WALLERSTEIN, I. Análise Dos Sistemas Mundiais
WALLERSTEIN, I. Análise Dos Sistemas Mundiais
WALLERSTEIN, I. Análise Dos Sistemas Mundiais
Immanuel Wallerstein
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IMMANUEL WALLERSTEIN
Esse e um debate, portanto, sobre fundamentos, e tais debates sao sempre dificeis. Em primeiro lugar, a maioria dos que neles participam tern compromissos profundos com- os principios.
Em segundo lugar, raramente sucede que algum teste empirico
claro, ou pelo menos simples, possa resolver ou mesmo esclarecer
os problemas. 0 debate empirico deve ser conduzido num nivel
muito complexo e holistico. Sera que a soma das teorizac;:aes, derivadas de um ou outro conjunto de premissas, abrange de um modo
"satisfat6rio" as conhecidas descric6es da realidade? Isso nos enreda em todos os tipos de dilemas secundarios. Nossas conhecidas "descric;:oes" da realidade sao ate certo ponto func;:ao das nossas premissas; as futuras "descric;:oes" podem, naturalmente,
transformar a nossa percepc;:ao da realidade. Sera que a "teorizac;:ao"
que abrange a realidade segundo se diz atualmente realmente a
abrange? E, nao menos importante, que significa abranger a realidade "de um modo satisfat6rio"? Sera este ultimo criteria algo
mais que um adjunto estetico?
Por todas essas razoes, nao apenas os debates sabre tais fundamentos sao frustrantes coma cada lado tern uma desvantagem
incrustada. Os defensores das concepc;:oes existentes devem "explicar" as anomalias, dai o nosso atual desafio. Mas os desafiantes
devem oferecer "dados" convincentes numa situadio em que' comparados com os 150 anos mais ou menos de investigac;:lio cientifica social, eles tiveram muito menos tempo para acumular "dados"
relevantes. Em um campo de estudo inerentemente refratirio a
manipulac;:ao experimental, os "dados" nao podem ser acumulados rapidamente. Assim, uma disputa sobre os fundamentos deve
ser pensada come analoga a uma luta entre pesos-pesados tendo
cada um dos quais a mao esquerda amarrada as costas. Isso pode
ser interessante de assistir, mas sera que e boxe? Sera que e ciencia?
Quern ira decidir? Em certo sentido, os espectadores - e provavelmente nao assistindo aos boxeadores, mas lutando uns com
os outros. Sendo assim, por que se preocupar? Porque os boxeadores sao parte dos espectadores, que sao, naturalmente, todos
eles boxeadores.
Para nao nos perdermos em analogias, voltemos a discussao
dos fundamentos. Proponho examinar sere pressupostos comuns
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I
As ciencias sociais sao constituidas por varias "disciplinas" que
constituem agrupamentos intelectualmente coerentes de objetos de
estudo distintos uns dos outros.
Essas disciplinas sao quase sempre enumeradas como antropologia, economia, ciencia politica e sociologia. Existem, com
certeza, potenciais ampliac;:oes dessa lista, como, por exemplo, a
geografia. Se hist6ria e ou nao uma ciencia social e uma questa.o
um tanto cQ.ntroversa, e a ela voltaremos (ver se~ao II). Ha um
debate semelhante sabre a psicologia, ou pelo menos sabre a
psicologia social.
Esra na moda, pelo menos desde 1945, deplorar as desnecessarias barreiras entre as "disciplinas" e endossar os meritos da
pesquisa e/ou do ensino "interdisciplinar". Isso tern sido argumentado sobre duas bases. Uma ea asserc;:ao de que a analise de
algumas "areas problematicas" pode beneficiar-se de um enfoque
que combine as perspectivas de varias disciplinas. Oiz-se, por exemplo, que se quisermos estudar o "trabalho", pode ser muito util
reunir os conhecimentos oferecidos pelas disciplinas da economia,
da ciencia politica e da sociologia. A l6gica de tal enfoque leva a
equipes multidisciplinares, ou a um unico estudioso "aprendendo
varias disciplinas", pelo menos na medida em que elas se relacionam com o "trabalho".
A segundasuposta base para a pesquisa "interdisciplinar" e
ligeiramente diversa. A medida que realizamos a nossa investigac;:ao coletiva, torna-se claro, afirma-se, que alguma parte do nosso
objeto de estudo esti "na fronteira" de duas ou ma.is disciplinas.
A "lingliistica", por exemplo, pode estar localizada nessa "fronteira".
A 16Rica desse enfogue ...oode acabar levando .a0 clesenvnh:i
- - - - - - - - . --menrn
---'-- --
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e economia eram dominios analiticamente separaveis (e amplamente aut6nomos), cada qual com suas regras particulares ("l6gica"). A sociedade era adjurada a mante-las separadas, e os estudiosos as estudavam separadamente. Uma vez que parecia haver muitas
realidades que aparentemente nao estavam nem no dominio do
mercado nem no do Estado, essas realidades eram colocadas num
saco de surpresas residual que recebeu como compensa<;:ao o pomposo nome de sociologia. Em certo sentido se pensava que a sociologia explicava os fenomenos aparentemente "irracionais" que a
economia e a ciencia politica eram incapazes de elucidar. Finalmente, como havia povos para alem do reino do mundo civilizado remotos, e com os quais era dificil comunicar-se -, o estudo desses povos abrangia regras especiais e treinamento especifico que
receberam o nome um tanto polemico de antropologia.
Conhecemos as origens hist6ricas dos campos de estudo.
Conhecemos seus itineraries intelectuais, que foram complexes e
variados, especialrnente a partir de 1945. E sabemos por que eles
entraram em dificuldades "de demarca<;:ao". A medida que o mundo real evoluia, esmaeceu-se a linha de contato entre "primitive"
e "civilizado", "politico" e "econ6mico". A invasao do campo de
estudos alheio tornou-se lugar-comum. Os invasores continuaram
movendo as cercas, sem contudo derruba-las.
A questao com que nos defrontamos hoje e se existem criterios
que podem ser usados para estabelecer, de um modo relativamente claro e defensavel, fronteiras entre as quatro pretensas disciplinas que sao a antropologia, a economia, a ciencia politica e a
sociologia. A analise dos sistemas mundiais responde com um
inequivoco "nao" a essa pergunta. Todos os pretensos criterios nivel de analise, objeto, metodos,,pressupostOS te6ricos - OU deixaram de ser verdadeiros na pcitica ou, se sustentados, cbnstituem
antes barreiras para novos conhecimentos do que estimulos para
a sua cria<;:ao.
Dito de outro modo, as diferen<;:as entre t6picos, metodos,
teorias ou teorizac;:oes permissiveis dentro das chamadas "disciplinas" sao muito maiores do que as diferenc;:as entre elas. Isto significa, na pratica, que a sobreposic;ao e substancial e que, em termos
da evolu<;:ao hist6rica <lesses campos, ela est:i sempre aumentando.
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II
A hist6ria e o estudo, a explicac;:ao do particular tal come ele
realmente aconteceu no passado. A ciencia social e a declarac;:ao do
conjunto universal de regras pelo qual o comportamento humane/
social e explicado.
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III
Os seres humanos esrao organizados em entidades que podemos chamar de sociedades, que constituem as estruturas sociais
fundamentais no seio das quais a vida humana e vivida.
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A l6gica basica e que o excedente acumulado e distribuido desigualmente em favor daqueles que sao ~apazes de realizar varios
tipos de monop6lios temporaries nas redes de mercado. E uma
l6gica "capitalista".
A hist6ria da coexistencia das formas pode ser explicada como
segue. Na epoca pre-agricola, havia uma multiplicidade de minissistemas cujo constante colapso pode ter sido em grande parte
devido a desastres ecol6gicos somados a fragmenta<;:ao de grupos
que cresceram em demasia. Nosso conhecimento e muito limitado. Nao existe nenhum escriro dessa epoca e estamos limitados a
reconstru<;:Qes arqueol6gicas. No periodo entre, digamos, 8000 a. C.
e 1500 cl. C., coexistiram na Terra, em alguma epoca, sistemas
hist6ricos multiplos de todas as tres variedades. 0 imperio mundial foi a forma "forte" dessa epoca porque, sempre que alguem o
expandia, destruia e/ou absorvia canto os minissistemas como as
economias mundiais e, sempre que alguem o contraia, ele ahria
espa<;:o para a recria<;:ao de minissistemas e economias mundiais.
A maior parte do que chamamos de "hist6ria" desse periodo e a
hist6ria <lesses imperios mundiais, que e incompreensivel porque
eles adestravam os escribas culturais para relatar o que estava
acontecendo. As economias mundiais eram uma forma "fraca"; as
formas individuais nunca sobreviveram por muito tempo, isso
porque elas ou se desintegravam ou eram absorvidas pelo imperio
mundial ou neles transformadas (pela expansao interna de uma
unidade politica unica).
Por volta de 1500 essa economia mundial conseguiu escapar a
semelhante destine. Por razoes que precisam ser explicitadas, o
"sistema mundial moderno" nasceu da consolidacao de uma economia mundial. Por isso ele teve tempo para re~lizar seu pleno
desenvolvimento como um sistema capitalista. Por sua 16gica interna, essa economia capitalista mundial expandiu-se entao para
cobrir o globo inteiro, absorvendo nesse processo todos os
minissistemas e imperios mundiais existentes. Por isso, no final
do seculo XIX, existia pela primeira vez apenas um sistema hist6rico sabre o globo. E ainda hoje nos encontramos em tal situacao.
Esbocei as minhas hip6teses sabre as formas e a hist6ri~ da
coexistencia dos sistemas hist6ricos. Elas nao constituem uma
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analise dos sistemas mundiais. Sao um conjunto de hip6teses dentro da analise dos sistemas mundiais, aberto ao debate, ao aprimoramento, a rejeicrao. A questao crucial e que a tentativa de
definir e elucidar as unidades de analise - os sistemas hist6ricos torna-se um objetivo central da empresa cienti.fica.
Nessa discussao que acabo de resumir ha um outro debate
oculto sobre o mundo moderno e suas caracteristicas definidoras.
E um debate no qual as duas principais versoes do pensamento
oirocentista - liberalismo classico e marxismo classico - partilham algumas premissas cruciais acerca da narnreza do capira!i:;mo.
IV
0 capitalismo e um sistema baseado na competi~ao entre produtores livres que usam o trabalho livre com mercadorias livres
"hvre" significando aqui sua disponibilidade para compra e vend~
num mercado.
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ANALISE DOS SISTEMAS MUNDIAIS
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do capitalismo: eles sabiam que se dava quando o viam. Obviamente, ha nesse enfoque um criteria quantitativo implicito. Todavia, na medida em que se passa a calcular, e crucial saber o que se
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A Revolu<;ao Industrial e a Revolu<;ao Francesa sao de interesse porque representam presumivelmente a supera<;ao de uma incompatibilidade. A Revoluc;:ao Francesa destaca a arena politica.
De acordo com a fortemente contestada mas longamente acatada
"interpretac;:ao social" atual, a Revolu<;ao Francesa foi o memento
em que a burguesia expulsou a aristocracia feudal do poder estatal e com isso transformou o ancien regime pre-capitalista nurn
Estado capitalista. A Revoluc;:ao Industrial realc;:a os frutos dessa
transforma<;ao. Tao logo os capitalistas assumem o poder estatal
(ou, em termos smithianos, reduzem a interferencia do Estado),
torna-se possivel expandir significativamente as possibilidades de
triunfo de um sistema capitalista.
Dados esses pressupostos, e possivel tratar ambos os fen6menos como "acontecimentos" e concentrar-nos nos pormenores
relatives ao que aconteceu e por que aconteceu dessa maneira
particular. Os livros sobre a Revoluc;:ao Industrial costumam debater qual fator (ou quais fatores) foi mais importante para a sua
ocorrencia, qual foi a sua data<;ao exata e qual dos varios aspectos
abrangidos pelo termo teve mais conseqiiencias para as transformac;:oes futuras. Os livros sobre a Revoluc;:ao Francesa costumam
debater quando ela comec;:ou e terminou, que fator ou que fatores
a desencadearam, que grupos estiveram envolvidos nos processos-chaves e como e quando houve alterac;:ao no elenco de personagens e qual foi o legado da Revoluc;:ao.
Naturalmente, um escrutinio tao rigoroso e, em ultim::i. ::i.n:1lise, tao idiografico desses "acontecirnentos" suscita ine.:it::i.velrncnte o ceticismo. Existe urn numero cada vez maier de vozes que
questionam quao revolucionarias foram as revoluc;:oes. No entanto, praticamente todas essas analises (tanto dos crentes quanta
dos ceticos) presumem 0 quadro de referenda analitico que fez
com que esses dois "acontecimentos" fossem primeiramente assinalados: o pressuposto de que o capitalismo (ou a sua liberdade
substituta, individual) tinha em cert'? sentido de "triunfar" em
algum ponto dentro dos Estados particulares.
Alem disso, para que nao se pense que a hist6ria e central
apenas para os historiadores, devemos notar como ela se tornou
imediatamente central para os exercicios analitic0s dos cientist::1s
v
O fim do seculo XVIII e o comei;:o do XIX representam uma
reviravolta crucial na hist6ria do mundo na medida em que o capitalismo alcancou finalmente o poder estatal e social nos Estados-chaves.
Os dois grandes "acontecimentos" que ocorreram nesse periodo, a Revoluc;:ao Industrial na Inglaterra e a Revoluyao Francesa,
foram, afirma-se, cruciais no desenvolvimento da teoria cientifica
social. Um simples exame bibliografico permitira verificar que
uma propon;:ao notavelmente grande da hist6ria n:i.undial dedicou-se a esses dois "acontecimentos" . Alem disso, uma proporc;:ao
ainda maior dedicou-se a analisar outras "situac;:oes" em termos da
maneira pela qual elas estao a altura <lesses dais "acontecimentos".
A relacao entre a centralidade hist6rica atribuida a esses "acontecimento~" e a definicao corrente de capitalismo nao e dificil de
. elucidar. Ja ressaltam~s que o conceito de graus de capitalismo
leva necessariamente a um exercicio implicito na quantificayao,
de sorte que podemos verificar quando o capitalismo se torna
"dominante". Essa teoria pressupunha que e possivel e deve ser
superada uma incompatibilidade entre dominac,:ao "economica" e
poder estatal e social.
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VI
e inevitavelmente progressiva.
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transforma96es lineares. Nos detalhamos o processo da transformacao no sentido de um inevitavel ponto final que presumimos
ser,' ter sido, a \'.mica alternativa hist6rica real. Mas suponhamos
que a constru~o de novos sistemas hist6ricos seja um processo
estoc:istico. Teriamos entao, diante de n6s, uma arena totalmente
nova de atividade intelectual.
0 debate entre "livre-arbitrio" e "determinismo" e um debate
antigo. Mas ele foi ocasionalmente travado segundo uma proposi~o disjuntiva. 0 que a reabertura da questao das transi96es faz transicoes cal corno elas realmente ocorrem, transicoes
na medi-
'
da em que se movem na dire9ao de resultados incertos - e sugerir
uma formulacao diferente desse debate. Talvez seja por isso que
aquilo que ch~mamos de "determinismo" seja em grande parte o
processo interno aos sistemas hist6ricos nos quais a "16gica" do
sistema e traduzida num conjunto de estruturas institucionais que
se movem e se reforc;am por si mesmas. Mas pode ser tambem
que aquilo que chamamos de "livre-arbitrio" ocorra em grande
parte no processo de "transi9ao" em que, precisamente por causa
do rompimento entre essas mesmas estruturas, as verdadeiras alternativas hist6ricas sao amplas e dificeis de predizer.
Isso entao encaminharia a nossa aten<;:ao para o estudo do
modo precise pelo qual esses processes estocasticos funcionam.
Pode ser que eles nao sejam em absolute estocisticos, mas tenham uma chave oculta interna, ou pode ser que a chave oculta seja
algum processo que mantem estocasticos esses processes (ou
seja, nao realmente sujeitos a manipula9ao humana). Ou pode
ser, o que sem duvida e menos aceitavel para os atuais habitantes
do globo, que Deus esteja jogando dados. Nao sabemos senao quando
observamos. Podemos, naturalmente, nao saber mesmo quando observamos. Mas como e que observamos? Isso nos leva aos
ultimos e mais profundos dos pressupostos, OS pressupoStOS
concernerites a natureza da ciencia.
VII
A ciencia e a busca das regras que sintetizam o mais sucintamente possivel por que as coisas sao como sao e como acontecem.
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A ciencia moderna nao e uma filha do seculo XIX. Ela remonta pelo menos ao seculo XVI, ou talvez ao seculo XIII. Ela investiu
fortemente contra o lado determinista da equac;ao, contra o lado
da linearidade e da concisao. Os cientistas trouxeram para sob
sua egide um numero cada vez maior de dominios do universe,
sendo o mundo humano, sem duvida alguma, o ultimo desses
dominios. Foi em nome dessa . tradi9ao que a ciencia social
nomoretica se afirmou.
A metodologia adotada pela ciencia social nomotetica emulou os principios basicos de suas socialmente bem-sucedidas
predecessoras, as ciencias naturais: investiga9ao precisa, sistematica e empirica, e depois a indu~o que conduz as teorias. Quanta
mais elegante e a teoria, mais avanc;ada e a ciencia. As aplicac;oes
praticas se seguiriam naturalmente. A ciencia social nomotetica
tern sido obcecada por suas inadequac;oes - numa comparac;ao
com a fisica -, mas sustentada por sua certeza de que a ciencia e
cumulativa e linear.
Em nossas duvidas referentes aos pressupostos previos tern
havido, implicita - isso agora deve ficar claro -, uma outra visao
da ciencia. Se rejeitarrnos a utilidade da distirn;ao nornoteticaidiografica, estaremos entao lanc;ando duvidas sobre a utilidade
da visao newtoniana da ciencia. Nao fazemos isso, como os idiograficos o fizeram, com base na peculiaridade da investiga9ao social
(os seres humanos coma atores reflexives). Duvidarnos tambem
da sua utilidade para as ciencias naturais (e de fato surgiu nas
duas ultimas decadas urn impulse em dire<;:ao a uma ciencia natural nao-linear, na qual os processes estocisticos sao cruciais).
Especificamente, em termos daquilo que temos charnado de
ciencia social hist6rica, n6s levantamos a questao de saber se o
rnetodo que consiste em ir do concrete para o abstrato, do particular para o universal, deve ser invertido. Talvez a ciencia social
hist6rica deva come~ar com o abstrato e caminhar na dire~o do
concrete, terminando com uma interpretac;ao coerente dos processes de sistemas hist6ricos particulares que explicam de maneira
plausivel o modo corno eles seguirarn uma via hist6rica particular.
O determinado nao e o simples, mas o complexo ou, na verdade,
o hipercomplexo. E, naturalmente, nenhuma situac;ao concreta e
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