Diagnostico Ambiental de Porto Alegre
Diagnostico Ambiental de Porto Alegre
Diagnostico Ambiental de Porto Alegre
ambiental de
porto
alegre
ambiental de
porto
alegre
ambiental de
porto
alegre
geologia
solos
drenagem
vegetao e ocupao
paisagem
Porto Alegre
maro 2008
D537
Diagnstico Ambiental de Porto Alegre: Geologia, Solos, Drenagem,
Vegetao/Ocupao e Paisagem / coordenado por Heinrich Hasenack.
Porto Alegre : Secretaria Municipal do Meio Ambiente, 2008.
84 p. ; 33 cm.
CDU 504(816.5)
1.Meio Ambiente Porto Alegre. 2. Geologia Porto Alegre. 3. Solos Porto Alegre.
4. Drenagem Porto Alegre. 5. Vegetao Porto Alegre. 6. Paisagem Porto Alegre.
I. HASENACK, Heinrich, coord. II. Ttulo
permitida a reproduo parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte conforme a seguir:
HASENACK, Heinrich et al. (Coord.). Diagnstico Ambiental de Porto Alegre: Geologia, Solos, Drenagem, Vegetao/Ocupao e
Paisagem. Porto Alegre: Secretaria Municipal do Meio Ambiente, 2008. 84 p.
As referncias so de responsabilidade dos autores dos captulos.
Encaminhado para registro na Biblioteca Nacional
Impresso no Brasil
Maro de 2008
Tiragem: dois mil exemplares
COORDENADOR GERAL
Gegrafo Heinrich Hasenack, Ufrgs - Instituto de Biocincias
ORGANIZADORES
Engenheiro agrnomo Eliseu Jos Weber, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Jornalista Slvia Franz Marcuzzo
AUTORES
Geologia
Gelogo Ruy Paulo Philipp, Ufrgs - Instituto de Geocincias
Solos
Engenheiro agrnomo Paulo Schneider, Ufrgs - Faculdade de Agronomia
Engenheiro agrnomo Egon Klamt, Ufrgs - Faculdade de Agronomia
Engenheiro agrnomo Nestor Kmpf, Ufrgs - Faculdade de Agronomia
Engenheiro agrnomo lvio Giasson, Ufrgs - Faculdade de Agronomia
Engenheiro civil Diego Nacci
Drenagem
Engenheiro civil Alfonso Risso, Ufrgs - Instituto de Pesquisas Hidrulicas
Gelogo Marcos Imrio Leo, Ufrgs - Instituto de Pesquisas Hidrulicas
Engenheiro agrnomo Lawson Francisco de Souza Beltrame, Ufrgs - Instituto de Pesquisas Hidrulicas
Engenheira civil Lidiane Souza Gonalves
Engenheiro civil Ferdnando Cavalcanti da Silva
Vegetao/Ocupao
Gegrafo Heinrich Hasenack, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Bilogo Jos Lus Passos Cordeiro, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Biloga Ilsi Boldrini, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Bilogo Rafael Trevisan, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Bilogo Paulo Brack, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Engenheiro agrnomo Eliseu Jos Weber, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Paisagem
Gegrafo Heinrich Hasenack, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Bilogo Rogrio Both, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Engenheiro agrnomo Eliseu Jos Weber, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Biloga Ilsi Boldrini, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Bilogo Paulo Brack, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Bilogo Rafael Trevisan, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Cartografia
Gegrafo Heinrich Hasenack, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Engenheiro cartgrafo Lcio Mauro de Lima Lucatelli, Ufrgs - Instituto de Biocincias
Engenheira agrnoma e biloga Eliana Casco Sarmento, Ufrgs - Instituto de Biocincias
COLABORADORES
Prefcio
com imensa satisfao que a Prefeitura de Porto Alegre,
territrio porto-alegrense.
Que este diagnstico seja bastante utilizado por consultores, estudantes, universidades, empresas e em atividades dos
setores primrio, secundrio e tercirio. E, claro, por toda a
administrao municipal, como secretarias, autarquias e departamentos da Prefeitura, bem como pelo Estado e pela Unio.
Beto Moesch
Introduo
O material contido neste livro produto do esforo
um mapa que inclui tanto reas com uso antrpico quanto com
o territrio do municpio.
O ltimo captulo ilustra com fotografias as caractersticas dos diferentes tipos/janelas de paisagem que representam os distintos e os contrastantes ambientes de seus 476km2
de superfcie.
Alm do texto e ilustraes com fotografias, cada captulo
acompanhado do respectivo mapa. Inseridos em cada captulo, encontram-se mapas que representam os temas na escala
1:125.000. Alm dos mapas inclusos no texto, geologia, solos e
drenagem so apresentados tambm em mapas anexos na escala
1:50.000. A vegetao e ocupao, por ser uma informao mais
especialdadoaosdiferentestiposdegranitos,devidoasuapresena
Sumrio
Geologia....................................................................................................................................................................................................................................... 12
Contexto geolgico e tectnico regional
Geologia da regio de Porto Alegre
Gnaisses Porto Alegre
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Granito Viamo
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Granito Independncia
Granito Canta Galo
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Solos..................................................................................................................................................................................................................................................... 28
Solos Mapeamento das unidades de solo
Mtodos
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Geotecnia
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Drenagem................................................................................................................................................................................................................................ 44
Bacia hidrogrfica do municpio
Drenagem superficial
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Drenagem subterrnea
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Vegetao/Ocupao.........................................................................................................................................................................................56
Tipos de vegetao
Tipos de ocupao
Mapeamento
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Trabalho de campo
Legenda
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Paisagem..................................................................................................................................................................................................................................... 72
Onze paisagens caractersticas de Porto Alegre
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Geologia
Introduo
O principal objetivo deste captulo fornecer de modo
descritivo os principais elementos geolgicos de cada unidade,
para permitir que se estabelea correlaes entre a geologia e os
tipos de relevo, de solos e o comportamento estrutural do manto
de alterao. Tambm foram acrescentadas informaes sobre
a utilizao dos materiais geolgicos disponveis no desenvolvimento urbano e paisagstico de Porto Alegre.
Este mapeamento geolgico tambm pretende representar, sobre um fundo topogrfico, a distribuio geogrfica das
formaes geolgicas, abstraindo-se o manto de intemperismo.
Ele indica a natureza, idade e posio relativa das rochas aflorantes, distinguindo as formaes por cores e smbolos. Tambm so
indicados lineamentos associados, como falhas e diques.
O mapa geolgico foi construdo tendo-se por base o
mapa geolgico da Folha Porto Alegre (Schneider et al., 1974),
com atualizaes decorrentes de estudos realizados desde ento,
em especial no que se refere ao embasamento cristalino. Para
contemplar todo o municpio de Porto Alegre, estendeu-se o
mapeamento para as pores do municpio presentes nas cartas
topogrficas de Morretes, So Leopoldo, Guaba e Itapu.
As informaes podem ser teis para identificar reas
frgeis do ponto de vista estrutural, jazidas para extrao de
material para construo civil, avaliao geotcnica para expanso urbana, alm do potencial de ocorrncia de gua subterrnea,
entre outros.
Afloramento grantico
na encosta norte do
Morro So Pedro.
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geologia
A regio de Porto Alegre est localizada no Escudo Sulrio-grandense, uma ampla rea que ocupa a poro central do
Estado, constituda por rochas de idade Pr-Cambriana, com idades superiores a 570 milhes de anos. O escudo composto por
diversas unidades geotectnicas, que representam os principais
ambientes e perodos de formao das rochas da poro sul do
Brasil. As rochas que compe o substrato do municpio fazem parte do denominado Batlito Pelotas, a principal unidade da antiga
cadeia de montanhas conhecida como Cinturo Dom Feliciano.
Este batlito composto por centenas de corpos granticos que
foram gerados no intervalo de idades entre 650Ma e 550Ma. Estas
unidades granticas so agrupadas em sete conjuntos principais,
denominadas sutes intrusivas, e definem as associaes de rochas
magmticas geradas neste intervalo de tempo.
A atividade magmtica que originou o Batlito Pelotas foi
atribuda a um ambiente de arco magmtico gerado pelo consumo de um antigo oceano (Oceano Adamastor) por uma zona de
subduco com mergulho para oeste (Fernandes et al., 1992) ou
com mergulho para leste (Chemale Jr., 2000). Entretanto, Philipp
(1998) e Philipp et al. (2001, 2002 e 2005) mostram que a gerao
geologia
Localizao do
Cinturo Dom
Feliciano e do Batlito
Pelotas no contexto
geotectnico do Sul
do Brasil e Uruguai:
a) Terreno Lus Alves;
b) Terreno Florida,
1- Terreno Taquaremb,
2- Terreno Rivera,
3- Terreno Valentines
(Fonte: Hartmann et al.
2007).
15
geologia
Geologia da regio de
Porto Alegre
A regio de Porto Alegre apresenta uma parte da histria
de formao da cadeia de montanhas representada pelo Cinturo Dom Feliciano. Este cinturo apresenta fragmentos da antiga
crosta continental da poro sul da Plataforma Sul-americana
de idade Paleoproterozica, entre 2,0 e 2,4 bilhes de anos. Um
destes fragmentos est representado na geologia do municpio
pelos Gnaisses Porto Alegre, uma associao de gnaisses granodiorticos a diorticos com idade ao redor de 2,0 bilhes de anos
(Philipp & Campos, 2004; Philipp et al. 2008). A ampla maioria do
substrato rochoso, entretanto, ocupada por rochas granticas
que se destacam no relevo do municpio pelo conjunto distinto
de cristas, morros e coxilhas, representando os diferentes tipos
de granito identificados nesta regio. A seguir so descritas as
unidades litoestratigrficas que compem o substrato rochoso
do municpio.
Mapa geolgico do
Batlito Pelotas,
destacando as diversas
sutes granticas e as
principais zonas de falha
(zonas de cisalhamento
dcteis transcorrentes)
(Fonte: Philipp et al.
2007).
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geologia
geologia
dominantes. Sobre esta estrutura gnea desenvolve-se um bandamento de segregao metamrfica (Sb1) que gera na rocha o aparecimento de bandas flsicas com textura granoblstica poligonal
a interlobada, intercaladas com nveis mficos ricos em biotita em
arranjo lepidoblstico. A evoluo do bandamento passa, alm da
sua gerao (D1), pelo seu dobramento e transposio (D2), como
indicado por dobras isoclinais (F2) e intrafoliais. Estas estruturas so
submetidas a um terceiro evento deformacional (D3), gerando dobras abertas a apertadas (F3) com charneiras arredondadas e eixos
mergulhantes dominantemente para sudoeste (Philipp & Campos,
2004). Este evento D3 reorganiza espacialmente o bandamento
transposto, estando vinculado gerao das zonas de cisalhamento dcteis subverticais com orientao dominante para N70-85E,
concordante com a superfcie axial desta fase.
A intruso do Granito Independncia contribuiu para a desorganizao parcial da geometria das estruturas desenvolvidas
nesta unidade. Deste modo, a variao do mergulho dos eixos da
F3, caindo para SW e NE, pode estar relacionada ao fraturamento e
intruso dos corpos granticos mais jovens ou ento estar associada com uma fase F4 de dobramentos, muito tardia e definida por
dobras suaves com eixos direcionados para NW.
No contato sudeste, a presena de intruses tabulares de leucogranitos com texturas equigranulares a pegmatides de cor rosada est restrita s proximidades do contato com o Granito Santana,
que est marcado por uma zona de cisalhamento dctil subvertical.
As intruses esto aproximadamente subparalelas e mostram espessuras entre 5cm e 30cm at espessuras entre 1m e 2m. Os corpos
cortam o bandamento mantendo mesmo nas zonas de alta deformao uma relao angular discordante de baixo valor (entre 10
e 20). Os contatos so retilneos a pouco curvos, e ntidos. A grande maioria das intruses est deformada, gerando dobras suaves e
mostrando estiramento de quartzo e porfiroclastos K-feldspato.
Granito Viamo
As litologias deste corpo grantico
estendem-se por grande parte das folhas
Porto Alegre e Passo do Vigrio, constituindo a mais extensa unidade plutnica
aflorante na regio de Porto Alegre (Philipp, 1998). Inicialmente foram descritos
como migmatitos homogneos por Schneider et al. (1974). O Granito Viamo est
recoberto, ao norte, pelos sedimentos da
bacia do Rio Gravata e, ao leste-sudeste,
pelos sedimentos da plancie costeira.
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Os enclaves mficos tm composio diortica a granodiortica e so freqentes neste granito. Possuem cor preta, formas
arredondadas a elpticas, raramente subangulosas, com dimenses entre 5cm
e 40cm. Os contatos dos enclaves com o
Chapa polida do
granito so ntidos e com formas curvilneas.
Granito Viamo utilizada
Quando estirados, esto concordantes
no revestimento da
com a orientao dos megacristais de
fachada do
K-feldspato. A textura equigranular fina
Santander Cultural,
(1mm) caracterizada por plagioclsio,
Praa da Alfndega.
quartzo, biotita e hornblenda.
Foto Ruy Paulo Philipp
Nestes locais, o granito mostra estrutura foliada com porfiroclastos estirados de K-feldspato com forma de Augen, envolvidos
por uma matriz mdia a fina com forte orientao de biotita e estiramento de quartzo de cor escura. Estas zonas mostram direo nordeste e apresentam-se paralelas a subparalelas orientao de fluxo
marcada pelo alinhamento dos megacristais e enclaves mficos.
Prximo aos contatos com o Granito Santana, ocorrem
zonas de cisalhamento frgeis de direo noroeste (N20-30W),
responsveis pela formao de faixas de cataclasitos com larguras
variveis entre 14cm-40cm a 1m-3m. A fragmentao progressiva do granito mascara sua textura porfirtica, transformando-o
em uma rocha equigranular com minerais intensamente fraturados, com formas angulosas e dimenses variadas (0,1mm-20mm)
imersos em uma matriz fina de cor esbranquiada a acinzentada.
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geologia
geologia
Granito Independncia
Este granito ocorre no extremo oeste da Folha Porto Alegre
e sul da Folha Gravata. A principal exposio a antiga pedreira
do Instituto Porto Alegre (IPA), afloramentos efmeros podem ser
encontrados nas avenidas, praas e casas dos bairros Petrpolis, Independncia, Chcara das Pedras, Trs Figueiras, Bela Vista, Cristo
Redentor e Vila Bom Jesus. O Granito Independncia (Schneider et
al., 1974) constitui uma rea elevada da cidade denominada Morro Petrpolis, definida por um relevo de pequenos morros escalonados. A eroso controlada por fraturas de extenso de direo
N50W responsvel por sua forma alongada e pela gerao da
feio geomorfolgica denominada Crista da Matriz.
O corpo, na sua poro aflorante, tem forma alongada para
NE, sendo encoberto ao norte pelos sedimentos quaternrios da
Bacia do Rio Gravata. A espessura do solo varivel de 2m a 15m,
mostrando uma cor castanho-claro a amarelada, ocorrendo abaixo
um alterito, sempre com elevado teor de quartzo e micas.
comum a ocorrncia de xenlitos dos Gnaisses Porto Alegre. Os xenlitos mostram formas angulosas a subangulosas, de
contatos ntidos, com limites retos a curvos e bem definidos. As
dimenses variam desde 15cm-40cm at 100m a 300m. Uma rea
de gnaisses permanece de modo adjacente ao limite sudeste-leste
desta unidade grantica, mostrando uma forma alongada, segundo
a direo nordeste e estendendo-se desde a parte noroeste da cidade de Porto Alegre at o sul
da cidade de Gravata. Em toda
esta extenso, os gnaisses so
cortados por corpos tabulares
Afloramento de granito com textura
do Granito Independncia. A
equigranular mdio e estrutura
manuteno da orientao das
bandada com nvel irregular rico em
estruturas tectnicas indica
biotita resultante da assimilao de
que as litologias dos Gnaisses
fragmentos do Gnaisse Porto Alegre.
Porto Alegre constituem penAfloramento da Av. Protsio Alves,
prximo ao no 5.500.
dentes de teto (roof pendant)
Foto Ruy Paulo Philipp
sendo em parte sustentado
pelo Granito Independncia.
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geologia
geologia
Em afloramento, um leucogranito de cor rosa a avermelhada com textura equigranular grossa a mdia (5mm-10mm).
Apresenta estrutura macia e grande homogeneidade composicional e estrutural.
Petrograficamente, so sienogranitos com mineralogia essencial composta por K-feldspato, plagioclsio e quartzo, com muito
pouca biotita de mineral mfico. Os minerais acessrios so titanita,
zirco, apatita, alanita e opacos. A alanita e a titanita tambm ocorrem de maneira intersticial. O principal mineral o K-feldspato, de
cor rosa, com forma prismtica pouco alongada a equidimensional e
subdrico. O plagioclsio tem cor branca e forma prismtica, eudrica a subdrica, zonado com o ncleo central alterado para epidoto
granular e sericita. O quartzo incolor e tem forma amebide.
A biotita rara, tem cor preta, subdrica e ocorre de modo intersticial.
Fachada em granito da
Catedral Metropolitana
de Porto Alegre.
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Aspecto macroscpico do
Granito Santana na antiga
pedreira da Construtora
Zocoloto, com destaque para
textura equigranular mdia
e foliao magmtica com
disposio aproximadamente
subvertical definida pelo
alongamento do quartzo.
Foto Ruy Paulo Philipp
A estrutura do granito est bem marcada por uma foliao definida pela orientao dimensional do K-feldspato e biotita
e, em zonas mais deformadas pelo alongamento do quartzo. Esta
foliao bastante penetrativa, ocorrendo praticamente em toda
a extenso do corpo. Nos bordos do corpo, que so regies mais
deformadas, o granito adquire uma textura protomilontica com
quartzo estirado e uma lineao mineral sub-horizontal. Nestes
locais, forma faixas de 15cm a 150cm de milonitos caracterizados
pela presena de 35% a 55% de porfiroclastos (2mm-6mm) de
K-feldspato envoltos por uma matriz grano-lepidoblstica fina,
constituda dominantemente por quartzo. Esta matriz apresenta uma paragnese metamrfica relacionada a zonas de cisalhamento dcteis com a formao de quartzo, epidoto, clorita,
opacos andricos, mica branca, titanita andrica e carbonato.
Em alguns locais, o granito est cortado por diques de riolito
prfiro de cor rosa. Estes diques tm espessuras de 15m a 5m e
os contatos so retos a curvos.
Composicionalmente, o Granito Santana um Ortoclsiomicroclnio granito com textura equigranular grossa a mdia
(5mm-12mm) composta por uma trama dominada por K-feldspato e quartzo, com raras ocorrncias de plagioclsio e biotita.
Os minerais acessrios so titanita, zirco, apatita, alanita e opa-
23
geologia
Granito Santana
geologia
24
Processos de contaminao, por assimilao de encaixantes e interao entre lquidos cidos e bsicos, modificaram
a composio qumica original dos magmas. As feies mais
proeminentes destes mecanismos esto marcadas nos xenocristais,
pela dissoluo do quartzo, fuso parcial do plagioclsio e transformao dos bordos de K-feldspato em albita, pela presena de halos
de contaminao por difuso em volta dos enclaves bsicos.
Pavimentao da Praa
da Alfndega e da Praa da Matriz,
destacando os desenhos feitos
com fragmentos de riolito de
cor rosa e diabsio de cor preta.
Foto Ruy Paulo Philipp
25
geologia
geologia
Devido homogeneidade apresentada com relao a estrutura, textura e cor, as rochas subvulcnicas, especificamente os riolitos e os diabsios, foram utilizados como objetos paisagsticos na
decorao urbanstica, principalmente na pavimentao de praas
e caladas. Destacam-se neste caso o piso da Praa da Alfndega na
regio central da cidade.
Quaternrio
O quaternrio est representado no municpio por fcies
pleistocnicas e holocnicas. Os leques aluviais alimentados pelo
Escudo Pr-Cambriano correspondem a fcies formadas durante o
Pleistoceno, que tiveram como rea fonte as rochas gneas e metamrficas do Escudo Sul-rio-grandense. As reas granticas e a curta
distncia do transporte resultaram em fcies com texturas e mineralogia imaturas. Petrograficamente, as fcies incluem diamictitos,
conglomerados, arenitos e lamitos, e so friveis devido ao elevado
contedo de feldspato (Villwock & Tomazelli, 1995). Delaney (1965)
caracterizou esse tipo de fcies como Formao Graxaim e Alterito
Serra de Tapes. Na carta geolgica de Porto Alegre Schneider et al.
(1974) esto denominadas as formaes.
26
Babinski, M.; Chemale Jr., F.; Van Schmus, W.R.; Hartmann, L.A.; & L.C. Silva.
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27
geologia
Referncias
Solos
Introduo
O objetivo deste captulo mostrar, descrever e mapear os
tipos de solos existentes no municpio de Porto Alegre, a fim de fornecer informaes que permitam um planejamento racional e um
desenvolvimento equilibrado do uso de suas terras.
O levantamento de solos fornece informaes bsicas sobre suas propriedades e gerou uma multiplicidade de informaes,
como a determinao para a aptido agrcola, reas preferenciais
para o desenvolvimento urbano, reas passveis de serem usadas
para descarte de resduos industriais e domsticos, entre outros. Os
resultados deste trabalho esto desenvolvidos nas unidades de mapeamento e no mapa de solos.
A seguir esto descritos e/ou referenciados os procedimentos, materiais e equipamentos usados na execuo do levantamento
que realizou a caracterizao das Unidades de Mapeamento cada
tipo de unidade de mapeamento de solos, que o conjunto de
delineamentos com mesmos tipos de solos, encontrado no mapa.
No mapa esto especificadas a composio, o tipo, as incluses e a
caracterizao da rea de ocorrncia.
Neste Diagnstico tambm esto caracterizadas as Unidades
Taxonmicas, onde esto evidenciadas as caractersticas gerais e a
ocorrncia dessas unidades com fotos e perfis representativos.
28
29
solos
30
Solos - mapeamento
das unidades de solos
Mtodos
O levantamento de reconhecimento de mdia intensidade dos solos foi realizado atravs de foto-interpretao sobre
imagens areas com escala de 1:40.000 e observaes a campo.
Para a transferncia dos delineamentos das unidades de mapeamento de solos (UM) das fotografias para a produo do mapa
final de solos, as fotografias areas foram georreferenciadas com
apoio das cartas 1:50.000 do Servio Geogrfico do Exrcito, e os
delineamentos, correspondentes s UM, foram digitalizados na tela
do computador.
Anlises de solo
Na frao terra fina seca ao ar, obtida aps secagem e peneiragem das amostras, foram feitas as seguintes anlises fsicas e
qumicas, seguindo a metodologia adotada pela Embrapa (1997):
granulometria (percentagem de areia grossa e fina, silte e argila),
argila dispersa em gua, clcio (Ca+2), magnsio (Mg+2), sdio
(Na+), potssio (K+), alumnio (Al+3), hidrognio mais alumnio
(H++Al+3), fsforo (P) assimilvel e seu ndice de acidez (pH em
gua). Com os resultados obtidos foram calculados a soma de
bases (S), a capacidade de troca de ctions (T), a saturao
de bases (V) e a saturao com alumnio.
31
solos
solos
Topos e encostas de elevaes em relevo ondulado e fortemente ondulado, e nos teros inferiores de encostas de morros em
relevo fortemente ondulado e montanhoso. constituda por Argissolos Vermelhos (PV) ou Argissolos Vermelho-amarelos
(PVA) associados com Cambissolos Hplicos (CX), sendo
que estes ltimos esto locados nas zonas de relevo forte
ondulado, enquanto os Argissolos esto locados nas reas
de relevo ondulado.
Topo do
Morro Agudo:
Cambissolos
Hplicos com
Neossolos.
32
Topos e encostas de morro, em relevo fortemente ondulado a montanhoso, constituindo-se na Associao de Cambissolos Hplicos (CX) com Neossolos Litlicos (RL) ou Neossolos
Regolticos (RR). Podem ocorrer incluses (reas menores no
mapeveis na escala aplicada) de Argissolos (PV) e afloramentos
de rochas (AR).
solos
Associao de Planossolos Hidromrficos, Gleissolos Hplicos (GX) e Plintossolos Argilvicos (FT), ocorre em plancies
aluviais e lagunares com microrrelevo. Como incluses podem
ocorrer solos Neossolos Quartzarnicos (RQ) e Neossolos Flvicos (RU).
Podem ser encontrados nos bairros Cidade Baixa, Farroupilha, Navegantes, parte de Ipanema, entre outros.
Banhados na Ilha da
Pintada, no Parque
Estadual Delta do Jacu,
com associao de
Gleissolos e Neossolos
Flvicos no interior
da ilha e associao
de Neossolos Flvicos
e Tipos de Terreno
na costa.
33
rea de aterro
solos
(Tipos de Terreno)
onde se situam o
Parque da Harmonia
e o Parque Marinha
do Brasil.
Plancies aluviais e lagunares, constituindo-se na associao de Gleissolos Hplicos (GX) e Planossolos Hidromrficos (SG),
podendo apresentar como incluses manchas de Gleissolos
Melnicos (GM), que apresentam horizonte superficial mais escuro
e mais rico em matria orgnica que os Gleissolos Hplicos (GX).
Praia do Lami
com Neossolos
Quartzarnicos
e Gleissolos.
34
Ocorrncia no litoral dos bairros Serraria, Ponta Grossa e Belm Novo, na Praia do Lami e no entorno da Reserva Biolgica do
Lami Jos Lutzenberger.
solos
Smbolo
Incluses
PV1
C, RL e RR
PV2
C, RL, RR
CX
PV, AR
SG1
RQ, RU
SG2
FT, RQ
GX
GM
G1
G2
FT
RQ
GM
RU1
Neossolos Flvicos
RU2
TT
Tipos de Terreno
35
solos
Argissolos
(PVd) tpicos
Distrficos
Os Argissolos Vermelhos
ocupam reas de relevo ondulado
a suavemente ondulado, geralmente ocorrendo associados com
Argissolos Vermelho-amarelos que
ocupam uma posio topogrfica
inferior, ambos compondo uma
unidade de mapeamento do tipo
grupo indiferenciado (ver tabela
anterior).
Vermelhos
Perfil de Argissolo
Vermeho (PV ).
Foto dos autores
Argissolos Vermelho-amarelos
Distrficos (PVAd) tpicos
Quanto profundidade, material de origem, seqncia
de horizontes e textura, estes solos so semelhantes aos Argissolos Vermelhos Distrficos tpicos (PVD), diferenciando-se destes pela colorao vermelho-amarelada do horizonte Bt. A cor
mais amarelada do horizonte Bt indicativa da condio de solo
bem a moderadamente drenado, isto , a remoo mais lenta
36
Perfil de
Perfil de Neossolo
Cambissolo
Litlico (RL).
Hplico (CX).
37
solos
bruno a bruno-claro-acinzentada e sua drenagem varia de bem drenados (posio convexa) a mal drenados (posio cncava) conforme
a posio topogrfica que ocupam nos feixes de restingas. Quanto a
sua fertilidade qumica, os solos so moderadamente cidos e apresentam uma baixa disponibilidade de nutrientes para as plantas; sua
utilizao para a produo agrcola limitada devido a sua textura
arenosa, sendo preferencialmente
mantidos com cobertura de pastagens e com florestamento.
solos
Os Neossolos Quartzarnicos
so originados em sedimentos
arenosos quaternrios que constituem feixes de restingas nas margens do Lago Guaba na parte sul
do municpio, ocupando um relevo
plano a suavemente ondulado.
Nas reas foram mapeados em associao com Gleissolos Hplicos.
Devido a sua ocorrncia em relevo forte ondulado a montanhoso, os Neossolos Regolticos so bem drenados. Entretanto,
quando situados em depresses do relevo acidentado podem
apresentar perodos de encharcamento devido acumulao das
guas de escorrimento das cotas mais elevadas. Dependendo da
composio da rocha de origem (granitos), estes solos podem
apresentar uma proporo significativa de frao grosseira (cascalho) constituda por quartzo. Quanto sua fertilidade qumica, os
solos so qualificados como distrficos, isto , so cidos e apresentam uma baixa disponibilidade
de nutrientes para as plantas. Sua
utilizao para a produo agrcola
limitada pela pequena profundidade desses solos.
Os Neossolos Regolticos
geralmente ocorrem associados
com Neossolos Litlicos e Cambissolos Hplicos, constituindo uma
unidade combinada na forma de
associao (ver tabela anterior).
Perfil de Neossolo
Regoltico (RR).
Foto dos autores
Neossolos Quartzarnicos
rticos(RQo) tpicos
So solos profundos, apresentando perfis com uma seqncia de horizontes A-C, todos de textura muito arenosa, constituda
essencialmente por gros de quartzo. Estes solos tm uma colorao
Perfil de Neossolo
Quartzarnico (RQ).
Foto dos autores
Neossolos Flvicos Tb
Distrficos (RUbd) tpicos
Solos originados de sedimentos fluviais, compondo uma estratificao de sedimentos de granulometria varivel. Apresentam
uma seqncia de horizontes A-C, mostrando uma distribuio
irregular de matria orgnica e uma composio granulomtrica
varivel com a profundidade do perfil de solo. Devido variabilidade do material de origem (sedimentos fluviais), estes solos tm
caractersticas fsicas e qumicas tambm variveis.
Ocorrem nas plancies e terraos de inundao do Lago
Guaba na forma de unidades de mapeamento simples e combinadas com Gleissolos e tipos de terreno (ver tabela anterior).
38
Perfil de
Plintossolo
Argilvico (FT).
Foto dos autores
Perfil de
Planossolo
Hidromrfico (SG).
Foto dos autores
Solos imperfeitamente a mal drenados encontrados nas reas de vrzea, com relevo plano a suavemente ondulado. Apresentam uma seqncia de horizontes A-E-Btg-C, com o horizonte A de
colorao mais escura, o horizonte E de cor clara e mais arenoso,
e uma mudana abrupta para o horizonte Btg, bem mais argiloso
e de cor acinzentada. Esta mudana sbita no perfil do solo, de
camadas mais arenosas (horizontes A e E) para uma camada mais
argilosa (horizonte Btg), responsvel pela reteno da gua e o
conseqente encharcamento do solo. Devido a essas feies, os Planossolos so aptos para o cultivo de arroz irrigado. Apresenta sistemas de drenagem eficientes, onde tambm podem ser usados para
outras culturas (milho, pastagens e outras), porm apresentam risco
de inundao. Os Planossolos tm variaes quanto: 1) a espessura
dos horizontes A+E que pode alcanar at 1,7m, o que identifica os
espessarnicos; 2) ao horizonte B que pode apresentar alta saturao por sdio em algumas reas; 3) maior ou menor gradiente tex-
Perfil de Gleissolo
Hplico (GX).
Foto dos autores
39
solos
a moderada para as plantas. Sua espessura e teor de matria orgnica do horizonte A, bem como a textura dos horizontes A e Cg
tambm so muito variveis.
Esses solos ocorrem nas pores mais baixas das vrzeas, e a
sua ocupao e utilizao para a produo agrcola limitada pelas
condies naturais de m drenagem e pelo risco de inundao.
Quando drenados, podem ser usados para horticultura, fruticultura
e culturas anuais. Os Gleissolos ocorrem em diversas unidades de
mapeamento combinadas com Planossolos, Plintossolos, Neossolos Flvicos, Neossolos Quartzarnicos e tipos de terreno.
solos
O mapa de solos resultante dos levantamentos anteriormente descritos, mostrando a distribuio espacial das diversas
unidades de mapeamento no municpio de Porto Alegre, est
ilustrado na pgina 30.
Geotecnia
O mapeamento geotcnico tem por objetivo identificar
e delimitar as unidades geotcnicas e caracterizar os solos do
municpio de Porto Alegre para fins de engenharia. As unidades geotcnicas foram estabelecidas procurando delimitar zonas
com solos de caracterstica fsicas e morfolgicas semelhantes e,
especialmente, zonas com comportamento geotcnico equivalente.
As unidades geotcnicas foram delimitadas considerando-se
a geologia, a pedologia (avaliao em forma especfica pelo estudo
agronmico), a topografia e a hidrologia do terreno. Dados geotcnicos especficos, coligidos de diversas fontes (dados bibliogrficos
e gerados de obras de engenharia executadas) subsidiaram a definio de perfis estratigrficos tpicos de cada unidade, bem como da
composio granulomtrica provvel das camadas constituintes.
Para os solos de Porto Alegre, pouco desenvolvidos pedologicamente, a geologia adquire maior relevncia na identificao
das unidades geotcnicas. Este aspecto relaciona-se em forma direta com o horizonte C saproltico, relativamente mais espesso e
heterogneo em solos pouco desenvolvidos pedologicamente.
A pedologia relaciona-se com o manto de solo mais superficial
(horizontes A e B).
40
Morro da Tapera
e seu entorno,
mostrando as diversas
unidades geotcnicas.
So solos profundos desenvolvidos sobre material coluvionar de granitos, migmatitos e presentes sob a forma de paleossolo ferratilizado
de alterito da Serra de Tapes. Tm como caracterstica principal a
presena de um horizonte Bt de espessura significativa, com textura franco-argilosa a argilosa, de colorao avermelhada e boa
drenagem. O horizonte C tem caractersticas equivalentes s dos
solos litlicos.
Ocorrem em reas com relevo suave, pouco ondulado,
conformando pequenas coxilhas e elevaes de pequena
declividades em torno dos morros.
solos
Unidade 2:
Argissolos Vermelhos e
Vermelho-amarelos
elevadas do microrrelevo, moderadamente drenadas (Plintossolos). Alm destas classes, ocorrem Neossolos Flvicos ocupando
diques marginais junto aos arroios e crregos. As caractersticas mais
marcantes das reas onde esta unidade ocorre so as cotas
baixas, relevo plano, ms condies de drenagem e estarem
sujeitas a inundaes espordicas ou freqentes.
A estratigrafia composta de material de textura variada,
de argilas a areias, que podem ocorrer em forma combinada ou
intercalada, com colorao escura, cinza ou cinza-esverdeado.
A ocorrncia de espessas camadas de argila mole (ocorrncia tpica
da zona norte de Porto Alegre, onde se apresenta superficial, com
espessuras que variam entre 5m e 10m) constitui-se em limitao
implantao de obras de engenharia. O alagamento freqente
destas reas constitui-se em outra limitao ocupao urbana.
Aptido do terreno
ocupao urbana
A aptido ocupao urbana aponta para a competncia ou potencial das unidades geotcnicas ocupao urbana.
A inobservncia desta aptido, ou das caractersticas geotcnicas das unidades, podem levar (e j levaram, em muitos casos)
concepo inadequada de projetos geotcnicos, o que pode se
traduzir em solues desnecessariamente onerosas, construes com patologias severas a curto e mdio prazo ou, inclusive,
acidentes e colapsos com elevados custos materiais e at mesmo
perda de vidas humanas.
41
solos
Vista dos bairros
fins de loteamento na
vrzea do Arroio do Salso.
Classificao da Unidade 4:
Planossolos + Gleissolos +
Plintossolos + Neossolos
Flvicos (solos hidromrficos):
BAIXA APTIDO.
As reas contidas nesta unidade apresentam
uma srie de caractersticas geotcnicas que dificultam e/ou oneram a implantao de edificaes.
Nesta unidade verificam-se como limitaes: nvel
dgua prximo superfcie ou aflorando dificuldade severa para execuo de escavaes e de certos
tipos de fundaes; ocorrncia de alagamentos freqentes problemas de acesso rea e necessidade
de aterro para elevao da cota da obra acima da
cota de inundao do terreno; e, ainda a ocorrncia
42
Classificao da Unidade 2:
Argissolos Vermelhos e
Vermelho-amarelos, APTA.
solos
Referncias
EMBRAPA. 1997. Manual de mtodos de anlise de solos. Centro
Nacional de Pesquisa de Solos. 2 ed. Rio de Janeiro.
EMBRAPA. 1999. Sistema brasileiro de classificao de solos. Centro
Nacional de Pesquisa de Solos. Rio de Janeiro.
LEMOS, R.C. & SANTOS, R.D. dos. 1996. Manual de descrio e coleta
de solo no campo. 3 ed. SBCS/SNLCS. Campinas. 45 p.
SCHNEIDER, A.W.; Loss, E.L.; Pinto, J.F. 1974. Mapa geolgico da folha
Porto Alegre-RS. Pesquisas Srie Mapas (7). Porto Alegre, UFRGS.
Instituto de Geocincias.
43
Drenagem
Introduo
Caracterizar as redes de drenagem de guas superficiais
e subterrneas no municpio de Porto Alegre o objetivo deste
captulo. Com relao s guas superficiais, sero abordados aspectos
quanto hierarquia dos cursos dgua e extenso de cada um
deles. Somente dentro do municpio com rea de 432km - h
uma rede de drenagem de cerca de 574km, indicando uma densidade de drenagem de aproximadamente 1,33 km/km.
J os dados sobre as guas subterrneas levam em conta as
informaes disponveis sobre poos de diversos bairros. revelada
a qualidade de suas guas e utilizadas ferramentas do Sistema de
Informaes Geogrficas para encontr-los, gerando-se um mapa
com a localizao dos poos por endereo.
O levantamento verificou que muitos bairros utilizam gua
subterrnea. E como grande parte dos bairros de Porto Alegre
est impermeabilizada por edificaes e pavimentao, a recarga
de gua subterrnea se d nas reas altas do municpio, como nos
morros Santana e da Polcia.
Vista area do
Arroio Dilvio.
44
45
drenagem
46
Drenagem superficial
Para obteno de dados sobre a rede de drenagem superficial
do municpio de Porto Alegre foram utilizados os seguintes produtos disponibilizados pela Prefeitura: cartografia da rede de drenagem
existente, imagens orbitais do satlite Quickbird, Modelo Numrico
de Terreno do municpio (MNT), com resoluo espacial de 5m.
47
drenagem
drenagem
1a
2a
3a
4a
Total
Comprimento da
hidrografia por ordem
de drenagem.
Drenagem subterrnea
O municpio de Porto Alegre possui 80 bairros que
esto assentados sobre duas litologias: rochas grantico-gnissicas
fissuradas e depsitos argilo-arenosos a arenosos de origem
flvio-lacustre, lagunar e aluvionar. As rochas grantico-gnissicas
constituem o aqfero fraturado Pr-Cambriano, e os depsitos,
o aqfero poroso Cenozico.
As guas subterrneas nas rochas cristalinas (granitos e
gnaisses) ocorrem somente nas fraturas ou falhas geolgicas,
que se constituem em caminhos preferenciais de deslocamento
e armazenamento. A intensidade e a abertura desses fraturamentos comandam a maior ou menor quantidade de gua subterrnea disponvel. Os poos nas rochas fraturadas podem fornecer
vazes da ordem de 5m/h, podendo existir poos com vazes
de at 15m/h, condicionado ao sistema de fraturamento. Nos
sedimentos quaternrios, a existncia de gua subterrnea
condicionada pela porosidade dos mesmos. Em sedimentos argilosos, h uma tendncia de reduzir muito a quantidade de gua e
a sua circulao. Os sedimentos arenosos podem se constituir em
aqferos que fornecem vazes baixas, da ordem de 4m/h.
As guas do aqfero fraturado so classificadas como
bicarbonatadas clcico-sdicas a sdicas e cloretada-bicarbonatada-clcico-sdica, enquanto no aqfero poroso Cenozico
predominam composies cloretadas sdicas e cloretadas clcico-sdicas, com maior contedo de slidos totais dissolvidos.
48
Bela Vista, Vila Ipiranga, Boa Vista, Mont Serrat, Moinhos de Vento,
Independncia, Floresta, So Geraldo, Cristo Redentor e Sarandi.
A quantidade de poos tende a aumentar em direo aos bairros
da Zona Sul. Nos bairros situados na parte central e sul, como Cascata, Vila Nova, Cavalhada, Camaqu, Tristeza, Ipanema, Campo
Novo, Lajeado, Hpica e Belm Novo, observa-se que existe uma
boa quantidade de poos, mas a maior parte no possui informaes suficientes para a utilizao neste trabalho.
Como grande parte dos bairros de Porto Alegre est
impermeabilizada por edificaes e pavimentao, a recarga
de gua subterrnea se d nas reas altas do municpio (Morro
Santana,Morro daPoliciaetc),onde aurbanizao aindano chegou.
Existe um volume de gua que recarrega o aqfero dentro do
municpio, que proveniente das perdas da rede de abastecimento do Dmae. Esta perda representa parcela significativa
do volume distribudo e constitui uma recarga de gua de
tima qualidade.
Aps a espacializao, os 242 poos resultantes foram
analisados para verificar as informaes que cada um possua,
especialmente com relao ao nvel esttico (profundidade
desde a boca do poo at o nvel de gua). Verificou-se que
49
drenagem
drenagem
Potencial de escoamento
superficial
O dimensionamento de obras hidrulicas, assim como o
processo de licenciamento ambiental de empreendimentos que
envolvam modificaes no uso/ocupao do solo, necessita de
dados observados de vazo, que muitas vezes no esto disponveis. A indisponibilidade de dados sobre bacias urbanas leva
utilizao de mtodos sintticos de transformao chuva-vazo
para determinao de uma vazo de projeto. Dentre esses
mtodos, o modelo SCS, desenvolvido pelo Soil Conservation
Service, tem sido utilizado para simulao de hidrogramas
de cheias em projetos de obras hidrulicas, e tambm para o estabelecimento de risco de enchente em muitas aplicaes na prtica
da engenharia no Brasil (Tucci, 1998).
O modelo SCS (1964) determina o
escoamento superficial a partir de uma equao emprica que requer como entrada a
precipitao (observada ou de projeto) e um
coeficiente relacionado s caractersticas da
bacia, conhecido como curva nmero (CN).
Esse coeficiente representa o escoamento
superficial potencial das caractersticas do tipo
e uso do solo na bacia (Sharma & Singh, 1992).
50
Desmoronamento na
Escola Estadual
Esprito Santo, no
bairro Glria.
Foto Agncia RBS /
Daniel Marenco
drenagem
S=
(PI)
(mm)
Q=
P+SI
2
25400
254 (mm)
CN
(2)
(1)
Para determinar a capacidade mxima da camada superior do solo S, foi estabelecida uma escala em que a varivel o
parmetro CN (curva nmero). Este parmetro classificado
de acordo com o tipo de solo e o uso do solo. A expresso que
relaciona S e CN a seguinte:
onde: CN o parmetro curva nmero.
Esta expresso estabelece o valor de CN numa escala de
1 a 100, que retrata as condies de cobertura do solo, variando
desde uma cobertura muito permevel (CN=0) at uma cobertura
completamente impermevel (CN=100) e de um solo com grande
capacidade de infiltrao para um de baixa infiltrao.
51
O valor do parmetro CN depende do tipo de solo, caractersticas de uso/ocupao e o estado antecedente de umidade
do solo. Quanto aos grupos hidrolgicos de solo (GHS), o SCS
distingue quatro grupos (Mockus
apud Sartori et al., 2006), conforme
GHS
mostra a tabela da pgina seguinte.
drenagem
Os GHS e suas
caractersticas.
Caractersticas
Capacidade de infiltrao
Embora os valores do parmetro CN fornecidos em tabelas gerem, na maioria dos casos, bons
ajustes de processos chuva-vazo simulados, importante salientar que os valores do CN, por terem
sido baseados em caractersticas de solos americanos, nem sempre so adequados s bacias brasileiras. Tassi et al. (2006) calcularam o valor do CN
a partir de 159 eventos de precipitao em quatro
sub-bacias urbanas de Porto Alegre e mostraram
que os valores de CN calibrados pelo modelo SCS
foram maiores que os valores de CN utilizados no
PDDrU (Plano Diretor de Drenagem Urbana) de Porto Alegre.
Os valores de CN apresentados em tabelas
so relativos ocorrncia de condies de umida-
52
Uso do solo
freqncia
gua
0,62%
22,09%
0,63%
3,86%
4,00%
Banhado
5,40%
Campo normal
2,62%
Terrenos em ms condies
3,87%
Campos esparsos
19,83%
Plantaes normais
3,95%
Superfcie dura
0,10%
Zonas comerciais
6,66%
21,16%
2,07%
0,47%
Arruamentos e estradas
2,67%
Total
100,00%
drenagem
53
drenagem
GHS
Tipo de solo
Grupo de argissolos vermelhos e vermelho-amarelos
Grupos
Hidrolgicos
de Solos no
municpio de
Porto Alegre.
Tipos de terreno
rea (km)
freqncia
0,00
0,00%
81,41
17,10%
121,03
25,43%
273,56
57,47%
Total
476,00
100,00%
54
Distribuio
do parmetro CN
no municpio
de Porto Alegre.
rea (km)
freqncia
9,14
1,92%
1,80
0,38%
3,51
0,74%
65 - 70
57,72
12,13%
70 - 75
9,10
1,91%
75 - 80
107,25
22,53%
80 - 85
115,66
24,30%
85 - 90
39,99
8,40%
90 - 95
93,57
19,66%
95 - 100
38,26
8,04%
Total
476,00
100%
Referncias
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ana.gov.br, consultado em 11.02.2008.
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Clark University, Estados Unidos, 284 p.
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Anais... 3: 140-181. Recife, ABRH-APRH.
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Classificao. Revista Brasileira de Recursos Hdricos, 10 (4): 13 p.
SCS. 1964. Estimation of direct runoff from storm rainfall. National
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Hydraulic Engineer, 30 p.
SCS 1973. A Method for Estimating Volume and Rate of Runoff in Small
Watersheds. Technical Paper: SCS-TP-149.
Sharma, K. D.; Singh, S. 1992. Runoff estimation using Landsat Thematic
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Sciences Hydrologiques, 37 (1-2): 39-52.
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Tucci, C.E.M.; Zamanillo, E.A.; Pasinato, H.D. 1989. Sistema de Simulao
Precipitao Vazo IPHS1. IPH-UFRGS. Porto Alegre. 66p.
Tucci, C.E.M. 1998. Modelos Hidrolgicos. 1. Edio. Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 652 p.
55
drenagem
Vegetao/
Ocupao
Introduo
Este trabalho tem a finalidade de descrever a
vegetao do municpio de Porto Alegre, apresentando
sua origem e sua evoluo, e apontando os fatores que
contriburam para a sua configurao atual.
Vegetao e Ocupao
56
57
vegetao/ocupao
58
Tipos de vegetao
Em seu trabalho intitulado Anlise Histrica da Flora de
Porto Alegre, Rambo (1954) realizou uma anlise da origem das
espcies vegetais do municpio. O autor destacou a existncia de
1.288 espcies de plantas no municpio,considerando um territrio
mais amplo do que o atual. Brack et al. (1998) assinalam a presena
de 171 espcies de rvores e 77 espcies de arbustos nativos no
municpio, descrevendo 14 tipos de vegetao em que estas
espcies ocorrem. Aguiar et al. (1986) listaram 522 espcies para
a flora dos morros granticos da Regio Metropolitana de Porto
Alegre. Boldrini et al. (1998) registraram 294 espcies para o Morro
da Polcia, enquanto Setubal (2006) registrou cerca de 300 espcies para o Morro So Pedro. Porto & Menegat (1998) assinalam a
presena de quatro rotas migratrias:
meridional, com elementos austral-antrticos;
oeste, com elementos chaco-pampeanos;
do Brasil Central, com elementos da periferia da
Floresta Amaznica;
da costa atlntica brasileira, com elementos
tropicais da Floresta Atlntica.
Este diverso encontro fitogeogrfico no municpio o que
imprime um aspecto peculiar e nico em sua flora.
vegetao/ocupao
As matas nativas so formaes arbreas compostas por espcies sem alterao significativa nos
estratos inferiores e em bom estado de conservao.
Ocorrem de maneira relictual no municpio de Porto
Alegre, concentradas ao longo dos morros e reas
inundveis da margem do Lago Guaba e seus tributrios (Brack et al., 1998). Estas formaes esto sofrendo
rpida reduo e fragmentao em decorrncia da
acelerada expanso urbana, especialmente nas
ltimas duas dcadas. Com base na fisionomia e
composio florstica, podemos diferenciar em
Porto Alegre as matas higrfilas, mesfilas,
subxerfilas, psamfilas (restinga), riprias,
brejosas, maricazais e sarandizais.
As matas higrfilas, que tambm
Mata mesfila e
podem ser chamadas de matas altas,
As espcies, em geral, apresentam caractersticas
campo rupestre no
ocorrem nos fundos de vale e encostas sul
morfolgicas intermedirias entre as matas higrfilas
Morro So Pedro.
dos morros, com forte influncia da Floresta
e subxerfilas.
Ombrfila Densa (Mata Atlntica). Atingem
As matas subxerfilas, que tambm podem ser chamadas
entre 12m e 20m de altura, verificando-se a presena de trs ou
de matas baixas, esto distribudas muitas vezes como capes
quatro estratos arbreos. So elementos tpicos do estrato
nos topos ou encostas superiores dos morros e esto associadas a
superior, entre outras, o tanheiro (Alchornea triplinervia),
fatores ambientais de baixa umidade, opostos s condies
a cangerana (Cabralea canjerana), a canela-ferrugem (Nectandra
encontradas nas matas higrfilas dos fundos de vale. Quando em
oppositifolia) e a batinga (Eugenia rostrifolia). No estrato arbreo
59
Encosta
mata de restinga
(psamfila) na
Praia do Lami.
vegetao/ocupao
Chapu-de-couro
e junco formando
juncal nas margens
do Saco da Alemoa
no Parque Estadual
Delta do Jacu.
Campo de vrzea
com figueira na
vrzea do Arroio
Chico Barcelos.
Tarr em vo sobre
vegetao de banhado na
Reserva Biolgica do Lami.
60
Vista do topo do
Morro Santana
mostrando
campos rupestres,
matas subxerfilas
e mesfilas.
Parodia ottonis,
um tpico cactus dos
campos rupestres.
Campos, vassourais
e mata mesfila no
Morro So Pedro.
Encosta sudoeste do
Morro So Pedro com
mata higrfila e mesfila.
Butiazal em rea
rural na Lomba
do Pinheiro.
61
vegetao/ocupao
Cattleya intermedia,
uma tpica orqudea
que ocorre sobre
troncos de rvores
na mata brejosa.
Mata psamfila
e campos
distribudos em
srie paralela
correspondendo
a antigas margens
do Guaba na
Praia do Lami.
vegetao/ocupao
62
Maricazal e
campo mido
na vrzea do
Arroio do Salso.
63
vegetao/ocupao
na Reserva
bem preservados, sendo que as maiores extenses desta formao esto concentradas no Delta do Jacu. Os campos nativos so
encontrados tanto em reas mal drenadas como em reas bem
drenadas. Nas regies de vrzea, onde o solo mal drenado, h
predomnio de gramneas rasteiras que cobrem bem a superfcie
do solo. Por essa razo, as vrzeas so utilizadas para a criao de
animais (bovinos e ovinos). Nas reas de topo de morro, onde o
solo raso e bem drenado, ocorrem os campos rupestres, caracterizados por alta riqueza, especialmente de compostas e gramneas. Esta alta riqueza especfica se deve em grande parte ao uso
do fogo. Nesta formao, as espcies so predominantemente
eretas. Os campos manejados, geralmente localizados em reas
mal drenadas, esto associados rotao entre a pecuria e a agricultura (principalmente lavouras de arroz e cultura de hortalias).
Os banhados distribuem-se nas zonas Norte e Sudoeste do
municpio, em reas com solos mal drenados. As espcies arbustivas dos banhados so o sarandi-amarelo (Cephalanthus glabratus),
o camba (Sesbania punicea) e o hibisco-do-banhado (Hibiscus spp.).
O estrato herbceo pode apresentar como elementos tpicos
Hymenachne pernambucense, Schoenoplectus californicus, as tiriricas
(Cyperus odoratus, Rhynchospora corymbosa, Scirpus giganteus),
a cruz-de-malta (Ludwigia spp.), o aguap-comprido (Pontederia
vegetao/ocupao
64
Campo rupestre no
Morro So Pedro.
Tipos de ocupao
Os tipos de ocupao foram interpretados buscando
complementar o mapa de vegetao em um detalhamento compatvel, aproveitando o mesmo mosaico de imagens. Com essa
abordagem tenta-se evitar a reproduo das caractersticas da
maior parte dos mapeamentos municipais e urbanos de vegetao
e de ocupao. Geralmente elaborados de forma independente,
a falta de complementaridade entre os dois temas gera grandes
dificuldades numa posterior unio para a realizao de anlises
quantitativas. A legenda utilizada no mapeamento hierrquica,
visando a utilizao da informao em diferentes nveis de detalhe.
A rea alterada pode ser compreendida por aquelas superfcies onde a cobertura vegetal original foi removida ou muito
descaracterizada para dar lugar a algum uso antrpico, no mesmo
sentido utilizado por IBGE (1992). Embora a legenda caracterize
tipos de cobertura, a partir deles pode-se identificar, mas no
65
vegetao/ocupao
do PDDUA), exceto a poro norte. Os edifcios so francamente predominantes, altos e com elevada taxa de ocupao. Essa
caracterstica confere rea um grande armazenamento de
calor (Hasenack & Ferraro, 1998) e baixa densidade de borboletas (Ruszczyk, 1998), alm de altas taxas de impermeabilizao
(v. captulo Drenagem).
No centro, predominam funes de comrcio e servios, mas tambm residencial, enquanto nos bairros perifricos ao centro e ao longo das avenidas Cristvo Colombo,
Oswaldo Aranha-Protsio Alves e Joo Pessoa, h comrcio e
servios embora predomine a funo residencial. Entre as avenidas Castelo Branco e Cristvo Colombo-Benjamim Constant
observa-se alta concentrao de prdios comerciais de grande
porte e que, apesar de possurem geralmente um ou dois pavimentos, ocupam praticamente todo o terreno, sendo as reas
verdes privadas extremamente raras. Tm funo predominante
comercial. A baixa permeabilidade e os terrenos planos favorecem
os alagamentos em perodos
de precipitao intensa.
A categoria Edifcios e
casas distribui-se de forma
concntrica s reas anteriores.
Corresponde a uma faixa urbanizada entre a rea de edifcios e
a rea de casas, onde h uma
vegetao/ocupao
Bosques de eucalipto e
campos rupestres, manejados
com fogo, nas encostas
do Morro da Polcia.
Ao fundo, intensa ocupao
urbana em contraste com
o verde do Parque Estadual
Delta do Jacu.
A cobertura antrpica urbana corresponde rea urbanizada do municpio. A subdiviso adotada buscou caracterizar
padres de urbanizao ou reas com estrutura urbana similar.
Do ponto de vista ambiental, essa caracterizao permite estimar
a rugosidade/verticalidade, a impermeabilizao e a proporo
de espaos verdes pblicos e privados urbanos, num detalhamento proporcional com aquele utilizado na caracterizao da
cobertura das reas no urbanizadas do municpio.
As edificaes urbanas foram discriminadas em funo
da verticalidade e do padro de distribuio espacial. A rea de
edifcios corresponde ao centro da cidade e aos bairros vizinhos,
e refere-se cidade radiocntrica (Lei Complementar 434/99
distribuio equivalente de edifcios e casas. Essa faixa vem ao longo dos anos migrando paulatinamente para reas mais distantes
docentroedoseixosviriosprincipaisemconseqnciadacrescente
verticalizao urbana. A funo predominantemente residencial e a taxa de ocupao dos terrenos menor do que a da rea
de edifcios.
Tanto os edifcios quanto as casas apresentam jardins
indicando uma taxa de impermeabilizao menor. Sucede radialmente a rea de Casas. Nesta h franca predominncia de casas
unifamiliares individuais ou como conjunto residencial. A funo
residencial e os espaos verdes so ainda maiores do que os
da categoria anterior.
66
Mapeamento
O mapeamento de vegetao realizado por ocasio do
Diagnstico Ambiental teve como objetivo identificar e caracterizar genericamente estes remanescentes de vegetao natural,
mas tambm os diferentes usos que se fazem observar. A ocupao
urbana foi mapeada juntamente com a vegetao, a fim de permitir
a perfeita justaposio e complementaridade dos dois temas em
todo o territrio do municpio. O mapa resultou da interpretao
em tela sobre um mosaico de imagens do satlite Quickbird
obtidas durante o perodo de maro de 2002 e maro de 2003.
Foram realizados exerccios de interpretao e trabalho de campo visando consolidar a interpretao e harmonizar os critrios
de delimitao das unidades de mapeamento. Os resultados
de simulaes foram analisados com base nos dados de campo e no conhecimento dos especialistas em vegetao. As reas
discordantes foram ento apontadas e discutidas, com a finalidade
de uniformizar os critrios de mapeamento.
Trabalho de campo
O trabalho de campo foi realizado na forma de vrias expedies durante todo o perodo do mapeamento da vegetao.
Os diversos percursos, desde a primeira expedio conjunta com
representantes de todas as reas temticas at as ltimas aferies,
serviram para definir as classes a serem mapeadas e para apoiar a
sua delimitao sobre as imagens, bem como para resolver dvidas de interpretao. Tambm um vo de reconhecimento com
avio monomotor serviu para auxiliar na delimitao dos tipos de
vegetao das reas midas na orla do Guaba, no Delta do Jacu
vegetao/ocupao
Interior de
mata ciliar
com mataces
de granito
na orla do
Morro do Sbia.
67
e na vrzea do Rio Gravata. Para registrar melhor os locais de interesse, utilizou-se um aparelho receptor GPS (Global Positioning
System) e cmera fotogrfica.
Legenda
Tendo por objetivo utilizar o mapeamento nos processos de licenciamento ambiental, entre outros, buscou-se obter
uma legenda vivel para o mapeamento em escala 1:15.000
que permitisse abranger a heterogeneidade da cobertura vegetal do municpio e garantir a manuteno da homogeneidade entre os critrios de delimitao das manchas por diferentes
tcnicos, durante a interpretao das imagens. As classes compreendem:
Vegetao arbrea
Mata nativa
Esta formao arbrea composta por espcies nativas,
sem alterao significativa nos estratos inferiores e em bom
estado de conservao. Tambm inclui matas em estdio sucessional avanado, mas com presena de espcies exticas
(pnus, eucalipto, accia etc.), o que indica alguma interferncia
antrpica.
Mata degradada
uma formao arbrea composta predominantemente
por espcies nativas, em que se verifica algum grau de degradao, como a presena de trilhas, voorocas, desmatamentos,
depsito de rejeitos e outros. Esta formao tem potencial de
recuperao se os fatores de degradao cessarem.
Bosque
uma formao arbrea do tipo parque, caracterizada por
um dossel contnuo com estratos inferiores descaracterizados
ou ausentes. Esta classe tpica de reas submetidas a pastejo ou
utilizadas para lazer em parques e praas.
Parque Farroupilha apresenta
vegetao do tipo Bosque.
vegetao/ocupao
68
Vegetao arbustiva
Esta classe uma formao arbreo-arbustiva composta por mata em estgio intermedirio de sucesso, com
predomnio do estrato arbustivo e presena de elementos
arbreos isolados. Vulgarmente conhecida como capoeira
e vassoural.
Vegetao herbcea
Banhado
Cultivos
A classe banhado constitui uma formao herbceoarbustiva, tpica de reas midas, com dominncia de espcies de ciperceas.
Campo nativo
A classe campo nativo constitui uma
formao herbcea composta principalmente
por gramneas, e que apresenta baixa presso
antrpica. Pode conter elementos arbustivos
caractersticos do estdio inicial de sucesso, situao esta tambm conhecida como
campo sujo. Inclui os campos de vrzea e os
campos rupestres.
Os campos de vrzea ocorrem em reas
planas e midas, com predomnio de espcies
rasteiras que cobrem bem o solo.
vegetao/ocupao
Campo manejado
A classe campo manejado constitui
uma formao herbcea submetida a pastejo ou a cortes peridicos, constituindo uma
cobertura vegetal bastante homognea.
69
Edifcios
Edificaes rurais
Edificaes urbanas
Casas isoladas
Classe
Subclasse
Vegetao
Vegetao natural
reas com ocupao predominante por edifcios individuais ou blocos
de edifcios de quatro ou mais pavimentos.
Edifcios e casas
Legenda do mapa
Proporo (%)
Mata nativa
21,51
Mata degradada
0,63
Bosque
0,62
Arbustiva
Vegetao arbustiva
3,86
Herbcea
Banhado
5,85
Campo nativo
7,43
Campo manejado
21,12
Afloramento rochoso
0,09
Cultivos
Cultivo temporrio
3,24
Cultivo permanente
0,28
Silvicultura
0,43
Edificaes rurais
Edificaes rurais
diversas
0,62
Edificaes urbanas
Edifcios
3,03
Edifcios e casas
2,99
Casas
11,97
Casas isoladas
1,93
Ocupao espontnea
3,32
Pavilhes
6,48
Vias
2,66
Solo exposto
1,32
gua
0,62
Arbrea
vegetao/ocupao
Ocupao
Antrpico rural
Casas
reas com ocupao predominante de casas em loteamentos. O desenho urbano variado, mas o arruamento
regular, embora os terrenos tenham
tamanho bastante varivel. Contm, na
quase totalidade, residncias unifamiliares.
Incluem tambm conjuntos residenciais
unifamiliares.
Antrpico urbano
Proporo ocupada
pelas classes de
vegetao e
ocupao.
reas no edificadas
gua
Corpos dgua
70
Edificaes de grande superfcie construda, como fbricas, armazns, galpes, depsitos etc. Inclui tambm os cemitrios.
reas no edificadas
Solo exposto
reas antropizadas, com solo sem cobertura vegetal
(aterros, obras de terraplenagem, minerao etc.)
Vias
Inclui todas as vias e reas pavimentadas com largura
significativa em relao ao entorno, possveis de individualizar
na escala do mapeamento.
gua
Corpos dgua
Inclui diversos corpos dgua com largura significativa
na escala de mapeamento (arroios, audes, barragens etc).
Referncias
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conservao dos campos do Morro So Pedro, Porto Alegre, RS.
Monografia de bacharelado em Cincias Biolgicas. Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. 54p. (indito)
71
vegetao/ocupao
Pavilhes
Paisagem
Introduo
Porto Alegre apresenta uma paisagem singular, que
congrega reas rurais com outras altamente urbanizadas. A paisagem do municpio situado nos limites das regies continental e
costeira e das zonas tropical e temperada composta por um
mosaico (espacial, territorial) em que se destacam o ambiente
natural (69,06%) e o ambiente construdo (30,94%).
Nesta paisagem destaca-se, ainda, o seu elemento integrador natural, representado pelo Lago Guaba, um corredor de
troca e conduo de matria e energia, com importante funo
ecolgica, econmica e social.
Este captulo procura descrever e interpretar a heterogeneidade espacial existente, analisada neste Diagnstico atravs de informaes dele derivadas (e de outras j disponveis).
A paisagem pode ser ilustrada e exemplificada atravs da descrio de 11 diferentes paisagens caractersticas da ocupao de
Porto Alegre e de seus diferentes ambientes naturais. Cada janela
apresentada apenas uma amostra de paisagens caractersticas
que se repetem em outras reas do municpio.
Cerca de 65% da paisagem natural de Porto Alegre
composta por uma matriz de reas ainda no ocupadas pela
urbanizao, com dezenas de morros granticos de origem
bastante antiga, formados entre 650 e 800 milhes de anos atrs,
a partir da coliso de blocos continentais. A viso proporcionada
pelos topos de alguns destes morros permite verificar como
as caractersticas naturais existentes no municpio condicionam
a ocupao humana, influenciando diretamente a vida dos
habitantes.
A possibilidade de ocupao racional do territrio pelo
homem influenciada pela aptido dos espaos naturais. Se o
adensamento urbano excessivo em algumas reas gera ilhas de
calor, e se as modificaes no escoamento superficial da gua,
72
73
paisagem
Centro da cidade,
mostrando a Usina
do Gasmetro e o
Parque da Harmonia,
tendo ao fundo o
Delta do Jacu.
Mapa
vegetao e
ocupao
As letras aqui utilizadas so convenes
que indicam onze distintas paisagens
de Porto Alegre.
74
Delta do Jacu e
bairro Navegantes,
rea densamente
ocupada.
Detalhe de fachada
em casario histrico
na Av. Polnia.
75
paisagem
Diversos ngulos do
bairro Boa Vista nas
imediaes do
Parque Germnia e do
Shopping Iguatemi.
Boa Vista, Chcara das Pedras e Cristo Redentor Altas taxas de edificao, tanto residencial quanto comercial, com
edifcios residenciais e casas conjugadas com prdios comerciais.
As ruas secundrias so bastante arborizadas. Exceto as avenidas
principais, de sada da cidade pela zona norte, como a Assis Brasil.
paisagem
76
Encostas do Morro da
Cruz com remanescentes
florestais e campestres
em intenso processo de
ocupao irregular.
paisagem
Ocupaes
irregulares
no Morro
da Polcia.
77
Morro do Osso,
Morro do Sabi e
Praia de Ipanema.
Mandevilla coccinea
Foto Rafael Trevisan
paisagem
Bairros Tristeza
e Camaqu,
na encosta norte
do Morro do Osso.
78
Baccharis patens
Foto Rafael Trevisan
Banhados
e campos na
Ilha da Pintada.
Scirpus giganteus
Foto Rafael Trevisan
paisagem
Eryngium pandanifolium
Foto Ilsi Boldrini
Delta do Jacu.
79
Encostas suaves
ocupadas por culturas
de hortifrutigranjeiros
e remanescentes
de mata mesfila
em Belm Velho.
paisagem
Horta e
remanescentes
de mata em
Belm Velho.
80
Lavouras de arroz so
comuns na regio.
paisagem
Valo de drenagem
na beira da BR 290.
81
Senecio selloi
Foto Ilsi Boldrini
paisagem
Campos midos e
matas com maricazal
na vrzea do
Arroio do Salso
no bairro Serraria.
82
Campos rupestres e
mata subxerfila na
encosta norte do
Morro Santana.
Glechon ciliata
Foto Rafael Trevisan
paisagem
Este tipo de formao vegetal j ocupou uma rea bem maior no municpio e
representada basicamente por gramneas
cespitosas, compostas e leguminosas. Tm
tendncia a serem invadidos por uma vegetao arbustiva, com vasCampo rupestre
no topo do
souras, butis e cctus.
Butia capitata
Morro Santana.
83
j Campos rupestres
Campos rupestres
e mata subxerfila
na encosta norte do
Morro da Extrema.
Eupatorium tanacetifolium
Foto Rafael Trevisan
Parodia sellowii
Foto Rafael Trevisan
Aechmea recurvata
paisagem
84
Encosta sul do
Morro da Extrema
coberta por
mata higrfila
e ocupada por
pequenos stios.
paisagem
Vista do Morro da
Extrema, tendo a
Reserva Biolgica
do Lami no
primeiro plano.
85
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paisagem
86
Maricazal florido
e campo de vrzea
na Serraria.
87