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MACROECONOMIA

CURSOS DE GRADUAO EAD

Macroeconomia Prof. Ms. Israel Valdecir de Souza

Ol! Meu nome Israel Valdecir de Souza, sou bacharel em


Cincias Econmicas e mestre em Economia pela PUC-SP. Minhas pesquisas so voltadas para as reas de finanas e desenvolvimento regional. Tambm tenho experincia de 10 anos
no setor privado. Desde 1998, atuo como professor do ensino
superior, na modalidade presencial, nas Faculdades Integradas
Claretianas de Rio Claro, no UNIFAE Centro Univ. de So Joo
da Boa Vista e, desde 2006, no Ceuclar-EaD. Trabalhei em outras instituies de ensino nos cursos de graduao e especializao.
e-mail: [email protected]

Prof. Ms. Israel Valdecir de Souza

MACROECONOMIA

Guia de Estudo

Ao Educacional Claretiana, 2012 Batatais (SP)


Trabalho realizado pelo Centro Universitrio Claretiano de Batatais (SP)
Curso: Graduao
Disciplina: Macroeconomia
Verso: fev./2013
Reitor: Prof. Dr. Pe. Srgio Ibanor Piva
Vice-Reitor: Prof. Ms. Pe. Jos Paulo Gatti
Pr-Reitor Administrativo: Pe. Luiz Claudemir Botteon
Pr-Reitor de Extenso e Ao Comunitria: Prof. Ms. Pe. Jos Paulo Gatti
Pr-Reitor Acadmico: Prof. Ms. Lus Cludio de Almeida
Coordenador Geral de EaD: Prof. Ms. Artieres Estevo Romeiro
Coordenador de Material Didtico Mediacional: J. Alves
Corpo Tcnico Editorial do Material Didtico Mediacional
Preparao
Aline de Ftima Guedes
Camila Maria Nardi Matos
Carolina de Andrade Baviera
Ctia Aparecida Ribeiro
Dandara Louise Vieira Matavelli
Elaine Aparecida de Lima Moraes
Josiane Marchiori Martins
Lidiane Maria Magalini
Luciana A. Mani Adami
Luciana dos Santos Sanana de Melo
Patrcia Alves Veronez Montera
Rita Cristina Bartolomeu
Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli
Simone Rodrigues de Oliveira
Viviane Fernanda Zanotin

Reviso
Felipe Aleixo
Rodrigo Ferreira Daverni
Talita Cristina Bartolomeu
Vanessa Vergani Machado
Projeto grfico, diagramao e capa
Eduardo de Oliveira Azevedo
Joice Cristina Micai
Lcia Maria de Sousa Ferro
Luis Antnio Guimares Toloi
Raphael Fantacini de Oliveira
Tamires Botta Murakami de Souza
Wagner Segato dos Santos

Todos os direitos reservados. proibida a reproduo, a transmisso total ou parcial por qualquer
forma e/ou qualquer meio (eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia, gravao e distribuio na
web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permisso por escrito do
autor e da Ao Educacional Claretiana.
Centro Universitrio Claretiano
Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo Batatais SP CEP 14.300-000
[email protected]
Fone: (16) 3660-1777 Fax: (16) 3660-1780 0800 941 0006
www.claretiano.edu.br

SUMRIO
GUIA DE ESTUDO
1
2
3
4

PLANO DE ENSINO............................................................................................ 7
ORIENTAES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA............................................. 11
DESCRIO DAS UNIDADES DE ESTUDO......................................................... 35
CONSIDERAES GERAIS................................................................................. 113

INFORMAO

Esta disciplina desenvolvida com Contedos Bsicos de Referncia preexistentes na Biblioteca Digital Pearson. Isso significa que, neste caso, no so disponibilizados na Sala de Aula Virtual (SAV) os contedos referentes a esta disciplina,
mas sim um Guia de Estudo no qual constam as orientaes que iro ajud-lo no
decorrer de seus estudos, bem como as referncias bibliogrficas (disponveis
na Biblioteca Digital/Pearson, na SAV) que fundamentam esta disciplina.
Lembre-se de que, para o melhor aproveitamento de seus estudos, voc contar
tambm com as orientaes do seu tutor a distncia.

GUIA DE ESTUDO

GE
1

Este Guia de Estudo foi elaborado para auxili-lo durante o


estudo desta disciplina. Portanto, sugerimos que fique atento s
informaes aqui contidas.
Neste Guia de Estudo voc ter acesso aos seguintes itens:
Plano de Ensino, Orientaes para o Estudo da Disciplina, Descrio das Unidades, Consideraes Gerais, Bibliografia Bsica, Bibliografia Complementar e E-Referncias.

1. PLANO DE ENSINO
Ementa
Contextualizao acerca do ensino de Macroeconomia e sua
fundamentao, com base nos princpios tericos da macroeconomia clssica e keynesiana, na discusso de preos e inflao, nos
fundamentos e relevncia da poltica econmica e na sua inter-relao com os determinantes da demanda agregada e do nvel
geral de emprego de um pas.

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REDE DE EDUCAO

Objetivo geral
Os alunos da disciplina Macroeconomia dos cursos de graduao, na modalidade EaD do Claretiano, dado o Sistema Gerenciador de Aprendizagem e suas ferramentas, podero compreender
os princpios da teoria econmica que embasam a Macroeconomia
bsica, sua evoluo conceitual e sua aplicabilidade no processo
de desenvolvimento da empresa, do governo e da sociedade.
Com esse intuito, os alunos contaro com recursos tcnico-pedaggicos facilitadores de aprendizagem, como Material Didtico Mediacional, bibliotecas fsicas e virtuais, ambiente virtual,
bem como acompanhamento do professor responsvel, do tutor
a distncia e do tutor presencial, complementado por debates no
Frum.
Ao final desta disciplina, de acordo com a proposta orientada pelo professor responsvel e pelo tutor a distncia, tero condies de interagir com argumentos contundentes, alm de dissertar com comparaes e demonstraes sobre o tema estudado
nesta disciplina, elaborando um resumo ou uma sntese, entre outras atividades. Para esse fim, levaro em considerao as ideias
debatidas na Sala de Aula Virtual, por meio de suas ferramentas,
bem como o que produziram durante o estudo.
Objetivo especfico
Ao final do estudo da disciplina, espera-se que voc tenha
compreendido a evoluo conceitual da Macroeconomia. Ficar
claro que esta surgiu com a concepo clssica, passou por grande transformao com Keynes e, atualmente, abrange uma convergncia entre fundamentos clssicos e keynesianos. Alm disso,
voc saber que os conceitos macroeconmicos levam compreenso de como e porque os agentes econmicos devem utilizaras
informaes referentes aos grandes agregados econmicos como
referncia para a tomada de deciso empresarial e a definio de
Guia de Estudos
Macroeconomia

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REDE DE EDUCAO

polticas econmicas, no caso especfico do setor pblico.


Competncias
Ao final deste estudo, os alunos dos Cursos de Graduao
contaro com uma slida base terica para fundamentar criticamente sua prtica profissional. Alm disso, adquiriro as habilidades necessrias no somente para cumprir seu papel nesta rea
do saber, mas tambm para agir com tica e com responsabilidade
social.
Carga horria
A carga horria da disciplina Macroeconomia de 60 horas.
O contedo programtico para o estudo das cinco unidades estar disponvel na biblioteca virtual (Pearson), na qual constam as
obras indicadas como referncia de contedo neste Guia de Estudo Consulte no Plano de Ensino (PE)/Guia de Estudos (GE) desta
disciplina, o roteiro de estudo e as atividades a serem cumpridas..

importante que voc releia, no Guia Acadmico do seu curso, as informaes referentes Biblioteca Pearson, a Metodologia e Forma de
Avaliao da disciplina Macroeconomia. Na Sala de Aula Virtual SAV,
ferramenta Cronograma, sero disponibiliz

Bibliografia Bsica
ABEL, A. B.; BERNANKE, B.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6.ed. So Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2008. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3
out. 2012.
BLANCHARD, O. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
LIMA, G. T.; SICS, J. (Org.). Macroeconomia do emprego e da renda: Keynes e o
keynesianismo. Barueri: Manole, 2003. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.
br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
PARKIN, M. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson / Addison Wesley, 2003. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
Guia de Estudos
Macroeconomia

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TEBCHIRANI, F. R. Princpios de Economia: micro e macro. 2.ed. Curitiba: Ibpex, 2008.


Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.

Bibliografia Complementar
AMADO, A. M.; MOLLO, M. de L. R. Noes de Macroeconomia: razes tcnicas para
as divergncias entre os economistas. Barueri: Manole, 2003. Disponvel em: <http://
claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
BENECKE, D. W. Opes de poltica econmica para o Brasil. So Paulo: Konrad Adenauer,
2003.
BOLETIM SEMESTRAL DO CENTRO DE ESTUDOS DE CONJUNTURA E POLTICA ECONMICA
DO INSTITUTO DE ECONOMIA DA UNICAMP. Poltica econmica em foco. Campinas:
Unicamp, nov. 2005/abr. 2006.
BRESSER-PEREIRA,L. C. Da Macroeconomia clssica keynesiana. So Paulo, EAESP, FGV,
1976 (apostila EC-MACRO-L-1968, E-73).
DILLARD, D. A teoria econmica de John Maynard Keynes. 6. ed. So Paulo: Pioneira,
1989.
DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. So Paulo: Makron Books, 5. ed., 2000.
FROYEN, R. T. Macroeconomia. So Paulo: Saraiva, 1999.
HEILBRONER, R.L. Elementos de Macroeconomia. So Paulo: Zahar, 1999.
HUNT, E. K. Histria do pensamento econmico. Petrpolis: Vozes, 2000.
LOPES, L.M.; VASCONCELLOS, M.A.S. (Org.). Manual de Macroeconomia. So Paulo:
Atlas, 1998.
MANKIW, N.G. Introduo Economia princpios de Macro e Microeconomia. Rio de
Janeiro: Campus, 2002.
______. Macroeconomia. 5 ed. Rio de Janeiro: LTC, 2003.
MODENESI, A. de M.Regimes monetrios: teoria e a experincia do real. Barueri: Manole,
2005. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
OLIVEIRA, J. F. (Org.). Economia para administradores. So Paulo: Saraiva, 2006.
PAULANI, L. M.; BRAGA, M.B. A nova contabilidade social. 2.ed. So Paulo: Saraiva, 2004.
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de Economia. 5. ed. So Paulo: Saraiva,
2005.
ROSSETTI, J. P. Introduo Economia. 20. ed. So Paulo: Atlas, 2003.
SANDRONI, P. Novo dicionrio de Economia. So Paulo: Best Seller MB Associados, 2008.
SICS, J.;OREIRO, J. L; PAULA, L. F. (Org.). Agenda Brasil: polticas econmicas para o
crescimento com estabilidade de preos. So Paulo: Manole, 2003.
SIMONSEN, M. H.; CYSNE, R. P. Macroeconomia. 2. ed. So Paulo: Atlas/FGV, 1995.
SMITH, A. A riqueza das naes. So Paulo: Nova Cultural, 1996.
VASCONCELLOS, M.A.S.; GARCIA, M.E. Fundamentos de Economia. 2. ed. So Paulo:
Saraiva, 2005.

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Macroeconomia

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E-referncias
ACADEMIA ECONMICA. Teorias clssicas. Disponvel em: <http://www.
academiaeconomica.com/2008/05/teorias-clssicas.html>. Acesso em: 28 set. 2012.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponvel em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em: 28
set. 2012.
BNDES. Disponvel em: <http://www.bndes.gov.br>.Acesso em: 28 set. 2012.
COLA DA WEB. Economia Clssica. Disponvel em: <http://www.coladaweb.com/
economia/economia-classica>. Acesso em: 28 set. 2012.
DICIONRIO DE ECONOMIA. Introduo economia. Disponvel em: <http://vsites.unb.
br/face/eco/inteco/paginas/dicionarioa.html>. Acesso em: 28 set. 2012.
ESCSSIA, C. O que monetarismo?Disponvel em: <www.carlosescossia.com/2009/12/
o-que-e-monetarismo.html>. Acesso em: 28 set. 2012.
IPEA INSTITUTO DE PESQUISA ECONMICA APLICADA. Disponvel em: <http://www.
ipea.gov.br>. Acesso em: 28 set. 2012.
KNOOW.NET. Varivel econmica. Disponvel em: <http://www.knoow.net/
cienceconempr/economia/variaveleconomica.htm>. Acesso em: 28 set. 2012.
PENSAMENTO ECONMICO. Disponvel em: <http://www.pensamentoeconomico.ecn.
br>. Acesso em: 28 set. 2012.
PPGE PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ECONOMIA. NAPE Ncleo de Anlise de
Poltica Econmica. Disponvel em: <www.ppge.ufrgs.br/nape>. Acesso em: 28 set. 2012.
SANDRONI, P. (Org.). Novssimo Dicionrio de Economia. Disponvel em: <http://
introducaoaeconomia.files.wordpress.com/2010/03/dicionario-de-economia-sandroni.
pdf>. Acesso em: 28 set. 2012.

2. ORIENTAES PARA O ESTUDO DA DISCIPLINA


Apresentao da Disciplina
Seja bem-vindo!
Voc iniciar o estudo de Macroeconomia, apresentada na
modalidade EaD, que uma das disciplinas que compem os cursos de Graduao. Descobriremos, juntos, todos os procedimentos
necessrios para a facilitao de seu aprendizado nesta disciplina.
O estudo e a anlise macroeconmica englobam um campo amplo de interpretao, avaliao e deciso econmica. Para
apresentar o mximo de princpios e fundamentos da Macroeconomia, abordamos as principais correntes do pensamento econGuia de Estudos
Macroeconomia

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mico, que so objetos dos estudos realizados nas Unidades 1 e 2,


as quais tratam da evoluo da Teoria Macroeconmica.
Na Unidade 1, o estudo permeia a abordagem econmica
com foco na evoluo da Teoria Econmica. Esta baseia-se nos fundamentos econmicos da macroeconomia clssica e, naturalmente, nas suas contribuies ao pensamento econmico, incluindo o
atual. Na Unidade 2, a discusso centraliza-se na macroeconomia
keynesiana, cujas concepes revolucionaram o arcabouo terico
da Macroeconomia e seus princpios embasaram as polticas econmicas do mundo nos ltimos 70 anos.
J as Unidades 3, 4 e 5 apresentam a elaborao e a aplicao da poltica econmica e seus impactos sobre o desempenho
econmico de uma nao.
A Unidade 3 traz uma anlise da problemtica sobre preos
e inflao, no contexto brasileiro; enquanto a Unidade 4 mostra a
discusso sobre a poltica econmica propriamente dita, que esmiuada na Unidade 5, com a reflexo sobre como a poltica econmica pode influenciar os determinantes da demanda agregada
e do nvel geral de emprego.
Ao estudar Macroeconomia, voc conhece algumas abordagens que se iniciam pelas principais concepes da Teoria Macroeconmica e da base de anlise macroeconmica. Estas, por sua
vez, fundamentaram, teoricamente, a macroeconomia clssica,
a macroeconomia keynesiana e as anlises dos pensadores ps-keynesianos. No obstante, os fundamentos tericos e analticos
desenvolvidos por essas trs correntes do pensamento econmico, que podem ser resumidas a duas clssicas e keynesianas ,
constituram-se na base terica para as polticas econmicas adotadas em todos os pases, aps a Segunda Guerra Mundial.
A Teoria Macroeconmica moderna procura explicar os pnicos financeiros, os ciclos de crescimento e estagnao, alm das
atividades dos negcios em geral e das aes econmicas do setor
pblico.
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Macroeconomia

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Todo esse esforo necessrio, porque estudar a macroeconomia ajuda-nos a compreender que a sobrevivncia das empresas, o nvel geral de emprego, as expanses ou as retraes do
consumo, os ndices de inflao, ou at a manuteno no poder de
governos, dependem, na maioria das vezes, do sucesso ou fracasso da poltica econmica instituda pelo governo vigente.
Inerente a essas questes gerais, o conhecimento proporcionado pelo estudo da macroeconomia d embasamento terico
para uma avaliao geral dos benefcios e custos de abordagens
diferentes da poltica macroeconmica seja com o instrumental
da teoria clssica, keynesiana e / ou neoclssica , cujo objetivo
maior promover o crescimento econmico, o pleno emprego e o
controle da inflao.
Para tanto, a macroeconomia trata da evoluo da economia
como um todo, analisando a determinao e o comportamento
dos grandes agregados, como, por exemplo: renda, produto nacional, investimentos, poupana e consumo, nvel geral de preos,
emprego e desemprego, estoque de moeda, taxas de juros, balana de pagamento e taxa de cmbio.
Os comportamentos desses agregados influenciam os comportamentos dos agentes econmicos, como as famlias, as empresas e o governo, que so tambm influenciados por eles. E ns
estamos inseridos nesse ambiente, constitudo pela interao entre os referidos agentes.
Abordagem Geral da Disciplina
Prof. Ms. Israel Valdecir de
Souza
Neste tpico, apresenta-se uma viso geral do que ser estudado nesta disciplina. Aqui, voc entrar em contato com os
assuntos principais deste contedo de forma breve e geral e ter
a oportunidade de aprofundar essas questes no estudo de cada
Guia de Estudos
Macroeconomia

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unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o


conhecimento bsico necessrio a partir do qual voc possa construir um referencial terico com base slida cientfica e cultural
para que, no futuro exerccio de sua profisso, voc a exera com
competncia cognitiva, tica e responsabilidade social. Vamos comear nossa aventura pela apresentao das ideias e dos princpios bsicos que fundamentam esta disciplina.
A Economia Poltica a cincia que estuda o comportamento do homem no processo de produo, circulao e distribuio
de bens potencialmente escassos. Seu objetivo principal saber
como se produz um excedente econmico e como essa produo que excede o consumo de subsistncia apropriada e dividida pelos agentes econmicos. Para isso, estuda como deve ser
a administrao eficiente dos recursos potencialmente escassos,
de forma a maximizar o produto e, consequentemente, elevar o
bem-estar humano.
No espectro da Economia Poltica, podemos distinguir algumas reas de estudo principais: a Histria Econmica, a Histria do
Pensamento Econmico, a Economia Aplicada, a Anlise ou Teoria
Econmica e a Poltica Econmica. As duas primeiras reas, Histria Econmica e Histria do Pensamento Econmico, so definidas
pelos prprios nomes. Na primeira estudamos, de um ponto de
vista histrico, o processo econmico dos pases e das regies, e
na segunda examinamos o desenvolvimento das doutrinas e da
anlise econmica, por meio do pensamento dos grandes economistas.
Por Economia Aplicada entendemos os estudos econmicos
sobre um pas, uma regio; sobre um setor industrial, agrcola ou
comercial, ou mesmo, sobre uma empresa. Por exemplo: estudos
da economia brasileira ou da atual crise econmica na regio do
Euro. Chamamos de Economia Aplicada em razo de esses estudos
serem realizados sempre por meio da aplicao, em maior ou menor grau, da anlise ou teoria econmica.
Guia de Estudos
Macroeconomia

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A anlise econmica parte central da economia, que lhe garante seu carter de cincia. Neste caso, importam as relaes bsicas que se estabelecem entre as diversas variveis econmicas, a
fim de determinar a produo e a distribuio de bens e servios.
A teoria econmica possui dois ramos centrais: a microeconomia, na qual a anlise de funcionamento geral da Economia
realizada por meio do exame do comportamento dos agentes
econmicos individuais os consumidores e os produtores , e a
macroeconomia, que realiza essa mesma anlise partindo do estudo dos agregados econmicos: PIB, PNB, renda, consumo final,
poupana e investimentos.
Fazem parte, tambm, da anlise econmica a Teoria da Moeda e do Crdito, a Teoria das Finanas Pblicas, que, aps a Teoria
de Keynes, se tornaram subsidirias macroeconomia; a Teoria do
Desenvolvimento Econmico, que uma abordagem dinmica e,
geralmente, que d mais ateno s teorias sociolgicas da macroeconomia e, finalmente, a Teoria do Comrcio Internacional.
Quanto ao instrumental de ao, a Poltica Econmica, cuja
relevncia devida Teoria Geral, obra revolucionria de Keynes,
implica os estudos das medidas intervencionistas do governo na
economia, visando ao pleno emprego, ao desenvolvimento econmico, estabilidade monetria e melhor distribuio de renda.
Quando idealizada em longo prazo, e acompanhada de um sistema
administrativo para execut-la, a Poltica Econmica transforma-se
em Planejamento Econmico.
A Teoria Macroeconmica fundamentada, principalmente,
por teses de duas correntes do pensamento econmico: a clssica
e a keynesiana, sendo a segunda uma evoluo ou aprimoramento
da primeira.
A macroeconomia clssica (Unidade 1) parte do pressuposto
fundamental de que o mundo econmico governado por leis naturais que, se funcionarem livremente,produziro sempre os melhores resultados possveis.
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A macroeconomia keynesiana (Unidade 2) leva em conta


que, em momentos de crise (baixo crescimento, recesso ou estagflao) e de incertezas sobre o futuro, os investimentos e o consumo autnomo (privado) cairo e no mais sero suficientes para
que o crescimento retorne. Conforme Keynes, a sada dessas condies exige uma ao ativa do setor pblico, a fim de aumentar o
volume de gastos e, consequentemente, recolocar a economia em
direo ao crescimento.
Como vemos, a ao ativa do setor pblico tornou-se conhecida como a poltica econmica, cuja abordagem objeto de estudo das Unidades 4 e 5.
A macroeconomia, a Teoria Geral de Keynes e sua aplicao
Veja agora algumas reflexes sobre a macroeconomia:
1) As reflexes sobre o ensino da macroeconomia esto
inseridas em um mbito terico extremamente amplo.
Em linhas gerais, pode-se afirmar que os autores tratam
esse tema sob uma perspectiva econmica. Os economistas dos sculos 18 e 19 acreditavam que o nvel de
produtos no sofreria grandes alteraes, e que todos os
fatores de produo estariam ocupados com a produo
de bens e servios que formariam a renda. Assim, resultaria o chamado estado de pleno emprego dos fatores
de produo. Com isso, acreditavam que toda a renda
distribuda no ato da produo dirigir-se-ia ao mercado
para adquirir bens e servios. Apoiando-se na Lei de Say:
toda oferta cria sua prpria demanda, Keynes desenvolveu sua prpria teoria com base no pressuposto de
que necessria a interveno do Estado na economia,
pois o mercado, em razo de vazamentos, como a formao de estoques e a reduo de produo, no seria
capaz de coorden-la. Sua primeira suposio foi quanto existncia de desemprego. Os antigos economistas
acreditavam apenas no desemprego voluntrio. Para
melhor compreenso desses temas, importante estuGuia de Estudos
Macroeconomia

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dar: HUNT, E. K. Histria do pensamento econmico. Petrpolis: Vozes, 2000 e SMITH, A. A riqueza das naes.
So Paulo: Nova Cultural, 1996.
2) Keynes acreditava que a economia estaria funcionando abaixo de seu
potencial, ficando, assim, comparte de sua capacidade ociosa. Para
ele, a oferta agregada (OA) seria o somatrio da renda disponvel na
economia, enquanto a oferta potencial abrangeria a mxima produo da economia, com pleno emprego dos fatores de produo. A
oferta agregada efetiva aquela disposta no mercado, o que pode
ocorrer sem a plena utilizao dos fatores de produo. A demanda agregada resume-se ao somatrio do consumo total da economia
com os investimentos, os gastos governamentais e as exportaes,
subtraindo-se as importaes. Na verdade, o produto ou a renda de
equilbrio (em que a oferta agregada igual demanda agregada)
no igual ao produto ou renda de pleno emprego. Para saber mais
sobre esse assunto, pesquise: DILLARD, D. A teoria econmica de
John Maynard Keynes. 6. ed. So Paulo: Pioneira, 1989 e HANSEN,
A. H. Um guia para Keynes. So Paulo: Vrtice Universitria, 1987.

3) Os princpios keynesia nos foram aplicados pelas polticas econmicas nacionais que a maioria das naes desenvolvidas, em desenvolvimento e atrasadas estabeleceram nos ltimos 70 anos. Para saber
mais sobre poltica econmica e sua influncia no crescimento e na
estabilidade econmica dos pases e sobre o que foi resumido aqui,
consulte: SAMUELSON, P. A.; NORDAUS, W. D. Economics. 12 ed.
New York: McGraw-Hill, 1985. DORNBUSCH, R.; FISCHER, S. Macroeconomia. 5 ed. So Paulo: Makron Books, 2000. BLANCHARD, O.
Macroeconomia: Teoria e poltica econmica. 2 ed. Rio de Janeiro:
Campus, 2001. BOLETIM SEMESTRAL DO CENTRO DE ESTUDOS DE
CONJUNTURA E POLTICA ECONMICA DO INSTITUTO DE ECONOMIA DA UNICAMP. Poltica econmica em foco. Campinas: Unicamp,
nov. 2005/abr. 2006.

Ao longo dos anos de 1930, a Teoria Geral de Keynes comeou a ser entendida como capaz de responder aos problemas bsicos da nova economia e, por isso, aceita como fundamental
compreenso da nova realidade econmica.

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Macroeconomia

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A primeira novidade da Teoria Keynesiana, provavelmente


sua mais importante contribuio nova macroeconomia, o
princpio da demanda efetiva. Para Keynes, o pleno emprego
depende da procura agregada e o desemprego o resultado de
uma carncia de procura agregada.
A procura efetiva manifesta-se pelo gasto do rendimento.
O princpio o de que quando o rendimento real de uma comunidade aumenta, aumentar tambm o consumo, porm menos
do que o rendimento. Em outras palavras, quando h aumento de
rendimento, a propenso a poupar cresce mais do que a propenso a consumir do aumento de renda.
Neste cenrio, a fim de que haja procura suficiente para aumentar o emprego, tem que haver aumento do investimento real
igual diferena entre o rendimento e a procura de consumo originada desse rendimento. Para isso, a poupana deve ser plenamente gasta como investimento. Em outras palavras, o emprego no
pode aumentar a no ser que aumente o investimento. Esta a linha mestra do princpio da procura efetiva e da Teoria Keynesiana.
A segunda novidade a de que o governo deveria intervir
na economia com a finalidade de aumentar a demanda agregada
(por meio de gastos) e, assim, alcanar o pleno emprego (todas as
pessoas empregadas, e as fbricas operando com a mxima capacidade). A ideia de Keynes era utilizar polticas de gasto pblico
(poltica fiscal) para reduzir o desemprego.
A terceira novidade a de que, ao invs de partir da anlise
do comportamento individual dos agentes microeconmicos os
consumidores e os produtores , Keynes apoiava-se numa abordagem macroeconmica, estudando os agregados em um ambiente
de uma economia monetria. Dessa forma, comportamentos de
consumidores, investidores e especuladores continuariam a ser
analisados, mas diretamente em funo dos agregados econmicos.
A soluo clssica para o desemprego por meio da reduo
dos salrios nominais no era mais suficiente, porque, por motiGuia de Estudos
Macroeconomia

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vos institucionais (organizao sindical etc.), os salrios nominais


seriam inflexveis para baixo. Alm disso, a reduo nos salrios
implicaria a reduo da procura efetiva, principalmente de bens
de consumo.
Keynes admitia apenas certa reduo dos salrios reais, provocada por uma poltica monetria flexvel, de carter inflacionrio, que seria indicada nos momentos de crise. Por meio de um
processo de iluso monetria, os assalariados aceitariam, at certo ponto, esse tipo de reduo dos salrios, e no diminuiriam correspondentemente seus gastos de consumo. Seu argumento final
contra a baixa de salrios nominais era de carter mais poltico do
que econmico.
Contudo, a poltica econmica de Keynes balizava-se na poltica fiscal, j que a poltica monetria tendente a fazer baixar a taxa
de juro seria ineficiente nos momentos mais agudos da crise, em
razo da armadilha da liquidez.
Para contrabalanar a insuficincia do investimento privado,
Keynes propunha a realizao de grandes investimentos pblicos.
Estes deveriam preferivelmente ser teis, produtivos. Entretanto,
nos momentos de crise, construir pirmides ou abrir buracos para,
em seguida, fech-los seria, tambm, uma soluo. O objetivo era
aumentar o emprego, seja investindo produtiva ou improdutivamente. Os investimentos improdutivos tinham, inclusive, a vantagem de no implicar produo futura de bens de consumo, que
deveriam ser consumidos.
Alm dos investimentos pblicos, o governo deveria estimular os investimentos privados, reduzindo os impostos. Esta reduo poderia, tambm, estimular o consumo, dependendo do tipo
de imposto rebaixado.
Resta-nos abordar o nvel de preos, tema a ser estudado na
Unidade 3.
Na macroeconomia bsica, a soma do investimento como
consumo final determinante da renda agregada ou do produto
agregado, e este do nvel geral de emprego.
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No processo, o consumo e o investimento dependem de variveis, tais como a funo consumo, a funo investimento, a taxa
de juro e a poltica do governo. A interao completa entre estas
variveis determina a procura agregada.
A Figura 1 a seguir mostra o processo completo.

Fonte: adaptado de Dillard (1989, p. 46).

Figura 1 Determinantes da demanda agregada e do nvel geral de emprego de acordo


commodelo keynesiano.

Mas, se a procura agregada superar a oferta agregada, iniciar-se- disputa entre os consumidores pelos bens e servios produzidos, e os preos dos produtos disputados vo aumentar; a inflao de procura decorrente desta disputa.
Importante: o descontrole de preos no desejado por nenhum agente econmico, nem deve ser tolerado pelos governos.
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Com sucesso, as ideias de Keynes constituram-se na base


terica da economia mundial at a dcada de 1970, quando, ento, o liberalismo econmico voltou com fora, num movimento
econmico e poltico defensor da reduo do Estado ou a favor
do Estado mnimo. Contudo, o keynesianismo, ainda, a principal
referncia terica s polticas econmicas da maioria dos governos
na atualidade.
Levando em conta o assunto abordado, resta-nos conhecer
um pouco mais sobre a dinmica da anlise da macroeconomia.
A dinmica macroeconmica
No nenhum exagero afirmar que a macroeconomia apresenta trs nveis de anlise: explicao, previso e ao poltica.
Explicao: baseia-se em dados estatsticos e na econometria, procurando as razes do comportamento dos
agentes econmicos.
Previso: usa a econometria para simular o comportamento dos agregados.
Ao poltica: o governo apoia-se na explicao e na previso para agir sobre a economia. Tal ao relacionada
ao aumento do nvel de emprego, reduo da inflao,
ao crescimento da produo etc.
Os principais instrumentos que os governos possuem para a
ao so: poltica fiscal, poltica monetria, poltica cambial, poltica comercial e poltica de rendas.
Metas da macroeconomia
Quando o governo atua ou age sobre a economia, em geral,
ele visa s seguintes metas, principalmente as trs primeiras:
1) Crescimento econmico: crescimento do PIB percapita.
2) Alto nvel de emprego: busca do pleno emprego.
3) Estabilidade de preos: inflao baixa e previsvel.

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4) Eficincia: obteno do resultado mximo do esforo


produtivo.
5) Distribuio de renda socialmente mais justa.
Como pudemos perceber, a macroeconomia visa a cinco objetivos, e os governos devem atuar politicamente coma finalidade
de alcan-los.
Nesse ponto entra em ao a poltica econmica, instituda
e administrada com o emprego e a manipulao de ferramentas
econmicas, configuradas, sobretudo, pelas polticas fiscal e monetria.
A Figura 2 esboa um quadro da dinmica macroeconmica
e da interdependncia entre as variveis associadas ao desempenho do produto interno.

Fonte: adaptado de Mochn (2006, p. 166).

Figura 2 Dinmica macroeconmica.

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A poltica econmica: uma viso geral


Podemos entender a poltica econmica como as medidas
adotadas pelo governo para controle do desempenho da economia. So medidas relativas ao oramento, oferta de moeda e
taxa de cmbio, que afetam todas as reas da economia e constituem polticas macroeconmicas. Outras afetam exclusivamente
algum setor especfico, como, por exemplo, o agrcola, sendo polticas microeconmicas.
De acordo com Rossetti (2003, p. 122),
[...] a formulao, a implementao e o controle da poltica econmica competem ao Estado, enquanto poder politicamente estabelecido. (...) esfera governamental compete o manejo do elenco
disponvel de meios e instrumentos de ao econmica (fiscais,
monetrios, cambiais e de controle direto) no sentido de que se
alcancem os fins ou objetivos politicamente pretendidos.

Na elaborao de polticas econmicas de alcance macroeconmico, que so comuns, h divergncias quanto ao grau de interveno do governo: alguns defendem a poltica do laissez-faire
ou liberalismo econmico, enquanto outros acreditam que o governo deve ir alm, cobrindo as deficincias de mercado.
Lembremo-nos de que o alcance da poltica macroeconmica depende do sistema econmico vigente, das leis e das instituies do pas. No Brasil, por exemplo, desde 1990, a poltica macroeconmica vem tentando limitar o papel dos governos e reduzir o
poder econmico do Estado.
Todavia, a poltica econmica pode tornar-se contraproducente, caso o diagnstico dos problemas econmicos seja errneo
e as diretrizes polticas no sejam adequadas ao problema que se
pretende resolver. As experincias mostram que o xito de uma
poltica econmica depender, e muito, da reao dos agentes
econmicos, da sua execuo e da confiana poltica no governo
gestor.

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Diretrizes da poltica econmica


A elaborao da poltica econmica pressupe o esboo de
diretrizes econmicas, particularmente da poltica macroeconmica.
No caso do Brasil, aps a estabilizao dos preos com a adoo do Plano Real, os objetivos da poltica econmica passaram
a ser a promoo do rpido crescimento econmico com justia
social e a eliminao da pobreza.
Alcanada a estabilidade de preos e os avanos na rea fiscal, qualquer nao se torna apta a iniciar nova fase, em que o eixo
da ao governamental dever ser deslocado para a construo de
condies econmicas e institucionais internas efetivas que permitam o crescimento sustentado.
No obstante, para crescer, preciso ampliar os investimentos produtivos e viabilizar o crescimento das exportaes, ao mesmo tempo em que no se deve abandonar a estabilidade monetria, pois esta imprescindvel para sustentar o desenvolvimento.
Lembre-se de que os objetivos precisam ser alcanados simultaneamente, em um processo no qual cada um refora o outro. S assim possvel sustentar o desenvolvimento econmico e
social em longo prazo.
A poltica e os desafios econmicos
J no mais novidade, desde a elaborao das ideias de
Keynes, que, diante das restries e dos novos desafios impostos
pela economia, cabe ao governo um papel mais ativo na administrao da economia, por meio da mobilizao poltica para a constituio de condies materiais e institucionais que permitam alcanar, simultaneamente, os objetivos da poltica econmica, que
so almejados por todos os brasileiros, quando se pensa no Brasil.
Para isso, estabelecer novo relacionamento com o setor privado, novo pacto de cooperao com o empresariado e sindicatos,
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promover reformas institucionais, aperfeioar mecanismos de resoluo de conflitos e fazer boa governana so, tambm, aes
fundamentais para o xito de qualquer poltica macroeconmica.
Glossrio de Conceitos
O Glossrio de Conceitos permite a voc uma consulta rpida e precisa das definies conceituais, possibilitando-lhe um
bom domnio dos termos tcnico-cientficos utilizados na rea de
conhecimento dos temas tratados na disciplina Macroeconomia.
Veja, a seguir, a definio dos principais conceitos desta disciplina:
1) Anlise econmica: aplicao realidade econmica
do mtodo cientfico de decomposio em elementos
mais facilmente compreensveis que o todo, visando a
inseri-los em um esquema explicativo (DICIONRIO DE
ECONOMIA, 2012).
2) Economia clssica: a cincia econmica consolidada
com a escola clssica. O marco fundamental a obra
Uma Investigao sobre a Natureza e Causas da Riqueza das Naes (1776), do escocs Adam Smith (17231790). Aps a morte de Smith, trs nomes aperfeioam e ampliam suas ideias: o francs Jean-Baptiste Say
(1767-1832) e os ingleses Thomas Malthus (1766-1834)
e David Ricardo (1772-1823). O pensamento clssico se
desenvolve na segunda metade do sculo XVIII e no sculo XIX. Desse modo centra suas reflexes nas transformaes do processo produtivo, trazidas pela Revoluo
Industrial. Adam Smith afirma que no a prata ou o
ouro que determina a prosperidade de uma nao, mas
sim o trabalho humano. Em consequncia, qualquer mudana que aprimore as foras produtivas enriquece uma
nao. A principal delas alm da mecanizao a diviso social do trabalho, amplamente estudada por ele.
A escola tambm aborda as causas das crises econmicas, as implicaes do crescimento populacional e a acumulao de capital. Os clssicos defendem o liberalismo
e elaboram o conceito de racionalidade econmica, no
qual o indivduo deve satisfazer suas necessidades sem
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se preocupar com o bem-estar coletivo. Essa busca egosta e competitiva, no entanto, estaria na origem de todo
o bem pblico porque qualquer interveno nessas leis
naturais do comportamento humano bloquearia o desenvolvimento das foras produtivas. Usando a metfora econmica de Smith, os homens, conduzidos por uma
mo invisvel, acabam promovendo um fim que no era
intencional (COLA DA WEB, 2012).
3) Economia neoclssica: a escola surge no fim do sculo
XIX com o austraco Carl Menger (1840-1921), o ingls
William Stanley Jevons (1835-1882) e o francs Lon
Walras (1834-1910). Posteriormente se destacam o ingls Alfred Marshall (1842-1924), o austraco KnutWicksell (1851-1926), o italiano Vilfredo Pareto (1848-1923)
e o norte-americano Irving Fisher (1867-1947) [...]. Os
neoclssicos negam a teoria clssica do valor-trabalho.
Amparados pelas ideias do filsofo ingls Jeremy Bentham (1748-1832), criador do utilitarismo, eles afirmam
que o valor de um produto uma grandeza subjetiva:
relaciona-se com a utilidade que ele tem para cada um.
Essa utilidade, por sua vez, depende da quantidade do
bem de que o indivduo dispe. Nos desertos, por exemplo, a gua um produto valioso, ao passo que em regies chuvosas o valor cai consideravelmente. Dessa maneira, o preo das mercadorias e dos servios passa a ser
definido pelo equilbrio entre a oferta e a procura. Essa
lei do mercado, para os neoclssicos, conduz estabilidade econmica [...] (ACADEMIA ECONMICA, 2012).
4) Estabilidade econmica: rene trs objetivos bsicos,
em que a atuao da poltica econmica de importncia vital: 1) manuteno do pleno emprego; 2) estabilidade geral de preos; 3) equilbrio do balano internacional de pagamentos. Assim, estabilidade a situao
da economia de um pas caracterizada pela ausncia
relativa de flutuaes cclicas. Depende basicamente do
nvel da produo, do emprego e dos preos, fatores que
costumam flutuar em conjunto de forma cclica. No plano da produo e do emprego, pode-se considerar situao de estabilidade aquela em que o produto nacional
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e o emprego crescem de forma modesta, porm a taxas


relativamente constantes. Em termos de preos, estabilidade significa um ndice de preos com flutuaes mnimas ou a ausncia relativa de flutuao e deflao. No
plano governamental, busca-se a estabilizao por meio
das polticas monetria, fiscal e salarial e dos mecanismos de controle de preos (DICIONRIO DE ECONOMIA, 2012; SANDRONI, 2012).
5) Estagflao: situao na economia de um pas na qual a
estagnao ou o declnio do nvel de produo e emprego se combinam com uma inflao acelerada. O fenmeno contraria a teoria clssica segundo a qual a inflao tenderia a declinar com o aumento do desemprego.
Fenmeno tpico do ps-guerra, a estagflao tem se
acentuado em quase todas as economias capitalistas
desenvolvidas depois da chamada crise do petrleo
(1973-1979). As medidas essencialmente monetaristas
adotadas pelos governos norte-americano e britnico
para reverter essa tendncia tm sido acompanhadas,
no entanto, por considervel elevao dos preos, dos
ndices de desemprego e da recesso econmica. Entre
1963 e 1966, o Brasil atravessou um perodo de estagflao quando o PIB chegou a diminuir (1964-1965) e a inflao ainda no havia sido dominada. A partir de 1981,
o fenmeno reapareceu com inusitada fora, permanecendo at o primeiro semestre de 1984. Depois da fase
de crescimento correspondente ao binio 1985-1986, a
estagflao voltou a caracterizar a economia brasileira
com ndices inflacionrios elevados e um crescimento
do PIB pequeno. A partir de 1994, com a introduo do
Plano Real e da reforma monetria (advento do real), a
inflao baixou consideravelmente e o PIB voltou a crescer de forma expressiva (SANDRONI, 2012).
6) Estagnao: situao em que o produto nacional (ou
produto per capita) no mantm nvel de crescimento
altura do potencial econmico do pas. Pode ocorrer, por
exemplo, que mesmo com amplo emprego dos recursos
disponveis, o ndice de crescimento do produto no
supere o ndice de aumento da populao ou at fique
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abaixo dele. Uma demanda global deficiente pode gerar


esse quadro de estagnao numa economia que tenha
grande capacidade de crescimento: o caso, segundo
alguns economistas, das dificuldades que envolviam as
economias norte-americana e inglesa, ameaadas pela
estagnao e pelo desemprego, no incio da dcada de
80. Segundo os economistas da escola keynesiana, a
tendncia estagnao uma das caractersticas do capitalismo, caso a economia concorrencial seja relegada
a seus mecanismos naturais. Para combater essa tendncia, advogam a interveno do Estado na economia,
como instrumento de controle da taxa de juros e incentivador de novos investimentos(SANDRONI, 2012).
7) Expanso: situao de uma economia, em que os volumes da produo e da demanda apresentam ndices de
crescimento(DICIONRIO DE ECONOMIA, 2012).
8) Expectativas: conceito usado por Keynes para designar
o grau de incerteza em relao ao futuro. Um indivduo
far um investimento, dependendo da taxa de juros e
das expectativas. Se as expectativas, por exemplo, forem boas (otimistas), ele provavelmente investir. Esse
conceito, considerado uma das grandes contribuies
de Keynes economia, foi tambm desenvolvido pela
escola sueca. As expectativas so importantes para a teoria da preferncia pela liquidez. A demanda de dinheiro
para satisfazer o motivo especulativo depende das expectativas sobre as mudanas da taxa corrente de juros.
Se, por exemplo, a taxa corrente baixa e os preos das
aes so altos, de esperar que os preos das aes
caiam. Diante dessa perspectiva, as pessoas preferiro
ter dinheiro a aes, porque seu custo de manuteno
baixo e, dessa forma, evitaro perdas de capital, se carem como se espera os preos das aes (SANDRONI, 2012).
9) Monetarismo: teoria macroeconmica que se ocupa de
analisar a oferta monetria. Identifica-se com uma interpretao da forma como a oferta de dinheiro afeta outras variveis, como os preos, a produo e o emprego,
contrapondo-se ao keynesianismo. A teoria quantitativa
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do dinheiro de Irving Fisher prevaleceu no monetarismo


durante o sculo XX e formalizou-se em uma equao
onde o nvel geral de preos equivalia quantidade de
dinheiro multiplicada por sua velocidade de circulao
e dividida pelo volume de transaes. Durante a dcada
de 1970, analisava-se a demanda de dinheiro dos indivduos da mesma forma que a de qualquer outro bem,
dependendo da riqueza de cada indivduo e do preo
relativo do bem em questo. O monetarismo analisa
em conjunto a demanda total de dinheiro e a oferta monetria. Os nveis desejados de saldos monetrios reais
tendem a variar com lentido, enquanto as mudanas
dos saldos nominais so instantneas e dependem da
atuao das autoridades monetrias. Esta afirmao implica que as variaes dos preos ou as receitas nominais
respondem, obrigatoriamente, a alteraes na oferta de
dinheiro, o que constitui o ponto de partida da tese de
Milton Friedmam, segundo a qual a inflao apenas
um fenmeno monetrio (ESCSSIA, 2012).
10) PIB Produto Interno Bruto: refere-se ao valor agregado de todos os bens e servios finais produzidos dentro do territrio econmico de um pas, independentemente da nacionalidade dos proprietrios das unidades
produtoras desses bens e servios. Exclui as transaes
intermedirias, medido a preos de mercado e pode
ser calculado sob trs aspectos. Pela tica da produo,
o PIB corresponde soma dos valores agregados lquidos dos setores primrio, secundrio e tercirio da economia, mais os impostos indiretos, mais a depreciao
do capital, menos os subsdios governamentais. Pela
tica da renda, calculado a partir das remuneraes
pagas dentro do territrio econmico de um pas, sob a
forma de salrios, juros, aluguis e lucros distribudos;
somam-se a isso os lucros no distribudos, os impostos indiretos e a depreciao do capital e, finalmente,
subtraem-se os subsdios. Pela tica do dispndio, resulta da soma dos dispndios em consumo das unidades
familiares e do governo, mais as variaes de estoques,
menos as importaes de mercadorias e servios e mais
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as exportaes. Sob essa tica, o PIB tambm denominado Despesa Interna Bruta (SANDRONI, 2012).
11) Varivel econmica: o termo varivel designa uma
grandeza que pode ser definida e medida. Quando se
fala em variveis econmicas, pretende-se referir um
conjunto de grandezas determinadas pelo funcionamento do sistema econmico, onde esto includos, por
exemplo, os preos, as quantidades transacionadas no
mercado, a riqueza produzida, as taxas de juro, as taxas
de cmbio, as taxas de desemprego, entre diversas outras. Existe tambm um conjunto de variveis exgenas
economia que apesar de externas economia, as influenciam. Incluem-se no conjunto das variveis exgenas o clima, a situao social e poltica, as guerras e revolues, a evoluo demogrfica, entre muitas outras
(KNOOW.NET, 2012).
Esquema dos Conceitos-chave
Para que voc tenha uma viso geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 3), um Esquema dos Conceitos-chave da disciplina. O mais aconselhvel
que voc mesmo faa o seu esquema de conceitos-chave ou at
mesmo o seu mapa mental. Esse exerccio uma forma de voc
construir o seu conhecimento, ressignificando as informaes a
partir de suas prprias percepes.
importante ressaltar que o propsito desse Esquema dos
Conceitos-chave representar, de maneira grfica, as relaes entre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais
complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar voc
na ordenao e na sequenciao hierarquizada dos contedos de
ensino.
Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organizao das ideias e dos princpios em
esquemas e mapas mentais, o indivduo pode construir o seu conhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos peGuia de Estudos
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daggicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem.


Aplicado a diversas reas do ensino e da aprendizagem escolar (tais como planejamentos de currculo, sistemas e pesquisas
em Educao), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda,
na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que estabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilao de novos
conceitos e de proposies na estrutura cognitiva do aluno. Assim,
novas ideias e informaes so aprendidas, uma vez que existem
pontos de ancoragem.
Tem-se de destacar que aprendizagem no significa, apenas, realizar acrscimos na estrutura cognitiva do aluno; preciso, sobretudo, estabelecer modificaes para que ela se configure
como uma aprendizagem significativa. Para isso, importante considerar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais
de aprendizagem. Alm disso, as novas ideias e os novos conceitos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez
que, ao fixar esses conceitos nas suas j existentes estruturas cognitivas, outros sero tambm relembrados.
Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que voc
o principal agente da construo do prprio conhecimento, por
meio de sua predisposio afetiva e de suas motivaes internas
e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tornar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhecimento sistematizado em contedo curricular, ou seja, estabelecendo uma relao entre aquilo que voc acabou de conhecer com
o que j fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do
site disponvel em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapasconceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010).

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Fonte: adaptado de Rosseti (2003, p. 67).

Figura 3 Esquema dos Conceitos-chave da disciplina Macroeconomia.

Como pode observar, esse Esquema oferece a voc, como


dissemos anteriormente, uma viso geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, ser possvel transitar entre
os principais conceitos desta disciplina e descobrir o caminho para
construir o seu processo de ensino-aprendizagem. O Esquema dos
Conceitos-chave mais um dos recursos de aprendizagem que
vem se somar queles disponveis no ambiente virtual, por meio
de suas ferramentas interativas, bem como queles relacionados
s atividades didtico-pedaggicas realizadas presencialmente no
polo. Lembre-se de que voc, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construo de seu prprio conhecimento.
Questes Autoavaliativas
No final de cada unidade, voc encontrar algumas questes
autoavaliativas sobre os contedos ali tratados, as quais podem
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ser de mltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas.


Responder, discutir e comentar essas questes, bem como
relacion-las com a prtica do ensino de Macroeconomia pode ser
uma forma de voc avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resoluo de questes pertinentes ao assunto tratado, voc
estar se preparando para a avaliao final, que ser dissertativa.
Alm disso, essa uma maneira privilegiada de voc testar seus
conhecimentos e adquirir uma formao slida para a sua prtica
profissional.
As questes de mltipla escolha so as que tm como resposta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por
questes abertas objetivas as que se referem aos contedos
matemticos ou queles que exigem uma resposta determinada,
inalterada. J as questes abertas dissertativas obtm por resposta uma interpretao pessoal sobre o tema tratado; por isso,
normalmente, no h nada relacionado a elas no item Gabarito.
Voc pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus
colegas de turma.

Bibliografia Bsica
fundamental que voc use a Bibliografia Bsica em seus estudos, mas no se prenda s a ela. Consulte, tambm, as bibliografias apresentadas no Plano de Ensino e no item Orientaes para o
estudo da unidade.
Figuras (ilustraes, quadros...)
Neste material instrucional, as ilustraes fazem parte integrante dos contedos, ou seja, elas no so meramente ilustrativas, pois esquematizam e resumem contedos explicitados no
texto. No deixe de observar a relao dessas figuras com os contedos da disciplina, pois relacionar aquilo que est no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formao intelectual.

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Dicas (motivacionais)
O estudo desta disciplina convida voc a olhar, de forma
mais apurada, a Educao como processo de emancipao do ser
humano. importante que voc se atente s explicaes tericas,
prticas e cientficas que esto presentes nos meios de comunicao, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois,
ao compartilhar com outras pessoas aquilo que voc observa, permite-se descobrir algo que ainda no se conhece, aprendendo a
ver e a notar o que no havia sido percebido antes. Observar ,
portanto, uma capacidade que nos impele maturidade.
Voc, como aluno do curso de graduao na modalidade
EaD, necessita de uma formao conceitual slida e consistente.
Para isso, voc contar com a ajuda do tutor a distncia, do tutor
presencial e, sobretudo, da interao com seus colegas. Sugerimos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades
nas datas estipuladas.
importante, ainda, que voc anote as suas reflexes em
seu caderno ou no Bloco de Anotaes, pois, no futuro, elas podero ser utilizadas na elaborao de sua monografia ou de produes cientficas.
Leia os livros da bibliografia indicada, para que voc amplie
seus horizontes tericos. Coteje-os com o material didtico, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista s videoaulas.
No final de cada unidade, voc encontrar algumas questes
autoavaliativas, que so importantes para a sua anlise sobre os
contedos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos
para sua formao. Indague, reflita, conteste e construa resenhas,
pois esses procedimentos sero importantes para o seu amadurecimento intelectual.
Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na
modalidade a distncia participar, ou seja, interagir, procurando
sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores.
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Caso precise de auxlio sobre algum assunto relacionado a


esta disciplina, entre em contato com seu tutor. Ele estar pronto
para ajudar voc.

3. DESCRIO DAS UNIDADES DE ESTUDO


A seguir, ser apresentada a descrio das unidades.
Unidade 1 Macroeconomia: a Abordagem Clssica e seus
Desdobramentos
1.Objetivos
Entender a evoluo do pensamento econmico que fundamenta teoricamente a macroeconomia moderna.
Conhecer como os economistas clssicos pensavam, entendiam e analisavam a economia como um todo.
Compreender as principais leis, os princpios e os fundamentos da macroeconomia clssica.
Conhecer as principais contribuies de Keynes constituio de uma base macroeconmica que permite aes
de poltica econmica.
Mostrar que muitos conceitos adotados atualmente por
pessoas, empresas e, sobretudo na poltica econmica,
tm origem com pensamento clssico.
2. Contedos
Razes que justificam o estudo da macroeconomia.
Evoluo do estudo da macroeconomia.
O pensamento econmico clssico.
Interpretaes dos principais fundamentos da teoria clssica.
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Crtica keynesiana ao pensamento econmico clssico.


Uma viso geral dos fundamentos da Teoria Geral de Keynes.
Crticas Teoria Geral.
3. Referncias
ABEL, A. B.; BERNANKE, B.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. So Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2008. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3
out. 2012.
DILLARD, D. A teoria econmica de John Maynard Keynes. 6. bed. So Paulo: Pioneira,
1989.
HUNT, E. K. Histria do pensamento econmico. Petrpolis: Vozes, 2000.
LIMA, G. T.; SICS, J. (Org.). Macroeconomia do emprego e da renda: Keynes e o
keynesianismo. Barueri: Manole, 2003. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.
br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
MANKIW, N.G. Introduo economia princpios de macro e microeconomia. Rio de
Janeiro: Campus, 2002.
PARKIN, M. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson / Addison Wesley, 2003. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
TEBCHIRANI, F. R. Princpios de economia: micro e macro. 2.ed. Curitiba: Ibpex, 2008.
Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.

4. Competncias
Compreenso suficiente para justificar a importncia do
pensamento econmico clssico e neoclssico no entendimento do comportamento econmico do indivduo, das
empresas e do governo.
Entendimento de como as principais concepes clssicas, keynesianas e neoclssicas de teoria econmica embasam as aes de polticas econmicas atuais, requerendo compreenso de como o comportamento dos agentes
econmicos famlias, governo e empresas afeta o desempenho da economia como um todo. Entendimento,
tambm, de como as bases das polticas econmicas atuais foram pensadas, em grande parte, na teoria clssica e,
depois, aprimoradas e adaptadas pela teoria keynesiana
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e seus seguidores.
Compreenso de que a macroeconomia clssica, como
toda a teoria econmica clssica, parte do pressuposto
fundamental de que o mundo econmico governado
por leis naturais, as quais, se funcionarem livremente, produziro sempre os melhores resultados possveis(HUNT,
2000, p. 53-69).
Entendimento de que, para o pensamento clssico, uma
poltica econmica baseada no laissez-faire s traria os
resultados esperados com o pleno funcionamento do
mercado, o que pressupe nenhuma ou mnima interveno governamental. Alm deste pressuposto geral, a
macroeconomia clssica partia de outros dois pressupostos importantes: (1) o de que os preos e salrios eram
sempre flexveis e (2) de que a moeda no era utilizada com fins de ente entesouramento (DILLARD, 1989, p.
25).Estes pressupostos permitiam o desenvolvimento dos
dois modelos centrais da macroeconomia clssica: a lei
do mercado, de Say,segundo a qual a oferta cria sua prpria procura e a
teoria quantitativa da moeda, que, partindo da equao de trocas,
conclua que, sendo a velocidade da moeda constante, e dada uma
determinada quantidade de moeda, a produo variava em relao
inversa e proporcional aos preos (DILLARD, 1989, p. 26).

Entendimento de que a macroeconomia, na concepo


analtica de hoje, consequncia das contribuies de
Keynes e dos ps-keynesianos. Conforme estudado no
captulo 5 de Lima e Sics (2003, p. 147-180):
Keynes, assim como a escola ps-keynesiana, defende um papel
permanente para o governo na economia, no se confundindo com
a simples substituio dos mercados privados pela ao do Estado
na determinao do investimento.

Portanto, o governo deve atuar como agente interventor


e estimulador do gasto na economia.
Compreenso das ideias de Keynes sobre a dinmica entre
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os determinantes da demanda agregada, cuja explicao


encontra-se em Lima e Sics (2003, p. 430-448). Keynes
relaciona o nvel e o ritmo da demanda agregada adoo de polticas econmicas dirigidas a criar um ambiente
estvel e seguro que estimule os empresrios a realizar
novos investimentos, uma vez que os nveis de emprego
e a utilizao da capacidade produtiva dependem dos determinantes da demanda agregada, principalmente das
decises de investimentos dos empresrios.
5. Orientaes para o estudo da unidade
Para iniciar a disciplina Macroeconomia, o primeiro passo
tentar identificar qual a importncia de seu estudo para as reas
de negcios e o governo. Com o propsito de cumprir esta etapa,
conheceremos o mercado de bens e servios, de trabalho, monetrio, de ttulos e o mercado cambial, pois so os principais objetos
de estudo da macroeconomia. Depois, conheceremos a evoluo
conceitual da macroeconomia.
Por que estudar macroeconomia?
O estudo da macroeconomia prope respostas a questes
como as que vm a seguir:
Por que os rendimentos, atualmente, so mais elevados
do que em 1990, e por que, em 1990, eram mais altos do
que tinham sido em 1960?
Por que alguns pases tm inflao alta, enquanto outros
tm preos estabilizados?
Por que, em alguns momentos, o Produto Interno do pas
cresce bastante e em outros menos?
Se o Produto Interno do pas for menor do que o do ano
anterior, isso pode desencadear um aumento do desemprego e uma queda do rendimento?

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Basta ler os jornais ou ouvir o noticirio para ter-se ideia da


importncia da macroeconomia. Diariamente, os meios de comunicao e os sites especializados noticiam e disponibilizam fatos
macroeconmicos. Por exemplo: Produto interno bruto cresce
trs por cento no ltimo trimestre. O desemprego aumenta.
Banco central reduz taxa bsica de juro. Bolsas caem devido
expectativa de aumento de juro nos Estados Unidos. A arrecadao do governo aumentou comparada do ms passado.
Os fatos econmicos afetam a vida de todos. Os trabalhadores desempregados buscam emprego com a esperana de que a
economia vai melhorar e, assim, consigam um emprego. Por outro
lado, os produtores que planejam a demanda de seus produtos
devem fazer estimativas sobre o comportamento da renda do consumidor e da taxa de juro.
Para avanar no entendimento de macroeconomia, indispensvel ler o captulo 5 de Parkin (2003, p. 93-110). Nesse captulo voc deve compreender o que se estuda em macroeconomia e porque ela deve ser compreendida. Depois, avalie se voc
consegue relacionar a macroeconomia com os temas abordados
anteriormente. Voc, tambm, pode ler o captulo 1 de Abel; Bernanke; Croushore (2008, p. 2-16). Estes fazem uma introduo
macroeconomia estudada atualmente.
No obstante, a macroeconomia oferece conhecimento bsico para a compreenso dos temas centrais do debate poltico.
Discute-se por que desde 1980 o produto brasileiro no vem obtendo o mesmo desempenho dos anos de 1970; por que foi difcil
e socialmente caro controlar a inflao brasileira; por que a taxa de
juro no Brasil to alta quando comparada s taxas aplicadas em
outros pases, com o mesmo grau de desenvolvimento; por que a
carga tributria vigente no Brasil considerada alta quando comparada s de outros pases, com o mesmo grau de desenvolvimento e, mesmo assim, o Estado no consegue atender s demandas
da populao por bens pblicos fundamentais; por que variaes
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cambiais e crises em outros pases afetam o desempenho do produto interno etc.


Comumente, a popularidade de um presidente aumenta nos
perodos de prosperidade econmica e diminui durante a recesso. De acordo com Mankiw (2002, p. 49):
os consumidores e produtores, que so eleitores, so extremamente sensveis aos fatos que afetam a economia e os polticos tm
igual percepo da importncia da poltica macroeconmica e, por
isso, do muita importncia a ela.

No caso brasileiro, em todas as eleies majoritrias, a poltica econmica est no centro das discusses lideradas pelos candidatos eletivos.
Vejamos tambm, nestas orientaes iniciais, cada um dos
mercados que compem o escopo analtico da macroeconomia,
pois so relevantes para a compreenso dos temas abordados na
disciplina. Os mercados so os seguintes:
Mercado de bens e servios: no qual se estuda a agregao de todos os bens e servios produzidos pela economia
durante certo perodo de tempo, para definir o Produto
Interno Bruto PIB. O preo desse produto uma mdia
de todos os preos produzidos no pas, o que chamamos
de nvel geral de preos.
Mercado de trabalho: tambm representa uma agregao de todos os tipos de trabalhos existentes na economia. Neste mercado, determinam-se a taxa salarial e o
nvel de emprego.
Alm desses, discute-se o mercado monetrio, pois a anlise econmica desenvolvida em uma economia cujas trocas so
efetuadas utilizando-se moeda. Assim, a moeda torna-se importante na determinao dos preos e das quantidades produzidas.
No mercado monetrio, so determinadas as taxas de juros e a
quantidade de moeda necessria para efetuar as transaes econmicas.
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Nas economias, existem agentes econmicos deficitrios e


superavitrios. Conforme Dillard (1989, p. 29-30):
Os agentes superavitrios possuem nvel de renda superior aos
seus gastos e os deficitrios possuem nvel de gastos superiores ao
de sua renda.

Desse modo, idealiza-se um mercado no qual os agentes superavitrios emprestam para os deficitrios. H um mercado constitudo por ttulos, que fazem essa funo. Este engloba ttulos do
governo, aes, debntures, duplicatas etc. No mercado de ttulos,
procura-se determinar o preo e a quantidade de ttulos.
Como a taxa de juros determinada, na realidade, tanto no
mercado monetrio como no mercado de ttulos, comum analisar esses dois mercados conjuntamente, constituindo-se o mercado financeiro.
Por ltimo, o pas realiza uma srie de transaes com o
resto do mundo, envolvendo mercadorias, servios e transaes
financeiras. Para essas transaes viveis, os preos dos diferentes pases devem ser comparados, e o valor da moeda de um pas
deve ser convertido no valor das moedas dos outros. A taxa de
cmbio permite calcular a relao de troca, isto , o preo relativo
entre diferentes moedas. Este o mercado cambial.
Em suma, o objetivo da anlise macroeconmica consiste
em estudar como so determinados o nvel de produto, o nvel
geral de preos, a taxa de salrios, o nvel de emprego, a taxa de
juros, a quantidade de moeda, o preo e a quantidade de ttulos e
a taxa de cmbio.
Como os fenmenos estudados pela macroeconomia so gerais e decorrem da integrao entre setor pblico, muitas famlias
e empresas, macro e microeconomia esto estreitamente interligadas. Ao estudar a economia como um todo, devem-se considerar as decises tomadas por agentes econmicos individuais. Assim, para compreender os determinantes do consumo agregado,
preciso pensar, por exemplo, numa famlia que decide quanto vai
gastar no presente e quanto quer poupar para o futuro.
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Para entender os determinantes do investimento agregado,


necessrio pensar numa empresa que decide construir uma fbrica, abrir uma loja, uma padaria, um banco etc. A macroeconomia fundamenta-se necessariamente na microeconomia, uma vez
que as variveis agregadas descrevem inmeras decises individuais.
A macroeconomia, na concepo analtica de hoje, consequncia das contribuies de Keynes e dos ps-keynesianos. Keynes, assim como a escola ps-keynesiana, defendeu um papel permanente para o governo na economia, no se confundindo com a
simples substituio dos mercados privados pela ao do Estado
na determinao do investimento. Relaciona-se, sim, adoo
de polticas econmicas dirigidas a aumentar o nvel de demanda
agregada, de modo a criar um ambiente estvel e seguro que estimule os empresrios a realizar novos investimentos, uma vez que
os nveis de emprego e a utilizao da capacidade dependem dos
determinantes da demanda agregada, principalmente da deciso
de investimento dos empresrios.
Os tpicos sobre Keynes e seus seguidores podem ser estudados no captulo 8 de Macroeconomia do emprego e da renda:
Keynes e o keynesianismo, organizado por Lima e Sics (2003, p.
286-300). O objetivo principal de estudar esse captulo o entendimento inicial sobre os fundamentos tericos dos keynesianos,
monetaristas, novos-clssicos e novos-keynesianos.
Assim, voc conhece a interpretao e as solues sugeridas
por determinadas correntes de economistas para o mesmo problema ou algo semelhante.
De acordo com Lima e Sics (2003, p. 286-300):
A teoria Geral de Keynes consolida a anlise macroeconmica ao
tratar, basicamente, em, por um lado, negar a existncia de um sistema de mercado auto-regulador e auto-equilibrante e, por outro,
apresentar mecanismos econmicos que evitem as flutuaes e
depresses econmicas.

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Para tanto, Keynes desenvolve seu projeto econmico a partir de


trs proposies tericas: teoria da determinao da renda (propenso a consumir e multiplicador), teoria do investimento (eficincia marginal do capital) e teoria da taxa de juros (preferncia pela
liquidez).

As proposies que acabaram de ser mencionadas sero estudadas detalhadamente na Unidade 2.


Para os seguidores de Keynes os ps-keynesianos , o objetivo principal dos keynesianos, ainda conforme Lima e Sics (2003,
p. 286-300):
[...] consiste em mostrar que as decises de investimento, poupana e financeiras so determinadas em uma economia monetria,
onde, havendo uma incerteza sobre o futuro, o processo de produo demanda certo tempo. Ou seja, em uma situao que aumenta
a incerteza acerca do futuro, os agentes econmicos passam a reter
moeda, e, por conseguinte, h uma insuficincia de demanda efetiva que provoca desemprego na economia.
Independentemente, contudo, das duas vises keynesianas, ambas
as escolas de pensamento tm como ponto central o fato de que as
economias capitalistas so economias essencialmente monetrias,
conforme Keynes assim entendia, e, portanto, passveis de crises.
Em outras palavras, para os ps-keynesianos, a economia no est
necessariamente em um estado permanente de pleno emprego, na
medida em que as leis de mercado so incompatveis com a instabilidade do prprio capitalismo.

Portanto, em uma situao permanente de desequilbrio


econmico, torna-se indispensvel a adoo de polticas econmicas ativas que procurem minimizar o desemprego e permitam
maior estabilidade de preos.
A consolidao das teses econmicas em uma Teoria Econmica foi, inicialmente, realizada pela escola de pensamento econmico fundada por Adam Smith, em 1776, e desenvolvida por David
Ricardo, Malthus, Batiste Say e Jonh Stuart Mill. Esta ficou conhecida como a escola dos economistas clssicos ou Economia Clssica,
e suas teses predominaram como explicao para os acontecimentos econmicos at a elaborao da Teoria Geral de Keynes.
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Os principais postulados da Teoria Econmica Clssica baseiam-se na lei de que os preos e os salrios so flexveis e, deste
modo, criam as condies de mercado para o no surgimento de
excedentes de oferta e procura, alm de restabelecer o pleno emprego e o produto em plena capacidade. Em outras palavras, dada
a flexibilidade dos preos e salrios, a oferta cria sua prpria demanda.
Conforme os economistas clssicos, a poltica macroeconmica no determinante na reduo do desemprego ou na estabilizao das flutuaes econmicas.
As hipteses da macroeconomia clssica
Com o advento da Primeira Revoluo Industrial, no final do
sculo 18, deu-se o triunfo do liberalismo clssico e da ideologia capitalista.
Para Lima e Sics (2003, p. 286-300):
[...] A macroeconomia clssica, como toda a teoria econmica clssica, parte do pressuposto fundamental de que o mundo econmico governado por leis naturais, as quais, se forem deixadas a
funcionar livremente, produziro sempre os melhores resultados
possveis. Alm deste pressuposto geral, a macroeconomia clssica
partia ainda de dois pressupostos importantes que so a plena flexibilidade de preos e salrios e do no uso da moeda como reserva
de valor ou entesouramento.
Os dois pressupostos permitiam o desenvolvimento dos dois modelos centrais da macroeconomia clssica: a lei do mercado ou
Lei de Say, segundo a qual a oferta cria sua prpria procura, e a
teoria quantitativa da moeda.
Alm dos dois modelos, para equilibrar a poupana e o investimento, a macroeconomia clssica defendia que estas duas variveis eram dependentes da taxa de juro. Esta, por sua vez, era determinada pela oferta de poupana e a procura de investimentos.
O resultado de todo o processo era o pleno emprego. Assim era
descartada a probabilidade de crises por conta de insuficincia de
demanda agregada; que Keynes identificou anos mais tarde como
sendo a causa das crises do capitalismo.
O primeiro pressuposto, da existncia de preos flexveis, era importante para a macroeconomia clssica, embora no absolutaGuia de Estudos
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mente essencial. Este pressuposto permite e justifica a garantia do


pleno emprego sem qualquer interveno governamental. No momento que uma queda momentnea na procura agregada levasse
reduo da atividade econmica e ao desemprego, os salrios (o
preo do trabalho) seriam reduzidos, os preos das mercadorias
produzidas com o respectivo trabalho cairiam, a procura aumentaria, a produo voltaria a aumentar, e o pleno emprego seria restabelecido.
O segundo pressuposto da macroeconomia clssica era o de que
a moeda no utilizada para entesouramento. A moeda, para os
clssicos, representava uma unidade de conta e um meio de troca. Os homens s teriam interesse em mant-la em seu poder na
medida em que dela necessitassem para realizar suas transaes.

O quanto os economistas clssicos acreditavam no mercado!


Os economistas clssicos acreditavam nas leis do mercado
livre para conduo da economia de um pas ao pleno emprego,
produo mxima e distribuio eficiente do produto. Atualmente, discute-se muito a liberdade do mercado ou mercado livre,
com maior atuao do mercado, menor atuao do governo e menos regulamentao.
Conforme Smith (1937), se empresrios e trabalhadores ficassem sujeitos s leis de mercado, o interesse prprio os levaria
a empregar seu capital ou seu trabalho na atividade em que este
lhe fosse mais produtivo. Dessa forma, o interesse pelo lucro faria
com que a escolha recasse naturalmente sobre a produo de um
bem que corresponderia s necessidades das pessoas e, claro, um
bem que elas estariam dispostas a adquirir.
Smith e, de um modo geral, todos os liberais clssicos opunham-se atuao de uma autoridade ou lei que determinasse o
que deveria ser produzido.
De acordo com Smith, os produtores dos mais variados bens
deveriam concorrer no mercado e disputar a renda dos consumidores, uma vez que o produtor que oferecesse o produto de melhor qualidade atrairia mais consumidores. Como resultado, o interesse prprio lev-lo-ia a aprimorar constantemente a qualidade
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de seu produto, reduziria ao mximo seus custos de produo e,


consequentemente, aumentariam seus lucros.
Portanto, no entendimento clssico, no o governo ou setor pblico que estimula a economia, mas o consumo e o investimento do setor privado, guiados pelos interesses dos capitalistas
em maximizar seus lucros. O setor pblico regulador, pelo contrrio, atrapalharia ou confundiria as tomadas de decises dos capitalistas, pois as aes de governos poderiam interferir na livre
iniciativa e nos mecanismos de mercado oferta e demanda que
guiavam as decises econmicas dos homens de negcios.
Postulados da macroeconomia clssica
A macroeconomia clssica tinha como principal postulado a
Lei de Say, baseada no pressuposto de que a oferta cria sua prpria procura. De acordo com a Lei de Say, todo produtor, ao oferecer suas mercadorias no mercado, faz isso disposto to somente a
trocar mercadorias por outras mercadorias.
Tornou-se consenso entre os economistas que, para Say,
sempre haver um volume de gastos suficiente para manter o
pleno emprego, pois os rendimentos sero gastos automaticamente, mantendo empregados todos os meios de produo (DILLARD,
1989, p. 15-26).
Adam Smith acreditava que no haveria necessidade da
interveno do governo nos mercados, seja como estimulador,
por meio de polticas monetria e fiscal, seja como manipulador,
mediante a regulamentao. Para ele, a interferncia do governo
atrapalharia seu perfeito funcionamento e, portanto, o mercado
deveria funcionar no regime de laissez-faire, ou seja, deixai fazer,
deixai passar.
Smith defendia a interveno do governo no mercado quando os indivduos violassem as leis e a justia, e fossem em busca de
seus prprios interesses a qualquer custo. Nesse caso, o mercado

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j no agiria sozinho, mas, garantido pela autoridade poltica do


Estado, que faria prevalecer as leis e a justia, delimitaria o comportamento das pessoas e do prprio governo.
Conforme Hunt (2000), Smith admitia, ainda, que, para proteger uma indstria interna nascente, o pas deveria regulamentar
os incentivos e procurar taxar produtos estrangeiros, a fim de evitar a concorrncia desleal. Alm disso, ele enumerou um conjunto
de funes que deveriam ser postas em prtica pelo Estado, tais
como a defesa nacional, a promoo da justia, a oferta de servios pblicos e a manuteno da soberania.
Para David Ricardo, quando o governo retirasse parte do capital da economia, por meio de tributos ou de outro mecanismo,
haveria diminuio dos investimentos privados, o que afetaria,
negativamente, a expanso da economia, tendo em vista que os
impostos representariam a transferncia de recursos dos cidados
para o governo, tornando-se um gasto improdutivo (DILLARD,
1989).
No entanto, Alfred Marshall
[...] entendia que a melhoria da eficincia dos mecanismos de produo resultaria inevitavelmente numa concentrao das atividades, criando mercados diferentes da livre concorrncia. Para ele,
a produo em grande escala, decorrente da eficincia produtiva,
criaria monoplios e oligoplios, e com isso provocaria o favorecimento de um grupo de pessoas em detrimento de outras. Nesses
casos, Marshall entendia ser importante a interveno governamental para regular e controlar aes desses agentes, de forma que
eles no prejudicassem o livre funcionamento do sistema econmico (DILLARD, 1989, p. 15-26).

John Stuart Mill encarava a participao do governo na economia com mais naturalidade:
[...] Em sua viso, o governo deveria assumir a responsabilidade por
atividades de interesse geral, no porque o setor privado no seria
capaz de prov-las, mas simplesmente porque ele no o faria. Ele
argumentava que o governo deveria prover estradas, escolas, hospitais, asilos e outros servios pblicos, executando todas as atividades que fossem suporte para melhoria geral da qualidade de vida
da populao (DILLARD, 1989, p. 15-26).
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Por isso, para muitos economistas, Mill foi precursor da ideia


de que o Estado deveria ser provedor do bem-estar social. No
obstante, atualmente, os governos oferecem os servios que esse
economista props e at mais alguns que a Teoria Keynesiana defendeu posteriormente.
Os temas sobre a macroeconomia clssica so abordados no
captulo 11 de Lima e Sics (2003, p. 389-401). Voc deve estud-lo para compreender a relao entre a macroeconomia keynesiana e a sntese neoclssica, em razo da complexidade desses
temas. Quando voc estiver estudando o captulo sugerido, no
se esquea dos pressupostos e postulados clssicos mencionados
neste guia, que se referem Teoria Macroeconmica Clssica.
Outra questo indispensvel para entender a macroeconomia clssica a Teoria Quantitativa da Moeda. Parkin (2003, p.
326-330) mostra como os clssicos explicavam sua teoria da moeda e como a moeda contribui para no haver excedente de produo e desemprego, o que leva concluso de que tal estudo
obrigatrio.
Podemos afirmar, ento, que a macroeconomia clssica,
como voc comprovar nos captulos das obras sugeridas,
[...] conduz-nos concluso de que, dentro do sistema capitalista
do laissez-faire, em que impera a concorrncia perfeita e a Lei de
Say, estamos no melhor dos mundos possveis um mundo sem
desemprego, sem subconsumo, no qual a renda seria distribuda
segundo a produtividade marginal dos fatores (trabalho e capital),
os consumidores maximizariam a satisfao de suas necessidades
com base na utilidade dos bens e servios demandados e as empresas maximizariam seus lucros, o que o mercado demandasse;
tudo dentro de um esprito de harmonia universal (HUNT, 2000, p.
53-69).

Conhecemos, nesta unidade, alguns fundamentos tericos


da macroeconomia clssica que sero imprescindveis para o estudo da prxima unidade, que abordar as contribuies keynesianas
ao pensamento econmico e, naturalmente, macroeconomia.

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6. Contedos Complementares
A leitura das duas obras a seguir fundamental ao entendimento do porqu estudar macroeconomia e sua aplicao. Propicia uma compreenso inicial dos postulados da macroeconomia
clssica e keynesiana no aprofundados neste guia, pois quanto
maior for seu entendimento sobre os princpios clssicos e keynesianos, maior ser sua facilidade em entender a economia. So
elas:
DILLARD, D. A teoria econmica de John Maynard Keynes. 6. ed. So Paulo:
Pioneira, 1989 (Captulo 9, O Fundo Clssico, p. 13-26).
HUNT, E. K. Histria do pensamento econmico. Petrpolis: Vozes, 2000. (captulos
2, Ideias Econmicas anteriores a Adam Smith; cap. 4, Thomas Robert Maltuhs;
cap. 5, David Ricardo).

7. Questes Autoavaliativas
Sugerimos que voc procure responder, discutir e comentar
as questes a seguir que tratam da temtica desenvolvida nesta
unidade, ou seja,das razes que justificam o estudo da macroeconomia, da evoluo do estudo da macroeconomia, das interpretaes dos principais fundamentos da teoria clssica, da crtica
keynesiana ao pensamento econmico clssico e uma viso geral
dos fundamentos da Teoria Geral de Keynes e das Crticas Teoria
Geral. A autoavaliao pode ser uma ferramenta importante para
voc testar o seu desempenho. Se voc encontrar dificuldades em
responder a essas questes, procure revisar os contedos estudados para sanar as suas dvidas. Esse o momento ideal para que
voc faa uma reviso desta unidade. Lembre-se de que, na Educao a Distncia, a construo do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questes propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Conceitue e aponte as principais diferenas entre os enfoques da macroeconomia e da microeconomia.

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2) Como os pensadores clssicos entendiam a macroeconomia dentro do objeto de anlise da economia clssica? Qual o principal postulado da macroeconomia clssica?
3) O objeto de anlise econmica de Keynes o mesmo dos clssicos? Explique.
4) Por que os ps-keynesia nos criticaram alguns postulados da Teoria Keynesiana? Quais as justificativas para tal crtica?
5) Quais so as bases fundamentais da anlise econmica desenvolvida pela
corrente de economistas que ficou conhecida como monetarismo?
6) Ser que o monetarismo referencial s polticas monetrias atualmente
empregadas pela maioria dos pases desenvolvidos e em desenvolvimento?
Explique.
7) Quais so as funes da moeda de acordo com os clssicos? E o papel da
taxa de juro?
8) Por que na macroeconomia clssica as variaes do salrio nominal deveriam ser iguais s variaes na produtividade do trabalho? Esta concepo
ainda vlida e empregada?
9) O que se entende por economia de mercado?
10) Qual a associao entre a economia de mercado e o neoliberalismo econmico, to questionado pelos pensadores de esquerda, no Brasil?

8. E-Referncias
Sites pesquisados
ACADEMIA ECONMICA. Teorias clssicas. Disponvel em: <http://www.
academiaeconomica.com/2008/05/teorias-clssicas.html>. Acesso em: 28 set. 2012.
BLOG DA ASSOCIAO KEYNESIANA BRASILEIRA. Disponvel
associacaokeynesiana.wordpress.com/>. Acesso em : 13 dez. 2012.

em:

<http://

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA UFPel. Disponvel em: <http:/ich.ufpel.edu.br/


economia/professores/index.php?professor=xavier&pagina=9>. Acesso em: 12 dez.
2012.
PENSAMENTO ECONMICO. Disponvel em: <http://www.pensamentoeconomico.ecn.
br/>. Acesso em: 12 dez. 2012.

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Unidade 2 Macroeconomia Keynesiana


1. Objetivos
Conhecer os fundamentos tericos da Teoria Geral de
Keynes e seus pressupostos bsicos da poltica econmica.
Mostrar o que a oferta agregada e a demanda agregada keynesiana e apontar a importncia do consumo e da
propenso a consumir como determinantes do nvel geral
de emprego.
Conhecer e interpretar a propenso marginal como determinante do multiplicador de investimento, da demanda e do produto agregado.
Entender porque Keynes dava importncia s incertezas e
aos riscos na formao de expectativas.
Compreender as razes que levam os empresrios a considerarem as expectativas e as incertezas quanto ao futuro e a taxa de juro como variveis determinantes do
investimento.
2. Contedos
Noes gerais da Teoria Geral de Keynes.
Oferta agregada e procura agregada, e os determinantes
do nvel geral de emprego e do produto.
Propenso marginal ao consumo e poupana.
Significado e relevncia do multiplicador de investimento
e do emprego.
Investimento: eficincia marginal do capital e expectativas dos empresrios.
A poltica monetria keynesiana e como ela influencia o
desemprego involuntrio.
Preferncia pela liquidez, quantidade de moeda, taxa de
juro e comportamento especulativo.
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3. Referncias
ABEL, A. B.; BERNANKE, B.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. So Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2008. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3
out. 2012.
BLANCHARD, O. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.

DILLARD, D. A teoria econmica de John Maynard Keynes. 6. ed. So Paulo:


Pioneira, 1989.
HUNT, E. K. Histria do pensamento econmico. Petrpolis: Vozes, 2000.
LIMA, G. T.; SICS, J. (Org.). Macroeconomia do emprego e da renda: Keynes e o
keynesianismo. Barueri: Manole, 2003. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.
br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
PARKIN, M. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson / Addison Wesley, 2003. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.

4. Competncias
Compreenso dos postulados clssicos questionados por
Keynes, que contriburam para explicar as razes de a
economia no apresentar pleno emprego permanente e
que ofereceram ideias para estimular o crescimento e reduzir o desemprego involuntrio.
Entendimento sobre como as principais concepes keynesianas explicam o comportamento geral da economia
e, por isso, embasam as aes de polticas econmicas
atuais. Isto requer entendimento do comportamento dos
agentes econmicos famlias, governo e empresas e
de como estes afetam o desempenho da economia como
um todo.
Compreenso dos determinantes da demanda agregada
e do nvel geral de emprego e das relaes consumo, investimento, poupana e taxa de juro. A sequncia de relaes entre variveis indispensvel compreenso do
multiplicador de emprego ou investimento, alm de seus
reflexos sobre o emprego, o produto e a renda.
Clareza sobre o papel do Estado como agente econmico
capaz de minimizar os efeitos de crises e estimular invesGuia de Estudos
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timentos geradores de novos empregos. Por que o Estado? Como e quando faz-lo?
Entendimento da importncia das expectativas sobre o
futuro e do comportamento dos empresrios em suas decises em investir. Como estes lidam com as expectativas
e os riscos associados aos novos investimentos.
5. Orientaes para o estudo da unidade
Na Unidade 1, voc estudou os fundamentos tericos da
economia clssica e compreendeu a evoluo do pensamento
econmico. Nesta unidade, voc conhecer os princpios tericos
fundamentais e as contribuies da Teoria Geral de Keynes macroeconomia.
Primeiro ponto importante a ser compreendido. Emprego:
clssicos x Keynes
Os argumentos clssicos sobre o desemprego so compatveis com o desemprego friccional e voluntrio, bem como o sazonal ou casual. Conforme o que voc vai estudar em Lima e Sics
(2003, p. 3-28), a tese clssica a de que o (...), desemprego
voluntrio devido recusa do trabalhador em aceitar uma recompensa inferior ao seu produto marginal.
Em outras palavras, se o trabalhador aceitasse o salrio de
mercado, no haveria desemprego involuntrio.
Contudo, boa parte do nmero de desempregados no estaria disposta a ganhar menos no novo emprego.
Mas, para Keynes, o verdadeiro teste sobre as causas do
desemprego saber se os trabalhadores abandonam o trabalho
quando o salrio real cai.
Keynes questiona o princpio clssico de que os salrios so
flexveis, ou seja, caem quando a demanda agregada diminui e aumentam quando a oferta agregada sobe.
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Sua fundamentao a de que os contratos e as negociaes


entre empresrios e trabalhadores determinam parmetros para o
salrio monetrio. Os trabalhadores, por meio dos seus sindicatos,
no fazem oposio queda do salrio real quando h aumento
do volume total da ocupao. Portanto, os interesses dos trabalhadores estariam voltados manuteno dos salrios nominais
ou correntes.
Concomitantemente, os trabalhadores estariam, tambm,
preocupados com os valores reais relativos aos salrios de outras
categorias profissionais. A luta pelos salrios monetrios (correntes) era realmente uma luta pela distribuio. Por isso, se houvesse perdas do salrio real de uma categoria, comparado ao de
outra, ao mesmo tempo sem reduo do salrio corrente, os trabalhadores aceitariam as perdas de poder aquisitivo sem deflagrar
uma guerra poltica para preserv-los, desde que o nmero de
contrataes aumentasse.
Para avanar no aprendizado do comportamento do
emprego,leia o captulo 11 de Abel; Bernanke; Croushore (2008,
p. 280-313), cujo enfoque a rigidez de preos e salrios. Voc,
tambm, deve estudar o captulo 1 de Lima e Sics (2003, p. 3-28),
no qual so apresentadas as principais abordagens da Teoria Keynesiana, em especial, a relao entre salrios nominais e salrios
reais.
O segundo passo importante entender quais e como so
os determinantes da demanda agregada, do produto e da renda,
alm do nvel de emprego.
A Figura 1 apresenta um resumo das variveis e suas relaes que desencadeiam o processo econmico e, consequentemente, a determinao do volume de demanda, de produo e de
emprego.
A compreenso da dinmica do processo exposto pela Figura
1 depende do contedo a ser estudado no captulo 1 de Lima e
Sics (2003, p. 3-28) e no captulo 12 do mesmo livro. Nos estudos
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dos captulos mencionados, preciso entender que a economia


no prospera sem consumo final e investimento. Somente com o
consumo final, a economia sofre dificuldades para crescer, pois
uma parte do produto deve ser destinada poupana, que deve
ser gasta na forma de investimento. Se isso no ocorrer, haver
excedente de produo de algum bem, o que levar os empresrios a reduzirem a produo deste bem e, naturalmente, surgir o
desemprego no correspondente setor.
Diante disso, imprescindvel que a parcela da renda no
despendida em consumo final seja gasta em investimento. Mas, o
gasto com investimento no automtico e depende de anlises
sobre o retorno que dar aos produtores. Estes incorrem em riscos
ao investir em produo, pois, em virtude das oportunidades na
economia, pode existir alguma atividade mais rentvel.
Observe, a seguir, a Figura 1 a fim de entender melhor o assunto exposto.

Fonte: adaptado de Dillard (1989, p. 46).

Figura 1 Sntese Keynesiana dos determinantes da demanda agregada e do emprego.

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Propenso marginal ao consumo decrescente e rendimento


De acordo com Keynes, a relao funcional entre um nvel
de rendimento de salrio dado e a despesa em consumo para um
nvel de rendimento representa a propenso para consumir. Em
outras palavras, o quanto da renda um trabalhador estaria disposto a gastar com consumo final at um novo pagamento. No obstante, alguns fatores podem influenciar a propenso ao consumo.
So eles:
1) modificaes no salrio;
2) mudana na diferena entre o rendimento bruto e o rendimento lquido ou renda disponvel;
3) variaes imprevistas no valor dos bens de capital, no
consideradas no clculo do rendimento lquido;
4) alteraes na taxa de desconto do futuro em relao
troca entre bens presentes e futuros.
Keynes acreditava que a relao entre o consumo final e a
taxa de juros era complexa e incerta, pois, em alguns casos, a propenso ao consumo poderia ser satisfeita com a elevao da taxa
de juros. Em outros casos, ela seria debilitada.
Para compreender essa interpretao keynesiana, indispensvel relembrar que a teoria clssica da taxa de juros julga fundamental a influncia entre a propenso ao consumo e a taxa de
juros, tendo em vista esta ser o fator de equilbrio entre poupana
e investimento.
Todavia, Keynes argumentava que, em longo prazo, seria
provvel que mudanas substanciais na taxa de juros modificassem, consideravelmente, os hbitos sociais e afetassem a propenso subjetiva aos gastos. Mas, apenas a experincia pode indicar a
movimentao e a direo da taxa de juros. Em curto prazo, contudo, provvel que ela influencie muito os gastos.
Keynes afirmava que, caso a poltica tributria e os nveis de
gastos do governo(componentes da poltica fiscal), alm da taxa
de juros, fossem empregados como instrumentos deliberados de
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poltica econmica, a fim de obter-se maior igualdade na repartio dos rendimentos, aumentaria a propenso ao consumo.
Aps a apresentao das ideias de Keynes, passou a ser
consenso entre os economistas a veracidade de tais ideias,
pois,conforme trecho extrado do captulo 12 de Lima e Sics
(2003, p. 429-450):
[...]o consumo uma funo do rendimento e das expectativas
que os indivduos tm sobre esse rendimento. (...). Tambm importante considerar o efeito sobre a propenso total ao consumo
que as aes do governo, no sentido de criar uma poupana social
destinada ao pagamento de dvidas, desencadeiam no volume de
gastos pblicos e, conseqentemente, em toda a economia.

Neste ponto j indispensvel que voc entenda por que o


governo deve agir na economia por meio da poltica fiscal, identificando sua magnitude, suas prioridades e a natureza dos gastos
pblicos, ou seja, se esto voltado so consumo final ou aos investimentos.
Alm dos captulos das obras citadas, o completo aprendizado do comportamento da demanda agregada depende dos estudos dos captulos 11, 12 e 13 de Parkin (2003, p. 230-305). Recomendamos, tambm, para compreenso do tema, que bsico
na disciplina de Macroeconomia, a leitura do captulo 4 de Abel;
Bernanke; Croushore (2008, p. 78-145).
Por fim, crucial entender o papel das expectativas e como
elas influenciam os agentes econmicos tomadores de decises
sobre consumo e investimento e como podem ser determinantes
da demanda agregada, do produto, da renda e do nvel de emprego.
Dada a situao econmica geral, isto , as condies de
estabilidade macroeconmica, a despesa de consumo depende,
principalmente, do volume da produo e do emprego.
Levando-se em conta que a propenso ao consumo relativamente estvel e que as variaes desta so de importncia seGuia de Estudos
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cundria, o problema consiste em saber qual ser a forma dessa


funo e qual lei expressar a relao entre consumo e renda.
Lima e Sics (2003, p. 499-533) afirmam que

[...] Keynes recorre a uma lei geral (Teoria Geral do Emprego) e de


carter psicolgico, pois ela no depende de mecanismos econmicos individuais, mas sim de mecanismos coletivos de natureza
variada.

No captulo 14 de Lima e Sics (2003, p. 499-533), mostrado como se formam as expectativas keynesianas, portanto,
estudo bsico para este tpico da disciplina Macroeconomia.
Outra relao fundamental da Teoria Geral de Keynes a
que abrange consumo e poupana. J foi mencionado que quanto maior a renda da sociedade, maior tende a ser a propenso a
poupar disposio a poupar uma parcela maior do rendimento
disponvel.
A maior propenso a poupar altera a relao de gasto total
entre consumo final e investimento, em funo do rendimento.
Neste ambiente de mudana de tal relao, a taxa de juros torna-se uma varivel importante no equilbrio macroeconmico de
maior emprego possvel.
Vamos estudar a relao consumo poupana e, para tal,
recomendamos o captulo 4 de Abel; Bernanke; Croushore (2008,
p. 78-145), que j foi sugerido anteriormente.
Somente para chamar a sua ateno, de acordo com Keynes, quando a renda (Y) incrementada (aumenta), a comunidade
(economia), no seu conjunto, no gasta esse incremento totalmente em consumo. Esta lei psicolgica no importante apenas para
a estabilidade do sistema, mas tambm significa que se a propenso ao consumo for de tal modo que C < Y, ento Y s poder ser
positivo se I (investimento) for positivo.
Os empresrios oferecem, constantemente, a quantidade de
empregos suficientes para criar uma quantidade de rendimentos,
o que torna as equaes verdadeiras. S se altera o rendimento
se forem modificadas, tambm, as expectativas dos empresrios.
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Todavia,
[...], o ponto de vista tradicional (clssico) sobre a poupana de
que, quando se gasta menos que o rendimento, a poupana aumenta e existe um incremento da procura de meios de investimento (DILLARD, 1989, p. 14-26).

No obstante, observamos que incrementos de consumo


obtidos com a expanso do crdito, dificilmente, perpetuar-se-o
de modo indefinido no futuro, pois crdito equivalente antecipao de renda futura. H forte razo para acreditar nisso, porque
o consumo presente, propiciado pelo crdito, dever ser descontado do consumo futuro, a menos que a renda aumente de maneira proporcional.
A partir de agora importante que voc compreenda os
papis da incerteza e do risco na formao de expectativas pelos
empresrios quanto ao futuro e como estas influenciam os determinantes do investimento.
Keynes utiliza-se de expectativas dos rendimentos futuros e
do conhecimento do preo de oferta corrente do bem de capital
para explicar o comportamento da atividade econmica.
Conforme Keynes, os bens de capital so um elo entre o
presente e o futuro incerto. Assim, as decises de investimentos
regem-se pelas expectativas de rendimentos do capital (rendimentos previstos), e no pelos rendimentos efetivos.
Dillard (1989, p. 131) enfatiza que
Rendimento previsto o que um empresrio espera obter da venda da produo de seus bens de capital. H duas espcies de previses no que tange aos rendimentos dos bens: 1) as expectativas
a curto prazo, e 2) as expectativas a longo prazo. As expectativas
a curto prazo se voltam para o produto das vendas da produo
das instalaes existentes. As expectativas a longo prazo concernem aos produtos de vendas que um empresrio pode esperar
realizar com variaes no tamanho de suas instalaes ou com a
construo de instalaes inteiramente novas. Nas expectativas a
curto prazo, supe-se a instalao de um tamanho fixo; somente
varivel o volume de produo dessa instalao de magnitude
dada. Nas expectativas a longo prazo, varivel a magnitude da
instalao, assim como o volume total de produo das instalaes.
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Com base nos fundamentos das expectativas, no exagero


afirmarmos que as expectativas em curto prazo so mais estveis
do que as em longo prazo. Resultados recentes so guias relativamente seguros para as decises em curto prazo, enquanto servem
muito pouco para guiar decises que abrangem resultados que sero atingidos em um perodo distante decises em longo prazo.
Portanto, a presuno e a busca pela estabilidade econmica representam aes que vo contribuir para o investimento em longo
prazo.
Vamos, ento, finalizar a etapa de estudo da Teoria Geral de
Keynes destacando o princpio da eficincia marginal do capital e
das demais variveis determinantes dos novos investimentos empresariais.
As definies, interpretaes e concluses que se seguem
foram extradas de Dillard (1989, captulo 7, p. 123-142). Estude,
tambm, as mesmas questes nos captulos 1, 2 e 12 de Lima e
Sics (2003).
[...]um empresrio que decide produzir um determinado bem, ou
ampliar a produo desse tipo de bem, dever considerar no apenas os rendimentos presentes da utilizao de um determinado
equipamento, mas, sobretudo, os rendimentos futuros.
No presente, a produo de um bem deve considerar os custos de
produo para uma determinada procura, tomando em conta vrias escalas possveis de produo, assim como o valor das vendas
a realizar, e considerando a elasticidade da procura. As expectativas
refletem essas previses na perspectiva de que a situao se manter como antes. Por isso, o volume de produo e de emprego
atual depende dessas expectativas. A realizao da produo e das
vendas originar um processo de reviso ou confirmao das expectativas, que levar a novas previses.

Dando continuidade s ideias de Dillard (1989, captulo 7, p.


123-142):
[...] a formao das expectativas depende da efetivao da informao considerada relevante, pelo que a produo e o emprego
sero influenciados subsequentemente. O que quer dizer que no
ser das expectativas atuais que resultar uma mudana no volume
de emprego, mas ser da mudana das expectativas de longo prazo
que resultaro variaes no emprego.

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O nvel do emprego depende, em cada momento e situao, no


apenas do estado atual das expectativas, mas tambm das expectativas passadas, tendo em vista que elas se refletem na existncia
de um volume e qualidade do equipamento atual.
O processo de formao das expectativas de curto prazo gradual
e contnuo e a sua realizao depende quase exclusivamente dos
resultados obtidos. Alis, sensato que os produtores determinem
as suas decises de produzir na base de expectativas de curto prazo
e que no esperem grandes mudanas que alterem as previses
sobre os rendimentos futuros e sobre os custos dos fatores, nem
originem antecipaes no esperadas.
As expectativas baseiam-se, sobretudo, na confiana dos fatos conhecidos, que servem como projeo futura e, portanto, assentam
na probabilidade e confiana na previso. O estado de confiana
resulta da observao emprica dos mercados e da psicologia dos
negcios.
A iniciativa individual apenas ser adequada quando o clculo razovel for sustentado pelos animalspirits da atividade especulativa
e pelo esprito empresarial audaz e produtivo. O enigma, diz Keynes, que a prosperidade econmica depende exclusivamente do
ambiente poltico e social que agrada ao tipo mdio de homens de
negcios.
Da incerteza relativa formao de expectativas, no deve se concluir que os negcios dependem exclusivamente de elementos psicolgicos irracionais. Keynes expressa a autntica e firme convico
de que as expectativas de longo prazo so, com freqncia, firmes
e estveis. A deciso de investir a deciso econmica mais importante que tomam os agentes econmicos, pois ela representa o elo
entre o presente do consumo e o futuro do lucro.

Ainda de acordo com Dillard (1989, captulo 7, p. 123-142):


Segundo Keynes, a interveno do Estado, como agente catalisador
do investimento, representante da confiana e da credibilidade da
informao, no dispensvel. O Estado deve garantir o nvel de
despesa que assegure o pleno emprego, uma concluso no apenas econmica, de certo modo, tambm moral, correspondendo
viso tica de Keynes.
Outra questo que deve ser entendida, por ser fundamental na teoria macroeconmica keynesiana, envolve a taxa de juro; no s
como uma das variveis determinantes do investimento empresarial, mas tambm como multiplicador do volume de despesas de
consumo final por conta do crdito.

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Esse assunto tambm explorado nos captulos 9, 10 e 12 de


Lima e Sics (2003).
Para Keynes,
[...] As preferncias psicolgicas intertemporais (de tempos em
tempos, a cada perodo) de uma pessoa requerem dois tipos de
deciso: o indivduo decide qual a parcela do seu rendimento que
vai destinar ao consumo imediato e a parcela que vai guardar como
forma de manter poder aquisitivo no futuro. So duas propenses
determinadas pelo nvel de rendimento adquirido: corrente e passado.
A questo importante saber qual ser a forma de arbitrar entre o
presente e o futuro desses rendimentos: mant-los sob a forma de
dinheiro (liquidez total) ou desfazer deles, aplicando-os no mercado financeiro.
A ltima causa do desemprego reside na incerteza gerada pelo fato
de a moeda, alm de um meio de transao, ser uma forma de
deteno de riqueza que induz a no utilizao desta em investimentos produtivos [...] (DILLARD (1989, p. 148-173)).

Conclumos que uma parcela dos recursos da economia


mantida como moeda (preferncia pela liquidez) espera de alternativa mais rentvel do que o retorno que este recurso daria se
investido na produo de novos bens e servios. Esta parcela de
moeda cresce, conforme aumentam as incertezas sobre os retornos futuros.
Observe mais o seguinte trecho:
[...] A razo pela qual existe preferncia de liquidez pelo dinheiro
como meio de conservar riqueza a incerteza em relao ao futuro
da taxa de juro. Se as taxas futuras pudessem ser previstas, com
certeza, todas as taxas poderiam inferir-se das presentes para as dvidas de diferentes prazos, as quais se ajustariam ao conhecimento
das taxas futuras (DILLARD (1989, p. 148-173)).

O conhecimento sobre o tema das expectativas pode ser


aprimorado com a leitura do captulo 16 de Blanchard (2011, p.
302-320), que enfoca as influncias das expectativas sobre o consumo final e o investimento.
Por fim, e de acordo com Hunt (2000, p. 166-174), cabe relembrar que
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[...] a Teoria Geral obteve imediatamente uma enorme repercusso. As ideias nela expostas foram alvo de grandes elogios e constituram-se, imediatamente, em uma escola de brilhantes economistas. Foram apresentadas novas perspectivas de desenvolvimento e
novas reas de estudo se abriram para a cincia econmica, alm
de atualizar o pensamento econmico poca. A Teoria Econmica
recuperou o contato com a realidade e voltou a ser operacional.
Mesmos os economistas que no se tornaram estritamente keynesianos foram profundamente influenciados por Keynes. Especialmente em relao s novas geraes de economistas, todos sofreram a influncia de suas ideias.

Conclumos que o comportamento presente depende das


expectativas para o futuro. Por exemplo, se algum acredita que
algo acontecer no futuro, ele tentar antecipar-se, fazendo com
que, de fato, isso acontea. Tal comportamento interfere na deciso de consumir, investir ou poupar.
6. Contedos Complementares
A leitura das trs obras a seguir fundamental ao entendimento do por que estudar macroeconomia e sua aplicao. Propicia uma compreenso inicial dos postulados da macroeconomia
clssica, sobretudo, a keynesiana cujas questes no foram aprofundadas neste guia. So elas:
ABEL, A. B.; BERNANKE, B.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. So Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2008 (Captulo 7, p. 314-401). Disponvel em: <http://
claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
DILLARD, D. A teoria econmica de John Maynard Keynes. 6. ed. So Paulo:
Pioneira, 1989 (Captulo 9, Teoria dos Preos, p. 212-214).
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. 5. ed. So Paulo:
Saraiva, 2005 (Captulos 17 e 18).

7. Questes Autoavaliativas
Sugerimos que voc procure responder, discutir e comentar
as questes a seguir que tratam da temtica desenvolvida nesta
unidade, ou seja, como as questes gerais da Teoria Geral de Keynes: a oferta agregada e a procura agregada, os determinantes do
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nvel geral de emprego e do produto, a propenso marginal ao


consumo e poupana, o significado e a relevncia da eficincia
marginal do capital e das expectativas dos empresrios para o multiplicador de investimento e o nvel geral de emprego.
A autoavaliao pode ser uma ferramenta importante para
voc testar o seu desempenho. Se voc encontrar dificuldades em
responder a essas questes, procure revisar os contedos estudados para sanar as suas dvidas. Esse o momento ideal para que
voc faa uma reviso desta unidade. Lembre-se de que, na Educao a Distncia, a construo do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questes propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Quais so os pressupostos fundamentais da macroeconomia keynesiana?
Como estes se diferenciam dos clssicos?
2) De acordo com Keynes, o equilbrio macroeconmico se d em pleno emprego ou com desemprego de fatores de produo? Por qu?
3) Qual a principal contribuio keynesiana que persiste at hoje,sabendo-se que, alm de ter influenciado as polticas econmicas do ps-Segunda
Guerra Mundial, no deixar de motivar as aes econmicas de governo
to cedo?
4) Quais so os determinantes da demanda agregada, do produto e do nvel
geral de emprego?
5) Qual o papel da propenso a consumir na determinao do nvel geral de
gastos (consumo) da economia?
6) Por que a taxa de juros e as expectativas empresariais so variveis relevantes do processo decisrio sobre novos investimentos? Mencione se isso
ainda ocorre.
7) Nos ltimos anos no Brasil, fontes oficiais do governo afirmaram que foram
adotadas polticas macroeconmicas de cunho keynesiano. Voc concorda?
Por qu?

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8. E-Referncias
Sites pesquisados
BLOG DA ASSOCIAO KEYNESIANA BRASILEIRA. Disponvel
associacaokeynesiana.wordpress.com/>. Acesso em: 13 dez. 2012.

em:

<http://

CARVALHO, D.F. Macroeconomia Keynesiana. Disponvel em: <http://www2.ufpa.br/


naea/pdf.php?id=199>. Acesso em: 13 dez. 2012.
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA UFPel. Disponvel em: <http:/ich.ufpel.edu.br/
economia/professores/index.php?professor=xavier&pagina=9>. Acesso em: 12 dez.
2012.
PENSAMENTO ECONMICO. Disponvel em: <http://www.pensamentoeconomico.ecn.
br/>. Acesso em: 12 dez. 2012.

Unidade 3 A Dinmica dos Preos e a Inflao


1. Objetivos
Conhecer a dinmica dos preos na economia e compreender como as variaes de preos podem influenciar a
inflao e o desemprego.
Entender a importncia do valor monetrio corrente e do
valor real, sobretudo em economias com inflao.
Compreender as causas da inflao e seus reflexos na dinmica da economia.
Conhecer os ndices da inflao brasileira entre 1948 e
2010.
Compreender a relevncia do valor real dos salrios e dos
preos para a tomada de deciso empresarial.
2. Contedos
A dinmica dos preos em uma economia de mercado
com preos livres e como esta influencia o consumo final,
os investimentos e o nvel geral de emprego.
Introduo ao fenmeno da inflao e sua evoluo no
Brasil.

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Inflao: valores monetrio e real, e o processo de tomada de deciso.


Problema de comparao dos valores correntes de pocas diferentes e como encontrar o valor real de salrios e
preos de uma srie histrica.
3. Referncias
ABEL, A. B.; BERNANKE, B.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. So Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2008. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3
out. 2012.
BLANCHARD, O. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
LIMA, G. T.; SICS, J. (Org.). Macroeconomia do emprego e da renda: Keynes e o
keynesianismo. Barueri: Manole, 2003. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.
br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
PARKIN, M. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson / Addison Wesley, 2003. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.

PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. 5. ed. So Paulo:


Saraiva, 2005.
TEBCHIRANI, F. R. Princpios de economia: micro e macro. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2008.
Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.

4. Competncias
Compreenso da importncia que os preos exercem em
qualquer economia de mercado, sobretudo, quando o
mercado livre para formar os preos dos bens e servios
e dos fatores de produo.
Entendimento sobre a dinmica dos preos e como estes
influenciam as decises dos agentes econmicos no que
se refere ao consumo final e ao investimento e, por consequncia, ao nvel geral de emprego.
Compreenso do que inflao, suas causas, do processo
inflacionrio brasileiro e suas consequncias sobre o crescimento e o desenvolvimento econmico.
Compreenso do que representam os valores, quantificados em preos, ao longo do tempo, e como so relevantes
para a tomada de deciso econmica.
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5. Orientaes para o estudo da unidade


Nesta unidade, vamos estudar a dinmica dos preos na economia e seus impactos sobre o consumo final e o desemprego, a
inflao e os valores monetrios e reais, ambos indispensveis na
anlise macroeconmica e na tomada de deciso.
O primeiro desafio compreender a dinmica dos preos na
economia e como estes influenciam o consumo final e o nvel geral
de emprego.
Na economia de mercado, o sistema de preos transmite informaes acerca da oferta e da procura, dos custos de produo,
juros, da renda, dos salrios etc. Por meio dos preos, possvel
conhecer o valor de mercado dos bens e servios.
Ao estudarmos o captulo 9 de Lima e Sics (2003, p. 275300), entendemos que
[...]O sistema de preos caracterizado por um mecanismo espontneo que desempenha a tarefa de permitir que as pessoas e os
agentes econmicos cooperem uns com os outros para promover
interesses distintos, sem recorrer centralizao ou somente regras impostas pelo Estado. A lei da oferta e da demanda seria o
grande motor a partir do qual os sinais so emitidos acerca dos
indicadores de mercado.

Conclumos que, se as foras de mercado (oferta e demanda)


funcionarem sem restries,os agentes econmicos sero orientados suficientemente, seja para produzir, poupar, investir ou consumir.
Estudando o captulo 12 de Parkin (2003, p. 253-280), voc
entender um pouco mais da dinmica dos preos na economia.
Nesse captulo constam algumas relaes entre os multiplicadores
de despesas: o multiplicador propriamente dito, o nvel de preos
e as despesas agregadas.
Para compreender o papel dos preos na economia, preciso que, estudando os captulos indicados, fique claro o que vem
logo a seguir. Preo a expresso monetria do valor de troca de
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um bem ou servio. Portanto, a unidade de medida do valor expressa em unidades monetrias.


No podemos nos esquecer, tambm, de que o valor monetrio dos preos e salrios igual ao poder de compra da moeda,
no momento em que se troca mercadoria por dinheiro, e, num
momento seguinte, dinheiro por outro tipo de mercadoria: M-D-M. Em outras palavras, o trabalhador vende seu trabalho (M), recebe o pagamento (D), e este valor lhe d um poder de compra no
momento do recebimento (M). Os pagamentos so efetuados com
base no preo corrente.
O princpio M-D-M representa o motivo da transao da Teoria Keynesiana, ou seja, os agentes econmicos ofertam e vendem
mercadorias ou servios, aceitando dinheiro como meio de troca
de algum que fez o mesmo procedimento em outro momento,
isto , vendeu ou comprou um bem ou servio. Com o dinheiro,
os agentes econmicos voltam ao mercado para comprar bens ou
servios necessrios ao atendimento de suas demandas de consumo ou de produo.
Todavia, a partir do momento em que os agentes econmicos comeam a duvidar da capacidade do dinheiro para executar
bem esta funo de intermedirio de troca, passam a buscar alternativas, como, por exemplo, trocar produto por produto: escambro. Este procedimento altamente custoso s partes envolvidas
nas trocas. Na Alemanha dos anos de 1920, chegou-se ao ponto
de os trabalhadores no quererem receber seus pagamentos em
dinheiro, porque ele perdia o valor to rapidamente, que se recebessem seu pagamento na fbrica e fossem, imediatamente, ao
mercado comprar algum produto, a perda de valor da moeda seria
significativa.
Parkin (2003, p. 113-135), no captulo 6, que aborda o crescimento
econmico e o clculo da inflao, mostra como o preo representa todos os valores da economia e, concomitantemente, influencia
o desempenho da atividade econmica. Esse captulo, inclusive,
ajuda a entender a metodologia de clculo do produto agregado
do pas e, por conseqncia, conhecer o desempenho do Produto
Guia de Estudos
Macroeconomia

69

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Interno Bruto PIB. Essa relao entre nvel de atividade econmica, preos e nvel geral de emprego tambm deve ser estudada
no captulo 12 de Abel; Bernanke e Croushore (2008, p. 314-401)
(Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3
out. 2012).

O passo seguinte entender as flutuaes dos preos que


podem gerar inflao, as causas da inflao e como esta pode influenciar a demanda agregada, o desempenho do produto interno
e do rendimento e o nvel de emprego.
Antes de apresentar os tpicos fundamentais associados
inflao, vale lembrar que para as causas da inflao indispensvel estudar o captulo 16 de Parkin (2003, p. 355-382).
As definies de inflao transcritas, a seguir, so resultantes
de uma adaptao interpretativa dos conceitos de inflao e suas
consequncias econmicas e sociais dadas no captulo 17 de Pinho
e Vasconcellos (2005, p. 336-350).
[...] A inflao. Em qualquer manual de economia voc encontra
que a inflao pode ser definida como um aumento contnuo e generalizado no nvel de preos. Isto quer dizer que os movimentos
inflacionrios representam elevaes em todos os bens e servios
produzidos pela economia e no meramente o aumento de um
determinado preo. Outro aspecto importante que o fenmeno
inflacionrio exige a elevao contnua dos preos durante um perodo, e no meramente uma elevao efmera.
Inflao: conceito, caractersticas e mensurao
A inflao caracteriza-se pela sua natureza de:
1) Carter monetrio: a inflao , essencialmente, um fenmeno de natureza monetria, caracterizado pela elevao de preos e pela equivalente depreciao do valor da moeda.
2) Abrangncia: a inflao traduz-se por um aumento geral de
preos. Embora a variao dos preos possa ter grande disperso em torno de um ndice geral, todos se movimentam para
cima: a regra bsica a alta generalizada.
3) Dinmica: a inflao um processo dinmico de preos em
alta, no uma situao esttica de preos altos.Nas inflaes
ascendentes, os ndices de variao de preos mudam de patamar, reproduzindo-se em nveis cada vez mais altos. Nas descendentes, os ndices acusam redues progressivas.

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Macroeconomia

70

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4) Persistncia: a inflao um processo de alta persistente e


continuado. A cada perodo de tempo, deteriora-se o valor da
moeda. A interrupo desse processo implica desaparecimento do movimento inflacionrio.

Teorias explicativas que apontam as possveis causas de um


processo inflacionrio
O aumento generalizado e contnuo de preos desencadeia
um conflito distributivo pela repartio do produto gerado no pas
durante certo perodo. Tradicionalmente, a literatura econmica
apresentou duas causas clssicas da inflao: a inflao de demanda e a inflao de custos.
Na dcada de 1970, sobretudo em razo da proliferao de
mecanismos de indexao em algumas economias, concebeu-se
outra causa da inflao: a inflao inercial. Finalmente, dada a estratgia adotada, no Brasil e em outros pases atrasados, de acelerar o processo de desenvolvimento interno, surgiu mais uma causa
da inflao: a inflao estrutural.
A inflao de procura ou de demanda surgiu graas ao excesso de demanda relacionado produo disponvel de bens e
servios. Consiste em uma causa clssica da inflao e, tambm,
se pode afirmar que estimulada pelo excesso de dinheiro na economia (oferta monetria) em busca de bens e servios com oferta
limitada.
De acordo com Pinho e Vasconcellos (2005, p. 339-340):
[...] Inflao de Procura. Uma das principais explicaes tericas da
inflao de procura sustenta que as altas generalizadas de preos
resultam de uma procura agregada excessiva em relao capacidade de oferta da economia.
A procura exacerbada (acima da oferta) empurra os preos para
cima, dando origem a uma espiral de alta, tanto mais intensa quanto menor for a capacidade ociosa da economia.

Conclumos que, se as empresas de um setor de atividade


estiverem produzindo e utilizando a efetiva capacidade instalada,

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71

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qualquer aumento de consumo destes produtos desencadear aumento de seus preos. Isso se d porque, em curto prazo, a necessidade de consumo maior do que a capacidade de oferecer o
bem ou servio. Naturalmente, as empresas desse setor vo investir na ampliao da oferta, mas at o novo investimento resultar
em mais oferta, os preos continuaro subindo.
J a inflao de custos est presente na oferta, isto , mesmo sem alteraes dos nveis de demanda, os custos de certos insumos importantes aumentam e so repassados aos preos dos
produtos.
Pinho e Vasconcellos (2005, p. 341-343)exploram algumas das
causas bsicas da inflao de custos:

[...] Inflao de custos. Trata-se de movimentos de alta originrios


da expanso dos custos dos fatores mobilizados no processamento
da produo de bens e servios. A magnitude deste tipo de inflao e a dinmica de sua propagao dependem de vrios fatores,
como:
1) Estrutura competitiva nos mercados dos bens ou servios afetados pelos movimentos de alta em seus custos de processamento.
2) Importncia relativa dos bens ou servios afetados na matriz
de transaes intermedirias da economia.
3) Capacidade dos agentes econmicos, com perdas relativas em
seus padres de remuneraes, em absorver ou repassar as
expanses de custos.
4) Taxa global de ociosidade do setor da economia: quanto mais
baixa, maior o impacto de um foco inflacionrio de custos.
A inflao de custos tambm associada aos interesses de algumas
empresas, com elevado poder de mercado, quererem e ter condies de elevar seus lucros acima do aumento do custo de produo.

Por isso, alguns economistas, tambm, associam a inflao


aos interesses em ganhar dos empresrios.
Outra fonte de inflao de custos surgiu graas crise de
energia, de 1973, e mais recentemente, elevao de preos de
matrias-primas e insumos bsicos, que pressionam os custos de
produo das empresas. Os economistas chamam choque de
oferta, para caracterizar este tipo de inflao de custos.
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72

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Inflao inercial. Desde a dcada de 1960, algumas economias com inflao alta vm adotando um mecanismo de correo
de contratos e preos que ficou conhecido como indexao.
[...] A partir de ento surgiu a abordagem inercialista, que se fundamenta na capacidade de auto-propagao da inflao e na prtica generalizada da indexao, ou seja, correo dos custos dos
fatores e dos preos dos produtos, indefinidamente, pelos ndices
da inflao passada, para que se mantenha a estrutura dos preos
relativos e se recomponha a capacidade de compra das remuneraes pagas.
A concepo da inflao inercial pressupe expectativas compulsivas que levam remarcao contnua de preos, indexao de
contratos e a um tipo de convivncia com o processo de alta aceito
e praticado por todos os agentes econmicos (PINHO, VASCONCELLOS, 2005, p. 343).

Na fase de gestao do Plano Real, acertadamente, a principal preocupao residia no desequilbrio dos preos relativos. A
grande sacada para resolver esse problema que parecia insolvel
foi a criao da URV (unidade de referncia de valor), indexada a
uma moeda forte, o dlar, com a qual os agentes econmicos
acreditavam que manteriam o seu poder de compra.
Com isso, todos os principais preos da economia chegaram
a um valor de equilbrio, eliminando, naturalmente, o conflito distributivo, isto , excluindo a necessidade de corrigir preos, porque os insumos e as matrias-primas haviam aumentado (inflao
de custos) e a correo de expectativas de inflao futura seria
maior do que a do presente (inflao inercial).
Muitos economistas defendiam a tese de que parte da inflao corrente era resultante das expectativas dos agentes econmicos, pois eles acreditavam que, no ms posterior, a inflao
seria maior do que a do ms anterior. Diante disso, simplesmente,
reajustavam seus preos com base na inflao futura.
Inflao estrutural. Em meados dos anos de 1950, o ambiente acadmico, principalmente da Amrica Latina, foi dominado por
uma discusso sobre combate inflao, protagonizado por duas
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73

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correntes econmicas: estruturalistas e monetaristas. comum


associar a corrente estruturalista CEPAL (Comisso Econmica
para a Amrica Latina) e a monetarista poltica econmica defendida pelo FMI (Fundo Monetrio Internacional).
No captulo 17 de Pinho e Vasconcellos (2005, p. 343-350),
encontra-se a base da anlise de inflao estrutural a ser explorada aqui. O diagnstico estruturalista para a inflao dos pases
subdesenvolvidos era o de que ela estava associada s tenses de
custos causadas por deficincias da estrutura econmica. Os pases subdesenvolvidos deveriam, para garantir o equilbrio da balana de pagamentos, priorizar as exportaes de matrias-primas
e insumos bsicos, o que pressionaria os preos desses produtos
no mercado interno. Consequentemente, o custo de produo subiria internamente, desencadeando a inflao de custo.
Conforme o assunto exposto, possvel resumir algumas das
principais caractersticas da inflao estrutural. So elas:
1) A baixa elasticidade de oferta de produtos agrcolas, decorrentes da estrutura de propriedade da terra e dos mtodos de
produo agrcola.
2) O desequilbrio crnico do balano de pagamentos, que exige
forte excedente de exportaes sobre importaes, sob o efeito de custos de intercmbio deteriorado.
3) A desigual distribuio da renda e da riqueza, de que resultam
as lutas travadas pelos diversos grupos sociais para recomposio de seu poder de compra.
4) A rigidez e a tendncia expansionista dos oramentos pblicos, dadas s crescentes responsabilidades infra-estruturais
e sociais do governo, no correspondidas pela expanso da
capacidade de tributao (PINHO, VASCONCELLOS, 2005, p.
343-347).

O ltimo passo desta unidade entender o problema dos


preos no decorrer do tempo. Em destaque, as distores comparativas que variaes acentuadas de preos podem causar; como
minimizar tais distores e como tudo isso, se no entendido, pode
influenciar negativamente a tomada de deciso, o comportamento da demanda agregada, o desempenho do produto interno, o
rendimento e o nvel de emprego.
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74

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Comumente, desejamos comparar preos de produtos ou


servios de hoje com os valores deles no passado, ou mesmo projetar quais sero seus valores no futuro. Por exemplo, em dezembro de 2004, voc pagou R$600,00 (VLNDEZ.2004) para fazer o curso
de mecnica. Depois, ficou sabendo que,em junho de 2001, seu
amigo pagou R$400,00 (VLNJUN. 2001) pelo mesmo curso.
Quem pagou o maior valor real?
Se levarmos em conta apenas o valor nominal, tambm denominado de valor a preo ou moeda corrente, que indica o preo
absoluto do bem ou servio, desconsiderando a inflao do perodo, ou perda do poder de compra da moeda corrente, certamente,
voc pagou mais do que seu amigo.
O problema que afeta sua deciso o de que essa comparao no mostra o efetivo poder de compra da moeda. Ao longo
do perodo de anlise, isto , entre junho de 2001 e dezembro de
2004, houve variao de preos e, neste caso, houve inflao ou os
preos subiram. Por isso, preciso corrigir o valor pago pelo seu
amigo, em junho de 2001, para conhecer seu valor em dezembro
de 2004.
A correo deve ser realizada por um ndice de inflao que
aponte a variao de preo ao longo do perodo. Voc pode, tambm, deflacionar o valor pago em dezembro de 2004 pelo mesmo
ndice de inflao, isto , traz-lo para preos de junho de 2001.
Ou, ainda, voc pode corrigir o valor pago em junho de 2001
para dezembro de 2004 pelo mesmo ndice de inflao. S aps
as concluses, devem-se fazer comparaes entre esses valores,
transacionados em perodos diferentes, e, ento, concluir quem
realmente pagou mais pelo curso de mecnica.
Veja a seguir uma forma simples para efetuar esse clculo.
Valor monetrio versus valor real. Para calcular o valor real
do curso do seu amigo, valor de dezembro de 2004, basta escolher
um ndice de preos, no caso ser o IPCA ndice de Preo ao Consumidor Amplo, calculado pelo IBGE. Dividir o IPCA acumulado em
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75

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dezembro de 2004 (IPCADEZ. 2004) pelo IPCA acumulado em junho


de 2001 (IPCAJUN. 2001). Depois, multiplicar o resultado pelo valor
do curso pago pelo seu amigo, em junho de 2001. Assim, sabendo
que o IPCA acumulado, em dezembro de 2004, foi de 40%, e o de
junho de 2001, 25%, obtemos:

=
VLR DEZ. 2004 IPCA DEZ. 2004 / IPCA JUN. 2001 VLN JUN. 2001
Aplicando os valores citados, obtemos:
DEZ. 2004
VLR
=
0, 40 / 0, 25 $400, 00
2004
VLR DEZ.
=
1, 6000 $400, 00

VLR DEZ. 2004 = $640, 00


O resultado demonstra que os $400,00 pagos pelo seu amigo, em junho de 2001, valem $640,00 em dezembro de 2004, dada
a inflao do perodo. Em resumo, seu amigo pagou $40,00 a mais
do que voc pelo curso, com preos de dezembro de 2004. Em outras palavras, se seu amigo tivesse que pagar o curso dele no mesmo ano e ms que voc (dezembro de 2004), tomando como base
o preo que ele pagou em junho de 2001, pagaria $640. Mas, esta
apenas uma pequena demonstrao da desordem que a inflao
provoca sobre os preos da economia.
Para esse clculo, tambm, pode ser feito o caminho inverso, ou seja, saber quanto valeriam os $600,00 que voc pagou no
curso, em junho de 2001, isto , com preos ou valor monetrio de
dezembro de 2004. Assim, o clculo fica da seguinte forma:

=
VLR JUN. 2001 IPCA JUN. 2001 / IPCA DEZ. 2004 VLN DEZ. 2004
Aplicando os valores citados, obtemos:
JUN. 2001
VLR
=
0, 25 / 0, 40 $600, 00
JUN. 2001
VLR=
0, 6250 $600, 00

VLR JUN. 2001 = $375, 00

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76

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Portanto, os $600,00 pagos por voc valeriam $375,00 em


junho de 2001, quando descontada a inflao do perodo. Dessa
forma, constatamos, por meio de uma metodologia diferente, que
o seu amigo pagou mais do que voc pelo mesmo curso 6,67%
em valores reais ou efetivo poder de compra da moeda. Podemos
calcular a porcentagem paga a mais pelo seu amigo da seguinte
maneira: ( ( $400 / $375 ) 1) 100 =

6, 67% .
Caso voc queira corrigir os $375,00 pela variao de preos do perodo, encontrar um fator multiplicador ou de correo de valores igual a 1, 6000 = 0, 40 / 0, 25 . Assim, obtemos:
1, 6000 $375 =
$600 .
No devemos comparar valores monetrios, como, por
exemplo, preos, salrios, cmbio, juros e aluguis de anos diferentes, sem o correto clculo dos seus valores reais, isto , o seu
poder de compra no momento em que se faz a anlise.
A anlise do poder de compra da moeda, especificada em
seu salrio, passa, necessariamente, por esse tipo de exerccio. Um
trabalhador brasileiro s pode afirmar que o poder de compra do
seu salrio aumentou depois que fizer esse tipo de clculo e constatar que o aumento corrente (nominal) do salrio foi maior do
que a variao da inflao do perodo em estudo.
No podemos esquecer que o ndice de inflao resultado
de uma mdia ponderada da variao dos preos de determinados produtos, e no de todos. Assim, dada a cesta de consumo de
cada agente, a sua inflao pode ser um pouco diferente da captada pelo ndice. Tal concluso no desvaloriza os ndices de inflao, que so resultados de procedimentos muito bem elaborados.
Mas, importante ter cincia de que a referida inflao pode no
ser exatamente igual do ndice de reajuste do salrio, do aluguel
etc.
Como considerao final, importante voc ter compreendido que, para se avaliar a evoluo real de uma varivel entre dois
momentos do tempo, preciso sempre descontar de seu valor noGuia de Estudos
Macroeconomia

77

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minal, ou seja, de seu valor do preo no momento do negcio, o


efeito produzido sobre ele pela prpria variao dos preos entre
esses dois momentos inflao do perodo.
O maior desafio dos agentes econmicos definir qual o
ndice a ser usado, pois so muitos, e cada um possui pelo menos uma particularidade metodolgica, que, em algum momento,
ficar evidente no valor do bem em questo. Por isso, escolher
o critrio de correo dos valores (ndice de inflao) representa
grande desafio aos cidados, s empresas, ao governo e ao Judicirio (para arbitrar valores em decises judiciais).
A legislao procura garantir certa homogeneidade no emprego dos ndices, quando estabelece que o ndice oficial de inflao, que pode ser utilizado nos contratos regulados pelo setor
pblico, o IPCA; que o ndice de correo do valor do aluguel o
IGPM etc. A plena liberdade para escolher qual ndice de inflao a
ser aplicado em um contrato pode gerar insegurana nos agentes
econmicos sobre os ganhos lquidos futuros e contribuir para a
elevao da prpria inflao imediatamente.
Por ltimo, o Quadro 1 mostra a inflao medida pelo IGP-DI desde sua criao, em 1948, at o ltimo ano disponvel, 2011.
Cabe lembrar que podem ocorrer variaes nos ndices de inflao, quando se comparam os vrios indicadores (IGP, IPCA, IPC,
IGPM etc.). Contudo, em longo prazo, todos tendem a apresentar
a mesma variao. As variaes de curto prazo so decorrentes
das diferentes metodologias de clculo da inflao adotadas pelas
agncias medidoras.
Quadro 1 Brasil: taxas anuais de inflao (dez./dez.) (medidas
pelo ndice Geral de Preos disponibilidade interna IGP DI)
1947 a 2012.
ANOS

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Macroeconomia

TAXA DE INFLAO (%)

1948

8,3

1949

12,2

1950

12,4

78

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Macroeconomia

Claretiano -

1951

11,9

1952

12,9

1953

20,8

1954

25,6

1955

12,4

1956

24,4

1957

7,0

1958

54,3

1959

39,5

1960

30,5

1961

47,7

1962

51,3

1963

81,3

1964

91,9

1965

34,5

1966

38,8

1967

24,3

1968

25,4

1969

20,2

1970

19,3

1971

19,5

1972

15,8

1973

15,5

1974

34,6

1975

29,4

1976

46,2

1977

38,8

1978

40,8

1979

77,2

1980

110,2

1981

95,2

1982

99,7

1983

211,0

1984

223,8

1985

235,1

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79

Claretiano -

1986

65,0

1987

415,8

1988

1.037,6

1989

1.782,9

1990

1.476,71

1991

480,17

1992

1.157,84

1993

2.708,39

1994

909,67

1995

14,77

1996

9,33

1997

7,48

1998

1,71

1999

19,99

2000

9,80

2001

10,40

2002

26,41

2003

7,67

2004

12,14

2005

5,69

2006

3,14

2007

4,46

2008

5,90

2009

4,31

2010

11,31

2011

5,01

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Fonte: PORTAL BRASIL (2012).

6. Contedos Complementares
A leitura das trs obras a seguir fundamental ao entendimento dos preos e da inflao. O estudo delas propiciar uma
compreenso bsica da dinmica dos preos na economia e do valor da moeda no tempo. So elas:

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80

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ABEL, A. B.; BERNANKE, B.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. So Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2008 (Captulo 7, p. 314-401). Disponvel em: <http://
claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
DILLARD, D. A teoria econmica de John Maynard Keynes. 6. ed. So Paulo:
Pioneira, 1989 (Captulo 9, Teoria dos Preos, p. 212-214).
PINHO, D. B.; VASCONCELLOS, M. A. S. Manual de economia. 5. ed. So Paulo:
Saraiva, 2005 (Captulos 17 e 18).

7. Questes Autoavaliativas
Sugerimos que voc procure responder, discutir e comentar
as questes a seguir que tratam da temtica desenvolvida nesta
unidade, ou seja, a dinmica dos preos em uma economia de
mercado com preos livres e como esta influencia o consumo final,
os investimentos e o nvel geral de emprego, a introduo ao fenmeno da inflao e sua evoluo no Brasil, noes de valores monetrio e real e o problema de comparao dos valores correntes
de pocas diferentes e como encontrar o valor real de salrios e
preos de uma srie histrica e o processo de tomada de deciso.
A autoavaliao pode ser uma ferramenta importante para
voc testar o seu desempenho. Se voc encontrar dificuldades em
responder a essas questes, procure revisar os contedos estudados para sanar as suas dvidas. Esse o momento ideal para que
voc faa uma reviso desta unidade. Lembre-se de que, na Educao a Distncia, a construo do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questes propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) Qual a importncia dos preos em uma economia de mercado?
2) Quando podemos afirmar que a causa da inflao reside nos custos de produo? Todo aumento de custo gerador de inflao? Explique.
3) Quando o aumento de demanda provoca a inflao de demanda? Porque
algumas economias nacionais crescem constantemente, e a taxas razoveis,
sem gerar inflao, e a do Brasil no?

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Macroeconomia

81

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4) O salrio mensal mdio de determinada categoria de trabalhadores era de


$6.000,00, no incio de 2003, e $9.100,00, em 2010. A inflao (IPCA) do
perodo foi 51,85% (vide tabela da evoluo da inflao brasileira). Qual foi
o aumento real do salrio pago em 2010, em comparao a 2003? O poder
de compra do salrio mdio dessa categoria aumentou em quantos % no
perodo?
5) O salrio mensal mdio de determinada categoria de trabalhadores era de
$5.600,00, no incio de 2003, e $8.350,00, em 2010. A inflao (IPCA) do
perodo foi 51,85% (vide tabela da evoluo da inflao brasileira). Qual a
variao real do salrio pago em 2010, em comparao a 2003? O poder de
compra do salrio mdio dessa categoria aumentou ou diminuiu em quantos % no perodo?
6) O que mais importante ao poder de compra do trabalhador assalariado: o
salrio nominal ou o salrio real? Explique.
7) Aponte as causas da inflao brasileira, de acordo com as seguintes correntes: a) neoliberal; b) inercialista; e c) estruturalista.

8. E-referncia
Sites pesquisados
PORTAL BRASIL. Brasil: taxas anuais de inflao (dez./dez.) (medidas pelo ndice Geral
de Preos disponibilidade interna IGP DI) 1947 a 2012. Disponvel em: <http://www.
portalbrasil.net/igp.htm>. Acesso em: 8 out. 2012.
BANCO CENTRAO DO BRASIL. Disponvel em: <http://www4.bcb.gov.br/pec/gci/port/
focus/FAQ%202-%20%C3%8Dndices%20de%20Pre%C3%A7os%20no%20Brasil.pdf>.
Acesso em: 12 dez. 2012.
IPCA / INPC: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATSTICA. Disponvel em: <www.
ibge.gov.br/home/estatistica/.../inpc_ipca/defaulttab.shtm>. Acesso em: 12dez. 2012.
FGV INDICADORES DE PREOS. Disponvel em: <http://portalibre.fgv.br/main.jsp?lumC
hannelId=402880811D8E34B9011D92AF56810C57>. Acesso em: 12 dez. 2012.
FIPE FUNDAO INSTITUTO DE PESQUISAS ECONMICAS. Disponvel em: <http://fipe.
org.br/web/index.asp>. Acesso em: 13 dez. 2012.

Unidade 4 Dinmica Macroeconmica: Determinantes da


Demanda Agregada e do Nvel Geral de Emprego e Renda
1. Objetivos
Conhecer a dinmica macroeconmica e compreender a
inter-relao das principais variveis macroeconmicas
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que determinam o desempenho de agregados econmicos, como o PIB, emprego, renda, consumo, investimento
etc.
Entender as flutuaes dos principais agregados macroeconmicos como indicadores de desempenho econmico.
Compreender como interagem os principais determinantes da demanda e da oferta agregadas.
Conhecer uma viso geral dos instrumentos de poltica
econmica e como utiliz-los a fim de alcanar os objetivos fundamentais da economia.
2. Contedos
A contabilidade nacional e a mensurao dos principais
agregados macroeconmicos.
Os modelos de oferta agregada e de demanda agregada e
as possibilidades de interao entre suas variveis.
Como a demanda agregada e a oferta agregada afetam o
desempenho do PIB.
Como a poltica econmica pode influenciar os resultados
dos agregados macroeconmicos.
3. Referncias
ABEL, A. B.; BERNANKE, B.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. So Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2008. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3
out. 2012.
BLANCHARD, O. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
LIMA, G. T.; SICS, J. (Org.). Macroeconomia do emprego e da renda: Keynes e o
keynesianismo. Barueri: Manole, 2003. Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.
br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
MOCHN, F. Princpios de Economia. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2006.
PARKIN, M. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson / Addison Wesley, 2003. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
TEBCHIRANI, F. R. Princpios de Economia: micro e macro. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2008.
Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.

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4. Competncias
Compreenso de que as contas nacionais so um conjunto de tcnicas ou metodologias com o objetivo principal
de representar e quantificar a atividade econmica de um
pas, durante determinado perodo de tempo, tais como
PIB, ndice de desemprego, renda e distribuio, consumo, investimento etc. (adaptado de PAULANI, 2004, p.
1-5).
Entendimento da dinmica das principais variveis macroeconmicas consumo final, investimento e poupanas,
com compreenso de como e quando estas interagem, e
seus resultados possveis. Em outras palavras, de que maneira cada uma delas pode contribuir para os resultados
econmicos corrente e futuro.
Compreenso de que as variveis macroeconmicas no
s influenciam o Produto Interno, em decorrncia das
aes dos agentes econmicos famlias, empresas e
governo , mas tambm podem ser manipuladas ou
sofrer aes diretas do governo para obteno dos resultados alm dos das relaes racionais entre os agentes
econmicos. Em outras palavras, o governo interfere na
economia, por meio da poltica econmica, para conseguir resultados diferentes dos previstos pelo mercado,
caso este fosse totalmente livre.
5. Orientaes para o estudo da unidade
Nesta unidade, vamos estudar a dinmica macroeconmica
e compreender a interao entre as principais variveis macroeconmicas bsicas e os resultados desta interao no consumo final,
no desemprego, na inflao, na poupana etc., sendo perceptveis
nos grandes agregados: PIB e Renda. No geral, todos esses elementos so indispensveis para o crescimento econmico e para a
tomada de decises.

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Para esse estudo, o primeiro passo entender o que produto e ter noes gerais de como o PIB calculado ou mensurado.
A mensurao do produto (produo corrente = PIB) e das
principais variveis macroeconmicas de um pas conhecida
como contabilidade nacional. Nas contas nacionais, so contabilizados somente os bens e os servios que agregaram valores ao
longo de um perodo, normalmente, o ltimo trimestre, resultados
depois anualizados.
Observao importante: no so levados em conta os bens
de segunda mo, produzidos em perodos anteriores. Nas transaes com bens usados, somente se imagina a remunerao do
vendedor, que consiste em servio corrente, e demais servios associados a tais operaes.
De acordo com Parkin (2003, p. 113-136):
[...] A contabilidade nacional s trabalha com bens transacionais
no mercado, ou seja, a produo que no vai ao mercado no
contabilizada.

A metodologia de clculo do produto sugerida pela Organizao das Naes Unidas (ONU), portanto uniforme em todos
os pases associados. O captulo 6 de Parkin (2003, p. 113-136)contm a base terica e analtica para a compreenso de como so
mensurados os grandes agregados econmicos no Brasil e, como
consequncia, no resto do mundo civilizado.
Em Parkin (2003, p. 113-136), voc encontra contedo para
o seguinte entendimento:
A contabilidade nacional no trabalha com agregados monetrios.
Trabalha somente com agregados reais, que representam alteraes na produo e na renda, e a inflao descontada dos valores
finais agregados. As contas nacionais s consideram os fluxos de
gerao de valor.

As contas nacionais dividem-se em quatro grandes contas:


1) PIB Produto Interno Bruto.
2) RND Renda nacional disponvel.

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3) K Conta de capital.
4) TCe Conta de transaes correntes com o exterior.
Conforme Paulani (2004, p. 5-8):
O PIB um agregado macroeconmico que expressa o resultado
monetrio de todo o esforo. Ou seja, o PIB a soma de todas as
atividades econmicas (produo de bens e servios), expressas
monetariamente.

Por exemplo: o PIB brasileiro de 2009 totalizou R$3.147 bilhes. Isto significa que a produo de tangveis e intangveis resultou neste valor, levando-se em conta os preos correntes da
economia no perodo.
O PIB poder ser mensurado e analisado, caso seja empregado de trs maneiras bsicas, chamadas ticas do produto, da renda e do dispndio. Os trechos, a seguir, sobre estas ticas foram
extrados de Paulani (2004, p. 10-16):
[...] tica do produto. Compreende a mensurao do PIB pela soma
dos valores adicionados em cada um dos estgios de produo e
comercializao dos bens finais e servios gerados em um perodo:
trimestre, semestre ou ano fiscal. Esta tambm conhecida por
princpio do valor adicionado.
tica da renda. Refere-se soma dos pagamentos efetuados aos
proprietrios dos fatores de produo: juros, lucros, aluguis, salrios, dividendos etc. O princpio bsico: o recebimento de pagamento por oferecer algum recurso produtivo gera despesa ou
pagamentos pelo uso desses recursos.
tica do dispndio. considerada a soma do gasto total da economia com consumo, investimento e exportaes menos importaes, ao longo do perodo avaliado. O consumo final e de bens
e servios novos e o investimento a formao bruta de capital
fixo FBKfixo, que representa o montante dos investimentos realizados, tanto pelo setor privado quanto pelo setor pblico, somente
ao longo do perodo em anlise [...].

No caso do consumo final, podemos entender o valor total


como a soma de todas as negociaes finais, ignorando os valores
de todas as negociaes intermedirias. Se a economia se resumisse s atividades de produo, distribuio e comercializao de dez
automveis, vendidos aos compradores finais por R$ 50.000,00, o
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consumo final seria de R$ 500.000,00 ao longo do perodo. Caso


no houvesse investimento e operaes com o setor externo, o PIB
do perodo seria de R$ 500.000,00, em valores correntes.
A soma dos valores adicionados ir indicar a renda nacional,
que igual ao produto.
J a renda nacional disponvel RND, conforme Paulani
(2004, p. 47-50),
[...] representa todas as receitas e despesas das famlias, bem como
todas as receitas e despesas do governo. O saldo desse processo
a poupana interna.

No processo de consolidao do Produto Interno Bruto, h


contas especficas que apresentam as contribuies relativas das
grandes reas da atividade econmica. So elas: conta consolidada de capital, conta de transaes correntes com o exterior, conta
das administraes pblicas.
Outro material bibliogrfico indispensvel compreenso
das contas nacionais o captulo 2 de Abel; Bernanke; Croushore
(2008, p. 17-42).
Importante: calculado o valor corrente do PIB, desconta-se
a inflao corrente (IPCA), e a se obtm a variao real do produto entre dois perodos. Se compararmos o PIB de 2009 com o de
2008, constataremos reduo de 0,2%. Isto quer dizer que a produo corrente de 2009 foi menor do que a de 2008, o que trouxe
consequncias para o consumo, o investimento, os empregos e os
salrios.
O segundo passo compreender como as flutuaes nas variveis macroeconmicas influenciam o desempenho do PIB corrente.
A partir de agora, ganhar destaque a discusso sobre as variveis que influenciam o PIB corrente. Para isso, necessrio compreender o que so demanda agregada e oferta agregada, e como
interagem na economia. O entendimento desta etapa da disciplina
requer o estudo dos captulos 8 e 9 de Parkin (2003, p. 156-200).
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O captulo 8 apresenta definies e analisa as variveis da


demanda e da oferta agregadas. J o captulo 9 desenvolve a relao PIB real e emprego que propicie gerao mxima de empregos.
Resumidamente, entende-se demanda agregada (DA) como
o gasto total da economia durante certo tempo e a determinados
nveis de preos. As variveis macroeconmicas da demanda agregada so:
1) Consumo final das famlias (C), igual a bens e servios
comprados por elas.
2) Investimentos privados (I), que equivalem ao gasto produtivo das empresas.
3) Gasto pblico (G), bens e servios comprados pela administrao pblica.
4) Exportaes lquidas (NX), exportaes menos importaes de bens e servios.
Este o modelo a ser seguido nesta disciplina, pois facilita o
aprendizado sobre a contribuio de cada varivel aos principais
agregados macroeconmicos do pas, revelados pelas contas nacionais, cujo resultado a aferio quantitativa da gerao de valor econmico ao longo de certo perodo.
Devemos lembrar, tambm, que o crescimento do PIB no
representa, necessariamente, maior desenvolvimento econmico,
tendo em vista que este se refere elevao da qualidade de vida
dos residentes no pas. Mas, para que haja desenvolvimento econmico, indispensvel o crescimento do PIB.
Alm disso, os parmetros fornecidos pelas contas nacionais no podem ser tomados isoladamente, ao serem comparados
aos nveis de bem-estar social (desenvolvimento econmico) dos
demais pases. O Brasil, por exemplo, possui um dos dez maiores
PIBs do mundo, mas apresenta uma das piores distribuies deste produto, comumente chamada de distribuio de renda, assim
como o seu ndice de Desenvolvimento Humano da ONU (IDH)
est abaixo dos ndices de todos os pases desenvolvidos, em desenvolvimento e de muitos pases pobres.
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Contudo, as relaes entre variveis macroeconmicas e


entre agregados, bem como os conceitos decorrentes dessas relaes, so fundamentais para o entendimento dos modelos macroeconmicos, servindo de informaes elaborao da poltica
econmica e definio de estratgias empresariais.
Modelos de demanda e oferta agregadas
Em qualquer economia, a produo, o emprego, os preos
e o crescimento econmico podem experimentar grandes oscilaes, em razo tanto das decises autnomas dos agentes econmicos, da poltica econmica, quanto de perturbaes externas.
Sabendo dessa ideia, cabe conhecermos o que representam economicamente esses dois grandes modelos e, ao mesmo tempo,
questionarmos quais mecanismos explicam suas flutuaes.
A compreenso desta etapa exige o estudo do captulo 6 de
Tebchirani (2008, p. 95-115), que trata de explicar a determinao
da renda e do nvel geral de empregos.
Entende-se demanda agregada como a quantidade de bens
e servios desejada pelos agentes econmicos (famlias, empresas, governo e setor externo). Estes esto dispostos a pagar certa
quantia, ou seja, o preo corrente, para obter bens e servios. J a
oferta agregada (OA) dada pela quantidade total de bens e servios oferecida, sempre representada pelo preo de mercado.
Em virtude da necessidade de equilbrio macroeconmico,
o desempenho, tanto de demanda como de oferta agregadas, depende da inter-relao entre algumas variveis macroeconmicas
aqui mencionadas. indispensvel a continuao deste estudo,
mas agora devemos nos atentar s aes de poltica econmica
que contribuem para modificar os resultados dos principais agregados econmicos de um pas. Este processo pode ser chamado de
macroeconomia em ao.

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Quadro 1 Macroeconomia em ao.


POLTICAS INSTRUMENTAIS

OBJETIVOS MACROECONMICOS BSICOS


E DA POLTICA ECONMICA

Poltica monetria

Crescimento econmico: aumento do PIB,


criao de empregos (pleno emprego, se
possvel).

Poltica fiscal

Inflao mnima possvel e sem oscilaes


bruscas e frequentes.

Poltica cambial

Crescimento interno; resultados superavitrios com o resto do mundo.

Fonte: adaptado de Mochn (2006, p. 164).

O Quadro 1 ofereceu uma viso geral da macroeconomia e


sua relao com a poltica econmica. As polticas instrumentais
mostram as medidas que os governos podem adotar para melhorar os resultados da economia como um todo. Alm disso, as variveis de resultados, objetivos da poltica macroeconmica, materializam os resultados da poltica econmica: crescimento do PIB,
estabilidade de preos, empregos, dficit pblico compatvel com
o desenvolvimento interno, equilbrio do setor externo e taxa de
cmbio. Tais resultados devem favorecer o equilbrio entre oferta e demanda agregadas. Conclumos que as variveis definem o
bem-estar econmico da nao.
Os ltimos tpicos desta unidade apresentam uma viso global das diferentes foras que determinam ou afetam os resultados
econmicos do pas.
Estas foras determinantes agrupam-se em:
Foras internas (do mercado): crescimento da populao;
investimentos; gastos; inovao tecnolgica; qualificao
da fora de trabalho.
Perturbaes externas: guerras; condies climticas;
desastres naturais; problemas do comrcio.

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As aes de poltica econmica incluem as mudanas relacionadas aos tributos, aos gastos pblicos, ao volume de dinheiro,
ao crdito, poltica comercial e taxa de cmbio.
Cabe relembrar que a oferta e a demanda devem estar equilibradas, seno haver inflao ou desemprego alm do aceitvel.
Fazendo uma comparao: se DA > OA, os preos subiro,
provocando uma inflao de demanda, sendo, ento, necessria
uma ao de poltica econmica para evitar novos aumentos da
inflao. Contudo, se DA < OA, o desemprego subir, sendo novamente preciso adotar uma ao de poltica econmica, com o
objetivo de elevar o crescimento da economia, a fim de reduzir o
desemprego para patamares aceitveis, dado o potencial produtivo da nao.
A Figura 1, a seguir, contm um grfico que mostra como
so as respectivas curvas de DA e OA. A primeira anlise consiste
em uma situao de equilbrio em que =
A OA
= DA1 . Para o nvel (P1), o produto correspondente PB1. Contudo, em momento
futuro, essa economia passar por uma situao de reduo da
demanda agregada, ou seja, de DA1 para DA2.

Fonte: SCIELO (2012).

Figura 1 Grfico representando as curvas de demanda e oferta agregadas e suas


flutuaes.

Consequentemente, seu novo equilbrio, em B, estar num


nvel de produo menor (PB2). Neste caso, a inflao cair, tamGuia de Estudos
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bm, para (P2), o que propiciar uma conjuntura econmica de inflao e produto menores, movidos por uma demanda agregada
menor.
O inverso desse processo outra situao possvel: expanso do PIB e de P. Lembre-se de que s possvel aumentar DA,
sem estimular o aumento de preos, com aumento semelhante da
oferta agregada. Dessa forma, se DA e AO crescerem simultaneamente, poder haver crescimento continuado das taxas diversas
do PIB, sem estimular aumentos da inflao.
Com o objetivo de aperfeioar seu aprendizado sobre o comportamento da oferta e da demanda agregadas, indispensvel
que voc estude modelos desenvolvidos por macroeconomistas
e, sobretudo, aqueles apresentados no captulo 7 de Blanchard
(2011).
Demanda Agregada. A curva de demanda agregada (DA)
derivada do modelo IS / LM, com a curva IS determinada por:

Y
= C ( Y T ) + I ( Y, i ) + G ;
e a curva LM representada por:

M / P = Y / L (i ) .
Derivao. Dado o estoque de moeda nominal (M), o aumento no nvel de preos (P)faz diminuir o estoque real de moeda
(M/P). Como resultado, a curva LM desloca-se para cima e para
baixo com reduo do nvel de preos.
Relao DA:
Y = Y {M / P} , G, T

Observe a Figura 2 a seguir.

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Fonte: SCIELO (2012).

Figura 2 Grficos a e b representando as curvas de demanda e oferta agregadas modelo


IS / LM (influncias da taxa de juro e dos preos sobre a demanda e a oferta agregadas).

Oferta Agregada (AO). A curva OA derivada do mercado de


trabalho. Veja a sua representao:

=
P Pe (1 + ) F {1 ( Y / L ) , z}
Significando:

Y P
Observe agora a Figura 3:

Fonte: SCIELO (2012).

Figura 3 Grfico representando a curva de oferta agregada.


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Sequncia causal:
Y N u W P
Deslocamento
A curva AO desloca-se com a mudana do nvel esperado de
preos.
O aumento do nvel esperado de preos leva ao aumento do
nvel de preos efetivos de mesma magnitude.

Pe P
Sequncia causal:

Pe W
W P
Observe a Figura 4 a seguir.

Fonte: SCIELO (2012).

Figura 4 Grfico representando o deslocamento da oferta agregada e suas flutuaes.

Condies de equilbrio macroeconmico


Equilbrio em curto e longo prazos.
Equilbrio em curto prazo: DA = OA .
Equilbrio em longo (e mdio) prazo: DA
= OA
= Yn .
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Interao. Ajuste do produto ao longo do tempo.


Se o produto (Y) estiver acima do nvel natural de produto
(Yn), com Y >Yn, acurva AO deslocar-se-para cima at o equilbrio
em longo prazo seralcanado: DA
= AO
= Yn .
A sequncia causal dada pelo mecanismo de salrios e
preos esperados.
Se Y > Yn P > P e , os fixadores de salrios iro adaptar
seus preos esperados, isto : Pe>Pe.
Observe a Figura 5.

Fonte: SCIELO (2012).

Figura 5 Grfico representando as curvas de demanda e oferta agregadas e as condies


de equilbrio macroeconmico.

Um aumento da demanda agregada gerado, por exemplo,


pelo aumento de gastos do governo induz os produtores (oferta
agregada) a aumentar a produo para recuperar a queda dos estoques. O aumento de renda, por sua vez, resultante do aumento
da oferta de empregos, movido pelo aumento da produo, leva
ao aumento da demanda de consumo, consequentemente, estendendo-o expanso da renda e ao investimento.
Fica evidente a essncia do processo multiplicador, por meio
do qual um aumento de gastos na economia (feitos pelas famlias,
governo, empresas e/ ou setor externo) resulta, ao final, num auGuia de Estudos
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mento da oferta. Esse processo ocorre porque tais mudanas enviam sinais aos produtores sobre a demanda agregada, que, neste
caso, aumenta, possibilitando previses otimistas a respeito do
comportamento futuro do produto, da renda e do emprego.
Sinais positivos melhoram as expectativas dos empresrios
e dos consumidores. Os empresrios aumentam os investimentos
que, por sua vez, elevam a oferta agregada, enquanto os consumidores passam a comprar mais, porque esperam renda futura
maior. O inverso, tambm, ocorrer, se as expectativas forem negativas. De acordo com a concepo keynesiana, cabe ao setor pblico (G) agir como equilibrador do processo.
A compreenso do contedo desta unidade, incluindo as
anlises sugeridas, representa uma das etapas mais contributivas ao aprendizado sobre a economia de um pas. Empenhe-se,
portanto, em entender as relaes entre consumo e investimento; poupana e investimento; consumo, investimento e demanda
agregada; e demanda agregada, emprego, renda e desempenho
do produto interno.
6. Contedos Complementares
Os captulos das obras, a seguir, so relevantes ao entendimento da dinmica macroeconmica, em especial, compreenso
de como os principais agregados macroeconmicos so mensurados e, ainda mais, da interao entre os determinantes da demanda agregada, do produto e do nvel geral de emprego.
Estudar mais esses temas s contribui para saber como se
d a inter-relao entre as variveis macroeconmicas e o consequente comportamento dos grandes agregados. Em ltimo grau,
propiciaro avanos na compreenso do desempenho econmico
do pas. As referidas obras so:
1) ABEL, A. B.; BERNANKE, B.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008 (Captulos 3, 6 e 10).
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2) DILLARD, D. A teoria econmica de John Maynard Keynes. 6. ed. So Paulo: Pioneira, 1989.
3) PARKIN, M. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson /
Addison Wesley, 2003 (Captulos 10, 11, 12 e 17).
4) PAULANI, L. M.; BRAGA, M.B. A nova contabilidade social. 2. ed. So Paulo: Saraiva, 2004. (Captulos 1, 2, 3 e
4).
5) TEBCHIRANI, F. R. Princpios de Economia: micro e macro. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2008 (Captulo 6).
7. Questes Autoavaliativas
Sugerimos que voc procure responder, discutir e comentar
as questes a seguir que tratam da temtica desenvolvida nesta
unidade, ou seja, como a contabilidade nacional e a mensurao
dos principais agregados macroeconmicos, os modelos de oferta
agregada e de demanda agregada e as possibilidades de interao
entre suas variveis, como a demanda agregada e a oferta agregada afetam o desempenho do PIB e como a poltica econmica
pode influenciar os resultados dos agregados macroeconmicos.
A autoavaliao pode ser uma ferramenta importante para
voc testar o seu desempenho. Se voc encontrar dificuldades em
responder a essas questes, procure revisar os contedos estudados para sanar as suas dvidas. Esse o momento ideal para que
voc faa uma reviso desta unidade. Lembre-se de que, na Educao a Distncia, a construo do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questes propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) De acordo com Keynes e a teoria macroeconmica, quais so os determinantes da demanda agregada?
2) Qual a importncia dos preos na avaliao do PIB?

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3) Qual a importncia das expectativas, sobretudo empresariais, para o crescimento econmico? Por qu?
4) Explique a interao entre investimento e poupana para que haja crescimento econmico.
5) Explique a interao entre investimento, nvel geral de emprego e crescimento econmico.
6) Mostre por que o equilbrio macroeconmico indispensvel no processo
de estabilidade econmica de um pas. O PIB cresce em uma situao de
desequilbrio macroeconmico?

8. E-referncias
Sites pesquisados
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA UFPel. Disponvel em: <http:/ich.ufpel.edu.br/
economia/professores/index.php?professor=xavier&pagina=9>. Acesso em: 12 dez.
2012.
PPGE PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ECONOMIA. NAPE Ncleo de Anlise de
Poltica Econmica. Disponvel em: <www.ppge.ufrgs.br/nape>. Acesso em: 28 set. 2012.
UNICAMP - INSTITUTO DE ECONOMIA CENTRO DE ESTUDOS DE CONJUNTURA E
POLTICA ECONMICA. Disponvel em: <http://www.iececon.net/publicacoes.htm>.
Acesso em: 12 dez. 2012.

Lista de figuras
Figura 1 Grfico representando ascurvas de demanda e oferta agregadas e suas
flutuaes. Disponvel em: <http://www.scielo.org/>. Acesso em: 12 dez. 2012.
Figura 2 Grficos a e b representando as curvas de demanda e oferta agregadas modelo
IS / LM (influncias da taxa de juro e dos preos sobre a demanda e a oferta agregadas).
Disponvel em: <http://www.scielo.org/>. Acesso em: 12 dez. 2012.
Figura 3 Grfico representando a curva de oferta agregada. Disponvel em: <http://
www.scielo.org/>. Acesso em: 12 dez. 2012.
Figura 4 Grfico representando odeslocamento da oferta agregada e suas flutuaes.
Disponvel em: <http://www.scielo.org/>. Acesso em: 12 dez. 2012.

Unidade 5 Poltica Econmica e seu Potencial Macroeconmico


1. Objetivos
Entender o que poltica econmica ao conhecer a aplicao de seus meios de ao, os quais possibilitam alcanGuia de Estudos
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ar os objetivos fundamentais da economia, em determinado momento.


Compreender por que, quando e como se faz poltica econmica.
Conhecer os principais instrumentos de poltica econmica e como interagem na macroeconomia.
Compreender que os resultados da poltica econmica
se materializam no desempenho da economia como um
todo.
2. Contedos
O que poltica econmica e como execut-la.
Viso geral de como fazer uso dos instrumentos de poltica econmica.
Os objetivos da poltica econmica e a definio de prioridades.
Macroeconomia em ao: como a poltica econmica
pode influenciar os resultados da economia.
3. Referncias
ABEL, A. B.; BERNANKE, B; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. So Paulo: Pearson
Prentice Hall, 2008. Disponvelem: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3
out. 2012.
BLANCHARD, O. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
PARKIN, M. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson / Addison Wesley, 2003. Disponvel
em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.
TEBCHIRANI, F. R. Princpios de Economia: micro e macro. 2. ed. Curitiba: Ibpex, 2008.
Disponvel em: <http://claretiano.bvirtual.com.br/>. Acesso em: 3 out. 2012.

4. Competncias
Compreenso sobre a poltica econmica, como esta
pode ser idealizada, instituda e avaliada.
Conhecimento das razes sociais, polticas e econmicas
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que contribuem na modelagem da poltica econmica a


ser adotada.
Entendimento de que as polticas monetrias, fiscal, comercial ou cambial e a poltica de rendas so instrumentos da poltica econmica geral e que, em cada uma dessas, h instrumentos que as viabilizam especificamente; a
poltica monetria, por exemplo, tem seus instrumentos
de poltica monetria.
Compreenso de que a poltica econmica utiliza-se das
variveis macroeconmicas, procurando alterar o comportamento natural delas, a fim de influenciara demanda
agregada, os preos, o emprego e a distribuio de renda e, em ltimo estgio, o Produto Interno. Consequentemente, essas aes reorientam decises dos agentes
econmicos, sobretudo o governo, para que os objetivos
estabelecidos pela poltica econmica em ao possam
ser atingidos.
5. Orientaes para o estudo da unidade
Nesta unidade, voc deve compreender os fundamentos bsicos da poltica econmica mediante o seu estudo. Saber que
tal poltica constituda por um conjunto de regras e normas que
fazem parte da economia normativa.
A poltica econmica representa as aes prticas do governo, com a finalidade de condicionar, balizar e conduzir o sistema
econmico, para que sejam alcanados um ou mais objetivos econmicos politicamente estabelecidos. Em outras palavras, entende-se como polticas econmicas as aes tomadas pelo governo,
que, por meio de instrumentos econmicos, buscam alcanar determinados objetivos macroeconmicos.
Por que governo? O papel do governo zelar pelos interesses aceitveis e pelo bem-estar da comunidade em geral. Para tal
finalidade, o setor pblico, como agente econmico de peso (em
virtude de sua participao econmica, poltica, social e instituGuia de Estudos
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cional), procura atuar sobre determinadas variveis econmicas e,


por meio destas, alcanar alguns fins, tidos como positivos para a
populao.
comum encontrar, no jornalismo econmico, notcias a respeito da elevao ou reduo da taxa de juros, por exemplo. Essas
alteraes nos juros representam determinadas aes do governo,
precisamente do Banco Central (BACEN). As modificaes nos juros visam a objetivos maiores, como o crescimento econmico e/
ou o controle inflacionrio.
Para entender melhor os desafios associados s polticas
econmicas, estude o captulo 18 de Parkin (2003, p. 411-440).
O primeiro desafio saber o que , por que e para que serve
apoltica econmica.
Os governos federais, estaduais e municipais tm importante
papel na economia de uma nao. As principais funes do setor
pblico so destacadas em quatro reas de grande abrangncia:
1) Reguladora: o Estado deve regular a atividade econmica mediante leis e disposies administrativas. Com isso,
torna-se possvel o controle de alguns preos, monoplios e aes danosas ao direito do consumidor.
2) Provedora de bens e servios: o governo, tambm, deve
prover ou facilitar o acesso a bens e servios essenciais,
principalmente queles cuja oferta no pode ser ou no
de interesse do setor privado; tais como, educao
universal, sade, defesa, segurana, transporte, defesa
e justia.
3) Redistributiva: as polticas econmicas devem atingir e
vir a beneficiar os mais necessitados da sociedade, pois
o mercado pode no ser muito eficiente nesta questo.
Para isso, modificam a distribuio de renda entre pessoas, setores e/ou regies. Minimizar o desequilbrio social deve ser uma prioridade dos rgos pblicos.
4) Estabilizadora: os formuladores de polticas econmicas
devem estar preocupados em estabilizar/reorientar os
resultados associados aos agregados macroeconmicos,
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tais como taxa de inflao, taxa de desemprego e nvel


de produo, com o intuito de favorecer o bem-estar da
populao. Efetivamente, no Brasil, a poltica econmica
deve eliminar as flutuaes econmicas; reduzir o desemprego; fomentar um rpido e sustentvel crescimento econmico que tambm viabilize o desenvolvimento
econmico; melhorar a qualidade e o potencial produtivo; reduzir o poder monopolista das grandes empresas
e proteger o meio ambiente.
Agindo, o Estado, por meio de seus governos, com suas polticas econmicas, adota um conjunto de medidas pelas quais visa
modificar ou regular os negcios econmicos da nao. A gesto
da poltica econmica pressupe medidas que visam alterar o desempenho dos principais agregados econmicos.
Para isso, esfora-se em aes sobre variveis macroeconmicas, como, por exemplo, consumo final, investimento, poupana, taxas de juros, tributao e gastos do governo. Os fins dessas
aes consistem em melhorar os resultados sobre nveis de preos, baixar as taxas de desemprego, equilibrar a distribuio de
renda e, consequentemente, propiciar o crescimento e o desenvolvimento econmico.
Ateno: o captulo 10 de Parkin (2003, p. 203-230) indispensvel para entender o papel do governo no processo todo.
O segundo passo compreender como se faz poltica econmica e o que se espera dela.
Em qualquer lugar do mundo, a poltica econmica deve
direcionar-se para os objetivos de crescimento, estabilidade e repartio. Em certo ponto, o crescimento ser prioridade, mas a
estabilidade e a repartio no deixaro de ser almejadas. Em outro momento, a estabilidade de preos ou a repartio de renda
estar entre os objetivos essenciais.
No se deve desejar atingir determinado objetivo e abandonar os demais, pois estes so complementares na busca do bem-estar econmico e social.
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O Brasil, por exemplo, priorizou a estabilidade durante os


anos de 1990 e incio deste sculo. No entanto, agora se esfora,
claramente, para crescer, sem abandonar os esforos pela estabilidade e pela repartio da renda.
Nesta sntese, o crescimento e a repartio devem ser tidos
como objetivos estruturais ou de longo prazo, enquanto a estabilidade ser vista como um objetivo conjuntural ou de curto e mdio
prazos.
Observe um resumo dessas ideias no Quadro 1 a seguir.
Quadro 1 Sntese dos objetivos da poltica econmica brasileira.
OBJETIVOS BSICOS

OBJETIVOS COMPLEMENTARES
Melhoria ou expanso da disponibilidade estrutural de recursos:
a) Adequao do tamanho e da estrutura da populao.
b) Modernizao e ampliao de capacidade produtiva instalada.

ESTRUTURAIS:
Crescimento e distribuio
da renda

c) Explorao das reservas naturais sob a condio de


preservao do meio ambiente.

A adequao da infraestrutura de apoio.


A adequao da poupana ao processo da acumulao.
Reduo dos desnveis regionais.
Melhoria da estrutura de repartio da renda e
da riqueza.

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OBJETIVOS BSICOS

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OBJETIVOS COMPLEMENTARES
Manuteno dos nveis de emprego e estabilidade de preos.

CONJUNTURAIS:

Equilbrio nas transaes econmicas com o exterior:

Estabilidade

a) Equilbrio nas transaes correntes.


b) Equilbrio no balano de pagamentos.
c) Manuteno de adequado saldo de reservas cambiais.

Fonte: adaptado de Rossetti (1997, p. 143).

De acordo com o resumo disposto no Quadro 1, Rossetti


(1997) afirma que os objetivos bsicos de promoo permanente
do crescimento econmico e de modificao da estrutura de repartio exigem que se fixem objetivos complementares s plenamente atingveis em longo prazo.
O crescimento permanente exige como objetivo complementar a melhoria ou a expanso da disponibilidade estrutural de
recursos, que abrange a adequao do tamanho e da estrutura da
populao, a modernizao e a adequao da capacidade produtiva instalada e a explorao das reservas naturais, a fim de que
sejam preservadas as condies ambientais exigidas pelo prprio
crescimento em longo prazo.
J o objetivo bsico de estabilidade relaciona-se a trs objetivos complementares, passveis de execuo em curto e em mdio prazos, que so os seguintes: a manuteno do emprego, a
estabilidade de preos e o equilbrio nas transaes correntes com
o resto do mundo. Esses objetivos podem apresentar algum resultado j em mdio prazo. Isto no significa que a reduo do nvel de desemprego, da inflao e dos desequilbrios externos no
apresente razes, causas ou explicaes estruturais, fazendo com
que s seja resolvida, definitivamente, em longo prazo. Os planos
econmicos, no Brasil, confirmam esta tese.
Para melhor compreenso dos objetivos da poltica econmica, recomendamos que voc estude, prioritariamente, o captulo
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18 de Parkin (2003, p. 411-440), no qual entender os desafios das


polticas econmicas. Alm dele, leia o captulo 17 de Blanchard
(2011, p. 321-345), o qual insere as expectativas no ambiente de
poltica econmica.
Agora, chegou o momento de estudar como a poltica econmica deve ser administrada e como interage com a demanda
agregada!
A interao da poltica monetria com a demanda e a oferta
agregadas
A poltica monetria tem como objetivo principal controlar a
oferta de moeda na economia. Determinar a quantidade de moeda na economia funo do Banco Central do Brasil (BACEN).
Ao determinar a quantidade de dinheiro, tem-se a formao da taxa de juros. A lgica da poltica monetria consiste em
controlar a oferta de moeda (liquidez) para determinar a taxa de
juros de referncia do mercado e, concomitantemente, o volume
de crdito.
O Banco Central pode alterar a oferta de moeda, utilizando
trs instrumentos bsicos:
Operaes de mercado aberto (Open Market). So efetivadas pela compra e venda de ttulos pblicos do BACEN no mercado. O impacto sobre a liquidez da economia
pode ser resumido em dois: a) O Banco Central compra
ttulos pblicos do mercado, fazendo o pagamento em
reais.
b) O Banco Central vende ttulos pblicos ao mercado, recebendo o pagamento em reais.
Depsitos compulsrios. So depsitos que cada banco
comercial obrigado legalmente a manter no Banco Central. calculado um percentual sobre os saldos dos depsitos vista. Quanto maiores os depsitos compulsrios,
maior o nvel de reservas obrigatrias dos bancos no BanGuia de Estudos
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co Central. Assim, diminuem-se os recursos destinados a


emprstimos. Caso essas medidas no fossem adotadas,
a taxa de juros sofreria um aumento.
Redesconto bancrio. A assistncia financeira de liquidez
ou redesconto o mecanismo pelo qual o BACEN socorre
instituies financeiras com falta de liquidez. O redesconto o emprstimo que os bancos comerciais recebem do
BACEN para cobrir eventuais problemas de liquidez. Um
aumento da taxa de redesconto indica que os bancos sofrero maiores custos, caso haja falta de liquidez.
Veja a dinmica seguinte no Quadro 2:
Quadro 2 Poltica monetria expansiva (aumento da oferta de moeda).
Aumento da oferta de mo- Reduo da taxa mdia de
Mais consumo e investieda.
juros de mercado.
mentos; maiores demanda
Maior liquidez no Sistema Aumento da oferta de cr- e oferta agregadas.
Financeiro.
dito; mais emprstimos.

Justifica-se poltica e economicamente a poltica monetria


expansiva quando a prioridade o crescimento econmico. Mas,
se a prioridade for outra, como, por exemplo, reduzir o aumento de preos ou desaquecer a demanda agregada, recomenda-se
uma poltica restritiva.
Observe algumas caractersticas desta poltica no Quadro 3.
Quadro 3 Poltica monetria restritiva(reduo da oferta de moeda).
Reduo da oferta de mo- Aumento da taxa mdia de Menos consumo e inveseda.
juros de mercado.
timentos; reduo da deMenor liquidez no Sistema Menor oferta de crdito; manda e da oferta agregadas.
Financeiro.
menos emprstimos.

Perceba que a poltica monetria tem baixo ou nenhum resultado se adotada isoladamente, sem os demais instrumentos de
poltica econmica, como, por exemplo, a poltica fiscal, que veremos logo a seguir.
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No captulo 15 de Parkin (2003, p. 331-353), voc pode estudar poltica e compreender sua dinmica com a demanda agregada. Com a leitura do captulo 7 de Tebchirani (2008, p. 118-135),
cujo contedo se refere ao funcionamento do mercado e da poltica monetria, voc complementa seu conhecimento de poltica
monetria.
A interao da poltica fiscal com a demanda e a oferta agregadas
A poltica fiscal a ao de poltica econmica utilizando-se
do oramento pblico e do sistema tributrio. Consiste na elaborao e na organizao do oramento do governo, o qual demonstra
as fontes de arrecadao e os gastos pblicos a serem efetuados
em um determinado perodo (ano fiscal).
A poltica fiscal visa influenciar a atividade econmica e, assim, alcanar trs objetivos inter-relacionados: produo, emprego e preo. Para que haja sucesso no alcance desses objetivos, a
demanda e a oferta agregadas devem apresentar desempenhos
equilibrados, cujos resultados quanto produo, ao emprego e
ao preo estejam influenciando a oferta e a demanda em condies semelhantes.
O governo pode alterar o volume das receitas e dos gastos
pblicos por meio dos instrumentos fiscais a seguir:
Os tributos (lado da receita): as alquotas dos tributos
podem ser alteradas, conforme os objetivos a serem alcanados: crescimento ou desaquecimento do consumo
e da atividade produtiva.
Despesas do governo (lado dos gastos): podem ser divididas em:
a) consumo: gastos com salrios, administrao pblica,
funcionalismo civil e militar;

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b) transferncias: benefcios pagos pelos institutos de


previdncia social, sob a forma de aposentadorias,
bolsa famlia, FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de
Servio);
c) subsdios: so pagamentos feitos pelo governo a algumas empresas pblicas ou privadas;
d) investimentos: gastos com aquisio de novas mquinas, equipamentos, construo de estradas, pontes,
infraestrutura (formao bruta de capital fixo do setor pblico).
O governo, por meio da poltica fiscal, da mesma forma que
pela poltica monetria, visa a alguns objetivos de poltica econmica, dentre os principais, a estabilidade e o crescimento econmico.
O Quadro 4 mostra como se d a interao de um modelo
de poltica fiscal expansiva com a demanda e a oferta agregadas.
Quadro 4 Poltica fiscal expansiva (geradora de dficit pblico).
Aumento dos gastos
pblicos.
Menor arrecadao;
mais renda disponvel
Reduo de tributos para o setor privado.
sobre as pessoas.

Dficit oramentrio. Resultados:


mais consumo e investimentos;
mais demanda agregada, tanto do
setor pblico quanto do setor privado.

A exemplo da poltica monetria, s se justifica poltico-economicamente a poltica fiscal expansiva quando a prioridade for o
crescimento econmico.
Mas, quando se pretende reduzir o aumento de preos ou
desaquecer a demanda agregada, recomenda-se uma poltica recessiva, como a detalhada no Quadro 5 a seguir.
Quadro 5 Poltica fiscal recessiva (geradora de dficit pblico).
Reduo dos gastos Maior
arrecadao;
pblicos.
menor renda disponvel para o setor privaAumento de tributos
do.
sobre as pessoas.

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Supervit oramentrio. Resultados: menos consumo e investimentos; menos demanda agregada, tanto do setor pblico quanto do setor
privado.

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A poltica fiscal altera diretamente a demanda agregada,


enquanto a poltica monetria modifica a demanda agregada por
meio de alteraes das taxas de juros. Saber dosar a aplicao de
cada uma delas ou sua combinao indispensvel para que no
sejam geradas condies de desequilbrios entre a oferta agregada
e a demanda agregada, o que no desejado por nenhuma poltica econmica.
Para estudar a poltica fiscal e entender o processo mencionado, voc deve recorrer ao captulo 13 de Parkin (2003, p. 281305), que trata da dinmica entre oramento, multiplicadores de
poltica fiscal, nvel de preos e oferta agregada. J o captulo 15 de
Abel; Bernanke (2008, p. 403-430) aponta como os gastos do governo e seus financiamentos podem influenciar a demanda agregada.
A interao da poltica comercial ou cambial com a demanda e a
oferta agregadas
A poltica comercial extrapola os limites tcnicos e tericos
da poltica cambial, pois contemplada por medidas de estmulos
ou desestmulos ao comrcio com o resto do mundo.
O mercado de cmbio constitudo pelos diversos agentes
econmicos que compram (demanda) e vendem (oferta) moeda
estrangeira, conforme suas necessidades.
As empresas brasileiras que participam do comrcio internacional dependem substancialmente da taxa de cmbio. Entender
o funcionamento desse mercado fundamental para compreender seus eventuais impactos sobre o equilbrio macroeconmico
interno, configurados pelos desempenhos de oferta e demanda
agregadas.
As polticas cambial e comercial dependem, significativamente, do regime cambial adotado pelo pas, pois este que d
amparo institucional s aes dos agentes e s autoridades de comrcio exterior e poltica externa, orientadas pela poltica econmica vigente.
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Quando as oscilaes no mercado cambial comprometem


alguns objetivos de poltica econmica, o governo atua sobre o
mercado at que a situao venha a estabilizar-se. A ideia a de
que, com a adoo do cmbio flutuante, o mercado passe a ter
completa liberdade. Desta maneira, as intervenes no so desejadas e s ocorrem em situaes especficas. Os BCs utilizam o
mercado futuro quando julgam necessrio ajustar a taxa de cmbio.
Posto isto, podemos afirmar que, com a poltica econmica
voltada para o crescimento, o pas almeja supervits comerciais.
Para tanto, deve obter o seguinte esquema:
DEMANDA AGREGADA = CONSUMO + INVESTIMENTO + GOVERNO + SALDO DAS
CONTAS EXTERNAS (ESTE PRECISA AUMENTAR)

Conclumos que quanto maior o saldo comercial, maior a


diferena positiva entre a parcela da produo interna, que consumida no exterior (exportao), e a parcela da produo externa
consumida no pas (importao). Neste contexto, a poltica comercial interage diretamente com as polticas fiscal e monetria.
No captulo 20 de Parkin (2003, p. 463-480), voc pode estudaras polticas comercial e cambial e compreender sua dinmica
com a demanda agregada. J o captulo 8 de Tebchirani (2008, p.
136-155) complementa seu conhecimento do assunto, pois trata
de comrcio internacional e cmbio.
A interao da poltica de rendas com a oferta e a demanda
agregadas
A poltica de rendas tem como objetivo promover melhor
distribuio da renda gerada pela produo. O salrio mnimo seria uma maneira de atingir tal fim.
Contudo, o que se observa que o salrio mnimo tem sido
relevante na formao da renda do consumidor, pois, a despeito
do seu baixo nvel e do grande contingente de trabalhadores que
o recebem, qualquer aumento real tem efeito grande sobre a deGuia de Estudos
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manda agregada. S no podemos nos esquecer de que o salrio


mnimo faz com que aumentem os custos das empresas, e, consequentemente, tal aumento influencia a oferta agregada.
Outros programas de redistribuio de rendas (como, por
exemplo, o bolsa-famlia) no representam aumentos de custos
diretos s empresas, apenas estimulam a demanda agregada, em
razo do aumento da renda de parcela da populao que no pode
satisfazer sua demanda por falta de recursos suficientes.
No obstante, sabe-se que uma maneira eficaz de redistribuir
a renda aumentar os rendimentos mais baixos e, concomitantemente, gerar empregos aos desempregados (os quais no conseguem empregos) ou queles que executam trabalhos provisrios
(precrios). Os setores que contratam esses empregados utilizam
processos produtivos intensivos em trabalho (baixa tecnologia) e,
portanto, apresentam grande capacidade de inserir mais trabalhadores no mercado, com a aplicao de novos investimentos.
Quaisquer ganhos reais de renda dessa maioria dos trabalhadores dos pases mais pobres resultam em novos consumos,
uma vez que a propenso marginal a consumir deles 1, ou prxima a 1. Comparativamente, com base na propenso a consumir de
Keynes, para quem tem rendimento alto, tanto a propenso marginal como a propenso mdia a consumir so menores do que 1.
Considerao final
A compreenso do contedo, incluindo as anlises sugeridas
nesta unidade, representa uma etapa importante para o aprendizado de que a economia, tambm, pode ser guiada sem exageros
intervencionistas. Esforce-se, portanto, para entender a poltica
econmica e como seus instrumentos de ao relacionam-se com
o consumo, o investimento, a poupana, o emprego, a taxa de juros, o crdito, a inflao, a renda e, por fim, a demanda agregada e
o desempenho do produto interno.

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6. Contedos Complementares
Os captulos das obras, a seguir, so relevantes ao entendimento da dinmica macroeconmica, em especial, compreenso
de como os principais agregados macroeconmicos so mensurados e, ainda mais, da interao entre os determinantes da demanda agregada, do produto e do nvel geral de emprego.
Estudar mais esses temas s contribui para saber como se
d a inter-relao entre as variveis macroeconmicas e o consequente comportamento dos grandes agregados. Em ltimo grau,
propiciaro avanos na compreenso do desempenho econmico
do pas.
As referidas obras so:
1) ABEL, A. B.; BERNANKE, B.; CROUSHORE, D. Macroeconomia. 6. ed. So Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008 (Captulos 8, 9, 10 e 11).
2) DILLARD, D. A teoria econmica de John Maynard Keynes. 6. ed. So Paulo: Pioneira, 1989 (Captulos 6 e 8).
3) MANKIW, N. G. Macroeconomia. 5. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2003 (Captulos 14 e 15).
4) PARKIN, M. Macroeconomia. 5. ed. So Paulo: Pearson /
Addison Wesley, 2003 (Captulos 17 e 18).
7. Questes Autoavaliativas
Sugerimos que voc procure responder, discutir e comentar
as questes a seguir que tratam da temtica desenvolvida nesta
unidade, ou seja, o que poltica econmica e como execut-la,
para ter viso geral de como fazer uso dos instrumentos de poltica
econmica, sobre os objetivos da poltica econmica e a definio
de prioridades e tambm sobre a macroeconomia em ao: como
a poltica econmica pode influenciar os resultados da economia.
A autoavaliao pode ser uma ferramenta importante para
voc testar o seu desempenho. Se voc encontrar dificuldades em
responder a essas questes, procure revisar os contedos estudaGuia de Estudos
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dos para sanar as suas dvidas. Esse o momento ideal para que
voc faa uma reviso desta unidade. Lembre-se de que, na Educao a Distncia, a construo do conhecimento ocorre de forma
cooperativa e colaborativa; compartilhe, portanto, as suas descobertas com os seus colegas.
Confira, a seguir, as questes propostas para verificar o seu
desempenho no estudo desta unidade:
1) O que se entende como poltica econmica? Todos os pases adotam polticas econmicas? Pode-se afirmar que elas so iguais? Por qu?
2) Qual poltica monetria o Banco Central do Brasil deve adotar quando se
deseja (desde que as condies de estabilidade macroeconmica sejam favorveis) o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)? Podemos afirmar
que isso ocorre atualmente?
3) O que se entende como uma poltica fiscal recessiva e quando adot-la?
4) Dentre os instrumentos de poltica econmica, qual deles envolve, diretamente, aes de governo?
5) paradoxal afirmar que nem sempre o crescimento econmico o principal
objetivo da poltica econmica? Por qu?
6) O Plano Real um exemplo de poltica econmica? Qual foi o objetivo principal, quando da sua implantao? Por que esse objetivo foi definido como
prioritrio, e no outros?
7) possvel afirmar que em determinado perodo recente, no Brasil, a poltica
comercial tornou-se a mais relevante na histria econmica brasileira dos
ltimos 20 anos? Explique.

8. E-Referncias
Sites pesquisados
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA DA UFPel. Disponvel em: <http:/ich.ufpel.edu.br/
economia/professores/index.php?professor=xavier&pagina=9>. Acesso em: 12 dez.
2012.
PPGE PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ECONOMIA. NAPE Ncleo de Anlise de
Poltica Econmica. Disponvel em: <www.ppge.ufrgs.br/nape>. Acesso em: 28 set. 2012.
UNICAMP - INSTITUTO DE ECONOMIA CENTRO DE ESTUDOS DE CONJUNTURA E
POLTICA ECONMICA. Disponvel em: <http://www.iececon.net/publicacoes.htm>.
Acesso em: 12 dez. 2012.
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4. CONSIDERAES GERAIS
O atual debate econmico consiste em grande avano prtico permitido pela Teoria Keynesiana, consubstanciado nos instrumentos de poltica econmica empregados pelas naes no
ps-Segunda Guerra Mundial. No se pode ignorar que tal debate
abrange a relao de dependncia entre microeconomia e macroeconomia. Parte-se do princpio de que, sem sustentao microeconmica, todos os resultados macroeconmicos so altamente
instveis e, de modo geral, isso j vem ocorrendo. Essa concluso
tem sido sustentada pelos fatos. As mudanas conjunturais esto
mais aceleradas e de difcil previsibilidade, com margem aceita de
segurana.
Na realidade, praticamente todos os resultados obtidos, atualmente, so mais relacionados aos questionamentos da macroeconomia tradicional do que operacionalizao de resultados que
deem contribuies sistemticas anlise, formulao e adoo de polticas econmicas ativas.
Mankiw (1990) demonstrou, claramente, essa percepo.
Na verdade, o que temos observado uma grande distncia entre
o estado atual da Teoria Macroeconmica e os modelos macroeconomtricos. Enquanto nas dcadas de 1960 e 1970, esses modelos
empricos estavam muito prximos da realidade terica prevalecente, atualmente, eles vm incorporando pouco dos desenvolvimentos tericos recentes.
Como causas desse panorama, podemos afirmar que os
avanos tericos esto inseridos num contexto onde so questionados os tradicionais resultados das dcadas de 1960 e 1970, sem
que sejam operacionalizados outros resultados.
Nesta atual fase de transformaes e incertezas quanto ao
melhor modelo, as autoridades econmicas so obrigadas a conduzir a poltica econmica com base em resultados da Teoria Macroeconmica tradicional, ainda que postos em dvida pela teoria
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mais moderna. Os diversos agentes, ao demonstrarem diferentes


interesses particulares e expectativas acerca do comportamento
futuro, dificilmente, podero ser agregados a fim de produzirem
resultados sistemticos. Cada agregao poder ser vlida em apenas uma situao, mas raramente em todas.
O estgio atual da Teoria Macroeconmica de tentar superar essas questes, a fim de que os novos conhecimentos possam
ser sedimentados e operacionalizados para sua utilizao na poltica econmica. Com isso, espera-se que os resultados estejam
menos suscetveis a variaes no imaginadas.
A voc, estudante, cabe procurar, embasado em fundamentos tericos e estatsticos, entender o funcionamento da economia, para que possa saber por que os agentes econmicos tomam
determinadas posies e, especialmente, o governo ao manipular as variveis econmicas; se devem ou no tomar essas posies e com que objetivos (reais ou irreais).
Lembre-se: nem sempre o que se afirma e se quer passvel
de alcance. Portanto, precisamos saber interpretar melhor a economia para que nos posicionemos.

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