Gama Malcher foi um compositor paraense nascido em 1853. Ele estudou música na Itália, onde se tornou amigo de Carlos Gomes. Em 1882, Malcher trouxe uma companhia lírica italiana para Belém e convidou Gomes. Sua primeira ópera Bug-Jargal, baseada em um livro de Victor Hugo, estreou em 1890 em Belém após anos de desenvolvimento.
Gama Malcher foi um compositor paraense nascido em 1853. Ele estudou música na Itália, onde se tornou amigo de Carlos Gomes. Em 1882, Malcher trouxe uma companhia lírica italiana para Belém e convidou Gomes. Sua primeira ópera Bug-Jargal, baseada em um livro de Victor Hugo, estreou em 1890 em Belém após anos de desenvolvimento.
Gama Malcher foi um compositor paraense nascido em 1853. Ele estudou música na Itália, onde se tornou amigo de Carlos Gomes. Em 1882, Malcher trouxe uma companhia lírica italiana para Belém e convidou Gomes. Sua primeira ópera Bug-Jargal, baseada em um livro de Victor Hugo, estreou em 1890 em Belém após anos de desenvolvimento.
Gama Malcher foi um compositor paraense nascido em 1853. Ele estudou música na Itália, onde se tornou amigo de Carlos Gomes. Em 1882, Malcher trouxe uma companhia lírica italiana para Belém e convidou Gomes. Sua primeira ópera Bug-Jargal, baseada em um livro de Victor Hugo, estreou em 1890 em Belém após anos de desenvolvimento.
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SALLES, Vicente.
Maestro Gama Malcher: a figura humana e artstica do compositor
paraense. Belm: UFPA/SECULT, 2005.
Nascido em Belm do Par a 2 de novembro de 1853. Filho e mdico Jos da Gama Malcher e de Ana Cndida da Gama Malcher. Sua me tocava piano. Interessou-se pela msica pela influncia da me, ainda pequeno. No Rio de Janeiro continuo seus estudos em Piano. Seu pai desejava form-lo em engenheiro. Com 17 anos foi mandado por seu pai para a Amrica do Norte, para cursar engenharia na universidade de Le Haye, Pensilvnia. Viveu seis anos nessa universidade sem definir sua carreira. (p.13) Posteriormente seu pai concorda na satisfao da vocao de Malcher. Em 1876, partiu para Gnova, preparando-se para ingressar no conservatrio de Milo. Em Milo Gama Malcher tornou-se amigo de Carlos Gomes e frequentador assduo da Villa Braslia (em Lecco, casa de Carlos Gomes). Presenciou a consagrao de Maria Tudor, no Scala, na Itlia. (registro do prprio Carlos Gomes em carta ao Visconde de Taunay, datada em 09/04/1879) Com o enorme sucesso de Il Guarany, em 9 de agosto de 1880, fundou-se a Associao Lrica Paraense, a qual tinha o objetivo de patrocinar a vinda de companhias lricas e a gerenciar espetculos do gnero. (p.14) 2 GAMA MALCHER TRAZ CARLOS GOMES AO PAR Marlcher permaneceu 6 anos em Milo. 1882 considerou-se apto a exercer a vida profissional como msico. Viu a possibilidade de trabalhar com Henrique Bernardi, maior divulgador da msica de Gomes. Com essa oportunidade quis demonstrar a Carlos Gomes seu apreo e admirao incluindo a pera Salvator Rosa (1874) de Carlos Gomes, no repertrio da companhia, e convidou o compositor para assistir, no Par, a temporada em 1882. As primeiras apresentaes da companhia lrica trazida pela Associao Lrica Paraense, foram realizadas durante trs meses em Recife no teatro Santa Isabel. Em rcita de gala da pera Salvator Rosa, foram libertadas duas crianas escravas. Ver discurso de Tobias Barreto sobre o acontecimento Aos 28 anos de idade, portanto, Gama Malcher tornou-se responsvel por esse grande empreendimento: trouxe da Itlia a mais perfeita companhia lrica at ento contratada para fazer a praa de Belm e desincumbiu-se satisfatoriamente da honrosa misso de trazer com ela o mais talentoso msico brasileiro, Antnio Carlos Gomes. (p.16) Abolio Carlos Gomes X Gama Malcher Como Carlos Gomes, Gama Malcher tambm se envolveu na campanha abolicionista e decidiu abordar o tema da luta do negro pela sua liberdade. Ligou-se s vertentes manicas maus progressistas na propaganda da repblica. Em 1883 voltou a recidir em carter permanente em Milo. Obteve do poeta Vincenzo Valle libreto extrado do Bug-Jargal, de Victor Hugo, e iniciou a composio de sua primeira pera, que concluiu em 1885. (p. 25) confirmar a data com os estudos de Pscoa. Na mesma poca Carlos Gomes tambm estava com um argumento escrito por Alfredo de Taunay, que narrava uma rebelio de escravos, porm, o poeta italiano Rodolfo Paravinici, mudou tal argumento para a revolta indgina, para acompanhar o sucesso dO Guarani. Intrigas entre Gama Malcher e Carlos Gomes. Fatos semelhantes, como a residncia em Milo e temticas opersticas parecidas agravavam as intrigas que permeavam os nomes de Gama Malcher e outros msicos brasileiros que viviam em Milo contra Carlos Gomes. Conforme queixas apresentadas em cartas de Taunay, tais msicos acusavam Gomes de ambicioso e que procurava impedir o sucesso dos outros brasileiros na Itlia. Gomes referia-se a eles como invejosos. Gomes atribuiu a intriga entre ele e Malcher coincidncia do argumento e do ttulo da pera em que ambos, na ocasio, estavam escrevendo. Lo schiavo. Gama Malcher, mais cordato, usou do ttulo original do romance de Victor Ugo, Bug-Jargal. (p.25) Em1884 admiradores de Carlos Gomes pediram-lhe a composio de uma pea para comemorar a libertao de todos os escravos na provncia e ele produziu a marcha popular Ao Cear livre. Carlos Gomes trabalhou o argumento do Visconde de Taunay. Afirmou ele que o ttulo (Lo Schiavo) foi por ns ambos inventado no Hotel de Frana, no Rio de Janeiro, em 8 de novembro de 1880. Mas seu escravo, na concepo de Taunay, na Itlia, na concepo do libretista Rodolfo Paravicini, se transformou no ndio Iber. E ao lado dos europeus, personagens da trama, s entram guerreiros indginas. (p.26 e 27) J o libreto da pera de Gama Malcher, elaborado por Vincenzo Valle, baseia-se no conhecido romance Bug-Jargal, de Victor Ugo, ao na ilha de So Domingos e conta a histria do heri negro apaixonado pela senhora branca, pela qual morre depois de chefiar uma revolta de escravos negros. Concluda desde 1885, Gama Malcher tentou obter patrocnio para a apresentao num teatro italiano, mas no conseguiu. Tentou inclusive motivar o mecenas Pedro II [...] oferecendo-lhe um concerto no salo de inverno do Grande Hotel de Milo, onde o monarca se hospedara. Em 8 de maio de 1888, fora realizada a homenagem a Pedro II, organizada por Gama Malcher, oportunidade de se redimir e se reaproximar de Carlos Gomes. Nessa ocasio, foram apresentadas partes das peras de Gama Malcher Bug-Jargal e de Carlos Gomes Lo schiavo.
Em 1888, sai uma matria na revista Il teatro Illustrato, de Milo, publicado por W. Esta d destaque, dentre outros dois nomes brasileiros, ao msico Gama Malcher, que dedicara um lbum de composies imperatriz do Brasil mais uma insinuao para obter a graa imperial para o seu Bug-Jargal? (p.32) [...] Permaneceu em Milo, com recursos prprios, e ali concluiu a construo da pera Bug- Jargal. (p.46) Proclamada a Repblica, prestigiado no novo regime, reativou a Associao Lrica Paraense e obteve em maro de 1890, do governo de Justo Leite Chermont, a subveno de 30:000$000 para contratar nova empresa e realizar a temporada mais ruidosa desde os tempos da monarquia, a cargo da Companhia Lrica Franco-Italiana, que depois excursionou pelo Brasil com o nome de Empresa Gonalves Leal & C. (p. 46) A temporada lrica de 1890, com pera italianas, era a primeira do regime republicano. Trazia de volta Gama Malcher e reinaugurava o Teatro da Paz [...] (p.47) Havia grandes novidades, algumas muito gratas, como a estreia, finalmente, da pera Bug- Jargal, do maestro paraense Gama Malcher; [...] (p.47) Gama Malcher teve ento a oportunidade de ensaiar e dirigir a sua discutida pera Bug- Jargal, motivo do rompimento com Carlos Gomes. Trata-se de melodrama ele assim o classificou ambicioso. Segundo a crtica, cheio de altos e baixos. Possui, entretanto, pginas inspiradas, como a cano e dueto final do 1 ato, a ria de Irma no 2, a ria de Bug-Jargal no 3. Deu-se a estreia no Teatro da Paz na noite de 17 de setembro de 1890. (p.51) Na p. 52 h o nome dos cantores da pera Bug-J argal. Gama malcher imitou de certa forma o esquema de Il Guarany, de Carlos Gomes, o da pera- ballo, introduzindo no quarto ato uma cena de danas tpicas. Mas vejam s: no se trata de danas do Caribe, embora faa meno da chiba; trata-se de autntico carimbo! No palco, surgiram figurantes portando tambores de carimb e gamb, instrumentos tpicos do Par. verdade que tudo feito conforme o padro europeu. (p.52)
11 Gama Malcher leva pera do Par a So Paulo e Rio de Janeiro Embalado pelo sucesso, Gama Malcher firmou contrato com o empresrio Lcio Gonalves, um dos scios da Casa Apollo (msicas e pianos) de So Paulo, propondo-se a viajar pelo pas e a estacionar na capital paulista e no Rio de Janeiro. Sobre a pera Bug-J argal Os crticos, de modo geral, afirmaram que a msica deixava transparecer influncias de Wagner, Verdi e Massenet. Portanto, estranha mistura de escolas e tendncias, com o condimento ainda mais curioso de melodias de danas folclricas da Amaznia. (p.53) O libreto de Vicenzo Valle no pode ser considerado capolavoro. palavroso, descuidado, oferesendo ao compositor situaes dramticas inverossmeis e artificiais. Parte da crtica atribuda a Gama Malcher deve ser creditada, portanto, ao libretista. Auando o acusam, por exemplo, de ter sobrecarregado demais o papel de Bug-Jargal, nenhuma culpa certamente cabe ao compositor. Ele teria que alter-lo aqui e ali para obter efeitos musicais imaginados. (p.54)
So Paulo Aplaude Gama Malcher A estreia do Bug-Jargal aconteceu para os paulistanos na noite de 30/12/1890, no Teatro So Jos, pelo mesmo elenco que realizou a estreia no Teatro da Paz, provocando opinies contraditrias, algumas benvolas, outras bastante severas. (p. 57 e 58) O Correio Paulistano tambm fez uma minuciosa anlise da pera. Homenageado pela A plateia n 133, publicou um retrato de G.M na primeira pgina, desenhado por Arajo Guerra, seguido do comentrio: A Platia presta homenagem ao distinto autor do Bug-Jargal, publicando seu retrato. Gama Malcher se ainda no inundou o mundo com a forma de suas composies musicais e com seu nome, pelo menos j bem conhecido como maestro de esfera superior. Prova isso a ltima pera que ele acaba de dar publicidade O Bug-Jargal. Conquanto haja alguns senes nessa partitura, ainda assim tem ela os trs primeiros atos que so realmente primorosos pela originalidade da msica, naturalmente adaptada ao meio em que gira a ao da pera. um trabalho j modelado nos modernos preseitos da escola musical e que necessariamente h de, no correr das representaes, ser uma partitura de estmulo nacional. Do mais, a companhia lrica deu-nos esta semana Ruy Blas, com regular desempenho, e Bug-Jargal em benefcio de seu autor. Foi talvez a noite de mais felicidade para os artistas, cantando o Bug-Jargal com muitos aplausos. A festa artstica de Gama Malcher foi brilhantssima. Teve o ilustre maestro muitas felicitaes, e as merece pelos documentos que nos mostra com seu talento de professor. Felicitando-o, envio aos artistas de sua companhia um bravo pelo brilahnte desempenho que souberam das ltima representao do Bug-Jargal. (P.58-59)
Ver os estudos de Joo Bosco Assis de Luca Ver o correio Paulistano de 1890 e A Platia n 133 de 1890.
13 Transtornos de Gama Malcher no Rio de Janeiro Aproximando-se de fevereiro de 1891, o dia da promulgao da Constituio Federal, a Casa Apollo quis aproveitar a ocasio e a festa que se realizaria no Rio de Janeiro, contratando por intermdio do escritor e empresrio Mcio Teixeira a explorao do antigo teatro D. Pedro II, propriedade do comendador Bartolomeu, agora na Repblica denomiado Teatro Lrico. A data, 3 de maro, era expressiva e foi anunciada a presena do presidente e proclamador da repblica, marechal Deodoro da Fonseca, ao espetculo de gala que se daria com a pera de Gama Malcher, regncia do autor. (p.61)
A crtica carioca no verificou a importncia do trabalho de Malcher em levar para os palcos 3 peras de compositores brasileiros: Bug-Jargal(Gama Malcher), Carmosina (Joo Gomes de Arajo) Moema (Francisco de Assis Pacheco).
Tudo parecia correr bem no Rio de Janeiro, quando o proprietrio do Teatro Lrico, comendador Bartolomeu, mandou sequestrar, por falta de pagamento do teatro, todo o patrimnio da companhia, at mesmo a mala em que o autor do Bug-Jargal tinha guardado a partitura [...]. (p.63) A perda incluiu a prpria partitura da pera. No decurso dos prximos 30 anos, tudo far para recuper-la ou saber do seu paradeiro, at mesmo pelo intermdio dos nossos representantes polticos, sem nada conseguir. (p.67) (NOTA DO AUTOR: Assim ficou o compositor paraense sem a partitura de sua Bug-Jargal, da qual, para serem ouvidos alguns trechos na sua festa de despedida, em 1920, teve de recapitular tudo de memria. Ento guardava ele os manuscritos de Yara, representada em 1895, e duas pera inditas, Idlio e Seminarista. Hoje as duas ltimas esto extraviadas, enquanto o primeiro trabalho cnico que julgou perdido est salvo graas ao arresto do comendador Bartolomeu -, encontrando-se a partitura na musicoteca da Escola de Msica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, sob o n3270. Yara encontra-se bem preservada na Fundao Carlos Gomes em Belm do Par.)
Nas rcitas de apresentao de Bug-Jargal, Gama Malcher fez distribuir folheto impresso na tipografia de O Democrata, Par, 16p. contendo descrio pormenorizada do texto. (p.67-68)
IMPRENSA Texto publicado em A provncia do Par, Belm, nas edies domingueiras de 17/09/1895, 24/09/1985, 01/10/1985 e 08/10/1985. (Vicente Salles) Carlos Gomes trabalhou argumento de Alfredo de Taunay, afirmando que o ttulo foi ppor ns ambos (ele e Taunay) inventado no Hotel de Frana, no Rio de Janeiro, em 8 de novembro de 1880. Mas seu escravo que era negro, na concepo de Taunay, na Itlia, na concepo do libretista Rodolfo Paravicini, se transformou no ndio Iber. E ao lado dos europeus na trama, s entram guerreiros indgenas. J o libreto de Gama Malcher, elaborado pelo poeta Vincenzo Valle, baseia-se no conhecido romance de Bug-Jargal, de Victor Hugo, cuja ao se passa na ilha de So Domingos [...]. Era, pois, uma pera engajada no movimento da abolio da escravatura negra. Alis esse tambm teria sido o pensamento do Visconde de Taunay, abusivamente modificado na Europa, o que o deixou desapontado. (p.176)
Os crticos [da pera Bug-Jargal], de modo geral, afirmaram que a msicadeixava transparecer influncias de Wagner, Verdi e Massenet. Portanto, estranha mistura de escolas e tendncias, com o condimento ainda mais curioso de melodias de danas folclricas da Amaznia. (p.179)