A Utopia Social Do Conde de S. Bento
A Utopia Social Do Conde de S. Bento
A Utopia Social Do Conde de S. Bento
Conde de S. Bento
Trabalho de Pesquisa
realizado no mbito da Disciplina
Cincia Poltica
Turma 12 D/E
Docente responsvel
Jos Guilherme Abreu
ndice
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1- Introduo
5.1- Sntese,
5.2- Quadro Comparativo
6- Bibliografia
7- Anexos
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1. Introduo
1.1- Apresentao e agradecimentos:
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onando como subtemas do tema global, de tal forma que o trabalho final resultou do
concurso de todos esses subtemas, visando o esclarecimento possvel da questo inicial.
Numa primeira fase, os alunos partiram procura da informao necessria ao apuramento
dos factos, cabendo aqui dirigir uma palavra de agradecimento ao Doutor lvaro Moreira
do Museu Abade Pedrosa, pelas facilidades dadas de requiso de bibliografia especializada
e pela cedncia do restante material e informao concedida. Da mesma forma importa
agradecer ao Dr. Nuno Olaio do Centro Cultural de Vila da Aves, pelo envio de material
muito detalhado sobre o monumento/esttua de homenagem ao Conde de S. Bento, Assim
como importa agradecer tambm aos responsveis e funcionrios da Misericrida de Santo
Tirso e da Biblioteca Municipal, pelo apoio e informaes prestadas.
Sintetizando, com este trabalho pretendia-se:
1. Aplicar e desenvolver conhecimentos adquiridos no mbito do currculo de Cincia Poltica
2. Aprofundar conhecimentos sobre a Histria e a Sociedade da Comunidade
3. Integrar o estudo da Realidade Local no mbito do conhecimento da Realidade Geral
4. Familiarizar os alunos com as rotinas de investigao em Cincias Humanas
Relativamente ao formato do resultado final da pesquisa, privilegiou-se a apresentao
sucinta e sintetizada, resultante da anlise directa das fontes e do apuramento dos factos,
tendo sido pedido aos alunos para condensarem a informao obtida em tabelas, por forma
a que da anlise dessas tabelas estes poderem retirar as necessrias ilaes.
Importan no entanto dizer que o desenvolvimento deste estudo deparou-se com problemas
que contrariaram a obteno de concluses esclarecedoras, desde logo comeando pela
carncia de estudos de raiz que pudessem fornecer os dados que a sua realizao exigia,
pois a figura do Conde de S. Bento ainda no se encontra estudada pela literatura especia-
lizada com a profundidade que este trabalho requeria, uma vez que como bvio essa
investigao no pode ser realizada no mbito de estudos de nvel secundrio.
Importar aguardar que a investigao especializada investigue melhor esta curiosa figura
da filantropia social portuguesa. Uma figura que no nica, pois a mesma se enquandra
no mbito do painel de brasileiros de torna viagem que enriquecidos com os negcios do
Eldorado brasileiro, e no deixando descendncia legtima, regressam endinheirados
Ptria, onde doam em Testamento parte muito significativa dos seus bens, servindo as
Misericrdias locais de zeladores e administradores de um patrimnio que por vezes chega
a ser avultado, como sudece com o Conde de Ferreira, que de melhor (e primeiro) ir
definir os contornos identificadores da figura do afortunado brasileiro-e-benemrito
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1.2- Enquadramento curricular do tema:
Finalidades:
1. Proporcionar conhecimentos bsicos relativos a vida poltica, quer em geral, quer especificamente em Portugal
2. Potenciar o desenvolvimento de uma perspectiva crtica sobre o mundo e sobre a vida em sociedade.
Objectivos gerais
Do domnio cognitivo:
Compreender a complexidade poltica, articulando-a com a sociedade, com a economia e com a evoluo das
mentalidades.
Do domnio socioafectivo:
Desenvolver a capacidade de trabalhar em grupo e individualmente;
Assumir opinies prprias, de forma esclarecida e fundamentada;
Desenvolver as capacidades de argumentao e reflexo.
Competncias relativas ao saber fazer:
Ler e interpretar diferentes tipos de documentos relativos aos temas da disciplina;
Construir textos fundamentados e coerentes;
Utilizar tcnicas de pesquisa, de tratamento e de apresentao de informao;
Competncias relativas ao saber ser:
Colaborar de forma responsvel nas tarefas propostas;
Adoptar atitudes de tolerncia, de solidariedade, de cooperao e de no-discriminao;
Gesto do tema
Partindo de um conceito simples de ideologia poltica, estendida como conjunto de valores colectivos
orientados para a aco, devero ser reconhecidas as principais correntes ideolgicas no quadro constitucional.
Os alunos devero identificar o socialismo e os seus pensadores de referncia, nomeadamente, os utopistas
Robert Owen, Charles Fourrier e o Conde de Saint-Simon.
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1.3- Utopias e Utopistas Sociais:
Se nos referirmos ao socialismo num sentido amplo podemos incluir quase tudo o que se
opes ao individualismo, ou seja, a todas as doutrinas e teorias que se ocupem
primordialmente do sector social, do conjunto de relaes humanas dando preponderncia
aos aspectos individualistas. Em comum aos vrios movimentos socialistas ao longo dos
tempos surge a preocupao em melhorar a sociedade, tornando-a mais justa e igualitria,
combatendo tudo o que se opusesse a esse ideal.
O pensamento dos socialistas utpicos foi formulado, no incio, por Saint-Simon, Charles
Fourier, Louis Blanc e Robert Owen. No sculo XIX, com o capitalismo a desenvolver-se
desde a Revoluo Industrial, aumenta nas cidades o nmero de operrios a trabalhar para
receberem baixos salrios. As crticas ao liberalismo resultam da constatao de que a livre
concorrncia no trouxe o equilbrio prometido e esperado, instaurando, pelo contrrio
uma ordem injusta e imoral.
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Por uma anlise atenta do quadro possvel notar que a obra social do Conde de S. Bento
bastante semelhante ao que era defendido e apregoado por Robert Owen. A preocupao
com a educao e com a garantia de emprego s pessoas de forma a melhorar a sociedade
so pontos importantes e fulcrais. Muita da aco benemrita do Conde em tudo idntica
ao pensamento socialista. Contudo de louvar que o Conde de S. Bento foi para alm da
Utopia e transformou em realidade a educao, a agricultura, a indstria e a religio na
antiga vila (agora cidade) de Santo Tirso.
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1.4- A Doutrina Social da Igreja:
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absolutamente repudiar-se como prejudicial queles membros a que se quer socorrer,
contrria aos direitos naturais dos indivduos, como desnaturando as funes do Estado e
perturbando a tranquilidade pblica." (Rerum Novarum, n. 7) No entender dos tericos do
socialismo cristo, o cristianismo tem em si mesmo valores socializantes, pelo que o
capitalismo reconhecido como contrrio aos valores da f crist.
A par do enquadramento da doutrina da Igreja, pode ainda falar-se de socialismo cristo,
que um movimento poltico de esquerda que defende simultaneamente ideais cristos e
socialistas. Os millitantes deste movimento advogam que o socialismo e o cristianismo
esto ambos interligados e so compatveis um com o outro.
O socialismo de matriz crist, comumente denominado pelos catlicos de Movimento
Social Cristo ou Movimento Cristo Social, teve o seu incio em meados do Sculo XIX,
nas obras de vrios doutrinrios cristos (ex: Henri de Saint Simon, Lamennais, Albert de
Mun, Frederick Denison Maurice, Charles Kingsley, Thomas Hughes, Frederick James
Furnivall, Adin Ballou e Francis Bellamy). Estes escritores propunham um socialismo
novo, baseado nos ideais do cristianismo, oposto luta de classes e ao atesmo, mas
preocupado com as reivindicaes das classes pobres e trabalhadoras, propondo um
governo mais justo e uma sociedade mais equilibrada. Este novo socialismo, afastado do
materialismo marxista, defende as organizaes sindicais, as lutas dos trabalhadores em
prol de melhores condies de trabalho e de vida e a justia social.
O socialismo cristo desenvolveu-se, mais tarde nos crculos catlicos, como um ramo ou
variante progressista da catolicismo social no qual o socialismo cristo ganhou muita fora
aps a encclica "Rerum Novarum" do Papa Leo XIII, que em oposio ao socialismo de
Proudhon e, mais tarde, ao marxismo ou socialismo cientfico, mas opondo-se tambm e
de igual modo ao capitalismo, o catolicismo social recusa a luta de classes, promove a
colaborao entre patres e trabalhadores e prega a aplicao da doutrina catlica e a
interveno do Estado para corrigir os males criados pela industrializao, criando uma
maior justia social e uma distribuio mais equitativa da riqueza produzida e pretendia
assim constituir uma resposta crist para a questo social alternativa corrente dominante
da Associao Internacional dos Trabalhadores (depois Internacional Socialista).
Em Portugal o socialismo cristo teve inicio com a AC Aco Catlica, de onde sairam
mais tarde lideres do MDP/CDE e na JOC Juventude Operria Catlica, actualmente est
no Portugal Pr-Vida.
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Os principais aspectos desta temtica encontram-se condensados na seguinte tabela:
Frederick Acredita que a poltica Em 1848, fundou uma escola The Kingdom of
Denison no deve ser separada da superior para mulheres. Christ (1838)
Maurice religio
Em 1854, criou uma escola para
Admirador das ideias de trabalhadores.
Robert Owen
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2- Vida e Obra do Conde de S. Bento
O Conde de So Bento, Manuel Jos Ribeiro, que nasceu em Santo Tirso em 2 de Agosto
de 1807 e ali morreu em 26 de Maro de 1893, filho de Domingos Jos Ribeiro e de sua
mulher D. Rosa Maria Martins.
Embarcou para o Brasil com 11 anos de idade, depois de receber alguma instruo
elementar na escola de sua terra. O navio porm foi assaltado por piratas e o jovem s com
muita dificuldade conseguiu regressar a Portugal, depois deste primeiro malogro.
Ajudado pelo seu conterrneo Manuel Lus de Paiva, teve como empregado da casa do
comendador Jos Bento da Silva, seu primeiro patro.
At 1832 andou procura de fortuna por algumas cidades do Baixo Amazona (Santarm e
Alenquer), regressando a Santa Maria de Belm, onde se fixou na casa de Jos Pais de
Sousa ate 1837, ano em que se estabeleceu por conta prpria.
Em 1874, numa das suas visitas a Portugal, j 67 anos, no mais voltou ao Par, instalando-
se definitivamente na vila de Santo Tirso.
Auxiliado pelo seu sobrinho Jos Lus de Andrade liquida a sua casa comercial no Brasil e
transfere para Portugal a grande fortuna que possua.
Um ano depois do seu regresso, 1875, era agraciado com a Comenda de Nossa Senhora da
Conceio de Vila Viosa.
Por Decreto-Lei de 20 de Janeiro de 1881 foi Comendador Ribeiro agraciado com o ttulo
de Visconde de So Bento.
No princpio de 1882 adquiriu o novo titular a casa e a quinta do mosteiro de Santo Tirso.
A 3 de Janeiro de 1886 foi inaugurado na vila o edifcio para uma ampla escola de ambos
os sexos mandada construir e mobilar pelo Visconde de So Bento.
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Em 9 de Agosto de 1890 foi concedida ao Conde de So Bento a medalha de ouro de
Instruo Nacional.
O Conde de So Bento cedeu todo o terreno que o hoje ocupado pelo Parque D. Maria
II (anteriormente tinha o nome e de Praa Conde de So Bento).
nesta praa a poente que encontramos o edifcio que o Conde mandou construir para o
Hospital da Misericrdia e, como tal, serviu o concelho durante longos anos.
Os seus sentimentos filantrpicos levaram-no a dotar aquela vila com grandes benefcios:
fundou uma escola e um hospital, custeando o respectivo funcionamento, restaurou a
capela do Senhor dos Passos, assegurou as despesas do culto, e cedeu vastos terrenos da
sua quinta Cmara Municipal da vila para abertura de novas ruas.
Construiu a Fbrica de Santo Tirso, a primeira empresa industrial desta vila, garantindo
trabalho para 40 operrios tirsenses.
Por outro lado, teve tambm preocupaes religiosas, tendo feito uma srie de benefcios
Igreja de Santo Tirso, bem como a reedificado a Capela do Senhor dos Passos.
No dia 26 de Maro de 1893, faleceu o Conde de So Bento que residia numa casa de
azulejos situado no Campo 29 de Maro, actual Praa Conde de So Bento.
O Conde de So Bento repousa no jazigo que lhe foi mando erigir por seu sobrinho e
herdeiro Jos Lus de Andrade e que se acha colocado ao meio do claustro da igreja.
Fora da Vila a sua actividade tambm foi meritria: reconstruiu a igreja de Santiago da
Carreira (V. N. de Famalico) e da matriz de Santiago dos Arcos; mandou construir as
capelas de Santa Cristina, de Santiago de Bougado e de Nossa Senhora das Dores, na
Trofa, etc..
Tem um monumento em Santo Tirso, com esttua, inaugurado em 1892 e foi dado o seu
nome Escola Pratica de Agricultura, na mesma vila.
O ttulo de Visconde foi-lhe concedido em 1881 por D. Lus, e o mesmo monarca elevou-
o a Conde em 1886.
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Smula dos dados
Auxiliado pelo seu sobrinho Jos Lus de Andrade liquidou a sua casa comercial
1874 no Brasil e transferiu para Portugal a sua grande fortuna.
O seu nome foi dado Escola Prtica de Agricultura de Santo Tirso que passou
1892 a designar-se: Escola Profissional Agrcola Conde de S. Bento
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2.2- Aco benemrita e filantrpica
Para dar conhecimento das aces de beneficncia por parte do Conde de S. Bento, as
mesmas foram divididas por trs tabelas. A primeira tabela refere as doaes feitas fora do
pas, nomeadamente no Brasil. A segunda refere as aces benemritas feitas em Portugal
excluindo as doaes relativas a Santo Tirso, pois estas encontram-se se na tabela posterior.
Aps a anlise da primeira tabela, podemos concluir que a quantia mais elevada dirige-se s
meninas pobres e rfs assim como s vivas, mas, se efectuarmos o somatrio das
quantias restantes entregues a hospitais e afins, podemos concluir que, em conjunto, este
tipo de instituies recebe aproximadamente metade de todos estes donativos.
Na segunda tabela verificamos uma panplia de destinatrios que variam entre hospitais,
regies do Norte de Portugal e centros de caridade (tambm no norte). Mais uma vez se
verifica uma maior preocupao com os hospitais e estabelecimentos de caridade, facto este
que se comprova pela maior quantia a estes atribudas.
Na terceira e ltima tabela verificamos que, em relao s outras freguesias, Santo Tirso
recebe mais obras de beneficncia (apenas em nmero o podemos confirmar visto que no
foram encontrados valores monetrios). Verificamos tambm que, a maioria das obras e
subsdios destinaram-se a fins religiosos.
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3. O Legado do Conde de S. Bento
3.1- Testamento do Conde de S. Bento
Manoel Jos Ribeiro fez parte do grupo de muitos portugueses que voluntariamente emi-
graram para o Brasil e, depois de longos e rduos anos de trabalho, conseguiu finalmente
voltar de l com a sua valiosa fortuna.
Fez vrias tentativas para conseguir atingir o seu objectivo sendo que, das primeiras vezes
que embarcou, para alm dos barcos onde viajava serem de fraca envergadura, ou
encontraram piratas que lhes roubaram ou depararam-se com tempestades.
Visto ter uma fortuna com muitos nmeros, o Conde So Bento quis escrever o
testamento um pouco mais cedo pois no queria que esse dinheiro casse nas mos erradas
e o seu trabalho durante anos fosse feito para depois no honrar o esforo.
A sua fortuna teve vrios destinatrios sendo que, para alm do seu sobrinho, Jos Luiz
dAndrade, que ficou com o remanescente da fortuna (no sabendo ns ao certo o valor
desta quantia) os seus bens foram muito bem distribudos por hospitais, igrejas,
estabelecimentos de caridade e pessoas carenciadas (pobres, doentes, vivas e meninas
pobres e escravos).
Na nossa opinio, o alto da sua herana foi o facto de ter concedido liberdade a todos os
seus escravos e, para alm da liberdade, a remunerao monetria por anos de sofrido
trabalho. Mas a sua herana tem muito que se lhe diga.
A sua herana incidiu mais sobre os hospitais, sendo que no total cerca de 32.000$000
foram dirigidos para estes estabelecimentos; seguidos das pessoas carenciadas s quais
contribui com aproximadamente 28.000$000 (este valor inclui o valor doado aos
estabelecimentos de caridade); as igrejas que contou com um valor estimado em
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24.500$000; mas tambm deixou umas pequenas quantias para o Governo Portugus, para
a sua casa comercial e deixou algumas quantias no banco para ficar a render para o seu
herdeiro.
Podemos observar que, apesar de estar muitos anos no Brasil, e de ter sido este o pas que
o ps numa situao econmica bastante avantajada, no esqueceu nunca as suas origens
sendo que a maior parte dos destinatrios da sua herana se encontram em Portugal e,
maioritariamente, se no um todo, no norte do pas.
O Conde So Bento nomeou trs pessoas para a sua herana: 1- Jos Luiz dAndrade
(sobrinho); 2- Sr. Dr. Augusto Thyago Pinto; 3- Sr. Victor Rodrigues dOliveira. O Conde
de So Bento decidiu nomear trs herdeiros pois, se quando o Conde morresse, o seu
primeiro herdeiro tambm j se encontrasse morto, a sua herana passaria para o segundo e
se o mesmo tivesse acontecido com este, passaria para o terceiro. O seu verdadeiro
herdeiro foi a sua primeira opo, o seu sobrinho, que soube honrar a memria do tio e
continuar com a sua obra.
tambm de salientar que, morte do seu herdeiro, Jos Luiz dAndrade, todo o seu
dinheiro passa para corporaes religiosas e estabelecimentos de caridade escolha do
herdeiro.
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Destinatrios Bens Observae
Jos Luiz dAndrade Casa comercial Scio da casa comercial
Casa comercial 400$000 Fundos da casa comercial
Governo Portugus 30$000 Inscries do Governo Portugus
Bancos Algumas quantias A vencer juros. Quando o Conde morrer passa
tudo para nome do herdeiro.
Destinatrios Bens Observaes
Todos os seus escravos, tanto de Liberdade Um ano depois de morrer (ao do seu herdeiro)
homens como de mulheres
Escravos 100$000 Retirado do dinheiro da herana e sendo que
100$000 era por escravo
Missas Retirado do dinheiro da herana (25dias
pela sua alma e 25 dias pela alma dos avs)
Igrejas 500$000 Esmolas
Pobres 400$000 4$000 para cada pobre sendo que estes so
escolhidos pelo herdeiro
Hospital dos Lazaros 8.000$000 Melhoramentos
Destinatrios Bens Observaes
Doentes do hospital dos 40$000 Para cada doente
Lazaros
Hospital da caridade de 4.000$000
Santo Tirso
Meninas pobres e honestas e 16.000$000 As esmolas sero de 500$000 sendo que
vivas nas mesmas estas so escolha do herdeiro
circunstncias
Hospital da Ordem Terceira 4.000$000
de So Francisco
Igreja de Senhor de 8.000$000
Matosinhos
Senhor Bom Jesus de Braga 8.000$000 Obras
Destinatrios Bens Observaes
Igreja So Torquato 8.000$000 Obras
Hospital de Santo Antnio - Porto 12.000$000
Hospital da Trindade - Porto 4.000$000
Estabelecimentos de caridade - Porto 12.000$000 Este dinheiro ser distribudo por estes sendo
escolhidos pelo herdeiro
Jos Luiz dAndrade Remanescente
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3.2- A obra de Jos Lus de Andrade
Joze filho legitimo de Joaquim Luis e de Maria Roza do Lugar de Villa verde desta freguezia de So
Thom de Negrellos Nasseo aos vinte e sinco de Setembro de mil e oito Centos e trinta e dous e aos vinte e
Sete do dito ms, e anno eu Joo Alvares Neto vigario desta Igraja o baptizei Solemnemente com a
imposio dos Santos Olios foro Seos padrinhos Antonio Joze Ferreira solteiro do lugar do Pedraal, e
Queteria Maria viuva das Pombinhas ambos desta freguezia de So Thom de Negrellos he neto materno
de Domingos Joze Ribeiro e de Roza Martins do lugar de Poldraens freguezia de So Miguel das Aves
termo de Barcellos e paterno de Antonio Luis e de Maria de Jezus desta freguezia de So Thom
Jos Luis de Andrade, sobrinho de Conde S. Bento, recebeu ordens desse mesmo tio para
dar aviamento a coisas notveis que no nos podemos esquecer. Em primeiro lugar doou
quatro contos Junta da Parquia de santo Tirso, para a recontruo do claustro da igreja
que ruira. Este dinheiro foi concedido no s para este efeito como tambm para alguns
melhoramentos da mesma igreja. Os quatro contos seriam pagos ao ritmo das obras e com
o encargo de uma comemorao ao aniversrio da morte de Conde S.Bento. Jos Luis de
Andrade teve tambm uma importante contribuio no que toca ampliao da residncia
paroquial
Aquando da morte do seu tio, deixando o Conde S. Bento ainda por acabar o mausolu
que se viria a levantar o claustro gtico do mosteiro, Jos Luis de Andrade decide mandar
acab-lo
Relao de Bens
Quinta de Fora e de Dentro, Azenha com trs rodas, moinhos novos e casa de
moradia, o Rego dos Frades
Quarto que fica debaixo da escada que dava servido para a Sala da Porta Branca
Coelheira
O Recibo (Sto)
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4. Anlise da Obra e da Aco do Conde de S. Bento
Jean-Jacques Rousseau
Apesar de ter desenvolvido teorias a diversos nveis, aqui iremos apenas focar as que so
relativas educao. Para tal, no podemos de deixar de falar na sua obra Emlio. Nesta
obra, Rousseau fala-nos na importncia da liberdade na educao, e na necessidade de
oferecer um aprendizado que ensine a evitar a influncia da opinio de outros. A educao
deve ser assim, pela e para a liberdade.
Uma curiosidade que no pode deixar de ser referida, a ironia de que, anos antes de
escrever Emlio, Rousseau deixou os seus cinco filhos num orfanato.
Com a invaso francesa na Sua, muitas crianas ficaram votadas ao abandono. Em 1798,
Pestalozzi reuniu-as num convento abandonado e educou-as segundo as suas crenas.
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Phillipp Emanuel von Fellebnberg
Assim em 1799, comprou um terreno em Hoffwyl, perto de Berna, onde criou uma
instituio que seguia os modelos estabelecidos por Pestalozzi. Com isto Fellenberg
pretendia elevar as classes todas ao mesmo nvel, e tornar a agricultura no s como a base
da aprendizagem, mas como algo to digno como a cincia.
Juntamente com a sua mulher, dedicou-se a esta instituio para o resto da sua vida.
Fellenberg acaba por vir a ser considerado como O Melhor Cidado da Sua Ptria.
Morre em 1844, em Berna.
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Quadro Sntese dos Pedagogos Sociais
Jean Jacques Rosseau Johann Heinrich Pestalozzi Phillipp Emanuel von Fellenberg
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4.2- O caso de Friedrich Frbel
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4.3- Fbrica de Fiao e tecidos de Santo Tirso
1893 Foi nesta data, no dia 26 de Maro que o Conde de So Bento morreu e deixou
a sua vontade expressa em testamento da construo de um estabelecimento
fabril na vila de Santo Tirso.
1894 A Santa Casa da Misericrdia de Santo Tirso ficava encarregue de executar a
disposio testamentria referente construo da fbrica de tecidos na vila
planeada pelo Conde de So Bento.
1898 A chegada da primeira mquina a vapor que produzia energia suficiente para o
funcionamento de vrios teares da fbrica.
1908 D. Manuel II visita a fbrica de Santo Tirso. Esta visita revela a importncia que
este estabelecimento tinha alcanado no incio do sculo.
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Fbrica de Fiao e tecidos de Santo Tirso
Aps a sua morte, o seu testamentrio Jos Lus de Andrade, lega todos os bens Santa
Casa da Misericrdia de Santo Tirso.
Em 1897 j se encontra a laborar, tecendo panos crus, riscados e fazendas. Tendo sido
oficialmente inaugurada em 1898 as obras de construo iro prologar-se at 1900. Em
1903 alarga a produo ao sector da fiao, adaptando-se posteriormente s operaes de
acabamentos e tinturaria.
A fbrica de Santo Tirso recebeu vrias visitas ilustres, das quais se destaca a de D. Manuel
II em 1908. Esta visita revela a importncia que este estabelecimento tinha alcanado no
incio do sculo.
Antigo salo de tecelagem com os teares para produo de riscados e zephires. Pode-
se observar um pormenor da linha de eixo que tocava as vrias mquinas por
transmisso area.
A fbrica recorreu desde o incio energia termoelctrica como fonte privilegiada, para
o funcionamento de vrias mquinas. Data de 1898 o primeiro registo de uma mquina
a vapor com destino a este estabelecimento, produzindo antes do virar do sculo
energia suficiente para o funcionamento de vrios teares. Proceder em 1900
instalao de luz elctrica no permetro da fbrica. Pode-se observar na fotografia a
primeira mquina a vapor de cilindro horizontal.
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5- Sntese
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Quadro comparativo entre os Socialistas Utpicos e o Conde de S. Bento
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6- Bibliografia:
DIAS, Jos Amadeu Coelho, O Conde de S. Bento: um avense benfeitor de Santo Tirso. In Stimas
Jornadas Culturais de Vila das Aves. Vila das Aves: Fbrica da Igreja de S. Miguel das Aves,
1993.
PEREIRA, Maria Manuela Prior Caldas, Conde de S. Bento, Nome Ilustre de Santo Tirso, S.
Tirso, Cmara Municipal, 1984
PIMENTEL, Alberto, Santo Thyrso de Riba d'Ave, Santo Tirso, Club. Thyrsense, 1902
SANTOS, Eugnio dos, (dir.), Os Brasileiros de Torna-Viagem no Noroeste de Portugal. Catlogo
da Exposio, Lisboa, C.N.C.D.P., 2000.
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ANEXOS
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Dossier Iconogrfico
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