Forma Na Acústica

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A INFLUNCIA DA FORMA NO DESEMPENHO ACSTICO DOS AMBIENTES1

FAURO, Daiana ; ROCHA, Bibiana da , PEREIRA, Clarissa de Oliveira


1
Trabalho de Pesquisa _UNIFRA
2
Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitrio Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil
3
Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitrio Franciscano (UNIFRA), Santa Maria, RS,
Brasil
4
Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitrio Franciscano (UNIFRA),
Santa Maria, RS, Brasil
E-mail: [email protected]; [email protected]; [email protected]

RESUMO

O presente trabalho analisar a geometria interna nos ambientes e as influncias que ela
pode apresentar no seu desempenho acstico. Foi feita uma pesquisa nos diferentes tipos
geomtricos de salas de Concertos, de Teatro entre outras, com o objetivo de encontrar a forma ideal
para o local, levando em considerao o tempo de reverberao de cada ambiente. A forma
geomtrica influencia diretamente na acstica do ambiente, podendo ser considerada o principal
elemento para o bom desempenho acstico. Para que isso ocorra, muitos fatores devem ser
analisados, entre eles o tempo de reverberao, o qual varia entre os tipos e tamanhos de cada sala,
tambm deve ser analizado o fator do eco, o qual pode ser muito desconfortvel tanto para o
expectador como para o apresentador. A escolha correta da forma geomtrica fundamental para o
bom desempenho acstico ao ambiente.

Palavras-chave: Forma; Acstica; Desempenho; Reverberao.

1. INTRODUO
Em um projeto arquitetnico, tanto de salas de concertos, teatros ou at mesmo em
salas de aula ou residncias, a forma de grande influncia. Estas formas conferem
caractersticas acsticas variveis sala e, portanto, a seleo da forma bsica de
fundamental importncia no somente do ponto de vista arquitetnico, como tambm do
ponto de vista acstico.
2. CONCEITOS DO SOM

2.1. ECO: Ocorre sempre que o som refletido retorna a origem em um intervalo superior a
1/15 do segundo (4 segundos) o que equivale a uma distncia de 22 metros, pois resulta do
primeiro valor multiplicado pela velocidade de propagao do som.
2.2. ECO PALPITANTE: Eco resultante de sucessivas reflexes entre paredes paralelas
muito prximas.
2.3. REVERBERAO: Tempo de desaparecimento gradual do som. Varia de acordo com
a velocidade do som em relao ao ambiente.
2.4. TEMPO TIMO DE REVERBERAO: Tendo que o efeito de reverberao consiste
no desaparecimento gradual do som, o tempo timo de reverberao varia conforme o uso e
o volume do ambiente. Reverberaes em tempos longos geram a sobreposio de sons,
enquanto os curtos tendem ao desaparecimento do som. Temos ento que, quanto maior for
o volume maior dever ser o tempo ideal de reverberao. Para um tempo de reverberao
de 500Hz so encontrados os valores de tempos timos de reverberao conforme o
volume do ambiente prescrito pelo grfico abaixo.

Figura 1: Tempo timo de Reverberao. Fonte NBR 12179. Tratamento acstico em recintos
fechados. Rio de Janeiro: ABNT, abril de 1992. 9p.

3. REVERBERAO CONFORME O PERCURSO DO SOM


Avalia-se o nvel aceitvel de reverberao de um som a partir da inteligibilidade do
mesmo a ser garantida pelo ambiente. A partir do princpio de que a recepo de um som
em um intervalo superior a 1/15 do segundo gera o efeito de eco a distncias acima de vinte
e dois metros, adota-se intervalo de tempo de recepo igual a 1/10 do segundo para uma
distino perfeita do som articulado.
Este percurso equivalente a um total de trinta e quatro metros deve respeitar a
diferena entre as distncias percorrida direta e de reflexo de dezessete metros.
Permitindo ento, que seja respeitado o tempo de vibrao da membrana basiliar do ouvido
humano.

Figura 2: Percurso do Som. Fonte: CARVALHO, Benjamin de a. Acstica Aplicada Arquitetura.Rio


de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1967.

Figura 3: Percurso do Som. Fonte: CARVALHO, Benjamin de a. Acstica Aplicada Arquitetura.Rio


de Janeiro: Livraria Freitas Bastos, 1967.

4. GEOMETRIA INTERNA DOS RECINTOS


Depois de um breve repasso sobre alguns exemplos de salas de concerto, se
descrevem algumas tipologias (neste caso, as consideradas mais usuais para o contexto
arquitetnico ocidental), considerando o ponto de vista do desenho da planta.
As formas de auditrios e teatros mais indicadas na composio de suas plantas
baixas so as trapezoidais alongadas ou as retangulares construdas segundo a proporo
urea (1,618). A forma trapezoidal ou em leque como chamada, promove uma boa
audibilidade e visibilidade, j que reduz as distncias ao ouvinte, promove melhor
visibilidade e evita problemas decorrentes do eco palpitante gerado por superfcies paralelas
muito prximas. Outro problema advindo de plantas retangulares o acontecimento de
ecos, que resultam de grandes distncias ou superfcies paralelas muito prximas.

Figura 4: Formatos em planta baixa. Fonte: ARAU, H. ABC de la acstica arquitectonica. Barcelona:
CEAC, 1999.

4.1. FORMA TRAPEZOIDAL


Quando a configurao de uma sala apresentar a forma trapezoidal (tambm
conhecida como forma em leque), como desenho de planta, pode-se encontrar duas
situaes distintas: forma em leque (neste caso, convencional), ou forma em leque invertida.
4.1.1. FORMA EM LEQUE
A forma em leque como chamada, promove uma boa audibilidade e visibilidade, j
que reduz as distncias ao ouvinte, promove melhor visibilidade e evita problemas
decorrentes do eco palpitante gerado por superfcies paralelas muito prximas. Algumas
consideraes sobre esta forma seria a ausncia das primeiras reflexes laterais na parte
central do recinto, desde a fonte sonora.

Figura 5: Forma em leque. Fonte: CARRION, Antoni. Diseo acstico de espacios arquitectnicos.
Edicions UPC,1998

4.1.2. FORMA EM LEQUE INVERTIDA


Segundo CARRION, esta configurao de sala se caracteriza por ter uma grande
quantidade de primeiras reflexes, quando analisadas desde o ponto onde se localiza a
fonte sonora. Por ter a visibilidade comprometida, esta configurao no adequada como
desenho para salas com esta finalidade.

Figura 6: Forma em leque. Fonte: CARRION, Antoni. Diseo acstico de espacios arquitectnicos.
Edicions UPC,1998

4.2. FORMAS POLIGONAIS


J as formas de plantas poligonais podem resultar na ocorrncia de propagao de
sons baixos, chamados sussurros de galerias, os quais so registrados em pontos focais.
Isto se deve a maior quantidade de superfcies refletoras, podendo tambm concentrar ou
sobrepor os feixes de som alm de gerar eco.

Figura 7: Forma poligonal. Fonte: ARAU, H. ABC de la acstica arquitectonica. Barcelona: CEAC,
1999.

4.3. FORMAS CIRCULARES


Os mesmos efeitos ocorrem em plantas circulares, nas quais ocorre a propagao
tangencial do som focalizando sussurros na parte perifrica do ambiente. Estes afetam
principalmente a regio entre as circunferncias concntricas dificultando a compreenso do
ouvinte na rea.

Figura 8: Forma concntrica. Fonte: ARAU, H. ABC de la acstica arquitectonica. Barcelona: CEAC,
1999.

4.4. FORMA FERRADURA


Este tipo de configurao bastante usual para salas com as finalidades de teatro e
teatro de opera. Segundo CARRION, as principais caractersticas seriam a boa distribuio
do som, mesmo que exista uma baixa energia associada s primeiras reflexes.

Figura 9: Forma ferradura. Fonte: CARRION, Antoni. Diseo acstico de espacios arquitectnicos.
Edicions UPC,1998

4.5. FORMA RETANGULAR


Nesta tipologia, em alguns casos a configurao poderia ter uma relao de proporo
(proporo urea), tambm conhecido como shoe-box. Existem trs exemplos de salas,
consideradas as melhores do mundo pela sua excelente acstica. As inconvenincias deste
tipo de configurao de planta retangular, seria o acontecimento de ecos, por conseqncia
das grandes distncias (comprimento), ou se apresenta a situao de superfcies paralelas
muito prximas.

5. ANLISE DO SISTEMA ACSTICO SHOE BOX OU CAIXA DE SAPATO


O estilo Shoe Box uma sala longa, alta e estreita, temos como principais exemplos
o Shymphony Hall em Boston, Concertgebouw em Amsterdam, Grosser Musikvereinssaal
em Viena e no Brasil a Sala So Paulo. As trs medidas, comprimento, altura e largura, so
muito importantes, como tambm a relao entre elas, ou seja, essas medidas no devem
ser mltiplas entre si nem deve haver fatores comuns entre elas, elas apresentam um som
mais claro, mais distinto, sobretudo na propagao das notas agudas.
A forma retangular, em leque e elptica so freqentemente escolhidas no projeto
arquitetnico de salas de concerto, estas formas conferem caractersticas acsticas
variveis sala e, portanto, a escolha da forma bsica fundamental no somente do ponto
de vista arquitetnico, como tambm do ponto de vista acstico. A figura 10 apresenta os
resultados de simulao da propagao sonora bidimensional atravs de flashes
instantneos na sala de formato retangular, em leque e elptico, todas elas sem tratamento
de difuso sonora e com a mesma rea em planta de aproximadamente 518m2.

Figura 10: Propagao sonora na sala retangular, em leque e elptica sem tratamento de difuso
sonora Fonte: T. YOKOTA, S. Sakamoto and H. Tachibana, Visualization of sound propagation and
scattering in rooms, Institute of Industrial Science, University of Tokyo.

Nas ilustraes da figura 10, os crculos escuros indicam a posio da fonte e os


claros a posio do receptor. Uma anlise comparativa destas ilustraes revela que a
propagao das frentes de onda bastante distinta em cada uma das salas. Observa-se
claramente, na sala retangular, que o nmero de frentes de onda aumenta medida que o
tempo avana, enquanto que na sala em leque e elptica, h uma tendncia concentrao,
e ao desenvolvimento de frentes de ondas defeituosas. (Fonte: T.Yokota)
A figura 11 apresenta as respostas no receptor, em cada uma das salas sem
tratamento de difuso sonora. Estes resultados revelam que as reflexes so densas e com
decaimento suave no caso da sala retangular, enquanto que as reflexes so esparsas e
irregulares nas salas em leque e elptica. (Fonte: T.Yokota)

Figura 11- Respostas impulsivas calculadas nos receptores. Fonte: T. YOKOTA, S. Sakamoto and H.
Tachibana, Visualization of sound propagation and scattering in rooms, Institute of Industrial
Science, University of Tokyo.

5.1.PRINCIPAIS EXEMPLOS DE SALAS SHOE BOX:


5.1.1. Grosser Musikvereinssaal: Localizado em Viena, ustria, inaugurado em 1870, com
capacidade para 1680 pessoas. famoso pela sua acstica e est entre os cinco melhores
concertos do mundo. O Salo Dourado, ou Salo Principal, mede 48m de comprimento, 19m
de largura e 18m de altura.
5.1.2. Concertgebouw: Amsterdam, Holanda, construda no ano de 1888, com capacidade
para 2206 pessoas. O auditrio principal mede 44m de comprimento, 28m de largura, e 17m
de altura, o tempo de reverberao de 2.8 segundos sem pblico e 2.2 segundos com
pblico, fazendo com que essa seja uma sala ideal para vrios tipos de repertrio.

5.1.3. Shymphony Hall: Construdo em Boston, EUA , em 1900, com capacidade de 2631
lugares. Seu desempenho acstico est entre os trs principais do mundo, e considerado
o melhor dos EUA. Esse foi um dos motivos que o levou a ser tombado Patrimnio Histrico
dos EUA, em 1999. Mede 18,6m de altura, 22,8m de largura e 48,2m de comprimento.

6. SIMULAO FEITA A PARTIR DO SOFTWARE ECOTECT


Foram consideradas apenas as dimenses das salas de configurao tipo Shoe-box,
citadas anteriormente, uma vez que o estudo se trata sobre a forma. A simulao com o
programa Ecotect mostra as primeiras reflexes.
6.1. SALA CONCERTGEBOUW

Figura 12- Resultados da simulao Ecotect no Concertgebouw, Amsterdan .

6.2. GROSSER MUSIKVEREINSSAAL

Figura 13- Resultados da simulao Ecotect no Grosser Musikvereinssaal, Viena.

6.3. SHYMPHONY HALL

Figura 14- Resultados da simulao Ecotect no Shymphony Hall, Boston.

6. CONCLUSO
O presente trabalho, foi de fundamental importncia, permitindo ampliar nosso
conhecimento na rea de Conforto Acstico, mais precisamente no que se refere a forma e
arquitetura dos espaos. Foram feitas anlises e comparaes de espaos internos, bem
como o tipo de forma do ambiente. Tambm foi possvel analisar algumas salas de
Concerto, consideradas de excelente acstica devido a sua forma shoe Box, ou caixa de
sapatos, analisando algumas das Salas de Concerto consideradas melhores do mundo.
REFERNCIAS
NBR 12179. Tratamento acstico em recintos fechados. Rio de Janeiro: ABNT, abril de 1992. 9p.
CARRION, Antoni. Diseo acstico de espacios arquitectnicos. Edicions UPC,1998
CARVALHO, R. P. Acstica arquitetnica. Braslia: Thesaurus, 2006
ARAU, H. ABC de la acstica arquitectonica. Barcelona: CEAC, 1999.
DE MARCO, Conrado S. Elementos de Acstica Arquitetnica.So Paulo: Nobel, 1982.
CARVALHO, Benjamin de a. Acstica Aplicada Arquitetura.Rio de Janeiro: Livraria Freitas Bastos,
1967.
T. YOKOTA, S. Sakamoto and H. Tachibana, Visualization of sound propagation and scattering in
rooms, Institute of Industrial Science, University of Tokyo.
http://www.poli.usp.br/p/sylvio.bistafa/ACUSARQ/ACUSARQ_CNPq.pdf; acessado em 05 Junho de
2011

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