O documento resume a primeira parte da obra "Passagens da Antiguidade para o Feudalismo" de Perry Anderson. Ele descreve a transição da civilização clássica para a Idade Média na Europa, com foco na escravidão na Grécia e Roma e como isso levou ao desenvolvimento do feudalismo. Anderson argumenta que a escravidão foi fundamental para o surgimento das cidades-Estados gregas e para o poder do Império Romano, mas também levou à queda deste ao sufocar a iniciativa privada.
O documento resume a primeira parte da obra "Passagens da Antiguidade para o Feudalismo" de Perry Anderson. Ele descreve a transição da civilização clássica para a Idade Média na Europa, com foco na escravidão na Grécia e Roma e como isso levou ao desenvolvimento do feudalismo. Anderson argumenta que a escravidão foi fundamental para o surgimento das cidades-Estados gregas e para o poder do Império Romano, mas também levou à queda deste ao sufocar a iniciativa privada.
Descrição original:
Resenha de parte de um livro sobre a antiguidade
Título original
Resenha - Passagens Da Antiguidade Para o Feudalismo
O documento resume a primeira parte da obra "Passagens da Antiguidade para o Feudalismo" de Perry Anderson. Ele descreve a transição da civilização clássica para a Idade Média na Europa, com foco na escravidão na Grécia e Roma e como isso levou ao desenvolvimento do feudalismo. Anderson argumenta que a escravidão foi fundamental para o surgimento das cidades-Estados gregas e para o poder do Império Romano, mas também levou à queda deste ao sufocar a iniciativa privada.
O documento resume a primeira parte da obra "Passagens da Antiguidade para o Feudalismo" de Perry Anderson. Ele descreve a transição da civilização clássica para a Idade Média na Europa, com foco na escravidão na Grécia e Roma e como isso levou ao desenvolvimento do feudalismo. Anderson argumenta que a escravidão foi fundamental para o surgimento das cidades-Estados gregas e para o poder do Império Romano, mas também levou à queda deste ao sufocar a iniciativa privada.
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RESENHA:
Passagens da Antiguidade para o Feudalismo – Primeira Parte
(Perry Anderson)
O tema central da obra são as divisões regionais do Mediterrâneo e da Europa, explorando o
mundo social e político da Antiguidade Clássica, a natureza de sua transição ao mundo medieval e as resultantes estrutura e evolução do feudalismo na Europa. Baseia-se na leitura dos trabalhos disponíveis de historiadores modernos. Para melhor entender o texto, é importante conhecer um pouco mais o seu autor. Perry Anderson é um historiador e ensaísta político marxista inglês, professor de História e Sociologia na Universidade da Califórnia e editor da Left Review. Sua formação política data de 1956, quando ingressou na Universidade de Oxford e passou a militar em grupos de esquerda na faculdade. De uma forma geral, a transição da Antiguidade para a Idade Média e a configuração do mundo feudal vinculou-se a crise do Império Romano e às invasões bárbaras. Contudo, Perry evidencia as diferenças entre a Europa Ocidental e a Europa Oriental, com sua análise abrangendo desde a Antiguidade Clássica até o sistema socioeconômico desenvolvido, com o sistema escravista. Perry inicia a sua argumentação levantando questões sobre a limitação do Leste e do Ocidente na Europa. Coloca que a Europa é uma criação da Idade Média, sendo confinada a metade ocidental do continente, excluindo a análise da metade oriental. Tratando do modo de produção escravo, o autor informa que a gênese do feudalismo permaneceu sem estudo e ressalta que os predecessores do modo feudal de produção foram o modo de produção escravo em decomposição e os modos de produção dos invasores germânicos. Expõe que o modo de produção escravo foi uma invenção decisiva do mundo greco-romano. Este modo de produção existiu sob várias formas no Oriente Próximo, como uma condição juridicamente impura e não predominante. Assim, foram as cidades-Estado gregas que transformaram a escravidão de sistema auxiliar para um modo sistemático de produção. Na Grécia, os escravos foram utilizados pela primeira vez na manufatura, na indústria e na agricultura, além da escala doméstica. A completa perda da liberdade formou uma subpopulação que, inversamente, elevou a cidadania grega. Essa mudança jurídica foi o correlato social e ideológico do sucesso econômico, liberando os proprietários de terra de suas raízes rurais. O estado escravo separou a residência e o rendimento, pois o produto excedente da classe possuidora podia ser extraído sem a sua presença na terra. A riqueza da classe urbana proprietária repousava sobre o excedente que rendia a presença desse sistema de trabalho. Que pese a situação do escravo, esse modo de produção proporcionou avanços no aparelhamento econômico. A civilização clássica foi de caráter colonial, com as cidades-estados se reproduzindo pelo povoamento e pelas guerras. O saque, o tributo e os escravos eram os objetos centrais do engradecimento. A principal fonte de escravos era a guerra, por meio dos prisioneiros, estabelecendo um mecanismo de dependência. Tratando da Grécia, informa que depois do colapso da civilização micênica houve uma regressão econômica e política. Contudo, com a lei aristocrática arcaica coincidiu o reaparecimento do comércio e do prosseguimento da urbanização. O advento dos tiranos rompeu a dominação das aristocracias, utilizando o ressentimento dos pobres e constituindo a transição para a pólis. A nova ordem conteve o crescimento das propriedades nobres, estabilizando as pequenas e médias propriedades, sendo acompanhada por uma nova administração política. Ganhou destaque os hoplitas, grupo guerreiro advindo da classe média agricultora das cidades. Esparta foi a primeira cidade-Estado a incorporar os resultados sociais da nova estrutura política e econômica, tendo a sua constituição como a mais avançada socialmente de seu tempo, com o primeiro direito de voto hoplita. Outras regiões foram mais lentas em seus progressos, dependendo das tiranias como fase intermediária para o desenvolvimento. A introdução da escravidão em escala maciça foi decisiva para o advento da civilização clássica grega. O apogeu das cidades-Estado baseou-se na escravidão como mercadoria, valendo-se do baixo preço, fazendo com que a pólis clássica tivesse uma volumosa população escrava, maior que o número de cidadãos livres. Era a força de trabalho escravizada que suportava toda a forma e substância da pólis e a sua marcha típica de expansão, por meio da conquista militar e do tributo. Atenas se destacou pela democracia direta. Contudo, a estrutura social não foi suficiente para gerar uma supremacia imperial. As minas de prata financiaram o seu poder naval e a produção de moedas garantiram a superioridade monetária. Mais uma vez, verifica-se na história aspectos econômicos e políticos atuando em proveito de uma dominação. A ascensão do poder ateniense, nas costas e ilhas, gozava de simpatia das classes mais pobres porque instalava regimes democráticos, embora não fossem incluídos no sistema político. As contradições atenienses permitiram que cidades mais oligarcas do interior da Grécia se unissem, sob a liderança de Esparta, contra a hegemonia ateniense. A falta de terras interiores enfraqueceu Atenas, reduzindo a resistência a coligação de rivais terrestres. Tratando do mundo helênico, o autor coloca que a ascensão da Macedônia deveu-se a anexação de minas de ouro trácias, que garantiram o aporte financeiro, e o sucesso dos exércitos, baseado em inovações como a renovação da cavalaria, ligada a infantaria leve com mobilidade. A civilização helênica deu forma ao modelo histórico do Mediterrâneo oriental, tendo sido estabelecida com soldados, administradores e mercadores gregos e macedônicos, com aumento das transações comerciais, decorrente do investimento do ouro da Pérsia por Alexandre. No império helênico, as cidades eram gregas no modelo, mas permaneciam orientais no padrão. Os governantes helênicos herdaram a tradição autocrática das civilizações do Oriente, introduzindo uma ideologia na autoridade real, com a divinização dos monarcas. Assim, nenhuma lei impessoal poderia emergir onde a vontade arbitrária do governante era a fonte das decisões. Para Perry, a ascensão de Roma marcou uma nova expansão urbana distinguindo-se pela evolução constitucional da cidade. Contudo, lutas das classes possibilitaram a criação do tribunato da plebe, uma representação corporativa da massa popular dos cidadãos. Tais lutas eram conduzidas por plebeus enriquecidos, para promover seus próprios interesses. Os pequenos proprietários jamais deixaram de existir, mas foram sendo empurrados para locais mais remotos e precários, com os nobres expandindo seus domínios para o interior. A introdução do latifúndio escravo em larga escala foi uma inovação econômica decisiva, abrindo o Ocidente para a agricultura latina. A mão de obra escrava para enormes explorações deu a Roma o poder sobre o mundo Mediterrâneo. As guerras vitoriosas proporcionavam mais cativos que eram distribuídos às aldeias e propriedades. Havia uma espécie de ciclo, pois enquanto que as guerras traziam terras, tributos e escravos; os escravos, os tributos e as terras forneciam o aparato para a guerra. No campo jurídico, o conceito de propriedade absoluta foi decisivo na criação de jurisprudência distinguindo a mera posse (o controle factual de bens) e a propriedade (pleno direito legal dos bens). No campo militar, o recrutamento constante reduziu a classe dos pequenos proprietários; e o vínculo entre legionário e comandante passou a ter um viés de reabilitação econômica para o primeiro e de avanço político para o segundo. A última República foi marcada pela miséria dos camponeses e a desordem militar, provocando o imobilismo do governo da nobreza romana na administração de seus preceitos sob as províncias, tornando-o impróprio para dirigir um império cosmopolita. A passagem da cidade-Estado para o império universal foi realizada com marcante êxito sob o Principado. Neste, o exército foi reduzido e convertido a uma força profissional permanente, tendo o recrutamento suspenso; o proletariado urbano foi apaziguado com distribuição de cereais; um ambicioso programa de construção foi lançado; e um corpo de bombeiros foi criado. O Principado significava a promoção de famílias municipais italianas às fileiras da ordem senatorial e a mais alta administração, com o senado perdendo a autoridade central do Estado. Preservava o sistema legal clássico romano, superpondo os novos poderes do imperador no campo da lei pública, sendo subsequente a crescente provincialização do poder central do Império. O Império foi consumado com a concessão da cidadania romana a quase todos os habitantes livres. Paralelamente, a insuficiente mão de obra escrava era fornecida pela periferia bárbara. Nesse contexto, o autor especula, por haver pouca evidência, que parte da deficiência de mão de obra foi minimizada pela procriação de escravos. O modo de produção escravo não era desprovido de progresso técnico. Sem grande repercussão, o moinho e a colheitadeira são exemplos de invenções. O primeiro representou o uso de força inorgânica na produção e a segunda acelerou a colheita. A superestrutura imperial proporcionou a infraestrutura da escravidão e impediu o crescimento da empresa comercial. O Estado podia expandir-se, sendo, de longe, o maior consumidor do império, levando pouco benefício para a economia urbana e um obstáculo para o setor manufatureiro. O volume e o peso do Estado tendiam a sufocar a iniciativa comercial privada e a atividade empresarial. Um Estado grande e pesado atrapalha o dinamismo econômico. Prosseguindo, o autor informa que problemas políticos domésticos e as invasões estrangeiras trouxeram sucessivas epidemias, enfraquecendo as populações do império já diminuídas pelas guerras. Agravando o problema, as terras eram abandonadas e a escassez no abastecimento da produção agrícola aumentava. Como uma solução ao problema, o recrutamento foi reintroduzido. Grande número de bárbaros incorporaram ao exército, suprindo muitos regimentos de elite. Esta situação deslocou a aristocracia senatorial do papel tradicional no sistema político, passando o poder imperial para o oficialato profissional do exército. O processo foi auxiliado pela mobilidade social advinda das novas vias de promoção militar. O centro do poder político deixou de ser a capital mudando para o campo militar de áreas fronteiriças, tendo como razão o papel das províncias balcânicas no fornecimento de recursos humanos para o exército. O vigor militar e burocrático dos novos governos completou a estabilização do Estado imperial. O senado aumentou e criou uma nova elite patrícia dentro de si. A expansão do Estado foi seguida por um retraimento da economia, evidenciada pelo declínio estatístico na população e pelo abandono de terras já cultivadas. Estava havendo uma gradual ruralização do império. Com a crise, o relacionamento entre o centro e a periferia se inverteu, o primeiro procurava persuadir o segundo. Nas condições recessivas do império, o trabalho escravo se tornava cada vez mais raro e incômodo, sendo convertido pelos proprietários de terras em servidões dependentes do solo, resultando no surgimento e na ocasional predominância do rendeiro camponês (colono). Com a formação do colonato, o sistema econômico corria basicamente ao longo do relacionamento entre o produtor rural dependente, o senhor e o Estado, não resultando em impulsos tecnológicos. Contudo, a escravidão não desapareceu, pois era imprescindível para o sistema imperial, que se assentava, ainda, sobre o fornecimento desse tipo de mão de obra. As cidades do oriente eram mais numerosas e preservavam sua vitalidade comercial em extensão maior que as do ocidente, refletindo, de certa forma, a diferença existente entre as classes de proprietários que existiam em cada região. De certa forma, essas diferenças contribuíram para o fato do Oriente não ter guerras civis, enquanto o Ocidente passava por repetidas lutas internas. Estes levantes combinavam rebeliões contra a escravidão e o colonato. Ao tratar do cenário germânico o autor expõe que as tribos germânicas possuíam um modo de produção comunal, desconhecendo a propriedade privada. Com o comércio com os romanos surgiu uma influência que promoveu disputas entre as tribos e acelerou diferenciações sociais e níveis mais elevados de organização militar e política. Nesse contexto, vários guerreiros germânicos se voluntariaram para compor os regimentos romanos. Sobre as invasões, Perry informa que elas assolaram o Império Ocidental se desdobrando em duas fases sucessivas, fragmentando a unidade econômica, política e militar da região. As invasões não se limitaram às regiões diretamente contíguas às suas regiões originais. A principal questão das comunidades invasoras era a da disposição econômica das terras, afetando pouco a estrutura da sociedade romana. A comunidade romana manteve o seu aparelho administrativo e sistema jurídico. Com isso, dois códigos jurídicos subsistiam, aplicados a cada respectiva população. Além disso, a religião cristã consagrou o abandono do mundo subjetivo do clã, adotando o arianismo. Com relação à escravidão, ela foi preservada junto com outras instituições rurais, incluindo o colonato. A segunda onda de invasões germânicas diferiu da primeira, de vida curta, em seu caráter, pois determinou o mapa do feudalismo ocidental. A sedimentação cultural da segunda onda de conquistas foi mais profunda e duradoura que a primeira, pois dispunham de volume e de espaço para construir formas sociais mais complexas e duradouras no Ocidente. A mudança da grande propriedade agrária foi, provavelmente, maior na segunda onda de invasões. Contribuiu para isso o colapso do governo romano, que minou a estabilidade do instrumento básico de colonização rural latina. Contudo, não é possível estimar a proporção da combinação de propriedades nobres germânicas, de arrendamentos dependentes, de pequenas propriedades camponesas, de terras comunais e da escravidão rural. Politicamente, a segunda onda de invasão marcou o fim das leis e administrações dualistas, desmoralizando o legado jurídico romano. O abandono das tradições da Antiguidade clássica levou a uma regressão do nível de desempenho dos Estados. Como exemplo, a cunhagem de moedas de ouro desapareceu, como consequência das deficiências de comércio endêmicas com o Leste bizantino e também das conquistas árabes. Por fim, a colisão e dissolução dos dois modos primitivo e antigo de produção produziu a ordem feudal que se disseminou por toda a Europa medieval, O feudalismo foi a síntese histórica do que ocorreu no período de domínio greco-romano, sendo o resultado específico, na Europa Ocidental, de uma fusão dos legados romano e germânico, após séculos de pacífica absorção pelos povos germânicos. O mundo romano foi gradualmente conquistado.