Breve Relato Da História Da Educação Excludente
Breve Relato Da História Da Educação Excludente
Breve Relato Da História Da Educação Excludente
Essa reforma seria uma maneira de descentralizar a educao das mos dos jesutas e
garanti-la a todos os cidados. Porm pouco mudou! Muitos religiosos que
permaneceram aqui continuaram a ministrar aulas em suas casas, igrejas e outros
domiclios particulares, visto que a populao rendia-lhes valor, tendo-os como
verdadeiros educadores.
No entanto, as raras escolas que existiam possuam pouqussimas vagas, que eram
disputadas pela classe mdia, j que os filhos da elite continuavam a ser instrudos por
preceptores.
A escola dualista ainda era soberana.
Com a industrializao e a urbanizao, urgia a necessidade de capacitao, o que
acentuou a discriminao entre o ensino secundrio superior e o primrio profissional.
Ainda no ano de 1890, a taxa de analfabetismo da populao brasileira alcanou o
ndice de 67,2%.
Em 1932, surgiu o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, que defendia uma educao
obrigatria, pblica, gratuita, laica, sem qualquer discriminao por cor, sexo ou tipo de
estudo, adaptada s caractersticas regionais, como dever do Estado, a ser implantada
em todo o pas, acabando com o carter discriminatrio do ensino. Em 1934, surgiu o
primeiro captulo constitucional dedicado educao.
Com o Estado Novo, em 1937, Getlio Vargas cria um sistema educacional com o
objetivo de construir o cidado-trabalhador: a Pedagogia do Estado Novo. Essa
pedagogia refora a educao excludente, visto que aos pobres se d somente o direito
de aprender para trabalhar, enquanto classe mdia oferece-se o ensino propedutico;
e, s mulheres, o direito de matrcula somente em instituies de frequncia feminina.
Em 1964, o golpe militar implanta um regime de autoritarismo em todas as esferas
nacionais. Na esfera educacional, foram inmeras as reformas realizadas sem contar
com a participao dos maiores interessados: diretores, professores, alunos... Os
resultados foram drsticos: elevados ndices de repetncia e evaso escolar, escolas
com deficincia de recursos materiais e humanos, professores pessimamente
remunerados e sem motivao para trabalhar, elevadas taxas de analfabetismo
(PILETTI, 2003. p. 114).
A Unio Nacional dos Estudantes (UNE) e as unies estaduais foram substitudas pelo
Diretrio Nacional dos Estudantes (DNE) e pelos diretrios estaduais, respectivamente;
ali havia proibio de reunies e discusses sobre quaisquer assuntos.
A pedagogia da escola do trabalho, tendo como base a profissionalizao do ensino
mdio, voltou a ser discutida e obrigatria. Todas as escolas de segundo grau tiveram
que se tornar profissionalizantes, o que piorou a situao educacional pblica do pas,
visto que, de uma hora para outra, tais escolas tiveram que mudar seus currculos, seus
espaos e seus professores. Houve falta de profissionais especializados e de
infraestrutura. Muitas instituies diziam ser profissionalizantes sem cumprir o
necessrio estabelecido para tal, lanando no mercado mo de obra desqualificada.
curioso dizer que escolas particulares no aderiram letra da lei, continuando com a
educao voltada para a formao geral e para a preparao ao vestibular. Assim, a
elite bem preparada ocupava as vagas das melhores universidades as pblicas.
Manteve-se o dualismo escolar. E abriu-se espao para a privatizao da educao!
Referncias
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