Resumos de DC 1 TESTE
Resumos de DC 1 TESTE
Resumos de DC 1 TESTE
1.1 Definição
DC é a parcela de ordem jurídica que rege o próprio Estado enquanto comunidade (povo) e poder
(funcionamento político). É o conjunto de normas (disposição e princípios) que recortam o contexto jurídico
correspondente à comunidade política como um todo e aí delimitam os indivíduos e os grupos, uns em face
dos outros, e em relação ao Estado-Poder estabelecendo:
1) A titularidade do poder
2) Os modos de formação e manifestação da vontade política
3) Os órgãos de que esta vontade carece
4) Os atos em que se traduz
Mais do que um Ramo de Direito, o DC deve ser visto como um tronco da ordem jurídica estadual de
onde resultam os diversos ramos de Direito Público e Direito Privado.
O DC poderá chamar-se também Direito Político, por essas normas reportarem-se especifica e
diretamente ao Estado e estas exprimem-se numa particular ligação da instância política e da instância
jurídica da vida humana.
O DC é o direito da Constituição. A Constituição serve para organizar o poder político e limitar esse
mesmo poder assim como assegurar direitos fundamentais que corresponde à proteção do cidadão da ação
do Estado, direitos contra o Estado.
A Constituição tem variado ao longo do tempo pois vai modificando o seu conteúdo de acordo com a
evolução da sociedade. O Direito tem de acompanhar essa evolução pois para haver direito tem de haver
sociedade e vice-versa. Por isso, a definição de Constituição é mais atual mas não é acabada nem definitiva
devido à evolução da sociedade.
A Constituição contém um conjunto de normas e princípios fundamentais que vão definir os seguintes
aspetos:
1) A Estrutura
- Entende-se que o Estado tem três elementos estruturais para ser reconhecido como tal: Povo, Território e
Poder Político.
- Só podemos considerar que existe um Estado quando estes três elementos estão reunidos. O Estado
prossupõe que haja um povo que se vai fixar num determinado território com carácter permanente.
2) Os fins
- São os objetivos que o Estado propõe a atingir: Segurança, Justiça e Bem-estar económico-social
(igualdade de oportunidades).
- São os três principais fins e cabe à constituição definir estes objetivos e também definir os fins que o
Estado deve cumprir.
3) As funções do Estado
- É uma consequência dos fins do Estado. O Estado tem que desenvolver as atividades necessárias para
atingir os seus fins.
- Política, Legislativa, Judicial e Administrativa.
4) A organização
- Regula a forma como se organiza o poder e vai regular tanto a nível económico, social e político.
5) A titularidade
- O Estado é uma entidade abstrata que tem de atuar em nome do Estado e desenvolver as funções do
mesmo. Esses órgãos são apenas definidos pela Constituição, ou seja, são órgãos constitucionais.
- PR, GOV, AR e Tribunais
6) O exercício
- Quarte parte da CRP essencialmente. Define quais os meios que são necessários para controlar o poder
político. Elabora e executa as leis.
O DC é o ramo do Direito Público Interno formado pelo conjunto de normas constitucionais do
estado jurídico e do estatuto político que:
1) Estabelece os princípios políticos e jurídicos da sociedade.
2) Regula materialmente, processualmente e formalmente a organização do poder político.
3) Consagra e garante os direitos e deveres fundamentais dos cidadãos e pessoas jurídicas.
4) Define positivamente a ordem-quadro, económico, social e cultural.
NOTA: Faz parte do DC a preocupação com o seu próprio cumprimento. A CRP tem de se preocupar, não
só consagrar os direitos, mas também em fiscalizar o cumprimento desses menos direitos.
Jéssica Filipa - aluna 50008
Normas constitucionais
Normas ordinárias/Infraconstitucionais
Dentro do ordenamento jurídico a norma não tem todas o mesmo valor e, por isso, as normas
constitucionais encontram-se no topo da hierarquia da pirâmide, tem de ser respeitadas por todas as outras
normas jurídicas que se incluem nas chamadas normas ordinárias, que se encontram hierarquicamente
abaixo das normas constitucionais.
- Normas Ordinárias ou Normas Infraconstitucionais – têm de respeitar as normas constitucionais sob pena
de inconstitucionalidade, hierarquicamente abaixo das normas constitucionais e dependem dessas normas.
Pode-se definir a lei com um ato normativo geral e abstrato que é editado pelo Parlamento cuja
finalidade essencial é a defesa da liberdade e propriedade dos cidadãos.
1) Os atos legislativos têm de ser publicados
- As leis constitucionais têm de ser publicadas
- A lei determina a forma da publicidade – remete para as leis ordinárias
- Lei da publicação dos diplomas
- Impresa nacional na casa da moeda (organismo responsável por divulgar o Diário da República – jornal
oficial onde são publicados)
2) Votação
- Regra: pluralidade de votos = maioria simples
3) Validade das leis depende da observância da CRP
- Os tribunais não podem infringir a CRP
- Os órgãos e agentes administrativos estão subordinados à CRP
Com as revoluções liberais que ocorreram em França e na América e que pretendiam e conseguiram
pôr fim ao absolutismo e vieram implementar o Estado de Direito Liberal entendeu-se que, para pôr fim ao
absolutismo eram necessárias fundamentalmente 2 coisas:
1) Definir a organização do poder político
2) Definir um catálogo de direitos fundamentais dos cidadãos.
Entendeu-se que a definição devia ser feita através de normas escritas que definissem/regulassem
esses dois aspetos e assim criaram-se normas que deram origem a um documento chamado Constituição.
As primeiras constituições tinham um conteúdo muito restrito face à atual. Elas só surgiram já nos finais
do século XVIII e na maior parte dos casos no século XIX. Até a essa altura os governantes não eram
sujeitos a limitações por parte de normas jurídicas, apenas estavam sujeitos a normas religiosas e princípios
morais, mas cuja sanção pelo incumprimento era meramente moral. E, portanto, exerciam um poder político
sem qualquer limitação.
Após o período medieval surgiu o poder absoluto, onde todo o poder estava concentrado no monarca
e, como tal, ele decidia toda a vida dos cidadãos. Os cidadãos, por sua vez, não tinham qualquer poder.
Jéssica Filipa - aluna 50008
Nos finais do século XVIII ocorreram as revoluções liberais que acabaram com o absolutismo do rei e
consagraram os direitos dos cidadãos. Estas revoluções vieram gerar o aparecimento das primeiras
constituições escritas, a 1º constituição foi a do Estado da Virgínia em 1766, de seguida em 1787, surgiu a
Constituição do Estado Americano. Em França, surgiu a declaração dos direitos do Homem e do Cidadão
em 1789. Mais tarde, em 1791, surgiu a primeira constituição francesa. Em 1822, já no início do século XIX,
surge a 1º constituição portuguesa.
Estas primeiras constituições pretendiam terminar com a situação existente do Estado Absoluto. No
início elas tinham um conteúdo bastante restrito, preocupavam-se em limitar o poder do monarca e, para
esse efeito, consagraram pela primeira vez o princípio da separação de poderes e estabeleceram três
poderes:
1) Poder Legislativo a cargo de um Parlamento/Assembleia
2) Poder Executivo a cargo do Rei
3) Poder Judicial a cargo dos tribunais
O segundo grande aspeto foi consagrar os direitos fundamentais dos cidadãos que protegem
essencialmente o cidadão perante o poder político.
Com o aparecimento das Constituições escritas aparece a nova face do Estado Constitucional, onde o
Estado passa a estar dotado de um conjunto de normas escritas a que se deu o nome de Constituição e
passa assim estar sujeito à Constituição. Isso traz ainda outro conceito que é o do Estado de Direito. O
Estado de Direito é o Estado que está subordinado às próprias leis, desde logo à sua subordinação à
Constituição. Os constitucionalistas entendem que antes do aparecimento da Constituição existiram alguns
documentos que, de certo modo, já pretendiam limitar o poder do rei e proteger e defender os direitos dos
cidadãos (regulavam facetas da organização do poder político). Estes documentos, atualmente, são
denominados por antecedentes do constitucionalismo uma vez que tinham em vista a limitação do poder e
a defesa de direitos.
As constituições escritas são um produto da época moderna. Todos os países possuem e possuíram
sempre em todos momentos da sua história, uma constituição real e efetiva. Em termos cronológicos, as
primeiras constituições escritas surgem verdadeiramente na transição da Idade Moderna para a Idade
Contemporânea, mais precisamente na transição da Monarquia Absoluta para o Estado do Direito Liberal.
Assim, ao longo da história, existiram vários documentos que podem ser considerados antecedentes
do constitucionalismo:
1) Cortes de Leão 1188
- Era um Estado Estamental onde o Rei precisava de apoio do clero e da nobreza (apoio das classes sociais)
para manter a independência retomada e breve do Reino de Leão.
- Ocorre num momento de fragilidade do poder do Rei que leva a uma cedência.
- Rei promete não fazer guerra/paz sem consultar as cortes.
- Proibição de invasão da casa alheia – Reconhecimento de um direito pessoal, Limite do Poder do Rei,
Não violação de domicílio (propriedade privada).
2) Magna Carta 1215
- O Rei era tão mau que não tem base de apoio, mas ninguém o podia demover porque era uma monarquia
hereditária.
- Surge uma revolta onde ocorre o aprisionamento do Rei obrigando o mesmo ao cumprimento escrito, a
assinar a Carta Magna.
- Imposta a João Sem Terra pelos varões ingleses.
- 1º documento em que há uma limitação do poder político onde era reconhecido os direitos/privilégios por
classes (só para o clero e a nobreza).
- Compromisso de reconhecimento de privilégios:
1- Exº Não retroatividade da lei penal
2- Regulava as estruturas feudais
3 - Assegurava, às diferentes classes sociais, garantias contra a prepotência do soberano.
4 – O monarca deve respeitar os domínios e prerrogativas adquiridos.
- Importância deste documento pois foi reconfirmado por todos os 15 reis seguintes já de forma voluntária.
3) Petition of Right 1628
- Documento imposto pelo Parlamento ao monarca D.Carlos I em Inglaterra (dinastia dos Stuart).
- Tentativa de tomada de posição do Parlamento sobre os princípios fundamentais das liberdades civis.
- O Rei deveria respeitar as leis do reino.
- Tenta fixar a fronteira exata entre o poder do rei e o poder da lei pondo claro alguns princípios da Magna
Carta.
4) Convenats 1662
- Contratos de colonização ou pactos de criação de comunidades coloniais que eram celebrados entre as
colónias fixadas no continente americano e a respetiva pátria (Inglaterra, França, Holanda) nos quais se
estabeleciam direitos e deveres recíprocos.
5) Instrument of Government de Cromwell 1653
- 1º Constituição escrita de um Estado Moderno.
- Concebido para permitir o absolutismo de Cromwell e justificar a concentração de poderes no seu autor.
- Destaca-se nas lutas contra o Parlamento e que levaram à execução do Rei.
Jéssica Filipa - aluna 50008
Existe uma forte ligação entre Direito Constitucional e a Ciência Política porque o DC é o direito da
Constituição e esta por sua vez pode ser definida como o estatuto jurídico, ou seja, a constituição vai
procurar regular e normatizar os fenómenos políticos. Por sua vez, a Ciência Política vai estudar/ordenar e
vai dar a conhecer os fenómenos políticos. Portanto, dedicam-se ambas aos fenómenos políticos.
Jéssica Filipa - aluna 50008
Direito Constitucional
- Normatizar os fenómenos políticos:
1) Estrutura Analógica
2) Objeto é a realidade normativa
3) Formado por normas jurídicas
4) Diz como deve ser
FENÓMENO POLÍTICO
Ciência Política
- Dar a conhecer os fenómenos políticos:
1) Estudar
2) Ordenar
3) Sistematizar
4) Diz como é
5) Complementar (1) e subsidiária (2) de DC
(1) Porque permite pesquisar aspetos que a simples consideração de normas jurídicas não o permitia.
(2) Porque ao estudar a realidade dos fatos ajuda a compreender melhor as normas jurídicas.
5. Os sentidos da Constituição
Podemos definir a constituição como um conjunto de normas jurídicas fundamentais que definem:
1) A estrutura
2) Os fins
3) As funções do Estado
4) A organização
5) A titularidade
6) O exercício
7) O controlo do poder político
8) Fiscalização das normas constitucionais
Existem desde logo duas perspetivas em que pode ser considerada a Constituição:
- Regula matéria que é considerada que tem de ser tratada/regulada pela constituição
- As que fazem parte do conceito de direito constitucional
NOTA: Os países com constituição material são também países com constituição em sentido formal
Exceção: A Inglaterra tem constituição em sentido material não tendo constituição em sentido
formal, normas qualificadas como constitucionais, normas que se diferem das constitucionais nem uma lei
chamada constituição.
EM SUMA:
Em Portugal, a constituição em sentido formal é mais ampla do que a constituição em sentido
instrumental por força do Art.290º da CRP que nos diz que as leis posteriores ao 25 de Abril de 1974 não
indicadas neste capítulo são consideradas leis ordinárias.
Existe um conflito entre duas leis, contudo, a constituição ressalvou as leis do Art.292º para
ressalvar as ideias da revolução levando a que este seja uma exceção do Art.292º, nº1 CRP.
Concluindo, a constituição em sentido formal é mais ampla do que em sentido instrumental porque
esta, para além de abranger a constituição, ainda abrange as leis no Art.292º.
No caso português, a Constituição em sentido formal é menos ampla do que a constituição em
sentido material.
Todas as normas em sentido instrumental para além de serem formais também são materiais.
Existem várias leis ordinárias que regulam matéria com dignidade constitucional Ex.: Estatutos das
Regiões Autónomas, Leis eleitorais, Leis sobre partidos políticos e direitos fundamentais.
Estas leis mantêm o valor das leis ordinárias, mas do ponto de vista do conteúdo podem ser
consideradas como materialmente constitucionais.
Concluindo, a constituição em sentido material é a mais ampla de todas, sendo esta mais ampla
do que a constituição sem sentido formal e em sentido instrumental pois esta abrange toda a matéria com
dignidade constitucional sendo que essas continuam a ser leis ordinárias.
- Toda a sociedade portuguesa (preâmbulo) considerava que o que aconteceu antes era
tão grave que deveria haver uma consequência mesmo perante um princípio de direito
contrário.
- Seguindo os trâmites normais da CRP
- As leis de incriminação dos PIDE (leis ordinárias previstas no Art.292º) passariam a direito
ordinário
- Estando contra o Art.29º (não retroatividade da lei penal) deixariam de produzir efeitos –
revogação tácita
- Logo têm de manter a posição de lei constitucional
- O Art.290º prevê que o Art.292º se ressalve e continue em vigor
5.2.2 A distinção entre Constituição formal e o conceito mais amplo de Constituição material
O conceito de constituição surgiu no século XVIII e triunfou no século XIX, acusando no século XX as
repercussões dos acontecimentos que o balizam. Assim sendo, a constituição torna-se um conceito aberto
a diversos conteúdos que se proceda a classificação de constituições.
Constituição escrita
- Encontramos na generalidade dos Estados Contemporâneos sendo um texto escrito com a
intenção de ser constituição.
- Predominam as normas constitucionais escritas e as outras fontes têm um papel meramente
subsidiário, ou seja, servem apenas para completar ou para integrar as normas constitucionais
escritas.
- As normas escritas são a fonte hierarquicamente superior (lei) e as restantes fontes têm um papel
meramente subsidiário (jurisprudência, doutrina, costume).
Jéssica Filipa - aluna 50008
Constituição consuetudinária
- Há regras de direito, mas funcionam muito com base no costume
- Ficam consagradas com base nas decisões dos tribunais
- Há regras estruturantes da organização do reino, mas não estão todas escritas num
documento escrito constituição
- Nascida à partida do costume (não é escrita)
- Pode ser constituição em sentido material (nunca formal ou instrumental).
Constituição mista
- Sistema constitucional britânico
- Não predominam as normas escritas, ou seja, as normas escritas, o costume e outras fontes
estão no mesmo plano e têm o mesmo valor, não existindo qualquer diferença entre elas
- A inexistência de constituição escrita não significa inexistência de constituição
- Existência de uma constituição não escrita
- Existe uma constituição em sentido material
- Existem normas consuetudinárias sobre a organização do poder político
- Não existe uma lei chamada constituição (em sentido formal)
- Não há diferenciação entre normas escritas e consuetudinárias por serem
constitucionais
- Civil law vs common law – a diferença é o papel da jurisprudência como fonte direta e imediata
da lei
- A jurisprudência acaba por elevar a valor constitucional alguma lei que pelo menos
formalmente está nível das outras
- Há situações que os tribunais se recusam a aplicar determinadas leis invocando as que
violam princípios consagrados noutras leis – o tribunal faz apelo, não apenas à lei x mas sim ao
costume, ao princípio fundamental, vertido no costume e que por acaso também está reduzido a escrito.
Constituição Flexível
- Pode ser revista pelo mesmo processo das leis ordinárias
Jéssica Filipa - aluna 50008
Constituição Rígida
- Só pode ser modificada de acordo com um processo específico
- Processo distinto do processo legislativo ordinário
- Exige uma transmissão específica para a revisão da constituição Ex.: CRP, Constituição dos EUA,
Constituição francesa
- As constituições rígidas, em regra, comportam vários tipos de limites ao poder de revisão
constitucional. Podem ser:
1 – Limites Formais – O órgão competente para a revisão constitucional é o mesmo que aprova a legislação
ordinária em Portugal, mas não pode ser assim e haver distinção
- Órgão encarregado de revisão constitucional
- Órgão legislativo ordinário
- Órgão legislativo especial
2 – Limites Circunstanciais – Períodos em que não se podem fazer revisões constitucionais resultando da
verificação de situações de perturbação da ordem política ou social (Estado de sitio ou de emergência).
Não visam assegurar a permanência da constituição e vão impedir que a perturbação coage os
encarregados da revisão.
3 – Limites Materiais – Visam assegurar a permanência da Constituição realçando aspetos que constam da
constituição e que a própria determina que devem ser respeitados. Além disso, determinadas matérias que
não podem ser objeto de revisão constitucional ou podem ser mas de forma limitada.
4 - Limites Temporais – Visam assegurar a permanência da constituição sendo que a mesma deve conter
os pilares de funcionamento da sociedade. Pressupõe que não esteja suscetível a mudanças com muita
rapidez e que a alteração desses pilares não deve ocorrer de forma prematura. Visam a ideia de dar alguma
estabilidade.
Constituição Semirrígida
- Certa parte pode ser revista por processo análogo ao legislativo ordinário.
- Certa parte só pode ser revista mediante um processo específico.
- Constituição dividida em 2 ou mais partes
- Uma mais flexível em que é tão fácil alterar as normas constitucionais como as leis
ordinárias e outras partes que têm limites.
EM SUMA:
- Critério clássico – Apenas se baseia nos limites formais
- Hoje – Há outros limites ao poder constituinte derivado, poder de alteração constitucional
- Revisão total – O poder de revisão está subordinado ao poder constituinte originário e é apenas possível
quando a constituição o preveja expressamente. Sob pena de existir uma rotura constitucional:
- Revisão formal – criação de um novo texto constitucional
- Revisão material – alteração da principologia
- Entende-se que para a distinção entre constituição rígida e flexível há que ter em conta, para além do
processo de revisão, os limites apostos a esse processo pelas constituições. O critério básico baseava-se
apenas em limites formais.
- Entende-se então que deve ter em linha de contar a existência ao menos de limites formais, temporais e
materiais para a distinção entre constituição rígida e flexível.
- As constituições rígidas acrescentam à prevalência hierárquica das normas constitucionais sobre as leis
ordinárias uma outra característica: prevalência formal dadas as exigências para a revisão.
Constituição utilitária
- 1ª Constituições típicas do Estado Liberal (conteúdo mínimo)
- Só serve para existir não tendo nenhum objetivo patente porque o momento histórico ainda não
o permite.
- Utilidade da constituição fixando os direitos fundamentais, tendo como princípio a separação de
poderes e limitando o exercício do poder político.
- Já envolvem alguma parte ideológica não contemplando normas ideológico-programáticas.
EM SUMA:
Todas as normas exequíveis por si mesma podem considerar-se preceptivas, mas nem todas as
normas preceptivas são exequíveis por si mesmas.
As normas programáticas são todas as normas não exequíveis por si mesmas o que quer dizer
que a segunda classificação é mais envolvente do que a primeira porque, entre as normas não exequíveis
por si mesmas, tanto se encontram normas programáticas como preceptivas.
Enquanto as normas programáticas se dirigem a todos os órgãos do poder exigindo não só uma
lei, como decisões políticas, administrativas ou matérias para se efetivarem, as normas não exequíveis por
si mesmas preceptivas dirigem-se apenas ao legislador ordinário para que se torne efetivas.
A norma exequível por si mesma atualiza-se ou efetiva-se por si só.
Entre as normas preceptivas e programáticas não há uma diferença de natureza ou de valor. Umas
e outras são normas jurídicas e constitucionais, as diferenças assinaladas são de estrutura e de projeção
da norma de ordenamento, ou seja, enquanto a preceptiva necessita de normas ordinárias para se tornar
exequível, a pragmática é mais consistente.
8. O Poder Constituinte
O ato constituinte, o ato jurídico criador da constituição legal, a que corresponde a constituição em
sentido formal, é sempre um ato intencional.
A vontade que está na origem tanto poder unilateral como bilateral:
- No ato unilateral há um só sujeito do poder constituinte, seja o povo, o monarca ou qualquer outro
detentor singular ou colegial da soberania.
- No ato bilateral há dois sujeitos do poder constituinte, sejam o povo e o monarca ou um grupo. O
ato constituinte bilateral é necessariamente um auto complexo, para alguns um ato-união.
Pode ser também um ato complexo resultante da adição ou aglutinação de atos vindos de dois ou
mais órgãos. O poder constituinte é logicamente anterior e superior aos ditos constituídos (legislativo,
executivo e judicial).
A constituição define-os e enquadra-os: não podem ser exercidos senão no âmbito da constituição
e as decisões e as normas que resultem desse exercício não podem contrair o sentido normativo da
constituição.
O poder constituinte não é um poder soberano, está sujeito a limites.
Quanto à sua natureza, a questão coloca-se porque ela surge da atribuição de poderes de criação de
um texto constitucional a uma entidade que normalmente resulta de uma revolução ou de um Golpe de
Estado, visto que em períodos de normalidade social não se manifesta este poder. Sendo assim, questiona-
se qual a natureza deste poder, ou seja, como se ele vai resultar de um golpe de Estado, isto é, se ele é
apenas um poder de facto ou se pode ser considerado um poder jurídico.
Existem fundamentalmente 2 teses:
2) Tese contemporânea
- A que tem mais adesão
- As revoluções não são propriamente um facto ou um fenómeno contrário ao direito.
- Podem ser e normalmente são contrárias ao Direito da ordem constitucional derrubada.
- São um fenómeno que é regulado pela sua própria ideia de Direito.
- Portanto, as revoluções não visam acabar com o Direito, mas sim substituir uma ideia por outra.
- A revolução já tinha a sua ideia de Direito subjacente.
- As revoluções são uma rotura na ordem constitucional e não uma rotura da ordem constitucional.
- Não rompem com o direito.
- Transformam a substância de Direito
- O poder constituinte originário é um poder jurídico.
EM SUMA:
O poder constituinte originário cria os poderes constituídos.
O poder constituinte derivado:
- Art.161º, a) + 282º é a AR que faz as revisões constitucionais
- É a AR que tem essa tarefa
- Isto é o poder constituído
- Mas a CRP é rígida (Art.284º a 289º)
O legislador constituinte originário estabeleceu regras para se alterar o próprio poder constituinte
- Uma revisão faz se de acordo com o poder constituinte originário
- O poder constituinte originário previu regras para fazer revisões constitucionais atribuindo esse
poder na AR
- Mas isso é alterar normas constitucionais que, por definição, é o poder constituinte derivado.
- As duas coisas são verdade:
- O poder constituinte derivado = um poder constituído
- Há tantos poderes constituídos quantas competências existem na constituição (há
muitos poderes constituídos criados na constituição).
Para este primeiro teorizador não existe qualquer limite ao poder constituinte originário quer formal
quer material, pois ele seria omnipotente.
Com a evolução da sociedade no século XX, o entendimento mudou e desde essa altura entendeu-
se que ele é inicial, autónomo, mas seria onipotente. E não é omnipotente porque em todas as sociedades
existe uma ordem de valores que são anteriores à própria constituição e essa ordem constitui pilares da
própria civilização. Esses valores não são eternos, mudam com o tempo e consoante o tipo da sociedade
e fazem parte da maneira de sentir do próprio povo. E, como tal, o poder constituinte ao criar a constituição
tem a necessidade de os respeitar porque senão vai criar normas inconstitucionais.
Não existe limites ao poder constituinte formal, mas haverá alguns limites quanto ao poder
constituinte material.
A constituição não pode consagrar por exº desigualdades, poligamia, tortura, pois, seria
formalmente constitucional, mas materialmente inconstitucional.
O poder constituinte mesmo da natureza originária não é ilimitado, omnipotente (Há várias
correntes e preveem uma origem diferente dos limites).
Quanto aos limites ao poder constituinte originário:
1) Limites formais
- Maioria
- Órgão previsto
2) Limites materiais
- Tem de respeitar a ordem de valores anteriores à constituição
- Tem de respeitar os pilares morais da civilização
- Resulta da civilização e não da natureza humana
3) Limites de legitimidade
- Deve respeitar o sentimento dominante da sociedade a que se dirige
- A constituição, além de válida, tem de ser legitima
- Deve estar de acordo com os interesses e aspirações do povo
- Logicamente não há um consenso universal, mas deve haver uma sintonia dos critérios de justiça,
valores e ideias enraizados na sociedade.
4) Direito natural
- Valores éticos superiores de uma consciência jurídica coletiva que se impõe à vontade do Estado
5) Regras do direito internacional
- Conjunção com outros ordenamentos jurídicos
6) Direitos humanos
- Noção de dignidade humana
7) A forma do estado
- Limites ligados à configuração do Estado
- Limites que se reportam à soberania do Estado
São condicionadas pelas estruturas económicas, políticas e sociais dominantes em cada sociedade e em
cada momento histórico.
Existem fundamentalmente três formas de exercício:
1) Forma Democrática
- Pressupõe a participação da vontade popular
- É o povo, em liberdade, quem exerce o poder constituinte
- Intervindo direta ou indiretamente na elaboração da constituição
- Pode ser:
- Representativa onde o poder constituinte cabe ao povo e o mesmo elege os seus representantes
onde estes reúnem-se na Assembleia Constituinte elaborando a Constituição.
- Direta onde o poder constituinte é exercido diretamente pelo povo e a constituição é elaborada
por uma assembleia formada por todos os cidadãos eleitorais pelo povo sem mediação de
quaisquer representantes.
- Semidireta ou referendária onde a constituição é elaborada por um órgão eleito e é submetida à
aprovação popular. Os cidadãos votam através de um referendo.
Para Duverger:
- O poder constituinte derivado é omnipotente e incondicionado (tal como poder originário).
- A revisão total é sempre possível
A relação existente entre estes poderes tem interesse quanto à revisão total da constituição.
Assim, enquanto para os primeiros autores a revisão total é sempre possível, para os segundos
só é possível quando a própria constituição o preveja pois de outro modo a revisão total será uma rutura na
ordem constitucional
A revisão total pode ser formal quando engloba todo o texto constitucional, quando engloba a
alteração da principologia filosófica da constituição, alterando as normas constitucionais caracterizadoras
de um Estado.
Mesmo que a constituição preveja a revisão total, será apenas formal porque teremos sempre
limites materiais implícitos.
Deve-se assegurar a continuidade da constituição para que ela possa cumprir a sua tarefa o que
implica não só a proibição da revisão total, mas também alterações que devastem a identidade da própria
constituição.
Jéssica Filipa - aluna 50008
1) Limites Formais
- Dizem respeito ao procedimento para alterar a constituição (estabelecimento de regras para o processo
de revisão constitucional).
A. Órgão compete para exercer a iniciativa de revisão:
- Parlamento
- Executivo (Governo)
- Iniciativa Partilhada (Governo+AR)
- Iniciativa Popular
B. Órgão competente para aprovar a lei de revisão:
- Um órgão especial ou específico cujos titulares são eleitos apenas para a tarefa de revisão
constitucional e órgão distinto do órgão legislativo.
Jéssica Filipa - aluna 50008
- Órgão legislativo ordinário com ou sem referendo e com ou sem parecer de outro órgão.
- O mesmo órgão que tem a iniciativa, mas renovado, pois, há eleições e as pessoas não são as
mesmas.
C. Maioria Exigida
- Momento de votação – contagem de votos (Apuramento de resultado)
- As deliberações podem ser tomadas por:
- Unanimidade (100%)
- Maioria simples ou relativa
- Qualificada (absoluta, 2/3, ¾,…)
2) Limites Temporais
- Impõe um determinado prazo para se poder realizar uma revisão constitucional
- Objetivo de assegurar uma certa estabilidade às instituições constitucionais
- Possibilidade ou não de antecipar por via de maioria qualificada
3) Limites Materiais
- Matéria, assuntos ou conteúdos que, pela sua natureza ou determinação constitucional, são consideradas
essenciais e que por isso não podem ser alteradas.
- Procuram garantir estabilidade social e respeito pela ideia de direito que a constituição originária
estabeleceu (Art.288º).
- Classificação dos limites materiais:
- Objeto:
- Limites inferiores – impedem a inserção de novas matérias na constituição. São limites
à constitucionalização.
- Limites superiores – impedem que certas matérias sejam objeto de revisão
constitucional. São limites à desconstitucionalização. Normalmente, nas constituições, o
que mais existe são limites superiores.
- Natureza:
- Expressos – quando a própria constituição fixa um conjunto de matérias que são
consideradas como o seu núcleo essencial e, por isso, não podem ser objeto de revisão
constitucional.
- Implícitos – limites materiais que não são expressamente indicados, mas decorrem do
próprio texto constitucional/normas constitucionais.
- Podem ser imanentes ou textuais implícitos
- Imanentes são aqueles que decorrem da ordem de valores próprios de cada civilização
e que é superior à própria constituição e como tal, condicionam não só o poder constituinte
originário, como o de revisão.
- Textuais implícitos são os limites materiais que se encontram implícitos nas normas
constitucionais em vigor.
- Âmbito:
- Princípios gerais – não impedem que se altere normas constitucionais concretas desde
que não se altere a essência de tais princípios.
- Disposições concretas – impedimento da alteração dessas disposições/normas.
4) Limites circunstanciais
- Impedimento de realizar uma revisão constitucional em períodos de perturbação da ordem política ou
social.
- Estado de sítio (guerra)
- Estado de emergência (catástrofes)
- Sob pena dos órgãos de revisão estarem coagidos e não atuarem com rigor.
8. Entrada em vigor
1) Limites Formais
- Iniciativa
- Compete só aos deputados apresentar projetos de revisão constitucional e a iniciativa da lei de
revisão é especial.
- Mais exigente que a iniciativa exigida às leis ordinárias
- Deputados
- Grupos Parlamentares
- Governo
- Assembleias Legislativas Regionais
- Grupos de cidadãos eleitorais
- Aprovação
- Compete só à AR aprovar revisões constitucionais sendo a AR o órgão legislativo ordinário.
- O órgão competente para a aprovação da revisão constitucional é o mesmo com competência
legislativa, mas renovado por eleições (a legislatura dura 4 sessões legislativas)
- Maioria
- Regra especial de 2/3 dos deputados em efetividade de funções.
- 230 deputados (máximo e é o que vigora)
- Regra de maioria para as decisões maioria simples
- Exigência de publicação do texto completo em cada revisão
- Há quem considere ser um limite formal
2) Limites Temporais
- Revisões ordinárias
- De 5 em 5 anos
- Contados a partir da data de publicação da última lei de revisão ordinária
- Conjugar com o Art.171º de 5 em 5 anos para dar tempo à renovação parcial da AR (de 4 em 4
anos).
- Revisões extraordinárias
- Possibilidade de antecipar o prazo de revisão
- Exigências de aprovação de 4/5 (para a iniciativa, não aprovação)
- Tem mesmo de haver uma vontade de todos os representantes do povo para se conseguir atingir
os 4/5 (vários governos partidários)
- Maioria exigida para justificar a superação do limite temporal
- Publicada no DR
3) Limites Circunstanciais
- Impossibilidade de fazer revisão perante estado de sítio ou emergência
- Estado de sítio ou emergência:
- Declarado pelo PR
- Ouvir o Governo
- Autorização da AR
- Incumprimento do formalismo – inconstitucionalidade formal (ato inexistente)
4) Limites Materiais
- Núcleo essencial da CRP
- Visam garantir os princípios fundamentais
- A sua permanência é necessária para a identidade da CRP
- Alteração dos limites materiais – 2 possibilidades
- O limite não impede a alteração das normas
- Apenas impede a revisão total das normas
- Os limites materiais devem ser respeitados, mas podem ser modificados
- Os limites não podem ser alterados devendo sempre manter a sua expressão
- Ex.: Direitos Fundamentais
- Limite absoluto
- Possibilidade de revisão alargar o âmbito
- Impossibilidade de revisão eliminar 1 direito
- Ex.: Separação e Interdependência dos órgãos de soberania
- É possível alterar o sistema de governo
- Tem de garantir a separação dos órgãos
- Pode-se alterar os poderes do PR (não se pode ter Rei)
- Limites materiais implícitos
- Estão no Art.288º mas não estão explicados
- Decorrem do texto constitucional
Jéssica Filipa - aluna 50008
Tese Posição
Tese da irrelevância jurídica dos limites materiais Os limites materiais são ilegítimos e ineficaz
Tese da relevância jurídica absoluta dos limites Os limites materiais são imprescindíveis e
materiais insuperáveis
Tese da relevância jurídica relativa dos limites Os limites materiais são admissíveis, mas com
materiais ou do duplo processo de revisão carácter relativo
2) Limites relativos
- Não impedem a alteração das normas constitucionais
- Apesar de condicionarem o exercício do poder de revisão
- Devia ter um nº2 “os limites materiais não podem ser alterados”
Surgiram, na nossa doutrina, várias teses sobre a relevância jurídica dos limites materiais: