Medicao de Descarga Liquida em Grandes Rios

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Agncia Nacional de guas


Ministrio do Meio Ambiente

Medio de
DESCARGA LQUIDA
em Grandes Rios
MANUAL T C NICO
2a Edio

Superintendncia de Gesto da Rede Hidrometeorolgica


Braslia DF
2014

2014, Agncia Nacional de guas (ANA).

Setor Policial Sul, rea 5, Quadra 3, Blocos B, L, M e T


CEP 70610-200, Braslia DF
PABX: (61) 2109 5400 / (61) 2109 5252
Endereo eletrnico: www.ana.gov.br

Comit de editorao
Joo Gilberto Lotufo Conejo
Diretor
Reginaldo Pereira Miguel
Representante da Procuradoria Geral
Srgio Rodrigues Ayrimoraes Soares
Ricardo Medeiros de Andrade
Joaquim Guedes Corra Gondim Filho
Superintendentes
Mayui Vieira Guimares Scafura
Secretria-Executiva

Equipe editorial
Coordenao Geral do Material Tcnico: Valdemar Santos Guimares
Edio do Material Tcnico: ndr Luis Martinelli dos Santos, Celso Rosa de vila, Fabrcio Vieira Alves, Marcelo
Wangler de vila, Mrcio de Oliveira Cndido, Matheus Marinho de Faria e Moacyr Carvalho de Aquino
Reviso de Texto: Leny Simone Tavares Mendona
Fotografias: Banco de Imagens ANA. As demais fotos foram tiradas na sesso de medio do Rio Solimes em
Manacapuru/AM.
As ilustraes, tabelas e quadros que no apresentam fonte foram elaboradas no mbito da SGH/ANA
Capa: Rio Amazonas, AM Grard Moss / Banco de imagens ANA
Todos os direitos reservados.
permitida a reproduo de dados e informaes contidos nesta publicao, desde que citada a fonte.
Catalogao na fonte: CEDOC / BIBLIOTECA
A265m

Agcia Nacional de guas (Brasil)


Medio
de
descarga
lquida
em
grandes
rios:
manual
tcnico
/
Agncia
Nacional
de guas. -- 2. ed. -- Braslia: ANA, 2014.
94p : il.
ISBN 978-85-8210-026-4
1. Recursos hdricos. 2. Fluviometria. 3. Medio
de vazo.4. Manual tcnico grandes rios. I. Agncia
Nacional de guas (Brasil). II. Superintendncia
de Gesto da Rede Hidrometeorolgica. III. Ttulo.
CDU556.18:556.08(035)

LISTA DE FIGURAS
1 - Estaes fluviomtricas em operao no Brasil....................................................................................................................14
2 -

Estaes pluviomtricas em operao no Brasil...................................................................................................................15

3 - Rgua de alumnio anodizado e pintada sobre concreto.............................................................................................16


4 - Seo de rgua sem escadaria e com escadaria...................................................................................................................16
5 - Lingrafo de bia (modelo stevens) e poo tranqilizador..........................................................................................17
6 - Lingrafos de presso de bolhas e transdutor eletrnico..............................................................................................17
7 - Lingrafo de boia digital............................................................................................................................................................................17
8 - Referncia de nvel de concreto.........................................................................................................................................................17
9 - Pluvimetros VilLe de Paris e modelo DNAEE e proveta..............................................................................................18
10 - Pluvigrafos de bia, balana e cubas basculantes (PCD)............................................................................................19
11 - Pluvigrafo digital (sensor de chuva com datalogger)....................................................................................................19
12 - Mtodo direto de posicionamento com cabo de ao graduado............................................................................22
13 - Utilizao do sextante................................................................................................................................................................................23
14 - Parmetros para clculo da posio da vertical B...............................................................................................................23
15 - Utilizao do teodolito para posicionamento do barco e alvos de visada.....................................................24
16 - Variveis envolvidas no posicionamento do barco............................................................................................................24
17 - Utilizao DGPS na margem (base) e no barco (mvel).................................................................................................25
18 - Mtodos de batimetria: vau, guincho hidromtrico e ecobatmetro.............................................................26
19 - Ecobatmetro com detalhe do transdutor.................................................................................................................................26
20 - Grandezas necessrias para determinao da descarga lquida.............................................................................30
21 - Partes do molinete (corpo e hlice) e o passo da hlice................................................................................................31
22 - Relao entre a velocidade da gua e as rotaes medidas pelo molinete..................................................31
23 - Estrutura do guincho (cabo de ao e medidor da profundidade do molinete) e do molinete
e lastro (formato hidrodinmico)......................................................................................................................................................32
24 - Instalao do ecobatmetro na lateral do barco, contador digital de pulsos e registrador de
dados do ecobatmetro.............................................................................................................................................................................32
25 - Clculo da seo mdia - verificao das verticais e reas...........................................................................................33
26 - Clculo da meia seo - verificao das verticais e reas..............................................................................................34
27 - Curva de descarga de controle nico............................................................................................................................................36
28 - Curva de descarga com mudana de controle......................................................................................................................37
29 - Medies de descarga indicando curva de descarga em lao..................................................................................37
30 - Seo de medio com o PI E PF e verticais de medio de velocidades.......................................................40
31 - Procedimentos para ancoramento do barco...........................................................................................................................41

32 - Clculo das variveis D, X, Y com o barco jusante da seo transversal PI-PF..........................................41


33 - Clculo das variveis D, X, Y com o barco montante da seo transversal PI-PF....................................42
34 - Perfil transversal da seo obtida pelo mtodo barco ancorado...........................................................................46
35 - Parmetros para clculo da vazo pelo mtodo dos grandes rios........................................................................47
36 - Posicionamento do barco durante a medio utilizando teodolitos..................................................................47
37 - Ecobatmetro com contador de pulsos digital do molinete e utilizao do rdio comunicador
para posicionamento do barco...........................................................................................................................................................48
38 - Triangulao em Manacapuru/AM e posicionamento dos teodolitos...............................................................48
39 - Perfil transversal da seo de medio pelo mtodo dos grandes rios............................................................55
40 - Medio de vazo pelo mtodo Smoot.......................................................................................................................................56
41 - Alvo prximo margem e contador de pulsos pelo mtodo barco em movimento............................56
42 - Seo de medio com a utilizao do mtodo do barco em movimento...................................................57
43 - Equipamentos para medio pelo mtodo Smoot a 1 metro de profundidade.......................................57
44 - Eixo vertical fixado na proa do barco e medidor de ngulo.......................................................................................58
45 - Perfil transversal da seo de medio pelo mtodo Smoot.....................................................................................61
46 - Comparao da medio com ADCP com mtodo convencional (Molinetes)...........................................61
47 - Mapeamento da seo transversal pelo ADCP/ADP.........................................................................................................62
48 - Tela do programa Winriver (RDI Instruments fabricante do ADCP)..................................................................62
49 - Tela do programa River Surveyor (Sontek fabricante do ADP).............................................................................63
50 - Ondas A fonte estacionria e B fonte em movimento............................................................................................63
51 - Medio de descarga lquida pelo mtyodo acstico em grandes rios............................................................65
52 - Perfil de velocidade da seo medida com o ADCP no Rio Solimes, Manacapuru em
07/08/2002 (123.619m3/s).......................................................................................................................................................................65
53 - Vista dos 3 transdutores do ADP e dos 4 transdutores acsticos do ADCP utilizados para
emitir e receber os pulsos sonoros...................................................................................................................................................66
54 - Modo como o ADCP mede vazo.....................................................................................................................................................67
55 - reas medidas e calculadas (margens, fundo e topo) pelo ADCP.........................................................................67
56 - Fontes de interferncia e forma do sinal emitido por cada transdutor do ADCP.....................................68
57 - Extrapolao das reas no medidas (exponencial).........................................................................................................68
58 - Tela de configurao inicial do programa Winriver (ADCP).........................................................................................69
59 - Principais comandos do WH Rio Grande ADCP (RDI)........................................................................................................69
60 - Configurao inicial do River Surveyor da Sontek..............................................................................................................69
61 - Configuration Wizard...................................................................................................................................................................................70

62 - Ficha de medio de vazo com ADCP........................................................................................................................................79


63 - Estao fluviomtrica de Manacapuru (14.100.000)......................................................................................................89
64 - Estao pluviomtrica de Manacapuru (00360001).......................................................................................................89
65 - Estao telemtrica de Manacapuru (14.100.000)...........................................................................................................90
66 - Alvos da seo de medio de descarga lquida da estao Manacapuru.....................................................91
67 - Curva-chave da estao Manacapuru/AM (14.100.000).................................................................................................91

LISTA DE TABELAS
1 - Grandezas Geomtricas da Seo.................................................................................................................................................... 28
2 - Grandezas do Escoamento na Seo............................................................................................................................................ 29
3 - Frmulas para Clculo da Velocidade Mdia na Vertical............................................................................................... 30
4 - Freqncias Mximas de Contagem Tericas e Prticas............................................................................................... 32
5 - Valores Medidos de Profundidade Total e ngulos dos Teodolitos para Vertical..................................... 42
6 - Clculo da Distncia (D) do Barco Margem Esquerda do Rio................................................................................ 43
7 - Clculo das Coordenadas (X e Y) do Barco e Velocidade Medida pelo Molinete para a Vertical,
Profundidade e VelocIdade Integrada......................................................................................................................................... 44
8 - Clculo das Velocidades Mdias, Largura (Mtodo Meia Seo), rea, Vazo em Vertical e Total... 45
9 - Valores Medidos de Profundidade Total e ngulos Teodolitos para Vertical e Profundidade....... 49
10 - Clculo da Distncia (D) Percorrida pelo Barco para cada Vertical e Profundidade............................... 50
11 - Clculo das Coordenadas (X e Y) do Barco e Velocidade Medida pelo Molinete para cada
Vertical e Profundidade............................................................................................................................................................................ 52
12 - Clculo das Velocidades (Molinete, Barco, Longitudinais, Rio), Largura (Mtodo Meia Seo),
rea e Vazo para cada Vertical (Mtodo Grandes Rios)............................................................................................... 54
13 - Coeficientes do Molinete Utilizado nas Travessias............................................................................................................. 58
14 - Clculo das Velocidades Mdias, Distncias Percorridas, reas Parciais e Vazes Parciais para
cada Vertical e Vazo Total da Travessia...................................................................................................................................... 59
15 - Resumo das Medies em cada Travessia e Correo da Vazo em Funo da Distncia entre
as Margens (Kl)................................................................................................................................................................................................. 60
16 - Valores Mnimos e Mximos para Equipamentos WH Rio Grande ADCP (RDI)........................................... 70
17 - Distncias para o Blanking nos Equipamentos ADCP (RDI)........................................................................................ 71

SUMRIO
Apresentao................................................................................................................................................................................................................................................. 11
1 Medio de Variveis Hidrolgicas................................................................................................................................................................................ 13
1.1 Nvel de gua.................................................................................................................................................................................................................................. 15
1.2 Precipitao..................................................................................................................................................................................................................................... 18
2 Levantamentos Topogrficos e Batimtricos.................................................................................................................................................... 21
2.1 Medidas de distncia e ngulo................................................................................................................................................................................... 22
2.1.1 Posicionamento com sextante...................................................................................................................................................................... 23
2.1.2 Posicionamento com teodolito..................................................................................................................................................................... 24
2.1.3 Posicionamento com distancimetro..................................................................................................................................................... 25
2.1.4 Posicionamento com DGPS.............................................................................................................................................................................. 25
2.2 Levantamento batimtrico.............................................................................................................................................................................................. 26
3 Medio de Descarga Lquida.............................................................................................................................................................................................. 27
3.1 Variveis da medio de descarga lquida...................................................................................................................................................... 28
3.2 Mtodo convencional com molinete hidromtrico.............................................................................................................................. 29
3.3 Mtodos de clculo: seo mdia e meia seo....................................................................................................................................... 33
3.3.1 Seo mdia................................................................................................................................................................................................................... 33
3.3.2 Meia seo........................................................................................................................................................................................................................ 33
4 Curva de Descarga Lquida (ou Curva-chave)................................................................................................................................................... 35
5 Tcnicas de Medio da Descarga Lquida em Grandes Rios......................................................................................................... 39
5.1 Mtodo do barco ancorado............................................................................................................................................................................................ 40
5.2 Mtodo dos grandes rios (mtodo barco no-ancorado).............................................................................................................. 46
5.3 Mtodo do barco em movimento (moving boat ou smoot)....................................................................................................... 55
5.4 Mtodo acstico (efeito doppler)............................................................................................................................................................................. 61
5.4.1 Conceito do princpio doppler........................................................................................................................................................................ 63
5.4.2 A tecnologia ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler).......................................................................................................... 63
5.4.3 Fundamentos da medio de vazo com adcp............................................................................................................................. 66
5.4.4 Perspectivas.................................................................................................................................................................................................................... 71
5.4.5 Quebra de paradigmas do princpio doppler................................................................................................................................... 71
5.4.6 Terminologia doppler............................................................................................................................................................................................. 72
5.4.7 Ficha de medio com ADCP........................................................................................................................................................................... 72
5.4.8 Guia de procedimentos para medio com ADCP....................................................................................................................... 72

6 Estudo de Caso Estao Manacapuru............................................................................................................................................................... 81


6.1 Fotos........................................................................................................................................................................................................................................................ 89
6.1.1 Estao fluviomtrica............................................................................................................................................................................................ 89
6.1.2 Estao pluviomtrica........................................................................................................................................................................................... 89
6.1.3 Estao telemtrica.................................................................................................................................................................................................. 90
6.1.4 Seo de medio de descarga lquida.................................................................................................................................................. 90
6.2 Curva-chave..................................................................................................................................................................................................................................... 91
7 Referncias.................................................................................................................................................................................................................................................. 93

APRESENTAO
O Brasil possui uma disponibilidade hdrica superficial estimada em 8.160 km/ano,
aproximadamente 18% do total disponvel no globo terrestre. Apenas o rio Amazonas,
que possui uma vazo mdia de 209.000 m/s, lana no Oceano Atlntico aproximadamente 6.590 km/ano.
O crescimento populacional das ltimas dcadas e os correspondentes nveis de demanda
de gua para satisfao dos seus diversos usos, consuntivos e no consuntivos, esto
contribuindo para seu esgotamento em muitas partes do mundo, seja em termos dos
volumes remanescentes, seja pela deteriorizao da sua qualidade, resultando da considerar
a gua um recurso natural limitado, dotado de valor social, econmico e ambiental.
A gesto da rede bsica de estaes hidromtricas em todo territrio brasileiro vem
sendo realizada pela Superintendncia de Gesto da Rede Hidrometeorolgica SGH
da Agncia Nacional de guas ANA, sendo as estaes operadas por diferentes empresas e entidades parceiras.
Atualmente, 28.230 estaes hidrometeorolgicas de diversas operadoras esto
cadastradas no banco de dados hidrometeorolgicos da ANA, sendo 16.530 estaes
pluviomtricas e 11.700 estaes fluviomtricas, das quais 912 so sedimentomtricas
e 3.999 de qualidade da gua. Encontram-se efetivamente, em operao no pas, 9.440
estaes pluviomtricas e 7.008 fluviomtricas. Das estaes fluviomtricas, 3.999 tem
monitoramento de qualidade de gua e 912 tem medies sedimentomtricas (Banco
de Dados Hidro. Acesso em: novembr 2013).
As informaes hidrolgicas obtidas com estas estaes esto sendo consideradas, cada
vez mais, estratgicas para o gerenciamento dos recursos hdricos e desenvolvimento
de projetos em vrios segmentos da economia como: agricultura, transporte, energia
e meio ambiente. Destacam-se os esforos empreendidos para a produo de dados
e informaes hidrolgicas, mediante o emprego de tecnologias modernas para
seu processamento, tendo como objetivos a espacializao dos dados por meio do
geoprocessamento e sua disponibilizao na Internet como forma de democratizar
sua divulgao.
A implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos (PNRH) defronta-se com
uma grande necessidade de conhecimentos cientficos e tecnolgicos, ao mesmo
tempo em que depende de formao e treinamento de pessoal, em todos os nveis,
para fazer face s tarefas que se impem com a Lei das guas.
Diante da necessidade de padronizar as atividades desenvolvidas no campo da
hidrometria e de orientar tcnicos, pesquisadores e demais profissionais da rea, a ANA
pretende oferecer o presente Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida
em Grandes Rios.

MEDIO
DE VARIVEIS
HIDROLGICAS

14 Agncia Nacional de guas

A gua existe em praticamente todo o planeta, na


atmosfera, na superfcie dos continentes, nos mares,
oceanos e no subsolo, em permanente circulao, processo denominado ciclo hidrolgico.
A palavra hidrologia deriva das palavras gregas hydro
(gua) e logos (cincia) designando, portanto, a cincia cujo objeto o estudo da gua sobre a terra, sua
ocorrncia, distribuio e circulao, suas propriedades e
seus efeitos sobre o meio ambiente e a vida. Entretanto,
por causa da enorme amplitude dessa definio, numerosas disciplinas se constituram em cincias especializadas
(meteorologia, limnologia, oceanografia, ecologia), alm
de estudos como a hidrometria (SANTOS et al., 2001).

Essas grandezas podem ser medidas diretamente, como


ocorre com a precipitao e com o nvel de gua; ou indiretamente, como o caso da vazo lquida e slida e da
evapotranspirao, quando se medem grandezas tpicas
que guardam uma determinada relao funcional com a
varivel em pauta.
Pelo exposto, fica evidente a necessidade de medir no
campo uma srie de variveis hidrolgicas e meteorolgicas, visando o conhecimento das caractersticas hidrolgicas e possibilitando a aplicao dos modelos matemticos
na previso de nveis e/ou vazes, a estimativa da probabilidade associada a eventos raros e a quantificao as possibilidades do aproveitamento dos recursos hdricos.

Mapa: Simone / Banco de mapas ANA/SGH Atualizado em maio de 2009

A execuo de estudos relacionados aos recursos hdricos depende diretamente das medidas e observaes
coletadas em campo. Toda e qualquer modelagem a ser
definida para o desenvolvimento de pesquisa em uma
determinada bacia hidrogrfica depende diretamente
da coleta dos dados bsicos de campo, de forma contnua e precisa. (SANTOS et al., 2001).

A hidrometria um captulo da hidrologia que consiste


na medio das grandezas que interessam ao estudo da
gua na natureza, como vazes (lquidas e slidas) e nveis dgua em rios, lagos e represas, ndices pluviomtricos (chuva) e outros parmetros. Pode ser aplicada tambm em medies de gua em estaes de tratamento
de gua ou de esgotos (WIKIPEDIA, 2007).

Figura 1: Estaes fluviomtricas em operao no Brasil.

Mapa: Simone / Banco de mapas ANA/SGH Atualizado em maio de 2009

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 15

Figura 2: Estaes pluviomtricas em operao no Brasil.

Um local de observao chamado de posto ou


estao. Por exemplo, um posto pluvio-fluviomtrico
o local onde se medem precipitaes, nveis dgua e
vazes. Como decorrncia da variao espacial considervel dessas grandezas, necessita-se, para caracterizar
uma bacia hidrogrfica, de vrias estaes distribudas
sobre a sua superfcie, o que leva ao conceito de redes
de monitoramento, ou seja, um conjunto de estaes
pluviomtricas, fluviomtricas, sedimentomtricas, meteorolgicas e de qualidade da gua distribudas sobre
uma determinada regio.
O Planejamento de uma rede de monitoramento
hidrolgica depende diretamente de um bom
pocisionamento de estaes para a produo de dados
confiveis vislumbrando os multiplos usos dos recursos
hdricos. Para uma boa distribuio dessas estaes
torna-se indispensvel a verificao das cxaractersticas
geogrficas, assim como, variaes socio-econmicas da
bacia (SILVA e VILA, 2012).

A Rede Hidrometeorolgica em operao no Brasil, sob


responsabilidade da ANA e de outras entidades, est
representada nas Figuras 1 e 2.

1.1 Nvel de gua


O estudo do regime hidrolgico de um curso dgua
exige, evidentemente, o conhecimento da variao de
seu nvel e vazo ao longo do tempo.
Como a avaliao diria das vazes por um processo direto
seria excessivamente onerosa e complicada, opta-se em
geral pelo registro dirio, duas vezes ao dia (nas estaes
da ANA s 7 horas e s 17 horas) ou contnuo no tempo, do
nvel dgua e pela determinao da relao entre nvel de
gua e vazo (curva ou tabela cota-vazo).
Neste tpico ser descrito apenas a medio do nvel
da gua (cota do rio), visto que a medio da vazo ser
tratada posteriormente.

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

16 Agncia Nacional de guas

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Figura 3: Rgua de alumnio anodizado e pintada sobre concreto.

Figura 4: Seo de rgua sem escadaria com escadaria.

Mede-se o nvel de gua por meio de linmetros, mais


comumente chamados de rguas limnimtricas e lingrafos. Uma rgua limnimtrica uma escala graduada,
de madeira, de metal (esmaltado ou no), ou mesmo
pintada sobre uma superfcie vertical (Figuras 3 e 4).
Evidentemente, as leituras de uma rgua limnimtrica esto sujeitas a uma srie de erros, entre os quais,
alm de dificuldades naturais na leitura durante cheias,
os chamados erros grosseiros (resultantes da impercia
ou negligncia do observador), e os erros sistemticos
que, em geral, provm de mudanas causais ou mal documentadas do zero da rgua.

A rgua pode no ser representativa da situao de


mdia diria. perfeitamente possvel que tenha
ocorrido um mximo (ou mnimo) no intervalo das
leituras. Esse problema particularmente importante
nas bacias hidrogrficas pequenas e/ou urbanas.
Para contornar esse tipo de problema, costuma-se
instalar em estaes fluviomtricas com variaes rpidas de nvel, aparelhos registradores contnuos do nvel
dgua, denominados lingrafos. Sob o ponto de vista
funcional existem os lingrafos de bia, colocado em
Poo Tranquilizador (Figura 5) e de presso (Figura 6).

Figura 8: Lingrafo de boia digital.


Foto: Matheus / Banco de imagens ANA

Foto: Matheus / Banco de imagens ANA

Foto: Celso / Banco de imagens ANA

Figura 7 : eferncia de nvel de concreto.

Foto: Celso / Banco de imagens ANA

Foto: Alessandro / Banco de imagens ANA

Foto: Alessandro / Banco de imagens ANA

Foto: Bosco / Banco de imagens ANA

Foto: Bosco / Banco de imagens ANA

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 17

Figura 5: Lingrafo de bia (modelo Stevens) e poo tranqilizador.

Figura 6: Lingrafos de presso: de bolhas e transdutor eletrnico.

18 Agncia Nacional de guas

Esses dados so coletados por meio da conexo entre o


datalogger e um computador porttil ou mesmo serem
transmitidos remotamente por sistema de telemetria (ver
descrio dos pluvigrafos digitais no item 1.2 a seguir.

1.2 Precipitao

O pluvimetro Ville de Paris possui uma rea de captao


de 400 cm2, de modo que um volume de 40 ml corresponde a 1 mm de precipitao. A gua acumulada no
aparelho retirada por meio de uma torneira situada no
fundo do aparelho em horrios pr-fixados (nas estaes
da ANA s 7 horas) e medida por meio de uma proveta
calibrada especificamente para o tipo de pluvimetro
utilizado. Ainda existe, para evitar a entrada de sujeira e
reduzir a evaporao da gua, uma peneira entre a rea
de captao e o depsito de gua.
O valor da precipitao anotado no dia da leitura para
facilitar a ao dos observadores, embora a maior parte do perodo transcorrido entre as observaes tenha
ocorrido no dia anterior. Portanto, as observaes de

Foto: Bosco / Banco de imagens ANA

No Brasil, onde a absoluta maioria da precipitao


(mais de 99%) est sob a forma de chuva, mede-se

O pluvimetro um aparelho dotado de uma superfcie


de captao horizontal delimitada por um anel metlico e de um reservatrio para acumular a gua recolhida,
ligado a essa rea e captao. Em funo dos detalhes
construtivos, h vrios modelos de pluvimetros em uso
no mundo, sendo no Brasil bastante difundido o tipo
Ville de Paris (Figura 9).

Figura 9: Pluvimetros Ville de Paris e modelo DNAEE e proveta.

Foto: Bosco / Banco de imagens ANA

Os lingrafos podem ser do tipo analgico com registrador grfico ou digital, armazenando a informao a ser
coletada em um datalogger equipamento destinado
a executar a aquisio e a gravao de dados durante um perodo de tempo, eliminando a necessidade da
presena de um operador durante a coleta (Figura 8).

convencionalmente a precipitao por meio de aparelhos


chamados pluvimetros e pluvigrafos.

Foto: Bosco / Banco de imagens ANA

Um detalhe importante a necessidade de instalar junto


rgua, duas ou mais referncias de nvel (RN), para
permitir a reinstalao na mesma cota, na eventualidade
de os lances serem destrudos por uma enchente ou atos
de vandalismo, ou at mesmo para o nivelamento dos
nveis de rgua durante a campanha de manuteno da
estao. importante que as referncias de nvel sejam
identificadas com um nmero sequencial e com cota em
relao ao zero da rgua (Figura 7).

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 19

Figura 10: Pluvigrafos de bia, de balana e cubas basculantes (PCD).

Para medio de chuvas de pequena durao ou quando


se exige o conhecimento da chuva em intervalos menores
(monitoramento de pequenas bacias), so utilizados os
chamados pluvigrafos.

A gerao atual de pluvigrafos utiliza tecnologia digital, com o registro dos eventos armazenamentos em Datalogger equipamento com capacidade de memria
varivel, capaz de armazenar as informaes em intervalos de tempo previamente determinados. Este avano
tecnolgico permite eliminar a difcil tarefa de leitura de
interpretao grfica, eliminando erros e reduzindo custos.

Foto: Celso / Banco de imagens ANA

Esses aparelhos so capazes de registrar continuamente,


de forma analgica ou digital, a precipitao em determinado local. Nos aparelhos de registro analgico existe
um mecanismo que registra graficamente a chuva acumulada.

Entre os diferentes tipos de pluvigrafos em uso, h trs


sistemas mais usuais: o de bia, balana e cubas basculantes (Figura 10).

Figura 11: Pluvigrafo digital (sensor de chuva com datalogger).

Foto: Celso / Banco de imagens ANA

chuva referem-se ao total acumulado nas ltimas 24 horas, quando este for o intervalo entre as leituras.

20 Agncia Nacional de guas

O sensor de chuva pode ser o de cubas basculantes,


emitindo pulsos que so recebidos pelo Datalogger
acoplado ao sensor. Os dados armazenados so
coletados com o uso de computadores portteis ou
coletor de dados.
Existem equipamentos em que o sensor de chuva e o
Datalogger encontram-se numa nica unidade (pluvigrafo digital) e outros onde o sensor funciona numa Plataforma de Coleta de Dados PCD, levando a informao
ao Datalogger por meio de cabos prprios (Figura 11).
Esses sensores digitais, quando inseridos a um sistema de
telemetria, com modem e meio de comunicao (satlite,
telefonia celular, telefonia convencional ou rdio), fornecem a informao em tempo real, na central de controle,
em intervalos de tempo previamente programados.

LEVANTAMENTOS
TOPOGRFICOS
E BATIMTRICOS

22 Agncia Nacional de guas

2.1 Medidas de distncia e ngulo


As medidas de distncia podem ser realizadas pelos
processos direto e indireto.
O processo direto consiste em se percorrer a distncia
a ser medida, verificando o nmero de vezes que uma
unidade de medida linear (metro) cabe dentro do espao
a se medir. O instrumento mais utilizado na medida direta
de distncia a trena, sendo que o cabo de ao graduado
tambm usado com frequncia em hidrometria.

Muitas vezes torna-se necessrio utilizar a Lei dos


Senos e dos Cossenos no clculo do posicionamento
do barco e para obteno da triangulao da seo de
medio de descarga, em funo do posicionamento
dos alvos nas margens.

C
b
a
A

O processo indireto utiliza equipamentos que consideram


somente as extremidades da distncia a medir.

Lei dos senos:

Em hidrometria, a escolha do processo depende do tipo


de levantamento e das caractersticas do local, alm do
equipamento e equipe de hidrometristas disponveis.

a
b
c
=
=
sen (A) sen (B ) sen (C )

2
2
2
Lei dos cossenos: c = a + b 2 a b cos(C )

Cabe recordar que:


se : sen (A + B ) = sen (A)cos (B )+ sen (B )cos(A)

( )

( )

ento: sen 180 o C = sen 180 o cos(C ) sen (C) cos 180 o = 0 sen (C )( 1)

logo : sen 180 o C = sen (C )

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Os instrumentos de medida de distncias e ngulos so


utilizados principalmente nas medies de vazo e nos
levantamentos batimtricos das sees transversais,
com o objetivo de determinar a largura do rio, a
distncia entre o Ponto Inicial - PI e o Ponto Final - PF e
o posicionamento das verticais.

Figura 12: Mtodo direto de posicionamento com cabo de ao graduado.

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 23

Foto: Marcelo / Banco de imagens ANA

Nos rios de pequeno e mdio porte, normalmente so


utilizados os mtodos diretos para posicionamento das
verticais, trena e cabo de ao graduado, respectivamente.

Foto: Marcelo / Banco de imagens ANA

Nos rios com largura superior a 300 m ou rios menores


que apresentam velocidade elevada, normalmente so
utilizados os mtodos indiretos de distncia. Neste caso,
de maneira geral, o posicionamento do barco feito por
triangulao, com o equipamento denominado Sextante
ou Teodolito1 ou por um processo eletrnico utilizandose o distancimetro.2

2.1.1 Posicionamento com sextante


Sextante um instrumento tico destinado a medir
um ngulo entre dois objetos (Figura 13), permitindo
leituras com preciso de um minuto de ngulo. Em
hidrometria, o sextante utilizado para medir, a partir
do barco, o ngulo horizontal entre alvos instalados
previamente nas margens, possibilitando determinar o
posicionamento da embarcao.
Na operao se segura com firmeza o instrumento
posicionado na horizontal e visa-se o alvo principal
atravs da luneta. As marcaes so feitas com o auxlio
de um suplemento montado em cima da agulha,
denominado alidade de marcao. Movendo a alidade,
leva-se a imagem refletida do alvo secundrio a coincidir
com a imagem do alvo visado diretamente. A alidade
indica no limbo do sextante o valor do ngulo medido.

A medio com sextante consiste em posicionar o barco


na vertical escolhida, seguindo o alinhamento dado
pelos alvos da margem esquerda ME e pelos alvos da
MD (margem direita). Mede-se com o sextante, a partir do
barco, o ngulo formado entre o alinhamento e os alvos
localizados na mesma margem. Obtm-se, assim, um
tringulo com uma distncia e dois ngulos conhecidos,
conforme mostra a Figura 14, em que:

Figura 13: Utilizao do sextante.

C = ngulo obtido com a triangulao;


B = ngulo lido no sextante;
b = base da triangulao;
a = distncia a ser calculada para determinar a
posio da embarcao no eixo da seo
de medio.
Alvo F1
A
c

a = b
1

O teodolito um instrumento ptico utilizado na topografia e na


agrimensura para realizar medidas de ngulos verticais e horizontais, usado em redes de triangulao.
Equipamento eletrnico usado em levantamentos topogrficos ou
geodsicos para determinao de distncias.

PI

a=b

sen ( B + C

PF

sen ( B )
sen

[ 180 o ( B + C )]
sen ( B )

Figura 14: Parmetros para o clculo da posio da vertical B.

24 Agncia Nacional de guas

Para uma maior segurana, devem-se ler no mnimo dois


ngulos para cada posicionamento do barco e utilizar a
mdia destes valores no clculo da distncia.

2.1.2 Posicionamento com teodolito


Este processo pode ser aplicado para o posicionamento
do barco ancorado ou em movimento e consiste na
instalao de dois teodolitos na margem; e um teodolito
(T2) deve estar posicionado na margem, no alinhamento
da seo transversal e tem a funo de indicar o
posicionamento da embarcao em relao ao eixo da
seo de medio (montante ou jusante da seo).

A distncia do barco ao PI (d) e das coordenadas x e y


do barco so determinadas a partir dos seguintes valores
(Figura 16):
conhecidos pela triangulao da seo de medio:
a base b (distncia T1-T2 sendo geralmente T2
localizado no PI) e dos ngulos O1 e O2;
obtidos com os teodolitos durante a medio:
ngulos e .

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Celso / Banco de imagens ANA

O segundo teodolito (T1) dever estar localizado na


margem de tal maneira que possa visualizar toda a
extenso da seo transversal e estar a uma distncia
mnima de (T2) equivalente a um tero da distncia entre
PI e PF. Esse teodolito medir o ngulo () formado, no
momento do posicionamento, entre o alinhamento (T1 /
embarcao) e o alinhamento (T1 /T2) (Figura 15).

Figura 16: Variveis envolvidas no posicionamento do barco.

A distncia PI-PF (constante durante toda a medio)


determinada a partir da base b e dos ngulos O1 e O2,
a distncia d e as coordenadas x e y (variveis ao longo de todo a medio) podem ser calculados pelas
seguinte expresses:

sen 180 o (O1 + O2 ) = sen (O1 + O2 )


sen (O2 )

PI , PF = b
b
PI , PF

=
(O1 + O2 )
sen
sen (O + O ) sen (O )
1
2
2

d
b
sen ( )
=
d = b
sen ( ) sen 180 o [(O1 )+ ]
sen (O1 + )

Figura 15: Utilizao do teodolito para


posicionamento do barco e alvos de visada.

x = d cos( )

y = d sen ( )
Cabe salientar queo valor das distncias d, x e y so

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 25

calculados em funo dos ngulos e , de acordo com


a orientao dos eixos cartesianos adotados.

preferencialmente na margem oposta, para orientar o


alinhamento da embarcao.

2.1.3 Posicionamento com distancimetro

Esse tipo de levantamento necessita de rdiotransmissores como equipamento complementar, para


a necessria comunicao entre o barco e o operador
do distancimetro.

D = sen ( ) D' ,

D = distncia na horizontal

em que = ngulo a partir do zenite


D' = distncia inclinada

O posicionamento da embarcao tambm pode ser


efetuado por um sistema de posicionamento via satlite.
Em hidrometria, utilizado o Sistema de Posicionamento
Global Diferencial Sistema DGPS que registra
continuamente a posio da embarcao por meio de
uma estao a bordo (mvel). Em terra, nos marcos de
cada estao ou em pontos de coordenada conhecida
ou arbitrada, instala-se a estao-base (Figura 17).
A preciso varia com o tipo de receptor e com o nmero
de satlites observados no momento da medio. Os
receptores DGPS modernos proporcionam uma preciso
milimtrica para o posicionamento horizontal, e a
operao do sistema feita na prpria embarcao. Aps
o ps-processamento dos dados obtidos pelas duas
estaes (base e mvel), as coordenadas da embarcao
durante a medio so conhecidas.

Foto: Bosco / Banco de imagens ANA

Esse processo pode ser aplicado para o posicionamento do barco ancorado ou em movimento. Nas medies
com barco ancorado, o mesmo equipamento pode
orientar o posicionamento e executar as tomadas de
distncia. Para medies com o barco em movimento,
h necessidade de um segundo teodolito, instalado

2.1.4 Posicionamento com DGPS

Figura 17: Utilizao DGPS na margem (base) e no barco (mvel).

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

O distancimetro um equipamento eletrnico acoplado


ao teodolito, e os mais comuns possuem um alcance de
at 2 km. Na operao, h a necessidade de instalao
do refletor (prisma) no ponto a ser medido. O distancimetro deve ser instalado na margem, alinhado a seo
transversal e preferencialmente junto ao PI. As distncias
tomadas pelo distancimetro geralmente necessitam
de correo do ngulo vertical, pois dificilmente o prisma colocado no barco est nivelado ao equipamento da
margem, utilizando-se a expresso a seguir:

Foto: Jos Jorge/ Banco de imagens ANA

2.2 Levantamento batimtrico


A batimetria da seo transversal consiste em um
levantamento detalhado do relevo da seo molhada,
parte submersa da seo transversal. Operacionalmente,
o processo de levantamento depende das condies
locais e pode ser feito Vau, com guincho hidromtrico
e com ecobatmetro.

A utilizao do ecobatmetro possui vantagens como:


registro contnuo do leito do rio, utilizao em praticamente todas as situaes de velocidades, levantamento
realizado com a embarcao em movimento que permite
inferir sobre a formao do leito.

Figura 18: Mtodos de batimetria: Vau, guincho


hidromtrico e ecobatmetro.

INSTALAO DO
TRANSDUTOR E NGULO
DO FEIXE DE SINAIS

16o

Figura 19: Ecobatmetro com detalhes do transdutor.

Fonte: Fichas tcnicas DNAEE, 1984

A ecobatimetria (Figura 18) o mtodo para medir a


profundidade da gua pela medida do intervalo de
tempo necessrio para que ondas sonoras emitidas pelo
aparelho viagem, a uma velocidade conhecida, desde
um ponto determinado (alguns centmetros abaixo do
NA) at o leito do rio, onde so refletidas e voltam at
o equipamento. Os limites de operao variam com o
modelo do equipamento. Existem no mercado diversos
modelos que apresentam facilidades como permitir a
conexo com GPS em tempo real e a gravao dos dados
em meio digital (Figura 19).

Foto: Maurcio/ Banco de imagens ANA

O processo Vau aplicvel em rios pequenos, no muito


largos e, principalmente, com profundidades inferiores
a 1 m e velocidades abaixo de 1 m/s. O levantamento
consiste do caminhamento na seo com uma mira ou
rgua graduada, levantando a profundidade da vertical
e a distncia da vertical at o PI.
O guincho hidromtrico o processo mais utilizado no
Brasil, necessitando de embarcao adequada, sendo
o posicionamento nas verticais feito com cabo de
ao graduado ou pelos mtodos indiretos (sextante,
triangulao ou distancimetro). A profundidade
mxima medida com guincho depende da velocidade
da corrente, mas recomenda-se que seja de no mximo
de 10 m. O peso do lastro varivel com a velocidade
da corrente (quanto mais rpida a corrente, mais pesado
deve ser o lastro), e os lastros com mais de 50 kg no
devem ser manipulados por guinchos manuais.

Foto: Maurcio/ Banco de imagens ANA

26 Agncia Nacional de guas

MEDIO DE
DESCARGA
LQUIDA

28 Agncia Nacional de guas

A medio de descarga lquida todo processo emprico


conhecimento que provm, sob diversas perspectivas,
da experincia , utilizado para determinar o volume de
gua que passa por meio de uma seo transversal em
determinada unidade de tempo (em geral um segundo).
Os valores de vazo medidos em uma seo transversal
so associados a uma cota limnimtrica h (cota da
superfcie livre em relao a um plano de referncia
arbitrrio). Para determinao de uma curva-chave
em determinada seo necessrio conhecer certo
nmero de pares da relao cotavazo medidos em
condies reais.
As curvas-chaves ajustadas para as sees monitoradas
nos rios so de grande importncia, pois fornecem
informaes utilizadas constantemente na elaborao
de estudos hidrolgicos que orientam diversos processos
de tomada de deciso, entre eles, anlises de processos
de outorga, definies sobre medidas estruturais e no
estruturais sobre eventos crticos (cheias ou estiagens),
projetos de abastecimento pblico e lanamento de
efluentes domsticos e industriais etc.

medio e integrao da distribuio de velocidade


(mtodo convencional);
mtodo acstico.
O mtodo acstico tem sido empregado, nos ltimos
anos, com frequncia por entidades operadoras de
redes de monitoramento hidrolgico, universidades,
centros de pesquisa, empresas privadas, e esto sendo
alcanados bons resultados. Entretanto, o mtodo
convencional ainda o mais utilizado nas medies de
descarga lquida em grandes rios.

3.1 Variveis da medio de descarga


lquida
A medio de vazo envolve uma srie de grandezas caractersticas do escoamento na seo e que podem ser
agrupadas em duas grandes categorias:
grandezas geomtricas da seo;
grandezas referentes ao escoamento (velocidade
e vazo).

Destaca-se que quanto maior a preciso durante a


medio de descarga lquida (vazo), melhor ser o
processo de tomada de deciso na rea de recursos
hdricos e saneamento ambiental.

As principais grandezas de cada categoria, assim como os


smbolos e as unidades mais utilizados em publicaes
da rea de recursos hdricos, podem ser verificadas na
Tabela 1 e Tabela 2.

Os mtodos mais utilizados para medio de vazo em


grandes rios so:

Tanto as grandezas geomtricas quanto as referentes ao


escoamento so definidas em funo do nvel de gua na

Tabela 1 Grandezas geomtricas da seo.


Grandeza

Smbolo

Unidade Usual

Clculo

rea

---

permetro molhado

---

raio hidrulico

R = A/X

largura superficial

---

profundidade mdia

Pmd

P = A/L

profundidade mxima

Pmx

---

cota linimtrica

cm

---

ponto inicial da seo transversal

PI

---

---

ponto final da seo transversal

PF

---

---

distncia entre PI e PF

--Continua

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 29

Continuao

Grandeza

Smbolo

Unidade Usual

Clculo

distncia entre duas verticais

---

distncia da vertical ao PI

---

profundidade de um ponto da vertical

pi

---

profundidade total numa vertical

---

rea entre duas verticais

---

---

Tabela 2 Grandezas do escoamento na seo.


Grandeza

Smbolo

Unidade Usual

Clculo

velocidade mdia na seo

m/s

Vm = Q/A

vazo total na seo

m/s

---

vazo em um segmento da seo

qi

m/s

---

velocidade em um ponto na vertical

vi

m/s

---

velocidade na superfcie

vs

m/s

---

velocidade no fundo

vf

m/s

---

velocidade mdia na vertical

_v

m/s

---

velocidade mdia superficial

Vsup

m/s

---

m/s

---

vazo unitria

seo analisada e, portanto, variam com ele. O plano de


referncia para a cota do nvel da gua, habitualmente
escolhido, o zero da rgua limnimtrica.
Para o emprego do mtodo de medio convencional,
necessria a determinao da velocidade em um nmero
relativamente grande de pontos na seo transversal,
podendo-se realizar a integrao das velocidades por
dois processos:
a) traando, com base nas velocidades medidas, as
curvas de igual velocidade as istacas , calculase a rea entre istacas consecutivas e multiplica-se
essa rea pelo valor mdio das istacas limtrofes.
Somam-se esses resultados parciais para obter-se
a vazo total;
b) definindo-se na seo uma srie de verticais e
medindo-se as velocidades em vrios pontos
situados sobre essas verticais, para ento, com
auxlio do respectivo perfil de velocidade,
determinar a velocidade mdia na vertical.
A velocidade mdia da vertical, multiplicada
por uma rea de influncia igual ao produto
da profundidade na vertical pela soma das

semidistncias das verticais adjacentes, fornece


a vazo parcial (vazo na rea de influncia da
vertical analisada), cuja soma destas parcelas ser
a Vazo Total na seo.
O segundo mtodo o mais utilizado, pois permite
o clculo da vazo por um processo passo a passo, na
prpria caderneta de medio, eliminando o fator
subjetivo do traado das istacas. Entretanto, no primeiro
mtodo, os valores calculados so mais precisos, pois
leva em conta mais adequadamente a variao espacial
da velocidade nas duas dimenses da seo.

3.2 Mtodo convencional com molinete


hidromtrico
A medio convencional utilizando o molinete hidromtrico universalmente utilizada para a determinao da
vazo em cursos de gua naturais e artificiais (canais) e
consiste em determinar a rea da seo e a velocidade
mdia do fluxo que passa na seo.
A determinao da rea da seo realizada a partir
da medio da abscissa, da profundidade do rio em

30 Agncia Nacional de guas

H COTA
LINIMTRICA

Q = vazo ou descarga lquida (m 3/s)

Q = V A, em que V = velocidade mdia da gua na seo (m/s)


A = rea da seo molhada (m2 )

d = Distncia Horizontal = Largura

Vs = Velocidade Superfcie
Pi

Pt
p = Distncia Vertical = Profundidade
LARGURA E PROFUNDIDADE SO OS
TERMOS GEOMTRICOS DA VAZO

Vi = Velocidade no Ponto i

V = Vel. mdia numa Vert.


Vf = Velocidade do Fundo
AS VELOCIDADES SO
OS TERMOS HIDRULICOS DA VAZO

Figura 20: Grandezas necessrias para determinao da


descarga lquida.

o. Estes pontos definidos ao longo da seo determinam as verticais que ligam a superfcie livre ao fundo do rio, e nessas mesmas verticais so realizadas as
medies de velocidade com o molinete hidromtrico
em certo nmero de pontos variando em funo da
profundidade.

A velocidade mdia na vertical determinada geralmente


por meio de mtodos analticos.
A Tabela 3 apresenta as frmulas recomendadas em
funo do nmero de medies de velocidade e da
posio (p profundidade).
O molinete ao ser adquirido deve vir acompanhado de
um certificado de calibragem contendo a equao a ser

Tabela3 Frmulas para clculo da velocidade mdia na vertical.

n de pontos

Posio na vertical (*) em relao


a profundidade (p)

Clculo da velocidade mdia (Vm)


na vertical

Profundidade (m)

0,6 p

Vm = V0,6

0,15 0,6

0,2 e 0,8 p

Vm = (V0,2+ V0,8)/2

0,6 1,2

0,2; 0,6 e 0,8 p

Vm = (V0,2+ V0,6+V0,8)/4

1,2 2,0

0,2; 0,4; 0,6 e 0,8 p

Vm = (V0,2+V0,4+V0,6+V0,8)/6

2,0 4,0

S; 0,2; 0,4; 0,6; 0,8 p e F

Vm = [Vs+2(V0,2+V0,4+V0,6+V0,8)+Vf ]/10

> 4,0

Observao: VS velocidade mdia na superfcie e VF velocidade


no fundo do rio.

Fonte: JACCON G. (1984)

um nmero significativo de pontos ao longo da se-

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 31

utilizada no clculo das velocidades a partir do nmero


de rotaes por segundo. A relao bsica para o clculo
da velocidade a partir da contagem do nmero de
rotaes da hlice descrita a seguir:

0,125 m --------- 8 rotaes por segundo se V = 1 m/s


0,25 m ---------- 4 rotaes por segundo se V = 1 m/s
0,50 m ---------- 2 rotaes por segundo se V = 1 m/s
1,00 m --------- 1 rotao por segundo se V = 1 m/s

N
V = a + b , em que
t

a = passo da hlice (constante funo da hlice do molinete)


b = inrcia da hlice (constante funo da hlice do molinete)

O passo real :
Sempre diferente do passo terico, por exemplo,
0,2588 no lugar de 0,25 m;

t = durao da medio
N = nmero de rotaes da hlice

As partes integrantes e o princpio de funcionamento do


molinete podem ser visualizados na Figura 21.

fluxo

dgua

2
2
1

passo

hlice

corpo

Fonte: Jaccon, G. (1984)

Figura 21: Partes do molinete (corpo e hlice) e o passo da


hlice

A velocidade do fluxo da gua linearmente proporcional


ao nmero de rotaes da hlice (N), como pode ser
verificado na Figura 22.

Pode ser duplo ou triplo para uma mesma hlice, por


exemplo, 0,2488 para N/t menor ou igual a 1,10 e
0,2542 para N/t maior que 1,10.
Normalmente, os molinetes so comercializados com
vrias hlices, para diferentes faixas de velocidade.
interessante aferir frequentemente o molinete visando
detectar mudanas em suas caractersticas, a partir do
efeito do atrito do molinete.
Alm do molinete, o contador de rotaes um
equipamento indispensvel nas medies de vazo.
Atualmente, usam - se dois tipos de contador:
a) contador acstico e cronmetro;
b) contador digital de tempo pr-programado com
parada automtica.

a1
b1
b0

Determinado em um canal de aferio assim como


a constante b;

a0
N/t

a = passo da hlice

em que b = inrcia da hlice


t = durao da medio

Figura 22: Relao entre a velocidade da gua e as rotaes


medidas pelo molinete.

Os passos tericos existentes so:

O aparelho registra todas as rotaes do molinete,


ajustado para emitir um impulso a cada revoluo. Esses impulsos acionam um contador (eletromecnicos ou
eletrnicos) acoplado a um cronmetro de contagem
regressiva. Ajusta-se o tempo desejado para a medio
(em geral 40 segundos), posiciona-se o molinete (profundidade a ser medida a velocidade) e, ao apertar um
boto, o contador de impulsos e o cronmetro so acionados simultaneamente. Aps o tempo pr-programado,
o cronmetro regressivo atinge o zero e o contador para,
indicando o total de rotaes do molinete no perodo.
As frequncias mximas de contagem terica e prtica
podem ser verificadas na Tabela 4.

32 Agncia Nacional de guas

Tabela 4 Frequncias mximas de contagem tericas e prticas.


Tipo de contador

Frequncia terica em impulsos por segundo

Frequncia prtica em impulsos por segundo

Sonoro

0,5

Mecnico

10

Eletrnico

20

10

A seguir so apresentadas figuras com detalhes sobre a estrutura do Guincho, Molinete, Lastro Hidrodinmico, Contador

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Digital e Ecobatmetro.

Figura 24: Instalao do Ecobatmetro na Lateral do Barco, Contador Digital de Pulsos e Registrador
de Dados do Ecobatmetro.

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Figura 23: Estrutura do Guincho (Cabo de Ao e Medidor da Profundidade do Molinete) e do


Molinete e Lastro (Formato Hidrodinmico)

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 33

3.3 Mtodos de clculo: seo mdia e


meia seo
O processo numrico de clculo da medio convencional
de descarga lquida com uso de molinete pode ser calculado
em tempo real (caderneta de campo), permitindo uma
verificao dos resultados da medio in loco.
O processo numrico pode ser feito por meio de dois
mtodos: Seo Mdia e Meia Seo.

3.3.1 Seo mdia

d1

d2

a2

a1

qa1 = va1 * a1

Clculo da rea Total:

A = ai
Clculo da Velocidade Mdia:

V=

a3

Procedimento para clculo da descarga lquida pelo


Mtodo da Seo Mdia (mdia das velocidades mdias
em verticais subseqentes):
Clculo das velocidades mdias nas verticais, em funo
do mtodo de medio utilizado (2 pontos, detalhada,
etc.), observando as frmulas indicadas na Tabela 3.
Clculo das Velocidades Mdias nos segmentos:

v( a 2 ) = (v( 2 ) + v( 3) )

2
Clculo das reas dos segmentos:

Q
A

Clculo da Largura do rio:

Figura 25: Clculo da seo mdia - Verificao das verticais e


reas.

v( a1) = (v(1) + v( 2 ) )

q a 2 = va 2 * a 2

Clculo da vazo total:

N. A.

Clculo das Vazes nos segmentos:

Q = qi

No mtodo da Seo Mdia as vazes parciais so


calculadas para cada subseo entre verticais, a partir
da largura, da mdia das profundidades e da mdia
das velocidades entre as verticais envolvidas, conforme
figura abaixo.
PI

a1 = (d 2 d1 ) * [( p2 + p1 )]
2
a2 = (d 3 d 2 ) * [( p3 + p2 )]
2

L = d n d1
Clculo da Profundidade Mdia do rio:

P= A
L

3.3.2 Meia seo


O mtodo da Meia Seo o mais utilizado pelos tcnicos
das entidades operadoras da Rede Hidrometeorolgica,
pois consiste no clculo das vazes parciais, por meio
da multiplicao da Velocidade Mdia na vertical pelo
produto da profundidade mdia na vertical e pela soma
das semidistncias s verticais adjacentes (vazo parcial
determinada para cada regio de influncia de uma
determinada vertical).

34 Agncia Nacional de guas

d1
PI

d2

Clculo das reas dos segmentos:

1
a1

a2 = l2 * p2

a3

Figura 26: Clculo da meia seo - Verificao das verticais e


reas.

Procedimento para clculo da descarga lquida


pelo Mtodo da Meia Seo (mdia dos segmentos
subseqentes):
Clculo das velocidades mdias nas verticais, em
funo do mtodo de medio utilizado (2 pontos,
detalhada, etc.), observando as frmulas indicadas
na Tabela 3.
Clculo das Larguras dos segmentos:
l2 =

( d 2 d1 ) ( d 3 d2 )
+
2
2
;
l 2 = ( d 3 d1 ) ;
2

l3 =

( d 3 d2 ) ( d 4 d3 )
+
2
2
; etc.

l3 = (d 4 d 2 ) ; etc.
2

a3 = l 3 * p3

Clculo das Vazes nos segmentos:

qa 2 = v2 * a 2

q a 3 = v3 * a 3

Clculo da vazo total:

Q = qi
Clculo da rea Total:

A = ai
Clculo da Velocidade Mdia:

V=

Q
A

Clculo da Largura do rio:

L = d n d1
Clculo da Profundidade Mdia do rio:

P=A
L

CURVA DE
DESCARGA
LQUIDA (OU
CURVA-CHAVE)

36 Agncia Nacional de guas

Um curso dgua natural constitui-se, do ponto de vista


hidrulico, em um canal de seo transversal varivel,
pelo qual a gua escoa contnua ou intermitentemente.
Portanto, aplicam-se aos rios, as leis da hidrulica em
canais, considerando o escoamento no uniforme e no
permanente.
Para o escoamento no permanente em canais, a relao
entre o nvel de gua e a vazo nunca rigorosamente
unvoca. Entretanto, no caso de rios de leito bem definido,
com sees transversais constantes e declividade forte
(declividade do fundo do canal maior do que 1%o), o
afastamento dos pontos observados em relao curva
de descarga em regime permanente muito pequeno,
inferior mesmo preciso das medidas, o que permite
considerar, para efeitos prticos, como biunvoca a
relao entre o nvel de gua e a vazo.
Denomina-secontrolea seo do rio que determina o nvel
dgua para cada vazo. No caso de rios naturais, constituda em geral por um salto, corredeira ou estrangulamento
do rio, de modo que ocorra o escoamento em profundidade crtica. O controle nico quando, para qualquer situao de vazo, a seo com escoamento crtico for sempre a
mesma, isso ocorre em geral quando o controle um salto
ou uma corredeira de desnvel grande (Figura 27).

Se o controle for uma corredeira menor, ocorre


frequentemente que, para vazes elevadas, esta fica
afogada por outro controle mais a jusante e, nesse caso,
diz-se que o controle no nico (Figura 28).
No caso de estaes de controle varivel, a regio de
transio entre os dois controles pode apresentar instabilidades, alm de propiciar grandes erros na extrapolao quando o trecho da curva, definido por medies
diretas se situar totalmente sob a influncia do primeiro controle. Por essa razo, sempre vantajoso, quando
possvel, instalar as estaes fluviomtricas a montante
de grandes saltos, garantindo a unicidade de controle.
Deve-se frisar que nenhum processo de extrapolao pode
substituir a realizao de medies diretas para vazes altas,
pois esse o nico meio capaz de eliminar, de maneira
definitiva, as dvidas sobre o traado da curva de descarga.
Quando deixam de existir as condies para que uma
relao cota-descarga possa ser considerada unvoca,
isto , a declividade da superfcie da gua pode variar
para um mesmo nvel de gua, os laos no plano H x Q
se tornam bem ntidos, e o erro resultante da considerao da curva em regime permanente no mais pode ser
aceito (Figura 29).

SERINGAL DO ITUI - 10800000


Qobs

Qcalc.

Seo 17/02/1995

25

20

Qcalc.= 13,20761*(H+0,464967)

1,8156 3

Cota (m)

15

10

Seo transversal do RIO


ITUI no local de medio
de vazo (17/02/1995)

-5
0

500

1000

1500

2000

Q (m/s)

Figura 27: Curva de descarga de controle nico

2500

3000

3500

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 37

BARREIRA BRANCA (PCD-SIVAM) - 12230000


Qobs

Qcalc.

Seo 29/8/2002

18

16

Cota (m)

14

6,02147

Qcalc.= 0,00009*(H+0,54504)
12

10
Seo transversal do RIO
BIA no local de medio
de vazo (29/8/2002)

6
0

100

200

300

Q(m/s)

400

500

600

700

Figura 28: Curva de descarga com mudana de controle.

EIRUNEPE MONTANTE (PCD SIVAM) 12550000


Qmed
4.000

3.500

3.000

Q (m /s)

2.500

2.000

1.500

1.000

500

0
0

10

11

12

13

14

15

16

17

18

h ( m)

Figura 29: Medies de descarga indicando curva de descarga em lao.

A variabilidade da declividade decorre de vrias causas,


tais como:

cuja leitura simultnea permite obter a declividade da


superfcie da gua.

efeito da passagem de uma onda de cheia (regime


no permanente) em rios de pequena declividade e
controle de canal;

Em ambas as situaes descritas, com curva de


descarga unvoca ou no, supe-se que a mesma
no se altere com o tempo. Quando, em funo de
eventuais alteraes produzidas no leito do rio, seja
por fenmenos naturais, seja pela ao do homem, a
relao cota-descarga se modifica no tempo, a curva
de descarga deve ser ajustada para cada perodo de
validade. As alteraes produzidas naturalmente so,
em geral, consequncias de enchentes e da retirada
do material do leito do rio.

efeito de lagos ou reservatrios a jusante com


nveis variveis;
remanso de afluentes a jusante ou da mar no local
da rgua.
Em geral, nesses casos, instalam-se duas rguas a
certa distncia, ambas referidas a uma mesma cota,

TCNICAS DE
MEDIO DA
DESCARGA
LQUIDA EM
GRANDES RIOS

40 Agncia Nacional de guas

5.1 Mtodo do barco ancorado


A medio utilizando o Mtodo do Barco Ancorado
realizada de forma sucessiva, ou seja, a vrias distncias da
margem, dividindo a seo transversal em trechos, dentro
do alinhamento PI - PF (Ponto Inicial e Final) (Figura 30).
A velocidade na vertical pode ser determinada de
forma integrada (molinete medindo a velocidade de
forma contnua) ou a partir de vrios pontos da seo
(molinete medindo a velocidade em cada profundidade
predeterminada velocidade mdia).
As distncias horizontais (margens) so determinadas
com teodolitos, a partir da margem ou com um sextante.
As profundidades so determinadas no prprio barco
durante a medio das velocidades nas verticais,
podendo ser determinado pelo comprimento do cabo
de ao em que se encontra afixado o molinete e o lastro
hidrodinmico, alm disso, muito interessante o uso do
ecobatmetro que detalha a seo do rio.
Para aplicao desse mtodo, o nmero de verticais
recomendadas da ordem de 10 a 25, dependendo da
largura do rio, sendo que o fator principal de repartio a geometria da seo transversal como pode ser
verificado na Figura 30.
PI

L/15
3

L/30
5 6 7

9 10111213

14

15

16 17 18 19 20 21

PF

Fonte: Jaccon, G. (1984)

1 2

superfcie livre e outro prximo ao fundo do rio; enquanto,


no mtodo dos 3 pontos, as medidas so realizadas
na vertical a 0,2; 0,6 e 0,8 da profundidade. Portanto,
aps a ancoragem do barco na vertical, as velocidades
comeam a ser medidas nas profundidades pr-definidas
em funo da profundidade total na vertical e do tipo de
medio (trs pontos, detalhada etc.).
A medio integrada feita com um equipamento
especial no guincho que permite regular a velocidade
de deslocamento do molinete tanto na descida (freio)
quanto na subida. A velocidade vertical do molinete
deve ser constante e lenta em relao velocidade da
gua: de 5 a 20 cm/s para um tempo total de medio
necessariamente superior a 100 segundos.
A maior dificuldade durante uma medio com barco
ancorado justamente durante as manobras para
ancorar o barco na vertical desejada, posicionamento do
barco, controle dos equipamentos para ancoragem etc.
Essas dificuldades so maiores ainda nas verticais com
grandes profundidades e intensas correntezas.
Quando a ancoragem do barco realizada, o tempo tem
pouca importncia, haja vista a lenta variao da Cota Limnimtrica nos grandes rios. Em consequncia, aconselha-se fazer uma medio detalhada na descida do lastro
e uma medio integrada na subida do lastro. A vazo
pode ser calculada por mtodo grfico, usando o planmetro para definio das reas entre as istacas ou pelo
mtodo aritmtico. A rea da seo determinada com
o auxlio do ecobatmetro.

Figura 30: Seo de medio com o PI e PF e verticais de


medio de velocidades.

Durante a aplicao deste mtodo, indispensvel anotar


o ngulo de arraste do cabo de ao pela correnteza para
cada ponto de medio, procedimento necessrio para
correo dos valores de profundidade medidos. Aconselhase, tambm, verificar a profundidade total na vertical antes
de puxar a ncora, podendo, dessa forma, comparar os
valores do contador do guincho e do ecobatmetro.

O nmero de pontos por vertical estabelecido em funo


do tipo de medio (Tabela 3). Na medio detalhada, so
medidos no mnimo seis pontos, igualmente distribudos
na vertical, sendo, necessariamente, um ponto prximo

A medio pelo Mtodo do Barco Ancorado (Figura 31)


permite obter resultados com boa preciso (erro relativo
inferior a 10%), alm disso, pode ser verificado o regime
do rio na seo de medio, e, geralmente, localizar e
corrigir os erros acidentais.

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 41

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Para o clculo da posio do barco durante a medio,


necessria a triangulao da seo de medio em

cada vertical, sendo as coordenadas determinada a


partir dos ngulos medidos nos dois teodolitos. A fim
de exemplificar o clculo da vazo pelo mtodo do
barco ancorado, sero apresentadas, a seguir as Figuras
32 e 33 e as Tabelas 5, 6, 7 e 8 utilizadas para obteno
da vazo lquida, bem como a Figura 34 que apresenta
o perfil transversal da seo obtida pelo Mtodo do
Barco Ancorado.

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

O maior problema deste mtodo encontra-se na


dificuldade ou na impossibilidade de ancorar o barco
em rios muito profundos (profundidades > 30m) e no
risco de acidentes de coliso com materiais flutuantes
(vegetao, madeira etc.).

Figura 31: Procedimentos para ancoramento do barco (operao do guincho, detalhes do


suporte e da ncora).

x
d
= 360 - OBS2

PI

PF
x

= 79 49 10

OBS 2
b = 1131m

d = b
sen () sen ()

= OBS1-

sen ()
sen ()

x = d . cos(y)
y = d . sen(y)

OBS 1

d=b.

Rio Solimes

OBS 1 = ngulo medido pelo observador 1


OBS 2 = ngulo medido pelo observador 2
= 279 54 38
distncia PI - PF = 3243,3 m

Figura 32: Clculo das variveis d, x, y com o barco a jusante da seo


transversal PI-PF.

42 Agncia Nacional de guas

PI

PF

Obs 2 =
x

b=1131m

d = _____
b = d = b . ______
sen()
_____
sen() sen()
sen()

= Obs 1 -

x = d . cos ()
y = d . sen ()
Rio Solimes

Obs 1

Figura 33: Clculo das variveis d, x, y com o barco a montante da seo transversal
PI-PF.

Tabela 5 Valores medidos de profundidade total e ngulos dos teodolitos para vertical
(mtodo do barco ancorado).
Vertical

Obs 2

Obs 1

(alinhado com PI e PF)

(no-alinhado com PI e PF)

Profundidade Total

grau

min

seg

Decimal

grau

min

seg

Decimal

(m)

PI

12,25

359

27

40

359,4611

287

30

40

287,5111

24,50

359

55

10

359,9194

292

18

50

292,3139

24,70

50

0,0806

304

27

30

304,4583

24,10

20

0,0889

317

34

10

317,5694

23,30

0,0000

327

327,0000

25,80

Vertical

Obs 2

Obs 1

(alinhado com PI e PF)

(no-alinhado com PI e PF)

Profundidade Total

grau

min

seg

Decimal

grau

min

seg

Decimal

(m)

15

40

0,0111

354

10

354,1667

28,30

16

359

58

50

359,9806

356

20

356,1222

19,70

17

40

0,0278

357

20

357,0056

16,50

18

0,0167

358

20

358,0722

12,60

19

359

59

50

359,9972

358

40

358,6667

13,90

PF

3,10

Valor calculado

Valor digitado

Valor fixo

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 43

Tabela 6 Clculo da distncia (d) do barco margem esquerda do rio (mtodo do barco ancorado).
Base

(Const Obs 1)

(Const Obs 2)

(m)

dec

dec

1.131,0

279,9106

79,8194

Obs 1

Obs 2

dec

dec

dec

rad

dec

rad

dec

rad

(m)

287,5111

359,4611

7,6006

0,1327

0,5389

0,0094

92,0411

1,6064

149,6878

292,3139

359,9194

12,4033

0,2165

0,0806

0,0014

87,6967

1,5306

243,1264

304,4583

0,0806

24,5478

0,4284

0,0806

0,0014

75,7133

1,3214

484,8716

317,5694

0,0889

37,6589

0,6573

0,0889

0,0016

62,6106

1,0928

778,2348

327,0000

0,0000

47,0894

0,8219

0,0000

0,0000

53,0911

0,9266

1.035,9842

332,6778

0,0000

52,7672

0,9210

0,0000

0,0000

47,7133

0,8275

1.223,0606

337,6778

359,9278

57,7672

1,0082

0,0722

0,0013

42,3411

0,7390

1.420,3985

340,9167

359,9806

61,0061

1,0648

0,0194

0,0003

39,1550

06834

1.556,7110

342,0750

0,0111

62,1644

1,0850

0,0111

0,0002

28,0272

0,6637

1.623,4991

10

345,0417

0,1000

65,1311

1,1368

0,1000

0,0017

25,1494

0,6135

1.782,3614

11

348,3389

0,0306

68,4283

1,1943

0,0306

0,0005

31,7828

0,5547

1.996,9287

12

349,7528

0,0167

69,8422

1,2190

0,0167

0,0003

30,3550

0,5298

2.100,9401

13

352,2111

359,9944

72,3006

1,2619

0,0056

0,0001

27,8744

0,4865

2.304,5593

14

352,7639

359,9222

72,8533

1,2715

0,0778

0,0014

27,2494

0,4756

2.360,3682

15

354,1667

0,0111

74,2561

1,2960

0,0111

0,0002

25,9356

0,4527

2.488,9559

16

356,1222

359,9806

76,2117

1,3301

0,0194

0,0003

23,9494

0,4180

2.705,9017

17

357,0056

0,0278

77,0950

1,3456

0,0278

0,0005

23,1133

0,4034

2.808,3801

18

358,0722

0,0167

78,1617

1,3642

0,0167

0,0003

22,0356

0,3846

2.950,4196

19

358,6667

359,9972

78,7561

1,3746

0,0028

0,0000

21,4217

0,3739

3.037,2510

20

359,5639

0,0556

79,6533

1,3902

0,0556

0,0010

20,5828

0,3592

3.164,7743

Vertical

= (Const Obs 1)

= Obs2 corrigido

Distncia

44 Agncia Nacional de guas

Tabela 7 - Clculo das Coordenadas (x e y) do Barco e Velocidade medida pelo Molinete para a Vertical,
profundidade e velocidade integrada (mtodo do barco ancorado).
Rio: Solimes

Cota(NA)incio(m) 24/08: 15,51 m

Cota(NA)incio(m) 25/08: 15,44 m

Local: Maracapuru

Cota (NA) final (m) 24/08: 15,46 m

Cota (NA)final (m) 25/08: 15,4 m

Cota (NA)media (m): 15,4m

Eq. Molinete Para (N/T)<=12,90: V=0,238272*(N/T)+0,006455

Data: 24 e 25/08/09

Para(N/T)<=12,90: V=0,236476*(N/T)+0,029619
Base
(Dist entre Obs1 e
Obs 2)

PI-PF

(m)

(m)

grau

min

seg

Decimal

grau

min

seg

1131,0

3243,3

279

54

38

279,9106

79

49

10

(ngulo const. Obs 1)

Vertical

Abscissa

PI

Estimada

Real

(m)

(m)

74,841

90

149,681

20 3,190 3164,773

PF

3200,136

Dist
PI-ME

Dist
PF-MD

Decimal

(m)

(m)

79,8194

8,5

7,800

(ngulo const. Obs 2)t

Obs 1

(alinhado com PI e PF)

(no alinhado com PI e PF)

grau min seg Decimal

(m)

(m)

(m)

(m)

74,8406

12,25

grau min
-

359

Valor calculado

27

seg

Decimal

40

20

359,4611

0,0556

287

359

30

33

Coordenadas

ProfunProdidade
fundide
dade
meditotal
o

Obs 2

40 287,5111

149,6812

-1,4079 24,50

50 359,5839 3164,7728 3,0687

3200,1364

Valor digitado

6,20

3,10

Veloc

(s)

(m/s)

185

40

1,108

192

40

1,150

179

40

1,073

13

162

40

0,971

17

148

40

0,868

21

120

40

0,721

24,10

68

40

0,412

Integrada

489

48,9

2,389

110

40

0,662

91

40

0,549

5,80

60

40

0,364

Integrada

26

13,9

0,452

Valor fixo

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 45

Tabela 8 Clculo das velocidades mdias, largura (mtodo meia seo), rea, vazo em vertical e total
(mtodo do barco ancorado).

Vertical

Abscissa

Profundidade
total

Profundidade
de medio

Veloc.

Veloc.
mdia

Largura

rea

Vazo

(m/s)

(m)

(m2)

(m3/s)

70,5906

432,3674

Estimada

Real

(m)

(m)

(m)

(m)

(m/s)

74,841

12,25

0,464
PI

200,4622

1,19459

20

PF

90

149,681

3.190

3164,773

3200,136

24,50

6,20

3.10

1,108

1,150

1,073

13

0,971

17

0,888

21

0,721

24,10

0,412

Integrada

2,389

0,662

0,549

5,80

0,364

Integrada

0,452

516,5007

0,927

117,3131

2.874,1698

2,389

6.866,8947

0,531

99,1245

326,1246

614,5718

0,452

277,8747

0,265

0,226
Total

Velocidade mdia

14,5435

35,3636

54,8136

3.243,3000

78.924,9283

12,3918

Vazo total (m3/s)

87.889,164

rea total(m )

78.924,928

Vmdia (m/s)

1,114

Velocidade integrada

Valor calculado

2.665,1516

Vazo total (m3/s)

88.708,423

rea total(m2)

78.924,928

Vmdia (m/s)

1,124

Velocidade mdia na prof de 1m

1,2193

Kv (Vmdia-total/Vmdia-1m)

0,9133

Valor digitado

Valor fixo

46 Agncia Nacional de guas

Perfil Transversal da Seo de Mediao de Descarga Lquida - Manacapuru - rio Solimes (AM)

Profundidade (m)

5
10
15
20
25
30
35
40
45
0

500
Profundidade Total

1.000
NA

1.500

2.000

2.500

3.000

Abscissa (m) - ME do lado esquerdo e MD do lado direito

Figura 34 : Perfil transversal da seo obtida pelo Mtodo Barco Ancorado.

5.2 Mtodo dos grandes rios (mtodo barco


no ancorado)
Adequado para rios de grande largura que possam
apresentar dificuldades para ancorar o barco ou
riscos operao.
A medio realizada por verticais sucessivas, sem
ancorar o barco para as tomadas de velocidades, sendo
a velocidade mdia de cada vertical obtida usandose dois pontos em cada vertical (20% e 80%) ou pelo
processo detalhado.
As tomadas de velocidades medidas pelo molinete
correspondem velocidade do rio em relao ao barco.
A velocidade do barco em relao terra calculada a
partir da distncia percorrida pelo mesmo durante a
tomada de velocidade. O posicionamento do barco

determinado com dois teodolitos no incio e no fim de


cada tomada de velocidade.
As verticais e seu posicionamento so determinados
previamente pelas distncias ao PI (d) e pelos ngulos
formados com a base dos teodolitos instalados no PI ()
e Alvo 2 (). Com os ngulos predeterminados, os dois
observadores dos teodolitos, usando rdio, procuram
orientar o piloto da embarcao para que este posicione
o barco no alinhamento PI - PF e nas proximidades da
vertical escolhida, buscando manter o barco na mesma
posio durante as tomadas de velocidade.
Um contador digital de pulsos permite a pr-seleo
de tempo (40 s), emitindo um sinal sonoro quando
faltam 10 segundos para a contagem final do tempo,
fazendo com que, nesse perodo de alerta, os observadores fiquem atentos ao sinal ou top final para leitura
dos ngulos (Figura 37).

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 47

As tomadas de velocidade devem ser feitas nas


proximidades da seo transversal. Para isso, recomendase iniciar a medida o mais prximo possvel do alinhamento dessa seo, mantendo o barco contra a corrente, em
acelerao que permita manter sua posio ao longo
das tomadas de velocidade. O barco deve voltar posio
inicial para a medida do ponto seguinte (ainda na mesma
vertical). Aps a medio das velocidades na vertical escolhida, repete-se o procedimento na prxima vertical e
assim, sucessivamente, at o final da medio (Figura 35).

Deve-se evitar qualquer mudana de direo ou


acelerao do barco durante as tomadas de velocidade.
fundamental que as leituras nos teodolitos pelos
observadores coincidam exatamente com o incio e
o fim de cada tomada de velocidade, sendo o uso de
rdios comunicadores indispensvel. A determinao
da profundidade na vertical deve ser feita com
cuidado, visto o permanente deslocamento do barco
(Figura 36).

PI , PF = seo de medio
X , Y = coordenadas do barco no incio da
I I
tomada de velocidades no ponto

X F , YF = coordenadas do barco no final da


tomada de velocidades no ponto

Vi = velocidade do rio (Vi = VLb + VLm )

Vb = velocidade do barco
VLb = componente longitudinal da velocidade

do barco
V = velocidade medida pelo molinete
m
VLm = componente longitudinal da velocidade
medida pelo molinete

Fonte: Jaccon, G. (1984)

vm
VLm

YF

vi

VLb

PF

Vb

PI

xF

YI

xI

Fluxo da corrente

Figura 36: Posicionamento do Barco durante a Medio utilizando Teodolitos.

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Figura 35: Parmetros para clculo da vazo pelo mtodo dos grandes rios.

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

48 Agncia Nacional de guas

a partir desses deslocamentos, que determinada


a velocidade longitudinal do barco (VLb), conforme
descrito na Figura 35, pois se divide a decomposio
longitudinal desse deslocamento (dy) pelo tempo da
tomada de velocidade na vertical (t). Destaca-se que
durante o processo de medio, caso o barco venha a
subir o rio, a sua velocidade (VLb) deve ser substrada da
velocidade longitudinal medida pelo molinete (VLm), e
caso o barco vier a descer o rio, a sua velocidade tem
que ser adicionada velocidade longitudinal medida
pelo molinete.
Ainda neste mtodo, considera-se como posio da
vertical para o clculo da vazo a projeo sobre a seo
de medio da mdia aritmtica entre as posies inicial
e final do barco, ou seja:

x=
Figura 37: Ecobatmetro com contador de
pulsos digital do molinete e utilizao do rdio
comunicador para posicionamento do barco

Esse mtodo de medio 3 a 4 vezes mais rpido em


relao ao Mtodo com Barco Ancorado, mais seguro
para os operadores e equipamentos (menor perigo
de abalroamento por materiais hidrotransportados),
permitindo a duplicao do nmero de verticais..
Esta medio deve ser feita com maior ateno, pois
as possibilidades de erros so grandes. A preciso do
mtodo est no rigor de sua execuo, buscando-se
minimizar os deslocamentos longitudinais e transversais
durante a tomada de velocidade em um ponto e entre os
pontos de uma mesma vertical.
Os deslocamentos transversais e longitudinais superiores
a 20 m e 10 m, respectivamente, influem decisivamente na preciso do mtodo, uma vez que podem ocorrer
variaes bruscas de profundidade e, nesses casos, os
pontos de tomada de velocidades a 20% e 80% da profundidade total passam a ser indefinidos. O deslocamento do barco tem um peso muito grande na correo da
velocidade medida.

xi , 20% + x f , 20% + xi ,80% + x f ,80%


4

Para o clculo do posicionamento do barco, torna-se


necessria a triangulao da seo de medio e, para
cada vertical, as coordenadas iniciais e finais devem
ser calculadas (a partir dos ngulos medidos nos dois
teodolitos instalados na margem). A fim de exemplificar
o clculo da vazo pelo mtodo dos grandes rios, sero
apresentadas, a seguir a Figura 38 e as Tabelas 9, 10, 11,
12 utilizadas para obteno da vazo lquida, bem como
a Figura 39 que apresenta o perfil transversal da seo
obtida pelo Mtodo dos Grandes Rios.

3243,3m

PI = Obs 2

PF

= 79o 49` 10"

1131m

(Observao 1 junto ao alvo 2


e observao 2 junto ao PI)

Obs 1
Rio Solimes
= 279o 54` 38"

Figura 38: Triangulao em Manacapuru/AM e


posicionamento dos teodolitos

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 49

Tabela 9 Valores medidos de profundidade total e ngulos dos teodolitos


para vertical e profundidade (mtodo dos grandes rios).
Vertical

Profundidade
total
(m)

23,10

25,40

25,70

25,40

24,90

27

20,90

28

17,50

29

15,60

30

9,20

31

3,60

Obs 2 (alinhado com PI e PF)

Posio
(%)
20%
80%
20%
80%
20%
80%
20%
80%
20%
80%

Grau
359
359
359
359
359
0
359
359
359
359

Incio
Min
Seg
51
0
54
20
49
40
43
40
37
20
9
40
48
30
7
0
52
20
58
30

20%
80%
20%
80%
20%
80%
20%
80%
20%
80%

359
359
0
0
359
359
359
359
0
0

59
59
0
0
58
59
59
59
0
0

40
0
40
0
40
40
20
50
0
30

Final
Decimal
359,8500
359,9056
359,8278
359,7278
359,6222
0,1611
359,8083
359,1167
359,8722
359,9750

Grau
359
0
359
359
359
0
0
359
359
359

Min
42
16
49
50
59
11
2
47
48
55

Seg
20
40
50
20
50
40
20
0
20
0

Decimal
359,7056
0,2778
359,8306
359,8389
359,9972
0,1944
0,0389
389,7833
359,8056
359,9167

359,9944
359,9633
0,0111
0,0000
359,9778
359,9944
359,9889
359,9972
0,0000
0,0083

0
0
359
359
359
359
359
0
359
0

2
0
59
59
59
59
59
0
59
0

10
40
0
20
40
20
50
40
30
0

0,0361
0,0111
359,9833
359,9889
359,9944
359,9889
359,9972
0,0111
359,9917
0,0000

Obs 1 (no alinhado com PI e PF)


Vertical
1
2
3
4
5
27
28
29
30
31

Incio

Final

Grau
284
284
287
287
291
291
298
298
305
305

Min
26
26
1
1
36
36
47
46
38
38

Seg
40
10
30
20
50
20
10
20
30
10

Decimal
284,4444
284,4361
287,0250
287,0222
291,6139
291,6389
298,7861
298,7722
305,6417
305,6361

Grau
284
284
287
287
291
291
298
298
305
305

Min
25
28
0
1
36
36
46
45
36
38

Seg
30
30
30
40
50
30
40
50
50
50

Decimal
284,4250
284,4750
287,0083
287,0278
291,6139
291,6083
298,7778
298,7639
305,6139
305,6472

356
356
357
357
358
358
359
359
359
359

45
44
52
52
32
33
14
15
41
41

40
40
10
20
30
50
30
0
30
20

356,7611
356,7444
357,8694
357,8667
358,5417
358,5839
359,2417
359,2500
359,6917
359,6889

356
356
357
357
358
358
359
359
359
359

47
46
51
52
33
33
14
14
40
42

30
10
30
40
20
40
50
20
40
10

355,7917
356,7894
357,8583
357,8778
358,5556
358,5611
359,2472
359,2389
359,6778
359,7028

Valor calculado

Valor medido

Valor fixo

50 Agncia Nacional de guas

Tabela 10 Clculo da Distncia (d) percorrida pelo Barco para cada Vertical e Profundidade
Base

(Const Obs 1)

(Const Obs 2)

(m)

dec

dec

1131,0

279,9106

79,8194

Obs 1
Vertical

25

26

27

28

29

30

31

Posio

Obs 2

= Obs 1 -

Inicial

Final

Inicial

Final

dec

dec

dec

dec

dec

rad

dec

rad

20%

284,4444

284,4250

359,8500

359,7056

4,5339

0,0791

4,5144

0,0788

80%

284,4361

284,4750

359,9056

0,2778

4,5256

0,0790

4,5644

0,0797

20%

287,0250

287,0083

359,8278

359,8306

7,1144

0,1242

7,0978

0,1239

80%

287,0222

287,0278

359,7278

259,8389

7,1117

0,1241

7,1172

0,1242

20%

291,6139

291,6139

359,6222

359,9972

11,7033

0,2043

11,7033

0,2043

80%

291,6389

291,6083

0,1611

0,1944

11,7283

0,2047

11,6978

0,2042

20%

298,7861

298,7778

359,8083

0,0389

18,8756

0,3294

18,8672

0,3293

80%

298,7722

298,7639

359,1167

359,7833

18,8617

0,3292

18,8533

0,3291

20%

305,6417

305,6139

359,8722

359,8056

25,7311

0,4491

25,7033

0,4486

80%

305,6361

305,6472

359,9750

359,9167

25,7256

0,4490

25,7367

0,4492

20%

355,2222

355,2111

359,9722

359,9556

75,3117

1,3144

75,3006

1,3142

80%

355,2139

355,2083

359,9556

359,9778

75,3033

1,3143

75,2978

1,3142

20%

356,1917

356,0306

0,0139

0,0250

76,2811

1,3314

76,1200

1,3285

80%

356,0417

356,0278

359,9833

359,9833

76,1311

1,3287

76,1172

1,3285

20%

356,7611

356,7917

359,9944

0,0361

76,8506

1,3413

76,8811

1,3418

80%

356,7444

356,7694

359,9833

0,0111

76,8339

1,3410

76,8589

1,3414

20%

357,8694

357,8583

0,0111

359,9833

77,9589

1,3606

77,9478

1,3604

80%

357,8667

357,8778

0,0000

359,9889

77,9561

1,3606

77,9672

1,3608

20%

358,5417

358,5556

359,9778

359,9944

78,6311

1,3724

78,6450

1,3726

80%

358,5639

358,5611

359,9944

359,9889

78,6533

1,3728

78,6506

1,3727

20%

359,2417

359,2472

359,9889

359,9972

79,3311

1,3846

79,3367

1,3847

80%

359,2500

359,2389

359,9972

0,0111

79,3394

1,3847

79,3283

1,3845

20%

359,6917

359,6778

0,0000

359,9917

79,7811

1,3924

79,7672

1,3922

80%

359,6889

359,7028

0,0083

0,0000

79,7783

1,3924

79,7922

1,3926

Valor calculado

Inicial

Valor fixo

Final

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 51

Tabela 10 Clculo da Distncia (d) percorrida pelo Barco para cada Vertical e Profundidade

= Obs 2 corrigido
Vertical

25

26

27

28

29

30

31

Inicial

Final

Inicial

Final

Di (m)

Df (m)

dec

rad

dec

rad

dec

rad

dec

rad

0,1500

0,0026

0,2944

0,0051

95,4967

1,6667

95,3717

1,6645

89,8171

89,4142

0,0944

0,0016

0,2778

0,0048

95,5606

1,6678

95,8939

1,6737

89,6621

90,4837

0,1722

0,0030

0,1694

0,0030

92,8939

1,6213

92,9133

1,6216

140,2551

139,9306

0,2722

0,0048

0,1611

0,0028

92,7967

1,6196

92,9022

1,6214

140,1888

140,3106

0,3778

0,0066

0,0028

0,0000

88,0994

1,5376

88,4744

1,5442

229,5431

229,4982

0,1611

0,0028

0,1944

0,0034

88,6133

1,5466

88,6772

1,5477

229,9674

229,3706

0,1917

0,0033

0,0389

0,0007

81,1133

1,4157

81,3522

1,4199

370,3397

369,9442

0,8833

0,0154

0,2167

0,0038

80,4356

1,4039

81,1106

1,4156

370,7888

369,9223

0,1278

0,0022

0,1944

0,0034

74,3217

1,2972

74,2828

1,2965

509,9967

509,5808

0,0250

0,0004

0,0833

0,0015

74,4300

1,2990

74,3606

1,2978

509,6245

510,0022

0,0278

0,0005

0,0444

0,0008

24,8411

0,4336

24,8356

0,4335

2604,2123 2604,6254

0,0444

0,0008

0,0222

0,0004

24,8328

0,4334

24,8606

0,4339

2604,9314 2602,1393

0,0139

0,0002

0,0250

0,0004

23,9133

0,4174

24,0856

0,4204

2710,5512 2690,4539

0,0167

0,0003

0,0167

0,0003

24,0328

0,4195

24,0467

0,4197

2696,1397 2694,5136

0,0056

0,0001

0,0361

0,0006

23,3244

0,4071

23,3356

0,4073

2781,6151 2780,7106

0,0167

0,0003

0,0111

0,0002

23,3300

0,4072

23,3328

0,4072

2780,8006 2780,7716

0,0111

0,0002

0,0167

0,0003

22,2328

0,3880

22,2161

0,3877

2923,3680 2925,3290

0,0000

0,0000

0,0111

0,0002

22,2244

0,3879

22,2022

0,3875

2924,3784 2927,2782

0,0222

0,0004

0,0056

0,0001

21,5272

0,3757

21,5300

0,3758

3021,7423 3021,5181

0,0056

0,0001

0,0111

0,0002

21,5217

0,3756

21,5189

0,3756

3022,7208 3023,0630

0,0111

0,0002

0,0028

0,0000

20,8383

0,3637

20,8411

0,3637

3124,3968 3124,0560

0,0028

0,0000

0,0111

0,0002

20,8383

0,3637

20,8633

0,3637

3124,4824 3120,7911

0,0000

0,0000

0,0083

0,0001

20,3994

0,3560

20,4060

0,3561

3193,2801 3192,3081

0,0083

0,0001

0,0000

0,0000

20,4106

0,3562

20,3883

0,3558

3191,5879 3195,0578

Valor calculado

Valor fixo

52 Agncia Nacional de guas

Tabela 11 Clculo das coordenadas (x e y) do barco e velocidade medida


pelo molinete para cada vertical e profundidade
Rio Solimes

Cota(NA)incio(m):

15,57 m

Local Maracapuru

Cota (NA) final (m):

15,55 m

Data 23/08/2004

Cota (NA)mdia (m):

15,56 m

Eq. Molinete Para (N/T)< = 12,90: V=0,238272*(N/T)+0,006455

Vertical

Para(N/T)< = 12,90: V=0,236476*(N/T)+0,029619

Abscissa

Profundidade Posio
total

Estimada

Real

(m)

(m)

(m)

90

89,844

23,10

140

140,170

25,40

230

229,593

25,70

370

370,237

25,40

510

509,800

24,90

27

2780

2780,974

20,90

28

2920

2925,088

17,50

29

3020

3022,261

15,60

30

3120

3123,432

9,20

31

3190

3193,058

3,60

Valor calculado

Profundidade
de medio

Obs 2 (alinhado com PI e PF)


Incio

Final

(%)

(m)

grau

min

seg

Decimal

grau

min

seg

Decimal

20%

4,62

359

51

359,8500

359

42

20

359,7058

80%

18,48

359

54

20

359,9058

16

40

0,2778

20%

5,08

359

49

40

359,8278

359

49

50

359,8306

80%

20,32

359

43

40

359,7278

359

50

20

359,8389

20%

5,14

359

37

20

359,6222

359

59

50

359,9972

80%

20,56

40

0,1611

11

40

0,1944

20%

5,08

359

48

30

359,8083

20

0,0389

80%

20,32

359

359,1167

359

47

359,7833

20%

4,98

359

52

20

359,8722

359

48

20

359,8056

80%

19,92

359

58

30

359,9750

359

55

359,9167

20%

4,18

359

59

40

359,9944

10

0,0361

80%

16,72

359

59

359,9833

40

0,0111

20%

3,5

40

0,0111

359

59

359,9833

80%

14

0,0000

359

59

20

359,9889

20%

3,12

359

58

40

359,9778

359

59

40

359,9944

80%

12,48

359

59

40

359,9944

359

59

20

359,9889

20%

1,84

359

59

20

359,9889

359

59

50

359,9972

80%

7,36

359

59

50

359,9972

40

0,0111

20%

0,72

0,0000

359

59

30

359,9917

80%

2,88

30

0,0083

0,0000

Valor medido

Valor fixo

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 53

Tabela 11 Clculo das coordenadas (x e y) do barco e velocidade medida


pelo molinete para cada vertical e profundidade
Base
(Dist entre Obs1
e Obs 2)

PI-PF

(m)

(m)

grau

min

seg

Decimal

grau

min

seg

Decimal

1131,0

3243,3

279

54

38

279,9106

79

49

10

79,8194

(ngulo const. Obs 1)

Obs 1 (no-alinhado com PI e PF)

(ngulo const. Obs 2)

Coordenadas
N

Incio

Final

Xi

Xf

Yi

Yf

(m)

(m)

Veloc

(s)

(m/s)

grau

min

seg

Decimal

grau

min

seg

Decimal

(m)

(m)

284

26

40

284,4444

284

25

30

284,4250

89,8168

89,4130

-0,2351 -0,4595

183

40

1,097

284

26

10

384,4361

284

28

30

284,4750

89,6619

90,4826

-0,1478 0,4387

134

40

0,805

287

30

387,0250

287

30

287,0083 140,2544

139,9800

-0,4216 -0,4138

189

40

1,132

287

20

287,0222

287

40

287,0278 140,1872

140,3100

-0,6661 -0,3945

154

40

0,924

291

36

50

291,6139

291

36

50

291,6139 229,5381

229,4982

-0,5135 -0,0111

197

40

1,180

291

38

20

391,6389

291

36

30

291,6083 229,9665

229,3693

0,6466

0,7784

154

40

0,924

298

47

10

298,7861

298

46

40

298,7778 370,3376

369,9441

-1,2389 0,2511

204

40

1,222

298

46

20

298,7722

298

45

50

298,7639 370,7448

369,9197

-5,7163 -1,3989

171

40

1,025

305

38

30

305,6417

305

36

50

305,6139 509,9954

509,5778

-1,1374 -1,7294

202

40

1,210

305

38

10

305,6361

305

38

50

305,6472 509,6245

510,0017

-0,2224 -0,7418

155

40

0,930

356

45

40

356,7611

356

47

30

356,7917 2781,6151 2780,7101 -0,2697 1,7526

225

40

1,347

356

44

40

356,7444

356

46

10

256,7694 2780,8005 2780,7715 -0,8089 0,5393

179

40

1,073

357

52

10

357,8694

357

51

30

357,8583 2923,3680 2925,3288 0,5669 -0,8509

186

40

1,114

357

52

357,8667

357

52

40

357,8778 2924,3784 2927,2782 0,0000 -0,5677

148

40

0,888

358

32

30

358,5417

358

33

20

358,5556 3021,7421 3021,5181 -1,1720 -0,2930

171

40

1,025

358

33

50

358,5639

358

33

40

358,5611 3022,7208 3023,0630 -0,2931 -0,5862

122

40

0,733

359

14

30

359,2417

359

14

50

359,2472 3124,3968 3124,0560 -0,6059 -0,1515

157

40

0,942

359

15

359,2500

359

14

20

359,2389 3124,4824 3120,7910 -0,1515 0,6052

107

40

0,644

359

41

30

359,6917

359

40

40

359,6778 3193,2801 3192,3081 0,0000 -0,4643

51

40

0,310

359

41

20

359,6889

359

42

10

359,7028 3191,5879 3195,0578 0,4642

41

40

0,251

Valor calculado

Valor medido

0,0000

Valor fixo

54 Agncia Nacional de guas

Tabela 12 Clculo das velocidades (molinete, barco, longitudinais, rio), largura (mtodo meia seo),
rea e vazo para cada vertical (Mtodo Grandes Rios)
Dist PI-ME (m)

Dist PF-MD (m)

7,8

Vertical

Posio

Y (m)

X (m)

Vm (m/s)

VLb
(m/s)

VLm
(m/s)

PI

20%

-0,224

-0,404

1,097

0,006

1,097

1,102

80%

0,586

0,821

0,805

-0,015

0,804

0,790

20%

0,008

-0,324

1,132

0,00

1,132

1,132

80%

0,272

0,123

0,924

-0,007

0,924

0,917

20%

1,502

-0,040

1,180

-0,038

1,180

1,142

80%

0,132

-0,597

0,924

-0,003

0,924

0,920

20%

1,490

-0,394

1,222

-0,037

1,222

1,184

80%

4,317

-0,825

1,025

-0,108

1,025

0,917

20%

-0,592

-0,418

1,210

0,015

1,210

1,224

80%

-0,519

0,377

0,930

0,013

0,930

0,943

20%

2,022

-0,905

1,347

-0,051

1,347

1,296

80%

1,348

-0,029

1,073

-0,034

1,073

1,039

20%

-1,418

1,961

1,114

0,035

1,113

1,149

80%

-0,568

2,900

0,888

0,014

0,885

0,899

20%

0,879

-0,224

1,025

-0,022

1,025

1,003

80%

0,293

0,342

0,733

0,007

0,733

0,740

20%

0,454

-0,341

0,942

-0,011

0,942

0,930

80%

0,757

-3,691

0,644

-0,019

0,637

0,618

20%

-0,464

-0,972

0,310

0,012

0,309

0,321

80%

-0,464

3,470

0,251

0,012

0,235

0,247

27

28

29

30

31
PF

Vi
Vmdia
(VLm+VLm) (m/s) (m/s)

Largura
(m)

rea
(m2)

Vazo
(m3/s)

0,473

41,422

476,422

226,276

0,946

66,585

1538,118

1454,948

1,025

69,875

1774,816

1818,369

1,031

115,033

2956,350

3049,139

1,051

140,103

3558,626

3738,834

1,084

149,868

3731,709

4043,642

1,168

113,587

2373,967

2771,613

1,024

120,643

2111,258

2162,010

0,872

99,172

1547,077

1348,696

0,774

85,399

785,668

608,320

0,284

56,034

201,723

57,260

0,142

21,221

38,197

5,421

Largura total (m)

3243,300

Valor calculado

Vazo total (m3/s)

104.982,466

Valor digitado

rea total (m2)

85.617,836

Valor fixo

Vmdia (m/s)

1,226

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 55

Perfil Transversal da Seo de Mediao de Descarga Lquida - Manacapuru - rio Solimes (AM)
0
5
10

Profundidade (m)

15
20
25
30
35
40
45
0
45

500
Profundidade Total

1.000
20%

80%

1.500
NA

2.000

2.500

3.000

Abscissa (m) - ME do lado esquerdo e MD do lado direito

Figura 39: Perfil transversal da seo de medio pelo mtodo dos grandes rios

5.3 Mtodo do barco em movimento


(moving boat ou smoot)
A tcnica de medio com o barco em movimento,
conhecida como Mtodo de Smoot, foi desenvolvida no
U. S. Geological Survey, por George F. Smoot e Charles E.
Novak. Esse mtodo destaca-se pela rapidez e segurana
com que se realizam as medies, razo pela qual
especialmente indicado para os perodos de cheias, em
locais sujeitos a fortes inundaes e em rios ou esturios
sujeitos ao efeito de mar.
Os resultados obtidos em medies realizadas com o
Mtodo de Smoot esto na faixa de 5% de diferena em
relao aos demais mtodos convencionais, desde que
sejam utilizadas sees cuidadosamente selecionadas e
que o deslocamento do barco sobre a seo transversal
de medio seja previamente demarcado com dois alvos
em cada margem.
Como nas demais tcnicas, devem ser determinados os
seguintes elementos para o clculo da vazo:

Velocidade da corrente perpendicular seo de


medio, em cada vertical de observao;
Posio das verticais em relao a um ponto inicial
de observao;
Profundidade do rio nas verticais.
Como o barco desloca-se continuamente na seo
transversal, a velocidade medida em cada vertical pelo
molinete (Vm) a resultante da velocidade da gua (V)
com a velocidade produzida pelo deslocamento do
barco (V b). Por isso, necessria a medida do ngulo
entre a direo do molinete e a seo transversal
de medio (Figura 40).
Por esse mtodo, o barco desloca-se na seo transversal
de maneira constante, tanto em velocidade quanto em
direo. A distncia do percurso definida com duas
boias ancoradas perto das margens. A utilizao das boias
evita que o molinete seja danificado quando o barco
atinge, nas proximidades da margem, profundidades
inferiores posio do molinete.

FLUXO D'GUA

DIREO DO MOLINETE

BIA

ALVO
PI

BIA

PF

MOVIMENTO DO BARCO

Vm

Fonte: Fichas Tcnicas DNAEE - 1984

56 Agncia Nacional de guas

O molinete, fixado na proa do barco e o ecobatmetro


funcionam de maneira contnua durante a travessia.
A velocidade, a profundidade e o ngulo do molinete
com a seo transversal so medidos em 30 ou em
at 40 verticais.
A velocidade (Vm) medida num nico ponto da
vertical, geralmente a 1m de profundidade, sendo essa
velocidade (Vm) a soma vetorial da velocidade do rio (V),
normal seo transversal, e a velocidade do barco (Vb)
com as margens.

V = Vm sen( )

Vb = Vm cos( )

Vb
Figura 40: Medio de vazo pelo mtodo Smoot.

V = Vm2 Vb2

ou

Foto: Matheus / Banco de imagens ANA

Foto: Matheus / Banco de imagens ANA

A velocidade do rio determinada a 1m de profundidade


deve ser convertida em velocidade mdia na vertical por
meio de um coeficiente apropriado (KV).

Figura 41: Alvo prximo margem e Contador


de Pulsos pelo Mtodo Barco em Movimento

Os autores do mtodo (Smoot e Novak), aps uma srie


de investigaes feitas em rios americanos, afirmam que
esse coeficiente situa-se na faixa de 0,90 a 0,92. Esse
coeficiente para a seo em questo pode ser obtido
pela mdia das razes entre a velocidade mdia de cada
vertical e a velocidade medida a 1 m de profundidade
(obtido pelo mtodo de barco ancorado).

VC = V KV
VC = velocidade mdia da vertical na direo
do fluxo (m/s)
velocidade
a um metro de profundidade
V
=
em que
na direo do fluxo (m/s)
KV = coeficiente de correo de velocidade
(entre 0,90 e 0,92)
n

KV =

(Vmdia )i

(V
i =1

Pr of =1m i

K V = coeficiente de correo da velocidade


(V
mdia da vertical "i" na
mdia )i = velocidade
direo do fluxo (m/s)

em que (VPr of =1m )i = velocidade medida na vertical "i"


a um metro de profundidade na direo

do fluxo (m/s)
i = vertical onde realizada a medio da velocidade
(mtodo do Barco Ancorado)

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 57

A distncia percorrida pelo barco, entre duas verticais,


calculada a partir de uma distncia terica (constante)
que a funo do molinete. Essa distncia deve ser
corrigida em funo do ngulo do molinete, conforme
a expresso a seguir, obtendo a distncia projetada ao
longo da seo transversal.

Lb ,i = LV cos()
Lb ,i = distncia calculada percorrida pelo barco
entre duas verticais (m)

em que LV = distncia terica e constante do molinete (m)


= ngulo entre a direo do molinete e a seo
transversal de medio

O somatrio das distncias parciais entre duas verticais


consecutivas (Lb,i), com as distncias entre a margem e a
respectiva boia, no necessariamente coincidir com a distncia entre as margens (L) medida. Dever ento ser calculado um coeficiente de correo da largura (KL) para obter a
rea e a vazo real para a travessia respectiva (Figura 42).

O mtodo de medio com barco em movimento


completo no que se refere ao termo geomtrico da vazo
(seo molhada), parcial no que se refere ao termo
hidrulico da vazo (velocidade medida a um metro de
profundidade, ou seja, somente na superfcie).
Para a realizao da medio, so utilizados os
equipamentos ilustrados nas Figuras 43 e 44, ou seja:
eixo vertical fixado na proa do barco com um leme
que orienta o molinete na direo da corrente com
um indicador de direo que permite ler o valor do
ngulo ;
Molinete (passo terico 0,125) gera 24 impulsos
em cada revoluo, e os impulsos recebidos por
um contador apresentam o valor instantneo de
impulsos por segundo e, por consequncia, permite
calcular a velocidade instantnea. O contador
seleciona tambm as verticais de medio e quando
o nmero de pulsos totaliza o valor pr-escolhido
(correspondendo a distncia terica), gerado um
sinal sonoro para alertar a equipe e um sinal eltrico
que assinala uma marca no papel do ecobatmetro.

LB
Bia 1

PI

Bia 2

ME

MD

PF

Rio Solimes

Figura 42: Seo de medio com a utilizao do mtodo do


barco em movimento

1 = molinete
2 = leme

3 = transdutor ligado ao ecobatmetro

4 = medidor de ngulo
5 = eixo fixado na proa do barco

6 = contador de impulsos
4

KL =

L
n

L
i =1

M , Bia

+ Lb ,i
i =1

K L = coeficiente de correo da largura

L = distncia real entre as margens MD e ME (m)

em que LM , Bia = distncia medida entre a margem e a


respectiva bia (m)

L = distncia calculada percorrida pelo barco


b ,i entre duas verticais (m)

Areal = A K L

Qreal = Q K L

PROA DO BARCO

# 1m
3

2
1

Figura 43: Equipamentos para Medio pelo Mtodo Smoot a


1 metro de profundidade

Foto: Celso / Banco de imagens ANA

Foto: Celso / Banco de imagens ANA

58 Agncia Nacional de guas

Figura 44: Eixo vertical fixado na proa do barco e medidor de ngulo

Nesse mtodo, a medio inicia-se na primeira boia


e na primeira vertical so tomadas a velocidade e a
profundidade, assim como lido o ngulo . Se no for
possvel, a velocidade ser estimada a daquela medida
na vertical seguinte.

melhorar a preciso, pois um maior nmero de verticais faz


com que a preciso se aproxime de um processo integrado.
Deve-se destacar que esse mtodo rpido, seguro e
no exige nenhum equipamento localizado nas margens
(aspecto importante quando as margens esto alagadas).

A distncia entre a penltima vertical e a segunda boia


no corresponde, em geral, a uma distncia terica
inteira, mas somente a uma frao desta. Quando o barco
passa na frente da 2 boia, o operador d uma ordem
de fim de medio, e nesse momento a velocidade, a
profundidade e o ngulo so levantados e a sinalizao
registrada no papel do ecobatmetro, permitindo avaliar
o valor da frao da distncia terica.

A fim de exemplificar o clculo da vazo pelo mtodo


do barco em movimento (Mtodo do Moving Boat ou
Smoot), sero apresentadas, a seguir as Tabelas 13, 14 e
15 utilizadas para obteno da vazo lquida, bem como
a Figura 45 que apresenta o perfil transversal da seo
obtida pelo Mtodo do Moving Boat.

Uma medio completa consta de 6 a 10 travessias


sucessivas, alternando-se a origem da medio.
geralmente difcil, nos grandes rios, definir uma seo
transversal rigorosamente perpendicular direo da
corrente dgua. Isso implica uma diferena entre os
valores da vazo medida na ida (de uma margem a outra)
e na volta. O valor da vazo final ser a mdia aritmtica de
seis valores (trs na ida e trs na volta), sendo eliminados
os resultados extremos. Durante a medio, o ngulo
deve ficar o mais constante possvel entre duas verticais
e no sair da faixa entre 35 e 55.
O nmero de verticais recomendado pelos autores do
mtodo (30 a 40) parece suficiente quando as condies
de operaes so boas. Um nmero superior s vem a

Tabela 13 Coeficientes do molinete utilizado


nas travessias
Molinete n.:
CML 1 =
OML 1 =
Prof. Mol.:
N. pulsos:
Classe =
Lv (m) =

A-18038
0,005482
0,01177
1,00
16,384
5
90,6

Vm = CML1 N + OML1
Vm = 0,005482 N + 0,01177

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 59

Tabela 14 Clculo das velocidades mdias, distncias percorridas, reas parciais e vazes parciais para cada
vertical e vazo total da travessia
Medio pelo mtodo do barco em movimento (SMOOT)
Local: Manacapuru
Medio n 1: da margem direita (MD) para a maregem esquerda (ME)

Vertical
(i)
1 (=bia 1)
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34

Travessia

Mtodo

Travessia

Distncia
bia 1 (m)

Distncia
bia 2 (m)

Coeficiente
bia 1 (m)

Coeficiente
bia 2 (m)

Kv

MD-ME

71,2

43,1

0,70

1,0

0,9133

ngulo
()
29
27
34
32
35
33
39
37
32
33
30
26
36
30
23
32
45
48
46
35
42
46
43
41
32
42
37
37
33
34
34
22
28
41

Profundidade
(Pi)
4,0
7,9
11,8
15
15,2
17,3
18,9
20,7
23,4
27
28,1
31,5
36,4
41,5
43
37
27,4
26,3
26,5
25,8
27,7
28
28,1
27,9
26,7
31,0
28,5
25,0
33,0
31,7
30,3
26,2
26,3
23,3

Pulsos
(N)
225
275
355
405
425
415
430
450
450
450
455
450
475
500
505
520
575
575
555
550
550
560
560
600
610
600
600
530
510
490
375
405
450
510

Vel. 1m
(V)
0,60
0,69
1,09
1,18
1,34
1,25
1,49
1,49
1,31
1,35
1,25
1,09
1,54
1,38
1,09
1,52
2,24
2,35
2,20
1,74
2,03
2,22
2,10
2,17
1,78
2,21
1,99
1,76
1,53
1,51
1,16
0,84
1,16
1,84

Vel. mdia
(VC)
0,55
0,69
1,00
1,08
1,23
1,14
1,36
1,36
1,20
1,23
1,14
0,99
1,40
1,26
0,99
1,39
2,04
2,15
2,01
1,59
1,85
2,02
1,92
1,98
1,62
2,02
1,81
1,60
1,40
1,38
1,06
0,76
1,06
1,68

D. parcial
(Lb, i)
71,20
56,51
75,11
76,83
74,22
75,98
70,41
72,36
76,83
75,98
78,46
81,43
73,30
78,46
83,40
76,83
64,06
60,62
62,94
74,22
67,33
62,94
66,26
68,38
76,83
67,33
72,36
72,36
75,98
75,11
75,11
84
80
68,38

D. acumulada
(D)
71,2
127,7
202,8
279,7
353,9
429,9
600,3
572,6
649,4
725,4
803,9
885,3
958,6
1.037,1
1.120,5
1.197,3
1.261,4
1.322,0
1.384,9
1.459,2
1.526,5
1.589,4
1.655,7
1.724,1
1.800,9
1.868,2
1.940,6
2.012,9
2.088,9
2.164,0
2.239,1
2.323,1
2.403,1
2.471,5

rea
(Aj)
255,42
519,89
896,47
1.132,86
1.141,51
1.266,30
1.349,14
1.544,11
1.787,96
2.085,01
2.246,49
2.436,96
2.762,01
3.358,59
3.444,96
2.606,60
1.709,21
1.624,80
1.817,25
1.825,92
1.604,17
1.808,75
1.891,65
2.025,68
1.924,56
2.165,12
2.062,16
1.854,25
2.499,06
2.381,01
2.410,57
2.148,37
1.951,09
1.580,97

Vazo
(Qi)
140,83
327,52
896,41
1.223,78
1.400,27
1.440,45
1.837,06
2.103,71
2.144,92
2.570,76
2.570,96
2.418,43
3.878,47
4.222,03
3.417,91
3.611,10
3.490,42
3.489,19
3.646,56
2.895,29
3.337,39
3.662,08
3.631,11
4.006,63
3.125,80
4.367,77
3.741,55
2.973,22
3.481,77
3.280,82
2.545,40
1.640,59
2.073,62
2.659,66
Continua

60 Agncia Nacional de guas

Continuao

Vertical
ngulo
(i)
()
35
42
36
51
37
52
38
39
39
41
40
42
41
40
42
42
43
43
44
44
45
54
46
61
47(=bia 2)
59

Profundidade
(Pi)
24,2
23,7
24,3
23,4
23,8
24,5
24,4
24,7
25,2
24,7
24,6
24,0
14,0

Pulsos
(N)
390
310
270
250
340
300
325
275
310
260
275
270
275

Vel. 1m
(V)
1,44
1,33
1,16
0,87
1,23
1,11
1,15
1,02
1,17
1,00
1,23
1,30
1,30

Vel. mdia
(VC)
1,31
1,21
1,07
0,79
1,12
1,01
1,05
0,93
1,07
0,91
1,12
1,19
1,19

Valor calculado

D. parcial
(Lb, i)
67,33
57,02
65,78
70,41
68,38
67,33
69,40
67,33
66,26
65,17
53,25
43,92
46,66
43,10
3.312,85

D. acumulada
(D)
2.538,8
2.595,9
2.651,6
2.722,0
2.790,4
2.857,7
2.927,2
2.994,5
3.060,7
3.125,9
3.179,2
3.223,1
3.269,8
3.312,85

rea
(Aj)
1.504,58
1.336,62
1.533,19
1.623,80
1.614,90
1.674,97
1.668,14
1.649,83
1.656,05
1.462,56
1.195,28
1,087,03
628,34

Vazo
(Qi)
1.976,69
1.623,44
1.646,25
1.290,09
1.814,95
1.695,51
1.756,33
1.531,88
1.765,15
1.333,50
1.341,84
1.295,48
747,36

82.947,18

112.071,95

Valor medido

Valor fixo

Tabela 15 Resumo das medies em cada travessia e correo da vazo


em funo da distncia entre as margens (KL)
PI-PF (m)
PI-ME (m)
PI-MD (m)
BOIA-MD (m)
BOIA-ME (m)
L (m)
LB (m)
Travessia
N
1
2
3
4
Mdia

Sentido

Largura (m)
(LT)
3.312,85
3.084,01
3.559,28
3.114,66
3.436,07
3.099,34
3.267,70

MD-ME
ME-MD
MD-ME
ME-MD
MD-ME
ME-MD
Global

3243,3
8,9
8,8
71,2
43,1
3225,6
3111,3
rea (m)

KL

(AT.KL)
80.762,49
82.005,79
81.871,65
82.152,04
81.317,07
82.078,91
81.697,99

0,97
1,05
0,91
1,04
0,94
1,04
0,99

Sentido

Desvio Padro ()

MD-ME
ME-MD

1926,5
460,9

Descarga
(m/s)
(QT.KL)
109.120,17
114.342,84
105.267,22
115.264,74
107.193,70
114.803,79
110.998,74

Vel. Md. (m/s)

Prof. Md. (m)

(VT)
1,35
1,39
1,29
1,40
1,32
1,40
1,36

(Prof med)
25,04
25,42
25,38
25,47
25,21
25,45
25,33

Coef. de Var. das


Descargas Cv (%)
1,8
0,4

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 61

Perfil Transversal da Seo de Mediao de Descarga Lquida - Manacapuru - rio Solimes (AM)
0
5
10

15

Profundidade (m)

20

25

30

35

40

45
0

500

Perfil

1.000

NA

1.500

2.000

2.500

3.000

Abscissa (m) - ME do lado esquerdo e MD do lado direito

Figura 45: Perfil transversal da seo de medio pelo Mtodo Smoot.

5.4 Mtodo acstico (efeito doppler)


A tecnologia doppler utilizada para medir vazes em rios
originou-se da oceanografia, nas reas de baias onde as
dificuldades encontradas consistiam na calibrao dos
medidores acsticos AVM (Acoustic Velocity Meter) e
no existia um medidor rpido o suficiente para realizar a
medio antes que a corrente invertesse a direo.
A utilizao desta tecnologia para a medio de vazo
permite que se tenha um perfil formado por clulas que
so reas em vez de pontos e milhares de medidas em
cada rea em vez de medidas pontuais. Essa maior resoluo poderia ser alcanada, teoricamente no passado, medindo-se com molinetes fluviomtricos em uma grande
quantidade de verticais, agora denominadas ensembles.
Imagine-se um conjunto infinito de molinetes colocados
em uma vertical da seo de medio. A medida de
velocidade que cada um dos molinetes efetuar ser
pontual, entretanto com a tecnologia doppler, passa-se a
ter mais medidas de velocidades na rea de cada clula,
e a velocidade que mostrada na tela do computador
ser a mdia de velocidades para cada uma destas
clulas (Figura 46).

Current Velocity Vector


} Depth
cell
Averages velocity within
entire depth cell

Measures Current Only at


a localized point
ADCP

Moored Line of
standard current meters

ADCP depth cells compared with conventional current meters.

Figura 46: Comparao da medio com ADCP com mtodo


convencional (molinetes)

62 Agncia Nacional de guas

Toda a seo de medio mapeada, Figura 47, tanto


em velocidade dgua (mdulo e direo) e profundidade, quanto em relao a uma ideia da quantidade de
sedimentos em suspenso. Existem estudos de modelos
que buscam uma calibrao para relacionar os dados
obtidos com medidores doppler com a quantidade de
sedimento em suspenso.
As Figuras 48 e 49 ilustram algumas medies
(simultneas) de vazes realizadas na seo de medio
de Manacapuru (Rio Solimes) e mostra o quantitativo de
ensembles medidos (aproximadamente 2 mil), bem como o
quantitativo de tomadas de velocidades nestas verticais.

Cell Size (n)

Profile

Z
Y
X

Figura 47: Mapeamento da seo transversal pelo ADCP/ADP

Figura 48: Tela do Programa WinRiver (RDI Instruments fabricante do ADCP)

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 63

Figura 49: Tela do Programa River Surveyor (Sontek fabricante do ADP)

5.4.1 Conceito do princpio doppler


Imagine uma fonte estacionria de som ou de luz
emitindo uma srie de ondas esfricas como na Figura
50. Se a fonte estiver em movimento, por exemplo, da direita para a esquerda, ela emite ondas esfricas progressivamente centradas nos pontos de 1 a 6 como mostrado na Figura 51. Mas um observador em B v as ondas
alongadas, enquanto outro em A as v comprimidas,
sendo esse o efeito doppler.

Em resumo, efeito Doppler a alterao da frequncia


sonora percebida pelo observador em virtude do movimento relativo de aproximao ou afastamento entre a
fonte e o observador.
Exemplificando: um carro de corrida passa por um
observador fixo na reta principal de um autdromo, e,
medida que se aproxima do observador, o som do motor
fica mais agudo e passa para mais grave medida que se
afasta, dando continuidade a seu trajeto.

5.4.2 Tecnologia ADCP (Acoustic Doppler


Current Profiler)

6 54 3 2 1
A
Figura 50: Ondas A Fonte Estacionria e B Fonte em
Movimento

A partir deste instante a sigla ADCP far referncia


tecnologia doppler de medio de vazo, podendo ser
aplicado tanto para o equipamento da RDI (ADCP) como
para o equipamento da Sontek (ADP).
O ADCP um equipamento composto por uma sonda,
com quatro transdutores (existem equipamentos com

64 Agncia Nacional de guas

trs transdutores), e os modelos antigos possuem ainda


um deck box (conjunto de hardware) que em decorrncia
do tamanho dos integrados e circuitos da poca, no
cabiam somente no corpo do equipamento.
Nos equipamentos de 2a e 3a gerao, todo o hardware
fica no corpo do aparelho, e atravs de seu firmware
(software interno autnomo) emite, recebe, l e
processa os pulsos acsticos, para serem transmitidos
a um computador com um software especfico de
acompanhamento on-line em forma de grficos, tabelas
etc. Ou software de interface usado apenas para enviar
as configuraes e extrair os dados nos casos dos
equipamentos fixos.
O equipamento emite ondas sonoras fazendo vibrar
seus pequenos elementos cermicos ao passar por eles
uma corrente eltrica. Esta onda viaja por meio da gua
em frequncias preestabelecida (para uso em rios, 300,
600, 1.200 ou 2400 kHz, para os equipamentos da RDI,
e 500, 1.000, 1.500, 3.000 e 5.000 kHz, para os equipamentos da Sontek).
Partculas carregadas pela corrente de gua, a diferentes
profundidades, refletem o som de volta para o aparelho que escuta o eco por meio dos mesmos sensores
chamados mono estticos. Os equipamentos que emitem frequncias menores (por exemplo: 1200 kHz) so
utilizados para medies em rios menos profundos.
O retorno do som refletido pelas partculas, a diferentes
profundidades, faz que os sensores do ADCP reconheam tambm diferentes profundidades. Dessa forma,
o equipamento constri um perfil vertical da coluna
dgua (RDI, 1989).
O processamento do sinal refletido pode ser feito de trs
maneiras:
a) Pulso Incoerente ou Narrowband o sistema
transmite um pulso sonoro relativamente longo,
que ouve o reflexo deste som nas partculas carreadas na gua e mede a diferena de frequncia
entre o sinal emitido e o recebido. Essa mudana
de frequncia, efeito Doppler, usada para calcular a velocidade da gua.

b) Processamento coerente pulso a pulso o mais


preciso de todos e tambm o que possui maiores
limitaes, trabalhando na emisso de um pulso
relativamente curto na gua, gravando o retorno
do sinal, para ento transmitir o segundo pulso,
quando no h mais vestgios do primeiro pulso
no perfil. O sistema mede a diferena de fase
entre os dois reflexos dos pulsos e usa isso para
calcular o efeito doppler.
c) Disperso do espectro ou processamento broadband
os sistemas broadband medem a diferena
de fase dos retornos de sucessivos pulsos, com a
diferena que aqui estaro mais de um pulso na
gua ao mesmo tempo, isso traz consigo um rudo
maior no sinal e, por conseguinte, um desviopadro maior nas medidas de velocidade da gua,
em outras palavras menor preciso.
Os sistemas da RDI utilizam os dois ltimos e so definidos
por comandos divididos em modos ou mdulos de operao, determinados por meio de programa computacional. A Sontek utiliza o processamento incoerente e
no necessita alterar os modos para diferentes ambientes. Cada enfoque tem suas vantagens e desvantagens
que devem ser bem analisadas, por quem entende seus
funcionamentos na hora de adquirir um equipamento.
medida que o ADCP processa o sinal refletido pelas
partculas em suspenso na gua, divide a coluna lquida
em um nmero discreto de segmentos na vertical. Esses
segmentos so denominados clulas de profundidade
ou bins. O equipamento determina a velocidade e a
direo de cada clula, cuja profundidade escolhida
pelo operador, cuja largura funo da velocidade do
barco e da velocidade de processamento dos pulsos.
No caso do Projeto Hidrologia e Geoqumica da Bacia
Amaznica HiBAm, utilizou-se um equipamento
de BB-DR-300kHz de frequncia, para profundidades
variando de 25 a 110 metros, adotando-se clulas
de 1 ou 2 metros de altura por aproximadamente 5
metros de largura, dependendo da profundidade da
seo, visando obter uma melhor medio da vazo
(GUYOT et al., 1995) (Figura 51).

Foto: David Velasco / Banco de imagens ANA

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 65

Figura 51: Medio de descarga lquida pelo mtyodo


acstico em grandes rios.

Um perfil leva menos de um segundo para ser obtido


pelo equipamento, levando a medio de vazo com
ADCP rpida. Para uma seo de 3,2 km de largura,
como a de Manacapuru, no Rio Solimes, a travessia
com o ADCP leva apenas 20 minutos, e uma medio
com mtodos de barco ancorado precisa de mais de um
dia de trabalho. Essa rapidez aumenta a segurana dos
hidrotcnicos e a eficincia do trabalho (Figura 52).

A dificuldade de medir vazes em locais onde ocorrem


redemoinhos e remanso no representa um obstculo ao
ADCP, pois o equipamento faz correes automticas da
direo de escoamento e calcula a vazo. Essas correes,
associadas rapidez de operao, permitem medir vazes
em zonas influenciadas pela mar e, tambm, estimar o
impacto da mar nas vazes dos rios (FILIZOLA et al., 1999).
O ADCP mede a velocidade e a direo do fluxo dgua
relativo a ele mesmo. A velocidade aparente, velocidade
da gua mais a velocidade do barco, e a velocidade
do barco em relao ao fundo medidas pela funo
conhecidas como bottom tracking, que, por subtrao,
obtm a velocidade da gua (RDI, 1989).
Algumas informaes adicionais, tambm relacionadas
medio da velocidade da gua, so gravadas pelo
ADCP, como temperatura, posicionamento, oscilaes
do barco, informaes quanto qualidade das medies
de velocidade, intensidade da energia acstica, dados
horrios da medio etc.
O valor da temperatura da gua obtido por meio
de um sensor de temperatura localizado na extremidade dos transdutores acsticos. Esse valor muito
importante, pois os clculos das velocidades da gua e

Figura 52: Perfil de velocidade da seo medida com o ADCP no Rio Solimes, Manacapuru
em 07/08/2002 (123.619m3/s)

66 Agncia Nacional de guas

do fundo dependem da velocidade do som, que por sua


vez depende da temperatura e da salinidade da gua.
A temperatura, conforme dito anteriormente medida
diretamente e a salinidade estimada e fornecida ao
equipamento via teclado.

envolvidos, pode ser obtida no estudo de Simpson


e Oltmann (1993), Morlock (1996) e Simpson (2001)
alm dos manuais dos dois fabricantes conhecidos, RD
Instruments e Sontek.

Para fornecer a velocidade orientada segundo as


coordenadas terrestres, Norte/Sul e Leste/Oeste, o ADCP
tem uma bssola interna que mede sua orientao relativa ao campo magntico da Terra. Com isso, o equipamento pode determinar a direo do fluxo dgua e
o seu movimento em relao ao fundo e, dessa forma,
informar a direo do fluxo dgua.

5.4.3 Fundamentos da medio de vazo


com ADCP

A intensidade da energia acstica refletida pelas


partculas em suspenso na gua tambm gravada
pelo ADCP, til para uma avaliao qualitativa do material em suspenso na gua (GUIMARES et al., 1997).
A partir desses dados, possvel obter uma distribuio
na seo do material em suspenso MES, que permite
calcular, com uma preciso melhor, os fluxos de
sedimentos nos grandes rios a partir de uma equao
MES = f (intensidade). Na prtica, essa equao uma
funo da qualidade da MES3, sendo necessrio gerar
uma equao para cada seo (GUYOT et al., 1997).

O transdutor acstico do ADCP (Figura 53) precisa ser


imerso de forma que esteja completamente coberto de
gua, permitindo, assim, conduzir o barco em velocidades aceitveis, visando no permitir grandes variaes
em decorrncia das oscilaes da embarcao. Tal fato
provocaria a entrada de ar em baixo da face dos transdutores, bloqueando a penetrao da energia acstica
na gua (RDI, 1989). No caso da Amaznia, com rios largos, muitas vezes trabalhando sob fortes intempries,
utilizou-se o equipamento sempre mergulhado a 60 cm
Foto: Paulo Gamaro / Banco de imagens ANA

Para medir os movimentos de oscilao do barco (laterais


e de popa-proa), o ADCP tem sensores internos que
permitem realizar correes necessrias visando compensar
tais movimentos. A amplitude da correlao tambm
fornecida pelo equipamento como um valor da qualidade
da medio, quando da anlise dos dados (RDI, 1989).

A descarga medida numa seo o total de fluxo


perpendicular superfcie projetada verticalmente, a
partir do percurso do barco relativamente ao fundo. A
descarga independente do percurso real do barco entre
dois pontos das margens opostas do curso dgua, pois
com o ADCP no necessrio ter um balizamento (considera-se uma reta ideal) entre o PI-PF, forando o barco a
seguir essa trajetria. Isto torna mais fcil a obteno da
descarga, particularmente em locais de grande trfego
de barcos ou em rios de grande largura.

Ainda com relao aos sedimentos, o equipamento


permite registrar o deslocamento das dunas no fundo
do rio e estimar de maneira indireta a velocidade das
partculas em movimento no fundo (arraste).
Este mtodo ainda se encontra em desenvolvimento e
no deve ser visto como uma tcnica operacional madura,
mas como um mtodo de pesquisa que pode fornecer
informaes valiosas quando aplicado devidamente nos
limites da tcnica (MUELLER, D., 2002).
Uma abordagem mais elaborada sobre o desenvolvimento
da tcnica, bem como dos procedimentos matemticos

Figura 53: Vista dos 3 Transdutores do ADP e dos 4


transdutores acsticos do ADCP utilizados para emitir e
receber os pulsos sonoros

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 67

em relao superfcie, fixado ao lado da embarcao


por uma estrutura de alumnio.
Outro importante fator de grande influncia na qualidade
de uma medio a velocidade do barco e no apenas a
profundidade de imerso dos transdutores.
Como o ADCP mede sua prpria velocidade em relao
ao fundo, essa informao usada para calcular o trajeto
que o barco percorreu em relao a terra. O programa
computacional, que acompanha o conjunto do ADCP,
calcula a descarga usando essa informao e os perfis de
velocidade da gua (Figura 54).
Descrevendo o esquema a seguir, tem-se:

Vb
VN n

Vw
dz

ds

w
Vb = vetor velocidade barco
Vw = vetor velocidade gua
Vw * N = vetor normal unitrio
D = Profundidade total perfilada
dz = Tamanho clula (bin size)
w = Largura do perfil (ensemble)
dt = tempo entre pulsos (pings)
ds = rea da clula (bin)

Figura 54: Modo como o ADCP mede vazo

No entanto, nem toda a descarga efetivamente medida,


pois o ADCP no mede diretamente todo o perfil de
velocidade, da superfcie ao fundo, visto que isso se
d por questes tcnico-operacionais relacionadas
profundidade em que o equipamento colocado,
existncia de brancos aps a transmisso do sinal,
estrutura e ao comprimento do pulso de energia emitido
pelos transdutores do ADCP e, finalmente, por efeitos
causados pelo fundo (Figura 55).

Unmeasured
Near-shore
Discharge

Unmeasured
Near-shore
Discharge

Unmeasured Area Due to ADCP Depth and Blank After Transmit

Area of Measured Discharge

Unmeasured Area Due to Side-lobo Interference

Figura 55: reas medidas e calculadas (margens, fundo e topo)


pelo ADCP

O mesmo transdutor usado para transmitir e receber


a energia acstica, sendo necessrio decorrer certo
intervalo de tempo aps a transmisso do pulso para
que a recepo se torne possvel. Esse intervalo constitui um branco aps a transmisso, durante o qual
uma distncia percorrida pelo som. Essa distncia,
blanking distance, no efetivamente medida pelo
ADCP e funo da frequncia e modelo do ADCP
(RDI, 1989). Exemplificando, para um equipamento de
300 kHz, esse branco corresponde a uma distncia de
2 metros.
Ainda segundo RDI (1989), alm do branco, o pulso
de energia emitido pelo ADCP abrange, na verdade,
subpulsos distintos compactados, mas que possuem um
espaamento, denominado lag ou retardo do sinal.
Ressalta-se que a distncia das lentes primeira
clula de profundidade, medida pelo ADCP, a soma
da profundidade de imerso do transdutor (Draft)
o blanking distance com a metade da soma do lag
comprimento da transmisso e uma clula. Calculando isso, para um equipamento de BB 300 kHz com
2 metros de clulas de profundidade, a distncia da
superfcie at a primeira clula de profundidade de
cerca de 5,6 metros.
Como comparativo, um equipamento WH-Rio Grande
600 kHz, segunda gerao de ADCPs, com Draft de 20 cm,
sua primeira clula se localiza a 1,20 m.

68 Agncia Nacional de guas

SUPERFCIE DA GUA

Discharge
Measured Discharge

Power Fit

Top Fit

Botton

0.00

2.25

4.50

6.75

Calado do Transdutor
Zona de Branco"

do transdutor ao fundo. Cabe ressaltar que o software


desconta do clculo os dados correspondentes
ltima clula de profundidade, prxima ao fundo, e faz
a extrapolao desta rea a partir do mtodo escolhido
pelo operador (Figura 57).

Depth (m)

De uma camada prxima ao fundo, os dados obtidos


pela sonda no so utilizados para medir a descarga.
A razo para isso que, alm da energia transmitida
diretamente do transdutor, uma pequena quantidade
de energia chamada side lobe, transmitida em
diversos cones centrados no feixe principal (o ADCP
transmite os pulsos por meio de quatro feixes
acsticos) ,que so como cones de energia. Como o
feixe lateral de maior amplitude est desviado do feixe
principal e uns descem na vertical, parte da energia
daquele refletida no fundo e nas margens, quando
prximo delas, enquanto o feixe principal ainda est
sendo refletido pelas partculas suspensas na gua
(Figura 56).

Transdutor

9.00
-0.500

Lbulo ou feixe lateral

-0.237

0.025

0.288

0.550

Discharge (m /s) {Ref: Btm}


3

rea Perfiladal

Figura 57: Extrapolao das reas no medidas (exponencial)


Feixe principal
Distncia ao longo da frente da onda
acstica onde a interferncia (originada
pela reflexo do fundo) causa perda de
recepo do sinal acstico principal refletido.

Lbulo ou
feixe lateral
rea de Interferncia do
feixe lateral
FUNDO DO CANAL

Figura 56: Fontes de interferncia e forma do sinal emitido por


cada transdutor do ADCP

Essa energia muito mais fraca que o feixe principal,


e seu eco no tem fora para interferir nas medies
de velocidade da gua, mas essa energia ao bater no
fundo cria um obstculo slido , seu eco ento muito
mais forte que o eco do feixe principal nas partculas
em suspenso na gua, contaminando as medidas de
velocidade da gua perto do fundo.
Para um ADCP com feixes entre 20-30 graus, a espessura
da camada no medida em funo do efeito do feixe
lateral , respectivamente, de 6% e 15% da distncia

Existe mais de um fabricante de equipamento com


tecnologia doppler para medio de vazo de rios e lago;
e cada um desses fabricantes tem seu equipamento
(hardware e firmware) e seus programas prprios
(softwares), sendo necessrio a insero ou a utilizao
das configuraes preexistentes. As Figuras 58 e 60
mostram as telas de configurao inicial do software
WinRiver e River Surveyor, da RDI Instruments e da
Sontek, respectivamente.
A Figura 59 a seguir, apresenta uma descrio dos
comandos mostrados na tela de configurao do
software WinRiver. Vale ressaltar que se as configuraes
iniciais no estiverem de acordo com a seo de
medio, o resultado obtido no representar de forma
satisfatria a vazo real naquela seo. Isso vale dizer que
cada seo de medio tem sua prpria configurao.

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 69

Figura 60: Configurao inicial do River


Surveyor da Sontek
Figura 58: Tela de configurao inicial do Programa WinRiver
(ADCP)

Command

Choise

Description

CR1

Sets factory
defaults

This is the first command sent to


the ADCP to place it in a known
state.

TE00:00:00.00

Time per
ensemble

Ensemble interval is set to zero.

TP00:00.20

Time between
pings

Sets the time between pings to 0.2


seconds.

WF50

Blank after
transmit

Moves the location of the first


depth cell 50 cm away from the
transducer head (see Table 2,
page 37).

WS50

Depth cell size

Bin size is set to 0,5 meters (see


Table 3, page 37)

WN50

Number of
depth cells

Number of bins is set to 50 (see


Table 2, page 37).

BP1

Bottom track
pings

The ADCP will ping 1 bottom track


ping per ensemble.

WP1

Pings per
ensemble

The ADCP will ping 1 water track


ping per ensemble.

ES0

Salinity

Salinity of water is set to 0


(freshwater).

EX10101

Coordinate
transformations

Sets Ship coordinates, use tilts,


and allow bin mapping to ON.

WM1

Water mode

Sets the ADCP to Water Track


mode 1.

WV170

Ambiguity
velocity

Sets the maximum relative radial


velocity between water-current
speed and Workhorse speed to
170 cm/s.

Figura 59: Principais comandos do WH Rio Grande ADCP (RDI)

Para facilitar a insero dos comandos, o


WinRiver possui um Assistente de Configurao
(Figura 61). A introduo de algumas variveis
como: velocidade mxima esperada da gua,
profundidade mxima, entre outras, cria uma
configurao bsica que deve ser revista por
um hidrotcnico experiente.
No caso dos equipamentos da Sontek,
s necessrio a insero do draft e da
profundidade mxima esperada.
O comando velocidade ambgua WV
um dos mais importantes, mesmo sendo
criado a partir de parmetros fornecidos
pelo usurio, deve ser revisto atentamente,
pois caso seja muito baixo causar erros
chamados velocidade ambgua; e, se muito
alto, a preciso ficar abaixo do esperado
(Tabelas 16 e 17).
WV = 1,5 cos(ngulo entre feixes ) (Vgua + Vbarco )

70 Agncia Nacional de guas

Figura 61: Assistente de Configurao do WinRiver

Tabela 16 Valores mnimos e mximos para equipamentos WH Rio Grande ADCP (RDI)
Water Mode

1200 kHz

600 kHz

300 kHz

Remarks

Minimum Recommended Depth Cell Sizes, in centimeters


1

25

50

100

10

20

10

20

Maximum Profiling Ranges, in meters (feet)


1

20 (66)

60 (197)

130 (426)

Normal range

4 (13)

8 (26)

16 (53)

Maximum range

4 (13)

8 (26)

16 (53)

Maximum range

Maximum Relative Velocities, in meters/sec (feet/sec)


1

10 (32.8)

10 (32.8)

10 (32.8)

0.5 (01.64)

1.0 (3.28)

1.0 (3.28)

2 (6.56)

2 (6.56)

2 (6.56)

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 71

Tabela 17 Distncias para o blanking nos equipamentos ADCP (RDI)


Blanking distance, in centimeters, by frequency
ADCP Type

1200 kHz

600 KHz

300 kHz

Broadband

50

50

100

Rio Grande

25

25

75

5.4.4 Perspectivas
O aumento do nmero de equipamentos ADCP em uso
no Brasil est criando a necessidade de troca de informaes da comunidade de usurios, hoje com mais de
18 entidades, haja vista que diversos estudos tm sido
conduzidos em rios, reservatrios e esturios.
H carncia de um estudo mais aprofundado, no Brasil,
quanto tcnica do equipamento e sua sistemtica de obteno de dados. Esses estudos poderiam iniciar-se por um
conhecimento maior de questes relacionadas acstica e
ao uso do equipamento em diferentes ambientes no pas.
O aparecimento de novos fabricantes deve incentivar a
concorrncia, diminuindo ainda mais o preo do equipamento, visto que a reduo dos componentes, assim
como o desenvolvimento da eletrnica, tambm deve
favorecer a diminuio do custo do aparelho, alm de
faz-lo diminuir de tamanho.
O desenvolvimento de firmwares mais complexos, em
termos de processamento dos dados obtidos pela sonda,
deve possibilitar a aquisio de mais informaes, com
uma operao cada vez mais simplificada, facilitando a
operao por equipe menos especializada.
A resoluo de problemas de posicionamento com o uso
de DGPS (Sistema Diferencial de Geo Posicionamento
por Satlite), acoplado ao ADCP, e o avano dos estudos
quanto estimativa da carga de material em suspenso
devem aumentar, consideravelmente, a confiabilidade
no equipamento para outros usos.
Essas perspectivas abrem espao para um uso operacional
macio do ADCP, na operao de estaes com medies
de descargas lquida e slida.

5.4.5 Quebra de paradigmas do princpio


doppler
Por que trs ou quatro transdutores?
Cada transdutor mede um componente da
velocidade e para medir o perfil 3D da corrente, somente trs transdutores so necessrios, sendo o
quarto transdutor acstico, redundante.

Por que uma configurao com quatro


transdutores? Historicamente, quando os primeiros perfiladores foram produzidos no final dos
anos 1970, o processamento digital era muito limitado, e uma configurao de quatro transdutores
permitia o clculo de velocidades em 3D, usando
um simples esquema analgico de adio/subtrao (com uma combinao de resistores para cada
valor). Com os modernos processadores digitais,
os clculos com um sistema de trs transdutores
muito simples.

Os sistemas de trs ou quatro transdutores fornecem


parmetros de qualidade dos dados, em cada perfil, para avaliar a preciso e integridade dos dados
de velocidade. Enquanto a exata definio destes
parmetros de qualidade dos dados varia de sistema para sistema, suas funes e efetividade so
completamente comparveis.
Para a maioria das aplicaes, a adio de um
quarto transdutor aumenta o custo de construo
de um perfilador de corrente, sem uma melhoria
significativa na performance do sistema.

72 Agncia Nacional de guas

5.4.6 Terminologia doppler

5.4.7 Ficha de medio com ADCP

Beams: feixes de ultrassom

A fim de padronizar as medies realizadas com


equipamentos ADCP, foi elaborada uma ficha de medio
de vazo com ADCP a ser preenchida em campo, pela
equipe responsvel, durante a medio (Figura 62).

Transdutores: emissores de ondas sonoras, discos


cermicos que expandem ou contraem, sob a
influncia de um campo eletromagntico.
Pings: pulsos acsticos de uma frequncia conhecida
(gua e fundo).
Ensembles (verticais): a mdia de uma coleo de
pings, visando obter o perfil de velocidade da gua
e/ou a velocidade do barco.
Bad ensemble: ensemble sem qualidade nas
velocidades ou com problemas de fundo.
Transect: um grupo de ensembles que constitui uma
medio de descarga lquida.
Depth-cell ou bin: diviso do perfil vertical em
segmentos igualmente espaados.
Bad bin: clula com erro ou sem qualidade
requerida.
Bottom tracking: Mtodo usado para medir a
velocidade do barco.
Blank After Transmit: faixa no medida diretamente
pelo ADCP na superfcie.
ADCP Depth: profundidade de imerso do
perfilador.
Pitch: inclinao do aparelho no sentido eixo
longitudinal do barco.
Roll: inclinao do aparelho no sentido transversal
do barco.
Side lobe: disperso do sinal fora do feixe principal.
Error velocity: diferena ente a velocidade vertical
de dois pares de beams.

A utilizao desta ficha ir auxiliar a anlise da medio


realizada, posteriormente, em escritrio, alm de permitir
a comparao de medies realizadas.

5.4.8 Guia de procedimentos para medio


com ADCP
PREPARAO PARA CAMPANHA DE CAMPO
Antes de realizar medies com o ADCP importante estabelecer procedimentos padro para assegurar que os
dados coletados sejam armazenados de forma eficiente
e consistente, que o ADCP esteja funcionando de forma
correta e que o equipamento utilizado seja apropriado
para a realizao das medies. Uma preparao prvia
ajudar a evitar atrasos nas atividades de campo, assegurar uma completa e precisa aquisio de dados, e produzir dados documentados e armazenados apropriadamente para uso futuro. Os procedimentos preparativos
para a utilizao do ADCP devem incluir:

O estabelecimento de uma poltica para o recebimento e o armazenamento dos dados apropriadamente.

A verificao do perfeito funcionamento do
ADCP e do software de aquisio dos dados.

Identificao prvia das condies de fluxo e dos
acessrios (GPS, ecobatimetros, suportes de instalao e
outros) necessrios realizao das medies com qualidade e segurana.

A integrao prvia de todos os equipamentos
acessrios que sero utilizados durante as medies.

Bin mapping: tcnica que se utiliza o ADCP quando


de pitch e roll muito grandes de posicionar clulas
de mesmo numero na vertical.

PROCEDIMENTOS DE CAMPO (Guia de Referncia Rpida)

Ambiguity velocity: diferentes velocidades medidas


com o mesmo ngulo.

Montagem do ADCP e outros equipamentos

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 73


Fixar o ADCP no suporte de medio.

Amarrar o cabo de segurana ao ADCP.

Ligar o computador antes de conectar o ADCP e
os rdios.

Desabilitar a proteo de tela e modos de economia de energia.

Conectar os equipamentos utilizados (ADCP,
GPS, Rdios, Sonar e outros) ao computador.

Verificar a comunicao entre os equipamentos
integrados.

Configurao dos parmetros do ADCP

Locar uma seo apropriada para realizar a medio. Se necessrio realizar travessia de teste. O local
escolhido deve possuir seo transversal com fluxo uniforme e ser distante o suficiente de quedas bruscas (cachoeira/cascada, corredeiras). Alm disto, deve-se buscar
maximizar a rea da seo transversal medida pelo ADCP.

Determinar a mxima profundidade da seo
transversal.

Medir a temperatura da gua, registrar no formulrio de campo e comparar com a temperatura medida pelo ADCP.

Medir a salinidade da gua, e digitar no software
do ADCP e no formulrio de campo.

Medir a profundidade de instalao do ADCP e
registrar no software do ADCP e no formulrio de campo.
Tomar o cuidado para medir a profundidade do ADCP nas
mesmas condies de picth-and-roll da medio.

Verificar e ajustar a data e hora do ADCP.

Preencher todos os campos do formulrio de
medio com as configuraes adotadas para o funcionamento do ADCP e outras informaes.
Antes de iniciar a medio

Realizar os teste de diagnsticos e gravar os resultados.

Realizar os procedimentos de calibrao da bssola ( verificar o erro total, que deve ser preferencialmente menor que 1 grau). A calibrao da bssola obrigatria quando da utilizao de GPS, mtodo do loop para
correo do fundo mvel e quando pretende-se utilizar
os resultados das direes das velocidades. Nos casos em

que o objetivo final determinar a vazo e no haja a indicao de fundo mvel, os procedimentos de calibrao
da bussola so apenas recomendados. Para utilizao de
sistemas GPS, deve-se, alm da calibrao da bssola, realizar o clculo da declinao magntica local, a qual dever ser registrada no software do ADCP e no formulrio
de campo.

Gravar o teste de fundo mvel (estacionrio ou
loop).

Usar GPS ou outra tcnica apropriada, caso for
verificada a presena de fundo mvel.

Estabelecer os pontos de incio e fim da travessia
com um mnimo de duas clulas com velocidades vlidas
para a gua. Os pontos de incio e fim das travessias podem ser materializados por bias, estacas, guias e outras
referncias (evite materiais ferrosos).
A medio de vazo

Posicionar a embarcao no ponto de incio da
medio. Iniciar o registro dos dados. Medir a distncia
do ADCP a margem e registrar no software do ADCP e no
formulrio de campo.

Aguardar a aquisio de um mnimo de 10 verticais antes de iniciar a travessia.

Conduzir a embarcao com velocidade menor
que a da gua, com mudanas lentas de direo e baixas
oscilaes de picth e roll.

Aproximar da margem final lentamente. Aguarde na posio final a coleta de 10 verticais. Finalize a medio. Mensure a distncia at a margem final e registre
no arquivo de medio e formulrio de campo.

Realize os passos a, b, c e d de forma a obter um
mnimo de 720 segundos de dados medidos. As travessias devem ser realizadas aos pares.

Todas as travessias devem estar dentro de uma
tolerncia de 5 por cento do valor mdio, exceto para regime de fluxo no permanente.

Validar os dados coletados no campo, buscando
encontrar os potenciais problemas.

Faa backup temporrio dos dados antes de deixar o local da medio.

74 Agncia Nacional de guas

PS-PROCESSAMENTO DAS MEDIES


Diretrizes para a reviso das medies
As medies de descarga devem ser revistas em detalhes
pela pessoa que as fez, como uma prtica aps o trmino
da medio. Rotineiramente, elas devem ser verificadas
por outra pessoa com capacitao para realizar as medies acsticas.
Segue abaixo uma lista de aspectos importantes para serem revisados, tanto no escritrio quanto no campo.

Os formulrios de campo devem estar completos, com todas as informaes escritas com letras legveis
e compreensveis.

Todos os arquivos de dados devem estar gravados em cpia de backup no servidor do escritrio.

O nmero de travessias deve ser apropriado
para as condies de fluxo e satisfazer as polticas institucionais. As travessias devem ser medidas em nmeros
pares.

Os arquivos de configurao devem ser verificados quanto presena de erros, se o modo configurado
apropriado s condies de fluxo. Alm disto, deve ser
realizada uma comparao entre o arquivo digital e o formulrio de campo (profundidade de instalao do ADCP,
salinidade da gua, distncia das margens, forma das
margens, mtodos de extrapolao, e outros).

A temperatura medida pelo ADCP deve ser comparada com os valores tpicos do local de medio para
a mesma poca do ano, e/ou com aquela medida em
campo. Os clculos da velocidade do som sem a correo da temperatura podem causar erros, nas medidas de
velocidade e profundidade, maiores que 7 por cento. Um
erro na temperatura causado por falha no termmetro do
ADCP resulta em erros de calculo na densidade da gua
e introduz incertezas no clculo da velocidade do som
(Simpson, 2002).

A salinidade da gua no local da medio deve
ser medida e registrada no formulrio de campo, e digitada no software do ADCP para uso no clculo da velocidade do som. Caso o hidrlogo tenha digitado um valor

errado de salinidade ou esquecido de entrar com o valor


correto, as profundidades e as velocidades sero calculadas incorretamente. Erros acima de 3 por cento podem
ser causados pelo clculo da velocidade do som sem a
correo da salinidade.

O teste de fundo mvel, utilizando tcnica correta, deve ser realizado antes da realizao das medies,
gravado, arquivado e registrado no formulrio de campo.
Caso a presena de fundo mvel for detectada, a utilizao de GPS poder ser necessria. Caso no seja utilizado
GPS durante as medies o resultado encontrado dever
ser ajustado condio de fundo mvel.

A velocidade mdia da embarcao no deve
superar a velocidade mdia da gua, a menos que seja
impraticvel ou inseguro realizao das travessias. A razo pelo excesso de velocidade dever ser documentada
no formulrio de campo. Os movimentos do barco (picth
e roll) no devem ser excessivos. Excessiva velocidade da
embarcao, grandes movimentos de picth e roll diminuem o grau de qualidade das medies.

As medidas de distncia das margens digitadas
no software devem ser iguais as registradas nos formulrios de campo. Uma correta configurao da forma geomtrica das margens deve ser selecionada. O ADCP deve
coletar entre 5 e 10 segundos antes de iniciar e finalizar a
travessia. Caso a medio seja seccionada para corrigir erros encontrados nas margens, o motivo da partio deve
estar registrado no formulrio de campo. Em situaes
onde a posio inicial e/ou final da travessia esteja prxima a uma margem vertical, a embarcao deve ser posicionada a uma distncia mnima da margem igual sua
profundidade.

O nmero de verticais perdidas por problemas
de comunicao ou com dados invlidos no deve ser
muito grande. Quantificar o limiar de verticais perdidas
ou com dados invlidos que ir resultar em uma medio
ruim no fcil, uma vez que importante verificar a localizao e o agrupamento das mesmas. Se 50 por cento
das verticais foram perdidas ou invalidadas, mas as outras
verticais representem bem a distribuio das velocidades
na seo transversal, a medio poder ser considerada
como boa. Por outro lado, caso apenas 10 por cento das
verticais sejam perdidas e/ou invlidas, mas todas elas

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 75

ocorram em locais onde s verticais subjacentes no sejam representativas, a medio poder ser considerada
de m qualidade. Quando as verticais perdidas ou invalidas ocorrem sempre na mesma parte da seo transversal, e a porcentagem de fluxo estimada excede a 5 por
cento, deve-se avaliar a possibilidade em re-locao da
seo medidora.

O critrio para clulas perdidas ou invalidas
similar ao adotado para verticais. Quando houver uma
distribuio uniforme das clulas perdidas ou invlidas
na vertical e/ou na seo transversal, o grau de qualidade
da medio pode no ser comprometido. Contudo, caso
estes valores estejam agrupados, pode ocorrer a necessidade em substituir a travessia.

O mtodo de extrapolao para as descargas
de topo e fundo devem ser revistos. Caso verificada a
necessidade em alterar o mtodo para extrapolao do
perfil, o mesmo dever alterado e as razes anotadas no
formulrio de campo. Velocidade do vento, variao da
densidade gua com a profundidade e irregularidades
no fundo do leito dos rios so as causa mais frequentes
de no ajuste a lei de potncia do perfil de velocidades.
Nestas situaes necessrio o uso de tcnicas diferentes
para a extrapolao da superfcie e do fundo.

Tanto as leituras das rguas, como as medidas de
distncia devem ser verificadas e corrigidas, se necessrio.
Problemas identificados durante as anlises das medies
devem ser vistos como oportunidade para implementar
melhorias nas prximas medies. Caso as caractersticas
da seo de medio sejam indesejveis, as medies
futuras devero ser realizadas em local mais apropriado.
Quando problemas na conduo das embarcaes forem detectados, os mesmos devero ser discutidos com
o operador da embarcao para que eles no se repitam
futuramente. Caso haja configuraes mais precisas para
a coleta de dados, elas devem ser discutidas com o chefe
da operao.
Indicadores da qualidade dos dados
Indicadores da qualidade dos dados de medio com
ADCP no so somente validos durante o processamen-

to das medies no escritrio, mas tambm so teis no


campopara a seleo dos locais de medio e identificao de problemas e a realizao de ajustes necessrios
durante a coleta dos dados. Segue abaixo, possveis indicadores da qualidade:

Grande nmero de verticais perdidas indica problemas de comunicao entre o ADCP e o computador.
O computador pode no estar preparado para receber
dados continuamente, ou pode entrar em modo de economia de energia e perder os dados enviados pelo ADCP.
A energia do ADCP pode ter sido interrompida ou o cabo
de comunicao pode no ter sido fixado firmemente.

Grande nmero de verticais com dados invlidos
indicam que o ADCP freqentemente esteve incapaz de
medir as velocidades em uma poro da seo transversal. Para uma vertical invlida, o software recebe todos os
dados do ADCP, mas no encontra um critrio para validar as velocidades medidas. Verticais invlidas podem ser
causadas por:
a)
Sinal invlido do bottomtracking (falta de referncia da velocidade do barco para o clculo da velocidade da gua).
b)
Descorrelao do pulso acstico devido turbulncia, detritos submersos e peixes, os quais no permitem a medio precisa do efeito Doppler.
c)
Baixa concentrao de backscatter, o que pode
resultar em insuficiente intensidade do sinal refletido
para permitir a medio do efeito Doppler pelo ADCP.
d)
Bloqueio do sinal acstico devido entrada de
ar.
e)
Critrio de qualidade dos dados especificado
pelo usurio.

Erro de ambigidade nas velocidades medidas
mostrando picos de velocidade quando comparadas com
as velocidades vlidas medidas nas proximidades. Tipicamente, este um problema somente para os instrumentos com sinal broadband, os quais podem ser filtrados
durante o ps-processamento.

A intensidade do sinal refletido deve ser decrescente da superfcie at prximo ao fundo, onde haver
um aumento na intensidade do sinal refletido, uma vez
que o fundo do rio melhor refletor da energia acstica
que a gua.

76 Agncia Nacional de guas


Movimentao irregular ou errada do barco cria
acelerao horizontal do ADCP, a qual aumenta o rudo
na medio da velocidade do barco e pode conduzir uma
degradao da qualidade da medio de velocidade da
gua. A mais comum causa de movimentao irregular
do barco devido a acelerao e desacelerao do motor
de popa. A consistncia da velocidade do barco durante a
travessia melhor avaliada no grfico de sries temporais
da velocidade da gua e do barco.

Variaes rpidas nas sries temporais de pitch e
roll indicam que o ADCP est medindo em um ambiente
irregular em condies turbulentas, ou que h movimento de pessoas ou equipamentos durante a medio. Inconsistente picth e roll ao longo da medio podem levar
a descorrelao do sinal acstico e resultar em vrias verticais invlidas.

Irregularidades nas medies de profundidades
pelo bottomtracking conduzem formao de pontas no
perfil transversal, as quais podem influenciar na acurcia da descarga e, conseqentemente, na rea da seo
transversal. A profundidade utilizada no clculo da descarga a mdia das profundidades de cada um dos transdutores do ADCP. Caso um ou mais dos sinais emitidos
afetado por algum objeto, tal como: um peixe, uma rvore submersa ou detritos, antes ser refletido pelo fundo do
rio, ou se o ADCP processa um multi-retorno do pulso de
fundo, a profundidade gravada e a rea da seo transversal sero afetadas. As funes de ps-processamento
do software podem suavizar estas pontas na profundidade do fundo.

Quando utilizando a sentena GGA de sada do
GPS como referncia para velocidade da embarcao,
a qualidade do sinal de correo diferencial do sistema
de posicionamento global influncia a medio do movimento do ADCP, que afeta diretamente a qualidade da
medio da velocidade da gua pelo ADCP. A integrao
do DGPS para registrar o movimento do ADCP pode ser
usada para evitar erro sistemtico associado ao fundo
mvel. Contudo sistemas DGPS nem sempre fornecem
acurcia na determinao das posies devido a erros de
multi-caminhos, mudana de satlites e problemas na recepo de sinal em corpos d`agua com vegetao densa
alongo das margens, em vales encaixados e prximos a

pontes. O hidrlogo deve monitorar a qualidade do sinal


DGPS, via software, para assegurar que o sinal DGPS no
est sendo afetado por estes erros durante a coleta dos
dados.
Problemas freqentemente encontrados nas medies

Teste de fundo mvel no realizado ou documentado.

Descarga no ajustada a condio de fundo mvel.

Seleo de seo de medio imprpria.

Modo de operao no aplicvel as condies
de fluxo.

Velocidade excessiva do barco.

Distncia das margens no medidas.

Problemas no arquivamento dos dados.

Extrapolao incorreta dos perfis.

Falta de teste para diagnstico do ADCP.

Falta de ajuste de data e hora

Falta de preenchimento de formulrios de campo.

Profundidade de instalao do ADCP no medida ou incorreta.
PASSO A PASSO (Teledyne RD Instruments Rio Grande)
1. Abrir o Arquivo de medio, selecionar e reprocessar
a travessia.
2. Abrir o grfico Stick ShipTrack.
Visualize as trajetrias de fluxo para diversas profundidades, e para todos os sistemas de referncia de velocidade
do barco coletados. (caso algum problema seja observado, verifique os grficos de velocidade de contorno ou
intensidade/backscatter).
3. Abrir o grfico Velocity-Magnitude Contour
Coloque o grfico em uma escala apropriada. Verifique a
quantidade e distribuio das verticais perdidas e/ou invlidas, bem como as clulas ruins.

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 77

4. Abrir a tabela Composite Tabular


Compare o nmero de verticais invlidas e perdidas com
o nmero total de verticais medidas. Verifique o nmero
de clulas ruins, se a temperatura da gua est coerente
com a temperatura medida e/ou esperada, se as estimadas de vazes para as margens so razoveis e se esto
com sinal correto.

verticais utilizado na estimativa da velocidade das margens est configurado corretamente.

5. Abrir a tabela System Parameters


Verifique se os parmetros configurados no arquivo da
medio so os mesmos anotados no formulrio de campo e se so compatveis com as condies de fluxo medidas (frequncia, firmware, modos de operao, resoluo
das clulas e outros).

Aba Offsets
Verifique se a profundidade do ADCP e a declinao magntica foram digitadas corretamente. Compare com o
formulrio de campo. No caso de uso de sistema GPS
obrigatria entrada da declinao magntica.

6. Abrir o grfico ProjectedVelocityContour


Pressione a tecla F2 para ajustar o ngulo de projeo das
velocidades. Verifique se o ngulo est correto. Utilize o
ngulo da primeira travessia como padro. Ajuste a escala
de velocidade adequada. Verifique se h fluxo na direo
inversa e avalie sua coerncia.
7. Abrir o grfico Erro Velocity
Procure por erros de ambiguidade, soluo com trs
transdutores. Outliers podem estar relacionados a erros
de ambiguidade ou turbulncia.
8. Pressione a tecla F3 e verifique os parmetros de configurao
Aba DirectCommands
Verifique a configurao apresentada pelo assistente e a
digitada pelo usurio. Avalie se a configurao utilizada
correta para o ADCP e condies de fluxo.
Aba DS/GPS/EH
Verifique se o eco-batimetro est configurado corretamente.
Aba Discharge
Os mtodos de extrapolao e formas das margens esto configurados corretamente. Houve cortes no perfil de
velocidades? Por qu? Est documentado? O nmero de

Aba Edge Estimates


Verifique se as distncias de margens esto consistentes
com as anotaes do formulrio de campo e se as estimativas de vazo so razoveis para a seo de medio.

Aba Processing
Verifique se o mtodo de clculo da rea est correto, se
os filtros foram configurados corretamente, se o mtodo
de clculo da salinidade foi configurado corretamente.
Compare com os valores registrados no formulrio de
campo. Evite utilizar a soluo com 3 transdutores para a
velocidade da gua.
Aba Recording
Verifique se os dados GPS esto sendo registrados. Reveja
os comentrios de campo.
9. Abrir os grficos Time Series
Rever todos os grficos de sries temporais. Compare a
velocidade da gua com a velocidade do barco. Verifique
a ocorrencia de movimentos excessivos da embarcao
(pitch e roll), constncia nos resultados medidos, saltos e
grandes flutuaes.
10. Verifique o mtodo de extrapolao dos perfis de
descarga
Abrir o grfico Profile Discharge. Calcular uma mdia
entre 10 e 20 verticais. Avaliar se as o extrapolaes so
coerentes, se necessrio modificar o mtodo de extrapolao.
11. Repetir os passos de 1 a 10 para todas as travessias

78 Agncia Nacional de guas

12. Verificar o conjunto de medies


Abrir os resumos das medies (Tecla F12). Verificar se
os desvios de todas as descargas so menores que 5 por
cento da mdia. Verificar se as travessias foram obtidas
em pares. Verificar a consistncia das medies (valores
de rea total, largura, velocidade do barco, direo de fluxo, durao, comparao da velocidade do barco com a
da gua).

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 79

FICHA DE MEDIO DE VAZO COM ADCP


Tcnicos :
Estao :
Cdigo :
Data :

Pag :

rgo :
Cota incio (cm) :
Hora Incio :
Marca

ADCP
LapTop

Rio :

Cota final (cm) :


Hora Final :

Nmero de Srie e Patrimnio do ADCP e LapTop

N de Srie

Frequncia

Modelo

Hora Relgio Interno

Dados do Software de Comunicao e FirmWare do ADCP

Software :
FirmWare ADCP:

Verso :

Parmetros para a realizao da medio

Nome Arquivo da medio


Arquivo de Config. / Med. :
Tenso da rede Alternada :
Tenso de alimentao do ADCP:
Tamanho Cabo ADCP/LapTop :
Motor na embarcao ligado ?
Hora Incio Medio :

Diretrio de dados :
Executado DumbTerm Inic.
Executado DumbTerm Fim
Temperatura da gua :
Baud Rate ADCP/LapTop:
Gerador ou Bateria ??
Hora Final da Medio :

Dados da configurao

Tamanho da clula (WS)


Nmero de clulas (WN)
Profundidade
(BX)
Pings da gua
(WP)
Profundidade do ADCP (cm)

Distancia em branco (WF)


Velocidade ambgua (WV)
Pings do fundo
(BP)
Sist. Coordenadas
(EX)
Modo gua
(WM)

Resumo das Medies

Margem Inicial
N de Ensembles

Distancia de Margem : Inicial [m]


Lost Ensembles

% Bad Bins

Vazo Total [m /s]

Vazo Medida / Vazo Total [%]


Latitude Incio

Longitude Incio

Variao Pich/Roll > 5 ??


Latitude Final

Margem Inicial
N de Ensembles

Distancia de Margem : Inicial [m]


Lost Ensembles

% Bad Bins

Vazo Total [m /s]

Vazo Medida / Vazo Total [%]


Latitude Incio

Longitude Incio

Margem Inicial
N de Ensembles
% Bad Bins

Variao Pich/Roll > 5 ??


Latitude Final

Distancia de Margem : Inicial [m]


Lost Ensembles
3
Vazo Total [m /s]

Vazo Medida / Vazo Total [%]


Latitude Incio

Longitude Incio

Margem Inicial
N de Ensembles

Variao Pich/Roll > 5 ??


Latitude Final

Distancia de Margem : Inicial [m]


Lost Ensembles
3
Vazo Total [m /s]

% Bad Bins
Vazo Medida / Vazo Total [%]
Latitude Incio

Houve erro ?
Houve erro ?

Longitude Incio

Variao Pich/Roll > 5 ??


Latitude Final

Medio Final

Media Vazes Totais [m /s]

Desvio Padro [%]

Velocidade Mdia gua [m/s]

rea [m2]

Figura 62: Ficha de medio de vazo com o ADCP

Final [m]
Bad Ensembles
3

Vazo Medida [m /s]


Vel. Barco e gua [m/s]
Longitude Final
Final [m]
Bad Ensembles
3

Vazo Medida [m /s]


Vel. Barco e gua [m/s]
Longitude Final
Final [m]
Bad Ensembles
3
Vazo Medida [m /s]
Vel. Barco e gua [m/s]
Longitude Final
Final [m]
Bad Ensembles
3
Vazo Medida [m /s]
Vel. Barco e gua [m/s]
Longitude Final

Vel mdia (Q/rea) [m3/s]


Largura [m]

ESTUDO DE
CASO ESTAO
MANACAPURU

82 Agncia Nacional de guas

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84 Agncia Nacional de guas

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 85

86 Agncia Nacional de guas

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 87

88 Agncia Nacional de guas

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 89

6.1 Fotos

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Foto: Matheus / Banco de imagens ANA

Foto: Matheus / Banco de imagens ANA

6.1.1 Estao fluviomtrica

Figura 63: Estao fluviomtrica de Manacapuru


(Cdigo 14100000)

6.1.2 Estao pluviomtrica

Figura 64: Estao Pluviomtrica de Manacapuru


(Cdigo 00360001)

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Foto: Matheus / Banco de imagens ANA

Foto: Fabrcio / Banco de imagens ANA

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

90 Agncia Nacional de guas

6.1.3 Estao telemtrica

Figura 65: Estao Telemtrica de


Manacapuru (Cdigo 14100000)

6.1.4 Seo de medio de descarga lquida

Foto: Maurcio / Banco de imagens ANA

Manual Tcnico sobre Medio de Descarga Lquida em Grandes Rios 91

Figura 66: Alvos da seo de medio de


descarga lquida da Estao Manacapuru

6.2 Curva-chave

Figura 67: Curva-chave da Estao Fluviomtrica de Manacapuru (Cdigo 14100000)

REFERNCIAS

94 Agncia Nacional de guas

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