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DO OUTRO DO
LADO ESPELHO

Por Lara da Rocha Vaz
Pato, N34578
Introduo
A maioria dos cientistas desprezava at h bem pouco tempo a hiptese da existncia
de vrios universos, considerando-a restringida fantasia e fico cientfica, mas nos lti-
mos anos, devido a recentes desenvolvimentos nas teorias fsicas, esta viso tem mudado.
Normalmente associa-se o conceito de universo a toda a realidade fsica. Nesta pers-
pectiva ele substitudo por multiverso, o conjunto de todos os possveis universos, os
chamados universos paralelos. J a noo de universo difere de teoria para teoria.
Neste trabalho exponho algumas teorias da actualidade que prevem a existncia de ou-
tros universos. Apesar de ser muito difcil, ou mesmo impossvel, ter confirmao directa
dessa realidade, estas teorias fazem outras previses que podero um dia ser testadas.
Falo tambm das consequncias que a possibilidade de existirem muitos universos tem
no nosso entendimento da realidade e na explicao de alguns mistrios que muito tm
atormentado os fsicos ao longo dos tempos. Este talvez um dos campos em que a cin-
cia nos consegue surpreender mais do que a nossa prpria imaginao
Numa Galxia Longnqua
Os objectos mais longnquos do nosso universo observvel, que ser neste caso o nos-
so universo, encontram-se a cerca de 410
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m, que a distncia que a luz percorreu desde o
Big Bang. Sobre o espao exterior nada se sabe, mas podem-se inferir algumas das suas
propriedades com base em observaes astronmicas.
As flutuaes na radiao csmica de fundo recentemente medidas pelo satlite WMAP
indicam que o espao muito grande ou infinito. Alm disso, mostraram que a distribuio
de matria no espao uniforme em grandes escalas, o que significa que, assumindo que
este padro continua, as outras regies no visveis do espao se devem assemelhar ao
nosso universo visvel, com galxias, estrelas e planetas.
Se estas concluses estiverem certas, ento o espao est dividido em infinitos univer-
sos locais, esferas de 410
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m de raio centradas no observador. Estes universos parale-
los so apenas regies do nosso prprio espao-tempo que ainda no so visveis, visto
estarem demasiado afastadas, e o multiverso todo o espao-tempo interligado.
Cada um destes universos tem caractersticas semelhantes ao nosso, as mesmas leis e
constantes fsicas, diferindo apenas na sua distribuio inicial de matria. As actuais teorias
indicam que aps o Big Bang a matria foi espalhada pelo espao de forma aleatria, de tal
modo que, se o espao infinito, todas as configuraes de matria esto presentes no
multiverso, e tero de se repetir inevitavelmente! Por outras palavras, para tudo o que seja
possvel pelas nossas leis e constantes fsicas, haver algum stio em que isso acontece.
H tambm, pelo mesmo raciocnio, um nmero infinito de planetas com vida, um n-
mero infinito de cpias de uma determinada pessoa, com o mesmo aspecto, nome e me-
mrias, e que concretizam todas as ramificaes possveis da sua vida. Fazendo uma
estimativa bastante conservadora calcula-se que a cpia mais prxima de algum estar a
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10 m de distncia, e que a
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10 m estar um universo completamente igual ao nosso.
Assim, este o tipo de multiverso mais simples e menos controverso. uma implica-
o lgica das propriedades que as observaes indicam que o multiverso tenha, apesar de
poucos terem essa noo.

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Inflao Eterna
A teoria da inflao eterna, ou inflao catica, foi proposta por Andrei Linde, da
Universidade de Stanford. uma nova verso da amplamente aceite teoria da inflao
csmica que resolve alguns problemas das anteriores verses.
Linde props que o mecanismo que provocou a inflao (uma expanso rpida do es-
pao) no nosso universo ainda est a funcionar, fazendo com que certas regies do espao
sofram inflao de forma aleatria. Assim, uma pequena poro do universo pai que subita-
mente sofra inflao d origem a um universo beb, uma bolha que brota do progenitor
e que pode, por sua vez, vir a gerar outros universos, pelo mesmo processo.
A teoria diz que existe uma infinidade de bolhas, cada uma de tamanho infinito, desli-
gadas umas as outras, e que este processo continuar para sempre. Neste cenrio o multi-
verso eterno, apesar de cada universo particular poder no o ser. portanto provvel que
o nosso universo tenha nascido de um outro e em contrapartida produza mais universos.
Pensa-se tambm que, quando ocorre formao de universos por este processo, flutua-
es qunticas provocam quebras de simetria diferentes em cada bolha, resultando em uni-
versos com diferentes propriedades, como as constantes fsicas e as dimenses do espao e
do tempo. Um aspecto interessante do nosso universo que a maioria dos atributos que se
pensa terem sido estabelecidos por quebras de simetria aleatrias durante o seu nascimento
tm exactamente os valores necessrios para sustentar a vida. Se este universo for o nico
que existe, ento estamos perante uma muito estranha coincidncia, mas se existir um n-
mero infinito de universos paralelos com diferentes valores para os parmetros fsicos en-
to natural que nos encontremos num daqueles que permite a vida, em particular o nosso
tipo de vida, seno obviamente que no estaramos aqui para contar a histria.
Assim, apesar de neste modelo no haver forma de observar ou interagir com os outros
universos, a sua presena pode explicar estas coincidncias no nosso universo, o que tam-
bm vlido para as restantes teorias (desde que os parmetros fsicos possam variar entre
universos). No entanto, se se vier a descobrir que o universo est ajustado de forma ainda
mais especfica do que o que a nossa presena requer, esta explicao deixa de ser plausvel.
Os Buracos Negros de Lee Smolin
Uma outra ideia foi lanada por Lee Smolin, do Perimeter Institude for Theoretical
Physics. Ele prope que possam ser gerados universos beb atravs do mecanismo de co-
lapso gravtico que leva formao de buracos negros em universos preexistentes.
Smolin especula que se forme uma nova regio de espao inflacionrio no interior do
buraco negro, ligada ao espao inicial por um buraco de verme. Posteriormente, devido
evaporao do buraco negro pelo processo de Hawking, o universo beb desliga-se espa-
cialmente do inicial. O novo universo herda as propriedades fsicas do progenitor, mas
com ligeiras variaes aleatrias, tal como no caso da inflao eterna.
Ainda no h nenhuma teoria pormenorizada que explique como a informao fsica
seria transmitida de um universo para outro por esta concepo, mas h previses acerca
do nosso universo que podero vir a ser confirmadas. Se esta conjectura estiver correcta, os
universos cujas caractersticas favoream a produo de buracos negros reproduzem-se
mais que os outros. Como h uma certa hereditariedade, estas caractersticas so transmi-
tida descendncia, e assim so estes universos, de entre o conjunto de universos com to-
dos os parmetros fsicos possveis, que representam o maior volume de espao.
Assim, o nosso universo, caso tenha resultado desta seleco natural, dever ser mui-
to eficiente na formao de buracos negros, pelo que uma qualquer alterao nos seus par-
metros fsicos tornaria a sua formao menos provvel.
Teoria M
A teoria M, a extenso em 11 dimenses da teoria de cordas, afirma que todo o nosso
universo uma membrana tridimensional num espao com mais dimenses. Quando os

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fsicos comearam a trabalhar na 11 dimenso descobriram cada vez mais membranas, ou
possveis universos, tendo chegado concluso de que o seu nmero podia ser infinito.
O nosso universo coexiste com estas membranas, que apesar de no se verem podem
at estar bastante prximas de ns (a menos de 1mm!). Em cada uma delas as leis fsicas, o
nmero de dimenses observveis, etc., podem ser completamente distintos dos nossos.
Apesar de poder ser um pouco prematuro, h j cientistas que utilizam a teoria M para
responder a algumas perguntas cosmolgicas importantes.
Lisa Randall e os seus colegas na Universidade de Harvard, mostraram, por exemplo,
que a gravidade pode fluir entre universos paralelos. Assim, o facto de a fora da gravidade
ser to fraca no nosso universo pode dever-se ao facto de esta provir de um outro, no qual
to forte como as outras foras, mas quando chega at ns j apenas um fraco sinal.
tambm possvel que a matria negra seja um universo que esteja to prximo de ns
que a sua matria interactua graviticamente com a do nosso universo.
Por outro lado, Neil Turok da Universidade de Cambridge, Burt Ovrut da Universidade
da Pensilvnia e Paul Steinhardt da Universidade de Princeton acreditam que as membranas
se movem na 11dimenso, e que quando colidem se d um Big Bang, surgindo um novo
universo cuja matria e radiao provm da energia cintica da coliso. Isto resolveria o e-
nigma da causa do Big Bang, para o qual no h uma resposta definitiva, e implicaria que o
Big Bang no foi o incio do Tempo. Significaria tambm que os Big Bangs ocorrem fre-
quentemente, sendo mesmo possvel que a nossa membrana colida com outras no futuro.
Se a teoria M estiver certa e existir um universo paralelo a apenas 1mm de distncia do
nosso, at possvel que o Large Hadron Collider o consiga detectar nos prximos anos.
Outras Estruturas Matemticas
H ainda a hiptese de um multiverso mais mirabolante, proposto por Max Tegmark
(1)
,
do MIT. Ele sugere que todos os universos logicamente possveis existam na realidade, ou,
por outras palavras, que qualquer universo hipottico que se baseie numa determinada
estrutura matemtica seja real. Cada universo destes pode assim reger-se por leis da fsica
completamente distintas.
Com este tipo de multiverso abre-se todo o reino das possibilidades. Tudo o que possa-
mos imaginar pode acontecer realmente num outro Universo, com outras leis fsicas, outras
constantes, outra estrutura do espao-tempo.
Para justificar esta especulao, Tegmark utiliza o incrvel facto de as estruturas mate-
mticas descreverem com notvel verosimilhana a Natureza, sem que haja uma explicao
lgica para tal. Segundo este modelo, isso um resultado natural do facto de o prprio
mundo fsico ser uma estrutura matemtica.
Isto responderia ao porqu de o nosso universo ser como . Se a realidade fsica no
englobar todos os universos possveis, isso implica que tem de haver uma razo para alguns
existirem e outros no, para algumas estruturas matemticas terem sido seleccionadas para
o privilgio de descrever a realidade. Mas ento qual essa razo, e porqu ela e no outra?
Este cenrio, uma vez que esgota todas as possibilidades, torna essa pergunta desneces-
sria h uma total simetria matemtica, todas as estruturas matemticas existem fsica-
mente e correspondem a universos paralelos que existem fora do espao e do tempo.
De facto, pode argumentar-se que quanto mais abrangente for o tipo de multiverso
mais simples ele , pois ganha simetria relativamente aos outros modelos e torna desneces-
sria a adio forada de certas condies.
A Interpretao dos Muitos Mundos da Mecnica Quntica
A mecnica quntica uma teoria bem consolidada e confirmada experimentalmente
que descreve o mundo atmico. Ela descreve o estado do universo em termos que um
objecto matemtico a funo de onda , que evolui no tempo de forma determinstica.
H, no entanto, uma certa dificuldade em relacionar a funo de onda que descreve o

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objecto quntico numa sobreposio de todos os estados qunticos possveis com o que
ns observamos o objecto em apenas um estado quntico.
Para resolver este problema, postulou-se que quando se faz uma observao a funo
de onda colapsa num estado quntico definido, deixando de ser necessria. Isto implica que
o processo de observao determina o estado final, ou seja, que ao observarmos o objecto
afectamos o seu comportamento. Esta proposta explica as observaes, mas acrescenta in-
certeza teoria, visto que no temos forma de definir matematicamente uma observao.
Assim, a teoria deixa de ser determinstica e permite situaes contra intuitivas, como o ca-
so do gato de Schrdinger, que antes de ser observado est simultaneamente morto e vivo.
Este o ponto de vista apoiado pela interpretao de Copenhaga, que se deve
principalmente a Niels Bohr e que continua a ser at hoje a mais aceite pelos fsicos. H, no
entanto, outras interpretaes possveis.
Hugh Everett III props, na sua tese de doutoramento em 1957, na Universidade de
Princeton, uma interpretao alternativa dos acontecimentos descritos pela mecnica qun-
tica a interpretao dos muitos mundos. Ele mostrou que a teoria quntica no necessita
do postulado do colapso da funo de onda para ser coerente como descrio da realidade.
Podemos considerar que a equao de Schrdinger sempre vlida, ou seja, que a funo
de onda nunca colapsa. Esta interpretao foi posteriormente desenvolvida por outros
fsicos, como Bruce DeWitt e David Deutsch.
Se a funo de onda nunca colapsa, ento todos os resultados possveis num processo
quntico so obtidos na realidade, cada um num universo diferente, apesar de ns apenas
termos percepo do resultado observado no nosso mundo. Por outras palavras, cada pro-
cesso quntico em cada tomo do universo faz com que ele literalmente se divida em mlti-
plas reprodues de si mesmo, estruturalmente idnticas mas em diferentes estados.
Por mais perturbador que isto parea, se a interpretao estiver correcta ela tem
implicaes para alm do nvel quntico todas as aces que tomamos correspondem a
um determinado conjunto de estados qunticos, logo todos os acontecimentos possveis se
realizam nalgum universo alternativo deste multiverso quntico.
Resolvem-se assim situaes contra intuitivas correspondentes a funes de onda
legtimas, como o paradoxo do gato de Schrdinger o gato no est morto-vivo, mas sim
morto em metade dos universos e vivo na outra metade.
O multiverso de Everett, visto como um todo, na realidade muito simples: existe ape-
nas uma funo de onda que evolui deterministicamente ao longo do tempo, e cada um dos
seus ramos corresponde a um universo inteiro igualmente real. No entanto, como o obser-
vador apenas tem acesso a uma pequena fraco da realidade total, uma diviso no universo
traduz-se para ele numa aleatoriedade quntica.
Por outro lado, como no h forma de saber qual das cpias nos diferentes universos
eu sou, no h forma de eu prever o meu futuro, mesmo que tenha um conhecimento ab-
soluto do estado do multiverso. A nica coisa que eu posso dizer que se um acontecimen-
to tem uma determinada probabilidade de ocorrer ento numa percentagem corresponden-
te de universos os observadores vm esse acontecimento ocorrer.
Esta interpretao perfeitamente consistente com a experincia e matematicamente
equivalente interpretao de Copenhaga as probabilidades que se observam so
exactamente iguais s calculadas usando o colapso da funo de onda.
Se estiver certa, ela elimina os paradoxos geralmente associados s viagens ao passado
sem que haja perda do livre arbtrio. Ao fazermos diferentes escolhas estamos a viver uni-
versos diferentes daqueles onde j estivemos: podemos matar o nosso jovem av e, nesse
universo alternativo, nunca nascer uma pessoa geneticamente igual a ns, mas ns
prprios continuamos a existir, bem como o nosso av real (no universo original).
Apesar de no podermos comunicar com estes universos, eles podem ter efeitos sobre
o nosso. David Deutsch
(3)
, da Universidade de Oxford, afirma mesmo que a existncia de

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universos paralelos uma consequncia directa das observaes experimentais de interfe-
rncia, no havendo outra explicao coerente possvel para o fenmeno. Observa-se in-
terferncia quando a trajectria de uma partcula no nosso universo afectada por entida-
des que se comportam como partculas do mesmo tipo da inicial mas que no so detect-
veis por ns. Para este cientista, estas entidades so apenas as partculas equivalentes
nossa partcula, mas em universos paralelos, e como tal no afectam qualquer outra parte
do nosso universo (nem mesmo os detectores mais sensveis).
Est-se tambm a tentar construir computadores qunticos, que seriam capazes de, re-
correndo interferncia, explorar as partculas nos universos paralelos para fazer clculos,
adquirindo portanto uma muito maior rapidez relativamente aos computadores actuais.
Para alm disso, j foram demonstradas sobreposies sem colapso em molculas de
carbono-60, confirmando (at agora) a previso da teoria de que por maior que seja o
sistema no ser possvel observar o colapso.
Por todos estes motivos esta interpretao tem ganho gradualmente mais aceitao por
parte da comunidade cientfica.
Desta forma de olhar o mundo, tomando a mecnica quntica como descrio absoluta
da realidade, podemos inferir uma viso alternativa do conceito de Tempo. Cada universo
apenas um conjunto de estados qunticos definidos, esttico, e no seu todo os universos
concretizam todos os arranjos de matria possveis. Na realidade, os universos no evolu-
em no tempo, mas esto constantemente a subdividir-se noutros universos, sendo por
eles substitudos. Assim, o tempo apenas uma forma de pr estes universos numa se-
quncia. Por outras palavras, o que o observador entende por passagem do tempo corres-
ponde sua passagem de uns universos para os outros, universos que chama momentos
e cujo contedo ligado pelas leis da fsica. Como existem sempre todos os estados pos-
sveis, no faz sentido dizer que uma coisa ocorreu antes ou depois da outra, e o decorrer
do tempo pode no passar de uma iluso
Concluso
Podemos assim ver que a existncia de um multiverso, nalguma das suas verses, at
bastante plausvel dado o estado actual da Fsica. Isto obriga-nos a rever a viso que temos
sobre a estrutura e a evoluo do universo e mesmo da prpria realidade, bem como sobre
o nosso prprio lugar no mundo.
No de estranhar que a realidade fsica seja maior do que a que imaginamos. Ao lon-
go da Histria tivemos de nos habituar a alargar os horizontes, mas, tal como no passado,
muitos continuam a desprezar estas ideias simplesmente por serem estranhas. No entanto,
penso que perfeitamente natural que, medida que nos aproximamos da verdadeira natu-
reza da realidade, encontremos coisas bizarras, para as quais a nossa intuio no nos pre-
parou. Nas palavras de Tegmark
(1)
: Talvez gradualmente nos habituemos estranha forma
de ser do nosso cosmos e achemos a sua estranheza parte do seu charme.
Bibliografia
(1)
M. Tegmark, Parallel Universes, in Scientific American , Maio 2003,
(2)
M. Tegmark, Many lives in many worlds, in Nature 448, Julho 2007
(3)
D. Deutsch, The Fabric of Reality, Allen Lane The Penguin Press, 1Edio, 1997, p. 43
46, 278, 287
(4)
M. Kaku, Mundos Paralelos, Bizncio, 1Edio, Fevereiro 2006, p. 34, 232-235, 336
(5)
P. C. W. Davies, Multiverse Cosmological Models, in Modern Physical Letters A 19,
Maro 2004
(6)
M. Rees, O Nosso Habitat Csmico, Gradiva, 1Edio, Maio 2002 p. 176
(7)
Documentrio da BBC Parallel Universes, 14 de Fevereiro de 2002
(8)
http://www.sxc.hu/photo/668894

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