2010 - Almeida - Vulnerabilidade Socioambiental em Rios Urbanos

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Instituto de Geocincias e Cincias Exatas


Campus de Rio Claro

VULNERABILIDADES SOCIOAMBIENTAIS DE
RIOS URBANOS.

LUTIANE QUEIROZ DE ALMEIDA

Rio Claro (SP)


2010

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA


Instituto de Geocincias e Cincias Exatas
Campus de Rio Claro

VULNERABILIDADES SOCIOAMBIENTAIS DE
RIOS URBANOS.
Bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho. Regio Metropolitana
de Fortaleza, Cear.

LUTIANE QUEIROZ DE ALMEIDA

Orientador: Prof. Dr. Pompeu Figueiredo de Carvalho

Tese de Doutorado elaborada junto ao Programa de


Ps-Graduao em Geografia, rea de Concentrao
em Organizao do Espao, para obteno do ttulo de
Doutor em Geografia.

Rio Claro (SP)


2010

551.4+
A447v

Almeida, Lutiane Queiroz de


Vulnerabilidades socioambientais de rios urbanos : bacia hidrogrfica
do rio Maranguapinho, regio metropolitana de Fortaleza, Cear. / Lutiane
Queiroz de Almeida. - Rio Claro : [s.n.], 2010
278 f. : il., figs., tabs., quadros, mapas
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de
Geocincias e Cincias Exatas
Orientador: Pompeu Figueiredo de Carvalho
1. Geografia fsica Aspectos ambientais. 2. Geografia dos riscos. 3.
Vulnerabilidade. 4. Risco. 5. Perigos Naturais. 6. Rios Urbanos. 7. Regio
metropolitana de Fortaleza (RMF) I. Ttulo.

Ficha Catalogrfica elaborada pela STATI - Biblioteca da UNESP


Campus de Rio Claro/SP

Comisso Examinadora:

_____________________________________
Profa. Dra. Cenira Maria Lupinacci da Cunha
Membro

_____________________________________
Profa. Dra. Solange Terezinha de Lima Guimares
Membro

_____________________________________
Prof. Dr. Francisco de Assis Mendona
Membro

_____________________________________
Prof. Dr. Humberto Prates da Fonseca Alves
Membro

_____________________________________
Prof. Dr. Pompeu Figueiredo de Carvalho
Orientador

______________________________________
Lutiane Queiroz de Almeida
Aluno

Rio Claro, 22 de Abril de 2010

Resultado: APROVADO

minha famlia,
Almeida, Ftima e Rodrigo.
famlia que me acolheu em Rio Claro,
Antonio e Vera Vasques.

AGRADECIMENTOS

A realizao de uma tese uma tarefa ao mesmo tempo rdua, angustiante,


solitria, na maior parte das vezes, mas tambm instigante, e que traz muitas satisfaes pelas
milhares de descobertas que vo se descortinando ao longo do trabalho de pesquisa. Mesmo
sendo um trabalho solitrio, impossvel fazer uma tese sem a ajuda de pessoas j conhecidas
e pessoas que conhecemos ao longo da labuta acadmica. Nada mais justo do que lembrar e
dar os crditos a quem, mesmo que um pouco, contribuiu para a produo desta tese.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Pompeu Figueiredo de Carvalho, pela presena e
pelo apoio constantes, e pela forma sincera e serena de suas orientaes.
Ao professores do Programa de Ps-Graduao em Geografia da UNESP Rio
Claro.
Profa. Dra. Maria Salete Souza, do Depto. de Geografia da UFC, pela leitura
crtica do projeto de pesquisa.
colega Adryane Gorayeb, pelo apoio inicial na seleo para o doutorado.
s Profas. Dras. Solange Guimares e Cenira Cunha, pelas criteriosas avaliaes
realizadas no exame de qualificao.
s Profas. Dras. Cenira Maria Lupinacci da Cunha e Solange Terezinha de Lima
Guimares - IGCE/UNESP/Rio Claro (SP), e aos Profs. Drs. Francisco de Assis Mendona Universidade Federal do Paran/Curitiba (PR) e Humberto Prates da Fonseca Alves UNIFESP/Guarulhos (SP), pelas importantes contribuies e pela avaliao tambm criteriosa
na defesa da tese.
Agncia Nacional de guas ANA e ao Prof. PhD Geoffrey Petts, da
University of Birminghan (RU), pela doao do livro Urban Rivers: Our inheritance and
future.
Ao Prof. PhD Greg Bankoff, da University of Auckland (NZ), pela doao do
livro (pdf) Mapping Vulnerability: Disasters, Development and People.
Ao Prof. PhD Jrn Birkmann, da United Nations University - Institute for
Environment and Human Security (Bonn, Alemanha), pela doao do livro Measuring
Vulnerability to Natural Hazards. Towards Disaster Resilient Societies, entre outras
publicaes.

Profa. Dra. Yvette Veyret, pela recepo e pelo apoio durante o estgiosanduiche na Universit Paris X (Universit Paris Ouest Nanterre La Dfense), em Paris.
Aos colegas Habib Marius (mon frre africain perdu a Paris), Dbora Santos,
Ceclia Rolim, Herbnia Borges, Jeremie Chauviray, Alisson Diniz, Nestor, pelo precioso
apoio durante a minha estada em Paris.
Ao Prof. Dr. Antnio Carlos Barros Corra e aos colegas Camila Lima e Kleython
Monteiro, todos do Depto. de Geografia da UFPE, pela ajuda nos trabalhos de campo no
Recife.
Patrcia Sanches, pelo carinho e ateno nas vezes em que eu fui a So Paulo
(capital).
querida Profa. Dra. Elisa Zanella (e aos alunos do Lab. de Climatologia e
Recursos Hdricos do Depto. de Geografia da UFC), pelo apoio mtuo nos trabalhos de
campo, alm das diversas vezes que precisei e contei com sua irrestrita ajuda.
s colegas Leila Sousa, Geyziane Castro, Andrea Crispim, Luciana Ribeiro,
Luciana Freire, e aos colegas Gledson Magalhes, der Mileno, Cristiano Alves, Frederico
Holanda, pela preciosa ajuda com softwares de geoprocessamento e cartografia digital, pelas
fontes de pesquisa e pelas publicaes realizadas.
Ao Laboratrio de Geoprocessamento LABGEO da UECE, na pessoa da Profa.
Ms. Lucia Brito, pelo apoio no trabalho de campo, na produo dos mapas e pelas fontes de
pesquisa.
Aos colegas caro Maia e Lucinaldo (motorista UECE), pelo precioso apoio nos
trabalhos de campo.
Defesa Civil de Fortaleza, pelo acesso aos dados estatsticos das reas de risco
de Fortaleza.
Ao Prof. Dr. Marcos Aurlio, do Depto. de Engenharia Hidrulica e Ambiental da
UFC, pelos estudos hidrolgicos e hidrulicos da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Secretaria das Cidades do Estado do Cear, na pessoa do Sr. Marcelo Colares,
pelas dicas e pelo projeto Promurb.
Profa. Dra. Ana Maria Arajo, do Depto. de Estatstica e Matemtica Aplicada
da UFC, pelas anlises estatsticas dos dados do Censo 2000 IBGE.

Ao Cearah Periferia, pelas oportunidades de participar das visitas s reas de risco


de Fortaleza.
Aos Profs. Drs. Jeovah Meireles e Eustgio Dantas, ambos do Depto. de
Geografia da UFC, pelos conselhos e pelas crticas preciosos.
Aos colegas direta ou indiretamente ligados ps-graduao em Geografia da
UNESP - Rio Claro, Aline Pascoalino, Flamarion Dutra, Leandro Zandonadi, Thas
Fernandes (e Eros), Tiago Berg, Vivian Pretti, Michele e Suelen, Priscila Natvio, Yaisa
Domingas, Simone Diniz (Geocincias), Bira Junior (secretrio), Maca, Alisson Diniz,
Leonardo e Iracema, Vilma, Humberto e Gustavo (Gugu), Camila Barbosa, Natlia Micossi,
Graziele Muniz, Guilherme Reis, Agostinho Cavalcante, Danilo Piccoli, Elias Junior, Emlio
Poletto, Eduardo Marandola (Unicamp), a todos os funcionrios e servidores da UNESP, e s
demais pessoas de Rio Claro que me deram apoio nesses quase trs anos e meio de doutorado.
querida colega Aline Pascoalino, pela amizade e pela profcua parceria
acadmica.
Aos queridos colegas Leandro Zandonadi, Flamarion Dutra e Thas Fernandes,
pela amizade e companheirismo que aprendemos a compartilhar.
Aos habitantes das reas de risco da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, em
Fortaleza, pela solicitude e pela fibra em lidar com os problemas dos riscos dirios.
Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo FAPESP, pela bolsa
de pesquisa (Proc. n. 2007/50114-1), que me possibilitou no apenas a realizao desta tese,
mas tambm a realizao de sonhos.
Agradeo muito a Antnio e Vera Vasques (e famlia) pelo apoio incondicional e
durante todos esses quase trs anos e meio de doutorado, e por terem me acolhido em sua casa
como se eu fora da prpria famlia.
Leila Sousa, pela pacincia, pela espera, pela saudade, pelo apoio, pela candura,
pelo amor...
Pelo apoio irrestrito e incondicional de sempre, agradeo aos meus pais, Almeida
e Ftima, e ao meu irmo Rodrigo, pelos galhos e troncos quebrados.
Enfim, agradeo a todas as pessoas que contriburam de forma direta ou indireta
para a realizao desta tese e para a minha formao acadmica e pessoal nos ltimos trs
anos e meio, e que, por uma questo de espao ou de falta de memria, no foram
mencionadas nesses agradecimentos.

H MOMENTOS
... Sonhe com aquilo que voc quiser
Seja o que voc quiser ser, porque voc possui apenas uma vida
E nela s se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para faz-la doce.
Dificuldade para faz-la forte. Tristeza para faz-la humana.
E esperana suficiente para faz-la feliz.
(...)
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam. Pra aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importncia das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante baseado num passado intensamente vivido.
Voc s ter sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepes do passado.
A vida curta, mas as emoes que podemos deixar duram uma eternidade.
A vida no de se brincar porque um belo dia se morre.
Clarice Lispector

RESUMO
Os rios urbanos no Brasil so sinnimos de ambientes degradados, desvalorizados e negados
pela sociedade. Esses espaos se tornaram a alternativa de acesso moradia para uma massa
de pobres que no podem adquirir um espao seguro na cidade. A juno de pobreza,
habitao improvisada, pouca infraestrutura, com a ocupao de espaos expostos a perigos
naturais, criou territrios de riscos e vulnerabilidades, que frequentemente coincidem com os
ambientes fluviais urbanos. Assim, definiu-se como principal proposta desta tese analisar os
riscos e as vulnerabilidades socioambientais de rios urbanos no Brasil, tendo a bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho, localizada na Regio Metropolitana de Fortaleza RMF,
Cear, como rea de estudo de caso para compreenso das inter-relaes das vulnerabilidades
sociais e exposio aos riscos naturais, principalmente os riscos de inundaes. A
metodologia utilizada empregou tcnicas estatsticas, sobreposio cartogrfica, trabalhos de
campo, para produzir um ndice de vulnerabilidade socioambiental da rea estudada.
Concluiu-se que h fortes coincidncias entre os espaos susceptveis a processos naturais
perigosos, como o caso das inundaes processo natural atrelado dinmica dos rios e de
suas bacias hidrogrficas, e os espaos da cidade que apresentam os piores indicadores
sociais, econmicos e de acesso a servios e infraestrutura urbana.
Palavras-chave: Vulnerabilidade;
Metropolitana de Fortaleza - RMF.

Risco;

Perigos

Naturais;

Rios

Urbanos;

Regio

ABSTRACT

The urban rivers in Brazil are synonymous of degraded, devaluated and denied environments
for the society. These spaces had become the alternative access to housing for a mass of poor
persons who cannot acquire a safe space in the city. The junction of poverty, improvised
habitation, little infrastructure, with the occupation of prone spaces to the natural hazards,
created territories of risks and vulnerabilities, that frequently coincide with urban fluvial
environments. Thus, the main proposal of this thesis is to analyze the risks and the socioenvironmental vulnerabilities of urban rivers in Brazil, having being chosen the the
Maranguapinho river hydrographic basin as case study area, located in the Metropolitan
Region of Fortaleza - MRF, Cear, to the understanding of the inter-relations between social
vulnerabilities and exposure to the natural risks, mainly the risks of floodings. The
methodology used statistical techniques, cartographic overlapping, field research, to produce
an socio-environmental vulnerability index of the case study area. It was concluded that it has
serious coincidences between the susceptibles spaces to natural hazards processes, e.g
floodings natural process linked to the rivers dynamics and its hydrographic basin, and the
spaces of the city that present the worse social, economic, access the services and urban
infrastructure index.
Ketwords: Vulnerability; Risk; Natural Hazards; Urban Rivers; Metropolitan Region of
Fortaleza MRF.

RSUM

Les fleuves urbains au Brsil sont synonymes d'environnements dgrads, dvalus et nis par
la socit. Ces espaces se sont rendus alternative d'accs au logement pour une masse de
pauvres qui ne peuvent pas acqurir un espace sr la ville. La jonction de pauvret,
d'habitation improvise, peu d'infrastructure, avec l'occupation d'espaces exposs des alas
naturels, a cr des territoires de risques et des vulnrabilits, qui frquentement concident
avec les environnements fluviaux urbains. Ainsi, il s'est dfini comme principale proposition
de cette thse analyser les risques et les vulnrabilits socio-environnementaux de fleuves
urbains au Brsil, en ayant le bassin hydrographique du fleuve Maranguapinho, localis dans
la Rgion Mtropolitaine de Fortaleza - RMF, Cear, comme espace d'tude de cas pour
comprhension des interrelations entre des vulnrabilits sociales et exposition aux risques
naturels, principalement les risques d'inondations. La mthodologie utilise a employ des
techniques statistiques, de la superposition cartographique, des incursions dans lespace
dtude, pour produire un indice de vulnrabilit socio-environnementaux du secteur tudi. Il
s'est conclu qu'il y a des forts concidences entre les espaces susceptibles des processus
naturels dangereux, comme est le cas des inondations - processus naturel remorque la
dynamique des fleuves et de leurs bassins hydrographiques, et les espaces de la ville qui
prsentent les pires indicateurs sociaux, conomiques et de l'accs des services et
l'infrastructure urbaine.
Mots cls: Vulnrabilit; Risque; Alas Naturels; Fleuves Urbains; Rgion Mtropolitaine de
Fortaleza - RMF.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1 Estrutura esquemtica da tese.


Figura 2.1 - Pierre-Auguste Renoir, "La Grenouillre", 1869, leo sobre tela, 66 x 86
cm, National Museum, Estocolmo.
Figura 2.2 - Claude Monet, Waterloo Bridge, Grey Weather, 1569, leo sobre tela,
National Gallery of Art, Chester Dale Collection, Washington, D.C.
Figura 2.3 Duelo a Garrotazos, de Goya.
Figura 2.4 Evoluo dos paradigmas ambientais.
Figura 2.5 Cenas de agricultura do Livro dos Mortos de Nakht, circa 1350-1300
a.C. Papiro, Museu Britnico
Figura 2.6 - O plano de desvio e canalizao do rio Arno, Itlia, de Leonardo da
Vinci, o primeiro projeto de alterao substancial de um sistema fluvial do incio da
era Moderna (1502).
Figura 2.7 A representao da destruio do mundo pelas guas em O dilvio, de
Gustave Dor
Figura 2.8 - Rituais de purificao hindu no rio Ganges
Figura 2.9 Localizao do Crescente Frtil no mbito das primeiras civilizaes
da regio mediterrnea
Figura 2.10 - O mapa do rio Nilo, de acordo com Ptolomeu.
Figura 2.11 - Inaugurao de trabalhos de irrigao pelo Rei do Egito, circa 3100
a.C.
Figura 2.12 Cenas agrcolas no tmulo tebano em Deir El-Medina, pertencente
Sennedjem, do reinado de Seti I.
Figura 2.13 Forte contraste entre as paisagens desrticas e estreis do Egito e as
plancies frteis, midas e verdejantes sob influncia do rio Nilo.
Figura 2.14 Famoso aqueduto sobre o rio Gard (ou Gardon), usado no
abastecimento da cidade de Nmes.
Figura 2.15 Aqueduto de Segvia (Espanha). Seus 128 arcos atravessam o centro
da cidade ao longo de 800 metros.
Figura 2.16 Modelos Confucionista (esquerda) e Taosta de interveno humana
sobre os rios.
Figura 2.17 Projetos de mquinas hidrulicas de Leonardo da Vinci.
Figura 2.18 - Mapa da bacia hidrogrfica do rio Arno, de Leonardo da Vinci, circa
1502-3.
Figura 2.19 O modelo de desenvolvimento baseado na unidade bacia hidrogrfica,
de acordo com o Tennessee Valley Authority, TVA total controle atravs de
represas.
Figura 2.20 Canoa de ndio. Johann Moritz Rugendas.
Figura 2.21 Muitos eram os obstculos navegao no sudeste do Brasil, como o
caso da cachoeira da Pederneira. Viagem ao Brasil, de Alexandre Rodrigues
Ferreira, 1789.
Figura 2.22 Partida de Porto Feliz. leo de Oscar Pereira da Silva (1826).
Figura 2.23 Representao pictrica de um monjolo dgua
Figura 2.24 Monjolo dgua em So Luiz do Paraitinga, SP.
Figura 2.25 Carregadores de gua, de Rugendas (1835).
Figura 2.26 Bairros operrios sob viadutos ferrovirios em Londres.
Gravura de Gustave Dor, circa 1870.
Figura 2.27 Uma habitao operria, em Glasgow - Inglaterra.
Figura 2.28 Cortio em Londres - Inglaterra. Gravura de Gustave Dor.
Figura 2.29 Poro central da cidade de Manchester em 1842.
Figura 2.30 Pequena Irlanda ou Little Ireland, em 1849.

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Figura 2.31 Viso panormica do rio Tamisa, de Visscher (1616).


Figura 2.32 Catlogo de Unitas, os primeiros vasos sanitrios produzidos na
Inglaterra, em 1883, por T. W. Twyfords. A introduo dos vasos sanitrios teve um
impacto significativo no aumento da quantidade de esgotos descarregados nos rios
urbanos.
Figura 2.33 Sopa de Monstros, comumente chamada gua do Tamisa. Uma correta
representao desse precioso lquido que nos distribudo. Microcosmo dedicado
Companhia de guas de Londres, cartum de Paul Pry, 1829.
Figura 2.34 O estado do rio Tmisa, em 1858, representado de forma crtica
pelo cartunista Tenniel, para o jornal Punch.
Figura 2.35 Independncia ou Morte, de Pedro Amrico (1888). Museu Paulista.
Figuras 2.36 e 2.37 Trecho canalizado do riacho Ipiranga (e). nico trecho
valorizado do riacho Ipiranga, ao passar o Parque Ipiranga, em So Paulo (d).
Figura 2.38 - Um dos principais exemplos brasileiros de descaso com os rios
urbanos, o rio Tiet, fonte de muitos recursos no passado para a metrpole
paulistana, hoje fortemente modificado, poludo e degradado.
Figura 2.39 e 2.40 Rio Pinheiros com retificao marcada no territrio (e). Fonte:
Arquivo Eletropaulo, extrado de Guerra et al. (2003), s/d. Rio Pinheiros com Raia
Olmpica da USP ao fundo, 2002.
Figuras 2.41 Rio Carioca recoberto por deck de madeira ao longo do seu percurso
no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.
Figuras 2.42 e 2.43 Comunidade s margens do rio Beberibe, no bairro Cajueiro,
entre Recife e Olinda.
Figura 3.1 - Compilao de imagens de satlite da Terra noite, produzida pela
NASA em 2000.
Figura 3.2 - "Cristo na tempestade no Mar da Galilia", de Rembrandt (Holanda,
1633).
Figura 3.3 - "The Great Fire of London", de Lieven Verschuur, 1666.
Figura 3.4 Sntese das diferentes abordagens da vulnerabilidade e relaes.
Figura 3.5 Modelo conceitual de vulnerabilidade (BBC conceptual framework), de
Bogardi e Birkmann, 2004 e Cardona 1999/2001.
Figura 3.6 Modelo PAR (Pressure and Release Model) de Blaikie et al. (1994).
Figura 3.7 (a) Mapa hipsomtrico de Nova Orleans. (b) Mapa de pobreza de Nova
Orleans.
Figura 4.1 - Forte de So Sebastio, na Barra do rio Cear. ARX IN SIARA. Do
livro de Barlaeus (1647). Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. ca. 1640.
Figura 4.2 - Planta do Forte Schoonenborch.
Figura 4.3 A Primeira Planta de Fortaleza.
Figura 4.4 Planta da vila de Fortaleza, elaborada por Silva Paulet, em 1818.
Figura 4.5 - Planta da Cidade de Fortaleza, elaborada por Manoel do Rgo Medeiros.
Figura 4.6 Planta Exacta da Capital de Fortaleza, de 1859.
Figura 4.7 Planta Topogrfica da Cidade de Fortaleza e Subrbios, de 1875.
Figura 4.8 - Localizao geogrfica da Regio Metropolitana de Fortaleza, Cear.
Figura 4.9 - Distribuio espacial dos setores censitrios urbanos e rurais da R.M. de
Fortaleza
Figura 4.10 - Densidade demogrfica dos setores censitrios de Fortaleza e
municpios contguos.
Figura 4.11 - Distribuio espacial dos setores censitrios segundo tipo de
assentamento. RM de Fortaleza
Figura 4.12 - Distribuio espacial dos setores censitrios segundo tipo de
assentamento. Municpio de Fortaleza
Figura 4.13 Gndolas na Paris inundada em 1910.
Figura 4.14 Detalhe da marcao do nvel dgua na inundao de 1910 (28 de
janeiro de 1910) prximo ao Museu dOrsay em Paris.
Figura 4.15 Tipos de leitos fluviais.

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Figura 4.16 Perfil esquemtico dos processos de enchente e inundao.


Figura 4.17 Localizao geogrfica da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Figura 4.18 Distribuio da precipitao mdia anual na Regio Metropolitana de
Fortaleza.
Figura 4.19 Precipitao Anual de Fortaleza (1974-2006).
Figura 4.20 - Precipitao Mdia Mensal de Fortaleza, entre 1964-2004.
Figura 4.21 Unidades Geomorfolgicas do Estado do Cear.
Figura 4.22 Hipsometria do Estado do Cear.
Figura 4.23 Caractersticas topogrficas, altimtricas e rede de drenagem da RMF.
Figura 4.24 Sistemas Ambientais da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Figura 4.25 Caractersticas topogrficas e altimtricas da Bacia Hidrogrfica do
Rio Maranguapinho.
Figura 4.26 Modelo em 3 dimenses da topografia da Bacia Hidrogrfica do Rio
Maranguapinho, com destaque para o baixo curso.
Figura 4.27 Modelo em 3 dimenses da topografia da Bacia Hidrogrfica do Rio
Maranguapinho, com destaque para o alto curso.
Figura 4.28 Perfil longitudinal do rio Maranguapinho.
Figura 4.29 Aglomerao urbana de Fortaleza.
Figura 4.30 Padro ortogonal (em xadrez) das ruas do Centro Histrico, que
originou a estrutura urbanstica bsica de Fortaleza.
Figura 4.31 Viso panormica do stio urbano de Fortaleza.
Figura 4.32 Viso panormica do stio urbano de Fortaleza a partir do seu Centro
Histrico para o sul.
Figura 4.33 Estudos das zonas marginais (favelas) de Fortaleza, no final da dcada
de 1970.
Figura 4.34 Evoluo da ocupao urbana na bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho na sua plancie flvio-marinha,no bairro Vila Velha.
Figura 4.35 Evoluo da ocupao urbana no bairro Geniba.
Figura 4.36 Estruturao de territrios de risco de inundao nas cidades.
Figura 4.37 Localizao geogrfica das seguintes reas de risco do baixo curso do
rio Maranguapinho: 1. Vila Velha; 2. Ilha Dourada/Alto Jerusalm/Coit; 3. So
Miguel (Frifort, Zizi Gavio); 4. Capim.
Figura 4.38 Delimitao de rea fortemente susceptvel s inundaes e aos fluxos
de mar, na comunidade Vila Velha
Figura 4.39 A falta de infraestrutura, principalmente coleta de esgoto e lixo, e
sistema de drenagem, se apresentam entre os principais problemas das comunidades
do Vila Velha.
Figuras 4.40 As desigualdades sociais e a segregao socioespacial empurram
cada vez mais os excludos do mercado formal de habitao para a ocupao de
espaos susceptveis a riscos, obrigando-os ao uso de aterros e da autoconstruo
como formas de adaptao s perversas condies sociais, como o caso da
comunidade Vila Velha.
Figura 4.41 Intensa ocupao de habitaes precrias no mbito das plancies
flviomarinhas do rio Maranguapinho, nas comunidades do Vila Velha.
Figura 4.42 Sob condies precrias de moradia e infraestrutura, jovens e crianas
se configuram entre os grupos sociais mais vulnerveis aos perigos naturais, caso das
inundaes peridicas.
Figura 4.43 Localizao geogrfica da comunidade Ilha Dourada.
Figura 4.44 Localizao das seguintes reas de risco: 1. Ilha Dourada; 2. Alto
Jerusalm; 3. Coit.
Figura 4.45 A principal atividade de homens e mulheres da comunidade Ilha
Dourada a coleta de material reciclvel.
Figura 4.46 Moradia precria nas margens do rio Maranguapinho e criana em
situao de vulnerabilidade social na comunidade Ilha Dourada.
Figura 4.47 Comunidade Alto Jerusalm localizada em frente a um afluente

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canalizado do rio Maranguapinho.


Figura 4.48 Moradias ocupando espao destinado a lagoa de tratamento de esgoto
na Comunidade Coit.
Figura 4.49 Localizao das comunidades Frifort e Zizi Gavio, no Conj. So
Miguel.
Figura 4.50 Viso geral do extinto Frigorfico Industrial de Fortaleza S. A. FRIFORT.
Figuras 4.51 Moradias precrias na comunidade Frifort.
Figuras 4.52 e 4.53 Moradias precrias na comunidade Zizi Gavio e crianas em
forte condio de vulnerabilidade.
Figura 4.54 Localizao geogrfica da comunidade da Chesf.
Figura 4.55 Convivncia com os mltiplos riscos e a forte precariedade de infraestrutura e habitao na comunidade da Chesf.
Figura 4.56 Moradias precrias em espaos susceptveis a inundaes peridicas e
aos riscos de emisso de radiao da rede de alta tenso na comunidade da Chesf.
Figura 4.57 Delimitao de territrios fortemente susceptveis a inundaes na
comunidade do Capim, no bairro Geniba em Fortaleza.
Figura 4.58 e 4.59 Moradias precrias adaptadas s frequentes inundaes
atravs de aterros nos alicerces, na comunidade do Capim (e). Ocupao crescente do
leito principal do afluente do rio Maranguapinho por palafitas (d).
Figura 4.60 Incremento no uso de aterros para a construo de mais cmodos nas
moradias na comunidade do Capim.
Figura 4.61 Aterros e palafitas na comunidade do Capim.
Figura 4.62 Detalhe da comunidade Geniba II.
Figuras 4.63 e 4.64 Formas de adaptao das moradias ao risco de inundao na
comunidade Geniba II.
Figuras 4.65 e 4.66 Precrias condies de infraestrutura da comunidade Geniba
II, principalmente no que diz respeito coleta de lixo e esgoto.
Figura 4.67 e 4.68 Alm da vulnerabilidade s inundaes e a precariedade do
saneamento, a comunidade Geniba II convive com graves carncias de
acessibilidade, com uso de passagens e pontes improvisadas.
Figura 4.69 Capa do jornal Dirio do Nordeste destacando as consequncias das
fortes chuvas e os problemas causados pelas inundaes em 2007.
Figura 4.70 Vitria, de apenas quatro meses, morreu em casa, no Parque Geniba.
Os pais deixaram-na em um carrinho sem perceber a existncia de uma goteira.
Figura 4.71 Localizao geogrfica da comunidade Jardim Fluminense.
Figuras 4.72 e 4.73 Precrias condies de infraestrutura na comunidade Parque
Jerusalm.
Figura 4.74 Localizao geogrfica das comunidades sob risco de inundao em
Maracana
Figura 4.75 Localizao da comunidade Novo Maranguape I.
Figuras 4.76 e 4.77 Moradia danificada pela inundao de maro de 2009, na
comunidade Novo Maranguape I, rua Humberto Vieira (e). Fonte: Jornal Dirio do
Nordeste, 30 de janeiro de 2009. Proprietria da mesma moradia indicando a altura
que a gua alcanou na inundao ocorrida em maro de 2009 (d).
Figura 4.78 Matria de jornal deu detalhes sobre o desastre ocorrido na
comunidade Novo Maranguape.
Figura 4.79 Matria de jornal do dia seguinte ao caso tratou dos prejuzos e como a
comunidade estava se recuperando.
Figura 4.80 - Pluviosidade do ms de janeiro de 2004, destacando o episdio do dia
29.
Figura 4.81 a. Imagem meteorolgica do dia 27.01.06. b. Imagem meteorolgica do
dia 28.01.06. c. Imagem meteorolgica do dia 29.01.06.
Figura 4.82 Capa do jornal O Povo de 30 de janeiro de 2004, destacando os
cenrios de destruio e caos em Fortaleza aps o dilvio.

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Figuras 4.83 As consequncias das chuvas foram sentidas em todo o Estado do


Cear, em 2004.
Figuras 4.84 - O temporal de 250 mm em 24 horas recebeu destaque da imprensa de
Fortaleza..
Figura 4.85 O jornal O Povo deu destaque s reas de risco mais atingidas na
periferia de Fortaleza.
Figuras 4.86 e 4.87 Os prejuzos causados pelo temporal de janeiro de 2004 foram
sentidos tambm pela classe mdia-alta de Fortaleza (e). O nvel da gua do rio
Maranguapinho atingiu mais de 2 metros acima de seu leito menor, deixando aos
habitantes das reas de risco incalculveis prejuzos (d).
Figura 4.88 Os danos causados pelas inundaes foram sentidos em toda a cidade
de Fortaleza, mas as comunidades mais pobres so as mais vulnerveis e mais
susceptveis aos riscos, caso da comunidade Frifort, no Conjunto So Miguel.
Figura 5.1 Esferas-chave do conceito de vulnerabilidade.
Figura 5.2 - Modelo de vulnerabilidade Hazards-of-Place Perigos do Lugar.
Figura 5.3 - Modelo estrutural da vulnerabilidade e detalhe para seus elementos
constituintes.
Figura 5.4 Setores Censitrios da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Figura 5.5 Tela de classificao de dados do ArcGIS 9.2.
Figura 5.6 Vulnerabilidade Social de acordo com o fator educao.
Figura 5.7 Vulnerabilidade Social de acordo com o fator infra-estrutura e
habitao.
Figura 5.8 Vulnerabilidade Social de acordo com o fator presena de idosos.
Figura 5.9 Vulnerabilidade Social de acordo com o fator presena de jovens.
Figuras 5.10 e 5.11 Formas precrias e improvisadas de habitao s margens de
um afluente do rio Maranguapinho, na comunidade Carlos Chagas, bairro Bom
Sucesso, em Fortaleza.
Figura 5.12 Forte contraste entre setores censitrios quanto vulnerabilidade
social.
Figura 5.13 Condomnio de classe mdia no interior do setor censitrio analisado,
na comunidade Carlos Chagas, bairro Bom Sucesso, em Fortaleza.
Figura 5.14 Etapas bsicas para a elaborao dos estudos hidrolgicos e hidrulicos
da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, realizado pela ASTEF.
Figura 5.15 Curvas de nvel do municpio de Fortaleza, em escala 1 : 2.000 e
espaamento entre curvas de 1 metro.
Figura 5.16 Modelos Digitais de Elevao gerados pela ASTEF, a partir das curvas
de nvel em escala 1 : 2.000 (e) e 1 : 100.000 (d).
Figura 5.17 Trechos e sees transversais utilizados nos estudos hidrulicos da
bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, realizados pela ASTEF.
Figura 5.18 reas de inundao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, por
tempo de retorno em anos.
Figura 5.19 Recorte do mapa do ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s
Inundaes da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho
Figura 5.20 Metodologia de elaborao da legenda do Mapa de Vulnerabilidade
Socioambiental IVSA da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Figura 5.21 Espao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho correspondente ao
padro espacial 1 de Vulnerabilidade Socioambiental.
Figura 5.22 Espao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho correspondente ao
padro espacial 2 de Vulnerabilidade Socioambiental.
Figura 5.23 Espao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho correspondente ao
padro espacial 3 de Vulnerabilidade Socioambiental.
Figura 5.24 Espao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho correspondente ao
padro espacial 4 de Vulnerabilidade Socioambiental.

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256

LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Escala das catstrofes de acordos com as perdas humanas,


financeiras e ecolgicas
Tabela 3.2 Escala sinttica das catstrofes
Tabela 4.1 - Populao do Estado do Cear e do Municpio de Fortaleza e
crescimento intercensitrio (1890 2000).
Tabela 4.2 - Crescimento demogrfico de Fortaleza incremento total
Tabela 4.3 - NORDESTE: Maiores regies metropolitanas segundo
a populao residente 2000.
Tabela 4.4 - Cidades mais populosas do Cear - 2000
Tabela 4.5 - Estimativa de domiclios em assentamentos precrios em reas
urbanas.RM de Fortaleza, 2000
Tabela 4.6: Total pluviomtrico anual e nmero de eventos iguais ou
superiores a 60 mm dirios, registrados em Fortaleza, Maranguape e
Pacatuba, entre 1974 e 2006.
Tabela 4.7 - Freqncia mensal de precipitao mxima (igual ou superior a
60 mm) em 24 horas nos municpios de Fortaleza, Maranguape e Pacatuba.
Tabela 5.1 - Percentual de explicao da variabilidade total para cada fator.
Tabela 5.2 - Cargas fatoriais dos fatores em cada varivel
Tabela 5.3 - Medidas descritivas dos fatores por grupo formado
Tabela 5.4 - Medidas descritivas do IVS por grupo
Tabela 5.5 - Correlao entre os grupos do ndice de Vulnerabilidade Social IVS e os nmeros de setores censitrios correspondentes e suas respectivas
populao, domiclios e rea (Km). Valores absolutos e relativos.
Tabela 5.6 - Medidas hidrulicas para as seguintes sees transversais da
bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.

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247

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 A mudana de paradigma cientfico.


Quadro 2.2 Fases cronolgicas de uso dos rios e os respectivos mtodos de
manejo
Quadro 2.3 - Fases paradigmticas da relao Sociedade Rio ao longo dos
tempos.
Quadro 2.4 Fatos importantes no desenvolvimento das Civilizaes
Hidrulicas.
Quadro 3.1 Tipos de riscos
Quadro 3.2 - Seleo das publicaes mais representativas dos anos 1990
sobre perigos naturais.
Quadro 3.3 - Definies selecionadas de vulnerabilidade
Quadro 3.4 Tipos de vulnerabilidade aplicados aos estudos dos fenmenos
naturais.
Quadro 4.1: Tentativa de identificao da rede urbana cearense no final do
sculo XVIII
Quadro 4.2 Caracterizao geral da bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho
Quadro 4.3 - Sistemas atmosfricos produtores de chuva no Estado do Cear e
na RMF (exceto a ZCIT).
Quadro 4.4 Caractersticas geoambientais dominantes dos Sistemas
Ambientais da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Quadro 4.5- Principais modificaes ambientais nas bacias hidrogrficas
urbanizadas, provocadas pela impermeabilizao do solo.
Quadro 4.6 : Localizao, nmero de famlias, tipologia e descrio das reas
de risco da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Quadro 5.1 - Variveis e critrios de mensurao da vulnerabilidade social.
Quadro 5.2 - Variveis selecionadas de acordo com os critrios de avaliao
da vulnerabilidade social.
Quadro 5.3 Dimenses (sociais e ambientais) responsveis pela elaborao
do IVSA, e sua graduao esquemtica

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LISTA DE MAPAS

Mapa 1 Base cartogrfica da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho


Mapa 2 - Padres de uso e ocupao do solo e espaos de risco da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho
Mapa 3 - ndice de Vulnerabilidade Social da bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho
Mapa 4 - ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho
Mapa 5 - ndice de Vulnerabilidade Socioambiental da bacia hidrogrfica do
rio Maranguapinho

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SUMRIO
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1 INTRODUO............................................................................................................ 20

2 PARADIGMAS E DIMENSES HISTRICO-CULTURAIS DA RELAO


ENTRE SOCIEDADE E RIOS URBANOS................................................................. 28
2.1 Introduo.............................................................................................................

28

2.2 Paradigmas............................................................................................................ 34
2.3 Um novo paradigma.............................................................................................

38

2.4 Uso (e abuso) dos rios ao longo dos tempos........................................................

41

2.4.1 As Civilizaes hidrulicas........................................................................

49

2.4.2 O surgimento da Hidrulica e da Hidrologia na cultura ocidental.............

55

2.4.3 A colonizao portuguesa e o uso dos rios no Brasil.................................

63

2.5 Os rios no contexto da paisagem urbana..............................................................

71

2.5.1 Revoluo Industrial, urbanizao e a degradao socioambiental dos


rios nas cidades....................................................................................................

72

2.5.2 A negao dos rios urbanos no Brasil......................................................... 82

POR

UMA

GEOGRAFIA

DOS

RISCOS

VULNERABILIDADES

SOCIOAMBIENTAIS..................................................................................................

88

3.1 Introduo a onipresena do risco.....................................................................

88

3.2 Evoluo conceitual e dimenso histrica da abordagem do risco....................... 91


3.2.1 A etimologia e o termo risco................................................................... 92
3.2.2 O uso da categoria risco.............................................................................. 93
3.2.3 Riscos e perigos: uma tradio das cincias sociais e da Geografia..........

96

3.2.4 Uma discusso dos conceitos de risco, perigo e desastre...........................

99

3.2.5 Tipos de risco.............................................................................................. 101


3.2.6 A dcada de 1980 e a emergncia da cincia da vulnerabilidade............... 102

4 PERIGOS AMBIENTAIS............................................................................................ 117


4.1 Introduo Urbanizao e metropolizao de Fortaleza.................................... 117
4.2 Perigos ambientais nas cidades inundaes urbanas.........................................

131

4.3 Inundaes urbanas na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.......................

135

4.3.1 Condies climticas regionais e distribuio espaciotemporal das

precipitaes........................................................................................................

139

4.3.2 Caractersticas gerais do stio urbano.........................................................

145

4.3.3 Processo acelerado de urbanizao............................................................. 155


a. Expanso urbana e inundaes............................................................... 155
b. Vetores de expanso urbana................................................................... 162
c. reas de Risco ou Territrios de Risco ?........................................

167

4.3.4 Inundaes urbanas no rio Maranguapinho: episdio de 29 de janeiro de


2004.....................................................................................................................
5 NDICE DE VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL IVSA.......................

191

197

5.1 ndice de Vulnerabilidade Social IVS. Susceptibilidade e capacidade de


resposta.......................................................................................................................

202

5.1.1 Metodologia................................................................................................ 206


a. Seleo das variveis e delimitao dos setores censitrios................... 206
b. Anlises estatsticas................................................................................ 210
5.1.2 Anlise das dimenses (fatores) da vulnerabilidade social........................

215

5.1.3 A Geografia do IVS....................................................................................

225

5.2 ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes IVFI. Exposio


aos perigos naturais..................................................................................................... 237
5.3 ndice de Vulnerabilidade Socioambiental IVSA.............................................. 249

6 CONSIDERAES FINAIS.......................................................................................

258

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................................

262

APNDICE ....................................................................................................................

278

20

1 INTRODUO

A humanidade tem vivenciado nas ltimas dcadas um clima de severa


insegurana. As sucessivas crises e mudanas sociais, sejam elas econmicas e/ou ambientais,
tm suscitado as condies para a onipresena do medo e da incerteza diante do futuro. Tais
condies trazem, concomitantemente, a noo de que somos cada vez mais vulnerveis e
cada vez mais susceptveis aos riscos cotidianos, incluso aqueles relacionados Natureza.
A chamada crise ambiental, na verdade uma crise da sociedade do consumo e
do individualismo, tem imposto o fracasso a praticamente todas as tentativas de se conceber
uma forma menos predatria da relao Sociedade-Natureza num sentido amplo (vide a UN
Climate Change Conference - COP15, em Copenhagen, em 2009).
Mesmo com uma crescente quantidade e qualidade do conhecimento produzido no
que diz respeito, especificamente, aos chamados riscos naturais, como pontuaram White et
al. (2001), ao longo das dcadas do sculo XX, e j no sculo presente, tem havido um
aumento significativo da frequncia e das consequncias (perdas humanas e materiais) dos
eventos naturais perigosos. O Emergency Events Database - EM-DAT, importante entidade
mantida pela Organizao Mundial da Sade, que tem constantemente elaborado bancos de
dados sobre os desastres naturais em todo o Planeta, constatou este fato.
As dimenses tomadas por esses eventos causam cada vez mais preocupaes aos
diversos agentes sociais, sejam administradores pblicos, a sociedade cientfica, ou o pblico
em geral, e so includos nas mais variadas agendas governamentais em todo o mundo (vide a
International Decade for Natural Disaster Reduction - IDNDR, nos anos 1990, que culminou
na criao da International Strategy for Disaster Reduction - ISDR).

21

Os eventos catastrficos causados pelo Furaco Katrina na cidade de Nova


Orleans, em 2005, quando 80% da cidade ficaram inundados e aproximadamente mil pessoas
perderam a vida; e o tsunami que atingiu o sudeste da sia e o leste da frica, em dezembro
de 2004, ceifando a vida de mais de 200.000 pessoas, so exemplos emblemticos do quanto a
humanidade vulnervel a esses tipos de eventos.
Em 2008, o Brasil se encontrou entre os 13 pases mais afetados por desastres
naturais, o que colocou em xeque a crena de que o Pas no atingido por fenmenos
naturais perigosos. Naquele ano, 135 pessoas perderam a vida no Estado de Santa Catarina,
por conta de precipitaes intensas, inundaes e deslizamentos de terra generalizados. J em
2009, novos desastres se abateram em Santa Catarina, e em quase todos os estados da Regio
Nordeste. No final daquele ano, precipitaes concentradas, tpicas de vero, tambm geraram
perdas de vidas e prejuzos materiais em diversas cidades dos Estados de So Paulo, Rio de
Janeiro e Minas Gerais.
No primeiro dia do ano de 2010, pelo menos 52 pessoas perderam a vida em
escorregamentos de terra generalizados no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro,
notadamente em Angra do Reis.
O que h de convergente, porm, entre esses e outros eventos naturais perigosos ?
O aumento das consequncias e das recorrncias desses desastres naturais tem relao com as
mudanas ambientais globais, notadamente as de ordem climtica ? Ou esses fenmenos
tiveram seus efeitos ampliados em funo da estruturao do territrio empreendida nos
espaos atingidos ? Ou, ainda, por conta do crescente contingente populacional em condio
de vulnerabilidade decorrente de ocupao de espaos expostos a riscos naturais e agravados
por suas condies de susceptibilidade social ?
Chama a ateno o fato de que, dentre os espaos mais atingidos, destacam-se
aqueles mais densamente urbanizados; mas, por que as cidades so espaos mais expostos a
esses fenmenos ? De modo especfico, quem vulnervel aos perigos naturais na cidade ?
Quem mais vulnervel na cidade ?
No Brasil, diante das condies geoambientais, principalmente as de razes
climticas a tropicalidade e as formas de ocupao do espao, os perigos naturais mais
recorrentes tem relao com modificaes substanciais no ciclo hidrolgico natural, e essas
modificaes so mais perceptveis nas cidades. A forma como ocorre a estruturao do
territrio fomenta a frequncia e a magnitude de fenmenos naturais (ou nem to naturais
assim...), tais como os deslizamentos de terra e as inundaes.

22

As inundaes so fenmenos naturais, mas as mudanas importantes nas formas


de uso e ocupao nas cidades, onde a impermeabilizao do solo e a retilinizao de canais
fluviais se configuram como aes pblicas (e privadas) recorrentes, tais fenmenos so
incrementados e se tornam potencialmente mais perigosos.
Com efeito, insere-se a problemtica dos rios urbanos. Os rios so ambientes
historicamente atrativos ocupao humana, no entanto, nas cidades, principalmente aquelas
localizadas nos pases em desenvolvimento, os ambientes fluviais se configuram entre os
espaos mais degradados, desvalorizados e/ou at mesmo negados pela sociedade, em razo
de uma mudana paradigmtica, que fez com que os rios deixassem de ser ambientes
atrativos, para se tornar receptculos dos excrementos da sociedade.
Alm disso, num contexto extremamente desigual em que se transformaram as
cidades, as margens dos rios se tornaram a alternativa de acesso terra urbana e a
possibilidade da posse de uma moradia, de um contingente crescente e numeroso de pobres
urbanos.
Essa relao entre rios urbanos, esquecidos e negados, ocupao clandestina e
improvisada, pobreza e segregao socioespacial, cria um contexto de fortes desigualdades
socioespaciais, ao mesmo tempo em que institui territrios de risco, onde ocorre a
sobreposio de perigos diversos (naturais, sociais etc.), e onde prepondera a vulnerabilidade
social atrelada exposio diferenciada a fenmenos naturais potencialmente perigosos.
Da forma como abordado, quais so as variveis que tornam os indivduos
(ou grupos de indivduos) mais vulnerveis do que outros ? Esses fatores apresentam
dimenses que se esboam no espao ? Ou seja, quais aspectos socioespaciais contribuem
para a distribuio espacial diferenciada dos riscos e das vulnerabilidades ?
Por que os indivduos/comunidades que habitam as margens dos rios nas cidades
brasileiras so mais vulnerveis aos eventos de inundao do que os demais habitantes ? H
coincidncia entre espaos expostos a perigos naturais e pobreza nas cidades brasileiras ? Se
sim, a definio e a localizao de espaos em que ocorre essa coincidncia de riscos (e sua
representao cartogrfica) podem compor um importante escopo para os gestores pblicos,
no sentido de orientar/direcionar onde preferencialmente devem ser alocados investimentos
para o aumento da resilincia das comunidades expostas, e assim reduzir o risco de desastres ?
Diante desses questionamentos, definiu-se como objetivo desta tese analisar os
riscos e as vulnerabilidades socioambientais de rios urbanos, tendo a bacia hidrogrfica do
rio Maranguapinho, localizada na Regio Metropolitana de Fortaleza RMF, Cear, como

23

rea de estudo de caso para compreenso das inter-relaes das vulnerabilidades sociais e
exposio aos riscos naturais, principalmente os riscos ligados s inundaes urbanas.
Para esse propsito, o trabalho se utilizou dos seguintes objetivos especficos:
Objetivo 1. Analisar como a evoluo dos paradigmas ambientais influencia a interveno
humana sobre os ambientes fluviais urbanos e suas respectivas bacias hidrogrficas
(Captulo 2).
Objetivo 2. Discutir os conceitos e abordagens tericas e metodolgicas de risco e
vulnerabilidade (Captulo 3).
Objetivo 3. Contextualizar os aspectos histricos e socioeconmicos que justificaram a
expanso urbana na rea escolhida para o estudo de caso, ou seja, a bacia hidrogrfica do
rio Maranguapinho (Regio Metropolitana de Fortaleza), e diagnosticar os condicionantes
fsico-naturais e sociais que contribuem para a ocorrncia do perigo de inundaes na dita
rea (Captulo 4).
Objetivo 4.

Elaborar uma proposta de operacionalizao e mensurao do conceito de

vulnerabilidade, e avaliar as vulnerabilidades socioambientais da rea escolhida para o


estudo de caso (Captulo 5).
Assim sendo, esta tese busca a validade da hiptese seguinte: h fortes tendncias
de coincidncia entre os espaos susceptveis a processos naturais perigosos, como o caso
das inundaes processo natural atrelado dinmica dos rios e de suas bacias
hidrogrfica e os espaos da cidade que apresentam os piores indicadores sociais,
econmicos e de acesso a servios e infraestrutura urbana.
Na figura 1.1, possvel visualizar a estrutura esquemtica da pesquisa.
No que concerne s etapas da pesquisa, necessrio se faz inicialmente esclarecer
a os principais pressupostos metodolgicos utilizados como referncia para a realizao do
trabalho. A abordagem sistmica e o mtodo dialtico fazem parte do arcabouo
metodolgico desta tese. A teoria sistmica e a aplicao especfica no mbito da Geografia
Fsica, representada pelos geossitemas, j so consideradas abordagens clssicas desse ramo
da Geografia.
No obstante a histrica perspectiva cartesiano-positivista que influenciou
sobremaneira a Geografia Fsica, a partir de meados do sculo XIX a meados do sculo XX,
baseada na compartimentao analtica e na concentrao dos estudos sobre as bases
biofsicas do ambiente, alguns gegrafos, engajados em construir um conhecimento mais

24

conjuntivo e integrado, propuseram o mtodo sistmico, baseado na Teoria Geral dos


Sistemas, de Defay e Bertalanffy, aplicado inicialmente na Biologia e na Termodinmica, nos
anos 1920-30.

Figura 1.1 Estrutura esquemtica da tese.


Fonte: elaborado por Almeida (2010), baseado em Saraiva (1999).

25

Os textos clssicos do russo Sotchava (1977), dos franceses Tricart (1977), Tricart
e Killian (1982) e Bertrand (1971), e dos brasileiros Christofoletti (1979) e Monteiro (2000),
foram trabalhos que buscaram a integrao, sob a perspectiva holstica, sistmica e analtica
dos aspectos naturais com as influncias socioeconmicas.
O advento da questo ambiental, entretanto, indicando a compreenso do ser na
relao com seu entorno, e reavendo a importncia da compreenso socioeconmica nas
transformaes da natureza, nos impactos, riscos, vulnerabilidades, remete a questionamentos
feitos por Suertegaray (2002) a respeito da viabilidade metodolgica da Geografia Fsica
diante das dificuldades de compreenso dos fenmenos ambientais sob influncia da
sociedade contempornea.
Assim, inclui-se o mtodo dialtico1 como proposta de compor, juntamente com a
perspectiva sistmica, uma forma de compreender a conflituosa relao Sociedade-Natureza
na cidade e entender como se d a distribuio diferenciada dos riscos ambientais e das
vulnerabilidades sociais no espao urbano.
Para a realizao desta tese, foi necessrio seguir determinadas etapas de
trabalho, descritas a seguir.
Para os dois captulos tericos (Captulo 2 - Paradigmas e dimenses histricoculturais da relao entre sociedade e rios urbanos; e Captulo 3 - Por uma geografia dos
riscos e das vulnerabilidades socioambientais), realizou-se amplo levantamento bibliogrfico
e seguiu-se a sua reviso, para a avaliao dos principais referenciais tericos desta tese, quais
sejam,
- os estudos sobre o uso dos rios ao longo da histria, a mudana na percepo e
no uso dos rios a partir do processo de urbanizao e a negao dos rios urbanos nas cidades
brasileiras;
- os referenciais conceituais e metodolgicos sobre os conceitos de risco, perigo e
vulnerabilidade.
No que tange operacionalizao dos pressupostos tericos discutidos nos dois
captulos iniciais, procedeu-se ao estudo de caso, ou seja, ao exame dos riscos e
vulnerabilidades socioambientais da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho. A escolha
desta rea de estudo se deveu ao fato de que a bacia se localiza na poro oeste da Regio

O mtodo dialtico aqui entendido como em Arajo (2003), na perspectiva de compreenso da realidade
espacial, das relaes que se estabelecem no espao e das contradies que se esboam na relao sociedadenatureza; ou seja, a busca de esclarecimentos, de crticas e de fuga ao senso comum na compreenso da
realidade.

26

Metropolitana de Fortaleza, onde se expressam os piores indicadores sociais e ambientais


dessa regio.
No Captulo 4 Perigos Ambientais, foram avaliados os condicionantes
ambientais (clima e stio urbano) e socioculturais (urbanizao, expanso urbana) da
ocorrncia dos eventos naturais perigosos, notadamente as inundaes, e a produo de
territrios de risco na rea estudada. Para isso, realizou-se a anlise da literatura pertinente ao
tema, visita a rgos da gesto pblica (prefeituras, defesa civil, secretarias etc.), trabalhos de
campo para reconhecimento da rea estudada e a produo de registros fotogrficos da
problemtica analisada.
No Captulo 5 ndice de Vulnerabilidade Socioambiental IVSA, partindo da
hiptese principal da tese, de que h ampla coincidncia entre os espaos de vulnerabilidade
social e os espaos de exposio fsica s inundaes nas cidades brasileiras, a proposta desse
mdulo foi a elaborao de um ndice de Vulnerabilidade Socioambiental para a rea objeto
de estudo de caso, produzido a partir da sobreposio cartogrfica de outros dois ndices:
ndice de Vulnerabilidade Social - IVS e ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s
Inundaes - IVFI.
A produo do ndice de Vulnerabilidade Social IVS se deu com suporte na
escolha de variveis que representassem caractersticas de desvantagem social, de anlises
estatsticas realizadas nos dados colhidos do Censo 2000 IBGE, a produo de um indicador
de vulnerabilidade social e a sua posterior incluso no programa de SIG e geoprocessamento
ArcGIS 9.2, e a produo do Mapa de Vulnerabilidade Social da bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho.
J a elaborao do ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes
IVFI foi realizada com a anlise da freqncia e da extenso espacial das inundaes, com a
utilizao dos tempos de retorno de inundao, e com base nisso, a produo do Mapa de
Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Os dois mapas produzidos foram sobrepostos, o que possibilitou a produo do
mapa final da tese, ou seja, o Mapa de Vulnerabilidade Socioambiental.
Quanto elaborao da cartografia temtica da tese, o mapa de localizao, com
as principais informaes espaciais da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, tais como
delimitao da bacia hidrogrfica, rede de drenagem, rea urbana, limites municipais,
principais vias de acesso, ferrovias, curvas de nvel, pontos cotados, foi produzido com
suporte na imagem do satlite francs SPOT 5 (Sensor HRVIR), ano 2004.

27

O mapa de localizao possibilitou a produo dos mapas de Uso e ocupao do


solo, de Vulnerabilidade Social, de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes e de
Vulnerabilidade Socioambiental. Alm disso, produziram-se modelos digitais de terreno da
bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, para avaliao de suas caractersticas topogrficas e
do potencial de ocorrncia de inundaes. Para isso, foram usados programas de cartografia
digital, geoprocessamento e SIG, tais como AutoCAD Map, ArqGIS 9.2 e Global Mapper.
Efetuaram-se tambm, trabalhos de campo, no intuito de reconhecer a verdade
terrestre da rea objeto de estudo de caso, definir os limites fsicos da rea estudada, realizar
documentao fotogrfica e checagem dos produtos cartogrficos elaborados.
Para a sistematizao dos procedimentos terico-metodolgicos e tcnicooperacionais da tese, a realizao do estgio de doutorado na Universit Paris X Nanterre, foi
relevante, por haver naquela universidade um importante grupo de pesquisa sobre a temtica
dos riscos e vulnerabilidades na Geografia. Este se realizou entre de outubro e dezembro de
2008. A troca de experincias com os pesquisadores daquela universidade, principalmente a
professora Yvette Veyret, que uma pesquisadora dos riscos internacionalmente reconhecida,
propiciou importante estruturao terico-metodolgica da tese.

28

2 PARADIGMAS E DIMENSES HISTRICO-CULTURAIS DA


RELAO ENTRE SOCIEDADE E RIOS URBANOS
2.1 Introduo
O que um rio ou o que faz um rio ser o que , e quais so os objetos ou as
noes sem as quais um rio no existe, so alguns questionamentos que se pem no incio
deste captulo para efeito de reflexo, e que sero tratados ao longo do texto.
Etimologicamente, o rio (do latim rivu) escoamento, corrente de gua, curso de gua. O rio
para o gegrafo constitudo de guas correntes e do dbito das guas, assim como fora
em ao, caminhos que correm para a navegao, fonte de energia para moinhos ou para
usinas hidroeltricas, fonte de vida para o Homem e para suas atividades.
As margens dos rios so o espao no qual a gua retoma seus direitos, no dizer de
Bethemont e Rossiaud (2003). Esse espao de liberdade est situado entre o leito menor e o
leito maior excepcional ou aquele leito normalmente ocupado pelas grandes cheias. Esse
espao mais ou menos artificializado pode apresentar uma grande variedade de aspectos:
podem ser notadas variaes de vegetao cuja composio varia de acordo com a posio da
gua.
Assim, a instabilidade do leito fluvial o faz um ecossistema complexo, povoado
por uma fauna e flora muito ricas. Essas zonas midas (chamadas tambm de zonas riprias)
possuem uma funo na regulao dos dbitos e na filtragem das guas. No que concerne
Ecologia, um espao notvel. No plano paisagstico e em estado mnimo de conservao,
lembra um pouco uma natureza original do que poderia ser o jardim do den (BETHEMONT
e ROSSIAUD, 2003).

29

Na Geografia dita tradicional e nos estudos clssicos de Geomorfologia e


Geomorfologia Fluvial, os rios e suas respectivas bacias hidrogrficas foram tratados com
frequncia em termos de anlise e descrio dos processos fluviais e das formas resultantes do
escoamento das guas, bem como dos aspectos geoambientais (geologia, formas e processos
geomorfolgicos, caractersticas hidroclimticas, biodiversidade, padres de uso do solo) que
condicionam o regime hidrolgico no mbito das bacias de drenagem2.
A esse respeito, destacam-se os estudos sobre a fisiografia fluvial (onde se
analisam os tipos de leitos e canais, a hierarquizao da rede fluvial, os tipos de drenagem
exorrica, endorrica etc.), aspectos da geometria hidrulica (velocidade de fluxo,
composio granulomtrica dos sedimentos dos canais, vazo, largura e profundidade do
canal), os processos fluviais (eroso, transporte e deposio), a anlise do perfil longitudinal e
o equilbrio fluvial.
Alm disso, se confere destaque influncia do Homem nos ambientes fluviais
quando da construo de barragens, dos processos de canalizao, dos desvios de canal, da
impermeabilizao das plancies fluviais e das margens pelo crescimento das cidades, entre
outros temas3.
Os rios, porm, no foram/no so pensados apenas pelo vis da Geografia e dos
seus diversos ramos de estudos4. Os rios so pensados de formas diferentes pelos indivduos,
de acordo com uma combinao de percepes pessoais, formao cientfica e experincia
profissional. Por outro lado, a percepo humana dos rios possui uma variao
espaciotemporal: depende da regio do Planeta onde se situa o indivduo e do momento
histrico em que se deu a sua percepo.
Assim, um rio que caracterizado por sua hidrologia, por sua carga de sedimentos
e de outros compostos que carrega, pela sua forma, e pela biodiversidade com que interage,
reflexo dos cenrios naturais e culturais que atuam na sua bacia hidrogrfica5.
Consequentemente, so inmeras as formas de se conceituar rio. Pode ser
definido como um corpo dgua em movimento confinado em um canal e geralmente indica o
2

necessrio destacar o fato de que no se pretende desvalorizar tais pesquisas. Ao contrrio, os trabalhos
clssicos sobre Geomorfologia Fluvial e ambientes fluviais tiveram e tm uma importncia no sentido de
contribuir para a evoluo do entendimento desses ambientes.

Cf. Strahler (1957), Chorley (1971), Christofoletti (1981), Cunha (2001), entre outros.
A pretenso desta tese ir alm destas proposies, e destacar os rios, e, especificamente, os rios urbanos como
ambientes que possibilitam importante conjugao entre aspectos intrnsecos da Natureza e fatores que
engendram a cultura urbana.
5
Bacia hidrogrfica ou bacia de drenagem uma rea da superfcie terrestre que drena gua, sedimentos e
materiais dissolvidos para uma sada comum, num determinado ponto de um canal fluvial, seja no oceano, num
lago ou num outro rio (COELHO NETTO, 2001).
4

30

principal tronco de um sistema de drenagem. Um rio um curso de gua natural, de extenso


mais ou menos considervel, que se desloca de um nvel mais elevado para outro mais baixo,
aumentando progressivamente seu volume at desaguar no mar, num lago, ou noutro rio, e
cujas caractersticas dependem do relevo, do regime de guas, etc. 6
Um rio , no entanto, muito mais do que somente um curso de gua que se desloca
ao longo de um terreno at o fundo de seu vale, para ento desaguar num outro rio, lago ou
oceano. Um rio tem inmeros significados, simbolismos, percepes, representaes. Um rio
pode ser percebido e representado por vrios prismas o da arte, por exemplo, j possibilita
um sem-nmero de modelos ou representaes.
Distintos foram os artistas que se inspiraram nas guas correntes de rios calmos
ou caudalosos, para produzir ou retratar paisagens da forma mais magnfica: atravs do olhar
do artista, da percepo humana figura 2.1.

Figura 2.1 - Pierre-Auguste Renoir, "La Grenouillre", 1869, leo sobre tela,
66 x 86 cm, National museum, Estocolmo.
Fonte: http://www.abcgallery.com
Desta feita, a arte tambm retratou, em alguns momentos, os conflitos e
contradies que regem a relao dialtica Sociedade-Natureza, ou, especificamente,
Sociedade-Rio. Mesmo com outro propsito, Monet conseguiu captar brevemente os
problemas dessa relao j em meados do sculo XVI, quando retratou Londres, antes da 1
Revoluo Industrial, na conturbada relao com o rio Tamisa figura 2.2.

Cf. Ferreira (1988).

31

Figura 2.2 - Claude Monet, Waterloo Bridge, Grey Weather, 1569, leo sobre tela,
National Gallery of Art, Chester Dale Collection, Washington, D.C.
Fonte: http://www.abcgallery.com
E, quanto aos rios que percorrem as grandes cidades do presente ? Quais so seus
significados ? Como so percebidos ? Como so representados ?
Da mesma forma, tambm so mltiplos os prismas pelos quais possvel avaliar
os significados desses rios peculiares os rios que, dialeticamente, modificam e so
modificados na sua inter-relao com as cidades.
E, com essa interao, surge algo que , ao mesmo tempo, natural e cultural,
orgnico e artificial, sujeito e objeto, algo hbrido porque no mais natural, mas tambm no
se transformou ao ponto de deixar de carregar em si a Natureza. Isso um pouco do que se
pode depreender sobre esse elemento que ora objeto de estudo desta tese os rios urbanos7.
Assim como em Costa (2006) e em PNUD (2000), pergunta-se: como as cidades
habitam os rios ? Por que necessrio isolar a parte urbana dos rios de seu trajeto no campo?
Examinar o tema dos rios com base nas cidades pelas quais interage um desafio
pouco recorrente, dada a complexidade das relaes que se estabelecem, dos agentes sociais
envolvidos, dos parmetros ambientais que requerem ateno para tal intuito. Na maior parte
dos casos, os temas relacionados com a questo ambiental so tratados por especialistas e de
forma fragmentada.
No caso especfico dos rios urbanos, no possvel dissoci-los da bacia
hidrogrfica na qual tm sua fonte e qual alimentam, possibilitando subsidiar as atividades

Um rio urbano diz respeito quele que foi alvo de modificaes significativas em sua forma, em sua dinmica e
em seus componentes geoambientais ao longo do processo de urbanizao, com aproveitamento ou no de suas
potencialidades socioeconmicas, paisagsticas e socioambientais.

32

humanas e os processos ambientais de maneira geral, e cujo mago a globalidade, a


integrao e a inter-relao de processos. Alm disso, os rios so o reflexo de toda a dinmica
geoambiental e de cada forma que o homem interage com a sua respectiva bacia hidrogrfica.
Os rios so ambientes naturais e culturais. So estruturas vivas e, por isso,
mutantes. As guas correntes, nas suas diversas escalas, tm sua importncia no desenho da
paisagem e, nesse sentido, a compreenso dos cursos dgua fundamental. Os rios, assim
como crregos, riachos, so caminhos de gua doce que buscam, pelo equilbrio hidrosttico,
um nvel mais baixo no relevo. Atravs desse processo, conectam e interagem com diversos
tipos de ambientes, desenhando-os ao longo da topografia dos terrenos.
Essa complexa dinmica suporte para a manuteno de vrios e distintos
ecossistemas. As margens fluviais so um ambiente nico e insubstituvel onde, na interface
entre a terra, a gua, o ar, e a energia solar, uma das mais produtivas associaes de vegetao
na Terra, podem ser encontrados.
Um hectare de matas ciliares presentes nos rios e crregos capaz de produzir
uma quantidade de matria orgnica maior do que a mesma rea intensivamente cultivada e
irrigada. O ndice de nutrientes do mangue, enriquecido pelas mars, descritos por seus
grandes ciclos de nutrientes marinhos, tem a maior responsabilidade pelo sustento de mariscos
e frutos do mar (MANN, 1973).
A gua das plancies de inundao to indispensvel quanto s dos manguezais;
ambos so habitats primordiais para os seres vivos em geral vida selvagem, espcies
aquticas e pssaros. Os nutrientes produzidos nos pntanos so tambm primordiais para os
ciclos de nutrientes, enquanto que os aparentemente inteis fundos lamacentos dos mangues
aportam espcies animais, algas, e bactrias que so indispensveis para o controle da
poluio, e a autorrenovao da qualidade do fluxo de guas dos rios.
Plancies de inundao e pntanos absorvem e retm as inundaes violentas,
oferecendo proteo natural para reas a jusante ocupadas pelo homem. Os manguezais dos
esturios funcionam da mesma forma, absorvendo a fora das tempestades formadas no
oceano.
H, por certo, uma importncia intrnseca aos rios e suas bacias hidrogrficas do
ponto de vista ecolgico e geoambiental; mas h tambm, em funo de seus valores
ambientais e culturais, uma relevncia especfica no tocante relao Sociedade-Rio. Os rios
foram para os primeiros assentamentos humanos e para as primeiras cidades, fonte de
recursos diversos.

33

Desde funes nobres e vitais como a dessedentao humana e animal, para a


irrigao das primeiras culturas agrcolas, passando por sua funo de transporte e
comunicao (num momento em que as estradas eram rudimentares), at os usos mais
recentes como reas verdes nas cidades, que funcionam como corredores e redes de
conservao da Natureza, parques pblicos para o lazer e o tempo livre.
A complexidade peculiar da relao Sociedade-Rio os rios em geral, e os rios
urbanos de modo especfico advm, dentre outros aspectos, pelos seus variados valores e
significados. Um aspecto que se pode tomar como parmetro para analisar essa variao a
condio de desenvolvimento de um determinado conjunto de indivduos. Pases
desenvolvidos e em desenvolvimento lidam de forma diferenciada com o ambiente8.
No contexto dos pases em esforo de desenvolvimento, tanto na sia e frica,
quanto na Amrica Latina, a relao entre os rios e as cidades que os ocupam se d com
muitas dificuldades, muitos conflitos, muitos fatores causadores de riscos e vulnerabilidades,
em funo das imensas desigualdades socioeconmicas e socioambientais imperantes nesses
pases.
O processo de urbanizao em escala planetria iniciado na Revoluo Industrial,
entre os sculos XVIII e XIX, na Inglaterra, proporcionou o crescimento das cidades
inicialmente na Europa e nos EUA, mas no sem conflitos semelhantes, a forte concentrao
populacional em exguos espaos, a degradao das condies de vivncia nas cidades isso
inclui primordialmente condies ambientais, alm de aspectos socioeconmicos e, por
consequncia, a generalizao das vulnerabilidades causadoras de riscos ambientais e
tecnolgicos.
Nesse mbito de fortes injustias predominantes nas cidades dos pases em
desenvolvimento, caso da Amrica Latina e do Brasil, insere-se a anlise da forte correlao
entre pobreza urbana, ocupao irregular de reas de preservao permanente nas cidades
(as chamadas APPs urbanas margens de rios, lagos naturais e artificiais, nascentes de rios,
vertentes ngremes, entre outras), vulnerabilidades socioambientais e uma forma injusta e
desproporcional a que determinados segmentos da sociedade (os mais pobres, notadamente)

necessrio explicar que, em outros tempos, pases atualmente desenvolvidos passaram por vrios momentos
de extremos conflitos na relao com seus rios urbanos. Os rios Tamisa, em Londres, e o Sena, em Paris, so
casos exemplares que sero tratados adiante. Vale adiantar que no exemplo desses dois rios que passaram por
intenso processo de degradao e desvalorizao, para que atualmente fossem considerados verdadeiros
patrimnios de suas cidades e de seus pases, foram precisos muitos investimentos financeiros e aplicao de
tecnologia para a despoluio e revitalizao de suas reas de influncia.

34

so susceptveis aos riscos ambientais e tecnolgicos marcas da sociedade urbana psmoderna9.


No Brasil, a associao entre a urbanizao descontrolada, as condies de
pobreza da parcela majoritria dos habitantes das cidades e os eventos naturais relacionados
s caractersticas do ambiente tropical so os principais aspectos que engendram a
generalizao dos riscos nas cidades brasileiras.
De modo especfico, os rios urbanos, fortemente associados aos riscos nas cidades
brasileiras por suas cheias e inundaes peridicas, alm do alto grau de poluio que
apresentam, so o objeto principal desta tese, no que diz respeito anlise da
interdependncia entre as desigualdades socioeconmicas, a dinmica de produo de espao
e do metabolismo da cidade e dos processos geoambientais prprios do stio urbano.

2.2 Paradigmas

Pela primeira vez em toda a histria de sua existncia na Terra, a humanidade


toma conscincia de sua finitude, de sua vulnervel condio, do risco de extino.
O relatrio do Painel Intergovernamental sobre Mudana Climtica (IPCC/ONU),
divulgado em Paris, fevereiro de 2007, concluiu que a forte correlao entre as atividades
humanas desenvolvidas desde 1750, o aumento da concentrao de gases de feito estufa
(dixido de carbono, metano, xido nitroso), e suas consequncias (aumento das temperaturas
do ar e dos oceanos, derretimento de geleiras e neves, aumento global do nvel dos oceanos,
mudanas no regime de precipitaes, padres de ventos, salinidade dos oceanos, climas
extremos, modificaes nos ecossistemas), poder ser responsvel pela extino de vrias
espcies do Planeta, e a modificao considervel da forma como os homens se
desenvolveram nos ltimos tempos.
O modus vivendi de nossa civilizao, baseado no que se convencionou chamar de
sociedade do consumo, situado na principal materializao do paradigma mecanicista-

A cidade um poderoso smbolo do avano e do crescimento econmico na histria de muitas naes. Nas
cidades esto concentradas atualmente mais de 3,5 bilhes de pessoas mais da metade da populao mundial,
ocupando em torno de 1% da superfcie total da Terra ou aproximadamente 500.000 hectares ou ainda 2% das
terras continentais, alm da influncia das redes de rodovias e ferrovias, que estendem a influncia urbana bem
alm dos limites das cidades (PETTS et al., 2002).

35

euclidiano reducionista a cidade, impe a razo cientfica Natureza10, em favor de um


modelo de sociedade dita moderna e produtora de mercadorias, resduos e desigualdades.
Um dos filsofos mais influentes dos ltimos 20 anos, Michel Serres, elaborou,
em um de seus livros (SERRES, 1991), uma importante alegoria que ajuda a compreender
como o Homem se relacionou com a Natureza nos ltimos tempos, e por consequncia, como
se relaciona com os rios. Serres pensou num quadriltero onde, nos dois primeiros vrtices,
estariam lutando dois homens.
No terceiro vrtice, estaria a Natureza, palco desse combate. Ele compara os dois
sujeitos aos dois lutadores do clebre quadro de Goya (Duelo a Garrotazos figura 2.3), cujo
local de combate um lago de areia movedia (que, nesse caso, representa a Natureza). Esse
quadro representa a forma como os homens se relacionam entre si, como essa relao
colabora para a modificao da Natureza, bem como as consequncias para os prprios
homens.
No quarto vrtice proposto por Serres, encontra-se a representao fsica do
resultado das relaes entres os trs primeiros vrtices: as grandes metrpoles, seus inmeros
problemas e consequncias socioambientais.
Do ponto de vista conceitual, a noo de paradigma utilizada neste texto pode
ser entendida com arrimo numa interpretao coetnea de Kuhn (2005)11. Sistemas de valores
e vises de mundo so aspectos que norteiam e baseiam a cultura e a forma como cada
indivduo ou grupo de indivduos interpreta e atuam na realidade. Outrossim, a maneira como
a Natureza entendida pela sociedade varia em funo da cultura e de pocas histricas.

10

A palavra Natureza escrita no texto com maiscula para, assim como Pelizzoli (2002), indicar que no se
trata de um conceito simples, mas complexo, interdependente, mutvel no tempo e no espao, que remete a
significados prticos da vida humana e a elementos mticos, romnticos ou religiosos.
11
Para Kuhn, existem dois sentidos que se podem atribuir concepo de paradigma: de um lado, indica toda a
constelao de crenas, valores, tcnicas, etc., partilhada pelos membros de uma comunidade determinada. De
outro, denota um tipo de elemento dessa constelao: as solues concretas de quebra-cabeas que, empregadas
como modelos ou exemplos, podem substituir regras explcitas como base para a soluo dos restantes quebracabeas da cincia normal. (KUHN, 2005, p. 220). Assim, os paradigmas constituem o quadro de significados
pelo qual as experincias so interpretadas, estabelecendo, por meio disso, um quadro psicolgico e cultural para
a identificao e resoluo de problemas.

36

Figura 2.3 Duelo a Garrotazos, de Goya.


Fonte: http://carlosousadealmeida.blogspot.com/2005_11_01_archive.html
De forma geral, em algumas culturas, a relao entre a Sociedade e a Natureza se
d de um modo harmnico e cooperante; assim como em outro mbito, a Natureza deve ser
temida, dominada e combatida (SARAIVA, 1999). Num panorama cronolgico, Saraiva
(1987) listou etapas ou fases que indicam as diferentes feies da relao Sociedade-Natureza,
como se pode notar a seguir.
- Temor: os ciclos naturais assumem cunho sagrado, incontrolvel, promovendo o medo, o
receio e a sacralizao dos fenmenos;
- Harmonia: busca da adaptao e da integrao aos processos naturais, com deferncia s
suas contingncias e utilizao das benesses dos recursos;
- Controle: obteno do domnio sobre os recursos naturais e seus respectivos ciclos, com
o intuito do mximo aproveitamento dos benefcios e da defesa dos seus
malefcios;
- Degradao: a explorao e o controle se do no sentido da degradao, ultrapassando a
capacidade de suporte e regenerao do equilbrio dinmico dos ecossistemas;
- Recuperao ou Sustentabilidade: tomada de conscincia das causas e conseqncias da
fase anterior e a mudana para uma atuao integrada aos ciclos e
condicionamentos dos processos naturais atravs de novos conhecimentos e
tecnologias no ofensivas a esses processos.
Na cultura Ocidental e em algumas culturas orientais, at meados do sculo XV,
as pessoas conviviam em pequenas comunidades e se relacionavam de forma orgnica com a
Natureza, ou seja, atribua-se uma forte interdependncia com processos naturais (clima, solo,

37

alimentos, gua etc.), interdependncia entre fatores espirituais e materiais e a prioridade da


comunidade sobre as necessidades individuais (CAPRA, 1982).
Grosso modo, na Idade Mdia, os fenmenos naturais eram carregados de
significados que remetiam aos desgnios de Deus, da uma postura tica at ento harmoniosa
(mas pautada na religio, no medo e no desconhecimento) diante da Natureza.
Entrementes, essa postura dita harmoniosa comea a alterar-se entre os sculos
XVI e XVII. Marcos histricos da civilizao ocidental, a Revoluo Cientfica,
conjuntamente ao incio da Modernidade12, e a Revoluo Industrial, so referncias do incio
da mudana de uma posio consentnea Natureza, para um paradigma (dito atualmente
como clssico) pautado na dominao, no reducionismo e no racionalismo cientfico.
A partir do sculo XVI, a perspectiva medieval de um mundo orgnico foi
substituda pela metfora do mundo visto como uma mquina, do mecanicismo e do
materialismo fsico e reducionista, engendrado pela Revoluo Cientfica, tambm chamada
de paradigma cartesiano.
Essa revoluo se deu no mbito das mudanas na Fsica e na Astronomia,
encabeadas por cientistas clssicos como Coprnico, Galileu, Bacon, Newton, e,
principalmente, Descartes.
A Revoluo Cientfica pode ser considerada como um dos principais fatores para
a determinao do pensamento e da cincia na Modernidade (MARCONDES, 1995). O
mtodo emprico de Francis Bacon, o mtodo analtico de Ren Descartes, e o mtodo
experimental de Isaac Newton foram os pilares da estruturao da cincia e da viso de
mundo contemporneos.
A principal meta do conhecimento cientfico, para esses cientistas, era a
dominao e o controle da Natureza, refletindo-se diretamente em objetivos antiecolgicos
esboados em nossa sociedade a partir dos sculos XVIII e XIX.
sob a bandeira da certeza e do rigor cientfico, e da noo de progresso que vem
com a Revoluo Industrial, que a Razo que cooptada pelo crivo cientfico ao
mesmo tempo que alarga infinitamente o conhecimento dos seres e ambientes,
toma posse de todo sentido, ou seja, pe-se como fundamento racionalista ltimo a
partir do qual se determina o destino de todos os outros seres, e mesmo dos
humanos. Que os cientistas e pensadores tenham concebido o mecanicismo, o
12

A uniformizao do pensamento e do conhecimento ligados Modernidade resultante da apologia da cincia


construtora do absoluto e promotora de uma forte crena na tecnologia como um instrumento de dominao
tanto da Natureza, quanto da condio humana. Pode-se dizer que a Modernidade surge, ento, com a expanso
do imperialismo europeu no sculo XVI, o predomnio do capitalismo nesse continente e a Revoluo Cientfica
representada pelo pensamento de Descartes, Bacon e Newton. Est associada a um estilo de vida ou organizao
social que nasceram na Europa e que, num momento posterior, tornaram-se mais ou menos mundiais em sua
influncia (GIDDENS, 1991).

38
determinismo e depois o positivismo em geral, como explicaes de leis e da
verdade do real, e do mundo natural, algo realmente assustador se se pensa
formas dignas de conhecimento e relao com a Vida. Veja-se que desde a que a
Razo, alardeada como motivo de emancipao e felicidade, degenerada em Razo
Instrumental, termo muito bem trabalhado pela Escola de Frankfurt, para mostrar
como a racionalidade vigente se torna calculista, algo desumanizadora e determinada
exclusivamente pelos processo tcnicos e utilitaristas de um Sistema que nos escapa.
(PELIZZOLI, 2002, p. 17, grifo do autor).

Conclui-se da que a forte inter-relao da ptica de mundo herdada pela nossa


sociedade de acordo com os preceitos do paradigma dito clssico de Descartes e Newton, com
a noo de desenvolvimento econmico e de polticas desenvolvimentistas empreendidas por
polticas pblicas, mas sob a gide do interesse privado (quando geralmente apenas os nus da
produo capitalista so socializados esgotos, resduos slidos, fumaas, materiais
particulados, riscos em geral associados pobreza e os bnus so privadamente
apropriados), e uma viso limitada das condies socioambientais do Planeta.
Para Kster (2003), mesmo que a maioria dos cientistas dedicados
elaborao de estratgias para um desenvolvimento durvel parta do princpio de que
imprescindvel uma reorientao fundamental das ideias, muito difcil romper com a viso
de mundo vigente na atualidade. Justamente porque no se trata apenas de integrar novos
conhecimentos nas teorias existentes, mas de proceder a uma reviso dos fundamentos
cientficos da Idade Moderna.

2.3 Um novo paradigma

No final do sculo XIX, a mecnica de Newton perdera seu papel de teoria


fundamental dos fenmenos naturais com a introduo dos conceitos da eletrodinmica de
Maxwell, e da teoria da evoluo das espcies de Darwin, indicando que o universo era mais
complexo do que Descartes e Newton preconizaram.
Nas primeiras dcadas do sculo XX, ocorreram mudanas radicais nas ideias
clssicas da cincia, com as grandes descobertas no campo da Fsica, como a Teoria da
Relatividade e a Teoria Quntica. Conceitos de espao e tempo absolutos no puderam ser
entendidos por meio das clssicas teorias dos sculos XVI e XVII.
A mudana paradigmtica na cincia ocorre quando
(...) o conjunto de conceitos e tcnicas que a constituem fracassa reiteradamente na
soluo de questes de seu prprio mbito de pertinncia. Quebra-se, ento, a
homogeneidade da comunidade cientfica e instaura-se um debate que concluir pelo
estabelecimento de um novo paradigma e pelo restabelecimento da homogeneidade
em torno dele. (PLASTINO, 1995, p. 31).

39

Nesse mesmo contexto, Kuhn (2005) trata a mudana paradigmtica como uma
transio dos princpios de associao/excluso fundamentais que comandam todo o
pensamento e toda a teoria em nossa civilizao. Expe tambm a ideia de que os princpios
clssicos de explicao postulavam que a aparente complexidade dos fenmenos podia-se
explicar por princpios simples, que a diversidade de seres e coisas podia-se explicar a partir
de elementos simples, ou seja, mediante a simplificao (separao e reduo).
O reducionismo propiciou um progresso tcnico considervel, mas, ao mesmo
tempo, o pensamento racional e cientificista propiciou atitudes profundamente predatrias ao
homem e ao ambiente. Dado que o pensamento racional linear e a conscincia ecolgica
advm da intuio de sistemas no lineares, a compreenso dos ecossistemas e do ambiente
como um todo torna-se difcil em funo dessa natureza especfica do pensamento
racionalista.
Ao passo que as teorias aliceradas nas leis da Fsica de teor clssico entendiam o
mundo como maquina e analisavam suas diferentes partes separadamente, a abordagem
sistmica efetua uma mudana de anlise dos objetos e das partes para a observao de
relaes, modelos e processos, correspondente Ecologia, como estudo dos seres vivos e as
suas relaes com o ambiente.
O paradigma ecolgico conduz a uma compreenso totalmente nova do mundo
vivo e no vivo; uma viso do universo como um todo indivisvel, ou seja, uma rede de
relaes dinmicas, onde o Homem como observador consciente de sua existncia e da
Natureza, est incluso (CAPRA, 1982; KSTER, 2003).
principalmente nas dcadas de 1960 e 1970, aps a tomada de conscincia do
carter finito dos recursos naturais utilizados no processo de crescimento econmico,
considerados at ento como ilimitados, que emergem novas posturas e preocupaes diante
da questo socioambiental.
Tais posturas so analisadas sob diversas perspectivas, essencialmente as que
consideram um quadro de reflexo no qual, mediante o entendimento das diferentes vises de
mundo, se procura explicar atitudes subjacentes representao cognitiva das relaes com a
Natureza e com os problemas socioambientais. Essa reflexo apoia-se na formulao de
paradigmas ambientais, que visam interpretao de padres de comportamentos humanos
diante da complexidade do ambiente13 (SARAIVA, 1999).

13

Cotgrove (1982) citado em Saraiva (1999), ao investigar as origens e percursos dos movimentos
ambientalistas nas dcadas recentes, identificou dois paradigmas sociais opostos na interpretao de posturas
diante do ambiente: - o paradigma dominante nas sociedades ocidentais, cujos valores centrais apoiam-se na

40

Figura 2.4 Evoluo dos paradigmas ambientais.


Fonte: Saraiva (1999), adaptado por Almeida (2008).
A figura 2.4 esquematiza as relaes entre os paradigmas ambientais14
preconizados por Colby e Schulkin (1992), considerando a evoluo temporal expressa no
eixo das abscissas e, no eixo das ordenadas, o espectro de valores, que se situa entre aspectos
focados no crescimento econmico essencialmente, e os que engendram posies
eminentemente ecocntricas.

legitimao de crescimento econmico, no controle e domnio da Natureza, e na convico de que o Homem tem
o direito e capacidade de utilizar os recursos naturais para atingir seus objetivos; plena confiana na cincia e
tecnologia para assegurar o meios para apoiar esses fins, e adota a convico no mtodo cientfico para o
progresso da sociedade; - o paradigma ambiental alternativo, oposto ao anterior, caracterizado pela oposio
ao conceito de crescimento unicamente econmico, pautando-se na filosofia da valorizao intrnseca da
Natureza e de uma tica de vida em harmonia com ela; prioridade aos valores no materiais, o que demonstra
ausncia de uma confiana na cincia e tecnologia para a resoluo dos problemas ambientais.
14

Ao fazer um paralelo entre a emergncia de novos paradigmas e o desenvolvimento sustentvel, Rohde (1995)
esboou uma anlise da evoluo de vrios campos do conhecimento que tiveram como foco principal a
mudana de postura no sentido de uma viso mais conjuntiva e integradora diante da realidade. No campo da
Teoria do Conhecimento, possvel citar a teoria da auto-organizao (MATURANA e VARELA, 1993); o
novo mtodo de Edgard Morin numa perspectiva do entendimento da complexidade (MORIN, 1977, 1980, 1986,
1991, 2003, 2005); o paradigma holstico (WEIL, 1987); a abordagem sistmica (BERTALANFFY, 1973;
ODUM, 1985). No que tange ao campo matemtico, destaca-se a teoria do caos e a abordagem fractal
(MANDELBROT, 1977; GLEICK, 1990). Na Fsica, o holograma passa a ser uma nova forma de descrio da
realidade (BOHM, 1991); na Geologia, o grande paradigma emergente o da teoria da tectnica de placas
(WYLLIE, 1985); Na Biologia, a hiptese Gaia consiste em que a vida na Terra se adapta, interage e,
literalmente, molda o meio fsico numa espcie de autorregulao, criando as condies necessrias para a sua
manuteno, da falar-se numa Terra viva ou na Me-Terra (LOVELOCK, 1987; MARGULIS e SAGAN,
1990); e por fim, o Contrato Natural, de Michel Serres, prope, num contraponto ao contrato social, uma nova
tica, um novo pacto na relao Sociedade e Natureza, que atualmente vista pelo autor como em estado de
guerra entre esses dois oponentes (SERRES, 1991).

41

Quadro 2.1 A mudana de paradigma cientfico15.


PRINCPIOS DA ECONOMIA
PRINCPIOS DA ECOLOGIA
pensamento linear
pensamento interligado
disciplinas especficas
interdisciplinaridade
elementos, partes separadas
interaes
matria
energia
tecnocracia
ciberntica
abordagem analtica
abordagem sistmica
causa-efeito
realimentao regenerativa
crescimento exponencial
crescimento qualitativo/orgnico
macro e microestruturas
interligaes estruturadas
unidimensionalidade
multidimensionalidade
esttica
dinmica
estrutura
processo
quantidade
qualidade
Fonte: Kster (2003).
No quadro 2.1, faz-se uma correlao entre os pressupostos do paradigma
cartesiano (representado pelos princpios da Economia) e os princpios do paradigma
ecolgico, assim denominado por Kster (2003).
Pode-se constatar que a evoluo dos paradigmas, ou seja, a mudana coletiva de
percepo e interpretao do mundo culmina, a partir da segunda metade do sculo XX, em
grandes alteraes globais nas atitudes diante da Natureza.
Esta mudana coincide com importantes transformaes na sociedade,
principalmente nos sistemas de informao e nas organizaes institucionais, o que
corresponde ao que alguns autores denominam de cultura ps-industrial ou ps-moderna.
Assim, a reflexo sobre o significado dos paradigmas ambientais pode permitir a identificao
de tendncias de mudanas na postura global da sociedade diante dos problemas
socioambientais e da atuao das instituies mais prximas do mbito local das decises.

2.4 Uso (e abuso) dos rios ao longo dos tempos

Absolutamente, nenhuma civilizao, seja mais ou menos numerosa ou mais ou


menos dependente de suas fontes de recursos naturais, consegue se manter indefinidamente
desinteressada da base fsica que a circunda. Uma comunidade que habita uma plancie,
decisivamente estar interessada, at por necessidade, no comportamento do rio que
periodicamente fertiliza tal plancie.

15

Os princpios dos paradigmas Economia e Ecologia no so excludentes, mas sim complementares.

42

Assim foi, por exemplo, com os egpcios. Estes se questionavam sobre o porqu
de o rio Nilo cobrir as plancies inundveis todos os veres, ao mesmo tempo em que o solo
se encontrava ressecado pelo rigoroso sol do deserto16.
Por conta dessa importncia atribuda aos rios, esses ambientes so usados (e
abusados) pelo Homem mais do que qualquer outro ecossistema na Terra. Uma das primeiras
representaes da relao Sociedade-Rio tambm teve lugar no Antigo Egito, por volta de
1300 a.C. As cenas de agricultura retratavam a intensa e, at ento, harmoniosa integrao
entre a atividade agrcola egpcia e a dinmica peridica das inundaes do Nilo (figura 2.5).

Figura 2.5 Cenas de agricultura do Livro dos Mortos, de Nakht, circa 1350-1300 a.C.
Papiro, Museu Britnico, Londres. Fonte: Extrado de Magalhes, 2005.
A partir desse princpio, destaca-se o papel dos rios como elementos que integram
aspectos da Natureza e da Sociedade, como fronteira entre sistemas naturais e sistemas
culturais. A esse respeito, Saraiva (1999, p. 48) prope que uma leitura da relao SociedadeRio numa viso retrospectiva, pode trazer ensinamentos relativamente a harmonias, sinergias
e rupturas que marcaram essas relaes em perodos antecedentes, transferveis, para os dias
de hoje, com plena atualidade.
A histria dos rios a histria da humanidade.
Para Bethemont (1993), ao mesmo tempo em que os rios se constituem no espelho
de uma dada sociedade, ele da mesma forma o reflexo das diferenciaes espao-culturais,
sendo que numerosas sociedades fundaram seus valores permanentes e fundamentais sobre
suas guas.

16

Cf. Kimble (2005, p. 181).

43
Les fleuves ont toujours fait partie de la vie de lhomme et de ses proccupations.
Que de prires leur ont t adresses jadis par les riverains dont ils taient la crainte
et lesprance ! Une civilisation millnaire a vcu dans le culte du Nil, fleuve sacr
dont le bras gauche, appuy sur un sphinx, tenait une corne dabondance, symbole
du pouvoir fertilisant des eaux. (ROCHEFORT, 1963, p. 05).

Assim, as civilizaes antigas, que no podiam nem explicar nem prever o


comportamento dos rios, no fizeram mais do que os adorar e os implorar, indefesas tanto
diante dos benefcios, quanto de seus prejuzos. Nesses cursos dgua misteriosos de onde
nasceram tanto lendas e mitos, valores e metforas, quanto supersties, o homem moderno,
no obstante, toma a iniciativa de conhec-los, de compreend-los, de subjug-los17.
na tor judaica e na bblia crist que se encontram tambm as primeiras
referncias escritas sobre a importncia dos rios e da interao que a Sociedade estabelece
com eles. No caso especfico, a citao dos quatro rios do Jardim do Paraso, em Gnesis.
E saa um rio do den para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro
braos. O primeiro chama-se Pisom; o que rodeia a terra de Havil, onde h ouro.
O ouro dessa terra bom; tambm se encontram l o bdlio e a pedra de nix. O
segundo rio chama-se Giom; o que circunda a terra de Cuxe. O nome do terceiro
rio Tigre; o que corre pelo oriente da Assria. E o quarto o Eufrates (Gnesis,
2: 10-14).

A forma como a Sociedade se relaciona com os rios varia constantemente de


acordo com o nvel tecnolgico, com as condies geogrficas, com a maior ou menor
influncia da religio, entre outros. De acordo com Downs e Gregory (2004),
Without human activity in close proximity to river channels, often requiring direct
modification of the channel, there would be no need for river channel management.
However, human interaction with river channel systems is highly varied in character
and very long-established. It has been described as taking place in three major stages
prior to the present (COSGROVE, 1990) which can be elaborated to six broadly
chronological but overlapping phases, although not all phases may apply in any one
geographical region [grifo nosso]18.

As seis fases cronolgicas propostas por Downs e Gregory podem ser analisadas
no quadro 2.2.

17

Cf. Rochefort (1963). Mesmo com relaes de dominao ainda atuantes em direo a Natureza e aos rios,
possvel notar, atualmente, relaes de conformidade e adaptao entre Sociedade e os rios, como se notar
adiante.
18
Downs e Gregory (2004).

44

Quadro 2.2 Fases cronolgicas de uso dos rios e os respectivos mtodos de manejo
Fase cronolgica

Desenvolvimento caracterstico

Mtodos de uso e manejo

1. Civilizaes
hidrulicas

- Controle de escoamento fluvial


- Irrigao
- Aterros

- Construo de represas
- Desvios de cursos dgua
- Construo de drenos de irrigao
- Drenagem de terras

2. Revoluo
Pr - industrial

- Controle de escoamento
- Projetos de drenagem
- Barragens para piscicultura
- Moinhos dgua
- Navegao
- Transporte de madeira

- Drenagem de terras
- Estruturas intra-canal
- Desvios de cursos dgua
- Construo de canais
- Dragagem
- Canalizao localizada

3. Revoluo
Industrial

- Moinhos industriais
- Resfriamento hidrulico
- Gerao de energia
- Irrigao
- Abastecimento dgua

- Construo de represas
- Construo de canais
- Desvios de cursos dgua
- Canalizao

4. Final do Sc. XIX a


meados do Sc. XX

- Controle de escoamento fluvial


- Projetos de uso integrado e mltiplo
dos rios
- Estruturas contra inundaes

- Construo generalizada de represas


- Canalizao
- Desvios de cursos dgua
- Revestimento estrutural de canal
(muros de arrimo)
- Planejamento de bacia hidrogrfica

5. Segunda parte do
Sc. XX

- Controle de escoamento fluvial


- Projetos de uso integrado dos rios
- Controle de inundaes
- Uso e manejo conservacionista
- Recuperao de rios

- Construo generalizada de represas


- Planejamento de bacia hidrogrfica
- Canalizao
- Revestimento estrutural e natural de
canais
- Desvios de cursos dgua
- Tcnicas de mitigao e restaurao

6. Final do Sc. XX e
incio do Sc. XXI

- Uso e manejo conservacionista


- Recuperao de rios
- Projetos de uso sustentvel

- Planejamento integrado de bacias


hidrogrficas
- Re-controle de corrente fluvial
- Tcnicas de mitigao e restaurao
- Revestimento natural e hbrido de
canais

Fonte: Downs e Gregory (2004).

45

Quadro 2.3 - Fases paradigmticas da relao Sociedade Rio ao longo dos tempos.
Fase paradigmtica
Temor e sacralizao

Harmonia e ajustamento

Controle e domnio

Degradao e sujeio

Recuperao e
sustentabilidade

Caractersticas predominantes
Comum tanto nas civilizaes orientais como ocidentais; esto associados
ritos de purificao como o batismo, de perdo, de castigo, de vida e
morte; referncia na descrio do Dilvio, na Bblia.
Exemplo da civilizao egpcia, umas das primeiras civilizaes
hidrulicas, de relao harmnica e sinrgica com o rio, atravs do
aproveitamento e regularizao do ciclo das cheias e dos sedimentos;
gesto dos processos de irrigao e drenagem com caractersticas de um
sistema flexvel de ajustamento ecolgico e capacidade de inovao
tecnolgica.
O domnio das guas e dos rios revela-se desde as civilizaes hidrulicas
mais antigas, como a sumria, no frtil vale da Mesopotmia banhado pelo
Tigre e o Eufrates, at as grandes obras de regularizao fluvial e barragens
atuais; influncia da doutrina confucionista (China), disciplinadora e forte
nas medidas de controle; destacam-se os trabalhos desenvolvidos por
Leonardo da Vinci nos estudos de dinmica da gua, regularizao fluvial
e controle de cheias. Desenvolvimento dos estudos de hidrologia e
hidrulica nos sc. XVII e XVIII para correes fluviais (cf. figura 2.6).
Os efeitos dos projetos de regularizao levaram artificializao dos
sistemas fluviais, modificao de seu regime e dinmica, comprometendo
as comunidades biolgicas componentes dos seus ecossistemas,
transformando-os em canais artificializados, de cor e cheiro desagradveis;
uso dos rios como receptculo de resduos, principalmente a partir da Rev.
Industrial, aumentaram sobremaneira os ndices de poluio;
transformaram-se em elementos indesejveis pela sociedade e pelo poder
pblico, sendo canalizados, cobertos e eliminados da paisagem urbana,
promovendo graves problemas em funo das cheias e inundaes
derivadas desse processo.
Mudanas de atitudes e prticas atuais com a emergncia da questo
ambiental; obrigatoriedade de realizao de Estudos de Impactos
Ambientais no caso de empreendimentos hidrulicos; desenvolvimento de
atitudes e programas que visam a considerar o potencial ecolgico, a
biodiversidade, a riqueza paisagstica na gesto dos sistemas fluviais;
programas de recuperao e restaurao de rios degradados, suas margens
e leitos de inundao; procura do paradigma da sustentabilidade na gesto
dos sistemas fluviais por cientistas e gestores pblicos; uso da bacia
hidrogrfica como unidade de planejamento e interveno nos corredores
fluviais.

Fonte: adaptado de Saraiva (1999).


Numa perspectiva distinta da anterior, Saraiva (1999) descreve as fases
paradigmticas da relao Sociedade-Rio ao longo dos tempos, levando em conta, de forma
mais geral e tambm cronolgica, a relao sociedade-natureza por intermdio dos chamados
paradigmas ambientais, ou seja, a forma como a natureza considerada pelo homem e pela
sociedade ao longo da Histria. Essa relao difere de acordo com determinadas culturas e
pocas histricas, sendo em alguns momentos harmoniosa e cooperante; em outros, a natureza
vista como hostil, e por isso deve ser dominada e combatida (cf. quadro 2.3).
Na fase de temor e sacralizao, desde a perspectiva de Saraiva, os rios encerram
dimenses imaginrias, simblicas, mitolgicas, religiosas. Pinet (2003) prope trs formas

46

distintas de reflexo sobre os rios para entender quais so as noes que fazem um rio ser o
que , ou seja, as noes sem as quais o rio no existiria.

Figura 2.6 - O plano de desvio e canalizao do rio Arno, Itlia, de Leonardo da


Vinci, o primeiro projeto de alterao substancial de um sistema fluvial do incio da Era
Moderna (1502). Fonte: extrado de http://www.royalcollection.org.uk/
Assim, o autor utiliza os quatro elementos propostos para um rio, para explicar
que a sua nascente no apenas uma imagem de origem para o homem, mas ela origem,
como o seu curso e o leito so o seu porvir, e a sua foz o seu destino. Para essa reflexo,
Pinet utiliza alegorias criadas nos poemas do poeta lrico e romancista alemo Hlderlin
(1770-1843) e fragmentos de Herclito de feso (576-440 a.C.), que exprimem elementos
simblicos e filosficos19.
No que tange ainda aos aspectos simblicos, o mito das inundaes referencial
para diversas culturas, tanto as ocidentais quanto as orientais. A descrio do dilvio na bblia
crist representa a mitificao de um fenmeno natural, mas se fundamenta na ideia de
acumulao dos pecados da humanidade, e a subida das guas funcionaria como punio
divina, abluo da mcula deixada pelos pecadores e purificao da Terra (figura 2.7).

Durou o dilvio quarenta dias sobre a terra; cresceram as guas e levantaram a arca
de sobre a terra. Predominaram as guas e cresceram sobremodo na terra; a arca,
porm, vogava sobre as guas. Prevaleceram as guas excessivamente sobre a terra e
cobriram todos os altos montes que havia debaixo do cu. Quinze cvados acima
deles prevaleceram as guas; e os montes foram cobertos. Pereceu toda carne que
se movia sobre a terra, tanto de ave como de animais domsticos e animais
selvticos, e de todos os enxames de criaturas que povoam a terra, e todo homem.

19

A ttulo de exemplo, Pinet utiliza a passagem de Herclito a respeito do curso do rio: "Car on ne peut entrer
deux fois dans le mme fleuve" (Fragmento 91); "Dans les mmes fleuves nous entrons et nous nentrons pas
Nous sommes et nous ne sommes pas" (Fragmento 49a), Herclito, De la Nature, Fragments, Les Prsocratiques,
Gallimard, Pliade (1988), p. 167 -(91) e 157 (49a).

47
Tudo o que tinha flego de vida em suas narinas, tudo o que havia em terra seca,
morreu. Gnesis 7: 17-22.

Figura 2.7 A representao da destruio do mundo pelas guas em O dilvio,


de Gustave Dor. Fonte: www.victorianweb.org
Ainda na cultura judaico-crist ocidental, certas imerses na gua possuem forte
significado religioso, como o caso do batismo. o que se chama de gua lustral, da
purificao, que lava os pecados do mundo. Para Bethemont e Rossiaud (2003), a imerso
completa que simboliza a morte simblica para um renascimento numa nova vida. Esse rito de
passagem significa que a morte to-somente uma passagem na vida.
Tais simbologias so encontradas tambm nas culturas asiticas, e no Coro
possvel perceber pelo menos 14 referncias gua purificadora.
Em Queiroz (2006, p. 720), essas simbologias ligadas aos rios e suas guas esto
assentadas na capacidade e na necessidade, por sinal, exclusiva do homem, de atribuir
realidade sentidos e significados. A exemplo disso, tem-se o mito da Fonte da Juventude,
onde a gua o elemento que restabelece a juventude e a sade, assim como s fontes de gua
mineral so atribudas funes curativas e so comercializadas, ou suas fontes so exploradas
pelo turismo de veraneio e balnerios.

48

Na cultura Hindu, os rios so entidades sagradas20. O Ganges o rio mais


importante da ndia. Tem suas nascentes na cordilheira do Himalaia e percorre quase 3.000
quilmetros at atingir a baa de Bengala, no grande delta formado juntamente com o rio
Brahmaputra, em Bangladesh.
O Ganges, entretanto, no to conhecido na ndia por sua grandiosa geografia,
mas pelos rituais que esto a eles ligados (BETHEMONT e ROSSIAUD, 2003). Um dos ritos
mais consagrados a disperso das cinzas dos mortos. De tal sorte que os mortos so
cremados (normalmente mal cremados, pois a madeira onerosamente cara), e so lanados
no Ganges21.
As margens dos rios indianos so estruturadas para esses rituais pela interposio
de tbuas de madeiras formando degraus. As cinzas dos mortos nesses ritos pertencem ao
ciclo da reencarnao, esta associada gua dos rios. Portanto, os indianos vo morrer nas
margens do Ganges, ao mesmo tempo em que outros indianos se banham e lavam seus
utenslios domsticos.
Certamente, o Ganges um grande rio, mas sua maior particularidade percorrer
a regio bero da religio Hindu, e ter inspirado e feito parte dos seus mitos (figura 2.8).
Desta sorte, o Ganges considerado um rio perfeito, por cruzar montanhas, plancies e
terminar no oceano, assim fazendo parte de um ciclo, pois o oceano o smbolo da unidade,
do lugar aonde tudo vai ou retorna (BETHEMONT e ROSSIAUD, 2003).

Figura 2.8 - Rituais de purificao hindu no rio Ganges


Fonte: http://www.sights-and-culture.com/India-Varanasi/Varanasi-ganges.html

20
21

H sete rios sagrados na cultura Hindu Ganges, Godavari, Kaveri, Narmada, Sarasvati, Sindhu e Yamuna.
No h cemitrios hindus.

49

2.4.1 As Civilizaes hidrulicas

A histria humana compreende um intervalo de tempo de pelo menos oito


milhes de anos. a partir de ento que surgem os primeiros homindeos, teoricamente nas
savanas africanas, onde foram encontrados os mais antigos vestgios de nossa existncia. O
surgimento de elementos fundamentais da espcie humana, como a comunicao e o
bipedalismo, so atribudos aos ambientes das savanas, que forou os primeiros homindeos a
adaptaes para a procura, a coleta e a armazenagem de comida e gua.
A passagem do nomadismo para o sedentarismo recebeu forte influncia dessa
evoluo, mas tambm produziu mais segurana quanto ao acesso s provises.
Especificamente no caso do suprimento de gua, os primeiros aldeamentos iniciaram o
desenvolvimento de um conhecimento tecnolgico na interveno e no controle desse recurso.
Nesse contexto, a localizao desses aldeamentos foi fortemente influenciada
pelas condies naturais, notadamente pela proximidade de fontes de gua, ou seja,
dependentes de lagos e rios22.
nesse ambiente de busca de eficincia e de equidade na distribuio da gua que
surgem as civilizaes hidrulicas.
A palavra civilizao est intimamente ligada noo de viver em cidades.
Dessa forma, as primeiras cidades ou civilizaes formaram-se nos midos e frteis vales de
importantes rios. Mesopotmia, Egito, ndia e China foram as primeiras grandes civilizaes e
as precursoras no domnio da sobrevivncia, ou seja, na formulao das primeiras tcnicas de
irrigao e de produo de alimentos, e propiciaram o que se convencionou chamar de
Revoluo Agrcola23.
Assim, criaram-se as condies para o surgimento das primeiras cidades. Os rios
foram os principais alicerces para esse processo, na medida em que deram suporte
manuteno de grandes contingentes populacionais estabelecidos nas cidades primitivas.
22

Na Antiguidade, a economia dos recursos hdricos representa j a segunda fase de desenvolvimento cultural
dos seres humanos, depois que a evoluo, provavelmente, comeara com os caadores, passando pelos
nmades, at chegar aos criadores de gado e aos camponeses que possuam suas lavouras nas encostas das
montanhas ou seus pastos nas estepes. Mais tarde, quando os camponeses das montanhas emigraram para os
vales dos rios (Eufrates, Tigre, Nilo, Indo, Hoang), tornou-se imperioso, primeiro, drenar as guas dos vales
alagadios e, a seguir, irrigar as plantaes feitas. (LIEBMANN, 1979, p. 85).
23
Sobre a relao entre sedentarismo, desenvolvimento da agricultura e o papel determinante da mulher nesse
processo, Birket-Smith (1952, p. 172 e 173) escreve: Es cierto que ha sido justamente la imaginacin del
hombre, frenada por la mesura y la intuicin, la que ha convertido en un enorme poder propulsor de la cultura;
pero no por ello debe olvidarse el silencioso progreso que trae consigo la montona actividad cotidiana de la
mujer; de ella ha surgido nada menos que la base de todas las culturas elevadas: la agricultura. La vida nmade y
la cazadora son callejones sin salida que a nada conducen fuera de si mismos; la agricultura no pone lmites al
desarrollo cultural.

50

O rio Nilo para os egpcios, os rios Tigre e Eufrates para os sumrios, o rio
Ganges para os harappans e os rios Amarelo e Yang-ts para os chineses foram elementos
fundamentais para o estabelecimento de um paradigma sinrgico de uma sociedade com um
rio que estrutura o seu territrio, atravs do aproveitamento e a regularizao do ciclo de
suas cheias e dos sedimentos transportados. (SARAIVA, 1999, p. 58).
Os rios foram fundamentais para o desenvolvimento da agricultura e de
comunidades que, naturalmente gravitaram as frteis plancies adjacentes aos rios em regies
de clima quente e rido. O controle e o desvio do escoamento dos rios impulsionaram a
formao das primeiras cidades localizadas numa regio conhecida como Fertile Crescent
ou Crescente Frtil (cf. Figura 2.9)24.
Consequentemente, a irrigao iniciou a estruturao de um forte elo entre
homens e rios ao longo do sculo VI a.C., na medida em que duas importantes civilizaes,
Egito e Mesopotmia (do grego meso ptamos: entre rios), passaram a manipular a gua
(por meio da irrigao e do controle das cheias) para a manuteno de suas culturas agrcolas
(NEWSON, 1992).
O aproveitamento dos solos inundados pelas cheias cclicas do Nilo, o
estabelecimento de parcelas limitadas por diques como reas de reteno natural
onde as culturas aproveitavam os teores de humidade e os sedimentos depositados e
o progressivo aperfeioamento destes procedimentos de ajustamento, demonstram o
entendimento e adequao dinmica dos processos naturais.25 (SARAIVA, 1999,
p. 58).

24

Essa regio compreende os vales periodicamente fertilizados do a partir do Nilo Superior e a plancie formada
pelos rios Tigre e Eufrates, nos atuais Cisjordnia, Lbano, Israel, partes da Sria, da Jordnia, do Iraque, do
Egito e do sudeste da Turquia. O termo foi criado pelo arquelogo e historiador americano James Henry
Breasted (1865-1935), da Universidade de Chicago, para designar o arco formado pelas regies precursoras da
Revoluo Agrcola no Oriente Mdio, que se assemelha a uma Lua crescente. A rea drenada pelos rios
Jordo, pelo Eufrates, pelo Tigre e pelo Nilo. Fonte : http://www.britannica.com.
25

Cf. figuras 2.10 a 2.13.

51

Figura 2.9 Localizao do Crescente Frtil no mbito das primeiras civilizaes da regio
mediterrnea. Fonte: Elaborado por Almeida, Lutiane (2008) a partir de Liebmann (1979).

Figura 2.10 - O mapa do rio Nilo, de acordo com Ptolomeu.


Uma das primeiras representaes de uma bacia hidrogrfica da histria.
Fonte: Extrado de Newson (1992).

52

Figura 2.11 - Inaugurao de trabalhos de irrigao pelo Rei do Egito, circa 3100 a.C.
Fonte: extrado de Saraiva (1999).

Figura 2.12 Cenas agrcolas no tmulo tebano em Deir El-Medina, pertencente


Sennedjem, do reinado de Seti I. O cenrio representa Sennedjem e sua mulher, Iyneferti, a
ceifar cereais, a lavrar com bois e a colher linho, demonstrando a forte interdependncia entre
as atividades agrcolas egpcias e o Nilo.
Fonte: extrado de Baines e Mlek (1996).

53

Figura 2.13 Forte contraste entre as paisagens desrticas e estreis do Egito e as plancies
frteis, midas e verdejantes sob influncia do rio Nilo. As plancies fluviais constituem
ambientes diferenciados do ponto de vista geoambiental, por deterem caractersticas
peculiares quanto umidade, aos solos e cobertura vegetal, o que condiciona a concentrao
da uma grande parcela dos assentamentos humanos.
Fonte: extrado de Baines e Mlek (1996).
O surgimento de uma relao sinrgica com a dinmica da Natureza e a
possibilidade da autorreproduo e da segurana alimentar, fez aparecer cidades que foram
precursoras de vrias criaes e descobrimentos na arquitetura, nas artes, nas cincias (caso da
Astronomia), na escrita, na organizao militar, na construo de canais, na irrigao, no
comrcio e na manufatura, o que influenciou o desenvolvimento de vrias civilizaes
posteriores26.
Biswas (1967) tabulou uma cronologia das primeiras intervenes hidrolgicas
realizadas pelos sumrios, egpcios e harappans que, desde 2500 a.C., desenvolveram uma
poderosa civilizao (embora menos criativa) na bacia do Indo (cf. quadro 2.4).
Quadro 2.4 Fatos importantes no desenvolvimento das Civilizaes Hidrulicas.
Data (a.C.)
3000
3000
2800
2750
26

Evento
Represamento e desvio do curso do rio Nilo pelo rei Mens.
Nilmetros27 foram usados para medir a altura das cheias do Nilo.
Rompimento da represa de Sadd El-Kafara.
Origem dos sistemas de drenagem e abastecimento de gua do vale do

Os primeiros documentos escritos da humanidade, datados de aproximadamente 4.000 a.C., foram elaborados
pelos sumrios e continham instrues para a construo de terraos para melhor aproveitamento da gua de
irrigao (LIEBMANN, 1979).
27
Nilmetro era uma construo em forma de escada, construda da margem at o leito do rio, onde eram
gravadas e medidas a altura das inundaes anuais e as vazes do rio Nilo.

54

Indo.
Projetos hidrulicos realizados pelo imperador Yu, o Grande, na China.
Lago Mris28 e outros trabalhos do fara Amenmhet III.
Cdigo das guas do rei Hammurabi.
Uso de medidores de gua no osis Gadames, no norte da frica.
Destruio dos sistemas quanat29, em Ulhu (Armnia) pelo rei Saragon
II. Propagao gradual dos sistemas quanat na Prsia, Egito e ndia.
690
Construo do canal de Sennacherib, o Assrio.
Fonte: Biswas (1967), adaptado por Almeida, Lutiane (2008) com base em Newson (1992).
2200
1850
1750
1050
714

Tanto no Egito, quanto na Mesopotmia, a Natureza governava praticamente


todos os aspectos da vida das pessoas, mas de forma diferenciada para essas duas grandes
civilizaes, apesar de algumas semelhanas quanto aos seus ambientes naturais (ambos
possuem carncia de chuvas e dependem da gua de seus rios). Ambas se desenvolveram no
que Tuan30 chamou de meios ambientes de beira rio e constituram aglomerados urbanos
chamados por Munford31 de cidades da plancie.
O Egito apresenta toda uma srie de contrastes com a Mesopotmia, que se verifica
em cada aspecto de sua vida e pensamento: at os principais rios diferem em carter
e correm em direes opostas. Dentro das condies mais suaves do Egito, com cus
sem nuvens e uma enchente anual previsvel e uniforme, uma regularidade
moderada contrasta com o ambiente tempestuoso e turbulento, os relmpagos, as
catastrficas torrentes e inundaes, das regies mais orientais, onde as violncias
da natureza eram refletidas nas violncias dos homens (MUNFORD, 1965, p. 84).

Levando-se em conta, com apoio em Tuan (1980), que os fatos geogrficos


dominantes do Egito so o deserto e o rio Nilo, e que no haveria possibilidade de
desenvolvimento da agricultura sem algum tipo de mecanismo de irrigao, a grande
vantagem dos egpcios era a extraordinria regularidade das inundaes do Nilo, o que
proporcionava anualmente s suas plancies, no apenas gua, mas tambm um frtil
sedimento32.
Apesar de a Mesopotmia apresentar um clima menos rigoroso do que o do Egito,
e possuir mdias de chuva maiores, a sua principal limitao a imprevisibilidade climtica.

28

O lago Mris foi um dos primeiros audes (do rabe as-sudd, barragem) da histria e considerado por
Herdoto uma maravilha da construo civil, que tinha como funo a regularizao das guas de vazante do
Nilo (LIEBMANN, 1979).
29
Os quanats eram canais subterrneos que transportavam gua das nascentes para algumas aldeias no Oriente
Mdio, com frequncia constante, livre de poluio e de perdas por evaporao (Cf. NEWSON, 1992).
30
Cf. Tuan, Yi-fu. Topofilia: um estudo da percepo, atitudes e valores do meio ambiente. So Paulo: Difel,
1980.
31
Cf. Munford, Lewis. A cidade na Histria. Belo Horizonte: Itatiaia, 1965.
32
A nuvem podia provocar chuva, mas os egpcios no dependiam da chuva: a chuva no era certa, o Nilo era
(Herdoto apud Tuan, 1980, p. 99).

55

A chuva nas cabeceiras dos rios Tigre e Eufrates extremamente irregular, ocorrendo fortes
aguaceiros, exacerbados pelo derretimento da neve, culminando em inundaes desastrosas33.
possvel concluir que a gua, assim como a Natureza, possui diversos padres
de recorrncia dos fenmenos, determinados, por sua vez, pela combinao desigual das
varias dinmicas dos vrios ecossistemas terrestres. Logicamente, o homem aprendeu isto a
duras penas, e as sociedades que ignoram esses diferentes ritmos da Natureza sofrem as suas
consequncias (Cf. CARVALHO, 2003).
Para as civilizaes hidrulicas, um requisito para a utilizao dos solos
fertilizados pelas cheias era que os rios fossem domados. Era necessrio construrem-se
diques e reservatrios para controlar a gua, soltando-a lenta e adequadamente, de modo a no
encharcar em excesso aps as cheias nem permitir que a terra gretasse depois. (PINSKY,
2001, p. 59).
Ainda de acordo com Pinsky (2001, p. 60), a me das invenes a necessidade:
Nos vales e encostas frteis e relativamente chuvosos, a vida corria normalmente e
as pessoas no precisavam tornar mais complexas suas relaes de trabalho. Mas
construir diques, estabelecer regras sobre utilizao da gua (para que quem tivesse
terras perto dos diques no fosse o nico beneficirio) significava controlar o rio,
faz-lo trabalhar para a comunidade. Claro que isso demandava trabalho e
organizao. O resultado, no entanto, foi a fertilidade para a terra e alimento
abundante para os homens. Essa foi a base das primeiras civilizaes 34.

2.4.2. O surgimento da Hidrulica e da Hidrologia na cultura ocidental

No escopo das propostas de Saraiva (1999) e Downs e Gregory (2004) sobre uma
cronologia dos paradigmas do uso dos rios, a fase de controle e dominao confunde-se com o
que os ltimos autores denominaram de revoluo pr-industrial, quando se procede gnese
de um domnio sobre os rios e sua dinmica, com a utilizao de conhecimento, tcnicas e
intervenes mais avanadas e mais intensivas no que tange modificao das caractersticas
fluviais.
Ainda no Oriente Mdio, o disciplinamento dos rios Tigre e Eufrates conduziu a
um aperfeioamento hidrulico relevante, representados pela criao de jardins exuberantes,
33

The Tigris and Euphrates were much less predictable and systems of canals and ditches, fed by diversion
structures, took water directly to small plots. It is suggested by some writers that the need for efficient irrigation
prompted the development of geometric ground survey techniques. (NEWSON, 1992, p. 03).
34
A realizao dessas medidas foi adotada mediante uma primitiva organizao estatal, para que os camponeses
assentados s margens dos rios pudessem desenvolver suas atividades com relativa segurana, ou seja, evitar
que, na ocasio das enchentes, as guas invadissem as culturas. Um exemplo dessa organizao estatal foi
transmitido at os dias atuais atravs do Tribunal das guas de Valncia, na Espanha, criado pelo califa
Abraman III, em 960 d.C. (Cf. LIEBMANN, 1979).

56

permitindo a formao de osis artificiais. Em razo das condies adversas do clima, os


persas criaram galerias subterrneas, chamadas jubes, para o transporte de gua das
montanhas aos povoados das plancies, protegendo assim a gua da evaporao35.
Os gregos foram pioneiros no que tange ao conhecimento dos processos
hidrolgicos. O aqueduto de Eupalineion, na ilha grega de Samos, foi construdo no ano 600
a.C., com extenso de 1.045 metros, atravs de dois tneis escavados no planalto urbano de
Samos, e utilizados no transporte de gua para o abastecimento da cidade.
Apesar do grande conhecimento adquirido pelos gregos no que concerne
hidrologia, foram os romanos os principais responsveis pelo grande progresso na criao de
sistemas de abastecimento de gua e de drenagem urbanos36.
Dadas as diferenas de condies ambientais existentes entre as regies do
Oriente Mdio e da Europa, as tcnicas de uso e distribuio da gua, bem como as
modificaes empreendidas aos rios para esse intuito, eram tambm diversas.
Enquanto a irrigao se constitua na condio sine qua non para o
desenvolvimento das civilizaes hidrulicas, como os egpcios e os sumrios, para os
romanos, o essencial foi a criao de sistemas de distribuio de gua, de forma constante, a
partir de fontes lmpidas, localizadas nas nascentes montanhosas e distantes, para as ruas e
casas das cidades romanas (NEWSON, 2004).
Alguns autores especulam que a maior umidade dos ambientes europeus e o uso
de sistemas de drenagem para a conduo de esgotos, foraram o Imprio Romano a buscar
fontes remotas de suprimento de gua, evitando sua poluio.
Para esse fim, os romanos utilizaram o artifcio da construo de grandes
aquedutos, enfrentando fortes problemas tcnicos ligados ao escoamento e ao gradiente dos
canais.
Uma das maiores realizaes de engenharia hidrulica do Imprio Romano, o
Pont du Gard, construdo em 19 a.C. para o abastecimento da cidade de Nmes, no sul da
Frana, apresentou impressionante preciso dos trabalhos de engenharia e levantamento, em
virtude do baixo gradiente, ou seja, a variao de altitude entre a fonte de captao e o final
do aqueduto de apenas 17 metros ao longo dos seus 50 km (cf. figura 2.14).

35

Os jubes ainda so encontrados atualmente no Ir e no Iraque.


The dichotomy between the reasoning science of the Greeks and the practical application of the Romans is
traditionally drawn in deriving the origins of Western science. (...) Greeks philosophers were not able to advance
our knowledge of hydrology, though Archimedes observations led to the foundation of hydrostatics. The
engineering skill of the Romans, however, led to great progress in the urban water supply and drainage systems.
(NEWSON, 1992, p.06).
36

57

Outra importante obra hidrulica do Imprio Romano digna de nota o aqueduto


da cidade espanhola de Segvia (cf. figura 2.15). O aqueduto foi construdo entre os sculos I
e II d.C, e possua uma extenso total de 16 km, dos quais 800 metros atravessam a cidade,
com seus 128 arcos37.
Os aquedutos so tidos como uma das maiores conquistas da civilizao romana,
como descrito por Plnio (citado em SPIRN, 1995, p. 160):
Mas se algum notar a abundncia da gua habilidosamente trazida cidade, para
uso pblico, banhos, chafarizes, casas, riachos, jardins suburbanos e villas; se voc
notar os altos aquedutos necessrios para propiciarem a elevao necessria, as
montanhas que tiveram que ser cortadas pela mesma razo, e os vales que foram
necessrios aterrar, concluir que, no mundo terreno todo, no existe nada mais
maravilhoso (Plnio, o Velho, Histria Natural, XXXVI, 15, 24, 123).

Figura 2.14 Famoso aqueduto sobre o rio Gard (ou Gardon), usado no abastecimento da
cidade de Nmes. Fonte: extrado de Cornell e Matthews (1996).

37

Aquedutos tambm so encontrados na Itlia (so pelo menos 14 em Roma e, em diversas outras cidades
italianas), Alemanha (Mogncia) Grcia, sia Menor (Prgamo), norte da frica. Destacam-se ainda o
Aqueduto das guas Livres, em Lisboa; o aqueduto de Valens, em Istambul; e o aqueduto da Carioca, no Rio de
Janeiro, conhecido comumente como Arcos da Lapa.

58

Figura 2.15 Aqueduto de Segvia (Espanha). Seus 128 arcos atravessam o centro da cidade
ao longo de 800 metros. Fonte: extrado de Cornell e Matthews (1996).
Com os primeiros conhecimentos hidrolgicos e obras hidrulicas, no contexto de
uma busca paulatina de explicaes para os fenmenos naturais, emerge tambm a noo de
ciclo hidrolgico. Uma das primeiras definies aceitveis do ciclo hidrolgico remonta
bblia crist, no sculo X a.C., ao mesmo tempo em que surge o conceito dinmico de ciclo
hidrolgico na China.
Todos os rios correm para o mar, e o mar no se enche; ao lugar para onde
correm os rios, para l tornam eles a correr. (ECLESIASTES 1:7).
Os fenmenos designados por para l tornam eles a correr, entretanto, no eram
bem definidos e passaram-se pelo menos 3.000 anos de inmeras especulaes que ligavam
oceanos, atmosfera e rios, antes da realizao de observaes, medidas e experimentos
empricos que ajudaram numa definio mais prxima da realidade38 (NEWSON, 2004).
A respeito da oposio entre atitudes fundamentadas na harmonia ou no controle
dos rios, Saraiva (1999) utiliza duas concepes filosficas chinesas, o confucionismo e o
38

Diversas teorizaes foram feitas sobre a origem das nascentes e dos rios. Na Idade Mdia, alguns padres
chegaram a imaginar montanhas na extremidade do firmamento e a afirmar que as guas eram contidas nas
concavidades e vales entre elas. (KIMBLE, 2005, p. 183). Alm disso, as ideias sobre o ciclo hidrolgico ao
longo da Idade Mdia derivam principalmente dos trabalhos de Plnio (Histria Natural), Sneca (Questes
Naturais) e Isidoro (Etymologiae). Este ltimo estabeleceu que a chuva surge da transpirao da terra e do mar,
que sendo carregadas para cima caem sob a forma de gotas nas terras, sendo influenciada pelo calor do sol, ou
condensada pelos fortes ventos. Os relmpagos so causados pela coliso entre as nuvens, trovoadas pelas suas
exploses; o arco-ris, pelo brilho do sol num buraco de uma nuvem. (ISIDORO apud KIMBLE, 2005, p. 187).
Mesmo assim, houve algumas extravagncias medievais: um dogma da f que demnios podem produzir os
ventos, tempestades e a chuva de fogo do cu. (S. TOMS DE AQUINO apud KIMBLE, 2005, p. 187).

59

taosmo (cf. figura 2.16), para explicar os conceitos e prticas existentes na engenharia
hidrulica, principalmente aps o Renascimento.
A filosofia confucionista baseava-se na disciplina, em regras severas e fortes
medidas de controle. No que tange hidrulica, defendia a retificao dos leitos fluviais e a
construo de diques, conduzindo a sistemas lineares e simplificados e com mnimas
interaes com o ambiente de entorno.
De forma diametralmente oposta, a filosofia taosta propugnava o mnimo de
interveno e a livre circulao das guas, culminando num sistema de drenagem complexo.
Como exemplo, o processo de urbanizao deveria dar-se fora da rea de risco de inundao.
A partir do Renascimento (meados do sculo XIV), porm, a filosofia
predominante das intervenes nos ambientes fluviais foi aquela baseada nos paradigmas
confucionistas, como confirmado em Saraiva (1999).

Figura 2.16 Modelos Confucionista (esquerda) e Taosta de interveno humana sobre os


rios.
Fonte: extrado de Saraiva (1999).
A emergncia do Renascimento, cujo bero foi a cidade italiana de Florena,
tornou-se um importante marco histrico no que tange ao entendimento da relao entre a
sociedade e a Natureza, notadamente daquela com os rios.
Mesmo no detendo importncia para o comrcio e para a navegao da poca, o
rio Arno considerado um relevante parmetro para a compreenso do desenvolvimento de
atitudes do homem para com os ambientes fluviais, bem como o uso e o abuso dos seus
recursos (Cf. MANN, 1973).
Igualmente, no se pode olvidar os trabalhos de investigao e projetos
desenvolvidos por Leonardo da Vinci, a respeito dos estudos sobre hidrologia, regularizao
fluvial, controle de cheias, mapeamentos de bacias hidrogrficas, mquinas hidrulicas (cf.
figura 2.17), relaes entre bacias de drenagem e escoamento, entre outros.

60

Da Vinci desenvolveu numerosos desenhos sobre esses temas, como os projetos


feitos para a regio de Milo, o canal de navegao de Blois e o regime e sistematizao do
rio Loire, na Frana.
Seus trabalhos mais clebres e notveis, no entanto, foram sobre o rio Arno, cujos
projetos trataram sobre sua regularizao hidrulica e acerca do desvio deste rio na cidade de
Florena (cf. figura 2.6), no intuito de torn-lo navegvel e de reduzir a vazo do mesmo rio
quando este atravessa a cidade de Pisa, histrica rival da cidade de Florena39. Apesar de tal
projeto nunca ter sado do papel, ele se tornou importante referncia para o desenvolvimento
de tecnologias posteriores de engenharia hidrulica e de modificao de canais fluviais.
Para ter-se noo da importncia dos rios nos trabalhos de Da Vinci, reporta-se s
consideraes que Newson (1992, p. 09) fez a esse respeito:
It is hard to document scientific progress during the Renaissance without reference
to Leonardo da Vinci ; (...) water played a very important part in his life. A great
deal of his energies and his intellect were absorbed in directing and canalising
rivers and in inventing or perfecting hydraulic machinery. He was obsessed with
depicting water movement in his art and careful observation aided his design of
water wheels and pumps. However, his was not merely a brilliant combination of
water engineering and art : he formalised the relationship between catchment and
flow properties in his study of the Arno above Florence. The Arno catchment
map (1502-3) shows very great care with both the stream network and the
contributing slopes (cf. figura 2.18) ; mountains are not shown as isolated hills in the
medieval tradition but by contour shading. To record so precisely the relationship
between slopes and channels and between events over the river basin and those at a
site (i.e. Florence) sets up the combination of hydrology and hydraulics which was
eventually to guide modern river management [grifos acrescentados].

Figura 2.17 Projetos de mquinas hidrulicas de Leonardo da Vinci.


Fonte: http://www.royalcollection.org.uk/
39

In the year 1502, Leonardo, acting as advisor to Cesare Borgia in Florences campaign against Pisa (which
lies on a bend in the lower reach of the Arno), proposed that the river be diverted into a canal below Florence
and, through a gap to be cut in the Sarravelle highlands north of Pisa, on to the sea. Pisa would lose its river its
commercial tie with the Mediterranean and Florence would gain a navigable channel that the normally shallow,
meandering Arno could not provide. (MANN, 1973, p. 26).

61

Figura 2.18 - Mapa da bacia hidrogrfica


do rio Arno, de Leonardo da Vinci, circa 1502-3.
Fonte: http://www.royalcollection.org.uk/
Desde ento, assiste-se a uma emergente evoluo nas intervenes da engenharia
nas paisagens fluviais, essencialmente na Europa do sculo XVIII, mesmo em pequenas
escalas, mas com mudanas ambientais significativas em funo do intenso uso da terra, a
exemplo do desmatamento, que representa fortes impactos indiretos nos sistemas fluviais.
A maior parte dos usos empreendidos aos rios est relacionada ao
desenvolvimento da agricultura (e irrigao, por consequncia), da pesca, dos sistemas de
drenagem, moinhos dgua e navegao. Construo de diques visando ao controle do dbito
e para a piscicultura, alm de sistemas de drenagem para irrigao, j eram desenvolvidos em
larga escala na Inglaterra da Renascena, como abordado por Downs e Gregory (2004).
Alm disso, Downs e Gregory (2004) confirmam essa forte evoluo do uso dos
rios, quando assinalam que nesse momento histrico j no havia nenhum rio na Inglaterra
que no tivesse sido ocupado por um moinho dgua.
J no final do sculo XIX, quase todos os grandes rios europeus haviam sido
canalizados e retificados. A regularizao, a construo generalizada dos diques, a eliminao
de meandros e ilhas, e outras formas de interveno tiveram como finalidade o
desenvolvimento da navegao, da agricultura, alm do controle das inundaes e a promoo
da sade pblica (SARAIVA, 1999).
O pensamento racional, juntamente preponderncia da tcnica no controle dos
sistemas fluviais, estimulou o surgimento da racionalidade das cincias aplicadas como um
paradigma do controle humano na sua relao com a Natureza.

62

Essa tendncia expandiu-se ao longo do sculo XX, com o desenvolvimento, por


todo o mundo, de gigantescos planos e projectos hidrulicos de fins mltiplos, incluindo a
irrigao, a produo de energia eltrica, o abastecimento pblico, o controlo de cheias.
(SARAIVA, 1999, p. 76).
Entre os projetos mais conhecidos est o Tennessee Valley Authority TVA40,
criado nos Estados Unidos, nos anos 1930, pelo presidente F. D. Roosevelt, como parte dos
programas de recuperao da economia norte-americana, que ficaram conhecidas por New
Deal, aps a grande depresso econmica.
O rio Tennessee um afluente do rio Ohio. Este por sua vez afluente do rio
Mississipi, cuja bacia hidrogrfica ocupa a metade do territrio continental dos Estados
Unidos. O colapso do mercado norte-americano no final dos anos 1920 foi um dos impulsos
para a criao do TVA como uma agncia governamental de promoo do desenvolvimento
regional baseado na unidade bacia hidrogrfica a corporation clothed with the power of
government

but

possessed

of

the

flexibility

and

initiative

of

private

enterprise.(ROOSEVELT, 1934 apud SAHA, 1981, p. 11).


Assim, os propsitos dessa poderosa instituio baseada na unidade bacia
hidrogrfica era o desenvolvimento econmico do oeste rido dos Estados Unidos, atravs da
construo generalizada de represas (figura 2.19), para a produo de energia eltrica e para
irrigao41.
Esses projetos, porm, baseados no controle e na regulao dos rios, foram
realizados sob o prisma do crescimento e desenvolvimento econmicos, sendo que alguns dos
seus objetivos foram ulteriormente criticados, em virtude, por um lado, dos diversos casos de
deficincias de adaptao aos modos de vida e costumes das populaes locais, e, por outro,
em funo da magnitude dos problemas ambientais associados (SARAIVA, 1999).

40

O TVA foi claramente uma instituio que serviu de referncia para a criao de entidades semelhantes no
Brasil, caso da Companhia de Desenvolvimento dos Vales dos Rios So Francisco e Parnaba - CODEVASF e
da Companhia Hidroeltrica do So Francisco - CHESF.
41
Como exemplos de projetos de construo de grandes represas, pode-se mencionar a barragem de Assuan, no
Egito, e a barragem de Trs Gargantas, na China.

63

Figura 2.19 O modelo de desenvolvimento baseado na unidade bacia hidrogrfica, de


acordo com o Tennessee Valley Authority, TVA total controle por meio de represas. Fonte:
Extrado de Newson, 1992.
2.4.3 A colonizao portuguesa e o uso dos rios no Brasil
At agora no pudemos saber se h ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou
ferro; nem lha imos. Contudo a terra em si de muito bons ares frescos e
temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo dagora assim os
achvamos como os de l. guas so muitas; infinitas. Em tal maneira graciosa
que, querendo-a aproveitar, dar-se- nela tudo; por causa das guas que tem! (Carta
de Pero Vaz de Caminha a D. Manuel rei de Portugal, in Brasil, 2007a, p. 60).

O Brasil possui a maior rede potamogrfica, a maior bacia hidrogrfica e o maior


rio do mundo. Essas caractersticas grandiosas j eram descritas superficialmente na carta de
Pero Vaz de Caminha, no ano do descobrimento dessa parte do Novo Mundo.
Em funo de sua diversidade paisagstica, ecolgica, regional e cultural, h
uma dificuldade intrnseca na anlise dos significados, percepes e usos atribudos aos rios
brasileiros.
No choque entre as culturas indgenas nativas do Brasil e a cultura do
civilizador europeu, percebeu-se uma tendncia a incorporao ou adaptao, por exemplo,

64

dos nomes dados pelos indgenas42 aos rios e aos corpos dgua em geral, principalmente
pelos jesutas. Nomes como igarap, igap, paran, ipueira, todos de origem tupi,
foram incorporados com adaptaes ao portugus falado no Brasil43.
Quanto aos aspectos simblicos, os rios tm uma vital relevncia para os povos
indgenas, j que em diversas sociedades a gua est fortemente relacionada s suas origens.
Alguns rituais, por exemplo, so realizados para se obter permisso para entrar no rio e poder
desenvolver a pesca (cf. figura 2.20). A gua considerada, por algumas tribos, como um
elemento que estimula o crescimento fsico e o amadurecimento psicossocial.

Figura 2.20 Canoa de ndio. Johann Moritz Rugendas.


Fonte: www.sercapoeira.com/pinturas_de_rugendas_01.htm

Os Awe Xavante (MT) distinguem dois tipos de gua: a dos rios, identificada como
gua viva, e a dos lagos e lagoas, considerada gua parada ou morta, sendo que cada
uma delas tem seus donos. Os donos ou espritos da gua viva (Otedewa) so
42

Os indgenas brasileiros desenvolviam a caa, a pesca, a coleta e uma agricultura consorciada floresta como
atividades de manuteno da sobrevivncia. Assim, o uso dos rios restringia-se busca pelo alimento (por meio
da pesca), higiene pessoal e locomoo.
43
Em tupi, o substantivo gua diminuto, apesar de sua abundncia na terra brasilis. gua resume-se a uma
letra: i (ig). A expresso gua verdadeira, gua de fato, iet. gua doce icem. gua boa icatu. gua benta
ou gua santa icara, palavra muito pronunciada por ibars jesutas. Hoje designa bairros e localidades,
sobretudo no Estado do Rio de Janeiro. E icanga ou iacanga designa a nascente, a cabeceira ou o incio de um
rio. O termo entra na composio de muitos topnimos brasileiros. O limo dos rios chamado carinhosamente
de cabelo dgua: igaba. Igara designa a canoa e dela derivam muitos nomes, de muitas cidades e logradouros,
como Igara, bela e antiga vila pernambucana, sinnimo de canoa grande. Ou ainda, Igarapava: ancoradouro de
canoas, bem como Igarat, canoa forte ou resistente (palavra aplicada aos navios), igarari, rio das canoas, e
outras tantas. Igu outro tesouro da lngua indgena. Evoca a bacia fluvial, a enseada (i, gua, gu, enseada,
bacia, rio amplo), como em Iguatinga, baa branca e iguaba, bebedouro da baa. Nomeia municpios e cidades
como Iguape (textualmente, na enseada) e Iguau (rio grande). Itu, salto, cachoeira ou cascata, o nome do
municpio onde encontra-se o salto do Tiet. Falar de Salto de Itu mesmo tautolgico. Itutinga o salto branco,
a branca cachoeira, enquanto ituzaing, localidade do Rio Grande do Sul, designa o salto a pique, vertical, como
a cachoeira do Caracol, em Gramado. Itupeva, cachoeira baixa ou de pouca altura, tambm nome de municpio.
Ituporanga evoca o salto rumoroso e estrondejante. Itumirim e Ituass so opostos. Itupiranga a cachoeira
vermelha; Itupu, o salto estrondoso e Ituverava, a cachoeira brilhante. (BRASIL, 2007a, p. 56).

65
generosos, alertam os adolescentes contra os perigos dos rios, controlam peixes e
jacars e curam determinadas doenas. J os espritos, donos das guas mortas
(Uutedewa) vivem no fundo dos lagos, so hostis e perigosos e por isso os ndios
precisam pedir-lhes permisso, fazendo rituais que precedem a pesca. (BRASIL,
2007a, p. 57).

O respeito e a sinergia entre os povos indgenas brasileiros e os rios, no entanto,


contrastam fortemente com os propsitos do colonizador, cujo ofcio pautava-se por um
esprito predador de gentes e recursos naturais, como abordado por Queiroz (2006, p. 722).
A respeito deste antropocentrismo predador europeu, justificado na Europa por
intermdio do Cristianismo44, Queiroz (2006) numa anlise da abordagem de Thomas (1988)
a esse tema, expressa que a Igreja Crist na Inglaterra ps-se contra o culto das nascentes e
dos rios, o que resultou na expulso das divindades pags dos bosques, das correntes e das
montanhas, desencantando o mundo e deixando-o pronto para ser formado, moldado e
subjugado de acordo com o novo paradigma ento propugnado.
No princpio da colonizao europeia no Brasil, os portugueses e os seus ento
pequenos povoados permaneceram restritos e dispersos ao longo do litoral e voltados para o
lado do oceano, ou seja, para a metrpole. Somente algumas dcadas depois que
colonizadores e descendentes se propuseram explorar o interior do territrio, com a
contribuio dos saberes dos povos indgenas45, condio sine qua non para essa
empreitada.
Foi com as primeiras incurses paulistas as bandeiras que se formaram alguns
ncleos de povoamento no interior, mas pautados nos caminhos abertos pelos indgenas,
precrias vias de comunicao, onde o trajeto deveria ser feito a p em fila indiana, dada a
ausncia de cavalos e muares (QUEIROZ, 2006).

44

Os preceitos do Cristianismo estabeleciam que o mundo fora criado para o bem do homem e as demais
espcies deveriam se subordinar aos seus desejos e necessidades, como possvel constatar no texto de Gnesis:
Tambm disse Deus: Faamos o homem nossa imagem, conforme a nossa semelhana; tenha ele domnio
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos cus, sobre os animais domsticos, sobre toda a terra e sobre
todos os rpteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem sua imagem, imagem de Deus o
criou; homem e mulher os criou. E Deus os abenoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a
terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos cus e sobre todo animal que rasteja pela
terra. E disse Deus ainda: Eis que vos tenho dado todas as ervas que do semente e se acham na superfcie de
toda a terra e todas as rvores em que h fruto que d semente; isso vos ser para mantimento. E a todos os
animais da terra, e a todas as aves dos cus, e a todos os rpteis da terra, em que h flego de vida, toda erva
verde lhes ser para mantimento. E assim se fez. [Grifos acrescentados]. (GNESIS 01:26-30).
45

Realizadas a partir do sculo XVI, as expedies ao serto paulista, fossem oficiais muitas das expedies
eram registradas em cartrio na poca ou particulares, tinham como principal objetivo a busca de ouro e outros
metais e pedras preciosas; no entanto, todas elas voltavam com muitos ndios e quase nada de ouro. Numa dessas
expedies, a de Nicolau Barreto ao vale do Paranapanema, em 1602/3, aprisionou e escravizou mais de 2.000
ndios Temins (SO PAULO, 1999).

66

Nesse meio tempo, os rios eram espaos desconhecidos, estranhos e mesmo hostis
aos colonizadores, por isso evitados como via de locomoo. Para o portugus, os rios
serviam apenas para matar a sede e como fonte de alimento. Alm disso, concebiam-se os rios
como fonte de febres e maleitas, e algumas pessoas da poca chagavam a apontar os rios
pestilentos.
A verdade que, por muito tempo, as bandeiras foram realizadas a p e utilizando
os ndios como besta de carga para a conduo dos mantimentos. Para Holanda (1990), as
bandeiras recorreram de forma espordica ao transporte fluvial, e s com as mones que a
navegao interna foi desenvolvida.
Havia, porm, outras dificuldades para o uso dos rios na navegao. A maior parte
dos rios da regio Sudeste possui fortes corredeiras (cf. figura 2.21), e, principalmente,
correm para o interior do planalto, enquanto o colonizador estava voltado para o litoral, para o
exterior da colnia.

Figura 2.21 Muitos eram os obstculos navegao no sudeste do Brasil, como o caso da
cachoeira da Pederneira. Viagem ao Brasil, de Alexandre Rodrigues Ferreira, 1789.
Fonte: extrado de Brasil (2007a).

Assim, as bandeiras no promoveram a integrao entre colonizadores e nativos


indgenas, e seus conhecimentos do territrio, mas a destruio de uma forma distinta de ver e
utilizar os rios. As bandeiras do sculo XVI depredaram principalmente o rio Tiet e

67

afugentaram ou escravizaram os tupiniquins, alongando o raio de degradao e genocdio,


caractersticas marcantes desta forma de ocupao do territrio colonial.
Procedendo dessa forma, o bandeirante agiu mais como despovoador do que
propriamente povoador, j que suas entradas resultavam na fuga dos indgenas para o interior
da Colnia. Apesar de terem montado stios beira de alguns rios, eles no se fixavam, mas
apenas os utilizavam como ponto de apoio ocasional. Mesmo assim, muitos desses stios se
transformaram em povoados que, posteriormente, formaram algumas cidades do interior
paulista, mas nada tem de relao com as iniciativas dos bandeirantes (SO PAULO, 1999).
Em meados do sculo XVII, houve um declnio das bandeiras, e surgiu o ciclo do
ouro em Minas Gerais, e depois em Gois e Mato Grosso. Concomitante minerao, surgem
como suporte a esta atividade as mones46 de comrcio e a utilizao dos caminhos que
andam.
As mones utilizaram o rio Tiet como principal via para atravessar So Paulo e
chegar ao interior da Colnia. Partiam do porto de Nossa Senhora Me dos Homens de
Araritaquaba, atualmente Porto Feliz47, e levavam em mdia cinco meses para atingir as
minas de Cuiab (cf. figura 2.22).
Os bateles utilizados nas mones de comrcio transportavam sal e alimentos
para Cuiab e Vila Bela, j que essas cidades no dispunham de lavouras, como de milho,
abbora, feijo e cana-de-acar, para sua manuteno. Eram transportados, tambm, pelos
rios Tiet, Paran e Paraguai, em direo a Cuiab, galinhas, porcos, bovinos e cavalos (SO
PAULO, 1999).
O certo que as mones encetaram a navegao fluvial a longa distncia no
Brasil, viabilizando a explorao dos principais rios como vias de comunicao na Colnia.
Por outro lado, essas expedies se revelaram como importante indutor da degradao das
vrzeas e da vegetao ao longo dos rios do interior e da fundao de povoados. Aps a
segunda metade do sculo XVIII, as mones entraram em decadncia com a utilizao das
tropas de muares para o transporte de mercadorias em So Paulo.
A palavra mono era usada pelos portugueses para denominar os ventos peridicos que ocorriam na costa da
sia Meridional. Esses ventos, que durante seis meses sopram do continente para o Oceano ndico e nos seis
meses seguintes em sentido contrrio, determinavam a sada das expedies martimas de Lisboa para o Oriente.
Na Colnia, as expedies que utilizavam as vias fluviais foram chamadas de mones, no por causa dos
ventos, mas por se submeterem ao regime dos rios, partindo sempre na poca das cheias (maro e abril), quando
os rios eram facilmente navegveis, tornando a viagem menos difcil e arriscada. Cf.
www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/as_moncoes.html.
47
Muitos eram os obstculos naturais a partir desse trecho do Tiet, caso das cachoeiras de Cangueira,
Jurumirim, Avaremuandava, Itanham, Tiririca, Machado, Itaquaaba-Au, Itaquaaba-Mirim, Pirapora-Mirim,
Beju, Piles, entre outras. Entre Porto Feliz e a foz do Tiet, foram contados, em 1726, pelo menos 160
obstculos (SO PAULO, 1999).
46

68

Figura 2.22 Partida de Porto Feliz. leo de Oscar Pereira da Silva (1826).
Fonte: extrado de So Paulo (1999).
Outro elemento indutor do uso dos rios e da implantao de ncleos de
povoamento no Brasil-Colnia foi o monjolo. Distintamente do que ocorrera na Europa, onde
os povoados ocupavam as terras mais altas, e em funo da necessidade de gua abundante
para movimentar os monjolos, os colonos brasileiros fundaram seus povoados nos fundos de
vale (HOLANDA, 1975).
O monjolo era um engenho primitivo utilizado para pilar milho e produzir farinha,
que, alm do feijo e do toucinho, fazia parte da dieta bsica dos colonos ribeirinhos do Brasil
de sudeste48. No caso especfico do monjolo dgua49, este era constitudo de uma haste, onde
h um cocho em uma de suas extremidades, e na outra, uma mo. Esta haste era fixada ao solo
por um pasmado (ou virgem). Seu funcionamento se d quando a gua do rio enche o cocho e
faz a mo subir, e em seguida, com o peso da gua, o cocho desce, derrama a gua e faz a mo
descer com certa fora sobre o pilo, onde se coloca o milho para pilar (cf. figuras 2.23 e
2.24).

48

De forma distinta, a dieta bsica dos colonos que habitavam os sertes ao norte do rio So Francisco era a
farinha de mandioca. A respeito disso, Holanda (1975, p. 227) afianou: Naquele mesmo serto (o do rio So
Francisco) j prevaleciam, contra a farinha de milho, e mesmo a de trigo, as idias generalizadas no norte. A de
trigo passava por imprpria num clima trrido e a de milho era tida como responsvel pela elefantase, a lepra e
diversas doenas de pele. Os habitantes preferiam decididamente a farinha de mandioca, e mesmo aqueles que
cultivavam o milho em abundncia empregavam-no unicamente no sustento de muares, porcos e galinhas.
49
H ainda monjolos de p (usados no Japo e na Galcia). Monjolos hidrulicos tambm foram utilizados no
Japo e na China, alm de algumas regies da Europa (QUEIROZ, 2006).

69

Para Queiroz (2006), o monjolo possui importncia como elemento da cultura


material associada gua, s terras baixas e aos rios, e aparece como uma espcie de
distintivo peculiar dos paulistas e seus descendentes50. Alm disso, o monjolo, trazido pelos
portugueses do Oriente, mereceu diversas denominaes - negro velho a mais curiosa
delas51.

Figura 2.23 Representao pictrica de um monjolo dgua:


a) haste; b) cocho; c) tranqueta ou cavilha;
d) virgem ou pasmado; e) munheca; f) mo; g) pilo.
Fonte: extrado de Holanda (1975).

Figura 2.24 Monjolo dgua em So Luiz do Paraitinga, SP.


Fonte: extrado de Brasil (2007a).

50

provvel que na regio Nordeste do Brasil o monjolo no tenha se difundido, afora aspectos culturais, em
funo de suas caractersticas fsico-naturais. A maior parte da rede de drenagem do Nordeste est sob o domnio
do clima semirido, formando rios intermitentes sazonais e de pouco potencial hidrulico na maior parte das
estaes do ano.
51
O nome monjolo significa cativo que no requer feitor. (HOLANDA, 1975, p.243).

70

Nas primeiras cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, So Paulo, Olinda e


Recife, j havia srios problemas ligados ao acesso e ao uso da gua, bem como da relao
entre a populao local e os rios. Os sistemas de abastecimento de gua nestas cidades eram
precarssimos, sendo recorrente a utilizao de fontes e chafarizes alimentados por pequenos
crregos, fortemente vulnerveis contaminao por esgoto, j que tambm eram precrias as
formas de descarte dos resduos.
H ainda a figura dos aguadeiros, principalmente em So Paulo e Olinda, ou
vendedores de gua, que coletavam o lquido e vendiam de porta em porta. Afonso de Taunay
frisou em seu livro sobre a So Paulo dos primeiros tempos (citado em BRASIL, 2007a, p.
34) a respeito das condies sanitrias e de abastecimento de gua das cidades brasileiras at
fins do sculo XIX:
Penosa e parca distribuio de gua tiveram as aglomeraes urbanas at os nossos
dias, com o seu sistema de chafarizes e fontes pblicas alimentadas por filetes quase
sempre contaminados, ou pelo menos facilmente contaminveis, expostos como se
achavam a todas as poluies. Distribuio domiciliar era coisa de que se no podia
cogitar. Precisavam os moradores recorrer aos poos do fundo dos quintais,
fornecedores do lquido, freqentemente carregados das mais perigosas ameaas
vida humana e causa permanente de epidemias arrasadoras, que os bons fsicos do
tempo explicavam atribuindo-as combinao de metais do ar com os da terra,
princpios sulfursticos, espritos morbficos e quejandas hipteses.

Alm disso, o crescimento dessas cidades fez aumentar tanto o consumo da


gua quanto a sua poluio, j que ao longo dos rios se desenvolviam as mais diversas
atividades ligadas gua. Lavavam-se roupas, utenslios domsticos, tomava-se banho,
lavavam-se os animais e descartavam-se todos os tipos de resduos. Os mesmos escravos
incumbidos de carregar barris repletos de dejetos das residncias para praia, rios ou qualquer
lugar mais afastado da cidade, eram solicitados a trazer gua das canoas, tanques ou
chafarizes para o interior das casas cf. figura 2.25 (BRASIL, 2007a).
Essas formas de abastecimento de gua duraram at o momento em que as cidades
cresceram de tal forma que obrigou as autoridades a tomarem providncias efetivas para
resolver os problemas de abastecimento e de sade pblica, dadas as condies precrias de
acesso gua potvel e falta de sistemas de esgotamento de resduos. Em So Paulo,
aquelas formas de abastecimento de gua duraram at o fim do sculo XIX, com a criao da
Companhia Cantareira de guas e Esgotos.

71

Figura 2.25 Carregadores de gua, de Rugendas (1835).


Fonte: http://www.portalbaiadeguanabara.org.br/portal/exibe_sub.asp?id_sub=48

No Rio de Janeiro, em 1850, viviam cerca de 300.000 pessoas sem qualquer tipo
de sistema de coleta de esgotos. As residncias dispunham de barris onde eram dispostos os
esgotos e em seguida levados s valas, antigos crregos que cortavam a cidade.

2.5 Os rios no contexto da paisagem urbana

A histria de ocupao, modificao e degradao dos rios nos mbito das


paisagens urbanas relativamente recente, levando-se em conta o fato de que a histria
humana na Terra tem pelo menos dois milhes de anos e o processo de urbanizao em escala
planetria remonta 1 Revoluo Industrial, cerca de 150 a 200 anos atrs.
Esse tema tomou, porm, a relevncia que possui hodiernamente, ao mesmo
tempo em que a populao do Planeta passou a se concentrar fortemente nas cidades.
O grande embate que se pe que, um rio, uma bacia hidrogrfica, detm uma
dinmica geoambiental peculiar, e a cidade moderna (que se confunde com a sociedade
moderna), ao se desenvolver, ao se espalhar como placas sobre o solo dos continentes, e
detendo tambm uma dinmica, um metabolismo tambm inerente, esta, ao longo de seu
crescimento, no leva em conta as caractersticas geoambientais do stio urbano (h alguma
rara exceo?), a inclusos o espao e a dinmica das bacias hidrogrficas e seus respectivos
rios.

72

Alis, so raros os assentamentos humanos que no ocupam o espao de uma


bacia hidrogrfica e as proximidades de um rio.
A no-observncia desses parmetros naturais culmina na generalizao dos riscos
ambientais e tecnolgicos52.
Et nous conservons une bonne marge de scurit en disant que, dans 99% des cas,
les dgts quils subissent sont le rsultat dune mauvaise implantation. Les
urbanistes plus encore que les ingnieurs ignorent la Nature et narrivent pas
comprendre que les forces quelle met en jeu sont bien suprieures la rsistance
que leurs oeuvres peuvent offrir. (TRICART, 1962, p. 55).

Nesse meio tempo, todos os habitantes da cidade so (ou esto) vulnerveis ao


que se pode chamar de revs da Natureza. Quando um rio transborda, ou seja, quando
ocorre uma cheia, o rio no est simplesmente invadindo a cidade, mas, por sua dinmica
inerente, ele est ocupando um espao que lhe de direito o leito maior ou leito de cheia.
Na verdade, foi a cidade que o invadiu, e no momento das inundaes
catastrficas, o rio cobra um imposto por essa invaso.
Todos os habitantes da cidade so vulnerveis aos eventos naturais e tecnolgicos;
mas essa vulnerabilidade igual para todos os habitantes da urbe?53

2.5.1 Revoluo Industrial, urbanizao e a degradao socioambiental dos rios nas


cidades

Capitalismo, industrializao, urbanizao, degradao socioambiental. So


processos que desde meados do sculo XVIII se deram de forma inter-relacionada e
interdependente, num contexto de forte mutabilidade das nuanas que regiam as relaes
sociais, econmicas e culturais da poca.
O advento do capitalismo, ao mesmo tempo que a derrocada do modo de
produo feudal, foi o estopim para o surgimento da economia de mercado, da
industrializao e da consequente urbanizao, esta como produto e suporte dos eventos
anteriores.
O surgimento da burguesia como classe social e a concentrao de capital e de
fora de trabalho nas cidades europeias formaram as condies ideais para a industrializao.

52

Em geral, os assentamentos humanos levam em considerao aspectos puramente econmicos e tcnicos para
guiar a escolha dos espaos para a implantao de residncias e plantas industriais (TRICART, 1962).
53
Tais questionamentos sero respondidos ao longo do capitulo 3 desta tese. Urbi et orbi: expresso latina que
significa para a cidade (de Roma) e para o mundo; em toda a parte; abertura padro das proclamaes papais,
normalmente na Pscoa e no Natal.

73

A reboque, a Revoluo Tecnolgica iniciada tambm a poca, com o uso da mquina a vapor
de Watt, facilitou a concentrao das indstrias e de trabalhadores nas cidades, bem como
atribuiu maior valor minerao (carvo e ferro)54.
Concomitantemente, as ferrovias e a locomotiva facilitaram a ligao entre as
unidades fabris localizadas nas cidades e as fontes de minrios. Assim, os intensos
movimentos migratrios campo-cidade na Europa fizeram surgir tanto o trabalho assalariado,
quanto o que se convencionou chamar de exrcito de reserva, ou seja, uma grande massa de
trabalhadores livres, uma das condies para a gerao dos lucros dos detentores dos meios
produtivos, j que isso era usado como poder de barganha na negociao de baixos salrios e
longas jornadas de trabalho.
Alis, para Munford (1965), os principais elementos do novo complexo urbanoindustrial foram a fbrica, a estrada de ferro e o cortio55.
Esse ltimo elemento pode servir de mote para uma anlise das condies de
sobrevivncia dos operrios das indstrias na poca da Revoluo Industrial. As condies de
trabalho dos operrios naquela poca eram as mais depauperantes possveis. H registros
referentes ao incio do sculo XIX, principalmente a partir de 1805, com o uso da iluminao
a gs, de jornadas de trabalho entre 15 e 17 horas, com a utilizao de modeobra de mulheres
e crianas.
Com o intensivo crescimento das cidades em funo das migraes apesar do
alto ndice de mortalidade houve uma intensa concentrao da massa de trabalhadores nas
cidades.
Cortio, semicortio e supercortio a isso chegou a evoluo das cidades56.
Sabe-se que a generalizao da pobreza, durante a emergncia da cidade moderna,
constituiu-se num fenmeno necessrio para a industrializao capitalista. Por conseguinte,
as cidades poca eram habitadas majoritariamente por operrios, que nada possuam a no

54

De fato, o que se denomina como Revoluo Industrial, ocorrida na segunda metade do sculo XVIII, foi
muito mais do que a decorrncia da simples descoberta da mquina a vapor (1769), dos teares mecnicos de
fiao (1767, 1768 e 1801), da locomotiva e da estrada de ferro (1829), como alguns livros didticos afirmam.
Muito pelo contrrio, estas invenes no se constituem a causa da Revoluo Industrial, mas decorrem de
processos de transformao pelos quais estava passando o prprio processo de produo industrial desde o
sculo XVI. (SPOSITO, 2005, p. 47).
55
A cidade moderna surgida com a Revoluo Industrial foi comparada por Munford (1965) ao que Charles
Dickens, em Tempos difceis, denominou Coketown, algo como cidade carbonfera. A noite estendia-se por
sbre a cidade carbonfera: a sua cr predominante era o negro. Nuvens negras de fumo rolavam das chamins
da fbrica e dos ptios ferrovirios, que muitas vezes penetravam dentro da cidade, poluindo o prprio
organismo, a espalhar fuligem e cinzas por tda parte. (MUNFORD, 1965, p. 598).
56
Comentrio de Patrick Geddes citado em Munford (1965, p. 551).

74

ser a fora de seu trabalho, cujo salrio pago muitas vezes s permitia a manuteno da
subsistncia cotidiana.
Com uma demanda crescente por habitaes para os operrios das fbricas, houve
uma tendncia generalizada de se aproveitar praticamente todos os espaos possveis (e
impossveis) para construo de residncias operrias. s longas jornadas de trabalho, aos
salrios baixos, s pssimas condies de trabalho e ao uso de trabalho infantil, se acrescem
as pssimas condies de sobrevivncia dos operrios fabris na Inglaterra no auge da
Revoluo Industrial (cf. figura 2.26).

Figura 2.26 Bairros operrios sob viadutos ferrovirios em Londres.


Gravura de Gustave Dor, circa 1870. Fonte: extrado de
http://en.wikipedia.org/wiki/Gustave_Dor%C3%A9
Como o que rege as relaes sociais no seio do capitalismo o lucro, a construo
de habitaes naquele momento no procurava obedecer aos mnimos preceitos da dignidade
humana e s mnimas normas urbansticas e sanitrias. Construram-se habitaes pequenas,
sem espaos entre elas, o que facilitava a proliferao de doenas, sem banheiros ou sistemas
de esgotamento sanitrio, e sem provimento de gua potvel.
Alm disso, uma concentrao inimaginvel de seres humanos numa mesma
residncia constituiu-se numa regra naquele momento histrico, caso em que era possvel
constatar-se trs ou quatro famlias morando num cmodo de uma residncia (cf. figuras 2.27
e 2.28).

75

Figura 2.27 Uma habitao operria, em Glasgow - Esccia.


Fonte: extrado de Sposito (2005).
Figura 2.28 Cortio em Londres - Inglaterra. Gravura de Gustave Dor.
Fonte: extrado de Munford (1965).
Numa clssica anlise da situao ecolgica da classe trabalhadora da cidade de
Manchester, bero da Revoluo Industrial na Inglaterra, e onde a degradao socioambiental
foi elevada ao mximo naquele momento histrico, Engels (1985) descreve as condies de
um bairro operrio daquela cidade em 1842 (cf. figura 2.29):
Ao sul de Great Ancoats Street estende-se um grande bairro operrio
semiconstrudo, uma zona de colinas, sem vegetao, com filas ou grupos isolados
de casas, dispostos desordenadamente. Nos intervalos, ficam locais vazios,
argilosos, desiguais, sem vegetao e conseqentemente difceis de atravessar com
tempo chuvoso. As casas so todas sujas e velhas, freqentemente situadas em
buracos profundos, (...). O bairro que atravessado pela via frrea de Birmingham
aquele em que as casas esto mais amontoadas e , portanto, o pior. Neste local, os
numerosos meandros do (rio) Medlock percorrem um vale que em certos locais
perfeitamente anlogo ao do rio Irk. De ambos os lados do rio de guas estagnadas e
nauseabundas, to negro como o breu, estende-se, desde a sua entrada na cidade at
a confluncia com o (rio) Irwell, um cinturo de fbricas e de habitaes operrias;
estas encontram-se em estado deplorvel. Freqentemente, a margem escarpada e
as construes descem at o rio, tal como no Irk; e as ruas e as casas esto mal
construdas tanto do lado de Manchester como do de Ardwick, Chorlton ou Hulme.
O local mais tenebroso (...) situa-se no lado de Manchester, a sudoeste de Oxford

76
Road e chama-se Pequena Irlanda (Little Ireland) cf. figura 2.30. Numa profunda
depresso de terreno, numa curva do Medlock, e cercada pelos quatro lados por
grandes fbricas e margens altas cobertas de casas ou aterros, esto cerca de 200
casas repartidas em dois grupos, sendo freqentemente a parede de trs da divisria;
habitam a cerca de 4.000 pessoas, quase todas irlandesas. As casas so velhas, sujas
e do tipo mais pequeno: as ruas so desiguais e cheias de salincias, em parte sem
pavimento nem valetas; por todo o lado h uma quantidade considervel de
imundcies, detritos e lama nauseabunda entre as poas estagnadas; a atmosfera est
empesteada com estas emanaes, enegrecida e pesada de fumaa de uma dzia de
chamins de fabricas. Uma multido de mulheres e crianas esfarrapadas vagueiam
por aqui, to sujas como os porcos que chafurdam nos montes de cinzas e nas poas.
Em resumo, todo este local oferece um espetculo to repugnante como os maiores
bairros das margens do Irk. A populao que vive nestas casas arruinadas, por detrs
destas janelas quebradas nas quais foi colocado papel oleado e destas portas
rachadas com os batentes podres e at nos pores midos e sombrios, no meio desta
sujeira e deste cheiro inqualificveis, nesta atmosfera que parece intencionalmente
fechada, na verdade deve situar-se no escalo mais baixo da humanidade. (...) Mas,
que dizer, ao sabermos que em cada uma destas pequenas casas, que, quando muito,
tm duas divises e um sto, por vezes um poro, moram vinte pessoas e que em
todo este bairro h uma nica instalao sanitria (...) para cerca de cento e vinte
pessoas... (ENGELS, 1985, p. 73-75).

Figura 2.29 Poro central da cidade de Manchester em 1842.


Fonte: Extrado de Engels (1985).

77

Figura 2.30 Pequena Irlanda ou Little Ireland, em 1849.


Fonte: Extrado de Engels (1985).

possvel notar uma forte correlao entre a pobreza urbana, gerada pelo modo
de produo capitalista industrial nascente e baseado na cidade, e a degradao social e
ambiental no mbito dos rios urbanos. No toa que a maior parte das habitaes operrias
cortios, choas, favelas, vilas, entre outras denominaes localizava-se ao longo dos rios
urbanos, como notvel na descrio anterior, da Pequena Irlanda, por Engels.
Ao mesmo tempo, o uso dos rios como sistema receptor de resduos desde esse
momento histrico, culminou numa progressiva alterao da qualidade das guas e do
ambiente como um todo, em funo do lanamento dos produtos remanescentes das
atividades industriais e das guas residuais dos aglomerados de forte densidade urbana.
Aliado a esse processo, incluem-se tambm os diversos projetos de artificializao
dos sistemas fluviais, com a modificao de sua dinmica e o comprometimento das
comunidades biolgicas componentes de seus ecossistemas (SARAIVA, 1999).
Alm disso, a relao entre projetos de urbanismo (erigidos por um modelo
capitalista destrutivo) e as caractersticas geoambientais do stio urbano, notadamente a
topografia, foi para Munford (1965) uma fonte inumervel de conflitos.
A tendncia a um urbanismo cartesiano, que tinha como base a planta em grade
ou em xadrez, requeria uma sorte de modificaes do stio urbano (terraplenagens,
aterramentos, cortes de encostas, entre outros) e o desrespeito s curvas de nvel desse stio, o

78

que impunha pesadas perdas econmicas sociedade e uma intensa modificao dos
condicionantes geoambientais, como a retificao e a canalizao de rios e canais 57.
Sobre a degradao dos rios urbanos, com origem na industrializao e na
urbanizao, Munford (1965) afiana:
A fbrica usualmente reclamava os melhores stios: principalmente, na industria
algodoeira, nas industrias qumicas e nas industrias siderrgicas, a situao perto de
uma via aqutica; pois grandes quantidades de gua eram agora necessrias, no
processo de produo, para abastecer as caldeiras da mquina, resfriar as superfcies
quentes, preparar as necessrias solues e tintas qumicas. Acima de tudo, o rio ou
canal tinha ainda outra funo importante: era o mais barato e mais conveniente
lugar de despejo de todas as formas solveis ou semi-solveis de detritos. A
transformao dos rios em esgotos abertos foi um fato caracterstico da economia
paleotcnica. Resultado: envenenamento da vida aqutica, destruio de alimentos,
poluio da gua, que passava assim a ser imprpria para banhos. (MUNDORD,
1965, p. 583).

Utilizando o testemunho de Hugh Miller sobre a degradao dos rios nas cidades,
especificamente na cidade inglesa de Manchester, em 1862, Munford (1965) complementa:
Nada parece mais caracterstico da grande cidade fabril, embora tal coisa seja
desagradvel, do que o Rio Irwell, que corre pelo local. ... O rio infeliz que poucas
milhas acima um belo curso dgua, com rvores a pender sobre suas margens e
franjas de relva verde a delinear as suas barrancas perde a sua categoria ao passar
por entre os moinhos e usinas. H mirades de coisas sujas que lhe so dadas a lavar,
e enquanto vages de veneno das fbricas de tintas e dos ptios de alvejamento caem
nele, para que os leve para longe, as caldeiras de vapor nele descarregam o seu
contedo efervescente, e ele arrasta e conduz as suas ftidas impurezas; at certa
extenso, ele continua correndo ora entre pareces imundas, ora sob precipcios de
granito vermelho consideravelmente menos um rio do que uma corrente de dejetos
lquidos. (MUNFORD, 1965, p. 584).

Na anlise da ecologia urbana das cidades inglesas em meados do sculo XIX,


Engels (1985) faz referncia intensa interdependncia dos rios urbanos, pobreza urbana e
degradao socioambiental dos bairros operrios da poca, e a forma com que esses bairros
so desproporcionalmente susceptveis poluio e aos eventos naturais, como as
inundaes58.

57

Como a sinuosidade e os meandros dos rios no respeitam a lgica racional e cartesiana da reta e do ponto,
estes foram fortemente modificados e adaptados ao formato linear das ruas da cidade, que se modernizava para
receber o trnsito dos automveis e dos bondes, demandas recentes de uma populao urbana crescente.
notrio que essa adaptao da Natureza lgica racional (o lgico realmente seria o contrrio) culminou em
diversos conflitos e problemas urbanos, como o caso das inundaes, dos escorregamentos de terra, entre
outros fenmenos naturais potencializados pela atividade humana.
58
Sobre a cidade inglesa de Leeds, Engels (1985) utiliza uma descrio do peridico The Artizan sobre o rio
Aire: Este rio serpenteia atravs da cidade numa distncia de cerca de milha e meia e est sujeito, depois do
perodo de degelo ou depois de chuvas violentas, a fortes enxurradas. (...) Os bairros em volta do rio e dos
riachos que a se lanam (becks) so sujos, apertados o suficiente para abreviarem a vida dos habitantes,
sobretudo das crianas. (...) Em virtude das cheias do Aire (que, acrescente-se, como todos os rios utilizados na
indstria, entra na cidade claro e transparente para da sair espesso, negro e mal-cheiroso, com todas as
imundcies imaginveis), os pores e as casas enchem-se freqentemente de gua a ponto de ser necessrio

79

H, nas descries anteriores, grandes semelhanas com as favelas e bairros


improvisados das cidades atuais dos pases em desenvolvimento, como Mumbai (ndia),
Lagos (Nigria), So Paulo ou Fortaleza, no Brasil, em funo das condies de sobrevivncia
nas cidades de hoje, oito geraes depois de Engels.
Na cidade de Londres, que em 1800 j detinha mais ou menos 1 milho de
habitantes, o rio Tamisa (cf. figura 2.31) passou por um longo perodo de degradao
ambiental e decadncia de seu entorno imediato. O rio Tamisa j foi considerado o rio mais
poludo do mundo e um dos casos mais clebres de comprometimento das condies
geoambientais de um rio da histria.
Com o intenso incremento e densidade da populao urbana, e uma expanso
rpida e no planejada das cidades, ocorreu ao mesmo tempo um aumento significativo da
quantidade de esgotos industriais e domsticos produzidos e lanados nos rios. A expanso do
uso de vasos sanitrios (cf. figura 2.32) tambm foi um dos fatores, por mais paradoxal que
parea, que intensificou o lanamento de esgotos nos mananciais urbanos, em funo da
ausncia, at ento, de sistemas de tratamento de esgotos59.

Figura 2.31 Viso panormica do rio Tamisa, de Visscher (1616).


Fonte: Extrado de Hilberseimer (1955).

bombe-la para a lanar na rua; porm, a gua volta a entrar nos pores, mesmo onde h esgotos, provocando
emanaes miasmticas (...) deixando um depsito repugnante extremamente prejudicial a sade. (P. 50 e 51).
59
At esse momento, a fossa sptica era o mtodo mais usual de disposio dos esgotos domsticos; entretanto,
os surtos epidmicos de clera (entre 1831 e 1866, morreram 37.000 pessoas) e febre amarela na Inglaterra
foraram as autoridades a investir na construo de sistemas de coleta de esgotos. Juntamente a isso, tambm
surgiu o uso do vaso sanitrio a partir de 1820. Ironically, the widespread improvement in sewage
management with the use of the water closet from the 1820s and the construction of sewer systems had dramatic
impacts on inlands waterways, creating large point sources of sewage discharge directly into streams and rivers.
Rivers could not cope with this heavy load and the effect on the ecology downstream was catastrophic. (PETTS
et al., 2002, p. 24).

80

Figura 2.32 Catlogo de Unitas, os primeiros vasos sanitrios produzidos na Inglaterra,


em 1883, por T. W. Twyfords. A introduo dos vasos sanitrios teve um impacto
significativo no aumento da quantidade de esgotos descarregados nos rios urbanos.
Fonte: Extrado de Petts et al. (2002).
Assim, o rio Tamisa passou a receber o esgoto no tratado de mais de 4 milhes
de habitantes.
Uma descrio de Tobias Smollett sobre a degradao ambiental e a
desvalorizao do rio Tamisa, em 1771, destacada em Petts et al. (2002, p. 25):
(...) the river Thames, impregnated by all the filth of London and Westminster.
Human excrement is the least offensive part of the concrete which is composed of
all the drugs, minerals, and poisons, used in mechanics and manufacture, enriched
with the putrefying carcasses of beasts and men ; and mixed with the scourings of all
wass-tubs, kennels, and common sewers.

As condies de poluio e degradao do rio Tamisa chegaram a tal situao


que, em 1858, the year of the Great Stink ou o ano do Grande Fedor, forou a colocao
de cortinas embebidas em desinfetantes nas janelas do Parlamento, em funo do forte mau
cheiro exalado pelo rio (SPIRN, 1995; PETTS et al., 2002; HOUGH, 1984).

81

Figura 2.33 Sopa de Monstros, comumente chamada gua do Tamisa. Uma correta
representao desse precioso lquido que nos distribudo. Microcosmo dedicado
Companhia de guas de Londres, cartum de Paul Pry, 1829. Fonte: Extrado de Spirn
(1995).
Nesse contexto, todos os aspectos ecolgicos do rio Tamisa foram comprometidos
(cf. figuras 2.33 e 2.34). Alm da sua desvalorizao como elemento da paisagem urbana de
Londres, as perdas em biodiversidade foram considerveis. Naquele momento, foram
erradicados do seu ambiente fluvial praticamente todos os peixes, e, por consequncia, a
maior parte dos pssaros.
Sobre isso, Willian Yarrell escreveu numa pesquisa sobre peixes no rio Tamisa60,
(PETTS et al., 2002, p. 27): The last Thames Salmon I have note of was taken in June
183361.

60

A construo de docas nas plancies fluviomarinhas e nos pntanos da foz do rio Tamisa tambm
comprometeu sobremaneira a biodiversidade, principalmente a fauna aqutica e os pssaros (PETTS et al.,
2002).
61
Aps intensos esforos e investimentos financeiros em pesquisas, sistemas de tratamento de esgotos,
dragagens, sistemas de comportas, sistemas de filtragem e aerao das guas, entre outros, a qualidade da gua
do rio Tamisa foi recuperada, a partir da dcada de 1970, o que promoveu o restabelecimento de uma parcela
considervel de sua fauna e uma revalorizao do rio no contexto da cidade de Londres.

82

Figura 2.34 O estado do rio Tmisa, em 1858, representado de forma crtica


pelo cartunista Tenniel, para o jornal Punch.
Fonte: extrado de Petts et al. (2002).
2.5.2 A negao dos rios urbanos no Brasil
Ouviram do Ipiranga as margens plcidas
De um povo herico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios flgidos,
Brilhou no cu da ptria nesse instante 62.

A primeira estrofe do Hino Nacional do Brasil revela uma importante passagem


de sua histria, mas tambm deixa claro o espao geogrfico que foi palco de um dos
momentos mais relevantes e de forte simbolismo para o jovem pas. Outro importante smbolo
deste acontecimento (a Independncia do Brasil), se trata da tela Independncia ou Morte
(figura 2.35), de Pedro Amrico (1888).
Tanto no hino quanto na tela de Pedro Amrico, distingue-se um elemento
geogrfico que carrega um simbolismo representativo da tomada da soberania de uma nao:
o riacho Ipiranga.

62

Primeira estrofe do hino nacional do Brasil, cuja letra de Joaquim Osrio Duque Estrada (1870 1927) e
msica de Francisco Manuel da Silva (1795-1865).

83

Figura 2.35 Independncia ou Morte, de Pedro Amrico (1888). Museu Paulista.


Fonte: extrado de http://www.mp.usp.br/
s suas margens como possvel notar na tela de Pedro Amrico, Dom Pedro II
emitiu o clebre Grito do Ipiranga. O mais notvel riacho brasileiro possui suas nascentes
ao sul da cidade de So Paulo, no Jardim Botnico de So Paulo, localizado no Parque
Estadual Fontes do Ipiranga, onde ainda se conserva um pequeno reduto de Mata Atlntica.
Nos demais trechos de seu curso de aproximadamente 10 km, apresenta-se
completamente canalizado at o seu encontro com o rio Tamanduate, aps o Parque da
Independncia (figura 2.36). Na verdade, o riacho Ipiranga encontra-se negado pela cidade de
So Paulo, com exceo de dois trechos: as suas nascentes no Jardim Botnico e num
pequeno trecho do Parque da Independncia (figura 2.37).

Figuras 2.36 e 2.37 Trecho canalizado do riacho Ipiranga (e). nico trecho
valorizado do riacho Ipiranga, ao passar o Parque Ipiranga, em So Paulo (d). Fonte: Fotos do
autor, abril de 2008.

84

Importantes cidades de todo mundo tm rios que as simbolizam. No Brasil, de


forma geral e com poucas excees, os rios urbanos so desvalorizados pela sociedade, em
razo de uma ptica cartesiana de adaptar a Natureza aos interesses econmicos. Assim, rios
se tornam canais, conduto de esgotos e resduos slidos, ou seja, recebem tudo o que a cidade
no deseja; e transformam-se em ambientes degradados, marginalizados e negados pela
cidade.
Em virtude da poluio industrial e do lanamento de esgotos residenciais, os rios
brasileiros se tornaram focos de insalubridade, locais de refgio de delinquentes, desova de
cadveres, resduos slidos, entre outros. No intuito de resolver o problema, o Poder Pblico
se utiliza de medidas paliativas como a canalizao, retificao e o tamponamento de rios e
crregos.
assim que se encontra o riacho Ipiranga, o rio das margens plcidas.
Na verdade, um verdadeiro paradigma urbanstico e de engenharia para toda a
cidade de So Paulo (figuras 2.38 a 2.40), cujos principais rios Tiet, Pinheiros,
Tamanduate e Anhangaba, esto retificados, canalizados e confinados em dutos
subterrneos, podendo-se estender essa premissa a todas as metrpoles e aglomerados urbanos
no Brasil. Alis, apenas a cidade de So Paulo possui 1.500 riachos e crregos soterrados, de
acordo com Musetti (2006).
O pas cujo hino nacional inicia-se com referncia ao que outrora foi um agradvel
riacho onde crianas se banhavam e brincavam o Riacho do Ipiranga por
absoluto descaso das autoridades municipais, estadual e federal, deixou esse smbolo
transformar-se numa das reas mais poludas e socialmente degradadas da maior
cidade do continente sul-americano. (FIGUEIREDO, 2006, p. 608).

Esse paradigma, no entanto, remonta a vinda da famlia real portuguesa ao Brasil,


mais precisamente ao Rio de Janeiro. A ascenso repentina do Rio de Janeiro, uma cidade
pobre do ponto de vista urbanstico e habitada basicamente por escravos, como sede da Coroa
Portuguesa exigiu muitas intervenes no seu espao urbano, influenciadas por dois tipos de
reflexo urbana: o pensamento dos engenheiros militares e o pensamento higienista (ABREU,
1997).
Essas duas formas de pensar a cidade influenciaram sobremaneira no
direcionamento de polticas pblicas para o aformoseamento e o saneamento urbanos,
representadas na prtica pelo aterramento de pntanos e alagados, canalizao e retilinizao
de canais fluviais. Assim, essa conjuntura de transformao estrutural caracterstica do final
do sculo XIX e incio do sculo XX, em que a cincia, a tcnica e a organizao do trabalho

85

foram vistas como bases para o progresso, que se ampliou a influncia de metodologias de
engenharia63 nas intervenes urbanas (ABREU, 1997).

Figura 2.38 - Um dos principais exemplos brasileiros de descaso com os rios urbanos, o rio
Tiet, fonte de muitos recursos no passado para a Metrpole paulistana, hoje fortemente
modificado, poludo e degradado. Fonte: Foto do autor, dezembro de 2007.

Figura 2.39 e 2.40 Rio Pinheiros com retificao marcada no territrio (e). Fonte: Arquivo
Eletropaulo, extrado de Guerra et al. (2003), s/d. Rio Pinheiros com Raia Olmpica da USP ao fundo,
2002. Fonte: TFG PUC Campinas, extrado de Guerra et al. (2003).

Essa importncia atribuda aos engenheiros sanitaristas urbanos estendeu-se


durante muitas dcadas do sculo XX e pode ser facilmente constatada avaliando-se os
exemplos de intervenes urbansticas empreendidas aos espaos de vrzeas e margens
fluviais nas cidades brasileiras. Na Metrpole paulistana, as margens dos grandes rios foram

63

Para Abreu (1997), a cabea dos engenheiros brasileiros da segunda metade do sculo XIX combinava de
forma exemplar os elementos do positivismo e do liberalismo, disciplina do trabalho e abordagem
transformadora da paisagem e modernidade urbano-industrial.

86

aproveitadas para a ampliao da rede de avenidas, estrangulando os cursos fluviais e


exterminado as matas ciliares (GUERRA et al., 2003).
No Rio de Janeiro, o rio Carioca (figura 2.41) foi canalizado em meados do sculo
XIX e enterrado em galerias subterrneas no incio do sculo XX. No seu baixo curso, pouco
antes de atingir sua foz, o rio Carioca percorre os subterrneos do Aterro do Flamengo,
camuflado por um deck de madeira, implantado em 2004 (SCHLEE, COELHO NETTO e
TAMMINGA, 2006).

Figuras 2.41 Rio Carioca recoberto por deck de madeira ao longo do seu percurso no Aterro
do Flamengo, no Rio de Janeiro. Fonte: Foto do autor, abril de 2008.
O processo intenso de urbanizao ocorrido no Brasil, entretanto, a partir de 1960,
exps os ambientes fluviais ainda no artificializados das metrpoles ocupao clandestina e
improvisada de uma massa de migrantes pobres, o que culminou na proliferao de favelas,
fortemente expostas aos riscos de inundao. Esse processo se deu principalmente nas
periferias urbanas das grandes metrpoles e, mais recentemente, nas novas metrpoles e
cidades mdias.
Nas metrpoles da Regio Nordeste, esses fenmenos so muito marcantes, e
pode-se mencionar o caso do rio Beberibe, no Recife (figuras 2.42 e 2.43), e os rios Coc e
Maranguapinho, em Fortaleza. A esse respeito, o rio Maranguapinho foi escolhido como
estudo de caso desta tese por compor um conjunto perverso de segregao socioespacial,
pobreza e ocupao improvisada de espaos expostos aos perigos naturais, resultando em
territrios de risco no mbito da Regio Metropolitana de Fortaleza.
Fundos de lote, cloacas, receptculo de esgotos, latrinas, canais, vales, zonas de
botafora, rampas, repositrios de resduos slidos e efluentes em geral. Esses so,
infelizmente, alguns dos principais significados dos rios urbanos no Brasil.

87

Figuras 2.42 e 2.43 Comunidade s margens do rio Beberibe, no bairro Cajueiro, entre
Recife e Olinda. Notar as residncias construdas com materiais improvisados, em local
inadequado ocupao, e com a introduo de aterros para evitar as inundaes. Fonte: fotos
do autor, junho de 2008.

88

3 POR UMA GEOGRAFIA DOS RISCOS E VULNERABILIDADES


SOCIOAMBIENTAIS
3.1 Introduo a onipresena do risco e do perigo
incontestvel a onipresena do risco. Desde o momento em que a vida humana
concebida, correm-se diversos riscos. O risco , assim, inerente vida. Corre-se risco
exercendo as mais simples atividades do cotidiano levantar da cama, comer, lavar o carro,
atravessar a rua, andar de bicicleta, at as atividades ditas mais arriscadas, como viajar de
avio.
Com a presena humana, o risco no deixa de existir (no existe risco zero),
apenas varia no tempo e no espao. , no entanto, principalmente na Modernidade que essa
onipresena se exacerba. Entre as marcas da evoluo humana recente o surgimento do
capitalismo, o progresso das cincias e das tecnologias, a disseminao das relaes
democrticas a ideia revolucionria que define o limite entre a Modernidade e o passado a
busca do domnio do risco, ou seja, a noo de que o futuro mais do que uma fantasia dos
deuses e de que o homem no um ser passivo diante da Natureza (BERNSTEIN, 1998).
At o momento das Revolues (Cientfica, Industrial, Francesa, Renascimento,
entre outras) e durante muito tempo, as catstrofes, fossem naturais, fossem provocadas pelo
homem, eram tidas como atos de Deus64.

64

Em 1511, o rei da Espanha ordenou a construo de uma igreja nas proximidades de San Juan de Porto Rico.
Ele escreveu o seguinte a respeito: Desde que em Porto Rico os sacramentos foram administrados, os furaces e
tremores de terra cessaram; por isso que uma capela e um monastrio devem ser construdos. San Juan foi
atingida por terremotos em 1717, 1844, 1851, 1875, 1895, 1899 (FOUCHER, 1982, p. 67).

89

Esse pretenso domnio do futuro, no entanto, parece paradoxal em razo de


grandes transformaes relativamente recentes na sociedade e na Natureza em mbito
planetrio.
De um lado, j se aproxima da metade da populao humana mundial o
contingente de pessoas concentradas nos exguos espaos das cidades 65, o que denota uma
tendncia generalizao dos riscos e perigos, j que estes aumentam com a concentrao
populacional e o crescimento demogrfico em reas urbanas ambientalmente instveis e
socialmente vulnerveis66 (cf. figura 3.1).
Por outro lado, as mudanas ambientais globais (aquecimento global, efeito
estufa, aumento do nvel dos oceanos, aumento da freqncia de fenmenos climticos
extremos, entre outros) impem ampla vulnerabilizao e um crescente sentimento de
insegurana em toda a humanidade.

Figura 3.1 - Compilao de imagens de satlite da Terra noite, produzida pela NASA em
2000. possvel ter ideia mais clara do que significa o fenmeno urbano para a nossa
civilizao atravs das constelaes urbanas. Dem haut, la nuit, nous voyons mal les
toiles, mais les villes silluminent, comme si les constellations, renverses, cloutaint la
terre... (SERRES, 1991, p. 51).

65

As reas urbanas recobrem aproximadamente 1% da superfcie total da Terra e pelo menos 2% das terras
emersas (PETTS, et al., 2002).
66
Em 2008, o mundo alcanar um marco invisvel, porm significativo: pela primeira vez na histria, mais da
metade da populao humana - 3,3 bilhes de pessoas estar vivendo em reas urbanas. At 2030, esse nmero
dever chegar a quase 5 bilhes. Muitos dos novos habitantes urbanos sero pobres. O futuro dessas pessoas, o
futuro das cidades nos pases em desenvolvimento, o futuro da prpria humanidade depender das decises
tomadas agora em preparao para esse crescimento. (UNFPA, 2007, p. 1).

90

Para muitos autores, esses fatos juntamente com riscos e incertezas a eles
associados so considerados como a tnica do que se convencionou chamar de
Modernidade, ou ainda de Ps-Modernidade.
Para Giddens (2002), fala-se em Modernidade ao referir-se s instituies e
modos de comportamento engendrados inicialmente na Europa com o fim do feudalismo, e
que ao longo do sculo XX se tornaram mundiais em sua influncia; a Modernidade se refere
ao mundo industrializado e s relaes sociais implicadas no uso generalizado das tcnicas
e das mquinas nos processos de produo67.
J a partir da anlise da obra de Lyotard, Anderson (1999) considera a PsModernidade como o marco do surgimento de uma sociedade ps-industrial, no qual o
conhecimento se torna a principal fora econmica de produo, o que ocorre desde meados
da dcada de 1960.
O sculo XX, como concebe Ulrich Beck (1998) em sua clssica obra
Risikogesellschaft (A sociedade do risco), no foi pobre em catstrofes histricas. Nesse
momento, generalizam-se os chamados perigos tecnolgicos (technological hazards)
Hiroshima e Nagasaki (Japo, 1945), Minamata (Japo, 1956), Seveso (Itlia, 1976), Three
Miles Island (EUA, 1979), Bophal (ndia, 1984), Chernobyl (Ucrnia, 1986), Goinia (Brasil,
1987).
Quanto aos perigos naturais (natural hazards), no menos importantes e no
menos catastrficos, se repetem com freqncia e magnitudes cada vez mais devastadoras,
tanto em funo das mudanas ambientais empreendidas pelo homem, quanto pela crescente
concentrao de populaes cada vez mais vulnerveis nas cidades, pelo crescimento
demogrfico, e pela globalizao das desigualdades e segregao sociais.
O tsunami ocorrido no oceano ndico, em dezembro de 2004, causou milhares de
mortes, destruiu milhares de habitaes e levou o caos e a destruio a incontveis famlias da
sia e da frica, principalmente populaes socialmente vulnerveis. Da mesma forma, as
consequncias do furaco Katrina atingiram com maior gravidade as comunidades negras e
pobres de Nova Orleans, em 2005.
Assim, pode-se dizer que os riscos e catstrofes so prprios da Modernidade. Ao
mesmo tempo, presencia-se um momento histrico em que toda a humanidade se sente
vulnervel. At mesmo a potncia econmica e blica hegemnica mundial sentiu-se

67

No subcaptulo 2.5.1 desta tese (Revoluo Industrial, urbanizao e a degradao socioambiental dos rios nas
cidades), foram abordados alguns aspectos associados s mudanas sociais e ambientais promovidas pela
Revoluo Industrial.

91

vulnervel diante dos ataques terroristas ao World Trade Center, em Nova Iorque e ao
Pentgono, em Washington, em 11 de setembro de 200168.
Nesse contexto, o principal objetivo deste captulo contribuir para uma
discusso terico-conceitual sobre a noo de risco e de vulnerabilidade e, principalmente, o
estabelecimento de uma geografia dos riscos e das vulnerabilidades socioambientais das
cidades, com nfase nos ambientes fluviais urbanos.

3.2 Evoluo conceitual e dimenso histrica da abordagem do risco

A noo de risco permeia diversas nuanas da sociedade, desde a academia at o


mbito empresarial. objeto de uso na economia (anlise do risco-pas, risco de queda nas
bolsas de valores), na engenharia (avaliao de riscos de acidentes em construes, na
segurana do trabalho), nos seguros, na sade, ou seja, um conceito consideravelmente
difundido, por ser, entre outros motivos, o risco um componente recorrente da sociedade
moderna69.
A complexidade deste conceito advm, essencialmente, por ser tambm essa
caracterstica inerente sociedade contempornea permeada pela incerteza, pelo medo e pela
insegurana.
O termo risco est freqentemente acompanhado de um adjetivo, que o qualifica e
que o associa ao cotidiano dessa sociedade: risco ambiental, risco tecnolgico, risco natural,
risco social, risco biolgico, risco econmico, entre outros (cf. CASTRO et al., 2005).
Em virtude dessa diversidade terico-conceitual da abordagem do risco, so
comuns as imprecises, ambiguidades e at confuses quanto ao estabelecimento dos
conceitos. Por isso, prope-se uma anlise dos conceitos bsicos, com o intuito precpuo de
uma legtima preciso semntica desta abordagem.

68

O ataque terrorista s torres do World Trade Center exps para todo o mundo, em tempo real, a fragilidade da
maior potncia blica e econmica do mundo. Manchetes de jornais como Horror em Washington - Governo
fecha Casa Branca, Congresso e prdios pblicos. Vice-presidente e integrantes do Conselho de Segurana
Nacional se refugiam em prdio subterrneo secreto e Terroristas querem mostrar que os EUA so
vulnerveis (Folha de So Paulo, 12/09/2001) foram veiculadas e sintetizam o sentimento de medo entre os
norte-americanos.
69

O conceito de risco tambm utilizado tanto nas geocincias (riscos geolgicos escorregamentos de terra,
terremotos etc.) quanto nas cincias sociais (risco social atrelado ao uso de drogas e violncia).

92

3.2.1 A etimologia e o termo risco


A origem do termo risco considerada por alguns autores como incerta, mas
est presente em todas as lnguas europeias: risk (ingls), rischio (italiano), riesgo (espanhol),
risque (francs). Alguns linguistas relacionam o referido termo ao castelhano antigo
resegue (ressecar, cortar), cuja acepo mais utilizada na Idade Mdia sinnimo de luta,
contradio e diviso (ANEAS DE CASTRO, 2000).
H ainda o termo latino rixare (brigar) e resecare (extirpar, suprimir), que tem
duplo sentido diviso, discrdia e lugar acidentado; em grego rhizikon; e em rabe risk.
Em Aneas de Castro (2000) e Veyret (2007), etimologicamente risco provm do termo
risico ou rischio, ao ainda do castelhano risco que designa escolho, penhasco
escarpado, promontrio, e depois naufrgio. De fato, a palavra designa, ao mesmo tempo,
tanto um perigo potencial quanto sua percepo e indica uma situao percebida como
perigosa na qual se est ou cujos efeitos podem ser sentidos. (VEYRET, 2007, p. 25).
Para Aurlio Buarque de Holanda Ferreira, o termo risco perigo ou
possibilidade de perigo; possibilidade de perda ou de responsabilidade pelo dano.
J de acordo com a Oficina da Coordenao para o Socorro em caso de Desastres,
da UNDRO (Unided Nations Disaster Relief Organization), que contribui para a definio de
vrios conceitos relativos ao estudo dos desastres naturais, risco corresponde ao grau de
perda previsto devido a um fenmeno natural determinado e em funo tanto do perigo
natural quanto da vulnerabilidade. (ANEAS DE CASTRO, 2000, p. 02).
Pode-se notar um vis especfico no conceito anterior, principalmente ao definir o
tipo de risco (risco natural a ser discutido mais adiante). De forma geral, porm, o conceito
de risco pode ser tomado como categoria de anlise associada s noes de incerteza 70,
exposio ao perigo71, perda e prejuzos materiais e humanos, atrelados no s a processos
naturais, mas tambm a processos oriundos das atividades humanas.
De uma forma ampla, o risco refere-se probabilidade de ocorrncia de
processos no tempo e no espao, no constantes e no determinados, e maneira como estes
processos afetam (direta ou indiretamente) a vida humana. (CASTRO et al., 2005, p. 12).
Assim, essa categoria de anlise apresenta uma caracterstica marcante de
multidisciplinaridade. O uso da categoria risco relatado na teoria das probabilidades nos

70

Possibilidade de ocorrer um acontecimento perigoso sem que se conhea sua probabilidade (VEYRET,
2007, p. 24).
71
O conceito de perigo ser definido e discutido adiante.

93

sculos XVII e XVIII, com Cardam, Pascal, Fermat, Daniel Bernoulli e Jacob Daniel
(ALLARD, 2000).
Na economia, o conceito de risco empregado pelas instituies financeiras na
anlise dos riscos de negcios, dos riscos estratgicos e dos riscos financeiros72. Em funo da
emergncia das questes ambientais para as instituies financeiras, o conceito de risco
ambiental incorporado como mais uma varivel dos riscos enfrentados por bancos e
demais empresas (TOSINI, 2006).
H na Sociologia recentes trabalhos que abordam a percepo do risco, tomando
como tema principal o esquema diacrnico clssico sobre a evoluo das formas de percepo
do risco, passando de uma interpretao teolgica do risco a uma interpretao racional laica,
presente no trabalho de Denis Duclos, Lhomme face au risque technique (DUCLOS, 1991).
Nas geocincias, presente na abordagem dos riscos geolgicos na Geologia de
engenharia, o risco analisado como a possibilidade de ocorrncia de um acidente. Est
frequentemente associado aos conceitos de acidente (fato j ocorrido, onde foram registradas
consequncias sociais e econmicas perdas e danos), e evento (fato j ocorrido, mas sem
registro de consequncias sociais e econmicas relacionadas diretamente a ele) (CERRI e
AMARAL, 1998).

3.2.2 O uso da categoria risco

Mesmo

sendo

uma

categoria

de

anlise

claramente

relacionada

ao

desenvolvimento industrial e ao uso da cincia como formas de controle das incertezas, a


noo de risco, sua origem, anlise e gesto tm sido relatadas por diversos autores, a partir da
considerao da Babilnia antiga, no vale do Tigre-Eufrates (3.200 a.C.) como marco
espaciotemporal do incio da analise do risco73 (CUTTER, 1993; AUGUSTO FILHO, 2001;
CASTRO et al., 2005).
Perigos ligados ao envenenamento por chumbo so relatados h sculos, e
descritos na Bblia e no Talmude. Vinhos fabricados e estocados em barris de chumbo foram
considerados os responsveis pela queda do Imprio Romano (CUTTER, 1993).
72

O risco de negcio est associado obteno de vantagem competitiva e valorizao de determinada


empresa, e inerente a qualquer tipo de atividade econmica; os riscos estratgicos resultam de mudanas
fundamentais no mbito geopoltico e estratgico; o risco financeiro est relacionado a possveis perdas no
mercado financeiro (TOSINI, 2006).
73
Essas anlises foram desenvolvidas por profissionais que atuavam como consultores sobre temas diversos,
ligados s incertezas e perigos, tais como as inundaes, agricultura, locais de construo de edificaes, entre
outros.

94

As origens do conceito de risco tambm remontam, na pr-Modernidade, ao incio


das navegaes74, das atividades militares e das prticas mercantis (cf. figura 3.2).

Figura 3.2 - "Cristo na tempestade no Mar da Galilia", de Rembrandt, Holanda, 1633. leo
sobre tela. A pintura foi utilizada na capa do livro Against the Gods: the remarkable story of
risk (Desafio dos deuses: a fascinante histria do risco), de Peter L. Bernstein, numa
referncia histria humana como uma histria do embate perptuo contra os riscos.
Fonte: www.campuscrosswalk.org/2007-summer-9.html.
Para a maior parte das cidades pr-modernas, os incndios e as epidemias se
caracterizaram como as duas principais calamidades urbanas durante sculos, atrelados
precria existncia dos citadinos da poca.
Alm disso, dadas as modestas dimenses das cidades antigas, as grandes
catstrofes geofsicas (terremotos, erupes vulcnicas etc.) e hidrolgicas (inundaes,
tempestades etc.) provocavam perdas e prejuzos contingenciais e limitados, se comparados
aos incndios que assolaram cidades como Toulouse 1442 e 1551, Berlin - 1405,
Amsterdam - 1451 e 1452, Moscou 1626, e Londres 1666 (figura 3.3) (cf. CHALINE e
DUBOIS-MAURY, 1994).

74

H referncias a embarcaes egpcias de 1700 a 1400 a.C..

95

Figura 3.3 - "The Great Fire of London", de Lieven Verschuur, 1666.


Fonte: www.generalmonck.com/biography.htm
At esse momento, o risco era considerado uma categoria neutra, que produzia
consequncias tanto positivas quanto negativas. Na Renascena italiana, a definio e a
percepo do risco adquirem um lugar destacado na sociedade europeia, bem como o seu
sentido predominante na atualidade como algo negativo, a ser evitado e temido (VEYRET,
2007; LIEBER e ROMANO-LIEBER, 2002; MARANDOLA JR., 2004).
Na Modernidade, associados atividade industrial e aos avanos tcnicocientficos, Cutter (1993) e Carpenter (1995) enumeraram algumas atividades que passaram a
desencadear os chamados technological risks (riscos tecnolgicos), e.g., o risco de
ocorrncia de cncer atribudo s linhas de transmisso de energia eltrica de alta voltagem;
os riscos ligados ao uso de energia nuclear; os riscos atribudos ao uso de armas qumicas e
biolgicas (biohazard) nas guerras e conflitos75.
Quanto aos primeiros estudos modernos sobre os riscos, Castro et al. (2005)
atribuem ao clssico trabalho de Frank Knight, Risk, uncertainty and profit, de 1921, o uso
inicial dos termos risco e incerteza, quando assumiram o papel de termos tcnicos na
literatura acadmica.
A esse respeito, possvel distinguir trs principais eixos de abordagem dos
riscos, como em Castro et al. (2005): uma abordagem relacionada s geocincias, cujo
enfoque principal so os processos rpidos e catastrficos (j citados); uma outra abordagem
trata dos riscos empresariais e financeiros (tambm citados anteriormente); e uma terceira

75

The use of the herbicide Agent Orange in the defoliation campaign during the Second Indochinese War (...)
(exposes) Vietnam veterans who are now suffering from the adverse affects of dioxin contamination (and) have
filed class action suits. (CUTTER, 1993, p. 07).

96

abordagem, onde se encaixam os estudos geogrficos, que se baseiam nos riscos ambientais,
sociais e tecnolgicos.

3.2.3 Riscos e perigos: uma tradio das cincias sociais e da Geografia

Dada a histrica tradio geogrfica de estudar o espao com base em suas


componentes naturais e sociais, foi na Geografia que surgiram os clssicos trabalhos sobre os
natural hazards.
Por muito tempo, os gegrafos (principalmente gegrafos fsicos) se mantiveram
imbudos estritamente da pesquisa dos aspectos fsico-naturais, de seus processos, de suas
cronologias e de sua mensurao.
Essa orientao se manteve at as dcadas de 1950/60, quando houve um
crescente despertar para o interesse das relaes entre as atividades humanas e o ambiente.
Um dos aspectos que suscitou o estreitamento entre estudos da natureza e estudos da
sociedade na Geografia teve lugar nas pesquisas sobre os acasos naturais, como destaca
Gregory (1992)76.
Ainda de acordo com Gregory, sempre houve frequentes aluses s relaes
homem-ambiente pelos gegrafos, mas estes optaram pela ignorncia dos indicadores que se
evidenciavam j na metade do sculo XIX e, por seu turno, a Geografia Fsica se desenvolveu
praticamente de forma isolada e sem a considerao da ao humana no seu escopo tericometodolgico.
Trabalhos pioneiros, como o de George Perkins Marsh, Man and Nature, de 1864,
tiveram forte influncia sobre as pesquisas posteriores, por demonstrar as formas como a
Terra era vista e utilizada pelo homem.
Foi no final da dcada de 1950, entretanto, que uma das tendncias de estudo da
relao homem-ambiente e de insero daquele nos estudos de Geografia Fsica surgiu,
principalmente, no que concerne ao estudo dos acasos77 terrestres sob uma perspectiva
socioeconmica (GREGORY, 1992).
pesquisa do que se chama de natural hazards ou perigos naturais, atribui-se
uma das tendncias de incluso das influncias humanas nos estudos ambientais e na
Geografia Fsica. A esse respeito, os trabalhos pioneiros do gegrafo norte-americano Gilbert
76

Outros aspectos que incentivaram esse estreitamento foram os crescentes trabalhos sobre a magnitude da ao
humana sobre a natureza e anlise dos ambientes construdos (GREGORY, 1992).
77
A verso brasileira da obra de Gregory (1992) traduziu hazard como acaso. As questes ligadas s
imprecises dos conceitos sero debatidas adiante.

97

F. White se tornaram referncia nos estudos dos riscos e perigos naturais, e por isso merece
uma ateno mais distintiva.
As pesquisas de White estavam pautadas na Ecologia Humana, subdisciplina
desenvolvida no mbito da Sociologia e da Geografia, na Universidade de Chicago, em
meados do sculo XIX78 (MILETI, 1999).
Reconhecido internacionalmente como o pai da pesquisa e da gesto dos
natural hazards, White baseou suas pesquisas na ideia de que os perigos naturais so o
resultado da interao de foras naturais e sociais, e que os perigos e seus impactos podem ser
reduzidos por ajustamentos individuais e coletivos (MILETI, 1999).
O prprio White exprimiu, em artigo produzido com Robert Kates e Ian Burton
(WHITE et al., 2001), que a pesquisa sobre os hazards nasceu de uma demanda por estudos
e anlises com a finalidade de aplicao s situaes prticas da realidade.
Assim, o surgimento de um paradigma dos estudos geogrficos dos riscos e
perigos naturais se realizou nos Estados Unidos, com incio na dcada de 1920. Em 1927, o
governo dos EUA solicitou ao U.S. Corps of Engineers (Corpo de Engenheiros dos EUA)
estudos destinados adequao da gesto de suas bacias hidrogrficas, para que estas
pudessem ser utilizadas em projetos desenvolvimentistas irrigao, navegao, produo de
energia, e para solucionar o problema das recorrentes inundaes que atingiam reas rurais e
urbanas.
Apesar da colaborao de profissionais diversos na apresentao de solues para
este problema diques, represas, revestimento de margens fluviais etc. muitos gegrafos
questionaram a nfase dada a solues pautadas estritamente em obras de engenharia e, a
partir disso, esboaram a possibilidade de solues alternativas.
o caso do artigo de White (WHITE et al., 1958) sobre as mudanas produzidas
pela ocupao humana nas plancies inundveis dos EUA, geridas de acordo com diretrizes
administrativas da poca, e que manifestaram um importante paradoxo: as perdas de todo o
tipo ocasionadas pelas inundaes estavam aumentando consideravelmente, no lugar de
reduzir em funo das obras de conteno (GARCA-TORNEL, 1984).
No final da dcada de 1960, a Comisso Homem Ambiente da Unio Geogrfica
Internacional (UGI) promoveu investigaes sobre riscos naturais e suas consequncias para o
homem. As pesquisas realizadas entre 1968-72 foram posteriormente editadas por Gilbert

78

A Ecologia Humana foi desenvolvida, do ponto de vista filosfico, por John Dewey. Para esse autor, o fato de
a humanidade existir num mundo natural, que peculiarmente perigoso, resulta numa insegurana humana
tambm inata (MILETI, 1999).

98

White, ento presidente da referida comisso e publicadas, em 1974 (WHITE, 1974), com o
ttulo Natural hazards local, national, global. (ZANELLA, 2006).
Tambm foi em meados da dcada de 1970 que foi se construindo uma tendncia
a uma abordagem mais conjuntiva dos natural hazards. poca existia a abordagem dos
hazards, na Geografia, baseada na sua herana da Ecologia Humana, com nfase nas
relaes entre os perigos naturais e as respostas sociais a estes e na reduo das perdas
(MILETI, 1999).
J oriundo da Sociologia, surge uma abordagem cuja perspectiva era a da anlise
do comportamento coletivo e enfatizava a resposta aos desastres e preveno destes. Esta
orientao terica ficou conhecida como disaster research, por sua postura em salientar o
estudo dos desastres e pela formao de uma escola de pesquisa sobre esse tema79.
A procura por abordagens mais integrativas comea a se materializar em 1972,
quando as duas propostas anteriores, a geogrfica, pautada na anlise dos perigos ou
hazards; e a sociolgica, relacionada escola de pesquisa dos desastres, foram agregadas
com os diferentes panoramas da Climatologia, Engenharia, Economia, Direito, Planejamento,
Psicologia, Meteorologia, Polticas Publicas, entre outras.
Nessa perspectiva, o trabalho do gegrafo Gilbert White e do socilogo Eugene
Haas (1975), empreendeu importante busca de um balano do conhecimento sobre os riscos,
perigos e desastres, com destaque nas cincias sociais, sugerindo direcionamentos para uma
poltica nacional (nos EUA) e um inventrio de futuras pesquisas, como frisou Mileti (1999).
Em outro trabalho do grupo de White (BURTON, KATES e WHITE, 1978), os
autores procuraram esboar uma histria dos avanos nas pesquisas sobre o tema dos
perigos. Referido trabalho tornou-se umas das principais referncias para pesquisadores e
profissionais dos riscos e perigos, pois os autores concluram que a frequncia e a magnitude
dos eventos catastrficos estavam aumentando, assim como suas perdas e custos, que
recorrentemente recaem de forma diferenciada em relao a vrios pases.
Os autores tambm destacam a forte interdependncia entre a dinmica fsiconatural da Terra e os processos de ocupao do territrio, este sendo o principal responsvel
pela crescida das incertezas e dos danos s populaes, principalmente aquelas mais
vulnerveis.
79

A escola de pesquisa sobre os desastres, a disaster research, foi principiada com a tese de Prince, de 1920,
sobre desastres tecnolgicos, esta utilizada como referncia para os estudos dos desastres naturais. A disaster
research foi intensamente impulsionada ao longo dos anos 1950 (quando da Guerra Fria) e suas pesquisas se
baseavam na psicologia social do comportamento coletivo e nas teorias da organizao social (MILETI, 1999).
Outro importante marco para a abordagem pautada nos desastres foi a criao do Disaster Research Center
(DRC), na Ohio State University, em 1963, pelo socilogo E. L. Quarantelli (CUTTER, 1993).

99

3.2.4 Uma discusso dos conceitos de risco, perigo e desastre

O risco um constructo eminentemente social, ou seja, uma percepo humana.


Risco a percepo de um indivduo ou grupo de indivduos da probabilidade de ocorrncia
de um evento potencialmente perigoso e causador de danos, cujas conseqncias so uma
funo da vulnerabilidade intrnseca desse indivduo ou grupo
Observa-se que, em geral, confunde-se a noo de risco com a noo do prprio
evento que causa ameaa ou perigo, o que dificulta a sua percepo e sua gesto. Assim, a
noo de perigo, que diferente da ideia de risco, tem relao com a possibilidade ou a
prpria ocorrncia de um evento causador de prejuzo.
Para Smith (2001), o perigo uma inelutvel parte da vida e uma das
componentes do risco. Para o autor, perigo uma ameaa potencial para as pessoas e seus
bens, enquanto risco a probabilidade da ocorrncia de um perigo e de gerar perdas. De
forma explicativa, Smith cita o exemplo dado por Okrent (1980), quando este considera duas
pessoas cruzando um oceano, uma num transatlntico e outra num barco a remo. O principal
perigo (guas profundas e grandes ondas) o mesmo em ambos os casos, mas o risco
(probabilidade de naufrgio e afogamento) muito maior para o indivduo do barco a remo.
Outros dois conceitos que merecem esclarecimentos so desastre e catstrofe. De
acordo com Quarantelli (1998), um desastre um evento concentrado no tempo e no espao,
no qual uma comunidade experimenta severo perigo e destruio de seus servios essenciais,
acompanhado por disperso humana, perdas materiais e ambientais, que frequentemente
excedem a capacidade dessa comunidade em lidar com as consequncias do desastre sem
assistncia externa.
J o conceito de catstrofe semelhante ao de desastre. O que os diferencia a
escala ou a magnitude das consequncias e, nesse caso, a catstrofe possui dimenses mais
amplas, podendo ser quantificada quanto s perdas humanas, financeiras e ecolgicas.
Dauphin (2005) prope diversas escalas de mensurao dos desastres e das catstrofes (cf.
tabelas 3.1 e 3.2) .
Tabela 3.1 - Escala das catstrofes de acordos com as perdas humanas,
financeiras e ecolgicas
Escala das catstrofes segundo o nmero de vtimas
Nmero de vitimas
Nvel
Exemplo
09
1
Ciclone Iniki (EUA, 1992)
10 99
2
Inundao (Rep. Tcheca, 1997)
100 999
3
Febre tifide (Tadjiquisto, 1997)
1.000 9.999
4
Bhopal (ndia, 1984)

100
10.000 99.999

Sismo de Izmit (Turquia, 1999)

100.000 999.999

Ciclone de Bangladesh (1970)

Superior a 1 milho

Gripe espanhola (1918-1919)

Escala das catstrofes segundo as perdas financeiras


Milhes de Francos

Nvel

Exemplo

09

Desmoronamento de terra Mocotoro (Bolvia, 1998)

10 99

Ciclone Linda (Vietn, 1997)

100 999

Incndios (Indonsia, Parque de Kutai, 1998)

1.000 9.999

Acidente de Three Mile Island (1979)

10.000 99.999

Plataforma petrolfera Piper Alpha (Inglaterra, 1988)

Superior a 100.000

Ciclone Andrews (EUA, 1992)

Escala das catstrofes segundo as perdas de biomassa


Biomassa (toneladas)

Nvel

Exemplo

09

Catstrofe do Boeing egpcio (EUA, 1999)

10 99

Sismo do Mxico (1985)

100 999

Onda de calor (EUA, 1999)

1.000 9.999

Tempestade de Grand-Bornand (Frana, 1987)

10.000 99.999

Erupo do vulco Santa Helena (EUA, 1980)

100.000 999.999

Ciclone Mitch (Amrica Central, 1998)

Superior a 1 milho

Tempestade (Frana, dezembro 1999)

Fonte: modificado por Almeida (2009), de Dauphin (2005).


Tabela 3.2 Escala sinttica das catstrofes
Perdas humanas
1
2
3e4
5
6e7

Perdas
financeiras
1e2
1a4
1a6
2a6
4a6

Perdas ecolgicas

Nvel

Exemplo

1e2
1a4
1a6
2a7
2a7

I
II
III
IV
V

Acidente
Desastre
Catstrofe
Catstrofe maior
Super catstrofe

Fonte: modificado por Almeida (2009), de Dauphin (2005).


A segunda vertente do conceito de risco a vulnerabilidade. Nesse contexto, o
risco funo de duas categorias: f(R) = P x V, de onde P o prprio evento perigoso (perigo)
ou a sua potencialidade de ocorrncia, e V a vulnerabilidade intrnseca de um indivduo ou
grupo de indivduos. Outros conceitos imbudos na cincia da vulnerabilidade, tais como

101

resilincia, adaptao, insegurana, ajustamento, exposio e susceptibilidade, podem ser


analisados na vasta bibliografia produzida sobre o tema.

3.2.5 Tipos de risco

De acordo com Veyret (2007), h diversos tipos de riscos, mas nem todos so
tratados pela Geografia. Os riscos cuja percepo e gesto so acompanhadas de uma
dimenso espacial, e por isso so abordados pela cincia geogrfica, so classificados de
acordo com os processos que os engendram.
Dessa forma, a classificao dos riscos (que apresentam expresso espacial) pode ser
analisada no quadro seguinte.
Quadro 3.1 Tipos de riscos
Tipos de riscos

Riscos Naturais
Riscos Ambientais

Riscos Naturais
agravados pelo
Homem
Riscos Tecnolgicos

Riscos Econmicos, geopolticos e


sociais

Ex.: Riscos
maiores
Outros tipos de
riscos
Ex.: Riscos
urbanos

Definies, caractersticas, exemplos


Riscos pressentidos, percebidos e suportados por um grupo
social ou um indivduo sujeito ao possvel de um
processo fsico natural; podem ser de origem litosfrica
(terremotos, desmoronamentos de solo, erupes
vulcnicas), e hidroclimtica (ciclones, tempestades, chuvas
fortes, inundaes, nevascas, chuvas de granizo, secas);
apresentam causas fsicas que escapam largamente
interveno humana e so de difcil previso.
Resultado de um perigo natural cujo impacto ampliado
pelas atividades humanas e pela ocupao do territrio;
eroso, desertificao, incndios, poluio, inundaes etc.
Distinguem-se em poluio crnica (fenmeno perigoso que
ocorre de forma recorrente, s vezes lenta e difusa) e
poluio acidental (exploses, vazamento de produtos
txicos, incndios).
Riscos atrelados diviso e ao acesso a determinados
recursos (renovveis ou no), que podem se traduzir em
conflitos latentes ou abertos (caso das reservas de petrleo e
gua); podem ser ainda de origem nas relaes econmicas
na agricultura (insegurana alimentar), causas da
globalizao (crises econmicas), insegurana e violncia em
virtude da segregao socioespacial urbana, riscos a sade
(epidemias, fome, poluio, consumo de drogas etc.).
A compreenso do risco tambm depende da escala de
anlise; o risco maior assim considerado quando o custo de
recuperao e o nmero de perdas humanas so
relevantemente elevados para os poderes pblicos e
seguradores; os riscos maiores correspondem a eventos de
baixa frequncia e grande magnitude e consequncias (ex.:
Chernobyl, Seveso, Bhopal, Katrina,etc.); h ainda exemplos
de territorializao dos riscos, como o caso especfico
dos riscos urbanos, em razo da complexidade e da
multidimensionalidade de atores e variveis das cidades.

Fonte: organizado por Almeida (2009), a partir de Veyret (2007).

102

3.2.6 A dcada de 1980 e a emergncia da cincia da vulnerabilidade

Ao analisar-se a distribuio socioespacial das vitimas mundiais de catstrofes


naturais no perodo 1973-2002, tornam-se claras as diversas diferenas, no que diz respeito s
consequncias, entre os estados de pobreza dos pases afetados. Os pases mais pobres, ou
seja, aqueles com ndice de Desenvolvimento Humano (IDH) inferior a 0,8 (= Mxico)
registraram neste perodo 96% dos bitos relativos a fenmenos naturais. Tal fato explicita
que a pobreza , indiscutivelmente, uma das causas mais profundas da vulnerabilidade
(LEONE e VINET, 2006).
O crescimento das desigualdades sociais, da pobreza, da segregao socioespacial
advinda com o trinmio capitalismo industrializao urbanizao, em correlao com a
consequente degradao do ambiente nas suas diversas facetas, fez surgir em meados dos
anos 1980 uma abordagem terico-metodolgica que procurou enfocar os desastres (naturais
ou tecnolgicos) do ponto de vista no apenas de seus fatores fsicos desencadeantes, mas
com base no prisma das populaes atingidas.
At a dcada de 1970, a primazia das pesquisas sobre riscos se assentava sobre a
anlise dos perigos e ameaas naturais (os chamados natural hazards), cujos trabalhos
procuravam respostas tcnicas a situaes ou problemas prticos do cotidiano (como visto
anteriormente).
As investigaes sobre os perigos naturais e as intervenes tcnicas para a
mitigao das consequncias humanas e materiais (normalmente oriundas da engenharia de
obras) tomou a forma de um paradigma chamado Risk analysis (Anlise do risco), que
passou a conduzir pesquisas e avaliaes, dentro e fora da academia, com apoio em anlises
econmicas at consultorias de seguros (MARANDOLA Jr. e HOGAN, 2004).
A premissa de que os desastres so consequncias diretas de eventos ou ameaas
fsicas de tipos diferentes, base para o paradigma da anlise do risco, e as diversas publicaes
sob essa gide, so definidas por Hewitt (1983) como abordagens fisicalistas, ao confrontar
com as abordagens que partem de uma viso dos desastres como uma problemtica social, ou
ainda como problemas no resolvidos do desenvolvimento. (MASKREY, 1996).
Essa perspectiva de compreenso das catstrofes e desastres naturais provocados por
fenmenos como terremotos, ciclones, furaces, erupes vulcnicas, deslizamentos de terra,
avalanches, tsunamis e inundaes passou a incorporar abordagens mais integradoras e

103

holsticas no entendimento das complexas redes de relaes social-natural-cultural-ambiental,


que se configuram como a base da gnese dos desastres80.
nesse contexto de incluso das dimenses socioculturais na problemtica ambiental
que surge o conceito de vulnerabilidade. White et al. (2001) exprimem as tendncias tericometodolgicas da pesquisa sobre os perigos e desastres naturais e apontam a crescente ateno
dada abordagem da vulnerabilidade81.
Nos ltimos 50 anos, os pesquisadores da temtica dos riscos e perigos focaram suas
atenes na busca de respostas a uma srie de questes fundamentais: como se d a ocupao
humana das zonas sob perigo ?; Como os indivduos e as sociedades respondem aos perigos
ambientais e que fatores influenciam suas escolhas de ajustamento (adaptao) ?; Como
mitigar os riscos e os impactos dos perigos naturais ?. Na dcada de 1980, porm, outra
questo foi posta lista de perguntas anteriores: por que as sociedades esto se tornando mais
vulnerveis aos perigos ambientais ? (CUTTER, 1996).
Definida grosso modo como o potencial de perda de um sistema (MITCHEL, 1989),
a vulnerabilidade tornou-se um conceito essencial na abordagem dos riscos e perigos, e
central para o desenvolvimento de estratgias de reduo e mitigao das consequncias dos
desastres naturais, nas diversas escalas de anlise (local, regional, nacional, global).
De acordo com Cutter (1996), a cincia da vulnerabilidade concentra-se em trs reas
temticas principais: as contradies e confuses no significado do termo; a sua medio; e as
causas das resultantes espaciais associadas aos estudos de vulnerabilidade82. A autora ainda
acrescenta uma nova proposta ou um novo modelo conceitual de vulnerabilidade, definida
como Os perigos do lugar (The hazards of place).
Para White et al. (2001), corroborando a anlise de Cutter, a vulnerabilidade se
tornou, nas ltimas dcadas, um conceito central utilizado por diversos autores. Entre 12
livros sobre natural hazards analisados pelos autores, sete deles apresentavam o termo
80

Na dcada de 1970, houve a incorporao, s pesquisas, de fenmenos ditos tecnolgicos acidentes


nucleares, contaminaes txico-industriais, derramamento de substncias qumicas no ambiente , alm de
fenmenos eminentemente sociais, caso da pobreza, fome e violncia (JONES, 1993; HOGAM e
MARANDOLA JR, 2006).
81
Sobre as tendncias de pesquisa sobre os perigos naturais, num artigo que discute a paradoxal relao entre o
aumento das perdas (humanas e materiais) por desastres naturais, apesar do aumento das investigaes sobre o
assunto, White et al. (2001) afirmam : We found three important trends exemplified in this literature: (i) a move
towards greater emphasis on disaster and correspondingly less on the broader concept of hazards ; (ii) a growing
convergence in research and practice across hazards, and ; (iii) a considerable expansion in exploration and
adoption of concepts of vulnerability (WHITE et al., 2001, p. 82). A respeito das tendncias de pesquisa sobre
riscos, perigos e desastres, cf. tambm Smith (2001).
82
Tanto para White et al. (2001), quanto para Cutter (1996), h trs principais campos de pesquisa para a cincia
da vulnerabilidade: a busca de um significado consensual; o conceito de vulnerabilidade como uma medida do
risco; e a incorporao do conceito na anlise da vulnerabilidade de grupos especficos e suas caractersticas.

104

vulnerabilidade em seus respectivos ndices, alm de outras obras destacarem a definio do


conceito e sua aplicabilidade (cf. quadro 3.2).
Assim, dentre as cincias ambientais, a cincia da vulnerabilidade pode contribuir
para o entendimento das circunstncias que pem as pessoas sob risco e das condicionantes
que reduzem a habilidade com que as pessoas e os lugares respondem s ameaas ambientais,
ou seja, reduzem sua resilincia83 (CUTTER, 2003).
Alm disso, a vulnerabilidade se tornou base para polticas de reduo de riscos,
perigos e desastres, como o caso do IDNDR International Decade for Natural Disaster
Reduction, que um importante programa de reduo de perdas por riscos naturais, adotado
em dezembro de 1989 pela Assembleia Geral das Naes Unidas, que proclamou os anos de
1990 como a dcada internacional de reduo dos desastres naturais (MUNASINGHE e
CLARK, 1995; SMITH, 2001).
Quadro 3.2 - Seleo das publicaes mais representativas dos anos 1990
sobre perigos naturais.
BLAIKIE, P. M.; CANNON, T.; DAVIS, I. e WISNER, B. At risk: natural hazards, peoples vulnerabillity, and
disasters. London: Routledge, 1994. 284p.
BRYANT, E. Natural hazards. Cambridge: Cambridge University Press, 1991. 312p.
BURTON, I.; KATES, R. W. e WHITE, G. F. The environmental as hazard. 2nd. Ed. New York: Gilford Press,
1993. 290p.
COCH, N. K. Geohazards: Natural and human. Englewood Cliffs (NJ): Prentice Hall, 1995. 481p.
HEWITT, K. Regions of risk: a geographical introduction to disasters. Harlow: Longman, 1997. 389p.
KOVACH, R. L. Earths Fury: an introduction to natural hazards and disasters. Englewood Cliffs (NJ): Prentice
Hall, 1995. 224p.
LINDELL, M. K.; PERRY, R. W. Behavioral foundations of community emergency planning. Washington:
Hemisphere Publishing Corp., 1992. 320p.
PALM, R. Natural Hazards: an integrative framework for research and planning. Baltimore e London: Johns
Hopkins Univ. Press, 1990. 184p.
QUARANTELLI, E. L. What Is a Disaster?: Perspectives on the question. London: Routledge, 1998.
SMITH, K. Environmental hazards: assessing risk & reducing disaster. London: Routledge, 1992. 324p.
TOBIN, G. A.; MONTZ, B. E. Natural Hazards: explanation and integration. New York: Gilford Press, 1997.
388p.
ZEBROWSKI Jr., E. Perils of a restless planet: scientific perspectives on natural hazards. Cambridge: Cambridge
University Press, 1997. 306p.

Fonte: White et al. (2001).

Categorias

de

anlise

tais

como

risco

(exposio),

perigo,

resilincia,

susceptibilidade diferencial, recuperao/mitigao, tambm englobam em seus escopos


tericos o conceito de vulnerabilidade. Este tambm aparece da mesma forma, em pesquisas
aplicadas aos estudos de desenvolvimento e pobreza (academicamente na Antropologia e na
Sociologia), sade pblica, estudos de mudanas climticas, Engenharia, Geografia, Ecologia
Poltica e, principalmente, entre os pesquisadores dos riscos, perigos e desastres
(BIRKMANN e WISNER, 2006).
83

Para uma anlise da definio e da aplicabilidade do conceito de resilincia, conferir Klein et al. (2004).

105

Apesar da atual importncia atribuda cincia da vulnerabilidade, entretanto, o


conceito ainda carece de melhor definio e de consenso em relao a ele, como constatam
diversos autores (BOGARDI, 2004; CUTTER, 1996 e 2003; WHITE et al., 2001).
As confuses e contradies no estabelecimento de uma definio consensual de
vulnerabilidade implicam grandes dificuldades na operacionalizao do conceito. O fato de
haver um ramo de pesquisa to profcuo sobre o debate do significado do termo pode servir de
justificativa para a assero anterior.
Nesse sentido, a definio mais ampla de vulnerabilidade como potencial de perda
no articula de que perda se est descrevendo, e nem responde s seguintes questes postas
por Cutter (1996): quem /est vulnervel ?; Vulnervel a que processo ?; E em funo de
quais condies socioespaciais ?
Com suporte nesses questionamentos, pode-se notar a multidimensionalidade do
conceito, que permeia as vrias dimenses que formam a realidade cultural, social,
econmica, ecolgica, tecnolgica, ambiental, psicolgica, entre outras.
Cutter (1996) relacionou 18 definies de vulnerabilidade (cf. quadro 3.3),
demonstrando essa multidimensionalidade, mas tambm uma evoluo do conceito ao longo
do tempo, como Hogan e Marandola Jr. (2006) exprimem84.
A falta de consenso na definio do conceito de vulnerabilidade advm tanto da
dificuldade em se apreender a multidimensionalidade da realidade analisada quanto da
diversidade de orientaes epistemolgicas (Ecologia poltica, Ecologia humana, Cincias
Fsicas, Anlise espacial, etc.) e, conseqentemente, das prticas metodolgicas (ou seja, da
operacionalizao do conceito).
Quadro 3.3 - Definies selecionadas de vulnerabilidade
Gabor e Griffith (1980)

Timmerman (1981)

UNDRO (1982)
Susman et al. (1984)
Kates (1985)
Pijawka e Radwan (1985)

Bogard (1989)

Mitchell (1989)
Liverman (1990)
84

Vulnerability is the threat (to hazardous materials) to which people are exposed (including chemical
agents and the ecoloigcal situation of the communities and their level of emergency preparedness).
Vulnerability is the risk context.
Vulnerability is the degree to which a system acts adversely to the occurrence of a hazardous event.
The degree and quality of the adverse reaction are conditioned by a systems resilience (a measure of
the systems capacity to absorb and recover from the event).
Vulnerability is the degree of loss to a given element or set of elements at risk resulting from the
occurrence of a natural phenomenon of a given magnitude.
Vulnerability is the degree to which different classes of society are differentially at risk.
Vulnerability is the capacity to suffer harm and react adverserly.
Vulnerability is the threat or interaction between risk and preparedness. It is the degree to which
hazardous materials threaten a particular population (risk) and the capacity of the community to
reduce the risk or adverse consequences of hazardous materials releases.
Vulnerability is operationally defi ned as the inability to take effective measures to insure against
losses. When applied to individuals, vulnerability is a consequence of the impossibility or
improbalibility of effective mitigation and is a function of our ability to select the hazards.
Vulnerability is the potential for loss.
Distinguishes between vulnerability as a biophysical condition and vulnerability as defi ned by

Anderson (1995) tambm acentua que o conceito de vulnerabilidade refinado ao longo do tempo, embora
no seja aceito completamente pela comunidade cientfica, nem possua uma definio consensual.

106

Downing (1991)

Dow (1992)
Smith (1992)

Alexander (1993)
Cutter (1993)

Watts e Bohle (1993)

Blaikie et al. (1994)

Bohle et al. (1994)

Dow e Downing (1995)

political, social and economic conditions of society. She argues for vulnerability in geographic space
(where vulnerable people and places are located) and vulnerability in social space (who in that place
is vulnerable).
Vulnerability has three connotations: it refers to a consequence (e.g., famine) rather than a cause
(e.g., are vulnerable to hunger); and it is a relative term that differentiates among socioeconomic
groups or regions, rather than an absolute measure of deprivation.
Vulnerability is the differential capacity of groups and indiviudals to deal with hazards, based on
their positions with hazards, based on their positions within physical and social worlds.
Risk from a specifi c hazard varies through time and according to changes in either (or both)
physical exposure or human vulnerability (the breadth of social and economic tolerance available at
the same site).
Human vulnerability is a function of the costs and benefi ts of inhabilit areas at risk from natural
disasters.
Vulnerability is the likelihood that an individual or group will be exposed to and adversely affected
by a hazard. It is the interaction of the hazards of place (risk and mitigation) with the social profi le
of communities.
Vulnerability is defi ned in terms of exposure, capacity and potentiality. Accordingly,
the prescriptive and normative response to vulnerability is to reduce exposure, enhance coping
capacity, strengthen recovery potential and bolster damage control
(i.e., minimize destructive consequences) via private and public means.
By vulnerability we mean the characteristics of a person or group in terms of their capacity to
anticipate, cope with, resist, and recover from the impact of a natural hazard. It involves a
combination of factors that determine the degree to which someones life and livelihood is put at risk
by a discrete and identifi able event in nature or in society.
Vulnerability is best defi ned as an aggregate measure of human welfare that integrates
environmental, social, economic and political exposure to a range of potential harmful perturbations.
Vulnerability is a multilayered and multidimensional social space defi ned by the determinate,
political, economic and institutional capabilities of people in specifi c places at specifi c times.
Vulnerability is the differential susceptibility of circumstances contribuiting to vulnerability.
Biophysical, demographic, economic, social and technological factors such as populations ages,
economic dependency, racism and age of infrastructure are some factors which have been examined
in association with natural hazards.

Fonte: Cutter (1996, p.531-32).


Tambm nesse sentido, h considervel variao na escolha dos perigos e ameaas a
serem analisados (seca, terremotos, inundaes, fome, violncia, entre outros), cada um com
dimenses espaciotemporais especficas, alm da escolha da regio a ser estudada pases
desenvolvidos ou em desenvolvimento, para citar um exemplo.
E Cutter (1996, p. 530) conclui: the result is a confused lexicon of meanings and
approaches to understanding vulnerability to environmental hazards. Assim, haveria maior
evoluo operacional do conceito se na sua aplicao fosse possvel responder como e por que
lugares e pessoas so vulnerveis aos perigos ambientais85.
O conceito de vulnerabilidade, assim como o de risco, indica uma situao ou estado
futuro. Nesse caso, a definio de Blaikie et al. (1994) parece oportuna, j que, para os
autores, estar vulnervel significa compreender as caractersticas de uma pessoa ou grupo no
que concerne sua capacidade para antecipar, sobreviver, resistir e recuperar-se do impacto
de uma ameaa ou perigo natural.

85

Pode-se inferir a idia de que, tanto nos conceitos elencados por Cutter (1996), quanto nas obras analisadas
por White et al. (2001), h uma forte interao entre Natureza e Sociedade, mas h diferentes formas de anlise
das relaes: de uma nfase nos processos de vulnerabilidade aos perigos naturais com seu significado trivial.
White et al. (2001) falam em commomplace, ou lugar comum), passando por abordagens mais holsticas da
interao dos aspectos naturais e culturais, at abordagens que distinguem as condies sociais e humanas do
indivduo ou de um grupo, num determinado lugar.

107

Os autores consideram o conceito como uma combinao de fatores que determinam


o grau com que a vida e a subsistncia de algum so postas em risco por um evento distinto e
identificvel na natureza e/ou na sociedade.
A esse respeito, Smith (2001) entende que, para os mais vulnerveis, o acesso a
recursos (e.g., a obteno de um meio de vida seguro ou a formas de recuperao dos
desastres) e a informao, e a disponibilidade de uma rede social que mobilize apoio e ajuda
na comunidade, so fatores de enorme relevncia para lidar com as consequncias dos
desastres.
Alm disso, fatores como pobreza86, idade, gnero, etnia, incapacidade, classe ou
status social, casta, so caractersticas que podem indicar se determinados grupos da
sociedade so mais propensos do que outros ao dano, perda e ao sofrimento no contexto das
diferentes ameaas87.
Com efeito, em torno de 25% da populao mundial vive em reas de risco de
perigos naturais. Anderson (1995) indica que a maior parte desse contingente populacional se
encontra em pases em desenvolvimento, onde a vulnerabilidade se forma da pobreza, da
segregao/discriminao e da carncia de representao poltica, que impedem o processo de
desenvolvimento.
Pobreza, ocupao de lugares sujeitos a perigos naturais e/ou tecnolgicos,
concentrao populacional nas cidades, impactos econmicos dos desastres, carncias na
infraestrutura e servios, caractersticas sociais (citadas anteriormente - gnero, idade, classe
etc.), degradao ambiental, corrupo, decises polticas, carncia de programas sociais,
entre outros.
Nos pases em desenvolvimento, esses amplos problemas combinados criam as
condies para o mais elevado grau de vulnerabilidade. Assim, pode-se inferir que a escala do
impacto de um desastre uma funo da vulnerabilidade humana e da magnitude fsica do
evento perigoso (cf. SMITH, 2001).
Bogardi (2004) fala em milhes de migrantes que se dirigem a cada ano para as
cidades, em funo da insustentabilidade e do declnio das comunidades rurais, e
complementa: It is widely expected that in 2025 two-third of humanity, thus 5 billion people
by them, would live in cities. (P. 362).
86

Vulnerabilidade e pobreza no so sinnimos, embora frequentemente essas duas categorias estejam interrelacionadas, de acordo com White et al. (2001).
87
While the concept of vulnerability clearly involves varying magnitude, from high to low levels of
vulnerability, for different people, we use the term to mean those who are more vulnerable. (BLAIKIE et al.,
2001, p. 09).

108

Para o autor, o crescimento urbano implacvel e no planejado cria os prprios


problemas: servios municipais sobrecarregados e ocupao de terras marginais inseguras
(vertentes instveis e reas propensas a inundaes, na sua maioria).
Assim, parcela majoritria dos principais aglomerados urbanos est localizada nas
zonas costeiras, em deltas e ao longo dos rios. O aumento da concentrao de pessoas nesses
ambientes amplifica consideravelmente o nmero de pessoas susceptveis a serem expostas s
consequncias de eventos extremos, como tempestades, furaces, tufes, e eventos ulteriores,
como movimentos de terra, tsunamis, inundaes, entre outros (BOGARDI, 2004).
Embora o conceito de vulnerabilidade seja uma chave para a compreenso da
segurana humana (como diz Bogardi), h ainda uma forte incerteza quanto ao potencial de
seu uso como categoria de anlise dos riscos e perigos. H fortes desafios para esse intuito, e
um deles o de ordem escalar.
Enquanto as consequncias ligadas aos problemas anteriormente descritos so de
ordem global, a ocorrncia de eventos extremos e suas superposies em relao degradao
ambiental so fenmenos de ordem local ou regional. Por isso, entender a sequncia lgica e a
natureza estocstica da cadeia perigos-riscos-vulnerabilidade de suma importncia, de
acordo ainda com Bogardi (2004).
Apesar de haver, porm, um relativo consenso no que concerne aos conceitos de
perigo (hazard) e de risco (risk), h muitas incertezas quanto amplitude e
aplicabilidade do conceito de vulnerabilidade (vulnerability). Como visto em Cutter (1996),
h uma mltipla gama de definies para o conceito, de acordo com a sua reviso realizada
em meados dos anos 1990.
Dos anos 2000 em diante, a procura do consenso conceitual persiste, e uma das
definies mais simples e compreensveis reportada a Wisner (2002, apud BOGARDI,
2004, p. 362): likelihood of injury, death, loss, disruption of livelihood or other harm in an
extreme event, and/or unusual difficulties in recovering from such effects.
Na reviso global das iniciativas de reduo de desastres (reviso do IDNDR), o
ISDR (International Strategy for Disaster Reduction) define vulnerabilidade como a set of
conditions and processes resulting from physical, social, economical, and environmental
factors, which increase the susceptibility of a community to the impact of hazards (ISDR,
2002 apud BOGARDI, 2004, p. 362).
Da mesma forma, o relatrio sobre reduo de risco de desastre da UNDP (United
Nations Development Programme) sublinha a conotao social da vulnerabilidade e a define
como a human condition or process resulting from physical, social, economic and

109

environmental factors, which determine the likelihood and scale of damage from the impact
of a given hazard. (UNDP, 2004 apud BOGARDI, 2004, p. 362).
J Bohle expe a natureza multifacetada da vulnerabilidade quando a concebe a sob
dois prismas: um externo (ambiental) e outro interno (humano), cobrindo uma extensa
gama de possveis danos e consequncias, o que implica um perodo relativamente longo,
excedendo certamente o tempo de ocorrncia do evento danoso (BOHLE, 2002).
Para Bogardi (IBID.), a interpretao de Bohle relaciona fortemente a
vulnerabilidade noo de resilincia88, que significa, no caso especfico dos desastres, a
habilidade de retornar a um estado similar condio anterior ao desastre.
Apesar de o conceito de resilincia tambm no possuir consenso conceitual e
operacional (KLEIN et al., 2003), Timmerman (1981) foi um dos primeiros pesquisadores a
discutir a resilincia da sociedade s mudanas climticas, ligando este conceito ao de
vulnerabilidade. Mencionado autor definiu resilincia como a medida da capacidade de um
sistema (ou parte de um sistema) em absorver ou se recuperar da ocorrncia de um evento
danoso.
J Pelling (2003), tratando da vulnerabilidade humana (individual), divide a
vulnerabilidade aos perigos naturais em trs componentes: exposio (exposure), resistncia
(resistenace) e resilincia (resilience) (PELLING, 2003 apud KLEIN et al., 2003).
Seguindo a proposta de Blaikie et al. (1994), Pelling descreve a resilincia aos perigos
naturais como a habilidade de um ator em lidar com (to cope with - em ingls, faire
face - em francs) ou adaptar-se a ocorrncia de um evento perigoso89.
Em Dauphin (2005), a noo de vulnerabilidade se apresenta como a segunda
vertente do conceito de risco (a outra categoria a concepo de perigo ou ala em francs,
ou hazardem ingls). Em funo das numerosas definies que o conceito de
vulnerabilidade possui, o autor agrupa os conjuntos de definies em duas grandes categorias,
uma dita analtica e outra dita sinttica.

88

Resilincia um conceito oriundo da Fsica e tem como significado mais geral a capacidade de um corpo
recuperar-se, de se adaptar aps ter sido comprimido, expandido ou dobrado, retornando ao seu estado original.
Para o ISDR, no contexto da compreenso dos riscos de desastres, resilincia significa The ability of a system,
community or society exposed to hazards to resist, absorb, accommodate to and recover from the effects of a
hazard in a timely and efficient manner, including through the preservation and restoration of its essential basic
structures and functions. Resilience means the ability to resile from or spring back from a shock. The
resilience of a community in respect to potential hazard events is determined by the degree to which the
community has the necessary resources and is capable of organizing itself both prior to and during times of
need (ISDR, 2009).
89
A resilincia tambm tratada como fator determinante da vulnerabilidade, assim como as noes de
exposio e de susceptibilidade (cf. KLEIN et al., 2003, p. 40).

110

A definio analtica90 considera a vulnerabilidade, num sentido amplo, como a


expresso do nvel de consequncias previsveis de um fenmeno natural sobre os recursos
ameaados, estes representados pelo homem, seus bens e o ambiente em que vive. Essa
abordagem tida como analtica, j que os recursos vulnerveis podem ser decompostos, por
exemplo, no caso de bens econmicos, quando possvel calcular os danos para a agricultura,
a indstria e os servios.
Aps algumas dcadas, no entanto, essa definio de vulnerabilidade se mostrou
restritiva e oposta a uma abordagem que entenderia a vulnerabilidade das sociedades com
base em suas capacidades de resposta s crises potenciais (DERCOLE, 1994). Essa
concepo de vulnerabilidade (sinttica) intenta traduzir a fragilidade de um sistema no seu
conjunto e, de forma indireta, demonstrar a sua capacidade de superar a crise provocada por
um perigo potencial (lea). Assim, quanto mais um sistema apto a se restabelecer aps uma
catstrofe, menos ele considerado vulnervel, o que remete novamente s noes de
resistncia e resilincia.
Ao estimar o nvel de disponibilidade operacional dos mtodos de avaliao das
vulnerabilidades s ameaas naturais, Leone e Vinet (2006) concebem duas formas de
operacionalizao do conceito de vulnerabilidade91, quais sejam: abordagens setoriais e
abordagens globais e sistmicas.
Tratando das abordagens setoriais (semelhante ao

conceito analtico de

vulnerabilidade de Dauphin, 2005), possvel distinguir ou decompor a vulnerabilidade ao


infinito em numerosos tipos, mas, para efeito dos estudos dos fenmenos naturais, tem-se o
quadro 3.4.
Quadro 3.4 Tipos de vulnerabilidade aplicados aos estudos dos fenmenos naturais.
Tipo de Vulnerabilidade
Vulnerabilidade
fsica
(ou
estrutural,
ou
corporal)
Vulnerabilidade humana
ou social

Vulnerabilidade
institucional
Vulnerabilidade
90

Caractersticas
Concentram-se na anlise das construes, das redes de infraestrutura e do
potencial de perdas humanas.
Avalia os retornos de experincia sobre as capacidades de resposta,
adaptaes, comportamentos e suas consequncias socioeconmicas e
territoriais. Acrescenta-se ainda a percepo das ameaas ou da memria
do risco, o conhecimento dos meios de proteo, os tipos de
comportamentos potenciais.
Trata da capacidade de resposta das instituies diante da crise; funciona
como fator indireto da vulnerabilidade social.
Analisa os danos sobre os componentes ambientais vegetao, solos,

Nessa perspectiva, a definio de vulnerabilidade dada pelo guia geral para a elaborao dos Planos de
Preveno de Riscos Naturais Previsveis PPR, que um instrumento legal criado na Frana como ferramenta
de previso e preveno dos riscos naturais no pas (para detalhes, cf. Antoine et al., 2008).
91
Assim como em Dauphin (2005).

111
ambiental e patrimonial
Vulnerabilidade
funcional e econmica

recursos hdricos, fauna, e aspectos culturais provocados por fenmenos


naturais.
Avalia as disfunes no que tange s atividades econmicas, rupturas nas
redes de comunicao e transporte, entre outros.

Fonte: elaborado com apoio em Leone e Vinet (2006)

No que diz respeito abordagem global ou sistmica (sinttica, para Dauphin,


2005), no so poucos os autores que descrevem as dificuldades para operacionalizar
abordagens conjuntivas, holsticas, e inter, multi e pluridisciplinares da vulnerabilidade. A
impossibilidade de se estabelecer uma vulnerabilidade total obriga os pesquisadores dessa
cincia busca de formas relativas de mensurao.
O trabalho de Chardon (1994) sobre a vulnerabilidade da cidade de Manizales
(Colmbia) diante de um conjunto de riscos naturais (inundaes, sismos, escorregamentos de
terra), um exemplo da procura de operacionalizao metodolgica mais global e sistmica,
mesmo apresentando, a princpio, estudos setoriais: o uso de indicadores classificados em
duas categorias principais vulnerabilidade fsica e socioeconmica tratou da elaborao de
uma hierarquizao espacial da vulnerabilidade e sua respectiva cartografia.
Dauphin (2005) prope quatro formas de unificar a mensurao da vulnerabilidade:
transformar todas as vulnerabilidades numa mesma unidade: e.g., perdas financeiras;
estabelecer uma contabilidade energtica da vulnerabilidade: e.g., em calorias; em termos de
tempo de retorno: e.g. para o caso das inundaes e; o uso de tcnicas multicriteriais,
mediante combinao de informaes variadas para a produo de um ndice de avaliao
nica: e.g., anlise custo-benefcio.
Para o estabelecimento de uma vulnerabilidade sinttica (global, sistmica), porm,
uma das propostas de DErcole (1994) e Dauphin (2005) uma tendncia ao uso da anlise
de sistema, principalmente no que tange aos sistemas territoriais urbanos (LEONE e VINET,
2006).
A esse respeito, DErcole (1994) adverte para a dificuldade de apreender a
vulnerabilidade contida na pluralidade de variveis que a compem no mbito dos espaos
urbanos, notadamente aqueles nos pases em desenvolvimento.
A lapproche classique de la vulnrabilit qui mesure un endommagement potentiel
des biens et des personnes et ses rpercussions sur lenvironnement conomique,
semble sopposer celle qui considre la vulnrabilit des socits travers leur
capacit de rponse des crises potentielles. Cette capacit est elle-mme lie un
ensemble de facteurs structurels et contingents qui peuvent tre analyss
sparment, mais dont les interrelations savrent complexes. Cest pourquoi, toute
analyse de vulnrabilit, surtout lorsquil sagit du monde urbain qui tend
multiplier et diversifier les facteurs de vulnrabilit, peut difficilement saffranchir
dune dmarche systmique. (DERCOLE, 1994, p. 94).

112

A sntese das diversas abordagens da vulnerabilidade avaliadas por DErcole (1994)


pode ser verificada na figura 3.4.
H exemplos de trabalhos que evocam o uso da anlise de sistemas na avaliao da
vulnerabilidade nos espaos urbanos. Leone e Vinet (2006) citam os trabalhos do IRD Institut de Recherche pour le Dveloppement, no aglomerado metropolitano de Quito
(Equador), no quadro de elaborao de um sistema de informao e riscos (principalmente
vulcnicos); a vulnerabilidade dos sistemas urbanos diante dos riscos naturais, tecnolgicos e
sociais foram objeto de outros estudos ditos sistmicos, como o caso do trabalho de Chardon
(1994) anteriormente citado.

Figura 3.4 Sntese das diferentes abordagens da vulnerabilidade e relaes.


Fonte: modificado de DErcole (1994) por Almeida (2009).
Leone e Vinet (2006) tambm abordam outros desafios ligados operacionalizao
do conceito de vulnerabilidade, no que diz respeito escolha dos territrios estudados e seus
contextos socioeconmicos (e.g., pases em desenvolvimento); s escalas espaciais de anlise
(e.g. escala local urbana, bacia do risco; escala regional vulco, bacia hidrogrfica,
regio); as ferramentas de avaliao utilizados (e.g., SIG, questionrios, cartografia); e as
disciplinas e profissionais mobilizados (e.g., arquitetos, gelogos, engenheiros, sismlogos,
vulcanlogos, geomorflogos e, principalmente, os gegrafos).

113

Quanto aos gegrafos, os autores destacam a importncia destes profissionais pela


sua formao pluridisciplinar e pela viso de interface sobre os fenmenos perigosos e os
recursos vulnerveis, administrando abordagens espaciais e ferramentas cartogrficas, o que
fez com que se percebesse uma tendncia ao desenvolvimento de uma nova subdisciplina: a
Geografia dos Riscos Naturais.
Um dos desafios mais importantes na operacionalizao da vulnerabilidade, no
entanto, diz respeito a sua mensurao. Aps as grandes catstrofes naturais recentes o
tsunami no oceano ndico em 2004, e o furaco Katrina em 2005 houve uma forte exposio
das vulnerabilidades das diversas sociedades ao impacto dos perigos naturais.
A partir de ento, o desenvolvimento de metodologias de medio da vulnerabilidade
se tornaram prerrequisito para a promoo da reduo dos riscos e a preparao contra os
desastres. Durante a WCDR World Conference on Disaster Reduction, ocorrida em Kobe,
no Japo, em 2005, identificou-se o fato de que o desenvolvimento de indicadores para a
medida da vulnerabilidade e do risco, bem como a sua reduo, se tornaram fortes desafios
para o futuro92 (BOGARDI, 2006).
In this context the term measuring vulnerability does not solely encompass
quantitative approaches. It also seeks to discuss and develop all types of methods
able to translate the abstract concept of vulnerability into practical tools,
classifications and comparative judgments to be applied in the field. (BOGARDI,
2006, p. 05).

J de acordo com Birkmann (2007), em contraste com o relevante desenvolvimento


de mecanismos de resposta aos desastres no mbito da comunidade internacional, o
desenvolvimento de uma metodologia comum para identificar e mensurar os riscos e as
vulnerabilidades aos desastres para a definio de formas da gesto dos riscos/desastres e de
prioridades nessa gesto, ainda no foram suficientemente desenvolvidos.
Nesse sentido, para reforar o processo de mensurao dos riscos/vulnerabilidades,
preciso realar o conhecimento sobre:
- os mais vulnerveis;
- os espaos expostos a risco; e
- os fatores que influenciam e produzem vulnerabilidade/risco (BIRKMANN, 2007).
No trabalho de Birkmann (2007), o objetivo principal foi realizar uma reviso de
quatro pesquisas que tiveram entre seus objetivos a medio de riscos e vulnerabilidades,
mediante utilizao de indicadores, aplicados em diversas escalas espaciais. Dessa forma,
92

One of the most important goals of developing tools for measuring vulnerability is to help bridge the gaps
between the theoretical concepts of vulnerability and day-to-day decision making. Therefore, it is important to
view vulnerability as a process. (BIRKMANN, 2007, p. 30).

114

todas as abordagens analisadas consideraram que o risco de desastre produto de exposio


aos perigos; frequncia e magnitude do perigo; e vulnerabilidade.
Num relatrio semelhante pesquisa anterior, Birkmann e Wisner (2006)
enfatizaram que os estudos de caso analisados revelaram que a medio ou mensurao da
vulnerabilidade requer diferentes abordagens, dependendo da ameaa em questo (perigo) e
do contexto socioeconmico e cultural do espao analisado.
O trabalho de Birkmann e Wisner (2006) resultou dos debates ocorridos na WCDR,
reunio promovida pelo Expert Working Group on Measuring Vulnerability da United
Nations University (UNU-EWG), e de acordo com a sntese realizada aps a apresentao dos
diversos mtodos aplicados a estudos de caso, h grandes reas temticas emergentes ligadas
mensurao da vulnerabilidade, tais como temticas sociais, econmicas, ambientais e
institucionais.
Dentre as pesquisas analisadas, os autores destacaram o trabalho de Birkmann et al.
(2006) sobre a produo de um modelo dito de aplicao rpida e multidimensional de
anlise da vulnerabilidade do Sri Lanka ocorrncia de tsunamis no oceano ndico. A
pesquisa baseou-se no modelo conceitual BBC93 (BBC framework figura 3.5) e utilizou
quatro metodologias para identificar e medir vulnerabilidades, capacidades de resposta e
ferramentas apropriadas de interveno, quais sejam:
- anlise do ambiente construdo, atravs de sensoriamento remoto, para estimar a
vulnerabilidade em diferentes reas urbanas;
- trabalhos de campo para avaliao da exposio e da susceptibilidade dos servios
bsicos de infraestrutura e suas instalaes (escolas, hospitais etc.);
- entrevistas com usos de questionrios para estimar a vulnerabilidade dos diferentes
grupos sociais; e
- anlise da vulnerabilidade dos grupos sociais e comunidades locais com o uso de
indicadores avaliados pelos censos demogrficos (BIRKMANN e WISNER, 2006).

93

BBC significa Bogardi, Birkmann e Cardona, que so os autores/criadores do dito modelo (BIRKMANN e
WISNER, 2006).

115

Figura 3.5 Modelo conceitual de vulnerabilidade (BBC conceptual framework), de Bogardi


e Birkmann, 2004, e Cardona 1999/2001.
Fonte: extrado de Birkmann e Wisner (2006).

Outra investigao destacada pelo relatrio da WCDR foi realizada por Oliver-Smith
e Burton (2005) a respeito das consequncias do desastre causado pelo furaco Katrina e as
vulnerabilidades da cidade de Nova Orleans. A pesquisa utilizou o modelo PAR94, de Blaikie
et al. (1994), no qual o desastre entendido como o produto da vulnerabilidade (cf. figura
3.6).
Os autores enfatizaram a forte correlao espacial entre as reas fortemente expostas
ao risco de inundao pelo aumento do nvel do oceano e os espaos da cidade onde se
concentram os bairros de populao considerada em estado de pobreza (figura 3.7). Uma
importante constatao da investigao foi a incapacidade do Poder Pblico e das
organizaes sociais ao lidar com as demandas de proteo social, e o notvel contingente
populacional sem acesso a transporte e impossibilitado de evacuar as reas expostas (cerca de
120.000 pessoas; OLIVER-SMITH e BURTON, 2005).

94

Modelo PAR (Pressure and Release Model), de Blaikie et al. (1994).

116

Figura 3.6 Modelo PAR (Pressure and Release Model) de Blaikie et al. (1994).
Fonte: extrado de Birkmann e Wisner (2006).

(a)
(b)
Figura 3.7 (a) Mapa hipsomtrico de Nova Orleans. (b) Mapa de pobreza de Nova Orleans.
Fonte: extrado de Birkmann e Wisner (2006).

117

4 PERIGOS AMBIENTAIS
4.1 Introduo Urbanizao e metropolizao de Fortaleza
O crescimento do espao urbano de Fortaleza, fruto de sua centralidade
econmica, justificado, de maneira geral, pelas condies regionais da estrutura fundiria no
serto cearense, pelas condies geoambientais do semirido nordestino (notadamente
aspectos climticos), pelas mudanas econmicas (gado-algodo), pela evoluo da infraestrutura de transportes (ferrovias e rodovias), bem como pelas influncias econmicas e
geopolticas externas em meados do sculo XIX e inicio do sculo XX.
At o fim do sculo XVIII, a cidade de Fortaleza (vila fundada em 1726 e cidade
em 1826) no apresentava relevncia econmica na rede urbana cearense, possuindo funo
exclusivamente administrativa e defensiva da recm-criada Capitania do Cear (1799), que,
at ento, tinha como principal atividade econmica a pecuria extensiva.
Fortaleza apresentava condies fsico-naturais precarssimas no que diz respeito
ao suporte ocupao e ao aproveitamento econmico do seu entorno. Primeiro, no possua
uma baa profunda, como a de Salvador, nem uma foz de um grande rio, como no Recife, por
onde as embarcaes de pequeno e mdio portes pudessem se abrigar com o mnimo de
segurana.
Segundo, seu porto deveria ser construdo em mar aberto e numa rea da costa
frequentemente atingida pela Corrente das Guianas e onde os ventos constantes da direo
nordeste promovem o assoreamento das embocaduras dos rios e a movimentao ininterrupta
das dunas dificulta ainda mais aquele intento (SILVA, 2004).
Alm das condies adversas do litoral, Fortaleza se localizava numa regio de
clima semirido, onde as condies ambientais no favoreciam a produo de produtos de

118

exportao, caso do acar de cana, o que a forou a se dedicar pecuria e ao fornecimento


de carne e animais de trabalho regio aucareira de Pernambuco.
As primeiras tentativas de colonizao foram frustradas. Pero Coelho de Souza
(1603), com a fundao do Fortim de So Tiago, no logrou xito por conta das condies
climticas adversas. Em 1612, Martim Soares Moreno fundou o Forte de So Sebastio
(figura 4.1) e permaneceu at a invaso holandesa em 1631.

Figura 4.1 - Forte de So Sebastio, na Barra do rio Cear. ARX IN SIARA. Do livro de
Barlaeus (1647). Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro. ca. 1640.
Fonte: retirado de Imagens de vilas e cidades do Brasil colonial. Nestor Goulart Reis. So
Paulo: Edusp, Imprensa Oficial, Fapesp, 2000.
Figura 4.2 - Planta do forte Schoonenborch. Fonte: retirado de FORTALEZA (1981).
Em 1649, o holands Matias Beck construiu, na foz do riacho Paje, o Forte
Schoonenborch. Historiadores justificam a escolha de Matias Beck por esse local em virtude
da proximidade do Monte de Itarema (na serra de Maranguape), local onde os holandeses
esperavam encontrar prata (SOUSA, 1978). Nesse momento, Matias Beck produziu uma
planta que objetivava a explorao do monte de Itarema e registrou todo o trajeto, incluindo
acidentes geogrficos encontrados (figura 4.2).
O historiador Raimundo Giro explica a correlao entre a construo do forte
Schoonenborch e a fundao de Fortaleza:
(...) concentrao demogrfica oriunda do arraial que aos poucos se justaps ao
Forte de Schoonenborch, Fortaleza bem o tipo de uma Cidade expontnea, de
desenvolvimento ligado muito mais aos fatores mesolgicos do que humanos,
crescendo ao tirante dos mais acentuados daqueles fatores o ribeiro Paje com sua
gua doce, o seu pequeno vale fresco, as suas barrancas e as suas sinuosidades 95.

95

Geografia Esttica de Fortaleza, Fortaleza, Imprensa Universitria do Cear, 1959, p. 106.

119

Assim, o riacho Paje foi um dos fatores determinantes da localizao e da


expanso da cidade, por motivos semelhantes s das mais diversas cidades que se localizam
ao longo de um curso dgua: fonte de gua; e, no caso especfico do Paje, suas guas
tambm foram usadas para abastecer as embarcaes que aportavam Fortaleza.
Ainda sem relevncia econmica e mantendo suas funes administrativas,
Fortaleza elevada categoria de vila somente em 1726 sob a denominao de Vila de Nossa
Senhora da Assuno. O capito-mor Manuel Francs foi encarregado da elaborao de uma
carta da vila recm-criada (figura 4.3), onde esto representados os incipientes prdios e o
riacho Paje. Pode-se depreender na referida carta, que se encontra no Arquivo Histrico
Ultramarino de Lisboa, a simplicidade e o parco desenvolvimento de Fortaleza at ento.

Figura 4.3 A Primeira Planta de Fortaleza. Villa nova da Fortaleza de Nossa Senhora da
Assumpsso da Capitania do Ciar Grande que S. Magde. que Deos guarde foy cervido
mandar criar em 1726. Note-se a Casa dos Padres, a fortaleza, e o riacho Paje. Fonte:
retirado de Reis, 2000.
Em 1799, desmembrada de Pernambuco a Capitania do Cear. Nesse momento,
alguns visitantes constatam a pobreza da Capital cearense. No mesmo ano, ao chegar a
Fortaleza, o primeiro governador da provncia, Bernardo Manuel Vasconcelos, assim a
descreve: um monto de areia profundo apresentando do lado pequenas casas trreas,
entrando nesta classe a muito velha e arruinada casa dos governadores. (COSTA, 2005, p.
54).
O papel menos relevante de Fortaleza no sculo XVIII, bem como as principais
cidades da rede urbana cearense poca e suas funes, podem ser visualizados no quadro 1.
Com fortes carncias de infraestrutura (poucos prdios, poucos arruamentos, porto
ruim e exposto, entre outros), uma vila que cresce lentamente margem esquerda do Paje e
acompanhando seus meandros e o utilizando como principal fonte de gua.

120
neste cenrio que se inicia a preocupao do poder pblico em organizar e
direcionar o crescimento de Fortaleza. Urgia construir edificaes pblicas e
elaborar normas para a expanso da vila. Com esse objetivo, o governador da
provncia do Cear, de 1812 a 1820, coronel Manuel Incio de Sampaio, convidou
para seu ajudante-de-ordem o portugus tenente-coronel engenheiro Antnio Jos da
Silva Paulet. (COSTA, 2005, p. 54-55).

Silva Paulet, entre vrias construes e melhoramentos efetuados em Fortaleza


(mercado, reconstruo do forte, entre outras), elaborou a planta da vila em 1818 (figura 4.4),
que serviu de base para as modificaes empreendidas ao traado das ruas principais de
Fortaleza, de uma orientao que acompanhava as sinuosidades do riacho Paje, para um
traado geomtrico, retangular ou traado em xadrez, que desprezou o sentido natural do
crescimento da vila e as caractersticas geoambientais de seu stio urbano.
Quadro 4.1: Tentativa de identificao da rede urbana cearense no final do sculo XVIII.
Vila ou povoado

Nvel

Funo bsica

Aracati

Comercial/Administrativa/Servios

Ic

Comercial/Administrativa/Servios

Sobral

Comercial/Administrativa/Servios

Crato

Agrcola/Administrativa/Industrial

Camocim

Comercial/Industrial

Acara

Comercial/Industrial

Quixeramobim

Comercial/Servios Bsicos

Fortaleza

Administrativa

Aquiraz

Administrativa

Granja

Industrial

Fonte: Sudene/Sudec Estruturao do Espao Urbano e Regional do Cear uma


Abordagem Histrica 1974 (mimeo).

Figura 4.4 Planta da vila de Fortaleza, elaborada por Silva Paulet, em 1818.
Fonte: retirado de FORTALEZA (1981).

121

Data desta poca (primeira metade do sculo XIX) o incio do processo de


hegemonia urbana e econmica de Fortaleza (quadro 4.1) em relao s demais cidades
cearenses. Isto decorre, de incio, das polticas de centralizao do poder poltico e econmico
(principalmente comrcio externo) nas capitais das provncias, promovido ento durante o
primeiro Reinado (COSTA, 2005).
Nesse momento histrico, Fortaleza passou por diversas intervenes urbansticas
para o disciplinamento de seu crescimento. O traado em xadrez de Paulet foi ampliado,
demoliram-se casebres, vielas, cortios e becos. As praas foram aformoseadas e as ruas
principais transformadas em bulevares.
Os resultados dessa reformulao podem ser notados na planta elaborada pelo
padre Manuel do Rgo Medeiros, de 1856, onde possvel notar a orientao cartesiana do
arruamento da cidade (figura 4.5).
Tambm dessa poca a contratao do engenheiro pernambucano Adolfo
Herbster, que elaborou trs plantas de Fortaleza, para o planejamento de seu crescimento,
dentre as quais se destacam as de 1859 (Planta Exacta da Capital de Fortaleza) e a de 1875
(Planta Topogrfica da Cidade de Fortaleza e Subrbios) sob influncia do urbanismo do
Baro Haussmann, reformador da cidade de Paris figuras 4.6 e 4.7 (SOUSA, 1978; COSTA,
2005).

Figura 4.5 - Planta da Cidade de Fortaleza, elaborada por Manoel do Rgo Medeiros, 1856.
Fonte: retirado de Castro (2005).

122

Figura 4.6 Planta Exacta da Capital de Fortaleza, de 1859.


Fonte: retirado de FORTALEZA (1981).
Figura 4.7 Planta Topogrfica da Cidade de Fortaleza e Subrbios, de 1875.
Fonte: retirado de FORTALEZA (1981).
O desenvolvimento da cultura do algodo e, por consequncia, a implantao do
sistema ferrovirio, tambm foram importantes fatores que marcaram a evoluo urbana de
Fortaleza a partir do sculo XIX. Com os conflitos internos nos Estados Unidos (Guerra de
Secesso), a Provncia do Cear se beneficiou economicamente com a valorizao do algodo
no mercado internacional, o que se refletiu, em meados do sculo XIX, no crescimento da
importncia econmica e estratgica de Fortaleza como ponto de escoamento da produo do
algodo, substituindo, assim, a cidade de Aracati no comando das relaes comerciais entre o
Baixo Jaguaribe e o Serto Central, e o mercado externo. A implantao de estradas de ferro,
ligando cidades como Sobral, Quixad, Crates, Iguatu e Crato, a Fortaleza, tornou-se o fator
de integrao da maior parte do serto cearense influncia da Capital.
Alm de facilitar o escoamento da produo algodoeira e a integrao regional, a
evoluo do sistema de transportes incrementou o fluxo migratrio para Fortaleza. As
ferrovias construdas ao longo do sculo XIX e as rodovias, sobretudo a partir de 1950,
facilitaram o contato entre as regies, favorecendo o escoamento da produo agrcola e
intensificando as migraes rurais-urbanas (SOUSA, 1978, 1995).
Alm desses fatores, o crescimento urbano e demogrfico de Fortaleza est
intimamente vinculado s secas peridicas ocorridas no interior do Estado durante o sculo
XX (1932, 1952, 1958 e 1970) e estrutura fundiria baseada na grande propriedade ligada
pecuria extensiva, atividade que dispensa modeobra utilizada, e as duas conjuntamente
dificultam a fixao da populao no serto (SILVA, 1982).
Foi a partir da dcada de 1960, no entanto, que o processo de urbanizao de
Fortaleza, e dos municpios prximos, se deu mais intensamente. A concentrao dos

123

investimentos na industrializao do Estado quase exclusivamente na Regio Metropolitana


de Fortaleza - RMF foi um dos fatores que, possivelmente, influenciou o processo migratrio
campo-cidade, em razo das disparidades socioeconmicas entre o serto desprovido de
infraestrutura e a Capital, vista como soluo para os problemas de alimentao, trabalho e
moradia dos habitantes do interior e litoral do Cear (tabelas 4.1 e 4.2)96.
O processo de metropolizao das grandes capitais brasileiras foi uma das
consequncias

da

urbanizao.

Em

1973,

foram

institucionalizadas

as

regies

97

metropolitanas , com o intuito de prever problemas de interesse comum entre os municpios


ligados s metrpoles, principalmente os de infra-estrutura econmica e social que
dificultavam o desenvolvimento urbano. (MENEZES, 1996).
A industrializao polarizada nas principais capitais do Nordeste98 Recife,
Salvador e Fortaleza99 e as mudanas na estrutura produtiva e no padro fundirio no
campo, promoveram o aumento das disparidades intrarregionais e entre cidade-campo. Esse
processo corroborou para o inchao das metrpoles regionais em virtude da intensificao das
correntes migratrias. Tal fenmeno pode ser parcialmente notado quando se analisa a
concentrao da populao nas trs principais metrpoles da Regio Nordeste (tabela 4.3).
Assim, a RMF foi escolhida para sediar a base industrial do Estado,
transformando-se em grande polo atrativo s migraes advindas do restante do Estado,
contribuindo para a expanso urbana desordenada e para a proliferao de problemas
ambientais, ligados ao forte deficit habitacional e ocupao de reas susceptveis a perigos
ambientais, falta de saneamento e crescente demanda de recursos naturais.

96

De acordo com Silva (1992, p. 31,) no perodo de 1940/1980, o saldo migratrio para Fortaleza foi sempre
superior a 60%, e que a escolha da cidade pelo migrante est vinculada proximidade de Fortaleza, mas
tambm ausncia de garantia de emprego no Centro-Sul, principal foco de migrao das ltimas dcadas.
97
As regies metropolitanas foram criadas de forma compulsria (Lei Federal Complementar n 14/73), num
momento de forte represso poltica (ditadura militar). Foram criados as regies de So Paulo, Porto Alegre,
Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belm, sendo que a RM do Rio s foi criada aps a fuso
dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro em 1975 (SILVA, 2005).
98

Na Regio Nordeste, a criao da Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste SUDENE (1959),


apoiada pelo Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste GTDN, a criao do Banco do Nordeste
Brasileiro BNB (1952), os incentivos fiscais 34/18 e a criao do Fundo de Investimentos do Nordeste
FINOR, foram os principais mecanismos de polticas desenvolvimentistas, concentrando-se de forma marcante
na industrializao (COELHO, 1992).
99

Na Regio Metropolitana de Fortaleza RMF, esse processo intensificou-se baseado em grandes


investimentos de recursos pblicos, notadamente com apoio das polticas de incentivos fiscais e financeiros da
SUDENE e do BNB (caso do Programa III Plo Industrial do Nordeste), favorecendo a instalao de novos
empreendimentos industriais, e dotando a regio de uma infraestrutura econmica baseada na industrializao
(AMORA, 1999; ALMEIDA e ROSEN, 1993).

124

Alm disso, causou um forte desequilbrio regional quanto distribuio da


populao e da riqueza no Estado do Cear. Tal fato pode ser notado quando se compara a
populao das cidades mais populosas do Estado (tabela 4.4).
Tabela 4.1 - Populao do Estado do Cear e do Municpio de Fortaleza e crescimento
intercensitrio (1890 2000).

Ano

1890
1900
1920
1940
1950
1960
1970
1980
1991
2000

Estado do Cear
Crescimento
Populao
entre os
recenseamentos
(%)
805.687
849.127
5,4
1.319.228
55,3
2.091.032
58,5
2.695.450
28,9
3.337.856
23,8
4.491.590
34,5
5.380.432
19,7
6.366.647
18,3
7.417.402
16,5

Municpio de Fortaleza
Crescimento
Populao
entre os
recenseamentos
(%)
40.902
48.369
18,2
78.536
62,3
180.185
129,4
270.169
49,9
514.813
90,5
857.980
66,6
1.308.919
52,5
1.768.637
35,2
2.141.402
21,0

Fonte: FIBGE.
Tabela 4.2 - Crescimento demogrfico de Fortaleza incremento total
Perodo
1940 1950
1950 1960
1960 1970
1970 1980
1980 1991
1991 2000

Incremento Total
89.984
244.649
355.915
450.939
459.718
377.765

Fonte: PLANDIRF 1972, IBGE Censos Demogrficos 1980, 1991 e 2000.


Tabela 4.3 - NORDESTE: Maiores regies metropolitanas segundo
a populao residente 2000.
REGIES METROPOLITANAS
Recife
Salvador
Fortaleza

POPULAO RESIDENTE
3.337.565
3.021.572
2.984.689

Fonte: SIDRA IBGE 2000


Depreende-se, da tabela 4.4, o processo de macrocefalia urbana (centralizao
urbana), distribuda numa cabea bem desenvolvida representada por Fortaleza (alm dos

125

Municpios de Caucaia, Maracana, Maranguape e Pacajus, que fazem parte da RMF), e um


corpo raqutico representado pelas demais cidades da rede urbana cearense.
Em pouco mais de 40 anos (1960 - 2000), a populao de Fortaleza quadruplicou
(tabelas 4.1 e 4.2): de 514.813 habitantes para 2.138.234 habitantes, o que corresponde a
28,8% da populao de todo o Estado. Quanto RMF, em 2000 sua populao atingiu a
marca de 2.984.689 habitantes, o que equivale a 40,2% do total populacional do Cear.
Com isso, tanto Fortaleza quanto os principais municpios da RMF, ganharam um
incremento populacional, cujas infraestruturas no estavam preparadas para suportar. Com a
tendncia a estabilizao do crescimento populacional de Fortaleza entre as dcadas de 1980 e
1990, houve uma transferncia do crescimento populacional para outros municpios da regio.
o caso dos Municpios de Caucaia e Maracana, esta, importante cidade da RMF que detm
o maior distrito industrial do Estado e, por isso, em 20 anos, passou por intensa expanso
urbana e por diversificados tipos de problemas ambientais urbanos, analisados por Almeida
(2005).
Com o crescimento urbano e o aumento considervel da populao, a malha
urbana de Fortaleza se expandiu transpondo seus limites, transferindo para outros
municpios100 da RMF a proliferao de favelas, conjuntos habitacionais, loteamentos
clandestinos e espaos de risco, constituindo-se em marcas de territrios segregados em
expanso, transformando reas rurais em espaos suburbanizados (SILVA, 2005).
As primeiras favelas de Fortaleza surgiram na dcada de 1930 e se concentravam
principalmente no centro da cidade. A populao desses assentamentos era formada por
migrantes do restante do Estado que fugiam das condies aviltantes do serto e buscavam na
capital melhores condies de trabalho e moradia.
Em 1950, eram 11 favelas em Fortaleza, produto da expanso urbana inicial da
cidade. J em 1970, de acordo com a SUDEC (Superintendncia de Desenvolvimento do
Estado do Cear), havia 73 favelas, totalizando 37.078 domiclios e populao estimada em
223.000 pessoas. 30 anos depois (em 1991), a populao favelada de Fortaleza, de acordo
com o Programa de Assistncia s Favelas (PROAFA), era de 544.730 pessoas, representando
313 favelas e 31% da populao total da cidade (SOUSA, 2006). Em 2007, de acordo com a
Federao de Bairros e Favelas de Fortaleza (FBFF), o nmero de favelas na cidade era de
622, totalizando em torno de 800.000 pessoas (cerca de um tero da populao da cidade).

100

A R. M. de Fortaleza composta de 13 municpios: Aquiraz, Caucaia, Chorozinho, Eusbio, Guaiba,


Horizonte, Itaitinga, Maracana, Maranguape, Pacajus, Pacatuba, S. Gonalo do Amarante e Fortaleza.

126

Com efeito, a populao migrante que se dirige RMF caracteriza-se pela baixa
qualificao profissional e pela dificuldade em se adaptar vida urbana, alm de marcar uma
conjuntura de desemprego e de formas precrias de ocupao do espao, abrigando enormes
grupos vulnerveis aos problemas sociais e ambientais.
Vislumbra-se, ento, o deficit habitacional101 como um dos principais problemas
da RMF. Assim, a presso exercida pela procura de moradia no mbito do espao urbano tem
consequncias dramticas em Fortaleza, bem como em parte dos municpios da Regio
Metropolitana, notadamente Caucaia, Maracana e Maranguape. De acordo com Brasil
(2008), havia na R.M. de Fortaleza 724.024 pessoas vivendo em assentamentos precrios em
2000, correspondendo a aproximadamente 26% da populao da regio (tabela 4.5).
A densidade demogrfica e a distribuio de assentamentos precrios da RMF
podem ser vislumbradas nas figuras 4.8 a 4.12.

Tabela 4.4 - Cidades mais populosas do Cear - 2000


CIDADES

1. Fortaleza
2. Caucaia
3. Juazeiro do Norte
4. Maracana
5. Sobral
6. Crato
7. Itapipoca
8. Maranguape
9. Iguatu
10. Crates
11. Quixad
12. Canind
13. Tiangu
14. Camocim
15. Pacajus

POPULAO
TOTAL DO
MUNICPIO
2.141.402
250.479
212.133
179.732
155.276
104.646
94.369
88.135
85.615
70.898
69.654
69.601
58.069
55.448
44.070

POPULAO
URBANA
2.141.402
108.217
201.010
144.497
119.433
77.414
41.389
43.840
55.960
40.740
40.775
36.839
34.474
39.556
32.905

Fonte: IBGE. Censo Demogrfico, 2000.

101

Na Regio Metropolitana de Fortaleza RMF, o deficit habitacional de 163.933 unidades, ou seja, 22,7%
do total de domiclios. Por outro lado, o nmero de domiclios vagos na RMF aproxima-se de 98.089 imveis,
representado 59,8% do dficit habitacional da regio (FUNDAO JOO PINHEIRO, 2002, p. 13).

127

Tabela 4.5 - Estimativa de domiclios em assentamentos precrios em reas urbanas.* RM de


Fortaleza, 2000

RM de
Fortaleza

Nome do
municpio

Estimativa de
Domiclios em
Assentamentos
Precrios

To tal de
Domiclios em
todos os Tipos
de Setores

% de
Domiclios em
Assentamentos
Precrios

Aquiraz
Caucaia
Chorozinho
Eusbio
Fortaleza
Guaiba
Horizonte
Itaitinga
Maracana
Maranguape
Pacajus
Pacatuba
Total da RMF

1.274
11.197
177
192
143.905
722
0
1.575
3.958
5.195
436
1.131
169.762

12.979
53.771
2.352
7.258
526.057
3.530
6.767
6.130
42.149
14.987
8.204
10.998
695.182

9,82
20,82
7,53
2,65
27,36
20,45
0,00
25,69
9,39
34,66
5,31
10,28
24,42

Fonte: Elaborao CEM/Cebrap com base no Censo Demogrfico IBGE (2000).


* Inclui setores em rea rural de extenso urbana.

Figura 4.8 - Localizao geogrfica da Regio Metropolitana de Fortaleza, Cear.


Fonte: Elaborao Lutiane Almeida, baseado em IBGE (2000).

128

Figura 4.9 - Distribuio espacial dos setores censitrios urbanos e rurais da R.M. de Fortaleza
Fonte: Elaborao Lutiane Almeida, baseado em CEM/Cebrap e Censo Demogrfico IBGE (2000).

Figura 4.10 - Densidade demogrfica dos setores censitrios de Fortaleza e municpios contguos.
Fonte: Elaborao Lutiane Almeida, baseado em CEM/Cebrap e Censo Demogrfico IBGE (2000).

129

Figura 4.11 - Distribuio espacial dos setores censitrios


segundo tipo de assentamento. RM de Fortaleza
Fonte: Elaborao Lutiane Almeida, baseado em CEM/Cebrap e Censo Demogrfico IBGE (2000).

Figura 4.12 - Distribuio espacial dos setores censitrios


segundo tipo de assentamento. Municpio de Fortaleza
Fonte: Elaborao Lutiane Almeida, baseado em CEM/Cebrap e Censo Demogrfico IBGE (2000).
No obstante a construo de enormes conjuntos habitacionais ao longo dos anos
1970 e 1980, primordialmente na poro oeste de Fortaleza e nos Municpios de Caucaia e
Maracana (o que j contribuiu para incrementar o crescimento populacional na regio),
parcela significativa da populao migrante no foi incorporada ao sistema formal de
habitao criado pelo Banco Nacional de Habitao BNH, impulsionando a proliferao de

130

loteamentos clandestinos (autoconstruo), ocupando terras inadequadas expanso urbana,


alm de manifestarem precrias condies de infraestrutura.
s classes sociais mais empobrecidas e incapazes da aquisio de uma parcela da
cidade formal sobram os vazios urbanos, normalmente reas de risco102 e de forte
vulnerabilidade ambiental (margens de rios e lagoas, dunas, morros), justamente as reas mais
susceptveis aos perigos ambientais enchentes, desabamentos, poluio. A isso se somam as
delicadas circunstncias sociais (desemprego/subemprego, alimentao) e de infraestrutura
(abastecimento dgua, tratamento de esgoto, coleta de lixo), e das dificuldades de acesso aos
servios urbanos bsicos.
Por conta desses fenmenos, Fortaleza tornou-se uma das metrpoles de grandes
contrastes socioambientais do Brasil. Apesar de uma grande dinmica econmica, possui os
maiores ndices de excluso social dentre todas as grandes capitais brasileiras. Segundo o
Censo 2000 do IBGE, 31% da populao de Fortaleza moravam em favelas, e pelo menos
192,8 mil residncias (36,6% do total) no apresentavam esgotamento sanitrio, de acordo
com o Instituto de Pesquisa e Estratgia Econmica do Cear (IPECE), tambm em 2000.
Mesmo tendo uma renda mdia por habitante de R$ 4,16 mil ao ano, em Fortaleza, 58% das
famlias vivem de menos de dois salrios mnimos, de acordo com o IPECE (FIRMO, 2004).
Fortaleza dividida em duas cidades bem distintas do ponto de vista do acesso
infraestrutura e da renda per capita. Existe uma cidade na zona leste que se caracteriza
como um verdadeiro osis de desenvolvimento, onde o poder aquisitivo das pessoas permite
adquirir moradias de alto valor, em uma rea da cidade com uma completa infraestrutura e
acesso a todos os tipos de servios e equipamentos urbanos.
Do lado oposto da cidade, a zona oeste, onde se localiza a bacia hidrogrfica do
rio Maranguapinho, ocorre uma ocupao urbana com predominncia de assentamentos
informais, com infraestrutura precria e da deficiente acessibilidade a servios e
equipamentos urbanos (transporte, servios de sade, educao, segurana, lazer). Alm
disso, parcela significativa dos habitantes da zona oeste de Fortaleza no tem acesso a
moradias dignas, o que os fora a ocupar as chamadas reas de risco.
A configurao urbana da RMF um reflexo de polticas de ordenamento
territorial baseado no sistema virio de estrutura radial concntrica, onde se concentram as
diversas atividades urbanas da regio comrcio, servios, indstria, habitaes.
102

Em apenas cinco anos, de 1999 a 2004, o nmero de famlias em reas de risco em Fortaleza aumentou de
4.500 a 17.000, somando cerca de 69.000 pessoas. A maioria das reas de risco em Fortaleza (os nmeros variam
entre 92 e 112 reas de risco) se encontra nas margens dos rios e lagoas, cujas populaes se confrontam com
frequentes enchentes, alm de graves problemas sociais (HOERNING, 2005).

131

Consequentemente, o processo de ocupao se realizou de forma inadequada e no levando


em conta os espaos ambientalmente sensveis, caso das reas sob influncia dos corpos
hdricos rios e lagoas.
A forte densidade populacional na poro oeste de Fortaleza, exibindo graves
contrastes em relao aos indicadores socioeconmicos e de infraestrutura, comparando-se
com a poro leste da cidade, expe o rio Maranguapinho aos piores ndices de qualidade
ambiental e o mais afetado pelo processo de ocupao desordenado, dentre as bacias
hidrogrficas que compem a RMF (FORTALEZA, 2003).
A expanso urbana desordenada no mbito da bacia do rio Maranguapinho, com a
proliferao de habitaes informais (favelas, ocupaes e loteamentos clandestinos),
contribui para exacerbar umas das principais e mais graves vulnerabilidades ambientais da
regio: as inundaes. A remoo da cobertura vegetal ribeirinha, o assoreamento, os
depsitos de resduos slidos, as lavras clandestinas de areia, a poluio industrial e a
canalizao direta de esgotos so fatores que ampliam o nmero de reas de risco,
principalmente nos Municpios de Maracana, Caucaia e Fortaleza.103
4.2 Perigos ambientais nas cidades inundaes urbanas

As mudanas ambientais ocorrentes no mbito das cidades, resultado da interao


de atividades humanas e dinmica natural, constantemente produzem o avultamento da
ocorrncia de desastres naturais e/ou tecnolgicos, que, por sua vez, contribuem no aumento
das consequncias sejam humanas ou materiais.
O princpio da incerteza algo inerente cidade (CHALINE e DUBOISMAURY, 1994). Para esses autores, a cidade redescobre, aps um perodo de intensa e
despreocupada urbanizao, a recorrncia desse princpio engendrado pela multiplicidade de
pequenos acidentes do cotidiano urbano, mas cujos efeitos so, na sua maioria, absorvidos
pelos organismos reguladores, institucionais ou informais. Por outro lado, a incerteza tambm
engendrada por grandes desastres, de ocorrncia excepcional, mas produtores de
desorganizaes perptuas e de consequncias mais ou menos irreversveis.
As cidades, e em particular as grandes aglomeraes, aparecem dessa forma como
espaos de risco por excelncia, onde as diversas ameaas so potencialmente produtoras de
danos e prejuzos considerveis, principalmente aquelas de origem natural.
103

Ao longo dos municpios drenados pelo rio Maranguapinho, principalmente Maracana, Caucaia e Fortaleza,
ocorrem aproximadamente 38 reas de risco de inundao, conforme Fortaleza (2003) e Almeida (2005).

132

Por outro lado, sabe-se que a Natureza possui mecanismos de funcionamento


interdependentes frequentemente modificados pelo homem (principalmente na cidade). A esse
respeito, inclui-se na gide do funcionamento da paisagem a dinmica da bacia hidrogrfica e,
de modo especfico, a dinmica fluvial.
A bacia hidrogrfica unidade espacial estudada pela Geografia (principalmente
pela Geografia Fsica) desde meados da dcada de 1960, por constituir-se como clula bsica
para os estudos ambientais e anlises integradas e sistmicas.
no espao da bacia hidrogrfica que se torna possvel o entendimento mais
amplo da inter-relao e da dinmica dos componentes ambientais relevo, solo, clima,
vegetao, recursos hdricos. Tambm o territrio privilegiado para a compreenso dos
conflitos produzidos pela estruturao do territrio engendrada pelo homem e as consequentes
mudanas ambientais.
Com efeito, os rios (bem como sua dinmica, processos e formas resultantes)
constituem o reflexo ou a resultante desses processos.
Dentre os fenmenos ditos naturais ocorrentes no espao da bacia hidrogrfica e
de estreita relao com a dinmica fluvial, as inundaes so consideradas as maiores
causadoras de desastres, com as maiores consequncias e grandes parcelas de vtimas e
prejuzos, principalmente em extenses territoriais densamente povoadas.
Nos espaos urbanizados, as inundaes esto entre as ameaas naturais que mais
causam danos humanos e materiais. Os problemas causados pelas inundaes esto
fortemente correlacionados a uma histrica posio de arrogncia por parte da sociedade
quanto dinmica natural da bacia hidrogrfica, mas tambm de inocncia ou de
inadvertncia no que concerne ocupao das margens dos rios por populaes
marginalizadas (marginais, tanto do ponto de vista da localizao da moradia, quanto do
ponto de vista socioeconmico) da sociedade urbano-industrial.
Constantemente, o homem ensaia adaptar as condies naturais do stio urbano
aos interesses de uso e ocupao do solo urbano, regido principalmente pelo imediatismo e
pela ganncia. A especulao imobiliria, os diferentes preos da terra urbana e as
desigualdades sociais, instituem espaos fortemente segregados, onde quem no tem poder
econmico adquire os espaos mais susceptveis a fenmenos naturais, como as inundaes.
Modernamente, as preocupaes com os desastres causados por inundaes na
Geografia so reportados aos trabalhos de G. F. White, com a sua natural hazard research
school, mencionado no captulo anterior. Sobre o autor, Reghezza (2006) enfatiza a filiao
acadmica de White, estreitamente ligada aos estudos de planejamento de plancies

133

inundveis com base em demandas oficiais, mas que o ajudaram na definio de seus
pressupostos de pesquisa.
G. F. White est en effet considr aujourdhui comme le fondateur de lcole de
gographie de Chicago qui a pris comme objet les risques naturels, do son nom de
natural hazard research school. La carrire universitaire de G. F. White dbute
dans les annes 1930 lUniversit de Chicago sous la houlette de H. H. Barrows
dont il reprend les analyses et les concepts. Son implication au service de
ladministration Roosevelt dans les grands programmes fdraux damnagement
des plaines inondables dbouche en 1942 sur une thse. Cette exprience lui donne
non seulement un thme de recherche, mais elle lui permet aussi de se confronter
la pratique des ingnieurs et au paradigme techniciste. (REGHEZZA, 2006, p. 56).

Na Frana, outro pas de intensa influncia na Geografia brasileira e, sobretudo


nos estudos de perigos naturais, os problemas ligados s inundaes recebem a ateno
importante, tanto por parte do Poder Pblico quanto da academia. Quanto a esta ltima, os
estudos sobre grandes inundaes nos rios franceses tm como evento de referncia, no que
diz respeito gesto de risco de inundao, a grande cheia do rio Sena em 1910 (figuras 4.13
e 4.14). Tal evento, considerado como inundao centenal (perodo de retorno de 100 anos)
comprometeu a cidade de Paris, causou inmeros prejuzos, e transformou as ruas da cidade
em canais venezianos (AMBROISE-RENDU, 1997).

Figura 4.13 Gndolas na Paris inundada em 1910. Fonte: retirado de Ambroise-Rendu


(1997). Figura 4.14 Detalhe da marcao do nvel dgua na inundao de 1910 (28 de
janeiro de 1910) prximo ao Museu dOrsay em Paris. Fonte: foto do autor, dezembro, 2008.
A esse respeito, destaca-se a tese de doutoramento de Magali Reghezza (2006),
que tratou da vulnerabilidade da Metrpole parisiense ao risco de inundao de perodo de
retorno de 100 anos, como a de 1910, da criao de cenrios catastrficos examinados com
arrimo nos diversos agentes sociais envolvidos (Poder Pblico, populao etc.), da anlise do
potencial de dano e da capacidade da sociedade em lidar com o referido fenmeno, bem como

134

das dificuldades da gesto de risco no mbito metropolitano. Alm disso, a pesquisa procurou
ressaltar a dimenso espacial da vulnerabilidade e os conceitos de espao geogrfico e de
territrio como chaves para a compreenso do risco104.
O conhecimento das causas de certos fenmenos que podem se transformar em
desastres se tornou um dos mais importantes campos do conhecimento geogrfico. Entender
quais os mecanismos de desencadeamento, funcionamento, frequncia e magnitude de um
fenmeno, tal como uma inundao, de fundamental importncia para o direcionamento de
medidas de reduo de desastres.
Os desastres naturais, entretanto, no podem ser analisados apenas com suporte
desta perspectiva, pois isso restringiria o conhecimento ao natural ou tecnolgico, quando na
verdade o conceito de desastre em si uma categoria social (HERZER e VIRGILIO, 1996).
Nesta perspectiva, interessante questionar as variveis sociais que incidem e se conjugam
com as variveis naturais para a ocorrncia de um desastre.
Para Herzer e Virgilio (1996),
Los desastres, en tanto procesos sociales, ponen de manifiesto la relacin extrema
entre fenmenos fsicos y la estructura y organizacin de la sociedad, de tal manera
que se constituyen en procesos y momentos fatdicos que superan la capacidad
material de la poblacin para absorber, amortiguar o evitar los efectos negativos del
acontecimiento fsico. () Es decir, no existen conceptos absolutos que describan
una realidad fsica y que sean independientes de la accin del hombre. Todos los
desastres son resultado de acciones humanas, de procesos sociales, polticos,
histricos, territorialmente acotados y conformados. Un desastre se refiere a
algn resultado de acciones humanas; no se trata de un acontecimiento fsico sino de
un proceso social, econmico y poltico desencadenado por un fenmeno natural.
Llamarlo "natural" es inapropiado, porque presupone que puede existir con
prescindencia de la sociedad y de las acciones y decisiones de los hombres.
(HERZER e VIRGILIO, 1996, p. 68. Grifos acrescentados).

Nesse contexto, uma inundao105 um fenmeno natural, normal, habitual e


espervel, j que faz parte do comportamento hidrometeorolgico de uma regio, que se
transforma em desastre quando promove consequncias polticas, sociais e econmicas que
supem uma regresso e um atraso no j baixo nvel de crescimento econmico que
apresentam os pases em desenvolvimento, incluso o Brasil e demais pases da Amrica
Latina (HERZER e VIRGILIO, 1996).
preciso se fazer a distino entre os conceitos de cheia ou enchente e de
inundao. A enchente o fenmeno que ocorre quando h aumento do nvel de gua de um
104

Destaca-se tambm a tese de Stphanie Beucher, um estudo comparativo sobre o risco de inundao e
dinmicas territoriais de espaos de renovao urbana, entre a regio de montante do rio Sena, em Paris, e o leste
de Londres (BEUCHER, 2008).
105
Em Lemartinel (2000), a palavra inundao empregada no sentido utilizado por Voltaire, como o
indicativo do Dilvio bblico.

135

rio em razo de fortes precipitaes peridicas, mas sem transbordamento de seu leito menor
ou leito de cheia. J a inundao se d quando h o transbordamento dgua para alm do leito
de cheia e h a ocupao do leito maior ou plancie fluvial (cf. figuras 4.15 e 4.16).
Assim, uma plancie inundvel o resultado da interao histrica entre os
componentes ambientais e a produo social da cidade, e na qual uma inundao pe mostra
as dificuldades que existem para o seu funcionamento, ensejando um conjunto extra de
investimentos para que se retorne normalidade.

Figura 4.15 Tipos de leitos fluviais. Fonte: Christofoletti (1981).

Figura 4.16 Perfil esquemtico dos processos de enchente e inundao.


Fonte: Brasil (2007b).
A verdade, porm, que existe uma forte ambiguidade quanto percepo das
inundaes como fenmeno natural. Ao mesmo tempo em que para alguns grupos sociais as
inundaes peridicas dos rios promovem a fertilizao de solos marginais e, por conseguinte,
utilizados para a agricultura (vide Captulo 2), as inundaes destroem vidas humanas, tanto
por afogamento, danos diretos e seus bens, quanto pelas doenas de veiculao hdrica e pela
fome.
4.3 Inundaes urbanas na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho

Uma rea inundvel o produto histrico da interao de variveis naturais e a


produo social do territrio urbano e, por isso, condio sine qua non o entendimento dos
fenmenos naturais geradores de risco e quais os processos e condies sociais que fazem
emergir a vulnerabilidade a tais eventos, como dizem Herzer e Virgilio (1996).

136

No contexto dos espaos urbanos, a construo da cidade implica mudanas nos


sistemas ecolgicos e ambientais. Assim, o ambiente natural se transforma em ambiente
construdo ou social. A transformao do stio natural em stio urbano significa a remoo da
cobertura vegetal e sua substituio por asfalto, cimento e outros materiais.
As mudanas nas descargas pluviais e na dinmica fluvial dos rios urbanos so
inevitveis, significando graves consequncias, representadas pelas inundaes, se o processo
natural de controle pluvial no compensado pela construo de sistemas de drenagem
urbanos adequados (LAVELL, 2001).
Nesse mbito, a bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho faz parte do contexto de
intensas mudanas socioambientais pelo qual a Regio Metropolitana de Fortaleza RMF
passou nos ltimos 40 anos. A expanso urbana, o crescimento da populao, o
equacionamento da qualidade de vida, o comprometimento dos servios pblicos, a
degradao ambiental e a consequente ampliao das vulnerabilidades so alguns dos
processos ocorrentes na Metrpole cearense e, de maneira desproporcional, na bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho (cf. quadro 4.2, figura 4.17 e mapa 1).
Quadro 4.2 Caracterizao geral da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho
A bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho localiza-se na poro oeste do
aglomerado urbano da Regio Metropolitana de Fortaleza - RMF, precisamente na faixa
litornea do Estado do Cear, na poro setentrional da Regio Nordeste do Brasil.
Apresenta-se inserida entre as coordenadas 3 42' e 3 58' de latitude sul e 38 35' e 38 44' de
longitude oeste de Greenwich, drenando parte dos Municpios de Maranguape (alto curso),
Maracana (mdio curso), Caucaia e Fortaleza (parte do mdio e o baixo curso), desaguando
em seguida no rio Cear a 5 km do oceano Atlntico, dividindo a mesma foz e plancie
fluviomarinha106. Possui suas nascentes nas serras de Maranguape (sudoeste da bacia) e de
Aratanha (sudeste da bacia), formando, por conseguinte, seus principais afluentes, os riachos
Gavio, Tangueira e Pirapora, que confluem at se encontrar no mdio curso, entre os
Municpios de Maranguape e Maracana. O rio Maranguapinho, que faz parte com conjunto
de Bacias Metropolitanas, possui uma rea total de drenagem de 217,15 km, com
comprimento de aproximadamente 35,7 km que se desenvolve no sentido sudoeste-norte e
com permetro da bacia de 107,51 km.

106

A confluncia dos rios Cear e Maranguapinho situa-se prximo foz conjunta, sendo que o rio Maranguapinho
pouco contribui, em termos hidrulicos e hidrolgicos, para o rio Cear, e por isso so consideradas bacias hidrogrficas
independentes.

137

Figura 4.17 Localizao geogrfica da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.

preciso destacar a forma desigual com que a parcela majoritria da populao de


Fortaleza submetida a essas tenses. A bacia do rio Maranguapinho drena os espaos
ocidentais do aglomerado metropolitano de Fortaleza, espaos cujos indicadores
socioambientais se configuram entre os piores da RMF.
Dentre os problemas resultantes da degradao da qualidade de vida da
populao de Fortaleza, a emergncia continuada dos perigos naturais, notadamente as
inundaes urbanas, se caracteriza como um dos principais desafios postos aos gestores
pblicos e populao metropolitana em geral.
Na RMF, a ocupao de espaos susceptveis a perigos naturais como as
inundaes, se tornam cada vez mais intensa e atinge de forma diferenciada contingentes
populacionais cada vez mais numerosos e mais carentes de servios urbanos, melhores
condies de trabalho e habitao.

138

MAPA 1 BASE CARTOGRFICA DA BACIA HIDROGRFICA


DO RIO MARANGUAPINHO

527763

532763

537763

542763

547763

552763

9592050

Oceano Atlntico

9592050

MAPA 1 - BASE CARTOGRFICA DA BACIA HIDROGRFICA


DO RIO MARANGUAPINHO

Vila Velha

Caucaia

Av. Mister Hull

A. da
Agronomia

Conj. So Miguel

Campus do Pici UFC

10

Rede de Drenagem

Autran Nunes

Rio
Maranguapinho

Geniba

Lagos e Lagoas

Riacho Cachoeirinha

35

Henrique Jorge

Malha Urbana

Riacho das Pedras

Conj. Cear

Rodovias

Lagoa da
Parangaba

Bom Sucesso

Granja Portugal

Ferrovias

Granja Lisboa

Fortaleza

Bom Jardim

Curvas Mestras
Curvas Secundrias

A. da Viva

9578050

Lagoa do
Mondubim

Canindezinho

Rio
Maranguapinho

Siqueira
CE 065

9578050

9585050

Limites Municipais

Antonio Bezerra

9585050

Quintino Cunha

Limite da Bacia

Riacho Alto Alegre


Alto Alegre
Anel Virio

48
42

Acaracuzinho
CE 065

200

43

42

Rio
Maranguapinho

126

Lagoa de
Estabilizao

585

47

590

42
Novo Maranguape

45

9571050

9571050

Maracana

42

123

136

656

Distrito Industrial 47

336

600
827

Riacho Pirapora
200

800

Riacho Gavio

Maranguape

Aterro
Metropolitano Sul
890
Riacho Tangueira

55
400

765
83

S e r r a

d e

M a r a n g u a p e

90

544
553

557

82

Pacatuba

91
400
245
122

9564050

85

200

9564050

252
450

200
250
200

254
180

130

200
87 87
170

163
200

190

295

255

225
126

200

283

400

300
280

705

281

735

128

S e r r a

d e

A r a n t a n h a
600

Maranguape

730

1,5

3
Km

172

9557050

Elaborado por Lutiane Almeida, 2009


Fonte: Imagem do satlite SPOT 5 (Sensor HRVIR), ano 2004; Base Cartogrfica Cartas topogrficas, IPECE (http://www.ipece.ce.gov.br/categoria5/base-2/base-1);
Shapes - Centro de Estudos da Metrpole (CEM, 2008, http://www.centrodametropole.org.br/mc/).

527763

532763

537763

542763

547763

552763

9557050

200

139

A ocupao de plancies inundveis (de rios e lagoas), aliada a uma srie de


modificaes na estrutura do stio urbano de Fortaleza, expe uma crescente gama da
populao s inundaes. Para efeito de anlise dos espaos de risco de inundaes no mbito
da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, e levando-se em conta estudos realizados sobre a
temtica das inundaes urbanas e dos processos que as engendram, faz-se necessrio avaliar
os trs fatores primordiais para o entendimento desses fenmenos:

condies climticas, principalmente a distribuio espaciotemporal das precipitaes


pluviomtricas;

caractersticas do stio urbano; e

o processo acelerado de urbanizao e suas consequncias.

4.3.1 Condies climticas regionais e distribuio espaciotemporal das precipitaes

No Estado do Cear, o principal elemento natural que influencia simultaneamente


tanto os demais componentes ambientais (relevo, solos, cobertura vegetal, recursos hdricos,
fauna), quanto as mais diversas caractersticas culturais regionais, o seu clima. Por se
encontrar sob a inclemncia quase que generalizada do clima tropical semirido, o povo
cearense detm uma convivncia muito mais recorrente com a escassez (as secas) do que com
a abundncia (as inundaes) das precipitaes.
Da, presume-se, advm uma das variveis no entendimento das dificuldades na
gesto dos riscos de inundao que imperam no Estado como um todo (cf. as importantes
consequncias das intensas precipitaes e das inundaes em 2009, e a precria atuao do
Estado na gesto de riscos e na gesto ps-desastre), e, de modo especfico, nos espaos
urbanizados.
Com efeito, a compreenso das inundaes que ocorrem nas cidades no pode
prescindir dos estudos do comportamento climtico (regional e local), notadamente no que diz
respeito ao regime pluviomtrico, destacando-se os eventos pluviomtricos intensos e de curta
durao (ZANELLA e MELLO, 2006).
Tais eventos, caractersticos de regies tropicais, interagem com os demais
componentes ambientais e concorrem para agravar a ocorrncia das inundaes urbanas.
Dessa forma, preciso compreender a dinmica atmosfrica regional e seu regime
pluviomtrico, condio imprescindvel para a anlise das inundaes na bacia hidrogrfica
do rio Maranguapinho.

140

Assim, os principais sistemas atmosfricos produtores de precipitao, tanto na


Regio Nordeste do Brasil como um todo, quanto, de modo especfico, no Estado do Cear e
na RMF, so: a Zona de Convergncia Intertropical ZCIT, as Ondas de Leste, as linhas de
instabilidade, os Processos Convectivos de Meso-Escala e os Vrtices Ciclnicos de Altos
Nveis VCAN.
No Cear, a precipitao pluviomtrica se concentra em quatro meses
consecutivos do ano fevereiro a maio e apresenta uma intensa irregularidade interanual,
espacial e temporal, at mesmo dentro da prpria estao chuvosa (CEAR, 1994). nesse
perodo que atua o principal sistema atmosfrico gerador de chuva na regio, a Zona de
Convergncia Intertropical ZCIT.
A ZCIT uma regio onde ocorre uma associao da convergncia dos ventos
alsios de nordeste e sudeste em baixos nveis, baixas presses, altas temperaturas da
superfcie do mar, intensa atividade convectiva e precipitao (CEAR, 1994). A atuao
mais intensa desse sistema ocorre em meados do vero e atinge sua posio mais meridional
no outono.
Entre fevereiro e abril, no hemisfrio sul, a ZCIT atinge a posio aproximada de
2 a 4 de latitude sul, promovendo chuvas abundantes e intensas em toda a regio
(ZANELLA e MELLO, 2006). De acordo com Ferreira e Mello (2005), o deslocamento da
ZCIT est relacionado aos padres de Temperatura da Superfcie do Mar TSM sobre o
Oceano Atlntico Tropical, cujas temperaturas mais elevadas promovem o deslocamento da
ZCIT para pores aos sul da linha do Equador, onde as guas se apresentam mais aquecidas,
e retornando sua posio no hemisfrio norte no ms de maio, quando o perodo chuvoso
entra em declnio. A descrio dos demais sistemas se encontram no quadro 4.3.

Quadro 4.3 - Sistemas atmosfricos produtores de chuva no Estado do Cear e na RMF


(exceto a ZCIT).
Sistema atmosfrico
Ondas de Leste

Caractersticas
Na Regio Nordeste, as ondas de leste provocam precipitaes
ao longo do litoral de 5 S a 13 S, durante o perodo de maio a
agosto atingindo algumas vezes o litoral do Cear.
Vrtices Ciclnicos de Sistemas que se formam no oceano Atlntico Sul prximo
Altos Nveis VCAN
costa leste da Regio Nordeste e caracteriza-se pela formao de
centros de baixas presses frias em altos nveis, em torno de 300
e 200 hPa. A formao das baixas frias se d quando ocorre a
penetrao de sistemas frontais no setor mais ao norte da Regio
Nordeste e apresentam maior frequncia nos meses de vero,
aumentando significativamente o ndice pluviomtrico no Cear.
Linhas de instabilidade
No vero e outono, principalmente nos meses de fevereiro a
maio, a Linha de Atividade Convectiva desenvolve-se ao sul da

141
linha do Equador, afetando a costa setentrional da Regio
Nordeste, provocando chuvas intensas no litoral do Cear.
Processos Convectivos de Formam-se principalmente no interior do Estado, quando h
Meso-Escala
disponibilidade e condies dinmicas apropriadas, contribuindo
para o aumento da pluviometria no Cear.

Fonte: elaborado por Almeida (2009) com base em Cear (1994).


De acordo com Brando (1995), o clima da RMF se apresenta razoavelmente
homogneo, possuindo poucas variaes espaciais no regime pluviomtrico, cujos ndices de
precipitao permitem esboar o seguinte zoneamento (cf. figura 4.18):
zona litornea - zona predominante, em que o ndice pluviomtrico mdio
situa-se entre 1.200 e 1.400 mm e as temperaturas so mais amenas;
zona de altitudes elevadas - climas localizados nas serras de Maranguape e
Aratanha, onde a incidncia de chuvas orogrficas impe um aumento
significativo da pluviometria mdia anual, esboando-se entre 1.400 e 1.600
mm, e temperaturas mais baixas; e
zona ocidental - clima de condies mais secas na poro ocidental, com faixa
de precipitao mdia oscilando em torno de 900 a 1.200 mm anuais, com
temperaturas mais elevadas nos sertes e mais amena no litoral.

Figura 4.18 Distribuio da precipitao mdia anual na Regio Metropolitana de Fortaleza.


Fonte: modificado de Brando (1995).

142

O regime pluviomtrico da RMF caracteriza-se pela forte irregularidade ao longo


dos anos (figura 4.19), podendo ocorrer anos de precipitaes excessivas ou escassas, com
ocasionais perodos de estiagem prolongada. Ao longo dos meses, a distribuio das chuvas
tambm intensamente varivel, quando cerca de 90% das precipitaes ocorrem no primeiro
semestre, notadamente nos meses de maro a maio, e concentram pelo menos 2/3 do total
(figura 4.20). Alm disso, frequente ocorrer chuvas intensas e concentradas em poucas
horas, o que se caracteriza como uma das principais causas das inundaes e dos
consequentes desastres na RMF e ao longo do rio Maranguapinho.
No que tange s condies climticas da RMF quando da ocorrncia de eventos
pluviomtricos extremos, estes, entre as principais variveis causadoras de inundaes
urbanas, diversas pesquisas consideram que eventos pluviomtricos com magnitude igual ou
superior a 60 mm em 24 horas possuem maior potencial causador de inundaes e de
desastres com diversas consequncias (MONTEIRO, 1999 e 2003; GONALVES, 2003;
FERNANDES e CABRAL, 2004; VICENTE, 2005; ZANELLA, 2006; ZANELLA e
MELLO, 2006; ZANELLA et al., 2009).
Ao comparar os ndices de pluviometria intensa potencialmente causadores de
inundaes em Salvador e Fortaleza, Zanella et al. (2009) afirmaram que, apesar das
diferenas ambientais e urbanas entre as duas metrpoles, acredita-se que as precipitaes
mximas dirias a partir de 60 mm so as que causam eventos de inundao com maiores
magnitudes e consequncias mais graves na RMF.

Figura 4.19 Precipitao Anual de Fortaleza (1974-2006).


Fonte: FUNCEME (2007); adaptado de Zanella et al. (2009).

143

Precipitao

350
300
250
200
150
100
50
0

Figura 4.20 - Precipitao Mdia Mensal de Fortaleza, entre 1964-2004.


Fonte: FUNCEME, 2005.
Assim, a identificao da ocorrncia de eventos pluviomtricos iguais ou
superiores a 60 mm em 24 horas, nos Municpios de Fortaleza, Maranguape e Pacatuba, de
suma importncia, pois so municpios drenados pela bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho, e onde se localizam suas nascentes, o que contribuir na identificao da
ocorrncia de inundaes, utilizando-se, para isso, do trabalho de Zanella et al. (2009).
Os dados pluviomtricos analisados naquela pesquisa correspondem a uma srie
histrica de 33 anos, de 1974 a 2006, obtida na Fundao Cearense de Meteorologia e
Recursos Hdricos FUNCEME. De acordo com a tabela 4.6, sobre os dados de pluviosidade
de Fortaleza, Maranguape e Pacatuba, o nmero de eventos iguais ou superiores a 60 mm
dirios bastante representativo, notadamente em Fortaleza. Alm disso, poucos anos (apenas
3 dentre os 33 anos da srie) no apresentaram episdios potencialmente causadores de
inundaes1.
Outra tendncia apontada pelas autoras a de que h correspondncia entre os
anos mais chuvosos e o maior nmero de eventos intensos, como o caso do posto FortalezaFUNCEME, onde os trs anos que apresentam o maior nmero de eventos intensos (1974,
1985 e 2004) apresentam ao mesmo tempo o maior total pluviomtrico anual, com exceo de

Acredita-se que comumente a ocorrncia de La Nia, ao contrrio do El Nio, contribua para que ocorra
precipitao pluvial acima do normal no Norte do Nordeste do Brasil. Diante disso, importante destacar que
segundo Berlato e Fontana (2003), houve ocorrncia de La Nia, entre outros anos, em 1974 e 1985. Conforme a
tabela 01, no posto de Fortaleza, so justamente esses dois referidos anos, e tambm o de 2004 (ano neutro) os
que apresentam o maior nmero de eventos pluviomtricos intensos, podendo ser entendido como uma evidncia
de que esse fenmeno pode influenciar na atuao dos sistemas atmosfricos a nvel regional e, portanto, em
maiores ndices pluviomtricos como tambm na gerao desse tipo de evento. (ZANELLA et al., 2009).

144

2004. Esse ltimo ano, no entanto, apresentou tambm totais pluviomtricos superiores
mdia (ou seja, 1.619,6 mm) para o perodo analisado, contabilizando 1.991,1 mm.

Tabela 4.6: Total pluviomtrico anual e nmero de eventos iguais ou superiores a 60


mm dirios, registrados em Fortaleza, Maranguape e Pacatuba, entre 1974 e 2006.
Ano

Posto Fortaleza-FUNCEME
Total pluvio- N. de
mtrico
eventos
intensos
1974
2751,3
9
1975
1813,3
2
1976
1489,8
4
1977
2019,9
3
1978
1557,1
6
1979
1190,6
3
1980
1216,0
4
1981
1086,4
4
1982
1051,4
2
1983
955,2
1
1984
2029,3
5
1985
2836,0
8
1986
2456,7
4
1987
1259,7
3
1988
1862,1
6
1989
1862,5
3
1990
978,1
1
1991
1548,7
3
1992
1088,8
1
1993
1042,7
3
1994
2379,6
2
1995
2143,5
6
1996
1708,2
4
1997
1143,3
0
1998
1012,4
0
1999
1346,6
0
2000
1673,2
1
2001
1554,5
4
2002
1742,0
5
2003
2208,4
5
2004
1991,1
8
2005
1132,4
3
2006
1316,7
2
Total de eventos
115

Posto Maranguape
Total pluvio- N. de
mtrico
eventos
intensos
2311,7
7
1499,2
0
1108,1
3
1344,1
1
1023,4
1
1018,1
2
1043,5
2
748,7
2
1003,5
1
601,9
2
1430,0
3
2122,0
3
1808,2
2
858,1
2
1723,0
4
1369,0
3
630
1
1065,8
1
808,6
2
550,9
1
1542,4
1
1239,2
3
1258,5
3
687,8
0
756,0
1
1007,9
3
1567,4
3
1161,2
2
1363,2
2
1539,7
4
1297,4
7
465,2
1
1023,0
5
78

Posto Pacatuba
Total pluvio- N. de
mtrico
eventos
intensos
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
970,5
2
882,7
1
744,3
3
815,8
0
*
*
1413,1
2
1964,7
7
1381,5
4
*
*
2056,2
3
1618,2
2
750,3
3
1181,7
6
955,2
2
659,7
0
1960,3
4
1636,6
3
1604,8
4
804,2
2
809,8
1
942,4
1
1689,4
1
1160,0
2
1633,1
4
1466,9
2
1449,4
1
781,4
1
1200,8
2
63

Fonte: FUNCEME, extrado de Zanella et al. (2009). * dados incompletos ou inexistentes


No que concerne frequncia mensal dos eventos pluviomtricos intensos, a
tabela 4.7 indica, para todos os postos de coleta, que os meses de maior nmero de eventos
so maro e abril, justificados pela maior atuao da Zona de Convergncia Intertropical
ZCIT, j que este sistema atinge, nesse perodo do ano, sua posio mais meridional no
hemisfrio sul, gerando precipitao em todo o Estado do Cear e na RMF2.
A despeito de os meses de maro e abril apresentarem maior nmero de eventos
extremos, aliado suposio de que nessa poca o nvel dgua dos rios j esteja elevado e,
portanto, com maior probabilidade de ocorrncia de impactos pluviais nas reas susceptveis
as inundaes, necessrio destacar o ms de janeiro, por apresentar relevante nmero de
eventos e por exibir nesse perodo a atuao de um mecanismo atmosfrico importante na
2

As autoras tambm destacam os Complexos Convectivos de Mesoescala como sistema secundrio importante
atuando na gerao de eventos de maiores magnitudes nesse perodo do ano (ZANELLA et al., 2009).

145

gerao de eventos pluviomtricos intensos, que so os Vrtices Ciclnicos de Altos Nveis


VCAN.
Assim, de acordo com a srie histrica analisada, com a anlise de dados da
Defesa Civil de Fortaleza e de jornais locais impressos, constatou-se que os eventos de maior
magnitude registrados na rea de Estudo ocorreram em abril de 1997 e janeiro de 2004, sendo
que este ltimo ser avaliado pormenorizadamente a posteriori, por ser o perodo que
apresentou a maior pluviosidade diria da srie estudada.

Tabela 4.7 - Frequncia mensal de precipitao mxima (igual ou superior a 60 mm) em 24


horas nos Municpios de Fortaleza, Maranguape e Pacatuba.
Postos pluviomtricos

Eventos em
mm

Fortaleza/
FUNCEME

Maranguape/
FUNCEME

Pacatuba/
FUNCEME

Meses do Ano

60-80

11

16

16

100-120

>120

Total

14

15

33

27

13

10

60-80

13

13

80-100

100-120

>120

Total

10

20

18

10

60-80

11

13

80-100

100-120

>120
Total

0
6

0
4

0
19

1
21

0
9

0
3

0
0

0
0

0
0

0
0

0
0

0
1

Fonte: FUNCEME (2007), extrado de Zanella et al. (2009).


4.3.2 Caractersticas gerais do stio urbano

O Estado do Cear compreende uma diversidade de paisagens, que tem na atuao


do clima sobre as estruturas geolgicas, seus principais elementos formadores. O trabalho das
intempries regidas pelo clima semirido originou elementos topogrficos que se caracterizam
pelas formas aplainadas, dissecadas, estruturais e deposicionais.
As formas ditas aplainadas so representadas pelas Depresses Interplanlticas
Sertanejas recobertas por vegetao de caatinga, que se formaram de processos de eroso
diferencial, truncando as estruturas litolgicas mais frgeis, e originando extensas depresses
com topografias de fraca a moderadamente dissecadas, que abrangem pores majoritrias no
territrio cearense (figura 4.21).

146

As formas dissecadas se encontram pontuadas ao longo das depresses, como


resqucios dos processos de aplainamento, e, por suas estruturas litolgicas mais resistentes
aos processos intempricos, se mantiveram na paisagem como resduos desses processos da
histria geolgica relativamente recente do Cear (Trcioquaternrio). Os macios residuais
se caracterizam por topografias fortemente dissecadas, relevo extremamente movimentado e
fortes rupturas de declive nas serras, morros e cristas, onde se encontram resqucios de
vegetao pluvionebular ou Mata Atlntica.
J nos limites territoriais oeste, leste e sul, pode-se perceber a presena das formas
estruturais que se caracterizam por planaltos sedimentares oriundos da produo de bacias
sedimentares. Da borda leste da Bacia Sedimentar do Parnaba, originaram-se as frentes de
cuestas da serra da Ibiapaba nas pores oeste do territrio cearense, com extenso paredo
reproduzindo uma escarpa muito ngreme. Ao leste e ao sul do Estado, encontram-se as
pequenas chapadas do Apodi e do Araripe, formando relevos tabulares (Araripe) e
cuestiformes (Apodi) com topografias modestas mas com relevante influncia nas condies
geoecolgicas locais.
Ao longo do litoral do Estado, na interface de ambientes deposicionais litorneos,
fluviais e lacustres, estruturam-se as formas de deposio, originando plancies e tabuleiros
costeiros com topografias planas e suaves. Essas paisagens se alongam pelo litoral e por
mdios e baixos cursos fluviais, formando assim as plancies litorneas, plancies
fluviomarinhas, plancies fluviais e tabuleiros pr-litorneos. As plancies litorneas fazem o
contato entre o continente e o oceano Atlntico, atravs de campos de dunas e praias, com
forte instabilidade geoecolgica.
No caso das plancies fluviomarinhas, estas se formam no contato dos ambientes
marinhos e fluviais, periodicamente inundados, com dinmica extremamente complexa e
revestida de vegetao de mangues. Os tabuleiros pr-litorneos so paisagens oriundas dos
processos de aplainamento Trcioquaternrios que formaram as depresses sertanejas e cujos
sedimentos intemperizados foram transportados e depositados ao longo do litoral, formando
rampas de fracamente dissecadas a planas, em interflvios tabulares, e de topografias
propcias ocupao urbana.
Recortando os demais ambientes, as plancies fluviais recobertas por matas
ciliares de carnaba so ambientes de topografias suaves e planas formadas pela deposio
peridica das inundaes fluviais, e que possuem importncia regional, tendo em vista o
potencial edafolgico para a agricultura regional.

147

Em termos de hipsometria, o Estado do Cear apresenta cotas altimtricas


variveis, de acordo com a figura 4.22. A parcela majoritria das altitudes se encontra em
nveis inferiores a 500 metros, o que denota a importncia espacial de topografias rebaixadas
das depresses, dos tabuleiros e das plancies. Em limitadas propores, as altimetrias
superiores a 900 metros e mais de 1000 metros restringem-se em alguns trechos dos macios
cristalinos e planaltos sedimentares mais elevados, caso do macio de Baturit e da serra de
Ibiapaba (SILVA e CAVALCANTE, 2004).
Aps essa caracterizao geral das condies topogrficas regionais, esboa-se o
contexto topogrfico da Regio Metropolitana de Fortaleza RMF e, de modo especfico, da
bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, j que se trata de importante elemento para o
entendimento do stio urbano e, por conseguinte, das inundaes peridicas da rea objeto
deste estudo.
Em AbSaber (2007, p. 15) a respeito de So Paulo, a expresso stio urbano foi
tomada em seu sentido geogrfico mais simples, ou seja, o de pequeno quadro de relevo que
efetivamente aloja um organismo urbano. J em Suertegaray (2006), a expresso constitui
um conceito clssico da Geografia urbana, cuja definio original estabelece que se trata de
um receptculo ou o local onde se assenta a cidade. A autora prope, entretanto, uma
redefinio do termo, ou seja, o entendimento do stio urbano como o espao fisicamente
produzido, as formas criadas, e a sua interpretao dos processos envolvidos na produo da
cidade.
Dessa forma, analisar-se-o as condies topogrficas da RMF para se entender
quais elementos da paisagem regional so responsveis pela ocorrncia de inundaes.

148

Figura 4.21 Unidades Geomorfolgicas do Estado do Cear.


Fonte: extrado de Silva e Cavalcante (2004).

Figura 4.22 Hipsometria do Estado do Cear. Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009)
baseado em Brasil (2008) e CPRM (2003).

149

De acordo com a figura 4.23, a hipsometria da RMF apresenta topografias


majoritariamente modestas, tendo em vista a sua localizao no litoral central do Cear, com
altimetrias mdias de 300 metros, abrangendo terrenos da Depresso Sertaneja na direo do
centro do Estado, dos tabuleiros pr-litorneos, das plancies (litornea, fluviais,
fluviomarinhas), e, de modo mais contingente, dos macios residuais, estes com altimetrias
mais proeminentes, que atingem no mximo 800 a 900 metros, e onde se concentram algumas
das principais nascentes fluviais da regio, inclusive as nascentes do rio Maranguapinho.
A bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho abrange variados sistemas ambientais
que se refletem na conformao da topografia e, consequentemente, exibe influncia na
distribuio dos espaos susceptveis s inundaes peridicas na regio. Os principais
ambientes presentes na referida bacia so:
- macios residuais - localizados nas pores sudoeste (serra de Maranguape) e sudeste (serra
de Aratanha), compreendendo o alto curso e as principais nascentes do rio Maranguapinho;
- depresso sertaneja - contatando os macios residuais e seguindo a poro centro-sul da
bacia, abrangendo terrenos do mdio curso do rio Maranguapinho e para onde drenam os seus
principais afluentes;

Figura 4.23 Caractersticas topogrficas, altimtricas e rede de drenagem da RMF. Fonte:


elaborado por Lutiane Almeida (2009) baseado em Brasil (2008) e INPE (2009).

150

- tabuleiros costeiros - trata-se do sistema ambiental mais abrangente do ponto de vista


espacial na bacia, e onde se d majoritariamente a sua ocupao urbana; concentra-se ao
longo do mdio e do baixo curso do rio Maranguapinho, recortado por sua plancie fluvial;
- plancie fluvial estende-se desde o mdio curso do rio Maranguapinho, bordejando seu
leito e formando extensa plancie periodicamente inundada, dependendo da concentrao dos
totais pluviomtricos e das condies de ocupao urbana;
- plancies lacustres e vrzeas - plancies inundveis que circundam lagoas e reas
topograficamente deprimidas na depresso sertaneja e nos tabuleiros costeiros;
- plancie fluvio-marinha - plancie formada com base na interao do ambiente fluvial e
marinho, dependente da dinmica das mars e recoberta por vegetao de mangue na foz
conjunta dos rios Maranguapinho e Cear (cf. quadro 4.4 e figura 4.24).
Quadro 4.4 Caractersticas geoambientais dominantes dos Sistemas Ambientais da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho.
SISTEMAS
AMBIENTAIS

1 PLANCIE
FLVIOMARINHA
COM
MANGUEZAIS

1.1 PLANCIE
FLVIOMARINHA
COM APICUNS /
SALGADOS

2. PLANCIE
FLUVIAL

3. REA DE
INUNDAO
SAZONAL

CARACTERSTICAS
GEOLGICAS E
GEOMORFOLGICAS
Sedimentos
quaternrios
fluviomarinhos argilosos e mal
selecionados, ricos em matria
orgnica; reas planas em depsitos
sedimentares
de
origem
fluviomarinha, sujeitas as inundaes
peridicas com solos revestidos por
manguezais.
Sedimentos
quaternrios
fluviomarinhos argilosos e mal
selecionados, apresentando teores
elevados de sais; superfcie plana
circundando manguezais com apicuns
/ salgados recobertos por vegetao
haloftica gramneo-herbcea.
Sedimentos quaternrios com areias
finas e grossas, inconsolidadas,
ocorrendo localmente cascalhos e
argilas com matria orgnica em
decomposio; Superfcie plana
decorrente de acumulao fluvial
sujeita a inundaes sazonais e
limitada por diques marginais e
nveis de terraos escalonados,
bordejando calhas fluviais, com solos
aluviais
predominantemente
revestidos
por
matas
ciliares
degradadas.

Sedimentos coluviais argilosos,


inconsolidados, eventualmente com
cobertura arenosa; lagoas pr-

CARACTERSTICAS NATURAIS
DOMINANTES
Superfcies planas derivadas de aes combinadas de
processos de deposio fluvial e marinha, sujeitas a
inundaes peridicas ou permanentes, revestidas por
mangues. A plancie fluviomarinha tem seu fluxo
hdrico submetido penetrao das guas do mar no
baixo vale. O canal fluvial tem padro anastomtico e
o escoamento das guas feito de modo tortuoso,
havendo mudanas bruscas de direo, de
angulosidade com alargamento ou estreitamento do
canal. Em outros pontos onde a colmatagem dos
sedimentos maior, os pequenos setores de fluxos
retilinizados se alternam com canais mendricos.

Faixas de acumulao aluvial da plancie do baixo rio


Maranguapinho, pequenos canais fluviais litorneos e
pr-litorneos. As aluvies so constitudas de areias
finas a mdias com incluses de cascalhos
inconsolidados e argilas com materiais orgnicos em
decomposio. bom o potencial de recursos hdricos
superficiais e subsuperficiais. as associaes de solos
tm predominncia de solos neossolos flvicos
dotados de fertilidade natural mdia e alta; so solos
normalmente profundos, com grande variao textural
e drenagem, imperfeita; os neossolos flvicos se
associam a planossolos soldicos, geralmente
submetidos a uma baixa saturao com sdio, nos
horizontes subsuperficiais onde a drenagem
imperfeita. Tm caractersticas distrficas ou baixa
saturao de bases trocveis. Eventualmente, e em
pequenas manchas, ocorrem vertissolos que possuem
teores elevados de argilas.
Corpos de guas calmas e com profundidades
variadas, derivadas do barramento dos setores
inferiores de cursos dgua sem energia suficiente

151
litorneas de origem fluvial ou
fretica
e
plancies
arenosas
ribeirinhas de acumulao lacustre ou
fluviolacustre, incluindo as lagoas
freticas.
Sedimentos Trcioquaternrios da
Formao Barreiras, com sedimentos
variegados,
predominantemente
arenosos,
inconsolidados,
com
estratificao indistinta; superfcie
plana, com caimento topogrfico
suave para o litoral, fracamente
entalhada pela rede hidrogrfica que
secciona interflvios tabulares, de
drenagem de padro paralelo que
demanda a linha de costa.

4. TABULEIROS

5. SUPERFCIE
PEDIPLANADA
DA DEPRESSO
SERTANEJA

6. MACIOS
RESIDUAIS (Nveis
residuais elevados)

Rochas pr-cambrianas do complexo


granitide-migmattico e o complexo
gnissico-migmattico com gnaisses
variados, granodioritos e granitides,
de
textura
mdia
a
grossa,porfiroblstica
ou
no;
superfcie de pediplanao aplainada
a
moderadamente
dissecada,
modelada
por
processos
de
morfognese mecnica e com
caimento topogrfico suave para o
litoral e fundos de vales.
Rochas pr-cambrianas do Complexo
Cristalino; Nveis de macios
residuais dissecados em feies de
topos convexos (colinas) e aguados
(cristas) exibindo fortes declives nas
vertentes.

para transpor obstculos topogrficos. As reas


ribeirinhas formam plancies arenosas e com solos do
tipo planossolos e neossolos flvicos que so
revestidos por gramneas e matas ciliares. Incluem-se
nesse sistema as reas de inundaes sazonais,
incipientemente incorporadas rede de drenagem.
Os tabuleiros so compostos por sedimentos mais
antigos pertencentes Formao Barreiras e se
dispem de modo paralelo linha de costa e
retaguarda dos sedimentos elicos, marinhos e
fluviomarinhos que constituem a plancie litornea. A
largura mdia desses terrenos em torno de 25
30km, contatando para o interior com rochas do
embasamento cristalino. O sistema deposicional da
Formao Barreiras variado e inclui desde leques
aluviais coalescentes at plancies de mars. As fcies
sedimentares superficiais tm, igualmente, variaes
que dependem de condies diversas tais como: da
rea fonte dos sedimentos, dos mecanismos de
mobilizao e das condies de deposio. Sob o
aspecto litolgico, h predominncia de sedimentos
areno-argilosos de cores esbranquiadas, vermelhoamareladas e cremes. O material mal selecionado e
tem variao textural de fina a mdia e estratificao
indistinta. Os sedimentos da Formao Barreiras
compem o glacis de acumulao que entalhado
pela rede de drenagem que demanda o oceano. As
reas interfluviais constituem os tabuleiros prlitorneos. Tratam-se de terrenos firmes, estveis,
com topografias planas e solos espessos, constituindo
reas muito propcias expanso urbana e
instalao industrial e onde as condies de
estabilidade ambiental no oferecem maiores
empecilhos ao uso e ocupao.
Superfcie pediplanada nas depresses sertanejas
semiridas e submidas truncando rochas variadas do
embasamento cristalino, com rampas de eroso que
tm caimento suave (inferior a 5% de declividade) na
direo dos fundos de vales. A superfcie pode se
apresentar, eventualmente, dissecada em colinas rasas
que intercalam com plancies fluviais. Solos rasos
revestidos por caatingas parcialmente degradadas.

reas das serras de Maranguape e Aratanha, e


residuais elevados em formas de cristas e de
inselbergs. Distribuem-se de modo disperso pela
depresso sertaneja, compondo ilhas de umidade
com recobrimento vegetal de mata pluvionebular
sobre solos profundos e, eventualmente, rasos. As
feies de relevo so dissecadas em face do
aprofundamento da drenagem que escava vales em
forma de V.

Fonte: modificado de Cear (2005).

No que tange s caractersticas topogrficas, a maior parte da bacia hidrogrfica


do rio Maranguapinho drenada por terrenos cujas cotas altimtricas no ultrapassam 100
metros (cerca de 80% da bacia) e declividades que so superam a 10%. Alm disso, os
principais espaos susceptveis a inundaes peridicas se concentram em terrenos de baixa

152

altimetria, no ultrapassando 80 metros no alto curso, 50 metros no mdio curso e 5 metros no


baixo curso (CEAR, 2006).
Como se pode constatar nas figuras seguintes (4.25 a 4.27), a regio drenada pela
bacia do rio Maranguapinho se caracteriza, em sua maior parcela, por terrenos com relevo de
suave-ondulado a plano, com ocorrncia de extensas plancies, o que contribui para a baixa
velocidade do escoamento dgua ao longo do mdio e do baixo cursos, dificultando o
escoamento e facilitando a ocupao das plancies pelas guas de inundao.
Outro fator que se mostra importante a forte ruptura topogrfica (figura 4.28)
entre o alto e os mdio e baixo cursos do rio Maranguapinho. No alto curso, nas serras de
Maranguape e Aratanha, a velocidade do escoamento bem maior do que a jusante, em
funo da declividade do terreno, o que contribui para aumento da velocidade dos picos de
vazo a jusante. Alm disso, essas serras tambm tm a capacidade de produzir maiores
vazes em funo das recorrentes chuvas orogrficas e do padro diferenciado nos totais
anuais de precipitao.
A proximidade da foz do rio Maranguapinho com o litoral cearense tambm
significativo fator de influncia sobre o escoamento superficial na bacia, j que a coincidncia
entre a ocorrncia de fenmenos pluviomtricos intensos, potencialmente causadores de
inundaes, e uma ocasio de mar alta3, pode dificultar ainda mais o escoamento na bacia e
promover muitos problemas populao que habita as plancies (fluvial, fluviomarinha e
lacustre).
Apesar de a maior parte da bacia drenar terrenos sedimentares pliopleistocnicos
da Formao Barreiras, que do origem aos tabuleiros costeiros, cujo potencial de infiltrao
importante, nestes terrenos que ocorre a maior parte da concentrao populacional e da
ocupao urbana na bacia e onde o ndice de impermeabilizao do solo tambm relevante.

Sobre as cidades litorneas e a influncia das mars na ocorrncia de inundaes, caso de Fortaleza, Smith
(2001) frisa que 17 das 25 maiores cidades no mundo eram cidades costeiras no fim do sculo XX: These cities,
(...) tend to be in countries which lack effective coastal zone management and development planning controls.
(SMITH, 2001, p. 262).

153

Figura 4.24 Sistemas Ambientais da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.


Fonte: extrado de Cear (2005).

154

Figura 4.25 Caractersticas topogrficas e altimtricas da bacia hidrogrfica do rio


Maranguapinho. Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009)
com base em Brasil (2008) e INPE (2009).

Figura 4.26 Modelo em 3 dimenses da topografia da bacia hidrogrfica do rio


Maranguapinho, com destaque para o baixo curso. Fonte: elaborado por Lutiane Almeida
(2009) com base em Brasil (2008) e INPE (2009).

155

Figura 4.27 Modelo em 3 dimenses da topografia da bacia hidrogrfica do rio


Maranguapinho, com destaque para o alto curso. Fonte: elaborado por Lutiane Almeida
(2009) com base em Brasil (2008) e INPE (2009).

Figura 4.28 Perfil longitudinal do rio Maranguapinho. Fonte: elaborado por Lutiane
Almeida (2009) com base em INPE (2009).
4.3.3 Processo acelerado de urbanizao

a) Expanso urbana e inundaes

O problema das inundaes no mbito da bacia hidrogrfica do rio


Maranguapinho algo complexo e diz respeito alm da problemtica social e econmica da
ocupao irregular por moradias pobres e ambientalmente inadequadas das margens do rio
Maranguapinho e de seus afluentes, tambm abrangendo a estrutura urbanstica presente em
toda a bacia, que prima pelo asfalto, pelo concreto, pela intensa disperso do tecido urbano e
do padro cartesiano das ruas e avenidas, que de longe consideram as caractersticas gerais do
stio urbano de Fortaleza (figura 4.29).

156

Assim, a expanso urbana na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho faz parte


do contexto de crescimento da populao e da estruturao urbanstica de Fortaleza e, a
posteriori, de sua Regio Metropolitana. Pode-se dizer que, historicamente, Fortaleza se
dividiu em duas cidades bem dspares ainda no momento da formao de seu espao
urbano, notadamente quando dos projetos de interveno urbanstica e da instalao de
equipamentos urbanos, buscando a modernizao e o embelezamento da cidade a partir do
fim do sculo XVIII e incio do sculo XIX.
Sob a influncia do higienismo, muitos equipamentos urbanos foram realocados e
muitas modificaes no traado das ruas foram empreendidas, como j se referiu.
Equipamentos que causavam desconforto e depreciao do espao urbano aos seus habitantes
(notadamente aqueles mais abastados), caso do Cemitrio So Joo Batista (1865); da Cadeia
Pblica (1854 1866); Hospital de Caridade (Santa Casa de Misericrdia, 1847), Estao
Joo Felipe (1880); foram alguns dos motivos para que a elite fortalezense se deslocasse na
direo do bairro Aldeota, ao leste do centro histrico da cidade, at ento espao privilegiado
desses grupos sociais, juntamente com o bairro Jacarecanga, ao oeste do Centro.
Com a elite econmica se concentrando no leste, a poro oeste foi palco para a
expanso das camadas populares de Fortaleza e para a alocao de atividades que
incomodavam a populao mais rica da cidade. Essa expanso, orientada no sentido sul e
oeste, vai acompanhando as antigas estradas de Jacarecanga, Soure, Arronches e Aquiraz4
(COSTA, 2005).
Os planos de expanso da cidade (j analisados) deram a Fortaleza a sua estrutura
urbanstica bsica, que o arruamento em plano ortogonal (em forma de xadrez),
aproveitando a forma predominantemente plana do stio urbano, mas se caracterizando como
importante fator de embate entre a estrutura da cidade e as condies naturais do stio,
notadamente os rios e lagoas, impondo uma adaptao da Natureza ao traado cartesiano dos
urbanistas e engenheiros da poca. Tambm essa estruturao urbanstica responsvel por
modificaes nas condies do stio urbano que exps ao longo do tempo a populao da
cidade a fenmenos naturais perigosos, caso das inundaes (figuras 4.30 a 4.32).
Com a expanso da cidade para oeste, tambm nesse sentido que vo se
instalando as primeiras plantas industriais, principalmente na antiga estrada de Jacarecanga,
atual avenida Francisco S, circundado por bairros operrios Carlito Pamplona, lvaro
Weyne, Jardim Iracema, Vila Ellery, Quintino Cunha, que iniciaram a expanso para essa

Atualmente e respectivamente, avenidas Francisco S, Bezerra de Menezes, Joo Pessoa e Aguanambi.

157

poro da cidade. Outro importante fator de fomento expanso urbana de Fortaleza foi a
modernizao do sistema de transporte, com abertura de avenidas, pavimentao, implantao
de servio pblico de transporte etc.

Figura 4.29 Aglomerao urbana de Fortaleza. possvel notar intenso espraiamento do


tecido urbano nos sentidos sul-sudoeste e sul-sudeste, a maior densidade urbana ao oeste e
sudoeste e o generalizado uso do asfalto como revestimento de ruas e avenidas.
Fonte: INPE (2006), satlite CBERS 2 / CCD, passagem 01/09/2006, resol. 20 metros.
Figura 4.30 Padro ortogonal (em xadrez) das ruas do Centro Histrico, que originou a
estrutura urbanstica bsica de Fortaleza.
Fonte: Google Earth, 2009.

Figura 4.31 Viso panormica do stio urbano de Fortaleza. Notar a topografia


predominantemente plana caracterstica das cidades de plancie e de tabuleiros costeiros.
Fonte: extrado de http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=579126
Figura 4.32 Viso panormica do stio urbano de Fortaleza do seu Centro Histrico para o
sul. Notar o padro ortogonal (em xadrez) das ruas, a topografia predominantemente plana e,
ao fundo, a silhueta das serras de Maranguape e Aratanha. Fonte: fotos do autor, agosto 2009.
Alm da modernizao do transporte na cidade e no Cear como um todo, se faz
necessrio destacar o papel das sucessivas estiagens ou secas como fenmenos que

158

contriburam sobremaneira para a expanso urbana de Fortaleza, com a contribuio do xodo


rural para o incremento da populao e a ocupao desordenada dos espaos da cidade,
notadamente pela ocupao de terras, abertura paulatina de loteamentos na periferia e
formao das favelas e espaos de risco (SOUSA, 1978; COSTA, 2005).
Aps 1950, tal processo se acentuou em razo da crise da agricultura cearense, das
desigualdades na estrutura fundiria e das grandes secas de 1952 e de 1958, provocando
intenso movimento migratrio e contribuindo para um aumento substancial na populao de
Fortaleza, que passou de 270.169, em 1950, para 514.813 habitantes em 1960.
Uma parcela relevante desse contingente populacional contribuiu para a formao
da maioria dos bairros da poro oeste de Fortaleza, principalmente os mais perifricos, como
Quintino Cunha, Henrique Jorge, Granja Portugal, Bom Jardim, Parque So Jos, Antonio
Bezerra, todos pertencentes rea drenada pelo rio Maranguapinho.
Foi nos ltimos 40 anos que a expanso urbana na bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho foi mais intensa. No final da dcada de 1970, Sousa (1978) descrevia a rea
drenada pelo rio Maranguapinho como uma regio de baixa densidade demogrfica (< 50
hab./ha) e precariamente servida de servios urbanos bsicos de saneamento, transporte, sade
etc.
J Sales (2004) expressa outro importante fator na composio histrica da
ocupao da bacia do rio Maranguapinho: a construo de conjuntos habitacionais, dentre os
quais os mais significativos so o Conjunto Cear (1976 1 etapa: 966 residncias)
construdo no bairro Granja Portugal, e o conjunto Marechal Rondon (1.280 residncias),
localizado hoje contiguamente quarta etapa do Conjunto Cear, entre os Municpios de
Caucaia e Fortaleza5, passando a exercer atrao ao seu entorno em funo da construo de
infraestruturas que no estavam presentes ou eram deficitrias na regio (tais como linhas de
nibus, escolas, postos de sade entre outros) (SALES, 2004, p. 58).
A poltica de construo de conjuntos habitacionais dispersos e isolados da malha
urbana j consolidada de Fortaleza funcionou como indutora da ocupao desordenada e
irregular dos vazios urbanos e das reas de preservao permanentes margens de rios, lagoas
e dunas, pela abertura de loteamentos e o surgimento de favelas e ocupaes irregulares. Ao
longo dos conjuntos habitacionais e demais bairros, foram surgindo as favelas e reas de risco

Outros conjuntos habitacionais construdos at 1976 e constando no espao da bacia do rio Maranguapinho,
so: Parque Tabapu (Caucaia 500 residncias), Presidente Castelo Branco (Pres. Kennedy 380 residncias)
(SOUSA, 1978).

159

de inundao. No final da dcada de 1970, de um total de 73 favelas em Fortaleza, 18 se


localizavam na bacia do rio Maranguapinho (figura 4.33)6 (SOUSA, 1978).

Figura 4.33 Estudos das zonas marginais (favelas) de Fortaleza, no final da dcada de 1970.
Fonte: extrado de Sousa, 1978.
Tambm do final da dcada de 1970 a instalao do Primeiro Distrito Industrial
de Fortaleza DIF I, no ento distrito de Maracana7, Municpio de Maranguape, juntamente
com a construo de grandes conjuntos habitacionais naquela regio, no sentido de transferir
o parque industrial da RMF da zona da avenida Francisco S, j bastante adensada, passando
a ocupar uma rea ainda com baixssima densidade populacional e distante o suficiente para
no causar problemas de poluio, e tambm para contribuir para a diminuio do deficit
habitacional em Fortaleza (ALMEIDA, 2005).
Uma parte considervel da rea do DIF I se localiza ao longo do baixo curso do
rio Maranguapinho, assim como muitos conjuntos habitacionais de Maracana, tais como
Novo Maracana, Acaracuzinho, Novo Oriente, Jereissati I. Assim como nos demais
conjuntos habitacionais em Fortaleza, em Maracana houve intensa expanso urbana e o
crescimento populacional promovidos pela instalao de distritos industriais e de conjuntos
6

As 18 favelas presentes na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho no final da dcada de 1970: Vila Maria
Helena, Bela Vista, Pan-Americano, Demcrito Rocha, Cachoeirinha, Lngua de Cobra, Buraco da Jia, Alto do
Bode (Alto So Vicente), Inferninho, Serrinha, rua Gois, avenida Humberto Monte, fim da avenida Theberge,
Papouco, Cercado do Z Padre, rua Feijo, Vila Mosquito, rua Murioca (Anrio Braga) (SOUSA, 1978).
7
Maracana tornou-se municpio, emancipando-se de Maranguape em 1983.

160

habitacionais, o que fomentou a abertura de loteamentos clandestinos e a proliferao de


favelas e reas de risco.
Atualmente, h intenso processo de conurbao entre os Municpios de Fortaleza
e Maracana, fruto dos processos de expanso urbana descritos anteriormente e gerando
problemas socioambientais comuns e dificuldades da gesto do territrio, j que existem
indefinies quanto aos limites territoriais dos dois municpios, o que dificulta a alocao de
investimentos em servios urbanos bsicos8.
Dessa forma, pode-se dizer que os componentes bsicos da expanso urbana da
RMF so os conjuntos habitacionais, os loteamentos perifricos, a autoconstruo (favelas e
reas de risco), sendo essa parte majoritria da populao excluda da cidade dita formal em
virtude dos altos preos da terra urbana e das habitaes (COSTA, 2005).
Dessa forma, os principais fatores que interligam a urbanizao aos riscos de
inundaes na bacia do rio Maranguapinho so:
- padro disperso de crescimento urbano de Fortaleza com extensa ocupao e
impermeabilizao do solo;
- estrutura urbanstica orientada de acordo com o sentido das principais vias de acesso (forma
radial concntrica) e organizada a partir de traado ortogonal (em forma de xadrez), ocupando
e modificando indiscriminadamente as condies originais do stio urbano;
- maior densidade populacional na poro oeste de Fortaleza, espao drenado pela bacia do rio
Maranguapinho;
- intensa ocupao irregular das plancies de inundao da bacia do rio Maranguapinho,
essencialmente por populao socialmente vulnerabilizada;
- perversas desigualdades sociais, segregao socioespacial e piores indicadores
socioambientais da RMF, com carncias de infraestrutura e servios pblicos diversos, deficit
habitacional, aumentando as vulnerabilidades s inundaes; e
- processos naturais desencadeados pela degradao ambiental desmatamento, poluio,
processos erosivos, assoreamento.
Para Martins (2006), a problemtica ambiental urbana , sobretudo, um problema
de carncia de polticas consistentes de acesso habitao de interesse social. A questo dos
riscos de inundao nas cidades envolve as desigualdades sociais no acesso cidade por parte
da populao mais pobre, excluda do mercado formal de habitao e empurrada a ocupar

Bairros como Siqueira, Alto Alegre, Canindezinho, Tucunduba, Parque Jari, entre outros, se localizam entre os
limites territoriais de Fortaleza e Maracana, em rea de litgio, apresentando-se entre os piores indicadores
socioambientais da RMF.

161

espaos susceptveis a fenmenos naturais peridicos, como as inundaes, cuja frequncia e


magnitude so intensamente modificadas no espao urbano e cujas consequncias so sentidas
de forma tambm desigual, em funo das capacidades diferenciadas de lidar com os eventos
desastrosos.
No caso das cidades brasileiras, o deficit habitacional e a pobreza urbana
promovem um duplo desastre: o conflito que envolve populao de baixa renda que ocupa
espaos susceptveis a perigos naturais, nas mais perversas condies de ilegalidade,
segregao fsica, subcidadania e a m qualidade de vida; e a agresso ambiental a sistemas
fundamentais manuteno da biodiversidade e da prpria vida humana, como so os
mananciais de gua, notadamente os rios (MARICATO, 2006).
A bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho compreende espaos urbanizados
cujos indicadores socioambientais se configuram entre os piores da RMF, com a prevalncia
de uma profunda desigualdade social e perversa segregao socioespacial mesmo no mbito
da bacia, cujo reflexo a ocorrncia cada vez mais frequente de sub-habitaes, representadas
por conjuntos habitacionais com servios urbanos bsicos precrios, loteamentos clandestinos
ou irregulares com pssimas condies de infraestrutura, e pautados pelo esforo da
autoconstruo e da prtica dos mutires, pela ocupao de vazios urbanos e reas
ambientalmente instveis, com a formao de favelas e ncleos de habitaes precrias,
muitas vezes susceptveis a riscos de processos naturais como as inundaes e movimentos de
terra.
Vale destacar que os bairros que compem a bacia do rio Maranguapinho,
notadamente aqueles localizados nas suas plancies inundveis e na periferia de Fortaleza,
correspondem s reas de maior densidade demogrfica e detentores de vrias tipologias de
estigmas, como o da pobreza e o da violncia urbana.
A expanso dos bairros social e territorialmente perifricos de Fortaleza se deu
custa de intensa supresso da cobertura vegetal. As plancies inundveis, ricas em sedimentos,
e recobertas por matas ciliares, passaram por degradao ambiental, com a retirada dessas
matas e a extrao de areia para suprir a demanda por material de construo civil nas reas
com caractersticas prprias das franjas urbanas e das frentes de abertura de loteamentos e
ocupaes clandestinas.
Aproveitando a demanda por material de construo e matria-prima abundante,
inmeras olarias foram sendo instaladas para a produo de tijolos, telhas etc. Vale destacar o
fato de que, apesar de esses processos estarem em extino nas reas urbanas mais

162

consolidadas, em espaos perifricos de Fortaleza, Caucaia, Maracana e Maranguape, essas


prticas so recorrentes ainda.
As consequncias ambientais so conhecidas: a retirada da vegetao e dos
horizontes superficiais dos solos provoca intensos processos erosivos nas plancies inundveis
e nas margens fluviais, e assoreamento do rio Maranguapinho e de seus afluentes,
contribuindo sobremaneira para a ocorrncia de inundaes, j que esse processo diminui a
seo transversal do rio e faz com que as guas de cheias extravasem cada vez mais para as
suas plancies.
Acrescentam-se tambm os recorrentes aterros realizados pela populao nos
leitos de inundao do rio Maranguapinho, que da mesma forma contribuem para a
diminuio da seo transversal do rio, o que pode provocar o aumento da velocidade do
escoamento a jusante e elevao dos nveis dgua a montante. Os aterros so realizados
tanto para a construo de residncias em terrenos de topografias irregulares (terraplenagem)
quanto para diminuir o risco de invaso da gua, nas residncias mais expostas e mais
prximas do rio Maranguapinho, quando da ocorrncia de inundaes.

b) Vetores de expanso urbana

De acordo com a anlise de fotografias areas (1972, 1978, 1996, 2001),


imagens de satlite (2005, 2007) e bibliografias que tratam do tema, pde-se avaliar o
processo de expanso do tecido urbano de Fortaleza, seu processo de metropolizao e
conurbao. Como expresso anteriormente, Fortaleza cresceu acompanhando as principais
vias de acesso ao Centro Histrico da cidade, estruturando-se a partir da forma radial
concntrica. No mbito da bacia do rio Maranguapinho, essa expanso se deu inicialmente no
sentido oeste e sudoeste, at atingir a sua margem direita, atravs dos corredores das avenidas
Bezerra de Menezes, Jos Bastos, Joo Pessoa, Perimetral, Fernandes Tvora e Osrio de
Paiva.
A partir da dcada de 1970 (figura 4.34), surgem vetores na margem esquerda do
rio Maranguapinho aps a ponte da avenida Mister Hull (continuao da av. Bezerra de
Menezes), com a formao dos loteamentos Parque das Naes e Conjunto So Miguel, no
Municpio de Caucaia. No limite oeste da bacia, em 1972, j se vislumbravam, de forma
isolada, as primeiras ruas do loteamento que deu origem ao Parque Guadalajara, a partir da
ferrovia de Caucaia. Nesse momento, o vetor de expanso que seguiu a avenida Fernandes

163

Tvora j atingia a plancie fluvial direita do rio Maranguapinho, entre os bairros Joo XXIII,
Autran Nunes e Bom Sucesso, mas ainda com pouca densidade de residncias.
Tambm do fim da dcada de 1960 e incio da de 1970 que se iniciou o vetor de
expanso correspondente ao que se chama Grande Bom Jardim, regio anteriormente
constituda por fazendas que foram sendo loteadas aps o ano de 1950. Sobre a formao do
Grande Bom Jardim, Alves e Freitas (2008) esclarecem:
A regio hoje denominada Grande Bom Jardim foi constituda no passado por
fazendas, dentre estas a conhecida fazenda Boa Vista. A denominao Bom
Jardim foi registrada e criada por um grande proprietrio de terras de Fortaleza
(Joo Gentil) que poca resolveu lotear o terreno, cuja paisagem remetia a uma
mata densa e exuberante. A expresso empregada aludia s suas grandes reas
verdes e diversidade de rvores frutferas que predominava. Esse perodo marca a
fundao e o batismo de lugares como o Jardim Paulista, que posteriormente se
transformaria em Parque Santo Amaro, e a fazenda Tatu Mund, mais tarde
conhecida como Granja Lisboa (propriedade de Teodoro de Castro) (ALVES e
FREITAS, 2008, p. 266 e267).

Outras grandes propriedades da regio deram origem aos bairros Parque Santa
Ceclia e Granja Portugal, de posse do seu Portugal. A regio do Grande Bom Jardim
composta atualmente por cinco bairros oficialmente reconhecidos Bom Jardim, Granja
Portugal, Granja Lisboa, Canindezinho e Siqueira, alm de outros ncleos populacionais
(ALVES e FREITAS, 2008). No incio da dcada de 1970, dos bairros Bom Jardim, Granja
Portugal e Granja Lisboa, j era possvel vislumbrar os primeiros arruamentos, mas com
pouqussima densidade residencial. Ao mesmo tempo, tambm se configuravam os primeiros
arruamentos dos bairros Vila Pery e Parque So Jos, como conseqncia da expanso do
bairro Parangaba.
No final da dcada de 1970, a construo dos conjuntos Cear e Marechal Rondon
contribuiu diretamente para o aumento da densidade populacional na bacia do rio
Maranguapinho e, de forma indireta, colaborou para a abertura de vrios loteamentos
contguos, o que originou a formao do bairro Geniba em Fortaleza, e dos bairros Parque
Albano e Parque Boa Vista, em Caucaia, alm do incremento na densidade de ocupaes
clandestinas dos vazios urbanos, notadamente as reas de preservao permanente do rio
Maranguapinho (figura 4.35).

164

a.

b.

c.
Figura 4.34 Evoluo da ocupao urbana na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho na
sua plancie fluviomarinha, no bairro Vila Velha. Em 1972 (a), inicia-se o processo de
abertura de loteamentos em direo ao manguezal. J em 2001 (b), h ocupao consolidada
de loteamentos e conjuntos habitacionais e algumas moradias precrias. Em 2007 (c),
ocupao generalizada das bordas do manguezal por habitaes precrias.
Fonte: Fortaleza (1972), Fortaleza (2001), Google Earth (2009).

Tambm no final da dcada de 1970 e incio da de 1980 que so construdos


grandes conjuntos habitacionais no Municpio de Maracana, fazendo parte de polticas
habitacionais dirigidas alocao de modeobra para a instalao do DIF I. Foram
construdos oito conjuntos habitacionais em Maracana, dos quais quatro fazem parte do
espao drenado pela bacia do rio Maranguapinho, a saber: Conjunto Acaracuzinho (1983),
Conjunto Novo Oriente (1983), Conjunto Novo Maracana (1985), Conjunto Jereissati I e II
(1987), totalizando aproximadamente 10.000 residncias.
Nas ltimas dcadas, os principais vetores de expanso urbana na bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho se concentraram nos limites territoriais entre os
municpios de Fortaleza e Maracana, representados pelos bairros Siqueira, Canindezinho,

165

Presidente Vargas, todos em processo de conurbao com bairros de Maracana, tais como
Alto Alegre, Parque Tijuca, Parque Jari, seguindo a rodovia CE 065, como consequncia da
expanso urbana de Maracana, fruto da industrializao desse Municpio, como tratado por
Almeida (2005). Trata-se de bairros em processo de formao e ocupao clandestina de
vazios urbanos e espaos susceptveis a inundaes e loteamentos irregulares, com precrias
condies de infraestrutura e apresentando-se entre os piores indicadores sociais da RMF.

a.

b.
Figura 4.35 Evoluo da ocupao urbana no bairro Geniba. Em 1972 (a), a margem
esquerda do rio Maranguapinho ainda no havia sido ocupada. J em 2007 (b), h ocupao
consolidada de loteamentos e conjuntos habitacionais e ocupao generalizada das margens
do rio e de seus afluentes por habitaes precrias, espao de densa ramificao da drenagem
e de intenso risco de inundaes. Notar a canalizao e retilinizao dos afluentes.
Fonte: Fortaleza (1972), Fortaleza (2001), Google Earth (2009).

Em Maranguape, municpio que ainda apresenta caractersticas rurais, o processo


de expanso urbana vem se intensificando sob a influncia do crescimento populacional de
Fortaleza, Maracana e Caucaia, alm do processo de industrializao, e cujos vetores seguem

166

a rodovia CE 065, em direo a Fortaleza com a construo dos conjuntos Novo Maranguape
I e II. No sentido sul, o tecido urbano daquele municpio se estende tambm ao longo da
rodovia CE 065 (bairros Novo Parque Iracema, Parque So Joo, Aldeoma). E no sentido
oeste, seguindo as estradas de fundos de vale da serra de Maranguape formados pelos riachos
Gavio e Pirapora (afluentes do rio Maranguapinho), com topografias ngremes e sob risco de
deslizamentos de terra, na direo das principais nascentes do rio Maranguapinho.
Cabe destacar que os principais problemas atrelados s inundaes nesse rio
iniciam-se com as formas de uso e ocupao do solo dos terrenos drenados por suas nascentes
e afluentes, todos localizados em terrenos de relevo fortemente dissecados e intensamente
suscetveis a processos erosivos, que produzem quantidade importante de sedimentos, que, a
posteriori, contribuiro para o processo de assoreamento do rio Maranguapinho. O
assoreamento, por sua vez, far com que haja diminuio da velocidade do escoamento,
aumento da seo transversal do rio e aumentar a rea de ocupao das guas de inundao.
Ainda sobre o processo de degradao ambiental imposta pela expanso urbana da
RMF bacia hidrogrfica e ao rio Maranguapinho, o Observatrio das Metrpoles assevera,
para a regio de suas nascentes, o intenso desvio das guas do curso natural para piscinas
naturais, tornando o rio Maranguapinho quase seco no perodo de estiagem; a agricultura
intensiva s suas margens, inclusive a cultura da banana, levando a processos erosivos nas
encostas mais ngremes; o lanamento de esgotos sem tratamento desde a Sede do Municpio
de Maranguape; os cultivos com uso de defensivos agrcolas e uso da gua do rio para
irrigao; e prticas tradicionais/rudimentares de cultivo, tais como queimadas e devastao
das matas ciliares.
A extrao generalizada de areia e argila para construo civil, inclusive para
produo e queima de tijolos artesanais em suas margens, com utilizao da vegetao nativa
restante, uma das marcas deixadas no rio Maranguapinho, consequncias da demanda de
material para construo civil para o intenso processo de expanso urbana vigente no espao
da bacia.
Alm disso, a populao mais pobre e mais vulnervel da bacia do rio
Maranguapinho obrigada a conviver com o lanamento criminoso de efluentes industriais
clandestinos; com problemas no controle ambiental das lagoas de estabilizao, cujo efluente
desgua no rio Maranguapinho, causando mudana da turbidez, da cor e do odor da gua e
mesmo da sua composio bioqumica. As milhares de famlias que ocupam as margens do
rio Maranguapinho apresentam-se frequentemente sob o risco de inundaes e solapamento
das suas margens; sob o risco de contaminao por doenas atreladas deposio de lixo no

167

seu leito e margens, e doenas de veiculao hdrica, atreladas ao lanamento de esgotos


domsticos e nos momentos aps a ocorrncia de inundaes (OBSERVATRIO DAS
METRPOLES, 2005).
A ocupao das reas de mangue da foz dos rios Maranguapinho e Cear, sob o
impacto do desmatamento e dos aterros, alm da perda da rica biodiversidade desses
ecossistemas, compromete uma importante funo mitigadora dos manguezais quanto s
consequncias das inundaes: os manguezais protegem as reas continentais quando da
ocorrncia de mars altas que dificultam o escoamento superficial em cidades costeiras, como
o caso de Fortaleza.
c) reas de Risco ou Territrios de Risco ?
Em Fortaleza fala-se em metropolizao da pobreza, para qual se atribuiu o
papel de centro do desemprego, da poluio, das inundaes e da violncia (CAMPOS et al.,
2003; CABRAL e FERNANDES, 2008). Dessa forma, observam-se em Fortaleza, ao mesmo
tempo, polticas pblicas elaboradas para a constituio de um grande aparato de atrao de
turistas estrangeiros (PAIVA, 2008), e ausncia de polticas pblicas para habitao popular,
o que fortalece a pobreza extrema, a excluso social, principalmente a excluso pela moradia,
e a falta de polticas reativas, capazes de antecipar os problemas dos riscos na cidade.
Em Fortaleza, de acordo com Cabral e Fernandes (2008) e com base em estudos
do Centro de Defesa e Promoo dos Direitos Humanos da Arquidiocese de Fortaleza
CDPDH, os territrios de risco esto localizados nos espaos de:
- margens de rios e lagoas, com risco de inundaes e ocupando espaos
protegidos por legislao ambiental;
- dunas e falsias, com risco de soterramentos e deslizamentos e ocupando
espaos protegidos por legislao ambiental;
- sob rede (fios) de alta tenso da rede eltrica, com riscos sade (cncer)
causados pela radiao;
- nos espaos de segurana mxima das linhas frreas, com riscos de
atropelamento e descarrilamento de trens, oferecendo perigo s pessoas e s moradias;
- prximo a refinarias de petrleo (principalmente no Porto do Mucuripe), com
risco de vazamentos e exploses; e
- prdios condenados ou abandonados, com riscos de desmoronamento e riscos de
doenas.

168

Figura 4.36 Estruturao de territrios de risco de inundao nas cidades.


Fonte: Campos Filho (1999) e extrado de Freitas (2004).
A figura anterior (figura 4.36) representa de forma categrica a estruturao de
territrios de risco de inundao, em virtude da ocupao das margens e plancies inundveis
dos rios. As ruas principais ou avenidas so instaladas nos leitos maiores, onde a frequncia
das inundaes reduzida, enquanto os espaos dos leitos menores e frequentemente
ocupados pelas cheias dos rios se transformam em territrios do risco, em virtude da invaso
realizada pelos excludos do mercado formal de habitao. Esses espaos desvalorizados pelo
Poder Pblico se tornam ambientes degradados, poludos e estigmatizados pela pobreza, pela
violncia, pela vulnerabilidade e pelo risco.
No espao abrangido pela bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho (217,15 km),
a populao aproximada de 900.000 habitantes, ocupando 46% (cerca de 100 km) de sua
rea total. De acordo com as Defesas Civis de Fortaleza, Maracana, Caucaia e Maranguape,
h 49 territrios de risco de inundao, que atingem aproximadamente 15.000 famlias, ou
cerca de 60.000 pessoas (cf. quadro 4.6 e Mapa 2).

Quadro 4.6: Localizao, nmero de famlias, tipologia e descrio das reas de risco da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho.
BAIRRO/
CIDADE
1
2

Vila Velha
(Fortaleza)

5
6

Antonio
Bezerra

REAS DE
RISCO

N DE
FAMLIAS

Vila Velha II

332

Vila Velha III

416

TIPO DE
RISCO

DESCRIO
Ocupaes de residncias na rea
de mangue do rio Maranguapinho

Inundao

reas expostas aos fluxos de


mars.
Famlias habitando as margens do
rio Maranguapinho

Travessa
Maranguapinho

60

Alto do Bode

Comunidade atingida pelas guas


Inundao
oriundas das inundaes do rio
35
Maranguapinho.

Tupinamb da
Frota
Autran Nunes Beco do Cal

107

Famlias residem s margens do


rio Maranguapinho

Famlias esto expostas s


150 Inundao inundaes do rio Maranguapinho

169

Beira Rio I

280

Beira Rio II

43

Cuiab
Comunidade
Terra Firme
Riacho
das
Pedras

10
11

Comunidade
12 Bom Sucesso
Carlos Chagas
13

Comunidade do
Rio

14 Dom Lustosa

Comunidade da
Chesf (ponte do
pau da velha)

15

Pici / Bela
Vista

Lagoa Azul

16

Comunidade do
Sossego

17

Comunidade do
Plstico e do
Papelo

18

Monte Rei

19

Alto Jerusalm

20 Quintino
Cunha

Coit

21

Ilha Dourada

22

Comunidade da
Murioca

As inundaes do rio
Maranguapinho causam prejuzos
aos moradores
As inundaes do rio
Maranguapinho causam prejuzos
aos moradores

535

Famlias habitando as margens do


rio Maranguapinho

332

Famlias habitando as margens do


rio Maranguapinho

Famlias expostas a inundao em


virtude do canal das Pedreiras.
O acmulo de guas pluviais causa
Alagamen alagamento em toda a comunidade
126
to
155 Inundao

Famlias habitando as margens do


312 Inundao rio Maranguapinho
rea exposta a inundao de um
Inundao afluente da lagoa da faculdade de
72
e
agronomia e afluente do rio
Radiao Maranguapinho e a radiao do
linho da Chesf
As famlias esto expostas s
150 Inundao margens da lagoa da Agronomia
da UFC.
rea exposta a alagamento de um
Alagamen
afluente da lagoa da Faculdade de
32
to
Agronomia, e linha frrea
Comunidade sujeita a alagamento
Alagamen
180
pelo o acmulo de guas pluviais
to
Comunidade atingida no perodo
chuvoso por guas oriundas das
enchentes do rio Maranguapinho
Alagamento ocasionado por guas
das enchentes do rio
161
Maranguapinho.
Ocupao de famlias em rea do
Estado destinada ao
400
funcionamento de lagoa de
tratamento de esgoto.
Famlias ocupam a rea de
Inundao preservao ambiental do rio
123
Maranguapinho, expostas s
inundaes.
38

232

Famlias expostas s enchentes do


rio Maranguapinho e das
preamares das mars de sizgias

23

Comunidade
Bubu / Cal

231

Os trasbordamentos do rio
Maranguapinho durante o perodo
chuvoso e as preamares das mars
de sizgia vitimam famlias

24 Geniba

Comunidade do
Capim

407 Inundao

Habitaes de famlias s margens


do rio Maranguapinho.

170

25

Maranguapinho
II

26

Canal
da
Moambique

Alto ndice de famlias ocupando


s margens do rio Maranguapinho.

1.516

29

Conjunto
Urucutuba

Famlias habitando rea prxima


ao canal
Durante a quadra chuvosa, a
990
comunidade atingida pelas as
guas do rio Maranguapinho.
Residncias alagadas com o
434
Alagamen acmulo de guas pluviais
Residncias alagadas com o
to
27
acmulo de guas pluviais

30

Canal Leste

784

27

Granja
Portugal

28
Siqueira

31

Bom Jardim

32
Parque
33 Presidente
Vargas
34

Maranguapinho I

Comunidade
Marrocos

Mela Mela
Pantanal
do
Parque Santo
Amaro
Canal
Presidente
Vargas
Parque
So
Vicente

Parque
35 Canindezinho
Jerusalem I, II
36

Planalto
Canindezinho

37

Comunidade
dos Canos

38

Parque So
Jos

39
40 Siqueira
41

42 Pq. So
Miguel
(Caucaia)
43
44
45

Pq. Das
Naes

46

Acaracuzinho
(Maracana)

Parque
So
Jos
Conjunto
Jardim
Fluminense
08
de
Dezembro

107

Ocupao de famlias residindo


prximas ao canal
Famlias habitando rea prxima
205
Inundao ao canal do Bom Jardim
Observa-se a existncia de famlias
188
ocupando s margens do canal.
Durante a quadra chuvosa poder
207 Inundao haver trasbordamento das guas do
canal
Residncias alagadas com o
53
acmulo de guas pluviais
Famlias ocupam a baixada que
recebe guas da sangria do aude
690 Inundao
Osmani Machado e do rio
Maranguapinho
Famlias habitam rea prxima ao
182
rio Maranguapinho
Alto ndice de famlias que
ocupam s margens do rio
Maranguapinho
Margens do rio Maranguapinho
377 Inundao
habitadas.
Famlias ocupam rea prxima ao
395
rio Maranguapinho
229

356 Inundao

Pq. So Miguel

Inundao

Frifort

Inundao
628

Zizi Gavio

Inundao
e
Radiao

Favela Cagece

Inundao

Pq. Das Naes

361 Inundao

Vila Vintm

212 Inundao

Famlias ocupam rea prxima ao


rio Maranguapinho
Famlias habitam rea localizada
entre o rio Maranguapinho e o
canal do Conj. Cear
Famlias ocupam extinto
Frigorfico Industrial de Fortaleza
S. A. FRIFORT
Famlias habitam a plancie de
inundao do Canal do Conj.
Cear e expostas radiao.
Famlias ocupam rea alagvel no
Parque So Miguel
Famlias ocupam rea alagvel no
Parque das Naes
Famlias habitam em moradias
precrias as margens do rio
Maranguapinho

171

47 Coqueiral

Coqueiral

336 Inundao

48 Novo Oriente

Vila Buriti

Inundao
342 e poluio
industrial

Novo
Maranguape I

122 Inundao

Novo

49 Maranguape
(Maranguape)

Total de
famlias

Famlias ocupam rea alagvel


prximas ao rio Maranguapinho
Famlias habitam loteamento
precrio confinado entre as
margens do riacho Alto Alegre e a
ferrovia, alm de sofrerem com
poluio atmosfrica produzida
por indstrias do Distrito Industrial
Famlias ocupam loteamento que
sofreu intervenes em seu sistema
de drenagem e sujeitas a inundao

13.650

Fonte: adaptado de Defesa Civil de Fortaleza (2009); Trabalhos de Campo (2009).


Esses territrios abandonados pelo Poder Pblico expem as comunidades mais
vulnerveis a inmeros problemas ambientais, tais como poluio do ar, dos recursos
hdricos, do solo, principalmente nos espaos de influncia dos distritos industriais em
Maracana; poluio por carncias de infraestrutura de saneamento bsico (coleta de
tratamento de esgoto domstico, drenagem urbana, coleta regular de lixo); com a poluio
causada pela deposio criminosa de resduos os mais diversos e oriundos das mais variadas
atividades (criao de animais, oficinas, lava-jatos, entre outros), expondo ainda mais a
populao aos riscos de doenas.
Alm dos problemas causados diretamente pelas inundaes, aps esses eventos, a
populao resta fortemente vulnervel a doenas de veiculao hdrica, tais como dengue,
leptospirose, disenterias, entre inmeras outras.
Dentre os espaos mais atingidos por inundaes, de acordo com as Defesas Civis
dos municpios drenados pela bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho e com a imprensa
local, e que devido s problemticas apresentadas possuem maior representatividade no
conjunto de reas de risco, destacam-se as seguintes comunidades:
Vila Velha;
Ilha Dourada, Alto Jerusalm, Coit;
Conjunto So Miguel (Frifort, Zizi Gavio);
Chesf;
Capim;
Geniba II;
Parque Jerusalm, Jardim Fluminense, 08 de Dezembro;
Novo Maranguape I.

172

a) Comunidade Vila Velha

A comunidade Vila Velha se configura como um conjunto de comunidades de


habitao precria, que se formou a partir dos anos 1970, no bairro homnimo e sob
influncia da expanso de Fortaleza na sua poro oeste, da construo de conjuntos
habitacionais, principalmente o Conjunto dos Bancrios, e da ocupao de salinas
desativadas. A expanso dessas comunidades se deu principalmente em reas de forte
influncia da dinmica das mars e no mbito da plancie fluviomarinha dividida pelos rios
Cear e Maranguapinho, recoberta por vegetao de mangue (figuras 4.37 e 4.38).
Em torno de 700 famlias convivem com as piores condies de sobrevivncia e
pobreza notadamente moradia e infraestrutura precrias o que as expe fortemente s
consequncias das inundaes, que se tornam mais desastrosas quando acontecem
simultaneamente ocorrncia de mars altas, que dificultam o escoamento das guas pluviais
na rea de influncia do manguezal do rio Cear, cujo espao , teoricamente, protegido por
legislao ambiental especfica, caso do Cdigo Florestal (figuras 4.39 a 4.42).

Figura 4.37 Localizao geogrfica das seguintes reas de risco do baixo curso do rio
Maranguapinho: 1. Vila Velha; 2. Ilha Dourada/Alto Jerusalm/Coit; 3. So Miguel (Frifort,
Zizi Gavio); 4. Capim. Fonte: modificado de Google Earth, 2009.
Vale ressaltar que, de acordo com a Superintendncia Estadual de Meio
Ambiente do Cear SEMACE, todo o esturio do rio Cear (que inclui o esturio do rio
Maranguapinho) considerado rea de Proteo Ambiental APA, unidade de conservao

173

de uso sustentvel, criada por meio do DECRETO N 25.413, de 29 de maro de 1999,


abrangendo rea total de 2.744,89 hectares, nos limites dos Municpios de Fortaleza e
Caucaia, sendo proibidas a retirada da vegetao e a instalao de qualquer obra civil sem
licenciamento ambiental.

Figura 4.38 Delimitao de rea fortemente susceptvel s inundaes e aos fluxos de mar,
na comunidade Vila Velha. Fonte: modificado de Google Earth, 2009.

Figura 4.39 A falta de infraestrutura, principalmente coleta de esgoto e lixo, e sistema de


drenagem, se apresentam entre os principais problemas das comunidades do Vila Velha.
Fonte: foto do autor, agosto de 2009.
Figuras 4.40 As desigualdades sociais e a segregao socioespacial empurram cada vez
mais os excludos do mercado formal de habitao para a ocupao de espaos susceptveis a
riscos, obrigando-os ao uso de aterros e da autoconstruo como formas de adaptao s
perversas condies sociais, como o caso da comunidade Vila Velha.
Fonte: fotos do autor, agosto de 2009.

174

Figura 4.41 Intensa ocupao de habitaes precrias no mbito das plancies


flviomarinhas do rio Maranguapinho, nas comunidades do Vila Velha.
Fonte: foto do autor, janeiro de 2008.
Figura 4.42 Sob condies precrias de moradia e infraestrutura, jovens e crianas se
configuram entre os grupos sociais mais vulnerveis aos perigos naturais, caso das inundaes
peridicas. Fonte: foto do autor, comunidade Vila Velha, janeiro de 2008.
b) Comunidades Ilha Dourada, Alto Jerusalm, Coit

As comunidades Ilha Dourada, Alto Jerusalm e Coit (figuras 4.43 e 4.44),


localizadas no bairro Quintino Cunha, poro oeste de Fortaleza, fazem parte de um complexo
de ocupaes clandestinas de habitaes precrias em terrenos fortemente sob risco de
inundaes, j que abrangem o baixo curso do rio Maranguapinho, na sua plancie
fluviomarinha, com intensa influncia dos fluxos de mar, com o agravante de se localizarem
entre o canal principal do rio Maranguapinho, um afluente canalizado, uma lagoa natural e
uma lagoa de tratamento de esgotos desativada que foi invadida pela comunidade Coit.

175

Figura 4.43 Localizao geogrfica da comunidade Ilha Dourada.


Fonte: modificado de Google Earth, 2009.

Figura 4.44 Localizao das seguintes reas de risco: 1. Ilha Dourada; 2. Alto Jerusalm; 3.
Coit. Fonte: modificado de Google Earth, 2009.
Quando da ocorrncia das chuvas de vero-outono, h intensa frequncia de
inundaes nessas comunidades em decorrncia da ocupao de espaos deprimidos e
contguos. A comunidade Ilha Dourada formada basicamente por famlias cuja renda
oriunda da coleta e venda de materiais reciclveis (figura 4.45). Pode-se dizer que esta
comunidade se configura como um exemplo marcante da precariedade nas formas de
sobrevivncia, no acesso a servios e infraestrutura, e ainda uma tnue relao com os riscos,

176

j que se encontra ilhada por uma lagoa, pelo rio Maranguapinho e um afluente canalizado.
provvel que dessa situao advenha o topnimo da comunidade (figura 4.46).
J a comunidade Alto Jerusalm se configura como uma fila de moradias
precrias confinadas entre um afluente canalizado do rio Maranguapinho e uma lagoa de
tratamento de esgotos desativada. Os problemas causados pelas inundaes so semelhantes
s demais reas de risco, tanto que os moradores anseiam pela cobertura do canal como
alternativa de reduzir as consequncias das inundaes (figura 4.47).
A comunidade Coit formada por aproximadamente 400 famlias que
recentemente (2008) ocuparam o espao de uma lagoa de tratamento de esgotos construda
pela Companhia de gua e Esgoto do Cear CAGECE. Alm de toda a problemtica
envolvida na ocupao de terrenos susceptveis a inundaes, esta comunidade ainda ocupou
inadvertidamente as margens e as partes centrais da referida lagoa. H uma verdadeira luta
diria pela construo de moradias e pelo uso de aterros para tentar diminuir o risco da
entrada da gua nas residncias. Vale ressaltar que ainda no possvel a visualizao da
comunidade na imagem de satlite do Google Earth, visto que a imagem data de 2007 (figura
4.48).

Figura 4.45 A principal atividade de homens e mulheres da comunidade Ilha Dourada a


coleta de material reciclvel. Fonte: foto do autor, agosto de 2009.
Figura 4.46 Moradia precria nas margens do rio Maranguapinho e criana em situao de
vulnerabilidade social na comunidade Ilha Dourada.
Fonte: foto do autor, agosto de 2009.

177

Figura 4.47 Comunidade Alto Jerusalm localizada em frente a um afluente canalizado do


rio Maranguapinho. Convivncia tnue com a pobreza, a falta de infraestrutura e os riscos.
Fonte: foto do autor, agosto de 2009.
Figura 4.48 Moradias ocupando espao destinado a lagoa de tratamento de esgoto na
Comunidade Coit. A construo das moradias, assim como em diversas outras reas de risco
em Fortaleza, se d por autoconstruo e mutires realizados entre parentes e/ou vizinhos.
Fonte: foto do autor, agosto de 2009.
c) Conjunto So Miguel (Frifort, Zizi Gavio)

Localizado no Municpio de Caucaia, prximo ao limite deste municpio com


Fortaleza, o Conjunto So Miguel tem sofrido descaso frequente do Poder Pblico pela
indefinio territorial imposta pela sua proximidade aos limites dos dois municpios,
dificultando a definio correta de alocao de investimentos em polticas pblicas urbanas.

Figura 4.49 Localizao das comunidades Frifort e Zizi Gavio, no Conj. So Miguel.
Fonte: modificado de Google Earth, 2009.

178

Alm disso, trata-se de uma regio confinada entre a plancie fluvial do rio
Maranguapinho e um afluente canalizado deste rio, tambm chamado de Canal do Conj.
Cear, configurando-se em rea com intensos problemas de drenagem e que impem srias
limitaes ocupao. Outro fator agravante dos problemas ligados aos riscos que o bairro
, alm de ser povoado majoritariamente por populao pobre habitando moradias precrias,
cortado por uma rede eltrica de alta tenso da CHESF (Companhia Hidroeltrica do So
Francisco), promovendo riscos de contrair cncer aos moradores que invadiram a rea de
influncia da radiao emitida pela rede eltrica (figura 4.49).
Dentre os territrios de risco mais susceptveis s inundaes no conjunto So
Miguel, destacam-se as comunidades Frifort e Zizi Gavio. A comunidade Frifort assim
denominada em virtude da ocupao do extinto Frigorfico Industrial de Fortaleza S. A.
FRIFORT, por pelo menos 50 famlias desabrigadas em 2001. As moradias foram construdas
nos arredores do frigorfico e nos espaos que funcionavam como currais para o gado a ser
abatido. Periodicamente, as moradias, alm de estruturalmente precrias, so invadidas
pelas guas de inundao do rio Maranguapinho (figuras 4.50 e 4.51).
J a comunidade Zizi Gavio tambm ocupa terrenos entre o rio Maranguapinho e
seu afluente canalizado. Esta comunidade apresenta-se com as de mais precrias condies de
sobrevivncia na RMF, dadas as suas caractersticas socioeconmicas, ausncia generalizada
de infraestrutura urbana e as pssimas condies de moradia de seus habitantes. Para
completar o cenrio de pobreza e risco, a comunidade ocupa terrenos de potencial emisso de
radiao de linhas de alta tenso da CHESF (figuras 4.52 e 4.53).

Figura 4.50 Viso geral do extinto Frigorfico Industrial de Fortaleza S. A. - FRIFORT.


Notar a situao precria da estrutura do prdio sob risco de desabamento.
Fonte: foto do autor, agosto de 2009.
Figuras 4.51 Moradias precrias na comunidade Frifort.
Fonte: foto do autor, agosto de 2009.

179

Figuras 4.52 e 4.53 Moradias precrias na comunidade Zizi Gavio e crianas em forte
condio de vulnerabilidade. Fonte: fotos do autor, agosto de 2009.
d) Comunidade da Chesf

Localizada no bairro Dom Lustosa, pode-se constatar que a comunidade da Chesf


um territrio de mltiplos riscos e alta vulnerabilidade. A comunidade se encontra na
confluncia de dois afluentes do rio Maranguapinho, os riachos Cachoeirinha e da
Agronomia, espao fortemente susceptvel a inundaes peridicas. As condies desse stio
possibilitam defini-lo como de alto risco, j que no necessita de chuvas muito intensas para
que as guas invadam aquele espao e causem prejuzos aos seus habitantes (figura 4.54).
Alm do risco de inundao, aquela comunidade convive ainda com o risco
causado pela radiao potencial emitida pela rede eltrica de alta tenso da CHESF, j que
seus habitantes ocupam o espao de influncia da rede9, fato que tambm estabelece a
toponmia do lugar. Afora isso, a comunidade convive com os riscos causados pelas carncias
em saneamento ambiental (coleta de esgoto e lixo, rede de drenagem), acessibilidade
(ausncia de pontes ou pontes precariamente improvisadas) e moradia.
Pelo menos 72 famlias expostas aos mltiplos riscos convivem em condies
perversas de pobreza e descaso do Poder Pblico, ou seja, esto expostas a riscos sociais,
naturais e tecnolgicos (figuras 4.55 e 4.56).

Esse espao chamado de faixa de servido, e uma rea de segurana que restringe a ocupao ao longo de
linhas de transmisso de energia eltrica, variando de dez metros de largura para postes de concreto e 20 metros
para torres metlicas.

180

Figura 4.54 Localizao geogrfica da comunidade da Chesf. A comunidade apresenta-se na


confluncia de dois afluentes do rio Maranguapinho num territrio fortemente susceptvel a
inundaes. Fonte: modificado de Google Earth, 2009.

Figura 4.55 Convivncia com os mltiplos riscos e a forte precariedade de infra-estrutura e


habitao na comunidade da Chesf. Fonte: foto do autor, setembro de 2009.
Figura 4.56 Moradias precrias em espaos susceptveis a inundaes peridicas e aos
riscos de emisso de radiao da rede de alta tenso na comunidade da Chesf. Notar a posio
da residncia no ponto de confluncia dos dois rios (e). Fonte: foto do autor, setembro de
2009.
e) Comunidade do Capim

A comunidade do Capim caracteriza-se como expanso urbana irregular de


habitaes precrias em plancie inundvel de um afluente canalizado do rio Maranguapinho,

181

na poro oeste de Fortaleza, no bairro Geniba. Esta ocupao teve influncia, dentre outros
fatores, da construo do Conjunto Cear, ao sul desta comunidade, e da expanso do
aglomerado urbano de Fortaleza para oeste e sudeste (figura 4.57).
A esse respeito, houve, com a construo do Conj. Cear, a canalizao do
afluente e a construo de uma lagoa de tratamento de esgotos para o referido conjunto. Como
o monitoramento de espao vazios na cidade precrio e h demanda por habitao popular,
tanto as margens do canal quanto o entorno da lagoa de tratamento foram ocupados.
Como periodicamente esses espaos so ocupados pela gua do canal durante o
perodo chuvoso de vero-outono, a populao tenta diminuir o risco de invaso das guas
com a construo de residncias cada vez mais altas e a utilizao de aterros para crescente
incorporao do espao da plancie de inundao do rio. H, como se pode conferir nas
fotografias, um verdadeiro embate por espao entre a populao e o rio. A construo de
palafitas chega a ocupar o leito principal do canal e frequente notar-se novos aterros para a
construo de mais cmodos nas moradias (figuras 4.58 a 4.61).
Vale frisar que o entorno da lagoa de tratamento vem passando por intensa
ocupao, o que pode tanto aumentar o nmero de residncias vulnerveis s inundaes
quanto incrementar o escoamento superficial em direo ao canal principal, fazendo com que
a magnitude das inundaes possa se tornar cada vez mais desastrosa para a populao
ribeirinha.

Figura 4.57 Delimitao de territrios susceptveis a inundaes na comunidade do Capim,


no bairro Geniba em Fortaleza. Fonte: modificado de Google Earth, 2009.

182

Figura 4.58 e 4.59 Moradias precrias adaptadas s frequentes inundaes atravs de


aterros nos alicerces, na comunidade do Capim (e). Ocupao crescente do leito principal do
afluente do rio Maranguapinho por palafitas (d). Fonte: fotos do autor, agosto de 2009.

Figura 4.60 Incremento no uso de aterros para a construo de mais cmodos nas moradias
na comunidade do Capim. Pela ausncia de ponte, os habitantes do Capim se submetem ao
contato com a gua poluda do canal. Fonte: foto do autor, agosto de 2009.
Figura 4.61 Aterros e palafitas na comunidade do Capim.
Fonte: foto do autor, agosto de 2009.
f) Comunidade Geniba II

A comunidade Geniba II localiza-se na margem esquerda do rio Maranguapinho


no bairro Geniba e se configura entre os territrios mais susceptveis a risco de inundao da
RMF. De acordo com a Defesa Civil de Fortaleza, a comunidade apresenta alto ndice de
ocupao da plancie inundvel do rio Maranguapinho em seu mdio curso, trecho que se
caracteriza pela alta ramificao da drenagem majoritariamente canalizada e ocorrncia de
terrenos deprimidos frequentemente inundados durante a estao chuvosa de vero-outono na
regio (figura 4.62).
Dado que esta comunidade a mais populosa rea de risco da bacia do rio
Maranguapinho e da RMF, totalizando 1.516 famlias em condio de alta vulnerabilidade

183

social e fsicoespacial, tambm a que se encontra entre as que mais demandam auxlio da
Defesa Civil quando dos fenmenos de chuva mais intensa. Com srios problemas de infraestrutura, principalmente saneamento ambiental (coleta de esgoto e lixo, rede de drenagem) e
acessibilidade (ausncia de ruas calamentadas, pontes seguras etc.), precrios servios
pblicos de sade, educao, segurana, alm de condies precrias de moradia, frequente
a ocorrncia de perdas humanas e materiais durante as inundaes nesta comunidade (figuras
4.63 a 4.70).
Nesses eventos de chuva intensa e de inundao, so frequentes os prejuzos
materiais diversos, como danos diretos s moradias (desabamentos e rachaduras) que ocupam
as margens do rio Maranguapinho em virtude da fragilizao do solo causada pelo
solapamento das margens, perdas de moblias, entre outros. Tambm so recorrentes, nas
inundaes mais intensas, as mortes por afogamento pessoas arrastadas pela correnteza do
rio quando se arriscavam em banhos ou ainda ao atravessar as precrias pontes que so
danificadas nas inundaes. Num evento de precipitao intensa em 2007, uma criana de
quatro meses morreu de hipotermia e um homem morreu arrastado pela correnteza do rio
Maranguapinho.

Figura 4.62 Detalhe da comunidade Geniba II. O stio urbano dessa comunidade est
estruturado em terrenos deprimidos e alagveis, alm de uma rede de drenagem densamente
ramificada, canalizada e retilinizada. Fonte: modificado de Google Earth, 2009.

184

Figuras 4.63 e 4.64 Formas de adaptao das moradias ao risco de inundao na


comunidade Geniba II. O uso de aterros e palafitas recorrente dada a ocupao de stios
inundveis (e). Fonte: foto do autor, maio de 2008. Formas de convivncia com as
inundaes. A populao procura proteger da gua seus parcos bens (d). Fonte: foto do autor,
maro de 2009.

Figuras 4.65 e 4.66 Precrias condies de infraestrutura da comunidade Geniba II,


principalmente no que diz respeito coleta de lixo e esgoto. Notar as condies de uma
escola/creche da comunidade (e). Fonte: fotos do autor, maio de 2008.

185

Figura 4.67 e 4.68 Alm da vulnerabilidade s inundaes e a precariedade do saneamento,


a comunidade Geniba II convive com graves carncias de acessibilidade, com uso de
passagens e pontes improvisadas. Fonte: fotos do autor, junho de 2008.

Figura 4.69 Capa do jornal Dirio do Nordeste destacando as consequncias das fortes
chuvas e os problemas causados pelas inundaes em 2007.
Fonte: Jornal Dirio do Nordeste, 24 fev 2007.

186

Figura 4.70 Vitria, de apenas quatro meses, morreu em casa, no Parque Geniba. Os
pais deixaram-na em um carrinho sem perceber a existncia de uma goteira. Quando o Corpo
de Bombeiros chegou ao local, por volta das 12 horas, ela j estava morta, vtima de
hipotermia (temperatura corporal baixa), segundo o Servio de Verificao de bito (SVO).
Segundo a me do beb, Miriam da Silva Crispim, ela tinha problemas respiratrios. Miriam
diz que trocou a filha de quarto, durante a madrugada, justamente para proteg-la das goteiras
e, somente no incio da manh, percebeu que Vitria estava mole e gelada, provavelmente j
morta. Fonte: Jornal Dirio do Nordeste, 24 fev 2007.
g) Parque Jerusalm, Jardim Fluminense, 08 de Dezembro

Parcela considervel dos territrios de risco da bacia do rio Maranguapinho


localizam-se no chamado Grande Bom Jardim, j abordado. Trata-se de regio que abrange
bairros da periferia sudoeste de Fortaleza prximos ao limite com o Municpio de Maracana.
Esse bairros apresentam graves problemas socioambientais e possuem majotariamente
pssimos indicadores sociais. Dos territrios de risco delimitados na figura, foram
selecionadas para anlise mais pormenorizada as comunidades Parque Jerusalm, Jardim
Fluminense e 08 de dezembro.
As comunidades Parque Jerusalm, Jardim Fluminense e 08 de Dezembro
apresentam respectivamente 690, 395 e 356 famlias em situao de risco de inundaes,
totalizando 1441 famlias em precrias condies de moradia e infraestrutura, ocupando
terrenos susceptveis a inundaes e processos erosivos nas margens do rio Maranguapinho e
de seu afluente, o riacho Alto Alegre.
No caso especfico da comunidade Jardim Fluminense, h o forte agravante de
esta se localizar na confluncia do rio Maranguapinho com o seu afluente, o riacho Alto
Alegre, ocasionando srios problemas populao quando da ocorrncia de inundaes, em
razo de se tratar de terrenos com alta susceptibilidade a esses fenmenos (figura 4.71).

187

Outros srios problemas agravam as condies de sobrevivncias dessas


comunidades. O riacho Alto Alegre encontra-se intensamente poludo pelo lanamento de
esgotos domsticos sem tratamento, mas sobretudo pelo carga excessiva do criminoso
lanamento de efluentes industriais ao cortar a rea dos distritos industriais no Municpio de
Maracana, como tratado por Almeida (2005).

Figura 4.71 Localizao geogrfica da comunidade Jardim Fluminense.


Fonte: modificado de Google Earth, 2009.
Existe ainda, em virtude da crescente demanda por material de construo civil
ligada expanso dos bairros perifricos de Fortaleza, a extrao clandestina de areia das
margens do rio Maranguapinho e do riacho Alto Alegre, agravando os processos de eroso
das margens e assoreamento do leito dos rios, contribuindo para o aumento do espao
ocupado pelas guas de inundao.
O problema das inundaes agravado em alguns setores da comunidade Jardim
Fluminense em decorrncia da construo de moradias entre duas lagoas de tratamento de
esgoto e o rio Maranguapinho e riacho Alto Alegre, confinando alguns logradouros e
aumentando o risco e as consequncias das inundaes (figuras 4.72 e 4.73).

188

Figuras 4.72 e 4.73 Precrias condies de infraestrutura na comunidade Parque Jerusalm


(e). Fonte: foto do autor, janeiro de 2008. Intensa poluio do riacho Alto Alegre na
comunidade Jardim Fluminense. Notar colorao escura da gua e o lixo (d).
Fonte: foto do autor, setembro de 2009.

h) Novo Maranguape I

Tanto o Municpio de Maracana quanto o de Maranguape apresentam atualmente


frentes de expanso urbana, consequncia do processo de metropolizao da RMF, refletindo
naqueles municpios problemas semelhantes aos da Capital. No caso especfico de
Maracana, como j expresso, seu crescimento urbano se deu como resultado da instalao de
conjuntos habitacionais e distritos industriais, o que promoveu intensa migrao e
consequente abertura de frentes de expanso urbana, representadas por loteamentos
clandestinos e favelas, frequentemente localizados em espaos susceptveis a riscos de
inundao, como o caso das comunidades Vila Buriti, Vila Vintm e Coqueiral (figura
4.74).
De forma semelhante, ocorre no Municpio de Maranguape, que tambm passa
expanso urbana e instalao de parques industriais, o que se confronta com as caractersticas
dominantes daquele Municpio predominam ainda os espaos rurais e a manuteno parcial
de vegetao plvionebular nas vertentes midas da serra de Maranguape, onde se localizam
as principais nascentes do rio Maranguapinho.
A abertura de loteamentos com precrias infraestruturas, entretanto, ocorre sem a
devida anlise das condies geoambientais do stio urbano de Maranguape, o que cria
novos riscos (inundaes) nas reas ainda no consolidadas ou urbanizadas, tendo em vista

189

que at h algumas dcadas os principais perigos naturais estavam atrelados ocupao de


vertentes ngremes, com supreo de vegetao e o desencadeamento de processos erosivos e
movimentos violentos de solo, como o caso dos deslizamentos.

Figura 4.74 Localizao geogrfica das comunidades sob risco de inundao em


Maracana: 1. Vila Buriti; 2. Vila Vintm; 3. Coqueiral.
Fonte: modificado de Google Earth, 2009; Almeida, 2005.
Em maro de 2009, aps intensas precipitaes nas cabeceiras do rio
Maranguapinho, a comunidade Novo Maranguape I (com cerca de 120 famlias figura 4.75)
passou por graves problemas de inundao, efeitos das intervenses desastradas do Poder
Pblico (aterramento de reas alagveis, canalizao subdimensionada de crregos,
construo da rodovia CE 065, aterro para construo do calamento da rua, deixando-a mais
alta do que o nvel das residncias) e intervenses individuais (barramento de crregos,
aterros de reas alagveis).
Os prejuzos foram inmeros e pesados em virtude das condies de pobreza
daquela comunidade. De acordo com o Jornal Dirio do Nordeste, pelo menos 80 famlias
foram atingidas pelas inundaes, com prejuzos estrutura das residncias, perda de moblia,
entre outros, e muitos moradores tiveram que abandonar suas moradias diante do risco
(figuras 4.76 a 4.79).

190

Figura 4.75 Localizao da comunidade Novo Maranguape I. Notar a expanso urbana em


direo s vertentes da serra de Maranguape e na direo da densa rede de drenagem
caracterstica do alto curso do rio Maranguapinho. Fonte: modificado de Google Earth, 2009.

Figuras 4.76 e 4.77 Moradia danificada pela inundao de maro de 2009, na comunidade
Novo Maranguape I, rua Humberto Vieira (e). Fonte: Jornal Dirio do Nordeste, 30 de janeiro
de 2009. Proprietria da mesma moradia indicando a altura que a gua alcanou na inundao
ocorrida em maro de 2009 (d). Fonte: foto do autor, setembro de 2009.

191

Figura 4.78 Matria de jornal deu detalhes sobre o desastre ocorrido na comunidade Novo
Maranguape. Fonte: Jornal Dirio do Nordeste, 30 de janeiro de 2009.
Figura 4.79 Matria de jornal do dia seguinte ao caso tratou dos prejuzos e como a
comunidade estava se recuperando. Fonte: Jornal Dirio do Nordeste, 31 de maro de 2009.
4.3.4 Inundaes urbanas no rio Maranguapinho: episdio de 29 de janeiro de 2004

O ano de 2004 teve o ms de janeiro mais chuvoso desde 1974, quando a


Fundao Cearense de Meteorologia e Recursos Hdricos FUNCEME iniciou a medio dos
ndices de precipitao em Fortaleza. 2004 apresentou uma precipitao total de 1.991,10
mm, dos quais mais de 500 mm foram registrados s no ms de janeiro, quando a mdia
histrica para esse ms 124 mm.
O grfico seguinte (figura 4.80) demonstra a quantidade de precipitao para o
ms de janeiro de 2004, e destaca, para o dia 29, um dos maiores eventos pluviomtricos da
histria de Fortaleza, quando houve registro de 250 mm10 de chuva medidos no perodo de
registro meteorolgico padro de 24 horas (das 7 s 7 horas). Vale destacar que esse episdio
foi o maior registro de precipitao para o ms de janeiro desde 1910.
possvel observar ainda no grfico que houve intensa precipitao antecedente
ao episdio do dia 29. De acordo com a FUNCEME, das 7 horas do dia 26 at s 16 horas do
dia 27 de janeiro, j havia chovido 142,2 mm. Tal fato contribuiu ainda mais para o
agravamento dos problemas causados pela intensa precipitao do dia 29.
10

Em 24 de abril de 1997, houve registro de 270 mm ininterruptos e por perodo superior a 24 horas. Das 7 as 7
horas houve o registro de 180 mm naquele episdio de precipitao intensa.

192

Figura 4.80 - Pluviosidade do ms de janeiro de 2004, destacando o episdio do dia 29.


Fonte: Funceme, 2004, extrado de Zanella e Mello, 2006.
De acordo com as imagens do satlite Meteosat (figura 4.81), que registraram as
condies do tempo dos dias 27, 28 e 29 de janeiro de 2004, possvel vislumbrar os diversos
sistemas atmosfricos responsveis pela precipitao no perodo. De acordo com Zanella e
Mello (2006),
As Repercusses das Frentes Frias (RFF) associadas formao de um Vrtice
Ciclnico de Altos Nveis (VCAN), provocaram ndices pluviomtricos importantes
para os dias 27 e 28/01. No dia 29, a influncia do VCAN, associado Zona de
Convergncia Intertropical, (ZCIT), que se deslocou para o Sul causaram ndices
pluviomtricos elevados, no registrados desde o ano de 1974, quando iniciaram os
registros da estao meteorolgica localizada na Funceme (ZANELLA e MELLO,
2006, p. 2002).

a.

b.

c.

Figura 4.81 a. Imagem meteorolgica do dia 27.01.06. b. Imagem meteorolgica do dia


28.01.06. c. Imagem meteorolgica do dia 29.01.06.

193

Fonte: INPE, extrado de Zanella e Mello, 2006.


Referido episdio de precipitao extrema causou inumeros problemas a uma
cidade j combalida pela carncia generalizada de infraestrutura, principalmente saneamento
ambiental e pela falta de cultura de risco que a populao de Fortaleza apresenta. De acordo
com dados da Defesa Civil de Fortaleza e da imprensa escrita local, notadamente o Jornal O
Povo (figuras 4.82 a 4.84), foram 25 bairros atingidos, totalizando 19.173 pessoas (2.577
famlias) afetadas pelo episdio do dia 29 de janeiro de 200411.

Figura 4.82 Capa do jornal O Povo de 30 de janeiro de 2004, destacando os cenrios de


destruio e caos em Fortaleza aps o dilvio. Fonte: Jornal O Povo, 30 jan 2004.
Figuras 4.83 As consequncias das chuvas foram sentidas em todo o Estado do Cear, em
2004. Foram pelo menos 72.161 pessoas atingidas pelas chuvas (e).
Fonte: Jornal O Povo, 30 jan 2004.
Dentre os 25 bairros mais atingidos, 28% das ocorrncias registradas pela Defesa
Civil de Fortaleza (38 ocorrncias de um total de 133) foram realizadas por bairros drenados
pela bacia do rio Maranguapinho. Destacam-se os bairros de Antnio Bezerra (6%), Geniba
(5%), Bom Jardim (5%), Autran Nunes (3%), Quintino Cunha (2%), Bela Vista (2%), Jardim
Iracema (2%), Parque Santa Rosa (2%) e Henrique Jorge (1%).
Alm disso, praticamente a totalidade das famlias desabrigadas ou desalojadas
durante o evento habitavam reas de risco de inundao e de deslizamento de terra. No caso
da bacia do rio Maranguapinho, as reas de risco mais afetadas foram as do Conjunto So
Miguel (Frifort e Zizi Gavio), Jardim Fluminense, Geniba. J o deslizamento de terra
11

A Defesa Civil de Fortaleza registrou pelo menos 746 pessoas desabrigadas e 1.763 desalojadas, com 369
moradias totalmente destrudas e 1.861 foram parcialmente danificadas. Ocorreram ainda duas mortes.

194

ocorreu na comunidade Castelo Encantado, no Mucuripe, deixando casas soterradas e a


comunidade sem energia eltrica (figura 4.85).

Figuras 4.84 - O temporal de 250 mm em 24 horas recebeu destaque da imprensa de


Fortaleza. Fonte: Jornal O Povo, 30 jan 2004.
Figura 4.85 O jornal O Povo deu destaque s reas de risco mais atingidas na periferia de
Fortaleza. Dentre as reas drenadas pela bacia do rio Maranguapinho, as mais atingidas foram
as comunidades do Frifort, Zizi Gavio, Geniba e Jardim Fluminense.
Fonte: Jornal O Povo, 30 jan 2004.
As chuvas daquele episdio deixaram Fortaleza e outras cidades da RMF em
estado de caos em diversos bairros, inclusive bairros considerados de classe mdia alta. Pelo
menos 18 avenidas de Fortaleza ficaram intrafegveis pelos pontos de alagamento (foram 25
pontos de alagamento em 15 bairros), alm abertura de crateras nas ruas e automveis
enguiados por conta da gua; houve danos e prejuzos aos mais diversos setores da economia
da cidade, tais como os servios, o comrcio e o turismo (4.86 e 4.87).

195

Figuras 4.86 e 4.87 Os prejuzos causados pelo temporal de janeiro de 2004 foram sentidos
tambm pela classe mdia-alta de Fortaleza (e). O nvel da gua do rio Maranguapinho atingiu
mais de 2 metros acima de seu leito menor, deixando aos habitantes das reas de risco
incalculveis prejuzos (d). Fonte: Jornal O Povo, 30 jan 2004.

Figura 4.88 Os danos causados pelas inundaes foram sentidos em toda a cidade de
Fortaleza, mas as comunidades mais pobres so as mais vulnerveis e mais susceptveis aos
riscos, caso da comunidade Frifort, no Conjunto So Miguel. Fonte: Jornal O Povo, 30 jan
2004.
Alm de danos causados no momento das inundaes, houve ainda consequncias
ps-chuvas que promoveram intensos problemas populao de Fortaleza, notadamente
aqueles mais pobres e cujas moradias no detinham saneamento ambiental. Os atendimentos
de pacientes com doenas de veiculao hdrica nos hospitais de Fortaleza dobraram,
principalmente de crianas em estado de forte desidratao por doenas diarricas. Outra
doena tpica de eventos ps-chuvas a leptospirose, transmitida atravs de gua contaminada
pela urina de ratos. O lixo acumulado nas ruas tambm contribuiu, tanto para a transmisso de
doenas, quanto para o entupimento de bueiros e bocas-de-lobo, aumentando os problemas de
drenagem na cidade (figura 4.88).

196

MAPA 2 - PADRES DE USO E OCUPAO DO SOLO E ESPAOS DE RISCO


DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO MARANGUAPINHO

528292

533292

538292

543292

548292

553292

9592100

Oceano Atlntico

9592100

MAPA 2 - PADRES DE USO E OCUPAO DO SOLO E ESPAOS


DE RISCO DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO MARANGUAPINHO

Vila Velha

Caucaia

Quintino Cunha
Av. Mister Hull

Rede de Drenagem
Lagos e Lagoas

9585100

A. da
Agronomia

Antonio Bezerra
Conj. So Miguel

Campus do Pici UFC

Autran Nunes

Limite da Bacia

Riacho Cachoeirinha

Geniba

Espaos de Risco

Henrique Jorge

Rio
Maranguapinho

Malha Urbana

Lagoa da
Parangaba

9585100

Limites Municipais

Conj. Cear

Riacho das Pedras

reas Institucionais

Granja Portugal
Bom Sucesso

Conjuntos Habitacionais

Granja Lisboa

rea Rural

Fortaleza

Bom Jardim

Rio
Maranguapinho

Assentamentos Precrios, Favelas


A. da Viva

rea Urbana No Especial

Lagoa do
Mondubim

9578100

9578100

Canindezinho

Siqueira

Alto Alegre

Riacho Alto Alegre

Acaracuzinho

Distrito Industrial

Rio
Maranguapinho

Maracana

Lagoa de
Estabilizao

Aterro
Metropolitano Sul

Maranguape

S e r r a

d e

9571100

9571100

Novo Maranguape

M a r a n g u a p e

9564100

9564100

Pacatuba

d e

A r a n t a n h a

1,5

3
Km

9557100

Maranguape

Elaborado por Lutiane Almeida, 2009


Fonte: Mapa de Localizao geogrfica da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho;
Shapes - Centro de Estudos da Metrpole (CEM, 2008, http://www.centrodametropole.org.br/mc/); PDPFOR, 2006;
IBGE, 2005; Trabalhos de Campo, 2009.

528292

533292

538292

543292

548292

553292

9557100

S e r r a

197

5. NDICE DE VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL IVSA


O conceito de vulnerabilidade, j foi expresso, deveras complexo e multifacetado, e
diversos autores, dentre os quais Vogel e OBrien (2004), citados por Birkmann (2006),
destacam o fato de que a vulnerabilidade
- multidimensional e diferencial (varia atravs do espao fsico e entre e dentro de
grupos sociais);
- dependente da escala (com relao ao tempo, espao e unidades de anlise tais como
individual, familiar, regio, sistema); e
- dinmica (as caractersticas e as foras motrizes da vulnerabilidade mudam a todo
tempo).
Por essa razo, muito j se discutiu sobre as dificuldades de se operacionalizar,
mensurar e representar esse conceito. Houve, entretanto, nas ltimas dcadas significativos
avanos no que se chama cincia da vulnerabilidade, no que diz respeito sua
operacionalizao e seu uso na definio de espaos diferenciados quanto s condies sociais
e susceptibilidade de determinados grupos sociais aos perigos naturais. Birkmann (2006)
fornece uma viso geral das diferentes esferas tericas do conceito de vulnerabilidade sem
pretenso de detalhamento (cf. figura 5.1).

198

Figura 5.1 Esferas-chave do conceito de vulnerabilidade.


Fonte: extrado de Birkmann (2006).
Cutter e Finch (2008) distinguem, apesar de algum consenso recente advindo com os
avanos nas discusses tericas, conceituais e metodolgicas, duas comunidades atuantes na
cincia da vulnerabilidade, quais sejam a human-environmental research e a risk-hazards.
A primeira aborda enfatica e sistemicamente os processos ambientais em escala
global, especialmente as mudanas climticas e seus impactos do local ao global
(KASPERSON et al., 2005; TURNER et al., 2003); j a vertente risk-hazards produz
pesquisas sobre os perigos naturais e desastres e suas correlaes com a vulnerabilidade e
resilincia, tendo sido incorporadas na gesto de emergncias e na mitigao dos perigos
(BLAIKIE et al., 1994; BANKOFF, FRERKS e HILHORST, 2004; PELLING, 2003; VALE
e CAMPANELLA, 2005). Pode-se dizer tambm que a primeira vertente enfatiza as relaes
ambientais na configurao de espaos vulnerveis e a segunda aborda com maior
propriedade aspectos sociais na formao de grupos sociais vulnerveis e espacialmente
segregados.
Os modelos tericos seguintes (figuras 5.2 e 5.3) so exemplos de como cada
abordagem estrutura o conceito de vulnerabilidade. H consenso entre as duas vertentes
quanto composio do conceito que direcionada pelos elementos exposio,
susceptibilidade e resposta (capacidade de resposta ou resilincia), e isso requer medies e
representaes com base nas duas vertentes de pesquisa, a ambiental e a social, pois se
complementam.

199

Figura 5.2 - Modelo de vulnerabilidade Hazards-of-Place Perigos do Lugar.


Fonte: adaptado de Cutter (1996) por Almeida (2009).

Figura 5.3 - Modelo estrutural da vulnerabilidade e detalhe para seus elementos constituintes.
Fonte: adaptado de Turner et al. (2003) por Almeida (2009).
Tratando das abordagens semiquantitativas que integram fatores de vulnerabilidade e
elementos vulnerveis, DErcole (1994) considera que esta perspectiva de anlise da
vulnerabilidade pode resultar numa hierarquizao social e/ou espacial dos elementos
expostos (os habitantes de uma cidade, os seus bens ou suas atividades), cujo principal
objetivo a elaborao de mapas de vulnerabilidade, tais como os trabalhos de Chardon
(1996) e mais recentemente, Cutter e Finch (2008).
Nos trabalhos de Cutter e Finch (2008), Turner et al. (2003) e Birkmann e Wisner
(2006), possvel vislumbrar uma parcela considervel de pesquisas realizadas com o

200

propsito de operacionalizar o conceito de vulnerabilidade, principalmente no sentido de sua


mensurao1 e hierarquizao espacial.
Para Birkmann (2006), as abordagens atuais utilizadas para mensurar a
vulnerabilidade, frequentemente carecem de procedimentos de desenvolvimento que sejam
sistemticos, transparentes e compreensveis. A habilidade para mensurar a vulnerabilidade
um prerrequisito essencial para a reduo dos riscos de desastres, mas requer uma habilidade
para, ao mesmo tempo, identificar e melhor entender exatamente quais so as diversas
vulnerabilidades aos perigos de origem natural, que determinam a maior parte dos riscos.
Dessa forma, as abordagens discutidas sob a gide do measuring vulnerability
incluem indicadores quantitativos, critrios qualitativos, assim como metodologias mais
amplas de avaliao, tais como ensaiar estimar aspectos institucionais da vulnerabilidade. A
grande complexidade do conceito de vulnerabilidade requer uma reduo na quantidade de
dados coletveis, para um conjunto de indicadores e critrios relevantes, que facilitem uma
avaliao ou estimao exequvel da vulnerabilidade (op. cit.).
No que concerne necessidade de ferramentas para a produo de indicadores, ndices
e critrios de avaliao da vulnerabilidade, Birkmann (2006, p. 58) define um indicador de
vulnerabilidade aos perigos de origem natural, como uma varivel que uma representao
operacional de uma caracterstica ou qualidade de um sistema capaz de prover informao que
considere a susceptibilidade, a capacidade de lidar e a resilincia de um sistema a um impacto
de um (embora no muito bem definido) evento atrelado a um perigo de origem natural.
Ainda segundo o mesmo autor, para a elaborao de indicadores, condio sine qua
non a definio de variveis (e suas bases de dados), seguida da informao processada, e
elaborao de indicadores (regida pelo objetivo geral do ndice), finalizando com a
conformao de ndices agregados. A qualidade do indicador determinada por sua
capacidade de indicar as caractersticas de um sistema que relevante para sublinhar o
interesse determinado pelo objetivo do ndice.
Recentemente, no relatrio final da Conferncia Mundial sobre a Reduo dos
Desastres (World Conference on Disaster Reduction WCDR), realizada em Kobe, Japo, a
comunidade internacional destacou a necessidade de desenvolver indicadores de
vulnerabilidade:

importante destacar que a expresso mensurar vulnerabilidade no abrange unicamente mtodos


quantitativos, mas tambm busca discutir e desenvolver todos os tipos de metodologias capazes de traduzir o
abstrato conceito de vulnerabilidade, em ferramentas prticas para aplicao no campo (BIRKMANN, 2006, p.
55).

201
Preparar sistemas de indicadores del riesgo de desastre y de la vulnerabilidad a nivel
nacional y subnacional que les permitan a las autoridades responsables analizar el
impacto de los desastres en las condiciones sociales, econmicas y ambientales, y
divulgar los resultados entre las autoridades responsables, la ciudadana y las
poblaciones expuestas. (UN/ISDR, 2005, p. 07).

No Brasil, crescente o nmero de pesquisas que tratam da hierarquizao espacial e


da elaborao de ndices de vulnerabilidade, procurando avaliar as desigualdades sociais e
ambientais e reduzir os riscos atrelados a eventos naturais e tecnolgicos. Cita-se como
exemplo o ndice Paulista de Vulnerabilidade Social, elaborado pela Fundao SEADE
(Fundao Sistema Estadual de Anlise de Dados) do Estado de So Paulo (SEADE, 2008).
Outros exemplos brasileiros que valem referncia so os de Deschamps (2004), Cunha (2006)
e Dantas e Costa (2009).
Para efeito de viabilidade operacional do conceito de vulnerabilidade, dadas as suas
complexidade e multidimensionalidade, e na tentativa de traduzir padres socioespaciais na
distribuio dos riscos atrelados s inundaes na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho e
a constatao de coincidncias geogrficas e superposio de riscos sociais e ambientais em
lugares comuns, props-se limitar a anlise aos elementos de exposio ao perigo de
inundaes (Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes), dada a relevncia desse
fenmeno quanto sua magnitude e frequncia na rea estudada, e a susceptibilidade
(condicionantes socioespaciais) aos perigos naturais (vulnerabilidade social), em funo das
perversas condies de desigualdade socioespacial constatadas na rea objeto de anlise da
presente tese.
Vale ressaltar que a principal hiptese da pesquisa a de que h uma coincidncia
entre os espaos susceptveis a processos naturais perigosos, como o caso das inundaes
processo natural atrelado dinmica dos rios e suas bacias hidrogrficas, e os espaos da
cidade que apresentam os piores indicadores sociais, econmicos e de acesso a servios e
infraestrutura urbana; ou seja, aquelas comunidades com menos acesso a recursos ocupam os
espaos de risco da cidade.
Assim, para a definio de espaos onde ocorrem superposio de riscos e
vulnerabilidades, utilizou-se da elaborao do ndice de Vulnerabilidade Socioambiental IVSA da bacia do rio Maranguapinho, e de sua respectiva representao espacial (mapa 5). A
elaborao do IVSA se dar pela elaborao e sobreposio de dois outros ndices e suas
respectivas representaes espaciais (mapas 3 e 4): o ndice de Vulnerabilidade Social
IVS e o ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes - IVFI.

202

A esse respeito, Cutter et al. (2003) encaram a condio de vulnerabilidade com base
em trs princpios que devem ser levados em conta quando de sua operacionalizao em
pesquisa: a primeira identificao das condies que fazem com que as pessoas ou lugares
sejam vulnerveis a eventos naturais extremos, um modelo de exposio; a segunda a
suposio de que a vulnerabilidade uma condio social, uma medida da resistncia ou
resilincia social aos perigos; e a terceira, que h integrao da exposio potencial e da
resilincia social com lugares e regies especficos.
Nesse caso, a proposta de anlise, mensurao e hierarquizao da vulnerabilidade
proposta nesta tese, corrobora a perspectiva de Cutter et al. (2003), pois esta pesquisa visa a
hierarquizar e espacializar a exposio aos riscos de inundao, as condies sociais
(resilincia social) e de que forma esses parmetros se integram e se encontram no espao da
bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Nesse contexto, as perguntas-chave quem, o que e onde vulnervel ?; Vulnervel a
que ?; Quem quer saber e por qu ?; e Quais as circunstancias e contexto formam o cotidiano
dos afetados ? so questes que podem guiar tanto a operacionalizao de mtodos de
pesquisa, quanto funcionam como horizontes na formulao de polticas da gesto de risco
(BIRKMANN e WISNER, 2006; TURNER et al., 2003; MARANDOLA JR, 2009).
A definio de espaos onde ocorre coincidncia entre vulnerabilidade fsica
(exposio) e vulnerabilidade social (susceptibilidade), respondendo em parte (j que no se
trata aqui de um estudo especfico de gesto de risco, mas de avaliao de risco) s perguntaschave anteriores, se deu pela hierarquizao e comparao entre os diversos espaos
vulnerveis mediante a produo de ndices e de suas respectivas representaes espaciais
(mapas).
Tanto os ndices quanto os mapas foram produzidos com o uso de variados programas
de geoprocessamento e uso de Sistemas de Informao Geogrfica SIGs, com a associao
de bases de dados e sobreposies de informaes georreferenciadas, possibilitando
identificao de espaos onde acontece coincidncia entre vulnerabilidade fsica e social e,
portanto, de maior vulnerabilidade socioambiental.
5.1 ndice de Vulnerabilidade Social IVS. Susceptibilidade e capacidade de resposta.

De acordo com Mitchell (1989), a vulnerabilidade reflete um potencial para a


perda. Dessa forma, a vulnerabilidade das sociedades e dos lugares produzida com suporte
em dois elementos: as condies sociais e o risco de exposio.

203

Para muitos autores, avaliar a vulnerabilidade social de um grupo de indivduos


significa avaliar a susceptibilidade e, de forma indireta, a capacidade de resposta aos perigos
naturais (CUTTER et al., 2003; CUTTER e FINCH, 2008). Davis (1994) acrescenta que
avaliao da vulnerabilidade social um diagnstico que identifica quem est em risco, em
risco de que e em qual localizao. Tal diagnstico tende para o estdio seguinte, que a
gesto de risco que inclui medidas de previso, preveno, proteo e mitigao2.
As vulnerabilidades socialmente criadas, entretanto, geralmente so ignoradas,
principalmente em funo da dificuldade em quantific-las, explicando assim a histrica
ausncia do tema das perdas sociais nos relatrios de estimao dos custos/perdas no psdesastre (CUTTER et al., 2003). A vulnerabilidade social constituda por desigualdades
sociais e espaciais, e, em virtude dessa caracterstica, tornam-se imprescindveis a avaliao e
a comparao das vulnerabilidades entre os diversos espaos.
Dessa forma, os indicadores sociais so desenvolvidos desde meados da dcada de
1960, num contexto de ebulio social, dados os movimentos por direitos civis; mas foi com o
advento da cincia da sustentabilidade que as pesquisas sobre indicadores de qualidade de
vida experimentaram um importante renascimento (CUTTER et al., 2003).
Para a criao de indicadores de vulnerabilidade social, imprescindvel elencar
uma srie de fatores ou variveis. H consenso na comunidade de pesquisadores das cincias
sociais de que alguns fatores principais influenciam diretamente a vulnerabilidade social.
Status ou classe social, etnia, gnero, incapacidades (e.g motoras), faixa etria, so algumas
das variveis mais utilizadas na literatura das cincias sociais que denotam condies de
desvantagem social. Na tabela seguinte (tabela 1), h um elenco de caractersticas, as mais
utilizadas na literatura, que influenciam a vulnerabilidade social e que vo alm caractersticas
clssicas j citadas.

Quadro 5.1 - Variveis e critrios de mensurao da vulnerabilidade social.


Variveis

Status
socioeconmico
(renda, poder
poltico, prestgio)

Descrio

A habilidade de absorver perdas e realar a resilincia


aos impactos dos perigos. A riqueza permite as
comunidades absorver e se recuperar das perdas mais
rapidamente devido ao seguro, redes de segurana

Aumento (+) ou
Diminuio (-) da
Vulnerabilidade
Social
Alto status (+/-)
Baixa renda ou status
(+)

"Social vulnerability assessment is diagnostic. It identifies who is at risk, from what and in what location. It
tends towards the next stage which concerns protective planning and embraces both preparedness and mitigation
measures (DAVIS, 1994, p. 13).

204

Gnero

Raa e etnia

Faixa etria

Desenvolvimento
industrial e
comercial

Perda do emprego

Rural/urbano

Propriedade
residencial

sociais, e programas do direito.


Fontes: Cutter, Mitchell, e Scott (2000), Burton, Kates,
and White (1993), Blaikie et al. (1994), Peacock,
Morrow, e Gladwin (1997, 2000), Hewitt (1997), Puente
(1999), e Platt (1999).
As mulheres podem ter perodos de maior dificuldade
durante a recuperao do que os homens, frequentemente
devido ao setor-emprego especfico, mais baixos
salrios, e responsabilidades do cuidado da famlia.
Fonte: Blaikie et al. (1994), Enarson e Morrow (1998),
Enarson e Scanlon (1999), Morrow e Phillips (1999),
Fothergill (1996), Peacock, Morrow, e Gladwin (1997,
2000), Hewitt (1997), e Cutter (1996).
Imposio da lngua e as barreiras culturais que afetam o
acesso ao financiamento de ps-desastre e localizaes
residenciais em reas de perigo elevado.
Fontes: Pulido (2000), Peacock, Morrow, e Gladwin
(1997, 2000), Bolin e Stanford (1998), e Bolin (1993).
Idades extremas afetam ou dificultam quando dos
momentos de evacuao de reas sob eventos perigosos.
Os pais perdem tempo e dinheiro quando as creches so
afetadas; os idosos tm a mobilidade comprometida ou
as dificuldades de mobilidade aumentam o peso dos
cuidados, diminuindo a resilincia.
Fonte: Cutter, Mitchell, e Scott (2000), OBrien e Mileti
(1992), Hewitt (1997), e Ngo (2001).
O valor, qualidade e densidade das construes
comerciais e industriais fornecem um indicador do
estado da sade econmica de uma comunidade, e
potencial de perdas na comunidade empresarial, e gastos
de longo prazo com recuperao aps um evento.
Fonte: Heinz Center for Science, Economics, and the
Environment (2000) e Webb, Tierney, e Dahlhamer
(2000).
A perda potencial de emprego que segue um desastre
agrava o nmero de trabalhadores desempregados em
uma comunidade, contribuindo para uma recuperao
mais lenta do desastre.
Fonte: Mileti (1999).
Os habitantes de zonas rurais podem ser mais
vulnerveis em razo da mais baixa renda e maior
dependncia na extrao de recursos baseado nas
economias locais (por exemplo, agricultura, pesca). As
reas de maior densidade (urbanas) dificultam a
evacuao no momento de ocorrncia de eventos
perigosos.
Fonte: Cutter, Mitchell, e Scott (2000), Cova e Church
(1997), e Mitchell (1999).
O valor, qualidade e a densidade das construes
residenciais afetam o potencial de perdas e de
recuperao. Residncias caras construdas nas zonas
litorneas custam mais caro para reconstruir; residncias
mveis (e.g., trailers) so facilmente destrudas e menos
resilientes aos perigos.
Fonte: Heinz Center for Science, Economics, and the

Gnero (+)

No-brancos (+)
No-anglos (+)

Idosos (+)
Crianas (+)

Alta densidade (+)


Alto valor (+/-)

Perda do emprego (+)

Rural (+)
Urbano (+)

Residncias mveis
(e.g., trailers) (+)

205

Infraestrutura e
segurana

Inquilinos

Ocupao

Estrutura familiar

Educao

Crescimento
demogrfico

Environment (2000), Cutter, Mitchell, e Scott (2000), e


Bolin e Stanford (1991).
Perda de sistemas de esgotos, pontes, gua,
comunicaes, e infraestrutura de transporte, compem o
potencial de perdas por um desastre. A perda de infraestrutura pode estabelecer um peso financeiro
intransponvel sobre pequenas comunidades em que h
carncia de recursos financeiros para a reconstruo.
Fonte: Heinz Center for Science, Economics, and the
Environment (2000) e Platt (1995).
Pessoas que alugam imveis o fazem porque so
residentes temporrios ou no tm recursos financeiros
para adquirir imvel prprio. Eles frequentemente
carecem de acesso a informao sobre ajuda financeira
durante a recuperao. Em casos mais extremos, os
inquilinos possuem pouca opo de abrigo quando
alojamentos se tornam inabitveis ou custam muito caro
para os seus recursos.
Fonte: Heinz Center for Science, Economics, and the
Environment (2000) e Morrow (1999).
Algumas ocupaes, especialmente aquelas que
envolvem extrao de recursos, podem ser severamente
atingidas por um evento perigoso. O pescador
independente sofre quando seus meios de produo so
perdidos e no tm o capital suficiente para recomear o
trabalho em tempo oportuno, e assim procurar trabalho
alternativo. Aqueles trabalhadores emigrantes atrelados
agricultura e em trabalhos que requerem pouca
qualificao (tarefas domesticas, jardinagem) podem
igualmente sofrer em funo da diminuio do
rendimento lquido e do declnio da necessidade de
servios. A imigrao tambm afeta a recuperao
ocupacional.
Fonte: Heinz Center for Science, Economics, and the
Environment (2000), Hewitt (1997), e Puente (1999).
Famlias com grande nmero de dependentes ou com
apenas um chefe de famlia, frequentemente tm finanas
limitadas para cuidar dos dependentes, e assim devem
dividir o trabalho de cuidar desses dependentes co outros
membros da famlia. Tudo isso afeta a resilincia e a
recuperao dos perigos.
Fonte: Blaikie et al. (1994), Morrow (1999), Heinz
Center for Science, Economics, and the Environment
(2000), e Puente (1999).
A educao est ligada ao status socioeconmico; quanto
maior o tempo de estudos, maior o ganho em
expectativa de vida; pouca educao limita a habilidade
de compreender avisos de advertncia ou alarmes, e
acessar informaes de recuperao.
Fonte: Heinz Center for Science, Economics, and the
Environment (2000).
As regies que experimentam rpido crescimento tm
fortes carncias de moradias de qualidade, e as redes de
servios sociais podem no ter tido tempo suficiente para
se ajustar ao aumento da populao. Novos migrantes
podem no falar o idioma local e no estar familiarizados
com a burocracia para a obteno de informaes sobre
assistncia e recuperao, os quais aumentam a
vulnerabilidade.

Infraestrutura
de base (+)

Inquilinos (+)

Profissional
qualificado ou
administrador (-)
Empregado de
escritrio ou
trabalhador braal (+)
Trabalhador do setor
de servios (+)

Taxas elevadas de
natalidade (+)
Famlias numerosas
(+)
Famlias chefiadas
por apenas uma
pessoa (+)

Pouca educao (+)


Elevada educao (-)

Crescimento
demogrfico rpido
(+)

206

Servios mdicos

Dependncia social

Populao com
necessidades
especiais

Fonte: Heinz Center for Science, Economics, and the


Environment (2000), Cutter, Mitchell, e Scott (2000),
Morrow (1999), e Puente (1999).
Fornecedores de servios de sade, incluindo mdicos,
lares de idosos, e os hospitais, so fontes importantes de
assistncia ps-evento. A falta de servios mdicos
imediatos prolongar a assistncia e recuperao a longo
prazo dos desastres.
Fonte: Heinz Center for Science, Economics, and the
Environment (2000), Morrow (1999), e Hewitt (1997).
Aquelas pessoas que so totalmente dependentes de
assistncia social para sobreviver so economica e
socialmente marginalizadas e requerem auxlio adicional
no perodo ps-desastre.
Fonte: Morrow (1999), Heinz Center for Science,
Economics, and the Environment (2000), Drabek (1996),
e Hewitt (2000).
Populao com necessidades especiais (doentes,
institucionalizados, transeuntes, desabrigados), pelo fato
de serem de difcil identificao e mensurao, so
desproporcionalmente afetados durante os desastres e,
por causa de sua invisibilidade nas comunidades, na
maioria das vezes so ignorados durante a recuperao.
Fonte: Morrow (1999) and Tobin and Ollenburger
(1993).

Densidade elevada de
servio mdico (-)

Dependncia elevada
(+)
Baixa dependncia (-)

Grande contingente
de populao com
necessidades
especiais (+)

Fonte: adaptado de Cutter, Boruff, e Shirley (2003), por Lutiane Almeida (2009).
5.1.1 Metodologia

a. Seleo das variveis e delimitao dos setores censitrios

Para avaliar as vulnerabilidades sociais da bacia hidrogrfica do rio


Maranguapinho e por seguinte, elaborar uma proposta de ndice, dados socioeconmicos
foram coletados do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE, cuja
menor unidade de anlise o setor censitrio. Utilizando o limites da bacia hidrogrfica do
rio Maranguapinho, atravs do programa de SIG e geoprocessamento ArcGIS 9.2, pde-se
delimitar os setores censitrios3 localizados no mbito da bacia.

Os shapes dos setores censitrios da Regio Metropolitana de Fortaleza foram extrados da pgina da internet
do Centro de Estudos da Metrpole CEM, http://www.centrodametropole.org.br/mc/. Os referidos shapes
foram elaborados para a pesquisa Assentamentos precrios no Brasil urbano. (BRASIL, 2008).

207

Figura 5.4 Setores censitrios da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.


Fonte: elaborado por Almeida (2009) a partir de Brasil (2008).
So 934 setores censitrios distribudos nos Municpios de Fortaleza, Maracana,
Maranguape e Caucaia, inclusos na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho (figura 5.4).
Para a elaborao do ndice de Vulnerabilidade Social - IVS, foram
selecionadas variveis especficas da pesquisa do Censo 2000 do IBGE, de acordo com
critrios metodolgicos da pesquisa (variveis que caracterizam amplas dimenses de
vulnerabilidades e desvantagens sociais e que correspondessem a fatores recorrentemente
utilizados pelas cincias sociais para estudos semelhantes).

208

Originalmente, foram selecionadas 59 variveis que, aps a compilao, resultou


em 21 variveis, j que algumas variveis da pesquisa foram elaboradas com base na juno
de duas ou mais variveis do Censo 2000 (cf. quadro 5.2).
Quadro 5.2 - Variveis selecionadas de acordo com os critrios de avaliao da
vulnerabilidade social.

EDUCAO

CRITRIO DE
AVALIAO DA
VULNERABILIDADE
SOCIAL

VARIVEIS

V1 - Mdia do nmero de anos de


estudo das pessoas responsveis por
domiclios
particulares permanentes

V2 - Domiclios particulares precrios

CONDIES DE HABITAO E INFRAESTRUTURA

V3 - Domiclios particulares sem


abastecimento de gua da rede geral

V4 - Domiclios particulares
permanentes com banheiro ou
sanitrio sem esgotamento sanitrio
via rede geral de esgoto, pluvial ou
fossa sptica

V5 - Domiclios particulares
permanentes sem banheiro
V6 - Domiclios particulares
permanentes com lixo no coletado

ESTRUTUR
A ETRIA

V7 - Domiclios particulares
permanentes de mais de 4 moradores

V8 - Responsveis por domiclios


particulares permanentes com 10 a 19
anos de idade

DESCRIO DAS VARIVEIS DE


ORIGEM (CENSO 2000 IBGE)

Arquivo bsico (planilha Basico_UF.xls)


Var10 Mdia do nmero de anos de estudo das pessoas
responsveis por domiclios particulares permanentes

Arquivo de domiclios (planilha Domicilio_UF.xls)


V0004 Domiclios particulares improvisados
V0008 Domiclios particulares permanentes do tipo
cmodo
V0014 Domiclios particulares permanentes em outra
condio de ocupao (no so prprios,
alugados, nem cedidos)
V0017 Domiclios particulares permanentes prprios em
outra condio do terreno
V0021 Domiclios particulares permanentes com
abastecimento de gua de poo ou nascente na
propriedade
V0025 Domiclios particulares permanentes com outra
forma de abastecimento de gua
V0032 Domiclios particulares permanentes com
banheiro ou sanitrio e esgotamento sanitrio
via fossa rudimentar
V0033 Domiclios particulares permanentes com
banheiro ou sanitrio e esgotamento sanitrio
via vala
V0034 Domiclios particulares permanentes, com
banheiro ou sanitrio e esgotamento sanitrio
via rio, lago ou mar
V0035 Domiclios particulares permanentes com
banheiro ou sanitrio e esgotamento sanitrio
via outro escoadouro
V0047 Domiclios particulares permanentes sem banheiro
V0053 Domiclios particulares permanentes com lixo
jogado em terreno baldio ou logradouro
V0054 Domiclios particulares permanentes com lixo
jogado em rio, lago ou mar
V0055 Domiclios particulares permanentes com outro
destino do lixo
V0060 Domiclios particulares permanentes com 5
moradores
V0061 Domiclios particulares permanentes com 6
moradores
V0062 Domiclios particulares permanentes com 7
moradores
V0063 Domiclios particulares permanentes com 8
moradores
V0064 Domiclios particulares permanentes com 9
moradores
V0065 Domiclios particulares permanentes com 10 ou
mais moradores
Arquivo de responsvel pelo domiclio particular
permanente (planilha Responsavel1_UF.xls)
V0494 Responsveis por do miclios particulares
permanentes com 10 a 14 anos de idade
V0495 Responsveis por domiclios particulares
permanentes com 15 a 19 anos de idade

209

V9 - Responsveis por domiclios


particulares permanentes de mais de
64 anos de idade

EDUCAO E ESTRUTURA ETRIA

V10 - Responsveis por domiclios


particulares permanentes
noalfabetizados

V11 - Responsveis por domiclios


particulares permanentes
noalfabetizados com 10 a 19 anos
de idade

V12 - Responsveis por domiclios


particulares permanentes
noalfabetizados com mais de 64 anos
de idade

RENDA

V13 - Responsveis por domiclios


particulares permanentes com
rendimento nominal mensal
de at 3 salrios mnimos

V15 - Mulheres responsveis por


domiclios particulares permanentes
com 10 a 19 anos de idade

V16 - Mulheres responsveis por


domiclios particulares permanentes
com mais de 64 anos de idade

V17 - Mulheres noalfabetizadas


responsveis por domiclios
particulares permanentes

E
S
T
R
U
T
U
R
A
E
T

R
I
A

GNERO E
EDUCAO

GNERO E ESTRUTURA ETRIA

V14 - Responsveis por domiclios


particulares permanentes sem
rendimento nominal mensal

V18 - Pessoas com 0 a 14 anos de

V0505 Responsveis por domiclios particulares


permanentes com 65 a 69 anos de idade
V0506 Responsveis por domiclios particulares
permanentes com 70 a 74 anos de idade
V0507 Responsveis por domiclios particulares
permanentes com 75 a 79 anos de idade
V0508 Responsveis por domiclios particulares
permanentes com 80 ou mais anos de idade
V0525 Responsveis por domiclios particulares
permanentes noalfabetizados

V0526 Responsveis por domiclios particulares


permanentes noalfabetizados com 10 a 14
anos de idade
V0527 Responsveis por domiclios particulares
permanentes noalfabetizados com 15 a 19
anos de idade
V0537 Responsveis por domiclios particulares
permanentes noalfabetizados com 65 a 69
anos de idade
V0538 Responsveis por domiclios particulares
permanentes noalfabetizados com 70 a 74
anos de idade
V0539 Responsveis por domiclios particulares
permanentes noalfabetizados com 75 a 79
anos de idade
V0540 Responsveis por domiclios particulares
permanentes noalfabetizados com 80 ou mais
anos de idade
V0602 Responsveis por domiclios particulares
permanentes com rendimento nominal mensal
de at salrio mnimo
V0603 Responsveis por domiclios particulares
permanentes com rendimento nominal mensal
de mais de a 1 salrio mnimo
V0604 Responsveis por domiclios particulares
permanentes com rendimento nominal mensal
de mais de 1 a 2 salrios mnimos
V0605 Responsveis por domiclios particulares
permanentes com rendimento nominal mensal
de mais de 2 a 3 salrios mnimos
V0611 Responsveis por domiclios particulares
permanentes sem rendimento nominal mensal
Arquivo de responsvel pelo domiclio particular
permanente (planilha Responsavel5_UF.xls)
V1230 Mulheres responsveis por domiclios particulares
permanentes com 10 a 14 anos de
idade
V1231 Mulheres responsveis por domiclios particulares
permanentes com 15 a 19 anos de
Idade
V1241 Mulheres responsveis por domiclios particulares
permanentes com 65 a 69 anos de
idade
V1242 Mulheres responsveis por domiclios particulares
permanentes com 70 a 74 anos de
idade
V1243 Mulheres responsveis por domiclios particulares
permanentes com 75 a 79 anos de
idade
V1244 Mulheres responsveis por domiclios particulares
permanentes com 80 ou mais anos de
Idade
V1246 Mulheres noalfabetizadas responsveis por
domiclios particulares permanentes

Arquivo de pessoas (planilha Pessoa1_UF.xls)


V1448 Pessoas com 0 a 4 anos de idade

210
idade

V19 - Pessoas de mais de 64 anos de


idade

EDUCAO E
ESTRUTURA ETRIA

V20 - Pessoas noalfabetizadas com 5


a 14 anos de idade

V21 - Pessoas noalfabetizadas com


mais de 64 anos de idade

V1449 Pessoas com 5 a 9 anos de idade


V1450 Pessoas com 10 a 14 anos de idade
V1461 Pessoas de 65 a 69 anos de idade
V1462 Pessoas de 70 a 74 anos de idade
V1463 Pessoas de 75 a 79 anos de idade
V1464 Pessoas de 80 ou mais anos de idade
Arquivo de instruo (planilha Instrucao1_UF.xls)
V2418 Pessoas noalfabetizadas com 5 a 9 anos de idade
V2419 Pessoas noalfabetizadas com 10 a 14 anos de
idade
V2430 Pessoas noalfabetizadas com 65 a 69 anos de
idade
V2431 Pessoas noalfabetizadas com 70 a 74 anos de
idade
V2432 Pessoas noalfabetizadas com 75 a 79 anos de
idade
V2433 Pessoas noalfabetizadas com 80 ou mais anos de
idade

Fonte: adaptado do Censo 2000 IBGE, por Almeida (2008).


b. Anlises Estatsticas
As anlises estatsticas foram encomendadas ao Laboratrio de Estatstica e
Matemtica Aplicada, do DEMA, da Universidade Federal do Cear (ARAUJO et al., 2009).
Para a elaborao de um ndice de vulnerabilidade social utilizou-se a tcnica de
anlise multivariada chamada de Anlise Fatorial. Para formar grupos homogneos de
setores, utilizou-se o mtodo estatstico Natural Breaks constante no programa ArcGIS 9.2.
Ambas as tcnicas esto brevemente descritas a seguir.
Para anlise estatstica dos dados, inicialmente, realizou-se anlise fatorial das
variveis. O procedimento uma tcnica estatstica multivariada que, de acordo com a
estrutura de dependncia existente entre as variveis de interesse (matriz de correlaes ou
covarincias entre as variveis), permite a reduo da quantidade de variveis para fatores
que explicam um percentual representativo da variabilidade total das variveis em estudo.
Nesta pesquisa, os resultados da anlise fatorial basearam-se na matriz de
correlao entre as respostas dos itens. Assim temos o seguinte modelo em notao matricial:
X=
(pX1)

(pX1)

F+

(mX1) (pX1)

onde:
X - Vetor de respostas aos itens;
- Vetor de mdia dos itens;
L - Matriz de pesos das variveis Xi no fator Fj (cargas fatoriais);
F - Vetor de variveis aleatrias no observveis chamadas fatores comuns;
- Vetor de variveis aleatrias no observveis chamadas fatores especficos
p - Nmero de itens
m - Nmero de fatores, m p, em que p=nmero total de variveis.
Quando m = p, toda a variabilidade inerente s respostas dos itens explicada. A
anlise fatorial procura encontrar a explicao, sob a forma de um ou mais fatores latentes,

211

para as relaes existentes entre as variveis e passvel de vrias solues igualmente


aceitveis.
Em geral, a primeira soluo fornecida pela anlise fatorial no enseja fatores que
tenham uma interpretao adequada. Nesses casos, outras solues, equivalentes a essa, do
ponto de vista da explicao da variabilidade dos dados, devem ser obtidas. Isso pode ser feito
por meio de procedimentos de rotao dos fatores. H mtodos de rotao que permitem
obter fatores com maior potencial de interpretao. Neste trabalho, a rotao que levou a uma
melhor interpretao dos resultados foi a equamax.
Para determinar o ndice de vulnerabilidade de cada setor, primeiramente foram
estimados, para cada setor, os valores de cada fator considerado. O ndice de Vulnerabilidade
Social (IVS) de cada setor dado pela mdia aritmtica dos valores estimados dos fatores, ou
seja:
IVSi = (FATOR1 + FATOR2 + ... + FATORm) / m, i = 1, 2, ..., 933, 934.
Depois de realizada a anlise fatorial, foram obtidas as estimativas dos fatores
para cada setor da populao em estudo. Na Tabela 5.1 observa-se que 73,32% da
variabilidade total das 21 variveis explicada por quatro fatores. Dessa forma, as anlises
subsequentes foram realizadas com base nos quatro fatores retidos.
Tabela 5.1 - Percentual de explicao da variabilidade total para cada fator.
% da

% da Varincia

Varincia

Acumulada

21,575

21,575

19,673

41,248

16,879

58,128

15,192

73,320

Fator

Na Tabela 5.2, so apresentados os valores das cargas fatoriais que representam os


pesos de cada fator em cada varivel, segundo a rotao Equamax. A interpretao dos fatores
pode ser feita observando-se em que variveis seus pesos so maiores e a que esto
relacionadas estas variveis.
Dessa forma, observando-se a Tabela 5.2 (as reas sombreadas indicam as
variveis em que cada fator tem seu maior peso), tem-se que o fator 1 est relacionado
vulnerabilidade em razo do nvel de educao; o fator 2 est relacionado vulnerabilidade
decorrente das condies de infraestrutura e habitao; o fator 3 est relacionado

212

vulnerabilidade em virtude do contingente populacional de idosos (maiores de 64 anos); e o


fator 4 est relacionado vulnerabilidade decorrente do contingente populacional de jovens
(faixa etria de 10 a 19 anos).
Tabela 5.2 - Cargas fatoriais dos fatores em cada varivel
Fatores

Varivel
V1 - Mdia do nmero de anos de estudo das pessoas
responsveis por domiclios particulares permanentes
V2 - Domiclios particulares precrios
V3 - Domiclios particulares sem abastecimento de gua da rede
geral
V4 - Domiclios particulares permanentes com banheiro ou
sanitrio sem esgotamento sanitrio via rede geral de esgoto,
pluvial ou fossa sptica
V5 - Domiclios particulares permanentes sem banheiro
V6 - Domiclios particulares permanentes com lixo no
coletado
V7 - Domiclios particulares permanentes com mais de 4
moradores
V8 - Responsveis por domiclios particulares permanentes com
10 a 19 anos de idade
V9 - Responsveis por domiclios particulares permanentes com
mais de 64 anos de idade
V10 - Responsveis por domiclios particulares permanentes
no-alfabetizados
V11 - Responsveis por domiclios particulares permanentes
noalfabetizados com 10 a 19 anos de idade
V12 - Responsveis por domiclios particulares permanentes
noalfabetizados com mais de 64 anos de idade
V13 - Responsveis por domiclios particulares permanentes
com rendimento nominal mensal de at 3 salrios mnimos
V14 - Responsveis por domiclios particulares permanentes
sem rendimento nominal mensal
V15 - Mulheres responsveis por domiclios particulares
permanentes com 10 a 19 anos de idade
V16 - Mulheres responsveis por domiclios particulares
permanentes com mais de 64 anos de idade
V17 - Mulheres noalfabetizadas responsveis por domiclios
particulares permanentes
V18 - Pessoas com 0 a 14 anos de idade
V19 - Pessoas com mais de 64 anos de idade
V20 - Pessoas noalfabetizadas com 5 a 14 anos de idade
V21 - Pessoas noalfabetizadas com mais de 64 anos de idade

-0,758

-0,123

0,451

-0,167

-0,031

0,674

-0,121

0,198

0,156

0,639

0,130

0,104

0,453

0,377

0,030

0,048

0,423

0,636

-0,073

0,236

0,250

0,558

-0,167

0,169

0,406

0,582

0,429

0,357

0,170

0,360

0,002

0,811

0,095

0,005

0,966

-0,041

0,716

0,526

-0,027

0,388

0,207

0,100

-0,113

0,590

0,851

0,135

0,339

0,166

0,525

0,581

0,194

0,411

0,387

0,491

0,036

0,338

-0,047

0,011

0,023

0,873

0,024

-0,075

0,922

-0,006

0,675

0,302

0,098

0,492

0,454
0,057
0,492
0,816

0,681
0,011
0,679
0,150

0,167
0,968
-0,031
0,407

0,438
-0,029
0,449
0,178

Fonte: dados da pesquisa.


Aps a determinao das cargas fatoriais, foi estimado para cada setor o valor
correspondente de cada fator, sendo possvel verificar a situao de cada setor em relao
vulnerabilidade associada aos quatro fatores aqui estabelecidos.
Estabelecida a definio dos fatores e estimados os seus valores para cada setor,
aplicou-se a tcnica Natural Breaks constante no programa ArcGIS 9.2 para formao de
grupos cujos setores sejam homogneos. Para a formao dos grupos, foram considerados os

213

valores estimados para os quatro fatores nos setores estudados. Seis grupos foram
estabelecidos conforme sugesto do autor.
Na tabela 5.3, so apresentadas medidas descritivas referentes aos fatores
associados por grupo formado e na tabela 5.4 as medidas descritivas da mdia dos 4 fatores,
que representa o ndice geral para indicar a vulnerabilidade social do setor (IVS).
importante ressaltar que, quanto maior o valor obtido para mdia geral, maior a
vulnerabilidade e quanto maior a mdia do fator, maior a vulnerabilidade com relao a ele.
Pelo mtodo Natural Breaks do programa ArcGIS 9.2, foi possvel dividir os
setores censitrios em seis grupos de vulnerabilidade, assim distribudos de acordo com a
mdia dos fatores:
1. Vulnerabilidade Social Muito Alta, com ndices variando de 2,52 a 4,94;
2. Vulnerabilidade Social Alta, de 0,82 a 2,14;
3. Vulnerabilidade Social Mdia a Alta, de 0,25 a 0,79;
4. Vulnerabilidade Social Mdia a Baixa, de -0,11 a 0,24;
5. Vulnerabilidade Social Baixa, de -0,44 a -0,12; e
6. Vulnerabilidade Social Muito Baixa, de -1,01 a -0,45.

O intervalo da mdia dos fatores, ou seja, do ndice de Vulnerabilidade Social,


de -1,01 a 4,94, sendo que os valores maiores representam os setores com maior
vulnerabilidade (figura 5.5).

214

Figura 5.5 Tela de classificao de dados do ArcGIS 9.2. Notar a criao e distribuio dos
6 grupos de vulnerabilidade social no grfico, alm de outros indicadores (quantidade de
setores, valor mnimo e mximo do ndice, mdia, mediana, desvio-padro).
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 5.3 - Medidas descritivas dos fatores por grupo formado
Fator

Grupo
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6
1
2
3
4
5
6

Fator 1
(Educao)

Fator 2
(Infraestrutura
e habitao)

Fator 3 (Faixa
Etria
Idosos)

Fator 4 (Faixa
Etria
Jovens)

Mnimo

Mximo

Mdia

Desvio-Padro

-2,016380

3,490040
3,484520
3,106240
1,819710
1,062850
0,756560
15,464350
4,599440
3,419560
2,969350
2,990500
2,369930
2,627070
2,651680
5,505280
2,771820
1,871880
0,460560
4,818300
7,112800
7,038900
4,129700
1,976400
1,724300

0,619318
1,398423
0,614141
0,101952
-0,380369
-0,751690
7,294190
1,196469
0,127606
-0,089418
-0,159444
-0,278007
1,953293
0,746174
0,619082
0,163826
-0,246435
-0,990782
3,568700
1,375783
0,380731
0,012522
-0,329586
-0,431648

2,276683
0,861448
1,009547
0,818753
0,767810
0,735062
5,499882
1,521595
0,915989
0,728541
0,584099
0,508932
0,967825
0,877380
1,107638
0,909135
0,715290
0,535419
1,070262
1,779678
1,168783
0,850873
0,552094
0,461668

48 -0,814520
167 -2,922740
307 -2,467890
278 -2,912380
130 -3,383840
3,594980
4
48 -2,258320
167 -1,699880
307 -1,915510
278 -1,306820
130 -1,428770
0,517330
4
48 -1,182320
167 -1,327630
307 -2,078180
278 -1,842300
130 -2,334100
2,303700
4
48 -1,293000
167 -1,502200
307 -1,412900
278 -1,245000
130 -1,036300

Fonte: dados da pesquisa.


Tabela 5.4 - Medidas descritivas do IVS por grupo
Grupo

Mnimo

Mximo

Mdia

Desvio-Padro

1
2
3
4
5
6

4
48
167
307
278
130

2,520000
0,820000
0,250000
-0,110000
-0,440000
-1,010000

4,940000
2,140000
0,790000
0,240000
-0,120000
-0,450000

3,357500
1,179375
0,435808
0,047557
-0,279065
-0,613154

1,077602
0,309457
0,139661
0,099207
0,086829
0,129723

Fonte: dados da pesquisa.

215

Aps a definio dos grupos Vulnerabilidade Social, a planilha contendo o ndice


(Apndice) foi transferida para o programa ArcGIS 9.2, e, ento foi possvel espacializar os
resultados dos indicadores de vulnerabilidade.
Cada valor atribudo a um dado setor censitrio pde ser representado no Mapa de
Vulnerabilidade Social (mapa 3), assim possibilitando viso espacial e comparao entre os
padres espaciais de vulnerabilidade de setores censitrios diferentes e reas diversas da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho, alm de um recorte espacial das condies de
vulnerabilidade social da Regio Metropolitana de Fortaleza.

5.1.2 Anlise das dimenses (fatores) da vulnerabilidade social

i. Educao

Como visto anteriormente, quatro dimenses principais (fatores) foram


estabelecidas por intermdio da anlise fatorial, o que reduziu a quantidade de dados e
possibilitou a explicao de 73,32% da variabilidade total das 21 variveis iniciais. Cada fator
corresponde a uma dimenso ou indicador da vulnerabilidade social.
O primeiro fator identificado, relacionado ao nvel de educao, corresponde a
21,575 % da varincia. O acesso educao condiciona os aspectos socioeconmicos, j que,
quanto maior o tempo de estudos, maiores so a renda e a qualidade de vida e,
consequentemente, maior ser a expectativa de vida do indivduo. Alm disso, acesso
formao e informao pode definir a maneira como um indivduo lida com o risco, visto
que pouca educao pode limitar a habilidade de lidar com as situaes perigosas e dificultar
medidas de recuperao e adaptao.
No caso especfico da rea abrangida pela bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho, so os ndices de educao bastante desiguais, mas apresentando alguns
padres de distribuio espacial. Pode-se observar na figura 5.6 que h uma distribuio
condicionada dos setores censitrios que exibem os piores ndices de escolaridade ao longo da
rede de drenagem da bacia do rio Maranguapinho e na periferia urbana de Fortaleza e seus
limites com outros municpios de RMF, correspondendo tambm aos setores censitrios mais
populosos.
As regies dos bairros Vila Velha, os bairros limtrofes entre Fortaleza e Caucaia
que seguem as calhas do rio Maranguapinho e o Canal do Conj. Cear, as comunidades que
ocupam os arredores do Campus do Pici da UFC, bairro Geniba, entre outros, exibem

216

elevados ndices de carncias na educao. Uma concentrao muito grande de setores


censitrios com elevados ndices de analfabetismo e/ou pouca escolaridade pode ser notada no
chamado Grande Bom Jardim (bairros Bom Jardim, Granja Portugal, Granja Lisboa, Canindezinho
e Siqueira) e no limite de Fortaleza e Maracana. Ao sul da bacia, h ndices precrios quanto

educao, entretanto, so de setores censitrios pouco populosos localizados na serra de


Maranguape, mas que requerem semelhante ateno do Poder Publico.
Os dez setores censitrios com piores indicadores educacionais da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho se encontram entre as reas mais expostas ao perigo de
inundao, tais como as comunidades Vila Velha, Ilha Dourada, Geniba e Marrocos, em
Fortaleza; Alto Alegre, Parque Tijuca, Piratininga e Coqueiral, em Maracana; e Novo
Maranguape, em Maranguape.
Alm disso, os setores com maior vulnerabilidade social tambm apresentam os
piores indicadores quanto educao (cf. planilha geral do IVS Apndice), justificando este
indicador como importante fator responsvel pela maior fragilidade social aos riscos naturais.
J os setores com menores vulnerabilidades quanto educao se concentram na
poro nordeste da bacia (correspondendo a setores mais prximos ao Centro de Fortaleza),
seguindo as principais avenidas, dispersos espacialmente em conjuntos habitacionais com
melhores condies socioeconmicas e de infraestrutura (tais como o Conjunto Cear),
dispersos em condomnios de prdios, ou ainda correspondendo a reas institucionais,
portanto, com ausncia de habitantes.

ii. Infraestrutura e habitao

A dimenso infraestrutura e habitao explicou 19,673 % da varincia e configura


importante fator definidor de vulnerabilidade social. Carncias de infraestrutura e habitao
podem ser condicionadores de fragilidade e exposio aos perigos naturais, pois a falta de
habitao digna (construda com material de relativa qualidade, localizada em local seguro de
riscos) e de acesso a servios pblicos, tais como saneamento bsico (acesso gua tratada,
coleta e tratamento de esgoto, coleta de resduos slidos), pode conferir situaes de intensa
insegurana populao.
A ausncia de saneamento bsico pode promover a proliferao de doenas
diversas de veiculao hdrica, o que pode piorar sobremaneira quando de eventos de chuva
intensa e inundao, principalmente aps os eventos.

217

Quanto habitao, pode-se vislumbrar o problema de duas formas: quanto s


condies fsicas da habitao e quanto localizao da habitao, se esta se encontra ou no
exposta ao risco de um evento natural perigoso. Sabe-se que as comunidades mais
susceptveis aos riscos naturais so aquelas que no possuem habitao de qualidade,
principalmente no que tange s favelas e/ou loteamentos clandestinos. E quando h
coincidncia de habitao improvisada com exposio fsica a riscos naturais, a
vulnerabilidade e a probabilidade de perdas humanas e materiais dessas comunidades aumenta
consideravelmente.
No que tange s condies de infraestrutura e habitao da populao que habita a
bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, os indicadores se encontram entre os piores da
RMF. As principais carncias de infraestrutura dizem respeito a domiclios sem
abastecimento de gua potvel, ausncia de coleta de esgotos, domiclios sem banheiro e
ausncia de coleta de lixo; j no que diz respeito habitao, destacam-se o nmero de
domiclios precrios ou improvisados e o nmero de moradores por habitao.
A distribuio espacial de setores censitrios com maiores carncias de infraestrutura e habitao apresenta algumas coincidncias com a distribuio espacial de setores
com problemas educacionais. Pode-se notar que as regies com piores condies de acesso a
servios urbanos e habitao correspondem aos bairros Vila Velha, Quintino Cunha, arredores
do Campus do Pici (UFC), So Miguel e Parque das Naes (Caucaia), Geniba (e bairros
contguos), Grande Bom Jardim, Alto Alegre e demais bairros contguos no limite entre
Fortaleza e Maracana, e setores menos populosos do Municpio de Maranguape.
Alm disso, houve uma discrepncia considervel entre o setor censitrio com
maior carncia de infraestrutura e os demais setores: o setor 230440005060779, localizado no
bairro Vila Velha (cf. planilha geral do IVS Apndice e figura 5.7) apresentou ndice de
15,46435, quando o segundo setor com maior carncia de infraestrutura apresentou ndice de
5,456050. O setor localizado no bairro Vila Velha detm no apenas o pior indicador de infraestrutura e habitao, mas nos demais indicadores (tais como educao, renda, presena de
jovens, entre outros) apresenta grande disparidade em relao aos demais setores constantes
na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Tambm h coincidncia entre os setores com maiores ndices de carncia de
infraestrutura e habitao e aquelas regies da bacia mais expostas ao risco de ocorrncia de
inundaes, denotando a vulnerabilidade a esses fenmenos, levando-se em conta os
parmetros j discutidos.

218

Da mesma forma que em relao educao, os setores com menor


vulnerabilidade relativa a problemas com infraestrutura e habitao se localizam em bairros
com urbanizao consolidada e com boas condies de acesso a servios urbanos bsicos,
seguindo as principais avenidas, dispersos espacialmente em conjuntos habitacionais com
melhores condies socioeconmicas e de infraestrutura (tais como o Conjunto Cear),
dispersos em condomnios de prdios, ou ainda correspondendo a reas institucionais,
portanto, com ausncia de habitantes.

iii. Presena de idosos (maiores de 64 anos)

O fator 3 correspondente dimenso presena de idosos explicou 16,879% da


varincia. A presena de idosos em grupos expostos a perigos naturais os torna mais
vulnerveis, pois aqueles detm mais dificuldades na mobilidade, dificultando os processos de
evacuao de reas sob eventos perigosos. Alm disso, indivduos com idades avanadas
requerem mais cuidados por conta de suas debilidades fsicas e/ou psquicas, o que pode
causar a diminuio da resilincia (capacidade de resposta e recuperao) desses grupos.
A distribuio espacial de idosos ao longo dos setores censitrios da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho apresenta padres ligeiramente distintos (apesar de
algumas coincidncias) do que se observa em relao a educao e infraestrutura e habitao.
Observa-se na planilha geral do IVS que no houve um peso significativo da
presena de idosos nos grupos de maior vulnerabilidade social, tais como os grupos 1 e 2.
Houve, entretanto, uma presena marcante no grupo 3 (vulnerabilidade social mdia a alta).
No que tange distribuio espacial, nota-se na figura 5.8 que h maior presena
de idosos nos setores censitrios localizados nas pores nordeste da bacia, correspondendo a
bairros com melhores condies socioeconmicas e de infraestrura. Isso se explica pelo fato
de que, em regies com melhores condies de qualidade de vida, a expectativa de vida tende
a aumentar e a presena de idosos tambm segue essa tendncia. Nessas circunstncias, a
presena de idosos no contribui sobremaneira para a vulnerabilidade social dos grupos a
perigos naturais, pois no ocupam espaos expostos a tais perigos nem detm relevantes
carncias socioeconmicas e de infraestrutura.
H setores censitrios, no entanto, onde ocorrem coincidncias de graves
problemas educacionais, de infraestrutura e habitao, e a presena numerosa de idosos,
localizados em espaos expostos ao perigo de inundaes. Nessas condies, a presena

219

considervel de idosos pode aumentar a vulnerabilidade social desses grupos aos perigos
naturais, dadas as caractersticas fsicas desses indivduos, descritas anteriormente.
Em setores do bairro Vila Velha, inclusive o setor 230440005060779, arredores
do Campus do Pici (UFC), bairros Geniba, Autran Nunes, Joo XXIII, Henrique Jorge e
Bom Sucesso, e setores menos populosos de Maranguape, h presena relevante de idosos.
Inversamente, na maior parte dos setores expostos a perigos naturais na bacia hidrogrfica do
rio Maranguapinho, h majoritariamente a presena de populao jovem, como analisado a
seguir.

iv. Presena de jovens (faixa etria de 10 a 19 anos)

O fator 4, correspondente a dimenso presena de jovens, explicou 15,192% da


varincia. A presena numerosa de jovens entre dez e 19 anos, caracterstica marcante das
regies em desenvolvimento, pode se configurar como um importante fator de
vulnerabilidade, j que as crianas, por exemplo, requerem mais cuidados, no que tange
ocorrncia de perigos naturais. Suas limitaes fsicas e psquicas em relao a locomoo e
tomada de decises as tornam mais susceptveis e menos capazes de lidar com as
consequncias de fenmenos naturais perigosos. Alm disso, so indivduos ainda fora da
idade para o trabalho, o que os torna um peso econmico considervel para as famlias
vulnerveis.
Mesmo entre os jovens em idade produtiva, as regies socialmente mais
vulnerveis detm ndices alarmantes de desemprego, notadamente entre os mais jovens,
tornando-os mais vulnerveis. Outro aspecto a ser levado em conta que, entre os mais jovens
das classes sociais mais vulnerabilizadas, o ndice de maternidade precoce elevado,
tornando mes e filhos indivduos mais susceptveis, tanto do ponto de vista social, quanto no
que tange aos problemas ambientais.
No mbito da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho e da RMF, os indicadores
de presena de jovens demonstram que esto espacialmente distribudos em espaos mais
distantes do Centro da Metrpole, nos limites da cidade (em bairros mais recentes e pobres) e
ao longo das reas mais expostas a perigos naturais, como as inundaes (cf. os setores com
maiores ndices de presena de jovens na planilha geral do IVS concentram-se nos grupos
de maior vulnerabilidade, 1 a 4).
Na figura 5.9, possvel perceber esses padres de distribuio espacial da
presena de jovens coincidentemente com os espaos descritos anteriormente. Nota-se uma

220

concentrao de indivduos de faixa etria de dez a 19 anos em setores censitrios ao longo de


plancies inundveis contguas rede de drenagem dos bairros Vila Velha, Quintino Cunha,
Parque So Miguel, Parque das Naes, arredores do Campus do Pici (UFC), Geniba,
Autran Nunes, Joo XXIII, Henrique Jorge, Bom Sucesso, Grande Bom Jardim, Vila Manoel
Stiro, Parque Santa Rosa, e setores censitrios mais populosos dos Municpios de Maracana
e Maranguape, tais como Acaracuzinho, Novo Oriente, Vila Vintm e Novo Maranguape.
Semelhante ao que ocorre relativamente a educao e infraestrutura, os setores
com menor vulnerabilidade no que concerne presena de jovens se localizam em bairros
com urbanizao consolidada e com boas condies de acesso a servios urbanos bsicos,
com melhores condies socioeconmicas, seguindo as principais avenidas, dispersos
espacialmente em conjuntos habitacionais mais estruturados, espalhados em condomnios de
prdios, ou ainda correspondendo a reas institucionais, portanto, com ausncia de habitantes.

221

Figura 5.6 Vulnerabilidade Social de acordo com o fator educao.


Fonte: elaborado por Almeida (2009).

222

Figura 5.7 Vulnerabilidade Social de acordo com o fator infraestrutura e habitao.


Fonte: elaborado por Almeida (2009).

223

Figura 5.8 Vulnerabilidade Social de acordo com o fator presena de idosos.


Fonte: elaborado por Almeida (2009).

224

Figura 5.9 Vulnerabilidade Social de acordo com o fator presena de jovens.


Fonte: elaborado por Almeida (2009).

225

5.1.3 A Geografia do IVS

O ndice de Vulnerabilidade Social da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho,


produzido com base na anlise multivariada dos fatores de vulnerabilidade e da definio dos
grupos de vulnerabilidade social, apresenta os resultados a seguir expressos, de acordo com os
respectivos grupos.
Grupo 1 Vulnerabilidade Social Muito Alta

O grupo 1 apresenta os setores censitrios com os maiores ndices de


vulnerabilidade social aos perigos naturais, em razo das gravssimas condies de sua
populao quanto aos acesso a servios pblicos, como a educao, quanto a presena de
jovens e crianas e, principalmente, quanto forma de moradia e acesso a infraestrutura.
De acordo com a tabela 5.3, o grupo 1 apresenta apenas quatro setores censitrios
(0,43% do total), perfazendo uma populao de 15.361 habitantes (1,55% do total) em
condies de muito alta vulnerabilidade social, habitando 4.135 domiclios (1,73% do total)
numa rea de 4,17 km (1,01% do total). Mesmo contendo um nmero relativamente reduzido
de setores, o grupo 1 possui os setores mais populosos e de uma densidade demogrfica
expressiva (3.683,7 hab./ km).
Como possvel visualizar na figura 5.5, na distribuio dos grupos de
vulnerabilidade social de acordo com o mtodo estatstico Natural Breaks, no grupo 1
percebe-se uma disparidade relevante em relao aos demais grupos. Isso decorreu
principalmente pela disparidade resultante dos indicadores do fator 2, referente s condies
de infraestrutura e habitao (cf. valores referentes ao fator 2 e para o grupo 1, na planilha
geral do IVS Apndice). Dessa forma, pode-se afianar que a principal dimenso
responsvel pela alta vulnerabilidade social do grupo 1 tem relao com as condies de
infraestrutura e habitao.
Outras dimenses, entretanto, tiveram tambm um peso significativo na definio
da vulnerabilidade do grupo. As carncias no mbito da educao e presena de jovens
tambm so das principais marcas do grupo 1 (cf. planilha geral do IVS).
Quanto localizao, os quatro setores do grupo 1 esto situados no mbito das
plancies inundveis do rio Maranguapinho. O setor que apresenta maior vulnerabilidade
social (230440005060779), de acordo com o IVS, localiza-se na poro noroeste da bacia do
rio Maranguapinho, no bairro Vila Velha, e abrange as comunidades Vila Velha II e III,

226

consideradas pela Defesa Civil de Fortaleza como reas de risco de inundao pela
proximidade com a plancie fluviomarinha, sendo, assim, expostas dinmica fluvial e
martima. O referido setor tambm se constitui como o mais populoso da bacia hidrogrfica
do rio Maranguapinho, com populao de 5.939 habitantes e densidade demogrfica de 2.183
hab./ km (a rea foi descrita quanto s condies de habitao e risco de inundao no
captulo 4).
O

setor

censitrio

com

segunda

maior

vulnerabilidade

social

(230440005060806) tambm se localiza na poro noroeste da bacia hidrogrfica do rio


Maranguapinho e contiguo ao setor anteriormente descrito. Abrange da mesma forma as
comunidades Vila Velha II e III, todas expostas ao risco de inundao por ocuparem terrenos
susceptveis dinmica fluvial e martima. o segundo setor censitrio mais populoso, com
3.431 habitantes (densidade demogrfica de 4.288 hab./ km).
A coincidncia entre densidades demogrficas e de construes de habitaes
precrias e improvisadas, ocupando terrenos susceptveis dinmica fluviomarinha, com
carncias de infraestrutura (saneamento bsico, principalmente), relevantes taxas de
analfabetismo e/ou pouca instruo, principalmente entre os jovens, aliada a altos ndices de
pobreza, resultam em condies de vulnerabilidade social aos perigos naturais a que esto
submetidos os setores censitrios descritos anteriormente.
J o setor com a terceira maior vulnerabilidade social (230440070100220), de
acordo com o IVS, localiza-se entre as margens do rio Maranguapinho e um afluente, na
poro central da bacia, no bairro Bom Sucesso (este na poro oeste de Fortaleza),
abrangendo a comunidade Carlos Chagas, considerada pela Defesa Civil de Fortaleza como
rea de risco de inundao. Trata-se de um setor censitrio bastante populoso (3.409
habitantes) e de alta densidade demogrfica (14.821 hab./km). Apresenta importantes
carncias de infra-estrutura e ocupao por habitaes precrias e improvisadas, com presena
de jovens (figuras 5.10 e 5.11).
Para efeito de comparao entre setores quanto s condies de vulnerabilidade,
h um setor censitrio localizado no interior do setor analisado, que apresenta caractersticas
completamente distintas (figura 5.12). Trata-se de um condomnio de prdios de classe mdia
(230440070100221) cuja vulnerabilidade social considerada muito baixa (dadas as suas
melhores caractersticas de infraestrutura e melhores condies sociais de seus moradores),
mostrando que h intensas disparidades quanto s condies sociais dentro da bacia e mesmo
entre setores censitrios contguos (figura 5.13).

227

Figuras 5.10 e 5.11 Formas precrias e improvisadas de habitao s margens de um


afluente do rio Maranguapinho, na comunidade Carlos Chagas, bairro Bom Sucesso, em
Fortaleza.
Fonte: fotos do autor, setembro de 2009.

Figura 5.12 Contraste entre setores censitrios quanto vulnerabilidade social. Detalhe para
setor com muito baixa vulnerabilidade (condomnio de prdios de classe mdia, vide figura
5.13) contido em setor com vulnerabilidade social muito alta (vide figuras 5.10 e 5.11).
Fonte: Elaborado por Lutiane Almeida, 2009.

228

Figura 5.13 Condomnio de classe mdia no interior do setor censitrio analisado, na


comunidade Carlos Chagas, bairro Bom Sucesso, em Fortaleza.
Fonte: foto do autor, setembro de 2009.

O setor censitrio com a quarta maior vulnerabilidade social localiza-se na poro


noroeste da bacia do rio Maranguapinho (230370917000064), no Municpio de Caucaia, nos
limites territoriais com Fortaleza, abrangendo as comunidades do bairro So Miguel
(principalmente Frifort e Zizi Gavio, descritas no captulo 4). Possui populao de 2.582
habitantes e densidade demogrfica elevada, de 6.147 hab./ km.
Como descrito no captulo 4, trata-se de uma das reas socialmente mais
vulnerveis aos perigos de inundao, tanto pelas condies precarssimas de habitao, infraestrutura e presena numerosa de jovens, quanto pela exposio s inundaes por conta de
ocupar terrenos rebaixados localizados entre o rio Maranguapinho e seu afluente, o canal do
Conj. Cear. Alm disso, por estar situado nos limites municipais de Caucaia e Fortaleza, h
dificuldades de acesso a servios pblicos pela indefinio territorial de algumas comunidades
do setor, em definir a que municpio pertence e qual municpio deve prestar os servios.
Grupo 2 Vulnerabilidade Social Alta

O grupo 2 se configura pela carncia generalizada de servios pblicos e graves


problemas ligados habitao precria e improvisada, bem como numerosa presena de
jovens.
Os setores censitrios com vulnerabilidade social alta (grupo 2) somam 48 (5,14%
do total), detendo uma populao total de 94.502 habitantes (9,53% do total), ocupando
22.566 domiclios (9,42% do total de domiclios) em uma extenso de 59,44 km (17,43% do
total).

229

Quanto densidade demogrfica (1.589,9 hab./km), h 3 padres de setores


censitrios, quais sejam: setores localizados nas pores mais ao norte da bacia,
correspondendo a reas mais densamente urbanizadas e cuja rea dos setores se apresenta
mais reduzida, porm com elevadas taxas de densidade demogrfica; setores localizados no
que corresponde periferia sudoeste de Fortaleza e limite com o Municpio de Maracana
(poro central da bacia), que se caracterizam por abranger regies de expanso urbana atual,
com densidades menores do que os setores anteriores (por deterem reas maiores) mas,
mesmo assim, populosos; setores localizados ao sul da bacia, em reas correspondestes s
nascentes do rio Maranguapinho, caracterizando-se por grandes reas mas pouco populosos,
mas com importantes carncias de infraestrutura, educao, entre outros.
De acordo com a planilha geral do IVS, os principais fatores (dimenses de
vulnerabilidade) responsveis pela alta vulnerabilidade social do grupo 2 so os nveis de
educao, as carncias de infraestrutura e habitao e a presena de jovens.
Quanto espacializao dos setores censitrios, pode-se afianar que
1. h setores que se localizam ao longo do canal principal do rio Maranguapinho
(oito setores); caracterizam-se pela intensa densidade demogrfica, aliada a graves problemas
de educao (analfabetismo e/ou poucos anos de estudos), carncias de infraestrutura (falta de
coleta e tratamento de esgoto, domiclios sem banheiro, principalmente), habitaes
precarssimas e improvisadas, presena de jovens;
2. h setores que se localizam ao longo de afluentes canalizados do rio
Maranguapinho (nove setores); caracterizam-se pela intensa densidade demogrfica, aliada a
graves problemas de educao (analfabetismo e/ou poucos anos de estudos), carncias de
infraestrutura (falta de coleta e tratamento de esgoto, domiclios sem banheiro,
principalmente), habitaes precrias e improvisadas, presena de jovens;
3. h setores localizados no que corresponde periferia sudoeste de Fortaleza, no
limite com o Municpio de Maracana, mas tambm associados a afluentes (canalizados ou
no) e ao prprio canal principal do rio Maranguapinho (18 setores); caracterizam-se pela
densidade demogrfica moderada mas com setores populosos, aliada a graves problemas de
educao (analfabetismo e/ou poucos anos de estudos), carncias de infraestrutura muito
graves (falta de coleta e tratamento de esgoto, domiclios sem banheiro, principalmente),
habitaes precrias e improvisadas, presena de jovens; e
4. setores que se localizam no alto curso do rio Maranguapinho, abrangendo suas
nascentes e afluentes formadores (nove setores); caracterizam-se pela baixa densidade
demogrfica, entretanto apresentam graves problemas de educao (analfabetismo e/ou

230

poucos anos de estudos), carncias gravssimas de infraestrutura (falta de coleta e tratamento


de esgoto, domiclios sem banheiro, principalmente), habitaes precrias e improvisadas, e
presena de jovens.
Dentre os setores mais vulnerveis desse grupo, destacam-se setores localizados
nos arredores do Campus do Pici UFC, comunidade Lagoa Azul, cujas dimenses
responsveis pela vulnerabilidade so infraestrutura e presena de idosos; no bairro Geniba
(comunidade Maranguapinho II vulnerabilidade relativa educao, infraestrutura e
habitao, e presena de jovens); Bom Jardim, comunidade Canal Leste (vulnerabilidade
relativa a educao e infra-estrutura e habitao); Vila Manoel Stiro (carncias de infraestrutura e habitao, presena de idosos e jovens); bairro Canindezinho, no limite entre
Fortaleza e Maracana (graves problemas de infraestrutura e habitao); comunidade Jari, em
Maracana (carncias graves de infraestrutura e habitao); e Novo Maranguape II, em
Maranguape (vulnerabilidade relativa a educao e presena de jovens). Dentre esses setores,
os trs primeiros se apresentam expostos ao perigo de inundaes (e foram descritos no
captulo 4), de acordo com a Defesa Civil de Fortaleza.
Grupo 3 Vulnerabilidade Social Mdia a Alta

O grupo 3 se caracteriza pela influncia espacial na definio dos fatores


(dimenses) de vulnerabilidade de seus setores censitrios. Dependendo da localizao
geogrfica, determinados fatores so mais ou menos relevantes na determinao da
vulnerabilidade social.
O grupo 3 possui 167 setores censitrios (17,88% do total) em condio de
vulnerabilidade social de mdia a alta. Detm um universo populacional de 229.682
habitantes (23,17% do total), ocupando 54.569 domiclios (22,78% do total), em uma rea de
101,41 km (29,74% do total).
A densidade demogrfica total dos setores de 2.264,9 hab./ km. A distribuio
espacial dos setores aparentemente dispersa, mas apresenta alguns padres. H concentrao
de setores do grupo 3 nos arredores do Campus do Pici UFC, associados tambm ao canal da
Agronomia; ao logo da avenida Mister Hull; na foz do rio Maranguapinho (Municpio de
Caucaia); no bairro Geniba (entre o rio Maranguapinho e o canal do Conj. Cear);
aglomerao de setores em loteamentos e conjuntos habitacionais precrios em Caucaia, ao
oeste do Conj. Cear; no Grande Bom Jardim; na confluncia do rio Maranguapinho com o
riacho Alto Alegre; ao redor da lagoa do Mondubim; em loteamentos precrios ao redor da

231

Lagoa de Estabilizao de Maracana; no limite oeste dos Municpios de Maracana e


Maranguape; e em setores que abrangem nascentes do rio Maranguapinho ao sul de sua bacia
hidrogrfica.
De acordo com a planilha geral do IVS, a contribuio dos fatores (dimenses de
vulnerabilidade) para a vulnerabilidade social do grupo 3 depende da localizao do setor no
mbito da bacia, que, por sua vez, influencia em aspectos como acesso a educao, a
infraestrutura e habitao e a maior ou menor presena de idosos e jovens.
A contribuio do fator relativo presena de idosos relevante, entretanto se
percebe que essa contribuio mais notada em setores com menor vulnerabilidade em
relao aos demais setores, e est espacialmente associada a regies com melhores condies
de infraestrutura, habitao e pouca presena de jovens (principalmente na poro nordeste da
bacia, mais prxima da regio central de Fortaleza), o que nessas circunstncias, no se
configura como setores vulnerveis aos perigos naturais, mas sim setores cujas condies
estruturais e socioeconmicas possibilitaram aumento na expectativa de vida.
De outra forma, setores classificados nesse grupo, mas localizados prximos dos
cursos dgua e na periferia de Fortaleza em seus limites com Caucaia e Maracana (pores
oeste e central da bacia), apesar de os setores apresentarem menos problemas quanto aos
fatores educao e presena de idosos e jovens, mostraram ndices relativamente elevados
quanto s carncias de infraestrutura e habitao.
J em alguns setores localizados tanto na poro central da bacia (periferia de
Fortaleza) e na poro sul (abrangendo as nascentes do rio Maranguapinho), houve um peso
maior da dimenso nvel de educao, o que torna a populao desses setores mais
vulnerveis aos perigos naturais no que concerne a menor capacidade de lidar com os
fenmenos utilizando conhecimento e informao.
Grupo 4 Vulnerabilidade Social Mdia a Baixa

O grupo 4 se caracteriza por setores censitrios que detm de moderada a baixa


vulnerabilidade, sendo que aqueles que apresentam maior vulnerabilidade tiveram a dimenso
nvel de educao como fator preponderante na definio do ndice. Outros setores censitrios
exibem maior vulnerabilidade relativa infraestrutura e presena de jovens e estavam
associados proximidade das drenagens e s periferias urbanas.
De acordo com a tabela 7, o grupo 4 o mais numeroso quanto quantidade de
setores censitrios (307 setores, ou 32,87% do total); quanto populao (337.286 habitantes,

232

ou 34,03% do total) e quanto ao nmero de domiclios (81.043 domiclios, ou 33,83% do


total). Sua densidade demogrfica de 3856,9 hab./ km.
possvel perceber no mapa de Vulnerabilidade Social (Mapa 3) que a maior
proporo dos setores censitrios desse grupo est localizada em Fortaleza e se caracteriza por
setores cujas reas so relativamente reduzidas (aspecto atrelado urbanizao mais adensada
em Fortaleza, principalmente na sua rea central). Os setores com reas maiores localizam-se
na periferia de Fortaleza e nos Municpios de Maracana e Maranguape (em razao de a menor
densidade urbana e da presena de espaos com caractersticas rurais).
Os setores censitrios que apresentam alguma vulnerabilidade tm o nvel de
educao como fator (dimenso) mais marcante na definio de uma vulnerabilidade
moderada e esto dispersos espacialmente, sendo que alguns setores localizados nas periferias
urbanas de Fortaleza ou nos seus limites com os Municpios de Caucaia e Maracana, detm
moderada vulnerabilidade relativa a carncias de infraestrutura e habitao, como so os casos
de setores referentes comunidade do Parque das Naes (Caucaia) e setores prximos
comunidade Parque Jerusalm (Canindezinho, Fortaleza).
Outros setores com maiores problemas relativos educao esto localizados nos
bairros que compem o Grande Bom Jardim. J os setores que possuem maior vulnerabilidade
quanto s condies de infraestrutura e habitao espacialmente esto distribudos ao longo
do canal principal do rio Maranguapinho (desde sua foz, passando pelos limites entre Caucaia
e Fortaleza, e bairros Geniba, Bom Sucesso e Siqueira).
A dimenso presena de idosos apresentou pouca influncia na definio de
vulnerabilidade social e se limitou a contribuir em setores localizados nos bairros de melhor
infraestrutura e melhores condies socioeconmicas. J a presena de jovens contribuiu para
a definio de vulnerabilidade social de setores prximos s drenagens e em bairros
perifricos de Fortaleza e nos limites desta com Caucaia e Maracana.
Grupo 5 Vulnerabilidade Social Baixa

O grupo 5 corresponde ao conjunto de setores censitrios que apresentam baixa


condio de vulnerabilidade social. Os setores que formam esse grupo se concentram
majoritariamente no Municpio de Fortaleza, localizados em reas de urbanizao
consolidada, cujas melhores condies socioeconmicas e de infraestrutura lhe conferem
baixa condio de vulnerabilidade aos perigos naturais.

233

Esse grupo totaliza 278 setores censitrios (29,76% do total) que englobam um
contingente populacional de 239.914 habitantes (24,21% do total), ocupando 58.542
domiclios (24,44% do total) em uma rea total de 47,83 km (14,03% do total).
O contingente populacional do grupo 5, em relao rea que ocupa, confere-lhe
a maior densidade demogrfica dentre todos os grupos (5.015,97 hab./km). Isso se explica
pelo fato de que mais de 95% dos setores desse grupo se encontram em Fortaleza e,
principalmente, em bairros cuja urbanizao mais consolidada, resultando em setores
censitrios espacialmente reduzidos e populosos.
Quanto espacializao dos setores censitrios que formam o grupo 5, pode-se
dizer que h quatro padres bsicos de distribuio:
- poro norte da bacia (regio noroeste de Fortaleza): - setores com urbanizao
consolidada, com boas condies de infraestrutura e margeando as principais avenidas,
notadamente as avenidas Bezerra de Menezes e Mister Hull, nos bairros Quintino Cunha,
Antonio Bezerra, Padre Andrade, Pres. Kennedy, So Gerardo e Parquelndia;
- poro central da bacia (regio oeste de Fortaleza) - bairros populares com
diferenciaes socioespaciais; alguns setores desses bairros com urbanizao consolidada,
com boas condies de infraestrutura e margeando as principais avenidas (avenidas Joo
Pessoa, Osrio de Paiva etc.); conjuntos habitacionais dotados de relativamente boas
condies de infraestrutura; bairros Parangaba, Joquei Clube, Autram Nunes, Dom Lustosa,
Henrique Jorge, Bom Sucesso, Vila Pery, Conj. Cear;
- Grande Bom Jardim (regio sudoeste de Fortaleza) - bairros populares e
perifricos com fortes diferenciaes socioespaciais; alguns setores desses bairros com
urbanizao relativamente consolidada, com regulares condies de infraestrutura e
margeando as principais avenidas; conjuntos habitacionais dotados de relativamente boas
condies de infraestrutura; Granja Lisboa (norte do bairro), Granja Portugal, Bom Jardim
(norte do bairro e margens da av. Osrio de Paiva);
- poro sul (Municpios de Maracana e Maranguape) - loteamentos e conjuntos
habitacionais perifricos com fortes diferenciaes socioespaciais; alguns setores desses
bairros com urbanizao relativamente consolidada, com regulares condies de infraestrutura e servios pblicos, margeando distritos industriais, ferrovias, avenidas e rodovias
estaduais, ou localizados nos Distritos-Sedes de Maracana e Maranguape; Conj. Novo
Oriente, Novo Maracana, Jereissati I, Pau Serrado, Novo Maranguape I, Centro de
Maranguape, Novo Parque Iracema.

234

Todos os setores apresentam ndices de baixa vulnerabilidade relativa aos fatores


que formam o IVS (educao, infraestrutura e habitao, presena de idosos e jovens). Alguns
setores, entretanto, detm alguma vulnerabilidade quanto s condies de infra-estrutura e
moradia. Setores do bairro Quintino Cunha, um prximo a um canal afluente do rio
Maranguapinho e outro margeando a ferrovia que liga Fortaleza a Caucaia, detm ndices
significativos de carncia de infraestrutura e condies de moradia. Outro setor com as
mesmas caractersticas localiza-se no bairro Alto Alegre (limite entre Fortaleza e Maracana).
Grupo 6 Vulnerabilidade Social Muito Baixa

O grupo 6 apresenta ndices de vulnerabilidade social muito baixos. Analisandose a tabela 7, pode-se notar que o grupo 6 detm um total de 130 setores censitrios (13,92%
do total de setores), cuja populao perfaz 74.417 habitantes (7,51% do total), habitando
18.699 domiclios (7,80% do total) numa rea de 40,64 km (11,92% do total). A densidade
demogrfica desse grupo se encontra entre as mais baixas dentre os demais grupos (1831,13
hab./km) e, com exceo do grupo 1, o grupo 6 o que mostra as menores propores
populacionais.
Isso se justifica pelo fato de que parte majoritria dos setores que formam esse
grupo se caracteriza por partes de conjuntos habitacionais populares com boas condies de
infraestrutura e habitao, baixa presena de jovens e idosos, populao de mais anos de
estudo; conjuntos residenciais isolados, construdos por bancos de fomento habitao, com
boas condies de infraestrutura e habitao, baixa presena de jovens e idosos, populao
com mais anos de estudo; condomnios de prdios residenciais com boas condies de infraestrutura e habitao, baixa presena de jovens e idosos, populao de mais anos de estudo.
Outros setores formam reas pouco ou nada habitadas, tais como parques pblicos
e reas verdes, reas institucionais, terrenos privados com uso no residencial, rea de
mangue na foz do rio Maranguapinho, e reas rurais nos Municpios de Maracana e
Maranguape.
Mesmo com baixssimos ndices de vulnerabilidade social, alguns setores
apresentaram vulnerabilidade em alguma dimenso (fator), caso de um setor censitrio num
conjunto habitacional de Caucaia, limite com o Conj. Cear, que detm problemas de infraestrutura e habitao, mas que apresenta baixssimos ndices nos demais fatores.

235

Tabela 5.5 - Correlao entre os grupos do ndice de Vulnerabilidade Social - IVS e os


nmeros de setores censitrios correspondentes e suas respectivas populao, domiclios e
rea (Km). Valores absolutos e relativos.
Grupo

Setores
censitrios
Abs.
%

Populao

Domiclios

rea (Km)

Abs.

Abs.

Abs.

0,43

15.361

1,55

4.135

1,73

4,17

1,23

48

5,14

94.502

9,53

22.566

9,42

59,44

17,43

167

17,88

229.682

23,17

54.569

22,78

101,41

29,74

307

32,87

337.286

34,03

81.043

33,83

87,45

25,65

278

29,76

239.914

24,21

58.542

24,44

47,83

14,03

130

13,92

74.417

7,51

18.699

7,80

40,64

11,92

Total

934

100,00

991.162

100,00

239.554

100,00

340,94

100,00

ndice de
Vulnerabilidade
Social - IVS
Vulnerabilidade
Muito Alta
Vulnerabilidade
Alta
Vulnerabilidade
Mdia a Alta
Vulnerabilidade
Mdia a Baixa
Vulnerabilidade
Baixa
Vulnerabilidade
Muito Baixa

Fonte: dados da pesquisa; dados adaptados do Censo 2000 IBGE e retirados de Brasil (2008).
Obs.: os dados de populao, domiclios e rea se encontram superestimados; os valores
referentes aos setores censitrios inclusos nas bordas da rea da bacia foram tomados na sua
totalidade, sendo que estes se encontram recortados ao longo dos limites da bacia.
Com base nas anlises anteriores e de acordo com a tabela 5.5, pode-se concluir
que, no conjunto de 934 setores censitrios que formam a bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho, 219 (23,45%) apresentaram vulnerabilidade social entre mdia e alta e muito
alta. Isso corresponde a um contingente populacional de 339.545 habitantes ou
aproximadamente 34,25% da populao total da bacia. Alm disso, tem-se que 81.270
famlias se encontram em algum nvel de vulnerabilidade social no mbito da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Esses dados mostram uma parcela significativa das desigualdades socioespaciais
da Regio Metropolitana de Fortaleza, refletindo um relevante contingente populacional que
detm graves problemas sociais, representados por analfabetismo e/ou poucos anos de estudos
formais, carncias no acesso a servios pblicos (educao, sade, segurana, saneamento
bsico, entre outros), habitando em moradias precrias e improvisadas, chefiadas
frequentemente por jovens (com at 19 anos) e do sexo feminino.
Essas caractersticas perversas tornam esses indivduos susceptveis aos perigos
naturais, susceptibilidade agravada pelo adensamento urbano e pela forma desorganizada e
descontrolada com que se deu a urbanizao na RMF e pelas precarssimas condies sociais
desse importante contingente populacional vulnervel.

236

MAPA 3 - NDICE DE VULNERABILIDADE SOCIAL


DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO MARANGUAPINHO

528292

533292

538292

543292

548292

553292

9592100

Oceano Atlntico

9592100

MAPA 3 - NDICE DE VULNERABILIDADE SOCIAL


DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO MARANGUAPINHO

Limites Municipais
Limite da Bacia
Lagos e lagoas

9585100

Rede de Drenagem

VULNERABILIDADE SOCIAL
VS Muito Baixa
VS Baixa

9585100

Caucaia

VS Mdia a Baixa
VS Mdia a Alta

Fortaleza

VS Alta

9578100

9578100

VS Muito Alta

9571100

9571100

Maracana

9564100

9564100

Pacatuba

Maranguape

1,5

Elaborado por Lutiane Almeida, 2009


Fonte: Mapa de Localizao geogrfica da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho;
Shapes - Centro de Estudos da Metrpole (CEM, 2008, http://www.centrodametropole.org.br/mc/); IBGE, 2000, 2005.

528292

533292

538292

543292

548292

553292

9557100

9557100

Km

237

5.2 ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes IVFI. Exposio aos


perigos naturais

A fragilidade fsica ou exposio se configura como um dos principais fatores que


do origem condio de vulnerabilidade1, de acordo com Cardona (2004). Para o autor,
exposio a condio de susceptibilidade que apresenta um assentamento humano de ser
afetado por estar numa rea de influncia de fenmenos perigosos e por sua falta de
resistncia fsica diante deles.
A ameaa de exposio (vulnerabilidade fsica) depende da proximidade ao perigo
natural, da velocidade do incio do evento, da durao do evento, de sua extenso espacial e
da probabilidade (risco) com que um perigo de magnitude e frequncia especficas ocorre
(CUTTER, 2005; GALL, 2007). A avaliao da vulnerabilidade fsica mais recorrente ao
longo da histria da pesquisa sobre a ocorrncia e impactos dos perigos naturais (CANNON,
1994; HILL e CUTTER, 2002; GALL, 2007).
Para a UNDP - United Nations Development Programme (UNDP, 2004, p. 31), a
exposio fsica tambm se refere ao nmero de pessoas localizadas em reas onde eventos
perigosos ocorrem combinados com a frequncia desses eventos potencialmente danosos.
Alm disso, a exposio fsica condio sine qua non para a existncia do risco de desastres,
ou seja, sem pessoas expostas a eventos perigosos, no h risco vida humana.
Alm de definir a quantidade de pessoas expostas a um fenmeno perigoso, para
Burton et al. (1978, p. 22), preciso, no sentido de criar subsdios para o aumento da
capacidade de resposta aos perigos naturais, estabelecer parmetros especficos do fenmeno
perigoso. Os autores destacam a magnitude, frequncia, durao, extenso espacial,
velocidade do incio do evento, disperso espacial e temporal.
Dessa forma, a elaborao do ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s
Inundaes IVFI da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho visa a criar um modelo
espaciotemporal do risco de exposio s inundaes mediante a extenso espacial dos
eventos de inundao, de acordo com a frequncia desses eventos, ou seja, a probabilidade de
ocorrncia representada pelo tempo de retorno2.
O IVFI foi elaborado com substrato na delimitao das reas de inundao do rio
Maranguapinho, de acordo com os referidos tempos de retorno. A delimitao das reas de

Para Cardona (2004), alm da exposio, os fatores formadores da vulnerabilidade so a fragilidade social e a
falta de resilincia.
2
Tempo de retorno a probabilidade de ocorrncia de um determinado evento.

238

inundao e a definio dos tempos de retorno foram obtidas com base nos resultados dos
Estudos Hidrolgicos e Hidrulicos da Bacia Hidrogrfica do Rio Maranguapinho,
realizados pela Associao Tcnico-Cientfica Engo. Paulo de Frontin ASTEF, sediada na
Universidade Federal do Cear, e encomendados pelo Governo do Estado do Cear, em 2006,
para subsidiar a elaborao e a execuo do Programa de Melhorias Urbana e Ambiental do
Rio Maranguapinho - PROMURB Maranguapinho3, em 2007.
Os estudos hidrolgicos e hidrulicos da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho
foram realizados com o intuito de avaliar as projees existentes para a ocupao da bacia sob
a influncia de eventos de inundao, e medir a viabilidade da construo de represas de
conteno de cheias. Para isso, foram realizados a caracterizao hidrolgica preliminar da
bacia e os estudos hidrolgicos e hidrulicos das cheias do rio Maranguapinho (CEAR,
2006).
Quanto metodologia, os estudos utilizaram, de forma integrada, aplicativos
computacionais na elaborao de mapas (AutoCAD MAP 2000), na formulao de Modelos
Digitais de Elevao MDEs e de banco de dados para uso em SIG (ArcView GIS 3.2), para
simulaes hidrolgicas (HEC-HMS) e simulaes hidrulicas (HEC-RAS) (cf. figura 5.14).
Para a realizao dos estudos hidrolgicos preliminares, foram utilizadas bases
cartogrficas em formato digital (dwg), principalmente cartas topogrficas a serem
manipuladas no programa AutoCAD MAP 2000. A cartografia utilizada foi a seguinte:
- curvas de nvel, escala 1:100.000, espaamento entre curvas de 40 metros, da RMF;
- mapa da rede hidrogrfica, escala 1:100.000, da RMF;
- curvas de nvel, escala 1:2.000, espaamento entre curvas de 1 metro, do municpio de
Fortaleza (figura 5.15); e
- mapa da rede hidrogrfica, escala 1:2.000, do Municpio de Fortaleza.
Esses dados foram utilizados para a delimitao da bacia hidrogrfica, sua
localizao, e elaborao de um Modelo Digital de Elevao MDE (figura 5.16) para uso

O Projeto prev aes de infra-estrutura de saneamento e de construes de habitaes para o remanejamento


populacional das comunidades de alto risco situadas s margens do Rio Maranguapinho, que estejam sujeitas h
inundaes freqentes pelo mesmo, e, o estabelecimento de um programa de convivncia com as cheias do rio
para as populaes normalmente afetadas por alagamentos temporrios de alta recorrncia hidrolgica. O cerne
do projeto formado por um conjunto de aes estruturais e no estruturais na rea da habitao popular e no
saneamento ambiental destacando-se a proposio de um novo modelo de gesto e convivncia com as cheias
urbanas, tendo como rea-piloto a bacia do Rio Maranguapinho na Regio Metropolitana de Fortaleza. Constituise de uma combinao de intervenes que inclui: obras de controle e amortecimento de ondas de cheias,
visando diminuir a faixa de inundaes, alm de reduzir o nmero de famlias relocveis; obras de
desassoreamento (dragagem do rio); obras de infra-estrutura e saneamento e; obras de habitao popular,
para remanejamento de famlias vivendo em reas de risco ao longo do Rio Maranguapinho. (CEAR, 2007).

239

nos estudos hidrolgicos e hidrulicos. Vale ressaltar que a cartografia de escala 1:100.000,
em funo do pouco detalhamento, foi utilizada na delimitao da bacia, na sua localizao e
na formulao do MDE da regio das nascentes do rio Maranguapinho. J a cartografia de
detalhe foi utilizada na elaborao do MDE da rea drenada pela bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho no Municpio de Fortaleza, sendo este uma importante fonte de elementos
topogrficos necessrios nos estudo hidrolgicos e hidrulicos.

Figura 5.14 Etapas bsicas para a elaborao dos estudos hidrolgicos e hidrulicos da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho, realizado pela ASTEF. Fonte: extrado de CEAR, 2006.

Figura 5.15 Curvas de nvel do Municpio de Fortaleza, em escala 1 : 2.000 e espaamento


entre curvas de 1 metro. Fonte: extrado de CEAR, 2006.

240

Figura 5.16 Modelos Digitais de Elevao gerados pela ASTEF, com base nas curvas de
nvel em escala 1 : 2.000 (e) e 1 : 100.000 (d). Fonte: extrado de CEAR, 2006.
Alm disso, foram estabelecidas algumas caractersticas fsicas do regime
hidrolgico da bacia, tais como rea de drenagem, permetro da bacia, coeficiente de
capacidade, fator de forma, sistema de drenagem, comprimento do talvegue, ordem da bacia,
densidade da drenagem, extenso mdia do escoamento superficial, sinuosidade e declividade
do canal principal, declividade mdia da bacia, elevao mdia da bacia, altitudes mxima,
mnima e mdia (CEAR, 2006).
Os estudos hidrolgicos foram realizados para a obteno das vazes mximas
referentes aos perodos de retorno 2, 5, 10, 20, 50 e 100 anos, no intuito de se estabelecer a
viabilidade da construo de barragens ao longo da bacia, no sentido de reduzir os picos de
cheias. Resumidamente, a metodologia utilizada nesta etapa consistiu em, para os perodos de
retorno, 2, 5, 10, 20, 50 e 100 anos:
- reunir dados de precipitao da rea drenada pela bacia do rio Maranguapinho;
- calcular a mdia das mximas precipitaes ocorridas no mbito da bacia;
- distribuir temporalmente a precipitao mxima esperada; e
- e obter o escoamento superficial referente mxima precipitao4.
Os principais resultados dos estudos hidrolgicos foram a elaborao de
hidrogramas dos elementos constituintes do sistema hidrolgico da bacia; a determinao das
vazes mximas nos diversos elementos hidrolgicos; e a anlise comparativa e de
viabilidade da insero de barragens no sistema hidrogrfico, visando ao amortecimento de
cheias5.
4

Para mais detalhes sobre a metodologia empregada na realizao dos estudos hidrolgicos da bacia hidrogrfica
do rio Maranguapinho, confira Cear (2006).
5
Os estudos hidrolgicos foram realizados visando comparar o comportamento das cheias do rio Maranguapinho
nas seguintes situaes: sem barragem, com 3 barragens, com 2 barragens nas cabeceiras da bacia, e com 1

241

Para a elaborao do ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes


IVFI para a bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, os estudos hidrulicos realizados pela
ASTEF foram primordiais, pois essa etapa teve como um de seus objetivos a definio das
reas de inundao do rio Maranguapinho, para os perodos de retorno 2, 5, 10, 20, 50 e 100
anos.
Os estudos hidrulicos consistem em definir o comportamento e as caractersticas
do escoamento da gua nos canais e nas suas margens. Nesse sentido, o uso de mtodos
numricos e computacionais aplicados a diversos programas importante ferramenta na
modelagem do comportamento da gua nos rios, ajudando na resoluo de problemas ligados
ao escoamento da gua (CEAR, 2006).
A simulao hidrulica de trechos de rios, incluindo calha, margens e reas de
inundao, pode ser realizada com uma variedade de programas computacionais.
Tais programas utilizam, para o clculo das elevaes do nvel da gua em canais
artificiais e rios, modelos de perfil da linha da gua, que simulam situaes de
escoamento, permitindo a anlise hidrulica do trecho, a partir de resultados gerados
nas sees estabelecidas para o estudo. (CEAR, 2006, p. 30).

Assim, para a identificao das caractersticas do escoamento do rio


Maranguapinho, e a obteno de perfis transversais e longitudinais da linha dgua, a rea e o
gradiente de inundao da bacia para os perodos de retorno 2, 5, 10, 20, 50 e 100 anos foram
realizadas as seguintes etapas: composio do esquema hidrulico (geometria da rea e tipo de
escoamento); uso das vazes mximas obtidas nos estudos hidrolgicos, para a definio de
clculos hidrulicos; simulaes hidrulicas em funo da proposta de insero de trs
barragens na bacia hidrogrfica; e verificar a funcionalidade das barragens.
No que concerne delimitao das reas de inundao do rio Maranguapinho,
foram utilizados dados topogrficos para a produo de perfis transversais ao longo do rio,
num trecho de 33,4 km, nos Municpios de Maranguape, Maracana e Fortaleza. De acordo
com os relatrios dos estudos hidrulicos realizados pela ASTEF, o rio Maranguapinho foi
dividido em trs trechos, contendo um total de 173 sees transversais elaboradas no
programa AutoCAD MAP 2000 (figura 5.17), no sentido jusante-montante; tem-se a seo S.
173 no trecho 03, at a seo S. 01, no trecho 01.

barragens no seu mdio curso. Chegou-se a concluso de que a construo de 1 barragem no seu mdio curso j
produziria resultados significativos no amortecimento das cheias do rio Maranguapinho, proposta que foi
utilizada no PROMURB Maranguapinho. Entretanto, sabe-se que medidas estruturais, tais como a construo de
barragens e canais, do uma falsa sensao de segurana populao e ao poder pblico. Nesse caso, dado que a
barragem que est sendo construda (outubro de 2009) dever amortecer inundaes de perodo de retorno de no
mximo 20 anos. Mais consideraes sobre o PROMURB Maranguapinho foram feitas nas concluses desta
tese.

242

Figura 5.17 Trechos e sees transversais utilizados nos estudos hidrulicos da bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho, realizados pela ASTEF. Fonte: extrado de CEAR,
2006.
As sees transversais do rio Maranguapinho, requeridas para a simulao
hidrulica, foram obtidas de acordo com dados topogrficos digitalizados (Modelos Digitais
de Elevao MDE, j citados) e por medies de campo (por meio de aparelho topogrfico
digital Estao Total, e aparelho GPS).
Alm dos perfis, definiram-se nos estudos hidrulicos caractersticas relevantes do
rio Maranguapinho para a simulao hidrulica, tais como a calha, as margens, o sentido do
fluxo, e os diferentes coeficientes de rugosidade ou de Manning.
Para a simulao hidrulica, utilizou-se o programa HEC-RAS integrado ao
programa ArcView GIS 3.2 para a retirada de informaes topogrficas dos MDEs. Assim,
foram obtidos como resultados dos estudos hidrulicos: as principais caractersticas do
escoamento no rio Maranguapinho, incluindo a classificao do escoamento, a velocidade do
fluxo e o escoamento na calha e nas margens; os perfis longitudinais e transversais da linha
dgua; o gradiente das cotas de inundao na bacia; e, por fim, as reas de inundao da
bacia, de acordo com os perodos de retorno 2, 5, 10, 20, 50 e 100 anos6 (figura 5.18).

Alm disso, os estudos hidrolgicos e hidrulicos do rio Maranguapinho, produzidos pela ASTEF, concluram
que, em funo de a bacia drenar uma rea predominantemente urbana, ela apresenta alto potencial de
inundao, alm do fato de haver intensa e crescente impermeabilizao do solo e estreitamento do leito do rio

243

Figura 5.18 reas de inundao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, por tempo de
retorno em anos. Detalhe do baixo curso do rio. Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009)
a partir de CEAR, 2006.
Este ltimo resultado serviu de referncia para a elaborao do ndice de
Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes IVFI na bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho. Inicialmente, foram escolhidos este estudo e seus resultados de forma
especfica, dada a possibilidade de se hierarquizar do ponto de vista espacial e temporal os
riscos de ocorrncia de inundaes na bacia estudada.
Na sequencia, em funo da quantidade de tempos de retorno determinadas nos
estudos hidrulicos da ASTEF e da possibilidade de tornar mais simplificada e mais
compreensvel a leitura, tanto do ndice a ser produzido, quanto da sua representao espacial
(em mapa), e levando-se em conta o fato de que este ndice ser posteriormente sobreposto ao
ndice de Vulnerabilidade Social - IVS, preferiu-se delimitar quatro intervalos de tempo de
retorno (TR) para a composio do IVFI, quais sejam7:

pelo assoreamento e deposio de resduos slidos em suas margens e leito. Assim, a bacia possui reduzidas
caractersticas de conteno de cheias, agravado pela ocupao dos espaos periodicamente inundados por
populao exposta aos riscos de perdas humanas e materiais, justificando o investimento em medidas estruturais
e no-estruturais (CEAR, 2006).
7
Escolheu-se especificamente esses intervalos de tempo de retorno, pois a TR 2 anos corresponde maior
probabilidade de ocorrncia de inundaes, portanto, de maior risco e vulnerabilidade; TR 20 anos corresponde

244

A. TR 2 anos, correspondendo ao intervalo entre o canal principal do rio


Maranguapinho (e de alguns afluentes) e a linha de inundao de tempo de
retorno de 2 anos produzida nos estudos hidrulicos da ASTEF;
B. TR 20 anos, correspondendo ao intervalo entre a linha de inundao de
tempo de retorno de 2 anos e a linha de inundao de tempo de retorno de 20
anos tambm produzida nos estudos hidrulicos da ASTEF;
C. TR 100 anos, correspondendo ao intervalo entre a linha de inundao de
tempo de retorno de 20 anos e a linha de inundao de tempo de retorno de 100
anos;
D. TR > 100 anos, correspondendo rea exterior linha de inundao de tempo
de retorno de 100 anos.
Dessa forma, no intuito de hierarquizar a vulnerabilidade espaciotemporal s
inundaes na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, atribuiu-se a seguinte gradao para
os tempos de retorno de inundao:
A. TR 2 anos Vulnerabilidade Fsico-Espacial Inundao MUITO
ALTA, em funo da maior probabilidade (50%) de ocorrncia de inundao
no espao abrangido por este ndice; rea exposta: 10,67 km (4,91% da rea
total da bacia);
B. TR 20 anos - Vulnerabilidade Fsico-Espacial Inundao ALTA, dada a
probabilidade de 5% de ocorrncia de inundao no espao abrangido por este
ndice; rea exposta: 14,70 km (6,77% da rea total da bacia);
C. TR 100 anos - Vulnerabilidade Fsico-Espacial Inundao MDIA A
BAIXA, j que a probabilidade de ocorrncia de inundao no espao
abrangido por este ndice de 1%; rea exposta: 16,70 km (7,7% da rea total
da bacia);
D. TR > 100 anos - Vulnerabilidade Fsico-Espacial Inundao MUITO
BAIXA, j que a probabilidade de ocorrncia de inundao no espao
abrangido por este ndice de menos de 1%; rea exposta: > 16,70 km.
J na produo do mapa correspondente ao ndice de Vulnerabilidade FsicoEspacial s Inundaes IVFI (Mapa 4), foram utilizadas as linhas de inundao produzidas
pelos estudos hidrulicos (figura 5.18) para a elaborao dos intervalos de tempos de retorno
ao tempo de retorno estabelecido como limite de projeto do PROMURB Maranguapinho; e TR 100 anos
corresponde cota mxima de uma inundao em 100 anos, de acordo com o estudos hidrulicos da ASTEF.

245

selecionados no IVFI, e produziram-se shapes para cada intervalo no programa ArcGIS 9.


Em seguida, os shapes produzidos foram sobrepostos e atribuiu-se-lhes tonalidade azul para
representar as reas de inundao (figura 5.19).

Figura 5.19 Recorte do mapa do ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes da


bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho (Mapa 4). Detalhe do baixo curso do rio.
Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009), de acordo com CEAR (2006).
Vale ressaltar que foi realizada uma extrapolao das reas de inundao para os
intervalos de tempo de retorno para o restante da bacia, no trecho correspondente ao baixo
curso do rio Maranguapinho, j que o estudo elaborado pela ASTEF no incluiu essa poro
da bacia (figura 5.18). A extrapolao foi feita utilizando-se as curvas de nvel em escala
1:2.000, o que possibilitou uma anlise mais detalhada do trecho, e comparando-se com os
padres estabelecidos pelos estudos hidrulicos nas demais pores analisadas anteriormente8.
Outra limitao do IVFI decorre da ausncia de anlises das influncias marinhas
nos estudos hidro/hidrulicos da ASTEF sobre a bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Sabe-se que, na sua plancie fluviomarinha, h a formao de um ambiente especfico de
8

Os estudos hidrolgicos e hidrulicos procedidos pela ASTEF no incluram o baixo curso do rio
Maranguapinho (limitou-se ao norte at a avenida Mister Hull) e alguns afluentes, o que causou algumas
limitaes na elaborao do IVFI, e foi necessrio, dadas as condies socioambientais das comunidades que
ocupam espaos susceptveis s inundaes no baixo curso do rio Maranguapinho, proceder citada
extrapolao das linhas de tempo de retorno, incluindo espaos considerados, a priori, como de alta
vulnerabilidade socioambiental.

246

interface dos ambientes litorneos e fluviais, e que a dinmica das mars exerce influncia
relevante na velocidade do escoamento do rio Maranguapinho, o que configura, em caso de
mars altas, importante agravante quando dos eventos de precipitao intensa e ocorrncia de
inundao na regio.
J de acordo com a superposio dos setores censitrios s reas correspondentes
aos tempos de retorno de inundao elaborados para IVFI, estima-se que um contingente
populacional de at 200 mil habitantes esteja exposto ao risco de inundaes na bacia
hidrogrfica do rio Maranguapinho.
As reas expostas ao risco de inundaes variam de acordo com a probabilidade
de ocorrncia de um evento de determinada rea de extenso especfica. No caso dos tempos
de retorno definidos para o IVFI, as reas de extenso das inundaes para TR 02 anos, TR 20
anos e TR 100 anos so, respectivamente, 10,67 km (4,91% da rea total da bacia de 217,15
km); 14,70 km (6,77% da rea total da bacia); e 16,70 km (7,7% da rea total da bacia).
Dada a ausncia de dados sobre a influncia da dinmica litornea nos relatrios
da ASTEF, estima-se que as reas de extenso das inundaes e o contingente populacional
exposto a esse fenmeno sejam maiores do que o definido na pesquisa. Nesse caso, a ausncia
de dados sobre a dinmica litornea se configura como uma limitao quanto ao uso prtico
do IVFI, j que este negligenciou um aspecto ambiental relevante compreenso dos
fenmenos de inundao na bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Na tabela 5.6, possvel avaliar as reas de extenso das inundaes (largura da
seo de escoamento), de acordo com os tempos de retorno TR 02 anos, TR 20 anos, e TR
100 anos. Percebe-se que, em funo das caractersticas topogrficas (regio plana onde h
predomnio de processos de acumulao de sedimentos e velocidade de escoamento
reduzida), a seo transversal 1, localizada no baixo curso do rio Maranguapinho, apresenta
maiores valores das reas de extenso das inundaes (largura da seo de escoamento). J no
que concerne ao escoamento, percebe-se que a vazo relativamente menor se comparada aos
outros trechos localizados no mdio curso (cf. sees transversais no Mapa 4).

Tabela 5.6 - Medidas hidrulicas para as seguintes sees transversais da bacia hidrogrfica
do rio Maranguapinho.

247

Fonte: adaptado por Almeida (2009) com base em Cear (2006).


Seo
transversal

Tempo
de
retorno
(anos)

Vazo
total
(m/s)

Cota
mnima
do canal
(m)

Cota
da
linha
dgua
(m)

Altura
da
linha
dgua
na
calha

Velocidade
do
escoamento
(m/s)

Largura da
seo de
escoamento
(m)

n de
Froude

TR 02
TR 20
TR 100
TR 02
TR 20
TR 100
TR 02
TR 20
TR 100
TR 02
TR 20
TR 100
TR 02
TR 20
TR 100

366,12
674,97
887,82
354,50
741,75
1032,20
354,50
741,75
1032,20
354,50
741,75
1032,20
354,50
741,75
1032,20

2,00
2,00
2,00
4,00
4,00
4,00
9,00
9,00
9,00
15,00
15,00
15,00
18,00
18,00
18,00

4,64
5,02
5,24
6,87
7,50
7,74
12,36
12,66
12,81
17,23
18,07
18,20
20,26
20,72
20,88

2,64
3,02
3,24
2,87
3,50
3,74
3,36
3,66
3,81
2,23
3,07
3,20
2,26
2,72
2,88

0,53
0,55
0,55
2,21
2,13
2,30
0,75
1,09
1,27
2,76
2,25
2,49
1,96
2,84
3,53

982,37
1120,41
1204,23
156,31
424,47
485,06
616,13
765,70
865,39
121,54
669,81
703,13
156,85
187,56
201,60

0,12
0,11
0,11
0,70
0,69
0,68
0,33
0,42
0,47
0,86
1,02
1,03
0,58
0,77
0,94

248

MAPA 4 - NDICE DE VULNERABILIDADE FSICO-ESPACIAL S INUNDAES


DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO MARANGUAPINHO

536588

541588

546588

9588830

9588830

531588

MAPA 4 - NDICE DE VULNERABILIDADE


FSICO-ESPACIAL S INUNDAES DA
BACIA HIDROGRFICA DO
RIO MARANGUAPINHO
1

9581830

9581830

Caucaia

9574830

9574830

Fortaleza

Maracana

9567830

9567830

Limite da Bacia
Limites Municipais
Rede de Drenagem

Pacatuba

Lagos e Lagoas
Malha Urbana
Perfis Transversais

I.V. Fsico-Espacial s Inundaes


TR 20 - VFI Alta

9560830

9560830

TR 02 - VFI Muito Alta

TR 100 - VFI Mdia a Baixa

Maranguape

TR >100 - VFI Muito Baixa


3

1,5

3
Km

Elaborado por Lutiane Almeida, 2009


Fonte: Mapa de Localizao geogrfica da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho;
IBGE, 2005; CEAR, 2006.

531588

536588

541588

546588

249

5.3 ndice de Vulnerabilidade Socioambiental IVSA

A integrao ou sobreposio dos mapas produzidos com arrimo no ndice de


Vulnerabilidade Social - IVS e no ndice de Vulnerabilidade Fsico-Espacial s Inundaes
IVFI, possibilitou a identificao e localizao dos espaos onde ocorre coincidncia de riscos
e vulnerabilidades sociais e ambientais resultando no produto final da tese, o ndice de
Vulnerabilidade Socioambiental IVSA da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho,
representado graficamente pelo Mapa de Vulnerabilidade Socioambiental.
Inicialmente, definiram-se a legenda do mapa e os respectivos grupos de
Vulnerabilidade Socioambiental mediante o cruzamento dos grupos de vulnerabilidade dos
ndices produzidos anteriormente (figura 5.20 e quadro 5.3). Props-se o cruzamento entre os
grupos de vulnerabilidade (social e fsico-espacial) com suporte em suas proporcionalidades,
ou seja, grupos com hierarquias semelhantes (e.g., vulnerabilidade social alta/vulnerabilidade
fsico-espacial alta).
A sobreposio dos mapas realizada no programa ArcGIS 9.2 seguiu a legenda
elaborada anteriormente e integrou os setores censitrios do IVS com as reas de extenso
espacial das inundaes do IVFI que apresentavam ndices de vulnerabilidade proporcionais,
formando assim grupos homogneos de vulnerabilidade socioambiental e possibilitando a
identificao e localizao de espaos em que ocorre coincidncia de vulnerabilidades sociais
e ambientais.

Figura 5.20 Metodologia de elaborao da legenda do Mapa de Vulnerabilidade


Socioambiental IVSA da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho.
Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009).

250

Quadro 5.3 Dimenses (sociais e ambientais) responsveis pela elaborao do IVSA e sua
graduao esquemtica.
Grupo

IVSA

Muito
alta

Alta

Mdia
a Alta

Vulnerabilidades Sociais

Espaos com fortes carncias


de infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), condies
precarssimas de habitao
(caractersticas fsicas da
habitao e densidade de
moradores), carncias graves
no nvel de educao (anos de
estudo, analfabetismo),
presena numerosa de jovens;
Espaos com moderadas a altas
condies de carncias de
infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), condies precrias
de habitao (caractersticas
fsicas da habitao e densidade
de moradores), carncias
graves no nvel de educao
(anos de estudo,
analfabetismo), presena de
jovens;
Espaos com carncias de
infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), condies
precarssimas de habitao
(caractersticas fsicas da
habitao e densidade de
moradores), carncias graves
no nvel de educao (anos de
estudo, analfabetismo),
presena numerosa de jovens;
Espaos com carncias de
infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), condies
precarssimas de habitao
(caractersticas fsicas da
habitao e densidade de

Vulnerabilidades
Fsico-Espaciais s
Inundaes
Exposio fsica alta a
muito alta s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade muito
alta de ocorrncia
desses fenmenos;

Graduao
esquemtica da
Vulnerabilidade
IVS +++
(muito alta)
IVFI +++
(muito alta)
IVSA +++
(muito alta)

Exposio fsica de alta


a muito alta s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade muito
alta de ocorrncia
desses fenmenos;

IVS ++
(mdia)
IVFI +++
(muito alta)
IVSA +++
(alta)

Exposio fsica de
moderada a baixa s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade
relativamente baixa de
ocorrncia desses
fenmenos;

IVS +++
(muito alta)
IVFI ++
(mdia)
IVSA +++
(alta)

Exposio fsica baixa


a muito baixa s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade
relativamente baixa a
muito baixa de
ocorrncia desses

IVS +++
(muito alta)
IVFI +
(baixa)
IVSA ++
(mdia a alta)

251

Mdia
a
Baixa

Baixa

moradores), carncias graves


no nvel de educao (anos de
estudo, analfabetismo),
presena numerosa de jovens;
Espaos com moderadas a
baixas condies de carncias
de infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), alguma precariedade
de habitao (caractersticas
fsicas da habitao e densidade
de moradores), carncias
moderadas no nvel de
educao (anos de estudo,
analfabetismo), presena de
jovens e idosos;
Espaos com moderadas a altas
condies de carncias de
infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), condies precrias
de habitao (caractersticas
fsicas da habitao e densidade
de moradores), carncias
graves no nvel de educao
(anos de estudo,
analfabetismo), presena de
jovens;
Espaos com moderadas a
baixas condies de carncias
de infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), alguma precariedade
de habitao (caractersticas
fsicas da habitao e densidade
de moradores), carncias
moderadas no nvel de
educao (anos de estudo,
analfabetismo), presena de
jovens e idosos;
Espaos com moderadas a
baixas condies de carncias
de infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), alguma precariedade
de habitao (caractersticas
fsicas da habitao e densidade

fenmenos;

Exposio fsica alta a


muito alta s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade muito
alta de ocorrncia
desses fenmenos;

IVS +
(baixa)
IVFI +++
(muito alta)
IVSA ++
(mdia a alta)

Exposio fsica baixa


a muito baixa s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade
relativamente baixa a
muito baixa de
ocorrncia desses
fenmenos;

IVS ++
(mdia)
IVFI +
(baixa)
IVSA ++
(mdia a baixa)

Exposio fsica alta a


muito alta s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade muito
alta de ocorrncia
desses fenmenos;

IVS +
(baixa)
IVFI +++
(muito alta)
IVSA ++
(mdia a baixa)

Exposio fsica baixa


a muito baixa s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade
relativamente baixa a
muito baixa de
ocorrncia desses

IVS +
(baixa)
IVFI +
(baixa)
IVSA +
(baixa)

252

Muito
Baixa

de moradores), carncias
moderadas no nvel de
educao (anos de estudo,
analfabetismo), presena baixa
de jovens e idosos;
Espaos com baixas carncias
de infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), alguma precariedade
de habitao (caractersticas
fsicas da habitao e densidade
de moradores), carncias baixas
no nvel de educao (anos de
estudo, analfabetismo),
presena baixa de jovens e
idosos;
Espaos com baixas a muito
baixas carncias de
infraestrutura urbana
(abastecimento de gua, coleta
e tratamento de esgoto, coleta
de lixo, domiclios sem
banheiro), baixa precariedade
de habitao (caractersticas
fsicas da habitao e densidade
de moradores), carncias baixas
no nvel de educao (anos de
estudo, analfabetismo),
presena baixa de jovens e
idosos;

fenmenos;

Exposio fsica alta a


muito alta s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade muito
alta de ocorrncia
desses fenmenos;

IVS +
(baixa)
IVFI +++
(muito alta)
IVSA +
(baixa)

Exposio fsica baixa


a muito baixa s
inundaes por conta
da ocupao urbana de
espaos com
probabilidade
relativamente baixa a
muito baixa de
ocorrncia desses
fenmenos;

IVS +
(muito baixa)
IVFI +
(baixa a muito
baixa)
IVSA +
(muito baixa)

Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009).


Obs.: IVS ndice de Vulnerabilidade Social; IVFI ndice de Vulnerabilidade FsicoEspacial s Inundaes; (+) - grau de vulnerabilidade.
De acordo com o Mapa de Vulnerabilidade Socioambiental da bacia hidrogrfica
do rio Maranguapinho (Mapa 5), possvel distinguir 4 padres espaciais de distribuio de
espaos vulnerveis, que se configuram tanto na justificao do hiptese principal da tese,
quanto expem algumas limitaes do resultado do trabalho.
Padro 1 regies da bacia detendo condies de alta a muito alta vulnerabilidade
socioambiental (de acordo com os setores censitrios), localizadas na poro norte da bacia
(poro oeste de Fortaleza), em espaos de urbanizao mais adensada, e ao longo do canal
principal e dos principais afluentes urbanos do rio Maranguapinho; esse padro confirma a
hiptese principal da tese a de que h coincidncia espacial entre regies com fortes
vulnerabilidades sociais associadas intensa exposio fsica a fenmenos naturais

253

potencializados pela ao humana, como o caso das inundaes, ou seja, h sobreposio de


diversos riscos em espaos especficos da bacia (cf. figura 5.21);

Figura 5.21 Espao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho correspondente ao padro


espacial 1 de Vulnerabilidade Socioambiental.
Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009).
Padro 2 poro central da bacia, correspondendo s regies perifricas de
Fortaleza e limites territoriais com o Municpio de Maracana, onde h a tendncia ao
espraiamento da vulnerabilidade em razo da ocorrncia de setores censitrios
espacialmente maiores do que os do padro 1 (ao mesmo tempo em que h menor densidade
urbana e demogrfica); entretanto, as regies com alta vulnerabilidade socioambiental ainda
coincidem (mesmo que com menor preciso em relao ao padro 1) com os espaos
fortemente expostos ocorrncia de inundaes (cf. figura 5.22);

254

Figura 5.22 Espao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho correspondente ao padro


espacial 2 de Vulnerabilidade Socioambiental.
Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009).
Padro 3 regio localizada a sudoeste da bacia, seguindo o canal principal do rio
Maranguapinho logo mais ao sul da Lagoa de Estabilizao de Maracana, com reas
caracterizadas pelas altas vulnerabilidades socioambientais; so regies com alta exposio s
inundaes, mas com baixa densidade urbana e demogrfica; nesse caso, a vulnerabilidade
socioambiental potencial se houver futuro adensamento urbano nessa regio; assim sendo,
essa caracterstica se configura como uma limitao do resultado do trabalho, j que a
sobreposio das regies expostas a inundaes se deu com os setores censitrios, estes que
nem sempre representam as reais condies urbanas e demogrficas da rea, mas sim uma
delimitao prtica de um espao a ser pesquisado de acordo com os objetivos prticos do
IBGE (cf. figura 5.23);

255

Figura 5.23 Espao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho correspondente ao padro


espacial 3 de Vulnerabilidade Socioambiental.
Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009).
Padro 4 na regio sul da bacia, correspondendo rea de localizao de vrias
nascentes do rio Maranguapinho, no Municpio de Maranguape, h regies configuradas
como de mdia a alta vulnerabilidade; entretanto, essa condio parcial, j que so setores
censitrios com caractersticas rurais, espacialmente grandes e com baixas densidades urbanas
e demogrficas, apesar de deterem altas vulnerabilidades sociais, aspecto a ser levado mais
em conta no caso de se planejar a alocao de recursos para investimentos na diminuio das
desigualdades socioambientais dessa regio da bacia (cf. figura 5.24).

256

Figura 5.24 Espao da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho correspondente ao padro


espacial 4 de Vulnerabilidade Socioambiental.
Fonte: elaborado por Lutiane Almeida (2009).

257

MAPA 5 - NDICE DE VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL


DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO MARANGUAPINHO

528292

533292

538292

543292

548292

553292

9592100

Oceano Atlntico

9592100

MAPA 5 - NDICE DE VULNERABILIDADE SOCIOAMBIENTAL


DA BACIA HIDROGRFICA DO RIO MARANGUAPINHO

Limites Municipais
Limite da Bacia

Caucaia

9585100

Rede de Drenagem

Vulnerabilidade Socioambiental
VSA Muito Baixa
VSA Baixa

9585100

Lagos e lagoas

VSA Mdia
VSA Mdia a alta

Fortaleza

VSA Alta

9578100

9578100

VSA Muito Alta

9571100

9571100

Maracana

9564100

9564100

Pacatuba

Maranguape

1,5

Elaborado por Lutiane Almeida, 2009


528292

533292

538292

543292

548292

553292

9557100

9557100

Km

258

6 CONSIDERAES FINAIS

O principal objetivo desta tese foi analisar as vulnerabilidades socioambientais de


rios urbanos, tendo a bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, localizada na Regio
Metropolitana de Fortaleza RMF, Cear, como rea de estudo para compreenso das interrelaes da exposio fsica aos riscos naturais, a susceptibilidade social a esses eventos, alm
da segregao e pobreza no espao urbano.
A hiptese principal da tese foi a de que h uma sobreposio de riscos em
determinados espaos das cidades brasileiras, ou seja, h coincidncia entre os espaos
susceptveis a processos naturais perigosos, caso de fenmenos naturais como as inundaes,
e os espaos da cidade que apresentam as comunidades mais vulnerveis do ponto de vista de
seus indicadores sociais, econmicos e de acesso a servios e infraestrutura urbana. Dito de
outra forma, aqueles espaos menos dotados de recursos ocupam os espaos de risco da
cidade.
Esse contexto de sobreposio de riscos e vulnerabilidades em espaos especficos
das cidades e metrpoles brasileiras passa, tambm, pela sobreposio de dimenses
socioculturais, associadas forma como a sociedade lida com os territrios expostos
dinmica fsico-natural e com a dinmica de sobrevivncia da populao urbana mais
vulnervel, no que tange ao acesso aos servios urbanos bsicos.
Um dos principais paradoxos da sociedade moderna a dicotomia entre o Homem
e a Natureza. Esse distanciamento entre a sociedade e a natureza, atrelado evoluo das
cincias e das tcnicas, tendo como principal mentor histrico Ren Descartes, contribuiu
para a pretensa superao das leis naturais pelo homem. No caso das cidades, um dos

259

principais (se no o principal) smbolos de pretensa modificao, superao, distanciamento e


negao da natureza, os ambientes naturais foram tidos por muito tempo como detentores de
insegurana.
No Brasil, histrico o processo de desvalorizao e abandono das chamadas
reas de preservao permanentes (APPs), o que inclui os ambientes fluviais, suas margens,
canais, vrzeas, espaos inundveis, considerados frequentemente, pela sociedade e pelo
Poder Pblico, espaos perigosos e insalubres.
Essa desvalorizao, aliada exploso demogrfica das cidades brasileiras, a
partir da dcada de 1960, e os problemas advindos com a migrao e a concentrao
populacional, tais como dficit habitacional, fizeram com que um grande contingente
populacional desprovido de renda suficiente para a aquisio de habitaes decentes, dotadas
de infraestrutura urbana, acesso a servios pblicos e localizadas em espaos ambientalmente
seguros, ocupasse as margens dos rios e crregos urbanos, criando assim um intenso conflito
dialtico entre a pobreza e a dinmica natural, resultando em territrios de riscos naturais e
sociais.
H, ento, nesse contexto, uma urgncia por valorizao dos ambientes fluviais
urbanos, ou seja, dotar esses espaos de uma funo especfica no ambiente das cidades. A
criao de parques pblicos, de espaos de lazer, atrelados dotao dos espaos de expanso
das guas de inundao peridicas so alguns exemplos. Dessa forma, ao mesmo tempo em
que h a valorizao dos ambientes fluviais, se d tambm um dos pilares da gesto de riscos
de inundao, a preveno dos desastres causados pela ocupao desordenada de ambientes
expostos a perigos naturais.
A gesto de risco, entretanto, como poltica pblica no Brasil, ainda algo
negligenciado, como preconizado por Almeida e Pascoalino (2009). H uma concentrao
substancial dos investimentos no que se chama gesto de crise ou gesto do desastre, ou
seja, a ao pblica acontece no sentido de remediar as consequncias de eventos perigosos e
causadores de prejuzos materiais e perdas humanas, caso dos eventos de chuva intensa,
inundaes e escorregamentos de terra ocorridos em novembro de 2008, no Estado de Santa
Catarina.
H ainda muitos problemas conceituais no tocante definio sobre qual processo
o poder pblico deve atuar: sobre o risco (com aes de previso, preveno e proteo) e/ou
sobre o desastre (reparao)? Como dito no captulo 3, h ainda muita indefinio no diz
respeito aos conceitos de risco, perigo e desastre. Dessa maneira, h uma necessidade

260

premente de incorporao dos conceitos de risco, perigo e vulnerabilidade ao sistema de


gesto de risco no Brasil, alm de mais desenvolvimento de pesquisa acadmica sobre esses
temas.
Outrossim, mesmo sendo a definio, compreenso e operacionalizao
problemticas, em funo da complexidade e multidimensionalidade, pode-se afianar que o
conceito de vulnerabilidade pode auxiliar a identificao das caractersticas scioespaciais de
determinadas comunidades (e indivduos) que influenciam nas suas capacidades de resposta e
recuperao diante dos perigos naturais, como frisam Cutter et al. (2003).
Da mesma forma, a operacionalizao do conceito de vulnerabilidade pode ser
til na identificao de espaos prioritrios para investimentos que possam melhorar as
condies de resilincia das comunidades que se apresentam mais propensas aos perigos
naturais por suas vulnerabilidades sociais. Assim, o emprego do conceito de vulnerabilidade e
a sua operacionalizao podem auxiliar a tomada de decises que possibilitem a reduo dos
riscos de desastres naturais.
A metodologia de operacionalizao desse conceito se baseia na tentativa de sua
mensurao (entendida aqui como em Birkmann, 2006), viabilizada pela sobreposio de dois
indicadores especficos de vulnerabilidade: a exposio fsica aos perigos naturais e a
susceptibilidade social a esses processos.
O ndice de Vulnerabilidade Socioambiental - IVSA, resultado final desta tese,
longe de deter uma metodologia ideal para a representao das vulnerabilidades globais de
uma determinada comunidade, prescinde de refinamentos que pressupem mais tempo de
pesquisa sobre alternativas de operacionalizao desse conceito, a incorporao de outras
variveis de avaliao da vulnerabilidade, alm de acesso a outras fontes de dados.
Mesmo assim, considera-se a metodologia empregada nesta tese, tanto as anlises
estatsticas, quanto a espacializao e hierarquizao da frequncia dos perigos naturais, como
suficientemente robusta para subsidiar, ao mesmo tempo, a realizao de novas pesquisas
sobre a temtica e no direcionamento de investimentos prioritrios nos espaos identificados
como de maior vulnerabilidade socioambiental.
Alm disso, o IVSA pode ser utilizado de forma complementar a outras tipologias
de indicadores socioambientais e auxiliar numa anlise mais consubstanciada dos problemas
das metrpoles brasileiras, no exclusivamente.

261

Quanto operacionalizao do conceito de vulnerabilidade neste trabalho, podese concluir que, de acordo com os indicadores elaborados para a bacia hidrogrfica do rio
Maranguapinho, incluso no contexto metropolitano de Fortaleza, h a necessidade premente
de investimentos em fatores prioritrios, tais como educao, infraestrutura urbana
(notadamente saneamento ambiental lato sensu), polticas habitacionais, polticas especficas
para jovens e idosos, nos espaos onde se identificaram a coincidncia de vulnerabilidades
sociais e a exposio aos riscos de inundaes peridicas.
Conclui-se, igualmente, que h a necessidade de avaliao da evoluo
espaciotemporal das vulnerabilidades socioambientais, no sentido de se conhecer como os
indicadores de vulnerabilidade evoluem no tempo e no espao, como preconizado nos
trabalhos de Cutter et al. (2003) e Cutter e Finch (2008).
Pode-se concluir tambm que o resultado final desta pesquisa, o Mapa de
Vulnerabilidade Socioambiental da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho, confirma a
hiptese principal desta tese, ao demonstrar a coincidncia entre os espaos de maior
exposio aos riscos de inundao e os espaos que detm os mais altos indicadores de
vulnerabilidade social.

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278

APNDICE

FORTALEZA

MARANGUAPE

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

230770005000013

230440070100067

230770005000040

230440070140028

230440005070723

230440070100230

230440070100045

230765005000098

MARACANAU

230765005000073

FORTALEZA

230440060100178

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140012

230440060060020

CAUCAIA

FORTALEZA

MARACANAU

230765005000080

230370905000054

MARACANAU

FORTALEZA

230765005000114

FORTALEZA

230440070100233

230440005070710

230440070100068

FORTALEZA

MARACANAU

230440075130275

230765005000069

FORTALEZA

MARANGUAPE

230440070100044

230440070100147

FORTALEZA

230440075130288

CAUCAIA

FORTALEZA

230765005000082

FORTALEZA

MARACANAU

230440070100097

230440070140291

FORTALEZA

230770005000021

230370917000003

FORTALEZA

MARANGUAPE

230440060100177

FORTALEZA

230440070140279

V. S. ALTA

n = 48

CAUCAIA

230370917000064

Municpio

FORTALEZA

230440070100220

GRUPO 2

FORTALEZA

230440005060806

Cod_setor

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

FORTALEZA

230440005060779

PARQUE LUZARDO VIANA

AUTRAN NUNES

NOVO MARACANAU

SIQUEIRA

GENIBAU

CONJUNTO ESPERANCA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

CAGADO

FLORESTA

BONSUCESSO

FURNA DA ONCA

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

GRANJA LISBOA

MANOEL SATIRO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

ALTO ALEGRE II

CANINDEZINHO

BONSUCESSO

FLORESTA

PARQUE PRESIDENTE VARGAS

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

SIQUEIRA

OUTRA BANDA

CANINDEZINHO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

JACANAU

BOM JARDIM

NOVO MARANGUAPE II

GENIBAU

MANOEL SATIRO

Bairro

BONSUCESSO

VILA VELHA

VILA VELHA

Bairro

Municpio

Cod_setor

V. S. MUITO ALTA

n=4

GRUPO 1

1819

1618

2444

1915

1541

2118

1788

1519

2310

2486

1918

1956

2240

2506

1903

1622

2626

1833

1549

2242

1828

2084

2440

2366

2182

2358

2716

2195

2670

3384

Populao

2582

3409

3431

5939

Populao

1,40

0,08

0,44

0,16

0,07

0,16

12,24

0,76

0,30

0,16

4,49

0,10

0,10

0,23

0,09

1,01

0,50

0,10

0,05

1,19

20,61

0,82

0,32

1,12

0,07

3,35

0,16

0,78

0,20

0,32

rea

0,42

0,23

0,80

2,72

rea

398

366

625

476

369

545

417

352

639

622

424

451

518

606

434

375

630

445

353

534

375

491

567

570

548

583

622

524

624

880

D.P.P.

628

849

793

1524

DPP

D.P.I.

338

DPI

3,7078

3,9781

4,4728

3,5672

3,2304

5,1927

3,5060

3,9885

5,8701

5,4364

2,6226

5,1719

3,4623

5,6678

3,7760

2,6960

3,8855326

4,305618

4,5212465

3,5205993

2,8656

3,6375

4,5291

3,8664323

4,6131

4,3373494

3,5241158

3,8795

3,6827

5,7940842

V1

3,1100478

4,6765053

3,8701135

4,7427822

V1

144

174

19

66

22

60

16

42

77

13

49

44

205

255

43

33

18

77

V2

375

381

72

622

V2

205

83

102

72

120

404

290

32

31

59

42

27

118

47

41

41

15

137

120

286

60

48

282

125

212

55

113

107

108

V3

101

206

340

818

V3

206

153

118

329

277

317

208

282

11

346

135

166

266

241

173

181

464

25

106

349

222

336

532

138

482

222

391

228

V4

311

566

649

331

V4

130

76

61

162

175

162

100

77

142

113

293

29

52

93

31

300

237

25

161

294

159

181

137

263

164

377

155

88

121

178

V5

297

236

330

365

V5

V7

V7

227

273

315

251
193

196

196

213

199

172

228

152

144

186

145

161

159

141

148

199

191

192

216

225

59

91

51

189

156

198

182 164

94

23

66

43

35

24

63

39

50

194 160

97

17

153 211

82

92

26

63

160 202

196 257

84

66

174 260

V6

70

33

66

181 476

V6

10

10

13

10

10

13

V8

15

13

27

V8
323

29

28

28

47

Variveis

212

176

215

24

22

37

26

24

29

39

51

36

52

25

51

24

53

43

29

33

34

27

37

52

45

47

26

62

42

34

61

39

53

131

107

123

131

135

98

135

115

101

95

173

101

138

100

116

170

156

116

86

196

149

141

109

170

144

133

179

176

198

119

17

11

17

14

14

15

18

25

19

19

14

20

13

23

28

18

14

19

17

30

34

29

21

19

30

23

22

36

28

26

V9 V10 V11 V12

39

55

73

50

V9 V10 V11 V12

Variveis

301

265

453

384

334

348

349

201

555

419

235

320

444

420

402

303

496

357

226

405

295

390

419

477

380

389

500

427

512

604

V13

452

626

598

1249

V13

84

64

109

69

95

12

110

83

180

52

44

21

12

58

85

50

109

95

63

62

85

71

86

95

92

30

60

61

V14

137

144

123

181

V14

11

V15

V15

11

15

13

13

11

16

10

24

23

15

27

15

28

22

16

21

18

14

19

17

39

16

19

19

17

30

V16

15

27

20

22

V16

31

67

21

29

59

30

22

33

36

25

49

41

58

31

58

31

49

59

52

39

31

32

40

26

61

40

60

47

62

45

V17

49

69

59

82

V17

788

651

928

723

638

734

660

556

802

819

918

673

924

828

716

681

1047

687

572

855

716

856

944

957

745

889

1188

813

1017

1121

V18

1470

1263

1273

2416

V18

Apndice - ndice de Vulnerabilidade Social da bacia hidrogrfica do rio Maranguapinho. Planilha Geral.

41

41

66

45

35

51

61

80

64

90

36

71

50

97

73

46

57

59

39

61

87

58

75

48

97

67

57

98

79

92

V19

76

101

111

85

V19

225

190

204

182

191

175

192

140

193

151

286

130

230

153

160

222

234

193

104

206

186

269

196

234

183

221

355

192

259

223

V20

515

317

314

756

V20

26

20

32

27

20

26

31

44

36

33

21

33

28

47

48

31

29

35

25

49

53

38

34

37

49

38

37

59

47

45

V21

54

53

69

50

V21

0,77322

0,40483

1,04227

0,90000

0,17479

-0,38772

0,46157

1,64266

0,77388

0,96313

1,62743

0,94792

1,44792

1,67816

2,33981

1,16876

1,8434

0,87991

-0,81452

2,86088

2,35416

2,02620

0,85583

0,58684

1,63473

1,34494

2,21942

2,45743

2,41974

0,59411

Fator 1

0,91064

0,09297

3,49004

-2,01638

Fator 1

0,51733

2,29179

2,62707

2,37698

1,81564

0,11406

1,63138

1,95586

1,11274

2,67770

2,21724

1,91549

0,77302

1,84038

2,47660

-0,13225

0,40771

1,57347

-0,97779

1,77415

3,2294

-2,25832

-1,02483

3,37673

1,38595

1,29348

0,46188

4,59944

2,48320

4,03438

3,38054

-0,80188

1,46566

2,63866

Fator 2

-0,13248

-0,23334

0,67972

-0,46004

-0,61525

0,37248

0,34390

1,31076

1,10450

1,42390

-0,78363

1,52921

0,10973

2,21755

1,41211

-1,04519

0,31852

0,62849

0,34014

0,34106

1,06269

0,70309

1,23620

-0,20042

2,43163

0,52644

0,38051

1,79935

1,20170

2,16409

Fator 3

Fatores

5,45605

4,66138

3,59498

15,46435

Fator 3

Fatores
Fator 2

1,63520

3,80660

0,86350

1,84430

3,60830

1,66670

1,30850

-0,51080

1,69770

0,19600

1,19400

2,30850

2,82650

-0,63560

2,21410

3,12800

-0,1657

6,3692

7,1128

-0,8819

0,95080

1,72790

3,24280

1,0827

-0,01640

0,6493

0,7792

3,90050

2,51770

3,1648

Fator 4

3,2059

4,8183

2,3037

3,9469

Fator 4

1,02

1,02

1,05

1,06

1,07

1,08

1,08

1,09

1,09

1,11

1,13

1,16

1,20

1,21

1,25

1,26

1,31

1,4

1,4

1,42

1,44

1,44

1,45

1,52

1,63

1,64

1,69

1,84

1,90

2,14

IVS (Mdia)

2,52

2,97

4,94

IVS (Mdia)

Grupo

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130131

FORTALEZA

230440005060803

230440070100148

MARACANAU

230765005000007

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130276

MARANGUAPE

FORTALEZA

230770005000027

MARANGUAPE

230770005000022

230440060060050

230440070100124

FORTALEZA

MARANGUAPE

230770005000006

230440075130269

FORTALEZA

230440005080259

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005080258

MARACANAU

FORTALEZA

230440075130290

230765005000006

MARANGUAPE

230770035000003

230440075130274

n = 167

Municpio

GRUPO 3

FORTALEZA

230440060060150

Cod_setor

MARACANAU

MARANGUAPE

230765005000070

230770005000030

CAUCAIA

FORTALEZA

CAUCAIA

230370930000004

230440060100175

MARANGUAPE

230770005000020

230370917000020

FORTALEZA

MARACANAU

230440070140461

FORTALEZA

230765005000083

MARANGUAPE

230440005070724

FORTALEZA

230440060060102

230770035000005

CAUCAIA

230370917000001

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060100163

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440075130162

230770005000034

MARACANAU

230765005000090

230440075130154

n = 48

Municpio

GRUPO 2

Cod_setor

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

GRANJA LISBOA

LAMEIRAO

GRANJA LISBOA

VILA VELHA

COQUEIRAL

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

QUINTINO CUNHA

CONEGO RAIMUNDO PINTO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

PARQUE PIRATININGA

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

GAVIAO

PARQUELANDIA

PARQUELANDIA

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

Bairro

V. S. MDIA A ALTA

JOAO XXIII

NOVO PARQUE IRACEMA

ANTONIO JUSTA

GENIBAU

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

NOVO MARANGUAPE II

TIJUCA

MONDUBIM (SEDE)

FLORESTA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PARQUE SANTA FE

DEMOCRITO ROCHA

DOM LUSTOSA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

GENIBAU

COUTO FERNADES

SIQUEIRA

Bairro

V. S. ALTA

2062

1789

1249

1779

1576

1830

1146

1457

1367

1663

1852

1506

1553

1429

1471

1287

1275

Populao

1968

1450

1586

1503

1834

1001

1817

1511

2203

1744

1650

1345

1411

2018

1723

1714

1501

2347

Populao

0,15

0,09

1,60

0,11

0,08

0,15

0,03

0,04

6,11

0,87

0,47

0,06

0,44

0,09

0,20

0,04

0,79

rea

0,14

0,67

1,95

0,07

0,11

72,26

0,18

1,91

0,64

0,06

0,89

0,18

0,08

0,10

0,13

0,07

0,08

0,54

rea

547

437

282

399

370

413

274

310

301

412

420

362

349

360

344

308

282

D.P.P.

468

338

369

365

394

235

403

348

518

421

358

327

361

469

417

438

363

570

D.P.P.

D.P.I.

D.P.I.

8,1007

3,9542

3,2766

3,6851385

5,1946

3,8354

3,6263736

4,3029

3,1063

4,2015

4,1818

4,9169

4,2054

8,7535411

10,223837

4,2532

3,1028

V1

4,6624

2,4154

3,9782

3,3479

3,8503

1,4043

3,7531

3,8319

5,0428

4,7672

3,5406

4,9633

5,9252

4,8870

4,4227

3,8311

4,1939

4,8772

V1

41

24

107

15

107

14

16

V2

120

33

142

52

21

25

27

16

37

107

14

V2

71

35

80

18

177

21

59

121

227

77

47

77

57

34

11

97

90

V3

71

284

53

53

63

235

37

338

117

107

115

36

79

138

12

58

71

V3

188

359

160

358

303

75

20

168

28

170

85

36

222

189

V4

335

137

265

259

29

85

329

496

302

23

296

424

382

125

119

513

V4

20

40

193

63

132

91

39

148

85

185

160

110

38

41

26

V5

107

97

221

179

215

169

80

16

138

16

66

23

22

40

215

82

64

124

V5

85

168

129

212

156

159

121

121

175

149

137

134

199

V7

143

125

133

118

103

V7

166

144

160

131

15

39

12

88

21

22

156

154

128

169

142

172

108

147

136

135

160

121 140

11

V6

63

18

37

86

192 184

193

21

61

10

53

25

45

V6

V8

12

V8

Variveis

20

34

20

11

10

41

29

30

18

26

24

19

27

25

15

30

27

20

Variveis

113

145

81

138

54

139

132

116

97

77

112

71

67

89

87

124

99

122

44

22

28

29

53

38

28

30

27

18

42

27

50

90

121

35

35

48

126

96

118

51

118

88

85

111

115

102

57

106

27

76

127

21

13

20

16

13

22

15

22

22

10

24

28

16

20

30

V9 V10 V11 V12

47

44

37

14

34

51

32

42

38

49

34

45

69

43

37

40

51

35

V9 V10 V11 V12

290

380

227

311

214

361

166

235

214

260

299

194

289

138

90

221

194

V13

323

224

234

302

331

216

353

231

358

340

295

274

226

396

287

396

258

353

V13

25

49

31

78

21

87

31

76

110

61

112

21

20

59

76

V14

73

97

116

50

49

13

30

68

49

44

40

41

90

62

114

V14

V15

V15

17

15

14

21

13

18

10

18

13

22

47

53

23

14

V16

17

12

13

17

17

13

15

29

17

19

39

18

15

22

29

V16

17

35

27

34

13

18

48

45

32

43

27

29

37

18

41

35

V17

30

26

18

52

22

25

41

31

17

45

37

27

35

24

43

42

46

25

V17

602

716

534

656

479

706

371

471

575

651

717

556

516

293

269

441

518

V18

648

583

696

637

729

349

693

511

775

540

651

386

354

672

624

582

471

818

V18

82

35

44

53

82

52

53

46

50

27

68

47

79

141

212

54

58

V19

71

65

59

22

66

75

52

73

71

78

54

160

106

77

67

54

77

74

V19

81

184

149

154

74

190

95

121

153

150

146

105

130

37

21

92

137

V20

130

130

174

193

184

102

150

131

159

102

120

74

56

121

125

155

90

163

V20

39

25

32

35

24

34

30

33

35

13

39

16

40

34

29

45

V21

31

49

34

18

30

60

47

47

35

41

37

67

45

49

34

36

45

43

V21

0,30226

1,52914

1,28178

2,00065

-0,39930

1,81228

0,44924

1,55513

1,16564

-0,21630

1,96694

-0,89072

2,04714

-0,13469

-2,16375

0,76710

2,56405

Fator 1

1,24845

2,86426

1,09213

0,21741

0,18829

3,48452

2,43554

1,99241

1,14741

1,73942

1,64317

1,51456

1,84658

1,77612

1,10187

2,05168

1,65238

1,90639

Fator 1

0,81961

0,68262

0,34703

-1,18232

0,25287

0,47511

0,48261

1,01543

0,64032

1,80316

0,61571

2,34478

2,65168

1,27947

0,62605

0,71596

1,53342

0,54542

0,25975

0,36277

0,09329

0,05502

0,87922

0,70485

-0,87135

-0,41849

1,33768

1,74975

0,77044

0,94819

-0,69161

-0,37353

0,33105

-0,86736

-1,14214

Fator 2

1,61991

-0,33146

-0,33369

0,14736

1,45937

0,24280

-0,02097

0,22616

-0,06659

-0,80338

0,86710

-0,05740

1,38609

3,97996

5,50528

0,75719

0,28593

Fator 3

Fatores

2,38115

1,19447

1,62681

1,62374

2,21673

0,66471

-0,53603

1,36749

2,41484

-0,42208

-0,11660

-2,04266

-1,18883

0,51971

1,26870

-0,75643

-0,05117

1,82628

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

0,43570

1,06300

1,65040

0,4742

0,77840

0,04920

3,2232

1,45940

0,45330

2,14930

-0,67720

3,01740

0,34870

-0,3942

-0,6102

2,46320

1,44000

Fator 4

-1,18780

-1,29300

0,38280

2,76860

0,79010

-1,14160

1,14590

-0,82320

-0,59800

0,46830

1,60210

1,94100

0,51840

0,29280

0,90150

2,00250

0,89080

-0,20880

0,65

0,66

0,67

0,67

0,68

0,70

0,7

0,71

0,72

0,72

0,73

0,75

0,77

0,77

0,77

0,78

0,79

IVS (Mdia)

0,82

0,86

0,86

0,86

0,86

0,87

0,88

0,89

0,90

0,90

0,94

0,94

0,96

0,97

0,97

1,00

1,01

1,02

IVS (Mdia)

Grupo

Grupo

FORTALEZA

MARACANAU

CAUCAIA

CAUCAIA

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230370917000002

230370917000013

230765005000001

230440005060760

230440005070549

230440060060079

FORTALEZA

230440070100116

230765005000081

FORTALEZA

230440070100139

230440070100262

CAUCAIA

FORTALEZA

230370917000039

230440060060052

FORTALEZA

230440005070275

CAUCAIA

230370905000056

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130299

FORTALEZA

230440070140023

230440075130308

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440060060068

230770005000019

CAUCAIA

230370917000011

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130161

MARACANAU

FORTALEZA

230440070100046

230765005000118

MARANGUAPE

230770026000002

230440060060151

MARACANAU

230765005000002

MARANGUAPE

230770005000029

CAUCAIA

FORTALEZA

230440070100098

230370917000004

MARANGUAPE

230770005000025

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100065

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440060060099

230770005000011

MARACANAU

230765005000102

230440005070532

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140432

MARANGUAPE

230770005000017

230440005070534

n = 167

Municpio

GRUPO 3

Cod_setor

QUINTINO CUNHA

VILA ELLERY

JARDIM GUANABARA

CENTRO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

JACANAU

PARQUE SAO JOSE

GRANJA LISBOA

GRANJA LISBOA

QUINTINO CUNHA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

ALAGADICO

PAN AMERICANO

NOVO MARANGUAPE II

COQUEIRAL

JOAO XXIII

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

BELA VISTA

PARQUE SANTA ROSA (APOLO XI)

QUINTINO CUNHA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

COUTO FERNADES

CANINDEZINHO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

CENTRO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

OUTRA BANDA

PRESIDENTE KENNEDY

NOVO PARQUE IRACEMA

BOM JARDIM

PARQUE SAO JOAO

SIQUEIRA

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

NOVO ORIENTE

PRESIDENTE KENNEDY

MONDUBIM (SEDE)

NOVO MARANGUAPE I

Bairro

V. S. MDIA A ALTA

1306

1245

1221

1264

1338

1655

1388

1466

1583

1622

1516

1717

1975

1282

1310

1473

1282

1048

1389

1885

1525

1330

1309

1743

1458

1491

1439

1180

1416

1412

1641

1518

1798

1438

1366

1357

1656

1591

Populao

0,08

0,07

0,09

0,33

0,07

0,14

1,55

0,07

0,20

0,13

0,06

0,07

0,14

0,08

0,22

0,15

0,08

3,55

0,11

0,18

0,05

0,05

0,02

0,32

23,56

0,07

0,10

0,11

0,03

0,46

0,11

0,32

0,57

0,37

0,26

0,08

0,33

0,26

rea

325

321

292

306

270

388

304

374

393

364

342

415

557

342

312

336

296

246

341

476

338

297

285

416

317

359

321

290

330

313

366

353

430

367

342

326

390

351

D.P.P.

28

D.P.I.

6,3231

8,0031447

6,5137

5,0098

3,5667

5,1114

3,8289

5,9169

4,7532

4,2216

4,0205

3,5966184

10,874101

6,122807

4,2692

4,2628

4,9189

3,4675

5,1180

6,1366

3,7663

3,8889

3,6197

4,4279

2,9338

5,2570

4,5016

3,9621

4,5121

3,3834

4,1284

4,2849

3,9186047

4,9727

3,7924

5,7577

5,0334

3,5499

V1

73

19

21

29

17

127

14

12

56

22

12

95

11

57

64

V2

137

44

160

12

19

68

304

49

46

36

115

46

62

50

39

12

14

150

44

138

78

23

126

13

213

39

49

58

144

29

60

76

47

17

47

64

29

V3

282

277

44

41

303

319

372

51

360

34

252

265

31

185

390

10

70

30

375

12

132

78

267

31

263

302

26

316

198

49

283

370

V4

48

13

30

11

145

27

21

178

36

21

23

96

25

79

103

13

233

13

13

27

203

20

130

30

21

246

101

14

224

92

75

82

66

17

V5

120

113

109

149

165

V7

14

48

13

36

57

10

25

55

34

20

114

109

102

120

140

139

135

122

132

149

142

158

143

101

122

135

110

94

124

160

150

128

131

166

142

138

146

109

131

138

156

129

206 151

19

41

45

V6

V8

Variveis

54

60

52

60

26

35

34

37

34

25

34

14

66

75

34

31

35

17

31

29

37

30

35

37

47

50

30

51

27

27

27

43

17

38

25

58

23

48

40

26

39

50

101

69

93

46

76

84

89

137

30

94

77

80

85

63

54

96

81

80

96

94

65

76

87

72

106

87

101

110

80

124

50

83

102

15

15

19

21

20

19

17

13

14

15

23

14

24

16

22

13

11

16

20

18

17

17

21

21

16

33

12

19

15

25

14

21

20

19

27

V9 V10 V11 V12

163

129

116

201

226

278

222

221

293

308

288

338

115

206

206

224

177

155

221

300

260

264

203

294

242

214

280

236

253

230

264

266

336

265

239

222

294

270

V13

48

23

98

17

28

40

54

78

25

14

62

18

16

71

58

76

78

93

23

46

55

82

59

36

17

37

48

74

61

53

66

11

75

31

27

39

V14

V15

23

32

29

27

15

14

17

19

18

10

16

31

39

22

13

18

15

12

20

17

14

11

29

19

18

18

10

10

12

10

14

12

27

16

V16

20

12

26

20

43

22

17

22

17

31

40

24

12

38

32

39

35

39

17

33

49

32

18

10

24

37

34

47

24

32

25

32

22

32

23

22

27

V17

323

302

279

368

570

567

475

412

516

623

505

756

416

325

474

511

442

433

484

631

536

504

410

595

505

480

545

375

451

521

621

509

765

508

528

361

605

558

V18

107

98

90

103

42

59

60

68

63

45

56

16

117

115

55

55

50

34

51

56

62

43

61

59

83

74

52

81

53

45

52

71

28

55

37

93

47

82

V19

40

35

40

48

125

103

105

77

114

147

102

253

28

34

95

120

96

143

96

85

128

113

100

120

96

64

122

80

81

120

153

119

193

124

136

59

126

95

V20

30

22

32

43

30

36

34

27

26

28

34

25

40

31

34

24

22

27

38

26

36

29

35

30

33

50

27

29

30

38

19

22

29

38

28

48

V21

0,50249

-0,78632

0,87157

1,44023

1,33447

1,11707

1,12379

0,33626

0,67850

0,68253

1,87871

0,48244

-2,92274

-0,16505

1,97942

1,40316

1,79320

0,33115

-0,06688

0,15341

1,90737

1,27318

0,98294

1,40016

1,28338

1,20896

1,09543

3,10624

0,39658

1,54545

1,17434

1,78694

0,69573

-0,32043

1,36790

0,97215

0,65866

2,43024

Fator 1

0,49670

-0,85188

0,35545

-0,96705

-0,44130

0,73894

1,46476

-0,26771

0,70561

-0,13579

0,35274

1,45366

0,34978

-0,41665

-0,82370

-0,31732

-0,76897

-0,36334

1,18911

0,78428

0,72810

-1,10924

-0,64768

0,78947

1,85954

-0,87051

-0,16584

-1,01375

-0,36077

1,19336

0,61627

-0,60239

3,41956

0,50457

-0,41355

0,49531

0,26280

-0,67825

1,80704

2,30285

1,80584

1,99807

0,05517

0,53581

0,64894

0,90101

0,51811

0,03754

0,46950

-0,98801

2,86744

2,80091

0,68745

0,10395

0,30807

-0,91692

0,17999

0,52307

0,36887

0,22730

0,64179

0,47447

0,68465

1,45079

0,48589

1,19650

0,23878

-0,31047

0,00914

0,66962

-0,99843

0,38327

-0,38474

1,70677

-0,03822

1,21021

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,92930

1,209

-1,14080

-0,56470

0,98520

-0,45230

-1,27250

0,98710

0,06490

1,40480

-0,71150

1,0373

1,749

-0,1261

0,30170

0,95860

0,83540

3,09250

0,95170

0,78680

-0,77540

1,84530

1,30960

-0,37630

-1,50220

0,51350

0,92370

-0,93170

2,13680

0,01210

0,63200

0,61320

-0,6223

1,91270

1,95400

-0,65590

1,67580

-0,34930

0,47

0,47

0,47

0,48

0,48

0,48

0,49

0,49

0,49

0,50

0,50

0,5

0,51

0,52

0,54

0,54

0,54

0,54

0,56

0,56

0,56

0,56

0,57

0,57

0,58

0,58

0,58

0,59

0,60

0,61

0,61

0,62

0,62

0,62

0,63

0,63

0,64

0,65

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

230440075130267

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060070

230440060100169

230440005070276

230440005070522

230440060060077

230440060060085

230440070100047

230440070100058

230770005000005

230440070100210

MARANGUAPE

230440075130117

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060100166

230440060060137

FORTALEZA

230770005000037

FORTALEZA

MARANGUAPE

230440075130316

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440075130298

230770035000004

FORTALEZA

230440070100234

230440060060004

CAUCAIA

FORTALEZA

230370917000010

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100199

230440075130304

FORTALEZA

230440070100091

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100071

FORTALEZA

230440070100041

230440070100079

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100063

FORTALEZA

230440070140430

230440060100153

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140427

230440060060108

FORTALEZA

230440005080508

MARACANAU

FORTALEZA

230440005080264

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440075130271

230765005000003

FORTALEZA

230440070140002

230770033000003

n = 167

Municpio

GRUPO 3

Cod_setor

SIQUEIRA

CANINDEZINHO

QUINTINO CUNHA

QUINTINO CUNHA

PRESIDENTE KENNEDY

ALAGADICO

GENIBAU

QUINTINO CUNHA

GRANJA PORTUGAL

JOAO XXIII

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

AUTRAN NUNES

CENTRO

VILA PERY

GENIBAU

ALDEOMA

BELA VISTA

PAN AMERICANO

BONSUCESSO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

BELA VISTA

SIQUEIRA

SIQUEIRA

DOM LUSTOSA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

CENTRO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

GRANJA PORTUGAL

BOM JARDIM

BOM JARDIM

CANINDEZINHO

GENIBAU

MONDUBIM (SEDE)

MONDUBIM (SEDE)

AMADEO FURTADO

PARQUELANDIA

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

CONJUNTO ESPERANCA

Bairro

V. S. MDIA A ALTA

1415

1664

1403

1405

1120

1334

1426

1368

1181

1361

1049

1287

1283

1456

1117

1575

1357

960

1055

1146

1412

1403

1218

1479

1117

1211

1851

1243

1456

1252

1975

1640

1745

1242

1207

1306

1257

1340

Populao

0,22

0,19

0,04

0,08

0,03

0,10

0,05

0,03

0,06

0,08

1,00

0,07

0,46

0,08

0,06

0,27

0,12

0,04

0,06

0,05

0,05

0,08

0,40

0,13

22,60

0,51

0,05

0,09

0,12

0,10

0,26

0,06

0,68

0,05

0,09

0,13

0,04

0,11

rea

342

423

331

345

259

342

325

309

278

330

244

290

299

344

246

362

322

234

257

258

429

322

303

342

239

274

442

272

343

302

492

416

430

337

299

340

302

317

D.P.P.

D.P.I.

4,0058

5,0924171

4,1178248

5,6493

5,2625

9,2558824

3,6554

4,1392

3,9604

6,3848

3,5246

3,6124567

5,7659

5,7936

2,4268

4,8824

6,376947

4,7013

4,9300

3,8482

8,4650

3,7640

3,0891

7,6470588

1,9622

4,7619

5,0181406

4,4133

5,2828

3,8775

5,5288066

3,9736

5,1697674

6,1097923

8,3602694

10,6

4,3987

5,6381

V1

271

83

10

137

31

59

11

90

17

11

14

44

189

30

65

V2

20

68

55

82

18

26

23

62

34

42

46

107

13

28

26

20

45

44

17

19

25

29

42

235

37

59

28

13

18

18

33

107

24

36

37

V3

335

375

323

314

93

134

214

211

221

19

89

225

167

119

78

209

55

99

318

262

323

124

212

62

160

339

244

170

149

12

205

V4

23

101

10

86

60

66

178

70

36

28

80

11

25

72

16

18

41

129

81

30

133

19

95

13

133

59

41

65

110

75

28

89

20

V5

66

51

12

45

38

99

72

14

36

35

15

86

60

47

V6

114

131

132

116

101

105

139

124

109

112

104

109

110

127

111

150

121

87

87

107

87

130

105

124

125

126

151

124

120

109

155

148

152

90

110

99

117

115

V7

12

V8

Variveis

29

18

25

35

45

86

26

10

30

48

37

26

63

52

23

44

67

51

40

39

37

37

31

70

36

49

17

33

42

35

13

23

32

88

78

30

28

66

60

72

43

49

101

97

76

42

83

70

36

52

99

80

40

55

47

66

36

82

113

20

105

63

73

49

55

89

85

93

79

26

10

82

52

16

15

12

20

21

20

17

24

16

18

17

16

23

11

17

17

22

12

24

22

13

23

21

10

12

15

20

12

16

18

12

V9 V10 V11 V12

188

261

248

251

186

129

250

252

222

192

180

230

182

220

162

264

198

129

196

198

170

257

194

162

154

173

331

191

223

226

270

296

266

244

120

87

241

199

V13

115

95

54

28

35

12

48

29

25

47

43

36

23

52

71

36

20

47

12

32

49

31

82

10

80

37

68

34

39

33

125

70

74

69

15

23

34

40

V14

10

V15

10

11

15

24

44

16

28

16

14

31

25

12

16

34

34

25

28

19

21

12

35

30

19

14

16

14

38

45

15

10

V16

18

17

28

13

21

26

31

28

20

22

22

18

20

27

20

21

24

26

43

23

30

24

11

23

32

20

19

29

28

28

22

17

27

20

V17

508

616

510

433

330

253

493

550

418

339

424

458

323

415

465

491

366

282

302

430

388

462

475

348

456

411

686

418

460

426

773

579

667

501

243

295

496

425

V18

47

34

38

64

64

146

43

17

46

88

55

36

105

79

29

69

106

75

71

59

57

61

43

113

63

77

40

52

67

57

22

45

49

12

139

119

47

60

V19

93

128

82

78

61

23

110

185

89

53

83

82

52

59

156

95

63

64

67

90

74

95

125

43

120

78

146

90

94

93

169

116

133

126

17

41

105

93

V20

23

13

23

27

28

35

11

29

32

31

26

36

29

22

37

19

28

28

32

24

41

31

29

42

34

26

23

29

30

11

29

27

14

11

29

28

V21

0,89050

-0,32044

-0,03225

0,19458

0,35732

-1,83879

1,40418

-0,14158

1,35575

0,86924

1,75899

0,35992

0,97433

0,97386

1,33194

1,59017

0,03378

0,69608

0,63903

1,95934

-0,75360

2,51752

1,85418

0,21713

1,93557

1,46930

0,55237

0,13490

0,69750

1,36078

-0,83516

0,93814

0,47153

-2,57337

-1,33181

-2,16886

1,41976

-0,27430

Fator 1

0,37999

1,71613

2,03101

0,37468

-0,30133

0,2704

0,79722

0,53716

-0,64610

-0,18239

-0,98512

0,8741

-0,72875

-0,07919

-0,11008

-0,40500

0,01374

-0,87887

-1,28281

-0,60847

-0,51972

-0,50262

0,70882

-0,09545

0,93501

-0,11057

1,06606

-0,55128

-0,46141

0,33773

3,3854

0,52634

1,67582

-1,69988

-0,36239

-0,09457

-0,63426

-1,57161

-0,21000

-0,60693

-0,25615

0,60565

0,99476

3,61329

-0,46677

-1,32763

0,03828

1,62882

0,26758

-0,39155

2,18870

1,47131

-0,92765

0,98685

2,33997

1,48918

0,98989

0,80892

0,87535

0,73144

-0,37649

2,67375

-0,18515

1,42325

-0,36389

0,31135

0,71555

0,15218

-0,89726

-0,23983

0,34297

-0,94275

3,41373

3,38851

-0,02222

0,25642

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

0,46030

0,7265

-0,2418

0,33090

0,46430

-0,5412

-0,17800

2,48380

0,85250

-0,73410

0,60200

0,8104

-0,75820

-0,68650

1,38800

-0,46000

-0,6611

0,41040

1,36020

-0,42940

2,16950

-0,98460

-0,41780

-1,0356

-0,89700

-0,98390

0,5388

1,90060

0,85720

-0,06020

0,147

0,57560

-0,6484

7,0389

0,1269

0,7346

1,13460

3,47090

0,38

0,38

0,38

0,38

0,38

0,38

0,39

0,39

0,40

0,40

0,41

0,41

0,42

0,42

0,42

0,43

0,43

0,43

0,43

0,43

0,44

0,44

0,44

0,44

0,45

0,45

0,45

0,45

0,45

0,45

0,45

0,45

0,46

0,46

0,46

0,46

0,47

0,47

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

CAUCAIA

230440070100224

230440075130158

230440075130160

230440075130305

230440060060024

230440070100150

230440070100215

230440070100240

230440075130289

230370917000015

FORTALEZA

MARACANAU

230765005000093

230440075130273

FORTALEZA

230440070100205

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100203

230440075130146

FORTALEZA

230440060060121

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060094

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070523

230440060060032

FORTALEZA

230440005060801

230440060100189

MARACANAU

230765005000089

FORTALEZA

230440060060051

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060045

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005060765

230440060100165

MARACANAU

230765005000086

230440070140280

FORTALEZA

MARACANAU

230440070100096

230765005000009

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060100162

230440070100076

FORTALEZA

230440060060148

CAUCAIA

CAUCAIA

230370905000058

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130279

230440060060009

FORTALEZA

230440075130263

230370917000022

n = 167

Municpio

GRUPO 3

Cod_setor

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

CONJUNTO CEARA I

ANTONIO BEZERRA

ALTO ALEGRE I

GRANJA PORTUGAL

GRANJA PORTUGAL

HENRIQUE JORGE

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

PRESIDENTE KENNEDY

VILA VELHA

SIQUEIRA

MANOEL SATIRO

GENIBAU

QUINTINO CUNHA

ANTONIO BEZERRA

JARDIM GUANABARA

JARI

NOVO MARACANAU

BOM JARDIM

BOM JARDIM

AUTRAN NUNES

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

BONSUCESSO

GRANJA PORTUGAL

GRANJA LISBOA

ANTONIO BEZERRA

BELA VISTA

COUTO FERNADES

DEMOCRITO ROCHA

BONSUCESSO

GENIBAU

JOAO XXIII

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

Bairro

V. S. MDIA A ALTA

1235

1059

1624

1175

1129

1202

1439

1400

1335

1113

1127

1354

1408

1297

1513

1248

1281

1309

1788

1144

1277

1157

1697

985

1479

1339

1276

1461

1282

1093

1157

1217

1439

1461

1360

1439

1446

1318

Populao

0,05

0,08

0,08

0,03

0,55

0,06

0,07

0,09

0,10

0,03

0,06

0,24

0,07

0,04

0,04

0,13

0,06

0,21

2,01

0,03

0,10

0,06

0,20

0,12

0,08

0,09

0,10

0,27

0,11

0,07

0,06

0,14

0,09

0,06

0,08

0,15

0,07

0,03

rea

285

265

402

267

279

266

303

341

322

283

276

299

325

309

335

307

308

307

392

261

279

283

382

227

363

359

304

329

290

294

292

301

351

340

325

319

361

312

D.P.P.

15

D.P.I.

5,0667

7,0492

6,9726

3,1910

3,0758123

3,7707

3,4983498

6,0623

5,7826

5,9717

6,0580

4,3121

5,5278

3,1327

4,3552239

6,5831

5,5487

2,9639344

6,0512

4,0842912

2,9498

4,6022

4,7932

3,5947

5,4735

5,7354

4,7517

4,8115502

6,5137931

5,8425

4,1096

7,3221477

5,7943

3,5500

6,5046

7,8930818

6,2881

5,2226

V1

15

36

88

12

41

23

42

229

14

13

26

17

41

10

13

186

V2

60

79

20

32

51

25

35

27

152

57

139

46

23

10

138

45

161

62

25

37

17

32

87

40

15

43

18

36

46

28

82

40

29

45

66

V3

138

222

28

155

223

266

199

262

282

276

11

13

130

259

80

11

275

198

78

207

84

60

286

97

125

97

174

165

97

53

306

328

46

V4

51

60

75

241

82

68

124

28

84

104

64

186

140

143

12

62

63

82

14

29

46

11

40

23

50

73

60

43

19

45

17

10

46

V5

119

83

102

110

118

134

118

134

119

115

V7

119

97

158

90

128

96

125

29

44

58

47

74

10

105

86

145

114

90

112

159

117

127

93

92

137

121

119

140

100

116

131

180

150 107

50

159 133

V6

V8

Variveis

21

44

27

19

24

17

25

46

41

39

32

29

38

38

22

63

42

21

35

12

29

24

33

21

32

46

24

28

69

41

34

64

36

19

49

80

46

21

49

32

29

88

83

80

87

43

34

35

36

76

51

101

84

36

48

103

68

82

122

69

59

54

57

52

68

72

23

53

70

32

56

89

40

15

34

64

12

14

10

14

14

12

20

12

13

15

17

17

23

11

16

17

15

17

18

17

12

11

14

14

15

15

19

15

14

16

14

14

14

V9 V10 V11 V12

181

163

243

193

206

196

258

207

233

197

189

201

242

258

264

178

197

176

235

231

202

241

291

179

245

248

181

215

148

192

215

128

253

268

195

116

231

236

V13

55

11

48

54

57

46

22

39

23

26

27

50

33

23

35

25

53

118

34

28

56

17

30

29

49

21

71

79

30

17

49

42

26

32

35

23

34

21

V14

V15

20

13

13

23

23

16

17

10

22

34

20

10

15

15

13

15

14

23

15

29

22

18

30

15

31

35

24

15

V16

18

11

15

26

25

33

19

17

17

19

18

18

19

26

28

15

26

20

17

18

35

48

20

37

23

19

19

26

10

26

31

14

25

19

13

19

30

V17

453

289

418

500

460

485

537

377

376

315

326

495

463

491

528

308

399

516

564

509

491

400

563

337

501

387

480

544

318

280

386

287

474

547

383

301

386

442

V18

46

79

54

38

35

32

38

75

64

63

56

48

59

50

38

95

60

32

70

23

49

45

68

39

47

83

49

60

108

69

47

104

60

36

73

127

71

37

V19

89

51

52

119

108

143

105

65

63

37

39

104

67

137

142

39

72

127

128

161

132

89

83

70

78

62

78

120

31

53

99

52

103

129

75

31

68

104

V20

24

33

19

30

19

22

16

28

22

24

24

28

31

31

23

27

23

19

34

18

30

29

25

22

22

28

30

29

21

27

23

26

27

27

23

19

21

17

V21

-0,17300

0,01443

-0,89026

1,14474

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0,88828

0,43369

0,61220

0,09856

0,10116

-0,42739

1,16854

0,87661

1,85120

0,52035

0,29789

0,67680

0,97647

1,00368

-1,24379

2,27626

1,38876

0,48750

0,23755

0,40827

0,54205

1,08924

1,01161

-0,35311

0,58825

0,91494

0,11543

0,44492

0,72346

0,25446

-0,83778

0,27801

-0,92578

Fator 1

-0,35378

-0,33389

-0,61659

-0,46259

1,23056

-0,06113

0,73856

-0,64969

1,14274

-0,78958

-0,24862

0,53063

-0,09413

-0,34713

1,30559

-0,47450

1,03014

1,73522

0,34217

2,64115

0,23922

-0,73452

0,48702

-1,36738

-0,57854

-0,62986

-0,71690

1,33556

0,17033

-0,97505

-0,18156

0,12888

-0,05155

-0,35165

0,40587

-0,09862

-0,19745

0,38571

-0,13907

1,21438

0,55170

-0,80161

-0,90417

-0,86575

-0,27803

1,32468

0,98485

0,59096

0,59618

-0,03169

0,87515

0,03075

-0,31881

2,19808

0,80390

-0,92018

0,73863

-1,17275

-0,18504

-0,01184

0,63261

-0,22191

0,23624

1,19257

-0,28510

0,07533

2,22335

0,92670

0,14545

2,17544

0,60948

-0,62435

1,54832

3,0237

1,21733

-0,26254

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

1,95740

0,37890

2,22360

1,39530

0,3174

1,36550

0,4178

0,02620

-0,92350

1,40110

1,40120

-0,32250

-0,30050

-0,18660

-0,1366

-0,66610

-1,13550

-0,379

-0,67610

1,1649

-0,94720

0,75910

-0,21970

2,74530

1,35430

0,32670

1,36030

-0,9831

-0,5826

0,94100

0,61020

-0,9266

0,46750

1,74210

-0,72500

-0,5928

0,23830

2,30630

0,32

0,32

0,32

0,32

0,33

0,33

0,33

0,33

0,33

0,33

0,33

0,34

0,34

0,34

0,34

0,34

0,34

0,35

0,35

0,35

0,35

0,35

0,35

0,35

0,36

0,36

0,36

0,36

0,36

0,37

0,37

0,37

0,37

0,37

0,37

0,37

0,38

0,38

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

CAUCAIA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230370917000030

230440060060001

230440060060035

230440060100185

230440070140272

230440075130193

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100151

230440075130147

MARACANAU

FORTALEZA

230440070100109

230765005000072

FORTALEZA

230440005060805

230440075130295

FORTALEZA

230440070140465

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140462

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060100198

230440070100175

FORTALEZA

230440060060141

230440070100113

FORTALEZA

230440060060028

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060027

230440060060062

FORTALEZA

230440005070708

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130128

230440005070297

FORTALEZA

230440070100056

CAUCAIA

FORTALEZA

230440060060023

230370905000059

CAUCAIA

230370917000009

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440070100186

230770005000026

FORTALEZA

230440070100128

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100089

MARACANAU

FORTALEZA

230440005070521

230440075130262

MARACANAU

230765005000049

230765005000068

n = 167

Municpio

GRUPO 3

Cod_setor

PARQUE LUZARDO VIANA

PAN AMERICANO

GRANJA LISBOA

GRANJA PORTUGAL

QUINTINO CUNHA

MONTE CASTELO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

COITE

OLHO D AGUA DO PITAGUARI

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

MONTESE

MANOEL SATIRO

CONJUNTO CEARA I

ANTONIO BEZERRA

AUTRAN NUNES

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

DEMOCRITO ROCHA

GRANJA LISBOA

GRANJA LISBOA

VILA VELHA

MONDUBIM (SEDE)

MONDUBIM (SEDE)

CONJUNTO CEARA I

JOAO XXIII

ANTONIO BEZERRA

ANTONIO BEZERRA

FLORESTA

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

SIQUEIRA

ANTONIO BEZERRA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

GRANJA PORTUGAL

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

PRESIDENTE KENNEDY

JEREISSATI SETOR D

Bairro

V. S. MDIA A ALTA

1093

1240

1295

1466

1253

1091

1098

995

1071

1123

1245

1182

1735

1286

910

1194

1251

1431

1090

1310

1469

1807

1406

1371

1414

1031

1285

1139

1494

1201

1314

1240

1474

1478

1245

1652

Populao

0,76

0,09

0,17

0,09

0,04

0,07

0,12

0,51

14,43

1,50

0,19

0,72

0,14

0,23

0,04

0,15

0,06

0,19

0,09

0,03

0,18

0,11

0,09

0,10

0,05

0,07

0,06

0,06

0,12

0,06

0,08

0,05

0,15

0,19

0,03

0,08

rea

255

325

310

332

289

243

264

233

217

276

319

270

409

320

209

271

304

332

263

309

332

422

343

324

324

258

310

277

350

275

277

289

330

355

283

386

D.P.P.

D.P.I.

4,9392713

5,7963

4,1194

4,7229

3,4083045

6,607438

8,3712121

3,7167

3,4240

6,7418

9,3918495

5,4719

7,9605911

6,2875

3,5700

4,6568

6,6480

4,003012

3,9354

4,0711974

5,6295

4,8056872

7,7085

5,4660

5,8086

5,9031

5,8026

6,0618

4,0201729

6,0073

4,1011

3,2917

4,6181818

5,5989

4,5194346

6,3298

V1

197

36

12

105

18

11

13

204

10

86

66

151

V2

195

29

109

31

28

30

35

22

26

32

17

46

24

117

11

44

15

257

43

16

15

46

34

78

30

20

41

25

23

39

40

36

V3

187

175

136

41

225

36

12

109

198

78

45

194

240

185

30

237

325

396

53

135

93

16

78

296

99

121

260

298

341

21

V4

173

88

101

19

165

18

41

66

57

35

72

141

20

47

14

223

28

10

12

67

103

15

107

100

17

44

56

75

V5

15

49

79

16

42

19

24

82

10

23

13

16

32

V6

118

97

114

133

124

111

106

84

103

98

98

104

159

97

77

109

105

138

101

111

135

148

130

114

110

89

112

104

136

108

133

113

136

133

111

159

V7

V8

Variveis

26

45

24

36

15

58

79

40

36

49

70

44

52

63

26

26

51

26

36

23

29

21

50

42

37

52

30

49

22

47

30

24

15

33

28

29

43

47

75

75

95

18

12

68

79

39

46

26

41

68

70

25

79

55

74

80

68

30

35

54

22

56

39

80

44

82

96

67

51

68

36

11

16

16

17

10

22

28

18

20

10

18

15

16

10

10

18

14

23

12

20

14

18

15

14

20

10

18

18

17

12

16

V9 V10 V11 V12

171

196

279

244

215

140

91

200

162

153

89

165

190

148

184

213

172

261

231

245

240

319

140

206

236

157

240

161

317

181

220

221

270

238

203

235

V13

50

14

44

46

26

22

20

31

12

10

53

41

13

16

29

39

19

59

66

42

40

25

25

25

28

46

20

58

63

V14

V15

13

19

14

14

34

38

17

11

25

38

20

25

26

10

23

10

19

13

12

12

23

19

19

33

18

20

31

13

11

13

11

17

V16

12

20

26

34

23

12

24

22

17

19

11

27

24

14

23

29

25

28

14

11

26

14

29

18

26

21

29

35

28

19

25

14

V17

459

341

459

468

520

248

286

312

392

317

272

339

407

327

332

404

350

568

387

451

445

736

281

404

451

284

439

317

563

369

520

484

561

458

379

557

V18

39

70

43

57

26

103

118

60

61

78

104

76

91

92

40

51

92

43

62

37

50

33

84

71

59

76

47

75

41

70

44

35

39

70

42

45

V19

112

56

101

74

145

28

30

58

113

43

22

56

46

51

93

105

63

111

96

111

88

165

32

58

70

40

116

49

136

67

153

112

123

62

77

98

V20

19

23

30

30

18

14

38

44

33

36

19

26

25

35

29

20

37

23

36

17

29

22

28

25

21

33

17

25

28

23

16

27

26

15

V21

-0,11025

0,56814

1,32077

1,50427

-0,07075

-0,79621

-1,36248

1,63213

2,51550

0,69987

-2,10901

1,15136

-0,56028

0,36116

0,51751

1,25405

0,12625

0,34764

1,72063

0,49477

1,92240

0,78008

0,28522

-0,08941

0,96504

0,19407

0,43222

0,92851

-0,02246

0,69218

1,51964

1,22586

-0,20227

0,62287

0,09006

-0,68524

Fator 1

1,72171

-0,29905

0,09680

-0,48969

3,19453

-0,26419

0,14182

-1,21564

-0,51211

-0,08794

-0,04299

-0,60535

0,27298

-0,33515

-0,47869

0,42301

-0,34724

1,04108

-0,93427

1,51375

-0,27376

1,17976

-0,47570

-0,59246

-0,18543

-0,55081

0,12112

-1,06914

2,34563

-0,44406

0,30733

0,29839

0,64609

0,32677

0,81385

0,04494

-0,09976

0,87710

-0,18820

0,45626

-1,15046

2,08969

2,90024

0,50527

0,19302

1,35589

2,64121

1,08129

1,86532

1,80164

-0,52408

-0,09146

1,52988

-0,30918

0,55780

-0,18838

0,32608

-0,24406

1,66552

0,95837

0,74909

1,59258

0,25212

1,14306

-0,59595

1,45200

-0,02608

-0,44616

-0,5241

0,54929

-0,18306

0,50279

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,5155

-0,15580

-0,24800

-0,41770

-0,9493

-0,0066

-0,6364

0,14610

-1,12170

-0,90610

0,5726

-0,55070

-0,5022

-0,73830

1,57010

-0,51160

-0,19080

0,0365

-0,24000

-0,7079

-0,81470

-0,564

-0,29930

0,87490

-0,36230

-0,07260

0,34060

0,21720

-0,538

-0,51070

-0,61390

0,17650

1,3006

-0,26950

0,5037

1,41750

0,25

0,25

0,25

0,26

0,26

0,26

0,26

0,27

0,27

0,27

0,27

0,27

0,27

0,27

0,27

0,27

0,28

0,28

0,28

0,28

0,29

0,29

0,29

0,29

0,29

0,29

0,29

0,30

0,3

0,30

0,30

0,31

0,31

0,31

0,31

0,32

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

MARANGUAPE

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

CAUCAIA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130144

230440075130156

230765005000005

230440060060127

230440070100140

230440070100165

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FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060006

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230440060060128

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100119

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070294

FORTALEZA

230440060060007

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230440005070293

FORTALEZA

230440005070536

CAUCAIA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070711

230440060060106

230370917000006

CAUCAIA

230370917000063

230440005060761

n = 307

Municpio

GRUPO 4

Cod_setor

HENRIQUE JORGE

HENRIQUE JORGE

ANTONIO BEZERRA

AUTRAN NUNES

MONTE CASTELO

MONTE CASTELO

JARDIM GUANABARA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

CONJUNTO CEARA I

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PAN AMERICANO

PARQUE SAO JOSE

CONJUNTO CEARA I

QUINTINO CUNHA

AUTRAN NUNES

PARQUE SAO JOAO

COQUEIRAL

PARQUE SANTA ROSA (APOLO XI)

GRANJA LISBOA

GRANJA LISBOA

GENIBAU

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

QUINTINO CUNHA

ANTONIO BEZERRA

CONJUNTO CEARA II

GRANJA LISBOA

HENRIQUE JORGE

PARQUE PIRATININGA

DEMOCRITO ROCHA

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

GRANJA LISBOA

CANINDEZINHO

AUTRAN NUNES

PRESIDENTE KENNEDY

DOM LUSTOSA

FLORESTA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

Bairro

V. S. MDIA A BAIXA

1422

1062

1377

1080

958

1187

1224

1171

859

1545

1096

921

1125

1612

1402

1297

1214

1057

1117

1272

1254

1325

1056

1126

1138

1634

1185

1255

1217

1071

1152

1028

1363

1238

1211

1180

1066

1529

Populao

0,08

0,09

0,07

0,03

0,07

0,08

0,05

0,05

0,02

0,12

0,74

0,08

0,06

0,13

0,06

0,05

0,10

0,10

0,11

0,08

0,14

0,09

0,04

0,09

0,10

0,16

0,10

0,09

0,17

0,10

0,07

0,12

0,07

0,04

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0,07

0,03

0,35

rea

341

250

334

260

235

308

307

250

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244

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376

326

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279

318

291

321

249

273

275

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285

320

270

265

289

228

337

276

330

290

248

361

D.P.P.

D.P.I.

6,8973607

7,04

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3,7375

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4,7647

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4,9247

4,3470

3,9138

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4,5778

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6,7889

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V1

95

12

16

47

34

12

194

16

17

77

18

V2

34

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18

25

165

11

22

33

184

31

37

96

50

12

57

15

31

24

31

109

31

23

17

20

10

113

11

40

13

13

104

17

V3

230

238

97

246

82

17

76

179

217

88

268

48

34

266

187

260

11

265

16

79

246

36

108

271

15

233

148

197

309

43

281

274

V4

12

43

21

119

85

158

18

57

158

127

10

82

51

25

73

13

32

24

97

84

73

99

22

132

84

V5

V7

27

20

41

82

28

12

66

16

125

89

120

102

81

94

103

116

77

143

99

76

95

156

127

122

110

92

99

108

107

118

94

93

103

146

107

97

103

95

97

94

123

117

86

91

103

110 146

V6

V8

Variveis

47

58

51

24

65

61

35

19

26

34

25

52

32

41

20

22

32

29

31

29

29

28

53

34

42

62

21

44

38

53

43

30

14

36

43

48

26

18

27

22

39

75

21

20

38

82

54

18

74

37

61

18

69

77

51

59

51

67

77

55

32

51

51

12

44

26

60

23

50

81

74

65

16

23

72

93

18

17

11

13

12

12

16

18

11

14

17

14

13

14

16

11

20

19

17

11

13

21

10

20

20

20

15

16

11

V9 V10 V11 V12

150

117

198

238

90

140

198

184

143

204

198

101

195

175

228

216

210

183

216

268

215

200

128

154

167

191

227

189

197

111

176

201

247

209

108

191

195

240

V13

60

22

14

20

31

56

45

51

28

29

42

59

52

41

44

17

28

48

20

67

36

28

13

17

40

60

35

48

45

13

45

77

V14

V15

21

32

17

14

34

36

20

19

21

29

18

17

14

18

16

14

16

14

11

31

16

20

21

13

26

13

29

20

12

16

25

25

18

V16

11

11

28

10

22

29

34

10

21

23

26

22

26

16

13

16

26

28

22

19

21

18

28

17

11

15

20

23

25

10

14

29

19

V17

362

244

331

364

191

284

325

405

286

411

400

180

321

365

562

506

385

402

344

459

428

394

256

362

310

373

415

286

409

257

307

376

521

401

360

301

387

588

V18

84

106

88

40

107

95

64

37

44

60

42

89

48

86

31

34

57

43

47

47

50

45

74

47

62

108

33

93

63

88

67

50

25

53

108

76

43

33

V19

40

25

33

88

23

37

49

122

68

50

100

27

58

32

120

101

51

82

63

118

103

72

33

66

48

46

73

43

83

49

51

98

116

75

45

37

100

132

V20

16

15

33

28

21

14

23

19

22

19

24

28

21

21

12

20

31

23

20

26

30

19

30

24

24

16

19

27

31

19

27

31

15

30

52

23

27

20

V21

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-0,04621

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Fator 1

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1,82024

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2,00387

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1,49820

0,39819

1,63372

0,89793

-0,21335

-0,91696

0,36002

2,00218

1,33763

-0,02497

-0,85705

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

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-0,7001

-0,71490

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-0,6103

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-0,01460

-0,755

-0,8416

0,18

0,18

0,18

0,18

0,18

0,18

0,18

0,18

0,19

0,19

0,19

0,20

0,20

0,2

0,2

0,2

0,21

0,21

0,21

0,21

0,21

0,21

0,21

0,21

0,21

0,22

0,22

0,22

0,23

0,23

0,23

0,23

0,23

0,23

0,23

0,24

0,24

0,24

IVS (Mdia)

Grupo

MARACANAU

MARANGUAPE

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230770005000036

230440060060053

230440060060103

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FORTALEZA

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FORTALEZA

230440060060100

FORTALEZA

MARANGUAPE

230770005000032

230440070140424

MARACANAU

230765005000048

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130126

230440070100105

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100258

230440070100260

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100208

230440070100031

FORTALEZA

230440070100122

230440070100032

FORTALEZA

MARACANAU

230765005000107

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130155

230440060100161

FORTALEZA

230440070140274

230440070100086

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100180

230440070100213

230440060060125

FORTALEZA

230440070100060

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060100159

230440060060105

FORTALEZA

230440060060041

CAUCAIA

CAUCAIA

230370917000012

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100231

230440005080507

MARANGUAPE

230770005000038

230370917000014

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140019

FORTALEZA

230440060100176

230440075130111

n = 307

Municpio

GRUPO 4

Cod_setor

CANINDEZINHO

DOM LUSTOSA

QUINTINO CUNHA

PARQUE IRACEMA

PARQUE PIRATININGA

MONDUBIM (SEDE)

BOM JARDIM

CANINDEZINHO

CANINDEZINHO

HENRIQUE JORGE

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

GUABIRABA

JEREISSATI SETOR D

VILA PERY

PARQUE SAO JOSE

PARQUE SAO JOSE

GRANJA PORTUGAL

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

GENIBAU

HENRIQUE JORGE

DOM LUSTOSA

AMADEO FURTADO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

ARACUZINHO I

DEMOCRITO ROCHA

MANOEL SATIRO

GRANJA PORTUGAL

GRANJA PORTUGAL

SIQUEIRA

GENIBAU

ANTONIO BEZERRA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

BONSUCESSO

SANTOS DUMONT

VILA PERY

PARQUE SANTA ROSA (APOLO XI)

GENIBAU

Bairro

V. S. MDIA A BAIXA

1199

1523

1315

901

1161

1002

1044

1120

950

885

1235

1006

1560

1262

1234

785

902

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1002

1133

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1246

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1154

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1111

1485

811

1090

1390

1502

1031

1448

1107

Populao

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0,17

0,11

0,11

0,11

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0,06

0,05

0,09

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0,09

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0,07

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0,08

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rea

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393

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217

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303

292

250

285

235

297

239

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257

257

350

207

220

313

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271

342

254

D.P.P.

D.P.I.

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5,8151

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4,3813

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6,4630

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V1

175

101

16

198

16

19

10

45

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14

12

18

59

12

48

47

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14

220

V2

27

199

13

47

10

10

29

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55

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43

30

14

15

14

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16

28

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24

21

14

48

14

23

38

62

V3

252

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29

239

69

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197

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204

174

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30

21

198

219

258

223

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222

81

57

54

165

326

196

V4

17

35

60

21

32

59

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11

10

45

32

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54

45

30

19

13

32

36

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92

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10

79

39

18

107

V5

127

74

130

110

V7

10

10

17

78

80

36

11

107

114

104

83

101

90

90

104

91

70

122

83

152

122

92

51

81

117

89

119

104

85

93

102

106

77

96

102

125

101

137

70

109

168 131

13

V6

V8

Variveis

18

15

20

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26

30

18

14

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20

55

28

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22

20

14

24

40

35

61

33

21

42

37

25

21

26

10

43

24

19

24

46

24

64

44

29

41

39

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70

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17

65

30

28

62

56

35

96

67

58

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35

23

14

67

49

26

45

63

58

53

76

14

79

88

43

46

69

101

10

23

15

13

16

13

10

11

10

15

11

15

10

16

11

16

10

21

10

13

17

16

12

15

18

11

11

16

14

V9 V10 V11 V12

241

282

204

137

181

137

180

233

139

102

258

154

246

205

212

158

149

223

170

233

159

155

112

170

207

160

190

200

188

175

237

106

177

251

189

144

206

212

V13

44

13

29

21

31

62

28

61

15

11

19

30

13

26

28

51

55

44

28

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10

51

27

22

32

28

34

53

73

25

37

34

61

13

73

30

V14

V15

21

21

15

10

33

13

29

15

14

20

12

16

20

31

16

26

13

10

21

16

11

24

V16

18

12

11

24

17

12

25

16

24

27

14

11

27

21

15

34

25

19

27

13

12

33

17

14

18

18

17

11

29

34

30

19

20

19

19

V17

452

522

373

254

356

343

343

442

380

202

470

260

568

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242

346

467

349

536

380

272

253

384

374

223

371

392

451

401

533

197

417

533

468

249

453

474

V18

34

35

38

69

68

45

44

33

29

92

27

86

49

55

64

34

38

27

45

13

72

52

103

39

52

65

69

40

35

44

26

61

38

33

46

79

51

16

V19

117

110

73

29

60

37

90

115

112

26

89

26

96

86

47

54

122

138

76

156

65

30

33

60

46

33

49

68

103

82

105

22

115

118

59

31

83

152

V20

15

19

12

37

24

27

24

22

17

17

13

24

19

22

32

16

30

15

22

27

15

18

25

26

25

30

23

22

29

18

13

28

18

20

25

29

13

V21

-0,24751

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Fator 1

1,15307

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-0,23288

-1,545

Fator 3

Fatores
Fator 2

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0,8952

1,6759

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-0,98280

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-0,40470

-0,8018

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-0,39410

0,7308

Fator 4

0,13

0,13

0,13

0,14

0,14

0,14

0,14

0,14

0,14

0,14

0,14

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15

0,15

0,16

0,16

0,16

0,16

0,16

0,16

0,16

0,16

0,16

0,17

0,18

0,18

0,18

0,18

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARANGUAPE

MARANGUAPE

FORTALEZA

FORTALEZA

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FORTALEZA

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FORTALEZA

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FORTALEZA

FORTALEZA

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FORTALEZA

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FORTALEZA

FORTALEZA

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FORTALEZA

FORTALEZA

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FORTALEZA

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FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

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FORTALEZA

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MARANGUAPE

230770005000033

FORTALEZA

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MARACANAU

FORTALEZA

230440075130132

MARANGUAPE

FORTALEZA

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FORTALEZA

230440070100228

230770005000014

n = 307

Municpio

GRUPO 4

Cod_setor

QUINTINO CUNHA

VILA VELHA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

OUTRA BANDA

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

MONDUBIM (SEDE)

CONJUNTO ESPERANCA

ARACUZINHO II

MANOEL SATIRO

CONJUNTO CEARA II

BOM JARDIM

GENIBAU

QUINTINO CUNHA

PARQUELANDIA

SIQUEIRA

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

PARQUE SAO JOSE

CONJUNTO CEARA I

GENIBAU

JOAO XXIII

JOAO XXIII

RODOLFO TEOFILO

PRESIDENTE KENNEDY

PAN AMERICANO

PAN AMERICANO

BONSUCESSO

GRANJA LISBOA

SIQUEIRA

ANTONIO BEZERRA

JARDIM GUANABARA

PARQUE SANTA FE

OUTRA BANDA

PARQUE LUZARDO VIANA

BELA VISTA

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

BONSUCESSO

BONSUCESSO

Bairro

V. S. MDIA A BAIXA

1142

729

792

1169

835

1458

906

1377

1311

1571

1308

991

1859

1080

1215

784

1178

1099

1478

1213

1182

1203

1330

1217

983

1354

1407

1134

894

1034

1263

1373

1075

916

1017

1357

1099

950

Populao

0,08

0,05

0,79

1,09

0,02

0,38

0,06

0,07

0,11

0,14

0,09

0,04

0,14

0,07

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0,07

0,07

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0,06

rea

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175

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279

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276

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263

280

304

251

212

251

315

265

237

D.P.P.

41

D.P.I.

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3,9893993

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4,9274

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8,879845

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5,0370

4,4682

6,0068

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5,3834

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5,244186

4,145749

3,2522523

7,7376426

5,9179

4,8520

4,3785

4,745283

6,8406

7,172524

5,2189

4,7806

V1

107

15

22

81

10

12

130

60

11

V2

141

140

42

40

52

31

28

21

20

270

33

11

16

11

10

22

22

52

42

33

28

15

68

46

197

28

212

58

77

43

20

V3

68

133

25

12

340

145

95

293

26

74

62

269

16

150

12

186

266

46

92

16

57

336

179

150

30

127

221

198

101

55

198

160

V4

142

44

146

16

35

40

16

20

45

46

24

20

64

52

11

79

24

14

31

154

21

53

54

V5

87

119

78

129

109

140

120

88

150

92

113

68

109

89

132

114

101

103

118

103

83

127

124

120

74

89

129

128

104

89

84

125

91

85

V7

23

98

67

81

104 108

22

17

12

21

167

V6

V8

Variveis

23

22

29

25

18

22

27

31

38

42

26

17

25

65

25

14

55

31

48

15

31

39

47

35

34

38

25

23

16

54

39

28

27

32

39

44

24

35

51

49

71

85

46

53

35

44

55

14

54

68

18

13

79

41

16

64

18

62

64

42

21

33

51

30

51

45

79

10

27

59

62

53

30

28

41

48

12

16

24

10

10

11

14

13

10

13

17

15

15

14

15

13

12

11

13

14

14

15

10

13

15

V9 V10 V11 V12

179

118

127

207

103

242

140

226

204

180

239

174

170

74

193

115

126

209

167

214

228

206

108

146

181

194

222

214

194

155

186

225

177

137

145

162

193

150

V13

20

47

31

47

46

46

43

18

18

25

13

44

17

44

59

18

20

14

11

24

54

22

32

57

11

21

36

51

32

36

20

50

V14

V15

11

11

11

11

10

11

15

18

14

11

11

30

12

26

19

23

15

19

22

17

21

25

11

14

33

17

16

12

16

19

14

20

V16

18

18

18

31

31

13

15

17

16

17

24

29

21

31

10

23

23

15

12

16

22

12

16

21

14

18

29

23

13

10

20

24

V17

362

241

286

397

300

521

291

420

382

331

438

385

536

187

439

264

284

309

338

433

408

339

302

342

282

378

546

395

387

235

337

437

350

288

251

346

351

307

V18

50

33

46

42

34

39

44

57

64

85

48

24

41

109

38

25

93

50

82

28

48

70

86

57

53

65

45

41

23

99

67

63

46

51

74

81

43

54

V19

73

60

56

100

80

116

50

87

54

45

91

101

83

17

85

73

51

70

26

97

98

41

34

54

57

42

72

88

127

24

40

78

72

66

32

54

69

53

V20

22

22

35

17

20

21

17

29

29

18

19

12

23

11

21

23

21

18

23

29

23

22

16

13

26

15

17

26

33

22

26

20

18

24

28

V21

-0,33948

0,43091

1,81971

0,8111

0,03121

0,54932

-0,39102

0,62071

0,74513

-0,63256

0,67298

-0,13695

-2,01027

-1,33833

1,57110

-0,86019

-0,63679

1,17151

-0,52191

-0,21178

1,01334

0,79638

-1,56754

0,19317

0,33114

-0,33187

-0,42864

0,69141

-0,25095

-0,93172

0,04847

0,98444

1,13242

0,79726

-0,44148

-0,55945

0,51298

1,05007

Fator 1

1,02441

-0,44456

-0,83164

1,1507

-1,44207

0,8876

-1,00539

-0,39586

-0,37097

-0,05557

0,33213

-0,37205

2,13271

-0,46881

0,03124

-1,91551

-0,15474

-0,53462

-0,17436

-0,79063

-0,11400

-0,43170

0,3514

-0,30324

-0,59811

0,25168

1,40808

-0,82051

1,28115

-0,04272

0,71786

-0,27367

-0,37615

1,01552

-0,68955

0,42227

-0,58511

-0,41971

-0,01042

-0,63214

-0,18365

-0,66772

-0,49438

-0,17459

-0,29671

0,36576

0,59890

1,29877

0,02055

-0,98720

0,40549

2,24957

-0,28052

-0,91885

1,81193

0,17374

1,51568

-0,50184

0,06204

0,86127

1,49802

0,62811

0,45976

0,89424

-0,16674

-0,07061

-1,3954

1,9984

0,95288

0,24032

-0,03386

0,05987

0,71315

1,21038

-0,13134

0,38433

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,3527

0,96610

-0,45490

-0,9189

2,26330

-0,8842

2,06320

-0,19650

-0,58340

-0,1973

-0,64250

1,90620

-0,1351

-0,0261

-0,89430

4,12970

-0,5748

-0,35700

-0,3816

1,94900

-0,51920

-0,80500

0,1766

-0,0886

0,30190

-0,3383

-0,3445

0,6932

0,8362

-0,5632

-1,22290

-0,44750

-0,22150

-1,3343

0,93110

-0,5718

0,71660

-0,49920

0,08

0,08

0,09

0,09

0,09

0,09

0,09

0,10

0,10

0,1

0,10

0,10

0,1

0,1

0,11

0,11

0,11

0,11

0,11

0,11

0,11

0,11

0,11

0,11

0,12

0,12

0,12

0,12

0,12

0,12

0,12

0,13

0,13

0,13

0,13

0,13

0,13

0,13

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100212

230440075130175

230440075130282

230440075130315

230765005000050

230440005080250

230440060060134

230440060060142

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100187

230440070140020

FORTALEZA

230440070100141

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100075

230440070140001

FORTALEZA

230440070100064

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060135

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060092

230440060100174

FORTALEZA

230440060060010

230440070100111

FORTALEZA

230440005080509

FORTALEZA

230440070100057

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100042

230440005070539

FORTALEZA

230440005070540

FORTALEZA

MARACANAU

230765005000100

230440005070287

FORTALEZA

230440075130277

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100193

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440070100052

230440005070283

FORTALEZA

230440060100193

230770027000002

FORTALEZA

230440060060138

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060131

MARACANAU

FORTALEZA

230440060060113

230765005000104

FORTALEZA

230440060060110

230440075130307

n = 307

Municpio

GRUPO 4

Cod_setor

PARQUE SANTA ROSA (APOLO XI)

CONJUNTO ESPERANCA

GRANJA LISBOA

GENIBAU

JOAO XXIII

HENRIQUE JORGE

PARQUE ARAXA

JEREISSATI SETOR D

BELA VISTA

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

MONTESE

GRANJA PORTUGAL

GRANJA PORTUGAL

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

SIQUEIRA

HENRIQUE JORGE

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

AUTRAN NUNES

AMADEO FURTADO

PRESIDENTE KENNEDY

MONTE CASTELO

ALAGADICO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

ARACUZINHO I

BELA VISTA

SIQUEIRA

CANINDEZINHO

PRESIDENTE KENNEDY

NOVO ORIENTE

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

GRANJA PORTUGAL

CANINDEZINHO

CONJUNTO CEARA I

JOAO XXIII

HENRIQUE JORGE

HENRIQUE JORGE

DOM LUSTOSA

Bairro

V. S. MDIA A BAIXA

1254

1213

1001

1319

1292

838

970

1426

1042

1432

1388

1245

810

1061

1098

1072

1154

1086

1179

1091

1638

959

1215

713

1264

1325

1464

1394

1095

1332

764

1013

1043

1323

1203

1020

1238

1362

Populao

0,09

0,14

0,10

0,05

0,09

0,03

0,08

0,11

0,06

0,03

0,15

0,09

0,03

0,06

0,08

0,46

0,06

0,04

0,05

0,13

0,29

0,04

0,27

12,46

0,11

0,04

1,00

0,10

0,13

0,16

0,02

0,06

0,27

0,11

0,06

0,07

0,11

0,07

rea

307

294

221

311

318

208

236

349

253

324

363

267

173

252

250

273

284

241

249

259

416

236

316

148

318

414

383

355

281

309

194

244

252

320

298

237

320

339

D.P.P.

11

D.P.I.

4,9869

6,4744

3,7783

4,0836

6,3962

3,9375

9,6949153

6,2824

7,0039526

4,9411765

10,082645

4,7341

2,9075

4,8413

4,8320

3,5934

5,6890

6,1660

5,5605

11,011719

10,723558

6,4110

9,9113924

2,8707

5,8585

8,8971

5,8586387

4,8282

7,1821429

6,3745928

3,8247423

5,0041

5,0714

7,8121019

6,6544

5,8228

7,471875

5,7227

V1

16

11

99

10

11

25

10

15

26

15

V2

33

18

12

17

23

12

12

35

19

11

19

37

28

31

29

16

10

26

19

147

25

102

16

23

17

12

18

14

64

13

21

51

V3

299

162

55

294

152

73

121

199

136

172

187

254

183

184

26

62

87

86

11

78

275

78

135

44

152

235

225

235

209

251

328

V4

51

57

21

44

38

42

63

12

44

115

45

56

11

91

18

50

102

35

14

60

25

35

20

V5

106

87

127

63

93

97

114

103

87

103

118

V7

121

30

18

60

18

109

107

94

112

99

80

87

130

87

132

110

123

81

78

95

81

100

101

112

95

133

77

99

79

105

65

102 120

10

65

V6

V8

Variveis

22

34

29

19

37

10

65

28

55

18

52

34

14

16

28

27

29

47

31

75

47

45

46

31

15

26

22

11

50

30

26

30

23

46

35

27

46

38

51

37

63

85

31

57

40

13

56

39

78

52

47

81

36

33

39

35

21

59

29

50

66

57

21

25

54

52

54

11

41

34

16

45

16

12

17

12

11

12

14

13

17

10

14

11

14

26

13

12

14

14

11

13

12

15

V9 V10 V11 V12

260

147

200

243

187

155

95

219

151

233

99

199

126

209

173

249

180

154

157

35

59

148

98

131

227

164

226

303

131

201

144

176

160

168

171

148

176

223

V13

10

61

37

31

42

38

20

45

20

41

12

21

28

23

53

14

12

13

15

39

23

24

14

26

25

16

47

26

26

14

11

V14

V15

16

10

18

35

13

29

10

27

10

10

12

15

16

15

27

29

25

28

11

17

23

13

17

20

10

24

17

18

16

18

V16

14

13

20

33

14

16

10

23

38

24

17

18

12

10

18

20

14

10

29

12

17

26

17

21

19

17

15

V17

407

365

347

515

367

357

198

488

262

499

319

416

351

391

371

377

345

328

377

188

398

273

253

283

420

380

477

572

287

451

238

319

359

295

304

296

304

360

V18

42

68

48

31

63

15

111

42

87

33

103

59

17

33

53

36

49

73

52

133

82

70

72

47

32

37

45

18

76

55

39

47

39

81

52

42

77

54

V19

93

77

76

111

39

113

16

70

30

98

13

83

108

86

51

100

46

42

65

12

35

48

33

58

74

64

82

126

35

55

59

67

74

41

59

41

24

55

V20

27

26

28

21

22

11

10

17

16

13

19

16

18

28

23

20

21

22

25

11

35

14

15

21

12

16

20

22

24

19

13

21

16

13

20

V21

1,06143

0,30216

1,32215

1,17663

0,40867

-0,20837

-1,73661

-0,16634

-0,4675

-0,03213

-2,46789

0,11858

0,90959

0,03921

0,72394

1,45342

-0,11975

0,36258

0,17710

-2,13456

-2,10086

0,47515

-1,41426

1,72242

-0,85039

-0,24985

0,13459

-0,14016

-0,43526

-0,48866

0,74554

0,73110

0,46381

-1,28903

0,33473

-0,25030

-0,87476

0,71952

Fator 1

0,18158

-0,24799

-0,48665

-0,17241

0,15868

-0,18897

0,01606

-0,10922

-0,22539

0,1143

1,25669

-0,02137

-0,76732

-1,15837

-0,35467

0,11734

-0,16451

0,02076

-0,38670

0,20581

0,34212

-0,71660

-0,03534

0,16048

-0,74050

-0,24554

1,90935

-0,26698

-0,34058

-0,22688

-1,16621

-0,57683

-0,08939

-0,06649

0,06469

-0,99829

-0,18924

0,07080

-0,26951

0,65498

-0,18823

-0,60517

0,61706

-1,61138

2,50105

0,21218

1,63956

-0,4097

1,92959

0,18469

-1,22774

-0,73366

-0,02431

-0,45230

0,19173

0,86565

0,32699

2,77182

1,84711

1,11375

1,53365

-0,20297

-0,69755

0,11796

-0,59168

-1,00624

1,26739

0,41487

-0,21697

0,26700

-0,53546

1,40449

0,50577

0,17475

1,02372

0,59075

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,78770

-0,51160

-0,46330

-0,21410

-1,00080

2,22330

-0,5792

0,29360

-0,7181

0,5829

-0,4886

-0,05230

1,33520

2,08010

-0,10930

-0,86920

0,32670

-1,01750

0,11350

-0,6194

0,1606

-0,64190

0,1623

-1,40480

2,57540

0,66320

-1,1824

1,69430

-0,2088

0,6015

0,9379

-0,10980

0,48860

0,2532

-0,60130

1,39880

0,3435

-1,07710

0,05

0,05

0,05

0,05

0,05

0,05

0,05

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,06

0,07

0,07

0,07

0,07

0,07

0,07

0,08

0,08

0,08

0,08

0,08

0,08

0,08

0,08

0,08

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100114

230440070100214

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070548

230440060060021

FORTALEZA

230440075130143

MARACANAU

FORTALEZA

230440070100222

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440060060091

230770005000003

FORTALEZA

230440060060078

230765005000105

CAUCAIA

FORTALEZA

230370917000061

230440060060012

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130006

MARACANAU

FORTALEZA

230440070100237

230765005000085

FORTALEZA

230440075130137

FORTALEZA

230440070100218

CAUCAIA

230370917000032

230440070100157

FORTALEZA

230440075130280

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100253

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100179

230440060100173

FORTALEZA

230440070100178

230440070100055

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060036

230440060060126

CAUCAIA

FORTALEZA

230440070100094

230370917000038

FORTALEZA

230440070100077

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100030

230440075130101

FORTALEZA

230440060060101

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005060754

FORTALEZA

MARACANAU

230765005000046

230440070140429

MARACANAU

230765005000019

230440070140466

n = 307

Municpio

GRUPO 4

Cod_setor

AUTRAN NUNES

VILA ELLERY

CENTRO

ARACUZINHO I

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

BONSUCESSO

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

QUINTINO CUNHA

AUTRAN NUNES

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

JARI

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

ITAOCA

BONSUCESSO

BONSUCESSO

CONJUNTO CEARA II

SIQUEIRA

GENIBAU

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

PARQUE SAO JOSE

GRANJA PORTUGAL

GRANJA PORTUGAL

HENRIQUE JORGE

ANTONIO BEZERRA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PARANGABA

MONDUBIM (SEDE)

MONDUBIM (SEDE)

GRANJA PORTUGAL

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

BOM JARDIM

CANINDEZINHO

DOM LUSTOSA

JARDIM GUANABARA

JEREISSATI SETOR A

CONJUNTO TIMBO

Bairro

V. S. MDIA A BAIXA

983

1086

996

1212

1041

1008

1010

1040

1175

1197

1111

1165

964

1017

1258

1158

1146

979

857

1380

1034

1103

988

1385

904

1303

891

1486

943

949

984

1003

1114

1225

942

1149

1298

1329

Populao

0,03

0,07

0,09

0,06

0,07

0,07

0,15

0,07

0,04

0,50

0,24

0,09

0,07

0,07

0,09

0,12

0,09

0,05

0,14

0,03

0,05

0,08

0,07

0,15

0,17

0,04

0,12

0,33

0,20

0,06

0,12

0,06

0,07

0,09

0,24

0,08

0,07

0,07

rea

210

292

247

288

260

255

254

252

271

282

265

263

252

259

311

274

281

229

209

334

250

270

234

330

250

319

212

350

224

217

224

227

251

287

234

263

323

334

D.P.P.

D.P.I.

3,9330

8,3424658

7,9757085

5,4634146

4,6245

7,0158103

6,3108

4,4333333

4,6631206

3,4906

7,0494

6,6547619

5,7588

6,1254019

7,5641026

3,9309091

3,7380

4,0191

5,7231

5,1680

4,6741

5,7607

6,5640

7,2329

4,3793103

7,8490566

9,5371429

3,8654709

3,9676

5,9375

4,1806

4,0757

3,7212544

5,1581

5,3015267

6,8173375

5,4222

V1

16

79

25

119

31

64

63

52

49

V2

10

29

59

27

23

58

10

33

37

20

41

12

14

16

16

21

22

26

27

23

51

18

34

42

15

17

31

139

V3

25

166

223

225

19

251

255

47

240

248

32

86

183

267

217

176

236

230

187

173

220

191

220

49

V4

64

10

59

55

81

55

15

57

67

33

26

14

34

43

174

103

47

52

99

34

98

V5

34

16

70

10

96

V6

106

93

81

104

79

88

76

93

114

112

96

109

74

83

101

105

87

87

72

117

96

95

95

127

70

100

81

145

85

82

95

95

99

104

78

110

111

110

V7

V8

Variveis

23

55

51

34

37

29

41

35

16

22

25

39

38

31

44

40

22

12

15

23

33

30

32

29

30

14

48

32

32

22

29

24

19

24

26

38

33

34

73

15

17

28

24

47

22

32

70

63

84

24

21

45

27

21

67

72

62

36

46

74

35

49

36

78

27

56

68

53

64

64

70

51

38

24

38

14

13

11

14

13

10

11

17

13

20

11

10

13

14

18

11

11

13

11

10

18

11

16

17

12

13

15

14

V9 V10 V11 V12

166

132

118

184

150

191

160

157

202

237

193

131

163

157

178

133

242

177

177

216

186

191

159

183

130

246

92

98

169

139

202

185

168

235

154

159

189

261

V13

27

14

16

39

21

21

15

27

39

15

42

32

20

35

49

13

38

18

54

33

27

19

35

49

13

27

18

53

19

44

15

22

19

12

V14

V15

12

25

27

18

18

16

23

20

18

17

10

19

20

15

15

13

14

15

19

32

11

17

11

13

11

15

17

14

V16

23

14

15

11

12

10

14

15

14

10

11

28

33

25

16

19

22

14

19

19

14

13

18

24

15

24

16

13

16

14

V17

375

250

237

345

294

290

266

290

455

433

389

278

259

249

332

252

412

381

346

461

293

347

299

389

234

567

207

404

351

337

340

344

421

454

263

337

397

403

V18

33

82

94

57

62

48

65

55

23

39

41

69

61

66

73

67

31

22

20

38

61

43

57

57

53

20

91

63

48

45

42

38

36

35

50

63

57

46

V19

112

28

22

50

43

61

38

26

119

75

84

45

53

29

34

30

100

127

84

43

50

91

52

46

38

153

24

36

72

106

84

84

99

101

54

52

69

50

V20

21

15

18

24

20

20

23

20

13

19

25

26

16

37

18

18

21

13

12

18

30

24

20

20

16

16

16

26

27

25

26

27

16

25

19

22

17

V21

0,98223

-0,92543

-0,59781

0,23804

-0,13401

0,33995

-0,08102

0,21090

-0,37324

0,17497

1,56523

0,37488

-0,9656

1,38473

-0,02451

-0,62491

0,76884

0,31417

-0,26822

-0,07686

1,09252

1,50002

0,12514

0,32673

-0,15176

0,52791

-1,74973

-0,82285

0,93803

0,60385

0,68929

1,07929

0,98886

0,87959

0,46739

-0,1635

-0,34957

-0,03258

Fator 1

-0,27340

-0,09484

-0,43762

-0,42144

-0,14057

-0,44048

-0,52675

-0,15234

0,50006

0,17169

0,28628

-0,22504

-0,24502

-0,66288

-0,2425

-0,69134

0,65337

-0,38507

-0,92535

-0,01315

-0,48054

-0,40985

-0,30844

0,09934

-0,48268

0,64205

-0,44374

0,27328

0,84325

-0,30342

-0,53249

-0,42250

0,20064

0,92128

-1,13134

0,63859

-0,22241

-0,58049

-0,44527

1,59041

1,66878

0,52749

0,68201

0,05023

0,99066

0,60704

-0,94204

-0,43879

-0,55566

0,86666

0,51775

0,33783

0,93468

0,97915

-0,70809

-1,21875

-1,04065

0,00963

0,36943

-0,06857

0,26992

0,41372

0,39400

-1,00605

1,67462

0,74308

-0,34395

-0,51330

0,23339

-0,39764

-0,51420

-0,59813

-0,13902

0,50857

0,59617

0,30579

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,27470

-0,5807

-0,5998

-0,2957

-0,3736

0,07120

-0,3367

-0,64440

0,8517

0,1164

-1,21860

-0,95550

0,787

-0,96050

-0,5732

0,4128

-0,6348

1,35110

2,29490

0,20520

-0,84980

-0,89360

0,02000

-0,70420

0,36790

-0,0613

0,6854

-0,0516

-1,2877

0,38250

-0,22650

-0,11180

-0,51260

-1,0486

0,98260

-0,8197

0,1886

0,51860

0,00

0,01

0,01

0,01

0,01

0,01

0,01

0,01

0,01

0,02

0,02

0,02

0,02

0,02

0,02

0,02

0,02

0,02

0,03

0,03

0,03

0,03

0,03

0,03

0,03

0,04

0,04

0,04

0,04

0,04

0,04

0,04

0,04

0,04

0,04

0,05

0,05

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100059

230440070100261

230440070140265

230440075130306

230440075130309

230440005070289

230440005080256

MARACANAU

230765005000079

230440060100160

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100138

230440075130311

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060111

FORTALEZA

230440060100157

230440060100167

230440060060096

FORTALEZA

230440060060005

FORTALEZA

CAUCAIA

230370917000060

FORTALEZA

MARANGUAPE

230770035000006

230440060060056

MARANGUAPE

230770005000010

230440060060031

MARANGUAPE

230770005000008

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060013

FORTALEZA

230440070140283

230440075130080

MARACANAU

FORTALEZA

MARACANAU

FORTALEZA

230440070100081

230440070100112

230765005000087

FORTALEZA

230440060100164

230765005000088

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130150

230440060060083

FORTALEZA

230440075130099

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100207

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100101

230440005070725

FORTALEZA

230440060100179

230440060060034

n = 307

Municpio

GRUPO 4

Cod_setor

PARQUE ARAXA

MONTE CASTELO

BELA VISTA

BELA VISTA

MANOEL SATIRO

PARQUE SAO JOSE

SIQUEIRA

GENIBAU

HENRIQUE JORGE

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

QUINTINO CUNHA

ANTONIO BEZERRA

AUTRAN NUNES

JATOBA

JATOBA

CAGADO

BELA VISTA

GRANJA LISBOA

GENIBAU

GENIBAU

AUTRAN NUNES

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

OUTRA BANDA

PREGUICA

PARANGABA

MANOEL SATIRO

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

GENIBAU

QUINTINO CUNHA

ANTONIO BEZERRA

FLORESTA

DEMOCRITO ROCHA

PARANGABA

GRANJA PORTUGAL

BOM JARDIM

GENIBAU

Bairro

V. S. MDIA A BAIXA

1049

1107

955

870

1078

1121

966

1172

1131

844

1056

1044

621

801

898

854

874

1128

682

1394

1087

1219

763

833

992

1173

864

936

966

1174

1026

1065

887

933

1120

862

903

1168

Populao

0,08

0,08

0,06

0,05

0,06

0,08

0,10

0,04

0,08

0,05

0,03

0,11

0,02

1,05

0,51

3,63

0,05

0,10

0,13

0,04

0,08

0,13

27,72

0,07

0,77

0,08

0,04

0,03

0,08

0,04

0,02

0,09

0,03

0,07

0,13

0,03

0,06

0,06

rea

264

259

227

212

269

301

217

283

260

216

256

251

131

190

227

220

216

265

156

322

260

292

159

214

220

304

211

214

209

268

240

238

222

235

252

207

217

268

D.P.P.

D.P.I.

8,8712121

6,9420849

6,5000

6,0708

5,5799

5,5083

3,9401

3,9434629

6,5703

7,3009259

3,7382813

5,8640

2,2595

3,6789474

4,5066

5,0363636

6,9209302

4,3132075

2,5128

4,4845

4,3654

4,5189003

2,2704

5,0093

4,7636

5,8322368

5,1374

3,2102804

4,8230

3,7388

4,825

6,7246

5,1441

7,0638298

8,015873

2,5436893

4,5346

4,4552239

V1

20

145

17

87

15

75

31

V2

31

11

13

10

36

30

27

36

24

30

165

59

30

44

46

220

44

35

54

23

66

154

24

56

12

32

56

50

83

21

30

15

11

V3

152

26

84

76

34

232

215

98

215

75

161

116

83

150

222

202

88

80

46

56

75

64

133

211

194

207

129

100

118

64

131

166

244

V4

16

60

21

13

18

22

162

23

50

47

91

21

18

62

78

21

61

100

86

15

23

71

34

25

45

18

79

21

47

V5

130

70

22

96

50

27

63

25

84

10

186

28

V6

99

104

79

70

95

81

94

107

93

71

98

96

62

75

66

65

70

96

68

124

101

107

83

71

92

101

74

91

86

109

93

94

76

82

101

81

83

107

V7

V8

Variveis

54

43

28

39

27

31

19

12

31

47

16

39

21

29

14

42

15

14

28

18

30

35

38

31

32

10

26

26

16

42

34

38

50

15

20

26

28

35

35

32

51

64

75

27

18

43

44

73

61

41

50

26

66

61

69

75

78

76

41

38

46

33

81

40

70

47

27

26

18

17

81

41

54

10

14

13

16

10

10

11

12

16

10

11

10

15

11

20

17

14

15

15

12

12

14

11

11

10

V9 V10 V11 V12

96

129

123

130

194

208

171

192

126

119

171

169

77

138

154

153

128

222

113

231

223

227

133

153

176

188

137

182

123

212

175

149

159

138

104

136

173

189

V13

14

22

26

18

10

26

25

71

53

20

52

25

50

36

56

39

14

12

40

48

16

21

32

18

29

25

18

54

31

53

12

21

18

10

66

17

45

V14

V15

27

24

13

23

15

15

11

22

24

16

12

21

11

20

20

17

21

19

20

22

27

10

11

V16

19

18

19

14

14

21

16

20

11

15

28

12

10

13

19

19

19

24

15

18

14

18

25

14

15

17

18

17

10

20

18

11

V17

213

278

241

216

316

323

385

433

290

219

360

299

277

291

296

307

236

422

286

485

373

478

316

264

283

361

246

381

328

428

363

286

267

228

273

361

314

426

V18

86

63

54

65

47

47

29

20

61

69

27

55

10

38

42

34

63

32

21

23

39

32

43

52

56

46

48

21

42

44

21

66

55

70

76

23

38

38

V19

30

32

31

36

54

66

83

99

35

33

68

39

105

67

63

88

23

116

95

88

97

131

83

47

51

76

28

98

78

108

77

53

36

37

34

100

76

62

V20

14

19

27

19

21

22

14

16

16

13

20

10

22

23

20

21

17

14

11

19

20

30

24

24

13

22

14

22

19

10

24

26

19

13

17

21

14

V21

-1,51126

-0,4083

-0,27364

0,66449

-0,19776

0,68320

1,13123

0,47528

-0,02133

-0,46594

-0,13938

0,29426

0,17984

0,43936

0,80977

-0,00439

-0,01253

0,08784

0,25171

-0,10823

0,82915

0,65304

1,40892

0,66225

0,75868

0,02367

0,54297

-0,43736

0,48270

0,75964

-0,8103

0,09975

0,42530

-0,54933

-0,70409

0,48341

0,27165

0,36052

Fator 1

0,38164

-0,27463

-0,96495

-0,89079

-0,25353

-0,15238

-0,64960

-0,04165

0,04460

-0,31077

1,04687

-0,05363

-0,52267

0,01673

-0,06793

0,59102

-0,50265

0,09985

-0,33059

-0,14432

0,16380

0,72835

0,52706

-0,95187

-0,60658

0,17303

-0,99778

0,65471

-0,64471

0,06391

1,21868

-0,09240

-0,28872

-0,57281

-0,02365

1,79733

-0,81946

0,31884

1,64972

0,9645

0,18724

0,79901

0,09782

0,11138

-0,53566

-1,22851

0,56572

1,09346

-0,92825

0,47795

-2,07818

-0,80604

-0,23809

-0,77223

0,83571

-0,75895

-1,45174

-1,01272

-0,34420

-0,65736

-0,56982

0,40579

0,52412

0,2028

0,34295

-1,35899

-0,26499

-0,37739

-1,00353

0,86555

0,48449

0,90057

1,43764

-1,54843

-0,42042

-0,47845

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,6637

-0,4531

0,94260

-0,68830

0,23430

-0,76080

-0,04780

0,6632

-0,72370

-0,4366

-0,1143

-0,84120

2,30940

0,2554

-0,57350

0,0897

-0,4078

0,4744

1,43690

1,20310

-0,73850

-0,8153

-1,41290

-0,14540

-0,70670

-0,4325

0,06440

1,1012

0,36720

-0,46780

0,5386

-0,90110

-0,67650

0,2042

-0,6949

-0,7515

0,94830

-0,1817

-0,04

-0,04

-0,03

-0,03

-0,03

-0,03

-0,03

-0,03

-0,03

-0,03

-0,03

-0,03

-0,03

-0,02

-0,02

-0,02

-0,02

-0,02

-0,02

-0,02

-0,02

-0,02

-0,01

-0,01

-0,01

-0,01

-0,01

-0,01

-0,01

-0,01

-0,01

-0,01

-0,01

0,00

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100161

230440070100198

230440070140271

230440075130104

230440075130123

230440075130313

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

FORTALEZA

230440060060097

230440060100156

230440060100172

230440060100195

230440070100093

230440070100126

230440070140270

230440070140294

230440075130292

230765005000115

230440005070533

FORTALEZA

MARACANAU

MARANGUAPE

CAUCAIA

230440075130138

230765005000117

230770005000023

230370917000005

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060093

230440070100080

FORTALEZA

230440060060084

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005080272

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130139

230440005080257

FORTALEZA

230440075130005

230440070100040

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100146

230440070100227

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060066

230440070100125

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060100158

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060089

230440005070527

FORTALEZA

230440005080268

230440060060059

n = 307

Municpio

GRUPO 4

Cod_setor

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

TANGUEIRA

ALTO DA MANGUEIRA

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

BOM JARDIM

CANINDEZINHO

PARQUE ARAXA

PRESIDENTE KENNEDY

JARI

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

MANOEL SATIRO

MANOEL SATIRO

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

CONJUNTO CEARA I

GENIBAU

GENIBAU

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

QUINTINO CUNHA

PARQUELANDIA

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

ITAOCA

BONSUCESSO

GRANJA LISBOA

GRANJA LISBOA

QUINTINO CUNHA

QUINTINO CUNHA

PRESIDENTE KENNEDY

BELA VISTA

VILA PERY

VILA PERY

MANOEL SATIRO

GRANJA PORTUGAL

CONJUNTO CEARA II

GENIBAU

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

PARQUELANDIA

Bairro

V. S. MDIA A BAIXA

1000

789

1000

1061

981

1195

780

865

837

672

1185

1142

1154

1053

1096

888

1162

1290

804

1102

828

926

1503

802

1042

916

1016

1204

877

1099

966

1006

1288

1060

1276

1030

1057

645

Populao

0,05

5,41

0,11

0,06

0,07

0,03

0,06

0,02

0,18

0,05

0,12

0,09

0,20

0,06

0,08

0,06

0,04

0,10

0,15

0,14

0,06

0,09

0,08

0,06

0,08

0,08

0,05

0,03

0,04

0,06

0,06

0,06

0,09

0,04

0,09

0,04

0,11

0,04

rea

220

176

220

250

224

291

182

192

190

155

283

261

251

252

263

227

276

283

212

265

189

230

410

199

232

213

227

277

201

258

234

241

329

235

315

230

265

164

D.P.P.

26

D.P.I.

3,7945205

3,7045

3,4383562

6,5502008

4,5848

3,5841924

9,5769231

4,6911

3,5978836

4,2194

6,5618375

7,1192

3,1553785

5,0040

7,1787

4,1850

4,6051

8,360424

6,2877358

6,1140684

9,1164021

7,4017467

9,0365854

4,8442

5,0302

4,3018868

3,7180617

4,2743682

8,120603

7,3604651

5,7009

6,1541667

7,0152905

3,9530

7,8146965

3,1790393

7,5849057

8,1097561

V1

56

29

25

117

13

12

200

90

10

13

V2

24

49

41

15

11

38

14

46

28

15

25

32

47

16

11

11

35

39

28

11

16

34

21

29

17

12

V3

21

161

145

222

286

103

169

60

220

14

241

69

57

194

237

33

180

15

12

12

205

158

54

16

35

182

99

39

151

95

42

V4

75

33

95

11

16

68

10

19

32

30

13

135

21

21

13

27

36

13

V5

90

91

70

104

132

68

88

71

79

107

76

109

87

94

113

78

104

80

95

110

96

123

101

85

54

V7

26

31

26

91

66

93

87

92

99

73

73

82

58

108

114

123 117

23

14

131

34

29

V6

V8

Variveis

13

23

12

38

26

16

56

26

19

26

31

32

15

27

42

18

15

53

34

26

64

52

28

24

21

19

14

21

59

35

32

34

33

22

40

10

51

51

65

57

63

23

51

74

52

69

47

22

26

101

38

23

57

47

11

20

21

19

33

38

54

59

60

47

19

31

28

24

59

17

80

17

14

14

16

15

12

15

10

10

13

13

11

12

10

12

15

13

10

13

11

14

10

10

11

V9 V10 V11 V12

109

146

149

137

137

230

57

164

140

127

168

131

218

167

140

184

180

128

114

184

60

114

159

154

174

174

189

221

82

142

147

126

193

189

149

147

120

72

V13

98

16

56

13

41

45

34

15

13

12

31

45

11

15

67

12

33

13

16

20

22

11

26

27

15

21

21

33

13

31

11

60

16

10

V14

V15

23

23

16

16

14

18

10

20

10

18

16

15

27

22

11

17

34

20

13

12

14

11

15

23

35

V16

29

14

13

11

14

16

26

16

17

13

16

19

11

18

15

10

10

14

18

11

34

15

20

12

15

12

17

16

12

V17

357

287

432

296

313

460

172

268

318

217

336

315

427

347

240

317

400

316

199

380

173

192

391

244

379

314

452

398

191

289

277

277

375

388

279

449

225

139

V18

26

46

22

64

43

27

99

44

30

40

48

59

28

46

71

29

28

83

61

42

106

82

52

40

42

39

17

38

87

57

55

66

52

38

78

15

80

80

V19

76

64

114

42

65

98

27

49

82

46

31

39

163

53

19

77

73

18

19

59

36

56

50

68

69

105

75

26

49

35

31

39

85

36

126

23

18

V20

18

26

12

20

27

13

29

19

26

16

23

18

19

25

18

16

23

17

12

13

23

23

30

19

12

15

16

27

23

14

26

22

13

13

13

V21

0,51497

0,73752

0,23573

-0,02798

1,15134

0,76181

-2,16053

0,99350

0,83883

0,66464

-0,66582

0,14730

0,74452

0,68217

0,10510

0,27208

0,06610

-1,18375

-0,34118

-0,2559

-1,30761

-0,31135

-0,28299

0,65264

0,51792

0,91549

-0,50047

-0,26879

-1,31099

-0,64868

0,45573

0,1439

-0,6892

1,12636

-0,43933

0,47667

-0,71119

-0,68082

Fator 1

-0,10398

-0,93350

0,21292

-0,27531

-0,51955

0,14216

0,00958

-0,64433

-0,2136

-1,35638

-0,38969

-0,19025

1,04732

-0,20300

-0,77065

-0,97796

-0,43326

0,10842

0,309

0,3847

-0,29507

-0,31052

0,04236

-1,26274

-0,71356

-1,10277

2,96935

0,58545

-0,16681

-0,22948

-0,71535

-0,61294

-0,11785

-0,09336

-0,28023

-0,03729

-0,25808

-0,75991

-1,03774

-0,63148

-1,28848

0,81312

-0,30443

-0,86517

1,69269

-0,04834

-0,97964

-0,18241

0,33133

0,62229

-1,16314

-0,17112

1,02189

-0,89559

-0,59599

1,39516

0,3876

0,0167

2,04583

1,23975

0,42942

-0,14678

-0,26450

-0,66933

-1,46359

-0,45843

1,86115

0,73206

0,23295

0,4249

0,43773

-0,43919

1,02294

-1,4612

1,30199

1,67052

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

0,3

0,55720

0,5436

-0,7778

-0,62380

-0,3261

0,1589

-0,57090

0,1127

0,61630

0,4811

-0,83830

-0,854

-0,53740

-0,61550

1,36690

0,73770

-0,5407

-0,5953

-0,4042

-0,6832

-0,8211

-0,4023

0,56470

0,26840

0,67

-1,2029

-0,0516

-0,5669

-0,0214

-0,14000

-0,1135

0,1973

-0,74420

-0,4541

0,857

-0,509

-0,3984

-0,08

-0,07

-0,07

-0,07

-0,07

-0,07

-0,07

-0,07

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,06

-0,05

-0,05

-0,05

-0,05

-0,05

-0,05

-0,05

-0,05

-0,04

-0,04

-0,04

-0,04

-0,04

-0,04

-0,04

-0,04

-0,04

IVS (Mdia)

Grupo

MARACANAU

230765005000096

FORTALEZA

MARACANAU

CAUCAIA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100061

230765005000111

230370917000091

230440005080248

230440060060060

230440060060072

230440060060080

230440060060123

230440060100188

230440070100095

230440070100257

230440075130314

230765005000108

230440005060802

230440005080263

230440060060130

230440070100248

230440070100252

230440070140005

230440070140025

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130100

230440070100037

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100256

230440070140027

230440060100187

FORTALEZA

230440070100036

CAUCAIA

FORTALEZA

230440060100191

230370917000007

FORTALEZA

230440060060058

MARACANAU

FORTALEZA

230440060060025

MARACANAU

FORTALEZA

230440005070530

230765005000099

FORTALEZA

230440005070520

230765005000101

CAUCAIA

FORTALEZA

230370917000023

CAUCAIA

230370917000021

230440005070519

n = 307

Municpio

GRUPO 4

Cod_setor

PARQUE SANTA ROSA (APOLO XI)

CONJUNTO ESPERANCA

BONSUCESSO

BONSUCESSO

HENRIQUE JORGE

PARQUELANDIA

VILA VELHA

ARACUZINHO II

BELA VISTA

PARQUE SAO JOSE

BOM JARDIM

CONJUNTO CEARA I

HENRIQUE JORGE

QUINTINO CUNHA

QUINTINO CUNHA

QUINTINO CUNHA

RODOLFO TEOFILO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

ARACUZINHO II

SIQUEIRA

CANINDEZINHO

CONJUNTO CEARA I

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

NOVO ORIENTE

NOVO ORIENTE

ALTO ALEGRE I

PARANGABA

PARQUE PRESIDENTE VARGAS

PARQUE SAO JOSE

CANINDEZINHO

CONJUNTO CEARA I

QUINTINO CUNHA

ANTONIO BEZERRA

PRESIDENTE KENNEDY

PRESIDENTE KENNEDY

PRESIDENTE KENNEDY

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

Bairro

V. S. MDIA A BAIXA

859

1169

917

855

817

1062

828

906

857

1008

904

1548

851

1000

1014

1252

827

898

1150

781

1180

1373

938

1501

1257

695

825

890

872

1083

1318

890

1121

809

815

784

1287

857

Populao

0,12

0,07

0,09

0,04

0,04

0,11

0,04

0,05

0,05

0,08

0,08

0,08

0,07

0,08

0,02

0,11

0,09

0,03

0,09

0,11

0,06

0,09

0,05

0,25

0,47

0,36

0,05

0,10

0,04

0,03

0,13

0,02

0,08

0,03

0,02

0,04

0,19

0,07

rea

211

281

241

227

198

269

210

212

204

238

214

390

201

251

244

306

210

203

281

164

296

324

186

351

286

157

199

210

209

257

307

209

271

214

226

196

298

192

D.P.P.

20

D.P.I.

4,1905

6,7330961

6,7095436

5,8097345

5,5303

9,9219331

6,4048

4,0047

6,8872549

5,4202

3,1267606

7,2282051

6,9222798

6,224

4,8208333

8,2712418

8,7238095

4,3349754

6,1864

2,7987805

4,7736486

7,6944444

4,2580645

6,4971429

3,8531469

3,1210191

5,8643216

4,1904762

4,5048

5,1523438

7,276873

3,6028708

9,4797048

5,3113

5,3022

8,4846939

5,5322034

4,1770833

V1

16

11

12

11

95

201

135

19

246

176

49

25

59

24

V2

31

11

40

39

47

32

93

23

44

10

32

64

84

76

62

12

35

46

32

54

19

10

155

43

52

25

21

43

V3

190

47

206

63

130

28

101

206

155

190

91

23

58

108

106

283

126

27

185

59

25

206

173

244

178

57

25

190

V4

30

10

20

26

17

85

12

143

85

88

21

64

135

26

10

21

25

113

17

54

73

15

V5

20

56

86

30

52

41

15

116

25

V6

75

102

76

72

68

94

66

89

77

93

83

130

68

75

83

112

76

86

101

77

97

120

99

135

116

63

71

83

74

91

126

79

105

59

58

67

121

83

V7

V8

Variveis

24

35

34

37

26

48

19

27

42

25

20

25

40

30

21

17

45

21

21

16

29

26

21

17

16

33

17

29

36

12

39

25

33

53

19

20

61

21

27

23

33

27

54

11

43

68

17

16

33

55

11

13

50

32

64

60

15

42

35

70

58

32

50

46

38

18

48

12

33

40

45

55

19

13

10

14

12

11

10

11

11

15

13

11

11

16

12

15

12

V9 V10 V11 V12

154

157

148

130

117

42

129

133

129

169

182

235

86

140

202

120

77

180

206

138

233

194

98

217

233

98

129

146

152

191

135

167

91

155

172

89

202

121

V13

19

32

12

29

36

34

42

11

27

17

36

22

40

16

16

11

20

19

38

22

82

34

22

52

15

47

33

45

42

30

17

30

19

27

55

V14

V15

12

16

20

20

17

18

12

11

22

12

22

16

13

10

21

10

10

12

14

22

11

15

15

14

14

17

30

V16

19

13

12

18

10

19

14

12

21

20

17

10

22

22

18

11

13

17

18

17

14

15

15

19

12

24

V17

298

291

213

198

211

199

250

302

218

305

345

410

211

255

369

362

161

346

347

318

479

337

321

474

442

337

224

330

251

461

290

326

298

231

217

145

457

307

V18

34

64

62

61

47

81

28

42

72

50

27

50

63

50

30

34

68

36

49

28

10

59

35

43

27

24

50

29

46

61

23

67

44

46

83

31

33

V19

68

33

30

22

26

19

44

65

37

54

106

49

15

50

62

19

19

100

63

95

126

21

86

65

94

115

35

60

45

113

29

94

30

43

33

79

60

V20

26

15

17

16

24

11

20

19

29

17

20

15

22

14

18

21

25

15

17

12

14

16

17

13

24

20

17

13

20

22

10

13

20

V21

1,44902

-0,43665

-0,11297

-0,33741

0,47743

-2,35481

-0,96300

0,78548

-0,40566

0,89848

0,62308

-0,41703

-0,38192

0,27825

0,33187

-1,95402

-1,50658

0,46739

-0,31410

0,98389

-0,82344

-0,86594

0,60086

-0,86547

0,45879

-0,13411

-0,10657

-0,08754

1,03791

-1,76184

-0,18025

-0,44031

-1,34186

-0,23258

0,56095

-1,39105

-0,41315

0,67118

Fator 1

-0,52000

-0,11373

-0,17036

-0,5483

-0,83035

-0,13998

-0,35663

-0,52277

-0,33131

-0,37026

0,53295

0,17901

-0,63258

-0,1921

0,46107

-0,05539

-0,2065

-0,35359

-0,42370

-0,09602

2,57117

-0,03904

-0,38842

0,37485

0,63162

1,37387

-0,60413

0,03135

-0,54666

2,81041

-0,2442

2,17623

-0,03303

-0,60492

-0,54876

-0,58272

0,86116

-0,15528

-0,40270

0,57409

0,57759

0,54836

0,11087

1,29047

-0,33873

-0,33546

0,96103

-0,03281

-1,01791

0,20831

0,67047

0,22956

-0,4735

-0,07748

1,07774

-0,63738

-0,05197

-0,91084

-1,63694

0,4428

-0,27147

-0,23392

-0,88542

-1,2659

0,41797

-0,73343

-0,06544

-1,78661

0,70127

-1,0989

0,93066

-0,21107

0,12722

1,63161

-0,5492

-0,72069

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,98430

-0,4772

-0,7351

-0,0989

-0,18880

0,7714

1,21360

-0,31660

-0,6348

-0,90160

-0,5192

-0,3774

-0,0661

-0,7134

-0,7096

1,6869

0,2399

0,1385

0,42040

-0,3207

-0,4573

0,0969

-0,3185

0,3859

-0,5075

-0,2919

-0,0464

0,4749

-0,76540

0,4312

-0,5938

-0,9652

0,1133

0,73950

-0,46470

0,0192

-0,2292

-0,1159

-0,11

-0,11

-0,11

-0,11

-0,11

-0,11

-0,11

-0,10

-0,1

-0,10

-0,1

-0,1

-0,1

-0,1

-0,1

-0,1

-0,1

-0,1

-0,09

-0,09

-0,09

-0,09

-0,09

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

-0,08

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100243

230440075130097

230440075130286

230440005070545

230440060060107

230440060060147

230440070100092

230440070140263

MARACANAU

MARANGUAPE

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230765005000038

230770005000031

230440005080267

230440070100107

230440070100137

230440070100176

230440070100219

230440070100250

230440075130268

230440075130272

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130007

230440005070277

230440075130106

FORTALEZA

230440075130142

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060057

230440070100120

FORTALEZA

230440060060046

230440070100088

FORTALEZA

230440060060011

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005080271

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070538

230440060060071

FORTALEZA

230440060060040

230440060060144

n = 278

Municpio

FORTALEZA

MARACANAU

230440075130284

230765005000110

GRUPO 5

FORTALEZA

230440075130067

Cod_setor

n = 307

Municpio

GRUPO 4

Cod_setor

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

BONSUCESSO

BONSUCESSO

GRANJA PORTUGAL

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

PARQUELANDIA

GUABIRABA

JEREISSATI SETOR B

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

VILA PERY

MANOEL SATIRO

BOM JARDIM

JOAO XXIII

DOM LUSTOSA

VILA ELLERY

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

PARANGABA

BONSUCESSO

ALAGADICO

ITAOCA

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

JOAO XXIII

QUINTINO CUNHA

QUINTINO CUNHA

ANTONIO BEZERRA

AUTRAN NUNES

PARQUELANDIA

PRESIDENTE KENNEDY

ANTONIO BEZERRA

Bairro

V. S. BAIXA

ARACUZINHO II

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

PARANGABA

Bairro

V. S. MDIA A BAIXA

1079

951

824

796

1075

1068

879

735

967

1219

930

920

1007

1007

872

820

1125

1156

1202

780

839

939

960

794

851

972

866

1144

1166

789

1429

1263

Populao

1200

981

826

Populao

0,04

0,04

0,04

0,05

0,13

0,20

0,05

0,06

0,58

0,14

0,15

0,09

0,06

0,06

0,04

0,07

0,07

0,03

0,12

0,09

0,06

0,07

0,08

0,07

0,04

0,02

0,02

0,14

0,03

0,07

0,12

0,10

rea

0,08

0,03

0,20

rea

256

227

193

195

249

257

188

186

241

291

256

218

249

238

223

212

271

273

306

198

199

236

221

187

211

221

202

262

263

193

381

351

D.P.P.

286

245

228

D.P.P.

D.P.I.

D.P.I.

5,3867188

5,0572687

5,8393782

5,7590

5,5461847

5,1245136

3,6489

9,1505376

6,5166667

6,2061856

8,0078125

7,3824885

7,4257028

4,4661017

5,9237668

7,759434

9,0442804

5,1575092

9,5822368

4,9697

9,6868687

6,4510638

4,5113122

3,9572

5,7000

4,1

3,8656716

6,8854962

4,1111111

8,3419689

12,565789

9,6467236

V1

6,0314685

4,9016

8,3289474

V1

14

12

22

174

17

V2

V2

27

22

43

17

21

87

43

10

12

45

13

25

111

18

15

34

76

184

21

19

16

48

22

V3

73

V3

79

149

189

245

65

126

40

211

52

206

220

209

29

34

178

132

188

183

131

42

173

181

16

V4

27

V4

56

78

24

19

17

11

10

14

34

30

27

115

149

58

10

V5

V5

38

V6

V6

96

75

79

66

102

86

92

64

84

118

65

94

90

89

78

64

99

103

95

70

87

83

93

79

63

85

74

104

116

69

112

87

V7

116

85

57

V7

V8

V8

Variveis

0
3

13

Variveis

23

46

15

19

18

29

34

24

21

21

58

33

28

41

36

29

25

30

48

45

17

39

34

56

31

22

21

33

12

36

19

50

30

42

54

47

35

29

39

44

54

13

19

25

22

28

44

28

12

42

13

40

22

49

45

37

52

53

25

53

12

10

12

18

10

11

13

11

10

11

12

17

12

11

13

11

V9 V10 V11 V12

28

33

V9 V10 V11 V12

186

175

135

120

153

168

141

49

182

191

103

90

133

168

152

111

92

179

85

141

70

144

177

130

128

164

164

138

188

79

16

100

V13

185

148

104

V13

11

15

13

36

30

36

29

16

19

34

19

10

40

27

37

34

40

32

35

39

11

V14

25

74

14

V14

V15

V15

14

10

13

11

14

13

25

19

12

18

15

19

13

12

26

18

18

15

30

21

10

15

14

15

10

25

15

21

V16

17

V16

16

24

13

21

25

10

14

23

10

17

15

12

10

20

16

12

13

17

V17

20

V17

386

324

203

216

339

359

339

144

249

361

213

207

260

318

236

191

259

417

277

232

172

247

329

279

244

359

319

304

417

147

316

294

V18

354

360

219

V18

34

37

48

51

48

31

29

97

57

52

63

62

46

40

43

64

80

34

66

49

92

54

41

30

53

19

20

61

33

96

57

70

V19

46

16

63

V19

76

80

40

44

67

76

62

10

39

27

29

15

27

47

27

16

37

87

25

29

12

35

69

60

38

64

73

43

103

18

35

17

V20

26

75

25

V20

14

18

18

24

21

17

18

10

15

15

14

17

19

16

15

13

21

10

25

18

19

14

23

16

17

13

10

V21

20

V21

0,08735

0,40138

0,19238

0,68760

0,53406

0,50247

1,05092

-1,51402

-0,97305

-0,47187

-0,65195

-0,32395

-0,11142

0,52844

0,01306

-1,07374

-1,18987

0,23779

-1,4737

1,06285

-1,95765

-0,07998

0,52491

0,48425

0,55921

0,31463

-0,51092

-0,42495

-0,00006

-1,27554

-2,91238

-1,64737

Fator 1

-0,05836

-0,74776

-1,62163

Fator 1

0,05839

-1,10633

0,59357

0,14622

-0,21846

-0,6205

-0,70444

-0,00854

-0,43783

-0,47136

-0,14908

-0,50526

-0,05871

0,13988

-0,18096

-0,48023

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-0,21338

-0,37158

0,04715

-0,13383

0,56762

-0,77221

0,07947

-0,29467

-0,23276

-0,73482

-0,59352

-0,00347

2,44048

0,20593

0,46236

-0,29995

0,30641

0,11093

Fator 2

-0,36178

-0,54673

-0,06066

0,08609

-0,25226

-0,35454

-0,56374

1,72076

0,50346

0,1884

0,77306

0,56895

0,40915

-0,3075

-0,03453

1,06125

1,17664

-0,49046

1,01315

0,13104

1,87188

0,43987

-0,44166

-0,47855

0,17447

-1,19503

-1,31773

0,48729

-0,62401

1,49776

0,9189

1,13863

Fator 3

Fatores

-0,6158

-0,63404

-0,24984

Fator 3

Fatores
Fator 2

-0,5071

-0,2633

-0,1323

-0,70840

-0,899

-0,3448

-0,66110

-0,6827

0,3625

-0,2447

-0,8505

-0,6626

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-0,6356

-0,1587

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-0,98400

-0,5491

-0,5661

-0,3901

0,22450

-0,65200

0,382

-1,1188

-0,8033

-0,3771

-0,453

1,17

-0,0934

Fator 4

0,1575

2,04380

0,8469

Fator 4

-0,16

-0,16

-0,16

-0,16

-0,16

-0,16

-0,16

-0,16

-0,15

-0,15

-0,15

-0,15

-0,15

-0,15

-0,15

-0,15

-0,15

-0,14

-0,14

-0,14

-0,14

-0,13

-0,13

-0,13

-0,13

-0,13

-0,13

-0,13

-0,13

-0,13

-0,13

-0,12

IVS (Mdia)

-0,11

-0,11

-0,11

IVS (Mdia)

Grupo

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060061

230440060060152

230440070100074

230440070100152

230440070100167

230440070100169

230440070100192

FORTALEZA

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130302

230765005000092

230440005070280

230440005070298

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100196

230440075130285

FORTALEZA

230440070100168

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100121

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100103

230440070140273

FORTALEZA

230440060060132

230440075130163

CAUCAIA

230370917000055

230440070100110

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070535

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070284

230440070100115

FORTALEZA

230765005000095

230440070100191

FORTALEZA

MARACANAU

230440075130086

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060019

230440060100168

MARANGUAPE

230770035000002

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130145

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140286

230440070100211

FORTALEZA

230440070100238

230440060060082

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100143

FORTALEZA

230440070100072

230440070100166

n = 278

Municpio

GRUPO 5

Cod_setor

MONTE CASTELO

ALAGADICO

PARQUE SANTA MARIA

PAN AMERICANO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

COUTO FERNADES

MANOEL SATIRO

GRANJA PORTUGAL

CONJUNTO CEARA II

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

HENRIQUE JORGE

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

GRANJA PORTUGAL

GRANJA LISBOA

GRANJA LISBOA

PRESIDENTE KENNEDY

ALAGADICO

ALTO ALEGRE I

PARANGABA

GENIBAU

QUINTINO CUNHA

GRANJA PORTUGAL

GRANJA PORTUGAL

CONJUNTO CEARA II

CONJUNTO CEARA II

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

JOAO XXIII

QUINTINO CUNHA

AUTRAN NUNES

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

MANOEL SATIRO

BONSUCESSO

CONJUNTO CEARA II

GRANJA LISBOA

SIQUEIRA

Bairro

V. S. BAIXA

798

1406

808

660

1238

1011

795

977

1226

877

777

877

1167

954

953

924

950

1300

781

796

819

1062

811

899

1174

1362

866

907

808

1133

913

712

860

1013

991

1281

1152

731

Populao

0,06

0,11

0,58

0,04

0,03

0,16

0,12

0,09

0,10

0,07

0,05

0,07

0,16

0,06

0,08

0,06

0,23

0,12

0,60

0,06

0,04

0,08

0,05

0,06

0,07

0,10

0,43

0,06

0,06

0,09

0,06

0,95

0,06

0,05

0,03

0,07

0,07

0,02

rea

196

371

184

154

301

271

211

234

295

198

181

210

283

219

211

225

227

350

196

209

200

240

176

235

275

338

205

224

202

276

209

160

212

240

253

301

253

174

D.P.P.

D.P.I.

9,0102041

12,250674

3,3206522

6,2727273

4,9066667

10,151292

5,7251

4,6923077

6,6904762

4,6313

5,2111111

4,1238095

6,0777385

4,4063927

4,7190476

3,125

7,8678414

11,312321

3,3333333

7,0191

3,09

6,5208333

2,7314286

5,1830

6,5510949

7,1513353

3,6926829

5,3125

5,4776119

5,6690909

6,492823

5,1188

6,8160377

6,3682008

5,5533597

7,08

3,173913

3,0402

V1

171

17

11

106

31

54

12

12

78

21

V2

45

15

13

46

22

33

40

71

10

16

19

108

182

40

43

33

27

35

17

11

112

33

18

67

29

16

V3

168

43

70

207

198

134

10

176

10

69

210

199

119

24

152

112

129

126

233

113

213

191

150

154

247

123

83

V4

17

16

32

13

12

21

39

11

64

187

31

60

11

31

48

51

78

31

63

35

29

94

V5

41

45

11

114

26

21

10

56

31

58

V6

69

122

84

53

111

75

68

92

114

81

75

74

107

87

82

82

91

98

56

61

77

104

77

71

104

117

77

80

64

86

81

64

65

88

84

120

120

71

V7

V8

Variveis

54

36

23

36

15

42

30

20

28

16

27

16

19

21

15

41

32

25

10

32

18

27

28

27

19

22

21

12

32

28

35

30

24

29

49

26

53

12

37

39

19

51

31

51

36

47

31

63

52

19

62

28

67

38

19

17

54

29

41

49

27

42

15

30

39

23

66

60

10

13

10

10

11

11

10

11

15

14

11

10

16

11

10

V9 V10 V11 V12

47

31

145

96

224

73

151

163

181

160

111

116

210

164

175

217

88

58

128

107

158

155

106

180

175

201

159

149

167

172

124

114

127

124

166

175

208

160

V13

14

19

42

17

25

45

68

17

18

55

15

28

19

60

12

12

22

34

29

23

10

47

18

18

35

V14

V15

25

14

10

18

19

16

17

12

10

19

16

11

10

14

10

14

12

11

13

12

19

18

12

13

V16

10

16

10

20

15

16

28

14

17

13

14

12

18

18

10

10

14

22

16

18

11

14

17

13

17

V17

146

308

301

158

443

239

198

315

306

286

249

293

419

321

327

376

235

330

336

183

352

333

313

286

302

350

323

308

259

372

258

203

202

251

312

321

507

323

V18

93

63

39

52

23

68

50

35

49

27

44

26

14

34

38

24

75

59

17

52

12

49

28

38

47

54

34

43

38

23

61

48

72

48

37

51

20

14

V19

15

10

56

24

49

21

32

47

30

52

63

68

85

65

61

105

28

36

95

25

113

25

92

50

36

36

67

44

72

61

45

14

29

30

70

41

134

93

V20

21

19

15

23

17

10

18

15

13

18

20

16

14

17

14

17

20

11

16

22

14

19

11

23

24

18

16

21

19

14

10

V21

-1,7327

-2,43693

0,7283

-0,02917

0,35867

-1,63826

0,45474

0,50945

-0,60255

0,32295

0,14659

0,48492

-1,08028

0,34635

0,31261

0,13459

-0,98319

-2,14422

-0,72064

-0,81060

-0,00726

-0,06596

0,79547

0,94350

-0,78887

-0,42231

0,8175

-0,08068

0,51496

-0,63392

0,1308

0,76072

-0,42419

-0,18035

0,65912

-0,27199

0,40327

-0,07649

Fator 1

-0,08663

0,48491

-0,26301

-1,0084

-0,15657

0,33293

-0,61837

-0,16847

-0,20453

-0,97280

-0,33066

0,21102

0,22603

-0,49906

-0,53926

1,38086

0,07414

1,02745

2,9905

-0,84945

-0,03331

-0,06478

0,35517

-0,58536

-0,40032

-0,14037

-0,02694

-0,05715

-0,15509

1,40224

-0,18907

-0,88675

-0,15843

-0,43352

-0,22286

-0,1362

0,76051

-0,63487

1,56024

1,04164

-0,60311

0,3637

-0,77369

1,02029

0,11544

-0,55545

0,32638

-0,82006

-0,19062

-0,94954

-0,96821

-0,60782

-0,49592

-1,19548

0,93224

0,85717

-1,76625

0,05829

-1,57895

0,13567

-1,09394

-0,18487

0,04308

0,36502

-0,74378

-0,31957

-0,49972

-0,91543

0,30914

-0,11232

0,69144

0,26483

-0,24335

0,33662

-1,35254

-1,60654

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,6027

0,0458

-0,6851

-0,1711

-0,2861

-0,5527

-0,77330

-0,6419

-0,3753

0,64680

-0,4555

-0,5898

0,9995

-0,0461

-0,0838

-1,1395

-0,8131

-0,5522

-1,245

0,84600

0,8531

-0,7701

-0,7847

-0,88050

0,4229

-0,5093

-0,7477

-0,2501

-0,5809

-0,5676

-0,9691

-0,44450

-0,7759

-0,3189

-0,8838

-0,6

-0,4719

1,62780

-0,22

-0,22

-0,21

-0,21

-0,21

-0,21

-0,21

-0,21

-0,21

-0,21

-0,21

-0,21

-0,21

-0,2

-0,2

-0,2

-0,2

-0,2

-0,19

-0,19

-0,19

-0,19

-0,18

-0,18

-0,18

-0,18

-0,18

-0,18

-0,18

-0,18

-0,18

-0,17

-0,17

-0,17

-0,17

-0,17

-0,17

-0,17

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060100196

230440070100223

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060119

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005080270

230440075130081

FORTALEZA

230440005070285

230440075130105

FORTALEZA

230440075130148

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100189

230440075130122

230440070100249

FORTALEZA

230440070100254

FORTALEZA

230440070100149

230440070100163

FORTALEZA

230440070100033

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060115

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005080251

230440070100134

FORTALEZA

230440005070288

230440070100118

MARACANAU

230765005000011

FORTALEZA

MARACANAU

230765005000010

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130266

230440070100069

FORTALEZA

230440070100073

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100164

230440075130118

FORTALEZA

230440070100156

230440070140022

FORTALEZA

230440070100083

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100051

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060146

230440070100194

FORTALEZA

230440060060136

230440070100244

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060008

FORTALEZA

230440005070739

230440060060118

n = 278

Municpio

GRUPO 5

Cod_setor

VILA PERY

PARANGABA

PARQUE SAO JOSE

BONSUCESSO

BONSUCESSO

CONJUNTO CEARA I

HENRIQUE JORGE

PARQUELANDIA

ALAGADICO

DEMOCRITO ROCHA

VILA PERY

GRANJA PORTUGAL

CONJUNTO CEARA II

GRANJA LISBOA

GRANJA LISBOA

GRANJA LISBOA

SIQUEIRA

SIQUEIRA

CANINDEZINHO

HENRIQUE JORGE

PARQUE ARAXA

MONTE CASTELO

NOVO MARACANAU

NOVO MARACANAU

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

VILA PERY

PARQUE SANTA ROSA (APOLO XI)

BONSUCESSO

GRANJA PORTUGAL

CONJUNTO CEARA II

CONJUNTO CEARA II

BOM JARDIM

CANINDEZINHO

JOAO XXIII

HENRIQUE JORGE

HENRIQUE JORGE

AUTRAN NUNES

JARDIM IRACEMA

Bairro

V. S. BAIXA

873

1020

751

788

631

864

1062

741

1100

845

520

975

832

1313

1111

1136

795

773

799

995

625

807

1119

1162

1103

1036

1011

828

911

794

1044

633

1001

851

741

1128

597

770

Populao

0,14

0,14

0,05

0,04

0,03

0,07

0,09

0,04

0,09

0,07

0,05

0,07

0,08

0,08

0,07

0,25

0,02

0,04

0,07

0,06

0,05

0,08

0,06

0,09

0,03

0,05

0,08

0,21

0,06

0,08

0,08

0,05

0,06

0,06

0,04

0,10

0,02

0,04

rea

218

240

185

183

177

211

276

186

268

210

136

231

196

320

279

282

183

168

184

271

151

208

254

260

267

242

233

219

215

197

252

153

237

194

188

249

149

195

D.P.P.

58

D.P.I.

7,0137615

8,0625

5,2757

5,5027322

5,1250

7,4170616

7,1775362

8,3064516

11,567164

7,9285714

7,2794

4,2838428

7,1683673

7,2697842

5,2624113

3,4754098

3,6011905

3,3423913

7,7121771

8,2119205

7,1078431

6,9603175

6,84375

5,0264151

5,5785124

4,7682403

4,8082192

4,7149533

7,2386

7,7408907

4,5817

5,8101266

6,1546392

6,8235

5,5823293

3,0939597

6,0621762

V1

13

42

158

88

65

12

73

26

V2

33

46

26

15

10

53

27

19

14

29

20

46

18

67

48

17

22

66

108

V3

137

87

184

172

176

255

53

47

182

95

148

148

109

170

259

29

159

220

59

40

148

141

187

122

117

V4

41

20

14

42

87

38

18

43

35

11

10

33

105

50

V5

14

146

18

158

35

V6

71

83

63

65

51

79

86

67

108

72

42

87

82

102

87

91

74

78

79

78

50

58

116

116

99

91

96

65

87

71

103

56

87

83

60

123

50

63

V7

V8

Variveis

29

41

32

34

26

36

29

45

42

29

24

16

35

13

11

12

17

39

43

36

27

33

16

28

21

20

21

21

29

33

28

34

25

16

20

35

19

28

25

37

15

15

15

10

53

13

30

26

42

55

43

57

21

15

23

48

33

36

45

44

22

15

35

25

22

15

31

59

12

11

16

10

10

12

16

12

12

V9 V10 V11 V12

129

63

128

138

126

93

149

74

29

109

64

157

103

221

207

233

162

148

117

160

65

126

119

127

155

132

148

130

156

117

126

101

148

117

133

154

115

129

V13

16

24

14

15

19

21

37

16

13

57

20

10

14

19

14

72

49

44

46

18

16

20

19

49

15

17

V14

V15

12

20

17

13

12

17

18

22

20

15

14

18

16

32

13

12

12

11

15

12

14

14

12

V16

12

10

15

11

11

13

11

10

24

13

19

12

12

12

14

22

V17

191

219

201

198

143

177

236

143

205

224

106

373

173

514

406

444

354

285

337

220

116

273

376

359

357

309

325

265

298

192

236

172

294

222

202

341

192

218

V18

56

69

53

59

36

62

62

74

76

45

39

31

61

22

25

15

15

25

21

67

80

70

45

51

32

45

44

33

31

42

62

57

41

53

47

36

28

56

V19

14

14

29

41

19

19

18

15

13

27

17

79

16

120

67

132

89

65

101

17

12

43

35

51

42

47

45

45

56

25

17

21

31

16

19

62

56

15

V20

21

13

17

22

24

22

10

15

14

15

11

11

17

11

10

15

14

13

18

11

20

19

14

18

16

25

13

18

14

21

17

13

V21

-0,08554

-0,94089

0,27712

0,21344

0,72557

-0,30384

-0,56992

-0,88376

-2,24369

-1,37661

-1,51336

0,56935

-0,80385

-0,82809

-1,05656

-0,50722

-0,57144

0,33334

-0,42269

-0,78959

-1,2365

-0,94296

-0,83097

-0,62528

0,48959

-0,16713

0,41171

0,35009

-0,18717

-0,43488

-0,66722

0,98486

-0,0199

0,13183

-0,85585

-0,00417

0,80082

-0,72879

Fator 1

-0,50479

-0,30938

-0,69167

-0,23474

-0,80697

-0,65863

0,07133

-0,50688

0,63611

-0,4333

-1,24997

0,09209

-0,67756

0,37216

0,2002

1,3407

1,03151

-0,59006

1,74048

0,21512

-0,47197

0,41829

-0,34597

0,03285

-0,35524

0,2465

0,17814

-0,42713

-0,11806

-1,20106

-0,33422

-1,10616

-0,44674

-0,28681

-0,67320

0,13043

-0,48331

0,16241

0,22007

0,89692

0,13299

0,16969

-0,31313

0,61615

0,40973

1,0988

1,33619

0,21716

-0,12260

-0,77536

0,58609

-0,76748

-0,69236

-1,26805

-1,46455

-0,90556

-1,70494

0,63444

1,33924

0,43035

-0,08968

0,26083

-0,68398

-0,18411

-0,40877

-0,68536

-0,65801

-0,08380

0,50167

0,01870

-0,05317

0,27946

-0,21994

-0,53485

-0,97123

0,20459

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,5746

-0,601

-0,65870

-1,0971

-0,54550

-0,6147

-0,8581

-0,6531

-0,6797

0,6813

1,97640

-0,8208

-0,0285

0,2956

0,623

-0,5045

0,0677

0,2272

-0,5466

-0,9793

-0,5706

-0,8061

0,392

-0,5591

-0,349

-0,7592

-1,0431

-0,1012

0,0654

0,82870

-0,3954

-0,77620

-0,3765

-1,0165

0,85960

-0,4669

-0,2458

-0,4985

-0,24

-0,24

-0,24

-0,24

-0,24

-0,24

-0,24

-0,24

-0,24

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,23

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

-0,22

IVS (Mdia)

Grupo

MARACANAU

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230765005000039

230765005000065

230440060060015

230440060100186

230440070100158

FORTALEZA

230440060100170

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060100154

230440075130135

FORTALEZA

230440060060139

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070737

FORTALEZA

CAUCAIA

230370917000024

230440070140006

MARACANAU

230765005000106

230440070100216

FORTALEZA

230440075130108

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130088

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140021

230440070100184

FORTALEZA

230440070100190

230440070100117

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100053

230440070100159

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060018

230440060100184

FORTALEZA

230440060060003

230440070100048

FORTALEZA

230440005070282

FORTALEZA

230440075130301

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440075130112

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440070140024

230770005000009

FORTALEZA

230440070100229

230770005000015

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005080266

230440070100153

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130140

FORTALEZA

230440075130107

230440075130153

n = 278

Municpio

GRUPO 5

Cod_setor

CONJUNTO CEARA II

CONJUNTO CEARA I

AUTRAN NUNES

ALTO DA MANGUEIRA

JEREISSATI SETOR A

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

CONJUNTO ESPERANCA

BONSUCESSO

GRANJA PORTUGAL

GRANJA LISBOA

CANINDEZINHO

GENIBAU

GENIBAU

GENIBAU

JOAO XXIII

JARDIM IRACEMA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

ARACUZINHO I

VILA PERY

PARANGABA

PARQUE SANTA ROSA (APOLO XI)

GRANJA PORTUGAL

CONJUNTO CEARA II

SIQUEIRA

AUTRAN NUNES

AUTRAN NUNES

ALAGADICO

NOVO MARANGUAPE I

PREGUICA

PAN AMERICANO

VILA PERY

PARQUE SANTA ROSA (APOLO XI)

BONSUCESSO

CONJUNTO CEARA II

PARQUELANDIA

DEMOCRITO ROCHA

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

VILA PERY

Bairro

V. S. BAIXA

1038

1039

798

811

1059

671

920

705

616

1079

1158

1203

822

961

869

736

834

1130

788

682

1035

900

1104

759

704

786

977

878

593

878

757

1093

642

1089

901

724

877

711

Populao

0,11

0,12

0,05

0,08

0,06

0,04

0,13

0,04

0,04

0,25

0,10

0,09

0,03

0,04

0,06

0,04

1,99

0,06

0,06

0,81

0,06

0,05

0,07

0,07

0,05

0,05

0,12

0,54

0,62

0,05

0,04

0,14

0,04

0,10

0,09

0,03

0,34

0,06

rea

236

244

190

188

258

162

256

172

149

264

299

297

195

238

218

188

215

277

181

195

242

214

258

170

171

162

258

203

147

215

184

264

173

252

241

174

216

175

D.P.P.

D.P.I.

7,7076271

7,442623

4,6894737

4,8716578

6,6666667

5,5220

7,2666667

5,6686047

3,5838926

6,7575758

5,3779264

5,5420875

3,8307692

4,7118644

5,9814815

6,5159574

5,8301887

6,2271062

6,2651934

7,5179487

4,9834025

5,1214953

7,9922481

3,7117647

4,9181287

4,2327044

11,286822

4,773399

4,7823

9,2511628

5,2253

4,9924242

4,8150289

8,2579365

11,427386

6,2011

8,1435185

7,0629

V1

11

32

55

71

14

14

103

12

32

14

V2

29

22

22

61

17

13

12

12

20

96

48

27

31

41

12

17

23

16

13

35

15

24

34

13

21

V3

130

184

91

148

126

141

16

153

215

18

70

174

241

203

156

149

110

90

97

122

261

172

116

173

V4

79

24

24

30

17

12

39

43

46

12

30

10

48

10

50

17

21

18

53

30

11

V5

11

51

50

74

13

V6

105

104

68

75

92

66

64

59

55

95

82

104

76

73

77

58

68

108

71

51

89

79

100

76

63

83

92

77

52

78

63

102

45

110

78

69

75

62

V7

V8

Variveis

32

29

22

27

23

29

30

31

15

20

18

19

15

25

27

13

21

33

25

17

13

31

19

17

11

38

23

33

45

29

17

24

31

41

22

37

22

11

15

33

34

14

27

19

22

37

22

35

36

43

54

34

19

35

26

18

27

42

36

11

47

29

34

42

31

26

35

42

13

13

22

15

11

12

10

10

11

14

13

14

10

V9 V10 V11 V12

122

137

129

140

178

101

140

112

114

176

216

194

144

189

133

109

124

172

109

110

178

154

127

146

121

126

44

116

98

71

125

178

116

119

42

105

103

111

V13

11

29

17

14

17

13

27

29

21

25

16

21

20

61

32

18

12

13

20

25

18

20

51

31

33

22

24

14

V14

V15

16

14

11

17

15

11

11

14

14

12

17

16

17

12

21

16

10

16

21

11

16

11

V16

16

15

10

12

12

11

13

16

18

15

11

16

12

13

13

18

11

12

11

10

V17

245

227

236

268

310

185

259

178

197

378

373

391

336

320

262

189

305

322

194

179

367

323

237

297

235

314

212

301

181

216

206

342

192

256

200

207

210

207

V18

52

45

33

43

46

49

44

49

25

41

34

27

16

27

31

47

21

38

58

46

37

27

68

30

31

19

64

43

49

74

45

30

38

53

76

55

62

36

V19

30

26

41

50

44

29

29

27

41

56

69

59

113

77

33

39

57

40

26

25

76

62

17

67

42

95

12

54

33

17

20

63

56

34

10

30

29

27

V20

10

15

21

10

19

10

15

17

17

13

11

12

12

17

10

17

22

16

16

15

17

14

13

18

23

20

12

21

10

15

10

V21

-1,03562

-1,0524

0,39268

0,58887

-0,87354

0,20783

-0,73878

-0,07222

0,05053

-0,32502

0,02915

-0,04094

-0,3008

-0,09189

0,15985

-0,40122

-0,91768

-0,21624

0,05641

-0,35589

0,38364

0,07258

-0,89578

0,29699

-0,23025

-0,50136

-2,27274

0,23866

0,48462

-1,40238

0,44961

0,08087

0,58262

-1,08918

-2,51529

-0,80349

-0,52193

-0,98347

Fator 1

-0,09163

-0,30549

-0,50784

-0,11138

-0,17113

-0,73781

0,15028

-0,71458

-0,83965

0,13713

-0,10753

-0,12357

0,61086

-0,57622

-0,32622

-0,00587

1,09933

-0,13666

-0,54149

-0,23894

0,21634

-0,38634

-0,19644

0,34737

-0,85018

0,01808

0,16514

-0,03261

-0,92265

0,00517

-0,72485

0,47482

-0,55543

-0,06137

0,18147

-0,69399

-0,42755

-0,79316

0,4272

0,2122

-0,52314

-0,41807

-0,15499

0,09043

0,11715

-0,21329

-1,12007

-0,20838

-0,60859

-0,57695

-1,44494

-0,93292

-0,26256

0,02632

-1,10849

-0,27025

0,22135

0,07843

-0,62528

-0,85339

0,64602

-0,87681

-0,80088

-1,45101

0,95874

-0,50689

-0,06523

1,11029

0,00876

-0,72704

-0,5208

0,46431

1,24292

-0,12910

0,61599

-0,25051

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,4178

0,035

-0,4631

-1,1378

0,1233

-0,65600

-0,6187

-0,0734

0,8252

-0,6894

-0,3881

-0,3518

0,0449

0,507

-0,6472

-0,6824

-0,1451

-0,4243

-0,7646

-0,5319

-1,0215

0,1312

-0,5998

-0,801

0,833

0,9076

0,0989

-0,7089

-0,47770

-0,7011

-0,71820

-0,8482

-0,4936

-0,2965

0,0842

0,66070

-0,6232

1,06380

-0,28

-0,28

-0,28

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,27

-0,26

-0,26

-0,26

-0,26

-0,26

-0,26

-0,26

-0,26

-0,26

-0,26

-0,25

-0,25

-0,25

-0,25

-0,25

-0,25

-0,25

-0,25

-0,24

-0,24

-0,24

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060016

230440060060109

230440070100043

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230440005080262

230440060060017

FORTALEZA

230440070140435

230440005080505

FORTALEZA

230440070140017

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060100180

230440070100104

230440005080265

FORTALEZA

230440060060022

230440005070550

MARACANAU

230765005000012

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130265

230440005070295

FORTALEZA

230440075130116

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130070

230440005060763

FORTALEZA

230440070100145

MARANGUAPE

FORTALEZA

230440060100181

230770005000016

FORTALEZA

230440060060054

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005080517

MARACANAU

MARACANAU

230765005000103

230765005000121

MARACANAU

230765005000037

230440075130115

FORTALEZA

MARACANAU

230440075130283

FORTALEZA

230440075130003

230765005000014

n = 278

Municpio

GRUPO 5

Cod_setor

AUTRAN NUNES

PARQUELANDIA

PRESIDENTE KENNEDY

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

ITAOCA

PARQUE PRESIDENTE VARGAS

BONSUCESSO

GRANJA PORTUGAL

CANINDEZINHO

DOM LUSTOSA

AUTRAN NUNES

AMADEO FURTADO

PARQUELANDIA

VILA ELLERY

MONTE CASTELO

JARDIM GUANABARA

NOVO MARANGUAPE I

DISTRITO INDUSTRIAL DO CEARA

VILA PERY

MONDUBIM (SEDE)

PARQUE SANTA ROSA (APOLO XI)

BOM JARDIM

GENIBAU

AUTRAN NUNES

NOVO MARACANAU

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

VILA PERY

PARANGABA

GRANJA LISBOA

GENIBAU

QUINTINO CUNHA

AMADEO FURTADO

NOVO ORIENTE

JEREISSATI SETOR B

NOVO MARACANAU

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

ITAOCA

Bairro

V. S. BAIXA

672

787

665

562

710

550

867

712

798

1418

781

748

687

709

783

601

668

739

967

718

1183

1055

969

935

804

1315

862

822

760

907

1010

1194

905

1171

1072

1175

627

1248

Populao

0,05

0,10

0,02

16,38

0,05

0,05

0,07

0,06

0,07

0,06

0,12

0,01

0,03

0,07

0,09

0,07

0,04

0,20

0,07

0,04

0,40

0,09

0,06

0,06

0,04

0,07

0,02

0,04

0,06

0,08

0,07

0,11

0,08

0,13

0,07

0,09

0,01

0,06

rea

165

190

159

114

151

145

202

164

200

342

194

160

169

180

194

140

160

157

228

192

317

264

229

234

173

287

212

186

186

201

261

290

225

248

245

267

152

311

D.P.P.

D.P.I.

4,9939

10,47619

4,5345912

2,245614

4,4133333

5,7655

4,1336634

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5,75

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7,0344828

8,76

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V1

81

11

82

19

10

10

13

11

92

V2

25

111

47

28

18

28

11

38

19

35

13

72

15

42

45

13

15

17

11

24

144

35

27

V3

61

51

47

111

141

184

163

149

147

141

70

55

27

129

88

247

236

204

146

80

11

80

48

159

34

57

106

V4

43

10

71

62

39

52

20

16

26

22

32

26

12

17

47

16

19

20

V5

38

33

16

29

32

11

V6

58

79

58

52

71

42

78

64

74

117

61

69

56

61

59

60

61

76

93

52

87

82

86

71

83

139

74

70

59

78

82

102

88

115

98

109

56

114

V7

V8

Variveis

12

41

20

13

19

25

19

30

27

28

34

48

30

48

29

14

37

25

21

14

13

16

14

23

18

24

35

17

21

24

38

23

21

22

15

26

51

45

70

38

25

36

26

24

25

18

54

20

14

22

31

14

29

23

24

45

34

76

14

51

26

18

26

33

14

14

24

26

21

49

10

12

12

12

10

13

11

12

V9 V10 V11 V12

99

30

113

70

109

98

151

97

138

243

109

121

87

57

98

43

97

125

124

123

125

169

166

166

130

143

174

131

104

149

167

168

77

148

171

133

106

55

V13

31

23

34

19

26

14

21

52

23

16

10

10

24

15

23

28

29

15

23

41

24

13

30

19

22

18

19

16

37

V14

V15

15

10

16

12

12

14

15

20

17

22

12

13

14

12

12

11

18

15

10

16

V16

12

24

10

15

14

10

12

14

14

11

12

11

11

10

27

V17

239

145

220

211

229

153

315

163

230

546

199

305

183

138

189

120

184

286

242

172

307

347

295

328

368

419

306

212

191

298

300

347

197

378

349

356

232

277

V18

18

73

34

28

31

30

27

51

45

14

49

14

51

80

55

89

46

31

55

48

39

30

31

24

17

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35

40

71

38

36

38

64

49

35

45

24

53

V19

73

11

49

56

46

22

72

21

23

69

27

85

41

12

42

13

32

49

40

22

44

45

62

60

98

52

63

29

26

51

44

40

53

48

55

63

20

V20

13

15

20

19

14

13

19

12

10

10

11

19

22

19

19

10

12

14

11

10

21

19

11

16

12

16

10

15

18

V21

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Fator 1

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Fator 3

Fatores
Fator 2

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Fator 4

-0,32

-0,32

-0,32

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,31

-0,3

-0,3

-0,30

-0,3

-0,3

-0,3

-0,3

-0,3

-0,29

-0,29

-0,29

-0,29

-0,29

-0,29

-0,29

-0,29

-0,28

-0,28

-0,28

-0,28

-0,28

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

MARANGUAPE

230440075130071

230440075130125

230440075130133

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230440075130121

230765005000042

230770005000001

CAUCAIA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005080506

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FORTALEZA

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FORTALEZA

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FORTALEZA

FORTALEZA

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230440070100197

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100188

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FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060145

230440060100155

FORTALEZA

230440060060038

230440060060090

FORTALEZA

CAUCAIA

MARANGUAPE

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FORTALEZA

FORTALEZA

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FORTALEZA

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FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100209

FORTALEZA

230440060060133

230440070140463

n = 278

Municpio

GRUPO 5

Cod_setor

BONSUCESSO

BONSUCESSO

GRANJA PORTUGAL

QUINTINO CUNHA

ANTONIO BEZERRA

AMADEO FURTADO

PRESIDENTE KENNEDY

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

DEMOCRITO ROCHA

CONJUNTO ESPERANCA

GRANJA PORTUGAL

CONJUNTO CEARA II

GENIBAU

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

QUINTINO CUNHA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

CENTRO

JEREISSATI SETOR A

VILA PERY

PARANGABA

CONJUNTO ESPERANCA

QUINTINO CUNHA

VILA VELHA

DEMOCRITO ROCHA

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

VILA PERY

PARANGABA

CONJUNTO ESPERANCA

GRANJA PORTUGAL

JOAO XXIII

ANTONIO BEZERRA

ALAGADICO

URUCARA

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

PARANGABA

MONDUBIM (SEDE)

GRANJA PORTUGAL

HENRIQUE JORGE

Bairro

V. S. BAIXA

694

909

810

1237

672

573

1218

656

682

846

725

830

786

966

551

912

587

982

691

635

927

1014

721

648

597

746

592

859

717

567

723

559

643

796

725

730

786

618

Populao

0,04

0,05

0,09

0,07

0,06

0,04

0,04

0,04

0,04

0,04

0,06

0,06

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0,04

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0,04

0,03

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0,07

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4,16

0,02

0,05

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rea

188

208

193

307

172

139

340

151

171

202

171

202

189

284

136

249

162

226

177

154

242

246

177

164

149

180

159

226

149

143

186

142

146

198

177

177

175

154

D.P.P.

D.P.I.

6,2234043

5,0865385

4,5906736

7,2084691

7,3662791

7,6444444

12,690265

4,3576159

6,5730994

7,009901

5,4561

7,4108911

5,2328042

10,158451

3,3382353

6,8835341

8,7037037

5,88

6,2711864

5,7532468

5,107438

7,6584362

5,8022599

4,2576687

7,033557

4,9611111

8,0251572

5,4159292

2,6241611

6,2447552

6,5891892

8,8439716

3,3904

4,1313131

7,0734463

5,0225989

4,1885714

6,1234

V1

17

16

36

17

62

59

43

V2

18

12

98

15

27

16

25

17

92

31

31

54

16

119

102

14

17

13

16

21

32

19

39

28

10

15

V3

183

189

81

117

69

28

20

138

99

34

46

98

85

91

60

35

163

158

22

139

132

168

33

24

113

176

125

V4

20

26

26

50

25

92

32

35

49

20

40

25

18

10

21

11

15

57

63

61

V5

V6

53

82

77

110

50

52

82

56

67

75

63

76

70

61

51

62

48

97

63

59

66

96

65

56

55

65

47

68

74

49

65

50

63

64

58

59

73

45

V7

V8

Variveis

27

14

20

13

31

29

13

13

24

31

19

34

16

24

12

43

25

27

32

12

17

20

20

28

19

38

19

13

34

20

47

21

13

29

16

18

18

13

39

37

15

16

17

32

19

21

13

34

42

30

23

19

20

55

10

25

32

16

38

12

31

52

11

24

47

52

14

46

53

20

10

10

12

14

10

10

V9 V10 V11 V12

124

156

123

150

94

72

29

124

101

97

113

106

138

68

101

149

52

143

99

101

188

111

96

126

89

132

66

154

143

83

110

35

120

150

96

127

128

98

V13

20

30

15

13

19

26

15

33

20

18

16

29

27

16

41

12

19

10

13

20

17

28

19

21

27

28

V14

V15

13

18

18

11

12

14

10

18

14

13

15

12

22

14

14

22

12

15

10

V16

12

11

12

17

12

14

21

10

15

13

10

10

10

11

19

13

10

V17

187

303

260

320

135

125

270

217

196

237

222

181

259

233

248

299

124

253

174

228

314

309

185

176

137

225

101

254

318

132

191

100

221

319

154

262

301

179

V18

42

25

31

24

49

48

33

29

40

50

35

58

26

45

22

68

43

48

48

21

39

29

36

44

33

65

28

24

56

32

71

30

19

60

32

30

33

V19

29

60

52

32

14

12

10

67

37

18

18

61

23

63

37

12

48

27

36

65

29

31

20

20

47

15

37

96

12

32

37

66

28

51

70

35

V20

15

12

16

16

13

15

13

19

14

18

11

11

14

12

14

14

16

13

19

15

18

14

11

10

21

12

18

17

17

V21

-0,40345

-0,21362

-0,00745

-1,02952

-0,25148

-0,38831

-2,84573

-0,29271

-0,25074

-0,6516

0,03172

-0,62682

0,10611

-1,69796

-0,30424

-0,55131

-1,92649

-0,26959

-0,43708

-0,3361

0,39905

-0,92235

-0,30979

0,27138

-0,54164

0,31802

-1,63466

-0,15272

0,43408

-0,74866

-0,62802

-1,22981

0,92835

0,45957

-0,60607

0,39357

0,52988

-0,66065

Fator 1

-0,59695

0,05675

-0,44257

0,89537

-0,71545

-0,65868

-0,22554

-0,63932

-0,48027

-0,40306

-0,95224

-0,51099

-0,70921

-0,12273

0,07582

-0,45951

-0,3533

-0,33304

-0,24701

-0,11854

-0,25941

0,61467

0,11481

-0,31174

-0,85645

-0,2474

0,01679

-0,62476

-0,65904

-0,60411

-0,33463

-0,48642

-0,66221

-0,10691

-0,63137

-0,81725

-0,23744

-1,15306

-0,14275

-1,00552

-0,72481

-0,58053

0,28214

0,25969

0,01557

-1,09156

-0,25741

0,126

-0,73571

0,37341

-0,7944

0,1106

-1,76761

-0,93875

0,72909

-0,28375

-0,05335

-0,20586

-1,1223

-0,27075

-0,43176

-0,50551

-0,0204

-0,78839

0,63683

-0,64187

-1,2719

0,14726

-0,36301

1,00394

-0,65708

-1,16582

0,25496

-0,97226

-0,86032

-0,67809

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,3031

-0,2926

-0,257

-0,7287

-0,7385

-0,6697

1,6008

0,5901

-0,4246

-0,4566

0,26610

-0,6339

-0,0199

0,2905

0,5878

0,5655

0,1782

-0,4706

-0,6323

-0,7175

-0,3809

-0,7858

-0,7179

-0,7615

0,097

-0,6005

-0,3544

0,1015

0,1818

-0,1326

-0,0022

-0,6247

-0,90710

-0,4517

-0,2788

0,1031

-0,7256

1,23140

-0,36

-0,36

-0,36

-0,36

-0,36

-0,36

-0,36

-0,36

-0,35

-0,35

-0,35

-0,35

-0,35

-0,35

-0,35

-0,35

-0,34

-0,34

-0,34

-0,34

-0,34

-0,34

-0,34

-0,33

-0,33

-0,33

-0,33

-0,33

-0,33

-0,33

-0,33

-0,33

-0,32

-0,32

-0,32

-0,32

-0,32

-0,32

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

MARANGUAPE

CAUCAIA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060129

230440070100177

230440075130152

230440075130159

230440005080261

230440060060029

230440060060116

230440070100038

230440070100242

230765005000043

230770005000002

230370917000098

230440060060033

230440060060065

FORTALEZA

230440070100135

230440070100049

FORTALEZA

230440060060122

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060117

230440060060114

FORTALEZA

230440005070529

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005060775

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060104

FORTALEZA

230440070100200

230440070140284

230440060060063

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100082

230440070100154

MARACANAU

FORTALEZA

230440060060095

230765005000074

FORTALEZA

230440005060762

230440070100225

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100034

230440070100054

FORTALEZA

230440060060081

230440070140026

CAUCAIA

FORTALEZA

230440005080504

FORTALEZA

230440075130109

230370917000062

n = 278

Municpio

GRUPO 5

Cod_setor

QUINTINO CUNHA

ANTONIO BEZERRA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

CENTRO

JEREISSATI SETOR A

BONSUCESSO

CANINDEZINHO

HENRIQUE JORGE

ANTONIO BEZERRA

PARQUELANDIA

DEMOCRITO ROCHA

DEMOCRITO ROCHA

GRANJA PORTUGAL

CANINDEZINHO

HENRIQUE JORGE

HENRIQUE JORGE

DOM LUSTOSA

QUINTINO CUNHA

PARQUE LUZARDO VIANA

BONSUCESSO

GRANJA LISBOA

HENRIQUE JORGE

HENRIQUE JORGE

PRESIDENTE KENNEDY

VILA VELHA

MANOEL SATIRO

GRANJA PORTUGAL

CONJUNTO CEARA II

BOM JARDIM

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

JARDIM GUANABARA

PARQUE PRESIDENTE VARGAS

SIQUEIRA

CANINDEZINHO

QUINTINO CUNHA

AMADEO FURTADO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

VILA PERY

Bairro

V. S. BAIXA

660

674

1205

605

901

727

694

599

682

706

624

487

922

939

714

774

1254

733

534

722

1140

707

1009

753

881

818

808

913

780

632

730

816

806

731

775

635

936

666

Populao

0,11

0,04

0,03

0,11

0,05

0,14

0,05

0,03

0,07

0,06

0,06

0,01

0,07

0,12

0,04

0,06

0,16

0,05

0,39

0,05

0,47

0,06

0,03

0,07

0,07

0,05

0,06

0,11

0,06

0,04

0,03

0,09

0,04

0,02

0,06

0,06

0,12

0,07

rea

152

155

402

161

228

176

163

154

159

181

131

126

215

214

155

189

372

168

122

165

283

186

240

185

213

188

189

212

175

153

166

194

194

165

205

160

241

155

D.P.P.

D.P.I.

4,6184211

4,1483871

9,7014925

6,7204969

6,8859649

4,8209877

6,2012987

5,8301887

10,08427

4,4351145

4,7539683

6,6930233

4,3380282

6,9741935

7,952381

8,8790323

2,7857143

3,9173554

5,9212121

7,4134276

7,1467391

5,6166667

7,4754098

9,0610329

5,8404255

4,5925926

7,3207547

5,4827586

6,0915033

6,4545455

5,6185567

3,4072165

3,4969697

5,9853659

9,51875

5,6639004

6,2142857

V1

18

75

62

37

152

15

13

22

99

V2

12

21

387

11

14

23

31

12

19

16

37

12

28

90

109

13

23

187

15

13

46

105

26

15

26

23

10

V3

132

13

159

155

107

119

40

82

168

192

96

188

167

104

110

159

56

42

159

87

89

157

129

150

142

90

V4

50

30

31

36

14

36

43

11

137

13

13

28

25

11

42

21

77

22

V5

34

31

20

12

19

21

19

54

V6

62

63

51

46

74

64

62

50

58

56

56

41

70

82

62

74

64

70

51

67

90

58

92

64

84

76

71

95

71

57

65

71

68

73

65

56

75

61

V7

V8

Variveis

10

10

14

36

18

15

17

27

16

30

18

20

20

16

24

33

13

19

28

11

27

12

27

20

24

15

24

22

12

23

17

12

22

35

21

22

43

36

18

36

31

21

19

30

25

27

38

15

10

54

29

21

26

15

36

16

24

46

29

15

18

35

51

52

16

17

10

10

10

10

10

11

V9 V10 V11 V12

118

109

139

95

142

106

112

95

102

48

71

97

128

176

92

96

140

143

82

86

171

99

173

80

68

106

144

103

112

100

101

154

174

131

148

50

202

96

V13

16

35

12

21

40

21

17

24

15

43

18

16

51

17

21

16

21

23

21

30

13

19

24

15

15

18

19

27

22

V14

V15

21

12

17

11

12

14

14

14

12

13

14

11

13

17

15

V16

13

16

11

11

17

10

12

15

11

19

12

V17

234

250

350

118

287

227

184

155

203

153

191

151

275

331

207

143

368

327

193

171

430

184

333

175

187

236

293

222

254

163

195

295

316

320

238

143

297

187

V18

22

17

21

56

33

25

37

36

29

53

31

33

35

31

50

53

25

33

45

21

50

22

47

39

40

23

49

39

26

40

26

18

12

42

58

35

33

V19

78

58

36

10

40

33

30

23

25

49

34

55

58

23

19

49

94

43

19

63

23

55

17

12

33

68

13

41

13

29

68

92

81

24

21

V20

12

13

14

13

17

16

17

15

14

17

21

14

10

12

15

15

11

13

14

13

16

10

16

12

V21

0,05333

-0,00143

-2,61855

-0,83136

-0,74807

0,36709

-0,08395

-0,66552

-0,03492

-1,70073

-0,03753

0,17892

-0,14179

0,33174

-0,24771

-1,08005

-1,56946

-0,72518

0,39197

-0,34651

-0,73942

-0,65512

-0,6407

-0,51789

-1,79518

-0,02111

0,28893

-1,05811

0,00651

-0,61197

-0,34951

-0,01111

0,13407

-0,11939

-0,86592

-1,78609

-0,14001

-0,43583

Fator 1

-0,10762

-0,47793

2,46111

-0,64381

-0,19131

-0,36201

-0,67182

-0,40864

-0,19894

0,13439

0,03698

-0,37559

-0,1216

0,07603

-0,44594

-0,06895

0,82719

2,09294

-0,13802

-0,65179

0,11962

0,01323

-0,1704

-0,37093

1,07691

-0,47568

-0,07308

-0,5349

-0,43615

-0,58563

0,13638

-0,10994

0,10119

0,79379

0,00096

-0,28701

-0,64696

-0,69209

-1,33284

-1,23979

-0,36193

0,40089

-0,37516

-0,88642

-0,77808

-0,2072

-0,67361

0,28258

-0,87372

-0,5953

-0,58163

-0,99195

-0,18066

0,23693

-0,67161

-1,8423

-0,80079

-0,08363

-0,79036

-0,08776

-0,90491

0,04655

0,09676

-0,33717

-0,95398

-0,16215

-0,53845

-0,79364

-0,22369

-0,82328

-1,32369

-1,71947

-0,2814

0,57587

-0,46404

-0,28274

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,2808

0,0571

-1,1693

-0,5791

-0,3295

-0,7697

-0,1024

-0,3445

-0,7315

-0,3753

-0,7211

-0,799

-0,743

-0,9996

-0,7189

-0,6693

-0,1717

-1,1427

-1,0062

-0,4623

-0,1469

-0,8486

0,1745

-0,7282

-0,9573

-0,6948

-0,7864

0,2366

-0,5359

0,4911

-1,0745

-0,5401

-0,3888

-0,451

-0,3194

0,0024

-0,2153

-0,0365

-0,42

-0,42

-0,42

-0,41

-0,41

-0,41

-0,41

-0,41

-0,41

-0,41

-0,4

-0,4

-0,4

-0,4

-0,4

-0,4

-0,4

-0,4

-0,39

-0,39

-0,39

-0,39

-0,39

-0,39

-0,39

-0,38

-0,38

-0,38

-0,38

-0,38

-0,38

-0,37

-0,37

-0,37

-0,37

-0,37

-0,37

-0,36

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100182

230440075130113

230440075130264

230440075130300

230440005070279

230440060060043

230440070100251

n = 130

Municpio

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

MARACANAU

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

GRUPO 6

Cod_setor

230440005070524

230440005070531

230440060060120

230440070100162

230440075130136

230440060060047

230440060060067

230440070100062

230440070100174

230440070140013

230440075130079

230440075130119

230765005000094

230765005000097

230440070100099

230440070100206

230440070140287

MARACANAU

FORTALEZA

230765005000122

FORTALEZA

230440070100108

230440070100173

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005060774

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130120

230440075130110

FORTALEZA

230440075130103

230440075130130

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100172

FORTALEZA

230440060100194

230440070100235

n = 278

Municpio

GRUPO 5

Cod_setor

MANOEL SATIRO

GRANJA PORTUGAL

BOM JARDIM

ALTO ALEGRE I

ALTO ALEGRE I

VILA PERY

PARANGABA

CONJUNTO ESPERANCA

CONJUNTO CEARA II

SIQUEIRA

QUINTINO CUNHA

ANTONIO BEZERRA

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

CONJUNTO CEARA II

HENRIQUE JORGE

PRESIDENTE KENNEDY

PRESIDENTE KENNEDY

Bairro

V. S. MUITO BAIXA

ALTO ALEGRE I

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

VILA PERY

BONSUCESSO

ANTONIO BEZERRA

ALAGADICO

PAN AMERICANO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

VILA PERY

GRANJA PORTUGAL

CONJUNTO CEARA II

BOM JARDIM

VILA VELHA

VILA PERY

PARANGABA

BONSUCESSO

CONJUNTO CEARA II

CONJUNTO CEARA I

Bairro

V. S. BAIXA

692

592

782

572

659

652

983

732

855

486

636

765

615

827

681

754

565

Populao

643

643

642

570

617

823

499

823

558

544

887

714

827

633

637

696

982

793

Populao

0,06

0,05

0,07

0,34

0,19

0,06

0,08

0,03

0,05

0,12

0,06

0,04

0,05

0,06

0,07

0,03

0,02

rea

0,16

0,08

0,08

0,04

0,06

0,05

0,04

0,02

0,03

0,03

0,06

0,06

0,07

0,06

0,05

0,03

0,06

0,24

rea

166

124

179

131

170

170

287

169

205

109

140

184

157

191

176

184

125

D.P.P.

155

180

159

132

156

207

135

186

128

116

214

154

183

149

154

173

237

196

D.P.P.

D.P.I.

D.P.I.

6,3614458

2,6854839

4,9662921

3,6769231

3,7058824

7,2411765

10,324042

4,0532544

7,6292683

3,6146789

3,3928571

7,0655738

7,6078431

6,9895288

6,8295455

6,3913043

5,456

V1

4,0516129

8,8

6,7044025

6,1439394

5,4102564

12,004831

7,0222222

5,1075269

6,0234375

4,1724

6,8497653

4,1818182

8,9553073

6,4295302

7,5649351

6,1511628

6,6793249

7,7193878

V1

107

78

118

10

17

V2

80

18

22

14

V2

16

25

170

27

13

20

27

36

17

33

14

V3

133

97

22

18

31

125

16

19

21

12

V3

74

146

106

132

99

23

88

94

126

140

72

175

V4

132

116

29

71

52

67

68

134

64

75

10

150

10

V4

61

18

28

156

10

17

55

51

13

11

34

V5

145

14

43

24

11

61

22

V5

78

58

38

V6

33

V6

56

63

80

53

52

46

62

67

75

52

58

61

51

78

50

64

45

V7

57

40

54

50

51

76

37

78

48

45

83

73

84

59

64

64

94

61

V7

V8

V8

Variveis

10

11

10

Variveis

33

11

19

16

25

17

31

12

28

13

39

12

17

22

12

20

13

14

20

25

11

20

15

11

28

22

27

20

22

21

17

52

28

38

48

10

48

44

47

18

15

15

23

10

11

10

10

V9 V10 V11 V12

15

19

25

23

34

29

11

17

23

12

29

32

27

19

19

23

V9 V10 V11 V12

97

84

120

101

141

81

47

110

121

83

114

99

59

117

106

113

88

V13

107

63

81

88

99

20

74

134

75

78

151

138

44

86

52

101

120

102

V13

13

32

32

23

21

29

35

12

20

13

12

10

14

V14

34

24

16

27

24

12

14

26

11

V14

V15

V15

15

13

10

11

15

10

12

V16

10

10

15

13

10

11

13

14

11

11

12

V16

14

17

12

12

V17

11

10

10

10

V17

188

251

265

233

261

173

260

257

216

199

221

168

140

193

185

218

175

V18

254

163

158

141

167

182

125

271

159

185

228

262

176

162

156

168

248

196

V18

36

26

22

33

41

17

40

28

15

43

47

48

33

43

31

V19

16

28

33

43

36

55

49

27

26

13

40

20

51

48

47

33

38

37

V19

23

80

36

64

85

21

24

61

29

59

58

15

16

19

29

22

36

V20

55

13

11

16

23

13

17

53

14

51

22

82

15

18

13

26

15

26

V20

14

15

11

14

15

19

11

17

12

16

V21

10

15

18

14

14

10

12

10

16

10

V21

-0,29048

-0,40293

0,21422

0,15802

-0,32446

-1,05134

-2,02988

0,58377

-0,74227

0,75656

-0,03857

-0,68657

-1,50204

-1,01474

-0,01012

-0,69741

0,09258

Fator 1

-0,5427

-1,55144

-0,26466

0,01051

0,05073

-2,0714

-1,05937

-0,17378

-0,83891

-0,43572

-0,79352

0,22998

-1,82756

-0,63064

-0,44641

-0,18928

-1,18101

-1,12154

Fator 1

-1,52186

-0,4786

-0,45566

-0,26315

-0,65868

0,69908

-0,10314

-0,92019

-0,68155

-1,53534

-0,19276

-1,34446

0,28087

-0,00034

-0,00086

-0,50887

-0,53365

-0,18896

-0,65989

0,97035

-0,27012

0,03774

1,28881

-0,37339

0,77032

-0,49144

-0,31266

-0,57842

0,73682

-0,10127

-0,29754

-0,24894

-0,44296

-0,33574

-0,62295

Fator 2

-0,54682

-2,02562

-0,99223

-1,36286

-1,78859

-0,31988

0,0981

-1,2597

-0,21843

-1,23158

-1,58339

-0,38021

-0,19791

0,06912

-0,44106

-0,38705

-0,5475

Fator 3

Fatores

1,55539

-0,322

-0,79598

-0,93471

-0,46956

0,12492

-0,43703

-0,40542

-0,92266

-1,30682

-0,29915

0,29302

0,72469

-0,27699

-0,50791

-0,36303

-0,65338

-0,43694

Fator 3

Fatores
Fator 2

-0,3837

-0,4226

-0,828

-0,6804

-1,0078

-0,1046

-0,6831

-0,6552

-0,5762

-0,8015

-0,962

-0,6701

0,1936

-0,6132

-0,9165

-0,3844

-0,706

Fator 4

-1,2422

0,5861

-0,2296

-0,5845

-0,6872

-0,5238

-0,1131

-0,2337

0,7346

1,56010

-0,4345

-0,8901

-0,9143

-0,7753

-0,7283

-0,636

0,7056

0,0582

Fator 4

-0,47

-0,47

-0,47

-0,46

-0,46

-0,46

-0,46

-0,46

-0,46

-0,46

-0,46

-0,46

-0,45

-0,45

-0,45

-0,45

-0,45

IVS (Mdia)

-0,44

-0,44

-0,44

-0,44

-0,44

-0,44

-0,43

-0,43

-0,43

-0,43

-0,43

-0,43

-0,43

-0,42

-0,42

-0,42

-0,42

-0,42

IVS (Mdia)

Grupo

Grupo

FORTALEZA

MARACANAU

MARANGUAPE

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230770005000018

230440005070709

230440070100050

230440070100202

FORTALEZA

230765005000040

FORTALEZA

230440075130124

230440070100106

230440070140264

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070281

FORTALEZA

CAUCAIA

230370917000092

230440070140266

CAUCAIA

230370917000056

230440070140003

MARACANAU

230765005000044

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130090

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100102

FORTALEZA

230440075130075

230440075130085

230440060060143

FORTALEZA

230440070100100

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100085

MARACANAU

PACATUBA

230970605000012

230440005070038

FORTALEZA

230440075130084

230765005000045

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100144

230440070100217

FORTALEZA

MARANGUAPE

230770005000035

230440005070544

FORTALEZA

230440075130068

230440060060073

FORTALEZA

230440070140431

FORTALEZA

230440070100236

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005070039

MARACANAU

MARACANAU

230765005000078

230765005000041

FORTALEZA

230440075130114

230440070140010

n = 130

Municpio

GRUPO 6

Cod_setor

GRANJA PORTUGAL

CANINDEZINHO

FLORESTA

NOVO MARANGUAPE I

JEREISSATI SETOR A

MANOEL SATIRO

BOM JARDIM

VILA PERY

MANOEL SATIRO

CONJUNTO ESPERANCA

BOM JARDIM

JOAO XXIII

FARIAS BRITO

JEREISSATI SETOR A

QUINTINO CUNHA

VILA ELLERY

ALAGADICO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

JEREISSATI SETOR A

PARANGABA

PARANGABA

PARANGABA

BOM JARDIM

BOM JARDIM

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PARANGABA

BONSUCESSO

GRANJA LISBOA

PARQUE IRACEMA

PARANGABA

MONDUBIM (SEDE)

JEREISSATI SETOR A

CONJUNTO ESPERANCA

BONSUCESSO

FARIAS BRITO

MUCUNA

VILA PERY

Bairro

V. S. MUITO BAIXA

575

797

498

614

755

728

529

669

635

713

638

650

474

784

858

416

679

565

1062

814

705

418

537

564

613

385

690

543

633

692

575

843

888

710

739

584

486

698

Populao

0,04

0,07

0,01

0,03

0,04

0,06

0,03

0,03

0,04

0,04

0,04

0,10

0,06

0,04

0,02

0,02

0,09

0,05

0,04

0,05

0,07

0,06

0,01

0,05

0,05

14,18

0,03

0,04

0,04

0,48

0,06

0,04

0,05

0,03

0,03

0,09

4,54

0,04

rea

141

187

102

128

183

163

119

157

153

183

148

147

117

186

197

95

185

118

351

194

192

112

110

130

163

70

164

126

139

175

158

216

210

182

184

153

97

166

D.P.P.

D.P.I.

4,5106383

6,8548387

4,0098039

3,921875

6,4043716

5,7658228

3,9915966

5,477707

6,2026144

6,3516484

4,7162162

6,2857143

9,3846154

6,7795699

4,6822917

7,0526316

11,248649

4,4830508

10,228571

7,1958763

7,3020833

6,0267857

3,3727273

5,2923077

4,8404908

1,173913

6,2195122

5,872

3,9565

7,3142857

7,1082803

4,3564815

6,7607656

8,3701657

5,7759563

9,372549

3,75

5,5963855

V1

31

30

51

303

36

61

V2

14

20

13

11

19

16

51

14

29

60

22

11

13

16

48

37

12

96

V3

36

37

116

91

122

153

135

95

28

13

103

50

126

162

23

21

124

92

12

130

151

18

77

14

V4

31

24

15

30

18

18

81

24

36

57

38

20

35

30

25

25

V5

33

49

17

18

V6

51

72

54

71

66

68

43

61

55

52

58

64

38

65

74

35

49

57

44

69

54

31

53

56

40

41

58

45

59

61

40

67

82

50

58

44

48

58

V7

V8

Variveis

13

15

10

11

19

15

13

21

18

24

10

19

26

18

29

24

14

15

22

12

20

15

12

17

20

10

16

21

14

17

17

32

13

25

26

10

30

28

13

29

36

19

15

12

40

14

15

36

29

13

20

18

42

11

31

48

15

20

21

14

14

37

22

23

27

12

10

V9 V10 V11 V12

105

100

87

92

107

91

78

99

88

121

97

91

39

100

177

44

23

88

136

122

99

63

97

83

124

53

101

61

111

94

100

174

123

69

116

56

78

83

V13

22

21

24

34

10

28

11

17

16

11

15

18

15

24

15

15

19

13

16

17

13

25

31

35

30

12

V14

V15

10

16

14

10

13

12

10

10

19

V16

10

13

11

12

11

16

10

13

V17

199

249

164

208

220

217

190

177

202

186

233

166

101

236

330

93

138

197

317

241

191

109

178

172

188

157

177

145

235

228

165

323

252

167

189

126

208

178

V18

18

27

19

21

33

30

20

36

28

39

20

34

43

29

19

48

41

16

10

30

29

45

26

33

23

18

29

31

21

21

32

30

34

34

55

16

47

V19

32

33

31

52

23

28

55

33

33

19

57

22

28

59

15

11

45

34

31

26

11

44

34

25

50

19

18

50

42

30

63

32

23

47

28

V20

11

13

10

10

12

13

12

11

12

14

11

10

12

16

12

12

11

10

13

11

10

11

12

11

V21

-0,25514

-0,91229

-0,26612

0,29249

-0,66231

-0,27643

0,29248

-0,18196

-0,16266

-0,60464

0,04475

-0,60261

-1,83367

-0,91545

-0,01592

-0,58773

-2,36733

-0,14816

-3,38384

-0,69531

-0,90592

-0,38493

0,63049

-0,34112

-0,02085

0,55657

-0,72507

0,08511

-0,16364

-1,18562

-0,65755

-0,20671

-0,50559

-0,92647

-0,03491

-1,46792

-0,16146

-0,74425

Fator 1

-0,47542

-0,2857

-0,58577

-0,49976

-0,35511

-0,38058

-0,40307

-0,45804

-0,3581

-0,47326

-0,28297

-0,2808

-0,46011

-0,30809

-0,22097

-0,74325

0,14594

-0,19648

2,36993

-0,23401

0,2945

-1,01421

-1,11185

-0,44332

0,04776

-0,57872

-0,55165

-0,78316

-0,70553

-0,31286

-0,12117

0,32912

-0,17238

-0,69781

-0,42651

-0,30914

-0,23999

-0,72883

-1,06925

-0,7229

-1,28877

-1,1713

-0,66074

-0,85752

-1,27232

-0,66317

-0,77387

-0,41265

-1,25649

-0,66527

0,08037

-0,62151

-1,26925

-0,02842

-0,01941

-1,47638

-1,05573

-0,57032

-0,69997

-0,54809

-1,12856

-0,70216

-1,0558

-1,7407

-0,6724

-0,50902

-1,45220

-0,70904

-0,57865

-1,58385

-0,6705

-0,33972

-0,63532

0,46056

-1,23733

-0,37278

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,3905

-0,2618

-0,0596

-0,7735

-0,4832

-0,6281

-0,777

-0,7977

-0,8233

-0,6313

-0,6179

-0,5633

0,0764

-0,2518

-0,5731

-0,7384

0,1759

-0,2568

-0,014

-0,5326

-0,737

-0,1123

-0,4396

-0,5411

-1,022

-0,2546

-0,0375

-0,8061

0,34100

0,2327

-0,5997

-0,517

-0,5555

0,0594

-0,812

-0,5998

-0,2487

-0,0175

-0,55

-0,55

-0,55

-0,54

-0,54

-0,54

-0,54

-0,53

-0,53

-0,53

-0,53

-0,53

-0,53

-0,52

-0,52

-0,52

-0,52

-0,52

-0,52

-0,51

-0,51

-0,51

-0,51

-0,51

-0,51

-0,5

-0,5

-0,5

-0,50

-0,49

-0,49

-0,49

-0,48

-0,48

-0,48

-0,48

-0,47

-0,47

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130310

230440070140008

230440070100170

230440060060064

230440060060069

230440070100185

230440070100245

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

230440005060778

230440060060002

230440070100183

230440070140278

230440075130074

230765005000112

FORTALEZA

230440005070274

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140282

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100246

MARANGUAPE

230770005000004

230440005060777

230440075130134

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140293

230440070140433

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100181

230440070100204

230440070100171

FORTALEZA

230440070100136

230440075130129

FORTALEZA

230440070100078

FORTALEZA

FORTALEZA

MARANGUAPE

MARACANAU

230765005000015

230440005060776

230440060060087

FORTALEZA

230440075130149

230770005000007

FORTALEZA

230440070140426

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140296

MARACANAU

FORTALEZA

230440070140277

230440070140007

MARACANAU

230765005000013

230765005000084

n = 130

Municpio

GRUPO 6

Cod_setor

ESPLANADA DO MONDUBINHO

PARANGABA

MANOEL SATIRO

GRANJA PORTUGAL

AUTRAN NUNES

VILA VELHA

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

BONSUCESSO

ALAGADICO

MANOEL SATIRO

VILA VELHA

CENTRO

MONDUBIM (SEDE)

MANOEL SATIRO

JOQUEI CLUB (SAO CRISTOVAO)

CONJUNTO CEARA II

QUINTINO CUNHA

PIRAPORA

ALTO ALEGRE

CONJUNTO ESPERANCA

BONSUCESSO

GRANJA PORTUGAL

QUINTINO CUNHA

QUINTINO CUNHA

CONJUNTO CEARA II

CONJUNTO ESPERANCA

BELA VISTA

GRANJA PORTUGAL

GRANJA PORTUGAL

GRANJA LISBOA

BOM JARDIM

VILA VELHA

DISTRITO INDUSTRIAL DO CEARA

DEMOCRITO ROCHA

MONDUBIM (SEDE)

MARAPONGA

MANOEL SATIRO

NOVO MARACANAU

Bairro

V. S. MUITO BAIXA

535

510

821

451

453

667

419

362

356

472

695

402

653

535

512

596

201

381

378

668

350

433

379

409

567

718

625

293

477

888

534

759

713

614

666

664

787

947

Populao

0,78

0,09

0,02

0,03

0,03

0,06

0,02

0,02

0,23

0,02

0,05

0,22

0,23

0,01

0,03

0,05

0,01

0,76

0,62

0,05

0,01

0,01

0,47

0,02

0,05

0,03

0,04

0,02

0,06

0,18

0,01

0,05

0,24

0,05

0,01

0,42

0,02

0,04

rea

133

113

233

115

114

163

108

83

79

108

158

116

175

114

124

144

48

115

91

174

75

104

85

95

134

185

157

72

123

210

123

164

181

155

196

175

216

215

D.P.P.

D.P.I.

6,5413534

7,8053097

8,2995595

4,6347826

4,4779

9,4753086

5,4392523

3,3292683

10,708861

5,9537037

10,151899

7,5258621

4,8857143

3,9736842

6,7317073

8,0347222

2,8958

6,9826087

4,2197802

8,2774566

2,9038462

3,3690

2,3157895

6,4772727

8,7621622

8,4394904

4,0000

3,9918699

9,1714286

2,7479675

9,5609756

6,9889503

8,0064516

6,3128

8,3142857

7,9074074

6,8685446

V1

13

68

129

50

25

69

60

83

10

V2

25

26

13

16

125

23

10

128

40

11

43

25

85

22

13

20

125

25

V3

102

43

15

100

38

64

43

124

74

31

75

69

70

70

87

41

52

108

102

127

17

V4

16

26

29

21

24

53

18

35

22

29

37

12

31

33

42

V5

28

21

51

17

94

32

10

V6

47

50

58

40

36

59

33

32

35

40

75

27

50

55

48

61

17

18

31

55

34

41

32

36

51

63

58

23

37

79

44

82

61

55

37

63

56

88

V7

V8

Variveis

13

20

12

14

22

12

10

21

10

17

10

18

14

17

11

11

20

16

17

14

17

16

21

19

13

14

18

29

32

19

36

19

30

28

19

17

21

15

21

27

35

26

42

11

16

32

48

10

18

11

18

V9 V10 V11 V12

84

54

114

89

103

51

79

65

16

72

42

64

133

92

65

89

42

68

57

81

61

80

61

76

90

80

70

43

90

71

103

47

112

71

144

71

129

112

V13

21

15

11

12

18

10

21

10

17

20

16

19

25

13

13

13

10

31

12

19

V14

V15

10

10

11

V16

10

11

13

10

15

13

18

V17

155

148

214

154

128

161

114

139

140

138

175

80

234

181

136

166

86

97

143

165

117

141

152

165

118

176

180

102

144

255

182

184

184

130

251

152

213

313

V18

20

31

13

10

25

22

40

19

24

36

13

19

32

20

30

22

35

18

16

10

35

24

29

21

34

17

31

47

40

26

21

28

V19

37

12

19

34

36

19

23

39

26

17

14

37

22

19

19

28

31

13

39

37

42

46

20

26

49

17

50

18

65

11

28

31

V20

11

10

13

13

12

10

12

11

V21

-0,57143

-1,2326

-1,29475

-0,50282

-0,41414

-1,90445

-0,23197

-0,33014

-1,72299

-0,22617

-1,95724

-1,21581

-0,98767

-0,04513

-0,69317

-0,66905

-0,77287

-0,77189

-0,37118

-1,23831

0,22841

0,26433

-0,30059

-0,01113

-0,59852

-1,66472

-0,87073

-0,90910

0,22212

-1,47723

0,66222

-1,97101

-0,9247

-1,39765

-1,08446

-1,57824

-1,39014

-0,91531

Fator 1

-0,18278

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-0,00366

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-0,57424

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-0,08449

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0,77107

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1,18534

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-0,40297

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-1,40657

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-0,09992

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-0,90439

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0,1058

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0,75293

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-0,32831

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-0,00975

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-0,59333

-0,9062

-1,64958

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-0,66492

-1,08421

-1,85504

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-1,08023

-0,56639

-0,50643

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-1,37737

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-0,77742

-2,06026

-0,86524

-1,34395

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-1,54647

-1,50897

-1,96911

-1,99047

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-0,55078

-0,5378

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-0,41633

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-0,29407

-0,41887

-0,40494

-1,39534

-0,68563

-0,68318

-0,79199

Fator 3

Fatores
Fator 2

Fator 4

-0,8162

-0,7349

-0,4757

-0,0533

0,12360

-0,8243

-0,7615

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-0,6041

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-0,6627

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1,72430

0,1016

-0,6646

-0,5709

-0,9665

-0,6896

0,58320

-0,9596

-0,6471

0,0937

-0,6647

1,19930

-0,7526

-0,5448

-0,7986

-0,8095

-0,6337

-0,1192

0,77700

0,3145

0,0935

-0,4932

-0,67

-0,67

-0,67

-0,67

-0,67

-0,67

-0,66

-0,66

-0,66

-0,65

-0,65

-0,64

-0,64

-0,64

-0,63

-0,63

-0,63

-0,62

-0,62

-0,62

-0,62

-0,62

-0,61

-0,61

-0,6

-0,59

-0,58

-0,58

-0,58

-0,58

-0,58

-0,58

-0,57

-0,56

-0,56

-0,56

-0,56

-0,55

IVS (Mdia)

Grupo

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

CAUCAIA

FORTALEZA

FORTALEZA

230440060060039

230440070100221

230440070140011

230440070140275

230440070140292

230440075130102

230440075130127

230370917000059

230440060060037

230440070140281

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

FORTALEZA

MARACANAU

CAUCAIA

230440005070543

230440005070525

230440005070541

230440005080516

230765005000075

230370905000057

FORTALEZA

230765005000017

230440075130089

n = 934

FORTALEZA

MARACANAU

230440060060098

FORTALEZA

FORTALEZA

230440005080518

230440075130082

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100090

230440075130087

230440070100070

FORTALEZA

230440005070273

230440005070526

CAUCAIA

FORTALEZA

230370917000058

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070140295

230440070140464

CAUCAIA

CAUCAIA

230370917000057

FORTALEZA

FORTALEZA

230440075130287

230370917000031

FORTALEZA

230440075130281

230440005070738

FORTALEZA

FORTALEZA

230440070100087

MARANGUAPE

230770005000039

230440070140009

n = 130

Municpio

GRUPO 6

Cod_setor

PARANGABA

DISTRITO INDUSTRIAL DO CEARA

PADRE ANDRADE (CACHOEIRINHA)

PRESIDENTE KENNEDY

SIQUEIRA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PAU SERRADO

AMADEO FURTADO

PRESIDENTE KENNEDY

PRESIDENTE KENNEDY

PRESIDENTE KENNEDY

PARANGABA

AMADEO FURTADO

PARANGABA

BOM JARDIM

ALAGADICO

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

MONDUBIM (SEDE)

MANOEL SATIRO

JARDIM IRACEMA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

MANOEL SATIRO

ANTONIO BEZERRA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

VILA PERY

PARANGABA

MANOEL SATIRO

MANOEL SATIRO

CONJUNTO ESPERANCA

BONSUCESSO

ANTONIO BEZERRA

NAO EXISTE NAO IDENTIFICADO

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

PICI (PARQUE UNIVERSITARIO)

CONJUNTO ESPERANCA

BOM JARDIM

CONEGO RAIMUNDO PINTO

Bairro

V. S. MUITO BAIXA

991162

42

44

175

271

582

545

241

230

251

198

311

382

334

328

540

408

638

471

934

428

301

336

441

558

875

457

856

405

721

830

422

615

585

520

725

452

471

Populao

16

11

32

59

173

205

51

56

67

53

69

97

66

98

165

83

212

107

316

105

60

78

103

132

295

118

254

99

196

267

108

215

129

116

183

108

109

D.P.P.

412,94 238599

0,02

9,75

0,00

0,01

0,03

0,05

1,42

0,01

0,01

0,01

0,05

0,05

0,01

0,03

0,06

0,03

0,01

0,23

0,12

0,04

0,02

0,01

0,05

0,31

0,10

0,04

0,03

0,02

0,04

0,01

0,06

0,01

0,07

0,18

0,03

0,02

0,47

rea

955

D.P.I.

6,25

2,6364

3,96875

6,9491525

9,3236994

11,887255

3,6862745

4,9821429

6,5223881

7,4528302

8,2173913

7,4123711

5,6515152

11,153061

8,5398773

6,6626506

9,8349057

7,1509434

10,098101

7,2285714

3,7833

3,1666667

7,0392157

6,8409091

10,349153

7,4576271

9,2687747

4,2989691

8,5309278

10,059925

7,411215

10,195349

12,317829

4,4173913

8,5337079

5,0833333

3,587156

V1

18

20

81

54

15

85

V2

42

25

19

11

15

54

19

46

12

11

V3

12

31

12

33

14

164

102

17

36

76

128

58

101

87

89

11

45

77

90

V4

11

14

14

11

15

15

17

17

V5

12

10

V6

19

22

27

11

26

23

18

14

30

29

40

21

28

46

26

48

38

34

31

32

37

52

39

38

46

40

54

42

36

25

65

48

62

38

40

V7

Variveis

10

12

11

11

11

12

14

17

15

18

13

11

11

16

16

13

11

11

14

28

12

24

20

25

33

V9 V10 V11 V12

Fonte: dados da pesquisa.

V8

11

11

28

19

14

32

26

12

29

10

14

15

11

21

V14

V15

V16

10

V17

12

22

55

81

198

142

98

67

64

43

68

90

97

90

177

143

192

130

238

98

125

123

131

161

239

123

270

158

155

242

112

160

100

175

174

150

138

V18

11

12

10

12

16

19

20

21

19

14

16

11

19

11

19

15

14

22

27

26

34

12

26

17

19

V19

11

12

10

11

12

23

14

12

15

13

19

24

18

27

12

24

22

19

15

19

21

26

36

10

21

13

21

32

17

34

20

V20

11

V21

-0,76395

-0,65114

-0,50469

-1,08677

-1,53951

-2,115

-0,28897

-0,58165

-0,72317

-0,78158

-1,26592

-1,10818

-0,52476

-2,5678

-1,29171

-0,83742

-1,53328

-0,97836

-1,74396

-0,9029

-0,69049

0,11659

-0,66778

-1,16002

-1,6424

-1,07992

-1,55695

-0,67794

-1,31374

-1,97969

-1,10522

-2,11803

-2,32632

-0,42108

-1,20346

-0,12823

0,28327

Fator 1

-0,89775

-1,42877

-0,76968

-0,49544

-0,12892

-0,08287

-0,53704

-0,56505

-0,70381

-0,70415

-0,47688

-0,4012

-0,69971

0,20045

-0,171

-0,50311

0,08858

-0,22055

0,17308

-0,29987

-1,24723

-0,60731

-0,28981

0,28152

0,23199

-0,17064

0,08099

-0,16525

-0,20472

-0,00254

-0,19265

-0,22668

0,20505

-0,51341

-0,27178

-0,63722

-0,64792

-1,68543

-2,33410

-1,71504

-1,32249

-1,34831

-0,9352

-1,84033

-1,60346

-1,39798

-1,21556

-0,97888

-1,03699

-1,22435

-1,12007

-1,2426

-1,16304

-1,08574

-1,22255

-1,03317

-1,04232

-1,90419

-1,62889

-1,18114

-1,29673

-1,04733

-0,91909

-1,18576

-1,80466

-0,69786

-1,15118

-0,77521

-1,10124

-0,26626

-1,48054

-0,72252

-1,27003

-1,47046

Fator 3

Fatores
Fator 2

Obs.: D.P.P = Domiclios Particulares Permanentes; D.P.I. = Domiclios Particulares Improvisados.

13

23

30

77

29

37

37

40

36

24

47

43

10

78

59

72

60

81

55

51

58

64

48

81

67

80

86

70

93

71

74

12

87

56

98

76

V13

Fator 4

-0,6994

0,65190

-0,7184

-0,6789

-0,5366

-0,3451

-0,7932

-0,6791

-0,6254

-0,7477

-0,6326

-0,6804

-0,743

0,3207

-0,4156

-0,621

-0,5514

-0,6047

-0,4222

-0,7884

0,81580

-0,7903

-0,7959

-0,7436

-0,4237

-0,7282

-0,1689

-0,1778

-0,6063

0,2759

-0,7668

0,597

-0,3928

-0,3756

-0,5868

-0,7241

-0,8699

-1,01

-0,94

-0,93

-0,9

-0,89

-0,87

-0,86

-0,86

-0,86

-0,86

-0,84

-0,81

-0,8

-0,79

-0,78

-0,78

-0,77

-0,76

-0,76

-0,76

-0,76

-0,73

-0,73

-0,73

-0,72

-0,72

-0,71

-0,71

-0,71

-0,71

-0,71

-0,71

-0,7

-0,7

-0,7

-0,69

-0,68

IVS (Mdia)

Grupo

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