O Reino Dos Qliphoth

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O reino dos Qliphoth

Tradicionalmente, o Reino dos Qliphoth est associado a Assiah.


Os Qliphoth so as cascas ou receptculos que nos trs mundos superiores
atuam suportando e mantendo a luz primordial na medida em que ela desce,
mas aps servir ao propsito da criao/manifestao, eles so descartados
como lmpadas queimadas em Assiah. Estas cascas so constitudas dos
elementos mais grosseiros dos outros trs mundos e comportam foras
extraordinariamente perturbadoras. No so espritos no verdadeiro sentido da
palavra, mas receptculos sem rumo que procuram em vo se preencher com a
luz primordial. No entanto, a luz primordial no se manifesta em Assiah da
forma sutil que se manifesta nos outros trs mundos. Por conta disso, os
Qliphoth so desprovidos de energia pura, tornando-se, por assim dizer,
vcuos desestruturados que buscam sugar o mximo de luz possvel dos
habitantes de Assiah, o que inclui a todos ns.
Portanto, os Qliphoth manifestam as qualidades avessas ou contrrias dos
outros trs mundos acima. Assim, o que uma vez foi Kether, a pura essncia
da unidade, agora se manifesta como Thaumiel, Gmeos de Deus. O nome
significa gmeo ou deus gmeo. Representado por dois prncipes
malignos, Thaumiel apresenta a polaridade mxima da dualidade. Como as
duas faces de Jano, os dois prncipes malignos olham para direes
contrrias. Thaumiel a inverso total dos princpios de Kether. Da mesma

maneira, a harmonia representada por Tiphereth encontra sua total oposio


em Thagirion, Litgio. O nome significa disputa ou discrdia. parte de
todas as associaes mitolgicas, Thagirion representa a natureza
antinomiana que opera contra as leis que regem o universo e a criao.
Cada Qlipha recebe um nome pejorativo devido sua ao, uma anttese da
ordem estabelecida pelas Sephiroth no momento da criao.
Os Qliphoth so, portanto, o dejeto da criao. Uma anti-estrutura demonaca
na rvore da Vida, no entanto, essencial ao processo de criao.
Seus habitantes so criaturas titnicas, gigantescas que executam o trabalho
sujo de construir e sustentar o mundo material como o percebemos. A
Tradio Oculta diz que eles so perigosos quando esto desordenados,
descontrolados, ignorados ou no so conhecidos. De fato, muito daquilo que
acreditamos ser ns mesmos, quer dizer, o corpo, a mente e a personalidade,
pode ser considerado receptculos qliphticos da essncia sutil e
incompreendida que representa nossa verdadeira identidade.
No incio de minha jornada eu no compreendi muito bem os Qliphoth, at
porque a viso tradicional da A A sobre o Reino das Cascas um pouco
distinta da nfase Tifoniana. Na A A , existem trs grandes Equilbrios a
serem conquistados. O primeiro o Equilbrio entre as Cascas. uma tarefa
conectada diretamente ao Atu XVIII, a Lua e a Noite Escura da Alma. Na
linguagem dos Livros Sagrados de Thelema, este Reino das Cascas trata-se do
mundo profano, o mundo tolo ou mundo da velha terra cinza, como
coloca o Liber VII (V:37).
Frater Asvk me instruiu certa vez aps a anlise de meu dirio mgico
dizendo: Os Qliphoth so aspectos desequilibrados de sua rvore. A
preguia to repetidamente demonstrada em suas entradas no dirio um
aspecto da Qlipha de Marte, assim como a violncia to acentuadamente
manifesta contra seus familiares. O que voc precisa, nesse momento,
equilibrar sua rvore. Em anexo envio o Ritual Maior do Pentagrama de
Marte e uma verso adaptada para prtica pessoal dos Ritos de
Eleusis (Marte).[1] Portanto, no precisamos nos projetar em Daath para
perceber manifestaes qliphticas em nossas vidas.

Em outra parte da instruo, Frater Asvk continuou: Peo que reconsidere


seus pensamentos, eles esto desordenados e muito equivocados. Recorra
a Liber 185 e observe sua Tarefa, Juramento e Ordlio. Como uma Irm da
A A voc deve observar este desequilbrio em sua rvore. Existem Graus
na Santa Ordem em que a irm no estar em posio de desequilbrio. Por
exemplo, o Nefito e o Zelator podem pedir desligamento imediato da Ordem
simplesmente notificando seu superior imediato. No entanto, o Prtico e o
Filsofo so aconselhados a no se desligarem da Ordem. Isso ocorre porque
o trabalho deles no est associado ao Pilar Central, mas ao pilar da
Severidade ou da Misericrdia, portanto, esto em desequilbrio. Os rituais e
as prticas de yoga revisadas acima vo ajud-la a equilibrar a sua
rvore. [2]
A tarefa conectada ao Atu XVIII, a Lua, a confrontao com a sombra, os
aspectos negativos da personalidade. Na linguagem da A A , ns podemos
dizer que Osris, o Deus Negro, deve contemplar seu reflexo no Espelho
Mgico. No processo da iniciao, todos ns nos confrontamos com os
aspectos sombrios de nosso carter antes de executar a Obra de transmutar o
Chumbo em Ouro. Essa tarefa se d atravs dos portes da escurido, a
passagem do Sol da Maia Noite representada no Atu XVIII. Sobre esse
estgio na iniciao, Frater Asvk comenta na mesma instruo:
Agora, essa passagem, esse perodo de provaes, no o mesmo para todas
as pessoas. Tambm, no acontece em um perodo pr-determinado na
Iniciao. No uma frmula de bolo. A Noite Escura da Alma pode ser a
experincia mais terrvel de um Nefito. O que certo que uma hora a
experincia vem. o Nigredo da Alquimia. Os Mestres nos ensinam que
nesta hora negra que as prticas espirituais tm de ser intensificadas.
Firmeza na Tarefa do Grau requer mais que o ranger de dentes na maioria
das vezes. Voc se ver envolta nas ardilosas ciladas do diabo, quer dizer,
suas tentaes e vcios mais sombrios povoaro sua mente e voc se
regozijar na satisfao de seus apetites mais instintivos e degenerados. Por
outro lado, suas prticas espirituais se tornaro amorfas, sem vida. A
preguia e olha que voc tem muita dificuldade aqui ser justificada pelas
demandas do dia-a-dia. Na verdade ela ser desejada. Sua mente ir lhe dizer
que dar continuidade as suas prticas nesse momento impossvel, pois sua

vida no lhe prov condies para manter uma prtica constante, com firmeza
de propsito. Voc cair na secura da iniciao. Mas tudo isso no
apenas um estgio natural, mas necessrio a evoluo na iniciao. E no
pense que ele acontece somente uma vez no caminho. No vou te enganar: s
piora![3]
O reino dos Qliphoth ento no apenas o estgio anterior Iniciao, mas
uma sombra que est sempre conosco e quando nos esquecemos dela,
podemos nos ver engolidos por seu tamanho.
Por outro lado, a Magia Tifoniana trata enfaticamente da explorao deste
universo. Os mtodos para isso so inmeros, mas o mais efetivo a sbia
utilizao da Corrente Ofidiana ou magia sexual.
Por exemplo, a tecnologia de Lam. Lam pode ser utilizado como uma mscara
para explorao do universo, bem como para atingir o vazio. Os Lamanautas
ou exploradores do Culto de Lam executam incurses sistemticas no Reino
dos Qliphoth ou Lado Noturno nightside projetando a conscincia atravs
de Daath na rvore da Vida, utilizando a mscara ou a cabea
de Lam como uma capsula de explorao estelar, telrica e ctoniana. Na
instruo Os Amantes de Nuit, Frater Asvk prov uma informao de que
possvel projetar a conscincia nos Qliphoth atravs de Malkuth e sua conexo
com Binah. Um ritual especial executado pelos membros da Loja ShaitanAiwaz era capaz de abrir um vrtice qliphtico no Plano dos Discos.
Na primeira parte deste artigo eu dei informaes muito breves sobre outro
mtodo de explorao dos Qliphoth ou as Clulas de Seth. O Tarot das
Sombras criado por Linda Falorio nos E.U.A. nos anos 80 constitui uma
ferramenta maravilhosa para exploraes qliphticas. Esse o tema da
prxima seo.

O QUE SO SIGILOS E QUAIS SEUS


USOS PRTICOS?

Provavelmente, no h outro aspecto da magia que seja to amide malcompreendido como estas icnicas figuras lineares. Muitas vezes, a elas so
atribudos um poder mgico intrnseco e algumas so to comumente usadas
que a maioria das pessoas sequer as reconhece como sigilos.
Simplificando, um sigilo um smbolo que representa uma fora especfica,
geralmente, uma entidade em um cone grfico simples, reconhecvel. O
Dicionrio Ingls Oxford define sigilo como um selo ou sinete, derivado de
signum, uma marca ou um token que sobrevive no uso arcaico da palavra,
significando uma pequena imagem. Alm disso, define-o como um smbolo
ocultista ou dispositivo que supostamente tem poderes misteriosos e esse uso
aparece originalmente na literatura a partir de 1650. H outra escola de
pensamento que deriva a palavra do hebraico que tem sido erroneamente
traduzida como um item de efeito espiritual ou um talism, mas a traduo
mais exata seria pequena possesso/encanto fazendo desta derivao duvidosa.
Uma definio mais prtica de um sigilo foi escrita por Israel Regardie: A
palavra Sigilo significa simplesmente assinatura. Assim o sigilo de um
Arcanjo a assinatura simblica deste ser. Estes sigilos foram
originalmente extrados dos tradicionais Kameas ou quadrados mgicos.
Mesmo esta apenas define um pequeno conjunto de smbolos do grupo maior
chamado sigilos e realmente apenas se refere aos smbolos utilizados por
magos cerimonialistas para representar os vrios espritos e anjos que eles
evocam em suas operaes. Para realmente compreender a natureza dos
sigilos, discernir sobre seus usos fundamentais e os tipos de entidades que
podem representar se faz necessrio um exame mais detalhado.

Diferentes Classes de Sigilos


Existem quatro tipos gerais de sigilos que representam entidades, foras
planetrias ou especficas identidades espirituais. Alguns destes sigilos so
universalmente reconhecidos e entendidos como o caso dos signos
astrolgicos, alguns sigilos so smbolos bem conhecidos no meio ocultista
como os selos dos espritos da Goetia e outros so nicos e contm a
identidade de uma entidade em um smbolo misterioso, muitas vezes
especificamente concebido por um mago para um propsito imediato. H
tambm os selos e smbolos pessoais ou sinais identificativos que podem ser
classificados como sigilos tais como aqueles utilizados no sistema de magia
enochiana ou o selo de uma ordem mgica.

1. Sigilos Gerais
Os smbolos que so usados para representar os planetas e os signos na
astrologia so, estritamente falando, os sigilos mais simples. Os smbolos para
os planetas pode ser rastreados at o sculo II d.C. onde aparecem, em forma
proto-moderna, no Planisfrio de Bianchini e tiveram a sua forma
familiarizada no Renascimento ou aps o sculo XII. Esses smbolos foram
primeiramente concebidos como monogramas dos deuses que eles
representam assim Mercrio representado por um caduceu e Marte por um
crculo (escudo) e uma seta (lana). Da mesma forma os glifos astrolgicos
so ideogramas das criaturas do zodaco que eles representam, de modo que
Escorpio representado pelo movimento ondulatrio de um ferro de
escorpio e Capricrnio pela cabea e corpo de uma cabra com a cauda de um
peixe.
Os alquimistas tambm empregaram um conjunto semelhante de sigilos para
representar muitos de seus princpios e estes tm sido adotados por magos
para uso prprio. O smbolo para o sal coincide com o elemento Terra,
enquanto o smbolo de Mercrio universal em todos os estudos ocultistas.
Estes sigilos alqumicos so geralmente constitudos de formas simples,
bsicas, como tringulos, cruzes ou crculos representando foras especficas
da natureza ou elementos alqumicos.

2. Sigilos de Entidades
A forma mais desenvolvida de sigilos usada para simbolizar uma entidade
especfica. Esta classe de sigilos inclui os clssicos cones utilizados para
representar os 72 espritos da Goetia que a maioria das pessoas associam com
magia cerimonial. A criao destes sigilos deriva das letras dos nomes das
entidades que eles representam e geralmente tem o formato de um
monograma.
Esses tipos de sigilos apareceram pela primeira vez em textos sobre magia no
sculo XIII, sendo o mais famoso o Heptameron de Pedro dAbano publicado
em 1287 em que os sigilos ainda so quase reconhecidamente letras. Quando
os Trs Livros de Filosofia Oculta (De Occulta Philosophia libri III), de
Cornlio Agripa, foram publicados em 1533 a forma dos sigilos tornou-se
mais linear e desenvolveu o estilo das imagens que so utilizadas na moderna
magia cerimonial.
A prxima evoluo significativa dos sigilos veio com a publicao, em 1575,
do Arbatel of Magic de um autor desconhecido. Este livro introduziu os
Espritos Olmpicos e deu sigilos para represent-los. Esses sigilos foram
provavelmente derivados dos quadrados mgicos dos planetas e tornaram-se
estilizados pelo uso.
Talvez a forma mais desenvolvida de sigilos a encontrada no conjunto
utilizado para representar o 72 espritos na Goetia, ou Chave de Salomo.
Este grimrio apareceu pela primeira vez no sculo XVII, embora a maior
parte do material tenha sido retirado de fontes anteriores, mais notavelmente
do De Praestigiis Daemonum (A Falsa Hierarquia dos Demnios) de
Johann Weyer publicado em 1563. A importncia da Goetia foi padronizar
esses sigilos e apresent-los como o ponto focal de um sistema de magia
cerimonial.
Esta sistematizao dos smbolos que tornaram-se os sigilos da moderna
magia cerimonial comeou em sua plenitude na obra fundamental do
ocultismo publicada por Francis Barrett em 1801, Celestial Intelligencer,
vulgarmente conhecida pelo ttulo,The Magus (O Mago). Este livro rene os
cones grficos que so usados para representar as foras planetrias em
Magick reunidos em um formato reconhecvel pela primeira vez. O Mago
conhecido por ter tido uma profunda influncia sobre Eliphas Levi e pela

Golden Dawn ter usado suas ilustraes como uma parte essencial de sua
literatura instrucional para a prtica mgica.
Estes sigilos modernos so criados atravs de um mtodo simples onde se
considera o valor de cada uma das letras de um nome no quadrado mgico do
planeta correspondente. Por exemplo, o Esprito de Saturno nomeado Zazel
( ) que ento traado a partir do quadrado mgico de trs produzindo
uma figura linear simples. O incio do sigilo marcado por um pequeno
crculo e este atravessado por uma reta terminando o nome. H regras
simples como usar uma curva dupla para marcar uma letra dupla e adicionar
uma corcova a uma linha para indicar que esta cruza outra. Desta forma, um
simples desenho linear pode ser feita para representar o nome de qualquer
entidade.
Os magos modernos continuaram a desenvolver o design e uso de sigilos e
eles so muitas vezes relacionados com a Magia do Caos. O mais notvel
mago que desenvolveu um sistema para criao e utilizao de sigilos foi
Austin Osman Spare que publicou seu mtodo nO Livro dos Prazeres, em
1913. Spare era ao mesmo tempo associado com a O.T.O e com a A..A .. , e
criou seu mtodo a partir da prtica de criao de sigilos desenvolvida em
Hermticas Ordens de Magia Cerimonial, principalmente entre os Adeptos da
Golden Dawn do incio do sculo XX.
Segundo a teoria de Spare, o objetivo da operao toma a forma da entidade
para a qual o sigilo precisa ser projetado. Isto feito atravs da sntese de um
smbolo grfico a partir das palavras que melhor expressam o resultado
desejado e, em seguida, usando um dos vrios mtodos simples para
concentrar a energia para carregar o sigilo.
3. Sigilos Talismnicos
O terceiro tipo de sigilos tambm baseado nos Kameas ou quadrados
mgicos planetrios. Os selos usados para representar os planetas so um
pouco mais complexos do que simples sigilos de muitas entidades menores,
mas tambm so criados a partir da conexo entre os nmeros nos quadrados
mgicos. Neste caso a imagem composta seguindo o toque em cima de cada
nmero em um quadrado mgico de forma que este seja uma representao

equilibrada da fora planetria que est sendo retratada. Como estas imagens
so utilizadas para mostrar a natureza fundamental de um talism e sua
autoridade/poder invocada para ser utilizada para dirigir o esprito que vai ser
confinado no talism ou controlado por este, esses smbolos so geralmente
considerados juntamente com os prprios quadrados mgicos.
Outros projetos grficos simples que se enquadram sob o ttulo geral de sigilos
talismnicos so as figuras lineares, como o pentagrama e o hexagrama, que
so utilizadas para expressar uma fora espiritual especfica. Todos os sigilos
so usados em conjunto para criar um design talismnico exclusivo que
expressa o objetivo do mago. Os sigilos gerais mostram a natureza da
cerimnia com os sigilos especficos sendo o meio atravs do qual a entidade
invocada pela operao controlada pelo talism.
4. Sigillum e Pentculos
No sentido mais amplo da palavra sigilo o sinal que o mago utiliza para
representar a si mesmo ou, mais precisamente, sua Grande Obra. Sigilos deste
tipo muitas vezes representam a conquista de um nvel especfico de
realizao espiritual como o Selo de Babalon de Crowley que representa a
incorporao do segredo de Babalon e a Besta em sua Grande Obra. Esses
sigilos funcionam na medida em eles so utilizados cada vez que o mago
realiza uma cerimnia e estes conectam-no em uma coesa srie de medidas em
direo iluminao.
Este tipo de sigilo pode ser composto a partir de componentes de todas as
outras classes de sigilos para criar um potente e nico smbolo que representa
todo o curso de vida do mago. Em outros casos, esses super-sigilos so
utilizados como um mapa simblico do universo do mago expresso num
sistema especfico de Mgico como o Sigillum Aemeth de John Dee que o
pentculo para a operao da Magia Enochiana.
Usos Prticos dos Sigilos
O uso prtico de sigilos se estende muito alm de qualquer cerimnia
individual, eles tambm so comumente usados para marcar as armas magicas
a fim de indicar os poderes especficos para os quais estas foram consagradas.

Por exemplo, o Basto Magico deve ter os sigilos do Nome Divino do Fogo,
YHVH Tzaboath ( ) e do Arcanjo Michael ( )inscritos sobre
ele para mostrar de onde vem seu poder. Da mesma forma os smbolos que o
magista usa em seus pentculos e lamens tambm devem mostrar a
competncia e a autoridade que estes tem para dirigir as entidades
representadas pelos sigilos especficos usados em uma cerimnia.
Quando sigilos so usados para representar o objetivo de uma cerimnia eles
se tornam o foco da fora espiritual ou magicka que invocada pela operao.
Neste caso o sigilo torna-se um smbolo da vontade do mago que tratado
como a entidade a qual o smbolo representa. Personificando os desejos do
mago e os sintetizando em cones grficos, sigilos tornam possveis criar um
smbolo para cada objetivo magicko, ao mesmo tempo permitem uma
interpretao mais ampla do significado dos glifos e assim, talvez, um menor
acerto no desfecho das operaes.
O uso mais comum para sigilos a construo de talisms e amuletos. Eles
so usados para representar as entidades que esto sendo invocadas ou
conjuradas durante a cerimnia que realizada para consagrar o talism. A
confeco de talisms geralmente inclui o quadrado mgico do planeta que
rege a rea de atuao do talism e, portanto, a chave para interpretar os
sigilos que foram utilizados na sua concepo transmite a legibilidade dos
smbolos que foram utilizados. Desta forma, os sigilos que so usados para
criar uma imagem/talism podem ser representaes simblicas muito precisas
do objetivo pretendido pelo mago.
O exemplo clssico do uso de sigilos como um dispositivo talismnico na
Goetia, onde o magista utiliza o sigilo em um talism que ele coloca no
Tringulo Mgico como base para o esprito que ele est a evocar manifestarse. O mesmo sigilo copiado em um amuleto que o mago usa como um lamen
e a partir do qual ele manifesta a autoridade para dirigir o esprito que est a
conjurar para realizar o seu desejo.
Sigilos so as mais elsticas e versteis ferramentas disponveis para magos
cerimonialistas, porque eles podem ser usados para representar quase qualquer
tipo de entidade ou objetivo. Muitos magistas colecionam uma boa quantidade

de sigilos pessoais medida que desenvolvem suas habilidades e progridem


em sua iniciao e estes misteriosos smbolos so uma importante parte da
prtica da magia cerimonial.

O Estudo das Qliphoth (ou Qlipoth) no algo que deva ser feito por pessoas
sem o devido conhecimento de Kabbalah, mas certamente faz parte do
entendimento necessrio a todo estudante de Hermetismo para compreender o
mundo ao nosso redor. Atravs do estudo das cascas, conseguimos
compreender os mecanismos pela qual a ignorncia, o fanatismo e a violncia
se entranham na sociedade, tentando corromper todo o Caminho da Criao.

Qliphoth
Por Jeanine Medeiros

No Gnesis, I: 27 encontramos: Criou Deus o homem sua imagem,


imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Se nos colocarmos no
lugar dos antigos hebreus e olharmos para este versculo do Livro de Moiss
com a mesma sacralidade deles, torna-se impossvel o incio de uma
investigao profunda.
Mesmo antes do nascimento, o beb no tero encontra no seu pequenino
polegar da mo ainda em formao uma fonte de conforto e autocarinho. o
polegar em oposio aos outros quatro dedos que nos torna capazes de
construir ferramentas, armas e produzir o fogo desde o inicio dos tempos. A
mo distingue primatas de seres humanos no reino animal e um smbolo
perfeito da supremacia da raa humana. Por essa razo, a mo sempre foi
objeto de especulao e meditao entre os cabalistas mais antigos.
Os cabalistas do passado nos ensinaram que o alfabeto hebraico uma
ferramenta de criao revelada por Deus aos anjos que instruram Ado. A
letra hebraica para mo Yod y, a dcima letra do alfabeto e cujo valor
gemtrico tambm dez. Yod pode ser considerada a letra-me ou a letrafonte de todo alfabeto hebraico, uma vez que todas as outras letras so
variaes de Yod.

A mo possui quatro dedos e um dedo que os d suporte, quer dizer, quatro


regidos por um. Os qabalistas do passado, portanto, propuseram que a mo
do Criador a mecnica do desenvolvimento em evoluo trata-se de uma
unidade absoluta manifesta atravs de um processo qudruplo. Essa frmula
universal e permeia todos os nveis de existncia e conscincia. Expressando a
mecnica dessa observao fundamental, os msticos qabalistas incorporaram
a frmula em um conceito nico de Deus, expresso em um nome de quatro
letras: hvhy IHVH.
Essas quatro letras, hvhy, representam quatro mundos descendentes atravs do
qual o processo de criao se realiza:
y Atziluth, o Mundo Arquetpico, o mais sublime, sutil e perfeito de todos
os mundos (ou planos de existncia). Em Atziluth, os aspectos feminino e
masculino do Absoluto se encontram em perfeita unidade e bem-aventurana.
Os outros trs mundos abaixo deste so o produto desta unio, que fica mais
densa na medida em que se manifesta. Atziluth pode ser considerado a
vontade do Absoluto em sua forma mais pura.
h Briah, o Mundo da Criao, onde a Luz Prstina de Atziluth comea a se
organizar. Essa a morada dos anjos mais sublimes e elevados e pode ser
considerado o corao do Absoluto.
v Yetzirah, o Mundo da Formao, onde a organizao fundamental de
Briah torna-se especfica. Aqui ocorre a formao hierrquica dos anjos, com
seus deveres estabelecidos. Yetzirah a mente do Absoluto.
h Assiah, o Mundo Material, onde se manifesta a impureza produzida pela
degenerao da luz primordial na medida em que ela atravessa (ou passa)
atravs dos trs mundos acima, se cristalizando na forma do mundo material
como o conhecemos, a natureza e a existncia humana.
Tradicionalmente, o Reino dos Qliphoth est associado a Assiah. Os Qliphoth
so as cascas ou receptculos que nos trs mundos superiores atuam
suportando e mantendo a luz primordial na medida em que ela desce, mas
aps servir ao propsito da criao/manifestao, eles so descartados como
lmpadas queimadas em Assiah. Estas cascas so constitudas dos elementos
mais grosseiros dos outros trs mundos e comportam foras
extraordinariamente perturbadoras. No so espritos no verdadeiro sentido da
palavra, mas receptculos sem rumo que procuram em vo se preencher com a
luz primordial. No entanto, a luz primordial no se manifesta em Assiah da
forma sutil que se manifesta nos outros trs mundos. Por conta disso, os
Qliphoth so desprovidos de energia pura, tornando-se, por assim dizer,

vcuos desestruturados que buscam sugar o mximo de luz possvel dos


habitantes de Assiah, o que inclui a todos ns.
Portanto, os Qliphoth manifestam as qualidades avessas/contrrias dos outros
trs mundos acima. Assim, o que uma vez foi Kether, a pura essncia da
unidade, agora se manifesta como Thaumiel, Gmeos de Deus. O nome
significa gmeo ou deus gmeo. Representado por dois prncipes
malignos, Thaumiel apresenta a polaridade mxima da dualidade. Como as
duas faces de Jano, os dois prncipes malignos olham e direes contrrias.
Thaumiel a inverso total dos princpios de Kether. Da mesma maneira, a
harmonia representada por Tiphereth encontra sua total oposio em
Thagirion, Litgio. O nome significa disputa ou discrdia. A parte de
todas as associaes mitolgicas, Thagirion representa a natureza antinomiana
que opera contra as leis que regem o universo e a criao. Cada Qlipha recebe
um nome pejorativo devido sua ao, uma anttese da ordem estabelecida
pelas Sephiroth no momento da criao.
Os Qliphoth so, portanto, o dejeto da criao. Uma anti-estrutura demonaca
na rvore da Vida, no entanto, essencial ao entendimento do processo de
criao. Seus habitantes so criaturas titnicas, grotescas e gigantescas que
executam o trabalho sujo de construir e sustentar o mundo material como o
percebemos. A Tradio Oculta diz que eles so perigosos quando esto
desordenados, descontrolados, ignorados ou no so conhecidos. De fato,
muito daquilo que acreditamos ser ns mesmos, quer dizer, o corpo, a mente e
a personalidade, pode ser considerado receptculos qliphticos da essncia
sutil e incompreendida que representa nossa verdadeira identidade.

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