Pelas Ruas Da Bahia
Pelas Ruas Da Bahia
Pelas Ruas Da Bahia
Extrado de COUTINHO, Daniel. O abc da capoeira angola: os manuscritos do mestre Noronha. Op. cit., p.
65 e PASTINHA, Mestre. Capoeira angola. Op. cit., p. 24-25.
141
Listados por Mestre Noronha Listados por Mestre Pastinha
Juvenal Engraxate (mercado modello) Escalvino
Samuel pescador de Barra Fora (rampa do
modello)
Bigode de Seda
Antoninho da Barra Asogeiro Zacarias Grande
Bilusa Pescador de Barra Fora (pregia) Amrico Cincia
Antonio Galindeu Mestre de Lanxa de
Cachoeira de Paraguas
Raimundo Aberre
Gerado Chapeileiro Ladeira do Taboho Bugalho
Gerado P de Abeilha Engraxate Mercado
Modello
Eutique
Bazilio Carregador da Rampa do Modello Vitor H. U.
Prcilio Engraxate Mercado Modello Barbosa
Ticib Pescador de Barra Fora Pregia Amorzinho
Benedito Co Engenho velho de Brotas Duquinha (irmo de Veneno)
Cimento de Itapo Pescador de Barra Fora Antonio Galileu
Victor Pescador de Barra Fora Raimundo Cachoeira
Piroca vendedor de Peixe Mercado Santa
Brbara
Zebedeu
Ricardo do Cais do Porto Z Bom P
Antnio Boca de Porco estivador do Julio Z Veneno (da Barra)
Chico Trs Pedaos vendedor de peixe do
Mercado santa Brbara
Chico Trs Pedaos
Age Pintor Pau da Bandeira Noventa e Cinco e Cento e Cinco
(companheiros de Mestre Pastinha na
escola de aprendizes Marinheiros
Feliciano Bigode de Ceda Cais do ouro Pilar Tibirici de Folha Grossa
Lamite Carregador Cais do Ouro Pilar Bezouro
Liverp Estivados Cais do Porto Julio Doze Homens
Marco Pequeno Carvo de Pedra Areia do Sete Zacarias Pequeno
Otaviano Carregador do Cais 7 Inimigo Sem Tripa
Governador Carregador do Cais 7 Eduardo Traripe
Cabocinho Estivador Cais do Porto Julio Curi
Raimundo ABR Santa Casa da Misericrdia
Pedreiro
Z do U
Balbino Carroseiro Cais Dourado Vitorino Brao Torto
Antonio Copo Carroseiro Cais Dourado Z do Saco
Barboza Caregador de Canto Largo 2 de Julho Chico Capurminho
Edigar Carrosinha Sapateiro Maciel de Baixo Manoel Cabea
Aufeu Dizordeiro Maciel de Baixo Cabclo (irmo de Bilusca Pescador)
Pedro 31 Maciel de Baixo Carregador Galinho
142
Pedro Porreta Trapixeiro Pilar Bastio
Pedro Porreta Vendedor de peixe Mercado
Santa Brbara
Pedro Mineiro
Lucio Pequeno trapixeiro Praia da Pregia Chico da Barra
Bemor do correio federal Marinheiro do
Minniteiro da Gerra
Bem do Correio
Tibiriri Fucinho de Poro Correio Federal
conductor Bonde do Burro
Chico Cazumb
Pedro Mineiro Carregador Praa da S Nozinho (da empresa de Carruagem)
Samoel Grande da Calada Carpinteiro Casaca
Inocncio 7 Morte Boa viagem Cabo eleitoral Samuel da Calada
Ilario Chapeleiro Taboa Pai de Santo Sete Mortes
Piedade Carregador Praa da S Chico Me D
Eltique das Malhadas vendedor de peixe Samuel Pescador
Totonho de Mar estivador Cais do Porto Joo Coqueiro
Alfredo Raposa
Geraldo Chapeleiro
Ricardo das Docas
Ilrio Chapeleiro
Daniel Reis
Ag Pintor
Julia Fogareira
Maria Homem
143
ANEXO II
NOES DOS TERMOS VAGABUNDAGEM E
CAPOEIRAGEM, SEGUNDO O JURISTA OSCAR DE
MACDO SOARES
Extrado de CODIGO PENAL DA REPUBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (Comentado por
Oscar de Macedo Soares). Op. cit., p. 588-594.
144
Sobre a Vagabundagem:
Os termos ociosidade, vadiagem ou vagabundagem juridicamente so equivalentese
o nosso cdigo no suffraga aduela distinco. Na expresso vadiagem comprehende-se o
ocioso, o vadio e o vagabundo. A vadiagem , como diz Silva Ferro, menos facto
criminoso em si mesmo do que um modo de existncia social perigoso que o legislador
quiz reprimir. mais um acto preparatrio ou de predisposio de crime, que mesmo
tentativa malfica, porque o ser vadio no constitue nem comeo de crime, ou habito de
fazer mal. Mas a lei penal presume aqui a grande possibilidade e probabilidade dessa
conseqncia, e seu carcter e fim portanto eminentemente preventivo e correccional. A
doutrina de Florian e Cavaglieri, cuja a obra recente, I vagabondi, Joo Vieira sita e exalta,
suffraga o mesmo sentido. A vadiagem como parasitismo social e anti social um
phenomeno individual, social e econmico, punvel quando anti social, isto , quando pode
se constituir grmen ou terreno preparado para os crimes, ou quando affecte os interesses
da ordem econmica ou da segurana social. O parasitismo social ou simples, como diz
Joo Vieira, o parasitismo dos ricos, dos doentes, dos inaptos, dos desoccupados sem culpa
prpria, no pode ser punido. A lei define o vadio anti social afim de distingui-lo dos
demais e ao mesmo tempo construir a figura da respectiva contraveno. vadio, e incorre
em contraveno de vadiagem ou vagabundagem, aqelle que deixar de exercitar profisso,
officio ou qualquer mister em que ganhe a vida, no possuindo meio de subsistncia e
domicilio certo em que habite. tambm vadio ou vagabundo aquelle que prov
subsistncia por meio de occupao prohibida por lei, ou manifestamente offensiva da
moral e dos bons costumes, ainda que tenha domicilio certo. O art. 399 distingue portanto
trs espcies de vadios. So elementos constitutivos da primeira espcie: 1 que o individuo
no exera profisso, officio ou qualquer mister em que ganhe a vida; 2 que no possua
meio de subsistncia, isto , que no tenha renda, penso ou qualquer recurso que lhe
garanta a subsistncia; 3 que no tenha domicilio certo em que habite. Estes so os vadios
ou vagabundos propriamente ditos. espcie pertencem os indivduos que embora tenham
domicilio certo, procuram recursos de subsistncia em occupao proibida por lei: taes so
os jogadores de profisso, a que se refere o art. 374. So comprehendidos na terceira
espcie os caftens, proxenetas, os que em geral vivem do lenocineo, as meretrizes. Esta
casta de gente possue domicilio certo,mas provm a subsistncia por meio de occupao
manifestamente offensiva da moral e dos bons costumes. O dr. Bento de Faria, delegado da
8 circunscripo policial da Capital Federal, expedio em 23 de Maro de 1903, a seguinte
portaria, que merece ser aqui citada:
Attendendo a que vagabundagem, embora no seja um crime completo, deve ser,
entretanto, considerada com um estado anti social permanente que exige medidas de
preveno constante (Prin Science pnale et droit positif), o que importa prevenir ou
corrigir as inclinaes ou hbitos viciosos ou immoraes do agente;
Attendendo a que por vagabundo se entende no s aquelle que vagueia sem
domicilio e sem pedir ao trabalho os meios de subsistncia, mas tambm o que procura
prove-la por meio de occupao prohibida por lei ou manifestamente offensiva da moral e
dos bons costumes, (cd. Pen., art. 399, reg. 120, de 31 de janeiro de 1842, art. 300);
145
Attendendo a que a prostituio sobre ser occupao reprovada, como offensiva da
moral e dos bons costumes, para ser publicamente tolerada, sendo que as meretrizes no
merecem considerao civil por falta de boa fama, ULP. Reg., Tit.13, 1 e fr. 43. Deritu
nupt. (XXIII, 2), cd. L. 3, tit. 58, 2; Ribas Direito civil brazileiro, vol. 2, pg.109 e
seguintes; Paula Baptista Theor. E prat. Do proc. Civil, 135: Moraes Carvalho, - Praxe
forense, 547;
Attendendo a que os prprios paizes que a regulamentaro, apenas tivero em vista
cohibir o escndalo publico, mas nunca o reconhecimento official da profisso de
prostituta, a tanto assim que, em recente conferencia internacional, realizada em Pariz, a 15
de julho de 1902, e na qual tomaro parte os representantes da Allemanha, ustria, Blgica,
Brazil, Dinamarca, Hespanha, Inglaterra, Hungria, Itlia, Noruega, Hollanda, Portugal,
Rssia, Sucia, Suissa e Frana, sob a presidncia do Ministro dos Negcios Exteriores
desta ultima nao, tratou-se com empenho de pr termo prostituio crescente,
promettendo os referidos Delegados auxiliar-se reciprocamente para consecuo desse
desideratum (Documents diplomatiques sur la conference Internationale pour la repression
de la traite ds blanches. Pub. Offi.;
Attendendo a que a prostituio no Brazil no regulamentada, sendo at punidos os
que excitarem, favorecerem ou induzirem mulheres a esse trafico (cd. Pen., art. 277);
Attendendo a que a autoridade policial cumpre ter sob sua vigilncia as prostitutas,
providenciando contra ellas de forma a assegurar o respeito lei e moral pblica (Dec. n.
4,763, de 5 de fevereiro de 1903, art. 31, n. XIII);
Sobre a Capoeiragem:
A figura delictuosa da capoeiragem no era conhecida no cdigo anterior. Forma de
delinqncia indgena, como diz Joo Vieira, os capoeiros escapavam sanco penal,
salvo quando dos exerccios resultavam offensas corporaes ou mortes, e nestes casos
respondiam pelos crimes commetidos.
O novo cdigo andou bem avisado constituindo a figura especial de capoeiragem
em contraveno punvel, ainda que dos exerccios no resultem offensas physicos ou
mortes. O cdigo distingue a capoeiragem conmo simples contraveno, a qual consiste em
fazer nas suas e praas os exerccios de agilidade e de destreza corporal conhecidos sob
aquella denominao. Constitui tambm capoeiragem, e esta a forma mais perigosa para a
segurana publica e individual, andar em correria com armas e instrumentos capazes de
produzir leses corporaes, provocando tumultos ou desordens, ameaando pessoa certa ou
incerta, ou incutindo temor de algum mal. Esta espcie de capoeiras so os desordeiros e
turbulentos profissionaes ou instictivos pertencentes de ordinrio a grupos ou maltas com
denominaes diversas, que sahiam a fazer correrias e se pertenciam a maltas rivaes
desafiavam se para brigar, empenhado se as vezes em verdadeiros combates na praa
publica. Estes malfeitores eram vistos tambm em exerccios de capoeiragem na frente da
musica dos batalhes que sahiam a rua. Hoje esta gente pertence a grupos carnavalescos,
aos denominados cordes, ou so capangas eleitoraes ao servio dos polticos da mesma
laia. Na figura da simples capoeiragem das duas espcies, a segunda mais grave do que a
primeira porque o uso da arma offensiva, a provocao do tumulto ou desordem, a ameaa
a algum, e o temor incutido, sem duvida produzem mal maior, agravando a capoeiragem,
146
e por isso devia essa contraveno ser punida com maior rigor. Comtudo, no existe nestas
espcies outros crimes seno os exerccios ou as correrias de simples capoeiragem. Se dos
exerccios ou correrias resultar somente perturbao da ordem, da tranqilidade e
segurana publicas, sero punidos com as penas do art. 402, porque no se encontra no
cdigo, seno naquele artigo, definida a perturbao da ordem como figura delictuosa. Se
o capoeira fr encontrado com armas, responder tambm pelo uso de armas prohibidas
(art. 377). O facto de pertencer o capoeira banda ou malta aggrava a penalidade, ainda
que elle opre isoladamente. Vide no Appendice, lei n. 917 de 29 de dezembro de 1902, art.
1, n. IV.
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ANEXO III
A MEMRI A DAS RUAS
148
Rua Saldanha da Gama,2004 - localidade onde ocorreu o conflito envolvendo o capoeira Pedro
Mineiro e os marinheiros do Torpedeiro Piauy, em dezembro de 1914.
Rua das Flores, 2004 - localidade onde, em julho de 1927, o capoeira Chico Trs Pedaos foi recolhido
pela guarda civil, acusado de ter agredido, com uma cabeada, a um atendente do bar Caf Para
Todos, que se situava nesta localidade.
149
Caminho Novo do Taboo, 2004 - Com destaque, o Bar A Bola Verde, localidade onde foi
assassinado o Chefe de Estiva Joo de Ado, tendo como principal acusado o capoeira Nozinho da
Cocheira (ou Carruagem), em agosto de 1913.
Elevador do Taboo,2004 - situado esquina da rua do Taboo com a rua Julio, frente ao qual
,em outubro de 1913, fora recolhido pela guarda civil o capoeira Caboclinho, depois de lutar e
desarmar, com sucesso, uma guarnio policial. Foi nessa mesma localidade que em dezembro de
1915, o referido capoeira, depois de confrontos corporais com guardas civis, foi almejado arma
de fogo vindo a bito imediato.
150
Rua do Julio,2004 - onde moraram muitos capoeiras a exemplo de Pedro Mineiro, Gregrio
Preto e Antnio Boca de Porco . Essa rua, durante as dcadas de 1910 e 1920, caracterizava
territrios sociais demarcados pela atuao dos capoeiras Caboclinho e Pedro Porreta.
Rua J. J. Seabra,2004 - rea de muitos conflitos de rua envolvendo capoeiras na primeira metade
do sculo XX. direita de letreiro azul o mercado Santa Brbara, onde trabalhou como peixeiro
muitos capoeiras dentre eles Pedro Porreta e Chico Trs Pedaos.