Edicao Sophia34
Edicao Sophia34
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ANO 9 N 34 R$ 10,90
Cartas
Fazendo a diferena
Aguardo a revista com ansiedade. Parabns pelo trabalho. , sem dvida, uma revista que faz a diferena. Quem dera as msicas e TV brasileira tivessem esta iniciativa e tirassem o lixo de nossos lares, onde crianas e adolescentes assistem como se estivessem alienadas. Slvia Bandeira Bulco, Joo Pessoa-PB
Sophia 34
Ao leitor hora de refletir 4 O espelho da vida Michael Brown 5 A descoberta da conscincia Colin Price 10 Sincronicidade e a mente de Deus Ray Grasse 16 A transformao espiritual de Gandhi Liane Alves 22 Equilbrio na mente Radha Burnier 26 O medo de amar Walter Barbosa 30 Meditao passo a passo Vicente Hao Chin Jr. 32 O que o Zen Budismo Eric McGouch 38 Por que o zodaco tem doze signos Ricardo Lindemann 40 Dicas de livros 46 O que a Sociedade Teosfica 49
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Humanismo
Qual o sentido da vida? O que devemos fazer ou trabalhar dentro de ns para encontrar o divino? O que aprisiona, ilusrio, e nos faz no sentir paz, plenitude e verdadeira liberdade? So perguntas que um dia todos ns faremos, e ter uma revista que traz textos com estes assuntos e outros afins, nos deixa muito feliz. Continuem no caminho, crescendo. O mundo s mudar o padro vibratrio com iniciativas no somente individuais, mas tambm coletivas, como a Revista Sophia. gor Mendona Cmara, Aracaju-SE
Parabenizo os envolvidos na produo da revista, que de alta qualidade. Sempre uso os artigos de Ricardo Lindemann nas minhas aulas de astrologia. Muito agradecida, Maria Ceclia Carvalho, Sorocaba-SP Fiz a assinatura da revista SOFIA para o ano de 2010 e gostei muito da publicao. Quero comprar todas as edies anteriores da revista. Alisson Maurilo Medrado Lima, Manaus-AM
Para adquirir edies anteriores, entre em contato com a Editora Teosfica no telefone (61) 3322-7843 ou ligue grtis para 0800-610020.
Astrologia
Edies anteriores
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A tragdia que se abateu sobre o Japo, com terremotos, um devastador tsunami e vazamento radioativo, deve servir como material para uma reflexo profunda a respeito de nossos relacionamentos, nossos hbitos, nossas polticas e nossas crenas. Em seu artigo Equilbrio na mente, Radha Burnier coloca que a atividade mental autocentrada inibe nossos sentimentos mais nobres, como a solidariedade. Como somos bombardeados diariamente por uma enxurrada de notcias e imagens de catstrofes, guerras, assaltos e estupros, passamos a considerar que a violncia, as guerras e as catstrofes so algo banal, parte de nosso dia a dia. Ouvimos e vemos na TV cenas desoladoras de destruio no Japo, suspiramos com pena, mas no sentimos de fato. Nossa mente condicionada continua sua busca da satisfao de prazeres, ocupa-se com a compra que precisa ser feita no shopping, com as tramas das telenovelas e todo tipo de trivialidades. Radha nos lembra da importncia de desenvolvermos uma clareza mental que nos torne sensveis s necessidades do mundo. A questo que se coloca : seremos capazes de superar nossas limitaes e desenvolvermos uma nova conscincia? Michael Brown, em seu belo artigo O espelho da vida, mostra que o mundo como ns o projetamos. Se desejamos mudar o mundo, precisamos nos autoconhecer, precisamos de uma revoluo interior. Segundo ele, a vida est sempre nos mostrando o que somos. Com a observao atenta de nossos relacionamentos, desejos, pensamentos recorrentes e dificuldades, passamos a ter um vislumbre de quem realmente somos. Ele comenta a necessidade de nos tornarmos guardies de nossos pensamentos. Mas o pensamento rebelde, dispersivo, e difcil de controlar. Vicente Hao Ching Jr., no artigo Meditao passo a passo, fornece dicas preciosas sobre a natureza da mente e sobre a prtica da meditao. Ele explica que a meditao til no s para tranquilizar a mente, mas tambm para despertar o potencial criativo do ser humano, permitindo que ele reencontre sua verdadeira natureza. Uma das prticas recomendadas uma observao 4
hora de refletir
rigorosa de nossas prioridades na vida, de modo a separar o suprfluo do realmente importante para si e para a humanidade. Ray Grasse, em seu artigo Sincronicidade e a mente de Deus, adiciona um outro componente a essa reflexo. Ele ressalta que o universo, tanto no nvel micro como macrocsmico, um todo ordenado. Nada acontece por acaso. Na medida em que aguamos a sensibilidade, podemos perceber a teia de relacionamentos que permeia todas as coisas e todos os seres. Passamos a entender as correspondncias, o significado dos smbolos, as mensagens que a vida traz, a linguagem dos sonhos e a inteligncia divina expressa na natureza. Para completar o quadro, Colin Price nos fala da descoberta da conscincia, sua dualidade, a possibilidade de que a mente concreta, vinculada s atividades do crebro fsico, seja controlada pela mente superior, pela nossa natureza divina. Segundo ele, precisamos dissolver o hbito de manter nossa conscincia encapsulada num modo de operao condicionado e repetitivo, deixando que ela alce voo, deixando que a intuio nos revele uma nova dimenso da existncia. Vivemos em tempos de crise. hora de refletirmos, de olharmos no espelho com honestidade, observarmos nosso egosmo, nossas limitaes; e nos abrirmos para nossa conscincia superior. Como est dito numa invocao dos Upanixades, que ns sejamos conduzidos do irreal para o real, das trevas luz, da morte imortalidade.
Eduardo Weaver Diretor-Presidente da Editora Teosfica
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Edio: Usha Velasco Reviso: Zeneida Cereja da Silva Traduo: Edvaldo Batista de Souza Tiragem: 10.000 exemplares Impresso: Grfika Papel e Cores Distribuio nacional: Fernando Chinaglia
* As imagens utilizadas so de exclusiva responsabilidade do editor-chefe.
SOPHIA ABRI-JUN/2011
O espelho da
vida
Tudo em sua vida um reflexo de quem voc . Essa a linguagem secreta das memrias, eventos e coisas percebidas
Michael Brown*
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Imagine: voc de p em frente ao espelho do banheiro, estudando a sua imagem. De repente, o seu reflexo e o do aposento desaparecem, e no lugar voc v um filme de toda a sua vida: cada memria at o momento presente est l at mesmo o pequeno drama de hoje, quando um bbado chutou seu carro. Enquanto voc observa, uma voz fala dentro de sua cabea. Ela diz: Agora voc est olhando para quem voc . De modo algum, voc poderia objetar; o que a vida faz comigo no a mesma coisa que eu sou. Mas sua vida, inclusive todas as suas memrias, so um espelho de alta preciso. Ele mostra, literal e metaforicamente, quem voc . Tudo em sua vida um reflexo de quem voc . Essa a linguagem secreta das
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memrias, eventos e coisas percebidas. Ela mostra voc a voc. Tolice, voc poderia argumentar. O que dizer a respeito do cara que chutou meu carro? Supese que isso tambm seja um reflexo de quem eu sou? Sim, at mesmo isso. Voc um fragmento do singular e gigantesco ser conhecido como conscincia. Atravs de voc, a conscincia simultaneamente faz e responde pergunta o que eu sou? Atravs de suas aventuras, ela cria a si mesma e conhece a si mesma. Mas voc esqueceu e no reconhece suas prprias criaes, embora elas se exibam sua frente. At mesmo seu corpo parte do espelho da vida gerado pelo seu eu interno. Para os seres humanos, a pergunta o que sou ? torna-se quem sou? Mas voc no encontrar a resposta no espelho de sua vida se focar somente nos objetos materiais, porque eles inclusive seu corpo so os reflexos mais rasos do que voc . Em vez disso, olhe para seus relacionamentos, seus desejos, suas crenas, seus dramas e eventos recorrentes. Se no gostar do que vir, aqui est a boa notcia: nada dessas coisas real em si mesma. Nenhum pensamento ou evento tem qualquer realidade fixa independente de voc nem mesmo as montanhas mais altas e as tempestades mais mortais. Sua percepo a nica realidade que existe. Todos ns j ouvimos essa antiga charada: se uma rvore cair na floresta e ningum estiver por perto para ouvir, ela faz barulho? A resposta que sem observador no h queda. Na Bblia, a frase e Deus disse, Eu Sou o que Sou uma descrio com cinco palavras do espelho a que chamamos de vida. Anais Nin disse isso da seguinte maneira: Voc no v o mundo como ele . Voc o v como voc .
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A cincia redefinida
A fsica moderna est perplexa por se encontrar prestes a concordar com isso. Os cientistas descobriram o espelho de suas prprias mentes dentro do tomo, onde a existncia e o comportamento das partculas dependem da inteno do cientista. Einstein
viu as tremendas implicaes por volta dos anos cinquenta e no ficou satisfeito. Ele murmurou: Gosto de pensar que a lua est l mesmo que eu no esteja olhando para ela. Esta na verdade a nica questo que resta: a realidade subatmica aplica-se realidade
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macrocsmica do dia a dia? Quando a cincia der esse salto, ela se redefinir e a humanidade contar uma nova histria a respeito do que significa ser humano. Quando a cincia tiver posto de lado os aceleradores de partculas, saber que o elemento fundamental do universo o pensamento. O pensamento uma assinatura
fsica que normalmente no reconhecemos como sendo nossa. Imagine que voc lana um bumerangue e depois esquece que o atirou. Quando ele retorna, voc olha em volta e se pergunta qual foi a mo invisvel responsvel. E assim continua lanando bumerangues, alguns retornando para lhe trazer prazer, outros para lhe tra-
zer dor. Historicamente, a religio tem estado atolada nesse sulco de esquecimento, dando de ombros com as palavras Seus caminhos so misteriosos. At que reconheamos o imenso poder causador de nossos pensamentos, permaneceremos merc deles quando retornarem ao espelho da nossa vida.
Nenhum pensamento ou evento tem qualquer realidade fixa independente de voc nem mesmo as montanhas mais altas e as tempestades mais mortais. Sua percepo a nica realidade que existe.
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Vejamos uma parbola sobre a sabedoria dos sufis. Um estranho entra na aldeia e imediatamente procura o mestre sufi para pedir conselhos. Ele diz: Estou pensando em me mudar e vir morar nessa aldeia. O que voc pode dizer a respeito das pessoas que vivem aqui? E o mestre responde: O que voc pode me dizer a respeito das pessoas que vivem onde mora? Ah, diz o visitante zangado. So pessoas terrveis. Ladres, trapaceiros e mentirosos. So traioeiros. Bem, diz o mestre sufi: No uma coincidncia? Aqui elas so exatamente assim. E o homem vai embora da aldeia para sempre. Logo outro estranho chega e tambm busca o mestre sufi para pedir conselho: Estou pensando em me mudar para essa aldeia. O que voc pode me dizer a respeito das pessoas que moram aqui? E o mestre sufi responde: O que voc pode me dizer das pessoas do lugar de onde voc vem? O visitante com agradvel lembrana disse: So pessoas maravilhosas. So gentis, agradveis e compassivas. Cuidam umas das outras. Bem, diz o mestre sufi: No uma coincidncia? Aqui elas so exatamente assim. Ns levamos nossos eus internos conosco aonde quer que andemos. Mudar as circunstncias externas como mudar o papel de parede no quarto de uma manso. O nosso mundo s pode ser mudado a partir do interior, porque da que ele vem. Para mud-lo, devemos nos tornar guardies de nossos pensamentos, dando boasvindas queles que criam o que queremos e mandando embora aqueles que criam o que no queremos. como regar o jardim. Voc
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Mudana interior
rega as flores ou as ervas daninhas? Os pensamentos so na verdade sentimentos dissecados, e os sentimentos so mais potentes. Eles tambm podem ser controlados nada tem a ver com a negao, e tudo a ver com o local para onde voc decide direcionar a mangueira. Um jardim frtil de sentimentos espera pela nutrio de sua ateno, entre eles coragem, compaixo, fora, amor e felicidade. Sim, at mesmo a felicidade uma escolha. Alm disso, existem as ervas daninhas de seu jardim. Com que frequncia voc se aborrece? Fica amargurado, ressentido, ciumento
ou cnico? Voc tem sede de vingana? Se voc permite que esses sentimentos criem razes, eles se tornam ervas nocivas e a voc que eles envenenam. Buda comparou o ato de abrigar esse tipo de sentimento a segurar carvo em brasa nas mos. Sua vida uma expresso do que voc imagina ser. Consideremos mil pessoas num mesmo evento e mil diferentes caminhos aparecero no espelho. Espelho, espelho meu na parede da vida, quem o mais belo de todos? O espelho sempre responde pergunta, mas devemos entender que, por meio de nossos padres de pen-
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samento, estamos dizendo a ele o que responder. Deliberada e conscientemente, trabalhe a magia do espelho da vida para proveito prprio. O que voc quer? Quer ser amado? Ento ame. Quer que confiem em voc? Confie. Quer neutralizar seus inimigos? Perdoe-os. Se quer ser ouvido, oua. Quer ser compreendido, busque compreender. Quer receber, seja grato. Quer fazer fluir a beleza, busque a beleza em sua vida, independentemente das circunstncias. Quando reduzimos as polaridades da vida, ns nos tornamos iluminados.
Aqui est uma pergunta que muitos fazem: se voc e eu olharmos juntos para a mesma cerejeira, quem a criou? Ambos a criamos, por concordncia subconsciente. Mas ela no a mesma rvore. Duas pessoas no conseguem ver o mesmo objeto ou evento pergunte a qualquer policial que entrevista testemunhas. Literalmente criamos nossos prprios universos. Contudo, porque esquecemos desse poder, cada um de ns pensa que o universo que percebemos o nico, o verdadeiro. A cincia tradicional cometeu o mesmo equvoco. A maioria das religies ainda o comete, descrevendo outras vises de mundo como falsas ou herticas. Vejamos outra histria antiga. Trs homens cegos acham-se na presena de um grande elefante. Cada um, tremendo de medo, avana sem muita segurana e estica as mos para des-
Criador e criatura
Trabalhe a magia do espelho da vida para proveito prprio. O que voc quer? Quer ser amado? Ento ame. Quer que confiem em voc? Confie. Quer neutralizar seus inimigos? Perdoe-os.
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cobrir a natureza do animal. Um deles segura a cauda, um outro a perna e o terceiro a tromba. E cada um tomado de alegria por ter descoberto a natureza do elefante por meio da experincia direta. O cego que segurou a cauda anuncia: O elefante uma vassoura que limpa e varre tudo diante de si. O cego que segurou a perna fica surpreso e protesta: No, o elefante um magnfico pilar que se eleva acima de ns, guardandonos e protegendo-nos. O cego que segurou a tromba fica atnito e grita: No, ambos esto errados. O elefante um arado que sulca a terra para que possamos fazer plantaes e colher em quantidade. Comearam a brigar e no houve paz na terra. O grande campo da conscincia feito de todas as coisas que foram, so e sero. No existe nada que no seja conscincia. Quando voc, eu e mais de uma centena de pessoas nos reunimos, existe apenas um ser no aposento. E cada fragmento desse ser nico, em sua prpria viagem de inveno. Voc tanto o criador quanto a criatura. Mas esqueceu que o criador, para que suas aventuras pudessem ser reais. Da prxima vez em que voc olhar para o maravilhoso espelho a que chamamos de vida, saiba que o que aparece l fala de voc como criador da maneira mais ntima possvel. Ento, se voc deseja mudar, controle seus pensamentos e sentimentos, e, no fim das contas, suas crenas. Saia da caverna e torne-se mestre de sua vida. Desenvolva presena sem isolamento. Ligue-se conscincia.
* Michael Brown escritor, jornalista e PhD em Fsica. J trabalhou para a BBC de Londres e atualmente reside na Nova Zelndia.
conscincia
Percebemos apenas vagamente o plano superior de conscincia, mesmo em momentos de meditao. Um vasto e inexplorado reino de experincia reside perante a alma destinada a se elevar a nveis inimaginveis
A descoberta da
Onde est o homem capaz de negar vegetao e mesmo aos minerais uma conscincia prpria? Tudo que ele pode dizer que essa conscincia est alm de sua compreenso.
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Colin Price*
A cincia moderna tem tentado, sem muito sucesso, prover explicaes teis e convincentes a respeito da natureza da conscincia. A opinio cientfica est dividida entre aqueles que acreditam ser isso apenas uma funo da atividade cerebral e aqueles que incluem um componente espiritual. Somos conscientes quando escolhemos voltar nossa ateno para a informao fornecida aos nossos crebros pelos nossos cinco sentidos, ou para nossos pensamentos internos. Todo o mecanismo ideolgico de nosso corpo esta dedicado a preservar e sustentar as muito especiais clulas de nossos crebros, que coletivamente so o veculo para a nossa conscincia. Essas clulas esto agregadas em feixes chamados neurnios, dos quais fluem as correntes eltricas que constituem a atividade cerebral. Crick, famoso pelo DNA de dupla hlice, escreveu num livro recente: Suas alegrias e tristezas, suas memrias e ambies, seu senso de identidade e livre-arbtrio pessoais so nada mais do que o comportamento de um vasto ajustamento de clulas nervosas e suas molculas associadas. Por outro lado, Brian Josephson, cientista de Cambridge e ganhador do Prmio Nobel, diz ser esse o momento apropriado para uma teoria de campo unificado que possa responder pelas experincias msticas e mesmo pelas experincias psquicas uma viso da qual eu compartilho e qual retomarei posteriormente nesse artigo. Existem nveis ou graus de conscincia. Todos ns j tivemos aquele sentimento de no conseguir pensar linearmente, talvez devido ao cansao ou a drogas, ou apenas porque acabamos de acordar de um sono profundo. Outras vezes nos sentimos no topo do mundo e perSOPHIA ABRI-JUN/2011
cebemos a clareza e a certeza de nossos prprios pensamentos. A Teosofia ensina que existe algum grau de conscincia em todo o cosmo. Helena Blavatsky descreve essa realidade em A Doutrina Secreta de maneira firme e desafiadora: Tudo no universo, atravs de todos os seus reinos, consciente, i.e., dotado de conscincia prpria do seu prprio plano de percepo. Ns homens devemos lembrar que pelo fato de no percebermos quaisquer sinais que possam ser reconhecidos como uma forma de conscincia, digamos nas pedras, no temos o direito de dizer que inexiste uma conscincia ali. No existe matria morta ou cega como no existe lei cega ou inconsciente. Essas coisas no tm vez entre as concepes da filosofia oculta, que jamais se detm nas aparncias superficiais. Para ela as essncias numnicas (no fsicas) tm muito mais realidade do que suas contrapartes objetivas. A natureza, considerada em seu sentido abstrato, no pode ser inconsciente, j que a emanao da conscincia absoluta, e assim um aspecto dela no plano manifestado. Onde est o homem ousado que seria presumivelmente capaz de negar vegetao e mesmo aos minerais uma conscincia prpria? Tudo que ele pode dizer que essa conscincia est alm de sua compreenso. Podemos apreender o significado disso quando olhamos para o reino animal. Temos a tendncia de projetar nossos prprios pensamentos e emoes sobre nossos animais de estimao, e, por extenso, sobre a maioria dos animais mas existe escassa evidncia de que eles experienciem alguma coisa que se possa aproximar da intensidade de nossa vida emocional, que de alguma maneira sejam capazes de pensamento abstrato ou que sejam autoconscientes. Da mesma forma,
no h base para afirmarmos que possumos uma inteligncia muito desenvolvida. Mesmo entre os seres humanos existe uma ampla gama de habilidades intelectuais e percepes de significados internos por trs de coisas e eventos. Sbios e msticos, ao longo das pginas da histria, possuram uma sabedoria diferente da esperteza ou da mera habilidade intelectual. Sua acuidade de percepo e seus ensinamentos frequentemente esto situados muito alm da compreenso das outras pessoas, e por isso esses ensinamentos tm sido considerados misteriosos ou obscuros. Eles atingiram um nvel de conscincia superior. Ianthe Hoskins, que deu palestras sobre Teosofia durante toda a sua vida, usava a analogia de um teto feito de papelo perfurado, acima do qual h uma nica luz poderosa. No entanto, quando visto de baixo, tem-se a impresso da existncia de uma multiplicidade de fontes de luz individuais e separadas. Da mesma forma, nossas conscincias individuais so uma centelha da conscincia absoluta da qual deriva a vida una universal e onipresente. A cincia tem tentado compreender a conscincia e a inteligncia humanas replicando-as. Porm, as vrias tentativas de obter uma rplica completa no foram bem-sucedidas. Isso porque sempre existe falha no processo de replicao. A inteligncia artificial resultante da engenhosa programao de computadores, e por isso desprovida de inspirao. Os conjuntos de neurnios dentro do crebro so comparveis a uma rvore de Natal com bilhes de pequeninas luzes, cada uma piscando ao acaso. O que faz com que ordem e propsito surjam desse mar de correntes eltricas? A resposta bvia : a ao da vontade, que opera como parte do eu superior do homem. 11
LARS SUNDSTROM
Mistrio profundo
Voc pode ter ouvido a histria do computador batizado de Deep Thought (Pensamento Profundo) por seus criadores. Ele havia vencido alguns dos melhores jogadores de xadrez do mundo e, contudo, ficou desnorteado com uma situao comum de final de jogo, que mesmo um amador habilidoso seria capaz de resolver. Foi noticiado recentemente que um novo computador conseguiu vencer o campeo mundial. Existe, no entanto, uma diferena fundamental que deve ser notada. O computador s vence porque sua velocidade e sua capacidade permitemlhe trabalhar milhares de possibilidades numa curta frao de tempo. Ele no consegue discriminar entre aquelas possibilidades como faz o homem. O homem v que muitssimas opes podem ser instantaneamente descartadas e concentra seu crebro, muito mais lento, nas opes mais importantes. O computador no consegue ver no mesmo nvel de conscincia que o homem. A busca cientfica para compreender a conscincia apenas a partir de um ponto de vista puramente fsico e biolgico pode estar to desprovida de sentido quanto a tentativa do palhao de se elevar puxando os cadaros de sua prpria bota. David Chalmers, da Universidade de Washington, concorda. Ele afirma que as teorias fsicas s podem descrever funes mentais especficas, como memria, ateno, inteno e introspeco, que se correlacionam com os processos fsicos no crebro. Nenhuma das atuais teorias ocupa-se da questo verdadeiramente difcil atribuda existncia da mente: por que essas funes fsicas do origem experincia subjetiva da conscincia ou so acompanhadas por elas? Na verdade, o mistrio da conscincia humana muitssimo profun12 do. Se fsicos, neurologistas, psiquiatras e construtores de computadores no oferecem explicaes, devemos busc-las em algum outro lugar. A direo bvia para a qual devemos nos voltar a cincia esotrica. Helena Blavatsky escreveu em A Chave para a Teosofia: Em ocultismo toda mudana de qualidade no estado de nossa conscincia d ao homem um novo aspecto, e se essa mudana predominar e se tornar parte do ego vivo e atuante, deve receber (e recebe) um nome especial, para distinguir o homem naquele seu estado particular, do que ele quando se coloca num outro estado. Esse comentrio indica que potencialmente temos o poder de controlar o foco de nossa conscincia e tambm sua natureza. Em resposta a uma pergunta em A Chave para a Teosofia, Blavatsky explicou que o segredo est na natureza dual da mente, que resulta na dupla conscincia do homem. A mente superior, ou o eu su-
perior, possui um tipo de conscincia diferente daquela da mente inferior, que surge a partir da atividade do crebro. Essa conscincia espiritual superior pode imprimir sua vontade sobre o crebro e seus processos de pensamento tal como um pianista calca os dedos sobre o teclado do piano de acordo com seu desejo de produzir a msica particular que escolheu. Geoffrey Farthing, no pico livro Deity, Cosmos and Man (Deidade, Cosmo e Homem), escreveu sobre a cincia esotrica: Todos os grandes processos de evoluo envolvem o homem, pois ele o modelo e a meta, no nosso sistema, de todo o processo do vir-a-ser universal. Fsica, psquica, mental e espiritualmente ele est no processo e parte dele. Sua histria evolutiva representa o movimento da vida atravs das formas de todos os reinos da natureza. Essas formas so os instrumentos atravs dos quais a conscincia se expressa de maneira recorrente e constante, at que se torna autoconsciente no homem.
CHARLES WILLIAMS
A busca para compreender a conscincia a partir de um ponto de vista puramente fsico e biolgico pode estar to desprovida de sentido quanto a tentativa do palhao de se elevar puxando os cadaros de sua prpria bota.
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A busca cientfica para compreender a conscincia apenas a partir de um ponto de vista puramente fsico e biolgico pode estar to desprovida de sentido quanto a tentativa do palhao de se elevar puxando os cadaros de sua prpria bota.
ALEX BRUDA
Os neurnios so comparveis a uma rvore de Natal com bilhes de pequeninas luzes piscando ao acaso. O que faz com que ordem e propsito surjam desse mar de correntes eltricas? A ao da vontade, como parte do eu superior do homem.
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Efeitos de campo
O transe um exemplo de um estado alterado de conscincia. A pessoa est em transe quando a ateno limitada e existe uma certa repetio de pensamentos, como nos mantras, nas canes ou at mesmo nas fantasias repetidas, sexuais ou no. Pode-se descrever o transe como uma percepo em rodopio ou um fluxo circular de conscincia. A evidncia de que a conscincia pode mudar de um estado normal para um estado alterado est em total afinidade com os postulados da cincia esotrica. O transe de particular interesse porque jaz na fronteira entre nossa conscincia fsica e a percepo
psquica, ou conscincia. A percepo do nosso processo interno de pensar pode ser considerada em trs nveis diferentes: no nvel fsico dos cinco sentidos, no nvel instintivo e no nvel intuitivo. No nvel instintivo parece provvel que as partes da nossa memria subconsciente sejam programadas com informao dos genes que temos em comum com o reino animal. Aqui a sobrevivncia da espcie frequentemente depende de habilidades bastante complexas que parecem ser inatas e que no tm que ser deliberadamente passadas de uma gerao gerao seguinte.
Depois existe a intuio, o elemento mais elevado e misterioso de nossa conscincia. O dicionrio assim a define: Conhecimento imediato atribudo aos anjos e aos seres espirituais para quem a viso e o conhecimento so idnticos; intuies do gnio, inconsciente de qualquer processo. Einstein via relativamente e passou a maior parte de sua vida provando isso. Beethoven via e ouvia sua nona sinfonia em sua mente, embora estivesse totalmente surdo. Alm disso, existe o fenmeno de cientistas trabalhando em localidades diferentes no mundo terem simultaneamente insights similares sobre um determinado tema, ou fazerem descobertas similares ao
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Exatamente o que essa fora invisvel chamada gravidade, que produz as mars nos oceanos ou o campo magntico que liga nossos motores eltricos e faz girar nossas bssolas onde quer que estejamos, em terra ou no mar?
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mesmo tempo. Isso acontece com tanta frequncia que os pesquisadores, ao fazerem novas descobertas, correm para registr-las o mais rpido possvel, enviando um ttulo e uma sinopse ao editor antes de escrever o trabalho. Essa evidncia intrigante no mundo da cincia da crdito sugesto de que pode haver algum tipo de efeito de campo. Isso extremamente importante para a nossa considerao da natureza da conscincia. Pode muito bem haver um nvel mais elevado de conscincia que podemos s vezes alcanar em momentos de grande esforo intelectual ou de meditao, e que existe como um tipo de efeito de campo no cosmo. Se assim for, os conceitos do mundo espiritual tornam-se de repente muito mais crveis e os limites entre a cincia fsica e a cincia esotrica tornam-se muito menores. At mesmo os campos gravitacional e magntico atualmente conhecidos pela cincia esto envoltos em mistrio, embora grandes esforos tenham sido feitos pelos fsicos modernos para explic-los e para produzir teorias convincentes que expliquem a razo de suas propriedades e de sua existncia. Exatamente o que essa fora estranha e invisvel chamada gravidade, que nesse exato momento est nos prendendo s nossas cadeiras e produz as mars nos oceanos? Ou o campo magntico que liga nossos motores eltricos e faz girar nossas bssolas onde quer que estejamos, em terra ou no mar? Talvez em cem anos tenhamos descoberto outros campos responsveis pelas muitas coisas que atualmente no so explicadas pela cincia. O lado psquico do homem e at mesmo sua intuio podem depender de campos que s so acessveis conscincia de seu eu superior. Geoffrey Farthing resume tudo maravilhosamente no seu livro
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Deity, Cosmos and Man: Nossa experincia de ns mesmos mostra que, como seres humanos, funcionamos de variadas maneiras, na ao fsica e nos modos de conscincia como o pensamento, o sentimento e o sonho. A cincia esotrica ensina que esses modos de conscincia ocorrem em nveis diferentes do nvel sensorial ou objetivo, at o profundamente interno ou subjetivo. Alm disso, esses nveis so em si mesmos um reflexo, no indivduo, dos planos de existncia universais. Assim como a ao fsica individual ocorre no plano fsico, usando o material desse plano, igualmente a atividade mental o pensamento ocorre no plano mental, usando o material desse plano. Existem, segundo a cincia esotrica, sete planos na natureza; de modo semelhante, existem sete estados de conscincia no homem, nos quais ele pode viver, pensar, lembrar e ser. Nossa conscincia superior a sede da vontade com a qual dirigimos o rumo de nossos pensamentos, tentamos control-los e fazemos o gerenciamento dirio de nossas vidas. As consequncias krmicas dessas decises so, portanto, responsabilidade de nosso eu superior. Todo tipo de vcio e de fracasso moral pode ser atribudo ao fracasso da fora de vontade, isto , o poder de dizer no aos apetites e desejos do eu inferior. O reconhecimento da natureza dual do nosso processo mental e da conscincia permite ao aspirante espiritual gerenciar inteligentemente sua vida e obter maior controle de todos os seus aspectos. Em A Voz do Silncio lemos: O eu da matria e eu do esprito jamais podero se encontrar. Um dos dois deve desaparecer; no h lugar para ambos. Quando dizemos a ns mesmos estou pensando, com que ferramenta samos de ns mesmos e nos observamos? A res-
posta est nesse componente superior e mais elevado da mente, que existe num plano elevado de conscincia e parte do eu superior. Percebemos apenas vagamente a profunda realidade espiritual do plano superior de conscincia, mesmo em momentos de meditao e experincia mstica. Um vasto e inexplorado reino de experincia reside perante a alma destinada a se elevar a nveis inimaginveis de conscincia, que nenhuma palavra ou pensamento consegue transmitir. Existem, segundo Num artigo a cincia esotriintitulado Vicica, sete planos na ados em conscinatureza; de modo ncia racional, semelhante, exisGreg Fernstein tem sete estados de afirma: O fato conscincia no de sermos vicihomem, nos quais ados em nossa ele pode viver, penconscincia rasar, lembrar e ser. cional normal to potente que no conseguimos abalar o hbito com facilidade, mesmo quando compreendemos que nosso hbito de autoencapsulamento (estar envoltos em ns mesmos) artificial e autoinfligido, e que repousa no fato de negarmos a essencial interconexo e interdependncia de tudo (como o fazem os religiosos fundamentalistas). Esse elo universal tem sido incessantemente proclamado por geraes de msticos e visionrios espirituais que experienciaram a unidade e a totalidade ininterruptas do cosmo. A possibilidade da imortalidade e a persistncia de nossa conscincia espiritual superior aps a morte torna esse assunto de crucial importncia para todo aquele que busca o significado da vida.
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Sincronicidade
e a mente de Deus
Aqueles que acreditam que o mundo da existncia governado pela sorte ou pelo acaso e que depende de causas materiais esto por demais afastados do divino e da noo do Um. Plotino, Ennead VI
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Ray Grasse*
Enquanto se preparava para o filme O Mgico de Oz, em 1939, o ator Frank Morgan decidiu no usar a vestimenta oferecida pelo estdio para seu papel de vendedor viajante professor Marvel, e optou por selecionar seu prprio guarda-roupa. Procurando nas prateleiras de roupa de segundamo guardadas ao longo dos anos pelos estdios MGM, ele finalmente se decidiu por uma velha sobrecasaca para as filmagens. Certo dia, enquanto passava o tempo, Morgan virou para fora o lado interno do bolso do casaco e descobriu o nome L. Frank Baum costurado no forro. Como foi confirmado por investigao posterior, a jaqueta tinha sido originalmente desenhada para o criador da histria de Oz, L. Frank Baum, e passou anos na coleo de roupas da rea externa de filmagens da MGM. A maioria de ns, vez ou outra, experienciou algumas coincidncias incomuns to estarrecedoras que nos fazem duvidar de sua significao ou propsito. Tero essas estranhas ocorrncias algum significado mais profundo para nossas vidas? Ou sero simplesmente eventos ao acaso, explicveis estritamente por meio de processos estatsticos e da teoria da probabilidade, como afirma a maioria dos cientistas modernos? Entre aqueles que lutaram com essas questes estava o famoso psiclogo suo Carl Jung. Tendo ele mesmo experienciado muitos desses eventos, cunhou o termo sincronicidade para descrever o que via como o estranho fenmeno da coincidncia significativa. Enquanto algumas coincidncias eram realmente inexpressivas, escreveu ele, de vez em quando enSOPHIA ABRI-JUN/2011
contramos confluncias de circunstncias to improvveis que sua ocorrncia parece sugerir um propsito ou um desgnio mais profundo. Para explicar o funcionamento desses fenmenos ele teorizou sobre a existncia de um princpio ou lei da natureza bastante diferente daquela normalmente descrita pela fsica convencional. Enquanto a maioria dos fenmenos visveis parece ocorrer de maneira linear, de causa e efeito, como domins caindo uns sobre os outros, os eventos sincrnicos eram no causais, j que pareciam ligados por padres arquetpicos mais profundos e no por foras lineares. A presena do casaco de Baum no local da filmagem, por exemplo, no foi responsvel pelo fato de que o filme tenha sido rodado, nem a confeco do filme produziu o casaco eles simplesmente eram expresses duais da mesma matriz de significado. Assim, Jung postulou dois tipos primrios de relacionamentos no causais: entre dois ou mais eventos externos na vida de uma pessoa, ou entre um evento externo e um estado psicolgico interno. Desde que foi publicado pela primeira vez em 1952, o conceito de Jung tornou-se cada vez mais familiar em meio cultura popular, tendo chegado aos enredos de shows de televiso, a publicaes de best-sellers de fico como A Profecia Celestina e mesmo a letras de canes de rock, por bandas como The Police. Em ambientes mais filosficos, houve muitas tentativas de lanar luz sobre essa importante noo. Algumas pessoas at mesmo especularam, nas trilhas do prprio Jung, que a chave para a compreenso da sincronicidade poderia algum dia ser encontrada nas des-
cobertas da fsica quntica, como escreveu Robert Anton Wilson, h quase duas dcadas: Jung estava no caminho certo. Ele continuava insistindo que de alguma forma, em algum meandro da teoria quntica, o verdadeiro mecanismo da sincronicidade seria encontrado e definido. No final dos anos 80, aparentemente comeamos a compreend-lo. Apesar de tudo isso, o mistrio da sincronicidade permanece insolvel. Um sculo e meio depois, ainda nos encontraMesmo uma ocormos essenrncia trivial um cialmente pssaro no cu, um to distantes raio, um comentrio de solucioao acaso pode ser nar o mecaa chave para um nismo mais profundo padro de significasubjacente do maior. Essas coiao conceito sas so insignificande Jung tes at o ponto em como quanque as percebemos do ele foi entrelaadas a uma primeirarede maior de relamente aprecionamentos. sentado. Por qu? Uma possibilidade poderia ser o fato de estarmos procurando respostas na direo errada. Em outras palavras, ser que abordamos esse problema de uma perspectiva muito superficial, e assim fazendo confundimos a floresta com as rvores? Pode ser que, focando a ateno inteiramente no fenmeno da coincidncia isolada, estejamos examinando apenas uma pequena faceta de uma realidade muito maior. Desvendar o mistrio da sincronicidade pode exigir que tenhamos que dar um passo atrs para visualizar o problema sob uma nova luz, talvez dentro do contexto de uma cosmologia inteiramente diferente.
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Enquanto a maioria dos fenmenos parece ocorrer de maneira linear, como domins caindo uns sobre os outros, os eventos sincrnicos no eram causais; pareciam ligados por padres arquetpicos profundos e no por foras lineares.
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para desvendar um padro de significado maior. Essas coisas so insignificantes at o ponto em que as percebemos entrelaadas a uma rede maior de relacionamentos. Entremeada trama e urdidura da criao existe uma teia de conexes sutis conhecidas como correspondncias. O ensasta americano Ralph Waldo Emerson afirmou: Analogias secretas unem as partes mais remotas da natureza, tal como a atmosfera de uma manh de vero est cheia de inumerveis fios delicados flutuando em todas as direes, revelados pelos raios do sol nascente. Ao longo das eras, magos e esoteristas trabalharam para construir elaboradas tbuas de correspondncias que tentavam ligar todas as partes da natureza numa grande teia de harmonias. Desse modo diz-se que a lua vincula-se a significados como o lar, as mulheres, o princpio da mudana e as emoes, enquanto Mercrio vincula-se comunicao, mente, a publicaes, viagens e assim por diante. A compreenso dos princpios essenciais que esto presentes em todos os fenmenos prov os esoteristas de uma chave mestra que permite desvendar a linguagem tanto dos mundos externos quanto dos sonhos internos. Certamente, desde o Iluminismo e o Racionalismo do sculo XVII, a crena nas correspondncias tem sido descartada pelos cientistas como nada mais que uma fico metafsica antiquada, comparvel crena infantil em Papai Noel ou na fada madrinha. Contudo, como ficar bvio para qualquer um que se engaje ativamente na prtica da astrologia durante algum tempo, essas correspondncias so realmente verdadeiras, e no simplesmente a substncia de imaginaes supercriativas.
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O mistrio da sincronicidade permanece insolvel. Por qu? Uma possibilidade pode ser o fato de procurarmos respostas na direo errada. Ser que abordamos esse problema de uma perspectiva superficial, e assim confundimos a floresta com as rvores?
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Consequentemente, quando Netuno influencia o horscopo de algum de maneira repetitiva, podemos ver problemas surgindo no que diz respeito a decepes ou drogas; e quando Jpiter cruza com Vnus no mapa de uma pessoa, uma srie de eventos favorveis pode subitamente ocorrer no plano do corao ou das finanas. No final das contas, o horscopo prov um complexo
mapa de relacionamentos e correspondncias simblicos que atuam na vida interna e externa da pessoa, ilustrando seus potenciais arquetpicos de maneiras amplas e variadas. O que essa antiga viso de mundo e seus maiores princpios tm a oferecer para a nossa compreenso da sincronicidade? Consideremos a questo da verdadeira ocorrncia desse fenmeno com que fre-
quncia ele ocorre realmente em nossas vidas. Embora exista evidncia de que Jung, particularmente, considerava a sincronicidade com uma viso mais ampla, em seus escritos formais ele professava a crena de que as ocorrncias sincrnicas eram relativamente raras. Ele tambm no poupou esforos para diferenar as coincidncias significativas das convencionais.
Para o simbolista, a coincidncia meramente a ponta de um iceberg muito maior, a parte mais visvel de uma estrutura de propsitos mais penetrantes que jaz sob todas as experincias.
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que se desenrola perante ns. O que a rara coincidncia dramtica faz simplesmente afastar a cortina levemente sobre esse vasto drama, para nos mostrar um pequeno detalhe de um complexo tableau de significados. Por essas e outras razes, podese dizer que o corao essencial da sincronicidade reside menos no estudo da no causalidade do que numa compreenso mais profunda de seu significado, a ser desvendado no com as ferramentas da cincia, mas por meio da investigao filosfica e da hermenutica. Quanto aos estudos de astrologia e adivinhao, compreender plenamente o que quer dizer a coincidncia significativa pode demandar nada menos que uma teoria do campo unificado de significados, incorporando temas diversos como geometria sagrada, teoria das correspondncias, psicologia dos chackras, teoria dos nmeros e uma cosmologia de muitos nveis. Somente dentro da ampla estrutura oferecida por uma cincia sagrada podemos esperar apreender verdadeiramente a totalidade da sincronicidade, por assim dizer, e no simplesmente um de seus isolados apndices, como consta das admirveis coincidncias ocasionais. contra o pano de fundo dessa perspectiva mais ampla que nos colocamos para descobrir uma verdade mais profunda no funcionamento da sincronicidade, uma verdade que se estende muito alm de questes simples de no causalidade ou correspondncia. No livro A Sense of the Cosmos, Jacob Needleman apresenta o seguinte comentrio a respeito da curiosa assimetria encontrada na teia ecolgica da natureza: Sempre que olhamos para uma parte por amor compreenso do todo, descobrimos que a parte um com-
ponente vivo do todo. Num universo sem um centro visvel, a biologia apresenta uma realidade na qual a existncia de um centro est implcita em toda parte. Os comentrios de Needleman poderiam muito bem ser utilizados como uma analogia til para nossa compreenso da sincronicidade. Para que os diferentes eventos de nossas vidas sejam entrelaados de maneira to intricada e artstica quanto mostra a sincronicidade (e como empiricamente demonstram sistemas como a astrologia), parece haver uma inteligncia reguladora subjacente ao nosso mundo, orquestrando todos os elementos como notas no interior de alguma grande sinfonia de significados. Certamente no precisamos pensar nisso como uma necessidade de envolvimento de alguma deidade com barba, antropomrfica, num trono celeste. O escritor neoplatnico Plotino referia-se a esse conceito simplesmente como o Um, enquanto os gemetras msticos da Antiguidade descreviam esse princpio unificador como uma esfera cujo centro estava em toda parte e cuja circunferncia estava em lugar nenhum. Qualquer que seja o nome que lhe demos, esse conceito se refere a um agente coordenador de inimaginvel escopo e sutileza, onde toda correspondncia do mundo aglutina-se como se fosse traos de um grande desenho, dentro do qual nossas vidas esto holoscopicamente aninhadas. Visto assim, pode-se pensar no evento sincrnico como algo que nos oferece um olhar de soslaio, atravs de lentes escuras, para o interior da mente de Deus.
* Ray Grasse escritor, editor e astrlogo. Este artigo foi adaptado de seu livro The Waking Dream: Unlocking the Symbolic Language of Our Lives.
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A transformao espiritual de
Gandhi
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Liane Alves*
Diante de uma roca, em que fabricava suas prprias roupas de algodo, a grande alma da ndia, Mohandas Karamchand Gandhi, ficava horas orando ou meditando. O que para os olhos ocidentais parecia um tempo intil e perdido em face de suas inmeras obrigaes como lder poltico e estadista, para ele era uma prtica essencial. O calmo pensar, como ele dizia, e as oraes matutinas e vespertinas, lhe permitiam enxergar a vida com mais acuidade, ajudavam a fortalecer suas posies e indicavam os passos mais sbios a seguir. Gandhi era um homem religioso, mais do que um homem poltico. Na realidade, as suas aes eram uma extenso natural de sua espiritualidade. Quando falava em sathyagraha, a manifestao da verdade, ele se referia verdade absoluta, a um princpio eterno, a uma realidade fora da qual nada existe, um centro em relao ao qual nada pode ser alheio, a no ser a irrealidade, explica o professor Jos Archanjo no prefcio do livro A Roca e o Calmo Pensar (editora Palas Athena), a obra que desnuda a base espiritual que sempre orientou o lder indiano na sua vida pblica. Cada vez que falava em verdade, Gandhi estava se referindo quilo que ele prprio reconhecia como real, e que ns podemos entender com uma nica palavra: Deus, explica o professor Archanjo. Exprimir essa verdade ltima era simplesmente estar em unio com Rama, um dos nomes de Deus para os hindustas. Para Gandhi, a verdade era o outro nome do Senhor, e isso o levava a afirmar Eu anseio ver Deus face a face. O Deus que conheo chama-se Verdade, continua ele. Quando Gandhi falava em sathyagraha, estava se referindo, sobreSOPHIA ABRI-JUN/2011
tudo, verdade ontolgica: identidade do ser consigo mesmo e ao fato das coisas serem simplesmente o que so. Quando falava em sathyagraha e ahimsa, ele no deixava de se referir ao lado amoroso de Deus. Amor e verdade so faces da mesma medalha, dizia Gandhi. Em 1906, j pai de quatro filhos (nasceu 1869), tornou-se celibatrio. O seu objetivo era aumentar seu autoconhecimento e aproximar-se ainda mais de Deus. Mesmo sendo um lder poltico de peso, permanecia muito tempo dedicandose a prticas espirituais. Orar a respirao da alma, deixar Deus penetrar dentro de ns, disse ele em sua biografia. Nesse mesmo ano, lanou a doutrina sathyagraha, ou a fora da verdade. Na poca, lutava pelos direitos civis dos indianos na frica do Sul, onde morou por vinte anos. Denunciar a situao de abusos e injustias e usar a fora da verdade era, segundo ele, a nica arma que poderia ser usada contra tudo e todos. Para resistir, baseava-se no conceito de deso-
bedincia civil, criado pelo filsofo, ativista e escritor americano Henry David Thoreau. Gandhi era um leitor voraz, e as palavras de Thoreau marcaram seu corao como ferro em brasa. Sathyagraha o meio, ahimsa o fim, dizia ele em seus discursos. O tmido advogado indiano tornou-se um homem destemido. Sua ideia era se recusar terminantemente a cumprir leis injustas, mesmo sabendo que provavelmente iria apanhar da polcia e ser preso por isso. A doutrina do satyagraha propunha uma resistncia baseada em protestos pblicos e presso poltica, uma atitude ativa, de enfrentamento, mas no violenta. Estava baseada em ahimsa, a no violncia, que Gandhi definia como ser livre de paixes, da ira e da cobia, desejar o bem-estar e o bem de tudo que vivente, no roubar e ter a verdade no corao. Com essa frmula simples, que alia resistncia ativa com atitudes no agressivas, ele conseguiu, anos mais tarde, remover o Imprio Britnico da ndia sem disparar um nico tiro. Suas principais bandeiED. TEOSFICA
Revolucionrio: com resistncia ativa e atitudes no agressivas, Gandhi derrotou o Imprio Britnico sem disparar um tiro 23
ras eram a luta contra o racismo, contra o domnio colonial, contra as leis e os impostos abusivos e contra o sistema de castas da ndia. Ao mesmo tempo, defendia a liberao das mulheres e a no discriminao sexual. Sempre que era levado a julgamento, acusado de desafiar o domnio colonial, Gandhi dizia que era isso mesmo que estava fazendo. E que achava que devia receber a pena mxima. Mas como suas aes sempre geravam veementes protestos populares, era solto rapidamente. Sua fora interna e sua presena, certamente resultantes do seu preparo espiritual, eram to poderosas que seu principal inimigo na frica do Sul, o general Jan Christian Smuts, acabou reconhecendo o valor do corajoso indiano. Quando voltou para a ndia, Gandhi deu a Smuts suas sandlias, feitas por ele mesmo. A reao do general foi inesperada. Eu as devolvi: no me considerava merecedor de usar as mesmas sandlias de um homem to grande, escreveu Smuts em 1939, 24 anos aps a partida do seu ex-inimigo. Em 1914, Gandhi chegou ndia como uma grande fora poltica. Sua misso era gigantesca: no
A tica e a paz
Gandhi apontou seis itens que impedem a sustentabilidade tica do ser humano. Para ele, impossvel alcanar a paz interna se quisermos manter: Prazer sem responsabilidade Conhecimento sem valores Negcios sem tica Cincia sem compromisso humanitrio Religio sem altrusmo Poltica sem princpios 24
s lutar pela independncia do pas, mas unir radicais hindus, muulmanos e sikkhis nessa luta, algo considerado quase impossvel. Uma greve geral foi convocada pelo movimento pr-independncia e logo descambou para a violncia. Gandhi usou o jejum para pedir calma e expiar sua culpa pelo derramamento de sangue. Seguia os passos de sua me, tambm lder poltica e muito religiosa, que costumava orar e jejuar em rituais de purificao. Esse recurso seria usado outras vezes: quando a situao se agravava e o confronto tornava-se iminente, o lder dos indianos resolvia jejuar para desespero da nao, que j o amava muito. Outra estratgia foi a marcha pelo pas, em 1930, contra o monoplio do sal, que s podia ser comercializado pelos ingleses. A multido avanou 400 quilmetros em direo s salinas. Ali chegando, os participantes passaram a comercializ-lo, numa dura afronta Inglaterra. Com as cadeias lotadas de presos por essa insubordinao, o governo foi obrigado a negociar. A independncia tornou-se uma questo de tempo. Com a Segunda Guerra, o poderio ingls na ndia enfraqueceu sensivelmente. Em 1947, chegou regio Lord Mountbatten, o ltimo vice-rei. A independncia foi negociada e a ndia livrou-se dos ingleses para sempre. Mas a unio interna no foi possvel. Os muulmanos se refugiaram no norte e fundaram um novo pas, o Paquisto. Nas fronteiras registraram-se muitos combates que resultaram em milhares de mortes. Gandhi, j um homem idoso, viu a ndia se esfacelar com lutas internas. Em 1949, aos 79 anos, sofreu um atentado por um fantico sikkhi. Suas ltimas palavras antes de morrer foram: Oh, Deus... ( HeRama...).
tando, maltratando, matando. Abstenhase at da violncia verbal: no fale mal das pessoas. No permita a si mesmo a violncia mental: no pense mal dos outros. Finalmente, no incentive a violncia emocional no guarde mgoas, ressentimento ou dio ao prximo. Gandhi sabia de cor os 18 captulos do Bhagavad Gita. Tambm conhecia a Bblia segundo Huberto Rohden, autor de Mahatma Gandhi: ideias e ideais de um poltico mstico (Ed. Alvorada), poucos santos foram to cristos quanto o lder indiano, e muitas vezes suas palavras pareciam tiradas do Evangelho. Deus o amparo dos desamparados, dizia o Mahatma. E estimulava uma ao concreta em benefcio dos desfavorecidos: Lembra-te dos traos do mais pobre e abandonado dos homens que j foi te dado ver, e pergunte-se se o ato que planejas ser de algum modo proveitoso para ele. Sua viso era ecumnica e moderna, num mundo de tradies fundamentalistas: As religies so vias diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importa se tomamos caminhos diversos, j que temos em mira o mesmo objetivo? Sua meta era a comunho total com o divino e a anulao do ego: Tenho sido escravo voluntrio de Deus, o mais exigente dos senhores, h mais de meio sculo. Sua voz tem se tornado cada vez mais audvel com os anos e Ele nunca me abandonou, mesmo nas horas mais difceis. Ele tem me livrado de mim mesmo, sem deixar nenhuma parcela de autonomia. Quanto mais me abandono a Ele, maior tem sido minha alegria, reconhece. Que possamos tambm murmurar a vibrante prece diria de Gandhi a Deus: Om! Conduz-me da inverdade verdade, das trevas luz, da morte eternidade.
* Liane Alves jornalista com doctorat de especialit do Institut Franais de Presse (Sorbonne IV) e escreve sobre espiritualidade e comportamento nas revistas Vida Simples e Bons Fluidos
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As principais bandeiras de Gandhi eram a luta contra o racismo, contra o domnio colonial, contra as leis e os impostos abusivos e contra o sistema de castas. Ao mesmo tempo, defendia a liberao das mulheres e a no discriminao sexual.
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Equilbrio
na mente
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Radha Burnier*
Atualmente as proezas do ser humano exigem raciocnio brilhante e matemtica de ordem elevada. Mas, ao mesmo tempo, o que pode ser mais irracional que continuar a produzir armas nucleares quando sabemos quais podem ser os resul-
Talvez o desequilbrio esteja dentro da nossa mente, com a atividade mental excessiva. Podemos estar cercados pela beleza de um local profundamente pacfico, mas a percepo dessa beleza pode ser totalmente perdida.
tados de seu uso? Sabemos que toda a Terra ser afetada por qualquer guerra nuclear. Contudo, pas algum deseja parar a fabricao. O que poderia ser mais irracional do que o que fazemos com a prpria Terra, apesar de sabermos as consequncias de nossas aes? Outro problema a quantidade de lixo criada em todo o mundo mas adotamos maneiras de aumentar o lixo. A irracionalidade e os poderes do raciocnio coexistem. Qual o problema com o nosso pensamento, para que sigamos em frente com contradies to absurdas? Os cientistas dizem que milhares de espcies esto se extinguindo por causa da atividade humana. Existem inmeras criaturas que tm um papel importante na manuteno do equilbrio ecolgico na Terra. Sabemos que as abelhas nos prestam um servio essencial ao polinizar as flores. Ser que temos noo de que no podemos sobreviver sem as humildes bactrias? A revista The Smithsonian publicou um artigo muito instrutivo onde dizia que as bactrias so necessrias para a fertilizao da terra, para fazer funcionar nosso sistema digestivo, para desintegrar matria orgnica morta etc. O professor Louis Thompson afirmou que existem milhes de criaturas morrendo a cada dia, e no sabemos as consequncias disso. Mesmo assim, elas so levadas a desaparecer rapidamente. Tudo isso ocorre com criaturas que esto constantemente nos ajudando pelo simples fato de existirem. Se a diversidade da vida continuar a diminuir rapidamente, ningum sabe o que acontecer Terra. Qual o problema com a mente humana, dedicada a tantas coisas que parecem ser meios de autodestruio? Diz-se que o homem a nica espcie que destri sem razo aparente, inclusive os seres de sua prpria espcie. Nenhuma
criatura, que no o homem, se entrega destruio desenfreada. Essa uma de nossas caractersticas peculiares. Se pensarmos cuidadosamente, parecemos estar fazendo uma coisa muito estranha. Poderemos tentar encontrar as razes para isso? Haver algum desequilbrio no ser humano? Talvez esse desequilbrio esteja dentro da nossa mente, por causa da atividade mental excessiva. A maioria de ns no v muito bem, mesmo na juventude, quando a viso aguda e clara. Olhamos para o mundo com olhos que no veem, porque muita coisa acontece dentro da nossa cabea. Algum pode passar por um jardim extremamente belo e no estar consciente da beleza, ou estar consciente somente por alguns instantes. Podemos conversar com uma pessoa durante meia hora e no sermos capazes de ver que alguma coisa est perturbando essa pessoa. Uma conversa entre duas pessoas pode deixar cada uma delas com apenas uma ideia parcial do que a outra disse. Quando est ouvindo algum falar, a maioria das pessoas est pensando no que ir dizer a seguir, e por isso no ouve. Podemos passar por um jardim e no ouvir o canto dos pssaros, nem sentir a brisa passando atravs das folhas, mesmo quando pensamos que ouvimos e sentimos. Krishnamurti escreveu: Se voc olhar para uma folha, olhe-a plenamente. Ento voc ver todas as cores, a beleza da forma, a textura, tudo. Se voc olhar para as nuvens, para uma folha que cai, para as pessoas, para tudo, cuidadosamente, com ateno, voc compreender o quanto no v. Nossos sentidos so prejudicados pela atividade da mente. Muito disso se deve a tolas distraes. A atividade mental tambm reduz os sentimentos por exemplo, a solidariedade. Milhes de pessoas es27
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to morrendo de fome ou subnutrio. Ouvimos falar a respeito, mas no sentimos de verdade. Torna-se parte do noticirio e logo esquecemos. Mesmo enquanto falamos ou lemos a respeito, a mente pode divagar para alguma outra coisa o que a pessoa quer comprar na prxima vez que for ao shopping ou alguma outra trivialidade. Os pensamentos criam perturbao e embotam nossa percepo. Eles tambm suprimem nossos sentimentos mais sutis e belos de diferentes tipos, como por exemplo o lado moral no no sentido convencional, mas no sentido de saber o que no correto e o que no til. Buda falou a respeito do correto pensamento, da correta linguagem, da correta ao, e assim por diante. Em que consiste a retido?
um grande tema em si mesmo, mas ele resumidamente usou uma palavra que significa bem-estar, no simplesmente para si prprio mas tambm para as outras pessoas, para o ambiente, para tudo. Portanto, viver o correto tipo de vida um tipo de habilidade que a pessoa tem que aprender. As pessoas fazem coisas espantosamente antiticas porque no sabem o que isso acarretar ao bem-estar dos outros e do mundo. difcil saber o que bom e o que no ; da o axioma o caminho para o inferno est repleto de boas intenes. Mas se nosso crebro no estiver distorcido, se verdadeiramente nos preocuparmos com o bem-estar dos outros, entenderemos aquilo sobre o que Buda falou. O pensar excessivo suprimiu
nossa capacidade de responder ao que no est no nvel visvel. Milhares de pessoas viram mas carem das rvores, mas se lhes perguntassem por que caram, elas responderiam que foi a vontade de Deus. Uma resposta irracional. Somente Newton foi capaz de ver a ligao entre os objetos que caem, que ele exprimiu em termos da lei de gravitao. Dizem que algumas descobertas surpreendentes da cincia surgiram a partir desses lampejos de percepo. Mas o verdadeiro pensar parece tomar parte. Alguns cientistas descreveram como durante anos trabalham num certo problema sem obter resposta, mas certo dia, subitamente, quando pararam de pensar no problema, repentinamente a resposta apareceu.
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Existem inmeras criaturas com papel importante na manuteno do equilbrio ecolgico. Sabemos que as abelhas nos prestam um servio essencial ao polinizar as flores. Mas temos noo de que no podemos sobreviver sem as humildes bactrias?
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Podemos estar cercados pela beleza de um local profundamente pacfico, mas a percepo dessa beleza pode ser reduzida pela atividade mental ou at mesmo totalmente perdida. Essa pode ser uma razo para a assimetria na atividade humana, porque a capacidade de pensar suprime e obstrui a percepo sensorial, os sentimentos e as percepes morais e estticas.
Os Yogasutras de Patajali mencionam a doena. Como sabemos, quando o corpo de algum se torna doente, a mente no funciona de maneira adequada. Tomemos como exemplo uma pessoa que sempre foi gentil, hospitaleira, que amava servir aos outros, e que viveu at uma idade provecta. Ao se aproximar o fim de seus dias, ela parecia ter perdido todas essas qualidades. Essas e vrias outras coisas podem acontecer por causa da condio corporal. No Bhagavad-Gita est dito que certos tipos de alimento produzem inquietao, distrao e agressividade, e outros criam inrcia, preguia, relutncia em se empenhar e assim por diante. Para ter uma capacidade mental calma e lgica, a pessoa precisa comer o tipo certo de alimento. Krishnamurti tinha algumas maneiras interessantes de responder. Parece que no comia nada que contivesse leite de bfala; s vezes, na sua comida, s permitia leite de vaca. Quando lhe perguntaram o que havia de errado com o leite de bfala, ele simplesmente respondeu: Olhe para o animal! O animal pesado, gosta de se espojar nas poas de lama e geralmente lento. Se comer esse tipo de alimento, voc ir absorver algo dessas qualidades. O hbito de comer carne jamais foi recomendado para pessoas que deSOPHIA ABRI-JUN/2011
sejem estar despertas e alertas, porque as influncias que esto no corpo animal violncia, ferocidade e assim por diante at certo ponto atrapalham quando absorvidas. Aquilo que bebemos tambm importante. Uma pessoa viciada em lcool mais cedo ou mais tarde tem sua capacidade prejudicada. Existem tambm emoes que afetam a clareza da mente. Na tradio indiana, dizem que os inimigos de cada pessoa esto dentro dela, e no fora sendo os inimigos a raiva, a ganncia, a vaidade etc. importante perceber isso. Aquilo que Buda chamou de as chamas arde internamente. A mente tambm no fica em condio melhor quando v tudo isso. Nas escolas religiosas ensinase a necessidade de permanecer calmo, de aceitar as coisas como so e de no inventar maneiras para aumentar a prpria insatisfao. A ganncia faz com que as pessoas destruam o ambiente. Atualmente o poder do dinheiro subjugou a sociedade moderna; a irracionalidade existe muito embora a mente se tenha tornado proficiente de algumas maneiras. O corpo, os sentimentos, a capacidade mental, os modos como a pessoa age e se relaciona esto interligados. Quando o pensamento se torna mais claro, mais lgico e mais sensvel s necessidades dos outros, a outra pessoa auxiliada, e isso tambm clareia a mente. Mas se nos sentimos emotivos e ansiosos isso ento no possvel, porque as atitudes autocentradas obscurecem a mente. Quando estudamos a mente pura e a impura, ou a mente clara e a obscura, como ver o sol encoberto pelas nuvens, que parece no fornecer luz e nem calor. Mas o sol est sempre l; se as nuvens se dissiparem, ele brilhar novamente. A vasta mente que fornece algum tipo de inteligncia a todas as criaturas est em toda parte, mas obscurecida
pelo desejo pessoal, egosta. Se todo desejo puder ser posto de lado, voc ir, de acordo com certos instrutores espirituais, tornarse iluminado. De maneira sutil, abra mo de tudo que voc se apegou internamente. Voc no tem que jogar fora a moblia, mas no se prenda a coisa alguma. Voc deve usar as palavras eu e meu sem se sentir possessivo ou apegado. Uma maneira simples de colocar isso : Vou tomar um banho de chuveiro agora, mas isso no quer dizer que eu me sinta apegado ao corpo. Embora por convenincia a pessoa possa usar um certo tipo de linguagem, o sentimento de desejo pessoal e todas as complicaes que surgem a partir da devem ser postos de lado. Ento a mente ser capaz de pensar de maneira lgica e sensvel. Dizem que a mente impura a mente com desejos, e que a mente pura no tem desejos. Como pode a mente estar to clara que compreenda o que importante e o que no o ? Em Aos Ps do Mestre est assinalado que uma das qualificaes para a correta discriminao a clareza de viso. Se a pessoa for muito apegada s coisas que no so duradouras, o desapontamento certo, e talvez tambm o sofrimento. Ns no compreendemos que existem condies psicolgicas que podem ser amplamente classificadas como sofrimento. Abrir mo sofrimento, mas apego tambm sofrimento, porque mais cedo ou mais tarde voc ter que abrir mo. Muitas das coisas que consideramos prazerosas so na realidade fontes de dor, e a pessoa deve estar consciente para compreender isso. Se pudermos estar profundamente conscientes disso em nossos coraes, a mente no perder sua clareza.
* Radha Burnier escritora e presidente internacional da Sociedade Teosfica.
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O medo de amar:
acalmar da mente, o cultivo do magnetismo pessoal, diz ela. Essa perspectiva encontra total cumplicidade numa obra admirada no mundo inteiro: o Bhagavad Gita, livro de cabeceira do Mahatma Gandhi. Ali ensinado que o esprito realmente no faz nada, sendo o impulso da criao baseado na fora do desejo. Este, porm, pode agir por meio do ego ou por meio do esprito. Entre essas duas possibilidades h uma diferena fundamental. A ao do desejo por meio do ego, por ser egosta, aprisiona, cria vnculos, karma. J a ao por meio do esprito (ao fazermos nossa entrega) libertadora porque no gera apego, sendo totalmente confiante em algo maior. Quando se refere a acalmar a mente como parte do processo de rendio, Marianne toca no ponto bsico: a mente a grande fonte da separatividade. um princpio essencialmente guerreiro, disseminado entre homens e mulheres, como lembra Marianne. E cada vez mais, nos dias de hoje, pela maior igualdade entre os sexos. De qualquer maneira, como descobre Elizabeth, se estivermos interessados num retorno ao amor, no h outro caminho. Ainda que preservando nosso prprio mundo, o medo da dor como qualquer outro deve ser superado pela conscincia. A travessia tem que ser feita. Somente por meio da confiana que o amor pode fluir.
* Walter Barbosa escritor e membro da Sociedade Teosfica de Campo Grande. SOPHIA ABRI-JUN/2011
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Se estivermos interessados num retorno ao amor, no h outro caminho: ainda que preservando nosso prprio mundo, o medo da dor deve ser superado pela conscincia. A travessia tem que ser feita. Somente por meio da confiana que o amor pode fluir. SOPHIA ABRI-JUN/2011
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Quando a pessoa adquire um certo grau de autodisciplina, a mente no voa mais para longe. Nesse estgio estamos verdadeiramente prontos para meditar
Meditao
passo a passo
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O propsito da meditao geralmente duplo. O primeiro a tranquilidade no viver; isso significa calma na mente, sentimentos e corpo. O segundo despertar nossos mais elevados potenciais espirituais, um estado de realizao que fundamentalmente resolve as questes bsicas da existncia. Esse estado descrito como chegar em casa, retornar nossa natureza bsica, alm das camadas da psique com as quais ha-
bitualmente nos identificamos, e alm at mesmo da nossa faculdade de pensar como normalmente a usamos. Essa experincia tambm descrita como unio mstica, iluminao, conscincia csmica, autorrealizao e autotranscendncia. O primeiro propsito atingir a tranquilidade prtico, buscado por todos aqueles que praticam a meditao. O segundo propsito, no entanto, no a meta de todos os meditadores. Ele no ressoa no ntimo de algumas pessoas. Intelec-
tualmente elas concordam quanto sublimidade dessa meta, mas no desejam passar pelo que isso acarreta: uma total transformao na vida, no apenas o cessar dos rudos dirios da mente. Esse segundo propsito, no entanto, o verdadeiro propsito da meditao. O primeiro apenas um estgio intermedirio que leva ao segundo. Sem atingir o primeiro objetivo, o segundo impossvel. Assim, no estudo e na prtica da meditao, devemos lidar com ambos.
Relaxamento fsico A ausncia de tenso um ingrediente importante na vida meditativa. Perceber as tenses no corpo permite pessoa deixar fluir, e naturalmente dissipar as energias bloqueadas. O conhecimento das tcnicas apropriadas de respirao e percepo til para isso. Calma emocional Essa mais difcil de alcanar do que lidar com a tenso fsica, porque as emoes surgem de fatores mentais e sociais. Mas possvel, contanto que o indivduo deseje fazer o esforo necessrio. Para isso existem dois requisitos: 1. Saber como liberar o congestionamento de energia emocional que causa reaes involuntrias, sem suprimi-las ou express-las de maneira hostil. Isso feito por meio do chamado processamento emocional, citado no livro O Processo de Autotransformao (Ed. Teosfica). 2. Saber como evitar o acmulo de novos padres emocionais condicionados (botes interruptores) por meio da percepo constante. Presume-se que essas trs precondies sejam praticadas na vida 33
Slida filosofia de vida Uma saudvel viso da vida e do mundo, integrada e consistente, um ingrediente importante para uma vida tranquila. Uma filosofia assim consiste em uma compreenso objetiva da vida e da realidade humanas, e a adoo de valores essenciais na vida da pessoa. Compreenso objetiva significa estar livre de supersties e de informaes distorcidas, no estar indevidamente aprisionado por condicionamentos perniciosos como medos e preconceitos, que no nos permitem ver a realidade como ela . Valores transparentes so o outro pilar de uma slida filosofia de vida. Significa ver que verdade, sinceridade, gentileza e amor so as corretas fundaes da ao humaSOPHIA ABRI-JUN/2011
diria. Sem elas, a tranquilidade interior no possvel, e a meditao no ser bem-sucedida. Quietude mental Esse o objetivo da prtica meditativa em si. Como disse Patajali, yoga a cessao das modificaes da mente. A quietude tem dois estgios principais. O primeiro o domnio dos movimentos dos pensamentos comuns (grosseiros), e o segundo a meditao propriamente dita, onde existe percepo alerta, mas ao mesmo tempo existe equanimidade de pensamentos, tanto grosseiros quanto sutis. 34
Presumindo-se que o corpo seja agora capaz de estar sossegado, que as emoes possam estar calmas e a vida geral do indivduo no seja caracterizada por inconsistncias ou contradies srias, ento a pessoa estar mais preparada para a prtica da meditao propriamente dita, que consiste em duas fases:
Estgios de meditao
O processo de domar As pessoas ficam surpresas ao descobrir que na verdade no detm o controle de seus prprios pensamentos. Quando tentam pa-
rar de pensar, isto , repousar a mente plenamente de qualquer atividade, a mente no para de modo algum. Ela continua pensando a respeito disso e daquilo, reagindo a um ou a outro estmulo. Quando a pessoa escolhe pensar apenas em uma coisa, mesmo por um minuto, descobre que a mente simplesmente continua pensando a respeito de outras coisas. Isso quer dizer que a pessoa no detm o domnio sobre o mecanismo da mente. Ela como uma mquina que funciona sem o operaSOPHIA ABRI-JUN/2011
O primeiro estgio obter domnio sobre as atividades da mente. Devemos domar esse cavalo selvagem em nosso crebro. O que fazemos prover uma conexo entre nossa vontade interior e os movimentos da mente.
dor. Quando o operador aperta o boto parar, a mquina no para. Simplesmente opera em modo automtico, e temos a impresso de que estamos no controle quando na verdade somos apenas espectadores passivos dos seus movimentos. Assim, o primeiro estgio da prtica meditativa obter domnio sobre as atividades da mente. Devemos domar esse cavalo selvagem em nosso crebro. Essencialmente, o que fazemos prover uma conexo efetiva entre nossa vontade interior e os movimentos da mente. Essa fase chamada dharana no yoga. Dharana geralmente
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traduzida como concentrao, mas talvez devssemos redefini-la. A palavra significa segurar firmemente, isto , ser capaz de suster um pensamento escolhido continuamente na percepo. No a concentrao obstinada sobre um detalhe ou um objeto, que geralmente cria tenso. uma ateno leve, relaxada, sobre os contedos da mente e o retorno ao objeto ou palavra escolhido quando a ateno desviada. O procedimento mais comum para se conseguir isso selecionar duas ncoras para a qual retornar quando a mente for distrada por outras coisas. A primeira ncora deve ser visual, e a segunda, auditiva ou verbal. A ncora visual qualquer ponto ou objeto no espao. Geralmente um ponto entre as sobrancelhas, a ponta do nariz, a respirao, ou o ponto entre o nariz e o lbio superior. ateno gentil mas firme sobre o ponto escolhido. A ncora auditiva ou verbal uma palavra que a pessoa repete mentalmente seguindo o ritmo da respirao. Pronuncia-se mentalmente a primeira slaba na inspirao e a segunda na expirao. Se a palavra escolhida tiver uma nica slaba, diga-a mentalmente durante a expirao. Uma palavra conhecida na ndia hamso (pronuncia-se rm-sou e significa eu sou aquilo) ou soham (aquilo sou eu). Entre os zen budistas, a palavra mu (que significa nada) usada na expirao. As palavras Jesus e Maranatha tm sido usadas na tradio crist. Um-dois tambm pode ser usado. Qualquer que seja a ncora verbal, simplesmente permanea com ela em estado de percepo alerta at que a mente esteja domada para reter apenas o pensamento que a vontade interior escolheu repetir. Esse estgio pode levar meses para ser dominado. Uma chave im-
portante para o sucesso a qualidade da mente durante o restante do dia. medida que praticarmos esse processo de adestramento, notaremos um aprofundamento da percepo em nossa mente. Uma percepo perifrica desenvolve-se cada vez que praticamos esse processo meditativo de domar a mente. Enquanto fizermos isso todos os dias, regularmente, essa percepo perifrica se tornar cada vez mais permanente. Como resultado, nosso comportamento e aes se tornaro cada vez menos automticos. Existiro cada vez menos reaes tipo reflexo patelar em nossos sentimentos e pensamentos. Isso, por sua vez, produzir mais calma na vida diria, assim como maior profundidade em nossa prtica meditativa. A meditao propriamente dita Quando a mente adquire um certo grau de autodisciplina ou adestramento, a pessoa observa que ela no voa para longe quando medita. Ao atingir esse estgio, estamos ento prontos para a segunda fase da meditao. Essa a verdadeira dhyana, ou meditao: quando h percepo do espao da conscincia no qual tanto os pensamentos concretos quanto os sutis so observados. importante compreender que os pensamentos sutis existem na mente. So diferentes dos pensamentos que tm formas, cores e tamanhos. So mais difceis de observar, mas so poderosas fontes de aes, reaes, decises e comportamentos. Um exemplo a inteno. A inteno de pensar na palavra grilo diferente de pensar na palavra em si. Existe um movimento mental antes de se pensar nessa palavra, e esse movimento quase nunca observado. O pensador no o percebe, contudo ele existe. Dhyana ou meditao um es35
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tado de conscincia onde a pessoa percebe as camadas sutis de pensamentos e tambm lhes permite cessar naturalmente. Assim, a qualidade essencial da meditao no mais a ateno focalizada, mas a percepo. uma percepo reflexiva, onde se tenta perceber a prpria inteno de perceber. Essa percepo leva ao estado de quietude, de no intencionalidade, mas ainda desperto e perceptivo. A manuteno do estado de meditao depende do sucesso que a pessoa tenha no estgio de domar a mente. Quando o estgio de adestramento no foi bem dominado, a mente continua retornando ao rudo usual dos afazeres da vida diria. So questes no resolvidas do presente ou do passado que surgem nos estados de quietude da pessoa, uma vez que as questes
ainda carregam as energias no resolvidas e assim so autoimpelidas a se moverem quando existe um vcuo no campo de ateno. A capacidade de sustentar a percepo nesse nvel sutil em si mesma uma tarefa difcil. Quando o meditador capaz de permitir que os pensamentos sutis se estabeleam e se desvaneam, chega a um estgio no qual essencialmente livre do que chamado estado infeliz. Nesse estgio de quietude meditativa no h mais lugar para a infelicidade, porque aquilo que chamamos de infelicidade pertence aos movimentos e s preocupaes das emoes e da mente inferior. Nesse estado meditativo, as emoes e a mente inferior j esto aquietadas e tranquilas. importante uma observao a respeito da energia na conscincia.
Muitas pessoas observam que quando meditam tornam-se s vezes sonolentas e tendem a dormir. Isso quer dizer que falta energia ao crebro para seguir em frente. Pode ser porque no se dormiu bem, ou h falta de energia na conscincia para sustentar um estado elevado de percepo. A energia da conscincia no est separada da energia que usamos para outros propsitos: raiva, preocupao, ansiedade, excitao, etc. Por isso, quando consumimos muita energia da conscincia com infortnios emocionais, ficamos com menos energia para a intensa percepo necessria meditao profunda. importante que a pessoa no desperdice energia na vida diria. Assim, uma maior quantidade dessa energia fica disponvel para a busca do transcendente.
Rumo transcendncia
At aqui as prticas meditativas descritas podem ser obtidas por aquilo que chamamos de esforo. Alm desse ponto, as diretrizes comuns sobre meditao se desvanecem e no so mais aplicveis. O esforo uma inteno da mente, um desejo de atingir algo. Como tal, ainda um pensamento. Mas quando todos os pensamentos desse tipo cessam, de onde vir a motivao ou a razo para continuar a se mover? E quando no h motivo, como devemos nos mover rumo transcendncia e iluminao? Chegamos a um estgio crucial na meditao e na vida mstica. Esse estgio caracterizado por paradoxos: esforo sem esforo, ao sem ao, percepo sem escolha, etc. O poder motivador e impulsionador no mais so os pensamentos, as emoes e o corpo. Ele tem que vir da prpria transcendncia. Na prtica da vida espiritual, chega um momento em que se desenvolve um elo entre o transcendente e a conscincia cerebral. O transcendente sempre esteve l, mas a ligao entre ele e a conscincia comum geralmente no estabelecida. Esse elo caracterizado pela presena de prajna, ou conscincia intuitiva, filtrando-se para o interior da mente. Dizem que somente uma porcentagem muito pequena de pessoas no mundo tm prajna desperto na conscincia diria. Na maioria dos casos, esse despertar est em seu estgio incipiente, mas em alguns se tornou uma qualidade dominante da conscincia. esse prajna desperto que assume o crescimento e o desenvolvimento da conscincia da pessoa. No mais uma questo de esforo ou inteno. um crescimento inconsciente, como o de uma planta ou de uma flor. Tudo que a pessoa pode fazer reg-la e exp-la luz do sol, prov-la de um ambiente nutritivo, mas o processo de
germinao um processo interno. O tratado mstico Luz no Caminho (Ed. Teosfica) diz: Crescei como cresce a flor, inconscientemente, mas basicamente ansiosa para abrir sua alma ao vento. Igualmente deves esforar-te para abrir tua alma ao eterno. Mas deve ser o eterno a desenvolver tua fora e beleza, no o desejo de crescimento. Pois num caso desenvolvers na exuberncia da pureza, no outro endurecers pela paixo impetuosa por desenvolvimento pessoal. Outro tratado mstico, de um desconhecido monge do sculo XIV, The Cloud of Unknowing, diz que uma busca assim deve estar alm das palavras e do conhecimento, portanto no estado de no saber, pois todas as palavras, desejos e frmulas tornam-se nada mais que obstculos. O que resta uma inteno nua: Chamo de inteno nua porque totalmente desinteressada. Nessa obra o arteso
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perfeito no busca benefcio pessoal ou iseno de sofrimento. Krishnamurti chama a isso estrada sem caminhos, porque qualquer formulao, qualquer mtodo, apenas mais uma vez o esforo da mente. Os zen budistas realam a natureza no intelectual desse processo com exerccios que no per-
mitem mente oferecer solues ou mtodos para a busca. O livro Luz no Caminho expressa isso da seguinte maneira: Est escrito que para aquele que est no limiar da divindade nenhuma lei pode ser formulada, nenhum guia pode existir. Contudo, para se iluminar, a luta final do discpulo
pode ser assim expressa: aferra-te quilo que no tem substncia nem existncia. Ouve apenas a voz que insonora. Considera apenas aquilo que invisvel tanto ao sentido interno quanto ao externo.
* Vicente Hao Chin Jr. escritor e presidente da Sociedade Teosfica nas Filipinas.
Crescei como cresce a flor, ansiosa para abrir sua alma ao vento. Igualmente deves esforar-te para abrir tua alma ao eterno. Mas deve ser o eterno a desenvolver tua fora e beleza, no o desejo de crescimento.
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Zen Budismo
Realizar a iluminao do Zen um estado onde a vida como deve ser, iluminada pelo sol ou tocada pela chuva. A calma aceitao do ser iluminado una com o fluxo de vida
O que o
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Eric McGouch*
H pouco tempo o Zen Budismo era desconhecido no Ocidente, exceto por poucos eruditos com interesse principalmente acadmico. Antes da Primeira Guerra havia apenas um trabalho sobre o assunto em lngua europeia A Religio dos Samurais, de Kaiten Nukariya e algumas referncias em livros sobre o Budismo em geral. S aps o professor D. T. Suzuki publicar o primeiro volume de seus Ensaios Sobre o Zen Budismo, em 1927, que se transmitiu uma ideia do real esprito do Zen. O Zen diferente de toda religio. Essa diferena, somada sua qualidade enigmtica, pode ser responsvel por despertar a curiosidade dos ocidentais. Uma vez despertada a curiosidade no descansa facilmente, porque o Zen fascina as mentes cansadas da religio e da filosofia convencionais. Ele descarta todas
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A vida especial. Mesmo os eventos mais comuns so milagres. Compreendemos isso? Vemos a ns mesmos como partes disso ou estamos de algum modo do lado de fora da vida?
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as formas de teorizao e instruo doutrinria; fundamenta-se na prtica e na experincia pessoal. Zen sentir a vida, em vez de sentir algo a respeito da vida; no tem interesse em descries de experincias espirituais, em conceitos ou crenas. Embora o conhecimento seja valioso para apontar o caminho, facilmente confundido com o prprio caminho e at mesmo com a meta. No podemos fixar o Zen mais do que podemos fixar a vida. Diz-se que definir matar; se o vento parasse um segundo para o segurarmos, deixaria de ser vento. O mesmo ocorre com a vida. As coisas mudam, no podemos nos apossar do presente e faz-lo permanecer conosco, no podemos reter uma sensao passageira. Quando tentamos, resta apenas memria morta. Constantemente tentamos parar o fluxo do tempo porque somos inseguros. Tememos o futuro, lamentamos o passado, buscamos uma ilha de calma para evitar as consequncias de nossos pensamentos, sentimentos e aes. Buscamos a tranquilidade porque ela representa paz, mas tambm no podemos reter a tranquilidade. Quanto mais tentamos reter o momento, mais nos frustramos. H um paralelo realizao do Zen em The wisdom teaching (O ensino da sabedoria). Os mestres que guardaram esses ensinamentos durante sculos descrevem a vida como um processo de desabrochar eterno, um eterno vir-a-ser. O desabrochar da vida jamais cessa, descansa ou chega ao fim. Estar em sintonia com a vida mover-se com seu fluxo. Somente assim podemos conhecer a verdade por ns mesmos. Somente assim as doutrinas sagradas do mundo so reveladas em sua pura fonte de luz. Tentar abarcar a unidade do esprito ou negar a prpria individualidade to ftil quanto aferrar-se aos prazeres ou negar a dor. Prazer e dor so a mesma coisa expresses opostas da dualidade. A unidade do esprito e o eu tambm so a mesma coisa expresses de dualidade. Os indivduos so a expresso mltipla do esprito uno. Atravs de cada um de
ns o esprito expressa aspectos de sua multiplicidade e seus potenciais. Somente quando cada um de ns tiver crescido at a plena e incondicional manifestao de nossa parte individual do todo que o esprito uno se realizar. Realizar a iluminao do Zen estar em paz com a vida. A partir dessa condio no existe luta e tambm no existe santurio no h meta a ser alcanada, com ou sem obstculos no caminho. um estado onde a vida como deve ser, iluminada pela luz do sol ou tocada pela chuva. A calma aceitao do ser iluminado una com o fluxo de vida que se move nossa volta e atravs de ns, numa eternidade que jamais termina, sempre desabrochando perfeio dando luz perfeio. Os grandes mestres zen no faziam coisas especiais com seu tempo disponvel, no faziam milagres nem curavam doentes, como disse o mestre Pang-yin: Quo maravilhosamente sobrenatural, e quo miraculoso isso! Eu pego gua e carrego lenha! A vida especial. Tudo maravilhosamente sobrenatural, e mesmo os eventos mais comuns so milagres. A pergunta : compreendemos isso? Vemos a ns mesmos como partes disso ou estamos de algum modo em p do lado de fora da vida, olhando para dentro? Muitos de ns experimentamos algum pequeno evento, algum diminuto vislumbre de realmente estar no fluxo da vida. Num momento assim sabemos o que significa o Zen. Muitos somos levados a novamente buscar essa experincia, no compreendendo que provavelmente no foi algo que fizemos, e sim algo que no fizemos que nos permitiu entrar no verdadeiro fluxo da vida. Esse o ensinamento dos mestres zen. No precisamos fazer coisas extraordinrias, mas temos de parar de fazer coisas fora de propsito, como tentar agarrar a estabilidade num mundo sempre em mutao.
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Astrologia e mistrios
Ricardo Lindemann engenheiro civil e astrlogo, licenciado em Filosofia pela UFRGS, presidente dos Sindicato dos Astrlogos de Braslia e membro do Conselho Mundial da Sociedade Teosfica Internacional. Lindemann escreve regularmente para SOPHIA.
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doze signos
Ricardo Lindemann
O zodaco tropical uma abstrao matemtica onde todos os doze signos tm rigorosamente trinta graus, enquanto que o zodaco sideral est baseado em doze constelaes ou agrupamentos de estrelas fixas.
A polmica do zodaco ressurgiu em nova forma com o artigo da revista Veja (edio n 2201) que pretendeu acrescentar-lhe uma dcima terceira constelao. Devido a inmeros pedidos, transcrevo meus trs sintticos pargrafos de resposta quela publicao, que enviei como presidente do Sindicato dos Astrlogos de Braslia no dia 5 de fevereiro deste ano: A verdadeira astrologia milenar trabalha prioritariamente com ngulos de 90 (quadraturas) e 120 (trgonos) entre astros do sistema solar, que dividem o crculo em quatro e trs partes respectivamente, donde derivam lgica e matematicamente como seu mnimo mltiplo comum os doze invariveis signos do zodaco tropical, como setores iguais da eclptica, iniciando no ponto equinocial vernal, que determina a origem das estaes do ano, conforme foi definido por Ptolomeu na obra Tetrabiblos, no sculo II d.C.. Portanto, o zodaco tropical totalmente independente das constelaes que lentamente deslizam no seu fundo ou de qualquer nmero arbitrrio de figuras imaginrias de estrelas agrupadas segundo a mitologia de uma civilizao
qualquer que possa pretender interpretar o cu de sua poca. Em 1955 surgiu uma evidncia cientfica independente sobre esses mesmos ngulos planetrios, quando John Henry Nelson, um engenheiro que no era astrlogo, mas especialista na anlise de propagao de ondas curtas da Radio Corporation of America, descobriu a influncia de ngulos planetrios de 90 e 120 na previso de manchas solares com mais de 90% de acerto. Richard Head, do Electronics Research Center da Nasa, investigou esses estudos e considerou-os precisos, pelo que a Nasa adotou o mtodo de Nelson com o nome de vetorizao gravitacional. Desde ento, no houve qualquer estmulo da comunidade cientfica, mas apenas uma rara meno de encorajamento para futuras pesquisas, feita por Don C. Maier na revista Infinite Energy (maro/abril de 2000). Entretanto, os invariveis doze signos solares servem para descrever parcialmente caractersticas predominantemente mentais e coletivas dos temperamentos humanos, mas obviamente so de todo insuficientes para quaisquer previses precisas sobre o destino ou karma maduro de um indivduo, que somente podem ser feitas pelo clculo individual do mapa astral com 41
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todos os ngulos de seus planetas e astros componentes a partir da hora de seu nascimento (horoskopeo, em grego, literalmente observao da hora). Creio que o momento de enfatizar: a verdadeira astrologia no e nem deve ser confundida com as tradicionais colunas erroneamente denominadas horscopo pelas revistas e jornais populares. Parece oportuno citar a Enciclopdia de Astrologia de James Lewis (Makron, 1997): A astrologia do signo solar, o rei da astrologia encontrado nos jornais e revistas femininas, tem a vantagem da simplicidade para decifrar o signo da pessoa, tudo o que se precisa saber sua data de nascimento porm paga-se o preo de ignorar todas as outras influncias astrolgicas. A ausncia dessas outras influncias faz do signo solar um sistema ao acaso, que funciona algumas vezes, mas falha extremamente em outras. Os astrlogos profissionais tendem a ter averso astrologia do signo solar, pois estabelece um conceito equivocado sobre a cincia das estrelas (isto , o conceito de que a astrologia inteiramente sobre signos solares) e, devido sua impreciso, leva os no-astrlogos a rejeitarem toda astrologia como falsa. Foi principalmente durante a grande depresso econmica de 1930, nos Estados Unidos, que jornais e revistas populares expandiram a ideia de divertir a entristecida populao com uma suposta coluna de horscopo com somente doze previses para todos os seres humanos, uma bvia tolice. Minha saudosa professora Emma Costet de Mascheville costumava dizer que tal coluna de peridicos deveria chamar-se messcopo, uma vez que pretende enquadrar a humanidade em doze signos mensais, mas no utiliza em absoluto o horrio em que a pessoa nasceu. 42
Como mencionamos, a palavra grega horoskopeo significa literalmente observao da hora, um fator individualizante que determina o signo ascendente, ou seja, a linha do horizonte de um mapa astral individual a partir do qual se calculam os ngulos planetrios com os quais a cincia da astrologia trabalha. Enquanto alguns astrlogos continuarem cedendo tentao de utilizar jornais e revis-
tas populares que constrangem a milenar cincia da astrologia, confinando-a a fazer previses de somente doze destinos para toda a humanidade, e no quiserem regulamentar sua nobre profisso, muitos astrnomos continuaro supondo que a astrologia uma mera superstio que nem merece ser investigada, e assim a velha polmica do zodaco no ter fim. Nosso milenar zodaco tropical
O zodaco tropical est estabelecido nas relaes do movimento da Terra com o Sol e no com as estrelas do zodaco sideral, que permanecem no fundo. E assim ns temos a simbologia bsica da astrologia baseada nos aspectos de trgono e quadratura.
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tem origem greco-romana, e, como mencionamos, doze invariveis divises iguais chamadas signos, da mesma forma que o zodaco egpcio, o hindu, o chins, etc., ainda que cada um com suas respectivas mitologias diferentes, onde os signos so eventualmente representados por outros smbolos, mas que pretendem representar as mesmas doze caractersticas gerais dos temperamentos humanos.
A verdadeira astrologia
Em meu livro A Cincia da Astrologia e as Escolas de Mistrios, (Ed. Teosfica, 2006), pude desenvolver mais detalhadamente esse assunto, como segue: importante, porm, perceber que o zodaco tropical uma abstrao matemtica, com referncia no ponto vernal ou zero grau de ries, onde todos os doze signos tm rigorosamente trinta graus; enquanto que o zodaco sideral est baseado em doze constelaes ou agrupamentos de estrelas fixas. H, portanto, um constante questionamento, principalmente por parte de alguns astrnomos que no parecem ter estudado astrologia, de querer inserir novas constelaes no zodaco sideral, como Ophiuchus (ou Serpentrio), Cetus (ou Baleia), etc. Na astrologia ocidental, o zodaco sideral ou fixo usado para o clculo das eras, que so perodos de 2.150 anos que afetam a humanidade como um todo, mas no para o clculo do mapa astral de nascimento de um indivduo, que baseado no zodaco tropical ou mvel. Deve, portanto, ficar claro que os signos no coincidem com as constelaes, seja porque algumas delas tm mais ou menos de trinta graus de extenso, seja porque devido ao movimento de precesso dos equincios descoberto por Hiparco no sculo II a.C., que tem um ciclo de doze eras ou um grande ano de cerca de 26.000 anos terrestres , o ponto do equincio vernal desliza em relao s constelaes das estrelas fixas aproximadamente um grau a cada 72 anos, ou, mais precisamente, 50,26 por ano. Assim, ns fazemos uma abstrao do cu, que o zodaco tropical ou matemtico dividido exatamente pelas linhas bsicas dos equincios, que so os dias 21 de maro e 23 de setembro (incio de ries e Libra, respectivamente), quando os dias e as noites tm a mesma durao; e a linha dos solstcios que vai de Cncer a Capricrnio, pois o Sol se projeta no Trpico de Cncer no dia 21 de junho, e no Trpico de Capricrnio em 21 de dezembro. Portanto, o zodaco tropical ou mvel est estabelecido nas relaes do movimento da Terra com o Sol e no com as estrelas do zodaco sideral ou fixo, que permanecem no 43 43
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dor que desliza para calcular ngulos, sobre o qual os astrlogos e astrnomos da Antiguidade faziam seus clculos de ngulos planetrios, sendo que, por comodidade, usavam apenas como referncia prtica as estrelas fixas e suas constelaes ainda mais ao fundo, uma vez que ainda no haviam descoberto o telescpio e outros instrumentos que facilitam determinar a posio dos astros no cu. Essas constelaes ou agrupamentos de estrelas que podem variar em tamanho, quantidade ou extenso segundo a imaginao e mitologias das culturas que interpretam ou imaginam estar vendo alguma figura no cu a partir das posies das estrelas. Curioso que raramente perguntem aos astrlogos por que na astrologia nem sequer se mencionam as outras constelaes do cu que esto fora da eclptica, mas so muito mais numerosas. Por exemplo, por que no inventam o signo do Cruzeiro do Sul ou da Ursa Menor? A resposta a mesma que j mencionamos: porque os planetas no passam nessas reas do cu, portanto ali no se podem calcular os ngulos planetrios... A antiga Via Solis (literalmente Caminho do Sol) ou As dificuldades do clculo astronmico tornaa atual Eclptica ram a verdadeira astrologia inacessvel ao pblio caminho ou trajetria da passaco, mas a era da informtica vencer esse obstgem da projeo culo, produzindo evidncias e obrigando a cinTWOBEE/SHUTTERSTOCK
fundo. E assim ns temos a simbologia bsica da astrologia baseada nos aspectos de trgono e quadratura, que podem ser considerados como leis de fluxo de energia na natureza, que determinam inevitavelmente a diviso em doze partes iguais, como j vimos, e, por decorrncia, com 30o para cada signo. Podemos imaginar os dois zodacos como crculos concntricos, onde o zodaco mvel ou tropical desliza com seus invariveis doze signos dentro do zodaco fixo, tambm chamado sideral ou das constelaes de estrelas fixas. O zodaco tropical, portanto, basicamente um pano de fundo ou baco de clculo, como se fosse um grande transferi-
do Sol no cu, que arrasta consigo os planetas que em torno dele orbitam, e, portanto, o cinturo zodiacal aquela estreita faixa do cu onde os planetas podem ser encontrados. Isso abrange apenas uma faixa de oito graus ao norte e ao sul dessa linha mdia que a eclptica, pois os planetas do sistema solar no apresentam latitudes celestes que excedam essa faixa. Como mencionamos em nosso artigo anterior Os planetas e a escola da vida, nesta mesma coluna: Os planetas agem, por analogia, como amplificadores da energia dos signos. Pode-se quase dizer que onde os planetas no passam a astrologia no acontece. Temos, assim, enfatizado sistematicamente que a essncia da verdadeira astrologia est no clculo e na interpretao dos ngulos planetrios. As dificuldades do clculo astronmico sempre tornaram a verdadeira cincia milenar da astrologia inacessvel ao grande pblico, mas a era da informtica vencer esse obstculo, facilitando o estudo de mapas astrais individuais e produzindo evidncias em um volume estatisticamente irrefutvel. Dessa forma, obrigar a cincia contempornea a adequar seus paradigmas ao peso dos fatos, dignando-se a investigar imparcialmente a astrologia. Como respondeu Isaac Newton (em 1860), ao descobridor do Cometa de Halley, que questionava as bases da astrologia: Senhor, eu a tenho estudado, o senhor no. Uma enorme transformao ocorrer em nosso mundo quando, pela presso de evidncias, a humanidade compreender que o destino ou o karma maduro existem e podem ser lidos pelos ngulos dos astros, que o universo ordenado e no um mero fruto catico do acaso, e que h um profundo significado pedaggico em tudo que nos acontece, porque o efeito de nossos pensamentos, aes e desejos do passado.
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Conhea as publicaes da
O Poder Transformador do Cristianismo Primitivo Raul Branco O autor foi especialmente feliz em colocar em linguagem simples a resposta a questionamentos sobre a vida espiritual formulados por aqueles que querem entender a mensagem bblica e as doutrinas crists. O leitor ser levado a concluir que os ensinamentos essenciais de Jesus so to relevantes para nossa sociedade como foram para os primeiros seguidores do Caminho. Seu resgate poderia ser considerado como uma obra da Providncia Divina. Todo devoto sincero que busca conhecer o mago dos ensinamentos de Jesus encontrar neste livro a resposta a seus anseios. O autor apresenta, de forma sistematizada, os ensinamentos e as prticas espirituais essenciais que, ao longo dos sculos, levaram tantos milhares de cristos experincia de Deus e, finalmente, unio com o Pai, geralmente referida como a Ascenso ao Cu. Entre os temas examinados esto os fundamentos prticos da vida tica, o despertar do Cristo interior, o conhecimento da verdade que nos libertar, as chaves para a interpretao da Bblia e as prticas espirituais para o exerccio da contemplao. A Gnose Crist C.W. Leadbeater Poucos sabem que havia padres reencarnacionistas na Igreja Crist do Egito at o sculo III, como So Clemente de Alexandria e seu discpulo Orgenes, e que somente em 543 esse ensinamento foi considerado hertico. Neste livro revolucionrio, o bispo C.W. Leadbeater ousa reinterpretar conceitos bsicos do Cristianismo, como a salvao, a crucificao, a ressurreio, a ascenso, a remisso dos pecados, a parbola do filho prdigo, todos luz do progresso da alma atravs de sucessivas reencarnaes. Tal interpretao, devidamente apoiada nas Escrituras, fundamentada na Gnose (do grego gnosis, conhecimento), ou sabedoria esotrica do Cristianismo primitivo, que permanecia oculta s pessoas do povo. Jesus sem parbolas nunca lhes falava; porm tudo declarava em particular aos seus discpulos (Marcos 4:34). O questionamento desses Mistrios do reino de Deus (Marcos 4:11) o desafio que o leitor convidado a investigar. Pensamentos para Aspirantes ao Caminho Espiritual N. Sri Ram Este livro uma compilao de pensamentos inspiradores, excertos escolhidos de diversos textos do autor, divididos em temas como autorrealizao, verdade, sabedoria, liberdade, paz, fraternidade, felicidade, beleza, amor. Sua linguagem humana, simples e profunda o tornam acessvel e recomendvel a todos. O autor busca lembrar-nos daquele estado de felicidade e harmonia naturais que geralmente perdemos em nossas agitadas vidas dirias, mas que sempre aspiramos por reencontrar. Contudo, essa aspirao nem sempre consciente e clara, tornando-se, por isso, valiosa a meditao em pensamentos de natureza inspiradora. Teosofia Simplificada Irving Cooper Esta obra traz ideias sobre o sentido da vida e da morte, o destino, o livre-arbtrio e as possibilidades da evoluo do homem. Esse conjunto de ideias, que resultam de um estudo comparativo de filosofia, cincia e religio, de uma forma racional e no dogmtica, constitui a filosofia esotrica, ou Teosofia simplificada. A Teosofia propriamente dita significa, literalmente, sabedoria divina, e se caracteriza por um estado de conscincia espiritual que transcende qualquer teoria criada pelo pensamento humano. Dessa forma, este livro, utilizando os conceitos da filosofia esotrica, aponta na direo da verdadeira Teosofia, que essencialmente vivncia e se desvenda numa relao harmnica com a vida dos seres, na totalidade integrada da natureza.
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A Vida Espiritual Annie Besant Annie Besant conhecida por suas conferncias e seus numerosos livros, onde enfatiza aspectos prticos da vida espiritual: a espiritualidade no mundo, as dificuldades no dia a dia, Teosofia e tica, a devoo, a senda espiritual e o destino evolutivo futuro. Este livro uma constante meditao sobre pontos essenciais da vida espiritual. uma coletnea de artigos publicados em The Theosophical Review, editada por A. Besant e G. R. S. Mead em Londres, e de palestras proferidas durante suas viagens pelo mundo. Sete maneiras fceis de comprar nossos livros:
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Vegetarianismo e Ocultismo C. W. Leadbeater e Annie Besant Os aspectos ocultos do vegetarianismo so enfocados neste livro por C.W. Leadbeater e Annie Besant. Como o ocultismo considera o vegetarianismo? Por que a filosofica esotrica recomenda a prtica do vegetarianismo? Qual nosso dever tico com os animais? Essas perguntas so respondidas ao longo desta obra, com destaque para a responsabilidade e a influncia do homem como um agente da natureza no mundo.
Apolnio de Tiana G.R.Mead A vida peculiar de Apolnio de Tiana tem paralelos com a de Pitgoras. Era movido por profunda sabedoria e pela compaixo por seus semelhantes, que o animavam em suas constantes peregrinaes pelos pases da Europa e Oriente Mdio, chegando Prsia e ndia. Suas faculdades paranormais de cura e sua capacidade de fazer previses e ver acontecimentos distncia causavam impacto. Ele entendia todos os idiomas, mesmo sem os haver estudado, o que indica a capacidade de ler a mente dos interlocutores sem as barreiras da linguagem.
Meditao Taosta Mtodos para Cultivar a Sade da Mente e do Corpo Thomas Cleary (comp.) As antigas tcnicas de meditao do taosmo incluem um conjunto de prticas cuja meta cultivar a sade do corpo e alcanar a iluminao da mente. Os textos deste volume, selecionados de obras clssicas, apresentam as mais diferentes tcnicas de meditao, desde a prtica de sentar para meditar at a alquimia interior, e so editados pela primeira vez em lngua portuguesa. Parte da popularidade do taosmo no Ocidente deve-se ao fato de que ele, alm de cientfico, tambm humanista e espiritual. O taosmo pode ser entendido e praticado dentro da estrutura de outras religies, ou sem qualquer conotao religiosa. Esta adaptabilidade pode explicar a penetrao do taosmo nas culturas ocidentais. Este livro um instrumento de trabalho para eliminar as causas do sofrimento e desenvolver o potencial para a felicidade e a harmonia.
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Nelda Samarel apresentar palestras no Instituto Teosfico de Braslia e no Centro Raja, em So Paulo, sobre O Toque Teraputico, A Cura e As Formas de lidar com a morte.
GLIN DOORNEWEERD
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Juazeiro do Norte-CE G.E.T. Ashrama: R. Santa Rosa, 835, Salesianos. CEP: 63010-440. Tel: (88) 3511-2905. Reunies: domingo, 15h. E-mail: [email protected] Juiz de Fora-MG Loja Estrela DAlva: Av. Baro do Rio Branco, 2721, s. 1006, Centro. CEP: 36025-000. Tel: (32) 3061-4293. Reunies: 2, 4, sb., 18h15. Jundia-SP G.E.T Jundia: R. Santa Lcia, 25, Chcara Urbana, CEP 13201-834. Fone: (11) 4586-5022 e 97002012. Reunies: 5, 20h. E-mail: Luciano.Irlanda@ yahoo.com.br. Site: www.rosemeiredealmeida.com Mogi das Cruzes-SP Loja Raimundo Pinto Seidl: Rua Brz Cubas, 251, sala 14, 1 andar, Centro. CEP: 08715-060. Tel: (11) 4799-0139. Reunies: sbado, 15h30. Niteri-RJ Loja Himalaya: R. da Conceio 99, s. 207, Centro. CEP 24020-090. Tel: (21) 2710-3890, 2611-6949. Reunies: 2, 19h. Piracicaba-SP Loja Piracicaba: R. Sta Cruz, 467, Alto. CEP: 13416763. Tel: (19) 3432-6540. Reunies: 3 e 5, 20h. Email: [email protected]. Praia Grande-SP Get Thoth: R.Maurcio Jos Cardoso, 1086, Forte. CEP 11700-140. Tel: (13) 3474-5180. Reunies: 2, 20h. E-mail: [email protected] Ribeiro Preto-SP G.E.T Ahimsa: R. Joo Penteado, 38, Jardim Sumar, CEP 14020-180. Fones: (16) 3024-1755 e 9144-1780. Reunies: Sb., 16h. E-mail: getahimsa @sociedadeteosofica.org.br So Caetano do Sul-SP G.E.T. do Grande ABC: R. Marechal Deodoro, 904, Santa Paula. CEP 09541-300. Tel: (11) 4229-7846. Reunies: 3, 20h. E-mail: [email protected] So Jos dos Campos-SP Loja Vida Una: R. General Osrio, 48, Vila Ema. CEP: 12216-590. Reunio: 3 19h. E-mail: [email protected] Uberlndia-MG G.E.T Uniconscincia: ESP. SAMSARA, Av. Cesrio Alvim, 619, Centro. CEP 38400-000. Tel: (34) 32368661. E-mail: [email protected]. Reunies: Sb., 16h.
Capitais
Braslia-DF - SGAS Q. 603, cj. E, s/n. CEP: 70200-630. Tel: (61) 3226-0662. Loja Alvorada: Reunies 6, 19h30. Loja Braslia: Reunies 4, 19h. E-mail: [email protected] Loja Fnix: Reunies 3, 19h. E-mail: [email protected] Coordenadoria das lojas de Braslia programao pblica conjunta: sb., 14h30 a 21h30. Belm-PA Loja Annie Besant: R. Tiradentes, 470, Reduto. CEP 66053-330. Fone: (91) 3242-6978. Reunies: 5, 19h. Belo Horizonte-MG Loja Bhagavad Gotama: Av. Afonso Pena, 748, 26 andar. CEP: 30130-300. Tel: (31)3222-5934. E-mail: [email protected]. Reunies: domingos, 16h. Campo Grande-MS Loja Campo Grande: R. Pernambuco, 824, S. Francisco. CEP: 79010-040. Tel: (67) 3025-7251 ou 9982-8106. E-mail: lojacampogrande@ sociedadeteosofica.org.br. Reunies: 2, 19h30; sb., 16h e 18h. Loja Kut Humi: E-mail: teobahia@sociedade teosofica.org.br Curitiba-PR Loja Libertao: R. XV de Nov., 1700, 2 andar, s. 5. CEP: 80050-000. Tel: (41) 30375586, 3363-8312. Reunies: 4, 19h45 (membros); 5 19h e sb. 16h (pblico). E-mail: [email protected] Loja Paran: R. Dr. Zamenhof, 97, Alto da Glria. CEP: 80030-320. Tel: (41) 3254-3062. Reunies: 3, 20h. G.E.T. Dario Vellozo: R. 13 de Maio, 538, Centro, CEP 80510-030. Reunies: 2 e 4 domingos, 15h30 s 17h30. Tel: (41) 3352-7175, 9979-7970, 9675-8126. E-mail: jorgebernardi [email protected] ou [email protected] Florianpolis-SC G.E.T. Florianpolis: R. Jos Francisco Dias Areias, 390, Trindade, CEP: 88036-120. Tel: (48) 3333-2311, 3333-2311, 9960-0637 (Adolfo). Reunies: ltima 3 do ms, 20h. Fortaleza-CE Loja Unidade: Endereo: R. Rocha Lima, 331, Centro, CEP 65000-010. Reunies: domingo 9h e 5 19h20. Tel: (85) 3214-2392. Reunies: 5, 19h20. E-mail: [email protected] Goinia-GO G.E.T. Sophia: Rua 2, n 320 apto. 801, Uirapuru, Setor Central, CEP 74023-150. Reunies: Sbados 17h. E-mail: [email protected] Joo Pessoa-PB Lj. Esperana: Av. Argemiro de Figueiredo, 2957, s. 203, Ed. Empresarial, Bessa. CEP 58035030. Tel: (83) 3246-1478, 9117-4488 ou 8866-5051. E-mail: [email protected] Porto Alegre-RS Loja Dharma: Rua Voluntrios da Ptria, 595, s. 1408. CEP: 90039-900. Tel: (51) 3225-1801. Site: www.lojadharma.org.br. Reunies: 4, 20h (membros); sbado, 17h e 19h (pblico). Loja Jehoshua: Praa Osvaldo Cruz, 15, Ed. Coliseu, s. 2108, Centro. CEP: 90030-160. Tel.: (51) 3328-4448. Reunies: 3, 20h. E-mail: [email protected] Recife-PE Loja Estrela do Norte: R. Diogo lvares, 155, Torre. CEP: 54420-000. Tel: (81) 3459-1452. Reunies: domingo, 16h. E-mail: lojaestreladonorte
Outras cidades
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