Moldagem Funcional Artigo
Moldagem Funcional Artigo
Moldagem Funcional Artigo
FUNCIONAL?
HOW TO PERFORM THE BORDER IMPRESSION AND FUNCTIONAL IMPRESSION
TECHNIQUES?
Marcelo Coelho GOIATO1
Daniela Micheline DOS SANTOS1
Emily Vivianne Freitas da SILVA2
RESUMO
A moldagem funcional uma das etapas essenciais do tratamento prottico em
edentulismo total e/ou parcial. Para tanto, necessria a anlise e o registro correto das
estruturas de suporte, visando a determinao da extenso da prtese. A moldagem
funcional inclui duas etapas, o selamento perifrico e a moldagem funcional propriamente
dita e tem o objetivo de registrar fielmente a rea chapevel. O objetivo deste trabalho foi
revisar a literatura sobre selamento perifrico e moldagem funcional, identificando a tcnica
de realizao, os materiais utilizados, o objetivo e a finalidade desses procedimentos.
Moldeira individual
Para a realizao da moldagem funcional,
utilizada uma moldeira individual confeccionada o mais
adaptada possvel sobre o modelo anatmico,
geralmente em resina acrlica autopolimerizvel6,12,19.
Podem ser utilizados tambm resina acrlica
termopolimerizvel, resina composta fotopolimerizvel
ou placas de poliestireno19. A moldeira apropriada deve
ter caractersticas especficas como a compatibilidade
ao material de moldagem, rigidez e conforto na
cavidade bucal16.
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Posicionamento do profissional
Quanto ao posicionamento para a realizao
da tcnica de moldagem, o paciente deve estar
sentado confortavelmente enquanto o profissional fica
em p com o cotovelo ao nvel da comissura labial do
paciente. Dessa forma, os tecidos bucais se mantm
em posio, no deslocados pela ao da gravidade16.
Para a moldagem maxilar, o profissional deve se
posicionar atrs do paciente, enquanto na mandibular,
frente do mesmo, visando realizar adequada
moldagem de maneira ergonmica e confortvel.
Selamento perifrico
O selamento ou fecho ou vedamento perifrico
tem por finalidade proporcionar uma relao ntima
da borda da moldeira com o fundo de vestbulo,
impedindo a passagem de ar entre a base da prtese
e a mucosa8,12,14.
O primeiro passo antes de proceder o
selamento perifrico consiste no ajuste da moldeira
individual em boca para verificar se h sobreextenso
da mesma (Figuras 3 e 4). A borda da moldeira deve
manter uma distncia de 2 a 3 mm do fundo de
vestbulo, exceto na regio de trmino posterior na
maxila. Dessa forma, viabilizado o espao para o
material de moldagem e, por sua vez, a passividade
- Maxila
O travamento posterior da prtese total maxilar
pode ser obtido por meio de um adequado selamento
posterior3,11. A localizao da margem posterior da
prtese limitada por uma linha imaginria contnua
que liga a chanfradura pterigomaxilar ou pelo sulco
hamular de um lado ao outro atravessando o palato
mole19. Nessa regio h uma linha vibratria, guiada
pelas fveas palatinas localizadas no palato mole, que
representa o limite entre as zonas mveis e
estacionrias do palato3,20. As fveas palatinas so
formadas pela coalescncia de condutos de glndulas
mucosas20.
O palato mole, de colorao rsea menos
plida que o palato duro, pode formar diferentes
ngulos na juno com o mesmo. Quanto maior o
ngulo formado - palato profundo -, mais abrupta a
linha vibratria e o deslocamento do palato mole em
funo. Consequentemente, o trmino da prtese no
deve recobrir o palato mole para evitar a perda de
vedamento posterior quando o msculo tensor do vu
palatino for ativado3,11,19.
Em cada lado da chanfradura pterigomaxilar,
h o ligamento pterigomandibular, que quando da
abertura bucal, sofre extenso pela ao da mandbula.
Em prtese maxilar sobreextendida, podem ocorrer
traumatismos na mucosa da regio e deslocamento
da prtese3,19.
Na regio mais posterior do fundo de vestbulo
da maxila, encontra-se o espao coronomaxilar,
limitado medialmente pela tuberosidade da maxila e
lateralmente pelo processo coronide da mandbula.
Devido a pequena atividade da musculatura nessa
regio, a base da prtese deve ocupar ao mximo
esse espao, visando a sua maior reteno. Contudo,
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- Mandbula
Visto que a mandbula possui menor rea de
suporte sseo que a da maxila e a sua reabsoro ssea
maior no sentido vertical, com consequente menor
reteno da pea, essencial que a base da prtese
possua a maior extenso possvel3. A prtese deve recobrir
a papila piriforme na sua regio posterior e se estender
por lingual at a regio da linha oblqua interna3,19,20.
De forma semelhante maxila, regies de freios
e inseres musculares devem ser respeitadas pela
base da prtese, visando a sua passividade e a
preservao das estruturas musculares. Na regio
posterior da base da prtese, lateralmente papila
piriforme, deve existir um contorno cncavo para
acomodar o msculo masseter quando em funo3,19,20.
As regies de fundo de vestbulo bucal e labial
possuem as mesmas caractersticas da maxila.
Durante a sua moldagem, devem ser respeitadas as
bridas do bucinador, que se insere na linha oblqua
externa, e do orbicular dos lbios e o freio labial. J
na regio do soalho bucal, deve-se estar atento ao
freio lingual, na regio da linha mdia, e ao msculo
genioglosso; ao msculo milohiideo e ao
posicionamento da glndula sublingual, na regio do
flange sublingual e; ao msculo constritor superior da
faringe, na fossa retroalveolar da mandbula3,19,20.
Durante a moldagem da regio de soalho bucal,
o profissional, posicionado frente do paciente, deve
estabilizar a moldeira e solicitar ao mesmo que
movimente a lngua para anterior (fora), para cima em direo ao palato duro - e para os lados direito e
esquerdo. Dessa forma, a musculatura dessa rea
registrada de forma ativa, evitando-se o futuro
deslocamento da prtese quando em funo3,19,20.
Moldagem funcional
A delimitao da rea chapevel essencial
para uma moldagem funcional adequada21. Segundo
Reis et al.16, essa rea divide-se em zona principal
de suporte, zona secundria de suporte, selado
perifrico e zonas de alvio.
Quanto aos materiais de moldagem, o
profissional pode optar pelas pastas base de xido
de zinco e eugenol (pastas zincoeugenlicas) ou pelos
elastmeros6,14,16,19.
A pasta zincoeugenlica bastante utilizada
para a moldagem funcional 2,16,19. Possui timo
escoamento, boa estabilidade dimensional, rigidez
aps a presa (carter anelstico) - simulando a rigidez
da prtese (resina acrlica) -, permite reembasamentos
e possui baixo custo. Contudo apresenta dificuldade
no que se refere manipulao e limpeza de
instrumental e do prprio paciente. Devido a sua
rigidez, no deve ser utilizada em rebordos muito
retentivos16,19.
Por sua vez, as mercaptanas, polisteres e
silicones apresentam bom escoamento, estabilidade
dimensional e permitem uma boa limpeza, porm
dificilmente permitem a aderncia de outro material
dificultando, assim, o selamento posterior (cera) e
possveis correes do molde16. Os politeres tem
deformao permanente menor que os polissulfetos
e semelhante aos silicones de adio. Esses
materiais tem indicao em casos de rebordo retentivo,
contudo possuem custo superior que a pasta
zincoeugenlica13,16,19.
Durante o procedimento de moldagem, so
preconizados movimentos ou manipulaes funcionais
realizados, respectivamente, pelo paciente ou pelo
profissional, visando a movimentao da musculatura
paraprottica. Porm, a associao de ambas as
tcnicas o procedimento mais comumente
realizado12,16,19,22.
Com base no princpio de que a prtese total
permanece em repouso durante a maior parte do
tempo, contudo requer reteno e estabilidade em
repouso e em funo, na maioria dos casos, a
moldagem funcional deve ser realizada com presso
seletiva. Essa tcnica busca combinar as
caractersticas da moldagem compressiva e no
compressiva, proporcionando extenso mxima
dentro da tolerncia dos tecidos16,19,20.
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CONSIDERAOES FINAIS
- O conhecimento e domnio da tcnica de moldagem
pelo profissional so mais importantes que o material
selecionado, visto que existem diferentes materiais
disponveis;
- necessrio que a moldeira se estenda por toda a
rea chapevel para permitir a reteno da futura
prtese;
- A tcnica de moldagem funcional com presso
seletiva a mais indicada por se aproximar dos
requisitos de uma moldagem ideal.
ABSTRACT
Figura 10: Demarcao com lpis cpia da rea
correspondente a zona de transio entre os palatos duro e
mole.
Revista Odontolgica de Araatuba, v.34, n.1, p. 14-19, Janeiro/Junho, 2013
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