Guia de Direitos Reais - VR PDF
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A POLITCNICA
Escola Superior Aberta
GUIA DE ESTUDO
Direitos Reais
Curso de Cincias Jurdicas
(4 Semestre)
Moambique
FICHA TCNICA
Organizao e Edio
Escola Superior Aberta (ESA)
Elaborao
Elsa Roia Alfai (Contedo)
Elsa Roia Alfai (Reviso Textual)
UNIDADES TEMTICAS
APRESENTAO ...................................................................................... 1
TEMA DA UNIDADE: MBITO DOS DIREITOS REAIS ............................. 2
TEMA DA UNIDADE: TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS ................ 7
TEMA DA UNIDADE: CLASSIFICAO E TIPOLOGIA DOS DIREITOS
REAIS ...................................................................................................... 24
TEMA DA UNIDADE: VICISSITUDES DOS DIREITOS REAIS ................ 34
TEMA DA UNIDADE: POSSE .................................................................. 40
TEMA DA UNIDADE: DIREITO DE PROPRIEDADE ............................... 56
TEMA DA UNIDADE: DIREITO DE USO E PROVEITAMENTO DA TERRA
................................................................................................................. 92
APRESENTAO
Caro(a) estudante
Est nas suas mos o Guia de Estudo da disciplina de Direitos Reais que
integra a grelha curricular do Curso de Licenciatura em Cincias Jurdicas
oferecido pela Universidade Politcnica na modalidade de Educao a
Distncia.
Este guia tem por finalidade orientar os seus estudos individuais neste
semestre do curso. Ao estudar a disciplina de Direitos Reais, voc ir
compreender a essncia destes direitos incidindo a abordagem dos
Direitos Reais de gozo, de garantia e de aquisio e ir conhecer e aplicar
aos casos prcticos o contedo e defesa dos Direitos Reais conforme
realidade moambicana.
Este Guia de Estudo contempla textos introdutrios para situar o assunto
que ser estudado os objectivos especficos a serem alcanados ao
trmino de cada unidade temtica, a indicao de textos como leituras
obrigatrias que voc deve realizar as diversas actividades que favorecem
a compreenso dos textos lidos e a chave de correco das actividades
que lhe permite verificar se voc est a compreender o que est a estudar.
Vai tambm encontrar no guia a indicao de leituras complementares, isto
, indicaes de outros textos, livros e materiais relacionados ao tema em
estudo, para ampliar as suas possibilidades de reflectir, investigar e
dialogar sobre aspectos do seu interesse.
Esta a nossa proposta para o estudo de cada disciplina deste curso. Ao
receb-la, sinta-se como um actor que se apropria de um texto para
expressar a sua inteligncia, sensibilidade e emoo, pois voc tambm
o(a) autor(a) no processo da sua formao em Gesto de Recursos
humanos. Os seus estudos individuais, a partir destes guias, nos
conduziro a muitos dilogos e a novos encontros.
A equipa de professores que se dedicou elaborao, adaptao e
organizao deste guia sente-se honrada em te-lo como interlocutor(a) em
constantes dilogos motivados por um interesse comum a educao de
pessoas e a melhoria contnua dos negcios, base para o aumento do
emprego e renda no pas.
Seja muito bemvindo(a) ao nosso convvio.
A Equipa da ESA
UNIDADE TEMTICA 1
OBJECTIVOS
No fim desta unidade voce dever ser capaz de:
Leituras Obrigatrias
A leitura dos textos indicados, a seguir, de fundamental importncia para
a compreenso de nossos estudos e para a realizao das actividades
propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, no deixe de
estud-los.
Texto 1
- Moreira, lvaro e Fraga Carlos; Direitos Reais; Livraria Almedina;
Coimbra; 1971. Pgs 19-42.
Texto 2
- Gonalves, Augusto da Penha; Curso de Direitos Reais; 2 Edio;
Lisboa; 1993. Pgs 19-72.
Leituras Complementares
Texto 1
- Jos de Oliveira Asceno; Direito Civil Reais; 3Edio; Coimbra Editora;
1993. Pgs 38-55, 598-638.
Actividades
A seguir, esto as actividades correspondentes a esta primeira unidade.
Resolva os exerccios propostos em cada uma e verifique se acertou,
conferindo a sua resposta na Chave de Correco no final do presente
Guia de Estudo.
Actividade 1
Leia o texto de Augusto da Penha Gonalves, referenciado como Texto
obrigatrio 2, e identifique:
1.1 As principais diferenas entre os direitos reais e direitos de crdito;
1.2 A principal diferena entre a tese moderna e tese clssica.
UNIDADE TEMTICA 2
TEORIA GERAL DOS DIREITOS REAIS
Elaborado por: Elsa Alfai
OBJECTIVOS
No fim desta unidade voce dever ser capaz de:
Conhecer o obejceto dos Direitos Reais, indidindo sobre a noao de
coisa e sua classificao;
Identifciar as princiapis caractersticas dos Direitos Reais, com
particular incidencia sobre a publicidade;
Conhecer os principios reguladores da constituio e vida dos
Direitos Reais.
b) Inerncia
Entende-se como sendo a ligao existente entre a coisa ao seu titular. Os
D.R de gozo conferem ao seu titular um certo domnio sobre o bem, este
domnio manifestado pela oponibilidade erga omnes.
Em relao aos restantes D.R, talvez no seja correcto referir que existe
inerncia. Esta caracterstica consequncia da eficcia absoluta dos D.R,
a coisa adere ao seu titular. uma caracterstica exclusiva dos D.R.
c) Sequela ou seguimento: manifestao e excepes
entendido como o direito de perseguio. uma manifestao da
inerncia na medida em que se a pessoa titular de um certo direito, pode
persegu-lo onde quer que este se encontre.
por causa da sequela que as relaes jurdicas reais so dotadas do
direito de perseguio. Porque o titular do direito exerce o domnio sobre a
coisa, este pode persegui-la, mesmo que esta esteja na esfera jurdica de
outrem.
Como manifestaes da sequela temos o que se verifica com a aco de
reivindicao, um dos meios de defesa da propriedade, regulado no artigo
1311 CC. Com o exerccio desta aco, pode o titular do direito exigir
judicialmente a restituio do seu bem de qualquer possuidor ou detentor
da coisa.
Existe tambm manifestao da sequela com o exerccio das aces
possessrias reguladas no artigo 1278 CC, com o exerccio da aco de
preferncia regulada no artigo 1410 CC.
Excepo sequela
O registo uma excepo a sequela na medida em que num caso que se
verifica uma dupla alienao de um bem, o 1 adquirente que no registou
no pode perseguir o seu bem pois existe registo anterior.
Ex: A, proprietrio de um imvel vende-o a B, que no regista a aquisio,
a falta de registo pode ser corrigida (Artigos 81, 82, 226 CRP). No entanto,
A vende o mesmo imvel a C que regista. A falta de registo conduz a que o
acto seja considerado ineficaz em relao a terceiros.
No presente caso estamos em face de uma dupla alienao e embora B
tenha adquirido o bem em 1 lugar, este no pode reivindicar o imvel junto
a C porque no tendo registado o imvel a sua aquisio inoponvel a
terceiro que tenha registado em primeiro lugar (n1, Artigo 7 CRP), o
registo de C trava a sequela que B queira efectuar.
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A regulao dos privilgios creditrios consta nos artigos 733 e seguintes estes so
garantias gerais das obrigaes e classificam-se em mobilirios e imobilirios. Os
mobilirios podem ser gerais ou especiais e os imobilirios so sempre especiais. Os
privilgios creditrios mobilirios especiais e os imobilirios so DR de garantia, j os
mobilirios gerais, j no. Estes no esto sujeitos a registo como a hipoteca, so legais pois
a lei que atribui a sua eficcia.
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e) Publicidade
i. Noo e tipo
o acto de dar a conhecer ao pblico a existncia de um direito. Esta
caracterstica no exclusiva dos DR na medida em que podemos
encontr-la nos direitos civis, onde temos o registo civil, existe tambm o
registo comercial e em relao aos direitos de autor - existe registo da
propriedade intelectual.
Menezes Cordeiro diz que esta uma caracterstica tendencial, existe nos
D.R mas no sempre. O autor defende esta ideia partindo do princpio de
que h casos que existe o direito real e no existe publicidade, Ex1: posse
oculta (artigo 1258 CC- definio inferida da definio de posse pblica artigo 1262). Ex2: servides no aparentes-n2, art. 1548 CC. Nestes
casos, estamos em face de direitos reais sem que exista publicidade.
ii. Tipos de publicidade
Considera-se que existem dois tipos de publicidade: a publicidade
expontnea- no caso do exerccio da posse (regulada nos artigos 1251 e
seguintes CC) e a publicidade racionalizada ou provocada, que dada
pelo registo (Cdigo do Registo Predial-Decreto Lei n47 611 de 27 de
Fevereiro de 1968).
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Registo
O registo foi criado para dar segurana ao trfico jurdico. Este serve para
publicitar a coisa que est em causa. Podemos ter o registo predial como
tambm o de bens mveis (automveis, aeronaves e navios).
Funo do registo predial
Artigo 1, CRP- este tem por funo dar publicidade aos direitos inerentes
as coisas imveis. O que se publicita so os direitos e no as coisas, o
registo demonstra o direito que incide sobre a coisa.
Situaes sujeitas a registo-Artigos 2 e 3 CRP
Registam-se situaes jurdicas, Ex: regista-se a hipoteca, noutros casos
regista-se aparentemente factos, aqui a lei usa o termo facto de forma
incorrecta, o que est sujeito a registo a situao jurdica decorrente do
facto- o que se regista a propriedade. O registo tem por objecto uma
situao jurdica e no situao de facto.
iii. Princpios do registo
Princpio da instncia
Artigo 4 CRP- Este princpio assenta na ideia de que o registo efectuado
a requerimento dos interessados. O registo deve ser feito a pedido das
partes e no oficiosamente.
Princpio da legalidade-Artigo 5 CRP
um princpio comum a todas as autoridades do Estado, entende-se aqui
que o conservador deve defender o respeito pela lei, ele no deve permitir
registos ilegais. Quando h invalidade formal do negcio, o registo deve
ser identificado.
O conservador tem a obrigao de verificar a regularidade dos actos
requeridos, a validade do ttulo, a legitimidade das partes, a capacidade
das partes face aos ttulos recebidos.
O conservador deve recusar os actos requeridos nos casos previstos no
artigo 243 CRP, pode registar provisoriamente em caso de dvidas artigo
244 CRP dispondo as partes de recurso contencioso artigo 248 CRP e
reclamao hierrquica artigo 260 CRP caso o seu registo seja rejeitado.
Princpio da obrigatoriedade-artigo 14 CRP
Entende-se que para que o registo seja obrigatrio, necessrio que
exista uma sano caso aquele no se efectue. Ex: nulidade.
As partes tem a obrigao de registar porque sofrero consequncias
negativas, sendo uma delas o facto de sujeitarem-se a situao de ser
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inscrito um novo direito de uma outra pessoa sobre a coisa, podendo ficar
com a coisa por fora do artigo 7 CRP.
No caso de bens imveis, o negcio a celebrado est sujeito a escritura
pblica-artigo 875CC, deve existir registo implicitamente e entende-se que
existe aqui a obrigatoriedade do registo caso contrrio considera-se o
negcio nulo, no nosso entender esta que a emanao da
obrigatoriedade do registo.
Princpio do trato sucessivo-artigo 13 CRP
Este princpio visa estabelecer um nexo entre a primeira inscrio existente
sobre o bem e a ltima, ou seja entre os vrios sujeitos que detm poder
sobre a coisa.
Como emanao deste princpio, temos a situao de quando
pretendermos registar um imvel a nosso favor, necessrio que o mesmo
esteja registado em nome do vendedor do mesmo. A pessoa deve garantir
ou assegurar-se que o alienante est inscrito no registo.
O artigo 218 CRP, regula o suprimento do trato sucessivo, atravs da
justificao judicial, material ou administrativa de domnio do Estado-artigo
222 CRP.
Princpio da prioridade-artigo 9 CRP, n1.
ideia central deste princpio o facto do direito em primeiro lugar inscrito
prevalecer sobre os outros que na mesma data de registo lhe seguem.
Quanto as hipotecas, sendo estas registadas na mesma data, a prioridade
temporal no relevante valendo todas elas valem ao mesmo tempo.
Porm para que se efectue o pagamento necessrio que se considere o
valor do crdito havendo uma diviso do produto da venda tendo em
ateno o crdito. Artigo 9, n2 CRP,
Princpio da tipicidade
Os factos sujeitos a registo esto tipificados, a lei enumera-os -Artigo 2 e 3
do CRP. No entanto, a taxatividade reporta-se exclusivamente ao objecto
da inscrio. Os factos sujeitos a registo no se encontram previstos na lei
de forma explcita. Entende-se assim que no existe uma tipicidade
taxativa que directamente delimita os factos a registar podendo ser
depreendida da enumerao dos artigos 2 e 3 do CRP.
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Efeito atribuitivo
O efeito atributivo do registo, o que tem criado mais divergncias na
doutrina quanto ao seu entendimento, na medida em que no so
unnimes as posies acerca de quem poder beneficiar-se ou no deste
efeito.
Este efeito consiste na situao do registo atribuir certo direito a um
terceiro que tenha efectuado um registo anterior. O terceiro vencer por
fora do registo, embora existam certas limitaes.
No direito positivo, encontramos a base da aquisio de direitos reais em
benefcio de um terceiro por via do registo em trs artigos: artigo 291 CC,
artigo 85 conjugado com o 83 CRP e o artigo 7 CRP, que se referem a
nulidade substantiva, nulidade registral e a incompleio do registo,
respectivamente. da interpretao destes preceitos que est a origem
das divergncias doutrinrias.
Porque este efeito trata da aquisio
saber quem sero os terceiros aqui
apresentado por Manuel Domingos de
pessoas que do mesmo autor ou
incompatveis sobre o mesmo prdio.
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83
CRP
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19
20
21
Leituras Obrigatrias
A leitura dos textos indicados, a seguir, de fundamental importncia para
a compreenso de nossos estudos e para a realizao das actividades
propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, no deixe de
estud-los.
Texto 1
-
Texto 2
-
Texto 3
-
Leituras Complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, de fundamental importncia para
a compreenso de nossos estudos e para a realizao das actividades
propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, no deixe de
estud-los.
Texto 1
-
Actividades
A seguir, esto as actividades correspondentes a esta primeira unidade.
Resolva os exerccios propostos em cada uma e verifique se acertou,
conferindo a sua resposta na Chave de Correco no final do presente
Guia de Estudo.
Actividade 1
Leitura do texto
Leia as pginas 73 a 82 de Augusto da Penha Gonalves, 1993, indicada
como uma das obras de leitura obrigatria. Em seguida leia a obra de Rui
Pinto pginas 23 a 76.
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Actividade 2
Resolva as seguintes hipteses prticas:
2.1
2.2
2.3
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UNIDADE TEMTICA 3
OBJECTIVOS
No fim desta unidade voce dever ser capaz de:
Conhecer a classificao dos Direitos Reais e as situaes cuja
qualificao controvertida ou duvidosa;
Identificar os diferentes tipos de Direitos Reais.
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Penhor
26
ii.
Hipoteca
iii.
iv.
Direito de reteno
Consignao de rendimentos
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D.R que tem como fim a aquisio da coisa (inclui-se aqui o pacto
de preferncia com eficcia real e o contrato promessa com
eficcia real);
D.R que tem como fim a aquisio de parte ou produto da coisa
(direitos reais sobre explorao mineira);
D.R que tem como fim a aquisio de coisa relacionada (concesso
de pesca e de caa).
Quanto aos D.R de aquisio, que tem como fim a aquisio de uma coisa,
temos o pacto de preferncia com eficcia real e contrato promessa com
eficcia real.
i.
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3. SITUAES DE QUALIFICAO
CONTROVERTIDA
REAL
DUVIDOSA
OU
a) Direito do Locatrio
A determinao da sua natureza jurdica tem criado grandes divises na
doutrina. Questiona-se se este um direito de crdito ou DR.
Parte da doutrina defende que este direito tem a natureza creditcia na
medida em que:
O locatrio no tem poder directo e imediato sobre a coisa, uma
vez que este apenas pode exercer os seus direitos por intermdio
do locador.
O locatrio no pode adquirir o seu direito pela usucapio,
principalmente quando se trata de arrendamento para habitao.
A regulao da locao consta da parte geral das obrigaes e no
na parte do direito das coisas.
Existem prestaes recprocas onde temos por um lado a
obrigao de pagar a renda ou aluguer e por outro temos a
obrigao de garantir o gozo da coisa locada.
Outra parte da doutrina (um dos defensores o Oliveira Ascenso)
sustenta a natureza realstica deste direito. Os fundamentos apresentados
por esta posio so os seguintes:
Temos neste direito a sequela que se manifesta no artigo 1057 CC
em que apesar do direito do locador ter se transmitido ao novo
locador recai a obrigao de respeitar a posio do anterior
locatrio e os direitos existentes sobre o bem. De acordo com este
preceito legal, o locatrio pode continuar a exercer os seus direito,
sendo a sua posio eficaz face ao novo locador.
O nosso Cdigo Civil, no seu artigo 1037, n2 faculta ao locatrio
meios de defesa possessrios. Entende-se que atravs destes
meios de defesa, o locatrio pode opor o seu direito face a qualquer
terceiro, sendo esta uma manifestao da absolutidade.
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Face aos traos caractersticos desta figura defende-se que estes so D.R.
Alguns autores tentam qualific-los como D.R de garantia, entendendo que
so semelhantes aos privilgios creditrios imobilirios, posio que
afastada na medida em que segundo Oliveira Ascenso, para que os nus
sejam considerados D.R tal como os privilgios creditrios seria necessrio
que a lei assim os qualificasse e no o caso.
Outros autores classificam os como D.R de gozo entendendo que existe
aqui o gozo do prdio onerado, uma vez que existe uma absteno do
titular do prdio onerado. Refuta-se esta posio na medida em que no
existe aqui o uso e fruio da coisa onerada, o que existe aqui uma
colaborao do outro sujeito para que exista a prestao pecuniria.
Concluindo, entende-se que pelas caractersticas desta figura temos por
um lado uma relao de natureza obrigacional e por outro um D.R,
transformando esta figura num direito autnomo, de natureza hbrida.
Leituras Obrigatrias
A leitura dos textos indicados, a seguir, de fundamental importncia para
a compreenso de nossos estudos e para a realizao das actividades
propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, no deixe de
estud-los.
Texto 1
-
Texto 2
-
Leituras Complementares
Texto 1
-
Texto 2
-
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Texto 3
-
Actividades
A seguir, esto as actividades correspondentes a esta primeira unidade.
Resolva os exerccios propostos em cada uma e verifique se acertou,
conferindo a sua resposta na Chave de Correco no final do presente
Guia de Estudo.
Actividade 1
Leitura do texto
- Leia Jos de Oliveira Asceno, Pg 164-189, 586-594, indicado como
leitura obrigatria e identifique os principais tipos de Direitos Reais de gozo
e identifique as principais diferenas.
Actividade 2
A seguir resolva as seguintes hipteses:
2.1 Suponha que A, titular de um estabelecimento comercial X. sito na Av.
Samora Machel, na Cidade de Maputo. Em Abril de 2004, A contrai
um emprstimo no Banco Maputo, sendo que como garantia o mesmo
solicitou a indicao de um bem. A, aponta o imvel X para o efeito,
tendo sido registada uma hipoteca a favor daquele Banco em Maio de
2004.
Sucede porm que A no consegue cumprir com as suas obrigaes
perante o Banco Maputo sendo que este pretende executar a referida
hipoteca.
Constata-se ainda, que A tinha contrado dvidas com B e C no valor de
600.000,00 Meticais e 400.000,00 Meticais, respectivamente, sendo
que como garantia tinha concedido em hipoteca o mesmo imvel X, e
as mesmas tinhas sido registadas em Maro de 2002 e Junho de 2003,
respectivamente.
Poder o Banco Maputo executar a hipoteca. Que direitos so podem
ser invocados pelas outras partes. Quid Juris.
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UNIDADE TEMTICA 4
VICISSITUDES DOS DIREITS REAIS
Elaborado por: Elsa Alfai
OBJECTIVOS
No fim desta unidade voce dever ser capaz de:
Conhecer os modos de aquisio, modificao e extino dos
Direitos Reais.
Conhecer os efeitos das viscissitudes dos Direitos Reais.
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f) No uso
Consiste no no exerccio de um direito por perodo prolongado. O no uso
uma causa de extino dos direitos reais, nos casos especialmente
previstos na lei nos termos do Artigo 298, n3 CC. Ex: usufruto, Artigo 1476,
n1, c) CC, Artigo 1569, n1, b) CC- servides prediais.
g) Usucapio libertatis
Consiste na desonerao do direito real menor imposta pelo titular do
direito real maior. Teremos neste caso um titular de um direito real menor
que no utiliza a coisa porque impossibilitado pelo titular do direito real
maior. Ex: o proprietrio do prdio serviente impede o proprietrio do
prdio dominante de exercer a servido.
Em relao a servido, prev o Artigo 1574 CC que o proprietrio do
prdio serviente ope-se ao exerccio da servido constituindo isto a
usucapio libertatis. A doutrina entende que esta uma causa de extino
de todos os direitos reais menores, no apenas da servido.
Leituras Obrigatrias
A leitura dos textos indicados, a seguir, de fundamental importncia para
a compreenso de nossos estudos e para a realizao das actividades
propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, no deixe de
estud-los.
Texto 1
-
Leituras Complementares
-
Actividades
A seguir, esto as actividades correspondentes a esta primeira unidade.
Resolva os exerccios propostos em cada uma e verifique se acertou,
conferindo a sua resposta na Chave de Correco no final do presente
Guia de Estudo.
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Actividade 1
Resolva os seguintes casos prticos:
1.1. A, tem direitos sobre uma vivenda sita ao longo da Estrada Nacional
N1. Uma deciso do Governo leva a reassentar as famlias em outro
local pois pretende-se alargar a N1 para melhoria do trafego. Que
direitos so assistidos a A e demais famlias abrangidas.
1.2. Suponha que A tem direitos obre um terreno sito no Bairro Luis Cabral
na Cidade de Maputo e constitui servido de passagem a favor de B.
Durante 20 anos impede que B passe pelo referido terreno. Quid Juris.
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UNIDADE TEMTICA 5
POSSE
Elaborado por: Elsa Alfai
OBJECTIVOS
No fim desta unidade voce dever ser capaz de:
Nomear o conceito de posse e destrin-lo dos principais direitos
reais;
Nomear o conceito e caractersticas dos elementos da posse
(corpus e animus);
Distrinar as teses desenvolvidas sobre a estrutura da posse;
Descrever as situaes sobre o qual no possvel o exerccio da
posse
Descrever e identificar as diferenas entre os diversos modos de
aquisio da posse;
Ser capaz de descrever as consequncias da existncia de cada
uma das espcies da posse;
Ser capaz de demonstrar as diferenas dos efeitos da posse dos
restantes direitos reais.
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c) Sucesso na posse
A doutrina entende que uma forma de aquisio derivada da posse que
se encontra consagrada no artigo 1255 C.C.
Neste caso, os herdeiros ficam na posse dos bens do possuidor desde o
momento da morte deste. A posse s se transmite quando se aceita a
herana, no h aqui uma interrupo da posse nem alterao das suas
caractersticas. A aceitao da herana tem efeitos retroactivos.
5. Caracteres da posse
a) Posse titulada e Posse no titulada
Artigo 1259 C.C- diz-se titulada a posse fundada num modo legtimo de
adquirir, independentemente, quer do direito do transmitente, quer da
validade substancial do negcio jurdico.
Todo e qualquer negcio que seja idneo para provocar a transmisso de
um direito atribui o ttulo posse. No importam os vcios substantivos que
o negcio acarreta que levam a anulabilidade do negcio, a posse
mantm-se titulada, o que se entende na ltima parte do n1 do artigo
1259 C.C.
No entanto, exceptua-se o vcio de forma que leva a nulidade do negcio,
neste caso, a posse no titulada.
b)Posse de boa f e Posse de m f
de boa f a posse que ao adquir-la o possuidor ignorava que lesava
direito de outrem- Artigo 1260 n1 C.C.
Esta uma distino importante para efeitos da contagem dos prazos da
usucapio, sendo os mesmos mais curtos na situao de boa f - artigos
1294, 1295, 1296, 1299 C.C.
O possuidor de boa f beneficia de vantagens quanto aos frutos- n1 Artigo
1270 C.C.
importante reter que, quem tem uma posse titulada est de boa f e
quem adquire a posse com violncia est de m f.
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6. Efeitos da posse
a) Presuno da titularidade do direito - Valor probatrio da
posse
regulada no Artigo 1268 C.C. Presume-se aqui que quem est na posse
de uma coisa, titular do direito correspondente aos actos materiais que
se praticam sobre ela. Se um sujeito invoca direito de propriedade sobre
certo bem, cabe a ele a prova da propriedade.
Vimos que o registo tambm faz presumir a titularidade do direito. Estas
duas presunes (fundadas no registo e na posse) so ilidveis. O
afastamento de uma ou outra presuno feito nos termos do Artigo 1268
C.C.
Depreende-se da leitura do n1 do artigo 1268 C.C, que no caso de existir
uma presuno fundada no registo e outra na posse, prevalece a mais
antiga entre as duas.
No caso das duas presunes serem fundadas no registo, funciona o
princpio da prioridade do registo - n2 Artigo 1268 C.C e Artigo 9 CRP.
b) Direitos do possuidor em relao aos frutos
Os direitos do possuidor so regulados no Artigo 1270 C.C.
O possuidor de boa f faz seus os frutos naturais e civis percebidos at a
data em que souber que est a lesar os direitos de outrem - n 1 artigo
1270 C.C - para noo de frutos vide artigo 212 C.C.
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i.
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defesa do direito de propriedade que se aplica por fora do artigo 1315 aos
restantes direitos reais, esta aco imprescritvel nos termos do artigo
1313 C.C. A causa de pedir neste caso ser o direito de propriedade ou
outro direito real invocado.
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Leituras Obrigatrias
A leitura dos textos indicados, a seguir, de fundamental importncia para
a compreenso de nossos estudos e para a realizao das actividades
propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, no deixe de
estud-los.
Texto 1
-
Leituras Complementares
Texto 1
-
Texto 2
-
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Actividades
A seguir, esto as actividades correspondentes a esta primeira unidade.
Resolva os exerccios propostos em cada uma e verifique se acertou,
conferindo a sua resposta na Chave de Correco no final do presente
Guia de Estudo.
Actividade 1
Leia o Augusto da Penha Gonalves, referenciado como Texto obrigatrio
paginas 213 a 229 e identifique as principais diferenas entre a posse e os
direitos reais de gozo.
Actividade 2
Resolva as seguintes hipteses praticas:
2.1 Certo dia, Ezequiel, aparece junto a Xavier (Alfaiate) propondo um
negcio. Tratava-se da venda de uma mquina de costura que se
encontrava com Xavier que tinha sido deixada por Cristina sua amiga para
uso na sua profisso de Alfaiate.
Apresentando algumas facturas passadas durante a aquisio da mquina,
Ezequiel alega ser proprietrio do bem e justifica-se que o deixara por
acaso com Cristina, sua prima, para guard-la at que um dia necessitasse.
Xavier, perante estes factos e porque lhe interessava a compra da
mquina, adquire-a e informa imediatamente a Cristina da transao feita.
Constata-se porm, que Cristina intrigada, adverte que Ezequiel no
passava de um primo seu bbado que tudo fazia para obter algum dinheiro,
como se constata no presente caso e que recorrerria a justia para soluo
do letgio pois queria a mquina de volta. Quid Juris!
2.2 Abreu recebeu de seu amigo Incio um computador para guard-lo at
que o mesmo voltasse dos Estados Unidos. Depois do seu regresso,
Incio dirige-se Abreu solicitando a devoluo do computador ao que o
mesmo responde que no seria possvel pois durante a ausncia daquele
o mesmo avariou e as despesas que ele efectuou com as avarias eram de
longe superiores, da que o computador era automaticamente seu.
Tendo em conta a matria leccionada, que figura se encontra aqui prevista?
2.3 Antnio encontra numa secretria da biblioteca da Escola de Cincias
Jurdicas e Sociais, um Cdigo Civil. Pegando no achado, leva para sua
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53
casa. Durante as aulas de direitos reais, usa o cdigo para consulta. Mas
coinscidentemente durante a semana em que Antnio, achou o cdigo
aparece uma colega de turma queixando-se do desaparecimento de um
cdigo, na biblioteca. Antnio comea a evitar o uso do cdigo na sala de
aulas aps o anncio do desaparecimento, mesmo quando solicitado
constantemente pela professora para proceder a leitura de alguns artigos
durante as aulas. Quid Juris.
2.4 Durante algumas semanas, Elisa rega, retira ervas daninhas, colhe
alguns legumes da horta de sua prima Marta, pois a mesma tinha se
ausentado para Manhia.
Verificando o facto, os vizinhos de Marta perguntaram o que se passava
tendo Marta respondido que a sua prima, antes da sua partida, tinha lhe
pedido que fizesse aquilo.
Atendendo que Elisa actuava como se de uma proprietria se tratasse,
poder a mesma invocar a existncia da posse?
2.5 Antnio, titular do direito de propriedade sobre um imvel, celebra com
Beato um contrato de compra e venda.
Devido a questes pessoais, pede que continue a habitar no mesmo
imvel at encontrar a curto prazo outra residncia. Beato pretende saber
de si se poder concordar com a situao proposta por Antnio sem que
os seus direitos fiquem prejudicados. O que lhe aconselharia?
2.6 Ao passar repetidamente pela Av. Eduardo Mondlane na Cidade de
Maputo, Ana apercebe-se de que uma determinada vivenda se encontrava
desabitada. Feitas as devidas averiguaes descobre, que os proprietrios
residiam no estrangeiro por longos anos e que muito provavelmente no
voltaram a Moambique.
Perante isto, em 1979 Ana instala-se na casa com a toda a sua famlia.
Passados quatro anos, e julgando confirmadas as informaes de que os
proprietrios no voltariam, Ana aumenta diversas divises casa e
constroi um murro usando cimento que retirara de um armazm vizinho.
Porque o seu filho mais velho acabava de se casar, e no tinha residncia
prpria, em 1990 Ana mudou-se com o resto da famlia para uma
dependncia construda por si num terreno sito no Bairro do Sial na Matola
que lhe tinha sido concedido o direito de uso e aproveitamento da terra.
Quando os proprietrios regressaram a Moambique, contrariando as
expectativas de Ana, depararam com a ocupao da casa, que se
prolongava h 20 anos, o filho de Ana comunicou me a inteno
daqueles o despejarem da casa, facto que levou a mesma a voltar a morar
na casa. Certo dia, interpelada pelos proprietrios, Ana recusou-se a
abandon-la.
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55
UNIDADE TEMTICA 6
DIREITO DE PROPRIEDADE
Elaborado por: Elsa Alfai
OBJECTIVOS
No fim desta unidade voce dever ser capaz de:
Conhecer a esncia do Direito de Propriedade e seu fundamento
constitucional;
Conhecer o conteudo do direito de propriedade, as principais
caracteristicas e modos de aquisio;
Identificar os meios de defesa da propriedade;
Conhecer as especies de propriedade;
Conhecer os direitos reais menores dependentes da propriedade.
56
Teoria do domnio
57
Teoria da Pertena
58
Noo de propriedade
Poderes indeterminados
59
iii.
Tipicidade
Elasticidade
Direito Perptuo
60
i.
61
Regra geral, qualquer pessoa ainda que no tenha o uso da razo pode
tornar-se proprietrio pela ocupao.
Acesso
Regulada nos artigos 1325 e seguintes C.C diz-se que h acesso quando
uma coisa que propriedade de algum se une ou incorpora a outra que
no lhe pertencia, ou seja, consiste na unio de duas coisas pertencentes
a pessoas diferentes.
Estas coisas que se unem esto ligadas de tal forma que no podem ser
separadas, porque caso sejam causam prejuzo a coisa.
A lei possibilita a uma das duas pessoas envolvidas a aquisio da
propriedade sobre toda a coisa nova transformada ou unida.
Tipos de acesso
As modalidades de acesso constam no artigo 1326 do C.C, entende-se
que esta pose ser natural ou industrial - artigo 1326 C.C
A acesso natural pode se aluvio ou avulso e a industrial pode ser
mobiliria (unio ou confuso de boa ou de m f e a especificao de boa
ou de m f) ou imobiliria.
Momento de aquisio da propriedade - Artigo 1317 C.C
Quanto a acesso, no funciona de forma automtica, ela implica uma
manifestao de vontade da pessoa que pretende adquirir um direito pela
sua invocao. A ocupao automtica e pode ser afastada por vontade
do titular do direito.
Acesso natural - artigo 1327 C.C
Consiste na situao de sempre que por efeito da natureza for adicionada
a uma coisa um bem, pertence ao dono da coisa tudo o que a esta
acrescer por efeito da natureza.
Aluvio - um fenmeno lento de deposio de areia, troncos em terreno
alheio Artigo 1328 CC.
Avulso - h uma coligao sbita, repentina. O dono das coisas que
vierem arrogados tem o direito de exigir que as coisas lhe sejam entregues
desde que no passem seis meses - Artigo 1329 CC.
62
Especificao
63
A aplicao do disposto nos artigos 1339 a 1343 C.C, dever ser feita com
a conjugao dos artigos 3 da Lei de Terras e do artigo 109 e 110 da
Constituio da Repblica em vigor.
Assim, entenda-se que em todos os casos que se d a acesso, a mesma
a favor do titular do direito de uso e aproveitamento da terra ou a favor
do Estado de acordo com a interpretao da Lei de terras e a Constituio
da Repblica.
Artigo 1339 C.C - obras sementeiras, plantaes feitas com materiais
alheios, neste caso a pessoa que as fazer (Estado ou titular do direito de
uso e aproveitamento da terra) fica com os materiais pagando o valor delas
e uma indemnizao se houver lugar.
Oliveira Ascenso entende que s quando se paga certo valor que se
ficam com as sementes e que se utilizaram, no automtico o
funcionamento deste artigo 1339 CC.
O Artigo 1340 C.C, aplica-se as obras, sementeiras feitas em terreno
alheio de boa f.
O Artigo 1341 C.C, aplica-se a obras sementeiras ou plantaes feitas em
terreno alheio de m f.
Temos um princpio latino que defende o seguinte: em caso de termos a
propriedade sobre um terreno, e sobre ele construirmos uma casa,
funciona o princpio solo ganha superfcie, ou seja o valor do terreno
maior que o da casa. Este princpio latino denominado solo ganha
superfcie, tambm conhecido por princpio a superfcie cede perante o
solo. Para os latinos em qualquer situao o proprietrio do solo vence.
No nosso direito este princpio no aplicado de forma ilimitada.
necessrio verificar se o sujeito que realiza as obras est de boa ou m f.
Entende-se que funciona no nosso direito o critrio da mais valia.
Nos termos do n1 do artigo 1340 C.C, no caso de se verificar a acesso
naqueles moldes, o princpio latino no se aplica. Pois a pessoa que
constri algo sobre o terreno, adquire a propriedade do mesmo se com as
obras que ele efectuar adicionar o valor que este tinha, pagando claro o
valor correspondente ao proprietrio do solo. o funcionamento do critrio
da mais valia. A superfcie vence.
No n3 do artigo 1340 C.C, o proprietrio do solo ou titular do direito de uso
e aproveitamento da terra adquire tudo que foi construdo sobre a
superfcie do mesmo, caso as obras feitas sejam de menor valor,
indemnizando o sujeito que efectuou as referidas obras pelo valor delas.
Neste caso, pode-se dizer que se aplica o princpio latino.
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Aco de reivindicao
Tambm conhecida por rei reivindicatio. O autor desta aco invoca o ttulo
de propriedade de certa coisa na posse de outrem, pretende que seja
reconhecido judicialmente o seu direito, o possuidor ou detentor
(demandado) deve ser condenado a restitu-la.
Artigo 1311 C.C, Caractersticas desta aco
1- uma aco real, visa a tutela de um D.R;
2- uma aco de condenao, o reivindicante requer o seu direito e
a condenao do demandado a efectuar aquela restituio;
3- uma aco imprescritvel - Artigo 1313, pode o proprietrio propla a todo o tempo, uma vez que o direito no se extingue pelo no
uso salvo disposio legal -Artigo 298, n1 CC.
4- uma aco sujeita a registo nos termos da alnea a) do artigo 3
do CRP;
5- O fundamento da pretenso do autor assenta na sua qualidade de
proprietrio da coisa reivindicada e no em qualquer outro ttulo;
Cabe ao reivindicante o nus de prova da titularidade e aqui so dois os
pedidos que integram e caracterizam a sua reivindicao:
O reconhecimento do direito de propriedade
Restituio da coisa
Causa de pedir
A causa de pedir o facto jurdico de que deriva o direito de propriedade.
No caso de aquisio derivada, necessrio provar que o direito j existia
no transmitente, o que levaria a probatio diablica aqui temos as
presunes legais- Artigo 1268, n1 CC e Artigo 8 CRP.
Se a aco de reivindicao tem por objecto a restituio da coisa, no
pode o possuidor ou detentor, julgada a aco procedente, recusar se a
entregar a coisa, n2, Artigo 1311 CC. Pode o demandado deixar de
proceder a restituio. Ex: por fora do direito de reteno - Artigo 1754,
n4 do artigo 1323 CC.
Sendo uma aco real, a aco de reivindicao est sujeita a registo Artigo 3, a) CRP, pois s assim produz efeitos em relao a terceiros.
65
Aco negatria
Aco de demarcao
66
Expropriao
67
por
Propriedade das guas- Artigo 1385 seguintes CC- as guas podem ser
pblicas ou privadas- o direito civil estuda o regime das guas particulares
e dos direitos adquiridos por particulares sobre as guas pblicas.
68
69
70
71
72
b) Propriedade Horizontal
i.
ii.
iii.
73
iv.
Natureza jurdica
Existem nesta figura uma srie de direitos convergentes, uma vez que
temos por um lado as fraces autnomas que so propriedades
exclusivas dos condminos e temos por outro lado a compropriedade das
partes comuns.
Entende a maior parte da doutrina que trata-se aqui de uma propriedade
com caractersticas especiais.
v.
Constituio da PH
Nos termos do artigo 1417 C.C, a PH pode ser constituda por negcio
jurdico, usucapio ou deciso judicial proferida em aco de diviso da
coisa comum - Artigo 1526 C.C.
O negcio jurdico que se refere o artigo 1417 C.C, deve ser formalizado
por escritura pblica e sujeito a registo alnea d) n1 Artigo 2, CRP. O
Artigo 1419 C.C, fixa o contedo da escritura de constituio, determina-se
que se especifiquem as partes do edifcio correspondentes as fraces
autnomas.
Requisitos para constituio artigo 6 Dec. 17/2013 de 26 de Abril.
As normas do artigo 1414 e artigo 1415 C.C so obrigatrias o seu
incumprimento leva a nulidade total do negcio constitutivo - Artigo 1416
n1 C.C- o prdio fica sujeito a compropriedade cabendo a cada um dos
condminos a quota correspondente a sua fraco - legitimidade para
arguir nulidade - n2 artigo 1416 C.C.
O ttulo constitutivo da PH pode ser modificado por escritura pblica ou por
acordo de todos os condminos - Artigo 1419 C.C.
A constituio da PH por usucapio pressupe a existncia da posse e o
decurso de certo prazo fixado por lei - Artigo 1287 e seg C.C. A usucapio,
conduz a aquisio originria daquele direito.
Por fim, pode-se adquirir a PH por deciso judicial em aco de diviso da
coisa comum ou em processo de inventrio. Para que a diviso seja
decretada, necessrio que os requisitos dos artigos 1414 e 1415 C.C se
preencham.
vi.
74
2- Extino da compropriedade
A compropriedade extingue-se por:
-
6.3 Usufruto
a) Noo de usufruto
A noo do usufruto consta do artigo 1439 do C.C. Esta figura tem as suas
razes histricas no direito romano.
O usufruto implica uma dissociao entre a propriedade da coisa e o seu
desfrute ou gozo.
75
76
77
ii.
78
79
Cabe ao usufruturio:
-
80
m) Obrigaes do usufruturio
Reguladas nos artigos 1468 e seguintes C.C.
n) Extino do usufruto
Artigo 1476 C.C- Constituem causas de extino do usufruto:
a.
b.
c.
d.
e.
f.
g.
A morte;
O decurso de tempo;
A confuso;
O no uso;
A perda;
A renncia
A restituio da coisa.
81
Pode tambm este direito ser constitudo sobre prdio rstico, mas
tambm deve ser limitado as necessidades do seu titular ou da sua famlia.
Os limites a que o usurio est sujeito, distinguem o direito de uso e
habitao do usufruto. Estes limites restringem o contedo deste direito
que no usufruto tais limitaes no existem.
As necessidades pessoais a que se refere o artigo 1484 C.C, so fixadas
de acordo com o Artigo 1486 C.C. Deve ter se em conta a situao social
do usurio.
Artigo 1487 C.C- Fixa o mbito da famlia.
Artigo 1489 C.C- Obrigaes inerentes ao uso e habitao
b) Intransmissibilidade do direito
Este direito distingue-se tambm do usufruto na medida em que no pode
ser trespassado, locado ou onerado - artigo 1488 C.C, facto que no
acontece com o usufruto - artigo 1444 C.C.
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86
Confuso;
No uso durante 20 anos;
Usucapio libertatis-artigo 1574 C.C;
Renncia no requer a aceitao do prdio serviente e decurso do
prazo.
87
i) Tutela do direito
No direito romano, a aco negatria, que visava repelir qualquer
preteno de servido, de certa forma reconhecia a existncia da servido
(mas esta no se encontra consagrada no nosso ordenamento jurdico
embora outros ordenamentos a consagrem).
No nosso direito, por fora do artigo 1315 C.C, aplica-se subsidiariamente
a aco de reivindicao com as necessrias correces s servides e a
todos os DR de gozo.
A defesa da posse de uma servido assegurada pelas aces
possessrias, excluindo-se neste caso a defesa das servides no
aparentes como dispe o artigo 1280 C.C.
Leituras Obrigatrias
A leitura dos textos indicados, a seguir, de fundamental importncia para
a compreenso de nossos estudos e para a realizao das actividades
propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, no deixe de
estud-los.
Texto 1
-
Texto 2
- lvaro Moreira e Carlos Fraga, op cit, Pgs 350-416;
Leituras Complementares
Texto 1
-
Texto 2
-
88
Actividades
A seguir, esto as actividades correspondentes a esta primeira unidade.
Resolva os exerccios propostos em cada uma e verifique se acertou,
conferindo a sua resposta na Chave de Correco no final do presente
Guia de Estudo.
Actividade 1
Leitura do texto
Leia as anotaes ao Cdigo Civil Anotado por Pires Lima e Antunes
Varela nos artigos 1302 a 1490, e compreenda a doutrina em torno dos
preceitos legais relativos a propriedade.
Em seguida, leia as paginas 350 a 380 da obra lvaro Moreira e Carlos
Fraga e resolva as seguintes hipteses:
89
90
91
UNIDADE TEMTICA 7
OBJECTIVOS
No fim desta unidade voce dever ser capaz de:
Conhecer os modos de aquisio do direito do uso e
aproveitamento da terra;
Conhecer o contedo do uso e aproveitamento da terra;
Identificar os meios de exerccio, transmissibilidade e extino do
direito do uso e aproveitamento da terra
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93
8.Defesa do direito
A resoluo de conflitos de terra feita pelo foro judicial moambicano
aplicam-se subsidiariamente as normas referentes defesa da
propriedade nos termos do artigo 1315 do C.C.
Leituras Obrigatrias
A leitura dos textos indicados, a seguir, de fundamental importncia para
a compreenso de nossos estudos e para a realizao das actividades
propostas para esta primeira unidade de estudo. Portanto, no deixe de
estud-los.
Texto 1
-
Actividades
A seguir, esto as actividades correspondentes a esta primeira unidade.
Resolva os exerccios propostos em cada uma e verifique se acertou,
conferindo a sua resposta na Chave de Correco no final do presente
Guia de Estudo.
Actividade 1
Leitura do texto
Leia atentamente os artigos 10 a 12 da Lei de terra sobre os modos de
aquisio do direito de uso e aproveitamento da terra e resolva as
hipteses abaixo:
1.1 A, titular do direito de uso e aproveitamento da terra sobre certo terreno
em Marracuene, decide construir uma vivenda. Porque no tinha material
para o fazer, decide retirar pouco a pouco do armazm de B, seu patro,
alguns blocos, chapas, sacos de cimento, para alm de outro material.
B descobre. Quid juris.
94
95
UNIDADE TEMTICA 2
DIREITOS REAIS
TEORIA GERAL
DOS
Actividade 1
1.1 Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
A absolutidade consiste no poder de opor o direito real perante
quaisquer sujeitos da ordem jurdica impondo uma obrigao
passiva universal enquanto que,
a sequela, o poder que o titular do direito real tem de
perseguir o seu direito onde quer que este se encontre;
1.2 Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
as manifestaes do efeito atribuitivo na caracterstica publicidade
consistem num terceiro, de boa f, que adquiriu a titulo oneroso um
bem adquirir direitos pelo facto de ter registado em primeiro lugar,
como so os casos dos artigos 291 CC, 83 conjugado com artigo
85 do CRP e artigo 7 do CRP.
96
Actividade 2
2.1 Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
Considerar o princpio do trato sucessivo previsto no artigo 13
do CRP de modo a acautelar a legitimidade do alienante, ou seja, A
deveria registar o seu bem;
Respeitar o principio da instancia de modo que o pedido de registo
seja efectuado pelas partes interessadas, neste caso, havendo falta
do registo de A, este deveria requer-lo.
97
Actividade 1
Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
Os direitos reais de gozo proporcionam ao seu titular o gozo da
coisa, podendo usar fruir dispor da mesma;
Os direitos reais de garantia visam garantir o cumprimento de uma
prestao, so direitos acessrios;
Os direitos de aquisio preparam o seu titular para a aquisio de
uma coisa.
Actividade 2
2.1 Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
A hipoteca prevalece sobre os demais direitos de garantia
constitudos sobre o mesmo bem;
Tendo em conta o n.2 do artigo 9 do CRP, as hipotecas so
consideradas em funo da natureza do crdito e no em funo
da prioridade do registo.
Se por hiptese o valor da hipoteca do Banco Maputo for maior que
os demais valores, ser pago prioritariamente o Banco Maputo;
Mas se as hipotecas a favor de B e C forem superiores, sero estas
pagas em primeiro lugar.
Assim as outras partes podem recorrer ao disposto do n.2 do artigo
9 do CRP.
2.2Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
Neste caso, prevalecem os impostos devidos ao Estado, pois nos
termos do artigo 744 do CC, os privilgios creditrios imobilirios,
que so direitos reais de garantia, uma vez existentes prevalecem
sobre os demais direitos de garantia mesmo que anteriormente
constitudos.
2.3Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
importante acautelar em que consiste a aquisio, se se trata de
aquisio de maquinaria, bens cuja aquisio no exige registo, ou
se se trata de aquisio do estabelecimento e maquinaria para
funcionamento da moageira.
Assim, na primeira hiptese estaramos perante um contrato
promessa, que uma fonte geral das obrigaes previsto no artigo
410 do CC, enquanto que na segunda hipotese poderamos estar
perante um contrato promessa com eficcia real por se tratar de
bens imoveis, sujeitos a registo, mas que a sua aquisio deve ser
98
Actividade 1
1.1 Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
Neste caso estamos perante a figura da expropriao por
utilidade pblica que um das causas de extino dos direitos
reais prevista no artigo 86 da CRM e 1308 do CC;
O A tem direito de ser indemnizado pela extino dos seus
direitos sobre a vivenda nos termos do artigo 1310 do CC.
1.2.
1.3.
99
Actividade 1
1.1.
Actividade 2
2.1 Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
Xavier antes de haver a transmisso da posse era mero detentor
nos termos da alnea c) artigo 1253 CC e Cristina era possuidora
nos termos do artigo 1251 CC(tinha corpus e animus);
Cristina exercia a sua posse por intermrdio de Xavier n.1 do
artigo 1252 CC;
Neste caso estamos perante uma perda da posse nos termos da
alnea d) do n.1 do artigo 1267 CC por parte de Crsitina;
Temos ainda a aquisio da posse por Xavier por inverso do titulo
da posse por acto de terceiro (Ezequiel) capaz de transferir a
posse;
Cristina pode dentro de 1 anos a contar da data que perdeu a sua
posse recorrer judicialmente para obter a restituio da sua posse.
2.2.Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
Abreu era mero detentor e Incio possuidor(tinha animus e corpus);
Incio exercia a sua posse por intermdio de Abreu n.1 do artigo
1252 CC;
100
101
102
Assim,
Arlindo,
Cndida,
Juvncio
e
Xadreque,
so
comproprietrios, no que respeita a gesto das partes comuns, mas
devem respeitar a individualizao das fraces de cada parte.
legtimo que Candido estabelea usufruto a favor dos seus
sobrinhos. Este um direito real de gozo limitado previsto no artigo
1439 e seguintes do CC. Neste caso, estamos perante um usufruto
simultneo, constitudo per translatitionem. Os sobrinhos de Arlindo
devem exercer o seu sireito ao mesmo tempo ficando o proprietrio
de raiz com o usufruto.
Extinguindo-se o direito de usufruto de um dos sobrinhos o mesmo
reverte aos demais, funcionando o principio de elasticidade a favor
dos demais. O outro sobrinho de Arlindo pode nos termos do artigo
1444, constituir hipoteca a favor do Banco W, significando isto uma
onerao a terceiro. Ressalvar que a hipoteca a favor do Banco W,
no pode durar para alm do perodo de durao do usufruto do
sobrinho de Arlindo. Assim a Hipoteca a favor do Banco W dever
ser estabelecida at Outubro de 2016.
Quem fora nomeado como Administrador do prdio o Sr. Juvncio
e no o Xadreque, esta nomeao de um administrador legal
conforme dispe o artigo 31 do Decreto n 17/2013 de 26 de Abril,
as suas funes constam do artigo 35 do Decreto n 17/2013 de 26
de Abril.
Para a responsabilizao das dvidas referentes a conservao e
administrao do prdio, prev o n1 do artigo 1411 CC, que as
partes devem responsabilizar-se pelas benfeitorias necessrias que
hajam lugar, mas isto na proporo das suas quotas.
necessrio verificar se Cndida, tinha assumido estes encargos
de modo a saber se os mesmos so a si imputadas. Caso Cndida
queira abdicar dos encargos, pode renunciar o seu direito a favor
dos demais isto se no tinha assumido o compromisso de
responsabilizar-se pelas despesas - n2 do artigo 1411 CC.
Quanto a venda efectuada pela Cndida, necessrio frisar que
sujeitando-se o prdio ao regime da compropriedade, nos termos
do artigo 1409 a mesma deve ser feita mediante o respeito ao
direito de preferncia sob pena de incorrer no disposto do artigo
1410 CC, aco de preferncia.
Havendo sujeio ao regime da propriedade horizontal com
individualizao das fraces autnomas, cada parte pode alienar a
sua fraco sem que para isso necessite de consentimento dos
demais.
103
104
UNIDADE TEMTICA 7
DIREITO DE USO E
APROVEITAMENTO DA TERRA
Actividade 1
Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
So modos de aquisio do uso e aproveitamento da terra os
previstos no artigo 12 da Lei de Terras ocupao por pessoas
singulares e pelas comunidades locais, segundo asnormas e
prticas costumeiras no que no contrariem a Constituio;
b) ocupao por pessoas singulares nacionais que, de boa f,
estejam a utilizar a terra h pelo menos dez anos;
c) autorizao do pedido apresentado por pessoas singulares ou
colectivas na forma estabelecida na presente Lei.
Actividade 2
2.1 Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
Neste caso estamos perante uma acesso industrial imobiliria, um
modo de aquisio do direito de propriedade, na modalidade de
obras feitas de m com materiais alheios sendo as consequncias
as previstas no artigo 1339 CC.
2.2 Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
Neste caso estamos perante uma situao que deve recorrer-se ao
direito de demarcao artigo 1353 CC, podendo se interpor a
aco de demarcao que delimitar as extremas. um modo de
defesa da propriedade que se aplica ao direiro de uso e
aproveitamento da tetra
No se aplica o artigo 1343 CC acesso industrial imobiliria, pois o
uso e aproveitamento da terra nhao se adquire nestes moldes.
2.3 Alguns aspectos que poder mencionar na sua resposta:
Neste caso deve se proceder a consultas as comunidades
existentes nos termos da legislao sobre terras;
O procedimento para titulao varia consoante o tipo de aquisio
do direito. Se a aquisio deu-se pela via formal, aplica-se o
estipulado no artigo 24 do RLT. Se a aquisio deu-se pela via
costumeira ou de boa f, aplica-se o estipulado no artigo 35 e 34 do
RLT.
Escola Superior Aberta/A Politcnica Ensino Distncia
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