O Corpo: A Grande Razão
O Corpo: A Grande Razão
O Corpo: A Grande Razão
M. G. Llansol
viemos at aqui, na forma da presena peculiar de
cada um,
para tentarmos reviver, mais uma vez,
o que o corpo,
o que a luz,
o que a fora,
o que o afecto,
o que o pensamento,
o que a figura.
Simplesmente procurar saber, no seu prprio corpo
reflectido na imagem __________ [...] o que o
eterno retorno do mtuo.
(De: Os Cantores de Leitura, 2007)
1.
O nosso corpo no uma evidncia nem em si mesmo
nem na sua histria, numa perspectiva antropolgica,
mdica, filosfica, religiosa, cultural ou mesmo poltica.
Acima de tudo, essa entidade desconhecida a que se
chama um corpo est muito para alm de uma forma ou
de uma massa biolgica e orgnica que ocupa espaos e
vive (e morre) no tempo. Muito pelo contrrio: um corpo
uma realidade complexa, plurissignicativa, diversamente interpretada ou manipulada, desprezada ou
sacralizada, e ainda enigmtica. E tambm no simples
matria de simples circunstncia e opinio: por detrs de
cada corpo (humano, na sua filognese histria da
espcie e na sua ontognese da gestao morte de
cada indivduo) h toda uma histria, longa e diversa,
que vem at hoje e est em aberto mais do que nunca
nesta nossa poca da obsesso e da quase histeria do
corpo, a que se contrapem proclamaes do fim do
corpo (orgnico) ou do carcter obsoleto do corpo
humano.
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Monismo
Idealista
Dualismo
Materialista
Interaccionista No interaccion.
S existe
S existe matria, Descartes (res coMonismo
esprito, o
o esprito uma gitans + res exencapotado!?
corpo mero extenso, um
tensa mas com
Bergson, Macontentor
atributo da mapredomnio do
tire et M(Berkeley,
tria (atomistas
cogito); j em
moire?
Hegel)
antigos; materia- Pitgoras: somalismo dialctico) sema: a vida anmica
associada s suas
manifestaes somticas
E Spinoza? E Nietzsche?
(so os desmancha-prazeres
que estragam a harmonia do
esquema!!)
Funcionalismo
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Quanto ao corpo, so vrias as vias da prova da sua noautonomia: desde a psicanlise (o papel determinante do
inconsciente, a fora do desejo e das pulses) moderna
teoria da biopoltica, de Foucault e Agamben: os corpos
sempre tiveram pelo menos um duplo estatuto, de bios
(poltico) e zoe (animal). E em certos momentos (desde a
chamada democracia grega), e para certos sujeitos
tornados objectos de excluso, os poderes polticos tudo
reduzem a uma condio de zoe, de corpo animal com
cada vez menos interveno real na vida da polis, e cada
vez mais manipulado e dominado por parte dos poderes
que gerem (e anulam) as vidas desses corpos. E no se
trata apenas dos casos extremos de anulao do corpo (e
da alma) em certos momentos histricos de judeus,
refugiados, negros, mulheres ou estrangeiros (barbaroi ),
j na Grcia antiga. Todos, de algum modo, somos hoje,
mais do que j fomos, mortos polticos merc de um
Estado social que prope segurana (que segurana?
que social?) mas est esvaziado de sentido, hipocritamente proteccionista das vidas de cada um, e
dominado por centros de poder evasivos. A esta
biopoltica que nos lanou, como diz Agamben, para
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