Substituição Parcial de Armadura de Flexão Por Fibras de Aço em
Substituição Parcial de Armadura de Flexão Por Fibras de Aço em
Substituição Parcial de Armadura de Flexão Por Fibras de Aço em
VIGAS DE CONCRETO
Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Romildo Dias Tolêdo Filho, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Eduardo de Moraes Rego Fairbairn, Dr.Ing.
________________________________________________
Prof. Ronaldo Carvalho Battista, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Sergio Hampshire de Carvalho Santos, D.Sc.
ii
Dedico ao meu marido, André,
iii
Agradecimentos
Desde o início do mestrado até a conclusão da tese muitas coisas aconteceram. No início
tinha que conciliar trabalho e mestrado, ou seja, minha vida era uma loucura. Depois saí do
meu emprego e as coisas ficaram bem melhores, podendo desenvolver a tese com mais
calma. Hoje avalio que tudo que passei foi gratificante e que Deus estava sempre olhando
por mim, ajudando a decidir como guiar minha vida.
Não sei se irei conseguir me expressar bem e agradecer o suficiente a todos que me
ajudaram, mas não posso deixar de fazê-lo.
Primeiramente agradeço a Deus, por me dar forças para seguir em frente durante os
momentos mais difíceis.
Agradeço ao amor da minha vida, meu marido André, que sempre me ajudou e participou
intensamente de todos os momentos importantes, levantando minha cabeça quando ela
estava prestes a cair.
Aos meus orientadores, Romildo e Dudu, que sempre foram participativos, entusiasmados e
mais que isso, muito competentes, agradeço pela atenção durante todo este caminho.
À minha família, meus pais, Sonia e Herberti, minha irmã, Nayla e meus sogros, Nina e
Paulo, pelo incentivo e confiança que sempre depositaram em mim. Agradeço
especialmente à minha mãe e minha irmã que me ajudaram ficando com a minha filhinha,
de apenas 4 meses, para que eu pudesse finalizar este trabalho.
Agradeço a minha filha, Júlia, que mesmo antes de nascer já contribuiu muito para o
desenvolvimento deste trabalho, pois me proporcionou uma gravidez tranqüila, sem enjôos
e mal estar, coisas que com certeza poderiam prejudicar a conclusão desta tese.
E por último, mas não menos importante que todos os outros, agradeço a toda equipe de
profissionais da COPPE/UFRJ, os técnicos do Laboratório de Estruturas, os amigos que
participaram direta e intensamente do desenvolvimento deste trabalho, Guilherme e Reila
ajudando, entre outras coisas, durante as concretagens e ensaios realizados, Silvoso
programando o MathCad poupou muito do meu tempo, Eugênia que durante a fase final
releu partes da tese para melhorar o que não estava claro e, aos amigos que participaram
indiretamente: Luciana, Vivian, Sidiclei, Jardel e Patrícia.
iv
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
Although steel fibers increase the mechanical properties and the energy
absorption capacity of the concrete, the aplication in real structures is still not well
spreaded practice. In this study the reinforcing bars of concrete beams were
partially substitute for steel fibers. For this, optimization of some fibrous concrete
mixtures with high mechanical properties was sought to then allow for the
substitution of about 50% of the reinforcing bars. Two different kinds of steel
fibers with aspect ratio l/df = 64 and l/df = 67 in fiber contents 0% to 3%, besides a
mineral fiber of wolasttonite, in fiber contents 0% and 5%, were used to partially
replace the reinforcement bars. The compressive strength of the concrete matrix
was 40 MPa and superplasticizer was used to have a good workability. The
optimized mixture had 2% of steel fiber with l/df = 64 and 5% of wolasttonite fiber.
Two beams were made and tested in laboratory: one simple concrete reference
beam with 4 φ16 mm reinforcing bars and other fibrous optimized concrete beam
with 2 φ16 mm reinforcing bars. The beams strengths were verified through the
design code ACI 544.4R-88 and also RILEM TC 162-TDF; and the RILEM model
was shown to be more adequate to demonstrate that the proposed substitution
could be done.
vi
Sumário
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
2.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 3
vii
2.4.8 Abrasão, Fricção, Erosão e Cavitação........................................................ 24
2.5 CORROSÃO...................................................................................................... 28
3.1 INTRODUÇÃO................................................................................................... 29
viii
4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS ........................................................... 42
4.1.1 Cimento....................................................................................................... 42
4.1.3 Agregados................................................................................................... 44
4.1.5 Água............................................................................................................ 48
ix
5.8.1 Verificação pelo ACI 318-02 e ACI 544.4R............................................... 112
5.8.2 Verificação pelo EUROCODE 2 e pela RILEM TC 162 TDF .................... 116
x
Lista de Figuras
xi
Figura 4.5 Misturador planetário utilizado na produção dos concretos fibrosos.
................................................................................................................ 51
Figura 4.12 Adição das fibras de aço à mistura: (a) FAb e (b) FAd...................... 54
xii
Figura 4.22 Vista do aparato desenvolvido para ensaio de tração direta montada
na máquina de ensaio. ............................................................................................... 64
Figura 4.29 Esquema do ensaio de flexão nas vigas de concreto armado ......... 68
Figura 4.34 Extensômetros elétricos colocados nas barras de aço, para medida
das deformações de tração na armadura de flexão. ............................................... 71
Figura 4.37 Moldagem da viga V1: (a) forma e armação; (b) lançamento do
concreto; (c) vibração do concreto........................................................................... 72
Figura 4.38 Moldagem da viga V2: (a) forma e armação; (b) lançamento do
concreto; (c) vibração do concreto........................................................................... 73
xiii
Figura 4.39 Ensaio de flexão na viga V1 ................................................................. 74
xiv
Figura 5.14 Diagramas carga-flecha típicos da matriz e mistura com acréscimo
de 3% da fibra FAd. .................................................................................................... 90
Figura 5.19 Modo de ruptura em flexão para as misturas sem reforço de fibras
de aço: (a) mistura F0V0SPrx0,5 e (b) mistura F0V5SPrx1..................................... 96
Figura 5.20 Modo de ruptura em flexão: (a) mistura FAb2V0SPrx1; (b) mistura
FAb2,5V0SPrx1; (c) mistura FAd3V0SPrx1; (d) mistura FAb2+FAd1V0SPrx1...... 96
Figura 5.25 Diagramas carga – flecha medida no meio do vão das vigas V1 e
V2. .............................................................................................................. 102
Figura 5.26 Diagramas carga – deformação nas barras de aço das armaduras....
.............................................................................................................. 103
xv
Figura 5.28 Diagramas carga – deformação no concreto medida na parte
superior da viga pelos extensômetros elétricos (ver Figura 4.33). ..................... 105
Figura 5.32 Diagramas carga – abertura de fissuras da viga V1. ...................... 107
Figura 5.33 Diagramas carga – abertura de fissuras da viga V2. ...................... 108
Figura 5.35 Fissuras centrais na parte superior da V2 no final do ensaio. ....... 109
Figura 5.36 Fissuras centrais na parte inferior da V2 no final do ensaio. ......... 109
xvi
Figura 5.42 Distribuição de deformações e tensões numa viga de concreto
armado segundo EUROCODE ................................................................................. 116
xvii
Lista de Tabelas
Tabela 5.1 Resultados dos ensaios de tempo de VeBe, conforme Figura 4.16 75
xviii
Tabela 5.7 Comparação entre momentos calculados e obtidos nos ensaios . 115
Tabela 5.8 Comparação entre momentos calculados e obtidos nos ensaios . 119
xix
Lista de Símbolos
Af – Área da fibra
b – Largura da viga
C – Força de compressão
CH – Hidróxido de cálcio
CV – Coeficiente de variação
xx
df – Diâmetro das fibras
_
f c 28 – Resistência à compressão média dos CPs ensaiados aos 28 dias
xxi
FT – Tenacidade na flexão
h – Altura da viga
hsp – Distância entre a ponta do entalho feito na viga e o topo de sua seção transversal
IT – Índice de tenacidade
L – Comprimento da viga
__
M – Momento obtido através da média dos momentos dos prismas ensaiados;
Md – Momento de cálculo
Mn – Momento nominal
r – Raio da fibra
xxii
SPg – Superplastificante a base de policarboxilatos MBT GLENIUM 51.
T – Temperatura
Vm – Volume de matriz
β1 – Fator multiplicativo
xxiii
εfu – Deformação última nas fibras
ν – Coeficiente de Poisson
σ − Tensão
__
σ – Tensão média ao longo da fibra
xxiv
σ fu – Tensão de aderência friccional fibra-matriz
xxv
1 INTRODUÇÃO
Um dos maiores obstáculos para o uso do concreto reforçado com fibras de aço em
aplicações estruturais (estado limite último) é a ausência de normas nacionais e
internacionais aceitas para esse tipo de material. É importante, portanto, que sejam
estabelecidas as bases teóricas para o projeto otimizado no estado limite de
servicibilidade e estado limite último, de estruturas utilizando concretos fibrosos. A
presença de fibras de aço afeta, principalmente, o comportamento pós-pico (pós-
fissuração e tenacidade) do material compósito, e os métodos de projeto usados na
engenharia estrutural não consideram, de forma geral, para concreto armado, o
comportamento do material à tração. Um requisito fundamental para o projeto
estrutural do concreto fibroso é que se proceda à medição dos seus parâmetros de
tenacidade e que se introduzam os mesmos nos métodos de projeto.
(i) proceder a uma revisão dos métodos de projeto de concreto reforçado com
fibras de aço disponíveis na literatura;
1
(ii) obter uma mistura de concreto fibroso que apresente elevadas
propriedades mecânicas (com ênfase no comportamento pós-fissuração) e
que fossem trabalháveis e;
(iii) realizar o ensaio até a ruptura de duas vigas, uma de concreto armado e
outra de concreto fibroso armado para que fosse verificada a substituição
de armadura longitudinal por fibras de aço.
Para tal, está organizado em 6 capítulos, sendo o primeiro introdutório seguido dos
capítulos 2 e 3, onde é feita revisão bibliográfica sobre materiais compósitos com a
utilização de fibras de aço e, materiais compósitos com fibras de aço e reforçados com
barras de aço convencionais.
O capítulo 6 apresenta as conclusões que podem ser tiradas com relação à proposta
deste trabalho, mostrando que a substituição parcial das armaduras de flexão é
perfeitamente viável. Neste capítulo apresentam-se também propostas para
desenvolvimento de trabalhos futuros.
2
2 CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DOS COMPÓSITOS À BASE DE
CIMENTO COM REFORÇO DE FIBRAS DE AÇO
2.1 INTRODUÇÃO
Os primeiros estudos sobre materiais compósitos a base de cimento ocorreram nos anos 50
e 60, tratando dos concretos reforçados com fibras de aço. Esses concretos continuam
atraindo mais pesquisadores do que os concretos reforçados com outros tipos de fibras,
pois as fibras de aço são de alto módulo de elasticidade e produzem maiores benefícios nas
propriedades mecânicas das matrizes frágeis, fato cada vez mais importante no
desenvolvimento de materiais de elevada performance. A seguir será feita uma revisão da
literatura sobre as principais características dos materiais compósitos reforçados com fibras
de aço. Serão abordados aspectos tais como: métodos para misturar fibras de aço em
concreto, propriedades mecânicas e propriedades de longa duração do concreto fibroso.
Esta revisão é baseada, principalmente nos livros de BENTUR e MINDESS (1990) e
BALAGURU e SHAH (1992).
Três fases podem ser observadas nos compósitos à base de cimento: matriz, reforço
descontinuo (fibras) e interface fibra-matriz.
• Matrizes
Os poros têm diversos tamanhos, podendo ser classificados em microporos (φ < 2nm),
mesoporos (2nm< φ < 50nm) e macroporos (φ > 50nm).
As matrizes podem ter resistência normal (até 50 MPa), alta (de 50 a 100 MPa) ou
altíssima resistência (> 100 MPa).
3
De uma maneira geral a resistência está associada à compacidade e à quantidade de
hidratos de CSH formados, o que está diretamente correlacionado com a aderência
fibra-matriz.
Finalmente é importante considerar que o meio poroso ao qual a matriz está associada
é um meio quimicamente reativo, experimentando mudanças significativas,
principalmente nas primeiras idades.
• Fibras
Desde então uma grande variedade de fibras têm sido utilizadas como reforço de
matrizes a base de cimento. Dentre elas incluem-se as fibras de aço, de vidro, fibras
de carbono e kevlar, fibras de polipropileno, nylon, as fibras vegetais (sisal, juta,
celulose) e as fibras minerais: volastonita e mica. Esses tipos de fibras variam
consideravelmente em propriedades, eficiência e custo. A seguir apresenta-se as
características da fibra de aço que são as mais utilizadas de todas e é a que será
utilizada no presente estudo.
O tipo de aço normalmente utilizado na fabricação das fibras é o aço carbono. Outro
tipo de aço utilizado é o aço liga, usado para fibras resistentes à corrosão em
estruturas refratárias ou marítimas. As fibras de aço podem ser lisas ou corrugadas,
sendo estes dois tipos subdivididos em: fibras sem ancoragem geométrica ou com
ancoragem geométrica (ganchos, desvios de linearidade nas pontas, aumento de seção nas
pontas,etc.). O comprimento das fibras de aço pode variar de 5 mm a 65 mm e os diâmetros
de 0,10 mm a 1,0 mm. As fibras de aço possuem tensão de tração entre 345 a 2100 MPa,
módulo de elasticidade de 200 a 210 GPa e deformação na ruptura de 0,5% a 3,5%.
Para fazer com que o manuseio de fibras seja mais fácil, elas podem vir coladas em
feixes de 10 a 30 fibras, usando cola solúvel em água, que se dissolve durante o
processo de mistura.
4
formadas “pontes” de transferência de esforços através da fissura, não ocorrendo então o
mecanismo de múltiplas fissurações. Assim, quando o volume de fibras é menor que o
critico ocorre a abertura de uma única fissura, que se propaga até que ocorra a falha da
estrutura (BENTUR e MINDESS, 1990). Relações de aspecto (comprimento (l) / diâmetro
(df)) grandes são necessárias para permitir uma adequada transferência de tensão da
matriz para a fibra. Porém mesmo com relação de aspecto alta é necessário que se
tenha volume de fibra adequado para que as fibras possam contribuir eficientemente
para a obtenção de uma maior ductilidade do material compósito. Assim, o parâmetro
l
a ser otimizado na dosagem do compósito é o índice de reforço Vf × .
df
• Interface fibra-matriz
5
tende a se formar, preferencialmente, nas cavidades maiores, com a superfície da
fibra funcionando como ponto de nucleação. A camada de CH adjacente à superfície
da fibra não é necessariamente contínua, podendo conter bolsões de CSH e etringita
(pontes de etringita ligam um grão ao outro dentro do concreto).
Existem vários métodos para misturar fibras de aço ao concreto, podendo ser citados, a
extrusão, o jateamento, a infiltração e o premix. O último método é o mais utilizado, e foi
aquele empregado para a realização das misturas relatadas nesta tese. Assim sendo, fez-se
a seguir uma descrição mais detalhada deste método.
O premix consiste na inserção das fibras no concreto, como se elas fossem apenas
mais um constituinte da mistura. O problema básico consiste então em introduzir
volume suficiente de fibras, uniformemente disperso na matriz, de forma a garantir as
melhorias desejadas para o comportamento mecânico do material. Porém, a
trabalhabilidade da mistura diminui consideravelmente com a adição de fibras. Para
que seja obtida uma trabalhabilidade adequada, devem-se tomar cuidados especiais,
tendo em vista que os seguintes parâmetros são críticos, tendo forte influência sobre a
trabalabilidade: relação de aspecto (l/df) da fibra, volume de fibras, fator água cimento,
utilização de superplastificantes e tipo de misturador usado na fabricação da mistura.
6
l
Vf × . Porém, relação de aspecto grande e volume de fibras grande fazem com
df
que o processo de mistura seja uma tarefa muito difícil, pois afetam tanto a
trabalhabilidade da mistura fresca quanto a distribuição uniforme das fibras na matriz.
São estes requisitos contraditórios que fazem com que o uso de fibras com ancoragem
geométrica seja vantajoso em relação às fibras lisas, pois a ligação fibra-matriz é melhorada
através de ancoragem mecânica (BENTUR e MINDESS, 1990).
π × SGf d (2.1)
PWc crit = 75 × × f ×K
SGc l
onde:
7
K = Wm/ (Wm+Wa) (2.2)
sendo:
• A relação água-cimento, que pode ser aumentada para que a trabalhabilidade seja
incrementada, porém sempre com cuidado para que não haja água em demasia, o que
pode causar segregação e refletir em um concreto poroso e de baixa resistência e
durabilidade no estado endurecido;
O transporte e o lançamento de concretos com fibras metálicas pode ser feito com
equipamentos convencionais, porém precauções especiais devem ser tomadas. Os
caminhões betoneira, contendo concretos com volume de fibras alto, devem ser
carregados com o limite de 85% de sua capacidade, pois os concretos fibrosos são
mais coesivos que os que não contêm fibras. Assim a força utilizada para movimentar
o concreto dentro da betoneira do caminhão deve ser maior. Portanto a diminuição do
peso de concreto irá ajudar não somente na redução do peso total, mas também
ajudará a manter a rotação necessária no caminhão (BALAGURU e SHAH, 1992).
8
Concretos com grandes proporções de fibras apresentam dificuldades para serem
versados e a inclinação do misturador deve ser aumentada para que o concreto possa
ser retirado, ou em alguns casos o concreto tem que ser retirado manualmente.
Uma das maneiras mais utilizadas para moldagem de estruturas produzidas através
do Premix é o bombeamento. Apesar do concreto fibroso ser menos trabalhável,
equipamentos convencionalmente utilizados para bombeamento podem ser usados.
Porém algumas precauções devem ser tomadas: uso de bombas com capacidade um
pouco maior que as utilizadas em concretos convencionais; a mistura não pode ter
fator água cimento muito alto, pois bombear misturas com abatimento de tronco de
cone excessivo resulta em segregação da pasta de cimento em relação às fibras; o
diâmetro da linha de bombeamento deve ser de pelo menos 150 mm e sempre que
possível devem-se suprimir reduções e conexões tipo “T” (BENTUR e MINDESS, 1990).
• Interação fibra-matriz
9
A condição da matriz, fissurada ou não, é essencial para determinação das tensões de
aderência desenvolvidas, e os tipos principais são: tensões de aderência por
cisalhamento, tensões de aderência por tração e tensões de aderência mecânica.
A aderência por tração resiste aos deslocamentos causados por forças que atuam
perpendicularmente em relação à interface fibra-matriz, geralmente resultantes do
efeito de Poisson, de variações volumétricas e de carregamentos bi ou tri-axiais. A
determinação exata da aderência por tração nos compósitos fibrosos é muito difícil e,
conseqüentemente, sabe-se muito pouco sobre este fenômeno.
10
Assim, antes da matriz fissurar, o mecanismo dominante é a transferência de tensões
elásticas e o deslocamento longitudinal da fibra e da matriz na interface são
geometricamente compatíveis. A tensão desenvolvida na interface entre a fibra e a
matriz que a envolve é a tensão cisalhante de aderência (τ), que é requerida para
distribuir o carregamento externo entre o concreto e a fibra.
Em estágios mais avançados de carregamento, a força aplicada pode ser maior que a
tensão cisalhante de aderência, fazendo com que haja um deslocamento relativo entre a
matriz e a fibra. Neste caso, o processo que passa a controlar a transferência de tensões
entre os dois materiais ocorre através de fricção, que é usualmente assumida como
uniformemente distribuída ao longo da interface fibra-matriz.
11
• Comprimento
σ fu × r
lc = (2.3)
τ fu
Onde:
r = raio da fibra
σ σ = σfu
l = lc
12
• Caso Pré-fissuração
β ×l
tanh 1 (2.4)
2
σ = E f ε c (x )1 −
β1 × l
2
Sendo:
Gm
β1 = (2.5)
Ef
onde:
Em
Gm =
2.(1 + ν ) (2.6)
sendo:
13
σf
τf
df
Fibra
x
L
σ = E f ε c (x )1 − x (2.7)
2l
E f ε c (x ) r
Lx = (2.8)
τ fu
Lx E ε (x ) r 1
ηl = 1 − = 1− f c (2.9)
2l τ fu 2l
l c ε mu
ηl = 1 − (2.10)
2l ε fu
14
• Caso Pós-fissuração
L l ε (x )
σ = 1 − x E f ε c (x ) = 1 − c c E f ε c (x ) (2.11)
l l ε fu
l c ε c (x )
ηl = 1 − (2.12)
l ε fu
Baseados nestes conceitos Laws (1971), derivou as seguintes equações para o fator
de eficiência das fibras relacionado à resistência dos compósitos:
lc
1 − l , para l >> 2l c (2.13)
ηL =
l , para l << 2l c
4l c
• Orientação
15
Vf
N= (2.14)
Af
do plano será:
dθ
N θ = Nsen(θ) (2.15)
( π 2)
π2
2 2
Nθ = ∫ N π sen(θ)dθ = N π
0
(2.16)
Se a direção das fibras é randômica nas três direções, o número de fibras por unidade
de volume levando os ângulos entre θ e ( θ + dθ ) para qualquer direção N. cos(θ)dθ
será:
π 2
N
Nθ = ∫ N cos(θ )sen(θ )dθ = 2
0
(2.17)
16
2
π , para fibras randomicam ente orientadas no plano (2.18)
ηθ =
1 , para fibras randomicam ente orientadas no volume
2
l −1 b
6 tan , para b ≤ l (2.19)
b l 6
ηθ =
l
0,31 b + 0,64, para b > l
l2 b h
6 tan −1 tan −1 , para h, b ≤ l (2.20)
bh 6l 6l
h
l l
η θ = tan −1 1,56 + 0.766 , somente para h ≤ l
h 6l b
2
0,098 l + 0,2L b + h + 0,405, para h, b > l
bh bh
Laws (1971), sugere a adoção de ηθ = 1/3 para orientação 2-D e ηθ = 1/6 para orientação
3-D. Para o cálculo de compósitos de cimento reforçados com fibras de celulose Andonian
et al (1979) utilizaram ηθ = 0,41 considerando fibras dispersas na matriz (orientação 3-D).
17
Apesar de ser consenso a redução do índice de reforço, e possivelmente da eficiência
da fibra devido a sua orientação randômica, ainda não há uma definição exata para
um coeficiente de orientação, visto que, a dispersão das fibras na matriz não segue a
uma tendência definida, podendo inclusive seguir uma orientação preferencial. A
incerteza quanto à quantidade de fibras orientadas em uma determinada direção
impede a avaliação mais criteriosa do coeficiente de eficiência.
• Volume de fibras
'
σ mu 1
Vf crit
≈ × (2.21)
τ fu l / df
'
π σ mu 1
Vf crit
≈ × × (2.22)
2 τ fu l / d f
'
σ mu 1
Vf crit
≈ 2× × (2.23)
τ fu l / df
18
Sendo:
19
2.4.2 Resistência à Tração
Geralmente as fibras de aço têm melhor efeito com relação à resistência à flexão, do
que a resistência à compressão ou até mesmo à tração. Isto ocorre porque na flexão,
o momento resistente é incrementado pelo deslocamento da linha neutra na direção
da zona comprimida, deslocamento esse proporcionado pelo incremento na
deformação de tração devido à presença das fibras.
Através da curva carga x deflexão típica de uma viga de concreto reforçado com fibra
de aço submetida à flexão, mostrada na Figura 2.4, pode-se observar que se o
número de fibras costurando as fissuras for insuficiente, elas só poderão sustentar
uma pequena fração da força resistida pela matriz antes de fissurar, fazendo com que
a capacidade de carga caia. Este caso é representado pela curva 1 da Figura 2.4. Se
20
o número de fibras for suficiente para resistir a uma significativa parcela do esforço de
tração, então a curva deve se assemelhar à curva 2 da Figura 2.4. Nos casos das
curvas 1 e 2 a força que pode ser resistida pelas fibras é inferior às forças resistidas
pela matriz até a sua fissuração. Já se as fibras forem capazes de resistir a forças
iguais ou superiores às resistidas pela matriz na zona pré-fissurada, então o
comportamento da viga será representado pelas curvas 3 e 4 da Figura 2.4.
P/2 P/2
L
3
Carga
Deflexão
Figura 2.4 Curva típica carga x deflexão esquemática para compósitos
fibrosos com variação dos volumes de fibras.
21
Durante o estágio 3 as macro-fissuras vão se propagando até atingir grande parte da altura
da viga, causando arrancamento de fibras. No estágio 4, as fibras são totalmente
arrancadas ou rompidas, resultando numa zona livre de tração na face tracionada,
ocorrendo, finalmente, o colapso da estrutura (ROBINS et al, 1999).
Carga
Desenvolvimento de tensões
Estágio 1
Estágio 3 Estágio 4
Deflexão
Estágio 2
Zona de compressão
Fcomp
elástica Linha Neutra
Zona de tração elástica
Zona de
“ponte” do
agregado
Zona de Ftração
Zona tracionada
“ponte” das
fibras
Zona livre
de tração
23
2.4.6 Carregamento Multiaxial
Para as frações volumétricas normalmente utilizadas (Vf <3% a 4%), o peso específico
de concretos contendo fibras de aço é praticamente o mesmo dos concretos comuns,
só aumentando para volumes de fibra superiores a 3%. Com isso, podem-se executar
os projetos com fibras sem haver a necessidade de alteração do peso próprio da
estrutura, fator importante, principalmente no caso de estruturas leves, como placas ou
cascas de concreto.
Concretos contendo fibras de aço são mais resistentes à abrasão do que concretos
comuns. Porém a diferença pode não ser muito grande, caso o teste seja feito com
velocidade do jato de água baixa, pois neste caso quem governa a razão com que a
abrasão ocorre é a qualidade do agregado e a rigidez do concreto. Porém com
velocidades mais elevadas, o que induz também a cavitação e o impacto das partes
que soltam do concreto, o concreto contendo fibras é sensivelmente mais resistente.
24
concretos fibrosos. As três estruturas foram originalmente construídas com concreto
convencional de boa qualidade e todas tinham capacidade de descarga de 30 m/s.
Estas represas rapidamente mostraram danos devido à erosão e a cavitação, porém
após os reparos com concreto reforçado com fibras de aço as represas puderam
desempenhar suas funções satisfatoriamente (SCHRADER e MUNCH, 1976 e ICOLD,
1982).
MANGAT e AZARI (1985) também mostraram que fibras de aço têm apenas uma
pequena influência na fluência do concreto. Isto se dá pelo fato da fluência não
25
envolver nenhuma macro-fissuração. Já segundo GRZYBOWSKI e SHSHAH (1990) e
MALMBERG e SKARENDAHL (1987) apud GORDON (1994) a retração e a fluência,
assim como o módulo de elasticidade e o coeficiente de Poisson não são
significativamente alterados pela utilização de fibras de aço no concreto.
2.4.11 Fadiga
Já o desenvolvimento das tensões que levam a ruptura por fadiga pode ser dividido
em três estágios, o primeiro envolve regiões fracas dentro do concreto e é
denominado iniciação da falha; o segundo é caracterizado pelo crescimento lento e
progressivo das falhas até um tamanho crítico e é genericamente conhecido como
microfissuração; e o último estágio ocorre quando um número suficiente de fissuras
instáveis já se formou e o processo continua até a macrofissuração e eventualmente a
falha por fadiga. Pode-se inibir e retardar o desenvolvimento das falhas no segundo
estágio através da utilização de reforço fibroso, que além de ter distribuição randômica
possui espaçamento entre fibras bem pequeno (BARR e LEE, 2002).
Assim, espera-se que a utilização de fibras faça com que o concreto apresente um
limite à fadiga, tornando este material bem mais atrativo que o concreto simples, pois
este, aparentemente não apresenta este limite (HSU, 1981). LI e MATSUMOTO
(1998), através de um modelo por eles estudado, mostraram que este limite à fadiga
existe no caso de concretos reforçados com fibras e RAMAKRISHNAN e LOKVIK
(1992) sugeriram que este limite fosse de aproximadamente 2 x 106 ciclos. No entanto,
JOHNSTON e ZEMP (1991) propuseram que testes até 10 x 106 ciclos precisavam ser
feitos para confirmar a existência deste limite à fadiga. Em geral, esta questão sobre o
limite à fadiga permanece sem solução.
26
A adição de fibras parece ter um efeito duplo no comportamento cíclico do concreto.
Fibras são capazes de servir de ponte de transferência de tensões através das
microfissuras e de retardar o crescimento destas fissuras, melhorando a performance
do compósito para carregamentos cíclicos. Por outro lado, a presença de fibras
aumenta a porosidade do concreto, podendo diminuir sua resistência. O resultado final
destes dois efeitos depende do volume de fibras empregado (GRZYBOWSKI e
MEYER, 1993).
Através da revisão bibliográfica sobre este assunto, pode-se perceber que existem
várias informações conflitantes. Este fato ocorre, pois existem muitas variáveis, ou
seja, tipos diferentes de fibras, diferentes composições de matrizes, várias
combinações de freqüências de carregamento, tipos diferentes de ensaios, etc. que
podem acarretar mudanças no comportamento do compósito. No entanto, a maioria
dos pesquisadores acredita que a inclusão de fibras pode beneficiar a performance do
concreto à fadiga. Porém a natureza quantitativa deste benefício é difícil de ser
determinada (BARR e LEE, 2002).
2.4.12 Impacto
27
2.5 CORROSÃO
À primeira vista pode parecer que fibras de aço são muito suscetíveis a corrosões severas,
particularmente quando estão próximas à superfície do concreto, onde o cobrimento é muito
pequeno. Este fato pode fazer com que o diâmetro das fibras seja efetivamente reduzido
pela corrosão, o que levaria à redução tanto da resistência quanto da rigidez do material.
Entretanto, HOFF (1987) mostrou que na prática isto não acontece, mesmo quando
algumas fibras da superfície estão corroídas, não havendo efeito adverso na integridade da
estrutura de concreto. Além disso, NORDSTRÖM (2000) mostrou que mesmo quando a
armadura principal mostra-se bastante corroída, as fibras de aço podem não ser afetadas
pela corrosão. Este fato pode ser explicado pelo tamanho das fibras, que por serem
menores que as armaduras convencionais são mais bem protegidas pelos produtos
alcalinos formados durante a hidratação do cimento.
O trabalho de HOFF (1987), deu particular atenção a concretos com fibras de aço
submetidos a ambientes muito agressivos, como por exemplo, estruturas marinhas. Nestes
casos também não encontrou problemas de durabilidade nas estruturas, e a corrosão se
apresentou grande apenas em locais onde havia grandes superfícies fissuradas. No
trabalho de NORDSTRÖM (2000), foram ensaiadas vigas fissuradas, expostas diretamente
a jatos de água contendo sal de degelo, sendo encontradas corrosão nas fibras que
atravessavam as fissuras e uma perda de 15-20% do diâmetro de fibras localizadas nos 25
mm externos das vigas. Este autor, em visitas de campo, também constatou, que após 5-15
anos a corrosão tornou-se limitada, e mesmo havendo presença de cloretos, o ataque
mostrou-se de baixa intensidade.
PURKISS (1984, 1988) mostrou que quando submetidas a temperaturas elevadas, acima
de 600ºC, os concretos reforçados com fibra de aço têm melhor desempenho do que os
concretos comuns e, interessantemente, esta propriedade parece ser independente, tanto
do tipo, quanto da quantidade de fibras. Em particular, os concretos contendo fibras, exibem
maior resistência em temperaturas elevadas.
3.1 INTRODUÇÃO
Assim, nas vigas contendo tanto fibras de aço quanto barras de aço convencionais, as
fibras ajudam a estrutura a resistir aos esforços solicitantes, permitindo que a
resistência à tração do compósito possa ser considerada na fissuração.
Estudos sobre concretos reforçados e com fibras mostram que, para os volumes de
fibras usualmente utilizados, a resistência à compressão não é significativamente
alterada. No entanto, a resposta pós-pico deste material é consideravelmente diferente
do concreto que constitui a matriz, resultando em um grande incremento na
tenacidade e ductilidade do material (SCHNÜTGEN, 1984 e ACI, 1986 apud GETTU
et al, 2000).
29
3.2.2 Resistência à Tração
Em outras palavras as fibras usadas para fins estruturais são menos eficientes que as
barras da armadura principal, pois são distribuídas e orientadas randomicamente, não
estando alinhadas na direção das tensões solicitantes. Desta maneira o aumento da
resistência à tração, quando fibras de alto módulo são utilizadas, pode fazer com que
estas fibras complementem a armadura tradicional ou substituam apenas uma parte
dela (CRISWELL, 1994). Desta forma, as fibras contribuem mais quando utilizadas em
combinação com as armaduras convencionais e, sua contribuição na resistência à
tração pós-fissuração, pode ser utilizada para permitir uma redução na quantidade de
armaduras, tanto de barras de aço usadas para resistir a esforços de flexão, quanto
para estribos, utilizados para resistir ao cisalhamento.
30
tiveram comportamento mais dúctil, tensão pós-fissuração maior e menores aberturas
de fissuras.
Com relação à resistência à torção, estudos feitos por EL-NIEMA (1993), mostraram
que o torque de primeira fissura aumenta com o aumento do volume de fibras de aço e
a capacidade última à torção, a energia de fratura torcional e a tenacidade pós-
fissuração também aumentaram nas vigas contendo fibras metálicas.
32
Além disso, PANDA et al (1986) mostraram que peças de concreto armado fibroso,
submetidas a carregamentos cíclicos, também exibem características de ancoragem
muito melhoradas e diminuição do desenvolvimento das aberturas de fissuras.
3.2.6 Fadiga
As fibras, nas matrizes de concreto armado, agem para aumentar a rigidez dos
elementos submetidos à flexão. Embora parte deste aumento ocorra por causa do
atraso no início da fissuração, isto resulta mais do aumento da resistência à tração
fornecido pelas fibras que atravessam as fissuras. Porém o uso de fibras somente
para controlar flechas em serviço, através do aumento da rigidez, pode não ser
economicamente viável (CRISWELL, 1994).
33
incremento da quantidade de fibras de aço. O espaçamento entre fissuras também é
afetado, ficando menor conforme o volume de fibras é aumentado. Além disso, os
concretos armados fibrosos apresentaram menos fissuração, para a mesma aplicação
de carga, do que os concretos apenas com armadura convencional.
Assim, com a utilização de fibras de aço, as aberturas de fissuras ficam mais uniformemente
distribuídas, havendo redução da abertura máxima de fissura (BALAGURU e SHAH, 1992).
A formulação proposta pelo ACI foi baseada nos estudos de HENAGER e DOHERTY
(1976), onde ao analisar vigas de concreto armado com fibras de aço, a contribuição
da resistência à tração derivada da adição das fibras é computada, resultando na
equação a seguir:
onde:
l = comprimento da fibra
df = diâmetro da fibra
Vf = volume de fibra em %
34
Para vigas de materiais compósitos armadas apenas com armadura de tração, o ACI
apresenta o esquema a seguir para representar os mecanismos de resistência à
flexão.
b 0,85fck εc=0,003
a/2
a C
x
e
d Linha Neutra
h
εf
Tf
Ty εy
σct
Baseado nestes mecanismos e utilizando o valor de σct obtido pela equação (3.1),
pode-se calcular a capacidade da viga de resistir aos esforços de flexão. O acréscimo
na resistência a compressão é levado em conta através do acréscimo no valor do fck.
A altura da linha neutra (x) pode ser calculada través de semelhança de triângulos,
utilizando-se o diagrama linear de deformações apresentado na Figura 3.1, assumindo
que a armadura longitudinal tem deformação εy = fy/Es , onde fy é a tensão de
escoamento do aço e Es é o módulo de elasticidade do aço.
0,003 × d
x= (3.2)
ε y + 0,003
Onde:
d = altura útil
x
e = [ε f + 0,003]. (3.3)
0,003
35
sendo:
εf = σf/Es (3.4)
onde:
a h e a
Mn = A s × f y × d − + σ ct × b × (h − e ) × + − (3.5)
2 2 2 2
onde:
36
ftm,ax = 0,3.(fck)2/3 (N/mm2) (3.6)
Onde:
37
Suporte para
Apoio distribuição de carga Topo da sup. de concretagem
Posição do entalhe
Apoio
Seção transversal
3 DBZ,2,I DBZ,2,II L
f f
f eq,2 = + (N/mm2) (3.10)
2 0,65 0,50 b × h 2sp
3 DBZ,3,I DBZ,3,II L
f f
f eq,3 = + (N/mm2) (3.11)
2 2,65 2,50 b × h 2sp
Onde:
f f f f
DBZ,2,I , D BZ,2,II , D BZ,3,I , D BZ,3,II = contribuição das fibras de aço para a capacidade de
absorver energia (Nmm), obtidas através da Figura 3.3 e os fatores que dividem estas
áreas, nas equações (3.10) e (3.11) são dimensionais (mm).
38
Maior valor no intervalo de
0,05 mm
Paralela
39
deformações é definido como tendo uma deformação de -2 0 00 a uma altura de
40
σ (N/mm )
2
0,85f
0,85f = ck
cd
γc
εf ( /oo)
ftk,ax
ftk,ax
Para cálculo do momento resistente por uma viga de concreto armado e fibroso basta
fazer o equilíbrio da seção transversal da viga, conforme mostrado na Figura 3.5.
10
41
4 MATERIAIS E MÉTODOS EXPERIMENTAIS
4.1.1 Cimento
O cimento utilizado na produção das misturas foi o CPIII-40 Votoran, fornecido pela
Cimento Votoran, cujas propriedades físicas, químicas e mecânicas são apresentadas
nas tabelas a seguir:
42
Tabela 4.2 Características físicas e mecânicas do cimento CPIII-40
75 mm (200) 0,20
Índice de Finura (%) NBR 12826/93
45 mm (325) 1,20
100
90
80
70
Peso passante acumulado (%)
60
50
40
30
20
10
0
0,1 1 10 100 1000
Diâmetro da partícula (µm)
4.1.3 Agregados
O agregado miúdo utilizado foi uma areia de rio quartzosa, cujas características são
mostradas na Tabela 4.4.
44
Tabela 4.4 Características do agregado miúdo
O agregado graúdo utilizado foi uma brita sienítica, de forma lamelar, cujas
características são mostradas na Tabela 4.5.
45
4.1.4 Fibras
Como reforço fibroso foram utilizados uma microfibra mineral de volastonita (ver Figura
4.2) e dois tipos de fibras de aço: FAb - fabricada pela Belgo-Mineira, fibra
Bekaert/Dramix RC65/35 (ver Figura 4.3) e a FAd - uma microfibra de aço fabricada
pela Densit/KRAMPE (ver Figura 4.4).
Tabela 4.7. Ensaios para determinação da resistência à tração da fibra FAb foram
realizados, numa máquina Emic DL2000, para verificação da resistência à tração
fornecida pelo fabricante. Os resultados são mostrados na Tabela 4.8 e conferem com
o valor apresentado pelo fabricante.
Propriedades Valor
Dimensão transversal 5µm-100µm
Dimensão longitudinal 50 µm-2mm
3
Massa específica (g/cm ) 2,90
pH (10% diluída) 9,90
Coeficiente de expansão térmica (mm/mm/ C) 6,5x10-6
Ponto de fusão ( C) 1540
Razão de aspecto (l/df) 3 a 20
Módulo de Elasticidade (GPa) 120
Composição química Teor (%)
CaO 44
SiO2 52
Perda ao Fogo 2
Fonte: SILVA (1999)
46
Tabela 4.7 Características das fibras de Aço
47
Figura 4.2 Microfibra de volastonita.
4.1.5 Água
Para se atingirem os objetivos da etapa (i) foram produzidos concretos fibrosos com
fração volumétrica da fibra de aço FAb de 2 e 2,5% e com fração volumétrica da micro
fibra de aço FAd de 3%. Uma quarta mistura contendo 2% de FAb e 1% de FAd
também foi produzida, visando estudar o efeito de hibridização do reforço no que se
refere ao tamanho e forma das fibras de aço. Em todos os casos a matriz foi um
concreto de resistência à compressão de 40 MPa. Além destas, quatro misturas
adicionais foram produzidas utilizando-se uma fração volumétrica de 5% de microfibra
de volastonita como micro-reforço. Na primeira mistura utilizou-se apenas volastonita
como elemento de reforço, visando estudar a influência na trabalhabilidade e no
comportamento mecânico (controle da micro-fissuração e rigidez) da matriz de
concreto. As demais misturas foram produzidas utilizando-se, além do acréscimo dos
5% de fibra de volastonita, 2% e 2,5% de fibras de aço tipo FAb.
50
misturador e todo o material era homogeneizado por mais 15 segundos (ver Figura
4.8);
51
Figura 4.6 Homogeneização dos agregados miúdo e graúdo
52
Figura 4.9 Colocação de 3/4 da água no misturador
53
(a) (b)
Figura 4.12 Adição das fibras de aço à mistura: (a) FAb e (b) FAd
54
Figura 4.14 Novelo formado na mistura FAd3V0SPrx1
55
Figura 4.15 Ensaio de abatimento de tronco de cone na matriz da mistura
FAb2V5SPg1
(a) (b)
(c)
57
4.2.5 Técnicas de ensaios
Três amostras, capeadas com uma mistura de enxofre com cinza volante, de forma a
garantir a uniformidade e paralelismo das faces, foram ensaiadas para cada mistura,
sendo determinados fc28, resistência média e o coeficiente de variação CV.
Prensa
Sistema de
Shimadzu
aquisição de
de 1000 kN
dados Lynx
58
Figura 4.19 Configuração para ensaio de compressão
( σ c 2 − σ c1 )
E= (4.1)
(ε a2 − ε a1 )
Sendo:
E = módulo de elasticidade;
59
O coeficiente de Poisson foi determinado a partir da relação:
(ε l2 − ε l1 )
ν= (4.2)
(ε a2 − ε a1 )
Onde:
ν = coeficiente de Poisson;
60
A partir das curvas carga x deflexão podem ser determinados a carga, o momento e a
__ __ __
tensão de tração em flexão de primeira fissura ( F 1a fissura , M1a fissura e f t )ea
1a fissura
__ __
carga, momento e tensão de tração em flexão máximas, pós-fissuração ( Fu , Mu e ft).
__
__
6 M1a fissura (4.3)
f t
1a fissura
=
b × h2
__
__
6Mu (4.4)
f t =
b × h2
Onde:
b = largura do prisma;
h = altura do prisma.
4.2.5.3 Tenacidade
Fn
F* = (4.5)
F
1a fissura
Onde n são parâmetros limites.(n = 600, 300, 150 e 75), então Fn é a carga numa certa
deflexão limite igual a L/n, sendo L o vão livre da viga.
A norma japonesa JCSE-SF4 (1983) usa a capacidade de absorção de energia, Tn, até
uma deflexão limite, no meio do vão, igual a L/150. Dessa forma o índice de
tenacidade na flexão, FT, é definido pela equação (4.6) com n = 150. As variáveis b e
d representam a base e a altura da viga, respectivamente.
nTn
FT = (4.6)
bd 2
Vários pesquisadores vêm tentando aprimorar o ensaio de tração direta com o objetivo
de aplicá-lo às matrizes e compósitos a base de cimento. Em todos os casos,
cuidados devem ser tomados visando o alinhamento do espécime, visto que mesmo
62
pequenos valores de excentricidade no carregamento, da ordem de 5 a 10%, por
exemplo, podem resultar em uma redução de carga de 25 a 50% no cálculo da
resistência à tração direta (TOUTANJI, 1999). Para a amostra presa diretamente nas
garras da prensa, é preciso garantir que durante a colocação a mesma esteja alinhada
com a direção do carregamento.
Garra
Região para
Contato comprender
a na Rótulas esféricas
garradadamáquina
Garra máquina
F Amostra
Adesivo epoxi
Rótula pino
63
Figura 4.22 Vista do aparato desenvolvido para ensaio de tração direta
montada na máquina de ensaio.
64
Figura 4.24 Vista do ensaio de tração direta.
65
4.2.5.5 Ensaios em vigas de concreto armado
25 cm
12,5 cm
230cm
Seção transversal
66
• Viga V1
2cm φ8
2cm
4φ16
80 cm ≈23,3 cm
φ8@5 cm φ8
• Viga V2
A viga V2 será detalhada para área de aço longitudinal com redução de 50% em
relação a viga V1 e armadura transversal sem alterações em relação à viga de
referência a configuração escolhida para ser testada através de ensaios é apresentada
na Figura 4.27.
2cm φ8
2φ16
80 cm ≈23,3 cm
φ8@5 cm φ8
67
4.2.5.5.2 Esquema de carregamento
F F
65 70 65
230
Atuadores Pórtico
68
4.2.5.5.3 Instrumentação das vigas ensaiadas
Marca e Informações
Item Instrumento Localização Medição
técnicas
Kyowa, Tipo DT-50A, Parte superior, meio do
1 Flexímetro Flecha
precisão 0,1mm vão
Extensômetro Huggenberger Zürich Parte superior, meio do Deformação
2
mecânico 71.220, precisão 0,001mm vão no concreto
Extensômetro Kyowa, KC-70-120-A1-11, Face superior e inferior Deformação
3
elétrico fator de correção 2,10 da viga, meio do vão no concreto
a
Armaduras de flexão, 1
Extensômetro Kyowa, KFG-5-120-C1-11, Deformação
4 e 2a camada para V1 e
elétrico fator de correção 2,10 no aço
1a camada para V2
Wexham Developments Abertura de
5 Fissurômetro ___
WF10X, precisão 0,02mm fissuras
115 115
Pastilhas do Flexímetro
extensômetro
mecânico 2,5
3,5
5 5
230
69
115 115
6,25 2,0
2,0
Flexímetro extensômetros
elétricos no
230 concreto
70
Figura 4.34 Extensômetros elétricos colocados nas barras de aço, para medida
das deformações de tração na armadura de flexão.
71
4.2.5.5.4 Processo executivo
Após a montagem da armadura foi realizada a limpeza das formas e a aplicação de uma
demão de óleo lubrificante sobre toda a superfície interna, para facilitar a desmoldagem das
vigas. Em seguida, a armadura foi posicionada e a concretagem foi iniciada.
Depois das misturas prontas, o concreto foi lançado na forma previamente preparada,
sendo adensado com um vibrador de imersão. A cura foi realizada durante 28 dias,
utilizando-se cobertores úmidos.
A Figura 4.37 e a Figura 4.38, mostram a seqüência de moldagem das vigas V1 e V2,
respectivamente.
(a) (b)
(c)
Figura 4.37 Moldagem da viga V1: (a) forma e armação; (b) lançamento do
concreto; (c) vibração do concreto.
72
(a) (b)
(c)
Figura 4.38 Moldagem da viga V2: (a) forma e armação; (b) lançamento do
concreto; (c) vibração do concreto.
A Figura 4.39 e Figura 4.40 o ensaio para a viga V1 e para a V2, respectivamente.
73
Figura 4.39 Ensaio de flexão na viga V1
74
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
5.1 TRABALHABILIDADE
Tabela 5.1 Resultados dos ensaios de tempo de VeBe, conforme Figura 4.16
Tempo de VeBe
Mistura
(seg)
FAb2V0SPrx1 68
FAb2,5V0SPrx1 80
FAd3V0SPrx1 90
FAb2+FAd1V0SPrx1 75
FAb2,5V5SPrx1,5 55
FAb2,5V5SPg1 32
FAb2V5SPg1 20
Os resultados do ensaio de tempo de VeBe (ver Figura 4.16) indicam que quanto
maior o volume de fibras na mistura, menor é a sua trabalhabilidade. Para a matriz
sem volastonita, por exemplo, ao se aumentar o volume de fibras do tipo FAb de 2%
para 2,5% (misturas FAb2V0SPrx1 e FAb2,5V0SPrx1) o tempo de VeBe aumentou
aproximadamente 18%. Para as misturas FAb2V5SPg1 e FAb2,5V5SPg1 com mesmo
volume de fibras do tipo FAb que as misturas FAb2V0SPrx1 e FAb2,5V0SPrx1, porém
com volastonita e superplastificante do tipo SPg, o aumento no tempo de VeBe foi
ainda maior, atingindo 60%. A adição de 1% da fibra tipo FAd à mistura FAb2V0SPrx1
resultou num incremento do tempo de VeBe de cerca de 10%. Comparando-se as
misturas FAb2,5V5SPrx1,5 e FAb2,5V5SPg1 cuja a única diferença é a quantidade e
o tipo do superplastificante, nota-se que a trabalhabilidade da mistura com o
superplastificante de terceira geração foi significativamente melhorada.
75
nesta mistura houve a formação de novelos, impedindo uma boa interação entre os
componentes.
_
A Tabela 5.2 apresenta os resultados médios da resistência à compressão ( f c 28 ), o
coeficiente de variação (CV) dos ensaios de resistência à compressão. Na mesma tabela
são apresentados, os valores médios e o CV da deformação longitudinal de pico (εlp), o
módulo de elasticidade (E) e o coeficiente de Poisson (ν). Os gráficos da Figura 5.1 a
Figura 5.6, mostram os diagramas tensão-deformação típicos para as misturas
estudadas e a Tabela 5.3 apresenta uma comparação dos resultados encontrados.
_
CV
Mistura f c 28 εlp (µε) – CV (%) E (GPa) – CV (%) ν
(MPa) (%)
F0V0SPrx0,5 41,42 2,10 2900 – 6,64 28,02 – 4,91 0,15*–
FAb2V0SPrx1 59,18 0,62 5250 – 7,13 29,58 – 1,25 0,20*–
FAb2,5V0SPrx1 66,90* - 10000* – 26,72* – 0,21*–
FAd3V0SPrx1 64,70* - 14000* – 24,20* – 0,19*–
FAb2+FAd1V0SPrx1 68,21 1,58 9020 – 3,60 31,39 – 3,83 0,26*–
F0V5SPrx1 59,06 1,00 2870 – 1,19 34,91 – 0,63 0,20 – 2,34
FAb2,5V5SPrx1,5 62,42 6,00 4620 – 5,50 31,15 – 4,06 0,19 – 4,18
FAb2,5V5SPg1 69,92 2,98 8530 – 0,1 32,03 – 3,80 0,17 – 2,81
FAb2V5SPg1 64,22 5,60 9200 – 8,11 30,19 – 1,16 0,22 – 0,88
* Resultados obtidos de apenas um ensaio, pois ocorreram problemas na aquisição dos dados
76
80
70
60
F0V0SPrx0,5
50 FAb2V0SPrx1
σ (MPa)
FAb2,5V0SPrx1
40
30
20
10
0
0.000 0.002 0.004 0.006 0.008 0.010 0.012 0.014 0.016 0.018 0.020
Deformação específica
A inclinação do ramo descendente das curvas σ x ε indica que a mistura com 2,5% de
FAb tem maior capacidade de absorver energia que a reforçada com apenas 2% de
FAb. Observa-se na Figura 5.1 que apenas para deformações específicas superiores a
cerca de 0,010 é que a tensão começa a ser lentamente reduzida.
77
80
70
60
50
σ (MPa)
F0V0SPrx0,5
40
FAd3V0SPrx1
30
20
10
0
0.000 0.002 0.004 0.006 0.008 0.010 0.012 0.014 0.016 0.018 0.020
Deformação específica
78
80
70
60
50 F0V0SPrx0,5
σ (MPa)
FAb2V0SPrx1
40 FAb2+FAd1V0SPrx1
30
20
10
0
0.000 0.002 0.004 0.006 0.008 0.010 0.012 0.014 0.016 0.018 0.020
Deformação específica
O uso de 2% de FAb e 1% de FAd como reforço, fez com que a resistência (fc28) da matriz
fosse aumentada em cerca da 65%, a deformação de pico em cerca de 200% e o módulo
de elasticidade em 12%. Com a hibridização a capacidade de absorver energia foi ainda
maior que a observada para a mistura reforçada com 2% de FAb ou 3% de FAd.
Observando-se o ramo descendente da curva σ x ε (ver Figura 5.3) nota-se que
apenas após serem atingidas deformações de cerca de 10 0 a tensão de pico
00
começa a cair lentamente, mostrando que as fibras de aço do tipo FAd agiram como
micro-reforço controlando ainda mais a micro-fissuração. Além disso, houve
incremento da deformação de pico sem que houvesse perda de rigidez (fato
observado para a mistura com 3% de FAd).
79
80
70 F0V0SPrx0,5
F0V5SPrx1
60
50
σ (MPa)
40
30
20
10
0
0.000 0.002 0.004 0.006 0.008 0.010 0.012 0.014 0.016 0.018 0.020
Deformação específica
80
O módulo de elasticidade da mistura reforçada com FAb e volastonita foi cerca de 12%
menor que o da mistura reforçada apenas com volastonita. Deve-se ressaltar, no
entanto, que o módulo de elasticidade da mistura contendo as fibras é 11% maior que
o da matriz de referência (F0V0SP0,5), enquanto que o acréscimo observado na
resistência à compressão (fc28) foi de cerca de 51%.
80
70 F0V5SPrx1
FAb2,5V5SPrx1,5
60
50
σ (MPa)
40
30
20
10
0
0.000 0.002 0.004 0.006 0.008 0.010 0.012 0.014 0.016 0.018 0.020
Deformação específica
81
80
70
60
50
F0V5SPrx1
σ (MPa)
40 FAb2,5V5SPg1
FAb2V5SPg1
30
20
10
0
0.000 0.002 0.004 0.006 0.008 0.010 0.012 0.014 0.016 0.018 0.020
Deformação específica
Na Figura 5.6 são apresentadas as curvas σ x ε típicas para a mistura em que utilizou-
se o superplastificante de terceira geração como aditivo químico. Comparando-se a
mistura reforçada apenas com volastonita com as misturas reforçadas com volastonita
e fibras de aço, tem-se um acréscimo da tensão (fc28) de 8,7% para a mistura contendo
de 2% de FAb e de 18% para a mistura contendo 2,5% de FAb. A deformação de pico,
por sua vez, aumentou 220% e 197% para adição de 2% e 2,5% de FAb,
respectivamente. A capacidade de absorver energia das duas misturas com fibras de
aço é bastante elevada, sendo ligeiramente superior para a mistura com 2,5% de
reforço. O módulo de elasticidade da mistura apenas com volastonita teve redução
variando de 8% a 13%, quando comparado com o da mistura com fibras de aço.
Novamente deve-se ressaltar que se as misturas com fibra mineral e mais acréscimo
de fibras de aço forem comparadas com a matriz re referência (F0V0SPrx0,5), têm-se
acréscimos consideráveis na tensão de pico, 55% para matriz comparada com a
mistura FAb2V5SPg1 e aproximadamente 69% para comparação entre matriz e
FAb2,5V5SPg1. A deformação de pico tem acréscimo de 194% com adição de 2,5%
de FAb e 217% para adição de 2% de FAb. Além disso, a rigidez da mistura tem
incrementos de 7% e 14% com adição de 2% e 2,5% de FAb.
82
Tabela 5.3 Tabela comparativa dos resultados do ensaio de compressão
83
Os modos de ruptura de cada mistura são apresentados da Figura 5.7 a Figura 5.12.
(a) (b)
(c) (d)
84
A adição de fibras de aço à matriz alterou o padrão do modo de ruptura. As fibras
tendem a “costurar” as fissuras, produzindo um confinamento lateral dos corpos de
prova, o que fez com que mesmo após serem submetidos a elevadas deformações,
ainda apresentassem alguma integridade.
85
(a) (b)
86
5.3 ENSAIO DE FLEXÃO
__
__ __ __
Mistura f t
F 1a fissura – CV 1a fissura Fu – CV Mu ft
(kN) (%) (MPa) (kN) (%) (kN) (MPa)
F0V0SPrx0,5 19,67 – 3,12 5,90 19,67 – 3,12 0,98 5,90
FAb2V0SPrx1 23,67 – 14,80 7,10 50,39 – 8,62 2,52 15,12
FAb2,5V0SPrx1 22,25 – 7,68 6,68 55,00 – 6,87 2,75 16,50
FAd3V0SPrx1 23,30 – 4,95 7,00 35,78 – 13,36 1,79 10,73
FAb2+FAd1V0SPrx1 28,00 – 12,40 8,40 63,08 – 8,45 3,15 18,92
F0V5SPrx1 26,73 – 7,00 8,02 26,73 – 7,00 1,34 8,02
FAb2,5V5SPrx1,5 23,50 – 3,00 7,05 59,44 – 3,04 2,97 17,83
FAb2,5V5SPg1 23,00 – 6,15 6,90 80,79 – 2,51 4,04 24,24
FAb2V5SPg1 24,00 – 8,30 7,20 64,68 – 8,63 3,23 19,40
87
Tabela 5.5 Tenacidade na Flexão e Relação entre cargas
F*– CV (%)
Tn FT CV
Mistura Deflexões (mm)
(KN.mm) (MPa) (%)
0,50 1,00 2,00 4,00
F0V0SPrx0,5 * 0,66 0,10 14,45 - - - -
FAb2V0SPrx1 84,87 12,73 6,09 2,04 – 4,52 1,89 – 11,09 1,47 – 13,42 0,91 – 23,22
FAb2,5V0SPrx1 97,12 14,57 6,62 2,28 – 8,81 2,21 – 10,62 1,84 – 6,84 1,19 – 12,43
FAd3V0SPrx1 51,52 7,73 5,26 1,54 – 13,05 1,28 – 11,19 0,80 – 10,31 0,37 – 13,66
FAb2+FAd1V0SPrx1 110,94 16,64 8,36 2,37 – 4,43 2,28 – 3,50 1,85 – 0,29 1,10 – 4,10
F0V5SPrx1* 0,79 0,12 15,90 - - - -
FAb2,5V5SPrx1,5 104,86 15,73 8,94 2,27 – 14,69 2,22 – 22,86 1,83 – 31,76 1,17 – 31,81
Fab2,5V5SPg1 131,81 19,77 9,41 3,25 – 7,25 3,04 – 20,30 2,19 – 28,68 1,41
FAb2V5SPg1 110,26 16,54 5,12 2,91 – 15,44 2,69 – 11,76 2,06 – 5,50 1,16 – 21,53
a
* Valores calculados até a carga e deformação de 1 fissura
90
F0V0SPrx0,5
80 FAb2V0SPrx1
FAb2,5V0SPrx1
70
60
50
Fu (kN)
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7
deflexão (mm)
88
Os resultados obtidos indicam que a adição de fibras de aço e volastonita levam a
acréscimos da tensão de primeira fissura, da tenacidade e da carga última da matriz,
para todos os volumes de fibra estudados (exceto a mistura 6). Além disso, devido à
natureza dúctil dos compósitos estudados, a tensão de primeira fissura é atingida para
uma deflexão variando entre 0,045 – 0,060 mm, enquanto que a máxima tensão pós-
fissuração ocorre em deflexões em torno de 0,6 – 0,8 mm. A adição de 2% da fibra
FAb, aumentou a tensão de primeira fissura da matriz de 5,90 MPa para 7,10 MPa
(aumento de cerca de 20%), enquanto que a máxima tensão pós-fissuração atingiu
15,12 MPa, o que representa um acréscimo de 156%. Com a adição de 2,5% de FAb
o aumento de ft foi de 179%.
O índice F* obtido para a misturas com 2% de fibras de aço tipo FAb indica que
mesmo para deflexões tão elevadas quanto 4,0 mm, a carga pós-fissuração é
apenas 10% menor que a carga de primeira fissura e, para a mistura com 2,5%
de FAb é ainda maior que a carga de primeira fissura, cerca de 19% (ver Tabela
5.5).
89
80% e 37% da carga de primeira fissura são observados para as deformações de 2 e
4 mm, respectivamente.
90
F0V0SPrx0,5
80
FAd3V0SPrx1
70
60
50
Fu (kN)
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7
deflexão (mm)
O uso de 2% de FAb e 1% de FAd como reforço, fez com que a carga de primeira fissura
(F1afissura) da matriz fosse aumentada em cerca da 42% e a tensão ft em cerca de 220%.
Com a hibridização a capacidade de absorver energia foi ainda maior que a observada
para a mistura reforçada com 2% de FAb, como pode ser observado na Figura 5.15.
Para o caso da mistura com 2% de fibra de aço, a área até a deflexão de 2 mm é
de 84,87 kNmm, a com 3% de Fad é de 51,52 kNmm, enquanto que a área sob a
curva carga-deflexão da mistura híbrida, é de 110,94 kNmm.
Os índices F* obtidos para a mistura híbrida indicam que mesmo para deflexões
elevadas como 4,0 mm, a carga pós-fissuração é cerca de 10% maior que a
carga de primeira fissura (ver Tabela 5.5).
90
90
F0V0SPrx0,5
80 FAb2V0SPrx1
FAb2+FAd1V0SPrx1
70
60
50
Fu (kN)
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7
deflexão (mm)
91
90
F0V0SPrx0,5
80 F0V5SPrx1
70
60
Fu (kN)
50
40
30
20
10
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
deflexão (mm)
O gráfico carga-flecha da Figura 5.17 mostra que a adição de 2,5% da fibra de aço
FAb apresentou incremento bastante significativo tanto da carga máxima pós
fissuração, quanto da capacidade de absorver energia da matriz apenas com 5% de
volastonita
92
90
F0V5SPrx1
80 FAb2,5V5SPrx1,5
FAb2,5V0SPrx1
70
60
50
Fu (kN)
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7
deflexão (mm)
Na Figura 5.18 são apresentadas as curvas carga x deflexão típicas para a mistura em
que utilizou-se o superplastificante de terceira geração como aditivo químico.
93
90
F0V5SPrx1
80 FAb2,5V5SPg1
FAb2V5SPg1
70
60
Fu (kN)
50
40
30
20
10
0
0 1 2 3 4 5 6 7
deflexão (mm)
Os índices F* obtidos para misturas com 2% e 2,5% de fibras de aço indicam que
mesmo para deflexões de 4,0 mm, as cargas pós-fissuração ainda são 16% e
41%, respectivamente, maiores que as cargas de primeira fissura (ver Tabela 5.5).
Mais uma vez, deve-se ressaltar que, se as misturas com fibra mineral e mais acréscimo de
fibras de aço forem comparadas com a matriz de referência (F0V0SPrx0,5), tem-se
94
acréscimos consideráveis na tensão ft, 228% para o acréscimo de 2% de FAb e de até
311% para a mistura com 2,5 % de reforço.
Da Figura 5.19 à Figura 5.22 são mostrados os modos de ruptura para cada mistura.
Para as misturas com fibras de aço, também observou-se apenas uma fissura
macroscópica (ver Figura 5.20 e Figura 5.21) e as fibras “costuraram” as fissuras,
controlando o processo de fissuração das vigas, melhorando a resistência das peças
(ver Figura 5.22).
95
(a) (b)
Figura 5.19 Modo de ruptura em flexão para as misturas sem reforço de fibras
de aço: (a) mistura F0V0SPrx0,5 e (b) mistura F0V5SPrx1.
(a) (b)
(c) (d)
Figura 5.20 Modo de ruptura em flexão: (a) mistura FAb2V0SPrx1; (b) mistura
FAb2,5V0SPrx1; (c) mistura FAd3V0SPrx1; (d) mistura FAb2+FAd1V0SPrx1.
96
(a) (b)
(c)
97
5.4 SELEÇÃO DA MISTURA FIBROSA A SER USADA NOS ENSAIOS DE
FLEXÃO EM VIGAS DE CONCRETO
Fazendo-se uma análise custo benefício, optou-se pela mistura FAb2V5SPg1, pois as
diferenças nos comportamentos em compressão e em flexão não foram elevadas
comparadas à mistura FAb2,5V5SPg1 e o custo para utilização da mistura com 2,5%
de FAb implicaria em custo de adição de mais 40kg/m3 de fibras de aço e aumento da
quantidade de superplastificante para tornar a mistura mais trabalhável.
O ensaio de tração direta foi realizado apenas na mistura escolhida para a produção
da viga de concreto armado fibroso. Este ensaio exige uma máquina de ensaio
bastante rígida e com sistema de servo-controle. O ensaio exige também um perfeito
alinhamento da amostra com o sistema de aplicação da carga, o que não foi obtido
para algumas amostras que foram descartadas da análise.
98
A influência da fibra no limite elástico do compósito pode ser calculada usando a regra
das misturas para calcular o módulo de elasticidade da mistura, já que o volume e o
módulo de elasticidade das fibras de aço são conhecidos (Vf = 2% e Ef = 200 GPa).
Utilizando-se a regra das misturas:
Foi obtida para a mesma mistura (FAb2V5SPg1) uma tensão de primeira fissura na
a
flexão ( f t 1 fissura) de 7,20 MPa que é cerca de 26% maior que a resistência à tração
direta. Este valor está em acordo com a bibliografia, como por exemplo RILEM 162-
TDF que indica ft,ax = 0,6 f t,fl.
Figura 5.23 e a
Tabela 5.7 apresenta os resultados obtidos nos ensaios de tração direta para a carga
máxima (Fu), tensão de tração máxima (ftm,ax ), módulo de elasticidade (E), tensão
máxima pós-pico e deformação de pico (f tmax, pos-fissuração).
Na Figura 5.24 são mostrados os modos de ruptura dos corpos de prova ensaiados.
Todas as amostras apresentaram apenas uma fissura localizada um pouco acima do
terço central, com exceção da amostra 3, que apresentou duas fissuras simétricas,
uma um pouco abaixo e outra um pouco acima do terço central.
99
7
amostra 1
6 amostra 2
amostra 3
5 amostra 4
4
σ (MPa)
0
Deformação 0,0002
0,0000 0,0004
abertura 0,0006
de fissura 0,0008 0,0010
deformação (ε)
f tmax, pos-fissuração
Amostra Fu (kN) ftm,ax (MPa) E (GPa) εpico (µε)
(MPa)
1 5,77 6,01 35,56 3,02 169
2 5,69 5,93 33,69 3,33 176
3 5,64 5,88 36,30 4,00 162
4 4,90 5,11 31,94 2,75 160
Media 5,50 5,73 34,37 3,27 167
CV (%) 7,34 7,30 5,70 16,40 4,36
100
(a) (b)
(c) (d)
101
200
180
160
140
120
Viga 1 - sem fibras
2F (kN)
80 V1 – 2Fmax = 187,0 kN
1ª Fissura Viga 2
V2 - 2Fmax = 171,6 kN
60
1ª Fissura Viga 1
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Flecha (mm)
Figura 5.25 Diagramas carga – flecha medida no meio do vão das vigas V1 e
V2.
A carga máxima observada na viga V1 foi 2F = 187,0kN, sendo que para a viga V2 foi
de 2F = 171,6 kN.
Os resultados indicam que até à carga de primeira fissura da viga 1 (2F = 40 kN), as
deflexões nas duas vigas tinham valores praticamente iguais. Em seguida, a flecha na
viga 2 permaneceu ligeiramente inferior à flecha da viga 1, até que a carga de primeira
fissura desta viga fosse atingida. Depois de fissuradas as vigas, as flechas voltaram a
ter valores praticamente iguais, só voltando a apresentar valores distintos a partir de
2F = 160,0 kN.
A viga 1 atingiu carga de pico superior à viga 2, 2F = 187,0 kN para V1, contra 2F =
171,6 kN para V2. Porém a carga máxima em V1 ocorreu quando a viga apresentava
flecha de aproximadamente 13 mm, enquanto que na V2 na carga máxima a flecha
era de 31 mm, ou seja, apesar da viga V2 apresentar carga de pico menor, seu
comportamento foi bem mais dúctil, correspondendo a uma maior capacidade de
absorver energia.
102
A Figura 5.26 apresenta o gráfico carga-deformação no aço, para os extensômetros
elétricos apresentados no item 4 da Tabela 4.10 e mostrado na Figura 4.34.
200
180
160
140
2F (kN)
120
100 1a Camada - V1
2a Camada - V1
80
1a Camada - V2
60
40
20
0
0 5000 10000 15000 20000 25000 30000
deformação (µε)
Figura 5.26 Diagramas carga – deformação nas barras de aço das armaduras.
Os gráficos carga-deformação nas barras de aço indicam que até a fissuração das
matrizes as deformações nas barras de aço são muito pequenas, conforme esperado,
sendo que para até um carregamento de aproximadamente 140,00 kN a deformação
na primeira camada de armadura é muito semelhante em ambas as vigas. Porém para
o estado limite último observa-se maior deformação no aço da viga V2,
correspondendo à maior capacidade de deformação da viga V2.
103
mesma direção dos extensômetros elétricos colados na parte superior das vigas,
ilustrados na Figura 4.31.
200
Viga 1 - Sem fibras
180
160
140
120
2F (kN)
100
80
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150
deformação (µε)
104
200
180
160
140
2F (kN)
Viga 1 - sem fibras 120
Viga 2 - com fibras
100
80
60
40
20
0
-6000 -5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0
deformação(µε)
Figura 5.28 Diagramas carga – deformação no concreto medida na parte
superior da viga pelos extensômetros elétricos (ver Figura 4.33).
200
180
160
140
2F (kN)
120
100
Medida 1 - V1
Medida 1 - V2 80
60
40
20
0
-6000 -5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0
deform ação ( µε)
105
200
180
160
140
M edida 2 - V 1
2F (kN)
M edida 2 - V 2 120
100
80
60
40
20
0
-6000 -5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0
deform ação ( µε)
200
180
160
Medida 3 - V1
140
Medida 3 - V2
2F (kN)
120
100
80
60
40
20
0
-6000 -5000 -4000 -3000 -2000 -1000 0
deform ação ( µε)
106
Comparando-se a Figura 5.28 e a Figura 5.29, pode-se observar que as medidas
extraídas através dos extensômetros elétricos (item 3 da Tabela 4.10), mostrados na
Figura 4.33, localizados na parte superior da viga, são coerentes com a medida 1 feita com
o extensômetro mecânico Tensotast, pois é nesta posição que o nível das pastilhas fica
mais próxima da parte superior da viga.
Nota-se que a viga V1 atingiu valores de carga última maiores que a viga V2, porém sua
ruptura foi mais frágil, deformando bem menos antes de romper.
200
180
160
140
120
2F (kN)
100
Fissura 1
80 Fissura 2
Fissura 3
60
40
20
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2
abertura (mm)
107
200
180
160
140 Fissura 1
Fissura 2
120 Fissura 3
2F (kN)
100
80
60
40
20
0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2
abertura (mm)
Figura 5.33 Diagramas carga – abertura de fissuras da viga V2.
108
Da Figura 5.34 à Figura 5.36 são apresentadas fotografias ilustrando a fissuração das
vigas V1 e V2 ao final dos ensaios de flexão realizados.
F F
F F
Observa-se que a viga com fibras de aço apresenta maior número de fissuras na zona
de flexão pura e que o espaçamento entre fissuras é menor nesta viga, mostrando que
as fibras desempenham importante papel na transferência de tensões, reduzindo a
fissuração e contribuindo na distribuição das fissuras. Na viga V2, que possui fibras de
aço e volastonita, ocorreram menos fissuras relativas ao esforço cortante, sendo que
esta viga possui a mesma quantidade de estribos da viga 1, o que indica a
participação das fibras no combate ao esforço cortante.
110
5.7 ENSAIO DE TRAÇÃO NA BARRA DE ARMADURA DE FLEXÃO
A barra de aço foi ensaiada conforme descrito em 4.2.5.6, resultando em uma tensão
de escoamento de aproximadamente 470 MPa e em um módulo de elasticidade de
200 GPa, ver figura ff.
600
500
400
σ (MPa)
300
200
100
0
0 .0 0 0 0 .0 0 5 0 .0 1 0 0 .0 1 5 0 .0 2 0 0 .0 2 5
d e fo rm a ç ã o
Foi também realizada uma verificação pelo procedimento da RILEM TC 162-TDF para
a viga com fibras e pelo EUROCODE 2 para a viga sem fibras, já que o procedimento
da RILEM é baseado no EUROCODE.
111
em conta o efeito Rüsch (0,85 fck) também não foi utilizado, já que as vigas não foram
submetidas a cargas de longa duração.
b εc=0,003 fcj
a/2
a =β1x C
x
d
h
εs T = As.σs
(d − x ).0,003 (5.3)
εs =
x
C=T
(5.4)
112
sendo :
C = β1x.fcj b (5.5)
T = As.σs.(εs) (5.6)
O momento fletor último calculado para as forças em equilíbrio é dado pela fórmula:
β x (5.7)
Mu = C d − 1
2
1) incrementa-se x
2) calculam-se εs e σs (εs)
3) calculam-se C e T
Se não – volta a 1)
113
Para a viga com fibras, os passos de cálculo são os seguintes:
b εc=0,003 fcj
a/2
a=β1x C
x
e
d z
h
εf
Tf
εs Ts
σct
Para um dado valor de profundidade de linha neutra x, o valor εs pode ser calculado
pela fórmula (5.3) e o equilíbrio de forças é dado por:
C = Tf+T
(5.8)
sendo C dado pela fórmula (5.5) e T dado por (5.6) e Tf calculado por:
Mu = Tf z +T (d - a/2)
(5.10)
114
O procedimento de verificação é realizado com o seguinte algoritmo:
1) incrementa-se x
2) calculam-se εs e σs (εs)
3) calculam-se C, Ts e Tf
Se não – volta a 1)
V1 V2 V2 sem fibras
Mu, cal (kNm) 64,12 41,43 37,84
Mu, exp (kNm) 60,78 55,77
Os valores da Tabela 5.8 indicam que os resultados encontrados para a viga V1 são
coerentes, havendo um erro de 5% entre o momento calculado e o momento
experimental, já o momento último de V2 calculado pelo ACI 544.4R é muito inferior ao
valor obtido experimentalmente. Tal fato deve-se, provavelmente, a alguns parâmetros
subestimados pelo ACI. Além disso, pode-se notar que o valor do momento último
calculado para a viga fictícia (V2 sem fibras) é inferior aos valores calculados tanto
para a viga V1 quanto para a V2, pois a V1 possui o dobro de armadura que a viga
fictícia e a V2 apesar de ter a mesma quantidade de armadura que esta viga, leva em
cota a contribuição estrutural das fibras de aço.
115
5.8.2 Verificação pelo EUROCODE 2 e pela RILEM TC 162 TDF
b εc=0,0035 fcj
0,8x/2
0,8x C
x
d
h
εs<10%o T
(d − x ).0,0035 (5.11)
εs = < 10 0 00
x
C=T
(5.12)
sendo :
C = 0,8x.fcj b
(5.13)
T = As.σ.(εs) (5.14)
116
O momento fletor último calculado para as forças em equilíbrio é dado pela fórmula:
0,8 x (5.15)
Mu = C d −
2
1) incrementa-se x
2) calculam-se εs e σs (εs)
3) calculam-se C e T
Se não – volta a 1)
0,0035
k C
Tf
g
T
εc,tração
Para um dado valor de profundidade de linha neutra x, o valor εs pode ser calculado
pela fórmula (5.11) e o equilíbrio de forças é dado por:
117
C = Tf+Ty
(5.16)
sendo T dado por (5.6) e Tf calculado através do gráfico da Figura 3.4 onde as tensões
obtidas no ensaio de flexão em quatro pontos são dadas pelas equações abaixo:
6c D BZ
f f
D BZ
f eq,2 = ,2,I
+
,2,II
(N/mm2) (5.17)
b × h2 0,65 0,50
6c D BZ
f f
D BZ
f eq,3 = ,3,I
+
,3,II
(N/mm2) (5.18)
b × h2 2,65 2,50
Mu = Tf z +T (d - k)
(5.19)
1) incrementa-se x
2) calculam-se εs e σs (εs)
3) calculam-se C, T e Tf
Se não – volta a 1)
118
Utilizando-se os procedimentos acima, foram calculados os resultados últimos para a
Viga V1 e para a viga V2. Foi também calculado o momento para uma viga hipotética,
que é a viga V2, sem a adição de fibras.
V1 V2 V2 sem fibras
Mu, cal 64,13 58,10 37,84
Mu, exp 60,78 55,77
Os valores da Tabela 5.9 indicam que os resultados encontrados para a viga V1 são
satisfatórios e assim como os que foram apresentados na Tabela 5.8, apresentam um
erro de aproximadamente 5% entre o momento calculado e o momento experimental.
Com relação ao momento último de V2 calculado pelo RILEM, pode-se notar que o
erro em relação ao momento último encontrado experimentalmente é de apenas 4%,
demonstrando que este modelo é bem menos conservador que o modelo simplificado
proposto pelo ACI 544.4R. Além disso, pode-se notar também, que o valor do
momento último calculado para a viga fictícia (V2 sem fibras) é aproximadamente igual
ao encontrado através do modelo proposto pelo ACI 318-02, sendo inferior aos valores
calculados tanto para a viga V1 quanto para a V2.
119
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
6.1 CONCLUSÕES
Os custos das estruturas com utilização de fibras de aço, mesmo com redução de
parte da armadura de flexão, podem ser superiores, porém no geral, com o uso de
fibras de aço pode-se obter grandes vantagens como: menor custo de manutenção,
durabilidade maior e menor tempo de execução da estrutura.
O ensaio de flexão realizado nas vigas de concreto mostrou que a viga contendo fibras
de aço e volastonita, com substituição de 50% da armadura, é mais rígida em regime
elástico, indicando que em serviço terá comportamento melhor. Além disso, o
comportamento pós-fissuração se apresentou com maior ductilidade, fatores que
podem ser muito interessantes quando realiza-se dimensionamendo de estruturas
sujeitas à vibrações e abalos sísmicos.
Outra questão importante é que para a utilização do RILEM alguns experimentos são
necessários, como: ensaio de resistência à compressão e ensaio de resistência à
flexão. Já a utilização do ACI é bem mais simples não necessitando de mais nada
além do valor da resistência característica do concreto.
120
6.2 SUGESTÕES PARA ESTUDOS POSTERIORES
Além do estudo focado em vigas deve-se expandir o mesmo para outros tipos de
estruturas, como bases de equipamentos mecânicos, onde há grande quantidade de
“conduítes” elétricos que atravessam as inúmeras barras de aço, o que dificulta e
atrasa a concretagem das mesmas, estruturas como caixas espirais, cuja armação é
muito complexa. A redução destas armaduras poderia minimizar em muito os
problemas e o tempo de execução das mesmas e aplicação em estruturas pré-
moldadas, com a utilização do misturador planetário no próprio canteiro de obras.
121
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