Boletim 200 IAC - Instruções Agrícolas para As Principais Culturas Econômicas

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BOLETIM N.

o 200
7.a edio
Revisada e atualizada

Instrues Agrcolas para as


Principais Culturas Econmicas
Editores
Adriano Tosoni da Eira Aguiar
Charleston Gonalves
Maria Elisa Ayres Guidetti Zagatto Paterniani
Maria Luiza SantAnna Tucci
Carlos Eduardo Ferreira de Castro

ISSN 0375-1538
Boletim, IAC

Campinas, SP

n.o 200 - 7.a ed.

452 p.

2014

Ficha elaborada pela bibliotecria do Ncleo de Informao e Documentao do Instituto Agronmico.

I59







Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas / Eds.


Adriano Tosoni da Eira Aguiar, Charleston Gonalves, Maria Elisa Ayres
Guidetti Zagatto Paterniani; et al. 7. Ed. rev. e atual. Campinas: Instituto
Agronmico, 2014. 452 p. (Boletim IAC, n. 200)

1. Culturas. 2. Instrues agrcolas. I. Aguiar, Adriano Tosoni da Eira.


II. Gonalves, Charleston. III. Paterniani, Maria Elisa Ayres Guidetti Zagatto.
IV. Tucci, Maria Luiza SantAnna. V. Castro, Carlos Eduardo Ferreira de.
VI. Ttulo. VII. Srie.

ISSN 0375-1538
Editores: Adriano Tosoni da Eira Aguiar, Charleston Gonalves,
Maria Elisa Ayres Guidetti Zagatto Paterniani, Maria Luiza SantAnna Tucci,
Carlos Eduardo Ferreira de Castro.

CDD: 633
O Contedo do Texto de Inteira Responsabilidade dos Autores.
1.a edio - 1951
2.a edio - 1972
3.a edio - 1986
4.a edio - 1987
5.a edio - 1990
6.a edio - 1998
Comit Editorial do Instituto Agronmico
Gabriel Constantino Blain
Lcia Helena Signori Melo de Castro
Equipe participante desta publicao
Coordenao da Editorao: Silvana Aparecida Barbosa Abro
Editorao Eletrnica: Cntia Rafaela Amaro - Amaro Comunicao
Capa: Impulsa Comunicao
A reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte,
constitui violao do Copyright (Lei n.o 9610).
Instituto Agronmico
Centro de Comunicao e Transferncia do Conhecimento
Caixa Postal 28
13012-970 Campinas (SP) - Brasil
www.iac.sp.gov.br
7.a edio - 2014: 500 exemplares

Sumrio

Prefcio......................................................................................................................................1
Abacaxi . ...................................................................................................................................2
Aipo ou Salso..........................................................................................................................5
Alface..........................................................................................................................................8
Algodo................................................................................................................................... 11
Alho......................................................................................................................................... 15
Alpnia.................................................................................................................................... 18
Amendoim............................................................................................................................. 22
Anona...................................................................................................................................... 28
Antrio................................................................................................................................... 34
Araruta .................................................................................................................................. 36
Arroz........................................................................................................................................ 39
Aveia........................................................................................................................................ 41
Bambu.................................................................................................................................... 44
Banana.................................................................................................................................... 46
Basto-do-Imperador.......................................................................................................... 52
Batata...................................................................................................................................... 54
Batata-Doce........................................................................................................................... 59
Baunilha................................................................................................................................. 62
Berinjela.................................................................................................................................. 64
Beterraba . ............................................................................................................................. 67
Bromlia................................................................................................................................. 71
Bucha Vegetal........................................................................................................................ 73
Cabaa.................................................................................................................................... 80
Cacau...................................................................................................................................... 85
Caf Arbica.......................................................................................................................... 90
Camomila............................................................................................................................ 105
Cana-de-Acar................................................................................................................ 106
Canela.................................................................................................................................. 114
Caqui.................................................................................................................................... 116
Cebola ................................................................................................................................. 121
Cebolinha............................................................................................................................ 125
Ch....................................................................................................................................... 128
Chcharo.............................................................................................................................. 130
Chuchu................................................................................................................................ 132
Citronela-de-Java............................................................................................................... 138

Citros.................................................................................................................................... 140
Coco...................................................................................................................................... 150
Confrei................................................................................................................................. 154
Costaceae............................................................................................................................. 155
Couve de Folha . ................................................................................................................ 159
Crotalria............................................................................................................................ 162
Crcuma.............................................................................................................................. 166
Estvia.................................................................................................................................. 167
Feijo..................................................................................................................................... 170
Feijo-Adzuki .................................................................................................................... 173
Feijo-Arroz ....................................................................................................................... 173
Feijo-de-Porco................................................................................................................... 175
Feijo-Mungo..................................................................................................................... 177
Figo....................................................................................................................................... 179
Gengibre.............................................................................................................................. 183
Gengibre Ornamental...................................................................................................... 185
Gernio................................................................................................................................ 188
Gergelim.............................................................................................................................. 189
Girassol................................................................................................................................ 192
Goiaba.................................................................................................................................. 194
Gro-de-Bico...................................................................................................................... 199
Guandu................................................................................................................................ 201
Guar...................................................................................................................................... 204
Helicnia.............................................................................................................................. 206
Hortel................................................................................................................................. 213
Inhame................................................................................................................................. 215
Jacatup .............................................................................................................................. 218
Labelabe.............................................................................................................................. 219
Leguminosas Perenes........................................................................................................ 221
Macadmia......................................................................................................................... 224
Ma..................................................................................................................................... 228
Mamona.............................................................................................................................. 233
Mandioca de Mesa............................................................................................................ 235
Mandioca Industrial......................................................................................................... 241
Mandioquinha-Salsa........................................................................................................ 248
Mangarito........................................................................................................................... 251
Maracuj ............................................................................................................................ 253
Marmelo.............................................................................................................................. 258
Maxixe................................................................................................................................. 263
Menta . ................................................................................................................................ 266

Milheto ............................................................................................................................... 268


Milho.................................................................................................................................... 271
Milho para Silagem........................................................................................................... 276
Milho Pipoca....................................................................................................................... 280
Morango.............................................................................................................................. 283
Mucuna............................................................................................................................... 288
Nectarina............................................................................................................................. 292
Nspera................................................................................................................................ 297
Oliva..................................................................................................................................... 302
Orqudea............................................................................................................................. 305
Palmarosa............................................................................................................................ 308
Palmeira Ornamental....................................................................................................... 310
Palmito Aa........................................................................................................................ 313
Palmito de Palmeira Real Australiana.......................................................................... 317
Palmito Juara.................................................................................................................... 321
Palmito-Gariroba.............................................................................................................. 326
Palmito Pupunha.............................................................................................................. 329
Patchouli.............................................................................................................................. 334
Pera....................................................................................................................................... 336
Pssego................................................................................................................................. 342
Pimenta-do-Reino............................................................................................................. 348
Pimenta Hortcola............................................................................................................. 350
Piretro................................................................................................................................... 357
Quiabo................................................................................................................................. 358
Rcula.................................................................................................................................. 362
Seringueira.......................................................................................................................... 365
Soja........................................................................................................................................ 368
Sorgo Forrageiro................................................................................................................. 370
Sorgo Granfero ................................................................................................................ 374
Sorgo Sacarino e Sorgo Biomassa.................................................................................. 377
Sorgo Vassoura................................................................................................................... 380
Taro....................................................................................................................................... 382
Tomate.................................................................................................................................. 385
Tremoo Branco ou Amargo........................................................................................... 393
Trigo...................................................................................................................................... 395
Triticale................................................................................................................................ 398
Urucum............................................................................................................................... 401
Uva........................................................................................................................................ 403
Vetiver................................................................................................................................... 410

Apndice
Informaes sobre clima e solos do Estado de So Paulo......................................... 412
Critrios para calagem e adubao............................................................................... 421
Informaes bsicas para o uso de agrotxicos.......................................................... 427
Prticas de manejo e conservao do solo................................................................... 438
Informaes bsicas sobre irrigao e drenagem....................................................... 448

Prefcio
O Instituto Agronmico publicou, em 1951, o Boletim n.o 45 Instrues
Sumrias para a Cultura das Principais Plantas Econmicas no Estado de So Paulo,
coordenado por ngelo Paes de Camargo, e reimpresso por quatro vezes. Na ltima,
em 1961, foi editado com o ttulo Instrues Agrcolas para o Estado de So Paulo, e
abrangia 123 culturas. Posteriormente, entre 1972 e 1998, foram lanadas outras cinco
edies, atualizadas e com a incluso de novos temas.
Nesta 7.a edio, dezesseis anos depois, o Boletim 200 foi revisado e inovado.
So apresentadas recomendaes tcnicas para 114 culturas, em sua totalidade no
portflio de aes de pesquisa do Instituto Agronmico. Com a modernizao dos
sistemas de cultivo, principalmente tratando-se das hortalias, optou-se por dispensar
a apresentao dos cronogramas de atividades das culturas. Para facilitar a consulta
pelo usurio, as culturas esto apresentadas em ordem alfabtica no sumrio. Os
cinco apndices apresentam noes gerais sobre solo e clima, critrios para calagem
e adubao, defensivos agrcolas e tcnicas de aplicao, prticas de conservao do
solo e irrigao e drenagem. As recomendaes sobre a conservao do solo para as
culturas foram atualizadas e padronizadas, de acordo com os resultados de pesquisa,
e com o apoio e superviso da equipe de pesquisadores do Centro de Solos e Recursos
Ambientais. Os ingredientes ativos dos defensivos agrcolas esto relacionados,
separadamente, como inseticidas, acaricidas, nematicidas, fungicidas, bactericidas e
herbicidas, porm, no esto indicados especificamente para cada praga, doena ou
planta daninha, que venha a ocorrer nas culturas.
Com o intuito de facilitar a consulta sobre os produtos fitossanitrios at agora
registrados no Ministrio da Agricultura e do Abastecimento, optou-se por incluir o site:
www.agricultura.gov.br - Agrofit. Vale lembrar que apenas os profissionais habilitados
podem prescrever o receiturio agronmico.
Os conceitos e recomendaes apresentados neste Boletim so vlidos para
as condies edafoclimticas do Estado de So Paulo e de inteira responsabilidade dos
autores que participaram de sua elaborao.
Com a disponibilizao desta edio do Boletim 200, o Instituto Agronmico
comprova o cumprimento de sua misso de gerar e transferir cincia, tecnologia e
produtos para otimizao dos sistemas de produo vegetal, com responsabilidade
ambiental, visando ao desenvolvimento socioeconmico e segurana alimentar, por
meio da pesquisa, da formao de recursos humanos e da preservao do patrimnio.

Os Editores

Abacaxi

A.T.E. Aguiar et al.

Abacaxi

Ananas comosus (L.) Merril


O abacaxizeiro uma planta herbcea perene pertencente famlia
Bromeliaceae, originria do Cone Sul do nosso continente. O fruto presta-se tanto
para consumo ao natural como para processamento industrial em suas mais diversas
formas (pedaos em calda, suco, pedaos cristalizados, geleias, licor, vinho, vinagre e
aguardente). Como subprodutos da sua industrializao, podem-se obter lcool, cidos
ctricos, mlico e ascrbico, raes para animais e bromelina (enzima proteoltica de uso
medicinal). O talo da planta pode ser aproveitado para extrao de bromelina, sendo
tambm fonte de amido. As folhas podem ser utilizadas para a obteno de fibras. De
alto valor diettico, a polpa do abacaxi energtica (150 calorias por copo de suco),
contm boa quantidade das vitaminas A, B1 e C. Contm ainda bromelina, que favorece
a digesto.
Cultivares: Smooth Cayenne (Cayenne, Hava ou Bauru) a cultivar mais
produtiva e adequada para industrializao, alm de servir para o consumo ao natural.
Prola. IAC Gomo-de-mel (abacaxi-de-gomo), exclusivo para consumo ao natural. Novas
cultivares resistentes fusariose, que o principal problema fitossanitrio da cultura:
IAC Fantstico (IAC) e Imperial e Vitria (Embrapa). A cultivar IAC Fantstico adequada
para mesa e indstria, apresenta boa produtividade e qualidade de fruto (polpa
amarelo-escura, baixa acidez e muito doce).
Clima e solo: apesar de boa resistncia seca, produz melhor na faixa de 1.000
a 1.500mm de chuva por ano, tolerando de 600 at 2.500mm. , entretanto, muito
sensvel ao frio, no tolerando geadas. A temperatura tima situa-se entre 29 e 31 oC,
suportando, entretanto, mnima de at 5 oC e mxima de 43 oC. planta de clima tropical
e subtropical. Sol forte e chuvas de pedras provocam danos aos frutos. A cultura pode ser
instalada em qualquer tipo de solo, desde que no sujeito a encharcamento. Entretanto,
recomenda-se dar preferncia ao cultivo em solos leves e com pH entre 5,5 e 6,0.
Prticas de conservao do solo: plantio em linhas de nvel, terraceamento.
Propagao: o abacaxizeiro propaga-se vegetativamente por meio de mudas
produzidas pela planta, como filhotes (do pednculo do fruto), rebentes (do talo da
planta - maiores) e at as coroas dos frutos destinados indstria, ou ainda, mudas
resultantes do enviveiramento de sees do talo da planta ou das mudas. Dentro de
cada talho da plantao, as mudas devem ser uniformes quanto ao tipo e tamanho.
No coletar mudas de abacaxizais infectados pela doena fusariose, selecionando
mesmo assim, mudas de plantas sadias. Nos plantios iniciais de novas cultivares pode-se

Boletim, IAC, 200, 2014

utilizar mudas micropropagadas em laboratrio, a cultivar IAC Fantstico, mais sensvel


aos hormnios utilizados, no sendo recomendada essa prtica.
Plantio: em sulcos ou covas, no deixando cair terra no pice das mudas.

Abacaxi

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espaamento: plantio em linhas duplas de 40 a 50cm de largura, distanciadas


de 90 a 120cm, mantendo o espaamento de 35 a 40cm entre as mudas de uma mesma
fileira e disposio triangular, em relao quelas da fileira vizinha. O maior espaamento
proporciona produo de frutos maiores, mas menor produtividade.
Mudas necessrias: 34.000 a 50.000/ha.
Calagem: a recomendao de calagem deve ser estabelecida a partir da anlise
do solo. A calagem deve ser calculada visando elevar o ndice de saturao por bases
para 50% e manter o teor de Mg acima de 5 mmolc dm-3. Usar sempre calcrio dolomtico
aplicado em rea total e incorporado ao solo. Doses de calcrio superiores a 3 t ha-1
requerem cuidados especiais para sua incorporao no solo.
Adubao mineral: as quantidades de N, P e K a serem aplicadas so definidas
em funo da anlise do solo e da produtividade esperada e esto apresentadas na
tabela 1. Aplicar o fsforo no sulco de plantio, em maro ou abril, misturando-o ao solo,
e o nitrognio e o potssio em cobertura, ao lado das linhas, procurando atingir as axilas
mais velhas, nas seguintes propores: 10% em abril-maio, 20% em novembro, 40% em
janeiro e 30% em maro-abril. Em plantios de outubro a novembro, aplicar o fsforo no
sulco de plantio; N e K nas seguintes propores: 10% em novembro-dezembro, 30% em
janeiro e 60% em maro-abril. A ltima adubao nitrogenada deve ocorrer, no mximo,
60 dias antes da aplicao do regulador de florescimento. Como o abacaxizeiro sensvel
ao cloro, recomenda-se dar preferncia a fontes de potssio na forma de sulfato ou
nitrato, especialmente nas primeiras aplicaes durante o ciclo da cultura.
Tabela 1. Doses de N, P e K para abacaxizeiro
Produtividade
P resina, mg dm-3
N
esperada
0-12
13-30
>30

t ha-1
N, kg ha-1
----- P2O5, kg ha-1-----

< 30
300
80
60
40

30-40
400
100
80
60

40-50
500
120
100
80

> 50
600
140
120
100

K+ trocvel, mmolc dm-3


0-1,5
1,6-3,0 >3,0
-----K2O, kg ha-1----300
200
100
400
300
200
500
400
300
600
500
400


Controle de pragas e doenas: broca-do-fruto: polvilhamento ou pulverizao
das inflorescncias e frutos novos com carbaryl ou Bacillus thuringiensis; cochonilha:

Boletim, IAC, 200, 2014

Abacaxi

A.T.E. Aguiar et al.

tratamento de mudas e plantas com parathion methyl, vamidothion ou ethion;


podrido-negra: pincelamento da seo do pednculo do fruto com benomyl. Para
prevenir pragas e doenas, evitar: locais prximos de abacaxizais em mau estado
sanitrio e mudas deles provenientes; expor os ps das mudas ao sol por vrios dias
sobre as prprias plantas ou nos carreadores.
Controle de florescimento: aplicar reguladores de florescimento em culturas
com desenvolvimento adequado para produo de frutos de tamanho comercial. Isso
deve ser feito para que os frutos amaduream ao mesmo tempo dentro do talho, e nas
pocas de colheita desejadas para os diferentes talhes. Reguladores recomendados:
a) ethephon (1 a 4 L ha-1 do produto comercial - 21,66% de ethephon, sendo que as doses
maiores devem ser aplicadas nas pocas mais quentes e em plantas mais vigorosas),
adicionado ou no de hidrxido de clcio e ureia; b) carbureto de clcio (450g/100 litros
de gua fria). A cultivar IAC Fantstico requer dose de regulador menor que a Smooth
Cayenne: 100 a 150 ppm de ethephon 240 g L-1 (45 a 65 mL/100 litros de gua) so
suficientes e no causam danos aos frutos.
Outros tratos culturais: o controle de plantas daninhas deve ser feito pelo
emprego de herbicidas e capinas. Devem-se proteger os frutos contra o sol, cobrindo-os
com papel (jornal ou sacos de papel sem fundo), ou com material vegetal seco.
Colheita: novembro a abril, com pico em janeiro a maro, ou o ano todo, j que
indispensvel o uso de reguladores de florescimento.
Produtividade normal: 30.000 a 45.000 frutos/ha/safra.
Cultura intercalar: o abacaxizeiro pode ser cultivado entre as linhas de culturas
perenes em desenvolvimento ou em rotao com adubos verdes.
Comercializao: imediatamente aps a colheita os frutos so entregues, a
granel ou embalados, aos entrepostos de venda, para consumo ao natural ou para a
industrializao.
Observaes: em funo do aumento da fusariose e do tombamento dos
rebentes e filhotes-rebentes das cultivares Cayenne e Prola, no recomendada a
soca, mas somente a primeira produo (um fruto por planta), em ciclo que dura de 14 a
24 meses, de acordo com o tipo, tamanho e poca de plantio das mudas, e com a poca
de aplicao de reguladores de florescimento.
LUIZ ANTONIO JUNQUEIRA TEIXEIRA
ADEMAR SPIRONELLO (aposentado)
WALTER JOS SIQUEIRA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

Aipo ou Salso

Apium graveolens L. var. dulce (Mill.) DC

Aipo ou Salso

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

O aipo ou salso originrio da regio do Mediterrneo, pertence famlia


Apiaceae e considerado uma erva aromtica, condimentar e medicinal. Sua forma se
assemelha da salsa, porm seu porte maior. Desta hortalia utilizam-se talos, folhas
e razes, sendo consumida crua ou refogada. Seu sabor, levemente adocicado, combina
com legumes e verduras, em saladas, sopas, carnes, molhos e sucos. Em sua composio
encontram-se alicina, aliina, derivados do tiofeno, sulfurados volteis, vitaminas A, B1,
B2, B5, C, E, potssio, magnsio e ferro. tambm rico em fibras, sendo pouco calrico
(18 calorias em 100 g). Apresenta propriedades medicinais sendo alcalinizante, diurtico,
depurativo, expectorante. Seu suco anticido e ainda auxilia no controle da hipertenso.
O aipo bastante difundido nos pases de clima temperado, porm, a produo e consumo
ainda so limitados no Brasil. cultivado em pequenas hortas comerciais e domsticas.
Em 2013, na CEAGESP - So Paulo, foram comercializadas em mdia, 370 mil unidades por
ms, sendo que esse volume variou pouco entre os meses do ano.
Cultivares: Premio, Tall Utah, Topseller, Tronchudo e Gigante de Praga (raiz),
classificadas em: cultivares tradicionais - tm haste verde esbranquiada, rosada ou
avermelhada e so consideradas as de melhor sabor. Para adquirir sabor doce e aroma
caracterstico, necessrio submeter o produto ao processo de branqueamento;
cultivares de branqueamento natural - so prprias para plantio com alta densidade
de plantas, de forma que a prpria folhagem promove o sombreamento e o
branqueamento parcial das hastes das folhas. Em geral, apresentam haste verde-claro
ou creme; cultivares americanas ou verdes - as hastes so consumidas sem o processo
de branqueamento; cultivares de folhas - so apropriadas para uso como condimento e
as hastes, que so finas, tambm so utilizadas; cultivar de raiz - forma cabea entre a
raiz e as folhas, sendo a raiz a parte de valor comercial, embora folhas e hastes tambm
sejam comestveis.
Clima e solo: o cultivo do aipo indicado para regies de clima ameno. As
temperaturas timas esto entre 18 e 22 oC, mas tolera mnima de at 4 oC e mxima
de at 29 oC. A espcie no adaptada a regies quentes ou com frio prolongado.
Desenvolve-se preferencialmente em solos leves, com textura mdia, rico em matria
orgnica e com pH entre 6,0 e 6,8. exigente em clcio, magnsio, potssio e boro.
poca de plantio: no Estado de So Paulo, de fevereiro a julho, podendo ter o
perodo ampliado na regio serrana, mas sempre respeitando as exigncias de temperatura.

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Aipo ou Salso

A.T.E. Aguiar et al.

Espaamento: cultivares tradicionais - 0,90 x 0,30 m (para mesa) e 0,50 x 0,20 m


ou 0,30 x 0,30 m (para indstria); cultivares de branqueamento natural e americanas 0,50 x 0,20 m.
Sementes necessrias: 160 a 180 g ha-1 (mesa) e 400 a 500 g ha-1 (indstria).
Semeadura/Transplante: a semeadura pode ser realizada em recipientes
(bandejas de 200 clulas) ou no solo, em sulcos distanciados de 10 cm e profundidade
de 0,3 a 0,6 cm, distribuindo-se as sementes em linha contnua. A germinao ocorre
em 9 e 26 dias, para 20 e 10 oC de temperatura do solo, respectivamente. Acima de
25 oC, a germinao reduzida sensivelmente. Em bandejas, as mudas atingem o
ponto para o transplante entre 30 e 40 dias, ou quando apresentarem de 4 a 5 folhas
definitivas. Quando a semeadura feita no solo, o transplante ocorrer entre 40 e 60
dias aps a semeadura e/ou quando as mudas apresentarem de 6 a 8 cm de altura e/ou
de 4 a 5 folhas definitivas. Deve-se suspender a irrigao das mudas, dois dias antes do
transplante, para que fiquem mais resistentes s condies adversas que encontraro no
local definitivo. No momento do transplante, no entanto, irrigar bastante para facilitar a
retirada das mudas. Para promover o estiolamento (branqueamento), transplantar em
sulcos com profundidade de 25 a 30 cm, a fim de facilitar a operao de amontoa.
Calagem: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases do solo at 80% e o
teor de magnsio a um mnimo de 9 mmolc dm-3 de solo.
Adubao orgnica: aplicar, 30 dias antes do transplante, 30 a 50 t ha-1 de
esterco de curral bem curtido ou composto orgnico, que podem ser substitudos por
7,5 a 12,5 t ha-1 de esterco de galinha ou cama de frango curtidos, ou ainda 1 a 2 t ha-1
de torta de mamona pr-fermentada, sendo a dose maior para solos arenosos. Outros
fertilizantes orgnicos compostos como o hmus de minhoca e o Bokashi podem ser
utilizados, devendo ser observado o aspecto econmico.
Adubao mineral de plantio: aplicar, pelo menos 10 dias antes do transplante das
mudas, 20 a 30 kg ha-1 de N, 120 a 360 kg ha-1 de P2O5, 60 a 180 kg ha-1 de K2O, 3 kg ha-1 de
boro (B). Aplicar tambm, em solos deficientes em zinco (Zn) e cobre (Cu), 3 kg ha-1 de Zn
e 2 kg ha-1 de Cu. A quantidade, maior ou menor, de adubo a ser utilizada depender das
anlises do solo e foliar, da cultivar empregada e da produtividade esperada.
Adubao mineral de cobertura: 80 a 120 kg ha-1 de N; 30 a 40 kg ha-1 de
P2O5 e 40 a 80 kg ha-1 de K2O, parcelando em duas aplicaes, aos 20 e 40 dias aps o
transplante. Se a cultura apresentar sintomas de deficincia de boro, pulverizar uma vez
por ms, durante o crescimento, com soluo de cido brico a 0,3 g L -1 ou brax a
0,5 g L-1 (dissolver o produto em gua quente). O sintoma tpico de deficincia de boro
no aipo o aparecimento de rachaduras de colorao castanha nos pecolos, tornando
o produto sem valor comercial.

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Adubao foliar: pulverizar cloreto de clcio a 0,2% e sulfato de magnsio a


0,4%, a cada duas a trs semanas aps o transplante das mudas. No mercado, existem
produtos com clcio quelatizado e boro, alm de outros nutrientes. Em solos deficientes
em cobre recomenda-se aplicar de uma a duas pulverizaes de sulfato de cobre a 0,2%.
No misturar agrotxicos com fertilizantes foliares.

Aipo ou Salso

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Irrigao: pode ser feita por gotejamento ou asperso.


Estiolamento (branqueamento): tem por finalidade, deixar as hastes brancas,
macias e com sabor adocicado, apropriadas para o consumo. As plantas devem ser
amarradas 15 dias antes da colheita, quando estiverem bem desenvolvidas. Amarrar as
hastes a 20-25 cm de altura da base, utilizando barbante ou fibra, de modo a evitar a
entrada de terra junto aos pecolos centrais. Amontoar terra at que os pecolos fiquem
cobertos, ficando somente as folhas de fora. medida que a planta for crescendo,
chegar mais terra, at o momento da colheita.
Tratos culturais: manter a cultura livre de plantas daninhas; fazer escarificaes,
quando necessrio, para quebrar a crosta formada na superfcie. A utilizao de cobertura
morta dificulta o surgimento do mato, mantm a umidade e evita a formao de crosta.
Principais pragas: lagartarosca, cigarrinhas, pulges, minador da folha,
tesourinha, cochonilhas e nematoides.
Principais doenas: podrido mole, mancha-de-alternaria, mancha-de-cercospora
(Cercospora apii), ferrugem, esclerotnia, septoriose e mosaico.
Em relao a produtos registrados para o controle de pragas e doenas do aipo,
recomenda-se buscar informaes atualizadas em: http://agrofit.agricultura.gov.br/
agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Colheita: a colheita feita entre 100 e 150 dias aps o transplante, dependendo
da cultivar e das condies de clima e cultivo. Antes de colher, afastar a terra, desamarrar
a planta e cortar a haste rente raiz.
Produtividade normal: 30.000 ps por hectare (12 a 18 t ha-1) para mesa, e
90.000 ps por hectare (30 a 45 t ha-1) para indstria.
Rotao: utilizar hortalias de outras famlias, milho e leguminosas de uso
como adubo verde, dando-se preferncia para espcies no hospedeiras de nematoides
formadores de galhas.
JOAQUIM ADELINO DE AZEVEDO FILHO
Polo Regional do Leste Paulista, Monte Alegre do Sul (SP)
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
Boletim, IAC, 200, 2014

Alface

A.T.E. Aguiar et al.

Alface
Lactuca sativa L.

A alface originria da regio mediterrnea. Ao redor do ano 4500 a.C. j era


conhecida no antigo Egito, onde foi domesticada, chegando ao Brasil no sculo XVI,
trazida pelos portugueses. diurtica, depurativa e usada contra insnia. Destaca-se
pelo contedo de vitaminas A, C e minerais. A alface no Estado de So Paulo, segundo o
IEA/CATI em 2011, ocupou rea de 10.324 ha, com produtividade de 19,7 t ha-1.
Cultivares principais: Grupo lisa de vero - Lidia, Elisa, Regiane, Karla, Stella,
Regina 500; Grupo lisa de inverno - Ins, Marcela e outras cultivares utilizadas no vero;
Grupo crespa de vero - Vanda, Veneranda, Thas, Solaris, Amanda, Vera, Gizelle, Brida,
Marianne, Melissa, Camila, Solaris, Ceres; Grupo crespa de inverno - Inai, Bruna,
Milena, Malice e outras cultivares utilizadas no vero; Grupo americana de vero - Lucy
Brown, Laurel, Angelina, Gloriosa, Irene, Teresa; Grupo americana de inverno - Raider
Plus, Graciosa, Silvana, Maisa; Grupo mimosa de vero - Lavinia, Salad Bowl, Bolinha,
Green Ball; Grupo mimosa de inverno - todas cultivares utilizadas no vero; Grupo
romana de vero - Sophia, Romana Balo; Grupo romana de inverno; Sophia e outras
utilizadas no vero; Grupo roxa de vero - Maira, Mila, Scarlet, Pira Roxa, Roxane, Red
Star, Carmoli; Grupo roxa de inverno - as mesmas utilizadas no vero; Grupo Baby
Leaf - Romana Baby Rome, Salanova, Crespa Green Frizzly, Crespa Red Frizzly e diversas
TPC da Top Seed; Grupo Crocante - Crocante TE -112, Crocante SVR 2005.
Clima e solo: as temperaturas mais adequadas situam-se entre 15 e 20 oC. As
cultivares com pendoamento mais lento so recomendadas para o cultivo no vero.
A alface prefere solos de textura mdia, podendo ser cultivada tambm em solos de
textura arenosa e argilosa.
poca de plantio: o ano todo, no Planalto Paulista. O cultivo nos meses de
dezembro, janeiro e fevereiro, devido s altas temperaturas e chuvas intensas, mais
difcil. Ocorre maior incidncia de doenas e de perdas. Em perodos ou regies de
chuvas intensas o sistema de cultivo protegido (estufa agrcola) constitui-se em boa
opo em relao ao sistema tradicional, no campo.
Espaamento: 0,20 a 0,35 m x 0,20 a 0,35 m entrelinhas e entre plantas,
respectivamente.
Sementes e mudas necessrias: considerando 7.000 m2 de canteiros em 1 ha,
so necessrias entre 90.000 e 130.000 sementes ou mudas.
Calagem e adubao: aplicar calcrio, incorporando desde a superfcie at

Boletim, IAC, 200, 2014

20 cm de profundidade, para elevar a saturao por bases a 80%. Entre 30 e 40 dias


antes do plantio, incorporar ao solo de 40a60t ha-1 de esterco bovino bem curtido,
ou 1/4 a 1/5 dessas quantidades de esterco de galinha, sunos, ovinos ou caprinos.
O composto orgnico, incluindo o hmus de minhoca e o Bokashi pode ser utilizado.
Deve ser considerada a quantidade de N do fertilizante orgnico, bem como o aspecto
econmico. Os fertilizantes minerais devem ser aplicados entre 7 e 10 dias antes do
transplante das mudas. Aplicar sobre a rea total do canteiro 30 a 60kg ha-1 de N, 120
a 360kg ha-1 de P2O5, 40a 120 kg ha-1 de K2O, 1 a 1,5 kg ha-1 de boro (B), 1 a 3 kg ha-1
de zinco (Zn) e em solos deficientes, 2 kg ha-1 de cobre (Cu) e 1 kg ha-1 de mangans
(Mn). Em cobertura, utilizar de 60 a 120kg ha-1 de N, parcelando-se essas quantidades
de trs a cinco vezes, aps o transplante das mudas. Doses excessivas de N predispem
a alface maior incidncia de doenas fngicas e ao acmulo indesejvel de nitrato e
nitrito nas folhas. No vero, o excesso de N poder acarretar a queima de borda das
folhas. Em solos com teores baixos ou mdios de potssio, recomenda-se a aplicao em
cobertura de 30 a 60 kg ha-1 de K2O, dividindo-se essas doses de trs a cinco vezes aps o
transplante das mudas. No caso do cultivo de alface do grupo americana, elevar as doses
de potssio em at 30% em relao aos demais grupos. Admite-se ainda a aplicao de
fsforo em cobertura, utilizando de 20 a 40 kg ha-1 de P2O5 juntamente com o N e o K.
Em solos com teores muito altos de fsforo no realizar cobertura com esse nutriente.
No caso de se utilizar a fertirrigao com adubos de alta solubilidade, essas doses de
nutrientes devem ser parceladas em maior nmero de vezes, cuja frequncia depender
da cultivar, da poca do ano (vero ou inverno) e do sistema de manejo.

Alface

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Irrigao: deve ser frequente, por asperso ou gotejamento. Os canteiros


devem ser preparados de acordo com o sistema de irrigao a ser utilizado. Evitar o
encharcamento do terreno e irrigar no fim da tarde para no propiciar o aparecimento
de doenas fngicas como Pythium e Fusarium.
Outros tratos culturais: fazer cobertura morta com mulching plstico, bagacilho de
cana modo, cama bem curtida de estercos animais, entre outros materiais de cobertura.
Controlar plantas daninhas com implementos mecnicos ou herbicidas registrados.
Consultar: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Principais pragas: pulgo, larva-minadora, tripes, lesmas, caracis e lagartas
em geral.
Sob cultivo protegido atentar para a incidncia de mosca da espcie Fungus
gnatus, vetor de Pythium no cultivo hidropnico, alm de nematoides no cultivo
sequenciado sem rotao. Produtos registrados para controle consultar: http://agrofit.
agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.

Boletim, IAC, 200, 2014

Alface

A.T.E. Aguiar et al.

Principais doenas: fngicas - mldio, oidio, septoriose, cercosporiose, podrido


de Sclerotinia, podrido da saia por Rhizoctonia; bacterianas - Xanthomonas e Erwinia.
Citam-se ainda o vrus do mosaico comum da alface e o vrus do mosqueado. Produtos
registrados para controle consultar: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/
principal_agrofit_cons.
Observao: recentemente tem sido verificada a incidncia do vrus big vein que
causa descolorao da nervura nas alfaces do grupo americana. Ocorre principalmente
nas estaes de temperaturas amenas e perodos de maior variao de temperatura.
Colheita: efetu-la quando a planta ou cabea atingir o desenvolvimento
mximo, porm, com as folhas tenras e sem indcios de pendoamento. A precocidade
depende da cultivar, clima, local e poca de plantio. Em geral, a colheita feita entre 30
e 45 dias aps o transplante das mudas. A colheita manual, cortando-se as plantas
altura do coleto, logo abaixo das folhas basais.
Produtividade normal: 90.000 a 130.000 plantas/ha em campo.
Rotao: milho, milho verde, repolho, cenoura, couve-flor, beterraba e feijo-vagem. Evitar cultivos sucessivos de alface, para reduzir a ocorrncia de nematoides,
podrido de Sclerotinia, queima da saia, mldio e bacterioses. O uso de adubos verdes
e fertilizantes orgnicos bem curtidos permite minimizar problemas com nematoides.

PAULO ESPNDOLA TRANI


LUIS FELIPE VILLANI PURQUERIO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
GILBERTO JOB BORGES FIGUEIREDO
Casa da Agricultura de Caraguatatuba (CATI), Caraguatatuba (SP)
SALLY FERREIRA BLAT
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)
CYRO PAULINO DA COSTA
ESALQ (USP), Piracicaba (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Algodo

Gossypium hirsutum L.

Algodo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A cultura do algodoeiro no Brasil apresenta-se diferenciada, pelo menos sob trs


aspectos: a) o regional, em que se distinguem, de um lado, as reas tradicionais, sobretudo
nos Estados de So Paulo, Paran e Minas Gerais e, de outro, as reas de cerrado, nos
Estados de Mato Grosso, Bahia, Gois, Mato Grosso do Sul e, mais recentemente, no
Maranho, Piau e Tocantins; b) o relativo a sistemas de produo, que compreendem
desde os praticados por pequenos e mdios produtores, sem metas excepcionais e
dependentes de outros elos da cadeia produtiva, at os realizados em empreendimentos
de larga extenso e alta produtividade, com atividades verticalizadas e elevado nvel de
adoo de tecnologia; c) o referente a especificidades do produto, no qual, alm do algodo
convencional, de absoluta predominncia, surge a produo de fibras naturalmente
coloridas e de algodo orgnico, destinados a nichos especiais de mercado.
Pr-requisitos: a produo de algodo depende, essencialmente, da atividade
de beneficiamento do produto e s se justifica se os prprios produtores, isoladamente
ou em grupos, dispuserem das condies para realiz-lo, ou se, distncia razovel do
local de plantio, houver usinas que adquiram o algodo em caroo ou prestem o servio
de beneficiamento ao produtor.
Solos: no so apropriados para o algodoeiro os solos muito rasos e os de
intensa acidez, assim como glebas sujeitas a encharcamento ou com acentuado declive.
Clima: no ciclo todo, a cultura necessita de 700 a 1.000 mm de gua, para
produo de 2.500 a 5.000 kg ha-1, respectivamente, de algodo em caroo. A
temperatura mdia ideal varia, conforme a fase de desenvolvimento, de 20 a 30 oC,
durante o dia e 20 oC noite, tornando-se a planta inativa abaixo de 15 oC. Dependendo
do ciclo, a cultura apresenta necessidade trmica entre 1.600 e 2.400 graus/dia. Em todo
o ciclo, a planta exige alta radiao solar, com poucos dias nublados.
Sistemas de cultivo: alm do sistema convencional, com preparo do solo, tm
sido utilizados na cotonicultura, o plantio direto ou, mais comumente, os sistemas mistos,
que incorporam conceitos deste ltimo, como o cultivo mnimo ou a semeadura na palha.
Cultivares: acham-se disponveis no mercado tanto cultivares convencionais,
como portadoras de eventos transgnicos, que conferem tolerncia a lagartas e a
herbicidas especficos. A opo por estas ltimas deve levar em conta, dentre outros
possveis fatores, as vantagens do evento em questo para o sistema de produo adotado;
a inexistncia ou ineficincia de prticas alternativas; o custo da tecnologia embutido no

Boletim, IAC, 200, 2014

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Algodo

A.T.E. Aguiar et al.

preo das sementes; eventuais deficincias dessas cultivares, especialmente quanto


suscetibilidade a doenas e nematoides; e, no caso de insetos, a necessidade do uso de
defensivos para combate a outras pragas-chave de ocorrncia na regio, no controladas
pelo evento transgnico. Para a safra 2013/2014, o Instituto Agronmico lanou a cultivar
IAC 26 RMD, convencional e com resistncia mltipla a doenas e a nematoides.
poca de plantio: estabelecida segundo as condies pluviais e de
temperatura na regio e o ciclo esperado da cultura, tendo como determinantes, de
um lado, germinao e desenvolvimento favorvel das plantas e, de outro, tempo mais
seco possvel por ocasio da colheita. Dependendo da regio e do sistema de produo
e da cultivar adotados, o ciclo da cultura pode variar de 150 a 200 dias, no plantio
convencional. Durao menor do ciclo prevista na cultura safrinha e em cultivos
adensados, no esquema de sucesso de culturas no mesmo ano agrcola. No Estado de
So Paulo as condies mais favorveis, no plantio convencional, ocorrem com plantios
realizados de 10 de outubro a 10 de novembro.
Espaamento: dependendo da fertilidade do solo e condies nutricionais,
e do tipo de colheita, se manual ou mecnico e, neste caso, do tipo de colhedeira, o
espaamento entrelinhas pode variar de 0,76 a 1,10 m. Em cultivos adensados o
espaamento , em geral, de 0,45 m entrelinhas. O fundamento dessas recomendaes
que a distncia entrelinhas seja de 2/3 da altura mdia esperada das plantas. O controle
da altura, para adequ-la ao espaamento adotado, pode ser feito por meio de produtos
reguladores de crescimento. Alm dos fatores mencionados, devem-se levar em conta
recomendaes especficas por parte do obtentor/detentor da cultivar utilizada.
Densidade: em condies normais, de 7 a 10 plantas por metro linear. Todavia,
em funo da fertilidade do solo, da cultivar e do manejo, pode-se admitir amplitude de
5 a 12 plantas por metro linear.
Sementes necessrias: dependendo do espaamento e da cultivar, e utilizando
sementes deslintadas, de alta germinao e tratadas com fungicidas, so necessrios de
10 a 12 kg ha-1, nos plantios convencionais e o dobro disso no cultivo adensado.
Tcnica de plantio: sulco raso (5-10 cm de profundidade) e pouca terra sobre as
sementes (2 a 3 cm). Adubos colocados ao lado e abaixo destas.
Calagem e adubao: devem ser estabelecidas com base na anlise qumica do
solo. Como referncia, aplicar calcrio para elevar a saturao por bases do solo para
nveis entre 60% e 70%, cuidando para que nos valores mais altos no ocorram problemas
com potssio e micronutrientes. Em condies de elevada acidez, principalmente nos
cerrados e, sobretudo no caso de plantio direto, pode-se considerar a aplicao de
gesso para corrigir a acidez nas camadas subsuperficiais do solo. Na adubao, alm

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Boletim, IAC, 200, 2014

dos teores dos elementos revelados na anlise do solo, deve-se levar em conta o nvel
de produtividade de algodo desejado. Com base nesses critrios, complementados
com o histrico anterior da gleba, especialmente cultura antecessora e adubaes nela
realizadas, as doses recomendadas de nutrientes, em kg ha-1, podem variar de 40 a 150
para o nitrognio, de 40 a 130 de P205, para o fsforo e de 40 a 150 de K20, para o potssio.
No plantio devem ser aplicados: todo o fsforo, at 15 kg ha -1 de nitrognio e at
50 kg ha-1 de potssio. O restante destes dois ltimos deve ser aplicado em cobertura,
em uma ou mais vezes, dependendo das doses. Alm desses nutrientes, recomenda-se
garantir suprimento de 40 a 50 kg ha-1 de enxofre, mediante adubos nitrogenados e fosfatados
que o contenham, ou por meio de gesso, quando utilizado na correo da acidez.
Deficincias de boro podem ocorrer em glebas que receberam calagem, principalmente
em doses elevadas, e podem ser corrigidas, conforme os resultados da anlise do solo,
com aplicaes de 0,5 a 1,5 kg ha-1 do nutriente. Nos primeiros anos de correo de solos
cidos, sobretudo nos cerrados, pode ser necessrio aplicar at 3 kg ha-1 de zinco, conforme
anlise do solo, para evitar a ocorrncia de deficincia nas plantas.

Algodo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Tratos culturais e manejo: mediante processos mecnicos ou com o uso de


herbicidas, a cultura deve ser mantida permanentemente no limpo, especialmente por
ocasio da colheita. Recomenda-se o uso de reguladores de crescimento para efetuar
o balano entre desenvolvimento vegetativo e frutificao e para promover maior
determinao no ciclo das plantas.
Controle de pragas: deve ser realizado, segundo os princpios do manejo
integrado, incluindo destruio dos restos culturais (obrigatrio por lei), rotao
de culturas, monitoramento das pragas e aplicao de defensivos, segundo o nvel
de controle. Para certas espcies de lagartas pode-se contar com o uso de cultivares
transgnicas. A aplicao de defensivos indispensvel, principalmente para o bicudo
e outras pragas-chave, incluindo certas lagartas, no controladas pelos eventos
transgnicos. importante que se monitore todo o sistema de produo utilizado na
propriedade, especialmente as demais culturas nela realizadas.
Controle de doenas: obrigatrio, sobretudo para as mais destrutivas como
murchas de Fusarium e de Verticillium, ramulose, nematoides, mosaico das nervuras e
ramulria, em certas regies. O controle mais racional e econmico se faz por meio de
cultivares resistentes ou tolerantes. Como alternativa, para alguns poucos patgenos,
pode-se realiz-lo com defensivos, quer para o prprio agente causal, quer para insetos
vetores. recomendada tambm a rotao de culturas, desde que no se utilizem
espcies/cultivares suscetveis aos patgenos e nematoides que atacam o algodoeiro.
Colheita: pode ser realizada de forma manual, em uma ou mais vezes, ou
mecnica, buscando-se, em qualquer dos casos, colher algodo seco e o mais limpo

Boletim, IAC, 200, 2014

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Algodo

A.T.E. Aguiar et al.

possvel. Principalmente na colheita mecnica, o processo pode ser orientado e


controlado com o uso de produtos maturadores e desfolhantes.
Produtividade: a mdia brasileira, na safra 2012/2013, foi de 3.750 kg ha-1
de algodo em caroo, a maior do mundo em cultivos no irrigados. Assegurado o
indispensvel em insumos e tcnicas culturais, podem-se esperar produes mnimas
de 1.800 a 2.000 kg ha-1. Em culturas de elevado investimento e alta tecnologia, tm
sido obtidas no pas produes de at 6.000 kg ha-1 ou mais. Disponibilidade de fatores
operacionais e custos de produo admissveis determinam a produtividade objetivada
pelo cotonicultor.
MILTON GERALDO FUZATTO (aposentado)
EDIVALDO CIA (aposentado)
LUIZ HENRIQUE CARVALHO
JULIO ISAO KONDO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Alho

Alho

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Allium sativum L.
O alho pertence famlia Alliaceae. uma hortalia herbcea de propagao
vegetativa, sendo o fotoperodo e a temperatura fatores limitantes para sua bulbificao.
As cultivares apresentam diferenas quanto s exigncias em fotoperodo. A espcie no
tolera o encharcamento do solo. Seu bulbo utilizado como condimento para consumo
in natura, podendo ainda ser industrializado em pasta ou creme, p dessecado,
desidratado ou liofilizado, bem como conservado em vinagre ou como alho negro.
Tambm pode ser consumido em cpsulas contendo leo de alho. O alho tem efeitos
medicinais benficos sobre o organismo humano, sendo recomendado por mdicos
fitoterapeutas como analgsico, anti-inflamatrio, antissptico, bem como antiviral.
Estimula o sistema imunolgico e indicado no controle da hipertenso.
Cultivares: alhos comuns (no vernalizados): grupo de ciclo precoce (4 meses a
4 meses e meio): Cajuru, Branco Mineiro, Do Reino entre outros; grupo de ciclo mdio
(4 meses e meio a 5 meses): IAC Lavnia 1632, Peruano, Chins, Cateto Roxo, Roxinho e
Amarante, entre outros; grupo de ciclo tardio (acima de 5 meses e meio): Centenrio,
Roxo Tardio, entre outros. Alhos vernalizados: Roxo Prola de Caador, Jonas, Chonan,
Quitria, Ito. As cultivares de alho vernalizadas so preferidas atualmente pela maior parte
dos consumidores, devido s cabeas (bulbos) e aos dentes (bulbilhos) grados. Existe um
significativo nmero de consumidores que preferem o alho comum (tambm denominado
caipira) devido ao aroma e sabor mais intensos.
poca de plantio: alhos comuns: maro a abril. Os alhos vernalizados exigem
frigorificao (choque trmico) de pr-plantio (35 a 45 dias sob temperaturas
entre 4 e 7 oC), devendo ser plantados em maio (de preferncia) ou at a primeira
quinzena de junho.
Espaamentos: 0,25x0,08m, 0,25x0,10m, 0,30 x0,08m, 0,30x0,10m,
0,20 x 0,10 m.
Plantio: pode ser manual ou mecanizado, em sulcos na profundidade de
3 a 5 mm. Em ambos os casos, o plantio realizado por meio de bulbilhos (dentes),
previamente classificados, por meio de peneiras especiais, selecionados e tratados.
Alhos-semente (bulbilhos) necessrios: 400-1.000 kg ha-1, dependendo do
espaamento e da cultivar utilizada.
Controle de eroso: canteiros devem ter de 20 a 30 cm de altura e ser
construdos em nvel.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Alho

A.T.E. Aguiar et al.

Calagem e adubao: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 80%.
A incorporao do calcrio deve alcanar se possvel, 25 a 40 cm de profundidade. O
calcrio comum (PRNT 67% a 80%) deve ser aplicado de 60 a 90 dias e o calcrio fino
ou filler, (PRNT de 80% a 90%) ou ainda o calcrio parcialmente calcinado (PRNT 90%
a 100%), de 30 a 40 dias antes do plantio do alho. Recomenda-se irrigar o local aps
a incorporao do calcrio, para acelerar a correo da acidez do solo. Com relao
adubao orgnica, recomenda-se entre 20 e 30 dias antes do plantio, incorporar ao solo
de 20 a 30 toneladas por hectare de esterco bovino bem curtido, ou de 5 a 7 toneladas
de esterco de galinha (ou cama de frango) bem curtidos. Recomenda-se aplicar nos
canteiros, conforme os resultados da anlise do solo, cerca de uma semana antes do
plantio, de 20 a 40 kg ha-1 de N, de 120 a 360 kg ha-1 de P2O5 e de 40 a 120 kg ha-1 de K2O.
Aplicar juntamente com a adubao mineral de plantio, de 2 a 3 kg ha-1 de boro e de 3 a
5 kg ha-1 de zinco. Em cobertura, utilizar de 40 a 80 kg ha-1 de N e de 40 a 80 kg ha-1 de K2O,
parcelando esse total em 2 vezes, aos 30 e 50 dias aps a emergncia das plantas. Quanto
ao nitrognio, tomar cuidado para no aplic-lo em excesso, pois poder provocar o
superbrotamento (pseudoperfilhamento), sobretudo nas cultivares mais sujeitas a essa
anomalia fisiolgica. Em pulverizao foliar, aplicar sulfato de magnsio a 0,5% aos 30
e 50 dias aps emergncia das plantas. Cerca de 10 dias antes da colheita, pulverizar,
direcionando sobre a base das folhas e prximo superfcie do solo, sulfato de potssio
a 0,8%, visando melhor conservao dos bulbos no armazenamento.
Irrigao: a irrigao indispensvel, podendo ser feita por asperso, por
gotejamento ou por infiltrao, dependendo do sistema de plantio utilizado, de 2 em
2 dias na fase inicial de desenvolvimento (at os 30 dias) e de 3 a 4 dias at o final,
interrompendo no mximo, 15 dias antes da colheita. Nas cultivares Chonan, Roxo Prola
de Caador, Jonas e outras vernalizadas, a irrigao dever ser realizada de 3 em 3 dias
na fase inicial de desenvolvimento (at os 30 dias) e de 4 a 5 dias at o final, cessando no
mximo, 15 dias antes da colheita.
Outros tratos culturais: cobertura morta de solo, controle de plantas daninhas,
manual ou por meio de herbicidas registrados para esta cultura, bem como pulverizaes
preventivas para o controle de pragas e doenas.
Principais pragas: caro do alho ou caro do chochamento (Aceria tulipae);
tripes (Thrips tabaci); lagarta-rosca (Agrotis ipsilon); traas (Cadra cautela, Ephestia
elutella, Plodia interpunctella). No armazenamento, efetuar a limpeza dos galpes,
seguida de desinfestao, especialmente contra o caruncho das tulhas (Araecerus
fasciculatus). Com relao ao nematoide do alho (Ditylenchus dipsaci), usar medidas
preventivas, tais como: evitar plantio em rea contaminada, usar material sadio, fazer
rotao de culturas e realizar o tratamento dos bulbilhos.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Principais doenas: ferrugem (Puccinia allii); mancha-prpura ou mancha-das-folhas


ou crestamento (Alternaria porri); podrido-branca (Sclerotium cepivorum), fungo
de solo contra o qual os alhos-semente (bulbilhos) devem ser tratados com produtos
registrados. Quanto fusariose ou podrido-seca (Fusarium sp.), eliminar as plantas
infectadas e os bulbos e bulbilhos contaminados. Quanto s podrides bacterianas e
viroses utilizar bulbilhos sadios.

Alho

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Colheita: o alho deve ser colhido quando completar o ciclo vegetativo. O final
do ciclo reconhecido pelo amarelecimento e secamento da parte area da planta e
pelo estalo (tombamento), em algumas cultivares. Dependendo da durao do ciclo
da cultivar, do local e da poca de plantio, a colheita no Planalto Paulista ocorrer de
agosto a dezembro, podendo ser manual ou mecanizada. Nesse processo, as plantas so
arrancadas e conservadas inteiras at o final da cura (secagem do alho aps a colheita).
Produtividade normal: 8 a 12 toneladas por hectare.
Armazenamento e comercializao: armazenar o alho pr-curado em galpes
secos, escuros e bem ventilados. Na comercializao, submet-lo s operaes de
limpeza (toalete), eliminao dos bulbos com defeitos, classificao (segundo normas e
padres do Ministrio da Agricultura) e embalagem. O local de armazenagem deve ser
previamente limpo e desinfestado, para eliminar possveis focos de insetos, que podero
causar o chochamento dos bulbos.
Rotao: milho e hortalias de outras famlias botnicas.
Observaes: o ciclo vegetativo das cultivares Jonas, Roxo Prola de Caador,
Ito e Quitria poder ser reduzido, dependendo do nmero de dias de frigorificao de
pr-plantio e das condies climticas locais. Utilizar apenas os inseticidas, fungicidas e
herbicidas registrados no Ministrio da Agricultura (consultar: http://www.agricultura.
gov.br - Agrofit). Observar os perodos de carncia.
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
PAULO ESPNDOLA TRANI
WALTER JOS SIQUEIRA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Alpnia

A.T.E. Aguiar et al.

Alpnia


O gnero Alpinia Roxb., da famlia Zingiberaceae, rene mais de 200 espcies,
amplamente distribudas em regies midas com altitudes entre 100 e 2.000 m acima
do nvel do mar, no sudeste da sia, China e Japo.
Espcies e usos: as principais espcies do gnero so Alpinia abundiflora
Burtt & Smith, Alpinia fax Burtt & Smith, Alpinia rufescens (Thw.) Schum., Alpinia nigra
(Gaertn.) Burtt., Alpinia galanga (L.) Sw., Alpinia calcarata Roscoe, Alpinia malaccensis
(Burm. f.) Roscoe, Alpinia zerumbete, Alpinia purpurata (Vieill. Schum.). As oito primeiras
espcies so empregadas como plantas de jardim. A Alpinia purpurata, alpnia vermelha,
gengibre vermelho ou panam, conforme as denominaes populares, uma das plantas
tropicais mais conhecidas, devido tanto ao seu uso em jardins em touceiras individuais
ou formando macios florais, ou por seu cultivo, que vem se tornando intensivo, visando
a comercializao de suas inflorescncias como flor de corte. A Alpinia purpurata, nativa
da Melansia e Ilhas Molucas, uma planta herbcea, perene, que pode atingir at
4 m de altura. Suas hastes vegetativas provm de rizomas subterrneos, cujas folhas
so largas, lanceoladas e dispostas ao longo dos ramos areos. As inflorescncias so
terminais e consistem de brcteas vermelho-brilhantes, rosadas ou mesmo quase
brancas que protegem as flores, que so pequenas e de colorao branca.
Variedades: as principais variedades em cultivo so Red Ginger, Rose Ginger,
Eileen McDonald, Tahithian Ginger, Jungle King e Jungle Queen.
Clima e solo: as alpnias devem ser cultivadas preferencialmente a pleno sol, em
locais com solos que se mantenham midos, mas bem drenados. A faixa de temperatura
de cultivo adequada est situada entre 21 e 35 oC (diurna), com desenvolvimento mais
rpido e maior produo ao redor de 28 a 30 oC. Temperaturas noturnas inferiores a 18 oC
so prejudiciais ao desenvolvimento das plantas. Abaixo de 10 oC o crescimento cessa.
Devem ser evitados locais onde existam variaes entre temperaturas noturnas e diurnas
superiores a 10 oC. As alpnias tambm se desenvolvem bem meia-sombra, mas nessas
condies as plantas apresentam um intenso desenvolvimento vegetativo em detrimento
do florescimento, que retardado. Em algumas condies de elevada temperatura e
insolao, as brcteas das alpnias podem apresentar escurecimento decorrente de
queimaduras. Nessas condies recomenda-se, obrigatoriamente, o sombreamento leve
da cultura, buscando principalmente filtrar os raios solares. A umidade relativa tima
situa-se entre 60% e 80%. As alpnias apresentam desenvolvimento adequado em solos
profundos e porosos, ricos em matria orgnica. Crescem e florescem adequadamente
tanto em solos cidos como naqueles levemente alcalinos, com faixa de pH adequada
situada entre 4,5 e 6,5.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Propagao: o mtodo mais empregado para a propagao da alpnia a


diviso de rizomas. Como toda zingibercea, a alpnia apresenta um sistema simpodial
de rizomas. Normalmente as hastes vegetativas se desenvolvem na base de um
pseudocaule vertical. Apesar de os segmentos das hastes brotarem, a regenerao
lenta quando seces dormentes so utilizadas. O mdulo mais adequado consiste de
seces de rizoma de 6 a 12 cm de comprimento, associados a uma poro de 15 a 20 cm
do pseudocaule. Recomendam-se as limpezas das razes do rizoma com tratamento
fitossanitrio. As seces de rizomas podem ser plantadas diretamente em condies
de campo. Novos pseudocaules se desenvolvem na base da estrutura anteriormente
existente e novas razes so produzidas, em associao com estas. De modo semelhante,
novas hastes se desenvolvem e enrazam em suas bases a partir de segmentos de
rizomas sem pseudocaule. Como vantagem da propagao por diviso de rizoma, as
plantas de Alpinia purpurata obtidas pela separao de matrizes adultas produzem
normalmente poucas hastes, mas estas apresentam grande dimetro e elevado peso,
sendo capazes de produzir precocemente, inflorescncias com caractersticas comerciais.
Outro mtodo frequentemente utilizado o emprego de mudas produzidas nas axilas
das brcteas de inflorescncias senescentes. Estas pequenas mudas produzem grande
proliferao de novas hastes, mas que permanecem pequenas e com dimetro diminuto
por muito tempo. A alpnia propagada por este mtodo requer de dois a trs anos para
produzir flores com tamanho e qualidade comerciais. As mudas desenvolvidas nas axilas
das brcteas so denominadas offshoots, que prontamente desenvolvem primrdios
radiculares, podendo ser removidos das inflorescncias e plantados. Recomenda-se,
para favorecer o desenvolvimento do sistema radicular, o plantio em vermiculita sob
irrigao intermitente, procedimento que permite o desenvolvimento de razes em duas
a trs semanas. Alm desses mtodos, podem ser utilizadas mudas micropropagadas ou
provenientes de sementes. A alpnia produz sementes facilmente. Estas so produzidas
em cpsulas alongadas que se rompem quando da maturao dos propgulos, que
so facilmente dispersados. Sementes de algumas dessas espcies, produzem um arilo
carnoso de cor laranja-brilhante ou escarlate, que recobre a estrutura de propagao. Esta
se torna mais atrativa aos pssaros, principais responsveis pela disperso da espcie. As
sementes so escuras, com 3 cm de comprimento, apresentando tegumento resistente
e com certa oleosidade. Recomenda-se que sejam semeadas a pouca profundidade, em
substrato poroso, levemente cido e bem drenado. O perodo para a germinao varia
com a espcie, mas o processo considerado rpido. Para o plantio, devem ser utilizadas
mudas com 4 a 5 hastes e com um mnimo de 40 cm de altura.

Alpnia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Ciclo produtivo: com o plantio de rizomas, as plantas iro iniciar a produo


entre 9 e 12 meses, atingindo produo satisfatria.
Espaamento: o espaamento mais adequado para o cultivo de alpnias 1,0 m

Boletim, IAC, 200, 2014

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Alpnia

A.T.E. Aguiar et al.

entre plantas. O plantio deve ser efetuado em linhas duplas, em canteiros com 1,5 m de
largura. Entre canteiros deve ser observada uma distncia de 0,80 a 1,0 m. Observado
esse espaamento, so plantadas em mdia 4.000 plantas/ha.
Calagem e adubao: recomenda-se adubar com 200 g/planta, em trs vezes.
Em geral a adubao feita aplicando-se a frmula NPK 10:30:10 uma semana depois
do plantio, para estimular o desenvolvimento das razes e uma segunda aplicao na
proporo 15:15:15, trs meses mais tarde. A terceira aplicao corresponde a uma
frmula 15:3:31, alta em potssio para estimular a formao de flores. recomendada
a aplicao de calcrio ao menos uma vez ao ano, tanto para balancear a absoro de
nutrientes como para corrigir o pH. As quantidades aplicadas devem ser recomendadas
em funo da anlise do solo.
Irrigao: a irrigao deve ser abundante, principalmente aps a emisso
das folhas, mantendo a umidade do solo. Em locais secos e de temperatura elevada
recomendam-se irrigaes dirias, fornecendo-se at 7 L de gua por planta, evitando-se
o encharcamento do solo. Deve ser usada irrigao por asperso, que prtica e eficiente.
Outros tratos culturais: necessrio eliminar os pseudocaules pequenos, mal
formados ou de desenvolvimento atpico, pois estes produzem flores muito pequenas,
de baixo valor comercial. As reas de cultivo devem ser mantidas limpas, retirando-se
folhas e partes das plantas que estejam quebradas, secas ou doentes.
Principais pragas: caros, nematoides, formigas e pulges.
Principais doenas: podrides de razes e rizomas, que s ocorrem quando os
cultivos so instalados em locais de drenagem inadequada.
Produtividade: dependendo do tipo de muda utilizado, o florescimento
comercial ocorre entre um ano e meio a trs anos aps plantio, quando as plantas atingem
um desenvolvimento satisfatrio. Cada touceira produz em mdia 30 inflorescncias
distribudas no perodo compreendido entre primavera e outono. Algumas vezes o
florescimento pode se estender ao inverno, mas o pico da produo ocorre no vero.
Em um hectare so produzidas, em mdia, 10.000 dzias ao ano.
Colheita: as inflorescncias so colhidas preferencialmente no perodo
matutino, no ponto de colheita indicado, quando o tero inferior das brcteas esteja
totalmente expandido e as hastes florais apresentem um comprimento mnimo de
40 cm. As alpnias so muito sensveis ao corte sob sol forte, o que acarreta murcha
das inflorescncias. Por isso, recomendam-se a colheita nos horrios de temperaturas
mais amenas e o rpido resfriamento. As folhas devem ser eliminadas, mantendo-se
apenas uma ou duas folhas mais prximas da inflorescncia, para proteo durante o
transporte. As inflorescncias devem ser examinadas com cuidado, para a remoo de

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Boletim, IAC, 200, 2014

formigas, insetos e sujeira das brcteas, principalmente em perodos de chuva. Quando


adequadamente manuseadas e preparadas, as inflorescncias apresentam durabilidade
de 20 dias, aproximadamente.

Alpnia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Ps-colheita: as recomendaes de manuseio, preparo e armazenamento


ps-colheita de inflorescncias de alpnia so - padronizao do tamanho da haste floral
entre 60 e 80 cm, remoo da folhagem, excetuando-se as duas folhas mais prximas da
insero da primeira brctea da inflorescncia e tratamentos com solues conservantes.
A temperatura de armazenamento e transporte no deve ser inferior a 15 oC. Quando
ocorre exposio a baixas temperaturas, as inflorescncias apresentam murchamento
precoce e escurecimento das brcteas.
Embalamento e classificao: as inflorescncias devem ser embaladas
individualmente e transportadas em caixas de papelo revestidas com filmes de
polietileno. Podem ser colocadas redes nas inflorescncias para proteo contra os danos
durante o transporte. As alpnias so classificadas quanto ao tamanho e qualidade das
inflorescncias. Quanto ao tamanho, conforme padro adotado internacionalmente, so
classificadas em pequenas (at 15 cm), mdias (entre 15 e 20 cm) e grandes (acima de
20 cm). Quanto qualidade das hastes, so classificadas em:
Tipo A - apresenta aspecto trgido, 1/3 das brcteas inferiores fechadas, boa
formao, boa colorao, ausncia de manchas ou danos mecnicos, pseudocaule com
dimetro acima de 1 cm;
Tipo B - podem apresentar brcteas totalmente expandidas, ligeiramente
estioladas e de formato irregular, pseudocaule com dimetro inferior a 1 cm.
CHARLESTON GONALVES
CARLOS EDUARDO FERREIRA DE CASTRO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Amendoim

A.T.E. Aguiar et al.

Amendoim
Arachis hypogaea L.

Planta herbcea anual, da famlia Leguminosae, cujas sementes contm ao


redor de 25% de protena e 45% a 50% de leo comestvel. A espcie cultivada em
diversos pases ao redor do mundo, nos Hemisfrios Norte e Sul, tanto por pequenos
agricultores familiares como por produtores com alto nvel tecnolgico. Em alguns pases
asiticos, a produo de amendoim destina-se produo de leo, utilizado em culinria.
Em pases ocidentais, inclusive o Brasil, o produto utilizado prioritariamente como
alimento, no mercado de confeitaria. A planta de amendoim tem como caracterstica
peculiar a produo de frutos subterrneos. A flor, uma vez fertilizada, emite um pendo
ou esporo (ginforo) que cresce em direo ao solo, penetrando-o. O ovrio fertilizado,
localizado na ponta do esporo, desenvolve-se nessas condies, sob a superfcie do
solo, formando a vagem. A espcie, tpica de climas quentes, adapta-se a uma ampla faixa
climtica em regies tropicais e subtropicais, com exceo das excessivamente midas, e
desenvolve-se bem em regies ou estaes de cultivo em que as temperaturas mnimas
no fiquem abaixo de 15 oC. Com nvel adequado de fertilidade, os solos de textura leve
e bem drenados so os preferveis para o seu cultivo, porm pode ser cultivado tambm
em solos com certo teor de argila.
Cultivares: estas so as cultivares IAC atualmente recomendadas para plantio:
IAC Tatu ST: indicada para cultivos familiares, em sistema semimecanizado, a
planta de porte ereto, tipo Valncia, ciclo de 90 a 110 dias, vagens com trs a quatro
sementes de tamanho pequeno e pelcula vermelha; potencial produtivo - at 4.500 kg ha-1
de vagens; em So Paulo, atende a uma demanda de pequena escala, nicho de mercado
para amendoins comercializados em casca ou descascados crus; IAC 503: indicada para
sistemas tecnificados, porte rasteiro, moderadamente resistente a doenas foliares, ciclo
de 140 dias; vagens com duas sementes alongadas de tamanho mdio a grande, sementes
de cor castanho-claro; potencial produtivo at 6.500 kg ha-1 de vagens; as sementes
possuem a caracterstica alto oleico (ao redor de 80% deste cido graxo, responsvel
por propiciar ao produto um perodo de prateleira mais longo); IAC 505: indicada para
sistemas tecnificados, porte rasteiro, moderadamente resistente a doenas foliares, ciclo
de 130 a 140 dias; vagens com duas sementes de tamanho mdio (padro comercial
Runner), pelcula castanho-clara; potencial produtivo at 6.500 kg ha-1; esta cultivar
destaca-se pelo teor de leo mais alto que outras cultivares (cerca de 50%), tornando-a
atraente tanto para o mercado de alimentos como para projetos voltados produo de
leo; as sementes possuem a caracterstica alto oleico; IAC OL 3: indicada para sistemas
tecnificados, porte rasteiro, ciclo de 130 dias, com melhor ajuste que os anteriores nas

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Boletim, IAC, 200, 2014

reas de renovao de cana; vagens com duas sementes de tamanho mdio a grande,
pelcula de cor rosada; potencial produtivo - at 7.000 kg ha-1; as sementes possuem a
caracterstica alto oleico; IAC OL 4: indicada para sistemas tecnificados, porte rasteiro,
o ciclo de 125-130 dias, permite melhor ajuste do seu cultivo nas reas de renovao de
cana; vagens com duas sementes de tamanho mdio (padro Runner), pelcula de cor
rosada; potencial produtivo - at 7.000 kg ha-1; as sementes possuem a caracterstica
alto oleico. Para efeitos de previso de custos e lucratividade, a produtividade mdia
esperada para a cultivar IAC Tatu ST situa-se entre 3.500 e 4.000 kg ha-1 de vagens, nas
condies do Estado de So Paulo. Para as cultivares rasteiras aqui relacionadas, a mdia
de produtividade a ser considerada situa-se entre 4.500 e 5.000 kg ha-1.

Amendoim

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Plantio: as sementes de amendoim so vulnerveis a infeces por fungos


de solo na germinao e emergncia; assim, imprescindvel o seu tratamento com
fungicidas. A melhor poca para o plantio, nas condies climticas do Estado de So
Paulo entre outubro e novembro. A cultivar IAC Tatu ST pode ser plantada em uma
segunda poca (fevereiro-maro), mas a cultura fica sujeita estiagem no final do ciclo;
no se recomenda o plantio de cultivares rasteira s nesta poca.
Espaamento: para cultivares de porte ereto como a IAC Tatu ST o espaamento
mdio entrelinhas 60 cm, podendo haver variaes como o plantio em linhas duplas de
20 x 70 cm, com menor densidade na linha. A densidade mdia populacional deve ser
de aproximadamente 250.000 plantas/hectare. Para cultivares rasteiras, o espaamento
entrelinhas deve ser de 90 cm com cerca de 12 a 14 plantas/metro, ou uma densidade
populacional de 130.000 a 150.000 plantas/hectare. Para cultivares rasteiras com
perodo de crescimento vegetativo mais longo (maior massa vegetativa no final do ciclo),
como o caso da cultivar IAC 503, bons resultados podem ser conseguidos com menor
densidade de plantas na linha (10 plantas), resultando em uma populao de 110.000
plantas/hectare.
Preparo do solo: no que facilita a germinao uniforme e a penetrao dos
ginforos, bem como beneficia a formao das vagens. O plantio de amendoim sobre
palhada de cultura anterior propicia o manejo conservacionista do solo, reduzindo,
alm da eroso, eventuais efeitos de estiagem, alm de propiciar economia de at 30%
no custo do preparo do solo. Porm, para se conseguir um bom estande de plantas,
necessrio o uso de semeadoras especficas e adequadas para uma semeadura uniforme,
evitando que as sementes fiquem retidas na palhada, sem contato com o solo.
Calagem e adubao: a planta de amendoim relativamente tolerante
acidez, porm requer a aplicao de calcrio dolomtico, preferencialmente at dois
meses antes da semeadura, a fim de elevar o ndice de saturao por bases a 60%. Os
benefcios da calagem, alm da correo da acidez, esto tambm relacionados com o

Boletim, IAC, 200, 2014

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Amendoim

A.T.E. Aguiar et al.

fornecimento de clcio e magnsio, nutrientes nos quais o amendoim particularmente


exigente. O clcio no se transloca facilmente das partes vegetativas, sendo absorvido
diretamente do solo pelas vagens. Assim, o amendoim pode ser beneficiado com o
fornecimento suplementar desse nutriente pela aplicao de 500 a 1.000 kg ha-1 de
gesso agrcola por ocasio do florescimento pleno. O gesso fornece ainda 20 kg ha-1 de
enxofre. A planta de amendoim supre na quase totalidade sua necessidade de nitrognio
via fixao simbitica, por meio de bactrias do gnero Bradyrhizobium sp. A inoculao
com estirpes selecionadas mostra-se pouco eficiente em muitos casos, em virtude
da competio com populaes nativas, presentes no solo. Contudo, como forma de
favorecer esse processo simbitico recomenda-se, no tratamento de sementes, aplicar
molibdnio na proporo de 100 g por 120 kg de sementes. A adubao deve ser feita
com base em anlise do solo. Mas, de forma geral, as frmulas predominantes para
cultivares de alto potencial produtivo so as que fornecem entre 10 e 15 kg ha-1 de N,
90 a 100 kg ha-1 de P2O5 e 30 a 40 kg ha-1 de K2O. Alm do molibdnio (Mo), o zinco (Zn),
o boro (B) e o cobalto (Co) so micronutrientes importantes para o amendoim, embora
nem sempre os resultados de sua aplicao sejam notados. Normalmente, os fertilizantes
formulados contm micronutrientes Zn (0,3%) e B (0,5%). Caso o requerimento de B
seja muito alto, recomenda-se aplicar 1 kg ha-1 do nutriente via cido brico (H3BO3,
17% B). Em solos arenosos com baixo teor de matria orgnica, a aplicao foliar de
cobalto e molibdnio pode suprir carncias desses nutrientes.
Controle de ervas daninhas: a aplicao de trifluralin em pr-plantio ou
pr-emergncia controla, principalmente, as plantas daninhas de folhas estreitas
(gramneas), durante a fase inicial do desenvolvimento da cultura. O smetolachlor,
aplicado em mistura com trifluralin, tem seu espectro de ao aumentado, controlando
tambm algumas plantas daninhas de folhas largas; em cultivares de porte ereto,
possvel fazer cultivo mecnico, com implemento apropriado, at 40-50 dias da
semeadura. Em cultivares rasteiras, no recomendvel o cultivo mecnico. Para que
a cultura permanea no limpo aps o perodo de ao dos herbicidas pr-emergentes,
so necessrias pulverizaes com herbicidas em ps-emergncia, principalmente
em cultivares rasteiras. O bentazon um produto eficiente para o controle de
diversas plantas daninhas de folhas largas que ocorrem no Estado de So Paulo, tais
como: Acanthospermum hispidum (carrapicho-de-carneiro), Bidens pilosa (pico
preto) Commelina benghalensis (trapoeraba), Raphanus raphanistrum (nabia) e Sida
rhombifolia (guanxuma). Dados experimentais mostram que o cloransulam eficiente
no controle da trapoeraba. Para o controle de plantas daninhas de folhas estreitas
(inclusive plantas voluntrias de cana-de-acar) o clethodim, fluazifop-p-butyl,
haloxyfop e quizalofop-p-tefuryl, testados experimentalmente em amendoim, mostram
bons resultados. Em reas infestadas com Cyperus rotundus (tiririca) recomenda-se

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Boletim, IAC, 200, 2014

a aplicao de imazapic em pr ou ps-emergncia. Este herbicida tambm controla


plantas daninhas de folhas largas, importantes na cultura do amendoim, como Indigofera
hirsuta (anileira), Alternanthera tenella (apaga-fogo) e Portulaca oleracea (beldroega),
alm de controlar algumas de folhas estreitas.

Amendoim

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de pragas: o tripes-do-prateamento, (Enneothrips flavens Moulton)


a praga de maior expresso econmica da cultura no Estado de So Paulo; a
lagarta-do-pescoo-vermelho (Stegasta bosquella Chambers) tambm frequente e
pode causar danos significativos s plantas; ambas atacam os brotos (folhas jovens),
prejudicando o crescimento da planta. O tripes pode ser controlado quimicamente por
meio do tratamento das sementes com tiametoxan ou imidacloprid e, aps 30 dias da
semeadura, com pulverizaes foliares de neonicotinoides ou organofosforados, a cada
15 dias. Sem o tratamento das sementes, as pulverizaes devem iniciar-se aos 10-15
dias aps a semeadura. Quando as condies permitem, o controle de tripes pode ser
realizado por meio do monitoramento do inseto por amostragens de fololos, avaliando-se
a infestao para determinar a necessidade de aplicao do inseticida. Neste caso, em
cultivares eretas, recomenda-se a pulverizao quando 30% dos fololos apresentarem o
inseto e, em cultivares rasteiras, quando a infestao for de 40%. No caso da lagarta-do-pescoo-vermelho, o controle qumico feito com inseticidas base de piretroides ou
organofosforados. No controle por monitoramento, recomenda-se realizar a pulverizao
quando o nvel de infestao atingir uma lagarta a cada cinco ponteiros amostrados.
Outros insetos que podem eventualmente causar danos parte area so cigarrinhas,
caros e outras espcies de lagartas, controlados, quando do seu aparecimento, com
inseticidas apropriados. Infestaes de larvas de Diabrotica e percevejos (castanho e
preto) podem causar danos s razes ou s vagens e sementes em formao, no solo. Os
danos causados pelas larvas de Diabrotica podem ser prevenidos por meio do controle
dos insetos adultos, via foliar. O percevejo-preto pode causar prejuzos significativos,
pois danifica os gros em formao. Em regies ou ambientes em que sua ocorrncia
frequente, deve-se monitorar o inseto escavando-se o solo a 30 cm, em diversas reas
ao longo da cultura, quando esta estiver na fase de enchimento de gros; encontrando-se
dois insetos, recomenda-se a aplicao de clorpirifs no solo, em jato dirigido.
Controle de doenas: as cercosporioses, Cercospora arachidicola e
Cercosporidium personatum, so as doenas mais prevalentes na cultura em So Paulo.
C. arachidicola, ou mancha castanha, ocorre mais cedo durante a fase de crescimento
das plantas; C. personatum, ou mancha preta, a mais frequente e de maior importncia
econmica, progride gradativamente at o fim do ciclo da cultura, podendo causar
perdas superiores a 80% na produo, se o seu controle no for feito adequadamente.
A ferrugem, causada por Puccinia arachidis, ocorre esporadicamente, mas apresenta
um grande potencial de dano, pois os esporos podem propagar-se e reproduzir-se

Boletim, IAC, 200, 2014

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Amendoim

A.T.E. Aguiar et al.

rapidamente. A verrugose (Sphaceloma arachidis) tambm eventual, mas pode causar


danos significativos, principalmente em cultivares de porte ereto, se no for controlada
eficientemente. As cercosporioses so controladas com pulverizaes quinzenais de
fungicidas, iniciando aos 40-45 dias da semeadura. Fungicidas base de clorotalonil
so os mais indicados para essas doenas. A ferrugem deve ser controlada quando
aparecerem as primeiras pstulas, com duas ou trs pulverizaes de fungicidas base
de triazis e estroberulina. A verrugose pode ser controlada com fungicida base de
tiofanato metlico, pulverizando quando do aparecimento dos sintomas (verrugas
nos ramos e pecolos foliares). As cultivares IAC 503 e IAC 505 apresentam resistncia
moderada s cercosporioses, ferrugem e verrugose, possibilitando reduzir o consumo
de fungicidas. A rotao de culturas um eficiente mecanismo de reduo das doenas
do amendoim, tanto dos fungos da parte area como os de solo.
Colheita: na poca da maturao, e conhecendo-se o ciclo da cultivar, monitorar
constantemente o campo e amostrar plantas observando as vagens e gros, para definir
o melhor momento da colheita. Para a cultivar IAC Tatu ST e outros do tipo Valncia,
efetuar o arranquio das plantas, quando 70% das vagens apresentarem o caracterstico
manchamento escuro em seu interior. Para cultivares rasteiras, iniciar o arranquio quando
60% das vagens apresentarem escurecimento da endoderme (superfcie da casca logo
abaixo da epiderme). Em culturas tecnificadas, o arranquio e enleiramento das plantas
so realizados por mquinas arrancadoras/invertedoras. Em plantios familiares, efetuar
o corte da raiz abaixo das vagens com uma lmina tracionada por animal ou trator,
enleirando as plantas manualmente, com as vagens voltadas para cima. As plantas devem
permanecer enleiradas ao sol at secagem completa, quando no h secagem artificial.
Havendo secagem artificial, o perodo de secagem no campo menor, o suficiente para
permitir o despendoamento com a mquina recolhedora. A secagem artificial pode ser
feita em secadores tipo silo ou carretas com fundo perfurado. Em ambos os casos, o ar
forado entre as vagens depositadas a granel no compartimento de secagem.
Rotao de culturas: o amendoim eficiente em aproveitar a adubao residual
da cultura anterior, alm de ser praticamente autossuficiente em nitrognio, via fixao
simbitica. A cultura tambm conhecida pela sua tolerncia a diversas espcies e
raas de nematoides, contribuindo para reduzir a populao desses patgenos em reas
infestadas. Em So Paulo seu cultivo conduzido, predominantemente, em rotao
com cana-de-acar e pastagens. O plantio nas reas de renovao de cana propicia
cultura principal, entre outros benefcios, a reduo da infestao de plantas daninhas,
alm de deixar resduos de nutrientes no solo, contribuindo para reduzir os custos de
implantao dos canaviais. No caso do plantio em rotao com a cana, necessrio
que as cultivares de amendoim sejam de ciclo compatvel com a durao do perodo de
renovao do canavial.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Controle preventivo da aflatoxina: a aflatoxina uma substncia txica


cancergena para seres humanos e animais, que pode estar presente no amendoim
e seus derivados; ela produzida por fungos do gnero Aspergillus e Penicillium, que
sobrevivem naturalmente no solo e podem infectar o amendoim e produzir a toxina,
tanto antes como depois da colheita, bem como durante o armazenamento. As
infeces por esses fungos, quando o amendoim ainda est no solo, so especialmente
favorecidas por perodos de estiagem durante a fase de maturao das vagens; assim,
regies muito propensas a dficit hdrico devem ser evitadas; em contrapartida, o uso de
irrigao propicia condies favorveis para a produo de amendoim com qualidade,
alm das prticas preventivas a serem seguidas. Para a produo de amendoins isentos
dessa toxina, diversas medidas devem ser adotadas: a) controlar pragas e doenas das
plantas, para produzir vagens sadias e resistentes a esses fungos; b) colher o amendoim
quando estiver plenamente maduro e, aps o arranquio das plantas, enleir-las com
as vagens voltadas para cima, sem contato com o solo; c) secar o amendoim colhido
at que a umidade dos gros seja reduzida para 8%; d) em sistemas tecnificados, o uso
de secadores artificiais a prtica recomendada, enquanto em pequenas produes
familiares, a secagem das vagens depois de retiradas das plantas, pode ser feita
eficientemente em terreiro; e) nunca ensacar, empilhar ou armazenar amendoim
com mais de 8% de umidade; f) aps o descascamento, proceder a seleo dos gros,
retirando os danificados, chochos, imaturos ou de m aparncia. Para maior garantia da
sanidade do produto, recorrer a laboratrios especializados em anlise de aflatoxina;
os consumidores devem adquirir, preferentemente, produtos que apresentem selo ou
certificado de qualidade.

Amendoim

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

IGNCIO JOS DE GODOY


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
DENIZART BOLONHEZI
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)
MARCOS DONISETI MICHELOTTO
EVERTON LUIS FINOTO
Polo Regional do Centro Norte, Pindorama (SP)
FRANCISCO SEIITI KASAI
Polo Regional da Alta Paulista, Adamantina (SP)
ROGRIO SOARES DE FREITAS
Instituto Agronmico (IAC), Votuporanga (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Anona

A.T.E. Aguiar et al.

Anona
Annona spp.

A famlia Annonaceae compreende cerca de 130 gneros e mais de 2.300


espcies. Os gneros Annona, Duguetia, Uvaria e Asimira englobam cerca de 50
espcies que produzem frutas comestveis, sendo o primeiro o de maior expresso
econmica, aumentado pela incluso recente das espcies anteriormente classificadas
como Rollinia. A maioria das espcies de origem tropical, sendo que as domesticadas
so originrias das Amricas. Alm do consumo ao natural, prestam-se para fabricao
de geleias, sucos, sorvetes, glacs, musses, bolos, drinques, entre outros itens. Alm
dessas utilizaes, apresentam potencial para uso cosmtico, farmacutico e qumico.
Contm substncias naturais bioativas que apresentam diversificada gama de atividades
biolgicas. No Estado de So Paulo encontram-se pomares comerciais, principalmente
de pinha ou ata (Annona squamosa L.) e de atemoia (hbrido entre pinha e cherimoia)
e, em menor escala, de cherimoia (Annona cherimola Mill.) e de graviola (Annona
muricata L.). Essas espcies e o hbrido, assim como outros representantes dessa famlia
botnica, possuem como caractersticas comuns flores hermafroditas que apresentam
dicogamia protognica, na qual h assincronia temporal entre a receptividade do
gineceu (feminino) e a liberao do plen pelo androceu. Alm dessas caractersticas,
apresentam a peculiaridade de serem polinizadas por um grupo restrito de insetos,
quase que exclusivamente besouros nutiduldeos, em sndrome de polinizao
denominada cantarofilia. Esses eventos contribuem para que as frutas, do tipo sincarpo,
desenvolvam-se assimetricamente e de maneira disforme, uma vez que a polinizao
inadequada interfere no nmero, forma, tamanho, bem como na simetria das frutas,
depreciando o valor do produto comercializado ao natural. Uma tcnica muito eficiente
para contornar esse problema a polinizao artificial.
Cultivares: Atemoia - as frutas desse hbrido tm por caractersticas comuns
o teor de slidos solveis, que varia de 15 a mais de 30 oBrix e acidez total titulvel da
ordem de 0,469 g de cido ctrico/100 g de polpa. a) Thompson (frutas atingem de 450
a 600 g, polpa branca, suculenta e cremosa, adapta-se melhor a regies de clima mais
ameno); b) Pinks Mammoth (frutas atingem at 1 kg, polpa branca, suculenta e tenra,
apresentando prximo casca consistncia arenosa, devido a granulaes de acares);
c) Gefner (frutas atingem de 450 a 500 gramas, polpa branca, suculenta e consistente,
adapta-se bem a regies mais quentes); d) African Pride (frutas atingem at 1 kg, polpa
branca, suculenta e consistente, maturao um pouco mais precoce que as demais).
Graviola - as frutas apresentam polpa branca e fibrosa, com teor de slidos solveis da ordem
de 12 a 15 oBrix e acidez total titulvel de 0,6 a 1,0 g de cido ctrico/100 g de polpa. Dentre

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Boletim, IAC, 200, 2014

as cultivares introduzidas, destaca-se a colombiana Morada, cujos frutos redondos a


cordiformes, com polpa de subcida a cida, pesam de 3 a 10 kg; a graviola nordestina
ou crioula possui frutos cordiformes, de polpa doce a subcida e pesam entre 1,5 a
3,0 kg. Pinha - as frutas, de tamanho variando de 150 a 300 g, apresentam polpa branca
com inmeras sementes, teor de slidos solveis da ordem de 27-28 oBrix e acidez
total titulvel de 0,15 a 0,17 g de cido ctrico por 100 g de polpa. Apesar de algumas
introdues, no existem cultivares definidas. Como curiosidade, foi selecionado no
Cear, um material oriundo de mutao somtica, que produz frutos sem sementes,
de origem paternocrpica. Cherimoia - frutas de tamanho variando de 300 a 2.000 g,
apresentam polpa branca e um nmero pequeno de sementes. A polpa apresenta teores
mdios de slidos solveis entre 20 e 25 oBrix, e acidez total titulvel de 0,58 a 0,70 g de
cido ctrico por 100 g de polpa. As cultivares mais bem adaptadas s nossas condies
so Madeira e Fino de Jete.

Anona

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Clima e solo: Atemoia - apresenta maior capacidade de adaptao climtica


que seus parentais: 13 a 32 oC na fase de desenvolvimento e 15 a 24 oC na maturao.
Graviola - apresenta melhor desenvolvimento em regies tropicais midas, com
temperaturas mdias entre 21 e 32 oC, porm grandes oscilaes de temperatura
desfavorecem a cultura. Pinha - regies tropicais ridas com temperaturas mdias de
32 oC e alta luminosidade favorecem a cultura. Temperaturas de 11 oC j causam danos
aos frutos. Cherimoia - plantas desenvolvem-se melhor em condies trmicas entre 18
e 22 oC no vero e entre 5 e 18 oC no inverno; ainda que suportem melhor que as demais,
as baixas temperaturas, verificam-se danos abaixo de -1 oC. Ainda que algumas cultivares
apresentem maior tolerncia s baixas temperaturas, devem-se priorizar regies onde
no haja ocorrncia de geadas. De forma geral, altas temperaturas e baixa umidade
relativa durante o florescimento, desfavorecem a polinizao e o vingamento de frutas
e, consequentemente, a produo. Em relao ao solo, dar preferncia aos profundos,
bem drenados, com certos teores de matria orgnica e no sujeitos ao encharcamento.
Prticas de conservao do solo: plantio em nvel, terraceamento (quando
necessrio), entrelinhas vegetadas e roadas, alm do coroamento, contribuem para
minimizar os efeitos negativos da eroso do solo.
Propagao: a obteno de mudas por sementes desaconselhada, pois a
propagao sexuada no garante a obteno de frutos com a qualidade daqueles dos
quais as sementes foram extradas, devido segregao gentica. Assim, a obteno
de mudas enxertadas a melhor opo. Alm da prpria espcie, comum a enxertia
interespecfica, utilizando-se porta-enxertos do mesmo gnero e at de gneros distintos.
Esse aspecto ainda um gargalo em anonceas porque apresenta alguns inconvenientes.
Por exemplo, a utilizao da condessa (A. reticulata L.) como porta-enxerto da pinha,

Boletim, IAC, 200, 2014

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Anona

A.T.E. Aguiar et al.

demonstra a incompatibilidade entre as espcies pela formao da pata-de-elefante


(maior dimetro do porta-enxerto em relao copa). Para atemoia so recomendados
os araticuns de terra-fria e mirim, ambos anteriormente classificados no gnero Rollinia,
indicados como porta-enxertos para o cultivo de atemoia de qualquer cultivar, em
localidades de clima ameno ou de altitude superior a 700 m. Para regies de clima mais
quente ou de baixa altitude recomendado o uso de Araticum salicifolia. Para pinha,
em localidade com presena de broca-do-coleto ou podrides de razes, tambm pode
ser usado o Araticum salicifolia. Com respeito graviola, em condies de ataque da
broca-do-coleto recomendado o uso de birib (A. mucosa) como porta-enxerto.
Plantio: seja qual for a espcie, aconselhvel que o plantio seja realizado nos
meses chuvosos do ano, dando preferncia aos dias nublados. A abertura e o preparo
das covas devem ser realizados no mnimo 30 dias antes do plantio definitivo das mudas.
aconselhvel que, ao abrir as covas, seja separado o volume de terra correspondente
aos primeiros 20 cm de solo, aos quais sero misturados os adubos. Esse volume deve ser
retornado primeiramente para o interior da cova e a terra do subsolo posteriormente.
As dimenses das covas podem variar de 40 x 40 x 40 a 60 x 60 x 60 cm e suas paredes
devem ser escarificadas, para permitir melhor desenvolvimento das razes.
Espaamento: alm da espcie, topografia do terreno, disposio de plantio,
regio de cultivo, dentre outros fatores, o nvel tecnolgico a ser empregado na cultura
fundamental para a definio do espaamento. Atemoia - 5 x 5 m a 7 x 9 m; Pinha 3,7 x 3,7 m a 4 x 6 m; Graviola - 4 x 6 m a 7,5 x 9 m; Cherimoia - 4 x 6 m a 8,5 x 10 m.
Mudas necessrias: em funo do espaamento definido: Atemoia - de 158 a
400 plantas por hectare; Pinha - de 129 a 400 plantas por hectare; Graviola - de 148 a
416 plantas por hectare; Cherimoia - de 117 a 416 plantas por hectare.
Calagem: dever ser realizada com base na anlise do solo, elevando a saturao
por bases na camada arvel a 80% e a concentrao de magnsio no solo a um mnimo
de 9 mmolc dm-3.
Adubao de plantio: aplicar na cova ou distribuir no sulco de plantio, cerca de
20 L de composto orgnico curtido base de esterco bovino; 180 g de P2O5, na forma
de superfosfato simples; 2 g de Zn (sulfato ou xido de zinco) e 1 g de B (cido brico).
Salienta-se que no deve ser aplicado calcrio na cova de plantio, especialmente junto
com fontes de fsforo.
Adubao de formao: aplicar, de acordo com a anlise do solo, a idade da
planta que pode variar de um a quatro anos, cerca de 40 a 300 g de N, 30 a 250 g de P2O5
e de 30 a 300 g de K2O por ano, ao redor de cada planta, na projeo da copa.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Adubao de produo (plantas adultas): com base nos resultados da anlise


do solo coletado na projeo da copa, na produtividade esperada, bem como no teor de
nitrognio na folha-diagnstico, aplicar na projeo da copa de 20 a 100 kg ha-1 de N, 20
a 150 kg ha-1 de P2O5 e de 30 a 180 kg ha-1 de K2O. A distribuio dos fertilizantes deve
ser realizada na projeo da copa das plantas, sem incorporao, a fim de que no haja
danos ao sistema radicular superficial, nem tampouco disseminao de pragas e doenas.
Independentemente da presena ou ausncia de irrigao no pomar, a adubao fosfatada
dever ser realizada em parcela nica, to logo se tenha em mos o resultado da anlise do
solo. Se os teores no solo de B e Zn forem inferiores a 0,40 e 1,0 mg dm-3, respectivamente,
recomenda-se aplicar 2 kg ha-1 de B, na forma de cido brico e 4 kg ha-1 de Zn, na forma
de sulfato de zinco, parcelando em duas aplicaes anuais.

Anona

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de pragas e doenas: broca-do-fruto e broca-da-semente - efetuar


o ensacamento dos frutos quando apresentarem de 3 a 5 cm de dimetro; realizar
inspeo semanal do pomar a partir do incio da frutificao, retirando-se os frutos
infestados tanto da planta, como aqueles cados no solo, destruindo-os completamente
(queima ou enterrio); fazer poda adequada para melhorar o arejamento da planta;
utilizar armadilha luminosa para captura de adultos da broca-do-fruto; broca-do-tronco
- realizar a poda de limpeza para preveno e controle, eliminando-se todos os ramos
brocados e secos; broca-do-coleto - inspecionar periodicamente o coleto das plantas, de
preferncia na parte coberta pelo solo; utilizar porta-enxertos de anonceas nativas para
formar as mudas com as espcies comerciais; efetuar enxertia alta e fazer plantio raso;
cochonilhas-brancas - efetuar os mesmos procedimentos utilizados para o controle das
brocas-do-fruto e da semente; podrides de razes e do colo - evitar o plantio em solos
sujeitos a encharcamento, e o afogamento do colo no plantio das mudas. Constatada
a doena no pomar, realizar pulverizaes com calda bordalesa na regio do colo
das plantas; antracnose - eliminar galhos e frutos doentes (mumificados) e efetuar
pulverizaes preventivas com calda bordalesa, exceto durante a florada, quando podem
provocar queda de flores; ferrugem - pulverizaes com calda bordalesa; podrido
seca ou cancro dos ramos - poda e destruio dos ramos doentes e pulverizao das
plantas podadas com calda bordalesa. Trabalhos experimentais demonstraram efeito de
fungicidas e inseticidas (qumicos e biolgicos) sobre as doenas e pragas, respectivamente.
Entretanto, ressalta-se que at o momento no existem fungicidas e inseticidas registrados
no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento para uso em anonceas.
Podas: formao - manter um tronco de 40 a 50 cm, que proporciona maior
aerao prximo ao colo da planta, para controle fitossanitrio. Entre 50 a 70 cm, formar
trs ou quatro pernadas bem distribudas, deixando dois ramos de cada pernada, de 45
a 50 cm. Esses ramos podem emitir quatro brotos que devero ser conduzidos de modo
a proporcionar copa a forma de taa. Nos ferimentos de corte, aplicar pasta cprica

Boletim, IAC, 200, 2014

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Anona

A.T.E. Aguiar et al.

contendo sal de cozinha, ou tinta ltex, ou ainda, cola elstica; produo - durante o
vero (maior desenvolvimento das plantas), fazer poda leve, despontando os ramos
escolhidos, de modo a ficarem com 40 a 50 cm de comprimento, eliminando as 2 ou 3
folhas finais. Desse modo, provoca-se a emisso de ramos de florescimento, visando s
produes fora da poca normal. Depois de 30 a 40 dias ocorre o florescimento; limpeza
- abertura da copa e limitao de crescimento vertical: antes do novo perodo vegetativo
eliminar ramos doentes, mal dispostos, em excesso e aqueles da parte superior da copa,
se necessrio.
Controle de plantas daninhas: roadeiras nas entrelinhas e capinas manuais
cuidadosas prximo s plantas. Devido s doenas, no usar grades ou implementos
pesados, que movimentem muito o solo e causem ferimentos s razes e ao colo das plantas.
Desbaste dos frutos: eliminar os frutos em excesso, principalmente
na atemoia e na pinha, e aqueles doentes, com defeitos, atacados pela broca
ou que se encontrem encostados aos outros (ocorre maior ataque de broca).

Colheita e armazenamento: as frutas da pinheira amadurecem de 90 a 100
dias aps o florescimento, enquanto a atemoia leva de 120 a 150 dias, a cherimoia e a
graviola de 150 a 180 dias, com mudana na colorao da casca, que passa de verde-escuro brilhante para verde-claro. Observar esse ponto de colheita fundamental para
a qualidade da fruta. Essas frutas so muito perecveis, apresentando vida ps-colheita curta,
devido ao rpido escurecimento da casca e ao amolecimento da polpa, principalmente
quando armazenadas em temperatura ambiente. Frutas colhidas na maturidade
fisiolgica apresentam teores de slidos solveis de 5% a 6% e de acidez titulvel de 0,1%
a 0,2% de cido ctrico, e aps cinco dias a 25 oC esto completamente maduras, com
teores de 20%-28% e 0,3%-0,4% de slidos solveis e acidez titulvel, respectivamente.
So susceptveis a baixas temperaturas de refrigerao, que podem ocasionar manchas
escuras na casca e na polpa, alm da perda do sabor e do aroma, quando armazenadas
abaixo de 10 oC. A faixa de temperatura ideal para armazenamento est entre 12 e 15 oC,
em ambiente com 85%-90% de umidade relativa. Nestas condies, as frutas podem ser
armazenadas por at nove dias, sem comprometimento da qualidade. Tratamentos
ps-colheita com 1-metilciclopropeno (1-MCP), na dose de 200 nL L-1, podem ser
utilizados para retardar o amaciamento da polpa e manter a boa aparncia das frutas
por at 18 dias, a 15 oC.
Produtividade normal:em frutos comerciveis/planta/ano: fruta-do-conde:
30 a 50 (p-franco) e 90 (enxertada); atemoia e cherimoia: 50 a 100; graviola: 40 a
50 kg/planta/ano.
Comercializao:logo aps a colheita, os frutos so classificados, embalados
em caixetas de papelo e entregues nos entrepostos de venda. Podem ser utilizadas

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Boletim, IAC, 200, 2014

embalagens de polietileno de baixa densidade (PEBD), cloreto de polivinila (PVC) e polietileno


com absorvedor de etileno, que alm de ser atraentes na comercializao e evitar danos
mecnicos, mantm a vida til das frutas por 12 a 15 dias, em temperatura refrigerada.

Anona

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

JOS EMILIO BETTIOL NETO


Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
RYOSUKE KAVATI
CATI/EDR Lins (SP)
MIGUEL FRANCISCO DE SOUZA FILHO
Instituto Biolgico (IB), Campinas (SP)
JULIANA SANCHES
Instituto Agronmico (IAC), Jundia(SP)
IVAN HERMAN FISCHER
Polo Regional do Centro Oeste, Bauru (SP)
DANILO EDUARDO ROZANE
UNESP/Campus Registro (SP)
WILLIAM NATALE
UNESP/Campus Jaboticabal (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Antrio

A.T.E. Aguiar et al.

Antrio

Anthurium andraeanum Lindl.


Dentre as flores tropicais cultivadas, o antrio destaca-se apresentando grande
durabilidade e diversidade de cores. cultivado em vrios pases do mundo, com as
finalidades de flor de corte, flor envasada ou para decorao de jardim.
Cultivares: as variedades cultivadas atualmente no Brasil podem ser importadas,
ou provenientes do desenvolvimento de variedades e selees nacionais. No quadro
abaixo esto listadas as variedades IAC/APTA registradas no Ministrio da Agricultura,
Pecuria e Abastecimento.
Variedades
Srie pioneira
registradas
Cor da espata
Cor da espdice
no MAPA
IAC Astral
coral branca com pice amarelo
IAC Canania branca rosa-alaranjado
IAC Eidibel vermelha branca com pice amarelo
IAC Iguape vinho-amarronzado muito escuro creme-rosado-alaranjado
IAC Isla
branca com bordos esverdeados branca com pice amarelo
IAC Jureia
coral branca com pice amarelo
IAC Luau
branca branca com pice amarelo
IAC mega coral branca e amarela com pice esverdeado
IAC Rubi
vermelha branca com pice amarelo
IAC Netuno vinho-amarronzado escuro branca com pice amarelo-esverdeado
IAC Jpiter branca rosa-alaranjado
Temperatura e umidade: deve-se cultivar o antrio preferencialmente em
locais onde a temperatura mnima no seja inferior a 18 C e a mxima no ultrapasse
28 C. A umidade relativa deve permanecer ao redor de 80%.
poca de plantio: o ano todo, procurando evitar os meses mais frios.
Utilizar mudas provenientes de sementes, de diviso de touceiras, de estacas, ou
micropropagadas. Recomenda-se a utilizao de mudas em torno de 20 cm de altura
para o cultivo.
Espaamento: 0,40 x 0,40 m entre plantas, em canteiros de 1,2 a 1,5 m de
largura e distribudos em duas ou trs linhas, respectivamente. Deve-se deixar 0,60 m
ou mais entre canteiros, para facilitar os tratos culturais e a colheita.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Calagem e adubao: deve-se fazer uma anlise do solo antes do plantio


para uma recomendao mais precisa de calagem e adubao. Entretanto, de modo
aproximado, pode-se recomendar a aplicao de 3 t ha-1 de calcrio (pH em torno de 5,0)
para elevar a saturao por bases a 40%. Antes do plantio, aplicar de 30 a 40 t ha-1 de
esterco de curral curtido ou similar. No plantio, aplicar 200 kg ha-1 de N; de 50 a 150 kg ha-1
de P2O5 e de 50 a 150 kg ha-1 de K2O, parcelados em 4 vezes por ano. Depois, repetir essa
adubao orgnica e mineral, anualmente, no incio da primavera.

Antrio

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Irrigao: microasperso ou gotejamento, dependendo da regio e das


instalaes empregadas na cultura.
Outros tratos culturais: limpeza anual das plantas, removendo as folhas, de
modo a permanecer de quatro a cinco folhas por planta; capinas; cobertura anual dos
canteiros com serapilheira e outros materiais de origem vegetal disponveis.
Principais pragas: caros, cochonilhas, pulges, tripes, lagartas e lesmas.
Devem ser controladas, pois diminuem a produo e a qualidade das flores.
Principais doenas: antracnose, bacteriose, ferrugem do antrio, mancha da
folha, murcha, septoriose, mofo cinzento e podrido da raiz.
Colheita e ps-colheita: colher as inflorescncias quando a espata estiver
totalmente expandida e o espdice maduro em metade do seu comprimento. A colheita
deve ser preferencialmente realizada no incio e/ou no fim do dia, evitando os perodos
mais quentes. Logo aps esse processo, as hastes devem ser imersas em gua limpa,
para hidratao e manuteno da turgescncia das inflorescncias. Para as cultivares
IAC no necessrio o uso de solues conservantes, pois apresentam alta longevidade.
Nesses casos, o ideal manter as hastes em vasos com gua limpa, troc-la a cada 2 dias,
e cortar a base da haste em 3 cm, uma vez por semana. Esses procedimentos fazem com
que as hastes fiquem sempre trgidas, contribuindo para prolongar sua longevidade.
Produo: entre 5 e 12 flores/planta ao ano.
Embalagem: em caixas de papelo revestidas com filmes de polietileno.
Assegurar-se de que as flores no se toquem, para evitar danos fsicos.
LUIZ ANTONIO FERRAZ MATTHES
ROBERTA PIERRY UZZO
ANTONIO FERNANDO CAETANO TOMBOLATO
CELI TEIXEIRA FEITOSA (aposentada)
CHRISTINA DUDIENAS
GLUCIA MORAES DIAS
CARLOS EDUARDO FERREIRA DE CASTRO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Araruta

A.T.E. Aguiar et al.

Araruta

Maranta arundinacea L.
O centro de origem da araruta , provavelmente, a Amrica do Sul, sendo
inmeras as espcies encontradas na parte tropical do continente. A espcie era
conhecida dos nativos americanos antes mesmo do incio da colonizao europia.
Notoriamente, os rizomas da araruta eram amplamente empregados na dieta das
tribos Aruaks. O suco dos rizomas frescos contm substncias acres e segundo alguns
historiadores era utilizado pelos nativos nos tratamentos, tanto de ferimentos causados
por flechas envenenadas, como em caso de contatos com animais peonhentos. Da
araruta aproveitam-se os rizomas para extrao de fcula (amido), conhecida como
polvilho de araruta e empregada na elaborao de alimentos indicados principalmente
para enfermos e crianas, devido alta digestibilidade. Trata-se de um produto inodoro,
pouco brilhante e de reao neutra, sendo utilizado em indstrias alimentcias, como
constituinte de chocolates e outros confeitos finos. Entre as espcies cultivadas para
produo de amido, destaca-se a Maranta arundinacea L., planta da famlia Marantaceae,
gnero Maranta, nome atribudo por Linneu em homenagem ao mdico veneziano
Bartolomeo Maranta, sendo a mais difundida e importante comercialmente. O nome
araruta possivelmente tenha derivado da palavra aru-aru nome usado pelos nativos para
designar a fcula ou do termo ingls arrowroot, utilizado pelos colonizadores ingleses
devido ao formato da ponta dos rizomas assemelhar-se a uma flecha, ou ainda, pela
transformao de aru-aru em arrowroot. A planta caracteriza-se por ser um arbusto de
altura varivel entre 0,60 e 1,20 m, dependendo da variedade cultivada e das condies
locais de clima e de solo.
Cultivares: Comum (SRT 3) - planta de porte baixo, com cerca de 60 cm de
altura, caracterizando-se por apresentar pouco ou nenhum florescimento nas condies
tropicais; Creoule (SRT 11) - originria de Barbados e Saint Vincent nas Antilhas, difere
da cultivar Comum pelo porte alto, superior a 1,0 m e pelo florescimento abundante nas
condies tropicais, porm, sem apresentar formao de frutos e sementes.
Clima e solo: para o cultivo, devem-se evitar solos sujeitos ao encharcamento
e reas de inverno ameno e seco. Condies climticas ideais so encontradas no tipo
climtico Cfa (Kppen), clima mesotrmico mido, sem estiagem, em que a temperatura
mdia do ms mais quente maior que 22 oC, apresentando no ms mais seco, mais de
30 mm de chuva. Quanto ao solo, aqueles soltos, apresentando a camada superficial
porosa, propiciam as maiores produes, de modo que a espcie prefere o aluvional
arenoso, rico em matria orgnica. Devem ser evitados os solos com altos teores de

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Boletim, IAC, 200, 2014

argila, bem como aqueles arenosos de baixa fertilidade. Os terrenos de baixada, desde
que bem drenados, tambm oferecem condies adequadas para o desenvolvimento
da cultura.

Araruta

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Preparo do solo: o solo precisa ser bem preparado, seja para o plantio direto
ou para o convencional. Para o plantio convencional o solo deve receber arao a
profundidades entre 20 e 30 cm, com antecedncia em relao poca de plantio, e
posterior gradeao, de modo a desmanchar bem os torres. Em funo da intolerncia
umidade excessiva, em locais com elevado trfego de maquinaria agrcola, deve-se
fazer a descompactao do solo com subsolador, antes da arao.
poca de plantio: nas regies subtropicais a poca de plantio vai de meados de
agosto a meados de outubro.
Espaamento: sulcar a 10 cm de profundidade, plantando no espaamento de
70 a 80 cm entre as linhas de plantio e 30 a 40 cm entre as plantas.
Mudas necessrias: para o plantio comercial podem ser usados rizomas
inteiros entre 60 e 100 gramas e apenas a parte basal de rizomas maiores. A quantidade
necessria para o plantio de um hectare de aproximadamente 2 a 3 t ha-1 de rizomas.
Calagem e adubao: de acordo com a anlise do solo, aplicar calcrio para
elevar o ndice de saturao por bases a 50%. Aproveitar o efeito residual dos adubos
empregados na cultura do ano anterior, ou aplicar no plantio de 40 a 80 kg ha-1 de P2O5
e de 20 a 60 kg ha-1 de K2O. Aplicar 30 kg ha-1 de nitrognio (N) em cobertura, de 30 a 60
dias aps o plantio.
Irrigao: no Planalto Paulista tem-se utilizado a irrigao por asperso.
Pragas e doenas: as principais pragas da cultura so vaquinhas do gnero
Colaspsis e broca-dos-rizomas do gnero Coelosternus. No h produtos registrados para
controle das pragas, at agosto/2013. A murcha-bacteriana (Xanthosoma marantae) a
principal doena da cultura da araruta e para seu controle devem ser tomadas medidas
preventivas, tais como utilizao de mudas de plantaes sadias, plantio em locais onde
a doena nunca ocorreu, evitando-se o trnsito entre lavouras doentes e sadias.
Outros tratos culturais: consistem em capinas dos 40 aos 120 dias aps o
plantio, para evitar a mato-competio e capinas com chegamento de terra, dos 120 aos
180 dias (janeiro/maro), a fim de controlar o mato e evitar a brotao dos rizomas em
incio de formao. Aps esse perodo, o mato j no concorre com a planta.
Colheita: feita dos 9 aos 12 meses aps o plantio, quando as folhas esto
murchas, apresentando colorao amarelo-palha. A parte area j no se mantm ereta,
ficando totalmente em contato com o solo. Arrancam-se as plantas manualmente, com

Boletim, IAC, 200, 2014

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Araruta

A.T.E. Aguiar et al.

auxlio de enxado, quando se tratar de pequenas reas. Nas grandes lavouras pode-se
utilizar afofadores tracionados por trator, retirando as plantas do solo com o auxlio de
ancinhos. Posteriormente, os rizomas so separados das razes e classificados por tamanho,
sendo os midos destinados alimentao animal.
Produo normal: o rendimento mdio de 8 a 12 t ha-1, dependendo de vrios
fatores, tais como clima, solo, tratos culturais, irrigao, adubao e cultivar.
Rotao: milho, sorgo, pastagens ou adubos verdes. Podem ocorrer problemas
com a soqueira da araruta, que deve ser manejada com a aplicao de herbicidas.
Industrializao: efetuar criterioso descascamento e lavagem para eliminao da
camada de leos essenciais que envolve os rizomas. Na sequncia, faz-se a desintegrao
dos rizomas e a lavagem da massa ralada com gua, para extrao da fcula, em peneira
de 200 a 400 mesh. Em seguida deixa-se decantar, escoando o excesso de gua, para
posterior secagem e triturao. O polvilho da araruta muito valorizado no mercado,
sendo produzido principalmente de forma artesanal pela agricultura familiar.
JOS CARLOS FELTRAN
VALDEMIR ANTONIO PERESSIN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Arroz

Arroz

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Oryza sativa L.

O arroz uma planta anual, monocotilednea, da famlia Poaceae. Pode ser


cultivada sob diferentes sistemas de produo, quais sejam: (a) Arroz irrigado por
inundao: em vrzeas sistematizadas, permite o controle da irrigao mediante lmina
dgua; em So Paulo corresponde a cerca de 65% da rea plantada de arroz, abrangendo
principalmente o Vale do Paraba; (b) Arroz de sequeiro: em terras altas, depende do
regime de chuvas para fornecimento de gua cultura; (c) Arroz de sequeiro favorecido:
em terras altas com fornecimento suplementar de gua por irrigao, geralmente por piv
central, tem sido praticada por agricultores com elevado nvel de tecnificao.
Cultivares: Arroz irrigado (altura, ciclo): IAC 105 (85 a 95 cm, 130 a 135 dias);
IAC 107i (75 a 85 cm, 120 a 125 dias). Arroz de sequeiro (altura, ciclo): IAC 201 (80 a
100 cm, 110 a 120 dias); IAC 202 (80 a 90 cm, 110 a 120 dias), IAC 203 (80 a 90 cm,
112 a 120 dias).
poca de semeadura: arroz de sequeiro, irrigado ou inundado: meados de
setembro a meados de dezembro. Os melhores resultados vm de plantios realizados
em outubro-novembro.
Espaamento: Arroz de sequeiro: recomenda-se espaar de 30 a 50 cm
entrelinhas, com 50 a 60 sementes por metro linear nos espaamentos mais estreitos,
e 60 a 70 sementes por metro linear nos mais largos. Arroz irrigado: (a) convencional:
17 cm entrelinhas e 70 a 80 sementes/ metro linear, usando 110 kg ha-1 de sementes; (b) a
lano em solo ou submersos: 110 a 140 kg ha-1 de sementes; (c) plantio por mudas: 200
a 250 m2/ha de sementeira, usando 350 a 450 sementes/m, com gasto de 90 kg ha-1
de sementes. O nmero de mudas varia de 3 a 5/touceira, espaadas de 0,20 x 0,30 m.
Controle da eroso: sistematizao das vrzeas para irrigao ou plantio em
nvel, terraos e cordes de vegetao.
Calagem: segundo a anlise do solo, aplicar calcrio para elevar a saturao
por bases a 50% para arroz de sequeiro e inundado. Empregar, no mximo 3 t ha-1 de
calcrio, e calcrio dolomtico, pelo menos 3 meses antes da semeadura, se o teor de Mg
no solo for inferior a 5mmolc dm-3.
Adubao de plantio: Arroz de sequeiro: aplicar no plantio, de acordo com a
anlise do solo e a meta de produtividade, 20 a 80 kg ha-1 de P2O5, 20 a 60 kg ha-1 de K2O,
0 a 3 kg ha-1 de Zn, alm de 10 kg ha-1 de N e 20 kg ha-1 de S. Aplicar, em cobertura, 20 a
60 kg ha-1 de N, cerca de 40 dias aps a emergncia das plantas. Reduzir a dose de N se

Boletim, IAC, 200, 2014

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Arroz

A.T.E. Aguiar et al.

as plantas apresentarem crescimento inicial muito vigoroso e colorao verde intensa.


Arroz irrigado: aplicar no plantio, 10 a 30 kg ha-1 de N, 10 kg ha-1 de S, 0 a 80 kg ha-1 de
P2O5, 0 a 100 kg ha-1 de K2O e at 5 kg ha-1 de Zn. Aplicar em cobertura, dependendo
da meta de produtividade, 40 a 100 kg ha-1 de N, metade no incio do perfilhamento e
metade na fase da diferenciao do primrdio floral. No utilizar adubos com nitrognio
ntrico, pouco antes ou aps a inundao do terreno.
Irrigao: recomenda-se lmina dgua de 5 a 10 cm para as diferentes
cultivares. Iniciar a submerso a partir dos 10 a 20 dias da germinao e conserv-la at
20 a 25 dias aps o florescimento
Outros tratos culturais: manter a cultura no limpo nos primeiros 30 a 40 dias
aps a emergncia, pelo emprego dos mtodos qumico e mecnico de controle de
plantas daninhas. Dependendo do grau de infestao, realizar mais duas a trs capinas,
com intervalos de 15 a 20 dias. Para controle qumico, pode-se utilizar tanto na cultura
do arroz de sequeiro quanto do irrigado: metsulfurom-ethyl, oxifluorfem, imidazolinona,
quincloraque, clomazoma, etoxysulfurom, pendimetalina, tiobencarbe, oxadiazona,
pyrazosulfurom-etil, cyalofop-butyl, penoxsulam, clefoxydim, bentazon, profoxidim,
fenoxaprope-p-etil, 2,4-D, glifosato.
Controle de pragas e doenas: Doenas: tratamento de sementes: piroquilon,
thiram, captan e quintozene, caboxin + thiram, tiabendazole, triciclazole e azoxistrobina;
Pulverizao: benomyl, tricyclazole, azoxistrobina, ziram, edifenphos, kasugamicina, IBP
e tiabendazole; Pragas: tratamento de sementes: carbofuran, deltametrina, tiodicarbe,
furatiocarbe, imidacloprid; Pulverizao: triclorfon, cyflutrina, fenvalerato, paration metlico,
carbaril, fipronil, deltametrina, lambdacialotrina, malation, permetrina, feniltrotiona, Bacillus
thuringiensis, furatiocarbe, cypermetrina, diclorvos, malathiona, pirimiphos-metil.
Colheita: fevereiro a abril.
Produtividade normal: 3,5-7,5 t ha-1 de arroz irrigado e 1-3 t ha-1 de arroz
de sequeiro.
Rotao: algodo, amendoim e leguminosas nos cultivos de sequeiro, e
leguminosas, pastos, batatinha e trigo (visando ao controle do arroz vermelho e preto)
nos cultivos irrigados.
Observao: semear em sulcos rasos (2-5 cm).
AMADEU REGITANO NETO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
OMAR VIEIRA VILLELA
Polo Regional do Vale do Paraba, Pindamonhangaba (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Aveia

Aveia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Avena sativa L.
Gramnea de ciclo anual, semeada no inverno nas nossas condies. A aveia
cultivada no Estado de So Paulo do grupo bioclimtico de primavera, podendo ser
das espcies A. sativa (branca), A. byzantina (amarela) e A. strigosa (preta), que podem
ser cultivadas nas condies de sequeiro e/ou de irrigao por asperso, nos locais onde
ocorre acentuada deficincia hdrica. Nessas condies, altos rendimentos em gros por
rea e estabilidade de produo so obtidos. Pode-se objetivar a produo de gros
ricos em calorias e protenas, com utilizao na dieta humana e animal, assim como a
produo de forragem com alto valor nutritivo, muito utilizada no perodo de inverno
para a dieta animal. As cultivares denominadas de ciclo precoce apresentam ciclo
variando de 100 a 120 dias, enquanto as de ciclo longo geralmente apresentam mais de
135 dias de ciclo. A cultura semeada em sucesso a outras de vero (soja, milho, feijo,
arroz, etc.), possibilitando, no perodo de um ano, o plantio de duas culturas na mesma
rea. A aveia apresenta boa tolerncia ao alumnio txico no solo e no subsolo, sendo
mais tolerante que o trigo e para algumas cultivares necessrio aplicar calcrio para a
correo da acidez e/ou usar cultivares tolerantes ao crestamento.
Cultivares: IAC 7, de ciclo curto e porte baixo e IAC 8 Bellatrix, de ciclo longo e
porte alto.
poca de semeadura: regio homognea de adaptao 2 - entre 1.o de abril e 31
de maio, sendo tolerada at 15 de junho; regio homognea de adaptao 3 - entre 1.o e
30 de abril, sendo tolerada at 15 de maio; regio homognea de adaptao 4 - entre 15
de abril e 31 de maio. A utilizao de cultivares de diferentes ciclos em diferentes pocas
de semeadura indicada para reduzir riscos causados por adversidades climticas. A
espcie desenvolve-se bem em baixas temperaturas. No incio da poca de semeadura,
deve-se dar preferncia s cultivares de ciclo tardio, enquanto as de ciclo precoce so
mais indicadas para o fim da poca de semeadura.
Espaamento: para as condies de sequeiro, de 15 a 17 cm entrelinhas,
empregando-se de 50 a 70 sementes viveis por metro linear. Para as reas irrigadas, de
50 a 60 sementes viveis por metro linear, para sistema de plantio direto ou convencional,
respectivamente. A profundidade de semeadura deve ser de 2 a 5 cm, com preferncia
para a semeadura em linha, por distribuir uniformemente as sementes, propiciando
maior eficincia na utilizao de fertilizantes e menor possibilidade de danos s plantas,
quando do emprego de herbicida em pr-emergncia.

Boletim, IAC, 200, 2014

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A.T.E. Aguiar et al.

Aveia

Sementes necessrias: 60 a 80 kg por hectare, de acordo com o sistema de cultivo.


Calagem e adubao: de acordo com a anlise do solo, aplicar calcrio para
elevar o ndice de saturao por bases a 70%. No empregar mais de 4 t ha-1 ao ano.
Na semeadura, de acordo com anlise do solo, aplicar 20 kg ha-1 de N, de 20 a 80 kg ha-1
de P2O5 e de 10 a 60 kg ha-1 de K2O. Para a cultura semeada aps a cultura da soja,
no aplicar nitrognio por ocasio da semeadura. Em cultivos sob irrigao aplicar no
mximo 40 kg ha-1 de N em cobertura, aos 25-30 dias aps a emergncia para cultivares
precoces e no mximo aos 45-50 dias para as cultivares de ciclo mais longo (perodo de
emborrachamento superior a 55 dias).
Micronutrientes e enxofre: a adubao de semeadura deve ser complementada
com 10 kg ha-1 e 20 kg ha-1 de S para a cultura de sequeiro e irrigada, respectivamente. Em
solos com teor de Zn (mtodo DPTA) inferior a 0,6 mg dm-3 deve-se aplicar 3,0 kg ha-1 de Zn
e 1,0 kg ha-1 de B em solos com teor de B (mtodo da gua quente) inferior a 0,3 mg dm-3.
Irrigao: utilizar o mtodo proposto por Silva et al. (1984), que consiste em uma
irrigao inicial de 40 a 60 mm aps a semeadura, com a finalidade de umedecer o perfil
do solo, bem como a instalao de tensimetros em diversos pontos, profundidade de
12 cm. As irrigaes complementares sero efetuadas quando a mdia das leituras dos
tensimetros indicar -0,06 Mpa, determinando-se a lmina lquida a ser aplicada, pela
evaporao acumulada, medida no tanque classe A, entre os intervalos das irrigaes.
Controle de plantas daninhas: consiste em utilizar caractersticas ecolgicas da
cultura e da planta infestante, de maneira que a primeira leve vantagem na competio.
Podem ser citados a poca de semeadura recomendada, o espaamento e a densidade
de semeadura. O controle mecnico utilizado em pequenas reas e caracteriza-se pela
realizao de capina, enquanto o controle qumico por meio de herbicidas considera a
eficincia do controle em grandes reas. O uso e a adoo, por parte dos agricultores, da
melhor opo de controle, devero ser decididos para cada caso.
Principais pragas: pulges (pulgo-verde dos cereais; pulgo-do-colmo;
pulgo-da-folha e pulgo-da-espiga) e percevejo barriga-verde. Produtos registrados
para controle: Clorpirifs, Dimetoato, Fenitrotiona, Imidacloprido e Tiametoxam.
Lagarta-da-aveia e lagarta-militar. Produtos registrados para controle: Alf-cipermetrina +
Teflubenzurom, Beta-ciflutrina, Clorpirifs, Diflubenzurom, Fenitrotiona, Lambda-cialotrina,
Lufenurom, Permetrina, Triflumurom.
Principais doenas: as doenas como odio, ferrugem-da-folha induzida pela
Puccinia coronata f.sp. avenae, mancha-da-folha induzida por Pyrenophaera avenae
ou Drechslera avenae, mancha marrom induzida por Cochliobolus sativus (Bipolaris
sorokiniana) e carvo-da-aveia (Ustilago avenae) so muito favorecidas por condies

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Boletim, IAC, 200, 2014

climticas tais como altas temperaturas e precipitaes pluviais frequentes. Mais


recentemente, com o incremento na rea de cultivo no sistema plantio direto, em que
restos de cultura permanecem na superfcie do solo, o agente necrotrfico, denominado
mancha-da-folha vem preocupando. Produtos registrados para controle: Ciproconazol,
Epoxiconazol, Propiconazol, Metaconazol, Tebuconazol, Azoxistrobina, Trifoxistrobina +
Tebuconazol, Azoxistrobina + Ciproconazol, Ciproconazol + Propiconazol, Cresoxim-metlico + Epoxiconazol, Piraclostrobina + Epoxiconazol, Piraclostrobina + Metaconazol
e Trifloxistrobina + Protioconazol.

Aveia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Colheita: o processo de colheita considerado de extrema importncia, tanto


para garantir o rendimento da cultura quanto para assegurar a qualidade final dos gros.
Para reduzir perdas quali-quantitativas, deve-se tomar cuidado em relao regulagem
da colhedora. medida que a colheita vai sendo processada, as condies de umidade
do gro e da palha variam, sendo necessrio realizar novas regulagens.
Secagem: uma operao crtica na sequncia do processo de ps-colheita.
Como consequncia da secagem, podem ocorrer alteraes significativas na qualidade
do gro. O teor de umidade indicado para se armazenar a aveia colhida 13%. Desse
modo, todo o produto colhido com umidade superior indicada para o armazenamento,
deve ser submetido secagem. A temperatura mxima da massa de gros de aveia no
deve ultrapassar 60 oC, para a manuteno da qualidade tecnolgica do produto.
Produtividade normal: sequeiro, de 2 a 3 t ha-1 e sob irrigao por asperso, de
3 a 4,5 t ha-1 (gros). A produtividade de palha oscila de 13 a 15 t ha-1 nas condies de
sequeiro, enquanto sob irrigao pode-se obter acima de 20 t ha-1.
JOO CARLOS FELCIO (aposentado)
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
VERA LUCIA NISHIJIMA PAES DE BARROS
Polo Regional do Sudoeste Paulista, Capo Bonito (SP)

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Bambu

A.T.E. Aguiar et al.

Bambu

Bambusa spp.; Dendrocalamus spp; Phyllostachys spp.; Guadua spp.


Compreende algumas centenas de espcies de gramneas distribudas por
dezenas de gneros, ocorrendo espontaneamente em grande parte do globo terrestre,
porm mais intensamente na sia. No Brasil, as espcies de maior valor econmico
so de origem asitica, destacando-se Bambusa tuldoides, Bambusa vulgaris,
Dendrocalamus asper e Phyllostachys spp. Seu uso est intimamente ligado vida do
homem, principalmente no campo, em muitos pases, porm mais intensamente na
China, ndia, Colmbia e Equador, no tendo adquirido no Brasil a devida importncia.
Alm do emprego tradicional em construes rurais e urbanas, cestaria e obras de
artesanato, o bambu constitui excelente matria-prima para a indstria de celulose e
papel, fornece broto comestvel, e no campo energtico pode produzir carvo, lcool
e amido. Como alimento, o broto consumido em larga escala nos pases asiticos,
que tambm o exportam para os Estados Unidos e Europa. O Brasil tem a vantagem
de poder produzir broto de bambu em dois perodos distintos do ano, isto , outubro a
novembro, pelo gnero Phyllostachys, e fevereiro a abril, pelo Dendrocalamus. Isso viria
proporcionar condies de fornecer matria-prima por cinco a seis meses no ano s
indstrias que processam palmito enlatado.
Cultivares: so utilizadas as prprias espcies botnicas, de acordo com a
finalidade: a) fibras celulsicas (celulose), lcool e amido - B. vulgaris; b) produo de broto
- D. asper, D. latiflorus e Phyllostachys spp.; c) construes - B. tuldoides, G.angustifolia,
G. chacoensis, Phyllostachys spp., D. asper (conhecida como bambu gigante), D. strictus,
B. teres, Cephalostachuym pergracile; d) ornamental - Drepanostachyum falcatum
(conhecida como Bambusa gracillis), Thyrsostachys siamensis (bambu do monastrio),
Phyllostachys nigra (bambu negro).
poca de plantio: perodo das chuvas.
Espaamento: para bambus de porte grande, como Dendrocalamus e Guadua,
em torno de 7 x 7 m. Para produo de brotos comestveis o espaamento poder ser
reduzido para 3 x 10 m. Para bambus menores, como Bambusa tuldoides, espaamento
de 5 x 5 m. No caso de massa para celulose, usar maiores densidades de plantio, com
linhas espaadas entre si de 3,5 x 7 m. Para Phyllostachys aurea (bambu vara-de-pesca) e
P. edulis (bambu moss) o plantio poder ser bastante denso, at 3 x 3 m, para a formao
de macio contnuo.
Multiplicao: mudas obtidas pelo desdobramento de touceiras ou pelo
enraizamento de pedaos de colmos e ramos.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Controle de eroso: plantio em nvel. O bambu excelente no combate eroso,


especialmente as espcies alastrantes do gnero Phyllostachys, que se desenvolvem
bem melhor em terrenos acidentados, com restos de vegetao arbustiva.

Bambu

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Calagem e adubao: de acordo com a anlise do solo, elevar o ndice de


saturao por bases a 50%. A adubao no plantio consiste na aplicao de 15 kg ha-1 de N,
25 a 50 kg ha-1 de P2 O5 e 20 a 40 kg ha-1 de K2O.
Outros tratos culturais: capinas manuais e mecnicas, durante a formao.
Podem-se fazer culturas intercalares com plantas anuais, nos dois primeiros anos.
Controle de pragas e doenas: dispensvel, pois as existentes no Brasil no
apresentam importncia econmica. No caso de introdues de novas espcies,
deve-se alertar para a existncia do Bamboo Mosaic Potexvirus (BaMV), ainda no
detectado no Brasil.
Colheita: de acordo com a finalidade. Trs anos aps o plantio podem ser colhidos
os colmos mais velhos. Na produo de brotos comestveis, deixar uma quantidade de
brotos equivalente a 20%-30% dos colmos existentes e colher os demais bem rente ao
rizoma, quando atingirem entre 30 e 50 cm de altura. Para produo de celulose e papel,
realizar corte total rasante, aps 3 anos de plantio e ento, a cada 3 anos.
Produtividade normal: bastante varivel, dependendo da espcie, solo, clima e
tratos culturais. De modo geral, podem-se obter, por hectare, cerca de 60 t de colmos e
de 4 a 6 t de brotos. Para celulose, 20 a 30 t ha-1 por ano, base seca.
Observao: com o tempo, forma-se uma camada de folhas secas, que no
deve ser removida, pois traz grandes benefcios ao bambuzal. importante, porm,
manter os carreadores limpos entre os talhes, para evitar incndios.
ANTONIO FERNANDO CAETANO TOMBOLATO
ANISIO AZZINI (aposentado)
ANTONIO ALBERTO COSTA
ROMEU BENATTI JR. (aposentado)
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
MOISS MEDEIROS PINTO
Engenheiro Agrnomo, autnomo

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Banana

A.T.E. Aguiar et al.

Banana
Musa spp.

As bananeiras pertencem famlia botnica Musaceae e so originrias do


Extremo Oriente. So plantas tpicas das regies midas com crescimento contnuo,
paralisando seu desenvolvimento em temperaturas abaixo dos 13 oC. As cultivares de
interesse comercial apresentam altura que varia de 1,8 a 6,0 m. Dada caracterstica
de emitir sempre novas brotaes do rizoma principal, denominadas filhos, filhotes,
perfilhos ou rebentos, o bananal permanente na rea, porm com as plantas
se renovando ciclicamente. A banana um alimento energtico, sendo composta
basicamente de gua e carboidratos, contendo pouca protena e gordura. rica em sais
minerais como sdio, magnsio, fsforo e, especialmente, potssio. H predominncia
de vitamina C, contendo tambm A, B2, B6 e niacina, entre outras.
Cultivares: algumas caractersticas agronmicas das principais cultivares de
bananeira so apresentadas nas tabelas 1 e 2.
Tabela 1. Grupo genmico, subgrupo, altura e resistncia ao despencamento de
cultivares de bananeira



Resistncia ao
Grupo
Cultivares
Subgrupo
Altura (m)
genmico
despencamento



Nanico
AAA
Cavendish
2,5-4,0
Mdia

Grande Naine
AAA
Cavendish
2,0-3,5
Mdia

Willians
AAA
Cavendish
2,5-4,0
Mdia

Nanico IAC 2001
AAA
Cavendish
2,5-4,0
Mdia
Prata An ou Enxerto
AAB
Prata
3,0-4,5
Baixa

Prata Catarina
AAB
Prata
3,0-4,5
Baixa

Pacovan
AAB
Prata
4,0-6,0
Baixa

Terra
AAB
Terra
3,0-5,0
Alta

Figo
AAB
Figo
3,0-4,0
Mdia

Ma
AAB
Ma
3,0-4,0
Mdia

Ouro
AA
Ouro
2,5-4,0
Mdia

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Boletim, IAC, 200, 2014

Tabela 2. Resistncia a doenas e tolerncia a pragas de cultivares de bananeira



Resistncia a doenas

Cultivares
Sigatoka
Mal-do- Moko

Amarela Negra -Panam

Nanico
S
S
R
S

Grande Naine
S
S
R
S

Willians
S
S
R
S
Nanico IAC 2001
R
T
R
S
Prata An ou Enxerto
S
S
S
S

Prata Catarina
S
S
T
S

Pacovan
S
S
S
S

Terra
S
S
R
S

Figo
R
R
S
S

Ma
S
S
S
S

Ouro
S
T
R
S
Resistncia a doenas: S-suscetvel, T-tolerante e R-resistente.
Tolerncia a pragas: TM-tolerncia mdia e TB-tolerncia baixa.

Tolerncia a pragas

Banana

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Broca Nematoides
TM
TM
TM
TM
TM
TM
TM
TB
TB
TM
TM

TM
TM
TB
TB
TM
TM
TM
TM
TM
TM
TM

Clima e solo: a temperatura ideal para a bananeira est entre 20 e 30 oC,


sendo aceitvel a faixa de 13 a 35 oC. Temperaturas acima de 35 oC e, especialmente,
abaixo de 12 oC provocam paralisao no desenvolvimento e danos aos frutos (chiling
ou friagem). As cultivares do subgrupo Cavendish so mais sensveis ao frio, enquanto
a Ma e as cultivares do subgrupo Prata so mais tolerantes. importante evitar
reas com ocorrncia de geadas ou de ventos fortes. O total de chuvas por ano deve ser
superior a 1.200mm, bem distribudas durante o ano. A cultivar Ouro pouco tolerante
falta de gua, enquanto as do subgrupo Cavendish so medianamente tolerantes e as
demais resistem mais a perodos de seca. Umidade relativa alta, acima de 80%, favorece
o desenvolvimento das plantas, entretanto, em reas mais midas h maior incidncia
de doenas nas folhas e frutos. Preferir solos bem drenados (lenol fretico abaixo de 60 cm),
pouco acidentados e evitar reas sujeitas inundao.
Prticas de conservao do solo: plantar em nvel; na formao do bananal
em relevo acidentado, utilizar plantas de cobertura nas entrelinhas no primeiro ciclo
de produo ou manter o solo coberto, manejando a vegetao espontnea com
roadeira ou herbicida de contato. Dispor os pseudocaules cortados em fileiras nas
entrelinhas, formando curvas de nvel. Implantar as demais prticas conservacionistas,
como terraceamento, cordes de vegetao permanente, entre outras, de acordo com
as condies de cultivo locais.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Banana

A.T.E. Aguiar et al.

Propagao:recomenda-se o plantio de mudas produzidas por biotecnologia,


tambm conhecidas como mudas micropropagadas, as quais devem ter garantia quanto
ao percentual mximo de ocorrncia de mutao somaclonal e ser isentas de pragas
e doenas. As mudas micropropagadas so precoces, apresentam maior nmero de
perfilhos e potencial produtivo. Ainda possvel utilizar mudas produzidas pelo mtodo
tradicional (rizoma, pedao de rizoma, chifrinho, chifre ou chifro), desde que sejam
coletadas em reas livres de nematoide, broca ou mal-do-Panam e tratadas, visando
impedir a transmisso de pragas e doenas para os bananais novos.
Plantio: as mudas oriundas de propagao vegetativa (rizoma, pedao de
rizoma, chifrinho, chifre ou chifro) devem ser escalpeladas e desinfestadas com soluo
de hipoclorito de sdio, para eliminar pragas como broca e nematoides. As mudas
produzidas por biotecnologia devem estar aclimatadas adequadamente e transplantadas
no campo com cerca de 4 a 6 folhas e 30 a 40 cm de altura. O plantio de ambos os tipos
de mudas pode ser feito em covas (30 x 30 x 30 cm) ou sulcos (30 cm de profundidade).
Sessenta dias aps o plantio, proceder amontoa ou fechamento dos sulcos. A melhor
poca de plantio no incio da primavera, quando ocorrem temperaturas amenas e
aumenta a precipitao. Dispondo de irrigao, o plantio pode ser feito o ano todo.
Espaamento: cultivares de porte baixo ou mdio devem ser plantadas em
espaamento de 2,0 x 2,0 m ou 2,0 x 2,5 m; para cultivares de porte alto, 2,0 x 3,0 m ou
3,0 x 3,0 m. Em plantios irrigados, utilizar fileiras duplas; para cultivares de porte baixo ou
mdio, o espaamento deve ser de 3,0 x 2,5 x 1,0 m; para as de porte alto, 4,0 x 2,5 x 1,0 m.
Mudas necessrias:cultivares de porte baixo ou mdio - 2.000 ou 2.500 mudas
por hectare; porte alto - 1.111 ou 1.667 mudas por hectare.
Adubao e calagem: as recomendaes de adubao e calagem devem ser
estabelecidas a partir da anlise do solo e de metas de produtividade. A calagem deve
ser calculada visando elevar o ndice de saturao por bases para 60% e o teor de
magnsio acima de 9 mmolc dm-3. Usar sempre calcrio dolomtico, aplicado em rea
total e incorporado ao solo.
Adubao de plantio:aplicar por cova 10 litros de esterco de curral ou 2 litros de
esterco de aves e a metade da dose de fsforo da apresentada na tabela 3, estabelecida
a partir da anlise do solo e da produtividade esperada. Em solos com menos de 1,3 mg dm-3
de Zn, aplicar, no plantio, 5 kg ha-1 de Zn. O adubo orgnico deve estar bem curtido e
ser misturado com a terra no fundo da cova ou sulco. Repetir, se possvel, anualmente a
adubao orgnica.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Tabela 3. Doses de N, P e K para bananeira


Produtividade
P resina, mg dm-3
esperada

N
0-5
6-12 13-30 >30

t ha-1 N, g ha-1
-------- P2O5, kg ha-1 --------

< 20
120
80
60
40
20
20-30
190
100
80
50
30
30-40
270
140
110
70
40
40-50
350
180
140
90
50
50-60
430
220
170
110
60

> 60
500
260
200
130
70

K+ trocvel, mmolc dm-3


0-0,7 0,8-1,5 1,6-3,0 >30
-------- K2O, kg ha-1 -------330
230
130
90
410
310
210
150
490
390
290
210
570
470
370
270
650
550
450
330
730
630
530
390

Banana

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Adubao de formao: as doses de adubo por planta so determinadas pela


tabela 3, levando em considerao a meta de produtividade para a primeira safra, os
teores de P e K do solo e o espaamento do bananal. Aos 30-40 dias aps o plantio,
aplicar 20% das doses de N e K recomendadas na tabela abaixo. Aos 70-90 dias, aplicar o
restante da adubao fosfatada e 50% das doses de N e K e aos 120-150 dias, o restante
da adubao N e K. Aplicar os fertilizantes em crculos de 100 cm de dimetro ao redor
da planta. Utilizar fontes de N ou P capazes de fornecer, anualmente, 30 kg ha-1 de S.
Adubao de produo: as doses de N, P e K por famlia a serem aplicadas
em cada safra devero ser ajustadas com o uso da tabela 3, em funo da meta de
produtividade, dos teores de P e K verificados na anlise do solo e do espaamento do
bananal. Em reas sujeitas a perodos de seca sazonais, a adubao dever ser parcelada
em trs aplicaes (incio, meio e fim da estao das chuvas), distribuindo o adubo em
uma faixa de 100 cm, em semicrculo, na frente do rebento mais jovem (sentido do
caminhamento do bananal). Em reas onde as chuvas forem bem distribudas no ano
ou com irrigao, parcelar a adubao de produo em seis aplicaes ao longo do ano.
O parcelamento das doses de N e K importante para aumentar a eficincia destes
fertilizantes. Outra forma de aumentar a eficincia do N e K aplicados fazer a adubao
via gua de irrigao (fertirrigao), o que permite elevar o rendimento em frutos com
mesma dose de adubo, em relao aplicao convencional na superfcie do solo.
Utilizar fontes de N ou P capazes de fornecer, anualmente, 30 kg ha-1 de S.
Adubao com micronutrientes: quando diagnosticada deficincia, aplicar
anualmente 25g de sulfato de zinco e 10 g de cido brico, em orifcio aberto no rizoma
com auxlio da Lurdinha, por ocasio do desbaste.
Controle de pragas:broca e nematoides - plantar somente mudas livres dessas
pragas, visto que mudas contaminadas so uma das principais formas de introduo desses
patgenos em bananais novos; aos 30 dias aps o plantio, aplicar nematicida sistmico

Boletim, IAC, 200, 2014

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Banana

A.T.E. Aguiar et al.

rente muda e antes da amontoa ou fechamento do sulco, repetindo o tratamento aps


6 meses. Em mudas obtidas por biotecnologia e em reas livres de nematoide, no
preciso fazer esse tratamento no plantio. No bananal em produo, aplicar o nematicida
logo aps a colheita, dentro do pseudocaule da planta-me com o auxlio da Lurdinha.
Aps seis meses, repetir o tratamento dividindo a dose entre os filhos desbastados.
Para o controle de broca, utilizar iscas tipo queijo ou telha (20 a 30 iscas/ha), tratadas
com inseticida, nematicida ou inseticida biolgico (Beauveria bassiana). Tripes - esses
pequenos insetos causam danos na casca dos frutos, depreciando seu valor comercial.
Como medidas de controle, recomendam-se a eliminao dos coraes, bem como o
posterior ensacamento dos cachos com sacos de polietileno.
Controle de doenas:vrus - utilizar mudas micropropagadas certificadas quanto
a ausncia de vrus; eliminar todas as plantas do bananal com sintomas, para evitar a
disseminao. Sigatoka amarela - os sintomas nas folhas iniciam-se por pontuaes
com leve descolorao, passando por estrias clorticas e manchas necrticas elpticas,
alongadas e dispostas paralelamente s nervuras secundrias. Essas leses tm a parte
central acinzentada, bordas amarelecidas e podem coalescer, comprometendo uma
grande rea foliar. Sigatoka negra - muito mais agressiva e destrutiva que a Sigatoka
amarela, pois alm de infectar as folhas novas ataca tambm as folhas velhas, sendo seus
sintomas iniciados com descolorao em forma de pontos ou estrias na cor caf, entre as
nervuras secundrias da segunda quarta folha a partir da vela, sendo observada somente
na face inferior das folhas. As leses iniciais progridem para estrias pretas, observadas
somente na face superior da folha e evoluem para leses negras, contrastando com as de
cor marrom da face inferior, podendo avanar para todas as folhas da planta. A tomada
de deciso do momento da aplicao de fungicidas deve se basear no monitoramento da
severidade da doena. A aplicao de fungicidas a partir de calendrio fixo ou da simples
observao pode resultar em controle ineficiente, ou uso desnecessrio de produtos
qumicos. Alternar princpios ativos dos fungicidas, para evitar a resistncia dos fungos.
Mal-do-Panam - as plantas apresentam amarelecimento progressivo a partir das folhas
mais velhas para as mais novas, com posterior quebra do pecolo junto ao pseudocaule, o
que confere planta a aparncia de um guarda-chuva fechado. Observam-se inicialmente,
em cortes transversais e longitudinais do pseudocaule ou do rizoma de plantas doentes,
pequenas manchas isoladas de colorao preta que, em estdio mais avanado, evoluem
para pontuaes de colorao pardo-avermelhada. No rizoma, a descolorao mais
pronunciada na rea de densa vascularizao, podendo-se observar que a planta-me est
contaminando os filhos com a troca de seiva que ocorre entre eles. Devido ao entupimento
dos vasos da planta-me, h paralisao da circulao da seiva e ela seca em poucos
meses. Utilizar cultivares tolerantes e adubao equilibrada, bem como nutrio com
micronutrientes. O inculo da doena permanece no solo por vrios anos, o que impede o
plantio de cultivares suscetveis na mesma rea.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Reforma do bananal:efetuar reformas peridicas dos bananais. Um indicador


de ordem prtica do momento em que o bananal exige uma reforma a inexistncia
de neto, quando da colheita da planta-me. Produtividade decrescente e reduo da
resposta adubao tambm indicam o momento de reformar o bananal.

Banana

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Outros tratos culturais:aps as adubaes, eliminar as folhas velhas com penado


ou faco e retirar as brotaes suprfluas (desbaste), deixando apenas uma famlia por
cova. Manter o solo do bananal sempre coberto com vegetao espontnea ou com
material orgnico proveniente do desbaste e desfolha. Em terrenos declivosos, fazer
somente roadas ou usar herbicida de contato, evitar mobilizar o solo. O escoramento
(tutoramento) das bananeiras necessrio em regies onde h ocorrncia de ventos fortes.
Dependendo da cultivar e dispondo-se de quebra-ventos eficientes, no h necessidade
de escorar as plantas. Entretanto, em bananais com ataque severo de nematoide ou broca
ou em bananais com deficincia de clcio ou magnsio, dever ser feito o escoramento,
para reduzir as perdas por tombamento das bananeiras. Utilizam-se bambus e fitilhos de
polietileno para escorar as plantas.
Colheita: no momento da colheita, o pseudocaule deve ser cortado
parcialmente o mais alto possvel, fazendo com que o cacho desa at a altura do ombro
colhedor. Cortar o engao sem que o cacho toque no solo. Os cachos devem ser retirados
do bananal tomando-se cuidado para evitar danos mecnicos aos frutos, os quais
depreciam seu preo de venda. Empregar carretas forradas com espuma ou cabo areo
no transporte dos cachos at a casa de embalagem. A colheita deve ser feita quando
a fruta atingir a plenitude de seu desenvolvimento (mercado interno), ou segundo o
dimetro de fruta solicitado pelo importador.
Produtividade normal:um cacho por p ao ano, variando de 10 a 50kg segundo
a cultivar. A produtividade por rea pode variar de 10 a 60 t ha-1 em funo da cultivar, do
manejo do bananal e das condies edafoclimticas.
Culturas intercalares:feijo de mesa, apenas no perodo de formao. No
usar gramneas.
Comercializao:a comercializao de frutos realizada em pencas ou buqus de
6 a 8 bananas, acondicionados em embalagens padronizadas (caixa de madeira, papelo ou
plstico). Frutos para mercados prximos podem ser climatizados (maturao controlada em
estufa) nas regies produtoras e para reas mais distantes, climatizar no destino.
LUIZ ANTONIO JUNQUEIRA TEIXEIRA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDSON SHIGUEAKI NOMURA
ERVAL RAFAEL DAMATTO JUNIOR
EDUARDO JUN FUZITANI
Polo Regional do Vale do Ribeira, Pariquera-Au (SP)
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Basto-do-Imperador

Basto-do-Imperador
Etlingera elatior (Jack) R. M. Smith

O basto-do-imperador originrio da sia. Trata-se de uma planta perene,


herbcea, rizomatosa, com caracterstica entouceirante, chegando a medir entre 2 e 4 m.
uma planta muito utilizada em paisagismo e na confeco de arranjos florais, como flor
de corte. As diversas variedades encontradas apresentam colorao das inflorescncias
variando do branco ao vermelho.



Cultivares: h quatro mais cultivadas:


Porcelana - tem esse nome por apresentar inflorescncias de cor rosa-claro;
Pink Torch - apresenta inflorescncias de cor rosa-escuro;
Red Torch - essa cultivar apresenta brcteas vermelhas;
White Torch - apresenta inflorescncias totalmente brancas.

Clima e solo: por ser espcie de origem tropical, desenvolve-se melhor em


temperaturas entre 20 e 35 C e o plantio pode ser feito a pleno sol ou em condio de meia-sombra. A espcie requer, para bom desenvolvimento, alta umidade relativa do ar (70%
a 80%). O preparo do solo deve constar de arao e gradagem, recomendando-se o preparo
de canteiros de 10 a 20 cm de altura. Os solos que propiciam melhor desenvolvimento
da cultura so aqueles ricos em matria orgnica, com boa profundidade e porosos (com
boa drenagem). As plantas apresentam tolerncia a solos mais cidos, com pH entre 4,5
e 6,5 para melhor desenvolvimento.
Propagao: a propagao pode ser feita por diviso de touceira, rizomas e por
sementes, sendo que plantas propagadas por sementes levam mais tempo para florescer.
Ciclo produtivo: quando propagadas por rizomas as plantas iro iniciar a
produo entre 12 e 18 meses, apresentando florao o ano todo, com maior intensidade
entre outubro e janeiro.
Espaamento: o espaamento varia com a finalidade da cultura, sendo que
para flores de corte, os canteiros devem ser preparados para acomodao das plantas
em fileira simples, com espaamento entre elas de 1,5 a 2,0 m, enquanto no plantio para
produo de mudas o espaamento deve ser de 1,0 a 1,5 m em fileiras duplas.
Calagem e adubao: as plantas respondem bem a adubaes qumicas,
sendo indispensvel a matria orgnica. So utilizados 200 g por touceira da frmula
NPK 15-15-15, e para produo de inflorescncias de qualidade o fornecimento de
nutrientes deve ser constante. O desenvolvimento das plantas mais prejudicado pela
deficincia dos nutrientes boro, potssio e clcio.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Irrigao: a cultura exige irrigao diria, mas no tolera solos encharcados. A


gua de irrigao no deve atingir as inflorescncias, para no propiciar o aparecimento
de pragas e doenas.

Basto-do-Imperador

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Outros tratos culturais: realizar a capina de plantas invasoras, bem como a


poda das folhas velhas para aumentar a aerao da touceira.
Principais pragas: nematoides.
Principais doenas: antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), podrido do
rizoma e das razes (Rhizoctonia solani).
Colheita: a colheita manual e deve ser realizada nas horas de temperaturas
mais baixas e o ponto de colheita ser determinado de acordo com o mercado. Podem
ser colhidas inflorescncias ainda fechadas, que sero trabalhadas pelos floristas
em arranjos, inflorescncias semiabertas, de mxima durabilidade ps-colheita, e
ainda, inflorescncias totalmente abertas, com o inconveniente de baixa durabilidade
ps-colheita. Aps a colheita as inflorescncias devem ser imersas em gua e
acondicionadas em recipientes com gua.
Ps-colheita: as inflorescncias devem ser imersas em recipiente com gua e
detergente neutro e aps a lavagem, a haste floral deve ser mantida em recipiente com
gua, para evitar a desidratao. As inflorescncias podem ser embaladas em caixas
de papelo ou formando maos e a temperatura de armazenagem e transporte no
dever ser inferior a 13 C, pois temperaturas inferiores podem causar murchamento e
queima das inflorescncias. Com os devidos cuidados as inflorescncias podero durar
at 15 dias.
Produtividade: a produtividade das plantas adultas, em mdia, de 15.000
dzias/ha/ano e uma nica touceira adulta chega a produzir em mdia 50 hastes.
CARLOS EDUARDO FERREIRA DE CASTRO
CHARLESTON GONALVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Batata

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Batata

Solanum tuberosum L. ssp. tuberosum Hawkes


Os gentipos de batata cultivados no Brasil pertencem subespcie
tuberosum, adaptados tuberizao sob quaisquer comprimentos de dia, originados do
melhoramento realizado em pases da Europa Ocidental, e que, quando aqui introduzidos
vieram a suprir algumas das exigncias necessrias sua adaptao. Duzentas das cerca
de 2.000 espcies do gnero Solanum, da famlia Solanaceae, todas ocorrendo somente
no continente americano, produzem tubrculos, caules modificados que armazenam
reservas na forma de fcula, necessidade imposta quando do incio de sua evoluo em
sua regio de origem, o altiplano andino. Das oito espcies cultivadas, o S. tuberosum, seu
mais importante representante, evoluiu inicialmente sob a forma de S. tuberosum ssp.
andigena, subespcie adaptada tuberizao sob dias curtos, de ciclo extremamente
longo e de tuberizao muito tardia. Introduzida na Europa, ainda no sculo XVI, sua
tuberizao sob dias longos foi medocre, o que foi superado por seleo recorrente,
dando origem subespcie tuberosum. Assim, a batata, tanto no seu centro de origem,
quanto no seu centro de diversificao e na maioria das regies onde cultivada, tem
ciclo longo, normalmente superior a cinco meses, tuberizao tardia e datas de plantio
e de colheita relativamente bem definidas pela ocorrncia de geadas de primavera e
de outono. No Brasil como um todo e mais especificamente no Estado de So Paulo,
tem ciclo vegetativo de 90 a 120 dias, podendo ser plantada durante todo o ano, exceto
quando as noites tm temperatura mdia superior a 20 oC, devendo-se evitar tambm o
plantio em solos muito pesados, propcios ao encharcamento e, naturalmente, regies
com ocorrncia de geadas durante o ciclo vegetativo. Hoje a bataticultura explorada
economicamente nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paran, So Paulo,
Minas Gerais, Gois/Distrito Federal e Bahia. H pequenas produes tambm nas
regies elevadas dos Estados do Rio de Janeiro e do Esprito Santo e em microclimas dos
Estados da Paraba e Pernambuco. At o incio deste sculo, os Estados de So Paulo e
Minas Gerais disputavam a primazia na produo nacional de batata, mas as dificuldades
encontradas na rotao de culturas e o aumento da importncia de doenas de solo;
a impossibilidade de serem obtidas safras concomitantes e consecutivas; a dificuldade
imposta pela topografia na mecanizao, principalmente em relao colheita; a
compactao dos solos; a urbanizao; e finalmente, a crescente dificuldade em se obter
mo de obra qualificada, levaram o bataticultor paulista a reduzir essa atividade ou a
migrar em busca de melhores situaes, levando continuada reduo da participao
da bataticultura paulista dentro do cenrio nacional. Embora a maior parte da produo
seja destinada ao mercado fresco, observa-se o crescimento da batata processada

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Boletim, IAC, 200, 2014

na forma de rodelas fritas (chips) ou de palitos pr-fritos congelados (french fries). A


produo de batata-semente utiliza cerca de 10% do total produzido, enquanto mais
10% a 20% so perdidos por danos biticos ou abiticos durante o ciclo vegetativo ou
em ps-colheita.

Batata

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Cultivares: para consumo fresco: Agata, Cupido, Asterix, Markies e Mondial.


Para processamento na forma de chips: Atlantic. Para processamento na forma de
palitos fritos: Asterix e Markies. Para cultivo orgnico: IAC Itarar, IAC Aracy Ruiva e
outras cultivares brasileiras.
poca de plantio: respeitando-se as restries s altas temperaturas noturnas
e aos solos susceptveis ao encharcamento, pode-se plantar a batata em qualquer
poca do ano, uma vez que a distribuio das chuvas deixou de ser fator limitante
desde o advento rotineiro da irrigao. Algumas cultivares tem exigncias marcantes.
Assim, Agata no deve ser cultivada em locais com precipitaes elevadas e Asterix no
apresenta tolerncia a altas temperaturas.
Densidade populacional, massa do tubrculo-semente e quantidade de
batata-semente necessria: a experimentao paulista demonstrou que se pode atingir
um mximo de produtividade utilizando-se tubrculos-semente com a massa variando
desde 15 g a 150 g, utilizando-se diferentes calibres do tubrculo-semente em diferentes
estdios fisiolgicos, procurando-se obter uma mesma densidade populacional de hastes
principais por unidade de rea. Como regra principal, tubrculos pequenos devem ser
plantados fisiologicamente jovens, com poucos brotos por tubrculo, sendo o oposto
para tubrculos com grandes dimenses. Normalmente, o espaamento utilizado
de 0,75 a 0,80 m entrelinhas, sendo o espaamento na linha dado pelo tamanho da
batata-semente, de 0,15 a 0,45 m entre plantas. Como as qualidades fsicas, fisiolgicas
e fitossanitrias da batata-semente utilizada so requisitos bsicos para o sucesso da
cultura, recomenda-se o uso de batata-semente certificada. O aumento da importncia
da semente prpria, com o menor custo relativo desse insumo, viabiliza o emprego
de tubrculos-semente com maiores dimenses, gerando economia na utilizao de
fertilizantes qumicos e leva obteno de plantas mais vigorosas. Nessa condio, deixa
de ser importante a economia da quantidade de batata-semente utilizada por unidade
de rea, que pode passar das usuais 2 t ha-1 para at 4 t ha-1.
Cuidados na escolha e preparo do solo: em regies de declividade elevada,
principalmente em pocas chuvosas, o plantio deve ser feito em nvel. Em culturas
conduzidas sob piv central necessrio avaliar-se o estado de compactao do solo,
principalmente aqueles j mais intensamente cultivados, tomando-se as medidas
necessrias no preparo do solo (escarificao ou subsolagem). Deve-se observar que
no existe ecossistema que tolere o excesso de irrigao e que mais fcil evitar-se

Boletim, IAC, 200, 2014

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Batata

A.T.E. Aguiar et al.

a compactao do solo sob piv do que recuper-lo. A compactao dos solos, com
a presena de gua livre, facilita a propagao de molstias cujos agentes possuam
zosporos, como a Spongospora subterranea, causadora da sarna pulverulenta e o
ataque aos tubrculos pela requeima (Phytophthora infestans), bem como a reduo
de elementos qumicos normalmente tri ou tetravalentes como o ferro e o mangans,
para a forma bivalente absorvvel pelas plantas de batata em fluxo de massa, causando
fitotoxicidade severa, muitas vezes confundida com sintomas de carncia de magnsio.
Calagem e adubao: a batata muito tolerante acidez do solo, mas muito
exigente em clcio como nutriente. H um temor generalizado na bataticultura em
relao ao aumento da incidncia da sarna comum correlacionado ao uso do calcrio.
Contudo, o aumento da importncia dessa doena deve-se mais ao aparecimento de
novas estirpes do agente causal, adaptadas a solos cidos e umidade, do que ao
aumento do uso da calagem pela bataticultura. A calagem deve ser realizada com
bastante antecedncia ao plantio, procurando-se elevar a saturao por bases a 60%.
O estudo da adubao racional na bataticultura bem mais complexo do que para
culturas de propagao sexuada, porque dois fatores tero extrema importncia na
determinao da capacidade produtiva da planta: a massa do material de propagao
utilizado e seu estdio fisiolgico. Considerando-se a estatstica experimental, um
ensaio montado com batata-semente de 60 g, em fim de dormncia, com brotao
suficiente para originar quatro hastes principais por planta, ter efeitos fixos, cujos
resultados (mesmo para a mesma variedade) sero diferentes de outros ensaios com
tubrculos-semente de 100 g ou de 40 g. Resultados mais consistentes exigem esquemas
estatsticos mais sofisticados que os proporcionados pelos fatoriais fracionados onde a
populao, a massa e o estdio fisiolgico do tubrculo-semente sejam considerados.
A recomendao genrica e tradicional prev a aplicao no plantio de 40 a 80 kg ha-1 de N;
100 a 300 kg ha-1 de P2O5; e 100 a 250 kg ha-1 de K2O, complementada com 40 a 80 kg ha-1
de N em cobertura, antes da amontoa. O parcelamento da adubao nitrogenada visa
evitar a concentrao salina perto do tubrculo-semente e a lixiviao do nutriente
decorrente de possveis chuvas. Nunca h resposta ao parcelamento da adubao
fosfatada e em relao potssica, o nmero de respostas positivas insignificante e
geralmente observado em solos mais arenosos.
Outros tratos culturais: a cultura deve ser mantida sem que haja uma
competio significativa com ervas invasoras. A relao dos herbicidas registrados
para a cultura pode ser consultada em: http://www.agricultura.gov.br - Agrofit. Alguns
herbicidas como o metribuzin podem ser fitotxicos para algumas variedades de batata.
A amontoa uma prtica obrigatria, tendo por objetivo principal a proteo dos
tubrculos em formao durante todo o perodo vegetativo e na fase pr-colheita, da
exposio luz solar e do ataque de pestes. Uma amontoa bem feita o principal fator

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Boletim, IAC, 200, 2014

na minimizao de danos causados pela traa da batata (Phthorimaea operculella).


Cerca de 90% a 95% da quantidade de gua utilizada pela cultura da batata destina-se
unicamente a manter operacional seu sistema de sntese. Sendo assim, o fornecimento
adequado de gua um dos mais importantes componentes da produtividade da cultura.
Sua necessidade crescente com o desenvolvimento das plantas, exigindo cerca de 30 mm
depois do fechamento das ramas. Mas, antes que exigente, a batata especfica em
relao agua, no tolerando o encharcamento, mesmo por curto perodo de tempo.
Os danos causados podem ser desde a reduo do valor comercial dos tubrculos pela
hipertrofia das lenticelas, at a morte das plantas e apodrecimento dos tubrculos.

Batata

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de pragas e doenas: valem para a batata as recomendaes


bsicas do controle das pragas de todas as espcies cultivadas: utilizao de cultivares
resistentes e rotao de culturas. Se a primeira impossvel de ser seguida em razo
das numerosas espcies de fungos (termo aqui usado em seu sentido mais amplo), de
bactrias unicelulares ou filamentosas, de vrus, de nematoides, de insetos e outros
artrpodes, a segunda obrigatria, embora seja cada vez mais difcil sua validao. Os
problemas fitossanitrios para os quais existem registros no Ministrio da Agricultura
e os produtos registrados esto no endereo anteriormente citado, embora se deva
explicitar que nem todo produto registrado tecnicamente recomendvel, embora
essa distino escape aos objetivos deste documento. Alguns poucos casos particulares
sero apresentados. Como toda planta normalmente propagada de forma vegetativa,
a batata vem sendo selecionada para o mximo da adaptao atual e, nesse processo,
ficou privada do principal fator de controle das doenas causadas por vrus nas plantas
superiores: o fato de os tecidos que envolvem o embrio serem impermeveis ao
desenvolvimento de partculas virais. Assim, so numerosas as espcies de vrus que
afetam a cultura. Os tubrculos so mais atrativos a outras espcies de pestes do
que sementes botnicas, sendo a utilizao de um material de propagao em timo
estado sanitrio e fisiolgico, o principal definidor, ao lado do suprimento de gua, da
capacidade de produo de um campo a ser instalado. Os certificadores de batata-semente podem ser eficientes no que diz respeito eliminao de lotes portadores
da murchadeira causada por Ralstonia solanacearum. A sua eficincia em relao a
doenas causadas por vrus igualmente alta, ainda que possam ocorrer discrepncias
de resultados, conforme a metodologia utilizada na anlise. Em relao principal
molstia que afeta a bataticultura brasileira, a sndrome canela preta/podrido mole,
conjunto de problemas causados por bactrias dos gneros Pectobacterium e Dikeia,
que causam perdas superiores a 10% da produo nacional, a eficincia dos sistemas
de certificao muito menor. No existem produtos realmente eficazes no controle
desses patgenos, ainda que os produtores normalmente apliquem agroqumicos
isoladamente ou em combinaes. Produtos que estimulem o desenvolvimento

Boletim, IAC, 200, 2014

57

Batata

A.T.E. Aguiar et al.

do sistema radicular podem atrasar a manifestao dos sintomas, melhorando a


capacidade produtiva das plantas, mas no tem efeito algum sobre o patgeno.
NEWTON DO PRADO GRANJA
JOS CARLOS FELTRAN
HILRIO DA SILVA MIRANDA FILHO (aposentado)
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
THIAGO LEANDRO FACTOR
SEBASTIO DE LIMA JUNIOR
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)
SALLY FERREIRA BLAT
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)

58

Boletim, IAC, 200, 2014

Batata-Doce
Ipomoea batatas (L.) Lam.

Batata-Doce

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A batata-doce (Ipomoea batatas (L.) Lam.), planta da famlia Convolvulaceae,


a quarta hortalia mais consumida no Brasil, muito popular e apreciada em todo o pas.
Seu cultivo destina-se s mais diversas formas de utilizao, tendo inmeras aplicaes
na arte culinria domstica, na elaborao tanto de pratos salgados como doces, alm
de aperitivos. Na indstria, fonte de matria-prima para doces enlatados, confeitaria
e fcula. Na alimentao animal, constitui componente de raes de bovinos e sunos,
principalmente, podendo ser aproveitada na forma natural picada, ensilada ou na forma
de farinha seca. Atualmente, tem despertado interesse para ser utilizada na produo de
lcool (etanol). Ainda que seja uma espcie de clima tropical ou subtropical tambm
cultivada em regies temperadas. Em sntese, trata-se de planta de fcil cultivo, rstica,
de ampla aclimatao e baixo custo de produo.
Cultivares: IAC 66-118 (Monalisa), IAC 2-71 (Americana); SRT 345 (Uruguaiana)
e SRT 346 (Canadense).
Clima e solo: a batata-doce pode ser cultivada em qualquer parte do pas,
sendo que as mais altas produes so obtidas em regies ou pocas de plantio que
apresentem, durante o ciclo vegetativo, um perodo de quatro meses com temperatura
mdia superior a 20 oC. Em temperaturas mais baixas que 10 oC, o desenvolvimento
vegetativo diminui ou mesmo paralisa e a produtividade decresce. Por isso, em regies
sujeitas a geadas, no deve ser plantada em poca em que a fase de crescimento ocorra
no perodo frio. Um regime de 500 a 750 mm de chuva, bem distribuda durante todo o
ciclo da cultura, considerado suficiente para o pleno crescimento e desenvolvimento
das plantas, resultando em boa produtividade de razes tuberosas. Essa hortalia
produz em qualquer tipo de solo, porm, consideram-se ideais os solos mais leves,
bem estruturados, com fertilidade de mdia a alta, bem drenados e de boa aerao.
A produo muito prejudicada em solos encharcados ou muito midos, pois aerao
deficiente retarda a formao das razes tuberosas, gerando deformidades como
razes alongadas, conhecidas como chicote. Solos compactados e/ou mal preparados
causam alteraes no formato e na uniformidade das razes tuberosas, diminuindo o
seu valor comercial. A planta cresce e produz bem em solos com pH entre 4,5 e 7,7,
porm os valores timos esto na faixa de 5,6 a 6,5. Portanto, o melhor solo para
o desenvolvimento da batata-doce aquele que apresenta boa drenagem, textura
arenosa ou areno-argilosa, sendo levemente cido ou neutro.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Batata-Doce

A.T.E. Aguiar et al.

Preparo do solo: consiste em arar o terreno para que fique bem solto at a
profundidade de 20 a 30 cm e, posteriormente, grade-lo de modo a desmanchar muito
bem os torres. Em seguida, deve-se sulcar a 10 cm de profundidade, no espaamento
entre leiras de 0,80 a 0,90 m, distribuir e incorporar o adubo de plantio no sulco. Em
seguida, devem-se levantar as leiras ou camalhes de 30 cm de altura, no espaamento
de 0,80 a 0,90 m, com o auxlio de arado de aiveca ou mesmo de disco, preferencialmente
em movimento de ida e vinda, lanando a terra em sentido contrrio. Seja qual for o
processo usado, as leiras ou camalhes devem ser orientados em nvel, a fim de evitar
os efeitos da eroso. Devido intolerncia ao excesso de umidade, em solos pesados
deve-se fazer a descompactao do solo com subsolador antes da arao.
poca de plantio: a poca de plantio varia em funo do local (temperatura,
precipitao e luminosidade) e da cultivar (precocidade, vigor e tipo de planta). Deve-se
considerar ainda a disponibilidade ou no de utilizao de equipamento de irrigao. De
maneira geral, sem a utilizao de irrigao pode-se recomendar como melhor poca de
plantio o perodo que vai de setembro a dezembro. Deve-se salientar que por ocasio do
plantio as ramas devem ter 30 cm de comprimento e o plantio deve ser feito com a terra
mida, na forma U ou L, mantendo-se a ponta fora do solo. Aps o plantio a lavoura no
pode sofrer dficit hdrico, devendo-se providenciar a irrigao da rea plantada, caso
isso ocorra.
Espaamento: 0,80 a 0,90 m entrelinhas x 0,30 a 0,40 m entre plantas.
Mudas necessrias: a produo de mudas ou ramas para plantio pode ser feita
de trs formas: 1- pelo plantio de batatas maduras selecionadas, as quais sero induzidas
a emitir brotos, que sero retirados posteriormente para o plantio; 2 - pelo uso de ramas
maduras retiradas de lavouras sadias; 3 - pela formao de viveiro destinado produo
de ramas para o plantio. O uso de ramas maduras mais econmico e rpido, porm o
uso de batatas mais recomendvel. As batatas devem ser plantadas no espaamento de
0,80 m entre leiras por 0,30 a 0,40 m entre plantas. A retirada das ramas ocorre por volta
dos 120 dias aps o plantio, podendo-se repetir a operao a cada 60 dias. Para o plantio
de um hectare necessrio enviveirar aproximadamente 100 kg de batatas. Na utilizao
de ramas maduras, o plantio deve ser feito com solo mido ou sob irrigao, aplicada
logo aps o plantio. A utilizao de 2.500 ramas maduras, plantadas no espaamento
de 0,80 x 0,40 m produz, 100 dias aps o enviveiramento, ramas novas suficientes para
o plantio de um hectare. Na ausncia de chuvas indispensvel a irrigao dos viveiros
para se obter tais rendimentos.
Adubao: considerar o efeito residual parcial da adubao da cultura anterior
na recomendao da adubao de plantio e, se for possvel, usar matria orgnica.
Plantios sucessivos de batata-doce devem ser evitados. Aplicar de acordo com a anlise

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Boletim, IAC, 200, 2014

do solo, calcrio dolomtico para elevar a saturao por bases a 60% e o teor de Mg a
4 mmolc dm-3. Como adubao de plantio, aplicar no sulco 20 kg ha-1 de N, e, de acordo
com a anlise do solo, de 40 a 100 kg ha-1 de P205 e de 40 a 120 kg ha-1 de K2O. Aplicar em
cobertura 30 dias aps o plantio, entre 20 e 30 kg ha-1 de N.

Batata-Doce

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Pragas e doenas: uma das principais doenas da cultura, mal-do-p ou


podrido-do-p, causada pelo fungo Plenodomus destruens Harter, patgeno que pode
causar perdas de at 80% nas lavouras de batata-doce. Visando limitar o ataque dessa
doena recomenda-se a adoo de prticas culturais, sendo as principais: a) rotao
de culturas voltando o plantio de batata-doce mesma rea apenas aps trs anos;
b) uso de mudas sadias; c) roguing e queima de plantas doentes. Tambm, devem-se
evitar solos contaminados por nematoides e selecionar adequadamente o material para
plantio, eliminando-se as plantas com sintomas de mosaico nas folhas, bem como plantas
com deformidades foliares (presena de sweet potato feathery mottle virus-SPFMV). A
broca-das-razes (Euscepes postfasciatus) hoje a principal praga da cultura e para seu
controle devem-se utilizar prticas culturais como: a) rotao de culturas utilizando-se
brssicas (repolho, couve-flor, brcolis), gramneas (arroz, milho, pastagem), leguminosas
(feijo, soja, adubos verdes) e outras culturas como mandioca e algodo (mnimo de
trs anos sem retornar a cultura mesma rea); b) amontoa; c) eliminao de restos
culturais. caros devem ser controlados e outras pragas menos importantes (pulges
e cigarrinhas) tambm so passveis de controle qumico. Entretanto, no h produtos
registrados, at agosto/2013.
Produtividade normal: de 15 a 20 t ha-1 de razes comerciais.
Rotao: brssicas (repolho, couve-flor, brcolis), gramneas (arroz, milho,
pastagem), leguminosas (feijo, soja, adubos verdes) e outras culturas como mandioca
e algodo.
Observaes: a rotao de culturas indispensvel para evitar queda acentuada
da produo e da qualidade das razes tuberosas, bem como para minimizar a incidncia
de pragas e doenas.
VALDEMIR ANTONIO PERESSIN
JOS CARLOS FELTRAN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Baunilha

A.T.E. Aguiar et al.

Baunilha

Vanilla planifolia Andr., pompona Schiede e V. tahitiensis J.W. Moore


A baunilha uma especiaria empregada como aromatizante. A planta,
pertencente famlia Orquidaceae, nativa do Sudeste do Mxico, da Guatemala
e de outras partes da Amrica Central. largamente cultivada em Madagascar, Ilhas
Reunio e Comores, alm do Mxico. No Brasil, a principal rea de cultivo est no Estado
da Bahia, havendo tambm alguns cultivos no litoral de So Paulo. planta perene,
herbcea, sarmentosa e vegeta melhor em condies de sombreamento (30% a 50%),
embora produza mais flores e frutos quando mais exposta ao sol. O fruto plenamente
desenvolvido deve ser colhido antes da maturao final, fermentado e curado antes da
comercializao. A baunilha usada largamente na aromatizao de sorvetes, chocolates,
bebidas e produtos de confeitaria, alm de ser tambm utilizada em perfumaria e, em
pequena escala, para fins medicinais.
Clima e Solo: planta de clima tropical, vegeta bem em regies com temperatura
mdia superior a 21 C e precipitao anual entre 1.500 a 2.500 mm. A ocorrncia de
um perodo seco de aproximadamente dois meses (junho e julho) importante para a
induo de um bom florescimento. O solo deve ser bem drenado e no compactado.
poca de plantio: outubro a janeiro.
Espaamento: 2,5 a 3,0 m x 1,2 a 1,5 m, dependendo das prticas culturais
adotadas. Preencher as covas, de 30 x 30 x 30 cm, com serrapilheira. Aps o plantio da
estaca, efetuar a amontoa.
Controle da eroso: plantio em curvas de nvel ou em terraos.
Outros tratos culturais: devido ao sistema radicular superficial, no executar
capinas aps o plantio. O uso de cobertura morta, bastante benfico, deve ser feito
regularmente.
Podas: a ponta da baunilheira usualmente cortada (7 a 10 cm), de janeiro a
maro, visando estimular a inflorescncia nas axilas das folhas dos ramos pendentes.
Aps a colheita, as hastes velhas e de pouco vigor so eliminadas.
Suportes e Conduo: a baunilheira requer tutor para se desenvolver. rvores
de pequeno porte, tais como Gliricidia sepium, Jatropha curcas, Leucena glauca,
Erythrina bertoroana ou Bauhinia purpurea, so utilizadas como suportes vivos. Tambm
suportes inertes como moures (verticais) e bambus ou madeira (horizontal) podem ser
utilizados. Deve-se evitar o uso de arame, pois este corta facilmente as hastes. Conduzir

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Boletim, IAC, 200, 2014

a planta a uma altura conveniente para facilitar polinizaes e colheitas. Enrolar as


hastes em torno dos galhos baixos das rvores-suporte ou sobre bambus ou galhos de
rvores (suporte inerte), de forma a ficarem pendentes.

Baunilha

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Polinizao: setembro a dezembro. A polinizao manual indispensvel


formao de frutos. O nmero de inflorescncias e flores por planta e o nmero de flores
a serem polinizadas dependem do vigor das plantas. Usualmente, em plantas vigorosas,
so polinizadas de 8 a 10 flores em cada inflorescncia e de 10 a 20 inflorescncias em cada
planta. O rendimento da operao varia de 1.000 a 2.000 polinizaes por homem-dia. A
baunilheira comea a florescer no terceiro ano aps o plantio, dependendo do tamanho da
estaca usada, e a mxima produo de flores alcanada entre 7 e 8 anos.
Controle de pragas e doenas: mediante manejo cultural boa drenagem,
sombreamento leve, espaamento adequado, uso de cobertura morta especialmente
durante perodos de seca, aplicao de matria orgnica anualmente e polinizao
moderada. H espcies resistentes s mais importantes doenas, que podem ser
hibridizadas com V. planifolia.
Colheita: maro a julho. Colher os frutos completamente desenvolvidos e em
incio de maturao, evidenciada pela colorao amarelada de suas pontas. A cura dos
frutos deve ser iniciada logo aps a colheita.
Produtividade normal: varivel. Uma boa cultura pode produzir de 500 a 800 kg
de frutos curados/hectare/ano, durante uma vida til de cerca de sete a dez anos.
Culturas intercalares: necessita sombreamento leve (ao redor de 50% a 70% de
insolao). Plantar quebra-ventos quando necessrio.
NILSON BORLINA MAIA
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Berinjela

A.T.E. Aguiar et al.

Berinjela
Solanum melongena L.

Em 1575, Leonhard Rauwolf em misso botnica em Aleppo, Sria, descreveu


uma planta chamada melongena. Seu fruto, de cor violeta, era do tamanho de um ovo
de ganso. Ainda que essa tenha sido a primeira descrio oficial, a berinjela j havia sido
relatada no sculo V em um livro chins. H indcios de que ela j tenha sido cultivada em
algumas regies da Itlia por volta do final do sculo XIV. Uma das primeiras variedades a
chegar Inglaterra, por volta de 1500, produzia frutos brancos e do tamanho de um ovo
de galinha, da seu nome em ingls eggplant. A berinjela tem como centro de origem
primrio a ndia. possvel que a China seja o centro de origem secundrio, com o
desenvolvimento de variedades de frutos pequenos, muito distintas daquelas originrias
do centro de origem primrio. A berinjela uma hortalia anual, pertencente famlia
Solanaceae, cujo cultivo se concentra nas regies de clima tropical e subtropical. uma
planta arbustiva de caule semilenhoso e ereto alcanando de 1,0 a 1,8 m de altura,
com ramificaes laterais. Seus frutos, cuja forma varia de alongada a oblonga, so de
colorao vinho-escuro, podendo tambm ser rajados ou claros. Entretanto, a melhor
colorao para o mercado vinho-escuro. O sistema radicular pode atingir mais de 1 m
de profundidade. Em vista do crescente interesse da populao em consumir produtos
de origem vegetal, e inclusive devido s suas propriedades medicinais, o volume
comercializado dessa hortalia vem aumentando gradativamente. Em 2011, segundo o
IEA/CATI, a rea plantada no Estado de So Paulo foi de 1.272 hectares com produo de
39.417 toneladas e produtividade de 31 t ha-1.
Cultivares: tipo comum Napoli, Napolitana, Cia; tipo conserva Ryoma.
Sistemas de cultivo: no campo e sob cultivo protegido. No caso de cultivo
deve-se permitir a entrada de insetos polinizadores. No campo, os canteiros devem
ser construdos em nvel. Conforme o tipo de solo e declive do local necessrio
terraceamento.
Clima e solo: prefere temperaturas entre 18 e 30 oC e 80% de umidade relativa
do ar. O solo deve ser permevel, bem drenado, frtil, com pH entre 6,0 e 6,5. sensvel
ao frio, a geadas e ao excesso de chuva na florao.
poca de plantio: setembro a fevereiro e, em regies de clima quente, o ano todo.
Semeadura: em bandejas de isopor (preferncia para 128 clulas). A quantidade
de sementes para o plantio definitivo de umhectare varia entre 150 e 200g.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Espaamento: no campo - 1,2 a 1,8 m x 0,80 a 1,0m; sob cultivo protegido: 1,0 a
1,2 m x 0,50 a 0,70 m entrelinhas e entre plantas, respectivamente.
Transplante: realizado quando as mudas atingem entre 10e 12 cm de altura, de
25 a 30 dias aps a semeadura em bandejas.

Berinjela

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Densidade de plantio: varia de 5.555 a 10.416 plantas por hectare.


Calagem: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 80% e o teor de
magnsio (Mg) do solo a um mnimo de 8 mmolc dm-3.
Adubao orgnica: aplicar de 10a20t ha-1 de esterco bovino curtido, ou 1/4
dessas quantidades de esterco de galinha ou cama de frango, ambos bem curtidos.
Outros fertilizantes orgnicos podem ser utilizados nas mesmas doses do esterco de
galinha como o composto orgnico e o hmus de minhoca, devendo ser considerado o
aspecto econmico. O composto orgnico Bokashi pode ser utilizado na dose de 150 a
300 g por m2, para ajudar na recuperao de solos degradados.
Adubao mineral de plantio: Aplicar, cerca de 10 dias antes do transplante das
mudas, nos sulcos de plantio 40kg ha-1 de N; 120 a 480kg ha-1 de P2O5 e 60a180kg ha-1 de
K2O. Acrescentar 1a 1,5 kg ha-1 de boro (B), 2 a 4 kg ha-1 de zinco (Zn) e em solos deficientes,
2 kg ha-1 de cobre (Cu) e 1 kg ha-1 de mangans (Mn). Aplicar tambm, com o NPK de plantio,
20 a 30 kg ha-1 de enxofre (S). As quantidades maiores ou menores de nutrientes dependero
das anlises do solo e foliar, da cultivar utilizada, da produtividade esperada e do sistema de
cultivo (campo ou estufa agrcola).
Adubao mineral de cobertura: aplicar 80 a 120 kg ha-1 de N e 80 a 120 kg ha-1
de K2O, parcelando entre 4 e 8 vezes. As quantidades maiores ou menores de nutrientes
dependero das anlises do solo e foliar, da cultivar utilizada, da produtividade
esperada e do sistema de cultivo. Caso se realize a cobertura com fertilizantes atravs
de fertirrigao, as aplicaes devero ser mais frequentes. Em alguns tipos de solo e
conforme as anlises do solo e foliar pode-se realizar cobertura com fsforo altamente
solvel, na dose de 20 a 40 kg ha-1 de P2O5.
Irrigao: durante o desenvolvimento das mudas e nos primeiros dias aps o
transplante, as regas devem ser dirias. Posteriormente, devem ser feitas a cada 2 ou 4
dias, de acordo com o clima e o tipo de solo.
Outros tratos culturais: manter a cultura no limpo. Estaquear as plantas bem
desenvolvidas com bambu de 1,5 m de altura, ou passar fitas nas linhas de plantio.
Promover a desbrota do tero basal das plantas.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Berinjela

A.T.E. Aguiar et al.

Principais pragas: caro rajado e caro vermelho, vaquinha, pulgo, tripes,


lagarta-rosca e broca pequena. Produtos registrados para controle consultar: http://
agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Principais doenas: (a) causadas por fungos - murcha de Verticillium, murcha
de Ascochyta, antracnose, podrido de esclerotnia, tombamento e podrido do colo
e da raiz, podrido de esclercio, podrido-algodo, murcha de Ascochyta, mancha
de Stemphylium, podrido de fomopsis, mancha-de-alternaria e podrido de Botritis;
(b) causadas por bactrias - murcha bacteriana, mancha bacteriana e podrido mole;
(c) causadas por nematoides - nematoide das galhas; (d) causadas por vrus - APMV
(Andean Potato Mottle Virus), PVY (Potato Virus Y) e TSWV (Tomato Spotted Wilt Virus);
(e) causadas por micoplasma: superbrotamento. Produtos registrados para controle
consultar: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Colheita: inicia-se entre 100 e 120 dias aps a semeadura, prolongando-se por
3 ou mais meses. Sob cultivo protegido, o perodo de colheita maior em relao ao
cultivo no campo. O ponto de colheita o de frutos bem coloridos, com polpa macia e
sementes tenras. Com respeito frequncia da colheita, no incio da safra, a cada 3 a 5
dias e no vero, a cada 1 ou 2 dias. Colher de manh, cortando o pednculo bem curto.
Produtividade: no campo - 30 a 40 t ha-1; em estufa agrcola - 60 a 80 t ha-1.
Comercializao: caixas de 12 kg.
Rotao: repolho, cenoura, abbora, alface, milho, milheto e adubos verdes.
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
SILVIA MOREIRA ROJO VEGA
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Ubatuba (SP)
SEBASTIO WILSON TIVELLI
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecolgica, So Roque (SP)
DCIO LEITE
Casa da Agricultura de Rafard (CATI), Rafard (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Beterraba
Beta vulgaris L.

Beterraba

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A beterraba originria das regies de clima temperado da Europa e do Norte


da frica. Hortalia anual herbcea, pertencente famlia das Quenopodiceas, sua
principal parte comestvel uma raiz tuberosa constituda internamente por feixes
vasculares de tecidos condutores de alimentos, alternados com feixes de tecidos
contendo alimento armazenado. A raiz pode ser consumida crua ou cozida, ressaltando-se,
o valor nutricional das folhas onde se concentram as maiores quantidades de nutrientes,
destacando-se clcio, ferro, sdio, potssio, vitaminas A, C e complexo B. O Estado de
So Paulo um dos principais produtores de beterraba e segundo o IEA/CATI, em 2011
essa hortalia ocupou 6.908 ha com produtividade de 33,4 t ha-1.
Cultivares: Boro, Bettollo, Fortuna, Rubius, Scarlet, Zeppo, Rubra, Katrina, Joli,
Early Wonder, Itapu, Cabernet, Kestrel.
pocas de plantio: o melhor desenvolvimento dessa cultura ocorre na faixa de
10 a 20 C. Em altitude inferior a 400 m, semear de abril a junho; em altitude de 400
a 800 m, semear de fevereiro a junho; em altitudes entre 800 e 1.000 m, semear de
fevereiro a setembro. Acima de 1.000 m, pode-se semear de fevereiro a novembro. Na
cultura de vero os preos so superiores, mas os riscos para produo so maiores,
devido s chuvas pesadas no incio de desenvolvimento da cultura e alta incidncia de
doenas, principalmente cercosporiose. Sob temperatura elevada h formao de anis
claros na raiz mesmo em alguns hbridos, depreciando o produto.
Espaamento definitivo: 20 a 30 cm x 10 a 15 cm entrelinhas e entre plantas,
respectivamente.
Densidade: 155.000 a 350.000 plantas por hectare.
Propagao: por sementes. A semente comercial um glomrulo com
2 a 4 sementes verdadeiras. Nas empresas revendedoras encontram-se sementes
descortiadas obtidas da fragmentao mecnica dos glomrulos.
Sementes necessrias: (a) semeadura direta com raleio: 10 a 13 kg ha-1 de
sementes comerciais; (b) semeadura direta sem raleio: sem realizar o raleio manual e
com ciclo de 90 dias, utilizar 300.000 a 330.000 embries por ha. Gasto para a semente
P (pequena), de 3 a 4 kg ha-1; gasto para a semente M (mdia), de 4 a 5 kg ha-1; gasto para
a semente G (grande), de 5 a 6 kg ha-1. A semente P com 3 a 3,5 mm contm 1,5 a 1,6
embries por glomrulo; a semente M com 3,5 a 4 mm contm 1,7 a 1,8 embries por
glomrulo; a semente G com 4 a 4,5 mm contm 2 a 2,2 embries por glomrulo. Nos

Boletim, IAC, 200, 2014

67

Beterraba

A.T.E. Aguiar et al.

sistemas de semeadura direta verificar a % de germinao e adequar a semeadura para se


chegar s populaes de embries acima citadas. (c) sistema de mudas em canteiro: 4 kg
de sementes por ha; (d) sistema de mudas em bandeja: 1 a 2 kg ha-1.
Tcnicas de plantio: cultivo em canteiros de 1,0 a 1,2 m de largura, 20 a 30 cm
de altura e separados entre si por 40 a 50 cm. A semeadura feita na profundidade
de 1 a 2 cm, manual ou mecanicamente. A imerso dos glomrulos em gua corrente,
por 12 horas, melhora a emergncia das plntulas. No sistema de mudas formadas em
bandeja, o transplante ocorre cerca de 20 dias aps a semeadura quando realizada
em bandejas de 288 clulas. Conforme a declividade do terreno e o tipo de solo
principalmente quanto textura, o cultivo da beterraba sem a formao de canteiros
possvel e em semeadura direta na palha.
Controle da eroso: canteiros em nvel e terraceamento, quando a declividade
e o tipo de solo indicarem.
Calagem e adubao:
- Calagem: a cultura da beterraba est entre as hortalias mais sensveis
acidez do solo. Assim sendo, os solos devem ser corrigidos, quando necessrio, at 80%
a 90% de saturao por bases, alm de um pH entre de 6,5 e 7,0. importante que se
realize a incorporao do corretivo at 20 a 30 cm de profundidade, para possibilitar o
pleno desenvolvimento das razes da beterraba. Logo aps a incorporao do calcrio
recomenda-se irrigar o local para que se atinja umidade prxima capacidade de campo
o que possibilita a reao de correo da acidez junto ao solo.
- Adubao orgnica: aplicar de 20 a 40 t ha-1, de esterco bovino bem curtido ou
composto orgnico, sendo a maior dose para solos arenosos. Pode-se utilizar tambm
1/4 dessas quantidades de outros fertilizantes orgnicos tais como a cama de frango e
esterco de galinha. Todos devem ser bem incorporados ao solo, entre 30 e 40 dias antes
da semeadura ou do plantio. Em solos degradados e com baixa atividade microbiana,
aplicar 100 a 200 g por m2 do composto Bokashi.
- Adubao mineral de plantio: de acordo com a anlise qumica do solo,
aplicar e incorporar antes da semeadura, em rea total de canteiro 30 a 50 kg ha-1 de N;
90 a 360 kg ha-1 de P2O5 e 40 a 160 kg ha-1 de K2O. No caso da aplicao dos fertilizantes
nos sulcos de semeadura e no em rea total dos canteiros, recomenda-se limitar as
quantidades de potssio a no mximo 80 kg ha-1 de K2O. Isso para no ocasionar a
queima das plntulas. Os micronutrientes devem ser aplicados juntamente com o
NPK no plantio, recomendando-se, 2 a 4 kg ha-1 de boro (B), 1 a 3 kg ha-1 de zinco (Zn),
1 a 2 kg ha-1 de cobre (Cu) e 0,5 a 1 kg ha-1 de mangans (Mn), as maiores doses em
solos deficientes nesses micronutrientes.

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Boletim, IAC, 200, 2014

- Adubao mineral de cobertura: aplicar conforme os teores de nutrientes


no solo e a anlise foliar, as seguintes quantidades de nutrientes: 80 a 160 kg ha-1
de N e 40 a 160 kg ha-1 de K2O. No caso da irrigao por asperso convencional as
quantidades de N e de K podero ser parceladas em 4 aplicaes: aos 15, 30, 45 e 60
dias aps a germinao, nas porcentagens de 20%, 30%, 30% e 20% em relao ao total
recomendado no perodo. Caso seja utilizada a fertirrigao, atravs de gotejamento ou
piv central, tais doses devero ser parceladas em maior nmero de vezes.

Beterraba

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

- Adubao foliar: aplicar em pulverizao, aos 20 e 40 dias aps a semeadura ou


aps o transplante das mudas, 5 g de molibdato de sdio (ou molibdato de amnio) e de
10 a 20 gramas de cido brico em 10 litros de gua. Ainda, ao se iniciar a tuberizao
da raiz da beterraba, prximo dos 50 dias, pulverizar as plantas com sulfato de magnsio
de 0,3% a 0,5% do volume de calda. Na prtica tem-se utilizado na primeira adubao
em cobertura, adubos formulados com nitrato de clcio e boro, para complemento da
necessidade da planta em clcio e boro.
Controle de pragas e doenas: (a) pragas: lagarta-rosca, lagarta-elasmo,
vaquinha, pulgo do colo, mosca minadora e caros. (b) doenas: mancha de
Cercospora, nematoides (Meloidogyne, Aplelenchum avenae e Helicotylenchum
dibystera), tombamento (Fusarium spp. Phytophthora spp., Pythium spp., Rhizoctonia
solani), podrido-branca ou podrido de Sclerotium, mancha-de-alternaria, mancha de
Phoma, ramularia, Ralstonia solanacearum, Erwinia spp., Xanthomonas campestris pv.
Betae. Produtos registrados para controle de pragas e doenas consultar: http://agrofit.
agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Outros tratos culturais: a) irrigao: indispensvel, pois a falta de gua
torna as razes lenhosas e diminui a produtividade. No sistema de semeadura direta,
prefervel fazer vrias irrigaes leves durante o dia do que uma mais pesada,
especialmente nos perodos mais quente do ano; b) cobertura morta: esta prtica
cultural pode ser adotada para ambos os sistemas de semeadura direta e propagao
por mudas, porm deve ser bem superficial no sistema de semeadura direta para no
prejudicar a emergncia das plntulas.
Controle de plantas daninhas: a) mecnico: com implementos especficos
conforme o sistema de plantio e desenvolvimento das plantas; b) qumico: produtos
registrados em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons;
c) fsico: em pequenas reas e com acompanhamento, o fogo pode ser uma opo para
o sistema agroecolgico de cultivo. Os canteiros so preparados com antecedncia
para que haja tempo das plantas daninhas germinarem. Estas so queimadas com o
auxlio de um maarico usado em granjas de aves e sunos. Depois, transplantam-se as
mudas revolvendo o solo o mnimo possvel.

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Beterraba

A.T.E. Aguiar et al.

Colheita: (a) sistema de semeadura direta com raleio: incio aos 70 dias aps
o plantio; (b) sistema de semeadura direta sem raleio: incio aos 90 dias aps plantio;
(c) cultivo por mudas transplantadas: incio aos 80 a 90 dias aps a semeadura no
canteiro. Ponto ideal de colheita: quando as razes atingiram 6 a 8 cm de dimetro e
estiverem tenras.
Produtividade normal: de 30 a 50 t ha-1 de razes.
Rotao: milho, milheto, repolho, alface, cenoura, berinjela, feijo-vagem,
adubos verdes.
Armazenamento e comercializao: aps a colheita, as razes so lavadas
e acondicionadas em caixas de plstico de 20 a 23 kg. Tambm so comercializadas
em maos (razes e folhas) com peso unitrio de 3 a 4 kg, em caixas de 20 a 23 kg. A
beterraba pode ser conservada por 10 a 15 dias, se mantida a 0 a 1 C e 95% a 98 % de
umidade do ar.
Paulo Espndola Trani
Instituto Agronmico (iac), Campinas (SP)
Thiago Leandro Factor
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)
Jos Maria Breda Jr.
COOPERBATATA, Vargem Grande do Sul (SP)
Luis Felipe Villani Purquerio
Instituto Agronmico (iac), Campinas (SP)
Sebastio de Lima Jr.
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)
Sebastio Wilson Tivelli
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecolgica, So Roque (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Bromlia

Bromlia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

As bromlias pertencem famlia Bromeliaceae e quase todas so nativas das


Amricas, onde existem mais de 2.800 espcies e 56 gneros, com aproximadamente
40% de tipos no Brasil, principalmente na Floresta Amaznica, Mata Atlntica, regio
da Caatinga, Campos de Altitude e Restingas. As bromlias tm atualmente grande
importncia no mercado de plantas ornamentais. Da poca do extrativismo desenfreado
e predatrio evoluiu-se para a produo por sementes, gerando hbridos e para a
propagao vegetativa, incluindo cultivo in vitro. A produo de bromlias uma
atividade rentvel e a qualidade das mudas produzidas em viveiros superior quelas
oriundas de coletas predatrias. So plantas muito versteis porque se adaptam a todos
os ambientes e sobrevivem nas mais variadas condies climticas, uma vez que tm
as mesmas necessidades de luz, temperatura e umidade. Os gneros mais conhecidos
e cultivados so Aechmea, Billbergia, Cryptanthus, Guzmania, Tillandsia e Vriesea. So
cultivadas e comercializadas praticamente em todo o mundo. As bromlias so plantas
herbceas de folhas largas ou estreitas, lisas ou serrilhadas, por vezes com espinhos,
de cor verde, vermelha, vinho, podendo ser variegadas, com manchas, listras e pintas.
A disposio das folhas em roseta permite a formao de um reservatrio interno,
conhecido como cisterna, onde ocorre acmulo de gua e detritos. As bromlias somente
florescem uma vez, no estdio adulto, depois emitem brotos e terminam o ciclo.
Condies Climticas: a maioria das bromlias cultivadas composta de plantas
epfitas, sendo que suas razes ficam aderidas s rvores que servem como suporte. Uma
pequena quantidade de gneros apresenta plantas terrestres, porm o sistema radicular
tem funo principalmente de suporte e essas bromlias so de grande porte, como
o caso do gnero Alcantaria. Todas as bromlias apresentam estruturas na superfcie
das folhas chamadas escalas ou tricomas, que lhes permitem absorver vapor de gua,
ar e tambm minerais. Essa composio do ar com vapor de gua chamada umidade
atmosfrica e sua variao muito importante para a sobrevivncia das bromlias. Sob
cultivo, a umidade atmosfrica deve ser no mnimo de 50%. Outro aspecto importante
do ambiente a ventilao ou circulao do ar, sendo que as bromlias necessitam
de boa ventilao, no tolerando atmosfera estagnada ou, por outro lado, correntes
muito fortes de vento. Toleram variao da temperatura do ar entre 0 C e 40 C, com
grandes flutuaes entre dia e noite. Bromlias de todas as partes do mundo podem
ser cultivadas no Brasil. Exigem alta intensidade de luz, sendo que muitas espcies
apresentam proteo de cera nas folhas, o que confere uma tonalidade prata ou cinza e
assim, toleram a luz direta. Outras bromlias apresentam folhas com colorao verde em
gneros como Vriesea e Guzmania, e preferem ambientes mais sombreados.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Bromlia

A.T.E. Aguiar et al.

Regas: as regas devem ser feitas duas ou trs vezes por semana se a umidade
do ar estiver abaixo de 50%. Manter a cisterna plena de gua recomendvel, e em
funo disso, podem tolerar longos perodos de seca. As bromlias que so epfitas e
xerfitas so tolerantes a longos perodos sem gua.
Substratos: a maioria das bromlias epfita, mas tambm existem bromlias
terrestres e/ou saxcolas. No geral, devem ser cultivadas em vasos que propiciem boa
drenagem, permitindo trocas gasosas nas razes. Uma mistura empregada argila
expandida (cinasita) + carvo vegetal + cascalho + areia. O cascalho pode ser substitudo
por terra vegetal + fibra de coco.
Adubao: pode ser realizada duas vezes ao ms, utilizando fertilizantes lquidos
foliares, empregando 50% da dose recomendada, conforme segue - 20:20:20 para o
crescimento vegetativo no primeiro semestre; em seguida pode ser usado 06:30:20
visando a florao e o vigor das cores. Existem muitos fertilizantes nacionais e importados
no mercado. Tambm possvel compor o fertilizante na propriedade/residncia a partir
de sais minerais totalmente solveis em gua, tais como nitrato de potssio, nitrato de
amnio, ureia, mono ou bifosfato de amnio e cloreto ou sulfato de potssio.
Propagao por brotos: a maioria das bromlias floresce apenas uma vez na
vida. Algumas espcies florescem precocemente, enquanto outras podem demorar
anos para florescer. As flores esto unidas em uma estrutura chamada escapo floral
(inflorescncia) e podem permanecer vistosas por vrios meses. As brotaes surgem
na base da roseta, sendo muito frgeis no incio do crescimento. Devem ser destacadas
quando atingirem 1/3 do tamanho da planta-me, utilizando ferramenta de corte
previamente esterilizada. Antes do plantio no vaso, a base da brotao dever ser
impregnada com hormnio para enraizamento base de auxinas, o que facilitar o
enraizamento e o consequente crescimento da bromlia.
Pragas e doenas: bromlias so muito resistentes a pragas. Podem ocorrer
cochonilhas que podem produzir leses nas folhas. Empregar inseticidas piretroides
base de gua + espalhante adesivo ou associar leo mineral, fazendo aplicaes
principalmente na superfcie inferior das folhas. Em bromlias coabitam caramujos,
baratas, sapos, etc., os quais no causam danos s plantas e, inclusive, podem combater
insetos nocivos. No cultivo em ambientes internos os piores inimigos das bromlias so
o excesso de gua, a poluio e os aparelhos de ar condicionado, uma vez que facilitam a
infeco bacteriana. Podrides podem tambm ocorrer e resultam na perda irreversvel
de plantas. aconselhvel lavar periodicamente a cisterna, removendo os detritos
acumulados com uma forte corrente de gua.
GIULIO CESARE STANCATO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Bucha Vegetal
Luffa cylindrica L.

Bucha Vegetal

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A bucha vegetal uma cucurbitcea e seu uso antigo, pois j era utilizada no
Egito em 600 a.C. Atualmente, h consenso de que seja originria da sia, provavelmente
da ndia, mas, por muito tempo, pensou-se que a frica fosse seu centro de origem. Foi
introduzida no Brasil provavelmente pelos portugueses, sendo conhecida e utilizada em
todas as regies do pas. Botanicamente, classificada como hortalia e, embora no
seja utilizada para fins culinrios no Brasil, amplamente consumida na sia. A bucha
carente de informao cientfica em todas as suas reas de utilizao. Na segunda
metade do sculo 19, o Japo foi o maior consumidor mundial de bucha. A partir do
sculo 20, a Europa e os Estados Unidos tornaram-se os maiores importadores de bucha.
Os maiores produtores so China, El Salvador, Coria, Tailndia, Guatemala, Colmbia,
Venezuela e Costa Rica. A bucha um produto tpico da agricultura familiar e cultivada
em pequenas reas. Tem papel socioeconmico de destaque, pois mantm a famlia no
campo, gera emprego e renda, e promove a incluso social onde se destaca a atividade
feminina. Nesse contexto, a cadeia produtiva da bucha tem caractersticas adequadas
para desenvolver atividades na forma de cooperativa, principalmente no segmento
de comercializao. Esse sistema tem funcionado com sucesso no Estado de Minas
Gerais, atualmente o maior produtor brasileiro. No Brasil, o tipo mais cultivado e aceito
pelo mercado a bucha-de-metro, embora outros tipos tambm sejam cultivados em
pequena escala, como a bucha comum e a cilndrica ou japonesa, menos valorizadas.
Do ponto de vista comercial, o Brasil o nico pas que produz bucha-de-metro, cuja
produo, ainda valorizada, destinada ao consumo interno. Com a possvel saturao
do mercado nacional, preciso explorar o potencial de exportao da bucha-de-metro,
visto que, nos demais pases exportadores, predomina a produo da chamada bucha
comum, de menor comprimento. A bucha foi muito cultivada no Brasil at a dcada de
1960, sendo o Estado de So Paulo o maior produtor. Com o advento dos derivados do
petrleo, incluindo as esponjas sintticas de poliuretano, de difcil degradao, porm
mais baratas e menos perecveis, a bucha perdeu importncia e praticamente caiu em
desuso. No final do sculo 20, o Brasil comeou a se preocupar com a sustentabilidade
ambiental, levando o consumidor consciente a prticas ecologicamente corretas,
como a adoo e uso de produtos naturais. Nesse cenrio, a bucha vegetal voltou a ter
importncia econmica, pois um produto orgnico natural e biodegradvel. O principal
uso da bucha vegetal como esponja de banho, para o qual se destina a maior parte
da produo brasileira. No entanto, o fruto tem muitas outras aplicaes que incluem:
higiene cosmtica - sabonete esfoliante; higiene domstica - utenslios de cozinha;

Boletim, IAC, 200, 2014

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Bucha Vegetal

A.T.E. Aguiar et al.

decorao - tapetes, luminrias, bonecas; acessrios - sandlias, chinelos, bolsas,


pantufas; industrial - filtros, estofamento de banco automotivo, isolante, enchimento
de travesseiro, embalagem; medicinal - frutos e sementes de L. operculata, conhecida
como buchinha-do-norte ou buchinha-paulista, e L. cylindrica tm propriedades
medicinais; alimentao - as sementes fornecem leo comestvel, podendo tambm ser
servidas como aperitivo quando torradas; frutos imaturos e tenros de L. acutangula e
L. cylindrica so consumidos cozidos e, alm desse ponto, tornam-se fibrosos e amargos.
Alm dessas aplicaes bem definidas, h usos potenciais experimentais ainda no
explorados economicamente, como: papel (fibra e semente), creme dental, desodorante
corporal, quebra-sol automotivo. Na busca por produtos sustentveis, a indstria
automobilstica poder retomar o uso da bucha vegetal visando desenvolver uma linha
ecolgica de carros, assim como outros setores da indstria de bens de consumo podero
criar produtos ecolgicos. Como esponja de banho, h vrias formas de agregao de
valor. Nesse caso, a bucha aberta longitudinalmente formando uma placa de fibra, que
cortada em pedaos. Esses pedaos so arranjados de diversas formas dependendo
da criatividade e, em geral, so costurados com um vis de tecido. Outra forma de
agregao o tingimento em vrias cores. No entanto, com esse processo, a bucha deixa
de ser natural, alm aumentar a rigidez das fibras, em alguns casos. As placas de fibra
so empregadas, ainda, para a confeco de itens de artesanato e acessrios.
Cultivares: no existem cultivares comerciais no Brasil. As buchas cultivadas so
conhecidas por tipos varietais: comum, de-metro, japonesa.
Produo de sementes: as empresas sementeiras e as lojas especializadas no
comercializam sementes de bucha vegetal, por causa do baixo retorno econmico e
porque os produtores de bucha produzem sua prpria semente, por ser um processo
simples. As buchas so espcies algamas, ou seja, reproduzem-se por meio de
fecundao cruzada. A polinizao entomfila, feita predominantemente por
mamangavas e abelhas sem ferro (meliponneos). As plantas so monicas, ou seja,
produzem flores masculinas e femininas em locais separados na mesma planta. Apesar
da alogamia, a autofecundao no leva perda do vigor, como ocorre na maior parte
das espcies algamas. As sementes de bucha podem ser brancas ou pretas. Pelo fato de
ser uma espcie de polinizao cruzada, deve-se evitar o plantio prximo de buchas de
tipos diferentes quando o objetivo obter sementes para novo plantio. Por exemplo, no
se deve plantar juntas bucha-de-metro e bucha japonesa, porque ambas cruzaro entre
si, levando perda da pureza varietal. Para a produo de sementes de boa qualidade,
escolher frutos sadios, bem desenvolvidos e com tamanho e formato caractersticos do
tipo varietal, os quais so deixados para amadurecer. Quando se destinam produo
de sementes, as buchas devem ser colhidas bem maduras (completamente amarelas) ou
secas. As sementes ficam localizadas em fileiras ao longo do fruto, concentrando-se na

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Boletim, IAC, 200, 2014

parte central, soltando-se facilmente quando a bucha est bem seca. O fruto possui uma
estrutura cnica na poro terminal chamada de oprculo, semelhante a uma tampa,
que se abre quando o fruto est bem seco com a finalidade de liberar as sementes.
Portanto, para evitar a perda das sementes, recomenda-se ensacar a poro terminal do
fruto. Para retirar as sementes, pode-se bater o fruto sobre uma superfcie dura para que
estas se soltem, facilitando sua retirada. Um fruto padro de bucha-de-metro produz de
300 a 500 sementes.

Bucha Vegetal

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Clima e solo: a bucha exigente em luz e temperatura. Sendo uma espcie


tropical, desenvolve-se adequadamente entre 20 e 30 oC. Sob temperaturas abaixo de
15 oC e acima de 35 oC o desenvolvimento da planta prejudicado e, sob geada, ocorre
morte da planta. Em dias de chuva intensa, a ausncia de insetos prejudica a polinizao
provocando queda de frutos.
Utilizar solos frteis e bem drenados, mas a planta desenvolve-se bem
nos demais tipos de solo quando o manejo adequado. Nos primeiros estdios de
desenvolvimento, h maior requerimento de gua, pois suas razes so superficiais e o
armazenamento de gua pela planta praticamente nulo.
poca de plantio: de setembro a fevereiro.
Espaamento: 3 x 3 m ou 4 x 4 m.
Dimenses da cova: preparar as covas quando for aplicar o esterco. Em solos
bem preparados, as covas podem ter 30 cm de dimetro x 20 cm de profundidade. Caso
contrrio, fazer covas de 50 x 50 cm.
Semeadura e desbaste: semear no local definitivo, colocando 5 sementes
por cova (3 sementes se a germinao estiver boa) a 2 cm de profundidade. Desbastar
quando as plantas apresentarem de 3 a 4 folhas verdadeiras, deixando 2 plantas/cova.
Obteno de mudas: um processo alternativo semeadura direta. Utilizam-se
bandejas de poliuretano com 128 clulas, preenchidas com substrato comercial. Colocar
entre 3 e 4 sementes por clula e, aps a germinao, fazer o desbaste, deixando-se 2
plantas por clula. O transplantio para o local definitivo ser feito quando as plantas
estiverem com 3 a 4 folhas verdadeiras.
Calagem: conforme a anlise do solo e com antecedncia de 30 a 60 dias antes
da semeadura ou do transplantio das mudas, aplicar calcrio, de preferncia magnesiano
ou dolomtico, para se atingir V = 80% (pH entre 6,0 e 6,5) e teor de magnsio mnimo
de 8 mmolc dm-3.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Bucha Vegetal

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Adubao orgnica: aplicar de 10 a 20 t ha-1 de esterco bovino curtido ou 1/4 a


1/5 dessas doses em esterco de galinha ou cama de frango, ou ainda 1/10 a 1/20 em torta
de mamona pr-fermentada, cerca de 30 dias antes da semeadura.
Adubao mineral de plantio: aplicar o adubo misturando-o com a terra dos
sulcos, na faixa de 5 a 15 cm de profundidade, abaixo e ao lado das sementes ou mudas,
cerca de 10 a 15 dias antes da semeadura. As quantidades de nutrientes, determinadas
conforme a anlise do solo, so as seguintes: 20 a 40 kg ha-1 de N; 40 a 100 kg ha-1 de P2O5 e
20 a 40 kg ha-1 de K2O. Procurar utilizar 1/3 da quantidade de fsforo no plantio, na forma
de termofosfato magnesiano, que contem alm do fsforo, silcio e micronutrientes.
Observao: micronutrientes: em solos deficientes aplicar 0,5 a 1,0 kg ha-1 de
boro (B), 1 a 2 kg ha-1 de zinco (Zn) e 1 a 2 kg ha-1 de cobre (Cu).
Adubao mineral de cobertura: aplicar 20 a 40 kg ha-1 de N, 10 a 20 kg ha-1 de
P205 e 10 a 20 kg ha-1 de K20, parcelando essas quantidades em trs a cinco aplicaes:
a primeira aos 20 dias aps a germinao e as demais a cada 20 dias. As quantidades
maiores ou menores de nutrientes e o nmero de aplicaes dependero da anlise do
solo, anlise foliar, espcie e cultivar utilizadas, manejo adotado (sistema de irrigao,
tratos culturais diversos) e produtividade esperada.
Conduo da planta: em geral, as plantas so conduzidas pelo sistema de
caramancho ou latada. A construo da latada o item que mais onera o custo de
produo, mas ela necessria para tutorar as plantas e evitar o entortamento do
fruto. Para construir a latada, so necessrios, por hectare, 144 moures esticadores e
965 postes de madeira ou bambu grosso para suporte, 1.200 metros de arame liso n.o 12
ou arame farpado e 400 m de arame liso n.o 14 ou 16. Os moures so espaados de
9 x 9 m e os postes de 3 x 3 m. Com arame farpado, fazem-se as malhas de 3 m; com
os fios lisos 14 x 16, fazem-se malhas de 50 x 50 cm. A latada deve ficar, no mnimo,
com 1,80 a 2,00 m de altura e estar pronta at 45 dias aps o plantio. Quando a planta
j est com o crescimento bem adiantado, necessrio encaminhar a rama latada,
com tutores que podem ser de bambu seco com ramos laterais. Plantios pequenos e
domsticos podem ser conduzidos em cercas.
Tratos culturais: eliminar os brotos que surgem na base da planta e fazer
capinas peridicas para manter a cultura livre de mato. Quando a cultura for irrigada,
recomenda-se a utilizao do sistema de gotejo, pois economiza gua e evita eroso.
Controle de pragas e doenas: verificar se foi aprovada a extenso de uso
de agrotxicos para a cultura da bucha. Extenso de uso a permisso de se utilizar
agrotxicos registrados em culturas da mesma famlia. No caso da bucha, poderiam ser
aplicados aqueles registrados para outras cucurbitceas, como abbora, melo, melancia

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Boletim, IAC, 200, 2014

e pepino. Tambm podem ser aplicados produtos alternativos, como calda bordalesa e/ou
outros fungicidas orgnicos e inseticida biolgico.

Entre as doenas, destacam-se:

Bucha Vegetal

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas


1. Tombamento: ocorre na fase de muda na forma de apodrecimento do caule,
levando queda da plntula. causado por fungos dos gneros Fusarium, Rhizoctonia e
Pythium.

2. Mosaico da melancia ou mosaico comum (vrus da mancha anelar do
mamoeiro, Papaya ringspot virus - PRSV): a principal doena causada por vrus
em cucurbitceas, incluindo a bucha e transmitida por pulgo. Aps surgirem os
sintomas, recomenda-se a eliminao da planta para que no seja fonte de doenas
para outras sadias.

3. Nematoides (Meloidogyne incognita, M. javanica, M. arenaria e M. hapla):
sua presena ocasiona a formao de galhas na raiz, caracterizadas por pequenas bolas,
que impedem a passagem de gua e nutrientes. A melhor forma de controle por meio
de rotao de cultura.

4. Superbrotamento: caracteriza-se por excesso de brotos na base do caule,
quando a planta j est na fase adulta. Ainda no se conhece a causa dessa anomalia.

5. Podrido estilar ou fundo preto: uma doena fisiolgica causada pela
deficincia de clcio; caracteriza-se por uma podrido que comea na ponta do fruto,
sendo bastante comum em hortalias de fruto com formato alongado.A melhor forma
de preveno fazer a anlise do solo antes do plantio, para saber se h necessidade de
aplicar calcrio. Se o problema j estiver instalado, recomenda-se:

a) Eliminar todos os frutos com o sintoma;


b) Aplicar, mensalmente, 30 a 40 g de calcrio dolomtico filler (PRNT de 80% a
90%) ao redor do p e regar.

c) Espaar a aplicao para 6 meses, depois que os sintomas desaparecerem.
Na fase de produo de frutos, a aplicao mensal ser necessria porque o clcio
lixiviado facilmente pela gua de irrigao. Assim, no aplicar gua em excesso.

d) Realizar a cada 30 dias pulverizaes com clcio quelatizado ou cloreto
de clcio a 0,2% com o uso de espalhante adesivo. No misturar agrotxicos com
adubos foliares.

6. Deformao e queda de frutos: a ocorrncia de frutos deformados bastante
comum em bucha-de-metro e est relacionada deficincia de polinizao. Esse
distrbio mais comum em dias de chuva intensa, pois a ausncia de insetos prejudica

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Bucha Vegetal

A.T.E. Aguiar et al.

a polinizao e provoca a queda de frutos. Evitar, ainda, a aplicao de inseticida nas


primeiras horas do dia, que o perodo de maior atividade das abelhas.

As principais pragas so:


1. Pulgo (Aphis gossypii): o principal dano est relacionado transmisso
do PRSV e, por essa razo, deve-se fazer controle preventivo com inseticida qumico
ou biolgico.

2. Broca-do-fruto (Diaphania nitidalis e D. hyalinata): no estdio de
florescimento, a mariposa faz a postura de ovos no interior da flor feminina. Aps a
ecloso, a larva penetra no frutinho e a permanece por um tempo, alimentando-se e
causando estragos no interior do mesmo. Depois desse perodo, a lagarta abandona o
fruto para concluir seu ciclo de vida fora deste, transformando-se novamente em uma
mariposa. Para poder sair, a lagarta faz um orifcio no fruto, causando um ferimento, por
onde entraro microorganismos oportunistas, geralmente bactrias, que provocaro
uma podrido mole. Nesse caso, haver dois tipos de dano, aquele causado pela lagarta
e a podrido causada pela bactria, ambos de colorao escura e mole. Recomenda-se:

a) No incio do florescimento e a cada 15 dias, aplicar um inseticida apropriado,
se disponvel;

b) Existem diversos tipos de armadilhas para insetos. Procurar orientao em
lojas de produtos agropecurios.
Colheita e beneficiamento da bucha: para obteno de produto comercial, a
colheita tem incio cerca de 5 meses aps a semeadura. A bucha colhida no estdio de
fruto imaturo, pois proporciona um produto de melhor qualidade quanto brancura e
limpeza das fibras. O fruto colhido quando comear o amarelecimento da casca, pois
nessa fase as fibras so mais brancas e macias. Nesse estdio de maturao, a casca no
se solta com facilidade. Para que isso ocorra, aps a colheita, deve-se bater a bucha em
um local duro, por exemplo, a borda do tanque, ou empregar um descascador mecnico.
Em seguida, as buchas so colocadas em gua limpa at o dia seguinte, para soltar a
mucilagem aderida s fibras. A seguir, retiram-se manualmente os restos de casca,
lavando-se os frutos para retirar toda a mucilagem das fibras. Esse cuidado importante
para evitar que as buchas fiquem escuras aps a secagem. Depois de lavadas, as buchas
so penduradas ao sol at ficarem completamente secas. Evitar a exposio ao sol forte
porque as fibras tornam-se duras e quebradias. Depois de secas, as buchas devem ser
armazenadas em local sem umidade e arejado, para evitar o aparecimento de manchas.
Recomenda-se que o descarte da gua da lavagem das buchas seja feito em local com
gua corrente abundante, porque houve relato de morte de peixes durante a poca de
lavagem das buchas. Embora ainda no confirmado cientificamente, o fato pode estar

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Boletim, IAC, 200, 2014

relacionado mucilagem liberada para os riachos. Essa mucilagem contm cucurbitacina,


um alcaloide que, em grande quantidade, pode ser txico. Em relao maciez e cor,
o fator determinante de qualidade o ponto de colheita do fruto. Quanto maisverdes
forem colhidos, mais brancas e macias sero as buchas. No entanto, se os frutos forem
colhidos muito verdes, as fibras rompem-se com facilidade. Assim, o ponto de colheita
recomendado quando o fruto est de vez, ou seja, quando a casca inicia oestdio
deamarelecimento.Se forem colhidos no ponto de casca totalmente amarela ou mesmo
secaocorrer o contrrio, as fibras ficaro amareladas e enrijecidas.Alm disso, para
evitar que as buchas fiquem quebradias, evitar a secagem sob sol escaldante.

Bucha Vegetal

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Branqueamento: no processo de secagem ou durante o armazenamento,


pode ocorrer oescurecimento das fibras. Nesse caso, possvel fazer o branqueamento
artificial das fibras, mediante a aplicao de produtos qumicos como cloreto de clcio,
carbonato de clcio ou alvejantes domsticos base de cloro e sdio. No entanto,
um procedimento no recomendado porque o consumidor prefere a bucha esponja
derivada do petrleo, exatamente por ser um produto natural.
Produtividade: a produtividade varivel, dependendo do manejo cultural.
Para uma cultura bem conduzida, e dependendo do espaamento adotado, so obtidos
de 18 a 30 frutos comerciais por planta, com produtividade de 1.500 a 1.800 dzias por
hectare.
Comercializao: no atacado, predomina o comrcio de bucha-de-metro na
forma de feixes de uma dzia cada. No varejo, encontrada em unidades inteiras ou
em pedaos. A bucha tem grande vantagem em relao quelas hortalias que precisam
ser comercializadas imediatamente aps a colheita, pois pode ser armazenada em local
fresco e seco por algum tempo aps o processamento. Deve-se evitar, no entanto,
armazenamento prolongado porque ocorre amarelecimento da fibra e reduo de seu
valor de mercado.
Rotao: a bucha vegetal sempre foi considerada uma planta rstica, bastante
tolerante a doenas e pragas. No entanto, o plantio continuado em uma mesma rea
ou regio, sem a devida rotao de cultura, vem levando ao aumento da populao
de insetos e microrganismos patognicos e, consequentemente, de doenas e pragas.
Por essa razo, a recomendao mais importante que seja feita rotao de cultura
entre um plantio e outro. Essa rotao pode ser feita com hortalias folhosas, cereais
e leguminosas. Evitar rotao com chuchu, abboras, pepino, melo e melancia, bem
como seu cultivo prximo ao da bucha.
ARLETE MARCHI TAVARES DE MELO
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
Boletim, IAC, 200, 2014

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Cabaa

A.T.E. Aguiar et al.

Cabaa

Lagenaria siceraria (Molina) Standley


A cabaa uma cucurbitcea nativa da frica, cujas sementes, protegidas dentro
do fruto, foram disseminadas pelo mundo por meio das correntes ocenicas, criando
enorme variabilidade de forma e tamanho dos frutos, gerada durante os milhares de anos
de seleo humana em locais distintos. a nica cultura conhecida que foi cultivada na
poca pr-colombiana, tanto no Velho como no Novo Mundo, mas sempre teve pouco
uso como fonte de alimento. Em contrapartida, aproveitando as caractersticas do fruto,
como alta resistncia, dureza da casca e capacidade de flutuar, tem enorme importncia
para utilizao em artesanato, como vasilhas para armazenamento, destacando-se as
cuias de chimarro e para a confeco de instrumentos musicais, exceto o berimbau
para o qual se utiliza o fruto do cuit ou cueira (Crescentia cujete L.), que uma espcie
arbrea e perene. A cabaceira Lagerania siceraria uma espcie algama e monoica
adaptada ao clima tropical, de ciclo anual, porte herbceo rasteiro e/ou trepadeiro e
hbito de crescimento indeterminado. Algama, porque se reproduz por meio de
polinizao cruzada e monoica, porque produz flores masculinas e femininas separadas,
mas na mesma planta. A flor feminina diferencia-se da masculina porque seu ovrio
tem o formato do frutinho, o qual aps a fecundao, aumentar de tamanho at
atingir o ponto comercial. As flores de Lagenaria abrem noite, ao redor de 19 horas, e
permanecem abertas at as primeiras horas da manh. O estigma permanece receptivo
e o plen vivel de 14 a 20 horas. A enormidade de tamanhos e formatos de frutos
determinada por fatores genticos, mas com grande influncia ambiental. A polinizao
entomfila e feita por abelhas e mariposas. A polinizao diurna feita por abelhas
e a noturna por mariposas lepdpteras da famlia Sphingidae. A polinizao noturna
evoluiu de forma independente nos gneros da famlia Cucurbitaceae, que possuem
flores brancas e odorferas, como Lagenaria. No Qunia, frica, a polinizao feita
por mariposas das espcies Hippotion celerio, Gorgyra johnstonie e Agrius convolvuli.
No Brasil, o provvel polinizador noturno a mariposa da espcie Cocytius lucifer. Para
usos artesanal e industrial, so empregadas as cabaas amargas, tambm conhecidas
como calabaa, porongo e porunga que, em geral, apresentam epiderme lisa. O principal
componente do amargor um triterpenoide chamado de cucurbitacina, que txica
quando ingerida em grandes concentraes. A herana do carter amargo monognica
e dominante sobre o no amargo. Para consumo humano, utiliza-se a cabaa no amarga,
cujos frutos imaturos e tenros so consumidos principalmente cozidos e refogados, mas
tambm se prestam para o preparo de picles e de doce ralado, como o de mamo verde.
Na ndia, variedades selecionadas so to saborosas e nutritivas quanto a abobrinha, e a
cabaa tambm consumida no sul da Itlia. A cabaa no amarga tambm conhecida

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Boletim, IAC, 200, 2014

como cachi ou cabaa doce devido ao leve sabor adocicado da polpa. Possui epiderme
rugosa. O nome cachi de uso regional e parece ter origem na comunidade japonesa,
visto que a palavra caxi no existe na lngua tupi-guarani. possvel que sua pouca
importncia como alimento seja devida ao odor exalado principalmente pelas folhas, em
geral, considerado desagradvel. No Brasil, a cabaa encontrada de norte a sul, em geral
com desenvolvimento subespontneo. Seu uso culinrio praticamente desconhecido
e, em eventual oferta dessa hortalia no mercado, o fruto est completamente fora do
ponto de consumo. Segundo os conceitos da FAO, a cabaa pode ser considerada uma
hortalia subutilizada do ponto de vista de consumo, mas possui grande potencial de
incluso ou ampliao para ser utilizada como alimento.

Cabaa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

O Estado do Rio Grande do Sul grande produtor de cabaa para a fabricao


de cuias para chimarro, mas surpreendentemente, apesar de seu valor econmico e
cultural, tratada como uma cultura de menor importncia. Em consequncia, existe
grande desuniformidade de formato de fruto como resultado do intercruzamento entre
tipos diferentes. Essa variabilidade vantajosa em termos de diversidade gentica, mas
do ponto de vista comercial, gera prejuzos por causa do elevado descarte de frutos
que no se prestam para a confeco de cuias. Modernamente, L. siceraria vem sendo
utilizada tambm como porta-enxerto para outras cucurbitceas de valor econmico,
especialmente melancia. A cabaceira uma cultura tpica da agricultura familiar e gera
emprego e renda em toda a cadeia produtiva. No entanto, ainda pouco estudada e
as informaes agronmicas para cultivo so exguas, notadamente em relao ao tipo
doce. A composio nutricional de 100 g de fruto imaturo fresco de 93,9 g de gua, 21
calorias, 0,5 g de protena, 0,1 g de gordura, 5,2 g de carboidrato, 0,6 g de fibra, 44 mg
de Ca, 34 mg de P, 2,4 mg de Fe, 25 g de betacaroteno, 0,03 mg de tiamina, 1,2 mg de
niacina e 10 mg de cido ascrbico.
Cultivares: no existem cultivares comerciais de cabaa. Alguns endereos
virtuais comercializam sementes de tipos variados quanto ao formato.
Clima e solo: a cabaceira desenvolve-se bem em todos os tipos de solo,
desde que bem preparados e manejados e com pH entre 6 e 7. As plantas tm o
desenvolvimento prejudicado em terrenos encharcados. A temperatura ideal para
desenvolvimento e produo situa-se entre 20 e 25 oC. Temperaturas abaixo de 15 e
acima de 35 oC prejudicam, principalmente, o florescimento e o pegamento de frutos. A
ocorrncia de geadas provoca a morte de plantas.
poca de plantio: setembro a fevereiro. Em regies onde a temperatura anual
situa-se na faixa exigida de 20 a 25 oC, pode ser cultivada o ano todo.
Espaamento: os mais indicados so de 1,5 x 2,0 m e de 2,0 x 1,0 m entrelinhas

Boletim, IAC, 200, 2014

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Cabaa

A.T.E. Aguiar et al.

e entre plantas, respectivamente. Para esses espaamentos, os estandes so de 3.300 e


5.000 plantas por hectare, respectivamente.
Sementes necessrias: existe variao no tamanho da semente entre os
muitos tipos de cabaa. No Brasil, considerando que 1 grama tem cerca de 4 sementes,
para os espaamentos acima so necessrios 2,5 kg e 3,7 kg de sementes por hectare,
respectivamente.
Semeadura e desbaste: a semeadura pode ser feita diretamente no local
definitivo, ou em bandejas de mudas. No caso de plantio direto, colocar 3 sementes por
cova, a 2 ou 3 cm de profundidade e fazer o desbaste quando as mudas estiverem com
trs a quatro folhas verdadeiras, deixando 1 planta/cova. Para produo de mudas, utilizar
bandejas de 128 clulas, colocando-se 3 sementes por clula, a 2 ou 3 cm de profundidade.
Fazer o desbaste quando a planta emitir o primeiro par de folhas, deixando uma planta
por clula. O transplantio para o campo deve ser feito quando a muda estiver com trs a
quatro folhas verdadeiras.
Calagem: aplicar calcrio para elevar o ndice de saturao por bases para
70% a 80%.
Adubao orgnica: com 30 a 40 dias de antecedncia, aplicar 5 a 15 t ha-1 de
esterco bovino ou 2 a 4 t ha-1 de esterco de galinha ou de frango de corte, todos curtidos.
Outros estercos animais como sunos, equinos e caprinos tambm podem ser utilizados
em doses similares ao esterco de aves. O hmus de minhoca e o Bokashi constituem-se
em boas opes devendo ser observado, porm, o aspecto econmico.
Adubao de plantio: cerca de 10 dias antes da semeadura ou do plantio,
aplicar 20 a 40 kg ha-1 de N, 40 a 120 kg ha-1 de P2O5 e 30 a 60 kg ha-1 de K2O. Recomenda-se
utilizar 1/3 a 1/4 do fsforo de plantio na forma de termofosfato, que contm clcio,
magnsio, micronutrientes e silcio, alm do fsforo.
Adubao de cobertura: aplicar, ao lado das plantas, 30 a 90 kg ha-1 de N, 10 a
30 kg ha de P2O5 e 20 a 60 kg ha-1 de K2O, parcelando em trs a seis aplicaes, a primeira
aos 20 dias aps a germinao e as demais a cada 15 a 20 dias.
-1

Adubao foliar: em solos de baixa fertilidade e com deficincia de


micronutrientes, fazer duas a trs pulverizaes, espaadas de 30 dias, com cido brico
a 0,1%, sulfato de zinco a 0,3% e sulfato de cobre a 0,2%. O sulfato de cobre deve ser
aplicado de maneira isolada. No misturar agrotxicos com fertilizantes foliares.
Irrigao: pode ser feita pelos sistemas de asperso, microasperso ou
gotejamento. A irrigao por asperso deve ser evitada no perodo da manh, quando
ocorre a mxima atividade das abelhas polinizadoras.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Sistema de conduo: as plantas tm crescimento rasteiro e o tutoramento


permite a obteno de frutos com formato e cor uniformes. No entanto, por causa do
custo alto, em geral, no se faz qualquer tipo de tutoramento. Para uso ornamental,
essencial obter cabaas de alta qualidade. Para o cultivo em campo, importante
colocar os frutos ainda jovens em posio vertical, visando manter o formato padro.
Alm disso, a colocao do fruto nessa posio, sobre uma superfcie plana, ajudar
a obter uma cabaa com o fundo reto. Por sua vez, para obter frutos grandes, deve-se
deixar apenas um ou dois frutos por planta. Os frutos devem ser protegidos do sol e do
contato direto com a terra, envolvendo-os, por exemplo, com jornal. Sol forte provoca
queima de frutos, que so refugados, ou manchas, que depreciam o valor comercial.

Cabaa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Outros tratos culturais: manter a cultura livre de plantas daninhas.


Principais pragas: vaquinha (Diabrotica speciosa) e broca das cucurbitceas
(Diaphania nitidalis). A vaquinha causa grande dano epiderme ainda verde, no estdio
de fruto adulto, de cabaas amargas e no amargas, alm das folhas.
Principais doenas: antracnose (Colletotrichum lagenarium); odio
(Sphaeroteca fuliginea, Erysiphe cichoracearum); mldio (Pseudoperonospora cubensis);
murcha de fusrio (Fusarium oxysporum sp.); tombamento de mudas (Fusarium spp.,
Phytophthora spp., Pythium spp., Rhizoctonia solani, Thielaviopsis basicola); mancha
angular (Pseudomonas syringae pv. lachrymans); vrus do mosaico (Papaya ringspot
virus - PRSV-W); nematoides de galha (Meloidogyne spp.).
Controle de pragas e doenas: at o momento, no h produtos registrados
no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento para o controle de pragas e
doenas da cabaceira. Considerando a possibilidade de aprovao da extenso de uso
de agrotxicos para essa cultura, bem como alteraes eventuais nos registros dos
produtos, recomenda-se buscar informaes atualizadas disponveis em: http://agrofit.
agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Extenso de uso a permisso
de se utilizar agrotxicos registrados em culturas da mesma famlia. No caso da cabaceira,
poderiam ser aplicados aqueles registrados para outras cucurbitceas, como abbora,
melo, melancia e pepino. Tambm podem ser aplicados produtos alternativos, como
calda bordalesa e/ou outros fungicidas orgnicos e inseticida biolgico.
Colheita: para consumo como hortalia, o fruto colhido no estdio imaturo.
Recomenda-se que a colheita seja feita de 2 a 3 vezes por semana, entre 10 e 15 dias
aps o florescimento. Deve-se manusear os frutos com cuidado para evitar ferimentos
e escurecimento devido oxidao da epiderme. Aps 15 dias, a epiderme torna-se
rgida e o fruto fica imprprio para consumo. Para os demais usos (ornamental, cuias,
armazenamento), e para produo de sementes, o fruto deve ser colhido completamente

Boletim, IAC, 200, 2014

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Cabaa

A.T.E. Aguiar et al.

maduro e quase seco. O ponto de colheita quando ocorre a senescncia do pednculo,


que fica com a cor marrom ou marrom-claro.
Produtividade normal: a produtividade varia em funo da grande diversidade
de tamanho do fruto. No Brasil, no existem dados conhecidos de produo e
produtividade de cabaa comestvel. Na Itlia, verificou-se produtividade de 20,4 t ha-1
para o tipo fino e longo. Para usos artesanal e industrial, a produtividade medida
em frutos por hectare. No Brasil, varia de 11,0 a 14,3 mil frutos por hectare, com
aproveitamento de frutos de 38,3% e 28,0%, respectivamente. Nos Estados Unidos, a
produtividade varia de 4,9 a 12,3 mil frutos por hectare.
Rotao: alface, cereais e leguminosas.
ARLETE MARCHI TAVARES DE MELO
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Cacau

Cacau

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Theobroma cacao L.
O cacaueiro pertence ordem Malvales, famlia Malvaceae. Anteriormente,
fazia parte da famlia Sterculiaceae, porm esta, desde 2009, segundo a nova
classificao filogentica das angiospermas foi incorporada famlia Malvaceae. Trata-se
de uma espcie perene, arbrea, tropical, nativa da regio de floresta mida da Amrica,
onde se apresenta em condio de sub-bosque. Atravs dos tempos o cacaueiro e seus
frutos tm despertado o interesse de tantos quantos puderam ter a oportunidade de
conhec-los. Sua histria repleta de lendas e mitos, cujas origens remontam a tempos
imemoriais. Os astecas atribuam ao cacaueiro origem divina. A planta era cultivada
muito antes da chegada dos europeus Amrica pelos maias, no Mxico e na Guatemala,
constituindo-se estes, nos primeiros povos conhecidos a considerar as qualidades valiosas
de suas amndoas. O cacaueiro uma espcie monoica e cauliflora, ou seja, as plantas
florescem e frutificam no tronco e nos ramos. As flores so hermafroditas, existindo
especificidade de polinizadores, basicamente micromoscas do gnero Forcypomia
(Diptera, Ceratopogonidae), que parecem ter coevoludo com o cacaueiro. Os frutos so
sustentados por pednculos lenhosos procedentes do pedicelo das flores. A cor, forma
e tamanho dos frutos so bastante variveis, segundo os materiais genticos. A cor dos
frutos imaturos varia do verde ao vermelho e quando maduros, o verde passa a amarelo
e o vermelho a alaranjado. A forma dos frutos varia desde cilndrica com extremidade
pontiaguda at a forma amelonada, ou seja, com a aparncia de um melo. No interior dos
frutos esto as sementes, em mdia de 30 a 40, envoltas em polpa mucilaginosa, rica em
acares, que desempenha importante papel no tratamento ps-colheita do cacaueiro.
As sementes variam bastante na forma, tamanho e colorao dos cotildones, que est
associada aos grupos aos quais pertencem, podendo variar do branco ao violeta-escuro,
com diferentes tonalidades entre esses extremos. Os cotildones apresentam trs tipos
de clulas: clulas da epiderme; clulas de reserva, que constituem ao redor de 90% dos
tecidos dos cotildones, incolores contendo cristais de manteiga de cacau, protenas
e gros de amido; clulas que constituem cerca de 10% dos cotildones, que contm
as purinas, teobromina e cafena, e tambm os polifenois (taninos, antocianinas), que
conferem cor aos cotildones. Todos estes compostos participaro de transformaes
bastante complexas durante o perodo ps-colheita, realizado ainda na propriedade
agrcola, que culminaro na sntese dos muitos compostos geradores do to conhecido
e to apreciado aroma chocolate. A palavra chocolate tem origem mexicana, existindo
na literatura algumas teorias explicando seu significado. O cacau, sob a forma de seu
principal produto, o chocolate, segundo vrios autores, talvez aquilo que representa

Boletim, IAC, 200, 2014

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Cacau

A.T.E. Aguiar et al.

melhor a perplexidade dos europeus diante de uma planta alimentcia proveniente da


Amrica, nenhuma outra planta americana tendo suscitado tanto entusiasmo. O primeiro
do trio ch-caf-chocolate, este permaneceu um produto de luxo na Europa, onde durante
muito tempo foi consumido apenas como bebida. Somente no sculo XIX seu uso em
confeitaria, tal como conhecido atualmente, comeou a ser generalizado. Segundo a
FAO, o Brasil ocupa o sexto lugar entre os maiores produtores de cacau, com produo
de 248.524 t, enquanto a Costa do Marfim o maior produtor mundial com 1.350.320 t.
Cultivares: clones selecionados adaptados s condies de solo e clima do
Estado de So Paulo, e hbridos provenientes de cruzamentos interclonais.
Clima e solo: o cacaueiro encontra-se como cultivo comercial em regies
situadas entre as latitudes 15o N e 20o S. Mundialmente a maioria das regies produtoras
est situada entre as latitudes 10o N e 10o S, sendo a rea mais extensa alm de 10o S
representada pelo Estado da Bahia. No entanto, no Estado de So Paulo, nas regies do
Vale do Ribeira, bem como no litoral Norte, regio de Ubatuba, em latitude ao redor
de 23o S, portanto em condio subtropical, existem pequenos plantios de cacaueiros.
O cacaueiro aclimata-se adequadamente em regies de temperaturas mdias anuais
ao redor de 21 oC. Temperaturas mais baixas que esta mdia fazem com que frutos
desenvolvidos durante o inverno apresentam manteiga de cacau com ponto de fuso
mais baixo, comprometendo portanto sua dureza, propriedade importante do ponto de
vista industrial. Temperaturas abaixo de 9 oC danificam os cotildones, comprometendo
o vigor das mudas propagadas por sementes. Quanto aos solos, devem ser profundos e
bem drenados.
Propagao: o cacaueiro pode ser propagado tanto por mudas provenientes de
sementes, como por meio de propagao vegetativa de clones selecionados, por estaquia
ou enxertia. A tomada de deciso entre se plantar clones, ou hbridos e cultivares por
semente depende de genticos, tecnolgicos, bem como do contexto da cacauicultura.
Preparo da rea: sombreamento - o cacaueiro usualmente plantado sob
outras espcies, que propiciaro proteo s plantas. Podem ser considerados dois
tipos de sombreamento - temporrio e permanente. O primeiro, tal como o nome
indica, permanecer na rea de cultivo apenas durante os primeiros anos para
propiciar aos cacaueiros jovens proteo contra o excesso de radiao solar e os ventos
fortes, estes bastante prejudiciais cultura. Uma espcie bastante utilizada para essa
finalidade a bananeira, que deve ser plantada anteriormente ao cacaueiro, de modo
a fornecer-lhes sombra desde o incio. Uma das possibilidades plantar as bananeiras
no mesmo espaamento dos cacaueiros, tanto na mesma linha destes, como de
forma que cada cacaueiro fique posicionado no centro de quatro bananeiras. Estas
devero permanecer apenas durante os primeiros dois ou trs anos na rea e durante

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Boletim, IAC, 200, 2014

sua permanncia, medida que os cacaueiros forem se desenvolvendo as bananeiras


podem ser raleadas, convenientemente. Ao serem retiradas as bananeiras, os cacaueiros
devero estar bem formados de forma que o solo estar sombreado, impedindo assim
a presena de plantas invasoras. As bananeiras enquanto presentes apresentaro
produo, propiciando renda adicional ao produtor. Outras espcies podero compor o
sombreamento temporrio como mandioca, mamona, etc. As espcies que propiciaro
o sombreamento permanente permanecero na rea de cacau durante toda a vida
desta, tratando-se obviamente de plantas perenes. No Estado de So Paulo, uma
espcie interessante para essa finalidade uma leguminosa nativa conhecida como
farinha-seca (Pithecellobium edwallii), plantada em espaamento conveniente. Outra
forma interessante de sombreamento para o cacaueiro consiste no plantio associado
de cacaueiros - bananeiras - pupunheiras, estas ltimas desenvolvendo-se no para a
produo de palmito, mas permitindo seu crescimento pleno, de modo a produzir frutos
e sementes. importante mencionar que a presena de outras espcies associadas
ao cacaueiro faz com que, diferentemente de outros cultivos agrcolas mantidos a
pleno sol, que sofrem diretamente os efeitos dos elementos climticos, as lavouras
de cacau sombreadas acabem criando um microclima mais favorvel em seu interior,
apresentando, por exemplo, menor amplitude trmica, maior umidade relativa e menor
dficit de presso de vapor do ar. Este ltimo representa um dos fatores relacionados
fotossntese e, portanto, ao desenvolvimento das plantas.

Cacau

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espaamento: o espaamento varia, em funo da fertilidade do solo e dos


objetivos da explorao econmica, podendo variar entre 1.000 e 2.000 plantas/ha.
Controle da eroso: o sistema radicular do cacaueiro mais abundante nos
primeiros 20 cm do solo. Nessa poro de solo, as razes laterais se desenvolvem em
direo superfcie, com afloramento de radicelas, que se entrelaam na superfcie,
formando como se fosse uma rede de radicelas, que acaba exercendo acentuada
proteo contra a eroso. Em locais de declive acentuado, o plantio obedecendo s
curvas de nvel indicado.
Calagem e adubao: aplicar calcrio, segundo a anlise do solo, para elevar a
saturao por bases a 50%; adubao de plantio - 60 dias antes do plantio, incorporar
por cova 10 a 20 L de esterco de curral ou 2 a 4 L de esterco de galinha curtidos, 100 g de
P2O5, 30 g de K2O, e em solos deficientes aplicar 3 g de zinco (Zn). Em cobertura, aplicar
10 g de N por planta, em quatro aplicaes, a cada dois meses; adubao de formao
- de acordo com a anlise do solo, aplicar em cobertura ao redor das plantas, em trs
parcelas no perodo das chuvas, no 1.o ano - aplicar por planta, 40 g de N, 20 a 60 g de
P2O5 e 20 a 60 g de K2O; no 2.o ano - aplicar por planta, 80 g de N, 30 a 90 g de P2O5 e
30 a 90 g de K2O; no 3.o ano - aplicar por planta, 120 g de N; 40 a 120 g de P2O5 e 40 a 120 g

Boletim, IAC, 200, 2014

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Cacau

A.T.E. Aguiar et al.

de K2O; adubao de produo - de acordo com a anlise do solo aplicar, em cobertura,


em trs vezes, durante os meses de chuva, 50 kg ha-1 de N; 30 a 90 kg ha-1 de P2O5, 20 a
60 kg ha-1 de K2O e at 4 kg ha-1 de Zn. Recomenda-se a utilizao de 1/5 do fsforo
recomendado em todas as fases da cultura na forma de termofosfato, que contm
clcio, magnsio, micronutrientes e silcio, alm do fsforo.
Tratos culturais: podas - deve ser realizada a poda de conduo. O cacaueiro
apresenta dois tipos de ramos, ortotrpicos e plagiotrpicos. Os primeiros nascem na
base do caule, bem como de outros ramos e so tambm conhecidos como chupes.
A poda de conduo consiste na eliminao dos ramos chupes, bem como de ramos
secos e daqueles que estejam voltados para o centro da planta. As podas devem ser
realizadas por repasses.
Outros tratos culturais: roadas, no incio do cultivo, quando o solo ainda
no est totalmente sombreado. No so recomendadas capinas ao redor das plantas,
pois o sistema radicular dos cacaueiros superficial, e qualquer dano s razes pode
comprometer o desenvolvimento das plantas.
Irrigao: como espcie nativa da regio de floresta mida, o cacaueiro exigente
em disponibilidade hdrica do solo, sendo que dficits hdricos ainda que temporrios
so deletrios fisiologia da planta, comprometendo a produo. Por outro lado, solos
encharcados devem ser evitados. Com relao s condies hdricas, no Estado de So
Paulo existem regies aptas cacauicultura bastantes distintas: por um lado, o Vale do
Ribeira e o litoral norte do estado, apresentam precipitao adequada, bem distribuda
durante o ano, no havendo ocorrncia de dficits hdricos anuais importantes. Nessas
regies no h necessidade de irrigao. Por outro lado, regies do chamado Planalto
Paulista aptas ao cultivo do cacaueiro apresentam estacionalidade hdrica anual, com
dficit hdrico durante os meses de inverno. Assim, ainda que o clima seja favorvel, a
cacauicultura somente ser possvel nessas regies se houver possibilidade de se irrigar.
Pragas e doenas: pragas - principalmente tripes, vaquinhas, percevejos e
lagartas; doenas - a doena de maior importncia econmica a vassoura-de-bruxa,
causada pelo fungo Moniliophtora perniciosa de ocorrncia na Amaznia brasileira e na
Bahia. No Estado de So Paulo at o presente no foi registrada a presena da vassoura-de-bruxa. Na Bahia, a CEPLAC vem trabalhando para substituir as plantaes de cacau
suscetveis ao fungo, por gentipos tolerantes; tambm importante a podrido parda
causada pelo fungo Phytophthora palmivora; outras doenas de menor importncia so
a antracnose, o cancro descendente, a podrido-das-razes, entre outras. Para o controle
de pragas e doenas recomenda-se buscar informaes atualizadas disponveis em:
http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Colheita: o tempo transcorrido desde a polinizao at a colheita dos frutos


varia com o material gentico, bem como com alguns elementos do clima, como por
exemplo a temperatura mdia do ar registrada durante o amadurecimento dos frutos.
Dados do Estado da Bahia indicam que frutos que se desenvolvem durante os meses
mais quentes do ano (colhidos entre abril e agosto), amadurecem em 140 dias, enquanto
frutos colhidos entre setembro e janeiro, necessitam de 167 a 205 dias para amadurecer.
Para o Vale do Ribeira no Estado de So Paulo, dados de duas colheitas realizadas
em pocas diferentes de um mesmo ano, indicaram que frutos colhidos em abril,
desenvolvidos portanto durante o vero, foram colhidos em seis meses, enquanto frutos
de flores polinizadas manualmente em janeiro, desenvolvidos parcialmente durante o
inverno, comearam a ser colhidos apenas no ms de outubro, portanto aps 300 dias.
A colheita dever ser realizada com tesoura de poda, cortando o pednculo prximo ao
fruto, deixando a parte restante deste, ligada ao tronco. Aps colhidos os frutos devero
ser abertos e as sementes retiradas, envoltas na polpa mucilaginosa. Estas sero postas
a fermentar em recipientes de madeira, os cochos de fermentao. Durante esta fase
ocorrer aumento de temperatura com a morte do embrio da semente e no interior
dos cotildones ocorrero as j mencionadas reaes complexas que culminaro
com a sntese de grande quantidade de compostos aromticos, a partir dos quais se
desenvolver o aroma chocolate. Aps a fermentao, as amndoas de cacau devero
passar por secagem, que pode ser feita ao natural, em estruturas denominadas barcaas
ou em secadores mecnicos. Ao final da secagem as amndoas devero apresentar
umidade inferior a 7%-8%. As amndoas fermentadas e secas constituem o cacau
comercial, que ser armazenado em sacos de aniagem contendo 60,5 kg de amndoas
secas de cacau.

Cacau

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Produtividade: segundo a FAO, entre os sete maiores produtores mundiais, a


produtividade em kg de amndoas secas/ha variou entre 315 e 735. O Brasil, segundo a
mesma fonte, apresentou produtividade de 365 kg ha-1.

Boletim, IAC, 200, 2014

MARIA LUIZA SANTANNA TUCCI


VALRIA APARECIDA MODOLO
LILIAN CRISTINA ANEFALOS
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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A.T.E. Aguiar et al.


Caf Arbica

Caf Arbica
Coffea arabica L.

Planta perene de porte arbustivo, pertencente famlia Rubiaceae, produtora de


frutos tipo baga, contendo, normalmente, duas sementes. Estas, depois de processadas
adequadamente, so consumidas na forma de infuso. Alm de apresentar aromas e
sabores caractersticos, a bebida do caf nutritiva e estimulante.
Cultivares: existem 123 cultivares de caf arbica registradas para uso
comercial no Brasil, sendo 65 delas, cujas caractersticas so apresentadas a seguir,
selecionadas pelo IAC. A relao completa de cultivares pode ser encontrada na pgina
web do Registro Nacional de Cultivares (http://extranet.agricultura.gov.br/php/snpc/
cultivarweb/cultivares_registradas.php), no portal do Ministrio da Agricultura, Pecuria
e Abastecimento (MAPA).
Cultivar
Bourbon Vermelho
IAC 662

Bourbon Amarelo
IAC J2; IAC J9; IAC J10; IAC J19;
IAC J20; IAC J22; IAC J24

Mundo Novo
IAC 379-19; IAC 376-4; IAC 382-14;
IAC 388-6; IAC388-17; IAC 388-17-1;
IAC 464-12; IAC 515-20; IAC 501-5;
IAC 502-1; IAC 467-11; IAC 480-6;
IAC 515-11
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Caractersticas
Porte alto; maturao precoce; altamente suscetvel
ferrugem; frutos vermelhos e sementes com peneira
mdia 16. Indicada para plantios principalmente em
regies com altitudes acima de 1.000 m. Propicia
excelente qualidade de bebida, favorvel produo
de cafs especiais. Apresenta vigor e produtividade
inferiores aos da cultivar Mundo Novo.

Porte alto; maturao precoce; altamente suscetvel
ferrugem; frutos amarelos e sementes com peneira
mdia 16. Indicada para plantios principalmente em
regies com altitudes acima de 1.000 m. Propicia
excelente qualidade de bebida, favorvel produo
de cafs especiais. Apresenta vigor e produtividade
inferiores aos da cultivar Mundo Novo.
Porte alto; vigorosa; suscetvel ferrugem;
maturao mdia; frutos vermelhos e sementes com
peneira mdia entre 16 e 17. As selees IAC 388-6,
IAC 388-17 e IAC 388-17-1 apresentam ramos laterais
mais longos e maior dimetro da copa. Propicia

Boletim, IAC, 200, 2014

tima qualidade de bebida. A sua formao de 50%


de Bourbon e 50% de Tpica. uma das cultivares
mais plantadas no Brasil, principalmente as selees
IAC 379-19 e IAC 376-4, que so mais apropriadas
para a colheita mecnica e safra zero.

Acai
Porte alto; suscetvel ferrugem; copa cilndrica com
IAC 474-1; IAC 474-4; IAC 474-6; menor dimetro que a cultivar Mundo Novo; frutos
IAC 474-7; IAC 474-19; IAC 474-20 vermelhos de maturao mdia para precoce e

sementes com peneira mdia entre 17 e 18. Propicia

tima qualidade de bebida. A sua formao de 50%
Bourbon e 50% de Tpica. Excelente cultivar para a
colheita mecnica.

Icatu Vermelho
Porte alto; vigorosa; moderadamente suscetvel
IAC 2941; IAC 2942; IAC 2945;
ferrugem; copa com maior dimetro que a cultivar
IAC 4040;IAC 4041; IAC 4042;
Acai; frutos vermelhos de maturao mdia a
IAC 4043; IAC 4045; IAC 4046;
tardia e sementes com peneira mdia entre 16 e
IAC 4228
17. Propicia tima qualidade de bebida. Em algumas
regies tem se mostrado mais sensvel seca do que
as cultivares tradicionalmente cultivadas. Excelente
para sistema de safra zero e cultivo irrigado.

Icatu Amarelo
Porte alto; vigorosa; moderadamente suscetvel
IAC 2944; IAC 3686; IAC 2907
ferrugem; copa com maior dimetro que a cultivar
Acai; frutos amarelos de maturao mdia a tardia e
sementes com peneira mdia entre 16 e 17. Propicia
tima qualidade de bebida. Em algumas regies tem
se mostrado mais sensvel seca do que as cultivares
tradicionalmente cultivadas. Excelente para sistema
de safra zero e cultivo irrigado.

Icatu Precoce
IAC 3282


Boletim, IAC, 200, 2014

Caf Arbica

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Porte alto; moderadamente suscetvel ferrugem;


frutos amarelos de maturao precoce e sementes
com peneira mdia 16. Indicada para plantios em
regies de altitudes mais elevadas (acima de
1.000 m). Propicia tima qualidade de bebida. Tem
se mostrado mais sensvel seca do que as cultivares
tradicionalmente cultivadas.
91

Caf Arbica

A.T.E. Aguiar et al.

Caturra Vermelho
IAC 477

Porte baixo; suscetvel ferrugem; dimetro da


copa menor que a cultivar Catua; frutos vermelhos
de maturao precoce e sementes com peneira
mdia 16. Indicada para regies de altitudes mais
elevadas (acima de 1.000 m). Exigente em nutrio e
indicada para plantios adensados. Propicia excelente
qualidade de bebida e adequada para a produo
de cafs especiais.

Caturra Amarelo
IAC 476

Porte baixo; suscetvel ferrugem; dimetro da


copa menor que a cultivar Catua; frutos amarelos
de maturao precoce e sementes com peneira
mdia 16. Indicada para regies de altitudes mais
elevadas (acima de 1.000 m). Exigente em nutrio e
indicada para plantios adensados. Propicia excelente
qualidade de bebida e adequada para a produo
de cafs especiais.

Porte baixo; suscetvel ferrugem; interndios
curtos; ramificao secundria abundante; frutos
vermelhos de maturao mdia a tardia e sementes
com peneira mdia 16. Propicia tima qualidade de
bebida. Indicada para plantios adensados. uma das
cultivares mais plantadas no Brasil e a participao
do caf Bourbon em sua formao de 75%.

Porte baixo; suscetvel ferrugem; interndios
curtos; ramificao secundria abundante; frutos
amarelos de maturao mdia a tardia e sementes
com peneira mdia 16. Propicia tima qualidade de
bebida. Indicada para plantios adensados. uma das
cultivares mais plantadas no Brasil e a participao
do caf Bourbon em sua formao de 75%.

Porte baixo; vigorosa; moderadamente resistente
ferrugem; interndios curtos; boa ramificao
secundria; brotos novos de colorao verde;
frutos grandes, vermelhos e de maturao mdia a
tardia; sementes com peneira mdia 17. Exigente

Catua Vermelho
IAC 15; IAC 24; IAC 44; IAC 51;
IAC 72; IAC 81; IAC 99; IAC 144

Catua Amarelo
IAC 17; IAC 32; IAC 39; IAC 47;
IAC 62;IAC 74; IAC 86; IAC 100

Obat
IAC 1669-20

92

Boletim, IAC, 200, 2014



Tupi
IAC 1669-33

IAC Ouro Verde


IAC Obat 4739

IAC 125 RN

Boletim, IAC, 200, 2014

em nutrio e mais sensvel seca do que a cultivar


Catua. Propicia tima qualidade de bebida e
excelente para plantios irrigados.

Porte baixo; moderadamente resistente ferrugem;
interndios curtos; dimetro da copa menor que a
cultivar Obat, brotos novos de colorao bronze;
frutos grandes, vermelhos e de maturao precoce;
sementes com peneira mdia 17. Propicia tima
qualidade de bebida. exigente em nutrio e mais
sensvel seca do que a cultivar Catua. indicada
para plantios adensados, preferencialmente em
condies de irrigao.

Porte baixo; suscetvel ferrugem; interndios curtos;
ramificao secundria abundante; folhas novas
com colorao verde ou bronze; frutos vermelhos
de maturao mdia e sementes com peneira mdia
entre 16 e 17. Propicia tima qualidade de bebida e
pode ser utilizada em plantios adensados.

Porte baixo; vigorosa; moderadamente resistente
ferrugem; interndios curtos; boa ramificao
secundria; brotos novos de colorao verde; frutos
grandes, amarelos e de maturao mdia a tardia;
sementes com peneira mdia 17. Propicia tima
qualidade de bebida. exigente em nutrio e mais
sensvel seca do que a cultivar Catua Amarelo IAC 62.

Porte baixo; resistente ferrugem; interndios curtos;
brotos novos de colorao verde; frutos grandes,
vermelhos e de maturao precoce; sementes com
peneira mdia 17. Propicia boa qualidade de bebida.
exigente em nutrio e mais sensvel seca do que
a cultivar Catua Vermelho IAC 144. indicada para
plantios adensados e adequada para regies de
altitudes mais elevadas.

Caf Arbica

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

93

Caf Arbica

A.T.E. Aguiar et al.

Apoat
IAC 2258
(Porta-enxerto)

Pertence espcie Coffea canephora e constitui


excelente porta-enxerto resistente aos nematoides
Meloidogyne exigua, M. paranaensise e a algumas
raas de M. incognita. Possui sistema radicular
vigoroso e abundante, sendo indicada como
porta-enxerto para qualquer uma das cultivares de
caf arbica.

Clima e solo: a espcie C. arabica adaptada a clima ameno, subtropical, com


temperatura mdia anual entre 18 e 22 C e total de deficincia hdrica anual inferior a
150 mm. No Estado de So Paulo essas condies so encontradas, acima de 400 m de
altitude ao sul do paralelo 22 e acima de 500 m de altitude, ao norte desse paralelo.
O caf arbica pode ser cultivado com sucesso em vrios tipos de solo, desde que haja
adequada correo da acidez e fertilidade. Os solos devem ter profundidade mnima de
1 metro e boa drenagem.
poca de semeadura e plantio: a semeadura para formao de mudas em
viveiro ocorre de abril a agosto e o plantio das mudas em campo, de outubro a janeiro,
preferencialmente em perodo chuvoso.
Espaamento: varivel, em funo dos seguintes fatores: climtico: analisar
bem as condies trmicas e hdricas do local e verificar o zoneamento climtico para
o caf arbica; cultivares e linhagens: cultivares de maturao mdia a tardia, como
Catua e Obat, quando plantadas em regies altas e frias apresentaro maior atraso
na maturao. Adensando-se o plantio, a maturao tambm retardada; fertilidade
do solo: no constitui fator limitante, pois atualmente existem tcnicas agronmicas
adequadas para resolver a questo, desde que o solo no apresente problemas fsicos
limitantes, como encharcamento e afloramento de rocha; tratos culturais: quando se
pretende mecanizar os tratos necessrio utilizar maior espaamento entre as linhas
de plantio, adequando-se bitola das mquinas que transitaro na lavoura; controle
de pragas e doenas: lavouras mais adensadas apresentam microclima mais favorvel
incidncia da ferrugem e da broca e menos favorvel ao bicho-mineiro, enquanto nas
menos adensadas ocorre o processo inverso. Deve-se considerar como ser feito o manejo
da lavoura, se mecanizado ou manual; disponibilidade de mo de obra: espaamentos
mais estreitos restringem a mecanizao, portanto requerem uso intensivo de mo
de obra; valor da terra: embora no limitante, importante lembrar que terras mais
valorizadas devem apresentar retorno mais rpido em produo, exigindo plantios mais
adensados; tamanho da propriedade: plantio adensado requer maior investimento na
implantao da lavoura e demanda maior ateno na implementao de podas, controle
de pragas e doenas e colheita. Para melhor aproveitamento de rea agrcola, a pequena

94

Boletim, IAC, 200, 2014

propriedade mais apropriada para plantios adensados; topografia do terreno: reas


montanhosas, com declividade mais acentuada e topografia acidentada, de difcil
mecanizao so mais apropriadas para plantios adensados; recursos financeiros:
embora o retorno do capital investido em lavouras adensadas seja mais rpido, devido
a maior produtividade inicial, os recursos investidos so maiores que nas lavouras
no adensadas, devido aos gastos adicionais com mudas, fertilizantes, mo de obra e
transporte, entre outros. Por isso, fator primordial a ser considerado; poda: um trato
cultural que est cada vez mais incorporado ao manejo da lavoura cafeeira, qualquer
que seja o sistema de plantio adotado. Todavia, indispensvel nas lavouras adensadas,
devendo ser adotada o quanto antes, dependendo da intensidade do adensamento, e a
intervalos mais curtos.

Caf Arbica

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Sugestes de espaamentos:
Livre crescimento:
Cultivar Espaamento

Entrelinhas Entre plantas Muda por

(m)
(m)
cova (n.o)
Mundo Novo e Icatu
3,5 a 4,0
0,70 a 0,80
1
Bourbon Amarelo e Bourbon Vermelho 3,5 a 3,7
0,70
1
Acai
3,5 a 3,7
0,50 a 0,70
1
Catua Vermelho, Catua Amarelo,
Obat, Tupi, Ouro Verde, IAC 125 RN
3,0 a 3,5
0,50 a 0,70
1
Adensado:
Cultivar Espaamento

Entrelinhas Entre plantas Muda por

(m)
(m)
cova (n.o)
Acai
2,8 a 3,0
0,50 a 0,70
1
Catua Vermelho, Catua Amarelo,
Obat, Tupi, Ouro Verde e IAC 125 RN
2,0 a 2,8
0,50 a 0,70
1
Adensado mecanizvel: espaamento adotado para populao de 4,5 a 5 mil
plantas por hectare, otimizando a rea de cultivo e aumentando a produtividade das
lavouras, sem perder as vantagens da mecanizao. As podas de conduo so feitas em
intervalos maiores, em torno de 4 a 5 anos. Se for planejado o uso de podas frequentes, os
espaamentos podem ser reduzidos para possibilitar o cultivo de maior nmero de plantas
por hectare, visto que nesse sistema os cafeeiros no apresentaro grande crescimento.

Boletim, IAC, 200, 2014

95

Caf Arbica

A.T.E. Aguiar et al.

Sementes e mudas necessrias: 1 kg de sementes (em pergaminho) possibilita


a formao de aproximadamente 3.000 mudas no sistema de semeadura direta (duas
sementes em cada recipiente). Para evitar problemas no sistema radicular, no se
recomenda fazer a repicagem de mudas. A quantidade de mudas por rea depende dos
espaamentos utilizados na implantao da lavoura.
Substrato para formao de mudas: misturar, na base de volume, 1/3 de
esterco de curral curtido para 2/3 de terra. Adicionar mistura, 5 kg m- de superfosfato
simples, 0,5 kg m- de cloreto de potssio e 2 kg m- de calcrio modo. A formao de
mudas tambm pode ser feita em tubetes, preferencialmente com substratos comerciais
especficos para essa finalidade.
Preparo da rea: o ideal para qualquer tipo de solo o cultivo mnimo, ou seja,
aproveitar a vegetao existente no terreno, rebaixando-a com trincha, roadeira ou
herbicida, marcando-se o cafezal e sulcando apenas as linhas de plantio, onde sero
feitas as correes de solo e a adubao. Depois do sulcamento recomenda-se passar um
subsolador de trs hastes para quebrar as paredes laterais do sulco e aprofund-lo mais
um pouco. Em declividades mdias a altas, o plantio deve ser realizado em nvel e o solo
deve permanecer com cobertura vegetal em perodos chuvosos. O estabelecimento de
terraos para conter eroso deve ser feito mediante orientao tcnica. Em declividades
menores, o cafezal poder ser implantado em linhas retas, cortando a maior declividade
do terreno, fazendo-se apenas terraos em nvel, de base larga, para no prejudicar
a mecanizao. Nas reas montanhosas ou no mecanizveis, deve-se abrir covas ao
longo da linha de plantio em tamanho de 40 x 40 x 40 cm e no espaamento desejado,
podendo ser executadas com enxado, cavadeira ou perfurador de solo.
Calagem: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 50% e o teor
de magnsio a um mnimo de 4mmolc dm-, com base na anlise do solo. Distribuir o
corretivo uniformemente sobre o terreno e incorpor-lo ao solo o mais profundamente
possvel. Alm da calagem em rea total, aplicar por metro linear de sulco 400 g de
calcrio. Em cafezal j formado, distribuir o corretivo sobre o solo, de preferncia no
incio da estao chuvosa, aplicando quantidade maior na faixa de terreno que recebe
a adubao.
Adubao de plantio (orgnica e mineral): se disponvel, aplicar por metro de
sulco, 20 litros de esterco de curral, ou 5 litros de esterco de galinha com cama (reduzir a
2 litros se for esterco puro), ou 10 litros de palha de caf ou 2 litros de torta de mamona,
curtidos, com 45 dias de antecedncia ao plantio no caso de produtos no curtidos.
Quanto adubao mineral, aplicar por metro linear de sulco: 15 a 60 g de P2O5 e 0 a 30 g
de K2O. A quantidade de micronutrientes depende dos resultados da anlise do solo.
Misturar muito bem o calcrio, os adubos minerais e o adubo orgnico com a terra do

96

Boletim, IAC, 200, 2014

sulco de plantio. Aps o pegamento das mudas, aplicar 4 g de N por cova, em cobertura,
ao redor das plantas, esparramando bem, repetindo a aplicao a cada 30 dias, at o
fim do perodo chuvoso. No caso do plantio em covas, todos os fertilizantes e o calcrio
devem ser bem misturados com a terra das covas, antes do fechamento das mesmas.

Caf Arbica

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Plantio: deve ser feito em perodo chuvoso ou com irrigao. Usar mudas
vigorosas, com 4 a 6 pares de folhas e desenvolvimento uniforme. Em reas isentas de
nematoides, efetuar o plantio com mudas oriundas de sementes. Em reas infestadas
com nematoides deve-se utilizar mudas enxertadas sobre o porta-enxerto Apoat
IAC 2258. A seguinte sequncia deve ser observada no plantio: abertura de covetas,
retirada do recipiente (saquinho ou tubete), corte do fundo do saquinho plstico para
evitar pio torto, colocao da muda com o colo ao nvel da superfcie do terreno,
compactao leve da terra em torno da muda. No plantio com mudas de tubetes, quando
feitas covetas com chucho, deve-se chegar a terra com cuidado, no apertando muito
para no afetar o sistema radicular. Caso no ocorram chuvas no perodo de plantio, as
mudas devem ser irrigadas. Se houver necessidade, o replantio deve ser realizado com a
maior brevidade possvel. Atualmente, existem mquinas para o plantio de caf.
Adubao de formao: no 2. ano agrcola (1. aps o plantio), realizar
quatro aplicaes de 8 g/cova de N, em cobertura, em torno das plantas, a cada 45
dias, no perodo de setembro a maro. Repetir a mesma adubao potssica de plantio,
parcelando juntamente com o nitrognio.
Adubao de produo: aplicar a partir do 3. ano agrcola (2. ano aps o
plantio), em funo do teor de N nas folhas e dos teores de P, K, B, Mn e Zn verificados
na anlise do solo, bem como da meta de produtividade (600 a 4.800 kg ha-1 de caf
beneficiado): 50 a 450 kg ha-1 de N, 20 a 100 kg ha-1 de P2O5 e 20 a 450 kg ha-1 de K2O.
Acrescentar enxofre adubao, na proporo de 1/8 do N aplicado, quando a anlise
do solo tiver determinado teores de S abaixo de 10 mg dm-. Os micronutrientes devem
ser aplicados de acordo com os resultados da anlise do solo. Parcelar a aplicao
do nitrognio, em trs vezes, no perodo chuvoso (setembro a maro), realizando a
aplicao na superfcie do solo, sob a copa do cafeeiro, esparramando bem. O fsforo
pode ser aplicado uma nica vez, no incio de setembro e o potssio em duas vezes, ou
ainda, todos os macronutrientes juntos em adubos formulados. Para os micronutrientes,
caso haja necessidade, recomenda-se:
Boro: na forma de cido brico ou outras fontes, sempre no solo, devido a sua
baixssima ao via foliar.
Zinco: em solos arenosos, via solo, e em solos argilosos via foliar, com mistura
de sulfato de zinco a 0,6% + cloreto de potssio a 0,5%.

Boletim, IAC, 200, 2014

97

Caf Arbica

A.T.E. Aguiar et al.

Cobre: via foliar por meio de fontes de cobre a 0,5%.


Mangans: via foliar com sulfato de mangans a 0,5%.
O nmero de aplicaes de micronutrientes depender das necessidades
determinadas pelas anlises do solo e folhas, e as aplicaes devero ser realizadas no
perodo de setembro a fevereiro.
Controle de pragas:
Viveiro: como o uso de brometo de metila est proibido, recomenda-se que
seja realizada a solarizao da terra a ser utilizada na produo de mudas, visando
principalmente o controle de nematoides. O bicho-mineiro pode ser controlado com
inseticidas especficos, como os fosforados, tambm indicados para insetos cortadores
como grilos, paquinhas e besouros.
Lavoura: pela importncia dos danos que causam e pela disseminao por
regies cafeeiras, as principais pragas do cafeeiro so as seguintes: nematoides, cigarras,
bicho-mineiro e broca-do-caf. De menor importncia, em vista da situao especfica em
que ocorrem, citam-se: cochonilhas-da-raiz, Migdolus sp., lagarta-rosca, caro-vermelho,
caro-plano e cigarrinhas. As demais pragas so de ocorrncia espordica, embora possam
causar prejuzos em condies favorveis ao desenvolvimento.
Nematoides: entre as espcies que parasitam o cafeeiro, as mais patognicas so
Meloidogyne incognita, com diversas raas, e M. paranaensis, ocorrendo principalmente
nas regies de arenito dos Estados de So Paulo e Paran e M. exigua, que se acha
disseminada em todas as regies cafeeiras brasileiras. O nematoide uma praga do
cafeeiro, de importncia primria, principalmente nos Estados de So Paulo e Paran,
embora seja tambm encontrado em Minas Gerais e no Esprito Santo. Os prejuzos so
ocasionados desde as mudas, no viveiro, at em lavouras adultas. Considerando que a
utilizao de nematicidas, embora ajude, encarece muito o controle e no soluciona
definitivamente o problema, recomendam-se as seguintes medidas:
- Utilizao de mudas sadias e isentas de nematoides;
- Em reas de renovao cafeeira, realizar amostragem de solo para anlises
nematolgicas e, se possvel, dar um intervalo de descanso de dois anos;
- Promover a recuperao de solos onde haja nematoides nocivos ao cafeeiro,
com o plantio de leguminosa, como a mucuna-preta, a fim de diminuir sua populao;
- Em reas com histrico da presena de Meloidogyne incognita e M. paranaensis,
mesmo em nveis populacionais considerados baixos, plantar somente mudas enxertadas
sobre o Apoat IAC 2258, resistente ao nematoide;

98

Boletim, IAC, 200, 2014

Nos cafezais adultos j infestados por nematoides, o trnsito de mquinas


e implementos deve ser bem controlado, para evitar que esses equipamentos sejam
agentes de disseminao dos nematoides para reas isentas da praga.

Caf Arbica

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Cigarras: o ataque de cigarras ocorre em So Paulo com frequncia muito grande


na regio da Mogiana, estendendo-se para o sul de Minas Gerais. A forma jovem ou
ninfas, alojadas no sistema radicular, sugam a seiva do cafeeiro, causando definhamento
progressivo da planta, desfolhamento e sintomas de deficincias nutricionais, chegando
a provocar a morte das plantas. O controle qumico eficiente por meio de inseticidas
sistmicos.
Bicho-mineiro: praga disseminada por todas as regies cafeeiras, causa srios
prejuzos s lavouras quando no controlada eficientemente, em vista da grande
desfolha que pode provocar. As regies mais baixas e mais quentes, com baixa umidade
relativa do ar e com perodo de veranico, apresentam as melhores condies ao ataque
da praga. As lavouras em plantios adensados so menos atacadas, pois ocorre nessa
situao um microclima desfavorvel praga, pela maior umidade, menor insolao e
ventilao. O bicho-mineiro adulto uma pequena mariposa, que no estdio de lagarta
mina as folhas do cafeeiro, ocasionando o desfolhamento. O controle deve ser feito
com inseticidas sistmicos via solo ou por meio de aplicaes foliares com inseticidas
especficos existentes no mercado.
Broca-dos-frutos: a broca-do-caf ataca o fruto do cafeeiro causando-lhe
perfuraes com srias consequncias, pois alm da perda de peso e queda dos frutos,
favorecem a penetrao de fungos secundrios, que contribuem para a deteriorao das
sementes. O gro de caf brocado constitui um grave defeito na classificao comercial
do produto, prejudicando o tipo. importante ressaltar que as lavouras fechadas e
sombreadas e aquelas localizadas em baixadas so mais favorveis presena da praga,
cujo controle pode ser:
Cultural: colheita bem feita, sem deixar frutos na rvore e no cho, reduz
sensivelmente a populao da broca na lavoura.
Qumico: pulverizaes de novembro a janeiro, poca de trnsito da broca.
Realizar uma ou duas aplicaes de inseticidas especficos, com intervalo de vinte dias.
Monitorar a lavoura a partir de novembro, para iniciar o controle no momento adequado,
sempre com infestao abaixo de 5% dos frutos da primeira florada.
Controle de doenas: as principais doenas do cafeeiro so a ferrugem, a
cercosporiose, a mancha aureolada, a mancha de phoma, a rizoctoniose, a mancha
anular e a roseliniose.
Rizoctoniose: uma das principais doenas que incidem nos viveiros, alm da

Boletim, IAC, 200, 2014

99

Caf Arbica

A.T.E. Aguiar et al.

cercosporiose e da mancha aureolada. Para o controle da rizoctoniose pode-se aplicar o


fungicida procimidone e/ou efetuar o tratamento das sementes com o mesmo fungicida.
Ferrugem: sempre que possvel utilizar cultivares resistentes, como Obat
IAC 1669-20 e Tupi IAC 1669-33, dentre outras. Para lavouras instaladas com cultivares
suscetveis, realizar o controle qumico da doena. O controle qumico da ferrugem deve
ser priorizado em talhes com maior carga pendente e pode ser efetuado no solo ou no
colo da planta, com fungicidas formulados com triazis, como ciproconazol e flutriafol,
ou misturas de triazis e inseticidas, como ciproconazol + tiametoxam, ciproconazol +
imidacloprido e triadimenol + imidacloprido aplicados em outubro, e complementados
com aplicaes de fungicidas na parte area. Na parte area utilizar misturas de
fungicidas dos grupos qumicos dos triazis com estrubilurinas, como ciprozonazol
+ azoxistrobina, epoxiconazol + piraclostrobina, ciproconazol + trifloxistrobina,
ciproconazol + picoxistrobina, flutriafol + azoxistrobina. As aplicaes na parte area
devem ser iniciadas no fim de novembro e ser realizadas em intervalos de 60 a 90 dias,
dependendo do programa empregado e do perodo residual dos fungicidas. Sugere-se
complementar o controle qumico dessa doena com fungicidas cpricos (oxicloreto de
cobre, hidrxido de cobre e xido cuproso), que devem ser aplicados aps a colheita e
no perodo de setembro a janeiro, atuando tambm como coadjuvantes no controle da
cercosporiose e da mancha aureolada.
Cercosporiose: o manejo da cercosporiose realizado no viveiro e no campo,
por meio do controle rigoroso da nutrio das plantas e pelo uso de fungicidas. Fazer
adubaes para corrigir deficincias de nitrognio e clcio e desequilbrios na relao
nitrognio/potssio. Os fungicidas empregados para o controle da ferrugem (triazis
+ estrubilurinas) tambm promovem o controle da cercosporiose. Em lavouras com
elevada carga pendente podem ser realizadas aplicaes de fungicidas cpricos e/ou
outros fungicidas, como tebuconazole, metconazole e o tiofanato metlico, do fim de
dezembro aos meses de maro-abril, especialmente nos meses que no receberam
tratamento para ferrugem. Nos viveiros, utilizar alm dos cpricos, fungicidas do grupo
das estrubilurinas, o tiofanato metlico e o clorotalonil.
Mancha aureolada: iniciar o manejo com o uso de mudas sadias. Caso a doena
seja detectada nos viveiros, mudas com sintomas devem ser destrudas e o restante
protegido com aplicaes de fungicidas cpricos e/ou de antibitico (casugamicina), a
cada 15 dias. No campo, instalar quebra-ventos temporrios como o milho, a crotalria, o
feijo guandu e outros, se possvel antes do plantio das mudas de caf em locais sujeitos
a ventos frios. Tambm so sugeridos quebra-ventos permanentes como grevleas,
bananeiras, abacate, cedrinho, eucalipto e outras espcies. As cultivares de cafeeiro do
grupo Mundo Novo mostram-se bastante suscetveis e devem ser evitadas em locais

100

Boletim, IAC, 200, 2014

muito favorveis doena. Proteger as lavouras em que foi constatada a doena, com
aplicaes de fungicidas cpricos a cada 20-30 dias, logo aps a colheita (especialmente
as colhidas mecanicamente), e no incio do ciclo reprodutivo da planta, nos meses de
setembro a dezembro.

Caf Arbica

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Mancha de phoma: em locais favorveis, com altitude acima de 800 m, realizar


o plantio de quebra-ventos, j descritos para a mancha aureolada, alm de aplicaes
de fungicidas, como boscalida, tebuzonazole, metconazole, iprodione, axozistrobina e
iminoctadina, nos meses de setembro a outubro, visando a proteo das floraes e dos
frutos em formao.
Mancha anular: evitar o desequilbrio no manejo de pragas e doenas, e se
necessrio, realizar o controle qumico do caro vetor.
Roseliniose: retirar as plantas doentes e os tocos, queim-los, e em seguida
incorporar cal virgem na cova de plantio (800 a 1.000 kg/cova) antes de replantar novos
cafeeiros.
Podas: a poda um trato cultural inerente ao manejo da lavoura nos plantios
em renque, pois com o tempo ocorre um esgotamento dos ramos de produo, que
necessitam ser revigorados. Existem trs tipos de poda: recepa, decote e esqueletamento.
A recepa consiste em cortar os cafeeiros a uma altura de 30 a 40 cm do solo. O corte
deve ser efetuado em bisel ou inclinado. O decote consiste no corte da haste principal
dos cafeeiros a alturas variveis de 1,80 a 2,20 m. O esqueletamento consiste no
desgalhamento (corte) lateral dos cafeeiros, deixando-se a haste principal com os ramos
laterais com 30 a 40 cm de comprimento. Esse tipo de poda provoca a brotao dos
ramos laterais, com boa recuperao dos cafeeiros. No caso da recepa, h necessidade
de se realizar duas a trs desbrotas quando os ramos atingirem em torno de 20 cm de
comprimento, para conduo de um nico ramo ortotrpico. A poca mais apropriada
para qualquer tipo de poda logo aps a colheita, sempre aps anos de safra alta. O
esqueletamento e o decote so podas recomendadas para lavouras que apresentam os
ramos de produo intactos.
Tratos Culturais:
Manejo de plantas daninhas: a ocorrncia de plantas daninhas de intensidade
varivel durante o ano, e essa variao influenciada pela precipitao pluviomtrica
e temperatura. De outubro a abril, com a ocorrncia de chuvas e temperaturas mais
elevadas, mais comum a presena de gramneas. Nesse perodo, h necessidade de
controle das plantas invasoras, principalmente na rea de projeo da copa, mantendo-se
o meio da rua vegetado. O controle pode ser feito com roadeiras, trinchas ou herbicidas.
De maio a setembro, a precipitao pluviomtrica escassa e a temperatura mais

Boletim, IAC, 200, 2014

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Caf Arbica

A.T.E. Aguiar et al.

baixa, com maior presena de plantas de folha larga. Nessa poca, as plantas invasoras
concorrem em menor intensidade, mas a manuteno da lavoura livre delas visa facilitar
a colheita. O manejo a forma de aproveitar a presena de plantas invasoras de maneira
mais racional, evitando a concorrncia e utilizando-as para melhorar a qualidade do solo.
O manejo racional contribui para melhorar a estrutura e fertilidade do solo, propiciando:
o aumento da infiltrao de gua; o decrscimo da perda de solo e de adubos; o no
adensamento de camadas superficiais; o aumento do teor de matria orgnica do solo; o
estabelecimento de uma ao antipercolante, reciclando nutrientes; o decrscimo da
amplitude trmica do solo, entre dia e noite, com reflexos positivos no crescimento e na
produo dos cafeeiros; a elevao do nvel de fertilidade do solo.
Mtodos de controle de plantas daninhas: o uso constante de um nico mtodo
de controle inconveniente. Alguns implementos que j foram largamente usados para
controle do mato devem ser definitivamente abolidos, pelo mal que causam ao solo:
grades, enxadas rotativas e cultivadores. O ideal a associao de tcnicas de controle
de plantas daninhas utilizando-se herbicidas, roadeiras e trinchas.
Culturas intercalares: nas lavouras em fase de implantao ou recm-implantadas,
possvel utilizar culturas intercalares para aproveitar a rea livre de terreno, custear
partes dos gastos com implantao do cafezal e at servir de quebra-vento temporrio.
Culturas de porte baixo, como feijo, soja, arroz e amendoim, so as mais indicadas, alm
de milho.
Quebra-ventos: primordial em grande parte das regies cafeeiras, e em
especial em terrenos de chapadas, nas faces sul, sudeste e leste, a instalao de
quebra-ventos, visando reduzir ou atenuar a incidncia de ventos frios, responsveis
pela derrubada de flores e frutos, bem como pelo abalo de mudas em plantios novos,
causando leses fatais no colo da planta junto ao solo e ferimentos em folhas e ramos
novos, o que, indiretamente, proporciona um agravamento de doenas, como mancha
aureolada, cuja infeco se d por leses provocadas pelo vento. Os quebra-ventos
devem ser instalados em renques perpendiculares aos ventos dominantes.
Quebra-ventos arbreos permanentes: so os mais indicados, sendo a grevlea
(Grevillea robusta) uma das espcies mais recomendadas. A largura mdia da faixa entre
dois renques deve ser de 100 m e a distncia entre as rvores na linha, de 4 m. medida
que a rvore cresce, necessrio desbastar os galhos inferiores a 2 m, para permitir o
escoamento do ar frio, evitando a sua acumulao e o efeito de geada.
Quebra-ventos arbustivos permanentes: podem ser feitos com bananeira-prata ou outras de porte alto, plantadas nos carreadores ou a cada 8 a 12 ruas do
cafezal, distanciadas entre si na linha entre 1,5 e 2 m.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Quebra-ventos arbustivos temporrios: podem ser implantados com guandu,


no meio das ruas da lavoura, a cada 4 a 5 ruas, espaados na linha de renque de 1 m
entre plantas. O guandu deve receber uma poda de conduo de seus galhos laterais. As
crotalrias tambm podem ser utilizadas.

Caf Arbica

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Quebra-ventos anuais: utilizam-se culturas comerciais de ciclo curto como


milho, como cultura intercalar. Nesse caso, aps a colheita, a planta deve ser mantida
em p para proporcionar proteo ao plantio novo de caf.
Arruao e esparramao: so duas operaes tradicionais na cultura do
caf. A arruao, realizada antes da colheita, consiste em limpar o cho embaixo da
saia do cafeeiro, puxando o cisco para o meio da rua; a esparramao a operao
inversa, realizada aps a colheita. Todavia, nas reas mecanizveis, h uma tendncia
cada vez maior de abolir definitivamente essas duas operaes, evitando assim, dano
ao sistema radicular, barateando o custo dos tratos culturais e mantendo melhor
conservao do solo. A retirada das folhas existentes embaixo da saia dos cafeeiros
efetuada por equipamento acoplado ao trator, denominado assoprador/arruador, que
assopra, mediante ventilao, as folhas e detritos para o meio das ruas, onde podero
ser posteriormente triturados por implementos como roadeira e trincha. Com isso, o
terreno fica perfeitamente preparado para a colheita, sem o inconveniente de cordes
no meio das ruas.
Colheita: realizada de abril a setembro. Iniciar a colheita quando houver no
mximo 10% de frutos verdes, procedendo-se a derria sobre panos. A colheita pode ser
feita tambm com mquinas. Evitar a derria diretamente no cho e no misturar o caf
de derria com o caf de varrio.
Processamento: o caf pode ser preparado por via seca ou via mida. Na via
seca os frutos so secos com casca, obtendo-se o caf natural ou caf em coco. Na via
mida os frutos so descascados e posteriormente secos em pergaminho, com ou sem
a mucilagem, obtendo-se o caf cereja descascado (a mucilagem permanece aderida
ao pergaminho) ou o caf desmucilado (a mucilagem removida mecanicamente em
desmucilador) ou o caf despolpado (a mucilagem removida por processos biolgicos
em tanques de degomagem).
Secagem: a secagem pode ser feita ao sol ou em secadores mecnicos. Na
secagem ao sol devem ser utilizados terreiros pavimentados, espalhando-se o caf em
camadas de 2 a 3 cm de espessura. medida que o caf vai secando deve-se aumentar
a espessura da camada, formando leiras. O caf deve ser revolvido no mnimo 15 vezes
ao dia, para obter uniformidade na secagem e ao atingir a meia seca precisa ser
protegido/coberto para no reabsorver umidade durante a noite. Na secagem mecnica

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Caf Arbica

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deve-se atentar para no ultrapassar o limite de temperatura de 40 a 45 C na massa de


caf. A secagem finalizada quando os gros atingem teor de gua de 11% a 12%.
Armazenamento e beneficiamento: o caf seco, em coco ou em pergaminho,
armazenado temporariamente em tulhas, at o momento do beneficiamento. As tulhas
ou armazns devem ser construdos em local bem ventilado, com pouca iluminao
e isento de umidade. A temperatura interna deve ser mantida em torno de 22 C e a
umidade relativa deve ser no mximo 60%. Aps o beneficiamento, o caf em gro
armazenado em big bags ou sacos de juta. O caf beneficiado classificado quanto ao
tamanho dos gros (peneira), quanto ao peso especfico (mesa densimtrica) e quanto
cor (seletora eletrnica).
Qualidade: a qualidade do caf resultante de diversos fatores que compem
o sistema de produo, desde a escolha da cultivar, o manejo da lavoura, o momento
de colheita e a forma de processamento ps-colheita. O cafeicultor deve conhecer a
qualidade do caf que produz e saber o que o mercado est exigindo, sempre buscando
uma melhor forma de agregao de valor ao seu produto. No mercado de commodity
os cafs so classificados segundo a Classificao Oficial Brasileira (COB), principalmente
quanto ao tipo e qualidade de bebida, recebendo melhores preos aqueles de melhor
tipo (menor quantidade de defeitos - do tipo 2 ao tipo 6) e melhor qualidade de bebida
(bebida mole a bebida dura).
Produtividade normal: 1.500 a 3.000 kg de caf beneficiado por hectare.
OLIVEIRO GUERREIRO FILHO
MARIA BERNADETE SILVAROLLA
JLIO CESAR MISTRO
GERSON SILVA GIOMO
LUIS CARLOS FAZUOLI (aposentado)
WALLACE GONALVES
ROBERTO ANTONIO THOMAZIELLO (aposentado)
SRGIO PARREIRAS PEREIRA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
FLAVIA RODRIGUES ALVES PATRCIO
Instituto Biolgico, Campinas (SP)
PAULO BOLLER GALLO
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)

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Camomila
Matricaria chamomilla

Camomila

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Planta herbcea de clima temperado, da famlia Asteraceae, adapta-se a regies


de clima ameno. As flores, muito aromticas, contm leo essencial rico em camazuleno e
bizaboleno, cuja ao medicinal a principal razo pelo uso na forma de ch.
Cultivar: a prpria espcie botnica.
poca de plantio: no viveiro, entre maro e maio e o plantio das mudas no
campo, de maio a junho. Semeao direta, de abril a maio.
Espaamento: 30 x 25 cm no campo.
Sementes necessrias: 2 g/m2 de canteiro ou 50 g/ha; semeadura direta a
lano - 4 kg ha-1.
Controle de eroso: prticas conservacionistas adequadas ao tipo de solo e
declividade.
Calagem e adubao: elevar o ndice de saturao por bases a 70%, conforme
anlise do solo. Quando disponvel, aplicar 20 a 40 t ha-1 de esterco de curral curtido,
antes do plantio. Aplicar no plantio 30 kg ha-1 de N, 20 a 120 kg ha-1 de P205 e 20 a 80 kg ha-1
de K20. Em cobertura, 30 kg ha-1 de N aos 30 dias aps o plantio.
Irrigao: por asperso, se necessrio.
Outros tratos culturais: eliminao de plantas invasoras.
Controle de pragas e doenas: dispensvel.
Colheita: de junho a setembro, em repasses. Utilizam-se colhedeiras manuais,
especialmente projetadas para a separao das flores.
Produtividade normal: de 400 a 600 kg ha-1 de flores secas.
Rotao: feita com leguminosas.
NILSON BORLINA MAIA
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Cana-de-Acar

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Cana-de-Acar
Saccharum spp.

A cana-de-acar pertence famlia Poaceae e sua origem geogrfica atribuda


ao sudeste da sia. Inicialmente, foi cultivada a espcie Saccharum officinarum L. e com o
passar do tempo, cultivares desta espcie sofreram problemas de doenas e de adaptao
ecolgica, e foram substitudas pelos hbridos interespecficos do gnero Saccharum.
Atualmente, a cana-de-acar alm de produzir acar, lcool e aguardente, gera os
subprodutos bagao, vinhaa e torta de filtro, de grande importncia socioeconmica
na gerao de energia, produo de rao animal, produtos aglomerados, fertilizantes, e
outros. Tambm utilizada como volumoso na pecuria leiteira e de corte, tanto in natura
como na forma de ensilagem.
Ambiente de produo: o ambiente de produo definido em funo das
condies fsicas, hdricas, morfolgicas, qumicas e mineralgicas das camadas superficial
e principalmente subsuperficial dos solos, medindo o potencial da produtividade mdia
de cinco cortes. So simbolizados por letras e considerados como favorveis (A1, A2, B1,
B2), mdios (C1 e C2) e desfavorveis (D1, D2, E1, E2), tabela 1. No ambiente original
consideram-se como manejo bsico, o adequado preparo do solo, a ausncia de plantas
daninhas, de pragas, de doenas, o clima atpico (seca prolongada, chuva excessiva e
geada), a calagem, a gessagem e a adubao NPK; e como manejo avanado, a adio de
clcio em profundidade, vinhaa, torta de filtro, fosfatagem e silicatagem, que deslocam
favoravelmente o ambiente original para bem mais favorvel. Os ambientes de produo
das regies Centro-Sul e Meio-Norte do Brasil so apresentados nas tabelas 1 e 2, nas
quais as letras maisculas representam: CX - Cambissolo, FX - Plintossolo, GM, GX, GJ
- Gleissolos, L - Latossolo, P - Argissolo, MX - Chernossolo, N - Nitossolo, RL - Neossolo
Litlico, RQ - Neossolo Quartzarnico; e as letras minsculas representam: e - eutrfico,
m - mesotrfico, d - distrfico, ma - mesolico, a - lico, w - crico.
Observa-se que, conforme a poca de corte, a deficincia hdrica se altera
para cada tipo de solo, sempre atingindo valores mximos no final de safra (perodo de
primavera), exceto para os Gleissolos (G), porque ocorrem nas vrzeas com contnuo
suprimento de gua ao longo do tempo.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Tabela 1. Ambientes de produo de cana-de-acar das regies Centro-Sul e Meio-Norte


do Brasil

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Cana-de-Acar

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Cana-de-Acar

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Tabela 2. Ambientes de produo de cana-de-acar das regies Centro-Sul e Meio-Norte


do Brasil

* Horizonte B iniciando prximo


a 40 cm de profundidade
**Horizonte B maior que 40 cm
de profundidade

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Cultivares e manejo varietal: o manejo varietal em cana-de-acar uma


estratgia que procura explorar os ganhos gerados da interao gentipo versus ambiente,
ou seja, tem como objetivo alocar diferentes cultivares comerciais, no ambiente que
proporcione sua melhor expresso produtiva, no contexto considerado. Essa viso engloba
um conhecimento especializado, relacionado ao ambiente de produo edafoclimtico,
ao nvel tecnolgico de manejo e responsividade das cultivares. A qualificao do
ambiente de produo fornece material essencial para interpretaes, proporcionando
a adoo de estratgias de manejo que renam ambientes mais homogneos, a partir
da estratificao de sub-regies equivalentes. Desta forma, na prtica, o manejo varietal
pode seguir o esquema de Matriz de Produo, que envolve o perodo de colheita e
os ambientes de produo (favorveis, mdios e desfavorveis). Vale salientar, que a
qualificao do ambiente est relacionada diretamente com a capacidade do solo de
reter e de disponibilizar gua planta, em seguida fertilidade, textura e profundidade,
e tambm com o nvel tecnolgico empregado. As cultivares citadas na tabela 3 so
as principais opes existentes no momento, dentre um nmero enorme de cultivares
lanadas nas duas ltimas dcadas. So indicadas para pocas de colheita distintas
(INCIO DE SAFRA = outono, MEIO DE SAFRA = inverno e FINAL DE SAFRA = primavera)
e para ambientes especficos. O critrio para caracterizao de ambientes o que est
descrito nas tabelas 1 e 2. A escolha destas opes deve estar relacionada observao
das condies edafoclimticas locais.

Cana-de-Acar

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Forrageiras: podem ser utilizadas as cultivares IAC86-2480 (regio Centro-Oeste


e regio Norte do Brasil) e IACSP93-3046 (em todo o Brasil). As mesmas apresentam
tima brotao de soca sob palha e hbito de crescimento ereto. Quanto aos aspectos
qualitativos, estas duas cultivares apresentam riqueza em sacarose, baixa fibra em
detergente neutro (FDN) e, consequentemente, baixa relao FDN/Pol, o que as torna
superiores para a finalidade forrageira.
Zoneamento agrcola: com relao aptido climtica, locais com baixo risco
de cultivo apresentam temperatura mdia anual acima de 19 oC, regime hdrico anual
mnimo de 1.200 mm concentrados na primavera e vero, com inverno seco e/ou frio
bem caracterstico, deficincia hdrica mxima de 200 mm no ciclo e risco de geada
abaixo de 20% de probabilidade de ocorrncia. Para a maturao, a planta necessita
de um estmulo seja por deficincia hdrica e/ou por baixas temperaturas, sendo que o
dficit ideal para a maturao est em torno de 150 mm e a temperatura mnima, entre
10 e 18 oC. Tolera temperaturas elevadas no crescimento, prximo a 34 oC, desde que o
solo seja profundo e com boa disponibilidade de gua.

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Cana-de-Acar

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pocas de plantio:

(1) sistema de ano e meio: janeiro - maro;

(2) plantio de outono: abril - junho (desde que haja disponibilidade de gua);


(3) sistema de ano inverno: junho - setembro (desde que haja disponibilidade
de irrigao);

(4) sistema de ano convencional: outubro - novembro;


(5) O primeiro e o quarto so os mais usados para cana industrial. O segundo e o
terceiro dependem da disponibilidade de irrigao, mas tm sido cada vez mais adotados.
Tabela 3. Indicao de alocao de cultivares de cana-de-acar, considerando-se os
ambientes de produo, perfil de resposta aos diversos ambientes de produo e a
poca de colheita (com base na rede experimental IAC)

Espaamento e profundidade de plantio:


1,4 a 1,5 m - reas com plantio mecnico e sistematizao em funo da bitola
da colhedora mecanizada;
0,80 x 1,5 m - espaamento alternado ou sulco duplo, podendo ser usado junto
com irrigao subterrnea.
A profundidade de plantio de 20 a 30 cm.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Mudas necessrias: na forma tradicional de formao de viveiros de


multiplicao utilizam-se de 6 a 14 t ha-1 de mudas (depende principalmente do
dimetro do colmo e do comprimento dos interndios) de canas com 10 a 12 meses
de idade, sadias, distribuindo-se 12-15 gemas por metro de sulco (depende da cultivar
utilizada). No plantio de outono e inverno usar 30% a mais de gemas. Isto calculado por
amostragem, contando o nmero de gemas e pesando os colmos.

Cana-de-Acar

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Sistema de multiplicao rpida: outra opo para a conduo das diversas


etapas de viveiros de multiplicao a utilizao de mudas pr-brotadas - Sistema
MPB. O sistema promove mudana de conceito na forma de plantio, principalmente
das reas que compreendem os estdios iniciais de multiplicao. A mudana bsica
consiste na utilizao da plntula como meio de propagao. Esta produzida dentro
de um ncleo de produo, atendendo a etapas e controles, que promovero qualidade
na formao das mudas. As etapas esto agrupadas e identificadas a seguir: 1.a Corte
dos minirrebolos; 2.a Tratamento dos minirrebolos; 3.a Acondicionamento em caixas de
brotao; 4.a Brotao em ambiente controlado; 5.a Repicagem ou individualizao;
6.a Aclimatao fase 1; 7.a Aclimatao a pleno sol ou rustificao. Por meio da utilizao
do mtodo possvel promover expressiva reduo do consumo de mudas, pois para o
plantio de 1 hectare possvel a utilizao de 1,8 a 2 t ha-1. economia de mudas, esto
agregados outros aspectos, que devem ser considerados: minimizao da disseminao
de pragas e doenas, padronizao e uniformidade de plantio, facilitao da gesto e
logstica operacional, possibilidade de adoo de novos arranjos espaciais, resultando em
reduo de custos e aumento de produtividade. Dessa forma, a partir de uma mudana
bastante simples de conceito, abre-se a perspectiva de muitos desdobramentos e novas
necessidades de desenvolvimento dentro do manejo fitotcnico da cana-de-acar.
Plantio e controle de eroso: distribuir as mudas nos sulcos e cortar em
toletes de trs gemas. Para o controle da eroso, utilizar plantio em nvel, sistema
de terraceamento de acordo com o tipo de solo e declive, atentando nas tcnicas de
conservao do solo como elaborao de canais escoadores, preparo reduzido, controle
de trfego para minimizar a compactao e rotao de culturas. Esta feita com o plantio
de uma cultura anual, geralmente soja, amendoim, ou adubos verdes como crotalrias,
no perodo chuvoso, plantando-se a cana de maro a abril, aps a colheita da cultura
anual. Atualmente, utiliza-se tambm o sistema de meiose, que o plantio da cana
para a produo de mudas no primeiro ano, intercalada com faixas de culturas anuais
(soja ou amendoim), correspondentes a 5 ou 6 linhas de cana. As mudas produzidas so
utilizadas para completar o plantio de cana em maro e abril, sulcando-se diretamente a
rea, aps a colheita da cultura.
Calagem: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 60%, sendo pelo
menos 1 t ha-1 do tipo dolomtico, se o teor de magnsio trocvel for inferior a 5 mmolc dm-.
Boletim, IAC, 200, 2014

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Cana-de-Acar

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Gessagem: com base em amostras de solo de 20-40 cm, a aplicao de gesso


recomendada quando o teor de Ca+2 for inferior a 4 mmolc dm-3 e a saturao por
Al (m%) for acima de 40%, de acordo com a frmula: argila (em g/kg) x 6 = kg ha-1 de
gesso a aplicar.
Adubao: 1. cana planta: a) nitrognio - aplicar 30 kg ha-1 de N no plantio e
30 kg ha-1 60 dias aps o plantio; b) fsforo - aplicar no plantio, no fundo do sulco, de
40 a 180 kg ha-1 de P2O5, de acordo com a anlise do solo e a produtividade esperada;
c) potssio - aplicar de 40 a 200 kg ha-1 de K2O, de acordo com a anlise do solo e a
produtividade esperada, sendo que at 100 kg devem ser aplicados no plantio e o
restante em cobertura junto ao nitrognio, na primeira aplicao de abril. Aplicar
at 5 kg ha-1 de zinco (Zn) e 4 kg ha-1 de cobre (Cu) no sulco de plantio, se constatada
deficincia de Zn ou Cu na anlise do solo. 2. cana soca: aplicar de 60 a 150 kg ha-1 de
N, de acordo com a produtividade esperada (60 a 100 t ha-1); de 0 a 30 kg ha-1 de P2O5 e,
de 30 a 150 kg ha-1 de K2O, de acordo com a anlise do solo e a produtividade esperada.
Para as reas com palhada, descontar cerca de 30 a 50 kg ha-1 de K2O, em funo da
quantidade de palhada deixada no campo.
Principais doenas: mosaico (Sugarcane mosaic virus), amarelinho (Sugarcane
yellow leaf virus), ferrugem marrom (Puccinia melanocephala), ferrugem alaranjada
(Puccinia kuehnii), carvo (Ustilago scitaminea), raquitismo (Leifsonia xyli subsp. xyli) e
escaldadura (Xanthomonas albilineans).
Controle de doenas: mosaico - roguing e uso de variedades resistentes ou
tolerantes; ferrugem marrom e ferrugem alaranjada - variedades resistentes e manejo de
corte para variedades com resistncia intermediria; carvo e amarelinho - roguing e uso
de variedades resistentes ou tolerantes; raquitismo - diagnsticos laboratoriais, tratamento
trmico e flambagem dos podes; escaldadura - roguing e uso de variedades tolerantes.
Principais pragas e nematoides: broca comum (Diatraea saccharalis),
cigarrinha-das-razes (Mahanarva fimbriolata), Migdolus fryanus, Sphenophorus levis
e os nematoides Meloidogyne javanica, Meloidogyne incognita, Pratylenchus zeae e
Pratylenchus brachyurus.
Controle: a) broca comum - liberaes do parasitoide Cotesia flavipes e aplicao
de inseticidas registrados para a cultura, entre os quais triflumuron, novaluron, lufeluron,
clorantraniprole; b) cigarrinha- das-razes - aplicao de inseticidas biolgicos ( base de
Metarhyzium anisopliae) e/ou de inseticidas qumicos ( base de etiprole, imidacloprid e
tiamethoxan) registrados para a cultura; c) M. fryanus - destruio mecnica da soqueira
infestada, aplicao de inseticidas em profundidade (barreira qumica) e /ou aplicao
de inseticidas no sulco de plantio; os produtos registrados so base de fipronil,

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Boletim, IAC, 200, 2014

imidacloprid, thiamentoxan, entre outros; d) S. levis - destruio mecnica da soqueira


infestada, aplicao de inseticidas registrados para a cultura no sulco de plantio e nas
soqueiras; e) nematoides - aplicao de nematicidas registrados para cultura no sulco de
plantio e nas soqueiras; entre os produtos registrados para a cultura est carbofurano.

Cana-de-Acar

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Tratos culturais: cana-planta e soqueiras - manter o canavial livre de plantas


daninhas at a fase de fechamento da cultura e havendo reincidncia das infestantes,
intervir com novo manejo antes do total fechamento do canavial. Na escolha dos
herbicidas, considerar as principais plantas daninhas da flora infestante, a poca do
ano na aplicao (primavera, vero, outono ou inverno), a fsico-qumica dos herbicidas
e a classe textural do solo. Para minimizar riscos de resistncia de plantas daninhas,
rotacionar herbicidas de mecanismos de ao diferentes. Herbicidas registrados podem
ser aplicados em pr e ps-emergncia.
Colheita: geralmente de abril a novembro na regio Centro-Sul, sendo que para
colheitas em abril e maio comum o uso de maturadores.
Produtividade: varia em funo do potencial edafoclimtico do local. Regies
como Ribeiro Preto e Ja apresentam a mdia de 85 t ha-1 nos cinco primeiros cortes.
No entanto, h produtores de alto nvel tecnolgico, com mdia de cinco cortes acima de
110 t ha-1. Em produo inferior a 55 t ha-1 no ciclo, recomenda-se reforma do canavial.
Rotao de culturas: soja precoce e amendoim, cultivados de outubro a
fevereiro. Com adubos verdes - crotalria juncea, mucuna-preta e guandu, cultivados
em setembro e outubro e incorporados em janeiro e fevereiro.
MARCOS GUIMARES DE ANDRADE LANDELL
MAURO ALEXANDRE XAVIER
JULIO CSAR GARCIA
HLIO DO PRADO
CARLOS ALBERTO MATHIAS AZANIA
MAXIMILIANO SALLES SCARPARI
LEILA LUCI DINARDO-MIRANDA
IVAN ANTONIO DOS ANJOS
DANIEL NUNES DA SILVA
MARCIO AURLIO PITTA BIDIA
SANDRO ROBERTO BRANCALIO
Instituto Agronmico (IAC), Ribeiro Preto (SP)
RAFFAELLA ROSSETTO
ANDR CSAR VITTI
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)

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Canela

A.T.E. Aguiar et al.

Canela

Cinnamomum verum Prest., Cinnamomum zeylanicum Nees


A caneleira, pertencente famlia Lauraceae, rvore originria do sudeste
asitico. Requer cerca de 1.300 mm de chuva por ano e temperatura mdia anual
superior a 21 oC. A casca dos ramos comercializada em rama (pau), raspas e p. A
canela utilizada na culinria e na fabricao de bebidas, medicamentos, perfumes e
sabonetes. Outras espcies do gnero Cinnamomum e Cassia tambm produzem canela.
Cultivar: a prpria espcie botnica.
poca de plantio: de outubro a abril.
Espaamento: 3,5 x 2,5 m, 3,0 x 2,5 m, 3,0 x 3,0 m ou 2,5 x 2,0 m, ou mais
adensado, de acordo com o manejo a ser utilizado. As covas so de 40 x 40 x 40 cm,
abertas e adubadas de 30 a 60 dias antes do plantio.
Formao de mudas: a multiplicao feita por meio de sementes, oriundas
de plantas produtivas, vigorosas e sadias. Aps a retirada da polpa dos frutos, as
sementes so postas a germinar diretamente em saquinhos ou tubetes de polietileno,
preenchidos com substrato de boa qualidade, a 1 cm de profundidade. Regas,
adubaes, controle de pragas, doenas e aumento gradativo da exposio ao sol
so os cuidados indicados para as mudas no viveiro. Estas devem ser inicialmente,
mantidas em ambiente parcialmente sombreado.
Controle da eroso: plantio em curvas de nvel ou em terraos.
Proteo contra o sol: a planta necessita de proteo contra os raios solares
nos primeiros meses aps o plantio, o que pode ser feito com folhas de palmeiras ou
outro material disponvel.
Outros tratos culturais: roadas e capinas manuais.
Controle de pragas e doenas: normalmente dispensvel quando manejada
adequadamente.
Colheita: de outubro a maro, cortar os ramos ou brotos com 1,5 a 2 cm de
dimetro. Cortar o material colhido, em pedaos de cerca de 50 cm, para facilitar a
operao de remoo da casca, o que deve ser feito no mesmo dia da colheita, aps
a retirada total das folhas e dos pequenos brotos. A casca deve ser cortada no sentido
longitudinal dos ramos, em duas partes mais ou menos iguais, com auxlio de uma faca
ou canivete, devendo ser destacada do lenho, cuidadosamente. Em seguida, coloca-se o
material para secar ao sol.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Produtividade normal: de 100 a 300 kg ha-1 de cascas.


NILSON BORLINA MAIA
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

Canela

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

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Caqui

A.T.E. Aguiar et al.

Caqui

Diospyrus kaki

O caquizeiro pertence famlia Ebenaceae que possui cerca de 2.000 espcies


subordinadas a cinco gneros. Dentre eles, destaca-se o gnero Diospyros. As espcies
mais utilizadas comercialmente so a Diospyros kaki para produo de frutos e para
porta-enxertos, e as espcies D. virginiana e D. lotus, que so utilizadas como porta-enxertos. As variedades comerciais de caqui so divididas em trs grupos: Sibugaki ou
taninosos, Amagaki ou no taninosos e Variveis.
Grupo Sibugaki ou taninoso - frutos de colorao amarelada, apresentam
sabor adstringente em funo do teor de tanino, independentemente da presena ou
ausncia de sementes. Necessitam de um processo de destanizao para o consumo.
As principais variedades so Pomelo, Taubat e Rubi. Variedade Pomelo (IAC 6-22):
as plantas so vigorosas e bastante produtivas, produzindo muitas flores masculinas.
Produzem frutos grandes e globosos, de peso mdio 160 gramas, com polpa de colorao
alaranjada, ligeiramente avermelhada, de bom sabor e sementes em grande quantidade.
A colheita precoce, realizada em janeiro e fevereiro, representando uma alternativa
para as regies mais quentes; Variedade Taubat: plantas vigorosas, produtivas e
rsticas, porm muito sujeitas ao quebramento dos galhos quando sobrecarregados,
necessitando de escoramento dos ramos. Variedade muito cultivada no Estado de So
Paulo, apresentando frutos grandes com cerca de 180 gramas em mdia, ligeiramente
achatados, de polpa amarelo-clara, globosos, de epiderme fina, resultando em curto
perodo de conservao ps-colheita e baixa resistncia ao transporte. uma variedade
precoce, colhida de fevereiro a maro; Variedade Rubi: planta vigorosa e produtiva,
apresentando frutos de 140 gramas em mdia, globoso-achatados, com polpa
vermelho-alaranjada, pouco fibrosa e normalmente com sementes, com bom aspecto,
sabor agradvel, apresentando teor de slidos solveis totais de 16 oBrix. Destaca-se em
funo da precocidade da maturao, que ocorre nos meses de fevereiro a maro.
Grupo Amagaki ou no taninoso - tambm conhecido como grupo dos caquis
doces, com frutos doces, de colorao amarelada, de polpa firme quando maduros,
sem tanino, independentemente da presena ou ausncia de sementes, podendo
ser consumidos sem nenhum tratamento. As principais variedades so Fuyu, Jiro e
Fuyuhana. Variedade Fuyu: planta de vigor mdio, mais exigente em frio que as outras
variedades do mesmo grupo, apresentando apenas flores femininas, necessitando de
plantas polinizadoras para melhorar a fixao dos frutos. Os frutos so grandes, em
mdia entre 180 e 250 g, de forma achatada quando sem sementes, e globosos, quando

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Boletim, IAC, 200, 2014

apresentam sementes. A polpa firme, alaranjada e doce, e a epiderme apresenta


colorao variando entre alaranjado e vermelho. A colheita ocorre entre abril e junho.
No necessita de destanizao, apresentando boa conservao ps-colheita, sendo uma
cultivar ideal para a exportao; Variedade Jiro: planta de clima ameno, apresenta porte
mdio e produo ligeiramente inferior Fuyu, sendo exigente em tratos culturais e, sem
os quais no frutificam satisfatoriamente. A variedade apresenta frutos grandes, mdia
de 180 gramas, achatados, com polpa de colorao amarelo-avermelhada, consistente
e saborosa, com colheita em maro e abril; Variedade Fuyuana: variedade lanada pelo
Instituto Agronmico (IAC), menos exigente em condies climticas que as cultivares
Fuyu e Jiro, produzindo bem em regies de inverno ameno. uma planta vigorosa e
bastante produtiva, caracterizando-se por ser monoica. Os frutos so de tamanho
mdio a grande, pesando em mdia 200 gramas, com epiderme amarelo-alaranjada,
com ligeira tonalidade esverdeada em direo ao clice. A polpa de consistncia firme
quando de vez e macia, com granulao fina, quando em ponto de consumo, e o sabor
doce-suave agrada a todos os paladares, com doura ao redor de 18 oBrix. A maturao
ocorre no perodo entre fevereiro e abril, sendo possvel, por meio de manejo especial,
retardar ainda mais a safra.

Caqui

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Grupo Varivel - os frutos apresentam polpa amarela e taninosa quando


sem sementes, e polpa escura e parcialmente ou integralmente no taninosa, quando
apresentam sementes. Quando as sementes so numerosas a polpa de colorao
escura, enquanto nos frutos com poucas sementes, a tonalidade escura aparece ao
redor delas, originando o que popularmente chamado de chocolate. As principais
variedades deste grupo so Rama Forte, Giombo e Kaoru. Variedade Rama Forte: plantas
vigorosas, pouco exigentes em frio e bastante produtivas, necessitando de escoramento
de ramos. Produzem frutos de tamanho mdio, de 150 gramas, achatados, de sabor
bastante agradvel, apresentando consistncia firme aps a destanizao, resistindo ao
transporte. O perodo de colheita entre maro e maio; Variedade Giombo: plantas
muito vigorosas e produtivas, necessitando de desbaste de frutos. Produz frutos de
peso mdio 140 gramas e formato ovoide, que quando sem sementes apresentam a
polpa amarela e bastante taninosa, e quando com sementes so do tipo chocolate, sem
adstringncia. Apresentam maturao tardia, sendo a colheita realizada no perodo de
maio a junho; Variedade Kaoru (IAC 13-6): plantas vigorosas e bastante produtivas, de
frutos grandes (180 gramas), globosos, firmes e de boa qualidade. O sabor agradvel
e o teor de slidos solveis totais de 14,5 oBrix. A variedade apresenta ciclo precoce,
com colheita de fevereiro a maro.
Propagao: a propagao comercial do caquizeiro realizada por enxertia do
tipo garfagem ou borbulhia, utilizando-se porta-enxertos provenientes de sementes. As
principais variedades utilizadas como porta-enxerto so Pomelo e Rama Forte.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Caqui

A.T.E. Aguiar et al.

Plantio: o plantio pode ser realizado utilizando-se mudas de raiz nua ou


de torro. Para mudas de raiz nua a poca ideal de plantio de julho a agosto. Para
mudas de torro, o plantio deve ser realizado na estao chuvosa, ou seja, de outubro a
dezembro. Em condies de solo levemente encharcados utilizar a espcie de caquizeiro
norte-americano D. virginiana. Para a cultivar Fuyu, que necessita de polinizao para
reduzir a queda de frutos, recomenda-se a utilizao de plantas polinizadoras, sendo
bastante utilizadas as variedades IAC 5 e Zendimaro, recomendando-se o plantio de uma
planta de IAC 5 para seis da cultivar Fuyu. Em pomares j implantados, recomenda-se
a sobre-enxertia da variedade polinizadora em cada planta da variedade Fuyu.
Espaamento: para variedades vigorosas como Taubat e Giombo: 7 x 6 m;
para variedades menos vigorosas como Fuyu: 6 x 6 m, 6 x 5 m. Hoje h tendncia para
adensamento de plantio, podendo-se utilizar espaamentos de 6 x 4 m.
Mudas necessrias: 238 a 419 mudas por hectare.
Poda de formao e de produo: as mudas so plantadas com haste nica. A
poda de formao objetiva definir a estrutura produtiva da planta, com a formao das
pernadas principais e secundrias. No sistema de vaso aberto, o desponte das mudas
no campo deve ser realizado a 50 cm do solo, para a formao de 3 a 4 pernadas em
direes opostas e em diferentes pontos de insero no caule. Devem-se eliminar os
ramos prximos ao solo, aqueles mal posicionados, bem como os ramos fracos. Os
ramos devem ser arqueados visando mant-los a 50o em relao ao solo. No inverno do
ano seguinte, devem-se encurtar 1/3 das pernadas principais, deixando no pice dois
ramos voltados para o exterior. Essa poda deve ser realizada at o terceiro ano aps
o plantio. A poda de produo, realizada a partir do 5.o ano, no perodo de junho a
julho, visa eliminar ramos suprfluos, mal posicionados e voltados para baixo, doentes,
praguejados e secos. Os ramos que permanecem na planta no devem ser despontados.
Outros tratos culturais: aps o plantio recomenda-se o tutoramento das
plantas. O controle de plantas daninhas deve ser feito mediante capinas superficiais,
roadas, utilizao de cobertura morta e herbicidas ps-emergentes. A superao de
dormncia das gemas, pode ser alcanada pela utilizao de cianamida hidrogenada
em doses entre 2% e 4%, em funo da regio de cultivo. Recomenda-se a utilizao de
cianamida hidrogenada principalmente na cultivar Taubat, visando antecipar a colheita
para o incio de fevereiro. Em plantas com excesso de frutos, realizar desbaste visando
aumentar o peso dos frutos remanescentes, bem como evitar problemas de alternncia
de produo, sendo esta prtica recomendada principalmente para a variedade Giombo
e Fuyu, devendo-se manter 1 a 2 frutos por ramo. Em plantas adultas com excesso de
frutos realizar escoramento de ramos, evitando-se quebra de galhos. Ensacar os frutos,
principalmente da variedade Fuyu, visando o controle de mosca das frutas, e a obteno

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Boletim, IAC, 200, 2014

de frutos de melhor qualidade. Utilizar cido giberlico em doses de 50 a 100 ppm,


visando atrasar a maturao dos frutos e a colheita. Com essa tcnica cultural possvel
estender o perodo de oferta de caqui, especialmente da variedade Giombo, para os
meses de junho e julho.

Caqui

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Calagem e adubao: as recomendaes de calagem e adubao devem ser


estabelecidas a partir da anlise do solo. A calagem deve ser calculada visando elevar o
ndice de saturao por bases para 80% e o teor de clcio para nvel acima de 7 mmolc dm-3.
Usar sempre calcrio dolomtico aplicado em rea total e incorporado ao solo. Caso no
seja possvel incorporar o calcrio em rea total, o corretivo pode ser aplicado em faixa
de 2,5 m de largura na linha de plantio e incorporado ao solo. Nesta situao, a dose deve
ser ajustada proporcionalmente rea de solo preparada. Visando evitar problemas de
qualidade dos frutos relacionados deficincia de clcio, o fornecimento desse nutriente
pode ser complementado com aplicao de gesso agrcola. Em caquizeiro Fuyu, a falta de
clcio ou desequilbrios entre clcio e potssio ou entre clcio e nitrognio podem causar
amolecimento de frutos, com consequente diminuio da vida de prateleira.
Adubao de plantio: aplicar na cova 20 litros de esterco de curral ou composto,
ou 4 litros de esterco de galinha bem curtidos em mistura com 1 kg de calcrio dolomtico,
1 kg de fosfato natural, 180g de K2O e 5 g de Zn. Os adubos devem ser bem misturados
com a terra no preparo das covas, dois meses antes do plantio. Caso os teores de P e de K
disponveis determinados pela anlise do solo sejam classificados como baixos ou muito
baixos, aplicar 90 kg ha-1 de P2O5 e 100 kg ha-1 de K2O em faixa de 2,5 m de largura na linha
de plantio, incorporando ao solo.
Adubao de formao: aplicar de 5 a 15 kg/ha/ano de N nos trs primeiros
anos, em doses crescentes ao longo do tempo. Parcelar a dose de N em trs vezes ao
ano, de dois em dois meses, a partir do incio da brotao.
Adubao de produo: a adubao de produo da cultura deve ser
ajustada em funo de anlises peridicas do solo do pomar e do monitoramento do
estado nutricional das plantas por meio de anlise foliar, da observao de sintomas
de deficincia, bem como do acompanhamento do desenvolvimento vegetativo e da
produo. A partir do incio da produo, aplicar anualmente, 2 t ha-1 de esterco de
galinha ou 10 t ha-1 de esterco de curral bem curtidos. Como ponto de partida para
estabelecer as doses de fertilizantes a serem aplicadas anualmente, tm-se os valores de
90 kg ha-1 de N, 15 kg ha-1 de P2O5, 120 kg ha-1 de K2O, 120 kg ha-1 de Ca e 40 kg ha-1 de Mg. As
doses anuais de N e de K devem ser parceladas, aplicando-se 20% no incio da brotao,
60% no meio do perodo de crescimento dos frutos e 20% na poca da colheita. Aps a
colheita, distribuir esterco, P e, se necessrio, Ca e Mg, nas doses anuais. Os fertilizantes
devem ser aplicados em coroa larga, acompanhando a projeo da copa e, em seguida,
misturados com a terra da superfcie.
Boletim, IAC, 200, 2014

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Caqui

A.T.E. Aguiar et al.

Principais pragas e controle: mosca-das-frutas, lagarta-dos-frutos, tripes,


besouro-de-limeira, caro eriofdeo, cochonilha-pulverulenta, cochonilha-pardinha,
cochonilha-cabea-de-prego, lepidobroca. Controle: o perodo crtico do ataque de tripes
e lagarta-dos-frutos, ocorre do florescimento ao pegamento de frutos, recomendando-se pulverizaes preventivas com inseticidas de contato. Para a mosca-das-frutas
recomenda-se o ensacamento dos frutos, bem como o uso de armadilhas e de iscas
base de dipterex e melao. O tratamento de inverno com calda sulfoclcica e a caiao
do tronco tambm auxiliam no controle de pragas, especialmente de cochonilhas.
Principais doenas e controle: cercosporiose ou mancha-das-folhas,
antracnose, mofo cinzento, galha-da-coroa e podrido de razes. Recomenda-se o
tratamento de inverno com calda sulfoclcica e calda bordalesa, no perodo de maio a
agosto, a pulverizao preventiva com fungicidas de contato, especialmente do incio da
abertura do boto floral at o incio da frutificao e no amadurecimento dos frutos, e
prticas culturais visando propiciar maior aerao no interior da copa, como a prtica da
poda, a eliminao dos ramos podados, bem como de frutos danificados.
Colheita: o caquizeiro uma planta de crescimento lento, atingindo o estdio
adulto aos 7-8 anos. No entanto, quando se utilizam mudas enxertadas, a produo se
inicia aos 4-5 anos aumentando progressivamente at o 15.o ano, quando estabilizada.
Geralmente, uma planta adulta, em pomar bem conduzido, produz de 100 a 150 kg de
frutos, por ano. A colheita dos frutos feita quando eles perdem a colorao verde e
adquirem tonalidade amarelo-avermelhada, sendo realizada manualmente, mediante
movimento de toro e trao. A poca de colheita varia em funo das variedades,
condies climticas e dos tratos culturais, estendendo-se de fevereiro a julho. Nas
regies de clima mais quente, a safra mais precoce, assim como em regies mais frias,
a safra mais tardia. Para variedades dos grupos Sibugaki e Varivel, quando os frutos
no apresentam sementes, com polpa adstringente em funo do tanino, a prtica de
destanizao imprescindvel. Para consumo domstico, a eliminao da adstringncia
pode ser feita adicionando-se uma colher de vinagre, aproximadamente 2 mL, no clice
do fruto, durante 4 a 5 dias. Em cultivos comerciais, a destanizao realizada em cmara
de maturao, utilizando-se gs acetileno, carbureto, lcool ou etileno em quantidades
variveis, em funo da variedade e da distncia do mercado consumidor.
MARA FERNANDES MOURA
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
MARCO ANTONIO TECCHIO
UNESP/Faculdade de Cincias Agronmicas, Botucatu (SP)
LUIZ ANTONIO JUNQUEIRA TEIXEIRA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Cebola
Allium cepa L.

Cebola

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A cebola, originria da sia, em regio que inclui o Paquisto, o Afeganisto


e o Ir, cultivada h mais de 1000 anos. uma planta herbcea, de ciclo anual para
a produo de bulbos e bienal para a produo de sementes. Hortalia pertencente
famlia Alliaceae, sua parte comercivel um bulbo tunicado, utilizado in natura como
condimento, podendo tambm ser industrializado. Suas folhas so eretas, tubulares,
medindo entre 40 e 80 cm de comprimento. As razes concentram-se principalmente
nos primeiros 20 - 30 cm do solo, mas podem alcanar profundidades entre 40 e 60 cm.
Produz sementes pequenas, cuja quantidade por grama varia de 280 a 320 sementes. A
cebola considerada estimulante geral, digestiva, diurtica, tonificando os rins e o fgado,
sendo indicada tambm como auxiliar no tratamento contra resfriados e reumatismos.
O fotoperodo e a temperatura, sobretudo o primeiro, so os dois fatores limitantes
da bulbificao da cebola, que prefere clima temperado ou subtropical, sendo ainda
tolerante a geadas leves. No tolera o encharcamento do solo. A cebola no Estado de So
Paulo, segundo o IEA/CATI, ocupou em 2011 uma rea de 6.322 ha, com produtividade
de 33,9 toneladas por ha.
Cultivares: as mais utilizadas so as de dias curtos, que so menos exigentes
em fotoperodo, induzindo a bulbificao a partir de 10-11 horas de luz e so precoces,
com ciclo variando de 120 a 150 dias. Predominam as cultivares de pele clara e baixa
pungncia, ou seja, pouco picantes (suaves): Takii: Superex e Express; Top Seed: Optima,
Aquarius, Sirius, Soberana e Goiana; Seminis: Imperatriz, Shinju, Akamaru, Princesa e
Mercedes; Nunhems: Luana, 1205 Vulcana e Atacama; Enza Zaden: Regente, Predator,
Diandra e Cristalina; Agrocinco: Koda, Azteca e Irati; Bejo: Pirate e Maragogi; Sakata:
Bella Vista, Bella Dura e Bella Catarina; Hortec: Vitoria, Boreal e Primavera; Tecnoseed:
Malta. Em anos recentes as mesmas cebolas hbridas utilizadas para os sistemas de
semeadura direta e transplante tambm esto sendo utilizadas para o sistema de
bulbinhos e semeadura em bandejas de 288 clulas.
Plantio: a) semeadura direta: de fevereiro a maio, utilizando 3 a 4 kg de
sementes por hectare. Quando a semeadura for realizada de fevereiro a maro, utilizar
1.000.000 de sementes por hectare, devido ao risco de chuvas pesadas que podem
prejudicar o estande. A partir de abril, perodo mais seco, utilizar 900.000 sementes por ha.
b) sistema de mudas: para a formao de mudas visando o transplante, semear entre
fevereiro e abril, utilizando 2 a 3 gramas de sementes por m2 de canteiro com distribuio
bem homognea, gastando assim de 1,7 a 2 kg de sementes para 1 ha de mudas,
realizando-se o transplante a partir de 38 a 50 dias aps a semeadura. c) sistema de
Boletim, IAC, 200, 2014

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Cebola

A.T.E. Aguiar et al.

bulbinhos: a semeadura deve ser realizada de junho a agosto e a colheita dos bulbinhos
ocorrer de setembro a novembro, sendo que o plantio dos bulbinhos ser realizado de
janeiro a maro do ano seguinte. Neste sistema a necessidade de bulbinhos de 1.500 a
1.800 kg ha-1. Porm, essa tcnica est sendo migrada para a produo de mudas em
estufas, em bandejas de 288 clulas, utilizando hbridos precoces, conseguindo assim
iniciar as colheitas a partir de 75 a 90 dias aps o transplante.
Espaamento: a) semeadura em canteiros seguido de transplante: utilizar
espaamentos de 40 x 10 cm quando desejar cebolas mais gradas, e espaamento
de 40 x 5 cm quando quiser cebolas menores, padro caixa 3; b) semeadura direta
em linhas simples: utilizar 40 cm entrelinhas com 30 a 40 sementes por metro linear
e nas linhas duplas utilizar 22 cm entre as linhas duplas com 15 a 18 sementes por
linha, totalizando de 4 a 5 linhas duplas no leito do canteiro, dependendo do nvel de
ventilao (arejamento) que se deseja entre as linhas de plantio.
Controle da eroso: plantio em nvel, terraceamento e semeadura direta na palha.
Calagem e adubao para o sistema de semeadura direta e sistema de mudas:
Calagem: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 80% e o teor de
magnsio do solo a um mnimo de 9 mmolc dm-3.
Adubao orgnica: aplicar 15 t ha-1 de esterco bovino bem curtido ou 5 t ha-1
de cama (piso) de frango bem curtida, ou ainda 150 kg ha-1 de torta de mamona, cerca
de 15 dias antes da semeadura ou do transplante das mudas.
Adubao mineral de plantio: 30 a 60 kg ha-1 de N, 90 a 320 kg ha-1 de P2O5 e
40 a 160 kg ha-1 de K2O, conforme anlise do solo. Aplicar com a frmula NPK de plantio,
1 a 2 kg ha-1 de boro (B), 3 a 5 kg ha-1 de zinco (Zn) e, em solos deficientes, 2 a 4 kg ha-1 de
cobre (Cu) e 1 kg ha-1 de mangans (Mn). Acrescentar 30 a 50 kg ha-1 de S.
Adubao mineral de cobertura: 80 a 160 kg ha-1 de N e 40 a 160 kg ha-1 de K2O.
No sistema de transplante de mudas parcelar os totais em duas aplicaes, de 20 a 30
dias e de 45 a 55 dias aps o transplante. Admite-se em solos com teores baixos de P,
utiliz-lo tambm em cobertura, no ultrapassando 20 a 40 kg ha-1 de P2O5. No sistema
de semeadura direta dividir o total dos fertilizantes em 5 a 6 aplicaes aos 25, 40, 55,
70 e 85 dias aps a emergncia das plantas. Avaliar a necessidade de complementar
tais aplicaes em cobertura, tomando-se cuidado principalmente com a quantidade
de nitrognio, pois o excesso deste nutriente pode prolongar o ciclo da cebola e causar
maior porcentagem de bulbos bifurcados. As maiores ou menores quantidades de N e
K utilizadas dependero do estado vegetativo das plantas no campo, da cultivar e do
sistema de plantio, visto que o sistema de transplante requer menor quantidade de
plantas por hectare e, consequentemente, menos fertilizantes. No caso da aplicao de

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Boletim, IAC, 200, 2014

nutrientes por fertirrigao, recomenda-se aumentar o nmero de parcelamentos das


doses indicadas, conforme o estado nutricional da cultura, que dever ser monitorado
com a anlise foliar.

Cebola

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Adubao foliar: em solos pobres em potssio, recomenda-se pulverizar


as plantas, por ocasio da colheita, com soluo de sulfato de potssio a 1%, o
que proporcionar maior durabilidade dos bulbos no armazenamento. Durante o
desenvolvimento da cultura e sempre aps as adubaes nitrogenadas, aplicar molibdato
de sdio a 0,05%.
Irrigao: indispensvel, por asperso, gotejamento, mini-piv e piv-central.
Suspender as irrigaes 15 a 20 dias antes da colheita. No sistema de semeadura direta,
realizar irrigaes leves e frequentes at a completa emergncia das plantas e aps isto,
aumentar a lmina de gua e diminuir a frequncia de irrigaes.
Outros tratos culturais: controle de plantas daninhas: manual, ou por herbicidas
- consultar: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Principais pragas: tripes (Thrips tabaci), lagarta-rosca (Agrotis ipsilon),
mosca-minadora (Liriomyza sp), vaquinha (Diabrotica speciosa) e lagarta-das-folhas
(Spodoptera frugiperda). Produtos registrados para controle consultar: http://agrofit.
agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Principais doenas: mancha prpura (Alternaria porri), raiz rosada (Phoma
terrestris), antracnose ou mal das sete voltas (Colletotrichum gloeosporioides),
queima das pontas (Botritis cinerea), podrido-branca (Sclerotium cepivorum) e
mldio (Peronospora destructor). Doenas que causam o tombamento: Rhizoctonia
solani, Fusarium, Phythium e Phytophthora. Bacterioses: Pectobacterium carotovorum
e Burkholderia cepacia. Nematoides: Meloidogyne spp., Helicotylenchus dihystera,
Trichodorus sp. e Pratylenchus spp. Produtos registrados para controle consultar: http://
agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Colheita: efetu-la quando o bulbo atingir o tamanho mximo indicado pelo
murchamento prvio da rama, na regio acima do bulbo (coleto ou pescoo), seguido do
tombamento ou estalo e amarelecimento ou secamento das folhas. Essa caracterstica,
entretanto, pode no ser observada quando h falta de adaptao da cultivar ao clima,
ou no cultivo realizado em solos mais midos e ricos em nitrognio. Dependendo do
mtodo e poca de plantio, da cultivar utilizada e das condies climticas, a colheita nas
condies paulistas, geralmente ocorre entre junho e novembro, na semeadura direta
ou transplante de mudas e entre abril e junho, no sistema de bulbinhos. A colheita pode
ser manual ou mecanizada, e realizada em uma nica vez, duas ou trs vezes. Neste
procedimento, as plantas so arrancadas inteiras, enleiradas de forma que os bulbos

Boletim, IAC, 200, 2014

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Cebola

A.T.E. Aguiar et al.

fiquem cobertos com as prprias ramas. Posteriormente so submetidas ao processo de


cura por um perodo de aproximadamente 7 dias, antes da toalete, que o corte da
raiz rente ao bulbo e das folhas a 2 ou 3 cm acima do bulbo. A cebola, aps a toalete,
acondicionada em sacos de 45 kg ou em big bags de at 500 kg. Aps esse procedimento
o material embalado transportado para os barraces de beneficiamento, realizando-se
a classificao pelo dimetro do bulbo. A classificao feita da seguinte maneira: caixa
1 - de 15 a 35 mm de dimetro; caixa 2 - de 35 a 50 mm; caixa 3 - de 50 a 70 mm; caixa
4 - de 70 a 90 mm e caixa 5 - acima de 90 mm de dimetro. Aps esta classificao a
cebola acondicionada em sacos vermelhos de 20 kg, seguindo para o armazenamento
e/ou comercializao.
Produtividades mdias: 30 a 50 t ha-1 de bulbos.
Rotao: batata, cenoura, arroz, milho, sorgo, beterraba, repolho, couve-flor e
brcolis. Recomenda-se tambm a adubao verde com milheto, ou milheto + crotalaria.
Observaes: nas pulverizaes com agrotxicos deve ser adicionado espalhante
adesivo devido alta cerosidade da folha da cebola. Recomenda-se ainda, quanto mais
cedo for realizado o plantio, elevar moderadamente a dose de nitrognio, para se evitar
bulbificao precoce, devido ao maior nmero de dias longos e ao calor intenso.
Paulo Espndola Trani
Instituto Agronmico (iac), Campinas (SP)
Jos Maria Breda Jr.
COOPERBATATA, Vargem Grande do Sul (SP)
Thiago Leandro Factor
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Cebolinha

Allium fistulosum L. e Allium schoenoprasum L.

Cebolinha

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A cebolinha uma planta condimentar semelhante cebola, mas no desenvolve


bulbo. Pertence famlia Alliaceae, sendo que duas espcies so cultivadas, Allium
fistulosum (cebolinha verde ou comum) e Allium schoenoprasum (cebolinha-de-folhas-finas
ou galega). A cebolinha verde, tipo comercial mais utilizado no Brasil, originria da
China. Possui folhas numerosas, fistulosas, com comprimento variando de 25 a 35 cm
e cor verde-claro. A cebolinha galega originria da Europa. As plantas formam tufos
bem fechados com folhas numerosas, finas e de cor verde-escuro. Ambas produzem,
na base da haste, um engrossamento semelhante a bulbos ovais. Sua importncia
comercial como condimento, acrescentando ou realando o sabor dos alimentos e
na decorao de pratos. Em termos nutricionais, possui bom contedo de vitaminas A,
B1, B2, B5 e C, alm de clcio, fsforo, potssio, niacina, sendo ainda, pouco calrica
(31 calorias em 100 g).
Cultivares: Todo Ano, Hbrida Atlntica, Hbrida Sahara, Verde, White Spear,
Evergreen Nebuka, Wakasama, Tokyo (Futonegui), Nebuka (Tiunegui), De Tempero, Nira,
Ibirit, Hbrida Konatsu Hossonegui, Kujo Futonegui e Natsu Hossonegui.
Clima e solo: o cultivo da cebolinha indicado para regies de clima ameno, entre
8 e 22 C, resistindo ao frio. As variedades do grupo Todo Ano ou os hbridos de vero, so
adaptados a temperaturas altas. Desenvolvem-se, preferencialmente, em solos de textura
mdia, ricos em matria orgnica, bem drenados e com pH entre 6,0 e 6,8.
o

poca de plantio: o ano todo, em regies de clima ameno; para os demais


locais, a melhor poca de fevereiro a julho. As variedades do grupo Todo Ano podem
ser cultivadas no vero.
Espaamento: 0,20 x 0,10 m (500 mil plantas/ha) ou 0,25 x 0,10 m (400 mil
plantas/ha).
Sementes necessrias: 1,5 a 2,0 kg ha-1.
Semeadura/Transplante: a semeadura pode ser direta, em recipientes
(bandejas) ou em canteiros, em sulcos distanciados de 10 cm e com profundidade de 0,2 a
0,5 cm, distribuindo-se as sementes em linha contnua. O transplante feito 30 a 40 dias
aps a semeadura, em canteiros definitivos, em sulcos com profundidade de 3 a 4 cm,
distanciados de 0,20 at 0,25 m entre sucos e 0,10 at 0,15 m entre plantas. Outra
opo transplantar mudas de touceiras antigas, cortando as folhas acima da gema
apical e podando as razes. Deve-se ter o cuidado de transplantar as mudas mesma

Boletim, IAC, 200, 2014

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Cebolinha

A.T.E. Aguiar et al.

profundidade em que se encontravam. Essa operao deve ser feita, de preferncia, de


maro a julho.
Calagem: aplicar calcrio, de preferncia, magnesiano ou dolomtico, para
elevar a saturao por bases do solo at 80% e o teor de magnsio mnimo de 9 mmolc dm-3
de solo.
Adubao orgnica: aplicar, pelo menos 30 dias antes do transplante das
mudas, 20 a 40 t ha-1 de esterco bovino bem curtido ou composto orgnico, que podem
ser substitudos por 5 a 10 t ha-1 de esterco de galinha ou 1 a 2 t ha-1 de torta de mamona
pr-fermentada, sendo a dose maior, para solos arenosos ou pobres em matria orgnica.
Outros fertilizantes orgnicos compostos como o hmus de minhoca e o Bokashi podem
ser utilizados, devendo ser observado o aspecto econmico.
Adubao mineral de plantio: aplicar, pelo menos 10 dias antes do plantio das
mudas, 40 kg ha-1 de N, 120 a 360 kg ha-1 de P2O5, 80 a 160 kg ha-1 de K2O, 1 a 1,5 kg ha-1
de boro (B), 1 a 2 kg ha-1 de zinco (Zn) e 0,5 a 1,5 kg ha-1 de cobre (Cu). As quantidades
maiores ou menores de fertilizantes dependero das anlises do solo e foliar, da cultivar
empregada e da produtividade esperada.
Adubao mineral de cobertura: 90 a 120 kg ha-1 de N, 20 a 40 kg ha-1 de
P2O5 e 30 a 60 kg ha-1 de K2O, parcelados em 4 a 6 aplicaes, a cada 7 a 10 dias aps
o transplante. Aps cada corte de plantas, deve-se repetir a adubao de cobertura,
parcelando-a em 3 vezes: na poca do corte e aos 15 e 30 dias depois.
Adubao foliar: pulverizar as plantas com cido brico a 0,1%, sulfato de
zinco a 0,2%, cloreto de clcio a 0,4% e sulfato de magnsio heptaidratado a 0,2% cerca
de 20 dias aps o pegamento das mudas e a cada 15 a 20 dias. importante utilizar
espalhante adesivo devido cerosidade das folhas. No misturar agrotxicos com os
fertilizantes foliares. No mercado, existem produtos que contm todos esses nutrientes
em uma mesma soluo, bem como misturados em formas compatveis. Observar as
concentraes e indicaes conforme rtulo.
Irrigao: pode ser feita por asperso, microasperso ou gotejamento.
Tratos culturais: manter a cultura livre de plantas daninhas, pois, alm da
concorrncia, a cebolinha perde valor comercial quando cortada juntamente com o mato.
Fazer escarificaes, sempre que houver formao de crosta na superfcie do canteiro.
Principais pragas: lagarta-rosca, cigarrinhas, pulges, tripes, minador da folha,
caros e cochonilhas.
Principais doenas: requeima, mancha-de-alternaria, ferrugem, botritis,
antracnose, mancha prpura e mldio. A melhor medida de controle usar cultivar resistente.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Em relao a produtos registrados para o controle de pragas e doenas da


cebolinha, recomenda-se buscar informaes atualizadas em: http://agrofit.agricultura.
gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.

Cebolinha

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Colheita: deve ser feita entre 60 e 100 dias aps a semeadura, quando as folhas
mais velhas ainda esto verdes, arrancando-se a planta ou cortando-se as folhas. Para
comercializao local, pode-se optar pelo corte, possibilitando novas colheitas a cada 50
dias. O corte feito entre 10 e 15 cm do nvel do solo e/ou acima da gema apical.
Produtividade normal: 20.000 a 25.000 maos por hectare (20 a 25 t ha-1).
Rotao: hortalias de outras famlias, milho e leguminosas utilizadas como
adubo verde.
JOAQUIM ADELINO DE AZEVEDO FILHO
Polo Regional do Leste Paulista, Monte Alegre do Sul (SP)
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Ch

A.T.E. Aguiar et al.

Ch

Camelia sinensis (L.) O. Kuntze


O chazeiro, planta perene, arbustiva, originria do sudeste asitico, pertence
famlia Theaceae, e em condies naturais pode atingir 15 m de altura, produzindo
economicamente por mais de 50 anos. A espcie cultivada entre as latitudes 45 N e
30 S, e em altitudes que variam desde o nvel do mar at 2.500 m.
Cultivar: a mais difundida e utilizada por sua alta produtividade a IAC 259,
porm existem outras tambm produtivas, como IAC 250, AF 15, OSEI, SB 1 e SB 2.
Propagao: preferir a via vegetativa (estacas), prtica que assegura
uniformidade das plantas, alta produtividade e homogeneidade de brotao. A estaca
do chazeiro constituda de uma folha desenvolvida e respectiva gema axilar com 3 a 4 cm
do ramo cortado em bisel. O enraizamento feito em recipientes ou sacos plsticos
cheios com terra peneirada. O sucesso no enraizamento depende da idade do ramo
(nem lenhoso e nem tenro), da poca da sua retirada (maio a junho), das irrigaes
regulares, do sombreamento (20% a 30% de insolao), da proteo contra ventos, e das
boas condies nutricionais e sanitrias das plantas matrizes. As mudas permanecem no
viveiro por 10 a 12 meses.
Clima e solo: o chazeiro normalmente cultivado no sistema de sequeiro, nas
regies tropicais midas, ou nas subtropicais e temperadas com vero mido. Tem como
principal exigncia precipitao pluviomtrica mais alta que a evapotranspirao. Em
temperaturas abaixo de 13 C e acima de 30 C com umidade relativa baixa, a planta
cessa o desenvolvimento. O solo deve ser profundo e bem drenado, levemente inclinado
e protegido da eroso.
Controle da eroso: plantio em nvel ou cortando as guas.
poca de plantio: no Vale do Ribeira, Estado de So Paulo, de abril a junho.
Espaamento: 1,5 a 1,8 m entrelinhas e 0,50 a 0,80 m entre plantas. Mudas
necessrias - 7.000 a 13.000/ha.
Podas: a) de formao - efetuar a poda da haste principal quando esta atingir
1 cm de dimetro altura de 30 cm do nvel do solo e as laterais a 50 cm. No segundo
ano, podar tudo a 60 cm de altura. b) de produo ou anual - a partir do terceiro ano
efetuar, de junho a julho, a poda a 50 cm e iniciar a colheita a 10 cm acima desse nvel.
Nos anos seguintes, a poda deve ser executada de 5 a 10 cm acima do nvel da poda do
ano anterior, por 3 a 4 anos e ento, voltar a podar a 50 cm.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Calagem e adubao: de acordo com a anlise do solo, elevar o ndice de


saturao por bases para 40%.

Ch

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Adubao de plantio: aplicar 15 g/cova de P205 e 1 L de esterco de curral bem


curtido, misturando com a terra da superfcie.
Adubao de formao: aplicar, de acordo com a produtividade prevista e a
anlise do solo, 75 a 125 kg ha-1 de N, 10 a 60 kg ha-1 de P205 e 15 a 75 kg ha-1 de K2O,
parcelados em trs vezes, iniciando 30 a 40 dias aps a brotao das mudas.
Adubao de produo: aplicar anualmente, de acordo com a anlise do solo e
a produtividade esperada (2 a 3 t ha-1 de ch beneficiado), 150 a 250 kg ha-1 de N, 20 a
120 kg ha-1 de P205 e 30 a 150 kg ha-1 de K2O, acrescentando 40 kg ha-1 de S, parcelados
em trs vezes (agosto, dezembro e maro).
Outros tratos culturais: a lavoura deve ser mantida no limpo por meio de
capina manual ou qumica. O controle qumico realizado com aplicaes dirigidas de
herbicidas base de paraquat, diuron, ou paraquat + diuron. A concorrncia com plantas
daninhas prejudicial, pois alm de reduzir a produo, a presena de material vegetal
estranho ao ch deprecia a cotao. Nos chazais mais velhos comum o aparecimento
de plantas epfitas, que devem ser eliminadas na poda anual. Podas laterais devem ser
realizadas 2 a 3 vezes ao ano, para manter as entrelinhas transitveis.
Controle de pragas e doenas: tem-se observado incidncia de caros, do fungo
Carticium koleroga, causador da doena mal-dos-fios, nas regies de baixa altitude e
do fungo Colletotrichum camelliae, causador da queima parda, nas regies serranas,
provocando seca e queda das folhas. Manejo dos restos culturais provenientes das
podas diminui a incidncia das doenas.
Colheita: manual ou mecnica, a colheita consiste na coleta de brotos novos,
com duas a trs folhas, realizada no perodo de agosto-setembro a maio-junho. O
intervalo entre colheitas varia de 10 a 20 dias, conforme as condies climticas. Os brotos
colhidos devem ser mantidos sombra, ensacados e transportados no mesmo dia para
a indstria. Para prevenir a fermentao prematura, deve-se evitar a compactao e o
esmagamento dos brotos, tanto na colheitadeira como no ensacamento e no transporte.
Produtividade normal: 10 a 18 t ha-1 de folhas verdes por ano.
NILSON BORLINA MAIA
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
LUIS ALBERTO SAES
Polo Regional do Vale do Ribeira, Pariquera-Au (SP)
Boletim, IAC, 200, 2014

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Chcharo

A.T.E. Aguiar et al.

Chcharo
Lathyrus sativus L.

Espcie nativa da sia Central e da regio do Mediterrneo, tambm


denominada ervilhaca em publicaes mais antigas. Planta anual, herbcea, prostrada,
autocompatvel cultivada no outono-inverno, com ciclo de 160 dias at a colheita de
gros, sendo recomendada principalmente para cobertura do solo e adubao verde em
rotao de culturas e nas ruas de plantas perenes. Fixa, em mdia, 80 kg ha-1 ano-1 de N.
H restries sua utilizao na alimentao humana e animal.
Cultivares: a prpria espcie botnica.
Clima e solo: a espcie adaptada ao clima temperado quente e subtropical
com estao fria, sendo relativamente tolerante seca e ao frio no prolongado. Solos
de textura argilosa e arenosa e bem drenados so mais favorveis.
poca de semeadura: maro a abril.
Espaamento e densidade de semeadura: tanto para adubao verde quanto
para produo de sementes, utilizar espaamento de 50 a 60 cm entrelinhas e de 10 a
15 sementes por metro.
Sementes necessrias: 45 kg ha-1.
Calagem e adubao: se recomendada pela anlise do solo, a calagem dever
elevar o ndice de saturao por bases a 60%. Aplicar na semeadura at 40 kg ha-1 de
P2O5 e 30 kg ha-1 de K2O. Efetuar a inoculao do Rhizobium especfico nas sementes,
quando da primeira semeadura na rea, na quantidade de 200 g de inculo turfoso para
45 kg de sementes.
Controle de plantas infestantes: nos primeiros 40 dias, podero ser necessrios
2 cultivos mecnicos para prevenir concorrncia desfavorvel de plantas infestantes.
No h herbicidas registrados para a cultura at setembro/2013.
Principais doenas: odio. No h fungicidas registrados para a cultura, at
setembro/2013.
Principais pragas: pulgo (Aphis craccivora) e tripes. No h inseticidas
registrados para a cultura, at setembro/2013.
Colheita: no surgimento das primeiras vagens, aproximadamente aos 120 dias
da semeadura, efetuar o corte da parte area das plantas para posterior aproveitamento
desta fitomassa como cobertura morta ou para incorporao ao solo. A colheita de

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Boletim, IAC, 200, 2014

sementes pelo sistema usual consiste no arrancamento manual ou corte das plantas
para posterior trilhagem, quando as plantas atingem a maturidade e se tornam secas,
em torno de 160 dias aps a semeadura.

Chcharo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Produtividade: 2 a 6 t ha-1 de massa seca; 500 a 1.000 kg ha-1 de sementes. Nas


condies do Estado de So Paulo produzida mais fitomassa verde por essa espcie do
que pela ervilhaca (Vicia sativa L.).
Rotao: eficaz, antes de espcies extratoras do N do solo como o milho, e
como cultivo intercalar s espcies perenes como frutferas, particularmente a videira
conduzida em sistema de espaldeira no outono-inverno, at a produo de sementes,
em substituio cobertura morta tradicionalmente adotada.
ELAINE BAHIA WUTKE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
NELSON RAIMUNDO BRAGA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JOAQUIM ADELINO DE AZEVEDO FILHO
Polo Regional do Leste Paulista, Monte Alegre do Sul (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Chuchu

A.T.E. Aguiar et al.

Chuchu

Sechium edule (Jacq.) Swartz.


Originrio da Amrica Central e do Mxico, o chuchu ou caxixe, uma espcie da
famlia Cucurbitaceae adaptada aos climas tropical e subtropical. uma das dez hortalias
mais consumidas no Brasil, que se destaca como o maior produtor mundial de chuchu. A
planta semiperene e o caule herbceo e flexvel. Os ramos so longos e contm uma
estrutura fina, longa e espiralada de fixao, denominada gavinha. Botanicamente,
uma espcie algama e monoica. Algama, porque se reproduz por meio de polinizao
cruzada e monoica, porque produz flores masculinas e femininas separadas, mas na
mesma planta. Ao contrrio do que ocorre com a maioria das espcies algamas, no
h perda de vigor com a autofecundao, que uma caracterstica das cucurbitceas. A
flor feminina diferencia-se da masculina porque seu ovrio tem o formato do frutinho,
o qual, aps a fecundao aumentar de tamanho at atingir o ponto comercial. O fruto
atinge o ponto de colheita em torno de 12 a 14 dias, quando est macio e sem fibras.
Dependendo da cultivar, o fruto pode ser classificado em grande, mdio ou pequeno,
a cor pode ser branca, creme, verde-claro ou verde-escuro, e com ou sem espinhos
macios na superfcie. Os frutos so consumidos principalmente cozidos, nas formas de
sufl, salada e conserva. Como alimento, o chuchu apresenta caractersticas culinrias e
nutricionais que agradam ao consumidor brasileiro. um alimento nutritivo, sendo fonte
de diversas vitaminas, sais minerais, aminocidos livres e fibras. Por essas caractersticas
e por ser de fcil digesto, um alimento recomendado para dietas.
reas de produo: o Estado de So Paulo possui trs regies produtoras
de chuchu denominadas serrana e metropolitana, ambas localizadas no planalto, e
litornea. Na regio serrana, os maiores produtores so os municpios de Amparo,
Atibaia, Monte Alegre do Sul, Socorro. Na regio metropolitana, a produo concentrase em Embu, Guarulhos, Itapecerica da Serra, Parelheiros e So Loureno da Serra.
A regio produtora litornea est localizada no Vale do Ribeira e concentrada nos
municpios de Iguape e Registro.
Cultivares: tanto em So Paulo, como em outros Estados so cultivados tipos
varietais de chuchu e, em geral, recebem nomes locais. Em So Paulo, o tipo cultivado nas
reas de planalto denominado Paulista, enquanto o tipo cultivado regio litornea
recebe os nomes Santista e Iguape. O mercado paulista tem preferncia por frutos
de colorao verde-claro, sem espinhos, com gomos pouco salientes e tamanho de 12 a
17 cm de comprimento x 5 a 8 cm de largura. A intensidade da cor do fruto verde varia
entre plantas e com a intensidade da insolao na poca da frutificao.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Clima e solo: o chuchuzeiro deve ser cultivado nas microrregies prprias para
a espcie, com temperaturas entre 18 e 28 oC, umidade relativa do ar alta e sem perigo
de geadas. Temperaturas acima de 35 oC e abaixo de 15 oC provocam queda de flores e
de frutos novos. No planalto, as plantas so mais adaptadas a locais com altitudes entre
1.000 e 1.200 m. Quanto ao solo, as plantas desenvolvem-se bem em todos os tipos
de solo, desde que bem preparados e manejados e no toleram terrenos encharcados.
Evitar locais com ventos fortes, pois provocam a quebra de ramos e brotaes, a queda
de flores e frutos e tambm da latada.

Chuchu

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

poca de plantio: nas reas de planalto, de modo geral, recomenda-se o plantio


de agosto a fevereiro. No entanto, no havendo limitao de temperatura, o chuchuzeiro
pode ser cultivado o ano todo, principalmente quando houver irrigao. Para a regio
litornea, recomenda-se o plantio de janeiro a maro, pois a rea de cultivo com mais
restrio de temperatura e umidade.
Mudas: utilizam-se frutos maduros, escolhendo-se aqueles sadios e com as
caractersticas exigidas pelo mercado consumidor.
Espaamento: so adotados conforme as caractersticas do local de plantio,
como a declividade do terreno e sua exposio ao sol, perodo de renovao das
plantas, sistema de propagao e sistema de irrigao. Em geral, a regio serrana adota
espaamento amplo, a metropolitana utiliza espaamento intermedirio e a regio
litornea usa o menor espaamento. Na regio serrana, comum a adoo de mais
de um tipo de espaamento por um mesmo produtor. Nessa regio, predominam
espaamentos de 6 x 6 m, 6 x 9 m, 7 x 7 m, 8 x 8 m, 8 x 9 m e 10 x 10 m entrelinhas e
plantas, respectivamente. Na regio metropolitana, so utilizados espaamentos de 5 x 6 m,
6 x 6 m, 6 x 5 m, 6 x 4 m e 8 x 6 m. Na regio litornea, so adotados espaamentos de
2,5 x 2,0 m, 3 x 3 m, 3 x 4 m e 4 x 3 m.
Tcnica de plantio: o fruto brotado deve ser plantado quando o broto estiver
com 10 a 25 cm de comprimento. A cova deve ser preparada com dimenses de
40 x 40 x 30 cm de largura, comprimento e profundidade, respectivamente. Antes do
plantio, colocar calcrio, adubo orgnico e adubo mineral, conforme as recomendaes
da anlise do solo e do item abaixo. A muda deve ser acomodada na cova sem ser
enterrada.
Calagem: aplicar calcrio, de preferncia magnesiano ou dolomtico, para
elevar a saturao por bases do solo a 80%.
Adubao orgnica: deve ser realizada entre 30 e 40 dias antes do plantio e bem
misturada terra da cova. Aplicar 10 a 30 t ha-1 de esterco bovino curtido ou composto
orgnico, ou 2,5 a 7,5 t ha-1 de esterco de galinha ou cama de frango. Pode-se aplicar

Boletim, IAC, 200, 2014

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Chuchu

A.T.E. Aguiar et al.

outros estercos de origem animal, como de sunos, caprinos e equinos, bem curtidos e, de
preferncia, compostados. O hmus de minhoca e o Bokashi tambm so recomendados,
devendo ser considerada a economicidade das quantidades a serem aplicadas.
Adubao mineral de plantio: aplicar, juntamente com o fertilizante orgnico,
20 a 30 kg ha-1 de N, 60 a 120 kg ha-1 de P2O5 e 20 a 60 kg ha-1 de K2O, conforme a anlise
do solo. Recomenda-se utilizar 1/3 a 1/4 do P2O5 na forma de termofosfato que, alm do
fsforo, contm clcio, magnsio, micronutrientes e silcio.
Adubao de cobertura: no perodo de desenvolvimento e produo,
recomenda-se aplicar o total de 40 a 80 kg ha-1 de N, 20 a 40 kg ha-1 de P2O5 e 20 a 60 kg ha-1
de K2O. Essas quantidades devem ser parceladas e aplicadas em intervalos de quinze a
trinta dias. As doses maiores so indicadas para solos de baixa fertilidade e durante a
produo plena de frutos. A cada 3 a 4 meses, recomenda-se tambm a aplicao de 10 a
20 kg por planta de esterco bovino curtido ou de composto, que podem ser substitudos
por 2,5 a 5 kg de esterco de galinha curtido ou cama de frango ou outro esterco animal.
Os fertilizantes orgnicos devem ser incorporados terra em sulcos ao lado das plantas.
Durante o perodo de frutificao, de preferncia, utilizar adubos que contenham clcio
em forma solvel, como nitrato de clcio, termofosfato e superfosfato simples. Em reas
de cultivo de mais de 1 ano, repetir a calagem, a adubao orgnica e as adubaes de
plantio, do segundo ano em diante. Recomenda-se monitorar a calagem e as adubaes
de cobertura utilizando-se de anlises qumicas do solo e foliar.
Tratos culturais: 1) Irrigao: em geral, feita por asperso convencional,
microasperso ou por gotejamento; 2) Conduo: conduzir as plantas no sistema de
caramancho, tambm conhecido como latada ou prgola, construdo a 2 m de altura.
Colocam-se moures grossos nas laterais e moures finos de 20 em 20 m, alm de
estacas intercaladas. Na ponta dos moures e estacas, coloca-se arame farpado e,
por cima, faz-se uma malha com arame liso a cada 40 cm. Por hectare, so necessrios
240 moures grossos de 3,5 m de comprimento, 200 moures finos de 2,7 m de
comprimento, 400 estacas de 2,3 m de comprimento, 6,5 mil metros de arame farpado
e 40 mil metros de arame n.o 16; 3) Limpeza e amarrio: eliminar ramas e folhas secas,
pois podem ser focos de pragas e doenas. Essa limpeza tambm promove o arejamento
da planta e melhora o pegamento e a qualidade do fruto, que fica com colorao
verde mais brilhante e sem danos fsicos. Fazer a conduo das novas brotaes at o
arame, utilizando-se ponteira de bambu; 4) Renovao da rea: nas regies litornea e
metropolitana, em geral, as reas de produo so renovadas anualmente. Na regio
serrana, o chuchuzal mantido por vrios anos, sendo renovado quando ocorre queda
da produo, seja por doena ou pela incapacidade da planta de emitir novas brotaes.
O produtor costuma renovar um talho de cada vez, de modo a ter sempre reas em

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Boletim, IAC, 200, 2014

produo. Em geral, a renovao feita a cada 3 anos, mas pode chegar a 8 anos.
Alm da renovao de reas utilizando-se mudas, h duas formas de manejo cultural
que resultam em renovao das plantas: a) Quando a lavoura j est formada, a planta
continua a emitir novas brotaes, das quais se retiram as mais fracas, deixando-se 4
a 5 brotos novos. Os ramos mais velhos devem ser eliminados medida que os mais
novos comearem a produzir frutos. Com esse manejo, as plantas voltam a produzir em
1 ms, ao contrrio da renovao com mudas, cujo incio de produo ocorre entre 3 e
4 meses; b) Consiste em poda drstica de todos os ramos na altura do caramancho
distncia de 1 metro do tronco, formando uma rea arredondada com 2 metros de raio.
Por essa razo, o mtodo chamado de chapu; 5) Outros tratos culturais: manter
a rea limpa at que a planta ocupe toda a superfcie do caramancho. Nesse perodo,
recomenda-se o plantio de uma cultura intercalar de ciclo curto ou consorciao com
leguminosas (adubos verdes).

Chuchu

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Problemas fitossanitrios: o sistema de cultivo do chuchuzeiro, principalmente


na regio serrana, propcio ao aumento da populao de pragas e patgenos devido
baixa adoo de rotao com outras culturas e presena de plantios com idades
diferentes em reas prximas. As seguintes medidas de manejo devem ser adotas:
plantar em reas arejadas, novas e distantes de cultivos antigos; utilizar mudas obtidas
de plantas vigorosas e sem doenas; evitar excesso ou falta de gua; eliminar os restos
culturais; eliminar as ramas e as folhas secas e/ou com doenas e pragas, operao que,
apesar de trabalhosa, proporciona arejamento da planta e garante a obteno de frutos
sadios e sem defeitos.
Principais pragas: caro (Aponychus schultzi, Tetranychus urticae e Brevipalpus
phoenicis), tripes (Dendothrips sp.), broca-da-haste (Adetus analis, A. fuscoapicalis e
Plerodia syrinx), mosca-branca (Bemisia sp.), besourinho preto (famila dos escolitdeos)
e caramujo. Broca-da-haste: o adulto um besourinho, cujas fmeas colocam os ovos
no interior da rama. Aps a ecloso dos ovos, as larvas se alimentam e destroem a
parte interna da rama, causando amarelecimento e morte do tecido; Tripes: so insetos
raspadores que causam danos s folhas e mancha prateada e deformao dos frutos;
caros: destaca-se o caro rajado, que pica frutos tenros, os quais ficam sem brilho e com
aspecto de fruto velho, no ponto de colheita. O dano s folhas prejudica a fotossntese e
o desenvolvimento da planta; Mosca-branca: o dano direto a suco de nutrientes das
folhas, reduzindo a produo. Quando o ataque intenso, h reao de fitotoxicidade,
tornando os frutos completamente brancos.
Principais doenas: Antracnose (Colletotrichum lagenarium): uma doena
fngica da parte area da planta. Nas folhas, causa manchas escuras nos bordos,
seguida de seca. Nos frutos, causa manchas escuras e deprimidas, levando queda da

Boletim, IAC, 200, 2014

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Chuchu

A.T.E. Aguiar et al.

produo comercial, pois os frutos contaminados so eliminados como refugo. Ramos


e frutos doentes devem ser eliminados para evitar que a doena se alastre para plantas
sadias. Alta umidade favorece a ocorrncia da doena; Odio (Sphaerotheca fuliginea):
caracteriza-se pelo aparecimento de manchas pulverulentas de cor esbranquiada,
como um bolor, notadamente na face inferior das folhas. Perodos com umidade relativa
do ar baixa predispem a ocorrncia da doena; Mancha de leandria ou mancha zona
(Leandria momordicae): a doena ocorre nas folhas e raramente em hastes e pecolos.
Os sintomas iniciais surgem nas folhas mais velhas. O desenvolvimento da doena
favorecido por temperatura e umidade altas, e a disseminao do fungo feita pelo
vento e pela gua de chuva ou irrigao; Nematoide-de-galhas (Meloidogyne incognita
e M. javanica): em plantas afetadas, o sistema radicular apresenta reas espessadas com
formato arredondado, que impedem a absoro de gua e nutrientes. Folhas e ramos
jovens amarelecem e murcham nas horas mais quentes do dia. As plantas morrem ou se
tornam subdesenvolvidas e improdutivas.
Observao: at o momento, no h produtos registrados no Ministrio
da Agricultura Pecuria e Abastecimento para o controle de pragas e doenas do
chuchuzeiro. Considerando a possibilidade de aprovao da extenso de uso de
agrotxicos para a cultura do chuchuzeiro, bem como alteraes eventuais nos registros
dos produtos, recomenda-se buscar informaes atualizadas disponveis em: http://
agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Extenso de uso a permisso de se utilizar agrotxicos registrados em culturas
da mesma famlia. No caso do chuchuzeiro, poderiam ser aplicados aqueles registrados
para outras cucurbitceas, como abbora, melo, melancia e pepino. Tambm podem
ser aplicados produtos alternativos, como calda bordalesa e/ou outros fungicidas
orgnicos e inseticida biolgico.
Colheita: inicia-se entre 85 e 120 dias aps o plantio. A produo de frutos
constante, exceto em perodos de chuvas intermitentes, que prejudicam a atividade dos
insetos polinizadores, e de temperaturas abaixo de 15 oC e acima de 35 oC, que provocam
aborto de flores e frutos. Fazer de 2 a 3 colheitas por semana para evitar que os frutos
passem do ponto de consumo.
Produtividade: na regio serrana, a produtividade varia de 60 a 120 t ha-1, em
funo da idade das plantas, sendo maior no primeiro ano de produo. Nas regies
metropolitana e litornea, onde os chuchuzeiros so renovados anualmente, o
rendimento chega a mais de 80 t/ha/ano.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Observao: a produo de frutos depende de polinizao eficiente. A


polinizao entomfila e feita principalmente por abelhas da espcie Apis mellifera
e do gnero Trigona. A atividade desses insetos maior nas primeiras horas do dia,
portanto, deve-se evitar a aplicao de agrotxicos no perodo da manh.

Chuchu

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

ARLETE MARCHI TAVARES DE MELO


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JOAQUIM ADELINO DE AZEVEDO FILHO
Polo Regional do Leste Paulista, Monte Alegre do Sul (SP)
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Citronela-de-Java

A.T.E. Aguiar et al.

Citronela-de-Java
Cymbopogon winterianus Jowitt

Espcie da famlia Poaceae, muito confundida com Cymbopogon nardus Rendle.


No entanto, ambas podem ser distinguidas pela forma e comprimento das folhas e pela
composio de seu leo essencial. C. winterianus apresenta folhas menores e mais
largas, alm de maior rendimento em leo essencial. C. winterianus planta perene,
com cerca de 1,0 a 1,5 m de altura, apresentando colmo ereto formando touceiras e
inflorescncias. Seu cultivo permite at quatro cortes por ano.
Cultivares: a prpria espcie botnica.
poca de plantio: a planta prefere climas quentes, com alta precipitao
pluviomtrica. No est aclimatada ao frio, no suportando geadas. O plantio, desde
que irrigado, pode ser realizado durante o ano todo.
Espaamento: recomenda-se entrelinhas de 1,0 a 1,2 m e 0,50 a 0,60 m entre
plantas, com densidade de plantio entre 13.000 e 20.000 plantas por hectare.
Propagao: a mais comum a diviso da touceira, na qual os perfilhos so
separados depois do arranquio da touceira, sendo as folhas cortadas a uma altura de 20
a 30 cm da base. Os perfilhos assim preparados podem ser plantados diretamente no
campo ou, para melhor pegamento, podem ser plantados em tubetes ou sacos plsticos,
at que ocorram o enraizamento e a brotao. Outra forma de propagao por meio de
colmos, que podem ser enterrados inclinados, em casca de arroz carbonizada.
Mudas necessrias: de 13.000 a 20.000/ha.
Calagem e adubao: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases para
40%. No plantio, aplicar 10 kg ha-1 de N e dependendo da anlise do solo, de 30 a 60 kg ha-1
de PO e de 30 a 60 kg ha-1 de KO. Depois de 30 dias do plantio, aplicar 60 kg ha-1 de N
em cobertura e repetir a aplicao de N e KO.
Irrigao: quando no h chuvas, irrigar quatro vezes por semana.
Outros tratos culturais: nos primeiros meses aps o plantio, importante
realizar a capina, para evitar a concorrncia com outras plantas. Com o desenvolvimento
das touceiras e a reduo da incidncia do sol sobre o solo, a emergncia de plantas
invasoras reduzida e seu controle pode ser efetuado com roadas.
Principais pragas e doenas: eventualmente, controle biolgico das cigarrinhas-das-gramneas.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Colheita: a colheita pode ser iniciada de 4 a 5 meses aps o plantio. O corte


realizado a uma altura de 15 a 20 cm do solo. As folhas podem permanecer por 2 ou 3
dias expostas ao sol, para reduzir o excesso de gua.
Produtividade normal: com 4 cortes por ano, por 4 a 6 anos, a produtividade
pode atingir 12 t/ha/ano de biomassa, resultando em aproximadamente 84 kg/ha/ano
de leo essencial.

Citronela-de-Java

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Rotao: leguminosas ou outra espcie no gramnea.


JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
ELIANE GOMES FABRI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Citros

A.T.E. Aguiar et al.

Citros

Principais informaes e recomendaes de cultivo


Os citros compreendem um grande grupo de plantas do gnero Citrus e outros
gneros afins (Fortunella e Poncirus) ou hbridos da famlia Rutaceae, representados, na
maioria, por laranjas (Citrus sinensis), tangerinas (C. reticulata), mexericas (C. deliciosa),
limes (C. limon), limas cidas como o Tahiti (C. latifolia) e o Galego (C. aurantiifolia),
e doces como a lima da Prsia (C. limettioides), pomelo (C. paradisi), cidra (C. medica),
laranja-azeda (C. aurantium) e toranjas (C. grandis). So originrios principalmente das
regies subtropicais e tropicais do sul e sudeste da sia, incluindo reas da Austrlia
e da frica. Foram levados para a Europa na poca das Cruzadas. Chegaram ao Brasil
trazidos pelos portugueses, no sculo XVI. Suas rvores, de porte mdio, atingem em
mdia quatro metros de altura; a copa densa, de formato normalmente arredondado.
As folhas so aromticas, assim como as flores, pequenas e brancas, muito procuradas
pelas abelhas melferas e matria-prima da gua de flor de laranjeira. Os frutos so ricos
em vitamina C; possuem ainda vitaminas A e do complexo B, alm de sais minerais,
principalmente clcio, potssio, sdio, fsforo e ferro. A produo mundial de citros
em 2011 atingiu 118,6 milhes de toneladas (t) e originou-se de extensa rea cultivada
(7,4 milhes de ha), superior s reas das principais frutferas, como uva (7,1), banana
(5,3), manga (5,1) e ma (4,7), segundo dados da FAO. Os maiores produtores de
citros so China (20,4% da produo total), Brasil (18,6%) e EUA (9%). As laranjas so os
principais frutos ctricos cultivados no mundo, e os dois maiores produtores so Brasil
(28,5% do total mundial) e EUA (11,6%), os quais destinam a maioria dessas produes
para a indstria de suco de laranja. Por outro lado, a China a principal produtora de
tangerinas (48% do total mundial) e de pomelos (44,7% da produo mundial), que so
destinados basicamente ao seu mercado interno. Nas exportaes totais de citros para
o mercado in natura, destacam-se as lideranas da Espanha em tangerinas e laranjas e
de um grupo composto por Espanha, Turquia e Mxico, que predomina nas exportaes
de limes e limas. A rea ocupada com citros no Brasil em 2011 situou-se em 919,5 mil ha
e a produo alcanou 16,5 milhes de t, com grande concentrao no Estado de So
Paulo, que respondeu por 77,2% da produo brasileira de laranjas (15,3 milhes t em
564 mil ha plantados), por 75,7% em limas e limes (853,1 mil t em 28,9 mil ha) e por
38,1% em tangerinas (382,8 mil t em 13,7 mil ha), segundo dados do IBGE. Seguem
em importncia na produo brasileira de citros os Estados da Bahia, Sergipe, Minas
Gerais, Rio Grande do Sul e Paran. O agronegcio paulista de citros est diretamente
associado industrializao de laranja e ao grande mercado mundial de consumo de
suco de laranja. Em So Paulo, a grande maioria da produo de laranja (cerca de 80%)

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Boletim, IAC, 200, 2014

destina-se indstria e exportao do suco (mais de 95% do produzido), sendo que


nesse produto o Brasil , no s o maior produtor mundial, respondendo por mais da
metade do total produzido, como, destacadamente, o grande exportador, pois mais de
80% das transaes internacionais de suco de laranja so originrias do pas. Quanto
comercializao da laranja in natura, o direcionamento para exportao incipiente
e observa-se, tanto no mercado interno como no externo, crescente exigncia para
melhoria da qualidade dos frutos. No mercado interno brasileiro, nas compras de citros
in natura destaca-se grande direcionamento de laranja, tangerina e lima cida, para o
preparo de suco fresco. Para o Tahiti e o Galego, so importantes tambm o consumo
culinrio e a mistura cachaa, no preparo da tradicional caipirinha brasileira.

Citros

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Clima: a laranja e os outros citros preferem clima com temperatura entre 23 e


32 oC e umidade relativa do ar alta. Acima de 40 oC e abaixo de 13 oC, a taxa de fotossntese
diminui, o que acarreta perda de produtividade. Os frutos produzidos nos climas mais
frios, em geral, so mais cidos e apresentam colorao da casca e do suco mais intensa.
Nos climas mais quentes os frutos so mais doces e de colorao menos intensa.
Solo: solos profundos e permeveis, com boa fertilidade (pouco cidos - pH
entre 5 e 6 - e com ampla reserva de nutrientes) permitem maior desenvolvimento das
rvores e maior produo de frutos. Constituem condies desfavorveis s plantas: a)
solos pouco profundos, de textura muito argilosa, que favorecem o encharcamento,
comum nas pores baixas do terreno, ou a compactao de camadas subsuperficiais,
que limitam o desenvolvimento do sistema radicular; b) solos arenosos e pedregosos,
cuja capacidade de reteno de gua baixa e c) solos alcalinos, cidos e salinos, que
tambm limitam o desenvolvimento das razes. O plantio de pomares comerciais deve
ser planejado com base na avaliao da capacidade de uso da terra, para manuteno
da sustentabilidade da produtividade. Assim, a sistematizao do terreno (construo
de terraos, plantio em nvel, construo de canais de drenagem, plantio em camalhes,
etc.), o uso da irrigao e o manejo da fertilidade do solo (calagem e adubao)
compem estratgias para otimizao da citricultura. Em pomares caseiros, o plantio
mais simples. As principais classes de solos, onde predomina a citricultura brasileira,
compreendem os Latossolos, os Argissolos e os Neossolos. Entretanto, observa-se, em
menores propores, a ocorrncia de plantios em Alissolos, Cambissolos e Nitossolos.
Principais variedades de copas: as variedades ctricas apresentam ciclo de
desenvolvimento que pode variar de seis a dezesseis meses entre o florescimento (que
ocorre na primavera para a maioria das variedades) e a maturao dos frutos, dependendo
da espcie ou variedade e das condies de solo e clima do local de cultivo. Assim, as copas
podem ser agrupadas, de acordo com a principal poca de maturao do seu grupo, em
precoces, meia-estao e tardias, destacando-se a seguir suas principais caractersticas.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Citros

A.T.E. Aguiar et al.

Laranja Lima e Piralima - precoces, e Lima Verde - meia-estao: os frutos


tm casca fina, de colorao amarelo-esverdeada. De todas as variedades, so os de
mais baixa acidez, sendo por isso indicados para bebs, crianas e idosos. So doces
e suculentos, timos para serem consumidos ao natural. Dentro do grupo das laranjas
limas, a Lima Verde colhida no segundo semestre.
Laranja Baa e Baianinha - precoces: tambm conhecidas como laranjas-de-umbigo, por apresentar um umbigo no fruto, do lado contrrio ao pednculo. Os
frutos no apresentam sementes, a casca bem amarela, a polpa suculenta e sabor
cido e adocicado. A Baianinha apresenta frutos menores que a Baa.
Laranja Hamlin - precoce: os frutos, pequenos, tm casca fina e cor amarelada,
baixo teor de suco, poucos acares e ligeiramente cido. Prestam-se principalmente
para a produo de suco concentrado, embora o interesse pela indstria de
processamento esteja diminuindo gradativamente, pela menor qualidade do produto
final. Normalmente, usada para misturas (blend) com sucos de outras variedades. As
rvores dessa variedade so muito produtivas.
Laranja Sanguinea de Mombuca - precoce: os frutos possuem polpa e suco de
cor vermelha intensa (violcea), devido presena de antocianinas que atuam como
protetores contra o estresse oxidativo, doenas do corao e certos tipos de cnceres,
em funo de sua capacidade de inativao de radicais livres.
Laranja Westin e Rubi - precoces a meia-estao: os frutos so bastante
esfricos, com casca pouco espessa, cor laranja intensa, com suco saboroso, servindo
para o consumo ao natural ou industrializado.
Valencia Americana - precoce a meia-estao: frutos so esfricos, de tamanho
mdio, com bom rendimento em suco e alto contedo de vitamina C, porm com muitas
sementes (25 por fruto). Plantas altamente produtivas, semelhantes Hamlin.
Laranja Pera - meia-estao: os frutos tm formato alongado, casca lisa, fina e
amarela. A polpa suculenta, de sabor adocicado e levemente cido. muito consumida
ao natural, e bastante utilizada no preparo de sucos frescos e industrializados.
Laranja Valencia e Natal - tardias: apresentam frutos ovalados, casca
ligeiramente grossa e tm suco de colorao amarelo forte e adocicado. So consumidos
in natura e no preparo de sucos frescos e industrializados.
Laranja Charmute de Brotas - super tardia: variedade de origem desconhecida,
e que se destaca pela alta produo e pela qualidade dos frutos, com perodo de colheita
que se estende de outubro a fevereiro, em vista da capacidade de permanncia dos
frutos na planta por longo perodo.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Laranja Folha Murcha - super tardia: apresenta frutos mdios, de esfricos a


levemente achatados, de colorao alaranjada, poucas sementes, com casca quase lisa
e suco abundante e ligeiramente cido. As folhas so enroladas e parecem murchas,
mesmo em perodos de abundncia de chuvas.

Citros

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Tangerina Cravo - precoce: os frutos so de tamanho mdio, bastante


saborosos, aromticos e apresentam casca de colorao alaranjada intensa, facilmente
descascveis.
Mexerica-do-Rio - precoce: os frutos so medianos, muito aromticos, tm
casca fina e lisa, so fceis de descascar e tm paladar bastante agradvel.
Tangerina Ponkan - meia-estao: apresenta frutos grandes, fceis de descascar,
com gomos que tambm se separam facilmente. Tm paladar bastante agradvel. uma
das variedades mais apreciadas pelo consumidor brasileiro.
Tangor Murcott - tardia: um hbrido (cruzamento) de tangerina e laranja, os
frutos so achatados, com casca fina e aderente, com muitas sementes. Apresentam
suco de cor alaranjada intensa, doce e excelente para o consumo in natura e no preparo
de sucos.
Lima cida Tahiti - mais popularmente conhecido como limo Tahiti, apresenta
frutos ligeiramente ovalados, desprovidos de sementes e que devem ser consumidos
com a casca ainda verde. So utilizados em culinria e no preparo da caipirinha.
Lima cida Galego - possui frutos pequenos, arredondados, com casca fina
e ligeiramente amarela quando maduros. Apresentam muitas sementes. O suco
excelente para o preparo de temperos, limonada, torta de limo e caipirinha.
Limo Siciliano - apresenta frutos ovalados, grandes, de casca grossa e amarela,
bastante aromticos e com acidez agradvel, o que os tornam muito apreciados na
culinria.
Pomelo Marsh Seedless - tem frutos arredondados, grandes, com casca fina e
polpa com sabor amargo. So pouco apreciados no Brasil; no exterior so conhecidos
como grapefruit. Podem ser consumidos como fruta fresca ou no preparo de suco.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Citros

A.T.E. Aguiar et al.

pocas de colheita dos frutos de variedades ctricas no Estado de So Paulo

Principais variedades de porta-enxertos:


Limes Cravo e Volkameriano: adaptam-se bem a solos arenosos e ligeiramente
cidos. Apresentam alta tolerncia seca, boa resistncia gomose de tronco e de razes,
mas so suscetveis ao declnio dos citros e morte sbita dos citros. Induzem maturao
precoce aos frutos produzidos pelas variedades neles enxertadas. O limo Volkameriano
incompatvel com a laranja Pera, com a qual forma planta pouco produtiva e de vida curta.
Tangerinas Clepatra e Sunki: apresentam melhor desempenho quando
plantadas em solos argilosos, nos quais o armazenamento de gua maior, porm
onde no ocorra encharcamento. Tm mdia tolerncia seca e mdia resistncia
gomose de tronco e de razes. So pouco afetadas pelo declnio e tolerantes morte
sbita dos citros. Apresentam o inconveniente de iniciarem a produo de frutos um

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Boletim, IAC, 200, 2014

a dois anos mais tarde que as plantas enxertadas nos limes Cravo e Volkameriano. Os
frutos produzidos pelas variedades enxertadas sobre essas tangerinas so menores e
amadurecem mais tarde que os obtidos sobre os demais porta-enxertos.

Citros

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Citrumelo Swingle: mostra bom desempenho em solos arenosos e argilosos.


Possui boa tolerncia seca e alta resistncia gomose de tronco e de razes. Favorece
a produo de frutos de alta qualidade. pouco afetado pelo declnio e tolerante
morte sbita dos citros. Induz maturao dos frutos das copas mais tardiamente que
a apresentada pelo limo Cravo. incompatvel com a laranja Pera e com o tangor
Murcott formando plantas pouco produtivas e de vida curta. s vezes mostra sintomas
de incompatibilidade com a laranja Baa e com a lima da Prsia.
Trifoliatas: tm melhor desempenho quando plantados em solos argilosos.
Apresentam mdia tolerncia seca e alta resistncia gomose de tronco e de razes.
So suscetveis ao declnio e tolerantes morte sbita dos citros. Induzem maturao dos
frutos das copas mais tardiamente que a apresentada pelo limo Cravo. So incompatveis
com a laranja Pera e com o tangor Murcott. As incompatibilidades que ocorrem entre
o citrumelo Swingle e os trifoliatas com a laranja Pera e o tangor Murcott podem ser
contornadas pelo emprego de interenxertos compatveis com essas cultivares, como por
exemplo, as laranjas Hamlin e Valencia e as tangerinas Ponkan e Mexerica-do-Rio.
Plantio: as mudas de citros, no Estado de So Paulo, so produzidas por viveiros
credenciados; normalmente apresentam haste nica, com 50 cm de altura, que precisam
de cuidados para formao das pernadas, obtidas com a seleo de trs a quatro brotos
que surgem aps pegamento no campo. Em outros estados, possvel encontrar mudas j
formadas com pernadas. No plantio de pomares comerciais, depois do preparo do terreno
realizada a sulcao, com aplicao de calcrio e fertilizantes, e o alinhamento das covas;
em pomares domsticos, pode-se abrir covas com 0,40 x 0,40 x 0,40 m, misturando-se
terra calcrio e fertilizante orgnico. As mudas podem ser plantadas alinhadas, em
espaamento de cerca de 7 a 6 m, ou at 5 m, nas entrelinhas (ou ruas) por 4 a 2,5 m, ou
at 2 m, nas linhas. Os espaamentos maiores so utilizados para plantas de grande porte,
como o limo e outras variedades vigorosas. A escolha de variedades feita em funo da
expectativa de comercializao do produto no mercado, quer seja para a indstria ou para
o mercado de fruta fresca. So estabelecidos talhes, cujas reas em plantios extensos so
de 10 a 20 hectares, onde plantada uma nica combinao de copa e porta-enxerto, o
que viabiliza o manejo, tratos cultuais e colheita. Em chcaras e quintais, possvel plantar
rvores de diversas variedades para garantir produo durante o ano inteiro (ver quadro de
pocas de colheita). No existe uma rea mnima para o plantio de um pomar. Uma planta
no jardim pode trazer momentos bastante agradveis ao produtor. Contudo, quanto
maior a rea, maiores sero os cuidados e investimentos necessrios para se colher

Boletim, IAC, 200, 2014

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Citros

A.T.E. Aguiar et al.

bons frutos. O plantio deve ser realizado no incio da estao chuvosa, de preferncia
em dias nublados. Ainda, possvel fazer o plantio o ano todo, dependendo do tamanho
do pomar a ser plantado e da possibilidade de fazer a rega das mudas.
Tratos culturais: nos primeiros dois anos aps plantio das mudas, ocorrem
brotaes abaixo da bifurcao da copa e na regio do porta-enxerto. Estas devem ser
eliminadas manualmente assim que aparecerem. So retirados tambm ramos mortos
ou doentes e mal dispostos nas rvores adultas. Pomares mais tecnificados e adensados
exigem podas constantes (lateral e topo), para regular o tamanho da copa. Em geral,
a melhor poca para esta prtica aps a colheita. Para o bom desenvolvimento dos
pomares, necessrio avaliar a fertilidade do solo e a nutrio das plantas, por meio
de anlises peridicas das amostras do solo e folhas e dos nveis de produtividade. O
manejo da calagem e adubao estabelecido com o conhecimento do histrico dessas
informaes. O Instituto Agronmico dispe de publicaes com recomendaes
detalhadas para laranjas, tangerinas, limas cidas e limes. Para pomares caseiros,
a adubao pode ser feita com fertilizantes minerais (tipo formulaes N:P:K, ou
fertilizantes simples, como nitrato de amnio, superfosfato simples e cloreto de potssio,
por exemplo) ou orgnicos (tipo estercos curtidos); deve ainda ser realizada durante a
primavera e o vero. As doses variam bastante com a idade das plantas e a produo
de frutos, bem como as formulaes encontradas no comrcio. Pode-se aplicar trs
a quatro vezes no perodo indicado, para plantas pequenas, de 100 a 400 g/planta/
parcelamento, da frmula 21:07:14 ou quantidade equivalente de outro fertilizante; para
plantas adultas, utilizar cerca de 500 g/planta/parcelamento. Recomenda-se espalhar o
fertilizante ao redor da planta para evitar a concentrao do produto na superfcie do
solo e a queima de razes e folhas. interessante aplicar parte do fertilizante mineral
na forma orgnica. Ainda, a cada dois ou trs anos, aplicar cerca de 2.000 g de calcrio
por planta, de preferncia do tipo dolomtico, para corrigir a acidez do solo e fornecer os
nutrientes clcio e magnsio. Aplicaes foliares com boro (B), mangans (Mn) e zinco
(Zn) so tambm requeridas anualmente durante os fluxos de crescimento vegetativo. O
controle de plantas daninhas deve ser feito com o uso de herbicidas e roadeiras para:
a) reduzir a competio entre espcies pelo uso da gua e de nutrientes e os possveis
prejuzos produo de frutos, b) aumentar ocorrncia de inimigos naturais de pragas e
doenas e c) melhorar a conservao do solo. O produtor pode optar pela implantao
de adubos verdes nas entrelinhas, utilizando espcies anuais de vero (guandu ano,
crotalria, labelabe, feijo-de-porco e milheto) ou inverno (aveia preta, nabo forrageiro
e tremoo). Antes da implantao, necessrio realizar o dessecamento de plantas
daninhas com herbicida, e o plantio pode ser a lano ou direto. O uso de espcies
perenes, como a braquiria ruziziensis, estilozantes, amendoim forrageiro, soja perene
ou calopognio tem se intensificado, por no necessitar replantios, como no caso das

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Boletim, IAC, 200, 2014

espcies anuais. O manejo da vegetao intercalar pode ser feito com roadeira lateral
convencional, deixando-se o material roado na entrelinha, ou com roadeira lateral
ecolgica, projetada para cortar e lanar o material roado para debaixo das copas das
plantas citros. Esse manejo contribui para o controle das plantas daninhas, manuteno
da umidade do solo, e proteo contra eroso e ao direta dos raios solares. As
tangerinas, normalmente, requerem o desbaste ou raleio de frutos jovens (at 3 cm
de dimetro) para garantir o bom desenvolvimento da planta e a qualidade dos frutos.
Isso diminui a alternncia na produo, uma caracterstica dos citros, que consiste em
produo excessiva em um ano e baixa produo no ano seguinte. Essa alternncia
traz os inconvenientes de debilitar a planta e de produzir grande quantidade de frutos
pequenos e de baixo valor comercial nos anos de elevadas produes.

Citros

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Pragas e doenas: a laranja e os outros citros so atacados por caros,


cigarrinhas, cochonilhas, coleobrocas, formiga, lagartas, moscas-das-frutas, psildeos
e pulges. As doenas mais comuns so causadas por fungos (verrugose, melanose,
rubelose, mancha preta e mancha marrom de alternaria), por vrus e viroides
(tristeza, leprose e exocorte) e bactrias (cancro ctrico, clorose variegada dos citros
e huanglongbing - HLB, ex-greening). H tambm a ocorrncia da gomose dos citros,
um falso fungo, que ataca as razes e o tronco prximo ao solo. O cancro ctrico e o
HLB so doenas denominadas quaternrias A2 e, por fora de lei, as plantas infectadas
devem ser arrancadas dos pomares, inclusive dos domsticos. A manuteno do pomar
em bom estado fitossanitrio requer vigilncia sistemtica e efetiva ao aparecimento
de problemas. Assim, amostragens ou inspees peridicas (semanais ou quinzenais)
devem ser efetuadas nas plantas, para deteco de qualquer praga no incio de seu
ataque. Uma vez diagnosticado o problema recomenda-se buscar orientao tcnica
para tomada de medidas de controle. No caso de doenas, a preveno a forma mais
utilizada de controle, devendo tambm ser orientada por um tcnico. Existem no comrcio
diversos produtos agroqumicos (defensivos), cada qual com especificidade de controle,
seletividade a inimigos naturais e toxicidade ao aplicador e ao consumidor. A escolha
correta do defensivo importante no sucesso da pulverizao. Salienta-se que existe
um guia de defensivos denominado Grade de Inseticidas, Acaricidas, Fungicidas para
Produo Integrada dos Citros (PIC) no Brasil, elaborado por um comit, que atualizado
sistematicamente, com a incluso e excluso de produtos, disponvel na Internet.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Citros

A.T.E. Aguiar et al.

Colheita: as frutas ctricas so no climatricas, isto , a evoluo da maturao


cessa aps a colheita. Por isso conveniente colher os frutos quando estiverem
maduros, quando tendem a ser mais doces e menos cidos. A laranja e outras variedades
comeam a produzir no terceiro ano, se forem reunidas as condies ideais de clima,
solo e manejo. A produo de frutos aumenta at o dcimo ano, quando as rvores
so consideradas adultas. Produzem bem at os 20 anos, ou mais, quando no sofrem
prejuzos causados por pragas e doenas. A safra anual e pode se manter na planta,
dependendo da variedade, entre dois e quatro meses. A produo mdia de uma rvore
de citros fica em torno de 2 caixas de 40,8 kg. Existem, entretanto, pomares muito mais
eficientes que podem produzir duas, trs ou mais vezes que a mdia paulista. A colheita
deve ser realizada somente aps o trmino do perodo de carncia de qualquer produto
fitossanitrio aplicado no pomar. Tambm, durante a colheita, deve-se evitar derrubar
os frutos no cho, o que poderia causar pequenas leses e ferimentos provocados pelo
contato com gros de terra ou areia. Mesmo quando microscpicos esses ferimentos
podem facilitar a entrada de fungos e bactrias, que causaro o apodrecimento precoce
dos frutos. No caso das tangerinas, a colheita pode ser realizada com tesouras de poda
para se preservar o pednculo e evitar outros ferimentos casca.
Curiosidades:
O cultivo dos citros remonta h mais de dois mil anos antes de Cristo, conforme
demonstram escritos encontrados na China.
A planta ctrica geralmente formada por dois indivduos unidos por meio da
enxertia: o porta-enxerto (ou cavalo) e o enxerto (ou copa), que crescem e produzem
como uma nica planta. Os chineses praticavam a enxertia cerca de 1000 a.C., e
Aristteles (384-322 a.C.) descreveu essa tcnica em seus manuscritos.
O uso da enxertia visa utilizar as caractersticas do porta-enxerto para melhorar
a produo e a qualidade dos frutos, aumentar a longevidade das plantas, reduzir a
altura da rvore e o tempo necessrio para incio da produo, e aumentar a resistncia
das plantas a doenas (ex: gomose e nematoides) e estresses (ex: deficincia hdrica e
nutricional).
Embora haja significativas vantagens do uso dessa tcnica, algumas variedades
de copas e porta-enxertos so incompatveis na unio da enxertia.
Os limes Galego e Tahiti, popularmente conhecidos, na verdade so
variedades de limas cidas. O Tahiti apresenta a casca verde quando maduro, enquanto
o Galego e o limo (verdadeiro), do tipo Siciliano, so amarelos.

148

Boletim, IAC, 200, 2014

A Kumquat ou Kinkan uma fruta bastante pequena, com cerca de 3 cm de


comprimento, possui casca comestvel e muito apreciada para o preparo de doces
e compotas. Pertence ao chamado gnero prximo dos citros = Fortunella, e tem sua
origem no Japo.

Citros

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

DIRCEU MATTOS JR.


JOS DAGOBERTO DE NEGRI
JORGINO POMPEU JR. (aposentado)
ARTHUR ANTONIO GHILARDI
FERNANDO ALVES DE AZEVEDO
MARINS BASTIANEL
Instituto Agronmico (IAC), Cordeirpolis (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

149

Coco

A.T.E. Aguiar et al.

Coco

Cocos nucifera L.
O coqueiro-da-baa pertence famlia botnica Arecaceae (Palmae ou Palmaceae).
Provavelmente originrio do Sudeste Asitico, foi trazido para o Brasil pelos portugueses
em 1553. Embora seja planta de regies tropicais com elevadas precipitaes, alta
temperatura e luminosidade, com a maioria das plantaes comerciais concentrada no
litoral nordeste do Pas, possvel cultiv-lo no interior, ao norte do Trpico de Capricrnio.
Todas as partes da planta tm utilidade para o homem: a casca do fruto (mesocarpo)
empregada na confeco de cordas, sacos, capachos, isolantes trmicos etc.; o palmito, na
alimentao humana; as folhas, em coberturas de habitaes simples; e a polpa e a gua
do fruto, consumidas ao natural ou industrializadas. Aproximadamente 85% da produo
nacional comercializada como coco seco: a metade para uso culinrio (polpa in natura)
e o restante industrializado, obtendo-se uma srie de produtos como leite, sabo,
leo, etc. Cerca de 15% da produo consumida ainda verde, para extrao de gua, que
industrializada ou cosumida in natura.
Cultivares: o coqueiro gigante (comum) apresenta porte alto (20 a 30 m)
e sua produo tem uso industrial ou domstico. A cultivar gigante apresenta maior
rusticidade e incio de produo mais tardio em relao s demais. O coqueiro ano
(vermelho, verde e amarelo) tem porte baixo (10 a 12 m) e seus frutos destinam-se
principalmente para extrao de gua. So plantas mais exigentes quanto qualidade do
solo e disponibilidade hdrica, e precoces em relao ao coqueiro gigante. Os coqueiros
hbridos podem ter sua produo destinada tanto para extrao de gua como para a
produo de polpa.
Clima e solo: planta tipicamente tropical, exige precipitao (chuvas) anual
superior a 1.500 mm, bem distribuda ao longo do ano e insolao superior a 2.000 h anuais.
A temperatura mdia ideal de 27 oC, com mnimas superiores a 18 oC. Nos plantios
jovens, geadas podem ser fatais. Mesmo curtos perodos de frio afetam as plantas, com
efeitos negativos sobre o crescimento e o pegamento de flores. Baixa umidade do ar
tambm prejudica o crescimento das plantas. So indicados solos leves, profundos e
bem drenados. Camadas compactadas dificultam o desenvolvimento radicular, o que
diminui a capacidade das plantas de absorver gua e nutrientes.
Prticas de conservao do solo: plantar em nvel, capinar ruas alternadas,
utilizar culturas de cobertura entre as fileiras de plantas, caso no sejam feitas culturas
intercalares manter o solo coberto na poca das chuvas, manejando a vegetao
espontnea com roadeira ou herbicidas. reas com declividade superior a 6% devem

150

Boletim, IAC, 200, 2014

ser terraceadas; em inclinaes superiores a 15%, associar outras prticas, como


patamares ou banquetas.

Coco

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Plantio: empregar mudas produzidas a partir de sementes selecionadas.


As mudas podem ser transferidas para o campo com 3 ou 4 folhas vivas. Evitar o
ressecamento das razes ao transplant-las para o local definitivo. Transplantar as mudas
no incio da estao chuvosa e irrig-las, se houver estiagem. Os cuidados com as mudas
de cultivares ans devem ser redobrados, devido sua menor rusticidade.
Espaamento: dispor as plantas em tringulo com 7,5 x 7,5 x 7,5 m para
cultivares ans e 9 x 9 x 9 m para as de porte alto.
Mudas necessrias:205 mudas por hectare para cultivares ans e 143 mudas
por hectare para as cultivares gigantes.
Covas:60 x 60 x 60 cm, preparadas no mnimo um ms antes do plantio, para
fermentao da adubao orgnica.
Calagem e adubao: as recomendaes de adubao e calagem devem ser
estabelecidas a partir da anlise do solo. A calagem deve ser calculada visando elevar
o ndice de saturao por bases para 60% e o teor de magnsio acima de 5 mmolc dm-3.
Usar sempre calcrio dolomtico, aplicado em rea total e incorporado ao solo.
Adubao de plantio: aplicar na cova, 20 litros de esterco de curral ou
composto, ou 4 litros de esterco de galinha, bem curtidos, em mistura com 0,5 kg de
calcrio dolomtico, 1 kg de fosfato natural, 180 g de K2O e 5 g de Zn. Os adubos devem
ser bem misturados com a terra no preparo das covas, um ms antes do plantio.
Adubao de formao: aplicar, de acordo com a anlise inicial do solo e a idade
das plantas, as quantidades indicadas na tabela 1. Fracionar as doses em trs aplicaes
durante a estao chuvosa, aproximadamente em outubro, dezembro e maro, para
as condies de So Paulo. Aplicar os adubos na rea de coroamento das plantas, em
faixa circular de aproximadamente 1 m de largura e distante 30 cm do caule. O coqueiro
responde positivamente aplicao de cinzas, palhas e adubos orgnicos.
Tabela 1. Adubao de formao


Idade
Nitrognio

Ano
N, g/planta
0 a 1
120
1 a 2
240
2 a 3
360
3 a 4
480
4 a 5
600
Boletim, IAC, 200, 2014

P resina, mg dm-3
0-12
13-30
>30
----- P2O5, g/planta ----0
0
0
180
120
60
270
180
90
360
240
120
450
300
150

K + trocvel, mmolc dm-3


0-1,5
1,6-3,0 >3,0
----- K2O, g/planta ----240
180
120
480
360
240
720
540
360
960
720
480
1200
900
600
151

Coco

A.T.E. Aguiar et al.

Adubao de produo: aplicar, de acordo com a anlise do solo e a produo


anual esperada, as quantidades indicadas na tabela 2. Da mesma forma que na formao
das plantas, fracionar a adubao em trs aplicaes, na estao chuvosa. Continuar
aplicando os adubos na rea de coroamento das plantas, mas aumentar a largura da faixa
adubada para 1,5 m. A partir do 2.o ano, aplicar 30 kg/ha/ano de enxofre. Adubar com
zinco (5 kg ha-1 de Zn), sempre que a anlise do solo indicar valores abaixo de 0,6 mg dm-3
(DTPA). Aplicar boro (2 kg ha-1 de B), quando a anlise indicar teores abaixo de 0,2 mg dm-3
(gua quente).
Tabela 2. Adubao de produo

Produtividade
Nitrognio
esperada

frutos por
t/ha
N, kg ha-1
(1)
planta

P resina, mg dm-3
0-12 13-30 >30

K + trocvel, mmolc dm-3


0-1,5 1,6-3,0 >3,0

----- P2O5, kg ha-1 -----

----- K2O, kg ha-1 -----

<20
20-30
>30

60
90
120

(1)

<60
60-90
>90

80
120
160

30
60
90

0
30
60

180
240
300

120
180
240

60
120
180

Estimativa considerando 205 plantas/ha e frutos com aproximadamente 1,6 kg.


Controle de pragas e doenas: lagarta-das-folhas - localizar a presena das
lagartas (fezes no cho e desfolha), catar manualmente os ninhos, destru-los e, caso
necessrio, aplicar lagarticida; broca-do-tronco - esmagar a larva dentro da galeria no
caule, eliminar plantas atacadas, evitar ferimentos no caule; broca-do-olho-do-coqueiro
- eliminar plantas atacadas, usar iscas de pedaos de caule tratados com inseticida;
caros - pulverizar acaricidas.
Outros tratos culturais: manter o coqueiro limpo por meio de roadas nas
entrelinhas e coroamento com raio de 0,50 m para plantas jovens e de 2 m para
plantas adultas.
Colheita:os frutos das cultivares ans so colhidos durante o ano todo, a partir
do 3. ano e das cultivares gigantes, a partir do 7.o ano. Colher os frutos verdes para
extrao de gua e maduros para consumo da polpa seca.
o

Produtividade normal: cultivares ans - acima de 100 frutos/planta/ano;


gigantes - 30 a 50 frutos/planta/ano.
Culturas intercalares:culturas anuais de baixo porte, como feijo, amendoim
ou soja, durante a formao do coqueiral; evitar o sombreamento e a competio
excessiva por gua, deixando uma faixa limpa entre a cultura intercalar e os coqueiros.

152

Boletim, IAC, 200, 2014

Comercializao:os frutos podem ser comercializados verdes para extrao de


gua ou maduros para consumo da polpa ao natural ou industrializada. Aps a colheita, o
fruto maduro dura mais tempo que o verde, que deve ser prontamente comercializado.

Coco

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

LUIZ ANTONIO JUNQUEIRA TEIXEIRA


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Confrei

A.T.E. Aguiar et al.

Confrei

Symphytum officinale L.
uma espcie herbcea, da famlia Boraginaceae, originria da Europa e da sia.
Planta de clima temperado e frio, a espcie est perfeitamente aclimatada regio Centro-Sul
do Brasil. Produz grande quantidade de folhas ricas em protenas (28%-30%), prestando-se
para alimentar animais de pequeno porte, como planta forrageira. Contm mucilagens,
gomas, taninos, sais minerais, vitaminas e substncias de empregos variados, sobretudo
medicinais. Contm tambm alantona, substncia de propriedades cicatrizantes e de
regenerao celular, alm de vrios alcaloides, alguns deles de reconhecida toxicidade.
rstica e de fcil cultivo, resiste seca e s geadas. Precisa de bom teor de umidade no solo
para boa produo, mas no resiste ao encharcamento.
Cultivares: a prpria espcie botnica.
poca de plantio: de agosto a novembro. Em condies satisfatrias de calor e
umidade, o ano todo.
Espaamento: 0,60-0,80 x 0,60 m.
Mudas necessrias: 20.800 a 27.800/ha, obtidas por diviso de touceiras e razes.
Controle de eroso: plantio em nvel, prticas conservacionistas de acordo com
as necessidades do tipo de solo e declividade.
Calagem e adubao: elevar o ndice de saturao por bases para 60%, quando
observados valores inferiores. Aplicar 5 g de N, 10 g de PO e 6 g de KO, por cova. Aps
cada corte, fazer uma cobertura com 4 g de N por cova. Quando disponvel, aplicar 2 kg
de matria orgnica por cova.
Outros tratos culturais: capinas.
Controle de pragas e molstias: eventualmente, efetuar controle biolgico
de lagartas.
Colheita: colhem-se as folhas durante o ano todo; a cada dois ou trs meses,
cortar toda parte area da planta.
Produtividade normal: cada touceira produz de 1 a 2 kg de massa verde/corte. A
cultura pode permanecer produtiva por 5 a 6 anos, necessitando replantio aps esse perodo.
Rotao: pode ser feita com leguminosas.
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
ELIANE GOMES FABRI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Costaceae

Costaceae

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A famlia Costaceae pertence ordem Zingiberales, composta por sete gneros


e entre 110 e 115 espcies. Costus, o gnero com maior nmero de espcies, apresenta
semelhanas com Cheilocostus, Chamaecostus e Paracostus e bem diverso dos outros
trs gneros - Dimerocostus, Monocostus e Tapeinochilos. As espcies de Costaceae
apresentam crescimento intenso, rapidamente florescem e a florada, muitas vezes, pode
durar at nove meses. Tambm so extremamente bem aclimatadas s condies de
clima e solo e pode ser transplantada facilmente.
Espcies existentes:
1) Gnero Costus: compreende o conjunto dos gengibres espirais. Sua folhagem
espiralada em torno de hastes semelhantes a bambus ou colmos de cana-de-acar.
difcil fazer generalizaes sobre o gnero Costus porque as espcies so muito variadas.
Algumas apresentam textura aveludada, suave, nas faces inferiores das folhas. A maioria
das espcies apresenta a face inferior da folha com colorao em tons de verde, enquanto
outras a apresentam de colorao roxa. Suas brcteas e flores podem variar desde a
forma de uma espiga, assemelhando-se a um abacaxi, at levemente cnica, com as
flores emergindo do interior das brcteas. Algumas se desenvolvem a pleno sol e outras
sombra; algumas so resistentes ao frio intenso, enquanto outras so estritamente
tropicais. O gnero compreende 80 espcies.
2) Gnero Cheilocostus: composto por plantas acima de 1,5 m, com ramificaes
secundrias nos ns ao longo da planta e com os ramos emergindo das bainhas das folhas.
As folhas so sazonalmente decduas, ligadas bainha por um curto pecolo, articulado
na juno. As partes vegetativas so quase completamente glabras com pubescncia
restrita face inferior das folhas. A inflorescncia uma espiga alongada, terminal,
tanto quando emerge diretamente do rizoma em hastes sem folhas, como no final de
um ramo vegetativo. Apresentam brcteas vermelhas ou marrons, sem apndices. O
gnero abrange 4 espcies.
3) Gnero Monocostus: plantas herbceas pequenas, com razes longas,
reforadas por ramificaes. As folhas, muito curtas, so glabras, exceto por margens
ciliadas e vermelhas. As hastes eretas emergem do sistema rizomatoso, e so dispostas
em espiral. As flores, de uma a trs, solitrias nas axilas das folhas superiores so
curtamente pediceladas. Gnero composto por uma espcie.
4) Gnero Dimerocostus: compreende plantas herbceas, perenes, muito
altas, acima de 3 m de altura, frequentemente com hastes enfolhadas na base das
inflorescncias. As folhas grandes, em espiral, tm bainhas liguladas, desde cuneadas

Boletim, IAC, 200, 2014

155

Costaceae

A.T.E. Aguiar et al.

at arredondadas na base, normalmente longo-acuminadas no pice. A inflorescncia


estrobilcea, frequentemente alongada, terminando em um caule enfolhado. As
brcteas passam de verdes a amarelas, so coriceas e frequentemente apresentam
bainhas de forma ovado-triangular, muitas vezes providas de apndices foliceos, muito
menores que as flores. Compreende trs espcies.
5) Gnero Chamaecostus: constitudo por plantas pequenas ou diminutas, nunca
excedendo 1 m de altura, com hastes de dimetro abaixo de 1 cm, ocasionalmente em
rosetas acaulescentes. As folhas so elpticas, com pice variando desde acuminado a
longo-acuminado, e as inflorescncias, de cartceas a herbceas, de colorao variando
de verde a verde-amarelado, frequentemente apresentam apndices deltoides.
Compreende 7 espcies.
6) Gnero Paracostus: constitudo por plantas herbceas rizomatosas, prostradas
ou escandentes como trepadeiras, de 10 a 50 cm de altura, com uma ou poucas folhas,
cada uma apresentando uma inflorescncia axilar em potencial. Os rizomas so longos
e ascendentes. A inflorescncia uma curta espiga que emerge diretamente do eixo de
uma folha solitria, pouco florida. Compreende 2 espcies.
7) Gnero Tapeinochilos: plantas herbceas, rizomatosas, de tamanho mdio a
grande, com rizomas finos. As hastes areas assemelham-se a colmos de cana e atingem
at 6 m de altura, sendo retas ou levemente torcidas, ramificando-se em espiral, assim
como as folhas, que apresentam bainhas sobrepostas. A inflorescncia uma espiga
estrobilcea, ocorrendo na parte terminal de uma haste enfolhada ou de uma haste sem
folhas, que brota diretamente do rizoma. Compreende 15 espcies.
Clima e solo: espcies da famlia Costaceae apresentam desenvolvimento
adequado em climas correspondentes queles reconhecidos como tpicos de zonas
tropicais e subtropicais, ou seja, quentes e midos. Algumas poucas espcies, contudo,
ocorrem em locais de climas considerados de transio entre quentes e temperados.
Espcies da famlia Costaceae podem ser cultivadas em temperaturas que variam de
moderadas (17 oC) a mais elevadas (25-30 oC), predominando estas ltimas. A faixa de
temperatura adequada est situada entre 20 e 28 oC. Temperaturas inferiores a 15 oC
so prejudiciais ao desenvolvimento das plantas, pois acarretam atraso do crescimento
vegetativo e podem atrasar o florescimento. As espcies de Costaceae desenvolvem-se
bem em solos arenosos ou areno-argilosos, com grande concentrao de sais solveis,
e algumas vegetam bem em solos rasos e pedregosos. Necessitam, para um cultivo bem
sucedido, de solos ricos, orgnicos, com boa aerao e umidade, mas bem drenados.
Propagao: a produo de mudas pode ser iniciada a partir de seces de
rizoma de 6 a 12 cm de comprimento, conforme a espcie, com plantio tanto efetuado

156

Boletim, IAC, 200, 2014

diretamente no local definitivo como em vasos ou outros recipientes, no incio da


primavera, em solos orgnicos, leves, bem aerados e midos. Deve ser assegurado que
os rizomas no sejam plantados muito profundamente (no mximo 5 a 10 cm), bem
como deve ser evitado o excesso de irrigao para prevenir as podrides de rizomas.
As mudas podem tambm ser produzidas por diviso de touceiras. Nesse caso, a
planta adulta recebe uma leve poda em suas hastes vegetativas, sendo ento dividida
em partes, apresentando em sua base seces de rizoma de tamanho adequado,
para induo imediata de novas brotaes. A vantagem desse mtodo a rapidez na
formao de novas plantas. Outro mtodo muito utilizado a estaquia, tanto por meio
de estacas de pices como de seces intermedirias das hastes vegetativas, com 10 a
25 cm de comprimento, conforme a espcie. Alm desses mtodos pode ser utilizada
a propagao por sementes. Estas so, de um modo geral, muito pequenas e de cor
varivel, conforme a espcie. As sementes devem ser retiradas do interior das brcteas
das inflorescncias senescentes e lavadas em gua limpa para retirada da mucilagem. A
semeadura deve ser superficial, realizada em recipientes preenchidos com substratos
leves, porosos, e que se mantenham midos. Como substrato, preferencialmente pode
ser recomendado o esfagno. O perodo de germinao rpido, entre 15 e 30 dias.
Plantas entre 3 e 5 cm devem ser transplantadas para recipientes com outro substrato,
mais denso.

Costaceae

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Ciclo produtivo: com o plantio de rizomas, as plantas iro iniciar a produo


entre 9 e 12 meses, atingindo produo satisfatria.
Espaamento: associado ao porte da espcie e finalidade de uso (jardim ou
corte). De modo geral, para espcies de grande porte utiliza-se o espaamento 2,0 m
entrelinhas e 1,5 m entre plantas. Para espcies menores utilizam-se espaamentos
1,5 m entrelinhas e 0,80 m entre plantas.
Calagem e adubao: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a
80%. Deve-se evitar a utilizao de compostos ricos em ureia, sendo prefervel o uso de
adubos orgnicos. Plantios adensados requerem aplicaes regulares de potssio.
Irrigao: a cultura altamente exigente em gua, e a falta de irrigao afeta a
produo de inflorescncias, devendo o solo estar sempre mido.
Outros tratos culturais: anualmente realizar a limpeza da touceira, eliminando
hastes e inflorescncias senescentes, realizando tambm a retirada de plantas invasoras.
Principais pragas: caros, nematoides, formigas-cortadeiras, lagartas e pulges.
Principais doenas: podrido do rizoma, mancha da folha e ferrugem.
Colheita: a colheita manual e deve ser realizada nas horas de temperatura

Boletim, IAC, 200, 2014

157

Costaceae

A.T.E. Aguiar et al.

mais baixa. A quantidade de hastes florais produzidas por ciclo muito dependente da
espcie utilizada. Aps a colheita, as hastes devem ser completamente imersas em gua
e em seguida, acondicionadas em recipientes com gua.
Ps-colheita: as inflorescncias devem ser resfriadas (imersas em gua), limpas
(detergente neutro), hidratadas (mantidas em recipiente com gua), classificadas
(A ou B) e embaladas em caixas de papelo ou formando maos. As temperaturas
de armazenagem e transporte no devem ser inferiores a 13 oC, pois exposies a
temperaturas baixas podem causar o murchamento precoce, bem como o escurecimento
das brcteas.
Produtividade: depende da espcie. Por exemplo, uma nica touceira de Costus
comosus adulta produz em mdia 10 inflorescncias.
CARLOS EDUARDO FERREIRA DE CASTRO
CHARLESTON GONALVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

158

Boletim, IAC, 200, 2014

Couve de Folha
(Brassica oleracea L. var. acephala)

Couve de Folha

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A couve de folha, hortalia arbustiva anual ou bienal, da famlia Brassicacea, vem


tendo seu consumo gradativamente aumentado em diversas regies do Brasil, devido
provavelmente, s novas maneiras de utilizao na culinria e s recentes descobertas
da cincia quanto a suas propriedades nutricionais e medicinais. Comparativamente a
outras hortalias folhosas, a couve de folha destaca-se quanto ao maior contedo de
protenas, carboidratos, fibras, clcio, ferro, vitamina A, niacina e vitamina C.
Cultivares: h diversas cultivares de couve, classificadas pela populao pela
aparncia, principalmente quanto cor e textura das folhas. A couve do tipo manteiga
em geral relacionada maciez das folhas ao tato, e em muitas regies do Pas,
colorao verde-claro. A maior parte das cultivares produzida pelo sistema de mudas,
destacando-se as seguintes: Manteiga Verde Lisa, Manteiga Verde Crespa, Manteiga Roxa
e Gigante. Existem outras denominaes regionais. Quanto s cultivares produzidas por
sementes, podem ser citadas: Cabocla, Manteiga da Gergia, Green Magic, Gaudina,
Couve Manteiga 900 P Alto.
Plantio: o ano todo no Planalto Paulista e de maro a novembro no Litoral. A
couve se desenvolve bem sob temperaturas amenas (entre 15 e 22o C).
Espaamento: 80 a 60 cm entrelinhas x 50 a 40 cm entre plantas.
Controle da eroso: plantio em nvel, terraceamento e uso de cobertura vegetal.
Recomenda-se a construo de canteiros altos (20 a 30 cm) principalmente em solos de
baixada. Solos compactados e reas de baixada sujeitas a encharcamento predispem
a couve incidncia de bacterioses e fungos de solo. Conforme a declividade do local
de plantio e o tipo de solo, principalmente quanto textura, a construo de canteiros
poder ser dispensada.
Calagem: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 80% e o teor de
magnsio do solo a um mnimo de 8 mmolc dm-3.
Adubao orgnica: aplicar, cerca de 30 dias antes do plantio das mudas ou da
semeadura, 20 a 40 t ha-1 de esterco bovino bem curtido ou de 5 a 10 t ha-1 de esterco
de galinha ou cama de frango, bem curtidos. Estercos em geral devem ser compostados
antes da incorporao ao solo, para que estejam isentos de patgenos e sementes de
plantas daninhas. O composto orgnico Bokashi pode ser utilizado na dose de 150 a 250 g
por m2 para ajudar na recuperao de solos degradados. O hmus de minhoca deve ser

Boletim, IAC, 200, 2014

159

Couve de Folha

A.T.E. Aguiar et al.

utilizado na mesma quantidade em relao aos estercos de frango e de galinha. Quanto


escolha do fertilizante orgnico, deve ser considerado o aspecto econmico.
Adubao mineral de plantio: aplicar 30 a 50 kg ha-1 de N, 180 a 360 kg ha-1 de
P2O5 e 80 a 160 kg ha-1 de K2O. Juntamente com os fertilizantes NPK de plantio, aplicar
de 1 a 2 kg ha-1 de boro (B), 1 a 3 kg ha-1 de zinco (Zn) e em solos deficientes, 2 kg ha-1 de
cobre (Cu) e 1 kg ha-1 de mangans (Mn).
Adubao de cobertura: entre 15 e 20 dias aps o transplante ou o pegamento
das mudas aplicar em cobertura, ao lado das plantas, 40 kg ha-1 de N, 10 kg ha-1 de
P2O5 e 20 kg ha-1 de K2O, aumentando ou diminuindo essas doses em 20%, conforme a
fertilidade do solo e o porte da planta. Repetir essas aplicaes a cada 20-30 dias.
Adubao foliar: pulverizar as plantas a cada 30 dias com solues de boro
(0,1% de cido brico) e de molibdnio (0,05% a 0,1% de molibdato de sdio ou de
amnio). Utilizar espalhante adesivo, visando a melhor aderncia do produto folha.
Irrigao: indispensvel, por asperso ou gotejamento.
Tutoramento: quando do plantio de couve propagada por mudas, de
maior crescimento em relao couve hbrida propagada por sementes, realizar o
estaqueamento com bambu.
Outros tratos culturais: controle de plantas daninhas: manual, ou por herbicidas
- consultar: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Principais pragas: mosca branca, pulges, lagartas e traas das crucferas.
Produtos registrados para controle consultar: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_
cons/principal_agrofit_cons.
Principais doenas: odio, alternaria e bacterioses. Produtos registrados para
controle consultar: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Colheita: destacar da haste principal as folhas ainda tenras e acondicion-las
em maos ou em embalagens apropriadas com folhas minimamente processadas
(pr-lavadas e cortadas).
Produtividade mdia: 3 a 5 quilos de folhas por planta durante o ciclo normal
de 6 a 8 meses.
Rotao: feijo-vagem, quiabo, berinjela, milho e adubos verdes.
Comercializao e Consumo: a comercializao feita em geral na forma de
folhas, em maos de 400 g ou semiprocessadas, picadas, higienizadas e acondicionadas
em bandejas. frequente a comercializao em maos diretamente nas hortas,
principalmente urbanas e periurbanas, muito comuns na regio de Campinas. O consumo

160

Boletim, IAC, 200, 2014

se d na forma in natura em saladas, refogada e ainda em pratos mais requintados como


farofas e charutos, em que as folhas de couve substituem as folhas de videira.
Paulo Espndola Trani
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Couve de Folha

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Sally Ferreira Blat


Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)
Anglica Prela-Pantano
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
Sebastio Wilson Tivelli
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecolgica, So Roque (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

161

Crotalria

A.T.E. Aguiar et al.

Crotalria

Em geral, as plantas desse gnero so anuais, eretas, subarbustivas a arbustivas,


de crescimento determinado e com sementes de tamanho reduzido e forma de rim.
So utilizadas, principalmente, como adubos verdes, como alternativa diminuio ou
mesmo eliminao da necessidade de utilizao de adubos nitrogenados qumicos,
possibilitando consequentes e relevantes aumentos no rendimento das culturas em
sucesso, rotao ou intercalares. As espcies de uso mais comum so Crotalaria
breviflora, C. juncea e C. spectabilis, havendo outras menos cultivadas no Estado de So
Paulo como C. lanceolata, C. mucronata, C. ochroleuca e C. paulina.
Crotalaria breviflora: espcie originria da ndia e introduzida oficialmente no
IAC em 1936, com ampla adaptabilidade edafoclimtica no Estado de So Paulo. Plantas
de crescimento rpido, altura de dossel entre 0,60 e 1,5 m, florao precoce e duradoura
e ciclo relativamente curto em relao s demais espcies utilizadas como adubos
verdes. Fixam entre 67 e 160 kg ha-1 ano-1 de N, apresentam relao C/N entre 14 e 18 e
so ms hospedeiras e resistentes aos nematoides formadores de galhas, Meloidogyne
incognita e M. javanica, ao nematoide do cisto, Heterodera glycines, bem como aos
nematoides Rotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus, contribuindo para sua
reduo populacional.
Crotalaria juncea L.: espcie originria da ndia e sia Tropical, produtora
de fibras e celulose de qualidade, prprias para a indstria de papel e outros fins.
Recomendada principalmente como adubo verde em cultivo isolado, sendo muito eficaz
na reforma de canaviais, ou em cultivo consorciado ao milheto (Pennisetum glaucum).
Tem crescimento inicial muito rpido, atingindo de 3,0 a 3,5 m de altura, em estao
normal de crescimento. Fixa em mdia 150 kg ha-1 ano-1 de N, apresenta relao C/N
entre 17 e 19, e controla, comprovadamente, os nematoides formadores de galhas
(Meloidogyne sp.) e de cistos (Heterodera glycini), controlando tambm infestantes,
como a tiririca (Cyperus rotundus).
Crotalaria spectabilis Roth: espcie de ampla adaptao ecolgica,
recomendada para adubao verde. Planta-armadilha das mais eficazes no controle dos
nematoides formadores de galhas em solos infestados. As plantas so arbustivas, de
crescimento ereto e determinado, relativamente precoces, porm de desenvolvimento
inicial lento, apresentando, quando maduras, de 1,0 a 1,5 m de altura. Fixam em mdia,
entre 60 e 120 kg ha-1 ano-1 de N, apresentando relao C/N ao redor de 18.
Cultivares: IAC 1 e IAC KR-1 para C. juncea e as prprias espcies botnicas para
as demais.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Clima e Solo: espcies adaptadas ao clima tropical e subtropical, apresentando


alguma tolerncia ao dficit hdrico e aos solos de textura arenosa e argilosa. C. juncea
e C. breviflora so sensveis e C.mucronata e C.ochroleuca e C.spectabilis so
moderadamente tolerantes ao alumnio na soluo do solo.

Crotalria

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

poca de semeadura: safra e safrinha, de outubro a fevereiro/maro;


semeaduras mais tardias, at abril, para C. juncea em regies com temperaturas mais
elevadas, para produo de sementes, quando as plantas ficam mais baixas, o que
facilita a colheita de sementes.
Espaamento e densidade de semeadura: para adubao verde e produo de
sementes, 25 a 50 cm entrelinhas, sendo distribudas 25 a 40 sementes por metro. Os
menores espaamentos so recomendados para as semeaduras tardias.
Sementes necessrias: 25 a 40 kg ha-1 para C. juncea e 12 a 15 kg ha-1 para as
outras duas espcies.
Calagem e adubao: as quantidades de corretivos e fertilizantes devem
ser baseadas em resultados de anlise do solo. A calagem dever elevar o ndice de
saturao por bases a 60%, mas se este j for prximo a esse valor dispensam-se a
calagem e a adubao mineral. Considerar efeito residual de fertilizantes aplicados
em culturas anteriores. Na semeadura, se necessrio, aplicar at 40 kg ha-1 de P2O5 e
30 kg ha-1 de K2O. Havendo disponibilidade do Rhizobium especfico, para a primeira
semeadura inocular 50 kg de sementes com 200 gramas de inoculante turfoso. Em
solos de fertilidade muito reduzida, e particularmente nos argilosos, importante
adubar C. juncea e C. spectabilis com at 90 kg ha-1 de P2O5, ou mesmo fazer adubao
completa, para aumento do rendimento em fitomassa.
Controle de plantas infestantes: se necessrio, dois cultivos mecnicos at
40 dias aps a semeadura, para prevenir concorrncia desfavorvel. No h produtos
registrados para essas espcies, at setembro/2013. Em plantio direto, utilizar herbicidas
dessecantes antes da semeadura da leguminosa.
Principais doenas: a murcha causada pelo fungo de solo Ceratocystis fimbriata
limitante produo de sementes de C. juncea e C. spectabilis, e esse fato exige o plantio
das cultivares resistentes IAC 1 e IAC KR-1, ou que seja evitado o cultivo consecutivo na
mesma rea. So suscetveis ao Fusarium sp. e resistentes ferrugem asitica. C. juncea
e C. lanceolata so muito suscetveis ao odio e C. spectabilis Septoria crotalariae. No
h produtos registrados para essas espcies, at setembro/2013.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Crotalria

A.T.E. Aguiar et al.

Principais pragas: como adubo verde a incidncia de insetos no atinge


nvel de dano econmico. Entretanto, a lagarta-das-vagens (Utetheisa omatrix) e o
percevejo (Thianta perditor), quando presentes, podem prejudicar a produo de
sementes. Citam-se ainda, como outras eventuais pragas: lagarta-da-ma (Heliothis
sp.), lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignoselus); lagarta-urticante (Lophocampa citrina);
mosca-branca (Bemisia tabaci); vaquinha (Cerotoma arcuatus, Diabrotica speciosa);
vaquinha-da-batatinha (Epicauta atomaria) e tripes. Em C. mucronata e C. ochroleuca,
pode ocorrer incidncia severa da vaquinha-da-batatinha ou burrinho-das-solanceas
(Epicauta atomaria Germar), com muitos prejuzos produo de sementes. Esse inseto
pode ser eventualmente constatado em C. juncea e C. spectabilis, porm sem muitos
danos. No h produtos registrados para essas espcies, at setembro/2013.
Colheita: efetuar o corte das plantas, seguido ou no de incorporao da
fitomassa produzida, no pleno florescimento/incio do surgimento das primeiras vagens,
normalmente aos 100 dias aps a semeadura para C. breviflora e aos 120 dias para
C. juncea e C. spectabilis. A colheita de sementes ocorre em mdia aos 180 dias para
as trs espcies, podendo ser varivel entre 130 e 280 dias para C. breviflora. Cortar
manualmente os racemos secos, seguindo-se a trilhagem e abanao, para separao
das sementes. Nas culturas de C. juncea semeadas em maro e abril, as plantas atingiro
entre 1,0 m a 1,5 m de altura na maturidade, em agosto e setembro, facilitando a
colheita mecnica.
Produtividade: 3 a 5 t ha-1 de matria seca e de 500 a 1.500 kg ha-1 de sementes,
para C. breviflora; 10 a 15 t ha-1 de matria seca e 500 a 1.000 kg ha-1 de sementes,
para C. juncea; 4 a 6 t ha-1 de matria seca e 600 a 800 kg ha-1 de sementes, para
C. spectabilis. Para aumento da produtividade de sementes, favorecer a presena de
insetos polinizadores (abelhas, mamangavas) nas reas cultivadas, particularmente da
mamangava, na cultura de C. juncea.
Rotao: com algodo, arroz, feijo, milho, soja, trigo e nas reas de implantao
ou reforma da cana-de-acar. Como cultura intercalar em culturas perenes - caf e
frutferas como amoreira, banana, citros, maracuj e videira, dentre outras. Por serem
plantas melferas, atrativas para abelhas e mamangavas, so muito interessantes para
cultivo intercalar na cultura do maracuj, preferencialmente polinizada por mamangavas.

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Boletim, IAC, 200, 2014

ELAINE BAHIA WUTKE


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)

Crotalria

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

NELSON RAIMUNDO BRAGA


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
PAULO BOLLER GALLO
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)
ANTONIO LCIO MELLO MARTINS
Polo Regional do Centro Norte, Pindorama (SP)
DENIZART BOLONHEZI
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)
SEBASTIO WILSON TIVELLI
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecolgica, So Roque (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Crcuma

A.T.E. Aguiar et al.

Crcuma
Curcuma longa L.

uma planta cultivada h pelo menos 2 mil anos no sul da ndia, Malsia e Java.
A planta, herbcea, robusta, de folhas grandes, verdes, afiladas, apresentando espigas
com flores de labelos de colorao prpura, muito utilizada como condimento e corante.
Produz rizomas carnosos, de colorao vermelho-alaranjada, que contm substncias
aromticas. O p obtido pela moagem dos rizomas secos utilizado como condimento e
corante para alimentos. O corante, amarelo-alaranjado, denomina-se curcumina.
Cultivares: a prpria espcie botnica.
poca de plantio: de agosto a setembro.
Espaamento: 0,70x0,30m.
Rizomas - sementes necessrias: 1.000 a 1.500 kg ha-1.
Controle de eroso: o cultivo, geralmente realizado em solos planos de baixada,
exige prticas conservacionistas simples.
Calagem e adubao: corrigir a acidez do solo quando o ndice de saturao por
bases for inferior a 50%. No plantio aplicar 20 kg ha-1 de N e, de acordo com a anlise do
solo, de 40 a 100 kg ha-1 de P2O5 e de 40 a 80 kg ha-1 de K2O. Em cobertura, aplicar 30 kg ha-1
de N, 30 dias aps o plantio.
Outros tratos culturais: capinas.
Colheita: realizada em julho - agosto, arrancando-se os rizomas manualmente,
quando a parte area comear a secar.
Produtividade normal: 10 a 12 toneladas em mdia por hectare.
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
ELIANE GOMES FABRI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Estvia

Stevia rebaudiana (Bert.) Bertoni

Estvia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Planta herbcea, semiperene, da famlia Asteraceae, originria do Paraguai,


crescendo espontaneamente nas regies de fronteira entre este pas e o Brasil. A planta
um subarbusto herbceo, ereto, perene, de altura at 1 metro, flores hermafroditas e
sistema radicular pivotante, perene. Aps o primeiro corte, verifica-se uma diferenciao
celular e o sistema radicular torna-se fasciculado na camada superior do solo. A parte
area anual e seca durante o inverno, rebrotando na primavera. Produz em suas folhas
substncia adocicada, denominada esteviosdeo, um glicosdeo 100 a 400 vezes mais
doce que a sacarose da cana-de-acar.
Cultivares: por se tratar de uma planta algama, que se reproduz por
fecundao cruzada, h grande diversidade fenotpica, que se observa nas populaes
que crescem espontaneamente, resultando em grande diferena entre plantas, em
termos de contedo de edulcorantes.
poca de plantio: no fim de julho estendendo-se at setembro, de maneira
que podem ser realizados dois cortes at abril do ano seguinte, quando passam a ser
colhidas as sementes. Mudas de estvia oriundas de sementes podem produzir durante
5 a 6 anos.
Sementes necessrias: o estabelecimento de um cultivo de estvia envolve
a produo de mudas, tanto a partir de sementes, como por meio de propagao
vegetativa ou diviso de rebrota, com posterior transplante para o local definitivo. Com
1 kg de sementes pode-se obter entre 350.000 a 525.000 mudas. Recomendam-se de
80.000 a 160.000 mudas por ha.
Espaamento: 0,15m na linha e 0,50m entrelinhas.
Controle de eroso: aps o plantio, deve-se cobrir o solo com palha seca
visando manuteno da umidade e o controle de plantas daninhas e da eroso.
Calagem e adubao: a anlise do solo necessria para identificar os
problemas e as carncias nutricionais. O solo para a produo de estvia deve apresentar
saturao por bases ao redor de 70%. O perodo de maior absoro de nutrientes
pela planta est entre 60 e 90 dias aps o transplante para o campo. Para a adubao
orgnica utilizar, com aplicao a lano, de 30 a 50 t ha- de esterco de curral curtido ou
10 a 15 t ha- de esterco de galinha incorporados. Para tanto, deve-se misturar o adubo
orgnico com a terra, com antecedncia mnima de 15 dias do plantio, mantendo-se a
umidade adequada. Para adubao qumica aplicar no sulco de plantio, 20 kg ha- de N e

Boletim, IAC, 200, 2014

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Estvia

A.T.E. Aguiar et al.

20 dias aps, 40 kg ha- de N. Aps cada corte, deve-se aplicar 70 kg ha- de N para cada
1.000 kg de folhas secas colhidas, parcelando-se 30% aps o corte e 70% aos 20 dias
aps a primeira aplicao. A adubao fosfatada deve ser realizada anualmente. Uma
vez corrigido o teor de fsforo, recomenda-se aplicar 40 kg ha- de PO no plantio e a
realizao, a cada corte, de adubao de manuteno na linha.
Irrigao: a estvia uma cultura de alta exigncia hdrica e requer irrigaes
frequentes para manter o teor de umidade do solo na faixa entre 60% e 80%. A cultura
muito sensvel deficincia hdrica e apresenta sistema radicular pouco profundo (15 a
25 cm), podendo-se afirmar que irrigaes mais frequentes e com lminas menores so
as mais adequadas. A irrigao deve ser diria, mantendo-se os canteiros sempre com
umidade prxima capacidade de campo. Recomenda-se a aplicao de at cindo regas
por dia, at a fase de germinao das sementes. Aps a emergncia, quando as mudas
alcanarem 1 a 2 cm de altura, o nmero de regas deve ser reduzido para trs vezes ao dia.
Outros tratos culturais: a plantao de estvia deve ser mantida bem limpa,
constantemente livre de pragas, doenas, bem como de plantas daninhas, principalmente
na poca da colheita. necessrio que se faa a poda das plantas, visando promover
seu perfilhamento. Essa poda pode ser realizada dos 45 aos 60 dias aps o transplante
no campo. A poda promove o aumento da produtividade na primeira colheita e o
fortalecimento das razes das plantas, alm de acelerar o fechamento da cultura.
Principais pragas: pouco foi observado a respeito de ataque de insetos em
estvia e geralmente, as pragas que ocorrem na cultura so pulges, cochonilhas,
lepidpteros, dpteros, moluscos, formigas, aranhas e nematoides de galhas, que no
causam danos a ponto de exigir medidas de controle.
Principais doenas: podrido da haste ou podrido-das-razes (Sclerotium rolfsii)
- usar fungicidas como metil-tiofenato e pentaboronitrobenzeno; septoriose (Septoria
steviae) - usar metil-tiofanato; mancha-negra ou mancha-de-alternaria (Alternaria
stevia) - usar metil-tiofanato; verrugose - usar rotao de cultura; odio (Oidium sp.) usar fungicidas base de enxofre e rotao de cultura.
Colheita: o ciclo completo de crescimento da estvia de aproximadamente
90 dias, podendo-se, portanto, manejar a cultura para possibilitar trs colheitas anuais.
A colheita pode ser feita com roadeira costal com disco em forma de estrela de trs
pontas, com rotao regulvel de aproximadamente 2.000 rpm, ou com ferramentas
de corte bem afiado para no abalar o sistema radicular das plantas no ato de corte
dos ramos. Este deve ser realizado na semana que antecede a florao, devido maior
concentrao de esteviosdeo. O primeiro corte pode ser feito aproximadamente aos
100 dias aps o plantio definitivo, entre 15 e 30 cm acima do nvel do solo; o segundo

168

Boletim, IAC, 200, 2014

corte aos 120 dias aps o primeiro, e no ltimo corte, recomenda-se que a planta seja
cortada rente ao solo. importante deixar uma rea para a produo de sementes.
Produtividade normal: estimado para 100.000 plantas ha- um rendimento
mdio de 3.000 a 5.000 kg de folhas ano-, nas trs colheitas anuais, sendo geralmente
menor a produtividade no primeiro ano. A cultura deve permanecer produtiva por 5-6 anos,
renovando-a aps esse perodo.

Estvia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Armazenamento e comercializao: no vero, de 7 a 8 horas de exposio ao sol


so suficientes para deixar as folhas colhidas com grau de umidade em base seca entre
10% a 12%. Em estufa, sec-las em temperatura ao redor de 70 oC, com ar circulante.
Para o armazenamento, aps a secagem das folhas separ-las dos galhos e armazen-las
em sacos plsticos, em ambiente limpo e livre de insetos e ratos. A classificao das
folhas feita pela porcentagem de edulcorante, que corresponde de 6% a 12% da massa
total de folhas secas, com 12% de umidade. As folhas so comercializadas no mercado
interno diretamente para a indstria processadora, ou no mercado externo, com venda
direta aos importadores.
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
ELIANE GOMES FABRI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

169

Feijo

A.T.E. Aguiar et al.

Feijo

(Phaseolus vulgaris L.)


Espcie originria do continente americano, o feijo constitui alimento bsico
e principal fonte de protena vegetal do povo brasileiro. Tem ciclo curto, entre 65 a 110
dias, com hbito de crescimento determinado ou indeterminado e dossel de 40 a 60 cm
de altura.
Cultivares: Grupo Diversos/tipo Carioca - IAC Alvorada (ciclo mdio de 92 dias,
hbito de crescimento tipo III, porte semiereto), IAC Formoso (ciclo mdio de 85 dias,
hbito de crescimento tipo II, porte semiereto), IAC Imperador (ciclo mdio de 75 dias,
hbito de crescimento tipo I, porte semiereto), IAC Milnio (ciclo mdio de 92 dias,
hbito de crescimento tipo III, porte semiereto); Grupo Diversos/tipo Rajado - IAC Boreal
(ciclo mdio de 75 dias, hbito de crescimento tipo I, porte ereto), IAC Harmonia (ciclo
mdio de 75 dias, hbito de crescimento tipo I, porte ereto), Grupo Preto/tipo Preto IAC Diplomata (ciclo mdio 92 dias, hbito de crescimento tipo II, porte ereto) e IAC Una
(ciclo mdio de 94 dias, hbito de crescimento tipo II, porte ereto).
Clima e solo: temperaturas mdias entre 18 C e 28 C, porm sem ocorrncia
de geadas. Solos soltos, friveis, no sujeitos ao encharcamento, com horizonte B
textural; Argissolos (horizonte A profundo) ou Latossolos de textura argilosa ou mdia,
com adequada drenagem natural, sem compactao.
poca de semeadura: conforme o zoneamento agrcola, em trs pocas - feijo
das guas (de agosto a outubro); feijo da seca (de meados de dezembro a maro) e
feijo de inverno irrigado (de abril a junho). No sul do Estado de So Paulo recomenda-se
antecipar a semeadura da seca para meados de dezembro, pela menor incidncia de
mosca-branca (Bemisia tabaci bitipo B).
Espaamento: para cultivares com hbito de crescimento tipo I utilizar 40 ou
45 cm entrelinhas com densidade final de 12 plantas por metro; para cultivares com
hbito de crescimento tipo II utilizar 50 cm entrelinhas com densidade final de 10 a 12
plantas por metro; para cultivares com hbito de crescimento tipo III utilizar 50 a 60 cm
entrelinhas com densidade final de 8 a 10 plantas por metro.
Sementes necessrias: 60 a 90 kg ha-1 de sementes, dependendo do tamanho
dos gros e do espaamento adotado, com densidade populacional pretendida entre
180 a 240 mil plantas ha-1.
Calagem e adubao: feitas com base em resultados de anlise do solo e
produtividade esperada. Aplicar quantidade de corretivo para elevao do ndice de

170

Boletim, IAC, 200, 2014

saturao por bases a 70%. No sistema de plantio direto (SPD) aplicar quantidades
frequentes e superficiais entre 1 a 2 t ha-1. Na semeadura do feijo das guas e da seca
aplicar 10 kg ha-1 de N, 90 kg ha-1 de P2O5 e 60 kg ha-1 de K2O, para produtividade mdia
de at 3 t ha-1 de gros, enquanto para o feijo de inverno, aplicar 20 kg ha -1 de N,
90 kg ha-1 de P2O5 e 100 kg ha-1 de K2O, para produtividade mdia at 4,5 t ha-1 de gros.
Em cobertura, aos 15 a 30 dias aps a emergncia das plantas, aplicar 40 a 90 kg ha-1
de N. Parcelar doses recomendadas de K2O maiores que 50 kg ha-1, em cobertura, junto
com o N. Em solos com deficincia, aplicar de 20 a 30 kg ha -1 de S, at 3 kg ha -1 de
Zn e 1 kg ha-1 de B.

Feijo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Irrigao: complementar ou suplementar, quando necessria, em situao de


restrio hdrica temporria como nas safras da seca e veranicos, e mais prolongada, no
outono-inverno.
Controle de infestantes: utilizar mtodos preventivos, culturais, manuais
(capinas), biolgicos, mecnicos (cultivadores), qumicos (herbicidas) ou associar alguns
deles (manejo integrado). Consultar assistncia tcnica para recomendar herbicidas em
aplicaes de pr-plantio incorporado (PPI); pr-emergncia (PRE); ps-emergncia da
cultura (POS) ou ps-emergncia, mas em pr-plantio da cultura. No SPD dessecar a
fitomassa antecessora com herbicidas especficos, na pr-semeadura do feijo.
Principais doenas: antracnose, crestamento bacteriano, ferrugem,
mancha angular, mancha-de-alternaria, mofo branco, mosaico dourado, murcha
de curtobacterium; murcha de fusarium e odio. Consultar assistncia tcnica para
recomendao de fungicidas. Dependendo da cultivar, pode-se reduzir em at 30% a
quantidade do defensivo a ser aplicada.
Principais pragas: caros, cigarrinhas, lagartas, larva-minadora e mosca-branca,
quase sempre nos perodos de seca; percevejos, pulges, tripes, vaquinhas e surtos
espordicos de lesmas. Consultar assistncia tcnica para recomendao de inseticidas.
Controle de carunchos deve ser feito por expurgo, preferencialmente com fosfina, pela
facilidade de uso.
Colheita: no perodo da manh, com as plantas secas, sem a maioria das folhas
e teor de gua nas sementes ao redor de 20%. Arranquio e enleiramento das plantas
feitos manualmente, seguidos de secagem e separao mecnica dos gros da palha com
recolhedoras-trilhadoras. Colheita mecnica com colhedoras ou ceifadora/enleiradora e
recolhedora/trilhadora.
Produtividade normal: dependendo das condies ambientais e do sistema de
cultivo, entre 1.500 e 3.000 kg ha-1, em mdia. Nos cultivos irrigados e de alta tecnologia,
possibilidade de se obter rendimentos mdios de at 4.500 kg ha-1.

Boletim, IAC, 200, 2014

171

Feijo

A.T.E. Aguiar et al.

Rotao: com culturas antecessoras que deixam grande quantidade de massa


vegetal na superfcie do solo, como aveias branca e preta, braquirias, centeio, milho,
milheto, sorgo, trigo, triticale e leguminosas adubos verdes como crotalria jncea,
guandu, mucuna-preta e soja. Evitar nabo forrageiro em reas com mofo branco, doena
causada por Sclerotium sclerotiorum.
ELAINE BAHIA WUTKE
SRGIO AUGUSTO MORAIS CARBONELL
ALISSON FERNANDO CHIORATO
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
MARGARIDA FUMIKO ITO
CESAR PAGOTTO STEIN
ORIVALDO BRUNINI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
PAULO BOLLER GALLO
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)

172

Boletim, IAC, 200, 2014

Feijo-Adzuki

[Vigna angularis (Willd.) Ohwi & Ohashi]

Feijo-Arroz

Feijo-Adzuki
Feijo-Arroz

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

[Vigna umbellata (Thumb.) Ohwi & Ohashi]


Espcies originrias da sia, anuais, produtoras de gros pequenos, alongados
ou arredondados, consumidos em larga escala em pases do Oriente, principalmente
no Japo. As plantas de Vigna angularis so herbceas, geralmente de porte ereto,
de crescimento determinado, eretas, havendo, no entanto, materiais trepadores ou
prostrados. Apresentam ciclo curto, altura mdia entre 20 a 50 cm e sementes oblongas a
ovais, lisas e de colorao varivel, podendo ser vermelho-escuras, cinza, pretas, brancas,
amarelo-esverdeadas ou at mosqueadas. As plantas de V. umbellata so herbceas,
eretas ou trepadoras, de ciclo mais longo (120 a 150 dias) e dossel entre 0,80 e 1,0 m,
havendo materiais com crescimento determinado, ciclo curto (80 a 100 dias) e altura de
40 a 50 cm. Suas sementes so pequenas e de colorao predominantemente amarela
ou vinho. As plantas podem ser cultivadas para adubao verde, sendo suscetveis aos
nematoides formadores de galhas (Meloidogyne sp.). As sementes so particularmente
utilizadas na confeco de doces (massa denominada an) ou consumidas como o feijo
comum. No Brasil, alm das colnias orientais, aumentou bastante a demanda por esse
tipo de feijo, devido aos grupos naturalistas.
Cultivares: disponveis no mercado.
Clima e solo: clima subtropical com temperaturas variveis entre 18 e 30 C. As
espcies so sensveis ao fotoperodo, no toleram geadas e so adaptadas aos locais
de elevadas altitudes nos trpicos. Solos de textura argilosa e arenosa, bem drenados.
pocas de semeadura: V. angularis - setembro a dezembro; V. umbellata setembro e outubro (cultivo das guas) e janeiro e fevereiro (cultivo da seca).
Espaamento e densidade de semeadura: V. angularis - 50 a 60 cm entre as
linhas, com 10 at 15 plantas por metro; V. umbellata - 40 a 50 cm entrelinhas, com 12 a
15 plantas por metro.
Sementes necessrias: 25 a 35 kg ha-1 de sementes.
Calagem e adubao: a necessidade de correo do solo e adubao para
ambas as espcies definida pela anlise do solo. A quantidade de calcrio a ser aplicada
corresponde elevao do ndice de saturao por bases a 60%. Na semeadura, aplicar

Boletim, IAC, 200, 2014

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Feijo-Adzuki
Feijo-Arroz

A.T.E. Aguiar et al.

at 50 kg ha-1 de P2O5 e 30 kg ha-1 de K2O. Aplicar, em cobertura, 30 kg ha-1 de N, entre 15


e 25 dias aps a emergncia, principalmente em V. umbellata. Para substituir a adubao
com nitrognio, havendo disponibilidade do Rhizobium especfico, efetuar inoculao
das sementes, na quantidade de 200 g de inculo turfoso para 50 kg de sementes.
Irrigao: realizada de forma complementar, em situao de restrio hdrica
temporria, nos cultivos da seca.
Outros tratos culturais: dois a trs cultivos mecnicos at a plena florao das
plantas. No h herbicidas registrados para a cultura, at setembro/2013.
Principais doenas: eventualmente fungos de solo (Fusarium sp.) e odio
(Oidium sp.) quando as temperaturas se tornam mais amenas. No h fungicidas
registrados para a cultura, at setembro/2013.
Principais pragas: cigarrinhas (Empoasca sp.) e vaquinhas (Cerotoma arcuatus,
Diabrotica speciosa) danificando folhas, e percevejos prejudicando vagens e gros. No
h inseticidas registrados para a cultura, at setembro/2013. Controle de carunchos
deve ser feito por expurgo, preferencialmente com fosfina, pela facilidade de uso.
Colheita: quando as vagens estiverem maduras e quase secas, ocorrendo entre
70 e 80 dias e entre 120 e 150 dias, nos materiais determinados e indeterminados/
trepadores, respectivamente.
Produtividade: em condies normais de cultivo, 1.000 a 1.200 kg ha-1 de gros.
Rotao: as cultivares de hbito de crescimento determinado no esto
adaptadas ao cultivo simultneo e consorciado ao milho, mas podem ser cultivadas em
sucesso s culturas anuais.
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
ELAINE BAHIA WUTKE
NELSON RAIMUNDO BRAGA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
FRANCISCO SEITI KASAI
Polo Regional da Alta Paulista, Adamantina (SP)
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

174

Boletim, IAC, 200, 2014

Feijo-de-Porco
Canavalia ensiformis DC.

Feijo-de-Porco

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espcie originria da Amrica Central, introduzida no Instituto Agronmico (IAC)


por volta de 1900. Planta anual ou bianual, ereta, herbcea, de crescimento inicial lento,
hastes grosseiras e lenhosas na base, sistema radicular desenvolvido em profundidade,
dossel entre 0,80 a 1,2 m de altura e sementes brancas. Recomendada principalmente
para adubao verde, fixa entre 57 e 230 kg ha-1 ano-1 de N, apresenta relao C/N entre
10 e 16 e efeito aleloptico positivo sobre a tiririca (Cyperus rotundus L). Considerada
boa hospedeira de nematoides de galhas (Meloidogyne incognita, M. javanica),
no deve ser cultivada em reas com incidncia dos mesmos. H ainda a espcie
feijo-maravilha (Canavalia gladiata DC.), ornamental, trepadora, com sementes de
cor vermelha e vagens bem maiores que as do feijo-de-porco. As sementes de ambas
as espcies no so comumente utilizadas para consumo humano, pois contm fatores
antinutricionais termoestveis, embora apresentem elevados teores de protena de
excelente qualidade. Para alguns autores, no entanto, o tratamento trmico eficaz para
a neutralizao de tais fatores.
Cultivares: a prpria espcie botnica.
Clima e solo: espcies adaptadas ao clima tropical, subtropical, s condies
ridas e secas de regies semiridas e s condies de clima temperado e mido.
Desenvolve-se bem em temperaturas entre 25 e 30 oC, altitudes de 400 a 1.800 m e
regime hdrico de 900 a 1.500 mm de chuvas por ano. sensvel a geadas e tolerante
ao dficit hdrico do solo, insensvel ao fotoperodo e tolerante ao sombreamento.
adaptada aos solos de textura arenosa e argilosa de reduzida fertilidade, com deficincia
em fsforo. moderadamente tolerante ao alumnio na soluo do solo.
poca de semeadura: safra e safrinha, sendo de outubro a maro para adubao
verde e de outubro a dezembro para produo de sementes.
Espaamento e densidade de semeadura: 50 a 60 cm entrelinhas para adubao
verde e 70 cm entrelinhas para produo de sementes, com 7 a 10 sementes por metro.
Sementes necessrias: 150 a 200 kg ha-1.
Calagem e adubao: empregar quantidades de corretivos e fertilizantes
calculadas com base nos resultados de anlise do solo. Elevar o ndice de saturao por
bases a 60%, dispensando-se a calagem e adubao mineral se o ndice for prximo a
esse valor. Considerar efeito residual de fertilizantes aplicados em culturas anteriores.
Na semeadura, se necessrio, aplicar at 40 kg ha-1 de P2O5 e 30 kg ha-1 de K2O. Pode-se
Boletim, IAC, 200, 2014

175

Feijo-de-Porco

A.T.E. Aguiar et al.

inocular 50 kg de sementes com 200 gramas de inoculante turfoso com Rhizobium, na


primeira semeadura.
Outros tratos culturais: efetuar at dois cultivos mecnicos, nos primeiros 40 dias.
Principais doenas: muito suscetvel ao odio (Oidium sp.) e hospedeira da
mosca-branca (Bemisia tabaci bitipo B), vetora do vrus-do-mosaico-dourado e de
outras viroses. No h produtos registrados para essas espcies, at setembro/2013.
Principais pragas: como adubo verde, a incidncia de insetos no atinge nvel
de dano econmico. Podem ser eventualmente constatados: cigarrinha (Empoasca
sp.); mosca-branca (Bemisia tabaci, bitipo B); pulgo (Aphis craccivora) e vaquinhas
(Cerotoma arcuatus, Diabrotica speciosa). No h produtos registrados para essas
espcies, at setembro/2013.
Colheita: no surgimento das primeiras vagens, aos 80 a 110 dias aps a
semeadura, efetuar o corte da parte area das plantas, sem ou com incorporao da
fitomassa. Aproximadamente aos 180-240 dias aps a semeadura, as plantas podero
ser arrancadas manualmente ou ceifadas, para posterior operao de batedura ou
trilhagem, aps secagem das vagens e sementes.
Produtividade normal: 3 a 8 t ha-1 de fitomassa seca e 1,2 a 1,8 t ha-1 de sementes.
Rotao: pode ser cultivado em sucesso ou rotao com culturas anuais, ou
em consrcio, nas ruas de cafezais e pomares de banana ou citros, por exemplo. Quando
consorciado ao milho, ambos podero ser colhidos mquina.
ELAINE BAHIA WUTKE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
NELSON RAIMUNDO BRAGA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
PAULO BOLLER GALLO
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)
ANTONIO LCIO MELLO MARTINS
Polo Regional do Centro Norte, Pindorama (SP)
DENIZART BOLONHEZI
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)
SEBASTIO WILSON TIVELLI
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecolgica, So Roque (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Feijo-Mungo
Vigna radiata (L.) Wilczek

Feijo-Mungo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espcie originria da ndia, tambm conhecida como feijo-mungo-verde e


feijo moyashi. Planta anual, herbcea, de crescimento ereto, determinado, com 40 a
50 cm de altura, ciclo curto - 80 a 110 dias e suscetvel aos nematoides formadores
de galhas (Meloidogyne sp.). Sementes midas, de colorao varivel, dependendo da
cultivar, podendo ser amarelas, marrons, pretas, verdes ou mosqueadas. Das sementes
germinadas no escuro, em substrato adequado, originam-se as plntulas, comumente
denominadas brotos-de-feijo ou moiashi, j incorporados alimentao humana. Das
sementes tambm podem ser extrados p proteico, este consumido em substituio
carne, e amido, utilizado no preparo de uma sobremesa denominada salim ou
de um tipo de macarro, o vermicelli. Com o incremento dos grupos naturalistas e
macrobiticos aumentou a demanda por produtos desta natureza, extrapolando o
interesse anterior, apenas de grupos orientais.
Cultivares: disponveis no mercado.
Clima e solo: pouco exigente em fertilidade do solo.
poca de semeadura: cultivo das guas, de setembro a outubro e cultivo da
seca, de janeiro a fevereiro.
Espaamento e densidade de semeadura: 50 a 60 cm entrelinhas, com 10 a 20
sementes por metro.
Sementes necessrias: 15 a 25 kg ha-1.
Calagem e adubao: as quantidades de corretivos e fertilizantes devem ser
calculadas com base nos resultados de anlise do solo. A calagem dever elevar o ndice
de saturao por bases a 60%, porm, em valor prximo a este se dispensam a calagem e a
adubao mineral. Na semeadura, se necessrio, aplicar at 50 kg ha-1 de P2O5 e 30 kg ha-1
de K2O, complementados, aos 15 a 25 dias aps a semeadura, com adubao em cobertura
com 30 kg ha-1 de nitrognio (N), em filete ao lado das plantas. Havendo disponibilidade do
Rhizobium especfico e, para a primeira semeadura, inocular 50 kg de sementes com
200 gramas de inoculante turfoso, que substitui a adubao com nitrognio.
Irrigao: complementar, quando necessrio, em situao de restrio hdrica
temporria nos cultivos da seca.
Outros tratos culturais: dois a trs cultivos mecnicos at a plena florao das
plantas. No h herbicidas registrados para a cultura, at setembro/2013.

Boletim, IAC, 200, 2014

177

Feijo-Mungo

A.T.E. Aguiar et al.

Principais doenas: suscetvel aos fungos de solo (Sclerotium rolfsii, Fusarium


spp.), particularmente no incio de desenvolvimento, e ao odio (Oidium neolycopersici L.
Kiss). No h fungicidas registrados para a cultura, at setembro/2013.
Principais pragas: podem ocorrer lagartas-da-vagem (Heliothis sp.) e
percevejos, no campo. No h inseticidas registrados para a cultura, at setembro/2013.
No armazenamento, controlar os carunchos (Acanthoscelides obtectus; Callosobruchus
sp.) por expurgo, preferencialmente com fosfina, pela facilidade de uso.
Colheita: entre 100 e 120 dias aps a semeadura, quando as plantas e vagens
estiverem secas, mediante arrancamento manual e posterior trilhagem, semelhana
do que ocorre com o feijo comum. Evitar atraso na colheita das vagens maduras, para
prevenir a ocorrncia de carunchos.
Produtividade: 600 a 1.000 kg ha-1 de sementes.
Rotao: com culturas anuais como algodo, girassol e milho.
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
ELAINE BAHIA WUTKE
NELSON RAIMUNDO BRAGA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas SP)
FRANCISCO SEITI KASAI
Polo Regional da Alta Paulista, Adamantina (SP)
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas SP)

178

Boletim, IAC, 200, 2014

Figo

Figo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Ficus carica L.
Ficus Carica L., da famlia Moraceae, o nome botnico da figueira, cultivada
comercialmente em todo mundo. Em termos comerciais, no Brasil predomina
praticamente a explorao de apenas uma nica cultivar, denominada Roxo de
Valinhos. Essa cultivar foi introduzida por imigrantes italianos e, mundialmente,
conhecida tambm como Roxo e Brown Turkey. Essa cultivar demonstrou
boa adaptao s condies brasileiras, pois cultivada tanto em regies de clima
temperado, como Rio Grande do Sul, como em climas subtropicais quentes e no
nordeste brasileiro, nos Estados da Bahia e do Cear, dentre outros. O cultivo de figos
teve incio com a introduo da cultivar na regio de Campinas (SP), principalmente
no municpio de Valinhos, no ano de 1910, com estacas introduzidas pelo imigrante
italiano Lino Buzatto. A expanso das reas cultivadas nessa regio ocorreu juntamente
com a de outras fruteiras, como a macieira e a videira, com o declnio do cultivo do
cafeeiro, concomitantemente ao aumento da populao nas reas urbanas, a exemplo
das cidades de So Paulo e Campinas. Entre as dcadas de 50 e 60 do sculo XX, pesquisas
agronmicas realizadas pelo Instituto Agronmico (IAC), propiciaram manejos culturais
que permitiram ampliar o perodo da safra da fruta, que passou de dois meses ao
ano, para uma colheita entre seis e oito meses. Atualmente, com podas e irrigao,
colhe-se praticamente o ano todo. As plantas apresentam porte arbustivo nos
pomares paulistas, conduzidas sob poda drstica. As frutas destinam-se ao consumo
ao natural ou industrializao, como doces em calda (verdes e inchados), figada,
figos cristalizados ou secos, do tipo rami.
Cultivar:Roxo de Valinhos ou clonal similar; Pingo de Mel (branco).
Clima e solo: ainda que se desenvolva adequadamente em regies de clima
temperado, apresenta alta capacidade de adaptao a diferentes condies climticas,
tolerando temperaturas at 42 C. No entanto, regies propensas a geadas tardias
podem desfavorecer o cultivo, danificando as frutas e os ramos mais jovens. As plantas
so sensveis estiagem prolongada e ao excesso de umidade. Quanto aos solos, dar
preferncia aos bem drenados, aerados e com bom teor de matria orgnica.
Mudas e plantio: para a formao de pomares comerciais, recomenda-se a
utilizao de estacas enraizadas. As estacas devem ser coletadas na execuo da poda de
produo, realizada entre os meses de junho e julho. Padronizar as estacas em 20 cm de
comprimento, enterrando-as na posio vertical em sacolas plsticas, aprofundadas at

Boletim, IAC, 200, 2014

179

Figo

A.T.E. Aguiar et al.

metade de seu comprimento. As sacolas plsticas devem ter capacidade de pelo menos
trs litros de substrato e altura de 30 cm. O substrato deve ser poroso e umedecido
periodicamente. Outra opo o plantio de estacas lenhosas diretamente na cova de
plantio. Nesse caso, utilizar estacas de 40 cm de comprimento, coletadas na poda de
produo, enterrando-as totalmente na cova de plantio.
Espaamento:para a produo de figos maduros, destinados ao mercado de
fruta fresca, so utilizados espaamentos de 3,0 x 2,0 m ou 2,5 x 2,5 m e para produo
de figos verdes, destinados indstria, utilizam-se espaamentos de 2,5 x 1,5 m.
Mudas necessrias:1.660 ou 1.667/ha (produo de figos maduros) e 2.667/ha
(produo de figos verdes).
Controle da eroso: plantio em nvel ou cortando as guas; patamares ou
banquetas, em terrenos de maior declividade; manuteno das ruas vegetadas, apenas
roadas e utilizao de cobertura morta nas linhas de plantio.
Calagem: realizada com base em anlise qumica de amostras de solo coletadas
de forma adequada, tem por objetivo elevar a saturao de bases a 70%, observando os
nveis adequados de magnsio.
Adubao: plantio - cada cova deve receber pelo menos 8 a 10 litros de esterco
de curral curtido ou 3 kg de esterco de galinha ou ainda 5 kg de composto, 500 g de
calcrio, 60 g de P2O5 e 30 g de K2O. Aps incio da brotao, aplicar quatro doses de 15 g de N
a cada 2 meses; formao - do primeiro ao quinto ano, fornecer anualmente de 40 a 160
gramas de N, 20 a 200 gramas de P2O5 e 20 a 240 gramas de K2O por planta, com base na
anlise do solo e na idade das plantas; produo - fornecer anualmente de 140 a 280 kg
de N, 40 a 200 kg de P2O5, 40 a 240 kg de K2O por hectare, com base na anlise do solo e
na produtividade estimada. As adubaes de produo devem ser parceladas durante o
perodo chuvoso em 3 vezes, no mnimo. Alm disso, recomenda-se o fornecimento anual
de 3 t ha-1 de esterco de galinha ou 15 t ha-1 de esterco de curral curtidos, aplicados antes da
poda de inverno.
Podas: em figueiras, pela precocidade da produo e a frutificao nos ramos
do ano, as podas de formao e produo so de difcil distino. De qualquer forma,
considera-se que a formao da planta segue at quatro a cinco anos aps o plantio.
Formao: aps o plantio, seleciona-se uma brotao vigorosa que ir formar o tronco
da planta e esta ser despontada a 40-50 cm do solo, induzindo novas brotaes, das
quais selecionam-se trs, eliminando-se as demais. Esses trs ramos, de onde partiro
novas brotaes, sero podados a 20 cm do tronco no inverno seguinte. feita a seleo
de duas brotaes vigorosas em cada ramo, formando seis novas ramificaes que, no
inverno seguinte, sero podadas a 15 cm de suas respectivas inseres, dando origem

180

Boletim, IAC, 200, 2014

a 12 ramos selecionados, que passaro pelo mesmo procedimento e sequncia, at o


quarto/quinto ano. Para produes destinadas ao mercado de frutas frescas, geralmente
so deixados na planta entre 12 e 14 ramos, enquanto para os figos destinados indstria,
so deixados entre 18 e 20 ramos. Frutificao: a frutificao ir ocorrer na insero das
folhas com o ramo, na medida em que este se desenvolve. de fundamental importncia
manter as folhas nas plantas para que os frutos possam apresentar o desenvolvimento
desejado, pois a queda prematura de folhas, causada principalmente por doenas, afeta
o desenvolvimento dos frutos. A esse respeito, deve-se dar especial ateno aos cultivos
destinados produo de figos maduros para mesa.

Figo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Irrigao: recomendvel nos perodos secos do ano, de preferncia


microasperso. A utilizao de cobertura morta, sob as copas ou por toda a linha
de plantio, favorece a manuteno da umidade do solo, alm da disponibilizao de
nutrientes e controle de plantas invasoras. O manejo da irrigao pode ser utilizado, em
alguns casos, para o escalonamento da produo.
Outros tratos culturais: desbrotas mensais, visando manuteno de haste
nica, arejamento e insolao da copa.
Pragas e doenas:a principal praga da figueira a mosca-do-figo (Zaprionus
indianus) e alm desta ocorrem a broca-dos-ramos, a broca-da-figueira ou broca-dos
-ponteiros(Azochis gripusalis). Podem ocorrer tambm coleobrocas, cochonilhas, caros
e cigarrinhas. Quanto a doenas, a ferrugem (Phakopsora fici, anteriormente classificado
como Cerotelium fici), antracnose (Colletotrichum gloesporioides) e murcha ou seca
da figueira (Ceratocystes frimbriata) so as principais; nematoides tambm so muito
prejudiciais cultura.
Controle de pragas e doenas: deve-se respeitar a legislao vigente relativa ao
uso de defensivos agrcolas, quanto ao agente biolgico e a cultura, atentando-se para
as recomendaes do fabricante.
Colheita, armazenamento e comercializao: as colheitas iniciam-se em
outubro (figos verdes) e novembro (figos maduros), estando concentradas entre os
meses de novembro a abril. A partir do 2.o ano de instalao do pomar, possvel
alcanar colheitas comerciais, que so feitas diariamente, de forma manual no caso de
frutos maduros e uma a duas vezes por semana quando inchado ou verde, conforme a
destinao do produto. Os figos maduros devem ser colhidos com cuidado, mantendo-se
o pednculo, e em seguida devem ser depositados com delicadeza nos cestos de coleta,
que devem ser forrados com palha, algodo ou espuma fina, para no permitir danos
mecnicos aos figos, pelo atrito. O ponto de colheita das frutas destinadas mesa deve
ser o de vez, pois neste estdio so mais resistentes ao manuseio ps-colheita. Esse ponto

Boletim, IAC, 200, 2014

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Figo

A.T.E. Aguiar et al.

reconhecido quando o figo comea a perder sua consistncia dura e a pelcula comea
a apresentar cor arroxeada para as cultivares roxas e colorao verde-amarelado para as
cultivares brancas. As frutas, quando utilizadas pela indstria para produo de figo em
calda, figo tipo rami, bem como de doces para corte, so colhidas 20 a 30 dias antes dos
figos de mesa e devem ser colhidas quando a cavidade central estiver completamente
cheia. Por ser uma fruta altamente sensvel ao manuseio, o figo deve ser acondicionado
o mais rapidamente possvel, em caixas definitivas destinadas ao mercado. O sistema
usual de comercializao consiste em uma embalagem principal de madeira ou papelo,
e dentro desta, trs outras embalagens de papelo, nas quais as frutas, em nmero de
oito, so devidamente acomodadas em camada nica. A ocorrncia de rachaduras no
ostolo e ferimentos nas frutas maduras possibilita a penetrao de fungos, causando
podrides. A faixa de temperatura ideal para o armazenamento de figos de mesa
de 0 a 4 oC e de 85% a 90% de umidade relativa do ar. Essas condies permitiro a
conservao das frutas por at 10 dias. Porm, quando transferidas para a temperatura
ambiente, perdem rapidamente a qualidade, devendo ser consumidas no mesmo dia.
O uso de bandejas plsticas recobertas com polietileno (espessura de 50 m) permite a
manuteno da qualidade dos figos por 35 dias de armazenamento, a 1 oC.
Produtividade normal:nas condies paulistas, de 20 a 22 t ha-1 de frutos maduros
ou inchados, ou 10 t ha-1 de frutos verdes, em pomares adultos racionalmente conduzidos.
JOS EMILIO BETTIOL NETO
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
WILSON BARBOSA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JULIANA SANCHES
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
JOS AUGUSTO MAIORANO
CATI/EDR, Campinas (SP)
RAFAEL PIO
Universidade Federal de Lavras, Lavras (MG)

182

Boletim, IAC, 200, 2014

Gengibre

Zingiber officinalis Roscoe

Gengibre

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

O gengibre originrio da sia e muito cultivado no Brasil. Planta herbcea,


da famlia Zingiberaceae, apresenta parte area anual de at 0,80 m de altura e parte
subterrnea perene, constituda por rizomas carnosos, que so utilizados in natura na
preparao de diversos pratos da cozinha oriental. Secos, so empregados no preparo
de extratos para condimentos, bebidas alcolicas, licores, confeitaria e refrigerantes.
Os rizomas apresentam em torno de 0,2% de leo essencial utilizado em perfumaria,
extrado por meio de destilao por arraste de vapor.
Cultivar: a prpria espcie botnica.
Clima e solo: exige solos bem drenados, arenosos, frteis e ricos em matria
orgnica. O clima deve ser tropical, quente e mido, com perodos definidos de calor e
umidade. Por ser uma planta tipicamente tropical, necessita de temperaturas elevadas
e exige grande disponibilidade de gua. Em regies com perodo de seca superior a 3
meses, o desenvolvimento da cultura s possvel com irrigao.
poca de plantio: agosto a novembro.
Espaamento: 1,0 x 0,40 m ou 1,0 x 0,50 m.
Rizomas-sementes necessrios: 2 t ha-1. Plantar os rizomas com peso entre
70 e 80 g.
Controle da eroso: cultivado geralmente em solos de baixada, o gengibre
exige prticas simples de conservao do solo.
Calagem e adubao: corrigir a acidez do solo elevando o ndice de saturao
por bases a 50%. No plantio, aplicar 20 kg ha-1 de nitrognio (N) e, de acordo com a
anlise do solo, de 60 a 240 kg ha-1 de P2O5 e de 40 a 120 kg ha-1 de K2O. Em cada uma das
trs amontoas incorporar 30 kg ha-1 de N e 70 kg ha-1 de K2O.
Irrigao: deve-se irrigar logo aps o plantio e durante perodos de estiagem.
Outros tratos culturais: constam de capinas, que devem ser executadas sempre
que necessrio e amontoas, feitas sempre que os rizomas aflorarem superfcie.
Principais pragas: lagarta-rosca (Agrotis sp.), nematoides formadores de
galhas (Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica), lagarta-elasmo (Elasmopalpus
lignosellus), vaquinha (Diabrotica speciosa) e curuquer (Mocis latipes).
Principais doenas: mancha foliar ou amarelo causado por Phyllosticta sp.;

Boletim, IAC, 200, 2014

183

Gengibre

A.T.E. Aguiar et al.

podrido dos rizomas, causada por Rhizoctonia solani e Fusarium oxysporum, controlada
por rotao de culturas.
Colheita: a produtividade da cultura de gengibre varia muito, em funo do
local de cultivo. Colhe-se de janeiro a maro, tanto para consumo in natura, como para
produo de gengibre em conserva, conhecido como gari, muito empregado na culinria
japonesa. A colheita tradicional dos rizomas realizada normalmente aps a secagem
natural da parte area, o que ocorre entre 7 e 10 meses aps o plantio, coincidindo com
o perodo de junho a agosto, poca em que so bastante consumidos nas festas juninas.
Produtividade normal: 20 a 30 t ha-1.
Rotao: sua adoo aconselhvel, e deve ser feita com espcies de outras
famlias botnicas.
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Gengibre Ornamental

O nome gengibre normalmente se refere ao gengibre condimentar, Zingiber


officinale. Gengibre, entretanto, tambm um termo comum para outros componentes
da famlia Zingiberaceae, que inclui cerca de 150 espcies de Zingiber silvestres ou
cultivadas como planta ornamental, aromtica ou medicinal. As espcies com valor
ornamental apresentam de um modo geral, desenvolvimento vigoroso, inflorescncias
de grande durabilidade e frequentemente brcteas com colorido brilhante sendo,
portanto, amplamente utilizadas como flores de corte em arranjos florais. Em algumas
espcies, a gradual mudana de colorao das brcteas das inflorescncias, passando do
verde ao amarelo, a vrios tons de vermelho e finalmente ao vermelho intenso, agrega
um fator de interesse adicional s plantas. Os gengibres so plantas herbceas, perenes,
em geral de tamanho mdio, com rizomas vigorosos. A maioria das espcies produz a
inflorescncia em uma haste separada, que emerge diretamente do rizoma, no pice de
um pednculo de tamanho varivel entre 0,15 e 1,0 m, mas raramente superior a 0,80 m.
Em algumas poucas espcies Z. capitatum e Z. niveum, as inflorescncias desenvolvem-se
no pice de uma haste frondosa.

Gengibre
Ornamental

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Principais espcies de uso ornamental: Zingiber zerumbet (L.) Smith, Z. vinosum


J. Mood & I. Theilade, Z. spectabile Griff., Z. rubens Roxb., Z. pachysiphon B. L. Burtt
& R. M. Sm., Z. ottensii Valet., Z. niveum J. Mood & I. Theilade, Z. neglectum Valet.,
Zingiber montanum (Koening) Link ex Dietr., Z. mioga Roscoe, Z. malaysianum C. K. Lim,
Z. longipedunculatum Ridley, Z. lambi J. Mood & I. Theilade, Z. junceum Gagnepain,
Z. gramineum Noronha, Z. griffithii Baker, Z. eborium J. Mood & I. Theilade, Z. corallinum
Hance, Z. collinsii J. Mood & I. Theilade, Z. clarkii King ex Benth., Z. citriodorum J. Mood
& I. Theilade, Z. chrysanthum Rosc., Z. bradleyanum Craib., Z. argenteum J. Mood e
I. Theidale.
Clima e solo: o gengibre ornamental uma planta de fcil aclimatao, mas que
melhor se desenvolve em ambientes protegidos de ventos. As plantas se desenvolvem
bem a pleno sol ou em locais levemente sombreados. Em ambientes muito sombreados
as plantas tem o florescimento retardado, alm de apresentar reduo do nmero
total de flores produzidas. A pleno sol, sempre necessrio manter o solo mido. A
faixa de temperatura adequada est situada entre 22 e 28 oC. Temperaturas inferiores
a 15 oC so prejudiciais ao desenvolvimento das plantas, pois ocorre a diminuio do
crescimento vegetativo, podendo atrasar o florescimento. Os gengibres apresentam um
melhor desenvolvimento em solos ricos em matria orgnica e bem drenados. Crescem
e florescem adequadamente tanto em solos cidos como naqueles levemente alcalinos.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Gengibre
Ornamental

A.T.E. Aguiar et al.

Propagao: o mtodo mais utilizado consiste na diviso de rizomas. A


manuteno de uma poro do pseudocaule pode contribuir para acelerar a brotao.
O plantio deve ser efetuado diretamente no local definitivo, no incio da primavera,
produzindo inflorescncias com caractersticas comerciais um ano e meio aps o plantio.
Outro mtodo muito utilizado a estaquia, podendo ser utilizadas estacas vegetativas ou
estacas provenientes de hastes florais. Plantas provenientes de estacas de hastes florais
produzem poucas hastes vegetativas, apresentam desenvolvimento lento e florescem
mais tardiamente. As estacas, de 20 cm de comprimento, podem ser induzidas brotao
e enraizamento tanto na posio horizontal como vertical. Na posio horizontal, as vrias
gemas brotam e to logo as brotaes emergem do solo, as mudas devem ser separadas.
Por sua vez, quando plantadas na posio vertical s uma gema brota.
Ciclo produtivo: dependendo do tipo de muda utilizado, o florescimento
comercial ocorre de um ano e meio a trs anos aps o plantio, quando as plantas
atingem um desenvolvimento satisfatrio, ou seja, quando as plantas apresentam de 5
a 8 folhas bem expandidas.
Espaamento: o espaamento mais adequado para o cultivo do gengibre
de 2,0 m entrelinhas e 1,5 a 2,0 m entre plantas. No entanto, o espaamento est
bastante condicionado ao porte da espcie cultivada. Para espcies menos vigorosas,
a populao de plantas por hectare aumenta significativamente. Para espcies mais
vigorosas pode-se plantar em linhas duplas, utilizando-se 1,2 m entre as linhas simples
e 2,0 m entre as linhas duplas.
Calagem e adubao: crescem e florescem adequadamente tanto em solos
cidos como naqueles levemente alcalinos. Recomenda-se aplicar 200 kg ha-1 de
nitrognio e potssio, parcelado-se em trs vezes ao ano.
Irrigao: so plantas altamente exigentes em gua, devendo-se manter o solo
sempre mido, para que as plantas vegetem e floresam adequadamente. Em condies
de solos mais secos, o comprimento do pednculo da haste floral reduzido.
Principais pragas: as principais pragas que incidem em gengibres so caros,
nematoides, formigas e pulges.
Principais doenas: entre as doenas, destacam-se as podrides de razes
e rizomas, que s ocorrem quando os cultivos so instalados em locais de drenagem
inadequada.
Colheita: a colheita manual e deve ser realizada nas horas de temperatura
mais baixa. O ponto de colheita ser determinado de acordo com o mercado,
embora a colheita ocorra tambm em estdios mais precoces de desenvolvimento
das inflorescncias que, nesse caso, devem ser colhidas quando o tero inferior das

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Boletim, IAC, 200, 2014

brcteas apresentar mudana de colorao (do amarelo ao vermelho). Recomenda-se


que as hastes florais apresentem um comprimento mnimo de 40 cm. As inflorescncias
devem estar trgidas, sem manchas ou sintomas de queimadura de sol, limpas e sem
danos mecnicos. Aps a colheita, as inflorescncias devem ser imersas em gua e
acondicionadas em recipientes com gua.

Gengibre
Ornamental

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Ps-colheita: as hastes florais devem ser hidratadas em tanques prprios para


esse fim. Aps esse processo, as inflorescncias devem ser bem limpas e secas, em
posio invertida, para que o excesso de gua drene. Durante o manuseio recomendada
a proteo das brcteas, para evitar danos fsicos, que depreciam o produto. Aps a
colheita, as hastes florais devem ser mantidas com a base em gua, dispensando outros
tratamentos com solues conservantes, embora tratamentos com solues de pulsing
com sacarose 10% tm contribudo para aumentar em dois dias a durabilidade das
inflorescncias do Z. spectabile. Quando adequadamente manuseadas e preparadas, as
inflorescncias apresentam durabilidade de aproximadamente 20 dias.
A temperatura de armazenamento e transporte no deve ser inferior a 15 oC,
pois exposies a baixas temperaturas promovem murcha precoce e escurecimento das
brcteas.
Produtividade: o Z. spectabile em condies ideais produz em mdia 15
inflorescncias por touceira, no perodo compreendido entre primavera e fim de vero.
Algumas vezes, o florescimento pode se estender a meados do outono, mas o pico de
produo ocorre no vero. Em um hectare de Z. spectabile estima-se a produo de
6.250 dzias ao ano, se observado o espaamento de 2,0 x 1,0 m.
CARLOS EDUARDO FERREIRA DE CASTRO
CHARLESTON GONALVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Gernio

A.T.E. Aguiar et al.

Gernio

Pelargonium graveolens L.
O gernio uma planta medicinal e aromtica nativa do sul da frica, tendo sido
introduzido na Europa no fim do sculo XVII. No entanto, s adquiriu importncia nas
primeiras dcadas do sculo XIX, quando teve incio a produo comercial no sudeste
francs (Grasse), de onde foi, posteriormente, levado Arglia em 1847 e em 1880 s
Ilhas Reunio, ento colnias francesas, ainda hoje grandes produtores, juntamente
com a China e o Egito. O leo essencial amplamente empregado nas indstrias de
perfumes e cosmticos, alm de ser usado como teraputico.O valor comercial do leo
determinado basicamente pelo contedo de geraniol, seu principal componente,
sendo tambm importante seu teor de citronelal.
Cultivares: a prpria espcie.
Clima e solo: o gernio planta tpica de clima temperado e subtropical. Os
solos mais apropriados para a cultura so os permeveis, de boa drenagem e midos,
apresentando boa fertilidade.
poca de plantio: de setembro a outubro. Utilizar mudas obtidas por propagao
vegetativa via estaquia ou cultura de tecido in vitro.
Espaamento: 0,50 x 0,80 m.
Calagem e adubao: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 80%.
No plantio, de acordo com as anlises do solo, aplicar 20 kg ha-1 de nitrognio (N), de 30
a 80kg ha-1 de P2O5 e de 20a 80 kg ha-1 de K2O. Em cobertura, fazer trs aplicaes de
30kg ha-1 de N, aos 30, 60 e 90 dias aps o plantio.
Irrigao: deve ser frequente, por gotejamento ou asperso.
Outros tratos culturais: capinas.
Principais pragas: no h relatos.
Principais doenas: cercosporiose causada pelo fungo Cercospora brunkii.
Colheita: realizada a partir de janeiro, podendo haver at quatro colheitas por
ano, dependendo do local de cultivo e das condies climticas.
Rotao de cultura: sempre muito interessante fazer a rotao com espcies de
outra famlia botnica, desde que no hospedeiras do fungo causador da cercosporiose.
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC),Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Gergelim
Sesamum indicum L.

Gergelim

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

O gergelim uma planta de clima tropical e subtropical, pertencente famlia


Pedaliaceae. a mais antiga oleaginosa usada e domesticada pelo homem. Foi trazida
para o Brasil pelos escravos oriundos da frica e sia, sendo usada como fonte de
protenas vegetais e vitaminas. Atualmente, tanto o leo como as sementes de gergelim
tm sido consumidos por classes de maior poder aquisitivo, utilizados em produtos
finos de panificao, bem como na preparao de doces exticos. Tradicionalmente,
bastante apreciado pelas populaes rabes e orientais, podendo ser consumido ao
natural, torrado e salgado, bem como no tempero de saladas. O mercado nacional de
gergelim tem crescido e mercados mais estveis tem se estabelecido, principalmente
nos grandes aglomerados urbanos. O consumo na forma de paoca tradicional no
nordeste do Brasil, mas com pequena expresso. Atualmente, o pas importa cerca de
50% do gergelim consumido, que ultrapassa 10 mil toneladas/ano.
Cultivares: ciclo precoce - IAC Ouro, com porte de 1,2 a 1,5 m, apresentando
ramificao baixa, dois a quatro ramos saindo da base principal, boa resistncia ao
acamamento e sementes contendo 52% de leo. Variedade indicada para colheita
mecnica devido ao seu porte mdio. Ciclo mdio - IAC China: porte de 1,5 a 2 m, com
presena de plantas de ramificao nica, bem como de plantas com dois a quatro ramos
saindo da haste principal. Apresenta boa resistncia ao acamamento, suas sementes so
gradas e achatadas, com teor de leo de 48% a 50%. Variedade indicada para terras
menos frteis. Cultivares com frutos deiscentes.
poca de plantio: outubro a novembro e janeiro a fevereiro, at a primeira
quinzena de maro em regies no sujeitas a perodo de frio precoce. A espcie apresenta
boa tolerncia seca e seu plantio muito promissor como cultura secundria, de
janeiro a fins de fevereiro, aps a colheita da cultura principal, em rotao com milho,
soja, feijo, etc.
Escolha do solo: a cultura requer solos frteis, profundos, bem drenados,
evitando-se os que se encharcam. Embora vegete bem em diversos tipos de solos, prefere
aqueles leves, que facilitam o desenvolvimento do sistema radicular e, em consequncia,
conferem maior capacidade produtiva planta. Recomenda-se a IAC Ouro para locais de
solos frteis, de regies serranas. A IAC China indicada para solos mais fracos, pois
apresenta maior rusticidade. Ambas podem ser cultivadas com boa produo, em clima
tropical com temperatura mdia de 25 a 30 oC, com a adoo de tecnologia adequada.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Gergelim

A.T.E. Aguiar et al.

Espaamento: para ambas as cultivares recomenda-se semeadura em linhas


espaadas de 40 a 60 cm, com 20 a 25 sementes por metro linear.
Profundidade de semeadura: recomenda-se fazer a semeadura a uma
profundidade de 2 cm, podendo ser feita mecanicamente (semeadeiras de hortalias,
tipo tomate) ou manualmente, cobrindo a semente com pouca terra e efetuando leve
compactao.
Sementes necessrias: 2,5 a 3,5 kg ha-1.
Calagem e adubao: de acordo com a anlise do solo, aplicar calcrio
dolomtico para elevar a saturao por bases para 70%. Quando disponvel, aplicar 2 a
3 t ha-1 de adubo orgnico, ou fazer rotao de cultura com adubos verdes. Na adubao
de plantio, aplicar 10 kg ha-1 de N, e de acordo com a anlise do solo, de 20 a 80 kg ha-1
de P2O5 e de 20 a 60 kg ha-1 de K2O. Complementar com 20 kg ha-1 de N em cobertura,
30 dias aps a germinao.
Controle da eroso: plantio em nvel.
Tratos culturais: manter a cultura no limpo nos primeiros 40 dias aps a
emergncia, pois as plantas nos primeiros estdios de desenvolvimento so sensveis
concorrncia de plantas daninhas, havendo necessidade de 2 a 3 capinas durante o ciclo.
Existe a possibilidade de se usar herbicidas em pr-emergncia, mas no h produtos
registrados no pas, at setembro de 2013, ainda que haja recomendao em outros
pases para os herbicidas diuron, pendimethalin e alachlor, para uso em pr-emergncia.
Pragas e doenas: a praga mais comum o pulgo (Aphis sp.), podendo
tambm ocorrer mosca-branca (Bemisia argentifolii), cigarrinha-verde (Empoasca sp.),
lagarta-enroladeira (Antigastra catalaunalis). O controle pode ser feito com produtos
recomendados para cada inseto. Doenas: tombamento (Rhizoctonia, Fusarium ou
Pythium), murcha de Sclerotium, manchas foliares (Cylindrosporium sesami, Cercospora
sesami e Alternaria sesami) e mancha angular (Xanthomonas campestris pv. sesami).
Controle: rotao de culturas. No h produtos qumicos registrados para a cultura, at
setembro/2013.
Colheita: para a IAC Ouro, deve ocorrer de 95 a 115 dias aps a emergncia das
plntulas, perodo compreendido entre a queda das folhas e o incio generalizado da
deiscncia dos frutos. Para a IAC China, a colheita deve ser processada dos 105 aos 120
dias aps a emergncia das plntulas, perodo em que ocorre o incio da deiscncia dos
primeiros frutos na base da planta. Aps a colheita, colocar as plantas para a secagem,
em feixes ou cercas (gajobas), durante duas semanas, para posterior trilhadura. Usa-se
mesa gravitacional para selecionar e limpar as sementes. A colheita pode ser totalmente

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Boletim, IAC, 200, 2014

manual ou mecanizada. A semimecanizao conseguida com a utilizao de segadoras


para o corte das plantas, seguindo-se outras operaes manuais.
Produtividade normal: 800 a 1.500 kg ha-1 de sementes. Sementes brancas e
com tonalidade creme, algumas escuras no conjunto, devido a diferenas na secagem.

Gergelim

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

AMADEU REGITANO NETO


TAMMY APARECIDA MANABE KIIHL
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Girassol

A.T.E. Aguiar et al.

Girassol
Helianthus annuus L.

Originrio da Amrica do Norte, o girassol planta da famlia Asteraceae e uma


das quatro maiores fontes de leo vegetal comestvel do mundo. Boa parte do territrio
brasileiro apresenta condies edafoclimticas favorveis ao seu cultivo. pouco sensvel
a baixas temperaturas e a perodos de estiagem. cultura de baixo investimento, fcil
mecanizao, matria-prima de entressafra, fcil usinagem, timos lucros, mercado
em ascenso. Alm de leo comestvel de excelente valor nutricional, fornece torta ou
farelo para alimentao animal, silagem, farinha panificvel.
Cultivares: IAC Iarama, de ciclo precoce, porte baixo, sementes cinza, com 42%
de leo. Desenvolve-se bem em solos frteis e pouco cidos; IAC Uruguai, com sementes
claras, recomendada para alimentao de pssaros e para ensilagem como forrageira,
alm de inmeros hbridos duplos e triplos de empresas comerciais.
poca de plantio: possvel semear o girassol de setembro a maro, porm as
maiores produes ocorrem nos plantios realizados entre dezembro e fevereiro, para o
Estado de So Paulo.
Sementes necessrias: 3 a 5 kg ha-1 nos espaamentos recomendados.
Espaamento: 50 a 90 cm entrelinhas com 20 a 40 cm entre plantas, dependendo
da cultivar e da disponibilidade de gua, visando obter uma densidade de 40 a 50 mil plantas.
Plantio: proceder a uma arao profunda e a duas gradeaes bem feitas. Em
solos compactados, realizar escarificao, seguida pela gradeao. Fazer sulco de plantio
com cerca de 20 cm de profundidade, colocando o adubo seguido pela semente e cobrir
com 5 cm de terra. Evitar o contato direto da semente com o adubo. A cultura se adapta
ao plantio direto na palha, onde esse sistema est implantado.
Calagem e adubao: de acordo com a anlise do solo, aplicar calcrio
dolomtico para elevar a saturao por bases para 70%, pelo menos 60 dias antes do
plantio. No plantio, aplicar 10 kg ha-1 de N, 20 a 70 kg ha-1 de P2O5, 20 a 60 kg ha-1 de
K2O, dependendo da anlise do solo. Em solos deficientes, acrescentar 20 kg ha-1 de
S e 1 kg ha-1 de B. Quando o plantio for feito aps outra cultura que tenha sido bem
adubada, em terrenos com boa fertilidade, dispensar a adubao de plantio. Efetuar
adubao de cobertura com 40 kg ha-1 de N, decorridos 30 dias aps a emergncia.
Quando utilizar o boro na cobertura, esta deve ser adiantada.
Controle da eroso: plantio em nvel.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Outros tratos culturais: capina durante o perodo inicial de crescimento,


realizada manual ou mecanicamente entre 7 e 10 dias aps a emergncia, devendo ser
repetida cerca de 20 dias depois, se houver necessidade. Podem tambm ser usados
herbicidas de pr-plantio ou de pr-emergncia registrados para a cultura, tais como
trifluralina, alacloro.

Girassol

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de pragas e doenas: lagartas e pulges: pulverizao com cloridrato


de cartape, lufenurom + profenofs, lambdacialotrina, tiametoxan, Bacillus thuringiensis;
doenas causadas por fungos de solo (Sclerotium, Sclerotinia e Fusarium), ferrugem e
mancha-de-alternaria. Fungicidas registrados para a cultura: azoxistrobina, ciproconazol,
difenoconazol, fluazinam (fenilpiridinilamina) e para tratamento de sementes: fludioxonil
(fenilpirrol) + metalaxil-M (acilalaninato), tiabendazol.
Colheita: 100 a 130 dias aps o plantio, dependendo da cultivar, quando a
planta se apresenta com colorao castanho-clara e as folhas baixeiras esto amarelas
ou secas.
Produtividade normal: IAC Iarama (42% de leo): 1.500 (safrinha) a
3.000 (safra) kg ha-1 de gros. IAC Uruguai (30% de leo): de 1.800 a 2.800 kg ha-1,
dependendo da poca de semeadura.
Rotao de culturas: essa prtica diminui a incidncia de pragas e doenas e
melhora as condies do solo. Sucesso soja-girassol e rotao com milho aumentam
a produo das duas culturas. Cultivo intercalar pode ser feito com feijo, milho, caf,
entre outras espcies.
Armazenamento e comercializao: armazenar em local seco e arejado (gros
com cerca de 10% de umidade). Pode ser feito a granel.
Observao: evitar a aplicao de defensivos qumicos durante o florescimento,
para no matar as abelhas, responsveis pela polinizao.
AMADEU REGITANO NETO
TAMMY APARECIDA MANABE KIIHL
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Goiaba

A.T.E. Aguiar et al.

Goiaba

Psidium guajava L.


A goiabeira uma planta frutfera pertencente famlia Myrtaceae, composta
por mais de 70 gneros e 2.800 espcies. Dentre as espcies que integram o gnero
Psidium, a goiabeira (Psidium guajava L.) , notoriamente, a de maior expresso
econmica e social, sendo que as demais espcies do gnero tm relevncia como
fonte de diversidade gentica em programas de melhoramento, algumas suprindo
pequenos nichos de mercado. Apesar de certa controvrsia, acredita-se que seja
originria da regio compreendida entre o Mxico e a Amaznia. Trata-se de espcie
de porte arbreo ou semiarbreo, atingindo de 3 a 8 metros de altura, apresentando
flores brancas e hermafroditas, oriundas de botes isolados ou em nmero de dois a
trs por axila. Ainda em brotaes novas possvel identificar aquelas que daro origem
a ramos produtivos, o que representa uma vantagem, principalmente na desbrota aps
a poda das plantas. possvel deixar apenas ramos produtivos remanescentes na planta,
eliminando ramos vegetativos. As frutas apresentam ampla variao na forma, tamanho
e cor, sendo as de polpa branca e vermelha as mais exploradas comercialmente. uma
fruta com equilibrado valor nutricional, contendo elevados teores de vitamina C e A,
alm de vitaminas do complexo B, protenas, fibras, acares e elementos minerais
diversos. A goiaba de polpa vermelha apresenta elevado teor de licopeno, um poderoso
antioxidante, que acrescenta valor nutracutico ao produto. Sua diversificada gama
de utilizao, seja na forma in natura, seja na forma de polpa, sucos, doces, geleias,
sorvetes, dentre outras, torna a cultura muito atrativa para a explorao comercial.
No Estado de So Paulo possvel a distino de trs sistemas de explorao: para
mesa, para indstria e misto. O diferencial entre esses sistemas est, basicamente, no
nvel tecnolgico empregado na conduo e no manejo do pomar. O escalonamento
da produo possvel por meio do manejo da poda: na poda contnua, uma mesma
planta encerra todas as fases fenolgicas simultaneamente, podendo atingir trs ciclos
produtivos em dois anos, se adequadamente manejadas as interfaces poda, adubao e
irrigao; na poda total, o pomar dividido em talhes nos quais realizada a poda em
pocas distintas, permitindo um fracionamento das fases fenolgicas nos talhes e no
mais na planta. O segundo mtodo de conduo do pomar permite maior racionalizao
do manejo da cultura, representando o nico mtodo aceito em algumas certificaes,
a exemplo da Produo Integrada de Goiaba.
Cultivares: de polpa branca - Kumagai: cultivar selecionada provavelmente
no bairro Pedra Branca, no municpio de Campinas (SP), produz frutas de 300 a 400 gramas,
muito apreciadas para o consumo ao natural, devido qualidade, resistncia e

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Boletim, IAC, 200, 2014

boa conservao ps-colheita, que so, inclusive, exportadas; Ogawa N.o 1 Branca:
selecionada em Seropdica (RJ), suas frutas pesam entre 300 e 400 gramas, podendo
atingir 700 gramas quando bem raleadas; de polpa vermelha - Pedro Sato: originria,
provavelmente, de sementes da Ogawa N.o 1 Vermelha, suas frutas pesam entre 150
e 280 gramas, ultrapassando 400 gramas quando raleadas; Rica: obtida de sementes
da cultivar Supreme, o peso das frutas varia de 100 a 250 gramas, apresentando boas
caractersticas para a industrializao; Paluma: selecionada de sementes da cultivar
Rubi-Supreme, no programa de melhoramento de goiabeiras da Faculdade de Cincias
Agrrias e Veterinrias - Unesp - Campus de Jaboticabal (SP), cultivar muito produtiva,
suas frutas podem atingir mais de 500 gramas, atendendo tanto ao consumo ao natural
quanto industrializao; as plantas apresentam boa tolerncia ao fungo causador da
ferrugem; Sassaoka: selecionada no municpio de Valinhos (SP), suas frutas, que atingem
300 gramas quando raleadas, apresentam boa durabilidade aps colheita; Sculo XXI:
oriunda do cruzamento Supreme-2 x Paluma, obtida na FCAV-Jaboticabal, muito
produtiva e precoce; suas frutas pesam de 200 a 300 gramas, tm a casca levemente
rugosa, polpa de sabor muito agradvel, poucas sementes pequenas e moles.

Goiaba

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Clima e solo: a espcie adapta-se bem aos diferentes climas e solos de So


Paulo, porm h restries quanto a reas sujeitas a geadas e ventos frios, assim como
a solos propensos ao encharcamento duradouro. Para cultivos comerciais, regies com
temperaturas mdias anuais entre 23 e 28 oC, precipitaes de 1.000 a 1.800 mm, bem
distribudas ao longo dos meses e altitudes no superiores a 900 metros, favorecem a
instalao do pomar.
Prticas de conservao do solo: as estratgias mais recomendadas so o
plantio em nvel, o terraceamento (em terrenos muito declivosos) e a manuteno das
entrelinhas vegetadas e roadas.
Propagao: a propagao sexuada, ou seja, via sementes, s recomendada
para obteno de porta-enxertos, propagados a partir de sementes extradas de frutos
sadios e completamente maduros. A enxertia da cultivar-copa realizada via borbulhia
(vero) ou, ainda, garfagem (inverno). O enraizamento de estacas herbceas reduz em
aproximadamente um tero o tempo de obteno da muda, porm demanda maiores
cuidados, estruturas e domnio da tcnica.
Plantio: a abertura e o preparo das covas devem ser realizados com, no mnimo,
30 dias de antecedncia instalao do pomar. Durante a abertura das covas, separa-se
a poro de solo correspondente aos primeiros 20 centmetros superficiais, qual se
acrescentam os adubos. Esse volume retorna para cova antes do volume correspondente
quele retirado abaixo dessa profundidade, o qual utilizado, posteriormente, para
preencher a cova. As paredes das covas devem ser escarificadas possibilitando melhor

Boletim, IAC, 200, 2014

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Goiaba

A.T.E. Aguiar et al.

desenvolvimento das razes. O plantio propriamente dito deve ser realizado no incio
do perodo chuvoso, dando preferncia aos dias nublados. Recomenda-se, ainda, a
preparao das bacias ao redor das mudas para a conteno de gua. A utilizao de
cobertura morta ao redor das mudas minimiza a evaporao da gua dessa poro de
solo, favorecendo o pegamento das mudas.
Espaamento: para goiabeiras, o espaamento definido basicamente em
funo da cultivar, do destino das frutas e do sistema de explorao adotados. Para
cultivares destinadas ao comrcio in natura, utilizam-se espaamentos de 6 x 6 a 7 x 8 m
e, para indstria, 7 x 4 a 7 x 6 m.
Mudas necessrias: em funo do espaamento adotado, de 179 a 358 plantas
por hectare.
Cova:covas grandes, de no mnimo 40 x 40 x 40 cm, devidamente preparadas,
com adio de matria orgnica e adubo fosfatado.
Poda:a poda de formao dever ser feita, seja qual for a finalidade da cultura.
As cultivares de crescimento arqueado (Paluma e Sculo XXI), permitem a poda de
formao apenas com a tesoura. Por sua vez, as demais cultivares, que tm o hbito
de crescimento vertical, devem ser conduzidas e arqueadas para a formao de plantas
do tipo taa aberta. Devem ser eliminados, por meio de podas peridicas, os ramos
defeituosos, secos ou baixos. Na poda de produo deve-se optar pela poda por talho,
ou seja, uma poda que uniformize fenologicamente a planta.
Desbaste e ensacamento: quando as frutas so destinadas ao consumo in
natura, deve-se efetuar o raleamento e o ensacamento dos frutos remanescentes.
Calagem: dever ser realizada observando a anlise do solo, elevando a
saturao por bases a 60%, na rea total.
Adubao de plantio: aplicar na cova ou distribuir no sulco de plantio cerca de
20 L de composto orgnico curtido, base de esterco bovino; 180 g de P2O5, na forma
de superfosfato simples; 2 g de Zn (sulfato ou xido de zinco) e 1 g de B (cido brico).
Salienta-se que no deve ser aplicado calcrio na cova de plantio, especialmente com
fontes de fsforo.
Adubao de formao: aplicar, de acordo com a anlise do solo e a idade da
planta, que pode variar de um a trs anos, de 100 a 400 g de N, de 30 a 200 g de P2O5, e
de 30 a 400 g de K2O, ao redor de cada planta, por ano, na projeo da copa.
Adubao de produo (plantas adultas): de acordo com os resultados da
anlise do solo, coletado na projeo da copa, bem como com a produtividade esperada
no ciclo de cultivo, considerando trs safras a cada dois anos, (40 a 70 t ha-1), aplicar na

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Boletim, IAC, 200, 2014

projeo da copa de 80 a 400 kg ha-1 de N, de 20 a 100 kg ha-1 de P2O5 e de 30 a 300 kg ha-1


de K2O, parcelando em quatro aplicaes, realizadas, aps a poda, no florescimento,
quando os frutos atingirem de 1,0 a 1,5 cm de dimetro e a ltima aplicao, quando os
frutos atingirem 2,5 a 3,0 cm de dimetro. Se os teores de B e Zn no solo forem inferiores
a 0,20 e 0,5 mg dm-3, respectivamente, recomenda-se aplicar 2 kg ha-1 de B, na forma
de cido brico e 4 kg ha-1 de Zn, na forma de sulfato de zinco, parcelando em duas
aplicaes anuais.

Goiaba

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de pragas e doenas: besouro-amarelo: importante manter o solo


vegetado para favorecer principalmente a ao de inimigos naturais (controle biolgico);
na instalao de novos pomares deve ser considerada a presena, nas proximidades, de
culturas altamente visadas pela praga, a exemplo do eucalipto, abacateiro, mangueira
e cajueiro; gorgulho-da-goiaba - eliminar os frutos pequenos com sintomas de ataque,
por ocasio do raleio; tambm coletar e destruir os frutos desenvolvidos e/ou maduros
com sintomas; efetuar o ensacamento dos frutos entre 2 e 3 cm de dimetro; percevejos
- recomenda-se eliminar os frutos pequenos com sintomas de ataque, por ocasio
do raleio; psildeo-da-goiabeira - manter o solo constantemente vegetado, a fim de
favorecer a ao de inimigos naturais; evitar o excesso de adubao nitrogenada, para
evitar a brotao excessiva da planta; controle qumico com inseticida imidacloprido
(neonicotinoide); moscas-das-frutas - destruir frutos hospedeiros naturais prximos
ao pomar; efetuar o ensacamento dos frutos entre 2 e 3 cm de dimetro; ferrugem pulverizaes preventivas com fungicidas cpricos no incio da brotao, at os frutos
atingirem 3 cm de dimetro; aps essa fase de frutificao ou se constatada a ferrugem
na brotao inicial, alternar com pulverizaes de azoxistrobina, triazis ou com a mistura
de estrobirulinas + triazis; antracnose e pinta preta - o controle qumico da ferrugem
tem ao sobre essas doenas. Em caso de histrico das doenas, as pulverizaes
devero ser mensais durante a frutificao. Recomenda-se o armazenamento dos
frutos sob refrigerao (8 a 10 oC); seca bacteriana - as pulverizaes com fungicidas
cpricos para o controle da ferrugem tm ao sobre a seca bacteriana; em pomares
com histrico da doena, recomenda-se a desinfetar as ferramentas de poda a cada
mudana de planta, em soluo de hipoclorito de sdio ou amnia quaternria, e aps
a poda total pulverizar com calda bordalesa; em plantas doentes, remover totalmente
os ramos e frutos mumificados, destruindo-os; nematoides das galhas - o controle deve ser
preventivo por meio da escolha de rea livre de nematoides das galhas e do emprego de mudas
sadias; constatado o nematoide no pomar, o local infestado deve ser isolado do trfego de
mquinas e pessoas e a irrigao cortada. Trabalhos experimentais demonstraram efeito de
inseticidas (qumicos e biolgicos) sobre as pragas da goiabeira. Entretanto, ressalta-se que
at o momento h apenas um inseticida registrado no Ministrio da Agricultura, Pecuria e
Abastecimento para a cultura, direcionado para o controle do psildeo.

Boletim, IAC, 200, 2014

197

Goiaba

A.T.E. Aguiar et al.

Outros tratos culturais: capinas manuais na linha de plantio e roadas nas


entrelinhas.
Colheita e armazenamento:colheita manual, com dois a trs repasses semanais,
em estdio de vez de maturao, para a comercializao ao natural ou frutos maduros
e firmes, quando destinados industrializao. As goiabas so colhidas quando a polpa
ainda est firme e a colorao da casca comea a mudar de verde-escuro (estdio 1)
para verde-claro (estdio 2) ou comea a amarelecer (estdio 3). Quando armazenadas
em temperatura ambiente (25 oC), as goiabas apresentam curto perodo de vida de
prateleira, mantendo a qualidade por 6, 4 e 2 dias aps a colheita para os estdios 1, 2
e 3, respectivamente. A faixa de temperatura ideal para o armazenamento de goiabas
est entre 8 e 10 oC, e 85%-90% de umidade relativa. Nessas condies de temperatura
e umidade, associadas a embalagens recobertas com filme de PVC, possvel armazenar
goiabas por at 21 dias com qualidade satisfatria.
Produtividade normal:15 a 50 t ha-1 de frutos (70 a 200 kg/planta/ano, de
frutos), dependendo de diversos fatores tais como espaamento, cultivar, clima, solo e
tratos culturais.
Culturas intercalares:at o 2.o ano, pode-se plantar leguminosas de pequeno
porte, no trepadeiras, nas entrelinhas (por exemplo, o feijoeiro).
Comercializao: para o comrcio in natura, caixas com capacidade mdia
de 2 a 2,5 kg; para a industrializao, usam-se as prprias caixas de colheita, que tm
capacidade de 22 a 25 kg.
JOS EMILIO BETTIOL NETO
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
RYOSUKE KAVATI
CATI/EDR Lins (SP)
MIGUEL FRANCISCO DE SOUZA FILHO
Instituto Biolgico, Campinas(SP)
JULIANA SANCHES
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
IVAN HERMAN FISCHER
Polo Regional do Centro Oeste, Bauru (SP)
DANILO EDUARDO ROZANE
UNESP/Campus Registro (SP)
WILLIAM NATALE
UNESP/Campus Jaboticabal (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Gro-de-Bico
Cicer arietinum L.

Gro-de-Bico

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espcie arbustiva, anual, tolerante seca, indicada para cultivos em perodos


amenos e secos, apresenta extensa variao na forma, tamanho e colorao dos gros.
recomendada, principalmente, para alimentao humana, pelo seu alto valor nutritivo,
aliado diversidade de usos na culinria e expressiva aceitao em nosso meio. No
Brasil so escassas as informaes fitotcnicas sobre essa leguminosa, cujo consumo
atendido por importaes do Mxico, Turquia, Chile, etc.
Cultivares: IAC Marrocos e CNH-2, ambas registradas no Ministrio de
Agricultura, Pecuria e Abastecimento, do tipo kabuli, diferem no tamanho e forma
das sementes. A IAC Marrocos tem ciclo de 130 dias e suas sementes so menores e
apresentam forma arredondada, tipo ervilha. A CNH-2 tem ciclo de 120 dias e suas
sementes so maiores, em forma de cabea de carneiro, mais difundida entre os
consumidores ocidentais. Existem cultivares asiticas com sementes de colorao
marrom, preta, etc., ricas em antocianina e tegumento com maior teor de fibras,
consumidas na ndia e outros pases asiticos.
poca de semeadura: na regio sudeste e do centro-oeste do Brasil, a semeadura
entre os meses de maro a maio favorece a colheita em perodo sem chuvas frequentes.
Espaamento, densidade e profundidade de semeadura: distncia entre as
linhas de semeadura de 40 cm e densidade de 10 a 15 sementes (com mais de 80%
de viabilidade) por metro so recomendadas em cultivo inicial exploratrio. Em solos
argilosos, a profundidade de semeadura no dever ser maior que 4 cm e o solo deve
estar bem destorroado para favorecer a emergncia das plntulas.
Sementes necessrias: 60 a 90 kg ha-1, dependendo do peso mdio das sementes.
Calagem e adubao: quando recomendada, a calagem dever elevar o ndice
de saturao por bases a 60 %. Na semeadura, aplicar 40-60 kg ha-1 de P2O5 e 20-40 kg ha-1
de K2O. Aplicar 20-40 kg ha-1 de N em cobertura aos 30-40 dias aps a semeadura, se
no houver disponibilidade do Rhizobium especfico para inoculao das sementes.
Dependendo do sistema de produo vigente no local e das adubaes nas culturas
anteriores, a adubao NPK poder ser reduzida ou mesmo dispensada, conforme
indicaes de anlises qumicas.
Controle de plantas infestantes: se necessrio, 1 a 2 cultivos mecnicos at 40
dias aps a semeadura ou controle qumico com herbicidas devendo ser confirmado por
assistncia tcnica competente.

Boletim, IAC, 200, 2014

199

Gro-de-Bico

A.T.E. Aguiar et al.

Controle de pragas e doenas: o tratamento de sementes com fungicidas poder


ser recomendado, conforme a origem e qualidade das sementes a serem utilizadas. O
controle de lagartas do gnero Heliothis, que danificam as vagens e gros em formao
deve, preferencialmente, ser efetuado por Bacillus thurigiensis. Para produo de
sementes, o controle qumico de doenas e pragas poder ser justificado, desde que
orientado por assistncia tcnica competente.
Colheita: entre 120 e 140 dias aps a semeadura, estando as vagens secas,
arrancar ou cortar as plantas para as operaes de batedura e trilhagem, para remoo
dos gros. Havendo senescncia normal, so viveis estas operaes com colhedoras
automotrizes.
Produtividade normal: 800 a 1.200 kg ha-1 de sementes (sem irrigao) e 1.500 a
2.700 kg ha-1 de sementes (com irrigao).
NELSON RAIMUNDO BRAGA
ELAINE BAHIA WUTKE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

200

Boletim, IAC, 200, 2014

Guandu

Cajanus cajan (L.) Millsp.

Guandu

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espcie provavelmente originria da ndia e da frica Ocidental tropical, anual


ou semiperene, arbustiva, de crescimento determinado ou indeterminado, adaptada
a latitudes entre 30 N a 30 S. considerada o zebu das leguminosas, devido
sua rusticidade, mantendo-se verde durante o ano todo. Tem grande potencial e
multiplicidade de usos, sobretudo como adubo verde, mas pode ser tambm utilizada
na alimentao humana (gros verdes e secos) e animal (forragem, feno, gros), como
sombreamento temporrio de plantas jovens ou quebra-vento nas culturas do caf e da
pupunheira, bem como na confeco de artesanato. Seu crescimento inicial lento, mas
pode fixar entre 37 a 280 kg ha-1 ano-1 de N. Apresenta relao C/N entre 15 a 22 e m
hospedeira do nematoide do cisto (Heterodera glycines).
Cultivares: IAC Fava Larga (ciclo normal).
Clima e solo: clima tropical e subtropical, desenvolvendo-se mais
adequadamente na faixa de temperatura entre 18 e 30 oC, apresentando acentuada
resistncia ao dficit hdrico; adaptado aos solos de textura arenosa e argilosa e de
reduzida fertilidade. A cultivar IAC Fava Larga tolerante ao alumnio na soluo do solo.
poca de semeadura: safra e safrinha, de outubro a maro. At janeiro,
verifica-se perodo mais favorvel produo de fitomassa, e nas semeaduras mais
tardias h reduo da altura das plantas, facilitando a colheita de sementes.
Espaamento e densidade de semeadura: quando o objetivo for a adubao
verde, utilizar espaamento de 0,50 m entrelinhas com populao final de 15 e 20 plantas
por metro, para cultivares de ciclo normal e curto, respectivamente. Nas semeaduras
em pocas mais tardias pode-se reduzir o espaamento entrelinhas para at 30 cm.
Para a produo de sementes, utilizar entre 0,50 e 0,90 m entrelinhas, com 10 a 12 plantas
por metro.
Sementes necessrias: 50 kg ha-1 para adubao verde e 25 a 50 kg ha-1 para
sementes, dependendo do espaamento e da cultivar adotados.
Calagem e adubao: as quantidades de corretivos e fertilizantes devem
ser calculadas com base em resultados de anlise do solo. A calagem dever elevar o
ndice de saturao por bases a 60%, mas valores prximos a este permitem dispensar
a calagem e a adubao mineral. Considerar o efeito residual de fertilizantes aplicados
em culturas anteriores. Na semeadura, se necessrio, aplicar at 40 kg ha-1 de P2O5 e
30 kg ha-1 de K2O. Havendo disponibilidade do Rhizobium especfico e, para a primeira
Boletim, IAC, 200, 2014

201

Guandu

A.T.E. Aguiar et al.

semeadura, inocular 50 kg de sementes com 200 gramas de inoculante turfoso. O


fsforo, combinado ao Fe, pode ser solubilizado por cidos piscdicos e seus derivados,
exsudados das razes do guandu.
Controle de plantas infestantes: efetuar at 2 cultivos mecnicos nos primeiros
40 a 60 dias aps a semeadura. No h herbicidas especficos registrados para a
cultura, at setembro/2013. Em plantio direto, utilizar herbicidas dessecantes antes da
semeadura da leguminosa.
Principais doenas: suscetvel aos fungos de solo (Sclerotium rolfsii, Fusarium
spp.), particularmente no incio de seu desenvolvimento e, sobretudo, em solos
arenosos e muito suscetvel ao odio. No h fungicidas registrados para a cultura, at
setembro/2013.
Principais pragas: podem ocorrer percevejos, lagartas-das-vagens e carunchos.
No h inseticidas registrados para a cultura, at setembro/2013. No armazenamento,
realizar o expurgo e proteo das sementes contra a ao de carunchos, utilizando
preferencialmente a fosfina.
Colheita: no pleno florescimento/incio do surgimento das primeiras vagens,
aproximadamente entre 150 e 210 dias aps a semeadura, efetuar o primeiro corte
de massa ou o corte definitivo, seguido ou no de incorporao ao solo; a fitomassa
produzida poder ser removida para emprego em outro local como cobertura morta do
solo. O guandu apresenta rebrota vigorosa quando cortado adequadamente (acima de
50 cm), permitindo novos cortes assim que haja suficiente acmulo de massa na parte
area. A colheita de sementes poder ser feita manual e parceladamente, quando as
plantas ainda esto verdes, entre 210 e 300 dias, dependendo da poca de semeadura.
Para semeaduras mais tardias, a partir de janeiro/fevereiro, a colheita mecnica ser
facilitada com a reduo da altura das plantas. Evitar atraso na colheita das vagens
maduras, para prevenir ocorrncia de carunchos.
Produtividade: 5 a 18 t ha-1 de massa seca, em cortes de plantas a uma altura
superior a 50 cm da superfcie do solo e 1,2 a 1,8 t ha-1 de sementes.
Rotao: com algodo, arroz, feijo, hortalias, milho, soja, sorgo e trigo; na
implantao ou reforma da cana-de-acar; intercalar ao milho ou s perenes como caf
e frutferas (citros), em especial com cultivares de ciclo curto e porte ano; em consrcio
com milho, sorgo ou perenes ou em faixas, em pastagens e na cultura da mandioca.
Seu sistema radicular vigoroso, bem desenvolvido em profundidade, conferindo-lhe
capacidade para ser um subsolador biolgico, ou seja, capaz de romper camadas
compactadas do solo.

202

Boletim, IAC, 200, 2014

ELAINE BAHIA WUTKE


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)

Guandu

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

NELSON RAIMUNDO BRAGA


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
ANTONIO LCIO MELLO MARTINS
Polo Regional do Centro Norte, Pindorama (SP)
PAULO BOLLER GALLO
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)
SEBASTIO WILSON TIVELLI
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecolgica, So Roque (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

203

Guar

A.T.E. Aguiar et al.

Guar

Cyamopsis tetragonoloba (L.) Taub.


Espcie originria do sudeste asitico (ndia), anual, ereta, com sistema
radicular pivotante e desenvolvido em profundidade, extremamente resistente seca,
altura mdia de plantas entre 0,70 e 1,0 m. Alm da utilizao para alimentao humana
(vagens imaturas e gros), alimentao animal (forragem, gros e farelo) e adubao
verde, seus gros so fonte de goma (galactomananas), matria-prima para as indstrias
de papel, txtil, alimentcia (agentes estabilizadores e espessantes), petrolfera e blica.
Cultivares: disponveis no mercado.
Clima e solo: regies tropicais secas e subtropicais, com vero
predominantemente chuvoso e temperaturas mdias iguais ou superiores a 25 oC;
sensvel ao fotoperiodismo. Solos de textura argilosa a arenosa; tolera moderada
salinidade.
poca de semeadura: outubro a maro.
Espaamento e densidade de semeadura: 50 cm entrelinhas, com 15 a 20
sementes por metro.
Sementes necessrias: 10 a 15 kg ha-1.
Calagem e adubao: aplicar corretivos e fertilizantes com base na anlise do
solo. A calagem dever elevar o ndice de saturao por bases a 60%. Na semeadura, se
necessrio, aplicar at 60 kg ha-1 de P2O5 e 30 kg ha-1 de K2O. Havendo disponibilidade do
Rhizobium especfico e, para a primeira semeadura, inocular 50 kg de sementes com
200 gramas de inoculante turfoso.
Outros tratos culturais: efetuar at dois cultivos mecnicos nos primeiros 45
dias aps a semeadura. No h herbicidas especficos registrados para a cultura, at
setembro/2013.
Principais doenas: fungos de solo (Sclerotium sp.; Rhizoctonia sp.; Fusarium
sp.), crestamento bacteriano (Xanthomonas sp.) e eventuais viroses. No h fungicidas
registrados para a cultura at setembro/2013.
Principais pragas: eventual ocorrncia de formigas, mosca-branca (Bemisia
tabaci bitipo B) e pulges (Aphis craccivora Koch), principalmente nos estdios iniciais
da cultura. No h inseticidas registrados para a cultura, at setembro/2013.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Colheita: em geral, entre 120 e 150 dias aps a semeadura, quando a maioria
das plantas estiver seca. A colheita dos gros pode ser manual, semimecanizada ou
inteiramente mecanizada. Excesso de gua ou chuvas contnuas na colheita podem
induzir escurecimento do gro, inviabilizando-o como semente.

Guar

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Produtividade: 1 a 2 t ha-1 de fitomassa seca; 0,8 a 1,2 t ha-1 de sementes sem


irrigao, e cerca de 1,5 a 2 t ha-1, com irrigao.
Rotao: pode ser cultivado em consrcio com perenes, ou em rotao com
culturas anuais, inclusive como cultura de safrinha aps algodo, girassol e milho.
ELAINE BAHIA WUTKE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
NELSON RAIMUNDO BRAGA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDISON MARTINS PAULO
Polo Regional da Alta Sorocabana, Presidente Prudente (SP)
FRANCISCO SEITI KASAI
Polo Regional da Alta Paulista, Adamantina (SP)
ANTONIO LCIO MELLO MARTINS
Polo Regional do Centro Norte, Pindorama (SP)
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

205

Helicnia

A.T.E. Aguiar et al.

Helicnia

As helicnias, conhecidas no Brasil tambm pelos nomes regionais de


bananeira-de-jardim, bananeirinha-de-jardim, falsa-ave-do-paraso, bico-de-guar e
paquevira, so plantas pertencentes ordem Zingiberales, famlia Heliconiaceae e gnero
Heliconia. A inflorescncia colorida o principal atrativo para o uso da helicnia como
planta ornamental. As helicnias ocorrem em clareiras de florestas, florestas midas
sombreadas, vales, ou ao longo de margens de rodovias e margens de rios. Algumas
espcies ocorrem em reas sazonalmente secas. As espcies mais adaptadas desse gnero,
rapidamente colonizam locais abertos ao longo de rodovias, rios e pntanos e tendem a ser
mais vigorosas no crescimento e mais esparsamente distribudas em florestas sombreadas.
O crescimento vegetativo vigoroso, a disposio das folhas alternada e dstica, dando
origem a trs hbitos de crescimento - musoide, canoide e zingiberoide.
Espcies e variedades cultivadas como flores de corte: o nmero de espcies
classificadas no gnero Heliconia motivo de controvrsias entre diferentes autores.
Segundo recente reviso do gnero, h 182 espcies vlidas. No Brasil, vrias so
as espcies de helicnias nativas ou alctones que tm propiciado um cultivo bem
sucedido, resultado da fcil aclimatao s condies ambientais de algumas regies.
Entre as caractersticas morfolgicas de maior interesse para os horticultores esto
os hbitos vegetativos da planta, tamanho, forma e cor das inflorescncias. As
helicnias utilizadas como flores de corte, tm brcteas que envolvem e protegem as
flores e so vistosas, apresentando normalmente, intenso colorido, muitas vezes com
cores contrastantes caractersticas, o que favorece sua aceitao pelo consumidor.
Inflorescncias de H. stricta (cultivares Oliveiras Sharonii, ris, Las Cruces, Tagami,
Quito Gold), H. bihai (cultivares Aurea Sunrise, Chocolate Dancer, Five A. M., Lobster
Claw One, Lobster Claw Two e Nappi Yellow) H. orthotricha (cultivares She, Edge of
Nite, Eclipse Total, den Pink), H. psittacorum (cultivares Andrmeda, Sassy, St. Vincent
Red e Tay), H. angusta (cultivares Holiday, Flava e Orange Christmans), H. chartacea
(cultivar Sexy Pink), H. rostrata, H. wagneriana, H. collinsiana, H. farinosa e os hbridos
H. nickeriensis e H. psittacorum x H. spathocircinada (cultivares Golden Torch e Red
Torch) so atualmente as mais comercializadas.
Clima e solo: a luz afeta o desenvolvimento das plantas e as helicnias,
dependendo da espcie, tm diferentes necessidades de iluminao, porm, em geral,
pode-se dizer que preferem luz direta do sol ou sombra parcial. Sob sol pleno, necessitam
de mais gua e fertilizantes. Em locais de intensidade luminosa mais baixa ocorre uma
melhora na colorao das folhas, porm, h decrscimo no florescimento. Sendo as
helicnias plantas originrias de regies tropicais midas das Amricas, regies que

206

Boletim, IAC, 200, 2014

apresentem alta temperatura e umidade so preferidas para o seu cultivo. A faixa tima
de temperatura para as plantas varia de 21 a 35 oC, sendo seu crescimento afetado em
temperaturas abaixo de 15 oC. A faixa de temperatura de solo ideal para cultivo entre
18 e 23 oC. Com a elevao da temperatura at certo limite, o crescimento da planta
favorecido, ocorrendo, indiretamente, um aumento do florescimento. Como so plantas
de origem tropical, a manuteno da umidade alta fundamental, o que pode ser
conseguido pela irrigao por asperso. A umidade relativa do ar deve estar em torno de
60%-80%. A maioria das espcies de helicnia altamente tolerante a diferentes tipos de
solo e a produo comercial tem sido bem sucedida tanto em solos vulcnicos, como em
solos argilosos pesados. Embora os solos cidos sejam preferenciais para o cultivo, solos
levemente alcalinos tm sido usados com sucesso para muitas espcies. H. psittacorum e
a cultivar Golden Torch, entretanto, mostraram-se altamente intolerantes a solos alcalinos
ou pobremente drenados, ou seja, os solos devem ser bem drenados e com boa aerao.

Helicnia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Propagao: as helicnias podem ser propagadas vegetativamente por diviso


de touceiras, segmentos de rizoma ou raras vezes, por micropropagao. A propagao
por sementes no recomendada em escala comercial, visto que a germinao pode
demorar entre trs meses e trs anos. Esta via de propagao geralmente usada em
programas de melhoramento e pesquisa. A propagao vegetativa feita por diviso de
touceiras, separando as plantas com um segmento de rizoma e pseudocaules. A unidade
mnima para a propagao uma poro de um pseudocaule vertical com 20-30 cm,
unido a uma poro de rizoma de 10 a 12,5 cm, com gemas. Recomenda-se uma poro
constituda de trs a cinco pseudocaules, com gemas basais associadas aos pseudocaules
cortados com 20 a 30 cm de comprimento. Para o plantio direto em campo, o conjunto
de rizoma contendo de 3 a 5 pseudocaules e um sistema de razes intactas propicia uma
retomada do crescimento mais eficiente que rizomas com um pseudocaule nico.
Ciclo produtivo: com o plantio de rizomas, as plantas iniciaro a produo entre
9 e 12 meses, atingindo produo satisfatria.
Plantio e espaamento: os rizomas devem ser plantados quando a temperatura
estiver em elevao (incio da primavera), a uma profundidade de 10 cm. Em situaes
de produo em campo, pouca preparao de canteiros requerida antes do plantio.
O uso de canteiros mais largos torna mais eficiente o espaamento, porm dificulta a
colheita e reduz a penetrao de luz atravs da folhagem, acarretando o estiolamento
das plantas. Helicnias podem ser diretamente plantadas em covas, com largura e
profundidade adequadas dependendo do tamanho do rizoma, variando entre 30 x 30 e
40 x 40 cm. O espaamento de plantio das helicnias pode ser influenciado pelo hbito
de crescimento agrupado ou aberto. O hbito agrupado refere-se s espcies com
touceiras mais fechadas e inflorescncias verticais, como H. caribaea e H. chartaceae,

Boletim, IAC, 200, 2014

207

Helicnia

A.T.E. Aguiar et al.

enquanto espcies como H. stricta, H. psittacorum e H. bihai apresentam hbito aberto,


desenvolvendo-se mais rapidamente em touceiras dispersas. O espaamento de plantio
varivel conforme o tamanho, hbito e taxa de crescimento das espcies. De um modo
geral, recomenda-se o espaamento de 1,5 m entre plantas para espcies menores e
2,5 a 3,0 m para espcies maiores. A densidade recomendada de 12.000 plantas/ha
para espcies pequenas como H. psittacorum, 4.000 plantas/ha para as mdias e
2.500 plantas/ha no caso de espcies maiores, como por exemplo, H. caribaea.
Calagem e adubao: a adubao orgnica de grande importncia no cultivo
de helicnias. No plantio, a adubao orgnica deve ser observada, pois as helicnias so
plantas oriundas de extratos de floresta mida, onde a compostagem orgnica natural
se faz presente. A cultura requer tambm a incorporao de matria orgnica durante
o cultivo, sendo recomendado de 10 a 15 kg de composto orgnico por m2 por ano, de
forma parcelada, em pelo menos quatro aplicaes. A aplicao de adubos qumicos,
como para todas as plantas cultivadas, deve ser realizada com base em anlise do solo
ou foliar. Recomenda-se para o plantio, a adubao de NPK (14-28-14) + micro, 150 g/cova
e por cobertura, trimestralmente, 200-300 g/planta/aplicao da frmula 15-05-15 +
micro. As plantas so muito exigentes em Fe, Mn e Mg. Para a correo dos sintomas de
deficincia, pode-se aplicar ferro granular, sulfato de mangans ou mangans quelato.
O magnsio, por sua vez, mais bem utilizado pelas plantas se aplicado diretamente no
solo. Em solos com alta acidez, o calcrio deve ser aplicado uma vez ao ano. A calagem
ou correo do solo deve ser feita pelo menos um ms antes do plantio, aps o qual, o
calcrio deve ser distribudo a lano.
Irrigao: as helicnias so plantas exigentes em gua, devendo-se manter o
solo sempre mido, porm evitando o encharcamento. Em locais secos e de temperatura
elevada recomendam-se irrigaes dirias. O dficit hdrico do solo frequentemente
um fator limitante da produo e da qualidade das inflorescncias. Em caso de dficit
hdrico, as folhas tendem a enrolar longitudinalmente. Para descartar problemas com
doenas nas razes, deve-se fazer a irrigao e esperar que a planta volte ao estado
normal naturalmente. Se isso no ocorrer, deve existir algum problema relacionado
absoro de gua (por exemplo, uma doena fngica). A vida de vaso de flores cortadas
decresce, em funo de irrigao inadequada durante a fase de produo.
Outros tratos culturais: eventualmente, os canteiros de helicnia podem se tornar
superpovoados e caso no sejam renovados, a produo e a qualidade das flores declinam.
Algumas espcies consideradas de tamanho pequeno devem ser renovadas a cada dois ou
trs anos, para manter seus altos nveis de produtividade. A produtividade tima se obtm
no perodo entre trs e seis anos, aps o qual se faz necessria a renovao, que pode
ser facilitada mediante a eliminao de rizomas e de plantas com baixa produtividade.
Pode ser feito um tutoramento para manter eretos os pseudocaules de espcies maiores,

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Boletim, IAC, 200, 2014

visando o fornecimento adequado de luz. Para isso, os pseudocaules so amarrados em


conjunto. Alm disso, os brotos laterais podem ser eliminados, visando o aumento de
vigor, aerao e diminuio do risco de ocorrncia de enfermidades.

Helicnia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Ocorrncia de danos por fatores ambientais: danos causados pelo frio podem
ocorrer, como alguns pontos escuros e pequenos na folhagem. O frio durante um perodo
longo pode levar morte da parte area e at mesmo do rizoma, se as temperaturas no
se elevarem. Molhar o solo em noites muito frias ajuda a prevenir a morte do rizoma.
semelhana do que ocorre com bananas e estrelcias, o vento pode causar abraso e
separao da folha. No cultivo a cu aberto, recomenda-se a utilizao de quebra-ventos
em reas que apresentam problemas desse tipo.
Principais pragas: as pragas mais comuns em plantas ornamentais tropicais so
brocas de rizoma ou de pseudocaule como Castia icarus, Castia licus e Elasmopalpus
lignosellus, lagartas desfoliadoras, caro-vermelho ou rajado, cochonilha-da-raiz,
pulges, tripes, gafanhotos, formigas e abelha irapu (Trigona spinipes). A presena de
insetos nas inflorescncias pode causar problemas na comercializao.
Principais doenas:
Fungos causadores de doenas em razes: em reas de cultivo de flores
tropicais, podrides de razes e rizomas esto associadas, principalmente, ao Fusarium
oxysporum f. sp. cubense, que provoca tambm a murcha vascular nas plantas afetadas.
O fungo apresenta quatro raas distintas que afetam, principalmente, a bananeira,
sendo a Raa 3 especfica para helicnia.
Fungos causadores de manchas na parte area: muitos fungos isolados de
folhas causam grande destruio da parte area das plantas. So eles: Calonectria
spathiphylli, Bipolaris spp., Exserohelium rostratum, Pyriculariopsis spp., Cercospora e
Curvularia spp.
Bactrias fitopatognicas: bactrias tambm podem representar grandes
problemas na cultura de helicnia, principalmente por no haver tratamento curativo,
sendo o melhor controle a incinerao das plantas. Apenas a murcha bacteriana causada
pela Raa 2 de Ralstonia solanacearum foi observada, afetando diversas helicnias. Seus
sintomas, semelhantes aos do Moko da bananeira, caracterizam-se por amarelecimento,
murcha, enrolamento e seca das folhas, que se iniciam pelas mais novas. O controle
feito com medidas preventivas, utilizando cultivares ou espcies resistentes e evitando
a disseminao da bactria. Alm dessas medidas, so indicados o uso de mudas sadias
e de qualidade, a eliminao de touceiras afetadas, a desinfeco de implementos
utilizados nos tratos culturais. Alm da bactria citada, j foram encontradas plantas
infectadas com Xanthomonas campestris.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Helicnia

A.T.E. Aguiar et al.

Nematoides: plantas infectadas com nematoides exibem sintomas semelhantes


queles produzidos por dficit hdrico do solo e por deficincia nutricional, como
folhas amareladas e baixa taxa de crescimento. Afetam o sistema radicular, reduzindo
a capacidade de desenvolvimento da planta, predispondo-a ao ataque de agentes
fitopatognicos. As principais espcies de nematoides encontradas associadas a
helicnias so: Radopholus similis, Meloidogyne spp., Pratylenchus spp., Rotylenchus
reniformis e Helicotylenchus spp.
Plantas infestantes: problemas com plantas infestantes podem ocorrer
entre as linhas de helicnias ou em canteiros recentemente plantados, mas canteiros
estabelecidos de muitas espcies podem sombrear a maioria das invasoras. Podem ser
aplicados herbicidas pr e ps-emergentes, mediante receiturio agronmico.
Colheita: as inflorescncias de helicnia so normalmente colhidas quando
cerca de dois teros de suas brcteas esto abertas, embora H. psittacorum seja algumas
vezes cortada com somente uma ou duas brcteas abertas. As helicnias so colhidas
pelo corte dos pseudocaules floridos, a cerca de 10 a 15 cm acima do nvel do solo,
sempre no sentido diagonal, evitando o acmulo de gua da irrigao e consequentes
danos aos rizomas. O perodo do corte tambm influencia a durabilidade ps-colheita
das inflorescncias, tendo sido observado que flores colhidas s 8 horas apresentaram
durabilidade mdia maior que aquelas colhidas s 13 horas. No momento do corte
as inflorescncias devem estar trgidas e o caule livre de arranhes ou ferimentos.
Deve ser procedida uma limpeza cuidadosa de resduos e insetos. S devem ser
colhidas inflorescncias com brcteas sem sinal de deteriorao interna ou sintomas
de desidratao. Todas as folhas so geralmente removidas das hastes e em algumas
espcies os pecolos so cortados justamente acima do pice da inflorescncia para
proteger as brcteas durante o transporte. A poro remanescente dos pseudocaules j
floridos e colhidos deve ser cortada prximo ao nvel do solo. Este procedimento permite
que novos pseudocaules emerjam rapidamente, apresentando nova florada nove a dez
semanas aps o corte.
Classificao: a classificao apresenta aspectos diferentes para cada espcie. As
helicnias so classificadas em grupos - grandes, mdias, pequenas, eretas ou pendentes.
A maioria das espcies de helicnia apresenta folhas acima das inflorescncias. Estas
folhas devem ser eliminadas para dar haste melhor aparncia. No entanto, os pecolos
das duas folhas mais prximas inflorescncia devem ser mantidos, a cerca de 10 cm
acima desta. O principal objetivo deste procedimento proteger as pontas das brcteas
de impactos nas laterais da caixa durante o transporte. As flores visveis no interior das
brcteas devem ser removidas.
Embalagem: no embalamento, o papelo utilizado para a confeco das caixas

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Boletim, IAC, 200, 2014

para o transporte das inflorescncias no deve ser reciclado, pois absorve facilmente
a umidade das hastes e do ar. importante observar os padres de medidas nacionais
e internacionais na confeco das caixas, para permitir melhor aproveitamento na
paletizao. Tambm deve conter informaes como, local de origem, empilhamento
suportado e posio da caixa e temperaturas mnima e mxima de manuteno. As
hastes, maos de inflorescncias ou buques precisam estar bem acomodados de forma
que no fiquem soltos na caixa, porm sem ficar apertados. Desta forma evita-se
movimentao dentro da caixa, que pode causar danos s brcteas por atrito, ou nas
extremidades, devido aos impactos nas laterais da caixa. O nmero de hastes e o peso
por caixa dependem da espcie ou cultivar, sendo ideal que cada caixa contenha um s
tipo de inflorescncia para facilitar a arrumao.

Helicnia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Ps-colheita: a vida ps-colheita de flores de corte de helicnia varia


consideravelmente entre espcies e cultivares dentro das espcies. Aps a colheita, as
inflorescncias devem ser imediatamente imersas em gua fria para o resfriamento.
Algumas helicnias no devem ser imersas em gua, pois este procedimento pode
acarretar danos s inflorescncias. As espcies H. rostrata e H. orthotricha apresentam
escurecimento ou manchas nas brcteas. As espcies com cerosidade nas brcteas
como H. chartaceae Sexy Pink e Sexy Scarlet e H. collinsiana, podem apresentar marcas.
Brcteas justapostas como ocorre em H. episcopalis favorecem o acmulo de gua e a
consequente deteriorao da inflorescncia, considerando que as brcteas da maioria
das espcies de helicnia contm partes florais mortas, insetos e outros detritos, estes
precisam ser removidos antes da venda. A remoo feita manualmente ou com
gua pressurizada e as inflorescncias so frequentemente imersas em inseticidas
e algumas vezes em solues fungicidas, antes do transporte. Aps o resfriamento e
retirada das folhas, as hastes devem ser imersas em soluo com detergente neutro,
para a limpeza das inflorescncias e dos caules. Para a retirada das flores e limpeza do
interior das brcteas pode ser utilizada tesoura sem ponta ou formo, com o cuidado
de no ferir a superfcie interna das brcteas. Visando a eliminao de insetos, as
hastes so examinadas individualmente, devendo permanecer imersas por cinco
minutos em tanque com inseticida. Muitas pragas, principalmente formigas, podem
ficar alojadas nas brcteas mesmo aps as lavagens. Posteriormente, as inflorescncias
so mergulhadas em outro tanque com gua limpa onde permanecem para hidratao
por perodo entre 15 minutos e duas horas, dependendo da poca do ano. Perodos
maiores so recomendados no vero. O excesso de gua acumulado dentro das brcteas
deve ser retirado e as hastes colocadas na posio vertical em baldes com gua at o
momento da embalagem, tempo em que as inflorescncias secam naturalmente. Para
cultivares de H. psittacorum a vida ps-colheita de 14 a 17 dias, mas inflorescncias
de outras espcies frequentemente duram menos de uma semana. A vida ps-colheita

Boletim, IAC, 200, 2014

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Helicnia

A.T.E. Aguiar et al.

dependente do ponto de colheita, da absoro de gua pela haste, da atividade


respiratria e das condies de conservao. A senescncia da inflorescncia
caracterizada por uma ou mais das seguintes caractersticas: necrose do pice da brctea,
esmaecimento da cor da brctea, murchamento da brctea ou raque, ou absciso da
flor. A senescncia de alguma forma retardada mantendo-se as inflorescncias a uma
temperatura entre 15 e 18 C.
Armazenamento e transporte: como as inflorescncias so muito sensveis ao
frio e desidratao, nunca devem ser armazenadas sob temperatura abaixo de 13 oC.
Esta condio pode ser considerada um problema no armazenamento e no transporte
de helicnias. Para o transporte, as inflorescncias podem ser colocadas em caixas,
protegidas por malhas ou bolsas plsticas. Dentro da embalagem, devem ser colocados
materiais que retenham umidade, como papel picado e espuma de polietileno.
Produtividade: as touceiras de helicnias podem apresentar uma produtividade
tima at os seis anos de idade, sugerindo que as touceiras devam ser renovadas
aps esse perodo. A produo de helicnias varivel conforme a espcie, mas um
indicativo adequado para as espcies o seguinte: H. psittacorum Andromeda - 160
inflorescncias/m/ano; Golden Torch - 84 inflorescncias/m/ano em condies de
campo; H. angusta - 110 inflorescncias/m/ano; H. bihai - 80 inflorescncias/m/ano;
H. orthotricha - 30 inflorescncias/m/ano; H. stricta - 30 inflorescncias/m/ano;
H. wagneriana - 50 inflorescncias/m/ano; H. rostrata - 80 inflorescncias/m/ano;
H. farinosa - 80 inflorescncias/m/ano e; H. chartaceae - 30 inflorescncias/m/ano.
A poca de florescimento varia de espcie para espcie e afetada pelas condies
edafoclimticas. Existem espcies que florescem o ano todo, enquanto outras o fazem
uma ou duas vezes ao ano, com perodos longos e curtos de florescimento. O pico de
produo, normalmente, ocorre no incio do vero e declina no outono e a florao
cessa no inverno. Entretanto, H. angusta espcie tpica de florescimento no inverno.
CARLOS EDUARDO FERREIRA DE CASTRO
CHARLESTON GONALVES
Instituto agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Hortel
Mentha piperita L.

Hortel

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A hortel originria da Europa, onde vrios pases so produtores, com


destaque para a Rssia. No entanto, os Estados Unidos se destacam na produo
mundial. Planta herbcea perene, da famlia Lamiaceae, de clima temperado, com at
30 cm de altura, semiereta, com ramos de cor desde verde-escuro a roxo-purpreo.
A parte subterrnea constituda de rizomas, que emergem do solo, formando novas
plantas, invadindo todo o terreno.
Cultivar: a prpria espcie.
Clima e solo: a hortel exigente com relao ao solo, sendo a fertilidade a
condio bsica para o desenvolvimento das plantas. No entanto, estas se desenvolvem
melhor em solos areno-argilosos. Com relao ao clima, exigente em gua, e tanto a
escassez quanto a abundncia so fatores impeditivos ao cultivo. A temperatura ideal
est na faixa de 18 a 24 oC, porm pode suportar oscilaes entre 4 e 40 oC. A espcie
no tolera geada.
poca de plantio: no viveiro, para formao de mudas, de julho a agosto; no
campo, de outubro a novembro. No entanto, a partir de mudas provenientes de cultura
de tecido, pode-se plantar o ano todo.
Espaamento: no viveiro para produo de mudas, 10 cm entrelinhas, com
rizomas alinhados em sequncia; no campo, de 70 a 100 cm entrelinhas e 30 cm entre
plantas, sendo mais utilizado 80 x 30 cm.
Mudas necessrias: utilizar como material de multiplicao rizomas de plantas
adultas com duas ou trs gemas. So necessrios de 100 a 160 kg de rizomas plantados
em canteiros de rea entre 100 e 120 m2 para a produo de mudas para plantio de
um hectare. As mudas provenientes de cultura de tecido em laboratrio so plantadas
em bandejas de poliestireno expandido (isopor) de 128 clulas, estando prontas para
o plantio no campo aps 30 a 40 dias. So necessrias 42.000 mudas por hectare no
espaamento 80 x 30 cm.
Controle da eroso: plantio em nvel, utilizando-se prticas conservacionistas
adequadas ao tipo de solo e declividade do terreno.
Calagem e adubao: corrigir a acidez elevando o ndice de saturao por bases
a 70%. Antes do plantio, aplicar de 30 a 40 t ha-1 de esterco de curral curtido. No plantio
aplicar 20 kg ha-1 de nitrognio (N), de 40 a 120 kg ha-1 de P2O5 e de 30 a 90 kg ha-1 de K2O.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Hortel

A.T.E. Aguiar et al.

Em cobertura, aplicar 30 kg ha-1 de N, 30 dias aps o plantio. Aps cada corte, aplicar
30 kg ha-1 de N e 30 kg ha-1 de K2O.
Irrigao: deve ser frequente, por asperso.
Outros tratos culturais: eliminao de plantas invasoras.
Principais pragas: cigarrinhas e formigas.
Principais doenas: odio e ferrugem, cujo controle deve ser feito com fungicidas
registrados para a cultura.
Colheita: colher a hortel cortando toda a parte area 10 cm acima do solo no
incio do florescimento, que no Estado de So Paulo, ocorre em trs perodos - novembro
a janeiro, abril a maio e julho a agosto.
Produtividade: de 70 a 100 kg ha-1 de leo essencial, obtido por destilao a
vapor da massa vegetal colhida.
Rotao: usar leguminosas aps 4 a 6 anos de cultivo na mesma rea.
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Inhame
Dioscorea alata L.

Inhame

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Entre as muitas plantas hortcolas cultivadas, encontram-se as do gnero


Dioscorea, conhecidas como yam, ame, de origem tropical com destaque para regies
da sia meridional, da Amrica Central tropical, da frica tropical ocidental e para a
regio indo-malaia. So plantas perenes ou anuais com tberas areas ou subterrneas
de tamanho, forma e colorao variveis. Na Amrica do Sul eram chamadas k-r pela
populao tupi-guarani e so atualmente conhecidas como inhames. Apresentam ramas
herbceas, com ou sem espinhos, volveis (trepadeiras), de caule anguloso ou cilndrico.
Na regio sudeste do Brasil, quase que exclusivamente plantada, para fins comerciais, a
espcie Dioscorea alata L., enquanto a Dioscorea cayennensis Lam., importante na regio
nordeste do Brasil, sendo cultivadas outras espcies comestveis de menor importncia
econmica (D. trifida, D. bulbifera e D. esculenta). Planta da famlia Dioscoreaceae,
o inhame til no preparo de sopas, bolos e pes. Algumas cultivares, por sua alta
produtividade, prestam-se tambm como forrageiras para alimentao animal. A espcie
caracteriza-se por apresentar, em sua constituio qumica, aminocidos (lisina e leucina)
e grande quantidade de vitamina A e do complexo B (tiamina, riboflavina e niacina).
Cultivar: Flrida (SRT 29).
Clima e solo: de modo geral, as condies climticas ideais so as que
apresentam clima tropical com temperaturas mdias na faixa de 30 oC, e estao seca
bem definida, de dois a cinco meses, com precipitao pluvial anual de 1.500 mm. As
culturas comerciais devem ser implantadas de preferncia em solos soltos, mas no
excessivamente arenosos, profundos, ricos em matria orgnica e com boa capacidade
de reteno de umidade, porm no sujeitos ao encharcamento. Deve-se evitar o plantio
em solos argilosos, pois as tberas tm o desenvolvimento comprometido e ficam
deformadas. Alm disso, por ocasio da colheita, na poca seca, as operaes tornam-se
difceis e dispendiosas, e os procedimentos de arranquio provocam ferimentos e quebra
das tberas, diminuindo o valor comercial e impossibilitando o armazenamento.
Preparo do solo: consiste em arar o terreno para que fique bem solto at a
profundidade de 20 a 30 cm e, posteriormente, grade-lo, de modo a desmanchar muito
bem os torres. Sulcar a 10 cm de profundidade, no espaamento entre leiras a ser adotado,
distribuir e incorporar o adubo no sulco de plantio. Levantar os camalhes (leiras) com o
auxlio do arado de aiveca, ou mesmo de disco, preferencialmente em movimento de ida e
vinda, lanando a terra em sentido contrrio. As leiras devem ter entre 30 e 40 cm de altura,
espaadas de 0,80 a 1,00 m. O uso de sulcadores, embora habitual, desaconselhvel,

Boletim, IAC, 200, 2014

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Inhame

A.T.E. Aguiar et al.

pois pode promover maior compactao do solo. Seja qual for o processo usado, as leiras
devem ser orientadas em nvel, a fim de evitar os efeitos da eroso.
poca de plantio: plantios de junho a outubro resultam em maiores
produtividades de tberas. Aps esse perodo, tem-se observado um gradiente de
reduo na produo, medida que se realizam plantios mais tardios, sendo a reduo
do ciclo da planta o principal motivo alegado para a queda de produo.
Espaamento: 0,80 a 1,00 m entrelinhas x 0,30 a 0,40 m entre plantas. Plantar
manualmente as tberas-sementes na profundidade de 10 cm, no sulco aberto no topo
das leiras.
Mudas necessrias: de 3 a 5 t ha-1. Como tberas-sementes devem ser utilizadas
tberas de tamanho mdio, pesando de 60 a 150 g. No caso de tberas gradas, pode-se
cort-las transversalmente ao meio, e armazen-las em lugar ventilado para cicatrizao,
e em sequncia efetuar o plantio.
Calagem e adubao: aproveitar o efeito residual parcial dos adubos aplicados
nas culturas anteriores e, se possvel, adicionar matria orgnica. Aplicar calcrio para
elevar a saturao por bases a 80%. De acordo com a anlise do solo, aplicar no plantio,
20 kg ha-1 de N, 50 a 100 kg ha-1 de P2O5 e 40 a 100 kg ha-1 de K2O. Em cobertura, 30 dias
aps a brotao, aplicar 30 kg ha-1 de N.
Irrigao: no Planalto Paulista tem-se utilizado a irrigao por asperso.
Pragas e doenas: utilizar cultivar resistente queima das folhas (Curvularia
eragrostidis (P. Henn) Meyer), tambm conhecida como requeima, pinta preta e varola,
como a cultivar Flrida. Deve-se evitar o plantio em reas infestadas com nematoides, os
quais causam necrose conhecida como casca preta (Scutellonema bradys, Pratylenchus
brachyurus e P. coffea) e a formao de bolhas diversas na casca das tberas, sndrome
conhecida como bouba-do-inhame (Meloidogyne incognita, M. javanica e M. arenaria)
na regio nordeste do Brasil, depreciando os tubrculos para o comrcio. Outras doenas
e pragas podem ocorrer, mas no h produtos registrados para controle at agosto/2013.
Outros tratos culturais: antes que as ramas se entrelacem, faz-se o controle do
mato e a amontoa, com o auxlio de sulcadores, enxadas e mondas.
Produtividade normal: 25 t ha-1 (1.000 caixas de 25 kg por hectare), em solos
leves, prprios para a cultura.
Rotao: milho, sorgo, pastagens ou adubos verdes. No entanto, em locais de
ocorrncia de nematoides, a rotao dever ser feita com plantas de reconhecido efeito
negativo proliferao dessa praga, como caso da Crotalaria juncea.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Colheita: o perodo mais adequado de colheita coincide com o repouso fisiolgico


da planta. Nessa poca, as folhas senescem e caem, as ramas secam e as radicelas
formadas nas tberas secam e se soltam com facilidade, melhorando seu aspecto visual,
propiciando melhor qualidade culinria e aspecto favorvel comercializao. Essa fase
caracterizada por baixa atividade metablica e sua durao funo, principalmente,
das condies ambientais. No Estado de So Paulo, esse perodo se inicia em maio,
prolongando-se at agosto-setembro, com pico de produo de julho a agosto. Colheitas
fora desse perodo requerem operao adicional de toalete que consiste na remoo
manual das radicelas das tberas feita com auxlio de facas ou lminas, necessria para
a comercializao.

Inhame

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Observao: o inhame no se adapta a regies montanhosas e sujeitas a


geadas frequentes.
VALDEMIR ANTONIO PERESSIN
JOS CARLOS FELTRAN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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A.T.E. Aguiar et al.

Jacatup

Jacatup
Pachyrhizus spp

O jacatup, tambm conhecido por feijo-batata e feijo-macuco, uma planta


da famlia das Leguminosas. A planta perene, trepadeira e sua cultura pode ser feita para
produo de razes tuberosas para alimentao humana (6,5% e 9% de protena) quando
novas e tenras, ou para alimentao animal e extrao de amido, quando maduras. A
folhagem pode ser utilizada como adubao verde, bem como para alimentao animal
desde que no apresente vagens, uma vez que as sementes so txicas por conter 1% de
rotenona, substncia com efeito inseticida.
Espcies cultivadas: P. tuberosus, P. erosus, P. panamensis, P. ferrugineus e P. ahipa.
Cultivar: comum.
poca de plantio: de setembro a outubro com o incio da estao chuvosa.
Espaamento: 0,50 m entre plantas e 1,0 m entrelinhas, utilizando-se duas
sementes por cova e posterior desbaste.
Sementes necessrias: de 10 a 12 kg ha-1 de sementes.
Adubao: aproveitar o efeito residual parcial dos adubos aplicados nas culturas
anteriores e, se possvel, adicionar 10 t ha-1 esterco de curral, ou a metade dessa dose
de esterco de galinha.
Outros tratos culturais: necessrio executar tutoramento das plantas e
capinas frequentes.
Colheita: de 5 a 6 meses aps o plantio para consumo humano e a partir de 12
meses para alimentao animal ou indstria.
JOS CARLOS FELTRAN
VALDEMIR ANTONIO PERESSIN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Labelabe
Dolichos lablab L.

Labelabe

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

[sin. Lab lab purpureus (PRAIN) Kumari; Lablab vulgaris Savi]


Espcie originria da frica, anual ou bianual no Estado de So Paulo, rasteira,
de hbito de crescimento indeterminado, com ampla adaptao entre 400 a 1.300 m de
altitude, recomendada principalmente para adubao verde. Suas vagens e sementes
podem ser processadas para arraoamento animal ou para consumo humano e
a forragem e o feno produzidos so comparveis aos da alfafa, apesar de menos
digestveis. Sua massa pode ser utilizada para enriquecimento de silagem ou palha de
milho, situao em que se efetua o cultivo consorciado. Pode fixar at 180 kg ha-1 ano-1
de N e apresenta relao C/N mdia ao redor de 18.
Cultivares: IAC 697, Rongai.
Clima e solo: clima tropical e subtropical, com desenvolvimento favorecido em
temperaturas entre 18 e 25 C e regime hdrico varivel entre 900 e 1.500 mm ao ano;
sensvel ao fotoperodo e s geadas; relativamente tolerante ao dficit hdrico e no
tolerante ao encharcamento do solo. Adaptada aos solos de textura arenosa e argilosa e
de reduzida fertilidade, sendo muito tolerante ao alumnio na soluo do solo.
poca de semeadura: safra e safrinha, de outubro at maro. A durao do
ciclo e o rendimento em fitomassa so reduzidos nas semeaduras a partir de fevereiro.
Espaamento e densidade de semeadura: para adubao verde - 50 cm
entrelinhas com 10 sementes por metro; para produo de sementes - 70 cm entrelinhas
com 7 a 10 sementes por metro.
Sementes necessrias: 45 a 60 kg ha-1, dependendo do espaamento e da
densidade de semeadura.
Calagem e adubao: as quantidades de corretivos e fertilizantes devem
ser calculadas com base nos resultados de anlise do solo. A calagem dever elevar
o ndice de saturao por bases a 60%, para aumento do rendimento em fitomassa,
mas valores prximos a este permitem dispensar a calagem e a adubao mineral.
Conforme anlise do solo e, se necessrio, aplicar at 60 kg ha-1 de P2O5 e 30 kg ha-1 de
K2O no sulco de semeadura, considerando efeito residual de fertilizantes aplicados em
culturas anteriores. Havendo disponibilidade do Rhizobium especfico e, para a primeira
semeadura, inocular 50 kg de sementes com 200 gramas de inoculante turfoso.
Outros tratos culturais: efetuar at 2 cultivos mecnicos nos primeiros 40 a
60 dias aps a semeadura. No h herbicidas especficos registrados para a cultura, at
Boletim, IAC, 200, 2014

219

Labelabe

A.T.E. Aguiar et al.

setembro/2013. Em plantio direto, utilizar herbicidas dessecantes antes da semeadura


da leguminosa.
Principais doenas: suscetvel aos fungos de solo (Fusarium sp.), particularmente
no incio de seu desenvolvimento e, sobretudo, em solos arenosos; pouco suscetvel ao
odio (Oidium sp.). No h fungicidas registrados para a cultura, at setembro/2013.
Principais pragas: muito suscetvel s vaquinhas (Cerotoma arcuatus, Diabrotica
speciosa) que, em elevada incidncia, podem causar excessiva reduo da rea foliar.
Podem ocorrer caro-branco (Polyphagotarsonemus latus), cigarrinha (Empoasca sp.)
e pulgo (Aphis craccivora). No perodo de granao, a incidncia de percevejos e de
lagartas-da-vagem (Heliothis sp.) poder afetar a qualidade das sementes. No h
fungicidas registrados para a cultura, at setembro/2013. No armazenamento, para o
controle de carunchos (Acanthocelides obtectus, Callosobruchus sp.), efetuar o expurgo
com fosfina, pela facilidade de uso.
Colheita: dependendo da poca de semeadura, efetuar o primeiro corte de
massa ou o corte definitivo no pleno florescimento/incio do surgimento das primeiras
vagens, aproximadamente entre 120 e 180 dias, seguido ou no de incorporao ao
solo. A fitomassa produzida poder ser removida para emprego em outro local como
cobertura morta do solo. Pode apresentar rebrota quando cortado acima de 20 cm,
permitindo novos cortes, assim que haja suficiente acmulo de massa na parte area.
As vagens maduras podero ser colhidas, manual e parceladamente, quando as plantas
ainda esto verdes, entre 180 e 240 dias. Para prevenir ocorrncia de carunchos, efetuar
a colheita sem atraso, seguida de expurgo com fosfina, pela facilidade de uso.
Produtividade normal: 5 a 9 t ha-1 de fitomassa seca e 1 a 1,5 t ha-1 de sementes.
Rotao: pode ser cultivada solteira, em rotao, antes de culturas anuais, ou
em consrcio com o milho, sendo ento semeada aos 20 dias aps essa gramnea, com
manejo da fitomassa no florescimento; nessa situao pode haver eventual reduo da
produtividade do milho. Pode ser consorciada ainda mandioca ou s culturas perenes e
gramneas forrageiras, procedendo-se ao corte das plantas da leguminosa no perodo seco.
Por ser considerada boa hospedeira de nematoides formadores de galhas (Meloidogyne sp.),
deve-se evitar seu cultivo em reas com incidncia comprovada dos mesmos.
ELAINE BAHIA WUTKE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
NELSON RAIMUNDO BRAGA
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

220

Boletim, IAC, 200, 2014

Leguminosas Perenes
(Adubos verdes e Forrageiras)

Leguminosas
Perenes

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

So consideradas adubos verdes e forrageiras, as seguintes espcies de


leguminosas da famlia Fabaceae: calopognio (Calopogonium mucunoides Desv.)
e centrosema (Centrosema pubescens Benth.), nativas da Amrica do Sul tropical;
cudzu-comum (Pueraria thunbergiana Beth., sin. P. lobata) e cudzu-tropical (Pueraria
javanica Benth., sin. Pueraria phaseoloides (Roxb) Benth.), originrias da sia Oriental;
galxia (Galactia striata Urb.), siratro (Macroptilium atropurpureum D.C.) e soja-perene
(Neonotonia wightii Lackey, sin. Glycine wightii Verdc). Estas espcies em geral so
herbceas, perenes, trepadoras, tm crescimento vigoroso, hbito de crescimento
rasteiro e perene, ciclo longo. A elevada percentagem de sementes dormentes (duras),
principalmente no calopognio, no cudzu-tropical e na soja-perene, pode ser reduzida
por escarificao, com lixas. O cudzu-comum, introduzido no Estado de So Paulo em
1916, tem folhas caduciflias, sendo derrubadas no outono-inverno, mas com rebrota
no incio do perodo chuvoso, na primavera; o cudzu-tropical tem desenvolvimento
inicial lento; o siratro bastante resistente seca e tolerante ao pisoteio de animais
e a soja-perene, alm da utilizao como adubo verde e forrageira, pode ser utilizada
para recobrimento de taludes. As reas formadas com estas leguminosas podem ser
utilizadas para adubao verde ou, quando associadas ou no a gramneas, constituem
timas pastagens, alm de serem produtoras de feno de alta qualidade, ou bancos
de protena. Pelo tipo de cobertura do solo que promovem, em carter permanente,
contribuem para controle da eroso, podendo tambm ser utilizadas para proteo de
encostas e aterros. Cultivares tardias de algumas dessas espcies constituem reserva de
forragem durante o inverno, quando as gramneas amadurecem e apresentam reduzido
valor nutritivo. A centrosema e a soja-perene fixam, em mdia, 100 e 40 a 100 kg de
N ha-1 ano-1, repectivamente.
Cultivares: Yarana/IZ-3 para galxia e Cianova e comum para soja-perene; para
as demais leguminosas forrageiras a prpria espcie botnica.
Clima e solo: adaptao s regies tropicais e subtropicais midas e quentes,
livres de geadas, com temperaturas mdias no inferiores a 18 C, precipitaes pluviais
anuais mdias entre 900 e 2.000 mm e altitudes desde o nvel do mar at 2.000 m. Solos
de textura preferencialmente argilosa, de reduzida a mdia fertilidade para calopognio,
centrosema, galxia e siratro e solos mais frteis para soja-perene, bem drenados.
poca de semeadura: incio da estao chuvosa, em outubro, at fevereiro.

Boletim, IAC, 200, 2014

221

Leguminosas
Perenes

A.T.E. Aguiar et al.

Espaamento e densidade de semeadura: em geral, no cultivo exclusivo,


semear em linhas espaadas de 40 a 80 cm entre si, com densidade de 20 a 30 sementes
por metro, sempre cobertas com pouca terra (1-2 cm de profundidade) ou apenas
comprimidas em solo mido. Para calopognio e centrosema utilizar espaamentos
de 0,30 a 0,50 m entrelinhas. Como o cudzu-comum no produz sementes em nossas
condies de fotoperodo, sua propagao efetuada por mudas (estoles enraizados),
no espaamento de 2 x 2 a 2 x 4 m entre covas, na quantidade de 1.250 a 2.500 mudas
por hectare.
Sementes necessrias: em geral, de 8 a 12 kg ha-1 mas, especificamente para
calopognio, de 13 a 40 kg ha-1 para semeadura em linhas, nos cultivos consorciado
e solteiro, respectivamente e de 5 a 40 kg ha-1 na semeadura a lano, nos cultivos
consorciado e solteiro, respectivamente; centrosema, de 4 a 5 kg ha-1.
Calagem e adubao: tanto a correo do solo como a adubao so
recomendadas com base nos resultados da anlise do solo. A calagem, quando necessria,
calculada para elevao do ndice de saturao por bases a 60%. Na adubao mineral,
considerar o efeito residual de adubaes anteriores ou mesmo a aplicao de fosfatos
naturais de solubilizao mais lenta. Aplicar 40 a 60 kg ha-1 de P2O5 e 50 kg ha-1 de K2O.
Outros tratos culturais: se necessrio 2 a 3 cultivos mecnicos, durante os
primeiros 60 dias aps semeadura. No h herbicidas registrados para a cultura, at
setembro/2013.
Principais doenas: cudzu-comum hospedeiro do fungo Phakopsora
pachyrhizi, causador da ferrugem asitica na soja; Fusarium sp. em galxia; odio (Oidium
sp.) e Synchytrium sp. em siratro; odio (Oidium sp.) em soja-perene. No h fungicidas
registrados para a cultura, at setembro/2013.
Principais pragas: lagartas em galxia; pulges (Aphis craccivora) e vaquinhas
(Cerotoma arcuatus; Diabrotica speciosa) em soja-perene. No h inseticidas registrados
para a cultura, at setembro/2013.
Colheita: aps o pleno estabelecimento das plantas, com cobertura total do
solo, as reas dessas leguminosas podem ser utilizadas em pastoreio. Para produo de
forragem, efetuar cortes (ceifa) a intervalos regulares, assim que houver massa vegetal
em quantidade razovel. Ocorre rebrota vigorosa, se no perodo houver disponibilidade
de gua. A maturidade de vagens e sementes ocorre de junho a agosto. Colher as
sementes por catao manual das vagens maduras, com repasses e, posteriormente,
trilh-las. Pela maturidade uniforme e hbito de frutificao, aos oito meses aps a
semeadura ou incio do novo ciclo, pode-se fazer a colheita mecnica de sementes da
soja-perene, por colhedoras convencionais de cereais.

222

Boletim, IAC, 200, 2014

Produtividade: a produtividade de fitomassa e de sementes varivel de


acordo com a espcie e condies ecolgicas. A produtividade anual mdia de massa
verde 20 a 40 t ha-1, mas podem ser considerados, como valores mdios respectivos
de fitomassa seca e de sementes, por hectare, os seguintes: 5 t e 150 a 300 kg para
calopognio e centrosema; 100 a 150 kg para cudzu-tropical; 300 a 400 kg em siratro;
4 a 6 t e 700 a 1.000 kg em soja-perene.

Leguminosas
Perenes

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Rotao: calopognio - utilizado em pastoreio, associado ou no s gramneas


ou destinado aos cortes para produo de feno, e como adubo verde, em consrcio com
culturas anuais, como arroz ou em cultivo intercalado em culturas perenes como citros;
centrosema - utilizada como forrageira, em consrcio com Urochloa sp. (sin. Brachiaria
sp.), Panicum sp. e Setaria sp., ou como adubo verde, em rotao ou consrcio com
culturas perenes de frutferas, com adequado manejo de seus ramos; cudzu-comum
e cudzu-tropical - por serem tolerantes ao sombreamento, podem ser cultivadas em
consrcio com seringueiras, mesmo adultas, em que se tem fechamento total das copas
nas entrelinhas, alm de culturas frutferas (bananeira, citros e mangueira) e com outras
leguminosas forrageiras ou gramneas como as braquirias [Urochloa (sin. Brachiaria)
brizantha]; siratro - consorciada maioria das gramneas forrageiras e frutferas e em
rotao com culturas anuais; soja-perene - exclusiva ou consorciada s gramneas
forrageiras e s culturas perenes, como citros.
ELAINE BAHIA WUTKE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
NELSON RAIMUNDO BRAGA
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Macadmia

A.T.E. Aguiar et al.

Macadmia

Macadamia integrifoliaMaid. e Bet.


A macadmia uma nogueira arbrea originria das florestas tropicais
australianas. Sua distribuio natural ocorre por quase toda a costa leste da Austrlia.
No Brasil, foi introduzida em 1931, mas sua expanso aconteceu a partir da dcada
de 70, devido s aes conjuntas dos setores de pesquisa e produtivo. O programa de
domesticao e melhoramento gentico de macadmia no Brasil teve incio no Instituto
Agronmico (IAC), em Campinas (SP), na dcada de 40, com a introduo de sementes
de variedades desenvolvidas no Hava (EUA). As variedades comerciais so originadas de
duas espcies, Macadamia integrifolia e M. tetraphylla, e seus hbridos. A macadmia
uma espcie perene de mdio a grande porte (entre 15 e 20 metros de altura). Os frutos
so do tipo folculo globoso, de cor verde-escuro, e no seu interior h uma noz, revestida
por um pericarpo lenhoso de cor castanha, que a protege. As nozes podem variar em sua
colorao desde um branco-creme at tons amarelados. O zoneamento agroclimtico
indica extensas reas com condies favorveis ao cultivo dessa nogueira no Brasil, onde
a quase totalidade dos Estados de So Paulo, Rio de Janeiro, Esprito Santo, alm do sul de
Minas Gerais, leste do Mato Grosso do Sul e oeste do Paran, esto inseridos. A espcie
se desenvolve bem em solos de fertilidade mdia a alta, permeveis a pelo menos 75
cm de profundidade para o adequado desenvolvimento radicular, bem drenados, no
suportando o encharcamento, com alto teor de matria orgnica e pH entre 4,5 e 6,5.
A precipitao pluviomtrica tambm muito importante, principalmente na poca
de florao e frutificao, sendo os melhores locais para plantio os que apresentam
pluviosidade anual entre 1.200 a 2.940 mm, porm a prtica de irrigao possibilita o
plantio de macadmia em diversas reas.
Cultivares:atualmente, as mais plantadas so IAC 4-12B, IAC 9-20, Campinas-B,
Keaumi (IAC 4-20), Keaudo (IAC 2-23), Kakere (IAC 5-10), IAC 1-21, HAES 816, HAES 344,
HAES 660, Keauhou (HAES 246), Makai (HAES 800), Purvis (HAES 294), e HAES 741. De
maneira geral, as cultivares nacionais (IAC) apresentam desenvolvimento horizontal mais
vigoroso e copas de formato arredondado, enquanto as havaianas (HAES) apresentam
maior desenvolvimento vertical e formatos cnicos.
Mudas e plantio:recomenda-se o uso de mudas enxertadas ou formadas por
estaquia ou alporquia, devido precocidade na produo e homogeneidade do produto,
em relao s mudas de p-franco.
Plantio:estao das guas ou a qualquer poca, sob condies de irrigao.

224

Boletim, IAC, 200, 2014

Espaamento: em funo do formato das copas das plantas, com maior


crescimento horizontal ou vertical, caracterstico de cada cultivar, os espaamentos
podem variar. O espaamento entre ruas podem chegar a 10 m. J em plantios
adensados, visando maiores produtividades, pode chegar a 5 m. O espaamento entre
plantas pode variar entre 8 a 4 m. Em plantios convencionais, o nmero de plantas por
hectare fica prximo de 200, j nos plantios adensados chega a 500. Os arranjos mais
utilizados so: 9,0 x 6,0; 8,0 x 8,0; 8,0 x 6,0; 7,0 x 5,0; 5,0 x 4,0 m. Embora o ingresso de
recursos seja antecipado pelo uso do adensamento, um sistema de podas dever ser
adotado para evitar o fechamento das ruas, que impede a entrada de luz e provoca
diminuio da produo.

Macadmia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Mudas necessrias:156 a 500/ha.


Controle da eroso:em reas com declividade at 20% recomenda-se o plantio
em nvel, com as linhas de plantio perpendiculares declividade do terreno; em reas
com declive acima de 20% recomendam-se outras prticas conservacionistas como
terraos, camalhes, patamares ou banquetas; utilizao de roadeira no perodo das
guas, mantendo-se a cobertura vegetal; cobertura morta do solo.
Calagem:antes do plantio, aplicar calcrio em todo o terreno incorporando-o
por meio de arao e gradagem, elevando a saturao por bases a 70%. Em pomares
instalados, quando a saturao por base for inferior a 50%, aplicar o calcrio para elevar
a saturao a 70%.
Adubao de plantio:aplicar, na cova, 2 kg de esterco de galinha bem curtido
ou 10 kg de esterco de curral, 1 kg de calcrio magnesiano, 160 g de P2O5e 60 g de K2O,
pelo menos 30 dias antes do plantio. Em cobertura, a partir do incio da brotao das
mudas, ao redor da planta, aplicar 60 g de N, em quatro parcelas de 15 g, de dois em
dois meses.
Adubao de formao: no pomar em formao, de acordo com a anlise
do solo e por ano de idade, efetuar a aplicao de 20 a 60 g/planta, de cada um dos
nutrientes: N, P2O5e K2O. Aplicar os adubos em quatro parcelas, de dois em dois meses,
a partir do incio das chuvas. Distribuir os adubos uniformemente, aplicando 2/3 sob a
copa das rvores e 1/3 fora delas. Se preferir, o fsforo e o potssio podem ser aplicados
em parcela nica, na primeira adubao.
Adubao de produo:no pomar adulto, conforme a anlise do solo e a meta
de produtividade, aplicar anualmente 80 a 200 kg ha-1 de N, 10 a 60 kg ha-1 de P2O5e 40 a
200 kg ha-1 de K2O. Pode-se utilizar formulao NPK, em relao prxima dos nutrientes
a serem aplicados anualmente. Parte da adubao qumica pode ser substituda pela
adubao orgnica, aplicando-se anualmente, 2 t ha-1 de esterco de galinha bem curtido,

Boletim, IAC, 200, 2014

225

Macadmia

A.T.E. Aguiar et al.

ou 10 t ha-1 de esterco de curral, logo aps a colheita. Neste caso, as quantidades de


nutrientes presentes nos adubos orgnicos devem ser diminudas da adubao qumica.
Distribuir esterco, fsforo e potssio, na dosagem anual, em coroa larga, acompanhando
a projeo da copa no solo. Dividir o nitrognio ou frmula NPK em quatro parcelas,
aplicadas em cobertura, de dois em dois meses, a partir do incio das chuvas. Em lavouras
com mais de oito anos e com dificuldades para mecanizao, o nmero de parcelas pode
ser diminudo.
Irrigao:no primeiro ano aconselhvel nas estiagens, em bacias ou sulcos;
substituio parcial pela utilizao de cobertura morta, em reas de adequado equilbrio
hdrico do solo. Alm disso, a irrigao utilizada para diminuir o perodo juvenil das
plantas, acelerando o seu desenvolvimento e antecipando o incio da produo, ou
ainda, para aumentar a produtividade das lavouras adultas por ocasio de secas no
perodo das floradas.
Consrcio: recomendado, principalmente nos anos iniciais da cultura, visando
diminuio do perodo de retorno do investimento. Caf e mamo podem ser plantados
nas linhas e entrelinhas das nogueiras sem prejuzos mecanizao e manejo. J o feijo,
milho e arroz devem ser plantados em ruas alternadas.
Outros tratos culturais:a rea de projeo das copas deve permanecer livre
de plantas daninhas. Podas de limpeza so necessrias nos anos iniciais, e, em pomares
adultos, a eliminao dos ramos para aumentar a entrada de luz no interior das copas
das plantas necessria.
Principais insetos-pragas: os tripes (Haplothrips gowdeyi e Frankliniella
gardeniae) so pequenos insetos sugadores, com tamanho mdio de 1,5 mm, atacam
as flores e nozes da nogueira macadmia. As populaes de tripes so frequentemente
reduzidas por chuvas, neste caso no h necessidade de controle. Como preveno,
importante o monitoramento peridico das rvores para conhecimento da presena
desse inseto, antes que seja atingida elevada populao, o que dificulta o seu controle.
Os pulges vivem em colnias, infestam principalmente os brotos das plantas. No
Brasil, a espcie Toxoptera aurantii que apresenta colorao marrom-escuro ou preta,
ocorre principalmente na poca de florao, formao dos botes florais e frutificao
da nogueira macadmia. Durante a frutificao pode ocorrer o ataque de brocas e
percevejos, que prejudicam a qualidade das nozes. Os adultos das brocas so mariposas,
que pem seus ovos sobre o fruto. Desses ovos eclodem pequenas lagartas que penetram
nos frutos e se alimentam do interior desses, causando severos danos. Os percevejos
apresentam hbito sugador e ao se alimentarem dos frutos, ocasionam pontuaes nas
cascas das nozes. Destaca-se que no Brasil no existem inseticidas registrados para a
cultura da noz-macadmia e, portanto, importante o produtor realizar controle dessas

226

Boletim, IAC, 200, 2014

pragas conforme recomendao e orientao de um engenheiro agrnomo. Os insetos-pragas so comumente controlados pela ao de seus inimigos naturais. Esses agentes
benficos ocorrem naturalmente nos pomares e colaboram ao reduzir as populaes
das pragas, por meio da ao de predao ou parasitismo. Os predadores como os
crisopdeos, joaninhas, hemerobdeos e sirfdeos alimentam-se dos pulges, tripes, ovos
de mariposas e lagartas recm-eclodidas. Existem microvespinhas que podem parasitar
ovos ou lagartas-das-brocas, ocasionando a morte dessas pragas.

Macadmia

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Os produtores devem saber reconhecer os diferentes estdios de vida desses


inimigos naturais para mant-los nos pomares, j que esses agentes so importantes
aliados no combate s pragas.
Principais doenas: a antracnose, doena importante, causada pelo fungo
Colletotrichum ao infectar folhas, inflorescncias e frutos prximos ao amadurecimento.
Pseudocercospora, Cladosporium, Botrytis, Pestalotia e Alternaria so os fungos que
ocorrem com maior frequncia durante as floradas, causando abortamento das flores/
frutos e seca dos racemos. Realizar controle conforme recomendao de um engenheiro
agrnomo.
Colheita:maro a maio, por catao das nozes cadas no cho. Recomenda-se a
retirada imediata do pericarpo (carpelo), aps a colheita e secagem das nozes sombra.
As nozes em casca podem ser armazenadas desde que em condies de temperatura e
umidade controladas. Safras: a partir do quarto ano de instalao do pomar.
Produtividade: estimativa de 2 a 8 t ha-1 de nozes, em pomares adultos,
conforme o espaamento e os manejos adotados.
MARA FERNANDES MOURA
GRACIELA DA ROCHA SOBIERAJSKI
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
MARCOS JOS PERDON
TEREZINHA MONTEIRO DOS SANTOS CIVIDANES
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)
SIDNIA TEREZINHA SOARES DE MATOS
ALEX ANTNIO RIBEIRO
UNESP/FCAV, Jaboticabal (SP)
EDUARDO SUGUINO
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)
FRANCISCO JORGE CIVIDANES
UNESP/FCAV, Jaboticabal (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

227

Ma

A.T.E. Aguiar et al.

Ma
Malus spp.

A macieira pertence famlia Rosaceae, que abrange cerca de 100 gneros


e mais de 2.000 espcies, dentre elas a Malus domestica Borkh., comercialmente
explorada. So plantas lenhosas, tpicas de clima temperado, porm com cultivares
adaptadas a diferentes condies climticas. originria da regio entre o Cucaso e o
leste da China. So hermafroditas, cuja florao, em regies subtropicais, pode ocorrer
desde o fim de julho at a segunda quinzena de agosto. Floresce nos ramos do ano,
em estruturas classificadas em brindilas, dardos e espores. As cultivares comerciais
apresentam elevado grau de autoincompatibilidade, necessitando de polinizao
cruzada. Quando cultivadas em regies de clima subtropical e tropical, geralmente
no encontram condies trmicas adequadas que satisfaam suas exigncias de frio
(acmulo de horas de frio). Dessa forma, alm de se optar por cultivares de baixa
exigncia em frio, necessrio adotar prticas de manejo complementares. Em regies
subtropicais, notadamente, o desenvolvimento do cultivo de macieiras teve expresso a
partir dos trabalhos de melhoramento gentico desenvolvidos pelo Instituto Agronmico
(IAC), em Campinas (SP). Posteriormente, outras instituies, a exemplo do Instituto
Agronmico do Paran (IAPAR) e da Empresa de Pesquisa Agropecuria e Extenso Rural
de Santa Catarina (EPAGRI), contriburam de maneira relevante para o desenvolvimento
de cultivares com potencial de explorao comercial, em regies de inverno ameno.
Cultivares recomendadas para as condies subtropicais paulistas: Eva
- cultivar obtida pelo cruzamento entre Anna e Gala, desenvolvida pelo Instituto
Agronmico do Paran (IAPAR), suas plantas apresentam vigor moderado a baixo,
necessitando de 200 a 350 horas de frio; apresentam produo relativamente alta; suas
frutas, de polpa firme e moderadamente cida, pesam cerca de 130 g; a maturao,
em regies de inverno ameno, ocorre de meados de novembro a meados de janeiro.
Julieta - desenvolvida pelo IAPAR, tambm utilizada como polinizadora, necessita de
200 a 300 horas de frio; suas frutas so de tamanho mdio com sabor doce, levemente
acidulado, sendo colhidas, em regies de inverno ameno, do incio de novembro a
meados de janeiro. Princesa - introduzida e selecionada pela EPAGRI, suas plantas so
semivigorosas e muito produtivas; adapta-se a regies que propiciam de 250 a 450 horas
de frio; suas frutas, de polpa firme e moderadamente cida, pesam cerca de 145 g;
a maturao ocorre, em regies de inverno ameno, de meados at o fim de janeiro.
Baronesa - desenvolvida pela EPAGRI, do cruzamento entre Fuji e Princesa; suas
plantas so vigorosas e produtivas; necessita de pelo menos 500 horas de frio, portanto
restrita s regies mais frias (de maior altitude) do Estado de So Paulo; suas frutas,

228

Boletim, IAC, 200, 2014

de polpa firme e moderadamente cida, pesam cerca de 130 g e a maturao ocorre de


meados de dezembro a meados de fevereiro. Rainha - lanada pelo Instituto Agronmico
(IAC), foi obtida da hibridao controlada entre Golden Delicious e Valinhense; suas
plantas so semivigorosas e produtivas; suas frutas, de polpa macia e moderadamente
cida, pesam 180 g e amadurecem de meados de dezembro a fim de janeiro; indicada
para as regies mais altas do estado. Condessa - desenvolvida pela EPAGRI, obtida pelo
cruzamento entre Gala e uma seleo local de baixa exigncia em frio; plantas de vigor
mdio e produtivas; necessita de 300 a 500 horas de frio, adaptando-se melhor a locais
de maior altitude; suas frutas, de polpa macia e moderadamente cida, pesam cerca de
120 g, com maturao do incio de dezembro a meados de janeiro.

Ma

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Porta-enxertos: para regies de inverno ameno, os porta-enxertos M-7 e


Marubakaido (tambm chamado de Maruba) com o filtro M-9, tm apresentado bom
desempenho agronmico.
Clima e solo: as cultivares comerciais recomendadas para as condies
paulistas, necessitam, em mdia, de 200 a 300 horas de frio, inferior a 7,2 oC. Quanto aos
solos, priorizar aqueles com boa drenagem, de maior profundidade e com bons teores
de matria orgnica.
Prticas de conservao do solo: as estratgias mais recomendadas so o
plantio em nvel, o terraceamento (em terrenos muito declivosos), o cultivo mnimo e a
manuteno das entrelinhas vegetadas e roadas.
Propagao: no se recomenda a propagao por sementes. Para a
macieira a propagao por dupla enxertia uma tcnica muito empregada, na qual,
simultaneamente, enxerta-se um garfo da cultivar-copa em um ramo do interenxerto
(filtro) e, posteriomente, no porta-enxerto. As partes so unidas pelo mtodo da
garfagem tipo ingls complicado.
Plantio: realizado, geralmente, durante o perodo de dormncia das plantas,
em covas de 50 x 50 x 50 cm, previamente preparadas. Durante o preparo acrescentam-se nutrientes (adubos qumicos e orgnicos) na poro de solo correspondente aos
primeiros 20 centmetros superficiais, que retornar primeiramente ao fundo da cova.
O volume retirado abaixo dessa profundidade preencher o restante da cova e tambm
ser utilizado para a confeco da bacia de reteno. A utilizao de cobertura morta
ao redor das mudas contribui para a manuteno da umidade disponvel. Recomenda-se
a utilizao de 13% de polinizadores no pomar.
Espaamento: para copas vigorosas e porta-enxertos ananicantes, sugere-se
espaamento de 4,00 x 1,50 m a 3,75 x 1,00 m; para cultivares-copa semivigorosas,
espaamentos de 4,00 x 1,00 m a 3,75 x 0,80 m. Em condies que favoream maior

Boletim, IAC, 200, 2014

229

Ma

A.T.E. Aguiar et al.

desenvolvimento vegetativo, sugere-se a adoo de espaamentos mais amplos


(4,00 x 1,50 m).
Mudas necessrias: para copas vigorosas e porta-enxertos ananicantes, de 1.667
a 2.667 plantas/ha; para cultivares-copa semivigorosas, de 2.500 a 3.333 plantas/ha.
Calagem: a quantidade de calcrio deve ser calculada com base em anlise
qumica do solo, cuja amostragem deve ser feita de forma criteriosa e tem por objetivo
elevar a saturao de bases a 70%, observando nveis adequados de magnsio. A
quantidade deve ser aplicada em rea total durante o preparo do solo, ou seu equivalente
quando em cultivo somente na faixa de plantio.
Adubao: plantio - cada cova deve receber pelo menos 8 L de esterco de curral
curtido ou 3 kg de esterco de galinha ou ainda 5 L de compostagem, 300 g de calcrio,
pelo menos, 400 g de superfostato simples e 60 g de K2O; ao incio das brotaes,
fornecer quatro parcelas de 15 g de N por planta, espaadas de 2 em 2 meses; formao
- a) pomares adensados: do primeiro ao quinto ano, fornecer anualmente de 40 a 160 g
de nitrognio, 20 a 200 g de P2O5 e 20 a 240 g de K2O por planta, com base em anlise do
solo e idade das plantas; b) pomares convencionais: do primeiro ao quinto ano, fornecer
anualmente de 50 a 200 g de nitrognio, 20 a 240 g de P2O5 e 20 a 240 g de K2O por planta,
com base em anlise do solo e idade das plantas; produo - a) pomares adensados:
fornecer anualmente de 120 a 240 kg de nitrognio, 30 a 180 kg de P2O5, 40 a 200 kg de
K2O por hectare, alm de 3 t ha-1 de esterco de galinha ou 15 t ha-1 de esterco de curral
curtido; b) pomares convencionais: fornecer anualmente de 100 a 200 kg de nitrognio,
20 a 120 kg de P2O5, 30 a 140 kg de K2O por hectare, alm de 2 t ha-1 de esterco de galinha
ou 10 t ha-1 de esterco de curral curtido, sendo as adubaes qumicas, calculadas com
base em anlise do solo e produtividade estimada. As adubaes de formao e produo
devem ser parceladas em quatro vezes, aps o incio da brotao, a cada dois meses.
Poda de formao: macieiras podem ser conduzidas de diversas formas, como
por exemplo: a) lder central modificado - consiste no desponte da muda no campo, a
80-90 centmetros acima do ponto de enxertia, para obter um ramo central vigoroso e
brotaes laterais desenvolvidas; selecionam-se 5 a 8 brotaes laterais a 50 cm do solo,
deixando o lder crescer livremente; deixar as brotaes laterais crescerem at 70 a 90 cm
de comprimento e arque-las com auxlio de fitas plsticas. Assim, ao longo dos anos
de formao da planta, a 50-60 cm acima do solo, busca-se formar o primeiro andar, o
segundo aos 50-60 cm acima do primeiro e, aos 60-70 cm, acima do segundo patamar,
forma-se o terceiro andar, buscando-se o equilbrio vegetativo e estrutural da planta. A
partir do terceiro ano no se desponta mais o lder central, salvo em situaes extremas,
como quebra do mesmo, por exemplo.

230

Boletim, IAC, 200, 2014

Poda de frutificao: realizada durante o perodo de dormncia das plantas,


por meio do encurtamento de ramos, desponte de ramos novos, eliminando-se,
tambm, ramos de crescimento vertical (ladres), quebrados, doentes e aqueles em
excesso na planta, buscando-se equilbrio vegetativo e produtivo, alm da manuteno
da arquitetura da planta.

Ma

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Poda verde: realizada aps a colheita em plantas formadas, eliminando-se


o excesso de ramos, principalmente aqueles localizados no interior da copa; os ramos
arqueados devem ser despontados, preservando-se de 50 a 70 cm do comprimento
original, dependendo do espaamento e do vigor da planta.
Principais problemas fitossanitrios: pragas - em regies subtropicais e
tropicais, maiores prejuzos so decorrentes dos ataques de mariposa-oriental (Grapholita
molesta), mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus), cochonilhas, pulges e caros,
sendo que estes dois ltimos ocorrem com maior incidncia no fim da primavera e incio
do vero; o gorgulho-do-milho (Sitophilus zeamais), embora praga secundria, pode
ocasionar srios danos cultura; doenas - sarna (Venturia inaequalis), entomosporiose
(Entomosporium maculatum), seca-dos-ramos (Botryosphaeria ribis), mancha foliar de
Glomerella, odio e podrido-amarga (Glomerella cingulata).
Controle de pragas e doenas: deve-se respeitar a legislao vigente relativa
ao uso de defensivos agrcolas, quanto ao agente biolgico e cultura, atentando nas
recomendaes do fabricante.
Desfolha: em regies onde no ocorre a queda natural das folhas, a desfolha
estimula a brotao; geralmente realizada de 30 a 45 dias antes da poda de frutificao,
utilizando a calda sulfoclcica a 12%, na concentrao de 32 oB.
Superao artificial da dormncia - em regies ou anos em que haja insuficincia
de horas de frio, aplicar 0,5% a 1% de cianamida hidrogenada, acrescida de 3% de leo
mineral.
Raleio de frutas - para produo de frutas com qualidade comercial adequada,
estima-se que uma proporo de 30 a 40 folhas por fruta necessria; geralmente, o
raleio realizado de 20 a 40 dias aps a plena florada.
Tratamento de inverno: pulverizar as plantas com caldas base de cobre.
Colheita e armazenamento: as primeiras produes iniciam-se no 3.o ano aps
o plantio, porm produes regulares, somente aps o 5.o ano de cultivo. Nas condies
climticas paulistas, em funo das cultivares e regio, as frutas so colhidas entre
meados de dezembro a meados de fevereiro. As frutas devem ser colhidas em condio
de maturao adequada, e esta depende da cultivar e do tempo de armazenamento

Boletim, IAC, 200, 2014

231

Ma

A.T.E. Aguiar et al.

(curto, mdio, longo, ou comercializao imediata - mercado interno ou exportao).


No se deve deixar as frutas colhidas expostas ao sol, transportando imediatamente
para o packing house, evitando-se golpes e danos durante o transporte. Os melhores
indicadores para verificao do ponto de colheita de mas so firmeza de polpa, ndice
de amido, teores de slidos solveis e acidez titulvel e cor de fundo da epiderme.
importante colher as frutas antes da degradao do amido se completar, geralmente
quando apresentam ndice de 2 a 3 e cor de fundo verde-claro. Os demais indicadores so
muito particulares de cada cultivar. No colher as mas precocemente ou tardiamente,
pois ambas as situaes encurtam a vida til ps-colheita, aumentam a incidncia
de distrbios fisiolgicos, promovem maior desidratao na cmara, entre outras
desvantagens. A capacidade de armazenamento de mas varia amplamente de acordo
com a cultivar, rea de produo, prticas culturais, condies climticas e estdio de
maturao na colheita. Deve-se tomar cuidado quando o perodo de armazenamento
prolongado, pois as frutas podem apresentar perda de firmeza da polpa e suculncia,
ficando com textura farinhenta, podendo tambm ocorrer rachaduras ou outros
distrbios fisiolgicos, como a degenerescncia de polpa e escaldadura superficial. A
temperatura de armazenamento ideal para a maioria das cultivares de ma de 0 1 oC
e 92% a 96% de umidade relativa, por at quatro meses. O uso de atmosfera controlada
associada baixa temperatura, permite um aumento de 50% a 80% no perodo de
armazenamento das mas, podendo chegar a 10 meses, dependendo da cultivar. O
armazenamento em atmosfera controlada (AC) baseia-se no princpio da modificao
da concentrao de gases na atmosfera natural, ou seja, a concentrao de CO2
aumentada e a de O2 reduzida. De maneira geral, a concentrao de CO2 de 0,5% a 4% e
O2 de 1% a 1,8%, porm, deve-se prestar ateno na recomendao especfica para cada
cultivar, pois algumas toleram maiores concentraes de CO2, enquanto outras no.
Produtividade: estima-se uma produtividade variando de 25 a 35 t ha-1 de
mas, em pomares adultos e bem conduzidos. Podem ocorrer variaes nesses valores,
em funo da tecnologia empregada e do espaamento adotado.
JOS EMILIO BETTIOL NETO
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
WILSON BARBOSA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JULIANA SANCHES
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
RAFAEL PIO
Universidade Federal de Lavras, Lavras (MG)

232

Boletim, IAC, 200, 2014

Mamona
Ricinus communis L.

Mamona

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A mamoneira pertence famlia Euphorbiaceae, uma planta de hbito


arbustivo, com diversas coloraes de caule, folhas e racemos, podendo apresentar cera
no caule e no pecolo. Os frutos em geral apresentam espinhos, as sementes apresentam
diversos tamanhos, formatos e grande variabilidade de coloraes. O principal produto
obtido pela industrializao das sementes de mamona o leo de rcino, que pela sua
versatilidade industrial a base para obteno de uma diversificada linha de produtos,
tais como resina plstica, prteses e implantes, aditivos e lubrificantes para tanques de
avies, plsticos, nylon, sendo inclusive fonte alternativa de combustvel, o que torna
essa cultura economicamente importante e estratgica ao pas.
Cultivares: IAC Guarani - porte mdio, altura de 180-200 cm, ciclo vegetativo de
180 dias, haste rosada com cera, folhas afuniladas, frutos com espinhos, indeiscentes,
colheita nica, amplitude de produtividade de 1.500 a 4.000 kg ha-1, peso mdio de
100 sementes de 42 g e teor de leo nas sementes de 47%-48%; IAC 80 - porte alto,
250-300 cm, ciclo vegetativo de 240 dias, haste verde sem cera, folhas espalmadas e
desenvolvidas, frutos com espinhos, semideiscentes, colheita parcelada (5-6 repasses
de colheita), amplitude de produtividade de 1.500-4.000 kg ha-1, peso mdio de cem
sementes de 43 g e teor de leo na semente de 47%; IAC 226 - porte alto, 250-300 cm
de altura, haste rosada com cera, frutos com espinhos, indeiscentes (colheita nica),
amplitude de produtividade de 1.500-5.000 kg ha-1, peso mdio de cem sementes de
34 g e 46%-47% de leo nas sementes; IAC 2028 - porte mdio-baixo, 150-180 cm de
altura, haste rosada com cera, frutos com espinhos, indeiscentes (colheita nica), ciclo
vegetativo de 150-180 dias, amplitude de produtividade de 1.500-5.000 kg ha-1, peso
mdio de cem sementes de 43 g e 47% de leo nas sementes.
poca de plantio: possvel semear a mamona de outubro a maro (cultivos
de safra e safrinha), no entanto as maiores produes ocorrem nos plantios realizados
entre outubro e dezembro (safra), para o Estado de So Paulo.
Espaamento: varivel conforme a altura (porte) da planta. Para cultivo de porte
alto e cultura solteira, o espaamento pode ser de 2,5 a 3,0 m entre plantas. A necessidade
de sementes para um hectare neste caso ser de 3 a 4 kg. A cultivar de porte mdio pode
ser semeada no espaamento de 1 x 1 m ou 1,5 x 0,50 m e portanto a necessidade de
sementes ser maior, de 8 a 10 kg por hectare. Existem estudos de arranjos populacionais
com menores espaamentos, 1 x 0,50 m ou 0,80 x 0,50 m, porm deve-se considerar as
caractersticas especficas de cada cultivar ao adotar espaamentos reduzidos.

Boletim, IAC, 200, 2014

233

Mamona

A.T.E. Aguiar et al.

Calagem e adubao: de acordo com a anlise do solo, aplicar calcrio


dolomtico 90 dias antes da semeadura, para elevar o ndice de saturao por bases para
60% e o teor de magnsio a um mnimo de 5 mmolc dm-3. Na semeadura, aplicar 15 kg ha-1
de N, 40 a 80 kg ha-1 de P2O5, 20 a 40 kg ha-1 de K2O, dependendo da anlise do solo. Em
cobertura, aplicar 30 a 60 kg ha-1 de N, decorridos 30-40 dias aps a emergncia.
Sistema de produo: as cultivares de porte alto so indicadas para plantio em
consorciao com culturas alimentcias e de ciclo curto, como arroz, feijo, abbora e milho,
semeando a mamoneira em fileira dupla, espaando 1 m entrelinhas e 1 m entre plantas.
Deixar espao de 4 a 5 m entre as fileiras duplas de mamona e a outra cultura, de acordo
com as recomendaes tcnicas. Este sistema de produo possibilita aproveitamento
racional da pequena propriedade com possvel aumento de rendimento por rea.
Controle de plantas daninhas: capina durante o perodo inicial de crescimento,
realizada manual ou mecanicamente entre 7 e 10 dias aps a emergncia, operao que
deve ser repetida cerca de 20 dias depois, se houver necessidade. Pode ser utilizado o
herbicida trifluralina, nico produto registrado para a cultura.
Controle de pragas e doenas: fusariose, bacteriose das folhas e mofo-cinzento
devem ser controlados com rotao de culturas, erradicao e queima das plantas.
O mofo-cinzento ocorre nas inflorescncias e frutos e provoca o chochamento das
sementes. A incidncia pode ser menor, quando se adotam espaamentos mais largos em
anos e/ou locais de pluviosidade alta, podendo tambm ser controlado com iprodione.
Colheita: na cultivar deiscente IAC 80, a colheita deve ser parcelada, retirando-se
os racemos do campo quando 70% dos frutos estiverem secos, completando-se a secagem
no terreiro. As cultivares indeiscentes IAC Guarani, IAC 226 e IAC 2028 possibilitam colheita
nica dos racemos j secos, dispensando a operao de secagem no terreiro. Entretanto, o
descascamento obrigatoriamente mecnico, em descascadeira especfica.
Rotao de culturas: a mamoneira no deve ser cultivada por mais de dois anos
consecutivos no mesmo local, para evitar aumento da incidncia de doenas fngicas,
principalmente fusariose, que, quando ocorre na germinao, pode inutilizar a cultura.
As culturas indicadas so milho, amendoim e adubos verdes.
Recomendao geral: a mamoneira deve ser semeada em solos bem preparados,
frteis e profundos, livres de compactao, para possibilitar o desenvolvimento de
sistema radicular profundo e denso. A semeadura deve ser realizada na profundidade
de 5 cm, semeando-se 2 sementes e efetuando-se o desbaste de uma planta aps
a germinao. A prtica de desbrota, poda ou capao da gema apical no deve ser
realizada com as cultivares indicadas, sob pena de queda de produtividade.
TAMMY APARECIDA MANABE KIIHL
AMADEU REGITANO NETO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Mandioca de Mesa
Manihot esculenta Crantz.

Mandioca
de Mesa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A mandioca de mesa cultivada para ser consumida em ambiente domstico


aps processamento. descascada e a polpa cozida e frita ou ento utilizada
para fazer vrios pratos doces ou salgados. comercializada in natura, parafinada,
descascada na forma congelada, pr-cozida ou minimamente processada. Tambm
atende a pequenas indstrias com abrangncia local e regional, que a utilizam para
fazer croquetes, bolinhos e similares. Parte da mandioca de mesa no comercializada
formalmente e no contabilizada nas estatsticas. cultivada em pequenas reas,
volta das casas, consumida pelos prprios produtores e comercializada localmente,
assim, tem importante papel na segurana alimentar e na complementao de renda.
Porm, alguns produtores cultivam reas significativas para o comrcio nas CEASAS
regionais e mesmo para abastecimento de grandes centros urbanos. A mandioca de
mesa tem denominaes regionais, os mais conhecidos so mandioca-mansa, aipim e
macaxeira. Diferencia-se da mandioca industrial por ter sabor caracterstico suavemente
adocicado, enquanto a mandioca industrial pode ter qualquer sabor: adocicado, neutro
ou amargo. O sabor amargo est associado alta concentrao de substncias txicas
(cianetos), assim, as cultivares amargas, tambm chamadas bravas, no devem ser
consumidas cozidas, somente podem ser consumidas na forma de farinha ou amido.
O Estado de So Paulo tem uma produo considervel de mandioca de mesa, que nos
ltimos trs anos tem sido por volta de 160 mil toneladas anuais. Esta tem apresentado
crescimento expressivo nos ltimos anos, para atender a mercados que trabalham com
produtos higienizados, minimamente processados e indstrias de congelados.
Qualidade sensorial: a qualidade sensorial a principal caracterstica
ps-colheita de mandioca de mesa. Boa qualidade sensorial obtida cultivando-se a
variedade apropriada sem estresses biticos (pragas e doenas) e abiticos (geadas,
granizo e solos com baixa fertilidade). Normalmente boas caractersticas sensoriais so
obtidas quando o cozimento das razes inferior a 30-40 minutos, tempo contado aps
a gua, com as razes, iniciar a ebulio.
Cultivares: no Estado de So Paulo, para plantios comerciais recomendada a
cultivar IAC 576-70 de polpa amarela. Cultivares brancas no tm aceitao comercial.
Em culturas de quintal, so plantadas muitas outras cultivares: Guaxup, Ouro-do-Vale,
Aipim Manteiga, Vassourinha, etc. Essas cultivares no devem ser cultivadas em escala
comercial, pois no tem bom desempenho agronmico e nem atendem aos padres de
comercializao.

Boletim, IAC, 200, 2014

235

Mandioca
de Mesa

A.T.E. Aguiar et al.

Plantio: o plantio feito com segmentos do caule (manivas) que tenham entre
15 e 20 cm, provenientes de caules (ramas) sadios. So necessrios cerca de 20% da
rama produzida em um hectare, ou seja, entre 4 a 6 m3 (volume estreo) para plantar
um hectare. A profundidade de plantio deve ser de 5 a 10 cm, profundidades maiores
diminuem a produtividade, dificultam o arranquio e provocam quebra de razes, fatores
indesejados em mandioca de mesa.
Qualidade do material de plantio: devem ser observados trs itens de qualidade:
sanitria, fisiolgica e nutricional. A rama deve estar isenta de pragas, principalmente
cochonilhas, e doenas, principalmente bacteriose. Deve estar fisiologicamente madura,
ou seja, no ser muito jovem nem muito velha e esse ponto ocorre quando o dimetro
da medula aproximadamente metade do dimetro da maniva (rama). No usar rama
que sofreu granizo e/ou geadas. As ramas devem estar bem nutridas e trgidas para
nutrir os brotos at o desenvolvimento das razes. O agricultor deve se planejar para
produzir seu prprio material de plantio, utilizando lotes de produo em solos de boa
fertilidade e acompanhando a qualidade sanitria com visitas peridicas, principalmente
quando as plantas esto em fase de crescimento e enfolhadas.
poca de plantio: o plantio pode ser feito de maio a outubro. Quando no h
umidade suficiente no solo deve-se utilizar irrigao suplementar, embora essa prtica
nem sempre proporcione rendimento econmico. O acompanhamento da previso
do tempo pode ajudar muito na deciso acertada do momento do plantio. Plantios
antecipados so mais produtivos e de mais fcil manejo de plantas daninhas e controle
de eroso. Plantios tardios tm menor produtividade.
Espaamento: o espaamento deve ser planejado de acordo com as mquinas
a serem utilizadas nos procedimentos de plantio, tratos culturais e colheita. Os
espaamentos utilizados so entre 1,00 e 1,30 m entrelinhas e 1,00 m entre plantas,
originando populaes abaixo de 10.000 plantas por hectare. Densidades populacionais
variveis podem ser utilizadas para antecipar ou retardar a colheita. Espaamentos
maiores proporcionam colheitas precoces com boa produtividade porque tem menor
taxa de descarte, ou seja, produzem menos razes pequenas que no atendem ao
padro comercial. Espaamentos menores tm maiores produtividades quando colhidos
tardiamente, pois mais razes atingem o padro comercial. Em solos mais frteis o
espaamento deve ser maior, pois as plantas ficam mais vigorosas.
Controle de eroso: a mandioca tem um crescimento inicial lento e durante
os perodos de inverno fica sem folhas, portanto protege mal o solo e exige prticas
conservacionistas. A mais tradicional o plantio em nvel. O cultivo mnimo ou plantio
na palha so timas prticas para controle de eroso, porm so recentes para a cultura

236

Boletim, IAC, 200, 2014

da mandioca, devendo ser ajustadas e observadas localmente, para verificar se as razes


no se tornam deformadas.
Calagem e adubao: a mandioca de mesa somente deve ser cultivada em
solos com teor de matria orgnica de mdio a alto, de boa fertilidade e com teores
de nutrientes balanceados. Em solos frteis, as razes tm perodo de cozimento mais
amplo, bem como uniformidade no tempo de cozimento entre as razes da mesma
planta. Alm disso, solos com excesso de calagem e baixo teor de P no so favorveis
ao cozimento. Aplicaes de P e a reduo ou at mesmo a eliminao da calagem,
podem favorecer a qualidade culinria das razes, especificamente o cozimento. Porm,
a aplicao de adubos orgnicos apresenta resultado mais favorvel que a adubao
qumica. A recomendao da adubao bsica de plantio encontra-se na tabela 1.

Mandioca
de Mesa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Tabela 1. Adubao mineral bsica de plantio *


N
kg ha-1

- -- P resina mg dm-3 --<6 7-15 16- 40 >40

K+ trocvel mmolc dm-3


<0,7 0,8-1,5 >1,5

Zn DPTA mg dm-3
<0,6 0,6-1,2 >1,2


0 - 10

----- P2O5 kg ha-1 -----


80 60 40
20

----- K2O kg ha-1 -----


60
40
20

----- Zn kg ha-1 ----4


2
0

* Dados do Boletim 100.


Efetuar a complementao com N em cobertura, entre 30 e 60 dias aps a
brotao, com at 40 kg ha-1. Dispensar ou usar menores doses de N de acordo com o
histrico da rea ou com a intensidade do verde das folhas da mandioca. Em casos de
suceder a outra cultura bem adubada, pode-se at dispensar a adubao nitrogenada.
Prticas culturais:
Controle do mato: o controle do mato a pratica cultural mais importante da
cultura da mandioca, principalmente na fase inicial do crescimento, quando a planta
cresce lentamente e pode ser totalmente dominada por plantas invasoras ou ter severas
perdas na produo alm de dificultar a colheita. Para realizar um bom controle do
mato deve-se considerar a composio florstica e o nvel de infestao das plantas
invasoras. O controle do mato pode ser feito com cultivadores logo aps a brotao,
capinas manuais e pela aplicao de herbicidas. No Estado de So Paulo, nos plantios
antecipados, o perodo crtico de controle do mato entre os 70 e 160 dias aps o
plantio. Nos plantios tardios o mato deve ser rigorosamente controlado 110 dias aps
o plantio. Em solos com altas infestaes de plantas invasoras, plantios mais adensados
proporcionam maior cobertura de solo e podem ser importantes auxiliares no controle
do mato. A aplicao de herbicidas muito utilizada, principalmente em reas maiores.

Boletim, IAC, 200, 2014

237

Mandioca
de Mesa

A.T.E. Aguiar et al.

Controle de pragas: as pragas de mandioca no so recorrentes e as reas de


cultivo devem ser monitoradas regularmente para verificar se est ocorrendo ataque de
pragas. H vrios insetos encontrados em lavouras de mandioca, mas raramente se tornam
pragas, pois h um bom controle biolgico natural. Normalmente, tornam-se epidmicos
quando h um desequilbrio biolgico, portanto inseticidas devem ser utilizados como
ltimo recurso, pois mesmo quando funcionam inicialmente, contribuem para agravar
o desequilbrio biolgico e as pragas retornam de forma mais agressiva. A praga mais
importante o mandarov (Erinnyis ello). Sua incidncia mais comum nos meses
chuvosos de novembro a maro no Estado de So Paulo. O controle mais efetivo e de
menor custo o controle biolgico. Os ovos de mandarov so parasitados normalmente
por Trichogramma spp. (os ovos parasitados so de cor escura, enquanto os no
parasitados so verdes) e s vezes o nvel de parasitismo to alto que no necessrio
intervir. As lagartas so eficientemente controladas com aplicao de Baculovirus erinnyis.
O controle biolgico do mandarov por esse mtodo deve ser feito quando as lagartas
esto nos primeiros instars, ou seja, quando ainda so pequenas. Tambm podem ser
aplicados inseticidas biolgicos base de Bacillus thuringiensis. A aplicao de inseticidas
qumicos, embora indesejada, pode ser uma opo. As pragas de mandioca de mesa
devem ser controladas precocemente, pois mesmo que no comprometam a produo
podem comprometer a qualidade culinria.
Controle de doenas: a principal doena da mandioca no Estado de So Paulo
a bacteriose causada por Xanthomonas axonopodis pv. manihotis. A cultivar IAC 576-70
tem bom nvel de resistncia, mas sempre devem ser utilizadas ramas sadias para o
plantio. As contaminaes por bacteriose podem causar estrias escuras nas razes e
inviabilizar a comercializao. O mtodo seguro adquirir um lote de ramas isentas de
bacteriose e fazer reas de multiplicao isoladas (viveiros) de reas de plantio, para que
no haja recontaminao. Outra doena importante o superalongamento causado por
Sphaceloma manihoticola, epidmico na macrorregio do Vale do Paranapanema. No
h condies ambientais para epidemias na macrorregio de Campinas, embora haja
endemias. Essa doena surgiu na dcada de 1990 causando grandes prejuzos, porm nos
ltimos anos tem diminudo a quantidade e a severidade das epidemias no Estado de So
Paulo. Podrides de razes podem ser causadas por vrios fungos e ocorrem em locais
com acmulo de gua no solo por excesso de chuvas ou m drenagem (compactao,
reas dentro de curvas de nvel e locais de trfego excessivo de mquinas).
Colheita: as razes podem ser colhidas durante todo o ano, desde que tenham
tamanho adequado ao mercado e boas caractersticas culinrias, com destaque para
o cozimento. A poca mais favorvel o inverno, quando as plantas tm entre 8 e 14
meses. Nos meses de agosto, setembro e outubro as plantas rebrotam e a qualidade
culinria fica comprometida. Nos plantios tardios feitos em locais quentes ou mesmo
em anos com temperatura de inverno mais elevada, as plantas podem passar o inverno

238

Boletim, IAC, 200, 2014

sem interromper o ciclo de crescimento e nessas condies a qualidade culinria


menos afetada. Plantas aps o primeiro ciclo vegetativo demoram mais tempo
para atingir o ponto de cozimento e o cozimento das razes mais desuniforme,
frequentemente inviabilizando a comercializao e o processamento industrial. As razes
so acondicionadas e transportadas em caixas plsticas. Razes pequenas ou finas que
no tem padro comercial so abandonadas no campo. A venda para mercados que
trabalham com produtos higienizados, minimamente processados e para a indstria
de congelados pode garantir maior remunerao ao agricultor, porm a logstica de
transporte e armazenamento deve prever o processamento em at 24 horas aps a
colheita, visando diminuir descartes por deteriorao das razes.

Mandioca
de Mesa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Comercializao: as razes de mandioca de mesa so comercializadas


acondicionadas em caixas de 23 kg, preferencialmente plsticas. O comrcio local e
regional, no havendo transporte a grandes distncias, pois nesse caso necessita-se de transporte refrigerado aumentando os custos do produto. So comercializadas
in natura ou minimamente processadas, entregues em centrais de comercializao de
hortifrutigranjeiros (CEASA, CEAGESP), indstrias de congelados ou mercados locais. Os
preos de comercializao podem ser acompanhados por meio de informaes na pgina
do Instituto de Economia Agrcola - IEA (http://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/). O
agricultor pode planejar o plantio consultando informaes sobre previso de safra na
pgina do IEA (http://www.iea.sp.gov.br/out/previsao.html).
Produtividade: a produtividade mdia no Estado de So Paulo 15 t ha-1, mas
boas lavouras podem produzir de 25 a 30 t ha-1 com um ciclo vegetativo (at 14 meses).
Parte area: a parte area de mandioca aproximadamente 30% da biomassa
total. Essa biomassa normalmente abandonada no campo e colabora na ciclagem
de nutrientes melhorando a qualidade do solo. Pode ser utilizada para alimentao
de animais, principalmente ruminantes, na forma de silagem, feno ou seca. A parte
area da mandioca tem grande quantidade de princpios txicos (cianetos). Para ser
administrada a animais com segurana deve ser picada, em seguida amontoada por uma
noite e espalhada para secar lentamente sombra, por pelo menos um dia.
Rotao de culturas: a mandioca de mesa cultivada aps vrias outras
culturas: pastagens, milho, hortcolas e outras, sendo em alguns locais cultivada
inclusive em sucesso cana-de-acar. Na escolha da rea deve-se considerar o
histrico e analisar o manejo de herbicidas utilizado anteriormente. Herbicidas com o
princpio ativo tebutiurom, do grupo qumico das ureias utilizado em cana-de-acar, e
herbicidas do grupo das imidazolinonas, com princpios ativos: imazomoxi, imazapique,

Boletim, IAC, 200, 2014

239

Mandioca
de Mesa

A.T.E. Aguiar et al.

imazapir, imazaquim e imazetapir, utilizados principalmente em feijo, cana-de-acar,


soja, amendoim e outras culturas podem ser prejudiciais mandioca, quando cultivada
em solos onde haja resduos desses herbicidas.
TERESA LOSADA VALLE
VALDEMIR ANTONIO PERESSIN
JOS CARLOS FELTRAN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDUARDO BARRETO AGUIAR
Ps-doutorando, IAC

240

Boletim, IAC, 200, 2014

Mandioca Industrial
Manihot esculenta Crantz

Mandioca
Industrial

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A mandioca industrial cultivada tradicionalmente para as indstrias de produo


de farinha de mandioca e extrao amido (fcula ou polvilho), mas eventualmente
tambm utilizada para a produo de etanol e outros produtos como farinha de
raspas de mandioca, cachaa e um grande nmero de produtos regionais. O Brasil colhe
cerca de 25 milhes de toneladas de razes por ano, sendo que a quase totalidade
destinada ao processamento industrial. a quarta maior cultura anual brasileira logo
aps a cana-de-acar, soja e milho. cultivada em todo o Brasil em diferentes sistemas
de produo, usando diversas cultivares e obtendo-se produtividades variveis. Na
regio Centro Sul do Brasil nas fronteiras entre os Estados do Paran, So Paulo e Mato
Grosso do Sul desenvolveu-se um complexo agroindustrial, relativamente homogneo,
que produz e processa, aproximadamente, seis milhes de toneladas de razes por ano.
Destinam-se fabricao de farinha de mandioca para consumo humano, e produo
de amidos, nativo e modificado, para as indstrias, alimentcia, papeleira, txtil e outras
de menor magnitude. Esse complexo agroindustrial referencia mundial pela tecnologia
empregada em produo agrcola de mandioca em grande escala. A mandioca uma
planta domesticada na transio da Floresta Amaznica para o Cerrado, na rea
fronteiria entre os Estados de Rondnia, Mato Grosso e Amazonas, em um perodo
entre sete e nove mil anos atrs, aproximadamente. Assim, uma espcie tipicamente
tropical, com pouca adaptao a perodos longos de temperaturas amenas, cultivada
nas terras baixas entre 30o N e 30o S de todo o mundo. Em 2011, foi a 8.a cultura no
mundo em volume de produo, com 260 milhes de toneladas. altamente adaptada
s condies estressantes, o que a torna uma das principais culturas da segurana
alimentar mundial.
Cultivares: as cultivares industriais de mandioca podem ser bravas ou mansas,
pois as substncias txicas (cianetos) so eliminadas durante o processamento,
principalmente na gua de prensagem. O amido no contm princpios txicos e a farinha
pode conter quantidades insignificantes. As cultivares recomendadas para o Estado
de So Paulo devem ter bom nvel de resistncia bacteriose e ao superalongamento
(quando cultivadas em regies com condies ambientais favorveis a epidemias), e
tambm devem ter alto teor de matria seca.

Boletim, IAC, 200, 2014

241

Mandioca
Industrial

A.T.E. Aguiar et al.

Tabela 1. Caractersticas de cultivares de mandioca recomendadas para o Estado de


So Paulo

*Recomendadas para solo de baixa fertilidade.


As cultivares de pelcula clara so bem aceitas pelas indstrias de farinha e
amido, porm as de pelcula escura no so bem aceitas pelas indstrias de farinha,
pois os resduos da pelcula podem depreciar a farinha. Em pocas de abundncia de
matria-prima as indstrias de farinha reduzem o preo de compra para as razes com
pelcula escura.
Plantio: a escolha da variedade e o acerto no plantio so fundamentais para
se obter boas produtividades na cultura da mandioca. Decises incorretas, alm de no
poderem ser saneadas posteriormente, comprometem as demais operaes durante o
restante do cultivo e reduzem a lucratividade. O plantio feito com segmentos do caule
(manivas) que tenham entre 15 e 20 cm, provenientes de caules (ramas) com um ciclo de
crescimento (12 meses), preferencialmente plantio de ano, ou rama brotada aps a poda
quando manejada de forma adequada. So necessrios cerca de 20% da rama produzida
em um hectare, ou seja, entre quatro a seis m3 (volume estreo) para plantar um hectare.
A profundidade de plantio deve ser de 5 a 10 cm, profundidades maiores diminuem a
produtividade e dificultam o arranquio. Em solos de baixa fertilidade, devem ser plantadas
cultivares mais vigorosas e nos de melhor fertilidade, cultivares menos vigorosas.
Qualidade do material de plantio: devem ser observados trs itens de qualidade:
sanitria, fisiolgica e nutricional. A rama deve estar isenta de pragas, principalmente
cochonilhas, e doenas, principalmente bacteriose. Deve estar fisiologicamente madura,
ou seja, no ser muito jovem nem muito velha, isto ocorre quando o dimetro da
medula aproximadamente metade do dimetro da maniva (rama). No usar rama que

242

Boletim, IAC, 200, 2014

sofreu granizo e/ou geadas. As ramas devem estar bem nutridas e trgidas para nutrir
os brotos at o desenvolvimento das razes. O agricultor deve se planejar para produzir
seu prprio material de plantio, utilizando lotes de produo em solos de boa fertilidade
e acompanhando a qualidade sanitria por visitas peridicas, principalmente quando as
plantas esto em fase de crescimento e enfolhadas.

Mandioca
Industrial

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

poca de plantio: a mandioca no Estado de So Paulo pode ser plantada de


maio a outubro. O plantio antecipado (outono/inverno) deve ser preferido desde que
haja umidade no solo para a brotao das manivas, pois tem vrias vantagens: maior
produtividade e precocidade, maior facilidade de controle do mato, melhor controle
de eroso. Longos perodos de estiagem podem secar total ou parcialmente a maniva,
comprometendo a germinao e produzindo plantas fracas, o que prejudica a conduo
da lavoura e a produtividade de razes. O plantio tardio (inverno/primavera) pode ser
feito, mas com maiores riscos, pois, com excesso de gua no solo e calor, as manivas
apodrecem rapidamente, resultando em lavoura com muitas falhas. O acompanhamento
da previso do tempo pode ajudar muito na deciso acertada do momento do plantio.
Espaamento: o espaamento deve ser planejado de acordo com as mquinas
a serem utilizadas nos procedimentos de plantio, tratos culturais e colheita. Os
espaamentos obtidos nas mquinas de plantio variam de 0,80 a 1,2 m entrelinhas e de
0,50 a 1,0 m entre plantas, e podem originar populaes entre 25.000 e 8.000 plantas
por hectare. Alm disso, possuem mecanismos de corte de manivas de 13 e 18 cm,
sendo o de 18 cm o mais indicado, garantindo maior reserva de gua e de nutrientes
para as plantas durante a fase de emergncia e crescimento inicial. Para determinar o
espaamento ideal de uma lavoura de mandioca deve-se considerar a arquitetura da
cultivar e a fertilidade dos solos. Cultivares menos ramificadas e com porte mais baixo
podem ser plantadas em maiores densidades, enquanto cultivares mais vigorosas,
mais ramificadas e de porte mais alto, devem ser plantadas em menores densidades
populacionais. Em solos de baixa fertilidade so recomendadas maiores densidades
de plantio, enquanto em solos de alta fertilidade, menores densidades de plantio so
indicadas. Cultivares vigorosas plantadas em solos muito frteis e adensadas podem ter
crescimento excessivo e produo de razes reduzida, alm de apresentar problemas de
acamamento de plantas.
Controle de eroso: a mandioca tem um crescimento inicial lento e perde
as folhas do primeiro para o segundo ciclo de crescimento, portanto protege mal
o solo e exige prticas conservacionistas. As mais tradicionais so plantio em nvel e
terraceamento. O cultivo mnimo e o plantio direto ou plantio na palha so timas
prticas para controle de eroso, porm so recentes para a cultura da mandioca,
devendo ser adotadas com indicaes tcnicas locais.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Mandioca
Industrial

A.T.E. Aguiar et al.

Calagem e adubao: tanto a adubao como a calagem devem ser


fundamentadas nos resultados da anlise qumica do solo. O ndice de saturao por
bases deve ser elevado para 50%, com calcrio dolomtico, aplicado de 2 a 3 meses
antes do plantio, no ultrapassando a quantidade de 2 t ha-1 por ano. A recomendao
da adubao bsica de plantio est expressa na tabela 2.
Tabela 2. Adubao mineral bsica de plantio*
N
kg ha-1

- -- P resina mg dm-3 --<6 7-15 16- 40 >40

K+ trocvel mmolc dm-3


<0,7 0,8-1,5 >1,5

Zn DPTA mg dm-3
<0,6 0,6-1,2 >1,2


0 - 10

----- P2O5 kg ha-1 -----


80 60 40
20

----- K2O kg ha-1 -----


60
40
20

----- Zn kg ha-1 ----4


2
0

*Dados do Boletim 100.


Efetuar a complementao com N em cobertura, entre 30 e 60 dias aps a
brotao, com at 40 kg ha-1. Dispensar ou usar menores quantidades de N, de acordo
com o histrico da rea ou a intensidade do verde das folhas da mandioca. Em casos de
suceder outra cultura bem adubada, pode-se at dispensar a adubao.
Prticas culturais:
Controle do mato - o controle do mato a pratica cultural mais importante da
cultura da mandioca, principalmente na fase inicial do crescimento, quando a planta
cresce lentamente e pode ser totalmente dominada por plantas invasoras ou ter severas
perdas na produo, alm de dificultar a colheita. Para realizar um bom controle do
mato deve-se considerar a composio florstica e o nvel de infestao das plantas
invasoras. O controle do mato pode ser feito com cultivadores logo aps a brotao,
capinas manuais e pela aplicao de herbicidas. No Estado de So Paulo, nos plantios
antecipados (outono/inverno), o perodo crtico de controle do mato entre os 70 e 160
dias aps o plantio. No plantio das guas, o mato deve ser rigorosamente controlado
110 dias aps o plantio. Em solos com altas infestaes de plantas invasoras, plantios
mais adensados e cultivares mais ramificados proporcionam maior cobertura de solo,
podendo ser importantes auxiliares no controle do mato. A aplicao de herbicidas
muito utilizada, principalmente em grandes extenses plantadas. Para o controle do
mato no segundo ciclo, no h produtos registrados at o momento (setembro/ 2013).
Poda: a poda da mandioca uma prtica opcional para o segundo ciclo de
cultivo. A poda deve ser feita no inverno, quando as plantas no tm folhas. utilizada
principalmente para se fazer o controle do mato e para retirada de material de plantio
(julho e setembro). As hastes so cortadas a aproximadamente 10 cm do solo. No
devem ser podadas reas cuja colheita ser feita at novembro, pois nas plantas podadas
244

Boletim, IAC, 200, 2014

a brotao nova reduz o teor de matria seca das razes e no h tempo hbil para
reposio dessa matria seca nesse curto tempo.
Controle de pragas: as pragas da mandioca no so recorrentes e as reas de
cultivo devem ser monitoradas regularmente para verificar se est ocorrendo ataque
de pragas. H vrios insetos encontrados em lavouras de mandioca, mas raramente se
tornam pragas, pois h um bom controle biolgico natural. Normalmente tornam-se
epidmicos quando h um desequilbrio biolgico, portanto inseticidas devem ser
utilizados como ltimo recurso, pois mesmo quando funcionam inicialmente, contribuem
para agravar o desequilbrio biolgico e as pragas retornam de forma mais agressiva.
A praga mais importante o mandarov (Erinnyis ello). Sua incidncia mais comum
nos meses chuvosos, de novembro a maro no Estado de So Paulo. O controle mais
efetivo e de menor custo o controle biolgico. Os ovos de mandarov so parasitados
normalmente por Trichogramma spp. (os ovos parasitados so de cor escura, enquanto
os no parasitados so verdes) e s vezes o nvel de parasitismo to alto que no
necessrio intervir. As lagartas so eficientemente controladas com aplicao de
Baculovirus erinnyis. O controle biolgico do mandarov por esse mtodo deve ser feito
quando as lagartas esto nos primeiros instars, ou seja, quando ainda so pequenas.
Tambm podem ser aplicados inseticidas biolgicos base de Bacillus thuringiensis. A
aplicao de inseticidas qumicos, embora indesejada, pode ser uma opo.

Mandioca
Industrial

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de doenas: a principal doena da mandioca no Estado de So


Paulo a bacteriose causada por Xanthomonas axonopodis pv. manihotis. O controle
feito plantando-se cultivares resistentes e manivas sadias. O principal mecanismo de
disseminao da doena pelo material de plantio contaminado, pois, mesmo com
inspeo visual, a bactria pode estar assintomtica e quando ocorrem condies
ambientais favorveis (chuvas e temperaturas noturnas amenas) pequenas endemias
podem transformar-se em epidemias. O mtodo seguro adquirir um lote de ramas
isentas de bacteriose e fazer reas de multiplicao isoladas (viveiros) de reas de plantio,
para que no haja recontaminao. Outra doena importante o superalongamento
causado por Sphaceloma manihoticola, que epidmico na macrorregio do Vale do
Paranapanema. No h condies ambientais para epidemias na macrorregio de
Campinas, embora haja endemias. Essa doena surgiu na dcada de 1990, causando
grandes prejuzos, porm nos ltimos anos tem diminudo a quantidade e a severidade
das epidemias no Estado de So Paulo. Podrides de razes podem ser causadas por vrios
fungos e ocorrem em locais com acmulo de gua no solo, por excesso de chuvas ou m
drenagem (compactao, reas dentro de curvas de nvel e locais de trfego excessivo
de mquinas). Embora haja cultivares com resistncia diferenciada, no o suficiente
para o controle e assim, devem-se evitar cultivos em reas sujeitas ao acmulo de gua,
e sempre que possvel fazer a subsolagem das reas de plantio.

Boletim, IAC, 200, 2014

245

Mandioca
Industrial

A.T.E. Aguiar et al.

Colheita: as razes de mandioca podem ser colhidas o ano todo. Normalmente


so colhidas com dois ciclos de cultivo, de 18 a 24 meses. No inverno, o teor de matria
seca das razes mais elevado e quando se inicia a brotao, o teor de matria seca
diminui, mas recuperado at o incio do vero. Plantas podadas demoram mais
tempo para recuperar o teor de matria seca. A colheita, quando as plantas esto
muito enfolhadas, uma deciso econmica, pois as plantas esto em fase de alta
sntese e armazenamento de amido nas razes e assim, tem-se a expectativa de maior
produtividade com o decorrer do tempo, porm, nesse perodo os preos podem ser
mais altos.
Comercializao: as razes de mandioca so comercializadas por renda. A renda
o peso na gua de 5 kg de razes, expresso em gramas. A renda uma estimativa do
teor de matria seca, portanto do amido e indiretamente do rendimento industrial. O
teor de matria seca uma caracterstica de cada cultivar e assim, cultivares com alto
teor de matria seca devem ser preferidas. Em perodos de excedentes de matria-prima,
razes com baixo teor de matria seca tm menor remunerao ou podem at no
ser aceitas pelas indstrias. Vrios agricultores comercializam suas produes com as
indstrias mediante contratos pr-acordados. Os preos de comercializao podem ser
acompanhados por meio de informaes na pgina do Instituto de Economia Agrcola
- IEA (http://ciagri.iea.sp.gov.br/precosdiarios/) e na pgina da Associao Brasileira de
Amidos de Mandioca - ABAM (http://www.abam.com.br/#!precos-e-cotacoes/c1k56).
Os preos de mandioca tm forte influncia da rea cultivada, ou seja, em perodos
com grande disponibilidade de razes os preos tendem a se reduzir e vice-versa. Assim,
h ciclos de preos altos e baixos. O agricultor pode planejar o plantio consultando
informaes sobre previso de safra na pgina do IEA (http://www.iea.sp.gov.br/out/
previsao.html).
Produtividade: a produtividade media de mandioca industrial estimada de
27 t ha-1 no Estado de So Paulo, mas boas lavouras podem produzir 40 t ha-1.
Parte area: a parte area da mandioca aproximadamente 30% da biomassa
total. Essa biomassa, normalmente abandonada no campo e colabora na ciclagem
de nutrientes, melhorando a qualidade do solo. Pode ser utilizada para alimentao
animais, principalmente ruminantes, na forma de silagem, feno ou seca. A parte area da
mandioca tem grande quantidade de princpios txicos (cianetos). Para ser administrada
a animais com segurana deve ser picada, em seguida amontoada por uma noite e
espalhada para secar lentamente sombra, por pelo menos um dia.
Rotao de culturas: a mandioca pode ser cultivada aps vrias culturas:
pastagens, milho, cana-de-acar, soja, amendoim, algodo e outras. Na escolha da rea
deve-se considerar o histrico e analisar o manejo de herbicidas utilizado anteriormente.

246

Boletim, IAC, 200, 2014

Herbicidas com o princpio ativo tebutiurom, do grupo qumico das ureias, utilizado em
cana-de-acar, e herbicidas do grupo das imidazolinonas, com os princpios ativos:
imazomoxi, imazapique, imazapir, imazaquim e imazetapir, utilizados principalmente
em feijo, cana-de-acar, soja, amendoim e outras culturas podem ser prejudiciais
mandioca, quando cultivada em solos onde haja resduos desses herbicidas.

Mandioca
Industrial

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

TERESA LOSADA VALLE


VALDEMIR ANTONIO PERESSIN
JOS CARLOS FELTRAN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDUARDO BARRETO AGUIAR
Ps-doutorando, IAC

Boletim, IAC, 200, 2014

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Mandioquinha-Salsa

A.T.E. Aguiar et al.

Mandioquinha-Salsa
Arracacia xanthorrhiza Bancroft

A mandioquinha-salsa uma planta hortcola de porte herbceo e semiperene,


do gnero Arracacia, da espcie Arracacia xanthorrhiza Bancroft, da famlia Apiaceae.
uma umbelfera originria da regio andina compreendida pela Venezuela, Colmbia,
Equador, Peru e Bolvia. Sua introduo no Brasil, a partir dos Andes colombianos,
ocorreu por volta de 1890. Estabeleceu-se como cultura comercial, principalmente na
regio de montanha do sudeste brasileiro, onde o clima frio e mido semelhante ao da
regio de origem. conhecida por mandioquinha, mandioquinha-salsa, mandioca-salsa,
batata-baroa, batata-salsa, entre outras denominaes. Sua importncia econmica em
nvel nacional crescente, com valor comercial superior a outras razes e tubrculos
hortcolas, sendo muito cultivada em pequenas propriedades. Caracteriza-se pelo
elevado valor alimentcio sendo rica em clcio, fsforo, vitaminas do complexo B e fibras,
apresentando ainda alto valor energtico. Importante nas dietas de crianas, idosos e
convalescentes, tambm muito apreciada por seu sabor e aroma caractersticos.
utilizada normalmente na forma de sopas, podendo ainda ser usada na fabricao de
pes e bolinhos, bem como na indstria no preparo de alimentos infantis. A parte area,
alm de fornecer material para o plantio, pode ser aproveitada na alimentao animal.
Cultivar: amarela comum.
Clima e solo: tradicionalmente cultivada no sudeste e no sul do Brasil, em
regies com altitude superior a 800 m e temperatura mdia anual entre 15 e 18 oC.
Entretanto, verifica-se seu cultivo em reas mais baixas, na Zona da Mata mineira e em
baixadas litorneas de Santa Catarina, assim como sua expanso para o Planalto Central,
no Distrito Federal e Gois, onde a temperatura mdia anual supera os 20 oC. No
recomendado o plantio em reas sujeitas a geadas, em solos pouco profundos e em
solos compactados pelo trfego excessivo de mquinas. Solos turfosos, ou seja, com
alto teor de matria orgnica, bem como solos de baixada, desde que bem drenados e
tenham sido cultivados por vrios anos com outras culturas, se prestam para o plantio
da mandioquinha.
Preparo do solo: o preparo do solo consiste em arar o terreno para que fique
bem solto, at a profundidade de 20 a 30 cm e, posteriormente, grade-lo de modo a
desmanchar muito bem os torres. Sulcar a 10 cm de profundidade, no espaamento de
70 a 80 cm, distribuindo e incorporando o adubo de plantio no sulco. Posteriormente,
levantar os camalhes (leiras) manualmente com o auxlio de enxadas, ou de forma
mecnica com o uso de arados. As leiras devem ter altura entre 20 e 30 cm, dependendo

248

Boletim, IAC, 200, 2014

das condies fsicas do solo e da pluviosidade do local. Leiras com 30 cm de altura so


indicadas para solos de drenagem difcil ou reas com alta incidncia de chuvas.
poca de plantio: de maro a maio ou de setembro a outubro.

Mandioquinha-Salsa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espaamento: erguer leiras com 30 cm de altura, espaadas de 0,70 a 0,80 m e


plantar as mudas manualmente, no topo da leira, distanciadas de 30 cm entre si.
Tipos de mudas: para plantio de maro a maio utilizar mudas retiradas
diretamente das touceiras de plantas recm-colhidas. Na poca de setembro a outubro,
para evitar o florescimento, utilizar mudas juvenis produzidas em canteiros.
Mudas necessrias: de 40.000 a 50.000/ha. Para preparo das mudas,
destacar das touceiras os rebentos vigorosos, eliminando as folhas grandes e cortar
transversalmente sua base, desprezando a metade inferior. Como medidas fitossanitrias
preventivas para evitar as podrides causadas pelos fungos Rizoctonia sp., Fusarium sp.
e Rizopus sp. e pela bactria Erwinia sp. as mudas devem ser selecionadas previamente;
os instrumentos de trabalho devem ser desinfetados e as mudas preparadas devem ser
mantidas em ambiente ventilado para a cicatrizao dos cortes.
Controle da eroso: o enleiramento deve ser realizado seguindo as curvas de
nvel, de modo a conter as guas pluviais ou de irrigao.
Calagem e adubao: de acordo com anlise do solo e com antecedncia de dois
meses, aplicar calcrio dolomtico para elevar a saturao por bases a 80%. Igualmente
em funo dos resultados da anlise do solo, fazer a adubao fosfatada e potssica no
sulco sobre o qual se elevaro as leiras, na base de 70 a 150 kg ha-1 de P2O5 e 60 a 120 kg ha-1
de K2O, para cultura irrigada. Reduzir as doses para cultura no irrigada, aplicando de
40 a 120 kg ha-1 de P2O5 e de 40 a 80 kg ha-1 de K2O. Em cobertura, aos 20 e aos 60 dias
aps o plantio e antes da amontoa, aplicar 40 kg ha-1 de nitrognio (N), para cultura no
irrigada. A dose dever ser parcelada em duas vezes. Em cultura irrigada a adubao em
cobertura, ser feita aos 30 e aos 60 dias aps o plantio e antes da amontoa, aplicando
60 kg ha-1 de nitrognio (N), parcelando em duas vezes.
Irrigao: aplicar semanalmente nos perodos de estiagem, sendo dispensvel
nas regies serranas, bem como no sul do Estado de So Paulo.
Outros tratos culturais: capinas e amontoas.
Pragas e doenas: a ocorrncia de nematoides (Meloidogyne spp.) pode
diminuir a produo e depreciar a qualidade do produto, devendo ser controlados pelo
plantio em solo no contaminado e por rotao de cultura com Crotalaria juncea; Pragas
- lagarta-rosca, pulgo, formiga-lava-p e caros. Doenas - manchas foliares causadas
pelos fungos Cercospora sp., Septoria sp. e Alternaria dauci, alm de crestamento

Boletim, IAC, 200, 2014

249

Mandioquinha-Salsa

A.T.E. Aguiar et al.

bacteriano causado pela bactria Xanthomonas campestris pv. arracacia, e podrides


de plantas no campo causadas por Sclerotinia sclerotiorum, Sclerotium rolfsii, Rosellinia sp. e
Fusarium sp. No h produtos registrados para controle qumico, at agosto/2013.
Colheita: deve ser efetuda aps 8 a 12 meses, arrancando a planta do solo e
destacando as razes manualmente.
Produtividade normal: de 10 a 20 t ha-1 de razes.
Observao: lavar, secar, classificar e embalar as razes em caixas de 25 kg, com
cuidado, a fim de evitar danos como escoriaes da pelcula.
JOS CARLOS FELTRAN
VALDEMIR ANTONIO PERESSIN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

250

Boletim, IAC, 200, 2014

Mangarito

Xanthosoma mafaffa Schott

Mangarito

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

O mangarito (Xanthosoma mafaffa Schott), originrio da regio americana


que engloba as Amricas Central e do Sul, pode ser encontrado no Mxico, Venezuela,
Colmbia, Panam, Costa Rica, Porto Rico e Peru onde conhecido como tannia, tiquisque
e malangay. No Brasil chamado tambm de mangar, mangar-mirim, mafafa, taioba-portuguesa e mangareto e pela populao guarani era denominado taya. A espcie
pertence famlia Araceae e faz parte do grupo das taiobas. Por ser uma taioba, podem
ser empregados na alimentao humana tanto seus rizomas, de massa tenra e adocicada
(para sopas, purs, bolinhos, acompanhamentos), como suas folhas (sopas, refogados).
Cultivar: mangarito branco e mangarito amarelo.
Clima e solo: deve ser cultivado sob sol pleno ou meia-sombra, em solo leve e
frtil, enriquecido com matria orgnica e com pH entre 6 e 6,5. Planta de clima tropical,
no suporta baixas temperaturas e apresenta exigncias hdricas elevadas, sendo
necessria irrigao suplementar para a obteno de altas produtividades de rizomas.
Preparo do solo: o solo precisa ser bem preparado por meio de arao
profundidade de 20 a 30 cm, com antecedncia da poca de plantio, e posterior
gradeao de modo a desmanchar bem os torres. Preferencialmente, deve ser plantado
em canteiros cobertos posteriormente com palhada ou outros materiais vegetais, tais
como casca de caf, casca de arroz e maravalhas.
poca de plantio: setembro a outubro.
Espaamento: plantio em fileiras duplas espaadas entre si de 20 cm, 10 cm
entre plantas e 60 cm entre as fileiras duplas, a 5 cm de profundidade. O mangarito
pode ser reproduzido utilizando-se o rizoma central, que pode ser cortado e por rizomas
mdios, de aproximadamente 5 g.
Sementes ou mudas necessrias: 250.000 rizomas/ha.
Controle da eroso: a execuo dos canteiros para o plantio no campo dever
ser realizada em nvel, seguindo as curvas do terreno.
Adubao: a adubao, que deve ser preferencialmente orgnica, dever
constar de 5 litros m-2 de esterco de curral, ou a metade da dose em se tratando de
esterco de galinha. A aplicao, feita uma semana antes do plantio, dever ser seguida
de incorporao mecnica ou manual.

Boletim, IAC, 200, 2014

251

Mangarito

A.T.E. Aguiar et al.

Irrigao: aconselhvel nas estiagens, devendo ser suspensa no fim do ciclo,


quando as plantas secam, para evitar a brotao dos rizomas produzidos.
Outros tratos culturais: capinas leves.
Colheita: de abril a junho, quando a parte area amarelece, os talos murcham e
a planta seca por completo. Nesse ponto, as touceiras so arrancadas e os rizomas-filhos
so destacados da planta-me (rizoma maior).
Produtividade normal: de 8 a 15 t ha-1 de rizomas.
Observao: preferir solos frteis, de baixadas bem drenadas.
JOS CARLOS FELTRAN
VALDEMIR ANTONIO PERESSIN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

252

Boletim, IAC, 200, 2014

Maracuj
Passiflora edulis Sims.

Maracuj

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

O maracuj uma espcie nativa do Brasil, com denominao indgena de


origem tupi, que significa alimento em forma de cuia. Nos pases da Amrica do Sul e
Central, maracuj a referncia genrica para mais de quinhentas e oitenta espcies da
famlia Passifloraceae, amplamente distribuda pela Amrica Tropical. O Brasil o maior
produtor mundial do maracuj amarelo ou azedo, e tambm o maior consumidor, sendo
a fruta bastante apreciada na forma de sucos, doces, geleias, sorvetes e nctar. Possui
uso medicinal, devido passiflorina, um calmante natural obtido de suas folhas, e s
propriedades antidiabticas da farinha da casca. O valor ornamental advm da grande
variabilidade de cores e formas das flores dos maracujs, intensamente perfumadas.
Cultivares: para mercado de frutas frescas - IAC 277 Jia; IAC 273 Monte
Alegre; BRS Sol de Cerrado, BRS Gigante Amarelo; FB 200 Yellow Master, FB 300
Araguari; BRS Rubi do Cerrado; AS 2009 Sul-Brasil AFRUVEC; para agroindstria - IAC 275
Maravilha; BRS Ouro Vermelho. Maracuj roxo: IAC Paulista.
Clima e solo: no tolera geadas e ventos frios. Usar quebra-ventos. Prprio
para regies tropicais e subtropicais, com temperatura mdia mensal de 20 a 32 oC e
precipitao anual de 800 a 1.700 mm, bem distribudos. Necessita de alta luminosidade
e de dias longos para florescer. Evitar face sul do terreno. Plantar em solos profundos e
bem drenados, porque a planta no suporta encharcamento. No plantar em baixadas,
solos pedregosos ou com camadas de impedimento.
Prticas de conservao de solo: plantar em nvel. Manter cobertura vegetal
sempre roada nas entrelinhas.
Propagao: utilizar apenas sementes de cultivares registradas, adquiridas em
instituies idneas. Onde a temperatura do inverno inferior a 15 oC, no semear de
fevereiro at o final de julho, para que o plantio no se d no frio.
Formao de mudas: utilizar sacolas plsticas de polietileno pretas, com furos,
tamanho 14 x 28 cm ou de maior altura. Nunca utilizar recipientes com menos de 20 cm
de altura. No utilizar tubetes nem bandejas de isopor nas regies afetadas por viroses,
situao em que as mudas devero ser plantadas com um mnimo de 1 m de altura.
Substrato: 2 partes de terra, 2 partes de esterco de curral bem curtido e uma
parte de material volumoso (bagao de cana, casca de caf ou de arroz torradas). Em
solos muito argilosos, acrescentar uma parte de areia. Adubar cada metro cbico do
substrato com 2 kg de calcrio dolomtico e 1 kg de superfosfato simples. No utilizar

Boletim, IAC, 200, 2014

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Maracuj

A.T.E. Aguiar et al.

substratos prontos indicados para hortalias, de pronta liberao de nutrientes, o que


causa a queima da semente do maracuj.
Semeadura: plantar 1 a 2 sementes por sacola, bem raso, cobrindo-as com
3 mm de substrato. A germinao ocorre de 15 a 25 dias aps semeadura, conforme
poca do ano e temperatura local. Ralear para apenas 1 muda por recipiente, sempre a
mais vigorosa, antes da formao do terceiro par de folhas, para no afetar as razes da
plntula remanescente.
Viveiro: controlar preventivamente as doenas fngicas, aplicando-se oxicloreto
de cobre a 0,3%, a cada 15 dias na estao seca e a cada 7 dias nos perodos chuvosos.
Controlar formigas cortadeiras permanentemente. Nas regies afetadas pelas viroses,
produzir mudas avanadas(1), em recipientes adequados, com bastante altura. Manter sob
telado antiafdeo, tutoradas por bambus, para plantio quando tiverem com 1,0 a 1,5 m de
altura. O transplante de mudas avanadas resulta em pomares menos sensveis picada
do pulgo transmissor, numa fase em que o inseto vetor no consegue mais contaminar
as plantas. Mudas pequenas, transplantadas com at 40 cm de altura so mais atrativas e
sensveis picada do pulgo, e por isso contaminam-se facilmente com o vrus.
Nmero de mudas necessrias: 650 a 1.250 mudas/ha, conforme
espaamento escolhido.
Espaamento: 5 m entre plantas e 3 m entre ruas, para plantios mecanizados
de 2 safras consecutivas (666 plantas/ha); 3 x 3 m ou 2,5 x 3 m, adensado, para pomares
anuais. Usar covas de 40 x 40 x 40 cm.
poca de plantio: de outubro a maro em regies com inverno definido. Em
locais muito quentes, pode ser feito o ano todo, desde que haja umidade no solo. Plantar
as mudas em covas fundas, com cuidado para no quebrar a raiz nem destruir o torro.
Coroar a planta, fazendo uma bacia de irrigao capaz de conter pelo menos 10 litros
de gua.
Calagem e adubao: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 80%.
No plantio: aplicar em cada cova 20 litros de esterco de curral curtido ou 5 a 10
litros de esterco de galinha j transformado em composto, com 30 dias de antecedncia
ao plantio. Adicionar 200 g de calcrio dolomtico e 200 g de P2O5.

Mudas avanadas so a indicao da Secretaria da Agricultura do Estado de So


Paulo para viabilizar a produo em reas com o vrus do endurecimento do fruto do
maracujazeiro, assim como o vazio sanitrio em final de safra (julho). Em Santa Catarina,
o plantio de mudas avanadas permite a antecipao da produo.

(1)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Adubao de formao: constatado o completo pegamento das mudas, aplicar


em cobertura, ao redor das plantas, 10 g de N aos 30 dias; 15 g de N aos 60 dias; 50 g de
N mais 50g de K2O aos 90 dias.

Maracuj

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Adubao de produo: para produtividade esperada de 20 a 25 t ha-1, aplicar


100kg ha-1 de N, 40 a 50kg ha-1 de P2O5 e 80a 250 kg ha-1 de K2O, anualmente, parcelados
em 4 a 5 vezes, em outubro, novembro, dezembro, janeiro e maro, antes dos principais
fluxos de florao. Aplicar os adubos em faixas de 2 x 1 m, dos dois lados da planta.
Aumentar estas doses em 25% para produtividade esperada de 25 a 30 t ha-1 e em 50%,
para produtividade acima de 30 t ha-1.
Micronutrientes: em solos deficientes, na primeira adubao de produo,
acrescentar 2 kg ha-1 de boro e 4 kg ha-1 de zinco. Pode ser via foliar, com pulverizaes
em outubro, janeiro e abril, utilizando-se 330 g de sulfato de zinco, 100 g de cido brico
e 500 g de ureia por 100 litros de gua.
Irrigao: deve ser frequente, localizada e em pequena quantidade de cada vez,
para no empoar. A quantidade de gua a aplicar depende do clima, solo, poca do ano,
idade da planta e fase do ciclo. Irrigar sempre que o ponteiro das plantas se apresentar
murcho. No usar asperso nem piv central, o que aumenta muito a incidncia de
doenas.
Sistema de conduo: espaldeira (cerca vertical) com um fio de arame liso
nmero 12 ou 14 fixado a 2 m do solo por meio de catracas, em moures de 2,5 m de
altura (sendo 0,50 m enterrado), espaados 5 m entre si. Fazer reforo nas cabeceiras.
Comprimento mximo das linhas: 100 m. Para plantio em latadas ou caramanches,
faz-se um traado horizontal de arames a 2 m de altura, suportado por moures, com
25 m de cabeceira e 50 m de lado, separados por carreadores de 10 m de largura, para
o trnsito de mquinas.
Principais pragas e doenas: pulverizar de manh bem cedo ou noite, para no
afetar os insetos polinizadores. Controle biolgico para lagartas: Bacillus thuringiensis;
lagartas, percevejos e besouros: Cartap. Moscas-das-frutas: iscas atrativas, feitas com
7% de melao ou 10% de suco da fruta madura, mais inseticida. Produtos registrados
para controle de pragas em maracuj: cartap, fenthion, clorfenapir.
Principais doenas: doenas fngicas: antracnose, verrugose e septoriose.
Tratamento preventivo com fungicidas cpricos ou calda bordalesa. Bacteriose: medidas
culturais (sementes e mudas sadias, quebra-ventos e adubaes equilibradas). Controle
preventivo base de fungicidas cpricos. Em situaes crticas, fazer controle curativo no
mximo duas vezes por ciclo, com antibiticos (casugamicina). Fusariose: prevenir com
solos bem drenados e tratos culturais que garantam a integridade das razes da planta.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Maracuj

A.T.E. Aguiar et al.

Controle: erradicao. Produtos registrados para controle de doenas: oxicloreto de


cobre, oxicloreto de cobre+mancozeb; captan, difenoconazol, tiabendazol, tebuconazol.
Viroses: constatadas quando se observam mosaico generalizado, deformaes
e rugosidades nas folhas, encurtamento de entrens, frutos com menos polpa,
endurecidos e deformados, reduo na produtividade e longevidade das plantas. Esse
vrus transmitido por pulges, no pela semente. Implantar novos pomares somente
com mudas avanadas, sadias, produzidas em telados antiafdeos, sob condies de
elevada umidade. Fazer inspees peridicas para eliminao de plantas doentes.
Manter roadas as imediaes do pomar, para eliminar colnias de pulges nas plantas
daninhas. Plantio aps o fim do ciclo de revoada dos pulges na regio. Em So Paulo,
as mudas vo para o campo com mais de 1,5 m de altura, em agosto, aps o final da
colheita e eliminao de todas as plantas da safra anterior.
Podas: poda de formao - conduzir a muda em haste nica at o arame,
eliminando brotos primrios. Desbrotar periodicamente at que o ramo principal
ultrapasse o arame de sustentao em 15 cm. Despontar. Escolher as duas brotaes
superiores para formar os cordes horizontais, um para cada lado da planta. Manter
todas as brotaes tercirias surgidas destes cordes (cortina produtiva); poda de
produo - no incio da brotao primaveril, com umidade no solo e adubao previa de
30 dias, encurtar os ramos da cortina produtiva a 60 cm abaixo do arame. Deixar secar,
retirar e queimar os ramos podados.
Polinizao: natural - exclusivamente por mamangavas; artificial - manual,
complementar e cruzada, feita entre 13h30 e 17h30 (maracuj amarelo), nos picos de
florescimento, por movimento ascendente nas flores, com as pontas dos dedos. Trocar
plen entre flores de plantas diferentes. Coletar plen em diferentes plantas, antes de
iniciar a operao em ruas contnuas.
Outros tratos culturais: trilhar as linhas 0,50 m de cada lado das plantas, para
facilitar adubao e caminhamento para polinizao. Escorar as espaldeiras em reas
sujeitas a ventos fortes e durante o pico de produo da segunda safra.
Colheita: efetuada duas vezes por semana para mercado de frutas frescas e
uma vez por semana para a agroindstria, depois que o fruto se desprende da planta.
A ausncia de calor, de umidade e de dias longos determina a entressafra. Safra de 5 a
7 meses em regies com inverno definido (dezembro a junho), e de 9 a 10 meses, em
regies tropicais.
Produtividade: para o maracuj amarelo: 35 a 45 t ha-1 para cultivares hbridas,
conforme intensidade de polinizao e controle de doenas. Maracuj roxo: 15 a 25 t ha-1.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Culturas intercalares: amendoim, crotalria, soja, tomate, pepino, fumo


e alguns feijoeiros so hospedeiros intermedirios do vrus VEFM e no devem ser
cultivados dentro ou perto do pomar. Algodo e abacaxi no so recomendados, pela
incidncia de fusariose.

Maracuj

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Comercializao e armazenamento: fruto perecvel. Comercializar classificado,


embalado e antes que desidrate (mercado de frutas frescas) ou a granel, por peso,
descartando-se verdes e doentes (para a agroindstria). Suco: suco natural (14 oBrix) ou
congelado concentrado (50 oBrix). Comercializam-se tambm polpa congelada com ou
sem sementes, farinha da casca, flores e folhas desidratadas, alm de leos essenciais.
LAURA MARIA MOLINA MELETTI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JOS CARLOS CAVICHIOLI
Polo Regional da Alta Paulista, Adamantina (SP)
NOBUYOSHI NARITA
Polo Regional da Alta Sorocabana, Presidente Prudente (SP)
ERVAL RAFAEL DAMATTO JUNIOR
Polo Regional do Vale do Ribeira, Registro (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Marmelo

A.T.E. Aguiar et al.

Marmelo
Cydonia oblonga Mill.

O marmeleiro pertence famlia Rosaceae. originrio do oeste asitico, mais


precisamente da regio situada prximo ao Ir, ao nordeste da antiga Prsia, sendo
de grande valor histrico para o Brasil. Em 1532, Martin Afonso de Souza introduziu
exemplares em territrio nacional e cerca de quatrocentos anos depois, o pas era
considerado um dos principais produtores mundiais da fruta, tornando-se exportador
do seu principal subproduto, a marmelada, antes mesmo do incio da exportao
do caf. Alm do processamento na forma de doces e geleias, sua principal forma
de utilizao, suas frutas apresentam grande potencial industrial, pela utilizao de
substncias nelas presentes, principalmente a pectina. Alm da espcie do gnero
Cydonia (Cydonia oblonga Mill.), existe ainda outra, cultivada de forma expressiva no
mundo, porm pertencente ao gnero Chaenomeles, a Chaenomeles sinensis Koehne,
conhecida como marmeleiro do Japo ou japons que se distingue da primeira por
apresentar folhas crenadas ou serreadas. Porm esse marmeleiro, no Brasil, utilizado
apenas como porta-enxerto para as demais cultivares comerciais de marmelos. As
gemas que desabrocham aps a dormncia, formam inicialmente brotos e no flores,
sendo que estes que se diferenciaro em ramos vegetativos ou florferos. As flores
so rseo-claras ou brancas, solitrias, na extremidade dos ramos. As frutas so do tipo
pomo, ou seja, so desenvolvidas a partir do receptculo floral, tratando-se, portanto,
de pseudofrutos, pesando de 100 a 300 g. Para a fruticultura moderna, o marmeleiro
apresenta caracterstica de fundamental importncia quando utilizado como porta-enxerto,
pois induz menor crescimento da cultivar-copa de pereira e de nespereira, sendo
ento ananicante para essas espcies. Essa caracterstica permite o adensamento de
plantas no campo, o que eleva a produtividade da rea do pomar e, consequentemente,
maior retorno econmico ao produtor, aumentando a possibilidade de sucesso do
empreendimento. Vale ressaltar que seu cultivo uma alternativa bastante atrativa
para a diversificao das propriedades frutcolas, uma vez que sua produo tardia se
comparada, por exemplo, a do figo e do pssego, tambm muito utilizados na fabricao
de doces, podendo estender o perodo de colheita na propriedade rural e incrementar
a renda do fruticultor.
Cultivares: Portugal - cultivar de boa produtividade e vigorosa, apresenta
entouceiramento do caule, suscetvel entomosporiose, suas frutas pesam de 180
a 280 g e podem ser consumidas ao natural ou industrializadas, com maturao de
meia-estao (fevereiro); Mendoza Inta-37 - cultivar lanada pelo Instituto Nacional de
Tecnologia Agropecuria da Argentina (Inta), foi introduzida pelo Instituto Agronmico

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Boletim, IAC, 200, 2014

(IAC), apresenta maior tolerncia entomosporiose e excelente produtividade;


suas frutas, de maturao intermediria, podem pesar at 300 g e so destinadas,
principalmente, industrializao; Provence - oriunda da Frana, onde foi desenvolvida
principalmente para ser utilizada como porta-enxerto de pereiras, foi introduzida pelo
Instituto Agronmico (IAC), apresenta baixa suscetibilidade entomosporiose, suas frutas
pesam de 150 a 180 g e so destinadas indstria; Smyrna - cultivar muito produtiva,
porm suscetvel entomosporiose, suas frutas so de sabor agradvel e de maturao
mediana, com potencial para o consumo ao natural, alm de produzir marmeladas e
geleias aromticas e de sabor agradvel; Japons - pertencente ao gnero Chaenomeles,
apresenta uma seleo promissora no Brasil - Andramig I, tolerante entomosporiose,
porm com produtividade relativamente mais baixa. Suas frutas podem atingir at
800 g, so de maturao tardia (abril), produzindo elevado nmero de sementes, de
fcil germinao e conservao; as plantas no apresentam entouceiramento do caule,
apresentando grande potencial para produo de porta-enxertos.

Marmelo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Clima e solo: regies com temperaturas mdias anuais entre 17 e 20 C, chuvas


bem distribudas ao longo do ano, no concentradas na fase de maturao das frutas e
altitudes superiores a 600 metros, favorecem o cultivo. Devem-se evitar regies sujeitas
a geadas frequentes e ventos fortes. Desenvolve-se bem em solos ligeiramente cidos,
profundos, ricos em matria orgnica, com boa disponibilidade de ferro e bem drenados.
Prticas de conservao do solo: as estratgias mais recomendadas so o
plantio em nvel, o terraceamento (em terrenos muito declivosos), o cultivo mnimo e a
manuteno do espao entrelinhas vegetado e roado.
Propagao: a propagao por sementes s recomendada para obteno
de porta-enxertos, devido desuniformidade do plantel, ao perodo mais longo para o
incio de produo e por no garantir a perpetuao das caractersticas da planta matriz.
Dessa forma, deve-se priorizar o enraizamento de estacas das cultivares comerciais
ou a enxertia, utilizando-se como porta-enxerto o marmeleiro Japons. No caso da
propagao por estacas, estas devem ser retiradas da planta matriz entre os meses de
julho a agosto, sem que estejam brotadas, apresentando comprimento de 20 a 25 cm;
a estratificao em frio-mido por 30 dias favorece a taxa de enraizamento. No caso
da propagao por enxertia, utilizar o marmeleiro Japons. Os porta-enxertos devem
ser produzidos por sementes, uma vez que as estacas dessa espcie apresentam baixa
capacidade de emitir razes. A enxertia feita por garfagem, nos meses de junho e julho,
com garfos contendo cerca de trs gemas.
Plantio: na implantao das mudas no campo, preferir o perodo chuvoso do ano,
ou ao menos priorizar dias nublados, realizando o plantio em covas de 60 x 60 x 60 cm,
previamente preparadas. Durante o preparo das covas acrescentam-se adubos qumicos e

Boletim, IAC, 200, 2014

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Marmelo

A.T.E. Aguiar et al.

orgnicos na poro de solo retirada dos primeiros 20 cm superficiais, que formar o fundo
da cova, enquanto o volume retirado abaixo dos 20 cm preencher o restante da cova,
sendo tambm utilizado na confeco da bacia de reteno. A utilizao de cobertura
morta ao redor das mudas contribui para a manuteno da umidade do solo.
Espaamento: o espaamento pode ser de 4 x 3 m, 5 x 3 m, 4 x 4 m ou 5 x 4 m,
em funo da cultivar, topografia do terreno e equipamentos.
Mudas necessrias: em funo do espaamento adotado, deve-se utilizar de
500 a 833 plantas por hectare.
Calagem: a amostragem do solo deve ser feita de forma criteriosa e a quantidade
a ser utilizada de calcrio, de preferncia dolomtico, deve ser calculada com base na
anlise qumica do solo, com o objetivo de elevar a saturao por bases a 70%. O calcrio
deve ser aplicado em rea total durante o preparo do solo, ou seu equivalente quando
em cultivo mnimo.
Adubao: plantio - cada cova deve receber pelo menos 10 litros de esterco
de curral curtido ou 4 kg de esterco de galinha ou ainda 5 kg de compostagem, 500 g
de calcrio, 60 g de P2O5 e 30 g de K2O; formao - do primeiro ao quinto ano, fornecer
anualmente de 40 a 160 g de nitrognio, 20 a 200 g de P2O5 e 20 a 240 g de K2O por planta,
com base na anlise do solo e idade das plantas; produo - fornecer anualmente de 70
a 140 kg de nitrognio, 20 a 100 kg de P2O5, 20 a 120 kg de K2O por hectare, com base na
anlise do solo e produtividade estimada. As adubaes de formao e produo devem
ser parceladas em quatro vezes, aps o incio da brotao, a cada dois meses. Alm
disso, recomenda-se o fornecimento anual de 3 t ha-1 de esterco de galinha ou 15 t ha-1
de esterco de curral curtidos.
Poda de formao: objetiva o formato final das plantas em taa aberta, cujas
pernadas principais se formam entre 40 e 60 cm acima do solo. Aps a operao de
plantio, deve-se reduzir a haste da muda a 50 cm acima do solo, selecionando trs ou
quatro brotaes vigorosas e bem distribudas ao redor do tronco, que formaro as
pernadas principais. Quando estas atingirem cerca de 40 cm deve-se pod-las a 20 cm
da haste principal. Para reduzir o tempo de formao das plantas e o incio do perodo
produtivo, devem-se podar as plantas em dois momentos, dezembro e julho. No segundo
ano, podam-se as pernadas secundrias a 30 cm do seu ponto de insero, buscando a
definio da taa.
Poda de frutificao: normalmente essa operao realizada no ms de julho,
quando as plantas, que j passaram pelo perodo de formao da estrutura de copa,
esto dormentes. As podas devem ser brandas, pouco intensas, de modo a favorecer a
formao de brindilas (rgos de frutificao). Aps a remoo de ramos doentes, secos,

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Boletim, IAC, 200, 2014

mal localizados e em demasia, voltados para o interior da copa, reduz-se o comprimento


dos ramos originrios da ltima estao de crescimento, deixando-os com 25 a 35 cm a
partir de seu ponto de insero.

Marmelo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Principais problemas fitossanitrios: pragas - pulgo-verde, mariposa-oriental


(Grapholita molesta) e mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus); doenas - entomosporiose
ou requeima (Entomosporium maculatum), seca-dos-ramos (Botryosphaeria ribis), sarna
(Venturia inaequalis) e podrido-amarga (Glomerella cingulata).
Controle de pragas e doenas: deve-se respeitar a legislao vigente relativa
ao uso de defensivos agrcolas, quanto ao agente biolgico e cultura, atentando nas
recomendaes do fabricante.
Desfolha: em regies onde no ocorre a queda natural das folhas, a desfolha
estimula a brotao, podendo ser feita 45 dias antes da poda de frutificao, utilizando
ureia na concentrao de 10%, sulfato de cobre a 1% ou ainda calda sulfoclcica a 12%
(32 oB).
Superao artificial da dormncia - em regies ou anos onde haja insuficincia
de horas de frio, aplicar 0,5% de cianamida hidrogenada acrescida de 3% de leo mineral.
Tratamento de inverno: pulverizar as plantas com caldas base de cobre.
Colheita e armazenamento: nas condies climticas paulistas, em funo das
cultivares e da regio, as frutas so colhidas entre janeiro e fevereiro, com exceo do
marmeleiro Japons, cuja colheita concentrada em abril. O armazenamento da fruta
pode ser feito a 0 C, com umidade relativa de 90%-95%, por at trs meses.
Indstria: a constituio fsico-qumica dos frutos maduros das cultivares
Japons e Portugal apresenta diferenas, como segue: peso do fruto 211 e 88 g, teor
de umidade 81% e 90%, teor de amido 2,68% e 11%, teor de acares totais 8,53% e
2,98%, acidez titulvel 1,44% e 0,30%, compostos fenlicos totais 1,172% e 0,0165% e
pectina total 460 e 650 mg 100 g-1, respectivamente. Os valores encontrados ressaltam
a grande variao entre os frutos dos marmeleiros do gnero Chaenomeles e Cydonia,
com consequncia direta na qualidade da marmelada. Enquanto a cultivar Japons
excelente devido alta produtividade, resistncia entomosporiose e capacidade
de servir como porta-enxerto para as demais cultivares, a cultivar Portugal a mais
tradicional para a produo de marmelada. Pesquisas indicam que doces produzidos
com base na mistura dessas duas cultivares (50% de cada) apresentam caractersticas
semelhantes aos tradicionais, elaborados com frutos da cultivar Portugal, podendo ser
uma alternativa econmica vivel aos produtores. Em termos de qualidade sensorial, as
cultivares Provence e Mendoza (INTA 37) so semelhantes tradicional Portugal, para
a fabricao de marmelada.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Marmelo

A.T.E. Aguiar et al.

Produtividade: estima-se uma produtividade variando de 10 a 20 t ha-1 de


marmelos em pomares adultos e bem conduzidos. Podem ocorrer variaes nesses
valores em funo da tecnologia empregada e do espaamento adotado.
JOS EMILIO BETTIOL NETO
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
WILSON BARBOSA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JULIANA SANCHES
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
RAFAEL PIO
Universidade Federal de Lavras, Lavras (MG)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Maxixe

Cucumis anguria L.

Maxixe

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

O maxixe originrio da frica oriental, foi introduzido no Brasil pelos escravos


e faz parte das oito espcies cultivadas da famlia Cucurbitaceae. uma hortalia muito
consumida nas regies Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, sendo comercializada
diariamente nos mercados e feiras. O mesmo no ocorre nas regies Sul e Sudeste,
onde ainda pouco conhecido e consumido e cujo comrcio incipiente e sazonal. Em
centros consumidores, como So Paulo e regio metropolitana de Campinas, onde a
populao nordestina grande, encontra-se maxixe com mais facilidade do que nas
cidades mais interiorizadas. O maxixe rico em fibras e destaca-se pelo bom contedo
de vitaminas B2 e C e por apresentar propriedades medicinais. O fruto riqussimo em
zinco, elemento que se perde com o cozimento. Frutos in natura podem ser utilizados
no preparo de saladas, semelhana do pepino. Na forma cozida, faz parte de um prato
tradicional, a maxixada, e tambm como ingrediente do feijo. Os frutos apresentam
grande variabilidade quanto ao formato, presena ou ausncia de espinhos e amargor,
este devido cucurbitacina. No Brasil, predominam tipos com formato oblongo,
com espinhos e sem amargor. Os espinhos so macios e variveis em quantidade e
comprimento. O hbito de consumir maxixe com espinho no questo de preferncia,
mas de disponibilidade. O carter espiculosidade controlado por dois pares de genes
com efeito episttico, sendo que a presena de espinho dominante sobre ausncia
de espinho. Os heterozigotos manifestam graus intermedirios de espiculosidade e,
sendo uma espcie algama, a ocorrncia natural de frutos com espinho maior do
que sem espinho. Nas propriedades familiares, comum no eliminar plantas de maxixe
que nascem espontaneamente no meio de outras plantaes, cujos frutos, em geral
com espinhos, so colhidos para uso prprio e tambm so comercializados quando h
demanda. A epiderme lisa do fruto e a ausncia de amargor so caractersticas culinrias
desejveis e, em algumas regies, como no extremo oeste do Estado de So Paulo, o
mercado j est exigindo somente maxixe liso. Ao cultivar o tipo liso, preciso ficar
atento quanto ao ponto de colheita, que ocorre ao redor de 10 dias aps o florescimento.
Ao passar do ponto de consumo, a epiderme se torna rgida, processo que mais rpido
no maxixe liso do que nos tipos com espinho.
Cultivares: sem espinho (lisas) - Liso Gibo, Liso Jaiba e Liso Calcut; com
espinho - Comum, Nordestino, do Norte e West Indian.
Clima e solo: a temperatura ideal situa-se entre 20 e 27 oC, que deve se manter
noite, para bom desenvolvimento das plantas. uma espcie sensvel geada. As

Boletim, IAC, 200, 2014

263

Maxixe

A.T.E. Aguiar et al.

plantas desenvolvem-se melhor em solos com textura mdia, bem drenados e ricos em
matria orgnica, com pH entre 5,5 e 6,5.
poca de plantio: setembro a fevereiro. Em regies onde a temperatura anual
situa-se na faixa exigida, pode ser cultivado o ano todo.
Espaamento: 1,5 a 2,0 m entrelinhas e de 0,30 a 0,40 m entre plantas.
Sementes necessrias: 1 a 1,5 kg ha-1, para um estande de 13.000 a 22.000
plantas/ha. Um grama possui de 50 a 60 sementes.
Semeadura e desbaste: a semeadura pode ser feita diretamente no local
definitivo, ou em bandejas de mudas. No caso de plantio direto, colocar 3 sementes
por cova, a 1 cm de profundidade. Quando as plantas estiverem com 10 cm de altura
ou com trs a quatro folhas verdadeiras, fazer o desbaste deixando 1 ou 2 plantas/cova.
Para produo de mudas, utilizar bandejas de 128 clulas, colocando-se 3 sementes por
clula, a 1 cm de profundidade. Fazer o desbaste quando a planta emitir o primeiro par
de folhas, deixando uma planta por clula. O plantio no campo deve ser feito quando a
muda estiver com trs a quatro folhas verdadeiras.
Calagem: aplicar calcrio para elevar o ndice de saturao por bases para 70%
a 80%.
Adubao orgnica: com 30 a 40 dias de antecedncia, aplicar 5 a 15 t ha-1
de esterco bovino ou 2 a 4 t ha-1 de esterco de galinha ou de frango de corte, ambos
curtidos. Outros estercos animais como sunos, equinos e caprinos tambm podem
ser utilizados em doses similares ao esterco de aves. O hmus de minhoca e o Bokashi
constituem-se em boas opes devendo ser observado, porm, o aspecto econmico.
Adubao de plantio: aplicar, 20 a 40 kg ha-1 de N, 40 a 120 kg ha-1 de P2O5 e 30
a 60 kg ha-1 de K2O. Recomenda-se utilizar 1/3 a 1/4 do fsforo de plantio na forma de
termofosfato, que contm clcio, magnsio, micronutrientes e silcio, alm do fsforo.
Adubao de cobertura: aplicar, ao lado das plantas, 30 a 90 kg ha-1 de N,
10 a 30 kg ha-1 de P2O5 e 20 a 60 kg ha-1 de K2O, parcelando em trs a seis aplicaes, a
primeira aos 20 dias aps a germinao e as demais a cada 15 a 20 dias.
Adubao foliar: em solos de baixa fertilidade e com deficincia de
micronutrientes, fazer duas a trs pulverizaes, espaadas de 30 dias, com cido brico
a 0,1%, sulfato de zinco a 0,3% e sulfato de cobre a 0,2%. O sulfato de cobre deve ser
aplicado de maneira isolada. No misturar agrotxicos com fertilizantes foliares.
Irrigao: pode ser feita pelos sistemas de asperso, microasperso ou
gotejamento. A irrigao por asperso deve ser evitada no perodo da manh, quando
ocorre a mxima atividade dos insetos polinizadores.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Sistema de conduo: as plantas tm crescimento rasteiro e o tutoramento


permite a obteno de frutos de cor uniforme. No entanto, por causa do custo alto, em
geral, no se faz qualquer tipo de tutoramento.

Maxixe

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Outros tratos culturais: manter a cultura livre de plantas daninhas.


Principais pragas: pulgo (Aphis gossypii), vaquinha (Diabrotica speciosa),
minador-da-folha (Lyriomisa spp.), lagartarosca (Agrotis ipsilon); broca-das-cucurbitceas
(Diaphania nitidalis); mosca-branca (Bemisia tabaci).
Principais doenas: odio (Sphaeroteca fuliginea, Erysiphe cichoracearum),
mldio (Pseudoperonospora cubensis), antracnose (Colletotrichum gloeosporioides f. sp.
cucurbitae), tombamento de mudas (Fusarium spp., Phytophthora spp., Pythium spp.,
Rhizoctonia solani, Thielaviopsis basicola), murcha-de-fusrio (Fusarium oxysporum f.
sp. niveum); mancha- angular (Pseudomonas syringae pv. lachrymans); vrus-do-mosaico
(Papaya ringspot virus - PRSV-W); nematoides-de-galha (Meloidogyne spp.).
Controle de pragas e doenas: at o momento, no h produtos registrados
no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento para o controle de pragas e
doenas do maxixeiro. Considerando a possibilidade de aprovao da extenso de uso
de agrotxicos para essa cultura, bem como alteraes eventuais nos registros dos
produtos, recomenda-se buscar informaes atualizadas disponveis em: http://agrofit.
agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Extenso de uso a permisso de se utilizar agrotxicos registrados em culturas
da mesma famlia. No caso do maxixe poderiam ser aplicados os produtos registrados
para outras cucurbitceas, como abbora, melo, melancia e pepino. Tambm podem
ser aplicados produtos alternativos, como calda bordalesa e/ou outros fungicidas
orgnicos e inseticida biolgico.
Colheita: de preferncia, deve ser diria, principalmente para o maxixe liso, ou
3 vezes por semana. Para o maxixe cultivado sem tutoramento, em geral h necessidade
de lavar os frutos antes de enviar para o mercado. Perodo de colheita de 60 a 90 dias.
Produtividade e embalagem: a produtividade de 20 a 25 t ha-1. Para o transporte
e comercializao, utilizam-se embalagens variadas como caixas plsticas e de papelo,
com contedo entre 13 e 20 kg. A caixa de madeira do tipo K utilizada em locais onde seu
uso ainda permitido. Em algumas regies, utilizam-se, ainda, sacos de 20 kg.
Rotao: alface, cereais e leguminosas.
ARLETE MARCHI TAVARES DE MELO
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
Boletim, IAC, 200, 2014

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A.T.E. Aguiar et al.

Menta

Menta

Mentha arvensis L.
A menta, popularmente conhecida como hortel-japonesa, originria da Europa,
tradicionalmente cultivada no Japo, de onde foi trazida para o Brasil por imigrantes.
cultivada em larga escala no sudeste do Brasil e no Paraguai para a produo do mentol
e do leo essencial parcialmente desmentolado. Planta herbcea perene, da famlia
Lamiaceae, de clima temperado, com at 70 cm de altura, floresce quatro meses aps
o plantio no campo e, posteriormente, depois de colhida, por mais duas vezes ao ano.
A parte subterrnea constituda por rizomas que emergem do solo, formando novas
plantas, invadindo todo o terreno. As folhas e inflorescncias contm 0,5% a 1,0% de
leo essencial.
Cultivar: IAC 701.
Clima e solo: a menta exigente com relao s caractersticas do solo, sendo
a fertilidade condio bsica para o desenvolvimento de uma plantao. Com relao
aos elementos climticos a precipitao pluviomtrica o mais importante. Tanto a
escassez quanto a abundncia de chuvas so fatores impeditivos ao cultivo da menta.
A temperatura ideal est na faixa entre 18 e 24 oC, porm a menta pode suportar
temperaturas entre 4 e 40 oC.
poca de plantio: no viveiro, para formao de mudas, de julho a agosto, no
campo, de outubro a novembro. Quando propagadas por cultura de tecido, as mudas
podem ser produzidas o ano todo.
Espaamento: no viveiro, para produo de mudas, 10 cm entrelinhas, com
rizomas lado a lado; no campo, 70 a 100 cm entrelinhas e 30 cm entre plantas, sendo
mais utilizado o espaamento de 80 x 30 cm.
Mudas necessrias: utilizar como material de multiplicao, partes de rizomas
de plantas adultas com duas ou trs gemas. H necessidade de 100 a 160 kg de rizomas
em 100 a 120 m2 de canteiro, para produo de mudas para um hectare. As mudas
obtidas por cultura de tecido, em laboratrio, so transplantadas do gel (meio de
cultura) para bandejas de poliestireno expandido (isopor) de 128 clulas, e aps 30 a
40 dias esto prontas para o plantio no campo, sendo necessrias 42.000 mudas por
hectare espaamento 80 x 30 cm.
Controle da eroso: plantio em nvel utilizando prticas conservacionistas
adequadas ao tipo de solo e declividade do terreno.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Calagem e adubao: corrigir a acidez elevando o ndice de saturao por bases


a 70%. Antes do plantio, aplicar de 30 a 40 t ha-1 de esterco de curral curtido; no plantio,
aplicar 20 kg ha-1 de N, de 40 a 120 kg ha-1 de P2O5 e de 30 a 90 kg ha-1 de K2O. Em
cobertura, aplicar 30 kg ha-1 de N, 30 dias depois do plantio. Aps cada corte, aplicar
30 kg ha-1 de N e 30 kg ha-1 de K2O, devolvendo a rama destilada ao campo.

Menta

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Irrigao: deve ser frequente, por asperso.


Outros tratos culturais: eliminao de plantas invasoras.
Principais pragas: cigarrinhas.
Principais doenas: ferrugem, cujo controle deve ser feito com fungicida
registrado para a cultura.
Colheita: colher a menta, cortando a planta toda um pouco acima do solo
quando inicia o florescimento, que ocorre em trs perodos: de novembro a janeiro, de
abril a maio e de julho a agosto, no Estado de So Paulo e norte do Paran.
Produtividade: 80 a 120 kg ha-1 de leo essencial, obtido por destilao a vapor
da massa vegetal colhida.
Rotao: usar leguminosas, aps 3 a 4 anos.
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Milheto

A.T.E. Aguiar et al.

Milheto
Pennisetum spp

O milheto uma planta para cultivo anual de vero, cespitosa, de crescimento


ereto, apresentando grande produo de perfilhos. Pertence famlia Poaceae, gnero
Pennisetum, sendo a espcie africana Pennisetum glaucum (L.) R. Br. a mais importante
do gnero. A espcie propicia grande diversidade de usos, desde pastejo at a produo
de forragem, silagem e gros. Sua resistncia seca a credencia como excelente opo
para produo de palha para cobertura de solo no sistema plantio direto.
Cultivares: esto registradas no RNC-MAPA e disponveis no mercado variedades
e hbridos para os diferentes usos. Para a escolha da cultivar deve ser considerada a
finalidade da produo, sua adaptao regio, bem como as caractersticas de ciclo,
porte, sanidade foliar, resistncia a doenas e ao tombamento. Estas informaes
podem ser obtidas nas empresas detentoras das cultivares e nos rgos pblicos de
pesquisa e extenso.
poca de semeadura: o milheto normalmente cultivado na safrinha (aps o
plantio da safra de vero), entre os meses de fevereiro a abril e na primavera, antecedendo
o plantio da cultura do vero, entre os meses de agosto a outubro, tambm denominada
pr-safra. Na regio de cerrado a semeadura feita aps a colheita da cultura da soja
ou milho, aproveitando dessa forma a umidade residual existente das ltimas chuvas de
vero. Nessa poca de cultivo, alm da menor disponibilidade hdrica, o fotoperodo e
a temperatura so outros fatores que limitam a produo de biomassa dessa espcie.
Preparo do solo: a maior parte do milheto cultivada no sistema de plantio direto,
imediatamente aps a colheita da primeira safra, o que requer um manejo adequado do
sistema. Utiliza-se o sistema convencional, com subsoldador, arado e grade em reas de
primeiro ano de cultivo com problemas de fertilidade e compactao do solo.
Espaamento: depende da finalidade de uso - 15 cm, 40 cm e de 45 a 80 cm
entrelinhas, para produo de cobertura, forragem e gros, respectivamente. A
populao de plantas final dever ser de 250 a 300 mil plantas ha-1, para produo de
gros e de palha.
Gasto de sementes: para semeadura em linhas, o consumo de sementes
est em torno de 8 a 12 kg ha-1; para produo de forragem, de 15 a 40 kg ha-1 e para
semeadura a lano e sobressemeadura, de 40 a 50 kg ha-1.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Plantio: em sulcos uniformes feitos por meio de semeadoras, na profundidade


1 a 3 cm, utilizando-se menores profundidades em solos mais argilosos. Para evitar
danos do adubo s sementes, deposit-lo no fundo do sulco a uma distncia mnima
de 3 cm das sementes. O plantio a lano tambm pode ser realizado e o sucesso desta
operao depende das condies de semeadura, principalmente da umidade do solo.

Milheto

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de eroso: uso de sistema plantio direto e, em reas com declive


superior a 3%, indica-se o plantio em nvel associado ao terraceamento e as prticas
conservacionistas complementares, de acordo com o tipo de solo, a classe de capacidade
de uso das terras, alm do manejo e da rotao de culturas adotados.
Calagem: por ser uma prtica que envolve o sistema de produo como um
todo, incluindo outras culturas que o compem, para sua recomendao deve-se levar
em considerao a cultura mais sensvel acidez do solo e aplicar calcrio antes da safra
de vero. Considerando-se apenas o milheto, com base na anlise qumica do solo,
elevar a saturao por bases a 50% e o magnsio a um teor mnimo de 4 mmolc dm-3.
Adubao plantio: aplicar 20 a 40 kg ha-1 de nitrognio (N) na semeadura, exceto
quando for utilizado como planta de cobertura em sucesso soja ou outra leguminosa,
situao que dispensa a aplicao de N. A adubao com fsforo (P) e potssio (K) deve
ser executada considerando a finalidade da explorao e a anlise qumica do solo. Com a
finalidade de produzir biomassa para cobertura do solo recomendam-se P e K apenas para
solos com nveis baixos desses nutrientes, utilizando 20 a 40 kg ha-1 de P2O5 e de K2O. Para
produo de forragem, pastejo ou silagem, recomenda-se fazer a adubao com fsforo
(P) e potssio (K) com base na anlise do solo e meta de produtividade, utilizando doses
mais altas em reas de maior potencial produtivo. Para produo de 2 t ha-1 de gros, em
solos com teores baixo, mdio e alto deve-se aplicar 50, 40 e 20 kg ha-1 de P2O5 e 50, 30 e
zero kg ha-1 de K2O, respectivamente. Para a produo de 25 a 30 t ha-1 de massa verde, a
dose de fsforo ser igual recomendada para gros e a de potssio dever ter acrscimo
de 50 kg ha-1 de K2O. Empregar 20 kg ha-1 de enxofre (S) e em solos deficientes em zinco
(Zn) aplicar at 5 kg ha-1 desse nutriente.
Adubao de cobertura: para produo de gros e forragem em reas com
histrico de gramneas e/ou em solos arenosos, recomenda-se complementar a adubao
de semeadura com 40 a 80 kg ha-1 de N em cobertura, no incio do perfilhamento.
Controle de plantas daninhas: inicia-se com um manejo adequado das plantas
infestantes com uso de herbicidas, para dessecao da rea antes da semeadura.
Destacam-se o glifosato e o paraquat, por no apresentarem efeito residual no solo. Para
ampliar o espectro de controle, outros produtos como o carfentrazone-ethyl tm sido
utilizados. O uso de espaamento mais estreito permite o fechamento da cultura mais

Boletim, IAC, 200, 2014

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Milheto

A.T.E. Aguiar et al.

rapidamente e o milheto exerce forte supresso das infestantes, reduzindo inclusive a


infestao nas culturas em sucesso. No Brasil no h herbicidas registrados para cultura
do milheto, embora seja de conhecimento a viabilidade de uso de herbicidas base de
atrazina em ps-emergncia, quando a planta est no estdio de duas a quatro folhas.
Controle de pragas e doenas: pragas como a lagarta-do-cartucho e a
broca-da-cana-de-acar, que atacam outras culturas, tambm atacam o milheto.
Nesse caso, a multiplicao dessas pragas na cultura do milheto pode comprometer
seu manejo nos cultivos de vero subsequentes. No existem inseticidas registrados
para o milheto no Brasil. Todavia, conhecida a eficincia do controle dessas pragas
com os mesmos produtos registrados para a cultura do milho. Para controle das
doenas recomenda-se, principalmente, o uso de cultivares resistentes, adaptadas
regionalmente.
poca de colheita e manejo para cobertura do solo: os gros do milheto devem
ser colhidos com umidade em torno de 19% a 20%. As sementes devem ser processadas
com umidade inferior a 12% para evitar danos excessivos. Quando o milheto cultivado
para produo de biomassa para cobertura de plantio direto, o manejo das plantas pode
ser iniciado no estdio de emborrachamento (pr-florao), entre 50-60 dias aps a
emergncia. O manejo pode ser feito com herbicidas (glifosate ou paraquat) antes ou
logo aps o plantio da cultura, mas pode ocorrer efeito guarda-chuva sobre as plantas
daninhas da rea. Picadores de palhada, como rolo faca, picador tipo triton ou roadeiras,
quando bem regulados, cortam o milheto rente ao solo. A brotao resultante pode ser
controlada com herbicidas graminicidas ps-emergentes ou com glifosate.
Produtividade: muito varivel, tanto para produo de gros como para
produo de biomassa. Todavia, geralmente se obtm produo de biomassa seca entre
6 e 10 t ha-1 e de gros entre 1 e 2 t ha-1.
Rotao: antecedendo a cultura do algodo, da soja e outras, como planta de
cobertura para o sistema plantio direto, e aps o cultivo da soja, milho, amendoim e
algodo, para produo de massa verde ou gros.
ROGRIO SOARES DE FREITAS
Instituto Agronmico (IAC), Votuporanga (SP)
AILDSON PEREIRA DUARTE
EDUARDO SAWAZAKI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
WANDER LUIS BARBOSA BORGES
Instituto Agronmico (IAC), Votuporanga (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Milho

Milho

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Zea mays L.

Gramnea anual da famlia Poaceae, originria do Mxico, anual, com 1,5 a 3,0 m de
altura no florescimento, cultivada no vero e na segunda safra (milho safrinha). O consumo
dos gros pode ser feito tanto na propriedade como na indstria para extrao de leo e
amido, fabricao de alimentos e raes, podendo ainda ser utilizado como milho verde
para consumo dos gros in natura ou como ingrediente na culinria tradicional.
Cultivares: existem mais de 400 cultivares de milho inscritas no registro nacional
de cultivares (RNC) do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento e, destas,
aproximadamente uma centena de cultivares tm sementes disponveis no mercado.
Essas cultivares podem ser enquadradas em dois grandes grupos: convencional e
transgnicos. Dentro das convencionais tm-se desde variedades a diversos tipos
de hbridos e nas transgnicas, exclusivamente hbridos com um ou mais eventos,
incluindo resistncia a insetos (Bt) e aos herbicidas glifosato e glufosinato de amnio.
Existe grande variao entre as cultivares quanto ao ciclo (super-precoce a normal), s
caractersticas agronmicas, adaptao s condies ambientais em diferentes pocas
e regies, resistncia s doenas de ocorrncia regional e, principalmente, quanto
ao preo das suas sementes. Cultivares que apresentam gros dentados e uniformes,
espigas longas, cilndricas e bem empalhadas, pericarpo delicado e bom tempo de
prateleira so utilizadas tambm para milho verde, por se adequar ao mercado de
consumo in natura e/ou fabricao de pamonhas e curaus. Recomenda-se consultar
as publicaes impressas e eletrnicas das empresas produtoras de sementes e os
resultados da Avaliao Regional de Cultivares IAC/APTA/CATI/Empresas no Estado de
So Paulo (www.zeamays.com.br) para conhecer as caractersticas de cada cultivar e
quais so adaptadas em cada regio, poca de semeadura e sistema produtivo.
poca de semeadura: comum o cultivo de mais de uma cultura por ano,
empregando o milho primeiro ou em sucesso a outra espcie produtora de gros ou de
palha para cobertura do solo. Na safra de vero o milho pode ser semeado sob irrigao
nos meses de julho a setembro, principalmente aps a colheita do feijo, exceto no ms
de julho e primeira quinzena de agosto no sudoeste, para evitar riscos de perdas com
geadas. O milho de sequeiro semeado nos meses de outubro at dezembro, aps a
estabilizao das chuvas em cada regio. Quase todo milho semeado na segunda safra
cultivado sob sequeiro aps a colheita da soja, sendo denominado milho safrinha,
semeando-se desde o final de janeiro at 20 de maro. Na regio Sudoeste, em
altitudes entre 600 m e 800 m, e em toda regio Norte/Noroeste do estado deve-se

Boletim, IAC, 200, 2014

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Milho

A.T.E. Aguiar et al.

finalizar a semeadura no ms de fevereiro, e nas baixas altitudes da regio Sudoeste,


especialmente no Mdio Paranapanema, pode-se estender a poca de semeadura at
o dia 20 de maro. Ressalte-se que o milho safrinha no dever ser cultivado em solos
arenosos devido ao elevado risco de perda por deficincia de gua. A semeadura do
milho verde pode ser feita sob irrigao durante o ano todo, exceto nos meses de maro
a julho nas regies com altitude acima de 700 m.
Espaamento e populao inicial de plantas: utilizar espaamento de 0,50 a
0,90 m e populaes de 50 a 75 mil plantas por hectare de acordo com a poca de
semeadura, a cultivar e o potencial produtivo da lavoura. Os espaamentos reduzidos
facilitam as atividades operacionais na propriedade com diferentes cultivos, sem
necessidade de ajustes nas linhas dos equipamentos agrcolas, porm, sua vantagem em
aumentar a produtividade de gros do milho mais frequente em ambientes de maior
potencial produtivo, que depende de clima e manejo, e do uso de cultivares especficos
de porte baixo, folhas eretas e pendo pequeno. Utilizar maiores populaes de plantas
em lavouras de maior potencial produtivo e/ou hbridos de porte baixo e folhas eretas,
especialmente sob irrigao. A populao do milho safrinha 10% a 20% menor do que a
recomendada para a mesma cultivar na poca do vero, variando de 50 a 60 mil plantas
por hectare, com valores mais reduzidos nas semeaduras tardias. A populao para o
milho verde varia de 40 a 55 mil plantas/ha, para favorecer a formao de espigas gradas.
Sementes necessrias: em cultivares transgnicas, utilizar aproximadamente
5% a mais de sementes em relao a populao inicial de plantas e em cultivares
convencionais, 5% a 10%, dependendo do manejo e umidade do solo e do histrico
de ocorrncia de pragas iniciais. A maioria das sementes de milho comercializada em
sacos de 60.000 sementes e com peso variando de 13 a 15 kg, para sementes midas at
18 a 23 kg, para sementes gradas.
Controle de eroso: uso de sistema de plantio direto e, em reas com declive
maior que 3%, indicam-se o plantio em nvel associado ao terraceamento, e as prticas
conservacionistas complementares, de acordo com o tipo de solo, classe de capacidade
de uso das terras, manejo e rotao de culturas adotados.
Calagem: com base na anlise qumica do solo na camada de 0-20 cm, aplicar
calcrio antes da safra de vero, para elevar a saturao por bases (V) a 70% e o
magnsio a um teor mnimo de 4 mmolc dm-3. Em solos com mais de 50 mg dm-3 de
matria orgnica, basta elevar V a 50%.
Adubao de semeadura: utilizar os resultados da anlise do solo na camada
0-20 cm e a meta de produtividade para recomendao de fsforo, potssio e
micronutrientes. Milho vero (sequeiro e irrigado) e milho segunda safra irrigado:
adubar com 30 a 40 kg ha-1 de nitrognio na semeadura e para metas de produtividade

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Boletim, IAC, 200, 2014

de gros 6-8, 8-10, 10-12 e 12-14 t ha-1 e teores baixo (a), mdio (b) e alto (c) de P
e K no solo, recomenda-se, 80-90-110-120 (a), 50-70-90-100 (b) e 40-60-70-80 (c)
kg ha-1 de P205 e 80-90-100-110 (a), 50-70-80-90 (b) e 40-50-60-70 (c) kg ha-1 de K20,
respectivamente. Aplicar todo o potssio a lano, imediatamente antes da implantao
da cultura, exceto em solos arenosos, ou no sulco de semeadura evitando-se o contato
com as sementes, at dose mxima 50 kg ha-1 de K20, e o restante em cobertura junto
com o N. Independentemente da fertilidade do solo recomenda-se aplicar de 20 a
30 kg ha-1 de enxofre, na semeadura ou na primeira cobertura de N, e 2 a 5 kg ha-1 de
zinco e 0,5 a 1,0 kg ha-1 de boro, junto com o adubo de semeadura em solos deficientes.
Milho verde: utilizar a estimativa de produtividade de gros e, se as plantas e espigas
remanescentes foram ensiladas, consultar a adubao do milho para silagem. Milho
safrinha: adubar com 30 a 40 kg ha-1 de nitrognio na semeadura e para metas de
produtividade de gros <4, 4-6 e 6-8 t ha-1 e teores baixo (a), mdio (b) e alto (c)
de P e K no solo, recomenda-se 40-50-70 (a), 30-40-50 (b) e zero-30-30 (c) kg ha-1
de P205 e 40-50-60 (a), 20-30-40 (b) e zero-20-30 (c) kg ha-1 de K20, respectivamente.
Aplicar o potssio a lano imediatamente aps a implantao da cultura ou no sulco de
semeadura, at dose mxima 40 kg ha-1 de K20, e o excedente em cobertura junto com
o N. Recomenda-se aplicar 20 kg ha-1 de enxofre junto com o adubo de semeadura, em
solos deficientes nas camadas 0-20 e 20-40 cm.

Milho

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Adubao de cobertura: aplicar o nitrognio em cobertura de acordo com


a meta de produtividade e o histrico de uso da rea, utilizando doses maiores para
solos de textura arenosa, preparo convencional, incio de sistema plantio direto e
grande quantidade de resduos de gramneas (alta resposta) e menores doses para
solos argilosos, sistema plantio direto consolidado e sucesso com leguminosas (baixa
resposta). Milho vero (sequeiro e irrigado) e milho segunda safra irrigado: para metas
de produtividade de gros 6-8, 8-10, 10-12 e 12-14 t ha-1 e solos de alta (a), mdia (b)
e baixa (c) resposta, aplicar 80-110-140-170 (a), 50-80-110-150 (b) e 30-60-80-100 (c)
kg ha-1 de N, respectivamente. Doses iguais ou inferiores a 80 ou 110 kg ha-1 em solos
arenosos e argilosos, respectivamente, podem ser aplicadas em uma nica vez no estdio
de 4/5 folhas, e doses superiores devem ser parcelas em duas vezes, sendo a ltima at
o estdio de 8/9 folhas. O potssio deve ser aplicado junto com a primeira cobertura
de N em solos arenosos e/ou quando parte deste fertilizante aplicada no sulco de
semeadura e o restante precisa ser complementado em quantidades compatveis com
a dose total. Milho safrinha: para metas de produtividade de gros <4, 4-6 e 6-8 t ha-1
e solos de mdia e baixa resposta, respectivamente, complementar a adubao de
semeadura com: zero-20-40 e zero-zero-20 kg ha-1 de N at o estdio de 5 folhas. Em
solos argilosos, pode-se optar pela aplicao da dose total do nitrognio a lano, em
uma nica vez, imediatamente aps a semeadura do milho.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Milho

A.T.E. Aguiar et al.

Controle de plantas daninhas: o controle manual ou mecnico est restrito


s pequenas reas que ainda utilizam o sistema convencional de preparo do solo;
geralmente so realizados um ou dois cultivos rasos, o primeiro prximo do estdio de
4/5 folhas e o segundo no estdio de 9/10 folhas. No controle qumico, a escolha de
um herbicida isolado ou de uma formulao contendo dois ou mais herbicidas dever
ser feita com base no levantamento prvio da infestao existente no local da lavoura.
O manejo das plantas daninhas no sistema de plantio direto comea com a aplicao
de herbicidas dessecantes antes da semeadura do milho, destacando-se o glifosato e o
paraquat, que podem ser complementados com outros produtos para ampliar o espectro
de espcies controladas. Pode-se aplicar herbicidas pr-emergentes, tais como atrazina
+ metolachlor, atrazina + s-metolacloro e atrazina + simazina, que apresentam melhor
eficincia em solo descoberto ou com pouca palha. Utilizam-se com maior frequncia as
aplicaes em ps-emergncia de atrazina isolada ou associada com um dos seguintes
ingredientes ativos: nicosulfuron, mesotrione e tembotrione. Nos hbridos transgnicos
com resistncia aos herbicidas glifosato possvel controlar quase todas as plantas do
milho com uma ou duas aplicaes deste ingrediente ativo em ps-emergncia, podendo
ser complementado com atrazina para o controle da tiguera de soja transgnica Roundup
Ready. Na safrinha o controle feito exclusivamente em ps-emergncia, sendo possvel
reduzir a dose dos herbicidas, pois as temperaturas mais amenas e a baixa precipitao
pluviomtrica desfavorecem o pleno desenvolvimento das plantas daninhas.
Controle de pragas: iniciais - tratamento das sementes com inseticidas
sistmicos ou pulverizao de inseticida no sulco de semeadura para controle de pragas
de solo tais como lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), lagarta-rosca (Agrotis
ipsilon), larva-alfinete ou vaquinha (Diabrotica speciosa) e do percevejo barriga verde
(Dichelops furcatus), que ataca as plntulas; parte area - fazer o levantamento da
ocorrncia e dos danos de Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), Helicoverpa sp.
e outras pragas, para a tomada de deciso sobre o controle e a escolha do inseticida;
a lagarta-do-cartucho deve ser controlada, especialmente nas cultivares convencionais
ou transgnicas no Bt utilizando-se de alto volume de calda e bico tipo leque; traas e
carunchos - expurgar com fosfeto de alumnio.
Controle de doenas: no Estado de So Paulo, ocorrem com frequncia as
seguintes doenas foliares: a ferrugem comum (Puccinia sorghi), a ferrugem polissora
(Puccinia polysora), a queima de turcicum (Exserohilum turcicum), a mancha de cercospora
(C. zeae-maydis/C. zeina/C. sorghi var maydis), a mancha branca (Phaeosphaeria maydis),
e as podrides de espigas e de colmo causadas por diplodia (Stenocarpella macrospora)
e fusarium (Fusarium moniliforme), alm da antracnose no colmo (Colletotrichum
graminicola). Recomenda-se o uso de cultivares resistentes aos patgenos de ocorrncia
regional, rotao de culturas e, quando necessrio, a aplicao de fungicidas estrobilurinas
+ triazis, associados ou no a outros ingredientes ativos.

274

Boletim, IAC, 200, 2014

Colheita: milho gro: mecnica com uso de colheitadeiras, iniciada quando


a umidade dos gros for igual ou inferior a 25% e, em pequenas lavouras, a quebra
manual das espigas com palha a partir do momento em que a umidade dos gros
atingir 16%; milho verde: cerca de 20 a 25 dias aps o florescimento da boneca
(sada dos cabelos), quando os gros se apresentam no estdio de gros leitosos, nos
perodos mais frescos do dia.

Milho

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Produtividade normal: milho gro - safra de vero e milho irrigado, 6 a 14 t ha-1;


safrinha - 4 a 8 t ha-1; milho verde - 8 a 16 t ha-1 de espigas com palha.
Rotao: algodo, amendoim, soja, cereais de inverno, adubos verdes ou
plantas de cobertura, dentre outras.
AILDSON PEREIRA DUARTE
EDUARDO SAWAZAKI
MARIA ELISA A. G. ZAGATTO PATERNIANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
PAULO BOLLER GALLO
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

275

Milho para Silagem

A.T.E. Aguiar et al.

Milho para Silagem


Zea mays L.

Espcie da famlia Poaceae, originria do Mxico, anual, utilizada para produo


de gros ou forragem na forma de silagem da planta inteira. O milho a cultura padro
para ensilagem devido a sua elevada produtividade associada ao seu excelente valor
nutritivo, suprindo desta forma as exigncias nutricionais dos rebanhos mais exigentes,
principalmente os leiteiros.
Cultivares: as indicadas para produo de gros, que se destacam principalmente
quanto produo de matria orgnica digestvel, e que tambm apresentem boa
resistncia ao acamamento e quebramento de colmo, bem como sanidade foliar. Para
escolha das cultivares com maior produo de matria orgnica digestvel no Estado So
Paulo, sugerimos a consulta dos ensaios de avaliao de cultivares de milho para silagem
APTA/IAC/ESALQ, disponibilizados no site www.zeamays.com.br. Nos casos de ausncia
de dados de avaliao regional de cultivares de milho para silagem, pode-se optar pelas
cultivares de gros dentados ou semidentados com elevada produtividade de gros e
porte alto. As cultivares que apresentam gros dentados permitem maior janela de corte
e, consequentemente, facilitam o escalonamento do perodo de colheita.
poca de semeadura: na safra de vero, desde o final de setembro at
dezembro, seguindo a mesma recomendao do zoneamento agrcola do milho para
produo de gros. O cultivo do milho safrinha mais recomendado para a produo de
gros, pois o volume de massa produzido pode ser baixo, no justificando o alto custo
de mecanizao para ensilagem.
Espaamento e populao inicial de plantas: a populao e o arranjo de plantas
o mesmo recomendado para a produo de gros. Utilizar espaamento de 0,50 a 0,90 m
e populaes de 55 a 75 mil plantas por hectare, de acordo com a poca de semeadura,
a cultivar e o potencial produtivo da lavoura. Utilizar maiores populaes de plantas em
lavouras de maior potencial produtivo e/ou hbridos de porte baixo e folhas eretas. Os
espaamentos reduzidos requerem o uso de mquinas que cortam a forragem em rea
total e, na maioria das regies, esto disponveis apenas as colhedoras de forragem de
uma a duas linhas acopladas ao trator, mais apropriadas aos espaamentos mais largos.
Sementes necessrias: em cultivares transgnicas, utilizar 5% a mais de
sementes em relao populao inicial de plantas e em cultivares convencionais, 5% a
10%, dependendo do manejo e umidade do solo e do histrico de ocorrncia de pragas
iniciais. Para espaamento 0,80 m e densidade inicial de 5 plantas por metro linear (60

276

Boletim, IAC, 200, 2014

mil plantas por hectare), o gasto de sementes peneira 22 ser de aproximadamente 19 a


24 kg ha-1, dependendo da cultivar.
Controle de eroso: uso de sistema plantio direto e, em reas com declive
maior que 3%, indica-se o plantio em nvel associado ao terraceamento e as prticas
conservacionistas complementares, de acordo com o tipo de solo, classe de capacidade
de uso das terras, manejo e rotao de culturas adotados.

Milho para Silagem

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Calagem: com base na anlise qumica do solo, aplicar calcrio antes da safra de
vero, para elevar a saturao por bases (V) a 70% e o magnsio a um teor mnimo de
4 mmolc dm-3. Em solos com mais de 50 mg dm-3 de matria orgnica, basta elevar V a 50%.
Adubao de plantio: a adubao do milho silagem praticamente a mesma
do milho para gros, exceto para os nutrientes potssio e enxofre. Adubar com 30 a
40 kg ha-1 de nitrognio na semeadura. Utilizar os resultados da anlise do solo na
camada 0-20 cm e a meta de produtividade para recomendao de fsforo, potssio e
micronutrientes. Para metas de produo de massa verde (35% de massa seca) iguais
a 38-44, 44-53, 53-59, 59-65 e >65 t ha-1, considerando-se os teores baixo (a), mdio
(b) e alto (c) de P e K no solo, recomenda-se 60-80-90-110-120 (a), 40-50-70-90-100
(b) e 30-40-60-70-80 (c) kg ha-1 de P205, respectivamente, e 100-140-160-180-200 (a),
80-100-120-140-170 (b) e 60-70-90-110-130 (c) kg ha-1 de K20, respectivamente. Aplicar
parte do potssio a lano imediatamente antes da implantao da cultura ou no sulco de
semeadura, at dose mxima 50 kg ha-1 de K20, e o excedente em cobertura junto com o N.
Independentemente da fertilidade do solo, recomenda-se aplicar 30 kg ha-1 de enxofre na
semeadura ou na primeira cobertura de N, e em solos deficientes, 2 a 5 kg ha-1 de zinco e
0,5 a 1,0 kg ha-1 de boro, na semeadura.
Adubao de cobertura: aplicar o nitrognio em cobertura de acordo com
a meta de produtividade e o histrico de uso da rea, utilizando doses maiores para
solos de textura arenosa, com preparo convencional, incio de sistema plantio direto
e grande quantidade de resduos de gramneas (alta resposta), e menores doses para
solos argilosos, sistema plantio direto consolidado e sucesso com leguminosas com
grande quantidade de palha (baixa resposta). Para metas de produo de massa verde
(35% de massa seca) igual a 38-44, 44-53, 53-59, 59-65 e >65 t ha-1 e solos de alta (a),
mdia (b) e baixa (c) resposta, aplicar 50-80-110-140-170 (a), 30-50-80-110-150 (b) e
zero-30-60-80-100 (c) kg ha-1 de N, respectivamente. Doses iguais ou inferiores a 80 ou
110 kg ha-1 em solos arenosos e argilosos, respectivamente, podem ser aplicadas em
uma nica vez no estdio de 4/5 folhas, e doses superiores devem ser parcelas em duas
vezes, sendo a ltima at o estdio de 8/9 folhas. O potssio deve ser aplicado junto
com a primeira cobertura de N, para complementar dose aplicada na pr-semeadura
ou no sulco de semeadura.

Boletim, IAC, 200, 2014

277

Milho para Silagem

A.T.E. Aguiar et al.

Controle de plantas daninhas: a escolha de um herbicida isolado ou de


uma formulao contendo dois ou mais herbicidas dever ser feita com base no
levantamento prvio da infestao existente no local da lavoura. O manejo das plantas
daninhas comea com a aplicao de herbicidas dessecantes antes da semeadura do
milho, destacando-se o glifosato e o paraquat, mas podem ser complementados com
outros produtos para ampliar o espectro de espcies controladas. Utilizam-se com maior
frequncia as aplicaes em ps-emergncia de atrazina isolada ou em associao com
um dos seguintes ingredientes ativos: nicosulfuron, mesotrione e tembotrione. Nos
hbridos transgnicos com resistncia ao herbicida glifosato possvel controlar quase
todas as plantas do milho com uma ou duas aplicaes deste ingrediente ativo em ps-emergncia, que pode ser complementado com atrazina para o controle da tiguera de
soja transgnica Roundup Ready.
Controle de pragas: iniciais - tratamento das sementes com inseticidas sistmicos
ou pulverizao de inseticida no sulco de semeadura para controle de pragas de solo, tais
como lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignosellus), lagarta-rosca (Agrotis ipsilon), larva-alfinete ou vaquinha (Diabrotica speciosa), e do percevejo-barriga-verde (Dichelops
furcatus), que ataca as plntulas; parte area - fazer o levantamento da ocorrncia e dos
danos de Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho), Helicoverpa sp. e outras pragas,
para a tomada de deciso sobre o controle e tipo de inseticida; a lagarta do cartucho
deve ser controlada especialmente nas cultivares convencionais ou transgnicas no Bt
utilizando alto volume e bico tipo leque.
Controle de doenas: no Estado de So Paulo, ocorrem com frequencia as
seguintes doenas foliares: a ferrugem-comum (Puccinia sorghi), a ferrugem-polissora
(Puccinia polysora), a queima-de-turcicum (Exserohilum turcicum), a mancha-de-cercospora
(C. zeae-maydis/C. zeina/C. sorghi var maydis), a mancha-branca (Phaeosphaeria maydis).
A maioria das doenas de espiga e colmo ocorre nos estdios finais da planta, aps a poca
de corte para silagem. Recomenda-se o uso de cultivares resistentes aos patgenos de
ocorrncia regional e rotao de culturas. Se necessrio, fazer a aplicao de fungicidas
apenas nos estdios iniciais (at 8/9 folhas) no sendo recomendada aplicao posterior,
para evitar possvel contaminao e/ou interferncia no processo fermentativo da silagem.
Colheita: a colheita para ensilagem deve ocorrer quando o teor de matria seca
da planta toda estiver entre 30% e 35%, o que equivale aos gros no estdio pastoso
(linha de leite entre 1/2 a 2/3 do comprimento do gro), o que ocorre depois de 35 a 47
dias aps o florescimento (pendoamento) ou 95 a 112 aps a semeadura, dependendo
da cultivar e da disponibilidade de calor durante o desenvolvimento da cultura. A
planta de milho ensilada com menos de 30% de matria seca possui muita umidade
e apresenta maiores perdas de nutrientes atravs da liberao de efluente, alm de

278

Boletim, IAC, 200, 2014

favorecer a degradao da massa ensilada, por fermentao indesejvel por clostrdios.


Ao contrrio, plantas com teor de matria seca acima de 38% dificultam a picagem
e a compactao, sendo que o excesso de ar retido no interior da massa favorece o
desenvolvimento de fungos e leveduras aerbicas que aquecem a massa, degradam os
nutrientes e empobrecem a silagem final, podendo ser rejeitada pelo animal.

Milho para Silagem

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Produtividade: as mdias de produo de gros e de massa, da planta contendo


35% de massa seca so as seguintes: 6-8 (44-53), 8-10 (53-59), 10-12 (59-65), 12-14 (> 65)
em toneladas por hectare de gros e massa verde, entre parnteses, respectivamente.
Qualidade da silagem: quanto maior a quantidade da frao gro, que a
poro mais digestvel da planta, melhor a qualidade da massa ensilada. O ideal que os
gros representem entre 40% e 45% da massa ensilada, mas na maioria das cultivares os
valores so inferiores, pela grande quantidade de folhas e colmos. Os valores mdios das
fraes da planta esto prximos de 20% de folhas, 28% de colmos e 52% de espigas. As
cultivares para silagem devem se destacar tambm quanto a digestibilidade do colmo,
que deve ser prxima ou superior a 50%, sendo a frao menos digestvel da planta.
Quanto digestibilidade da planta toda, ideal que esteja acima de 60%. desejvel
que o teor de protena bruta na planta toda esteja entre 6% e 9% da matria seca, o
teor de fibra em detergente cido (% de FDA) 25%-30% e o teor de fibra em detergente
neutro (% de FDN), inferior a 50%.
Rotao: algodo, amendoim, soja, cereais de inverno e plantas de cobertura,
dentre outras.
AILDSON PEREIRA DUARTE
EDUARDO SAWAZAKI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
SOLIDETE DE F. PAZIANI
Polo Regional do Centro Norte, Pindorama (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

279

Milho Pipoca

A.T.E. Aguiar et al.

Milho Pipoca
Zea mays L.

Caracteriza-se por apresentar gros pequenos, contendo endosperma de


amido duro, com pequena poro central de amido mole, que possuem a propriedade
de estourar quando submetidos ao aquecimento em torno de 180 oC, originando a flor
de pipoca.
Cultivares: hbridos e variedades registrados no RNC-MAPA. Constam dessa
lista as cultivares hbridas IAC 112, IAC 125 e IAC 367, que so indicadas para o Estado de
So Paulo nas semeaduras de primeira e segunda safras (safrinha).
poca de semeadura: setembro a fevereiro. A semeadura na segunda safra,
aps a soja ou outra cultura de vero, favorece a obteno de gros de melhor qualidade,
porque aps a maturao fisiolgica ocorre um perodo seco favorecendo a secagem no
campo e a sanidade dos gros.
Preparo do solo: sistema convencional (arao + gradagem) ou plantio direto. O
plantio direto indicado quando o solo j manejado adequadamente, principalmente
quando o milho pipoca implantado na segunda safra.
Controle de eroso: uso de sistema plantio direto e, em reas com declive
maior que 3%, indica-se o plantio em nvel, associado ao terraceamento e s prticas
conservacionistas complementares, de acordo com o tipo de solo, classe de capacidade
de uso das terras, manejo e rotao de culturas adotados.
Espaamento: 0,45 a 0,80 m entrelinhas, com populao de plantas de 60 a
80 mil/ha.
Necessidade de sementes: 8,0 kg a 10,5 kg ha-1.
Tratamento de sementes: as sementes devem ser protegidas com fungicidas
para controle de fungos, sendo comum o tratamento industrial com fludioxonil +
metalaxyl-M, e inseticidas para controle de pragas iniciais.
Calagem: com base na anlise qumica do solo na camada 0-20 cm, aplicar o
calcrio com antecedncia para elevao da saturao por base a 70% e o Mg a um
mnimo de 5 mmolc dm-3. Em reas consolidadas de plantio direto, aplicar o calcrio na
superfcie do solo em doses mximas de 3 t ha-1 por ano, preferencialmente antes da
primeira safra.
Adubao de plantio: para metas de produo de 4-6 t ha-1 de gros, aplicar
30 kg ha-1 de nitrognio mais fsforo (P205) e potssio (K20) de acordo com teores desses
280

Boletim, IAC, 200, 2014

elementos no solo: muito baixo (mb), baixo (b) mdio (m) e alto (a), sendo 90 (mb),
70 (b), 50 (m) e 30 (a) kg ha-1 de P205; e 60 (mb), 50 (b), 40 (m) e 20 (a) kg ha-1 de K20.
Aplicar 40 a 50 kg ha-1 de K2O no sulco de semeadura ou a lano, imediatamente antes
da implantao da cultura. Para solos com teores muito baixo e baixo de K, aplicar o
excedente em cobertura junto com o nitrognio. Em solos deficientes, aplicar 20 kg ha-1
de enxofre e at 5 kg ha-1 de zinco.

Milho Pipoca

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Adubao de cobertura: para metas de produtividade de 4-5 e 5-6 t ha-1 de


gros e solos de alta (a), mdia (m) e baixa (b) resposta ao nitrognio, aplicar 90-110 (a),
60-90 (m) e 30-60 (b) kg ha-1 de nitrognio, respectivamente. Em solos arenosos e/ou uso
de dosagem alta de N, a cobertura deve ser parcelada em 2 aplicaes, sendo a primeira
na fase de 4 folhas completamente estendidas e a segunda na fase de 8 folhas.
Controle de plantas daninhas: o controle mecnico est restrito a reas muito
pequenas que ainda utilizam o sistema convencional de preparo do solo; geralmente so
realizados dois cultivos rasos, o primeiro prximo do estdio de 4 folhas e o segundo no
estdio de 8 folhas. No controle qumico, a escolha de um herbicida isolado ou de uma
formulao contendo dois ou mais herbicidas dever ser feita com base no levantamento
prvio da infestao existente no local da lavoura. O manejo das plantas daninhas comea
com a aplicao de herbicidas dessecantes antes da semeadura do milho, destacando-se
o glifosato e o paraquat, mas podem ser complementados com outros produtos para
ampliar o espectro de espcies controladas. Pode-se aplicar herbicidas pr-emergentes,
tais como atrazina + metalachlor, atrazina + s-metolacloro e atrazina + simazina, mas que
apresentam melhor eficincia em solo descoberto ou com pouca palha. Utilizam-se com
maior frequncia as aplicaes em ps-emergncia de atrazina isolada ou em associao
com um dos seguintes ingredientes ativos: nicosulfuron, mesotrione e tembotrione. Na
safrinha o controle feito exclusivamente em ps-emergncia, sendo possvel reduzir
a dose dos herbicidas porque a cultura desenvolve-se em poca com temperaturas
mais amenas e baixa precipitao pluviomtrica, condies que desfavorecem o pleno
desenvolvimento das plantas daninhas.
Controle de pragas e doenas: pragas de solo - tratamento de sementes com
inseticida sistmico ou com aplicao do inseticida no sulco de semeadura; lagartas do
cartucho - pulverizao com inseticida, utilizando alto volume e bico tipo leque. O milho
pipoca mais suscetvel lagarta em relao ao milho comum, necessitando de maior
nmero de pulverizaes com inseticidas. Iniciar o controle quando a infestao da praga
atingir 20% das plantas, utilizando um produto de ao de contato na primeira aplicao,
e nas seguintes, um de ao fisiolgica, procurando rotacionar os produtos utilizados
para melhor controle; pragas de gros - o caruncho infesta as espigas no campo e logo
aps a colheita e secagem, e deve-se fazer o expurgo com fosfeto de alumnio, em um
perodo mnimo de 5 dias de exposio ao produto.
Boletim, IAC, 200, 2014

281

Milho Pipoca

A.T.E. Aguiar et al.

Colheita mecnica: o milho pipoca apresenta menor dano mecnico quando os


gros so trilhados com umidade entre 16% a 17%. Uso de colheitadeiras tipo axial ou
menor rotao do cilindro batedor diminuem os danos mecnicos nos gros.
Secagem: a secagem dos gros deve ser feita com uso de calor indireto e baixas
temperaturas, que no devem ultrapassar 35 oC. Em locais de baixa umidade relativa do
ar e quando os gros so colhidos com umidade menor que 16%, a secagem pode ser
feita apenas com a ventilao dos gros.
Armazenamento: os gros do milho pipoca devem ser armazenados em
ambientes que favorecem a manuteno da umidade dos gros entre 13% a 14%, para
maximizar o seu estouro, e protegidos de pragas. O ideal o uso de armazns com
controle de temperatura (20 a 22 oC) e umidade (75% a 80%) e embalagens de papel
multifoliado.
Rotao: soja, feijo, sorgo, milheto, crotalria.
EDUARDO SAWAZAKI
AILDSON PEREIRA DUARTE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

282

Boletim, IAC, 200, 2014

Morango

Fragaria x ananassa Duch. ex Rozier

Morango

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

O morangueiro uma planta herbcea, rasteira e perene da famlia Rosaceae.


Botanicamente o morango um pseudofruto originrio do receptculo floral, que
se torna carnoso e suculento. rico em vitamina C, apresentando alta atividade
antioxidante, sendo comercializado ao natural, congelado (frutos inteiros ou polpa), bem
como na forma de polpa desidratada. Segundo o IEA/CATI, no perodo 2011-2012, So
Paulo produziu 10.452,4 t de morango/ano, em 338,2 ha distribudos em 38 municpios,
sendo os maiores em rea cultivada, Piedade (80 ha), Atibaia (45 ha) e Jarinu (35 ha). Em
Atibaia/Jarinu j est implantada a produo certificada de morango, nas modalidades
Produo Integrada de Morango (PIMo) e Orgnico, correspondendo a 15% em
rea em relao produo convencional. A produo orgnica atende a um mercado
diferenciado, agregando valor ao produto. A cultura caracteriza-se pelo elevado custo de
produo, especialmente devido mo de obra e s embalagens.
Cultivares: Camarosa, Camino Real, Festival e Oso Grande, desenvolvidas nos
Estados Unidos da Amrica, so as principais cultivares para So Paulo, sendo Oso
Grande lder em Atibaia/Jarinu e Camino Real em Piedade. Dessas cultivares, apenas
Camino Real encontra-se protegida no pas, com validade at 2019. Algumas cultivares
como Oso Grande, por questes anatmicas de suas flores, dependem da presena de
abelhas para a produo de morangos sem deformaes. A lista de cultivares registradas
e protegidas est disponvel em www.agricultura.gov.br/cultivares.
Clima e solo: as cultivares mencionadas acima so consideradas de dias curtos.
A faixa de temperatura tima para a atividade vegetativa de 10-13 oC durante a noite e
de 18-22 oC durante o dia. A florao e frutificao so favorecidas na faixa de 13-26 oC.
Abaixo de 12 oC a polinizao deficiente. Acima de 30 oC ocorre aborto floral e estmulo
produo de estolhos. A geada danifica flores e frutos, especialmente os imaturos,
no protegidos pelas folhas. A maioria dos municpios paulistas produtores de morango
apresenta clima do tipo Cwa (clima tropical de altitude). As reas mais altas das serras
do Mar e da Mantiqueira tm potencial para produo de morango no vero, devido s
temperaturas mais amenas. O morangueiro desenvolve-se melhor em solos profundos,
de textura mdia.
poca de plantio: (a) produo de mudas - recomenda-se a utilizao de
matrizes de alta qualidade gentica e sanitria. O plantio de matrizes feito de setembro
a novembro, dependendo da regio, e as mudas so colhidas de maro a maio. Pode
ser utilizado o sistema convencional em campo aberto e solo isento de patgenos
prejudiciais ao morangueiro, com rea de 1,5 a 3,5 m2 por matriz. Tambm pode ser
Boletim, IAC, 200, 2014

283

Morango

A.T.E. Aguiar et al.

empregado o sistema vertical, utilizando-se vasos com substrato, suspensos em estufas,


sendo as mudas obtidas colocadas para enraizar em bandejas com substrato. O setor
produtivo tambm utiliza mudas importadas, vernalizadas naturalmente, produzidas em
regies frias do sul da Argentina e do Chile, denominadas mudas frigo, cujo sistema
radicular acumula carboidratos. Em 2012 as mudas nacionais foram comercializadas a
R$ 0,20-0,25 a unidade e as importadas a R$ 0,42 a unidade; (b) produo de morango
- o principal perodo de plantio maro-abril. Entretanto, quando so utilizadas mudas
importadas, h a possibilidade de demora na entrega das mesmas, atrasando o plantio
e o incio da colheita. No plantio as mudas devem ser posicionadas corretamente no
canteiro, evitando-se a exposio das razes ou o enterrio da coroa.
Espaamento e mudas necessrias: so utilizados canteiros de 50-60 m de
comprimento, 1 m de largura e 25-30 cm de altura, separados entre si por 40-45 cm. Nos
canteiros so utilizadas trs linhas de plantio separadas por 30 cm, sendo o espaamento
entre plantas na linha, de 30-35 cm. Normalmente so utilizadas de 50 a 60 mil mudas/ha.
No controle da eroso devem ser utilizados canteiros em nvel, terraceamento, canais
para escoamento de gua da chuva e forrao dos carreadores internos com capim seco.
Calagem e adubao: (1) anlise qumica do solo - coletar de 12 a 20 pontos para
cada gleba homognea para a anlise do solo; (2) anlise qumica foliar - uma tcnica
importante para auxiliar o monitoramento da nutrio do morangueiro, diagnosticando
deficincias e excessos. Recomenda-se realizar amostragens das folhas pouco antes do
incio de cada florada, ou pelo menos na segunda florada, devido quantidade e qualidade
do morango produzido. Deve-se coletar a terceira ou quarta folha recm-desenvolvida,
retirando-se o pecolo de 30 plantas por cultivar e por talho homogneo; (3) calagem aplicar calcrio com antecedncia suficiente para elevar a saturao por bases a 80% e
o teor de magnsio do solo a no mnimo 9 mmolc dm-3; (4) adubao orgnica - entre
30 e 40 dias antes do transplante das mudas para os canteiros de produo, aplicar de
15a30t ha -1 de esterco bovino curtido, ou composto orgnico, ou ainda 2,5 a
5 t ha -1 de esterco de galinha curtido, cama de frango, Bokashi ou hmus de minhoca,
sendo as maiores quantidades indicadas para os solos arenosos. O esterco de galinha e
a cama de frango devem ser usados com cautela, pois o morangueiro muito sensvel
salinidade. Quando possvel, incluir o plantio de adubo verde no esquema de rotao de
cultura. Procurar observar qual a melhor dose de fertilizante orgnico para a sua gleba,
pois o uso excessivo pode levar a desenvolvimento vegetativo exuberante, dificultando
as colheitas e o controle fitossanitrio; (5) adubao mineral de plantio - aplicar por
hectare cultivado (10.000 m2 de canteiros), de acordo com os resultados da anlise
qumica do solo, pelo menos uma semana antes do plantio, 40 a 60 kg ha-1 de nitrognio
(N), de 200 a 800kg ha-1 de P2O5, 60a 240 kg ha-1 de K2O, de 0 a 1 kg ha-1 de boro (B), de 0 a
2 kg ha-1 de cobre (Cu) e de 0 a 3 kg ha-1 de zinco (Zn); (6) adubao mineral de cobertura
- deve ser estabelecida com base nos resultados da anlise qumica do solo e da anlise

284

Boletim, IAC, 200, 2014

foliar. Aplicar 120 a 160kg ha-1 de N, 60 a 90 kg ha-1 de P2O5 e 90 a 150 kg ha-1 de K2O por
hectare cultivado (10.000 m2 de canteiros), parcelando-se em pelo menos 14 aplicaes
quinzenais, a partir do pegamento das mudas. Na faixa de temperatura moderada do
solo (12 a 27 oC), recomenda-se o uso do N nas formas amoniacal e ntrica; acima de
27 oC deve-se preferir a forma ntrica, pois fertilizante nitrogenado na forma amoniacal
aplicado em doses altas pode ser txico s razes do morangueiro; (7) fertirrigao consiste na aplicao de fertilizantes altamente solveis via gua de irrigao, monitorada
conforme os resultados da anlise qumica foliar. Como o morangueiro muito sensvel
salinidade deve-se fazer o controle da condutividade eltrica na gua, no solo e na soluo
aplicada na fertirrigao. O nvel mximo tolervel para cultivo de 1,75 mS/cm, a 25 oC.
No clculo do parcelamento da adubao de cobertura, deve-se levar em conta a marcha
de absoro de nutrientes ao longo do ciclo.

Morango

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Irrigao: a irrigao realizada por asperso at o pegamento das mudas,


que normalmente so de razes nuas. Aps essa fase, em Atibaia/Jarinu, 20% da rea
com morangueiro continua a ser irrigada por asperso e 80% passa a ser irrigada pelo
gotejamento, enquanto em Piedade 80%-85% da rea continua a ser irrigada por asperso
e 15%-20% passa a ser pelo gotejamento. Em Atibaia/Jarinu, em mdia, so utilizadas
de 3 a 5 regas semanais e em Piedade, de 2 a 3 regas. Os perodos crticos ocorrem logo
aps o transplante das mudas, na formao dos botes, florao e frutificao. O excesso
de umidade na planta dificulta a polinizao. A menor reposio de gua favorece o
aumento do teor de slidos solveis do morango. Recomenda-se o monitoramento
da irrigao com o uso de tensimetros. Segundo pesquisas realizadas no IAC, a
manuteno do teor de gua no solo a potenciais entre -10 e -35 KPa, isto , prximo
capacidade de campo, favorece o crescimento e a produtividade do morangueiro. Os
tensimetros devem ser instalados a 15 cm de profundidade, que corresponde metade
da profundidade efetiva do sistema radicular. O manejo da gua com o uso associado
de tensimetros para determinao de quando irrigar, e a realizao do balano hdrico
para estimativa de quanto irrigar tm proporcionado excelentes resultados. Para os
casos em que no se dispem de aparelhos, o manejo da irrigao, segundo a EPAMIG,
pode ser feito observando-se pela manh se h gotculas de gua nas bordas das folhas,
o que s ocorre quando a umidade do solo est prxima da capacidade de campo.
Principais pragas e doenas: a) pragas - caros, tripes, broca-dos-frutos e
lagartas; b) doenas - mofo cinzento, antracnose (flor preta), vermelho e mancha
de micosferela. A lagarta tem importncia no incio do desenvolvimento das plantas,
atacando principalmente a coroa, especialmente em reas que foram cultivadas com
milho antes do morangueiro. A broca-dos-frutos problema em lavouras onde o
morango colhido completamente maduro. O uso de mudas sadias bsico para o
controle de vrus, fungos, bactrias, nematoides e mesmo de algumas pragas, como
o caro do enfezamento. Para doenas fngicas importantes, como chocolate, florBoletim, IAC, 200, 2014

285

Morango

A.T.E. Aguiar et al.

-preta, murcha de Verticillium e podrides de Phytophthora, tambm devem ser


adotadas as seguintes medidas preventivas: plantio em solo no contaminado, controle
da umidade do solo (irrigao e drenagem), uso de adubao equilibrada evitando o
excesso de nitrognio, remoo e destruio de plantas afetadas. Rotao de cultura,
revolvimento do solo e solarizao so medidas complementares para o controle de fungos
de solo e nematoides. Deve-se cobrir o solo dos canteiros com filme plstico preto para
proteo dos frutos contra agentes biticos, bem como para o controle do mato. A lista
dos agrotxicos registrados est disponvel em: http://www.agricultura.gov.br - Agrofit.
Colheita e comercializao: inicia-se aos 60-70 dias aps o transplante
das mudas, durando de 5 a 8 meses, dependendo da regio de cultivo. A colheita
feita manual e diariamente no perodo de temperaturas elevadas e de 2 a 3 vezes
por semana no inverno. Os morangos so muito delicados e pouco resistentes, o que
exige muitos cuidados durante a colheita. Se colhidos muito maduros, podero chegar
em decomposio e com podrides ao mercado; se colhidos ainda verdes, podero
apresentar ausncia de aroma, alta acidez e adstringncia. Geralmente, colhe-se no
estdio 3/4 maduro quando o morango comercializado na CEAGESP, no Mercado
Municipal da Cantareira, bem como em mercados do interior de So Paulo e de outros
Estados, e no estdio maduro para a industrializao ou quando a comercializao
for feita diretamente pelo produtor. A estimativa da necessidade de mo de obra/ha
em Atibaia/Jarinu de 6 empregados fixos e de 2 extras (no pico de safra), enquanto
em Piedade de 8 empregados fixos e de 4 a 8 extras. O pico de safra ocorre em
agosto-setembro. A reduzida oferta de mo de obra para o campo constitui-se em um
importante entrave da cultura. Os frutos normalmente so acondicionados da seguinte
forma: quatro cumbucas plsticas de cerca de 300 g cada uma, colocadas em uma caixa
de papelo. importante no misturar morangos com graus de maturao e tamanhos
diferentes na mesma cumbuca. O transporte realizado em caminho-ba.
Ps-colheita: o morango constitudo por cerca de 90% de gua do total do
seu peso fresco e por isso um produto hortcola bastante perecvel, com perodo
de conservao ps-colheita extremamente curto, principalmente em condies de
armazenamento sob temperaturas altas e baixa umidade relativa do ar. Em Atibaia/
Jarinu, cerca de 30% dos produtores fazem o armazenamento refrigerado por um dia
nos locais de produo, em temperaturas entre 2 e 5 oC e 80% de umidade relativa. O
morango pode ser conservado a 0 C com 90%-95% de umidade relativa por 3 a 5 dias. A
temperatura de 0 oC associada a atmosferas com 12% a 20% de CO2 a condio ideal para
o armazenamento do morango. Entretanto, as redes de distribuio e comercializao
de produtos hortcolas no Brasil geralmente no possuem cadeia de frio, ou quando a
possuem, a temperatura est entre 10 e 15 oC. Os morangos Oso Grande armazenados a
10 oC sob atmosfera controlada com 40% de CO2 associado com 20% de O2 mantm suas
caractersticas comerciais por 8 dias. A utilizao do resfriamento rpido com ar forado,

286

Boletim, IAC, 200, 2014

tecnologia muito utilizada em morangos nos Estados Unidos da Amrica, tambm auxilia
no aumento do tempo de conservao do produto fresco. De fcil aplicao, o mtodo
mais conhecido de resfriamento em cmaras frigorficas, consistindo em colocar as caixas
com morangos dentro de um tnel forrado com lona trmica, no extremo do qual h um
ventilador. O ventilador trabalha como exaustor provocando um fluxo de ar atravs das
caixas, criando assim uma presso negativa. A montagem desse sistema deve ser feita
no interior de uma cmara frigorfica convencional. Outra alternativa para prolongar a
vida til do morango o uso de congelamento, sendo que a grande vantagem do produto
congelado a flexibilidade para a comercializao, com capacidade para atender os
fabricantes de iogurtes, sorvetes, geleias, bem como de recheios e coberturas para a
indstria de panificao, alm dos fabricantes de sucos e nctares. Com referncia ao
suco de morango congelado e armazenado a -18 oC por 15 dias, as cultivares Aleluia,
Camarosa, Diamante e Sweet Charlie apresentam melhor aceitao que as cultivares
Festival e Oso Grande.

Morango

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Produtividade normal: a mdia de So Paulo no perodo de 2011-2012 foi


de 30,9 t ha-1 (IEA/CATI). Segundo as Casas de Agricultura de Atibaia e de Jarinu, para
essa regio, a estimativa de produtividade de 600 g/planta, enquanto para Piedade a
estimativa da Prefeitura Municipal local de 800 g/planta.
Rotao: crotalria jncea, crotalria espectbilis, labelabe, milho, milheto
e pastagem. Sugere-se o cultivo de alface, abobrinha ou beterraba (esta ltima em
Piedade), logo aps o morango, devido aos preos desses produtos no vero, bem como
ao aproveitamento dos canteiros, da adubao residual e da mo de obra.
FRANCISCO ANTONIO PASSOS
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JULIANA SANCHES
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
SILVIA ANTONIALI
Polo Regional do Extremo Oeste, Araatuba (SP)
ANDERSON TATSUO WATANABE
Casa da Agricultura de Atibaia (CATI), Atibaia (SP)
JOSE BRAGA SEMIS
Casa da Agricultura de Jarinu (CATI), Jarinu (SP)
MARCUS VINICIUS SALOMON
Diviso de Extenso Rural (CATI), Campinas (SP)
OSMAR BORZACCHINI
Prefeitura Municipal de Piedade, Piedade (SP)
Boletim, IAC, 200, 2014

287

Mucuna

A.T.E. Aguiar et al.

Mucuna

Gnero originrio da sia e anteriormente denominado Stizolobium, com


aproximadamente 100 espcies anuais e perenes. As mais utilizadas so a mucuna-an
[Mucuna deeringiana (Bort) Merrill], de ciclo curto e no trepadora e as de ciclo mais
longo e trepadoras, em especial a mucuna-cinza [M. cinerea (Piper & Tracy)] e a mucuna-preta
[M. aterrima (Piper & Tracy) Holland], alm de mucuna-rajada (M. deeringiana) e a
mucuna-verde (Mucuna sp.), estas duas ltimas muito pouco cultivadas no Estado de So
Paulo. As espcies diferenciam-se pelo hbito de crescimento, colorao da semente,
pubescncia na vagem e nmero de dias at a colheita de gros. So principalmente
utilizadas como adubos verdes, como alternativa diminuio ou mesmo eliminao
da necessidade de utilizao de adubos nitrogenados qumicos, possibilitando
consequentes e relevantes aumentos no rendimento das culturas em sucesso, rotao
ou intercalares.
Mucuna-an: espcie anual, herbcea, ereta, de hbito de crescimento
determinado, no trepadora, relativamente precoce, porte baixo, com ciclo da
semeadura colheita ao redor de 150 dias. Tem o desenvolvimento favorecido quando
cultivada preferencialmente na primavera-vero e nas regies mais quentes do Estado
de So Paulo. Fixa entre 50 a 100 kg ha-1 ano-1 de nitrognio (N), apresenta relao C/N
entre 12 a 20 e adequado controle de nematoides formadores de galhas (Meloidogyne
incognita e M. javanica). A colorao rajada do tegumento das sementes semelhante
da mucuna-rajada (M. deeringiana), leguminosa trepadora e com durao de ciclo
maior. Espcie menos rstica que as mucunas preta e cinza.
Mucuna-cinza: espcie anual ou bianual, herbcea, de crescimento rasteiro e
vigoroso, recomendada para adubao verde. Planta de crescimento mais rpido, menos
agressivo e com menor percentagem de sementes duras em relao s demais espcies
trepadoras de mucunas, como a mucuna-preta, sendo obtidas cobertura e proteo mais
rpidas do solo, alm do controle de infestantes. As sementes so de colorao cinza e
suas plantas fixam entre 120 e 210 kg ha-1 ano-1 de N, tem relao C/N entre 10 e 22.
Mucuna-preta: considerada a rainha das leguminosas, uma espcie anual
ou bianual, herbcea, de crescimento rasteiro e vigoroso e de ampla adaptao, rstica
e recomendada principalmente para adubao verde. Muito eficaz no controle da
populao de nematoides formadores de galhas (Meloidogyne sp.), tem efeito aleloptico
positivo sobre a tiririca (Cyperus rotundus L.) e potencial como planta estabilizadora para
remediao de solos com concentrao excessiva de boro (B), cobre (Cu) e zinco (Zn). As
sementes so de colorao preta e recomenda-se escarific-las por escaldadura ou lixas,
devido grande impermeabilidade de seu tegumento, que varivel em percentagem,
288

Boletim, IAC, 200, 2014

de acordo com a idade e tamanho; quanto mais novas e menores, maior esse valor.
De suas sementes pode-se obter a substncia L-Dopa, para produo de medicamentos
utilizados no tratamento do Mal de Parkinson. Fixa entre 120 e 210 kg ha-1 ano-1 de N e
tem relao C/N entre 10 e 21.

Mucuna

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Cultivares: comum para mucuna-preta e a prpria espcie botnica para as


demais mucunas.
Clima e solo: espcies adaptadas ao clima tropical e subtropical, a altitudes
entre 300 a 1.500 m, sensveis s geadas e aos perodos prolongados de frio, sobretudo
a mucuna-an. As espcies trepadoras so tolerantes s temperaturas elevadas, sendo
que o desenvolvimento da mucuna-preta favorecido na faixa de temperatura entre
20 e 35 C e regime de chuvas entre 700 e 1.500 mm ano-1. As espcies trepadoras so
tolerantes ao dficit hdrico do solo, enquanto a mucuna-an relativamente tolerante;
a mucuna-preta no tolerante ao encharcamento, pouco sensvel ou insensvel ao
fotoperodo e relativamente tolerante ao sombreamento. Espcies adaptadas aos
solos de textura arenosa e argilosa, de reduzida e mdia fertilidade. As espcies mais
cultivadas so muito tolerantes ao alumnio na soluo do solo.
poca de semeadura: safra e safrinha, sendo de outubro a janeiro para a
mucuna-an e de outubro a maro para as mucunas trepadoras.
Espaamento e densidade de semeadura: 30 a 50 cm entrelinhas, com
oito a 12 sementes por metro para a mucuna-an, recomendando-se os menores
espaamentos para pocas de semeadura mais tardias; 50 at 80 cm entrelinhas, com
quatro a oito sementes por metro para as demais espcies.
Sementes necessrias: 80 a 100 kg ha-1 para a mucuna-an e 65 a 135 kg ha-1
para as demais espcies.
Calagem e adubao: as quantidades de corretivos e fertilizantes devem ser
calculadas com base em resultados de anlise do solo. A calagem dever elevar o ndice
de saturao por bases a 60%, mas em valores prximos a este a calagem e a adubao
mineral podem ser dispensadas. Beneficiam-se do efeito residual de fertilizantes
aplicados em culturas anteriores. Na semeadura, se necessrio, aplicar at 60 kg ha-1
de P2O5 e 30 kg ha-1 de K2O. Havendo disponibilidade do Rhizobium especfico e, para a
primeira semeadura, inocular 50 kg de sementes com 200 gramas de inoculante turfoso.
Outros tratos culturais: se necessrio, efetuar um a dois cultivos mecnicos
at 30 dias aps a semeadura da mucuna-an e at 40 dias das demais espcies, para
prevenir concorrncia desfavorvel. No h produtos registrados para essas espcies, at
setembro/2013. Em plantio direto utilizar herbicidas dessecantes antes da semeadura
da leguminosa.

Boletim, IAC, 200, 2014

289

Mucuna

A.T.E. Aguiar et al.

Principais doenas: mancha foliar (Cercospora sp.) a doena mais comum,


particularmente quando as temperaturas so mais amenas. No caso de incidncia
severa, h agrupamento das leses, rompimento da rea foliar e reduo acentuada
da fitomassa produzida. Eventualmente, podem ocorrer viroses. A mucuna-cinza
mais tolerante a ambas as doenas e nesta leguminosa j foi constatada antracnose,
causada por Colletotrichum sp. No h produtos registrados para essas espcies, at
setembro/2013.
Principais pragas: caro-rajado (Tetranychus urticae); pulgo (Aphis craccivora)
e, eventualmente, cigarrinha (Empoasca sp.). No h produtos registrados para essa
espcie, at setembro/2013.
Colheita: depender da poca de semeadura e do objetivo da cultura. Para
adubao verde, as plantas podero ser manejadas no pleno florescimento/incio
de formao de vagens e a fitomassa poder ser preferencialmente deixada sobre a
superfcie do solo ou incorporada. Em geral, para mucuna-an isso ocorrer entre 60
e 120 dias aps a semeadura e para as demais espcies trepadoras de mucunas, entre
150 e 210 dias. Quando se objetiva a produo de sementes, entre 120 e 160 dias aps
a semeadura, quando as plantas de mucuna-an secam, pode-se colher as vagens
por arranquio manual, deixando-as secar completamente em terreiro, para posterior
trilhagem. A colheita das vagens secas das espcies trepadoras de mucunas pode ser
realizada aos 180 a 240 dias aps a semeadura, pela coleta manual dos rcimos. Aps
secagem, as vagens passaro por trilhagem ou batedura. Retiradas as vagens, a fitomassa
remanescente poder permanecer intacta ou ser manejada, com ou sem incorporao
ao solo.
Produtividade normal: mucuna-an - 2 a 4 t ha-1 de fitomassa seca; 800 a
1.200 kg ha-1 de sementes; mucuna-cinza - 3 a 8 t ha-1 de matria seca e 1.000 a 1.500 kg
ha-1 de sementes; mucuna-preta - 6 a 8 t ha-1 de matria seca e 1.000 a 1.500 kg ha-1 de
sementes. Para maior produtividade de sementes, pode-se semear a mucuna-preta nas
entrelinhas do milho, aos 40 a 50 dias aps a emergncia, quando o milho amadurecido
fornecer suporte para as plantas de mucuna, que produziro inflorescncias de maior
comprimento e com grande nmero de vagens. Nessa situao, a quebra da planta do
milho dever ocorrer antes do crescimento vigoroso da mucuna-preta e tanto a colheita
do milho quanto da mucuna (com vagens secas) ser manual e simultnea. No caso de
colheita mecnica da mucuna-preta no tutorada, o rendimento de sementes menor,
ao redor de 600 kg ha-1.
Rotao: devido ao porte baixo da mucuna-an, com altura mdia de plantas
de cerca de 50 cm, essa espcie particularmente recomendada para adubao verde,
em consrcio com hortalias e nas entrelinhas de frutferas perenes (videira, citros) e

290

Boletim, IAC, 200, 2014

cafeeiros, devendo ser manejada em janeiro-fevereiro. As demais espcies podem ser


cultivadas em rotao com culturas anuais como algodo, arroz, feijo, milho, mandioca
e hortalias; na reforma da cultura da cana-de-acar; em consrcio com milho,
adotando-se uma ou duas fileiras da leguminosa, cultivares de ciclo curto da gramnea
e em 30% da rea, com possvel contribuio do equivalente a 60 a 80 kg ha-1 de N para
a cultura do milho; em consrcio ou intercalada mandioca, citros, com controle da
fitomassa por poda dos ramos laterais, e no caf, alternando-se as linhas intercaladas
entre as mucunas an e preta.

Mucuna

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

ELAINE BAHIA WUTKE


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
NELSON RAIMUNDO BRAGA
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
PAULO BOLLER GALLO
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)
ANTONIO LCIO MELLO MARTINS
Polo Regional do Centro Norte, Pindorama (SP)
DENIZART BOLONHEZI
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)
SEBASTIO WILSON TIVELLI
Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento em Agricultura Ecolgica, So Roque (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

291

Nectarina

A.T.E. Aguiar et al.

Nectarina

P. persicavar. nucipersica Dippel


A nectarina (P. persica var. nuscipersica) uma variedade botnica do pssego
(Prunus persica Batsch), ambos originrios da China e cultivados desde a antiguidade.
Ambas as espcies cultivadas so conhecidas como frutferas que requerem um perodo
de repouso hibernal, sob ambiente frio durante dois a trs meses, para estimular a
brotao de gemas e florescer com regularidade e vigor na primavera. As variedades
de nectarina comercialmente cultivadas nas regies tradicionais da Europa, EUA
e Japo tm, em geral, uma exigncia de frio equivalente a um total acumulado de,
aproximadamente, 850 horas de temperaturas abaixo de 7,2 oC, o que se convencionou
chamar, horas de frio. Esta a principal razo pela qual as variedades trazidas das
principais reas produtoras do exterior, selecionadas para as condies de inverno
que lhes so peculiares, no encontram adaptao ao clima ameno do Estado de So
Paulo. O Instituto Agronmico (IAC) foi pioneiro na implantao de um programa de
melhoramento gentico de pssego e nectarina, tendo iniciado seus trabalhos em 1950.
A base gentica para os cruzamentos era proveniente de variedades originadas na
Flrida e de material propagado por sementes trazidas pelos colonizadores europeus.
Apesar de suas caractersticas de fruteira de clima temperado, vem sendo cultivada
em reas de clima subtropical, graas ao desenvolvimento de variedades com menor
exigncia em horas de frio, para a quebra de dormncia necessria para o florescimento.
Felizmente, a exigncia de frio difere de acordo com as variedades, existindo aquelas
originrias de regies mais quentes, que satisfazem mais facilmente suas necessidades
de hibernao, encontrando boa adaptabilidade em condies de clima ameno. A
partir da dcada de 30 do sculo XX, o Instituto Agronmico (IAC) iniciou uma srie de
introdues de variedades desenvolvidas principalmente na Flrida (EUA) e que foram
a base do programa de melhoramento gentico desde ento. At os dias atuais, foram
selecionadas quatro variedades de nectarinas pelo Instituto Agronmico, alm dos
materiais introduzidos e adaptados s nossas condies climticas.
Principais cultivares de nectarina:
- Centenria (IAC N 2080-7): lanamento em 1987; parentais - polinizao livre
de Doura-2 (IAC 2370-3); fruto - mdio (100 g); polpa - amarela-clara, de textura firme,
aurola bem tnue ao redor do caroo; 15 oBrix e acidez - 4,2.
- Aurojima (IAC N 2680-91): lanamento em 2007; parentais - polinizao livre
de Ouromel-4 (IAC 1870-2); fruto - mdio a grande (125 g); polpa - amarela, firme,
aurola presente prxima ao caroo; 15 oBrix e acidez - 4,5.

292

Boletim, IAC, 200, 2014

- Colombina (Fla 1937-S): parentais - (Okinawa x Panamint) x NJN 21; fruto mdio a grande; polpa - amarela; sabor agridoce.
- Sunred (Universidade da Flrida/USA): introduzida em 1969; fruto - mdio
(50 - 80 g); polpa - amarela-clara; sabor doce-cido.

Nectarina

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Mudas e plantio:utilizam-se sementes para a propagao de porta-enxertos,


sendo mais utilizada no Estado de So Paulo a cultivar Okinawa, por apresentar
resistncia aos nematoides de galhas. O plantio pode ser realizado com mudas de raiz
nua, no perodo entre julho e agosto, e no caso de mudas formadas em recipientes,
pode-se fazer o plantio em qualquer poca do ano, de preferncia na estao das guas,
no perodo de outubro a dezembro.
Espaamento: 6 x 4 m a 7 x 5 m para plantios convencionais, utilizando-se a
conduo em vaso; 5 x 2 m a 4 x 1 m para plantios adensados, utilizando-se a conduo em Y.
Mudas necessrias:285 a 417 plantas por hectare na conduo em vaso; 1.000
a 2.500 plantas por hectare na conduo em Y.
Controle da eroso:em reas com declividade at 20% recomenda-se o plantio
em nvel, com as linhas de plantio perpendiculares declividade do terreno; em reas
com declive acima de 20% recomendam-se outras prticas conservacionistas como
terraos, camalhes, patamares ou banquetas; utilizao de roadeira no perodo das
guas, mantendo-se a cobertura vegetal; cobertura morta do solo.
Calagem: antes da implantao do pomar, deve-se aplicar calcrio em rea
total, de acordo com a anlise do solo, para elevar a saturao por bases a 70%,
utilizando-se, preferencialmente, o calcrio dolomtico. Manter o teor de magnsio
no solo acima de 9 mmolc dm-3. Deve-se incorporar o calcrio o mais profundamente
possvel. Na manuteno do pomar, a calagem tambm deve ser aplicada em rea total.
Adubao de implantao: com antecedncia mnima de 30 dias ao plantio,
aplicar, por cova, 10 kg de esterco de curral ou 3 kg de esterco de galinha, 200 g de P2O5e
60 g de K2O, em mistura com o solo da camada de 0 a 30 cm de profundidade. A partir
da brotao das mudas, aplicar em cobertura, ao redor da planta, 60 g de N, em quatro
parcelas de 15 g, de dois em dois meses.
Adubao de formao:compreende a adubao realizada do segundo ao quarto
ano aps o plantio das mudas. Aplicar anualmente, 15 kg de esterco de curral ou 4 kg de
esterco de galinha, juntamente com adubao mineral, de acordo com a anlise do solo e
idade da planta, correspondente a 100 a 400 g/planta de N, 40 a 480 g/planta de P2O5e de
40 a 480 g/planta de K2O. Deve-se aplicar em covas prximo a planta, nos meses de junho
e julho, a quantidade total de P2O5juntamente com a matria orgnica. As doses de N e de
K2O devem ser aplicadas em quatro parcelas, a partir do incio da brotao.
Boletim, IAC, 200, 2014

293

Nectarina

A.T.E. Aguiar et al.

Adubao de produo:a partir do 5.o ano, recomenda-se aplicar anualmente


3 t ha de esterco de galinha ou 15 t ha-1 de esterco de curral curtido, e a adubao mineral,
de acordo com a anlise do solo e a meta de produtividade, composta de N, P2O5 e K2O,
variando de 90 a 180 kg ha-1, 20 a 120 kg ha-1 e 30 a 150 kg ha-1, respectivamente. Esta
adubao deve ser parcelada em trs vezes. Aps a colheita, distribuir esterco, 100% da
dose de fsforo e 50% da dose de potssio, na projeo da copa no solo, e em seguida,
misturar esses fertilizantes com a terra da superfcie. Dividir o nitrognio em quatro
parcelas, aplicadas em cobertura, de dois em dois meses, a partir do incio da brotao.
-1

Observao: para plantios adensados aplicar os adubos no pomar em


formao e adulto, de modo similar aos plantios convencionais, reduzindo as dosagens
proporcionalmente rea ocupada por planta.
Irrigao: indispensvel em perodos de estiagem, sendo realizada
preferencialmente por asperso, microasperso ou gotejamento. A asperso sobre copa
tem efeitos positivos na manuteno da umidade relativa do ar, o que previne danos
causados por geadas e favorece o pegamento dos frutos. A utilizao de cobertura
morta na linha de plantio auxilia na manuteno da umidade do solo prximo planta.
Poda de formao e de produo: as mudas so plantadas com haste nica. A
poda de formao objetiva definir a estrutura produtiva da planta, com a formao das
pernadas principais e secundrias. No sistema de vaso aberto, o desponte das mudas no
campo deve ser realizado a 50 cm do solo para a formao de 3 a 4 pernadas em direes
opostas e em diferentes pontos de insero no caule. Devem-se eliminar o ramo prximo
ao solo, bem como aqueles mal posicionados ou fracos. Os ramos devem ser arqueados
visando mant-los a 50o em relao ao solo. No inverno do ano seguinte, deve-se encurtar
1/3 das pernadas principais, deixando no pice dois ramos voltados para o exterior. Essa
poda deve ser realizada at o terceiro ano aps o plantio. A poda de produo, realizada
a partir do 3.o ano aps o plantio, realizada no perodo de maio a julho, devendo-se
eliminar ramos suprfluos, mal posicionados e voltados para baixo, doentes, praguejados
e secos. Os ramos que permanecem na planta devem ser encurtados.
Outros tratos culturais:
Tutoramento das plantas com estacas de bambu.
Controle de plantas daninhas: capinas superficiais, roadas, utilizao de
cobertura morta e herbicidas ps-emergentes.
Superao de dormncia das gemas: visando a antecipao e uniformizao
da brotao, utilizando-se cianamida hidrogenada, antes do intumescimento das gemas,
em doses de 0,3% a 0,8% adicionando leo mineral a 1%, em funo da variedade e da
regio de cultivo.

294

Boletim, IAC, 200, 2014

Raleio de frutos: visando aumentar o peso dos frutos remanescentes e a


uniformidade de maturao, bem como evitar problemas de alternncia de produo,
devendo ser realizado quando os frutos tiverem 1 a 2 cm de dimetro, cerca de 30 a 40
dias aps o florescimento, mantendo 1 a 3 frutos por ramo, distanciados entre si de 10 cm.

Nectarina

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Ensacamento de frutos: visa o controle da mosca-das-frutas e a obteno de


frutos de melhor qualidade.
Poda de renovao aps a colheita: eliminando ramos que j produziram e
encurtando ramos do ano, deixando com duas gemas na base. Manuteno de alguns
ramos enfolhados oriundos das pernadas principais, evitando danos pelo excesso de sol.
Principais pragas e controle: a seguir apresentamos uma lista de pragas que
comumente atacam o pessegueiro e seu controle: mosca-das-frutas (trimedlure - armadilha,
deltametrina, pupa estril de macho de Ceratitis capitata linhagem tsl, malationa); mariposa
oriental (clorantraniliprole, lcool laurlico - armadilha, (z)-8-dodecenol, deltametrina,
fosmete, acetato de (E)-8-dodecenila + (Z)-8-dodecenol + acetato de (Z)-8-dodecenila
- armadilha, novalurom, etofenproxi); broca do ponteiro; caro rajado (abamectina,
enxofre); tripes; cochonilha branca (leo mineral.); piolho de So Jos ou Cochonilha de
So Jos (leo mineral); lagarta-das-fruteiras; pulges (tiametoxam).
Controle: o perodo crtico do ataque de tripes vai do florescimento ao
pegamento de frutos, recomendando-se pulverizaes preventivas com inseticidas de
contato. Para a mosca-das-frutas recomendam-se o ensacamento de frutos, o uso de
armadilhas e de iscas txicas (malationa com melao) e pulverizaes com inseticidas
(deltametrina e malationa). O controle da mariposa oriental pode ser realizado por meio
de armadilha contendo feromnio sexual sinttico, alm de pulverizaes com inseticidas
registrados no MAPA (disponvel para consulta no Agrofit). Devido s aplicaes de
inseticidas para controle da mosca-das-frutas e da mariposa oriental pode ocorrer um
desequilbrio entre a populao de caros predadores e fitfagos causando o aumento
populacional do caro rajado (leo mineral). Devido carncia dos acaricidas registrados
para a cultura do pessegueiro, recomendado que o tratamento seja realizado aps o
trmino da colheita. O tratamento de inverno com calda sulfoclcica auxilia no controle
de pragas, especialmente cochonilhas.
Principais doenas e controle: podrido parda (fluazinam, iminoctadina,
diclorana, captana, xido cuproso, tebuconazol, mancozebe + oxicloreto de cobre,
ditianona, mancozebe, dodina, folpete, enxofre, mancozebe, fluquinconazol, oxicloreto
de cobre, iprodiona, difenoconazol, procimidona, triforina, procimidona); ferrugem
(ciproconazol, azoxistrobina, tebuconazol, mancozebe, enxofre); furo de bala; sarna
(captana, folpete, enxofre, mancozebe + oxicloreto de cobre); gomose; bacteriose e
antracnose (ditianona, triforina, captana).
Boletim, IAC, 200, 2014

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Nectarina

A.T.E. Aguiar et al.

Recomenda-se o tratamento de inverno com calda sulfoclcica nos meses de


maio e junho, pulverizao preventiva com fungicidas de contato, especialmente no
florescimento e no amadurecimento dos frutos, visando o controle de podrido parda;
incio da abertura do boto floral at o incio da frutificao, e prticas culturais visando
propiciar maior aerao no interior da copa, como a prtica da poda verde, a eliminao
dos ramos podados e de frutos danificados. recomendada a aplicao de fungicidas
de contato (mancozebe ou captana) aps as podas de produo e poda verde, para
proteo dos ferimentos, evitando infeces fngicas e bacterianas. Fatores nutricionais
(deficincia ou excesso) e estresse hdrico podem debilitar a planta, aumentando a
incidncia de patgenos.
Colheita:perodo de setembro a fevereiro, porm no Estado de So Paulo, grande
parte da colheita ocorre de agosto a novembro. A produo comercial ocorre a partir do
3. ano de instalao do pomar. A colheita deve ser realizada nas horas mais frescas do dia,
mantendo as frutas colhidas na sombra, antes de serem transportadas para ser embaladas.
Os frutos so colhidos manualmente, no estdio de vez. Os principais parmetros utilizados
para colheita so a colorao da epiderme e a consistncia dos frutos.
Produtividade normal:15 a 30 t ha-1 de frutos, em pomares adultos
racionalmente conduzidos e conforme o espaamento.
MARA FERNANDES MOURA
GRACIELA DA ROCHA SOBIERAJSKI
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
MARCO ANTONIO TECCHIO
UNESP/Faculdade de Cincias Agronmicas, Botucatu (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Nspera

Eriobotrya japonica Lindl.

Nspera

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A nespereira (Eriobotrya japonica Lindl.) uma frutfera pertencente famlia


Rosaceae, subfamlia Pomeae. uma espcie tipicamente subtropical, porm com
ampla adaptao a regies de clima temperado com invernos moderadamente rigorosos
e regies tropicais onde predominam invernos amenos. originria da sia, sendo os
pases orientais os maiores produtores e consumidores dessa fruta. Sem desbaste,
uma fruta pequena, de cor amarela e casca aveludada, chamada erroneamente de
ameixa-amarela ou ameixa-japonesa. Sua principal caracterstica nutricional a elevada
quantidade de vitamina C e seu consumo parece auxiliar no combate a gripes e infeces,
alm de contribuir para suprir carncias de tal vitamina. Nas condies da regio
Sudeste, o perodo de produo dos frutos inicia-se em maio e estende-se at meados
de outubro, o que torna a nespereira uma excelente alternativa para a diversificao de
propriedades frutcolas, uma vez que a colheita da nspera coincide justamente com o
perodo de entressafra de outras frutas, permitindo ao fruticultor manter continuidade
de renda durante o ano. O perodo longo da safra devido ao hbito de florescimento
da espcie que ocorre em etapas, num ciclo amplo. Essa a razo pela qual a produo
das nsperas muito menos afetada que a de outras culturas nos anos em que
ocorrem intempries, como geadas fortes, secas prolongadas, granizo, etc. Embora seja
considerada uma frutfera bastante rstica, seu cultivo requer mo de obra qualificada
para desbaste, ensacamento, colheita e embalagem das frutas. Assim, antes da instalao
ou ampliao do pomar, h necessidade de verificar a disponibilidade de mo de obra.
O uso de marmeleiro como porta-enxerto induz nanismo s nespereiras, possibilitando
sua explorao em pomares compactos e facilitando o manejo necessrio das frutas na
fase de desenvolvimento. Considerando ainda que a nespereira no necessita de uso
sistemtico de defensivos, seu cultivo torna-se atraente como fruticultura alternativa
para produo intensiva e mais natural de frutas. As nsperas prestam-se tambm
produo de excelentes geleias e compotas, atividade ainda pouco explorada.
Cultivares:Mizuho - cultivar desenvolvida no Japo e introduzida em So Paulo
por volta de 1950. As frutas so grandes (60 a 80 g), oval-arredondadas, com pele de
colorao amarelo-alaranjada; polpa delicada, um tanto fundente, sucosa e de sabor doce-acidulado suave. Produz grande nmero de sementes. As plantas so vigorosas e muito
produtivas, frutificando com regularidade todos os anos. No entanto, tem o defeito de
produzir frutos muito suscetveis mancha-arroxeada, distrbio relacionado cultivar e
insolao, que afeta a epiderme e prejudica a aparncia; Precoce de Campinas (IAC 165-31) resultante do cruzamento Early Red x Mizuho, efetuado pelo Instituto Agronmico (IAC).
Frutas mdias (50 g), piriformes, ligeiramente angulosas na parte de maior dimetro; a
Boletim, IAC, 200, 2014

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Nspera

A.T.E. Aguiar et al.

pele da fruta de colorao alaranjada, praticamente sem mancha--arroxeada. Polpa


delgada, alaranjado-clara, firme e sucosa; sabor doce-acidulado; teor de acares em
torno de 12 oBrix e acidez de 3,6. Sementes gradas, em nmero elevado. Planta vigorosa,
enfolhamento abundante e alta produtividade. Maturaes precoces, proporcionando
colheitas antecipadas em relao cultivar Mizuho; Nctar de Cristal (IAC 866-7) selecionada no IAC, no lote de seedlings de polinizao aberta da cultivar Togoshi. Frutas de
tamanho mdio (30 a 40 g), de formato bem arredondado; pele amarelo-vivo, praticamente
sem mancha-arroxeada. Aspecto bastante atraente, com boa uniformidade no formato e
colorao das frutas. Polpa de espessura mdia, branco-creme brilhante, macia e bem
suculenta; sabor doce-acidulado forte, aromtico, dos mais agradveis; teor de acares
ao redor de 15 oBrix e acidez de 3,2. Planta bem vigorosa, com propenso a se desenvolver
lateralmente, facilitando sua conduo em forma de taa baixa, bem distribuda; apresenta
alta produtividade. Trata-se de uma nspera que apresenta caractersticas bem peculiares,
no aspecto externo e interno, principalmente por produzir frutos bem arredondados e
apresentar polpa de colorao branca. Assim, interessante que o seu cultivo se faa,
a princpio, em escala limitada; Mizauto (IAC 167-4) - originria da autofecundao do
cultivar Mizuho, efetuada no IAC. Frutas gradas (60 g), forma oval-piriforme, pele bem
alaranjada, pouco sujeita mancha-arroxeada. A polpa espessa, alaranjado-clara, de
consistncia mdia e suculenta. Sabor doce-acidulado, agradvel; teor de acar ao redor
de 14 oBrix e pH de 3,6. Planta vigorosa, com ramos frutferos de comprimento mdio,
bem distribudos, e enfolhamento abundante, apresentando excelente produtividade;
Mizumo (IAC 1567-411) - resultante do cruzamento Mizuho x Mogui, efetuado pelo IAC.
Frutas gradas (65 g, em mdia), arredondadas, pele de colorao alaranjada e com pouca
presena de mancha-arroxeada. Apresenta aspecto bem atraente, polpa espessa, de
colorao alaranjado-clara, de boa consistncia, macia e suculenta. Sabor bem agradvel,
doce-acidulado equilibrado; teores de acares ao redor de 14 oBrix e acidez de 3,8. A
planta bem vigorosa, com abundncia de ramos frutferos de comprimento mdio e
enfolhamento denso, apresentando excelente produtividade. Centenria (IAC 1567-420)
- cultivar coirm da Mizumo, ou seja, procedente do cruzamento Mizuho x Mogui,
efetuado pelo IAC. Frutas gradas (60 g), oval-arredondadas, pele de colorao alaranjada,
pouco sujeitas mancha-arroxeada, aspecto atraente, com boa uniformidade no formato
e colorao. Polpa bem espessa, de colorao alaranjado--clara; sabor agradvel, bem
equilibrado em doura e acidez (14 oBrix e pH de 3,6). Planta vigorosa, ramos frutferos de
comprimento mdio, cachos de tamanho mdio, compactos, que facilitam o desbaste e o
ensacamento dos frutos.
Clima e solo: a nespereira uma espcie subtropical que se desenvolve bem
em regies de temperatura mdia anual est acima de 15 oC, no sujeitas a temperaturas
inferiores a 3 oC. No Estado de So Paulo, a quantidade total de gua que a planta
necessita durante o ano , em geral, satisfeita com as chuvas. Porm a irrigao pode

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Boletim, IAC, 200, 2014

apresentar certas vantagens, principalmente em anos de chuvas mal distribudas ou


ainda quando h dficit hdrico durante o perodo de frutificao. Sob a ao de ventos
fortes, poder haver tombamento de plantas, pois as razes da nespereira so pouco
profundas. Os ramos so resistentes, no havendo perigo de quebra pelo vento, mas
os frutos podem ser prejudicados devido frico contra as folhas e ramos vizinhos.
Os melhores terrenos para a instalao do pomar so aqueles planos ou ligeiramente
inclinados, sempre que as condies sejam favorveis ao escoamento do excesso das
guas das chuvas. A nespereira desenvolve-se bem nos mais diversos tipos de solo,
devendo-se evitar solos encharcados.

Nspera

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Mudas:as nespereiras so enxertadas sobre seedlings da prpria espcie. As


sementes para porta-enxertos devem ser extradas de nsperas maduras, de cultivares
comerciais. Deve-se lavar as sementes em gua corrente e sec-las sombra, para
semeadura posterior. Esta dever ser feita o quanto antes, preferivelmente dentro de
uma semana a partir da extrao das sementes, para garantir uma boa germinao.
Cerca de nove a dez meses aps a semeadura, os porta-enxertos atingiro o ponto de
enxertia (altura de 30-40 cm e dimetro de 0,7 cm), que pode ser feita em qualquer
poca do ano, sendo mais favorvel o perodo correspondente ao ms de maio. O tipo
de enxertia utilizado garfagem, preferivelmente do tipo ingls simples, realizada no
topo do porta-enxerto enfolhado. Deve-se tomar o cuidado de preservar duas a quatro
folhas abaixo da regio de enxertia, cobrindo-se o garfo com um saquinho plstico, por
30 a 40 dias, para evitar o dessecamento.
Espaamento:para plantio convencional, a partir de mudas enxertadas na prpria
espcie, recomenda-se de 8 x 4 m a 8 x 6 m; no caso de plantio adensado, utilizando
marmeleiro como porta-enxerto, deve-se optar por espaamentos de 4 x 2 m a 5 x 3 m.
Mudas necessrias:200 a 310 e 666 a 1.250 ha-1, de acordo com o espaamento
e com o porta-enxerto utilizados.
Plantio: na implantao das mudas no campo, preferir o perodo chuvoso do
ano ou ao menos priorizar dias nublados. O plantio feito em covas de 60 x 60 x 60 cm,
previamente preparadas, acrescentando-se nutrientes (adubos qumicos e orgnicos) na
poro de solo correspondente aos primeiros 20 centmetros superficiais, que formar
o fundo da cova. O volume retirado abaixo dessa profundidade preencher a poro
superior da cova, sendo tambm usado para a confeco da bacia de reteno. A
utilizao de cobertura morta ao redor das mudas contribui para a manuteno da
umidade disponvel.
Controle da eroso: plantio em nvel ou cortando as guas; confeco de
patamares ou banquetas em terrenos de maior declividade; manuteno das ruas
vegetadas, apenas roadas e utilizao de cobertura morta nas linhas de plantio.
Boletim, IAC, 200, 2014

299

Nspera

A.T.E. Aguiar et al.

Calagem: deve ser realizada com base na anlise do solo, cuja amostragem
deve ser criteriosa e representativa da rea, elevando-se a saturao por bases a 70%.
Aplicar o corretivo por todo o terreno antes do plantio ou mesmo durante a explorao
do pomar, incorporando-o por meio de arao e/ou gradagem.
Adubao: plantio - cada cova deve receber pelo menos 8 L de esterco de curral
curtido ou 3 kg de esterco de galinha ou ainda 4 kg de compostagem, 200 g de P2O5 e 60 g
de K2O; aps incio da brotao, aplicar quatro doses de 15g de nitrognio (N) a cada
2 meses; formao - do primeiro ao quinto ano, fornecer anualmente de 100 a 400 g de N,
de 40 a 480 g de P2O5 e de 40 a 480 g de K2O por planta, com base na anlise do solo e
idade das plantas; produo - fornecer anualmente de 60 a 120 kg de N, de 20 a 90 kg de
P2O5 e de 20 a 100 kg de K2O por hectare, com base na anlise do solo e produtividade
estimada. As adubaes de formao e produo devem ser parceladas durante o
perodo chuvoso em trs vezes, no mnimo. Alm disso, recomenda-se o fornecimento
anual de 3 t ha-1 de esterco de galinha ou 15 t ha-1 de esterco de curral curtido.
Podas: desejvel que as nespereiras sejam conduzidas em forma de taa
aberta; nos dois primeiros anos aps o plantio as plantas devem crescer livremente,
eliminando-se brotaes desnecessrias; selecionam-se de 3 a 5 ramos bem distribudos
ao redor do tronco, que devero ser arqueados e tutorados por dois anos, eliminando-se
o excesso de brotao de forma a equilibrar a planta, no permitindo o fechamento do
interior da copa; em mudas enxertadas na prpria espcie, necessrio um segundo
arqueamento das pernadas principais e suas ramificaes por mais dois anos, com
intuito de controlar o crescimento vertical da planta, eliminando-se os ramos ladres,
os que se desenvolvem para o centro da planta, bem como os ramos em excesso; para
plantas enxertadas sobre marmeleiros, o segundo arqueamento no necessrio. Em
plantas adultas, no ms de novembro, elimina-se o excesso de ramos, os ramos ladres,
os quebrados e os fracos, a fim de arejar e permitir a entrada de luz no interior da
copa, equilibrando a produo e a vegetao da mesma; alm da poda, so necessrias
desbrotas peridicas, realizadas durante o desbaste dos frutos ou aps a colheita.
Irrigao: aconselhvel nos perodos secos do ano. A utilizao de cobertura
morta sob as copas, ou por toda a linha de plantio, favorece a manuteno da umidade
do solo e a disponibilizao de nutrientes, bem como o controle de plantas invasoras.
Outros tratos culturais:o desbaste dos frutos, mantendo-se de trs a cinco por
cacho, favorece a obteno de frutos maiores e a proteo dos remanescentes, podendo
ser realizada com cartuchos de folhas duplas de jornal, so operaes indispensveis para
obteno de produto com qualidade comercial adequada. O ensacamento das frutas
com papel opaco as protege contra ataque de pragas e favorece o controle da incidncia
de manchas-arroxeadas, especialmente na cultivar Mizuho, a mais suscetvel a esse
distrbio gentico-fisiolgico.

300

Boletim, IAC, 200, 2014

Controle de pragas e doenas: as nespereiras so plantas bem rsticas e


produtos base de cobre so efetivos para controle das doenas que afetam a cultura,
principalmente a entomosporiose; o ensacamento das frutas suficiente para o controle
da mosca-das-frutas e de mariposas. De qualquer forma, deve-se respeitar a legislao
vigente relativa ao uso de defensivos agrcolas, quanto ao agente biolgico e cultura,
atentando nas recomendaes do fabricante.

Nspera

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Colheita e armazenamento: a colheita concentrada entre os meses de


maio e outubro e realizada manualmente; possvel obter safras comerciais a
partir do 3.o ano aps o plantio. A nspera classificada como fruta no climatrica,
pois no sofre alterao na produo de etileno e de CO2, tanto antes quanto aps a
colheita. Entretanto, alguns estudos apontam para o fato de que em algumas cultivares a
produo de etileno simultnea alterao da cor verde da casca, que vai se tornando
avermelhada, o que pode indicar padro de amadurecimento climatrico. A nspera
apresenta alto valor comercial e curto perodo de vida pscolheita e em geral, o mtodo
mais utilizado para prolongar seu armazenamento a refrigerao na faixa ideal de
temperatura, entre 0 e 5 oC e de umidade relativa, entre 90% e 95%, podendo chegar at
a 30 dias sem comprometimento da qualidade, dependendo da cultivar e do estdio de
maturao. Quando armazenada por longos perodos em refrigerao, a nspera pode
desenvolver desordens fisiolgicas associadas ao frio, como escurecimento da polpa,
perda da suculncia, lignificao de tecidos e aumento de firmeza. A combinao da
embalagem com baixas temperaturas, presena de sachs absorvedores de etileno,
tratamentos trmicos e uso de produtos qumicos ou naturais, podem constituir
estratgias viveis para o armazenamento da nspera, estendendo significativamente
o perodo ps-colheita. As embalagens com filmes de PVC de espessura 20 e 30 m so
adequadas para conservao da nspera cultivar Mogi por at 50 dias, a 3 C.
Produtividade normal:estima-se produtividade variando de 10 a 23 toneladas
de frutas por hectare, em pomares adultos e bem conduzidos. Podem ocorrer variaes
nesses valores em funo da tecnologia empregada e do espaamento adotado.
JOS EMILIO BETTIOL NETO
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
WILSON BARBOSA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JULIANA SANCHES
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
RAFAEL PIO
Universidade Federal de Lavras, Lavras (MG)

Boletim, IAC, 200, 2014

301

Oliva

A.T.E. Aguiar et al.

Oliva

Olea europaea L.

A oliveira (Olea europaea L.) uma espcie frutfera, perene, da famlia


botnica Oleaceae, cujo plantio tem sido realizado em regies que apresentam clima
mediterrneo, temperado e subtropical. No Brasil, a cultura tem sido produzida em
regies de climas amenos como Rio Grande do Sul, Santa Catarina e sul do Estado de So
Paulo, e em regies com altitudes acima de 900 m, como as regies serranas dos Estados
de Minas Gerais e So Paulo. O cultivo tem priorizado cultivares para extrao de azeite.
Cultivares: espanholas - Arbequina, Arbosana, Picual; grega - Koroneiki;
italianas - Frantoio, Grapollo, Ascolana, Coratina; portuguesa - Galega.
poca de plantio: recomenda-se o plantio na estao chuvosa, favorecendo o
pegamento das mudas e o desenvolvimento inicial das plantas.
Espaamento: para as condies de altitude com declive acentuado e em
condies subtropicais, recomenda-se o cultivo tradicional, nos espaamentos 7,0 x 5,0;
6,0 x 6,0 e 6,0 x 5,0 m, com densidade de plantas em torno de 300 plantas por hectare.
Propagao: a oliveira tem sido propagada habitualmente por propagao
vegetativa, especialmente por estaquia, processo pelo qual so mantidas as caractersticas
genticas das plantas-matrizes, de modo tradicional ou por meio da tcnica de cultura
de tecidos. Outras tcnicas tambm so utilizadas, porm em menor escala.
Mudas necessrias: 300 plantas/ha. Plantio intercalado de cultivares - uma
linha de cada cultivar, de modo a favorecer a polinizao cruzada e facilitar a logstica
de colheita. Mudas devem ser adquiridas em viveiros idneos. Ateno para entrada de
pragas e doenas ainda no introduzidas no Brasil. A entrada de material gentico de
pases produtores deve passar por quarentenrio.
Controle de eroso e preparo do solo: construo de terraos e curvas de nvel.
Plantio em nvel. Recomenda-se preparo do solo em rea total e descompactao de
horizontes do solo subsuperficiais. A oliveira no tolera solos mal drenados, encharcados.
Priorizar plantio em sulcos ao invs de covas. Aps o plantio, moldar sulcos em camalho
(elevao), de modo a impedir a reteno de gua no caule da planta.
Calagem e adubao: executar calagem em rea total com calcrio dolomtico
para atingir saturao por bases a 70%. Manuteno do pH do solo acima de 6,0.
Adubao de plantio - 60 kg de nitrognio (N), 100 kg de P2O5 e 100 kg de K2O por hectare.
Aps o primeiro ano de plantio, controlar as adubaes nitrogenadas, aplicando no

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Boletim, IAC, 200, 2014

mais que 50 kg N por hectare, restringindo o desenvolvimento vegetativo. Em funo da


manuteno de valores altos de pH no solo, aplicar via foliar ou via solo, micronutrientes
como boro, cobre e zinco, de acordo com a anlise do solo, para manuteno de nveis
adequados no solo.

Oliva

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Irrigao: irrigar apenas at o pegamento das mudas no campo. A cultura


pouco exigente em gua, requerendo em torno de 600-800 mm/ano, valor facilmente
atingido nas reas produtoras.
Outros tratos culturais: controle do mato, que deve ser mantido roado ou
dessecado com herbicidas nas entrelinhas das plantas. A cultura no tolera competio,
especialmente com plantas daninhas de clima tropical e subtropical. Nos primeiros
anos de cultivo possvel o consrcio com outras plantas de interesse econmico.
Posteriormente, o sistema radicular superficial avana nas entrelinhas, no sendo mais
recomendvel. Poda de formao e poda de produo: a oliveira planta helifita, no
tolera sombreamento, necessitando de luz para a transformao das gemas vegetativas
em gemas reprodutivas, sendo as podas de formao e de produo indispensveis para
a manuteno da produtividade.
Principais pragas: formigas, traa-da-oliveira (Palpita persimilis Munroe),
cochonilha-preta (Saissetia oleae Olivier) e cochonilha parda (Saissetia coffeae Walker).
Principais doenas: olho-de-pavo ou repilo (Spilocacea oleagina Cast.),
antracnose da oliveira (Gloeosporium olivarum Alm.), fumagina (Cappodium
elaeophilum Pril.).
Colheita: no Estado de So Paulo, de janeiro a abril, em funo das condies
climticas. A colheita pode ser manual ou mecanizada.
Produtividade normal: ao atingir estabilidade de produo, aps 10-15 anos,
esta atinge valores de 20-30 kg/planta. A maioria dos olivais brasileiros tem menos de
10 anos (ano de 2013) de idade. H registro de produes desde 1-2 kg/planta, at
20-70 kg/planta. O incio da produo depende da cultivar e das condies ambientais,
havendo inmeros casos em que a produo tem incio no segundo ou terceiro ano de
plantio. A oliveira apresenta alternncia de produtividade, com ano de alta produo
seguido de ano de produtividade menor.
Armazenamento e comercializao: a qualidade do azeite depende de
colheita adequada, respeitando o ponto de maturao correto para cada cultivar e cada
localidade. Para o armazenamento e o transporte, os frutos devem ser acomodados
em caixas plsticas abertas, em camadas baixas, para impedir que sejam esmagados.
O perodo entre a colheita e a extrao do azeite no deve ser superior a 24 horas.
Frutos sos, sem folhas, ramos e terra devem ser processados aps lavagem. A extrao

Boletim, IAC, 200, 2014

303

Oliva

A.T.E. Aguiar et al.

do azeite, seja fsica ou mecnica, deve ser realizada em temperatura no superior a


27 oC, e sem adio de produtos qumicos ou enzimticos durante todo processo. O
azeite deve ser armazenado em embalagens escuras, em local sem incidncia de luz,
em temperatura entre 13 e 15 oC. As folhas de oliveira so comercializadas para fins
teraputicos e medicinais.
Observaes: Verificar as condies climticas da regio antes de implantar
o olival. As cultivares comercializadas no Brasil exigem pelo menos 400 horas de frio
abaixo de 12,5 oC para florescimento, e amplitude trmica entre a temperatura mnima
noturna e a mxima diurna no superior a 18 oC. Consultar o servio meteorolgico local
para obteno de informaes.

JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDNA IVANI BERTONCINI
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Orqudea

Orqudea

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Com exceo dos polos Norte e Sul, alm da Groenlndia, regies de estepes
e desertos, as orqudeas ocorrem em todos os continentes, com grande predominncia
nas regies tropicais e subtropicais, sendo que a grande maioria ocorre nas Amricas do
Sul e Central. Praticamente mais de 80% das espcies/hbridos so plantas epfitas e os
outros restantes so de espcies/hbridos que crescem em cascalhos, rochas e algumas
terrestres. A produo e a comercializao de orqudeas tm crescido anualmente,
envolvendo montantes na ordem de centenas de milhes de dlares e esto estabelecidas
ao redor do mundo, principalmente em alguns pases asiticos, EUA, Holanda, Austrlia,
frica do Sul, Brasil, Colmbia, Mxico, alm de outros pases.
Cultivares: as principais orqudeas comercializadas em todo o mundo pertencem
aos gneros asiticos Cymbidium, Dendrobium e Phalaenopsis, o que significa centenas
de espcies e hbridos com diferentes caractersticas de plantas e flores. Tambm
expressiva a produo e comercializao de Cattleyas, Oncidium e micro-orqudeas.
Entre as terrestres, destacam-se espcies/hbridos dos gneros Phragmipedium,
Paphiopedilum, conhecidos como sapatinhos-de-princesa e espcies do gnero
Arundina spp. A grande maioria das orqudeas apropriada para cultivo em vasos, mas
algumas orqudeas so comercializadas somente pelas inflorescncias, neste caso sendo
consideradas como flores de corte.
Luz: muitas orqudeas toleram alta incidncia solar enquanto outras preferem
ambientes mais escuros. Em mdia, deve-se proporcionar perodos alternados de luz e
sombra, evitando expor a planta entre as 10 e as 15 horas sob luz solar direta. Sob cultivo
em telado, casas de vegetao ou estufas, deve-se empregar tela de sombreamento que
permita passar somente 30% da luz solar total. As condies de ripado proporcionam
melhor crescimento, uma vez que propiciam condies alternadas de luz e sombra.
Temperatura: as orqudeas que crescem nas regies tropicais e subtropicais
experimentam altas temperaturas no vero, inclusive noite, na faixa de 35-40 oC,
como tambm baixas temperaturas durante o inverno, ao redor de 10 oC. A tolerncia
temperatura est diretamente relacionada umidade, ventilao e luz.
Umidade: como a maioria das orqudeas cultivadas composta de plantas
epfitas, a umidade relativa do ar mais importante que a umidade nas razes, ou seja,
deve-se permitir que a planta se submeta a perodos alternados de alta umidade
noite e, na sequncia, dias mais secos. Essas so condies fundamentais, tanto para o
crescimento da planta, como para o florescimento.

Boletim, IAC, 200, 2014

305

Orqudea

A.T.E. Aguiar et al.

Ventilao: orqudeas gostam de ambientes com circulao de ar, que permitam


a variao entre alta e baixa umidade do ar, ativando mecanismos internos de proteo
perda de gua. reas com vento no so recomendadas.
Substratos: tentando imitar a natureza, as orqudeas devem ser cultivadas
em substratos orgnicos ou sintticos, que possuam grande porosidade para o
escoamento do excesso de gua; o substrato tambm deve permitir a fixao da planta.
Sua decomposio deve ser lenta, em torno de 3-4 anos, para permitir crescimento
e florescimento adequados. Existe uma infinidade de materiais que se prestariam ao
cultivo de orqudeas, porm, a orientao para que se utilizem aqueles materiais de
maior disponibilidade na regio ou no pas. Atualmente existem venda diversos tipos
de substratos prontos para o consumo e que so compostos de diversos materiais base
de casca de coco ou casca de Pinus spp., em mistura com outros coadjuvantes como
carvo vegetal, isopor, fragmentos de cermica e alguns minerais. Na verdade, a lista de
substratos enorme.
Recipientes: devido disponibilidade de material, hoje em dia so empregados
principalmente vasos plsticos, mas os vasos de cermica so mais indicados,
principalmente vasos de altura reduzida, dimetro proporcional ao tamanho da planta
e com furos na lateral e no fundo. As orqudeas tambm podem ser cultivadas em
cacheps, fragmentos de ramos ou amarradas em rvores.
Florescimento: as orqudeas so plantas perenes e florescem uma vez por ano.
A quantidade de flores e a durao da florada dependem das condies de cultivo, da
fitossanidade e da nutrio das plantas. A induo floral se d pela influncia do clima,
principalmente temperatura e umidade relativa e a resposta ocorre alguns meses depois.
Regas: dar preferncia aos equipamentos de asperso, evitando-se o
encharcamento dos vasos. A frequncia das regas est em funo do tipo de vaso,
do substrato e do perodo do ano. Nos meses mais quentes, duas vezes por semana
e nos perodos frios, uma rega semanal. Fazer a rega preferencialmente pela manh,
procurando-se banhar toda a planta e o substrato.
Adubao e nutrio: na fase de crescimento a maior demanda por nitrognio
e empregam-se formulaes hidrossolveis 30:10:10. Aps o crescimento inicial,
deve-se reduzir o nitrognio para 10:10:10 e, aproximadamente, dois meses antes da
florao, alterar para 20:05:30, na concentrao de 1g L -1 de gua da fertirrigao.
Pragas e doenas: o excesso de regas, o excesso de adubao e a introduo de
plantas com manchas nas folhas so as principais causas de doenas. As principais pragas
que ocorrem esto localizadas na superfcie inferior de folhas novas, principalmente
pulges, cochonilhas e caros. Podem ocorrer lagartas. No controle das principais pragas

306

Boletim, IAC, 200, 2014

devem-se utilizar inseticidas piretroides aerossis, base de gua. Para o controle das
doenas, o mais eficaz a eliminao da planta. Recomenda-se cultivar espcies/hbridos
de grupos similares, pois assim as condies de cultivo sero efetivas para a maioria das
orqudeas. Quando uma orqudea cresce muito, necessrio fazer a diviso da planta
em touceiras contendo pelo menos quatro pseudobulbos cada; podam-se as razes mais
longas e o replante ser individualizado, orientando a parte da brotao para o centro do
vaso. Em algumas espcies/hbridos (p. ex. Dendrobium) a diviso do pseudobulbo pode
originar mudas, que originaro plantas. Todas estas operaes devem ser realizadas no
estdio de crescimento de razes e brotos, ou seja, na primavera e no vero.

Orqudea

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Giulio Cesare Stancato


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Palmarosa

A.T.E. Aguiar et al.

Palmarosa

Cymbopogon martinii (Roxb.) J.F.Watson


uma planta herbcea, ereta, de altura entre 0,60 e 2,0 m, denso-perfilhada,
perene, da famlia Poaceae. Contm, principalmente em suas abundantes inflorescncias,
leo essencial rico em geraniol de boa qualidade olfativa, muito utilizado em perfumaria,
obtido da destilao por arraste de vapor da parte area da planta.
Cultivar: a prpria espcie botnica.
Clima e solo: a palmarosa desenvolve-se melhor em solos areno-argilosos,
permeveis, frteis e bem drenados. Quanto ao clima, prefere o tropical, suportando
com restrio o subtropical, pois no tolera geada e frio intenso.
poca de plantio: de setembro a novembro ou em maro, em localidades
mais quentes.
Espaamento: de 0,80 a 1,20 m entrelinhas e de 0,40 a 0,60 m entre plantas.
Mudas necessrias: 15.000 a 32.000/hectare.
Calagem e adubao: corrigir a acidez do solo elevando o ndice de saturao
por bases a 70%. No plantio, aplicar 10 kg ha-1 de nitrognio (N) e, de acordo com a
anlise do solo, de 30 a 60 kg ha-1 de P2O5 e de 30 a 60 kg ha-1 de K2O. Aplicar 60 kg ha-1 de
N em cobertura, 30 dias aps o plantio e repetir a aplicao de N e K2O aps cada corte.
Irrigao: ser necessria durante o perodo de estiagem, aps as adubaes de
cobertura e aps as colheitas.
Outros tratos culturais: replante de mudas nas falhas decorrentes da morte de
mudas no plantio e nas operaes de capina.
Principais pragas: a palmarosa muito resistente a pragas.
Principais doenas: ocasionalmente, ocorre ferrugem da folha.
Colheita: a colheita realizada a partir do segundo ano, pois o crescimento inicial
lento. Deve ser feita quando as plantas esto em pleno florescimento, em mdia duas
vezes por ano, cortando a touceira entre 10 e 15 cm acima do nvel do solo, manual ou
mecanicamente. A cultura pode permanecer em produo at cinco anos. O leo essencial,
que apresenta aroma semelhante ao de rosas, muito utilizado em perfumaria.

308

Boletim, IAC, 200, 2014

Produtividade normal: de 20 a 40 t ha-1 de massa por ano, resultando em 60 a


120 kg de leo essencial.
Rotao: aconselhvel, com culturas leguminosas ou outras espcies no gramneas.

Palmarosa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

ELIANE GOMES FABRI


JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC) Campinas, (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

309

Palmeira
Ornamental

A.T.E. Aguiar et al.

Palmeira Ornamental

As palmeiras apresentam caules lenhosos denominados estipes, que podem


ser subterrneos, flexveis (em forma de lianas), solitrios ou mltiplos. As folhas podem
ser grandes ou pequenas e o limbo foliar varia desde o formato de uma pena forma
de um leque. As flores das palmeiras so pequenas, sem maiores atrativos, podendo
apresentar cores e odores agradveis ou ftidos. A maioria das espcies floresce
regularmente, durante toda a vida, enquanto outras, somente uma vez, morrendo em
seguida. O conjunto de folhas forma a fronde. Os frutos das palmeiras podem variar de
pequenos a grandes, com peso variando de miligramas a quilos. As razes das palmeiras
so em forma de cabeleira, cilndricas e abundantes. No mundo so citadas cerca de
2.800 espcies e no Brasil, aproximadamente 400, dispersas em todo o territrio.
Espcies mais cultivadas: nativas - Attalea spp., Butia spp., Cocos nucifera,
Lytocaryum weddellianum, Syagrus romanzoffiana; exticas - Archontophoenix spp.,
Areca spp., Bismarchia nobilis, Caryota spp., Chamaedorea spp., Dypsis spp., Licuala
spp., Phoenix spp., Rhapis excelsa, Roystonea spp., Veitchia spp., Washingtonia robusta,
Wodyetia bifurcata, entre outras.
Clima e solo: as palmeiras ocorrem em diferentes tipos de climas, geralmente
tropicais e subtropicais, sendo que temperaturas baixas e geadas so restritivas ao
seu cultivo.
poca de plantio: as palmeiras podem ser plantadas o ano todo, mas
preferencialmente na poca chuvosa.
Espaamento: para produo de mudas o espaamento varia de acordo com a
espcie a ser cultivada e em paisagismo, deve-se obedecer ao projeto.
Propagao: pode ser por sementes ou por diviso de touceiras.
Colheita dos frutos: deve ser feita quando se apresentam maduros.
Viabilidade das sementes: varia entre as espcies e entre as plantas, bem como
com o mtodo de estocagem.
Limpeza das sementes: aps a limpeza, as sementes devem ser colocadas em
local arejado e sombreado, para secar.
Semeadura das sementes: o ideal que a semeadura seja feita logo aps a secagem
das sementes. A desidratao das sementes de palmeiras um dos principais motivos da
perda de viabilidade. Os sacos de polietileno so os ideais para o seu armazenamento.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Recipientes para semeadura: os recipientes indicados podem ser vasos de


barro, de plstico, bandejas, sacos plsticos, garrafas de plstico (pet), etc. Sementes
pequenas, cuja germinao no necessita profundidade, podem ser germinadas em
bandejas ou sacos plsticos. Para as maiores, cuja germinao necessita profundidade,
utilizam-se recipientes mais profundos para o desenvolvimento do eixo da plntula.

Palmeira
Ornamental

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Substratos indicados: os substratos utilizados devem apresentar boa drenagem


e capacidade de manter a umidade. Uma mistura de areia de rio e terra orgnica (1:1;
1:2) um bom substrato, mas a proporo de terra orgnica vai depender do local da
sementeira, sombreado ou a pleno sol. Nesta ltima situao a porcentagem de matria
orgnica deve ser maior para reter a umidade. Outro tipo de substrato, atualmente
utilizado, a vermiculita de textura mdia. A casca de arroz carbonizado tambm uma
boa opo, pois estimula o enraizamento.
Profundidade e espaamento da semeadura: a profundidade de semeao
depende da espcie e do ambiente. As sementes a pleno sol, devem ser cobertas com
1 a 2 cm de substrato, enquanto em local protegido (sombreado), de 0,5 a 1 cm de
recobrimento o ideal.
Propagao vegetativa: as espcies de palmeiras que formam touceiras podem
ser multiplicadas por diviso, que deve ser mais cuidadosa, principalmente para as
espcies que produzem touceiras muito densas. Com o auxlio de ferramentas afiadas,
a touceira deve ser dividida e deixada no local at a brotao. Depois, retira-se o bloco,
separando-o da touceira-me e transplantando-o para local protegido do sol.
Adubao: a recomendao para uma adubao adequada em sua rea de
produo de palmeiras feita em funo das anlises do solo, foliar ou at mesmo
pelos sintomas visuais de deficincia mineral. Aplica-se o adubo recomendado no raio
de projeo da copa, em todas as fases da palmeira at a comercializao (crescimento
e manuteno) e aps adubar deve-se irrigar as plantas, a fim de evitar a queima das
mesmas.
Irrigao: as palmeiras necessitam de irrigao em praticamente toda a sua
fase de produo. Esta deve ser bem planejada, para evitar o desperdcio de gua,
energia e mo de obra. Atualmente, os sistemas de irrigao utilizados so asperso,
microasperso e gotejamento, sistemas que permitem tambm o uso da fertirrigao.
Principais pragas: lagartas-das-folhas, pulgo-preto-das-palmeiras, caro-do-coqueiro e nematoide.
Principais doenas: antracnose e fusariose.
Poda: em palmeiras a poda bem diferente daquela normalmente executada

Boletim, IAC, 200, 2014

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Palmeira
Ornamental

A.T.E. Aguiar et al.

na maioria dos outros grupos de plantas. necessrio ter em mente que quando o estipe
ou a regio do palmito cortado, a planta morre. No h a formao de novos brotos,
a no ser que a espcie seja do tipo touceira, cujos brotos podem nascer somente na
base do estipe. Em palmeiras, existe a poda de limpeza, que consta da remoo das
folhas e inflorescncias velhas, danificadas ou doentes. As folhas verdes no devem ser
retiradas, devido possibilidade de ocasionar srios danos planta. Em alguns casos, a
presena das folhas velhas na planta confere um atributo a mais ao aspecto ornamental
da palmeira.
Transplante final: o primeiro passo correlacionar as exigncias da espcie
s condies do local do plantio definitivo como umidade, tipo de solo, incidncia de
luz e temperatura. recomendado que seja feita a poda de razes antes da retirada do
torro, o que induz o crescimento de novas razes e aumenta as chances de pegamento
no transplante. Aps a poda, recomenda-se esperar um perodo de aproximadamente
dois meses para a remoo do torro. Embora essa tcnica envolva maiores gastos, o
custo/benefcio deve ser levado em conta.
LUIZ ANTONIO FERRAZ MATTHES
ROBERTA PIERRY UZZO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Palmito Aa

Euterpe oleracea Mart. e Euterpe spp. com perfilhamento

Palmito Aa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A espcie Euterpe oleracea apresenta palmeiras de caule cespitoso que so


conhecidas como aa, aa-do-par ou palmito-aa. nativa da regio amaznica,
sendo mais abundante na parte oriental, ocorrendo nos estados do Amap, Maranho,
Par e Tocantins, em grandes colnias, prxima a ribeires e rios, principalmente no
Esturio do rio Amazonas. Contrastando com o palmiteiro juara (E. edulis), apresenta
alta capacidade de perfilhamento, que ocorre desde 2 a 3 anos de idade, formando
a chamada touceira com at vinte e cinco perfilhos o que possibilita a explorao
sustentada de suas populaes nativas. A espcie tambm possui ciclo longo (6 a 8 anos) e
palmito de caractersticas semelhantes ao juara, sendo, no entanto de menor dimetro,
colorao um pouco mais escura e textura mais firme. A despeito do farto perfilhamento,
seu rendimento mais baixo que o juara. A extrao comercial do palmito de aa
teve incio no esturio do rio Amazonas no final dos anos 60 do sculo passado, como
consequncia da dizimao de populaes nativas do juara no sudeste brasileiro. Ainda
que o cultivo de outras palmeiras para produo de palmito tem aumentado nos ltimos
anos, o aa ainda a principal fonte de produo de palmito para comercializao,
sendo o Estado do Par o maior produtor. Atualmente, outro produto extrado dessa
palmeira tem contribudo para diminuio do extrativismo para a produo de palmito.
A polpa de aa, obtida a partir da macerao do mesocarpo dos frutos do aaizeiro,
ganha espao no mercado nacional e internacional de polpa de frutas, apresentando
grande demanda fora da regio tradicional de consumo. Esse fato tem desestimulado a
derrubada da palmeira para extrao do palmito, uma vez que o valor pago pelo cacho
de frutos mais compensador que aquele pago pela haste. Embora a rea de disperso
natural do aaizeiro seja o Esturio Amaznico, h possibilidades de seu cultivo racional
em outros estados brasileiros. No Estado de So Paulo foi introduzido por volta de 1950
e, desde ento, tem apresentado boa adaptao de cultivo no litoral paulista.
Cultivares: a prpria espcie botnica. A introduo e o cultivo de aa na regio
sudeste culminou na hibridao natural entre essa espcie e o palmiteiro (E. edulis). Esses
hbridos podem perfilhar (0 a 3 perfilhos/palmeira) e apresentam crescimento superior a
seus parentais, o que se traduz em maior precocidade para produo de palmito.
Clima e solo: se desenvolve melhor em clima tropical mido (temperatura
mdia anual acima de 22 oC precipitao acima de 1.600 mm por ano). No tolera
geada, especialmente quando jovem (at 60 cm de altura). Desenvolve-se mesmo
em solos pobres e cidos, no entanto, cresce mais rapidamente em solos com maior

Boletim, IAC, 200, 2014

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Palmito Aa

A.T.E. Aguiar et al.

fertilidade. A produo de palmito em reas de fertilidade baixa deve basear-se na


reposio de nutrientes atravs de adubaes anuais parceladas, preferencialmente
com adubos orgnicos.
Propagao: por sementes colhidas de palmeiras selecionadas pelo dimetro,
nmero de folhas e sanidade. As palmeiras das quais se colher sementes devem estar
em conjunto com outras da mesma espcie e no mesmo estdio de desenvolvimento,
para evitar a autofecundao forada de plantas isoladas que acarreta queda de vigor
das mudas obtidas. Recomenda-se marc-las de modo permanente e anualmente colher
parte das sementes dessas plantas.
Colheita de sementes: o ponto ideal de colheita dos frutos quando esto pretos
e opacos, quase cerosos. Na regio de origem sua maturao ocorre de agosto a dezembro
sendo os frutos agrupados em cachos com duas a cinco mil sementes. Para melhor
qualidade das sementes colher somente os frutos do cacho ainda preso planta, pois as
sementes que esto no cho tm o seu poder germinativo comprometido. Colocar um
plstico ou encerado logo embaixo da palmeira e derrubar os cachos maduros sobre ele,
recolhendo apenas as sementes que carem sobre o encerado. importante ressaltar que
a colheita de sementes de juara segue as regras comuns a todas as espcies florestais, Lei
Federal 10.711/03, que deve ser consultada para mais informaes.
Despolpamento: esta prtica acelera e uniformiza a germinao das sementes
que leva de 30 a 90 dias. Pode ser realizado de duas formas. Podem-se acondicionar
os frutos maduros, recm-colhidos, em sacos plsticos e umedec-los at completa
saturao. Aps a retirada do excesso de gua, fechar os sacos mantendo-os
sombra, em temperatura ambiente. Aps 3 ou 4 dias a polpa comea a se soltar da
semente que pode ser retirada totalmente atritando os frutos em peneira de malha
grossa (peneiras de caf ou de feijo) em gua corrente. A despolpa tambm pode
ser realizada deixando os frutos totalmente imersos em gua em um recipiente
aberto, por um perodo de at quatro dias (se mais de um dia a gua deve ser trocada
diariamente para que no haja fermentao). As sementes que flutuarem durante a
imerso devem ser eliminadas, pois esto danificadas. Para retirada total da polpa que
ainda permanecer aderida pode-se usar a tcnica da peneira. A taxa de germinao
est em torno de 90% quando h o despolpamento.
Formao de mudas em viveiro: devido alta porcentagem de germinao
das sementes (90%) a semeadura pode ser realizada diretamente no recipiente onde
a muda ser produzida. Coloca-se uma semente por recipiente cobrindo-se com 1 a 2 cm
de substrato. Como recipiente podem-se utilizar saquinhos plsticos (de 10-13 cm de
dimetro por 14-16 cm de altura) preenchidos com substrato, que deve ser de boa
qualidade e rico em matria orgnica. Pode-se utilizar uma mistura de solo e esterco

314

Boletim, IAC, 200, 2014

de gado curtido na proporo mnima de 1:2 ou substratos prontos base de matria


orgnica, como hmus por exemplo. Aps a escolha ou preparo do substrato importante
fazer sua anlise qumica e fsica para verificar se h necessidade da adio de calcrio
para elevar a saturao por bases (60%) ou adio de outro elemento qumico, como
fsforo e potssio. No caso de se utilizar recipientes menores (tubetes ou saquinhos de
menor tamanho), o tempo de formao da muda tambm dever ser menor (5-8 meses).
A germinao inicia-se aos 30 dias em pocas mais quentes podendo estender-se at
os 90 dias. H necessidade de sombreamento nessa fase e a irrigao deve ser bastante
criteriosa para que no falte gua, pois nesse caso, a germinao pode ser prejudicada.
Colocar os saquinhos em canteiros (10 a 12 sacos por linha) sob viveiro ou outro local que
inicialmente possibilite 50% de sombra. Podem-se utilizar viveiros com cobertura protetora
nas laterais (madeira, bambu, sombrite, etc.). O sombreamento final do viveiro deve ser
semelhante quele que a muda receber quando estiver em local definitivo. Mudas mal
formadas, com desenvolvimento vegetativo inferior mdia, ou danificadas pela presena
de alguma doena devem ser descartadas nesta fase.

Palmito Aa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Transplante de mudas: poder ser realizado quando as plantas estiverem com


cerca de 20 a 30 cm de altura e possurem de 3 a 4 folhas vivas, o que ocorre entre o
10.o e o 14.o ms aps a semeadura, quando as mudas so formadas em recipientes
maiores. O melhor perodo de transplante durante a poca dasguas. Retirar a muda
do recipiente e colocar o torro na cova, preenchendo os espaos vazios com terra de
superfcie e comprimindo o suficiente para manter a muda firme no lugar.
Espaamento: para o cultivo solteiro para produo de palmito utilizar 2,5 x 1,5 m.
No cultivo consorciado, plantar duas a trs linhas de aaizeiro na faixa central da entrelinha
do cultivo principal, com o espaamento entre plantas de 2,5 x 1,5 m. comum o conscio
com seringueiras (Hevea brasiliensis). Para produo de frutos, o espaamento de 5,0 x 5,0 m
ou, alternativamente, 5,0 x 4,0 m ou 6,0 x 4,0 m, com manejo de 3 a 4 estipes por touceira.
Tratos culturais: roadas peridicas para diminuir a competio por luz, gua e
nutrientes e apressar o desenvolvimento. No capinar, devido ao tipo de sistema radicular
(superficial) que essas plantas possuem. O uso de adubos verdes (feijo-de-porco,
amendoim forrageiro) nas entrelinhas, quando realizado o cultivo solteiro, diminui o
aparecimento/crescimento de plantas daninhas. Para aumentar o desenvolvimento da
touceira e permitir corte de palmito mais precocemente, manejar os perfilhos, deixando
3 a 4 bem distribudos por touceira e mais um perfilho novo por ano, a partir do terceiro
ano de plantio. Assim, dependendo da regio e das condies climticas possvel iniciar
o corte da palmeira para obteno do palmito entre o quarto e quinto ano.
Pragas e doenas: a principal doena denominada antracnose e causada
pelo fungo do gnero Colletotrichum, que pode ocorrer nos frutos, comprometendo

Boletim, IAC, 200, 2014

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Palmito Aa

A.T.E. Aguiar et al.

a produo de polpa ou nas mudas e ser limitante em condies de viveiro. J com


relao a insetos, temos os de viveiro (gafanhotos, cigarrinhas, cochonilhas e pulges)
e os de campo (especialmente o coleptero Rhyncophorus). Esse ltimo conhecido
popularmente como broca-do-olho-do-coqueiro e suas larvas perfuram o estipe da
palmeira, danificando o local de produo do palmito, alm de afetar o desenvolvimento
da planta. O controle feito utilizando-se armadilhas confeccionadas com baldes
plsticos com iscas atrativas (toletes de cana-de-acar ou melao) no seu interior.
Colheita do palmito: cortar somente as palmeiras que apresentem DAP (dimetro
na altura do peito - 1,30 m) acima de 10 cm, poupando um estipe por planta para a
produo de sementes quando a densidade de plantas por hectare for baixa. Fazer o corte
alto (50 a 80 cm) para reciclar os nutrientes para os perfilhos na touceira. O intervalo ou
ciclo de corte est em torno de 2 a 4 anos, na mesma touceira, para palmito de primeira
qualidade, dependendo da regio de produo, clima, solo, espaamento e adubao.
Ps-colheita do palmito: o palmito depois de colhido um produto altamente
perecvel, durando no mximo de 5 a 7 dias quando mantido com 4 capas (bainhas
externas). Ocorre escurecimento enzimtico das pontas e apodrecimento devido ao
aparecimento de fungos comuns em material em decomposio. Como o palmito
constitudo basicamente de gua, aconselha-se a sua colheita em poca chuvosa e o seu
processamento no mximo 36 horas aps a colheita.
VALRIA APARECIDA MODOLO
MARIA LUIZA SANTANNA TUCCI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Palmito de Palmeira Real


Australiana

Palmito de Palmeira
Real Australiana

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Archontophoenix spp.

As espcies do gnero Archontophoenix, originrias do leste da Austrlia, vem


sendo utilizadas no Brasil como palmeira ornamental desde o Imprio. A partir da dcada
de 90 do sculo passado, com a busca de novas alternativas para produo de palmito,
uma vez que as reservas de palmiteiro juara e aa j estavam bastante dilapidadas,
teve incio seu cultivo em larga escala, com esse objetivo. Embora seja de estipe nico,
o crescimento dessas palmeiras acentuado, estando apta para corte com 2 a 3 anos
de idade. As duas principais espcies do gnero (A. alexandrae e A. cunninghamiana) se
prestam para essa atividade. A rusticidade das plantas tambm superior s do gnero
Euterpe, apresentando facilidade na formao de mudas, bem como alta sobrevivncia
no campo. O palmito da palmeira real australiana de excelente qualidade (cor, sabor,
textura), porm apresenta escurecimento acentuado aps o corte. Seu cultivo para
produo de palmito tambm feito de forma adensada e vem sendo realizado em
diferentes regies agrobioclimticas, devendo-se alertar, no entanto, para o fato de que,
tal como outras palmeiras, precisa de temperatura adequada, gua (proporcionada por
chuvas regulares e/ou irrigao) e manejo correto do solo (calagem, adubao, etc.) para
que haja produo economicamente vivel de palmito.
Cultivar: as duas espcies A. alexandrae e A. cunninghamiana. No h cultivar
ou variedade comercial.
Clima e solo: assim como ocorre com o cultivo da pupunheira, a precocidade de
produo, ou seja, o tempo necessrio para colheita do palmito correlaciona-se com as
condies climticas da regio. So ideais para o cultivo, regies com ndice pluviomtrico
acima de 1.600 mm/ano, distribuio de chuvas regular ao longo do ano e temperatura
mdia anual de 22 oC. Nessa situao o cultivo ocorre sem exigncia de irrigao. Em
regies com distribuio de chuvas irregular h necessidade de irrigao para produo
de palmito de qualidade. Nesse caso e tambm quando a regio apresenta temperaturas
mdias mais baixas h menor desenvolvimento vegetativo da planta e por isso aumento
do ciclo de produo. relativamente tolerante a geada, mesmo em estdio de muda
(20 a 50 cm de altura). Prefere solos de textura mdia a arenosa e com boa drenagem.
Propagao: por sementes. Como no existe variedade comercial devem-se
selecionar plantas matrizes pelo dimetro, nmero de folhas e sanidade, que so
caractersticas importantes no cultivo para produo de palmito. Os frutos encontram-se

Boletim, IAC, 200, 2014

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Palmito de Palmeira
Real Australiana

A.T.E. Aguiar et al.

agrupados em cachos e a colheita deve ser realizada quando apresentarem a colorao


de vermelho-claro a vermelho-intenso. Colocar um plstico ou encerado embaixo e ao
redor da palmeira e derrubar os cachos maduros sobre ele, recolhendo somente os
frutos que carem sobre o encerado.
Preparo das sementes: os frutos devem ser retirados do cacho logo aps a
colheita. O despolpamento pode ser feito acondicionando os frutos em sacos plsticos
e umedecendo-os com gua at sua completa saturao. Posteriormente, retira-se o
excesso de gua, fecham-se os sacos, mantendo-os sombra e temperatura ambiente.
Aps dois ou trs dias os frutos j apresentam a polpa praticamente solta, e para sua
retirada completa devem ser atritados em peneira de malha grossa e lavados em gua
corrente. Para despolpa tambm se pode imergir totalmente os frutos em gua em
recipiente aberto, trocando-a todos os dias (perodo de 2 a 4 dias) para no ocorrer
fermentao. Posteriormente retira-se completamente a polpa com auxlio da peneira,
assim como mencionado anteriormente. Em ambos os tipos de despolpa, em seguida
as sementes so tratadas com gua sanitria (soluo de hipoclorito de sdio a 2,5%)
diluda em gua (100 mL de gua sanitria/1 litro de gua), por 15 minutos. Deixar secar
a sombra por um dia e depois colocar para germinar. Devido variabilidade da espcie
encontram-se de 500 a 1.200 sementes por quilograma.
Produo de mudas: devido alta porcentagem de germinao das sementes
(90% a 100%) a semeadura pode ser realizada diretamente no recipiente onde a muda
ser produzida. Colocam-se de 1 a 3 sementes por recipiente cobrindo-se com 1 a
2 cm de substrato. Como recipiente, podem-se utilizar saquinhos plsticos (de 10-13 cm
de dimetro por 15-18 cm de altura) preenchidos com substrato com pelo menos 1/3
de matria orgnica (esterco ou hmus) na sua composio. No caso de se utilizar
recipientes menores (tubetes ou saquinhos de menor tamanho) o tempo de formao
da muda tambm dever ser menor (4-5 meses). A germinao inicia-se aos 20 dias
em pocas mais quentes podendo se estender at os 90 dias. H necessidade de
sombreamento nessa fase. Colocar os saquinhos em canteiros (10 a 12 sacos por linha)
sob viveiro ou outro local que possibilite 50% de sombra. Podem-se utilizar viveiros com
cobertura e protetores nas laterais (madeira, bambu, sombrite, etc.). Retirar a sombra
progressivamente, medida que a muda se desenvolve.
Tratos culturais em viveiro: controlar as plantas daninhas manualmente e
observar a ocorrncia de pragas e doenas. A palmeira real australiana mais resistente
a doenas que normalmente ocorrem em viveiros, se comparada s outras palmeiras
produtoras de palmito. As pragas mais comuns em viveiro so gafanhotos, brocas e
caros, estes em viveiro mal manejado e com pouca aerao. Aplicao de inseticidas
apropriados controla facilmente esses insetos. Animais silvestres tais como capivaras,

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Boletim, IAC, 200, 2014

pacas e veados ou lebres podem comer as plantas enviveiradas. Neste caso, deve-se
cercar a rea do viveiro. Roedores podem se alimentar das sementes.
Seleo de mudas: devido variabilidade da espcie recomenda-se a
padronizao de lotes de mudas, selecionando aquelas de maior dimetro da base da
planta (colo ou coleto) e o nmero de folhas vivas. Classificar os lotes para que no campo
no haja mistura de diferentes tamanhos na mesma rea. O descarte de mudas mal
formadas deve ser realizado nesse momento.

Palmito de Palmeira
Real Australiana

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Preparo da rea: com critrio, especialmente em solos de estrutura pesada


ou compactados por usos anteriores. Arao e gradagem so recomendadas. Plantio
com posterior incorporao de adubos verdes antes da instalao da cultura deve
ser utilizado principalmente em reas de pastagens, pois melhora a estrutura do solo
e diminui a competio inicial com plantas daninhas. O plantio das mudas dever ser
realizado em reas a pleno sol. O uso de adubao verde (guandu, tefrsia, feijo-de-porco
ou crotalria) na entrelinha favorece o pegamento das mudas aps o transplante.
Espaamento: 1,50 x 0,70 m ou 1,70 x 0,50 ou 2,0 x 0,50 m.
Adubao de plantio: antes do plantio, aplicar calcrio dolomtico para elevar
a saturao por bases a 50%. Aplicar, se disponvel, 5 a 20 t ha-1 de esterco de curral,
aplicando o adubo orgnico na cova antes do plantio, misturado com o adubo mineral
fosfatado e potssico. De acordo com a anlise do solo, aplicar, no sulco, 50 a 120 kg ha-1
de P2O5 e at 60 kg ha-1 de K2O. Em cobertura, 30 dias aps o transplante, ao redor da
muda, 20 kg ha-1 de N, repetindo esta dose mais duas vezes, a cada 2 meses (dispensar
esta adubao nitrogenada, caso tenha sido usado o esterco ou o composto).
Adubao de produo: iniciada 6 meses aps o transplante das mudas. De
acordo com a produtividade esperada e com a anlise do solo, aplicar por ano 80 a
200 kg ha-1 de N, 0 a 30 kg ha-1 de P O , 20 a 100 kg ha-1 de K O, 10 a 30 kg ha-1 de S e
2 5
2
1 a 2 kg ha-1 de B.
Tratos culturais: roadas peridicas para eliminao de plantas daninhas,
principalmente na fase inicial do cultivo (primeiro ano). O uso de adubos verdes
(feijo-de-porco, amendoim forrageiro) nas entrelinhas, diminui o aparecimento/
crescimento de plantas daninhas.
Irrigao: em reas com precipitao pluviomtrica baixa (menor que
1.800 mm/ano) ou mal distribuda fundamental o uso de irrigao. No h dados
de pesquisa a esse respeito, no obstante, verifica-se a necessidade de uma lamina
dgua efetiva em torno de 4 a 6 mm/dia. A frequncia, bem como a quantidade de gua
fornecida, dependem diretamente da idade da plantao e das condies meteorolgicas
do local.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Palmito de Palmeira
Real Australiana

A.T.E. Aguiar et al.

Pragas e doenas no campo: pode ocorrer ataque de um coleptero grande,


do gnero Rhyncophorus e de outros menores, do gnero Metamasius e Strategus.
Controlar esses insetos por meio de armadilhas confeccionadas com baldes plsticos. H
relatos do ataque de cupins e tambm de cochonilhas s plantas jovens de pupunha em
regies bastante infestadas com esses insetos. Quanto s doenas, pode-se destacar a
podrido do estipe (Phytophthora palmivora Butler e Fusarium spp.), caracterizada pelo
amarelecimento progressivo das folhas mais novas e da folha bandeira (no aberta).
Retirar as plantas doentes da rea e queim-las. A ocorrncia de fumagina pode ser
observada recobrindo as folhas (fololos, pecolo e bainha) das palmeiras, dificultando
a fotossntese e, portanto, comprometendo o crescimento das plantas. Trata-se de um
revestimento preto de aspecto fuliginoso, causado pelo fungo Capnodium spp., cujo
aparecimento est associado presena de insetos que expelem substncias aucaradas
(pulges, cochonilhas e mosca-branca). O fungo pode ser controlado, indiretamente, por
meio do controle dos insetos (leo mineral + produto qumico). H variabilidade entre
plantas para resistncia fumagina, sendo que palmeiras com o sintoma no devem ser
deixadas para matrizeiro de sementes.
Colheita: entre 18 a 36 meses aps plantio, dependendo do solo, clima,
espaamento e adubao. Escalonar a colheita do palmito com base no dimetro
da planta (a 50 cm de altura): entre 12 e 14 cm o indicado. Geralmente as plantas
alcanam esse dimetro com 1,60 a 2,00 m de altura da haste. Nesse corte, espera-se
obter palmito de 150 a 300 gramas de peso. Com o atraso do corte da palmeira pode-se
conseguir maior peso de palmito por planta (at 800 g), porm seu dimetro tambm
aumenta, o que traz problemas na industrializao. O corte da palmeira para obteno
do palmito pode ser feito durante o ano todo, porm na poca seca, o rendimento pode
diminuir em funo do menor peso das hastes.
Caractersticas do palmito: o palmito escurece rapidamente aps o corte, assim
como ocorre no palmito de aaizeiro (Euterpe oleracea) e de palmiteiro (Euterpe edulis).
Por isso deve ser processado rapidamente, pois sua durabilidade aps ser colhido,
quando mantido com 4 capas (bainhas externas) de 5 a 7 dias.
VALRIA APARECIDA MODOLO
MARIA LUIZA SANTANNA TUCCI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Palmito Juara

Euterpe edulis Mart. e Euterpe precatoria Mart.

Palmito Juara

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

So duas as espcies botnicas de palmito conhecidas popularmente como


juara, sendo ambas, palmeiras do gnero Euterpe e da famlia Arecaceae (Palmae).
O palmiteiro, Euterpe edulis, tambm conhecido como iara ou palmito doce, tem
ocorrncia natural em uma ampla faixa da Mata Atlntica (sul da Bahia, Esprito Santo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais, So Paulo, Paran, Santa Catarina e Rio Grande do Sul),
estendendo-se para pases vizinhos (Paraguai e Argentina), ocorrendo ainda em matas
ciliares de Cerrados brasileiros. Em vista da explorao predatria, atualmente as
populaes dessa espcie concentram-se na costa atlntica. A outra espcie tambm
conhecida por juara ou aa-da-mata classificada como Euterpe precatoria e tem
como habitat a Amaznia ocidental e o norte de Mato Grosso, geralmente junto aos rios,
em reas periodicamente inundadas. As duas espcies caracterizam-se por apresentar
palmito do tipo doce. So palmeiras de ciclo longo (8 a 12 anos aps plantio), esguias,
podendo atingir mais de 20 metros de altura, com estipe (tronco) nico, o que possibilita
somente a produo de uma haste de palmito por planta.
A abundncia de palmiteiros nas matas e a grande aceitao do palmito, obtido
principalmente da espcie da Mata Atlntica aliceraram e impulsionaram o mercado
desse produto durante anos e determinaram o conceito de palmito no paladar do
consumidor. Devido a essa intensa explorao, o palmiteiro figura atualmente na lista
de espcies da flora brasileira ameaadas de extino. Recentemente, a descoberta da
potencialidade da extrao de polpa dos frutos de juara, como ocorre tradicionalmente
com o aa (Euterpe oleracea), tem trazido novas perspectivas para essa espcie. A
produo de polpa a partir dos frutos tambm pode ser uma alternativa de manejo para
espcie, pois no ocasiona a morte da planta, como ocorre na produo de palmito,
aparentemente no lesa a semente, que pode ser reintroduzida no local e ainda pode
gerar renda s famlias produtoras e extratoras. A polpa de juara se assemelha muito
em gosto e aparncia polpa de aa, e alguns estudos preliminares mostram que ela
pode se destacar positivamente em alguns aspectos como maior teor de antioxidantes,
maior peso dos frutos e maior rendimento no despolpamento.
Em termos de cultivo, o palmiteiro , sem dvida, uma das poucas plantas
comercialmente exploradas que podem ser cultivadas com o mnimo de investimento
em floresta nativa, desde que seu cultivo obedea ao manejo sustentado efetuado
nas reas de ocorrncia natural, previsto e regulamentado por legislao prpria, em
harmonia com o ecossistema. Pode tambm ser cultivado em sistema agroflorestal,

Boletim, IAC, 200, 2014

321

Palmito Juara

A.T.E. Aguiar et al.

associado a algumas culturas perenes, como por exemplo, a seringueira. Como se trata
de uma palmeira nativa com risco de extino, a explorao, seja nativa ou implantada,
est condicionada a autorizao prvia. Nesse sentido, o primeiro passo para iniciar o
cultivo contatar o rgo responsvel pelo licenciamento ambiental, para elaborao do
plano de manejo.
Cultivares: as prprias espcies botnicas
Clima e solo: desenvolve-se melhor em clima tropical mido (temperatura mdia
anual acima de 22 oC, precipitao acima de 1.600 mm por ano). Pode se desenvolver
bem em regies com temperaturas mais baixas e precipitao inferior anteriormente
mencionada, desde que bem distribuda. Tolera geada, mesmo no estdio de muda
(20 a 50 cm de altura). Desenvolve-se mesmo em solos pobres e cidos, porm, cresce
mais rapidamente em solos com fertilidade mais alta. A produo de palmito em reas
de fertilidade baixa deve se basear na reposio de nutrientes por meio de adubaes
anuais parceladas, preferencialmente com adubos orgnicos.
Propagao: realizada por meio de sementes colhidas de palmeiras
selecionadas pelo dimetro, nmero de folhas e sanidade. As palmeiras das quais as
sementes so colhidas devem estar em conjunto com outras da mesma espcie e no
mesmo estdio de desenvolvimento, para evitar a autofecundao forada de plantas
isoladas, que acarreta queda de vigor das mudas obtidas. Recomenda-se marc-las de
modo permanente, e anualmente colher parte das sementes dessas plantas.
Colheita de sementes: o ponto ideal de colheita dos frutos quando esto
pretos e brilhantes. No Estado de So Paulo a poca de maturao dos frutos ocorre
entre fevereiro e junho na baixada litornea, e de dezembro a fevereiro no Planalto
Paulista. No sul do pas, eles atingem esse ponto entre os meses de abril a agosto. Porm,
como se trata de palmeira nativa, hvariabilidade de acordo com a altitude do local e
com as oscilaes climticas anuais. Para obteno de sementes de melhor qualidade,
colher somente os frutos do cacho ainda preso planta, pois as sementes que esto no
cho tm o poder germinativo comprometido. Um cacho chega a apresentar de trs a
cinco mil sementes. Deve-se colocar um plstico ou encerado logo embaixo da palmeira,
derrubando os cachos maduros sobre ele, recolhendo apenas as sementes que carem
sobre o encerado. importante ressaltar que a colheita de sementes de juara segue
as regras comuns a todas as espcies florestais, Lei Federal 10.711/03, que deve ser
consultada para mais informaes.
Despolpamento: esta prtica acelera e uniformiza a germinao das sementes,
podendo ser realizada de duas formas. Podem-se acondicionar os frutos maduros,
recm-colhidos, em sacos plsticos e umedec-los at completa saturao. Aps a

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Boletim, IAC, 200, 2014

retirada do excesso de gua, fechar os sacos mantendo-os a sombra, em temperatura


ambiente. Aps 24 horas, a polpa comea a se soltar da semente, que pode ser retirada
totalmente atritando os frutos em peneira de malha grossa (peneiras de caf ou de
feijo), em gua corrente. Caso a polpa ainda persista, repetir o processo deixando as
sementes por mais 24 horas na gua. O processo tambm pode ser feito deixando o
fruto totalmente imerso em gua por um perodo de at quatro dias (se mais de um
dia, a gua deve ser trocada diariamente para que no haja fermentao). As sementes
que flutuarem durante a imerso devem ser eliminadas, pois esto danificadas. Para
a retirada total da polpa que ainda permanecer, pode-se usar a tcnica da peneira. A
germinao em condies naturais leva de 3 a 11 meses para se completar, e quando
realizado o despolpamento sua taxa fica em torno de 90% a 94%.

Palmito Juara

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Armazenamento das sementes: as sementes perdem facilmente o poder


germinativo e devem ser colocadas para germinar o mais rpido possvel. Porm,
podem-se armazenar pequenas quantidades de sementes, sem que elas percam
completamente a viabilidade, por um perodo de at cinco meses. Para isso, deve-se
acondicion-las em sacos plsticos bem fechados, para que a umidade seja mantida,
conservando-as sob refrigerao (temperatura entre 5 a 10 oC).
Semeadura direta: o sistema de semeadura direta mais econmico do que
o de plantio de mudas, mas h que se ter um nmero de sementes disponvel maior,
pois h maior perda na germinao e durante o crescimento inicial das plntulas. Para
evitar as possveis perdas por ataque de insetos, roedores e outros animais, enterrar
as sementes a uma profundidade entre 3 e 4 cm. Isto provoca atraso na germinao,
porm no prejudica a porcentagem final de mudas obtidas. Partindo-se de material
colhido de acordo com a recomendao, semear de 2 a 3 sementes por cova, com o
auxlio de um chucho (pau tipo cabo de vassoura com ponta e que faz um buraco no solo
de 3 a 4 cm de profundidade). Aps a abertura, colocar as sementes no orifcio e cobri-las
com o auxlio da prpria ferramenta. No fazer desbaste posterior das mudas, pois
mesmo usando 3 sementes h falhas de germinao decorrentes da prpria semente,
ou provocadas por insetos e animais. Pode-se fazer replantio ou, o mais conveniente,
repetir semeaduras na mesma rea a cada dois anos, a fim de manter um povoamento
com plantas de diferentes idades e tamanhos, da mesma forma como se encontra
a populao na natureza. Iniciar a semeadura em maro, quando j ocorrem frutos
maduros e prolongar at setembro, de acordo com a disponibilidade de sementes.
Formao de mudas em viveiro: quando so usadas mudas, ganham-se de
2 a 4 anos no desenvolvimento inicial das plantas de palmiteiro em comparao com
a semeadura direta. Usar sacos plsticos de polietileno preto medindo, quando vazios,
de 15 a 20 cm de altura, 10 a 13 cm de boca (medido esticado), 8 a 12 mm de espessura

Boletim, IAC, 200, 2014

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Palmito Juara

A.T.E. Aguiar et al.

e com 6 a 8 furos em sua metade inferior. Tambm podem ser utilizados tubetes como
recipiente para produo de mudas. A escolha do tipo de recipiente depende do tempo
em que a muda permanecer no viveiro. Mudas formadas em recipientes menores,
como tubetes, no devem permanecer mais de 5 meses no viveiro. O substrato para
preenchimento do recipiente deve ser de boa qualidade e rico em matria orgnica.
Pode-se utilizar uma mistura de solo e esterco de gado curtido na proporo mnima
de 1:2, ou substratos prontos base de matria orgnica como hmus, por exemplo.
Aps a escolha ou preparo do substrato importante fazer sua anlise qumica e fsica
para verificar se h necessidade de adio de calcrio para elevar a saturao por bases
(60%) ou adio de outro nutriente, como fsforo e potssio. Colocar uma semente
despolpada por saquinho, a uma profundidade de 1,5 a 2 cm e irrigar sempre que
necessrio. O sombreamento do viveiro deve ser semelhante ao do local de plantio
definitivo. Se forem utilizados saquinhos com volume reduzido, ou substrato pobre em
caractersticas qumicas e fsicas, poder haver comprometimento do crescimento da
muda e, em consequncia, problemas para sua sobrevivncia no campo, com prejuzo
para o estande de cultivo.
Transplante de mudas: poder ser realizado quando as plantas estiverem com
cerca de 20 a 30 cm de altura e apresentarem de 3 a 4 folhas vivas, o que ocorre entre
o 10.o e o 14.o ms aps a semeadura, quando as mudas so formadas em recipientes
maiores. O melhor perodo de transplante durante a poca dasguas. Retirar a muda
do recipiente e colocar o torro na cova, preenchendo os espaos vazios com terra de
superfcie e comprimindo o suficiente para manter a muda firme no lugar.
Plantio: para melhor crescimento das plantas h necessidade de meia-sombra
nos primeiros anos de cultivo. Por isso, o cultivo do palmito juara pode ser feito em
mata nativa, em sistemas agroflorestais ou em conscio com outras culturas, tais como
banana ou seringueira. Cada situao requer um tipo de manejo. Para cultivo em mata
nativa, com terreno acidentado ou mata muito densa, a semeadura direta pode ser mais
indicada. Nesse caso semear de 2 a 3 sementes por cova, a cada um ou dois passos,
seguindo linhas retas sempre que possvel, estando as linhas separadas umas das outras
por dois passos. Repetir a semeadura na mesma rea, pelo menos a cada dois anos,
para permitir o estabelecimento de um povoamento regular, com plantas em diversos
estdios de desenvolvimento. Em plantios consorciados com outras culturas utilizar
a entrelinha do cultivo principal, plantando duas a trs linhas de palmiteiros na faixa
central. Neste caso, o plantio de mudas pode ser mais indicado que a semeadura direta.
O espaamento das plantas dentro da linha pode ser de 1,5 ou 1,0 m. Em sistemas
agroflorestais, que so caracterizados pelo cultivo de vrias espcies de diferentes portes
e ciclos, de forma simultnea ou em sequncia temporal, o espaamento depender das
plantas que os iro compor.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Tratos culturais: roadas peridicas para diminuir a competio por luz, gua
e nutrientes e apressar o desenvolvimento. Poupar as essncias nativas de valor. No
capinar, devido ao tipo de sistema radicular (superficial) dessas plantas.
Colheita do palmito: deve ser realizada com base no plano de manejo,
estabelecido de acordo com as leis que o regulamentam. Entre elas destacam-se: cortar
apenas palmeiras que apresentem DAP (dimetro na altura do peito - 1,30 m) acima
de 9 cm, poupando as plantas porta-sementes e as palmeiras adultas prximas delas
(conjunto de porta-sementes); manter 50 matrizes/ha, no mnimo; permitir regenerao
mnima necessria de 5.000 plntulas/ha. Durante a operao de corte e transporte do
palmito, tomar cuidado para no derrubar ou pisar nas demais palmeiras em diferentes
estdios de desenvolvimento.

Palmito Juara

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Adubao: em reas muito degradadas (mata e palmital) usar adubao para


recuperao, que consiste na utilizao da frmula 20:5:15, 50 g/planta, 4 vezes ao ano.
Durao e ps-colheita do palmito: o palmito depois de colhido um produto
altamente perecvel, durando no mximo de 5 a 7 dias, quando mantido com 4 capas
(bainhas externas). Escurecimento enzimtico das pontas e apodrecimento ocorrem,
devido ao aparecimento de fungos, comuns em material em decomposio. Como
o palmito constitudo basicamente de gua, aconselha-se que sua colheita seja
realizada em poca chuvosa e que seu processamento ocorra at no mximo 36 horas
aps a colheita.
Pragas e doenas: a principal doena, denominada antracnose, causada
por fungo do gnero Colletotrichum, que pode ocorrer nos frutos, comprometendo a
produo de polpa, ou nas mudas, sendo limitante em condies de viveiro. Com relao
a insetos, h aqueles de viveiro (gafanhotos, cigarrinhas, cochonilhas e pulges) e os
insetos de campo (especialmente o coleptero Rhyncophorus). Este ltimo conhecido
popularmente como broca-do-olho-do-coqueiro e suas larvas perfuram o estipe da
palmeira, danificando o local de produo do palmito, alm de afetar o desenvolvimento
da planta. O controle feito utilizando-se armadilhas, confeccionadas com baldes
plsticos, com iscas atrativas (toletes de cana-de-acar ou melao) no seu interior.
VALRIA APARECIDA MODOLO
MARIA LUIZA SANTANNA TUCCI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Palmito-Gariroba

A.T.E. Aguiar et al.

Palmito-Gariroba
Syagrus oleracea (Mart.) Becc.

A gariroba, tambm conhecida como guariroba, gueroba, gueiroba, guerova,


destaca-se entre as outras palmeiras pelo sabor caracterstico de seu palmito, que
apresenta na composio alto teor de fenis, o que lhe confere sabor adstringente e
amargo tpico na culinria de algumas regies. Alm do amargor, o palmito apresenta
consistncia mais firme que o de outras palmeiras e uma colorao branco-acinzentada
tpica. uma palmeira nativa do Brasil, ocorrendo naturalmente em ampla faixa que
abrange Bahia, Minas Gerais, So Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Gois e
Tocantins, e sendo cultivada para produo de palmito, principalmente nos Estados
de Gois e Minas Gerais, onde esse produto muito apreciado e considerado uma
iguaria na culinria. uma planta do Cerrado e, devido a sua origem, a palmeira est
adaptada s condies de alta insolao e baixa precipitao pluviomtrica, entre
800 a 1.200 mm/ano, podendo suportar dficit hdrico durante os meses de inverno.
Quando adulta pode atingir 10-20 m de altura, com dimetro do estipe entre 18 a
35 cm. Possui folhas grandes (2-3 m de comprimento), moderadamente arqueadas
e de colorao verde-escura brilhante. As bainhas das folhas so estreitas e caducas.
Floresce praticamente o ano todo, produzindo cachos com 20-40 cm de comprimento
e com 60 a 120 frutos, em mdia.
Cultivares: a prpria espcie botnica. Por se tratar de uma espcie nativa h
variaes marcantes no desenvolvimento das plantas e no sabor do palmito, de acordo
com a procedncia das sementes.
Clima e solo: prpria de climas quentes, podendo suportar dficit hdrico
durante os meses de inverno. Solos bem drenados, no compactados e de textura mdia.
Propagao: a partir de sementes colhidas de frutos maduros. Embora a espcie
frutifique o ano todo mais abundante a ocorrncia de frutos durante os meses de
agosto a fevereiro (especialmente entre setembro e outubro). Um quilo de frutos contm
aproximadamente 70 sementes que, quando livres da polpa dos frutos, germinam entre
40 e 90 dias. Por se tratar de espcie nativa, h variabilidade entre plantas de acordo com
a procedncia das sementes, para muitas caractersticas, destacando-se a velocidade
do crescimento e o sabor do palmito. Assim, recomenda-se conhecer a origem das
sementes e ainda selecion-las para se obter a melhor homogeneidade possvel das
reas cultivadas.
Semeadura: pode ser realizada diretamente no campo (local definitivo),
colocando-se de 2 a 3 sementes/cova, ou podem ser formadas mudas, que ao atingir
326

Boletim, IAC, 200, 2014

tamanho adequado sero plantadas no campo. Utilizar sementes recm-colhidas e


despolpadas. Fungos e bactrias prprios de material em decomposio podem afetar
a germinao, caso a polpa dos frutos no seja retirada. A germinao ocorre entre 40 a
90 dias e sua porcentagem pode variar entre 50% a 90%.

Palmito-Gariroba

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espaamento: 2,0 ou 1,5 m x 0,50 ou 0,30 m.


Calagem: deve ser feita antes do plantio e de acordo com a anlise do solo, de
forma a elevar a saturao por bases para 60%.
Plantio: em sulcos ou em covas de 10-15 cm de profundidade, aps um
bom preparo do terreno (arao e gradagem). Plantio com posterior incorporao de
adubos verdes antes da instalao da cultura deve ser utilizado, principalmente em
reas de pastagens, pois melhora a estrutura do solo e diminui a competio inicial
com plantas daninhas.
Adubao: no plantio, utilizar matria orgnica (esterco de curral ou outras
fontes) no sulco, na base de 4 a 8 kg m-1 linear. O uso de superfosfato simples no sulco
(150 a 200 g m-1 linear) indicado. A adubao de manuteno feita de acordo com a
anlise do solo. De maneira geral, o uso da frmula 20:5:15 na dose de 40 g por planta,
4 a 5 vezes ao ano, tem apressado o desenvolvimento.
Tratos culturais: capinas ou roadas para eliminar a competio com plantas
daninhas, especialmente gramneas. O uso de adubos verdes (crotalria, feijo-de-porco,
amendoim forrageiro) nas entrelinhas diminui o aparecimento/crescimento de plantas
daninhas.
Pragas e doenas: gafanhotos, cigarrinhas e pulges so as pragas mais
frequentemente encontradas na cultura.
Irrigao: a irrigao apressa o desenvolvimento da planta e contribui para o
aumento do peso do palmito. Deve ser feita regularmente, durante os primeiros 6 meses
de plantio e posteriormente, pelo menos nos perodos de dficit hdrico.
Colheita: executada de forma seletiva, realizada durante o ano todo, a partir
de um ano e meio do plantio. realizada com o auxlio de enxado, cortando-se a planta
toda desde a base. A maior parte do palmito de guariroba do tipo caulinar (estipe
macio) por isso sua consistncia mais firme e a poro aproveitvel pesa em mdia de
500 g a 3 kg. O palmito rico nas enzimas peroxidase e polifenoloxidase e em compostos
fenlicos, sendo susceptvel ao escurecimento.
Produo: devido ao crescimento varivel e consequentemente colheita
seletiva, a durao mxima da cultura na mesmarea de 3 a 4 anos. Produo mdia:
2.000 a 3.000 palmitos/ano, a partir do segundo ano.

Boletim, IAC, 200, 2014

327

Palmito-Gariroba

A.T.E. Aguiar et al.

Comercializao: comercializado in natura, na haste, com algumas capas


(tambm chamado de pea ou cabea), pesando de 3 a 6 quilos. O produto perecvel,
devendo ser utilizado at 5 a 7 dias aps a colheita.
VALRIA APARECIDA MODOLO
MARIA LUIZA SANTANNA TUCCI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Palmito Pupunha
Bactris gasipaes Kunth.

Palmito Pupunha

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Palmeira nativa da Amrica Latina, amplamente distribuda na Bacia Amaznica


abrangendo Bolvia, Brasil, Colmbia, Peru e Venezuela. No Brasil ocorre naturalmente
em baixa densidade nas matas midas nos Estados do Par, Amazonas, Acre, Rondnia
e Mato Grosso. Trata-se de uma palmeira perene, cespitosa, cuja haste (estipe) pode
atingir at 20 m de altura e 15 a 25 cm de dimetro. Seus frutos so ricos em protenas,
carboidratos e vrios nutrientes minerais, como clcio, ferro e fsforo, alm de apresentar
alto teor de vitamina A. O consumo dos frutos aps cozimento em gua e sal est
definitivamente integrado aos hbitos alimentares das populaes dos estados de origem.
Nos ltimos anos a espcie tem se firmado como principal produtora de palmito cultivado,
pois apresenta precocidade de produo (1 ano e meio a 2 anos para o primeiro corte) e
perfilhamento (o que garante, em mdia, 1 palmito/palmeira a cada 8 meses). Apresenta
palmito do tipo doce, que no escurece logo aps a colheita, o que garante ao produto
outras formas de consumo/comercializao alm da tradicional (conserva).
Cultivar: a prpria espcie. No h cultivar ou variedade comercial. Como existe
variabilidade entre raas para presena de espinhos, dar preferncia s que apresentam
plantas sem espinhos no pecolo/rquis e no estipe.
Clima e solo: o tempo necessrio para colheita do palmito correlaciona-se
com as condies climticas da regio. So ideais para o cultivo, regies com ndice
pluviomtrico acima de 1.600 mm/ano, distribuio de chuvas regular ao longo do ano
e temperatura mdia anual de 22 oC. Nessa situao, o cultivo ocorre sem exigncia
de irrigao. Em regies com distribuio de chuvas irregular h necessidade de
irrigao para produo de palmito de qualidade. Nesse caso e tambm quando a regio
apresenta temperaturas mdias mais baixas, h menor desenvolvimento vegetativo da
planta e por isso aumento do ciclo de produo. Quando jovem (at 50 cm), no tolera
geada. Prefere solos de textura mdia a arenosa e com boa drenagem. reas planas ou
levemente onduladas so as indicadas, pois facilitam o plantio, a conduo, a colheita o
transporte do palmito.
Propagao: por sementes. Uma pupunheira produz at 8 cachos por ano, com
at 350 frutos/cacho. A poca de frutificao varia de acordo com a regio e com as
condies climticas. Na maioria das regies a poca de colheita de frutos ocorre entre
janeiro e abril. No Vale do Ribeira ocorre entre abril e julho.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Palmito Pupunha

A.T.E. Aguiar et al.

Colheita de frutos: os frutos esto agrupados em cachos e apresentam, quando


maduros, colorao variada desde amarela at avermelhada, passando por diferentes
tonalidades de laranja. Para obter sementes com taxa de germinao mais elevada,
os frutos devem ser colhidos com 80% de maturao. Frutos em estdio avanado de
maturao podem apresentar na polpa, desenvolvimento de uma srie de fungos, que
podem afetar a semente e prejudicar a germinao.
Preparo das sementes: as sementes devem ser retiradas logo aps a colheita
dos frutos, pois esses rapidamente se decompem devido s caractersticas da polpa,
podendo causar dano s sementes. Os frutos devem ser partidos ao meio manualmente
para retirada das sementes, que devero ficar imersas em gua por um ou dois dias. No
caso de dois dias de imerso, a gua deve ser trocada diariamente. As sementes que
flutuarem nessa etapa devem ser eliminadas, pois esto danificadas. Posteriormente, as
sementes devem ser lavadas em gua corrente e atritadas em peneira de malha grossa.
Em seguida, trat-las com gua sanitria (soluo de hipoclorito de sdio a 2,5%) diluda
em gua (100 mL de gua sanitria/1 litro de gua), por 15 minutos. Deixar secar
sombra por um dia e depois colocar para germinar.
Produo de mudas: devido s caractersticas da semente, a produo de
mudas dividida em duas etapas: 1) germinao das sementes e 2) repicagem das
plntulas para o recipiente.
1) A semeadura pode ser feita em germinadores (canteiros com largura em
torno de 1 m, altura de 18 a 20 cm e comprimento varivel de acordo com a necessidade)
preenchidos com areia e serragem curtida (1:1 em volume). As sementes devem ser
espalhadas nesses canteiros sobre o substrato, de maneira uniforme, sem que fiquem
umas sobre as outras, e posteriormente cobertas com 2 a 3 cm do mesmo substrato.
A quantidade de sementes por metro quadrado do germinador varia em funo do
tamanho da semente, mas em geral, no se deve ultrapassar 4 kg m-2. H necessidade
de umidade constante para germinao das sementes, mas sem encharcamento. Vrios
tipos de estruturas e materiais (plstico, tela, folha de palmeira) podem ser usados
para cobertura desses canteiros, mas a escolha depender das condies climticas
(temperatura e umidade) do local. Aps 60 a 120 dias cerca de 70% a 80% das sementes
j germinaram. Plantas germinadas tardiamente devem ser descartadas, pois so
inferiores em desenvolvimento e produo.
2) Repicagem: logo aps a germinao, antes de as plntulas apresentarem
as folhas expandidas (fase de vela), deve-se repic-las para recipientes preenchidos
com substrato para formao das mudas. Nessa fase eliminar plantas com espinhos no
pecolo/rquis. Como recipiente podem-se utilizar saquinhos plsticos (de 10-13 cm de
dimetro por 15-18 cm de altura) preenchidos com substrato, que possua pelo menos

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Boletim, IAC, 200, 2014

de matria orgnica (esterco ou hmus) na sua composio. Podem ser utilizados


recipientes menores (tubetes ou saquinhos de menor tamanho), mas nesse caso o
tempo de formao da muda tambm dever ser menor (3-4 meses). H necessidade de
sombreamento nessa fase. Colocar os saquinhos em canteiros (10 a 12 sacos por linha)
sob viveiro ou outro local que possibilite 50% de sombra. Podem-se utilizar viveiros com
cobertura e protetores nas laterais (madeira, bambu, sombrite, etc.). Retirar a sombra
progressivamente, medida que a muda se desenvolve.

Palmito Pupunha

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Tratos culturais em viveiro: controlar as plantas daninhas manualmente, e


observar a ocorrncia de pragas e doenas. A principal doena em viveiro a antracnose
(Colletotrichum gloeosporioides Penz. & Sacc.), especialmente em pocas mais frias.
caracterizada pelo aparecimento nas folhas de manchas arredondadas e deprimidas,
de colorao marrom, com anis concntricos. Condies de estresse na planta e de
umidade excessiva no viveiro favorecem a severidade da doena. O manejo correto da
irrigao, no deixando o ambiente excessivamente mido, diminui a incidncia e/ou
proliferao da doena. As pragas mais comuns em viveiro so gafanhotos, brocas e
caros, estes em viveiros mal manejados e com pouca aerao. A aplicao de inseticidas
apropriados controla facilmente esses insetos. Animais silvestres tais como capivaras,
pacas e veados ou lebres podem comer as plantas enviveiradas. Neste caso, deve-se
cercar a rea do viveiro. Roedores se alimentam das sementes.
Preparo da rea: com critrio, especialmente em solos de estrutura pesada
ou compactados por usos anteriores. Arao e gradagem so recomendadas. Plantio
com posterior incorporao de adubos verdes antes da instalao da cultura deve ser
utilizado, principalmente em reas de pastagens, pois melhora a estrutura do solo e
diminui a competio inicial com plantas daninhas. O plantio das mudas dever ser
realizado em reas a pleno sol. O uso de adubao verde (guandu, tefrsia, feijo-de-porco ou crotalria) na entrelinha favorece o pegamento das mudas aps o transplante.
Espaamento: 2,0 x 1,0 m ou 2,5 x 1,0 x 1,0 m (linhas duplas).
Adubao de plantio: antes do plantio, aplicar calcrio dolomtico para elevar
a saturao por bases a 50%. Aplicar, se disponvel, 5 a 20 t ha-1 de esterco de curral,
aplicando o adubo orgnico na cova antes do plantio, misturado com o adubo mineral
fosfatado e potssico. De acordo com a anlise do solo, aplicar, no sulco, 70 a 140 kg ha-1
de P2O5 e at 60 kg ha-1 de K2O. Em cobertura, 30 dias aps o transplante, ao redor da
muda, 20 kg ha-1 de N, repetindo esta dose mais duas vezes, a cada 2 meses (dispensar
essa adubao nitrogenada, caso tenha sido usado o esterco ou o composto).
Adubao de produo: iniciada 6 meses aps o transplante das mudas. De
acordo do com a produtividade esperada (1 a 4 t ha-1 de matria fresca de palmito) e

Boletim, IAC, 200, 2014

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Palmito Pupunha

A.T.E. Aguiar et al.

com a anlise do solo, aplicar por ano, 110 a 300 kg ha-1 de N, 0 a 80 kg ha-1 de P2O5,
20 a 260 kg ha-1 de K2O, 20 a 50 kg ha-1 de S e 1 a 2 kg ha-1 de B. A partir do quarto ano,
reduzir as doses de N em 30%. Para maiores detalhes sobre adubao vide Boletim 100.
Tratos culturais: roadas peridicas para eliminao de plantas daninhas,
principalmente na fase inicial do cultivo (primeiro ano). O uso de adubos verdes
(feijo-de-porco, amendoim forrageiro) nas entrelinhas diminui o aparecimento/
crescimento de plantas daninhas. O desbaste de perfilhos no indicado.
Irrigao: em reas com precipitao pluviomtrica baixa ou mal distribuda
fundamental o uso de irrigao. A frequncia bem como a quantidade de gua fornecida
dependem diretamente da idade da plantao e das condies meteorolgicas do local.
Para uma plantao em fase de produo, em uma regio com temperatura mdia diria
de 26 oC recomenda-se uma lmina dgua de 5 mm/dia ou 10 L/planta.dia.
Pragas e doenas no campo: pode ocorrer ataque de um coleptero grande do
gnero Rhyncophorus e outros menores do gnero Metamasius e Strategus. Controlar
esses insetos por meio de armadilhas confeccionadas com baldes plsticos. H relatos
do ataque de cupins e tambm de cochonilhas s plantas jovens de pupunha em
regies bastante infestadas com esses insetos. Quanto s doenas pode-se destacar a
podrido do estipe (Phytophthora palmivora Butler e Fusarium spp.), caracterizada pelo
amarelecimento progressivo das folhas mais novas e da folha bandeira (no aberta).
Retirar as plantas doentes da rea e queim-las.
Colheita: entre 18 e 36 meses aps plantio, dependendo do solo, clima,
espaamento e adubao. Escalonar a colheita do palmito de pupunha com base no
dimetro da planta (a 50 cm de altura) - entre 10 e 14 cm o indicado. O corte do
palmito pode ser feito durante o ano todo, porm na poca seca o rendimento pode
diminuir em funo do menor peso das hastes. Sempre que a planta atingir o dimetro
adequado a haste deve ser colhida, pois a sua permanncia prejudica o crescimento dos
perfilhos, atrasando as futuras colheitas. A periodicidade da colheita bastante varivel,
dependendo do material gentico, clima, solo e tcnicas de explorao e cultivo. Em
mdia, a partir do primeiro corte, h produo na mesma planta a cada 8 meses.
Caractersticas do palmito: o palmito da pupunha no escurece rapidamente
aps o corte, o que comum ocorrer no palmito de aaizeiro (Euterpe oleracea),
palmiteiro (Euterpe edulis) e da palmeira real australiana (Archonthophenix spp.). No
entanto, trata-se de produto perecvel, devendo ser processado ou consumido em
prazo mximo de 4 a 10 dias aps a colheita. A ausncia do escurecimento permite
a comercializao do palmito in natura alm do tradicional industrializado (palmito
em conserva). A colorao mais amarelada que a dos palmitos de outras espcies,

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Boletim, IAC, 200, 2014

apresentando sabor caracterstico mais doce. O palmito sai do campo quase limpo,
medindo de 60 a 70 cm de comprimento e com apenas 2 a 3 bainhas extras a serem
posteriormente descartadas. A perda de gua aps a colheita chega a 10% ao dia.
Produtividade: consegue-se uma produo de palmito de primeira em torno de
1,3 a 1,8 toneladas/ha/ano. Igual produo obtida da parte basal (palmito caulinar) e
do pice (picadinho).

Palmito Pupunha

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

VALRIA APARECIDA MODOLO


Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Patchouli

A.T.E. Aguiar et al.

Patchouli

Pogostemum clabin (Blanco) Bent.


O patchouli, originrio do Sudeste Asitico (ndia, Filipinas, Indonsia e Malsia),
pertence famlia Lamiaceae. Da regio nordeste da Ilha de Sumatra na Indonsia,
provm a maior produo mundial de leo essencial de patchouli, quase 90%. No
Brasil o cultivo de patchouli ainda recente e feito em pequena escala em todas as
regies: Centro-Oeste, Sudeste, Nordeste, Norte e Sul. O leo essencial de patchouli
amplamente empregado na indstria de perfumes, sabonetes e cosmticos. A demanda
por leo de patchouli teve impulso com a expanso do consumo de perfumes masculinos,
para os quais as caractersticas olfativas do leo so particularmente indicadas.
Cultivares: a prpria espcie.
Clima e solo: desenvolve-se melhor em regies de clima quente e mido e com
chuvas bem distribudas. A planta no suporta perodos prolongados de seca e ventos
frios, no sendo tolerante geada. exigente quanto fertilidade do solo.
poca de plantio: de setembro a dezembro, ou o ano todo, nas regies de clima
tropical, desde que seja utilizado sistema de irrigao.
Espaamento: 0,50 x 0,80 m.
Mudas necessrias: 25.000 mudas/ha. As mudas podem ser feitas por estaquia
de ramos, ou por cultura de tecido, podendo ser formadas em tubetes ou bandejas de
50 ou 72 clulas.
Calagem e adubao: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 80% e
o pH para 5,5. No plantio, utilizar 30 a 40 t ha-1 de esterco de curral bem curtido, ou 1/4
dessa quantidade de esterco de galinha, com 30 dias de antecedncia. Aplicar 30 kg ha-1
de N, 60 kg ha-1 de P2O5, 50 kg ha-1 de K2O e 1 kg ha-1 de boro. Aplicar, parceladamente,
30 kg ha-1 de N em cobertura, decorridos 10, 20 e 30 dias aps o transplante das mudas.
Irrigao: deve ser frequente, por gotejamento ou asperso.
Outros tratos culturais: fazer cobertura morta, utilizando bagao de cana
modo, aps o plantio. Para o controle de plantas daninhas, pode ser empregada capina
mecnica ou os herbicidas registrados.
Principais pragas: nematoides.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Principais doenas: durante a poca chuvosa algumas reas foliares, bem


como o tronco podem ser acometidos por doena causada pelo fungo Synchytrium
pogostemonis. Essa doena pode prejudicar a qualidade das folhas, resultando em
menor produo de leo essencial.

Patchouli

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Colheita: o leo essencial est presente em todas as partes da planta, sendo


mais abundante e de melhor qualidade, nas folhas. A colheita deve ser efetuada,
preferencialmente, no incio da manh e no fim do dia.
Produtividade normal: 10 t/ha/ano de folhas, 70 a 80 kg de leo essencial.
Rotao: com outras espcies como alecrim, camomila, funcho e capim-limo.
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Pera

A.T.E. Aguiar et al.

Pera
Pyrus spp.

A pereira, frutfera tpica de regies de clima temperado, pertence ao gnero


Pyrus e famlia Rosaceae. A este gnero pertencem cerca de 22 espcies, todas nativas
da sia ou da Europa. Alm da pereira ocidental, Pyrus communis, originria da zona
central do Oriente Mdio, das montanhas do Cucaso e da sia Menor, tambm so
encontrados os tipos asiticos ou orientais, sendo P. pyrifolia, P. ussuriensis, P. serotina
e P. calleryana originrias do centro da China. A pereira apresenta ramos vegetativos,
frutferos e mistos. Os ramos frutferos so divididos em brindilas, dardos, lamburdas,
bolsas e ramos mistos. As flores, geralmente brancas, abrem-se na mesma poca que as
folhas, em rcimos umbeliformes. A fruta um pomo, resultado da fuso do clice com o
receptculo, ou simplesmente do engrossamento do mesmo. A maioria das cultivares de
pereira autoincompatvel, havendo portanto, necessidade de polinizao cruzada para
aumentar a frutificao efetiva. comum a ocorrncia de partenocarpia, originando
assim peras sem sementes. O incio da safra das frutferas de clima temperado em regies
de inverno ameno ocorre em poca antecipada, em relao aos demais estados do
extremo Sul brasileiro. Aliado a esse fato, a grande quantidade importada para atender a
demanda do mercado interno, seja para consumo ao natural, seja para industrializao,
faz com que a fruta represente uma excelente oportunidade de investimento para os
fruticultores paulistas. O cultivo da pereira em regies de inverno ameno possvel,
devido principalmente ao desenvolvimento de cultivares hbridas bem adaptadas (Pyrus
communis x P. pyrifolia) e a introdues de cultivares de menor exigncia a frio.
Cultivares para as condies subtropicais paulistas: IAC Tenra - resultante do
cruzamento realizado entre as pereiras Madame Sieboldt e Packhams, considerada
excelente polinizante para diversas cultivares com concomitncia de florada; apresenta
adequada adaptao a regies de inverno ameno, exigindo cerca de 80 horas de frio. As
plantas so mediamente vigorosas e rsticas e de produtividade regular; as frutas pesam
entre 150 a 180 g, apresentam formato globoso-piriforme, porm muito irregulares e
so colhidas de dezembro a janeiro; a polpa, pouco sucosa e doce, medianamente
firme, porm macia, com frequente granulao; IAC Triunfo - planta vigorosa, produtiva,
de hbito ereto e crescimento rpido; cerca de 80 horas de frio so suficientes a essa
cultivar; suas frutas so mdias (180 a 250 g), de formato oblongo e bem piriforme e
de maturao precoce (dezembro a janeiro); a polpa bem firme, granulada e de sabor
doce-acidulado; IAC Seleta - apresenta excelente adaptao a condies de inverno
ameno e alto desempenho em regies frias, exigindo cerca de 80 horas de frio; uma
cultivar de produo precoce (dezembro a janeiro); produz frutas de tamanho mdio

336

Boletim, IAC, 200, 2014

(150 a 200 g) e formato oblongo-piriforme; a polpa delicada, aromtica e tenra,


com sabor doce-acidulado e de boa qualidade; IAC Primorosa - planta de bom vigor
e produtividade; necessita de cerca de 80 horas de frio; suas frutas, comparveis s
das melhores cultivares importadas, so de tamanho mdio (180 a 220 g), de formato
ovoide-piriforme, apresentando pednculo longo; conforme a regio de cultivo e o
tipo de manejo, a maturao ocorre entre o fim de dezembro e janeiro; a polpa de
colorao branca, doce, tenra, suculenta e com pequenos grnulos arenosos, de sabor
suave, boa qualidade e baixa acidez; IAC Centenria - plantas de alto vigor, enfolhamento
abundante, folhas pequenas e bem distribudas na copa, apresentando regularidade da
produo; moderada exigncia em frio (cerca de 150 horas); suas frutas so mdias (220
a 250 g), apresentando formato de oblongo-piriforme a piriforme-achatado; a polpa
pouco aromtica e de colorao branca, firme, de textura meio grosseira, com granulaes
frequentes, suculenta e de sabor doce-acidulado. Sua maturao ocorre no fim de janeiro
e, em condies mais frias, geralmente sua maturao mais tardia; IAC Princesinha planta de bom vigor, porte mdio, com ramos frutferos finos e abundantes; apresenta
produo precoce e elevada adaptao a regies de inverno ameno; suas frutas pesam
cerca de 140 g, so de formato piriforme, com pescoo pronunciado, pednculo
fino e longo; a polpa de colorao branca, firme, meio granulada e suculenta, de
sabor doce-acidulado e agradvel. Essas seis cultivares foram obtidas no programa de
melhoramento gentico de pereira do Instituto Agronmico (IAC), sendo que os hbridos
Triunfo, Seleta, Primorosa, Centenria e Princesinha so resultantes do cruzamento
entre Hood x Packhams Triumph; Kieffer - cultivar produtiva, suas frutas so grandes
e de maturao tardia, de polpa firme e sucosa; desenvolve-se bem em regies que
propiciem mais de 80 horas de frio; trata-se, provavelmente, de uma cultivar autofrtil,
no necessitando de plantas polinizadoras; suas caractersticas visuais e organolpticas
limitam-na ao comrcio de frutas frescas; Smith - em relao Kieffer mais produtiva,
precoce e rstica; necessita de regies que propiciem acima de 80 horas de frio; muito
utilizada como porta-enxerto; produz frutos pequenos, limitando sua comercializao
para o consumo ao natural; provavelmente, trata-se de uma cultivar autofrtil; Le Conte
- selecionada nos Estados Unidos, suas plantas apresentam elevado desenvolvimento
e tima produtividade; seus frutos so de tamanho mdio, com pednculo bem longo,
conferindo-lhes um formato de trompa; a polpa, de colorao branca, macia e de
agradvel sabor; amadurecem mais prximo do fim de janeiro; Cascatense - selecionada
pela Embrapa Clima Temperado, do cruzamento entre Packhams Triumph x Le Conte;
plantas de vigor mdio a semivigorosas e muito produtivas, com colheita em meados de
janeiro; seus frutos so de tamanho mdio (120 a 220 g), piriformes, de polpa branca,
parcialmente manteigosa, suculenta, de aroma moderado e de bom sabor; Pera Dgua
- constituda de diferentes materiais clonais, sem que se tenha uma cultivar definida;

Boletim, IAC, 200, 2014

Pera

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

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Pera

A.T.E. Aguiar et al.

plantas vigorosas e rsticas, com elevada produo de frutos; demandam cerca de 40 horas
de frio; geralmente, so autofrteis; constituem grupo excelente de polinizadores; frutos
de tamanho mdio e forma oblongo-piriforme; polpa de colorao esbranquiada, de
sabor regular, crocante, ainda que bem sucosa; ideal para chcaras e quintais; Kousui
- selecionada no programa de melhoramento do Ministrio da Agricultura do Japo,
obtida de cruzamento entre as cultivares japonesas Kikisui x Wase Kozo; so plantas
de vigor mdio a alto; florescem e frutificam bem em regies com mais de 80 horas
de frio; frutos arredondados, de tamanho pequeno a mdio, com massa entre 140 a
200 g; polpa branca, macia, crocante, suculenta e de boa qualidade; Housui - cultivar
vigorosa, selecionada do programa de melhoramento entre a Kousui, obtida da
seleo do retrocruzamento Kikusui x Yakumo com a cultivar Yakumo, demanda no
mnimo 80 horas de frio para boa frutificao; produz frutas de tamanho mdio a grande
(270 g), de formato redondo, polpa branca, bem crocante, macia, suculenta e doce;
Ya-Li: cultivar vigorosa e de prognie desconhecida, de porte mdio a grande, muito
produtiva e precoce; necessita de mais de 150 horas de frio; produz frutas de tamanho
mdio, de formato ovalado-piriforme, polpa branca, crocante, pouco spera e suculenta;
Packhams Triumph - origem australiana, seleo do cruzamento entre as peras Uvedale
St. Germain x Williams; plantas vigorosas e de porte ereto; necessita de pelo menos
150 horas de frio; suas frutas, de formato piriforme e contornos irregulares, variam
de mdias a grandes (250 g); polpa creme-claro, macia, suculenta, doce, de aroma
moderado e de boa qualidade.
Porta-enxertos: alm das espcies P. calleryana (Taiwan Nashi-C) e P. betulaefolia
(Manshu Mamenashi), marmeleiros so utilizados para esse fim, com a vantagem de
conferir nanismo copa, permitindo maior adensamento das plantas.
Clima e solo: regies com temperaturas mdias anuais entre 17 e 18 oC e com
chuvas bem distribudas ao longo do ano, so recomendadas para a cultura. Quanto aos
solos, dar preferncia aos bem drenados, aerados, no sujeitos ao encharcamento e
com boa disponibilidade de matria orgnica.
Prticas de conservao do solo: as estratgias mais recomendadas so o
plantio em nvel, o terraceamento em terrenos muito declivosos, o cultivo mnimo e a
manuteno das entrelinhas vegetadas e roadas.
Propagao: a propagao por sementes s recomendada para obteno
de porta-enxertos. Na obteno de mudas, a cultivar-copa pode ser enxertada tanto
pelo mtodo de borbulhia de gema ativa, no vero, utilizando corte em T normal,
T invertido ou escudo, como garfagem (gema dormente, no inverno), com garfos de
cerca de 10 cm de comprimento e contendo trs gemas, em porta-enxertos oriundos de
sementes ou de estacas de enraizadas.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Plantio: plantios realizados durante o perodo de dormncia das plantas, em


junho e julho, so menos impactantes para as mudas, porm, geralmente, h falta de
umidade no solo; plantio durante a primavera, quando se iniciam as chuvas na regio
Sudeste (outubro), priorizando dias nublados, quando possvel. Recomendam-se covas
de 60 x 60 x 60 cm, previamente preparadas. Durante o preparo acrescentam-se adubos
qumicos e orgnicos, na poro de solo correspondente aos primeiros 20 centmetros
superficiais, que retornar ao fundo da cova. O volume retirado abaixo dessa profundidade
preencher o restante da cova, sendo tambm utilizado para a confeco da bacia
de reteno. A utilizao de cobertura morta ao redor das mudas contribui para a
manuteno da umidade disponvel. Deve-se respeitar a proporo de, no mnimo,
uma polinizante para oito plantas da cultivar principal; em regies mais quentes,
interessante o emprego de duas cultivares polinizadoras diferentes.

Pera

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espaamento: para mudas enxertadas sobre porta-enxertos orientais sugere-se


espaamento de 6 x 4 m (conduo das plantas em taa aberta) a 4 x 3 m (conduo
em lder central). Em regies mais amenas e plantas enxertadas sobre marmeleiros,
sugerem-se espaamentos de 4 x 3 m. Em regies mais quentes, as pereiras vegetaro
mais, por isso sugere-se espaamento um pouco mais amplo.
Mudas necessrias: em funo do espaamento adotado, de 417 a 834 plantas
por hectare.
Calagem: a quantidade de calcrio deve ser calculada com base em anlise
qumica do solo, amostrado de forma criteriosa. A calagem tem por objetivo elevar a
saturao por bases a 70%, observando nveis adequados de magnsio. A quantidade
deve ser aplicada em rea total durante o preparo do solo, ou seu equivalente quando
em cultivo somente na faixa de plantio.
Adubao: plantio - cada cova deve receber pelo menos 8 litros de esterco de
curral curtido ou 3 kg de esterco de galinha ou ainda 4 kg de compostagem, 60 g de P2O5
e 30 g de K2O; formao - do primeiro ao quinto ano, fornecer anualmente de 40 a 160 g de
nitrognio (N), 20 a 200 g de P2O5 e 20 a 240 g de K2O por planta, com base na anlise do
solo e idade das plantas; produo - fornecer anualmente de 120 a 240 kg ha-1 de N, 30 a
180 kg ha-1 de P2O5, 40 a 200 kg ha-1 de K2O, com base na anlise do solo e produtividade
estimada. Alm disso, recomenda-se o fornecimento anual de 3 t ha-1 de esterco de
galinha ou 15 t ha-1 de esterco de curral curtidos.
Poda de formao: pereiras podem ser conduzidas de diversas formas, como
por exemplo: a) lder central - consiste na manuteno de um ramo principal (eixo
central) ao redor e ao longo do qual saem os ramos, ficando a planta com aspecto de
pirmide; faz-se a reduo da haste principal da muda logo aps o plantio, preservando

Boletim, IAC, 200, 2014

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Pera

A.T.E. Aguiar et al.

40 cm do enxerto; a gema mais prxima ao corte dar origem ao eixo central; os ramos
laterais mais vigorosos so mantidos na parte mais baixa da planta, decrescendo o vigor
em funo da altura; os ramos laterais ao atingirem entre 40 e 50 cm de comprimento,
devero ser arqueados em ngulo de 90o com o eixo central; b) taa aberta - selecionar
trs ou quatro brotaes aps a poda de desponte efetuada ps-plantio e arquear esses
ramos at formarem ngulo de 45o com o solo; cada ramo dever ser conduzido como se
fosse um lder central, ou seja, mantendo a extremidade sem despontar e arqueando
os ramos laterais at formarem ngulos de 90o com a pernada; c) Y - selecionar duas
pernadas opostas e voltadas para a entrelinha, que so conduzidas como se fossem
lder central.
Poda de frutificao: realizada durante o perodo de dormncia das plantas e
consiste no encurtamento de ramos a fim de renovar os rgos de frutificao, eliminando
os ramos de crescimento vertical e os ramos em demasia, buscando equilbrio entre o
crescimento vegetativo e a frutificao da planta; aps a poda e o desenvolvimento das
novas brotaes, faz-se o arqueamento dos ramos quando estes atingirem de 40 a 50 cm
de comprimento, como descrito na poda de formao, a fim de estimular a frutificao
e controlar o crescimento vegetativo.
Poda verde: tambm chamada de poda de vero, realizada aps a colheita,
com intuito de controlar o desenvolvimento vegetativo da planta, eliminando-se o
excesso de ramos, principalmente aqueles localizados no interior da copa e efetuando-se
tambm, a reduo de outros ramos.
Principais problemas fitossanitrios: pragas - mariposa-oriental (Grapholita
molesta), mosca-das-frutas (Anastrepha fraterculus), pulges e caros, estes dois ltimos
ocorrendo com maior incidncia no final da primavera e incio do vero; doenas - sarna
(Venturia pirina) ocorre principalmente na primavera, em condies de alta umidade
e baixa temperatura; entomosporiose (Entomosporium mespeli), principal doena, que
ocorre no fim da primavera e no vero; seca-dos-ramos (Botryosphaeria ribis).
Controle de pragas e doenas:deve-se respeitar a legislao vigente relativa ao
uso de defensivos agrcolas, quanto ao agente biolgico e a cultura, atentando para as
recomendaes do fabricante.
Desfolha: em regies onde no ocorre a queda natural das folhas, a desfolha
estimula a brotao; pode ser feita 45 dias antes da poda de frutificao, utilizando
ureia, na concentrao de 10%, ou sulfato de cobre a 1% ou ainda calda sulfoclcica a
12% (32 oB).
Superao artificial da dormncia - em regies ou anos em que haja
insuficincia de horas de frio, aplicar 0,75% de cianamida hidrogenada acrescida de 1%
de leo mineral.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Colheita e armazenamento: as primeiras produes iniciam-se no 3.o ou 4.o ano


aps o plantio, porm produes regulares ocorrem somente aps o 5.o ano de cultivo.
Nas condies climticas paulistas, em funo das cultivares e da regio, as frutas so
colhidas entre meados de dezembro e meados de fevereiro. As peras europeias no
alcanam na planta a maturidade para consumo, requerendo, em determinados casos,
tratamentos ps-colheita especiais. Quando as peras europeias permanecem na rvore,
desenvolvem uma textura pobre, falta de suco e ausncia do sabor tpico da cultivar.
De modo geral, devem ser colhidas na maturidade fisiolgica, geralmente muito firmes,
sendo amadurecidas antes do consumo mediante o armazenamento refrigerado entre
-1 e 0 oC e 90%-95% de umidade relativa (UR), por duas a oito semanas. Logo aps
o armazenamento a frio, as peras completam seu amadurecimento em ambiente com
temperaturas entre 15 e 21 oC e 80%-85% de UR. O uso de etileno na cmara uma
alternativa vivel para induzir o amadurecimento de peras europeias sem a necessidade
de armazenamento por longos perodos. Normalmente, utiliza-se a aplicao exgena
do etileno (100 mL L-1) em temperatura de 20 oC, por um ou dois dias. O amadurecimento
das peras asiticas diferente das peras europeias, podendo alcanar a maturao para
consumo na prpria planta, no sendo necessrios os tratamentos complementares
com baixas temperaturas ou uso de etileno, para induo de amadurecimento uniforme.
Para longos perodos de armazenamento recomenda-se temperatura entre -1 e 0 oC,
dependendo da cultivar. Em complementao refrigerao, o uso de atmosfera
controlada pode aumentar o perodo de conservao, evitando o amarelecimento da
epiderme e a ocorrncia de desordens fisiolgicas. As concentraes de oxignio (O2) e
dixido de carbono (CO2) variam de 1% a 3% de O2 e de 0% a 5% de CO2, dependendo
da cultivar europeia. O uso de embalagem de polietileno de baixa densidade tambm
uma excelente alternativa para conservao de peras europeias, por at 180 dias.

Pera

Tratamento de inverno: pulverizar as plantas com caldas base de cobre.

Produtividade: estima-se uma produtividade variando de 10 a 25 t ha-1 de


peras, em pomares adultos e bem conduzidos. Podem ocorrer variaes nesses valores,
em funo da tecnologia empregada e do espaamento adotado.
JOS EMILIO BETTIOL NETO
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
WILSON BARBOSA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JULIANA SANCHES
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
RAFAEL PIO
Universidade Federal de Lavras, Lavras (MG)
Boletim, IAC, 200, 2014

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Pssego

A.T.E. Aguiar et al.

Pssego

(Prunus persicaBatsch)
O pssego (Prunus persica) uma espcie originria da China, cultivada desde a
antiguidade. Os primeiros plantios no Brasil iniciaram-se com a chegada dos colonizadores
europeus. No entanto, como atividade de interesse econmico, a cultura do pssego
no Estado de So Paulo teve incio na dcada de 30 do sculo passado, primeiramente
nas regies serranas do estado. Esta frutfera cultivada conhecida como espcie que
requer um perodo de repouso hibernal sob ambiente de frio durante dois a trs meses,
para estimular a brotao de gemas e florescer com regularidade e vigor na primavera.
As variedades de pssego comercialmente cultivadas nas regies tradicionais da Europa,
EUA e Japo tm, em geral, uma exigncia de frio equivalente a um total acumulado de,
aproximadamente, 850 horas de temperaturas abaixo de 7,2 C, o que se convencionou
chamar, horas de frio. Esta a principal razo pela qual as variedades trazidas das
principais reas produtoras do exterior, selecionadas para as condies de inverno que
lhes so peculiares, no se adaptam ao clima ameno do Estado de So Paulo. O Instituto
Agronmico foi pioneiro na implantao de um programa de melhoramento gentico
de pssego e nectarina, tendo iniciado seus trabalhos em 1950. A base gentica para os
cruzamentos era proveniente de variedades originadas na Flrida e de material propagado
por sementes trazidas pelos colonizadores europeus. Apesar de suas caractersticas de
fruteiras de clima temperado, vem sendo cultivado em reas de clima subtropical, graas
ao desenvolvimento de variedades com menor exigncia de horas de frio para a quebra
de dormncia necessria para o florescimento. Felizmente, a exigncia de frio difere
de acordo com as variedades, existindo aquelas originrias de regies mais quentes,
que satisfazem mais facilmente suas necessidades de hibernao, adaptando-se bem s
condies de clima ameno. As primeiras selees foram feitas pelos produtores, e apesar
de terem sido realizadas de forma emprica, impulsionaram o desenvolvimento do setor
nas primeiras dcadas de cultivo. A partir da dcada de 30, o Instituto Agronmico (IAC)
iniciou uma srie de introdues de variedades desenvolvidas, principalmente, na Flrida
(EUA) e que foram a base do programa de melhoramento gentico desde ento. At os
dias atuais, foram selecionadas 32 variedades de pssego pelo Instituto Agronmico,
alm dos materiais introduzidos e adaptados s nossas condies climticas. No Estado
de So Paulo a produo de pssegos destina-se ao consumo in natura, com tendncia
ao crescimento, sobretudo com base nas cultivares precoces.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Principais cultivares de pssego:


Jia-1 (IAC 771-1): lanamento em 1983; parentais - Nctar (IAC 1453-1) x
Maravilha (Fla 13-72); fruto - mdio a pequeno (90 g); polpa - branca e cristalina, bem
firme, aurola presente ao redor do caroo; 13 oBrix e acidez - pH 4,1.

Pssego

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Jia-2 (IAC 471-1): lanamento em 1983; parentais: Tutu (IAC 1353-1) x


Colombina (Fla 19-37S); fruto - mdio (100 g); polpa - branca e cristalina, bem firme,
aurola tnue ao redor do caroo; 12 oBrix e acidez - pH 4,2.
Aurora-1 (IAC 680-179): lanamento em 1989; parentais - polinizao livre de
Ouromel-3 (IAC 471-8); fruto - mdio (100 g); polpa - amarela, aurola bem tnue ao
redor do caroo; 14 oBrix e acidez - pH 4,6.
Dourado (IAC 6782-83): lanamento em 1990; parentais - polinizao livre de
Dourado-1 (IAC 976-6); fruto - grande (160 g); polpa - amarela; 16 oBrix e acidez - pH 4,5.
BRS Chirip (Embrapa Clima Temperado): parentais - Delicioso x Nectared 5;
fruto - mdio a grande; polpa - branca, firme, presena de aurola; 15 oBrix.
BRS Rubimel (Embrapa Clima Temperado): parentais - Chimarrita x Flordaprince
(Fla 5-2); polpa - amarela e firme; muito doce.
BRS Kampai (Embrapa Clima Temperado): parentais - Chimarrita x Flordaprince
(Fla 5-2); polpa - branca; doce.
BRS Fascnio (Embrapa Clima Temperado): parentais - Chimarrita x Linda; fruto
- grande; polpa - branca, firme; baixa acidez.
Tropic Beauty: polpa amarela.
Tropic Prince (Universidade TEXAS A&M): extremamente precoce; frutos
grandes; polpa amarela e firme.
Mudas e plantio: utilizam-se sementes para a propagao do porta-enxerto,
sendo mais utilizada no Estado de So Paulo a cultivar Okinawa, por apresentar
resistncia aos nematoides de galhas. O plantio pode ser realizado com mudas de raiz
nua, no perodo de julho e agosto, e no caso de mudas formadas em recipientes, pode-se
fazer o plantio em qualquer poca do ano, de preferncia na estao das guas, no
perodo de outubro a dezembro.
Espaamento: 6 x 4 m a 7 x 5 m para plantios convencionais, utilizando-se a
conduo em vaso; 5 x 2 m a 4 x 1 m para plantios adensados, utilizando-se a conduo em Y.
Mudas necessrias:285 a 417 plantas por hectare na conduo em vaso; 1.000
a 2.500 plantas por hectare na conduo em Y.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Pssego

A.T.E. Aguiar et al.

Controle da eroso:em reas com declividade at 20% recomenda-se o plantio


em nvel, com as linhas de plantio perpendiculares declividade do terreno; em reas
com declive acima de 20% recomendam-se outras prticas conservacionistas como
terraos, camalhes, patamares ou banquetas; utilizao de roadeira no perodo das
guas, mantendo-se a cobertura vegetal; cobertura morta do solo.
Calagem: antes da implantao do pomar, deve-se aplicar calcrio em
rea total, de acordo com a anlise do solo, para elevar a saturao por bases a 70%
utilizando-se, preferencialmente, o calcrio dolomtico. Manter o teor magnsio do solo
acima de 9 mmolc dm-3. Deve-se incorporar o calcrio o mais profundamente possvel.
Na manuteno do pomar, a calagem tambm deve ser aplicada em rea total.
Adubao de implantao: com antecedncia mnima de 30 dias ao plantio,
aplicar por cova 10 kg de esterco de curral ou 3 kg de esterco de galinha, 200 g de P2O5e
60 g de K2O, em mistura com o solo da camada de 0 a 30 cm de profundidade. A partir
da brotao das mudas, aplicar em cobertura ao redor da planta 60 g de N em quatro
parcelas de 15 g, de dois em dois meses.
Adubao de formao:compreende a adubao realizada do segundo ao quarto
ano aps o plantio das mudas. Aplicar anualmente 15 kg de esterco de curral ou 4 kg de
esterco de galinha, juntamente com a adubao mineral, de acordo com a anlise do solo
e idade das plantas, com doses de 100 a 400 g/planta de N, 40 a 480 g/planta de P2O5e
de 40 a 480 g/planta de K2O. Deve-se aplicar em covas prximas s plantas, nos meses de
junho e julho, a quantidade total de P2O5juntamente com a matria orgnica. As doses de
N e de K2O devem ser aplicadas em quatro parcelas, a partir do incio da brotao.
Adubao de produo:a partir do 5.o ano, recomenda-se aplicar anualmente
3 t ha-1 de esterco de galinha ou 15 t ha-1 de esterco de curral curtido e a adubao
mineral de acordo com a anlise do solo e a meta de produtividade, com doses de N, P2O5
e K2O variando de 90 a 180 kg ha-1, 20 a 120 kg ha-1 e 30 a 150 kg ha-1, respectivamente.
Esta adubao deve ser parcelada em trs vezes. Aps a colheita, distribuir o esterco,
100% da dose de fsforo e 50% da dose de potssio, na projeo da copa no solo, e em
seguida, mistur-los com a terra da superfcie. Dividir o nitrognio em quatro parcelas,
aplicadas em cobertura, de dois em dois meses, a partir do incio da brotao.
Observao:Para plantios adensados, aplicar os adubos no pomar em formao
e no adulto de modo similar aos plantios convencionais, reduzindo as dosagens
proporcionalmente rea ocupada por planta.
Irrigao: indispensvel em perodos de estiagem, sendo realizada
preferencialmente por asperso, microasperso ou gotejamento. A asperso sobre
copa tem efeitos positivos na manuteno da umidade relativa do ar, o que favorece

344

Boletim, IAC, 200, 2014

o pegamento dos frutos e a preveno de danos ocasionados por geadas. A utilizao


de cobertura morta na linha de plantio auxilia na manuteno da umidade do solo
prximo a planta.

Pssego

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Poda de formao e de produo: as mudas so plantadas com haste nica. A


poda de formao objetiva definir a estrutura produtiva da planta, com a formao das
pernadas principais e secundrias. No sistema de vaso aberto, o desponte das mudas no
campo deve ser realizado a 50 cm do solo para a formao de 3 a 4 pernadas em direes
opostas e em diferentes pontos de insero no caule. Devem-se eliminar o ramo prximo
ao solo e os ramos mal posicionados ou fracos. Os ramos devem ser arqueados visando
mant-los a 50o em relao ao solo. No inverno do ano seguinte, devem-se encurtar
as 1/3 das pernadas principais, deixando no pice dois ramos voltados para o exterior.
Essa poda deve ser realizada at o terceiro ano aps o plantio. A poda de produo,
realizada a partir do 3.o ano aps o plantio, realizada no perodo de maio a julho,
devendo-se eliminar ramos suprfluos, mal posicionados e voltados para baixo, doentes,
praguejados e secos. Os ramos que permanecem na planta devem ser encurtados.
Outros tratos culturais:
Tutoramento das plantas com estacas de bambu.
Controle de plantas daninhas: capinas superficiais, roadas, utilizao de
cobertura morta e herbicidas ps-emergentes.
Superao de dormncia das gemas: visando a antecipao e uniformizao
da brotao, utilizando-se cianamida hidrogenada, antes do intumescimento das gemas,
com doses de 0,3% a 0,8% adicionando leo mineral a 1%, em funo da variedade e da
regio de cultivo.
Raleio de frutos: visando o aumento do peso dos frutos remanescentes e a
uniformidade de maturao, bem como evitar problemas de alternncia de produo,
devendo-se ser realizado quando os frutos tiverem 1 a 2 cm de dimetro, cerca de 30 a
40 dias aps o florescimento, mantendo 1 a 3 frutos por ramo, distanciados em 10 cm.
Ensacamento de frutos: visando o controle de mosca das frutas e obtendo-se
frutos de melhor qualidade.
Poda de renovao aps a colheita: eliminando ramos que j produziram e
encurtando ramos do ano, deixando com duas gemas na base. Manuteno de alguns
ramos enfolhados oriundos das pernadas principais, evitando danos pelo excesso de sol.
Principais pragas e controle: a seguir apresentamos uma lista de pragas
que comumente atacam o pessegueiro e seus controles: mosca-das-frutas (trimedlure
- armadilha, deltametrina, pupa estril de macho de Ceratitis capitata linhagem tsl,

Boletim, IAC, 200, 2014

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Pssego

A.T.E. Aguiar et al.

malationa); mariposa oriental (clorantraniliprole, lcool laurlico - armadilha, (z)-8-dodecenol,


deltametrina, fosmete, acetato de (E)-8-dodecenila + (Z)-8-dodecenol + acetato de
(Z)-8-dodecenila - armadilha, novalurom, etofenproxi); broca do ponteiro; caro rajado
(abamectina; enxofre); tripes; cochonilha branca (leo mineral.); piolho de So Jos
ou cochonilha de So Jos (leo mineral); lagarta-das-fruteiras; pulges (tiametoxam).
Controle: o perodo crtico do ataque de tripes vai do florescimento ao
pegamento de frutos, recomendando-se pulverizaes preventivas com inseticidas de
contato. Para a mosca-das-frutas recomendam-se o ensacamento de frutos, o uso de
armadilhas e de iscas txicas (malationa com melao) e pulverizaes com inseticidas
(deltametrina e malationa). O controle da mariposa oriental pode ser realizado atravs
de armadilha contendo feromnio sexual sinttico, alm de pulverizaes com inseticidas
registrados no MAPA (disponvel para consulta no Agrofit). Devido s aplicaes de
inseticidas para controle da mosca-das-frutas e da mariposa oriental pode ocorrer um
desequilbrio entre a populao de caros predadores e fitfagos causando o aumento
populacional do caro rajado (leo mineral). Devido carncia dos acaricidas registrados
para a cultura do pessegueiro, recomendado que o tratamento seja realizado aps o
termino da colheita. O tratamento de inverno com calda sulfoclcica auxilia no controle
de pragas, especialmente de cochonilhas.
Principais doenas e controle: a seguir apresentamos uma lista de doenas
que comumente atacam o pessegueiro e seus controles: podrido parda (fluazinam,
iminoctadina, diclorana, captana, xido cuproso, tebuconazol, mancozebe + oxicloreto
de cobre, ditianona, mancozebe, dodina, folpete, enxofre, mancozebe, fluquinconazol,
oxicloreto de cobre, iprodiona, difenoconazol, procimidona, triforina, procimidona);
ferrugem (ciproconazol, azoxistrobina, tebuconazol, mancozebe, enxofre); furo de bala;
sarna (captana, folpete, enxofre, mancozebe + oxicloreto de cobre); gomose; bacteriose
e antracnose (ditianona, triforina, captana). Recomenda-se o tratamento de inverno com
calda sulfoclcica nos meses de maio e junho, pulverizao preventiva com fungicidas de
contato, especialmente no florescimento e no amadurecimento dos frutos, visando o
controle de podrido parda; incio da abertura do boto floral at o incio da frutificao,
e prticas culturais visando propiciar maior aerao no interior da copa, como a prtica
da poda verde, a eliminao dos ramos podados e de frutos danificados. recomendada
a aplicao de fungicidas de contato (mancozebe ou captana) aps as podas de produo
e poda verde, para proteo dos ferimentos evitando infeces fngicas e bacterianas.
Fatores nutricionais (deficincia ou excesso) e estresse hdrico podem debilitar a planta,
aumentando a incidncia de patgenos.

Colheita: perodo de setembro a fevereiro, porm no Estado de So Paulo,

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Boletim, IAC, 200, 2014

grande parte da colheita ocorre de agosto a novembro, anteriormente oferta de


pssegos do Rio Grande do Sul, que concentra a produo nos meses de novembro
a janeiro. A produo comercial ocorre a partir do 3.o ano de instalao do pomar. A
colheita deve ser realizada nas horas mais frescas do dia, mantendo as frutas colhidas
na sombra, antes de serem transportadas para a embalagem. Os frutos so colhidos
manualmente, no estdio de vez. Os principais parmetros utilizados para colheita so a
colorao da epiderme e a consistncia dos frutos.

Pssego

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Produtividade normal:15 a 30 t ha-1 de frutos, em pomares adultos


racionalmente conduzidos e conforme o espaamento.
MARA FERNANDES MOURA
GRACIELA DA ROCHA SOBIERAJSKI
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
MARCO ANTONIO TECCHIO
UNESP/Faculdade de Cincias Agronmicas, Botucatu (SP)

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Pimenta-do-Reino

A.T.E. Aguiar et al.

Pimenta-do-Reino
Piper nigrum L.

uma planta trepadeira, da famlia Piperaceae, originria do sudoeste Asitico.


As plantas so cultivadas apoiadas em tutores. Os gros, inteiros ou modos, so utilizados
como condimento, como preservadores de carnes e nas indstrias de conserva. Os leos
essenciais extrados so utilizados em perfumarias ou consumidos da mesma forma que
os gros.
Cultivares: Ballankota, Panniur e Singapura.
Clima e solo: a espcie necessita de precipitao pluvial de 1.800 mm/ano,
temperatura mdia de 21 oC e umidade relativa de 80%. Solos sujeitos a encharcamento
devem ser evitados.
poca de plantio: de outubro a dezembro.
Espaamento: 2,5 x 2 m ou 2 x 2 m.
Mudas necessrias: 2.000 a 2.500 mudas/hectare.
Formao das mudas: a multiplicao feita por enraizamento de estacas,
que devem ser oriundas de ramos ortotrpicos de pimenteiras sadias, produtivas, e
apresentar de 3 a 5 gemas bem formadas. No canteiro de enraizamento ou em sacos
plsticos, enterr-las a 15 cm de profundidade.
Covas: devem medir 40 x 40 x 40 cm, abertas ao lado dos tutores, de 30 a 60
dias antes do plantio.
Sistema de conduo: planta trepadeira, a pimenta-do-reino necessita de
suportes ou tutores, que podem ser de concreto ou de madeira, medindo em torno
de 2,5 m de altura. Na fase inicial de crescimento, para evitar tombamento, efetuar o
amarrio do ramo ao tutor.
Adubao de plantio e formao: aplicar no plantio, por cova, 10 kg de esterco
de curral ou 3 kg de esterco de galinha ou 800 g de torta de mamona, juntamente com
300 g de calcrio e 50 g de P2O5. Antes do florescimento (outubro a novembro) aplicar
em cobertura 60 g de nitrognio (N), 15 g de P2O5 e 45 g de K2O, por planta.
Adubao de produo: aplicar, de acordo com a anlise do solo, 90 kg ha-1
de N, 50 a 80 kg ha-1 de P2O5 e 50 a 80 kg ha-1 de K2O, parcelando em trs vezes: antes,
durante e aps o florescimento.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Irrigao: ser necessria durante o perodo de estiagem, bem como aps as


adubaes de cobertura.
Outros tratos culturais: consiste no replante de mudas nas falhas decorrentes
da morte de mudas no plantio, na coroao, durante as roadas e/ou capinas e na
conduo dos ramos que crescem desordenadamente.

Pimenta-do-Reino

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Principais pragas: a pimenteira resistente a pragas.


Principais doenas: podrides causadas por fungos como Fusarium,
Phytophthora, Rhizoctonia e Sclerotium. Ao detectar os sintomas na lavoura devem-se
arrancar as plantas infectadas e queim-las. Existem alguns fungicidas registrados para
a cultura.
Colheita: a colheita manual e realizada por repasses, podendo ser colhidos
trs tipos de produto: pimenta-verde, quando os frutos ainda esto verdes; pimenta-branca, quando os frutos apresentam colorao avermelhada e pimenta-preta, quando
os frutos esto verdoengos.
Produtividade normal: de 2 a 5 t ha-1 de pimenta-preta.
Rotao: prtica recomendvel, com culturas no hospedeiras dos fungos
causadores das podrides.
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Pimenta Hortcola

A.T.E. Aguiar et al.

Pimenta Hortcola
Capsicum spp.

As pimentas pertencem famlia Solanaceae e caracterizam-se pela grande


diversidade de uso e pela enorme e fascinante variabilidade de cor, formato e pungncia.
No Brasil, a cadeia produtiva de pimenta tem forte papel socioeconmico,
pois envolve agricultores familiares e associaes na produo e no processamento
artesanal, bem como a indstria no processamento em larga escala. Essas atividades
geram emprego, renda, agregao de valor e incluso social. As pimentas so originrias
das Amricas e foram introduzidas na Europa por Cristvo Colombo no final sculo XV,
disseminando-se rapidamente para os demais continentes. Atualmente, so descritas
entre 30 e 40 espcies, das quais apenas cinco so consideradas cultivadas: C. annuum L.
(ex. pimento, Jalapeo, Cayenne); C. baccatum var. pendulum (Wild.) Eshbaugh
(dedo-de-moa, chapu-de-frade); C. frutescens L. (malagueta, Tabasco); C. chinense
Jacq. (cheiro, bode, habanero, jolokia); C. pubescens Ruiz & Pavon (Locoto). Os tipos e
cultivares mais plantados no Brasil pertencem s espcies C. annuum L., C. frutescens L.,
C. chinense Jacq., C. baccatum L. A pimenta cumari (C. baccatum var. praetermissum
Heiser & Smith), bastante apreciada nas regies Sudeste e Sul e cujo consumo vem
crescendo, considerada uma espcie silvestre ou semidomesticada. As sementes
apresentam dormncia, prejudicando a germinao, e as plantas no esto adaptadas
ao cultivo sob sol pleno. A produo direcionada a dois mercados principais, o de consumo
in natura e o de processamento. No mercado in natura, predomina o uso culinrio, como
alimento e condimento, alm de um nicho como pimenta ornamental. Como alimento,
a pimenta rica em vitamina C e tem propriedades antioxidantes, determinadas pelo
alto contedo de betacaroteno. No entanto, a principal importncia das pimentas a
sua propriedade pungente, caracterstica que as tornaram conhecidas, consumidas e
apreciadas no mundo todo. A pungncia conferida pelos capsaicinoides, substncias
alcaloides exclusivas do gnero Capsicum, dos quais a capsaicina contribui com mais de
70% do total. O aroma das pimentas tambm vem sendo foco de interesse da indstria,
tanto para aplicao cosmtica como alimentar. Ele caracterizado pelos compostos
volteis, dentre os quais se destacam steres, sesquiterpenos, lcoois e aldeidos.
Cultivares: no mercado atual de sementes de hortalias, observa-se um
discreto aumento de oferta de cultivares de pimenta, com predomnio da pimenta
americana doce. As cultivares plantadas no Brasil, em sua maioria, so consideradas
variedades botnicas ou pertencem a grupos varietais, com caractersticas de frutos
bem definidas. Os grupos varietais mais representativos so malagueta, dedo-de-moa,

350

Boletim, IAC, 200, 2014

chapu-de-frade, de-cheiro e americana. No entanto, vem crescendo a disponibilidade


de novos formatos, cores e tipos, de modo que alguns se tornaram nichos de mercado.
So os casos das pimentas biquinho, murupi, cumari, cumari-do-par, habanero, as
superardidas jolokias e as ornamentais. Nas regies Norte e Nordeste, o grupo varietal
das pimentas-de-cheiro recebe esse nome devido ao aroma caracterstico do fruto e, em
geral, no so pungentes. Nas regies Sudeste e Sul, a adoo do nome de-cheiro vem
crescendo, mas esse mesmo grupo tambm conhecido como pimenta-de-bode e inclui
tanto pimentas doces como altamente pungentes. A pimenta americana um grupo
varietal de frutos longos (> 20 cm) e sem pungncia. O IAC foi pioneiro nesse segmento,
com o lanamento de Agronmico 11, tradicionalmente consumida como fruto verde.
Atualmente, os catlogos das empresas sementeiras disponibilizam diversas cultivares, a
maioria hbrida, para consumo tanto como fruto maduro (vermelho e amarelo) ou imaturo.

Pimenta Hortcola

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Clima e solo: a pimenta uma hortalia de clima tropical, bastante exigente em


altas temperaturas. O solo deve ter boa drenagem e pH entre 5,5 e 6,8.
poca de plantio: de agosto a fevereiro, podendo ser cultivada o ano todo
em regies onde a temperatura mnima no seja inferior a 18 oC, inclusive noite, e a
mxima no ultrapasse 35 oC. Quando cultivadas alm desses limites, a planta paralisa
o desenvolvimento e haver morte de plantas se houver geadas. Botanicamente, as
pimenteiras so consideradas espcies herbceas perenes, ou seja, permanecem vivas
por vrios anos aps o primeiro ciclo de produo, se as plantas estiverem sadias. No
entanto, recomenda-se eliminar as plantas anualmente porque podem se tornar foco
de pragas e doenas e porque fundamental fazer rotao de cultura, para se obter
plantas saudveis. Alm disso, excetuando as cultivares hbridas, o custo das sementes
de pimenta ainda baixo.
Espaamento: campo - 1,0 a 1,2 x 0,60 a 0,80 m; estufa agrcola - 1,0 x 0,50
a 0,70 m; considerando uma estufa agrcola de 7 m de largura, em geral, utilizam-se
quatro canteiros, de preferncia, cobertos com plstico (mulching), espaados de 0,60 m
e com duas linhas de plantio em cada canteiro, com espaamento de 0,60 m entrelinhas
e 0,50 entre plantas.
Produo de mudas: utilizam-se bandejas com 128 clulas e, atualmente,
as mais utilizadas so as de polietileno. Usar, de preferncia, substrato comercial.
possvel usar substrato prprio, mas ele deve ser isento de patgenos e permitir o
desenvolvimento adequado das razes, de modo que se obtenha uma muda com o torro
bem estruturado. Quando a germinao do lote desconhecida, pode-se colocar at 3
sementes por clula. Aps germinao e emisso do primeiro par de folhas verdadeiras,
fazer o desbaste deixando apenas 1 plntula em cada clula. Se o lote de sementes tiver
garantia de germinao prximo de 100%, basta colocar uma semente por clula.

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Pimenta Hortcola

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Sementes necessrias: 100 a 300 g ha-1 dependendo do nmero de sementes


por clula, conforme o item anterior, e considerando que o estande mdio por hectare
de 15 mil plantas.
Plantio: no se deve usar a altura da muda como referncia para o transplantio
por ser um parmetro varivel entre os diferentes grupos varietais. Assim, as mudas
devem ser transplantadas para o local definitivo quando estiverem com cinco ou seis
folhas verdadeiras. Esse estdio ocorre em torno de 40 e 60 dias aps a semeadura, no
vero e no outono, respectivamente.
Calagem: de acordo com a anlise do solo, aplicar calcrio para elevar a
saturao por bases a 80% e o teor mnimo de magnsio a 8 mmolc dm-3.
Adubao na sementeira: aplicar com 30 dias de antecedncia, 4 a 8 kg m-2 de
esterco bovino curtido (que pode ser substitudo por 1 a 2 kg m-2 de esterco de galinha
ou cama de frango curtidos) 100 a 250 g m-2 de calcrio, 10 a 20 g m-2 de N, 40 a 60 g m-2
de P2O5 e 30 a 40 g m-2 de K2O.
Adubao orgnica: aplicar 30 dias antes do plantio, 10 a 20 t ha-1 de esterco
bovino curtido ou 1/4 a 1/5 dessas quantidades de cama de frango, esterco de galinha,
sunos, ovinos ou caprinos. O composto orgnico, incluindo o hmus de minhoca e o
Bokashi, pode ser utilizado devendo ser considerada a quantidade de N do fertilizante
orgnico, bem como o aspecto econmico.
Adubao mineral de plantio: 30 a 40 kg ha-1 de N, 120 a 360 kg ha-1 de P2O5 e
40 a 120 kg ha-1 de K2O. Aplicar, ainda, 1 a 1,5 kg ha-1 de B, 2 a 4 kg ha-1 de Zn, 1 a 2 kg
ha-1 de Cu e 20 a 30 kg ha-1 de S. Recomenda-se a utilizao de 1/4 do total de fsforo
indicado pela anlise do solo, na forma de termofosfato.
Adubao mineral de cobertura: 60 a 120 kg ha-1 de N; 20 a 40 kg ha-1 de P2 O5 e
40 a 120 kg ha-1 de K2O, parcelando em 6 a 10 vezes. Caso seja utilizada irrigao por
gotejamento, as coberturas em fertirrigao com fertilizantes solveis devero ser
realizadas diariamente ou a cada dois a trs dias. As quantidades menores ou maiores
de nutrientes dependero das anlises do solo e foliar, cultivar, sistema de cultivo (estufa
ou campo) e produtividade esperada. Recomenda-se tambm a adubao foliar com
sulfato de magnsio heptaidratado a 0,5% e produtos contendo clcio quelatizado aos
30, 60 e 120 dias aps o pegamento das mudas.
Irrigao: as pimenteiras necessitam de suprimento regular de gua para que
se obtenha alta produo. A escolha do sistema de irrigao depende basicamente da
topografia do terreno e da disponibilidade de gua. Atualmente, o gotejo o modo
recomendado devido economia de gua e tambm porque permite a adaptao para
fertirrigao. No caso do uso da asperso, no irrigar no perodo da manh durante a

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Boletim, IAC, 200, 2014

fase de florescimento para evitar a lavagem do plen.


Outros tratos culturais: manter a cultura livre de plantas daninhas. No h
herbicida registrado para a cultura da pimenta.
Principais pragas: mosca-branca (Bemisia tabaci ou B. argentifolii bitipo
B), pulgo (Myzus persicae, Aphis gossypii, Macrosiphum euphorbiae), caro branco
(Polyphagotarsonemus latus), caro rajado (Tetranychus urticae), caro vermelho
(Tetranychus ludeni, Tetranychus evansi), tripes (Thrips palmi e Frankliniella schultzei),
broca do fruto e do ponteiro (Gnorimoschema barsaniella), vaquinha (Diabrotica
speciosa) e burrinho (Epicauta suturalis). Entre os caros, o branco o mais comum e
causa mais danos devido dificuldade de controle eficaz.

Pimenta Hortcola

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Principais doenas:
Fngicas - tombamento (Rhizoctonia solani, Phytophthora spp., Pythium spp.,
Colletotrichum spp., Fusarium sp.), requeima ou murcha-de-fitftora (Phytophthora
capsici), antracnose (Colletotrichum gloeosporioides), odio (Leveillula taurica - estgio
assexual, anamrfico = Oidiopsis taurica), murcha-de-fusrio (Fusarium solani), murcha
de verticlio (Verticillium dahliae), mancha-de-cercospora (Cercospora capsici) e
ferrugem (Puccinia pampeana).
Bacterianas - mancha ou pstula bacteriana (Xanthomonas campestris pv.
vesicatoria), podrido mole ou talo oco (Erwinia spp.) e murcha bacteriana (Ralstonia
solanacearum).
Virticas - vrus do mosaico do pimento (Potato virus Y - PVY), vrus do mosaico
amarelo do pimento (Pepper yellow mosaic virus - PepYMV), vrus do mosaico do fumo
(Tobacco mosaic virus - TMV), vrus do mosaico do pepino (Cucumber mosaic virus CMV), vrus do vira-cabea (Tomato spotted wilt virus - TSWV).
As doenas mais importantes, devido aos prejuzos que causam, so antracnose,
requeima, odio, mancha-bacteriana e as viroses causadas por PVY, TMV, CMV e TSWV.
Odio - essa doena passou a ter importncia no Brasil com a chegada do cultivo
em ambiente protegido, na dcada de 1980. Embora tambm ocorra em campo aberto,
no causa danos expressivos. Por sua vez, o ambiente protegido tem as condies
timas para seu desenvolvimento, que so umidade relativa e temperaturas altas.
Recomenda-se controle da umidade e do patgeno, pois, uma vez instalada, uma
doena de controle difcil.
Ferrugem - a ocorrncia da ferrugem da pimenta rara no s no Brasil, mas
no mundo, tanto que, nos livros, nem citada nos captulos que tratam de doenas. No
entanto, quando ocorre bastante destrutiva. No Brasil, j foi observada nas regies

Boletim, IAC, 200, 2014

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Pimenta Hortcola

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Sudeste e Sul e ocorre no outono e inverno sob temperaturas entre 18 e 21 oC e alta


umidade relativa. Depois de instalada, a disseminao para plantas sadias rpida, pois
os esporos so transportados pelo vento, gua e contato humano. Para o controle, deve-se
reduzir a gua de irrigao, eliminar as plantas doentes, queimando-as ou enterrando-as
fundo. Feito isso, a recomendao aplicar semanalmente e preventivamente, fungicida
base de cobre nas plantas ainda sem sintomas.
Viroses - evitar a presena de pulgo e tripes, insetos vetores dos vrus
causadores de mosaico (exceto mosaico do fumo) e de viracabea, respectivamente. Os
vetores do mosaico do fumo so sementes contaminadas e cigarro, portanto, proibido
o trnsito de fumantes entre as plantas.
Transmisso via sementes - antracnose, mancha bacteriana e mosaico do
fumo so doenas transmitidas pelas sementes, portanto, utilizar sementes sadias e de
procedncia idnea.
Observao: h poucos produtos para o controle de pragas e doenas da
pimenteira registrados no Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento.
Considerando, ainda, alteraes eventuais nos registros dos produtos, recomenda-se buscar
informaes atualizadas disponveis em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/
principal_agrofit_cons.
Colheita: inicia-se entre 100 e 120 dias aps a semeadura. Os frutos podem
ser colhidos maduros ou verdes, dependendo da finalidade a que se destinam. Para a
maior parte das pimentas, os frutos so colhidos e consumidos maduros. Excees so
a pimenta americana, mais consumida como fruto verde, e a pimenta cumari, colhida
ainda verde por causa da preferncia de pssaros aos frutos maduros.
Comercializao e processamento: atualmente, observa-se uma grande
diversidade de embalagens utilizadas no transporte de pimenta fresca, da antiga e
rstica caixa K a caixas de papelo, mais modernas. A comercializao in natura feita no
atacado e no varejo, sendo fortemente influenciada pelos hbitos alimentares regionais.
Portanto, o comrcio local e regional intenso. Tambm bastante diversificada a
apresentao ao consumidor, observando-se desde a venda a granel em grandes bancas
e em caixas de papelo, a embalagens mais sofisticadas como bandejas de isopor,
cobertas com filme plstico. O processamento feito tanto de forma artesanal quanto
industrial e caracteriza-se por uma grande diversidade de produtos: conservas, molhos,
geleias e pimenta desidratada em p (pprica) ou triturada (pimenta calabresa). Na
indstria, as pimentas so utilizadas ainda na fabricao de frmacos, cosmticos, defesa
pessoal e em produtos alimentcios que vo dos embutidos ao chocolate, mostrando sua
ampla versatilidade culinria.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Produtividade: de 4 a 60 t ha-1. As causas dessa variao ampla so: (1) manejo


cultural - o principal fator de produo. Em cultivos com pouco uso de insumos e sem
irrigao, a produtividade baixa. Esses insumos referem-se a uso de sementes e de
mudas de boa qualidade, calagem e adubao corretas, irrigao, controle de pragas,
doenas e plantas daninhas e colheita com pouca perda. Em contrapartida, em cultivos
como o de pimenta americana, em So Paulo, e o de pimenta jalapeo, no cerrado,
recebem manejo similar ao da cultura do pimento, gerando alta produtividade; (2) tipo
varietal - cultivares de frutos pequenos, como malagueta, cumari e diversas de-cheiro,
produzem pouca polpa e muita semente. Esses fatores contribuem para a diminuio do
peso do fruto e da produtividade, mesmo que o nmero de frutos seja elevado.

Pimenta Hortcola

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Produo de sementes: de modo geral, as pimenteiras produzem grande


quantidade de sementes por fruto. Para produzir sementes, o cuidado mais importante
evitar o cruzamento entre tipos diferentes, que leva perda da pureza varietal. Apesar
de serem espcies autgamas, as pimenteiras tm alta taxa de polinizao cruzada, que
varia de 2% a 90%. Essa ampla variao devida a fatores como morfologia floral, local de
cultivo, poca do ano, clima e populao de abelhas, que so os principais polinizadores.
Portanto, para a produo de sementes, necessrio isolar os lotes de tipos diferentes,
incluindo pimento. A distncia necessria para o isolamento de 400 metros para
semente certificada, que aumenta para 1.600 m para semente bsica. Outra alternativa
para evitar a polinizao cruzada proteger as plantas individualmente, ou em tneis com
tecido sinttico branco do tipo fil. Evitar tecido de algodo, pois apodrece rapidamente.
Nesse tipo de ambiente, preciso ficar atento ocorrncia de pulgo e fumagina, havendo
necessidade de controle. A inspeo do campo essencial, pois visa eliminar plantas fora
de tipo e doentes, garantindo a pureza e a sanidade da semente.
Extrao de sementes: os frutos devem ser colhidos quando estiverem maduros
e sadios e, nesse estdio, as sementes podem ser extradas imediatamente. Para garantir
a maturao completa, os frutos podem ser mantidos em repouso por alguns dias antes
da extrao. A extrao das sementes pode ser feita pelas vias seca ou mida. A extrao
por via seca pode ser conduzida manualmente, sendo mais indicada para obteno de
sementes em pequena escala. A extrao por via mida indicada para produo em
mdia e grande escalas, pois agiliza o processo, obtendo-se elevada quantidade de
sementes em menor tempo. Para produo em mdia escala, a extrao pode ser feita
com um moedor de carne manual, utilizando-se um disco com perfurao adequada que
permita a passagem das sementes sem causar danos. Para produo em grande escala,
so utilizados esmagadores/moedores de porte maior, manuais ou eltricos. Aps a
extrao, a massa esmagada lavada em gua, para separao das sementes do resto de
polpa, que ocorre por diferena de densidade. As sementes boas, de maior densidade,
sedimentam no fundo do recipiente e o material restante facilmente eliminado pela

Boletim, IAC, 200, 2014

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Pimenta Hortcola

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inclinao do recipiente. Em pequena quantidade, as sementes podem ser colocadas


para secar em pratos de barro, que absorvem a umidade rapidamente ou sobre tecido
de algodo com trama bem fechada, dos tipos morim e cretone. Este serve, tambm,
para secar grandes quantidades de sementes. A secagem deve ser feita em ambiente
ventilado e com luz, mas sem sol direto. Se for acondicionada em embalagem hermtica,
como latas ou sacos de papel aluminizado e com umidade em torno de 5%, as sementes
podem ser armazenadas em temperatura ambiente. Se embaladas em sacos de papel,
devem ser armazenadas em cmara de sementes, sob temperatura em torno de 15 oC e
umidade relativa de 40%.
Comercializao de sementes: ao se procurar sementes de pimenta em pginas
de busca virtual, h uma enorme oferta de produtos. No entanto, h poucas empresas
de porte que produzem e comercializam sementes de pimenta com origem idnea e
com a qualidade fsica, fisiolgica e sanitria necessria. A forma de comercializao
tambm diversificada, sendo vendida por peso (0,5 a 50 g) ou por unidade (10 a 500
sementes). A semente tambm pode ser de origem do prprio produtor, ou de troca entre
produtores, ou fornecida pela empresa que contrata a produo, como so os casos de
Tabasco, para produo do molho, e jalapeo, para produo de pimenta em p.
Rotao: utilizar milho e leguminosas. Evitar plantios sucessivos de pimenteiras
e rotao com espcies da mesma famlia, como pimento, tomate, jil e berinjela.
Cultivos com mais de um ano de idade podem ser fonte de patgenos e de pragas para
outras solanceas cultivadas nas proximidades.
ARLETE MARCHI TAVARES DE MELO
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Piretro

Chrysanthemum cinerariaefolium Vis.

Piretro

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O piretro, originrio da costa do Mediterrneo, pertence famliaAsteraceae.


O cultivo da espcie milenar, ocorrendo h mais de 2.500 anos na China, sendo
considerado uma das plantas nobres chinesas. Seu porte herbceo, com altura de 1 m,
aproximadamente, propagando-se por diviso de touceiras, bem como por sementes.
Cultivares: Qunia.
Clima e solo: necessita de muita luz no suportando, no entanto, a incidncia
de sol direto. Prefere clima quente e mido, no tolerando geadas.
poca de plantio: de setembro a outubro.
Espaamento: no viveiro, 10 x 15 cm; no campo, 60 a 80 x 40 cm.
Sementes e mudas necessrias: no viveiro, de 5 a 6 g m-2 de sementes,
necessitando-se de 200 a 300 m2 de canteiros para o plantio de 1 ha; no campo,
necessita-se de 31.000 a 42.000 mudas/ha, dependendo do espaamento adotado.
Calagem e adubao: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 80%.
No plantio, de acordo com a anlise do solo, aplicar 10 kg ha-1 de nitrognio (N), de 30 a
90kg ha-1 de P2O5 e de 30a 90 kg ha-1 de K2O. Em cobertura, fazer trs aplicaes de 45kg ha-1
de N, aos 30, 60 e 90 dias aps o plantio.
Irrigao: deve ser frequente, por gotejamento ou asperso. Os canteiros
devem ser preparados de acordo com o sistema de irrigao a ser utilizado.
Outros tratos culturais: utilizar cobertura morta aps transplante das mudas e
capinas peridicas durante o ciclo da planta.
Principais pragas: tripes, no havendo produtos registrados para a cultura.
Principais doenas: no h relatos.
Colheita: realizada de setembro a fevereiro, colhendo-se as flores
manualmente, com auxlio de colhedor especial, quando o disco central apresentar
colorao amarelo-escuro.
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC) Campinas (SP)

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Quiabo

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Quiabo

Abelmoschus esculentus (L.) Moench.


O quiabeiro uma planta anual, pertencente famlia Malvcea, sendo o
nordeste da frica (regies da Etipia e Sudo) o provvel local de origem. A espcie
Abelmoschus esculentus largamente cultivada nas regies tropicais e subtropicais,
tendo sido introduzida no Brasil no perodo colonial. O caule semilenhoso, ereto,
podendo atingir mais de dois metros de altura. As flores so completas e frteis e, no
entanto, a taxa de polinizao cruzada pode ser superior a 50%. Os frutos imaturos,
ricos em vitamina A, vitamina B e sais minerais, auxiliam nos casos de constipao
intestinal e so consumidos como hortalia, principalmente cozidos, refogados e fritos.
Tambm h possibilidade de uso do produto em conserva e congelado. Os frutos rolios,
tradicionalmente so os preferidos no Brasil, enquanto nos Estados Unidos utilizam-se os
frutos rolios para congelamento e enlatados (sopas) e os frutos quinados (com quinas
ou arestas), como produto fresco. As sementes maduras so ricas em leo (15%-20%).
Em 2012, no Estado de So Paulo, segundo o IEA/CATI, o quiabeiro foi cultivado em 148
municpios, sendo os maiores em rea cultivada Piacatu (220 ha), Promisso (120 ha),
Mogi Guau (110 ha) e Araatuba (100 ha); as regies administrativas de maior expresso
foram Araatuba (33,9%), Campinas (27,6%) e Sorocaba (11,4%). A estimativa do custo
de produo em Piacatu em 2012 foi de R$ 7.621,19/ha, dos quais, aproximadamente
30%, correspondendo aos insumos, e 70%, mo de obra e mquinas. H necessidade
de duas pessoas para cuidar de um hectare.
Cultivares: Santa Cruz 47, Colhe Bem e o hbrido Dardo so as principais
cultivares para So Paulo. A lista de cultivares registradas est disponvel em:
www.agricultura.gov.br/cultivares.
Clima e solo: o quiabeiro sensvel ao frio e ao excesso de chuva. Exige
temperatura do solo de pelo menos 16 oC para germinao das sementes (Universidade
da Califrnia). Para bom desenvolvimento e produo, a temperatura deve estar na
faixa de 21 a 30 oC (Sistema de Extenso do Alabama). Devem ser utilizados solos com
boa drenagem.
poca de plantio: nas regies de inverno ameno, como o noroeste paulista,
clima Aw, o cultivo pode ser feito praticamente o ano todo, destacando-se duas pocas
principais de plantio: outubro-novembro e janeiro-fevereiro. Nas regies de inverno
mais intenso, clima Cwa, recomenda-se o cultivo de outubro a abril, com principal poca
de plantio em outubro-novembro.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Espaamento: o mais comum o plantio em linhas, no espaamento de 1,00 a


1,20 x 0,20 a 0,30 m. Tambm se utilizam em Araatuba os espaamentos 1,50 x 0,50 m e
1,60 x 0,70 m e em Piacatu 1,50 x 0,30 m. A profundidade de plantio deve ser de 2 a 3 cm.

Quiabo

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Sementes necessrias: usar sementes de boa qualidade gentica e sanitria,


assim como de germinao uniforme e rpida. Normalmente, so necessrios 5 kg por
hectare, quando o poder germinativo de 85%. Colocar 15 sementes por metro linear. O
sistema de semeadura predominante o mecanizado. A emergncia das plntulas tem
incio uma semana aps a semeadura.
Calagem e adubao: coletar de 12 a 20 pontos para cada gleba homognea
para a anlise do solo. (1) calagem - aplicar calcrio com antecedncia suficiente para
elevar a saturao por bases faixa de 70% a 80% e o teor de magnsio do solo a no
mnimo 9 mmolc dm-3; (2) adubao orgnica - um ms antes do plantio, aplicar de
10a20t ha-1 de esterco de curral ou composto orgnico, ou 1/4 dessa quantidade de
esterco de galinha ou hmus de minhoca, todos bem curtidos. Quando possvel, incluir
o plantio de adubo verde no esquema de rotao de cultura. Procurar observar qual
a melhor dose de adubo orgnico para a sua gleba, pois o uso excessivo pode levar
a desenvolvimento vegetativo exuberante, dificultando a frutificao, as colheitas e o
controle fitossanitrio; (3) adubao mineral de plantio - aplicar no sulco de plantio,
de acordo com a anlise do solo, cerca de 10 dias antes do plantio, de 20a 40 kg ha-1 de
nitrognio (N), de 80 a 280kg ha-1 de P2O5, de 40a 120 kg ha-1 de K2O e de 0 a 1 kg ha-1 de
boro (B), de 0 a 2 kg ha-1 de cobre (Cu) e de 0 a 3 kg ha-1 de zinco (Zn); aplicar juntamente
com o NPK em pr-plantio, de 20 a 30 kg ha-1 de enxofre (S) e, em solos deficientes,
1 kg ha-1 de mangans (Mn); (4) adubao mineral de cobertura - em cobertura, aplicar
de 20 a 80kg ha-1 de N, de 5 a 20 kg ha-1 de P2O5 e de 15 a 60 kg ha-1 de K2O, durante o
ciclo da cultura. As coberturas com 20 kg ha-1 de N, 5 kg ha-1 de P2O5 e 15 kg ha-1 de K2O
cada vez, iniciam-se aos 20 dias aps a emergncia das plantas, podendo ser repetidas
cada 20 a 30 dias. Fazer duas pulverizaes com molibdato de amnio a 0,02%, at a
florao. Obs.: em Piacatu, em seguida poda, faz-se adubao orgnica e mineral (20%
das quantidades de nutrientes recomendadas em cobertura) e irriga-se.
Irrigao: no plantio por semeadura direta, no perodo normal de chuvas, de
novembro a fevereiro, a irrigao pode at ser dispensada, mas sua utilizao pode
garantir boa produtividade. Em Piacatu, 80% da rea cultivada com quiabo irrigada
por asperso. No plantio das mudas, que devero apresentar de 3 a 4 folhas definitivas,
necessrio irrigar. Maior exigncia em gua ocorre durante o perodo de rpido
crescimento e desenvolvimento das plantas.
Outros tratos culturais: a) desbaste - quando as plantas atingirem de 15 a
20 cm de altura; b) poda - em regies de clima favorvel como o de Piacatu, a fim de

Boletim, IAC, 200, 2014

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Quiabo

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se conseguir um perodo de colheita extra, ao trmino do perodo usual de colheita o


quiabeiro pode ser podado (corte em bisel) na altura em que aparecem os brotos, a
aproximadamente 50 cm do colo da planta, no plantio de outubro-novembro, ou em
torno de 30 cm do colo da planta, no plantio de janeiro-fevereiro. Nesse caso, necessrio
realizar uma adubao suplementar em cobertura logo aps a poda, irrigando-se em
seguida. Recentemente, vem sendo conduzida por um produtor de Araatuba, com
incio ao redor de 90 dias aps o plantio, a poda de conduo, com a finalidade de dar
planta a forma de uma taa. Essa poda consiste na remoo do ponteiro a 70-80 cm de
altura, com a realizao de podas subsequentes dos galhos, mantendo a altura citada,
com a expectativa de produzir na mesma rea por 1 a 2 anos; c) controle do mato manter a cultura no limpo, utilizando-se cultivador raso para no prejudicar as razes ou
herbicidas registrados para a cultura.
Principais pragas: nematoides de galhas, tripes e pulges; tambm ocorrem
mosca-branca, cochonilha, vaquinha, lagartas e caros. Segundo pesquisas realizadas
no IAC, crotalria jncea, crotalria espectbilis e crotalria paulina podem auxiliar no
controle de nematoides de galhas; outras solues seriam o uso de reas no infestadas
e a exposio do solo ao sol antes da gradagem. Segundo trabalhos desenvolvidos na
APTA-Regional, a espcie de joaninha Cycloneda sanguinea L. tem se mostrado eficiente
para o controle de pulges.
Principais doenas: mofo branco, murcha de Fusarium, odio, mancha de
Ascochita, podrides bacterianas, murcha de Verticillium, cercosporiose e mancha
angular. O odio pode ser controlado utilizando-se pulverizaes semanais com soluo
de leite de vaca cru ou pasteurizado, na concentrao de 5% a 20%, enquanto for possvel
cobrir toda a rea foliar com o produto (Embrapa Meio Ambiente). A lista de inseticidas,
acaricidas, fungicidas e bactericidas registrados para o quiabeiro est disponvel em:
http://www.agricultura.gov.br - Agrofit.
Colheita: inicia-se entre 45 e 60 dias aps o plantio, durando cerca de 3 meses
no sistema de produo sem poda e de 6 a 10 meses no sistema de conduo com
poda, em Piacatu. A precocidade depende da cultivar. O hbrido Dardo precoce, sua
colheita tendo incio aos 45 dias, enquanto as cultivares Colhe Bem e Santa Cruz 47 so
colhidas aos 60 dias. A colheita manual e feita diariamente medida que os frutos
atingem o ponto ideal de mercado, entre 9 e 12 cm de comprimento. Quando a colheita
realizada no perodo da manh, a pilosidade da planta produz menos irritao pele
de trabalhadores alrgicos, porm, frutos colhidos com orvalho ficam manchados.
Recomenda-se o uso de luvas e de vestimentas apropriadas para proteo da pele,
bem como a realizao da colheita aps o desaparecimento do orvalho. Os frutos
normalmente so acondicionados em caixas de madeira (K) de 18 kg, devendo seguir os
padres de classificao da CEAGESP. Deve ser lembrado que o acondicionamento nessa

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Boletim, IAC, 200, 2014

embalagem pode levar a perdas, que tambm podem ocorrer durante o transporte, e
que o produto no suporta falta de ventilao mesmo por algumas horas, o que pode
levar sua descolorao.

Quiabo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Ps-colheita: o quiabo constitudo por 90% de gua do total do seu peso


fresco e por isso um produto hortcola bastante perecvel, com perodo de conservao
ps-colheita extremamente curto, principalmente em condies de armazenamento sob
temperaturas altas e baixa umidade relativa. Logo aps a colheita, tem incio a perda de
turgidez dos frutos, principalmente dos menores que 9 cm. Para conservao satisfatria
do produto por 10 dias, devem-se utilizar temperaturas de 10 a 151 oC, umidade relativa
de 90%5% e embalagem PET, com tampa perfurada ou com filme de PVC. Temperaturas
abaixo de 9 oC podem provocar danos por frio, ocasionando descolorao superficial e
pequenas depresses na superfcie dos frutos. No lavar o quiabo e no coloc-lo em
cmara fria junto com produtos que produzem muito etileno como abacate, ameixa,
banana, ma, maracuj, melo, nectarina, pera, pssego e tomate, devido a sua
sensibilidade ao gs, levando ao amarelecimento do fruto. O quiabo embalado alcana
preo diferenciado no mercado.
Produtividade normal: a mdia de So Paulo no perodo de 2011-2012 foi de
13,2 t ha-1 (IEA/CATI). A produtividade esperada no cultivo com poda em Piacatu de
700 a 1.000 caixas de 18 kg, ou seja, de 12,6 a 18 t ha-1.
Rotao: como as cultivares de quiabeiro so suscetveis aos nematoides de
galhas, deve-se, sempre que possvel, fazer rotao de culturas utilizando cultivares de
milho e espcies de crotalria resistentes a nematoides (C. juncea, C. spectabilis e C. paulina,
segundo pesquisas realizadas no IAC). Alm disso, devem-se evitar locais que tenham
recebido cultivos sucessivos de abbora, batata, batata-doce, berinjela, ervilha, feijo,
quiabo, soja e tomate, pois favorecem a multiplicao de nematoides.
FRANCISCO ANTONIO PASSOS
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JULIANA SANCHES
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
SILVIA ANTONIALI
Polo Regional do Extremo Oeste, Araatuba (SP)
MARIA CECLIA CARDOSO LUCCHESI TEODORO
Escritrio de Desenvolvimento Rural (CATI), Araatuba (SP)
VALDEIR JOS DOS SANTOS
Casa da Agricultura de Piacatu (CATI), Piacatu (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

361

Rcula

A.T.E. Aguiar et al.

Rcula
Eruca sativa Miller

Originria e muito cultivada na regio mediterrnea, a rcula conhecida


desde a antiguidade, sendo que o primeiro registro data do sculo I, encontrado no
Herbrio Grego, de autoria de Dioscorides (41-68 d.C.). Na Itlia, onde apreciada
pela sua pungncia, essa hortalia folhosa consumida em larga escala. No Brasil,
consumida na forma de salada crua e em pizzas. Alm de servir como alimento, a rcula
possui propriedades nutracuticas, sendo um bom depurativo, fonte de vitamina C e de
ferro. Na sua composio, em cada 100 g de matria fresca, h em mdia 91,7 g de gua;
2,58 g de protena; 1,6 g de fibra; 160 mg de clcio; 1,40 mg de ferro; 47 mg de magnsio;
52 mg de fsforo; 369 mg potssio; 27 mg de sdio; 0,47 mg de zinco; 15 mg de vitamina C;
0,044 mg de tiamina; 0,086 mg de riboflavina; 0,305 mg de niacina; 0,437 mg de cido
pantotnico e 0,073 mg de vitamina B6. Pertencentes famlia Brassicaceae, trs espcies
de rcula so utilizadas no consumo humano: Eruca sativa Miller, que possui ciclo de
crescimento anual e Diplotaxis tenuifolia (L.) DC. e Diplotaxis muralis (L.) DC., ambas
perenes. A espcie mais cultivada no Brasil a Eruca sativa Miller. Porm, tambm h
cultivos em menor escala da espcie Diplotaxis tenuifolia (L.) DC, conhecida como rcula
selvagem ou selvtica. A rcula uma hortalia folhosa herbcea de rpido crescimento
vegetativo e ciclo de cultivo curto. O perodo que abrange desde a emergncia das
plntulas at a iniciao floral representa sua produo economicamente vivel para o
consumo humano, que se encerra ao atingir o maior tamanho das folhas. Suas folhas so
relativamente espessas e recortadas, de colorao verde, com nervuras verde-claras.
Cultivares: as cultivares mais utilizadas apresentam diferenas quanto ao tipo
de folha, que podem ter bordas lisas at bastante recortadas. No mercado, as cultivares
do tipo com bordas mais recortadas so chamadas de Cultivada (Antonella e Cultivada) e
o tipo mais liso, com o limbo foliar maior so chamadas de Folha Larga (Apreciatta Folha
Larga, Astro, Donatella, Folha Larga e Gigante Folha Larga). Todas as cultivares citadas
podem ser utilizadas para produo de folhas jovens, conhecidas no mercado como
baby leaf. Ainda existem cultivares da espcie Diplotaxis (Bella, Selvtica e Silvestre),
com bordas da folha bem recortadas.
Clima e solo: essa planta cresce rapidamente sob temperaturas amenas,
florescendo em dias longos, com altas temperaturas. Para seu bom desenvolvimento
e qualidade das folhas, as temperaturas mais adequadas situam-se entre 15 a 18 oC.
Porm, ela tem sido cultivada ao longo do ano em numerosas regies brasileiras com
temperaturas mais altas. Em temperaturas muito elevadas ocorre o florescimento
precoce, prejudicando a produo. As folhas ficam fibrosas e pungentes. Alm da alta
362

Boletim, IAC, 200, 2014

temperatura, a alta pluviosidade dificulta a produo dessa hortalia folhosa. Sob chuva
torrencial, as plantas apresentam menor tamanho, alm de ficarem com as folhas
amarelecidas, danificadas e sujas, comprometendo seu valor comercial. Quanto aos
solos, se adapta melhor aos de textura mdia.

Rcula

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

poca de plantio: no Planalto Paulista, de maro a julho. Em regies de altitude


e com clima ameno pode ser plantada o ano todo. Em regies de baixas altitudes e
clima quente, de abril a junho. Devido s altas temperaturas e chuvas intensas, que so
comuns nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, no Estado de So Paulo, torna-se
mais difcil o cultivo em campo, sendo que o cultivo em ambiente protegido a melhor
opo para a produo nessas condies climticas.
Espaamento: de 15 a 25 cm entrelinhas e de 5 a 10 cm entre plantas. Para um
mercado exigente em folhas grandes deve-se utilizar o espaamento de 10 cm entre
plantas e para um mercado menos exigente o espaamento de 5 cm.
Propagao: por sementes, cada grama de semente contm de 550 a 580
sementes, dependendo da cultivar. A semeadura pode ser feita diretamente no
canteiro definitivo, utilizando-se 0,2 gramas de semente por metro linear, a 0,5 cm
de profundidade, em sulcos estabelecidos em canteiros de 1,0 m de largura e 20 a
30cm de altura. A semeadura pode tambm ser realizada em bandejas de diferentes
materiais e volumes de clulas, com posterior transplante das mudas para o canteiro.
O mais comum a produo de mudas em bandejas com 288 clulas. Ressalta-se que
na semeadura direta, muitas vezes, difcil obter um estande uniforme, principalmente
pela dificuldade de semeadura devido ao pequeno tamanho das sementes.
Calagem e adubao: aplicar calcrio incorporando at 20 cm de profundidade,
para elevar a saturao por bases a 80%. Aos 30 a 40 dias antes do plantio, incorporar
ao solo 40a60t ha-1 de esterco bovino bem curtido, ou 1/4 a 1/5 dessas quantidades de
esterco de galinha, sunos, ovinos ou caprinos. O composto orgnico, incluindo o hmus
de minhoca e o Bokashi, pode ser utilizado devendo ser considerada a quantidade de
N do fertilizante orgnico, bem como o aspecto econmico. Os fertilizantes minerais
devem ser aplicados entre 7 e 10 dias antes da semeadura direta ou transplante das
mudas. Aplicar sobre a rea total do canteiro 30 a 50kg ha-1 de N, 200 a 400kg ha-1 de
P2O5, 50a 150 kg ha-1 de K2O, 1 a 1,5 kg ha-1 de boro (B), 1 a 3 kg ha-1 de zinco (Zn) e em
solos deficientes, 1 a 2 kg ha-1 de cobre (Cu). Em cobertura, realizar a aplicao de 120kg ha-1
de N, dividindo-se estas doses aos 7, 14 e 21 dias aps o transplante das mudas. No caso
de se utilizar a fertirrigao, com fertilizantes solveis, o parcelamento pode ser feito
em maior nmero de vezes, conforme necessidade da planta. Doses excessivas de
N predispem as plantas maior incidncia de doenas fngicas e ao acmulo de
nitrato e nitrito nas folhas.

Boletim, IAC, 200, 2014

363

Rcula

A.T.E. Aguiar et al.

Principais pragas e doenas: Pragas: lagarta medepalmo, lagarta-rosca, pulgo


e tripes. Doenas: ferrugem branca das folhas, tombamento (dampingoff), mancha-de-alternaria, mancha de Cercospora, Xanthomonas e Phythium, principalmente em
hidroponia. Produtos registrados para controle consultar: http://www.agricultura.gov.br
- Agrofit.
Outros tratos culturais: desbaste do excesso de plantas no caso de semeadura
direta, utilizao de cobertura de solo (mulching) plstico ou orgnico. Controlar plantas
daninhas com implementos mecnicos ou herbicidas registrados. Consultar: http://
www.agricultura.gov.br - Agrofit.
Irrigao: deve ser frequente, por asperso ou gotejamento. Os canteiros
devem ser preparados de acordo com o sistema de irrigao a ser utilizado. No suporta
o excesso de gua de chuva torrencial ou irrigao excessiva. O excesso hdrico na fase
inicial favorece com frequncia a doena conhecida como tombamento das plantas
(damping off), provocada por fungos de solo.
Colheita: cerca de 30 a 40 dias aps a semeadura. Aps esse perodo, as
folhas comeam a ficar fibrosas e imprprias para o consumo, pois a planta comea
a entrar no estdio reprodutivo. Em cultivos comerciais, a rcula colhida de uma
s vez, arrancando-se as plantas inteiras com folhas e razes. Porm, ela pode ser
colhida diversas vezes, cortando-se as folhas sempre acima da gema apical, onde
haver rebrota, possibilitando um novo corte. Devido perecibilidade do produto e
queda de produo dos cortes nas sucessivas rebrotas, dada preferncia colheita
da planta inteira. Para o comrcio, as folhas de rcula (maos ou dzias de plantas),
devem estar com 15 a 20 cm de comprimento, bem desenvolvidas, verdes e frescas.
Porm, o mercado muito varivel, existindo regies que preferem folhas grandes e
outras que apreciam folhas pequenas.
Em termos de produtividade, difcil uma estimativa mdia para a cultura,
pois o mercado muito varivel na exigncia do produto e tambm no existe uma
classificao oficial para o mesmo. No entanto, tm-se observado valores variando de 1,5
a 4,7 kg m-2 (12 a 38 t ha-1, considerando 8.000 m2 cultivados no hectare), dependendo
da exigncia do mercado e do sistema de produo utilizado.
Rotao de culturas: com hortalias de outras famlias, leguminosas de
adubao verde e cereais.
LUIS FELIPE VILLANI PURQUERIO
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

364

Boletim, IAC, 200, 2014

Seringueira

Hevea brasiliensis (Willd. ex Adr. de Juss.) Muell-Arg.

Seringueira

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espcie nativa da regio amaznica, pertencente famlia Euphorbiaceae.


Planta produtora de borracha natural, produto largamente utilizado na fabricao de
pneumticos e em grande nmero de manufaturados. No Estado de So Paulo, a Lei
Estadual n.o 12.927, de 23 de abril de 2008, permite o plantio de seringueira em arranjo
com plantas nativas para a recuperao das reservas legais. A madeira da seringueira
utilizada na fabricao de mveis e outros artefatos, gerando renda extra no fim do ciclo
de explotao.
Cultivares: importante a diversificao de clones para evitar surtos de
pragas e doenas, em razo do longo ciclo da cultura. Para o Planalto Paulista os clones
so indicados em classes. Atualmente, na classe I (plantio em grande escala, porm
sem exceder 50% da rea disponvel) recomendam-se os clones RRIM 600 e PR 255. Na
classe II (plantio em escala moderada, em combinao de trs ou mais clones pode-se
plantar acima de 50% da rea disponvel) recomendam-se os clones PB 217, PB 312,
PB 350, PB 296, PR 261, IAC 35, IAC 40, IAC 300, IAC 301, IAC 302, IAC 400, IAC 401,
IAC 406, IAC 411, GT 1, PC 119, IAC 500, IAC 501, IAC 502, IAC 503, IAC 505, IAC 511,
IAC 512, IRCA 111, RRIM 713, RRIM 908, RRIM 911, RRIM 937 e RRIM 938. Na classe
III (plantio em escala experimental em at 15% da rea disponvel) recomendam-se
os clones RRIM 710, RRIM 711, RRIM 901, RRIM 729, IAC 303, PB 311, PB 314, PB 350
(classe IIIA) e RRIM 714, RRIM 805, RRIM 919, PB 254, IRCA 22, IRCA 18, PB 355,
IRCA 27, RRII 105 e RRIC 100 (classe IIIB). Para o litoral recomendam-se clones
tolerantes ao mal-das-folhas: Fx 25, Fx 985, Fx 3028, Fx 2261, Fx 3844, Fx 3864, Fx 4098
e IAN 873.
Clima e solo: solos permeveis com pH entre 4 e 6, sem camadas de impedimento
at pelo menos 2 m de profundidade. Evitar reas sujeitas a encharcamento, regies frias
e baixadas sujeitas a geadas, conforme o zoneamento agroclimtico para a seringueira
no Brasil.
poca de plantio: mais favorvel no incio da estao das guas.
Tipos de mudas: mudas formadas com substrato inerte em bancadas suspensas
conforme Instruo Normativa n.o 29 de 5 de agosto de 2009, do Ministrio da Agricultura,
Pecuria e Abastecimento (MAPA).
Espaamento: 20 metros quadrados por planta, sendo 8 metros entrelinhas
de plantio e 2,5 m entre as plantas na linha. Outros arranjos com 7 e 6 m entrelinhas
tambm so viveis.
Boletim, IAC, 200, 2014

365

Seringueira

A.T.E. Aguiar et al.

Mudas necessrias: 500 plantas por hectare.


Plantio: covas nas dimenses de 0,40 x 0,40 x 0,50 m com uso de cavadeira ou
mquinas especiais ou em sulcos. Plantio em nvel.
Controle da eroso: plantar em nvel mantendo o solo vegetado na entrelinha.
Calagem e adubao: segundo anlise do solo, aplicar calcrio para elevar a
saturao por bases a 50%, usando preferencialmente calcrio dolomtico. Repetir a
amostragem do solo a cada dois anos. A adubao de plantio, por cova, corresponde
a 30 g de P2O5 e 20 g de K2O e 20 litros de esterco de curral bem curtido, quando
disponvel; para solos deficientes (Zn < 0,6 mg dm-3), acrescentar 5 g de zinco. Misturar
bem os adubos com o solo. Para plantio em sulco as quantidades devem ser aplicadas
por metro linear de sulco. A adubao de formao e produo corresponde tabela
abaixo, conforme a idade das plantas. Parcelar a aplicao de fertilizantes em duas
ou trs vezes, durante a estao das chuvas, ou se via fertirrigao, aplicar 60% dos
nutrientes de outubro a maro e 40% de abril a setembro. Monitorar os nutrientes nas
folhas para ajuste local das doses.

Idade
Nitrognio


Ano
N, kg ha-1
1
30

2
40

3
60

4
80

5
80

6
60

7
50

8
50

9
40
10
40
11-15
30
>16
20

Fsforo
P resina, mg dm-3
<12
13-30
>30
----- P2O5, kg ha-1 ----30 20 10
40
20
10
40
30
20
40
30
20
50
40
30
50
40
30
40
30
20
40
30
20
40
30
20
40
30
20
20
10
10
20
10
10

Potssio
K+trocvel,mmolc dm-3
<1,5
1,6-3,0 >3,0
----- K2O, kg ha-1 ----30 20 20
40
30
30
50
40
30
60
50
40
80
60
40
80
60
40
80
60
40
60
50
40
60
40
30
50
40
30
40
30
20
30
30
20

Outros tratos culturais: na formao - controlar plantas daninhas com herbicidas


especficos ou capinas manuais; desbrotar o caule at 2,5 m; adulto - controle do mato
com capinas ou herbicidas nas fileiras. Roar as entrelinhas. Os atuais ingredientes ativos
de herbicidas registrados para a cultura da seringueira so: atrazine, paraquat, diuron,
glifosato, amazapyr, simazine e trifluralina.
366

Boletim, IAC, 200, 2014

Culturas intercalares: indicado at o 3.o ou 4.o ano de formao. Culturas anuais


recomendadas - feijo, soja, milho, etc.; e perenes - palmito (litoral), caf (planalto).
Respeitar uma faixa de pelo menos um metro de cada lado da linha de seringueira, para
evitar competio entre as culturas.

Seringueira

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de doenas: no litoral, clones tolerantes ao mal-das-folhas


(Mycrocyclus ulei), doena que no problema no planalto. Em viveiros irrigados, em
determinadas pocas do ano, usar os ingredientes ativos de fungicidas registrados:
chlorothalonil, fenarinol, fentin, mancozeb, thiophanate methyl ou triforine. Antracnose
ocorre em fololos jovens e painel de sangria. Fololos: fungicidas cpricos, chlorotalonil,
propiconazole ou thiophanate methyl. Painel: fungicidas base de chlorotalonil,
propiconazole ou thiophanate methyl. Odio (Oidium heveae): enxofre. Outras doenas
que ocorrem no perodo de formao das plantas, principalmente o cancro do enxerto
e morte descendente (Lasiodiplodia theobromae) e no painel de sangria, como o cancro
estriado (Phytophthora spp.) e mofo cinzento (Ceratocystis fimbriata), devem ser
diagnosticadas para a eficincia do controle fitossanitrio.
Colheita: o ltex colhido o ano todo com sangrias a cada trs, quatro, cinco ou
at sete dias. Sugere-se o uso de estimulantes aps visitao tcnica.
Produtividade normal: varia com o clone e a idade de sangria. A produtividade
mdia de borracha seca em seringais bem manejados no Estado de So Paulo gira em
torno de 1.500 de borracha seca ha-1 ano-1.
PAULO DE SOUZA GONALVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
ERIVALDO JOS SCALOPPI JUNIOR
Instituto Agronmico (IAC), Votuporanga, (SP)
ONDINO CLEANTE BATAGLIA (aposentado)
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

367

Soja

A.T.E. Aguiar et al.

Soja

Glycine max (L.) Merrill


A soja uma leguminosa de ciclo anual (90-150 dias), de porte ereto, de
crescimento determinado ou indeterminado, com altura final das plantas variando
de 45 a 120 cm, dependendo da cultivar, da poca da semeadura, da latitude local e
da fertilidade do solo. recomendvel o cultivo de gentipos de ciclos diferentes
para maior eficincia na utilizao de colhedoras automotrizes e mo de obra e para
minimizar as perdas por riscos climticos (veranicos ou excesso de chuvas), em fases
crticas enchimento de gros e maturao, respectivamente.
Cultivares: h inmeras cultivares de soja no Registro Nacional de Cultivares
do Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento, por empresas pblicas e
privadas com sede no pas. A melhor escolha da cultivar depender de sua adaptao
fotoperidica, poca de semeadura, fertilidade do solo, sistema de produo vigente
(soja-soja, soja-milho, cana-soja, pastagem-soja, etc.), finalidade de consumo dos gros
e disponibilidade de sementes aos agricultores, na regio onde se pretende cultivar
esta leguminosa. O IAC lanou mais de 30 cultivares, sendo que as mais recentes so as
seguintes, como padres: precoces - IAC Foscarin-31, IAC 17, IAC 22 e IAC 23; semiprecoces
- IAC 15-2 e IAC 18; semitardias - IAC 24, IAC PL-1, IAC 8-2 e IAC 19, classificadas por grupos
de maturao, tendo como referncia a latitude de Campinas (SP).
poca de semeadura: as cultivares que apresentam juvenilidade longa, isto ,
florescimento com pelo menos 40 dias de idade e plantas com estatura final no estdio
de maturao acima de 60 cm, podem ser semeadas desde 15 de outubro at 15 de
dezembro, no Estado de So Paulo e regies limtrofes.
Espaamento e densidade de semeadura: a distncia entrelinhas de semeadura
dever ter como referncia 50 cm, podendo ser alterada por convenincia local, para se
adequar regulagem das semeadoras e ao manejo da cultura, para controle de ervas
daninhas, de doenas e de insetos. A densidade de sementes com viabilidade superior
a 70% na linha de semeadura dever variar de 15 a 20 sementes, implicando num
consumo aproximado de 50 a 80 kg ha-1, dependendo do tamanho mdio das sementes
(peso de 1.000 sementes).
Calagem: com base na anlise do solo, aplicar calcrio para elevar a saturao
por bases a 60%.
Inoculao: submeter as sementes inoculao com bactrias fixadoras de
N, especficas da soja e de boa qualidade, assegurada pela origem, prazo de validade
e conservao em temperaturas adequadas. Em glebas anteriormente cultivadas com
368

Boletim, IAC, 200, 2014

soja, utilizar 250 g de inoculante turfoso por saco de 40 kg de sementes, ou at o dobro,


em reas de primeiro cultivo de soja ou em sucesso cana-de-acar.

Soja

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Adubao nitrogenada: evitar adubao mineral nitrogenada devido sua


interferncia negativa na fixao simbitica.
Adubao de plantio: com base na anlise do solo e na produtividade esperada
(superior a 2.700 kg ha-1), aplicar 40 a 80 kg ha-1 de P2O5 e 0 a 80 kg ha-1 de K2O, no sulco. Para
doses de K2O superiores a 60 kg ha-1, sugere-se parcelar metade da quantidade total no plantio
e metade em cobertura, 30 a 40 dias aps a germinao, principalmente em solos arenosos.
Se necessrio, aplicar 15 kg ha-1 de enxofre (S) para cada tonelada de produtividade esperada
de gros, mediante o uso de superfosfato simples na adubao bsica de semeadura.
Outros tratos culturais: evitar a competio desfavorvel de plantas daninhas no
perodo vegetativo (primeiros 30 dias, ps-emergncia). Para isso, usar herbicidas (pr-plantio
incorporado, pr-emergncia e ps-emergncia) e cultivos mecnicos apropriados.
Controle de pragas e doenas: efetu-lo por manejo integrado, visando
preservar ao mximo a populao dos inimigos naturais das pragas. Os danos causados
por pragas so mais graves a partir da fase reprodutiva da soja (besouros e lagartas),
tanto pela destruio da rea foliar, que no mais ser reposta, como pela danificao
dos rgos reprodutivos (vagens e gros), causada por percevejos e lagartas. H doenas
que podem causar perdas econmicas como cancro da haste (Diaporthe phaseolorum f. sp.
meridionalis), odio, mosaico comum (SMV) e nematoides de galhas (Meloidogyne sp.) e do
cisto (Heterodera glycines), que podero ser controladas por cultivares resistentes e/ou
utilizao de sementes sadias. A escolha dos agrotxicos e sua aplicao devero ser
orientadas por profissionais treinados e competentes para assistncia tcnica.
Colheita: a soja atinge o ponto de maturao para colheita entre fevereiro e
abril, nos cultivos de vero. O estdio de maturao caracterizado por senescncia e
queda das folhas, concomitantemente secagem de vagens e sementes. Habitualmente,
empregam-se colhedoras mecanizadas automotrizes que, alm da colheita dos gros,
promovem a distribuio da palhada no solo.
Produtividade normal: em condies normais, o rendimento em gros varia de
2.700 a 4.000 kg ha-1.
NELSON RAIMUNDO BRAGA
PAULO CESAR RECO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
PAULO BOLLER GALO
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)
MANOEL ALBINO COELHO DE MIRANDA (aposentado)
HIPLITO ASSUNO ANTONIO MASCARENHAS (aposentado)
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
Boletim, IAC, 200, 2014

369

Sorgo Forrageiro

A.T.E. Aguiar et al.

Sorgo Forrageiro
Sorghum spp.

O sorgo uma planta para cultivo anual pertencente famlia Poacea com
metabolismo do grupo C4 e alta eficincia na utilizao da radiao solar para converso
do CO2 em fotoassimilados. Apresenta elevada produo de biomassa e indicado,
principalmente, para ambientes com restrio hdrica.
Cultivares: no mercado h muitas variedades e hbridos registrados no
RNC-MAPA, de vrias espcies, de ciclo precoce a tardio, porte mdio a alto, indicados
para vrios fins: produo de gros, silagem, pastejo e cobertura vegetal do solo. Os
hbridos precoces de porte mdio com alta produo de gros so chamados de duplo
propsito, servem para produo de gros ou silagem de valor nutritivo prximo ao
milho. Hbridos de Sorghum bicolor x Sorghum sudanense so indicados para silagem
e pastoreio. Variedades de Sorghum sudanense (capim Sudo), so indicadas para
pastoreio. O IAC Santa Elisa apresenta tolerncia seca e um dos poucos indicados
para produo de massa no outono-inverno, em sucesso soja, em regies com poucas
chuvas, para pastagem ou planta de cobertura.
poca de semeadura: incio nas primeiras chuvas do ano agrcola, geralmente
aps 100 mm de chuva. Muitas cultivares de sorgo so sensveis ao fotoperodo,
ocorrendo estmulo floral precoce e menor produo de matria seca, quando se atrasa
o plantio.
Preparo do solo: sistema convencional (arao + gradagem) ou sistema de
plantio direto. Em solos de primeiro ano de cultivo, com problemas de fertilidade
e/ou compactao, utiliza-se o sistema convencional para incorporao de corretivos e
fertilizantes e descompactao. O plantio direto indicado quando o solo j manejado
adequadamente neste sistema.
Arranjo de plantas: o espaamento entrelinhas varia de 50 a 90 cm e a populao
de plantas de 110 a 140 mil plantas por hectare. Os espaamentos maiores facilitam o
trabalho da maioria das mquinas de corte da forragem, sendo mais apropriados para a
produo de silagem. No sorgo para corte, pastejo e cobertura vegetal (produo de palha)
so utilizados espaamentos estreitos, podendo ser distribudo a lano, com populao de
plantas variando entre 200 a 600 mil ha-1, em funo da modalidade de semeadura.
Densidade e gasto de sementes: para produo de silagem indica-se a
utilizao de 12 a 20 sementes por metro linear, em espaamento 80 a 90 cm, com consumo
de 5 a 7 kg de sementes por hectare, j considerando 80% de germinao e perdas de 20%

370

Boletim, IAC, 200, 2014

de plntulas, devido ao ataque de pragas e pssaros e problemas de qualidade no plantio.


No sorgo destinado para pastejo, fenao e cobertura vegetal o gasto de sementes maior,
principalmente na semeadura a lano, variando de 10 a 30 kg ha-1.
Plantio: em sulcos uniformes, feitos por meio de semeadura na profundidade
2 a 3 cm, utilizando-se menores profundidades em solos mais argilosos. O adubo deve
ser depositado no fundo do sulco, a uma distncia mnima de 3 cm das sementes, para
evitar danos s sementes.

Sorgo Forrageiro

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de eroso: uso de sistema plantio direto, e em reas com declive


maior que 3%, indica-se o plantio em nvel, associado ao terraceamento e as prticas
conservacionistas complementares, de acordo com o tipo de solo, classe de capacidade
de uso das terras, manejo e rotao de culturas adotados.
Calagem: com base na anlise qumica do solo na profundidade 0-20 cm,
aplicar calcrio antes da safra de vero, para elevar a saturao por bases (V) a 70% e
o magnsio a um teor mnimo de 4 mmolc dm-3. Em solos com mais de 50 mg dm-3 de
matria orgnica, basta calcular a dose de calcrio para elevar V a 50%.
Adubao de plantio: de modo geral, recomenda-se aplicar 20 a 40 kg ha-1 de
nitrognio (N) na semeadura, utilizando maiores doses em espaamentos reduzidos e
histrico de gramneas. Fazer a adubao com fsforo (P) e potssio (K), com base na
anlise do solo e meta de produtividade, utilizando maiores doses em reas de maior
potencial produtivo. Nas lavouras para silagem recomendam-se em solos com teores
de P e K baixo, mdio e alto, 80-100, 60-80 e 40-60 kg ha-1 de P2O5 e 140-200, 100-160 e
50-120 kg ha-1 de K2O, respectivamente, para produo de 35 a 50 t ha-1 e 50 a 70 t ha-1
de massa verde. Aplicar 40 a 50 kg ha-1 de K2O no sulco de semeadura ou a dose total
a lano, imediatamente antes da implantao da cultura, exceto em solos arenosos. Os
nveis de adubao com potssio em reas utilizadas continuamente para produo de
silagem devem ser determinados com especial ateno, pois a extrao deste nutriente
bastante elevada. Empregar 20 a 30 kg ha-1 de S e, em solos deficientes, at 5 kg ha-1
de zinco.
Adubao de cobertura: considerando as duas metas de produo anteriores,
recomenda-se aplicar em solos de alta, mdia e baixa resposta ao nitrognio, 80-120,
60-90 e 40-60 kg ha-1 de N, respectivamente. Se o histrico da rea favorecer a alta
resposta e/ou em solos arenosos, o nitrognio deve ser parcelado em duas adubaes
de cobertura, sendo a primeira junto com potssio e/ou enxofre, at os 21 dias aps a
semeadura, e a segunda, exclusivamente de N, at os 42 dias aps a semeadura.
Controle de plantas daninhas: no sistema plantio direto, dentre os herbicidas
dessecantes utilizados antes da semeadura destacam-se o glifosato e o paraquat, por no

Boletim, IAC, 200, 2014

371

Sorgo Forrageiro

A.T.E. Aguiar et al.

apresentar efeito residual no solo. Para ampliar o espectro de controle, outros produtos
como o carfentrazone tm sido utilizados com sucesso por agricultores, no manejo das
infestantes em pr-plantio. O controle de plantas daninhas no sorgo deve ser feito com
herbicidas especficos em conjunto com outros mtodos de controle. Apenas marcas
comerciais do ingrediente ativo atrazina so registradas no MAPA para a cultura do sorgo
no Brasil. Esses herbicidas podem ser utilizados tanto em pr como em ps-emergncia
da cultura, exceto em solos arenosos onde a aplicao em pr-emergncia no deve
ser utilizada.
Controle de pragas e doenas: para o controle de pragas iniciais recomenda-se
o tratamento de sementes com inseticidas especficos registrados no MAPA. Para outras
pragas, que surgem ao longo do ciclo da cultura, como a lagarta-do-cartucho e pulges,
iniciar o controle qumico com inseticidas especficos, quando 20% das plantas estiverem
atacadas. Para o controle de doenas, recomenda-se o tratamento de sementes com
fungicidas, uso de cultivares resistentes, e medidas complementares como rotao de
cultura, poca adequada de semeadura. No caso de ocorrncia de epidemias, realizar o
controle qumico com fungicida especfico para a doena a ser controlada.
poca de colheita: o estdio ideal de colheita de sorgo para silagem quando
o gro da poro mdia da pancula (cacho) estiver de pastoso a farinceo e a planta
toda com teor de matria seca entre 30% e 35%. Planta de sorgo ensilada com menos
de 30% de matria seca possui muita umidade, o que aumenta as perdas de nutrientes
atravs da liberao de efluente, alm de favorecer a degradao da massa ensilada por
fermentao indesejvel por clostrdios. Ao contrrio, plantas com teor de matria seca
acima de 40% dificultam a picagem e a compactao, favorecendo o desenvolvimento
de fungos e leveduras aerbicos que aquecem a massa, degradam os nutrientes e
empobrecem a silagem final, que pode ser rejeitada pelo animal.
Produtividade: cultivares de porte alto em condies ambientais desfavorveis
e cultivares de porte mdio - 35 a 50 t ha-1 de massa verde, equivalente a 12 a 18 t ha-1
de matria seca (MS); cultivares de porte alto em condies ambientais favorveis - 50
a 70 t ha-1 de massa verde, equivalente a 18 a 25 t ha-1 MS (planta com 35% de MS). A
produo de matria verde maior no primeiro corte e a produo da rebrota pode
atingir at 50% da produo obtida no primeiro corte, se as condies de clima e solo
forem favorveis.
Qualidade da silagem: o valor nutricional da silagem de sorgo equivale a 72%
a 92% do valor da silagem de milho. Comparativamente ao milho, o sorgo forrageiro
apresenta maior proporo de folhas (25% da massa seca da planta) e colmos (50%),
que so as fraes menos digestveis, e menor proporo de gros (25%), da seu menor
valor nutritivo. A menor proporo de gros , em parte, resultado das perdas pelo

372

Boletim, IAC, 200, 2014

ataque de pssaros. Mas, o potencial produtivo do sorgo pode ser maior que o do milho,
em condies de estresse hdrico e baixa fertilidade do solo. Em reas pequenas de
sorgo pode ocorrer ataque intenso de pssaros e consumo de parte ou de todos os gros
das panculas, empobrecendo a qualidade da silagem.

Sorgo Forrageiro

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Rotao: soja, amendoim, algodo e outras culturas.


Observao: as lavouras semeadas em outubro e novembro podem dar rebrota
com produo satisfatria, pois a colheita para ensilagem ocorre entre fevereiro e abril
e neste perodo ainda ocorrem chuvas que favorecem o desenvolvimento das plantas.
No caso da colheita para ensilagem, dependendo da cultivar, possvel utilizar a rebrota
para pastejo e cobertura vegetal na entressafra.
EDUARDO SAWAZAKI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
SOLIDETE DE F. PAZIANI
Polo Regional do Centro Norte, Pindorama (SP)
ROGRIO SOARES DE FREITAS
Instituto Agronmico (IAC), Votuporanga (SP)
AILDSON PEREIRA DUARTE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

373

Sorgo Granfero

A.T.E. Aguiar et al.

Sorgo Granfero
Sorghum bicolor (L.) Moench

O sorgo uma planta para cultivo anual, pertencente famlia Poaceae, com
metabolismo do grupo C4 e tolerncia ao dficit hdrico. cultivado para a produo
de gros, principalmente na segunda safra, em pocas de semeadura tardias ou
inadequadas para o milho.
Cultivares: esto registradas no RNC-MAPA e disponveis no mercado variedades
e hbridos de ciclo superprecoce a normal, e de porte baixo a intermedirio. Para a
escolha da cultivar deve ser considerada sua adaptao na regio e as caractersticas de
ciclo, porte, sanidade foliar, resistncia a doenas e ao tombamento. Estas informaes
podem ser obtidas nas empresas detentoras das cultivares e nos rgos pblicos de
pesquisa e extenso.
poca de semeadura: o sorgo granfero normalmente cultivado na segunda
safra aps a cultura da soja, em reas consideradas de alto risco para cultivo de milho,
entre os meses de fevereiro a maro, em regies indicadas no zoneamento agrcola. O
cultivo do sorgo na primeira safra para produo de gros fica restrito quase sempre
regio nordeste do Brasil e ao Estado do Rio Grande do Sul.
Preparo do solo: o sistema convencional com subsoldador, arado e grade
so indicados principalmente em reas de primeiro ano de cultivo, com problemas de
fertilidade e compactao. A maioria do sorgo cultivada no sistema de plantio direto,
imediatamente aps a colheita da primeira safra, o que requer boa qualidade do manejo
do sistema (cobertura do solo e rotao de culturas).
Espaamento: o espaamento varia entre 50 e 70 cm entrelinhas, com 140 a
170 mil plantas por hectare. Os menores espaamentos so utilizados na segunda safra
e as menores populaes em pocas mais tardias, em funo de menor disponibilidade
hdrica e potencial produtivo.
Densidade de sementes: recomendam-se entre 11 e 18 sementes por metro
linear com consumo entre 6 e 8 kg ha-1, j considerando o ndice de germinao em torno
de 80% e perdas de 20% de plntulas, devido a ataque de pragas, incidncia de doenas,
das condies de implantao da lavoura e da qualidade operacional do plantio.
Plantio: em sulcos uniformes feitos por meio de semeadoras, na profundidade
2 a 3 cm, utilizando-se menores profundidades em solos mais argilosos. Para evitar
danos do adubo s sementes, deposit-lo no fundo do sulco a uma distncia mnima de
3 cm das sementes.

374

Boletim, IAC, 200, 2014

Controle de eroso: uso de sistema plantio direto e, em reas com declive


maior que 3%, indica-se o plantio em nvel associado ao terraceamento e s prticas
conservacionistas complementares, de acordo com o tipo de solo, classe de capacidade
de uso das terras, manejo e rotao de culturas adotados.

Sorgo Granfero

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Calagem: com base na anlise qumica da camada 0-20 cm do solo, aplicar


calcrio antes da safra de vero, para elevar a saturao por bases (V) a 70% e o
magnsio a um teor mnimo de 4 mmolc dm-3. Em solos com mais de 50 mg dm-3 de
matria orgnica, basta elevar V a 50%.
Adubao de plantio: de modo geral, recomenda-se aplicar 30 a 40 kg ha-1 de
nitrognio (N). A adubao com fsforo (P) e potssio (K) feita com base na anlise
do solo e meta de produtividade. Para uma meta de produo de gros de 4 a 6 t ha-1
e 6 a 8 t ha-1 e teores baixo, mdio e alto de P e K no solo, recomenda-se 60-90, 40-60,
30-40 kg ha-1 de P2O5 e 50-80, 30-50, e 30-30 kg ha-1 de K2O, respectivamente. Aplicar o
K no sulco de semeadura ou a lano, imediatamente antes da implantao da cultura,
exceto em solos arenosos. Ao aplicar no sulco, utilizar doses de at 50 kg ha-1 de K2O,
distribuindo o restante em cobertura junto com o N. Empregar 20 kg ha-1 de S, e em solos
deficientes, at 5 kg ha-1 de zinco.
Adubao de cobertura: considerando as duas metas anteriores de
produtividade e solos de alta, mdia e baixa resposta ao N, complementar a adubao
de plantio com 50-90, 30-60 e 0-30 kg ha-1 de N, respectivamente, at 21 dias aps a
emergncia. Para estimativas de produtividade superiores a 6 t ha-1 e solos arenosos e/ou
com teores baixos de K, acrescentar o potssio em cobertura junto com o nitrognio.
Controle de plantas daninhas: dentre os herbicidas dessecantes utilizados no
sistema plantio direto, para manejo das plantas daninhas aps a colheita da cultura e
antes da semeadura do sorgo, destacam-se o glifosato e o paraquat, por no apresentar
efeito residual no solo. Para ampliar o espectro de controle de plantas daninhas
outros produtos tambm tm sido utilizados, como o carfentrazone. Deve-se conhecer
o histrico do uso de herbicidas na rea, porque o sorgo sensvel aos resduos de
herbicidas utilizados nas culturas antecessoras, incluindo a soja. Entre os herbicidas
relacionados a injrias no sorgo, destacam-se os dos grupos de imidazolinonas
(imazaquin e imazethapyr), dinitroanilinas (pendimentalin e trifluralin) e sulfonylureias
(chlorimuron-ethyl e nicosulfuron). O controle de plantas daninhas na cultura deve ser
feito com herbicidas registrados pelo Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento
(MAPA), em conjunto com outros mtodos de controle. Apenas marcas comerciais do
ingrediente ativo atrazina so registradas no MAPA para a cultura do sorgo no Brasil, que
podem ser utilizados tanto em pr como em ps-emergncia da cultura, exceto em solos
arenosos onde a aplicao em pr-emergncia no deve ser utilizada.

Boletim, IAC, 200, 2014

375

Sorgo Granfero

A.T.E. Aguiar et al.

Controle de pragas e doenas: para o controle de pragas iniciais da cultura


recomenda-se o tratamento de sementes com inseticidas registrados no MAPA. Para
outras pragas que surgem ao longo do ciclo da cultura, como a lagarta-do-cartucho, deve-se
realizar o monitoramento da ocorrncia e, se necessrio, o controle com inseticidas.
As doenas de ocorrncia mais comum em sorgo so antracnose (Colletotrichum
sublineolum), helmintosporiose (Exserohilum turcicum), ferrugem (Puccinia purpurea),
podrido seca (Macrophomina phaseolina) e o ergot ou doena aucarada (Claviceps
africana) quando o florescimento coincide com baixas temperaturas. Para o controle de
doenas, recomenda-se o tratamento de sementes com fungicidas, o uso de cultivares
resistentes e medidas complementares como rotao de culturas e nutrio adequada
das plantas. O monitoramento da lavoura poder indicar a necessidade de controle
qumico, que dever ser realizado com fungicida especfico para doena a ser controlada.
poca de colheita: os gros de sorgo so armazenamentos com umidade
prxima a 13%. Deve-se iniciar a colheita dos gros acima desta umidade, geralmente
entre 16% e 18%. Quanto se atrasa o incio da colheita a umidade pode chegar facilmente
a nveis inferiores a 13%, acarretando perdas na comercializao.
Produtividade: de 4 a 8 toneladas de gros por hectare.
Rotao: soja, amendoim, algodo e outras culturas.
ROGRIO SOARES DE FREITAS
Instituto Agronmico (IAC), Votuporanga (SP)
EDUARDO SAWAZAKI
AILDSON PEREIRA DUARTE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

376

Boletim, IAC, 200, 2014

Sorgo Sacarino e Sorgo Biomassa


Sorghum bicolor (L.) Moench

Sorgo Sacarino e
Sorgo Biomassa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Planta anual pertencente a famlia Poaceae (gramnea), tem ciclo mdio a tardio,
alto potencial de produo de biomassa vegetal e pode apresentar colmos suculentos
com a presena de acares fermentescveis (sacarinos) ou secos (biomassa), os quais
esto posicionados para mercado de bioenergia (etanol, cogerao de energia eltrica e
etanol de segunda gerao).
Cultivares: uma das primeiras variedades sacarinas introduzidas foi o IAC Sart.
No incio da dcada de 1980, foram introduzidas dos Estados Unidos seis variedades
(Rio, Brandes, Roma, Theis, Dale e Wray) atravs da Embrapa, das quais foram obtidas
as primeiras cultivares brasileiras. Os gentipos registrados para cultivo so: as
variedades BRS-506, BRS-511 e SILOTEC-20, alm dos hbridos N32J1006, N43A1001,
Palo Alto (biomassa), EJ7281, EJ7282, CB7520, CV80007, CV198, CV568, CV80147,
Sugargraze e ADV210.
poca de plantio: a semeadura pode ser realizada entre outubro e dezembro,
pois semeaduras tardias apresentam menor produtividade devido ao fotoperodo
induzir florescimento precoce.
Espaamento: devido necessidade de ajustar o espaamento de acordo com
a bitola das colhedoras de cana, so utilizados espaamentos em fileiras duplas
(1,00 x 0,65 m e 1,20 x 0,50 m) e triplas (0,40 x 0,40 x 0,96 m). No entanto, possvel
utilizar espaamentos simples, de 0,50 m, caso sejam utilizadas colhedoras de forragem
de alto rendimento.
Plantio: em sulco raso, semear entre 12 e 15 sementes por metro, com
finalidade de atingir populaes finais entre 80 e 140 mil plantas por hectare, para
ambientes desfavorveis e favorveis, respectivamente.
Sementes necessrias: 5 a 10 kg ha-1 dependendo da cultivar e do espaamento.
Controle de eroso: uso de sistema plantio direto e plantio em nvel, associados
ao terraceamento e a prticas conservacionistas complementares, quando indicado, em
reas com declive maior que 3%, de acordo com o tipo de solo, classe de capacidade de
uso das terras, manejo e rotao de culturas adotadas.
Calagem: com base na anlise qumica do solo na camada 0-20 cm, aplicar
calcrio antes da safra de vero, para elevar a saturao por bases (V) a 70% e o
magnsio a um teor mnimo de 4 mmolc dm-3. Em solos com mais de 50 mg dm-3 de
matria orgnica, basta elevar V a 50%.
Boletim, IAC, 200, 2014

377

Sorgo Sacarino e
Sorgo Biomassa

A.T.E. Aguiar et al.

Adubao de semeadura: utilizar 20 a 40 kg ha-1 de nitrognio, com doses mais


elevadas em condies de semeadura direta sobre palhio de cana crua. As quantidades
de fsforo e potssio variam com base na anlise do solo e meta de produtividade. Para
meta de 50 t ha-1 de colmos, e teores baixo, mdio e alto de P e K no solo, recomendam-se
100, 80 e 60 kg ha-1 de P2O5 e 200, 160 e 120 kg ha-1 de K2O, respectivamente. Aplicar
todo o potssio a lano imediatamente antes da implantao da cultura, exceto em solos
arenosos, ou no sulco de semeadura, at dose mxima 50 kg ha-1 de K2O, e o excedente
em cobertura junto com o N. Independentemente da fertilidade, recomenda-se aplicar
at 30 kg ha-1 de enxofre. Com relao aos micronutrientes, para solos de mdia e baixa
fertilidade recomenda-se 1 a 2 kg ha-1 de boro e 2 a 5 kg ha-1 de zinco e cobre.
Adubao de cobertura: aplicar nitrognio de acordo com a meta de
produtividade e nvel da resposta do solo. A meta mnima de produtividade de colmos
para sorgo sacarino de 50 t ha-1, que requer para as condies de baixa, mdia e alta
resposta o fornecimento de 120, 90 e 60 kg ha-1, respectivamente, de N em cobertura.
Aplicar o potssio em cobertura em solos arenosos e/ou quando parte deste fertilizante
aplicada no sulco de semeadura, em quantidades compatveis com a dose total.
Controle de plantas daninhas: manter a lavoura livre de interferncia
at 40-50 dias aps a emergncia, evitando perdas significativas em produtividade.
O controle cultural atravs do uso de espaamentos mais estreitos uma estratgia.
O sorgo muito sensvel ao efeito residual de herbicidas presentes no solo, portanto,
especial cuidado necessrio na instalao desta lavoura em reas de reforma de
canaviais. No Brasil, a atrazina o nico herbicida registrado para sorgo sacarino,
podendo ser aplicada em pr e ps-emergncia, exceto em solos arenosos onde no
deve ser utilizada a modalidade de pr-emergncia, embora seja de conhecimento a
viabilidade de uso de molculas, como o carfentrazone-ethyl associado ao glifosato, em
pr-plantio, para dessecao das infestantes, como ferramenta para ampliar o espectro
de controle de plantas daninhas.
Controle de pragas e doenas: dentre as principais doenas que atacam o sorgo
sacarino esto a antracnose (Colletotrichum sublineolum), mldio (Peronosclerospora
sorghi), helmintosporiose (Exserohilum turcicum), ferrugem (Puccinia purpurea),
podrido seca (Macrophomina phaseolina) e o ergot ou doena aucarada (Claviceps
africana). O controle deve ser preventivo, sendo que dos produtos existentes no
mercado, as misturas de triazis com estrobirulinas apresentam maior espectro de ao,
embora somente o tebuconazol esteja registrado para cultura. Com relao ao ergot, as
variedades apresentam-se muito menos susceptveis que os hbridos macho-estreis.
As pragas de incio de ciclo podem ser controladas com tratamento de sementes. O
monitoramento do ataque da lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda) deve ser

378

Boletim, IAC, 200, 2014

realizado at estdio V8-V9, recomendando-se pulverizar quando atingir 20% de plantas


com folhas raspadas. A broca-da-cana (Diatrea saccharalis) importante devido a seus
prejuzos diretos e indiretos. Os indiretos referem-se ao favorecimento da infeco de
Fusarium moniliforme e Colletotrichum falcatum, que ocasiona a inverso da sacarose e
reduz o rendimento da fermentao.

Sorgo Sacarino e
Sorgo Biomassa

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Colheita: deve-se proceder a colheita conforme o valor de oBrix (teor de slidos


solveis totais) amostrado a partir do florescimento. O perodo til de industrializao
(PUI) deve ser de pelo menos 30 dias com valores de oBrix acima de 14,5, que representa
valores de ART (acares redutores totais) acima de 12,5% e extrao de acar superior
a 80 kg t-1.
Produtividade de colmos e etanol: o mnimo aceito pelas indstrias
sucroenergticas para uma cultivar de sorgo sacarino 50 t ha-1 de colmos (biomassa sem
panculas) e produtividade de 2.500 L ha-1 de etanol. Para finalidade de biomassa para
cogerao e etanol de segunda gerao estes indicadores esto em desenvolvimento.
Rotao: beneficia-se da rotao com espcies leguminosas. Caso a estratgia
de cultivo seja reforma de canaviais, ateno especial necessria com relao
incidncia de nematoides e infestao de broca-da-cana. A possibilidade de cultivo
aps soja como segunda safra (safrinha) pode ser vivel, mediante uso de gentipos
insensveis ao comprimento do dia.
DENIZART BOLONHEZI
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto (SP)
ROGRIO SOARES DE FREITAS
Instituto Agronmico (IAC), Votuporanga (SP)
EDUARDO SAWAZAKI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

379

Sorgo Vassoura

A.T.E. Aguiar et al.

Sorgo Vassoura
Sorghum bicolor (L.) Moench

Planta anual pertencente famlia Poaceae, caracteriza-se pela pancula


grande, com fibras longas saindo de um mesmo ponto da rquis, com gros recobertos
pela gluma, servindo para produo de vassouras.
Cultivares: no existem cultivares registradas at o momento, apenas
variedades locais mantidas por produtores. O IAC/APTA mantm atualmente as
variedades IAC Tiet e Saltinho, que so de porte alto e est desenvolvendo novas
variedades de porte intermedirio.
poca de plantio: outubro a maro.
Espaamento: 70 a 90 cm entrelinhas, com populao de 110 a 140 mil plantas
por hectare, com densidade de 10 plantas por metro linear. Utilizar espaamento maior,
para cultivares de porte alto e em plantios de outubro e novembro, e menor, para
cultivares de porte mdio e em plantios tardios.
Plantio: em sulco raso, colocar de 12 a 20 sementes por metro linear, dependendo
da porcentagem de germinao das sementes, cobrindo com 2 a 3 cm de terra.
Sementes necessrias: 3 a 4 kg ha-1 de sementes com 80% de germinao.
Controle de eroso: uso de sistema plantio direto e plantio em nvel, associados
ao terraceamento e a prticas conservacionistas complementares, quando indicado, em
reas com declive maior que 3%, de acordo com o tipo de solo, classe de capacidade de
uso das terras, manejo e rotao de culturas.
Calagem: com base na anlise qumica do solo, aplicar calcrio antes da safra
de vero, para elevar a saturao por bases a 70% e o magnsio a um teor mnimo de
4 mmolc dm-3.
Adubao de plantio: aplicar 30 kg ha-1 de N. A adubao de P e K feita
com base na anlise do solo e meta de produtividade. Para uma meta de produo de
1,0-1,5 t ha-1 de palha seca e teores muito baixo (a), baixo (b), mdio (c) e alto (d) de
P e K, recomenda-se 60, 40, 30 e 20 kg ha-1 de P2O5 e 50, 40, 20 e 0 kg ha-1 de K2O,
respectivamente. Juntamente, aplicar 20 kg ha-1 de S e, em solos deficientes, at 5 kg ha-1
de zinco.
Adubao de cobertura: aplicar nitrognio de acordo com a meta de
produtividade e nvel da resposta do solo. Para meta de 1,0-1,5 t ha-1 de palha seca e

380

Boletim, IAC, 200, 2014

solos de alta, mdia e baixa resposta, aplicar 60, 40 e 20 kg ha-1 de N, respectivamente;


e 20 kg ha-1 de K2O em solos com baixo teor de K, entre 20 e 30 dias aps a emergncia.
Controle de plantas daninhas: controle manual e mecnico so utilizados na
maioria dos casos, porque existem poucos herbicidas recomendados para a cultura
e a rea da maioria das lavouras muito pequena. No sistema plantio direto, dentre
os herbicidas dessecantes utilizados antes da semeadura destacam-se o glifosato
e o paraquat, por no apresentarem efeito residual no solo. Para ampliar o espectro
de controle, outros produtos como o carfentrazone tm sido utilizados no manejo
das infestantes em pr-plantio. Para controle qumico, apenas marcas comerciais do
ingrediente ativo atrazina so registradas no MAPA para a cultura do sorgo no Brasil, que
podem ser utilizadas tanto em pr como em ps-emergncia da cultura, exceto em solos
arenosos, onde a aplicao em pr-emergncia no deve ser utilizada.

Sorgo Vassoura

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de pragas e doenas: para o controle de pragas de solo recomenda-se o


tratamento de sementes com inseticidas; lagartas e pulgo - pulverizao com inseticida,
quando a populao da praga atingir 20% das plantas. Para controle de doenas - rotao
de culturas, uso de cultivares resistentes e tratamento de sementes com fungicidas a
base de metalaxyl.
Colheita: dobrar as panculas quando os gros estiverem no estdio leitoso.
No caso dos gros em estdio pastoso duro, resistindo presso da unha, cortar as
panculas na altura do ultimo n, o que facilita a retirada da folha. Fazer a retirada das
sementes manualmente ou com uso de mquinas apropriadas, secar a palha sombra e
depois de secas fazer os feixes para armazenamento, em lugar arejado e fresco.
Produtividade de palha: 1,0 a 1,5 t ha-1 de palha seca.
Rotao: plantas de cobertura, soja, amendoim e outras culturas.
Observao: Os plantios de outubro e novembro podem dar rebrota com
produo satisfatria, mas com palha de baixa qualidade.
EDUARDO SAWAZAKI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
ROGRIO SOARES DE FREITAS
Instituto Agronmico (IAC), Votuporanga (SP)
DULCINIA FOLTRAN
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
AILDSON PEREIRA DUARTE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

381

Taro

A.T.E. Aguiar et al.

Taro

Colocasia esculenta (L.) Schott


Entre as hortalias cultivadas no Estado de So Paulo, encontram-se as do
gnero Colocasia da famlia das Arceas, produtoras de rizomas comestveis. Suas folhas,
que quando rasgadas exsudam seiva cristalina, so cordiformes e de sabor picante e
crido devido presena de rfides de oxalato de clcio e da enzima proteoltica taroin,
sendo, por esse motivo, muito pouco usadas na alimentao. Seus rizomas, de alta
digestibilidade, so ricos em vitaminas do complexo B, contendo tambm vitaminas A e
C e os minerais clcio (Ca), magnsio (Mg), zinco (Zn), ferro (Fe), cobre (Cu) e mangans
(Mn). Alm do valor alimentcio, os rizomas do taro podem ser conservados por meses
sem alteraes ou apodrecimento. O taro (idiomas ingls, portugus), dasheen (ingls),
yu (chins), satoimo (japons) ou keladi (malaio), fez parte dos primeiros cultivos
domesticados pelo homem e possvel encontr-lo at nas comunidades neolticas
mais primitivas. Sua origem ocorreu provavelmente na sia Central (ndia ou Malsia),
porm foi no sudeste asitico que essa cultura foi difundida rapidamente, tornando-se
alimento de grande importncia. Posteriormente, foi levado para China, Japo, Ilhas do
Pacfico, continente africano e continente americano. O taro uma planta herbcea, da
mesma famlia do caldio (Caladium sp.) e apresenta dupla funo: planta ornamental
e planta alimentcia. No Brasil o taro confunde-se muitas vezes com o inhame, que em
algumas regies conhecido como car, planta do gnero Dioscorea, muito utilizada
na alimentao. O taro apresenta folhas grandes, peltadas, de cores que variam do
verde ao roxo escuro, de acordo com a cultivar. uma planta monocotilednea, acaule,
estolonfera e rizomatosa, com rizoma tuberoso que forma cormos espessos e de casca
escamosa, fibrosa e de cor castanha.
Cultivares: Chins, Japons, Macaquinho, Roxo, Branco, Cem por Um, So
Bento, dentre outros.
Clima e solo: deve ser cultivado sob sol pleno ou meia-sombra, em solo leve
e frtil, enriquecido com matria orgnica e mantido com umidade adequada. Por ser
mais tolerante ao excesso de umidade do solo, seu cultivo pode ser feito em reas
sujeitas a encharcamento temporrio. Por estes motivos uma excelente planta para
ser empregada no paisagismo de lagoas e riachos. Planta essencialmente tropical, o
taro no tolera o frio. A cultura necessita de, no mnimo, 1.800 mm de chuvas por ano
distribudas regularmente e de temperaturas entre 25 e 30 oC para bom desenvolvimento
vegetativo. O cultivo em solos pesados prejudica a emergncia das plantas e a emisso e
o desenvolvimento dos rizomas. Solos leves permitem a colheita manual por arranquio
das plantas.
382

Boletim, IAC, 200, 2014

Preparo do solo: o solo precisa ser bem preparado para o plantio. Deve receber
arao profundidade de 20 a 30 cm com e posterior gradeao, de modo a desmanchar
bem os torres. Em reas de vrzeas mal drenadas conveniente o plantio sobre leiras
ou camalhes.

Taro

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

poca de plantio: de julho a outubro.


Espaamento: plantio em sulcos de 10 cm de profundidade, com 0,80 a 1,00 m
entrelinhas x 0,40 a 0,60 m entre plantas.
Mudas necessrias: so necessrias de 17.000 a 30.000 mudas/ha. Utilizar
rizomas de tamanho mdio (40 a 60 gramas) ou a coroa da planta-me. Para preparo
das mudas provenientes da coroa, eliminar as folhas e cortar transversalmente a base,
desprezando a parte inferior. Como medidas fitossanitrias preventivas para evitar
as podrides causadas por fungos e bactrias, as mudas devem ser selecionadas
previamente, os instrumentos de trabalho devem ser desinfetados e as mudas preparadas
devem ser mantidas em ambiente ventilado, para a cicatrizao dos cortes. No caso da
utilizao de rizomas para propagao, destac-los de touceiras sadias, selecionando
aqueles de tamanho mdio.
Calagem e adubao: conforme resultados de anlise do solo, aplicar calcrio
com antecedncia de dois meses, para elevar o ndice de saturao por bases a 60%
e aplicar no plantio de 40 a 80 kg ha-1 de P2O5 e 20 a 60 kg ha-1 de K2O. Em cobertura,
fazer duas aplicaes de 20 kg ha-1 de N, a primeira entre 30 e 60 dias aps o plantio e a
segunda entre 120 e 150 dias aps o plantio.
Rotao de cultura: milho, arroz e adubos verdes.
Tratos culturais: as capinas so muito importantes durante os primeiros meses
de cultivo, sendo tambm indispensvel a realizao de amontoa.
Pragas e doenas: as principais pragas da cultura so os pulges, que atacam
as folhas novas e velhas durante perodos secos e o mofofo, larva do coleoptero do
gnero Scarabeidae que provoca perfuraes e galerias nos rizomas. As queimas foliares
causadas por fungos (Phytophthora colocasiae) e o mofo branco dos rizomas (Roselinea
sp.) so as doenas de maior importncia, porm de rara constatao na cultura e no
h produtos registrados para controle, at agosto/2013.
Irrigao: planta bastante exigente em gua, deve ser cultivada em solos com
condio de umidade adequada, ou sob irrigao suplementar.
Colheita e armazenamento: a maturidade das plantas pode ser observada pela
cor das folhas, que se torna amarelada. A colheita pode ser feita o ano todo, sendo
mais concentrada nos meses de maio a agosto aps ciclo vegetativo de 8 a 12 meses.

Boletim, IAC, 200, 2014

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Taro

A.T.E. Aguiar et al.

Deve-se arrancar as plantas do solo, destacar os rizomas manualmente e fazer a limpeza


das radicelas e de parte da tnica, membrana constituda das escamas que envolvem
os rizomas. O taro, de maneira geral, no suporta armazenamento muito longo.
Recomenda-se para o armazenamento, temperatura do ar de 6-7 C, umidade relativa
do ar de 80% e boa circulao de ar. Em ausncia de pragas ou doenas, os rizomas
podem ser conservados no solo, atrasando sua colheita at 12-15 meses.
Produtividade: a produtividade mdia de 1.000 caixas por hectare (caixas 25 kg).
Observaes: como a maioria dos tubrculos, o taro carente em protenas
(1,5%) e em lipdios (0,2%). fonte de energia, devido aos carboidratos, dentre os quais
predomina o amido e apresenta baixo teor de fibras. Os chips de taro so difundidos nos
Estados Unidos e recentemente teve incio sua difuso no Brasil.
VALDEMIR ANTONIO PERESSIN
JOS CARLOS FELTRAN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Boletim, IAC, 200, 2014

Tomate

Solanum lycopersicum L.

Tomate

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

O tomate, pertencente famlia Solanaceae, originrio da regio andina,


que corresponde aos territrios do norte do Chile, Peru, Bolvia, Equador e Colmbia.
O Mxico o provvel centro de domesticao da espcie. As cultivares modernas
de tomateiro tendem a se reproduzir por autofecundao das flores, as quais so
botanicamente perfeitas. O fruto do tipo baga e apresenta uma ampla diversidade
de forma, tamanho, cor, textura e sabor. A planta herbcea, podendo ser de hbito
de crescimento determinado ou indeterminado. O tipo determinado apresenta plantas
de porte rasteiro e no necessita de tutoramento quando o objetivo a produo de
matria-prima de tomate para processamento industrial. As cultivares de crescimento
determinado destinadas produo de tomate de mesa podem ser conduzidas em
culturas rasteiras ou com tutoramento do tipo meia estaca. Por sua vez, as cultivares de
crescimento indeterminado apresentam, em geral, plantas de porte alto e necessitam
de tutoramento. Essas cultivares so destinadas produo de tomate de mesa dos
diversos segmentos de mercado. O tomate hoje a mais importante hortalia cultivada
em escala mundial, tanto em volume produzido como em valor comercial. Possui altos
teores de licopeno, tiamina, niacina e vitamina C. Embora seja cultivado em ampla faixa
de condies climticas, em sistemas de cultivo ao ar livre ou sob proteo (estufas
agrcolas), com e sem solo, o tomateiro tem requerimentos climticos especficos para os
diferentes estdios de crescimento e desenvolvimento. Da, ser fundamental conhecer
muito bem as condies climticas prevalentes no ambiente onde se pretende implantar
a cultura. Com isso, possvel obter altos rendimentos de frutos com boa cotao
comercial. A temperatura tima para o crescimento vegetativo oscila entre 21 e 24 oC,
com limites extremos mnimo e mximo de 18 e 32 oC, respectivamente. Temperaturas
fora desses limites originam problemas no desenvolvimento da planta em geral, e do
sistema radicular em particular. Para maximizar o pegamento de frutos, a faixa tima de
temperatura diurna de 19 a 24 oC e a noturna, de 14 a 17 oC. Temperaturas noturnas
abaixo de 10 oC e superiores a 20 oC causam o aborto de botes florais. Sob temperaturas
inferiores a 10 oC e superiores a 30 oC, a sntese do licopeno, pigmento que confere a
cor vermelha ao tomate, afetada, resultando em frutos amarelados ou manchados. O
Brasil o oitavo produtor mundial de tomate de mesa e indstria e o Estado de So Paulo
destaca-se como lder, com 26% do total produzido. No Estado, a maior parte da produo
concentra-se na zona produtora de Itapeva (57,7%) seguida por Campinas e Mogi-Mirim
(15,1%), Itapetininga e Sorocaba (8,1%) e So Joo da Boa Vista e Franca (5,8%).

Boletim, IAC, 200, 2014

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Tomate

A.T.E. Aguiar et al.

Cultura estaqueada de tomate para mesa: as cultivares podem ser enquadradas


nos seguintes grupos varietais:
Grupo Santa Cruz: hbridos Avansus, Kindyo, Dbora Max, Dbora Pto, Dbora
Victory, Ellus, Sanni, Clarisse, Cat, Upi, Delta, Kombat e Carina TY; no-hbridos Santa
Clara, Santa Clara VF 600 e Jumbo.
Grupo Salada: (a) caqui - hbridos Bagual, Yapussu, Aysso, Supremo R, Antillas,
Heleena RZ, Orco, Gisele, Florida 91, Ellity, Platinum, Rally, Apolo; (b) longa vida - hbridos
Itapit, Maragantu, Ibat, Am, Patax, Uss, Alambra, Bona, Carmen, Colossus, Ellen,
Marguerita, Nicolas, Sotero, Gaucho Melhorado, Liliane, Alboran RZ, Infinity TY, Natlia,
Ivety, Lumi, Sheila Victory, Sophia F3, Densus, TY-Fanny, Scala, Paronset, Forty, Tucson,
Siluet, Silverty, Gravitet, Dominador, Gladiador, Predador, Serato, Gault e Pomerano.
Grupo Italiano/Saladete: no hbrido Caline IPA-6 e hbridos Pluto, Ktia,
Netuno, Saturno, Vnus, Kaiap, Guac, Colibri, Cordilheira, Fascnio, Gourmet, Jpiter,
N910, Nun3155, Pizzadoro, Tinto, Andra Victory, Giuliana, Mariana, Rosana, Tyna, SM-16,
Super Puma, Bari, Centenrio, Caribe, Supera e Dynamo.
Grupo minitomates: (a) cereja vermelho - hbridos Pori, Guaraci, Baby Italiano,
Tropical, Red Sugar, Sindy, Sweet Million, Coco e Pepe; (b) cereja amarelo - hbrido Sweet
Gold; (c) grapes - hbridos Dulce, Sweet Grape, Angelle, Sweet Heaven, Picollo e Lucy
Plus (d) coquetel - hbridos Cascade, Flamel e Vedette.
poca de plantio: em funo da cultivar - maior ou menor adaptao s
condies ambientais - e do fator scioeconmico - oferta constante ao mercado - a
poca de plantio varia de uma microrregio para outra. O perodo de fevereiro a maio
favorvel ao melhor desenvolvimento da planta quando, geralmente, obtm-se maior
produtividade, porm, a cotao do produto baixa. Fora desse perodo, a produtividade
cai, mas os preos podem ser compensadores devido menor oferta.
Formao de muda: atualmente, a maior parte dos produtores prefere adquirir
mudas de empresas viveiristas profissionais, que se encontram estabelecidas nas
proximidades das principais zonas de cultivo do Estado.
Sistemas de conduo:
a) Uma planta por cova com uma haste: transplanta-se uma muda por cova
e, na desbrota, devem ser retirados todos os brotos laterais, mantendo apenas a haste
principal. Esse sistema favorece a produo de frutos grados, sendo recomendado, em
especial, para cultivares do tipo Caqui em que frutos de maior calibre alcanam melhor
cotao de preos;

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Boletim, IAC, 200, 2014

b) Uma planta por cova com duas hastes: transplanta-se uma muda por cova
e, na poca da desbrota, faz-se a retirada de todos os brotos laterais exceto o que fica
logo abaixo da primeira inflorescncia. recomendado para cultivares hbridas dos tipos
Salada longa vida e Santa Cruz, cujas sementes tm preos elevados;

Tomate

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

c) Duas plantas por cova com uma haste cada: nesse sistema so transplantadas
duas mudas por cova e, na poca de desbrota, retiram-se todos os brotos laterais,
deixando apenas a haste principal de cada planta. recomendado para cultivares de
polinizao aberta, como por exemplo, as do grupo Santa Cruz, cujas sementes tm
baixo custo.
Transplantio e espaamento: transplantam-se as mudas para o local definitivo
quando estiverem com 3 a 5 folhas definitivas ou quando atingirem de 10 a 12 cm de
altura. As mudas devem ser rigorosamente selecionadas, descartando aquelas com
desenvolvimento anormal ou com sintomas de doenas foliares. Nos sistemas de
conduo de uma planta por cova, recomenda-se o espaamento de 1,0 a 1,10 m entre
fileiras e de 0,50 a 0,60 m entre plantas; para o sistema de duas plantas por cova, o
espaamento deve ser de 1,0 x 0,70 m. Para lavouras mecanizadas, com fileira dupla, o
espaamento recomendado varia de 0,60 a 0,80 m entre plantas e 0,60 a 0,80 m entre
fileiras e de 1,50 a 2,20 m entre as fileiras duplas, dependendo da mecanizao adotada.
Prticas culturais:
Amontoa: essa prtica deve ser realizada 15 a 20 dias aps o transplantio
das mudas, que coincide com a primeira adubao de cobertura. Consiste em chegar
terra ao redor das plantas sem cobrir as primeiras folhas, soterrando apenas as hastes.
Essa operao, tambm denominada chapeao no sudoeste de So Paulo, pode ser
executada com auxlio de enxada ou mecanicamente, com o implemento bico de pato
(chapinha).
Tutoramento, envaramento ou estaqueamento: as cultivares de crescimento
indeterminado devem ser tutoradas quando as plantas estiverem com 25 a 30 cm de
altura, correspondendo a cerca de 20 dias aps o transplantio. Em geral, o tutoramento
realizado logo em seguida operao de amontoa. Os sistemas de tutoramento
recomendados para essas cultivares so:
a) Cerca cruzada ou em V invertido: consiste na colocao de moures de 2,0 m
de altura a cada 15 a 20 m de distncia entre duas linhas de plantio. Em seguida, um fio
de arame n.o 16 ou 18 esticado entre moures na altura de 1,70 a 1,80 m do solo; a
seguir, so usados tutores, geralmente estacas de bambu de 2,20 m de comprimento,
fincadas no solo e apoiadas de maneira inclinada, ao lado de cada planta, cruzando-se
duas a duas sobre o fio de arame. A desvantagem desse sistema a formao de uma

Boletim, IAC, 200, 2014

387

Tomate

A.T.E. Aguiar et al.

cmara mida e quente na parte interna do V invertido, criando um ambiente favorvel


incidncia de doenas e dificultando a ao dos agrotxicos.
b) Tutoramento com estacas individuais na vertical: nesse sistema, as estacas
ou tutores de bambu com 2,20 m devero ser fincadas no solo, ao lado de cada planta,
que conduzida individualmente com apenas uma haste. A vantagem desse sistema
a melhor distribuio da radiao solar e da ventilao. Com isso, reduz-se o perodo de
molhamento foliar e, ao permitir que as pulverizaes sejam realizadas em ambos os
lados da fileira, aumenta-se a eficincia do controle fitossanitrio. A maior desvantagem
o maior gasto de mo de obra para a fixao dos tutores;
c) Tutoramento vertical com o uso de fitilho: esse sistema pode ser empregado
tanto em culturas a cu aberto quanto em casa de vegetao. Consiste em fincar
moures nas cabeceiras dos sulcos de plantio e passar, na horizontal, um arame n.o 16 ou
18 na altura de 1,70 a 1,80 m do solo. Dependendo do comprimento do sulco, a distncia
entre moures pode variar dentro da linha de plantio. Para no aumentar o custo com
moures, a distncia entre eles pode ser aumentada, mas devem-se fincar estacas de
bambu na vertical, nos intervalos entre os moures para apoiar, e evitar que o arame
ceda com o peso das plantas. O tutoramento iniciado quando as plantas atingirem
de 25 a 30 cm de altura, utilizando-se fitilho para a conduo das plantas. Na base da
planta feito um lao frouxo com o fitilho que, em seguida, enrolado planta. A outra
extremidade do fitilho amarrada ao arame, devendo-se ter o cuidado de deixar uma
sobra. medida que a planta for crescendo, a fita deve ser enrolada em torno da haste,
permitindo sua sustentao. A planta pode ser conduzida com uma ou duas hastes
dependendo do espaamento adotado. No espaamento de 40 a 50 cm entre plantas,
pode-se conduzir a planta com duas hastes principais, sendo recomendado o uso de um
fitilho para cada haste.
d) Tutoramento do tipo meia estaca: recomendado para cultivares do grupo
Salada, de crescimento determinado e porte baixo. Nesse sistema, pequenos moures,
com cerca de 1,30 m de altura so fincados nas extremidades das linhas de plantio. Em
seguida, um fio de arame n.o 14 ou 16 deve ser amarrado em cada mouro, na horizontal,
na altura de 0,40 a 0,50 m do solo. A cada cinco plantas, finca-se uma vara de bambu para
sustentar o arame, no qual a planta ser amarrada. medida que a planta ultrapassar
a altura do arame, devem ser amarrados aos moures e paralelamente ao arame, na
horizontal, dois fios de fitilho espaados de 0,30 m. Com esse manejo, as plantas ficam
confinadas no espao entre os fitilhos, evitando o tombamento. Alternativamente, os
fitilhos podem ser passados entre as plantas em zigue-zague.
Amarrio e desbrota: concludo o tutoramento das mudas, deve ser feito o
primeiro amarrio e a primeira desbrota, com a remoo de brotos laterais. As desbrotas

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Boletim, IAC, 200, 2014

subsequentes devem ser realizadas semanalmente, com os brotos ainda novos (2 a 3 cm


de comprimento). A remoo dos brotos deve ser feita com as mos, quebrando-os com
auxlio dos dedos polegar e indicador na altura da juno com o caule. Os amarrios das
hastes nas varas de bambu devem ser feitos a intervalos de 10 a 15 dias, utilizando fibras
vegetais ou artificiais. O amarrio deve formar um oito deitado frouxo, de modo a no
causar estrangulamento das hastes.

Tomate

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Poda apical: a poda apical, chamada tambm de capao ou desponta do


tomateiro, recomendada para cultivares de porte indeterminado dos grupos Salada,
Italiano/Saladete e Santa Cruz. A poda consiste na eliminao do broto apical ou
terminal das hastes do tomateiro. Desse modo, interrompe-se o crescimento vertical da
planta. Essa prtica tem por objetivo promover o aumento do percentual de frutos com
maior calibre, que so os mais valorizados no mercado. Para cultivos em campo, usual
realizar a poda quando a planta estiver com 1,50 a 1,70 m de altura, aps a emisso de,
no mximo, 7 a 10 pencas. Em cultivo protegido, a poda apical deve ser feita quando a
planta tiver em torno de 2,20 m de altura. Nas cultivares de crescimento determinado
essa prtica dispensvel.
Raleio de frutos: o raleio ou despenca de frutos do tomateiro uma prtica
cultural imprescindvel empregada em cultivares de crescimento indeterminado.
Consiste na retirada do excesso de frutos existentes nos racemos, com o objetivo de
obter frutos grados e de tamanho padronizado, de forma a atender a mercados mais
exigentes. Para as cultivares dos grupos Santa Cruz e Italiano/Saladete, recomendvel
fazer o desbaste, deixando-se cerca de seis frutos por racemo, eventualmente at oito,
se estiverem uniformes, at o 4.o ou 5.o racemo. Nos racemos seguintes, sugere-se
deixar um nmero menor de frutos (quatro a seis). Nas cultivares do grupo Salada ou
Caqui, o nmero de frutos por racemo deve ser reduzido, deixando-se quatro a cinco
frutos nos trs primeiros racemos e trs a quatro frutos nos racemos seguintes. Deve ser
ressaltado que, em algumas cultivares dos grupos Salada, Santa Cruz e Italiano/Saladete,
h pegamento de poucos frutos por racemo devido tendncia de aborto natural de
botes florais. Nessas cultivares, a prtica do raleio de frutos no necessria.
Calagem e adubao: dois a trs meses antes do plantio, aplicar calcrio, de
preferncia magnesiano ou dolomtico, para elevar a saturao por bases a 80% e o teor
de magnsio ao mnimo de 9 mmolc dm-3. No caso da utilizao de calcrio finamente
modo do tipo filler ou parcialmente calcinado, a aplicao poder ser realizada de um a
dois meses antes do plantio. Aps a incorporao do calcrio, irrigar o local para acelerar
a reao do corretivo no solo. A incorporao do calcrio deve ser uniforme desde a
superfcie at 30 cm de profundidade. Isso possibilita uma boa distribuio das razes
do tomateiro no perfil do solo, importante para a obteno de boas produtividades. O

Boletim, IAC, 200, 2014

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Tomate

A.T.E. Aguiar et al.

clculo da quantidade de calcrio a aplicar com base na porcentagem de saturao por


bases do solo estabelece a correo da acidez at 20 cm de profundidade. Devero ser
ajustadas as quantidades de calcrio a aplicar quando o objetivo for corrigir o solo a
maiores profundidades.
Adubao orgnica: de 30 a 40 dias antes do plantio, incorporar ao solo 20
a 30 t ha -1 de esterco bovino bem curtido, ou 1/4 a 1/5 dessas quantidades de esterco
de galinha, sunos, ovinos ou caprinos. O composto orgnico, incluindo o hmus
de minhoca e o Bokashi, pode ser utilizado, devendo ser considerados o custo e a
quantidade de N do fertilizante orgnico. A torta de mamona pr-fermentada outro
produto til como fonte orgnica de nutrientes, atua no controle de nematoides, e
doses de 100 a 130 g por cova so tcnica e economicamente viveis para o tomateiro.
A aplicao deve ser feita cerca de 40 dias antes do plantio. Deve ser ressaltado que
o fertilizante orgnico, alm de melhorar as caractersticas fsicas do solo e fornecer
parcialmente nutrientes s plantas, tambm proporciona certo controle de nematoides
quando presentes em reas continuamente cultivadas com tomateiro.
Adubao mineral em pr-plantio: aplicar, 8 a 15 dias antes do transplantio
das mudas, 60 a 80 kg ha-1 de N, 300 a 900 kg ha-1 de P2O5 e 100 a 300 kg ha-1 de K2O,
de acordo com a anlise do solo. Acrescentar adubao de plantio, 20 a 40 kg ha-1 de
enxofre (S); 1,5 a 2,5 kg ha-1 de boro (B); 3 a 5 kg ha-1 de zinco (Zn) e, em solos deficientes,
2 a 4 kg ha-1 de cobre (Cu) e 1 a 2 kg ha-1 de mangans (Mn). Recomenda-se a utilizao
de 1/3 a 1/4 do fsforo em pr-plantio na forma de termofosfato que contm, clcio,
magnsio, micronutrientes e silcio, alm do fsforo.
Adubao de cobertura para tomate no campo :
a) utilizao de fertilizantes slidos: conforme a anlise do solo, aplicar 200 a
400 kg ha-1 de N; 100 a 200 kg ha-1 de P2O5 e 200 a 400 kg ha-1 de K2O, parcelados
em 8 a 12 vezes, com intervalos de 10 dias. As doses maiores devem ser utilizadas em
solos de baixa fertilidade e para hbridos de alta produtividade. O excesso de N promove
desenvolvimento vegetativo exagerado e a ocorrncia de podrido apical dos frutos,
alm de retardar o ciclo da cultura. Recomenda-se aplicar parte do N na forma ntrica,
pois o excesso de N na forma amoniacal pode causar toxidez s plantas e predispor o
tomateiro a algumas doenas fngicas.
b) adubao de cobertura atravs de fertirrigao: em diversas regies do Estado
de So Paulo, vem crescendo a utilizao de fertilizantes altamente solveis aplicados
nos sistemas de gotejamento e piv central. Quando do clculo das quantidades a aplicar
de fertilizantes, deve-se considerar a marcha de absoro de nutrientes pelo tomateiro
durante o ciclo de desenvolvimento e produo. Os fertilizantes devem ser aplicados
trs vezes por semana, em mdia, desde o transplantio da muda at o final da colheita.

390

Boletim, IAC, 200, 2014

No incio do crescimento, as doses de fertilizantes so menores e devem ser aumentadas


de maneira gradativa at a fase de formao e colheita dos frutos. importante a
anlise peridica da qualidade da gua de irrigao e do solo, devido possibilidade de
salinizao, entre outros aspectos. Uma sugesto de doses de nutrientes em cobertura
via fertirrigao a seguinte (em kg do nutriente por ha): N = 200 a 400; P2O5 = 100 a 200;
K2O = 200 a 400; Ca = 120 a 200; Mg = 60 a 100; S = 60 a 100. Recomenda-se monitorar
as adubaes e o desenvolvimento das plantas com anlises frequentes do solo e de
folhas. Quanto aos micronutrientes, alm da aplicao em pr-plantio e via foliar, estes
devem ser fornecidos por meio da fertirrigao, em geral na forma de quelatos e alguns
na forma de sais.

Tomate

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Adubao foliar: pulverizar as plantas com cido brico a 0,1%, sulfato de zinco
a 0,3%, cloreto de clcio a 0,2% e sulfato de magnsio heptaidratado a 0,2%, cerca de
20 dias aps o pegamento das mudas e a cada 20 a 30 dias. Em solos deficientes, aplicar
sulfato de cobre a 0,3%, separadamente dos demais produtos. importante utilizar
espalhante adesivo. No misturar os fertilizantes foliares com agrotxicos. No comrcio
existem produtos que contm todos esses nutrientes de forma compatvel em uma
mesma soluo. Observar as concentraes e indicaes de doses no rtulo.
Irrigao: uma prtica fundamental para a obteno de boas produtividades
e frutos de qualidade. No Estado de So Paulo, predominam trs sistemas de irrigao.
a) Inundao: a gua transportada por gravidade e distribuda por canais
abertos paralelos s linhas de plantio. Deve-se evitar excesso de umidade no solo, que
propicia a incidncia de doenas de solo e a lixiviao de nutrientes. Outra limitao
desse sistema a necessidade de uso intensivo de mo de obra, elevando o custo final
de produo.
b) Asperso tradicional: as principais vantagens so a durabilidade do
equipamento (normalmente canos de PVC) e a facilidade de deslocamento e instalao
em outros locais da propriedade. Como limitao, o sistema de asperso favorece a
incidncia de doenas da parte area.
c) Gotejamento: requer menos disponibilidade de gua em relao aos
demais sistemas de irrigao. Proporciona, ainda, mais economia no manuseio dos
equipamentos e menor gasto de energia. A fertirrigao pode ser utilizada com menor
gasto de mo de obra, porm, os fertilizantes altamente solveis so mais caros que
os fertilizantes slidos tradicionalmente aplicados na cultura. Na escolha do sistema de
irrigao, devem ser levados em conta a disponibilidade e o custo dos equipamentos e
da mo de obra para cada local e regio de cultivo.

Boletim, IAC, 200, 2014

391

Tomate

A.T.E. Aguiar et al.

Herbicidas: para obter informaes atualizadas sobre os herbicidas registrados


para a cultura do tomateiro, consultar: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/
principal_agrofit_cons.
Principais pragas: mosca-branca, pulges, vaquinha, tripes, caros, mosca-minadora, lagartas, percevejos, traas, broca-pequena-do-fruto e broca-grande-do-fruto.
Principais doenas: mancha bacteriana, pinta bacteriana, cancro bacteriano,
talo oco, requeima, pinta-preta, septoriose, mancha-de-estenflio, odio, mofo-cinzento,
murcha-de-fusrio, murcha-de-verticlio, podrido-de-esclercio, murcha-bacteriana,
cancro-bacteriano, mancha-bacteriana, pinta-bacteriana, vira-cabea-do-tomateiro ou
tospovirose, mosaico (PVY, PepYMV), begomovirose ou geminovirose, tobamovirose
(ToMv), crinivirose (TICV, ToCV) e nematoides.
Observao: para obter informaes atualizadas sobre os agrotxicos
registrados para a cultura do tomateiro, consultar: http://agrofit.agricultura.gov.br/
agrofit_cons/principal_agrofit_cons.
Colheita: inicia-se aos 85 dias da semeao ou 50 dias da florao e dura de
dois a trs meses, dependendo do estado fitossanitrio da lavoura e da poda, ou no,
dos ponteiros. O fruto deve ser colhido seco e maduro ou de vez ou verde, conforme a
cultivar, a poca e a preferncia do mercado consumidor.
Produtividade normal: 200 a 400 caixas de 23 kg/1.000 plantas ou 60 a 120 t ha-1.
Rotao: milho, soja, cana-de-acar e adubos verdes no hospedeiros de
pragas e doenas do tomateiro.
PAULO CSAR TAVARES DE MELO
ESALQ-USP, Piracicaba (SP)
ARLETE MARCHI TAVARES DE MELO
PAULO ESPNDOLA TRANI
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

392

Boletim, IAC, 200, 2014

Tremoo Branco ou Amargo


Lupinus albus L.

Tremoo
Branco ou Amargo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espcie originria da regio do mar Mediterrneo, anual, herbcea, ereta, de


crescimento determinado. Sementes com elevado teor de protena, mas tambm de
alcaloides, eliminados por macerao em gua, antes do consumo humano. a espcie
mais difundida em nossas condies, havendo tambm o tremoo-azul (L. luteus L.) e o
tremoo-amarelo (L. angustifolius L.), espcies eretas e anuais, porm mais adaptadas
aos estados da regio Sul do pas, com produo reduzida de fitomassa e de sementes em
nossas condies. A espcie recomendada para adubao verde e consumo humano,
fixa entre 120 e 260 kg ha-1 de N e tem relao C/N entre 14 e 23.
Cultivares: a prpria espcie botnica.
Clima e solo: climas temperados e subtropicais, temperatura entre 15 C e
25 C, tolerante ao frio e s geadas, mnimo de 500 mm de gua durante o ciclo. Solos
preferencialmente de textura argilosa, de mdia fertilidade, bem drenados.
poca de semeadura: maro a maio.
Espaamento e densidade de semeadura: 50 cm entrelinhas, com 12 a 15
sementes por metro.
Sementes necessrias: 80 a 90 kg ha-1.
Calagem e adubao: a calagem dever elevar o ndice de saturao por bases a
60%. Aplicar na semeadura at 60 kg ha-1 de P2O5 e 30 kg ha-1 de K2O. Efetuar a inoculao
das sementes com o Rhizobium especfico, quando da primeira semeadura na rea, na
quantidade de 200 g de inculo turfoso para 50 kg de sementes.
Outros tratos culturais: nos primeiros 50 dias, podero ser necessrios 2 a 3
cultivos mecnicos. No h herbicidas registrados para a cultura, at setembro/2013.
Principais doenas: antracnose (Colletotrichum gloeosporioides, Glomerala
cingulata); fungos de solo (Fusarium sp., Rhizoctonia solani, Sclerotinia sp., Verticillium
sp.); fungos foliares - mancha-marrom (Pleiochaeta setosa) e mofo-pardo (Botrytis
cinera), Pectobacterium spp. (sin. Erwinia spp.) e viroses. Evitar seu cultivo em reas
infectadas com fungos de solo, especialmente Rhizoctonia spp. No h fungicidas
registrados para a cultura, at setembro/2013.

Boletim, IAC, 200, 2014

393

Tremoo
Branco ou Amargo

A.T.E. Aguiar et al.

Principais pragas: besouros (Diphaulaca voekameriae, Colaspis spp.), broca


(Volatica pachytaeniella), broca-das-axilas (Epinotia aporema), lagarta-elasmo
(Elasmopalpus lignosellus), lagarta Peridroma saucia, mosca-da-semente (Delia platura),
percevejos em geral e vaquinhas (Diabrotica speciosa, Megascelis satrapa, Maecolaspis
jaliventi). As lagartas e percevejos podem ocorrer em nveis elevados, especialmente
durante a fase reprodutiva das plantas. No h inseticidas registrados para a cultura, at
setembro/2013.
Colheita: entre 100 e 120 dias aps a semeadura, no surgimento das primeiras
vagens, efetuar o corte de massa seguido ou no de incorporao ao solo, ou at com
remoo da fitomassa para uso como cobertura seca em outro local. Aos 180 dias poder
ser realizada a colheita manual ou mecnica dos gros, sem prejuzo ao potencial da
espcie como adubo verde. Como as plantas de tremoo secam uniformemente, pode-se
colher os gros com colhedoras automotrizes.
Produtividade normal: 2 a 5 t ha-1 de fitomassa seca e 1.000 a 1.500 kg ha-1
de gros.
Rotao: eficaz antes de espcies extratoras do N do solo, como milho (aumento
de 20% a 30% na produtividade; contribuio entre 90 e 100 kg ha-1 de N; reduo nos
gastos com fertilizantes nitrogenados), soja e sorgo, sendo roada no florescimento ou
cultivada at a colheita dos gros. Adaptada ao consrcio, principalmente com hortalias
de outono-inverno, quando as irrigaes so frequentes e como cultivo intercalar s
perenes, como frutferas, particularmente a videira conduzida em sistema de espaldeira,
no outono-inverno, at a produo de sementes, em substituio cobertura morta
tradicionalmente adotada.
ELAINE BAHIA WUTKE
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
EDMILSON JOS AMBROSANO
Polo Regional do Centro Sul, Piracicaba (SP)
NELSON RAIMUNDO BRAGA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JOS ANTONIO DE FTIMA ESTEVES
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
DENIZART BOLONHEZI
Polo Regional do Centro Leste, Ribeiro Preto(SP)
JOAQUIM ADELINO DE AZEVEDO FILHO
Polo Regional do Leste Paulista, Monte Alegre do Sul (SP)

394

Boletim, IAC, 200, 2014

Trigo

Trigo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Triticum aestivum L.
Gramnea de ciclo anual, semeada no inverno nas nossas condies. O trigo
cultivado no Estado de So Paulo do grupo bioclimtico de primavera, podendo
ser cultivado nas condies de sequeiro e/ou de irrigao por asperso, em locais com
acentuada deficincia hdrica. Nessas condies, altos rendimentos em gros por rea e
estabilidade de produo so obtidos. As cultivares apresentam ciclo variando de 100 a
120 dias, denominadas de ciclo precoce e superior a 135 dias, de ciclo longo. A cultura
semeada em sucesso a culturas de vero como soja, milho, feijo, arroz, entre outras,
possibilitando no perodo de um ano o cultivo de duas culturas na mesma rea. O trigo
uma planta sensvel presena de alumnio txico no solo e no subsolo, necessitando
de aplicao de calcrio para correo da acidez, bem como da utilizao de cultivares
tolerantes ao crestamento.
Cultivares: ciclo precoce, IAC 24 e IAC 381; ciclo intermedirio, IAC 375 e
IAC 380 e ciclo longo, IAC 370 e IAC 385.
poca de semeadura: regio homognea de adaptao 2 - entre 1.o de abril a
31 de maio, sendo tolerada at 15 de junho; regio homognea de adaptao 3 - entre
1.o e 30 de abril, sendo tolerada at 15 de maio; regio homognea de adaptao 4 - de
15 de abril a 31 de maio.
Obs: a utilizao de cultivares de diferentes ciclos em diferentes pocas de
semeadura indicada para reduzir riscos causados por adversidades climticas. No incio
da poca de semeadura, deve-se dar preferncia s cultivares de ciclo tardio, enquanto
as de ciclo precoce so mais indicadas para o fim da poca de semeadura.
Espaamento: entrelinhas 17 a 20 cm, empregando-se de 70 a 80 sementes
viveis por metro linear para as condies de sequeiro e para as reas com irrigao,
de 65 a 70 sementes viveis por metro linear. A profundidade de semeadura deve ficar
entre 2 e 5 cm, de preferncia em linha, por distribuir uniformemente as sementes,
ocasionando maior eficincia na utilizao de fertilizantes e menor possibilidade de
danos s plantas, quando do emprego de herbicida em pr-emergncia.
Sementes necessrias: 135 a 160 kg por hectare, de acordo com o sistema
de cultivo.
Calagem e adubao: de acordo com a anlise do solo, aplicar o calcrio
para elevar o ndice de saturao por bases a 70%. No empregar mais de 4 t ha -1
ao ano. Na semeadura, aplicar 20 kg ha-1 de N, e de acordo com a anlise do solo,

Boletim, IAC, 200, 2014

395

Trigo

A.T.E. Aguiar et al.

de 20 a 90 kg ha-1 de P2O5 e de 10 a 60 kg ha-1 de K2O. Para a cultura semeada aps


a cultura da soja, no aplicar nitrognio por ocasio da semeadura. Em culturas
irrigadas aplicar no mximo 60 kg ha-1 de N em cobertura aos 25-30 dias aps a
emergncia para cultivares precoces e no mximo aos 45-50 dias, para as cultivares
de ciclo mais longo (perodo de emborrachamento superior a 55 dias).
Micronutrientes e enxofre: a adubao de semeadura deve ser complementada
com 10 kg ha-1 e 20 kg ha-1 de S, para cultura de sequeiro e irrigada, respectivamente. Em
solos com teor de Zn (mtodo DPTA) inferior a 0,6 mg dm-3 aplicar 3,0 kg ha-1 de Zn e em
solos com teor de B (mtodo da gua quente) inferior a 0,3 mg dm-3, aplicar 1,0 kg ha-1 de B.
Irrigao: utilizar o mtodo proposto por Silva et al. (1984), que consiste em uma
irrigao inicial de 40 a 60 mm aps a semeadura, com a finalidade de umedecer o perfil
do solo, bem como a instalao de tensimetros em diversos pontos, profundidade de
12 cm. As irrigaes complementares sero efetuadas quando a mdia das leituras dos
tensimetros indicar -0,06 Mpa, determinando-se a lmina lquida a ser aplicada pela
evaporao acumulada medida no tanque classe A, entre os intervalos das irrigaes.
Controle de plantas daninhas: consiste em utilizar caractersticas ecolgicas
da cultura, como poca e densidade de semeadura, espaamento, bem como da
planta infestante, de maneira que a primeira leve vantagem na competio. O controle
mecnico utilizado em pequenas reas e caracteriza-se pela realizao de capinas,
enquanto o controle qumico por meio de herbicidas considera a eficincia do controle
em grandes reas. O uso e a adoo, por parte dos agricultores, da melhor opo de
controle, sero decididos caso a caso.
Principais pragas: pulges (pulgo-verde-dos-cereais, pulgo-do-colmo,
pulgo-da-folha e pulgo-da-espiga) e percevejo da barriga verde; produtos registrados
para controle - Clorpirifs, Dimetoato, Fenitrotiona, Imidacloprido e Tiametoxam;
lagarta-do-trigo e lagarta-militar; produtos registrados para controle - Alf-cipermetrina
+ Teflubenzurom, Beta-ciflutrina, Clorpirifs, Diflubenzurom, Fenitrotiona, Lambdacialotrina, Lufenurom, Permetrina, Triflumurom.
Principais doenas: as doenas so muito favorecidas pelas condies climticas
(altas temperaturas e precipitaes pluviais frequentes). Ocorrem doenas como Odio,
causado por Blumeria graminis f.sp. tritici, ferrugens da folha e do colmo, causadas
por Puccinia triticinia f.sp. tritici (Erikes) e P. graminis f.sp. tritici (Herihs & Henn),
respectivamente, mancha da gluma causada por Phaeosphaera nodorum, mancha
marrom, causada por Cochliobolus sativus (Bipolaris sorokiniana), giberela (Fusarium
graminearum), brusone (Magnoporthe grisea), carvo do trigo (Ustilago tritici) e, mais
recentemente, com o incremento da rea de cultivo com o sistema plantio direto, em que

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Boletim, IAC, 200, 2014

restos culturais permanecem na superfcie do solo, o parasita necrotrfico denominado


Drechslera tritici-repentis (Died.) Drechs, causador da mancha bronzeada da folha de
trigo, vem preocupando triticultores, exigindo a realizao de diversas aplicaes
de fungicidas. Os produtos registrados para controle so Ciproconazol, Epoxiconazol,
Propiconazol, Metaconazol, Tebuconazol, Azoxistrobina, Trifoxistrobina + Tebuconazol,
Azoxistrobina + Ciproconazol, Ciproconazol + Propiconazol, Cresoxim-metlico +
Epoxiconazol, Piraclostrobina + Epoxiconazol, Piraclostrobina + Metaconazol e
Trifloxistrobina + Protioconazol.

Trigo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Colheita: o processo de colheita considerado de extrema importncia, tanto


para garantir o rendimento da cultura, quanto para assegurar a qualidade final do gro.
Para reduzir perdas quali-quantitativas, deve-se tomar cuidado em relao regulagem
da colhedora, pois medida que a colheita vai sendo processada, as condies de
umidade do gro e da palha variam, sendo necessrias novas regulagens.
Secagem: uma operao crtica na sequncia do processo ps-colheita. Como
consequncia da secagem podem ocorrer alteraes significativas na qualidade do gro.
O teor de umidade indicado para se armazenar o trigo colhido 13%. Desse modo,
todo o produto colhido com umidade superior a indicada para armazenamento deve
ser submetido secagem. A temperatura mxima da massa de gros de trigo no deve
ultrapassar 60 oC, para a manuteno da qualidade tecnolgica do produto.
Produtividade normal: sequeiro, de 2,5 a 3,5 t ha-1 e irrigado por asperso, de
4,5 a 5,5 t ha-1.
Classificao comercial do trigo e tipificao: baseiam-se na Instruo
Normativa n.o 38 de 30 de novembro de 2010, do Ministrio da Agricultura, Pecuria
e Abastecimento, publicados no Dirio Oficial da Unio de 1.o de dezembro de 2010. A
classificao comercial estima a aptido tecnolgica do trigo em classes: Melhorador,
Po, Domstico, Bsico e outros usos, em funo da fora do glten (W), da estabilidade
e do nmero de queda (NQ).
JOO CARLOS FELCIO (aposentado)
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

397

Triticale

A.T.E. Aguiar et al.

Triticale

Triticosecale Wittmacak
Gramnea de ciclo anual, semeada no inverno nas nossas condies. O triticale
cultivado no Estado de So Paulo do grupo bioclimtico de primavera, podendo
ser cultivado nas condies de sequeiro e/ou de irrigao por asperso, em locais de
ocorrncia de acentuada deficincia hdrica. Nessas condies, altos rendimentos
em gros por rea e estabilidade de produo so conseguidos. H cultivares de ciclo
precoce, de 100 a 120 dias, suscetveis a manchas foliares e de ciclo longo, de mais de
135 dias. A cultura semeada em sucesso a cultivos de vero como soja, milho, feijo,
arroz, entre outras, possibilitando, no perodo de um ano, o plantio de duas culturas
na mesma rea. O triticale no uma planta sensvel presena de alumnio txico
no solo e no subsolo, sendo mais tolerante que o trigo, necessitando da aplicao de
calcrio para a correo da acidez para algumas cultivares e/ou a utilizao de cultivares
tolerantes ao crestamento.
Cultivares: IAC 5 Canind e IAC 6 Pardal, ambas de ciclo longo.
poca de semeadura: regio homognea de adaptao 2 - entre 1.o de abril
e 31 de maio, sendo tolerada at 15 de junho; regio de homognea de adaptao
3 - entre 1.o e 30 de abril, sendo tolerada at 15 de maio e regio homognea de
adaptao 4 - entre 15 de abril e 31 de maio. A utilizao de cultivares de diferentes
ciclos, em diferentes pocas de semeadura indicada para reduzir riscos causados por
adversidades climticas. No incio da poca de semeadura deve-se dar preferncia s
cultivares de ciclo tardio, enquanto as de ciclo precoce so mais indicadas para o fim da
poca de semeadura.
Espaamento: para as condies de sequeiro, entrelinhas de 17 a 20 cm,
empregando-se de 70 a 80 sementes viveis por metro linear e para as reas com
irrigao, de 65 a 70 sementes viveis por metro linear. A semeadura deve ser feita em
profundidade entre 2 e 5 cm, em linha, por permitir distribuio uniforme das sementes,
propiciando maior eficincia na utilizao de fertilizantes e menor possibilidade de
danos s plantas quando do emprego de herbicidas em pr-emergncia.
Sementes necessrias: de 140 a 160 kg por hectare, de acordo com o sistema
de cultivo.
Calagem e adubao: de acordo com a anlise do solo, aplicar calcrio para
elevar o ndice de saturao por bases a 70%, no empregando mais de 4 t ha-1 ao ano.
Na semeadura, aplicar 20 kg ha-1 de nitrognio (N), e de acordo com a anlise do solo,

398

Boletim, IAC, 200, 2014

de 20 a 90 kg ha-1 de P2O5 e de 10 a 60 kg ha-1 de K2O. Para a cultura semeada aps o


cultivo da soja, no aplicar nitrognio por ocasio da semeadura. Em culturas irrigadas
aplicar no mximo 60 kg ha-1 de N em cobertura aos 25-30 dias aps a emergncia, para
cultivares precoces e no mximo aos 45-50 dias para as cultivares de ciclo mais longo
(perodo de emborrachamento superior a 55 dias).

Triticale

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Micronutrientes e enxofre: a adubao de semeadura deve ser complementada


com 10 kg ha-1 e 20 kg ha-1 de enxofre (S) para culturas de sequeiro e irrigadas,
respectivamente. Em solos com teor de zinco (Zn) inferior a 0,6 mg dm-3 (mtodo DPTA),
aplicar 3 kg ha-1 de Zn e 1 kg ha-1 de boro (B), em solos com teor de B inferior a 0,3 mg dm-3
(mtodo da gua quente).
Irrigao: utilizar o mtodo proposto por Silva et al. (1984), que consiste em
realizar uma irrigao inicial aps a semeadura, de 40 a 60 mm, com a finalidade de
umedecer o perfil do solo, bem como na instalao de tensimetros em diversos pontos,
profundidade de 12 cm. As irrigaes complementares sero efetuadas quando a mdia
das leituras dos tensimetros indicar -0,06 MPa, determinando-se a lmina lquida a ser
aplicada, pela evaporao acumulada, medida no tanque classe A entre os intervalos
das irrigaes.
Controle de plantas daninhas: consiste em utilizar caractersticas ecolgicas da
cultura e da planta infestante, de maneira que a primeira leve vantagem na competio,
tais como poca de semeadura recomendada, espaamento e densidade de semeadura.
O controle mecnico utilizado em pequenas reas e caracteriza-se pela realizao de
capinas, enquanto o controle qumico por meio de herbicidas considera a eficincia do
controle em grandes reas. O uso e a adoo, por parte dos agricultores, da melhor
opo de controle, sero decididos pelos agricultores caso a caso.
Principais pragas: pulges (pulgo-verde dos cereais, pulgo-do-colmo,
pulgo-da-folha e pulgo-da-espiga) e percevejo-barriga-verde. Produtos registrados
para controle: Clorpirifs, Dimetoato, Fenitrotiona, Imidacloprido e Tiametoxam. Lagarta-do-triticale e lagarta-militar. Produtos registrados para controle: Alf-cipermetrina +
Teflubenzurom, Beta-ciflutrina, Clorpirifs, Diflubenzurom, Fenitrotiona, Lambda-cialotrina,
Lufenurom, Permetrina, Triflumurom.
Principais doenas: doenas como odio, causado por Blumeria graminis f. sp.
tritici, ferrugens da folha e do colmo, causadas por Puccinia triticinia f. sp. tritici (Erikes)
e P. graminis f. sp. tritici (Herihs & Henn), mancha da gluma causada por Phaeosphaera
nodorum, mancha marrom, causada por Cochliobolus sativus (Bipolaris sorokiniana),
giberela (Fusarium graminearum), brusone (Magnoporthe grisea) e carvo do triticale
(Ustilago tritici), so muito favorecidas por altas temperaturas e precipitaes pluviais

Boletim, IAC, 200, 2014

399

Triticale

A.T.E. Aguiar et al.

frequentes. Mais recentemente, com o incremento da rea de cultivo no sistema


plantio direto em que restos de culturas permanecem na superfcie do solo, o parasita
necrotrfico denominado Drechslera tritici-repentis (Died.) Drechs, causador da mancha
bronzeada da folha de triticale, vem preocupando triticultores, exigindo a realizao
de diversas aplicaes de fungicidas. Produtos registrados para controle: Ciproconazol,
Epoxiconazol, Propiconazol, Metaconazol, Tebuconazol, Azoxistrobina, Trifoxistrobina +
Tebuconazol, Azoxistrobina + Ciproconazol, Ciproconazol + Propiconazol, Cresoxim-metlico +
Epoxiconazol, Piraclostrobina + Epoxiconazol, Piraclostrobina + Metaconazol e Trifloxistrobina
+ Protioconazol.
Colheita: o processo de colheita considerado de extrema importncia, tanto
para garantir o rendimento da cultura, quanto para assegurar a qualidade final do gro.
Para reduzir perdas quali-quantitativas, deve-se tomar cuidado em relao regulagem
da colhedora, uma vez que medida que a colheita vai sendo processada, as condies
de umidade do gro e da palha variam, sendo necessrio efetuar novas regulagens.
Secagem: uma operao crtica na sequncia do processo de ps-colheita.
Como consequncia da secagem, podem ocorrer alteraes significativas na qualidade
dos gros. O teor de umidade indicado para se armazenar o triticale colhido 13%. Desse
modo, todo o produto colhido com umidade superior indicada para armazenamento
deve ser submetido secagem. A temperatura mxima na massa de gros de triticale
no deve ultrapassar 60 oC, para a manuteno da qualidade tecnolgica do produto.
Produtividade normal: culturas de sequeiro, de 3 a 4 t ha-1 e culturas irrigadas
por asperso, de 5 a 6 t ha-1.
JOO CARLOS FELCIO (aposentado)
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

400

Boletim, IAC, 200, 2014

Urucum
Bixa orellana L.

Urucum

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

uma planta arbrea da famlia Bixaceae, originria da Amrica Tropical. Produz


em abundncia, cpsulas contendo pequenas sementes envoltas por um arilo vermelho-alaranjado, pulverulento, de aspecto ceroso, contendo corantes, principalmente a
bixina. A bixina constitui cerca de 3% a 7% do peso das sementes e utilizada como
corante para alimentos, cosmticos e outros produtos.
Cultivares: a prpria espcie, com sua diversidade de tipos (bico de pato, verde,
vermelha, pompom, etc.)
Clima e solo: precipitao pluvial de 1.200 mm/ano, temperatura mdia de 25 oC,
no tolera geada e frio intenso. O solo deve ser areno-argiloso e apresentar boa fertilidade.
poca de plantio: semeadura de junho a agosto e transplante das mudas para
o campo, de setembro a novembro. A formao das mudas feita, principalmente, em
saquinhos plsticos de 10 x 20 cm, colocando-se de 3 a 5 sementes por saquinho. Aps
a germinao deve-se fazer o desbaste, deixando apenas uma planta. Pode-se tambm
utilizar para a produo de mudas, tubetes ou bandejas de 72 clulas.
Espaamento: 7 x 5 m, 6 x 5 m ou 5 x 5 m, dependendo do tipo de urucum.
Mudas necessrias: de 286 a 400 mudas/hectare.
Calagem: corrigir a acidez elevando o ndice de saturao por bases a 70%.
Adubao orgnica: sempre que possvel, aplicar 5 litros por cova de esterco de
curral curtido, misturado com a adubao mineral de plantio.
Adubao de plantio: de acordo com a anlise do solo, aplicar no plantio, por
cova: 10 g de nitrognio (N), de 50 a 120 g de P2O5 e de 20 a 60 g de K2O. Aps 30, 60 e
90 dias do plantio, aplicar 10 g/cova de N em cobertura.
Adubao de formao (2.o e 3.o anos): com base na anlise do solo, aplicar
60 g/planta de N, de 20 a 60 g/planta de P2O5 e de 0 a 45 g/planta de K2O. Aplicar essa
adubao parcelada em trs vezes, no perodo de setembro a abril.
Adubao de produo (a partir do 4.o ano): com base em uma nova anlise do
solo, aplicar 50 kg ha-1 de N, de 0 a 40 kg ha-1 de P2O5 e de 20 a 60 kg ha-1 de K2O. Aplicar
os adubos em cobertura, num raio correspondente a um tero da projeo da copa,
parcelados em duas vezes, aps a colheita e antes do incio das chuvas.

Boletim, IAC, 200, 2014

401

Urucum

A.T.E. Aguiar et al.

Irrigao: ser necessria durante o perodo de estiagem e aps as adubaes


em cobertura.
Outros tratos culturais: consistem no replante nas falhas decorrentes da morte
de mudas no plantio, bem como na manuteno do mato roado bem baixo.
Principais pragas: devem ser controlados tripes, caros, formigas-cortadeiras,
percevejos e cochonilhas.
Principais doenas: odio, antracnose, fusariose e cercosporiose.
Colheita: no Estado de So Paulo - safrinha, de maro a abril; safra principal, de
julho a agosto. Colher quando as cpsulas estiverem maduras e iniciando a secagem. O
beneficiamento deve ser feito em mquinas bem reguladas para evitar perda do corante.
Produtividade normal: a produo se inicia entre 12 e 18 meses, com
produtividade de 1,5 a 3 t ha-1 de sementes de urucum, aps 4 anos.
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

402

Boletim, IAC, 200, 2014

Uva

Uva

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Vitis spp.

A videira pertence famlia Vitaceae, gnero Vitis. Destacam-se a Vitis vinifera L.,
de origem euro-asitica e a Vitis labrusca L., de origem americana.
Porta-enxertos: os principais porta-enxertos utilizados no Estado de So Paulo
so: Ripria do Travi ou 106-8 Mgt, 420A, Kober 5BB, Paulsen 1103, IAC 313 Tropical,
IAC 571-6 Jundia, IAC 572 Jales e IAC 766 Campinas.
Uvas para mesa: dividem-se em comuns ou rsticas e finas. As principais uvas
comuns ou rsticas cultivadas no Estado de So Paulo so a Niagara Rosada e a Niagara
Branca. Nas regies tradicionais de Jundia e So Miguel Arcanjo os porta-enxertos
recomendados so Ripria do Travi, IAC 766 e IAC 571-6; nas regies oeste e noroeste
recomendam-se os porta-enxertos IAC 572, IAC 766 e IAC 313. As principais uvas finas
cultivadas no Estado de So Paulo so: Itlia, Rubi, Benitaka, Brasil, Redimeire, Redglobe
e as sem sementes Centennial Seedless e Vnus. Nas regies de Jundia e So Miguel
Arcanjo os porta-enxertos recomendados so 420A, Kober 5BB e IAC 766; nas regies
oeste e noroeste recomendam-se os porta-enxertos IAC 572, IAC 766 e IAC 313.
Uvas para indstria: dividem-se em comuns, hbridas e finas. As principais uvas
comuns cultivadas no Estado de So Paulo para produo de vinho, suco, geleia, vinagre
e derivados so Niagara Rosada, Niagara Branca, Isabel e Bord e os porta-enxertos
recomendados so os mesmos que para as uvas comuns para mesa. As principais uvas
hbridas em cultivo para produo de vinho, suco e derivados so IAC 138-22 Mximo e
IAC 116-31 Rainha. As principais uvas finas para produo de vinho tinto so Cabernet
Sauvignon, Cabernet Franc, Syrah e Merlot; e para vinho branco so Semillon,
Sauvignon Blanc, Chardonnay, Moscato Branco e Moscato Giallo.
Uvas em potencial: cultivares IAC 871-41 Patrcia, IAC 21-14 Madalena,
JD 930 Moscatel de Jundia, Concord, Isabel Precoce, BRS Morena, BRS Clara, BRS Linda,
BRS Vitria, BRS Nbia, BRS Cora, BRS Violeta, BRS Carmem, BRS Magna, BRS Lorena e
Moscato Embrapa.
Clima: as videiras so plantas com capacidade de adaptao climtica que,
aliada existncia de grande quantidade de porta-enxertos, possibilita a escolha de
combinaes que melhor se adaptem s diferentes regies ecolgicas do Estado de
So Paulo, cujas condies climticas relativas temperatura e disponibilidade hdrica
conferem uma grande variao no comportamento fenolgico das variedades de uva,
propiciando ao viticultor, possibilidade de produzir em diferentes pocas para sua

Boletim, IAC, 200, 2014

403

Uva

A.T.E. Aguiar et al.

melhor comercializao. O zoneamento agrcola do Estado de So Paulo incluiu a videira,


Vitis sp., num grupo de espcies frutferas consideradas de clima subtropical, ou seja, com
menor exigncia de frio hibernal que as de clima temperado, para indicar as reas aptas.
A rea apta, com temperaturas mdias anuais entre 17 e 22 oC e ndice hdrico
inferior a 100, apresenta condies trmicas e hdricas satisfatrias e abrange quase toda
a parte central e sul do Planalto Paulista, inclusive o Vale do Paraba e o Vale do Ribeira.
As caractersticas apresentadas por reas menos favorveis ao cultivo da videira
so as seguintes:
a) Temperaturas baixas <17 oC - esto situadas nas reas serranas frias da Serra
da Mantiqueira e do Mar;
b) ndice hdrico elevado Im>100 - abrangem a rea litornea e encostas
midas da Serra do Mar e da Mantiqueira, com excesso de umidade que agrava
problemas fitossanitrios.
A rea de cultivo da videira foi expandida para as regies noroeste e oeste do
Estado de So Paulo em municpios como Jales e Dracena. As regies leste e sudoeste
tendo como referncias Jundia e So Miguel Arcanjo apresentam um perodo de seca
de julho a setembro que favorece o repouso hibernal. As regies noroeste e oeste
apresentam um perodo seco de abril a outubro, porm as temperaturas elevadas da
regio nessa poca favorecem uma maturao mais rpida, permitindo a colheita na
entressafra de outras regies.
poca de plantio: estacas de porta-enxertos no enraizadas: plantio direto
no campo em julho e agosto; estacas pr-enraizadas de porta-enxertos conhecidas por
barbados: plantio de agosto a setembro; mudas de porta-enxertos enraizadas em
sacolas plsticas: plantio de outubro a novembro; mudas prontas obtidas por enxertia
de mesa: agosto a setembro. No plantio de estacas de porta-enxertos, a enxertia com a
variedade copa deve ser realizada nos meses de julho a agosto do ano seguinte.
Propagao:
Tradicional - plantio de porta-enxertos no final do inverno/incio da primavera
com enxertia por garfagem, das variedades copa, no inverno do ano seguinte;
Mudas enxertadas de raiz nua - as mudas so produzidas por viveiristas por
enxertia de mesa, cmara de foramento para unio do enxerto e enraizamento e
desenvolvimento do sistema radicular em canteiros.
Espaamento:
Os espaamentos variam conforme a variedade, o porta-enxerto e o sistema de
conduo adotado.

404

Boletim, IAC, 200, 2014

Espaamentos adensados - 0,70 x 1,7 m at 1 x 2 m - variedades comuns para


mesa ou indstria, sobre porta-enxertos pouco ou medianamente vigorosos e sistema
de conduo em espaldeira baixa.

Uva

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Espaamentos mdios - 2,0 x 2,5 m at 2 x 3 m - variedades finas para indstria


em espaldeira alta e variedades comuns ou finas para mesa e indstria em Y, podendo
ser em porta-enxertos mais ou menos vigorosos de acordo com a regio de plantio ou o
sistema de conduo.
Espaamentos amplos - 3 x 3 m at 3 x 5 m - variedades finas para mesa, de
grande vigor, em latada, prgula ou caramancho.
Sistemas de conduo: os sistemas de conduo mais indicados para as
diferentes regies do Estado de So Paulo so: espaldeira baixa, com 1,60 m de altura,
recomendada para cultivares comuns para mesa ou para indstria nas regies de
clima subtropical como Jundia e So Miguel Arcanjo; espaldeira mdia, com 1,70 m
de altura, para cultivares comuns para mesa em condies tropicais do estado como
Jales e Dracena; espaldeira alta, com 1,95 m de altura, para cultivares de uvas para
suco e cultivares hbridas e finas para vinho em todas as regies do estado. Em Y,
para cultivares comuns e hbridas de uvas para mesa e indstria, para todas as regies
vitcolas do estado, preferencialmente com cobertura plstica nas regies mais midas
ou como alternativa para reduzir o uso de defensivos. Em latada, caramancho ou
prgula, indicado para cultivares de vigor mdio a alto e que necessitem poda mdia
ou longa, para todos os polos vitcolas do estado, porm menos favorvel que o Y em
regies mais midas.
Poda: a poda varivel de acordo com a variedade de uva, o estdio de
desenvolvimento em que se encontra a planta e o sistema de conduo adotado.
Poda curta em cordo esporonado - poda dos ramos do ano deixando uma ou
duas gemas, recomendada para variedades que apresentem as gemas basais frteis. A
planta mantm um ramo ou cordo permanente com vrios espores nos quais todos
os anos se originam os ramos produtivos a partir da brotao das gemas deixadas na
poda. Adequada aos sistemas de conduo em espaldeira ou em Y.
Poda mdia - poda dos ramos do ano deixando 4 a 5 gemas, recomendada para
cultivares com vigor mdio, conduzidas em espaldeira, Y ou latada.
Poda mista ou longa em espinha de peixe - poda dos ramos do ano deixando,
de maneira intercalada, ramos longos com 8 a 12 gemas para produzir frutos e ramos
curtos com 2 gemas para formao de novos ramos para a poda do ano seguinte;
recomendada para variedades cujas gemas frteis localizam-se afastadas da base dos
ramos. Adequada aos sistemas de conduo em latada e em Y.

Boletim, IAC, 200, 2014

405

Uva

A.T.E. Aguiar et al.

Calagem: antes da implantao do vinhedo, recomenda-se a aplicao de


calcrio em rea total, para elevar a saturao por bases a 80%. Recomenda-se,
preferencialmente o calcrio dolomtico, sendo incorporado o mais profundamente
possvel. Em vinhedos implantados, fazer a calagem em superfcie na rea total.
Adubao:
Uvas comuns para mesa e para indstria
a) Na adubao de implantao, antes do plantio da videira, aplicar, por cova,
10 litros de esterco de curral, ou 3 litros de esterco de galinha, ou 500 g de torta de
mamona, em mistura com a melhor terra de superfcie e com a adubao mineral, de
acordo com a anlise do solo, com doses de P2O5 e de K2O variando de 40 a 80 g/cova
e de 20 a 40 g/cova, respectivamente. Aplicar, em cobertura, aos 60 e 120 dias aps o
plantio dos porta-enxertos, 20 g de N por planta, por vez. b) Na adubao de formao,
aps a enxertia, aplicar, de acordo com a anlise do solo, 20 g de N/planta, 10 a 30 g de
P2O5/planta, 10 a 30 g de K2O/planta. Esta adubao deve ser realizada em cobertura,
ao lado das plantas, parcelando em trs vezes, sendo a primeira 30 dias aps a brotao
e as demais at dezembro. Na adubao de implantao e de formao, consideram-se as
quantidades acima utilizando o espaamento de 2 x 1 m, com 5.000 plantas/ha. Em
plantios mais adensados, deve-se ajustar a dose recomendada. c) Na adubao de
produo, recomenda-se a adubao mineral de acordo com a anlise do solo e a meta
de produtividade entre 13 a 22 t ha-1, com doses de N, P2O5 e K2O variando de, 70 a
130 kg ha-1, 80 a 500 kg ha-1 e 60 a 380 kg ha-1, respectivamente. Esta adubao deve
ser parcelada em trs vezes. A primeira parcela de adubao, que deve ser realizada
60 dias antes da poda, deve conter 100% do P e 50% do K, juntamente com 30 t ha-1 de
esterco de curral ou 8 t ha-1 de cama de frango ou 2 t ha-1 de torta de mamona. Aps a
poda, quando os ramos estiverem com 2 a 3 folhas separadas, aplicar 50% da dose de
N. O restante do N e do K deve ser aplicado quando as bagas estiverem entre as fases
chumbinho e de meia baga. Deve-se aplicar o N e K em cobertura ao redor das plantas.
Em caso de deficincia de boro, quanto o teor no solo for inferior a 0,2 mg dm-3, aplicar
2,5 kg ha-1 na ocasio da poda.
Uvas finas para mesa e para indstria
a) Na adubao de implantao, antes do plantio da videira, aplicar, por cova,
40 litros de esterco de curral, ou 10 litros de esterco de galinha, ou 2 kg de torta de
mamona, em mistura com a melhor terra de superfcie e com a adubao mineral, de
acordo com a anlise do solo, com doses de P2O5 e de K2O variando de, 100 a 300 g/cova
e de 50 a 150 g/cova, respectivamente. Aplicar, em cobertura, aos 60 e 120 dias aps o
plantio dos porta-enxertos, 30 g de N por planta, por vez. b) Na adubao de formao,
aps a enxertia, aplicar, de acordo com a anlise do solo, 60 g de N/planta, 50 a 150 g de

406

Boletim, IAC, 200, 2014

P2O5/planta, 50 a 100 g de K2O/planta. Esta adubao deve ser realizada em cobertura,


ao lado das plantas, parcelando em trs vezes, sendo a primeira 30 dias aps a brotao
e as demais at dezembro. Na adubao de implantao e de formao, consideram-se
as quantidades acima utilizando o espaamento de 4 x 2,5 m com 1.000 plantas/ha. c) Na
adubao de produo, recomenda-se a adubao mineral de acordo com a anlise do solo
e a meta de produtividade entre 23 a 40 t ha-1, com doses de N, P2O5 e K2O variando de,
100 a 150 kg ha-1, 120 a 600 kg ha-1 e 120 a 480 kg ha-1, respectivamente. Esta adubao
deve ser parcelada em trs vezes, de maneira semelhante recomendao para uvas
comuns.

Uva

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Controle de pragas:
Das razes - prola-da-terra ou margarodes - uso de porta-enxertos tolerantes
ou inseticidas sistmicos granulados no solo, como tiamethoxam e imidacloprid; filoxera
- uso de porta-enxertos resistentes;
Do tronco e dos ramos - cochonilhas - tratamento de inverno com calda
sulfoclcica ou raspando-se o tronco e aplicando leo emulsionvel a 1% mais um
inseticida fosforado registrado; coleobrocas - retirar os restos da poda de inverno e
queim-los; cigarrinha-das-fruteiras - poda de inverno e pulverizaes com inseticidas
fosforados registrados;
Das folhas e dos brotos - maromba ou trombeta, grilo-mole, besouro-verde,
filoxera na parte area, lagarta-das-folhas, besouros - pulverizaes com inseticidas
fosforados registrados; mosca-branca - imidacloprid e tiamethoxan; caros - pulverizaes
com acaricidas especficos;
Dos frutos - traa-dos-cachos - pulverizaes com inseticidas piretroides
registrados; mosca-das-frutas - ensacamento dos frutos e pulverizaes com inseticidas
base de fentiom, triclorfon e malation; tripes - pulverizaes com metildicarb.
Controle de doenas:
Fngicas - antracnose - pulverizaes com fungicidas cymoxanil, mancozeb,
tiofanato metlico e difenoconazol; peronspora ou mldio - pulverizaes com fungicidas
cobre, mancozeb, maneb, metiram, propineb, ziram, ferbam, folpet, captan, fosetil-alumnio,
metalaxil-M, benalaxil, fenamidone e dimetomorfe; odio - pulverizaes com fungicidas
azoxestrobin, dinocap, piraclostobin, tolefluanid, fenamirol, difenoconazolmetriram +
piraclostrobina, boscalid; mancha-das-folhas - pulverizaes com fungicidas mancozeb,
tiofanato metlico e difenoconazol; ferrugem - pulverizaes com fungicidas calda
bordalesa, zineb, maneb, ferbam e captafol; declnio-da-videira e botriodiplodiose:
aplicao de tiofanato metlico nos cortes causados pela poda; podrido-amarga
- pulverizaes com fungicidas captan, ferban e maneb; podrido-da-uva-madura -

Boletim, IAC, 200, 2014

407

Uva

A.T.E. Aguiar et al.

pulverizaes com o fungicida maneb nas bagas, durante todo o ciclo; podrido-negra pulverizaes com os fungicidas maneb e ferban; mofo-cinzento ou botritis - pulverizaes
com fungicidas captan, folpet, procimidone e iprodione; murcha-de-fusarium ou fusariose
- usar porta-enxertos tolerantes como 1103 Paulsen, 99R e 110R.
Bacterianas - Xantomonas - usar material de propagao sadio, originrio de
locais livres da doena.
Vrus - realizar propagao com material isento de vrus, tanto para porta-enxertos como para copas.
Utilizao de biorreguladores: os reguladores vegetais podem ser utilizados,
em viticultura, para controle do crescimento vegetativo, aumento da fertilidade das
gemas, incremento da fixao de frutos, desbaste de cachos, supresso de sementes,
acelerao ou retardo da maturao dos frutos, controle do enrugamento dos bagos,
enraizamento de estacas e na micropropagao.
Cianamida - para interromper a dormncia das gemas utilizam-se qumicos
a base de cianamida, que so a cianamida clcica ou calciocianamida e a cianamida
hidrogenada. A dose padro para a cianamida clcica de 20%; para a cianamida
hidrogenada, de 1,25% a 3,43% em funo do clima e das condies de repouso das
gemas. Para melhorar a brotao em regies com clima quente pode-se utilizar o
ethephon a 2160 mg L-1 associado cianamida hidrogenada entre 1,47% a 1,96%.
Auxina - com a variedade Niagara, para reduzir as perdas ps-colheita, e a
incidncia de podrides de frutos pode-se utilizar o cido alfa naftaleno actico na dose
de 150 mg L-1 de um dia a uma semana antes da colheita.
Citocinina - dentre os qumicos comerciais destacam-se o CPPU (N-(2-cloropiridil)-N-fenilureia), tambm denominado forclorofenuron; e o thidiazuron (N-fenil-N1,2,3-tidiazol-5-tiureia). Para a Niagara cultivada em regies tropicais, como o noroeste
e oeste do Estado de So Paulo, para melhoria da aderncia ao pedicelo e aumento do
tamanho da baga, utiliza-se a mistura de thidiazuron 10 mg L -1 com cido giberlico
35 mg L-1 em pulverizao direcionada aos cachos, aos 14 e 28 dias aps o florescimento.
Giberelina - aplicada em pr-florescimento promove o aumento da rquis; no
florescimento, conforme a variedade, propicia o desbaste ou aumento da fixao das
flores. As doses variam com as variedades e o clima dos locais de cultivo.
cido abscssico (AAB) - para induzir a colorao da pelcula das bagas em
variedades de uvas coloridas cultivadas em locais com pouca ou sem alternncia de
temperatura entre o dia e a noite, pode-se aplicar o AAB em soluo direcionada ao
cacho, 7 a 10 dias aps a viragem da cor.

408

Boletim, IAC, 200, 2014

Colheita:
a) Regies leste e sudoeste do Estado de So Paulo: compreendem as regies
de Jundia, Indaiatuba, Vinhedo, Valinhos, Louveira, Itupeva, Porto Feliz, Pilar do Sul e
So Miguel Arcanjo. Realiza-se a colheita da safra de vero no perodo de dezembro a
fevereiro, sendo proveniente da poda de inverno. Tem-se tambm a safra de inverno,
no perodo de abril a junho, sendo proveniente da poda do enxerto e da poda de vero
realizadas no perodo de novembro a fevereiro.

Uva

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

b) Regies noroeste e oeste do Estado de So Paulo: compreendem as regies


de Jales, Palmeira dOeste, Urnia, Dracena e Tupi Paulista. Realiza-se a colheita da uva
no perodo de junho a novembro, entressafra das regies leste e sudoeste do Estado de
So Paulo. Para isso, realiza-se a poda de produo, nos meses de fevereiro a junho, e a
poda de formao dos ramos, nos meses de outubro a novembro.
Produtividade: a produtividade da videira depende da variedade, do sistema
de conduo e do manejo das plantas. Pode variar desde valores abaixo de 10 t ha-1 em
cultivos de uvas finas para vinho, em espaldeira, at 12, 15 at 18 t ha-1 para cultivares
comuns para mesa ou indstria conduzidas em espaldeira, podendo atingir de 25 a 30 t ha-1,
em uvas rsticas ou finas para mesa ou indstria, em Y, ainda podendo ainda chegar
at 40-50 t ha-1, nas uvas finas para mesa conduzidas em latada.
MAURILO MONTEIRO TERRA
ERASMO JOS PAIOLI PIRES
JOS LUIZ HERNANDES
MARA FERNANDES MOURA
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)
MARCO ANTONIO TECCHIO
UNESP, Faculdade de Cincias Agronmicas, Botucatu (SP)
JOO DIMAS GARCIA
Embrapa Uva e Vinho, Jales (SP)
MRIO JOS PEDRO JNIOR
LUIZ ANTONIO JUNQUEIRA TEIXEIRA
ANDR LUIZ LOURENO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

409

Vetiver

A.T.E. Aguiar et al.

Vetiver

Vetiveria zizanoides (L.) Nash


O vetiver originrio do sul da sia. O gnero Vetiveria apresenta poucas
espcies de capins perenes, que ocorrem principalmente nos pases tropicais. No Brasil,
tambm conhecido por capim-vetiver, capim-cheiroso e capim-sndalo. O vetiver
apresenta uma caracterstica peculiar, que o distingue de outras espcies aromticas - o
leo essencial, que encontrado no seu vasto sistema radicular, enquanto nas demais,
localiza-se na parte area da planta. O leo essencial de vetiver muito utilizado em
perfumes como fixador, muito demandado pelo mercado interno e externo, conseguindo
preo elevado, desde que apresente boa qualidade. Alm da extrao do leo essencial,
a planta muito utilizada como barreira fsica, para conservao do solo e da gua.
Cultivares: a prpria espcie.
Clima e solo: o vetiver no uma planta exigente quanto s condies
edafoclimticas. No entanto, para facilitar a colheita para a extrao do leo essencial do
seu sistema radicular, recomendam-se solos permeveis e profundos, do tipo arenoso,
franco-arenoso e areno-argiloso. O clima ideal para o desenvolvimento da planta e
produo de razes quente e mido.
poca de plantio: de setembro a dezembro.
Espaamento: 0,50 x 0,80 m para extrao de leo e 0,30 x 0,30 m para
conteno de solo.
Mudas necessrias: As mudas so obtidas por diviso de touceiras. So
necessrias 25.000 mudas/ha para produo de leo essencial.
Calagem e adubao: aplicar calcrio para elevar a saturao por bases a 70%.
No plantio, 10kg ha-1 de nitrognio (N), de 20 a 70kg ha-1 de P2O5 e de 20 a 60 kg ha-1 de
K2O. Em cobertura, aplicar 30kg ha-1 de N, 30 dias aps o plantio.
Irrigao: deve-se utilizar irrigao, que pode ser feita por asperso, em locais
em que as chuvas no so bem distribudas.
Outros tratos culturais: capinas.
Principais pragas: no h relatos de ocorrncia de pragas.
Principais doenas: no h relatos de ocorrncia de doenas.

410

Boletim, IAC, 200, 2014

Colheita: a primeira colheita normalmente ocorre 18 meses aps o plantio.


Primeiramente, faz-se uma poda da parte area e em seguida arrancam-se as touceiras,
com o mximo possvel de razes, pois elas contm o produto de interesse, o leo
essencial.

Vetiver

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Produtividade normal: o rendimento em razes varivel, estando entre 800 a


4.000 kg ha-1.
ELIANE GOMES FABRI
JULIANA ROLIM SALOM TERAMOTO
NILSON BORLINA MAIA
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

411

Informaes sobre
clima e solos do
Estado de So Paulo

A.T.E. Aguiar et al.

Informaes sobre clima e solos


do Estado de So Paulo

Do conhecimento das condies climticas depende o plano de explorao,


definindo as prticas agrcolas, probabilidades de ocorrncia de adversidades
meteorolgicas, como secas, temperaturas adversas, geadas, calendrio agrcola,
controle fitossanitrio, produtividade e qualidade do produto, etc.
Para estabelecer essas relaes fundamental o conhecimento dos elementos
meteorolgicos como luz, calor, umidade do ar e do solo, vento, etc. As interaes
especficas desses elementos, associadas aos fatores geogrficos da regio, determinam
o crescimento, o desenvolvimento e a produtividade da agricultura.
importante definir a distino entre elementos e fatores climticos. Os
elementos so aquelas grandezas que quantificam os fenmenos atmosfricos, tais
como radiao solar, temperatura, umidade, chuva, vento, nebulosidade, presso
atmosfrica, entre outros. Estes elementos climticos variam no tempo e no espao e
so influenciados por fatores climticos (latitude, altitude, continentalidade, condies
de relevo, exposio cardinal e configurao dos terrenos, cobertura do terreno, etc.).

Balano Hdrico Climatolgico e Zoneamento Agroclimtico


O balano hdrico climatolgico calculado em base mensal, utilizando dados
termopluviomtricos mdios ou normais (30 anos) de um posto meteorolgico. Desta
forma, o balano hdrico torna-se um indicador climatolgico da disponibilidade
trmica e hdrica de uma regio. Estes balanos so fundamentais para os trabalhos
de zoneamento agroclimtico, de determinao de pocas de plantio, da necessidade
potencial de irrigaes suplementares, etc.
Os dficits hdricos podem levar queda de produtividade das culturas, embora
seus efeitos dependam da durao, da intensidade da deficincia hdrica e do estdio
fenolgico em que a planta se encontra.
Como exemplo de aplicao do balano hdrico climatolgico, a tabela 1
apresenta os dados mensais e a figura 1 apresenta graficamente o extrato do balano
hdrico de Franca (SP), representativo de regies de altitude (1.000 m) da regio da Alta
Mogiana, que representa o tipo climtico muito favorvel cafeicultura. Excedentes
hdricos ocorrem normalmente de outubro at maro, possibilitando condies
adequadas de umidade durante o florescimento e a frutificao. O perodo seco
se concentra nos meses de junho a agosto, favorecendo a maturao, a colheita e a
secagem dos frutos.
412

Boletim, IAC, 200, 2014

Tabela 1. Balano hdrico normal de Franca (SP), segundo o mtodo de Thorthwaite e


Mather-1955, considerando armazenamento mximo de 125 mm
Local: FRANCA (SP)
B4-83630
Latitude: 20 33 S
Longitude: 47 26 W
Altitude: 1026m
Fonte: INMET (1961/90)
Temp.: Mdia Compensada
Centro de Ecofisiologia e Biofsica - IAC
Ms

Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez

TEMP
C
19,6
19,0
18,9
18,0
17,0
15,9
15,7
18,0
19,3
19,6
19,4
19,4

ETo
PREC SALDO NEGAC ARM
mm mm mm mm mm
71
297
226
0
125
63
227
164
0
125
73
180
107
0
125
68
80
13
0
125
65
57
-8
8
117
58
27
-31
40
91
55
22
-33
72
70
71
23
-48
120
48
75
72
-3
123
47
76
161
85
0
125
69
201
132
0
125
69
276
207
0
125

ETr
DEF EXC
mm m mm
71
0
226
63
0
164
73
0
107
68
0
13
65
0
0
53
5
0
43
12
0
45
26
0
73
2
0
76
0
7
69
0
132
69
0
207

Ano

18,3

813

768

1623

810

45

Informaes sobre
clima e solos do
Estado de So Paulo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

855

Balano Hdrico Normal Compensado - 125 mm


FRANCA (SP)

Figura 1. Extrato do balano hdrico normal de Franca (SP), segundo o mtodo de


Thorthwaite & Mather-1955, considerando armazenamento mximo de 125 mm.
Boletim, IAC, 200, 2014

413

Informaes sobre
clima e solos do
Estado de So Paulo

A.T.E. Aguiar et al.

Caractersticas climticas do Estado de So Paulo


O territrio paulista, situado na regio sudeste brasileira, grandemente
influenciado pelo clima tropical do Brasil Central, caracterizado pelo vero quente,
chuvoso e pelo inverno ameno e seco. Sofre tambm a influncia do clima mediterrneo
do sul do Brasil, que apresenta inverno chuvoso e vero seco.
Basicamente, o Estado de So Paulo apresenta quatro tipos climticos:
Tropical - com estao seca de inverno acentuada, localizando-se no Planalto
Ocidental do estado;
Tropical de altitude - caracterizado pelo clima mesotrmico, apresentando
inverno relativamente seco, abrangendo a Depresso Perifrica (centro e leste) e as
reas serranas do estado;
Subtropical - normalmente com estao seca moderada, permitindo cultivos de
inverno sem irrigao, com predominncia no Planalto Sudoeste do estado;
Tropical mido - que abrange a Plancie Litornea, regio mida e relativamente
quente o ano todo.
Com essa variabilidade de clima, o Estado de So Paulo oferece condies de
aptido climtica a um nmero considervel de espcies cultivveis. As possibilidades
agroclimticas aumentam ainda mais, se for considerada a possibilidade de cultivo em
diferentes estaes do ano. o caso, por exemplo, da cultura da batata, que era cultivada
em duas pocas, na primavera (cultivo das guas) e no outono (cultivo da seca), e hoje,
com o emprego da irrigao, pode ser tambm cultivada no inverno, com sucesso.
A diversidade e o potencial agrcola sero maiores, se for considerada a
possibilidade da utilizao de recursos microclimticos, como o cultivo em casas de
vegetao ou sob coberturas de plstico (plasticultura) ou sombrite.
A esta diversidade climtica est associada a grande variao de solos,
conferindo ao Estado de So Paulo, grande nmero de regies agroecolgicas distintas
e, portanto, com diferentes aptides para a agricultura.
As variaes de clima, mas tambm e principalmente de relevo e geologia,
determinam a variabilidade e a distribuio dos solos na paisagem. Devido grande
variabilidade dos solos e extensa rea do Estado de So Paulo, neste captulo os solos
sero abordados em nvel de ordem de solos, nvel categrico de maior generalizao
na classificao brasileira de solos (Santos et al., 2013). Inicialmente, as ordens de solos
sero brevemente descritas e, nos pargrafos seguintes, sua distribuio ser detalhada,
contemplando os atributos relacionados qualidade do solo para a produo vegetal.

414

Boletim, IAC, 200, 2014

Ordens de solo no Estado de So Paulo


As principais ordens de solo do Estado de So Paulo so Latossolos, Argissolos,
Cambissolos, Nitossolos, Gleissolos, Organossolos e Espodossolos (Oliveira et al., 1999)
(Figura 2).

Informaes sobre
clima e solos do
Estado de So Paulo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Figura 2. Distribuio das ordens de solo e das provncias geomorfolgicas do Estado de


So Paulo. Adaptada de Almeida et al. (1964) e Oliveira et al. (1999).
Latossolos so solos minerais, homogneos, com pouca diferenciao de
horizontes ou camadas, que reconhecida facilmente pela cor homognea ou quase
homognea do solo com a profundidade. Os Latossolos so profundos, bem drenados e
com baixa capacidade de troca de ctions, que tm textura mdia ou mais fina (argilosa,
muito argilosa) e, com mais frequncia, so pouco frteis.
Argissolos so solos minerais, com ntida diferenciao entre horizontes,
reconhecida em campo especialmente pelo aumento nos teores de argila em
profundidade, por vezes abrupto, e que podem ser arenosos, de textura mdia ou
argilosos no horizonte mais superficial. Esta diferenciao de propriedades fsicas e
morfolgicas dos Argissolos pode ser reconhecida devido cor mais forte (amarelada,
brunada ou avermelhada), maior coeso e maior plasticidade e pegajosidade em
profundidade. A fertilidade dos Argissolos varivel, dependente principalmente de seu
material de origem. Sua reteno de gua maior nos horizontes abaixo da superfcie
(subsuperficiais), que podem se constituir em um reservatrio de gua para as plantas.
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Nitossolos so solos minerais homogneos, homogeneidade essa identificada


pela pequena ou nula diferenciao de cor com a profundidade. So solos argilosos, com
arranjo de estrutura que favorece significativa reteno de gua, mas que mantm boa
drenagem, propriedades fsicas extremamente desejveis em condies de sazonalidade
climtica e estao seca prolongada. A estrutura do horizonte subsuperficial dos
Nitossolos reconhecida no campo pelos blocos ou prismas bem definidos. A fertilidade
dos Nitossolos varivel com seu material de origem, mas o grupo dos Nitossolos no
Estado de So Paulo derivado de rochas bsicas tem de mdia a elevada fertilidade.
A ordem dos Cambissolos abrange solos minerais com caractersticas bastante
variveis, mas que sempre apresentam textura mdia ou mais fina e ausncia de grande
desenvolvimento pedogentico (incipiente intemperismo), expressa por pequena
profundidade, elevado teor de minerais primrios (minerais herdados da rocha), presena
significativa de fragmentos de rocha na massa do solo e outros indcios do incipiente
desenvolvimento do solo. Em alguns casos, a presena de maiores quantidades de
minerais primrios nos Cambissolos contribui para uma maior reserva nutricional para
as plantas, especialmente importante em cultivos florestais e perenes. Apesar de seu
desenvolvimento incipiente, os Cambissolos apresentam cor mais viva, maiores teores
de argila e estruturao mais desenvolvida nos horizontes subsuperficiais em relao
queles materiais puramente herdados da rocha, o que os torna em muitos casos aptos
utilizao agrcola, uma vez mitigadas as consequncias dos fatores restritivos, tais
como pedregosidade, pequena profundidade, declividade excessiva, dentre outros.
Organossolos so solos orgnicos, escuros, com presena de muitos restos
vegetais no decompostos ou semidecompostos, formados quase que exclusivamente
em condies de saturao com gua, e que esto presentes principalmente nas plancies
(ou vrzeas) inundveis. As principais limitaes atribudas aos Organossolos no Estado
de So Paulo so a elevada frequncia de inundao, a acidez excessiva e presena de
sulfetos naqueles na plancie costeira e a elevada susceptibilidade oxidao e perda da
matria orgnica quando estes sofrem drenagem artificial.
Gleissolos so solos minerais formados em condies de saturao com gua,
presentes principalmente em plancies (ou vrzeas) inundveis. Os Gleissolos tm
colorao pouco viva, esmaecida, com tendncia s cores acinzentadas. Sua textura,
varivel de arenosa argilosa, e sua fertilidade, varivel de baixa elevada, so bastante
dependentes dos solos do seu entorno e de solos de outras posies montante. As
limitaes mais comuns dos Gleissolos so sua elevada frequncia de inundao e o
longo perodo de solo saturado por gua, consequncia de cheias dos cursos dgua ou
da elevao do lenol fretico.

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Espodossolos so solos minerais, predominantemente arenosos, com evidncias


de transporte de material coloidal no perfil na forma de complexos organometlicos que,
no Estado de So Paulo, so formados em sedimentos marinhos nas baixadas litorneas.
Por serem arenosos, com lenol fretico raso ou pouco profundo, alm de apresentarem
baixa fertilidade, os Espodossolos no so indicados para utilizao agrcola.

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Neossolos so solos com pequeno desenvolvimento pedogentico, caracterizado


ou por pequena profundidade (rasos), ou por predomnio de areias quartzosas ou pela
ocorrncia no perfil do solo de camadas distintas (estratificao) herdadas dos materiais
de origem, todas estas propriedades indicando pequeno desenvolvimento do solo in situ.
Pelas condies de baixa profundidade (Neossolos Litlicos ou Neossolos Regolticos),
de baixa reteno de gua (Neossolos Quartzarnicos) ou de elevada susceptibilidade
inundao (Neossolos Flvicos), associadas no primeiro caso a sua ocorrncia em
relevos acidentados, os Neossolos do Estado de So Paulo so pouco indicados para
utilizao agrcola, o que pode ser agravado ou atenuado pelo tipo de cultura e manejo
empregado.

Distribuio dos solos no Estado de So Paulo


O Estado de So Paulo possui cinco grandes compartimentos de relevo,
chamados de provncias geomorfolgicas (Ponano et al., 1981), que esto associados a
grandes domnios de rochas e de solos e podem ser usados para melhor entendimento
da distribuio dos principais solos e de suas propriedades importantes utilizao
agrcola (Figura 2).
A Provncia Costeira subdividida em Serrania Costeira, Morraria Costeira
e Baixadas Litorneas. Nas duas primeiras, em relevos principalmente de morros e
montanhas, e at de escarpas, sobre rochas gneas e metamrficas, so encontrados
Cambissolos Hplicos argilosos e Argissolos Vermelho-Amarelos de textura argilosa ou
mdia/argilosa, localmente associados a solos mais rasos, como os Neossolos Litlicos,
na maioria da regio predominando os de baixa fertilidade (Distrficos). Nos relevos
de morros, predominam Argissolos Vermelho-Amarelos argilosos, e nos de montanha,
Cambissolos Hplicos. Mais limitante que a baixa fertilidade desses solos, nos morros
e montanhas, a excessiva declividade associada s chuvas abundantes ao longo de
todo o ano se constituem nas principais limitaes sua utilizao, demandando
preservao ou intensas prticas conservacionistas. Os Latossolos Amarelos Distrficos,
distribudos principalmente nos relevos de morros de menor elevao (morrotes) a
colinosos, ondulados e suavemente ondulados (3% a 20% declividade), tm maior
aptido utilizao com agricultura, apesar da baixa fertilidade. Na Baixada Litornea,
onde predominam solos desenvolvidos de sedimentos com idade recente, de origem

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marinha, fluvial ou lacustre e onde h frequentemente lenol fretico raso ou aflorante,


so encontrados Espodossolos, Organossolos e Gleissolos, os dois ltimos podendo
apresentar enxofre ou outros sais em quantidades significativas, restritivas ao uso agrcola.
No Planalto Atlntico, em relevos de morros ou montanhas, sobre rochas
gneas cidas a intermedirias e metamrficas de diferentes graus, encontrada
grande variabilidade de solos, especialmente no que diz respeito profundidade
e outros atributos do terreno que influenciam sua utilizao, como pedregosidade e
rochosidade. Argissolos Vermelho-Amarelos distrficos textura mdia/argilosa ou
argilosa, em declividades que variam de menos de 20% a 75%, e Cambissolos Hplicos
distrficos de textura argilosa ou mdia, em declividades que variam de 20% a mais de
100%, so os solos predominantes, muito embora estes possam ocorrer associados a
solos mais rasos, como os Neossolos Litlicos, ou mais profundos, como os Latossolos.
O gradiente excessivo de relevo e o regime de chuvas intensas, alm da baixa fertilidade
e alta frequncia de solos pouco profundos e rasos, limitam a utilizao destes solos.
Nesta provncia tambm ocorrem Latossolos Vermelho-Amarelos distrficos associados
aos relevos de morros, em posies mais suavizadas, menos limitantes. Nos relevos
colinosos, mais caractersticos na regio da capital e do Vale do Paraba, predominam
Latossolos Amarelos distrficos argilosos, que tm a baixa fertilidade como principal
limitao ao uso agrcola.
Na Depresso Perifrica Paulista, provncia geomorfolgica com predomnio de
relevos colinosos, os solos desenvolvem-se principalmente sobre rochas sedimentares,
como os arenitos, folhelhos, argilitos e siltitos, mas tambm sobre rochas gneas
intrusivas bsicas (diabsios). Predominam Argissolos e Latossolos na maior parte da
provncia, mas Neossolos Quartzarnicos ocupam reas localmente expressivas. Quando
desenvolvidos de sedimentos mais finos (folhelhos, argilitos, siltitos), encontram-se
principalmente Latossolos Vermelhos e Vermelho-Amarelos distrficos e Nitossolos
Vermelhos distrficos e eutrficos, todos de textura argilosa. Quando desenvolvidos
de sedimentos mais grossos (arenitos), os solos apresentam textura mdia ou arenosa,
predominando Latossolos Vermelho-Amarelos distrficos de textura mdia e Argissolos
Vermelho-Amarelos distrficos de textura arenosa/mdia. Nos Argissolos, a espessura
do horizonte superficial arenoso pode variar de pequena a maior que 50 cm (carter
arnico), e o contato abrupto com o horizonte subsuperfical B pode estar presente.
Quando sobre arenitos homogneos, h extensas reas de Neossolos Quartzarnicos
rticos, solos com baixssima reteno de gua e de nutrientes. Argissolos com
textura mdia/argilosa tambm so frequentes quando desenvolvidos de pelitos (e.g.
siltitos). Quando sobre rochas intrusivas bsicas, Nitossolos Vermelhos eutrofrricos e
distrofrricos so comuns nas feies de relevo mais dissecado, enquanto nas feies de
relevo mais suavizadas so comuns os Latossolos Vermelhos distrofrricos, ambos com

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excelente aptido ao uso agrcola.


Na provncia geomorfolgica das Cuestas Baslticas, os solos so desenvolvidos
principalmente de basaltos e de arenitos. Excetuando-se as escarpas, onde o relevo
montanhoso ou escarpado, esta regio do estado caracteriza-se por relevos colinosos e
amorreados, que favorecem o aproveitamento agrcola diversificado, em alguns locais
dificultando a mecanizao. Nas escarpas, desenvolvidos de arenitos ou de basaltos,
predominam Neossolos Litlicos associados a Cambissolos e Nitossolos. Nas colinas,
morrotes e morros, condies de relevo mais suavizado que as escarpas, os solos so
predominantemente Latossolos Vermelhos, Vermelho-Amarelos ou at Amarelos, de
textura argilosa, quando desenvolvidos de basalto, ou Latossolos de textura mdia e
Neossolos Quartzarnicos, quando de arenito. Os de basalto, mais frteis e com maiores
teores de xidos, apresentam carter eutrfico ou distrfico ou, eventualmente, carter
crico (estes mais comuns no Norte do estado), que denota muito baixa reteno de
ctions, mesmo nos solos muito argilosos. Os solos desenvolvidos dos arenitos tm
invariavelmente baixa saturao por bases (distrficos). Quando desenvolvidos de
basalto, em pores mais dissecadas da paisagem (relevo ondulado e fortemente
ondulado), encontram-se Nitossolos Vermelhos eutrofrricos, com elevada fertilidade e
elevada capacidade de armazenamento de gua.

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A provncia geomorfolgica do Planalto Ocidental ocupa a maior parte da


metade oeste do Estado de So Paulo, estendendo-se at a calha do rio Paran. Este
grande domnio geomorfolgico apresenta formas de relevo predominantemente
suavizadas, caracterizadas principalmente como colinas (< 15% declividade) mdias
e amplas. Menos frequentes, relevos de morrotes (declividade > 15%) tambm so
encontrados. Os solos do Planalto Ocidental desenvolvem-se sobre arenitos em sua
maior extenso, com influncia de basalto exclusivamente prximo calha de drenagem
de alguns rios, como o rio Paranapanema, prximo s cidades de Assis e Ourinhos. Os
solos desenvolvidos sobre os arenitos so Argissolos Vermelho-Amarelos ou Vermelhos,
de textura arenosa/mdia ou mdia ao longo do perfil, com fertilidade mdia (eutrficos)
ou baixa (distrficos), podendo apresentar (ou no) mudana textural abrupta (A/B ou
A+E/B) e espessura de horizonte superficial arenoso, em alguns casos maior que 50 cm
(carter arnico ou espessarnico). Estes atributos, associados com gradientes de relevo
que variam de superiores a 3% at 20%, so responsveis pela elevada susceptibilidade
eroso desses solos. Os Latossolos desenvolvidos dos arenitos na regio tm textura
mdia homognea no perfil, fertilidade mais baixa (Distrficos), menor capacidade de
reter gua e encontram-se nas posies mais aplanadas que os Argissolos, apresentando
assim menor susceptibilidade eroso que os Argissolos. Os solos influenciados pelo
basalto na regio do Planalto Ocidental so principalmente Latossolos Vermelhos,
quando em relevo aplanado, ou Nitossolos Vermelhos, quando em relevos mais

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acidentados (ondulados), todos de textura argilosa, com elevados teores de xidos de


ferro e elevada (Nitossolos e Latossolos) a baixa (Latossolos) saturao por bases.
Em todo o Estado de So Paulo, alm das regies com influncia marinha,
localmente e com extenso limitada s baixadas e plancies inundveis, genericamente
conhecidas como vrzeas, so encontrados solos hidromrficos identificados como
Gleissolos Hplicos ou Melnicos, eventualmente associados aos Organossolos. A
textura e fertilidade desses Gleissolos tende a variar com a constituio dos solos das
reas-fonte, adjacentes ou localizadas a montante dessas plancies.

Referncias
ALMEIDA, F.F.M. Fundamentos Geolgicos do Relevo Paulista, Boletim do
Instituto Geogrfico e Geolgico, v.41, p.169-263, 1964.
OLIVEIRA, J.B.; CAMARGO, M.N.; ROSSI, M.; CALDERANO FILHO, B. Mapa
Pedolgico do Estado de So Paulo: Mapa (escala 1:500.000) e Legenda Expandida.
Campinas, Instituto Agronmico; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 64 p. e mapas.
PONANO, W.L.; CARNEIRO, C.D.R.; BISTRICHI, C.A.; ALMEIDA, F.F.M.; PRANDINI,
F.L. Mapa Geomorfolgico do Estado de So Paulo. Volumes I (Nota Explicativa) e II
(Mapa, escala 1:1.000.000). So Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnolgicas, 1981. 94p.
(ilust.) e mapas. (Monografias, 5)
SANTOS, H.G.; JACOMINE, P.K.T.; ANJOS, L.H.C.; OLIVEIRA, V.A.; LUMBRERAS,
J.F.; COELHO, M.R.; ALMEIDA, J.A.; CUNHA, T.J.F.; OLIVEIRA, J.B. Sistema Brasileiro de
Classificao de Solos, 3.ed. Braslia: Embrapa, 2013. 353p. (ilust.)
RICARDO MARQUES COELHO
MARCELO BENTO PAES DE CAMARGO
ANGLICA PRELA-PANTANO
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

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Critrios para calagem e adubao

Os solos utilizados para a produo agrcola no Brasil geralmente tm fertilidade


limitada para o adequado crescimento e produtividade das culturas requerendo,
portanto, a utilizao de corretivos da acidez e de fertilizantes. A aplicao desses insumos
depende primeiramente do conhecimento do nvel de acidez e de disponibilidade de
nutrientes, da a importncia da anlise do solo. Alm disso, o sistema de cultivo, as
exigncias nutricionais de cada cultura, bem como a expectativa de produtividade,
tambm so variveis importantes que devem ser consideradas para definio da
forma de aplicao e da quantidade de nutrientes a ser adicionada. Nesse contexto, so
apresentadas informaes gerais sobre o manejo da fertilidade do solo, com base na
realizao da calagem e aplicao de fertilizantes minerais.

Critrios para
calagem e adubao

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

1. Avaliao da fertilidade do solo - anlise do solo


O programa de manejo de correo da acidez e de adubao dos cultivos agrcolas
depende do conhecimento do nvel de acidez e dos teores disponveis de nutrientes. O
primeiro passo a amostragem de solo, que deve ser feita com antecedncia, para permitir
que os resultados estejam disponveis com tempo suficiente para definir a aplicao
dos corretivos e dos fertilizantes na poca correta. Para a realizao da amostragem a
rea deve ser primeiramente dividida em glebas homogneas. Estas so definidas, por
exemplo, quanto ao histrico de manejo, ao tipo de solo (textura, cor e profundidade),
posio no relevo, bem como quanto ao nvel de produtividade. De maneira geral,
recomenda-se que para cada talho de amostragem, o equivalente a 20 pontos de
coleta sejam distribudos de forma aleatria por toda a rea. Essas subamostras devem
ser misturadas cuidadosamente para formar uma amostra composta homognea e
representativa da rea, seguindo-se a identificao para envio ao laboratrio. Para o
procedimento de coleta do solo existem vrias opes de ferramentas, como a p reta e
o enxado. Entretanto, equipamentos especficos para essa atividade, como os trados,
reduzem a possibilidade de contaminao das amostras e facilitam a atividade de coleta.
A profundidade de amostragem recomendada para clculos da calagem e da
adubao a camada 0-0,20 m, uma vez que nessa regio ocorre a maior concentrao
de razes. Quando houver necessidade de amostrar camadas subsuperficiais do solo
(0,20-0,40 m e/ou 0,40-0,60 m), tais amostras devem ser coletadas separadamente
daquelas da camada superficial. Amostras das camadas subsuperficiais so importantes
para o diagnstico de impedimentos qumicos ao adequado crescimento do sistema
radicular em maiores profundidades, como a deficincia de clcio (Ca) (teor inferior
a 4 mmolc dm-3) e/ou excesso de alumnio (Al) (teor superior a 5 mmol c dm-3 e
saturao por Al acima de 40%). As pores dos nutrientes que no so utilizadas
pelas culturas podem permanecer no solo, deixando um efeito residual para a prxima
Boletim, IAC, 200, 2014

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Critrios para
calagem e adubao

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safra. A reciclagem de resduos orgnicos tambm pode contribuir para o fornecimento


de nutrientes. Contudo, decrscimos na disponibilidade acontecem devido a perdas por
lixiviao para as camadas mais profundas, bem como a reaes no solo que tornam os
nutrientes menos disponveis. Assim, sugere-se que anlises peridicas de solo sejam
realizadas, para o acompanhamento do
Amostragem do solo para anlise:
nvel de fertilidade, evitando que doses
Dividir a rea em glebas homogneas, insuficientes ou excessivas de fertilizantes
no superiores a 10 hectares.
e corretivos sejam empregadas. A
No economizar no nmero de pontos
frequncia de amostragem varia
amostrados: 20 por gleba homognea
conforme a intensidade de uso do
(para formar 1 amostra composta).
solo. De modo geral, a amostragem
Amostrar na profundidade 0-0,20 m.
deve ser feita pelo menos a cada trs
Acondicionar em saco ou caixa limpos.
anos, ou anualmente, para reas mais
Amostrar tambm em subsuperfcie se
intensivamente exploradas e com
houver evidncia de impedimento
elevados nveis de produtividade. O
ao crescimento de razes: amostrar
acompanhamento da variao do nvel
camadas de 0,20-0,40 e 0,40-0,60 m.
de fertilidade de cada gleba, ao longo do
Trados facilitam tais amostragens.
tempo, permite o estabelecimento de
um histrico de manejo e de padres de alterao na disponibilidade de nutrientes, os
quais podem ser usados como parmetros auxiliares nas tomadas de deciso.

2. Interpretao dos resultados de anlise do solo


A tabela 1 ilustra como interpretar alguns resultados de anlise do solo.
Quando o teor ou ndice estiver nas classes Muito baixo ou Baixo, geralmente h
limitao para o crescimento de plantas e se uma adequada correo no for feita, as
produtividades provavelmente sero baixas. Por outro lado, se os teores forem Muito
altos pode estar havendo aplicao de insumos em doses maiores que as necessrias
e tambm desequilbrio entre os nutrientes, resultando em prejuzos para o agricultor
e desperdcio de corretivos e fertilizantes. Para melhores resultados, o solo deve
ser manejado para permanecer na faixa de teores Mdio ou Alto, dependendo da
intensidade de sua explorao. O nitrognio (N) um nutriente para o qual a anlise do
solo pouco til para predizer as recomendaes de adubao, que so baseadas na
produtividade esperada e no histrico das glebas. Por outro lado, as recomendaes de
calagem e das adubaes com fsforo (P) e potssio (K) so calculadas com segurana a
partir dos resultados da anlise do solo. O monitoramento da acidez e da saturao por
bases necessrio, para evitar que o solo se acidifique demasiadamente com o tempo,
bem como para prevenir aplicaes de doses inadequadas dos corretivos. Por exemplo,
a calagem excessiva ocasiona elevao do pH do solo, podendo resultar na reduo da
disponibilidade de vrios nutrientes, especialmente os micronutrientes catinicos.
422

Boletim, IAC, 200, 2014

Tabela 1. Classes de interpretao da saturao por bases e dos teores de fsforo e


potssio no solo para culturas anuais


Classes de Teores





Muito baixo
Baixo
Mdio
Alto
Muito alto

Saturao por bases


%

Fsforo
mg dm-3

Potssio
mmolc dm-3

0-25
26-50
51-70
71-90
> 90

0-6
7-15
16-40
41-80
> 80

0,0-0,7
0,8-1,5
1,6-3,0
3,1-6,0
> 6,0

Critrios para
calagem e adubao

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Fonte: Raij et al., 1997 (Boletim 100, IAC).

3. Calagem
A calagem uma prtica fundamental na maioria dos solos localizados na regio
dos trpicos. Alm da diminuio da acidez, a calagem fornece clcio (Ca) e magnsio (Mg),
aumenta a capacidade do solo de reter ctions e diminui a concentrao de elementos
txicos s plantas, como o Al. A toxicidade por Al resulta principalmente na restrio
do crescimento radicular e na menor capacidade de absoro de gua e nutrientes
pelas culturas, que se tornam mais
O ideal que o programa de adubao e susceptveis deficincia hdrica e
calagem permita que, ao longo dos anos, a menos responsivas s adubaes. O
saturao por bases e os teores de nutrientes
calcrio tem baixa solubilidade em
permaneam na faixa Mdia ou, para culturas
gua e demora algum tempo para
muito exigentes, Mdia ou Alta.
fazer o efeito de corretivo da acidez.
Os resultados devem ser arquivados para
Por isso, importante aplic-lo com
o acompanhamento da variao do nvel de
antecedncia de pelo menos trs
fertilidade com o tempo.
meses, fazendo a incorporao o
mais profundamente possvel, de modo a ampliar o volume de solo corrigido e tambm
contribuir para acelerar o processo de correo da acidez. Quando esse produto
aplicado na superfcie do solo (culturas perenes, sistema de plantio direto), a correo
da acidez em profundidade pode no ocorrer de forma satisfatria, principalmente
em perodos mais curtos de tempo. Assim, para culturas perenes e culturas anuais em
sistema de plantio direto, importante corrigir a acidez em maiores profundidades na
fase de implantao, e usar as aplicaes superficiais para manter a acidez sob controle.
A necessidade de calagem (NC) determinada para elevar a saturao por
bases da capacidade de troca de ctions do solo (CTC) a valores desejados, de acordo
com a cultura, uma vez que existe variao entre elas quanto ao valor de saturao por
bases associada s produtividades mximas. Para a maior parte das culturas, a saturao
por bases deve ser elevada a 70%.
Boletim, IAC, 200, 2014

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Critrios para
calagem e adubao

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A necessidade de calagem (NC) calculada pela frmula


NC =

CTC (V2 - V1)


10 PRNT

onde V2 a saturao por bases desejada, V1 a saturao por bases atual do solo,
CTC a capacidade de troca de ctions e PRNT um ndice utilizado para caracterizar
a capacidade neutralizante de acidez do calcrio. O valor dado em toneladas de
calcrio por hectare, para corrigir a camada de solo de 0-0,20 m. Para a maioria das
culturas, o valor mnimo de 5 mmolc dm-3 de Mg deve ser mantido no solo, para permitir
um adequado suprimento desse nutriente s plantas. Entretanto, para culturas que
apresentam maior exigncia em Mg e/ou recebem elevadas aplicaes de Ca e K,
recomendado adotar um mnimo de 8 mmolc dm-3 de Mg, uma vez que a absoro de
Mg pode ser afetada pelo excesso desses outros ctions.

4. Gessagem
Em algumas situaes, a deficincia de Ca e a presena de Al txico em profundidade
no solo no podem ser corrigidas rapidamente com calcrio, devido baixa solubilidade
desse produto. Nesse caso, pode-se utilizar gesso ou sulfato de clcio, para suprir Ca e reduzir
os efeitos do excesso de Al nas camadas mais profundas do solo, de modo a permitir melhor
crescimento radicular no subsolo. O gesso tambm fornece enxofre s plantas, porm no
possui a capacidade de elevar o pH do solo e no substitui o calcrio.

5. Fertilizantes minerais simples como fontes de macronutrientes


A tabela 2 apresenta os principais fertilizantes minerais simples com os
respectivos teores dos macronutrientes. As fontes tradicionalmente utilizadas de
N apresentam alta solubilidade em gua, o que resulta em pronta disponibilizao
do nutriente para as plantas, aps a aplicao no solo. A ureia no pode conter mais
de 1,50% de biureto para aplicao direta no solo, ou mais de 0,30% para aplicaes
foliares. Alm disso, quando a ureia aplicada na superfcie do solo pode haver perdas
por volatilizao de N na forma de amnia (NH3), sendo prefervel sempre que possvel
a incorporao deste fertilizante no solo. Os teores de P determinados nos fertilizantes
fosfatados correspondem queles solveis em citrato neutro de amnio (CNA) mais gua,
com exceo do P contido no termofosfato magnesiano, que solvel em cido ctrico.
Existem ainda fontes de P, que apresentam solubilidade muito baixa, como os fosfatos
naturais. De maneira geral, a eficincia dessas fontes depende da forma de aplicao
do fertilizante e das caractersticas do solo. Quando as condies no so favorveis
solubilizao, pode ocorrer uma disponibilizao insuficiente do nutriente s culturas,
principalmente para aquelas que apresentam elevadas taxas de crescimento. Assim,

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Boletim, IAC, 200, 2014

as fontes de baixa solubilidade devem ser empregadas com cuidado e sob orientao
tcnica segura. As fontes de K indicadas na tabela 2 apresentam elevada solubilidade em
gua, e cuidados devem ser tomados quanto localizao dos fertilizantes e das doses
aplicadas. Por exemplo, altas doses de fertilizante potssico prximo das sementes
devem ser evitadas, para no causar danos germinao e ao crescimento inicial das
plantas devido ao efeito salino. Alm disso, principalmente em solos mais arenosos
e localizados em regies de elevada precipitao pluviomtrica, aplicaes nicas de
doses elevadas de fertilizantes potssicos podem acarretar maiores riscos de perdas de
K com a gua de percolao.

Critrios para
calagem e adubao

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Tabela 2. Garantias mnimas de alguns fertilizantes minerais utilizados como fonte de


macronutrientes na agricultura
Fertilizantes

Ureia
Nitrato de amnio
Sulfato de amnio
Nitrato de clcio
Nitrato de magnsio
Superfosfato simples
Superfosfato triplo
DAP - Fosfato diamnico
MAP - Fosfato monoamnico
Termofosfato magnesiano
Cloreto de potssio
Nitrato de potssio
Sulfato de potssio
Sulfato de potssio e magnsio
Sulfato de clcio
Sulfato de magnsio

P2O5

45
32
20
14
10
-
-
17
9
-
-
12
-
-
-
-

-
-
-
-
-
18
41
45
48
17
-
-
-
-
-
-

K2O Ca Mg S
%
-
-
-
-
-
-
-
-
-
22
-
16
-
-
-
8
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
58
-
-
44
-
-
48
-
-
15
20
-
10
20
-
16
-
13
-
-
9
11

6. Fontes de micronutrientes
A escolha das fontes de micronutrientes depende da espcie da cultura, da
forma e poca de aplicao, do estdio de desenvolvimento da planta, das caractersticas
do solo, do sistema de cultivo e da solubilidade da fonte. Os xidos normalmente
apresentam solubilidade mais baixa em comparao com as demais fontes indicadas
na tabela 3, e assim, sua aplicao pode resultar em disponibilidade inicial mais lenta
dos micronutrientes s plantas. Os quelatos tambm correspondem a uma alternativa

Boletim, IAC, 200, 2014

425

Critrios para
calagem e adubao

A.T.E. Aguiar et al.

para a fertilizao dos cultivos agrcolas. Os teores de nutrientes nas fontes quelatizadas
so variveis, mas, por exemplo, para micronutrientes catinicos os teores mnimos
requeridos correspondem a 5% para cobre, ferro e mangans e 7% para zinco.
Tabela 3. Concentraes de micronutrientes em alguns fertilizantes minerais utilizados
como fonte de micronutrientes na agricultura
Fertilizante
cido brico
Brax
Cloreto cprico
Nitrato de cobre
xido de cobre
Sulfato de cobre
Cloreto Frrico
Cloreto Ferroso
Sulfato Frrico
Sulfato Ferroso
Cloreto de mangans
Nitrato de mangans
xido de mangans
Sulfato de mangans
Molibdato de amnio
Molibdato de sdio
Cloreto de zinco
Nitrato de zinco
xido de zinco
Sulfato de zinco

Elemento

Teor (%)

Boro
Boro
Cobre
Cobre
Cobre
Cobre
Ferro
Ferro
Ferro
Ferro
Mangans
Mangans
Mangans
Mangans
Molibdnio
Molibdnio
Zinco
Zinco
Zinco
Zinco

17
10-13
20
22
70-80
24
15
23
23
19
25
16
50
26
52
39
24
18
72
20

FERNANDO CSAR BACHIEGA ZAMBROSI


HEITOR CANTARELLA
BERNARDO van RAIJ (aposentado)
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)

426

Boletim, IAC, 200, 2014

Informaes bsicas para o


uso de agrotxicos

Informaes bsicas
para o uso de
agrotxicos

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Qualquer que seja o sistema de cultivo considerado, quando se pensa no


controle de pragas, a adoo de mtodos de controle que minimizem ou dispensem o
uso de agrotxicos desejvel, visando tornar a atividade agrcola ambientalmente mais
segura. Entretanto, o controle qumico ainda o mtodo, tcnica e economicamente,
mais conveniente para um grande nmero de problemas fitossanitrios observando-se
que, dentro de um sistema sustentvel de produo, o agrotxico deve ser utilizado
como um bisturi e no como uma foice. Controlar pragas e doenas um conjunto de
aes muito mais complexo do que apenas aplicar um agrotxico. Quando se pensa
em pulverizao, deve-se ter em mente que fatores como o alvo a ser atingido, as
caractersticas do produto utilizado, a mquina, o momento da aplicao e as condies
ambientais no estaro agindo de forma isolada, sendo a interao destes fatores
a responsvel direta pela eficincia ou ineficincia do controle. Qualquer destes
fatores que seja desconsiderado, ou equacionado de forma errnea, poder ser o
responsvel pelo insucesso da aplicao. No raro, um pulverizador simples, ajustado
e operado adequadamente no momento correto, produz resultados muito melhores
que pulverizadores sofisticados operados inadequadamente sob condies climticas
adversas. Assim, o entendimento de tais fatores, bem como de suas interaes,
torna-se necessrio para o sucesso no controle fitossanitrio. Neste captulo, alguns
desses fatores crticos so analisados.

Seleo do pulverizador
Um tratamento fitossanitrio eficaz e econmico inicia-se com a escolha
do pulverizador. Antes de escolher o tipo e modelo de pulverizador a ser utilizado, a
seleo da marca do equipamento a ser adquirido muito importante. A qualidade dos
pulverizadores brasileiros , via de regra, muito boa, pelo menos a dos mais comumente
encontrados no mercado nacional, visto que so exportados para vrios pases do
mundo, cumprindo inclusive os rgidos padres de qualidade europeus. No entanto,
nem sempre um local para a aquisio de peas e material de reposio, ou mesmo um
mecnico especializado, esto disponveis na regio, fazendo com que se perca muito
tempo com a mquina parada, devido falta de assistncia tcnica. Este problema
passvel de ocorrer principalmente com pulverizadores de maior porte, com um alto
grau de componentes eletrnicos. Portanto, antes de se decidir por qualquer marca,
deve-se fazer um estudo da viabilidade de assistncia tcnica e da qualidade da mesma
na regio.
Boletim, IAC, 200, 2014

427

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para o uso de
agrotxicos

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Uma observao extremamente importante no momento da aquisio,


quando a largura da faixa de aplicao for dada pelo nmero de ruas a ser pulado em
uma manobra, verificar se o tamanho da barra e o espaamento entre bicos esto
adequados ao espaamento da cultura, evitando assim a necessidade de modificao
em um pulverizador novo. Apesar de seu dimensionamento ser pouco usual, a
inadequao desses fatores pode se constituir em importante fonte de perda aos
agricultores. Consideremos por exemplo um pulverizador com barra de 12 metros e 24
bicos espaados de 0,50 m, sendo utilizado no tratamento fitossanitrio de 500 ha de
milho plantados em espaamento de 0,90 m e realizando 3 pulverizaes por ciclo da
cultura. Nestas condies, a faixa efetivamente tratada seria 12 m (24 bicos x 0,50 m)
enquanto a faixa considerada seria 11,7 m (13 linhas x 0,90 m). Assim, a cada passada
do pulverizador, uma faixa de 0,30 m seria tratada sem necessidade. Analisando-se
que 500 ha correspondem a 427.350,43 m lineares, considerando-se uma faixa tratada
de 11,7 m (500 ha x 10.000 m2 / 11,7 m), uma faixa de 0,30 m corresponderia a 12,8 ha
tratados sem necessidade (427.350,43 m x 0,30 m / 10.000 m2), por pulverizao.
No ciclo todo, seriam desperdiados produtos e mo de obra suficientes para tratar
38,5 ha ou 7,7% da rea total. Assim, a simples adoo de 0,45 m entre bicos, e no
0,50 m, poderia representar uma economia significativa em produto e mo de obra.
Sempre que o resultado da operao nmero de bicos na barra x espaamento entre
bicos/espaamento da cultura no for exato, tais perdas estaro ocorrendo. Uma vez
selecionada a marca, o tipo, tamanho e nmero de pulverizadores necessrios ao
tratamento fitossanitrio variam com as dimenses da rea a ser tratada, o tempo
disponvel para as pulverizaes, aspectos da cultura, condies de topografia e solo, mo
de obra e nmero de tratores disponveis, organizao da propriedade e poder aquisitivo
do agricultor. No entanto, quaisquer que sejam os tipos e modelos selecionados, eles
devem ser robustos, de simples funcionamento e manuteno, alm de apresentar boa
preciso e funcionamento, mesmo em condies de trabalho desfavorveis.

Identificao dos alvos biolgico e qumico


O produto fitossanitrio deve exercer sua ao sobre um determinado
organismo, que se deseja controlar. Portanto, o alvo a ser atingido esse organismo,
seja ele uma planta daninha, um inseto ou um fungo (alvo biolgico). Entretanto, com
os atuais conhecimentos e equipamentos disponveis, no possvel atingir somente o
alvo biolgico, devendo a fixao do alvo ser mais abrangente, recaindo sobre outros
itens (alvo qumico). Dessa forma, enquanto a praga a ser controlada , por exemplo, a
lagarta do cartucho (alvo biolgico), as folhas devero ser atingidas pela pulverizao
(alvo qumico). A capacidade e forma de redistribuio do produto na planta so fatores
importantes na identificao do alvo qumico. Apesar de o agrotxico poder no atingir o

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Boletim, IAC, 200, 2014

alvo biolgico diretamente, poder faz-lo de forma indireta atravs da sua redistribuio,
que pode ocorrer pelo processo de translocao sistmica, movimentao translaminar
(mesostmica) ou pelo deslocamento superficial do depsito inicial do produto. Em
funo da capacidade ou no de redistribuio do produto, o alvo qumico poder ser
mudado. Tomemos como exemplo o controle de plantas daninhas em ps-emergncia
tardia, como na dessecao em plantio direto. Caso seja realizada com glifosato, que
tem alta capacidade de movimentao tanto no xilema (ascendente) quanto no floema
(descendente), o alvo qumico poder ser considerado como o tero superior das plantas
daninhas, visto que as demais partes da planta sero atingidas atravs da redistribuio
do produto. Em contrapartida, caso se utilize o paraquat, que apresenta apenas uma
pequena redistribuio lateral, sem ao sistmica, a aplicao deve ser realizada
de forma a cobrir a maior parte possvel da planta daninha, para que o controle seja
satisfatrio. Cabe ainda lembrar que, na hiptese do produto ser sistmico, deve-se
identificar se o mesmo tem movimentao apenas no xilema (apoplstica ou acrpeta),
apenas no floema (simplstica ou baspeta) ou em ambos, antes de se identificar o alvo
qumico. Para isso, um engenheiro agrnomo dever ser consultado.

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Regulagem do pulverizador
Os procedimentos de regulagem e calibrao devem ser realizados antes de se
iniciar a aplicao, a fim de adequar as condies de uso do equipamento. Entende-se
por regulagem, o ato de configurar o equipamento para a operao que ser realizada e
por calibrao, a determinao do volume de calda utilizado por hectare e a quantidade
de produto a ser colocada no tanque. Assim, calibrao apenas o passo final da
regulagem. Antes de se iniciar a regulagem do pulverizador, uma vez que o mesmo
estiver acoplado e abastecido com gua, devem-se observar as condies gerais de
conservao do equipamento (vazamentos, conectores e/ou mangueiras ressecadas,
etc.), bem como o funcionamento dos componentes do sistema hidrulico (filtros,
bomba, regulador de presso, etc.), e efetuar a manuteno necessria. Estando em
condies de uso, o pulverizador deve ento ser levado ao local de trabalho. A primeira
observao a ser realizada a adequao do espaamento entre bicos e do nmero de
bicos na barra, quando a faixa de aplicao for medida em nmero de linhas da cultura
a serem tratadas, conforme o exposto no item seleo do pulverizador. Alm da
necessidade do espaamento entre bicos ser uniforme ao longo da barra para uniformizar
a pulverizao, o nmero de bicos dever tambm ser ajustado para que o bico da ponta
pulverize sobre o meio da rua e no sobre uma linha de plantio, evitando que possveis
super ou subdosagens, resultantes de variaes no espaamento de plantio, venham
a prejudicar a cultura, principalmente no incio do ciclo, quando as folhas novas esto
mais sensveis. A altura mnima de trabalho da barra, para que no haja interferncia

Boletim, IAC, 200, 2014

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na regularidade da pulverizao, aquela onde a altura do cruzamento da pulverizao


entre dois bicos consecutivos na barra est prximo da metade da altura entre o bico e a
cultura. Sempre que se precisar trabalhar com gotas de finas a mdias deve-se optar por
pulverizadores com distncia entre bicos menor, o que possibilitar o controle da deriva,
pela menor distncia entre o alvo e o bico. Para situaes onde seja possvel trabalhar
com gotas muito grossas ou extremamente grossas, o controle da deriva ser dado pelo
tamanho da gota. Tendo dimensionado o espaamento e o nmero de bicos na barra,
deve-se realizar a avaliao da velocidade de deslocamento ideal para as condies de
topografia, cultura, cobertura do solo, equipamento utilizado e habilidade do operador.
Na prtica, mede-se 50 m dentro da rea a ser tratada e o pulverizador posto a se
deslocar nessa distncia demarcada, numa marcha e rotao pr-estabelecidas,
observando-se os aspectos de dirigibilidade e de deslocamento da barra sobre a cultura.
Nessa fase, cuidado em selecionar sempre a rotao que proporcione 540 rpm na tomada
de potncia, uma vez que esta a rotao necessria para o adequado funcionamento da
bomba e do sistema de agitao. Alteraes na velocidade devem ser obtidas atravs da
troca de marchas e nunca da rotao, evitando assim interferncia na homogeneidade
da calda e consequentemente na eficcia do produto a ser aplicado.
Selecionadas a marcha e a rotao de trabalho, deve-se avaliar a adequao
das pontas de pulverizao, que dever ser funo do alvo qumico selecionado, da
cobertura desejada e da formulao do agrotxico a ser utilizado. Existem vrios
modelos de pontas disponveis, cada uma produzindo um espectro de tamanho de
gotas diferente, larguras e padres diferentes de deposio, sendo, portanto, muito
importante saber escolher aquela mais adequada ao trabalho a ser realizado. Cada
modelo de ponta de pulverizao apresenta algumas caractersticas peculiares que a
diferencia das demais. No entanto, todas elas apresentam uma faixa ideal de presso de
trabalho e esto disponveis com aberturas de diferentes tamanhos. Pontas defletoras,
ou de impacto, utilizadas a baixa presso, so indicadas para a aplicao de herbicidas
ao solo, pois produzem gotas grandes e podem ser posicionadas mais prximo ao alvo,
devido ao grande ngulo de abertura do leque, reduzindo a deriva. Pontas de jato plano
(tipo leque) so produzidas em grande variedade de modelos, tamanhos e ngulos
de abertura do leque, embora os de uso mais frequente sejam os de 80 e 110o, e so
utilizadas para aplicar agrotxicos em superfcies relativamente planas. As pontas de
ngulo maior oferecem um leque maior, mas produzem gotas menores. Pontas de jato
cnico (tipo cone) podem ser basicamente de dois tipos, denominadas de cone vazio
e cone cheio. Estas pontas so utilizadas na pulverizao de alvos irregulares, como
por exemplo, as folhas de uma cultura, pois como as gotas se aproximam do alvo de
diferentes ngulos, proporcionam melhor cobertura das superfcies. A deposio no cone
vazio se concentra somente na periferia do cone, sendo que no centro praticamente no

430

Boletim, IAC, 200, 2014

h gotas. O cone cheio, por possuir gotas em toda a rea do cone, produz um perfil de
deposio mais uniforme, sendo mais recomendado que os de cone vazio para utilizao
em pulverizadores de barras. Apesar da crena de que pontas leque so para aplicar
herbicidas e pontas cnicas para inseticidas e fungicidas, no h nada de cientfico nessa
afirmao, podendo qualquer modelo ser utilizado para qualquer finalidade, desde que
o espectro de gotas produzido e a cobertura do alvo sejam adequados. De uma forma
geral, gotas grossas a muito grossas devem ser selecionadas quando o alvo for de fcil
visualizao a partir da barra de bicos, como o solo ou na dessecao de uma pastagem
com herbicida sistmico; gotas de finas a mdias devem ser utilizadas em pulverizaes
onde a penetrao na planta ou a elevada cobertura do alvo for importante, como na
aplicao de fungicidas de ao preventiva, com baixa redistribuio; e gotas de mdias
a grossas devem ser utilizadas em situaes intermedirias, como no controle de
insetos, por exemplo, onde a cobertura pode ser inferior necessria para o controle
de um fungo, uma vez que o inseto caminha, e portanto, tem maior probabilidade de
entrar em contato com o produto. Fatores como deriva e evaporao devem sempre
ser considerados a fim de se evitar perdas significativas. Entretanto, a seleo de
gotas grossas para o controle da deriva em situaes onde a elevada cobertura ou a
penetrao do alvo requerem o emprego de gotas de finas a mdias pode prejudicar
o controle. Nestes casos, o controle da deriva deve ser realizado atravs de outros
meios, como a utilizao de menores espaamentos entre pontas, aliada a uma maior
aproximao da barra ao alvo, como visto anteriormente. Por fim, selecionada a ponta
e o produto a ser utilizado, deve-se observar se as malhas dos filtros esto adequadas
pulverizao. Entende-se por malha de um filtro o nmero de aberturas que este
apresenta em uma polegada linear (2,54 cm). Dessa forma, quanto maior a malha,
maior ser o nmero de aberturas em uma polegada e, consequentemente, menor o
dimetro de cada abertura. So normalmente encontrados filtros com malhas 30, 50,
80 e 100. A malha a ser utilizada ser fator de duas variveis importantes que so: a
formulao do produto e o modelo e tamanho da ponta de pulverizao. Quando se
trabalha com formulaes P Molhvel (PM) ou Suspenso Concentrada (SC), existem
slidos em suspenso na calda que, caso possuam uma granulometria maior que a
malha do filtro, podero ficar retidos pelo mesmo, reduzindo a quantidade de produto
efetivamente aplicado, e aumentado a frequncia com que o filtro deve ser limpo.
No caso da utilizao destas formulaes, filtros malhas 80 e 100 devem ser evitados.
Quando se trabalha com formulaes que formam emulses (Concentrado Emulsionvel
- CE) ou solues (P Solvel - PS e Soluo Aquosa Concentrada - SaqC ou Concentrado
Solvel - CS), a malha no interfere na passagem dos produtos. Com relao s pontas de
pulverizao, para cada modelo e vazo existe um filtro mais adequado, recomendado
pelo fabricante. Pontas de menor vazo exigem filtros finos (malha 80 ou 100) enquanto
pontas de maior vazo podem ser utilizadas com filtros mais grossos. De uma forma
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geral, filtros de malha 50 so recomendados para a maioria das aplicaes. Entretanto,


alguns produtos PM, como a atrazina, quando adicionados a leo no tanque, podem
formar grumos, elevando o dimetro das partculas e causando problemas (Figura 1)
com esta peneira. Malhas maiores, como a 100, podem causar entupimentos frequentes,
enquanto malhas menores, como a 30, so incapazes de prevenir o entupimento
das pontas de pulverizao, exceto em vazes muito elevadas. De qualquer forma, a
verificao da malha do filtro em funo do produto e da ponta utilizados a atitude
mais recomendada.

Figura1.Obstruo do filtro causada pela mistura de ps molhveis com leo, no tanque


de pulverizao.
O volume de calda utilizado nunca dever ser o objetivo da regulagem, mas
sim a consequncia da mesma. Regula-se um pulverizador para colocar a quantidade
necessria de produto sobre o alvo selecionado. Quanto menor o volume de gua
necessrio para isso, maior a capacidade de trabalho dos pulverizadores e menor o custo
de produo. Como exemplo disso, a figura 2 mostra o erro que pode estar ocorrendo
quando se regula um pulverizador para aplicar 200 L ha-1, sem se considerar as demais
variveis. Considerando-se que a cobertura necessria sobre o alvo qumico fosse
50 gotas/cm 2, o mesmo volume de calda poderia ou no ser eficaz, dependendo da
ponta e do tamanho de gota selecionado. Assim, o produto que proporciona controle
aquele que efetivamente chega ao alvo e no o jogado. Quanto mais prximos estiverem
esses volumes, maior a economicidade da pulverizao.

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Figura2.Projeo do tamanho de gotas e cobertura do alvo obtidas pela pulverizao


com diferentes pontas aplicando 200 L ha-1.

Avaliao da pulverizao
Um passo importante no processo de pulverizao avaliar a eficcia da
regulagem realizada. Qualquer que seja a praga a ser controlada e o sistema de
pulverizao selecionado, a cobertura deve ser avaliada como forma de prever a
eficincia do mtodo. Para observaes da cobertura, a primeira providncia coletar
uma amostra, e para isso, deve-se selecionar um amostrador capaz de ser marcado
pelas gotas, seja por meio da formao de manchas, crateras ou qualquer outro
fenmeno visvel. Pode-se, por exemplo, empregar tiras de papel e adicionar calda
um corante qualquer que provoque sobre elas manchas bem visveis. Como corantes,
podem ser empregadas anilinas, ou mesmo corantes destinados a colorir tintas para
pintura de paredes, que so fceis de encontrar e tm baixo custo. O papel neste caso
deve apresentar uma qualidade uniforme em toda sua extenso, para que as condies
sejam uniformes entre as repeties. Assim, recomenda-se o uso do papel fotogrfico,
facilmente encontrado em livrarias ou supermercados destinado impresso de fotos
em impressoras. Outra tcnica adequada avaliao da cobertura a utilizao de
papis hidrossensveis. Estes amostradores, originalmente amarelos, tornam-se azuis
ao contato das gotas de gua, permitindo a visualizao da cobertura. um mtodo
bastante utilizado pela sua praticidade. Outro mtodo tambm interessante a
utilizao de corantes fluorescentes. Nele, corantes fluorescentes, que podem ser tintas
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cintilantes normalmente vendidas em lojas de material para artesanato, so diludos em


concentrao adequada na calda de pulverizao e pulverizados sobre as plantas. Partes
da plantas so ento destacadas e a deposio sobre elas avaliada em ambiente escuro,
sob luz ultravioleta. Nesta condio, o pigmento brilhar, evidenciando os pontos de
deposio. Esta uma tcnica tambm bastante adequada pesquisa, visto que, alm
de se avaliar a prpria planta, o fato de o pigmento ser invisvel luz do sol elimina
a tendencialidade na coleta de amostras. Independentemente do mtodo selecionado
para avaliao da cobertura, importante que o amostrador seja posicionado no alvo
qumico selecionado, para que os resultados obtidos possam ter relao com a eficcia
do controle. Uma vez cumpridos todos os passos, o pulverizador estar ento apto a
realizar uma pulverizao eficaz e econmica. Entretanto, em qualquer que seja a
pulverizao, a eficincia e a segurana das aplicaes dependem enormemente das
condies de clima durante a pulverizao. Ventos, temperatura e umidade relativa do
ar so fatores que interferem diretamente no comportamento do agrotxico, no seu
deslocamento at o alvo, na sua eficcia biolgica e na velocidade de degradao. Assim,
aplicaes com ventos inferiores a 3 ou superiores a 10 km/h, temperaturas superiores a
30 oC e umidade relativa inferior a 55% devem ser evitadas.

Calibrao de pulverizadores
A calibrao consiste em se determinar o volume de calda que o pulverizador
aplica por unidade de rea ou por planta, e ajust-lo para a melhor condio operacional.
Para se saber o volume de aplicao, existem vrios procedimentos prticos, sendo o
mais indicado o uso da frmula a seguir:
VxExT
q = ____________
600
onde:
q = vazo coletada da barra de bicos (L/min),
V = velocidade de trabalho no campo (km/h).
E = Faixa de aplicao (m) e
T = Taxa de aplicao ou volume de aplicao (L/ha),
Entende-se como faixa de aplicao, a faixa de solo tratada a cada passada do
pulverizador. No caso da barra, por exemplo, seria a largura da barra, no caso de um
turbopulverizador aplicando dos dois lados em uma cultura de citros, seria o espaamento
entre ruas, e no caso de um costal pulverizando canteiros, a largura do canteiro. Para se
saber a vazo de uma ponta, basta dividir q pelo nmero de bicos na barra. No caso de
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Boletim, IAC, 200, 2014

pulverizadores de barras, considerar a faixa de aplicao diretamente como a distncia


entre bicos, faz com que se obtenha diretamente a vazo de uma ponta, mas esta uma
exceo. Os processos de canecas graduadas so prticos no trabalho de campo, mas
podem levar a erros graves por problemas de impreciso na graduao ou mesmo por
no se observar a capacidade de vazo das pontas em L/min, nas tabelas destas. Esse
processo desaconselhvel no campo. Esses clculos normalmente so usados para
ajustar o valor do volume de aplicao, deixando um valor arredondado, que facilite a
preparao da calda no tanque, evitando nmeros fracionados.

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Importante: se, durante a regulagem, a vazo de todos os bicos foram checados


e o padro de deposio foi verificado pelo aferidor de pulverizao, a medio do
consumo em litro/ha pode ser feita em apenas alguns bicos. Porm, se no foi feita
anteriormente, a determinao do volume aplicado deve ser feita em todos os bicos.

Preparo da calda
Para iniciar a pulverizao propriamente dita necessrio preparar a calda a ser
pulverizada. Para isso, devem-se conhecer as diluies a serem realizadas.
Diluio - uma vez conhecido o volume a ser aplicado por hectare, deve-se fazer
mais um clculo para se saber a quantidade do produto fitossanitrio a ser diludo no
tanque. Por exemplo, se o volume de aplicao de 200 L ha-1 e o produto a ser aplicado
for um herbicida na dosagem de 2 kg ha-1 e se o tanque tem capacidade para 600 litros,
ter-se-ia o seguinte clculo por regra de trs simples:

Volume de calda produto (kg)

200 L (L ha-1)

600 L

2 kg
2 x 600
X=
= 6,0 kg por tanque
X
200

Portanto, deve-se diluir 6,0 kg de diuron no tanque de 600 litros para que a
dosagem indicada seja aplicada.
Dosagem - importante salientar que existem diferentes formas de se indicar
a dosagem dos produtos. Dose quantidade do produto, expressa em peso ou volume;
dosagem qualquer relao que envolve quantidade, isto , dose por unidade de peso,
volume ou comprimento (Hayes, 1975). Basicamente, a dosagem do produto pode ser
recomendada por concentrao (dose por litro) ou em dose por rea. No primeiro caso,
o produto seria indicado assim: 200 mL de glifosato por 100 litros de gua. No segundo
caso, seria: 6 litros de glifosato por hectare. A indicao, atravs da concentrao,
apropriada somente para aplicaes de alto volume, onde h escorrimento de calda,

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de tal forma que a quantidade retida nas folhas proporcional concentrao da calda,
independentemente do volume total aplicado. A vantagem deste sistema est na sua
simplicidade. A variao na superfcie a ser coberta no precisa ser levada em conta,
isto , a concentrao a ser usada a mesma, tanto para plantas pequenas, pouco
enfolhadas, como para plantas grandes, pois a quantidade se ajusta por si, desde que
se aplique a calda at o escorrimento. No entanto, as perdas por escorrimento podem
ser significativas. A indicao atravs da quantidade do produto por hectare a forma
preferida, principalmente, para os herbicidas e para os inseticidas destinados s grandes
culturas como a soja, milho e cana-de-acar. A vantagem deste sistema est no fato de
que independe do volume de calda empregado na distribuio do produto. primeira
vista parece ser um sistema mais tcnico que o anterior. Tratando-se de produtos
distribudos superfcie do solo, como a maioria dos herbicidas, esse sistema no
encerra restries. Tratando-se, no entanto, de aplicao sobre superfcie da cultura,
deve-se levar em conta a relao existente entre a superfcie vegetal e a superfcie
do terreno. Numa lavoura nova, para um hectare do terreno, poder haver menos de
um hectare da superfcie de folhas, mas, a superfcie foliar cresce rapidamente e, em
pouco tempo, esse mesmo hectare poder apresentar 3 ou 5 hectares de superfcie
vegetal e, evidentemente, no se pode indicar a mesma dosagem para situaes to
diferentes. Portanto, a rigor, essa indicao deve estar condicionada ao ndice de rea
foliar, um parmetro pouco empregado na prtica. No caso de plantas novas em linhas,
pode-se adotar o sistema de aplicaes em faixa, usando-se acessrios especficos
para isso. O que se verifica que, atualmente, a indicao da dose por hectare no
vem acompanhada de nenhuma referncia sobre o tamanho das plantas e nisso reside
uma forma de desajuste, normalmente acentuado, e em regra geral, as aplicaes de
fungicidas e inseticidas em plantas novas, podem representar o emprego de uma sobre
dosagem aprecivel (Ramos e Pio, 2008).

Concluso
Existem duas formas de o produtor aumentar seus lucros: a primeira vendendo
mais caro a produo, o que no fcil em funo do controle de preos exercido pelo
mercado, e a segunda produzindo mais barato, o que pode ser conseguido pelo
investimento em novas tcnicas e tecnologias. Ao considerar o custo, tanto econmico
quanto social, dos produtos fitossanitrios, verifica-se que melhorias nas tcnicas de
aplicao, com consequentes redues nos desperdcios de energia e produtos, podem
contribuir para a reduo substancial dos recursos alocados produo, alm da elevao
da segurana ocupacional e do ambiente. Obviamente, o investimento em novas
tecnologias, apesar de no necessariamente representar o aporte de expressivos valores
monetrios, deve ser acompanhado de um treinamento adequado de todas as pessoas

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Boletim, IAC, 200, 2014

envolvidas, bem como por uma eficiente assessoria tcnica. Por outro lado, maiores
investimentos devem ser direcionados tambm ao treinamento, em todos os nveis,
como forma de elevar a capacidade crtica geral e fazer com que tecnologias disponveis
cheguem mais rapidamente e com qualidade ao agricultor. Padres de avaliao da
pulverizao, atravs da utilizao, por exemplo, de papis hidrossensveis posicionados
em pontos especficos da planta, buscando analisar o que e como est chegando e
no mais o quanto se est aplicando, passam a ser importantes no sistema de produo.
Por outro lado, a economia de produto, mquina e mo de obra envolvida, alm de
duradoura aps sua implantao, faz com que o retorno de qualquer investimento
realizado seja, via de regra, bastante rpido, muitas vezes ocorrendo dentro do prprio
ano agrcola. Cabe, portanto, ao agricultor, analisar seu sistema de produo, identificar
possveis problemas, buscar, avaliar e implementar novas tecnologias que o ajudem a
reduzir seu custo, face a este mercado cada vez mais globalizado e competitivo. Com
toda certeza, muito ainda pode ser trabalhado com relao eficcia e eficincia do
tratamento fitossanitrio.

Informaes bsicas
para o uso de
agrotxicos

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Referncias
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO).
Equipo de aplicacin de pesticida para uso en agricultura. Volumen 2: Equipo impulsado
mecnicamente. Boletin de Servicios Agricolas de la FAO112/2. Roma:FAO, 1996. 150p.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO).
Agricultural pesticide sprayers. FAO technical standards: sprayer specifications and test
procedures. v.2. Roma:FAO, 1998. 63p.
HAYES, W. Toxicology of pesticides. Baltimore: Willians & Wilkins, 1975. 580p.
MATTHEWS, G.A. Pesticide applications methods, London: Longman, 1979. 334p.
MATUO, T. Tcnicas de aplicao de defensivos agrcolas. Jaboticabal: FUNEP,
1990. 139p.
RAMOS, H.H.; PIO, L.C. Tecnologia de aplicao e equipamentos. In: Curso
de especializao por tutoria distncia - Proteo de plantas: Mdulo 02: 2.2, 2008.
Braslia. 51p.
HAMILTON HUMBERTO RAMOS
VIVIANE CORREA AGUIAR
Instituto Agronmico, Jundia (SP)
LUIS CSAR PIO
Herbicat, Catanduva (SP)
MARCELO DA SILVA SCAPIN
Fundecitrus, Araraquara (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Prticas de manejo e
conservao do solo

A.T.E. Aguiar et al.

Prticas de manejo e
conservao do solo

Prticas de manejo e conservao do solo so aes e tcnicas utilizadas para


manter ou melhorar a qualidade do solo ou, ainda, evitar e reduzir a degradao de suas
propriedades. Na agricultura, as principais funes do solo que devem ser mantidas para
garantir sua qualidade so a de sustentar a produo vegetal e a de regular o ciclo natural
da gua. A eroso hdrica, causada pelo uso e ocupao do solo que expe a superfcie
s chuvas intensas, uma das principais causas da degradao dos solos, promovendo
o arraste de terra, de matria orgnica e de nutrientes vegetais. Alm de reduzir a
produtividade agrcola, produz poluio e assoreamento de cursos dgua. Por isso, o
principal objetivo das prticas de manejo e conservao do solo deve ser controlar a
eroso. O controle da eroso e a reduo da degradao do solo, da gua e do ambiente
tornaro as reas agrcolas sempre produtivas e, no longo prazo, a agropecuria uma
atividade sustentada. A escolha da prtica conservacionista mais adequada a uma
determinada rea depende de fatores como o tipo de solo, a declividade, a posio no
relevo, o tipo de cultivo ou cultura e as condies socioeconmicas. Vale lembrar que no
devem ser implantadas prticas isoladas de conservao do solo, devendo-se considerar
que apenas o conjunto de prticas, estabelecidas em um planejamento conservacionista,
que promover resultados satisfatrios no controle da eroso. Outro ponto a destacar
que, do ponto de vista da conservao do solo e da gua, a unidade de terreno para
planejamento de aes deve ser uma bacia hidrogrfica, ou microbacia, como tem sido
mais comumente referida, porque nessa unidade que todos os processos erosivos,
associados aos processos hidrolgicos, esto inter-relacionados e constitudos. Para
que o conjunto de prticas conservacionistas possa atuar adequadamente no controle
da eroso, atacando a causa do problema, fundamental conhecer a vulnerabilidade
do local e o processo que est causando a degradao do solo. O processo de eroso
hdrica do solo uma sequncia de trs fases ou eventos sucessivos e concomitantes:
a desagregao da superfcie do solo, o escoamento da gua e o transporte de terra
e, por fim, a deposio do material transportado nos pontos mais baixos do relevo
ou nos corpos dgua. As prticas conservacionistas devem atuar nessas trs fases e,
para isso, trs estratgias principais so utilizadas: (A) aumento da cobertura vegetal
do solo, visando reduzir a desagregao pela reduo da energia do impacto das gotas
de chuva na superfcie; (B) aumento da infiltrao da gua no perfil do solo, visando
diminuir o escoamento dessa gua na superfcie e aumentar sua armazenagem no
solo, proporcionando crescimento da produo vegetal e reduo dos riscos durante

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Boletim, IAC, 200, 2014

veranicos; (C) controle do escoamento superficial e consequente reduo do transporte


do solo pelo processo erosivo, diminuindo a poluio dos mananciais por sedimentos
ou insumos agrcolas e regularizao do regime hdrico. Duas outras estratgias so
tambm importantes: (D) sistematizao do terreno e (E) bioengenharia (Figura 1).

Prticas de manejo e
conservao do solo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Figura 1. Prticas isoladas de conservao do solo no so eficientes e apenas o conjunto


de prticas, estabelecidas em um planejamento conservacionista, promover resultados
satisfatrios no controle da eroso.

A - Aumento da cobertura vegetal do solo


Para controle da eroso hdrica, de fundamental importncia aumentar a
cobertura vegetal do solo, seja com culturas, seja com resduos culturais. Sua importncia
est no fato de a cobertura vegetal do solo atuar exatamente no ponto inicial do processo
erosivo, reduzindo o impacto direto das gotas de chuva sobre a superfcie, e, tambm,
pela reduo da velocidade do escoamento superficial, pela presena de pequenos
obstculos formados pela cobertura vegetal, aumentando a rugosidade.
A diferena do comportamento das culturas e manejos agrcolas em relao s
perdas por eroso est quase sempre relacionada s diferentes densidades e perodos
de cobertura vegetal que cada um proporciona. Assim, cultivos perenes tendem a ter

Boletim, IAC, 200, 2014

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Prticas de manejo e
conservao do solo

A.T.E. Aguiar et al.

menores perdas por eroso comparativamente a cultivos anuais porque proporcionam


maior cobertura vegetal sobre o solo ao longo de todo o ano.
Produo vegetal: o aumento da cobertura vegetal do solo est diretamente
relacionado ao aumento de produo, portanto, quanto maior a produo de biomassa,
maior a produtividade e a cobertura vegetal do solo e, consequentemente, menor a
perda causada pela eroso. Para conseguir o aumento da produo vegetal de
fundamental importncia o uso adequado de todos os componentes de produo.
Qualidade na populao de plantas: o nmero de plantas por unidade de
rea, bem como uma distribuio espacial uniforme e adequada, podem aumentar a
cobertura vegetal do solo, contribuindo na reduo do processo erosivo.
Calagem e Gessagem: a correo do solo tem reflexo direto na produo
de massa das culturas, uma vez que oferece condies ideais para o mximo
aproveitamento do potencial produtivo das plantas, criando um ambiente favorvel no
solo ao desenvolvimento das razes, aumentando o volume explorado, o que proporciona
melhor aproveitamento de gua e nutrientes.
Adubao: a adubao mineral e a adubao orgnica constituem-se em
fator imprescindvel manuteno da produtividade agrcola e, portanto, da cobertura
vegetal. A adubao adequada deve ser definida com base na anlise do solo.
Adubao verde: essa uma tcnica bastante apropriada para obteno
de maior cobertura vegetal do solo em determinadas pocas do ano, com grande
potencialidade de adoo nas seguintes condies: (a) no inverno - nas reas de culturas
anuais que permanecem em pousio, a introduo de adubo verde no perodo de maro
a junho melhora as condies fsicas, qumicas e biolgicas do solo, que permanece
por mais tempo protegido pela cobertura vegetal; (b) nas culturas permanentes como coberturas das entrelinhas. Em caf, citros e outras frutferas, a adubao verde
proporciona cobertura intensa das entrelinhas, reduzindo a eroso a nveis aceitveis,
na maioria dos casos.
Rotao de culturas: essa prtica, entre outras vantagens, proporciona
aumento da cobertura vegetal de diversas formas: (a) alternncia de culturas que
produzam maior quantidade de biomassa, diferentes velocidades de crescimento,
diferentes tipos de razes e diversos espaamentos, proporcionando uma variao na
cobertura vegetal do solo, o que no ocorre nas monoculturas; (b) uso de culturas
plantadas em pocas que proporcionam maior cobertura vegetal do solo em perodos
crticos; (c) alternncia de culturas que produzem resduos com diferentes velocidades
de decomposio; (d) explorao de diferentes profundidades do solo, em funo dos
sistemas radiculares diversos, proporcionando melhor ciclagem de nutrientes. A rotao

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Boletim, IAC, 200, 2014

de culturas deve ser planejada para que apresente outras vantagens como controle
de pragas e doenas, controle de mato, aproveitamento de nutrientes, melhoria na
infiltrao e armazenamento de gua. Algumas espcies de adubos verdes e plantas de
cobertura podem atuar positivamente na descompactao do solo.

Prticas de manejo e
conservao do solo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Preparo do solo: com o objetivo de adequar as condies do solo para


instalao de lavouras, o preparo do solo a operao de cultivo mais importante no
controle da eroso, pois dela dependem diretamente a maior ou menor desagregao
do solo e a manuteno na superfcie ou incorporao dos restos culturais. Adequaes
no sistema de preparo do solo podem contribuir de maneira decisiva na reduo do
processo erosivo, sem aumentar de forma significativa o custo de produo, por meio
de: (a) utilizar tecnologia para controle de plantas daninhas e soqueiras, dispensando
a incorporao; (b) preparar o solo com equipamentos que permitam a manuteno
dos restos culturais na superfcie; (c) utilizar rotao de culturas; (d) adotar a rotao
de implementos de preparo do solo (alternar periodicamente o uso de implementos de
hastes); (e) no empregar fogo nas palhadas; (f) preparar o solo com umidade adequada;
(g) estabelecer a profundidade do preparo do solo em funo da ocorrncia de camadas
compactadas (ps de grade ou de arado); (h) no expor o solo a chuvas torrenciais.
Cobertura morta: a cobertura do solo com resduos vegetais muito eficiente
no controle da eroso, na proteo da biodiversidade do solo, na manuteno da
atividade biolgica diversificada, na reteno e infiltrao de guas, contribuindo
significativamente para o aumento de produtividade. aplicvel em reas pequenas e
grandes reas.
Sistema Plantio Direto (SPD): com a adoo desse sistema possvel alcanar
um controle de eroso acima de 80%. Em princpio, qualquer cultura pode ser produzida
em SPD, desde que se tenha: a) mnima mobilizao da superfcie; b) manuteno de
cobertura morta; c) manuteno de cobertura verde a maior parte do tempo e rotao
de culturas. O cultivo de gros, de hortalias, de frutas e outros cultivos perenes,
mandioca e cana-de-acar podem ser feitos nesse sistema. Se for preciso sistematizar e
corrigir a rea antes da implantao do sistema, recomendam-se sistemas reduzidos em
pocas de chuvas menos intensas. Alm do controle da eroso, o SDP resulta em ganhos
ambientais, como proteo e manuteno da vida e biodiversidade do solo, melhor
utilizao da gua e nutrientes, manuteno de estoques de carbono, menor consumo
de combustveis fsseis.
Reforma e manejo de pastagens: as pastagens degradadas apresentam pouca
cobertura e oferecem pouca proteo ao solo, tanto contra a eroso como contra
a compactao do solo. A readequao das pastagens evita tambm a formao
de trilheiros e caminhos que favorecem o processo erosivo pela concentrao do
escoamento superficial da enxurrada.
Boletim, IAC, 200, 2014

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Prticas de manejo e
conservao do solo

A.T.E. Aguiar et al.

Consorciao de culturas: essa tcnica, bastante importante aos pequenos


agricultores, possibilita, alm de maior cobertura do solo, melhor ndice de utilizao
da terra. Trata-se do cultivo de duas ou mais espcies vegetais na mesma rea e mesma
safra, com semeadura simultnea ou com pequena defasagem. O consrcio tem sido
utilizado entre cultivos anuais (milho, feijo, hortalias), entre cultivos perenes (caf,
seringueira, banana e outras espcies arbreas) e semiperenes (mandioca), cultivos de
gros e forrageiras (milho e braquiria), cultivo de gros no incio de desenvolvimento de
cultivos perenes, como citros, seringueira, etc. (Figura 2).
Sistemas de Integrao entre Agricultura, Pecuria e Floresta (ILP, ILPF e SAF):
so sistemas de cultivo que integram a produo de gros, frutas, fibras, madeira, carne,
leite e/ou agroenergia, em uma mesma rea. Nesses sistemas, o cultivo de gros, a
explorao de pastagens e a produo de espcies arbreas so realizados em consrcio,
em rotao ou em sucesso, de forma planejada para obter benefcios das interaes
ecolgicas e econmicas resultantes da diversidade de atividades e de espcies. Alm da
conservao do solo, incluindo o controle da eroso e a melhoria de suas propriedades,
esses sistemas objetivam promover a sustentabilidade da produo agropecuria,
diversificao de atividades e o bem-estar animal (Figura 3).
Manejo do mato: indicado principalmente para culturas perenes. Diversas
combinaes de uso de roadeiras e de herbicidas para controlar o mato e manter o solo
coberto tm sido utilizadas, com vantagens para o controle da eroso e manuteno da
umidade do solo. Em culturas perenes, o controle de gramneas e de plantas de folha
larga, feito com roadeiras no vero e com produtos qumicos no incio do inverno,
preservando sempre intacto o sistema radicular, tem mostrado eficincia no controle
da eroso. Tem sido utilizado, tambm, o manejo da vegetao das ruas de pomares
de citros com roadoras projetadas para o corte e deposio da massa sob a rea de
projeo da copa, com o objetivo de formar uma cobertura morta sobre a superfcie do
solo (Figura 4).

B - Aumento da infiltrao de gua no perfil do solo


Para aumentar a infiltrao de gua, alm das tcnicas de produo vegetal
e cobertura do solo devem-se associar prticas que utilizam estruturas de infiltrao.
Atravs da cobertura vegetal, morta ou viva, obtm-se uma rede de poros biolgicos
com origem no sistema radicular das plantas e na intensa atividade de organismos que
vivem no solo. Essa atividade biolgica tem tambm atuao nas propriedades fsicas do
solo diretamente relacionadas com a reteno e infiltrao de gua. Cobertura do solo,
tipo de cultura, forma de preparo, rotao de culturas, adubao e correes do solo,
reduzem, portanto, as perdas pela eroso por protegerem a superfcie da desagregao

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Boletim, IAC, 200, 2014

e, ao mesmo tempo, por diminurem o volume do escoamento superficial decorrente


do aumento de infiltrao da gua no solo. As estruturas de infiltrao, como o caso
de terraceamento em nvel, valas e caixas de reteno, aumentam a rugosidade do
terreno e armazenam a gua da chuva oriunda do escorrimento superficial liberando-a
lentamente e abastecendo o lenol fretico.

Prticas de manejo e
conservao do solo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

C - Controle do escoamento superficial


No Estado de So Paulo as chuvas anuais esto, em mdia, entre 1.200 e 2.000 mm.
Porm, essa precipitao concentra-se de outubro a maro, com ocorrncia de eventos
de intensidades muito elevadas, sempre superiores capacidade de infiltrao de gua
no solo. Portanto, ocorrem, naturalmente, eventos com escoamento superficial ou
produo de enxurrada, havendo, assim, necessidade de associar barreiras ou estruturas
que evitem a concentrao de gua, fracionem o comprimento de rampa para reduzir a
velocidade, reter o escoamento superficial ou conduzir o escoamento de forma segura.
Tais estruturas, chamadas de prticas mecnicas, so utilizadas para controlar a eroso
na fase de transporte e compem o plano de drenagem superficial especfico de cada
rea. Mas, s se obtm resultados satisfatrios quando essas tcnicas esto associadas
quelas que atuam na cobertura e infiltrao de gua do solo.
Preparo do solo e plantio em nvel: tanto o preparo do solo quanto o plantio
em nvel no elevam o custo de produo, pois no requerem nenhum investimento
adicional, reduzindo, no entanto, consideravelmente, a eroso. O plantio em nvel,
quando usado como prtica isolada, reduz em 50% as perdas de terra por eroso e em
30% as de guas.
Enleiramento em nvel: como alternativa queima de restos culturais, pode
ser utilizado em reas de relevo acidentado e reas menos tecnificadas. indicado para
reas de corte ou substituio de culturas perenes como citros e caf.
Faixas de vegetao permanente: tcnica que pode ser usada em locais onde
o terraceamento no apresenta resultados satisfatrios, como em solos rasos ou muito
arenosos e em solos com problemas de permeabilidade, como argissolos abruptos. A
faixa de vegetao permanente ou de reteno uma tcnica simples, exigindo pequeno
investimento na sua implantao, podendo ser associada aos cordes em contorno
construdos com arados ou equipamentos manuais.
Cordesemcontorno: tcnica empregada para reter o escoamento superficial
em terrenos com culturas perenes, quando anteriormente implantadas sem a
observao de preceitos conservacionistas, indicada para pequenas lavouras, tendo em
vista que sua construo s possvel com instrumentos manuais e tambm com auxlio
de equipamentos simples de trao animal.
Boletim, IAC, 200, 2014

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Prticas de manejo e
conservao do solo

A.T.E. Aguiar et al.

Terraceamento: entre as prticas de controle da eroso, a mais utilizada e


conhecida pelos agricultores, embora no possa ser utilizada de forma isolada. Sua funo
parcelar o comprimento de rampa, reduzindo o volume e a velocidade da enxurrada. O
terrao retm a gua do escoamento superficial para posterior infiltrao e/ou conduo
segura para um local estvel. Deve ser associada ao aumento de cobertura vegetal
e melhoria na infiltrao da gua no solo, para se ter a eficincia desejada. Quando
isoladamente, apresenta-se ineficiente no controle da eroso, causando, o seu insucesso,
srios problemas rea, tendo em vista a concentrao do escoamento superficial.
Nos solos com problemas de permeabilidade, como solos rasos ou Argissolos
abruptos, os terraos mais indicados so os com gradiente ou em desnvel. Nos solos
profundos e com boa permeabilidade como os Latossolos e Argissolos com horizonte A
profundo ou menor gradiente textural, os terraos podem ser em nvel ou de infiltrao.
Como o terrao deve ser usado associado a outras prticas que contribuam para
o controle da eroso, seu espaamento, no Estado de So Paulo, vem sendo calculado
pela frmula:
EV = 0,4518 . K . D0,58 . (u + m)/2
Onde: EV o espaamento vertical entre terraos em metros; K o fator
relacionado erodibilidade do solo, que varia em funo do tipo de solo; D a declividade
do terreno em porcentagem; u o fator uso, que varia com a cultura em funo da proteo
que proporciona ao solo, e m o fator preparo do solo e manejo dos restos culturais.
Para que um sistema de terraceamento funcione com eficincia, torna-se
necessrio dimension-lo corretamente, tanto no que diz respeito ao espaamento entre
terraos como na sua construo e capacidade de reteno de gua. O dimensionamento
da capacidade de reteno de gua funo do volume de gua possvel de ser escoado
pela superfcie do terreno situada imediatamente acima do terrao. Ateno especial
deve ser dada por ocasio da locao e construo, bem como, na manuteno posterior,
muitas vezes a razo do insucesso da prtica (Figura 5).
Canais escoadouros e divergentes: o canal escoadouro uma prtica
imprescindvel utilizada em associao aos terraos em desnvel, indicados para solos
com deficincia na infiltrao de gua. Sua funo coletar o excesso da gua de chuva
de uma rea terraceada e conduzi-lo, de forma segura, sem provocar eroso, at um
leito estvel. Canais divergentes so estruturas semelhantes aos terraos, construdos
com pequeno desnvel, com a finalidade de transportar a enxurrada em baixa velocidade
para um ponto de escoamento desejado. Estas estruturas devem ser construdas com a
antecedncia necessria, para que possam ser vegetadas e se apresentar estveis nas
pocas de maior volume de chuvas.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Embaciamento: uma prtica de controle de eroso recomendada para


culturas perenes, como caf e citros, constituda de pequenas depresses construdas
entre cada linha de cultura.
Prticas de drenagem superficial: procurou-se agrupar nessa denominao,
outras prticas de controle do escoamento superficial que devem ser utilizadas para
reduzir os nveis de eroso nas propriedades agrcolas. Entre elas, esto caixas de captao
de guas pluviais, drenos, sangras, bigodes, vrgulas, dissipadores. As tecnologias
disponveis para a utilizao dessas prticas recaem sobre mtodos para diagnstico da
paisagem, como o caso de aplicao de sistemas de informaes geogrficas (SIGs)
para a realizao de mapas e projetos, GPS e equipamentos topogrficos, alm de
mtodos e mquinas para locao e construo das prticas. A readequao de estradas
e carreadores e a localizao de construes e benfeitorias rurais podem contribuir,
quando bem planejadas, de forma decisiva no controle do escoamento superficial.

Prticas de manejo e
conservao do solo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Caixas de reteno ou barraginhas: bastante utilizada para controle da gua


de estradas e em reas de relevo acentuado, essa tcnica consiste na construo de
pequenos barramentos frente do percurso dos fluxos concentrados de enxurradas,
que armazenam parte da gua para infiltrao e reduzem a velocidade e o volume do
escoamento superficial. Entre as diferentes verses e adaptaes dessa tcnica est a
construo de sulcos, locados e construdos em nvel, com ou sem vegetao, tambm
com o objetivo de reter o fluxo de gua.

D - Sistematizao do terreno
As prticas de sistematizao do terreno tm como objetivo reabilitar reas j
degradadas, eliminando possveis processos de eroso ativos, realizando a realocao de
estradas e carreadores, readequando a superfcie para o transito de mquinas e adequado
desempenho de implementos como semeadoras e colhedoras. Para tanto, tecnologia
adequada deve ser utilizada, como equipamentos topogrficos, sondas, materiais para
drenagem e, naturalmente, mquinas de terraplenagem, motoniveladoras, mquinas
de esteiras e implementos adequados para tratores de rodas, acoplados a sistemas de
posicionamento global. A realizao da sistematizao de terrenos depende de projeto
de engenharia e deve ser planejado em funo da paisagem, do tipo de solo e das
condies climticas, evitando a realizao das atividades em pocas de chuvas intensas.

E - Bioengenharia
Indicada para reas de difcil acesso, de alta vulnerabilidade natural ou muito
degradadas pelo homem. Utiliza pedras, troncos, sacos de areia, mantas sintticas ou
naturais, entre outras, conjugadas com diferentes tipos de vegetais vivos com tcnicas

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Prticas de manejo e
conservao do solo

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que necessitam de pouco ou nenhum equipamento mecnico. Utiliza tambm tcnicas


de hidrossemeadura e transplantio. So tcnicas alternativas para controle da eroso,
proteo de taludes, revegetao, recomposio de mata ciliar, reflorestamento.

Consideraes gerais
Outras prticas devem ser includas no planejamento conservacionista,
que proporcionam solues de problemas pontuais e so to importantes quanto
as j elencadas. So prticas como controle de voorocas, audagem, correo de
cercas, construo de abastecedouros, relocao de construes e benfeitorias rurais,
readequao de estradas e carreadores, localizao de pontes e de aterros, construo
de caixas de captao de guas pluviais, barraginhas, depsito de lixo txico, obras de
saneamento e fossa sptica, etc.
A ferramenta que possibilita a definio dos diferentes conjuntos de prticas
ou estratgias visando o controle da eroso o planejamento conservacionista da
propriedade, vista como poro dinmica numa microbacia hidrogrfica. Recomenda-se
que esse planejamento seja realizado a partir do enquadramento das glebas no Sistema
de Classes de Capacidade de Uso do Solo, que indica a aptido dessas diferentes glebas
para os diferentes usos e manejos, em funo de restries ou limitaes apontadas
pelo levantamento do meio fsico, e a necessidade e complexidade do conjunto de
prticas a serem adotadas. Esse sistema, devidamente aplicado, conferir o carter de
sustentabilidade aos empreendimentos, visto que indicar o mximo de aproveitamento
com o mnimo de impacto ao ambiente.

Figura 2. Consorciao de culturas e adubos Figura 3. Sistemas de integrao


verdes para aumentar a cobertura do solo.
para aumentar a cobertura do solo e
diversificar atividades na propriedade.
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Boletim, IAC, 200, 2014

Prticas de manejo e
conservao do solo

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Figura 4. Manuteno da cobertura na


entrelinha de citros com roadoras para o
corte e deposio de resduos sob a rea
de projeo da copa.

Figura 5. Terraceamento para reduzir o


volume e a velocidade das enxurradas nas
lavouras.

ISABELLA CLERICI DE MARIA


SONIA CARMELA FALCI DECHEN
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
MRIO IVO DRUGOWICH
CATI-CIAGRO, Campinas (SP)
AFONSO PECHE FILHO
Instituto Agronmico (IAC), Jundia (SP)

Boletim, IAC, 200, 2014

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Informaes bsicas
sobre irrigao
e drenagem

A.T.E. Aguiar et al.

Informaes bsicas sobre


irrigao e drenagem

1. Irrigao

A irrigao uma prtica agrcola que visa atender s necessidades hdricas


das culturas, ao longo do ciclo, possibilitando planta a expresso do seu potencial
produtivo, quando demais fatores de produo foram atendidos, com sustentabilidade
ambiental. Em algumas regies, a irrigao pode ser realizada de forma eventual ou
complementar s chuvas, enquanto em outras ela essencial para o desenvolvimento da
cultura, como nas regies secas, ou com perodos prolongados de estiagem. A irrigao
pode ser utilizada na aplicao de fertilizantes (fertirrigao) e de outros produtos
qumicos, para controle de pragas, doenas e de plantas invasoras (quimigao), alm
de disposio de guas residurias. O uso da irrigao na produo de culturas est
associado principalmente garantia e/ou ao aumento da produtividade e da qualidade,
em equilbrio com a sustentabilidade ambiental. O uso e a adoo da irrigao necessitam
de planejamento, uma vez que em algumas bacias hidrogrficas do Estado de So Paulo
representa o setor com maior demanda por recursos hdricos. Considerando ainda
o crescimento populacional e a necessidade de aumento da produo de alimentos,
h necessidade de uso racional dos recursos hdricos por meio do manejo da gua na
agricultura irrigada, tornando o processo mais eficiente.
Mtodos de irrigao: a gua pode ser aplicada por diferentes mtodos: por
asperso, localizada, por superfcie e subterrnea. Na escolha do mtodo, no existe um
melhor que o outro, e sim, o que mais se adapta a cada situao em particular.
Irrigao por asperso: a gua aplicada na forma de chuva artificial pelo
fracionamento do jato em gotas. Os principais tipos de sistemas de irrigao por
asperso so: asperso convencional, piv central, sistema linear mvel e montagem
direta, autopropelido. A asperso, mtodo de irrigao mais utilizado em So Paulo, no
exige sistematizao do terreno; de fcil instalao em culturas anuais, ou perenes
j estabelecidas; oferece boa possibilidade de instalao em reas de cultivo desde
pequenas at extensas; pode ser utilizada em diferentes tipos de solo, pois a intensidade
de aplicao de gua pode ser ajustada capacidade de infiltrao do solo, evitando
eroso; permite aplicao de fertilizantes e defensivos: possibilita bom controle da
lmina de gua aplicada e da salinidade; eleva a umidade do ar; possibilita a irrigao
noite e a proteo contra geadas ou altas temperaturas, mas para estes fins precisa de
dimensionamento adequado; eficiente, de fcil e rpida instalao e operao.

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Boletim, IAC, 200, 2014

Irrigao localizada: na irrigao localizada, a gua aplicada ao solo, na


regio radicular, molhando apenas parte do solo. Dentre os tipos de sistema de
irrigao localizada, os de maior expresso so o gotejamento e a microasperso. Os
sistemas de irrigao localizada podem ser instalados na superfcie do solo ou de forma
subterrnea, envolvem aplicao de gua em pequenas vazes, baixas presses e com
alta frequncia, permitindo manter a umidade do solo prximo da capacidade de campo.
So caractersticas do mtodo: alta eficincia de aplicao, economia de gua, energia e
mo de obra, alm de permitir automao, fertirrigao e no interferir nos tratamentos
fitossanitrios. importante salientar que a adoo da irrigao localizada precisa
considerar o sistema de filtragem para evitar problemas de entupimento e favorecer a
longevidade do sistema. Para seleo do sistema de filtragem importante a realizao
de anlise da qualidade da gua.

Informaes bsicas
sobre irrigao
e drenagem

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

Irrigao por superfcie: na irrigao por superfcie, a gua aplicada


diretamente sobre a superfcie do solo. Para adoo deste mtodo fundamental
a existncia de grande disponibilidade de gua, solos planos e com baixa taxa de
infiltrao. Os principais tipos de irrigao por superfcie so os sulcos e a inundao. Os
sistemas de irrigao por superfcie predominam em boa parte das regies irrigadas no
mundo. Esse sistema tem custo inicial que pode variar de baixo a elevado, dependendo
da necessidade de sistematizao ou no da rea, facilidade de operao, adapta-se a
grande nmero de culturas, pouco afetado pelo vento, tem baixo consumo de energia,
elevada demanda de gua e no se adapta bem a solos permeveis.
Irrigao por subsuperfcie: a gua aplicada diretamente sob a superfcie
do solo, por meio da manuteno e controle do lenol fretico a uma profundidade
preestabelecida, ou pela aplicao de gua nos horizontes subsuperficiais atravs de
tubos gotejadores, manilhas perfuradas ou porosas. A irrigao por subsuperfcie consiste
em opo para o plantio de culturas alternativas ao arroz, ou em rotao de culturas
em reas de vrzeas, em solos que apresentam horizonte subsuperficial impermevel
e grande disponibilidade de gua. Para algumas culturas, em especial culturas perenes,
o uso da irrigao localizada associada aplicao da gua na subsuperfcie consiste
em opo interessante para promover eficincia no uso da gua, menor custo de
manuteno, reduo de plantas infestantes devido falta de umidade na superfcie e
diminuio de vandalismo.
Manejo das irrigaes: o manejo das irrigaes consiste em processo dinmico
e deve ser monitorado, uma vez que funo da planta, do solo, do clima, do mtodo de
aplicao de gua, dos tratos culturais, do manejo da gua, dentre outros. O manejo da
gua consiste em responder algumas perguntas, dentre as quais se destacam: quanto de
gua aplicar? quando irrigar? qual o mtodo de irrigao a adotar? quais as implicaes
na adoo do mtodo, considerando vrios aspectos envolvidos no sistema de produo
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como as estratgias de conduo da cultura, a adubao ou a fertirrigao, o controle


fitossanitrio, os aspectos econmicos e ambientais, o operador, dentre outros?
Desta forma, o manejo da gua na agricultura irrigada dever considerar aspectos
relacionados produo e qualidade, com adoo de prticas sustentveis, evitando
a ocorrncia de problemas fitossanitrios com aplicaes excessivas ou deficientes de
gua, com racionalizao do uso da gua, nutrientes, energia e mo de obra. O manejo
das irrigaes precisa ser considerado para cada cultura, estdio de desenvolvimento e
mtodo e manejo da irrigao. Para a realizao do manejo das irrigaes necessria
a adoo de indicadores, que podem ser a planta, o solo, o clima ou ainda a associao
destes. A adoo da planta como indicador para tomada de deciso na irrigao ainda o
mtodo mais utilizado para fins de pesquisa, devido exigncia de cuidados especficos
e conhecimento tcnico para operao de equipamentos e, em alguns casos, destaca-se
tambm o elevado custo associado. O manejo da gua via planta normalmente consiste
no monitoramento direto ou indireto do seu estado hdrico, da taxa de crescimento e do
consumo de gua e pode ser realizado por meio de medidas de potencial de gua nas
folhas, resistncia estomtica, transpirao, temperatura foliar, contedo de gua nas
folhas, dimetro do caule e/ou de frutos, medio do fluxo de seiva, colorao, dentre
outros. Devido s dificuldades envolvidas no manejo das irrigaes utilizando a planta
como indicador, de um modo geral, o manejo pode ser realizado pelo controle da gua
no solo e/ou pela estimativa do consumo de gua pela cultura. A estimativa do consumo
de gua das plantas para fins de manejo das irrigaes pode ser realizada pela simples
reposio do consumo de gua dirio das plantas, pelo somatrio do consumo dirio de
gua pela cultura desde o dia da ltima irrigao e, finalmente, pela realizao de balano
hdrico (BH). O BH contabiliza os fluxos que entram e saem do volume de solo explorado
pelas razes das plantas. A precipitao e a irrigao so os componentes de entrada,
enquanto o escoamento superficial, as perdas por percolao profunda e o consumo
de gua pelas plantas so os componentes de sada do balano hdrico. A precipitao
deve ser obtida prximo a rea de cultivo e o consumo de gua pode ser estimado por
meio de informaes de demanda climtica (evapotranspirao de referncia - ETo) e de
coeficientes de cultura (Kc), conforme a equao apresentada a seguir:
ETc = ETo . Kc
onde: ETc a evapotranspirao da cultura em condies ideais de suprimento hdrico,
mm dia-1; ETo a evapotranspirao de referncia, mm dia-1 e o Kc o coeficiente de
cultura. Os valores de Kc so estimados em pesquisas para cada cultura nos vrios estdios
de desenvolvimento. Desta forma, os efeitos das variaes do clima so incorporados na
estimativa da evapotranspirao de referncia (ETo) e o Kc varia, predominantemente, com
as caractersticas da cultura e as prticas culturais que afetem o desenvolvimento das plantas.

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Outra forma de manejo das irrigaes pelo monitoramento da gua no solo,


estimativa da gua disponvel do solo. Para o monitoramento da gua no solo podem
ser adotados sensores que medem a umidade do solo ou o potencial matricial de
gua no solo. Para os clculos da quantidade de gua a ser aplicada no solo, pode-se
relacionar o potencial matricial da gua no solo umidade do solo, por meio da Curva
Caracterstica de Umidade do Solo ou Curva de Reteno de gua do Solo. No manejo
da gua adotando o solo como indicador, a irrigao pode ser realizada toda vez que o
potencial de gua no solo ou a umidade do solo se aproxima ou atinge um nvel crtico
pr-estabelecido. O nvel crtico pode ser estabelecido pela adoo do valor de potencial
de gua no solo crtico, ou por meio da porcentagem de gua disponvel no solo que
pode ser consumida antes da prxima irrigao, considerando a regio explorada pela
profundidade efetiva do sistema radicular para a cultura. Quando adotada a irrigao
localizada e irrigaes frequentes, o uso de sensores importante para o monitoramento
e a manuteno da gua no solo em faixa adequada de disponibilidade (umidade do solo
ou potencial de gua no solo), evitando aplicaes excessivas ou deficientes e as perdas
por drenagem abaixo do sistema radicular efetivo. Seja qual for o sistema de irrigao
ou o tipo de sensor de monitoramento da gua no solo, as irrigaes so calculadas ou
estimadas para elevar a umidade do solo at o limite superior de reteno de gua no
solo (capacidade de campo).

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sobre irrigao
e drenagem

Instrues agrcolas para as principais culturas econmicas

A associao de mais de um mtodo para controle das irrigaes aumenta


a confiabilidade do processo e leva a melhores resultados. O uso de estimativa da
necessidade de irrigao via clima e Kc para estimativa do quanto irrigar, associado ao
monitoramento da gua no solo para averiguao do momento de irrigar, leva a bons
resultados no manejo das irrigaes. A seleo do critrio a ser adotado no manejo
das irrigaes depende do nvel tecnolgico da propriedade, do grau de instruo do
operador, da instrumentao disponvel, da cultura, das condies edafoclimticas, do
custo, da disponibilidade de gua, do mtodo e da rentabilidade associada atividade.

2. Drenagem de Terras Agrcolas


A drenagem na agricultura pode ser definida como a remoo e disposio
do excesso de gua da rea de cultivo, acumulada na superfcie ou no perfil do solo,
criando um ambiente favorvel ao desenvolvimento do sistema radicular das plantas,
preservando as propriedades fsicas e qumicas do solo e minimizando os impactos
ambientais. Na agricultura em reas de baixadas, ocorrem com frequncia inundaes
ou encharcamentos durante os perodos chuvosos, causando dificuldade de manejo
do solo, perdas na produo agrcola e at frustraes de safras. Por outro lado, na
agricultura irrigada, somados aos danos acima mencionados, pode ocorrer salinizao
do solo, principalmente na regio semirida, o que torna a necessidade de drenagem

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artificial ainda maior. Desta forma, alm da qualidade da gua fornecida cultura, o
sucesso da agricultura irrigada depende da drenagem da rea e do manejo da fertilidade
do solo. A prtica da drenagem depende do grau de tolerncia das plantas ao excesso
de gua. As hortalias, por exemplo, resistem por poucas horas e, portanto, a gua deve
ser removida rapidamente; os cereais podem permitir inundaes de at 24 horas; as
pastagens, por trs ou mais dias e h plantas hidrfitas, como o arroz, que possuem
estruturas morfolgicas especiais, que possibilitam o adequado suprimento de oxignio
para as suas razes. O estdio fenolgico tambm exerce influncia, visto que os perodos
iniciais das culturas e do florescimento so os mais suscetveis ao excesso de gua no
solo. Por outro lado, o manejo da gua de drenagem deve ser realizado com muito
critrio, principalmente em solos orgnicos, buscando o equilbrio entre a produo
agrcola e a preservao das caractersticas fsicas e qumicas do solo.
Mtodos de drenagem: os mtodos de drenagem so essencialmente dois:
superficial e subterrneo. Dependendo das condies e exigncias haver o mais indicado,
ou mesmo a combinao de ambos poder se adotada. Em qualquer mtodo de drenagem,
a gua em excesso do solo recebida pelos drenos e conduzida a um sistema de sada,
para deixar a rea. O mtodo de drenagem superficial, basicamente consiste em uma rede
de canais abertos no terreno. O subterrneo um sistema de drenos tubulares enterrados,
para os quais a gua percola por gravidade. So exemplos de drenos subterrneos os de
manilhas e os tubos plsticos corrugados com ranhuras. Um mtodo alternativo o emprego
de bambus amarrados em feixes e colocados no fundo de valas, em seguida cobertos com
uma folha de material impermeabilizante e com terra at a superfcie. So indicados para
pequenas reas ou para instalao intermediria entre outros tipos de dreno, de forma
complementar. Outro mtodo alternativo o uso de drenos-torpedo. Constituem-se de
pequenos tneis subterrneos com cerca de 7 cm de dimetro, localizados entre 40 e
60 cm de profundidade, confeccionados por subsoladores-torpedo. O baixo custo deste
mtodo possibilita, sob manejo adequado da gua do solo, o aprofundamento do sistema
radicular. No sistema de drenagem h diferentes categorias quanto disposio no campo.
Os drenos de encostas ou de cintura so valas abertas, que interceptam a contribuio de
gua e protegem a rea drenada. Os drenos laterais controlam a profundidade do lenol,
recebendo o excesso de gua da superfcie do solo, desaguando nos drenos coletores, e
estes, no dreno principal, para a retirada de gua da rea.
REGINA CLIA DE MATOS PIRES
EMILIO SAKAI (aposentado)
RINALDO DE OLIVEIRA CALHEIROS
FLVIO BUSSMEYER ARRUDA (aposentado)
Instituto Agronmico (IAC), Campinas (SP)
JANE MARIA DE CARVALHO SILVEIRA
Polo Regional do Nordeste Paulista, Mococa (SP)

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