7 913,5 56.449


Mdia: 955,8 59.463
cov (%): 7,7 8,3



Figura 3.16 Relao tenso-deformao das fibras de vidro em ensaio de trao


Cap. 3 Caracterizao dos materiais 130

Figura 3.17 Detalhe tpico de ruptura dos corpos-de-prova


Ao caracterizar o mesmo tecido de fibras de vidro, Fiorelli (2005) obteve os valores de
resistncia trao de 1.247 MPa e mdulo de elasticidade longitudinal de 56.154 MPa.
Pequenas variaes no processo de confeco dos corpos-de-prova podem explicar as
diferenas constatadas entre esses resultados, uma vez que Fiorelli (2005) adotou, em seus
ensaios, a verso de 1995 da ASTM D3039.

















Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 131
4 ESTUDO DOS SISTEMAS DE CONEXO




Os procedimentos adotados para as avaliaes experimentais e numricas dos sistemas
de conexo, com vistas confeco das vigas mistas de MLC-concreto, so discutidos neste
captulo. Preliminarmente so descritos os mtodos utilizados nos ensaios de cisalhamento
nos conectores, considerando as variaes no sistema de conexo, ou seja, empregando-se
ganchos metlicos e chapas metlicas perfuradas. Enfocam-se, tambm, as condies
determinantes da geometria proposta para os modelos avaliados.
Para o estabelecimento dos mtodos de ensaio dos sistemas de conexo, assim como a
definio dos demais fatores envolvidos, procurou-se a associao das caractersticas
positivas observadas em diferentes alternativas relatadas na reviso bibliogrfica, uma vez
que a NBR 7190 (1997) no contempla esse tema.
Alm disso, neste captulo tambm se descrevem os procedimentos, critrios e
programa computacional utilizado para as avaliaes numricas dos corpos-de-prova de
cisalhamento nos conectores. So apresentadas as justificativas para a escolha do programa
computacional empregado e expostos os parmetros e as consideraes adotadas nas anlises
procedidas.
Como resultados das modelagens propostas e com base nas relaes entre foras e
deslizamentos, foram determinados os mdulos de deslizamento inicial, K
ser
, os quais so
essenciais para as simulaes numricas das vigas mistas. Ademais, os modelos permitiram a
verificao dos nveis de tenses e deformaes, contribuindo para o entendimento do
funcionamento dos sistemas propostos.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 132
4.1 Avaliaes experimentais

A determinao do mdulo de deslizamento e fora de ruptura, correspondentes a cada
sistema de conexo, se deu por meio de ensaios de cisalhamento nos conectores, tambm
conhecidos como push-out shear tests. Como no h normatizao para esse ensaio, foram
projetados corpos-de-prova com a expectativa de reproduzir as solicitaes que sero
experimentadas pelos conectores nas vigas mistas de MLC-concreto.

4.1.1 Ensaios preliminares

Com a inteno de se avaliar as caractersticas dos corpos-de-prova de cisalhamento
nos conectores, propostas neste trabalho, especialmente quanto ao comportamento durante os
ensaios, preliminarmente foram confeccionados quatro corpos-de-prova designados CP1,
CP2, CP3 e CP4 utilizando-se ganchos e chapas metlicas perfuradas como sistemas de
conexo, conforme adiante especificado.

4.1.1.1 Descrio dos corpos-de-prova e materiais utilizados

Na expectativa de simular o comportamento dos conectores em vigas mistas de
madeira-concreto, com seo transversal em T, os corpos-de-prova foram projetados com a
forma de um duplo T. Para as peas laterais de concreto armado adotou-se uma espessura de
70 mm, o que equivale espessura mnima de lajes admitidas pela NBR 6118 (2003). O
comprimento de 150 mm foi estabelecido com o intuito de realizar os ensaios na mquina de
ensaios universal Amsler, proposta que foi posteriormente abandonada. Por outro lado, a pea
central de MLC teve a sua espessura definida pela largura das lminas da madeira adquirida.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 133
Assim, por conta da forma da seo transversal em duplo T, explica-se a adoo do
concreto armado nas peas laterais dos corpos-de-prova. Situadas nas extremidades do corpo-
de-prova, com larguras de 150 mm, as peas de concreto tambm foram responsveis pela
estabilidade dos corpos-de-prova durante os ensaios.
Pranchas de Lyptus, provenientes do mesmo lote adquirido para toda a pesquisa, foram
utilizadas na produo das peas de MLC. As pranchas passaram por desdobramento para
resultarem em lminas com dimenses mnimas de 85 x 32 mm. Aps o aplainamento, as
lminas resultaram em uma espessura mdia de 30 mm. O adesivo utilizado foi o fenol-
resorcinol-formaldedo, o qual encontrado com a designao comercial de Cascophen e
produzido pela Alba Qumica. O comprimento das lminas empregadas foi tal que no houve
a necessidade de realizao de emendas.
A partir da mistura adequada de cimento portland tipo CPII, areia mdia, pedrisco e
gua, produziu-se o concreto que compe as partes laterais dos corpos-de-prova. Com o
objetivo de facilitar o lanamento e o adensamento, optou-se pelo pedrisco como agregado
grado. Com controle por pesagem dos materiais constituintes e por meio de agitao
mecnica, o concreto foi preparado no Laboratrio de Estruturas da Escola de Engenharia de
So Carlos. Seu adensamento se deu em mesa vibratria.
Do concreto preparado extraiu-se quantidade suficiente para a execuo de corpos-de-
prova cilndricos (15 x 30 cm), dos quais foram obtidos os seguintes valores mdios:
resistncia compresso aos 28 dias, f
c,28
= 24,2 MPa e mdulo de elasticidade tangente
inicial, E
ci
= 25.955 MPa. Os corpos-de-prova cilndricos foram moldados segundo a NBR
5738 (2003) e os ensaios realizados conforme as prescries das normas NBR 5739 (1994) e
NBR 8522 (2003).
Os corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores foram confeccionados de acordo
com as dimenses e detalhes representados nas Fig. 4.1 a 4.3, com os seguintes sistemas de
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 134
conexo: (a) ganchos metlicos, obtidos a partir de barras de ao do tipo CA-50, com
dimetros nominais de 8 mm, 10 mm e 12,5 mm, nos corpos-de-prova CP1, CP2 e CP3,
respectivamente, conforme Fig. 4.1; (b) chapas de ao perfuradas com 4,75 mm de
espessura no corpo-de-prova CP4, conforme Fig. 4.2.
oportuno salientar que os conectores metlicos passaram por tratamento de limpeza,
imediatamente antes de suas fixaes na MLC; porm, nas aplicaes do cotidiano dos
sistemas mistos, esses conectores devem ser galvanizados. Para a fixao dos ganchos e
chapas perfuradas utilizou-se o adesivo Sikadur 32, produzido pela Sika S.A.


Figura 4.1 Corpos-de-prova com ganchos metlicos


Formando um ngulo de 45 com as fibras da madeira, os ganchos metlicos foram
fixados na MLC, sendo submetidos predominantemente combinao de esforos de flexo e
trao. Os resultados expostos em Pigozzo (2004) justificam tal posicionamento.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 135

Figura 4.2 Corpos-de-prova com chapas metlicas perfuradas

Para combater a fissurao do concreto, as peas laterais foram providas de armadura
mnima, conforme representado na Fig. 4.3, as quais foram obtidas a partir de recortes de telas
soldadas de ao CA60, com espaamento de 10 x 10 cm.


Figura 4.3 Armao dos corpos-de-prova
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 136
4.1.1.2 Mtodo de ensaio

Em dois ciclos de carregamento, sendo o primeiro carregamento at aproximadamente
40% da fora de ruptura, seguido de descarregamento e carregamento final at ser atingida a
fora de ruptura, foram aplicados os carregamentos nos corpos-de-prova com velocidade
constante de 0,6 MPa/min.
Equipamentos foram instalados, conforme ilustram as Fig. 4.4(a) e (b), para a
aquisio dos dados relativos s foras aplicadas, deslizamentos na interface madeira-concreto
e foras de ruptura. Na extremidade superior do corpo-de-prova instalou-se uma clula de
carga com capacidade para 250 kN. Os deslizamentos na interface MLC-concreto foram
obtidos por meio de dois transdutores de deslocamentos, do tipo BCD-5C fabricado pela
Kyowa Electronic Instruments, os quais foram instalados em faces opostas dos corpos-de-
prova. Todos os instrumentos foram conectados a um sistema de aquisio de dados System
5000 da Vishy Measurements Groups com capacidade para 20 canais.


(a) (b)
Figura 4.4 Ensaio de cisalhamento: (a) Arranjo de ensaio; (b) Sistema de aquisio de dados

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 137
4.1.1.3 Resultados e discusses

Verificou-se um excelente comportamento dos corpos-de-prova, durante os ensaios,
no tocante estabilidade. Foi perceptvel o fenmeno de fissurao do concreto,
particularmente nas regies de apoio dos corpos-de-prova, como mostram as Fig. 4.5(a) e (b)
e ao longo da linha que contm os conectores. A Fig. 4.6 mostra o desempenho dos quatro
corpos-de-prova, ressaltando-se que a ruptura se deu por esmagamento do concreto nas
regies de apoio.


(a) (b)
Figura 4.5 Ruptura dos corpos-de-prova: (a) Ruptura do CP1; (b) Detalhe da ruptura do CP1


Notou-se, durante o ensaio no corpo-de-prova CP2, que houve o descolamento de um
dos ganchos, fato que pode ser observado na Fig. 4.6 quando a fora atingiu 60 kN. Com a
redistribuio dos esforos para os outros ganchos, o sistema se recuperou e continuou com
capacidade de receber o carregamento. Esse descolamento pode ter sido causado por falhas na
colagem do gancho, pois o adesivo epxi utilizado teve consistncia pastosa, o que causou
enorme dificuldade para sua insero nos furos; pode ter sido formada uma bolha de ar na
parte inferior desse furo.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 138

Figura 4.6 Comportamento dos sistemas de conexo: ensaios preliminares


Na Tab. 4.1 encontram-se registradas as foras de ruptura e os mdulos de
deslizamento inicial, K
ser
, correspondentes aos sistemas de conexo propostos nestes ensaios
preliminares.
Observa-se que o mdulo de deslizamento do CP2 foi contaminado pelo problema de
descolamento de um dos ganchos durante o ensaio. Por outro lado, o CP4 apresentou
pequenos deslizamentos na interface madeira-concreto, o que resultou em um elevado mdulo
de deslizamento. Todavia, esse corpo-de-prova se rompeu bruscamente (ruptura frgil),
comportamento que no considerado ideal para os sistemas estruturais em geral.

Tabela 4.1 Desempenho dos sistemas de conexo: ensaios preliminares
Corpo-de-prova Conectores
Fora de
ruptura
(kN)
Mdulo de
deslizamento
K
ser
(N/mm)
CP1 Ganchos 8 mm 106,8 55.169
CP2 Ganchos 10 mm 112,2 36.326
CP3 Ganchos 12,5 mm 146,9 70.279
CP4 Chapas perfuradas # 4,75 mm 173,0 412.938

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 139
Removendo-se o concreto, aps a ruptura, observou-se que houve esmagamento da
madeira em contato com os ganchos, nos corpos-de-prova CP1 a CP3, alm de uma parcela de
flexo, conforme Fig. 4.7(a). No se notou nenhuma alterao na configurao inicial das
chapas do CP4, mostrado na Fig. 4.7(b), nem tampouco qualquer descolamento.


(a) (b)
Figura 4.7 Configurao aps a ruptura: (a) CP2; (b) CP4


4.1.2 Ensaios de cisalhamento nos conectores

Constatado o desempenho dos corpos-de-prova propostos, por meio dos ensaios
preliminares, em seguida foram produzidos 18 corpos-de-prova, arranjados em trs grupos
distintos designados CP-I, CP-II e CP-III. Cada grupo reuniu um total de seis corpos-de-
prova com as mesmas caractersticas e cujos conectores metlicos foram colados na mesma
ocasio. Alm disso, suas concretagens ocorreram na mesma data, utilizando-se os mesmos
materiais, e, assim, procurando-se obter a mxima semelhana entre eles.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 140
4.1.2.1 Descrio dos corpos-de-prova

Nos corpos-de-prova do tipo CP-I e CP-II, cuja geometria encontra-se ilustrada na Fig.
4.1, o sistema de conexo composto por ganchos metlicos, que foram obtidos a partir do
fracionamento de barras de ao trefilado para concreto armado tipo CA-50 com dimetros
de 8 mm e 10 mm, respectivamente. Tais ganchos foram fixados na MLC por meio de adesivo
epxi de consistncia fluida (Compound gel, fabricado pela Otto Baumgart), em furos
previamente realizados e cujos dimetros encontram-se relacionados na Tab. 4.2. Os
comprimentos de ancoragem dos ganchos na MLC, tambm relacionados na Tab. 4.2, foram
equivalentes a 11.d e so baseados nos resultados expostos em Ahmadi e Saka (1993).

Tabela 4.2 Caractersticas dos ganchos metlicos
Corpo-de-
prova
Dimetro do gancho
(mm)
Dimetro do furo
(mm)
Ancoragem na MLC
(mm)
CP-I 8 10,0 88
CP-II 10 12,5 110


Os corpos-de-prova do tipo CP-III, representados na Fig. 4.2, tm chapas metlicas
perfuradas servindo como elemento de ligao entre o concreto e a MLC. Aps a realizao
de aberturas na madeira, na forma de sulco e com espessura de 6 mm, foram coladas as
chapas metlicas com espessura de 4,75 mm, utilizando-se o mesmo adesivo epxi
empregado na colagem dos ganchos.
Nos corpos-de-prova do tipo CP-I, CP-II e CP-III, as partes laterais de concreto
armado receberam as mesmas armaduras ilustradas na Fig. 4.3, porm, no caso especfico dos
CP-III, no se utilizou malha de ao soldada, j que a armadura deveria passar pelos furos das
chapas.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 141
Embora os ganchos e chapas metlicas perfuradas no tivessem passado por
tratamento de galvanizao para a confeco desses corpos-de-prova, convm salientar que,
nas aplicaes estruturais sujeitas s intempries, esse tipo de tratamento anticorrosivo
essencial para garantir a durabilidade do sistema.
Por outro lado, na produo das vigas de MLC, as quais foram recortadas para compor
a parte central dos corpos-de-prova descritos nesta seo, utilizou-se o adesivo Wonderbond
EPI EL 70, especificado na seo 3.1.4 deste trabalho.

4.1.2.2 Mtodo de ensaio

Os mesmos procedimentos e equipamentos, utilizados na fase dos ensaios preliminares
e relatados na seo 4.1.1.2, foram adotados para a realizao dos ensaios dos 18 corpos-de-
prova desta etapa.

4.1.2.3 Resultados

Nas Fig. 4.8 a 4.10 esto ilustrados os comportamentos dos sistemas de conexo
durante os ensaios. Nas Tab. 4.3 a 4.5 encontram-se relacionados os resultados obtidos para
todos os corpos-de-prova ensaiados, considerando-se como fora de ruptura o mximo valor
admitido pelo corpo-de-prova. Por sua vez, para a determinao do mdulo de deslizamento
inicial, K
ser
, optou-se pela proposio expressa em Ceccotti et al. (2002), ou seja, K
ser

representa a razo entre a fora correspondente a 40% da fora de ruptura e seu
correspondente deslizamento.

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 142

Figura 4.8 Relao fora-deslizamento dos corpos-de-prova tipo CP-I


Tabela 4.3 Resultados dos corpos-de-prova tipo CP-I
Corpo-de-prova
Fora de ruptura
(kN)
Mdulo de
deslizamento
K
ser
(N/mm)
CP1 124,5 145.729
CP2 131,2 131.679
CP3 135,6 181.395
CP4 126,2 111.608
CP5 133,0 135.438
CP6 135,7 151.769


Mdia: 131,0 142.936
cov (%): 3,3 14,9

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 143

Figura 4.9 Relao fora-deslizamento dos corpos-de-prova tipo CP-II


Tabela 4.4 Resultados dos corpos-de-prova tipo CP-II
Corpo-de-prova
Fora de ruptura
(kN)
Mdulo de
deslizamento
K
ser
(N/mm)
CP7 142,1 143.109
CP8 131,7 108.619
CP9 129,7 132.039
CP10 145,5 112.778
CP11 130,8 84.463
CP12 131,7 96.982



Mdia: 135,3 112.998
cov (%): 4,5 17,5





Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 144

Figura 4.10 Relao fora-deslizamento dos corpos-de-prova tipo CP-III


Tabela 4.5 Resultados dos corpos-de-prova tipo CP-III
Corpo-de-prova
Fora de ruptura
(kN)
Mdulo de
deslizamento
K
ser
(N/mm)
CP13 123,6 594.482
CP14 156,3 355.251
CP15 171,7 347.276
CP16 155,2 221.853
CP17 160,2 178.169



Mdia: 153,4 339.406
cov (%): 10,5 42,7


Por problemas com a operao do sistema de aquisio de dados, foram perdidos os
dados relativos ao CP18, ficando registrados apenas a fora de ruptura (F
R
= 153,98 kN) e o
deslizamento (3,019 mm) correspondente a esse nvel de carregamento.

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 145
4.1.2.4 Discusses

Na fase de estudo dos sistemas de conexo, inicialmente realizam-se os ensaios
preliminares, cujas caractersticas e geometria viriam a influenciar o projeto e a execuo dos
corpos-de-prova definitivos. Os valores mdios dos mdulos de deslizamento de servio, K
ser
,
obtidos nessas duas etapas designadas Fase 1 e 2 encontram-se resumidos na Tab. 4.6. Da
mesma forma procedida por Miotto e Dias (2008a), acrescentou-se nessa tabela os valores de
K
ser
calculados segundo as recomendaes do EUROCODE 5 (2004), os quais so vlidos
para pinos fixados perpendicularmente s fibras da madeira.

Tabela 4.6 Resumo dos mdulos de deslizamento de servio dos sistemas de conexo
Mdulo de deslizamento - K
ser

(N/mm)
Corpo-
de-prova
Conectores
Fase 1 Fase 2
EUROCODE
5 (*)
CP-I Ganchos 8 mm 55.169 142.936 35.544
CP-II Ganchos 10 mm 36.326 112.998 44.430
CP-III Chapas perfuradas # 4,75 mm 412.938 339.406 ------
(*) Valores vlidos para pinos fixados perpendicularmente s fibras da madeira

Para interpretar os resultados superiores de K
ser
, na Fase 2, alcanados pelos ganchos
de 8 mm, Miotto e Dias (2008b) afirmam que uma hiptese provvel baseia-se em suas
ancoragens. Os ganchos confeccionados a partir de barras com maior dimetro mobilizam
uma maior rea do concreto, e, assim, seus desempenhos ficam diretamente atrelados ao
comportamento desse material. Isso implica em afirmar que a fissurao do concreto, na
regio de contato com os conectores, pode explicar as diferenas encontradas nos valores dos
mdulos de deslizamento inicial dos ganchos de 8 e 10 mm.
Nos ensaios preliminares, o uso do adesivo com alta consistncia causou uma enorme
dificuldade para a colagem dos ganchos e, conseqentemente, resultou no descolamento de
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 146
um dos ganchos durante os ensaios. Assim, a substituio desse adesivo por outro de
consistncia mais fluida, conforme especificado na seo 4.1.2.1, tornou a colagem muito
mais eficiente, no se observando nenhum descolamento de ganchos ou de chapas perfuradas
na Fase 2, e culminando em valores de K
ser
muito superiores aos obtidos na Fase 1.
Ainda em relao aos ensaios preliminares, a composio do concreto foi outro fator
que contribuiu para a obteno de menores valores de K
ser
. A quantidade de argamassa do
trao desse concreto foi pequena, resultando em nichos de concretagem, apesar de cumpridas
as exigncias quanto ao adensamento. Assim, a ruptura se deu por esmagamento do concreto
na regio dos apoios, diferentemente do que ocorreu nos corpos-de-prova da segunda fase.
Ao comparar os resultados obtidos para os ganchos metlicos, com valores obtidos em
pesquisas anteriores, nota-se que os resultados publicados em Matthiesen e Segundinho
(2002) para pinos instalados formando 50 com as fibras da madeira so da mesma ordem
de grandeza.
Pequenos deslizamentos na interface MLC-concreto marcaram o comportamento dos
corpos-de-prova do tipo CP-III, o que resultou em elevados mdulos de deslizamento. No
entanto, esses exemplares apresentaram ruptura frgil, o que normalmente no interessante
para as estruturas em geral. Pela anlise da relao fora versus deslizamento registrada
durante o ensaio do CP13, bem como da inspeo de suas condies fsicas externas, foi
impossvel esboar alguma hiptese para o elevado mdulo de deslizamento obtido.
Durante os ensaios, os corpos-de-prova apresentaram excelente comportamento em
relao estabilidade, dispensando qualquer tipo de proteo e contraventamentos, indicando,
assim, que as dimenses propostas foram adequadas.
A fissurao do concreto caracterizou o modo predominante de ruptura das peas
laterais de concreto armado, principalmente no plano vertical que contm os conectores,
conforme Fig. 4.11(a) e (b). Pde-se observar que a concentrao de tenses, na regio dos
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 147
conectores, tambm foi responsvel pela ruptura do concreto adjacente, alm da flexo dos
ganchos. Ao remover-se o concreto que envolvia os ganchos metlicos observou-se uma
mudana de geometria, com clara tendncia de retificao da dobra em 45 feita nos mesmos.
Ao retificar, esses ganchos provocaram fissuras na parte externa do concreto, as quais foram
perceptveis em vrios corpos-de-prova.


(a) (b)
Figura 4.11 Ruptura dos corpos-de-prova: (a) do tipo CP-I (CP6); (b) do tipo CP-III (CP16)


Diferentemente do que foi constatado nos corpos-de-prova preliminares, nestes
ensaios no se notou esmagamento da madeira em contato com os ganchos metlicos; o
adesivo epxi que os envolveu criou um elevado enrijecimento da regio de entorno. Tambm
importante ressaltar que as peas de MLC apresentaram um excelente comportamento
durante os ensaios, no se observando qualquer tipo de delaminao e fissurao nas
superfcies coladas.


Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 148
4.2 Simulaes numricas

A riqueza e preciso das informaes oferecidas pelas investigaes experimentais
possibilitam a aferio de modelos numricos, os quais permitem a avaliao da influncia da
variao de parmetros, com economia de tempo e de recursos financeiros. Assim, as
simulaes numricas dos corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores fazem parte do
escopo deste trabalho e, nesta seo, se apresentam os recursos aplicados e demais
consideraes inerentes a essas simulaes.


4.2.1 Consideraes preliminares

Para as simulaes referentes aos corpos-de-prova do tipo CP-I, CP-II e CP-III, foram
construdos trs modelos numricos tridimensionais, designados MODELO 1, MODELO 2 e
MODELO 3, respectivamente, conforme relacionados na Tab. 4.7. Para estudar o efeito do
espaamento entre os conectores com dimetro de 8 mm, foram construdos dois modelos
adicionais designados MODELO 4 e MODELO 5 , os quais tambm se encontram
especificados nessa tabela.

Tabela 4.7 Caractersticas dos modelos de corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores
MODELO Conector
Espaamento
(cm)
Ilustrao
1 Gancho 8 mm 15 Figura 4.12
2 Gancho 10 mm 15 Figura 4.12
3 Chapa # 4,75 mm - Figura 4.13
4 Gancho 8 mm 20 Figura 4.12
5 Gancho 8 mm 12 Figura 4.12

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 149
Em funo da natureza dos conectores metlicos adotados, os MODELOS 1, 2, 4 e 5
tiveram sua geometria, condies de vinculao e de carregamento representados numa
mesma figura (Fig. 4.12). Por se tratar de modelo com diferente elemento de conexo, o
MODELO 3 encontra-se representado isoladamente na Fig. 4.13.
Os parmetros geomtricos que variam nos MODELOS 1, 2, 4 e 5 esto relacionados
com o espaamento entre os ganchos metlicos e foram designados pelas variveis a e b,
mostrados na Fig. 4.12, e seus respectivos valores constam na Tab. 4.8.

Tabela 4.8 Parmetros geomtricos dos MODELOS 1, 2, 4 e 5
Dimenso
(mm)
MODELO 1 MODELO 2 MODELO 4 MODELO 5
a 500 500 550 470
b 150 150 200 120






Figura 4.12 Geometria, vinculao e carregamento dos MODELOS 1, 2, 4 e 5
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 150



Figura 4.13 Geometria, vinculao e carregamento do MODELO 3


Buscou-se, ao se estabelecer as dimenses dos modelos numricos, a maior
equiparao possvel com a geometria e as dimenses dos corpos-de-prova avaliados
experimentalmente.


4.2.2 Gerao das malhas dos MODELOS 1 a 5

Com o subsdio do programa computacional TrueGrid, verso 2.3.0, que marca
registrada pela XYZ Scientific Applications, Inc., foram construdas as malhas dos
MODELOS 1 a 5. Esse programa permite a construo completa dos arquivos de entrada para
os principais programas simuladores, baseados no Mtodo dos Elementos Finitos,
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 151
constituindo-se, assim, no atributo fundamental para a deciso de construo das malhas por
meio desse programa e posterior exportao para o simulador numrico.
conveniente ressaltar que o TrueGrid possui ferramentas que tornam a gerao de
malhas muito precisa e com possibilidade de entrada de dados a partir de um script, cujos
comandos so escritos em programas de edio de textos, tal como o Bloco de Notas da
Microsoft. Deste modo, para proceder qualquer alterao numa malha em construo,
modifica-se o comando de interesse, em arquivo com formato .txt, e executa-se o programa
novamente para conferir as alteraes, de modo muito prtico.
A despeito das vantagens oferecidas pelo TrueGrid, algumas dificuldades foram
constatadas na construo dos modelos, o que forou a adoo de simplificaes na geometria
dos ganchos metlicos, tais como a substituio das dobras por ngulos de 45 e 90, como se
observa na Fig. 4.14. Ademais, na gerao das superfcies de contato, entre o concreto e os
ganchos metlicos, foi necessrio um grande esforo para manter a forma regular da malha,
aps as respectivas projees nos planos inclinados.


Figura 4.14 Malha do MODELO 1 gerada no TrueGrid
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 152
Com a expectativa de manter a organizao no processo de gerao das malhas,
procedeu-se discretizao de cada parte componente da malha, separadamente. Entretanto,
houve a preocupao constante de se fazer coincidir os ns nas interfaces, o que possibilitou o
acoplamento dos elementos por meio desses ns.
relevante, ainda, acrescentar que a gerao da malha requer feedback do programa
simulador neste caso o ANSYS , pois alguns elementos finitos possuem restries, tal
como a formao de um ngulo mximo de 155 entre duas faces adjacentes, dentre outras, as
quais no so exigveis pelo TrueGrid.
Por fim, antes da exportao dos dados para o simulador numrico, o arquivo gerado
pelo TrueGrid designado trugrdo precisa ser aberto por um programa denominado
TrueGrid Edit, o qual responsvel pela converso da linguagem de programao do arquivo
que contm os dados da malha. Convm ressaltar que, havendo diferentes materiais no
modelo, faz-se necessrias correes no arquivo da malha, gerado pelo TrueGrid Edit, para as
devidas informaes quanto ao tipo de material.


4.2.3 Simulador numrico ANSYS

Para a simulao numrica dos MODELOS 1 a 5 utilizou-se o programa
computacional ANSYS, verso 9.0, o qual marca registrada da Ansys, Inc. e fundamenta-se
no MEF. As ferramentas disponibilizadas, bem como a possibilidade de realizar anlises em
regime de no-linearidade fsica e geomtrica, motivaram a escolha por esse programa
computacional. Com o intuito de evitar repeties, deste ponto em diante, todas as vezes que
simplificadamente for escrito ANSYS, deve ser entendido ANSYS verso 9.0.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 153
Como os modelos correspondentes aos corpos-de-prova de cisalhamento nos
conectores foram constitudos por trs diferentes materiais, alm das superfcies de contato,
houve a necessidade de selecionar os elementos finitos adequados a cada situao, os quais se
encontram relacionados na Tab. 4.9 e so disponibilizados na biblioteca do ANSYS. As
principais caractersticas dos elementos finitos adotados na anlise so descritas a seguir.

Tabela 4.9 Elementos finitos utilizados na modelagem dos
corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores
Tipo Material Elemento Finito
1 Concreto Solid65
2 Madeira Solid45
3 Ao Solid45
4 Superfcie alvo Targe170
5 Superfcie de contato Conta173


4.2.3.1 Elemento finito solid65

O elemento finito solid65 um elemento hexadrico, que possui oito ns, conforme
Fig. 4.15, sendo que cada um deles possui trs graus de liberdade, ou seja, as translaes
segundo os eixos x, y e z. adequado para modelagens de slidos com ou sem a presena de
barras de reforo, por isso muito freqente nas modelagens de peas de concreto armado. O
elemento capaz de simular o esmagamento na compresso e a fissurao na trao.

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 154

Figura 4.15 Elemento finito solid65. Fonte: Manual do ANSYS (Adaptao)


Armaduras podem ser includas diretamente na especificao desse elemento finito,
isto , sem a necessidade de discretizao das barras de ao. Sua incluso feita na forma de
taxas de armaduras, podendo ser orientadas em at trs direes diferentes, a partir da
especificao dos ngulos e , o que facilitou sobremaneira a construo das malhas das
peas de concreto armado nestas simulaes.
Todavia, o aspecto mais importante deste elemento finito a capacidade de considerar
a no-linearidade fsica. Por essas vantagens e em virtude da capacidade de simulao dos
efeitos localizados como, por exemplo, a concentrao de tenses junto aos conectores
metlicos, este elemento finito foi assumido na discretizao das peas de concreto armado.

4.2.3.2 Elemento finito solid45

Solid45 tambm um elemento finito hexadrico, com oito ns, conforme Fig. 4.16,
tendo cada um deles trs graus de liberdade: translaes segundo os eixos x, y e z. Permite a
considerao de efeitos importantes como, por exemplo, plasticidade, fluncia e ortotropia
para os materiais. Por essas caractersticas, este elemento foi adotado na discretizao das
peas de madeira e dos conectores metlicos.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 155

Figura 4.16 Elemento finito solid45. Fonte: Manual do ANSYS (Adaptao)


4.2.3.3 Elementos finitos conta173 e targe170

O elemento finito conta173 definido pelo ANSYS como superfcie de contato
utilizado para representar o contato e escorregamento entre superfcies de elementos
tridimensionais e trabalha em conjunto com o elemento finito targe170 definido pelo
ANSYS como superfcie alvo, como ilustra a Fig. 4.17. Esses elementos tm as mesmas
caractersticas geomtricas das faces dos elementos slidos a que eles esto conectados.


Figura 4.17 Elementos finitos conta174 e targe170. Fonte: Manual do ANSYS (Adaptao)

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 156
Por conseguinte, estes elementos foram introduzidos nos modelos para representar os
contatos, bem como os provveis deslizamentos, entre as seguintes interfaces: concreto-ao,
concreto-madeira e madeira-ao. Por suas caractersticas intrnsecas so capazes de simular a
existncia de presso entre as superfcies, quando h contato, ou a sua eventual separao. O
par de contato utilizado permite ainda a considerao do atrito entre as partes.

4.2.4 Simulao dos corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores

Aps a construo das malhas dos MODELOS 1 a 5, utilizando-se o TrueGrid, os
arquivos foram exportados para o ANSYS para que fossem completadas as informaes
necessrias para o processamento das simulaes, ou seja, recebessem as correspondentes
propriedades dos materiais, fossem aplicadas as condies de vinculao e de carregamento,
dentre outras. Na Tab. 4.10 encontram-se relacionados os nmeros de ns, de elementos e de
equaes a resolver pelo ANSYS, referentes aos MODELOS 1 a 5.

Tabela 4.10 Caractersticas das malhas dos MODELOS 1 a 5
MODELO
Nmero de
ns
Nmero de elementos
Nmero de
equaes
1 17.298 15.002 51.894
2 44.664 40.144 133.992
3 22.258 19.725 66.774
4 18.730 16.327 56.190
5 16.068 14.014 48.204


Em Molina (2008) expe-se a realizao de investigaes experimentais e numricas
em corpos-de-prova mistos de madeira-concreto, em que foram utilizados conectores
metlicos na forma de pinos retos e inclinados, sujeitos aos carregamentos estticos e
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 157
dinmicos. Nesse trabalho foi estabelecido um padro para as dimenses dos lados do
elemento finito slido (hexaedro) no superior a 10 mm, o que se tentou manter na confeco
das malhas que so objeto de estudo nesta pesquisa. Todavia, na construo da malha
referente ao MODELO 2 buscou-se uma maior discretizao, conforme mostra a Tabela 4.10,
especialmente para verificar o custo computacional desse incremento.
Pode-se dizer que a complexidade esteve permanentemente associada tarefa de
construo das malhas, especialmente por conta da geometria dos conectores metlicos e
necessidade de acoplamento dos ns nas interfaces dos materiais. Desta maneira, no foi
possvel realizar uma investigao minuciosa do desempenho das malhas por meio de
variaes nas dimenses e formas dos elementos finitos que as compem.
Para a entrada de dados e seqncia de comandos, a serem executados pelos ANSYS,
tambm foram escritos scripts em formato .txt , o que facilitou sobremaneira as geraes
dos modelos, suas alteraes e anlises correspondentes.
Com o propsito de aproveitar a dupla simetria oferecida pelos corpos-de-prova de
cisalhamento nos conectores, e conseqentemente reduzir o tempo de processamento,
construiu-se apenas a quarta parte das malhas que caracterizam os MODELOS 1 a 5, de
acordo com a representao da Fig. 4.18.


Figura 4.18 Esquema de simetria dos MODELOS 1 a 5



Depois de importadas para o ANSYS, as malhas dos MODELOS 1 a 5 assumiram as
configuraes expostas nas Fig. 4.19 a 4.22.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 158
4.2.4.1 Discretizao dos modelos

A Fig. 4.19 mostra a malha proposta para o MODELO 1, em que possvel se
observar os ajustes nas formas e dimenses dos elementos finitos, forados pela presena
inclinada dos conectores metlicos.
Na extremidade superior da pea de madeira (MLC), conforme a Fig. 4.20, percebe-se
a preocupao em estabelecer elementos finitos com dimenses equivalentes nas direes x e
y (ver orientao dos eixos na Fig. 4.14), de modo que a fora aplicada seja distribuda de
forma proporcional entre os diversos ns que compem essa superfcie.


Figura 4.19 Malha do MODELO 1

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 159

Figura 4.20 Detalhe da extremidade superior da malha do MODELO 1


Na malha do MODELO 2, como conseqncia de uma maior discretizao, foi
possvel conceber uma malha mais regular. Ressalta-se que, a exemplo do que foi comentado
no MODELO 1, tambm neste modelo foi considerada a preocupao quanto ao
posicionamento dos ns na face superior extrema da parte em madeira.
A Fig. 4.21 exibe a malha construda para o MODELO 3, em que possvel se
observar os ajustes nas formas e dimenses dos elementos finitos, forados pela presena das
chapas metlicas perfuradas como conectores. Na ampliao revelada pela Fig. 4.22 verifica-
se a reproduo do sulco realizado na parte de MLC, o qual foi necessrio para a instalao
das chapas metlicas perfuradas, e, assim, representando fielmente o que foi executado no
programa experimental.




Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 160

Figura 4.21 Malha do MODELO 3



Figura 4.22 Detalhe da extremidade superior da malha do MODELO 3

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 161
Em virtude da grande semelhana entre as malhas construdas para os MODELOS 4 e
5 e a malha do MODELO 1, optou-se pela no apresentao de suas respectivas ilustraes.
As modificaes introduzidas nas malhas dos MODELOS 4 e 5 foram unicamente
decorrentes da alterao no espaamento entre os ganchos metlicos com dimetro de 8 mm.

4.2.4.2 Relaes constitutivas admitidas para os materiais

A Concreto

Para considerar o comportamento no-linear do concreto optou-se pelo modelo
concrete, o qual disponibilizado na biblioteca do ANSYS e fundamenta-se nas relaes
propostas em Willam e Warnke (1975). Por meio desse modelo possvel simular a
fissurao do concreto quando submetido a tenses de trao. Encontram-se registrados na
Tab. 4.11 os valores dos coeficientes e parmetros de resistncia, representando essa relao
constitutiva, os quais foram adotados com base em Kotinda (2004) e Molina (2008).

Tabela 4.11 Coeficientes e parmetros de resistncia do modelo concrete
Parmetro Valor
Coeficiente de transferncia de cisalhamento para a fissura aberta 0,2
Coeficiente de transferncia de cisalhamento para a fissura fechada 0,6
Resistncia ltima uniaxial trao, f
t
0,339 kN/cm
2

Resistncia ltima uniaxial compresso, f
c
-1
Resistncia ltima biaxial compresso, f
cb
Omitido
Estado de tenso hidrosttica ambiente,
a
h
Omitido
Resistncia ltima biaxial compresso sob o estado de tenso hidrosttico, f
1
Omitido
Resistncia ltima uniaxial compresso sob o estado de tenso hidrosttico, f
2
Omitido
Coeficiente multiplicador de rigidez para condio fissurada na trao Omitido

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 162
Ao assumir f
c
= -1,0 o modelo concrete desabilita a resposta do concreto na
compresso, admitindo sua fissurao sempre que uma componente das tenses principais
excede a resistncia ltima uniaxial trao, f
t
. Outrossim, permite-se que o ANSYS assuma
valores preestabelecidos ao se omitir os ltimos cinco parmetros.
O valor adotado para a resistncia ltima uniaxial trao (3 linha da Tab. 4.11)
equivale a 10% do valor mdio da resistncia compresso.
Salienta-se que os ensaios em corpos-de-prova cilndricos de concreto (15 x 30 cm)
serviram para a determinao dos valores mdios: a) da resistncia uniaxial compresso do
concreto, f
c,m
; b) do mdulo de elasticidade tangente inicial, E
ci,m
, relacionados na Tab. 4.12.
Esses parmetros, assim como a curva tenso-deformao, so informaes que caracterizam
o comportamento do material e constituem-se em requisitos para o processamento das
avaliaes numricas pelo ANSYS.

Tabela 4.12 Propriedades mecnicas do concreto
Parmetro Valor
Mdulo de elasticidade mdio, E
ci,m
3.118 kN/cm
2

Tenso de plastificao,
p
3,39 kN/cm
2

Coeficiente de Poisson, 0,2



B Ao

No caso do ao adotou-se um modelo bi-linear, com encruamento istropo, e critrio
de plastificao de von Mises, conforme Fig. 4.23.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 163

Figura 4.23 Modelo constitutivo adotado para o ao

Para caracterizar o comportamento isotrpico, admitido para o ao, foram adotados os
valores das constantes relacionadas na Tab. 4.13, baseando-se nas indicaes apresentadas em
Flores et al. (2007) e Molina (2008).

Tabela 4.13 Propriedades mecnicas do ao
Parmetro Valor
Mdulo de elasticidade, E 20.500 kN/cm
2

Tenso de plastificao,
p
50 kN/cm
2

Mdulo tangente, E
T
380 kN/cm
2

Coeficiente de Poisson, 0,3


C Madeira

A caracterizao do comportamento no-linear da madeira tema que exige
aprofundamento, especialmente em se tratando de madeira laminada colada. Na expectativa
de buscar analogias com o trabalho desenvolvido por Molina (2008), manteve-se a opo de
considerao de um comportamento ortotrpico para a madeira, com a utilizao do critrio
de resistncia de Hill, associado ao encruamento istropo. Para considerar a anisotropia do
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 164
material, o critrio de Hill estende o critrio de von Mises, e considera diferentes tenses de
plastificao nas trs direes principais do material, alm de outros atributos.
Nas simulaes, o modelo constitutivo adotado para a madeira reproduz um
comportamento elasto-plstico, por meio de curvas tenso-deformao bilineares, conforme
Fig. 4.24, que dependem das direes principais do material. Ressalta-se que, para
simplificao da anlise, os comportamentos da madeira na compresso e na trao foram
considerados idnticos e que no foi admitida nenhuma distino entre as direes radial e
tangencial.
A inclinao inicial da curva tenso-deformao, mostrada na Fig. 4.24, corresponde
ao mdulo de elasticidade do material em cada direo. Ao atingir a tenso de plastificao,
f
y
, a curva tenso-deformao assume uma nova inclinao, que equivale aos mdulos
tangentes especificados na Tab. 4.15. Para os valores dos mdulos tangentes, o ANSYS no
admite valores negativos ou maiores que o mdulo de elasticidade longitudinal.


Figura 4.24 Modelo constitutivo adotado para a madeira


Ensaios realizados em conformidade com o Anexo B, da NBR 7190 (1997),
permitiram a determinao das propriedades elsticas da madeira. As relaes entre as
propriedades elsticas da madeira foram admitidas com base nos resultados apresentados em
Ballarin e Nogueira (2003), bem como na norma NBR 7190 (1997).
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 165
Por outro lado, as propriedades plsticas da madeira e suas relaes foram
consideradas com base em Dias (2005) e Flores et al. (2007). Para tanto, admitiu-se o valor da
tenso de plastificao da madeira na direo das fibras,
z
, igual ao da resistncia
compresso paralela s fibras na compresso. Nas Tab. 4.14 e 4.15 se apresentam todas as
constantes que serviram realizao das modelagens da madeira.
Para completar o quadro das propriedades plsticas da madeira foram admitidas as
seguintes relaes:
y m , 0 c z
f f = =
[4.1]

19 , 0 ) ( ) (
z x z y
= =
[4.2]

z yz xy
38 , 0 = =
[4.3]

z xz
038 , 0 = [4.4]

41 , 0 E E
Ty Tx
= =
[4.5]

28 E
Tz
= [4.6]


Tabela 4.14 Propriedades elsticas da madeira
Propriedades elsticas Valor
Mdulo de elasticidade na direo tangencial, E
x
292,40 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade na direo radial, E
y
292,40 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade na direo longitudinal, E
z
2.924,00 kN/cm
2

Coeficiente de Poisson no plano xy,
xy
0,23
Coeficiente de Poisson no plano yz,
yz
0,013
Coeficiente de Poisson no plano xz,
xz
0,013
Mdulo de elasticidade transversal no plano xy, G
xy
146,20 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade transversal no plano yz, G
yz
146,20 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade transversal no plano xz, G
xz
146,20 kN/cm
2


Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 166
Tabela 4.15 Propriedades plsticas da madeira
Propriedades plsticas Valor
Tenso de plastificao (trao e compresso) na direo x,
x
1,45 kN/cm
2

Tenso de plastificao (trao e compresso) na direo y,
y
1,45 kN/cm
2

Tenso de plastificao (trao e compresso) na direo z,
z
7,61 kN/cm
2

Mdulo tangente (trao e compresso) na direo x, E
Tx
0,41 kN/cm
2

Mdulo tangente (trao e compresso) na direo y, E
Ty
0,41 kN/cm
2

Mdulo tangente (trao e compresso) na direo z, E
Tz
28,00 kN/cm
2

Tenso cisalhante de plastificao no plano xy,
xy
2,89 kN/cm
2

Tenso cisalhante de plastificao no plano yz,
yz
2,89 kN/cm
2

Tenso cisalhante de plastificao no plano xz,
xz
0,29 kN/cm
2

Mdulo tangente de corte no plano xy, G
Txy
1,80 kN/cm
2

Mdulo tangente de corte no plano yz, G
Tyz
1,80 kN/cm
2

Mdulo tangente de corte no plano xz, G
Txz
0,0018 kN/cm
2




4.2.4.3 Elementos de contato

Na construo dos MODELOS 1 a 5, as interfaces entre concreto-ao, concreto-
madeira e madeira-concreto foram caracterizadas pela adoo dos elementos: (a) conta173, o
qual foi utilizado como superfcie de contato; (b) targe170, que foi utilizado como superfcie
alvo.
O parmetro FKN um dos dados de entrada e representa o fator de rigidez normal de
contato. Ao controlar a intensidade de penetrao e tambm o afastamento entre as superfcies
alvo e de contato, esse parmetro orienta a convergncia durante o processamento do modelo.
Pela dificuldade em sua calibrao, optou-se por mant-lo com valor unitrio, o qual padro
(default) para os processamentos no ANSYS.
Um outro parmetro de entrada o coeficiente FTOLN, cujo valor adotado foi de 0,1
por ser padro (default) para os processamentos no ANSYS. Esse parmetro estabelece o
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 167
status do elemento de contato, ou seja, se est aberto ou fechado. Assim, o FTOLN representa
um valor mnimo de penetrao para que o contato seja considerado fechado.
Relativamente aos coeficientes de atrito, que so caractersticas intrnsecas da
interao entre os materiais envolvidos, em Molina (2008) expe-se a utilizao do
coeficiente equivalente a 0,6 na interface entre ao-concreto, para os conectores retos,
seguindo as recomendaes expressas em Leonhardt e Mnnig (1977). Para o par de contato
ao-madeira, em Molina (2008) adotou-se o coeficiente de atrito igual a 0,5, orientado pela
proposta consignada em Dias (2005). Finalmente, para o par de contato madeira-concreto, em
Molina (2008) admitiu-se o valor 0,01 por ter sido posicionada uma pelcula plstica na
superfcie de contato e, desta forma, reduziu-se o atrito entre esses materiais.
Para os modelos que utilizaram conectores instalados em forma de X, em Molina
(2008) adotou-se os seguintes valores para os coeficientes de atrito: 0,6 para a interface ao-
concreto; 0,9 para a interface ao-madeira e 0,01 para a interface madeira-concreto.
Para o processamento dos modelos objeto desta pesquisa se fez necessrio o
estabelecimento e ajustes dos respectivos coeficientes de atrito. Para os MODELOS 1 a 3, os
quais foram tambm avaliados experimentalmente, as melhores calibraes foram
conseqncias da adoo dos coeficientes de atrito indicados na Tab. 4.16.

Tabela 4.16 Coeficientes de atrito nas superfcies de contato
Coeficientes de atrito
MODELO
concreto-madeira
(natrito1)
concreto-ao
(natrito2)
madeira-ao
(natrito3)
1 0,5 0,6 0,95
2 0,2 0,3 0,5
3 0,2 0,5 0,9


Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 168
4.2.4.4 Condies de contorno, vinculaes e aplicao dos carregamentos

Devido dupla simetria, as malhas propostas para os MODELOS 1 a 5 receberam
vinculaes compatveis com as condies estabelecidas nos ensaios. Desta maneira, foram
vinculados os ns de apoio ns inferiores da parte de concreto, conforme mostra a Fig. 4.25
impedindo as translaes nas direes x, y e z (graus de liberdade). Outrossim, para
respeitar as condies de simetria foram vinculados os ns situados no plano xz que passa por
y= 0, bem como os ns situados no plano yz que passa por x= 23,1 cm.
Vale lembrar que o MODELO 3 possui uma reentrncia na parte superior de madeira,
a qual foi executada em trabalhos de marcenaria para permitir a fixao das chapas metlicas
perfuradas, conforme demonstra a Fig. 4.22. Os ns situados nessa regio da madeira tambm
tiveram impedidas as translaes nas direes x e y (condio de simetria), uma vez que esse
espao acabou sendo ocupado pelo adesivo epxi utilizado na fixao das chapas.


Figura 4.25 Vinculaes de apoio e condies de simetria dos MODELOS 1 a 5
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 169
A calibrao dos MODELOS 1, 2 e 3 se deu pela aplicao de carregamentos
estticos, resultantes das foras de ruptura verificadas durante a realizao dos ensaios dos
corpos-de-prova CP2, CP12 e CP16, respectivamente. Para considerar o carregamento
distribudo, os valores das foras de ruptura foram divididos pelo nmero de ns localizados
na regio da madeira onde o carregamento foi aplicado.
Devido considerao da no-linearidade fsica, os carregamentos foram aplicados de
forma incremental. No ANSYS, esse incremento de carregamento controlado pelo recurso
denominado Automatic Time Stepping, que reduz ou aumenta os incrementos a partir da
previso do nmero de iteraes necessrias para a convergncia. Adotou-se a tolerncia de
0,001 para a convergncia, que padro para as simulaes no ANSYS (default).
Por fim, a validao dos modelos foi efetivada a partir das comparaes das curvas
fora versus deslizamento e dos seus respectivos mdulos de deslizamento iniciais, K
ser
. Para
a realizao das leituras das translaes verticais foram selecionados, em cada um dos
modelos numricos, os ns situados nas coordenadas x= 23,1 cm, y= 0 e, na direo z, aquele
localizado o mais prximo possvel da metade da altura da parte de madeira.


4.2.4.5 Resultados da anlise numrica

Antes de apresentar os resultados produzidos a partir das simulaes numricas
oportuno expor o tempo registrado para o processamento de cada um dos modelos, conforme
Tab. 4.17, considerando-se o comportamento linear e no-linear dos materiais nos
MODELOS 1, 2 e 3 e apenas o comportamento linear nos MODELOS 4 e 5. O
microcomputador utilizado no processamento dessas simulaes tem processador Intel Core2
Quad 2.4 GHz, com memria fsica (RAM) de 4 GB.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 170
Tabela 4.17 Tempo de processamento dos modelos numricos
MODELO Comportamento linear
Comportamento no-
linear
1 29 min 2 h 42 min
2 1 h 57 min baixa convergncia
3 45 min 7 h 29 min
4 33 min -----
5 24 min -----


Uma notvel contribuio da avaliao numrica dos corpos-de-prova ensaiados a
possibilidade de visualizar, conforme Fig. 4.26 a 4.35, as distribuies das tenses e
translaes verticais verificadas aps a aplicao dos respectivos carregamentos. Essas
imagens foram capturadas aps a aplicao do ltimo passo de carregamento, cujos valores
ltimos, para cada modelo, encontram-se relacionados na Tab. 4.18.
Fornecidas automaticamente pelo ANSYS, as escalas de cores observadas nas figuras
contribuem para a interpretao dos resultados.

Tabela 4.18 Fora ltima aplicada no processamento dos modelos numricos
MODELO
Fora ltima
(kN)
1 135,7
2 131,7
3 155,2
4 131,2
5 131,2





Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 171
A MODELO 1

Figura 4.26 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 1


Figura 4.27 Translaes verticais (em mm) obtidas o MODELO 1


Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 172
B MODELO 2

Figura 4.28 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 2


Figura 4.29 Translaes verticais (em mm) obtidas o MODELO 2


Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 173
C MODELO 3

Figura 4.30 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 3


Figura 4.31 Translaes verticais (em mm) obtidas para o MODELO 3
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 174
D MODELO 4

Figura 4.32 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 4


Figura 4.33 Translaes verticais (em mm) obtidas para o MODELO 4

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 175
E MODELO 5

Figura 4.34 Tenses de von Mises (em kN/cm
2
) obtidas para o MODELO 5


Figura 4.35 Translaes verticais (em mm) obtidas para o MODELO 5

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 176
4.2.5 Discusso dos resultados da anlise numrica

Os MODELOS 1, 2 e 3 foram analisados sob duas condies: (a) na primeira fase foi
considerado o comportamento no-linear dos materiais; (b) na segunda etapa, os materiais
foram considerados com comportamento elstico-linear at a ruptura. J os MODELOS 4 e 5
foram analisados apenas sob o comportamento elstico-linear.
Nas simulaes que consideraram as no-linearidades fsicas observou-se instabilidade
numrica, ou seja, dificuldade em convergncia, durante o processamento dos MODELOS 1 e
2. Em idnticas condies de no-linearidade fsica, o MODELO 3 apresentou bom
comportamento e se obteve uma melhor concordncia entre os resultados numricos e
experimentais, relativos ao deslizamento vertical. provvel que a grande quantidade de ao
utilizada como conector, no MODELO 3, exerceu influncia no comportamento da curva
fora versus deslizamento e no desempenho do modelo numrico proposto.
Observou-se, nos modelos cuja ligao entre o concreto e a MLC foi por meio de
ganchos metlicos, uma grande concentrao de tenses na regio dos conectores, provocando
flexo nos ganchos e, conseqentemente, esmagamento no concreto e embutimento na
madeira. Nesses modelos, as tenses nos ganchos ficaram abaixo da tenso de escoamento do
ao, como indica a Fig. 4.36, em que os valores esto expressos em kN/cm
2
.
Ainda, por meio da Fig. 4.36, possvel concluir que o comprimento dos ganchos de
ao poderia ter sido reduzido, visto que a parte superior dos ganchos, aps a dobra em 90,
encontra-se muito pouco solicitada. Da mesma forma possvel ser observado que os dois
ganchos foram solicitados, praticamente, de maneira uniforme.
Percebeu-se, tambm, o desenvolvimento de tenses na regio de transferncia de
foras da madeira para o concreto, devido ao atrito estabelecido na interface dos materiais. No
entanto, o nvel de tenses foi menor que o verificado na regio dos conectores.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 177

Figura 4.36 Distribuio de tenses e configurao deformada dos ganchos de ao MODELO 1


No MODELO 3, o qual no apresentou os problemas de instabilidade numrica no
processamento, a distribuio de tenses no concreto e na chapa metlica perfurada,
mostrados na Fig. 4.37, alcana os limites de resistncia dos materiais. Considerando que a
resistncia mdia compresso do concreto utilizado na produo desses corpos-de-prova foi
de 33,9 MPa, conclui-se que a ruptura desse modelo ocorreu no concreto confinado no furo
superior da chapa metlica, onde a tenso alcanou o valor de 34,53 MPa.
A chapa de ao bastante solicitada na sua parte superior, alcanando a tenso de 502
MPa, ou seja, marca o incio do escoamento desse ao. Por outro lado, a parte de MLC no
mostrada nas figuras atingiu tenses prximas ao limite de sua resistncia compresso
paralela s fibras, ou seja, 76 MPa.

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 178


(a) (b)
Figura 4.37 Distribuio de tenses no MODELO 3: (a) na parte de concreto; (b) na chapa
perfurada (valores em kN/cm
2
)


Nas anlises apresentadas em Molina (2008) ressalta-se que os parmetros que mais
influenciaram na modelagem numrica dos sistemas mistos foram, primeiramente, as
propriedades fsicas da madeira e, em segundo lugar, o atrito entre os materiais. No presente
trabalho avaliou-se apenas o efeito promovido pelas variaes dos coeficientes de atrito, por
se entender que as propriedades fsicas so caractersticas intrnsecas dos materiais e,
portanto, foram considerados os seus valores mdios, obtidos experimentalmente,
desconsiderando-se a hiptese de suas variaes.
Adicionalmente, foram realizados estudos considerando-se variaes nos coeficientes
de Poisson, e os coeficientes referentes madeira demonstraram pequena influncia nos
resultados.
Tenses muito inferiores tenso de escoamento do ao foram observadas nas
armaduras discretizadas nas modelagens descritas em Molina (2008), em corpos-de-prova
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 179
mistos de madeira-concreto, submetidos a carregamentos estticos. Assim, a no discretizao
das armaduras do concreto, neste trabalho, no teve interferncia no conjunto desta anlise.
Finalmente, a estratgia de modelagem utilizada com conectores metlicos
representados por elementos slidos permitiu a visualizao da distribuio de tenses e
configurao deformada desses elementos.


4.3 Confrontaes entre os resultados experimentais e numricos

Nas sees anteriores foram apresentadas as caractersticas dos corpos-de-prova de
cisalhamento nos conectores, assim como os resultados experimentais e numricos auferidos.
Em seguida so estabelecidas as comparaes entre esses resultados.
Para a aferio dos MODELOS 1, 2 e 3, foram utilizados os valores dos mdulos de
deslizamento inicial, K
ser
, obtidos experimentalmente a partir dos corpos-de-prova de
cisalhamento nos conectores designados por CP2, CP12 e CP16, respectivamente, os quais
foram transcritos para a Tab. 4.19. Duas possibilidades foram analisadas durante a fase de
simulao numrica quanto ao comportamento dos materiais: (a) elstico-linear, cujos valores
de K
ser
esto indicados na coluna [2]; (b) no-linear, com os valores de K
ser
indicados na
coluna [3].
Comparando-se os valores de K
ser
, obtidos numericamente para os MODELOS 1 e 2 e
indicados na coluna [2], com os mdulos de deslizamento mdios obtidos experimentalmente
para os CP-I e CP-II, conforme Tab. 4.3 e 4.4, respectivamente, observa-se que a diferena
no ultrapassa 4%, indicando que as hipteses e modelos numricos propostos so aceitveis
e conduzem a resultados com muito boa concordncia.

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 180
Tabela 4.19 Mdulos de deslizamento inicial dos MODELOS 1, 2 e 3,
obtidos experimentalmente e numericamente
MODELO
K
ser

experimental
[1]
(N/mm)
K
ser

elstico-linear
[2]
(N/mm)
K
ser

no-linear
[3]
(N/mm)
] 1 [
] 2 [

] 1 [
] 3 [

1 131.679 137.634 60.209 1,05 0,46
2 96.982 117.556 ---- 1,21 ---
3 221.853 309.873 269.177 1,40 1,21


Na Tab. 4.20 encontram-se transcritos os valores encontrados numericamente para os
mdulos de deslizamento inicial dos MODELOS 4 e 5. Esses valores foram obtidos
considerando-se o comportamento elstico-linear dos materiais.

Tabela 4.20 Mdulos de deslizamento inicial dos MODELOS 4 e 5
obtidos numericamente
MODELO
K
ser
numrico
(N/mm)
4 167.137
5 166.215


Encontram-se representados, nas Fig. 4.38 e 4.39, os deslizamentos medidos e
calculados para o MODELO 1, considerando, respectivamente, as hipteses de
comportamento elstico-linear e no-linear dos materiais. No caso de comportamento no-
linear dos materiais houve instabilidade numrica, de modo que o programa no encontrou
convergncia para foras acima de 75 kN.

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 181

Figura 4.38 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o MODELO 1,
com materiais no regime elstico-linear


Figura 4.39 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o MODELO 1,
com materiais no regime no-linear


Nota-se, pela Fig. 4.38, que h grande divergncia entre os valores numricos e
experimentais quando, evidentemente, os materiais comeam a sofrer as deformaes
plsticas. No entanto, o objetivo dessas simulaes numricas foi a obteno dos mdulos de
deslizamento inicial dos sistemas de conexo, cujo clculo se d na fase de comportamento
elstico-linear dos materiais. A concordncia entre essas curvas, prximo da ruptura, ainda
um desafio para a engenharia estrutural.
Com a considerao do comportamento elstico-linear dos materiais, na Fig. 4.40
esto representados os deslizamentos obtidos para o MODELO 2.
Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 182

Figura 4.40 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o MODELO 2,
com materiais no regime elstico-linear


Finalmente, nas Fig. 4.41 e 4.42 encontram-se representados os deslizamentos obtidos
e calculados para o MODELO 3, considerando-se, respectivamente, as hipteses de
comportamento elstico-linear e no-linear dos materiais. No processamento desse modelo
no foram verificadas instabilidades numricas, manifestando-se claramente uma melhor
concordncia com a considerao do comportamento no-linear dos materiais. Acredita-se
que a grande quantidade de ao inserida nesse modelo, na forma de chapas perfuradas, tenha
contribudo favoravelmente para esse desempenho.


Figura 4.41 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o MODELO 3,
com materiais no regime elstico-linear

Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 183

Figura 4.42 Deslizamentos obtidos experimentalmente e numericamente para o MODELO 3,
com materiais no regime no-linear


















Cap. 4 Estudo dos sistemas de conexo 184













Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 185
5 ESTUDO DAS VIGAS MISTAS DE MLC-CONCRETO




Fundamentando-se nas investigaes experimentais e numricas dos sistemas de
conexo, possvel avanar no estudo dos sistemas mistos de madeira-concreto. Assim, este
captulo enfoca, inicialmente, os procedimentos adotados para a produo e realizao dos
ensaios das vigas de MLC, com e sem reforos com fibras de vidro; e, em seguida, so
discutidos os procedimentos para a execuo e mtodos de ensaios das vigas mistas de MLC-
concreto, com e sem reforos com fibras de vidro. Todo procedimento experimental
amparado pelas recomendaes das normas pertinentes ou, na ausncia de normatizao
aplicvel, baseiam-se em publicaes correlatas.
Com a inteno de ponderar os desempenhos dessas vigas em escala real, planejou-se,
ento, a fabricao de 11 vigas de MLC com 5,4 m de comprimento, as quais receberam os
reforos com fibras de vidro e/ou foram associadas com as mesas de concreto, conforme
disposto na Tab. 5.1. Estrategicamente foi produzida a viga V9, a qual poderia servir como
elemento de substituio, caso alguma falha grave fosse detectada em alguma outra viga.
Depois de determinados os parmetros elsticos, por meio de ensaios no-destrutivos de
flexo esttica, as vigas V10 e V11 foram recortadas para a confeco dos corpos-de-prova
dos ensaios de cisalhamento nos conectores. Os resultados alcanados so tambm
apresentados neste captulo.
Os procedimentos, critrios e programa computacional empregado nas avaliaes
numricas das vigas mistas de MLC-concreto, com e sem reforos com fibras de vidro, so
descritos na segunda fase deste captulo. Com base nesses resultados, so, por fim, realizadas
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 186
as confrontaes entre os resultados experimentais e numricos, para se aferir a eficincia dos
modelos propostos.

Tabela 5.1 Planejamento experimental das vigas de MLC
Viga
Reforo com
fibras de vidro
Mesa de concreto
armado
Observaes
V1 NO SIM
V2 NO SIM
V3 SIM NO
V4 SIM SIM
V5 SIM NO
V6 SIM SIM
V7 NO NO
V8 NO NO
V9 NO NO Reserva
V10 NO NO Recortada
V11 NO NO Recortada


Os parmetros obtidos nesta etapa, sob o efeito de carregamentos estticos, so
fundamentais para a proposio de um modelo de dimensionamento, pois revelam o
desempenho das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro.


5.1 Avaliaes experimentais

5.1.1 Vigas de MLC

5.1.1.1 Confeco

Posteriormente obteno dos mdulos de elasticidade das lminas emendadas,
conforme descrito no Cap. 3, as lminas foram distribudas, ento, para a formao das vigas,
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 187
conforme mostra o Apndice E. Procurou-se um arranjo que resultasse em equilbrio nos
mdulos de elasticidade mdios das vigas de MLC.
Todas as recomendaes apresentadas na reviso bibliogrfica foram consideradas na
produo dessas vigas, especialmente no que concerne espessura e teor de umidade das
lminas, tipo de adesivo e disposio e configurao geomtrica das emendas dentadas. As
vigas de MLC foram produzidas com comprimentos de 5,4 m, de modo que os 10 cm iniciais
e finais pudessem ser descartados, resultando em vigas com 5,2 m de comprimento. Foi
providencial a execuo das vigas com o comprimento ligeiramente superior ao necessrio,
pois nas extremidades das lminas ocorreram variaes de espessura, por problemas de
aplainamento, o que prejudicou a colagem das lminas nas regies. A altura das vigas foi
assumida com base na relao altura/vo adotada em Weaver (2002).
O adesivo Wonderbond EPI EL 70, descrito na seo 3.1.4, foi aplicado manualmente
nas lminas, conforme mostra a Fig. 5.1, e as vigas foram prensadas utilizando-se a prensa
hidrulica mostrada na Fig. 5.2, com 18 m de comprimento e que dispe de pistes de presso
superiores, alm de dispositivos de prensagem lateral. Sem a disponibilidade desse
equipamento de prensagem, dificilmente poderia ter sido utilizado esse adesivo, uma vez que
o tempo exigido entre a aplicao e prensagem bastante pequeno.


Figura 5.1 Aplicao do adesivo Figura 5.2 Prensagem das vigas de MLC

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 188
Decorrido o tempo necessrio cura do adesivo, as vigas passaram por processo de
acabamento para se remover o excesso de adesivo, que, naturalmente, escorre durante a
prensagem. Uma vez aplainadas, as vigas confeccionadas apresentaram as dimenses
relacionadas na Tab. 5.2. No Apndice F esto ilustrados os posicionamentos das emendas
dentadas em cada lmina das 10 vigas de MLC produzidas e utilizadas na pesquisa.

Tabela 5.2 Propriedades das vigas de MLC
Viga
Largura
(mm)
Altura
(mm)
MOE mdio das
lminas (MPa)
V1 82 312 21.226
V2 83 313 20.623
V3 81 314 20.466
V4 80 312 20.199
V5 83 317 20.046
V6 84 312 20.020
V7 83 310 20.113
V8 81 311 19.770
V9 82 322 19.244
V10 83 325 19.405


As vigas de MLC foram apropriadamente acondicionadas no interior do LaMEM, ou
seja, em local protegido da ao dos raios solares e da umidade, at a realizao dos ensaios.


5.1.1.2 Mtodo de ensaio e resultados

Seguindo as prescries da ASTM D 198 (2005), com o esquema de ensaio indicado
na Fig. 5.3, as 10 vigas produzidas foram inicialmente ensaiadas flexo esttica, visando
determinao de seus respectivos mdulos de elasticidade (MOE). Duas dessas vigas V7 e
V8 foram carregadas at a ruptura, para a obteno dos respectivos mdulos de ruptura
(MOR).
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 189

Figura 5.3 Arranjo do ensaio de flexo nas vigas de MLC


As intensidades das foras aplicadas, bem como os correspondentes deslocamentos
verticais, foram tomadas a partir de leituras no anel dinamomtrico e nos relgios
comparadores, respectivamente. Alm dos trs relgios comparadores, indicados na Fig. 5.3,
foram posicionados, ainda, outros dois relgios comparadores sobre os apoios, para aferir os
deslocamentos verticais ascendentes nessas posies (Fig. 5.4). Dispositivos metlicos de
contraventamento, localizados a aproximadamente 50 cm do centro das vigas, foram
distribudos para garantir a estabilidade das vigas durante os ensaios, conforme ilustrado na
Fig. 5.5.


Figura 5.4 Arranjo do ensaio de flexo e detalhe do
relgio comparador sobre o apoio esquerdo
Figura 5.5 Detalhe do contraventamento
na regio central da viga

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 190
Em dois ciclos de carga e descarga, o carregamento foi aplicado de forma monotnica.
Nos dois primeiros ciclos as vigas foram submetidas a foras correspondentes a
aproximadamente 40% da fora prevista para a ruptura. Nesta fase de ensaios, apenas as vigas
V7 e V8 foram submetidas ao terceiro ciclo de carregamento, at atingirem a ruptura. Os
MOEs e MORs obtidos encontram-se relacionados nas Tab. 5.3 e 5.4, respectivamente.
Os valores dos MOEs apresentados nas colunas [1], [2] e [3] da Tab. 5.3 foram
calculados em conformidade com a ASTM D 198 (2005), representando, respectivamente:
[1] Mdulo de elasticidade flexo aparente (desprezando-se a deformao por
cisalhamento) calculado pela expresso:

3
3
bh 108
FL 23
[5.1]

[2] Mdulo de elasticidade flexo determinado a partir das flechas (considerando-se
a deformao por cisalhamento):
|

\
|


bhG 5
FL
1 bh 108
FL 23
3
3

[5.2]

[3] Mdulo de elasticidade flexo determinado a partir dos deslocamentos verticais
no trecho central (sem a incidncia de cisalhamento):
Lb
3
2
b
bh 4
FLL

[5.3]

Em que:
= F Incremento de foras aplicadas, abaixo do limite de proporcionalidade (em N).
= L Vo (em mm).
= Incremento de deslocamentos verticais do eixo neutro da viga, medidos no meio do vo,
correspondentes s foras aplicadas (em mm).
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 191
= G Mdulo de elasticidade transversal, calculado por G= E/20 (em MPa).
=
b
L Comprimento entre os dois pontos de aplicao das foras, livre dos efeitos do
cisalhamento (em mm).
=
Lb
Incremento de deslocamentos verticais do eixo neutro da viga, medidos no meio do
vo, descontando-se os deslocamentos verticais medidos na posio dos pontos de
aplicao das foras (em mm).

Observa-se que os valores do MOE [3], referentes s vigas V2 e V10, superam
bastante os outros valores de MOE calculados. Convm salientar que, no caso do MOE [3],
pequenas variaes nas leituras dos deslocamentos verticais so suficientes para resultar em
variaes significativas nos valores calculados desses mdulos.

Tabela 5.3 Mdulos de elasticidade flexo das vigas de MLC
Viga
MOE
[1]
(MPa)
MOE
[2]
(MPa)
MOE
[3]
(MPa)
[1]/[2] [1]/[3]
V1 23.241 25.264 24.699 0,92 0,94
V2 20.641 22.283 28.177 0,93 0,73
V3 22.299 24.257 25.872 0,92 0,86
V4 21.902 23.788 23.472 0,92 0,93
V5 21.416 23.295 23.936 0,92 0,89
V6 21.784 23.667 24.085 0,92 0,90
V7 21.392 23.171 23.104 0,92 0,93
V8 21.494 23.338 23.511 0,92 0,91
V9 21.635 23.712 23.720 0,91 0,91
V10 20.163 21.975 31.435 0,92 0,64

Mdia: 21.597 23.475 25.664
cov (%): 3,7 3,8 14,6


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 192
Tabela 5.4 Caractersticas na ruptura das vigas de MLC
Viga
F
R

(kN)
MOR
(MPa)
Modo de ruptura
V7 101,7 67,6 Ruptura na emenda dentada da lmina inferior
V8 84,3 57,1 Ruptura na penltima lmina inferior n

Mdia: 93,0 62,3


COMPLEMENTAO DA DESCRIO DOS MODOS DE RUPTURA:
Viga V7 A ruptura teve incio na emenda dentada localizada na ltima lmina
tracionada e se propagou, por meio de cisalhamento na lmina de cola, para as lminas
superiores. O mapeamento completo do modo de ruptura encontra-se ilustrado no
Apndice G.
Viga V8 A ruptura teve incio em um n localizado na penltima lmina tracionada
e se propagou para a ltima lmina, at atingir uma emenda dentada. Para cima, a
ruptura se propagou por uma combinao de cisalhamento na madeira e nas lminas
de cola. O mapeamento completo do modo de ruptura encontra-se ilustrado no
Apndice G.

Nota-se que a viga V7 atingiu uma fora de ruptura, F
R
, 20% superior alcanada pela
viga V8. Espera-se, com a adio do reforo com fibras de vidro, que essa disperso seja
atenuada, o que extremamente desejvel para a confiabilidade do material.
Por meio da Fig. 5.6 pode-se constatar que o carregamento aplicado, na avaliao
inicial das vigas produzidas, permaneceu dentro do regime de comportamento elstico-linear.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 193

Figura 5.6 Comportamento das vigas de MLC nos ensaios de flexo ltimo carregamento


Aps os ensaios de flexo, as vigas V9 e V10 foram recortadas para a produo dos
corpos de prova de cisalhamento nos conectores, os quais foram descritos no Cap. 4 deste
trabalho. Da parte no afetada pela ruptura, das vigas V7 e V8, foram extrados corpos-de-
prova para a realizao dos ensaios de caracterizao da MLC, descritos no Apndice D.
Utilizando-se o Mtodo da Seo Transformada, foram calculadas as posies da linha
neutra correspondentes a cada uma das vigas de MLC, as quais se encontram listadas na Tab.
5.5. Alm disso, nessa mesma tabela se mostra um comparativo entre as flechas tericas e as
apuradas experimentalmente, para o nvel de fora F indicado. No clculo das flechas tericas
[2] considerou-se o efeito do cisalhamento enquanto que nas flechas tericas [1] esse efeito
foi desconsiderado. O mdulo de elasticidade longitudinal empregado na determinao das
flechas resultou da mdia dos mdulos de elasticidade longitudinais das diversas lminas que
compem cada viga. Por outro lado, para o mdulo de elasticidade transversal adotou-se a
relao proposta pela NBR 7190 (1997), ou seja, 20 E G = .

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 194
Tabela 5.5 Propriedades geomtricas e elsticas das vigas de MLC
Viga
Posio da
linha neutra
Y
(mm)
F
(kN)
Flecha
experimental
(mm)
Flecha
terica [1]
(mm)
Diferena
(%)
Flecha
terica [2]
(mm)
Diferena
(%)
V1 156,8 40,6 18,9 18,1 4,4 19,6 -3,6
V2 157,5 33,8 17,4 15,7 10,8 16,9 3,0
V3 156,8 40,6 19,8 19,4 2,1 20,9 -5,3
V4 156,3 40,6 20,5 20,2 1,5 21,8 -6,0
V5 157,8 40,6 19,6 18,9 3,7 20,4 -3,9
V6 155,9 40,6 20,0 19,6 2,0 21,1 -5,2
V7 154,1 41,1 21,0 20,4 2,9 22,0 -4,5
V8 155,4 40,6 20,8 20,7 0,5 22,3 -6,7
V9 160,7 30,4 14,2 14,1 0,7 15,3 -7,2
V10 162,2 33,8 16,0 15,2 5,3 16,5 -3,0


Na Fig. 5.7 se representa a posio da linha neutra, Y, e os eixos pertencentes ao plano
da seo transversal das vigas.


Figura 5.7 Posicionamento dos eixos na seo transversal das vigas de MLC


Nota-se uma excelente concordncia entre os resultados tericos [1] calculados a
partir da Equao [5.4] e os experimentais, pois a relao h L aproximadamente igual a
16, indicando que o efeito do cisalhamento nas flechas no to significativo. Simplesmente
pela observao da viga V2, no foi possvel constatar nenhum defeito que justificasse a
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 195
ocorrncia da flecha mais acentuada que o previsto. Por outro lado, a viga V10 no foi motivo
de preocupao, uma vez que a mesma foi recortada para a produo dos corpos-de-prova de
cisalhamento nos conectores.

EI 1296
FL 23
3

[5.4]

Na equao acima, E o mdulo de elasticidade longitudinal da lmina adotada como
referncia e I o momento de inrcia da seo transformada.


5.1.2 Vigas de MLC reforadas com fibras de vidro

5.1.2.1 Aplicao do reforo

Em seguida, quatro dessas vigas (V3, V4, V5 e V6) receberam o reforo com fibras de
vidro. O processo teve incio com a seleo do tecido de fibras de vidro e resina apropriados.
O tecido adquirido, especificado na seo 3.4, apresentava largura de 1,4 m, e, assim, houve a
necessidade de recort-lo em tiras com a mesma largura das vigas de MLC. Para evitar o
esgaramento, aplicou-se tiras de fita crepe sobre o tecido, em intervalos de aproximadamente
30 cm, antes de recort-lo. A iniciativa teve bons resultados, pois durante a laminao no
desfiou nenhuma faixa do tecido.
Antes da aplicao do tecido de fibras de vidro, as faces das vigas que receberiam os
reforos foram impregnadas com a mesma resina epxi utilizada na laminao, tambm
especificada na seo 3.4, evitando-se problemas com a colagem da primeira camada do
tecido. Depois da cura, iniciou-se o processo de laminao, sempre se observando as
recomendaes dos fabricantes. A resina epxi foi aplicada com pincel, conforme Fig. 5.8, e,
para a eliminao das bolhas de ar, empregou-se o rolo desaerador mostrado na Fig. 5.9.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 196

Figura 5.8 Aplicao do adesivo epxi Figura 5.9 Rolo desaerador


Especialmente desenvolvida para os processos de laminao em fibra de vidro,
carbono e aramida, a resina epxi AR-300 demonstrou-se eficiente para a aplicao do
reforo em camadas. A resina AR-300 e o endurecedor AH-30 com gel time de 30 minutos
a 25 C foram misturados na proporo de 3:1 (em volume).
Foram aplicadas 20 camadas de tecido de fibras de vidro, resultando em uma
espessura nominal de reforo equivalente a 10 mm, o que corresponde a 3,1% da rea total da
seo transversal. Salienta-se que a espessura final foi de 16 mm, considerando o espao
ocupado pela resina epxi entre as diversas camadas de tecido.
Essa etapa requer o uso constante de equipamentos de proteo individual,
especialmente luvas, respiradores e culos de proteo.


5.1.2.2 Mtodo de ensaio e resultados

Concluda a etapa de aplicao dos reforos e observando-se as prescries da ASTM
D 198 (2005), com o esquema de ensaio indicado na Fig. 5.3, as vigas V3 e V5 foram
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 197
ensaiadas flexo esttica, objetivando a determinao de suas propriedades de rigidez e o
comportamento na ruptura.
Em dois ciclos de carga e descarga, o carregamento foi aplicado de forma monotnica
crescente. Nos dois primeiros ciclos, as vigas foram submetidas a foras correspondentes a
aproximadamente 40% da fora prevista para a ruptura; no terceiro carregamento, as vigas
foram solicitadas at a ruptura. A Fig. 5.10 indica o comportamento dessas vigas, vlido para
o segundo ciclo de carregamento dos ensaios de flexo esttica.


Figura 5.10 Comportamento das vigas de MLC com reforo de fibras de vidro,
no segundo ciclo de carregamento do ensaio de flexo


Nas Tab. 5.6 e 5.7 encontram-se relacionadas as posies da linha neutra, calculadas
segundo o Mtodo da Seo Transformada, bem como as propriedades elsticas, rigidez
experimental e comportamento na ruptura. No Apndice G encontram-se ilustrados, por
mapeamento, os modos de ruptura das vigas V3 e V5.


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 198
Tabela 5.6 Propriedades geomtricas e elsticas das vigas de MLC com reforo
Viga
Posio da
linha neutra
Y
(mm)
F
(kN)
Flecha
experimental
(mm)
Flecha
terica
(mm)
Diferena
(%)
V3 170,5 40,7 16,8 16,8 0,0
V5 172,0 40,6 16,7 16,4 1,8


Tabela 5.7 Rigidez experimental e comportamento na ruptura das vigas de MLC com reforo
Viga
(EI)
exp

(N.mm
2
)
F
R

(kN)
MOR
(MPa)
Modo de ruptura
V3 5,37E+12 112,5 66,0 Ruptura por cisalhamento da 7 lmina
V5 5,37E+12 121,3 67,1
Ruptura em emenda dentada da ltima lmina
tracionada

Mdia: 5,37E+12 116,9 66,6



COMPLEMENTAO DA DESCRIO DOS MODOS DE RUPTURA:
Viga V3 A ruptura iniciou-se por cisalhamento da stima lmina, contando-se de
cima para baixo, prximo de um dos pontos de aplicao de fora (2/3L), propagando-
se por cisalhamento na lmina de cola.
Viga V5 A ruptura teve incio na emenda dentada localizada na ltima lmina
tracionada e se propagou, por meio de cisalhamento, para as lminas superiores.

Para avaliar as deformaes e a distribuio de tenses na seo transversal, localizada
no centro da viga, foram instalados os extensmetros eltricos do tipo KFG-10-120-C1-11,
com comprimento de 10 mm, nas posies indicadas na Fig. 5.11. Em posio apropriada foi
instalada uma clula de carga com capacidade para 250 kN. Posteriormente, esses dispositivos
foram conectados ao sistema de aquisio de dados System 5000 da Vishy Measurements
Groups, possibilitando a visualizao das deformaes registradas, conforme Fig. 5.12 e 5.13.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 199

Figura 5.11 Posicionamento dos extensmetros eltricos na seo
transversal das vigas de MLC com reforo de fibras de vidro


Nenhuma irregularidade foi constatada durante a execuo do ensaio, e respectiva
aquisio de dados, da viga V3. No entanto, ao construir o grfico fora versus deformao da
viga V5, observou-se uma anormalidade nos registros do extensmetro 3, no ltimo ciclo de
carregamento e acima do nvel de 40 kN. Para no se descartar os dados dessa viga, foi
realizada uma correo nos dados desse extensmetro, projetando os dados irregulares sobre
uma reta, a partir de 40 kN.


Figura 5.12 Deformaes registradas no ensaio da viga V3

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 200

Figura 5.13 Deformaes registradas no ensaio da viga V5


As Fig. 5.14 e 5.15 mostram as linhas elsticas obtidas nos ensaios de flexo das vigas
V3 e V5, com e sem reforo com fibras de vidro, para os nveis de carregamento de 40,7 kN e
40,6 kN, respectivamente. Nesse nvel de solicitao, as diferenas constatadas entre as
flechas, considerando o reforo e a ausncia dele, foram em mdia de 15%.


Figura 5.14 Desempenho flexo da viga V3, com e sem reforo, considerando o nvel
de fora de 40,7 kN


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 201

Figura 5.15 Desempenho flexo da viga V5, com e sem reforo, considerando o nvel
de fora de 40,6 kN


Pelo Mtodo da Seo Transformada foi possvel obter as rigidezes das vigas V3 e V5
sob o efeito da composio total da seo transversal, (EI)
t
, para, ento, compar-las com as
rigidezes experimentais observadas nos nveis de carregamento de 40,7 kN e 40,6 kN,
respectivamente. Os resultados encontram-se relacionados na Tab. 5.8.

Tabela 5.8 Rigidezes das vigas V3 e V5, com e sem reforo com fibras de vidro
Viga
Rigidez total
(EI)
t

(N.mm
2
)
Rigidez experimental
(EI)
exp
(N.mm
2
)
t
exp
) EI (
) EI (

V3 sem reforo 4,6449E+12 4,5562E+12 0,98
V3 com reforo 5,8042E+12 5,3703E+12 0,93
V5 sem reforo 4,7655E+12 4,5957E+12 0,96
V5 com reforo 5,9685E+12 5,3736E+12 0,90


Com base nas leituras dos extensmetros eltricos instalados, foi possvel a construo
dos perfis de distribuio de deformaes na seo transversal central de ambas as vigas, para
trs nveis de carregamento, sendo o ltimo referente fora de ruptura, conforme mostram as
Fig. 5.16 e 5.17.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 202

Figura 5.16 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V3,
para trs nveis de carregamento


Figura 5.17 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V5,
para trs nveis de carregamento



Nas Fig. 5.16 e 5.17 possvel se observar, na representao relativa ao ltimo nvel
de carregamento, um segmento pontilhado, em cuja legenda aparece a inscrio previso.
Fez-se a representao dessa previso de deformao, porque no houve sinais evidentes de
deslizamento entre a MLC e o reforo com fibras de vidro. Assim, amparando-se na hiptese
da flexo de vigas em que as sees planas permanecem planas, as deformaes na regio do
reforo deveriam seguir o segmento pontilhado.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 203
Percebe-se, tambm, a partir da instrumentao utilizada, que a posio da linha neutra
manteve-se praticamente estvel durante todo o ensaio. No ltimo nvel de carregamento,
essas posies corresponderam a 152,9 mm para a viga V3 e 155,2 mm para a viga V5,
contados a partir da face superior da viga, conforme Fig. 5.7. Essas posies de linha neutra
so menores do que as indicadas na Tab. 5.6, pois aquelas consideravam o efeito da
composio total da seo transversal, o que na prtica no aconteceu.
A partir da distribuio das deformaes na seo transversal foi possvel a construo
dos diagramas de distribuio de tenses, vlido tambm para a seo transversal central das
vigas V3 e V5, optando-se pela construo do diagrama de tenses somente para o ltimo
nvel de carregamento, conforme mostram as Fig. 5.18 e 5.19, respectivamente. Para o clculo
das tenses foram adotados os MOEs de cada lmina (Apndice E), bem como o mdulo de
elasticidade das fibras de vidro relacionado na Tab. 3.8. As diversas camadas da MLC, bem
como a camada de reforo, encontram-se indicadas nessas figuras, ressaltando-se que, para
simplificar a representao, as tenses foram admitidas constantes ao longo da altura de cada
camada e seus valores equivalem mdia das tenses nas respectivas lminas.


Figura 5.18 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V3,
considerando aplicada a fora de 112,5 kN (ruptura)

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 204

Figura 5.19 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V5,
considerando aplicada a fora de 121,3 kN (ruptura)


Determinadas as distribuies de tenses, foi possvel, ento, o clculo dos momentos
resistentes e, ao mesmo tempo, compar-los com os momentos fletores mximos aplicados
nas vigas, conforme apresentado na Tab. 5.9.

Tabela 5.9 Momento fletor aplicado e momento resistente vigas V3 e V5
Viga
Momento fletor
mximo aplicado
(kN.m) [1]
Momento resistente
(kN.m) [2]
] 2 [
] 1 [

V3 93,78 98,07 0,96
V5 101,07 97,04 1,04


5.1.3 Vigas mistas de MLC-concreto, com e sem reforos com fibras de vidro

5.1.3.1 Confeco

Quatro vigas foram preparadas para receberem as mesas de concreto armado, sendo
duas delas reforadas com fibras de vidro vigas V4 e V6 e outras duas sem os reforos
vigas V1 e V2.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 205
Numa primeira etapa, definiu-se o sistema de conexo entre a mesa de concreto
armado e a alma de MLC. Baseando-se nos resultados auferidos na primeira parte deste
programa experimental, em que foram avaliadas as propostas de conexo entre os materiais
por meio de ganchos e chapas metlicas perfuradas, optou-se pela utilizao dos ganchos de
ao com dimetro de 8 mm, por apresentarem maior mdulo de deslizamento dentre os
ganchos considerados. Descartou-se a possibilidade de utilizao das chapas metlicas
perfuradas, por conta do modo de ruptura frgil apresentado.
Procedeu-se, ento, a uma avaliao terica, tomando-se como base as prescries do
EUROCODE 5 (2004) para as vigas mistas, com o intuito de evitar a ruptura das vigas nos
elementos de conexo. Foi constatado, a partir dos ensaios dos corpos-de-prova de
cisalhamento nos conectores, que a capacidade mdia de carga por gancho de 8 mm de 32,8
kN. Deste modo, determinou-se o espaamento equivalente a 12 cm entre os ganchos, vlido
para a regio de maior fluxo de cisalhamento. No tero central das vigas, onde o cisalhamento
nulo, esse espaamento foi dobrado, pois os ganchos tm, nessa regio, apenas a
responsabilidade de evitar a separao entre as partes. A Fig. 5.20 indica o posicionamento
dos ganchos metlicos na parte simtrica das vigas.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 206

Figura 5.20 Posicionamento dos ganchos de 8 mm na parte simtrica das vigas mistas


Anteriormente fixao dos ganchos metlicos, realizou-se a furao prvia, com
dimetro de 10 mm, apropriando-se de um dispositivo metlico para orientar a execuo dos
furos inclinados em 45. Para manter os ganchos em posio, durante a cura do adesivo, foram
idealizados os calos de madeira serrada, mostrados na Fig. 5.21, os quais atenderam
plenamente aos seus propsitos.


Figura 5.21 Suportes auxiliares na
fixao dos ganchos metlicos
Figura 5.22 Vigas com ganchos metlicos colados
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 207
Em decorrncia das dificuldades verificadas na colagem dos ganchos, por ocasio da
confeco dos corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores, decidiu-se pelo uso, nesta
fase, de um adesivo epxi mais fluido. Assim, foi utilizado o adesivo Compound gel,
fabricado pela Otto Baumgart, o qual foi despejado em uma seringa de uso farmacutico, com
um pedao de mangueira de silicone instalada em sua extremidade. Esse dispositivo permitiu
a introduo do adesivo nos furos com grande facilidade. Injetado o adesivo, os ganchos
foram instalados nos furos com movimentos de torcimento, para evitar a formao de bolhas.
A Fig. 5.22 mostra as vigas com os ganchos metlicos j colados.
Antes de iniciar a execuo das mesas das vigas mistas, foi necessrio determinar as
dimenses desse componente do sistema. Seguindo as proposies apresentadas em Van der
Linden (1999), a mesa de concreto deveria ter uma largura b
c
= 954 mm, para altura h
c
= 70
mm. Por analogia ao publicado em Brody et al. (2000), a mesa de concreto deveria ter largura
b
c
= 420 mm. Assim, tambm por conta do efeito do shear lag, evitou-se a adoo de mesas
com larguras exageradas, adotando-se b
c
= 350 mm e h
c
= 70 mm, as quais se encontram
representadas na Fig. 5.23. Encontram-se relacionadas na Tab. 5.1 as dimenses da alma de
MLC, as quais esto representadas como variveis na Fig. 5.23.


Figura 5.23 Seo transversal das vigas mistas de MLC-concreto


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 208
Obtidas as dimenses da mesa de concreto armado, na fase seguinte foram
confeccionadas as frmas, em chapas de compensado plastificado, as quais foram apoiadas
diretamente sobre a superfcie de um piso perfeitamente plano para evitar irregularidades nas
superfcies concretadas. Por essa razo, as vigas foram concretadas com a mesa apoiada no
piso, conforme ilustram as Fig. 5.24 e 5.25.


Figura 5.24 Frmas das vigas mistas Figura 5.25 Concretagem das vigas mistas


Tendo em vista o possvel desenvolvimento de momentos fletores negativos, durante
as operaes de iamento e transporte das vigas para os locais de ensaios, foram adicionadas
as armaduras do tipo N1, indicadas na Fig. 5.26. Para a manuteno dessas armaduras nas
posies previstas em projeto, foram instalados espaadores de plstico e amarradas s barras
designadas por N2. J a armadura indicada por N3 foi obtida por meio de recorte de tela
soldada, com malha de 10 x 10 cm, e mantida na posio de projeto por meio de caranguejos
de ao CA60, com dimetro de 4,2 mm, no indicados na Fig. 5.26.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 209

Figura 5.26 Armao da mesa de concreto


As laterais e face superior das vigas de MLC, que poderiam entrar em contato com a
gua durante a concretagem das mesas, foram impermeabilizadas com resina poliuretana
base de leo de mamona.
Antes da concretagem, as frmas foram inspecionadas, travadas e passaram por
processo de limpeza. Em seguida, foram umedecidas at a saturao da madeira. oportuno
lembrar que o concreto utilizado nesta etapa foi do tipo usinado e sua caracterizao foi
apresentada na seo 3.2.2. Todos os cuidados possveis foram tomados durante a fase de
lanamento do concreto e o adensamento se deu por vibrao mecnica. Realizou-se a
concretagem em 14/01/2008. Embora as vigas concretadas fossem mantidas no interior do
LaMEM, durante sete dias o concreto recebeu a gua necessria ao processo de cura.


5.1.3.2 Mtodo de ensaio

Decorrido o tempo necessrio cura do concreto, em 03/03/2008 tiveram incio os
ensaios das vigas mistas de MLC-concreto, observando-se as prescries da ASTM D 198
(2005) e mantendo-se o esquema de ensaio indicado na Fig. 5.3.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 210
Em um ciclo de carga e descarga, o carregamento foi aplicado de forma monotnica
crescente, com velocidade mdia de 12,9 kN/min, at aproximadamente 40% da fora prevista
para a ruptura; no segundo ciclo, mantida as taxas de carregamento, as vigas foram, ento,
solicitadas at a ruptura.
Sob o pisto do atuador hidrulico, instalou-se uma clula de carga com capacidade
para 500 kN. Para avaliar as deformaes e a distribuio de tenses na seo transversal,
localizada no centro da viga, foram instalados os extensmetros eltricos do tipo KFG-10-
120-C1-11, com comprimentos de 10 mm nas partes de MLC e 20 mm na mesa de concreto
armado, nas posies indicadas na Fig. 5.27 e 5.28. Posteriormente, esses dispositivos foram
conectados ao sistema de aquisio de dados System 5000 da Vishy Measurements Groups,
possibilitando a visualizao das deformaes registradas durante os ensaios.




(a) (b)
Figura 5.27 Posicionamento dos extensmetros eltricos na seo
transversal das vigas mistas sem reforo: (a) viga V1; (b) viga V2

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 211

(a) (b)
Figura 5.28 Posicionamento dos extensmetros eltricos na seo
transversal das vigas mistas com reforo: (a) viga V4; (b) viga V6


Relgios comparadores com preciso de 0,001 mm foram instalados nas faces
anterior e posterior das vigas mistas, de forma a medir os deslizamentos relativos na interface
MLC-concreto, conforme mostra a Fig. 5.29. Tambm na linha de centro dos apoios foram
posicionados relgios comparadores, na face superior da mesa de concreto, com o propsito
de verificar as elevaes do eixo da viga durante os ensaios, os quais podem ser observados
na Fig. 5.30.


Figura 5.29 Relgio comparador na interface
MLC-concreto
Figura 5.30 Relgios comparadores
posicionados no eixo do apoio

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 212
5.1.3.3 Resultados e discusses

Para a execuo desses ensaios o sistema de aquisio de dados foi totalmente
revisado, substituindo-se, inclusive, os cabos blindados de ligao dos extensmetros s
placas de leitura. Isso se fez necessrio pela constatao de irregularidades nas leituras dos
extensmetros situados na face superior da mesa de concreto. Concluda essa reviso,
constatou-se que uma minscula fissura, localizada na linha de instalao dos extensmetros,
provocava as perturbaes nas leituras. Assim, se justificam os extensmetros adicionais
instalados na face superior da mesa de concreto, representados na Fig. 5.27.
A Fig. 5.31 representa o comportamento das vigas mistas de MLC-concreto, com e
sem reforo com fibras de vidro, vlido para o segundo ciclo de carregamento dos ensaios de
flexo esttica. No nvel de carregamento equivalente a 80 kN tem-se: (a) as flechas das vigas
sem reforo (V1 e V2) apresentaram uma diferena de 3,8% entre si, enquanto que nas vigas
com reforo (V4 e V6) foi registrado uma diferena de apenas 0,3% entre suas flechas; (b) o
valor mdio das flechas das vigas sem reforo foi 13,8% maior que a mdia das flechas das
vigas reforadas.


Figura 5.31 Comportamento das vigas mistas de MLC-concreto, com e sem reforo de fibras de
vidro, no segundo ciclo de carregamento dos ensaios de flexo
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 213
Encontram-se relacionadas, na Tab. 5.10, as posies de linha neutra, calculadas pelo
Mtodo da Seo Transformada, bem como as flechas terica e experimental, vlidas para o
nvel de fora F. oportuno esclarecer que as posies de linha neutra referem-se seo
transversal considerada sob efeito de composio total, ou seja, sem a considerao do
deslizamento entre os materiais. As flechas tericas tambm foram calculadas a partir da
composio total da seo, alm de no considerar o efeito do cortante. Em face das
diferenas relacionadas na tabela, pode-se aferir a importncia do sistema de conexo para o
sistema misto.

Tabela 5.10 Propriedades geomtricas e elsticas das vigas mistas de MLC-concreto
Viga
Posio da
linha neutra
Y
(mm)
F
(kN)
Flecha
experimental
(mm)
Flecha
terica (*)
(mm)
Diferena
(%)
V1 107,6 40,6 8,5 5,0 70,0
V2 107,3 40,6 8,1 5,1 58,8
V4 123,5 40,5 7,4 4,5 64,4
V6 123,3 40,6 6,5 4,4 47,7
(*) Flechas tericas calculadas sob o efeito da composio total da seo
transversal e sem a considerao da contribuio do esforo cortante.


Por outro lado, a rigidez experimental e o comportamento na ruptura dessas vigas
encontram-se relacionados na Tab. 5.11, em que a notao (6/7) indica que o cisalhamento
ocorreu na lmina de cola entre a 6 e a 7 lminas, contando-se no sentido da lmina inferior
para a superior. No Apndice G, esto mapeados os seus respectivos modos de ruptura.




Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 214
Tabela 5.11 Rigidez experimental e comportamento na ruptura das vigas mistas de MLC-concreto
Viga
(EI)
exp

(N.mm
2
)
F
R

(kN)
MOR
(MPa)
Modo de ruptura
V1 1,063E+13 173,6 113,9 Ruptura por cisalhamento da lmina de cola (6/7)
V2 1,119E+13 89,5 62,7 Ruptura por cisalhamento da lmina de cola (8/9)

Mdia: 1,091E+13 131,6 88,3

V4 1,180E+13 157,4 96,6 Ruptura por cisalhamento da lmina de cola (7/8)
V6 1,333E+13 127,6 73,9 Ruptura por cisalhamento da lmina de cola (8/9)

Mdia: 1,256E+13 142,5 85,3



COMPLEMENTAO DA DESCRIO DOS MODOS DE RUPTURA:
Viga V1 A ruptura se deu por cisalhamento da lmina de cola, ocorrendo na
interface entre a 6 e a 7 lminas e se propagando por toda a extenso da viga.
Viga V2 A ruptura se deu por cisalhamento da lmina de cola, ocorrendo entre a 8 e
a 9 lminas; iniciou-se na regio do apoio esquerdo e propagou-se at
aproximadamente a metade do comprimento da viga.
Viga V4 A ruptura se deu por cisalhamento da lmina de cola, ocorrendo entre a 7 e
8 lminas; iniciou-se na regio do apoio esquerdo e propagou-se por
aproximadamente 2/3 do comprimento da viga.
Viga V6 A ruptura se deu por cisalhamento da lmina de cola, ocorrendo entre a 8 e
9 lminas; iniciou-se na regio do apoio esquerdo e propagou-se at um pouco alm
da metade do comprimento da viga.

As deformaes registradas nos extensmetros, posicionados conforme Fig. 5.27 e
5.28, durante o segundo carregamento dos ensaios de flexo esttica, encontram-se ilustradas
nas Fig. 5.32 a 5.35, exceto daqueles que apresentaram leituras incoerentes.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 215

Figura 5.32 Deformaes registradas no ensaio da viga V1



Figura 5.33 Deformaes registradas no ensaio da viga V2


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 216

Figura 5.34 Deformaes registradas no ensaio da viga V4



Figura 5.35 Deformaes registradas no ensaio da viga V6


5.1.3.4 Anlises referentes s vigas V1 e V2

A partir das leituras dos deslizamentos registrados na interface madeira-concreto, ao
longo dos ciclos de carregamento, foi possvel construir os grficos mostrados nas Fig.
5.36(a) e (b), vlidos para as vigas V1 e V2, respectivamente.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 217

(a) (b)
Figura 5.36 Deslizamento na interface MLC-concreto: (a) Viga V1; (b) Viga V2


A viga V1 foi submetida a dois ciclos completos de carregamento e descarregamento;
no terceiro ciclo a viga foi carregada at a ruptura. Por outro lado, a viga V2 foi submetida a
um carregamento inicial e, no segundo ciclo, rompeu-se bruscamente ao atingir a flecha
aproximada de L/300. Essa viga j havia apresentado sinais de problemas, possivelmente de
colagem das lminas da MLC, quando foi ensaiada para a determinao do MOE.
Um dos benefcios da associao entre a madeira e o concreto, identificado na reviso
bibliogrfica, o aumento da resistncia e da rigidez do produto resultante. Assim, foi
estabelecido um comparativo entre o desempenho flexo mdio das vigas V3 e V5 antes
da aplicao do reforo com fibras de vidro e das vigas mistas V1 e V2, conforme se mostra
na Fig. 5.37, considerando o nvel de carregamento de 40,6 kN. Na Tab. 5.12 encontram-se
relacionadas as flechas dessas vigas, para esse mesmo nvel de carregamento.

Tabela 5.12 Comparativo entre as flechas das vigas mistas V1 e V2
e das vigas V3 e V5 sem reforo, no nvel de fora de 40,6 kN
Viga Flecha (mm)
Comparao com
viga V2 (%)
V1 8,5 4,9
V2 8,1
V3 sem reforo 19,8 144,4
V5 sem reforo 19,6 142,0

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 218

Figura 5.37 Desempenho flexo das vigas mistas V1 e V2 e das vigas V3 e V5 sem reforo,
considerando o nvel de fora de 40,6 kN


Pelo Mtodo da Seo Transformada foram obtidas as rigidezes das vigas mistas V1 e
V2 sob o efeito da composio total da seo transversal, para, ento, compar-las com as
rigidezes experimentais observadas no nvel de carregamento de 40,6 kN. Os resultados
obtidos encontram-se transcritos na Tab. 5.13. marcante a reduo da rigidez, de
aproximadamente 40%, quando se comparam as rigidezes sob a condio de composio total
da seo transversal e de composio parcial, esta obtida experimentalmente.

Tabela 5.13 Rigidezes das vigas mistas V1 e V2
Viga
Rigidez total
(EI)
t

(N.mm
2
)
Rigidez experimental
(EI)
exp

(N.mm
2
)
t
exp
) EI (
) EI (

V1 1,8043E+13 1,0631E+13 0,59
V2 1,7857E+13 1,1185E+13 0,63


Com base nas leituras dos extensmetros eltricos, foi possvel construir o perfil de
distribuio de deformaes na seo transversal central de ambas as vigas, para trs nveis de
carregamento, sendo o ltimo referente fora de ruptura, conforme mostram as Fig. 5.38 e
5.39.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 219
Tambm na Fig. 5.38 possvel se observar, na representao relativa ao ltimo nvel
de carregamento, o segmento pontilhado que representa a continuidade da linha de
deformaes proveniente da parte de MLC, j que no houve sinais evidentes de deslizamento
entre a MLC e o reforo com fibras de vidro.


Figura 5.38 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V1,
para trs nveis de carregamento



Figura 5.39 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V2,
para trs nveis de carregamento

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 220
Percebe-se, pela anlise dessas figuras, que a linha neutra que passa pela MLC
movimentou-se ligeiramente em relao face superior das vigas mistas. No ltimo nvel de
carregamento, essas posies corresponderam a 128,9 mm para a viga V1 e 120,8 mm para a
viga V2, contados a partir da face superior da viga, conforme Fig. 5.7. Essas posies de linha
neutra so maiores do que as indicadas na Tab. 5.10, pois aquelas consideravam o efeito da
composio total da seo transversal.
A partir da distribuio das deformaes na seo transversal foi igualmente possvel a
construo dos diagramas de distribuio de tenses, vlido para a seo transversal central
das vigas mistas V1 e V2, optando-se pela construo do diagrama de tenses somente para o
ltimo nvel de carregamento, conforme mostram as Fig. 5.40 e 5.41, respectivamente. Para o
clculo das tenses foram adotados os mdulos de elasticidade de cada lmina, conforme se
apresenta na composio das vigas de MLC no Apndice E, bem como o mdulo de
elasticidade do concreto relacionado na Tab. 3.7. As diversas camadas da MLC, bem como a
mesa de concreto armado, encontram-se indicadas nessas figuras, admitindo-se tenses
constantes ao longo da altura de cada camada e equivalente s tenses mdias nas respectivas
lminas.


Figura 5.40 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V1,
considerando aplicada a fora de 173,6 kN (ruptura)

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 221

Figura 5.41 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V2,
considerando aplicada a fora de 89,5 kN (ruptura)


Determinadas as distribuies de tenses, o clculo do momento resistente na seo
transversal de cada viga mista se tornou possvel. Assim, na Tab. 5.14 se apresentam os
momentos resistentes e, para efeito de comparao, tambm os momentos fletores mximos
aplicados nas vigas. O fenmeno do shear lag uma das explicaes para as diferenas
constatadas entre o momento fletor aplicado e o momento resistente calculado, j que as
tenses foram consideradas constantes por toda a seo transversal da camada de concreto.

Tabela 5.14 Momento fletor aplicado e momento resistente vigas mistas V1 e V2
Viga
Momento fletor
mximo aplicado
(kN.m) [1]
Momento resistente
(kN.m) [2]
] 2 [
] 1 [

V1 144,69 160,58 0,90
V2 65,32 74,58 0,88





Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 222
5.1.3.5 Anlises referentes s vigas V4 e V6

Com base nas leituras dos deslizamentos registrados na interface madeira-concreto, ao
longo dos ciclos de carregamento, foi possvel construir os grficos mostrados nas Fig.
5.42(a) e (b), vlidos para as vigas V4 e V6, respectivamente.


(a) (b)
Figura 5.42 Deslizamento na interface MLC-concreto: (a) Viga V4; (b) Viga V6


Ambas as vigas foram submetidas a um ciclo inicial de carga e descarga; no segundo
ciclo foram carregadas at a ruptura, sendo os relgios comparadores retirados por volta de 90
kN para preservar a integridade dos equipamentos. Nenhuma anormalidade foi registrada
durante os ensaios dessas vigas.
Na Fig. 5.43 foi estabelecido um comparativo entre o desempenho mdio flexo das
vigas V3 e V5 com e sem o reforo com fibras de vidro e das vigas mistas V1, V2, V4 e
V6, considerando o nvel de carregamento de 40,6 kN. Na Tab. 5.15 esto relacionadas as
flechas mdias dessas vigas, para esse nvel de carregamento.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 223

Figura 5.43 Desempenho flexo das vigas mistas V1, V2, V4 e V6 e das vigas V3 e V5,
com e sem reforo, considerando o nvel de fora de 40,6 kN


Tabela 5.15 Comparativo entre as flechas mdias das vigas confeccionadas,
no nvel de carregamento de 40,6 kN
Viga
Flecha mdia
(mm)
Comparao com a
mdia da V4 e V6
(%)
Vigas V1 e V2 8,3 15,3
Vigas V4 e V6 7,2 ---
Vigas V3 e V5 sem reforo 19,7 173,6
Vigas V3 e V5 com reforo 16,8 133,3


Pelo Mtodo da Seo Transformada foram obtidas as rigidezes das vigas mistas V4 e
V6, sob o efeito de composio total da seo transversal, e comparadas com as rigidezes
experimentais observadas no nvel de carregamento de 40,6 kN, sendo os resultados
transcritos para a Tab. 5.16. A exemplo do que foi registrado para as vigas V1 e V2, a reduo
da rigidez experimental se manteve no mesmo nvel, ou seja, de aproximadamente 40%. Na
Tab. 5.17 se apresenta um resumo das rigidezes experimentais verificadas em cada etapa da
pesquisa, tomando-se como base a mdia das rigidezes experimentais das vigas V7 e V8 para
estabelecer as respectivas comparaes.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 224
Tabela 5.16 Rigidezes das vigas mistas V4 e V6
Viga
Rigidez total
(EI)
t

(N.mm
2
)
Rigidez experimental
(EI)
exp

(N.mm
2
)
t
exp
) EI (
) EI (

V4 2,1118E+13 1,1796E+13 0,56
V6 2,1338E+13 1,3330E+13 0,62


Tabela 5.17 Resumo das rigidezes experimentais das vigas
Vigas
Rigidez experimental mdia
(EI)
exp,m

(N.mm
2
)
Diferena
(%)
V7 e V8 4,3323E+12 ---
V3 e V5 5,3720E+12 24,0
V1 e V2 1,0908E+13 151,8
V4 e V6 1,2563E+13 190,0


Com base nas leituras da clula de carga e dos extensmetros eltricos instalados, foi
possvel construir o perfil de distribuio de deformaes na seo transversal central de
ambas as vigas, para trs nveis de carregamento, sendo o ltimo referente fora de ruptura,
conforme mostram as Fig. 5.44 e 5.45. Observa-se, em ambas as vigas, que no houve a
descontinuidade registrada anteriormente entre o reforo com fibras de vidro e a MLC.


Figura 5.44 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V4,
para trs nveis de carregamento

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 225

Figura 5.45 Distribuio das deformaes na seo transversal central da viga V6,
para trs nveis de carregamento


No decorrer dos ensaios, a linha neutra movimentou-se ligeiramente em relao face
superior das vigas mistas. No ltimo nvel de carregamento, essas posies corresponderam a
141,4 mm para a viga V4 e 133,7 mm para a viga V6, contados a partir da face superior da
viga. Essas posies de linha neutra so maiores do que as indicadas na Tab. 5.10, pois
aquelas consideravam o efeito da composio total da seo transversal.
A partir da distribuio das deformaes na seo transversal foi igualmente possvel a
construo dos diagramas de distribuio de tenses, vlidos para a seo transversal central
das vigas mistas V4 e V6, no ltimo nvel de carregamento, conforme mostram as Fig. 5.46 e
5.47, respectivamente. Para o clculo das tenses foram adotados os mdulos de elasticidade
de cada lmina, conforme se apresenta na composio das vigas de MLC no Apndice E, bem
como os mdulos de elasticidade do concreto e das fibras vidro, relacionados nas Tab. 3.7 e
3.8, respectivamente.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 226

Figura 5.46 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V4,
considerando aplicada a fora de 157,4 kN (ruptura)



Figura 5.47 Distribuio das tenses na seo transversal central da viga V6,
considerando aplicada a fora de 127,6 kN (ruptura)


Baseando-se nas distribuies de tenses, foi possvel calcular os momentos
resistentes pela seo transversal de cada viga mista. Deste modo, na Tab. 5.18 se apresentam
os momentos resistentes e, para efeito de comparao, tambm os momentos fletores
mximos aplicados nas vigas.


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 227
Tabela 5.18 Momento fletor aplicado e momento resistente vigas mistas V4 e V6
Viga
Momento fletor
mximo aplicado
(kN.m) [1]
Momento resistente
(kN.m) [2]
] 2 [
] 1 [

V4 131,13 140,72 0,93
V6 106,35 103,45 1,03


Na Fig. 5.48 so mostradas as relaes entre os momentos fletores aplicados nas vigas,
no ltimo ciclo de carregamento at a ruptura, e as deformaes verificadas nas suas faces
inferiores.


Figura 5.48 Relao entre os momentos fletores aplicados e as deformaes nas faces
inferiores das vigas mistas V1, V2, V4 e V6 e das vigas V3 e V5


Esse grfico evidencia que a presena do reforo com fibras de vidro tornou o
comportamento das vigas V3 e V5 muito semelhante. O mesmo se pode dizer das vigas V4 e
V6. Portanto, essa constatao se transforma em uma vantagem, pois a diminuio da
disperso dos resultados aumenta a confiabilidade, podendo se refletir em reduo nos
coeficientes de segurana.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 228
Uma das vantagens da adio do reforo com fibras sintticas, enfatizada em Davids
(2001), a reduo no consumo de lminas de madeira de excepcional qualidade, as quais
devem ser posicionadas especialmente na face tracionada das vigas de MLC. Ao comparar os
grficos de distribuio de tenses na seo transversal central das vigas V4 e V6 Fig. 5.46
e 5.47 com a distribuio vlida para a viga V1 Fig. 5.40, comprova-se essa afirmao.


5.2 Simulaes numricas

Em continuidade ao programa de avaliao numrica, nesta seo so descritos os
procedimentos, critrios e programa computacional utilizado para as avaliaes numricas das
vigas mistas com e sem reforos com fibras de vidro. So apresentadas as justificativas para a
escolha do programa computacional empregado e indicados os parmetros e as consideraes
assumidas nas anlises dos modelos.
Com os resultados das modelagens efetuadas foi possvel avaliar a rigidez flexo das
vigas mistas, bem como a distribuio e o nvel de tenses nas regies de interesse para o
projeto desses sistemas.

5.2.1 Consideraes preliminares

Para as simulaes numricas das vigas mistas de MLC-concreto foram construdos
dois modelos tridimensionais. O primeiro deles denominado VM representa uma das vigas
mistas que no receberam reforos com fibras de vidro e foi calibrado a partir dos dados
referentes ao comportamento experimental da viga V1; o segundo modelo designado por
VMR representa uma das vigas mistas reforadas com fibras de vidro, tendo sua calibrao
realizada a partir dos dados referentes ao comportamento experimental da viga V4.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 229
Ambas as vigas VM e VMR foram bi-apoiadas, com vos L= 5 m e submetidas
flexo a partir da aplicao das foras F/2 aplicadas nos teros do vo, conforme o arranjo
ilustrado na Fig. 5.49. Esse tipo de flexo, recomendado pela ASTM D 198-05a (2005) para a
avaliao das peas com dimenses estruturais sujeitas a carregamento esttico, apresenta a
vantagem de oferecer flexo pura no tero central da viga, alm de facilitar a fixao dos
instrumentos de medio nessa regio. Completando as caractersticas geomtricas dessas
vigas, na Fig. 5.50 se apresentam as dimenses das sees transversais correspondentes.


Figura 5.49 Esquema de ensaio das vigas mistas


Buscou-se, ao se estabelecer as dimenses dos modelos numricos, a maior
equiparao possvel com a geometria e dimenses dos corpos-de-prova avaliados
experimentalmente. Isso justifica as diferenas nas alturas das mesas de concreto, indicadas
na Fig. 5.50, em relao ao proposto na Fig. 5.23.
Quanto composio da viga mista VMR, oportuno um esclarecimento acerca da
ausncia da lmina de madeira abaixo do reforo com fibras de vidro. Conforme evidenciado
em Fiorelli (2005), a lmina inferior necessria para efeito de proteo do reforo se
rompe com antecedncia em relao s lminas situadas acima do reforo, caracterizando
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 230
duas rupturas. Com o intuito de evitar esse tipo de ocorrncia, optou-se pela no adoo dessa
lmina nas avaliaes experimentais e numricas realizadas nesta pesquisa.


(a) (b)
Figura 5.50 Sees transversais das vigas mistas: (a) sem reforo VM e (b) com reforo VMR.
(dimenses em milmetros)


5.2.2 Simulador numrico SAP2000

Mesmo considerando a dupla simetria oferecida pelas vigas mistas de MLC-concreto,
a utilizao do programa ANSYS nessas simulaes implicaria em um custo computacional
exagerado, devido ao grande comprimento das peas em questo. Assim, para levar a cabo as
simulaes numricas dessas vigas, optou-se pela utilizao do programa computacional
SAP2000, verso 10.0.7, que marca registrada da Computers and Structures, Inc. e
tambm baseado no Mtodo dos Elementos Finitos.
Para tanto, foram utilizados elementos finitos slidos, diferentemente do que foi
apresentado em Moreira (2001) e Soriano (2001), que discretizaram a mesa e a alma de vigas
mistas de madeira-concreto utilizando elementos SHELL retangulares de quatro ns e os
conectores metlicos foram discretizados por meio do elemento FRAME.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 231
De acordo com a publicao CSI [...] (2005) o elemento finito slido possui oito ns,
dispostos como indica a Fig. 5.51, e baseado em uma formulao isoparamtrica que inclui
nove modos opcionais de flexo. Esses modos de flexo, uma vez selecionados, melhoram
significativamente o comportamento flexo do elemento finito slido, se o elemento tem
geometria retangular.


Figura 5.51 Caracterizao do elemento finito tridimensional. Fonte: CSI [...] (2005)


Cada elemento finito slido tem o seu prprio sistema de coordenadas, o que permite
definir particularidades nas propriedades dos materiais e foras aplicadas. Da mesma maneira,
permite a interpretao dos dados de sada do programa. Com base no exposto, o programa
admite a entrada de propriedades anisotrpicas para os materiais.
Pode-se estimar o erro no clculo das tenses a partir da diferena entre os valores
determinados para os diferentes elementos que esto ligados a um n em comum. Grandes
diferenas entre esses valores indicam a necessidade de um maior refinamento da malha
adotada.
Ao estabelecer as malhas e, por conseguinte, as posies dos ns, as seguintes
condies devem ser satisfeitas de acordo com a publicao CSI [...] (2005):
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 232
Os ngulos internos formados entre as faces do elemento finito, em cada n,
devem ser menores que 180. No entanto, melhores resultados so obtidos
quando os ngulos internos esto prximos de 90 ou situando-se, pelo menos,
no intervalo entre 45 e 135.
A razo entre a maior e a menor dimenso do elemento finito deve ser menor
que quatro; melhores resultados so obtidos quando esse quociente aproxima-
se da unidade.

Para efeito de comparaes, o manual do SAP2000 admite como aceitveis os valores
calculados pelo programa se a diferena entre esses e os resultados obtidos
experimentalmente no exceder 25%. Particularmente no caso de deslocamentos, so
considerados aceitveis os valores obtidos pelo SAP2000 se a diferena entre esses e os
valores obtidos pelas teorias convencionais no exceder 5% .


5.2.3 Simulao das vigas mistas de MLC-concreto

5.2.3.1 Discretizao dos modelos

Tendo em vista o atendimento s recomendaes contidas no manual do SAP2000,
foram construdas as malhas para anlise das vigas VM e VMR. Por demonstrarem estreita
similaridade, com exceo do reforo inferior com fibras de vidro, optou-se por apresentar
unicamente a discretizao do modelo VMR, conforme Fig. 5.52. Nessa figura tambm est
localizado o sistema de coordenadas global.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 233

Figura 5.52 Discretizao do modelo VMR


Deste modo, a menor dimenso adotada para os elementos finitos que compem a
malha da VMR foi 10 mm, o que equivale espessura do reforo com fibras. Por outro lado,
nenhum dos elementos apresentou comprimento ou largura superior a 40 mm. Na Tab. 5.19 se
apresenta o nmero de elementos finitos de cada um dos modelos.

Tabela 5.19 Caractersticas dos modelos VM e VMR
Modelo Nmero de elementos finitos
VM 5.628
VMR 5.896


Uma questo que surgiu nessa fase foi quanto aos benefcios de uma maior
discretizao dos modelos. Utilizando-se um microcomputador com processador AMD
Turion 64 Mobile Technology, freqncia de 2.0 GHz, que marca registrada da Advanced
Micro Devices, Inc., com memria fsica (RAM) de 512 MB, o tempo de processamento do
modelo foi de 2 minutos, considerando a realizao de vinte iteraes na aplicao
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 234
incremental da fora. Um tempo muito pequeno, sem dvida, o que credenciava a uma maior
discretizao. No entanto, na fase de calibrao dos resultados notou-se que o aumento do
nmero de elementos finitos no resultou em ajustes que justificassem uma maior
discretizao.


5.2.3.2 Propriedades admitidas para os materiais

Embora verstil, o SAP2000 apresenta algumas limitaes e, dentre elas, desponta a
impossibilidade de considerao da no-linearidade fsica. Assim, para a caracterizao dos
materiais se exige uma menor quantidade de informaes, as quais foram obtidas
experimentalmente ou por consultas a publicaes correlatas, como abaixo se expe.

A Concreto

Na confeco das vigas mistas de MLC-concreto utilizou-se concreto usinado, do qual
foram moldados os corpos-de-prova para obteno de suas propriedades mecnicas. Como os
corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores e as vigas mistas foram produzidos em
pocas distintas, esse material precisou ser ensaiado nas duas ocasies, e, dessa forma,
justificam-se as diferenas nas propriedades apresentadas.
No ambiente de informao das propriedades do material, no SAP2000, admitiu-se
que o concreto isotrpico, com as propriedades constantes na Tab. 5.20. Em Pinheiro et al.
(2004) indica-se o valor do coeficiente de Poisson adotado. Por outro lado, o peso prprio do
material foi desprezado para no interferir nos resultados calculados; para as demais
propriedades foram conservados os valores (default) sugeridos pelo programa.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 235
Tabela 5.20 Propriedades elsticas do concreto
Parmetro Valor
Mdulo de elasticidade mdio, E
m
3.644 kN/cm
2

Coeficiente de Poisson, 0,2


B Madeira

Na caracterizao do material no ambiente do SAP2000 considerou-se a madeira com
comportamento ortotrpico, com as propriedades constantes na Tab. 5.21. Neste caso,
tambm pelos motivos anteriormente expostos, se desprezou o peso prprio do material.
oportuno esclarecer que, durante as simulaes, foi possvel a avaliao de duas
alternativas: (a) a entrada do mdulo de elasticidade longitudinal, E
x
, de cada lmina que
compe a pea de MLC; (b) a entrada do valor mdio do mdulo de elasticidade flexo, E
M
,
vlido para todas as lminas. Esses parmetros foram obtidos por meio de ensaios, realizados
conforme o Anexo B da NBR 7190 (1997), e as relaes entre as propriedades elsticas do
material foram determinadas conforme as recomendaes desse mesmo documento
normativo.
No obstante o mdulo de elasticidade flexo das lminas tenha sido originado a
partir de corpos-de-prova extrados das vigas de MLC, os mesmos encontravam-se isentos de
defeitos e as lminas no continham nenhuma emenda. Assim, para considerar os provveis
defeitos, bem como o efeito de volume, o mdulo de elasticidade longitudinal, E
x
, foi
calibrado pela aplicao de um redutor equivalente a 10% sobre o valor do mdulo de
elasticidade obtido experimentalmente, ou seja, E
M
= 1.912 kN/cm
2
, resultando nos valores
apresentados na Tab. 5.21.


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 236
Tabela 5.21 Propriedades elsticas da madeira
Propriedades elsticas Valor
Mdulo de elasticidade na direo longitudinal, E
x
1.721 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade na direo tangencial, E
y
86 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade na direo radial, E
z
86 kN/cm
2

Coeficiente de Poisson no plano xy,
xy
0,013
Coeficiente de Poisson no plano yz,
yz
0,013
Coeficiente de Poisson no plano xz,
xz
0,23
Mdulo de elasticidade transversal no plano xy, G
xy
86 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade transversal no plano yz, G
yz
86 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade transversal no plano xz, G
xz
86 kN/cm
2




C Fibras de vidro (GFRP)

A partir dos corpos-de-prova produzidos segundo as prescries da ASTM D
3039/D 3039M (2006) obteve-se, em ensaios de trao, um valor mdio para o mdulo de
elasticidade longitudinal E= 59.463 MPa. No entanto, em Correia et al. (2008) relata-se a
realizao de ensaios para a caracterizao de perfis pultrudidos de fibra de vidro (GFRP),
obtidos a partir de fibras embebidas em resina de polister isoftlico, encontrando-se os
valores das propriedades assinaladas com asterisco na Tab. 5.22.
Assim, na etapa de caracterizao do material no ambiente do SAP2000, as fibras de
vidro foram consideradas com comportamento ortotrpico, com os mdulos de elasticidade
E
x
, E
y
e E
z
indicados na Tab. 5.22. Para a determinao de E
y
e E
z
aplicou-se um redutor de
20% sobre o valor de E
x
, o qual foi obtido por meio das calibraes do modelo numrico. Os
valores do mdulo de elasticidade transversal, G, e do coeficiente de Poisson foram adotados
com base no trabalho publicado em Correia et al. (2008). Seu peso prprio tambm foi
desprezado, pelos motivos anteriormente expostos.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 237
Tabela 5.22 Propriedades elsticas das fibras de vidro
Parmetro Valor
Mdulo de elasticidade longitudinal, E
x
5.946 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade na direo y, E
y
4.757 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade na direo z, E
z
4.757 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade transversal, G (*) 400 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade flexo, E
M
(*) 3.280 kN/cm
2

Mdulo de elasticidade longitudinal, E (*) 2.700 kN/cm
2

Coeficiente de Poisson, (*) 0,28
(*) Valores publicados em Correia et al. (2008).


5.2.3.3 Elementos de contato

Uma opo disponibilizada pelo SAP2000, para o acoplamento de diferentes partes de
um modelo slido, a atribuio de molas de superfcie, as quais podem ser especificadas em
qualquer uma das faces do elemento e em qualquer direo dos eixos locais do elemento.
Embora possam suportar esforos de trao e de compresso, o manual do programa ressalta
que as molas de superfcie tm comportamento linear.
Depois de atribuir a mola a uma determinada face do elemento slido, necessrio
especificar a rigidez da mola de superfcie, k, cuja unidade F/L
3
. Para verificar a influncia
da rigidez das molas de superfcie na rigidez das vigas estudadas, fez-se variar o valor de k e
os resultados obtidos encontram-se ilustrados na Fig. 5.53.
Na fase experimental foi obtido, para os ganchos com dimetro de 8 mm, o mdulo de
deslizamento mdio K= 142.936 N/mm. Nas vigas mistas de MLC-concreto esses ganchos
foram fixados a cada 12 cm. Considerando que a largura da superfcie de contato entre o
concreto e a MLC definida pela largura da viga de MLC equivalente a 8,2 cm resulta em
uma rigidez das molas de superfcie k= 14,526 kN/cm
3
.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 238

Figura 5.53 Influncia da rigidez das molas de superfcie na rigidez do modelo


Essa rigidez de molas de superfcie foi mantida constante, ao longo de toda a
superfcie de contato dos modelos avaliados, apesar do espaamento entre os ganchos, na
parte central das vigas mistas ensaiadas, ter sido o dobro do espaamento das pontas. A
justificativa para essa simplificao ampara-se na constatao de cisalhamento nulo no tero
central da viga, em funo do tipo de carregamento aplicado.
Deste modo, a considerao das molas de superfcie na direo longitudinal permitiu
estabelecer, de forma bastante simples, a conexo entre o concreto e a MLC.


5.2.3.4 Condies de aplicao dos carregamentos

Duas foras, de iguais intensidades, conforme Fig. 5.49, aplicadas nos teros do
comprimento e no plano xz que define a simetria do modelo, de forma concentrada,
constituem o carregamento a que foram submetidos os modelos numricos. Observou-se, nas
anlises preliminares, que a distribuio das foras ao longo da largura da mesa de concreto
o que efetivamente ocorreu nos ensaios implicou em diferenas insignificantes quando
comparada soluo de aplic-las de forma concentrada.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 239
A calibrao dos modelos VM e VMR se deu pela aplicao de carregamentos
estticos, resultantes das foras de ruptura verificadas durante a realizao dos ensaios das
vigas mistas V1 e V4, respectivamente. Para ter acesso aos resultados intermedirios, o
carregamento foi aplicado de forma incremental, em 20 subdivises.
Por fim, a validao dos modelos foi efetivada a partir das comparaes das curvas
fora versus flecha. Para a realizao das leituras dos deslocamentos verticais foram
selecionados, em cada um dos modelos numricos, os ns situados no meio do vo e
localizados nas superfcies inferiores da seo transversal.


5.2.3.5 Resultados da anlise numrica

Uma notvel contribuio da avaliao numrica das vigas mistas de MLC-concreto,
com e sem reforo com fibras de vidro, a possibilidade de visualizar os deslocamentos
verticais Fig. 5.54 e as distribuies das tenses Fig. 5.56 a 5.59, aps a aplicao dos
respectivos carregamentos.


Figura 5.54 Configurao deformada da viga mista VMR

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 240
Para garantir a simetria e a equiparao com as condies dos ensaios, apoios mveis
foram localizados nas duas extremidades dos modelos numricos. Na parte central foram
considerados vnculos que impedem apenas o deslocamento horizontal, de modo a eliminar a
hipostaticidade.
Na Fig. 5.55 se estabelece um comparativo entre as flechas obtidas experimentalmente
e numericamente. No nvel de carregamento equivalente a 80 kN observa-se uma diferena de
7,1% entre as flechas vlidas para a viga V1, enquanto que, para esse mesmo nvel de
carregamento, constatou-se a diferena de 13,2% entre as flechas vlidas para a viga V4.


Figura 5.55 Comparativo entre as flechas obtidas numericamente e experimentalmente


A Viga mista sem reforo de fibras de vidro VM

No obstante as foras terem sido aplicadas de forma incremental, as tenses
representadas nas figuras a seguir correspondem s foras ltimas aplicadas aos modelos VM
e VMR, equivalentes a 173,6 kN e 157,2 kN, respectivamente. Em cada figura consta a escala
de cores e seus respectivos valores (em kN/cm
2
), os quais contribuem para a interpretao dos
resultados.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 241

Figura 5.56 Tenses normais na VM (em kN/cm
2
)



Figura 5.57 Tenses de cisalhamento na VM (em kN/cm
2
)


B Viga mista com reforo de fibras de vidro VMR

oportuna a observao de como a insero das fibras de vidro, como reforo das
vigas mistas de MLC-concreto, mudou o padro de distribuio de tenses normais; para
tanto, suficiente uma comparao entre as Fig. 5.56 e 5.58. Nessa ltima, a uniformidade de
tenses normais alcana no apenas a MLC, mas tambm a mesa de concreto armado.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 242

Figura 5.58 Tenses normais na VMR (em kN/cm
2
)



Figura 5.59 Tenses de cisalhamento na VMR (em kN/cm
2
)


5.2.4 Discusso dos resultados da anlise numrica

Em face das limitaes apresentadas pelo SAP2000, mais especificamente relativas
no-linearidade fsica e aos elementos de contato, esperavam-se dificuldades na calibrao
dos modelos elaborados para o estudo das vigas mistas de MLC-concreto. No entanto, a
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 243
discretizao e os demais parmetros adotados permitiram a obteno de resultados
satisfatrios, os quais so comparados com os experimentais na prxima seo.
Alguns aspectos positivos foram percebidos nessas modelagens: (a) facilidade para a
elaborao das malhas, dispensado a utilizao prvia de um gerador de malhas; (b)
desnecessria a informao das propriedades plsticas e de critrios de ruptura dos materiais,
as quais se constituem em informaes difceis de serem obtidas, particularmente no caso da
madeira serrada e da MLC; (c) tempo de processamento muito pequeno, no exigindo
configuraes sofisticadas de hardware; (d) modelos no apresentaram nenhum tipo de
instabilidade numrica; (e) facilidade de visualizao dos resultados e de exportao desses
dados para outros programas computacionais, tais como o Excel, dentre outras facilidades.
Em contraposio, a estratgia de modelagem utilizada com conectores metlicos
representados por meio de molas de superfcie no permitiu a visualizao da distribuio
de tenses nos elementos de conexo, bem como os eventuais efeitos localizados.
Relativamente reduo do mdulo de elasticidade flexo da madeira, na fase de
calibrao dos modelos, acrescenta-se que tal procedimento previsto inclusive em cdigos
normativos, tal como a ASTM D 198-05a (2005), que prescreve os mtodos para a
determinao das propriedades das peas de madeira e de MLC com dimenses estruturais.
Por outro lado, o parmetro de rigidez das molas de superfcie utilizado nas simulaes foi
aquele obtido experimentalmente, na fase de avaliao dos corpos-de-prova de cisalhamento
nos conectores, sem nenhum seno.
A concentrao de tenses normais, que se verifica na regio dos apoios extremos das
vigas mistas, conforme Fig. 5.56, seria suficiente para promover o esmagamento das fibras da
madeira. Contudo, esse fenmeno no foi relevante para a ruptura, uma vez que no modelo
experimental o apoio foi caracterizado por uma regio de contato e no apenas por pontos de
apoio, como adotado no modelo numrico.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 244
5.3 Confrontaes entre os resultados experimentais e numricos

Os valores calculados para as flechas pelo SAP2000, expressos na Tab. 5.23, so
razoavelmente prximos daqueles verificados experimentalmente, correspondendo a
diferenas de apenas 3% no caso das vigas mistas de MLC-concreto sem reforo (VM).
Conforme se verifica nessa tabela, a diferena entre as flechas, vlidas para a viga VMR,
expressiva, porm permanece dentro dos limites aceitveis pelo manual do SAP. Deste modo,
os resultados indicam a adequao das malhas e dos elementos finitos propostos, bem como
as consideraes sobre as propriedades dos materiais.

Tabela 5.23 Comparao entre as flechas obtidas experimentalmente e calculadas pelo SAP2000
Viga
Fora
aplicada
(kN)
Flecha
experimental [1]
(mm)
Flecha
SAP2000 [2]
(mm)
] 2 [
] 1 [

VM 60 10,65 10,96 0,97
VMR 60 10,52 8,93 1,18


As Fig. 5.60 e 5.61 mostram a distribuio de tenses ao longo da altura da seo
transversal central das vigas mistas de MLC-concreto, obtidas experimentalmente e
numericamente, em dois nveis de carregamento, ou seja, vlidas para 60,8 kN e 95,5 kN,
respectivamente.
Observando-se as posies de interesse para o dimensionamento da seo transversal e
considerando os dois nveis de carregamento analisados, notam-se as seguintes diferenas
entre os resultados experimentais e numricos: (a) na posio de maior compresso na mesa
de concreto armado a diferena no ultrapassa 28%; (b) na posio de maior trao na lmina
inferior de MLC a diferena no ultrapassa 2,5%.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 245

Figura 5.60 Comparao entre os resultados numricos e experimentais das vigas mistas de MLC-
concreto, vlida para o nvel de carregamento de 60,8 kN



Figura 5.61 Comparao entre os resultados numricos e experimentais das vigas mistas de MLC-
concreto, vlida para o nvel de carregamento de 95,5 kN


Do mesmo modo, as Fig. 5.62 e 5.63 mostram a distribuio de tenses na seo
transversal central das vigas mistas de MLC-concreto com almas reforadas com fibras de
vidro, obtidas experimentalmente e numericamente, em dois nveis de carregamento, ou seja,
vlidas para 62,9 kN e 94,3 kN, respectivamente.
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 246

Figura 5.62 Comparao entre os resultados numricos e experimentais das vigas mistas de MLC-
concreto, com reforo de fibras de vidro, vlida para o nvel de carregamento de 62,9 kN



Figura 5.63 Comparao entre os resultados numricos e experimentais das vigas mistas de MLC-
concreto, com reforo de fibras de vidro, vlida para o nvel de carregamento de 94,3 kN


Nessas confrontaes, as tenses na posio de maior trao do reforo com fibras de
vidro no ultrapassou os 16%. No entanto, na regio de maior compresso da mesa de
concreto armado, registrou-se uma diferena de at 54% entre as tenses. Para efeito de
anlise, estudou-se o efeito da reduo do mdulo de elasticidade longitudinal das fibras de
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 247
vidro, adotando-se os valores apresentados em Correia et al. (2008). Nesse caso, as diferenas
entre as tenses experimentais e numricas no ultrapassou 33%. Tambm se estudou o efeito
da reduo na rigidez das molas de superfcie, que no conduziu a concordncias aceitveis.


5.4 Discusses complementares

Por envolver o uso de conexes flexveis, a rigidez experimental flexo das vigas
mistas de MLC-concreto sofreu reduo de aproximadamente 40%, como visto anteriormente.
Para ilustrar a reduo na rigidez das vigas mistas, proporcionadas pela utilizao de
conexes flexveis, foram preparados os grficos mostrados nas Fig. 5.64 a 5.67, em que se
mostram as flechas correspondentes essas vigas em trs diferentes situaes: (a) sob o efeito
de composio total da seo transversal, ou seja, considerando que no houve
escorregamentos entre a mesa de concreto armado e a alma de MLC, sendo as flechas
calculadas a partir da rigidez obtida pelo Mtodo da Seo Transformada; (b) experimentais,
que se encontram sob o efeito de composio parcial; (c) sem efeito de composio da seo
transversal, em que as flechas foram calculadas como se apenas as almas de MLC fossem
responsveis pelo suporte do conjunto.
Embora os conectores possam ter demonstrado um desempenho dctil nos ensaios de
cisalhamento, em Ceccotti (2002) enfatiza-se que a ductilidade do sistema misto de madeira-
concreto no obrigatoriamente alcanada. Se a rigidez do sistema de conexo muito
elevada, a madeira pode alcanar a ruptura enquanto os conectores esto ainda respondendo
elasticamente. Essa explicao ilustra bem as respostas demonstradas nas Fig. 5.64 a 5.67.

Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 248

Figura 5.64 Flechas na viga V1 considerando-se os diversos efeitos de composio


Figura 5.65 Flechas na viga V2 considerando-se os diversos efeitos de composio



Figura 5.66 Flechas na viga V4 considerando-se os diversos efeitos de composio
Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 249

Figura 5.67 Flechas na viga V6 considerando-se os diversos efeitos de composio


oportuno resumir, conforme consta na Tab. 5.24, o desempenho das oito vigas
confeccionadas e ensaiadas, focando apenas suas respectivas foras de ruptura.

Tabela 5.24 Desempenho das vigas ensaiadas: foras de ruptura
Tipo de
viga
Designao
Fora de
ruptura
(kN)
Fora de
ruptura mdia
(kN)
Relao com
V7 e V8
(%)
V7 101,7

V8 84,3
93,0 ----
V3 112,5

V5 121,3
116,9 25,7
V1 173,6

V2 89,5
131,6 41,5
V4 157,4

V6 127,6
142,5 53,2


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 250
Observando-se o efeito da aplicao do reforo com fibras de vidro, ao comparar as
vigas mistas com e sem reforo, nota-se um discreto aumento na fora mdia de ruptura,
equivalente a 8,3%. Uma provvel explicao, para essa pequena diferena nos resultados das
vigas mistas, relaciona-se com a elevada fora de ruptura alcanada pela viga V1, que recebeu
em sua face tracionada a melhor das lminas de madeira do lote adquirido.
Ainda com relao ruptura, essas vigas revelaram os desempenhos de resistncia que
se encontram transcritos na Tab. 5.25. Nota-se, mais uma vez, que o excepcional desempenho
da viga V1 elevou substancialmente a mdia do seu grupo. Todavia, a adio da mesa de
concreto nas vigas de MLC reforadas com fibras de vidro resultou em um aumento do MOR
equivalente a 28%. Sem dvida, uma das grandes vantagens da aplicao do reforo com
fibras de vidro reside na reduo da disperso dos resultados.

Tabela 5.25 Desempenho das vigas ensaiadas na ruptura: MORs
Tipo de
viga
Designao
MOR
mdio
(kN)
Relao com
V7 e V8
(%)

V7 e V8 62,3 ----

V3 e V5 66,6 6,9

V1 e V2 88,3 41,7

V4 e V6 85,3 36,9


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 251
Por outro lado, a Tab. 5.17 revela que a adio do reforo com fibras de vidro nas
vigas mistas de MLC-concreto proporcionou um aumento de 15,2% na rigidez experimental,
confirmando os ndices constatados na reviso bibliogrfica.
Concludos os ensaios, os corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores foram
levados para ambiente descoberto, junto ao LaMEM, e aps algumas semanas sujeitos s
intempries, ocorreu delaminao da MLC em todos os modelos, atingindo toda a extenso
das lminas coladas. Esse comportamento do adesivo foi surpreendente, embora o fabricante
tenha apresentado relatrio de ensaios de durabilidade, elaborado por conceituado laboratrio
de pesquisas norte-americano, atestando a sua eficincia para uso estrutural em ambientes
externos.
Uma das provveis hipteses para a ocorrncia da delaminao est relacionada com a
densidade aparente do Lyptus, cujo valor mdio obtido em ensaios foi de 0,78 g/cm
3
,
situando-se ligeiramente acima do limite de 0,75 g/cm
3
recomendado para a fabricao da
MLC. A densidade relativamente alta do Lyptus pode ter dificultado a penetrao e ao do
adesivo nas interfaces. Outra hiptese levantada est associada com uma possvel presena de
extrativos nessa madeira; havendo incompatibilidade qumica entre esses extrativos e os
componentes do adesivo, pode resultar em problemas de colagem.
Por fim, acrescenta-se que os ganchos metlicos utilizados como elementos de
conexo entre a mesa de concreto armado e a alma de MLC foram posicionados conforme as
Fig. 5.20 a 5.22, por conta do tipo de carregamento que seria aplicado nos ensaios. Numa
aplicao dessas estruturas mistas, especialmente em pontes, em que houver a possibilidade
de inverso dos esforos, convm analisar a possibilidade de fixao dos ganchos em direes
opostas, formando as conexes em forma de X.


Cap. 5 Estudo das vigas mistas de MLC-concreto 252






Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 253
6 DIMENSIONAMENTO DAS VIGAS MISTAS DE MLC-CONCRETO
REFORADAS COM FIBRAS DE VIDRO




Com base nos modelos de clculo apresentados na reviso bibliogrfica e a partir dos
resultados revelados nas componentes experimental e numrica deste trabalho, no presente
captulo se discute uma proposta de verificao das vigas mistas de MLC-concreto reforadas
com fibras de vidro, focando, unicamente, na determinao da resistncia do elemento
estrutural.
Antes de se apresentar o algoritmo para o dimensionamento das vigas mistas de MLC-
concreto com reforo de fibras de vidro, adverte-se que o material apresentado nesta
publicao foi preparado em conformidade com recomendaes normativas nacionais e
internacionais, procurando-se sempre a boa prtica de engenharia. Logo, estas recomendaes
no devem ser usadas sem uma segura anlise de sua aplicabilidade em quaisquer outras
situaes particulares.


6.1 Consideraes preliminares

Ao escolher um mtodo de verificao das vigas mistas com mesa de concreto armado
e alma de MLC reforada com fibras de vidro, uma das preocupaes foi proporcionar
objetividade e simplicidade, de modo que o procedimento possa ser prontamente absorvido
pela comunidade profissional. Com isto, pretende-se contribuir para a disseminao dessa
tecnologia e possibilitar a obteno dos benefcios de sua utilizao.
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 254
Em Ceccotti (2002) enfatiza-se que a validao de ensaios muito delicada, pois os
resultados so altamente dependentes do nvel de tenses e deformaes dos elementos,
durante as condies especficas do ambiente e do ensaio.


6.2 Hipteses de clculo

Para a validade do mtodo que adiante se prope, as seguintes hipteses devem ser
consideradas:
Numa mesma posio ao longo da viga, o deslocamento vertical igual para
ambos os materiais e dado por uma funo w(x), no ocorrendo separao entre o
concreto e a madeira.
Ao longo da altura de cada material, as sees transversais permanecem planas; as
deformaes por cisalhamento em cada material no so consideradas.
As partes constituintes (madeira e concreto) so interligadas por meio de
conectores discretizados, com um mdulo de deslizamento K.
As vigas so simplesmente apoiadas, com vo L. No caso de vigas contnuas ou
em balano, as expresses do EUROCODE 5 (2004) podem ser utilizadas, desde
que observadas as relaes para os vos apresentadas na seo 2.5.8.
O concreto e a madeira tm comportamento elstico-linear.
No se considera o atrito entre a madeira e o concreto, isto , a fora de
cisalhamento na interface totalmente transmitida pelos conectores.
O espaamento s entre os ganchos constante ou varia uniformemente
conforme a variao da fora cortante entre s
min
e s
max
, com s
max
< 4s
min
.
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 255
As vigas de MLC possuem a qualidade requerida, sendo garantidas as resistncias
de projeto; nas lminas externas, particularmente naquelas solicitadas trao, o
posicionamento das emendas dentadas deve ser cuidadosamente verificado.
A lmina inferior (bumper) tem apenas o papel de proteo da camada de reforo,
no sendo considerada no dimensionamento do sistema.
O carregamento aplicado do tipo esttico e atua na direo das aes
gravitacionais.
Para efeito de anlise, as armaduras existentes no concreto foram desconsideradas.
Nenhum deslizamento considerado entre as lminas de MLC, bem como entre o
reforo com fibras de vidro e a viga de MLC, a exemplo do que tambm
admitido em Brody et al. (1999), Davids (2001) e Weaver (2002).

Considerou-se, na determinao dos esforos solicitantes mximos e das flechas, a
atuao do carregamento indicado na Fig. 6.1, sendo q o peso prprio.


Figura 6.1 Aes aplicadas nas vigas mistas


6.3 Modelo de dimensionamento

O mtodo, que adiante se prope, tem como objetivo o estabelecimento de uma
relao ntima entre os fundamentos tericos, demonstrados na reviso bibliogrfica, e o
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 256
produto das avaliaes experimentais e numricas realizadas. Para tanto, inicialmente faz-se a
aplicao do Mtodo da Seo Transformada para, em seguida, empregar as recomendaes
do EUROCODE 5 (2004) no clculo das solicitaes de projeto e das normas NBR 7190
(1997) e NBR 6118 (2003) na determinao das resistncias de projeto. Assim, as atividades
para o dimensionamento podem ser relacionadas de acordo com as seguintes etapas:
A Avaliao das dimenses da seo transversal
B Estabelecimento das propriedades mecnicas dos materiais
C Homogeneizao da viga de MLC reforada com fibras de vidro
D Determinao dos valores de projeto das resistncias
E Determinao dos valores de projeto das solicitaes
F Verificaes

Quando o engenheiro Craig Aaron Weaver projetou a primeira e nica ponte que se
tem notcia em Fairfield, Maine, empregando um tabuleiro de concreto apoiado sobre seis
vigas de MLC reforadas com fibras de vidro com 21,34 m (70 ft) de vo , foi utilizado
apenas o Mtodo da Seo Transformada nas suas anlises. Segundo Weaver (2002), adotou-
se um fator de reduo de 30%, o qual foi aplicado ao momento de inrcia transformado.
As etapas que o compem o modelo de dimensionamento so delineadas a seguir, bem
como so apresentados os resultados de sua aplicao na avaliao das vigas V4 e V6.

6.3.1 Avaliao das dimenses da seo transversal

Para a avaliao das dimenses da seo transversal, o projetista pode contar com a
anlise de desempenho de projetos correlatos. Adicionalmente, para a determinao da largura
efetiva da mesa de concreto armado, sugere-se sejam consideradas as recomendaes contidas
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 257
na seo 2.7.2 deste trabalho. Ainda, para subsidiar a definio das propriedades geomtricas,
buscando-se alcanar uma rigidez efetiva ideal, recomenda-se a apreciao da proposta
exibida em Van der Linden (1999) e transcrita na Equao [2.73].
Na Fig. 6.2 se mostram as propriedades geomtricas da seo transversal das vigas
mistas de MLC-concreto com reforo de fibras de vidro, em que os subscritos c, w e
FRP referem-se s sees transversais de concreto armado, MLC e reforo com fibras de
vidro, respectivamente.


Figura 6.2 Propriedades da seo transversal das vigas mistas de MLC-concreto
com reforo de fibras de vidro


No caso particular desta pesquisa, a escolha das dimenses das sees transversais das
vigas mistas, relacionadas na Tab. 6.1, basearam-se na anlise de trabalhos correlatos e em
avaliaes tericas, por meio dos critrios do EUROCODE 5 (2004) e da DIN 1052 (1988),
buscando-se uma soluo em que a ruptura no ocorresse nos elementos de ligao.
conveniente destacar que as propriedades geomtricas relativas MLC
especificamente a rea da seo transversal e o momento de inrcia foram obtidos a partir
da homogeneizao da seo transversal reforada com fibras de vidro, conforme se descreve
no prximo item. Assim justifica-se a altura h
w
, indicada na Fig. 6.2, que resulta da soma da
altura da parte da madeira com a altura do reforo de fibras, h
FRP
.
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 258
Tabela 6.1 Propriedades geomtricas das vigas mistas
Propriedades
(smbolo)
Unidade Viga V4 Viga V6
b
c
mm 350 350
h
c
mm 75 73
A
c
mm
2
26.250 25.550
I
c
mm
4
12.304.687 11.346.329
b
w
mm 80 84
h
w
mm 322 322
A
w
mm
2
27.312,00 28.699,59
I
w
mm
4
258.215.896 271.626.867
h
FRP
mm 10 10
L mm 5.000 5.000
s
min
mm 120 120
s
max
mm 240 240
s
ef
mm 150 150
d mm 8 8


6.3.2 Estabelecimento das propriedades mecnicas dos materiais
Por meio de ensaios foram caracterizados os materiais, relacionados na Tab. 6.2, que
foram utilizados na confeco das vigas mistas. Na hiptese de no se dispor desses dados, na
fase de projeto, deve-se considerar as recomendaes normativas relativas s propriedades
mnimas admissveis, em cada caso.

Tabela 6.2 Propriedades fsicas e mecnicas dos materiais
Propriedades
(smbolo)
Unidade Viga V4 Viga V6
E
c
MPa 36.436 36.436

m,c
Kg/m
3
2.500 2.500
E
w
MPa 20.198 20.020

m,w
Kg/m
3
790 790
E
FRP
MPa 59.463 59.463
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 259
6.3.3 Homogeneizao da viga de MLC reforada com fibras de vidro

Apropriando-se do Mtodo da Seo Transformada, foram, inicialmente,
homogeneizadas as vigas de MLC reforadas com fibras de vidro, utilizando-se o mdulo de
elasticidade mdio da madeira como referncia para clculo da razo modular, n. Assim, foi
possvel a determinao dos parmetros relacionados na Tab. 6.3. Objetivando a simplificao
do processo de clculo, optou-se por utilizar o mdulo de elasticidade mdio das lminas de
madeira que compem cada uma das vigas, ao invs de discretiz-los.
Homogeneizar a viga de MLC reforada com fibras de vidro uma hiptese razovel,
visto que no h sinais de deslizamento, nos modelos fsicos confeccionados, entre a camada
de reforo e a viga de MLC. Nos estudos ou modelos desenvolvidos e registrados em Brody et
al. (2000), Davids (2001) e Weaver (2002), a conexo entre esses materiais igualmente
admitida como rgida.
Por j estarem relacionados na Tab. 6.1, a rea da seo transversal e o momento de
inrcia, relativos seo homogeneizada, foram omitidos nesta etapa. A propriedade denotada
por Y, na Tab. 6.3, representa a posio do centride da seo transversal homogeneizada,
contada a partir da face superior da mesa de concreto armado.

Tabela 6.3 Propriedades das sees homogeneizadas
Propriedades
(smbolo)
Unidade Viga V4 Viga V6
n
FRP
2,944 2,970
Y mm 169,87 169,98




Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 260
6.3.4 Determinao dos valores de projeto das resistncias e flecha limite

O valor de clculo da resistncia compresso do concreto, f
cd
, determinado pela
reduo da resistncia caracterstica, f
ck
, pelo coeficiente de ponderao nos Estados Limites
ltimos, designado por
c
, e cujo valor em combinaes normais, segundo a Tab. 12.1 da
NBR 6118 (2003) 4 , 1
c
= . Assim:

c
ck
cd
f
f

=
[6.1]

Por outro lado, a resistncia caracterstica determinada por meio da Equao [6.2],
em que f
cm
indica o valor mdio da resistncia compresso, obtido em ensaios com corpos-
de-prova cilndricos. Os manuais para a determinao do trao de concreto indicam o valor de
4,0 MPa para o desvio-padro, s, quando houver assistncia de profissional especializado em
tecnologia do concreto, todos os materiais forem medidos em peso e, ainda, houver garantia
de manuteno, no decorrer da obra, da homogeneidade dos materiais.

s 65 , 1 f f
cm ck
= [6.2]

No caso da madeira, para o clculo da resistncia de projeto trao paralela s fibras,
f
t0,d
, adotou-se as recomendaes da NBR 7190 (1997), conforme Equao [6.3], com os
seguintes valores para os coeficientes: k
mod,1
= 0,7, k
mod,2
= 1,0, k
mod,3
= 1,0 e
w
= 1,8. O valor
caracterstico da resistncia trao paralela s fibras, f
t0,k
, foi calculado a partir dos dados
dos ensaios apresentados na Tab. A.3, do Apndice A.

w
k , 0 t
3 mod, 2 mod, 1 mod, d , 0 t
f
k k k f

= [6.3]

Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 261
Observando-se tambm as recomendaes da NBR 7190 (1997), foi determinado o
valor de projeto da resistncia ao cisalhamento na lmina de cola, f
gv,0,d
, com os mesmos
valores de k
mod
referidos no pargrafo anterior e com
w
= 1,4. O valor caracterstico da
resistncia ao cisalhamento na lmina de cola, f
gv,0,k
, foi calculado a partir dos dados dos
ensaios apresentados na Tab. D.1, do Apndice D.
Embora a NBR 7190 (1997) trate da determinao da resistncia dos conectores
metlicos em ligaes, ressalta-se que no h indicaes para o clculo da resistncia de
ganchos colados e fixados em 45 com relao s fibras da madeira, como feito neste projeto.
Assim, optou-se por considerar o valor caracterstico da fora de ruptura (123,9 kN) e dividi-
la por 4 conectores, para, em seguida, aplicar um coeficiente de segurana, conforme mostra a
Equao [6.4]. Para efeito de comparao, para os pinos com dimetro de 8 mm, colados em
forma de X e formando um ngulo de 45 com a direo das fibras da madeira, conforme
Pigozzo (2004), obteve-se a resistncia mdia equivalente a 23.780 N por conector.


N 125 . 22
4 , 1
) 4 / 900 . 123 (
R
d , 1
= =
[6.4]

A partir dos ensaios de trao realizados em corpos-de-prova de tecido de fibras de
vidro, foi possvel a obteno da resistncia caracterstica trao, f
FRP,k
, considerando-se que
os resultados acompanham a distribuio normal de freqncias. Como o material produto
de uma transformao em ambiente industrial, com elevado controle de qualidade, sugere-se
para o coeficiente de ponderao da resistncia o mesmo valor do ao, ou seja, 1 , 1
FRP
= .
Assim, o valor de projeto da resistncia trao das fibras de vidro pode ser determinado por:


FRP
k , FRP
d , FRP
f
f

= [6.5]

Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 262
Por fim, a flecha limite, w
lim
, foi calculada a partir da Equao [6.6], proposta pela
NBR 7190 (1997). Os valores determinados para as resistncias de projeto e flecha limite
esto relacionados na Tab. 6.4.

200
L
w
lim
= [6.6]


Tabela 6.4 Resistncias de projeto e flecha limite para as vigas mistas
Propriedades
(smbolo)
Unidade Vigas V4 e V6
f
cd
MPa 27,6
f
t0,d
MPa 23,3
f
gv,0,d
MPa 1,6
R
1,d
N 22.125
f
FRP,d
MPa 758,9
w
lim
mm 25


6.3.5 Determinao dos valores de projeto das solicitaes

O EUROCODE 5 (2004) recomenda que a rigidez do sistema de ligao seja avaliada
por meio de ensaios. Na hiptese da indisponibilidade de realizao desses ensaios, o cdigo
sugere frmulas, tal qual a Equao [2.65], as quais contemplam apenas os casos mais bsicos
dos sistemas de ligao. No caso desta pesquisa, adotou-se o valor mdio do mdulo de
deslizamento inicial, K
ser
, obtido nos ensaios em que foram utilizados ganchos com dimetro
de 8 mm. Apesar de, nos teros extremos das vigas mistas, os conectores tenham sido
espaados a cada 120 mm, seus espaamentos efetivos, calculados a partir da Equao [2.72],
resultaram no valor de 150 mm, justificando-se, assim, a adoo desse valor de K
ser
.
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 263
Em Ceccotti (2002) observa-se que a considerao do mdulo secante para o sistema
de ligao uma maneira indireta de ponderar as deformaes inelsticas do sistema misto.
Tambm acrescenta que na anlise global do sistema, para a determinao das aes internas,
foras normais e momentos fletores, o concreto considerado no-fissurado. Assim, o
momento de inrcia da rea de concreto, I
c
, calculado a partir da seo transversal completa.
Na Tab. 6.5 encontram-se transcritos os valores obtidos a partir da aplicao das
Equaes [2.61] a [2.64] e Equaes [2.68] a [2.71], considerando-se os valores mximos de
momento fletor e fora cortante, obtidos a partir do carregamento indicado na Fig. 6.1.
Segundo a NBR 7190 (1997), a considerao dos efeitos da umidade e da durao do
carregamento na rigidez da madeira feita pela utilizao do mdulo de elasticidade efetivo,
E
c0,ef
, determinado conforme a Equao [6.7], em que k
mod,1
, k
mod,2
e k
mod,3
so os coeficientes
de modificao fornecidos por essa norma e E
c0,m
representa o valor mdio do mdulo de
elasticidade na direo paralela s fibras.

m , 0 c 3 mod, 2 mod, 1 mod, ef , 0 c
E k k k E =
[6.7]

Assim, no clculo das flechas instantneas, ou seja, aquelas que ocorrem logo aps a
aplicao do carregamento, foram utilizados os valores mdios do mdulo de elasticidade,
E
c0,m
, como indica o EUROCODE 5 (2004). Para efeito de comparao, na Tab. 6.5
apresentam-se as flechas instantneas e as flechas geradas pelo carregamento de longa
durao, designadas por w
perm
, as quais foram calculadas a partir do mdulo de elasticidade
efetivo, E
c0,ef
. Observam-se variaes de 28% entre os valores das flechas w
inst
e w
perm
.




Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 264
Tabela 6.5 Propriedades mecnicas e solicitaes de projeto das vigas mistas
Propriedades
(smbolo)
Unidade Viga V4 Viga V6
K
ser
N/mm 142.936 142.936
K
u
N/mm 95.291 95.291
y
c
---- 0,6272 0,6335
y
w
---- 1,0 1,0
a
c
mm 95,09 97,46
a
w
mm 103,41 100,04
(EI)
ef
N.mm
2
1,70E+13 1,72E+13

c
MPa 5,4 5,7

m,c
MPa 3,4 3,3

w
MPa 5,2 5,0

m,w
MPa 7,9 7,9

FRP
MPa 13,3 13,1

w,max
MPa 1,6 1,6
R
1
MPa 13.059 13.268
w
inst
mm 6,35 6,41
w
perm
mm 8,13 8,19
F
d
N 47.550 48.650


6.3.6 Verificaes
Comparando-se, ento, os valores das resistncias de projeto com os valores das
solicitaes de projeto relacionadas na Tab. 6.5 nota-se que as foras de projeto, F
d
, foram
alcanadas a partir da resistncia ao cisalhamento na lmina de cola. Com efeito, foi
exatamente por cisalhamento nas lminas de cola que se romperam as vigas mistas ensaiadas.
Tomando-se os picos das solicitaes de projeto, conforme Tab. 6.6, e comparando-se
novamente com as respectivas resistncias de projeto, observa-se que o concreto pouco
solicitado nas vigas mistas de MLC-concreto. Assim, as armaduras adotadas para a mesa de
concreto foram obtidas a partir da considerao de armadura mnima, proposta pela NBR
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 265
6118 (2003). Tambm se nota que a lmina inferior de madeira est sendo solicitada em 56%
de sua capacidade trao; mesmo com as emendas dentadas nem to eficientes, como
demonstrado no Cap. 3, nenhuma viga mista com reforo de fibras de vidro se rompeu por
trao nestas lminas. Outra constatao refere-se ao baixo nvel de solicitao das fibras de
vidro, como relatado na reviso bibliogrfica.

Tabela 6.6 Utilizao das resistncias de projeto dos materiais
Propriedades
(smbolo)
Unidade Viga V4
Utilizao
(%)
Viga V6
Utilizao
(%)

c +

m,c
MPa 8,8 32 9,4 33

w +

m,w
MPa 13,1 56 13,2 55

w,max
MPa 1,6 100 1,6 100

FRP
MPa 13,3 2 13,5 2
R
1
MPa 13.059 59 13.268 60
w
perm
mm 8,13 33 8,5 33


Nota-se que o mtodo proposto capaz de estimar, com excelente aproximao, as
flechas verificadas nas vigas mistas de MLC-concreto com reforo de fibras de vidro. Na Tab.
6.7 se comparam as flechas calculadas, para o nvel de fora de 90 kN, com as flechas obtidas
experimentalmente. No clculo da flechas foi desprezado o peso prprio das vigas e foram
adotados os valores de
ser
K e E
c0,m
. Tambm se considerou no clculo das flechas o efeito do
cortante, cuja parcela somada parcela da flexo e, para F/2 aplicada nos teros do vo,
determinada pela Equao [6.8]:

A KG 6
FL
w
w
s
=
[6.8]

Sendo:
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 266
G
w
= mdulo de cisalhamento mdio da MLC (adotado igual a 20 E G
m , 0 c w
= )
A= rea total da seo transversal transformada
K= coeficiente de cisalhamento, que foi adotado igual a K= 0,371, conforme proposto em
Brody et al. (2000).

Tabela 6.7 Relao entre as flechas medidas e calculadas
Viga
Fora
(kN)
Flecha
calculada
[1]
(mm)
Flecha
experimental
[2]
(mm)
] 2 [
] 1 [

V4 90 15,01 14,96 1,003
V6 90 14,86 15,08 0,985


Da mesma forma, com boa concordncia, o mtodo capaz de estimar as foras de
ruptura das vigas mistas de MLC-concreto com reforo de fibras de vidro, conforme se pode
constatar pelos valores contidos na Tab. 6.8. Os valores obtidos para as foras mximas
admissveis foram calculados a partir da considerao das resistncias mdias dos materiais e
no de seus valores de clculo.

Tabela 6.8 Relao entre as foras mximas calculadas e as foras de ruptura
Viga
Fora mxima
calculada
[1]
(kN)
Fora de
ruptura
[2]
(mm)
] 2 [
] 1 [

V4 129,0 157,4 0,82
V6 131,9 127,6 1,03


Nos clculos relativos aos Estados Limites de Servio, segundo o EUROCODE 5
(2004), o valor mdio do mdulo de elasticidade na direo paralela s fibras utilizado para
o clculo das flechas instantneas. No entanto, para levar em conta a fluncia, que pode
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 267
ocorrer no concreto, na madeira e tambm nas ligaes, sob carregamentos de longa durao,
essa norma prev a reduo da rigidez pela diviso dos mdulos de elasticidade por
coeficientes designados por k
def
e , respectivamente para a madeira e para o concreto. Para
as conexes, em Ceccotti (2002) observa-se que parece ser razovel dobrar o valor de k
def
.
Assim, no clculo das flechas sob o efeito dos carregamentos de longa durao tem-se:

+
=
1
E
E
c
ef , c
[6.9]

def
ef
k 2 1
K
K
+
=
[6.10]

def
m , 0 , c
ef , 0 , c
k 1
E
E
+
= [6.11]

Os valores de e de k
def
, que aparecem nas equaes anteriores, so fixados pelo
EUROCODE 2 (1992) e EUROCODE 5 (2004), respectivamente. Assim, cabe ao projetista
avaliar cuidadosamente qual o critrio adequado para as condies particulares de seu
projeto, pois nessa mesma situao a NBR 7190 (1997) indica a utilizao do mdulo de
elasticidade efetivo, E
c0,ef
, calculado conforme Equao [6.7].
Convm ressaltar, ainda, que um mtodo alternativo para o dimensionamento das
vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro consiste na adoo das
solicitaes determinadas a partir de modelos numricos. Ficaram evidentes as razoveis
concordncias, quando comparados os resultados experimentais e numricos no captulo
anterior.
No caso de dimensionamento de vigas de pontes, o efeito da fadiga nos conectores
deve ser considerado. Para tanto, sugere-se como referncias os trabalhos de Weaver (2002) e
Molina (2008). Outras particularidades ainda devem ser contempladas no projeto de pontes,
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 268
tais como os esforos decorrentes de possveis escoramentos utilizados durante a construo,
alm de todos os efeitos relacionados com as aes tpicas dessas construes.


6.4 Recomendaes construtivas

Alm de todas as consideraes e hipteses j delineadas neste texto, conveniente
complement-las com as recomendaes construtivas para os sistemas mistos de madeira-
concreto, adaptadas da proposio contida em Ceccotti (2002), conforme segue:
No utilizar madeira verde. Se esse uso for inevitvel, utilizar madeira sem a
presena de medula e tomar as precaues para que nenhuma fissura possa
prejudicar a fixao dos conectores.
Manter o escoramento do sistema misto de madeira-concreto por um tempo maior
do que, usualmente, recomendado para as estruturas de concreto armado.
Sempre utilizar conectores com tratamento anticorrosivo.
O concreto deve sempre receber armaduras, especialmente se camadas muito
esbeltas esto sendo projetadas, para evitar a perda de rigidez devido fissurao
na regio tracionada.
Proteger a madeira antes da concretagem, para que no venha a absorver a gua
do amassamento do concreto e, assim, comprometer a qualidade de ambos; essa
proteo pode ser alcanada pela insero de uma camada de material
impermevel tal como o plstico entre os dois materiais, ou ainda pela
aplicao de pintura impermeabilizante nas faces da madeira que entraro em
contato com o concreto.
Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 269
Empregar concreto com uma baixa relao gua/cimento, pois assim se reduz a
retrao do material.
Evitar o uso de madeiras que demonstrem incompatibilidade qumica com o
cimento algumas espcies apresentam extrativos com altos teores de acares ,
o que pode proporcionar dificuldades na cura do concreto.
Nas aplicaes sujeitas s intempries, certificar-se de que o adesivo utilizado na
produo das vigas de MLC apropriado para esse fim.
Proteger o reforo com fibras de vidro, inserindo-o entre a penltima e a ltima
lmina (bumper) da pea de MLC.
















Cap. 6 Dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro 270
























Cap. 7 Concluses 271
7 CONCLUSES




Considerada como o nico material estrutural renovvel disponvel no mercado
mundial, a madeira desempenha um papel fundamental no cenrio das construes
sustentveis. Transformada em MLC, a partir de espcies provenientes de florestas plantadas,
diversifica o campo de aplicaes da madeira.
Com o propsito de amenizar os problemas de durabilidade, decorrentes da exposio
da madeira s intempries, uma soluo pressupe a associao de vigas de MLC com um
tabuleiro de concreto armado, sendo as partes interligadas por meio de conexes flexveis.
Essa tcnica tem sido aplicada com sucesso, especialmente por conta do expressivo acrscimo
de rigidez proporcionado pela composio e os desejveis aumentos de durabilidade.
No entanto, em situaes de elevados carregamentos ou de grandes vos, a aplicao
de reforo com fibras sintticas, na face tracionada das vigas de MLC, aprimora ainda mais
essa tcnica, refletindo-se em acrscimos nas foras de ruptura, mas, sobretudo, na
diminuio da disperso dos resultados, e, por conseguinte, no aumento da confiabilidade
estrutural.
Diante desse contexto foi desenvolvido um programa experimental em que se buscou,
num primeiro momento, a caracterizao completa dos materiais envolvidos nesta pesquisa. O
atendimento aos padres de umidade e a classificao na etapa de produo tornaram-se
condies para a seleo do Lyptus como o material adquirido para a produo das vigas de
MLC. Com a concluso da classificao visual e mecnica das lminas, foi possvel a
confeco de 10 vigas de MLC, utilizando-se o adesivo Wonderbond, com 5,4 m de
Cap. 7 Concluses 272
comprimento, e aps submet-las a ensaios iniciais foi determinado o valor mdio do MOE
equivalente a 21.597 MPa. Duas vigas foram carregadas at a ruptura, encontrando-se o valor
mdio do mdulo de ruptura MOR= 62,3 MPa.
Para a avaliao experimental do sistema de conexo foram confeccionados 18
corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores, sendo seis exemplares produzidos com
ganchos de ao com dimetro de 8 mm e outros seis exemplares com dimetro de 10 mm. Os
seis corpos-de-prova restantes tiveram a ligao concretizada por meio de chapas metlicas
perfuradas. Nos ensaios, esse ltimo grupo demonstrou um elevado desempenho, com fora
de ruptura mdia equivalente a 153,4 kN, porm com ruptura frgil. Assim, optou-se pela
utilizao dos ganchos com dimetro de 8 mm com fora de ruptura mdia F
R
= 131 kN e
mdulo de deslizamento de servio mdio K
ser
= 142.936 N/mm na confeco das vigas
mistas de MLC-concreto. O excelente comportamento dos corpos-de-prova, durante os
ensaios, permitiu concluir que a geometria adotada atingiu plenamente os seus objetivos.
Por meio do programa ANSYS, verso 9.0, foram realizadas simulaes numricas
dos corpos-de-prova de cisalhamento nos conectores. As hipteses e modelos propostos
conduziram a resultados de K
ser
com boa concordncia com os resultados experimentais. No
caso dos corpos-de-prova em que foram empregados os ganchos metlicos, a diferena entre
os resultados obtidos numericamente e experimentalmente no ultrapassou 4%, considerando-
se o comportamento elstico-linear dos materiais. No processamento dos corpos-de-prova em
que foram empregadas as chapas metlicas perfuradas no foram verificadas instabilidades
numricas, manifestando-se claramente uma melhor concordncia com a considerao do
comportamento no-linear dos materiais.
Numa segunda fase do programa experimental, duas vigas com reforos de fibras de
vidro (V4 e V6) e outras duas sem os reforos (V1 e V2) receberam mesas de concreto
armado. As vigas mistas reforadas com fibras de vidro demonstraram um acrscimo de 37%
Cap. 7 Concluses 273
no MOR quando comparadas com as vigas de MLC (sem reforo). Comparando-se as vigas
mistas com as vigas de MLC, ambas com reforos de fibras de vidro, notou-se uma expressiva
reduo nas flechas, ou seja, as flechas das vigas mistas corresponderam a 43% das flechas
das vigas de MLC. Por outro lado, observou-se que a rigidez efetiva flexo das vigas mistas
de MLC-concreto foi equivalente a 60% da rigidez das vigas mistas sob o efeito da
composio total da seo transversal.
Confrontando-se as resistncias ltimas das vigas mistas, com e sem reforos com
fibras de vidro, com as das correspondentes vigas de MLC, notam-se acrscimos expressivos
nos valores dos MORs, correspondendo a 28% e 42%, respectivamente. No entanto, a
insero do reforo com fibras de vidro promove outras vantagens, tais como a reduo nas
tenses de trao das lminas inferiores da MLC que se traduz em economia de madeira e
a diminuio na disperso dos resultados, conferindo maior credibilidade ao sistema.
Adicionalmente, por meio do programa SAP2000, verso 10.0.7, as vigas mistas de
MLC-concreto, com e sem o reforo com fibras de vidro, foram simuladas numericamente,
com a considerao de elementos finitos slidos. Para simular o efeito do deslizamento na
interface madeira-concreto foram atribudas molas de superfcie no acoplamento desses
materiais, com o coeficiente de rigidez k= 14,526 kN/cm
3
, determinado experimentalmente.
Ao serem comparadas as flechas obtidas experimentalmente e numericamente, no se
observaram diferenas superiores a 18%.
Decorrente de intervenes em especificaes normativas, o algoritmo proposto para o
dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto reforadas com fibras de vidro
demonstrou objetividade e simplicidade. Ademais, as comparaes entre as flechas calculadas
e as obtidas experimentalmente revelaram expressiva concordncia, no atingindo 2% de
diferena. Da mesma forma, a estimativa da fora de ruptura evidenciou concordncia
satisfatria com os resultados obtidos experimentalmente. Por fim, a aplicao do modelo de
Cap. 7 Concluses 274
dimensionamento ratificou o modo de ruptura verificado nas vigas mistas ensaiadas, ou seja,
por cisalhamento nas lminas de cola.
Deste modo, a partir da divulgao da soluo estrutural avaliada neste trabalho,
espera-se que sejam plenamente atingidos os benefcios da sua utilizao, estendendo o
universo de aplicaes da madeira.


7.1 Recomendaes para futuros trabalhos

Com base na constatao do baixo nvel de solicitao das fibras de vidro utilizadas
como reforos, prope-se, inicialmente, uma continuidade nos ensaios das vigas mistas de
MLC-concreto com dimenses estruturais, submetendo-as a menores porcentagens de
reforos. Alternativamente, poderia ser avaliado o efeito do emprego do reforo parcial, ou
seja, posicionado apenas nas regies de maior solicitao.
Uma outra possibilidade de continuidade destes estudos relaciona-se com o desejvel
aumento da resistncia ao cisalhamento na lmina de cola da MLC, e, assim, obter-se um
melhor desempenho global dos sistemas mistos de MLC-concreto. Para tanto, uma das
possibilidades seria a fixao de tiras de fibras de vidro nas regies das mximas tenses de
cisalhamento.
No domnio dos sistemas de conexo, sugere-se a continuidade dos estudos de
aplicabilidade das chapas metlicas perfuradas, as quais demonstraram facilidade de
instalao e excelentes resultados em termos de capacidade ltima, afora o modo frgil de
ruptura. Assim, h que ser investigados os procedimentos que sejam capazes de melhorar a
ductilidade da conexo.
Cap. 7 Concluses 275
A investigao do comportamento das vigas mistas de MLC-concreto, com e sem
reforo com fibras de vidro, em situaes de incndio uma necessidade e, assim, amplia o
horizonte das pesquisas sobre esse tema.
Prope-se, alm disso, a elaborao de um programa computacional para o
dimensionamento das vigas mistas de MLC-concreto, com e sem reforo com fibras
sintticas, de modo a acelerar as simulaes durante a fase de projeto, visando otimizao
das sees transversais.

Referncias 276
REFERNCIAS
1



AHMADI, B. H.; SAKA, M. P. Behaviour of composite timber-concrete floors. Journal of
Structural Engineering, ASCE, v.119, n.10, p.3111-3130, nov. 1993.

ALVIM, R. C. et al. Piso misto de madeira-concreto para uma edificao residencial. In:
ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE MADEIRA, 7.,
2000, So Carlos. Anais... So Carlos: EESC/USP, 2000. 1 CD-ROM.

ALVIM, R. C.; ALMEIDA, P. A. O. Estudo paramtrico da rigidez efetiva dos pisos mistos
de madeira-concreto. In: SIMPSIO EPUSP SOBRE ESTRUTURAS DE CONCRETO, 5.,
2003, So Paulo. Anais... So Paulo: Escola Politcnica da Universidade de So Paulo,
2003. 1 CD-ROM.

ALZATE, S. B. A. Caracterizao da madeira de rvores de clones de Eucalyptus
grandis, E. saligna e E. grandis x urophylla. 2004. 133 f. Tese (Doutorado em Recursos
Florestais) Universidade de So Paulo, Piracicaba, 2004.

AMERICAN NATIONAL STANDARDS INSTITUTE. ANSI/AITC A190.1: Structural
glued laminated timber. New York, 1992.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM D198-05a: Standard
tests methods of static tests of lumber in structural sizes. Philadelphia, 2005.

______. ASTM D 245: Standard practice for establishing structural grades and related
allowable properties for visually graded lumber. Philadelphia, 2006.

______. ASTM D 3039/D 3039M: Standard test method for tensile properties of polymer
matrix composite materials. Philadelphia, 2006.

_____. ASTM D 3737: Standard test method for establishing stresses for structural glue
laminated timber (glulam). Philadelphia, 1996.


1
De acordo com:
ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 6023: informao e documentao:
referncias: elaborao. Rio de Janeiro, 2002.
Referncias 277
______. ASTM D3878: Standard terminology for composite materials. Philadelphia, 2004.

______. ASTM D 4761: Standard test methods for mechanical properties of lumber and
wood-base structural material. Philadelphia, 1996.

ASSOCIAO BRASILEIRA DE NORMAS TCNICAS. NBR 5738: Concreto
Procedimento para moldagem e cura de corpos-de-prova. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR 5739: Concreto Ensaio de compresso de corpos-de-prova cilndricos. Rio
de Janeiro, 1994.

______. NBR 6118: Projeto de estruturas de concreto procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR ISO 6892: Materiais metlicos Ensaio de trao temperatura ambiente. Rio
de Janeiro, 2002.

______. NBR 7190: Projeto de Estruturas de Madeira. Rio de Janeiro, 1997.

______. NBR 8522: Concreto Determinao dos mdulos estticos de elasticidade e de
deformao e da curva tenso-deformao. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR 8800: Projeto e execuo de estruturas de ao de edifcios (mtodo dos estados
limites). Rio de Janeiro, 1986.

AZAMBUJA, M. dos A. Estudo experimental de adesivos para fabricao de madeira
laminada colada: avaliao da resistncia de emendas dentadas, da durabilidade e de vigas.
2006. 159 f. Tese (Doutorado em Cincia e Engenharia de Materiais) Universidade de So
Paulo, So Carlos, 2006.

BALDCOCK, R. H.; McCULLOUGH, C. B. Loading tests on a new composite type short
span highway bridge combining concrete and timber in flexure. Technical Bulletin n.1.
Salem: Oregon State Highway Department, 1941.

BALLARIN, A. W.; NOGUEIRA, M. Caracterizao elstica da madeira de Eucalipto
Citriodora. Cerne, v.9, n.1, p.066-080, 2003.

Referncias 278
BANK, L.C. et al. A model specification for FRP composites for civil engineering structures.
Construction and Building Materials, n.17, p.405-437, 2003.

BAO, Z. Project Report 05-114. Oregon: Eugene Test Laboratory, TECO Certification and
Testing Division, 2005.

BATTLES, E. P. et al. Durability of composite reinforcement for timber bridges.
Transportation Research Record, n.1696, paper n. 5BO111, p.131-135, 2000.

BRODY, J. et al. FRP-wood-concrete composite bridge girders. In: STRUCTURES
CONGRESS 2000 ADVANCED TECHNOOGY IN STRUCTURAL ENGINEERING,
2000, Philadelphia, USA. Proceedings Philadelphia: Mohamed Elgaaly, 2000. Section 53,
chapter 1.

BUCHANAN, A.; MOSS, P. Design of epoxied steel rods in glulam timber. In: PACIFIC
TIMBER ENGINEERING CONFERENCE, 1999, Rotorua, New Zealand. Proceedings
Rotorua, 1999. p.286-293.

CAPRETTI, S.; CECCOTTI, A. Service behaviour of timber-concrete composite beams: a 5-
year monitoring and testing experience. In: INTERNATIONAL WOOD ENGINEERING
CONFERENCE, 1996, New Orleans, USA. Proceedings New Orleans: Lousiana State
University, 1996. p.443-449.

CARVALHO, R. F. Compsitos de fibras de sisal para uso em reforo de estruturas de
madeira. 2005. 119 f. Tese (Doutorado em Cincia e Engenharia de Materiais)
Universidade de So Paulo, So Carlos, 2005.

CECCOTTI, A. Timber-concrete composite structures. In: BLASS, H. J. et al. Timber
Engineering STEP 2 (Structural Timber Education Programme). The Netherlands:
Centrum Hout, 1995. p.E13/1-E13/12.

______. Composite concrete-timber structures. Progress in Structural Engineering and
Materials, v.4, p.264-275, 2002.

CECCOTTI, A. et al. On the design of timber-concrete composite beams according to the
new versions of Eurocode 5. In: MEETING OF THE WORKING COMMISSION W18
TIMBER STRUCTURES, 35., 2002, Japan.

Referncias 279
CHIEWANICHAKORN, M. et al. Effective flange width definition for steel-concrete
composite bridge girder. Journal of Structural Engineering, ASCE, v.130, n.12, p.2016-
2031, dec. 2004.

CORREIRA, J. R.; BRANCO, F. A.; FERREIRA, J. G. Comportamento mecnico de
perfis pultrudidos de fibra de vidro (GFRP) e das suas ligaes. Disponvel em:
<http://www-ext.lnec.pt/APAET/pdf/Rev_12_A7.pdf>. Acesso em: 08 dez. 2008.

CSI Analysis Reference Manual. Berkeley, California: Computers and Structures, Inc., 2005.
415p.

DAGHER, H. J. FRPreinforced wood in bridge applications. In: RILEM SYMPOSIUM
TIMBER ENGINEERING, 1., 1999, Stockholm, Sweden. Anais Stockholm, September
13-15, 1999. p.591-598.

DAGHER, H. J. Highperformance wood composites for construction. In: ENCONTRO
BRASILEIRO EM MADEIRAS E ESTRUTURAS DE MADEIRA, 7., 2000, So Carlos.
Anais... So Carlos: EESC/USP, 2000. 1 CD-ROM.

DAGHER, H. J. et al. Advanced fiber-reinforced polymer-wood composites in transportation
applications. Transportation Research Record, n.1814, paper n.02-3484, p.237-242, 2002.

DAVIDS, W. G. Nonlinear analysis of FRP-glulam-concrete beams with partial composite
action. Journal of Structural Engineering, ASCE, v.127, n.8, p.967-971, aug. 2001.

DAVIDS, W. G. et al. Fatigue of glulam beams with fiber-reinforced polymer tension
reinforcing. Forest Products Journal, v.55, n.1, p.93-101, jan.2005.

DEUTSCHES INSTITUT FR NORMUNG. DIN 1052: Structural use of timber part 1, 2
and 3. Berlin, 1988.

DIAS, A. A. Contribuio para o estudo da distribuio transversal de cargas em pontes
de madeira. 1987. 152 f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Estruturas) Escola de
Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, So Carlos, 1987.

DIAS, A. M. P. G. Mechanical behavior of timber-concrete joints. 2005. 293f. Thesis
(Doctorate) University of Coimbra, Portugal, 2005.

Referncias 280
EUROPEAN COMMITTEE FOR STANDARDIZATION. EUROCODE 2 (ENV 1992-1-
1): Design of concrete structures. Part 1: General rules and rules for buildings. Brussels, 1989.

______. EUROCODE 4 (DDENV 1994-1-1): Part 1: Design of composite steel and concrete
structures. Draft for development. Brussels, 1994.

______. EUROCODE 5 (ENV 1995-1-1): Design of timber structures. Part 1-1: General
common rules and rules for buildings. Brussels, 1993.

______. EUROCODE 5 (prEN 1995-1-1): Design of timber structures. Part 1-1: General
common rules and rules for buildings. Brussels, 2004.

FALK, R. H.; COLLING, F. Laminating effects in glued-laminated timber beams. Journal
of Structural Engineering, ASCE, v.121, n.12, p.1857-1863, dec. 1995.

FIORELLI, J. Utilizao de fibras de carbono e de fibras de vidro para reforo de vigas
de madeira. 2002. 168f. Dissertao (Mestrado em Cincia e Engenharia de Materiais),
Universidade de So Paulo, So Carlos, 2002.

______. Estudo terico e experimental de vigas de madeira laminada colada reforadas
com fibra de vidro. 2005. 108f. Tese (Doutorado em Cincia e Engenharia de Materiais),
Universidade de So Paulo, So Carlos, 2005.

FRANGI, A.; FONTANA, M. Elasto-plastic model for timber-concrete composite beams with
ductile connection. Structural Engineering International, Science and Technology, v.1,
p.47-57, 2003.

FLORES, E. S. et al. Calibracin del modelo de Hill modificado para el Pino Radiata
chileno en conexiones de cizalle doble sometidas an compresin paralela. In:
JORNADAS CHILENAS DE ESTRUCTURAS DE MADERA, 2., 2007, Santiago, Chile.

GARDNER, G. Reinforced glued laminated timber system epoxy/steel/timber composite
material. In: PACIFIC TIMBER ENGINEERING CONFERENCE, 1994, Gold Coast,
Australia. Proceedings Gold Coast, 1994. p.548-557.

GELFI, P.; GIURIANI, E. Stud shear connectors in wood-concrete composite beams. In:
RILEM SYMPOSIUM ON TIMBER ENGINEERING, 1., 1999, Cachan Cedex, France.
Proceedings Cachan Cedex, 1999. p.245-254.
Referncias 281
GOMES, J. J. Estudo terico-experimental de vigas compostas de concreto e madeira.
1974. Dissertao (Mestrado em Engenharia Civil) Escola de Engenharia da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1974.

GOODMAN, J. R.; POPOV, E. P. Layered beam systems with interlayer slip. Journal of the
Structural Division, Proceedings of the American Society of Civil Engineers, v.94, n.ST11,
p.2535-2547, nov. 1968.

GOPU, V. K. A. et al. Approximation of second order effects in composite timber beam
columns. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON TIMBER ENGINEERING, 1988,
Seatle, Washington, USA, 1988. p.872-880.

GUTKOWSKI, R. M. Tests and analysis of mixed concrete-wood beams. In:
INTERNATIONAL WOOD ENGINEERING CONFERENCE, 3., 1996, Madison.
Proceedings... Madison: Omnipress, 1996. p.436-442.

GUTKOWSKI, R. M. et al. Laboratory tests of composite wood-concrete beam and deck
specimens. In: RILEM SYMPOSIUM ON TIMBER ENGINEERING, 1., 1999, Cachan
Cedex, France. Proceedings Cachan Cedex, 1999. p.263-272.

GUTKOWSKI, R. M. et al. Investigation of notched composite wood-concrete connections.
Journal of Structural Engineering, ASCE, v.130, n.10, p.1553-1561, oct. 2004.

HBV Systeme. Innovationen in Holz-Verbundbauweise. Disponvel em:
<http://www.hbv-systeme.de/>. Acesso em: 07 jun. 2006.

HELLMEISTER, J. C. Pontes de eucalipto citriodora. 1978. 85f. Tese (Livre-docncia em
Engenharia de Estruturas) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo,
So Carlos, 1978.

KOTINDA, T. I. Modelagem numrica de vigas mistas ao-concreto simplesmente
apoiadas: nfase ao estudo da interface laje viga. 2004. 87f. Dissertao (Mestrado)
Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo, 2004.

KOTINDA, T. I. et al. Modelos numricos para anlise da interface viga-laje em vigas mistas
ao-concreto. In: JORNADAS SULAMERICANAS DE ENGENHARIA ESTRUTURAL,
32., 2006, Campinas. Anais... Campinas: Universidade Estadual de Campinas e ASAEE,
2006. p.2659-2668. 1 CD-ROM.

Referncias 282
LEONHARDT, F.; MNNIG, E. Construes de concreto: princpios bsicos do
dimensionamento de estruturas de concreto armado. 1 ed. Rio de Janeiro: Intercincia,
1977. v.1.

______. Construes de concreto. Rio de Janeiro: Intercincia, 1979. v.2, 161 p.

LINDYBERG, R. F. The volume effect in FRP-glulams. In: INTERNATIONAL
CONFERENCE ON ADVANCED ENGINEERED WOOD COMPOSITES, 2., 2001, Bethel,
USA. Proceedings Bethel, 2001.

MACHACEK, J.; STUDNICKA, J. Perforated shear connectors. Steel and Composite
Structures, v.2, n.1, p.51-66, 2002.

MADSEN, B. Timber connections with strength and reliability of steel. In:
INTERNATIONAL WOOD ENGINEERING CONFERENCE, 1996, New Orleans, USA.
Proceedings New Orleans: Lousiana State University, 1996. p.4-504/4-511.

MAGALHES, L. N.; CHAHUD, E. Anlise experimental de vigas T compostas por
madeira/concreto. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS
DE MADEIRA, 6., 1998, Florianpolis. Anais... Florianpolis: Universidade Federal de
Santa Catarina, 1998. v.2, p.266-276.

MANTILLA CARRASCO, E. V. Resistncia, elasticidade e distribuio de tenses nas
vigas retas de madeira laminada colada (MLC). 1989. 348f. Tese (Doutorado em
Engenharia de Estruturas) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo,
So Carlos, 1989.

MANTILLA CARRASCO, E. V.; OLIVEIRA, S. V. Contribuio ao estado-da-arte das
vigas compostas madeira-concreto. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM
ESTRUTURAS DE MADEIRA, 6., 1998, Florianpolis. Anais... Florianpolis:
Universidade Federal de Santa Catarina, 1998. v.2, p.266-276.

______. Behavior of composite timber-concrete beams. In: RILEM SYMPOSIUM ON
TIMBER ENGINEERING, 1., 1999, Cachan Cedex, France. Proceedings Cachan Cedex,
1999. p.581-590.

MANTILLA CARRASCO, E. V. et al. Viga mista de madeira laminada colada de
Eucalyptus Grandis e concreto armado uma avaliao experimental e numrica. In:
ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE MADEIRA, 9.,
2004, Cuiab. Anais... Cuiab: Universidade Federal de Mato Grosso, 2004. 1 CD-ROM.
Referncias 283
MATTHIESEN, J. A. Estudo da ligao madeira-concreto com parafusos auto-atarrachantes
comerciais. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE
MADEIRA, 7., 2000, So Carlos. Anais... So Carlos: Escola de Engenharia de So
Carlos/USP, 2000. 1 CD-ROM.

MATTHIESEN, J. A.; SEGUNDINHO, P. G. A. Estudo de pinos de ao na ligao madeira-
concreto. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE
MADEIRA, 8., 2002, Uberlndia. Anais... Uberlndia: Universidade Federal de Uberlndia,
2002. 1 CD-ROM.

McCULLOUGH, C. B. Oregon tests on composite (timber-concrete) beams. Journal of the
American Concrete Institute, ACI, Michigan, v.14, n.5, p.429-440, apr. 1943.

MEIERHOFER, U. A timber/concrete composite system. Structural Engineering
International, v.2, p.104, 1993.

MESTRA Engineering Ltd. Disponvel em: <http://www.mestra.com>. Acesso em: 28 fev.
2005.

MIOTTO, J. L.; DIAS, A. A. Glulam-concrete composite structures: experimental
investigation into the connection system. In: WORLD CONFERENCE ON TIMBER
ENGINEERING, 10., 2008, Myiazaki. Anais Myiazaki, Japan: WCTE, 2008a. 1 CD-
ROM.

______. Avaliao experimental das ligaes no sistema misto MLC-concreto. In:
ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE MADEIRA, 11.,
2008, Londrina. Anais... Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2008b. 1 CD-ROM.

MOLINA, J. C. Anlise do comportamento dinmico da ligao formada por barras de
ao coladas para tabuleiros mistos de madeira e concreto para pontes. 2008. 240f. Tese
(Doutorado em Engenharia de Estruturas) Escola de Engenharia de So Carlos,
Universidade de So Paulo, So Carlos, 2008.

MOODY, R. C. et al. Glued structural members. In: Wood Handbook Wood as an
engineering material. Madison: Forest Products Laboratory, 1999. Gen. Tech. Rep. FPL-
GTR-113, chapter 11, 24 p.

Referncias 284
MORAES, V. M. Ponte mista de madeira-concreto em vigas treliadas de madeira. 2007.
180f. Dissertao (Mestrado em Engenharia Civil), Universidade Estadual Paulista Jlio de
Mesquita Filho, Ilha Solteira, 2007.

MOREIRA, L. F. N. Dimensionamento flexo de vigas mistas madeira/concreto. 2001.
74f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Estruturas), Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, 2001.

MOREIRA, L. F. N.; CHAHUD, E. Vigas T compostas madeira/concreto. In: ENCONTRO
BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE MADEIRA, 8., 2002,
Uberlndia. Anais... Uberlndia: Universidade Federal de Uberlndia, 2002. 1 CD-ROM.

MHLER, K. ber das tragverhalten von biegetrgern und druckstben mit
zusammengesetztem querschnitt und nachgiebigen verbindungsmitteln. Habilitation TH
Karlsruhe, 1956.

MURTHY, C. K. Timber-concrete composites for low cost housing. Housing Science, v.8,
n.2, p.209-215, 1984.

NATTERER, J. et al. Composite wood-concrete floors for multi-story buildings. In:
INTERNATIONAL WOOD ENGINEERING CONFERENCE, 1996, New Orleans, USA.
Proceedings New Orleans: Lousiana State University, 1996. p.431-435.

NICOLAS, E. A.; MASCIA, N. T. Estudo de ligaes em corpos-de-prova de concreto-
madeira. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE
MADEIRA, 8., 2002, Uberlndia. Anais... Uberlndia: Universidade Federal de Uberlndia,
2002. 1 CD-ROM.

NICOLAS, E. A. et al. Determinao do mdulo de deslizamento dos conectores utilizados
em estruturas mistas de concreto-madeira. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS
E EM ESTRUTURAS DE MADEIRA, 9., 2004, Cuiab. Anais... Cuiab: Universidade
Federal de Mato Grosso, 2004. 1 CD-ROM.

OEHLERS, D. J. Splitting induced by shear connectors in composite beams. Journal of
Structural Engineering, ASCE, v.115, n.2, p.341-362, feb. 1989.

OEHLERS, D. J.; BRADFORD, M. A. Composite steel and concrete structural members:
fundamental behaviour. 1
st
ed. Oxford: Elsevier Science Ltd., 1995. 549 p.

Referncias 285
PIGOZZO, J. C. Estudos e aplicaes de barras de ao coladas como conectores em lajes
mistas de madeira e concreto para tabuleiros de pontes. 2004. 358 f. Tese (Doutorado em
Engenharia de Estruturas) Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So Paulo,
So Carlos, 2004.

PINCUS, G. Bonded wood-concrete T-beams. Journal of Structural Division, ASCE, v.95,
n.10, p.2265-2279, 1969.

PINHEIRO, L. M. et al. Caractersticas do concreto. In: ______. Estruturas de Concreto.
So Carlos: Escola de Engenharia de So Carlos. 2004. p.2.1-2.10.

ROUGER, F. Volume and stress distribution effects. In: BLASS, H. J. et al. Timber
Engineering STEP 1 (Structural Timber Education Programme). The Netherlands:
Centrum Hout, 1995. p.B1/1-B1/8.

SEGUNDINHO, P. G. de A.; MATTHIESEN, J. A. Vigas mistas T de madeira-concreto
com ligaes de pinos de ao. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM
ESTRUTURAS DE MADEIRA, 8., 2002, Uberlndia. Anais... Uberlndia: Universidade
Federal de Uberlndia, 2002. 1 CD-ROM.

SEGUNDINHO, P. G. de A.; MATTHIESEN, J. A. Ligaes em vigas mistas T de madeira-
concreto utilizando pinos metlicos colados. In: ENCONTRO BRASILEIRO EM
MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE MADEIRA, 9., 2004, Cuiab. Anais... Cuiab:
Universidade Federal de Mato Grosso, 2004. 1 CD-ROM.

SORIANO, J. Estruturas mistas em concreto e em madeira: anlise de vigas e painis e
aplicaes na construo civil. 2001. 264 f. Tese (Doutorado em Engenharia Agrcola)
Faculdade de Engenharia Agrcola, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

SOUZA, A. J.; CHAHUD, E.; MAGALHES, L. N. Estudo da correlao entre o
comportamento de corpos-de-prova de cisalhamento e vigas compostas madeira/concreto. In:
ENCONTRO BRASILEIRO EM MADEIRAS E EM ESTRUTURAS DE MADEIRA, 6.,
1998, Florianpolis. Anais... Florianpolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 1998.
v.2, p.278-285.

STEVANOVIC, B. Elastically coupled timber-concrete beams. In: INTERNATIONAL
WOOD ENGINEERING CONFERENCE, 1996, New Orleans, USA. Proceedings New
Orleans: Lousiana State University, 1996. p.425-430.

Referncias 286
STSSI, F. Composed beams. International Association for Bridge and Structural
Engineering, Zurich, v.8, p.249-269, 1947.

SZCS, C. A. et al. Estruturas de madeira. Florianpolis: Universidade Federal de Santa
Catarina, 2006.

TAKAC, S. Experimental research of wood-concrete composite structures joined by bulldog
dowels. In: INTERNATIONAL WOOD ENGINEERING CONFERENCE, 1996, New
Orleans, USA. Proceedings New Orleans: Lousiana State University, 1996. p.299-303.

TANG, B. Fiber reinforced polymer composites applications in USA DOT Federal
Highway Administration. In: FIRST KOREA/U.S.A. ROAD WORKSHOP, 1997,
Washington. Proceedings Washington, jan. 1997.

TANG, B.; PODOLNY JR, W. A successful beginning for fiber reinforced polymer (FRP)
composite materials in bridge applications. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON
CORROSION AND REHABILITATION OF REINFORCED CONCRETE STRUCTURES,
1998, Orlando. Proceedings Orlando, dec. 1998.

THOMPSON, E. G. et al. Finite element analysis of layered wood systems. Journal of the
Structural Division, ASCE, v.101, n.12, p.2659-2672, 1975.

TIMMERMANN, K.; MEIERHOFER, U. A. Berechnung zusammengesetzter Biegetrger
mit elastischem Verbund mittels Differenzrechnung. EMPA, Departement Holz, jun. 1992.

TIMOSHENKO, S. P.; GERE, J. E. Mecnica dos slidos. Rio de Janeiro: Livros Tcnicos
e Cientficos, 1960. v.1, 256 p.

TRIANTAFILLOU, T. C.; DESKOVIC, N. Prestressed FRP sheets as external reinforcement
of wood members. Journal of Structural Engineering, ASCE, v.118, n.5, p.1270-1284,
may. 1992.

VALENTE, I.; CRUZ, P. J. S. Experimental analysis of Perfobond shear connection between
steel and lightweight concrete. Journal of Constructional Steel Research. v.60, p.465-479,
2004.

Referncias 287
VAN DER LINDEN, M. L. R.; BLASS, H. J. Timber-concrete composite floor systems. In:
INTERNATIONAL WOOD ENGINEERING CONFERENCE, 1996, New Orleans, USA.
Proceedings New Orleans: Lousiana State University, 1996. p.309-316.

VAN DER LINDEN, M. L. R. Timber-concrete composite floor systems. 1999. 364 f.
These (PhD in Mechanics and Constructions Section Steel and Timber Structures) Delft
University of Technology, Delft, The Netherlands, 1999.

WEAVER, C. A. Behavior of FRP-reinforced glulam-concrete composite bridge girders.
2002. 236 f. These (Master of Science in Civil Engineering) The University of Maine,
Maine, USA, 2002.

WEAVER, C. A. et al. Testing and analysis of partially composite fiber-reinforced polymer-
glulam-concrete bridge girders. Journal of Bridge Engineering, ASCE, v.9, n.4, p.316-325,
jul/aug. 2004.

WILLAM, K. J.; WARNKE, E. D. Constitutive model for the triaxial behavior of concrete.
In: INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR BRIDGE AND STRUCTURAL
ENGINEERING, 1975, Bergamo, Italy. Proceedings Bergamo: ISMES, v.19, 1975.
p.174.

YTTRUP, P. J. Concrete enhanced timber. In: INTERNATIONAL WOOD ENGINEERING
CONFERENCE, 1996, New Orleans, USA. Proceedings New Orleans: Lousiana State
University, 1996. p.304-308.

YTTRUP, P. J.; NOLAN, G. Concrete enhanced timber. Disponvel em:
<http://oak.arch.utas.edu.au/reserarch/conc.enhance_timber.asp>. Acesso em: 27 fev. 2005.



Apndice A Caracterizao do Lyptus 288



















APNDICE A
Caracterizao do Lyptus

























Apndice A Caracterizao do Lyptus 289

Tabela A.1 Caracterizao do Lyptus: umidade e densidades


Apndice A Caracterizao do Lyptus 290

Tabela A.1 Caracterizao do Lyptus: umidade e densidades continuao












Apndice A Caracterizao do Lyptus 291

Tabela A.2 Caracterizao do Lyptus: resistncia compresso paralela s fibras












Apndice A Caracterizao do Lyptus 292

Tabela A.3 Caracterizao do Lyptus: resistncia trao paralela s fibras














Apndice A Caracterizao do Lyptus 293

Tabela A.4 Caracterizao do Lyptus: resistncia flexo


















Apndice A Caracterizao do Lyptus 294

Tabela A.5 Caracterizao do Lyptus: resistncia ao cisalhamento paralelo s fibras














Apndice A Caracterizao do Lyptus 295

Tabela A.6 Caracterizao do Lyptus: resistncia ao embutimento paralelo s fibras da madeira





Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 296


















APNDICE B
Classificao esttica e
dinmica do Lyptus























Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 297

Tabela B.1 Classificao esttica e dinmica das lminas de Lyptus


Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 298

Tabela B.1 Classificao esttica e dinmica das lminas de Lyptus continuao



Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 299

Tabela B.1 Classificao esttica e dinmica das lminas de Lyptus continuao


Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 300

Tabela B.1 Classificao esttica e dinmica das lminas de Lyptus continuao


Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 301

Tabela B.1 Classificao esttica e dinmica das lminas de Lyptus continuao


Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 302

Tabela B.1 Classificao esttica e dinmica das lminas de Lyptus continuao

























Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 303

Tabela B.2 Classificao esttica das lminas aps a colagem das emendas

Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 304

Tabela B.2 Classificao esttica das lminas aps a colagem das emendas (continuao)

Apndice B Classificao esttica e dinmica do Lyptus 305

Tabela B.2 Classificao esttica das lminas aps a colagem das emendas (continuao)

Apndice C Caracterizao dos concretos 306



















APNDICE C
Caracterizao dos concretos

























Apndice C Caracterizao dos concretos 307

Tabela C.1 Concreto utilizado nos corpos-de-prova mistos de MLC-concreto: resistncia
compresso aos 28 dias




Apndice C Caracterizao dos concretos 308

Tabela C.2 Concreto utilizado na produo das vigas mistas de
MLC-concreto: resistncia compresso aos 28 dias.




Apndice D Parmetros da MLC 309


















APNDICE D
Parmetros da MLC


























Apndice D Parmetros da MLC 310

Tabela D.1 Caracterizao da MLC: resistncia ao cisalhamento na lmina
de cola paralelo s fibras da madeira laminada colada
















Apndice D Parmetros da MLC 311

Tabela D.2 Caracterizao da MLC: resistncia da lmina de cola da madeira
laminada colada trao normal
















Apndice E Composio das vigas de MLC 312

















APNDICE E
Composio das vigas de MLC



























Apndice E Composio das vigas de MLC 313
COMPOSIO DAS VIGAS DE MLC


Observaes: a) Os nmeros indicados dentro dos retngulos representam os mdulos de
elasticidade das lminas, em MPa.
b) E
m
representa o mdulo de elasticidade mdio da viga, em MPa.
Apndice F Mapeamento das emendas nas vigas de MLC 314



















APNDICE F
Mapeamento das emendas
nas vigas de MLC






















Apndice F Mapeamento das emendas nas vigas de MLC 315
MAPEAMENTO DAS EMENDAS NAS VIGAS DE MLC
(escala horizontal 1:40 escala vertical 1:10)

VIGA 1








VIGA 2








VIGA 3








VIGA 4








VIGA 5








Observao: A cota, em centmetros, indicada no interior de cada lmina representa a
distncia da fingerjoint extremidade esquerda da viga.
371
173
387
195
331
174
372
225
325
203
371
357
204
370
174
446
173
489
212
420
173
371
489
279
397
56
341
175
372
175
371
147
366
355
174
372
79
489
103
338
489
119
341
174
342
174
371
206
341
174
339
204
342
185
370
Apndice F Mapeamento das emendas nas vigas de MLC 316

VIGA 6









VIGA 7









VIGA 8









VIGA 9









VIGA 10







371
174
113
489
135
278
56
372
178
371
326
489
175
56
371
174
372
248
489
56
457
490
370
174
69
489
208
355
479
118
279
423
489
468
55
174
371
265
370
207
366
56
332
370
372
215
56
489
174
489
173
371
235
371
333
Apndice G Modo de ruptura das vigas 317



















APNDICE G
Modo de ruptura das vigas



























Apndice G Modo de ruptura das vigas 318
MODO DE RUPTURA DAS VIGAS DE MLC










F
i
g
u
r
a

G
.
1

(
a
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
7
:

l
a
d
o

e
s
q
u
e
r
d
o



F
i
g
u
r
a

G
.
1

(
b
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
7
:

l
a
d
o

d
i
r
e
i
t
o



Observaes:
a) A linha vermelha indica o centro da viga.
b) As posies das emendas coladas e as linhas de ruptura esto assinaladas na
cor azul.


Apndice G Modo de ruptura das vigas 319











F
i
g
u
r
a

G
.
2
(
a
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
8
:

l
a
d
o

e
s
q
u
e
r
d
o



F
i
g
u
r
a

G
.
2
(
b
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
8
:

l
a
d
o

d
i
r
e
i
t
o










Apndice G Modo de ruptura das vigas 320











F
i
g
u
r
a

G
.
3
(
a
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
3
:

l
a
d
o

e
s
q
u
e
r
d
o



F
i
g
u
r
a

G
.
3
(
b
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
3
:

l
a
d
o

d
i
r
e
i
t
o










Apndice G Modo de ruptura das vigas 321











F
i
g
u
r
a

G
.
4
(
a
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
5
:

l
a
d
o

e
s
q
u
e
r
d
o



F
i
g
u
r
a

G
.
4
(
b
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
5
:

l
a
d
o

d
i
r
e
i
t
o










Apndice G Modo de ruptura das vigas 322











F
i
g
u
r
a

G
.
5
(
a
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
1
:

l
a
d
o

e
s
q
u
e
r
d
o



F
i
g
u
r
a

G
.
5
(
b
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
1
:

l
a
d
o

d
i
r
e
i
t
o










Apndice G Modo de ruptura das vigas 323











F
i
g
u
r
a

G
.
6
(
a
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
2
:

l
a
d
o

e
s
q
u
e
r
d
o



F
i
g
u
r
a

G
.
6
(
b
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
2
:

l
a
d
o

d
i
r
e
i
t
o










Apndice G Modo de ruptura das vigas 324











F
i
g
u
r
a

G
.
7
(
a
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
4
:

l
a
d
o

e
s
q
u
e
r
d
o



F
i
g
u
r
a

G
.
7
(
b
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
4
:

l
a
d
o

d
i
r
e
i
t
o










Apndice G Modo de ruptura das vigas 325











F
i
g
u
r
a

G
.
8
(
a
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
6
:

l
a
d
o

e
s
q
u
e
r
d
o



F
i
g
u
r
a

G
.
8
(
b
)


R
u
p
t
u
r
a

d
a

v
i
g
a

V
6
:

l
a
d
o

d
i
r
e
i
t
o

Você também pode gostar