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HIPLITO DE SOUSA

CONSTRUES EM ALVENARIA

APONTAMENTOS

FEUP 2003

HIPLITO DE SOUSA

CONSTRUES EM ALVENARIA
CAPTULO I REFERNCIA HISTRICA

FEUP 2002

PRELIMINAR (VERSO 2)

ALVENARIAS Referncia Histrica

Hiplito de Sousa 2002

ALVENARIAS Referncia Histrica

INTRODUO S ALVENARIAS

NDICE
CAPTULO 1
1. Alvenarias Referncia Histrica
1.1. Memria.................................................................................................................................................................5
1.2. Desenvolvimento das Construes em Alvenaria.................................................................................................5
1.2.1. Antiguidade....................................................................................................................................................5
1.2.2. Classicismo Grego e Romano........................................................................................................................9
1.2.3. Da Idade Mdia Revoluo Industrial........................................................................................................14
1.3. Declnio.................................................................................................................................................................18
1.4. As Construes Antigas em Alvenaria e os Sismos.............................................................................................20
1.5. Renascimento das Alvenarias..............................................................................................................................22
1.6. Bibliografia............................................................................................................................................................26

Hiplito de Sousa 2002

ALVENARIAS Referncia Histrica

Hiplito de Sousa 2002

ALVENARIAS Referncia Histrica

1.

ALVENARIAS - REFERNCIA HISTRICA

1.1.1.

Memria

A histria do Homem no pode ser dissociada da histria da arquitectura. Com efeito a memria da Histria no
escrita preservada nas construes templos, fortalezas e cidades construdas pelo Homem, que comeam a
surgir com o desenvolvimento, precedido pela sedentarizao do Homem. Se bem que as primeiras construes
sejam em geral simples abrigos levados a cabos com os materiais disponveis, as construes humanas so mais
do que simples abrigos, sendo o aspecto esttico o elemento que distingue as construes humanas dos abrigos
dos animais.
Desde muito cedo, segundo Vitrvio, as realizaes construtivas humanas so a sntese de 3 critrios engenharia,
economia e esttica. A importncia relativa dos 3 critrios , em cada construo, decidida pelo
construtor/arquitecto/projectista.
Se a histria da civilizao a histria da arquitectura, esta a histria das alvenarias. As alvenarias so sem
dvida a soluo construtiva mais antiga, dado conciliarem as funes de envolvente exterior e de
compartimentao tendo sido usadas em todos os tipos de construes desde tempos imemoriais.

1.2. Desenvolvimento das construes em alvenaria


1.2.1.

Antiguidade

O emprego de alvenarias em edifcios antigos remonta mais longnqua Antiguidade. vulgar considerar edifcios
antigos aqueles em cuja realizao eram usadas as tecnologias tradicionais, que se mantiveram sem grande
alterao at ao advento do beto armado, o que veio a ocorrer a partir de meados do sculo XIX e de forma
generalizada na segunda metade do sculo XX. Sublinha-se que os reflexos da Revoluo Industrial s tem efeitos
verdadeiramente revolucionrios na construo com a generalizao do beto armado.
Na construo antiga tradicional as alvenarias eram genericamente resistentes, mas alm das funes de suporte
da construo, contribuam igualmente para assegurar outras exigncias funcionais. Embora nas construes
antigas predominassem os materiais de carcter regional, era muito reduzido o nmero de materiais dominantes,
sendo praticamente usados apenas a pedra, o tijolo e a madeira.
Embora os povos pr-histricos edificassem abrigos e construes funerrias, a cidade de Jeric constitui o
estabelecimento urbano mais antigo que embora neoltico, pois existia j cerca de 7000 A.C., apresenta
manifestaes arquitectnicas monumentais. Tratava-se de uma cidade fortificada em frente ao rio Jordo que
dispunha de slidas muralhas cilndricas e edifcios com paredes de adobe e tijolo cozido ao sol, em alguns casos
cobertas com estuque pintado, fig. 1.1.

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Fig.1.1 Muralha de Jeric (6000 A.C)


O fim da pr-histria inicia-se primeiro no prximo oriente, concretamente na Mesopotmia cerca de 5000 A.C.,
tendo ocorrido mais tarde na Europa e com um atraso ainda maior na Europa Setentrional.
na Mesopotmia, onde aparecem os primeiros sinais da escrita, e noutros locais da bacia Mediterrnica,
Palestina, Egipto, Grcia e Imprio Romano, onde de forma genrica se encontram os vestgios mais antigos de
construes em que foram utilizadas alvenarias. Nestas construes era vulgar o emprego dos seguintes materiais:
-

pedras naturais, mais ou menos regulares e em alguns casos ligadas por meio de argila ou argamassas
diversas;

tijolos eventualmente reforados com areia ou palha, inicialmente secos ao sol (h mais de 6000 anos) e
posteriormente cozidos tcnica usada pelos Sumrios na cidade de Ur h mais de 3000 anos, fig.1.2;
terra argilosa eventualmente reforada com fibras vegetais, moldada para definir paredes, verdadeiro
antecedente do beto.

Fig.1.2 - Escadaria do Zigurate de Ur (3000 A.C.)


A pedra sem dvida o material mais abundante e provavelmente a matria-prima mais importante usada como
material de construo nas civilizaes pr-histricas e da antiguidade. A pedra foi usada em habitaes, templos,

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fortificaes estradas e pontes. A aparelhagem da pedra s aparece quando a inveno de ferramentas


suficientemente duras permite atacar e trabalhar as superfcies da pedra. So as civilizaes em torno do
Mediterrneo que vo tambm desenvolver utenslios metlicos que lhes permitem extrair e talhar a pedra que usam
em construes monumentais de gnio, de que os egpcios so o primeiro grande exemplo, fig.1.3, garantindo
legados que chegaram aos nossos dias.

Fig. 1.3 Conjunto monumental de Giz ( 2528 A.C.)


Para alm das pirmides os Egpcios construram tambm templos como o de Karnak no perodo do Imprio Novo
(1580-1085 A.C), fig.1.4 .

Fig.1.4 Runas do Templo de Karnak


Enquanto isto, noutros locais da mesma zona, desenvolveram-se outras civilizaes que nos deixam legados
impressionantes de construes em alvenaria de pedra, enquanto a Europa ainda um mundo tribal, com
predomnio de monumentos megalticos, fig.1.5.

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a)

b)

c)

d)

e)

f)

Fig. 1.5 a) Palcio de Cnossos na Ilha de Creta ( 1750 A.C.); b) Cmara circular grega do perodo Micnico (1300
A.C.); c) Maqueta moderna do templo de Jeruslem e bairro envolvente; d) Runas do palcio de Nabucodonosor; e)
A grande muralha da China ( 221 A.C.) f) Cromeleque de Stonehenge (2000 A.C.)
O tijolo o produto de construo mais antigo realizado pelo homem e inventado h mais de 10.000 anos atrs.
Vamos fazer tijolos e cozamo-los ao fogo. Utilizaram o tijolo em vez de pedra e o betume serviu-lhes de argamassa.
Depois disseram vamos construir uma cidade e uma torre, cujo cimo atinja os cus ..GNESIS 11.1-9.[1.1]
Nos vales do Nilo, do Tigre e do Eufrates a abundncia de matria-prima levaram ao desenvolvimento do tijolo
cermico A sua simplicidade, resistncia e durabilidade levaram ao seu uso extensivo e deram-lhe um lugar

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dominante na histria da construo em paralelo com a pedra. Os primeiros tijolos eram moldados mo, secos ao
sol e reforados com diversos materiais, sendo to resistentes que se usaram por um perodo muito longo, tendo os
primeiros tijolos cozidos aparecido apenas por volta de 4.000 A.C.. A moldagem foi inicialmente realizada mo,
embora aproximadamente a partir da Idade do Bronze se tenham comeado a usar tambm moldes de madeira com
uma indstria bem organizada. Nas fortificaes da Mesopotmia h vestgios de emprego de tijolos cozidos na data
referida e tijolos coloridos a partir de 3000 A.C. Esta realidade estende-se sia Menor, Sria e Prsia. O tijolo
cermico cozido representou uma grande etapa do desenvolvimento da humanidade, tendo permitido a realizao
de grandes obras. Na Grcia, mais tarde, para alm de outros materiais usaram-se tambm os tijolos cermicos,
mas com os Romanos que o seu emprego se estende a toda a actual Europa Ocidental. As fortificaes, as
pontes e as torres representaram obras de emprego privilegiado. Organizaram-se centros produtores e
distribuidores aproveitando as vantagens dos transportes fluviais e martimos. Os romanos descreveram
completamente a tecnologia de conformao, aditivos e secagem. Para aligeirar o trabalho manual humano
utilizavam-se animais e gua no processo industrial. A cozedura era efectuada em fornos a lenha, fig.1.6.

Fig. 1.6- Seco e planta de um forno romano [1.2]

1.2.2.

Classicismo Grego e Romano

assim na antiguidade clssica, com os gregos e os Romanos que a construo vai sofrer um grande
desenvolvimento que marcou a construo at aos nossos dias. Por um lado, com os gregos, cerca de 500 A.C., a
arte de construir atingiu um elevado grau de perfeio. Grandes monumentos construdos em pedra, mesmo em
blocos de mrmore perfeitamente talhados, como o Partnon, fig.1.7, destacando-se como elementos de construo
principais a coluna e o lintel [1.3].

Fig. 1.7 Maquete da acrpole de Atenas e do Partnon

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Na provncia itlica os Etruscos vindos do oriente transmitem aos romanos conhecimentos na arte de construir,
como a tcnica da abbada. assim atravs dos romanos que as aplicaes de alvenaria se tornam variadas e
experimentam grandes progressos. Os romanos utilizam indiferentemente a pedra talhada e aparelhada, a seco ou
com ligante, o tijolo ou o adobe. Os romanos iniciam tambm a utilizao da pozolana, substncia que tinha a
propriedade de ligante hidrulico e que ocorria naturalmente na pennsula itlica. Os Romanos foram ainda os
primeiros a fazer uso generalizado dos ligantes, tendo levado a grandes realizaes que testemunham o poder e a
grandeza da sua civilizao, fig. 1.8. Os romanos fomentaram a concentrao urbana e o desenvolvimento das
cidades que passavam a ter todas a mesma aparncia numa perspectiva mais funcional e organizada e menos
artstica. A vida nas cidades era possvel graas ao abastecimento de gua que se concretizou com o
desenvolvimento da engenharia hidrulica por recurso a barragens, reservatrios, aquedutos e condutas em
chumbo que asseguravam a distribuio em fontes. O sistema completava-se com a recolha de esgotos.
a)

b)

c)

d)

e)

Fig. 1.8 Exemplos de obras dos Romanos a) Panteo de Roma b) Edifcio romana com habitao e comrcio c)
Teatro romano de Sabratha, Lbia (sc.II) d) Arco em alvenaria e beto romano c) Arco de triunfo

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As cidades ajudavam a criar e manter um esprito cvico, com monumentos, banhos pblicos e termas, baslica para
administrao da justia, templo, teatros e anfiteatros. Os Romanos, ao contrrio dos Gregos, atribuem uma grande
importncia ao interior dos edifcios, usando de forma generalizada arcos e abbadas no seu interior. A habitao
romana organiza-se em torno de um trio de acordo com um rgido sistema rectangular.
Provavelmente a inovao mais importante na evoluo da arquitectura ter sido o arco e a cpula de alvenaria.
Com efeito o arco foi o primeiro meio de ultrapassar as limitaes de vos resultantes das dimenses dos blocos de
pedra ou dos prprios troncos de madeira.
Algumas formas primitivas eram apenas arcos aproximados resultando da simples colocao balanada das
pedras arcos acachorrados que no requerem cofragem. Os arcos verdadeiros devero conduzir as cargas em
compresso simples para os seus encontros. Existem vestgios de arcos em runas na Babilnia construdas cerca
de 1400 A.C. havendo registos de arcos de pedra polida na Etrria no sc. III A.C. na construo das portas das
cidades. Os arcos atingiram grande desenvolvimento com os Romanos que, conforme j foi dito, se tornaram regra
nos monumentos importantes para realizar vas e transferir as cargas para os pilares, bem como nas fachadas dos
edifcios permitindo incorporar as entradas. Com o aperfeioamento da tcnica alm da pedra polida passaram a ser
utilizados nos arcos outros materiais e mesmo o beto romano. As cpulas precederam os arcos verdadeiros pois,
como os arcos balanados podiam ser construdos em anis concntricos sucessivos de alvenaria que se iam
fechando progressivamente. O desenvolvimento de verdadeiras cpulas surge no Imprio romano do sculo I A.C.
at ao II D.C.[1.4], fig. 1.9.
a)

b)

c)

Fig. 1.9 Arcos a) Arco acachorrado b) Arco requerendo suporte temporrio c) Arco requerendo construo prvia
da parede de topo
No que respeita s pontes, para alm das solues em madeira, os primeiros registos respeitam a arcos em pedra
na regio da Anatlia no 2 milnio A.C. e a pontes com arcos em tijolos cermicos no sculo 6 A.C. na
Mesopotmia. No entanto os grandes construtores de pontes da antiguidade foram tambm os romanos que
efectuaram realizaes em grande escala, pontes rodovirias, aquedutos e mesmo barragens sem precedentes e
com resultados impressionantes. Os romanos introduzem nas pontes 4 grandes desenvolvimentos [1.5 ], fig.1.10 :

utilizao de cimentos naturais hidrulicos usados em enchimento de fundaes e como ligante em


alvenarias;

utilizao de ensecadeiras realizadas com estacas de madeira;

difuso do arco em alvenaria semi-circular;

conceito de obra pblica.

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poca romana segue-se um perodo mais curto correspondente arte bizantina que se pode considerar o
perpetuar da arte romana no Oriente previamente marcado pela civilizao grega. A generalizada utilizao da
abbada constitui uma das suas caractersticas essenciais, no tendo trazido nada de verdadeiramente novo
construo, para alm do aperfeioamento de processos de que a realizao de uma cpula sobre um corpo
quadrado na Catedral de Santa Sofia em Constantinopla constitui o maior ex-libris.
Merecem referncia alguns aparelhos primitivos usados na realizao de alvenarias de que ainda hoje se podem
encontrar diversos vestgios Quadro 1.1 [1.6]:
a) Aqueduto Pont du Gard Nmes - Frana(14 D.C.)

b) Ponte de Alcntara sobre o Tejo - Espanha (98 D.C.)

c) Ponte Saint Martin Torino Itlia (25 D.C.)

d) Ponte de Trajano Chaves (98 D.C.)

Fig.1.10 Pontes romanas em alvenaria

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Quadro 1.1 Aparelhos primitivos usados na alvenaria de pedra


- aparelho ciclpico
visvel em runas na Grcia, formado por enormes blocos
irregulares, com intervalos preenchidos por pedras menores,
(alguns com mais de 13 ton!), ligados entre si por argila;

- aparelho pelsgico
blocos como saam da pedreira, mas escolhidos com forma
aproximadamente paralelepipdica, assentes nem sempre
com junta desencontrada;

- aparelho poligonal pelsgico


semelhante ao pelsgico, mas com pedras menos
paralelepipdicas, mais irregulares no formando fiadas
horizontais, apenas definindo um paramento;

- opus insertum ou antiquum dos romanos


verso romana do aparelho poligonal pelsgico, mas com
pedras mais reduzidas;

- opus emplectum dos romanos


aparelho usado em paredes muito grossas em que o blocos
regulares formavam apenas os paramentos e o intervalo era
preenchido com pedra irregular. As pedras que atravessam
toda a parede so os perpianhos;
- opus recticulatum
ou aparelho reticulado, formado por pedras regulares,
talhadas com seco quadrada ou em losango e dispostas de
forma a que as suas juntas formem uma rede de malhas
quadradas. Estas pedras eram piramidais o que permitia
facilitar o seu assentamento.

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Estes aparelhos vo estar na origem dos sistemas de assentamento que chegaram aos nossos dias.

1.2.3.

Da Idade Mdia Revoluo industrial

A alvenaria no fez progressos relevantes durante o perodo entre o sc. IV e X na Europa. Foi o desenvolvimento
do catolicismo que motivou os primeiros progressos, sendo adoptado o modelo da baslica pblica romana para os
primeiros templos, de que o exemplo mais emblemtico a antiga baslica de S. Pedro em Roma (326-1506). As
primeiras inovaes vo surgir a partir do sculo XI nas igrejas monumentais com o Romnico e com o Gtico.
Enquanto o primeiro estilo predominou at ao sc. XIII, a arquitectura gtica teve incio em meados do sc. XII e
prevaleceu at ao sc. XVI., fig. 1.11.
Nas catedrais romnicas rapidamente os tectos de madeira, sobretudo na Europa do Sul, foram substitudos por
abbadas de pedra, designadas abbadas de bero, que tinham, regularmente afastados, arcos de reforo
designados arcos torais que se apoiavam em pilares. Com a abbada de bero coexistem as abbadas de arestas
que concentram os impulsos laterais nos quatro cantos, o que permitia circular entre os pilares. Os construtores
medievais sabiam que os esforos laterais se anulavam dois a dois nos arcos intermdios, pelo que s nos
extremos esses esforos eram significativos, sendo absorvidos pelos contrafortes, fig.1.12, 1.13 [1.7].
As catedrais gticas tinham, comparativamente s romnicas mais luminosidade devido existncia de uma
estrutura mais aberta e de uma maior explorao da estrutura. Para alm da utilizao do arco em ogiva, mais
aligeirado, a abbada de arestas evoluiu para a cruzaria de ogivas apoiada sobre pilares. Os esforos laterais das
abbadas foram absorvidos pelos arcobotantes, uma espcie de escora em alvenaria, transmitindo os esforos ao
contraforte mais afastado, passando as paredes da nave a ser mais esbeltas e iluminadas pelas janelas altas do
clerestrio. Outra inovao consiste na utilizao de nervuras que facilitavam a interseco das ogivas,
concentravam as tenses e reduziam a espessura das abbadas e a necessidade de moldes. Esta soluo era
estruturalmente mais fraca que o romnico e os seus progressos foram marcados por inmeros colapsos, embora o
legada ao nvel das catedrais seja excepcional.

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a)

b)

Fig. 1.11 Exemplos de realizaes romnicas e gticas


a) S Velha de Coimbra - Igreja romnica b) Esquema da estrutura de uma Igreja gtica
a)

b)

c)

d)

e)

f)

Fig. 1.12 Exemplos de combinaes de abbadas de bero


a) Abbada simples b) Srie de abbadas c) Abbadas ortogonais d) Abbadas paralelas e) Cruzamento de
abbadas f) Cruzamento mltiplo de abbadas

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Fig. 1.13 Interseco de arcos ogivais


Para alm das construes religiosas as construes militares contriburam para o desenvolvimento da construo,
e das alvenarias em particular, entre outras razes porque durante muito tempo foi a instituio militar a nica a
deter uma escola de formao que abrangia muitas das funes dos engenheiros civis. As construes militares,
inicialmente muralhas e torres medievais, tiveram que se adaptar violncia da plvora e do canho evoluindo para
a fortificao abaluartada em que as muralhas desciam ao solo e aumentavam de espessura, fig. 1.14.
a)
b)

Fig.14 Exemplos de construes militares


a) Krak dos Cavaleiros, castelo dos cruzados na Sria (1142) b) Vista area da praa de Almeida
Ao longo dos sculos os materiais e solues construtivos mantiveram-se praticamente inalterados apesar das
mudanas arquitectnicas das construes. Durante este longo perodo outras civilizaes no ocidentais tiveram
desenvolvimentos durante muito tempo desconhecidos dos europeus e com realizaes frequentemente mais
evoludas. Merecem referncia na Amrica Central e do Sul as realizaes dos Maias e dos Incas, dos rabes na

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Pennsula Ibrica, Norte de frica e prximo Oriente e os templos e cidades dos povos budistas e hinduistas no
Oriente.
a)

b)

d)

e)

c)

Fig. 1.15 Exemplos de construes no ocidentais a) Templo dos Maias do grande Jaguar b) Mesquita de
Marrakech c) Ptio dos Lees- Granada d) Ponte de Khaju no Iro (1667) e) Taj Mahal na ndia
O Renascimento representa sobretudo um conceito novo na forma e nas propores e uma maior contribuio das
artes na construo. As construes eram mais regulares com simetrias, sendo as alvenarias em geral de boa
construo. As igrejas e em particular as cpulas tiveram desenvolvimentos, sendo a de St Maria del Fiore em
Florena e a da Baslica da nova Catedral de S. Pedro em Roma verdadeiras obras primas, fig1.16. Pela primeira
vez usaram-se aduelas segundo os meridianos e paralelos, sendo as abbadas constitudas por duas cascas
ligadas pelas referidas nervuras, o que tem a vantagem de melhorar o isolamento trmico, a proteco da chuva,
reduzir o peso prprio, permitindo a existncia de formas diferentes pelo interior e exterior. Quanto s paredes
mantiveram-se as solues de constituio heterognea, base de materiais pesados e de grande espessura.
A concepo estrutural no Barroco e no Neo-Classicismo no produziu solues inovadoras a nvel estrutural e
tecnolgico, tendo-se mantido as prticas construtivas. Merecem apenas referncia algumas cpulas arrojadas
como a da Catedral de S. Paulo em Londres e do Panteo de Paris.

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a) Santa Maria del Fiore

b) So Pedro Roma

Fig. 1.16 Exemplos de cpulas


Com a revoluo industrial a descoberta da mquina a vapor conduziu industrializao do processo de produo
de tijolo cermico, com equipamentos de moldagem por prensagem ( por volta de 1800) e posteriormente as
extrusoras e equipamentos de corte que permitiram o desenvolvimento de layouts industriais de produo elevada
na 2 metade do sculo XIX. Os fornos passam de fogo descontnuo a fogo contnuo tipo Hoffmann, (1858), fig.1.17.

Fig.1.17 - Esquema funcional de forno tipo Hoffmann


1.3 Declnio
Com o progresso da Revoluo Industrial as alvenarias no foram capazes de rivalizar com as novas solues
base de ferro, ao e beto armado. A inveno do cimento Portland e os refinamentos na produo do ao na 1
metade do sculo XIX ensombraram a construo de alvenaria e marcam o seu declnio.
Os novos materiais, o desenvolvimento de princpios avanados e experimentais de dimensionamento dessas
solues e os novos desafios e correntes arquitectnicas do incio do sculo XX edifcios altos e escola de
Chicago tornam as solues em alvenaria resistente obsoletas.

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Naturalmente as estruturas em alvenaria, dimensionadas por regras empricas intuitivas, com paredes muito
espessas em edifcios altos, comparativamente s solues muito mais esbeltas base de estruturas metlicas e de
beto armado, tanto em termos econmicos como funcionais perda de espao, custo e tempo de execuo
tornaram-se desinteressantes, apesar de algumas realizaes mais engenhosas como a alvenaria armada da
baslica do Sacr Coeur de Montmartre.
vulgar referir o Monadnock Building, construdo em Chicago em 1891 com 16 pisos e paredes de 1,80 m na base,
como o ltimo exemplo de uma grande construo em alvenaria segundo a tradio antiga Fig. 1.18 [1.8].

Fig. 1.18 Monadnock Building, Chicago, 1891


Ao longo da primeira metade do sculo XX s alguns arquitectos mantiveram o uso de alvenaria com funo
estrutural. Merecem destaque as realizaes de Antnio Gaudi com o emprego do racionalismo estrutural,
empregando arcos e escoras inclinadas em alvenaria Fig. 1.19 [2].
a) Igreja da Sagrada Famlia em Barcelona
b) Modelo estrutural

Fig. 1.19 Estruturas em alvenarias de Gaudi

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Neste perodo considerava-se que as alvenarias e o beto simples eram solues pouco sofisticadas por no
resistirem traco. O beto conseguiu resolver este problema pela associao com o ao, tecnologia que se
desenvolveu rapidamente ao contrrio das alvenarias armadas.

1.4 As Construes Antigas em Alvenaria e os Sismos


Analisando uma carta ssmica apercebemo-nos que em geral as regies mais populosas e importantes do passado
coincidem com zonas de risco ssmico, pelo que as tecnologias construtivas desenvolveram-se em zonas de risco.
No entanto no h sinais de que as tecnologias dessas zonas tivessem presente, conscientemente, princpios de
resistncia ssmica, ou seja no parece que os terramotos tenham influenciado de maneira distintiva e directa a
maneira de construir como fez, por exemplo, o clima de cada regio.
Uma explicao para esta situao radica-se no facto da compreenso dos fenmenos ssmicos de forma cientfica
ser um desenvolvimento recente, enquanto no passado era considerado um acontecimento sobrenatural. Por outro
lado a periodicidade dos sismos era em geral longa, com perodos de retorno de centenas de anos, contribuindo
para a perda de conscincia e da memria das eventuais tecnologias anti-ssmicas.
Apesar das alvenarias serem um material frgil, em geral sismicamente pouco resistente, h vestgios de
construes em alvenarias em zonas ssmicas que subsistiram a uma srie de terramotos, e a outras agresses
vrias devidas a calamidades naturais diversas, efeito do tempo e do prprio homem. Trata-se quase sempre de
construes monumentais, que em alguns casos sofreram danos peridicos graves, mas cuja persistncia se deve
tanto qualidade intrnseca, quanto ao interesse por parte do homem em preserv-las da destruio. As
caractersticas principais que permitiram a sobrevivncia destas construes s aces ssmicas foram sobretudo
as duas seguintes:
- a regularidade morfolgica e construtiva do edifcio, com presena de percursos estruturais
homogneos e ininterruptos, capazes de conduzirem adequadamente os esforos induzidos pelos
sismos, fig.1.20;
- o correcto emprego de materiais colaborantes, capazes de fornecer alvenaria uma resistncia
adequada s aces horizontais.
O primeiro destes princpios foi usado segundo duas tendncias:
- absoro dos esforos horizontais por introduo de fortes compresses resultantes do peso prprio de
grandes massas de alvenaria, caso de muitos templos de antiguidades;
- anulamento e equilbrio das aces laterais por recurso a sistemas simtricos de arcos, contrafortes e
massas estabilizadoras caso das Igrejas Gticas.
O segundo princpio corresponde percepo emprica de que o comportamento estrutural de alvenaria melhora
sensivelmente com o auxlio de materiais mais elsticos e deformveis do que a alvenaria, para poderem absorver
as traces induzidas pelas aces de corte, flexo e compresso com flexo, fig. 1.21.

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A colaborao desta armadura recorreu sobretudo ao uso de uma estrutura em madeira ligada alvenaria,
melhoria de argamassa ou material de preenchimento do ncleo de paredes duplas de alvenaria e ainda incluso de
armaduras metlicas em zonas particulares da alvenaria. O recurso armadura de reforo em madeira tem origens
muito remotas. Poder ter mesmo surgido da evoluo das tcnicas de adobe e taipa funcionando mesmo a
alvenaria como forma de fornecer parede uma maior rigidez e robustez. Sistemas deste tipo foram usados a partir
da Idade Mdia em muitos pases da Europa Centro Setentrional e do Oriente.
A tcnica do preenchimento do ncleo das paredes duplas uma tcnica mais recente.
a)

b)

c)

Fig.1.20 - Exemplo de estabilidade de estruturas em alvenarias conseguida por efeito de arco devido sbia
colocao da massa no cimo e na base do edifcio a)Panteo de Roma (120 124) b)Igreja de S. Loureno em
Milo (sec. V) c) Taj-Mahal (1630 48) [1.8]
a)

b)

c)

Fig. 1.21 Medidas de reforo da resistncia ssmica de edifcios na sequncia de sismos violentos:
a)
b)
c)

Grelhagem preconizada para as fundaes, sugerida no sc. XVII


A gaiola pombalina em madeira usada na reconstruo de Lisboa na sequncia do terramoto de 1755
Projecto de casa antissmica da Calbria na sequncia do sismo de 1783

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Fig.1.22 Medidas de reforo das estruturas em alvenarias resistentes [1.2]


1.5 Renascimento das alvenarias
apenas em meados do sculo XX que nos pases mais desenvolvidos as estruturas de alvenaria voltam a
despertar interesse, numa perspectiva mais moderna, associada a novas formas de dimensionamento e ao
interesse econmico desta soluo.
Nos anos 20, dificuldades econmicas designadamente na ndia, convenceram os tcnicos da necessidade de
encontrar alternativas s estruturas metlicas e de beto armado. Iniciam-se assim estudos estruturais relativos s
alvenarias, no apenas na construo de baixo custo, mas tambm para uma compreenso do funcionamento
estrutural desta soluo.
Na Europa, na dcada de 40 que engenheiros e arquitectos iniciaram estudos srios sobre alvenarias, cerca de
100 anos aps o incio da abordagem s solues estruturais de beto. Por esta altura as empresas produziam j
tijolos e cimentos de elevada resistncia. Assiste-se assim aplicao s alvenarias de princpios de
dimensionamento utilizados noutros sistemas.
O desenvolvimento de recomendaes prticas modernas relativas concepo de estruturas de alvenaria surge a
partir das dcadas de 40/50 do sculo XX. Merecem destaque os estudos e realizaes levados a cabo em alguns
pases, em particular Sua, Canad, USA, Austrlia e Reino Unido, que permitiram a realizao de estruturas
modernas de alvenaria Fig.1. 23 [9].
Referem-se como exemplos:
-

3 torres de 13 pisos construdos em Basel na Sua em 1951, com paredes exteriores de 38 cm e


interiores de 15 cm. Os tijolos apresentavam uma resistncia de 30 MPa;

tambm na Sua uma torre de 18 pisos em Schwamendingem Zurique, com paredes de espessura no
ultrapassando 38 cm;

Hiplito de Sousa 2002

22

ALVENARIAS Referncia Histrica

edifcios Park-Mayfair-East de 17 pisos em Denver Colorado, em alvenaria armada, com paredes de


espessura total de 28 cm, compostas por 2 panos de tijolo de 9.2 cm e um ncleo em beto de 9.5 m;

edifcios Park-Lane Towers, construdos em 1970, de 20 pisos com paredes de 20 cm, a partir de tijolos de
100 MPa de resistncia compresso;

hotel de 14 pisos em Jefferson City Missouri, em blocos de beto (excepto os 3 primeiros e ltimo piso
em estrutura reticulada) a espessura de 19 cm, sendo os vazios preenchidos com beto da seguinte
forma:
- nos 3 primeiros pisos em alvenaria, todos os vazios;
- nos 4 seguintes um em cada 60 cm;
- nos 3 ltimos um de 120 cm em 120 cm.
Os materiais tinham as seguintes caractersticas resistentes:
-

25 MPa os blocos;
21 MPa o beto de preenchimento;
14 MPa as argamassas.

A alvenaria era levemente armada.


a)

b)

Fig. 1.23 Exemplos de edifcios de grande porte realizados na Sua na dcada de 50 em alvenaria resistente
Como exemplo de construes em zona ssmica pode referir-se o Hotel Catamaram de 13 pisos em San Diego
Califrnia, em alvenaria armada de blocos de beto, fig. 1.24, e o Hotel Excalibur em Las Vegas, fig. 1.25.

Hiplito de Sousa 2002

23

ALVENARIAS Referncia Histrica

Fig. 1.24 Hotel Catamaram em San Diego

Fig. 1.25 Hotel Excalibur em Las Vegas (zona ssmica moderada) alvenaria armada
A partir da dcada de 50 profundos estudos tericos e experimentais possibilitaram a realizao de estruturas de
alvenaria. O sucesso destas estruturas em muitos pases est ligado h j referida investigao neste domnio, que
permitiu o desenvolvimento de mtodos de clculo similares aos das estruturas de beto ou metlicas. Estes
estudos vieram ainda suportar a produo de normas e regulamentos modernos, bem como de materiais de
qualidade, sujeitos a um elevado controlo tcnico. Em paralelo os detalhes construtivos e os aspectos
complementares do desempenho das alvenarias tambm foram bastante estudados. Para o sucesso desta soluo
contribui ainda o facto da alvenaria, alm de uma elevada capacidade resistente, encerrar em si um conjunto de
propriedades que permitem satisfazer, em simultneo, muitas outras exigncias.

Hiplito de Sousa 2002

24

ALVENARIAS Referncia Histrica

Hiplito de Sousa 2002

25

ALVENARIAS Referncia Histrica

Sinal evidente do grande interesse suscitado actualmente por este domnio so, para alm da profuso de materiais
e solues, o nmero de congressos e entidades que desenvolvem actividade neste domnio, com produo
significativa de estudos e comunicaes.
- Conferncias NAMC North American Masonry Conference
(de 3 em 3 anos 1979, 82, 85, 88, 91, 94, 97, ...)
- IBMaC International Brick and Block Masonry Conference
(de 3 em 3 anos 1982, 85, 87, 88, 91, 94, 97, ...)
- Canadian Masonry Symposium
- CIB-W23 Wall Structures
- Sociedades:

The Masonry Society Edita o The Masonry Society Journal e realiza encontros e congressos.

3970 Broadway, suite 201-D Boulder, Colorado, USA.

British Masonry Society Stoke-on-Trent UK


Organiza conferncias e promove publicaes.

Hiplito de Sousa 2002

26

ALVENARIAS Referncia Histrica

Hiplito de Sousa 2002

27

ALVENARIAS Referncia Histrica

1.6 Bibliografia
[1.1] [1.2] -

Bblia
Mrio Zaffagnini ( Edinricerche) Rosso Mattone. Il Ruolo del Laterizio nelledilizia del Nostro

[1.3] [1.4] -

Tempo: Edizioni Luigi Parma. Bologna, 1987


Unesco . Histria da Humanidade. Vol. I II e III. Editorial Verbo. Lisboa, 1986
Crculo de Leitores. Histria Universal Comparada. 8 volumes. Crculo de Leitores, Lisboa, 1984

[1.5] [1.6] -

DeLony, Eric Context for World eritage Bridges. www.icomos.org/studies/bridges, 1996


Segurado, J. E. Alvenaria e Cantaria. Biblioteca de Instruo Profissional. 5 Edio. Livraria Bertrand

[1.7] -

e Livraria Francisco Alves, Lisboa


Croci, Giogio The Conservation and Structural Restoration of Architectural Heritage.

[1.8] [1.9] [1.10] -

Computational Mechanics Publications. Southampton, UK and Boston, USA, 1998


Beall, Christine- Masonry Design and Detailing for Architects, Engineers and Contractors. 4th
Edition, McGraw-Hill 1997
Villegas, L.- Las Estructuras de Fabrica Actuales. Publicaciones GTED, R:951. Santander 1995
Crculo de Leitores/ Larousse. Memria do Mundo. Das Origens ao ano 2000. Crculo de Leitores,
Lisboa, 2000

Hiplito de Sousa 2002

28

HIPLITO DE SOUSA

CONSTRUES EM ALVENARIA
CAPTULO II
SITUAO PORTUGUESA DAS SOLUES
TRADICIONAIS ACTUALIDADADE

FEUP 2002

PRELIMINAR (VERSO 2)

ALVENARIAS Situao portuguesa

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Situao portuguesa

INTRODUO S ALVENARIAS
SITUAO PORTUGUESA DAS SOLUES TRADICIONAIS ACTUALIDADADE

NDICE
2. REFERNCIAS S SOLUES CONSTRUTIVAS TRADICIONAIS EM PORTUGAL ............................................ 5
2.1 Alvenarias Antigas ............................................................................................................................................... 5
2.2.1. Fundaes................................................................................................................................................... 9
2.2.2. Paredes resistentes ................................................................................................................................... 10
2.2.4 Coberturas.................................................................................................................................................. 14
2.2.5. A Compartimentao ................................................................................................................................. 15
2.2.6. Os Revestimentos ..................................................................................................................................... 16
2.2.7. As Caixilharias ........................................................................................................................................... 17
2.2.8. Instalaes ................................................................................................................................................ 17
2.3 Dimensionamento e disposies construtivas das alvenarias resistentes antigas ............................................ 17
2.4 As alvenarias na Actualidade em Portugal ( artigo apresentado ao CIB em Ingls)

Hiplito de Sousa 2003

18

ALVENARIAS Situao portuguesa

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Situao portuguesa

2. REFERNCIAS S SOLUES CONSTRUTIVAS TRADICIONAIS EM PORTUGAL


2.1 Alvenarias Antigas
habitual considerar edifcios antigos os anteriores tecnologia do beto armado. Em Portugal em edifcios
antigos, predominavam as alvenarias resistentes dos tipos constantes do Quadro 2.1.
Alm das pedras granitos, calcrios e xistos de acordo com as disponibilidades regionais, usavam-se ainda os
tijolos cermicos cozidos em forno pequenos formatos, praticamente macios, a taipa e o adobe (tijolos cozidos ao
sol), mais comuns nas zonas mais ricas em argilas e eventualmente com menos pedra. As argamassas eram
tambm funo das disponibilidades locais, variando entre o barro e as misturas de cal e areia.
Quadro 2.1 - Paredes dos edifcios antigos, em funo da natureza, dimenso, grau de aparelho e material ligante
das pedras [2.1]
Designao

Caractersticas da construo das paredes dos


edifcios antigos

Parede de cantaria
Parede realizada a partir de pedras com faces
aparelhadas de formas diversas assentes em
argamassa ou simplesmente sobrepostas e
justapostas, realizadas com calcrio e granito. Pode
ser usada em vergas, soleiras, ombreiras, msulas,
cachorros e coberturas.
Se realizada com pedras paraleleppedos tambm
designada de enxilharia ou silharia.

Alvenaria de pedra aparelhada

Pedras irregulares, destinadas a ficar vista e


realizadas em calcrio e granito, aparelhadas numa
das faces, assentes em argamassa ordinria fiada

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Situao portuguesa

Alvenaria ordinria (corrente)

Pedras toscas, irregulares, em forma e dimenses e


ligadas

com

argamassa

ordinria,

de

forma

semelhante alvenaria aparelhada, mas de forma


cuidada, destinando-se em geral a ser rebocada. Pela
irregularidade das pedras necessrio encascar
introduzindo pequenas pedras. A argamassa pode ser
de vrios tipos. As fiadas s so niveladas com um
certo espaamento

Alvenaria hidrulica

Alvenaria de qualquer tipo com argamassa hidrulica


em trabalhos prova de gua

Alvenaria refractria

Alvenaria de qualquer tipo com argamassa refractria


para construo de fornos

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Situao portuguesa

Alvenaria de pedra seca ou insossa


Paredes de pedra em que se dispensa o uso de
argamassa na ligao das pedras usado nas zonas
onde a cal era escasso ou onde se aproveitavam as
pedras irregulares das montanhas. Para obviar a falta
de argamassa necessrio um bom travamento das
pedras. Desaconselhvel em zonas ssmicas.

Paredes mistas
Paredes de alvenaria e cantaria; de alvenaria e tijolo;
de alvenaria com armao de madeira, etc.

Alvenaria de tijolo
Paredes construdas com tijolo

Parede de adobe

Paredes construdas com blocos de terra secos ao sol


e ao ar 1(dimenses mais correntes 8x16x35)

Parede de taipa (designao abrangendo o material e a tcnica


1

Tcnica usada no Algarve, Alentejo, Ribatejo, Estremadura e Beira Litoral

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ALVENARIAS Situao portuguesa

Parede monoltica realizada a partir de terra


convenientemente humedecida e compactada contra
moldes (taipais ou enchimentos).

a)

b)

c)

Fig.2.2 Aparelhos tradicionais e detalhe de elevao de uma parede em pedra aparelhada

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Situao portuguesa

a)

b)

Fig. 2.3 Exemplos de construes em taipa ainda visveis em Portugal

Fig. 2.4 Esquema da tecnologia de construo em taipa [2.2]


Referem-se seguidamente as solues adoptadas nos diferentes subsistemas construtivos.
2.2.1. Fundaes

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Situao portuguesa

As fundaes eram em geral directas, formadas por alvenarias com ligeiros alargamentos relativamente seco
corrente, para permitir a degradao de cargas e o emprego de alvenarias de menor qualidade fig. 2.5 [2.4].
Quando o terreno de fundao adequado no se encontra superfcie, era vulgar ou executar caves, por forma a
ser possvel fundar directamente, ou criar poos regularmente afastados (aproximadamente de 3 em 3 m). Os poos
eram preenchidos com alvenaria ou mesmo com areia, o seu coroamento era acabado com alvenaria de boa
qualidade sendo coroado por arcos de pedra ou de tijolo.
Uma ltima alternativa consiste na adopo de fundaes por estacas de madeira cravadas no solo. Esta tecnologia
estava muito limitada pelo porte das rvores existentes e pela energia moderada mobilizvel na cravao que
limitava a soluo a solos brandos ou zonas lodosas.
a) Seco corrente de fundao

b) Fundao em degraus

c) Coroamento de fundaes em arco

d) Poos de fundaes

e) Fundao directa de parede no afloramento rochoso

f) Fundao tradicional

Fig.2.5 Alguns exemplos de fundaes antigas de pedra


2.2.2. Paredes resistentes

Hiplito de Sousa 2003

10

ALVENARIAS Situao portuguesa

As paredes eram muito espessas por requisitos mecnicos, de estanquidade gua e conforto. As solues
utilizavam diferentes materiais, formas de ligao e tcnicas de aplicao, reflectindo as influncias regionais, a
dignidade/importncia da obra e os meios do promotor.
Ao nvel das paredes resistentes merecem tambm referncia a execuo dos seguintes elementos:
-

lintis, vergas ou padieiras rematando aberturas atravs de elementos horizontais apoiados nos
extremos, soluo vlida para pequenas aberturas, recorrendo a madeira, pedra talhada ou tosca Fig.2.7
[2.5];

arcos, na sua forma mais simples, toscos reduzindo-se forma triangular, ou arcos de pedra ou tijolo
macio Fig. 2.7 [2.5];

introduo de reforos, atravs de peas metlicas, que funcionam como armaduras passivas .

Fig. 2.7 Arcos e Vas


Merece tambm referncia a reconstruo pombalina, dado tratar-se de uma operao de reconstruo macia num
curto espao de tempo suportada por estudos evoludos para a poca, tendo-se utilizado uma tecnologia antissmica, a gaiola, j referida anteriormente. Nesta soluo adoptaram-se paredes em frontal pombalino ou gaiola,
dispostas segundo as duas direces ortogonais dos edifcios, constitudas por uma trelia de madeira preenchida
com elementos cermicos. Estas paredes ligam-se s paredes principais atravs duma grade de madeira embebida
na alvenaria pelo lado interior. Esta estrutura em madeira a gaiola precede a execuo da alvenaria. Esta
tcnica tem paralelo na construo naval e era tambm adoptada noutras regies ssmicas, como por exemplo nos
Balcs fig. 2.6 [2.5].

Hiplito de Sousa 2003

11

ALVENARIAS Situao portuguesa

Fig. 2.6 Gaiola pombalina


2.2.3. Os Pavimentos
Os pavimentos elevados tinham por base, em geral, a madeira, embora fossem usados arcos e abbadas de
alvenaria. Os pavimentos em madeira procuravam evitar o contacto com a gua e a humidade. Os vigamentos
principais apoiavam-se nas paredes, com afastamentos entre 0.20 m e 0.40 m (largura das vigas como
espaamento recomendvel). Os vigamentos podiam ser mais ou menos regulares e a sua seco tem a ver com o
vo a vencer.
A ligao s paredes podia ser por encaixe, ou atravs da criao de uma base que tambm repartia as cargas. Em
algumas situaes o vigamento descarregava em vigas de madeira ligadas rigidamente parede frechal. As
espcies empregues eram as disponveis, autctones, ou oriundas da frica e do Brasil. Sobre o vigamento era
pregado o soalho. Inferiormente podia, ou no, haver um forro de madeira ou de estuque.
A soluo em arcos e abbadas era empregue em edifcios com grandes vos ou utilizaes especiais, ou ainda no
tecto de caves por questes de humidade. Sobre os arcos ou se colocavam vigamentos em madeira que recebiam
os pavimentos em soalho, ou enchimentos com entulhos leves sobre os quais se colocam a madeira, lajedos ou
materiais cermicos. Com o aparecimento do ferro e ao comearam a usar-se perfis em substituio da madeira,
ou suportando elementos cermicos de aligeiramento.

Hiplito de Sousa 2003

12

ALVENARIAS Situao portuguesa

Hiplito de Sousa 2003

13

ALVENARIAS Situao portuguesa

Fig. 2.8 Exemplos de pavimentos tradicionais


2.2.4 Coberturas
As coberturas inclinadas tinham subjacentes estruturas de madeira asnas e elementos secundrios. Estas
estruturas podiam resumir-se a uma simples gua ou a guas mltiplas complexas. A ligao asnas/alvenaria e a
proteco das madeiras contra a humidade eram objecto de particular cuidado.
A utilizao de arcos e cpulas de alvenaria em coberturas inclinadas tinha expresso em construes religiosas ou
militares. Em coberturas planas, correntes em zonas de clima favorvel, usavam-se arcos e abbadas semelhantes
aos referidos para os pavimentos, mas com espessura e disposies construtivas que impedissem a passagem da
gua.

Hiplito de Sousa 2003

14

ALVENARIAS Situao portuguesa

Fig. 2.9 Exemplos de coberturas tradicionais


2.2.5. A Compartimentao
As paredes de compartimentao tm em Portugal solues que se podero considerar de carcter nacional e
solues de carcter regional. A soluo de carcter nacional tipicamente o tabique, formado por tbuas
colocadas verticalmente ou inclinadas ligadas ao pavimento recebendo o fasquiado, constitudo por pequenas
rguas de seco trapezoidal, ao qual aderia o reboco. A aderncia era melhorada pela lascagem da madeira.
Na reconstruo pombalina as divisrias tinham um verdadeiro esqueleto constitudo por peas verticais, horizontais
e cruzes de Santo Andr, pregadas aos frechais e aos pavimentos.
Em qualquer das situaes as compartimentaes do um contributo estrutural relevante, particularmente s aces
horizontais. Entre as solues de carcter regional referem-se o adobe.
Recentemente a utilizao de tijolo cermico foi-se tornando cada vez mais popular. Os tijolos foram-se
progressivamente aligeirando.

Hiplito de Sousa 2003

15

ALVENARIAS Situao portuguesa

Fig. 2.10 Exemplo de sistemas de compartimentao tradicionais


2.2.6. Os Revestimentos
Os materiais de revestimento relacionavam-se com os materiais utilizados na alvenaria:
-

argamassas pobres de areia e cal area, com areia ou saibro;


argamassas hidrulicas com pozolanas;

vrias camadas cuidadosamente realizadas;


estuques;
madeiras em divisrias, pavimentos e tectos (saia e camisa, masseira, etc);

abbadas vista;
revestimentos de pedra e cermicos tradicionais;
pinturas tradicionais (caiaes com fixadores e aditivos);

telhas cermicas e colmo em coberturas inclinadas;


cermicos e chapas de cobre/chumbo em terraos;

Fig. 2.11 - Revestimentos tradicionais

Hiplito de Sousa 2003

16

ALVENARIAS Situao portuguesa

2.2.7. As Caixilharias
As caixilharias eram em geral de madeira, com formato e tipologias variadas e regionais. A proteco solar e
ocultao nocturna quando existiam eram asseguradas por portadas exteriores e interiores.
2.2.8. Instalaes
A introduo das instalaes nos edifcios em geral recente. Sobretudo os esgotos pem alguns problemas de
compatibilidade com os pisos de madeira, particularmente nas intervenes que no so de raiz. A drenagem de
guas pluviais quando recorre a algerozes e tubos de queda pode tambm originar patologias.

2.3 Dimensionamento e disposies construtivas das alvenarias resistentes antigas


O estabelecimento da espessura das paredes de alvenaria obedecia a consideraes associadas estabilidade,
mas tambm relativas estanquidade gua da chuva e conforto trmico. A abordagem em termos de resistncia
dos materiais era em geral rudimentar e conduzia adopo de solues tabeladas em funo dos materiais
constituintes e do porte da construo.
Apresentam-se em anexo regras empricas de dimensionamento constantes do Regulamento das Edificaes
Urbanas (RGEU) Quadro 2.2 e das Regras Antigas da Cmara Municipal de Lisboa Quadro 2.3.
Nas paredes de tijolo admitiam-se espessuras menores do que nas de pedra porque a maior regularidade do
assentamento permitia obter maiores resistncia e ainda porque a menor condutibilidade trmica permitia usar
paredes menos espessas.
Quadro 2.2 Extracto Captulo III do RGEU
Espessura de paredes de alvenaria de pedra ou de tijolo (no includos rebocos e guarnecimentos)
(Tabela a que se refere o artigo 25.)

Grupo A
---Paredes das fachadas

Grupo C
---Paredes de separao entre
habitaes.
Paredes de caixa da escada.
Paredes interiores carregadas
em geral.

Grupo B
---Paredes das empenas

Ordem de anular
(a partir de cima)

Pedra

1...................................
2...................................
3...................................
4...................................
5...................................
6...................................
7...................................

Talhada
-Centmetros
28
28
32
-

Hiplito de Sousa 2003

Irregular
-Centmetros
40
40
50
60
70
80
90

Pedra
Tijolo
-Vezes
1
1 1 /2
2
2 1 /2
3
3 1 /2
4

Talhada
-Centmetros
28
28
32
32
32
-

Irregular
-Centmetros
40
40
40
50
50
60
60

Pedra
Tijolo
-Vezes
1
1
1
2
2
2
2

1
1

1
1

/2
/2
/2
/2

Talhada
-Centmetros
22
22
22
22
28
28
32

Irregular
-Centmetros
40
40
50

Grupo D
---Paredes interiores de pequena
extenso livre servindo de apoio
a pavimentos de reduzido vo
(mximo de 3 m 2 de pavimento
por metro linear).

Pedra
Tijolo
-Vezes
1
1
1
1
1 1 /2
1 1 /2
2

Talhada
-Centmetros
28

Irregular
-Centmetros
40

Grupo E
---Paredes
interiores
recebendo cargas.

no

Pedra
Tijolo
-Vezes

1
1
1
1
1

Talhada
-Centmetros
28

Irregular
-Centmetros
40

17

Tijolo
-Vezes

1
1
1

ALVENARIAS Situao portuguesa

Quadro 2.3 - REGRAS DA CMARA MUNICIPAL DE LISBOA Regulamento Geral da Construo Urbana

Ordem
dos
andares
(a partir
de cima)

Fachadas e apoio de vigamentos

Empenas e paredes sem cargas


Paredes

Frontais com carga e


divisrias de escadas

Tabiques

de
Alvenaria
Ordinria

Alvenaria
de tijolo

Blocos de
beto

Alvenaria
Ordinria

Alvenaria
de tijolo

Blocos de
beto

caves

Alvenaria
de tijolo

Blocos
de beto

Alvenaria
de tijolo

Blocos de
beto

40

30

40

20

60

10

10

50

40

40

20

10

10

60

40

40

20

15

10

70

50

45

30

20

10

80

60

45

30

25

15

90

70

50

30

30

15

Como disposies construtivas refere-se, no caso das alvenarias de pedra, o cuidado associado realizao dos
cunhais e reduo do nmero e dimenso das juntas, a criao de um imbricado o melhor possvel, a introduo
de pedras que atravessavam toda a parede, os perpianhos. Recorria-se ainda frequentemente introduo de
elementos metlicos que funcionavam como tirantes, ancorados nas respectivas extremidades.
No caso das paredes de tijolo cermico procuravam-se respeitar os aspectos j referidos a propsito das alvenarias
de pedra.
Bibliografia
[2.1] [2.2] [2.3] [2.4] [2.5] [2.6] [2.7] -

2.4 AS ALVENARIAS NA ACTUALIDADE EM PORTUGAL ( artigo apresentado ao CIB em Ingls)

Hiplito de Sousa 2003

18

ALVENARIAS Situao portuguesa

TYPICAL MASONRY WALL ENCLOSURES IN PORTUGAL


Hiplito de Sousa

Fernanda Carvalho

Assistant Professor
FEUP, Porto
PORTUGAL

Research Officer
LNEC, Lisboa
PORTUGAL

SUMMARY
For a better understanding of the Portuguese reality a simple attempt to describe Portuguese practices and problems
related with masonry building enclosures is presented. After a short review of recent Portuguese evolution
concerning housing buildings, a description of the most frequent structures, masonry materials and enclosures is
presented and illustrated. The main problems and pathology related with these practices and the evolution trend are
summarized.

1.

INTRODUCTION

According to the strategy defined on CIB Commission W23-Wall Structures, an effort to disseminate national
perspectives related with building masonry enclosure systems has been considered of interest.
Masonry is perhaps the building technology more deeply affected by regional and traditional practices concerning
materials, detailing and construction. In order to understand the masonry specialists concerns in different countries, it
is fundamental to know the specificities and real problems of these subjects in each country.
The purpose of this report is to present briefly the recent Portuguese situation concerning this matter. The paper
shows that in the last few years a quick evolution occurred on masonry practices, which produced several changes
and some problems that must be well studied and explained, opening therefore important and interesting research
perspectives.
2.
2.1.

BUILDING SECTOR
Importance of the building sector

Portugal is a South European country, Mediterranean on the Centre and South, but with increasing Atlantic
influences on the Northwest. The population, of almost 10 million inhabitants, is concentrated near the sea. The
construction activity is important to the economy and represents about 7% of the Gross Domestic Product and 9% of
employment [1].
Buildings are the most important construction activity; this effort being yet focused on new buildings, fig. 1[2].
Nevertheless this effort is beginning to decrease.

Hiplito de Sousa 2003

19

ALVENARIAS Situao portuguesa

Other
13%

Rehabilitation
7%

Urbanization Works
5%
Roads
13%

Bridges

Buildings
58%

Hydraulic Works

Figure 1: Importance of construction sectors according to Portuguese statistic data [2]


2.2.

Structural systems for buildings

After World War II building solutions and technologies have quickly evolved, the traditional practices being
progressively replaced by new ones, not always adapted to local conditions as formerly.
Concerning existing structural systems the major building structures are of reinforced concrete frame, fig. 2. The
other solutions, like steel, masonry and timber structures are seldom used, even in small and one families houses.
Also the structures with reinforced concrete walls are only used in a few special buildings, or where the fixing of
heavy claddings imposes its use.
Some minor attempts to change this situation are under way. In Civil Engineering and Architecture Schools the
attention paid to alternative structural solutions (steel, masonry and timber) is growing, supported by the Eurocodes
and international images and models. Furthermore, producers and sellers see in these alternatives and new
materials good business opportunities.

Figure 2: Example of typical buildings with reinforced concrete frame structure

Hiplito de Sousa 2003

20

ALVENARIAS Situao portuguesa

2.3. Systems used for housing, commerce, etc.


As mentioned, in the past, the traditional Portuguese housing architecture usually presented regional solutions, well
adapted to climatic conditions. The use of stone in heavy and thick walls was predominant. Except in some rustic
regions or in more primitive buildings of the countryside, where the stone remained not finished, usually the stone
enclosure walls were covered by a thick porous render, with low modulus of elasticity and made in multiple layers by
very skilful workers.
In the Atlantic coast, in the zones more exposed to rain, the watertightness of the render was usually improved by the
introduction of a waterproof layer, directly applied on the support, made of asphaltic mortar, or of a very rich Portland
cement mortar with a hydrofuge admixture. Ceramic decorative coverings and claddings made of slate tiles or
asbestos-cement profiled sheets, mainly on gables, were used, fig. 3 [3], with the same purpose of improving the
watertightness, but with a more regional character.
By the end of the 1940s, and mainly in urban regions, the use of concrete structures would become widespread, first
on the floors replacing timber, being progressively extended to the vertical support elements. At the time, the walls
lost their resistance role and became only infilling elements, the stone being replaced by clay bricks. Clay brick
producers developed a multitude of shapes, but always progressing from solid to large horizontally perforated
elements.

Figure 3: Examples of some Portuguese traditional buildings


The importance of rain tightness, associated to the thickness and weight wall reduction, led in the 1960s to the
generalization of enclosure cavity walls made of clay bricks, introduced with adaptations from abroad. In the 1980s,
the concern for thermal comfort and energy conservation and the consequent publication of the respective code, led
to the vulgar use of thermal insulation products filling the cavities of cavity walls.
In this evolving process, the tradition of rendering the walls with cimentitious mortars remained, but the quality of
execution has decreased and the regional character of architectonic solutions has been lost, fig. 4. Although in this

Hiplito de Sousa 2003

21

ALVENARIAS Situao portuguesa

evolution the masonry walls have lost their structural importance, they remain an important construction element both
in functional and economic terms.
1940s

1950s

1960s

1970s

1980s

Fig. 4: Synthesis of the evolution process of Portuguese walls [3]


Concerning other buildings, like commercial, industrial and service ones, the solutions are generally the same, but
the embodiment of steel and concrete precast concrete structures is higher.
The partition walls were traditionally made using thin wooden elements plastered with hydrated lime mortar, but have
been progressively replaced by thin clay brick walls, with the thickness of the bricks referred on figure 5.

8%

0,11 m brick in all walls


25%
0,11 m brick only in wc and
kitchen walls

67%

0,07 m brick in all walls

Fig. 5: Thickness of clay brick in current partition walls, according to a statistic study [4]
The importance of acoustic requirements, combined with the need for better productivity in these works, led to
introduce other solutions, which are being increasingly used, such as gypsum wallboard, gypsum blocks and other
light partition systems.

Hiplito de Sousa 2003

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ALVENARIAS Situao portuguesa

2.4. Some statistics on use and relevance


As mentioned, building construction has been the most important construction activity and, within this group, the
housing buildings represent almost 75%, figure 6.
Concerning structural systems and according to Portuguese statistic data, the importance of reinforced concrete is
close to 90% and is the solution used in the most important and large buildings. Normally, an important portion of the
concrete is cast in place. Currently, only some components of the slabs are precasted. Figure 7 shows the
comparison with some European countries where this information is available. The same figure also shows that the
predominance of one structural system in Portugal is obvious.

Other Buildings
25%

Housing Buildings
75%

Fig. 6: Importance of housing buildings [2]


90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Denmark

Reinforced concrete

Italy

Luxembourg

Structural Masonry

Portugal

Others

Figure 7: Comparison of building structures in some European countries [2, 5, 6,7]


3.

MOST COMMON ENCLOSURE WALL SYSTEMS

3.1. Masonry materials


a) Units
In the Portuguese market, current masonry units (traditional) and some new emergent units (not traditional) are
generally available. Actually, the industrial level of Portuguese factories of masonry materials is generally good, but
there is no sufficient effort towards development, characterization and quality control of the products. The traditional
material producers only commercialise the units and not all the components of masonry system. This leads to the

Hiplito de Sousa 2003

23

ALVENARIAS Situao portuguesa

fact that usually the singular points of walls are solved on site by improvisation. The traditionally present masonry
materials are:

clay units, large horizontally perforated, used largely on enclosure and internal walls (group 3
according to EC6);

clay units, solid or vertically perforated (facing bricks or not) used only in external walls (group 1
and 2 according to EC6);

aggregate concrete units, dense or lightweight, used more in external walls (group 2 according to
EC6);

natural stone, which use is limited to localized regions, in outer leaf of cavity walls.

The most popular materials are the clay units, horizontally perforated, which represent more than 90% of the units
used in walls.
The new masonry materials, not traditional, are:

split dense aggregate concrete units;

lightweight clay units, vertically perforated;

autoclaved aerated concrete units.

These units, with the exception of split concrete blocks, are not currently produced now in Portugal.
Generally, these news products are well developed and studied, but their cost is higher than traditional ones.
Furthermore, certain conservativeness exists that makes it difficult to accept new materials and solutions. The
importance of these products in terms of market is residual.
Tables 1 and 2 show the range values of the significant characteristics of traditional materials.
b) Mortars
In Portugal, masonry mortars are usually made on site with Portland cement and sand. The use of lime, either
hydrated or hydraulic, although frequent in the past, is not common at the moment.
The mixes are generally rich (1:3 or 1:4, cement:sand by volume). Usually Portland cement type II 32.5 is used.
There is no masonry cement on the market. The use of admixtures to improve watertightness is frequent on facing
masonry. The use of factory-made mortar (usually dry mortar, supplied into silos) is increasingly fast, mainly in works
made by medium and large companies.
c) Wall ties and reinforcements
The use of wall ties and reinforcements is not current in masonry walls. There is no national production of this kind of
materials for masonry; in a few cases, imported materials are used. Very often, builders improvise wall ties on site
with galvanized wire.
The ties in cavity walls are in some cases specified by the designer (generally the architect), but on site they are not
placed. Sometimes only some wires of dubious effectiveness are placed. The use of rigid boards of thermal
insulation in cavity walls increases the difficulty associated with the correct placement of ties, fig. 8.

Hiplito de Sousa 2003

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ALVENARIAS Situao portuguesa

Figure 8: Examples of some ties and anchors used in Portugal


In lintels, generally some bars are included in the mortar joint. The use of prefabricated reinforced concrete lintels is
frequent, in particular for the inclusion of the roller blind. As the Portuguese masonry walls are generally of simple
infilling, the masonry attachment to the structure should be improved by anchors, which are only used in a few cases,
fig.8.
3.2. Thermal insulation
Although the Portuguese climate is moderate and the thermal code requirements [8] are not very severe (U value for
walls in the coldest region 0.95 W/(m2C)), the awareness of the need for thermal comfort for walls and buildings in
winter and summer is a reality today, leading to the generalized use of thermal insulation.
In most common cavity walls, a thermal insulation is provided by filling totally or partially the space between the
leaves. In single leaf walls, an external insulation is applied between the finishes and the body of the wall. In some
cases, the use of units with improved thermal behavior makes it possible to fulfil largely the thermal code
requirements without thermal insulation products. The most popular thermal insulation products, fig.9, are:
-

expanded or extruded polystyrenes in boards;


polyurethane foam.

Hiplito de Sousa 2003

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ALVENARIAS Situao portuguesa

Table 1 Clay units characteristics [9, 10, 11]


Dimensions and shapes
(length x height x width)
(cm)

Weight
approx.
(kg)

Volume
holes
(%)

of

Compressive
strength (2)
(MPa)

7-11

55-70

1.9-3.9

5-7

50-65

2.5-4.9

4-6

50-65

2.8-5.2

3.5-5.5

40-60

3.0-5.7

3-5

40-60

3.7-7.0

2-3

40-50

6.0-7.0

1.5-2.5

25-40

8.0-9.5

1.2-1.7

25-40

8.0-9.5

2.5-3.5

17.0-48.0

30 x20 x22 (1)

30 x20 x15 (1)

30 x20 x11 (1)

Vertically perforated

Horizontally perforated

30 x 20 x 9

30 x 20 x 7

(1)

30 x20 x4

22 x11 x7 (1)

22 x11 x5

Solid

22 x11 x7 (1)

(1)
(2)

Sizes according to Portuguese standards


Expressed in terms of gross area of the specimens, not normalized by shape factors

Hiplito de Sousa 2003

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ALVENARIAS Situao portuguesa

Table 2 Concrete blocks most important characteristics [9, 11]


Dimensions and shape
(length x height x width)
(cm)

Weight approx.
(kg)

Volume
holes
(%)

of

Compressive
strength (1)
(MPa)

20-29

45-65

3.5-4.5

20-25

45-65

3.0-4.5

15-22

40-50

3.0-4.5

12-18

40-50

4-5

12-15

40-50

4-5

10-13

30-50

4-5

8-12

30-50

4-6

8-10

6-8

(50 or 40) x 20 x30

(50 or 40) x 20 x25


(50 or 40) x 20 x20

(50 or 40) x 20 x15

(50 or 40) x 20 x12

(50 or 40) x 20 x10

(50 or 40) x 20 x8

(50 or 40) x 20 x5

(1)

Expressed in terms of gross area of the specimens, not normalized by shape factors

Hiplito de Sousa 2003

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ALVENARIAS Situao portuguesa

extruded polystyrene

polyurethane foam

Figure 9: Example of thermal insulation products


3.3. Damp proof course
Damp proof course near the soil and flashing are generally made with rich hydrofuge mortar reinforced with fibre
glass mesh. The use of metallic, plastic, rubber or asphaltic sheets is not frequent.
3.4. Wall finishes
Usually in Portugal the majority of walls were formerly covered with traditional renders made of inorganic binders,
aggregates and sometimes admixtures for improving water impermeability. These renders were normally painted, fig.
10, but in the last few years alternative solutions have had significant expression. The problem of maintenance costs,
the need to improve wall resistance to rain penetration and the difficulty of hiring skilled workers to make renders,
have led to the development of alternative solutions:

ceramic and thin stone tiles bedded on the wall render with cement based adhesive is perhaps today, one
of the most frequent solutions; these elements, mainly the ceramic tiles, are available in many different
sizes and aspects; some of them have the aspect of ceramic facing bricks, fig. 11;

factory-made rendering materials with pigments, coloured sand or small pieces of stone, applied in a single
coat (one coat render), fig. 12;

cavity walls with facing units, fig. 13;

external thermal insulation composite systems (ETICS) bonded onto the wall, with a rendering consisting of
one or more layers (site applied), one of which is reinforced with fibre glass mesh, fig. 14.

Other different wall finishes are used but with low expression in residential buildings.

Hiplito de Sousa 2003

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ALVENARIAS Situao portuguesa

In execution

Painted

Figure 10: Example of traditional render


Ceramic tiles

Granite stone tiles

Figure 11: Example of tiles

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ALVENARIAS Situao portuguesa

Figure 12: Example of one factory made coat render


Clay units in execution

Clay units finished

Split dense aggregate concrete units

Figure13: Example of cavity facing unit wall

Hiplito de Sousa 2003

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ALVENARIAS Situao portuguesa

Figure 14: Example of external thermal insulation composite system (ETICS)


3.5. Most common masonry building enclosures
In Portugal, building regulations, concerning energy economy and heat retention [8], protection against noise [12]
and safety in case of fire [13] dictate, to some extent, the solutions used for wall enclosures. At the moment, the most
popular masonry building enclosures, fig.15, of simple infilling, are:

Cavity walls made with clay units of high horizontal perforation, of which the thickest leaf usually does not
exceed 0.15 m width, with thermal insulation in the cavity (generally expanded extruded polystyrene
boards). These walls are generally poorly cared concerning wall ties, damp proof barrier, insulation fixing,
thermal bridges and structural connections. The finishes are various as referred on 3.4.

Cavity walls with outer leaf made of facing clay or concrete units and inner leaf made of clay units of high
horizontal perforation, generally with 0.11 or 0.15 m width. The cavity face of the inner leaf has improved
impermeability using a cementitious or synthetic painting, in some cases with a reinforcing mesh. The
thermal insulation is made of expanded extruded polystyrene boards or polyurethane foams. The wall ties
and thermal bridge protection, when present, are not too cared. Some weepholes are generally foreseen.

The use of concrete blocks occurs in a few small constructions sometimes with structural contribution in
confined masonry solution. In this case, cavity walls with the inner leaf of clay brick are used.

The use of single leaf wall solution has been growing but is not yet frequent. Lightweight aggregate concrete,
autoclaved concrete and lightweight clay blocks are also used. These units, with the exception of autoclaved aerated
concrete blocks, are vertically perforated and their thickness is usually between 0.25 and 0.30 m.
In these last solutions, if the width of the unit is higher than 0.15 m, normally, the units will have interlocking features
(tongue and groove system), and consequently allowing that the vertical joints are not filled with mortar.
3.6. Existing problems
a) Design and construction
The design of non-structural walls is entrusted to architects, but generally there is not an adequate specification of
masonry works concerning the type of materials, characteristics, details of execution and singular points. As the
buildings structures and installations are correlated with masonry works, there is a special need for compatibilization
that normally is not correctly done.

Hiplito de Sousa 2003

31

ALVENARIAS Situao portuguesa

Furthermore the designer has some difficulties in specifying the construction requirements because no code of
practice exists for these works. So, during the construction process, it is usual to define on site the effective quality of
masonry walls. With a good design, if the contractor does a correct preparation of the work and the workers are
skilled, the masonry has quality. However, without harmonized mechanisms, it is very difficult to control and force the
contractor to do a good work.
Typical housing building structures and cavity clay unit walls

Box for roller blind

Lintel

Single leaf wall in lightweight concrete blocks

Hiplito de Sousa 2003

32

ALVENARIAS Situao portuguesa

Figure 15: Examples of current Portuguese masonry buildings enclosures


b) Special difficulties
The main problems detected in Portuguese construction, which are at the origin of an important number of cases of
pathology, fig.16, are:

Reinforced concrete slabs excessively deformable, producing mechanical actions and cracking of masonry;

Connections between walls (including renders) and structure not correctly solved; the problems are
aggravated with some incorrect practices to minimize thermal bridges;

Cavity walls mechanically weak and incorrectly constructed considering cavity cleaning, installation of ties,
placement of weepholes, position and fixing of thermal insulation;

Singular points around openings not studied and generally solved on site with too much improvisation;

Finishes, renders and tiles choosed without a technical evaluation and applied too fast;

Architectural solutions for the faades not taking in account the incidence of rainfall, the workmanship
quality and the need for durability.

Hiplito de Sousa 2003

33

ALVENARIAS Situao portuguesa

Figure 16: Examples of defects and masonry wall enclosure pathology


4.

EVOLUTION TRENDS

4.1. Solution of existing problems


Masonry walls are one of the most important construction elements present in buildings, particularly exterior walls
that separate the internal and external environments, and they must contribute adequately to the functions of building
envelopes.
Unfortunately, we know that masonry gives an important contribution to building pathology, as is shown in a statistic
of another country [14] that should not be very different from the Portuguese situation, fig.17
Pathology in external walls

Buildings Pathology

7%

21%

4%

Stability

External walls

4%

Watertightness

Internal walls

Cracking

Others

Others
40%

75%

49%

Figure 17: Building pathology according to a statistic study in France [14]


Usually, the design of non-structural walls and the responsibility for ensuring the environmental adequacy of
buildings has been entrusted to architects, including coordination and integration of the several aspects, but today
this work requires the cooperation of many specialists, particularly as clients demand the construction products to
have similar guaranties to the generality of other products available on the market. In Portugal, this mentality is
beginning to change on the part of owners, designers and contractors, the relenting of new building constructions
and a significant emphasis on quality aspects should be important contributions to these changes.
In order to achieve external walls able to fulfil the requirements of building envelopes for the climatic conditions of the
building place, the mastering of different areas of knowledge and their interactions are very important:

Hiplito de Sousa 2003

34

ALVENARIAS Situao portuguesa

Building sciences rain tightness, condensation and thermal performances, acoustic performances and
fire safety;

Structural safety of loadbearing or infilling masonry;

Masonry materials different units, mortars, reinforcements, ancillary components and combined
behaviour;

Construction technologies workmanship and construction practices.

The conscience of the need of a complete masonry design is indispensable, including details solving singular points
of the walls, considering masonry materials characteristics and construction practices.
4.2. Trends regarding labour, quality, durability, productivity, etc.
Masonry walls and their various components should be designed considering their overall cost, including
construction, operation and maintenance. The effort to rationalize masonry construction and laying with productivity
profit and being less painful to workers is indispensable. The success of these efforts requires a deep knowledge of
masonry behaviour. The main evolutions in these domains are:

development of larger units, with good thermal insulation that could be used in some countries in single leaf
walls without complementary thermal insulation, as alternative to cavity walls;

Units with tongue and groove joints to help the laying;

units with shapes that facilitate prehension and handling;

use of thin mortar joints if the tolerances of the units are compatible.

The workmanship characteristics available for masonry works are changing. The availability of skilled workers
subjected to long training periods has reduced a lot, being replaced by unskilled workers. Furthermore the quick
rhythms of construction existing nowadays, and some current architectural solutions make the buildings more
vulnerable to workmanship quality.
These particularities increase the importance of a good detailing of the works and of the adoption of simple solutions,
less subject to workmanship. These concerns are extensible to mortars used in masonry works and to the finishes.
The growing concern for environmental aspects is pressing the construction activity towards sustainability
represented by the adoption of more natural and less aggressive solutions. Building materials used in the
construction industry should not be harmful for the environment and for the human being. Durable or reusable
building materials that minimize the use of natural resources should be preferred in order to minimize pollution. The
investment in the acquisition of this type of materials will be largely compensated by its longer life and less waste in
the long run.
4.3. New developments
The choice for a certain masonry solution and unit depends not only on its functional performance, but also on the
analysis of other aspects like equipment, stock facilities, cost of work and necessary workmanship qualification.
The arrival of new building techniques and technology implies the acquisition of new work concepts. In Portugal, the
transitory character of employment in construction and the lack of basic and continuous training are a barrier to the
desired construction quality. In this sense, it is advantageous at this moment, to use simpler building techniques.

Hiplito de Sousa 2003

35

ALVENARIAS Situao portuguesa

The use of better quality clay and concrete units with accurate dimensions and special shape units for masonry
singular points results in a better and less heavy work, offering better conditions to workmanship and better
performances to building companies.
The research about the geometry and the material used in the production of masonry units and the optimising of
mechanical and thermal properties are important. The mixing of granular materials in clay that vaporises during
furnace cooking and the use of lightweight concrete in masonry units makes it possible to obtain lighter and more
insulating masonry units with acceptable mechanical resistance. The use of those elements in Portugal is just
beginning and some investment from the industry is being done in this field.
Single-leaf masonry external building walls, that in part dispense skilled workmanship inherent to cavity walls, can be
one of these techniques with minor probability of occurence of construction pathologies. From an economic analysis
into several kinds of external building walls we have reached to the conclusion that, for various types of coefficient of
heat transmission, the solutions of single leaf walls can be cheaper than the solutions of cavity walls [15].
5. Significant references and documentation
[1]

Afonso et al. O Sector da Construo. Diagnstico e eixos de interveno. Observatrio das PMEs.
IAPMEI, 1998

[2]
[3]

Instituto Nacional de Estatstica (INE) Estatsticas da Construo, 1997 Lisboa, INE


Sousa, H. et al. Rain watertightness of single leaf and cavity walls. Proceedings of International
Symposium on Moisture Problems in Building Walls. Edited by Vasco Freitas e Vtor Abrantes. Porto, 1995

[4]

Santos, Fernando Alvenarias em Edifcios. Inventariao das Solues Utilizadas e Proposta de um


Novo Sistema. Tese de Mestrado. Porto, FEUP, 1998
STATEC Service Central de la Statistique et des tudes Econmiques. Luxembourg
Instituto Nazionale di Statistica Statistiche dellActivit Edilizia. Roma

[5]
[6]
[7]
[8]

Danish Building Reserch Institute


Regulamento das Caractersticas de Comportamento Trmico dos Edifcios. Decreto Lei n. 40/90, de 6
de Fevereiro

[9]
[10]

LNEC Inqurito Produo Nacional de Materiais para Alvenaria. Lisboa, LNEC, 1986
Rei, Joo Edifcios de Pequeno Porte em Alvenaria Resistente. Viabilidade Tcnico-econmica. Tese de
Mestrado. Porto, FEUP, 1999

[11]

Serra e Sousa, A.; Silva, R. et al. Manual de Alvenaria de Tijolo. Coimbra, APICER, CTCV, FCTUC.,
2000
Regulamento dos Requisitos Acsticos dos Edifcios. Decreto Lei n. 129/2002, de 11 de Maio

[12]
[13]
[14]
[15]

Regulamento de Segurana Contra Incndio em Edifcios de Habitao. Decreto Lei n. 64/90 de 21 de


Fevereiro
Bureau Securitas tude statistique de 12200 cas de sinistres survenus en 1982. Annales de lITBTP. N
426. Sries Questions Generales 162. Paris, Juillet-Aut 1984
Alves, Srgio Paredes Exteriores de Edifcios em Pano Simples. Fundamentos, Desempenho e
Metodologia de Anlise. Tese de Mestrado. Porto, FEUP, 2001

Hiplito de Sousa 2003

36

HIPLITO DE SOUSA

CONSTRUES EM ALVENARIA
CAPTULO III
CONCEITOS E TERMINOLOGIA RELATIVOS A
CONSTRUES EM ALVENARIA

FEUP 2002

PRELIMINAR (VERSO 2)

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

CONCEITOS E TERMINOLOGIA RELATIVOS A CONSTRUES EM ALVENARIA

NDICE
3. CONCEITOS E TERMINOLOGIA RELATIVOS A CONSTRUES EM ALVENARIA ............................................. 4
3.1 TERMINOLOGIA ................................................................................................................................................. 4
3.1.1.Alvenarias ..................................................................................................................................................... 4
3.1.2.Unidades / Elementos .................................................................................................................................. 4
3.1.3.Assentamento .............................................................................................................................................. 5
3.1.4.Dimenses ................................................................................................................................................... 5
3.1.5.Furao ........................................................................................................................................................ 6
3.1.6. Argamassas ................................................................................................................................................ 6
3.1.7. Beto de enchimento .................................................................................................................................. 6
3.1.8. Ao .............................................................................................................................................................. 7
3.1.9. Componentes auxiliares .............................................................................................................................. 7
3.1.10. Tipos de paredes....................................................................................................................................... 7

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

3. CONCEITOS E TERMINOLOGIA RELATIVOS A CONSTRUES EM ALVENARIA


3.1 TERMINOLOGIA
3.1.1. ALVENARIAS
-

Alvenaria associao de elementos naturais ou artificiais, constituindo uma construo. Correntemente a


ligao assegurada por uma argamassa. Os elementos aglutinados naturais so pedras irregulares ou
regulares, os artificiais podem ser cermicos, de beto ou outros. A alvenaria pode ser reforada com
armaduras.
Alvenaria, aspecto final distinguem-se alvenarias de face vista e alvenarias correntes, rebocadas.
Alvenaria localizao distinguem-se as alvenarias interiores, de compartimentao, das exteriores que fazem
parte da envolvente.
Alvenaria, funo distinguem-se as alvenarias com funo resistente para cargas verticais e horizontais,
podendo ser ou no armadas, das alvenarias de simples preenchimento sem funo estrutural
(Nota: Todas as paredes desempenham funes resistentes inerentes sua auto-estabilidade e a diversas
aces a que esto sujeitas. Consideram-se no entanto como resistentes as paredes que, dadas as suas
caractersticas geomtricas e mecnicas, contribuem de forma decisiva para a estabilidade do edifcio quando
sujeitas aco de foras verticais, como de foras horizontais de natureza aleatria (vento e sismos). As

paredes que resistem predominantemente a aces horizontais designam-se por paredes de


contraventamento).
Alvenaria confinada alvenaria em que os panos de parede so limitados regularmente por montantes e cintas
em beto pouco armado, estrategicamente localizados, visando melhorar o comportamento da alvenaria
sobretudo s aces horizontais, no sendo em geral a sua resistncia considerada no clculo.
Alvenaria armada alvenaria com funo resistente de comportamento melhorado pela introduo de
armaduras e beto, segundo vrias disposies, cuja resistncia considerada no clculo.

3.1.2. UNIDADES / ELEMENTOS


-

Unidade ou elemento de alvenaria (acepo EC6) - elemento produzido para ser usado na construo de
alvenarias.

Tijolo (acepo NP-80) - produto obtido por secagem e cozedura em forno duma pasta argilosa previamente
moldada por extruso fieira, prensagem ou conjuntamente os dois processos, de fabricao industrial e
possuindo caractersticas regulares e controladas, assente com juntas de argamassa e servindo para construir

paredes e divisrias.
Tijolo (acepo adoptada) - pequeno elemento para alvenaria1, geralmente de forma paralelipipdica, de
fabricao industrial, possuindo caractersticas regulares, assente com juntas de argamassa e servindo para
construir paredes e divisrias.
Bloco de beto (acepo corrente) - produto em beto homogneo, no armado, de inertes correntes ou leves,
forma geralmente paralelipipdica, de fabricao industrial, possuindo caractersticas regulares e controladas,
assente com juntas de argamassa, eventualmente secas, servindo para construir paredes e divisrias.

No h uniformidade a nvel internacional quanto ao volume que faz a transio do tijolo para o bloco.
Para evitar esta indefinio adopta-se cada vez mais internacionalmente a designao de elemento ou
unidade.

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Bloco (acepo adoptada) - elemento para alvenaria, geralmente de forma paralelipipdica, de dimenses
superiores s do tijolo1, de fabricao industrial, possuindo caractersticas regulares, assente com juntas de
argamassa, eventualmente secas, servindo para construir paredes e divisrias.

3.1.3. ASSENTAMENTO
-

Junta espao entre dois elementos adjacentes, preenchido ou no por material.


Junta contnua junta em argamassa, estendendo-se de forma contnua duma face outra.

Junta descontnua junta em argamassa apresentando um ou mais vazios paralelos aos paramentos, existindo
em todo o comprimento do elemento (junta horizontal), ou em toda a altura (junta vertical).
Face de apoio face inferior do elemento na posio em obra, apoiando-se na argamassa inferior.

Fase de assentamento face superior do elemento na posio em obra, recebendo a camada de argamassa
que ir constituir a junta horizontal superior.
Seco de apoio superfcie comum das faces de apoio e assentamento do elemento, sobrepostas por juntas

de argamassa capazes de transmitirem as cargas.


Refechamento da junta processo de enchimento e acabamento por raspagem de uma junta de argamassa.
Junta corrente espao entre duas unidades de alvenaria adjacentes cuja espessura se situa prximo dos 10

mm e que permite um preenchimento adequado com as argamassas correntes (pronta, pr-doseada ou feita
em obra), compatvel com as tolerncias dimensionais correntes das unidades.
Junta delgada espao entre duas unidades de alvenaria cuja espessura reduzida, no ultrapassando 3 mm,
preenchida com argamassa cola e que exige unidades de rigor dimensional elevado.
Junta de encaixe junta entre dois elementos adjacentes cujo posicionamento facilitado pela existncia de
salincias e reentrncias.
Acabamento de junta processo de acabamento de uma junta de argamassa medida que prossegue a
execuo da alvenaria.

3.1.4. DIMENSES
-

Dimenses de coordenao dimensional modular dimenso entre linhas ou planos modulares estabelecidos
de forma coordenada, para uso comum e simultneo no dimensionamento de elementos e edifcios por eles
constitudos. No caso de elementos para alvenaria so as do volume de coordenao modular do elemento na
parede acabada, resultam da dimenso do elemento somada com as duas meias juntas.
Dimenso de fabrico ou nominal dimenso especificada para o fabrico dum elemento. Deve variar entre os
limites controlados pela tolerncia de fabrico.
Dimenso efectiva dimenso de fabrico seleccionada, geralmente a mdia das dimenses mxima e
mnima.
Dimenso de catlogo dimenso utilizada na linguagem corrente, designao comercial do elemento e que
corresponde ordem de grandeza obtida por aproximao ou arredondamento da dimenso de fabrico.
Dimenso mxima maior dimenso permitida para a dimenso efectiva dum elemento.
Dimenso mnima menor dimenso permitida para a dimenso efectiva dum elemento. Corresponde
dimenso mxima deduzida das tolerncias de fabrico.
Tolerncia de fabrico diferena entre as dimenses mxima e mnima dum elemento. a folga prevista para
a falta de preciso no fabrico dum elemento.
Volume efectivo aparente volume resultante do produto das dimenses efectivas exteriores.

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Seco bruta superfcie obtida do produto das duas dimenses efectivas comprimento e espessura, medidas

numa mesma seco horizontal.


Seco efectiva superfcie obtida duma seco bruta descontados os vazios. Na acepo corrente refere-se a
seco mnima susceptvel de ser obtida no elemento.

3.1.5. FURAO
-

Orifcios atravessantes vazios, normalmente associados prensagem ou extruso, que atravessam todo o

elemento segundo a direco horizontal ou vertical.


Furo ou orifcios profundos no atravessantes vazios, normalmente associados prensagem, atravessando
grande parte do elemento na direco horizontal ou vertical e que so limitados por uma parede pouco

espessa.
Depresso ou orifcios de profundidade limitada cavidades de pequena profundidade, normalmente
horizontais e cuja influncia no enfraquecimento do elemento se considera negligencivel.

Percentagem de furao razo entre a seco bruta deduzida da seco efectiva e a seco bruta2. Expressa
a relao entre a superfcie total dos orifcios atravessantes, ou profundos no atravessantes, e a seco total
da face perpendicular aos orifcios limitada pelo seu contorno.

Rebaixo vazio formado no fabrico da unidade para alvenaria para possibilitar um melhor manuseio com uma
ou ambas as mos ou por mquina.
Septo interior material slido entre os furo numa unidade de alvenaria.
Septo exterior material perifrico entre um furo e uma face exterior de uma unidade de alvenaria.

3.1.6. ARGAMASSAS

Argamassa mistura de ligantes inorgnicos, inertes e gua, por vezes com aditivos e adjuvantes.
Argamassa convencional argamassa corrente usada em juntas com uma espessura superior a 3 mm,
utilizando apenas inertes correntes.
Argamassa-cola argamassa utilizada em juntas com uma espessura entre 1 e
3 mm.

Argamassa leve argamassa com massa volmica aparente seca inferior a


1500 kg/m3.
Argamassa calculada argamassa calculada e produzida para satisfazer determinadas propriedades.
Argamassa prescrita argamassa produzida em determinadas propores, cujas propriedades so previstas a

partir das propores dos constituintes.


Argamassa-pronta argamassa preparada em fbrica e fornecida obra.
Argamassa pr-doseada argamassa em que os constituintes so preparados em fbrica e so fornecidos e

misturados na obra nas propores e condies indicadas pelo fabricante.


Argamassa feita em obra argamassa em que os constituintes primrios so preparados e misturados na obra.

3.1.7. BETO DE ENCHIMENTO


-

Beto de enchimento beto de consistncia e dimenso dos inertes adequados para preencher cavidades ou
pequenos espaos nas alvenarias.

A percentagem de furao utilizada para classificar os elementos em macios, perfurados e vazados,


embora no existe coincidncia entre a diversa normalizao.

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Calda mistura de cimento, areia e gua com fluidez adequada ao preenchimento de pequenos vazios ou
espaos na alvenaria.

3.1.8. AO
-

Armaduras de ao armaduras de ao para uso nas alvenarias.


Armaduras para juntas de assentamento armaduras de ao para colocao nas juntas de assentamento.
Armaduras para pr-esforo fios, vares ou cabos para pr-esforo, utilizados nas alvenarias.

3.1.9. COMPONENTES AUXILIARES


-

Barreira de estanquidade membranas, fiada de unidades de alvenaria ou outro material para evitar a
passagem de gua.
Ligador de parede dispositivo para fazer a ligao entre panos de alvenaria de uma parede dupla, ou entre
um pano de alvenaria e outro elemento estrutural.
Ligador de topo dispositivo para efectuar a ligao de elementos de alvenaria a outros elementos adjacentes,
tais como pavimentos e tectos.

3.1.10. TIPOS DE PAREDES


-

Parede resistente parede com rea em planta superior a 0.04 m2, ou uma unidade de alvenaria completa com

rea em planta superior a 0.04 m2, essencialmente dimensionada para suportar uma determinada carga para
alm do seu peso prprio.
Parede simples parede de pano nico ou sem juntas verticais contnuas no seu plano.
Parede dupla parede constituda por dois panos de parede paralelos, ligados entre si por ligadores de parede,
ou armaduras para juntas de assentamento, com um ou ambos os panos a suportar a carga vertical. O espao
entre os dois panos pode ser deixado vazio ou preenchido parcial ou totalmente por materiais de isolamento
trmico no resistentes.

Parede composta parede constituda por dois panos de parede paralelos, com a junta longitudinal entre eles
(no excedendo os 25 mm) completamente preenchida com argamassa e firmemente amarrados entre si por
ligadores, de forma a resistirem em conjunto sob as aces actuantes.

Parede dupla preenchida parede constituda por dois panos de parede paralelos, espaados no mnimo de 50
mm, firmemente amarrados entre si por ligadores ou por armaduras para juntas de assentamento e com o
espao entre eles preenchido por beto de forma que resulte num comportamento conjunto sob as aces

actuantes.
Parede vista parede na qual as unidades de alvenaria face vista esto ligadas s de tardoz de forma que
resulte num comportamento conjunto sob as aces actuantes.
Parede com juntas descontnuas parede na qual as unidades de alvenaria so assentes sobre duas faixas de

argamassa, ao longo as arestas exteriores das faces de assentamento.


Parede-cortina parede utilizada como fachada vista mas desligada da estrutura ou no contribuindo para a
resistncia da parede interior ou estrutura de suporte.

Parede de contraventamento parede para resistir a foras no seu plano.

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Parede contraforte parede colocada perpendicularmente a uma outra para lhe conferir resistncia a foras

transversais ou para evitar a encurvadura dessa parede.


Parede no resistente parede no considerada para resistir s aces, de tal forma que a sua remoo no
altera a capacidade resistente da estrutura.

3.2 FIGURAS
Parede com juntas longitudinais

Parede sem juntas longitudinais

Paredes com juntas descontnuas

Parede Cortina

Hiplito de Sousa 2003

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Parede dupla

Parede composta

Parede vista

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ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

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10

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Hiplito de Sousa 2003

11

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Aparelho de assentamento

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12

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

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13

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Hiplito de Sousa 2003

14

ALVENARIAS Conceitos e Terminologia

Hiplito de Sousa 2003

15

HIPLITO DE SOUSA

CONSTRUES EM ALVENARIA
CAPTULO IV

EXIGENCIAS DE COMPORTAMENTO
APLICVEIS S ALVENARIAS
FEUP 2002

PRELIMINAR (VERSO 2)

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Hiplito de Sousa - 2003

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

EXIGENCIAS DE COMPORTAMENTO APLICVEIS S ALVENARIAS

NDICE
4. EXIGENCIAS DE COMPORTAMENTO APLICVEIS S ALVENARIAS ................................................................. 4
4.1 PERSPECTIVA EXIGENCIAL DA CONSTRUO ............................................................................................ 4
4.2 IMPORTNCIA DAS EXIGNCIAS FUNCIONAIS NA CONCEPO DAS PAREDES..................................... 9
4.3 PRINCIPAIS EXIGNCIAS DAS ALVENARIAS DA ENVOLVENTE ................................................................ 10
4.3.1 EXIGNCIAS DE SEGURANA ................................................................................................................ 14
4.3.1.1 Estabilidade ........................................................................................................................................ 14
4.3.1.2 Segurana ao fogo .............................................................................................................................. 15
4.3.2 ADAPTAO A MOVIMENTOS ................................................................................................................ 18
4.3.2.1 Movimento das fundaes (fig.4.3 e 4.4) ............................................................................................ 18
4.3.2.2 Deformao estrutural (fig. 4.5) .......................................................................................................... 18
4.3.2.3 Variaes de temperatura (fig.4.6 a 4.10) .......................................................................................... 23
4.3.2.4 Variaes de humidade e volume (fig. 4.11 e 4.12) ........................................................................... 29
4.3.2.5 Movimentos por aco qumica .......................................................................................................... 31
4.3.3 ESTANQUIDADE GUA DA CHUVA ..................................................................................................... 31
4.3.4 DURABILIDADE ......................................................................................................................................... 37
4.3.5 CONFORTO TERMOHIGROMTRICO .................................................................................................... 39
4.3.6 CONFORTO ACSTICO ........................................................................................................................... 39
4.3.7 ADAPTAO UTILIZAO .................................................................................................................... 40
4.3.8 ASSOCIADAS EXECUO ................................................................................................................... 40
4.3.9 ECONOMIA E PRODUTIVIDADE .............................................................................................................. 41
4.4 PRINCIPAIS EXIGNCIAS DAS ALVENARIAS INTERIORES DE COMPARTIMENTAO .......................... 41
4.4.1 SEGURANA ............................................................................................................................................. 42
4.4.2 ADAPTAO A MOVIMENTOS ............................................................................................................... 44
4.4.3 ESTANQUIDADE GUA ........................................................................................................................ 44
4.4.4 CONFORTO TERMOHIGROMTRICO .................................................................................................... 45
4.4.5 CONFORTO ACSTICO ........................................................................................................................... 45
4.4.6 ADAPTAO UTILIZAO .................................................................................................................... 45
4.4.7 ASSOCIADAS EXECUO ................................................................................................................... 45
4.4.8 ECONOMIA E PRODUTIVIDADE .............................................................................................................. 46

Hiplito de Sousa - 2003

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

4. EXIGENCIAS DE COMPORTAMENTO APLICVEIS S ALVENARIAS


4.1 PERSPECTIVA EXIGENCIAL DA CONSTRUO
Os edifcios podem ser entendidos como um sistema quando se consideram como a aglutinao de clulas
complementares ou sub-sistemas. No Quadro 4.1 define-se a terminologia relativa a sistemas construtivos.
Os sub-sistemas so formados por elementos de construo. Cada componente pode desempenhar vrias funes.
No Quadro 4.2 apresenta-se uma decomposio possvel de um edifcio

Edifcio = sub-sistemas

Sub-sistema = Elementos de construo

Elementos de construo = Componentes


Quadro 4.1 Terminologia relativa aos sistemas construtivos
Sub-sistema

- conjunto coerente de elementos de construo que representa uma parte do edifcio


com caractersticas prprias e que lhe conferem uma certa identidade

Elemento de construo

- elemento constituinte de um sub-sistema de construo aplicado no seu local de


utilizao e realizado a partir de materiais simples, componentes

Componente

- produto produzido em unidade industrial a partir de diversos materiais simples e que


se destina a ser incorporado nos elementos de construo de acordo com processos de
construo e montagem bem definidos

Produto de construo

- substncia produzida industrialmente e destinada a ser incorporada dum modo


permanente nas obras para, aps ser trabalhada na sua forma ou ser adicionada a
outros produtos ou materiais constituir elementos de construo (ex.: tijolo, ladrilho
cermico, chapa de fibrocimento, tubo plstico)

Material de construo

- substncia fornecida obra sem forma directamente aplicvel ou sem forma prpria
definida (ex.: cimento, gesso, pozolana, madeira, pedra, etc.)

Matria-prima

- substncia natural ainda no trabalhada a partir da qual, com eventual juno de


outras matrias-primas ou materiais de fabrica um material ou produto de construo
(ex.: gesso natural, madeira em tosco, etc.)

Os edifcios podem, de uma forma diferente ser analisados numa perspectiva funcional, sendo ento decomposto
em rgos, por analogia com o corpo humano que contribuem para a satisfao de exigncias funcionais- Quadro
4.3.
A subdiviso em rgos nica enquanto relativamente subdiviso em componentes se podem imaginar mltiplas
subdivises.

Hiplito de Sousa - 2003

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.2 Exemplo de uma decomposio possvel de um edifcio em subsistemas [adaptado de Bezelga]

Cdigo
1
2

Sub-sistema
MOVIMENTO DE TERRAS
FUNDAES

2.1

Fundaes

2.2
2.3

Pavimento Trreo
Paredes enterradas

3.1
3.2
3.3

Pilares
Vigas
Paredes

3.4

...

4.1
4.2

Interiores
Exteriores

4.3

...

5.1

Estrutura

5.2

Revestimentos

ALVENARIAS

COBERTURA

VOS EXTERIORES
VOS INTERIORES

8
9
10

INSTALAES E EQUIPAMENTOS DE GUA


INSTAL. E EQUIPAMENTO DE DRENAGEM
INSTALAES E EQUIPAMENTOS ELCTRICOS E

11
12

TELEFNICOS
INSTAL. E EQUIPAMENTOS MECNICOS
INSTALAES E EQUIPAMENTOS DE AVAC

14
15

(exemplo no exaustivo)

SUPERESTRUTURA

6
7

13

Elementos de construo

Cdigo

REVESTIMENTOS DE PAREDES, PAVIMENTOS E


TECTOS
ACABAMENTOS DE PAREDES E TECTOS
DIVERSOS

O progresso na indstria da construo caracteriza-se por uma evoluo no sentido da industrializao e


racionalizao. Os edifcios devem dar satisfao s necessidades dos seus utentes, por isso necessrio
identificar as exigncias funcionais dos utilizadores, em seguida procurar a soluo que responde melhor a essas
exigncias, tendo em conta os agentes actuantes sobre a construo fig. 1.
As exigncias dos utilizadores devem ser expressas se possvel quantitativamente e independentemente dos
materiais e processos de construo fig. 2.

Hiplito de Sousa - 2003

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.3 rgos principais e secundrios num edifcio[adaptado da norma ISO 6241]

rgos principais

gos secundrios

1. Estrutura

1.1 Fundao
1.2 Superestrutura

2. Envolvente exterior

2.1 Envolvente enterrada


2.2 Envolvente acima do solo

3. Compartimentaes exteriores envolvente

3.1 Compartimentaes exteriores verticais


3.2 Compartimentaes exteriores horizontais
3.3 Escadas exteriores

4. Compartimentaes interiores envolvente

4.1 Compartimentaes interiores verticais


4.2 Compartimentaes interiores horizontais

5. Instalaes e equipamentos diversos

5.1 guas e Saneamento


5.2 Ventilao, Aquecimento e Ar Condicionado
5.3 Distribuio de gs
5.4 Electricidade
5.5 Telecomunicaes e som
5.6 Transporte mecnico e electromecnico
5.7 Transporte gravtico e pneumtico
5.8 Segurana

Utilizadores

Exigncias

Edifcio

Desempenho

Fig. 1 Relao entre exigncias e desempenho

Hiplito de Sousa - 2003

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

UTENTES

Necessidades

Exigncias
Funcionais (1)

Exigncias
de
desempenho

Concepo

Construo
=
rgos

Requisitos

Especificao
de desempenho
dos constituintes

(1) A directiva produtos de construo introduz a noo de exigncias essenciais


Fig. 2 Relao entre exigncias e especificaes
Exigncia de desempenho Requisito que permite avaliar, qualitativa ou quantitativamente o comportamento do
elemento de construo.
Especificao de desempenho Forma de caracterizar a exigncia. necessrio definir a exigncia, a
caracterstica (grandeza que permite avaliar o comportamento) a forma como se
avalia (ensaio, clculo ou julgamento) e o valor especificado.
Sempre que possvel na construo procura-se prever o desempenho da construo a partir do desempenho dos
constituintes. Este mtodo tem vantagem relativamente medio na construo acabada. Estes mtodos so
simulaes clculos, ensaios, etc Quadros 4.3 e 4.4. No Quadro 4.5 referem-se os agentes que influenciam a
construo.
Exigncias essenciais da Directiva Produtos de Construo [D.L. n 113/93 de 10/4 e Portaria 566/93 02/06] que
devem ser respeitadas por todas as construes:
1 Resistncia mecnica e estabilidade
2 Segurana contra incndio
3 Higiene, sade e ambiente
4 Segurana na utilizao
5 Proteco contra o rudo
6 Economia de energia e isolamento trmico

Hiplito de Sousa - 2003

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.3 Formas de previso do desempenho

Realidade

Simulao
Produtos

Produto Real

Provete

Produtos ligados

Produto isolado

Realizao Real

Execuo ideal
Agentes

Combinaes Reais

Agentes isolados

Intensidade Real

Intensidades majoradas

Durao real

Duraes reduzidas

Frequncia real

Frequncia acelerada
Mtodos de determinao

Fenmeno Real

Modelo simplificado

Medio Real

Resultado a interpretar

Quadro 4.4 - Exigncias de desempenho da construo


Cdigo

Exigncia

Descrio

Estabilidade

Estabilidade e resistncia estrutural

Segurana ao fogo

Limitao do risco de ocluso e propagao de incndio e


segurana dos ocupantes

Segurana na utilizao

Segurana dos ocupantes e segurana intruso

Estanquidade

Estanquidade aos gases, lquidos e slidos

Conforto higrotrmico

Temperatura e humidade do ar e das paredes

Ambincia atmosfrica

Pureza do ar e limitao dos odores

Conforto acstico

Isolamento acstico e nveis de rudo

Conforto visual

Iluminao, aspecto dos espaos e das paredes, relao


com o exterior

Conforto tctil

Electricidade esttica, rugosidade, humidade e temperatura


de superfcie

10

Conforto antroprodinmico

Aceleraes, vibraes, esforos de manobra

11

Higiene

Cuidados corporais, alimentao de gua, eliminao de


materiais usados

12

Adaptao utilizao

Nmero, dimenses, geometria e relaes dos espaos e


equipamentos

13

Durabilidade

Conservao do desempenho

14

Economia

Despesas de construo, funcionamento e manuteno

Hiplito de Sousa - 2003

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.5 Agentes influenciando a construo


Origem

Externa

Atmosfrica

Natureza
Agentes mecnicos
Gravidade
Fora e deformao
impostos
Energia cintica

Interna

Solo

Imposto pela

Consequncia da

ocupao

ocupao

Neve, chuva,
dilataes trmicas

Presso das terras,

Sobrecargas,

Cargas permanentes,
fluncia, foras e

e higroscpicas,
vento, choques,
rudos, etc.

assentamentos,
escorregamentossis
mos, vibraes, ...

esforos de
manobra, choques,
atritos, vibraes

deformaes
impostas, rudos e
vibraes

Correntes aleatrias

Lmpadas,

Radiaes,

radiaes, campos
magnticos

correntes, campos
magnticos

Vibraes e rudos
Agentes
electromagnticos

Radiao solar

Agentes trmicos

Reaquecimento
gelo
choque trmico

Gelo
aquecimento

Calor emitido

Aquecimento,
fogo

Agentes qumicos

...

...

...

...

Agentes biolgicos
Vegetais
Animais

Bactrias
Insectos

Bactrias, razes,
vermes, etc.

Bactrias, plantas,
animais domsticos

4.2 IMPORTNCIA DAS EXIGNCIAS FUNCIONAIS NA CONCEPO DAS PAREDES


As exigncias funcionais aplicveis s paredes dos edifcios condicionam a concepo da parte opaca da parede.
As exigncias podem ser satisfeitas exclusivamente pelo tosco da parede, mas normalmente o contributo dos
revestimentos deve tambm ser levado em conta.
As paredes dos edifcios em geral podem ser:








Duplas
Simples
Revestidas
vista
Resistentes
De preenchimento

Hiplito de Sousa - 2003

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

A satisfao das exigncias avalia-se pelo desempenho e pela no ocorrncia de anomalias ou patologias
Quadros 4.6, 4.7 e 4.8.
As principais anomalias no estruturais observveis em paredes so:

Devidas humidade
Fissuraes
Envelhecimento e degradao dos materiais

Desajustamento face a exigncias

Vo-se avaliar as principais exigncias em termos de alvenarias da envolvente e alvenarias de comportamento.

4.3 PRINCIPAIS EXIGNCIAS DAS ALVENARIAS DA ENVOLVENTE


As alvenarias da envolvente devem ser concebidas atendendo a um conjunto alargado de exigncias sintetizadas
no Quadro 4.9

Hiplito de Sousa - 2003

10

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

primrios

Elementos

Paredes exteriores
Paredes interiores
Pavimentos
Coberturas

Elementos secundrios

Janelas
Cerramentos dos vos

Desajustamentos
Face a

(1)

(1)

(2)

(3)

(1)






(6)

(6)

exteriores
Portas exteriores
Portas interiores
Guardas
Lanternins
Acabamentos

(5)

(1)

exteriores em paredes
Acabamentos

Acabamentos

(1)

interiores em paredes
Acabamentos

interiores em tectos
Acabamentos em

(3 )
(6 )
(2 )
(3 )

(1)

pisos
Acabamentos em

coberturas

SIMBOLOGIA
anomalias correntes
anomalias mais relevantes

Hiplito de Sousa - 2003

NOTAS
1 Em pisos trreos e enterrados
2 Em pisos sob cobertura
3 Em locais hmidos
4 Pavimentos sobre espaos abertos ou
no aquecidos
5 Guardas exteriores
6 Em paredes exteriores

11

economia

Exigncias de

conforto

segurana
Exigncias de

Exigncias
dos Materiais
Exigncias de

FISSURAES

materiais

Alterao das

Causas fortuitas

condensao
Higroscopicidade

precipitao
Humidade de

terreno
Humidade de

construo
Humidade do

Humidade de

CONSTRUO

dos materiais

Humidificao dos materiais


ELEMENTOS DE

propriedades fsicas
Degradao dos

ANOMALIAS DEVIDAS HUMIDADE

Envelhecimento e Degradao

Quadro 4.6 Anomalias no estruturais e sua relao com os elementos de construo [9]

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.7 Expresso das fissuras, correlao com os danos e facilidade de reparao [ 5]
NVEL DO
DANO
0

DESCRIO
DO DANO TPICO

FACILIDADE
DE REPARAO

LARGURA
DA FISSURA

Fissuras do tipo fio de cabelo com


largura inferior a 0.1 mm no so
consideradas relevantes.

___

at 0.1 mm

Provavelmente uma pequena fractura


isolada no edifcio. Fissuras raramente
visveis em paredes de tijolo exteriores.

Fissuras at 1 mm de largura so
reparadas, em geral, com processos
decorativos correntes.

at 1 mm

Fissuras nem sempre visveis no


exterior.

Fissuras preenchidas com facilidade.


Provvel necessidade de redecorao.
Fissuras recorrentes podem ser
dissimuladas por revestimentos
adequados.

at 5 mm

Algumas distores em portas e


janelas.

Eventual necessidade de refazer


algumas juntas exteriores (no tijolo
vista) para garantir a estanquidade
gua.

Distores e empenos de portas e


janelas. Risco de rotura das
canalizaes. Estanquidade gua da
chuva frequentemente ameaada.

As fissuras necessitam de uma


reabertura para posterior
preenchimento. Reparao superficial
das juntas de tijolo vista e eventual
substituio de alguns tijolos.

5 a 15 mm ou
diversas, cada
uma at 3 mm

Distoro dos aros de portas e janelas.


Deformao excessiva dos pavimentos Reparaes generalizadas, incluindo a
(a). Grave desaprumo ou encurvadura substituio de significativas parcelas
de paredes (b). Flecha excessiva e
de parede, em particular sobre portas e
reduo da capacidade de carga das
janelas.
vigas. Rotura das canalizaes.

15 a 25 mm
dependendo da
quantidade

Perda total da capacidade resistente


das vigas. Paredes muito
desaprumadas, exigindo escoramento.
Janelas partidas por causa das
distores. Perigo de runa global.

Em geral
Impe-se uma reparao global e
superiores a 25
profunda, incluindo a reconstruo total
mm dependendo
ou parcial do edifcio.
da quantidade

Nota (a)

Desvios de verticalidade ou horizontalidade de 1/100 j so claramente visveis. Desvios superiores a


1/150 so totalmente indesejveis.

Nota (b)

A abertura das fissuras apenas um dos vrios parmetros que permitem avaliar a gravidade dos danos
e no deve ser usada de forma individual e autnoma para esse fim.

Hiplito de Sousa - 2003

12

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.8 Classificao de danos provocados pelos sismos nas construes [4]

Classe de danos
I

II

Danos no-estruturais

Danos estruturais ligeiros

Descrio geral dos danos

Aces ps-sismo

Fendilhao ligeira em reboco.

No necessria a evacuao.

Queda de reboco em zonas limitadas

Reparaes em acabamentos

Pequenas fendas em paredes.

No necessria a eva-cuao.

Queda de rebocos em reas com Reparaes em acabamentos


dimenses importantes. Danos em providen-ciando a boa conserelementos
no-estruturais
como vao do edifcio.
chamins, cornijas, beirais etc. A
capacidade resistente da estrutura no
reduzida apreciavelmente.
III

Danos estruturais

Fendilhao

generalizada,

larga

e necessria a eva-cuao.

profunda em paredes. Fendilhao em Torna-se necessrio a reparao


pilares. Queda de chamins. A e o reforo estrutural seguindo-se
capacidade resistente da estrutura a reparao de acaba-mentos.
parcialmente reduzida.

IV

Danos estruturais severos

Brechas em paredes. Queda de panos A evacuao imperiosa. Tornade parede. Rotura de elementos de se necessrio decidir entre a
ligao de partes do edifcio. Cerca de demolio ou a reparao e
50% dos elementos estru-turais atingem reforo em profundidade do
a rotura. A situao do edifcio edifcio.
perigosa.

Colapso

Uma grande parte ou a totalidade do Demolio,


edifcio em runa.

Hiplito de Sousa - 2003

remoo

dos

destroos e reconstruo de raiz.

13

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.9 Principais exigncias relativas s alvenarias da envolvente [2]

Exigncias funcionais
Segurana

Estabilidade
Segurana ao fogo

Adaptao a movimentos

Movimentos das fundaes


Deformao estrutural
Variaes de temperatura
Variaes de humidade e volume
Aco qumica

Estanquidade gua da chuva


Durabilidade
Conforto

Termohigromtrico
Acstico

Adaptao utilizao
Economia e produtividade
4.3.1 EXIGNCIAS DE SEGURANA
4.3.1.1 Estabilidade
Anlise da estabilidade de paredes exteriores no estruturais
a) Aces
- ACES

Peso prprio (incluindo revestimentos)

Cargas permanentes suspensas (excntricas ou concentradas)


Vento
Impacto
Deformao do suporte

Aces trmicas

Variaes de temperatura
Choque trmico

Aces acidentais

Sismo [4, 10]


Incndio
Exploses

b) Aspectos a ter em conta na estabilidade de paredes exteriores

Ligaes da alvenaria estrutura

Zonamento em termos de vento e aces trmicas


- Simples
Tipo de parede

- Dupla

Dimenso e forma dos vos

Hiplito de Sousa - 2003

14

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

c) Forma de avaliao da estabilidade

Clculo da parede

Ensaio da parede

Expedita esbelteza da parede

Esbeltezas a respeitar de acordo com vria regulamentao(1)


BS 5628 [ 8 ]

DTU 20.1 [ 7 ]

Paredes simples 40 (horizontal e vertical)

Paredes duplas 30 (esp. total)


Espessura mnima cada pano 0.10 m;
Espessura mxima caixa de ar 0.10 m;

ligadores obrigatrios

Esbelteza vertical 30

4.3.1.2 Segurana ao fogo


As alvenarias devem ser concebidas para apresentarem um comportamento face ao fogo adequado sua
utilizao. O comportamento ao fogo dos materiais de construo e elementos construtivos caracteriza-se pelos
seguintes indicadores:

Reaco ao fogo qualificao sob este ponto de vista efectuado atravs de 5 classes M0 a M4
- Mo Material no combustvel
-

M1 material no inflamvel
M2 material dificilmente inflamvel
M3 material moderadamente inflamvel

M4 material facilmente inflamvel

Resistncia ao fogo manuteno das funes dos elementos em caso de incndio estveis ao fogo,
pra-chamas e corta-fogo classificao atravs de escales de tempo de 15 a 360 minutos
(15/30/45/60/90/120/180/240/360), no Quadro 4.10.
-

Classe EF ( estvel ao fogo) deixa de ser cumprida quando se esgota a capacidade resistente
funo suporte
Classe PC ( Pra-chamas ) estanquidade ( deixa de ser cumprida quando ocorre a emisso de
chamas ou gases inflamveis na outra face) , com ou sem satisfao da funo suporte
Classe CF ( Corta-fogo ) funes estanquidade e isolamento trmico ( deixa de ser cumprida
quando se atingem temperaturas de 140 C de valor mdio ou 180 C pontuais na face no
exposta), com ou sem satisfao da capacidade de suporte

(1)

Esbelteza Razo entre distncia dos elementos contguos de travamento e a espessura da parede. Os
elementos de travamento podem ser a estrutura ou panos ortogonais com desenvolvimento
suficiente

Hiplito de Sousa - 2003

15

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.10 Sntese das exigncias em termos de estabilidade ao fogo


Exigncia

Funes
Estabilidade
Suporte

Estanquidade

Isolamento trmico

EF

Compartimentao

PC
CF

Suporte+Compartimentao

PC
CF

A quantificao das exigncias consta da regulamentao especfica.


Em geral as partes opacas das paredes correntes exteriores portuguesas so satisfatrias em termos de segurana
ao fogo, sendo necessrio cumprir determinadas relaes de vizinhana no que respeita aos vos, Quadros 4.11 a
4.12.
Quadro 4.11 Espessura mnima de paredes de alvenarias no estruturais para resistncia ao fogo [12]
Espessura mnima da parede (cm)
Material

Tijolos cermicos

macios ou
perfurados
furados
macios

Blocos de beto
normal
Blocos de
arg. expandida
Blocos de beto
celular

furados
furados
macios

CF30

CF60

CF90

CF120

CF180

7
(7)

7
(7)

11
(7)

11
(11)

22
(11)

11

15

22

22

(7)

(7)

(11)

(15)

(22)

10

15

15

(8)

(8)

(8)

(10)

(15)

10
(8)

12
(10)

15
(10)

15
(12)

20
(15)

10

12

12

15

(8)

(8)

(10)

(10)

(12)

5
/5/

5
/5/

7
/7/

7
/7/

10
/10/

( ) Paredes rebocadas com argamassa de cimento ou gesso (e 1,5 cm)


/ / - Paredes revestidas com ligantes sintticos (e 0,5 cm)

Hiplito de Sousa - 2003

16

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.12 Espessura mnima de paredes de alvenaria estruturais para resistncia ao fogo [12]
Espessura mnima da parede (cm)
Material

CF30

CF60

CF90

CF120

CF180

macios ou

11

11

22

22

22

perfurados

(11)

(11)

(11)

(22)

(22)

furados

11
(11)

15
(11)

15
(15)

22
(22)

22
(22)

10

10

10

15

20

(10)

(10)

( )

( )

( )

furados

10
( )

12
( )

15
( )

20
( )

25
( )

Blocos de
arg. expandida

furados

10
( )

10
( )

12
( )

12
( )

15
( )

Blocos de beto
celular

macios

10
/10/

10
/10/

10
/10/

15
/15/

15
/15/

Tijolos cermicos

macios
Blocos de beto
normal

( ) Paredes rebocadas com argamassa de cimento ou gesso (e 1,5 cm)


/ / - Paredes revestidas com ligantes sintticos (e 0,5 cm)

Hiplito de Sousa - 2003

17

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

4.3.2 ADAPTAO A MOVIMENTOS


4.3.2.1 Movimento das fundaes (fig.4.3 e 4.4)


ASSENTAMENTOS DIFERENCIAIS

Podem ser provocados por:

Tenses transmitidas ao solo por fundaes muito diversas

Solos heterogneos
Solos com diferentes compacidades ou profundidades diversas
Utilizao simultnea de fundaes directas e indirectas

Avaliam-se pela distoro angular provocada na estrutura

Os danos so funo da capacidade da estrutura se adaptar a estes movimentos

Alvenarias --- 1/300

Evoluo no tempo funo do tipo de solo

VARIAO DO TEOR DE HUMIDADE DOS SOLOS ARGILOSOS

Variao sazonal afecta fundaes pouco profundas

Alterao uniforme do nvel fretico

Rebaixamentos localizados do nvel fretico

Corte de rvores de grande porte ou efeito das suas razes

Alteraes do nvel fretico por grandes movimentos de terras

Heterogeneidade e compactao deficiente de aterros

Causa e efeitos evolutivos

necessrio correlacionar as formas de manifestao com as causas

4.3.2.2 Deformao estrutural (fig. 4.5)

Tendncia para a adopo de estruturas cada vez mais esbeltas, logo mais deformveis e com
capacidade de se adaptarem a esses movimentos

A deformao excessiva sobretudo importante ao nvel dos pisos e coberturas lajes e vigas

As actuais estruturas de beto armado ou metlicas sofrem deformaes, mesmo respeitando os


limites regulamentares, que solicitam as alvenarias, por reaces ou/e por deslocamento, que estas
no conseguem absorver sem fissurar

Nas estruturas de beto armado este efeito amplificado pelo efeito de fluncia

Os valores referidos nas verificaes aos estados limites regulamentares superam em geral a
capacidade das alvenarias

Convm ser mais exigente do que o referido na regulamentao estrutural para evitar a fissurao
das alvenarias

A deformao estrutural pode comprometer outros aspectos (fachadas de vidro, aspecto, mobilirio,
efeitos de insegurana psicolgica)

Aces a desenvolver

Limitar as flechas das estruturas

Rigidificar os elementos estruturais complanares com as paredes exteriores

Hiplito de Sousa - 2003

18

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Limitar o recurso a zonas balanadas

Diferir o mais possvel a realizao das alvenarias da estrutura

Construir de cima para baixo as alvenarias ou no preencher a ltima fiada de imediato

Aumentar a deformabilidade das paredes e a sua capacidade de suportarem sem fissurarem a


deformao da estrutura por recurso a:





Argamassas bastardas
Introduo de armaduras nas juntas
Rebocos armados

Atenuar os efeitos da deformao da estrutura na alvenaria, introduzindo juntas (pode gerar outros
problemas que necessrio ter em conta)

Hiplito de Sousa - 2003

19

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Figura 4.3 Exemplos de fissurao devida a movimentos da fundao [5]

Hiplito de Sousa - 2003

20

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Causas

Assentamento diferencial

Deslocamento de gua em solos plsticos

Erros / deficincias

Consolidao
Fundaes sobre terrenos diferentes
Fundaes de tipo diferente
Fundaes sobre aterros

Aco do sol
Aco da vegetao
Focos artificiais de calor
Rebaixamento do nvel fretico

Falta de juntas
Vibraes
Molhagem excessiva

Formas de Manifestao

Fissuras nos elementos estruturais

Fissuras na fachada norte (sol)

Fissuras entre construes

Fissuras verticais entre pilares e


alvenaria

Variao sazonal das fissuras (sol)

Degradao das fachadas (juntas)

Fissuras a partir das aberturas


(rebaixamento)

Fissuras a partir das aberturas


(vibraes)

Abertura brusca das fissuras


(rebaixamento)

Fissuras aumentando com as


vibraes

Fissuras a partir das aberturas


Fissuras de flexo (aterros)

Aces preventivas

Sondagens para estudo do solo


Previso de juntas
Estudo e execuo cuidada dos rebaixamentos do nvel fretico
Isolamento em relao s fontes de vibraes
Colocao de armaduras nas paredes

Solues

Reforo do terreno
Reforo das fundaes
Reduo da carga nas fundaes
Compensao dos deslocamentos com macacos
Afastamento mnimo das rvores (10m)
Reparao com mastique macio

Figura 4.4 Diagrama de sntese da fissurao devida a movimentos das fundaes [5 ]

Hiplito de Sousa - 2003

21

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Figura.4.5 Exemplos de fissurao devida deformao excessiva do suporte [5]

Hiplito de Sousa - 2003

22

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

4.3.2.3 Variaes de temperatura (fig.4.6 a 4.10)


Os movimentos por variaes de temperatura podem ser devidos:

A movimentos da prpria parede

A movimentos da estrutura (prticos e cobertura) ou outros elementos construtivos


As variaes de temperatura podem ser:

Exteriores

Gradientes entre o interior e o exterior

No prprio elemento
Estas aces so frequentemente cclicas
As coberturas so dos elementos construtivos mais sujeitos a esta variao, particularmente os terraos no
isolados e de cor escura, sendo estas aces graves para as estruturas de beto armado e metlicas




originando esforos de corte


As platibandas so elementos particularmente solicitados por esta aco, com consequncias graves de
fissurao e perda de estanquidade

Pode ocorrer dilatao diferenciada entre a estrutura, em geral reticulada, e a alvenaria


Esta situao mais importante nos pisos mais elevados sob a cobertura e em prticos longos nas zonas
extremas dos mesmos
Nas estruturas em beto vista a estrutura mais solicitada termicamente




O tratamento das pontes trmicas pode acentuar algumas destas patologias se as forras forem muito esbeltas
Algumas zonas das paredes so particularmente sensveis:




Zonas de variao de rigidez (no pano ou em espessura)

Ligaes a paredes interiores sujeitas a menores variaes de temperatura

Cunhais

Zonas sujeitas a variaes diferenciais (sombreadas, cores diferentes)

Fontes de calor internas ou zonas com diferente resistncia trmica (tubos de gua quente no isolados)
Efeito de choque trmico - brusca descida de temperatura (chuvada de Vero, por exemplo)

Paredes duplas, por exemplo vista, com elevada inrcia e com pano exterior insuficientemente ligado ao pano
interior ou estrutura, com isolamento na caixa de ar

Medidas cautelares:

Isolar o mais possvel pelo exterior diminuindo as variaes de temperatura, sombrear, usar cores claras

Dessolidarizar, reduzir o espaamento entre juntas (ltimos pisos e platibandas)

Desligar as paredes do contorno (pode criar problemas de estanquidade)

Aumentar a capacidade das paredes resistirem a estas aces:

melhores ligadores;

armaduras nas juntas;


travar cunhais;
armar revestimentos;
confinar alvenaria

(N.B.: Estas aces podem induzir outros problemas)

Hiplito de Sousa - 2003

23

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

MOVIMENTOS DE ORIGEM TRMICA

LTmax

Mov. livre total


LTmin
LT

To - Temperatura inicial do
material durante a
construo
o

Tmin - Temperatura mnima


esperada para a parede
Contraco livre
potencial

Expanso livre
potencial

Tmax - Temperatura mxima


esperada para a parede

Contraco potencial
tendo em conta as
restries

Figura 4 6 - Factores afectando os movimentos de origem trmica

Hiplito de Sousa - 2003

24

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

CAUSAS

Variao
de temperatura
exterior

Diferena
de temperatura
entre
exterior e interior

Variao
de temperatura
no elemento
construtivo

DILATAO: FORMAS DE MANIFESTAO

DILATAO DA PAREDE

Fissuras verticais

DILATAO DA ESTRUTURA
PORTICADA

DILATAO DA COBERTURA

Fissuras entre o tecto e a alvenaria


Fissuras entre a estrutura e a alvenaria Fissuras entre juntas de tectos prfabricados
Fissuras verticais
Eventuais fissuras inclinadas
Abertura das fissuras varivel com
o clima
Abertura das fissuras varivel com o
clima

ACES PREVENTIVAS

Juntas de dilatao
Ligaes elsticas
Isolamento trmico eficaz
Proteces com caractersticas reflectoras
Colocao de armaduras nas paredes

SOLUES

Execuo de juntas
Melhoria das condies de isolamento
Colocao de proteces reflectoras

Figura 4.7 Diagrama de sntese da fissurao devida a variaes de temperatura, segundo Pfeffermann [5 ]

Hiplito de Sousa - 2003

25

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Figura 4.8 Configuraes tpicas da fissurao de paredes devida aos movimentos de origem trmica das
coberturas e das estruturas reticuladas [ 5]

Hiplito de Sousa - 2003

26

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Figura 4.9 Configuraes tpicas da fissurao de paredes com origem na expanso/contraco da prpria parede
[5]

Hiplito de Sousa - 2003

27

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Figura 4.10 Exemplos de medidas preventivas para reduzir o risco de fissurao de paredes com origem nos
movimentos de origem trmica [5]

Hiplito de Sousa - 2003

28

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

4.3.2.4 Variaes de humidade e volume (fig. 4.11 e 4.12)


A humidade est presente nas construes e particularmente nas paredes por diversas causas:

Fase construtiva e de produo dos materiais

Por ascenso capilar a partir do solo

Por precipitao

Por condensao no interior da parede ou na sua face interior

Por higroscopicidade dos materiais da parede

Por causas fortuitas


A variao do teor de humidade provoca alteraes de volume dos materiais porosos embora em graus muito
variveis
H alteraes irreversveis (retraco das argamassas e betes, expanso dos cermicos ) e reversveis

A restrio destes movimentos provoca tenses e pode provocar fissurao


O fenmeno tem analogias com as variaes de temperatura, embora mais diferido
Aco do gelo/degelo, por aumento de volume de gua congelada





Medidas cautelares:

Materiais fornecidos obra secos e com a parcela mais relevante do movimento irreversvel j ocorrido

Armazenar os materiais para alvenaria em zona ventilada, mas abrigada (ateno aos plsticos que
envolvem os materiais)

Evitar o humedecimento excessivo no assentamento

Seleccionar materiais que resistam s aces gelo/degelo


MOVIMENTOS PROVOCADOS PELA HUMIDADE NO ELEMENTO
Limites do movimento associado aos
ensaios de variaes dimensionais
LMmin

LMo

LMO - Comprimento associado


ao contedo inicial de
humidade

LMmax
LMmin - Comprimento associado
ao contedo mnimo de
humidade

Mov. livre total


Seco em
estufa

Contraco Expanso
livre potencial livre potencial

Contraco potencial
tendo em conta as
restries

Saturado
LMmax - Comprimento associado
ao contedo mximo de
humidade

Expanso potencial
tendo em conta as
restries

Retraco por
secagem inicial
Movimentos
reversveis
subsequentes
Hmido
Figura 4.11 - Factores afectando os movimentos de origem trmica e por aco da humidade em paredes

Hiplito de Sousa - 2003

29

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Figura 4. 12 Configuraes tpicas da fissurao de paredes com origem nos movimentos devidos variao do
teor de humidade [5]

Hiplito de Sousa - 2003

30

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

4.3.2.5 Movimentos por aco qumica

Cal mal hidratada expande por hidratao retardada j na argamassa. Particularmente importante nos
revestimentos

Aces dos sulfatos


Aluminato triclcico (cimento Portland)
+
Sais solveis (unidades para alvenaria, gua, ...)
+
Contacto prolongado com a gua
=
ETRINGITE

corroso das armaduras (alvenaria armada, ligadores ou outros)

4.3.3 ESTANQUIDADE GUA DA CHUVA


A garantia de estanquidade gua da chuva corresponde a:

Ausncia de infiltraes para o interior por efeito da chuva incidente eventualmente com vento
Ausncia de infiltraes da parede que provoquem o seu humedecimento exagerado e prolongado com
deteriorao da mesma

Os mecanismos de penetrao de gua da chuva nas paredes requerem:

Condies

- gua da chuva
- Vento
- Fissuras

Na fig. 4.13 sintetiza-se os diferentes fenmenos fsicos que provocam a penetrao de gua nas paredes.

Hiplito de Sousa - 2003

31

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

ENERGIA CINTICA

CAPILARIDADE

Vento

e < 5mm

e 5mm

GRAVIDADE

DIFERENAS DE PRESSO

0,5 < e < 6mm

e > 0,5mm

DIFERENA DE
PRESSO E CAPILARIDADE

PRESSO
HIDROSTTICA

e < 0,5 mm
P > h
h
e>0

Fig. 4.13 Fenmenos fsicos de penetrao de gua nas paredes


Os factores que condicionam a penetrao de gua da chuva nas paredes so:

Clima e exposio do local:

ndice de chuva incidente persistente (produto dos valores mdios anuais de precipitao pela
velocidade do vento e por um factor adimensional)

Hiplito de Sousa - 2003

32

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

As BS ( British Standard) classificam os locais em:

Muito abrigado

Abrigado

Abrigado/Moderado
Severo/Moderado
Severo

Muito severo

Muitos pases tm zonamentos e classificaes sob este ponto de vista podendo a soluo da parede ser escolhida
a partir desses parmetros, Quadro 4.13 e 4.14.
Os principais factores que condicionam a estanquidade gua da chuva das paredes so (Quadro 4.15):

REVESTIMENTOS Podem dar uma contribuio importante para a estanquidade e podem ser dos seguintes
tipos:

De impermeabilizao

De estanquidade

A constituio do tosco da parede tem influncia segundo os seguintes pontos de vista:

Espessura

Tipo de parede

Absoro de gua dos materiais de alvenaria (elementos e argamassa)


Caractersticas plsticas da armagassa
Preenchimento das juntas

Soluo arquitectnica

Zonamento e possibilidade de escolher a soluo de parede ( h uma proposta de zonamento para Portugal da
autoria do Eng Vasconcelos Paiva), fig. 4.16

a) Importncia das fissuras

Parede sem fissuras

Hiplito de Sousa - 2003

Parede com fissuras de 4 a 5 mm

33

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

b) Importncia da espessura das fissuras

e > 0.5 mm

e < 0.5 mm

Figura 4.14 Mecanismos de penetrao da gua da chuva em paredes 1/2


c) Efeito conjugado chuva e vento

Ausncia de vento

Hiplito de Sousa - 2003

Chuva e vento

34

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

d) Influncia da espessura da parede

Parede com espessura insuficiente

Parede com espessura suficiente, a zona hmida no


atinge a parte inferior

Figura 4.15 Mecanismos de penetrao da gua da chuva em paredes 2/2

Hiplito de Sousa - 2003

35

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.13 - Espessura mnima das paredes em pano nico funo da exposio do local chuva incidente,
segundo BS 5628 [8]
Espessura mnima da parede excluindo revestimentos
(mm)
EXPOSIO CHUVA
INCIDENTE

Elementos cermicos e
slico-calcrios

Elementos em beto
Elem. de inertes
correntes

Rev. de
imperm.
Muito severa

vista

Rev. de
imperm.

Elem.inert.leves e de
beto cel.autoclavado

vista

Rev. de
imperm.

vista

No recomendado. Utilizao de revestimentos de estanquidade

Severa

328

No rec.

250

No rec.

215

No rec.

Moderada/Severa

215

215

190

Abrigada/Moderada

190

440

190

440

140

440

Abrigada

90

328

90

328

90

328

Muito abrigada

90

190

90

190

90

190

Quadro 4.14 - Espessura do tosco de paredes em pano nico segundo DTU 20.1 [7]

Espessura mnima do tosco (1)

SITUAO DA

(mm)

PAREDE
Tij. macio
ou
perfurado

Tij. vazado
(furao
horizontal)

Bloco
cermico
perfurado

Bloco de
beto de
inertes

Bloco de
beto de
inertes

correntes

leves

Bloco de beto
celular
autoclavado

Abrigada

220

225

200

200

225

200

No abrigada at 6m

220

225 (2)

20 0(2)

20 0(2)

225

200 (2)

No abrigada entre 6 e 18m

220

275 (2)

275 (2)

275 (2)

225

275 (2)

No abrigada entre 18 e 28m

220

275 (2)

325 (2)

325 (2)

225

275 (2)

No abrigada, isolada junto


ao mar, at 6m e com
tradio de uso

220

275 (3)

325 (3)

325 (3)

275 (3)

275 (3)

Paredes obrigatoriamente revestidas


junto ao mar
(3) Excepto em frente ao mar (orla martima)
(1)

(2) Excepto

Hiplito de Sousa - 2003

36

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.15 Factores que influenciam a estanquidade segundo a BS 5628

FACTORES

ACRSCIMO DO RISCO DE PENETRAO DE GUA DA CHUVA

Revestimento

De estanquidade

De impermeabilizao
Outro

Argamassa de assentamento
Acabamento da junta
Caixa de ar (mm)
Isolamento trmico na caixa de ar

Cimento : cal :areia

Cimento : areia

Bem acabada

Mal acabada ou sem acabamento

> 50
Sem isolamento

50

25
Preenchimento parcial
com isolamento

0
Preenchimento
total com
isolamento

4.3.4 DURABILIDADE
A durabilidade condicionada:
-

concepo em termos de estanquidade e tipo de revestimento


qualidade construtiva e dos materiais constituintes
quantidade de gua contida na parede

compatibilidade fsica e qumica dos materiais constituintes:


corroso das armaduras e ligadores

Hiplito de Sousa - 2003

37

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Figura 4.16 Zonamento proposto para Portugal continental

Hiplito de Sousa - 2003

38

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

4.3.5 CONFORTO TERMOHIGROMTRICO


Deve-se limitar o coeficiente de transmisso trmica da parede k W/(m2 C) de acordo com as exigncias do
RCCTE, Quadro 4.16
Quadro 4.16 - Valores mximos do coeficiente de transmisso trmica de paredes segundo o RCCTE
K

Zona climtica

( W/(m2.C))
Valor mximo para que a parede
automaticamente os requisitos do RCCTE 1

exterior

Valor mximo absoluto, em paredes exteriores


1

I1

I2

I3

1.4

1.2

0.95

1.8

1.6

1.45

satisfaa

verticais1

- O edifcio dever satisfazer a outros requisitos de isolamento trmico

So ainda importantes:
Secura dos paramentos interiores

temperatura dos paramentos interiores e superior temperatura de ponto de orvalho do ambiente


interior




limitar o k

limitar o factor de concentrao de perdas trmicas


Ter em conta as diferenas entre as situaes tericas de projecto e as condies efectivas de realizao da
obra
Solues satisfatrias em Portugal analisar luz da ITE28 e dos valores de referncia das solues no
tradicionais

4.3.6 CONFORTO ACSTICO


Nota: a rever de acordo com o novo Regulamento

Isolamento aos rudos areos exteriores abaixamento acstico do nvel dos rudos areos exteriores que
atravessam a parede avaliado pelo factor R45 (dB) isolamento sonoro mdio das paredes exteriores, incluindo
zonas transparentes. O desempenho da parede muito condicionado pelo tratamento acstico dos vos. As
exigncias constam do RGR.

Hiplito de Sousa - 2003

39

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro4.17 Factor R 45 (dB) de paredes exteriores, em funo da utilizao do edifcio e do local de implantao
segundo o RGR
UTILIZAO DO EDIFCIO
LOCAL
Habitao

Escolar

Hospitalar

Corrente

Deficientes
auditivos

ou similar

Pouco ruidoso

25

25

35

30

Ruidoso

30

Muito ruidoso

35

1 - Localizao interdita para as novas construes de acordo com o Regulamento Geral sobre o Rudo

4.3.7 ADAPTAO UTILIZAO


-

Aptido para receber acabamentos



-

estrutura
caixas de estore
instalaes
caixilharias

Geometria das unidades




-

no aderentes

Facilidade de integrar outros elementos





-

aderentes

armazenamento e transporte
preenso
realizao de remates e integrao de elementos estruturais

Existncia de elementos complementares

sistema construtivo

4.3.8 ASSOCIADAS EXECUO


A execuo condiciona todas as exigncias

Principais aspectos a levar em conta na execuo:

aparelho de assentamento

1 fiada

Hiplito de Sousa - 2003

desfazamento entre fiadas

40

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

aderncia unidades/argamassa

tipo, caractersticas e adequao da argamassa


molhagem das unidades/absoro de gua das unidades

espessura e correcto preenchimento das juntas

respeito das tolerncias


verticalidade e planeza

proteco contra aces mecnicas durante a construo

choques acidentais
troos em elevao

limitao dos danos provocados pelas instalaes embutidas

4.3.9 ECONOMIA E PRODUTIVIDADE


-

Reduzir os custos melhorando o desempenho

Requer um conhecimento aprofundado do funcionamento dos materiais e das alvenarias


Novas unidades - 2 ou 3 gerao com comportamento optimizado
Racionalizar o assentamento

Desenvolver sistemas

4.4 PRINCIPAIS EXIGNCIAS DAS ALVENARIAS INTERIORES DE COMPARTIMENTAO


PRINCIPAIS EXIGNCIAS FUNCIONAIS
As paredes podem ser:








duplas (apenas em situaes especiais, por exemplo com comportamento acstico melhorado)
simples
revestidas
vista
resistentes
de preenchimento

A satisfao do desempenho e os principais tipos de anomalias so comuns aos j referidos para as paredes da
envolvente.
As exigncias funcionais principais so genericamente as mesmas j referidas para as paredes da envolvente,
embora a importncia relativa das mesmas seja diferente, com excepo da estanquidade gua da chuva que nas
paredes interiores no tem relevncia.
Enumeram-se seguidamente os aspectos mais diferenciadores relativamente s paredes exteriores.

Hiplito de Sousa - 2003

41

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

4.4.1 SEGURANA

Estabilidade

Aces

Menor importncia das aces do vento e das aces trmicas


Maior importncia das deformaes do suporte
Maior sensibilidade s aces de impacto e cargas suspensas

Maior sensibilidade da resistncia fixao de portas, falsas manobras e solicitaes brutais


(portas de abrir, de correr ou pivotantes)

Aspectos a ter em conta na estabilidade das paredes interiores

Ligaes estrutura e a paredes ortogonais


Ligaes ao pavimento e ao tecto e compatibilizao das deformaes

Suspenses
Respeitar esbeltezas mnimas

Fogo

Maior importncia relativa das paredes interiores atendendo sua constituio mais ligeira

Reaco ao fogo M0 a M4
ateno aos materiais no tradicionais
Resistncia ao fogo
 Estvel ao fogo (Estabilidade)



Pra-chamas (Estanquidade)
Corta-fogo (Estanquidade e isolamento trmico)

Apresentam-se nos Quadros 4.18 a 4.23 a resistncia ao fogo de diferentes solues de paredes de alvenaria com
funes de compartimentao.
Quadro 4.18 Resistncia ao fogo de paredes de tijolos de barro vermelho
Espessura da parede sem revestimento (cm)
Resistncia ao fogo

Tijolos Furados

Tijolos Macios ou Perfurados

s/ rev.

c/ rev.

s/ rev.

c/ rev.

CF 30

CF 60

11

CF 90

15

11

CF 120

15

11

CF 180

22

11

22

22

22

CF 240

- Os revestimentos so de argamassa de cimento ou de gesso de 1,5 cm de espessura em cada face.

Hiplito de Sousa - 2003

42

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.19 Resistncia ao fogo de paredes de blocos de beto normal


Espessura da parede sem revestimento (cm)
Resistncia ao fogo

Blocos Furados

Blocos Macios

s/ rev.

c/ rev.

s/ rev.

c/ rev.

CF 30

10

CF 60

12

CF 90

10

10

CF 120

15

12

10

CF 180

15

15

20-25-30

20-25-30

20-25

15-20-25

CF 240

- Os revestimentos so de argamassa de cimento ou de gesso de 1,5 cm de espessura em cada face.


Quadro 4.20 Resistncia ao fogo de paredes de blocos de beto celular
(massa volmica 500 kg/m3)
Espessura da parede sem revestimento (cm)
Blocos Macios

Resistncia ao fogo

sem revestimento

com revestimento

CF 30

CF 60

5 *

5 *

CF 90

CF 120

7 *

7 *

CF 180

10

10

15-20-24

15-20-24

CF 240
-

Os revestimentos so de ligantes sintticos de 0,5 cm de espessura em cada face.

Estas espessuras so referidas a ttulo indicativo, uma vez que no so recomendadas para a execuo
de paredes simples de alvenaria.
Quadro 4.21 Resistncia ao fogo de paredes de blocos de beto de argila expandida
Espessura da parede sem revestimento (cm)
Resistncia ao fogo
CF 30

Blocos Furados

Blocos Macios

s/ rev.

c/ rev.

s/ rev.

c/ rev.

5 *

CF 60

5 *

CF 90

10

CF 120

12

10

10

CF 180

12

10

15-20-25

15-20-25

15

15

CF 240

- Os revestimentos so de argamassa de cimento ou de gesso de 1,5 cm de espessura em cada face.


* Esta espessura referida a ttulo indicativo, uma vez que no recomendada para a execuo de paredes
simples de alvenaria.

Hiplito de Sousa - 2003

43

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Quadro 4.22 Resistncia ao fogo de paredes de placas e painis de gesso


Espessura da parede sem revestimento (cm)
Placas Macias

Resistncia ao fogo

Painis Perfurados

s/ rev.

c/ rev.

s/ rev.

c/ rev.

CF 30

CF 60

CF 90

CF 120

5 *

CF 180

5 *

10

7-10

7-10

10

CF 240

- Os revestimentos so de argamassa de gesso de 0,5 cm de espessura em cada face.


* Esta espessura referida a ttulo indicativo, uma vez que no recomendada para a execuo de paredes
simples.
Quadro 4.23 Repertrio sobre resistncia ao fogo de paredes com funo de suporte e compartimentao
Espessura da parede sem revestimento (cm)
Tijolo Macio ou
Perfurado de
Barro Vermelho

Bloco Macio de
Beto Normal

Bloco Macio de
Beto Celular

Bloco Macio de
Beto de Argila
Expandida

CF 30

CF 60

11 *

10 *

10 *

CF 90

15

CF 120

20

12 *

CF 180

25

15

22

20-24

15

Resistncia ao fogo

CF 240
-

Os valores do quadro no se alteram por aplicao dos revestimentos tradicionais.

* Estas espessuras so referidas a ttulo indicativo, uma vez que no so recomendadas para a execuo de
paredes resistentes por questes de encurvadura.

4.4.2 ADAPTAO A MOVIMENTOS

Genericamente so vlidas as consideraes j referidas para as paredes exteriores

Grande sensibilidade das paredes interiores deformabilidade estrutural

Menor sensibilidade s variaes de temperatura

Menor sensibilidade s variaes de humidade por precipitao e condensao

4.4.3 ESTANQUIDADE GUA


Comportamento adequado face s infiltraes de gua de lavagem ou projectada sobre a parede.

Hiplito de Sousa - 2003

44

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

4.4.4 CONFORTO TERMOHIGROMTRICO


Importante na confrontao com locais no aquecidos.
4.4.5 CONFORTO ACSTICO
Apresenta-se no Quadro 4.24 as exigncias de acordo com a verso anterior do RGR.
Quadro 4.24 - Isolamento sonoro para sons de condio area Ia
Utilizaes

Requisitos das paredes interiores dos


edifcios
Ia (dB)

Habitao

Entre quartos e ou zona de estar do mesmo fogo

Idem fogos distintos

40

Entre quartos ou zonas de estar e zonas comuns ou de


equipamentos

48

Entre habitaes e locais industriais, comerciais ou de


espectculos

48

55
Paredes interiores entre
compartimentos
Escolar

Compartimento A Pouco ruidosos


Compartimento B Ruidosos
Comportamento C Muito ruidosos

50
50
50

50
45
45

50
45
45

Hospitalar

Entre locais com permanncia de doentes e circulaes

Entre locais de permanncia de doentes

50

Entre blocos operatrios, unidades de cuidados intensivos e


blocos de partos e anexos

45
55

4.4.6 ADAPTAO UTILIZAO


Aspectos comuns s paredes exteriores
4.4.7 ASSOCIADAS EXECUO
Aspectos comuns s paredes exteriores.

Hiplito de Sousa - 2003

45

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

4.4.8 ECONOMIA E PRODUTIVIDADE


Aspectos comuns s paredes exteriores

Hiplito de Sousa - 2003

46

ALVENARIAS Exigncias de comportamento

Bibliografia
[1] Sousa, H.

- Materiais para alvenaria Apreciao de algumas produes e sugestes visando a


melhoria da sua qualidade. Tese de Mestrado. FEUP. 1988

[2]Sousa, H.

- Melhoria do Comportamento Trmico e Mecnico das Alvenarias por actuao na


geometria dos elementos. Aplicao a blocos de beto de argila expandida. Tese de
Doutoramento. FEUP. Porto 1996

[3]Carvalho E, Oliveira C.

Construo Anti-Sismica Edifcios de Pequeno Porte. DIT13. LNEC 4 Edio.


1997

[4] LNEC

- Construo Anti-Sismica LNEC. 1982

[5] M. Silva, J.

-Fissurao das alvenarias. Estudo do comportamento das alvenarias sob aces


trmicas. Tese de Doutoramento. FCTUC. Coimbra, 1998

[6] Sousa, H. et al

- Rain in Watertightness of single leaf ant cavity walls Proceedings of International


Symposiums on moisture problems in building walls Porto 1995

[7] Groupe de Coordination - DTU 20.1 Parois et murs en maonnerie de petits lments. CSBT. Paris, 1985
des Textes Techniques
[8] BSI BS 5628. Part 3

- Code of Practice for use of masonry Part 3. Materials and components, design and
workmanship. BSI. London 1985

[9] Paiva, J.V. et al

- Patologia da Construo. Documento Introdutrio ao tema. 1 Encontro Conservao


e Reabilitao de Edifcios de Habitao. LNEC, 1985

[10] Oliveira C. S. et al

Monografia- 10 anos aps o sismo dos Aores de 1 de Janeiro de 1980. SRHOP.


Aores e LNEC 1992

[11] LNEC

Curso de Especializao sobre Segurana Contra Incndio. Vol I e II. LNEC, Lisboa,
1994

[12] Santos, S.S.

Hiplito de Sousa - 2003

Segurana ao Fogo de Estruturas de Alvenaria. ITES 10, LNEC, lIsboa, 1994

47

HIPLITO DE SOUSA

CONSTRUES EM ALVENARIA
CAPTULOS V e VI
MATERIAIS PARA ALVENARIAS TECNOLOGIAS DE PRODUO, EXIGNCIAS E
CARACTERSTICAS

FEUP 2002

PRELIMINAR (VERSO 2)

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Hiplito de Sousa - 2003

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

MATERIAIS PARA ALVENARIAS TECNOLOGIAS DE PRODUO, EXIGNCIAS


E CARACTERISTICAS

NDICE
1. MATERIAIS CERMICOS ..................................................................................................................................................... 5
1.1 Processo Industrial .......................................................................................................................................................... 5
1.1.1 Preparao de matria-prima ................................................................................................................................... 5
1.1.2 Conformao ............................................................................................................................................................ 8
1.1.3 Secagem .................................................................................................................................................................. 8
1.1.4 Cozedura .................................................................................................................................................................. 8
1.1.5 Controlo da qualidade .............................................................................................................................................. 8
1.2 Exigncias ........................................................................................................................................................................ 9
1.2.1 Exigncias Geomtricas ........................................................................................................................................... 9
1.2.2 Exigncias Fsicas .................................................................................................................................................. 14
1.2.3 Exigncias Mecnicas ............................................................................................................................................ 16
1.3 Caractersticas dos materiais cermicos ....................................................................................................................... 17
2. BLOCOS DE BETO DE AGREGADOS CORRENTES E LEVES ..................................................................................... 19
2.1 Apresentao do Produto .............................................................................................................................................. 19
2.2 Processo Industrial ........................................................................................................................................................ 19
2.2.1 Tipo de Mquinas ................................................................................................................................................... 19
2.2.2. Ciclo Produtivo ...................................................................................................................................................... 19
2.2.3. Agregados ............................................................................................................................................................. 21
2.2.4. Betes ................................................................................................................................................................... 21
2.2.5. Moldagem .............................................................................................................................................................. 23
2.2.6. Cura ....................................................................................................................................................................... 23
2.2.7. Controlo de qualidade ........................................................................................................................................... 23
2.3 Exigncias de Carcter Normativo ................................................................................................................................ 23
2.4 Principais Exigncias Normativas Aplicveis a Blocos de Beto De Agregados Leves ................................................ 24
2.4.1 Generalidades ........................................................................................................................................................ 24
2.4.2 - Exigncias normativas relativas a blocos de beto de agregados leves ............................................................. 26
2.4.2.1 Caractersticas geomtricas ............................................................................................................................ 26
2.4.2.2 Caractersticas fsicas ..................................................................................................................................... 31
2.4.2.3 Caractersticas mecnicas .............................................................................................................................. 33
2.4.2.4 Recepo do Produto ..................................................................................................................................... 35
2.5 Principais caractersticas ............................................................................................................................................... 37
3. BLOCOS DE BETO CELULAR AUTOCLAVADO ............................................................................................................. 40
3.1 Apresentao do Produto e Processo ........................................................................................................................... 40
3.2 Elementos ...................................................................................................................................................................... 40
3.3 Principais Exigncias ..................................................................................................................................................... 41
4. ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO ............................................................................................................................... 42
4.1 Introduo ...................................................................................................................................................................... 42
4.2 Propriedades das Argamassas ...................................................................................................................................... 42
4.2.1. Trabalhabilidade .................................................................................................................................................... 42
4.2.2. Consistncia .......................................................................................................................................................... 43
4.2.3. Capacidade de reteno de gua ......................................................................................................................... 43
4.2.4. Aderncia .............................................................................................................................................................. 44
4.2.5. Resistncia compresso .................................................................................................................................... 45
4.2.6. Variaes dimensionais ......................................................................................................................................... 45
4.2.7 Durabilidade ........................................................................................................................................................... 45
4.3 Tipos de argamassas e constituintes ............................................................................................................................. 45
4.3.1 Tipos de Argamassa ............................................................................................................................................... 45
4.3.2 Constituintes ........................................................................................................................................................... 46
4.3.2.1. Cal area ........................................................................................................................................................ 46

Hiplito de Sousa - 2003

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

4.3.2.2. Cal hidrulica ................................................................................................................................................. 47


4.3.2.3. Cimentos ........................................................................................................................................................ 47
4.3.2.4 Areia ................................................................................................................................................................ 47
4.4 Composio das argamassas ........................................................................................................................................ 49
4.4.1 Aspectos gerais ...................................................................................................................................................... 49
5. REVESTIMENTOS ............................................................................................................................................................... 50
5.1 Revestimentos de Paramentos Exteriores ..................................................................................................................... 50
5.1.1 Classificao .......................................................................................................................................................... 50
5.1.1.2 Revestimentos de Estanquidade ................................................................................................................... 50
5.1.1.3 Revestimento de Impermeabilizao ........................................................................................................... 50
5.1.1.4 Revestimentos de Isolamento Trmico pelo Exterior ...................................................................................... 51
5.1.1.5 Revestimentos de Acabamento ou Decorativos .......................................................................................... 51
5.2. Revestimentos de Paramentos Interiores ..................................................................................................................... 52
5.2.1 Revestimentos de Regularizao ........................................................................................................................... 52
5.2.1.1 De ligantes hidrulicos .................................................................................................................................... 52
5.2.1.2 De argamassa de cal apagada ....................................................................................................................... 52
5.2.1.3 Com base em gesso .................................................................................................................................... 52
5.2.1.4 De ligantes sintticos ................................................................................................................................... 52
5.2.1.5 Elementos descontnuos independentes ..................................................................................................... 52
5.2.2 Revestimentos de Acabamento........................................................................................................................... 52
5.2.3 Revestimentos Resistentes Aco da gua ..................................................................................................... 52
5.2.4 Revestimentos Decorativos ................................................................................................................................. 52
5.3 Exigncias Funcionais dos Revestimentos de Paredes ( ver publicao LNEC) .......................................................... 53
5.4 Aspectos Fundamentais do Comportamento dos Rebocos ........................................................................................... 53
5.4.1 Funo do Reboco regularizao ..................................................................................................................... 53
5.4.2 Aspectos Fundamentais ...................................................................................................................................... 53
5.5 Fendilhao de Rebocos ............................................................................................................................................... 53
5.5.1 Classificao da Fendilhao .............................................................................................................................. 53
5.5.2 Causas ................................................................................................................................................................ 53

Hiplito de Sousa - 2003

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

MATERIAIS PARA ALVENARIAS


TECNOLOGIAS DE PRODUO, EXIGNCIAS
E CARACTERISTICAS
1. MATERIAIS CERMICOS
1.1 Processo Industrial
As fases principais do processo industrial de produo dos cermicos de construo para alvenarias so os que
esquematicamente se apresentam nas figs. 2 e 3:

Preparao da MatriaPrima (pasta)


Conformao
Secagem
Cozedura
Retirada do forno, escolha ( controlo de qualidade) e paletizao

A matria prima usada a pasta, existindo vrios tipos. Na pasta obtida a partir da argila, existem vrios tipos de
constituintes com funes complementares:

Minerais que asseguram a plasticidade


Agregados esqueleto quartzo
Fundentes formam o vidro feldspatos

1.1.1 Preparao de matria-prima


A preparao da matria-prima na Cermica de Construo em geral realizada por via Plstica, conforme figura 1:

Barro Gordo
Muito Plstico

Barro Magro
Pouco Plstico

Doseamento

Doseamento
Moagem em
Moinho

gua

Moagem em
Laminadores
Armazenamento em
Parque
Fig. 1 - Preparao da pasta por via plstica Processo

Hiplito de Sousa - 2003

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Hiplito de Sousa - 2003

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Escavao da argila

Fig. 2 Fluxograma do processo de fabrico de tijolos cermicos[1]

Extruso

Secagem

Forno tnel

Controlo de
qualidade

Secagem

Mistura poliestireno

Cozedura

Laminao

Armazenamento e
transporte

Moagem

Conformao

Preparao da argila

Destorroamento

Fig. 3 Esquematizao do processo de fabrico de tijolos cermicos alveolados [2]


(com recurso a argila aligeirada)

Hiplito de Sousa - 2003

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

1.1.2 Conformao
Na conformao as tcnicas mais correntes so funo do tipo de pasta:
- Seca ou semi-seca prensagem da pasta granulada
- Plstica - mo
- extruso fieira
- extruso seguida de prensagem
1.1.3 Secagem
A secagem visa a eliminao rpida da gua, com o menor consumo de energia, sem empenos e fissuras dos elementos e
de forma a que a gua remanescente no prejudique a cozedura. A velocidade de secagem influenciada pela geometria
das peas.
A secagem tem 3 fases:
- Eliminao da gua de retraco
- Eliminao da gua de preenchimento dos poros (praticamente sem retraco)
- Eliminao da gua adsorvida
A secagem pode ser efectuada por processo natural, ao tempo, ou artificial, por recurso a secadores.
1.1.4 Cozedura
Na cozedura os elementos vo ser sujeitos a um aumento gradual de temperatura at fuso qumica, com alterao da
estrutura da argila, nas seguintes fases:
-

Expulso da gua residual


150 a 200 C
Combusto da matria orgnica < 500 C
Fuso do quartzo
573 C
Decomposio dos carbonatos 900 C
Vitrificao
> 900 C

A cozedura ocorre na actualidade em fornos tnel, em geral durante vrias horas.


1.1.5 Controlo da qualidade
Neste processo a qualidade da matria-prima e do processo so decisivos para a qualidade do produto. Em geral a cor
um indicador da origem da matria-prima e da temperatura de cozedura.
Os principais aspectos a controlar so:
- Controlo da matria-prima (teor em areia, verificao do processo de dosagem)
- Controlo do fabrico Laminao controlo visual
- Conformao humidade sada da fieira
- Secagem retraco verde/seco e teor em gua residual
- Cozedura registo contnuo da temperatura de cozedura e sua durao
- Controlo do produto final
Nota: Naturalmente as funes principais do elemento condicionam a sua concepo.
(funo mecnica, dimenses, isolamento trmico, facilidade de manuseio, possibilidade de servir de paramento vista, ...)

Hiplito de Sousa - 2003

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

1.2 Exigncias
As exigncias mais importantes aplicveis aos produtos cermicos so as constantes do Quadro 1.
Quadro 1 Exigncias e caractersticas mais importantes aplicveis a cermicos para alvenaria
CARACTERSTICAS
Geomtricas
Dimenses exteriores
Geometria interna
Percentagem de Furaco
Tolerncia das dimenses exteriores
Fsicas
Aspecto e textura
Massa volmica da argila
Absoro de gua por capilaridade
Absoro de gua por imerso
Eflorescncias e sais solveis
Incluses de cal viva
Expanso com a humidade
Resistncia ao gelo
Mecnicas
Resistncia compresso
Resistncia traco por flexo
Mdulo de elasticidade
Recepo do Produto
Identificao e data fabrico
Ensaios de recepo
1.2.1 Exigncias Geomtricas
Dimenses exteriores
Em vrios pases as dimenses dos cermicos para alvenaria no so normalizadas. Em Portugal h dimenses
preferenciais que obedecem a princpios de coordenao dimensional, admitindo juntas horizontais de 10 mm e verticais de
5 mm, com uma modulao horizontal mltipla de 30 cm e modulao vertical mltipla de 20 cm. Nos pequenos formatos a
modulao diferente (220x107x10)
Quadro 2 Dimenses de coordenao e nominais de tijolos e blocos cermicos de acordo com a NP-834 e E-309.
Dimenso (mm)
Comprimento
Formato base
Formato complementar
Coord.
Nominal
Coord.
Nominal
Elementos
macios e
perfurados

220

220

Altura

Espessura

Coord.

Nominal

Coord.

Nominal

70

70

110

107

70
110
150
220
170
220
270
320

70
110
150
220
170
220
270
320

Furados

300

295

200

195

200

190

Duplex

300

295

200

195

200

190

Hiplito de Sousa - 2003

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Quadro 3 Tijolos cermicos mais vulgares em Portugal e respectivas caractersticas mdias


Peso aprox.
(kg)

Perc. de
furao
(%)

Resistncia
compresso (2)
(MPa)

9-10

55-70

2.5-4

6-7

50-65

3.5-5

4-5

50-65

4.5-5.5

3-4

40-60

6.5-7.5

2-3

40-50

6-7

1.5-2.5

25-40

8-9.5

22 x11 x5

1.2-1.7

25-40

8-9.5

22 x11 x7 (1)

3-4

11.5-13.5

Forma e dimenses
(cm)

30 x20 x22 (1)

Furao horizontal

30 x20 x15 (1)

30 x20 x11 (1)

30 x20 x7 (1)

Slidos

Furao vertical

30 x20 x4

(1)
(2)

22 x11 x7 (1)

Dimenses de acordo com normalizao


Expressa em termos de rea aparente dos provetes, no normalizada por factores de forma

Hiplito de Sousa - 2003

10

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Quanto espessura as dimenses resultam de imposies de desempenho, de acordo com os valores referidos no Quadro
2.
Parece que estas espessuras deveriam ser completadas com valores superiores, para fazer face a maiores exigncias,
sobretudo sob o ponto de vista trmico, com eventual recurso a elementos alveolados.
A referida norma refere ainda a necessidade de realizar formatos complementares com 195 mm de comprimento para
permitir rematar fiadas e executar vos sem cortar tijolos. Contempla tambm a possibilidade de se realizarem elementos
de maiores dimenses faciais, recomendando 445 mm para o comprimento, 390 mm para a altura e ainda a realizao de
encaixes nos bordos laterais que permitam melhorar a estabilidade transversal. Todavia a E-309, mais recente, refere a
possibilidade de se realizarem comprimentos maiores, 395 e 495 mm.
No Quadro 3 apresentam-se as caractersticas principais dos elementos mais usados em Portugal.
Geometria interna
A geometria interna resulta da percentagem de furao que no pode ser superior a 75% de acordo com a normalizao
portuguesa. O Eurocdigo 6 (EC 6) classifica os tipos de elementos para alvenaria em grupos (1, 2 e 3) furaco da sua
percentagem de furaco e da sua orientao.
As normas francesas e italianas limitam a espessura mnima dos septos e seces dos alvolos. No entanto no existem
ainda dimenses preferenciais estabelecidas, apenas a NFP13 301 ( ) estabelece os intervalos em que se podem situar
as dimenses exteriores, funo do nmero de fiadas de alvolos para blocos correntes e com interrupo de junta
horizontal conforme se apresenta nos quadros 4 e 5.
Quadro 4 Dimenses exteriores permitidas segundo NFP13 301, para blocos correntes, funo do nmero de fiadas de
alvolos.
Nmero de fiadas de alvolos
Dimenses

26

Comprimento (cm)

20 a 60

20 a 60

20 a 60

20 a 60

20 a 60

20 a 60

Altura (cm)

11 a 40

11 a 40

11 a25

11 a 25

11 a 25

15 a 30

3a7

6 a 13

10 a 19

13 a 25

20 a 30

20 a 32.5

Espessura (cm)

Quadro 5 Dimenses exteriores permitidas segundo NFP13 301, para blocos com interrupo de junta horizontal (ver
fig. 4), funo do nmero de fiadas de alvolos.
Nmero de
Fiadas de Alvolos
Dimenses
Comprimento (cm)

20 a 30

20 a 30

22.5 a 30

Altura

(cm)

18.5 a 30

18.5 a 30

18.5 a 30

Espessura

(cm)

33 a 60

33 a 60

33 a 60

Na Itlia, pas onde o estudo e a produo dos materiais cermicos esto muito desenvolvidos, o fabrico de produtos
cermicos para alvenaria tem o seguinte enquadramento normativo:
UNI 8942 Parte 1 (1) Produtos de argila para alvenaria, terminologia e sistema de classificao;

Hiplito de Sousa - 2003

11

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

o nmero de septos horizontais que estabelecem a ligao central entre as duas partes de cada lado do canal
ou canais, no deve ser inferior a trs;
deve haver um septo vertical contnuo na prumada de cada parede lateral do canal;
recomendvel que os septos horizontais no sejam dispostos em continuidade na direco da largura do bloco
para melhorar o isolamento trmico.

Fig. 4 Limites dimensionais relativos aos blocos com interrupo de juntas, estabelecidos na E-309
Em Frana a normalizao mais exigente. Estabelece outros condicionantes geomtricos que se vo descrever:
a)

NFP13 301 ( ) Tijolos vazados:


-

Afastamento mximo dos septos verticais, ou no caso de blocos que possam ser assentes ao alto e
ao baixo, tambm dos septos horizontais, de 6 cm.
Seco dos alvolos limitada a 28 cm2, no caso de blocos de resistncia garantida e 35 cm2 para os
correntes. Os blocos de resistncia garantida so caracterizados por resistncias mdias e mnimas
compresso superiores s dos blocos correntes.
A espessura dos septos exteriores dever ser maior ou igual dos interiores e para os blocos de
resistncia garantida a espessura mdia de todos os septos dever ser 8 mm, no podendo nenhum
septo apresentar espessura inferior a 7 mm.
Nos blocos com interrupo de junta horizontal, preconiza que a ligao central entre as duas partes
se faa, no mnimo, por 3 septos horizontais, havendo um septo vertical contnuo na prumada de
cada parede lateral do canal e que a largura efectiva do apoio seja, no mnimo, 80% da largura
bruta. As exigncias dimensionais destes elementos apresentam-se na figura 5.

Fig. 5 Exigncias dimensionais para os blocos com interrupo de junta horizontal, segundo NFP13 301.

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12

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

b)

NFP13 304 Tijolos em argila cozida com paramentos vista:


-

c)

seco de cada ofcio inferior ou igual a 6,5 cm2;


elementos perfurados com largura igual ou superior a 12 cm podem ter um vazio central de maior
seco para facilitar a preenso, desde que essa seco no ultrapasse 10% da seco bruta;
no caso da furao perpendicular face de assentamento, a espessura mnima dos septos
exteriores das faces, podendo ser aparentes, de 15 mm.

NFP13 305 Tijolos macios ou perfurados e blocos perfurados com paramentos rebocados:
-

relativamente aos tijolos so feitas as duas primeiras exigncias apresentadas em b);

quanto aos blocos perfurados referem:


-

d)

seco de cada orifcio inferior ou igual a 12 cm2, salvo se uma das dimenses da seco no
ultrapassar 2,5 cm;
podem apresentar na parte central um ou mais orifcios de maior seco, desde que a seco de
apoio represente no mnimo 60% da seco bruta.

NFP13 306 Blocos perfurados com paramentos vista:


-

a seco de cada orifcio deve ser inferior ou igual a 12 cm2, salvo se uma das dimenses da seco
no ultrapassar;

Percentagem de furao
Sintetiza-se no Quadro 6 os limites da percentagem de furaco seguindo diferentes normalizaes.
Quadro 6 Limites da percentagem de furao segundo diferente normalizao

NP
Tijolo macio
15%
Tijolo perfurado 15 a 50%
(furao vertical)
Tijolo furado
30 a 75%
(Furao horizontal)

EC6 (CEN)

NF

> 40%

25% (1A)
2A-25 a 45%
2B-45 a 55%
3

70%

Os elementos dos grupos 2A e 2B tm furao vertical. O grupo 3 tem funo horizontal.


Tolerncia das dimenses exteriores
No processo os tijolos esto sujeitos a variaes dimensionais com alguma expresso por efeito da secagem e da
cozedura. As exigncias expressam-se em desvios mximos entre as dimenses de fabrico e as dimenses efectivas
normalmente entre 4 a 6 mm.

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13

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

1.2.2 Exigncias Fsicas


Aspecto e textura
O processo de fabrico produz manifestao de diversos defeitos de aspecto, tolerando a normalizao alguns defeitos
dentro de limites considerados aceitveis.
As fissuras so o defeito mais frequente sobretudo nos elementos com maior furao sendo limitados em grande parte das
normas (a NP no limita objectivamente).
Algumas normas so mais exigentes nos septos exteriores.
fundamental num processo de controlo de qualidade limitar o nmero de fissuras.
Outros defeitos:

Crateras, borbulhas,
Defeitos de cozedura;
Defeitos de planeza das faces e ortogonalidade;

Massa volmica da argila

As massas volmicas da argila so:


-

Comum ----->1450 kg/m3 (correntemente 1800 kg/m3)


Alveolada---1450 kg/m3

As normas UNI (Italianas) limitam a variao a 8%

Absoro de gua por capilaridade

A absoro de gua por capilaridade serve para avaliar:

o comportamento do tijolo gua da chuva;


capilaridade da face de paramento, por uma expresso referida na normalizao francesa:

Absoro =

m
s t

m gua absorvida
S rea da face em contacto com a gua
T tempo 10 min.
Exigncias tijolos furados
15 gcm-2 min-1/2
tijolos macios prensam 60 gcm-2 min-1/2
tijolos perfurados
30 gcm-2 min-1/2
A necessidade de molhagem dos tijolos no assentamento (UNI, BS, ASTM);

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Face de assentamento em contacto com a gua;


Durao do ensaio 1 minuto;
Resultado 8 a 20 gdm-2;
Recomenda-se o humedecimento quando o resultado ultrapassa 15 gdm-2.

14

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Absoro de gua por imerso

A porosidade aberta a responsvel pela absoro de gua sendo funo da temperatura de cozedura e da pasta.
O seu aumento faz aumentar os poros grandes e diminuir os pequenos e canais capilares, diminuindo a capilaridade e
aumentando a resistncia mecnica.
Limites (Norma UNI) 10 a 25% tijolos correntes
15 a 40% argila alveolada

Eflorescncias e sais solveis

Depsitos de sais que se formam superfcie ou ligeiramente abaixo desta (criptoeflorescncia) prejudicam o aspecto e
podem provocar destacamentos.
As exigncias so mais severas para tijolos vista.
O ensaio efectuado colocando a face do tijolo em contacto com a gua.
A especificao da NP pela rea com eflorescncias que deve ser inferior a 5 cm.
O teor em sais solveis avalia a possibilidade, sob aco da humidade dos tijolos deteriorarem a argamassa.
A NP 80 limita a 0.5% da massa do provete.

Incluses de cal viva

Nas pastas que contm calcrio no processo de cozedura esta passa a cal viva. Com a humidade a cal hidrata com forte
aumento de volume provocando, se se encontrar um pouco abaixo da superfcie, rotura do elemento, localmente, e mesmo
expulso do revestimento.
Os tijolos so ensaiados em gua a ferver (durante 3h) verificando-se o n e dimenso das crateras.
As exigncias so normalmente mais severas para alvenaria vista.

Expanso com a humidade

Da expulso da gua na secagem e cozedura a elevadas temperaturas resulta uma situao instvel temperatura
ambiente, que s estabiliza aps a absoro qumica de molculas de gua, a qual produz uma expanso irreversvel que,
quando impedida pode provocar roturas por compresso excessiva.
A fixao das molculas d-se na fase amorfa e no na cristalina. A constituio das pastas tambm importante.
H tentativas de na produo atenuar este efeito pela incorporao de carbonato de clcio modo, pela realizao de uma
pr-dilatao, injectando gua no forno, na fase de arrefecimento (entre 200 a 400 C).
A normalizao francesa especfica ensaios acelerados cujos resultados so correlacionveis com a situao de
temperatura de 20 C e 80% humidade.
- Provetes recozidos a 600 C
- Ensaio em banho de gua a ferver durante 24h
- Ensaio em autoclave saturada a 180 C durante 5h

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MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Resultados 1 ensaio mdia 0.6 mm/m


Valor individual 0.8 mm/m
2 ensaio
1.6 mm/m

Resistncia ao gelo

Importante em tijolos face vista conhecer o Coeficiente de saturao relao entre o volume de poros preenchidos por
imerso em gua fria e o volume total de poros, determinado pela imerso em gua em ebulio. Quanto menor for este
coeficiente melhor pois significa que maior a percentagem de poros que permitem a expanso da gua por congelao,
com reduzido risco.

Fig. 6 Ampliao da estrutura do material


1.2.3 Exigncias Mecnicas

Resistncia compresso

A resistncia compresso dos elementos para alvenaria convencional, pois muito influenciada pela tcnica de ensaio
rectificao das faces comprimidas e condies de humidade dos provetes.
Quadro 7 Comparao de tcnicas de ensaio e exigncias para avaliao de resistncia comparao
TCNICAS DE ENSAIO
N. Elementos

Rectificao e condicionamento

Velocidade de
carregamento

NP 80

Argamassa cimento areia.


Cmara saturada 2h
Imerso em gua 4h
6 dias

10 MPa/min

NFP13 301

Pasta de enxofre

0.1 0.05 MPa/s

UNI 8942

Pasta de enxofre ou interposio de folhas


de carto

2 MPa/s

EN

5 se coef. Var
< 15%, seno
10 elementos -

Norma

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Regularizao por desgaste ou com


argamassa

Funo da resistncia
esperada

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MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

EXIGNCIAS

Mdia
fbm

Norma

NP 80

NFP13 301

cat I 4.0
cat II 6.0
cat III 8.0
correntes 2.8

UNI
CEN
EN 772 1

Tenso de rotura
(MPa)
caracterstica
fbk

Mnima individual
Categoria
A
4.5
B
3.0
C
1.5

80% do valor mdio

valor mnimo
nominal 8%
coef. var 20%

Valor normalizado mnimo condies de seco ao ar e factor de forma

Resistncia traco por flexo

Pode ser determinada sobre os tijolos sobre septos dos mesmos, secos ou saturados.

Fig. 7 Esquema de ensaio de septos e de tijolos flexo


correlacionvel com a resistncia compresso e com a aptido da pasta a vrias aplicaes.

Mdulo de elasticidade

O mdulo de elasticidade determinvel sobre tijolos macios ou sobre septos.

1.3 Caractersticas dos materiais cermicos


As caractersticas dos materiais cermicos so muito variveis em funo da realidade construtiva de cada pas.

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MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Em Portugal a cermica privilegia actualmente a funo enchimento, recorrendo a tijolo com percentagem elevada de
furao, qualidade reduzida e baixa resistncia mecnica.
Os tijolos macios ou perfurados para aplicao vista tem expresso crescente embora sem assimilao suficiente da
tecnologia.
A penetrao de produtos espanhis crescente.
Noutros pases, como a Itlia, a Frana e outros a cermica um domnio com grande dinmica existindo para alm dos
produtos tradicionais produtos vocacionados para sistemas no tradicionais sistemas.
O recurso a tijolos realizados a partir de cermica alveolada tem vindo a adquirir relevncia nesses pases.

Fig. 8 Exemplos de elementos de cermica alveolada

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MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

2. BLOCOS DE BETO DE AGREGADOS CORRENTES E LEVES


2.1 Apresentao do Produto
Os blocos de beto so um produto para construo de paredes de alvenaria obtido por moldagem e compactao
efectuada sob aco de compresso e vibrao.
Os blocos de beto podem ser macios ou com furao vertical.
As principais matrias-primas necessrias realizao de blocos so:
-

cimento portland
areia
brita fina
gua
adjuvantes

agregados

correntes
leves

A qualidade deste produtos sobretudo funo dos seguintes aspectos:


- agregados
- composio do beto
- moldagem e vibrao
- cura e armazenamento

2.2 Processo Industrial


2.2.1 Tipo de Mquinas
A produo destes produtos pode ser efectuada predominantemente em dois tipos de mquinas:
Fixas maiores cadncias, em geral blocos de melhor qualidade, requerem menos espao e so mais evoludas.
Mveis requerem grandes reas de pavimento, menor qualidade, menor investimento, maior mobilidade.

2.2.2. Ciclo Produtivo


O ciclo produtivo, tendo por referncias mquinas fixas, compreende as seguintes fases principais, ver fig. 8:
-

ensilagem de cimento e agregados;


doseamento dos agregados, normalmente volumtrico;
doseamento do cimento, normalmente em peso;
adio da gua (*)
amassadura, com consistncia terra hmida, e transporte sobre tela para mquina;
enchimento do molde e compactao por vibro-compresso sobre pranchas;
desmoldagem e encaminhamento sobre os tabuleiros para um elevador de prateleiras;
transporte para cmaras de cura;
cura normal ou acelerada;
retirada das cmaras aps cura inicial e transporte para zona de escolha e paletizao;
armazenamento.

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MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

(*) Nos agregados leves h um prvio humedecimento com gua.


Sublinha-se que este processo em tudo idntico ao adoptado noutros produtos industriais do tipo artefactos de beto
como lancis, pedra de cho, blocos de cofragem, etc.

Fig. 9 Ciclo produtivo de produo de artefactos de beto

Fig. 10 Exemplo de uma mquina fixa

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MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Fig. 11 Elevador de transporte de elementos frescos ou verdes moldados sobre pranchas

2.2.3. Agregados
Os agregados influenciam o desempenho, aspecto e textura dos blocos.
A mxima dimenso do agregado est condicionada pela espessura dos septos. A norma inglesa BS 6073 exige que a
espessura dos septos seja maior ou igual a 1.75 mxima dimenso do agregado.
Grandes dimenses dos agregados dificultam a extruso, criam texturas muito abertas e resistncias baixas em verde.
Nos betes leves h em geral a incorporao de uma areia corrente para melhorar a resistncia.
A regularidade da granulometria e humidade dos agregados fundamental sobretudo porque grande parte dos
doseamentos volumtrica. Existem vrios tipos de betes de agregados leves vide, Quadro 8 com Terminologia e
Classificao, de betes leves referidos pela RILEM.
2.2.4. Betes
Os betes para a realizao de blocos tm algumas caractersticas especficas que os individualizam relativamente aos
betes correntes:
-

baixa dosagem de cimento;


muito baixa dosagem de gua, para obteno de betes muito secos;
dimenso mxima dos agregados limitada;
requisitos importantes de estabilidade para desmontagem imediata;
massa volmica inferior dos betes correntes ( 2100 kg/m3 contra 2400 kg/m3).

A dosagem de cimento est limitada por questes econmicas e de retraco.


O ajuste da gua a maior dificuldade das empresas produtoras, dado a resistncia do beto fresco condicionar muito a
desmoldagem destes produtos:

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MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Quadro 8 Terminologia e classificao RILEM para betes leves[ ]


Tipos de betes leves1

Beto compacto de agregados leves


Beto semi-cavernoso
Beto cavernoso
Beto celular obtido por reaco qumica
Beto celular obtido por aco fsica

Tipos de ligantes

Cimento
Cal
Mistura de cimento e cal
Gesso
Ligantes orgnicos

Tipos de agregados para beto leve1

Materiais naturais preparados1


. Pedra-pomes
. Escrias e tufos vulcnicos
Materiais naturais preparados1
. Vermiculite esfoliada
. Perlite expandida
. Argila expandida ou sinterizada
. Xisto expandido ou sinterizado
Desperdcios industriais no preparados1
. Escria de alto forno
. Cinzas volantes
Desperdcios industriais preparados1
. Escria de alto forno expandida
. Cinzas volantes expandidas
. Vidro expandido
Materiais orgnicos1
. Granulado de cortia

Tipos de cura

Cura a temperatura e presso normais


Cura a temperatura elevada e presso normal
Cura a temperatura e presso elevada (em autoclave)
Mtodos combinados de cura

A enumerao dos diferentes exemplos de agregados em cada classe encontra-se reduzida relativamente
recomendao RILEM.
1

Resistncia do beto fresco compresso


(MPa)

0.04

0.03
5.5

6.0

Teor em gua
%A

Fig. 12 Evoluo da resistncia compresso do beto fresco com o teor de gua

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22

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

2.2.5. Moldagem
A moldagem condiciona as caractersticas do produto, mas muito varivel com os seguintes aspectos:
-

mquina, sua energia e fora de compactao / vibrao;


tempo de cicloenchimento, compactao/vibrao e desmontagem;
moldes -geometria, qualidade, rigidez, etc.;
pranchas sobre as quais os blocos so moldados.

2.2.6. Cura
Designam-se por cura os processos de manter condies de temperatura e humidade favorveis hidratao do cimento,
de modo a que se desenvolvam as melhores caractersticas do beto.
A cura pode ser natural, com aproveitamento do calor de hidratao, ou acelerada com fornecimento de calor e humidade.
Naturalmente na indstria de produo de blocos de beto h interesse em libertar rapidamente as pranchas e o espao por
elas ocupado.
corrente a cura por vapor presso atmosfrica, esta cura tem normalmente 3 fases:
-

Subida de temperatura (a um ritmo de 20 a 30 C/h at cerca de 70 C);


Manuteno da temperatura mxima;
Arrefecimento.

Na cura sem aquecimento a permanncia nas cmaras de 24 a 36 horas, enquanto na cura acelerada com fornecimento
de vapor de cerca de 8 a 16 horas.
Reconhece-se que este processo de cura penaliza a resistncia mecnica e reduz as variaes dimensionais.

2.2.7. Controlo de qualidade


Os principais aspectos sobre os quais deve incidir o controlo da qualidade so:
-

Fixao das caractersticas e recepo dos agregados;


Armazenamento e teor em gua dos agregados;
Estabelecimento da composio, mecanismos de correco do teor da humidade e calibrao do
equipamento de medida;
Aferio dos moldes e controlo dimensional dos blocos, sobretudo altura;
Durao mnima de cura funo do processo adoptado. Controlo da temperatura mxima e do ritmo
de crescimento sobretudo na cura a vapor;
Marcao dos blocos e armazenamento durante tempo suficiente para completar a cura e diminuir a
retraco.

2.3 Exigncias de Carcter Normativo


So em geral idnticas para blocos de beto de agregados correntes e leves, embora os blocos de beto leve tenham em
geral espessuras de septos maiores, maiores variaes dimensionais e menores resistncias mecnicas.

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23

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

As caractersticas distintivas deste tipo de blocos de agregados leves so:

espessura septos 20 mm;


variaes de massa volmica declarada +100 a 200 kg/m3;
massa volmica 1700 kg/m3.

2.4 Principais Exigncias Normativas Aplicveis a Blocos de Beto De Agregados Leves


2.4.1 Generalidades
Apresenta-se uma sntese comparada das exigncias normativas aplicveis a blocos de beto de agregados leves. Convm
ter presente que, com excepo da normativa francesa, as restantes normas so genricas para diferentes tipos de blocos,
pelo que a comparao dever ser cautelosa, tanto mais que as tcnicas de ensaio admitidas na diferente normalizao
no so idnticas. Recorda-se que de acordo com a normalizao francesa, NF P 14-304 [137], se consideram blocos de
beto de agregados leves aqueles que apresentam uma massa volmica seca do beto constituinte no superior a 1700
kg/m3. Sublinha-se ainda que duma forma geral na Gr-Bretanha e nos Estados Unidos da Amrica, os blocos tm
geometrias mais simples, caracterizadas pela existncia de apenas 2 septos longitudinais exteriores, travados por septos
transversais que definem um nmero reduzido de furos. Estes blocos so correntemente usados em paredes duplas e as
suas espessuras tm limites mximos inferiores s espessuras correntes em Frana, Itlia e em Portugal. Este aspecto
deve ser tido em conta na comparao de algumas exigncias, particularmente as caractersticas geomtricas.
Utilizaram-se nesta sntese as normas constantes do Quadro 9.

Quadro 9 - Normas exigenciais de blocos de beto correntes de agregados leves analisadas

ORIGEM

NORMA

Frana

NF P 14-01[]

ANO

DESIGNAO
Agglomres-Blocs en bton pour murs et cloisons. Definitions

NF P 14-04[ ]

1983

Agglomres-Blocs en betn de granulats lgers pour murs et cloisons

NF P 14-02[ ]

1983

Agglomres-Blocs en bton pour murs et cloisons. Dimensions

1983
BS 6073:1 []

1981

Gr-Bretanha

Precast concrete masonry units. Specification for precast concrete


masonry units

BS 6073:2 []

1981

Precast concrete masonry units. Method for specifying precast


concrete masonry units

ASTM C90 []

1990

Load-bearing concrete masonry units

EUA

ASTM C129 ]

1990

Non load-bearing concrete masonry units

CEN

pr EN 771-3 ]

1992

Specification for masonry units - Part 3: Aggregate concrete masonry

(draft)

units (dense and lightweight aggregates)

Sintetiza-se no Quadros as caractersticas relativamente s quais essas normas apresentam exigncias.

Hiplito de Sousa - 2003

24

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

Quadro 10 - Caractersticas previstas nas normas exigenciais de blocos de beto de agregados leves

CARACTERSTICAS

Caractersticas geomtricas

Forma
Geometria interna

NORMA

NF P 14-304
pr EN 771-3
NF P 14-304
BS 6073:1
ASTM C90 e C129
pr EN 771-3

Dimenses exteriores

NF P 14-402
BS 6073:1
pr EN 771-3

Tolerncia das dimenses exteriores

Percentagem de furao

NF P 14-402
BS 6073:1
ASTM C90 e C129
pr EN 771-3
NF P 14-101
BS 6073:1
ASTM C90 e C129
pr EN 771-3

Caractersticas fsicas

Aspecto e textura

NF P 14-304
BS 6073:1
ASTM C90 e C129

Massa volmica
Variaes dimensionais

Absoro de gua por imerso


Caractersticas mecnicas

Resistncia compresso

NF P 14-304
pr EN 771-3
NF P 14-304
BS 6073:1
ASTM C90 e C129
ASTM C90
NF P 14-304
BS 6073:1
ASTM C90 e C129
pr EN 771-3

Recepo do produto

Identificao e data de fabrico

NF P 14-304
BS 6073:1
ASTM C90 e C129
pr EN 771-3

Ensaios de recepo

NF P 14-304
BS 6073:1

Hiplito de Sousa - 2003

25

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

2.4.2 - Exigncias normativas relativas a blocos de beto de agregados leves


2.4.2.1 Caractersticas geomtricas
2.4.2.1.1 Forma

a) NF P 14-304

Os topos dos blocos devem permitir a realizao de juntas verticais contnuas ou descontnuas, de acordo com a fig. 5.11.

a) Juntas verticais contnuas

b) Juntas verticais descontnuas

a
a
b

30 mm a 18 mm
b 13 mm

e1
E

d
e2

30 mm a 18 mm
b 13 mm
c 15 mm
d 20 mm
e1 30 mm
e2 30 mm
e1 + e2 0.2 E

Fig.13 - Configurao dos topos dos blocos segundo NF P 14-304

As faces horizontais dos blocos devem permitir a execuo de juntas horizontais contnuas, ou descontnuas. Neste ltimo
caso, a largura das partes argamassadas deve ser no mnimo 40% da espessura dos blocos. Alm das prescries
anteriores, preconiza-se ainda que a configurao dos blocos deve ser tal que permita a continuidade entre as juntas
verticais e horizontais, na caso dos blocos com juntas descontnuas, de acordo com a fig. 5.12 .

Figura 14 - Disposio preconizada para os blocos com juntas descontnuas,


relativamente continuidade das juntas verticais e horizontais

b) pr EN 771-3

Recomenda que os elementos apresentem reentrncias ou dispositivos de encaixe nas juntas. Fixa exigncias para as
arestas, planeza e ortogonalidade das faces, admitindo dois tipos de tolerncias, normal e fina.

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26

MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

2.4.2.1.2 - Geometria interna


a) NF P 14-304

A espessura dos septos exteriores, medida a meia altura, deve ser no mnimo 20 mm. A espessura da lmina de beto na
face de assentamento, medida ao fundo dos alvolos- fundo cego - deve ser no mnimo 5 mm.

Para os blocos com juntas descontnuas, a largura dos alvolos que materializam a descontinuidade, medida na face de
apoio, deve ser no mnimo 15 mm.

b) BS 6073:1

A espessura mnima dos septos exteriores na face de apoio, no deve ser inferior a 15 mm ou 1.75 vezes a mxima
dimenso do inerte.

c) ASTM C90 e C129

Para blocos de beto a utilizar em paredes estruturais, as espessuras mnimas de septos, em funo da largura nominal do
bloco, so as constantes do Quadro 11, de acordo com a ASTM C 90.Para blocos de beto a utilizar em paredes no
resistentes, a espessura mnima para os septos longitudinais exteriores de 13 mm, de acordo com a ASTM C 129.

d) pr EN 771-3

A espessura mnima dos septos interiores e exteriores na face de apoio no deve ser inferior a 20 mm, ou 1.5 vezes a
mxima dimenso do inerte.

Quadro 11- Espessuras mnimas dos septos exteriores e interiores de blocos de beto destinados a paredes estruturais,
segundo ASTM C90

ESPESSURA NOMINAL

ESPESSURAS MNIMAS DE SEPTOS


(mm)
SEPTOS LONGITUDINAIS
SEPTOS TRANSVERSAIS

DO BLOCO
EXTERIORES
ESP. MNIMA
ESP. MNIMA EQUIVALENTE(1)
(mm)
(mm)
(mm/m)
76,2 e 102
19
19
136
152
32
25
188
203
32
25
188
254
35
29
209
32 (2)
29
209
305
38
29
209
32 (2)
29
209
(1) - Soma das espessuras de todos os septos transversais do bloco, multiplicada por 12 e dividida pelo comprimento do
elemento
(2) - Em condies de carga especiais

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27

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2.4.2.1.3 Dimenses exteriores

a)

NF P 14-402

As dimenses exteriores nominais dos blocos de beto devem ser as indicadas no Quadro 12 .
As dimenses de coordenao so obtidas a partir das dimenses nominais, adicionando ao comprimento e altura a
espessura da junta, normalmente 10 mm para a junta horizontal e 6 mm para a junta vertical. A espessura de coordenao
obtm-se adicionando espessura nominal a espessura do reboco em ambas as faces.

Quadro 12 - Dimenses exteriores de coordenao e nominais dos blocos segundo a NF P 14-402

DIMENSES EXTERIORES DE COORDENAO E NOMINAIS


(mm)
ALTURA
COORDENAO

ESPESSURA

NOMINAL

200

190

250

240

300

290

COORDENAO
75
100
125
150
175
200
225
250
275
300
325
350

COMPRIMENTO

NOMINAL
50
75
100
125
150
175
200
225
250
275
300
325

COORDENAO

NOMINAL

300

294

400

394

500

494

600

594

b) BS 6073:1

As dimenses exteriores nominais recomendadas para os blocos de beto so as indicadas no Quadro 13.

c) pr EN 771-3

Limita apenas as dimenses mximas dos elementos aos seguintes valores:


- comprimento 1500 mm, espessura 500 mm, altura 650 mm.

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Quadro 13 - Dimenses exteriores nominais dos blocos segundo BS 6073:2

DIMENSES EXTERIORES NOMINAIS


(mm)

ALT. COMP.

ESPESSURA
60 75 90 100 115 125 140 150 175 190 200 215 220 225 250

190

390

140

440

190

440

215

440

290

440

140

590

190

590

215

590

X
X

X
X

2.4.2.1.4 Tolerncia das dimenses exteriores


a) NF P 14-402
As tolerncias definidas, para as dimenses efectivas exteriores dos blocos, relativamente s dimenses nominais de
fabrico, so as constantes do Quadro 14.

Quadro 14 - Tolerncias de dimenses exteriores segundo NF P 14-402

TOLERNCIA DAS DIMENSES EXTERIORES


(mm)

ALTURA

ESPESSURA

COMPRIMENTO

+4

+ 4 para espessuras nominais

+5

at 100
+ 5 para as restantes

b) BS 6073:1

Para cada uma das trs dimenses do bloco, as tolerncias definidas para as dimenses efectivas dos blocos,
relativamente s dimenses nominais correspondentes, so as constantes do Quadro 15.

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29

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Quadro 15 - Tolerncias de dimenses exteriores segundo BS 6073:1

TOLERNCIA DAS DIMENSES EXTERIORES


(mm)

ALTURA

ESPESSURA

COMPRIMENTO

+3 - 5

+ 2 para a mdia das 7 medies


efectuadas em cada bloco

+3 - 5

+ 4 para qualquer medio


individual

c) ASTM C90 e C129

Para cada uma das trs dimenses do bloco, a mdia das medies efectuadas no pode diferir da dimenso nominal mais
de 3.2 mm.

d) pr EN 771-3

As tolerncias definidas para as dimenses efectivas dos blocos de beto so as constantes do Quadro 16.

Quadro 16- Tolerncias de dimenses exteriores segundo pr EN 771-3

TOLERNCIA DAS DIMENSES EXTERIORES


(mm)

TIPO DE TOLERNCIA

DIMENSO RESULTANTE

DIMENSO RESULTANTE DO

DA SUPERFCIE DO MOLDE

ENCHIMENTO

normal

fina

2.4.2.1.5 - Percentagem de furao

a) NF P 14-101

Para qualquer tipo de agregados, correntes ou leves, a NFP14-101, distingue 3 tipos de blocos:

- Blocos macios

- sem qualquer furao

- Blocos perfurados

- percentagem de furao no superior a 25%

- Blocos vazados

- percentagem de furao superior a 40 %

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A NF P 14-304 obriga ainda a que a superfcie de apoio dos blocos seja no mnimo 1/3 da seco bruta, o que equivale a
limitar superiormente a percentagem de furao aproximadamente a 67%.

b) BS 6073:1

Para qualquer tipo de agregados, distingue 3 tipos de blocos:

- blocos macios - sem qualquer furao;


- blocos com furos no atravessantes - com um ou mais alvolos que no atravessam totalmente o bloco;
- blocos com furos atravessantes - com um ou mais alvolos atravessando o bloco.

No estabelece limites para a percentagem de furao.

c) ASTM C90 e C129

Apenas a ASTM C90 distingue entre 2 tipos de blocos:

- blocos macios - percentagem de furao no superior a 25%;


- blocos furados - todos os que no sejam macios e aos quais se aplicam apenas as exigncias de espessuras
mnimas de septos.

d) pr EN 771-3

No fixa exigncias. Com carcter informativo refere a seguinte classificao, sob o ponto de vista de percentagem de
furao:

- elementos macios ou equivalentes - furao vertical limitada a 25%;


- elementos perfurados - furao vertical maior que 25 % e no ultrapassando 50 %;
- elementos vazados - furao vertical superior a 50 %;
- elementos furados horizontalmente - furao horizontal no superior a 50 %.

2.4.2.2 Caractersticas fsicas

2.4.2.2.1 Aspecto e textura

a) NF P 14-304

Os blocos no devem apresentar defeitos aparentes como fissuras ou deformaes. As suas faces devem ser planas e as
arestas rectilneas. A textura das faces deve ser suficientemente rugosa para assegurar uma boa aderncia dos rebocos e
da argamassa das juntas.

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31

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b) BS 6073:1

Refere apenas que as faces e os topos dos blocos devem ser perpendiculares entre si, respeitando as tolerncias
dimensionais.

c) ASTM C90 e C129

Os blocos no devem apresentar fissuras ou outros defeitos que interfiram com o seu assentamento, provoquem reduo
da resistncia ou durabilidade da construo. Pequenos defeitos, acidentais no processo de fabrico, ou resultantes dos
processos habituais de transporte, carga e descarga no so motivo de rejeio. Os blocos para revestir devem apresentar
rugosidade suficiente para garantir uma boa aderncia.

2.4.2.2.2 Massa volmica

a) NF P 14-304

A massa volmica seca do beto constituinte dos blocos no deve afastar-se de + 100 kg/m3 a - 200 kg/m3 do valor
nominal declarado pelo fabricante. A massa volmica seca do beto constituinte dos blocos no deve ultrapassar 1700
kg/m3.

b) pr EN 771-3
A massa volmica seca do bloco e a massa volmica seca do beto constituinte, no podem diferir mais de 7.5 % do
valor declarado pelo fabricante.

2.4.2.2.3 Variaes dimensionais

a) NF P 14-304

As variaes dimensionais, obtidas em condies convencionais definidas na tcnica de ensaio, de retraco por secagem
e de expanso por imerso, contadas a partir da data de fornecimento, tm os seguintes limites:
- variao dimensional entre estados convencionais extremos, de retraco e expanso

450 x10-6;

- amplitude da expanso convencional 300 x 10-6.


b) BS 6073:1

As variaes dimensionais por retraco, em condies convencionais de ensaio, no podem exceder 600 x 10-6 .

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32

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c) ASTM C90 e C129

As variaes dimensionais por retraco, em condies convencionais de ensaio, no podem exceder 650 x 10-6 .

2.4.2.2.4 Absoro de gua por imerso

a) ASTM C90

Esta norma especifica para blocos com funes estruturais, as absores de gua por imerso, em funo da massa
volmica do beto, constantes do Quadro 17

Quadro 17 - Absoro mxima de gua por imerso de blocos de beto com funo resistente,
segundo ASTM C90

TIPO DE BETO DO BLOCO

ABSORO MXIMA DE GUA POR IMERSO

(1)
LEVE

(kg/m3)

< 1682 kg/m3

288

MDIO
1682 a 2002 kg/m3

240

NORMAL
> 2002 kg/m3

208

(1) - massa volmica seca do beto constituinte dos blocos

2.4.2.3 Caractersticas mecnicas

2.4.2.3.1 Resistncia compresso

a) NF P 14-304

Os blocos devem apresentar no mnimo, data de fornecimento, a resistncia caracterstica compresso, expressa
relativamente seco aparente do bloco, constante do Quadro 18. Independentemente destes resultados, nenhum valor
individual pode ser inferior a 80 % dessa resistncia.

b) BS 6073:1

Blocos de espessura igual ou superior a 75 mm devero apresentar resistncias mdias compresso, expressas
relativamente seco aparente do bloco, no inferiores a 2.8 MPa. Qualquer mnimo individual no dever ser inferior a
2.25 MPa.

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Os blocos de espessura inferior a 75 mm devero apresentar resistncias mdias flexo iguais ou superiores a 0.65 MPa.

Quadro 18 - Classes e resistncias caractersticas de blocos de beto de agregados leves segundo NF P


14-304

CLASSES DE RESISTNCIA

BLOCOS MACIOS E PERFURADOS


CLASSE

BLOCOS VAZADOS

RESISTNCIA

CLASSE

RESISTNCIA

CARACTERSTICA

CARACTERSTICA

(MPa)

(MPa)

L35

3.5

L25

2.5

L45

4.5

L40

4.0

L70

7.0

c) ASTM C90 e C129

De acordo com estas normas a resistncia compresso expressa-se relativamente seco efectiva e no relativamente
seco aparente como comum na restante normalizao.
Os blocos devem apresentar resistncia compresso, funo da utilizao dos mesmos, de acordo com o Quadro 19. Os
blocos para utilizao no estrutural devero ter essa indicao assinalada de forma inequvoca, para excluir a sua
utilizao como blocos estruturais.

Quadro 19 - Resistncia mdia e mnima compresso de blocos de beto, em funo da sua utilizao,
segundo ASTM C90 e C129

RESISTNCIA COMPRESSO (1)


UTILIZAO

(MPa)

MDIA DE 3 BLOCOS

MNIMA

ESTRUTURAL

13.1

11.7

NO ESTRUTURAL

4.14

3.45

(1) Expressa como quociente entre a carga de rotura e a seco efectiva do bloco, diferente das outras
normas em anlise

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d) pr EN 771-3

O valor mnimo da resistncia compresso, expressa relativamente seco aparente, de qualquer elemento, no pode
ser inferior a 1.8 MPa. O valor mdio dever ser maior ou igual a 1.25 o valor mnimo.

2.4.2.4 Recepo do Produto

2.4.2.4.1 Identificao e data de fabrico

a) NF P 14-304

A data de fabrico e a identificao da empresa produtora devem figurar no mnimo em 5% dos blocos (excepto nos blocos
de 50 e 75 mm em que essa percentagem pode ser reduzida a 3%). As guias de remessa devem conter a indicao da
data de fabrico mais recente. So dadas indicaes relativamente ao tempo mnimo de permanncia em parque para que,
atendendo s condies de fabrico, os blocos apresentem caractersticas de acordo com o especificado na norma. Para os
blocos de agregados leves no titulares do direito de utilizao da marca de conformidade NF, esse prazo de 6 semanas.
Para os blocos titulares desse direito o prazo pode ser reduzido, nunca sendo no entanto inferior a 10 dias.

b) BS 6073:1

A guia de remessa ou certificado do fornecedor deve conter a seguinte informao para cada fornecimento:
- identificao do produtor;
- resistncia compresso dos elementos de acordo com a norma em apreo;
- dimenses exteriores dos blocos;
- tipo de bloco, em termos de percentagem de furao, de acordo com 5.8.2.1.5 b).

c) ASTM C90 e C129

Especificam apenas que data de expedio os blocos devem apresentar caractersticas conformes s especificadas nas
normas. Os blocos para utilizao no estrutural devem ter essa informao assinalada de forma inequvoca.

d) pr EN 771-3

A embalagem ou a guia de remessa devem conter no mnimo a seguinte informao:


- identificao do produtor;
- data de produo.

Deve haver um sistema de identificao claro dos elementos, preferencialmente atravs de marcao dos mesmos.

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2.4.2.4.2 Ensaios de recepo

a) NF P 14-304

As condies de recepo so as que seguidamente se descrevem, excepto para os produtos titulares da marca NF,
certificados por entidade independente, de acordo com o definido no regulamento da marca .

As caractersticas a controlar so as seguintes:


- aspecto;
- caractersticas geomtricas;
- amplitude das variaes dimensionais;
- massa volmica;
- resistncia compresso.

A recepo efectuada para cada tipo de bloco ou classe de resistncia solicitada. As verificaes e ensaios so
efectuados num Laboratrio aceite pelo fornecedor e comprador. A data de ensaio acordada entre as partes.

O fornecimento dividido em lotes de 5000 blocos no mximo, procedentes duma mesma produo. Um fornecimento ou
uma fraco inferior a 5000 blocos so tratados como um lote. Constituem-se duas amostras, 1 e 2, de 15 e 20 blocos
cada, retirados aleatoriamente do lote e marcados de forma a identificar o lote e a amostra a que pertencem.

As verificaes so efectuadas sucessivamente para as caractersticas atrs enunciadas, sendo o nmero de elementos
requeridos para ensaio de cada uma das caractersticas o constante do Quadro 20. Em caso de rejeio de um lote por no
conformidade de uma das caractersticas os ensaios restantes no so efectuados. A recepo decidida atravs dum
plano de amostragem duplo por atributos, servindo a amostra n 2 para comprovao em caso de no conformidade da
amostra n 1.Os blocos titulares da marca NF no esto em geral sujeitos a ensaios de recepo, salvo no que respeita
marcao.
Quadro 20 - Nmero de elementos constituintes das amostras, para ensaios de recepo, segundo NF P
14-304
N DE ELEMENTOS REQUERIDOS POR FORNECIMENTO
CARACTERSTICAS A

DE 5000 OU FRACO

CONTROLAR
AMOSTRA N 1

AMOSTRA N 2

Aspecto

15

Caractersticas geomtricas

Variaes dimensionais

2x6

Massa volmica

2x3

Resistncia mecnica

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b) BS 6073:1

Deve-se colher uma amostra representativa para ensaios de recepo. Cada amostra deve ser marcada para identificao
do fornecimento e do tipo de bloco. A data de colheita e de fabrico devem ser registadas. A amostra deve ser protegida de
condies atmosfricas extremas.
O nmero de elementos constituintes da amostra para a realizao dos ensaios o constante do Quadro 21

Quadro 21 - Nmero de elementos constituintes da amostra para ensaios de recepo segundo BS 6073:1

N DE ELEMENTOS REQUERIDOS POR FORNECIMENTO DE 1000


CARACTERSTICAS A

OU FRACO

CONTROLAR
ESPESSURA > 75 mm

ESPESSURA < 75 mm

Resistncia compresso

10 (disponveis para ensaios


subsequentes)
10

10 (disponveis para ensaios


subsequentes)
-

Resistncia flexo

Variaes dimensionais por


retraco

Dimenses

2.5 Principais caractersticas


Os blocos de beto podem ser muito diversos, funo da aplicao pretendida e das tecnologias de execuo.
Os elementos podem ser macios, perfurados ou vazados, com diferentes geometrias, texturas da superfcie e acabamento
superficial.
Podem existir blocos coloridos, preparados para aplicao vista e com texturas especiais.
Existem tambm blocos com formatos especiais para utilizaes especficas.
Existem no entanto concepes diversas da geometria dos blocos, funo da tradio construtiva de cada pas.
Duma forma geral a tradio anglo-saxnica (EUA, UK, Canad) aponta para blocos com geometria mais simples, com
menos septos e larguras limitadas. Os furos so em geral atravessantes e a argamassagem apenas parcial.
Noutros pases como a Frana, Itlia e em parte Portugal os blocos apresentam mais septos, os orifcios so de menor
dimenso e a maior parte dos furos so no atravessantes.
Esta diferena tem a ver com a tradio construtiva dos diferentes pases.
Enquanto nos 1.os os blocos se destinam fundamentalmente a panos interiores de paredes duplas, no 2. caso constituem
frequentemente panos exteriores simples.

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Fig. 15 Blocos correntes anglo-saxnicos

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Fig. 16 Blocos correntes da Europa do Sul

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3. BLOCOS DE BETO CELULAR AUTOCLAVADO


3.1 Apresentao do Produto e Processo
Produtos do tipo silico-calcrio, obtidos em autoclave sob presso de vapor por reaco em presena de gua entre os
componentes de uma mistura de ligantes hidrulicos, cal e agregados finamente modos nos quais foi incorporado p de
alumnio destinado a criar uma multiplicidade de pequenas clulas de repartio uniforme.
A estrutura homognea e no comporta outras cavidades alm das clulas.
Os elementos so obtidos por corte a partir de grandes blocos.

Fig. 17 Esquema da produo de blocos celulares autoclavados


3.2 Elementos
Os elementos macios, paralelipipdicos:
- Maior dimenso 76 cm
- Espessura
7 cm
- Diferentes massas volmicas
- Assentamentos com juntas coladas ou argamassadas
- Paredes rebocadas com argamassa adequada

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3.3 Principais Exigncias


Caractersticas gerais:
- Aspecto
- Textura superficial .......
Caractersticas geomtricas:
- Tolerncias para juntas coladas e argamassadas diferenciadas
Caractersticas fsicas:
- Massa volmica nominal aparente limites de variao classes 400 a 800 Kg/m3
- Resistncia caracterstica compresso
- Resistncia em traco por flexo
- Estabilidade dimensional
- Absoro de gua por capilaridade

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4. ARGAMASSAS DE ASSENTAMENTO
4.1 Introduo
Embora a argamassa tenha, no volume da parede, um peso aparente reduzido, a sua influncia no desempenho da parede
bastante superior. Em termos estticos confere cor e textura alvenaria. Em termos funcionais aglutina os elementos,
garante a estanquidade ao ar e humidade e liga-se a outros constituintes e componentes. Em termos construtivos e
mecnicos a resistncia condicionante como a trabalhabilidade e a resistncia dos elementos.

4.2 Propriedades das Argamassas


Neste sculo o cimento portland tornou-se o principal constituinte das argamassas bem como do beto. No entanto os
princpios usados para produzir betes resistentes e durveis no so aplicveis s argamassas.
No beto a propriedade fsica mais importante a resistncia compresso. Nas argamassas a resistncia compresso
apenas uma de vrias propriedades importantes (aderncia e durabilidade).
Estas qualidades das argamassas so influenciadas por 3 conjuntos de diferentes propriedades que se interagem:
propriedades da argamassa plstica (trabalhabilidade, reteno de gua, consistncia inicial e consistncia aps
suco)
propriedades da argamassa endurecida (aderncia, durabilidade, variaes dimensionais e resistncia
compresso)
propriedades argamassa/unidades

4.2.1. Trabalhabilidade
A trabalhabilidade influencia a maior parte das outras propriedades e no s a facilidade de execuo. A
trabalhabilidade no facilmente quantificvel, pois no h testes que permitam a sua determinao.
A trabalhabilidade uma propriedade complexa que depende da aderncia, coeso, densidade, espalhamento,
plasticidade e viscosidade.
De uma forma genrica areias bem graduadas e arredondadas, incluso de cal, ar e aumento da gua de amassadura
melhoram a trabalhabilidade.
a cal melhora a plasticidade e aumenta a capacidade de reteno de gua;
o ar introduzido funciona como lubrificante embora reduza a resistncia mecnica;
As variaes nas unidades e nas condies ambientais afectam a trabalhabilidade e consistncia da argamassa.
elementos mais pesados requerem argamassas mais densas para evitar assentamentos ou fuga da
argamassa pelas juntas;
A trabalhabilidade em geral facilmente reconhecida pelo pedreiro e difcil de especifica.
Os ensaios normalmente previstos sobre as argamassas frescas do indicaes importantes quanto trabalhabilidade:
consistncia
capacidade de reteno de gua

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4.2.2. Consistncia
Conforme a pasta de ligante envolve os gros de areia distinguem-se 3 consistncias:
seca a pasta preenche apenas os vazios e os gros fazem um contacto entre si argamassas
speras;
plstica a pelcula de pasta molha a superfcie dos gros, garantindo boa aderncia,
lubrificao e boa trabalhabilidade;
fluda os gros esto submersos na pasta, sem coeso, argamassas segregveis e com baixa
resistncia ao deslizamento.
As argamassas adequadas ao assentamento de alvenarias so as plsticas. Os factores influentes so:

relao areia/ligante
relao ligante/areia
granulometria da areia
natureza e finura do ligante

A consistncia em geral estabelecida pelo pedreiro e vai-se reduzindo ao longo do tempo por evaporao, devendo ser
corrigida pelo pedreiro, desde que no se tenha iniciado a hidratao (aproximadamente at 2.00h). Mtodos de avaliao
da consistncia:
sonda de vicat (ASTM C780) profundidade de penetrao da agulha expressa em mm;
ensaio de espalhamento (ASTM C109) amostra tronco-cnica sujeita a movimentos adiar
induzidor por uma mesa durante um certo intervalo de tempo. No fim mede-se o aumento de
dimetro relativamente ao inicial.
importante ter presente que a consistncia inicial da argamassa reduz-se aps a colocao sobre os elementos para
alvenaria por suco destes.

4.2.3. Capacidade de reteno de gua


A capacidade de reteno de gua avalia a facilidade com que a argamassa perde parte da sua gua de amassadura
quando em contacto com um material absorvente e mesmo por evaporao.
Argamassas com boa capacidade de reteno de gua devero manter a sua consistncia plstica durante o tempo
necessrio ao assentamento.
Unidades muito absorventes devero ser pr-humedecidas, mas os de origem cimentcia (blocos de beto) no devero
humedecidos, devendo ser a prpria argamassa que resiste a essa suco.
Convm que as unidades no flutuem na argamassa, no caso de argamassas com boa reteno de gua e unidades pouco
absorventes, nem o inverso.
A avaliao da reteno de gua pode ser efectuada medindo a consistncia por espalhamento inicial e aps contacto com
a superfcie absorvente. Existe um ensaio (ASTM C91) que consiste no seguinte:
sujeitar uma argamassa com consistncia inicial de 110 5% a uma depresso de 51 3 mm de
mercrio durante 60 segundos medindo-se no fim a consistncia aps suco que no dever ser
inferior a 75%, de acordo com especificao das normas ASTM.
Como j se referiu a reteno de gua melhora com a dosagem de cal, aumento do teor em ar, utilizao de areias finas,
adjuvantes e ligantes adequados.

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Fig. 18 Aspecto da suco de humidade da argamassa pelas unidades


4.2.4. Aderncia
A aderncia da argamassa uma propriedade que inclui:
extenso da rea de contacto unidade/argamassa;
aderncia argamassa/unidades.
A aderncia pode ser avaliada por ensaios de traco ou flexo. A unidade dever apresentar irregularidades e uma
absoro que garantam uma aderncia suficiente.
A aderncia depende bastante da ligao mecnica dos cristais de cimento hidratado nos poros da superfcie das unidades.
Absoro excessiva prejudica a hidratao.
Condies de cura hmidas aps construo melhoram a aderncia. A textura superficial tambm importante. Gros
britados e as superfcies cortadas asseguram melhores ligaes mecnicas do que superfcies moldadas ou extrudidas.
Em condies idnticas a aderncia cresce com o aumento da resistncia compresso.

Fig. 19 Ampliao de uma junta com ilustrao da aderncia


O assentamento decisivo na aderncia. O preenchimento total da junta assegura um contacto total e reduz a penetrao
potencial de gua. O movimento das unidades aps assentamento prejudica muito a aderncia.
A determinao experimental difcil. O simples levantamento de um elemento assente permite verificar se a argamassa
aderiu a toda a superfcie, sem bolhas de ar ou reas no aderentes.

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4.2.5. Resistncia compresso


a caracterstica da argamassa endurecida mais fcil de determinar e de maior reprodutibilidade, sendo por isso a mais
usada quer para a identificao da argamassa, quer para o seu controlo de qualidade e classificao para utilizao
estrutural. No entanto a sua influncia na resistncia compresso da alvenaria relativamente modesta. Por outro lado
como o crescimento da resistncia prejudica em geral outros aspectos como a consistncia e a aderncia, com frequncia
prejudica-se aquela a estas caractersticas.
De forma simplificada a resistncia da argamassa aumenta com a quantidade e resistncia do cimento e diminui com o
aumento da dosagem de cal, de gua e ar introduzido. Areias finas em excesso reduzem tambm a resistncia. Ao contrrio
dos betes no possvel melhorar a resistncia das argamassas por reduo da gua o que comprometeria a
trabalhabilidade. Nas argamassas so correntes razes gua/ligante superiores a 1.
A caracterizao das argamassas feita por ensaios em prismas 40x40x160 previamente ensaiadas flexo (ensaiam-se
as metades) ou pequenos cubos de 70 ou 100 mm de aresta. Aps desmoldagem a cura efectuada em ambiente saturado
ou por imerso. vulgar ensaiar aos 7 e 28 dias.

4.2.6. Variaes dimensionais


As variaes dimensionais podem resultar da cura, ciclos de humedecimento e secagem, variaes dimensionais e
constituintes expansivos. Em algumas situaes estas variaes podem ser significativas.
Argamassas ricas podem ter retraces significativas se tiverem grandes contedos de gua e estiverem sujeitas a ciclos
alternados secagem/embebio. Compostos qumicos chegam a provocar a desintegrao da alvenaria.

4.2.7 Durabilidade
Durabilidade um indicador de resistncia aos agentes climatricos e ao envelhecimento, particularmente aos ciclos gelodegelo.
A resistncia compresso um bom indicador da durabilidade. No entanto muitos outros factores condicionam a
durabilidade como sejam a concepo da parede, a qualidade de execuo, etc.
Um bom comportamento aos ciclos gelo-degelo conseguido pela incluso de cal, introdutores de ar e boas aderncias.
4.3 Tipos de argamassas e constituintes
4.3.1 Tipos de Argamassa
Os construtores egpcios, 2700 anos A.C. usavam argamassas em alvenarias, como mistura de gesso cozido e areia, na
construo das pirmides. Os construtores gregos e romanos usavam argamassas de gesso, cal e materiais vulcnicos,
mas apenas no sec. XIX se generalizavam as argamassas de cimento portland.
Tradicionalmente as argamassas so uma mistura de ligantes, um ou mais, com areia e gua com adio de eventuais
adjuvantes. Em certos locais da Terra, sobretudo em zonas ridas ou com falta de cal so usadas argilas como
argamassas. A argila precisa de ser protegida da gua.
corrente designar as argamassas pelos ligantes que entram na sua composio:
argamassas de cal area;
argamassas de cal hidrulica;
argamassas de cimento;
argamassas de cimento e cal ou bastardo.

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As argamassas de cal area j no so utilizadas, salvo eventualmente em trabalhos de reabilitao As argamassas so


tambm designadas pela forma de fabrico:
argamassas preparadas em obra;
argamassas prontas:
pr-doseadas;
prontas.
As argamassas prontas apresentam uma maior regularidade de caractersticas.
4.3.2 Constituintes
4.3.2.1. Cal area
Cal area apagada resulta da extino da cal area viva.Esta obtida da cozedura de calcrios quase puro.A extino pode
conduzir obteno de cal em pasta ou em p.
A cal area apagada em p designa-se por cal hidratada e fornecida em sacos anlogos ao cimento.
O endurecimento da cal area faz-se apenas ao ar, por combinao com o dixido de carbono
Ca (OH)2 + Co2 Co3 Ca
uma reaco muito lenta, desenvolvendo resistncia muito baixas, sendo muito sensvel ao gelo e s atmosferas
agressivas. A existncia de gros de cal viva pode provocar expanses prejudiciais.
Quadro 22 Caractersticas exigidas cal hidratada para utilizao em argamassas segundo diversas normas.

Difere da cal do tipo normal pela sua melhor plasticidade e capacidade de reteno da gua e pelo menor teor de
xidos no hidratados.

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Hoje em dia a cal area usada conjuntamente com o cimento. Diferentes normas especificam exigncias para a cal
hidratada a aplicar em argamassas. So aspectos importantes o avanado estado de carbonatao ou a extino
incompleta da cal.

4.3.2.2. Cal hidrulica


A cal hidrulica resulta da reaco da cal viva com gua obtida da cozedura at 1200 1500 C de calcrios com teor de
argila entre 5 e 20%. Estes calcrios, contendo mais argila, originam a formao de xido de clcio livre, silicatos e
aluminatos o que torna o ligante hidrulico.A hidraulicidade da cal depende da proporo de argila no calcrio.
ndice de hidraulicidade CaO (Sio2+Al2O2) nas cais hidrulicas varia de 10 a 2. O cimento apresenta ndice inferior a 2.
A cal hidrulica tem maior resistncia mecnica e menor tempo de presa, mantendo boas caractersticas de plasticidade e
de reteno de gua. As cais hidrulicas podem ser naturais ou artificiais. As artificiais resultam da adio ao cimento
portland de fleres calcrios.
As resistncias classificam-se normalmente em classes de 30, 60 e 100 MPa.

4.3.2.3. Cimentos
Tradicionalmente o material mais adequado para alvenaria o cimento Portland normal de baixa resistncia.
Muitos pases desenvolveram cimento para alvenarias obtidos por adio ao cimento portland de materiais potencialmente
activos introdutores de ar, plastificantes muito finos hidraulicamente inerte ou no (cr calcrios modos, silicas, escrias,
pozolanas, etc.) no devendo exceder 35% ou 25% em massa conforme possuam ou no propriedades hidrulicas.
As exigncias da normalizao destes cimentos BS 5224, ASTM C91 e NFP 15 307 so normalmente: finura,
expansibilidade, incio e fim de presa, reteno de gua, teor em ar, espalhamento e resistncia compresso.
Classificam-se em geral por classes de resistncia compresso mnimas aos 28 dias16 e 25 MPa.
Estes cimentos so usados como ligante nico na constituio das argamassas, substituindo as argamassas bastardas.

4.3.2.4 Areia
As exigncias relativas s areias para alvenaria so genericamente as mesmas das areias para betes.
So aspectos importantes os gros serem arredondados, granulometria bem graduada, quantidade limitada de elementos
finos e ausncia de substncias prejudiciais. A dimenso mxima do gro deve estar limitada entre 1/3 e 1/2 da espessura
das juntas sem exceder 5 mm. Diferente normalizao apresenta fusos granulomtricos limites que devem ser respeitadas
pelas areias.
O teor em partculas finas deve estar tambm limitado (ensaio de equivalente de areia avalia a quantidade de partculas
inferiores a 75 m) a 15%.
As composies so normalmente referidas a areias secas atendendo ao empolamento provocado pela gua, tanto mais
notrio quanto as areias so finas.
Uma parcela das areias podem ser agregados leves.

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Fig. 20 Limites granulomtricos para a areia natural a utilizar em argamassa de assentamento de alvenaria, segundo as
normas BS 1200 e ASTM C144.

Fig. 21 Curvas de empolamento das areias


Devido a esta caracterstica de empolamento da areia com o teor em gua usual referirem-se os traos de argamassa
areia seca, havendo que, no caso de se utilizarem areias hmidas, fazer a necessria correco do volume de areia a
introduzir.

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4.4 Composio das argamassas


4.4.1 Aspectos gerais
A argamassa em obra habitualmente fabricada a partir de medies volumtricas. Os traos so assim volumtricas, mas
como as areias apresentam caractersticas granulomtricas a sua proporo indicada sob a forma dum intervalo, sendo o
limite superior correspondente a areias bem graduadas e com reduzida percentagem de finos.

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5. REVESTIMENTOS
5.1 Revestimentos de Paramentos Exteriores
5.1.1 Classificao
5.1.1.2 Revestimentos de Estanquidade
(Garantem por si s a estanquidade gua exigvel ao conjunto tosco-revestimento)

5.1.1.2.1 Revestimento por elementos descontnuos de reduzida dimenso facial

5.1.1.2.2 Revestimentos por elementos descontnuos de grandes dimenses faciais

5.1.1.2.3. Revestimentos por elementos descontnuos de pedra natural


(distinguir sistemas de estanquidade de revestimentos decorativos)

fixao por agrafos e pontos de argamassa

fixao por gatos resistentes

fixao sobre estrutura intermdia

5.1.1.2.4 Revestimentos de ligantes hidrulicos armados e independentes

(com caixa de ar entre a parede e o revestimento armado, fixao parede por intermdio de uma estrutura, a armadura
metlica fixada pontualmente a esta estrutura)

5.1.1.2.5 Revestimento de ligantes sintticos armados com rede de fibra de vidro (revestimento delgado (esp. 0,7 mm)
de ligantes sintticos, elsticos, com interposio entre as demos de fibra de vidro)

5.1.1.3 Revestimento de Impermeabilizao


(conforme o complemento de impermeabilidade gua necessrio para que o conjunto parede-revestimento seja
estanque)

5.1.1.3.1 Tradicionais de ligantes hidrulicos


Realizados com argamassas doseados e preparados em obra em duas ou trs camadas-crespido ou chapiso,
camada de base ou emboo, camada de acabamento ou reboco.

5.1.1.3.2 No tradicionais de ligantes hidrulicos


Realizados com produtos pr-doseados, (cimento, cal, areia e adjuvantes) argamassas prontas a aplicar com
retardador de presa, alguns destinados execuo de revestimentos em camada nica, habitualmente
aplicados por projeco, com vrios tipos de acabamento.

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5.1.1.4 Revestimentos de Isolamento Trmico pelo Exterior

5.1.1.4.1 Espesso sobre isolante


Em geral constitudo por um isolante colado ao suporte e um revestimento (normalmente no tradicional) de
ligantes hidrulicos com rede metlica.

5.1.1.4.2 Delgado sobre isolante


Em geral constitudo por um isolante colado ao suporte um revestimento delgado de ligante misto armado com
rede flexvel de fibra de vidro e um revestimento de acabamento de ligante orgnico (resina, cimento, cargas e
adjuvantes) delgado estes sistemas requerem vrios acessrios.

5.1.1.4.3 Argamassas de ligantes hidrulicos com agregados de material isolante


Revestimentos em camadas em que a base tem caractersticas isolantes

5.1.1.4.4 Sistemas de isolamento trmico por elementos descontnuos prfabricados (vtures)


Dispensam a existncia de estrutura de fixao intermdia e podem ser de dimenso varivel

5.1.1.4.5 Sistemas de isolamento trmico projectado in situ


Projeco de poliuretano
5.1.1.5 Revestimentos de Acabamento ou Decorativos

5.1.1.5.1 Camadas de revestimentos de ligantes hidrulicos


(Relevos tipo carapinha, tirols, etc. ...)

5.1.1.5.2 Delgados de massa plsticas


Massas plsticas (resinas em disperso aquosa) com cargas e pigmentos aplicados com espessura de 1 a 3
mm, diferem das tintas pelas cargas maiores e no uniformes e pela maior espessura

5.1.1.5.3 Delgados de ligantes mistos


Coexistem ligantes hidrulicos e sintticos, podem ser amassados com gua ou resina ou ser adicionado
cimento a uma pasta. A espessura de 2 a 5 mm, podem ser armados com rede de fibra

5.1.1.5.4 Elementos descontnuos


Diferem dos de estanquidade por no haver caixa de ar entre o revestimento e o suporte. Os elementos so
ladrilhos, mosaicos ou placas. As juntas no so estanques.
A aplicao pode ser por colagem (tradicional, argamassa-cola ou outros) ou fixao mecnica

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MATERIAIS PARA ALVENARIA- Tecnologias de produo, exigncias e caractersticas

5.2. Revestimentos de Paramentos Interiores


5.2.1 Revestimentos de Regularizao
5.2.1.1 De ligantes hidrulicos
tradicionais
no tradicionais

5.2.1.2 De argamassa de cal apagada

5.2.1.3 Com base em gesso


gesso e areia tradicional para aplicao manual
gesso e areia para aplicao mecnica com gessos muito finos
esboos de gesso, cal apagada e areia
pastas de gesso
gesso e inertes leves
pr-doseadas em fbrica para aplicao manual ou mecnica

5.2.1.4 De ligantes sintticos


Disperses de resinas sintticas, cargas e adjuvantes

5.2.1.5 Elementos descontnuos independentes

5.2.2 Revestimentos de Acabamento


So do mesmo tipo dos referidos em 5.2.1, mas com caractersticas de acabamento

5.2.3 Revestimentos Resistentes Aco da gua


Cermicos azulejos, ladrilhos, de grs ou semi-grs e ladrilhos de barro vermelho esmaltado
Vidro opaco
De pedra
Epoxidicos
Ligantes sintticos envernizados ou esmaltados

5.2.4 Revestimentos Decorativos


Em rolo
Rede fibra de vidro pintada

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5.3 Exigncias Funcionais dos Revestimentos de Paredes ( ver publicao LNEC)


5.4 Aspectos Fundamentais do Comportamento dos Rebocos
5.4.1 Funo do Reboco regularizao
acabamento
proteco do tosco da parede
impermeabilizao das paredes (no caso das externas)

5.4.2 Aspectos Fundamentais


Trabalhabilidade (evitar o aumento do teor em finos ou de ligante, prefervel introduzir cal ou plastificantes)
Resistncia fendilhao
depende da retraco e da relao mdulo de elasticidade / resistncia traco
depende da aderncia ao suporte
depende do poder de retraco da gua
Impermeabilizao em zona no fendilhada
capacidade de resistir penetrao da gua do exterior
permitir a eliminao rpida de gua em excesso por secagem
permeabilidade
capilaridade
Permeabilidade ao vapor de gua
Aderncia ao suporte
Resistncia aos choques
Compatibilidade com os suportes
Aspecto esttico
Durabilidade

5.5 Fendilhao de Rebocos


5.5.1 Classificao da Fendilhao
Aspecto e abertura
Microfendas < 0,2mm
Fendas mdias 0,2 a 2 mm
Fracturas ou grandes fendas > 2 mm

5.5.2 Causas
Atribuveis ao reboco
Retraco diferencial
Retraco restringida

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deficiente adaptao ao suporte


gelo
Concepo e aplicao
misturas cimento gesso (sal de Candlot)
concentrao de tenses
corroso de elementos metlicos
Suporte
deslocamentos do suporte
reaces com sais do suporte
Reboco e suporte
comportamento diferencial
absoro excessiva do suporte
variaes dimensionais diferenciais reboco / suporte
retraco do suporte

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HIPLITO DE SOUSA

CONSTRUES EM ALVENARIA
CAPTULO VII
COMPORTAMENTO MECNICO SOB ACES
VERTICAIS

FEUP 2002

PRELIMINAR (VERSO 2)

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

COMPORTAMENTO MECNICO SOB ACES VERTICAIS

NDICE

4.1 - INTRODUO
4.2 - PARTICULARIDADES DAS ALVENARIAS COMO MATERIAL ESTRUTURAL
4.3 - MODELOS DE COMPORTAMENTO DAS ALVENARIAS SOB CARGAS VERTICAIS
4.3.1 - Generalidades
4.3.2 - Sntese dos modelos clssicos de comportamento das alvenarias
4.3.3 - Modelos simplificados de comportamento
4.3.4 - Modelos contemplados em documentos de carcter regulamentar
4.3.5 - Modelos numricos
4.4 - PRINCIPAIS FACTORES CONDICIONANTES DO COMPORTAMENTO DAS ALVENARIAS SUJEITAS A
ACES VERTICAIS
4.4.1 - Generalidades
4.4.2 - Resistncia compresso dos elementos
4.4.3 - Geometria interna e dimenses dos elementos
4.4.4 - Resistncia e caractersticas da argamassa
4.4.5 - Juntas de assentamento
4.4.6 - Aparelho de assentamento e qualidade de execuo

COMPORTAMENTO MECNICO SOB ACES VERTICAIS

1 - INTRODUO
So objectivos deste Captulo discutir o comportamento mecnico das alvenarias sob aces verticais, com destaque para
as alvenarias realizadas a partir de blocos de beto de inertes leves com furao vertical.
Discutem-se as singularidades das alvenarias como material estrutural, apresentando-se de forma sumria os mecanismos
de funcionamento das alvenarias sujeitas a cargas verticais e os critrios que se conhecem para efectuar o seu
dimensionamento. Destacam-se os critrios constantes de documentos de carcter regulamentar, visando a verificao de
estabilidade das alvenarias estruturais . Refere - se a possibilidade de aplicao de mtodos numricos a este domnio.
Por ltimo discute-se a influncia dos principais parmetros condicionantes do comportamento mecnico das alvenarias,
recorrendo a resultados de ensaios e simulaes numricas. Os parmetros considerados so a resistncia compresso
dos elementos, caractersticas da argamassa de assentamento, geometria interna e dimenses dos elementos, juntas de
assentamento e aspectos associados ao aparelho e qualidade de execuo.

2 - PARTICULARIDADES DAS ALVENARIAS COMO MATERIAL ESTRUTURAL


As alvenarias constituem provavelmente a soluo estrutural mais antiga na realizao de edifcios, associando-se a esta
soluo um riqussimo esplio arquitectnico. No entanto a sua realizao baseou-se durante milhares de anos na tradio
construtiva regional, alicerada num processo emprico progressivamente apurado ao longo dos sculos.
Com algum atraso relativamente a outras solues estruturais, os critrios modernos de dimensionamento procuraram
estender-se tambm s alvenarias.
So inmeros os testemunhos que se podem referir a nvel internacional do crescente interesse suscitado pelas alvenarias
como material estrutural. Apenas com carcter ilustrativo, refere-se :

Principais entidades desenvolvendo actividade no domnio das alvenarias:

Comisso Tcnica do CIB - International Council for Building Research Studies and Documentation :
- W 23 - Load Bearing Walls ;

Comisses Tcnicas do CEN - European Committee for Standardization :


- TC125 - Masonry
- TC250 - Structural Eurocodes

Comisso Tcnica da ISO - International Organization for Standardization :


- TC179 - Masonry Structures;

British Masonry Society na Gr-Bretanha;

Masonry Society nos EUA.

Principais encontros no domnio das alvenarias com periodicidade regular :

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

International Brick and Block Masonry Conference (IBMaC) com 9 edies;


North American Masonry Conference com 6 edies;
International Symposium on Computer Methods in Structural Masonry com 3 edies.
A actividade de investigao no domnio das alvenarias tem contribudo para a produo de mltiplos documentos de
carcter normativo, a que se far referncia detalhada mais frente.
No entanto, a tentativa de produzir materiais estruturais para alvenarias com boas caractersticas mecnicas, bem como
desenvolver mtodos eficazes de dimensionamento enfrenta algumas dificuldades. Com efeito, e contrariamente a outros
materiais estruturais ou solues construtivas, para as quais o estabelecimento de valores tericos das suas caractersticas
resistentes pode ser efectuado de forma relativamente fcil e com uma incerteza satisfatria, no caso das alvenarias este
objectivo muito mais delicado pelas razes que seguidamente se enumeram.
a) A soluo
A alvenaria em si prpria um elemento construtivo composto, constitudo no mnimo pelos elementos e pela argamassa,
podendo ainda incorporar outros constituintes, como por exemplo armaduras horizontais ou verticais, no caso das
alvenarias armadas, ou beto de enchimento de forma a melhorar as suas caractersticas resistentes.
b) Os constituintes
Os elementos para alvenaria, para alm de poderem ser realizados a partir de matrias-primas ou materiais muito diversos (
argilas, beto normal ou leve, pedras naturais, etc.), apresentam geometrias exteriores e interiores muito variadas,
frequentemente de carcter local, assentes nas tradies construtivas de cada regio.
Por outro lado a produo dos elementos para alvenaria pode ser conseguida com nveis de industrializao muito diversos,
desde produes de carcter marcadamente artesanal, at produes muito industrializadas. Estes aspectos do origem a
uma gama muito ampla das caractersticas dos produtos.
Quanto ao outro constituinte fundamental das alvenarias - a argamassa de assentamento - pode apresentar mltiplas
composies. A espessura e configurao das juntas horizontais e verticais, em estreita articulao com os elementos, tm
uma influncia significativa, mas difcil de esclarecer.
Podero enumerar-se ao nvel dos constituintes os seguintes parmetros condicionantes do comportamento mecnico das
alvenarias:

Elemento :
- resistncias traco e compresso em regime uniaxial ou multiaxial;
- mdulo de elasticidade, coeficiente de Poisson e fluncia;
- rugosidade;
- absoro de gua;
- resistncia aos agentes qumicos;
- variaes dimensionais;
- massa, geometria e furao;

Argamassa :
- resistncia compresso e comportamento em regime multiaxial;
- mdulo de elasticidade, coeficiente de Poisson e fluncia;
- aderncia;
- trabalhabilidade, plasticidade e capacidade de reteno de gua.

c) A execuo
Os aspectos de carcter tecnolgico associados qualidade de execuo das alvenarias so tambm importantes para o
seu comportamento mecnico. No entanto os factores intervenientes no assentamento das paredes so inmeros e a sua
influncia difcil de evidenciar, tornando muito difcil qualquer tentativa de uniformizao.
d) A experimentao e o clculo
A determinao das caractersticas resistentes dos elementos isolados pe problemas acrescidos relativamente aos outros
materiais estruturais correntes. Referem-se como exemplos, a dificuldade em obter provetes de dimenses normalizadas, a
necessidade de proceder regularizao das faces dos provetes nos ensaios mecnicos, a grande sensibilidade dos
elementos s condies de fabrico e conservao, a anisotropia da generalidade dos elementos e a dificuldade de
instrumentar os provetes devido geometria dos elementos.
A considerao dos efeitos combinados, por exemplo entre elementos e argamassa, complexa e difcil de parametrizar,
podendo conduzir a que os fenmenos que condicionam a rotura possam ser diferentes dos observados nos produtos
isolados.
A comparao entre modelos de comportamento e resultados experimentais delicada porque, para alm das dificuldades
na realizao das caracterizaes experimentais, a generalidade dos resultados apresenta disperses importantes e, ainda,
porque muitos procedimentos experimentais tm, por diversas razes, carcter convencional.

3 - MODELOS DE COMPORTAMENTO DAS ALVENARIAS SOB CARGAS VERTICAIS


3.1 - Generalidades
A concepo de estruturas recorrendo a alvenarias resistentes passa sobretudo pelo conhecimento da sua resistncia sob
aco de cargas verticais.
A determinao experimental desta resistncia trabalhosa e cara, devido prpria dimenso dos provetes, s precaues
a ter em conta na execuo, instrumentao complexa e ainda disperso importante dos resultados. Por outro lado, a
possibilidade de a partir dos resultados experimentais formular concluses muito gerais deve ser cuidada, atendendo s
grandes disparidades entre as caractersticas dos diferentes elementos e s singularidades j referidas das alvenarias como
material estrutural. A alternativa de determinao da resistncia pelo clculo assim de interesse evidente.

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

objectivo deste ponto, apresentar de forma sumria a sntese dos mecanismos de funcionamento das alvenarias sob
cargas verticais e os critrios que se conhecem, sobretudo os adoptados pelos regulamentos de alvenaria estrutural, para a
verificao da estabilidade das mesmas.
Discute-se de forma mas detalhada o comportamento mecnico das alvenarias resistentes de blocos de beto de inertes
leves com furao vertical.
3.2 - Sntese dos modelos clssicos de comportamento das alvenarias
Como j foi referido, embora sob um ponto de vista histrico as alvenarias sempre tenham tido uma utilizao estrutural
importante, a tentativa de explicar o seu comportamento mecnico bastante recente. Descrevem-se de seguida os
critrios de comportamento mais divulgados.
a) Modelo de formulao prprio da mecnica do contnuo
A abordagem mais simplificada consiste na suposio de um modelo de comportamento em que a alvenaria uma
associao de elementos e argamassas com propriedades mdias, admitindo comportamento elstico e isotrpico [89]. Esta
formulao simplista, mas comum no estudo de outros problemas de Engenharia.
O tratamento analtico do problema anlogo ao adoptado noutros problemas de Engenharia Civil, devendo respeitar-se as
condies de equilbrio e a lei constitutiva tpica do material em apreo, cuja determinao se baseia em resultados
experimentais. O comportamento dos materiais apresenta uma complexidade notvel que a lei constitutiva dever traduzir,
devendo no entanto esta complexidade ser ponderada pela necessria simplicidade das aplicaes em Engenharia.
Em primeira aproximao, o comportamento da alvenaria pode admitir-se elstico, o que razovel para carregamento
moderado em fase no fissurada.
O estabelecimento de critrios de rotura que permitam a anlise no linear em fase fissurada poder seguir os critrios
correntemente adoptados em problemas mecnicos ( Coulomb, Mohr, etc.), ou outros ajustados ao domnio das alvenarias
[90]. Os critrios de rotura a usar para o estudo de alvenarias devero ter em conta a anisotropia.
b) Modelo de HILSDORF
A 1 tentativa que se conhece de explicar o mecanismo de rotura de uma alvenaria - de tijolos macios - em funo das
diferentes deformabilidades dos dois principais constituintes - argamassa e tijolo - devida a HILSDORF e remonta a 1969 .
Observando o mecanismo de rotura de provetes de alvenaria, HILSDORF concluiu que sob aco de uma compresso
simples a parede deforma-se no s no seu plano, mas tambm no plano perpendicular, gerando-se tenses horizontais de
compresso na argamassa e tenses horizontais de traco no elemento, devido maior deformabilidade da argamassa, fig
1.

Fig 1 - Representao esquemtica das tenses nos elementos e na argamassa,


numa alvenaria submetida compresso simples, em que a argamassa mais
deformvel que os elementos
O estado de tenso triaxial que se desenvolve na argamassa explica os factos das tenses de rotura da alvenaria poderem
ultrapassar a resistncia compresso uniaxial da argamassa, bem como da resistncia compresso simples do elemento
para alvenaria poder no se correlacionar com a resistncia do elemento na parede.
c) Modelo de formulao em duas fases
A regularidade do aparelho da alvenaria sugere a utilizao de um modelo em que a alvenaria assimilada a um material
com duas fases, consistindo em elementos elsticos assentes numa matriz de argamassa com comportamento no elstico
[92,93] fig 2. A rotura ocorre de acordo com uma lei constitutiva. As juntas de argamassa tm boa resistncia compresso,
reduzida resistncia traco e resistncia ao corte funo do aparelho e da compresso instalada. Esta formulao tem
analogias em problemas de mecnica das rochas.

Fig. 2 - Ilustrao do modelo em duas fases

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

3.3 - Modelos simplificados de comportamento


Procurando ter em conta a especificidade dos elementos para alvenaria utilizados em Frana, mas tambm na Europa do
Sul, com uma estrutura interna muito alveolada, o CSTB desenvolveu recentemente um modelo simplificado de clculo, para
explicar de forma aproximada o comportamento das alvenarias sob aco de cargas verticais. Este documento surge
tambm como reaco a alguma inadequao do Eurocdigo 6 - EC6 -Estruturas de Alvenaria - para traduzir, atravs de
modelos fiveis, o comportamento das alvenarias, particularmente das realizadas com os materiais correntes na Europa do
Sul.
A formulao apresentada simplificada, mas representativa da realidade.
Tendo em conta o comportamento rotura das alvenarias distingue 3 grupos:
- alvenarias de elementos macios ou equiparveis;
- alvenarias de elementos de furao vertical;
- alvenarias de elementos de furao horizontal.
O modelo proposto relaciona a resistncia mdia compresso da alvenaria - f - ,com a resistncia mdia normalizada
compresso dos elementos constituintes - fb - e com a resistncia mdia compresso da argamassa - fm.
Convm ter presente que os valores obtidos experimentalmente, fb e f , no so intrnsecos ao material, pois tm sempre um
carcter convencional associado s tcnicas de ensaio. No caso das alvenarias tm influncia, entre outros, o modo e
velocidade de carregamento, as caractersticas dos materiais usados na rectificao, a humidade dos produtos e o efeito de
cintagem dos pratos da prensa.
Admitindo comportamento elstico e linear e por consideraes de deformabilidade global do elemento deduzem-se as
seguintes expresses gerais:
a) Elementos macios

f = fb

Sr

Sb

tu
e E
tu + b
hu E m

(4.1)

Sr
= ( tu e) / tu
Sb
em que :
Sr - Seco resistente do elemento

(4.2)

Sb - Seco aparente do elemento


e - Espessura da junta horizontal
hu - Altura do elemento
tu - Espessura do elemento
Eb - Mdulo de elasticidade do elemento
Em - Mdulo de elasticidade da argamassa
No caso dos elementos macios o coeficiente corrector Sr / Sb traduz a reduo efectiva da largura da junta, devido sua
degradao prximo dos bordos do elemento, de acordo com (4.2).
A configurao de rotura funo da espessura da junta e da resistncia da argamassa, podendo corresponder ao
esmagamento do material do elemento, no caso de juntas delgadas realizadas com argamassas resistentes, ou ao
esmagamento da argamassa e/ou fissurao do elemento em torno dum ncleo central, no caso de juntas espessas
realizadas com argamassas pouco resistentes.
b) Elementos de furao vertical

f = fb

Sr

Sn

tu
e E S
1
tu + b b
hu E m S n R1

(4.3)

em que :
Sn - Seco efectiva do elemento, correspondente seco aparente deduzida dos vazios
R1 - Factor adimensional que traduz a esbelteza dos septos (R1 1)
os restantes smbolos tm o significado j referido em (4.1) e (4.2).
No caso dos elementos de furao vertical a rotura pode ocorrer por punoamento da argamassa das juntas produzido
pelos septos, ou por esmagamento do material constituinte dos septos.
Nestes elementos de furao vertical, a seco resistente - Sr - deve ser entendida como a seco efectiva comum a duas
fiadas consecutivas, ou seja, a seco correspondente aos septos longitudinais, pois, devido ao aparelho aleatrio de
assentamento, no h garantia de sobreposio dos septos transversais.
A incluso do parmetro Sb / Sn resultou dum estudo de correlao com resultados de ensaios.
O parmetro R1 procura acautelar a possibilidade de ocorrer rotura por encurvadura de septos muito esbeltos de elementos
para alvenaria. Esta considerao pode revelar-se relevante no caso de blocos de grande altura.
c) Elementos de furao horizontal

10

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

f = fb

Sr

Sn

tu
e E S
1
tu + b b
hu E m S n R2

(4.4)

R2 - factor adimensional que traduz a esbelteza dos septos (R2 1)


os restantes smbolos tm o significado j referido em (4.1), (4.2) e (4.3).
No caso destes elementos, normalmente cermicos, a rotura ocorre por encurvadura local dos septos verticais, aps
fissurao dos septos horizontais que funcionam como rigidificadores.
A principal vantagem deste modelo simplificado, resulta do facto da simples anlise das expresses permitir retirar
concluses que concordam normalmente com as observadas nas caracterizaes experimentais:
- a resistncia da alvenaria - f - nunca superior resistncia do elemento - fb ;
- a resistncia da alvenaria - f - cresce com a reduo da espessura das juntas horizontais -e ;
- a resistncia da alvenaria - f - cresce com o aumento da rigidez da argamassa - Em ;
- no caso dos elementos de furao vertical, por exemplo os blocos de beto, a percentagem de furao produz
uma reduo da resistncia superior relao entre a seco efectiva e a seco bruta.
3.4 - Modelos contemplados em documentos de carcter regulamentar
Em Portugal nunca existiu um regulamento estrutural para alvenarias. Existem referncias a disposies construtivas, por
forma a assegurar a segurana estrutural das construes em alvenaria, no Regulamento Geral das Edificaes Urbanas RGEU e no Regulamento de Segurana das Construes Contra os Sismos - RSCCS. Esta abordagem antiquada e no
dispe de qualquer modelo que a suporte.
Merece destaque um planeamento de estudos visando a regulamentao e normalizao de construes de alvenaria,
elaborado por TRIGO em 1983.
Situao diversa ocorre nos principais pases da Europa e da Amrica do Norte, onde existem documentos de carcter
regulamentar relativos utilizao estrutural das alvenarias.
Apresenta-se no Quadro 1 uma sntese dos documentos de carcter normativo / regulamentar aplicveis a alvenarias em
vigor em diversos pases, embora nos pases membros da Unio Europeia o Eurocdigo 6 possa vir a substituir, a prazo, os
regulamentos nacionais, pelo que alguns desses pases no tm procedido a revises dos seus regulamentos.

Quadro 1 - Sntese de documentos de carcter normativo relativos ao clculo de alvenarias

PAS

DOCUMENTO E

SNTESE

REF.AS

ALEMANHA

A regulamentao est dividida em 4 partes:


DIN 1053 - Part 1

1 Parte - Dimensionamento , disposies construtivas e execuo dos trabalhos de

1974

alvenarias resistentes ou no.


Aplica-se a todo o tipo de materiais para alvenaria.
Resulta da sntese e duma longa evoluo de regras prticas (a 1 edio remonta a 1930).
Dimensionamento

por tenses de segurana a partir das tenses admissveis nas

diferentes alvenarias (funo do elemento, da argamassa e da situao da parede).


Apresenta exigncias relativas s argamassas.
Existem normas de caractersticas dos elementos, ensaio e mecanismos de certificao.
2 Parte - Dimensionamento de alvenarias a partir de resultados de ensaios sobre os
elementos e as argamassas, ou, em alternativa, sobre provetes de parede.
DIN 1053 - Part 2

Aplica-se aos mesmos materiais da 1 Parte.

1984

Dimensionamento por estados limites.


3 Parte -Dimensionamento e disposies construtivas de alvenarias armadas. Existe
apenas sob a forma de draft.
4 Parte - Dimensionamento, disposies construtivas e execuo dos trabalhos de painis
pr-fabricados tendo por base elementos cermicos.

DIN 1053 - Part 4

Dimensionamento por tenses de segurana.

1987
AUSTRLIA

AS 3700 - 1988

Dimensionamento, disposies construtivas e execuo dos trabalhos de alvenarias.


Aplica-se a todos os tipos de alvenarias e materiais para alvenaria.
Dimensionamento por estados limites.
A resistncia da alvenaria pode ser obtida a partir da resistncia dos elementos e da
argamassa, ou a partir de ensaios sobre provetes de parede.
Existem normas de caractersticas e ensaio dos elementos.

BLGICA

NBN B24 -301

Dimensionamento e concepo de estruturas de alvenaria.

1980

Aplica-se a alvenarias correntes realizadas com elementos cermicos e em beto.


Dimensionamento por estados limites.
A resistncia da alvenaria pode ser obtida a partir da resistncia dos elementos e da
argamassa, ou a partir de ensaios sobre provetes de parede.
Existem normas de caractersticas e ensaio dos elementos e normas de ensaio dos

12

NBN B24 - 401

muretes de alvenaria.

1981

A norma NBN B24 -401 respeita execuo das alvenarias.

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

Quadro 4.1 (cont.) - Sntese de documentos de carcter normativo relativos ao clculo de alvenarias
EUA

ACI 530 - 92

Dimensionamento e concepo de estruturas de alvenaria.


Aplica-se a todos os tipos de alvenarias e materiais para alvenaria.
Dimensionamento por tenses de segurana de alvenarias correntes e armadas.
Contempla regras de dimensionamento expedito emprico, para edifcios em determinadas
condies.
Contm disposies relativas a alvenarias armadas.
Apresenta requisitos para alvenarias em zonas ssmicas.

ACI 530.1 -92

O ACI 530.1-92 apresenta exigncias dos materiais e da execuo das estruturas em


alvenaria.

FRANA

DTU 20.1

Disposies construtivas e execuo dos trabalhos de alvenarias.

1985

Aplica-se a alvenarias correntes, realizadas com qualquer material para alvenaria.


Comporta um anexo com regras simplificadas de dimensionamento estrutural por tenses
de segurana a partir das tenses admissveis pelas diferentes alvenarias .
Os produtos esto enquadrados por normas contendo exigncias e tcnicas de ensaio,
existindo mecanismos de certificao assegurando a conformidade com as normas.

GR-

BS 5628: Part 1

A regulamentao est dividida em 3 partes:

BRETANHA

1978

1 Parte - Dimensionamento e concepo de estruturas correntes de alvenaria.


Aplica-se a todo o tipo de materiais para alvenaria.
Dimensionamento por estados limites.
A resistncia da alvenaria pode ser obtida a partir da resistncia dos elementos e da
argamassa, ou a partir de ensaios sobre provetes de parede.
Existem normas de caractersticas e ensaio dos elementos

BS 5628: Part 2
1985 [110]

2 Parte - Dimensionamento e concepo de estruturas de alvenaria armada.


Aplica-se a todo o tipo de materiais para alvenaria.
Critrios de dimensionamento anlogos aos da 1 Parte.

ITLIA

BS 5628: Part 3

3 Parte - Recomendaes gerais para o projecto, disposies construtivas e execuo dos

1985

trabalhos de todo o tipo de alvenarias.

D.M 24/1/86

Concepo e dimensionamento de estruturas de edifcios em alvenaria.

[111]

Aplica-se a alvenarias correntes, realizadas com qualquer tipo de elementos.

D.M 9/1/87

Dimensionamento por estados limites.


A resistncia da alvenaria pode ser obtida a partir da resistncia dos elementos e da
argamassa, ou a partir de ensaios sobre provetes de parede.
Existem normas de caractersticas e ensaio dos elementos.
Dispe ainda de um regulamento relativo s construes em zonas ssmicas, contendo
disposies que devem ser respeitadas pelas alvenarias.

SUA

SIA V177/2

Dimensionamento e concepo de estruturas correntes de alvenaria.

1989

Aplica-se a elementos cermicos e em beto.


Dimensionamento por estados limites.
A resistncia da alvenaria obtida a partir das propriedades dos materiais, por definio
dum critrio de rotura, diagrama no linear momento-curvatura, e por um mdulo de
elasticidade e de distoro.

Como se sabe esto em preparao no CEN normas europeias e Eurocdigos abrangendo, entre outras matrias e
solues construtivas, as alvenarias. Este corpo normativo ir vigorar em grande parte dos pases da Europa Ocidental.
No mbito do CEN/TC 125 - Masonry , esto em preparao normas relativas aos diferentes produtos para alvenarias elementos, argamassas e componentes auxiliares - bem como normas de ensaio dos mesmos e das prprias alvenarias.
No mbito do CEN/TC 250 - Structural Eurocodes e com repercusses no domnio das alvenarias, foram j aprovados,
como normas provisrias, o Eurocdigo 6 - EC6 - Estruturas de Alvenaria - Parte 1.1, e o Eurocdigo 8 - EC8 - Estruturas
em Zonas Ssmicas - que abrange tambm as estruturas de alvenarias.
O Eurocdigo 6 surge na linha de um documento anterior do CIB - W23, intitulado International Recommendations for
Design and Erection of Unreinforced and Reinforced Masonry Structures with an Appendix on Recommendations for Seismic
Design of Unreinforced, Confined and Reinforced Masonry Structures, de 1987.
O EC6, Parte 1.1 , aplica-se a alvenarias correntes, armadas, pr-esforadas e confinadas, estando organizado da seguinte
forma:
- generalidades;
- concepo de alvenarias;
- materiais;
- dimensionamento das alvenarias;
- disposies relativas a elementos estruturais;
- execuo dos trabalhos;
- diversos anexos de carcter normativo ou apenas informativo.
A metodologia

de quantificao das aces e do estabelecimento das resistncias de clculo comum a todos os

Eurocdigos e baseia-se nos princpios de verificao de segurana aos estados limites.


Sintetizam-se no Quadro .2 as caractersticas dos materiais constituintes das alvenarias segundo o EC6.

14

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

Quadro 2 - Alvenaria estrutural. Caractersticas dos materiais constituintes das alvenarias segundo EC6

CLASSIFICAO

CARACTERSTICAS

ELEMENTOS

ORIGEM

TIPOS

- Cermicos - (pr EN 771-1 [116] )


- Slico-Calcrios- (pr EN 771-2 [117] )
- Beto de inertes correntes ou leves * - (pr EN 771-3
[118] )
- Beto celular autoclavado - ( pr EN 771-4 [119] )
- Pedra artificial - (pr EN 771-5 [120] )
- Pedra natural - (pr EN 771-6 [121] )

CONTROLO

- I - disperso da resistncia mecnica inferior a limite

CATEGORIA

DE QUALIDADE

(reflecte-se

nos

coeficientes

NA PRODUO

parciais de segurana relativos

estabelecido.
- II - no satisfaz condies categoria I.

aos elementos)

QUANTO

GRUPO

GEOMETRIA
E FURAO

- 1 - Depresses ou furao vertical 25 % . Dimenses


dos septos limitadas inferiormente e dimenses dos
alvolos limitadas superiormente.
- 2A - Furao vertical > 25 % e 45 %. Dimenses dos
septos limitadas inferiormente
- 2B - Furao vertical > 45 % e 55 % . Dimenses dos
septos limitadas inferiormente
- 3 - Furao horizontal 70 % . Dimenses dos septos
limitadas inferiormente e dimenses dos alvolos
limitadas superiormente.

PROPRIEDADES **

- Resistncia compresso normalizada (fb) 2 MPa


(tcnica pr EN 772-1 1993 [122], resistncia convertida
para as condies de seco ao ar e factor de forma
normalizado).
- Durabilidade - referncia qualitativa

* - Exigncias abordadas de forma detalhada no Captulo 5


** - Exigncias complementares no EC8

Quadro 2 (cont.) - Alvenaria estrutural. Caractersticas dos materiais constituintes das alvenarias segundo EC6

ARGAMASSA

APLICAO

TIPOS

pr EN 998-2 [123] :
- Argamassa convencional - inertes correntes, juntas
correntes com espessura > 3 mm
- Argamassa-cola - juntas delgadas 3mm
- Argamassa leve - inertes leves, massa volmica da
argamassa < 1500 kg/m

PROPRIEDADES **

- Resistncia compresso mdia (fm) ( tcnica EN


1015-11 [124] ) :

Alvenaria corrente, argamassa convencional 1


MPa (classe M1);

Alvenaria armada e pr-esforada, argamassa


convencional 5 MPa (classe M5);

Alvenaria com juntas delgadas, argamassa-cola


5 MPa (classe M5);

Alvenaria assente com argamassa leve 5 MPa


(classe M5);

- Durabilidade - referncia qualitativa


- Aderncia - Em argamassas convencionais sem
adjuvantes est assegurada. Noutras condies
avaliao atravs de ensaios.

BETO COMPLEMENTAR
Sem interesse para o objectivo deste trabalho
ARMADURAS
Sem interesse para o objectivo deste trabalho
** - Exigncias complementares no EC 8

Sintetizam-se no Quadro 4.3 as formas de determinao da resistncia caracterstica compresso da alvenaria estrutural
corrente segundo o EC6.

16

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

Quadro 4.3 - Resistncia caracterstica compresso - fk - da alvenaria estrutural corrente segundo EC 6

SITUAO

QUANTIFICAO

DETERMINAO ATRAVS DE ENSAIOS ***

DETERMINAO ATRAVS DE RELAES EMPRICAS ENTRE RESISTNCIA DOS ELEMENTOS E

Segundo pr EN 1052-1 [125]

ARGAMASSA****
- Alvenaria corrente realizada com argamassa
convencional

- fk = K fb

0.65

fm 0.25 ( MPa )

(4.5)

- fm min (20 MPa, fb)


K - coeficiente que depende do grupo do elemento e da existncia ou no de
uma junta longitudinal de argamassa

ao longo da parede (valores

preconizados entre 0.40 a 0.60)


E = 1000 fk

(4.6)

- Alvenaria corrente realizada com argamassa-

- fk = K fb 0. 0.65 fm 25 ( MPa )

cola

- fb 50 MPa

(4.5)

- fm min (20 MPa, fb)


K - coeficiente que depende do grupo do elemento ( valores preconizados
entre 0.50 a 0.70)
Interdito em elementos do Grupo 3
Tolerncias dimensionais dos elementos compatveis com juntas delgadas
E = 1000 fk

- Alvenaria corrente realizada com argamassa

- fk = K fb 0.65

leve

- fb 15 MPa

(4.6)
(MPa)

(4.7)

K - coeficiente varivel com a massa volmica da argamassa e com o


material constituinte do elemento (valores preconizados entre 0.55 e 0.80 )
S possvel com elementos do Grupo 1
E = 1000 fk

(4.6)

- Alvenaria corrente realizada com juntas

Utilizadas as expresses ( 4.5 a 4.7) j referidas.

verticais no preenchidas

A influncia deste tipo de assentamento repercute-se na resistncia ao corte


que deve ser determinada de forma diferente das alvenarias com juntas
verticais preenchidas.

- Alvenaria corrente realizada com juntas

- S possvel nos Grupos de elementos 1,2A e 2B.

horizontais descontnuas

- A resistncia em geral determinada da mesma forma, mas a resistncia


do elemento - fb - deve ser obtida por aplicao da fora apenas atravs das
reas destinadas a serem argamassadas.

**** - fb - resistncia mdia normalizada compresso dos elementos;


- fm - resistncia mdia compresso da argamassa;
- E - mdulo de elasticidade secante

A determinao da referida resistncia atravs de ensaios ser apresentada de forma mais desenvolvida no Captulo 7.
Quanto determinao da resistncia compresso atravs de relaes empricas entre resistncias dos elementos e da
argamassa convm referir que tais relaes resultam do tratamento estatstico duma compilao de trabalhos experimentais
desenvolvidos sobretudo na Europa do Norte, particularmente na Alemanha. As expresses propostas tm merecido alguma
contestao pelas seguintes razes :
- resultam de ensaios realizados sobretudo com elementos cermicos, cujas geometrias apresentam reduzida
percentagem de furao;
- os referidos elementos apresentam resistncias mecnicas relativamente elevadas;
- as argamassas utilizadas apresentam resistncias moderadas;
- as condies referidas so diferentes das correntemente usadas na Europa do Sul.
Com carcter ilustrativo apresenta-se na fig. 3 o conjunto de resultados relativos a uma argamassa de assentamento com
resistncia compresso de 5 MPa , usados para estabelecer a correlao do EC6.
f (MPa)
k

10.0
9.0
8.0
7.0
6.0
5.0
4.0
3.0
2.0
- elementos macios
- elementos perfurados

1.0
0.0
5

10

15

20

25

30
fb (MPa)

Fig. 3 - Resistncia caracterstica compresso das alvenarias (fk ), versus resistncia normalizada dos elementos (fb ), para
uma argamassa com resistncia compresso de 5 MPa
3.5 - Modelos numricos
Conforme tem vindo a ser referido, no se dispe ainda de um modelo analtico que consiga traduzir com toda a
generalidade a influncia dos mltiplos factores que condicionam a resistncia compresso das alvenarias. A generalidade
dos regulamentos adopta correlaes empricas entre a resistncia da alvenaria compresso e a resistncia
compresso dos elementos e da argamassa.
18

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

Uma via alternativa bastante usada tem sido a determinao da resistncia compresso atravs do ensaio de provetes de
alvenaria de 3 ou 4 fiadas muretes, dado que estes provetes incluem o efeito do elemento, da argamassa de
assentamento e das condies de execuo. Esta via coloca no entanto alguns problemas associados sobretudo aos
requisitos das mquinas de ensaio, manuseio dos provetes e custo.
Como ir ser discutido de forma mais detalhada no Captulo 6, a proliferao, nos ltimos anos, dos computadores pessoais
e estaes de trabalho, tem conduzido ao desenvolvimento de tcnicas avanadas de anlise numrica. Actualmente o
mtodo dos elementos finitos atingiu um elevado grau de sofisticao, permitindo a anlise de qualquer geometria arbitrria
sob as mais diversas condies de carga.
Bastantes investigadores tm vindo a utilizar a modelao terica por recurso tcnica dos elementos finitos para estudar o
comportamento das alvenarias. Este mtodo permite avaliar a influncia dos diversos parmetros que condicionam o
comportamento mecnico das alvenarias.
Os primeiros estudos do comportamento das alvenarias, atravs do recurso a modelao pelo mtodo dos elementos
finitos, foram desenvolvidos para tijolos macios, admitindo em geral comportamento linear, elstico e isotrpico e aderncia
perfeita entre os elementos e a argamassa. No caso do estudo de problemas de compresso simples ou biaxial foram
adoptados modelos bidimensionais. As hipteses adoptadas nos primeiros trabalhos so pouco realistas. O 1 estudo que
se conhece com uma abordagem mais cuidada foi conduzido por PAGE e remonta aos anos 70 [131], respeitando a
alvenarias de tijolos macios carregados no seu plano. Os tijolos so assimilados a elementos rectangulares com
propriedades isotrpicas e elsticas. As juntas so assimiladas a elementos de junta com comportamento no linear,
integrando os fenmenos de descolamento, escorregamento e atrito.
Conhecem-se trabalhos desenvolvidos com dois nveis de discretizao - micromodelao e macromodelao.
A 1 hiptese - micromodelao - corresponde traduo em termos de modelo, da estrutura real da alvenaria, assumindo
uma discretizao coincidente com a subdiviso em elementos e juntas de argamassa. Relativamente ao elemento, a no linearidade e a considerao da fissurao podem ser tidos em conta, modificando as relaes constitutivas atravs dum
processo incremental. Relativamente s juntas de argamassa, a discretizao deve ser cuidada dado ser nestas que, se
inicia a propagao das fissuras. H autores que adoptam elementos de junta ou, outros modelos,, procurando traduzir
todos os fenmenos que a ocorrem. A discretizao atravs de micromodelao obriga a uma discretizao fina, com uma
malha tanto mais apertada quanto mais complexa for a geometria dos elementos, no sendo em geral possvel discretizar
situaes reais de paredes, sem o recurso a meios muito potentes de clculo. Esta via assim adoptada sobretudo na
investigao mais pormenorizada do comportamento das alvenarias. Sempre que os elementos apresentam geometrias
complexas, a simulao deve ser efectuada a 3D.
A 2 hiptese - macromodelao - corresponde assimilao da alvenaria a um meio contnuo homogneo, discretizado
atravs de elementos finitos, cuja malha no respeita a diviso entre elementos e juntas. A lei constitutiva adoptada deve
representar o comportamento conjunto da alvenaria, implicando em geral algumas simplificaes. Esta tcnica revela-se
mais adequada para o estudo de paredes reais sob diversas condies de carga.

4 - PRINCIPAIS FACTORES CONDICIONANTES DO COMPORTAMENTO DAS ALVENARIAS SUJEITAS A ACES


VERTICAIS
4.1- Generalidades
Pretende-se discutir a influncia dos principais factores condicionantes do comportamento mecnico das alvenarias sujeitas
a aces verticais, com destaque para as alvenarias base de blocos de beto, preferencialmente de inertes leves. Para o
efeito recorre-se a resultados de ensaios e de simulaes numricas a que se teve acesso.
A informao disponvel foi obtida em condies muito diferentes. Os provetes de parede foram realizados de forma diversa
e as tcnicas de ensaio, que condicionam bastante os resultados, no so coincidentes. Os resultados sendo provenientes
de diferentes pases, resultam do recurso a elementos e argamassas muito variadas. Assim, embora se possam formular
concluses relativamente gerais, as comparaes, particularmente quantitativas, devero ser cautelosas.
Os principais factores que parece condicionarem o comportamento mecnico das alvenarias e que iro ser discutidas com
mais detalhe so:
- resistncia compresso dos elementos;
- geometria interna e dimenses do elemento;
- resistncia e caractersticas da argamassa;
- juntas de assentamento;
- aparelho de assentamento;
- qualidade de execuo.
4.2 - Resistncia compresso dos elementos
A resistncia compresso dos elementos que constituem a alvenaria provavelmente o factor que mais condiciona o
comportamento mecnico das alvenarias.
a) Obteno da resistncia compresso dos elementos
Como se sabe, e ao contrrio de outros materiais estruturais, como o ao e o beto por exemplo, em que a obteno das
suas caractersticas mecnicas efectuada segundo tcnicas de ensaio praticamente universais, no domnio dos elementos
para alvenaria habitual adoptar procedimentos convencionais de ensaio bastante diversificados.
Assim, as tcnicas de ensaio para determinao da resistncia compresso dos elementos para alvenaria apresentam
diferenas sensveis nas diferentes normalizaes, variando mesmo frequentemente no mesmo pas com a constituio dos
elementos ( cermica, beto, etc.). Mesmo a normalizao em preparao no CEN relativa a tcnicas de ensaio visando a
uniformizao a nvel europeu, embora adopte a mesma metodologia para diferentes tipos de elementos, permite dois tipos
diferentes de regularizao dos elementos: desgaste por via hmida ou regularizao com argamassa de cimento e areia ao
trao 1:1 ( em volume ).
Como no h a garantia de que estes procedimentos convencionais no influenciam as caractersticas mecnicas, diversos
investigadores tm-se debruado sobre este assunto, procurando esclarecer a influncia dos diversos factores no
comportamento dos elementos quando ensaiados compresso.
20

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

Os aspectos mais convencionais nas tcnicas de ensaio so a forma de rectificao das faces dos blocos em contacto com
os pratos da mquina, e as condies de humidade dos provetes na altura de ensaio.
Quanto rectificao das faces dos provetes, podem ser adoptados diferentes procedimentos:
regularizao com pasta de cimento;
regularizao com argamassa de cimento e areia;
regularizao com pasta de enxofre;
desgaste mecnico;
interposio de placas de diferentes tipos de materiais compressveis (carto, aglomerados de madeira e
materiais elastmeros).
Um estudo levado a cabo no CSTB, visando a caracterizao da resistncia compresso de alvenarias realizadas com
blocos de beto de diversas provenincias, rectificados com pasta de cimento, pasta de enxofre e argamassa de cimento e
areia, permitiu concluir que :
a regularizao com pasta de enxofre conduz a tenses mdias de rotura mais elevadas, enquanto a
regularizao com argamassa de cimento e areia conduz a tenses mdias de rotura mais baixas;
se bem que variando com o tipo de bloco, as diferenas obtidas com diferentes tcnicas de regularizao so
da ordem dos 25%.
Esta variao dos valores da resistncia mecnica com o tipo de material usado na rectificao, deve-se,
fundamentalmente, s diferentes caractersticas de deformao lateral destes materiais, conduzindo normalmente os
materiais menos deformveis transversalmente a roturas para tenses de compresso mais elevadas. Este efeito est
tambm associado rigidez dos pratos da mquina, situao alis que no exclusiva das alvenarias.
Relativamente s condies de conservao, os elementos so normalmente ensaiados secos ao ar ou saturados.
A normalizao em preparao no CEN preconiza que a tenso de rotura dos blocos de beto secos, para efeitos de
clculo, seja obtida multiplicando por 1.2 os valores correspondentes a ensaios realizados com blocos saturados.
Coeficientes de correlao entre a resistncia de blocos de beto secos e saturados prximos de 1.2 so referidos noutros
trabalhos.
Um outro parmetro, cuja influncia nos resultados dos ensaios de compresso dos blocos no pode ser negligenciada, a
relao altura / espessura dos provetes, designada factor de forma.
Com efeito, e em analogia com o que se passa por exemplo nos betes, os pratos da prensa exercem sobre os provetes um
constrangimento que produz tenses adicionais na vizinhana dos pratos - efeito de cintagem. Existem dispositivos de
ensaio que permitem atenuar este efeito, mas a sua aplicao no prtica em ensaios correntes. De forma a ter em conta
este efeito e permitir uniformizar resistncias compresso de elementos com diferentes relaes altura / espessura,
diversa normalizao relativa a estruturas de alvenarias preconiza a adopo de coeficientes de correco que corrigem as
tenses de rotura resultantes do ensaio, transformando-as em tenses de rotura para clculo.

Essas correces apresentam valores superiores unidade para elementos esbeltos e valores inferiores unidade para
elementos com baixa relao altura / espessura.No caso da normalizao CEN as dimenses do elemento de referncia
so 100 mm para a altura e espessura, ou 150 mm para a altura e 200 mm para a espessura, transcrevendo-se no Quadro
4 as correces a adoptar segundo o mesmo documento.
Quadro 4 - Factor corrector multiplicativo - -, a aplicar resistncia compresso dos elementos, para obteno da
resistncia normalizada

Factor de forma

ALTURA

Espessura mnima do elemento


(mm)
50

100

150

200

250

50

0.85

0.75

0.70

65

0.95

0.85

0.75

0.70

0.65

100

1.15

1.00

0.90

0.80

0.75

150

1.30

1.20

1.10

1.00

0.95

200

1.45

1.35

1.25

1.15

1.10

250

1.55

1.45

1.35

1.25

1.15

(mm)

Chama-se a ateno para o facto da prpria forma de calcular a tenso de rotura compresso no ser tambm uniforme
na diferente normalizao. Existem diferenas na seco do bloco a considerar e no carcter da tenso, mdia ou
caracterstica. Sintetiza-se no Quadro 5 um resumo da seco de clculo e forma de expresso da tenso, constante de
alguma normalizao de referncia.
Quadro 5 - Aspectos relativos determinao da resistncia compresso de blocos de beto - fb
FORMA DE EXPRESSO
NORMA

N DE ELEMENTOS

SECO DE CLCULO DA

DA TENSO DE ROTURA

(1)

TENSO DE ROTURA

- fb (2)

- Juntas Contnuas -Seco aparente


FRANA

NF P 14-304

- Juntas Descontnuas - Seco

Valor caracterstico.

comum ao bloco e argamassa das


juntas

GR-BRETANHA

10

Seco aparente

BS 6073
EUA

Seco aparente ou seco mdia

ASTM C140

efectiva de beto

Valor mdio

10
CEN
pr EN 772-1

ou

Seco aparente

Valor mdio

6 (se coef. var. 15%)

(1) - Para efeitos de ensaios de recepo


(2) - A resistncia compresso dos elementos para alvenaria fb , no afectada de coeficientes correctores associados
forma dos elementos, ao contrrio da resistncia normalizada - fb
22

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

b) Influncia da resistncia compresso dos elementos na resistncia compresso da alvenaria


A resistncia compresso das alvenarias muito condicionada pela resistncia compresso dos elementos que a
constituem. Essa importncia est patente no facto da generalidade dos modelos de comportamento das alvenarias fazerem
depender a resistncia compresso da alvenaria da resistncia dos elementos. No entanto a relao entre as duas
grandezas varia sensivelmente com a geometria do elemento, orientao e percentagem de furao.
Relativamente a alvenarias realizadas com blocos de beto de inertes leves de argila expandida, no se conhecem
resultados de ensaios. Dispe-se no entanto de resultados estrangeiros relativos a blocos de beto de inertes normais, com
geometrias prximas das correntes em Portugal e de resultados dum trabalho de Tese efectuado no LNEC com blocos
correntes em Portugal .
Uma primeira constatao, corroborada alis pelas expresses do modelo simplificado de Delmotte et al e mesmo pelas
expresses do Eurocdigo 6 [96], o facto da resistncia da alvenaria compresso ser sempre inferior resistncia dos
blocos que a constituem. Essa resistncia cresce medida que melhora a resistncia da argamassa de assentamento,
embora tendendo assimptoticamente para um valor inferior a fb (situado aproximadamente entre 0.7 e 0.9 fb para os blocos
de beto). Salienta-se no entanto que essa tendncia pode no ser to ntida no caso de alvenarias realizadas com blocos
de reduzida resistncia. A fig. 4 adaptada de Hurez , procura explicitar a influncia mtua entre as resistncias
compresso da alvenaria do bloco e da argamassa.
fk
fb
1,0

0,5

fm
fb

Fig. 4 - Relao entre as resistncias compresso da alvenaria ( fk ) e da argamassa ( fm ),


expressas relativamente resistncia do bloco ( fb )
Uma segunda constatao tem a ver com o mecanismo de rotura da alvenaria de blocos de beto que est muito
dependente da resistncia e deformabilidade dos elementos e da argamassa.
Para resistncias da argamassa de assentamento claramente inferiores resistncia do elemento, a rotura ocorre por
punoamento da argamassa de assentamento. medida que a resistncia da argamassa de assentamento vai
aumentando, a rotura passa a ser comandada pelas tenses de traco perpendiculares fora de compresso, suscitadas
pelo impedimento livre deformao da argamassa das juntas (vd. fig. 1). Para argamassas de assentamento muito
resistentes, a rotura passa a ocorrer por esmagamento do material constituinte dos blocos.

Convm ter presente que para resistncias moderadas da argamassa, o mecanismo de rotura da alvenaria diferente do
mecanismo de rotura do bloco quando ensaiado isolado.
4.3 - Geometria interna e dimenses dos elementos
No se conhecem muitos estudos relativos influncia da geometria interna e dimenses dos elementos e os que se
conhecem no so facilmente extrapolveis para as geometrias correntes em Portugal, j que so provenientes dos Estados
Unidos e Canad. Como se sabe nesses pases e tambm na Gr-Bretanha, a geometria dos blocos de beto mais
simples, caracterizada em geral pela existncia de 2 septos longitudinais exteriores, travados por septos transversais que
definem um nmero limitado de furos. Normalmente os furos atravessam todo o bloco e as larguras mximas no
ultrapassam os 200 mm.
Noutros pases da Europa, com os quais Portugal tem mais afinidades, a geometria comporta um maior nmero de furos,
dispostos em vrias fiadas, limitadas por septos longitudinais interiores e exteriores. Por outro lado, normalmente, os blocos
dispem total ou parcialmente dum fundo cego para colocao da argamassa. Dado que estes elementos so em alguns
casos usados em parede simples, a sua espessura pode ultrapassar os 200 mm e os betes usados na sua composio
so normalmente menos resistentes, mas mais isolantes, que os seus homlogos da Amrica do Norte.
a) Percentagem de furao
Um primeiro indicador que reflecte parcialmente a influncia da geometria interna do elemento a percentagem de furao.
Este indicador usado na normalizao como base para a classificao dos elementos para alvenaria, sendo em geral a
resistncia compresso da alvenaria maior, para a mesma composio do elemento, medida que a percentagem de
furao dos elementos que a constituem for menor. Directa ou indirectamente as diferentes normalizaes limitam a
percentagem de furao, sendo em geral esses limites inferiores, quando a alvenaria tm funes estruturais. No entanto a
percentagem de furao por si s poder no ser suficiente para explicitar toda a influncia da geometria. Com efeito,
facilmente perceptvel que alvenarias realizadas com blocos com a mesma constituio e percentagem de furao podero
ter desempenhos mecnicos diferentes, em funo dos seguintes aspectos:
- espessura mnima dos septos, por forma a que os mesmos no rompam por encurvadura;
- desenvolvimento mnimo de septos nas duas direces, por forma a travar convenientemente os septos
dispostos ortogonalmente e a absorver os esforos de traco provocados pela argamassa das juntas;
- forma como se sobrepem os septos dos blocos das diferentes fiadas, se evidente que os septos
longitudinais se sobrepem sempre, a no sobreposio dos septos transversais pode provocar esforos
tangenciais importantes ;
- no caso de blocos assentes com juntas descontnuas, rentabilizao da seco segundo a qual se faz a
transmisso das cargas, de forma a maximizar a relao dessa seco comparativamente seco total do
bloco.
b) Dimenses dos elementos
Quanto s dimenses do elemento, o comprimento e a largura parecem no ser relevantes para a mesma percentagem de
furao. Relativamente altura, a esbelteza do elemento condiciona a sua resistncia, devendo efectuar-se as correces
par as dimenses normalizadas, de acordo com o Quadro 4 . O aumento da altura do elemento, traduzido por uma reduo
da densidade de juntas, ser em geral favorvel do ponto de vista mecnico.
24

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

4.4 - Resistncia e caractersticas da argamassa


O tipo de argamassa usada na realizao das juntas de assentamento condiciona diversos aspectos do desempenho das
paredes, conforme j foi discutido. A importncia desta influncia acentua-se actualmente, na medida em que as aces de
optimizao das alvenarias passam normalmente pelos mtodos de assentamento e configurao das juntas.
Sob um ponto de vista exclusivamente mecnico, as juntas de argamassa desempenham as seguintes funes:
- atenuam os pontos duros de contacto entre as superfcies, reduzindo a concentrao de tenses e permitindo
parede adaptar-se s deformaes;
- permitem corrigir, fiada a fiada, a horizontalidade e verticalidade da parede;
- contribuem durante a construo para a auto-estabilidade da parede.
Em Portugal predominam ainda as argamassas feitas em obra e com composies pouco variadas. Noutros pases vulgar
a utilizao de argamassas prontas ou pr-doseadas. Nestes casos existe um leque mais alargado de escolha,
compreendendo argamassas para juntas correntes (10 a 12 mm), com inertes normais ou leves e argamassas para juntas
delgadas (1.5 a 3 mm). A composio destas argamassas, que inclui normalmente adjuvantes, habitualmente estabelecida
de acordo com a resistncia e deformabilidade pretendida.
Na avaliao dos condicionalismos ao comportamento mecnico da alvenaria associados s caractersticas mecnicas das
argamassas, sobressai como dificuldade a constatao de que tais caractersticas, determinadas a partir dos ensaios
correntemente usados (meios prismas obtidos do ensaio de flexo), tm fraca correlao com a resistncia efectiva da junta
de argamassa na alvenaria.
Diferentes autores referem esta limitao chegando mesmo a sugerir tcnicas de ensaio alternativas, em que se extraem
provetes de argamassa de juntas de assentamento ou se deduz indirectamente o comportamento da junta a partir de
ensaios de provetes realizados com tijolos macios e juntas de argamassa .
Embora se reconhea esta realidade, por facilidade continua-se a adoptar estes provetes porque se reconhece a diminuta
influncia da resistncia compresso da argamassa no comportamento da alvenaria. Esta concluso pode ser inferida
pelas expresses j referidas do modelo simplificado e do EC6, bem como por inmeros trabalhos de carcter experimental
e de simulao numrica que se conhecem.
A resistncia da argamassa na alvenaria condicionada por um conjunto de parmetros que se procuram sintetizar na fig.
5.
A influncia desses parmetros a seguinte:
- Quantidade de gua - relacionando-se com a consistncia e a trabalhabilidade da argamassa, o seu correcto
estabelecimento passa pelo conhecimento da capacidade de reteno de gua que se consegue obter
(dependente das caractersticas dos inertes disponveis e adjuvantes eventualmente utilizados), e pela
capacidade de absoro de gua dos elementos e o seu estado de humedecimento.
- Capacidade de absoro de gua dos elementos - ligada porosidade e dimenso dos poros, determina a
capacidade de absoro de gua pelos elementos a partir da argamassa e o tempo que a mesma ir durar.

Elementos com elevada capacidade de absoro devero ser molhados, a menos que a argamassa tenha
uma boa capacidade de reteno de gua.

COMPOSIO DA ARGAMASSA

INERTES
- Tipo
- Dosagem
- Granulometria
- Forma das
partculas

ADJUVANTES
- Tipo
- Dosagem
- Efeito

QUANTIDADE
DE
GUA

CAPACIDADE DE
RETENO DE GUA

CAPACIDADE DE
ABSORO DE GUA
DOS ELEMENTOS
- Porosidade e dimenso
dos poros
- Teor de humidade no
assentamento

LIGANTES
- Tipo
- Dosagem
- Finura

ADITIVOS
- Tipo
- Dosagem
- Efeito

ENDURECIMENTO DA
ARGAMASSA

ASSENTAMENTO E CURA
RESISTNCIA
COMPRESSO DA
ARGAMASSA NA
ALVENARIA E SEU
CRESCIMENTO NO
TEMPO

- Compacidade da junta
- Espessura da junta
- Temperatura e humidade
- Molhagem dos blocos

Fig 4.5 - Condicionantes da resistncia compresso da argamassa na alvenaria [143]

- Capacidade de reteno de gua pela argamassa - muito importante sobretudo quando os elementos so
muito absorventes (pode ser melhorada aumentando a dosagem de partculas finas e / ou atravs de
adjuvantes).
- Condies ambientais - a argamassa nos primeiros dias dever ser protegida dado que, sobretudo no exterior,
pode sofrer por condies atmosfricas perda de gua necessria sua cura.
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ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

Entre ns, e no trabalho de Tese j referido realizado no LNEC [136], o emprego de uma argamassa com resistncia dupla
de outra conduziu a um aumento da resistncia da alvenaria que no ultrapassou 10%. Esta ordem de grandeza concorda
com os valores constantes das referncias j citadas.
Quanto possibilidade de utilizar argamassa de inertes leves na realizao das alvenarias, a sua influncia na resistncia
final da alvenaria semelhante da argamassa realizada com inertes correntes. No entanto, e dada a maior
deformabilidade deste tipo de argamassas, alvenarias realizadas com argamassa de inertes leves apresentam menores
resistncias que alvenarias realizadas com os mesmos elementos ( tijolos macios ) e com argamassas de inertes correntes
de igual resistncia [147]. Esta diferena acentua-se medida que cresce a resistncia dos elementos.

4.5 - Juntas de assentamento


A influncia dos aspectos intrnsecos, associados composio e tipo de argamassa, foram discutidos em 4.4.
Pretende-se agora discutir a influncia dos seguintes aspectos, na resistncia mecnica das alvenarias:
- espessura das juntas;
- juntas horizontais contnuas / descontnuas;
- juntas verticais preenchidas / secas.
a) Espessura das juntas
As juntas constituem, sob o ponto de vista mecnico, um ponto fraco das alvenarias. O aumento da espessura das juntas
prejudica a resistncia da parede conforme tem sido verificado em inmeros estudos experimentais realizados. A ttulo de
exemplo refere-se uma caracterizao experimental efectuada por DRYSDALE, em que a duplicao da espessura das
juntas, de 9.5 mm para 19 mm, implicou uma reduo da resistncia compresso da alvenaria da ordem de 16% (ensaio
de prismas de blocos de beto correntes na Amrica do Norte).
Diversos estudos numricos apontam tambm no mesmo sentido . A anlise das expresses simplificadas de DELMOTTE
et al. , evidencia que a resistncia da alvenaria tende para a resistncia do bloco quando a espessura da junta tende para
zero.
Esta constatao tambm traduzida pelas expresses preconizadas pelo EC6, que favorecem as juntas delgadas
realizadas com argamassa - cola relativamente s juntas de espessura corrente.
b) Juntas horizontais contnuas / descontnuas
A adopo de juntas horizontais de assentamento descontnuas prejudica a resistncia a aces verticais das alvenarias,
comparativamente adopo de juntas de assentamento contnuas.
A existncia da referida descontinuidade vai solicitar os septos transversais em flexo, originando tenses de traco
mximas na face inferior dos mesmos septos, conforme se ilustra na fig. 4.6. Este efeito agravado pelo facto dos septos
disporem, por razes associadas produo, de uma ligeira inclinao.

Traco

Compresso
C

Fig 6 - Mecanismo de equilbrio e tenses nos septos transversais


Este assunto tem sido estudado por diversos autores, atravs de modelos numricos e modelos experimentais, mas em
geral com geometrias de blocos correntes na Amrica do Norte e no Gr-Bretanha.
A quantificao da importncia desta disposio, est dependente da dimenso da descontinuidade e da resistncia dos
blocos. No entanto constata-se na generalidade dos estudos, um agravamento significativo das tenses de traco
desenvolvidas na vizinhana das juntas, muito superior relao entre a seco argamassada e a seco aparente .
No caso da determinao da resistncia das alvenarias por recurso a ensaio de muretes, tratando-se de blocos com juntas
de assentamento descontnuas, a regularizao das faces em contacto com os pratos da mquina dever ser tambm
descontnua. A regularizao em contnuo conduz nestes casos a resistncias inferiores s obtidas com regularizao
descontnua, pois as condies de equilbrio impem uma maior solicitao dos septos transversais.
A regulamentao de referncia, EC6, relativamente a alvenarias realizadas com juntas descontnuas, preconiza a utilizao
das expresses adoptadas para as juntas contnuas, com a condio da resistncia do elemento ser determinada
solicitando-o de forma descontnua.
c) Juntas verticais preenchidas / secas
Conforme j foi referido, por questes de economia e produtividade h um interesse crescente na supresso total ou parcial
da argamassa das juntas verticais, sobretudo na Europa, onde os materiais para alvenarias tm larguras maiores e so
concebidos para outras funes que no exclusivamente resistentes. Os elementos concebidos para a realizao de
alvenarias com juntas total ou parcialmente secas, dispem correntemente de topos com geometria em perfis macho fmea.
A generalidade da informao disponvel relativa a alvenarias com juntas verticais secas, aponta para uma reduo pouco
significativa da resistncia a aces verticais, embora a resistncia ao corte seja mais penalizada.

28

ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

Um trabalho de Tese realizado em Frana [45], aponta para uma reduo da resistncia compresso entre 10 a 12% por
supresso total das juntas verticais. O mesmo estudo refere que a existncia de dispositivos de encaixe pode melhorar a
transmisso dos esforos de corte, em alvenarias com juntas verticais no argamassadas.
Esta orientao tambm seguida pelo EC6 que no penaliza a resistncia vertical das alvenarias por supresso da
argamassa das juntas verticais de assentamento, mas em termos de resistncia ao corte a penalizao da ordem dos
40%.
4.6 - Aparelho de assentamento e qualidade de execuo
O aparelho de assentamento tem importncia no comportamento mecnico das alvenarias. Na bibliografia de referncia
americana no h muitos estudos sobre este assunto, j que a alvenaria normalmente assente com argamassagem das
juntas longitudinais e os ensaios so realizados sobre prismas sem juntas verticais, obtidos pela simples justaposio de
vrios elementos, de acordo com o preconizado na especificao americana ASTM E 447-84 fig. 7.
Este tipo de provete, designado na terminologia norte americana por stack bond, no traduz a influncia do aparelho de
assentamento e das juntas verticais, sendo os resultados em geral superiores aos obtidos com muretes que traduzem as
condies reais de assentamento, designados na terminologia norte americana por run bond.
Esta concluso foi obtida na caracterizao experimental efectuada no LNEC e j referida, bem como em trabalhos de
simulao numrica . Neste ltimo trabalho mostra-se que a forma como os septos transversais se dispem influencia as
tenses axiais e tangenciais ao longo do provete, reduzindo-se ambas, especialmente as tenses tangenciais, caso a
geometria dos blocos possibilite uma sobreposio total dos septos entre fiadas sucessivas.

2 h/t 5

t - Espessura
do bloco

Fig 7 - Provete para ensaio de alvenaria compresso segundo ASTM E


447-84 stack bond

A qualidade de execuo tem um efeito relevante sobre o comportamento mecnico das alvenarias, mas muito difcil de
parametrizar. Os aspectos associados qualidade de execuo das juntas, traduzidos no seu correcto preenchimento,

numa boa compacidade e aderncia da argamassa aos blocos so determinantes. A correcta execuo da parede, com um
aparelho regular e sem desvios de verticalidade tambm importante.
No se conhecem muitas referncias que quantifiquem a importncia deste parmetro. Numa campanha de caracterizao
mecnica, sob aces verticais, de alvenarias de blocos realizada no CSTB na dcada de 70 , a acumulao de diferentes
tipos de defeitos construtivos (desaprumo, elementos mal assentes, etc.), conduziu a uma reduo de capacidade resistente
da parede de cerca de 50%.
Os documentos de carcter regulamentar contemplam tambm a influncia deste parmetro. No caso do EC6 a qualidade
de execuo influencia os coeficientes parciais de segurana relativos aos materiais, conforme se explicita no Quadro 4.6.
Os requisitos relativos definio da categoria associada ao controlo de qualidade na produo dos elementos, foram
sintetizados no Quadro 2.
Quadro 6 - Coeficientes parciais de segurana relativos s propriedades dos materiais, segundo EC6
Controlo de qualidade na
Controlo da qualidade de construo

produo dos elementos

CATEGORIA
CATEGORIA

1.7 *

2.2 *

2.7 *

II

2.0 *

2.5 *

3.0*

* - valores indicativos, podendo os estados membros especificar outros valores


As condies requeridas pelo EC 6 para incluso nas diferentes categorias de controlo de qualidade na construo, so:

Categoria A
- realizao por pessoal qualificado e experiente;
- inspeco regular dos trabalhos por entidade independente;
- estudo de composio da argamassa de assentamento ou conhecimento prvio da mesma, por forma a
garantir-se que a resistncia pretendida alcanada;
- ensaios regulares da argamassa;
- produo da argamassa atravs de meios mecnicos, com doseamento ponderal dos constituintes, sendo o
doseamento volumtrico permitido apenas se existirem recipientes que permitam uma medio precisa.

Categoria B
- realizao por pessoal qualificado e experiente;
- estudo de composio da argamassa de assentamento ou conhecimento prvio da mesma, por forma a
garantir-se que a resistncia pretendida alcanada;
- ensaios com periodicidade no estabelecida da argamassa de assentamento;

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ALVENARIAS -Comportamento Mecnico Sob Aces Verticais

- produo da argamassa atravs de meios mecnicos, com doseamento ponderal dos constituintes, sendo o
doseamento volumtrico permitido apenas se existirem recipientes que permitam uma medio precisa.

Categoria C
- realizao por pessoal qualificado e experiente.

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