Apostila Direito Constitucional - Organização Do Estado PDF
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ORGANIZAO DO ESTADO
CURSO: DIREITO
DOCENTE: PEDRO REINALDO CAMPANINI
SEMESTRE: DR2/3
ARARAQUARA
- 2011
NDICE
CAPTULO
PGINA
I - Direito Constitucional
03
05
14
IV A organizao do Estado
18
25
VI - Poder Legislativo
28
41
46
52
53
XI Tributao e oramento
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59
61
Bibliografia
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CAPTULO I
DIREITO CONSTITUCIONAL
I DIREITO CONSTITUCIONAL
1 Noo: um ramo do Direito Pblico, destacado por ser fundamental organizao e
funcionamento do Estado, articulao dos elementos primrios do mesmo e ao
estabelecimento das bases da estrutura poltica (Moraes, p. 01).
2 - Objeto da disciplina: A constituio poltica do Estado, no sentido amplo de estabelecer
sua estrutura, a organizao de suas instituies e rgos, o modo de aquisio e limitao
do poder, atravs, inclusive, da previso de diversos direitos e garantias fundamentais
(MORAES, p. 01).
3 - Objetivos da disciplina
Estudar a organizao de um Estado determinado. Ex: Dir. Constitucional Brasileiro.
Descrever e analisar a constituio poltica de um Estado.
Analisar a estrutura, organizao das instituies e rgos de um Estado.
Analisar o modo de aquisio e limitao dos poderes estatais.
Analisar a previso de direitos e garantias fundamentais expressos em um texto
constitucional.
II - CONCEITO DE CONSTITUIO
- Segundo Aurlio Buarque de Holanda Ferreira (in Novo Dicionrio Aurlio, 3. ed.
Curitiba: Positivo, 2004) a palavra constituio possui vrios sentidos, sendo o seguinte
conceito interessante ao Direito: Lei fundamental e suprema dum Estado, que contm
normas respeitantes formao dos poderes pblicos, forma de governo, distribuio de
competncias, direitos e deveres dos cidados, etc.; carta constitucional, carta magna.
- Outras definies:
o Jos Celso de Mello Filho: Constituio o nomen juris que se d ao complexo de
regras que dispem sobre a organizao do Estado, a origem e o exerccio do Poder,
a discriminao das competncias estatais e a proclamao das liberdades pblicas
(Constituio Federal Anotada, 2. ed. So Paulo: Saraiva, 1986, p. 6-7).
o Jos Afonso da Silva: A Constituio do Estado, considerada sua lei fundamental,
seria ento, a organizao dos seus elementos essenciais; um sistema de normas
jurdicas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do Estado, a forma de seu
governo, o modo de aquisio e o exerccio do poder, o estabelecimento de seus
rgos e os limites de sua ao. (Curso de Direito Constitucional Positivo. 5. ed.
So Paulo: RT, p. 37).
o Para David Arajo e Vidal Serrano (p. 02), o conceito de Constituio se constri da
seguinte maneira:
o Sentido poltico: algo que emana de um ato do poder soberano, que
determina a estrutura mnima do Estado, ou seja, as regras que definem a
3
o
o
o
o
CAPTULO II
FORMAO CONSTITUCIONAL DO BRASIL
1 - A CONSTITUIO DE 1824
Contexto histrico:
- Predominncia de idias liberais, advindas da Revoluo Francesa e Americana, no fim do
sculo XVIII e incio do XIX, trazidas pela classe dominante.
- O homem, individualmente, no centro do alicerce social.
- O Estado tem suas atividades limitadas, enquanto a sociedade tem ampla liberdade.
- Buscavam o fim da monarquia absolutista.
- O pas estava sob a regncia de D. Pedro I e antes mesmo da independncia j se pensava
em adotar uma constituio jurdica.
Principais caractersticas:
- Outorgada (imposta sem consentimento do povo por meio de seus representantes).
- Diviso qudrupla de poderes: Executivo, Judicirio, Legislativo e Moderador.
- O Poder Moderador:
- Exercido pelo monarca para realizar a arbitragem entre os demais poderes.
- Estava acima dos demais poderes e no impunha responsabilidades ao monarca.
- Sobre o legislativo: nomeao de senadores, sano de leis, dissoluo da Cmara
dos Deputados.
- Sobre o executivo: O Imperador era o chefe do executivo e tambm detentor do
Poder Moderador. Dirigia o executivo por meio dos ministros de Estado, que podia
nomear e destituir livremente.
- Sobre o judicirio: Destitua os magistrados e podia alterar ou extinguir as penas
aplicadas.
- Rol extenso de garantias individuais (bastante avanado para poca).
- A Constituio era semi-rgida, possuindo dispositivos de fcil alterao em contrapartida
dispositivos rgidos (Obs: As constituies, quanto forma de alterao, podem ser: rgidas,
semi-rgidas e flexveis).
- Por exemplo, a forma de poder poderia se tornar republicana sem ao menos a necessidade
de uma nova Carta.
- Foi a Constituio de maior durao no Brasil.
2 - A CONSTITUIO DE 1891
Contexto histrico:
5
3 - A CONSTITUIO DE 1934
Contexto histrico:
- A crise da Bolsa de Nova Iorque em 1929 abala a economia brasileira, principalmente de
So Paulo que vivia da exportao do caf.
- O Presidente Washington Luiz designa Jlio Prestes para sua sucesso sem prvia consulta
aos outros Estados (poltica caf-com-leite). Fez isto, pois precisava proteger os cafeicultores
de So Paulo, e Prestes era o mais indicado.
1
J existia o HC no Cdigo Penal de 1830, no entanto, somente com a Carta de 1891 que foi erigido norma
constitucional.
2
No perodo colonial, aps a vinda da famlia real, a instncia mxima do Judicirio era a Casa de Suplicao
do Brasil. Aps a Independncia, foi criado o Supremo Tribunal de Justia pela Constituio de 1824. No
governo do Marechal Deodoro da Fonseca, em 11 de outubro de 1890, publicou o Decreto n 848, que dispunha
sobre a organizao da Justia Federal (Supremo Tribunal Federal e Juzes de Seo). Em 24 de fevereiro de
1891, a Constituio Federal da Repblica dos Estados Unidos do Brasil consolidou a criao, composio e
competncia da Corte, composta por 15 Ministros, que seriam nomeados pelo Presidente da Repblica. O
Supremo Tribunal Federal foi instalado pelo Decreto n1, de 26 de fevereiro de 1891.
- Os governos de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraba discordam da designao feita
pelo Presidente Washington Luiz. Formam assim a Aliana Liberal que prope Getlio
Vargas para Presidente e Joo Pessoa para Vice.
- Em 1930, aps a derrota nas urnas, Getlio Vargas lidera o movimento armado que encerra
a denominada Primeira Repblica, assumindo o poder da nao.
- Em 11 de novembro de 1930 o Decreto 19.398 institui o Governo Provisrio.
- Uma das primeiras medidas do Governo Provisrio foi a criao do Ministrio da
Educao e Sade Pblica e do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio.
Principais caractersticas da Carta:
- Promulgada.
- Introduo do nome de Deus no prembulo
- Incorporao de preceitos do direito civil, social e administrativo.
- Voto feminino e secreto.
- Justia Militar e Eleitoral como rgos do Poder Judicirio.
- Previso constitucional do Ministrio Pblico3. Criao do Tribunal de Contas.
- Normas reguladoras da ordem econmica, social, da famlia, educao, cultura,
funcionalismo pblico e segurana nacional.
- Competncia ao Senado para coordenar os demais poderes. Era quase a volta do Poder
Moderador, s que nas mos do Senado.
4 - A CONSTITUIO DE 1937
Contexto histrico:
- A extrema esquerda e a extrema direita no permitiram a plena aplicao da CF de 1934,
possibilitando assim o Golpe de 1937.
- A grave crise mundial (Segunda Guerra) e interna geravam crise poltica.
- Nas disputas entre a direita integralista e a esquerda comunista, com ameaas de sria crise
(talvez insuflada pelo prprio Vargas), estava preparado o cenrio para o golpe.
- Em 10 de novembro de 1937 Getlio Vargas outorga nova Carta: inicia-se o Estado Novo.
Principais caractersticas:
- Outorgada.
- Tambm conhecida com Constituio Polaca (por ser inspirada na Carta polonesa).
- O Presidente se torna o poder supremo da nao. Cria-se um regime autoritrio.
- Os demais poderes, apesar de existentes, perdem autonomia e fora, concentrada no
executivo.
- A figura do Senado substituda pelo Conselho Federal.
- O Poder Legislativo poderia entrar em recesso por ordem do Presidente, que neste caso
assumiria suas funes.
- A orientao ideolgica era fascista4, claramente contrria ao comunismo e a democracia
liberal.
- A CF jamais entrou em vigor, pois seu artigo 187 rezava que a vigncia seria submetida ao
plebiscito nacional, fato que nunca aconteceu. Na verdade, prevaleceu o Estado Novo,
3
No perodo colonial no havia previso do Ministrio Pblico como instituio. Mas as Ordenaes
Manuelinas de 1521 e as Ordenaes Filipinas de 1603 j faziam meno aos promotores de justia, atribuindo
a eles o papel de fiscalizar a lei e de promover a acusao criminal. Em 1832, com o Cdigo de Processo Penal
do Imprio, iniciou-se a sistematizao das aes do Ministrio Pblico. Na Repblica, o decreto n 848, de
11/09/1890, ao criar e regulamentar a Justia Federal, retrata a estrutura e atribuies do Ministrio Pblico no
mbito federal.
4
Fascismo: Sistema poltico nacionalista, imperialista, antiliberal e antidemocrtico, liderado por Benito
Mussolini (1883-1945) na Itlia.
eivado de arbitrariedade e sem qualquer controle jurdico, no qual Vargas era o poder
supremo.
- Nunca foram convocadas eleies para a composio do Congresso Nacional.
- A censura ao pensamento e impressa era comum.
5 A CONSTITUIO DE 1946
Contexto histrico:
- Com o fim da Segunda Guerra Mundial o fascismo j no podia persistir.
- Vargas, preocupado com a situao, convoca no incio de 1945 eleies para 02 de
dezembro daquele mesmo ano. O objetivo no era uma nova Carta, mas apenas algumas
modificaes.
- Escndalos polticos, como previsibilidade no resultado das eleies, provocam a queda de
Vargas que substitudo no poder pelo Presidente do STF Jos Linhares, em outubro de
1945.
- Disto decorre a convocao de uma nova Constituinte e no simplesmente congressistas
para uma mnima emenda constitucional, como queria Vargas.
Aspectos fundamentais:
- Promulgada.
- Alguns a tratam como a melhor Carta de todos os tempos no Brasil (Celso Bastos).
- Diviso harmnica dos 3 Poderes. Para tanto os poderes do Executivo sofrem diminuio
em relao Carta anterior.
- Eleies diretas para Presidente da Repblica para mandato de 5 anos. O Vice-Presidente
da Repblica acumulava a funo de Presidente do Senado.
- S o Legislativo podia legislar, com exceo das leis delegadas.
- O Judicirio tem suas competncias alargadas e passa a ser julgador da constitucionalidade
das leis.
- O carter democrtico da CF era visvel. Nenhuma leso poderia se subtrada da apreciao
do Judicirio.
- Acaba a perseguio aos partidos polticos com a consagrao do princpio da liberdade de
criao de organizaes partidrias, desde que no buscassem o autoritarismo.
- Fim das penas de banimento e confisco. Inexistncia da pena de morte.
- Aumenta a autonomia dos municpios.
6 A CONSTITUIO DE 1967
Contexto histrico:
- Guerra Fria: Capitalistas X Comunistas.
- Em agosto de 1961 o Presidente Jnio Quadros renuncia. Em setembro Joo Goulart, o
Jango, assume a presidncia.
- Ainda em setembro de 1961 a Emenda n 4 institui o sistema parlamentarista no pas,
deixando de lado o presidencialismo. Fruto do medo do militares e influncia dos EUA por
causa da aproximao de Jango com o comunismo.
- Em 1963, aps desaprovao popular ao parlamentarismo por meio de plebiscito, retornase ao presidencialismo.
- Em 31 de marco de 1964 ocorre o golpe militar (que alguns chamam de Revoluo de 64)
que h quase dez anos vinha se armando. Motivo: o espectro do comunismo.
- convocado o Congresso Nacional para uma nova Assemblia Constituinte.
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Principais aspectos:
- Outorgada (h divergncia na doutrina, uma vez que o Congresso Nacional foi convocado).
- Permite a desapropriao da propriedade, mediante indenizao, para fins de reforma
agrria.
- Enorme preocupao com a segurana nacional, atravs de um conceito bastante vazio que
possibilitava a dissoluo do Congresso com grande facilidade.
- Reuniu na Unio diversas competncias dos Estados e municpios.
- Existia a diviso tripartida de poderes, no entanto, no vigia na prtica, uma vez que o
Presidente da Repblica tinha poderes concentrados.
- Foi a CF que mais poderes deu ao Presidente da Repblica, situao que se agravou com a
Emenda Constitucional n 01 de 1969.
- As liberdades e garantias individuais foram praticamente mantidas, mas a todo tempo eram
suspensas pelo Executivo.
- Aps diversos anos de revoltas e manifestaes populares o Ato Institucional n 5 (AI-5)
demonstra o pice do autoritarismo. Era impossvel juridicamente conjug-lo s disposies
da CF. Com isso, pode-se dizer que o AI-5 passou a ter superioridade ao texto
constitucional.
- Pelo AI-5 o Presidente da Repblica poderia, por exemplo, fechar Assemblias
Legislativas estaduais e Cmaras de Vereadores, assumindo suas funes.
- Mandatos parlamentares foram cassados, garantias do judicirio suspensas (vitaliciedade e
inamovibilidade).
- O AI-5 possibilitava at mesmo a suspenso do Habeas Corpus nos casos de crimes
polticos contra a segurana nacional, a ordem econmica e social e a economia popular.
- O Poder Judicirio estava proibido de julgar casos decorrentes do AI-5.
- Com o Presidente Costa e Silva doente quem assumiria seria o Vice-Presidente Pedro
Aleixo. No entanto, por ser o vice um civil e no um militar, em agosto de 1969, pelo AI-12,
os militares outorgam para si o governo do pas sem a figura do Presidente. Quem governava
era a Junta do Exrcito, Marinha e Aeronutica.
- Costa e Silva morre em dezembro de 1969. J prevendo o fato, os militares editaram, em
novembro daquele ano, o AI-16 que determinava como cargos vagos a Presidncia e Vice.
A Emenda Constitucional de 1969:
- O Executivo, dirigido pela Junta Militar, edita Emenda Constitucional. O raciocnio
simples: estando o Congresso em recesso quem assume suas funes o Executivo.
O Congresso pode emendar a Carta, portanto o Executivo assumindo tais funes
tambm pode.
- Para muitos autores tal emenda cria uma nova Constituio, a Constituio de 1969.
Principais aspectos aps a Emenda de 1969:
- Novo nome: passou de Constituio Brasileira para Constituio da Repblica Federativa
do Brasil.
- Estipulava perda de mandato eletivo quando houvesse atentado contra as instituies
estatais.
- Institui o Tribunal de Contas Municipal para cidades com mais de 2 milhes de habitantes.
- Os emprstimos do exterior tinham que passar pelo crivo do Executivo.
- Os decretos-leis (competncia do Executivo) tinham validade para os atos do perodo de
sua vigncia, mesmo que depois fossem rejeitados pelo Legislativo.
- O Conselho de Segurana Nacional era competente para definir as bases e objetivos da
poltica nacional.
- Criou a figura da lei complementar para regrar os direitos polticos, bem como seu gozo,
fruio, suspenso, perda e reaquisio.
- Proibiu a reeleio para o Executivo.
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anterior da Franca, que era de 1946, no que tange e trata da ordem social, bem como atribui
valor de constituio Declarao de Direitos do sculo XVIII.
- Este assunto se tornou importante no Brasil aps a EC/45, que criou o 3 do art. 5:
tratados internacionais de direitos humanos votados como emendas, equivalero s emendas,
tero status constitucional. Isso significa o reconhecimento da figura do bloco de
constitucionalidade. A CF no se resumir ao codificado no texto nico da CF/88, mas
tambm aos tratados com fora constitucional.
- Costumeira ou histrica: aquela que formada a partir de textos esparsos, sendo
sedimentada em costumes derivados das decises jurisprudenciais. So juridicamente
flexveis, porque podem ser facilmente alterados pelo legislador ordinrio, mas so poltica e
socialmente rgidas, posto que cristalizadas ao longo de vrios anos. Por exemplo, a atual
Constituio da Inglaterra.
4 Quanto ao contedo
- Material: pelo conceito poltico de Constituio, possvel identificar matrias tipicamente
constitucionais. So ento aquelas regras que identificam a forma e a estrutura do Estado, o
sistema de governo, a diviso e o funcionamento dos Poderes, o modelo econmico e os
direitos, deveres e garantias fundamentais (povo). Na CF/88 so materialmente
constitucionais, por exemplo, os artigos 1, 2 e 18.
- Formal: possui normas no texto constitucional que no so materialmente constitucionais,
no guardando relao com a estrutura mnima e essencial do Estado. As normas s so
constitucionais porque esto formalmente colocadas no Texto. Por exemplo, o artigo 217 da
CF que trata do desporto.
- Manoel Gonalves classifica ainda em:
o Constituio-garantia: aquela que visa garantir a liberdade, limitando o poder do
Estado.
o Constituio-balano: reflete o compromisso socialista. Assim, a cada novo estgio
da evoluo socialista, haveria um novo texto constitucional. Exemplos:
Constituies soviticas de 1924, 1936 e 1977.
o Constituio-dirigente: aquela que traz um projeto de Estado, apresenta
compromissos sociais e fornece meios para sua execuo.
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CAPTULO III
A CONSTITUIO FEDERAL DE 1988
I A ORGANIZAO DA CONSTITUIO FEDERAL DE 1988
1 Introduo
- A Constituio da Repblica Federativa do Brasil foi promulgada em 05 de outubro de
1988.
- Foi dividida da seguinte forma: prembulo, nove ttulos e, ao final, o Ato das Disposies
Constitucionais Transitrias (ADCT).
- Esto espalhados pela Carta princpios que permitem a concluso que o constituinte elegeu
como meta para o Brasil o Estado de bem-estar social. Por garantir direitos individuais e
coletivos para toda a sociedade, parece inquestionvel que foi institudo um Estado
Democrtico Social de Direito, no qual o Estado :
criado e regulado pela CF;
os agentes pblicos so eleitos pelo povo devendo governar para o povo;
o poder poltico exercido, em parte diretamente pelo povo, em parte por rgos
estatais (Executivo, Judicirio e Legislativo);
os cidados, por serem titulares de direitos constitucionais, podem opor tais direitos
entre si e em face do Estado. Por causa disso a CF/88 chamada de Carta-cidad;
o Estado deve atuar positivamente para gerar desenvolvimento e justia social.
2 Prembulo
- O prembulo no elemento obrigatrio, muitos autores nem lhe do carter jurdico,
apenas de manifestao sociopoltica.
- No Brasil prevalece a tese de que o prembulo no possui fora normativa, refletindo
apenas a posio ideolgica do constituinte.
- No entanto, certo que o prembulo deve ser utilizado para a integrao e interpretao do
texto constitucional. De toda forma, as normas constitucionais expressas prevalecem sobre o
contedo do prembulo.
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CAPTULO IV
ORGANIZAO DO ESTADO
I - CARACTERSTICAS DA FEDERAO
- Dalmo de Abreu Dallari, em Elementos de Teoria Geral do Estado (11. ed., So Paulo:
Saraiva, 1985, p. 227), define federao como uma aliana ou unio de Estados, baseada
numa Constituio, na qual os Estados que ingressam na federao perdem sua soberania,
preservando contudo uma autonomia poltica limitada.
- Dessa maneira, guarda diferenas com o Estado unitrio, pois este tem um s poder
centralizado.
- Por sua vez, difere da confederao de Estados, pois esta organizada por um tratado
internacional entre pases que pode ser dissolvido.
- Alexandre de Moraes (p. 266/267), citando Geraldo Ataliba (in Repblica e constituio.
So Paulo: Revista dos Tribunais, 1985, p. 10), apresenta a seguinte definio de Federao:
1. Associao de Estados
2. Para a formao de novo Estado (o federal)
3. Com repartio rgida de atributos da soberania entre eles.
4. H autonomia recproca entre Estados e Unio, tudo sob a gide da CF.
5. Tal autonomia caracteriza a igualdade jurdica, dado que ambos extraem suas
competncias da mesma norma.
6. Cada um dos entes federativos (Estados e Unio) supremo em sua esfera.
- Assim, estabelecido o princpio federativo, os Estados-membros renunciam de certas
parcelas de competncias administrativas, legislativas e tributrias. No Brasil, esta renncia
est pactuada nos arts. 1 e 18 da CF, que positivam o princpio federativo.
II - PRINCPIOS DA FEDERAO
- Os cidados dos diferentes Estados-membros constituintes da Unio, a partir da criao da
federao, devem ter a mesma nacionalidade;
- Repartio constitucional de competncias entre a Unio, Estados-membros, Distrito
Federal e Municpios (estas so as ordens jurdicas estabelecidas no modelo brasileiro);
- Cada ente federativo tem sua prpria competncia tributria, garantindo-lhe renda prpria.
- Competncia para auto-organizao legal, respeitando-se a atribuio constitucional.
- Possibilidade constitucional de interveno federal, de forma excepcional e taxativa
(numerus clausus), para manuteno do equilbrio federativo.
- Participao dos Estados-membros no Poder Legislativo Federal.
- Possibilidade de criao de novos Estados ou modificao territorial de Estado existente,
desde que haja concordncia da populao afetada.
- Existncia de rgo de cpula do Poder Judicirio para interpretao e proteo da
Constituio Federal.
- No Brasil o legislador constitucional impediu emenda tendente a abolir a Federao.
III - UNIO
- Conceito de Unio (Moraes, p. 269): entidade federativa autnoma em relao aos
Estados-membros e municpios, constituindo pessoa jurdica de Direito Pblico Interno,
cabendo-lhe exercer as atribuies da soberania do Estado Brasileiro.
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IV - ESTADOS-MEMBROS
- A autonomia dos Estados se caracteriza pela:
A. Capacidade de auto-organizao e normatizao prpria;
B. Autogoverno;
C. Autoadministrao.
A) Auto-organizao e normatizao prpria
- Tal capacidade se caracteriza pelo exerccio do poder constituinte derivado-decorrente:
possibilidade da edio de Constituies Estaduais e, conseqentemente, de legislao
estadual (art. 25).
- Contudo, a capacidade de auto-organizao e normatizao prpria precisam respeitar os
(a) princpios constitucionais sensveis, (b) princpios federais extensveis e (c) princpios
constitucionais estabelecidos.
a) Princpios constitucionais sensveis: so aqueles que, quando desrespeitados, podem
acarretar em interveno federal. Tais princpios so aqueles previstos no artigo 34, VII, da
CF.
b) Princpios federais extensveis: so as normas centrais comuns Unio, Estados, DF e
municpios, ou seja, todos devem respeit-los. Exemplos: art. 1, I a V; art. 3 , I a IV; art. 4,
I a X; art. 2; art. 5, I, II, III, VI, VIII, IX, XI, XII, XX, XXII, XXIII, XXXVI, LIV E LVII,
arts. 6 a 11, art. 93, I a XI; art. 95, I a III.
c) Princpios constitucionais estabelecidos: determinadas normas espalhadas pelo texto da
CF, que organizam a federao e estabelecem preceitos centrais de observncia obrigatria
aos Estados-membros em sua auto-organizao. Subdividem-se em normas de competncia
(Ex: arts. 23; 24; 25; 27, 3) e normas de preordenao (Ex: arts. 27; 28; 37, I a XXO,
1 a 6; arts. 39 a 41).
B) Autogoverno
- o prprio povo do Estado quem escolhe seus representantes no Executivo e Legislativo
locais.
- A CF prev, no mbito estadual, os trs poderes: Legislativo, Executivo e Judicirio (arts.
27, 28 e 125 respectivamente).
C) Autoadministrao
- Os Estados tm poder de autoadministrao no exerccio de suas competncias
administrativas, legislativas e tributrias.
- Regies de desenvolvimento: medidas administrativas que a Unio pode tomar dentro dos
territrios dos Estados-membros (art. 43 e 174, 1).
V - MUNICPIOS
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VI - DISTRITO FEDERAL
- Tambm um ente da federao (arts. 1 e 18), possuidor da trplice capacidade de
1. auto-organizao e normatizao prpria: lei orgnica e edio de leis distritais (art.
32 caput);
2. autogoverno: eleio de governador e vice, bem como de deputados distritais para a
Cmara Legislativa (art. 32, 2 e 3).
3. autoadministrao: o DF exerce suas capacidades legislativas, administrativas e
tributrias sem ingerncia da Unio.
- Ao Distrito Federal defeso dividir-se em municpios (art. 32, caput).
- Apesar de no ser Estado-membro ou municpio, o DF tem competncias legislativas e
tributrias reservadas aos Estados e municpios (arts. 32, 1, e 147), com a exceo do art.
22, XVII (o Poder Judicirio no DF organizado pela Unio, havendo assim uma
diminuio da autonomia desse ente federativo).
VII - TERRITRIOS
- Territrios no so entes independentes da federao, pois so descentralizaes
administrativas da Unio.
- Os territrios podem ser criados por lei complementar: art. 18, 3.
- Atualmente no h mais territrios. Quando a CF foi promulgada havia trs: Amap,
Roraima e Fernando de Noronha.
- Amap e Roraima transformaram-se em Estados Federados (art. 14, ADCT ).
- Fernando de Noronha foi reincorporado ao Estado de Pernambuco (art. 15, ADCT).
IX - FORMAO DE MUNICPIOS
- A CF prev em seu art. 18, 4, as formalidades para a formao de municpios.
- Procedimento:
1. Criao de Lei Complementar Federal que estabelea de forma geral o perodo
possvel para a formao de novos municpios. Tal lei ainda no foi editada, portanto
a norma constitucional do 4 do art. 18 tem eficcia limitada, dependendo de
complementao.
2. Lei ordinria federal que determine os requisitos genricos exigveis, bem como a
apresentao e publicao dos Estudos de viabilidade Municipal.
3. Consulta prvia, mediante plebiscito, da populao diretamente interessada, ou seja,
da populao do distrito que se emancipa e se torna municpio, bem como da
populao do municpio desmembrado.
4. Lei ordinria estadual criando especificamente o novo municpio.
XI - REPARTIO DE COMPETNCIAS
1 - CONCEITO
- Para que haja autonomia entre os entes federativos, necessrio se faz a repartio de
competncias legislativas, administrativas e tributrias.
- Segundo Jos Afonso da Silva, competncia a faculdade juridicamente atribuda a uma
entidade, rgo ou agente do Poder Pblico para emitir decises. [...] so as diversas
modalidades de poder de que se servem os rgos ou entidades estatais para realizar suas
funes.
- A competncia na federao repartida pela prpria CF.
2 - PRINCPIO DA PREDOMINNCIA DO INTERESSE
- O princpio da predominncia do interesse observado para a distribuio de
competncias. Tal princpio se manifesta da seguinte maneira:
Ente federativo
Interesse
Unio
Geral
Estados-membros
Regional
Municpios
Local
21
Regional + Local5
Distrito Federal
Poderes Enumerados
Poderes Reservados
Cumulativa ou
Paralela
Unio/Estados/
DF/Municpios (art. 23)
Exclusiva
Competncia
Administrativa
Comum
22
23
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CAPTULO V
ORGANIZAO DOS PODERES
I INTRODUO
- A teoria da separao de poderes tornou-se matria constitucional por influncia de
Montesquieu, com intuito de assegurar a liberdade dos indivduos. O Esprito das Leis, em
seu Livro XI, captulo VI, retrata que se os poderes (legislativo, executivo e judicirio) se
concentrarem nas mos de um mesmo organismo ou pessoa, no haver liberdade para os
cidados, uma vez que o governante poder fazer leis tirnicas, executando-as sem maiores
problemas.
- A teoria da separao dos poderes, preventiva de governos absolutos, com razes bem
lanadas no sculo XVIII6 teve o reforo, no sculo XIX, da idia de que poderes separados
e especializados trariam maior eficincia ao Estado.
II - O SISTEMA NO BRASIL
1 - Introduo
- Segundo explicita Alexandre de Moraes, a CF brasileira previu a tripartio para evitar
abusos e desrespeitos aos direitos fundamentais do homem. Temos assim o Executivo,
Legislativo e Judicirio.
- Previu ainda, alm do executivo, legislativo e do judicirio, a figura da Instituio do
Ministrio Pblico, que independente dos demais poderes.
- O Ministrio Pblico, segundo preceitua o artigo 127, da Carta, instituio permanente,
essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do
regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis.
- Com a criao do MP, preserva-se a inrcia do Judicirio, pois o MP atuante o Judicirio
no, depende de impulso dos interessados. Se o Judicirio se movimentasse buscando
preservar ou garantir direitos, deixaria de ser parcial.
- No Brasil a separao de poderes clusula ptrea, no podendo ser abolida (art. 60, 4,
III).
2 Funes estatais, imunidades e garantias em face do princpio da igualdade.
- Para que um sistema de governo composto por uma pluralidade de rgos funcione
corretamente, necessrio que o relacionamento entre os rgos seja pautado por normas de
lealdade constitucional (os rgos devem cooperar na medida necessria para realizar os
objetivos constitucionais e evitar ao mximo atritos + os titulares dos poderes devem
respeitar-se mutuamente).
- Para tanto, so criadas imunidades e garantias para os membros do Legislativo, Executivo,
Judicirio e MP. As imunidades e garantias criadas pela CF so decorrentes do princpio da
igualdade: garantir tratamento isonmico entre os membros dos Poderes e do MP. Pode
contudo, haver diferenciaes entre tais poderes, desde que sejam necessrias ao
desenvolvimento de suas atividades (tratar desigualmente aos desiguais), criando-se assim
para cada uma das divises garantias e imunidades prprias, desde que justificadas no pleno
funcionamento do rgo. Garante-se assim o clebre sistema de freios e contrapesos (um
poder tem lastro para resistir s influncias negativas dos outros, bem como coibir os
poca em que se buscava um liberalismo (reduo do intervencionismo estatal nas atividades particulares).
26
27
CAPTULO VI
PODER LEGISLATIVO
1 FUNES
- A CF, ao repartir os poderes, deu a cada um deles funes especficas e predominantes (art.
2). Assim, os poderes tm funes tpicas e atpicas.
- As funes tpicas do Poder Legislativo so legislar e fiscalizar, tendo ambas a mesma
importncia. O Congresso Nacional deve editar as normas jurdicas (legislar) bem como
fiscalizar a rea, contbil, financeira, oramentria, operacional e patrimonial do Poder
Executivo (art. 70).
- Funes atpicas: administrar e julgar. o prprio Congresso quem determina sua
administrao interna, ditando as regras sobre sua operacionabilidade interna, cargos,
promoes. A atividade julgadora do Congresso ocorre, por exemplo, quando julga o
Presidente da Repblica por crime de responsabilidade.
2 CONGRESSO NACIONAL
- O Poder Legislativo, no mbito federal, bicameral e exercido pelo Congresso Nacional
que se compe da Cmara dos Deputados (representantes do povo) e do Senado Federal
(representantes dos entes federativos: Estados e DF) art. 44.
- No mbito dos Estados e Municpios consagrado o unicameralismo (Assemblia dos
Deputados e Cmara dos Vereadores respectivamente).
- O Congresso se reunir anualmente na Capital Federal de 02 de fevereiro at 17 de junho e
de 1 de agosto at 22 de dezembro de cada ano (art. 57).
- Contudo, o art. 57, 6 prev a convocao extraordinria. Nessa reunio extraordinria o
Congresso deliberar sobre os assuntos que motivaram a convocao, includos tambm a
anlise das medidas provisrias em vigor no perodo de sua convocao.
- O rgo administrativo de direo do Congresso Nacional a Mesa. A Mesa ser presidida
pelo Presidente do Senado Federal, e os demais cargos sero exercidos, alternadamente,
pelos ocupantes de cargos semelhantes na Cmara e no Senado, conforme dispuserem seus
regimentos internos.
- As mesas da Cmara e do Senado sero eleitas por e com seus membros, para mandato de
dois anos, sem possibilidade de reeleio para o mesmo cargo.
- Atribuies do Congresso Nacional:
Com participao do Poder Executivo, por meio de sano presidencial: art.
48.
Por meio de decreto legislativo (competncias exclusivas): art. 49.
3 CMARA DOS DEPUTADOS
- So os representantes do povo (art. 12), eleitos pelo sistema de representao proporcional
ao nmero de eleitores de cada Estado ou do DF, para um mandato de quatro anos.
- Lei complementar n. 79/1993 dispe: mximo de 513 deputados (mnimo oito por Estado).
Quatro deputados por Territrio. O Estado mais populoso ser representado por 70
deputados.
- H, contudo, ajustes que destoam a proporcionalidade (mximo 70 e mnimo de oito
deputados por Estado), desconstruindo o princpio da igualdade do voto do art. 14, caput (um
homem um voto). Adotou-se, portanto, o mtodo do quociente eleitoral.
- Competncias privativas da Cmara dos Deputados art. 51.
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4 SENADO FEDERAL
- So os representantes dos entes federativos (Estados e DF), garantindo, dada sua igualdade
em nmero, da isonomia de opinies entre os entes. Assim, cada Estado ou o DF tem igual
nmero de representantes, elegendo trs Senadores cada (art. 46, 1).
- O Senado Federal apresenta representao federativa (no importa o nmero de habitantes).
- Os representantes do Senado so eleitos pelo sistema do princpio majoritrio (mais
votados em cada Estado ou DF). Atualmente com o total de 81 Senadores.
- Cada Estado e o DF elegero trs Senadores com mandato de oito anos (art. 46, 1). Os
representantes sero renovados de quatro em quatro anos, de forma alternada (art. 46, 2).
- As competncias exclusivas do Senado esto dispostas no art. 52.
B - Processos Legislativos
- Os processos legislativos podem se classificar:
Em relao s formas de organizao poltica (depende da forma de organizao
poltica):
o Autocrtico: expresso do prprio governo, que fundamenta em si mesmo a
competncia para editar leis. Em outras palavras, no h poder legislativo ou
participao popular na edio das normas jurdicas.
o Direto: h discusso e votao direta das leis pelo prprio povo.
o Semidireto: as leis so editadas pelo legislativo e referendadas pelos cidados.
o Indireto ou representativo: o mandante o povo, que escolhe seus
mandatrios (parlamentares) que recebero poderes para decidir sobre
assuntos definidos constitucionalmente.
Em relao seqncia das fases procedimentais:
o Processo comum ou ordinrio: se destina elaborao das leis ordinrias
(normalmente mais extenso).
o Processo sumrio: h existncia de prazo limite para que o Congresso
delibere sobre determinado assunto.
o Processo especial: serve para a elaborao de emendas constitucionais, leis
complementares, leis delegadas, medidas provisrias, decretos-legislativos,
resolues e leis financeiras (lei de plano plurianual, lei de diretrizes
oramentrias, lei do oramento).
- Assim, pode a populao apresentar projeto de lei para Cmara dos Deputados.
- Requisitos = art. 61, 2o.
- As Constituies Estaduais tambm devem permitir a iniciativa popular art. 27, 4o, CF.
Nesse sentido, a CE de SP admite a possibilidade de sua alterao por proposta de cidados
mediante iniciativa de projeto assinada por 1% de seus eleitores. Por sua vez, a Lei Orgnica
Municipal de Araraquara exige projeto assinado por pelo menos 5% dos eleitores do
municpio.
1.6 Iniciativa conjunta para fixao de subsdios dos Ministros do STF
- Os subsdios dos Ministros do STF so o teto salarial no Brasil art. 37, XI.
- A definio dos subsdios dos Ministros do STF deve ser realizada sempre por lei ordinria
de iniciativa concorrente dos Presidentes da Repblica, do Senado Federal, da Cmara dos
Deputados e do STF.
2 DISCUSSO
- Apresentado o projeto de lei, este deve seguir para as comisses da Casa em que foi
apresentado.
- As Comisses esto previstas pelo art. 58, sendo permanentes e temporrias (especiais:
objetivo extraordinrio, que quando cumprido faz desaparecer a Comisso - CPI, por
exemplo).
- As Comisses que tratam do processo legislativo so permanentes recebendo, na Cmara
dos Deputados, o nome de Comisso de Constituio, Justia e Redao; enquanto no
Senado Federal recebe o nome de Comisso de Constituio, Justia e Cidadania.
- H projetos que so avaliados por mais de uma comisso, como por exemplo nas
comisses temticas ou reunidas, em que as propostas so analisadas em contedo e mrito.
Nelas avaliado se o projeto realmente necessrio, se seu valor efetivo e se realmente
exeqvel. Pontos como viabilidade tcnica e econmica, equilbrio ou vantagens custobenefcio tambm so analisados, seja por comisso especfica ou nas comisses reunidas,
de acordo com cada caso.
- O papel das comisses analisar os aspectos formal e material do projeto de lei, antes que
v para votao em plenrio:
Aspecto formal: exame de constitucionalidade formal do projeto, tratando-se,
portanto, de controle preventivo de constitucionalidade. Em outras palavras: verificase se o projeto respeita as regras procedimentais do processo legislativo previsto pela
CF.
Aspecto material: verificao da adequao social do projeto e respeito s matrias
constitucionalmente protegidas.
- Conforme previso do art. 58, 2, I, a discusso em plenrio pode ser dispensada,
podendo a prpria Comisso discutir e votar projeto de lei que dispensar, na forma do
regimento, a competncia do plenrio. Assim, salvo se houver recurso de um dcimo dos
membros da Casa (09 membros do Senado ou 52 membros da Cmara), o projeto no ser
discutido em plenrio, somente na prpria Comisso.
3 VOTAO
- A discusso e votao dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da Repblica, do
Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores tero incio na Cmara dos Deputados
(art. 64).
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- Nos projetos de iniciativa do Presidente da Repblica, este poder solicitar urgncia para
apreciao ( 1, art. 64). Se, no caso do pedido de urgncia pelo Presidente, a Cmara dos
Deputados e o Senado Federal no se manifestarem, cada qual, sucessivamente, em at
quarenta e cinco dias, sobre a proposio, ser esta includa na ordem do dia, suspendendose a deliberao quanto aos demais assuntos, para que seja resolvido o projeto com pedido
de urgncia ( 2., art. 64). Esta disposio no tem validade para os perodos de recesso do
Congresso Nacional.
3.1 - Regras para a votao:
Leis ordinrias: maioria relativa (regra geral do art. 47)
o Maioria de votos, desde que presente a maioria absoluta dos membros da
Casa.
o Metade dos votos mais um voto, desde que presentes a metade dos senadores
ou deputados existentes.
o O quorum, portanto, varivel, ou seja, depende do nmero de membros
presentes.
o Dessa maneira, se no estiver presente a maioria absoluta (metade + 1) dos
membros, as votaes no se iniciam.
Leis complementares: maioria absoluta (art. 69)
o Metade dos votos mais um, considerando-se todos os membros da Casa, no
importa no nmero de presentes.
3.2 - Emendas
- Ocorrendo emendas ao projeto na Casa Revisora, ou seja, na segunda Casa a analisar o
projeto, a Casa Iniciadora ter o prazo de dez dias para apreciar o teor da emenda e se
manifestar. O texto precisa ser totalmente aprovado nas duas Casas.
3.4 - Aprovao
- O projeto de lei aprovado por uma Casa ser analisado pelas comisses, discutido e votado
em um s turno pela outra.
- Caso aprovado o projeto:
Ser enviado sano, sendo matria disposta no art. 48.
Ser enviado promulgao, sendo matrias previstas nos arts. 49, 51 e 52.
3.5 - Rejeio
- Caso rejeitado o projeto: arquivamento.
- O projeto rejeitado pode ser arquivado sem qualquer consulta Casa Iniciadora.
- O projeto tambm j pode ser arquivado pela Casa Iniciadora, isto , quando esta Casa
rejeit-lo.
- Segundo dispe o art. 67 dispe que a matria constante de projeto de lei rejeitado somente
poder constituir objeto de novo projeto, na mesma sesso legislativa (art. 57 entre 02/02 e
22/12), mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do
Congresso Nacional.
4 - SANO OU VETO
- Concluda a votao o projeto deve seguir uma, entre quatro possibilidades:
a) Envio ao Presidente da Repblica para sua manifestao, quando o projeto tratar de
matria do rol do art. 48.
b) Envio ao Congresso Nacional para promulgao, quando o projeto tratar de matria
do rol do art. 49.
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c) Envio Cmara dos Deputados para promulgao, quando o projeto tratar de matria
do rol do art. 51.
d) Envio ao Senado Federal para promulgao, quando o projeto tratar de matria do rol
do art. 52.
- No primeiro caso, a lei no ser ainda promulgada, pois necessita da manifestao do
Presidente da Repblica. Nos demais casos a lei vai para promulgao.
- Quando o Presidente considera a lei constitucionalmente e politicamente correta, realizar a
sano e determinar a promulgao do projeto como lei (sano expressa).
- Sano tcita: ocorre em virtude da ausncia de manifestao do Presidente dentro do prazo
estabelecido na CF (quinze dias teis art. 66, 1). Assim, decorrido o prazo de quinze
dias teis sem manifestao, o silncio do Presidente da Repblica importar sano (art. 66,
3).
- Caso o Presidente considere o projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrrio
ao interesse pblico, poder vet-lo, total ou parcialmente, no prazo de 15 dias teis (art. 66,
1).
Veto jurdico: representa o controle preventivo de constitucionalidade pelo
Presidente, refletindo seu entendimento sobre a inconstitucionalidade do
projeto de lei.
Veto poltico: aquele fundamentando na contrariedade do projeto de lei ao
interesse pblico.
Veto total: As razes do veto total devem ser comunicadas ao Presidente do
Senado Federal e demonstram que o Presidente da Repblica no aceitou os
termos da lei em sua totalidade.
Veto parcial: somente pode ser realizado sobre texto integral de artigo,
pargrafo, inciso ou alnea (art. 66, 2). Pode-se, por exemplo, vetar o caput
de um artigo e fazer permanecer os pargrafos, desde que estes no percam o
sentido.
- O veto realizado pelo Presidente da Repblica ser apreciado em sesso conjunta
(Congresso Nacional), dentro de trinta dias a contar de seu recebimento, s podendo ser
rejeitado pelo voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutnio secreto
(art. 66, 4).
- Se o Congresso no aceitar o veto, ser o projeto reenviado ao Presidente da Repblica
para promulgao, (art. 66, 5). Se a lei no for promulgada dentro de quarenta e oito horas
pelo Presidente da Repblica, o Presidente do Senado a promulgar, e, se este no o fizer em
igual prazo, caber ao Vice-Presidente do Senado faz-lo (art. 66, 7).
5 PROMULGAO
- Consiste na notcia da aprovao da lei e deve ser realizada nos termos do art. 66, 7.
- A promulgao atesta a existncia da lei, produzindo dois efeitos bsicos:
a) reconhece os fatos e atos geradores da lei;
b) indica que a lei vlida.
6 - PUBLICAO
- o ltimo ato do procedimento legislativo e marca o momento em que a lei entra no
ordenamento jurdico (a lei j existe, mesmo que haja perodo de vacncia).
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- a forma pela qual se d cincia da promulgao da lei aos seus destinatrios. condio
de vigncia e eficcia da lei.
- Trata-se da publicidade que deve ser dada lei nova, publicando-a no Dirio Oficial, para
que todos saibam de sua existncia e sua aplicabilidade possa ser possvel.
II EMENDA CONSTITUIO
1 Noes
- Consiste na manifestao do Poder constituinte derivado reformador, para elaborar
alteraes na CF, conforme procedimento previsto no art. 60.
- A Constituio poder ser emendada mediante proposta (Art. 60, I, II e III):
I - de um tero, no mnimo, dos membros da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da Repblica;
III - de mais da metade das Assemblias Legislativas das unidades da Federao ou da
Cmara Legislativa do Distrito Federal, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria
relativa de seus membros.
- A proposta ser ento discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, trs quintos dos votos dos
respectivos membros (art. 60, 2).
- A promulgao ser realizada pelas Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal,
com o respectivo nmero de ordem (art. 60, 3).
D Limitao procedimental
- Conforme prev o 5 do art. 60, a matria constante de proposta de emenda rejeitada ou
havida por prejudicada no pode ser objeto de nova proposta na mesma sesso legislativa.
Sesso legislativa o ano parlamentar previsto no art. 57 (de 02 de fevereiro at 22 de
dezembro).
III MEDIDA PROVISRIA
1 Aspectos histricos
- Instituto anlogo ao das Medidas Provisrias (MPs) existe nos sistemas parlamentaristas,
fonte do instituto para os brasileiros. No caso de alguns pases parlamentaristas, quando o
Primeiro Ministro edita uma medida provisria e esta rejeitada pelo Parlamento, isto
provoca a queda do 1 Ministro (Frana, Itlia, e Inglaterra).
- Surgiu no ordenamento jurdico brasileiro com a EC n. 1/69, que previu a possibilidade de
edio de Decreto-lei pelo Presidente da Repblica, em caso de urgncia ou de interesse
pblico relevante. Tinha como limites as seguintes matrias: finanas pblicas, segurana
nacional, criao de cargos pblicos e fixao de vencimentos. Editado o Decreto-lei este
deveria ser apreciado pelo Congresso Nacional, que se no o fizesse em 60 dias tornaria o
decreto definitivo.
- Com a redemocratizao do Brasil, a CF/88 extinguiu os Decretos-lei e criou as medidas
provisrias, limitando sua aplicao aos casos de relevncia e urgncia e, principalmente,
estabelecendo que as MPs no analisadas pelo Congresso no prazo de 30 dias perderiam
validade.
- Contudo, o constituinte deixou de limitar as matrias para as MPs, bem como a
possibilidade de suas reedies. Assim, os Presidentes da Repblica, desde 1988, sempre
fizeram uso abusivo das MPs.
- Como tentativa de soluo do problema foi criada a EC n 32/2001, que trouxe diversas
limitaes s MPs, mas, por sua vez, estendeu o prazo de validade (de trinta para sessenta
dias, ainda prorrogveis).
2 Regime Jurdico das MPs
A Objeto
- Em caso de relevncia e urgncia, o Presidente da Repblica poder adotar medidas
provisrias, com fora de lei, devendo submet-las de imediato ao Congresso Nacional (art.
62).
- O Governador e o Prefeito no podem exped-la (STJ - REsp. n 78.425 - Rel. Min. Luiz
Vicente Cernicchiaro - J. 25.03.96 - DJU 08.09.97).
B - Delimitao de matrias
- Com a edio da EC n 32/2001, delimitou-se as matrias para as MPs, vedando-se a
edio de medidas provisrias sobre matria (art. 62, 1):
I relativa a nacionalidade, cidadania, direitos polticos, partidos polticos e direito eleitoral;
direito penal, processual penal e processual civil; organizao do Poder Judicirio e do
Ministrio Pblico, a carreira e a garantia de seus membros; planos plurianuais, diretrizes
oramentrias, oramento e crditos adicionais e suplementares, ressalvado o previsto no art.
167, 3;
II que vise a deteno ou seqestro de bens, de poupana popular ou qualquer outro ativo
financeiro;
III reservada a lei complementar;
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IV - LEI DELEGADA
- Em regra o Poder Legislativo que deve editar as normas. Contudo, alm das medidas
provisrias, pode o Poder Executivo requerer ao Poder Legislativo a possibilidade de legislar
sobre um assunto especfico.
- Quando isso ocorre, o Poder Legislativo (Congresso Nacional) pode delegar ao Executivo,
por meio de Resoluo, poderes para a edio de lei. Na Resoluo devero estar delineados
o contedo e os termos de seu exerccio (art. 68, 2).
- As leis delegadas dependem da anuncia de ambos os poderes (Legislativo e Executivo),
uma vez que no h como qualquer um dos dois obrigar a delegao ou a aceitao do poder
delegado.
- H limites para a delegao (art. 68, 1), que expressam que no sero objeto de
delegao:
os atos de competncia exclusiva do Congresso Nacional
os de competncia privativa da Cmara dos Deputados ou do Senado Federal
a matria reservada lei complementar
nem a legislao sobre:
o I - organizao do Poder Judicirio e do Ministrio Pblico, a carreira e a
garantia de seus membros;
o II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais, polticos e eleitorais;
o III - planos plurianuais, diretrizes oramentrias e oramentos.
- A delegao poder ou no estar sujeita aprovao do Congresso, caso em que este a far
em votao nica, vedada qualquer emenda. Ou seja, somente poder aprovar ou rejeitar a
lei, jamais modific-la (art. 68, 3).
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V DECRETO LEGISLATIVO
- a espcie normativa que tem por base competncias exclusivas do Congresso Nacional.
Tais competncias so:
1. As previstas no art. 49 da CF.
2. Para regular as relaes jurdicas constitudas e decorrentes de atos praticados
durante a vigncia da medida provisria (art. 62, 3).
- Os decretos legislativos devero ser aprovados por maioria relativa de votos (art. 47).
- A nica exceo para o quorum de aprovao para os Decretos Legislativos que aprovem
tratados internacionais e convenes internacionais (art. 49, I) sobre direitos humanos, que
sero equivalentes s emendas constitucionais e, portanto, precisam ser aprovados, em cada
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por trs quintos dos votos dos respectivos
membros (art. 5, 3).
- Por serem de competncia exclusiva do Legislativo, os Decretos Legislativos no esto
sujeitos a sano ou veto do Executivo (art. 48).
VI RESOLUO
- A resoluo pode ser realizada pelo Congresso Nacional, pela Cmara dos Deputados e
pelo Senado Federal para normatizao de assuntos internos.
- A abrangncia da Resoluo residual aos Decretos Legislativos, ou seja, o que no estiver
no rol dos artigos 49 e 62 deve ser realizado por meio de Resoluo.
- Assim, a Resoluo se aplica aos casos previstos no art. 51 (Cmara dos Deputados) e 52
(Senado Federal).
- As resolues no esto sujeitas a sano ou veto (art. 48), sendo promulgadas diretamente
pelo Presidente da Casa que as editar.
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CAPTULO VII
PODER EXECUTIVO
I - INTRODUO
- A estruturao do Poder Executivo est disposta nos arts. 76 a 91 da CF.
- Principais atividades do Poder Executivo:
1. Acompanhar a execuo das leis;
2. Participar da atividade legislativa;
3. Implementar e gerenciar polticas de interesse pblico;
4. Incentivar e fomentar as atividades privadas que auxiliem o Estado (Terceiro Setor).
II - PRESIDENCIALISMO
- No Brasil, o Poder Executivo exercido pelo Presidente da Repblica, auxiliado pelos
Ministros de Estado (art. 76).
- Da conclu-se: o Brasil adota o sistema de governo presidencialista, dotando o Presidente
da Repblica dos poderes de Chefe de Estado e Chefe de Governo.
- O desempenho da funo de Chefe de Governo se caracteriza pela execuo das leis e pelo
desempenho das atribuies polticas de governo. O Chefe de Governo a figura poltica
central, ele quem exerce o Poder Executivo.
- J, como Chefe de Estado, o presidente da repblica no participa das decises polticas,
exercendo preponderantemente uma funo de representao do Estado.
IV - POSSE
- A posse do Presidente e Vice deve ocorrer no primeiro dia de janeiro posterior s eleies
(art. 82), para um mandato de 04 anos. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o
Presidente ou o Vice-Presidente, salvo motivo de fora maior, no tiver assumido o cargo,
este ser declarado vago (art. 78, pargrafo nico).
- Em caso de impedimento do Presidente, assumir o Vice-Presidente (art. 79). Havendo
impedimento de ambos, ou vacncia dos respectivos cargos assumir, sucessivamente (Art.
80): (1) o Presidente da Cmara dos Deputados; (2) o Presidente do Senado Federal ou (3) o
Presidente do Supremo Tribunal Federal.
-Em caso de vacncia do cargo, os substitutos sero provisrios, at a realizao de nova
eleio no prazo de 90 dias da abertura da vaga (eleio direta).
- Ocorrendo a vacncia nos ltimos dois anos do perodo presidencial, a eleio para ambos
os cargos ser feita trinta dias depois da abertura da ltima vaga. O presidente e o vice sero
eleitos pelo Congresso Nacional e no por votao popular (nico caso de eleio indireta no
Brasil).
- Em qualquer dos casos, os eleitos devero completar o perodo de seus antecessores.
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V - ATRIBUIES DO PRESIDENTE
- As atribuies do Presidente da Repblica, conforme rol do art. 84 da CF, podem ser
divididas:
1. Chefia de Estado (relacionadas conforme incisos do art. 84):
VII - manter relaes com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes
diplomticos;
VIII - celebrar tratados, convenes e atos internacionais, sujeitos a referendo do
Congresso Nacional;
XVIII - convocar e presidir o Conselho de Defesa Nacional (parte final do inciso
XVIII);
XIV - nomear, aps aprovao pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo
Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores (parte do inciso XIV);
XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da
Unio;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituio (primeira parte
do inciso XVI);
XIX - declarar guerra, no caso de agresso estrangeira, autorizado pelo Congresso
Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sesses
legislativas, e, nas mesmas condies, decretar, total ou parcialmente, a mobilizao
nacional;
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
XXI - conferir condecoraes e distines honorficas;
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que foras estrangeiras
transitem pelo territrio nacional ou nele permaneam temporariamente;
2. Chefia de Governo
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituio;
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e
regulamentos para sua fiel execuo;
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
IX - decretar o estado de defesa e o estado de stio;
X - decretar e executar a interveno federal;
XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasio da
abertura da sesso legislativa, expondo a situao do Pas e solicitando as
providncias que julgar necessrias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audincia, se necessrio, dos rgos
institudos em lei;
XIII - exercer o comando supremo das Foras Armadas, nomear os Comandantes da
Marinha, do Exrcito e da Aeronutica, promover seus oficiais-generais e nome-los
para os cargos que lhes so privativos;
XIV - nomear, aps aprovao pelo Senado Federal, os Governadores de Territrios,
o Procurador-Geral da Repblica, o presidente e os diretores do banco central e
outros servidores, quando determinado em lei (parte do inciso XIV);
XVII - nomear membros do Conselho da Repblica, nos termos do art. 89, VII;
XVIII - convocar e presidir o Conselho da Repblica (primeira parte do inciso
XVIII);
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de
diretrizes oramentrias e as propostas de oramento previstos nesta Constituio;
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VI - ATRIBUIES DO VICE-PRESIDENTE
1. Substituir o Presidente no caso de impedimento (art. 79). Ou seja, para situaes
temporrias.
2. Suceder o Presidente em caso de vaga (art. 79). A vaga, por sua vez, acontece em
hipteses de falecimento, renncia, extino ou cassao do mandato do Presidente.
3. Participao nos Conselhos da Repblica e da Defesa (art. 89, I e 91, I).
4. Representar o pas, como Chefe de Estado, quando tal ato lhe for designado
- O Vice-Presidente da Repblica, alm de outras atribuies que lhe forem conferidas por
lei complementar, auxiliar o Presidente, sempre que por ele convocado para misses
especiais (par. nico, art. 79).
- O Vice-Presidente da Repblica (bem como o Presidente) no poder, sem licena do
Congresso Nacional, ausentar-se do Pas por perodo superior a quinze dias, sob pena de
perda do cargo.
que dever autorizar, por voto de dois teros de seus membros, a instaurao de processo
(art. 51, I, CF).
- A partir da autorizao da Cmara, o Senado Federal processar e julgar o Presidente,
bem como o Vice, por crimes de responsabilidade (Art. 52, I).
- A presidncia do julgamento no Senado Federal, somente no que concerne condenao
(tipo de pena, prazo, etc), de competncia do Presidente do STF (art. 52, par. n.). Assim,
os votos que decidiro pela culpa ou no do Presidente da Repblica so proferidos pelos
Senadores (necessidade de maioria absoluta para a condenao).
- Notas:
O julgamento de crimes comuns cometidos pelo Presidente da Repblica de
competncia do STF e no do Senado Federal. Importa dizer que um mesmo fato
pode desencadear a responsabilizao por crime comum e de responsabilidade (art.
86, CF).
Havendo processo no STF ou no Senado Federal, o Presidente ficar suspenso de
suas funes (art. 86, I e II).
Contudo, se decorrido o prazo de cento e oitenta dias sem concluso do julgamento,
cessar o afastamento do Presidente, sem prejuzo do regular prosseguimento do
processo (86, 2).
O Presidente no poder, nas infraes comuns, ser preso antes da sentena penal
condenatria transitada em julgado, ou seja, no se sujeita s modalidades de priso
provisria (86, 3).
O Presidente da Repblica goza de imunidade para crimes de responsabilidade
pessoal na vigncia de seu mandato, pois no pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exerccio de suas funes (86, 4).
Tentativa: so passveis da pena de perda do cargo, com inabilitao, at cinco anos,
para o exerccio de qualquer funo pblica (art. 2, Lei 1079/50).
Outros agentes sujeitos aos crimes de responsabilidade da Lei 1079/50: Ministros de
Estado, os Ministros do Supremo Tribunal Federal, o Procurador Geral da Repblica
e Governadores de Estado.
permitido a qualquer cidado denunciar os suspeitos de crime de responsabilidade.
A denncia contra o Presidente da Repblica ou Ministro de Estado, por crime de
responsabilidade, ser perante a Cmara dos Deputados (Art. 14, Lei 1.079/50).
Recebida a denncia a Cmara dos Deputados enviar decreto de acusao ao
Senado Federal.
A denncia contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal e o Procurador Geral
da Repblica ser perante o Senado Federal e contra o Governador ser perante a
Assemblia Legislativa dos Estados (Art. 41 e 75 respectivamente, Lei 1.079/50).
2 - PENAS
As penas so previstas no par. nico do artigo 52 e sero definidas pelo Presidente do STF,
dentro do seguinte rol:
1. Perda do cargo.
2. Inabilitao, por oito anos, para o exerccio de funo pblica, sem prejuzo das
demais sanes judiciais cabveis.
- As penas so autnomas, ou seja, podem ser aplicadas em conjunto ou somente a perda do
cargo, sem a inabilitao e vice-versa.
- Assim, havendo renncia antes da deciso, pode ser aplicada a pena de inabilitao (como
no Caso do Presidente Collor).
- Funo pblica no caso qualquer uma, no s a de Presidente da Repblica.
45
CAPTULO VIII
PODER JUDICIRIO
I - INTRODUO
- A funo tpica do Judicirio a jurisdio. Assim, o Poder Judicirio tem competncia
para aplicar a lei ao caso concreto, solucionando os conflitos de interesses sociais.
Transforma a lei, comando geral e abstrato, para resolver um caso individual e concreto,
adaptando o conceito legal com uma ordem individual e concreta.
- Uma das principais caractersticas do Judicirio a inrcia, atua apenas quando
provocado pelo interessado.
- A CF determina que nenhuma leso ou ameaa a direito ser excluda da apreciao do
Poder Judicirio (art. 5, XXXV), assim, o Judicirio exerce o monoplio da aplicao da lei
no Brasil, deixando de ser utilizado apenas quando houver tal escolha pelas partes (Ex:
processos administrativos, processos arbitrais).
Braslia
2 Regio
3 Regio
So Paulo
4 Regio
Porto Alegre
5 Regio
Recife
Rio de Janeiro - RJ
Rio de Janeiro
2 Regio
So Paulo - SP
3 Regio
Belo Horizonte - MG
Minas Gerais
4 Regio
Porto Alegre - RS
5 Regio
Salvador - BA
Bahia
6 Regio
Recife - PE
Pernambuco
7 Regio
Fortaleza - CE
Cear
8 Regio
Belm - PA
Par e Amap
9 Regio
Curitiba - PR
Paran
10 Regio Braslia - DF
11 Regio Manaus - AM
Amazonas e Roraima
12 Regio Florianpolis - SC
Santa Catarina
Paraba
Acre e Rondnia
15 Regio Campinas - SP
16 Regio So Lus - MA
Maranho
17 Regio Vitria - ES
Esprito Santo
18 Regio Goinia - GO
Gois
19 Regio Macei - AL
Alagoas
20 Regio Aracaju - SE
Sergipe
21 Regio Natal - RN
22 Regio Teresina - PI
Piau
23 Regio Cuiab - MT
Mato Grosso
3 - MEMBROS DO JUDICIRIO
- Seleo dos membros: Art. 93, I = concurso pblico.
Notas:
o Quinto Constitucional: o acesso Magistratura tambm pode ocorrer nos
termos do art. 94 e 104, II.
o Nomeao pelo Chefe do Executivo: Ministros do STF (art. 101, par. nico),
STJ (art. 104, par. nico), TST (art. 111-A) e STM (art. 123, par. nico),
Juzes do TRF (art. 107).
7
Foram considerados apenas os rgos de competncia jurisdicional, por isso o CNJ no consta no
organograma, pois rgo Jurdico-Administrativo.
48
2 - Smula Vinculante
Disciplina: Lei 11.417/2006
Objetivo: dar celeridade ao Judicirio, para que questes j decididas exaustivamente
pelo STF no precisem novamente percorrer todos os graus de recurso e receber o
mesmo julgamento final pelo Supremo, ou seja, j sero decididas conforme a
orientao da Corte Suprema. Diminuir-se- assim, a insegurana jurdica
(julgamentos diferentes para casos semelhantes) e a multiplicao excessiva de
processos e recursos.
Crtica: engessamento da capacidade de deciso dos juzos inferiores ao STF.
Criao: O Supremo Tribunal Federal poder, de ofcio ou por provocao, mediante
deciso de dois teros dos seus membros, aps reiteradas decises sobre matria
constitucional, aprovar smula que ter efeito vinculante em relao aos demais
rgos do Poder Judicirio e administrao pblica direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal.
Proposta: podem propor a edio, a reviso ou o cancelamento de enunciado de
smula vinculante (art. 3, Lei 11.417/06): o Presidente da Repblica; a Mesa do
Senado Federal; a Mesa da Cmara dos Deputados; o Procurador-Geral da
Repblica; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; o Defensor
Pblico-Geral da Unio; partido poltico com representao no Congresso Nacional;confederao sindical ou entidade de classe de mbito nacional; a Mesa de
Assemblia Legislativa ou da Cmara Legislativa do Distrito Federal; o Governador
de Estado ou do Distrito Federal; os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justia de
Estados ou do Distrito Federal e Territrios, os Tribunais Regionais Federais, os
Tribunais Regionais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os Tribunais
Militares.
49
50
4 - Proibies
- Pela previso do art. 95, pargrafo nico, aos juzes vedado:
I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou funo, salvo uma de
magistrio;
II - receber, a qualquer ttulo ou pretexto, custas ou participao em processo;
III - dedicar-se atividade poltico-partidria.
IV - receber, a qualquer ttulo ou pretexto, auxlios ou contribuies de pessoas fsicas,
entidades pblicas ou privadas, ressalvadas as excees previstas em lei;
V - exercer a advocacia no juzo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos trs
anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exonerao.
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CAPTULO IX
DAS FUNES ESSENCIAIS JUSTIA
I - MINISTRIO PBLICO
1 - Caractersticas
O Ministrio Pblico (MP) conceituado como funo essencial Justica, assim
sendo, no faz parte do Poder Judicirio. poder autnomo e independente. Algumas
correntes o classificam como um 4 Poder, outras como integrante do Executivo, uma
vez que tem responsabilidade em fazer cumprir (executar) as leis, e outras ainda o
encaixam como membro do Judicirio.
O ingresso na carreira semelhante ao dos Magistrados: concurso pblico.
rgos: art. 128.
Garantias: 128, 5, I.
Proibies: 128, 5, II.
52
CAPTULO X
DEFESA DO ESTADO E INSTITUIES DEMOCRTICAS
I - INTRODUO
- Para evitar conturbaes sociais, a CF faz previso da supresso temporria de direitos
fundamentais, tudo com o nico objetivo de proteo do interesse do Estado e/ou das
instituies democrticas.
- So medidas emergenciais e que atingem direitos fundamentais (conforme rol taxativo do
art. 136, 1), e devem ter seu mbito de aplicao totalmente delimitado pelo Poder
Executivo.
- Nessas situaes, vive-se sob a gide do chamado sistema constitucional das crises, atravs
da legalidade extraordinria.
II - DO ESTADO DE DEFESA
1 - Conceito
- Diante de certas situaes extremas em regio do territrio nacional, o Estado organiza
medidas com intuito de debelar ameaas ordem pblica ou paz social.
- O estado de defesa corresponde instaurao de uma legalidade extraordinria, que
perdurar por perodo restrito de tempo e em local estabelecido por meio de Decreto do
Presidente da Repblica, ouvidos o Conselho de Defesa Nacional e Conselho da Repblica
(art. 136). Os Conselhos apenas opinam, ou seja, suas manifestaes no vinculam o ato do
Presidente da Repblica.
2 Pressupostos de fundo
- Somente legtima a decretao do estado de defesa quando houver o possvel
comprometimento da ordem pblica ou da paz social, ameaados por grave e iminente
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes propores.
- Assim, deve haver risco efetivo para a paz social ou ordem pblica, no bastando apenas
um risco em potencial (previso terica).
3 Pressuposto formal: Decreto presidencial
- Do decreto presidencial devero constar (art. 136, 1):
O tempo de durao, que no poder ser superior a trinta dias, podendo ser
prorrogado por apenas uma vez por igual perodo ou perodo menor, desde que
persistam as razes.
As especificaes das reas abrangidas.
A indicao das medidas coercitivas, dentre:
o Restries ao direito de reunio;
o Restries ao sigilo de correspondncia e de comunicao telegrfica e
telefnica; e
o Ocupao e uso temporrio de bens e servios pblicos (se a hiptese for de
calamidade pblica, respondendo Unio pelos danos e custos decorrentes).
4 Controle do estado de defesa
4.1 Controle poltico
53
IV - FORAS ARMADAS
1 - Noo (art. 142)
55
So instituies nacionais permanentes (no podem ser abolidas por emendas CF) e
regulares (devem contar com efetivo necessrio ao cumprimento de suas funes),
organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do
Presidente da Repblica.
So compostas pela Marinha, Exrcito e Aeronutica.
2 - Funes (art. 142 in fine):
Garantir a defesa da Ptria: garantir a defesa externa do Estado (funo ordinria).
Garantir os poderes constitucionais: defender as instituies democrticas.
Garantir a lei e a ordem, desde que requisitados por qualquer dos poderes.
o A requisio deve ser feita pelo Chefe dos Poderes, isolada ou em conjunto,
ou seja, pelo Presidente da Repblica, pelo Presidente do STF ou pelo
Presidente do Legislativo (Presidente da Mesa do Congresso Nacional).
3 - Princpio da obrigatoriedade do servio militar
- O art. 143, estabelece que o servio militar obrigatrio, estando isentas as mulheres e os
eclesisticos em tempo de paz ( 2). No entanto, podero estar sujeitos a outros encargos
que a lei lhes atribuir (Lei 8.239/91). O servio alternativo est previsto no art. 3, Lei
8.239/91:
2 Entende-se por Servio Alternativo o exerccio de atividades de carter administrativo,
assistencial, filantrpico ou mesmo produtivo, em substituio s atividades de carter
essencialmente militar.
3 O Servio Alternativo ser prestado em organizaes militares da ativa e em rgos de
formao de reservas das Foras Armadas ou em rgos subordinados aos Ministrios Civis,
mediante convnios entre estes e os Ministrios Militares, desde que haja interesse recproco
e, tambm, sejam atendidas as aptides do convocado.
Policial) para a instruo dos processos criminais judiciais e aplicao de sano aos
infratores.
2 - Polcia Federal
- A polcia federal rgo permanente, organizado e mantido pela Unio e estruturado em
carreira. Os membros so admitidos por concurso pblico.
- Objetivos (art. 144, 1):
Atuao com exclusividade (sem estabelecer convnio com outras polcias):
o Polcia judiciria da Unio (inciso IV, do art. 144).
Atuao de forma cumulativa com outras polcias:
o Preveno e represso ao trfico ilcito de entorpecentes e drogas afins, o
contrabando e o descaminho, exercendo ainda as funes de polcia martima,
aeroporturia e de fronteiras.
o Apurao de infraes de interesse Federal (repercusso interestadual ou
internacional) que exijam atuao uniforme em todo territrio nacional (ex:
crime organizado, lavagem de dinheiro, extorso mediante seqestro, etc.
ver Lei 10.446/2002).
3 - Polcia Rodoviria e Ferroviria Federal ( 2 e 3 do artigo 144).
- So rgos permanente, organizados e mantidos pela Unio e estruturados em carreira, com
objetivo respectivo de prover patrulhamento ostensivo das rodovias e ferrovias federais.
4 Polcia Civil
- So organizadas sob a subordinao dos governos estaduais ou do DF, com objetivo de
exercer, no mbito de sua regio, a polcia judiciria e a apurao de infraes penais
(polcia repressiva), exceto as militares (artigo 144, 4).
- So dirigidas por delegados de polcia de carreira (concursados).
5 Polcia Militar
- So, conforme determinao do art. 144, 5, organizadas sob a subordinao dos
governos estaduais ou do DF, com objetivo de realizao do policiamento ostensivo, bem
como a preservao da ordem pblica (polcia administrativa).
- As Polcias Militares e os Bombeiros Militares (realizam a Defesa Civil) so foras
auxiliares e de reserva do Exrcito (art. 144, 6).
6 Guarda Municipal
- A CF no contemplou as Guardas Municipais (GM) no rol de rgos de defesa da
segurana pblica.
- Contudo, no 8, do artigo 144, fez previso que os Municpios podero constituir guardas
municipais.
- O objetivo das GM a proteo dos bens, servios e instalaes do Municpio. Assim
sendo, a leitura mais adequada do artigo, leva a concluir que as GM no podem realizar as
atividades destinadas s Polcias Federal, Civis e Militares.
57
CAPTULO XI
TRIBUTAO E ORAMENTO
I NOES
- Foi com a CF/88 que o Sistema Tributrio Constitucional tornou-se a principal diretriz do
Direito Tributrio no Brasil.
- Assim, a CF passou a regrar as competncias tributrias, positivou importantes princpios
tributrios, descreveu com detalhes o poder de tributar dos entes federativos e a repartio
das receitas tributrias.
- A CF no detalha os tributos e a forma da tributao, apenas faz a previso de princpios e
regras que tero que ser absolutamente respeitadas na atividade legislativa de cada ente
federativo ao exercer sua competncia tributria. Portanto, os entes legislativos, ao exercer
sua competncia tributria devem faz-lo em total respeito ao regramento constitucional, sob
pena de incorrer em nulidades (inconstitucionalidades).
II COMPETNCIA TRIBUTRIA
1 - Noes
- Competncia tributria a aptido do ente federativo em criar e arrecadar os seus tributos
constitucionalmente atribudos. Assim, a CF estabeleceu quais as espcies tributrias que
podero ser utilizadas por cada ente federativo.
- Conforme prev o artigo 145, a Unio, os Estados, o Distrito Federal e os municpios
podero criar e cobrar impostos, taxas em razo do exerccio do poder de polcia ou pela
utilizao, efetiva ou potencial, de servios pblicos especficos e divisveis, prestados ao
contribuinte ou postos a sua disposio; e ainda contribuies de melhoria, decorrente de
obras pblicas.
- Por sua vez, somente a Unio ter competncia para contribuies sociais, contribuies
especiais de interveno no domnio econmico e emprstimos compulsrios.
- A Unio tem ainda competncia tributria residual, ou seja, poder criar novos impostos,
desde que no previstos pela CF para outros entes federativos (art. 154, I).
2 - Espcies tributrias:
- Imposto
o Art. 16, CTN: Imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma
situao independente de qualquer atividade estatal especfica, relativa ao
contribuinte.
o Independe de qualquer atividade ou servio do poder pblico em relao ao
contribuinte. Aplica-se para custeio da administrao e para servios em benefcio
da comunidade.
- Taxa
o Art. 77, CTN: As taxas cobradas pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal
ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, tm como fato
gerador o exerccio regular do poder de polcia, ou a utilizao, efetiva ou
potencial, de servio pblico especfico e divisvel, prestado ao contribuinte ou
posto sua disposio.
o Tributo relacionado com a prestao de algum servio pblico para um beneficirio
identificado ou identificvel.
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59
CAPTULO XII
ORDEM ECONMICA E FINANCEIRA
I PRINCPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONMICA
- A ordem econmica (arts. 170 a 181) fundada na valorizao do trabalho e na livre
iniciativa, assegurando a todos o livre exerccio de qualquer atividade econmica,
independentemente de autorizao de rgos pblicos, salvo nos casos expressamente
previstos em lei, tudo com objetivo de garantir existncia digna, conforme os ditames da
justia social.
- So princpios gerais da atividade econmica:
1. Soberania nacional;
2. Propriedade privada;
3. Funo social da propriedade;
4. Livre concorrncia;
5. Defesa do consumidor;
6. Defesa do meio ambiente;
7. Reduo das desigualdades regionais e sociais;
8. Busca do pleno emprego;
9. Tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constitudas sob as leis
brasileiras e com sede e administrao no pas.
II INTERVENO DO ESTADO NO DOMNIO ECONMICO
- Apesar de o Brasil adotar uma economia de mercado, descentralizado, o Estado
competente para intervir no domnio econmico como agente regulador e normativo, com
finalidade de exercer funes de fiscalizao, incentivo e planejamento indicativo ao setor
privado.
- Dessa maneira, pode o Estado normatizar, incentivar e controlar a atividade econmica.
- Claro exemplo seu poder de tributao, que pode atingir produtos de forma diferenciada:
conforme sua essencialidade, conforme sua origem (importado), conforme o momento
econmico, etc. Assim, o Estado acaba por controlar a economia e, consequentemente, a
balana comercial (claro exemplo dos impostos de importao e exportao).
- Outro exemplo o CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econmica), que atua para
orientar, fiscalizar, prevenir e apurar abusos de poder econmico, exercendo papel tutelador
da preveno e da represso a tais abusos. Dessa forma, busca-se proteger o equilbrio da
concorrncia econmica no pas, fiscalizando atos de concentrao, ou seja, anlise das
operaes de fuses, incorporaes e associaes de qualquer espcie entre agentes
econmicos
- O Estado tambm pode atuar diretamente no mercado, atravs de empresas pblicas e
sociedades de economia mista8, quando necessrio aos imperativos da segurana nacional ou
8
So pessoas jurdicas de direito privado, que fazem parte da administrao pblica indireta. Ambas precisam
de autorizao em lei especfica, sua personalidade surgir com o registro de seus atos de constituio. H duas
espcies: 1 prestam servio pblico (art. 175, CF); 2 exploram atividade econmica (art. 173 e 177, CF).
Submetem-se a regime hbrido: ora ao direito pblico ora ao direito privado. Ex: para contratao de seus
empregados preciso concurso pblico (art. 37, II, CF) submisso ao direito pblico, mas eles estaro
sujeitos CLT (direito privado). Diferenas entre emp. pblicas e sociedade de economia mista: a) Empresas
pblicas: capital totalmente pblico. Forma societria: qualquer forma legal (Ltda, S.A., comandita, etc. Ex:
CEF, Embrapa, Correios); b) Sociedade de economia mista: capital pblico e privado. Sempre Sociedades
Annimas (S/A) - (ex: Banco do Brasil, Petrobrs).
60
a relevante interesse coletivo, alm dos casos expressamente previstos na CF (art. 173).
Todavia, certo que as empresas pblicas e as sociedades de economia mista no podero
gozar de privilgios fiscais no extensivos s empresas do setor privado (art. 173, 2).
III DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL
- Com o advento da EC 40/2003, o sistema financeiro tornou-se desconstitucionalizado, pois
houve revogao quase que completa do artigo 192 da CF, permitindo ento que as matrias
anteriormente ali tratadas possam ser normatizadas por leis complementares.
- Dentre as matrias que antes eram tratadas pelo artigo 192, encontrava-se a regulamentao
das instituies financeiras, do Banco Central, cooperativas de crdito e juros.
- A nica regra constitucional sobre o sistema financeiro nacional que restou foi o caput do
artigo 192, que prev ento um norte para o sistema, que deve ser estruturado de forma a
promover o desenvolvimento equilibrado do Pas e a servir aos interesses da coletividade,
em todas as partes que o compem, abrangendo as cooperativas de crdito, fixando ainda a
forma da regulao: leis complementares que disporo, inclusive, sobre a participao do
capital estrangeiro nas instituies que o integram.
61
CAPTULO XIII
ORDEM SOCIAL
I - INTRODUO
- Pela primeira vez na histria das Constituies brasileiras, foi disciplinada em seu texto, de
forma separada, a Ordem Econmica e a Ordem Social. Em resumo: nunca a Ordem Social
foi to importante como agora.
- Alm disso, nas prprias disposies da Ordem Econmica, h a garantia da valorizao do
trabalho humano, com o fim de assegurar a todos existncia digna (art. 170). Por sua vez, o
art. 193 complementa a Ordem Econmica, pois se baseia no primado do trabalho para
alcanar bem-estar e justia social.
- Fica claro, portanto, que tanto na matria econmica, quanto na social, os objetivos so
concordantes e harmnicos.
- Cabe salientar que o Texto Constitucional, criado na metade final do sculo XX, tem
profunda influncia neoliberal. Para alguns autores trata-se de um erro, pois o mbito
econmico e social andam em conjunto. No entanto, parece que a separao tem objetivo de
permitir a garantia da ordem social, sem exagerar nas limitaes da ordem econmica. Em
outras palavras: permitir o pleno desenvolvimento do capitalismo (permitir o modelo
capitalista pleno), sem exacerbar ou impedir a prtica do Estado de Bem-estar Social
(colocar o capital, em parte, a servio da justia social).
II PRINCPIOS
- Conceito de princpio: O princpio jurdico serve de alicerce para a criao da ordem
positivada do Direito, refletindo de forma objetiva os conceitos bsicos da cincia.
- Princpios constitucionais:
Na CF se situam os princpios fundamentais.
Servem para estruturar o sistema jurdico de modo que as regras hierarquicamente
inferiores fiquem subordinadas ao seu entendimento.
o A interpretao de todas as normas deve ocorrer em conformidade aos
princpios constitucionais.
o Norma que contradiz princpio acaba por atingir todo o sistema
constitucional.
o Quando no existir disposio de lei sobre um assunto, poder o princpio
suprir tal fato e servir de fundamentao.
o O legislador deve sempre seguir a orientao dos princpios ao produzir leis.
O princpio bsico que rege a vida social o da igualdade, pois d efetividade e
forma a outros valores previstos pela CF: a dignidade da pessoa humana, a
construo de uma sociedade livre, justa e solidria, a erradicao da pobreza social e
da marginalizao, a reduo das desigualdades sociais e regionais e a promoo do
bem de todos.
- Somente por meio do trabalho, que o Estado conseguir propiciar meios para diminuio
da marginalizao, pobreza e reduo das desigualdades sociais e regionais.
- A CF/88 deu grande importncia ao trabalho como valor social, expressando-o como:
Fundamento do Estado Democrtico de Direito (Art. 1, IV);
Direito social (art. 6);
Fundamento da Ordem Econmica (art. 170);
Base da Ordem Social (art. 193).
- Importa asseverar que o trabalho no direito individual e sim direito social (art. 6). Isso
muda totalmente a interpretao do instituto: por ser direito social, no pode um cidado
exigir emprego do Estado. O que acaba por acontecer, que o Estado, por ser o trabalho um
direito da sociedade como um todo, deve permitir a todos o exerccio de qualquer atividade
laborativa, desde que lcita.
- Diante disso, e dos demais preceitos constitucionais, as polticas econmicas e sociais do
Governo devem valorizar o trabalho e o trabalhador como um todo. No podem por
exemplo, serem criadas orientaes ou planos polticos que incentivem o desemprego ou
diminuam o nmero de postos de trabalho.
- Como respeito ao direito ao trabalho e como reflexo da falta de obrigao pelo Estado de
dar a cada um o respectivo posto de trabalho, o Governo prev que, em caso de desemprego
involuntrio, seja deferido o seguro-desemprego (art. 7, II).
IV - JUSTIA SOCIAL
1 - Conceito constitucional de justia social
- A CF estabeleceu em seu texto diversos preceitos, que servem como vetores interpretativos
de toda normativa constitucional e infra-constitucional no Brasil. Assim, para que seja
concretizada a justia social no Brasil, necessrio que sejam praticados os preceitos abaixo:
No Prembulo a CF estabelece que o Estado Democrtico deve assegurar o
exerccio dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurana, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justia como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos (...).
No artigo 1 so apontados os fundamentos do Estado democrtico de Direito: a
soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do trabalho
e da livre iniciativa, o pluralismo poltico, sendo que todo o poder emana do povo e
para o povo.
J no art. 3, esto estabelecidos os objetivos fundamentais da Repblica: construir
uma sociedade livre, justa e solidria; garantir o desenvolvimento nacional; erradicar
a pobreza e a marginalizao e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover
o bem de todos, sem preconceitos de origem, raa, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminao.
Pelo artigo 4, fica expresso que o Brasil deve reger suas relaes internacionais
pelos princpios da independncia nacional; prevalncia dos direitos humanos;
autodeterminao dos povos; no-interveno em outros pases; igualdade entre os
Estados; defesa da paz; soluo pacfica dos conflitos; repdio ao terrorismo e ao
racismo; cooperao entre os povos para o progresso da humanidade; concesso de
asilo poltico.
Dos artigos 5 ao 11, a CF estabelece um extenso rol de direitos individuais e
coletivos.
- Assim sendo, a CF adota a idia de justia distributiva, em que devem ser concedidos aos
cidados tudo que lhes de direito, ou seja, o Estado deve garantir a cada um dos brasileiros
a concretizao dos direitos estabelecidos na Carta. Pode, para tanto, tratar desigualmente os
desiguais, concedendo maiores benefcios aos mais necessitados, isto porque a CF adotou o
princpio da equidade.
- O principal instrumento para viabilizao da ordem e justia sociais no Brasil a
Seguridade Social (sade pblica, previdncia e assistncia social efetivadas por meio do
INSS). A CF prev a seguridade social dos arts. 194 ao 204.
64
BIBLIOGRAFIA
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Constitucional. 10. ed. rev. e atual. So Paulo: Saraiva, 2006.
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LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 13. ed., rev., atual. e ampl., So
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