CARVALHO NETTO, Menelick. A Sanção No Procedimento Legislativo 155 A 178 PDF
CARVALHO NETTO, Menelick. A Sanção No Procedimento Legislativo 155 A 178 PDF
CARVALHO NETTO, Menelick. A Sanção No Procedimento Legislativo 155 A 178 PDF
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2.5
A SANO NO
PROCEDIMENTO
LEGISLATIVO
C331s
CDU 340.12
340.131.3
342.511
340.5
Editor
Amaldo Oliveira
Conselho Editorial
Produpo Editorial
Nenhuma parte deste livro poder ser reproduzida, sejam quais forem os meios
empregados, sem a permisso, por escrito, da Editora.
Impresso no Brasil
Printed in Brazil
Sumrio
Apresentao..........................................................................
Prefcio. .................................................................................
Introduo..............................................................................
9
11
13
Bibliografia .............................................................................299
1
I
Apresentao
Menelick de Carvalho Netto de h muito vem dedicando-se aos
temas referentes ao processo legislativo, inclusive na Assessoria da
Assemblia Legislativa do Estado de Minas Gerais. Tambm essa vivencia
muito contribuiu para que se elaborasse a tese Da eficcia do instituto da
sano no procedimento legislativo brasileiro luz da teoria geral da
participao do Chefe de Estado na formao da lei.
Este trabalho, alm do exame detalhado da matria no direito
comparado, consegue um minucioso exame da promulgao, da publicao,
da sano e de outros institutos afins, momento em que o seu autor faz
diversas incurses em pontos essenciais da tcnica legislativa e de seu
procedimento.
Menelick de Carvalho Netto, detendo-se no exame do instituto da
sano no procedimento legislativo, mostra os diversos desdobramentos e as
diversas discusses doutrinrias e jurisprudenciais sobre a matria, ocasio
em que ressalta que a sano do Chefe de Estado na elaborao legislativa
bem antiga no direito constitucional.
nesse trabalho que destaca as questes referentes eficcia de
sano aposta pelo Chefe de Estado a projetos ou a dispositivos de projetos
de lei atinentes matria a ele constitucionalmente reservada. Para
fundamentar o seu trabalho, parte da etimologia da palavra "sano", ao
mesmo tempo em que salienta a origem histrica e as linhas gerais de
evoluo da sano do Chefe de Estado no procedimento legislativo
monrquico e republicano. Ao tratar da insero da sano no procedimento
legislativo, entende que a sano designa a participao do Chefe de Estado
no procedimento legislativo de carter constitutivo da lei, "uma vez que
requerida para a perfeio da lei; ao passo que aquela outra atividade
semelhante, mas de natureza diversa, designada pelo termo veto, intervm
na fase de aquisio de eficcia de uma lei j perfeita, como no
ordenamento constitucional italiano".
Este trabalho consegue realizar uma verdadeira teoria geral da
sano, considerando-a sobre os diversos aspectos, ressaltando a sua
importncia no procedimento legislativo.
Prefcio
Redigida h praticamente dois anos, como tese de doutoramento em
filosofia do Direito, junto aos cursos de ps-graduao em Direito da
UFMG, a obra teve como ttulo original Da eficcia do instituto da sano
no procedimento legislativo brasileiro luz da teoria geral da participao
do Chefe de Estado na formao da lei, que, embora, por demais longa,
retratava, com preciso, o objeto e a finalidade da pesquisa. Aparentemente
pontual o estudo acerca da sano no procedimento legislativo, contudo, por
sua centralidade na configurao constitucional do papel reservado ao Chefe
de Estado, permitiu a recuperao de textos, doutrinas e vivncias
constitucionais que perfazem a histria do constitucionalismo desde os seus
primrdios at os dias de hoje, com a afirmao universal do Estado
Democrtico de Direito, da democracia pluralista e participativa. Talvez,
precisamente a pontualidade do tema e a finalidade de compreenso
normativa da pesquisa tenham requerido que evitssemos pressuposies
desenvolvimentistas que implicassem a reduo da complexidade dos vrios
contextos em que se inseriu o instituto, emprestando feio prpria e
especfica a cada um deles, e atribuindo pesquisa carter, por assim dizer,
arqueolgico, viabilizandoo resgate de raros objetos da poca.
O tema requereu a anlise das doutrinas acerca das relaes entre
chefia de Estado, chefia de Governo, Parlamento e Representaco poltica,
tanto em monarquias, repblicas, democracias e ditaduras, qu&to nos
sistemas parlamentar e presidencial de Governo. Exigiu, portanto, toda uma
ordem de anlises e reflexes acerca dos mais abstratos e fundamentais
princpios asseguradores das formas de governo da modernidade, bem como
das regras operacionais configuradoras dos sistemas de governo, ambas nos
quadros mais amplos das simbologias ideolgicas dos regimes polticos.
Tais anlises vm atestar, para alm da importncia estrutural desta
pesquisa, a sua oportunidade conjuntural, por nos encontrarmos s vsperas
da realizao do plebiscito para a definio da "forma (sic., art. 2"o
Ato
das Disposies Constitucionais Transitrias) e do sistema de Governo" a
serem acolhidos no Pas.
Igualmente oportuna parece-nos a recolocao das questes
atinentes ao procedimento legislativo ein bases doutrinrias slidas e
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Introduo
A sano do Chefe de Estado no procedimento de formao
da lei dos mais antigos institutos do Direito Constitucional, visto
que contemporneo dos albores do Constitucionalismo. Acolhida no
Brasil desde a Constituio do Imprio de 1824, sob o modelo da
Constituio monrquica da Frana de 1791, sofre o influxo do
modelo norte-americano nas Constituies republicanas. Embora o
instituto tenha sido objeto especfico da reflexo de autores como
Hegel, Laband, Jellinek, Carr de Malberg e Biscaretti di Ruffia,
para citar apenas os de maior renome, tema praticamente ausente
na literatura jurdica do Brasil republicano. As rpidas referncias ao
instituto existentes nessa literatura apresentam carter meramente
descritivo e tautolgico, prescindindo de qualquer estudo mais
profundo sobre a sua natureza, o seu modo de insero no procedimento legislativo e as suas conseqncias jurdicas. Por outro
lado, h vrios estudos monogrficos sobre o instituto que autores
denominam veto, compreendendo nessa expresso, genrica e
difusamente, toda e qualquer participao do Chefe de Estado no
procedimento legislativo que tenha o condo de impedir ou retardar,
indiferentemente, seja a formao mesma da lei, seja a aquisio de
eficcia de uma lei j perfeita. A seduo exercida sobre essa
doutrina pelos salientes aspectos polticos dessa participao
negativa genrica foi tamanha que terminou por relegar, sombra, a
anlise propriamente jurdica do tipo de instituto acolhido no Brasil
em toda a sua inteireza. Talvez a ausncia de uma abordagem, no
s no que se refira ao nosso tema, mas de todo o procedimento
legislativo, enquanto contexto em que ele necessariamente se insere,
a partir de um enfoque cientificamente orientado para uma reconstruo normativa sistmica- ou seja, jurdico-doutrinria e no
apenas emprico-descritiva e no mais das vezes meramente tautol-
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Captulo I
A SANAO DO CHEFE DE
ESTADO NO PROCEDIMENTO
LEGISLATIVO COMO OBJETO
DA SOCIOLOGIA JURIDIC A QUADRO
HIST~RICO-COMPARATIVO
Malouet. 1791
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BOMPARD, Raoul. Le veto du Prsident cle lu Rpublique et lu Saizction Royale. Paris: Artliur Rousseau diteur, 1906. p. 16.
BOMPARD, Raoul. Op. cit., p. 23-24.
Vrias particularidades da Histria inglesa so devidas ao de unia
classe social que g'anha, na poca, contornos tipicamente insulares, a
pequena nobreza, cliainada geiztry em oposio alta iiobreza,
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ond l'objet de notre examen, sont le roi, qui y sige dans son caractre politique royal, et les trois tats du royaume, savoir: les lords
spirituels, les lords temporels (qui les uns et les autres sigent avec le
roi dans une Chambre), et les communes, qui sigent dans une
Chambre spare. Le roi et les trois Etats forment, par leur runion,
la grande corporation, le corps politique du royaume, dont le roi est
Ia tte, le principe et le fin, caput; principium etfinis (...) I1 est trsncessaire, pour maintenir la balance de la constitution, que le
pouvoir excutif soit une branche du pouvois lgislatif, quoique san
tre le pouvoir lgislatif entier, Nous avons cru que leur runion
une mme main conduirait la tyrannie: leur sparation ab
produirait la fin les mmes effets, eii amenant cette runion me
laquelle on aurait cru mettre ob~tacle"(*~).
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SANTAMA-,
J.A. Op. cit., p. 913.
MEL0 FRANCO, Afonso Arinos de. O Constitucionalismo de D
Pedro I no Brasil e em Portugal. Rio de Janeiro: Ministrio da Justi~al
Arquivo Nacional, 1972.
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s poderia ser exercida "quando e pela maneira que a lei fundamental lhe marca: logo, antes dessa lei fundamental estar organizada,
antes de estar determinado o modo por que a Dignidade Eminente h
de exercer as suas funes nas relaes marcadas, corno as exercer
ele? De modo nenhum. E a quem pertencer, pois, esse poder? A
nenliuma outra autoridade que no os representantes da Nao, que
tm dela recebido todo o poder para formar a Constituio do
Estado". Manuel Caetano fere de forma incisiva o cerne da questo.
Discutia-se, na realidade, a questo da soberania. E encontra
resposta, bem mais consistente com a realidade do momento, nos
argumentos trazidos colao pelo discurso liberal conservador, ou
Para este, "de
melhor, liberal doutrinrio, de Carneiro Campos(53).
nada menos nos ocupamos do que examinar se, negando ao
Imperador a sano nas leis regulamentares ou administrativas que
decretarmos nesta Assemblia, ns, com efeito, o despojamos de um
direito essencial e inseparvel do carter sagrado do Monarca de que
ele se acha revestido. Se, procedendo assim, ns alteramos a forma
do governo decretada pela Nao? (...) quando, para um semelhante
fim, nos congregamos nesse augusto recinto; j ento ns tnhamos
ajustado e firmado o nosso Pacto Social, j formvamos uma Nao
e s nos restava especificar as condies indispensveis para fazer
aquele Pacto pacfico, estivek e firme (...) S a Nao possui
realmente a soberania, porque s nela reside a unio de todos os
Poderes polticos (...) Ela nos delegou somente o exerccio do Poder
Legislativo e nos encarregou de formarmos a Constituio de um
governo por ela j escolhido e determinado; pois, muito antes de nos
eleger para seus representantes, tinha j decretado que fosse
Monrquico Constitucio~iale Representativo o Governo que a devia
reger. Ela tinha j nomeado o Sr. Dom Pedro de Alcntara seu
Supremo Chefe, seu Monarca, com o ttulo de Imperador e Defensor
Perptuo. Estas bases jamais podem ser alteradas pela Constituio
que fizermos; ou por qualquer decreto ou resoluo desta Assemblia
(...) da essncia do Governo Monrquico Constitucional e
Representativo que o Chefe Supremo da Nao, o Monarca, tenha tal
ingerncia no Poder Legislativo, que as leis por este decretadas no
possam ser promulgadas e executadas sem a sano do Monarca?
Parece-me que limitada a questo s leis administrativas e
regulamentares e no aos artigos constitucionais, ningum deixar de
(55)
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Madrid:
(57)
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(59)
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(61)
Representao ?
Assemblia
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Geral Constituinte e Legislativa do
Imprio do Brasil sobre a Escravatura. In: SOUZA, Octvio Tarqunio
de. O pensamento vivo de Jos Bonifcio. So Paulo: 1944.
PIMENTA BUENO, Jos Antnio. Direito Pblico Brasileiro e
Analyse da Constituio do Imprio. Rio de Janeiro: Villeneuve e C.,
1857. p. 49.
(62)
(63'
(64)
(65)
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A indagao sobre se a participao da Coroa no procedimento legislativo deveria revestir-se de carter absoluto ou
suspensivo, Aprgio Justiniano da Silva Guimares responde com
nfase, em artigo publicado na revista O Direito, que a sano
concedida de forma absoluta ao Monarca seria a negao do
princpio da soberania nacional, que tambm inerente forma de
governo monrquico constitucio~~al,
e conclui que a disposio do
art. 65 da Carta do Imprio respeitadora do elemento cardeal dos
governos repre~entativos'~~).
No entanto, embora do ponto de vista
formal assista-lhe razo, no podemos esquecer que, consoante ao
que dispunha o art. 13 da Carta, o tempo de uma legislatura era de
quatro anos; supondo-se a sano denegada a um projeto de lei no
incio de uma legislatura, na hiptese de no haver dissoluo da
Cmara, poderia levar onze ou mesmo doze anos para que esse
projeto enfim se tornasse lei.
De outra vertente, Francisco Pinto Pessoa, buscando responder indagao de se saber se o Monarca seria parte integrante
do Poder Legislativo como um de seus ramos, conclui que "a Coroa
dos trs ramos do Poder Legislativo o mais importante, e tanto a lei
fu~idamental do Estado, como a razo poltica provam
exuberantemente esta verdade (...) Quem querer um forasteiro por
seu legislador? o Monarca, por ser Monarca, no deixa de ser homem
para que abdique do amor de sua prole. Na elevada posio em que a
Nao o colocara, mantida e reproduzida a sua grandeza em sua
dinastia pelo princpio da hereditariedade, ele no tem riquezas a
acumular, novas posies a ganhar, grossos tesouros a transportar em
momentos crticos para pases estrangeiros: a paz, a segurana
interna e externa, a grandeza e prosperidade da Nao so o objeto
de seus desejos e esforos, porque so seus nicos interesses, a sua
glria e o legado precioso e sem igual, que tem de deixar aos seus
augustos filhos; a Nao, portanto, est perpetuamente identificada
com ele, e ele todo da Nao, fuso bela e magnfica, que
consolida a aliana de que a princpio falei (...) A nossa
Constituio, no art. 12, proclamou, como dogma, que todos os
Poderes polticos so delegaes da Nao. No art. 13 delegou o
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(68)
(69)
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menos senhora do segundo, porque esse depende dos costumes. Antes da inviolabilidade legal h uma inviolabilidade moral, sem a qual
a primeira intil, porque no pode deixar de desaparecer se
prescindirmos da outra (...) No bastante impor o silncio ao
ultraje, resta formar os costumes da Monarquia Constitucional, que
no so os da Monarquia Absoluta. A identidade do Prncipe com a
instituio, isto , com a Ptria, a idia-me donde devem sair
nossos costumes modernos. E propagando esta doutrina, tornando-a
vulgar, que habituaremos os espritos a no separarem mais o
Prncipe do Pas, e que a piedade para com a sua pessoa torna-se-
espontaneamente uma parte do nosso patrimnio. V-se pois, como o
termo sagrado longe de ser um intil sinnimo do seu antecedente,
acrescenta-lhe alguma cousa mais"(73).Dessa forma, conclui que o
Imperador do Brasil, "filho de uma Constituio organizada sob os
auspcios da Santssima e Indivisvel Trindade; estabelecido Chefe e
primeiro representante de uma Nao catlica, e devendo ele
mesmo, antes de ser aclamado, prestar o juramento de manter a
religio do Estado (arts. 5% 103 da Constituio), no podia (...)
deixar de ser ungido com o leo santo, e tornar-se verdadeiramente
sagrado, continuando assim as gloriosas tradies dos Reis
fidelssimos, seus augustos antepassados. E desta maneira vem a ser
a inviolabilidade de sua p e s s v m dogma ao mesmo tempo poltico
e religioso para os brasileiros. S a religio, em verdade, pode dar
aos dogmas sociais uma sano eficaz; s ela, com sua virtude
divina, pode proteger e santificar todas as instituies civis e
polticas. Tirai o princpio religioso, diz por isso Lorieux, e as
formas de governo no sero mais do que o resultado da fora;
.\,poder-se- dispensar de reconhec-las, poder-se- muda-las ?i
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&:vontade,logo que se for assaz poderoso para faz-lo impunemente.
Como achar fora de Deus a razo do dever, o princpio de
obrigatoriedade que submete as vontades at ento independentes a
outras vontades iguais? Que direito possui o homem naturalmente
sobre o homem? S o Cristianismo, ensinando que o poder de
Deus, e que ele tem como regra a lei divina, explica o direito de
mandar e o *ver de obedecer. Ele firma o poder e enobrece a
obedincia'^^^)!^^ mesmo sentido, embora sem revelar o fervor
religioso que o poderia mover, o Visconde do Uruguay afirma que a
mxima "o Rei reina, mas no governa" no tem nem pode ter um
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(73)
76
carter abstrato e absoluto, mas " questo que somente pode ser
examinada e resolvida, tendo-se em vista as instituies positivas de
cada pas"(7S).Logo a seguir, o Visconde passa a examinar quais
seriam as conseqncias pressupostas na referida mxima: a)
Excluso da ingerncia do Rei - Poder Executivo, ou Chefe do Poder
Executivo pela Constituio - no Governo, no Poder Executivo, o
que j em si mesmo um absurdo; b) Governo exclusivo das
maiorias das Cmaras, e particularmente da dos Deputados, e dos
Ministros agentes do Executivo, sistema que em certos casos, em
certas circunstncias, com certos homens raros, pode marchar por
algum tempo, mas que no pode ser permanente, e que muitas vezes
pode deixar de representar a vontade nacional"(76).Confrontando tais
conseqiicias com o texto da Carta Imperial conclui que "a mxima
- o Rei reina e no governa - 6 completamente vazia de sentido
para ns, pela nossa Constituio. O Imperador exerce as atribuies
que a Coilstituio lhe confere, e essas no podem ser entendidas e
limitadas por uma mxima estrangeira, contestada e repelida i10
prprio pas, nas guerras de pastas em que a pretenderam fazer
vigorar"(77).Assim, podemos dizer que, luz das atribuies que a
Carta outorgara ao Monarca iio Imprio do Brasil, a mxima,
distintamente melhor, seria enunciada sob a forma: O Imperador
reina, legisla, governa e administra.
No terreno da prtica, a doutrina registra uma-nica recusa de
sano em todo o loiig__perodo de vigncia da Carta deA2&,,
fundando-se exclusivamente no que informa o debate havido na
sesso de 27 de junho de 1832 entre o Senador Vergueiro e o
Marqus de Cara~ellas(~~).
Tratava-se de um projeto que abolia os
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bill iiito law, presideiits in recent years have adopted the practice of
offering interpretations of various provisions in the bill that effectively amend the bill to bring about wliat tlie presideiit aiid his advisers coiisider a constitutioiial result". Fislier acrescenta a seguir a
declarao do Presidente Reagan, de 28 de outubro de 1.986, quando
da sano de um projeto acerca da cobrana de dbitos federais e,
efetivamente, resulta clara a exorbitricia da interpretao oficial que
se quer legislativa. ("O).
Muito embora, em virtude do mesmo
princpio da separao dos poderes, ao Presidente da Repblica no
tenha sido reservada, do ponto de vista jurdico, qualquer iniciativa
no que se refere ao procedimento legislativo, e em que pese o fato de
a maior parte da doutrina norte-americana sobre Government
orientar-se antes por aspectos sociolgicos e polticos do que
propriamente jurdicos, mesmo na maior parte dessa literatura que
reala a conquista crescente da supremacia poltica do Presidente
sobre o Congresso, possvel reconhecer anlises mais propriamente
jurdicas, como a de Cooley, acima transcrita. Nessa mesma
vertente, Ogg e Ray registram que "the President shares iii the legislative power through Iiis veto" e que "we shall see how tlie President
by equally explicit constitucio~ialprovision sliares in tlie work of law
making"; Bruce constata que "constitucional provision for tlie veto
makes the President a direct participaiit in legi~latioii"(~").
A lista de
julgados da Suprema Corte norte americana a respeito da seo 7"o
art. 1Wa Constituio relativamente longa Desde o primeiro leading case, Hollingswortli v. Virginia, julgad em fevereiro de 1.798,
at o mais recente, considerado um dos casos picos do
coiistitucionalismo norte americano, o caso Immigration and Naturalization Service v. Chadlia, julgado em junho de 1.983, a Suprema
Corte vem reiteradamente afirmando a natureza legislativa da
participao do Presidente no procedimento de formao da lei
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represents ihe Framers' decision tliat the legislative power of tlie Federal Power be exercised in accord with a single, finely wrought and
exhaustively considered, procedure" (United States Reports. Cases Adjudged in The Supreine Court. Washington: 1.986, v01 462, p. 919 a
1.016). Ver ainda sobre o Caso Cliadlia: CRAIG, Barbara Hiiikson.
Chadha, The story of an epic constitutional struggle. Berkeley: University of California Press, 1.990. Na pesquisa que realizamos na
biblioteca do Congresso norte-americano no encontrainos qualquer
referncia ao caso Edwards v. United States que, segundo Octaclio
Alecrim, teria sido julgado pela Suprema Corte em 1.923 e neste
julgamento, por deciso unnime, teria sido sufragado o enteridinlento
de que "o Presidente, na siia funo de aprovar uma lei (sic), no
parte integrante do Poder Legislativo" (Alecrim, Octaclio. O sistema
do veto nos Estados Unidos. Rio: Instituto de Estudos Polticos, 1.954,
p. 83 a 85).
MANSFIELD, Harvey C. The Dispersion of Auihority. In. Congress
Against the President. New York: The Academy of Political Sciences,
v01 32, nQ1, 1975. p. 1-19.
obtiver dois teros dos sufrgios presentes. Neste caso, o projeto ser
remetido outra Cmara que, se o aprovar pelos mesmos trmites e
pela maioria, o enviar como lei ao Poder Executivo para a
formalidade da
Por outro lado, revelando a tradio imperial que no deixava
de continuar a informar as concepes dos constituintes, ainda que
de forma inconsciente e inadvertida, ---o art. 16 -explicitava que "O
Poder
--*I- Legislativo
---exercido
- -- -- pelo Congresso
Nacional com a sano
- -- ~do Preside~~te
da Re~blica"('~~).
comentando ~'dispositivo, Joo
Barbalho Ucha Cavalcanti diz: "O Presidente da Repblica o
Chefe eletivo e responsvel da Nao (arts. 41 e 53) e assume o
compromisso de manter e cumprir a Constituio, promover o bem
geral da Nao, executar suas leis, sustentar-lhe a unio, a
integridade e a independncia (art. 44); mal poderia ele desempenhar
to rdua tarefa, se tivesse que ficar alheio feitura das leis (...) Essa
faculdade lhe dada na aribuio que tem de sancionar ou vetar as
resolues legislativas (art. 37, 1" e, sem que tenha ela sido
exercida, as deliberaes do Congresso no tero o carter de lei. Da
se depreendem a importncia e grandes vantagens dessa prerrogativa.
A palavra e o conselho do dto funcionrio no interesse pblico no
so de pouca valia e contribuio muitas vezes para o
aperfeioamento ou para a supresso de medidas legislativas que
caream de correo ou sejam inoportunas e inconvenientes. Vai
nisso uma inestimvel garantia; trata-se de amparar assim a liberdade
e direitos dos cidados contra medidas no fundadas em
convenincia pblica ou a ela contrria, e de abroquelar o Poder
Executivo contra as invases do Legislativo, levando-o a considerar,
de novo e com pausa, a matria e habilitando-o a melhores deliberaes"(l16).Ora, patente a semelhana da justificao apresentada
pelo ilustre comentarista para a adoo do instituto na Constituio
de 1891, com a daqueles que legitimavam a sua atribuio ao Poder
Moderador, na Carta do Imprio do Brasil de 1824. Inclusive, a $..
utilizao dol-_o p_rerrogg&d palavra carregada de conotaes
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insofi~mvel~'~~).
Embora bastante enriquecidas por matizes locais,
possvel reconhecer, nessas Constituies, as linhas mestras do
iiistituto curiliado na Conveno de Filadlfia. A Constitui~oda
Argentina,
-- de 1853, por exemplo, e aquelas que se localizam em sua
rea de influncia, como a do Paraguai, provavelmeiite buscando
maior fidelidade aos pri~icp&srepublicanos, ainda que de forma
meramente aparente e nominal, reservaram o emprego do termo
sano, a iiosso ver sem qualquer fundamento mais rigoroso,
aprovao do projeto pela Cmara revisora ou, de forma difusa,
aprovao concorde de arnbas as Cmaras, referindo-se, por outro
lado, apeiias aprovao do projeto de lei pelo Presidente da
Repblica. Nessas Constituies, unnime a atribuio do sentido
de aquiescncia ao projeto ausncia de manifestao do Presidente
da Repblica, em um lapso de tempo variavelmente fixado na
Constituio, pelo que procedem igualmente ao acolhiineiito da
chamada sano tcita. Bastante difundida, nessas Constituies, a
admisso da possibilidade de o Presidente da Repblica, em sua
mensagem motivando a negativa, sugerir alteraes ao texto do
projeto, sendo que3 Constituio da Rgpfiblig OrieGl do Uruguai,
por exemplo, cliega a prever, no pargrafo nico do art. 138, a
aprovao das alteraes sugeridas pelo Cliefe de Estado por mero
decurso de prazo (sessenta dias), fixando, ainda, 110 art. 139, que o
quorum de ratificao das alteraes parciais sugeridas o da
L-
w-
Consultar:
Coizstitzliodo Brasil e Constituies Estrangeiras, op. cit., vol I:
p. 203-4. Constituio da Nao Argentina, de 1853, arts. 69,70 e 72;
p. 254-5 - Constituio Poltica da Repblica do Chile, de 8 de outubro
de 1981, arts. 69,70 e 72.
Constitliio do Brasil e Constitiiies Estra~zgeiras,op. cit., vol. 11:
p. 601-2 - Constitiiio Poltica dos Estados Unidos Mexicanos, de 31
de janeiro de 1917, art. 72, alneas a, b e c;
p. 679-80 - Constituio da Repblica do Paraguai, de 25 de agosto de
1967, arts. 155, 156,157 e 158;
p. 728 - Constituio Poltica do Peni, de 12 de julho de 1979, art. 193;
p. 986-87 - Constituio da Repblica Oriental do Uruguai, de 24 de
agosto de 1966, arts. 136,137, 138,139,140 e 141.
Constituies Estrangeiras, Brasilia: Subsecretaria de Edies
Tcnicas do Senado Federal, 1987, v01 2:
p. 36-7 - Constituio da Repblica da Costa Rica, de 7 de iiovembro
de 1949, arts. 124, 125 e 127;
p. 91-2 - Constituio da Repblica da Nicargua, de 19 de novembro
de 1986, arts. 141,142 e 143.
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Captulo I1
A SANAO DO CHEFE DE
ESTADO NO PROCEDIMENTO
LEGISLATIVO COMO OBJETO
DA FILOSOFIA POLITICA E DA
TEORIA GERAL DO DIREITO
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Modeme. Revtie Internationale de Droit Cainpar,
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Ibideni, p. 152-153.
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sociedade de desiguais, baseada na diferenciao liierrquica, na presena de ordens ou classes privilegiadas, s quais so confiados, com
exclusividade, os cargos do governo, e que retm o Poder Pblico tt,
nas suas vrias expresses. O sentimento de honra no de todos
nem para todos: a mo10 daqueles a quem o Soberano confia a
direo do Estado, e que, por isso, constituem grupos limitados e
privilegiados"(&+,
E com base em tais caractersticas do pensamento
de Montesquieu que Hegel critica tal concepo de Monarquia como
ainda tributria das instituies pr-modernas, na nota ao pargrafo
273 dos Princpios da Filosofia do Direito. Se o princpio que
Montesquieu atribui Monarquia a honra, deve-se isso ao fato de
ele no considerar nem a antiga Monarquia patriarcal nem a que
evolui at Constituio objetiva, mas apenas a Monarquia feudal,
aquela em que as relaes do direito interno se cristalizam em
propriedades privadas legais e em privilgios de indivduos e
coiporaes. Como na Constituio de tal Monarquia toda a vida do
Estado se fuiida em pessoas privilegiadas, como dos caprichos delas
depende o que exigido pela existncia do Estado, o contedo
objetivo dos servios no definido por deveres, mas por
imaginao e por opinio. Por isso a honra e no o dever que
assegura a unidade do E~tado'~).
Tambm a liberdade, cujo conceito,
herdado de L ~ c k e ( '~ reafirmado
)
por Montesquieu em sua clebre
frase: "A liberdade o direito de fazer tudo o que as leis
permitem"(11),caracterizado por Benjamin Constant como a liberdade
negativa dos modernos, se confrontado com tais premissas tericas,
termina por revelar o seu contedo positivo??^ medida que
relacionamos o conceito negativo de liberdade com a estrutura da
sociedade e do Estado pressupostos por Montesquieu, podemos
desvelar a face oculta e positiva do conceito, como sendo a
possibilidade de agir com base nas prerrogativas e usufruir dos
privilgios historicamente herdados, consoante situao de cada
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Princpios da Filosofia do Direito, dikIeg& ' ~ o n s t i t u i opoltica , em primeiro lugar, a organizao do Estado e o processo da
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em relao consigo mesmo. Neste proc_esso,*
distingue o Esta* OQ-s elemento no interior de si mesmoce
desjenvolve-os em existncia fixa9*ls)!bra, se a Constituio a
estrutura poltica orgnica e viva de uma sociedade determinada, s
suas formas histricas correspondem as formas de governo. Como
g e l i a n a de gvefiiof
ressalta B o b b i 0 ( ~ ~ ) , ~ S S 1 f i c ~ o ~ h ~das-formas
diretameng tribut-ia daquela- empreendida por Montesquieu. A
distino tipolgica clssica, assentada sobre o critrio quantitativo
do nmero de governantes - Monarquia, Aristocracia e Democracia
- e reduo operada por Maquiavel no binmio Monarquia e
Repblica, passando a considerar o governo de um s (pessoa fsica)
em oposio ao governo de assemblia (pessoa moral), fosse ela
integrada por nobres (Repblica aristocrtica) ou apresentasse natureza popular, no sentido fiorentino (Repblica democrtica),
Montesquieu Iiavia contraposto a-dis&no terria; Despo@m_o,
Monarq"i5
-.- e ~ e ~ b l j & Monarquia
a?~
distinguir-se-ia do Despotismo
no mais pelo critrio quantitativo do nmero de governantes, j que
arnbas seriam governos de um s, mas pelo critrio qualitativo da
prpria estrutura social subjacente. Para Montesquieu, a Monarquia
propriamente dita se distinguiria do Despotismo pela existncia de
corpos intermedirios que obstavam a concentrao do Poder
poltico
--nas mos do nico governante?kjegel acolhe a tipologia de
Montesquieu a ponto de adot-la como o principal critrio para a
descrio do movimento do Esprito absoluto na histria, enquanto
_aquelas figuras mais gerais por ele assumidas na passagem de uga
de gove-o para outra, de um estgio da civilizao
-forma
outro: o Despotismo oriental, a Repblica antiga e a Monarquia _
moderna. Assim que Hegel afirma, na nota ao 5 3 V o s Princlpios
da ~ilo>ofiado Direito, que "foi Montesquieu quem definiu a
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E 6 precisamente nas Monarquias Constitucionais propriamente ditas, na Frana das Cartas de 1814 e 1830, da primeira e
da segunda restauraes monrquicas, nas Monarquias alems
reunidas em federao em 1871, qiue a doutrina do Direito Pblico
buscar erigir em conceito preciso a sano do Cliefe de Estado
monrquico na formao da lei, consoante s linhas mestras da
concepo hegeliana da distinZlo dos Poderes estatais como
momentos de uma mesma uiiicrlade orgnica, nos quais se
especializam as funes pblicas tinidas pela pessoa do Monarca,
enquanto personificao do Estado, nico rgo capaz de dotar as
manifestaes estatais do carter (de solenidade, universalidade e
imprio que, por natureza, requerem.
Vejamos agora como essa doutrina, mormente na sua
manifestao jurdica mais sofisticada - a doutrina alem da Teoria
Geral do Estado - enfocou o nosso instituto.
articulado/^
peuple, non sur Ia loi sur laquelle ils auraieiit tort, mais sur l'poque
qui semble leiir donner raison. Prenons pour exeinple 1111 dcret fameux
et funeste, celui qui atteignit les prtres en 1792. Si le roi eut pu lui
opposer un veto absolu, la seule question eut t la bont intrinsque de
la loi; et certes, i1 n'eut pas t dificile d'en prouver l'injustice. Mais le
roi n'tant investi que du veto suspensif, on n'examinait plus Ia loi en
elle-mme; on disait: Les prtres agitent Ia France aujourd'hui, et le roi
refuse de les rprimer avant deux ans."
CHATEAUBRIAND, Frangois R. Lu rnonorcliie selon la chartre in
Oelcvres de Chateaubriand, tomo XV, Paris: Dufour Mulat et Bolanger
Editeurs, 1891. p. 1421143:
"L'initiative et la sanction de la loi sont visiblemerit incompatibles; car,
dans ce cas, c'est la couronne qui approuve ou dsapprouve son propre
ouvrage. Outre l'absurdit du fait, la couronne est ainsi place dans une
position au-dessoiis de sa dignit: elle ne peut confirmer un projet du
loi que les ministres ont dclar tre le fruit des mditations, avant que
les pairs et les dpiits n'aient examin, et pour ainsi dre approuv ce
projet de loi. N'est-i1 pas plus noble et plus dans l'ordre que les
Cliambres proposent Ia loi, et que le roi la juge? 11 se prseiite alors
comme le grand et le premier lgislateur, pour dire?'cela est boiz, cela
est mauvais; je veux ou je ne veta p a s y ~ l ~ a c uconserve
n
son rang: ce
n'est plus un sujet obscur qui s'avise de contrler une loi propose au
nom du souverain maitre et seigneur.
L'initiative, loin d'tre favorable au triie, est donc antimonarchique,
puisqu'elle dplace les pouvoirs: les anglais l'ont trs-raisoimable~nent
attribue au Chmnbres".
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I
(33)
2.3.1
9.
'%Q 758.
mande contemporaine. In: RDPSPFE. tomo 22, 12' ano. 1905. p. 717-
Estados federados tinha a sua prpria Constituio e, portanto, organizao poltica especfica, gozava de autonomia e, inclusive, do
direito de enviar e receber embaixadores e de firmar contratos
internacionais, desde que limitad g aos negcios particulares e
restritos do Estado contratante"(37' Buscaremos traar uma sntese
das teorias s diversos autores r felrentes s distintas Constituies
monrquicas. \Ora, variando as limilaes constitucionais que cada
Soberano se i ps, variam com elas os diversos tipos de Monarquia
Constitucional que ali tiveram lugar, apresentando uma gradao que
vai da Constituio do Reino da Baviera, por exemplo, uma das mais
prximas da Monarquia Absoluta, passando pelas Coiistituies dos
dois Gro-Ducados Mecklem-burgueses, que se encontrariam
precisamente no centro da escala, at a do Gro-Ducado de
Oldemburg, que se localizaria na ouika extremidade, como uma das
mais liberais. Contudo, no consiste apenas no nmero e na
importncia das limitaes que o prprio Monarca se imps a
diferena entre tais C nstituies monrquicas, j que todas foram
outorgadas. Portanto embora os detalhes do direito positivo variem,
a doutrina reconhece os mesmos princpios fundamentais na base de
todas as Monarquias alems, o que permite, tambm, como o faz
Bartlilemy, apresentar, basicamente, como uma nica construo
jurdica, a sntese das teorias que autores de nacionalidades diversas
forjaram a partir das Constituier; particulares. E esse mesmo
tenha contribudo para que a Teoria Geral do
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constitucional^ Q t( ,
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(40)
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(43)
ao advento de um Estado - a U.R.S.S., que nega co~~stitucionalmente, de forma expressa, os doginas liberais da propriedade privada
e da liberdade, tal como postos, enquanto alicerces de toda a
doutrina clssica, torna-se necessrio aos Estados de democracia
clssica proceder ampliao das tarefas desse mesmo Estado, agora
instrumento de planejamento, interveno e assistncia econmicosocial. Nessa nova configurao histrica assumida pelo Estado, no
mais poderia subsistir inclume a clssica Teoria da Separao dos
Poderes, inerente ao Estado liberal, da a adoo, absolutamente
prevalente, com o tempo, da doutrina da escola alem da Teoria
Geral do Estado que a reconstura nos moldes indicados por Hegel,
embora em terreno agora tendencialmente democrtico, enquanto
mera distino das funes estatais que se interpenetram,
necessariamente, em proveito da necessidade de governos fortes que
promovam uma maior centralizao do Poder poltico, possibilitando
o desempenho desses novos papis, ao viabilizar decises polticas
coerentes entre si e dotadas
rapidez e agilidade requeridas pela
realidade eco~imico-social2 feliz destino de uma doutrina,
contudo, no prova mais do que o fato de que a mesma foi
considerada como tradutora da verdade de um determinado perodo
histrico, e no que co stitua uma verdade absoluta eternamente
vlida por si mesma./~lis, o nosso momento presente, de
redefinio de um novo liberalismo, vem colocando em xeque as
verdades constitucionais desde ento assentadas e desenvolvidas.
Dessa forma que, para entendermos o tratamento reservado ao
instituto da sano por essa escola, no podemos anacronicainente
tomar a sua Teoria das Funes do Estado como verdade absoluta,
porque historicamente aceita durante dcadas aps a sua formulao
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(46)
163
elementos, apenas o Rei uma pess a, portanto, apenas ele pode ser
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o titular da soberania: l'~errscher?lomo
observa, porm, Georg
Meyer, registra Barthlemy, necessrio que no nos deixemos
enganar sobre a absoro desses direitos do Monarca sobre a
populao e sobre o territrio. Anteriormente, as relaes do Rei
com tais elementos revestiam-se da forma patrimonial do Direito
Privado. Na etapa do Direito Pb1ic:o alemo de ento, no mais os
sditos considerariam o Rei como estando acima do Estado; ele no
o senhor do Estado, mas rgo localizado em seu vrtice, ele est
no Estado, dentro dele. Ainda assimi, contudo, se ele exerce o Poder
do Estado, em virtude de um direito prprio, no em representao
de uma outra suposta pessoa, como teria ocorrido com os onarcas
dos pases que admitiam o princpio da soberania popular.
No organismo da Monarquiia Constitucional, 110 entanto,
admite-se um rgo de representaiio popular, o Landtag que, seria
um Volksvertretung, pois resultoui vantajoso em dado momento
histrico admitir que os governados participassem, em certa medida,
do Governo. Essa participao seria justificada apenas por motivos
de ordem prtica, porquanto se asseguraria, por seu intermdio, uma
maior impessoalidade e objetividade ao Governo real, abrigando o
interesse pblico dos eventuais caprichos, do liumor, ou mesmo da
virtual incapacidade da pessoa do Soberano. Tambm para facilitar o
exerccio do Governo e visando consecuo de uma submisso
mais perfeita dos sditos, acreditou-se ser aconselhvel que esses
mesmos sditos fossem chamados a exercer alguma influncia sobre
a formao da vontade soberana. Encontraramos, assim, como
fundamento da Volksvertretung, meros motivos polticos, mas no a
exigncia de um princpio lgico-jiurdico. O objetivo poltico, diz
Bornhak, suficiente para a constnio jurdica de uma instituio.
E foi exclusivamente para responder a tais fins polticos que o
Monarca Constituinte criou o Landtag, a Volksvertretung, e assim,
portanto, seria diretamente da C'onstituio, como um direito
constitucional e especificamente a ella atribudo, que a Representao
Popular receberia as suas competncias. Semelhante concluso
poderia, primeira vista, parecer indicar que as Cmaras de
Representao Popular se encontrariam no mesmo nvel dos
Monarcas, no entanto no seria bem assim. Quando afirmam que o
Landtag encontra o fundamento de seus Poderes exclusivamente na
Constituio, tais autores o fazem apenas para concluir que no seria
do povo que ele os recebe. Objelo pessoal do Poder estatal, os
Unterthaner, os sditos ou cidados, no tm qualquer direito
prprio que llies garanta o exerccio de influncia sobre as atividades
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como uma Monarquia, razo pela qual no era atribuda ao Imperador a prerrogativa da sano das leis imperiais. A confeco dessas
leis, segundo o art. 5" 2O, da Constituio do Imprio, vinha
encomendada apenas ao Reichstag e ao Bundesrat. Para Laband,
portanto, a distino intervm, precisamente, ao qualificar
distintamente as atividades exercidas a propsito por cada uma
dessas Assemblias. Como ensina Donati, o Poder Legislativo do
Imprio era atribudo ao Bundesrat ou Senado Federal, Conselho dos
Estados-membros, e ao Reiclzstag, a Assemblia de Representao
Popular. O Bundesrat o rgo supremo do Imprio, composto por
delegados dos Estados-membros, os quais no eram caracterizados
como Deputados parlamentares, mas como plenipotencirios em uma
conferncia diplomtica, enquanto vinculados por um mandato
imperativo e responsveis pelo voto emitido. Os Estados-membros
eram representados no Bundesrat por um nmero variado de votos. A
Prssia contava dezessete representantes; a Baviera, seis; a Saxnia e
o Wurtemberg, quatro, cada um; o Baden e a Axia, trs, cada um; o
consiste en tina esfera libre, limitada por las leyes, pero no e11 cuanto a
su conteliido, y prpria para una direcciii a las acciones de1 Estado;
sancionar las leyes, decidir librernente 10 qiie deve ser e1 derecho,
dispoiier asirnisino libre faculdad en 10 que respecta a las relaciones
internacionales, acordar 10s tratados sobre la guerra y Ia paz, gozar de1
mando siiprerno de1 ejrcito, de1 nombramieiito de 10s Ministros y otros
funcionarios y de1 derecho de gracia, constituyen una competncia,
positiva y no ficticia de1 Monarca (...) Eii tanto que este Poder
supremo, que pone y conserva en actividad a1 Estado, descansa en unas
solas manos, se bata de una Monarquia," (op. cit., p. 5141515). Kelsen,
que acolhe de Jellinek o critrio da produo do Direito para qualificar,
consoante ao grau de participao popular assegurado no procedimento
de formao das leis, determinado Estado como Democracia ou
~utocraci,no que se refere s formas de governo, crtica a distino
estabelecida por Jellinek a qual termina por atribuir, nas Monarquias,
por fora de seu critrio distintivo, as leis vontade psicolgica do
Monarca e. nas repblicas, a vontade do Estado se formaria juridicamente. porque o Direito reconheceria tal qualidade juno
concorde de diferentes vontades naturais reunidas eni assemblia. Ora,
tal critrio absolutainente falso, pois, como ressalta Kelsen, na
verdade a vontade do Estado se expressa sempre de modo jurdico. se
em uma Monarquia a vontade do Monarca a vontade do Estado
porque o Direito, escrito ou consuetudinrio, lhe confere tal qualidade;
tambm na Repblica, o ato psicolgico de formao da vontade estatal
tem relevo e, embora se revista de fonna jurdica, evidente a sua
existncia (op. cit., p. 377 e ss.).
(59)
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174
(62)
(63)
(64)
(65'
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negar sua sano a projetos de lei que ameaassem tal unio, ainda
que simbolicameiite, e Coiistituio do Imprio do Brasil, de 1824,
em que, a possibilidade da negativa de sano imperial, ainda que
supervel pela aprovao de duas legislaturas consecutivas do
mesmo projeto, apesar de no utilizada no segundo reinado, mais do
que nunca, integrava juridicamente, de forma iiisofismvel, as
prerrogativas reais configuradoras do Princpio Monrquico
Coiistitucional e historicamente vigente at 1891, com o golpe
militar que ps fim Monarquia Constitucional no Pas.
As teses de Laband e Jel1ine:k sero objeto da crtica de Carr
de Malberg, que v a lei como o ato complexo resultante da
deliberao conjunta das Cmaras e da sano rgia, quando
acolhida pelo Ordenamento Constituciorial como insupervel.
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devam reaprovar o texto legislativo por um quorum qualificado prdeterminado. Nessa categoria, inclui a participao do Chefe de
Estado no procedimento legislativo, prevista nas Constituies dos
E.U.A e de vrias Repblicas presidencialistas latino-americanas. Na
Europa, reconhece, como integrante dessa mesma categoria, os
institutos previstos na Constituio da Espanlia,de 1939, na de Portugal, de 1933, e nas sucessivas Cons~tituiesda Litunia de 1928 e
1938. Das anlises realizadas a respeito dessas Constituies, conclui
que essa forma de participao do Chefe de Estado no procedimento
legislativo teria encontrado terreno frtil apenas nas Repblicas de
tipo presidencialista, onde o Presidente goza de amplas atribuies e
de extraordinrio prestgio at mesmo frente s Cmaras; b) um veto
suspensivo - quando a oposio do Chefe de Estado pode ser
neutralizada mediante aprovaio parlamentar expressa em
legislatura seguinte ou, diretamente, sem passar pelo Cliefe de
Estado, se aprovada por duas legislaturas consecutivas. (Constitues
da Frana de 1791, da Espanha de 1812, de Portugal de 1822, do
Imprio do Brasil de 1824, da Noruega de 1814, do Egito de 1930 e
da Finlndia de 1919); c) um veto translativo - quando o Chefe de
Estado pode deferir diretamente ao corpo eleitoral a deciso sobre
determinada lei, submetendo-a a um referendum popular
(Constituies da Alemanha de 1919 e da Estnia de 1937); e enfim,
d) o simples direito de pedir uma segunda deliberao parlamentar
(Constituies da Frana de 1875 e de 1946, e da Itlia de 1947).
Maier explicita, enfim, em suas concluses, a tese que
suportara toda a anlise empreendida: a da identidade substancial,
tanto do ponto de vista poltico quanto jurdico, dos termos veto e
sano(80).Ignorando de todo os desenvolvimentos havidos no
terreno do procedimento legislativo, enquanto objeto da Cincia
Jurdica, Maier debate exclusivaineiite as teses anteriormente
apresentadas, e, ao refut-las, termina por reconhecer, no mesino
terreno, preponderantemente poltico, a importncia e a prevalncia
do Executivo na obra da legislao. IZetoma Einsenrnann, para quem
a funo legislativa seria simplesmente o poder de editar as regras
legislativas, e por isso, todo e qualquer poder de obstar a entrada em
vigor de uma lei, assegurado ao rgiio da Chefia de Estado, deveria
ser sempre interpretado como um Poder Legislativo. Desconhece
totalmente a distino jurdica entre ato perfeito e ato eficaz, que j
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196
distncia que nos separa desses grandes filsofos no apenas temporal, mas que. de forma necessria e precisa, envolve a contribuio
viva dos mesmos na construo e reconstruo pelos homens cerca de dois sculos especialmente profcuos por darem guarida a
um sem nmero de alteraes sociais, polticas, jurdicas e
econmicas, profundas e historicamente significativas- de distintas
realidades cotidianamente vividas e correlata e diversamente
apreendidas ao nvel da teoria. Proceriso que, inclusive, possibilitou,
no interior de uina sociedade de tal forma democratizada que seria
inconcebvel, para o pensamento daqueles clssicos, o surgimento de
uma cincia especfica do normativo que teve a audcia de submeter
aos seus cnones o prprio fenmeno da criao do Direito Positivo:
o procedimento legislativo.
E essa a dimenso da ruptura empreendida por Biscaretti
com relao aos seus predecessores. E caso queiramos apreender, de
um ponto de vista essenciameiite iiorm~ativo,os institutos da snno e
do veto, impe-se-nos a ruptura corri a concepo tradicional que
toma tais institutos como realidades existentes em si mesmas,
aprioristicameiite determinados por puros postulados polticos
elevados categoria de fitndnmentais e que, portanto, requerem o
desconliecimento da realidade prpria na qual os mesmos se inserem,
a normativa; que, por sua prpria natureza, puramente coiiveiicioiial,
necessariamente s pode apresentar-se de uina forma rica, complexa,
matizada, variada e varivel. Tal fato, tampouco, autorizaria, no
entanto, o abstrato e indiferenciado tratamento dispensado a esses
institutos por Maurice Maier. Sua tese, na verdade, apenas o
reverso de uma mesma moeda, pois revela ainda a prevalncia de um
eiifoque puramente poltico; uma reflexo estrita e exclusivamente
orientada para a tentativa de compreeiiso apenas dos efeitos
polticos mais gerais de ambos os institutos.
Biscaretti efetua esse rompimerito, porque parte de premissas
metodolgicas diversas, no prefigura aprioristicamente um suposto
objeto determinado em si mesmo como uina entidade naturalmente
dada, nem tampouco toma como homogneas configuraes
objetivameiite distintas dos ordeiiamentos positivos pela mera
suposio da identidade dos seus efeitos polticos mais gerais mas, pelo contrrio, com a fineza e o refinamento do senso jurdico
que lhe prprio, analisa os distintos institutos no seu contexto
especfico: o do procedimento legislativo. Se insistimos nesse
rompimento no porque nos preocupa sublinliar a diferena ou a
novidade das proposies cientficas que acolhemos. Alis, bom
que frisemos, tais premissas analticas encontram-se assentadas na
,
I
I
I
I
200
Captulo I11
A SANAO COMO OBJETO
DA CINCIA JURIDICA
E O PROBLEMA DA
EFICCIA DO INSTITUTO
NO PROCEDIMENTO
LEGISLATIVO BRASILEIRO
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LEGISLATIVO BRASILEIRO
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Brasil - discurso ainda mais idealizado, para usar o termo do prprio Oliveira Vianna, ao ser elevado condio de paradigma; esse
fato que at hoje marca de forma indelvel a historiografia sobre o
.
Brasil monrquico e impede o real conhecimento histrico e jurdico
do perodo.
Quanto a ns, recolocamos a questo sob uma perspectiva -q
totalmente distinta, assentada na constatao contrria e !8
comprovvel de que a crnica distncia que separa a lei de sua ( f ~
aplicao
no Pas estrutural, pois-no apenas---se vincula
e -se explica $ t$
----.pela
- .--trajetria
--- - -- histrica
de uma
- sociedade
hjerarquizada-e
excludente, que deixa h margem a - m e parte da p o p u l ~ ~ ',8 ~ m ~ ~ ~
ainda , ela
- mesma, condio essencial preservaodos
- privilgi~s
--3
e- monoplioslierdados que a caracterizam.
K
~ s s mretomamos
,
a questo
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-- nova perspectiva, em QT
que a anlise das
-prti~as~discursivas
-- - -constitucionai_sciega&,
-- .
-V 2
I
.~u3rudenciaise doutrinhrias
nos permite
recoloc-la
no a-partir
-- 3 2
-do enfoque de um aparente
---- divrcio, mas tematiza-la como
subverso etetva
dos
significados
originais e primeiros
-- - -- ----.
-possveis,
.dos textos legais que, ao serem atuaiizaTs por prticas tradiciorgtis .t
inerentes ordem
- - &esta,
--anterior, asseguram a continuidade
matizando e determinando uma leitura especfica intimamente ,?3 {
vinculada quela
--- ordem precedenteao texto que
-- G e r i a- implantar a 2
c4
nova ordem, e que,sQ_b_CiJticade uma Cinci~~o-Direito,
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tcnica de intgreztgo, n_opodgSa gel__encontrg e p - g o . Trata- c
se, portanto, de se indagar no apenas como e de que forma
assegurar, no nvel da eficcia do ordenamento, das prticas sociais,
mas, tambm no nvel da prpria teoria cientfica, o surgir e o
enraizar-se de prticas alternativas, previstas ou pressupostas como
essenciais nova ordem, e que marcaro sua diferena especfica em
relao anterior.
Dessa forma, precisamente em razo da essencialidade das
questes postas j de incio por essa reflexo, ainda que incipiente,
sobre a realidade atual do Direito Constitucional no Pas,
importante que nos detenhamos um pouco na anlise da relao geral
I
entre a Filosofia e as Cincias, para depois tematizarmos
especificamente essas mesmas relaes no campo prprio do
Jurdico, no sentido de buscarmos emprestar ao discurso uma maior
preciso e a consecuo de uma postura mais rigorosa, que nos
permita qualificar, de forma exata e adequada, a natureza do instrumental analtico de que poderemos dispor para a abordagem do
instituto da sano do Chefe de Estado no procedimento legislativo,
enquanto objeto da Cincia Jurdica.
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(I3)
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3.2.1
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232
236
GALEOTTI, ~ G i oOp.
. cit., p. 98 a 105.
239
(36)
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(44)
246
3.2.2
(45'
(4Q
248
Milano: Giuffr
3.3.1
Sob a vigncia da Constituio de 1946, Iiavendo o Pas retornado normalidade iiistitucional, Chefes de Executivo, particularmente Prefeitos recm-eleitos, recusam-se a dar cumprimento a lei
ou a dispositivos de lei saiicionados por seus aiitecessores, por os reputarem incoiistitucionais,visto no se terem regularmente originado
da prpria iniciativa daqueles, consoante previso constitucioiial de
reserva de exclusividade dessa iniciativa lia matria.
A Constituio Federal de 1946, em seu art. 67, 5 25 tomaiido
como matriz a norma consubstanciada no 5 2"o
art. 41 da
Constituio Federal de 1934, que, pela primeira vez no nvel federal, consagrara a competncia exclusiva do Poder Executivo para a
propositura de projetos de lei sobre o aumento de veiiciinentos ou a
criao de cargos em servios j existentes, acollier norma de
idntico teor.
Muito embora o acolhimento da referida norma no fosse
obrigatrio, no apenas as Constituies dos Estados a adotaram,
mas tainbm o legislador estadual a introduzira, no mais das vezes,
nas respectivas leis de organizao municipal.
Por outro lado, o art. 65 da Constituio Federal de 1946 e, a
seu exemplo, o dispositivo correspondente das Constituies dos
Estados federados e das leis de orgaiiizao municipal traduziam, de
forma inequvoca, a opo pela manuteno da tradio, no que
conceriiia a se atribuir a fuiio IegisIativa, em sentido estrito,
conjuntamente ao Parlamento e ao Cliefe de Executivo, mediante a
sano, cuja negativa parcial ou total poderia ser superada pela
reaprovao qualificada de dois teros dos membros do corpo
legislativo (arts. 68,69 e 70 da Constituio Federal de 1946).
(48)
CAMPOS, Francisco. Poder Executivo - Iniciativa de projetos de lei Sano - Nulidades no Direito Pblico - Atos Inconstitucioiiais. Revista
de Direito Administrativo, vol. 73, jul-set de 1963. p. 381.
CAMPOS, Francisco. Op. cit., p. 387.
258
Revista dos Tribunais. Vol. 319, ano 51, maio de 1962. p. 261 a 262.
Revista dos Tribunais. Vol. 319, alio 51, maio de 1962. p. 255.
260
(59)
(60)
Revista dos Tribunais. Vol. 319, ano 51, maio de 1962. p. 259.
SA, A. Nogueira de. Elaborao das leis cuja iniciativa cabe do Poder
Executivo. In: Revista de Direito Administrativo, vol. 35, jan-mar de
1954. p. 492 a 494.
FERREIRA FILHO, Manoel Gonalves. Do Processo Legislativo. So
Paulo, Ed. Saraiva, 1984. p. 218-224.
CAVALCANTI, Themstocles Brando. Parecer - Revista dos
Tribunais,vol. 316 ano 51, fev de 1962. p. 22-26.
'62)
(63)
(a) SILVA, Jos Afonso da. Principias do processo da formao das leis n
Direito Constitucional. So Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1964. p.
(65)
191.
BITTENCOURT, Lcio. O Controle de Constitucionalidade das Leis.
Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1968. p. 81-82.
NORONHA, Jardel e MARTINS, Odala. Referncias das Smulas do
Supremo Tribunal Federal. vol. I , Braslia: Ed. Revista dos Tribunais,
1968. p. 40.
264
(69)
269
"Q
interpretao oficial das Cartas de 1967 e 1969, que, por sua vez,
consubstanciam peculiar ordem constitucional derivadia e
subordinada a uma outra denominada institucional, repositrio de: um
Poder Constituinte originrio, inesgotvel, casustico e utilizado sem
pudores at 14 de outubro de 1969 pelo Chefe de Estado, fosse ele o
Presidente militar iridiretamente eleito ou a Junta dos Coma~ida~ntes
em Chefe das Foras Armadas. A Carta de 1967, em seu art. 173,
aprova os quatro atos institucionais anteriores, os trinta e sete atos
complementares editados com base no art. 30 do Ato Institucioiial nQ
2 e o sem nmero de atos de natureza legislativa, por sua vez,
expedidos com base naqueles, excluindo a todos, expressamente, da
possibilidade de apreciao judicial. Trs aspectos merecem
destaque no que toca ao referido artigo. Por um lado, o mesmo
parece indicar que a Carta estaria hierarquicamente ocupando um
nvel normativo superior ao dos atos institucionais, pois teria o
condo de aprov-los; por outro, a gama de poderes que esses
atribuam Chefia do Executivo era de tal monta que tornava Iletra
morta as disposies j autoritrias de seu texto permanente, visto
que autorizava, ainda que nos limitemos apenas nossa rnaitria
especfica, a Presidncia a baixar, discricionariamente revelia do
Congresso, atos complementares que nem sequer se limitavam, como
o decreto-lei, s elsticas fronteiras da segurana nacional e das
finanas pblicas, ao contrrio, facultava at a decretao do recesso
do Congresso Nacional quando melhor lhe aprouvesse, caso em que
lhe incumbiria o integral exerccio do Poder Legislativo do Est,ado,
prerrogativa nem mesmo sonhada pelo mais resoluto dos Monarcas
coiistitucionais. Cumpre ressaltar, por fim, que, se o iiiteiitoi do
referido dispositivo foi o de encerrar o ciclo de utilizao do
presumido Poder Constituinte originrio pela Chefia do Estado
mediante o recurso aos atos institucionais, redundou em estrondoso
fracasso, bastando por lembrar o famigerado Ato Iiistitucional ri",
que derrogou grande parte dos direitos assegurados na Carta.
A Emenda Constitucional n"7, de 26 de novembro de 1965,
s normas introduzidas pelo Ato
deu guarida co~istitucio~ial
Institucioiial n" e reproduzidas no Ato Institucional n", de 2'7 de
outubro de 1965, relativas aprovao de projetos por mero decurso
de prazo, dispensando a deliberao efetiva do Congresso Nacional
para a formao da lei, e ao fortalecimento da iniciativa presidencial.
A Carta de 1967, consoante lio de Raul Machado Horta,
"obediente filosofia poltica que a comandou, recolheu as
havia inserido no
inovaes que a Emenda Constitucional n"7
processo legislativo constitucional, ampliou a matria e consagrou
outras inovaes, dentro das inspiraes da filosofia poltica ps1964. Investiu o Presidente da Repblica na titularidade da
competncia legislativa direta, sob a forma de decretos com fora de
lei, em caso de urgncia ou de interesse pblico relevante, desde que
no resulte aumento da despesa, nas matrias sobre a segurana
nacional e finanas pblicas. A Emenda Constitucioiial n", de 17
de outubro de 1969, outorgada pelos Ministros da Marinha, do
Exrcito e da Aeronutica, sucednea integral da Carta anterior,
manteve tais inovaes apenas ampliando a matria objeto de
decreto-lei, os efeitos deste (art. 55, I11 e 29 e a matria de
iniciativa exclusiva do Presidente da Repblica (art. 57, IV, V e VI);
dilatou o prazo presidencial para a sano das leis (art. 59, 39 e
estendeu o decurso de prazo para a possibilidade de superao da
sano negada que, se no se verificasse em quarenta dias,
considerar-se-ia a objeo mantida e no superada(78).
Em suma, no que mais de perto nos interessa, o pargrafo
nico do art. 57 da Carta de 1969 rezava que "no sero admitidas
emendas que aumentem a despesa prevista:
a) Nos projetos cuja iniciativa seja da competncia do
Presidente da Repblica";
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...................................................................................................................................
1974
Encontrando-se sub judice dispositivo de lei do Estado da
Guanabara de inconstitucionalidade material evidente por
desrespeitar a legislao federal que estabelecia limites aos ganhos
dos magistrados, entendeu o Supremo Tribunal Federal, por seu Tribunal Pleno e unanimidade, ser a ocasio propcia para reviso da
aplicabilidade da Smula n", declarando tamb6m a inconstitucionalidade formal do dispositivo, em razo de o dispositivo se originar
de emenda parlamentar que aumentava a despesa prevista no projeto
de iniciativa do Governador do Estado. Governador que no apenas
sancionara o dispositivo, mas que integra a lide como litisconsorte da
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BARKER, Emest. Refection on Government. London: Oxford Uaiversity FYess, 1942. p. 377.
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III
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(l03SABINO
Concluso
A CONSTITUIO DA
REP~BLICADE 198s E A
EFICCIA DA SANO DO
CHEFE DE ESTADO E DO
EXECUTIVO NO
PROCEDIMENTO LEGISLATIVO
DEMOCRTICO
ideal da tolerncia. Se hoje existe uma ameaa
a paz mundial, esta vem ainda uma vez do fanatismo,
ou seja, da crena cega na prpria verdade e na fora
capaz de imp-la (...) o ideal da no-violncia (...) as
to fiequentemente ridicularizadas regras formais da
democracia introduziram pela primeira vez iza Histria
as tcnicas de convivncia , destinadas a resolver os
conflitos sociais sem o recurso d violncia. Apenas
onde essas regras S ~ respeitadas,
O
o adversrio no
mais um inimigo (que deve ser lestrudo), mas um
opositor que amanhn poder ocupm. o nosso lugar (...)
O ideal da renovao gradual da sociedade atravs do
livre debate das idias e da mudana de mentalidades
e do modo de viver: apenns a democracia permite a
formado e a expanso das revolues silenciosas (...)
Porfim, o ideal da irmandade (a fiaternit da
Revoluo Francesa) (...) o reconlzecimento da
irmandade que urze todos os homens em um destino
comum (...) reconhecimento aina mais necessrio
hoje, quando nos tornamos cada vez mais conscientes
deste destino comum e devemos procurar agir com
coerncia, atravs do pequeno lume de razo que
ilumina nosso caminho".
"(...) O
4 CONCLUSO: A CONSTITUIO DA
REP~BLICADE 1988 E A EFICCIA DA
SANO DO CHEFE DO ESTADO E DO
EXECUTIVO NO PROCEDIMENTO
LEGISLATIVO DEMOCRTICO
Os ideais enumerados por Bobbio"), que, para usar os termos
de Montesquieu, fornecem a mola que impulsiona o regime
democrtico, foram todos acolhidos de forma expressa, sem exceo,
j no prprio prembulo da Constituio de 1988:
"Ns, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assemblia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrdtico,
destinado a assegurar o exerccio dos direitos sociais e individuais, a
liberdade, a segurana, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade
e a justia, como valores supremos de uma sociedade fraterna,
pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem internacional, com a soluo pacjica das
controvrsias, promulgamos, sob a proteo de Deus, a seguinte
CONSTITUIODA REPBLICAFEDERATIVA DO BRASIL."
desnecessrio ressaltar, aqui, aps o excelente trabalho de
a importncia que deve ser reservada ao
Srgio Luiz Souza Araj~'~),
prembulo na interpretao dos textos constitucionais.
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-A INDENIZAAONA DESAPROPRIAAO
Vicente d e Paula Mendes
ATUALIDADES JURIDICAS
Coord. Ernane Fidblis dos Santos
* DAS PENAS E DA ~x~cuAo
PENAL
Jason Albergaria
DIREITO AERONAUTICO
Ricardo Alvarenga
DIREITO CONSTITUCIONAL D I D A ~ C O
( 2 9 ed. rev. e ampliada)
Kildare Gon$alves
DIREITO DO TRABALHO APLICADO
I * e 29 volume
~ o o r dAlice Monteiro de Barros
DIREITO MUNICIPAL POSITIVO
(2' ed. rev. e atuallzada)
Jos Nilo d e Castro
DIREITOS DE FAM~LIAE DO MENOR
(2fi ed. rev. e atuallzada)
Slvio de Figueiredo Teixeira
GUIA PARA CONCURSO
DO MINISTI~RIO
PQBLICO
Joaquim Cabra1 Netto
INTERPRETACAOTRIBUTARIA
e a queet%od evaso fiscal
Renato Martins Prates
INTRODU AO A ENQENHARIA DE
AvALlAio E PERICIASJuDIcIAIs
Francisco Maia Neto
MOTIVAAOE CONTROLE
DO ATO ADMINISTRATIVO
Florivaido Dutra de Arajo
O CONTROLE DA CONSliTUCIONALIDAL>E
DAS LEIS e do poder de tributar na
Constltulao d e 1988
Sacha Calmon Navarro Coelho
*OS CONCEITOS DE RENDA E DE
P A ~ R I M ~ N Iefeltos
O
da correilo moneta1rla
Insuficiente no Imposto de renda
Misabel Abreu Machado Deni
0 PROVA NO PROCESSO PENAL
axlologla e Justia como fundamentos
Anarnaria Campos Tarres Vasconcelos
* RECURSO ESPECIAL
Edson Rocha Bomfim
REVISTA DE JULQADOS DO TRIBUNAL
DE ALADA DE MINAS GERAIS
- N. 41 (Jan. - Fev. - Mar.190)
N. 4 2 (Abr. Mai. Jun.190)
N. 4 3 (Jul..- Ago. Set.190)
- N. 44 (Out. Nov. Dez./9O)
- N. 45 (Jan. a Jun./91)
N. 46 (Jul. a Dez.191)
N. 47 (Jan. a Jul./92)
mSENTENA CRIMINAL
Adalto Dias Tristo