O documento discute o papel das polícias como garantidoras dos direitos humanos de acordo com a Constituição Brasileira. Ele explica que as polícias são previstas no artigo 144 da Constituição como responsáveis pela segurança pública e proteção dos cidadãos. Também descreve as missões legais das polícias civis, militares e científicas de acordo com a Constituição Federal e Estadual do Paraná.
O documento discute o papel das polícias como garantidoras dos direitos humanos de acordo com a Constituição Brasileira. Ele explica que as polícias são previstas no artigo 144 da Constituição como responsáveis pela segurança pública e proteção dos cidadãos. Também descreve as missões legais das polícias civis, militares e científicas de acordo com a Constituição Federal e Estadual do Paraná.
O documento discute o papel das polícias como garantidoras dos direitos humanos de acordo com a Constituição Brasileira. Ele explica que as polícias são previstas no artigo 144 da Constituição como responsáveis pela segurança pública e proteção dos cidadãos. Também descreve as missões legais das polícias civis, militares e científicas de acordo com a Constituição Federal e Estadual do Paraná.
O documento discute o papel das polícias como garantidoras dos direitos humanos de acordo com a Constituição Brasileira. Ele explica que as polícias são previstas no artigo 144 da Constituição como responsáveis pela segurança pública e proteção dos cidadãos. Também descreve as missões legais das polícias civis, militares e científicas de acordo com a Constituição Federal e Estadual do Paraná.
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DAS POLCIAS COMO GARANTIDORAS DOS DIREITOS HUMANOS
Rodolpho Mattos de Souza
*
Resumo
A quebra de paradigmas dentro da segurana pblica uma barreira importante a ser transpassada, uma vez que esteritipos maculam os rgos relacionados a esta atividade na sociedade brasileira. Observar as polcias luz da Constituio Brasileira de 1988, analisando e compreendendo quais so as suas misses, o primeiro passo a ser dado para o desenvolvimento de uma nova filosofia de segurana pblica, com o lema da defesa e garantia dos Direitos Humanos, alm do fortalecimento da confiana na polcia por parte da populao.
Abstract
The breaking of paradigms within the public safety is a major barrier to be transfixed, as stereotypes taint the organs related to this activity in Brazilian Society. By observing the police by the point of view of the Brazilian Constitution of 1988, analyzing and understanding what it's mission is happens to be the first step to be taken to develop a new philosophy of public safety, with the motto of the defense and guarantee of Human Rights, and the strengthening of trust in police among the population.
Palavras chave
Polcias. Arcabouo Jurdico Brasileiro. Poder de Polcia. Misso. Direitos Humanos.
Key words
Police. Brazilian legal system. Police Power. Mission. Human Rights.
* 2 Tenente da Polcia Militar do Paran. Academia de Polcia Militar do Guatup. Introduo
A Segurana Pblica prevista na Constituio Brasileira de 1988 no artigo 144, e possui por misso principal a proteo da incolumidade das pessoas e dos patrimnios. Assim, por natureza as polcias, de um modo geral, so os primeiros rgos governamentais garantidores dos Direitos Humanos quando violados. Por muito tempo as misses das polcias foram indevidamente confundidas com as dos exrcitos e foram manipuladas pelo Estado para servir como brao armado e repressor das grandes massas da sociedade, para que, assim, os anseios de uma classe privilegiada fossem assegurados. ftico que novas filosofias e ideologias devem ser pesquisadas com fundamentao na Carta Magna do Brasil e nos Direitos Humanos, para que ento possa obter uma polcia correta e forte, sem vcios ticos e morais. No presente artigo cientfico, intitulado Das polcias como garantidoras dos Direitos Humanos, seguida uma sequncia lgica no sentido de fazer o leitor compreender que, efetivamente, as polcias podem ser vistas como garantidoras dos direitos humanos fundamentais. Tal possibilidade aqui apresentada com base em alguns fatores, quais sejam: Captulo I- visa exibir a previso legal das polcias no artigo 144 da Constituio Federal de 1988, bem como, a previso feita na Constituio Estadual do Paran no artigo 46; Captulo II- objetiva mostrar o que o poder de polcia e quais seus fundamentos legais e principiolgicos; Captulo III- tem por propsito demonstrar as misses legais das polcias civis e militares; Captulo IV- manifestar uma viso das polcias como rgos garantidores dos direitos fundamentais dos cidados. Captulo I- De como as polcias constam na Carta de 1988
Segundo o artigo 144 da Constituio Federal de 1988 a Segurana Pblica foi prevista como um dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, para a garantia e preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio. lvaro Lazzarini 1 relata a necessidade da sociedade de ter o Estado como
1 LAZZARINI, Alvaro. Direito Administrativo da Ordem Pblica. 3 Edio. Forense. Rio de Janeiro. 1998. p. 10. garantidor de estabilidade nas relaes econmicas e sociais, preservando a propriedade, o capital e o trabalho para a sua utilizao no interesse social, e conclui, por fim, que a ordem pblica a unio da tranquilidade, segurana e a salubridade pblica, numa condio de equilbrio e paz indispensvel para o convvio social. Destarte, ao Estado cabe garantir e manter a Segurana Pblica, e ele o faz por meio das polcias, sendo elas a Polcia Federal, Polcia Rodoviria Federal, Polcia Ferroviria Federal, Polcias Civis, Polcias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, cada qual dentro das suas competncias, organizao e funcionamento, previstos na Constituio e leis que disciplinam o assunto. A Polcia Federal foi o primeiro rgo citado pela Magna Carta com a destinao do exerccio da Segurana Pblica, com o intuito da conservao e manuteno da ordem pblica, da integridade das pessoas e do patrimnio. O professor J. Cretella Juinor 2
declara sobre a destinao do referido rgo da seguinte maneira: ''A regra jurdica constitucional assinala o destino da polcia federal, organismo institudo por lei, como rgo permanente, estruturado em carreira. Compete polcia federal (a) a apurao de infraes penais contra a ordem pblica e social, ou em detrimento de bens, servios e interesses da Unio, ou de suas entidades autrquicas e empresas pblicas, assim como (b) a apurao de outras infraes cuja prtica tenha repercusso interestadual ou internacional e exija a represso uniforme, segundo se dispuser em lei, (c) a preveno e represso do trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, (d) o contrabando e o descaminho, sem prejuzo da ao fazendria e de outros rgos pblicos nas respectivas reas de competncia, (e) o exerccio de funes de polcia martima, rea e de fronteira e, por fim, (f) o exerccio, com exclusividade, das funes de polcia judiciria da Unio.'' Num segundo momento a Constituio faz a referncia Polcia Rodoviria Federal, rgo permanente, estruturado em carreira e destinado, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das estradas federais, o que significa que compete a tal rgo a fiscalizao do trnsito nas estradas da Unio, alm da incolumidade das pessoas e patrimnio que ali transitam. Outro rgo de Segurana Pblica que a Carta faz meno a Polcia Ferroviria Federal, sendo tambm rgo permanente, estruturado em carreira e destinada ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. Seguindo a sequncia posta no artigo 144 da Constituio, a Polcia Civil, no mbito da Segurana Pblica, foi incumbida, ressalvada a competncia da Unio, da atividade de polcia judiciria e da apurao e investigao dos crimes em geral, exceto dos crimes militares, bem como a atividade de preveno especializada, sendo, ainda,
2 JUNIOR, Jos Cretella. Cometrios Constituio Brasileira de 1988 Volume VI. 2 Edio. Forense Universitria. Rio de Janeiro. 1993. p. 3417. dirigida por delegados de polcia de carreira. Ressalta-se que no cabe a esta polcia o servio de patrulhamento ostensivo preventivo geral. Aps o rgo supracitado sucede a Polcia Militar, que tem por atribuio o policiamento ostensivo geral, responsvel pela manuteno da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e dos patrimnios. Aos Corpos de Bombeiros Militares, alm das atribuies definidas em lei, incumbido da execuo de atividades de defesa civil. Salienta-se que a Constituio faz meno destes dois rgos como foras auxiliares e reservas do Exrcito brasileiro. Por ltimo, a Constituio Federal atribui s Guardas Municipais, se criadas pelos municpios, apenas a proteo dos bens, servios e das instalaes pblicas municipais. Na Constituio Estadual do Paran, seguindo os passos da Carta Magna, a Segurana Pblica foi determinada como dever do Estado, direito e responsabilidade de todos para a preservao da Ordem Pblica e para incolumidade das pessoas e do patrimnio, atravs das polcias civil, militar e cientfica. No documento supracitado foi atribuda polcia militar a funo de polcia ostensiva, a preservao da ordem pblica, a execuo de atividades de defesa civil, preveno e combate incndio, buscas, salvamentos e socorros pblicos, policiamento de trnsito urbano e rodovirio, o policiamento ferrovirio, de florestas e de mananciais. Todavia, a Constituio Estadual no imputou funes diferentes daquelas j previstas na Constituio Federal polcia civil, sendo estas funes de polcia judiciria e as apuraes das infraes penais, salvo as militares. Destaca-se uma inovao feita pela Constituio Estadual, a da criao da polcia cientfica que tem por prerrogativa as percias criminalsticas e mdico-legais, alm de outras atividades congneres. Por fim, sabe-se que concedido pelo Estado o poder de polcia aos rgos supracitados para que cumpram suas misses com a mxima eficincia possvel, e seguindo os ensinamentos do professor Hely Lopes Meirelles 3 , tem-se por definio o poder de polcia pela possibilidade da Administrao Pblica de condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais que se revelarem opostos, perniciosos e imprprios ao bem-estar social, ao desenvolvimento e segurana, faz sobrepor o interesse da coletividade ao interesse individual.
3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. Malheiros . 34 Edio. So Paulo. 2008. Captulo II- Do Poder de Polcia.
Visto que o poder de polcia se caracteriza pela faculdade da Administrao Pblica de condicionar e restringir o uso e gozo dos direitos individuais, atividades e bens que afetam a ordem pblica, a sua previso legal est contida no artigo 145 da Constituio Federal, e regulamentado no artigo 78 do Cdigo Tributrio Nacional, conforme segue: Constituio Federal de 1988: '' Artigo 145 A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios podero instituir os seguintes tributos:
II- taxas, em razo do exerccio do poder de polcia ou pela utilizao, efetiva ou potencial, de servios pblicos especficos e divisveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposio; '' Lei 5.172 - Cdigo Tributrio Nacional, de 25 de outubro de1966: ''Artigo 78- Considera-se poder de polcia a atividade da Administrao Pblica que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato, em razo de interesse pblico concernente segurana, higiene, ordem, aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao execcio de atividades econmicas dependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico, tranquilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.'' Nota-se que tal poder levado a cabo pelo Legislativo, pelo Judicirio e pelo Executivo quando exercem suas funes constitucionais na relao da prestao dos servios pblicos com os interesses da sociedade. Prev-se dentro do arcabouo jurdico que a competncia para policiar inerente entidade que dispe do poder de regulamentar determinado assunto. Deste modo, ficam sujeitas a regulamentao e ao policiamento da Unio as matrias de interesse nacional, sob a gide das normas, e da polcia estadual aquelas de interesse regional, e por fim, sob o amparo dos regulamentos e do policiamento municipal aquelas matrias de interesse local, e na existncia de interesse simultneo entre a Unio, Estado e Municpio sobre determinado assunto, o poder de regulamentar e de policiar ser difundido dentro dos limites de competncia, entre as trs entidades estatais. Faz-se necessrio distinguir polcia administrativa geral de polcia administrativa especial; primeira compete a segurana, a salubridade e a moralidade pblica, de uma maneira geral; e segunda cabe cuidar de especificidades dos interesses coletivos, tais como a construo, a indstria de alimentos, o comrcio de medicamentos, o uso das guas, a explorao das florestas e das minas, os quais so regidos por normas jurdicas prprias. Valha-se da afirmao do professor Hely Lopes Meirelles 4 que segue: ''A cada restrio de direito individual expressa ou implcita em norma legal corresponde equivalente poder de polcia administrativa Administrao Pblica, para torn-la efetiva e faz-la obedecida. Isto porque esse poder se embasa, como j vimos, no interesse superior da coletividade em relao ao direito do indivduo que a compe.'' Oportuno salientar que o poder de polcia possui atributos especficos e peculiares que so: discricionariedade, auto executoriedade e coercibilidade. A discricionariedade a possibilidade do Estado de adotar medidas, observando a oportunidade, convenincia e a legalidade de exercer o poder de polcia, usando dos meios necessrios como sanes e emprego dos meios conducentes, para proteger algum interesse coletivo. A auto executoriedade a faculdade da Administrao Pblica de decidir e executar os seus atos para coibir aqueles atos que defrontam a ordem pblica, sempre respeitando e atendendo os requisitos e formalidade legais, e independe da apreciao do Poder Judicirio para a execuo. Enfim, a coercibilidade faz com que os atos de polcia sejam obrigatrios aos destinatrios, e quando resistido admite o uso da fora pblica para seu cumprimento. Por ltimo, sabe-se que a extenso deste poder amplo, pois alcana controle de bens, de atividades humanas e de direitos individuais, tudo para salvaguardar a ordem pblica dentro do Estado Democrtico de Direito. Entretanto, tal poder tambm marcado por limitaes 5 para evitar abusos e desvio de poder que so: os direitos do cidado, as prerrogativas individuais, as liberdades pblicas garantidas pelas constituies e pelas lei. Captulo III- Das Polcias Civis e Polcias Militares.
As funes legais das Polcias Civis previstas na Constituio Federal (art. 144) so as de polcia judiciria e da apurao das infraes penais cometidas pelos civis em geral. Quanto s infraes militares que tenham sido cometidas por membros das Foras Armadas e pelo efetivo das Polcias Militares em servio dos Estados e do Distrito Federal, estas so apuradas pelo rgo militar a que estiver ligado o investigado; caso tenham sido cometidas as infraes fora do servio, ento a competncia torna-se
4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. Malheiros . 34 Edio. So Paulo. 2008. p.135. 5 MANOEL, lio de Oliveira. Policiamento Ostensivo, com nfase no processo motorizado. AVM. Curitiba, 2004. p. 69. da Polcia Civil. Sobre a Polcia Civil, competncia da Unio, dos Estados e do Distrito Federal legislar concorrentemente sobre a organizao, garantias, direitos e deveres deste rgo. No Estado do Paran, o Poder Constituinte decorrente no inovou relativamente abertura que lhe deixou a prpria Carta Magna, e resolveu no atribuir Polcia Civil local outras funes alm daquelas genricas j atribudas a este rgo pela prpria Constituio da Repblica, de 1988. A Lei Estadual Complementar n14 do Estado do Para n, chamada Estatuto da Polcia Civil, afirma que tal rgo unidade da Secretaria de Estado da Segurana Pblica, tendo por incumbncia a preservao da ordem pblica e o exerccio da atividade de polcia judiciria, administrativa e de segurana, destinada preveno, represso e apurao das infraes penais e antissociais. A polcia judiciria cumpre a funo de apurao das infraes penais; isto , todo o trabalho de investigao, como os atos de ouvir testemunhas, requisitar documentos, solicitar percias, interceptar comunicaes telefnicas com a devida autorizao judicial, dentre outras diligncias, atendendo os requisitos e formalidades legais para proceder ao Inqurito Policial, instrumento preparatrio do processo penal que auxilia o Ministrio Pblico na aferio da culpabilidade do investigado e, caso esta seja de compreenso positiva do respectivo rgo ministerial, ento o inqurito elaborado pela Polcia Civil tambm poder ser til ao prprio Poder Judicirio para, juntamente com a denncia ministerial, exercer a jurisdio. A atividade de Polcia Judiciria no pas retrocede ao ano de 1619, poca em que os alcaides 6 realizavam diligncias, sempre acompanhados de um escrivo que lavrava um termo ou auto dos fatos ocorridos, para a priso de malfeitores e apresentao ao magistrado. Posteriormente criou-se a figura do ministro criminal que cumpria as atribuies de juiz e policial, realizando investigaes e determinando a priso de criminosos. No ano de 1810, aps a criao da Secretaria de Polcia no ano 1808, embrio da Polcia Civil, criou-se o cargo de Comissrio de Polcia, fixando uma nova estrutura policial para o exerccio da polcia judiciria. Por fim, em 1967, por fora da ditadura militar, as polcias civis perderam as atribuies do policiamento ostensivo geral que exerciam desde do ano 1866, atravs das
6 O Site Wikipdia tm por definio alcaide sendo a pessoa que aplicava as justias em nome do rei e era o sumo garante do cumprimento da lei. corporaes de guardas civis, passando esta modalidade de policiamento para polcias militares estaduais, restando aos policiais civis apenas o exerccio da atividade de polcia judiciria, conforme acima descrita. Nesta perspectiva, a Polcia Militar tem por atributo legal, conforme a Constituio Federal de 1988 (art. 144), o policiamento ostensivo e a preservao da ordem pblica, e, juntamente com os Corpos de Bombeiros Militares, realizar as atividades de defesa civil, sendo que tais rgos so foras auxiliares e reservas do Exrcito Brasileiro, pertencendo somente Unio a competncia para legislar sobre as normas gerais de organizao, efetivos, material blico, garantias, convocao e mobilizao das polcias militares e corpos de bombeiros militares. A Constituio Estadual do Paran (arts. 48 e 49) atribuiu por funes bsicas da polcia militar realizar o policiamento ostensivo, a preservao da ordem pblica, a execuo de atividades de defesa civil, preveno e combate a incndios, buscas, salvamentos e socorros pblicos, policiamento de trnsito urbano e rodovirio, o policiamento ferrovirio, de florestas e de mananciais. Sobremodo, a Lei n1943/57, do Estado do Paran, c hamada de Cdigo da Polcia Militar, subordina tal rgo atual Secretaria de Estado da Segurana Pblica (antiga Secretaria de Estado dos Negcios de Segurana Pblica), atribuindo-lhe a misso da segurana interna e a manuteno da ordem no territrio estadual. A atividade de polcia ostensiva tem por funo a preveno e represso, de forma imediata, de crimes e contravenes penais. Tal modalidade de policiamento feita pela utilizao de uniformes e viaturas caracterizadas, alm de outros equipamentos que possam ser facilmente identificados. O professor lio de Oliveira Manoel 7 relata que no ser possvel eliminar todas as oportunidades de cometer crime. Porm, se o policiamento ostensivo for aplicado de forma correta e planejada tais oportunidades podero ser diminudas, ocorrendo a preveno pela sensao 8 e pela efetiva presena policial.
7 MANOEL, lio de Oliveira. Policiamento Ostensivo, com nfase no processo motorizado. AVM. Curitiba, 2004. p. 37. 8 MANOEL, lio de Oliveira. Policiamento Ostensivo, com nfase no processo motorizado. AVM. Curitiba, 2004. p. 37. Neste trecho de seu livro, lio de Oliveira cita Dutra, segundo quem: ''O policiamento frequente e visvel em todas as horas e em todos os bairros de uma cidade cria uma impresso de onipresena e onipotncia. A reputao de que o policiamento ostensivo atende as ocorrncias criminosas com rapidez e segurana, corre de boca em boca, atravs da imprensa falada, escrita e televisionada, e o futuro delinquente e contraventor se convence, sem necessidade de experincia pessoal, de que o servio de policiamento no falha. O policiamento ostensivo um servio indispensvel e que desempenha um papel de primeira importncia na consecuo finais da polcia; a nica forma de servio policial que diretamente trata de eliminar a oportunidade do mau comportamento e reprime o O histrico do policiamento ostensivo geral tem-se mesclado pelas histrias das polcias miliares do pas, tonando-se impreciso determinar sua origem, porm sempre teve consigo o princpio da fcil identificao. Captulo IV- Das polcias como garantidoras do direito fundamental segurana.
Em pocas anteriores, sabe-se que as polcias foram usadas como brao armado do Estado, ou seja, um corpo de represso e de controle das massas, a exemplo do ocorrido no Brasil nos tempos da ditadura militar, poca em que as polcias foram manipuladas pelo governo federal para atender aos anseios deste, ligao esta que retirou a misso policial de garantir a segurana dos cidados e seus direitos fundamentais. Equivalente manipulao pelo Estado constatada na obra de Plato 9 , quando compara a classe guerreira, guardi das cidades e da sociedade, com ces, conforme transcrio abaixo: '' Scrates No afirmamos que existem naturezas que julgvamos impossveis e que renem estas qualidades contrrias. Glauco Onde? Scrates Podemos perceb-las em diversos animais, mas principalmente naquele que comparvamos ao guardio. Sem dvida, tu sabes que os ces de boa raa so, por natureza, to mansos quanto possvel para as pessoas da casa e para os que eles conhecem, mas o contrrio para aqueles que no conhecem. Glauco Claro que eu sei. Scrates Logo, a coisa perfeitamente possvel, e no iremos ao arrepio da natureza se procurarmos um guardio com este temperamento. Glauco Penso que no. . Scrates Percebers esta qualidade no co, e ela digna de admirao num animal. Glauco Que qualidade? Scrates Que faz com que ele ladre para um desconhecido, embora no tenha sofrido nenhum mal, e agrade aquele que conhece, mesmo que no tenha recebido dele nenhum bem. Isto nunca te espantou? Glauco Nunca prestei muita ateno at agora, mas evidente que o co age dessa forma.
Scrates Pelo simples fato que conhece um e no conhece o outro, sabe distinguir um rosto amigo de um rosto inimigo. Ora, quem no desejaria saber distinguir, pelo conhecimento e pela ignorncia, para o amigo do estranho? Glauco E impossvel ser de outra maneira. Scrates Mas a natureza vida por aprender. ''. Por muitas vezes, a populao foi colocada como um inimigo a ser combatido pelas polcias com o objetivo de salvaguardar o Estado, e tal misso era cumprida atravs da violncia. Entretanto, este panorama mudou com a positivao da Constituio Federal
desejo de delinquir, destruindo as influncias daninhas''. 9 Plato. A Repblica. Coleo os Pensadores. Nova Cultural. So Paulo, 2000. p. 62 e 63. de 1988, a qual atribui s polcias a funo precpua de garantidoras da ordem pblica, e consequentemente, tambm, garantidoras dos direitos fundamentais dos homens e mulheres. Inicialmente, a filosofia de se encarar as Polcias como rgos garantidores dos direitos civis oficialmente relacionada nos cursos das academias de polcias. Nas aulas de Direitos Humanos, os policiais aprendem sobre importantes normas garantidoras dos direitos fundamentais, tais como a Constituio da Repblica, o Pacto de San Jos da Costa Rica, o Cdigo de Conduta para os Responsveis pela Aplicao da Lei, a Conveno Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruis, Desumanos ou Degradantes, o Conjunto de Princpios para a Proteo de Todas as Pessoas Sujeitas a Qualquer forma de Deteno ou Priso, a Declarao Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948), os Princpios Bsicos sobre a Utilizao da Fora e de Armas de Fogo pelos Funcionrios Responsveis pela Aplicao da Lei , o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Polticos (ONU, 1966) . Outrossim, a filosofia dos Direitos Humanos propagada nas polcias atravs da implantao de novas formas de policiamento que visam uma polcia voltada a, juntamente com a populao, combater o crime e proteger os direitos fundamentais de todos. O Plano Nacional de Direitos Humanos, decreto federal 1094 de 13 de maio de 1996, estabelece que o Estado deve apoiar as experincias de polcias comunitrias que transformam as polcias como agentes de proteo dos Direitos Humanos. De tal forma, o plano elaborado no ano de 2002 determinou ao governo que incentivasse as experincias de polcias comunitrias no pas, com o objetivo de reforar a viso da polcia voltada para os anseios da populao e garantidora dos seus direitos fundamentais. Na rdua misso de garantir a segurana pblica, necessrio que a populao veja a polcia como sua protetora e como aquela que deve observar os direitos fundamentais de todos, e no mais t-la com os olhos e os ranos da ditadura militar, viso retrgrada esta que ressuscita a ideia de polcias truculentas e corruptas. Esta funo de proteger o cidado a polcia efetiva, por exemplo, quando realiza as abordagens policiais na busca de drogas ilcitas, por foragidos da justia, por armas de fogo, na verificao de documentos, no atendimento de ocorrncias e nos patrulhamentos rotineiros, os quais visam garantir primeiramente a integridade das pessoas e posteriormente a segurana dos patrimnios. Por ltimo, a Polcia Militar do Estado do Paran, na Diretriz Geral de Planejamento e Emprego n004/2000, determina que o policial em sua atividade deve respeitar e assegurar os direitos fundamentais das pessoas, sejam homens, mulheres, negros, homossexuais, ndios, idosos, portadores de deficincias, estrangeiros, refugiados, crianas, adolescentes, presos, ricos, pobres ou quem quer que seja. Bondaruk 10 relata que o policial um guardio dos direitos humanos e garantidor da democracia, da cidadania e da justia para obter a ordem pblica, e encerra da seguinte maneira: ''Dessa forma, o velho paradigma antagonista da Segurana Pblica e dos Direitos Humanos precisa ser substitudo por um novo, que exige desacomodao de ambos os campos: Segurana Pblica com Direitos Humanos''. Concluses O estudo realizado mostra que as polcias foram manipuladas pelo Estado para servirem como fora de represso e de controle das massas, principalmente das classes mais baixas e menos escolarizadas da sociedade, o que de fato ocorreu durante a revoluo de 1964 no Brasil, movimento este que colocou as polcias militares como foras de reserva do Exrcito e normatizou seus regulamentos e suas misses seguindo as filosofias de combate da caserna. Faz-se necessrio distinguir as misses das Foras Armadas e das Polcias: a primeira combate o inimigo externo e defende a soberania do pas quando em perigo; a segunda tem por funo a proteo da incolumidade das pessoas e dos patrimnios. Nesta perspectiva, a manipulao sofrida pelas foras policiais durante a poca da ditadura militar estereotipou, perante a sociedade contempornea, os rgos de segurana pblica como autoritrios, truculentos e corruptos. Todavia, com o advento da Constituio de 1988, esses paradigmas passaram a poder ser quebrados, e uma nova viso surgiu para as polcias, agora como garantidoras dos direitos quando violados; entretanto, para que se efetive uma polcia realmente vocacionada para a preservao dos direitos humanos, resta aos rgos estatais de segurana pblica a tomada de providncias no sentido de: (i) pagar melhor os policiais; (ii) proporcionar aos membros das polcias militares os mais modernos cursos de capacitao; (iii) oferecer ao efetivo policial equipamentos com os quais combatero os protagonistas dos crimes; (iv) aumentar o nmero de policiais nas ruas e nos servios de inteligncia. Portanto, torna-se necessrio que o governo cumpra com suas responsabilidades no quesito da segurana pblica executando as metas impostas pelos Planos Nacionais de Direitos Humanos, para que, assim, as polcias possam cumprir com eficincia a sua rdua misso de proteger a sociedade e seus direitos. Conclui-se, por ltimo, que para melhor salvaguardar os direitos fundamentais dos
10 BONDARUK, Roberson Luiz. Polcia Comunitria Polcia Cidad para um povo Cidado. AVM. Curitiba 2004. p. 88. cidados seria conveniente a unio das polcias civis e militares, o que aumentar o controle destes agentes pelo Ministrio Pblico e pela sociedade, ento se ter uma perspectiva de segurana pblica moldada nos princpios dos Direitos Humanos. Por fim, salienta-se que esta nova corporao ser fundamentada na disciplina e na hierarquia, e ter por misso o policiamento ostensivo preventivo, o repressivo e o processo de investigao e apurao das infraes penais, o que evidencia a opinio acima exposta no sentido de que sejam unificadas as principais polcias que lidam com o dia a dia do cidado brasileiro, as polcias militar e civil. Doravante, novas polticas de segurana pblica deveriam ser formuladas com o intuito de unir populao e policiais para combater o crime e garantir aos cidados o direito constitucional segurana que tem assegurado.
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Referncias
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MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. Malheiros . 34 Edio. So Paulo. 2008.
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PARAN. Lei nmero 1943 do Estado do Paran, de 23 de junho de 1957.
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