Lista Base de Indicadores de Ahs Cristina Delou
Lista Base de Indicadores de Ahs Cristina Delou
Lista Base de Indicadores de Ahs Cristina Delou
por
1987/2001
A Lista Base de Indicadores de Superdotao - parmetros para observao de alunos em sala de aula - como o prprio nome diz, um instrumento para observao de alunos, em sala de aula, com vistas avaliao de indicadores de superdotao. No teste
de inteligncia, nem de personalidade. Pode ser aplicado por qualquer profissional de educao em sala de aula. No para ser aplicado em situaes extra classe, pois prprio para ambientes e situaes especficas de aprendizagem.
Foi criado a partir do estudo realizado no curso de Mestrado em Educao, na rea de concentrao Educao Especial de superdotados, da Faculdade de Educao da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro. Seu propsito surgiu do interesse em oferecer aos professores
uma alternativa sistematizada de observao de comportamentos indicadores de superdotao, em classe regular de ensino.
O ESTUDO
Sua elaborao partiu da transformao das caractersticas de alunos de altas habilidades/superdotados, consagradas na literatura cientfica especializada, em comportamentos
decodificados em sala de aula, com o objetivo de traduzir a linguagem tcnica utilizada nos
instrumentos prprios observao de superdotados.
A metodologia utilizada no estudo foi a Tcnica de Delfos, concebida por Olaf Helmer,
que uma tcnica destinada a pesquisar a opinio de um grupo de especialistas a respeito
de um determinado assunto sem o confronto face a face entre os pesquisados. O grupo de
especialistas forma o Painel Dlfico.
Cada especialista recebeu um questionrio formulado com o objetivo de que dessem notas
de zero a dez conforme o grau de importncia que atribussem s caractersticas indicadoras e superdotao em sala de aula. A partir das respostas dadas, os questionrios foram
analisados buscando-se identificar o consenso entre as respostas. As caractersticas consideradas como discenso entre os especialistas foram imediatamente eliminadas. As caractersticas consideradas de consenso entre os especialistas foram selecionadas para a formao
do futuro instrumento. E as caractersticas que no se configuraram de imediato nem como
discenso e nem como consenso, novamente foram encaminhadas aos especialistas e, em
um novo formulrio com vistas a inform-los sobre o quadro das opinies, buscou-se verificar de que modo os especialistas se reposicionavam frente s opinies do grupo.
1
Psicloga e Licenciada em Psicologia( PUC/RJ) - Mestre em Educao - rea de concentrao: Educao Especial/Superdotados (UERJ) - Doutora em Educao: Histria e Filosofia da Eduao (PUC/SP) - Professora Adjunta do Departamento Sociedade, Educao e Conhecimento da Faculdade de Educao da Universidade Federal Fluminense - UFF - Campus do Gragoat, Bloco D, sala 216 e
421, CEP: 24.210 -350 Niteri, RJ, Brasil. Email: [email protected]
Cada uma das etapas de trabalho dirigidas aos especialistas Olaf Helmer denominou de
rounds, que tem no responsvel pelo estudo, aquele que analisa e apura o consenso e o
dissenso entre as opinies dos especialistas, confrontando-as nas etapas seguintes, e decide
a necessidade de um novo round de confronto de opinies, at que se consiga um consenso significativo. A tcnica parte do pressuposto de que os especialistas participantes do
Painel Dlfico devem ser autoridades no assunto, representarem uma instncia crtica em
sua rea de conhecimento e o consenso entre eles vlido como predio ou evidncia para
o esclarecimento de questes marcadas pela controvrsia.
Para a constituio da Lista Base de Indicadores de Superdotao - parmetros para
observao de alunos em sala de aula, formou-se um Painel Dlfico com doze profissionais de renome na rea da Educao Especial brasileira e da Educao de Superdotados,
dos estados do Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Distrito Federal e o consenso foi
obtido em dois rounds.
As caractersticas de superdotao foram selecionadas em diferentes instrumentos de observao de superdotados, nacionais e estrangeiros, disponveis na literatura, tomando-se
como referencial terico o conceito adotado pela Secretaria de Educao Especial, do
MEC,
"so considerados superdotados e talentosos os que apresentam notvel desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados:.
* capacidade intelectual geral;
* aptido acadmica especfica;
* pensamento criador ou produtivo;
* capacidade de liderana;
* talento especial para artes visuais, dramticas e msica;
* capacidade psicomotora (SESP/MEC, 19852).
Este conceito foi definido atravs de equipe de especialistas reunida no Centro Nacional de Educao Especial - antigo CENESP rgo ligado ao MEC e divulgado no Projeto Prioritrio n 35 do Plano Setorial de Educao, do binio 72/74. Em 1994, tentou-se
substituir o termo superdotado pelo termo altas habilidades, mas no houve uma proposta de reformulao terico-conceitual mais
objetiva. Considerando-se que a LDB e o documento Parmetros Curriculares Nacionais: Adaptaes Curriculares Estratgias para a
Educao de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais utilizaram o termo superdotado que se justifica a manuteno desse
termo original. Quanto ao conceito, constatou-se que tambm no houve uma significativa mudana em sua base filosfica, o que demonstra a atualidade da Lista Base de Indicadores de Superdotao - parmetros para observao de alunos em sala de aula.
O INSTRUMENTO
O instrumento foi denominado Lista Base de Indicadores de Superdotao - parmetros para observao de alunos em sala de aula. As caractersticas que obtiveram consenso entre os especialistas do Painel Dlfico foram agrupadas, igualmente, em dois formulrios com objetivos distintos: FORMA GRUPAL E FORMA INDIVIDUAL.
A Forma Grupal pode ser utilizada em observaes gerais da turma como um todo. Serve
para quebrar o preconceito inicial, expresso em falas como: na minha turma ningum
superdotado. Serve, tambm, para uma turma que tem um aluno j reconhecido por sua
alta competncia acadmica, evitando que o professor s consiga fazer a avaliao deste,
esquecendo-se dos demais alunos, que sempre apresentam alguma caracterstica interessante, mas que por algum motivo no nos chamou a ateno. comum no conseguirmos ver
talento aonde h fracasso, alm disso, no costumamos valorizar os talentos apresentados
por alunos que no sejam destaques acadmicos em reas como matemtica ou cincias, no
mbito da escola.
Quando o professor for utilizar a Forma Grupal importante que seu pensamento percorra
a turma inteira. Que no se detenha em apontar um s aluno em todas as caractersticas.
Este momento est destinado a detectar as peculiaridades de cada aluno da turma. No importa que o aluno s tenha sido mencionado uma vez. O que importa que cada aluno seja
lembrado, para depois ser analisado com mais detalhe e cuidado.
A Forma Individual deve ser utilizada em observaes separadas, individuais de cada aluno, aps o levantamento realizado na forma grupal. O professor dever reservar uma ficha, da forma individual, para cada aluno e, agora, verificar a consistncia e a frequncia
de cada caracterstica da Lista e no somente as apontadas na Forma Grupal.
ANLISE DOS RESULTADOS
POR EXEMPLO: o aluno que s foi mencionado na ltima caracterstica, POSSUI HABILIDADE FSICA (CP), deve ser um aluno que s chama a ateno do professor nessa rea, que
a competncia bsica da rea dos esportes, da educao fsica, dando ao professor subsdio indicativo de capacidade psicomotora.
Na etapa seguinte, o nome do aluno dever ser encaminhado Forma Individual de observao. Sua avaliao dever ser realizada novamente, agora do ponto de vista das atividades psicomotoras, comeando pela primeira caracterstica GOSTA DE QUEBRA-CABEA E
JOGOS-PROBLEMA (IG). Mesmo que na Forma Grupal seu nome no tenha sido mencionado na referida caracterstica. Durante o processo o professor dever visualizar as caractersticas mais frequentes, isto , as caractersticas que aparecem mais vezes por rea, isoladas ou combinadas (conforme preconiza o conceito) e as mais consistentes, isto , aquelas
que so assinaladas na coluna sempre, ou seja, as caractersticas que so facilmente constatadas no aluno.
Voltando ao exemplo: o aluno agora ser avaliado do ponto de vista da frequncia e da
consistncia de suas caractersticas. Quais foram as caractersticas que o aluno apresentou
mais vezes? E as caractersticas pertencem a que rea ou reas? O aluno apresenta caractersticas de reas isoladas ou combinadas?
As respostas podem ser encontradas atravs da contagem e do levantamento percentual
simples, porque no se trata de teste e no se trata de comparar seus resultados com os de
ningum ou de tabela alguma. s verificar os itens que foram mais frequentes em termos
percentuais, tomando-se o cuidado para considerar como verdadeiro o resultado de reas
que s apresentam uma nica caracterstica, assim como o resultado de maioria, quando
houver mais de uma caracterstica para a mesma rea.
O professor que planejar as atividades a serem desenvolvidas na sala de aula, tendo em
mente as caractersticas que constam na Lista Base de Indicadores de Superdotao parmetros para observao de alunos em sala de aula, poder observar sistematicamente a manifestao de caractersticas prprias de alunos de altas habilidades/superdotados e a dinmica destas caractersticas no coletivo. Outra conseqncia direta, decorrente do planejamento voltado para as caractersticas apresentadas na Lista, que
o professor estar oferecendo um currculo enriquecido a todos os seus alunos, promovendo prticas de educao inclusiva por propiciar situaes de aprendizagem favorecedoras
manifestao e descoberta de talentos, at ento, desconhecidos, despertando interesses e
atendendo s necessidades de todos os alunos.
OS DIAS ATUAIS E A NOVA LEGISLAO
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, Lei 9394/96, mostrou avanos
significativos quanto ao reconhecimento dos direitos que os alunos de altas habilidades/superdotados tm, ao lado de seus pares de necessidades educacionais especiais, ratificando a Poltica Nacional de Educao Especial, de 1994. Reconhecer direitos educacionais aos alunos que apresentam indicadores de superdotao, aponta para a ressignificao
destas caractersticas de aprendizagem que tm demonstrado a singularidade destes alunos
no que se refere complexa questo dos ritmos diferenciados de aprendizagem, produzindo, em muitos casos, dessincronia do desenvolvimento global, levando necessidade da
acelerao de estudos, o que acaba por demandar a certificao precoce dada a terminali-
dade antecipada em relao idade dos demais alunos. Esta era uma expectativa h muito
pleiteada por uma parcela da populao, que sistematicamente buscava atendimentos especializados pela falta de preparo dos profissionais da educao para lidar e decidir o futuro
escolar de alunos com superdotao.
Com a nova LDB, os direitos dos alunos de altas habilidades/superdotados ficam garantidos e com a Resoluo N. 2/2001, do CNE/CEB, fica resolvida a questo lxicoconceitual. Nesta Resoluo, consideram-se educandos com necessidades educacionais
especiais os que durante o processo educacional, apresentarem: ... altas habilidades/superdotao, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente
conceitos, procedimentos e atitudes. (Resoluo N. 2/2001, do CNE/CEB, Art. 5, III)
A justificativa dada pelo parecerista-legislador levou em considerao o fato destes alunos
terem condies de aprofundar e enriquecer contedos, devendo receber desafios suplementares em classe comum, em sala de recursos ou em outros espaos definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para concluir, em menor tempo, a srie ou etapa escolar. (Parecer N. 17/2002, do colegiado da CEB)
Estes so os princpios que devem nortear as prticas pedaggicas inclusivas para alunos de
altas habilidades/superdotados, representando um avano no movimento escolar que supunha o enquadramento e a conformao destes alunos a nveis de escolaridade dessincronizados em relao aos nveis de desenvolvimento real apresentados pelos alunos. Incluso
neste caso, significa se planejar, se reestruturar para oferecer um ensino regular, baseado no
princpio da diversidade e oportunidades que vo alm do que os demais alunos, regra geral, necessitam.
CONCLUSO
A identificao de alunos de altas habilidades/superdotados em sala de aula exige do professor capacidade e rotina de observao, alm do conhecimento especfico das caractersticas destes alunos. O desconhecimento das caractersticas dos alunos de altas habilidades/superdotados poder levar, o professor, a julgamentos inadequados acerca dos comportamentos expressos pelos alunos. Todavia o conhecimento dessas caractersticas no assegura o acerto no melhor atendimento pedaggico, mas salvaguarda o professor de trabalhar
sem os conhecimentos necessrios sobre o alunado que est atendendo.
A identificao de alunos de altas habilidades/superdotados atravs da observao e julgamento de professores um mtodo bastante controvertido. Embora recomendado como
possvel, vrios autores apontam suas limitaes, procurando demonstrar que no deve ser
considerada isoladamente dos demais mtodos ou procedimentos.
Novaes (1979) lembrou que, segundo Gallagher, os professores no conseguem detectar
alunos com dificuldades de rendimento escolar, com atitudes agressivas e apticas no que
diz respeito aos programas escolares, havendo necessidade de que suas observaes sejam
complementadas por testes padronizados e de aproveitamento escolar. Silva (1981) constatou que o mtodo mais utilizado no Brasil para identificar alunos de altas habilidades/superdotados era a observao de professores, devido ao fato de que a maior parte dos
testes utilizados em nosso pas ainda no tinham sido adaptados realidade brasileira, re-
3. BRASIL. CENTRO NACIONAL DE EDUCAO ESPECIAL. Subsdios para Organizao e Funcionamento de Servios de Educao Especial. rea: Superdotao. Rio de
Janeiro: CENESP, 1986, 1995.
4. BRASIL. SECRETARIA DE EDUCAO ESPECIAL. Poltica Nacional de Educao
Especial. Braslia: SEESP, 1994.
5. DELOU, Cristina Maria Carvalho. Identificao de Superdotados: Uma Alternativa para a Sistematizao da Observao de Professores em Sala de Aula ( Dissertao de Mestrado ). Rio de Janeiro. Faculdade de Educao, Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
1987.
6. ______________. Identificao de Superdotados no Programa de Recursos Humanos de
Alto Desempenho. (47) Reunio Anual da SBPC, So Lus, 1995. ANAIS...
7. _____________. Identificao de Alunos de altas habilidades/superdotados no Programa de Recursos Humanos de Alto Desempenho Acadmico - RELATRIO FINAL. UFF,
1996. (No publicado).
8. _____________. Integrar alunos portadores de altas habilidades: Por que e Para qu?
Revista Integrao. Ministrio da Educao e do Desporto; Secretaria de Educao Especial, SEESP, ano 7, no 17, 1996.
9. _____________. Poltica Nacional de Educao Especial aplicada ao aluno de Altas
Habilidades. Cadernos de Santa Maria. Santa Maria/RS, Universidade Federal de Santa
Maria, 1996.
10. ____________. Sucesso e fracasso escolar de alunos considerados superdotados: um
estudo sobre a trajetria escolar de alunos que receberam atendimento em salas de recursos de escolas da rede pblica de ensino. (Dissertao de Doutorado). So Paulo, PUC/SP,
2001.
11. KIRK, S. A. & GALLAGHER, J. J. Educao da Criana Excepcional. Trad. de Marlia Zanella Sanvicente. 2a ed., So Paulo, Martins Fontes, 1991.
12. NOVAES, Maria Helena. Desenvolvimento Psicolgico do Superdotados. So Paulo,
Atlas, 1979.
13. SILVA, Eduardo J. G. Como pode ser atendido o aluno de altas habilidades/superdotado? In: ______ et al. Ciclo de Palestras sobre Superdotados. Rio de Janeiro,
UERJ, set/1981.
COMPORTAMENTOS OBSERVVEIS
CARACTERSTICAS COMPORTAMENTAIS
INTERESSA-SE MAIS POR ATIVIDADES CRIADORAS DO QUE POR TAREFAS REPETITIVAS E ROTINEIRAS
(IG)
O aluno sente prazer em superar os GOSTA DE ACEITAR DESAFIOS (IG)
obstculos ou as tarefas consideradas
difceis.
O aluno demonstra que faz excelente TEM EXCELENTE CAPACIDADE DE
uso da faculdade de concatenar, re- RACIOCNIO (IG)
lacionar idias deduzidas uma das
outras, a fim de chegar a uma concluso ou a uma demonstrao
O aluno mantm e defende suas pr- APRESENTA INDEPENDNCIA DE
prias idias.
PENSAMENTO (IG)
O aluno demonstra que associa o que RELACIONA AS INFORMAES J
aprende hoje ao que j aprendeu ou RECEBIDAS COM OS NOVOS COassimilou.
NHECIMENTOS ADQUIRIDOS (IG)
O aluno emite opinies pensadas, EMITE JULGAMENTOS AMADURErefletidas.
CIDOS (IG)
O aluno faz perguntas sobre assuntos POSSUI CURIOSIDADE DIVERSIFIcorriqueiros do dia a dia, assim co- CADA (IG)
mo sobre questes diferentes ligadas
fsica, astronomia, filosofia e outros.
3
IG = INTELIGNCIA GERAL;
PC = PENSAMENTO CRIADOR;
CL = CAPACIDADE DE LIDERANA
6
CP = CAPACIDADE PSICOMOTORA
5
AUTO-SUFICINCIA
ORIGINAL (PC)
POSSUI IMAGINAO
COMUM (PC)
FORA DO
10
INSTRUES: Observe seu aluno e preencha essa ficha, marcando com um X, o comportamento
observvel correspondente, de acordo com os critrios a seguir:
1- NUNCA
2- S VEZES
3- SEMPRE
COMPORTAMENTOS OBSERVVEIS
CARACTERSTICAS COMPORTAMENTAIS
IG = INTELIGNCIA GERAL;
INTERESSA-SE MAIS POR ATIVIDADES CRIADORAS DO QUE POR TAREFAS REPETITIVAS E ROTINEIRAS (IG)
GOSTA DE ACEITAR DESAFIOS (IG)
APRESENTA INDEPENDNCIA DE
PENSAMENTO (IG)
RELACIONA AS INFORMAES J
RECEBIDAS COM OS NOVOS CONHECIMENTOS ADQUIRIDOS (IG)
EMITE JULGAMENTOS AMADURECIDOS (IG)
POSSUI CURIOSIDADE DIVERSIFICADA (IG)
11
PC = PENSAMENTO CRIADOR;
CL = CAPACIDADE DE LIDERANA
10
CP = CAPACIDADE PSICOMOTORA
9
ORIGINAL (PC)